05 - orações subordinadas substantivas
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PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
1. Frase, oração e período
A sintaxe se ocupa do estudo das relações que se estabelecem entre as orações nos
períodos. Quando se relacionam palavras e orações, criam-se discursos, ou seja, utiliza-se
efetivamente a língua para que se satisfaçam todas as necessidades de comunicação e
expressão. O conhecimento da sintaxe é, portanto, um instrumento essencial para o
manuseio das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações.
Dispor as palavras em frases é o primeiro passo para a construção dos discursos.
Isso significa que a frase se define pelo seu propósito de comunicação, isto é, pela sua
capacidade de, num diálogo, numa tese, enfim, em alguma forma de comunicação
lingüística, ser capaz de transmitir o conteúdo desejado para a situação em que é utilizada.
Na fala, a frase apresenta uma entonação que indica com clareza seu início e seu fim; na
escrita, esses limites são normalmente indicados pelas letras maiúsculas e pelo uso de ponto
(final, de exclamação ou interrogação) ou reticências.
O conceito de frase é, portanto, bastante abrangente, incluindo desde estruturas
muito simples, como: Ai!, que em determinada situação é suficiente para transmitir um
conteúdo claro, até estruturas complexas como: Assim, a idolatria da máquina de matar,
que corresponde a certas fantasias do telespectador, mas que nada tem a ver com a função
de zelar pela segurança pública, acaba contribuindo para o surgimento de valentões
enlouquecidos dentro da tropa.
As frases de estrutura mais complexa geralmente se organizam a partir de um ou
mais verbos (ou locuções verbais). A frase, ou a parte de uma frase, que se organiza a partir
de um verbo ou locução verbal recebe o nome de ORAÇÃO. A frase estruturada em orações
constitui o PERÍODO, que pode ser SIMPLES (formado por apenas uma oração - período
absoluto) ou COMPOSTO (formado por duas ou mais orações). Observe:
A vida vale muito pouco neste país.
Trata-se de um período simples, formado por apenas uma oração — organizada a
partir da forma verbal destacada.
A vida neste país vale tão pouco que não se sabe se há limite para o pior.
Trata-se de um período composto, formado por três orações organizadas a partir dos
verbos destacados e conectados pelas conjunções grifadas.
De acordo com a natureza da relação estabelecida entre as orações que o constituem,
o período composto pode ser estruturado por coordenação ou por subordinação. No
primeiro caso, as orações são completamente independentes entre si, conservando plena
Colégio Pedro II - Unidade Tijuca II
Departamento de Língua Portuguesa
Coordenadora: Rosângela Abraão
Professoras: Vanessa, Patrícia e Andreia
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autonomia sintática; no segundo, verifica-se um laço de dependência entre os elementos da
construção: a oração subordinada desempenha sempre uma função sintática em relação à
oração principal (ou a algum de seus membros).
Vim,/ vi,/ venci. (Júlio César)
Você sabe / que eu só penso em você. (Djavan, Se...)
Observação: Alguns períodos poderão ser mistos, isto é, compostos por coordenação e
subordinação, sem que isso acarrete nenhuma modificação em sua classificação.
Você disse que não sabe se não, / mas também não tem certeza que sim. (Djavan, Se...)
Nesse caso, as orações que constituem o 1º verso estabelecem entre si um vínculo
de subordinação, mas a oração que abre o 2º verso enuncia uma noção de adversidade,
estruturando-se em coordenação com a oração subordinada que a antecede.
Então, recapitulando o que estudamos até agora:
Oração é um enunciado lingüístico que apresenta uma estrutura caracterizada
sintaticamente pela presença obrigatória de um predicado, função preenchida por
um elemento da classe morfológica dos verbos. Apresenta, na maioria dos casos,
um sujeito e vários outros termos (essenciais, integrantes ou acessórios).
2. A coordenação
A coordenação, por sua vez, ocorre no período composto quando surgem orações
sintaticamente equivalentes. Isso significa que nenhuma delas desempenha função sintática
em outra ou apresenta um de seus temos na forma de oração. Veja o texto:
Tarefa
Morder o furto amargo e não cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros o quanto é injusto,
Frase é um enunciado lingüístico que, independentemente de sua estrutura ou
extensão, traduz um sentido completo em uma situação de comunicação.
Caracteriza-se por apresentar um contorno de entonação que lhe delimita o início
e o final. Constitui, assim, a unidade mínima no nível do discurso.
Período é um conjunto frasal que pode abarcar uma ou mais orações, e que
apresenta um sentido geral autônomo com relação aos enunciados que o precedem
e seguem. Caracteriza-se por uma entoação específica, que, ao marcar seu início e
final, delimita sua extensão. Os períodos podem ser simples, se constituídos de
uma só oração e compostos, se constituídos de mais de uma oração.
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sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros que é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
- do amargo e injusto e falso por mudar –
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
(CAMPOS, Geir. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981)
Observando os seis primeiros versos do texto, percebemos que o uso da coordenação
dá idéia de seqüência fixa em que a uma primeira ação adiciona-se uma segunda às quais se
contrapõe uma terceira. A coordenação de orações permite relacionar fatos de importância
equivalente, ou seja, no texto, cada uma das etapas vividas – a experiência penosa, o seu
enfrentamento e o compartilhamento dessa experiência – têm importância equivalente.
3. A subordinação
Ocorre subordinação quando um termo atua como determinante de um outro termo.
É isso o que se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos verbais: os
complementos atuam como determinantes do verbo, integrando sua significação. O objeto
direto e o objeto indireto são, portanto, termos subordinados ao verbo, que é o temo
subordinante. Outros termos subordinados da oração são, por exemplo, os adjuntos
adnominais (subordinados ao substantivo que caracterizam) e os adjuntos adverbiais
(subordinados geralmente a um verbo).
A subordinação ocorre no período composto quando surgem orações que
desempenham funções sintáticas em outras orações, o que equivale a dizer que existem
orações que atuam como determinantes de outras orações. Veja o texto abaixo:
Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida,
Eu vou te amar.
A cada despedida,
Eu vou te amar.
Desesperadamente,
Eu sei que vou te amar.
E cada verso meu
Será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida.
Eu sei que vou chorar,
A cada ausência tua,
Eu vou chorar,
Mas cada volta tua
Há de apagar
O que essa ausência tua me causou.
Eu sei que vou sofrer
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A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.
(JOBIM, Antônio Carlos e MORAES, Vinícius de. In: Muito, 1978)
Observe que o texto se organiza a partir da repetição da estrutura criada com a
oração “eu sei” e seu complemento (“que vou te amar”, “que vou chorar”, “que vou
sofrer”), que é um objeto direto, apresentado na forma de oração subordinada substantiva.
A escolha dessa estrutura sintática não só enfatiza a idéia do amor fiel e permanente, como
também mantém a unidade do texto.
3.1 Orações subordinadas substantivas
As orações subordinadas substantivas complementam sempre o sentido da oração
principal (aquela em relação à qual as subordinadas desempenham função sintética),
exercendo função sintática própria de substantivo, a saber: sujeito, predicativo, objeto
direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto. Vêm, geralmente, introduzidas por
uma conjunção integrante (“que” e “se”). As orações subordinadas substantivas podem ser
classificadas como:
SUBJETIVAS – quando exercem função sintática de sujeito da oração principal.
(1) [É certo] (2) [que fracassei].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva subjetiva
OBJETIVAS DIRETAS – quando exercem a função de objeto direto do verbo da
oração principal.
(1) [Todos querem] (2) [que você colabore].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva objetiva direta
OBJETIVAS INDIRETAS - quando exercem a função sintática de objeto indireto
do verbo da oração principal.
(1) [Necessito] (2) [de que sejas franco].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva objetiva indireta
OBS.: A estrutura da oração principal, nesse caso, será a seguinte: sujeito + verbo transitivo
indireto (que necessita de preposição): o que virá a seguir será, dessa forma, o
complemento do verbo, um objeto indireto.
COMPLETIVAS NOMINAIS - quando exercem a função sintática de complemento
nominal de um nome oração principal.
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(1) [Tenho certeza] (2) [de que ele viajou].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva completiva nominal
OBS.: Observe que, nesse caso, a oração principal apresentará a seguinte construção
sujeito + verbo + complemento do verbo, o que virá a seguir, portanto, complementará um
nome.
PREDICATIVAS - quando exercem a função de predicativo, ligam-se a um verbo
de ligação da oração principal.
(1) [A verdade é] (2) [que ela morreu].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva predicativa
APOSITIVAS - quando exercem a função de aposto de um termo da oração
principal.
(1) [A verdade é só uma:] (2) [que ela morreu].
1. Oração principal
2. Oração subordinada substantiva APOSITIVA
Exercícios:
1) Observe os períodos compostos seguintes e indique os processos sintáticos pelos quais as
orações se relacionam:
a) Ninguém sabe se ela vai aceitar o convite.
b) Informe aos presentes que a reunião será cancelada.
c) Vá ao banco, pague as contas e traga os comprovantes.
d) Vá ao banco, pague as contas e prove a todos que você é capaz de honrar seus
compromissos.
2) A organização sintática dada a certos trechos exige do leitor um esforço desnecessário de
interpretação. Abaixo você tem um exemplo disso:
Ao chegar ao ancoradouro, recebeu Alzira Alves Filha um colar indígena feito de
escamas de pirarucu e frutos do mar, que estava acompanhada de um grupo de adeptos do
Movimento Evangélico Unido. (Folha de S. Paulo, 12/2/92)
a) Reescreva o trecho, apenas alterando a ordem, de forma a tornar a leitura mais simples.
b) Com base na solução que você propôs, explique por que, do ponto de vista da estrutura
sintática do português, o trecho acima oferece dificuldade desnecessária para a
compreensão.
3) Reescreva as frases substituindo o termo grifado por uma oração subordinada.
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a) Observamos rapidamente a permanência do problema.
b) Era urgente a presença do professor.
c) Algumas pessoas temiam a chegada do inverno.
d) Os professores insistiam na participação do aluno.
e) Não há dúvida da sua vitória.
f) Mexeu-se com receio do olhar dos pais.
g) Constava também a necessidade de um tutor para Laura.
h) Ninguém nega sua culpa.
i) Desejava realizar um grande sonho: a felicidade plena da humanidade.
j) Estamos convencidos de sua fé.
4) Sublinhe a oração substantiva presente nos períodos abaixo e reescreva a frase
transformando a oração substantiva em uma expressão substantiva:
a) Determinou que remetessem a correspondência.
b) O policial descobriu que roubaram o equipamento.
c) Admite-se que a construção seja concluída.
d) O analista previu que a bolsa cairia violentamente.
e) A recompensa pertence a quem sofre.
f) Todos reconhecem que Paulo é muito eficiente.
g) O chefe exige que o material saia já.