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A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE A SOCIAL FUNCTION OF OWNERSHIP AND THE RIGHTS OF PERSONALITY Danyelle Bezerra Terhorst Wanderlei de Paula Barreto RESUMO A propriedade, assegurada explicitamente pela Constituição Federal, é um dos desdobramentos mais cabais dos direitos da personalidade. Até o século XVII, a propriedade conferia ao seu titular poder absoluto e pleno sobre a coisa, eis que revestida de caráter personalíssimo e individualista. A função social da propriedade é direito fundamental, auto-aplicável, independe de qualquer ato normativo para sua imediata eficácia, e é elemento intrínseco do conceito de propriedade. A propriedade deve estar voltada ao bem-estar de toda a sociedade, fazendo emergirem riquezas e atendendo as necessidades básicas não só do proprietário, mas de toda a coletividade. PALAVRAS-CHAVES: PROPRIEDADE; FUNÇÃO SOCIAL; DIREITOS DA PERSONALIDADE. ABSTRACT The property, explicitly guaranteed by the Constitution, is one of the most full unfolding of the rights of the personality. Until the seventeenth century, the property conferred on the holder full and absolute power over the thing, they are coated with subjectiv character and individualistic. The social function of property law is fundamental, self- administered, independent of any legislative act for its immediate effectiveness, and is intrinsic element of the concept of ownership. The property must be dedicated to the welfare of the whole society, as wealth and given the emerging needs not only the owner but the whole community. KEYWORDS: PROPERTY; SOCIAL FUNCTION; RIGHTS OF THE PERSONALITY. 5174

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A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE

A SOCIAL FUNCTION OF OWNERSHIP AND THE RIGHTS OF PERSONALITY

Danyelle Bezerra Terhorst Wanderlei de Paula Barreto

RESUMO

A propriedade, assegurada explicitamente pela Constituição Federal, é um dos desdobramentos mais cabais dos direitos da personalidade. Até o século XVII, a propriedade conferia ao seu titular poder absoluto e pleno sobre a coisa, eis que revestida de caráter personalíssimo e individualista. A função social da propriedade é direito fundamental, auto-aplicável, independe de qualquer ato normativo para sua imediata eficácia, e é elemento intrínseco do conceito de propriedade. A propriedade deve estar voltada ao bem-estar de toda a sociedade, fazendo emergirem riquezas e atendendo as necessidades básicas não só do proprietário, mas de toda a coletividade.

PALAVRAS-CHAVES: PROPRIEDADE; FUNÇÃO SOCIAL; DIREITOS DA PERSONALIDADE.

ABSTRACT

The property, explicitly guaranteed by the Constitution, is one of the most full unfolding of the rights of the personality. Until the seventeenth century, the property conferred on the holder full and absolute power over the thing, they are coated with subjectiv character and individualistic. The social function of property law is fundamental, self-administered, independent of any legislative act for its immediate effectiveness, and is intrinsic element of the concept of ownership. The property must be dedicated to the welfare of the whole society, as wealth and given the emerging needs not only the owner but the whole community.

KEYWORDS: PROPERTY; SOCIAL FUNCTION; RIGHTS OF THE PERSONALITY.

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1. Propriedade, visão histórica e evolução

A problemática da propriedade privada é alvo de discussão, desde os primórdios da humanidade.

A doutrina sobre a história do direto de propriedade registra, com efeito, que

Imemorial é o direito de propriedade, remontando aos primórdios da história humana. Com efeito, todos os mais antigos códigos legislativos da humanidade, seja o Código de Hamurábi, seja o Código de Manu, seja o Decálogo, prescreveram regras de proteção à propriedade, o que demonstra sua antiguidade.1

Nas civilizações primitivas, a terra não era objeto de apropriação, “predominava uma propriedade comunitária com um domínio coletivo sobre as coisas úteis, ficando a propriedade privada reservada para objetos de uso exclusivamente pessoal”.[1]

Com a edição do Código de Hamurabi, a propriedade privada passou a ser garantida, com a regulamentação de contratos de arrendamento de terras, de mútuo e de prestação de serviços.[2]

Na Grécia Antiga, já se processavam movimentos agrários, provenientes de lutas entre nobres e plebeus. Atenas e Esparta disputavam a liderança política e econômica do mundo antigo, tendo por base uma organização comunitária, com o desenvolvimento voltado para a agricultura e a pecuária. [3]

A constituição da família tinha íntima relação com a constituição da propriedade, arraigadas ambas em crenças religiosas.

Em razão da perda da homogeneidade familiar e do enfraquecimento das tradições religiosas, a propriedade perdeu o seu caráter sagrado, propiciando o surgimento da propriedade individual, fruto do desenvolvimento comercial e da primazia de metais preciosos e do dinheiro. [4]

Na concepção platônica de Estado ideal, aos governantes era imposta renúncia natural à propriedade; ao revés, aos artesãos era conferida a liberdade do acúmulo de propriedades, eis que a estes cabia o sustento do Estado.[5]

Já afirmava Aristóteles: [...] os afazeres de uma vida dedicada ao que é comum pressupunham a transferência de encargos àqueles que eram, por natureza, considerados instrumentos animados (ferramentae animatae).[6]

Em sua origem, Roma era formada por patrícios [7] e plebeus. Cada família de patrícios detinha um pequeno lote de terras, enquanto aos plebeus, só lhes restava a liberdade, eis

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que não eram considerados cidadãos (patrícios), sendo tolhidos do direito de cultivar a terra.

Na primitiva Roma[8], a propriedade tinha sentido personalíssimo, conferindo a seu titular poder absoluto e pleno sobre a coisa, ilimitado e soberano, profundamente individualista; “(...) situa-se a propriedade no centro do sistema, girando-lhe ao redor toda a ordem jurídica e econômica”. [9]

A propriedade tinha como características próprias a perpetuidade, a exclusividade, o teor absoluto, a isenção de impostos, e a quase inexistência de limitações. [10]

Montesquieu atribuiu, como causa inicial da decadência de Roma, o vazio político do governo imperial, em que a nobreza militar se assenhoreou do poder, marginalizando o povo e privando-o das terras e da participação no governo, acomodando-os com a distribuição gratuita de trigo e divertimentos do circo, degenerando num populacho ocioso, pobre e corrupto. Para Montesquieu, [11]

O Estado é uma organização social, verdadeiro organismo social, que, à semelhança do organismo biológico, decai quando imobilizado prolongadamente. Ele vive, evolui incessantemente. Na imobilização prolongada, os germes de que é portador proliferam e o arruínam. Pois assim aconteceu com Roma. [12]

Luiz Edson Fachin reconhece que a propriedade foi instituída pelo direito romano; todavia, não houve a preocupação de se atribuir um conceito à “propriedade”, mas apenas de traçar seus elementos e conteúdo, e afirma que: “A propriedade em Roma, constitui direito absoluto e perpétuo, excluindo-se a possibilidade em exercitá-la vários titulares”. [13] Com a evolução do direito de propriedade, em Roma, modificou-se a noção de propriedade como direito absoluto marcado por traços individualistas, sofrendo consideráveis atenuações, porquanto “(...) a noção materialista da propriedade humaniza-se sob influência cristã. A propriedade é vista como um bem que acarreta para o titular direitos, mas também deveres, obrigações morais”.[14] As limitações da propriedade, no direito romano, repercutiram, também, na redução progressiva dos poderes dos senhores sobre os escravos (considerados objetos no direito de propriedade). Desta forma, o direito romano acabou limitando “os poderes dos proprietários, na medida em que proibia a plena disposição, utilização e gozo por parte do proprietário do escravo que possuía”. [15]

Na Idade Média, houve o desmembramento do conceito de propriedade, consagrando-se a “superposição de propriedades diversas incidindo sobre um único bem”[16], sendo este fator preponderante na organização da economia e na estruturação social.

Surgiram os chamados feodum[17], caracterizados por agrupamentos feudais, compostos pelo “senhor ou vassalos, e dos servos e vilões”, cujas regras fundamentais originaram o chamado feudalismo. [18] O período feudal propiciou “uma nova fórmula de dominação econômica e política” [19], sucessora do Estado universal romano.

A Idade Média, por sua vez, foi substituída pela Revolução Francesa, quando se procurou dar um caráter democrático à propriedade, primando-se pelos princípios da

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igualdade, soberania e justiça. [20] Rousseau defendia que só se poderia falar em propriedade com a fundação da sociedade política,[21] quando avulta a relação entre trabalho e propriedade, como tema fundamental da economia e sociologia do século XIX. Por meio da cultura de terras surgiu a partilha, e desde que reconhecida a propriedade, despontaram as primeiras regras de justiça, eis que “[...] para dar a cada um o que é seu, é preciso que cada um possua alguma coisa”; além disso, é impossível “conceber a idéia da propriedade nascendo de algo que não a mão-de-obra, pois não se compreende como, para apropriar-se de coisas que não produziu, o homem nisso conseguiu pôr mais do que o seu trabalho”, pois somente o trabalho é capaz de proporcionar ao cultivador, além do direito sobre o produto, o “direito sobre a gleba pelo menos até a colheita, assim sendo cada ano; por determinar tal fato uma posse contínua, transforma-se facilmente em propriedade”.[22]

Para Locke, a propriedade é um direito natural, nasce e se aperfeiçoa antes da instituição do Estado.[23]

Lord Edward Coke (1552-1634), juiz e parlamentar da época, “[...] sustentou a existência de fundamental rights dos cidadãos ingleses [...]”[24], especialmente no que diz respeito ao reconhecimento do direito de propriedade. Também foi “[...] considerado o inspirador da clássica tríade vida, liberdade e propriedade”[25], incorporando-se ao pensamento individualista burguês.

A Revolução Francesa representou importante divisor de águas, eis que possibilitou a humanização e a democratização dos direitos, mitigando a servidão feudal e extirpando apanágios em favor de poucos.

2. A função social da propriedade

A função social está relacionada ao uso da propriedade, e este, por sua vez, é o modo pelo qual são exercitadas as faculdades ou os poderes inerentes ao direito de propriedade.[26]

Na visão de Fábio Konder Comparato, a função da propriedade [...] significa um poder, mais especificamente, o poder de dar ao objeto da propriedade destino determinado, de vinculá-lo a certo objetivo”, o qual corresponde “ao interesse coletivo e não ao interesse do próprio dominus; o que não significa que não possa haver harmonização entre um e outro”.[27]

Pietro Perlingieri ressalta que o reconhecimento da propriedade é justificado pela promoção dos valores referentes à função social, a qual não diz respeito aos seus limites, exclusivamente, mas de determinar “[...] os modos de aquisição, de gozo e os limites com o objetivo de assegurar a sua função social, de maneira que esta última conserte o conteúdo global da disciplina proprietária, não apenas os limites”.[28]

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Se se considerasse a função social como um conjunto de limites, a interpretação seria negativa, comprimindo os poderes do proprietário, que, por sua vez, “[...] sem os limites, ficariam íntegros e livres”.[29]

As formas de propriedade e suas interpretações “[...] deveriam ser atuadas para garantir e para promover os valores sobre os quais se funda o ordenamento”, eis que o conteúdo da função social é “[...] inspirado na solidariedade política, econômica e social e ao pleno desenvolvimento da pessoa”. [30]

Desta forma, a função social deve ser entendida como “[...] a própria razão pela qual o direito de propriedade foi atribuído a um determinado sujeito [...], atribuindo ao legislador um critério de ação e “[...] um critério de individuação da normativa a ser aplicada para o intérprete chamado a avaliar as situações conexas à realização de atos e de atividades do titular”; e não como “[...] uma intervenção ‘em ódio’ à propriedade privada”. [31]

É necessário buscarem-se os limites e significados de cada princípio constitucional, tendo em vista os valores constituídos na Lei Fundamental; tal limitação implica demarcar o campo normativo dos princípios, sendo batizada pela doutrina de “limites imanentes”, os quais, “[...] representam a fronteira externa dos direitos fundamentais [...]”, podendo “[...] estar definidos expressamente na Constituição, ou dela decorrerem implicitamente”.[32]

Sobre o direito de propriedade individual, como expressão dos direitos fundamentais, na Constituição política portuguesa, enfatiza Canotilho, que “o direito de propriedade individual é um direito de expressão constitucional”, sendo assim, um direito fundamental, o qual “[...] a comunidade política elegeu como indesligáveis da pessoa, com instrumento natural do seu desenvolvimento econômico (sic)!, social e cultural”. [33] A Constituição portuguesa deixou a cargo da legislação ordinária, a definição do conteúdo do direito de propriedade privada, instituindo, no art. 1.305 do Código Civil Português, “[...] um conjunto de três faculdades, que são, afinal, a expressão da sua natural essência: uso, fruição e disposição”, garantindo ao proprietário o gozo pleno e exclusivo, “querendo com isso significar que, acima dos dele (proprietário), não existem outros poderes sobre a coisa, e que ele pode exigir que todos se abstenham de perturbar ou obstaculizar o seu exercício”.[34] Canotilho doutrina que “a idéia de um direito de propriedade absoluto e ilimitado, fruto das concepções político-económicas (sic)! do liberalismo, tem vindo a descaracterizar-se pela acentuação do fim social daquele direito”, em simultaneidade “[...] com a evolução dos sistemas político-económicos (sic)! para formas mais solidárias de participação dos cidadãos e das instituições”; sendo que, as restrições ao gozo pleno e exclusivo do proprietário, “[...] fazem parte do conteúdo do próprio direito, como seus elementos normais”; porquanto, “não devem ser encarados, pois, como agressões excepcionais ao poder absoluto do dominus”. [35]

Norberto Bobbio averba que os direitos do homem, “[...] por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos”, oriundos de determinados contextos, por meio de lutas em prol “de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez”, de modo que “as Constituições apenas os certificam, declaram e garantem”.[36] E acrescenta: [...] O reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das Constituições democráticas modernas.[37]

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Existe no indivíduo uma singularidade imune às diretrizes sociais; no entanto, o homem se individualiza por meio do processo histórico-social.

Os direitos fundamentais são realidades históricas, resultantes de lutas e batalhas travadas através dos séculos, em prol da dignidade humana, de modo que “[...] é natural, portanto, que as mutações políticas, sociais e culturais que se desenrolam na sociedade moldem a forma com que estes direitos são encarados”.[38]

A divisão da trajetória histórica dos direitos fundamentais em Estado Liberal e Estado Social, possibilita a análise das características de cada um destes modelos, eis que apresentam “[...] características básicas que têm enorme relevo para a definição da incidência, ou não, dos direitos humanos nas relações privadas”.[39]

Rousseau enfatizava a importância da democracia e da soberania popular, acreditando na sabedoria das maiorias. Em seu modelo de contrato social, os indivíduos alienavam toda a sua liberdade para “[...] um corpo social ao qual todos pertenciam. Governantes e governados passariam a se identificar plenamente”, representando a liberdade.[40]

No modelo de contrato social de Locke “[...] os indivíduos não alienavam todos os seus direitos, como em Hobbes e Rousseau [...]”, mas “[...] retinham direitos naturais, inatos e inalienáveis [...]”, os quais deveriam ser rigorosamente respeitados pelos governantes; sendo que “[...] Dentre tais direitos, o mais essencial, segundo Locke, era a propriedade, cuja proteção representava a mais importante função estatal”.[41]

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, “[...] dotada de caráter universal e impregnada pela teoria jusnaturalista [...]”[42], demonstrou a sua preocupação com os anseios da burguesia emergente[43], tratando no artigo 17, da propriedade como “direito inviolável e sagrado”.

A partir dos interesses da burguesia ascendente “[...] é que os direitos fundamentais foram concebidos como direitos públicos subjetivos, oponíveis apenas em face do Estado”; sendo os direitos públicos subjetivos autolimitações ao poder estatal, “[...] as quais deveriam ser exercidas exclusivamente dentro do marco estabelecido pelas leis”.[44]

O constitucionalismo liberal preconizava a regulamentação das relações privadas pelo Código Civil, o qual tinha como base de sustentação a propriedade e o contrato, buscando “[...] assegurar a segurança e a previsibilidade das regras do jogo para os sujeitos de direito nas suas relações recíprocas, a partir de uma perspectiva (falsa) de asséptica neutralidade diante dos conflitos distributivos”.[45]

Francesco Carnelutti assegura que se partirmos “do princípio de que os homens são diferentes entre si: uns mais fortes que outros, uns mais jovens que outros, uns mais inteligentes que outros, uns mais bonitos que outros, uns mais bons (sic) que outros”, a ‘medida’ de diferenciação nunca será idêntica; e que há entre eles “ainda nas sociedades primitivas, indivíduos privilegiados que exercem naturalmente sobre os outros a função de chefe ou cabeça (líder ou dirigente)”.[46]

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3. O direito de propriedade em face dos direitos da personalidade

A personalidade é a totalidade dos sistemas psicológicos do homem, os quais viabilizam a sua adaptação ao ambiente e às demais pessoas com quem convive.

Em 1585, o jusfilósofo alemão Hugo Donellus, já ensinava aos seus discípulos em Nuremberg, que “[...] o direito à personalidade englobava os direitos à vida, à integridade corporal e à imagem”. [47]

A propriedade está entre os direitos economicamente apreciáveis, que se destacam da pessoa de seu titular; enquanto outros direitos há “[...] não menos valiosos e merecedores da proteção da ordem jurídica, inerentes à pessoa humana e a ela ligados de maneira perpétua e permanente”, que são os direitos da personalidade, “[...] cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra”.[48]

O direito de propriedade compõe o rol dos direitos fundamentais[49] da primeira geração, assim como o direito à vida, à liberdade e à igualdade perante a lei.

Na concepção de Carlos Alberto Bittar, não existe um conceito completo e preciso do que sejam direitos da personalidade[50], gerando divergências doutrinárias no que diz respeito “[...] à sua própria existência, à sua natureza, à sua extensão e à sua especificação [...]”, em razão do “[...] caráter relativamente novo de sua construção teórica; da ausência de uma conceituação global e definitiva [...]”, podendo ser visto pelo direito positivo sob ângulos diferenciados, de um lado público, como liberdades públicas e, de outro privado, como direitos da personalidade, atribuindo-lhe [...] feições e disciplinações distintas”.[51]

Para Adriano De Cupis, os direitos da personalidade são direitos subjetivos, denominados direitos essenciais, que constituem o cerne da personalidade, constituindo uma categoria autônoma, derivada do caráter de essencialidade, cuja função, relativamente à personalidade, é especial, constituindo o minimum necessário e imprescindível ao seu conteúdo.[52]

Parte da doutrina divide os direitos da personalidade em dois grandes grupos, quais sejam, em direitos da personalidade públicos e direitos da personalidade privados, conforme a clássica metodologia dos ramos do Direito.

Os direitos da personalidade públicos são inerentes à pessoa humana e tutelados pela Declaração Universal dos Direitos do Cidadão, tendo por objetivo “[...] a defesa do indivíduo dos atentados praticados pelo próprio Estado ou, ainda, objetivam a defesa da sociedade considerada como um todo das agressões praticadas por certos particulares”; enquanto os direitos da personalidade privados englobam os direitos característicos da pessoa humana, sendo desta forma, “[...] os mesmos direitos de personalidade públicos, porém, tratados sob o ângulo do direito privado, nas relações dos particulares entre si, visando a proteção do indivíduo frente às agressões de outro particular”.[53]

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O conceito geral da personalidade, como direito subjetivo, foi abstraído inicialmente do conceito de propriedade do direito romano, “[...] enquanto domínio ilimitado sobre uma coisa corpórea”.[54]

Na concepção de François Rigaux, o direito de propriedade “[...] é a matriz intelectual dos direitos subjectivos, porque tem por objecto uma coisa ocupando uma porção definida do espaço [...]”, delimitando o poder de abstração de terceiros.[55]

Sob esse enfoque, o direito geral de personalidade não seria um direito subjetivo, já que seu objeto não tem um conteúdo delimitado e seu sujeito “[...] não exercer um domínio incondicional, dado o elevado número de restrições impostas ao domínio de cada homem sobre os seus bens de personalidade”.[56]

Todavia, a restrição ao domínio de cada homem sobre os seus bens de personalidade “embora impeçam a qualificação do direito geral de personalidade como Herrschaftsrecht[57], não se afastam grandemente do regime geral comum dos negócios jurídicos [...]”[58]. Da mesma forma, “[...] não prejudicam o poder de autodeterminação do homem sobre a sua própria personalidade”.[59]

Heinrich Hubmann, faz uma relação analógica entre a propriedade e os direitos da personalidade, eis que a propriedade possui uma ligação particular da pessoa com a coisa, e não é visível como conteúdo espiritual, mas “[...] conhecida de todos por causa da nossa concepção cultural e apenas àquele que cresceu na cultura é compreensível que cada coisa é propriedade de alguém”.[60]

O proprietário tem uma ''função social'' a cumprir; se a cumpre, seus atos de propriedade estão protegidos; ao revés, o Estado poderá intervir para obrigá-lo a cumprir sua função social de proprietário.

3. Considerações Finais

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano demonstra grande preocupação quanto à prescrição de regras de proteção à propriedade; têm surgido movimentos agrários e disputas pela liderança política e econômica, focadas no desenvolvimento agropecuário.

A princípio, a propriedade era dotada de caráter sagrado e estava intimamente ligada à família. Com o enfraquecimento das crenças religiosas e a quebra da homogeneidade familiar, surgiu a propriedade individual, com características próprias, como perpetuidade, exclusividade, teor absoluto, isenção de impostos e praticamente ilimitada; de caráter personalíssimo, conferia ao seu titular poder absoluto e pleno sobre a coisa, ilimitado e soberano.

Com a Revolução Francesa, procurou-se dar à propriedade caráter democrático, na busca de igualdade, soberania e justiça. Surgiram as primeiras regras de justiça, condicionadas ao reconhecimento da propriedade. A propriedade, antes vista como

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direito subjetivo individual absoluto, passou a constituir uma relação entre o seu titular e a coletividade, sendo instrumento hábil de viabilização de valores fundamentais.

A função social da propriedade determina os modos de aquisição, de gozo e limites da propriedade, com o intuito de assegurar a sua função social, em prol do interesse coletivo e do bem estar social e do desenvolvimento humano. Atendida a sua função social, a propriedade recebe a tutela jurídica estatal, ensejando ao proprietário direitos e deveres, em prol do interesse coletivo, seja sob o prisma ambiental, seja sob o pálio dos fatores econômicos e produtivos.

O pleno exercício da função social requer, ainda, maior conscientização da sociedade, eis que é constantemente obstaculizada pelos conflitos de interesses gerados em decorrência dos anseios legítimos de uso, pelo aproveitamento e preservação da propriedade, de um lado, e pelo seu desvirtuamento, por outro lado, em razão da ganância pela manutenção e/ou expansão do poder e domínio econômicos.

O direito de propriedade é direito fundamental da chamada primeira geração, ao lado do direito à vida, à liberdade e à igualdade. Os direitos fundamentais são realidades históricas, fruto de reivindicações geradas por injustiças e/ou agressões a bens fundamentais essenciais ao ser humano. Da mesma forma, o ser humano se individualiza por meio do processo histórico-social, influenciado pelo meio político, social e cultural em que vive.

Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana, a ela ligados, de modo perpétuo e permanente, sendo entendidos por alguns autores como direitos subjetivos, essenciais, constitutivos do cerne da personalidade humana. Outros entendem que por não possuir conteúdo delimitado, e por não exercer o seu sujeito um domínio incondicional, os direitos da personalidade não seriam direitos subjetivos.

Inicialmente, o conceito geral da personalidade como direito subjetivo (na sua qualificação de domínio ilimitado), foi extraído do conceito de propriedade.

No mesmo sentido, parte da doutrina considera o direito de propriedade como a “matriz intelectual dos direitos subjetivos”. Sob esse enfoque, pode-se identificar a mesma natureza “subjetiva” no direito de propriedade e nos direitos da personalidade.

Outra semelhança entre aqueles direitos que chama a atenção é a ligação particular da propriedade e da personalidade à pessoa.

Por fim, vale ressaltar, que ambos têm seu alcance limitado, em face das restrições impostas ao domínio de cada ser humano sobre os seus bens, sejam eles corpóreos ou incorpóreos.

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1 TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A função social no Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 41.

[2] TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A função social no Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 42. Apud COSTA, José Rubens. Síntese histórica da propriedade imóvel. Revista Forense, Rio de Janeiro: Forense, n. 259, p. 87-96, 1977.

[3] OLIVEIRA, Gustavo P. T. de Castro; THEODORO, Silvia Kellen da Silva. A Evolução da Função Social da Propriedade. Disponível em: www.revistajuridicaunicoc.com.br/midia/arquivos/ArquivoID_16.pdf> Acesso em 10 out. 2008.

[4] TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A função social no Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 42.

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[5] OLIVEIRA, Gustavo P. T. de Castro; THEODORO, Silvia Kellen da Silva. A Evolução da Função Social da Propriedade. Disponível em: www.revistajuridicaunicoc.com.br/midia/arquivos/ArquivoID_16.pdf> Acesso em 10 out. 2008.

[6] BITTAR, Eduardo C. B. A justiça em Aristóteles, 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 9-10.

[7] A população nativa de Roma era denominada patrícios, do latim pater, “o chefe da família, que detinha enormes poderes, tendo inclusive o poder de escravizar ou de manter os membros de sua família”. (FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de Direito Agrário, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 44.)

[8] O fenômeno conhecido como “pessoalização” do direito real, ou, o que corresponderia ao mesmo, a “relativização” dos direitos absolutos, tem sido uma tendência constante, iniciada no direito romano e que se manteve ao longo da história dos sistemas jurídicos modernos, oriundos do direito romano-canônico. (SILVA, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição e execução na tradição romano-canônica, 2ª. ed. São Paulo: RT, 1997, p. 140.

[9] CRETELLA JÚNIOR, J. Curso de direito romano: o direito romano e o direito civil brasileiro, 21ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 168.

[10] BOBBIO, Norberto, NICOLA, Matteucci, GIANFRANCO, Pasquino. Dicionário de Política. Vol. 2, 3ª ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1991, p. 1.030.

[11] MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e da sua decadência. Introdução, tradução e notas de Pedro Vieira Mota. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 30-31.

[12] Op. cit., p. 30.

[13] FACHIN, Luiz Edson. A função social da posse e a propriedade contemporânea. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 14-15.

[14] CRETELLA JÚNIOR, J. Curso de direito romano: o direito romano e o direito civil brasileiro, 21ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 172.

[15] BITTAR, Carlos Alberto. A Propriedade e os direitos reais na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 18.

[16] FACHIN, Luiz Edson. A função social da posse e a propriedade contemporânea. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 15.

[17] “Pequenos proprietários de terras se colocavam sob a guarda de um grande senhor, tornando-se vassalos. Cediam a terra ao senhor, que, por seu lado, lhes transmitia o seu gozo, e fruição. No começo, o sistema era passageiro, cessava com a morte do senhor ou do vassalo. Depois, tornou-se hereditário”. (TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A função social no Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 43)

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[18] TEIZEN JÚNIOR, Augusto Geraldo. A função social no Código Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 43.

[19] FACHIN, Luiz Edson. A função social da posse e a propriedade contemporânea. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 16.

[20] Op. cit., p. 16.

[21] BITTAR, Carlos Alberto. A Propriedade e os direitos reais na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 20.

[22] ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens – Discurso sobre as ciências e as artes. Vol. II. Tradução de Lurdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural Ltda, 1999, p. 96.

[23] BOBBIO, Norberto. Locke e o direito natural. Tradução de Sérgio Bath. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997, p. 187.

[24] SARLET, Ingo Wofgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais, 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 42.

[25] Op. cit., p. 42.

[26] Op. cit., p. 17.

[27] COMPARATO, Fábio Konder. Direitos e deveres fundamentais em matéria de propriedade. In Revista do Centro de Estudos Judiciários/Conselho da Justiça Federal. Vol. 1, n. 3. Brasília: CJF, 1997, p. 75.

[28] PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil: introdução ao direito civil constitucional, 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 226.

[29] Op. cit., p. 226.

[30] Op. cit., p. 226.

[31] Op. cit., p. 226.

[32] TORRES, Ricardo Lobo. Teoria dos Direitos Fundamentais, 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 38.

[33] CANOTILHO, J. J. Gomes. Proteção do Ambiente e Direito de Propriedade (crítica de jurisprudência ambiental). Coimbra Editora, 1995, p. 9-10.

[34] Op. cit., p. 9-10.

[35] CANOTILHO, J. J. Gomes. Proteção do Ambiente e Direito de Propriedade (crítica de jurisprudência ambiental). Coimbra Editora, 1995, p. 9-10.

[36] BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 5.

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[37] BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 5.

[38] SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004, p. 19.

[39] Op. cit., p. 19.

[40] Op. cit., p. 22.

[41] Op. cit., p. 22.

[42] Op. cit., p. 24.

[43] “[…] a consagração da igualdade formal, a garantia da liberdade individual e o direito de propriedade, ao lado da contenção do poder estatal, eram medidas vitais para coroar a ascensão da burguesia ao Olimpo social, em substituição à nobreza. Estas medidas criavam o arcabouço institucional indispensável para o florescimento do regime capitalista, pois asseguravam a segurança e a previsibilidade tão indispensáveis para as relações econômicas”. (SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004, p. 26)

[44] SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004, p. 30.

[45] Op. cit., p. 30.

[46] CARNELUTTI, Francesco. Como nasce o Direito. Tradução: Ricardo Rodrigues Gama, 1ª ed. São Paulo: Russel, 2004, p. 18-19.

[47] SARLET, Ingo Wofgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais, 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 41-42.

[48] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume I: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2009; p. 153

[49] “[...] os direitos fundamentais são, acima de tudo, fruto de reivindicações concretas, geradas por situações de injustiça e/ou de agressão a bens fundamentais e elementares do ser humano”. (SARLET, Ingo Wofgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais, 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 56.)

[50] “Os direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade, previstos no ordenamento jurídico exatamente para a defesa de valores inatos no homem, como a vida, a higidez física, a intimidade, a honra, a intelectualidade e outros tantos”. (BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade, 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 01)

[51] BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade, 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 01.

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[52] DE CUPIS, Adriano. Os Direitos da Personalidade. Tradução: Adriano Vera Jardim e Antônio Miguel Caeiro.Lisboa: Livraria Morais Editora, 1961, p. 17.

[53] SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da Personalidade e sua Tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p, 50-51.

[54] CAPELO DE SOUSA, Rabindranath V. A. O Direito Geral de Personalidade. Coimbra: Coimbra Editora, 1995, p. 607.

[55] CAPELO DE SOUSA, Rabindranath V. A. O Direito Geral de Personalidade. Coimbra: Coimbra Editora, 1995, p. 607, apud. RIGAUX, François. La protection de l avie privée et dês autres biens de la personalité, p. 742.

[56] Op. cit., p. 607.

[57] Direitos de domínio ou de soberania.

[58] Op. cit., p. 607.

[59] Op. cit., p. 607.

[60] Op. cit., p. 569.

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