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Decisão do TRT 2ª Região, sobre o Adicional de Acúmulo de Funções

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Page 1: 00761200800902003-ACÚMULO DE FUNÇÃO

PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃOTribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Gabinete do Desembargador Rafael E. Pugliese Ribeiro

'Processo nº 00761200800902003 - 6ª Turma

Natureza: RECURSO ORDINÁRIO

Recorrente: Primi Tecnologia Ltda.

Recorridos: 1) Eliane Cristina de Oliveira; 2) Salvaguarda Serviços de Segurança S/C Ltda.Origem: 9ª Vara do Trabalho de São PauloJUIZ PROLATOR DA SENTENÇA: Dr.(a) Letícia Neto Amaral/REPR/9/#/2010­04­15

Ementa:Acúmulo de função. Vigilante que eventualmente entregava vale-trans-porte e recibos de pagamento para empregados e emitia notas fiscais de produtos da empresa. Exercício conjunto de misteres que não cara-cteriza acúmulo de função, mas se situa no sentido da máxima colabo-ração que o empregado deve ao empregador. Inexistência de indeter-minação do salário (CLT, art. 460) que faz entender que o empregado se obrigou, desde o início do contrato, a todo e qualquer serviço com-patível com a sua condição pessoal (CLT, art. 456, parágrafo único).

ACÓRDÃO: Acordam os Desembargadores da 6ª Turma do Tri-

bunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: DAR PARCIAL

PROVIMENTO ao recurso, para excluir da condenação o adicio-

nal por acúmulo de função e a multa por embargos protelatórios.

Mantido o valor de referência.

Relatório. Contra a sentença que julgou procedente em parte a

ação, recorre a 2ª ré (Primi) alegando que não pode ser responsabilizada subsidia-

riamente, em razão da ausência dos requisitos da pessoalidade e subordinação;

que não pode, na qualidade de responsável subsidiária, arcar com as verbas resci-

sórias e multas dos arts. 467 e 477, da CLT; que não há disposição legal, tampou-

co convencional sobre o acúmulo de função; que não pode ser prejudicada pela

confissão ficta da 1ª ré em relação às horas extras decorrentes do intervalo; que é

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'Processo nº 00761200800902003 - 6ª Turma

indevida a multa por embargos protelatórios. Contrarrazões às fls. 310/315. O

Ministério Público teve vista dos autos.

V O T O:

1. Apelo aviado a tempo e modo (fls. 301/303). Conheço-o.

2. Responsabilidade subsidiária. A 2ª ré contratou mão-de-obra

por empresa interposta para serviços de vigilância. Nesse sentido, a pretensão da

autora está em consonância com a Súmula 331, IV, do TST, porque a prestadora

de serviços terceirizados inadimpliu a obrigação trabalhista e o tomador foi favo-

recido com a mão-de-obra que deixou de contratar diretamente. O vínculo de em-

prego não se forma com o tomador (Súmula 331, III, TST), mas este é chamado

para responder, secundariamente, pela obrigação inadimplida.

2.1. A inadimplência a que o tomador de serviços se obriga inclui

as verbas decorrentes de rescisão contratual. Para tal efeito não se distinguem as

obrigações surgidas no curso do contrato daquelas decorrentes de sua rescisão. O

que define a responsabilidade subsidiária é a qualidade de tomador de serviços.

Não há limitação sobre as verbas pelas quais o tomador responde, estando abran-

gidas as verbas rescisórias, inclusive as sanções previstas nos arts. 467 e 477, da

CLT.

3. Acúmulo de função. A inicial (fl. 10) afirma que a autora “con-

trolava escalas de plantão, frequência, pedidos de compra e venda, contatos com

fornecedores, editando planilhas, enviando e-mails e redigindo relatórios, digi-

tando durante todo o período em que acompanhava os monitores de segurança.”

O preposto da 2ª ré (fl. 226) admitiu que “algumas vezes a reclamante entregou

vale-transporte a funcionários; que as vezes que a reclamante apresentava os re-

cibos de pagamento aos funcionários da 2ª reclamada, embora não fosse rotinei-

ro; que por um curto período a reclamante emitiu notas fiscais de produtos da 2ª

reclamada”. No entanto, o exercício conjunto de tais misteres não caracteriza

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acúmulo de função, mas se situa no sentido da máxima colaboração que o empre-

gado deve ao empregador. Não havia indeterminação do salário (CLT, art. 460)

e, assim, entende-se que o empregado se obrigou, desde o início do contrato, a

todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal (CLT, art. 456,

parágrafo único).

4. Intervalo. Confissão. A sentença (fl. 246) considerou verdadeira

a sonegação parcial (30 minutos) do intervalo alegada na inicial, em razão da re-

velia e confissão da 1ª ré, bem como pela ausência de impugnação específica na

defesa da 2ª ré quanto à matéria. De fato, a defesa da 2ª ré (fls. 237/242) não im-

pugnou especificamente a sonegação do intervalo. Não se trata de estender os

efeitos da confissão da 1ª ré para prejudicar a 2ª ré, mas de consequência pela re-

ferida ausência de impugnação específica (CPC, art. 302).

5. Multa por embargos protelatórios. A 2ª ré opôs embargos de de-

claração discutindo as horas extras e a sua responsabilidade subsidiária. Quanto

às horas extras, alegou a impossibilidade de ser prejudicada pela confissão da 1ª

ré (Salvaguarda), bem como a omissão em relação ao depoimento do seu prepos-

to que afirmou que a autora era substituída durante o intervalo. Em relação à res-

ponsabilidade subsidiária, sustenta que deve haver limitação, excluindo-se as ver-

bas rescisórias e as cominações dos arts. 467 e 477, ambos da CLT. Tais alega-

ções estão juridicamente fundamentadas e não há manifestação expressa na sen-

tença sobre o depoimento do preposto, tampouco acerca da limitação da respon-

sabilidade subsidiária, motivo pelo qual reputo não configurado o caráter inten-

cional de protelar o feito, até porque admite-se que os embargos tenham efeito

modificativo. Não é suficiente o fato culposo, sem o componente de vontade ou

erro capital que se possa considerar inescusável. Excluo a multa.

Conclusão:

Dou parcial provimento ao recurso, para excluir da condenação o

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adicional por acúmulo de função e a multa por embargos protelatórios.

Mantenho a referência de alçada.

DR. RAFAEL E. PUGLIESE RIBEIRODesembargador Federal – TRT-2ª Região

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