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antropogênese, técnica e política nos caminhos da arte no século xxi universidade federal do rio de janeiro faculdade de educação lise — laboratório do imaginário social e educação coordenação: prof. dr. bernardo carvalho oliveira (educação/ufrj) colaboradores: prof. dr. frederico coelho (letras/puc-rio) | prof. dr.j-p caron (filosofia/ufrj) prof. juliano gomes (doutorando comunicação/ufrj) | prof. dr. maurício rocha (direito/puc-rio) artedodevir.wordpress.com

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antropogênese, técnica e política nos caminhos da arte no século xxi

universidade federal do rio de janeirofaculdade de educaçãolise — laboratório do imaginário social e educação

coordenação: prof. dr. bernardo carvalho oliveira (educação/ufrj)colaboradores: prof. dr. frederico coelho (letras/puc-rio) | prof. dr. j-p caron (filosofia/ufrj) prof. juliano gomes (doutorando comunicação/ufrj) | prof. dr. maurício rocha (direito/puc-rio)artedodevir.wordpress.com

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Educação LISE — Laboratório do Imaginário Social e Educação ARTE E DEVIR, ARTE DO DEVIR Antropogênese, técnica e política nos caminhos da arte no século XXI De 05/09 a 12/12/2016 (segundas-feiras) Faculdade de Educação da UFRJ Av. Pasteur, 250. Praia Vermelha. Coordenação: Bernardo Oliveira (Educação/UFRJ) Professores colaboradores: Frederico Coelho (Letras/PUC-Rio) J-P Caron (Filosofia/UFRJ) Juliano Gomes (Doutorando ECO/UFRJ) Maurício Rocha (Direito/PUC-Rio) Vagas: 20 Vagas Inscrições até o dia 02/08 através do email: [email protected] Curso de extensão de 60h Certificado com 70% da presença Maiores informações: artedodevir.wordpress.com

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ARTE E DEVIR, ARTE DO DEVIR Antropogênese, técnica e política nos caminhos da Arte no Século XXI Coordenação: Prof. Dr. Bernardo Carvalho Oliveira

De um outro ponto de vista, a questão da separação das artes, de sua autonomia respectiva, de sua hierarquia eventual, perde toda a importância. Pois há uma comunidade das artes, um problema comum. Em arte, tanto em pintura quanto em música, não se trata de reproduzir ou inventar formas, mas de captar forças. É por isso que nenhuma arte é figurativa. A célebre fórmula de Klee, “não apresentar o visível, mas tornar visível”, não significa outra coisa. A tarefa da pintura é definida como a tentativa de tornar visíveis as forças que não são visíveis. [...] Isso é evidente. A força tem uma relação estreita com a sensação: é preciso que uma força se exerça sobre um corpo, ou seja, sobre um ponto da onda, para que haja sensação. (Deleuze, Francis Bacon: lógica da sensação. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 62)

Apresentação É notória a frase de Paul Klee, segundo a qual a arte “não é uma reprodução do visível, ela torna visível.” Parafraseando Klee, Deleuze afirma que a música do século XX buscaria “tornar audíveis as forças não-audíveis”: tornar audíveis o tempo, o espaço, a gravidade, os afetos, e até mesmo “a cor do tempo”, como Olivier Messiaen em sua Chronochromie. “Não existe um ouvido absoluto, o problema é o de ter um ouvido impossível”. O mesmo se aplicaria ao cinema, à literatura e às demais práticas artísticas: tornar visíveis as forças invisíveis, tornar visíveis os devires irrepresentáveis, que convocam o espectador a embarcar numa experimentação contínua através da qual já não se pode diferenciar sujeito e objeto, apenas devires. Uma arte que, sobretudo, “intensifica zonas do real” ao invés de representá-las para um espectador imaginário, concentrando-se mais em experiências de tempo e de atmosfera que abalam as estruturas — cosmológicas, antropológicas — consolidadas na modernidade. Pensar uma arte do devir implica em abordar a questão da arte na contemporaneidade não mais em termos de “sons”, “imagens”, “palavras”, bem como de seus modos e representações consolidadas — o “ver”, o “ouvir”, o “inteligir” e o “imaginar” —, mas em relação à potência própria da experiência subjetiva e coletiva. Uma experiência que já não se articula pela remissão à estabilidade da forma, mas por um conteúdo expressivo que se dá no próprio acontecimento, no próprio percurso, influindo decisivamente sobre nossas concepções da realidade, do humano e da política.

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Vivemos a era do improviso e do acaso na arte, ainda que controlados minuciosamente por um aparato técnico com alto potencial de intervenção e manipulação. Improvisar não apenas submetendo-se ao acaso, mas controlando-o, sondando o desconhecido visando não uma descoberta, mas um percurso, uma “experimentação”. Um acontecimento que se desprende da universalidade do “ser-ai” e é como que maquinado pelos agenciamentos que constituem e atravessam a obra. Na medida em que a prática artística contemporânea opera sobre um tempo-espaço flexível, que preserva do mundo um regime aleatório, produz também o embaralhamento da percepção e o favorecimento de uma ampliação do próprio espaço-tempo. O “experimental” na cultura do século XX tem por base a palavra “experiência”. Do latim experiri, contém a palavra ex (estranho, exílio, transe), o per (percurso, de trajetória, de trajeto): lançar-se a uma experiência estranha, lançar-se ao desconhecido. E tem também o periri, que vem do latim periculum, o perigo. Talvez neste momento em que a arte se oferece como campo de convergências de experiências desconhecidas e perigosas, seja preciso perguntar: de que modo estas práticas artísticas influem e interferem no modo como concebemos a antropogênese e todo o seu campo de problemas, isto é, o humano? Como interfere na ideia de educação, formação e autoformação? Como essa interferência se desdobra nas práticas políticas? De que forma estas ideias convergem na produção artística e cultural do século XXI? As técnica e processos de convergência, vertidos em dispositivos de captação do irrepresentável, também se apresentam como motores dessa situação de baralhamento da percepção? Como esta alteração dos estados de consciência afetam o conteúdo conceitual do “humano”, influindo decisivamente sobre a própria ideia de educação? Qual a potência específica do pensamento e da educação nesse contexto? Essas serão algumas das questões a serem maquinadas por esta proposta de curso de extensão.

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Metas Problematizar o campo de experiências contemporâneas nas convergências entre arte, técnica e política, e sua repercussão na produção de subjetividades (antropogênese), tomando como eixo as relações entre do tempo e espaço, entre representação e expressão, entre estética e experiência. No âmbito da Antropogênese, circunscrever uma problematização geral do “humano” no campo da arte que repercute no problema do corpo, da educação e do “cuidado de si”. No contexto político, sondar as aberturas no campo de experiências ante a axiomática do capital, a disputa pela imaginação pública, e a possibilidade de se traçar estratégias de resistência, linhas de fuga que se exprimem na prática artística. No campo das experiências possíveis, sondar o campo da experimentação, da vivência, da técnica, das renovação das formas de vida e da invenção. No campo da convergência entre arte e técnica, sondar o campo das lutas que circunscreve os sentidos da relação entre arte e política, avaliando os cruzamentos entre as práticas artísticas e o pensamento, que trazem a dimensão virtual da experiência, as poéticas híbridas, as políticas do movimento: a arte do devir. Encetar investigações acerca dos sentidos do “experimental” e a eclosão do “novo” na arte contemporânea e no âmbito da articulação entre antropogênese e antropoceno, modificados ante ao perecimento dos mitos futuristas e progressistas.

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Questões e desenvolvimento Solapando as bases representativas da percepção e do entendimento — o ver associado ao exercício retiniano, o ouvir à atividade auricular, a imaginação e o entendimento como faculdades ordenadoras — alguns artistas do século passado buscaram prejudicar o conceito burguês de “estética”, elaborado a partir de um modelo cultural centrado no espectador médio. Em oposição a este modelo, Nietzsche tece anotações impiedosas acerca do filisteísmo da burguesia prussiana, preocupada em ir a ópera para viabilizar seus negócios, desatenta para o que se desenrolava no palco e no libreto. Modulando da passividade característica do espectador médio para uma atividade de avaliação das relação entre as obras e a história, este fruidor básico fundaria a “crítica”, isto é, a perspectiva do fruidor alçada a tribunal. A arte “estética”, problematizada a partir da fruição e da recepção, seria possibilitada por um processo de consolidação do espectador passivo, inflexão preliminar da qual derivariam modelos de subjetividade cultural do século XX, como o consumidor da indústria cultural e o telespectador.

Ao voltar-se para a aniquilação de seus pressupostos, os artistas manifestaram um desejo violento de se desembaraçar deste esquema. Uma determinada arte do século XX e do XXI se caracteriza por operações de transparência e opacidade entre as representações habituais da percepção, particularmente o “ver” e o “ouvir”. Ancoradas nas concepções estratificadas da filosofia moderna, estas concepções foram problematizadas por artistas como Duchamp, ao recusar a pintura “retiniana”; Schoenberg e Webern, ao atribuir características visuais à composição através da ideia de uma “melodia dos sons coloridos” (klangsfarbenmelodie); os procedimentos de John Cage, sua música do silêncio, “deixar os sons serem eles mesmos”; artistas como Malévich e Paul Klee deslocando a pintura do espaço da tela e do museu, lançando-a no tempo da experiência. Esta concepção geral da estética, centrada sobre a conservação das condições passivas de fruição, incide categoricamente sobre o problema do tempo, em relação ao qual os artistas ofereceram contribuições decisivas. Opuseram um continuum justaposto de durações heterôcronas a uma temporalidade linear, estratificada e segmentarizada. Propuseram uma atividade sinestésica, capaz de embaralhar os sentidos e as funções imediatas e consolidadas pelo hábito, contraposta aos modelos da representação artística grega, clássica e romântica. Ao privilégio do espectador médio, responderam com uma complexidade constituída por forças expressivas, seja nas artes plásticas, no cinema ou na música. Trata-se portanto não mais de uma arte da representação — que remeteria à estabilidade de uma forma prévia, seja a mise-en-scène cinematográfica, ou mesmo as formas musicais como a sonata e a canção — mas de expressão, capaz de produzir, não uma narrativa linear, mas uma experiência difusa.

Esta arte fornece subsídios para a problematização do tempo e do espaço tal como ele é representando no cotidiano do capitalismo, base sobre a qual se fundamenta a narratividade clássica. Neste sentido, é possível detectar algumas de suas qualidades objetivas: causalidade e cronologia. Cronos, o tempo da medida, pode ser comparado ao tempo pulsado da música, ao ritmo marcial que estabiliza as formas e as

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subjetividades, que estabiliza identidades e funções: é o tempo do exército, do trabalho, da economia, das prisões, da escola, dos compromissos marcados e das instituições disciplinares. Estabilidade que é assegurada pela crença na causalidade, ainda que em uma “causa última”, como na religião. Há porém uma temporalidade mais complexa que diz respeito ao tempo indefinido, aquele que é efetuado na superfície do próprio acontecimento e que já não corresponde às representações consolidadas da percepção. Em música, Pierre Boulez chama de “tempo não-pulsado”, enquanto Gilles Deleuze, em seus livros sobre cinema, distingue o caráter representativo da imagem-movimento e afirma a duração volátil da “imagem-tempo”. Em ambos os casos, trata-se de um tempo que emerge em fluxos descentralizados, desprovidos de causalidade e cronologia, que não se esgotam no “sentido” do acontecimento, termo característico da fenomenologia e das filosofias das essências.

Como esta percepção dilatada percebe o tempo? Para problematizar o ritmo em sua obra, Stockhausen pergunta: “como o tempo passa”? Não se trata de um tempo geral, abstrato, externo aos processos de subjetivação. Para Deleuze-Guattari, o compositor moderno e contemporâneo se torna “escultor do tempo” e afirma a potência do devir. Ocorre que o devir já não se identifica com a transcorrência do tempo, mas como a criação de novas formas de vida. Liberando-se do peso do tempo estratificado do capitalismo e do controle, emergem novas subjetividades. Como afimar Guattari, “devir como ‘processo maquínico’ de produção do desejo: devir mulher, devir planta, devir animal.” A multiplicidade substantiva que exprime “maneiras de inventar, de ‘maquinar’ novas sensibilidades, novas inteligências da existência” (Guattari em A Revolução Molecular).

Durante o século XX e XXI, os artistas criaram, de modo variado, suas próprias perspectivas temporais, transformando o cinema e a música em “fábrica de tempos”, uma “arte do devir”. “Devir é o conteúdo próprio do desejo; desejar é passar por devires”, escreve François Zourabichvilli. O tempo, submetido ao primado do desejo e à polissemia do acontecimento, torna-se objeto não de uma fruição ou mesmo de uma “aisthesis” genérica, mas de uma atividade criadora particular, em parte aquilo que Fanon chamava “vertigem do devir”. Revolver as identidades, afetar a antropogênese, implica em edificar novas temporalidades e influir decisivamente na economia global dos processos de educação, experimentação e criação.

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MÓDULOS

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05 de setembro – 13-17h – Praia Vermelha APRESENTAÇÃO (4h) Com a presença dos professores colaboradores apresentando o programa do curso. Frederico Coelho (Letras/PUC-Rio) J-P Caron (Filosofia/UFRJ) Juliano Gomes (Doutorando ECO/UFRJ) Maurício Rocha (Direito/PUC-Rio) Exibição do filme Mal dos Trópicos, de Apichatpong Weerasethakul (2004; Tailândia) Referência: http://www.contracampo.com.br/64/tropicalmalady.htm

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12 e 19 de setembro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO I (8h) Educação e antropogênese: política enquanto construção de práticas de emancipação Professor colaborador: Maurício Rocha (Direito/PUC-Rio) Ao traçarmos a linha transversal que reproduz o vínculo entre política e antropogênese, destaca-se a perspectiva enunciada pelo filósofo holandês Baruch de Espinosa no Tratado Teológico-Político, segundo a qual “o fim último da república não consiste em transformar os homens de seres racionais em bestas ou em autômatos. Ela consiste ao contrário em que seu espírito e seu corpo realizem em segurança suas funções e que eles mesmos utilizem a livre razão sem rivalizarem- se por ódio, cólera e esperteza, e sem se afrontar com maldade. O fim da República é então de fato a liberdade.” (ESPINOSA, Baruch de. Tratado Teológico-Político, XX [6].) Na antropogênese espinosana, a questão central corresponde ao espaço de construção das formas de “vida humana”, tomando como ponto de partida a consideração de que os indivíduos humanos desejam evitar ao máximo qualquer regime de dominação por seus semelhantes. A luta pela construção dos Estados e a manutenção da concórdia afirmam-se, assim, como o impulso supremo da antropogênese. No entanto, se o fim último da República é a construção da liberdade, e não a redução dos homens em “bestas ou em autômatos”, então, cabe perguntar pela própria antropogênese enquanto combustível da política: como se constitui o humano? As aulas introdutórias serão destinadas a uma problematização da antropogênese na modernidade, levando em consideração o modo como essa problemática incide sobre a arte experimental do XXI. Bibliografia

• BOVE, Laurent. Espinosa e a psicologia social: ensaios de ontologia política e antropogênese. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

• LIBERA, Alain de. A arqueologia do sujeito, Vol 1: Nascimento do sujeito. São Paulo: UNIFESP, 2013.

• ESPINOSA, B. de. Ética. Trad. de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

• NOGUEIRA, Daniel. “Spinoza e a arte”. Revista Conatus - Filosofia de Spinoza - Volume 4 - Número 8 - Dezembro 2010, pp. 19-23.

• VINCIGUERRA, Lorenzo. “Les trois liens anthropologiques : prolégomènes spinozistes à la question de l'homme.” Homme (Paris. 1961), Juillet-Septembre 2009, no 191, p. 7-26.

• ZAOUI, P. “Spinoza: des artistes sans esthétique?” In: VINCIGUERRA, L. (org.) Quel avenir pour Spinoza?: enquête sur les spinozismes à venir. Paris: Kimé, 2001.

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Repertório

• Genieve Figgis (trans-figuratividade como política): http://www.genievefiggis.com/

• Barrão (Princípio de conexão e heterogeneidade): http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9454/barrao

• Mal dos trópicos, de Apichatpong Weerasethakul (transhumanismo: o que pode um corpo?)

• Serras da Desordem, de Andrea Tonacci (transhumanismo: o que pode um corpo?)

• E por provocação anacrônica: Henry Miller e a alegria; Nelson Rodrigues e o desejo; Rimbaud e a aventura da vida; Van Gogh e o valor da obra.

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26 de setembro e 03 de outubro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO II (8h) Corpo-máquina, desejo maquínico: espaços e práticas de afirmação e diferença na arte do XXI Professor: Bernardo Oliveira (Educação/UFRJ) O corpo humano como espaço de experimentação e subversão das categorias que estruturam as concepções antropogenéticas na modernidade. Espaços de problematização e superação do gênero, da raça, do credo. O corpo-território, o corpo desterritorializado: a anti-propriedade, o impróprio. O corpo “humano”: espaço de agenciamentos e fluxos limítrofes entre o humano e o não-humano, os devires e os desejos, os instintos e as instituições. Bibliografia

• CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Tradução de Maria de Threza Redig de C. Barrocas e Luiz Octávio F. B. Leite. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

• DELEUZE, Gilles. Francis Bacon: Lógica da Sensação. Trad. Roberto Machado e outros. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

• DELEUZE, G; GUATTARI, F. O Anti-Édipo, capitalismo e esquizofrenia 1. Tradução de Luiz Orlandi. São. Paulo: Ed. 34, 2012.

• DELIGNY, F. O Aracniano e outros textos. São Paulo: N-1 Edições, 2015.

• PRECIADO, Beatriz. “O feminismo não é um humanismo”. http://www.opovo.com.br/app/colunas/filosofiapop/2014/11/24/noticiasfilosofiapop,3352134/o-feminismo-nao-e-um-humanismo.shtml

Repertório

• Nuno Ramos: Ó • Angélica Freitas: um útero é do tamanho de um punho • Grace Passô: Vaga Carne • Lia Rodrigues Cia. de Danças: Para que o céu não caia • Sterlac e Raisa Vitral, entre outros artistas que usam o corpo

como “tela” e suporte.

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10 e 17 de outubro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO III (8h) Técnica e antropogênese: políticas e poéticas da convergência Professor: Bernardo Oliveira (Educação/UFRJ) Abordar as relação entre arte e técnica, experimentação e invenção, no que diz respeito às práticas de emancipação que constituem algumas correntes do pensamento contemporâneo acerca da educação e antropogênese. Em Caosmose, o filósofo francês Félix Guattari escreve: “A máquina, todas as espécies de máquina estão sempre nesse cruzamento do finito e do infinito, nesse ponto de negociação entre a complexidade e o caos”. Problematizar a técnica como meio para a experimentação e a invenção, abrindo espaço para outras formas de vida e subjetividades. Bibliografia

• BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.

• GUATTARI, F. Caosmose: Um novo paradigma estético. São Paulo: Ed. 34, 1992.

• KAHN, Douglas. Earth Sound Earth Signal: Energies and Earth Magnitude in the Arts. Califórnia: University of California Press, 2013.

• LEROI-GOURHAN, André. O gesto e a palavra; técnica e linguagem. Lisboa: Ed. 70, 1987, v.1 e 2.

• SIMONDON, Gilbert. Du mode d'existence des objets techniques. Paris: Aubier, 2008.

• ____________. Sur la technique. Paris: PUF, 2014. Repertório

• Joyce Hinterding: “Graphite is a conductor”: https://www.youtube.com/watch?v=AQRHon2eiKc

• Christina Kubisch: “Electrical Walk” https://www.youtube.com/watch?v=5tCphr8pbFk

• Konono N.1: Congotronics https://www.youtube.com/watch?v=dcwvEtg14Iw

• funk carioca e a música eletrônica afro-diaspórica • Michael Mann: Blackhat (2015; EUA) • Adirley Queirós: Branco sai, preto fica (2014; Brasil) • Tristan Perich: 1-Bit Symphony https://vimeo.com/12244413 • Tristan Perich: Noise Patterns

https://tristanperich.bandcamp.com/album/noise-patterns • Oneohtrix Point Never: “Still Life”

https://vimeo.com/75534042 • Holly Herndon: “Chorus”:

https://www.youtube.com/watch?v=ybzSWlpgJOA

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24 e 31 de outubro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO IV (8h) Performance e experiência na arte contemporânea Professor Colaborador: Frederico Coelho (Letras/PUC-Rio)

Partimos da famosa frase de Paul Klee, segundo a qual a arte “não é uma reprodução do visível, ela torna visível” para analisarmos nos encontros situações em que a arte torna visíveis as forças invisíveis e torna visíveis os devires irrepresentáveis, aqueles que convocam o espectador a embarcar numa experimentação contínua através da qual já não se pode reconhecer sujeito e objeto, sons e imagens — apenas devires. Uma arte que, sobretudo, “intensifica zonas do real” ao invés de representá-las “para” um espectador imaginário, concentrando-se mais em experiências de tempo, ritmo, atmosfera e clima. Não estamos portanto apenas no âmbito do conceito de “performance”, mais ligado à ideia de “desempenho”. Trata-se, também, de uma arte que provoca a experiência com os limite da representação e da percepção. A bibliografia principal será voltada para escritos de artistas como Hélio Oiticica, Alan Kaprow, Lygia Clark, Joseph Beuys, Tunga, Cabelo e outros.

Bibliografia

• BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida: a arte moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

• CABANNE, Pierre. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. São Paulo: Ed. Perspectiva.

• CAMPOS, Haroldo de. A arte no horizonte do provável. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977.

• COEHN, Renato. Performance como linguagem — criação de um tempo-espaço de experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2007.

• FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecília (Orgs.). Escritos de artistas – Anos 60/70. 2a ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

• OITICICA, Hélio. Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro; Rocco, 1987.

• OITICICA, Hélio e CLARK, Lygia. Cartas (org. Luciano Figueiredo). Rio de Janeiro: UFRJ, 1998.

• TUNGA. Barroco de Lírios. São Paulo: Cosac Naify, 1997.

Repertório

• Kaprow: “How to make a happening” https://www.youtube.com/watch?v=8iCM-YIjyHE

• Gordon Matta-Clark: “Food” https://www.youtube.com/watch?v=WhB8riHoueA

• Joseph Beyus: “With coyote” https://www.youtube.com/watch?v=e5UXAqpSJDk

Sujeito à inclusão posterior de outras obras/iniciativas.

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7 e 14 de novembro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO V (8h) Processos de individuação e suturas arte/ciência/política Professor colaborador: J.-P. Caron (Filosofia UFRJ)

"O conhecimento empírico, como a sua extensão sofisticada, a ciência, é racional não porque ele possui umfundamento, mas porque ele é uma empresa auto-corretiva que pode colocar qualquer afirmação em dúvida, embora não todas ao mesmo tempo." (Sellars, Empirismo e Filosofia da Mente, VIII)

O parágrafo de Wilfrid Sellars propõe uma caracterização da racionalidade científica distante seja dos fundacionalismos típicos do seu alvo predileto, o empirismo, seja da dialética entendida como sistema de mútuas determinações sem exterioridade. Para Sellars, o que é característico da racionalidade de um determinado sistema é, de um lado, sua articulação normativa interna — a co-determinação do significado dos termos utilizados, de outro sua capacidade de acolher perturbações, revisando, para tanto, as asserções que tinha como indispensáveis. Este processo perpétuo de revisão permitiria nesta imagem o avanço científico, mas também o avanço na ontologia fundamental. Em um trabalho anterior (CARON, 2015) procurei propor um modelo de morfologia da obra de arte que toma como material não apenas os componentes sensíveis das diversas formas de arte (som, imagem, palavra, etc), mas também a sua forma particular de se “plasmar” em uma forma com perfis determinados. Essencial para esta proposta era a tentativa de Cage de abrir a obra a quaisquer sons incidentais (não-intencionados), que resultava em minha leitura de uma revisão de alguns dos componentes mais básicos que haviam determinado pelo menos desde o início do século XIX o conceito de “obra de arte” — quais sejam, a repetibilidade, a possibilidade de identificação da obra, a autoridade do autor. Mas esta era apenas uma das revisões possíveis dentro do campo que define o que é uma obra. Estes campos eram trabalhados como campos normativos- ou seja, campos definidos por normas que determinavam sejam os objetos, sejam as formas de fruição destes. Abria-se assim um campo de exploração dos componentes normativos responsáveis pela constituição de objetos estáveis na ontologia da arte. A partir desta chave pretendo explorar alguns exemplos especialmente radicais de suspensão e revisão de componentes da obra de arte, ocasionando mudanças onto-morfológicas que politizam o território da arte de uma certa maneira, e questionam os papéis de seus participantes/agentes. No primeiro dia abordarei práticas que questionam o status ontológico da obra. Num certo sentido estas podem ser vistas como crítica

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institucional, no entanto, a partir da idéia de campos normativos que constituem as práticas e fruições, elas podem ser redefinidas como intervenção de suspensão e sutura de categorias de experiência no mundo. No segundo dia este processo de redefinição dos componentes de práticas e obras individuais é examinado considerando sua capacidade de intervenção e redefinição do próprio sujeito de criação e fruição. Paralelamente passamos de uma forma social/linguística de intervenção na forma de anonimatos composicionais e suspensão da agência intencional para a especulação acerca de intervenções neurofisiológicas e obras que de alguma forma “pre-figuram” essas redefinições da experiência. Neste sentido passamos de um exame de processos de individuação (de obras e práticas) para processos de subjetivação (ou des-subjetivação) que perpassam os níveis sociais até os neurofisiológicos. Bibliografia

• BRASSIER, Ray. Genre is obsolete. http://auricle.org.nz/wp-content/uploads/2015/10/Ray-Brassier-Genre-is-Obsolete.pdf

• CARON, J.-P.. Regras e indeterminação. http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/claves/article/view/24151

• ____________. Da ontologia à morfologia http://www.ufjf.br/anais_eimas/files/2012/02/Da-ontologia-%C3%A0-morfologia-reflex%C3%B5es-sobre-a-identidade-da-obra-musical-J.-P.-Caron.pdf

• ____________. L’indetermination à l’oeuvre. Tese de doutoramento- Universidade de Paris 8, 2015.

• Costa, Valério Fiel da. Morfologia da obra aberta. Prismas, 2016.

• IWAO, Henrique. Éter, Silêncio, Vazio http://henriqueiwao.seminalrecords.org/arquivos/pdf/2016_henrique_iwao-eter_vazio_experiencias_problematizadas.pdf

• METZINGER, Thomas. The Ego Tunnel. Basic Books, 2009. • SELLARS, Wilfrid. Empirismo e Filosofia da mente, capítulo

XIX. Vozes, São Paulo, 2011. Repertório

• Brassier; Mattin; Jean-Luc Guionnet; Seijiro Murayama- Idioms and Idiots: http://www.mattin.org/recordings/IDIOMS_AND_IDIOTS.html

• J.-P. Caron: “Stones II” https://www.youtube.com/watch?v=a0Q8XGWCkyI

• Dehors: Dehors https://seminalrecords.bandcamp.com/album/dehors

• Henrique Iwao: Éter 2 https://seminalrecords.bandcamp.com/album/ter-2

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• ____________. O Brasil não chega às oitavas https://seminalrecords.bandcamp.com/album/o-brasil-n-o-chega-s-oitavas

• Manifestação Pacífica: “Pronunciamento” http://manifestacaopacifica.org/

• Jennifer Walshe: “Grupát” http://www.publicart.ie/main/directory/directory/view/grupat/65d209d1a6977128470f3c398a5c3b52/ Sujeito à inclusão posterior de outras obras/iniciativas.

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21 e 28 de novembro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO VI (8h) Estéticas do fluxo, cinemas e pós-cinemas Professor colaborador: Juliano Gomes (Doutorando ECO/UFRJ) Particularmente no cinema, nota-se nos últimos quinze, vinte anos, que alguns cineastas incorporaram em seus filmes elementos antes lapidados pela carpintaria da mise-en-scène, deixando sobressair mais o fluxo de devires do que as representações. Partindo de uma análise deste conceito, característico da abordagem formalista/essencialista do Cahiers du Cinema (a mise-en-scène constituindo-se como um “um trabalho absolutamente análogo à preparação de uma peça de teatro”), Luiz Carlos Jr. problematiza em livro a noção de “cinema de fluxo”. Derivada do conceito “estética de fluxo” cunhado por Stéphane Bouquet, o conceito circunscreve algumas particularidades perceptíveis em filmes dirigidos por Claire Denis, Hou Hsiao Hsien, Gus Van Sant, Apichatpong Weerasethakul, Wong Kar-Wai, entre outros. É neste sentido que se pode atribuir a filmes como Gerry ou Mal dos Trópicos, não a abolição da narrativa, mas a elaboração de uma narrativa atravessada pelo acaso e imantada pela paisagem, os seres, as forças que agem dentro e fora do plano. O tempo cristalizado em uma ação tem por função indicar os pontos cegos que, antes, a mise-en-scène tratava de lapidar. Procedimentos que dissociam o cinema do caráter linear da mise-en-scène, salientando o tempo indefinido do acontecimento. Bibliografia

• AZZI, Daniela & Francesca (Org.). Apichatpong Weerasethakul. Rio de Janeiro: Iluminuras, 2015

• BRENEZ, Nicole. De la figure en général et du corps en particulier.De Boeck Université, Paris, 1998

• COMMOLLI, Jean Luis. Ver e poder – a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. UFMG

• DELEUZE, Gilles. Cinema I: Imagem-Movimento. São Paulo: Brasiliense, 1985.

• ____________. Cinema II: Imagem-Tempo. São Paulo: Brasiliense, 2009.

• DELEUZE, Gilles. Lógica da sensação: Francis Bacon. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

• EPSTEIN, Jean. El Cine del diablo. Buenos Aires, Cactus Editorial, 2013

• GOMES, P. E. Salles. Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento. Rio de Janerio, Paz e Terra, 196

• JUNIOR, Luiz Carlos Oliveira. A Mise en scène no cinema: Do clássico ao cinema de fluxo. Campinas: Papirus, 2013.

• MARTIN, Adrian. Mise en Scène and Film Style: From Classical Hollywood to New Media Art.

• ______________. Último Dia Todos os Dias e Outros

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• Escritos sobre Cinema e Filosofia.(Trad. Rita Benis)Punctum Books / Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

• MICHAUD, Philippe-Alain. Filme: por uma teoria expandida do cinema. Rio de Janeiro, Contraponto, Coleção Arte Físsil, 2014.

• QUANDT, James (ORG.). Apichatpong Weerasethakul. Viena, Austrian Film Museum Books, 2009

• XAVIER, I. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo e cinema marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

Repertório

• Apichatpong Weerasethakul: Cemitério do Esplendor (2015; Tailândia)

• Apichatpong Weerasethakul: Hotel Mekong (2013; Tailândia/Reino Unido)

• Apichatpong Weerasethakul: Phantoms of Nabua (2008; Tailândia/Alemanha/Reino Unido): http://www.animateprojects.org/films/by_date/2009/phantoms

• Katherin McInnis: The Two Sights (2015; EUA) • Fern Silva: WayWard Fronds (2015; EUA/Portugal)

https://vimeo.com/101926121 • Salomão Santana: A curva (2007, Brasil)

https://vimeo.com/59674764 • José Agrippino de Paula: Céu Sobre a água (1978, Brasil)

https://www.youtube.com/watch?v=8eoZulLTgGI • Bruce Baillie: Castro Street (1966, EUA)

https://www.youtube.com/watch?v=UPhu7Qdp3pQ • Stan Brakhage: Desistfilm (1954, EUA)

https://www.youtube.com/watch?v=gIRw7Kxz5rY&list=PLfTaZIagMDn6_SuMT-CzeBBKmOo8KoRCy

• Ivan Cardoso: HO (1979; Brasil) https://www.youtube.com/watch?v=vIga5PO5Svg

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5 e 12 de dezembro (13-17h – Praia Vermelha) MÓDULO VII (8h) Ressonâncias incomuns: políticas sonoras contemporâneas Professor: Bernardo Oliveira Em seu último livro, sugestivamente batizado como Sinister Resonance (2011), David Toop afirma que o som é um “intruso” cuja referência transita entre o mundo material e o mundo imaginário. Toop nota que, nos filmes de suspense e terror, o som de uma porta rangendo ou um dedilhado de harpa antecipam um ambiente impessoal de tensão e angústia. O som é portador de uma qualidade “espectral”, que, por fugir à referência visual, causa desorientação, gerando afetos muitas vezes desconfortáveis. “As palavras voam, a carta escrita permanece. O som é ausente, enganador; fora do raio de visão, fora de alcance. Quem está ai? O som é vácuo, medo e admiração” (Toop, 2011). Por outro lado, ao invés de domesticar o som através de consonâncias agradáveis, a música contemporânea parece acolher o medo e a instabilidade decorrentes de uma experiência sinistra. Instaurando seu próprio território sobre esse “oceano sonoro”, a música contemporânea incorpora uma infinidade de sons outrora considerados não-musicais, evidenciando que nossa relação com a escuta e, particularmente, com a música se encontra em franco processo de mutação. A música que é produzida hoje aposta na ampliação da percepção em relação à estranha presença do som. Não há garantias de que categorias como “belo” e “sublime” possam dar conta desse contexto, pois a consciência imersiva implica a exposição ao perigo — “definindo a noise art imersiva como uma experiência limite de saturação” (Nechvatal, 2011). Ao assimilar parcialmente uma ecologia sonora saturada e em crescimento exponencial, as escutas contemporâneas vem sedimentando as plataformas para uma abertura tão perigosa quanto promissora. Bibliografia

• BOULEZ Pierre. Penser la musique aujourd'hui. Paris: Gonthier, 1964.

• CAGE, John. Silence: Lectures and Writings. Wesleyan University Press, 1961.

• CAMPOS, Augusto de. Balanço da bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 1964.

• DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil platôs. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

• ____________. O que é filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992. • FERRAZ, Sílvio. Livro das sonoridades: notas dispersas sobre

composição: um livro de música para não-músicos ou de não-música para músicos. São Paulo: 7letras, 2005.

• GOODMAN, Steve. Sonic Warfare: Sound, Affect, and the Ecology of Fear. Cambridge: The MIT Press, 2010.

• HALLIGAN, B; GODDARD, Michael; SPELMAN, N. (eds.). Resonances: noise and contemporary music. Nova Iorque e

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Londres: Continuum, 2013. • NECHVATAL, Joseph. Immersion Into Noise. Open

Humanities Press 2011. • TOOP, David. Ocean Of Sound. Aether Talk, Ambient Sound

and Imaginary Worlds. Londres: Serpent's Tail. 1995. • ____________. Sinister Resonance. The Mediumship of the

Listener. Londres: Continuum, 2010. Repertório

• Asa Chang & Junray: “Hana” https://www.youtube.com/watch?v=3VNzZ_FBIB0

• DJ Nate: Da Trak Genious https://www.youtube.com/watch?v=ydneP6J7nyw

• D/P/I: 08.DD.15 https://www.youtube.com/watch?v=quFror-Zd3E

• Second Woman: Second Woman https://spectrumspools.bandcamp.com/album/second-woman

• Mark Fell & Gábor Lázár: The Neurobiology Of Moral Decision making https://soundcloud.com/gaborlazar/mark-fell-and-gabor-lazar-the-neurobiology-of-moral-decision-making-2015

• William Basinski: Disintegration Loops https://www.youtube.com/watch?v=mjnAE5go9dI

• The Books: Thought for Food https://www.youtube.com/watch?v=8Cx10MrMYB4

• The Avalanches: Since I Left You https://www.youtube.com/watch?v=gRM1S6Jno8A

• The Caretaker: Persistent Repetition of Phrases https://www.youtube.com/watch?v=cocrSipRXlA

• Mortuário: Necrofilia/Propaganda https://toclabel.bandcamp.com/album/necrofilia-propaganda

• Florian Hecker: Acid in the style of David Tudor https://www.youtube.com/watch?v=TLEwf9P_ilc

• Florian Hecker: Chimerization https://www.youtube.com/watch?v=7KJ2fsC7Szk

• Chelpa Ferro: Chelpa Ferro 3 • J-P Caron: Breviário

https://estranhasocupacoes.bandcamp.com/album/brevi-rio • Matana Roberts: Coin Coin chapter 3: River Run Thee

https://www.youtube.com/watch?v=LrHHiOOTOOA • Juçara Marçal: Encarnado

https://www.youtube.com/watch?v=18p5_PiPk8E • Kevin Drumm: Imperial Distortion

https://www.youtube.com/watch?v=u8NL7r56yuA&list=PLbRWltGDzCdifHOxl3RgEe_0WDUiORzWP

• Marcus Schmickler & Julian Rohrhuber: Politiken der Frequenz https://editionsmego.bandcamp.com/album/politiken-der-frequenz

• Michael Pisaro: Continuum Unbound