0001 ambientes virtuais de aprendizagem na ufba

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAFACULDADE DE EDUCAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO

    NICIA CRISTINA ROCHA RICCIO

    AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA UFBA:

    A AUTONOMIA COMO POSSIBILIDADE

    Salvador2010

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    NICIA CRISTINA ROCHA RICCIO

    AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA UFBA:

    A AUTONOMIA COMO POSSIBILIDADE

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao

    em Educao, Faculdade de Educao,Universidade Federal da Bahia, como requisitoparcial para obteno do grau de Doutora emEducao.

    Orientador: Prof. Dr. Nelson De Luca Pretto

    Salvador

    2010

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    UFBA / Faculdade de Educao Biblioteca Ansio Teixeira

    R493 Riccio, Nicia Cristina Rocha.

    Ambientes virtuais de aprendizagem na UFBA : a autonomia como

    possibilidade / Nicia Cristina Rocha Riccio. 2010.

    363 f : il.

    Orientador: Prof. Dr. Nelson De Luca Pretto.

    Tese (doutorado) Universidade Federal da Bahia. Faculdade de

    Educao, Salvador, 2010.

    1. Realidade virtual no ensino superior. 2. Ensino superior Recursos de

    rede de computador. 3. Autonomia. 4. Ensino distncia. 5. Professores

    Formao. I. Pretto, Nelson De Luca. II. Universidade Federal da Bahia.

    Faculdade de Educao. III. Ttulo.

    CDD 378.002854678 22. ed..

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    NICIA CRISTINA ROCHA RICCIO

    AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA UFBA:

    A AUTONOMIA COMO POSSIBILIDADE

    Tese apresentada como requisito parcial para a obteno do grau de Doutora em Educao,Faculdade de Educao, Universidade Federal da Bahia.

    Aprovada em 16 de agosto de 2010.

    Banca Examinadora

    Nelson De Luca Pretto Orientador ______________________________________________________

    Doutor em Cincias da Comunicao pela Universidade de So Paulo, Brasil (1994)Universidade Federal da Bahia

    Maria Roseli de S ___________________________________________________________________Doutora em Educao pela Universidade Federal da Bahia, Brasil (2004)Universidade Federal da Bahia

    Teresinha Fres Burnham ______________________________________________________________Doutora em Filosofia pela University of Southampton, Inglaterra (1983)Universidade Federal da Bahia

    Andra Brando Lapa _________________________________________________________________Doutora em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (2005)Universidade Federal de Santa Catarina

    Edemilson Jorge Ramos Brando ________________________________________________________Doutor em Cincias da Educao pela Universidade Pontifcia Salesiana, Itlia (1993)Universidade de Passo Fundo

    Lynn Rosalina Alves __________________________________________________________________Doutora em Educao pela Universidade Federal da Bahia, Brasil (2004)Universidade do Estado da Bahia

    Salvador, 16 de agosto de 2010.

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    Aos meus queridos anjos,Victor e Gabriel

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    AGRADECIMENTOS

    UFBA, por possibilitar a minha formao em nvel de doutorado.

    Fundao de Amparo Pesquisa da Bahia, pelo apoio a este trabalho atravs do projeto depesquisa Ambientes Virtuais de Aprendizagem: o desafio da formao on-line na UFBAaprovado sob o n 9066/2007, no Edital 05/2007, coordenado por Teresinha Fres Burnham.

    Ao professor Nelson Pretto, pela oportunidade, leitura crtica e confiana no desenvolvimentodeste trabalho.

    A todos da comunidade FACED, docentes, tcnicos e alunos, que de alguma formacontriburam para o desenvolvimento deste trabalho.

    Aos participantes dos casos de estudo, pela sua disponibilidade para contribuir com suasreflexes para esta pesquisa.

    Aos participantes da banca de qualificao, pelas importantes contribuies.

    REDPECT, onde aprendi o que significava um grupo de pesquisa.

    A Teresinha, pela sabedoria, respeito e tica caractersticos de sua atuao como docente ecomo gente, e por ter me ajudado a compreender o verdadeiro sentido de ser autnomo.

    A Edma, pelo carinho e pelas importantes contribuies para o fechamento deste trabalho.

    Ao GEC, pelos momentos de formao, alegria e colaborao. Em especial a: Socorro, pelasua alegria e pela amizade e saberes que construmos juntas; minha querida Sule, que aprendia respeitar pela sua sincera amizade e responsabilidade; e Bonilla, pela competncia e pelo

    carinho.Aos colegas do CPD, parceiros de longas datas, em especial a Aninha e Ilma, queridasamigas.

    Aos parceiros e cmplices, Gabriela e Jos Carlos, pelas trocas e desabafos, sorrisos egargalhadas durante este maravilhoso e estressante perodo de formao. E a Ldia, que se

    juntou ao nosso trio agregando sagacidade e alegria.

    Aos amigos, parentes e agregados que torceram por mim.

    A Tnia, pela pessoa especial que e pelos cuidados com a minha famlia.

    A Silvinha, minha irm-amiga e a Tatiana, minha amiga-irm, pelos inmeros momentos de

    apoio emocional e de compartilhamento de alegrias e tristezas.Aos meus pais, Carmem e Nelson, pelo amor incondicional, pelo apoio constante, cada um aoseu modo, e por vivenciarem comigo as angstias e as conquistas de todo esse longo processo.

    A Adolfo, pela pacincia e suporte nos momentos mais crticos, por sempre acreditar naminha competncia e por assumir diversas atividades nas minhas ausncias, em especial oscuidados carinhosos com Gabriel.

    A Deus, ao cosmos e aos anjos que me acompanham, Victor e Gabriel, por me amarem edarem sentido a toda a minha vida.

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    Como vale a pena agora viver!Em vez da montona labuta de procurar peixe junto dos barcos de pesca,

    temos uma razo para estar vivos!Podemos subtrair-nos ignorncia,

    podemos encontrar-nos como criaturas excelentes,inteligentes e hbeis.Podemos ser livres!

    Podemos aprender a voar!

    Richard Bach

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    RICCIO, Nicia Cristina Rocha. Ambientes Virtuais de Aprendizagem na UFBA: aautonomia como possibilidade. 348f. 2010. Tese (Doutorado) Faculdade de Educao,Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

    RESUMO

    Esta uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de casos mltiplos, que visa a compreender aimplantao de ambientes virtuais de aprendizagem na Universidade Federal da Bahia numaperspectiva de autonomia. Para tal, inicialmente buscou-se a compreenso das conexes entrecibercultura cultura que caracteriza a sociedade contempornea e autonomia; esta ltimacompreendida como o assumir-se a si prprio como sujeito de sua histria, sempre nadependncia do meio social e, portanto, dependente tambm da autonomia coletiva, j que aausncia desta limitaria a autonomia individual. A relao da autonomia, assim

    compreendida, com a cibercultura estabelecida pelo potencial de autoria e colaboraofomentado pela presena das tecnologias de informao e comunicao de base telemtica,compreendidas como estruturantes do agir e do pensar na sociedade contempornea. educao, neste contexto, mediada por essas tecnologias, so incorporadas possibilidades deautoria e de construo colaborativa, e uma proposta pedaggica pautada na dialogicidade identificada como uma opo coerente com as caractersticas da cibercultura; os ambientesvirtuais de aprendizagem, dispositivos amplamente utilizados na educao mediada pelastecnologias de informao e comunicao, em especial na educao a distncia, socompreendidos como espaos multirreferenciais de aprendizagem onde so fomentadas ainterao, a autoria e a colaborao. A partir desta perspectiva terica, construiu-se umhistrico da educao a distncia e da utilizao de ambientes virtuais de aprendizagem naUniversidade Federal da Bahia; essa construo revelou que a instituio apresenta uma sriede iniciativas isoladas em educao a distncia ou educao mediada pelas tecnologias, e queno possui polticas institucionais que definam diretrizes para essas aes ou que as apoie oufomente. No estudo de casos mltiplos, quatro casos de utilizao do ambiente virtual Moodleforam analisados na busca de identificar elementos que caracterizassem a construo daautonomia no contexto das prticas educacionais nestes ambientes na instituio. Esta anliserevelou que a implantao de ambientes virtuais de aprendizagem na Universidade Federal daBahia numa perspectiva de autonomia tem se dado parcial e pontualmente, e de formarelacionada a seis aspectos fundamentais que a condicionam: (1) a compreenso da autonomiade uma maneira ampliada, para alm do individualismo e do autodidatismo; (2) uma

    concepo de educao como um processo dialgico pautado na construo e no nareproduo do conhecimento, aliada a um entendimento do potencial comunicacional dosambientes virtuais de aprendizagem; (3) a imerso na cibercultura e a apropriao de seusaspectos fundamentais, tendo os ambientes virtuais como espaos de colaborao e autoria;(4) uma viso profissional da docncia superior que leve construo de propostas formativaspara a docncia superior, atentando para a contribuio da perspectiva da experincia on-linecomo formao; (5) a integrao dos sujeitos que atuam na pesquisa e na prtica sobre/nosambientes virtuais de aprendizagem; (6) a definio de polticas institucionais para aEducao em ambientes virtuais de aprendizagem que sejam concebidas de forma coletiva eque contemplem os cinco aspectos anteriores.

    Palavras-chave: Ambientes virtuais de aprendizagem. Autonomia. Tecnologias deinformao de comunicao. Educao a distncia.

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    RICCIO, Nicia Cristina Rocha. Virtual learning environment at UFBA: autonomy as apossibility. 348p. 2010. Thesis (Doctor Degree in Education) Faculdade de Educao,Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

    ABSTRACT

    This is a qualitative study, involving multiple case studies, which aims to understand thedeployment of virtual learning environments at the Federal University of Bahia from theperspective of autonomy. For such, initially it was sought to understand the connectionsbetween cyberculture culture that characterizes the contemporary society and autonomy;this last one understood as assuming yourself as subject of your own history, always independence of the social environment and, therefore, also dependent of the collectiveautonomy, since the absence of this would limit the individual autonomy. The relationship of

    autonomy, so understood, with the cyberculture is established by the potential of authorshipand collaboration fostered by the presence of information and communication technologybased on telematics, understood as structuring forces of acting and thinking in thecontemporary society. In education, in this context, mediated by these technologies,authorship and collaborative construction possibilities are incorporated, and an educationalproject based on the dialogical interaction is identified as an option consistent with thecharacteristics of cyberculture; the virtual learning environments, devices widely used ineducation mediated by information and communication technologies, especially in distanceeducation, are understood as multireferential learning spaces where the interaction with theauthorship and collaboration are encouraged. From this theoretical perspective, a history ofdistance education and usage of virtual learning environments at the Federal University ofBahia was built; this work revealed that the institution presents a series of isolated initiativesin distance education or technology-mediated education and no institutional policies that setguidelines for these actions, let alone policies to support or promote them. In the study ofmultiple cases, four cases of Moodle virtual environments use were analyzed in order toidentify elements that characterize the construction of autonomy in the context of educationalpractices in these environments at the institution. This analysis revealed that the deploymentof virtual learning environments at the Federal University of Bahia in the perspective ofautonomy has occurred in a partial and ad hoc way, related to six key aspects that condition:(1) the understanding of autonomy in a way extended beyond the individualism and self-study; (2) a conception of education as a dialogical process guided by the construction and not

    the reproduction of knowledge, combined with an understanding of potential communicationenvironments virtual learning; (3) immersion in cyberspace, and ownership of its keyaspects, having virtual environments as spaces for collaboration and authorship; (4) aprofessional vision of teaching that would lead to the development of formative proposals forteaching higher, paying attention to the contribution of the perspective of the on-lineexperience as training; (5) the integration of individuals who research and practice on / invirtual learning environments; (6) the definition of institutional policies on education invirtual environments learning which are designed collectively in a way that address the fiveissues above.

    Keywords: Virtual learning environment. Autonomy. Information and comunication technology.

    Distance education.

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABED Associao Brasileira de Educao a Distncia

    ABRAHUE Associao Brasileira de Hospitais Universitrios

    ANPEd Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Educao

    ARPA Advanced Research Project Agency

    ARPANET Advanced Research Project Agency Network

    AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

    BBS Bulletim Board Systems

    BV Biblioteca Virtual

    BVEAD Biblioteca Virtual de Educao a DistnciaCAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CEAD Comisso Institucional de EAD (UFBA)

    CEAO Centro de Estudos Afro-Orientais (UFBA)

    CECIERJ Centro de Cincias e Educao Superior a Distncia do Estado do Rio deJaneiro

    CEDERJ Centro de Educao a Distncia do Estado do Rio de Janeiro

    CEDIST Curso de Especializao em Sade e Segurana no Trabalho (UFBA)

    CEFET Centro Federal de Educao Tecnolgica da Bahia

    CERN Centre Europen poour Recherche Nucleaire

    CIAGS Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gesto Social (UFBA)

    CIBERPESQUISA Centro Internacional de Estudos e Pesquisa em Cibercultura (UFBA)

    CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

    CONSEPE O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso

    COSEMS Conselho Estadual dos Secretrios Municipais de Sade da Bahia

    CPD Centro de Processamento de Dados (UFBA)CTR Computing-Tabulating-Recording

    DEC Digital Equipment Company

    DED Diretoria de Educao a Distncia (CAPES)

    DESG Disciplina Educao Sexualidade e Gnero (UFBA)

    DMMDC Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difuso doConhecimento (UFBA)

    DOU Dirio Oficial da Unio

    EAD Educao a Distncia

    EAU Escola de Administrao (UFBA)

    EESP Escola Estadual de Sade Pblica do Estado da Bahia

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    E-MAIL Electronic mail

    ENF Escola de Enfermagem (UFBA)

    FACED Faculdade de Educao (UFBA)

    FACOM Faculdade de Comunicao (UFBA)FIEB Federao das Indstrias do Estado da Bahia

    FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

    GEC Grupo de Pesquisa em Educao, Comunicao e Tecnologia (UFBA)

    GPL General Public License

    GRAVI Grupo de Administradores Voluntrios da Rede de Informtica (UFBA)

    GT Grupo de Trabalho

    GTEADES Grupo de Trabalho de Educao a Distncia para a Educao Superior

    HTML HyperText Markup Language

    HTTP Hypertext Transfer Propocol

    HUPES Complexo Hospital Universitrio Professor Edgard Santos (UFBA)

    IBICT Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia

    IBM International Busines Machine

    ICCTI Instituto de Cooperao Cientfica e Tcnica Internacional

    ICDE International Council For Open and Distance Education

    ICI Instituto de Cincia da Informao (UFBA)

    IFBA Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Bahia

    IHAC Instituto de Humanidades, Artes e Cincia (UFBA)

    IM Instituto de Matemtica (UFBA)

    IMPA Instituto de Matemtica Pura e Aplicada

    INTERNET Interconnected Networks

    IP Internet Protocol

    ISC Instituto de Sade Coletiva da UFBA

    ISP Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Pblico (UFBA)

    LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    LED Laboratrio de Educao a Distncia do IM (UFBA)

    LIBRAS Lngua Brasileira de Sinais

    LMD Licenciatura em Matemtica a Distncia (UFBA)

    LMS Learning Management System

    MCT Ministrio de Cincia e Tecnologia

    MEC Ministrio da Educao

    MILNET Militar NetworkMIT Massachusetts Institute of Technology

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    MOODLE Modular Object Oriented Learning System

    MULTGRAF Laboratrio de Multimeios na Expresso Grfica (UFBA)

    NAVE Ncleo de Avaliao Educacional do ISP (UFBA)

    NCP Network Control ProtocolNCSA National Center of Supercomputer Application

    NEAD Ncleo de EAD (UFBA)

    NEPEC Ncleo de Pesquisa, Ensino e Extenso em Currculo, Comunicao e Cultura

    (UFBA)

    NSF Nacional Science Foundation

    NSFNET Nacional Science Foundation Network

    PAF-3 Pavilho de Aulas de Ondina 3

    PAR Plano de Aes Articuladas do MEC

    PC Personal Computer

    POP-BA Ponto de Presena da RNP na Bahia

    PPGE Programa de Ps-graduao em Educao da FACED (UFBA)

    PRODEP Pr-reitoria de Desenvolvimento de Pessoas

    PROEXT Pr-reitoria de Extenso (UFBA)

    PROGED Programa de Formao Continuada de Gestores de Educao Bsica (UFBA)

    PROGRAD Pr-reitoria de Graduao (UFBA)

    PROINFO Programa Nacional de Tecnologia Educacional

    PROPLAD Pr-reitoria de Planejamento (UFBA)

    PROSSIGA Programa de Informao para Gesto de Cincia, Tecnologia e Inovao

    PRPPG Pr-reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao (UFBA)

    REDE Rede Nacional de Formao Continuada de Professores (MEC)

    REDPECT Rede Cooperativa de Pesquisa e Interveno em (In)formao, Currculo eTrabalho (UFBA)

    REMA Projeto da Rede Metropolitana de Alta Velocidade de Salvador

    RNP Rede Nacional de Pesquisa

    RUTE Rede Universitria de Telemedicina

    SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia

    SEB Secretaria de Educao Bsica do MEC

    SECAD Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade do MEC

    SEED Secretaria de Educao a Distncia do MEC

    SEIF Secretria de Educao Infantil e Fundamental do MEC

    SEPLANTEC Secretaria de Planejamento, Cincia e Tecnologia

    SESAB Secretaria de Sade do Estado da Bahia

    SESI Servio Social da Indstria

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    SL Softwarelivre

    TCP Transmission Control Protocol

    TIC Tecnologia de Informao e Comunicao de base telemtica

    UAB Sistema Universidade Aberta do BrasilUCSal Universidade Catlica do Salvador

    UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

    UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    UESC Universidade Estadual de santa Cruz

    UFBA Universidade Federal da Bahia

    UFMT Universidade Federal do Mato Grosso

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

    UNDIME Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao

    UNEB Universidade do Estado da Bahia

    UNED Universidad Nacional de Educacin a Distancia (Espanha)

    URL Uniform Resource Locator

    WWW World Wide Web

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Sntese da oferta do Curso de Tutores. ...................................................................160

    Tabela 2: Fruns e nmero de mensagens e tpicos no Curso Moodle 2007. .......................192Tabela 3: Sntese das postagens nos fruns do Curso Moodle 2008......................................212

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Nomenclatura utilizada para os sujeitos da pesquisa. ...........................................185

    Quadro 2: Modelo Conceitual Elementos essenciais da formao crtica do sujeito (LAPA,2005, p.142)............................................................................................................................262

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Representao esquemtica Educao e TIC.........................................................87

    Figura 2: Nmero de sites Moodle registrados na comunidade moodle.org..........................117Figura 3: Opes de designar funes localmente e de sobrepor permisses. .......................120Figura 4: Opes de formato na configurao de cursos no Moodle. ....................................121Figura 5: Acrescentando recursos e atividades no Moodle. ...................................................122Figura 6: Configurando um frum no Moodle. ......................................................................124Figura 7: Acesso a sesses encerradas de chat. ......................................................................126Figura 8: Estrutura semanal e sequencial do Curso Moodle 2007. ........................................190Figura 9: Exemplo da estrutura dos tpicos no Curso Moodle 2007. ....................................191Figura 10: Grfico de acesso dos participantes no Curso Moodle 2007. ...............................193Figura 11: Pesquisa de Avaliao do Curso Moodle..............................................................194Figura 12: Sumrio das respostas pesquisa de avaliao do Curso Moodle 2007...............194Figura 13: Estrutura do Curso Moodle 2008. .........................................................................210Figura 14: Sumrio da Pesquisa de avaliao do Curso Moodle 2008. .................................214Figura 15: Espao da DESG no incio do semestre................................................................223Figura 16: Espao da DESG no final do semestre..................................................................223Figura 17: Disposio principal dos tpicos no espao da DESG no Moodle.......................225Figura 18: Exemplo do funcionamento da rede UAB e suas articulaes. ............................233Figura 19: LMD Espao principal do curso. .......................................................................240Figura 20: LMD Espao de interao na pgina principal do curso. ..................................241Figura 21: LMD Introduo s Tecnologias de Informao. ..............................................241Figura 22: LMD Pr-clculo: estrutura geral. .....................................................................242Figura 23: LMD Geometria: organizao semanal. ............................................................243Figura 24: LMD Pr-calculo: organizao semanal............................................................243Figura 25: LMD Matemtica Discreta: organizao por temas. .........................................244Figura 26: LMD Geometria: orientaes sobre a aula 1 para os alunos. ............................245Figura 27: LMD Matemtica Discreta: exemplo de orientaes com sugesto de sites.....246Figura 28: LMD Geometria: orientaes utilizando linguagem matemtica. .....................247Figura 29: LMD Introduo s Tecnologias de Informao: estrutura da disciplina..........248

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    Figura 30: LMD Exemplo de atividade a distncia proposta na disciplina Introduo sTecnologias de Informao. ...................................................................................................249Figura 31: LMD Exemplo de atividade a distncia proposta na disciplina Introduo s

    Tecnologias de Informao. ...................................................................................................250Figura 32: LMD Seminrio Temtico Interdisciplinar I. ....................................................251Figura 33: Organizao das categorias trabalhadas na anlise...............................................254

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Crescimento da utilizao do Moodle UFBA, em nmero de usurios................170

    Grfico 2: Distribuio das inscries vlidas para o CM2007 por unidade. ........................188Grfico 3: Sntese da participao no Curso Moodle 2007. ...................................................195Grfico 4: Distribuio dos aprovados no Curso Moodle 2007 por unidade. ........................195Grfico 5: Sntese do Curso Moodle 2007 por unidade. ........................................................196Grfico 6: Distribuio dos participantes do Curso Moodle 2008 por unidade.....................208Grfico 7: Sntese dos participantes no Curso Moodle 2008. ................................................214

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ...................................................................................................................24

    1.1 DEFINIO DO PROBLEMA E OBJETIVOS.........................................................30

    1.2 METODOLOGIA ........................................................................................................31

    1.3 A ESTRUTURA DA TESE .........................................................................................42

    2 CONEXES ENTRE CIBERCULTURA, AUTONOMIA E EDUCAO................45

    2.1 CIBERCULTURA: ORIGENS E DEFINIES........................................................462.1.1 Caractersticas da cibercultura.................................................................................... 572.1.2 Software livre como fenmeno da cibercultura.......................................................... 652.1.3 A riqueza das redes ....................................................................................................... 67

    2.2 AUTONOMIA E OUTROS CONCEITOS INTERLIGADOS ...................................702.2.1 O que entendemos por autonomia ............................................................................... 702.2.2 Alienao e liberdade .................................................................................................... 742.2.3 A pedagogia crtica e a abordagem dialgica.............................................................. 77

    2.3 EDUCAES NA CIBERCULTURA........................................................................822.3.1 As potencialidades do ciberespao e a educao......................................................... 832.3.2 A educao a distncia na cibercultura....................................................................... 89

    2.3.2.1 O que pode mudar na educao no contexto da cibercultura............................................. 932.3.3 Sobre a formao de professoreson-linena perspectiva da autonomia................... 97

    2.3.3.1 A docncia on-line: como comear............... ........................................................... ........... 982.3.3.2 A experincia como formao........................................... ................................................ 1002.3.3.3 A experincia on-line como formao ........................................................... ................... 103

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    3 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM:

    DO QUE ESTAMOS FALANDO? .....................................................................................1053.1 AMBIENTES VIRTUAIS E OUTROS CONCEITOS..............................................105

    3.2 AMBIENTES VIRTUAIS ESTRUTURADOS: DEFINIES E EXEMPLOS......110

    3.3 O MOODLE: A ESCOLHA DA UFBA....................................................................1153.3.1 A estrutura geral ......................................................................................................... 1203.3.2 As possibilidades do Moodle: alguns recursos disponveis ...................................... 122

    4 A UFBA, A EAD E OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: UMHISTRICO.........................................................................................................................131

    4.1 ANTECEDENTES DA EAD NA UFBA ..................................................................134

    4.2 O PROGED: UMA EXPERINCIA PARTE........................................................1554.3 A INSTITUCIONALIZAO DA EAD NA UFBA: O MARCO INICIAL ...........162

    4.4 CONTINUANDO A HISTRIA: 2006 A 2009........................................................172

    5 ASPECTOS DA IMPLANTAO DE AMBIENTES VIRTUAIS DE

    APRENDIZAGEM NA UFBA: OLHARES SOBRE CASOS .........................................184

    5.1 O CURSO MOODLE PARA PROFESSORES: A EDUCAO ON-LINENAUFBA, TURMA 2007......................................................................................................185

    5.1.1 Os sujeitos da pesquisa neste caso de estudo............................................................. 1865.1.2 Proposta metodolgica e desenvolvimento do curso ................................................ 1895.1.3 Reflexes sobre o processo.......................................................................................... 196

    5.2 O CURSO MOODLE PARA PROFESSORES: A EDUCAO ON-LINENAUFBA, TURMA 2008......................................................................................................205

    5.2.1 Os sujeitos da pesquisa neste estudo de caso............................................................. 206

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    xxii

    5.2.2 Proposta metodolgica e desenvolvimento do curso ................................................ 2095.2.3 Reflexes sobre o processo.......................................................................................... 215

    5.3 A DISCIPLINA EDUCAO, SEXUALIDADE E GNERO................................2205.3.1 Os sujeitos da pesquisa neste estudo de caso............................................................. 2215.3.2 A proposta da disciplina no Moodle e a atuao docente ........................................ 222

    5.4 A LICENCIATURA EM MATEMTICA A DISTNCIA.....................................2295.4.1 Os sujeitos e os espaos da pesquisa para este estudo de caso................................. 2295.4.2 A organizao acadmica do curso: aprovao nas diversas instncias, montagemda equipe, seleo de tutores e alunos................................................................................. 2305.4.3 O planejamento da Licenciatura em Matemtica a Distncia: a atuao dosprofessores............................................................................................................................. 235

    6 SISTEMATIZAO DA ANLISE: ASPECTOS DA IMPLANTAO DEAMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA UFBA........................................253

    6.1 A AUTONOMIA ALM DO INDIVIDUALISMO E DO AUTODIDATISMO.....255

    6.2 A EDUCAO COMO UM PROCESSO DIALGICO: O PAPELCOMUNICACIONAL DOS AVA ..................................................................................261

    6.3 A IMERSO NA CIBERCULTURA: OS AVA COMO ESPAOS DECOLABORAO E AUTORIA .....................................................................................271

    6.4 VISO PROFISSIONAL DA DOCNCIA SUPERIOR: A EXPERINCIA ON-LINECOMO FORMAO ......................................................................................................281

    6.5 PESQUISA E PRTICA NOS AVA: A INTEGRAO DE SEUS SUJEITOS.....286

    6.6 POLTICAS INSTITUCIONAIS PARA A EDUCAO EM AVA .......................290

    CONSIDERAES FINAIS...............................................................................................297

    REFERNCIAS ...................................................................................................................311

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    xxiii

    APNDICES.........................................................................................................................326

    APNDICE A Roteiro de entrevista para investigar a implantao de ambientesvirtuais de aprendizagem na UFBA (docentes participantes dos casos de estudo)..........327

    APNDICE B Roteiro de entrevista para investigar a implantao de ambientes virtuaisde aprendizagem na UFBA (professoras tutoras do Curso Moodle 2008).......................329

    APNDICE C Modelo de autorizao solicitada para os participantes da pesquisa...330

    APNDICE D Linha do tempo da EAD na UFBA. ....................................................331APNDICE E Relao dos sujeitos da pesquisa por caso de estudo...........................344

    ANEXOS ...............................................................................................................................354

    ANEXO A Portaria n.422/2004 Institui o Comit Gestor de Tecnologia da

    Comunicao e Informao..............................................................................................355ANEXO B Resoluo n.03/2005 Regulamenta os cursos de graduao a distncia daUniversidade Federal da Bahia.........................................................................................356

    ANEXO C Portaria n.187/2006 Cria a Comisso Institucional de Educao aDistncia da Universidade Federal da Bahia....................................................................359

    ANEXO D Portaria n.239/2006 Designa servidores para compor a ComissoInstitucional de Educao a Distncia da Universidade Federal da Bahia.......................361

    ANEXO E Portaria n.480/2009 Designa a Comisso Gestora Provisria do Ncleo deEducao a Distncia da Universidade Federal da Bahia ................................................362

    ANEXO F Pesquisa de avaliao disponvel no ambiente Moodle utilizada paraavaliao do Curso Moodle para Professores, turmas 2007 e 2008. ................................363

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    1 INTRODUO

    Voc no sente e nem vMas eu no posso deixar de dizer, meu amigo

    Que uma nova mudana, em breve,Vai acontecer

    O que h algum tempo era novo, jovem,Hoje antigo

    E precisamos, todos, rejuvenescer...

    No presente, a mente, o corpo diferenteE o passado uma roupa que no nos serve mais...

    Antnio Belchior

    Com a evoluo das Tecnologias de Informao e Comunicao de base telemtica

    (TIC), diversas transformaes perpassam o mundo contemporneo. Essas transformaes

    permeiam a vida cotidiana em, praticamente, todos os seus vieses, e so a base do surgimento

    de uma nova cultura: a cibercultura. As TIC, que fazem uso da linguagem digital, so tambm

    o alicerce do processo de globalizao vivido atualmente. A globalizao atual reflete muito

    mais um modelo para favorecer a lgica do capital, que um novo modelo social que vise

    construo de uma sociedade mais justa. A globalizao perversa, como a define Milton

    Santos (2006), mata a noo de solidariedade, devolve o homem condio primitiva do

    cada um por si e [...] reduz as noes de moralidade pblica e particular a um quase nada

    (p.65). Dessa forma, a globalizao traz um amplo incentivo competitividade,

    transformando o outro em um obstculo, e no num parceiro em potencial.

    As TIC, enquanto pensadas como mdias de massa, favorecem esse incentivo

    individualidade, j que colocam o indivduo como consumidor de informao, e no como

    produtor e crtico; nesse sentido que Paul Virilio (1999) define o sculo XX como o sculo

    da iluso de ptica, em que nada acontece, tudo se passa (VIRILIO, 1999, p.24).

    tambm nesse sentido que a atuao como sujeito, crtico e autnomo, minimizada,

    reforando uma postura de alienao dos indivduos e da sociedade como um todo. No

    entanto, a cibercultura traz outras possibilidades, no alienantes, pois tem na sua base a

    autoria, a livre expresso e a liberdade de comunicao e de acesso ainda que esse acesso se

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    d de forma diferenciada para as diversas classes sociais. O ciberespao, definido por Pierre

    Lvy como [...] no apenas a infraestrutura material da comunicao digital, mas tambm o

    universo ocenico de informaes que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam

    e alimentam este oceano (LVY, 2000, p.17), pode ser visto como uma alternativa para

    combater a alienao, j que concebido como um espao social, e justamente nos espaos

    sociais que essa alternativa de transformao se encontra (LAPA, 2005).

    Milton Santos (2006) refora essa concepo no alienante das TIC quando diz que:

    A grande mutao tecnolgica dada com a emergncia das tcnicas dainformao, as quais ao contrrio das tcnicas das mquinas soconstitucionalmente divisveis, flexveis e dceis, adaptveis a todos os

    meios e culturas, ainda que seu uso perverso atual seja subordinado aosinteresses dos grandes capitais. Mas, quando sua utilizao fordemocratizada, estas tcnicas doces estaro a servio do homem. (SANTOS,2006, p.174).

    No entanto, pensar e utilizar as TIC de forma apenas instrumental subutiliz-las, v-

    las como novos recursos para a execuo das mesmas tarefas. Esse tipo de utilizao em nada

    fomenta a criatividade e a autoria, e no contribui para uma perspectiva desalienante. Em

    contrapartida, a apropriao das TIC com foco nos novos sentidos e significados que podem

    ser construdos a partir da relao indivduo-tecnologia leva a uma compreenso destas como

    estruturantes de novos processos sociais, em consonncia com o entendimento de que a

    tcnica, para a nossa poca, o elemento articulador, o estruturante, funcionando como uma

    espcie de linguagem base minimamente comum sobre a qual se articulam todas as formas do

    agir humano (MARCONDES FILHO et al., 1997, p.34).

    Contribuir com a compreenso das tecnologias como estruturantes e como elementos

    que ampliam a possibilidade de emancipao tambm papel da educao formal, que no

    pode ficar alheia s transformaes sociotcnicas vividas na atualidade; a educao pode

    favorecer a construo da criticidade buscando contribuir para a transformao do mundo ,

    ou pode, ao contrrio, contribuir para a manuteno do status quo, numa perspectiva alienante

    e de reproduo do conhecimento. Essa uma opo que perpassa todos os nveis decisrios:

    desde o Estado, com a definio das polticas pblicas, passando pelas instituies e chegando

    aos indivduos. Assim, repensar o modelo de educao pautado na transmisso e no consumo

    de informao, ainda hegemnico em nossa sociedade, um possvel caminho para uma

    formao crtica. Sobre isso, Marco Silva (2002) chama a ateno para um modelo de escola

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    alheia s transformaes sociais contemporneas, ainda baseada em seus rituais de

    transmisso, enquanto o modelo comunicacional modifica-se de maneira fundamental.

    Concordando com a possibilidade desalienante das tecnologias no contexto da

    cibercultura que buscamos compreender, nesta pesquisa, como a implantao de Ambientes

    Virtuais de Aprendizagem (AVA) dispositivos presentes no ciberespao e amplamente

    utilizados na educao mediada pelas TIC pode se dar no sentido da construo da

    autonomia no contexto educacional. A autonomia aqui entendida como fundamental para a

    construo de novas educaes, no sentido da superao das formas padronizadas de

    educao, que no somente sejam potencializadas pelo uso das tecnologias, mas que tenham

    como principal desafio a formao de sujeitos crticos e ativos no contexto da cibercultura. A

    concepo de novas educaes que aqui adotamos surge nas reflexes do Grupo de

    Pesquisa Educao, Comunicao e Tecnologias (GEC) da Faculdade de Educao (FACED)

    da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que, na inteno de problematizar as discusses

    acerca das tendncias de transformaes do sistema educacional brasileiro, com especial

    nfase nos projetos de educao a distncia e de apropriao das TIC na educao, prope a

    expresso Tecnologia e Novas Educaes, que:

    [...] representa uma crtica ao alardeado processo de modernizao dosistema educacional pautado no simples uso das chamadas novastecnologias que buscam elevar o mesmo tipo de educao a um maior graude eficcia e eficincia. Ao mesmo tempo essa expresso aponta para umproblema fundamental: diante do contexto atual de mudanas, marcado pelapresena das tecnologias, as formas de educao, normalmente concentradasno modelo da escola nica, precisam ser repensadas, reinventadas,pluralizadas. Isso significa inclusive superar o modelo de aula como nicapossibilidade de espao-tempo de relaes entre os sujeitos envolvidos noprocesso educativo. Significa transformar o espao-tempo educativo numcampo de onde emergem atividades curriculares que articulem os contedoss aes, o saber ao viver. (GEC, 2009d).

    A construo de novas educaes exige dos atores do contexto educacional uma postura

    ativa e crtica com relao aos modelos j postos, e, em especial, de aprendizes autnomos

    que caminhem na busca de percursos educacionais personalizados mas que, ao mesmo tempo,

    dialoguem e colaborem com a coletividade e o contexto. Nesse sentido, Felippe Serpa

    argumenta que:

    A questo essencial do mundo contemporneo a vida e os modos de vida.Apesar de estarmos centrados no conhecimento (a sociedade doconhecimento), a questo fundamental apreender a vivenciar mltiploscontextos e linguagens e a conviver com mltiplas subjetividades humanas,

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    sem pretender reduzir a multiplicidade ao eu, ao hegemnico, e sim,construir no dilogo novos territrios a partir dos entre-lugares, dos inter-contextos e dos inter-textos, enriquecendo a configurao de singularidades.(SERPA, 2010).

    A compreenso instrumental das TIC refora o estado de alienao social presente no

    mundo contemporneo; esse estado, no entanto, reversvel a partir do reconhecimento de

    cada sujeito enquanto ser social autnomo, como autor de sua prpria histria e da histria

    coletiva. Com relao a isso, Milton Santos chama a ateno para o movimento de alienao

    que se estabelece na globalizao perversa:

    Esse sistema da perversidade inclui a morte da Poltica (com P maisculo),

    j que a conduo do processo poltico passa a ser atributo das grandesempresas. Junte-se a isso o processo de conformao da opinio pelasmdias, um dado importante no movimento de alienao trazido com asubstituio do debate civilizatrio pelo discurso nico do mercado. Da oensinamento e o aprendizado de comportamentos dos quais esto ausentesobjetivos finalsticos e ticos. (SANTOS, M., 2006, p.60).

    J pensando em possveis solues para esse processo de alienao, o autor afirma que:

    Estamos convencidos de que a mudana histrica em perspectiva provir de

    um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os pasessubdesenvolvidos e no os pases ricos; os deserdados e os pobres e no osopulentos e outras classes obesas; o indivduo liberado partcipe das novasmassas e no o homem acorrentado; o pensamento livre e no o discursonico.(idem, ibidem, p.14, grifos nossos).

    Andra Lapa (2005), em sua tese de doutorado, traz uma valiosa reflexo sobre o

    processo de alienao, associando-o, dentre outras coisas, compreenso instrumental das

    TIC; sua tese traz contribuies no sentido da identificao de prticas sociais no campo

    educacional que pudessem ser usadas para promover a formao crtica do sujeito em

    educao a distncia (LAPA, 2005, p.5). A autora parte da teoria freiriana da ao dialgica

    para elaborar um modelo de anlise de cursos a distncia no que diz respeito sua capacidade

    de formar sujeitos crticos. Para Paulo Freire:

    Nenhuma teoria da transformao poltica-social do mundo me comovesequer, se no parte de uma compreenso do homem e da mulher enquantoseres fazedores da histria e por ela feitos, seres da deciso, da ruptura, daopo. (FREIRE, 2006a, p.129).

    Compreender os outros como sujeitos, crticos e autnomos, tambm o que defende

    Cornelius Castoriadis (2000):

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    Chamamos de prxis este fazer no qual o outro ou os outros so visadoscomo seres autnomos e considerados como o agente essencial dodesenvolvimento de sua prpria autonomia. A verdadeira poltica, averdadeira pedagogia, a verdadeira medicina, na medida em que algum dia

    existiram, pertencem prxis. (p.94).

    O que at agora chamamos de poltica foi quase sempre uma mistura na quala parte da manipulao, que trata os homens como coisas a partir de suaspropriedades e de suas reaes supostamente conhecidas, foi dominante. Oque chamamos poltica revolucionria uma prxis que se d como objeto aorganizao e a orientao da sociedade de modo a permitir a autonomia detodos, reconhecendo que esta pressupe uma transformao radical dasociedade que, por sua vez, s ser possvel pelo desdobramento da atividadeautnoma dos homens. (p.96-97).

    Tendo essas abordagens como ponto de partida e acreditando que uma prticapedaggica pautada na dialogicidade e na busca da autonomia uma opo para a formao

    crtica, buscamos compreender de forma mais aprofundada as conexes entre cibercultura,

    autonomia e educao e investigar sobre como est se configurando a implantao de

    ambientes virtuais de aprendizagem na UFBA, na tentativa de identificar aspectos que se

    relacionem com tal busca de autonomia.

    A utilizao de AVA na educao formal se d, principalmente, em duas situaes: na

    educao a distncia (EAD) e no apoio educao presencial. A EAD, em especial, fazendouso da Internet (e por isso conhecida como EAD on-line) ressurge como uma oportunidade de

    alcanar um pblico maior e diferenciado. No contexto da cibercultura, a EAD on-line uma

    demanda da sociedade e sua qualidade tem sido associada a uma viso de educao pautada

    na interao e na construo do conhecimento de forma colaborativa e autnoma,

    privilegiando a comunicao todos-todos e um modelo de construo de conhecimento

    baseado na concepo de rede base que fundamenta a cibercultura.

    Juntamente com a EAD on-line, surgem as perspectivas de utilizao das TIC comoapoio educao presencial. Nesse caso as tecnologias trazem a possibilidade de um processo

    no linear e personalizado, que caminha na contramo da educao massificadora. A

    educao mediada pelas tecnologias de informao e comunicao muitas vezes referida

    como educao on-line, e pode ser entendida como um evento da cibercultura (SANTOS, E.,

    2005), j que incorpora os principais aspectos da atual sociedade em rede (CASTELLS,

    2006). As pesquisas relativas EAD on-linee educao on-linecaminham muito prximas,

    quando no se sobrepem; em ambos os contextos, necessrio retomar a discusso sobre oque se entende como sendo o uso dessas tecnologias e quais as possibilidades para a

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    educao, seja ela presencial ou a distncia (BONILLA; PICANO, 2005). Nesta pesquisa,

    retomamos essa discusso tendo como pano de fundo a busca da autonomia nos contextos

    educacionais de utilizao de ambientes virtuais de aprendizagem na cibercultura.

    A UFBA, nosso campo de pesquisa, j comeou a trilhar o caminho dessa educao

    mediada pelas TIC, embora a institucionalizao dessas aes tenha se iniciado recentemente,

    carecendo ainda de um programa institucional que d suporte ao desenvolvimento de

    atividades de EAD e de uso das TIC na educao. Esse caminho j vem sendo trilhado, ainda

    que timidamente, inclusive com a insero da UFBA no campo da educao a distncia,

    atuando em parceria com o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), alm de diversas

    outras iniciativas isoladas em suas unidades de ensino. No entanto, a simples utilizao de

    recursos tecnolgicos no garante um avano qualitativo nas prticas educacionais. Blikstein

    e Zuffo (2003) reforam essa ideia argumentando que o simples uso da tecnologia no garante

    a resoluo dos antigos problemas que rondam a educao h sculos, j que a base de todos

    eles no , necessariamente, a ausncia de uma determinada tecnologia. Portanto, no basta

    introduzir tecnologias; fundamental pensar em como elas sero incorporadas e

    compreendidas nos processos formativos, e como seu uso pode efetivamente desafiar as

    estruturas existentes em vez de refor-las.

    Nesse sentido, importante que o repensar das prticas educativas em ambientes

    virtuais de aprendizagem seja fomentado e ampliado na instituio. E embora a UFBA j

    tenha aes efetivas nesse caminhar, o hbito da educao on-line ainda no se percebe em

    sua comunidade como um todo, e a maior dificuldade hoje na UFBA que os grupos

    responsveis por essas iniciativas no se articulam entre si. Cada um deles desenvolve seus

    projetos individualmente e, provavelmente, enfrentando e vencendo os mesmos desafios

    tambm individualmente. Essas iniciativas isoladas indicam que a UFBA j est vivendo o

    processo de fazer parte do mundo das TIC; no entanto, fundamental que uma reflexo crtica

    sobre o modo como se d esse processo tenha vez na instituio. Alm disso, consideramos

    tambm fundamental explicitar e compreender quais as opes que esto sendo tomadas em

    nvel institucional e em nvel individual, no que se refere ao uso dos AVA, com relao s

    questes levantadas anteriormente sobre os processos de alienao e autonomizao em curso

    na sociedade contempornea. Dessa maneira, buscamos contribuir com as reflexes sobre as

    possibilidades da educao na cibercultura, dentro de uma perspectiva de formao de sujeitos

    autnomos, capazes de olhar o mundo de forma crtica e de atuar no sentido da sua

    transformao.

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    1.1 DEFINIO DO PROBLEMA E OBJETIVOS

    A utilizao de ambientes virtuais de aprendizagem na educao formal relativamente

    recente e pode seguir diversas orientaes. Algumas orientaes priorizam o contedo, deforma que os ambientes virtuais so compreendidos simplesmente como repositrios de

    materiais, como um substituto pasta do professor (ROSA, 2006), em que o contedo

    selecionado, no mais em formato de cpia impressa, mas sim digitalizado, disponibilizado

    aos alunos, que se comportam apenas como meros consumidores das informaes ali

    contidas, caracterizando uma perspectiva de instrumentalidade e de reproduo do

    conhecimento. No outro extremo, temos a apropriao dos AVA por professores e alunos que

    atuam (todos) de forma a assumir a autoria do processo de construo de conhecimento,

    fazendo uso de toda a potencialidade das redes informticas e, alm da utilizao dos espaos

    virtuais para difuso de contedos, buscam na interao e na autoria coletiva os elementos que

    fundamentam o uso dos AVA. Justamente por essa diversidade de orientaes existentes

    que, na maioria das vezes, optamos, nesta pesquisa, pela expresso utilizao ou uso de

    ambientes virtuais, na inteno de contemplar no somente a interao em AVA, mas,

    tambm, a sua utilizao de forma instrumental que ainda est presente em muitas situaes

    educacionais.

    Dentro desse contexto, e considerando que as opes feitas durante os processos de

    ensino e aprendizagem que utilizam os AVA so aspectos que podem contribuir para a

    construo da autonomia dos participantes, o objetivo geral desta pesquisa estudar a

    implantao de AVA na UFBA na perspectiva da autonomia, na inteno de responder

    seguinte questo: como est se configurando a implantao de ambientes virtuais de

    aprendizagem na UFBA e que aspectos essa implantao apresenta no que diz respeito

    construo da autonomia no contexto educacional? Os objetivos especficos podem ser assim

    definidos:

    compreender as caractersticas da cibercultura, relacionando-as com a

    implantao de ambientes virtuais de aprendizagem numa perspectiva de

    autonomia;

    elaborar um diagnstico da implantao de ambientes virtuais de aprendizagem

    na UFBA e das polticas de EAD na instituio;

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    identificar aspectos relacionados construo da autonomia na implantao de

    ambientes virtuais de aprendizagem, a partir da anlise de casos de utilizao

    do ambiente virtual Moodle na UFBA.

    1.2 METODOLOGIA

    O uso de ambientes virtuais de aprendizagem na educao encontra-se no contexto da

    cibercultura, no contexto de uma educao que faz uso das tecnologias de informao e

    comunicao. Essa educao, modificada pela complexidade das redes tecnolgicas, pode ser

    entendida como dito anteriormente como um evento da cibercultura (SANTOS, E., 2005).

    A cibercultura, por seu lado, trata-se de um complexo de fatores e no pode ser compreendida

    a partir de um olhar simplificado. Portanto, a investigao sobre ambientes virtuais de

    aprendizagem exige do pesquisador um caminhar tambm complexo.

    Tomando a abordagem de Edgar Morin (2003, 2005) sobre a teoria da complexidade

    como ponto de partida, buscamos estruturar uma proposta metodolgica que contemplasse a

    aleatoriedade e a criatividade na pesquisa. No uma proposta construda a priori, mas que

    surge a partir da atividade pensante e consciente do sujeito no decorrer da pesquisa. Tentando

    no cair no perigo da simplificao, no evitamos refletir e relatar sobre as tenses e

    contradies que surgiram no decorrer da pesquisa, assim como sobre as influncias da

    cultura, da histria, da poltica e da tica que, inevitavelmente, estiveram presentes em toda

    investigao; como argumenta Edgar Morin:

    No sentido da complexidade, tudo se passa de outro modo [diferentementedo racionalismo fechado]. Reconhece-se que no h cincia pura, que h emsuspenso mesmo na cincia que se considera a mais pura cultura,

    histria, poltica, tica, embora no se possa reduzir a cincia a essas noes.(MORIN, 2005, p.340).

    Nossa abordagem de uma pesquisa qualitativa e buscamos descrever a metodologia da

    pesquisa, lanando mo de referncias a tcnicas e estratgias formalmente definidas por

    autores que nos parecem ter uma viso que contempla o caminho que traamos. Para

    explicitar a nossa compreenso sobre a abordagem qualitativa, nos valemos das definies

    trazidas por Marli Andr (2002); segundo a autora, a pesquisa qualitativa tem suas razes no

    final do sculo XIX quando o mtodo de investigao das cincias fsicas e naturais,fundamentado no positivismo, comea a ser questionado com relao sua utilidade enquanto

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    modelo para os estudos dos fenmenos humanos e sociais. Esses fenmenos, j considerados

    pelos pesquisadores da poca como complexos e dinmicos, alm de relacionados a um

    contexto particular, comeam ento a ser analisados (tambm) a partir de uma abordagem que

    se preocupasse mais com a interpretao que com a mensurao, com a descoberta em vez da

    constatao, que leve em conta todos os elementos de uma situao e suas interaes,

    inclusive o prprio pesquisador e seus valores e viso de mundo. com base nesses

    princpios que consideramos a pesquisa que agora apresentamos como uma pesquisa

    qualitativa.

    Antes de qualquer coisa, portanto, preciso explicitar a implicao desta autora na

    pesquisa, j que sua postura terica, valores e viso de mundo estiveram presentes em todo o

    contexto investigativo. Neste momento preciso ressaltar que, embora o tempo verbal

    escolhido para relatar a pesquisa tenha sido a primeira pessoal do plural, em diversos

    momentos em que a atuao especfica desta autora precise ser explicitada (como o caso

    desta implicao com a pesquisa), utilizaremos a primeira pessoa do singular.

    A minha atuao profissional como funcionria do Centro de Processamento de Dados

    (CPD) da UFBA, desde 1983; primeiro como Programadora de Computador, e, a partir de

    1987, como Analista de Tecnologia da Informao. Durante esse percurso, fui graduada em

    Processamento de Dados (1982), fiz mestrado em Informtica (1995), e mais recentemente fiz

    uma especializao em Inteligncia Competitiva (2002). Com relao a este ltimo curso,

    embora eu nunca tenha atuado diretamente com o tema, ele foi til para reavivar minha

    afinidade com a rea de humanas (adormecida desde que fiz a opo pela graduao na rea

    de exatas) e a partir de ento comecei, seno a materializar, pelo menos a mentalizar (ou

    talvez virtualizar) minha caminhada para a rea de educao. Compreendi que o caminho

    mais correto para promover essa mudana acadmica e profissional, da rea de Computao

    para a de Educao, era o doutorado em Educao. Assim, comecei a investir nesse objetivo,

    e no semestre letivo de 2003.2 iniciei o meu percurso como aluna especial do Programa de

    Ps-Graduao em Educao da Faculdade de Educao da UFBA (PPGE-FACED). No

    segundo semestre de 2004 tive a oportunidade de fazer parte de um programa de extenso do

    Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Pblico (ISP), o PROGED Programa de

    Formao Continuada para Gestores da Educao Bsica. O PROGED visava promover

    cursos de formao continuada para gestores educacionais, nas modalidades a distncia e

    semipresencial. Em funo dessa atividade, comecei a estudar de forma individual sobre

    educao a distncia e a partir da comecei a delinear a linha de pesquisa que queria seguir. A

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    partir do meu envolvimento com o PROGED1, e em funo da minha dedicao aos estudos

    sobre EAD, passei a ser a responsvel por essa rea dentro do CPD e a representar o rgo nas

    diversas instncias e espaos onde ele era convidado a se posicionar com relao EAD ou

    utilizao de ambientes virtuais de aprendizagem no apoio educao presencial. Como as

    iniciativas de EAD na UFBA ainda estavam acontecendo de forma isolada, estvamos num

    processo de atender demanda por apoio com relao aos ambientes virtuais de aprendizagem

    instalados no CPD (o Moodle e o Teleduc) e no suporte a projetos e a docentes que faziam

    uso das TIC para o apoio educao presencial ou para a EAD. Alm disso, parte do meu

    tempo de trabalho era dedicado ao estudo do Moodle e de outros ambientes virtuais. De forma

    natural, comecei a dedicar meu tempo de trabalho e a direcionar meus estudos para a rea de

    EAD e de ambientes virtuais de aprendizagem. Com o intuito de reforar meusconhecimentos, em agosto de 2005 matriculei-me no curso de Especializao em EAD da

    Universidade Catlica de Braslia (UCB), na modalidade a distncia. Alm de estar fazendo

    um estudo mais sistemtico da rea de EAD, vivenciei um curso on-lineno papel de aluna

    vivncia esta que, no meu entender, fundamental para a compreenso do processo de ensino

    e aprendizagem on-line2. Alm dessa implicao direta a partir da minha atuao no CPD e

    em instncias de discusso da EAD na UFBA (a exemplo da Comisso Institucional de EAD

    da UFBA), minha atuao tambm se dava como consultora de EAD em projetos de algumasunidades de ensino (a exemplo da Escola de Enfermagem, Instituto de Sade Coletiva,

    Instituto de Matemtica) que buscavam, no CPD, profissionais que pudessem apoiar o

    desenvolvimento dos projetos no que diz respeito aos ambientes virtuais de aprendizagem e

    EAD. A atuao no campo da pesquisa, portanto, vem acontecendo desde antes da minha

    entrada no doutorado, em 2006. Minha participao, desde 2004, em grupos envolvidos com a

    EAD da UFBA e com a administrao de ambientes virtuais no CPD j traz um complexo de

    informaes sobre as polticas da UFBA nesta rea, e inevitvel que as percepes econcluses a que chego tragam elementos oriundos dessas experincias.

    Dessa forma, a implicao desta autora com o campo e o tema da pesquisa total,

    provocando, inclusive, uma constante tenso entre o agir profissional e o agir investigativo.

    No podemos esquecer, no entanto, que o distanciamento do pesquisador importante para

    permitir que os sujeitos da pesquisa se expressem com toda a sua espontaneidade. E, alm

    disso, concordamos com Roberto Macedo quando aborda a importncia da dialtica

    1Esse envolvimento ser relatado em mais detalhes no Captulo 4.

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    aproximaes/distanciamento, e quando ressalta que o distanciamento enquanto um dos

    polos do movimento de entrada e sada do objeto um momento importante para a construo

    do conhecimento em cincia. H um momento em que certa descontextualizao do objeto

    faz-se necessria para que o texto cientfico possa brotar (MACEDO, 2004, p.160).

    Diante dessa implicao, o principal recurso metodolgico utilizado na pesquisa foi a

    observao participante, especialmente para fazer reagir o conhecimento terico com a prtica

    e possibilitar uma construo conjunta entre pesquisador e sujeitos da pesquisa. Segundo

    Roberto Macedo (2004), a observao participante

    [...] trata-se de um processo mutuamente educativo pela pesquisa, na medida

    em que o saber do senso comum e o saber cientfico se articulam na busca dapertinncia cientfica e da relevncia social do conhecimento produzido [...].[Alm disso,] cultiva algumas pretenses de poltica cientfica: cultivar odesejo originado da urgncia de se ter uma cincia antropossocial conectadae crtica, que seja tanto humilde quanto realista; relacionar a pesquisa dauniversidade com o campo da realidade concreta e reduzir as distncias entresujeitos e objeto de estudo. (MACEDO, 2004, p.154-155).

    Adler e Adler (1987, apud BARBIER, 2002) propem a seguinte categorizao para

    observao participante, segundo o grau de implicao do pesquisador: (1) Observao

    participante perifrica, em que o pesquisador aceita uma implicao parcial para serconsiderado como membro do grupo pesquisado, mas no atua nas atividades; (2) Observao

    participante ativa, em que o pesquisador adquire statusde membro do grupo a partir de um

    papel a ser desempenhado por ele; e (3) Observao participante completa, em que o

    pesquisador est implicado desde o incio, porque j era membro do grupo antes de comear a

    pesquisa; ou ele se torna membro do grupo por converso, porque provm de fora

    (BARBIER, 2002, p.126). Acreditamos que, no caso deste projeto, essa observao

    participante se deu de forma completa, em virtude do envolvimento desta autora explicitado.Incorporamos tambm ao nosso agir investigativo a noo de escuta sensvel trazida por

    Ren Barbier (2002). Segundo o autor, essa noo retrata um escutar/ver que se aproxima de

    uma atitude meditativa e apoia-se na empatia; o pesquisador deve sentir o universo afetivo,

    imaginrio e cognitivo do outro para compreender do interior as atitudes e os

    comportamentos, o sistema de ideias, de valores, de smbolos e de mitos [...] (BARBIER,

    2002, p.94). A escuta sensvel assume um patamar de postura metodolgica, trazendo a ideia

    2 A especializao foi finalizada em dezembro de 2006 com a apresentao da monografia A EAD nacibercultura: o que pode mudar.

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    de que todos tm o direito de serem ouvidos atentamente e compreendidos, e de que o sujeito

    da pesquisa deve ser visto como um indivduo ativo e criador. Segundo Roberto Macedo:

    A escuta sensvel, como dispositivo de pesquisa, uma conquistacatalisadora de vozes recalcadas por uma historia cientfica silenciadora ecastradora. A necessidade de ouvir sensivelmente, no ato de pesquisar, , aomesmo tempo, um recurso fundamental para os etnopesquisadores,considerando suas bases filosficas e epistemolgicas, bem como mais umdispositivo facilitador para a democratizao do saber. (MACEDO, 2004,p.198).

    Para descrever com mais detalhes a metodologia, optamos por estrutur-la em trs

    partes, que no necessariamente foram executadas de forma sequencial, mas que tentam, cada

    uma delas, dar conta dos caminhos percorridos para alcanar cada um dos trs objetivos

    especficos descritos anteriormete.

    Objetivo especfico 1: Compreender as caractersticas da cibercultura,

    relacionando-as com a implantao de ambientes virtuais de aprendizagem numa

    perspectiva de autonomia

    No primeiro momento da pesquisa de doutoramento, nosso contato foi com asdisciplinas e os grupos de pesquisa. Entendemos como fundamental que esse item seja

    compreendido como parte da metodologia, j que a partir dessa vivncia que foram se

    delineando o escopo, as paixes, as vocaes da pesquisa. E avanando no que se foi

    delineando, fomos definindo o campo, o mtodo, as afinidades com autores... Nesse

    momento, em que se ampliaram as possibilidades, a confuso que se instalou e que nos tirou o

    cho firme foi, ao mesmo tempo, elemento crucial para termos certeza, no do caminho, mas

    que o caminho estava sendo traado durante o percurso e que nosso papel nessa definio foia de sujeito, ativo e autnomo. nesse sentido que Ren Barbier (2002) define a noo de

    processo:

    Um processo uma rede simblica e dinmica, apresentando umcomportamento ao mesmo tempo funcional e imaginrio, construdo pelopesquisador a partir de elementos interativos da realidade, aberto mudanae necessariamente inscrito no tempo e no espao. (BARBIER, 2002, p.111).

    Trazendo um contraponto entre processo e procedimento, o autor continua:

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    Um processo apresenta uma polarizao de autonomia repleta de incertezas.Um procedimento, ao contrrio, s se compreende por uma polarizao deheteronomia garantindo o institudo. Vivo, no conjunto das atividades, umprocesso; mas entro, sossegado, num procedimento: posso controlar um

    procedimento, mas eu avalio um processo. (idem, ibidem, p.111).

    Pesquisar a implantao dos AVA na UFBA exigiu um estudo sistemtico sobre temas

    que se relacionam com esses ambientes e que trazem significado para o contexto em que estes

    so vivenciados e experenciados. A pesquisa bibliogrfica constituiu-se o recurso

    metodolgico mais utilizado nessa etapa, e buscou abranger a bibliografia j tornada pblica

    sobre o tema da pesquisa. Segundo Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa bibliogrfica no

    mera repetio do que j foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um

    tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a concluses inovadoras (p.71). Esserecurso consiste na identificao das fontes, assim como na sua localizao, compilao e

    fichamento. A pesquisa bibliogrfica aqui conduzida abordou temas como: cibercultura e suas

    relaes com a educao; autonomia e alienao; interatividade e interao; educao a

    distncia; ambientes virtuais de aprendizagem; formao do docente superior on-line. Nesse

    momento, nos debruamos no s em estudos tericos, mas tambm em relatos de

    experincias no uso de ambientes virtuais de aprendizagem, que certamente enriqueceram

    nosso entendimento sobre estes. Alm dos temas relacionados com cibercultura e educao etecnologia, nos dedicamos a leituras que pudessem ajudar a aprofundar o conceito de

    autonomia e sua relao com a educao e, em especial, com a educao na cibercultura.

    Esta parte da pesquisa no se esgotou num primeiro momento; pelo contrrio, teve

    continuidade durante todo o percurso do doutoramento, medida que surgiu a necessidade de

    aprofundamento de algum tema.

    Objetivo especfico 2: Elaborar um diagnstico da implantao de ambientes

    virtuais de aprendizagem na UFBA e das polticas de EAD na instituio

    Ainda que nosso foco principal recaia sobre alguns casos de utilizao de ambientes

    virtuais que foram estudados em mais detalhes, no podemos analisar situaes isoladas do

    seu meio (MORIN, 2005). Da mesma forma, de acordo com o princpio da irreversibilidade

    do tempo, do paradigma da complexidade (MORIN, 2005), necessrio considerar o percurso

    histrico que permeia as situaes estudadas. Assim, entender o contexto em que cada caso sesitua fundamental; e esse contexto a UFBA como um todo. Impossvel seria analisar esse

    contexto sob todos os seus aspectos (embora, entendendo sua complexidade, acreditamos que

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    todos eles interferem nas situaes analisadas); portanto, buscamos definir um escopo de

    anlise no qual inclumos os elementos considerados mais relevantes para esta pesquisa. Esse

    escopo foi sendo delineado com contornos bastante irregulares e mveis, j que a cada passo

    na investigao fomos percebendo a maior ou menor importncia de um ou outro aspecto.

    Optamos, inicialmente, por esquematizar uma linha do tempo da EAD na UFBA (disponvel

    no Apndice D), no qual esto presentes fatos, internos e externos instituio, relacionados,

    de alguma forma, ao objeto da nossa pesquisa; a partir da linha do tempo construda (e

    reconstruda durante todo o percurso investigativo) elaboramos um relato histrico dos fatos

    elencados, buscando, sempre que possvel, fazer a relao crtica entre o fato relatado e a

    implantao dos AVA na UFBA. Para a construo e o relato dessa linha do tempo da EAD

    na UFBA, conduzimos um levantamento de informaes utilizando os seguintes recursosmetodolgicos: pesquisa documental, pesquisa bibliogrfica, observao participante.

    A concepo de pesquisa documental que utilizamos foi inspirada nas definies de

    Roberto Macedo (2004, 2006), para quem o documento um etnotexto fixador de

    experincias, revelador de inspiraes, sentidos, normas e contedos valorizados

    (MACEDO, 2004, p.172), sendo, portanto, uma indispensvel fonte na compreenso da

    instituio educacional. Alm disso, o autor considera que, quando se deseja estudar o

    problema a partir, tambm, da linguagem dos sujeitos, no somente os documentos formais,

    mas qualquer tipo de produo escrita (a exemplo de comunicaes informais, planos,

    programas etc.) pode ser includa na pesquisa. Para a nossa investigao, os principais

    documentos que tiveram a nossa ateno foram: planos e relatrios de gesto da instituio;

    atos legais internos e externos UFBA; projetos de cursos; sitesde cursos, projetos e eventos;

    documentos de divulgao de cursos e eventos; registro de reunies. Todos eles sempre se

    relacionados ao nosso tema.

    A pesquisa bibliogrfica, para atender o segundo objetivo especfico da investigao,

    teve como foco as publicaes que relatam experincias da UFBA na EAD ou na utilizao

    das TIC como apoio educao, assim como publicaes que abordam algum histrico da

    instituio no que se refere ao tema da pesquisa.

    A observao participante teve um papel fundamental nests etapa, em razo da grande

    implicao desta autora na pesquisa, j relatada anteriormente. Nesse processo, a participao

    em reunies de diversos grupos, o envolvimento na organizao de eventos, a atuao direta

    com o ambiente virtual Moodle da UFBA, o envolvimento como especialista em EAD em

    determinados espaos na UFBA, dentre outras aes, passaram a ter um duplo sentido: o

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    profissional e o investigativo. Assim, estando todo o tempo atenta e aberta a uma escuta

    sensvel, a participao nesses espaos trouxe um rico potencial para a pesquisa,

    possibilitando a identificao de fatos importantes para compor o diagnstico elaborado nesta

    etapa e tambm, e ainda mais importante, reflexes fundamentais para a compreenso do

    campo. Em paralelo ao andamento das observaes participantes, foram feitos registros das

    reflexes em campo de forma minuciosa e num formato que permitiu destacar itens e escrever

    notas analticas sobre as prprias notas, como sugere Roberto Macedo (2004). Essas notas

    constituram-se no dirio de campo da pesquisa contendo descries reflexivas das

    experincias em campo, num esforo de tomar conscincia dos processos vividos e dos

    progressos alcanados. Nesse sentido, Ren Barbier introduz o termo dirio de itinernciae o

    define como um instrumento de investigao sobre si mesmo em relao ao grupo [...], noqual cada um anota o que sente, o que pensa, o que medita, o que poetiza, o que retm de uma

    teoria, de uma conversa, o que constri para dar sentido a sua vida. (BARBIER, 2002,

    p.133).

    A partir dos recursos metodolgicos descritos, foi construda a linha do tempo da EAD

    na UFBA e os fatos elencados foram classificados nas seguintes categorias: (1) atos legais,

    internos ou externos UFBA, que dizem respeito EAD ou utilizao de ambientes

    virtuais; (2) projetos que abordem temas relacionados s TIC, ou EAD, ou ainda

    especificamente aos AVA; (3) cursos ou disciplinas j vivenciados na modalidade a distncia

    (ainda que no tenham utilizado ambientes virtuais) ou que utilizaram ambientes virtuais

    (ainda que no tenham sido na modalidade a distncia); (4) eventos acadmicos em que foram

    discutidos aspectos relativos EAD na UFBA ou utilizao de AVA na instituio; (5)

    outros fatos relevantes para a pesquisa.

    Objetivo especfico 3: Identificar aspectos relacionados construo da autonomia

    na implantao de ambientes virtuais de aprendizagem a partir da anlise de casos de

    utilizao do ambiente virtual Moodle na UFBA

    Para alcanar este terceiro objetivo, optamos por fazer um estudo de casos mltiplos

    (YIN, 2005), no qual a preocupao foi analisar mais profundamente algumas situaes de

    implantao de AVA na UFBA na inteno de, replicando a anlise, melhor compreender

    nosso objeto de estudo. Cada um dos casos estudados foi tratado como nico, no existindo ainteno de um estudo comparativo, mas sim da construo de relaes entre eles. Como

    defende Roberto Macedo (2004), estvamos preocupados em buscar, a cada passo, novas

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    respostas e novas indagaes; em construir uma descrio mais profunda, densa e refinada das

    situaes, e ao mesmo tempo contextualizada; em compreender, com flexibilidade, os pontos

    de vista diversos e, muitas vezes, conflitantes dos diferentes sujeitos envolvidos. Com o

    estudo de casos mltiplos denominado por Roberto Macedo (2004) de estudo sobre casos

    ou multicaso no buscamos a generalizao, buscamos entender cada caso como particular,

    considerando seu contexto e sua complexidade; sua importncia est no fato de que o

    conhecimento em profundidade de um caso pode nos ajudar a compreender outros casos.

    O primeiro passo foi definir quantos e quais casos seriam analisados; o critrio

    fundamental para essa definio foi que o caso de estudo utilizasse o ambiente virtual Moodle

    da UFBA, j que este, como veremos em captulo posterior, se constituiu como o principal

    ambiente virtual da instituio. Essa escolha que em nenhuma hiptese teve a pretenso de

    tornar-se uma escolha representativa da UFBA deu-se, principalmente, a partir da imerso

    desta autora em diversos espaos na instituio, o que possibilitou a identificao de situaes

    que, no nosso entender, apresentavam elementos significativos para a compreenso do nosso

    objeto de investigao. O primeiro curso escolhido foi a Licenciatura em Matemtica a

    Distncia (LMD), que foi (e ainda ) a primeira e nica graduao a distncia oferecida pela

    UFBA, e por isso foi escolhido como campo emprico desta pesquisa. A LMD foi analisada

    durante o seu planejamento, iniciado no primeiro semestre de 2007, e o foco da anlise foi a

    atuao dos docentes envolvidos com o planejamento do primeiro semestre do curso, assim

    como a proposta pedaggica do mesmo refletida na estrutura construda no ambiente virtual

    Moodle. Essa anlise foi desenvolvida a partir da observao participante nos espaos de

    planejamento do curso (reunies com os docentes, reunies de coordenao, reunies com a

    administrao central), de observao de aulas presenciais dos docentes envolvidos, de

    entrevistas semiestruturadas com estes, e da anlise da estrutura proposta para as disciplinas

    no ambiente Moodle.

    No segundo semestre de 2007, foi planejado e desenvolvido o primeiro curso de

    formao de professores da UFBA para atuao como docente on-lineno ambiente Moodle: o

    Curso Moodle para Professores: a Educao on-linena UFBA (Curso Moodle 2007), sob

    coordenao desta autora. Esse curso foi o segundo caso escolhido para estudo numa deciso

    tomada no decorrer de seu desenvolvimento, quando percebemos a riqueza das reflexes

    sobre o processo de formao da comunidade UFBA que estavam sendo travadas. Nesse

    espao emprico o foco da anlise foi a proposta pedaggica do curso e sua estrutura no

    ambiente Moodle, alm das reflexes dos participantes do curso (docentes e tcnicos da

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    UFBA) nos diversos espaos de comunicao propostos pelo curso (fruns, chats, dirios)

    assim como entrevistas feitas com alguns participantes do curso.

    No primeiro semestre de 2008, foi oferecida, no Programa de Ps-Graduao em

    Educao da FACED, a disciplina Educao, Sexualidade e Gnero (DESG), que se

    configurou como a primeira disciplina oficialmente oferecida na modalidade a distncia na

    FACED e, por esse motivo, foi tambm selecionada como campo emprico desta pesquisa.

    Para este estudo foi analisada a atuao das docentes responsveis pela disciplina no decorrer

    de seu desenvolvimento, a partir da estrutura proposta para a disciplina no ambiente Moodle,

    a atuao das docentes nos espaos de comunicao propostos e tambm atravs de

    entrevistas semiestruturadas com as docentes.

    Embora entendendo que esses trs espaos j se constituam em campo suficiente para a

    pesquisa, sabamos da importncia de viver a pesquisa, a cada etapa, e a cada vivncia,

    replanej-la, conscientes de que o mtodo emerge durante a prpria experincia (MORIN,

    2005). Assim, no segundo semestre de 2008 foi desenvolvida a segunda turma do Curso

    Moodle, e, estando esta autora, mais uma vez, na coordenao do curso, pudemos perceber

    que as reflexes sobre o processo formativo da comunidade UFBA pareciam ainda mais ricas.

    Entendendo que a incluso desse espao traria uma importante contribuio para a

    compreenso do nosso objeto de pesquisa, ele constituiu-se no quarto estudo de caso a ser

    analisado. Nesse espao emprico o foco da anlise foi, tambm, a proposta pedaggica do

    curso e sua estrutura no ambiente Moodle, alm das reflexes dos participantes do curso

    (docentes e tcnicos da UFBA) nos diversos espaos de comunicao propostos pelo curso

    (fruns, chats, dirios) assim como entrevistas feitas com as docentes do curso.

    O objetivo que buscamos alcanar nesse momento da pesquisa foi compreender em

    detalhes o modelo proposto em cada curso, analisando sua proposta pedaggica explicitadaatravs da estrutura implementada no ambiente Moodle. Assim, buscamos relacionar o

    modelo proposto e/ou vivenciado em cada caso de estudo com a abordagem terica j

    estudada a fim de responder nossa questo de pesquisa, qual seja: como est se

    configurando a implantao de ambientes virtuais de aprendizagem na UFBA e que aspectos

    essa implantao apresenta no que diz respeito construo da autonomia no contexto

    educacional.

    A observao participante, nesse momento, teve como foco no somente os ambientesvirtuais de cada caso estudado, como tambm os grupos envolvidos. Durante a observao, a

    teoria proposta para embasar esta pesquisa esteve a todo o tempo presente, possibilitando uma

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    reflexo pautada no somente na experincia vivida como tambm em teorias fundamentadas.

    Na observao dos espaos virtuais, estivemos imbudos na busca de identificar estratgias

    para o uso de ambientes virtuais de aprendizagem de forma a favorecer a autonomia.

    Com relao s entrevistas realizadas, nossa pretenso foi trabalhar com a entrevista

    construda de forma aberta e flexvel; entendida como um poderoso recurso para captar

    significaes, na entrevista os sentidos construdos pelos sujeitos assumem para o

    etnopesquisador o carter da prpria realidade, s que do ponto de vista de quem a descreve

    (MACEDO, 2004, p.164). As entrevistas aconteceram em dois formatos principais:

    presencialmente ou atravs de chats. Embora conscientes de que a linguagem utilizada nas

    entrevistas presenciais extrapola a verbalizao, e que, consequentemente, perderamos parte

    da riqueza de uma entrevista ao execut-la atravs de um chat, fizemos essa opo a fim de

    tambm vivenciarmos a atuao dos entrevistados num ambiente virtual. Dessa forma,

    perdendo por um lado, mas ganhando pelo outro, intercalamos entrevistas presenciais e on-

    line, considerando ainda o desejo do entrevistado no momento de optar por uma ou outra.

    Embora estejamos falando de entrevistas abertas e flexveis, a importncia de uma preparao

    prvia do pesquisador fundamental. Segundo Roberto Macedo (2004):

    [...] h necessidade que se entenda que este tipo de recurso metodolgicopode parecer no comportar nenhuma espcie de estruturao, mas, emrealidade, o pesquisador deve elaborar uma estratgia pela qual ele conduzsua entrevista. Assim, a entrevista no estruturada flexvel, mas tambm, coordenada, dirigida, e, em alguns aspectos, controlada pelo pesquisador,porquanto trata-se de um instrumento com um objetivo visado, projetado,relativamente guiado por uma problemtica e por questes de alguma formaj organizadas na estrutura cognitiva do pesquisador. (p.166).

    Assim, foram propostos roteiros de entrevista (Apndices A e B) abordando questes

    que nortearam nossa interao com os entrevistados e nos ajudaram a manter o foco nosnossos objetivos. Para a anlise das entrevistas, foi necessria a sua transcrio e das notas

    registradas durante as entrevistas. Vale ressaltar a importncia da gravao das entrevistas

    presenciais, a fim de que o pesquisador pudesse se concentrar em aspectos relativos s outras

    linguagens utilizadas pelo entrevistado. Nas entrevistas elaboradas a partir de chats, o registro

    automtico pelo meio tecnolgico, o que possibilitou um ganho de tempo do pesquisador,

    embora se entenda que a transcrio das entrevistas seja um rico momento de impregnao

    dos contedos para o pesquisador (MACEDO, 2004).

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    Aps o levantamento das informaes a partir dos dispositivos e estratgias descritos,

    procedemos sua organizao e anlise, apoiados na abordagem de anlise contrastiva

    (FRES BURNHAM, 2002), buscando uma compreenso da prtica vivenciada de forma

    reflexiva e imbricada s concepes tericas dos autores que embasaram a pesquisa. A

    organizao das informaes relativas aos quatro casos estudados se deu a partir da

    construo de uma Matriz de Anlise organizada por participante, no eixo vertical, e por rea

    de significao/categoria, no eixo horizontal. Cada clula da matriz foi sendo preenchida

    pelas falas dos sujeitos que apresentavam alguma reflexo em relao respectiva rea de

    significao, acrescidas, quando necessrio, de anotaes ou comentrios. Inicialmente, foram

    definidas algumas categorias bsicas relativas ao tema da pesquisa; no decorrer da anlise das

    falas dos participantes, foram sendo acrescentadas outras categorias surgidas do campo. Emseguida, no esforo da sistematizao e a fim de viabilizar a finalizao (embora sempre

    inacabada) da anlise contrastiva das falas dos sujeitos com o referencial terico abordado na

    pesquisa, optamos por agrupar algumas das categorias elencadas e descartar outras. Este

    agrupamento foi concebido sempre em funo da importncia de cada categoria para a

    compreenso do nosso objeto e tambm em funo da nfase dada pelos sujeitos participantes

    da pesquisa a esta ou aquela categoria. A matriz completa, no entanto, segue disponvel a fim

    de que anlises futuras possam ser desdobradas. Os registros referentes a cada uma dascategorias resultantes do agrupamento3 foram analiticamente contrastados entre si e com a

    literatura, num esforo de buscar elementos significativos e que caracterizassem os processos

    de utilizao de AVA vivenciados na pesquisa. Como resultado final da anlise foram

    identificadas seis categorias analticas que representam, ao final, os aspectos mais relevantes

    da implantao de AVA na UFBA que se relacionam com a construo da autonomia no

    contexto educacional, e que so destacadas como o principal resultado desta pesquisa.

    1.3 A ESTRUTURA DA TESE

    A tese est estruturada em seis captulos, alm das Consideraes finais. No primeiro

    captulo, esta Introduo, apresentamos uma contextualizao da pesquisa, seus objetivos, a

    metodologia e a estrutura proposta para a tese. O segundo captulo, Conexes entre

    cibercultura, autonomia e educao, traz as reflexes e abordagens tericas que embasam a

    tese. O captulo est dividido em trs blocos principais, cada um deles tratando de um dos

    3O conjunto de categorias identificadas e agrupadas pode ser visto na Figura 33, disponvel no Captulo 5.

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    temas transversais da pesquisa: cibercultura, autonomia e educaes na cibercultura. Sobre

    cibercultura, abordamos suas origens, suas caractersticas principais e a riqueza de

    possibilidades que esta cultura das redes traz. Sobre autonomia, buscamos problematizar e

    aprofundar este conceito luz da abordagem de Cornelius Castoriadis e Paulo Freire; outros

    temas como alienao, liberdade e pedagogia crtica e dialgica tambm foram abordados,

    buscando entender sua relao com o conceito de autonomia que queremos adotar. No

    terceiro bloco, educaes na cibercultura, trazemos alguns aspectos sobre a EAD, a educao

    on-line e sobre novas (possveis) educaes no contexto das tecnologias de informao e

    comunicao, alm de buscarmos relacionar a perspectiva da autonomia e da pedagogia

    crtica s possibilidades da educao na cibercultura; ao final, abordamos ainda a questo da

    formao para a docncia on-line um tema que surge no decorrer da pesquisa e que acabapor se constituir em um fundamental aspecto dentro dos resultados apresentados. O terceiro

    captulo, Ambientes virtuais de aprendizagem: do que estamos falando?, tem como

    objetivo explicitar a concepo que adotamos para os ambi