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www.pciconcursos.com.br Concurso Público 004. PROVA ESCRITA E DISCURSIVA (Questões) ANALISTA DE PROMOTORIA I (Assistente Jurídico) Você recebeu este caderno contendo 5 questões discursivas. Confira seus dados impressos na capa deste caderno. Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala. Assine apenas no local indicado na capa; qualquer identificação ou marca feita pelo candidato no corpo deste caderno, que possa permitir sua identificação, acarretará a atribuição de nota zero à prova. É vedado, em qualquer parte do material recebido, o uso de corretor de texto, de caneta marca-texto ou de qualquer outro material similar. Redija as respostas definitivas com caneta de tinta azul ou preta. Os rascunhos não serão considerados na correção. A ilegibilidade da letra acarretará prejuízo à nota do candidato. A duração das provas (redações e discursivas) é de 4 horas, já incluído o tempo para a transcrição das respostas definitivas. Só será permitida a saída definitiva da sala e do prédio após transcorridos 75% do tempo de duração das provas. Ao sair, você entregará ao fiscal este caderno. Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas. AGUARDE A ORDEM DO FISCAL PARA ABRIR ESTE CADERNO. 23.08.2015 Nome do candidato Prédio Sala Carteira Inscrição Assinatura do candidato

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Concurso Público

004. prova escrita e discursiva(Questões)

ANALISTA de PromoTorIA I(Assistente Jurídico)

� Você recebeu este caderno contendo 5 questões discursivas.

� Confira seus dados impressos na capa deste caderno.

� Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala.

� Assine apenas no local indicado na capa; qualquer identificação ou marca feita pelo candidato no corpo deste caderno, que possa permitir sua identificação, acarretará a atribuição de nota zero à prova.

� É vedado, em qualquer parte do material recebido, o uso de corretor de texto, de caneta marca-texto ou de qualquer outro material similar.

� redija as respostas definitivas com caneta de tinta azul ou preta. os rascunhos não serão considerados na correção. A ilegibilidade da letra acarretará prejuízo à nota do candidato.

� A duração das provas (redações e discursivas) é de 4 horas, já incluído o tempo para a transcrição das respostas definitivas.

� Só será permitida a saída definitiva da sala e do prédio após transcorridos 75% do tempo de duração das provas.

� Ao sair, você entregará ao fiscal este caderno.

� Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas.

aguarde a ordem do fiscal para abrir este caderno.

23.08.2015

Nome do candidato

Prédio Sala Carteira Inscrição

Assinatura do candidato

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NÃO escreva NesTa PÁGINa

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NÃO ASSINE ESTA FOLHA

rascunHo

resposta definitiva

QUESTÃO 1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL

Discorra sobre os efeitos do provimento da revisão criminal, de acordo com o disposto no artigo 627 do Código de Processo Penal, exemplificando, e esclareça se há extensão ao sentenciado não recorrente, por aplicação do artigo 580 do mesmo diploma legal.

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rascunHo

resposta definitiva

QUESTÃO 2 – DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Considerando menor que se encontra em situação regular, pretendendo contrair matrimônio, cujos genitores não se opõem às núpcias, mas que por sua idade, necessita de suprimento de idade e de consentimento, pergunta-se:

a) É o Juízo da Infância e Juventude competente para apreciar a questão? Explique.

b) Sendo necessária a intervenção do representante do Ministério Público, qual seria a consequência de sua não atuação no feito?

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QUESTÃO 3 – DIREITO CONSTITUCIONAL

Município “X”, localizado no Estado de São Paulo, cria o “Cartão Cidadão”, que será emitido somente para moradores do referido Município e passará a ser necessário para acessar os serviços de saúde municipais. O munícipe que não apresentar o documento, ou aquele que for oriundo de outra municipalidade, terá atendimento de saúde negado nos esta-belecimentos municipais. Pergunta-se: a medida imposta pelo Município “X” é constitucional? Fundamente sua resposta.

rascunHo

resposta definitiva

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QUESTÃO 4 – DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

Poderá ser concedida remissão pelo Ministério Público ou pela autoridade judiciária, nos termos dos artigos 180, inciso II e 186, § 1o, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Quais as alternativas do Ministério Público, além da remissão ministerial, após oitiva informal do adolescente? Diferencie remissão pré processual ou ministerial de judicial quanto à natureza jurídica e o momento de concessão.

rascunHo

resposta definitiva

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QUESTÃO 5 – DIREITOS HUMANOS

Cidadão portador de doença grave necessita de medicamento de alto custo, de uso contínuo, para sua sobrevivência, mas não possui condições financeiras de adquiri-lo nas quantias necessárias. O fornecimento gratuito não é realizado por unidades de saúde pública de nenhum dos entes federativos, alegando-se que tal medicamento não se encontra nas listas de fornecimento aprovadas pelo Ministério da Saúde. Tal cidadão procura atendimento no Ministério Público do Estado de São Paulo.

Pergunta-se: Pode o Ministério Público do Estado de São Paulo ajuizar demanda a fim de que o medicamento seja fornecido ao indivíduo? Fundamente sua resposta.

rascunHo

resposta definitiva

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Concurso Público

002. prova escrita e discursiva(primeira redação)

analista de Promotoria i(assistente Jurídico)

� Você recebeu este caderno contendo um tema de redação a ser desenvolvido.

�Confiraseusdadosimpressosnacapadestecaderno.

�Quandoforpermitidoabrirocaderno,verifiqueseestácompletoouseapresentaimperfeições.Casohajaalgumproblema,informeaofiscaldasala.

�Assineapenasno local indicadonacapa;qualquer identificaçãooumarca feitapelocandidatonocorpodestecaderno,quepossapermitirsuaidentificação,acarretaráaatribuiçãodenotazeroàprova.

�É vedado, emqualquerparte domaterial recebido, ousode corretor de texto, de canetamarca-texto oudequalqueroutromaterialsimilar.

�Redijaotextodefinitivocomcanetadetintaazuloupreta.Osrascunhosnãoserãoconsideradosnacorreção. Ailegibilidadedaletraacarretaráprejuízoànotadocandidato.

�Aduraçãodasprovas(redaçõesediscursivas)éde4horas,jáincluídootempoparaatranscriçãodostextosdefinitivos.

�Sóserápermitidaasaídadefinitivadasalaedoprédioapóstranscorridos75%dotempodeduraçãodasprovas.

�Aosair,vocêentregaráaofiscalestecaderno.

�Atéquevocêsaiadoprédio,todasasproibiçõeseorientaçõescontinuamválidas.

aguarde a ordem do fiscal para abrir este caderno.

23.08.2015

nome do candidato

Prédio sala Carteira inscrição

assinatura do candidato

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Concurso Público

002. prova escrita e discursiva(primeira redação)

analista de Promotoria i(assistente Jurídico)

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RASCUNHO

NÃO ASSINE ESTA FOLHA

Emhipótesealgumaseráconsideradootextoescritonesteespaço.

redação – direito penal

Discorra, em até 30 (trinta) linhas, sobre a PRESCRIÇÃO:

Parte 1: natureza jurídica, conceito e modalidades. Parte 2: prescrição virtual antecipada.

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NÃO ASSINE ESTA FOLHA

redação – direito penal

Textodefinitivo

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Concurso Público

003. prova escrita e discursiva(segunda redação)

analista de Promotoria i(assistente Jurídico)

� Você recebeu este caderno contendo um tema de redação a ser desenvolvido.

�Confiraseusdadosimpressosnacapadestecaderno.

�Quandoforpermitidoabrirocaderno,verifiqueseestácompletoouseapresentaimperfeições.Casohajaalgumproblema,informeaofiscaldasala.

�Assineapenasno local indicadonacapa;qualquer identificaçãooumarca feitapelocandidatonocorpodestecaderno,quepossapermitirsuaidentificação,acarretaráaatribuiçãodenotazeroàprova.

�É vedado, emqualquerparte domaterial recebido, ousode corretor de texto, de canetamarca-texto oudequalqueroutromaterialsimilar.

�Redijaotextodefinitivocomcanetadetintaazuloupreta.Osrascunhosnãoserãoconsideradosnacorreção. Ailegibilidadedaletraacarretaráprejuízoànotadocandidato.

�Aduraçãodasprovas(redaçõesediscursivas)éde4horas,jáincluídootempoparaatranscriçãodostextosdefinitivos.

�Sóserápermitidaasaídadefinitivadasalaedoprédioapóstranscorridos75%dotempodeduraçãodasprovas.

�Aosair,vocêentregaráaofiscalestecaderno.

�Atéquevocêsaiadoprédio,todasasproibiçõeseorientaçõescontinuamválidas.

aguarde a ordem do fiscal para abrir este caderno.

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Prédio sala Carteira inscrição

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Concurso Público

003. prova escrita e discursiva(segunda redação)

analista de Promotoria i(assistente Jurídico)

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rascunHo

Emhipótesealgumaseráconsideradootextoescritonesteespaço.

redação – tutela de interesses difusos e coletivos

Disserte sobre os direitos e interesses das futuras gerações, relacionando-os aos princípios da prevenção e precaução, na temática do dano ambiental.

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NÃO ASSINE ESTA FOLHA

redação – tutela de interesses difusos e coletivos

Textodefinitivo

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ANALISTA DE PROMOTORIA

002 – Prova Escrita e Discursiva

Redação – Direito Penal

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

Parte 1: A prescrição é uma das causas extintivas da punibilidade, prevista no artigo 109, inciso IV, do Código Penal. É a

perda do direito de punir (jus puniendi) ou do direito de executar (jus punitionis) do Estado pelo decurso do tempo. É um

instituto de Direito Material ou de ordem pública, podendo ser decretada inclusive de ofício em qualquer tempo e grau de

jurisdição. Apesar deste conceito, alguns doutrinadores apresentam a extinção da punibilidade também como natureza

jurídica, que “embora leve também à extinção do processo, esta é mera consequência da perda do direito de punir, em

razão do qual se instaurou a relação processual”. Praticado o crime, nasce para o Estado o direito de punir o seu autor,

mas este direito deve ser exercido dentro de determinado prazo estabelecido pela lei, considerando que a punição, muito

tempo depois de praticado um crime, muitas vezes com o agente já ressocializado, não tem utilidade social. O prazo em

que ocorre a prescrição varia de acordo com as penas previstas para cada crime capitulado no Código Penal, o que

também varia de acordo com algumas condições pessoais do autor do fato. A prescrição divide-se em duas modalidades

(espécies) principais: Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP) e Prescrição da Pretensão Executória (PPE). A PPP

representa a perda do direito de punir do Estado e se calcula com base no máximo da pena privativa de liberdade abstrata

prevista para cada delito e se verifica nos prazos estabelecidos pelo artigo 109, do Código Penal. Ela admite três

subespécies: prescrição pela pena máxima em abstrato (artigo 109, CP), prescrição retroativa (parágrafos do artigo 110 c.c.

artigo 109) e prescrição intercorrente ou superveniente (artigo 110, § 1º). A PPE representa a perda do direito de executar a

pena imposta ao condenado e ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Ela é calculada com base na

pena in concreto fixada na sentença e também nos prazo fixados no artigo 109, CP. Para o condenado reincidente, os

prazos prescricionais são acrescidos de um terço, conforme a regra do artigo 110, CP.

Parte 2: A prescrição antecipada, também chamada de virtual, hipotética, projetada ou em perspectiva, não tem previsão

legal, mas é muito discutida pela doutrina e pela jurisprudência. A prescrição (virtual) leva em conta a futura pena a ser

imposta ao réu na sentença, antevendo o juiz futura condenação, com base na pena hipotética a ser imposta, apura que o

fato estará prescrito, e para os que defendem essa modalidade de prescrição, diante dessa constatação, o juiz deve

extinguir a punibilidade do acusado (reconhecendo a prescrição) ou rejeitar a denúncia (ausência de interesse de agir,

inutilidade do processo), ante a inutilidade da movimentação da máquina estatal para um processo que tem por objeto um

crime prescrito. Os críticos a essa posição defendem que o oferecimento e recebimento da denúncia, bem como a regular

instrução processual até sentença, é um imperativo legal e um direito do próprio réu, que inclusive pode ser absolvido por

outro fundamento mais benéfico, não podendo o juiz jamais supor uma pena futura (hipotética – ofensa ao princípio

constitucional da presunção de inocência). A jurisprudência dominante, inclusive dos Tribunais Superiores, rejeita o

reconhecimento da prescrição virtual, sendo que tal posição é inclusive objeto da Súmula 438, do C. Superior Tribunal de

Justiça, que repudia essa modalidade de prescrição.

Referências bibliográficas

BIANCHINI, Alice; GOMES, Luiz Flávio (coord.). Curso de Direito Penal – Parte Geral arts. 1º a 120. Salvador: JusPODIVM,

2015.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral I, 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

COSTA Jr., Paulo José da e COSTA. Fernando José da. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 12a edição, 2010.

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal, Parte geral. Salvador: JusPODIVM, 2a edição, 2014.

DELMANTO, Celso. DELMANTO, Roberto. DELMANTO JR., Roberto. DELMANTO, Fabio M. de Almeida. Código Penal

Comentado, São Paulo: Saraiva, 8a edição, 2010.

________ .Leis Especiais Comentadas. São Paulo: Saraiva, 2a edição, 2014.

ESTEFAM, André e GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Coord. Pedro Lenza. Direito Penal Esquematizado, Parte Geral.

São Paulo: Saraiva, 2a edição, 2013.

GALVÃO, Fernando. Direito Penal, Parte geral. São Paulo: Saraiva, 5a edição, vol. 1, 2013.

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CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição - Conteúdo Específico e Estrutura Pontuação máxima

(25,0)

Parte 1

A. Conceito: causa extintiva da punibilidade* (107, IV)

(2,0) / Perda do direito de punir (jus puniendi) (2,0) e/ou

do direito de executar (jus punitionis) (2,0)

6,0

B. Natureza Jurídica: causa extintiva da punibilidade*

(1,0) / Matéria de ordem pública (1,0) / Pode ser

decretada de ofício (1,0) /Aceitável também a indicação

de ser Direito Material.

3,0

Modalidades:

C. Prescrição da pretensão punitiva PPP (3,0) {P.Abstrato

(1,0); P.Retroativa (1,0); P.Superveniente ou

Intercorrente (1,0) e Prescrição da pretensão executória

PPE (3,0)

9,0

Parte 2

D. Conceito (2,5) + Não tem previsão legal (2,5) 5,0

E. Tribunais Superiores rejeitam (o número da Súmula 438

pode ser citado ou não, mas o seu conhecimento é

fundamental e deve estar expresso) (2,0)

2,0

Observações:

* A causa extintiva da punibilidade pode ser aceita tanto como conceito quanto natureza jurídica, dependendo

da forma consignada pelo candidato, pontuando apenas uma vez.

As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

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ANALISTA DE PROMOTORIA

PROVA 003 – Prova Escrita e Discursiva

Redação – Tutela de Interesses Difusos e Coletivos

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

O candidato deverá versar sobre cinco pontos:

a. Direitos e interesses das futuras gerações, em sintonia com o desenvolvimento sustentável, embasado no artigo

225 da Constituição Federal e na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, demonstrando que esses dispositivos

trazem como objetivo a compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a preservação da qualidade

do meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

b. Menção ao artigo 225 da Constituição Federal e a alguma das convenções internacionais que tenham consagrado

o princípio da prevenção e precaução.

c. Abordagem do princípio da prevenção, trazendo o seu significado e importância na temática da preservação das

futuras gerações.

d. Abordagem do princípio da precaução, trazendo o seu significado e importância na temática da preservação das

futuras gerações.

e. A importância de evitar a ocorrência do dano ambiental pela aplicação dos princípios da prevenção e da

precaução, que são materializados pelos instrumentos do licenciamento e estudo de impacto ambiental.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição - Conteúdo Específico e Estrutura Pontuação máxima (25,0)

1. Aspecto constitutivo da matéria proposta (direitos e interesses das futuras

gerações, em sintonia com o desenvolvimento sustentável).

O candidato precisa relatar que, no embate entre desenvolvimento e meio ambiente, deve

prevalecer uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, que, segundo Relatório

“Nosso Futuro que queremos”, seria “um processo que permite satisfazer as necessidades

da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras” a

conhecida equidade intergeracional. (4,0)

A Constituição brasileira de 1988, ainda que não faça uso expresso do termo

“desenvolvimento sustentável”, adota a proposta do compromisso da sustentabilidade

ambiental, ao consagrar, no artigo 225, a adoção do direito ao equilíbrio do meio

ambiente, ao afirmar que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Assim, o candidato deve fundamentar que a Constituição Federal e demais leis

infraconstitucionais aderiram ao paradigma do desenvolvimento sustentável,

demonstrando que esses dispositivos trazem como objetivo a compatibilização do

desenvolvimento econômico (1,0) e social (1,0) com a preservação da sadia qualidade de

vida (1,0), impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

7,0

2. Abordagem e posicionamento em relação à fundamentação legal:

CF – art. 225 (2,0). O candidato deve citar, necessariamente, o artigo 225 da Constituição

Federal, e não apenas mencionar a Constituição Federal, visto que é o referido dispositivo

que traz o parâmetro adequado para fundamentar o enunciado da primeira parte da

questão.

Política Nacional do Meio Ambiente (2,0). O candidato deve abordá-la, uma vez que a

referida legislação serve de fundamento para os princípios da prevenção e precaução,

desenvolvidos no item posterior, além de tratar, de forma pioneira, do uso racional dos

recursos naturais e a compatibilização do desenvolvimento com a preservação, prevendo

vários instrumentos para a viabilização dos princípios em comento.

Relatório de Brundtland / Convenção de Estocolmo / Rio + 10 / ou outros (2,0). O

candidato também poderá abordar outras conferências internacionais importantes para o

tema, como a Rio 92.

6,0

3. Abordagem do princípio da prevenção, trazendo o seu significado (2,0) e

importância na temática da preservação das futuras gerações (2,0). Nessa linha,

a prevenção significa antecipar-se no tempo, com intuito conhecido, que se

refere a riscos ou impactos já conhecidos pela ciência, portanto, risco certo e

4,0

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perigo concreto.

4. Abordagem do princípio da precaução, trazendo o seu significado (2,0). Nesse

sentido, o princípio da precaução deve ser observado pelos Estados quando

houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis. A ausência de absoluta certeza

científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e

economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. Precaução

significa precaver-se, tomar cuidados antecipados com o desconhecido. Daí a

importância da temática da preservação do meio ambiente para as futuras

gerações na resposta (2,0).

4,0

5. A importância de evitar a ocorrência do dano ambiental pela aplicação dos

princípios da prevenção e precaução (2,0), que são materializados pelos

instrumentos do licenciamento (1,0) e estudo de impacto ambiental (1,0). A esse

respeito, o candidato poderá referenciar outros instrumentos (como licenças

ambientais), sendo certo que a citação daqueles tem caráter meramente

exemplificativo. E para alcançar a pontuação máxima, deverá indicar ao menos,

dois.

4,0

Observações:

As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

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ANALISTA DE PROMOTORIA

PROVA 004 – Prova Escrita e Discursiva

Questão 1 – Direito Processual Penal

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

Provida a revisão criminal, diz o artigo 627 do Código de Processo Penal que serão restabelecidos os direitos perdidos em

razão de efeitos penais da condenação, sejam eles primários (ex.: liberdade) e secundários (ex.: devolução da fiança

perdida) e extrapenais (ex.: restabelecimento do poder familiar). Demais disso, os efeitos da absolvição, obtida na ação

autônoma de impugnação, se estendem ao condenado não recorrente, desde que seus fundamentos não sejam de caráter

pessoal e se firmem em situação comum aos litisconsortes na ação penal condenatória, como estabelece o artigo 580 do

Código de Processo Penal.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição - conteúdo específico e a estrutura Pontuação máxima

(10,0)

1. Efeitos do provimento da revisão criminal

4,0

2. Exemplos dos direitos restabelecidos (efeitos primários 1,0, secundários 1,0 e

extrapenais 1,0).

3,0

3. Extensão dos efeitos da absolvição, obtida na ação autônoma de impugnação ao

condenado não recorrente Fundamentos sem caráter pessoal e firmados em

situação comum aos litisconsortes na ação penal condenatória.

3,0

Observações:

1. As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

2. Definição de revisão criminal não foi alvo da questão e não ensejará pontuação. Não configurará, por outro lado,

demérito.

3. No item “B” somente os três exemplos de direitos restabelecidos (efeitos primários e secundários e extrapenais)

representarão pontuação plena (3,0).

Questão 2 – Direito Processual Civil

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

a) O enunciado informa que o matrimônio será celebrado por menor em situação regular, que não obstante tenha

autorização de seus pais para tanto, mesmo assim necessita de suprimento de idade.

Inicialmente, cabe afirmar que não resta configurada a hipótese prevista no art. 1.517, do CC, pois se o menor estivesse em

idade núbil (maior de 16 anos e menor de 18 anos), a mera autorização dos pais para o matrimônio seria suficiente para

sua celebração, porém o enunciado alerta que há necessidade de suprimento de idade, ou seja, o caso versa sobre a

excepcionalidade prevista no art. 1.520, do CC, que aponta que ao menor que não alcançou a idade núbil será permitido o

casamento, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez, obtida mediante o respectivo

suprimento judicial.

Fixada a hipótese tratada no enunciado, resta averiguar se o Juízo da Infância e Juventude será competente para análise

do suprimento de idade em questão ou não. Nos termos do artigo 148, parágrafo único, alínea “c”, do ECA, a Justiça da

Infância e da Juventude somente será competente para suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento, quando

o menor estiver em situação de abandono (art. 98, do ECA), ou seja, sempre que o arcabouço de garantias da criança ou

adolescente forem ameaçados ou violados: a) por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; b) por falta, omissão ou

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abuso dos pais ou responsável; ou c) em razão de sua conduta, o que não ocorre no caso do enunciado que deixa claro

que o menor se encontra em situação regular. Desta forma, é possível concluir que a Vara da Infância e Juventude não

será competente para análise do suprimento de idade em pauta.

Excluída a competência do Juízo Especializado da Infância e Juventude, resta ajuizar a ação no Juízo Cível Comum. Do

ponto de vista territorial, como o pedido envolve pleito de jurisdição voluntária, será competente para análise do pedido de

suprimento de idade, o foro de domicílio do Requerente, sendo certo que, havendo vara de família e sucessões na

comarca, essa será competente, em decorrência do pleito envolver matéria de sua competência (casamento), porém, se

não houver, a pretensão poderá ser formulada perante a Vara Cível ou Vara Única.

b) O Ministério Público pode intervir nos processos judiciais cíveis sob dois prismas: a) parte ou b) custos legis. O MP

atuará como parte, formulando pretensão em juízo em favor da sociedade, tutelando os chamados direitos metaindividuais

(difusos, coletivos ou individuais homogêneos). Por outro lado, o MP atuará como custos legis, ou seja, como fiscal da lei,

também, em nome da sociedade, mas aqui com o intuito de verificar a regularidade do trâmite processual daquelas

demandas que envolvem a defesa de interesses de pessoas hipossuficientes econômica ou socialmente, já que essas

pessoas podem ser eventualmente prejudicadas por seu representante ou procuradores diretos.

No caso proposto no enunciado, a atuação do MP deverá ocorrer como custos legis, vez que o art. 82, I, do CPC, considera

o incapaz, como hipossuficiente, exigindo a intervenção obrigatória do MP no feito. Além disso, por se tratar de pedido de

jurisdição voluntária, no mesmo sentido o art. 1.105, do CPC determina que serão citados, sob pena de nulidade, todos os

interessados, bem como o Ministério Público.

Contudo, caso não ocorra a atuação do MP no feito, quando obrigatória sua intervenção, como narrado no enunciado, há

que se observar o quanto segue.

O regime de nulidades do Processo Civil aponta que o ato processual que for praticado sem a devida observância de suas

formalidades, constantes no texto legal, será reputado como nulo.

As nulidades são divididas em duas espécies: a) relativa, quando a lei processual indica a formalidade, sem, contudo

apontar como consequência direta a ocorrência da nulidade; e a b) nulidade absoluta, quando, em sentido contrário, a

norma processual indica a formalidade a ser cumprida, rotulando como nulo o ato processual praticado sem a observância

da mesma. Isso porque, a nulidade relativa é considerada de menor gravidade pelo sistema processual, já a nulidade

absoluta é considerada de maior gravidade.

Assim é, que a nulidade relativa deve ser alegada pela parte prejudicada no primeiro momento de manifestação nos autos,

sob pena de convalidação. Por outro lado, a nulidade absoluta pode ser decretada de ofício ou a requerimento da parte

prejudicada, a qualquer momento no processo, desde que não tenha ocorrido a formação de coisa julgada.

Desta forma, no caso do enunciado, ocorrerá nulidade absoluta, face à não atuação do MP no feito, por expressa

disposição legal dos arts. 84 e 246, do NCPC. Contudo, tal nulidade somente surtiria efeitos, tornando imprestáveis os atos

processuais praticados, em decorrência do princípio da instrumentalidade das formas, insculpido no art. 244, do CPC, se

tivesse ocorrido prejuízo ao menor.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição - Conteúdo Específico e Estrutura Pontuação máxima

(10,0)

4. Primeira parte do item A – Não será competente 2

5. Segunda parte do item A - Vara/Juízo Cível, Comum ou Vara de

Família, onde houver

3

6. Primeira parte do item B - Sim é necessária a intervenção do MP 2

7. Segunda parte do item B - Gera Nulidade Absoluta / poderá ser

aceito quem disser que gera nulidade desde que haja prejuízo,

dependendo da construção e da exposição da resposta

3

Observações:

As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

Questão 3 – Direito Constitucional

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

A conduta do Município X é inconstitucional, por violar dois dispositivos da Constituição Federal. A conduta do Município X

é inconstitucional, por violar o direito à saúde e o princípio da igualdade, ambos constitucionalmente assegurados. O direito

à saúde, previsto nos artigos 6.º e 196 da Constituição Federal, é um direito social (ou de segunda dimensão/geração) de

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caráter universal (independe de qualquer contribuição). Isso significa que é um direito de todos e um dever do Estado,

compreendido aqui em sentido amplo, ou seja, é um dever comum da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal, devendo, então, os serviços de saúde ser prestados por todos os entes federativos, nos termos delineados pela

própria Constituição Federal e pela legislação que regulamenta o Sistema Único de Saúde. Assim, o Município X, ao

instituir o Cartão Cidadão está descumprindo as previsões constitucionais acerca de como deve prestar os serviços de

saúde. Além disso, o Cartão Cidadão estabelece uma discriminação indevida, que viola o princípio da igualdade, insculpido

no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, que cria distinções, em razão de origem municipal, para a prestação de serviços

de saúde, sendo assentado pelo Supremo Tribunal Federal que até mesmo estrangeiros não residentes no País têm

assegurado o direito à saúde.

A questão reproduz hipótese já julgada e considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Lei nº 2.600, de 8 de

julho de 2009, e Decreto nº 2.716, de 28 de dezembro de 2009, ambos do Município de Guararema, os quais instituíram e

regulamentaram o ‘Cartão Cidadão’ como documento hábil e de porte obrigatório para acesso aos serviços públicos

municipais de educação, saúde, esporte, lazer e assistência social. Preliminar. Intempestividade. Aplicabilidade do art. 188

do CPC. Mérito. Programa instituído com intuito excludente e discriminatório. Inconstitucionalidade. 1. Aplica-se o prazo em

dobro previsto no art. 188 do CPC aos recursos extraordinários interpostos em ações diretas de inconstitucionalidade no

âmbito dos Tribunais de Justiça. 2. A Lei nº 2.600, de 8 de julho de 2009, e o Decreto nº 2.716, de 28 de dezembro de

2009, ambos do Município de Guararema, instituíram e regulamentaram o ‘Cartão Cidadão’ como documento hábil e de

porte obrigatório para acesso aos serviços públicos municipais de educação, saúde, esporte, lazer e assistência social. O

programa foi instituído com intuito excludente e discriminatório, visando somente aos habitantes do município, impondo,

ainda, obstáculos aos próprios munícipes, caso não obtivessem o cartão ou não o detivessem quando do comparecimento

perante os órgãos públicos. A política pública em questão trata de maneira uniforme serviços públicos de naturezas

distintas, os quais, por isso, deveriam receber tratamento de acordo com as suas especificidades. Ao condicionar o acesso

aos serviços públicos de saúde ao porte de um cartão, excluindo do gozo de tais serviços as pessoas que não residiam na

localidade ou que, residindo, não detinham o cartão, o Município violou a natureza universal e igualitária que a Constituição

conferiu a esses serviços (art. 196, CF/88). O “cartão cidadão” também viola o art. 205, que fixa a educação como direito de

todos e dever do Estado, e o art. 206, ambos da Constituição Federal, o qual estabelece, dentre os princípios norteadores

do ensino no Brasil, a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. 3. A Turma não conheceu do

agravo interposto pela Câmara Municipal de Guararema e conheceu do agravo do Município de Guararema para admitir o

recurso extraordinário, ao qual negou provimento. (ARE 661288, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado

em 06/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-185 DIVULG 23-09-2014 PUBLIC 24-09-2014)

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição Conhecimento Específico e Estrutura Pontuação máxima

(10,0)

8. Resposta que afirma a constitucionalidade do Cartão Cidadão Zero

9. Resposta que afirma inconstitucionalidade – sem fundamentação (1,0)

Resposta que afirma inconstitucionalidade – com fundamentação na existência de

inconstitucionalidade material (2,0)

Até 2,0

10. Discorrer sobre o princípio constitucional da igualdade, direito fundamental à

Igualdade. Até 4,0

11. Discorrer sobre o direito à saúde, afirmando seu caráter universal, obrigação de

todos os entes federativos. Até 4,0

1. RESPOSTA QUE AFIRMA A CONSTITUCIONALIDADE DO CARTÃO CIDADÃO

Conforme constante da resposta esperada, a resposta deveria ser pela inconstitucionalidade da medida, pois incorre em

inconstitucionalidade material. Portanto, a afirmação da constitucionalidade da medida conduziu à nota zero na questão

como um todo, pois não há como avaliar outros itens se a premissa basilar da resposta foi negada.

Qualquer resposta que afirmou que o Município poderia negar atendimento a alguma pessoa, em qualquer circunstância,

ou somente porque estava em situação não-emergencial, mereceu nota zero, porque tal raciocínio viola,

concomitantemente, os dois fundamentos constitucionais da reposta: universalidade e igualdade. O pressuposto

estabelecido no precedente do Supremo Tribunal Federal é de que nenhum serviço público pode ser negado, em nenhuma

hipótese, não cabendo, portanto, fazer distinções com base na espécie de atendimento (eletivo, urgência ou emergência).

Também foi atribuída nota zero às respostas que tangenciaram os aspectos constantes da questão, mas, de forma dúbia,

não fizeram um pronunciamento assertivo no sentido da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da medida.

As respostas que afirmaram a inconstitucionalidade da medida, mas admitiram a criação de um cartão para fins de controle

administrativo, de quantificação e qualificação da demanda por serviços de saúde, sem prejuízo da realização de qualquer

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tipo de atendimento, que não poderia ser, em nenhuma hipótese, negado, foram admitidas e pontuadas de acordo com a

fundamentação dos itens seguintes.

2. RESPOSTA QUE AFIRMA INCONSTITUCIONALIDADE – SEM FUNDAMENTAÇÃO (1,0)

RESPOSTA QUE AFIRMA INCONSTITUCIONALIDADE – COM FUNDAMENTAÇÃO NA EXISTÊNCIA DE

INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (2,0)

União, Estados e Distrito Federal possuem competência concorrente para legislar sobre proteção e defesa da saúde (art.

24, XII). Os Municípios podem suplementar as legislações federal e estadual, no que couber (art. 30, II), podendo, assim,

legislar em matéria de proteção e defesa da saúde. A prestação de serviços de saúde, por sua vez, é competência comum

material de todos os entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), conforme artigos 196 e 197 da

Constituição Federal.

Diante disso, a resposta que afirma inconstitucionalidade formal na medida do Município X está incorreta, pois, em tese, o

Município possui competência, estando o vício da inconstitucionalidade no mérito da medida que instituiu o Cartão Cidadão,

e não na possibilidade de legislar sobre a matéria. Nesse caso, houve demérito na pontuação, visto que não se tratava de

vício formal.

O apontamento genérico da inconstitucionalidade material foi pontuado com nota 2,0 (dois), sendo as especificidades da

fundamentação avaliadas nos itens seguintes.

3. DISCORRER SOBRE O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IGUALDADE, DIREITO FUNDAMENTAL À

IGUALDADE

O primeiro vício de inconstitucionalidade material a ser indicado pela resposta era a violação do princípio da igualdade pela

medida municipal de vedar o acesso à saúde aos não munícipes. A igualdade poderia ser abordada como princípio

constitucional ou como direito fundamental, ou ainda como isonomia, sendo todas essas acepções pontuadas plenamente.

Se na resposta houve menção à vedação de discriminar brasileiros em razão da origem nacional, não discriminação em

razão de quaisquer critérios (cor, raça, idade, etc), ou não realização de distinção entre pessoas, mas sem que houvesse

expressa afirmação da igualdade ou da isonomia, a pontuação atribuída ao item foi parcial, 2 (dois) pontos. A afirmação de

que deve haver acesso igualitário aos serviços de saúde, por não se tratar da generalidade do direito à igualdade, também

foi objeto de pontuação parcial.

4. DISCORRER SOBRE O DIREITO À SAÚDE, AFIRMANDO SEU CARÁTER UNIVERSAL, OBRIGAÇÃO DE

TODOS OS ENTES FEDERATIVOS

A pontuação foi divida no item da seguinte forma, 2 pontos para a afirmação da universalidade e 2 pontos para a correta

descrição da competência comum dos entes federativos na prestação dos serviços de saúde.

O caráter universal do direito à saúde deveria ser afirmado, a fim de demonstrar ser inconstitucional restringir os serviços

de saúde, que devem ser prestados a quaisquer pessoas – nacionais e estrangeiros – e, consequentemente, obter a

pontuação total (dois). Foram pontuadas plenamente as respostas que se utilizaram do termo universalidade, bem como as

respostas que afirmaram ser a saúde um direito de todos, ou ainda, um direito que não depende de contribuição.

Sobre a obrigação de todos os entes federativos prestarem os serviços de saúde, pontuaram plenamente as respostas que

afirmaram ser essa competência material comum, ou dever de todos os entes federativos, ou, ainda, obrigação solidária

dos entes da Federação. Não foi pontuado o item para as respostas que afirmaram ser esta competência material uma

competência “concorrente”, já que isso somente poderia ser afirmado em relação à competência legislativa. Todavia, se o

termo “concorrente” foi empregado, mas a resposta explanou que era um dever de todos os entes federativos prestarem

serviços de saúde, assume-se que houve um erro terminológico, mas passível de pontuação parcial (dois pontos com um

ponto de demérito).

Não geraram pontuação neste item afirmações sobre o caráter de norma autoaplicável ou eficácia plena da previsão do

direito à saúde, o caráter de direito fundamental indisponível do direito à saúde, ou ainda o direito à saúde como

pertencente ao mínimo existencial, pois embora não haja incorreção em tais apontamentos, eles não refletem o cerne da

questão por não serem essenciais à conclusão de que a medida municipal é inconstitucional.

A menção à vedação ao retrocesso, por si só, não era suficiente, também, para produzir pontuação. Para tanto, seria

necessário explanar que o retrocesso da medida do Município X se refere à universalidade do direito à saúde, inexistente

no ordenamento prévio à Constituição Federal de 1988. Ou seja, deveria a resposta, para pontuar, afirmar que o retrocesso

se dava em relação à conquista da universalidade do direito à saúde.

Observações

4. As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

5. Não era necessário apontar expressamente os números dos artigos da Constituição Federal em que se

encontravam as previsões que fundamentavam a resposta. Todavia, caso o candidato tenha efetuado remissões

incorretas, foi efetuada diminuição de 1 (um) ponto.

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6. Como se tratava de medida administrativa do Município X – e, portanto, não consistia em lei ou ato normativo –

não era cabível o controle concentrado de constitucionalidade. Assim, apontamentos sobre cabimento de Ação

Direta de Inconstitucionalidade ou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, foi efetuada diminuição

de 1 (um) ponto.

7. A afirmação de competência exclusiva da União para legislar, como já explanado supra, não corresponde à

previsão constitucional, razão pela qual a afirmação gerou diminuição de 1 (um) ponto.

Questão 4 – Direito da Infância e da Juventude

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

A resposta à questão encontra-se no Capítulo III, Seção V, mais precisamente nos artigos 180, inciso II e 186, parágrafo 1º,

do Estatuto da Criança do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo solicitado ao candidato que estabeleça diferenças

entre remissão judicial e remissão ministerial, quanto à natureza jurídica e momento de concessão.

A questão divide-se em duas partes, enfatizando as ações do Ministério Público na concessão da remissão pré-processual,

como alternativa ao arquivamento e representação e como custos legis na concessão da remissão judicial.

R: A remissão pré-processual ou ministerial é concedida pelo Ministério Público antes de iniciado o processo de

conhecimento e implicará sua extinção, como alternativa à promoção de arquivamento dos autos e representação à

autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa, nos termos do artigo 180 do Estatuto da Criança e do

Adolescente. De seu turno, a remissão judicial ocorre após o oferecimento de representação e constitui forma de extinção

ou suspensão do procedimento judicial para aplicação de medida socioeducativa, anotada a necessidade de prévia oitiva

do Ministério Público, consoante dispõe o artigo 186, parágrafo 1º, do precitado diploma legal.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição Conteúdo Específico e Estrutura Pontuação máxima (10,0)

12. Alternativas do Ministério Público além da remissão pré processual

(Arquivamento dos autos 2.0/ Representação à autoridade judiciária para aplicação de

medida socioeducativa 2.0)

4,0

13. Remissão Pré-processual ou ministerial – natureza jurídica e momento de

concessão (exclusão do processo de conhecimento 1,0 / antes de iniciado o

processo de conhecimento 2,0)

14. Remissão judicial – natureza jurídica e momento de concessão (forma de

extinção ou suspensão do procedimento judicial para aplicação da medida

socioeducativa 1,0 / após o oferecimento de representação 2,0)

6,0

Observações:

8. As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

9. Menção de concessão, pelo Ministério Público, de medida socioeducativa, como alternativa à remissão ministerial

não será considerada correta, nos termos dos dispositivos legais enfocados na questão.

10. Remissão judicial não tem natureza jurídica de perdão judicial, extinção de punibilidade ou transação, nos termos

dos dispositivos legais enfocados na questão.

11. Remissão judicial tem prazo final de concessão, no procedimento judicial, momento anterior à sentença de

Primeiro Grau, o que deve ser mencionado na resposta para pontuação integral.

Questão 5 – Direitos Humanos

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

A resposta deve ser afirmativa, mesmo em se tratando de um interesse individual, há, nesse caso, legitimidade do

Ministério Público para pleitear esse direito em juízo. A saúde é um direito fundamental de todos e dever do Estado,

garantido mediante ações de recuperação, como o fornecimento de medicamentos, com fundamento no art. 196 da

Constituição Federal. Embora não seja regra a atuação do Ministério Público na defesa de direitos individuais, há

legitimidade do Parquet nesse caso, em razão do previsto nos art. 127 c.c. o art. 129, inciso II, da Constituição Federal. No

art. 127, caput, prevê-se a atuação do Ministério Público para a defesa de direitos individuais indisponíveis, como o direito

social à saúde. E o art. 129, inciso II, da Carta da República prevê o dever do Ministério Público de zelar pelo respeito, dos

Poderes Públicos, aos direitos assegurados no texto constitucional. Assim, sendo o direito à saúde um direito que deve ser

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respeitado mediante ações do Poder Público, com caráter individual, mas indisponível, é cabível a atuação do Ministério

Público. Esse entendimento encontra respaldo na jurisprudência do STF.

Julgados do Supremo Tribunal Federal utilizados como referência:

O Ministério Público é parte legítima para ingressar em juízo com ação civil pública visando a compelir o Estado a fornecer

medicamento indispensável à saúde de pessoa individualizada. (RE 407.902, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em

26.05.2009, Primeira Turma, DJE de 28.08.2009)

Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Direito à saúde. Legitimidade do Ministério Público para

defesa de interesse individual indisponível. Precedentes. Agravo regimental ao qual se nega provimento (RE 648410

AgR, Rel. Min. Cármem Lúcia, Primeira Turma, julgado em 14.02.2012, DJe-053 DIVULG 13-03-2012 PUBLIC 14.03.2012.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Descrição - Conhecimento Específico e Estrutura: Pontuação máxima

(10,0)

15. Não, o Ministério Público não pode atuar no caso em tela. Zero na questão

16. Sim, sem fundamentação da legitimidade (1,0)

Sim, com fundamentação da legitimidade na Constituição Federal (2,0)

Até 2,0

17. Direito à saúde, garantido a todos e ao cidadão do caso (art. 196) 2,0

18. Direito individual indisponível (art. 127 da CF) e atuação do MP de zelar

pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância

pública aos direitos assegurados nesta Constituição (art. 129, II, da CF).

Até 4,0

19. Precedentes do STF. Até 2,0

EXPLANAÇÃO DOS ITENS DA GRADE

1. NÃO, O MINISTÉRIO PÚBLICO NÃO PODE ATUAR NO CASO EM TELA

Conforme constante da resposta esperada, a resposta deveria ser afirmativa, no sentido de que o Ministério Público possui

legitimidade para ajuizar ação, ainda que na defesa de direito individual, desde que este se configure como direito individual

indisponível. Portanto, a negativa da legitimidade conduziu à nota zero na questão como um todo, pois não há como avaliar

outros itens se a premissa basilar da resposta foi negada.

Também foi atribuída nota zero na questão aos candidatos que responderam que a legitimidade do Ministério Público

somente surgiria subsidiariamente à legitimidade da Defensoria Pública, pois esta seria a instituição legitimada, admitindo-

se a atuação do Ministério Público como supletiva, considerando que as Defensorias Públicas ainda não foram plenamente

instaladas no país. Trata-se de premissa incorreta, pois a legitimidade do Ministério Público decorre, no caso trazido pela

questão, de legitimidade ampla, concorrente, disjuntiva e autônoma do Parquet, não dependendo do posicionamento ou

funcionamento da Defensoria Pública.

Não há que se falar, no caso em tela, de aplicação do conceito de inconstitucionalidade progressiva. Esta tese foi fixada

pelo Supremo Tribunal Federal (RE 135328) em relação à ação civil ex delicto, quanto à previsão constante do art. 68 do

Código de Processo Penal, possuindo escopo determinado, não cabendo tal interpretação ampliativa. Isso porque a ação

que pleiteasse medicamentos, como na questão proposta, possui fundamento na Constituição Federal, como direito

individual indisponível (art. 127, caput, da Constituição Federal), sendo que a ação civil ex delicto deriva do referido

dispositivo infraconstitucional, da legislação processual penal, portanto, etiologicamente diferentes as hipóteses, não é

possível aplicar a mesma solução juídica. Além disso, a ação civil ex delicto trata de interesse patrimonial e disponível,

enquanto o direito à saúde e, em última instância, à vida, que estão em jogo na questão, não possuem caráter disponível.

Também foi atribuída nota zero à resposta que negou a legitimidade do Ministério Público para a propositura da ação

individual, mas afirmou a legitimidade para inclusão dos medicamentos necessários para o Cidadão na lista de

fornecimento. Essa resposta também parte de premissa incorreta, de atuação do Parquet somente em interesses que não

se caracterizem como individuais, quando o caso da questão trazia hipótese em que a atuação se dá em prol de interesse

individual, com o qualificativo de indisponível, com respaldo da Constituição.

2. SIM, SEM FUNDAMENTAÇÃO DA LEGITIMIDADE (1,0)

SIM, COM FUNDAMENTAÇÃO DA LEGITIMIDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (2,0)

Caso a resposta afirmasse ser o Ministério Público parte legítima para propor a ação, sem alusão à fundamentação

constitucional, a nota seria 1,0 (um). Havendo apontamento de que a legitimidade do Parquet deriva de previsão da

Constituição Federal, o item foi avaliado com nota 2 (dois), pois foi considerado suficiente, já que o aprofundamento da

fundamentação foi desmembrado para pontuação nos itens seguintes.

A afirmação de que a legitimidade do Ministério público encontrava amparo na legislação infraconstitucional foi reputada

incorreta. A Lei da Ação Civil Pública é prévia à Constituição Federal (Lei Federal n.º 7.347/85) e não trata de direitos

individuais como no caso proposta na questão. Também não cabe invocação do Estatuto da Criança e do Adolescente ou

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do Estatuto do Idoso, já que o cidadão da questão não foi qualificado como nenhum desses sujeitos de direito, não sendo

os diplomas, então, aplicáveis.

À argumentação de que a atuação do Ministério Público era fundada na tutela do direito à saúde, acompanhada de

descrição sobre as características e fundamentos desse direito (direito de segunda geração, direito fundamental, obrigação

solidária dos entes federativos de prestar assistência à saúde) também foi atribuída somente nota 1,0 (um), pois a questão

da legitimidade não decorre do direito invocado, seja ele saúde ou qualquer outro.

3. DIREITO À SAÚDE, GARANTIDO A TODOS E AO CIDADÃO DO CASO (ART. 196) (2,0)

Não era necessário que a resposta se alongasse no direito à saúde, pois a questão indagava de questão procedimental –

legitimidade do Ministério Público – bastando que fosse registrado que o direito à saúde do Cidadão estava sendo violado e

que isso ensejaria atuação do Parquet.

Admitiu-se, com a mesma pontuação plena do item, a menção ao direito à vida, já que a promoção, a proteção e a

recuperação da saúde visam à manutenção da vida, que também é um direito indisponível.

4. DIREITO INDIVIDUAL INDISPONÍVEL (ART. 127 DA CF) E ATUAÇÃO DO MP DE ZELAR PELO EFETIVO RESPEITO

DOS PODERES PÚBLICOS E DOS SERVIÇOS DE RELEVÂNCIA PÚBLICA AOS DIREITOS ASSEGURADOS NESTA

CONSTITUIÇÃO (ART. 129, II, DA CF). (até 4,0)

Era necessário que a resposta deixasse claro que o direito à saúde, visto do prisma individual do indivíduo que precisa de

medicamentos para a manutenção e a preservação de sua vida, é um direito indisponível e, por isso, passível de tutela pelo

Ministério Público, para que houvesse pontuação total do subitem, ou seja, 2,0 (dois) pontos.

Não foram pontuadas respostas que arrolaram todos os interesses tutelados pelo Ministério Público, que foram descritos

como “coletivos, sociais, transindividuais, individuais homogêneos ou individual homogêneo indisponível”, pela imprecisão

técnica. Isso porque mesmo que neste rol constassem os “direitos individuais indisponíveis”, não era possível aferir se o

candidato detinha conhecimento de que o caso era específico, do direito individual à saúde de um determinado Cidadão,

tutelado pelo Parquet. Era necessária afirmação inequívoca que o direito do Cidadão era individual indisponível e,

consequentemente, passível de tutela.

No mesmo sentido, como a Súmula n.º 7 do Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo se refere a

direitos individuais homogêneos – e não individuais puros, como no caso da questão – a menção a essa súmula não é

correta e, por consequência, não pode ser pontuada.

A invocação da Súmula n.º 45 do Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo é correta, pois trata da

legitimidade do Ministério Público para propor ação civil pública visando que o Poder Público forneça tratamento médico ou

medicamentos, ainda que só para uma pessoa. No entanto, a mera menção, sem a explanação dos fundamentos da

súmula, não foi considerada resposta suficiente à pontuação deste item.

Registre-se que não bastava afirmar que o interesse do caso era individual, nem somente que se tratava de direito

fundamental indisponível. Era necessário conjugar os dois aspectos – tutela individual de direito – direito indisponível - para

pontuar item c da grade. Variações desse formato foram aceitas, desde que ficasse inequívoco que a resposta considerava

que os dois requisitos deveriam estar simultaneamente presentes.

Por fim, para pontuação plena no item (quatro pontos), era necessário que a resposta também abordasse a legitimidade do

Ministério Público em atuar para que o Poder Público cumpra com seus deveres para efetivação dos direitos fundamentais,

no caso, a saúde.

5. PRECEDENTES DO STF (até 2,0)

Deveria a resposta contemplar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, apontando que existem julgados que

afirmam a legitimidade do Parquet para atuar em defesa de direito individual indisponível, como a saúde, no caso em tela.

O registro do posicionamento da Corte Suprema sobre temas outros afetos ao direito à saúde – como a não aplicação da

reserva do possível, mínimo existencial, responsabilidade solidária dos entes federativos pela prestação dos serviços de

saúde – não foram pontuados, pois embora sejam afirmações corretas, a questão versava sobre a legitimidade do Parquet

e não sobre estes outros aspectos citados.

A menção à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não pontuou neste item em específico, já que se trata de

questão constitucional, razão pela qual sempre deverá prevalecer o entendimento do Supremo Tribunal Federal. No

entanto, a correta utilização dos fundamentos constantes dos julgados do Superior Tribunal de Justiça – como a relevância

social do direito à saúde – foram pontuados caso corretamente apresentados, em relação aos itens 3 e 4 da grade.

Observações

12. As provas escrita e discursiva visam avaliar a capacidade do candidato em desenvolver a proposta apresentada,

com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade. Serão avaliadas, de acordo com o conteúdo

específico e a estrutura, ainda, a organização do texto, a análise e síntese dos fatos examinados, assim como a

correção gramatical.

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13. Não era necessário apontar expressamente os números dos artigos da Constituição Federal em que se

encontravam as previsões que legitimam a atuação do Ministério Público. Todavia, caso o candidato tenha

efetuado remissões incorretas, foi efetuada diminuição de 1 (um) ponto.