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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO INFANTIL E A CAPOEIRA
PEDAGÓCICA
Por: Camila Monique Batista
Orientadora Profª. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO INFANTIL E A CAPOEIRA
PEDAGÓGICA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Camila Monique Batista
2
AGRADECIMENTOS
A minha querida mamãe que me deu todo apoio, incentivo e amor, ao meu padrinho Joaquim que sempre acreditou em mim e no meu sucesso, meus irmãos Cintia Gabriela e Fabio Batista pelo companheirismo e amor que tiveram por mim, meus amigos Tatiana, Taynah e Karla que me ajudaram nas épocas de prova dúvidas tiveram sempre ao meu lado.
3
DEDICATÓRIA
A Fabiano da Silva Andrades meu professor de
Capoeira, Anderson Adriano, e aos grandes
Mestres que ajudaram no crescimento e
valorização da Capoeira, e a todos capoeiristas
que verdadeiramente tem o objetivo de fazer que
a Capoeira seja fio condutor da aprendizagem de
crianças, adolescentes e principalmente de
adultos.
A minha mãe Sonia Maria Batista, pelo apoio,
confiança e segurança que me transmitiu durante
minha vida toda.
4
RESUMO
Este presente estudo busca através de pesquisas bibliográficas
mostrar um pouco do histórico da neurociência desde seu surgimento até sua
evolução, evidenciando alguns dos estudiosos que influenciaram na sua
propagação no ambiente educacional. E ainda, procura esmiuçar toda a parte
anatômica da circuitaria cerebral para depois adentrar na parte neurológica. A
partir daí, abordar identificando como se dá o processo de armazenamento da
memória, e qual a relação do ensino da capoeira com o controle neural
enfatizando os hemisférios e para finalizar buscar entender de que forma a
musica da capoeira pode ser via de estímulos para ativação das redes
neurais. Toda esta pesquisa será meio de entender afundo o funcionamento
de toda a circuitaria cerebral e comprovar que estas duas ciências, Capoeira e
Neurociência, tem correlação neurofisiológica.
Palavras chaves: Neurociência, Capoeira, redes neurais, memória,
música.
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METODOLOGIA
Para o aprofundamento deste estudo, foi escolhida a pesquisa
bibliográfica que terá como base textos, estudos e vivências riquíssimas de
autores que tem conhecimentos amplos no assunto, Capoeira na Educação
Infantil e na Neurociência Pedagógica.
Este estudo se caracterizará como pesquisa bibliográfica, baseando-
se em afirmações e questionamentos retirados de textos escritos por autores
reconhecidos. Em algumas situações inclui relatos de pessoas que vivenciam,
de alguma forma, o problema aqui tratado. Não há, pois, estudo de campo, as
respostas apresentadas às questões de estudo são de cunho teórico.
A pesquisa passou pelas seguintes etapas:
(a) primeiro realizei um levantamento de textos que tratam do tema,
considerando particularmente a atualização dos mesmos e a vida profissional
do autor: sua vivência / experiência na educação infantil / da capoeira. Terá
prioridade, também, aos textos mais recentes, redigidos na última década.
Este levantamento inclui tanto os textos que foram ou não aproveitados no
corpo do meu texto;
(b) a partir deste levantamento geral, foi selecionado os que tinham
significativa relação com o estudo; então, foi feito uma leitura mais ampla dos
mesmos para identificar as partes que poderiam ser aproveitadas;
(c) identificadas às partes que poderiam compor o trabalho, passou-
se a realizar uma leitura em profundidade das mesmas, de modo a poder
organizar os temas que seriam abordados nesta pesquisa. Assim, os trechos
de interesse foram separados segundo sua maior ou menor relação com os
temas escolhidos;
(d) com as partes selecionadas e organizadas, passamos a redigir
os capítulos da Monografia que são os seguintes:
Capítulo I- Histórico da Neurociência
1.2 – Entendendo o funcionamento da base neurofisiológica na execução
dos movimentos da Capoeira
6
Capítulo II - Identificar como é o processo de armazenamento da memória
na aprendizagem
Capítulo III-Relação do ensino da capoeira ao controle dos hemisférios:
controle neural
Capítulo IV – Compreender como a música pode ser via de estímulo para a
ativação das redes neurais
(e) elaborada a Monografia no seu todo, será feito o
levantamento de todos os autores usados no texto, com vistas à organização
da parte das Referências (bibliográficas e digitais), incluída ao final deste
relatório.
(f) por último, a Monografia foi submetida à avaliação no âmbito da
disciplina Metodologia da Pesquisa e monografia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Histórico da Neurociência 10
1.1 Entendendo o funcionamento da base neurofisiológica na execução dos
movimentos da capoeira 11
1.1.1 Sistema Nervoso Periférico 12
1.1.2 Sistema Nervoso Central 19
1.1.3 O movimento da capoeira no sistema motor 29
CAPÍTULO II-Identificando como é o processo de armazenamento da memória
na aprendizagem 32
2.1 Tipos e características da memória 35
2.2.2 A arte de esquecer 36
2.2.3 A atenção 38
2.2.4 Distribuição da atenção 40
2.2.5 A aprendizagem e a memória 41
CAPÍTULO III-A relação do ensino da capoeira ao controle dos hemisférios:
controle neural 43
CAPÍTULO IV-Compreendendo como a música pode ser via de estímulo para
a ativação das redes neurais 54
4.1 A capoeira e sua musicalidade 54
CONCLUSÃO 65
BIBLIOGRAFIA 67
WEBGRAFIA 69 ÍNDICE 70
8
INTRODUÇÃO
Com a evolução da neurociência permitiu, atualmente, visualizar
cada parte do cérebro vivo em ação, do maior circuito até a sinapse no
diminuto espaço entre neurônios. Agora é possível registrar a atividade elétrica
de uma única molécula no cérebro. Através de técnicas que vem sendo
utilizadas pode-se entender o extraordinário fluxo de estudos científicos sobre
a mente e o cérebro, sobre o processo de pensamento e aprendizagem, nos
processos neurológicos que ocorrem durante o pensamento e a aprendizagem
e no desenvolvimento de competências.
Uma fase bem importante para a vida do ser humano é a infância. E
nela que se pode definir como o período de maior maleabilidade do cérebro e
predisposição a aprender certas habilidades. Por isso, a criança tem maior
facilidade em aprender algo novo e incorporar essa experiência toda a sua
vivencia anterior e aos padrões mentais.
A neurociência veio a contribuir muito no processo de ensino e
aprendizagem dentro dos ambientes educacionais. Ela possibilitou entender o
mecanismo de como o humano aprende e guarda saberes, como se dá
aprendizagem, como os estímulos influenciam no processo de ensino-
aprendizagem nos circuitos neurais tendo origem no conhecimento dos
estudos do sistema nervoso central.
Para acrescentar a todo este processo de ensinar podemos
entender que hoje a Capoeira Pedagógica também tem cunho educacional e
ajuda simultaneamente com a neurociência a desvendar e traçar novas
estratégias para que os cérebros possam assimilar informações motivadas por
aulas prazerosas que sejam fonte de estimulo para que toda a circuitaria possa
ser ativada e assim este estudo verificará a correlação entre estas duas
ciências. Com isso, este estudo, contém os seguintes capítulos:
Capítulo I- Histórico da Neurociência
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Capitulo II - Identificar como é o processo de armazenamento da
memória na aprendizagem
Capitulo III-Relação do ensino da capoeira ao controle dos
hemisférios: controle neural
Capitulo IV – Compreender como a música pode ser via de estímulo
para a ativação das redes neurais
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CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA NEUROCIÊNCIA
Para começar a discussão acerca do que acontece dentro do corpo
humano, como são produzidos os movimentos da capoeira, primeiramente
deve-se abordar alguns detalhes do objeto de estudo em questão, a
neurociência. Para então, traçar o que consiste seu significado, o histórico do
seu surgimento e a sua evolução sobre: como era e de como hoje se
apresenta dentro do âmbito educacional.
Segundo Relvas (2009, pg.75): “A neurociência é um estudo da
realização física do processo de informação no sistema nervoso humano e
animal.” Onde compreende a neurofisiologia, a neuroanatomia e a
neuropsicologia. Entender como funciona o cérebro é algo muito complexo e
demanda pesquisas minuciosas e experimentos que comprovem ou não
hipóteses que serão levantadas sobre a sua funcionalidade.
As pesquisas sobre a mente humana originou-se o que hoje pode se
chamar neurociência, onde estudiosos pensavam que esta mente surgia por
intermédio da encarnação cerebral, ou seja, através de um espírito imaterial.
Com esta ideia, começou-se a questionar qual era a relação da mente e do
cérebro, qual a contribuição que a neurociência tem com a consciência, com a
cognição e com o cérebro, desta forma iniciou estudos que abordavam os
temas da neurociência desde antigamente até nos dias de hoje.
Pode–se citar, então entre eles:
• Hipócrates- que achava que mente e cérebro era uma única coisa.
• Aristóteles – dizia que a mente existia e que ficava dentro do coração.
• Galeno – no Cristianismo, acreditava que a sede dos humanos eram os
ventrículos e que também tinha a capacidade intelectual do homem.
• Andreas Vesalius - no século XVI afirmava que nada tinha a ver a
capacidade de intelectual do ser humano com os ventrículos.
Na história antiga ainda existiam pesquisadores que contribuíram
com todo este descobrimento da neurociência, tal como Descartes que
descobriu a mente no cérebro e fez uma ligação com a glândula pineal. Onde
11
explicava as atividades do corpo pelos princípios mecânicos, físico e cérebro
funcionavam. Ainda pode-se, mencionar Franz Joseph Gall que ilustrou com
precisão as circunvoluções corticais que em 1790 veio a ser denominado como
cranioscopia – estudo de localização do cerebral, e Johann Spurzheim se
atentou sobre a relação clinica das lesões experimentais e estimulações
localizadas através da experiência de Gall, as 27 regiões, que depois veio a
ser descobertas mais 8.
E Tomas Foster que denominou os estudos de Gall e Spurzheim
de frenologia que vem do termo grego “ pererenos”, que quer dizer, para a
mente. Já Luigi Ronald constatou uma fissura no cérebro que recebeu o seu
nome depois, Pierre Broca trouxe a tona a semelhança anatômica das afasias
e acabou descobrindo uma área no cérebro que veio a ter o nome de Broca,
que é responsável pela fala.
Existiu ainda, Pierre Flourens, que desenvolveu a pesquisa
experimental, onde método usado para localização de lesões no cérebro, Carl
Wernicke responsável pela descoberta de uma área no cérebro que tem
ligação entre a fala e uma região específica do cérebro ao fazer e a
compreensão da linguagem.
Citar alguns poucos exemplos de estudiosos que começaram a
expandir, disseminar esta ciência que hoje é conhecida por Neurociência ajuda
a entender um pouco da sua trajetória e desta forma, acaba sendo mais
prazeroso embarcar nesta profunda imensidão de conceitos e de
possibilidades.
1.1 Entendo o funcionamento da base neurofisiológica na execução dos
movimentos da Capoeira
Para adentrar no funcionamento dos movimentos
neurofisiologicamente deve-se entender como é constituído toda esta
circuitaria neuronal, pois toda sua constituição é altamente complexa e
específica para cada parte do corpo.
Com base na neuroanatomia compreendesse um pouco melhor a
sua divisão e suas funções, sendo fundamental para situar a pesquisa em
questão. Então, para isto primeiramente e importante perceber
12
anatomicamente como o sistema nervoso central é dividido, e que é desta
forma: Sistema Nervoso Periférico e Sistema Nervoso Central.
Figura. 1.0- Divisão do Sistema Nervoso anatomicamente
Fonte: Bear, M.F., Connors, B. W.,& Paradiso, M.A., Neurociências – Desvendando o sistema nervoso . 2ª edição- Porto Alegre: Artmed, 2002
1.1.1 Sistema nervoso periférico
Começar a explicar a estrutura do Sistema Nervoso Periférico é
necessário para se entender como ele é composto, e que se constitui de
gânglios, de terminações nervosas e de nervos.
Os gânglios se apresentam como aglomerados de corpos celulares
de neurônios, e são os nervos que fazem a ligação do SNC aos órgãos
periféricos que tem a cor esbranquiçada com formato de cordões, e as
terminações nervosas que se localizam nas extremidades dos axônios mais
exatamente nos seus prolongamentos que se interligam com células efetoras e
células nervosas.
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Nervos
Os nervos são cordões esbranquiçados compostos de feixes de
fibras nervosas reforçadas por tecidos conjuntivos que ligam ao sistema
nervoso central aos órgãos periféricos. E tem a função de conduzir por meio
das fibras os impulsos nervosos do sistema nervoso central (impulsos
aferentes), estas fibras são constituídas em geral por mielínicas com
neurilema. Estas estruturas são altamente vascularizadas.
Os nervos, segundo Meneses (2006 ,pag,51),
Os nervos periféricos são cordões com aspectos esbranquiçados que fazem a conexão do sistema nervoso central com o resto do corpo. São formados por fibras nervosas aferentes(cutâneas, viscerais e motoras) e/ ou eferentes (somáticas e viscerais).
A condução dos impulsos nervosos sensitivos (ou aferentes)
acontece através dos prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos.
Estes neurônios que têm seu corpo localizado nos gânglios das raízes dorsais
dos nervos espinhais e nos gânglios de alguns nervos cranianos.
Nervos espinais
Originam-se da medula espinal que é formado pelas raízes dorsal e
ventral que saem da medula espinhal. O nervo espinhal é a porção que passa
para fora das vértebras através do forame intervertebral.
14
Fonte: www.infoescola.com Figura 1.2
Nervos cranianos
São aqueles que se originam no encéfalo onde fazem as conexões
com esta mesma região. Na sua maioria ligam-se ao tronco encefálico, exceto
aos nervos olfatórios e o óptico, que se ligam respectivamente ao telencéfalo e
ao diencéfalo. As fibras dos nervos cranianos podem ser classificadas em
aferentes e eferentes. Os dois tipos de fibras (aferentes e eferentes) são
divididas em somáticas e viscerais que podem ser gerais ou específicas.
15
Figura 1.3
Fonte: http://www.ebah.com.br/
Terminações nervosas
São fibras nervosas das extremidades periféricas dos nervos que
modificam sua origem dando origem a formações mais ou menos complexas,
podendo se apresentar de dois tipos: sensitivas ou aferentes (receptores) e
motoras ou eferentes. Quando estimuladas com energia de forma adequada
(luz, calor outra coisa fonte) dão origem a impulsos nervosos que vão até as
fibras que se localizam na extremidade.
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Figura 1.4
Fonte : http://pt.slideshare.net/
Estas terminações são divididas em dois tipos que se subdividem
em :
• Sensitivas ou aferentes
Receptores gerais: ocorrem em todo corpo, havendo maior
concentração na pele. Em sua maioria apresenta estruturas mais simples que
a dos receptores especiais, podendo ser de dois tipos:
• Livres: são os mais frequentes e surgem das redes nervosas sub-
epiteliais e ramificam-se entre as células da epiderme.
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Figura 1.5
• Encapsulados: são mais complexas, pois existe ramificação da
extremidade dos axônios dentro da capsula conjuntiva, também chamado de
corpúsculos sensitivo da pele.
• Receptores especiais: os receptores estão restritos a uma
determinada área. São mais complexos. Ex.: visão (retina), audição e equilíbrio
(orelha interna), gustação (língua e epiglote) e olfação (cavidade nasal).
• Existem determinados receptores, altamente especializados,
capazes de captar estímulos diversos. Tais receptores, chamados receptores
sensoriais, são formados por células nervosas capazes de traduzir ou
converter esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão
processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso central
(SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A
estrutura e o modo de funcionamento destes receptores nervosos
especializados é diversa.
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Tipos de receptores:
1) Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados
fora do organismo.
2) Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no
esqueleto e nas inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando
feixes nervosos que envolvem as fibras musculares) ou no aparelho vestibular
da orelha interna. Detectam a posição do indivíduo no espaço, assim como o
movimento, a tensão e o estiramento musculares.
3) Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a
estímulos viscerais ou outras sensações como sede e fome.
Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma
ramificação nervosa; mais complexos, formados por elementos nervosos
interconectados ou órgãos complexos, providos de sofisticados sistemas
funcionais.
Terminações nervosas motoras podem ser: 1. Somáticas – relacionam com as fibras musculares estriadas
esqueléticas através das placas motoras, se apresentando como fibra
colinérgica. Na placa motora, a terminação axônica emite finos ramos
contendo pequenas dilatações, os botões sinápticos, de onde é liberado o
neurotransmissor.
Figura 1.6
Fonte:www.emescam.br
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1.1.2 Sistema nervoso central
Esta estrutura é de tamanha importância para todo o
funcionamento do corpo humano, das ações e dos comportamentos, pois é
nele que todas as informações energéticas são captadas e decodificadas.
Assim como fala Brandão, (pag.25):
“O sistema nervoso funciona como um dispositivo capaz de perceber variações energéticas do meio externo ou interno no organismo, analisar essas variações quanto à sua qualidade, intensidade e localização para, finalmente, organizar comportamentos que constituam uma resposta adequada ao estímulo que foi apresentado ao indivíduo.“
O Sistema Nervoso Central encontra-se no interior da cavidade
craniana, no encéfalo que é subdivido em duas partes em: cérebro, tronco
encefálico, cerebelo e no canal vertebral, na medula espinal.
O cérebro anatomicamente falando, corresponde ao prosencefalo
que é divido em telencéfalo e diencéfalo, o mesencéfalo não se divide e já o
rombencéfalo se divide em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo
(bulbo). Agora, podem-se analisar estas estruturas do Sistema Nervoso Central
mais detalhadamente partindo da medula espinal.
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Medula espinal
Fonte : NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Figura. 1.7 – Medula espinal
A medula espinhal é envolvida pelos ossos da coluna vertebral e
em continuidade com o tronco encefálico. Esta estrutura tem formato caudal
que recebe e é o maior condutor de informações da pele, das articulações, dos
músculos, das vísceras que dá origem a 31 pares de nervos espinais que se
dividem em 6 pares que são: cervical superior, dilatação cervical, dorsal,
lombar, cone terminal e filamento terminal. A medula espinhal consegue se
comunicar com o corpo através dos nervos espinhais que formam o sistema
nervoso periférico, nervos estes que surgem da medula pelos espaços
existentes entre cada vertebra da coluna vertebral. Para cada nervo associa-se
a medula conforme a raiz dorsal e a raiz ventral.
Ela é constituída de corpos celulares dos neurônios localizados na
sua parte central (área acinzentada ao corte transversal), e das vias
ascendentes e descendentes que estão localizadas na periferia (aspecto
esbranquiçado).
Ao centro da medula existe uma figura que se assemelha a “letra H”,
nas partes anteriores a esta é denominada de cornos ventrais e nas partes
posteriores de cornos dorsais. A parte central desta região é chamada de
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coluna ou corno intermédio-lateral (de T1a L2e de S2a S4) e contém neurônios
autonômicos pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo.
Na região denominada como corno ventral onde se localiza as
terminações nervosas dos axônios que levam informações motoras dos
centros superiores, ocorre as sinapses com os corpos celulares denominados
neurônios motores ou motoneurônios, de onde os axônios saem para inervar
nos músculos.
É na região do Corno dorsal que existem as terminações das células
ganglionares que saem da raiz dorsal que assim trazem as informações
sensoriais da periferia. Nesta estrutura as fibras sensoriais estão altamente
organizadas.
Encéfalo
É a parte do SNC dentro do crânio, sendo dividida em três partes:
cérebro, cerebelo e tronco encefálico.
Cérebro
Este é divido anatomicamente em lobos.
Os cinco lobos cerebrais são:
Fonte: http://www.lookfordiagnosis.com/
Figura 1.8
1. Lobo Frontal - possui três áreas distintas e complementares:
Córtex motor primário
Motricidade voluntária
Córtex pré-motor
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Integração dos atos motores e sequências de ações aprendidas
Córtex pré-frontal
Planejamento e análise de consequências das ações futuras
Conexões:
Sistema límbico
Córtex pré-motor
Formação reticular
Hipotálamo
Amígdala
Hipocampo
Estruturas subcorticais
2. Lobo Parietal – possui três áreas distintas:
Área anterior: somatossensorial primária
• Recebe as sensações corporais
o Tato
o Dor
o Temperatura
Área posterior : somatossensorial de associação
• Integração, interpretação e analise de sensações
• Reconhecimento corporal pela propriocepção
• Localização espacial pela visão
Área de Wernicke : compreensão da linguagem
• Em parte no lobo parietal e em parte no lobo temporal
• Agrupa palavras para formar um pensamento coerente
3. Lobo Temporal - possui funções bem diversas:
Área auditiva primária
• Recebe as informações auditivas
Área auditiva secundária
• Integra as informações com as existentes na memória
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• Busca compreender o que está sendo ouvido
Área de Wernicke (parte)
Área visual terciária
• Lembrança de rostos e objetos
• Processamento visual geral
Memória
• Verbal e não-verbal
Controle Emocional
• Personalidade
• Controle de tendências egocêntricas
• Controle da agressividade e paranoia
4.Lobo Occipital – possui diversas áreas especializadas, e é divida
normalmente desta forma:
Área visual primária
• Recebe as informações visuais
Área visual secundária
• Integra as informações com as existentes na memória
• Busca compreender o que esta sendo visto
Áreas especializadas
Reconhecimento da dor
• Integração das imagens em movimentos
• Estabelecimento da distância entre si e um objeto ou entre um
objeto e si
• Percepção visual de profundidade
5.Lobo da Ínsula - é um lobo interno, normalmente
torna-se visível a partir do afastamento dos lobos temporal e frontal/parietal,
especialmente pelo sulco lateral. Possui funções relacionadas com:
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Correlações emocionais
• Associação de sons, cheiros ou sabores com conteúdo emocional
Percepção de estímulos
• Especialmente estímulos desagradáveis, angustiantes
Necessidades conscientes
• Fome
• Dor
• Necessidade de se drogar
Telencéfalo
Fonte : http://www.lookfordiagnosis.com/ Figura1.9
Constitui os hemisférios cerebrais direito e esquerdo separados
pela fissura longitudinal do cérebro.
A camada superficial dos hemisférios é chamada de córtex cerebral
e que mede de 2 a 6 mm de espessura. É composta de substância cinzenta,
que é formada por agrupamento de corpos celulares e na estrutura cerebral o
córtex possui giros (massa cerebral) e sulcos (espaços entre os giros).
25
Diencéfalo
Fonte:/www.google.com.br
Figura 2.0
O diencéfalo juntamente com o mesencéfalo são partes do cérebro
mais desenvolvidas. Eles são intimamente ligados, porém possuem
características distintas. O diencéfalo é situado na parte mediana na face
interior do cérebro e, é composto das seguintes regiões: hipotálamo, tálamo,
epitálamo e subtálamo.
• Hipotálamo – localizada no encéfalo abaixo do tálamo e
acima da hipófase. E considerada um das estruturas mais importantes
do sistema nervoso. Possui dimensão pequena e é formado por células
de matéria cinzenta, e ainda se conecta com outras estruturas do corpo
humano. Além disso, controla o comportamento emocional e várias
condições internas do corpo, como por exemplo, temperatura e a
vontade de comer e beber que são denominadas funções
neurovegetativas internas do encéfalo.
• Tálamo - encontra-se acima do sulco hipotalâmico, e faz
parte do sistema límbico. E constituído de substância cinzenta e
apresentam duas grandes massas ovoides de tecido nervoso, com uma
extremidade anterior pontuda, o tubérculo anterior do tálamo e outra
26
posterior, bastante proeminente, o pulvinar do tálamo. Os dois ovóides
talâmicos estão unidos pela aderência intertalâmica e relacionam-se
medialmente com o III ventrículo, a porção posterior, apresenta uma
grande eminência, que se projeta sobre os corpos geniculados lateral e
medial. O corpo geniculado medial faz parte da via auditiva, o lateral da
via óptica.
• Epitálamo - localizado na parte superior e posterior do
diencéfalo. Contém formações endócrinas e não endócrinas. A
formação endócrina é a mais importante, pois é a glândula pineal. As
formações não endócrinas são os núcleos da habênulas, situados no
trigono da habênula, nas comissuras das habênulas, nas estrias
medulares estrias medulares e na comissura posterior. Com exceção da
comissura posterior, todas as formações não endócrinas do hepitálamo
pertencem ao sistema límbico, estando, pois, relacionadas com a
regulação do comportamento emocional.
• Subtálamo - esta compreendida na zona de transição entre
o diencéfalo e o tegumento do mesencéfalo. Sua visualização é melhor
em cortes frontais do cérebro. Verifica-se que ele se localiza abaixo do
tálamo, sendo limitado lateralmente pela cápsula interna e medialmente
pelo hipotálamo. Esta situado na transição com o mesencéfalo, e
algumas estruturas mesocefálicas estendem-se até o subtálamo, como
um núcleo rubro, a substância negra e a formação reticular, constituindo
esta chamada de zona incerta do subtálamo. O subtálamo apresenta
formações de substância branca e cinzenta, sendo a mais importante o
núcleo subtalâmico. Lesões no núcleo subtalâmico provocam uma
síndrome conhecida como hemibalismo, caracterizada por movimentos
anormais das extremidades.
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Cerebelo
Fonte : http://fisioterapiapucminas.blogspot.com.br/
Figura: 2.1
É um órgão do sistema nervoso que se origina da parte dorsal do
metencéfalo que se localiza dorsalmente ao bulbo e a ponte. E constituído de
um centro de substância branca, o corpo medular do cérebro, onde concentra-
se as laminas brancas do cerebelo. Ele recebe impulsos sensitivos de
articulações, músculos, tendões, olhos, órgãos de equilíbrio, sendo
assim responsável pelos reflexos e pelos movimentos, atuando
também no tônus muscular.
28
Tronco encefálico
Fonte: http://www.afh.bio.br/
Figura 2.2
É uma estrutura do encéfalo que fica entre o tálamo e medula
localizando-se ventralmente ao cerebelo. Constituído por corpos de neurônios
que se juntam em núcleos e fibras nervosas que se agrupam em feixes
chamados tractos, fascículos ou lemniscos. Possui estruturas como o bulbo, o
mesencéfalo e a ponte. Algumas destas estruturas são responsáveis pelas
funções básicas para a manutenção da vida como: a respiração, o batimento
cardíaco e a pressão arterial.
Mesencéfalo
Fica localizado entre a ponte e o cerebelo. Esta estrutura pode ser
chamada também de pedúnculo cerebral. E nesta área que passam os
estímulos que saem e vão para o cérebro, além de ter estruturas que
controlam a postura e ativação do córtex cerebral.
Ponte
Está situada abaixo do mesencéfalo, local onde fazem as principais
conexões fronto-ponto-cerebelares por intermédio dos núcleos pontinos.
.
29
Bulbo
Fonte: www.abcdamassagem.com.b
Figura 2.3
É uma porção inferior do tronco encefálico, simultaneamente há
outros órgãos como o mesencéfalo e a ponte que estabelecem comunicação
entre o cérebro e a medula espinhal. A forma do bulbo lembra um cone
cortado, no qual a substância branca é externa e a cinzenta interna. É um
órgão condutor de impulsos nervosos e também está relacionado com funções
vitais.
1.1.3 O movimento da capoeira no sistema motor
Depois de entender um pouco das estruturas que compõem o
sistema nervoso agora o desafio e adentrar no mecanismo da execução dos
movimentos da capoeira no nosso corpo.
Para Kandel (pag. 641) “Mover as coisas é tudo o que a
humanidade pode fazer, e, para isso, o único executor é o musculo, seja para
sussurrar uma sílaba ou derrubar uma floresta”.
Para tamanho repertório de movimento que o ser humano tem, ele
conta com 640 músculos esqueléticos.
Os movimentos começam a serem processado através de
informações sensoriais corporais e do meio externo, os centros motores e a
medula espinal transmitem comandos neurais que realizam movimentos
intencionais e coordenados que agem sobre os músculos, causando
30
contrações e gerando os movimentos que são denominadas eferências
motoras. As aferências sensoriais ocorrem através da informação cinemática
que envolve posição, velocidade, aceleração da mão, ângulos articulares e
comprimentos dos músculos sem referências as forças determinantes que os
causam e da informação cinética que são aquelas forças geradas ou
experimentadas pelo corpo.
Para tamanha complexidade do processamento da ação do
movimento o sistema motor esta dividido em uma hierarquia funcional e cada
nível varia conforme as tomadas de decisões.
O primeiro nível é o mais superior e mais abstrato está ligado ao
córtex pré-frontal, pois busca a relacionar a intencionalidade do movimento, o
segundo é direcionado ao plano motor envolvendo e fazendo interação entre a
área parietal posterior e as áreas pré-motoras do córtex cerebral.
As características espaciais de um movimento são especificadas
pelo córtex pré- motor tendo como base a informação sensorial dada pelo
córtex parietal posterior acerca do ambiente e da sua posição do corpo no
espaço.
O terceiro é o mais inferior e o que coordena os detalhes temporais
e espaciais das contrações musculares necessárias para a execução do
movimento planejado. Coordenação é produzida pelo córtex motor primário,
tronco encefálico e medula espinal.
Em atividades que exigem mais elaboração tal com é o caso da
capoeira tem no córtex motor o ponto de partida. Pois é ele que conecta e dá
continuidade ao processo iniciado em áreas sensoriais e de associações do
córtex cerebral.
O córtex motor está situado no giro pré central que corresponde à
área 4 de Brodmann, onde existem células gigantes de 50 a 80 um de
diâmetro em formato de pirâmides chamadas de células piramidais ou células
de Betz. Essas células piramidais permitem a ligação através de canais direto
do cérebro para os neurônios do corno ventral da medula, os motoneurônios.
Os motoneurônios são denominados vias finais comuns, pois e através deles
que incidem os neurônios das vias reflexas, da via piramidal ou da
31
extrapiramidal, e as contrações musculares ou respostas motoras ocorrem em
ultima analise , o resultado de sua ativação.
O sistema piramidal possibilita é a via motora direta entre o córtex,
tronco encefálico e a medula espinal, pois são e a saída dos impulsos motores
dirigidos para execução dos movimentos programados, organizados e
elaborados nas zonas motoras secundárias e terciárias do córtex frontal.
32
CAPÍTULO II
IDENTIFICAR COMO É O PROCESSO DE
ARMAZENAMENTO DA MEMÓRIA NA APRENDIZAGEM
Para situar os leitores deste estudo, será feita uma sequência de
como se dá este processo de aprendizagem mediante ao armazenamento das
informações.
Primeiramente é preciso definir, o que é memória:
Segundo Izquierdo,(2011, p.11): “Memória significa aquisição,
formação, conservação e evocação de informações”. Esta curiosa capacidade
mental forma a base de nosso conhecimento, está envolvida com a orientação
no tempo e no espaço e nas habilidades intelectuais e mecânicas do corpo do
ser humano.
As memórias são feitas por células nervosas (neurônios), se
armazenam em redes de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes
neuronais ou por outras (fig.1).
Fig.1 (esquema básico de um neurônio)
Fonte : https://sinapsaprender.wordpress.com/2014/02/24/sobre-sinapses-e-aprendizagem/
É um processo complexo, que envolve troca de informações entre
os neurônios, através da transmissão sináptica, explicada abaixo por Houzel
(1999,site Cérebro Nosso de Cada Dia):
“...o que permite que a atividade elétrica de um neurônio influencie a atividade elétrica do neurônio seguinte é a transmissão sináptica, o processo de transformação de um sinal elétrico em um sinal químico, e deste sinal químico de volta em um sinal elétrico - agora, no neurônio do outro lado da sinapse. A sinapse, portanto, é esse local onde a atividade de
33
um neurônio é capaz de influenciar a atividade do outro neurônio (fig.2). Essas substâncias liberadas são os neurotransmissores, ou neuromoduladores, dependendo de sua ação sobre a célula pós-sináptica”.
Fig.2 (transmissão sináptica)
Fonte : http://www.cerebronosso.bio.br/sinapses/
A memória não está localizada em uma estrutura isolada no
cérebro; ela é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo um conjunto
de sistemas cerebrais que funcionam juntos:
O lobo temporal está localizado abaixo do osso temporal (acima das
orelhas), assim chamado porque os cabelos nesta região geralmente são os
primeiros a ser tornarem brancos com o tempo. Alguns estudos apontam esta
região como sendo particularmente importante para armazenar eventos
passados.
(Fig.3) Fonte : http://meucerebro.com/
Nesta região também existe um grupo de estruturas interconectadas
entre si que parece exercer a função da memória para fatos e eventos
(memória declarativa), entre elas está o hipocampo, as estruturas corticais
circundando-o e as vias que conectam estas estruturas com outras partes do
cérebro:
34
(Fig.5) Fonte : http://www.cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm
• O hipocampo: ajuda a selecionar onde os aspectos importantes para fatos
e eventos serão armazenados e está envolvido também com o
reconhecimento de novidades e com as relações espaciais, tais como o
reconhecimento de uma rota rodoviária.
• A amígdala: se comunica com o tálamo e com todos os sistemas
sensoriais do córtex, através de suas extensas conexões. Os estímulos
sensoriais vindos do meio externo como som, cheiro, sabor, visualização e
sensação de objetos, são traduzidos em sinais elétricos, e ativam um
circuito na amígdala que está relacionado à memória, o qual depende de
conexões entre a amígdala e o tálamo. Conexões entre amígdala e
hipotálamo, onde as respostas emocionais provavelmente se originam,
permitem que as emoções influenciem a aprendizagem, porque elas ativam
outras conexões da amígdala para as vias sensoriais, por exemplo, o
sistema visual.
• O Córtex pré-frontal: tem um papel importante na resolução de problemas
e planejamento do comportamento. Uma razão para se acreditar que o
córtex pré-frontal esteja envolvido com a memória, é que ele está
interconectado com o lobo temporal e o tálamo.
2.1. Tipos e características da Memória: Existem diferentes categorias de memórias, entre elas estão:
• A memória ultra-rápida: a retenção não dura mais que alguns
segundos;
35
• A memória de curto prazo (ou curta duração): que pode durar
minutos ou horas e serve para proporcionar a continuidade do
nosso sentido do presente;
• A memória de longo prazo (ou de longa duração): que estabelece
traços duradouros (pode durar dias, semanas ou mesmo anos). O
processo de armazenar novas informações na memória de longa
duração é chamado de consolidação. Izquierdo (2011, p.45),
De acordo com Izquierdo (2011, p.25), a nossa capacidade de
lembrar eventos não se reflete na operação de um único sistema de memória,
mas em uma combinação de no mínimo duas estratégias usadas pelo cérebro
para adquirir informação. As principais são:
• Memória operacional: ela mantém a informação viva durante poucos
segundos ou minutos, enquanto ela está sendo percebida ou
processada. Armazenamos em nossa memória operacional, o local
onde estacionamos o automóvel, uma informação que será necessária
até o momento de chegarmos ao carro, por exemplo.
• Memória declarativa (ou explícita): é a memória para fatos e eventos,
por exemplo, lembrança de datas, fatos históricos, números de telefone,
etc. Reúne tudo o que podemos evocar por meio de palavras (daí o
termo declarativa). Dividida em:
• Episódica: quando envolve eventos datados, relacionados
ao tempo. Usamos a memória episódica, por exemplo, quando
lembramos do ataque terrorista em 11 de setembro;
• Semântica: Abrange a memória do significado das
palavras (do latin "significado"), usamos este tipo de memória
ao aprender que Einstein criou a teoria da relatividade, ou que
a capital da Itália é Roma.
• Memória não-declarativa (ou implícita): Se difere da explícita
(declarativa) porque não precisa ser verbalizada (declarada). É a memória
para procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir,
jogar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc. Pode ser de
quatro subtipos:
36
• Memória adquirida e evocada por meio de "dicas" Priming (Izquierdo, 2011, p 34): memória de representação perceptual - que corresponde à imagem de um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um objeto, por exemplo, pode ser retido nesse tipo de memória implícita antes que saibamos o que é, para que serve. Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas".
• Memória de procedimentos - refere-se às habilidades e
hábitos. Conhecemos os movimentos necessários para dar um
nó em uma gravata, nadar, dirigir um carro, sem que seja
preciso descrevê-lo verbalmente.
• Memória associativa e Memória não-associativa: Estas
duas últimas estão ligadas a algum tipo de resposta ou
comportamento. Empregamos a memória associativa, por
exemplo, quando começamos a salivar pelo simples fato de
olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum
momento de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à
alimentação. Por outro lado, usamos a memória não
associativa quando, sem nos darmos conta, aprendemos que
um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho,
não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo.
2.2.2 A arte de esquecer
A memória é tão fundamental ao homem quanto o esquecimento de
certos dados, fatos ou acontecimentos. O excesso de informações e os ruídos
da nossa sociedade vêm afetando nossa saúde mental. Temos a necessidade
de "apagar" algumas lembranças para nosso bem estar. De acordo com
Izquierdo(2010), em seu livro “A arte de Esquecer”:
“De fato, é preciso esquecer, ou pelo menos manter longe da evocação certas lembranças que nos perturbam, como aquelas de medos, humilhações, desencantos amorosos e outros maus momentos. Já pensou se nos lembrássemos de todos os nossos fracassos? Passaríamos metade da vida nos remoendo. Para nossa paz de espírito, por meio de um mecanismo de autoproteção, o cérebro simplesmente inibe determinadas memórias, um fenômeno que os psicanalistas
37
chamam de repressão. E isso ocorre o tempo todo, mesmo sem percebermos".
O cérebro humano, apesar de ser fantástico processa e armazena
informações de forma limitada. Para reter novos dados a mente precisa de
intervalos de descanso e também deixar de lado memórias desnecessárias.
Seria incrível caso nos lembrássemos de cada palavra, som, gesto, imagem,
cheiro ou cada sensação que passa ao longo das nossas vidas, porém nosso
cérebro não consegue armazenar tantos dados assim.
Para Izquierdo (2010), a arte de esquecer é um dos fenômenos
mais importantes da memória, já que possibilita a mente abrir novas janelas
para adquirir mais informações.
Izquierdo (2010) ressalta também a importância dos intervalos de
descanso da mente para recompor a capacidade de absorção do
conhecimento:
"Sabe-se que o ser humano apresenta oscilações em sua capacidade de atenção, cujas ondas duram aproximadamente noventa minutos. Logo após absorver um certo número de informações consecutivas, dependendo da densidade, precisamos de um descanso para metabolizar tais dados".
Por mais que a memória humana seja muito ampla e resistente,
Izquierdo (2010), afirma em seu vídeo: “Memória”, que a nossa memória
atualmente trabalha no limite, principalmente por causa do excesso de
informações e ruídos da nossa sociedade. Somos bombardeados por
informações, vindas da televisão, computadores, celulares, internet, ipod, ipad
e outras coisas mil. Até agora não chegamos ao limite do que nossa memória
de trabalho pode suportar, porém já percebemos que todo este ruído vem
afetando e muito nossa saúde mental.
Em seu livro "Silêncio, por Favor", Izquierdo (2011) defende a
necessidade de escapar muitas vezes deste ambiente cheio de ruídos para
conseguir pensar e articular-se com profundidade:
"O ruído não é só auditivo, é visual, linguístico e multisensorial. O ruído não nos deixa distinguir os sinais que realmente nos interessam e por isso nos incomoda. Afirmo que não são os
38
estímulos em si que nos perturbam, pois os humanos estão ai para receber, analisar, filtrar e guardar informações, o problema é que estamos construindo um mundo no qual o principal hoje é o ruído e não os sinais".
Para Izquierdo (2010), as pessoas vêm absorvendo tantos códigos,
valores, ícones e imagens que acabam por não conseguir pensar com
profundidade em quase nada, o que atrapalha paralelamente a memorização,
a percepção e a sensibilidade. Nesse sentido, Izquierdo (2010) afirma que é
preciso selecionar os sinais em meio a tantos ruídos, que só poluem nossa
mente:
"Temos que discriminar informação de ruído, separar o joio do trigo, tanto para evitarmos absorver coisas que não valem a pena ser evocadas, saturando o cérebro de mediocridades, como também obtermos mais qualidade de vida, já que teremos mais tempo para fazer o que realmente importa, como, por exemplo, amar, pensar, ser nós mesmos".
2.2.3 Atenção
No que se refere a selecionar informações, uma maneira importante
pela qual a percepção se torna consciente é através da atenção que, em
essência, é a focalização consciente e específica sobre alguns aspectos ou
algumas partes da realidade. Assim sendo, nossa consciência pode,
voluntariamente ou espontaneamente, privilegiar um determinado conteúdo e
determinar a inibição de outros conteúdos vividos simultaneamente. De acordo
com, James (1890):
“Todos sabem o que é atenção. É tomar posse da mente, de forma clara e vívida, de um dos muitos que parecem ser os objetos e linhas de pensamento simultaneamente possíveis...”
Em qualquer ambiente existem vários estímulos que podem chegar
ao cérebro para serem processados. Sensações táteis, visuais, olfativas e
nossos próprios pensamentos estão presentes todo o tempo, mesmo quando
não nos damos conta deles.
39
Existem diferentes redes neurais que processam diferentes
estímulos. Então, em outras palavras, atenção pode ser definida como a
atividade neural que facilita o processamento de determinada informação
selecionada e inibe o processamento de informações concorrentes.
Toda essa atividade serve para que informações preferenciais sejam
processadas de forma eficiente, até porque se acredita que o sistema nervoso
tenha capacidade limitada de processamento. Mas fato é que ao focar a
atenção em alguma tarefa, realiza-se essa tarefa mais facilmente e de uma
forma melhor do que se não tivesse focado a atenção. Inclusive aprender e
memorizar determinada informação, isso porque atenção e memória são
processos cognitivos altamente interligados e, em alguns casos, até
dificilmente dissociados.
Uma série de fatores pode modificar a eficácia da atenção mesmo
dentro dos limites da normalidade. Vários estados emocionais podem alterar a
capacidade de atenção, ora alterando sua intensidade, ora alterando sua
tenacidade ou sua vigilância. Sob a influência de determinados alimentos, de
bebidas alcoólicas e de substâncias farmacológicas, a atenção também pode
experimentar alterações em seu rendimento e em sua eficiência.
Para que uma lembrança seja eficaz é indispensável à compreensão
do objeto sobre o qual se destina a atenção, condição essa que depende da
afetividade e do interesse.
40
2.2.4 Distribuição da Atenção
(Fig. 5) Fonte:http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/07/nosso-cerebro-
e-um-orgao-fantastico-e.html
A atenção da pessoa, num determinado momento pode estar
distribuída de várias maneiras no campo da realidade. Pode estar concentrada
num único objeto, dando-se pouca atenção ao resto, pode estar espalhada,
sem que uma parte específica esteja predominantemente em foco ou, por fim,
pode estar dividida entre vários objetos, quando então a pessoa procura
prestar atenção, simultaneamente, a duas ou mais coisas. Quanto maior a
divisão da atenção entre objetos, maior a perda de qualidade da atenção dada
a cada parte.
Atenção pode ser entendida como um holofote em uma peça de
teatro: facilita o que quer que seja visto e oculta e dificulta a visão do que não
se deseja que seja visto (fig. 6).
41
(Fig.6) Fonte : http://neuroeduca.wix.com/blog#!o-que-e-atencao/czvb
2.2.5 Aprendizagem e memória
Segundo Marta Relvas (2010), "Aprender é uma questão de foco,
organização e ritmo neural”. A aprendizagem é uma associação de memória,
atenção, concentração, interesses, desejos, estímulos intrínsecos
(neurotransmissores/hormônios) e extrínsecos (informações externas do
ambiente) que permeiam a mente e o cérebro humano.
O cérebro sozinho não possui função nenhuma, ele só estabelece
um funcionamento quando em conjunto com outros sistemas que se
interconectam, recebem e respondem aos estímulos para realizar um potencial
de atividades elétricas e químicas.
A forma de aprender está relacionada ao recebimento de estímulos
que são captados pelos sentidos. Esses estímulos conhecidos como
informações (som, visão, tato, gustação, olfato) chegam ao tálamo que é uma
estrutura no cérebro que tem a função de receber esses estímulos e reenviá-
los para áreas específicas que são responsáveis na elaboração, decodificação
e associação dessas informações. O tálamo funciona como um “aeroporto” e
junto com o hipotálamo, as amígdalas cerebrais (responsável pela emoção), e
42
o hipocampo (responsável pela memória de longo prazo), promovem as
lembranças e a aprendizagem significativa.
A prática pedagógica aparece neste contexto, mostrando caminhos
para o professor tornar-se um mediador do como ensinar com qualidade
através de recursos pedagógicos que estimulem o aluno a pensar. De acordo
com Relvas (2010), torna-se fundamental para o professor promover os
estímulos corretos no momento certo para que o aluno possa integrar, associar
e entender. Esses estímulos quando captados e aplicados no cotidiano, podem
ser transformados em uma aprendizagem significativa e prazerosa no processo
escolar.
É fundamental destacar a função da escola, pois transmite valores e
ideias que servem como espelho da sociedade em que se insere, mostrando
sob qual código ético se tecem as relações. Representam também a cultura no
espaço e no tempo físico em que a criança permanece fora de seu lugar de
origem, a família.
É importante o educador estar atento a estas questões, pois a
escola necessita junto com a família preparar para os desafios da vida
profissional, pessoal e emocional.
43
CAPÍTULO III
A RELAÇÃO DO ENSINO DA CAPOEIRA AO CONTROLE
DOS HEMISFÉRIOS: CONTROLE NEURAL
Mesmo tendo sua origem controversa e o seu surgimento está ligado ao
bojo das camadas populares, a capoeira vem adentrando em instituições de
cunho particular e publico de forma fervorosa e avassaladora, assim afirma
Jean Adriano.
Podendo ser capaz de estar presente na maioria das escolas,
universidades, academias e em outros estabelecimentos em pouco tempo. Ela
está se firmando cada vez mais em vários países e se expandindo de forma
impressionante pelo mundo.
Ao longo de sua história a Capoeira passou por diversas transformações
até se tornar um meio possível para educar. Para que ela fosse aceita,
ganhou-se uma nova roupagem, embasando-se de fundamentos filosóficos,
científicos e teóricos para se explicar os ensinamentos da Capoeiragem. Essas
transformações não ocorrem somente na forma que a capoeira iria se
apresentar, mas também naqueles que iriam mostrá-la para nós, isso se deu
através dos profissionais. Os educadores (mestres, professores e instrutores
de capoeira) passaram a estudá-la e entendê-la verdadeiramente e encará-la
de forma profissional, assim estabelecendo uma seriedade na sua relação com
o mundo e com o educando.
Desta forma, a sociedade pode ter acesso aos conhecimentos da
capoeira, que consequentemente teve a possibilidade de conhecer e
decodificar os símbolos que fundamentam a prática de ensino da Capoeira.
A Capoeira vem se inserindo de forma bastante significante em
ambientes escolares, em particular na Educação Infantil. Para ser
desenvolvido em ambientes da Educação Infantil, hoje o seu ensino é feito de
forma sistematizada e planejada.
44
Hoje a capoeira é um misto de dança, luta, jogo, arte e folclore que vem
sendo vivenciada por crianças de 0 a 5 anos. Conforme afirma Falcão (1998, p
60) “o ensino da capoeira na escola não tem o compromisso de aperfeiçoar a
técnica dos gestos em relação a um padrão preestabelecido, mas exercitá-la
com objetivos crítico-emancipatório. Deve-se olhar para a capoeira como algo
a ser estudado e não somente praticado.
Sendo assim ela tem inúmeras vertentes para ser explorada e um vasto
campo a ser utilizado para fins educativos.
Com sua inserção no ambiente escolar, somos levados a discutir seu
caráter político, socializador e de igualdade racial, conforme favorece a
integração dos sujeitos, numa abordagem igualadora e homogenia.
Algo que veio a reforçar sua legitimidade foi Lei 10.639 vem para dar
conta disso, tendo o intuito de consertar o erro da história no que se refere às
práticas culturais da comunidade negra africana e brasileira.
Segundo Bonfim (2004, pag. 2) A capoeira é fruto dessas práticas
culturais, que advém de referenciais negros e de trocas simbólicas fortemente
marcadas pelas condições de vida desumanas as quais o negro no Brasil foi
submetido. A sanção da Lei 10.639/2003 e da Resolução CNE/CP/2004 é um
passo inicial rumo à reparação humanitária do povo negro brasileiro, pois abre
caminho para a nação adotar medidas para corrigir os danos materiais, físicos
e psicológicos resultantes do racismo e de formas conexas de discriminação.
Diante da publicação da Lei, o Conselho Nacional de Educação aprovou o
parecer CNE/CP 3/2004, que institui as Diretrizes Curriculares para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africanas a serem executadas pelos estabelecimentos de ensino
de diferentes níveis e modalidades, cabendo aos sistemas de ensino, no
âmbito de sua jurisprudência, orientar e promover a formação de professores e
supervisionar o cumprimento das Diretrizes.
Essa Lei tem caráter plural, pois sua aplicação é de responsabilidade da
comunidade escolar como um todo, o maior desafio que se tem referente a
isso é a superação do preconceito de todos que fazem parte do corpo docente
45
e discente. Um dos papéis que o professor deve desempenhar e tornar
possível a superação das desigualdades raciais e sociais. A Capoeira tem
uma dinâmica bastante interessante, pois reuni pessoas de várias posições
sociais e as mantém em total harmonia.
A LEI Nº 10.639, Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e
Cultura Afro- Brasileira".
Com essa LEI, o ensino da capoeira teve um grande respaldo no âmbito
das políticas publicas. Pois, esta Lei institui o ensino de assuntos e história da
África nos currículos escolares, dessa forma a Capoeira ganha mais força no
sistema educacional brasileiro, porque acaba sendo reconhecida como
conteúdo riquíssimo para o acervo cultural do aluno, desenvolvendo não
somente o aspecto motor, mas também o cognitivo e afetivo-social.
Além disso, acaba representando a integração entre diferentes
componentes curriculares como história, educação física, geografia, física,
artes plásticas, música e outros, além de mobilizar os setores do desporto,
turismo, meio ambiente, saúde, segurança, etc... Dessa forma, se torna um
componente curricular também.
Tendo em vista que desenvolvimento psicomotor da capoeira é
caracterizado por um processo progressivo e continuo onde se dá a evolução
da cognição, da afetividade, da motricidade, da comunicação e da
sociabilidade de forma global, simultânea e integrada. A estimulação do
desenvolvimento psicomotor é essencial para a facilitação das aprendizagens
escolares. A via corporal é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. Portanto, o movimento exerce papel fundamental para o
desenvolvimento integral do ser humano. Pode-se dizer que existe relação
direta entre o desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem da leitura e da
escrita dentre outras também, pois a Capoeira consegue trabalhar de forma
integral o ser humano. A criança tem grande necessidade em movimentar-se,
46
porque a qualidade do seu comportamento motor vai depender do seu
desenvolvimento. Assim os aspectos do desenvolvimento motor até uma idade
mais avançada não devem ser descuidados, mas sim encorajados e
estimulados tanto quanto possível. Durante a prática da capoeira as pessoas
são conduzidas a um contato direto com o movimento. Ao executar as
atividades específicas da capoeira o praticante demonstra potencializar
aspectos básicos da motricidade humana. Ao trabalhar a capoeira pode
oferecer benefícios importantes no desenvolvimento motor e cognitivo,
principalmente no trabalho conjunto entre ritmo e jogo. Quando se trabalha a
capoeira busca-se a desenvolver, de forma integrada, os três domínios da
aprendizagem: psicomotor, afetivo-social e cognitivo.
O ensino da capoeira veio a contribuir para o processamento de
informações originadas do córtex cerebral, pois é ele quem produz as
contrações ou somente a intenção de contrações, pensar o movimento. Para
que haja um ganho de forças, é necessário que inúmeras estruturas se
conectem para elaborar, executar e controlar os eventos motrizes. Isso a
neurociência também explica através de fontes confiáveis.
Essas elaborações mentais do sistema atuam de forma cruzada.
Pois as fibras axonais descem pelo córtex cerebral através do braço posterior
da cápsula interna e formam a via córtico-espinal originados das células
piramidais, que seguem por um cruzamento no bulbo do tronco encefálico que
vão constituir o trato-córtico-espinal lateral. O trajeto segue até o funículo
lateral da medula, conduzindo as ordens que irão controlar os movimentos
voluntários dos músculos que estabelecem os vários membros do nosso corpo.
Assim como diz Brandão( ,pag 53) :
O feixe de fibras desse sistema recebe o nome “piramidal” porque ele percorre, na altura do bulbo, uma estrutura denominada pirâmide. Ele consiste de axônios descendentes do “trato piramidal” e das áreas do córtex nas quais eles se originam. As fibras “piramidais” descendentes do bulbo formam os tratos córtico-espinais e descem pelo funículo lateral na substância branca da medula.
47
Fonte : Brandão, Marcus Lira. A base biológica do comportamento. Introdução a
neurociência. 2004. IneC Instituto de neurociência e comportamento
Figura (7)
Nem todos os processamentos das informações das fibras se
cruzam, assim uma minoria das fibras de via córtico-espinal continua o trajeto
inicial originando assim a via córtico-espinal anterior e permanecendo ate o
funículo anterior da medula, sendo, desta forma, responsável pelo controle
voluntário dos músculos axiais e da cintura pélvica. Devido as suas estruturas
anatômicas as fibras que se cruzam permitem o controle que o cérebro exerce
de forma contralateral.
Para Brandão ( 2004, pg. 54):
Na altura do bulbo, cerca de 80% das fibras da “via piramidal” cruzam para o outro lado do tronco encefálico (decussação das pirâmides) e descem no quadrante póstero-lateral da medula (trato córtico-espinal lateral). Um número menor de fibras que não cruzam no bulbo (trato córtico-espinal anterior) desce no quadrante ântero-lateral da medula, mas essas fibras não chegam a alcançar a
48
medula lombar, terminando nos diversos níveis segmentares mais altos, quando então cruzam para o lado oposto.
Fonte: Brandão, Marcus Lira. A base biológica do comportamento. Introdução a
neurociência. 2004. IneC Instituto de neurociência e comportamento
Figura(8)
Todo este processo de estimulo e resposta é desencadeado através
das movimentações e da pratica da capoeira. Onde os praticantes são
desafiados a executar movimentos voluntários que possibilitam ao aluno a
desafiar a sua motricidade.
Como conceitua Amaral (2014, pag.117), que a motricidade é o
resultado de traduções e organizações perceptivas e motoras, expressa em
49
movimentos. Sendo assim o movimento humano e denominado como tradução
perceptivo-motoras que o individuo desenvolve, aprende e estabelece no seu
organismo.
Ao aprender a capoeira o praticante através de aulas os praticantes
são convidados ao longo dos anos a repetirem movimentações básicas de
forma sistemática tendo em vista que esta movimentação seja automatizada
para então formar uma quantidade de significativa de aparatos reflexos.
Além disso, a capoeira trabalha as funções dos hemisférios
cerebrais: esquerdo e direito. Hoje se sabe que o hemisfério direito controla o
lado esquerdo e que o esquerdo controla o lado direito. Por isso, é normal que
alguns indivíduos prefiram processar as informações em um dos lados ou em
ambos. O que confirmado por Alencar (1993, pag.58):
O que teria sido proposto aqui é que cada hemisfério teria sua especificidade: o esquerdo seria mais eficiente nos processos de pensamentos descrito como verbal, logico , enquanto o hemisférios direito seria especializado em padrões de pensamentos lógicos e analíticos que enfatiza a percepção , síntese e o arranjo geral das ideias.
O hemisfério esquerdo e direito têm suas caraterísticas. Tal como
aparece na tabela a seguir:
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFERIO DIREITO
FUNÇÃO VERBAL: SELECIONA
PALAVRAS PARA DESCREVER,
DEFINIR
FUNÇÃO NÃO VERBAL: PERCEBE
AS COISAS ATRAVÉS DE IMAGENS
SIMBOLICA: USA SIMBOLOS PARA
REPRESENTAR A HABILIDADE
PASSO A PASSO.
CONCRETA: CONCEBE COISAS EM
SUA INTEGRALIDADE.
ANALITICA: DESENVOLVE A
HABILIDADE
SINTETICA: AGRUPA
INFORMAÇÕES E FORMA NUM
TODO.
50
ABSTRATA: SELECIONA PEQUENA
PARTE DA INFORMAÇÃO PARA
REPRESENTAR O TODO.
ANALÓGICA: CMPREENDE
RELAÇÕES E PERCEBE
SEMELHANÇAS.
TEMPORAL: MARCA O TEMPO E A
SEQUÊNCIA.
NÃO TEMPORAL: NÃO POSSUI
SENSAÇÃO DE TEMPO.
RACIONAL: BUSCA RAZÃO NOS
FATOS
INTUITIVA: PREFERE SEGUIR
PALPITES OU AMOSTRAS
LÓGICA: EXTRAI CONCLUSÕES
LÓGICAS
Os hemisférios cerebrais possuem formas distintas de processar a
informação e cada hemisfério controla a metade oposta do corpo humano (ex.:
a mão esquerda é controlada pelo hemisfério direito). O hemisfério esquerdo é
responsável pela linguagem verbal, pelo pensamento lógico e abstrato e pelo
cálculo. E já o hemisfério direito controla a percepção das relações espaciais, a
formação de imagens e o pensamento concreto. Pode-se dizer que o
hemisfério esquerdo é o lado intelectual enquanto o hemisfério direito está
ligado à arte e imaginação.
Ainda relativamente ao cérebro, é neste órgão que se localizam a
sensibilidade consciente, a mobilidade voluntária e a inteligência, ao mesmo
tempo que coordena as ações voluntárias e comanda atos inconscientes.
Mesmo os hemisférios cerebrais tendo uma estrutura simétrica,
ambos com os dois lóbulos que emergem do tronco cerebral e com áreas
sensoriais e motoras, certas funções intelectuais são desempenhadas por um
único hemisfério. Geralmente, o hemisfério dominante de uma pessoa ocupa-
se da linguagem e das operações lógicas, enquanto que o outro hemisfério
controla as emoções e as capacidades artísticas e espaciais. Em quase todas
as pessoas destras e em muitas pessoas canhotas, o hemisfério dominante é
51
o esquerdo. Esses dois hemisférios são conectados entre si por uma região
denominada corpo caloso.
Para exemplificar um pouco mais sobre as funções de cada
hemisférios (figura 9 )
Fonte:http://cristalfanucci.blogspot.com.br/2014/12/radiestesia-e-radionica.html
Figura (9)
Portanto, aprender capoeira vai muito além do que jogar a perna
para cima e bater palmas. A apreender capoeira é se familiarizar com suas
principais conexões cerebrais e se organizar reorganizar através de novas
aprendizagens, é reagir e perceber o mundo onde vive, e buscar mecanismos
pra ativar as redes neurais através de associações para melhorar o ensino e
reativar memórias para consolidar a aprendizagem.
Ensinar capoeira significa estimular em grau máximo o
desenvolvimento das habilidades, competências e potencialidades de um ser
humano podem ter, pois ela modifica o praticante de dentro para fora e fora
para dentro. Pois é uma arte, jogo, dança e luta.
Além dos inúmeros benefícios fornecidos ao corpo pelas pratica da
capoeira, pode-se também podem promover mudanças significativas em nossa
52
inteligência. Como cita Daniel Amen (2013) em Mude seu cérebro, mude seu
corpo, a atividade física é o comportamento mais importante que o ser humano
pode ter para aumentar a função cerebral e manter a aparência jovem do seu
corpo. (p. 127). Ao se exercita o coração bombeia mais sangue para todo o
corpo, inclusive para o cérebro, aumentando o fluxo de sangue que chega até
ele, fornecendo mais oxigênio, nutrientes e glicose, ampliando assim a
capacidade cerebral. Esses exercícios intensificam a comunicação neuronal,
melhoram a produção de novos neurônios e aumentam à quantidade dos
neurotransmissores, que são substâncias responsáveis por levar informação
de uma célula nervosa à outra.
Na reportagem especial da Revista Galileu (2013) diz que: Qualquer
tipo de exercício faz bem para o sistema nervoso, mas as atividades aeróbicas (correr,
caminhar, andar de bicicleta, nadar) são mais eficientes no aumento do fluxo de
sangue para o cérebro e na produção das substâncias químicas que regulam o
sistema neurotransmissor. Os neurônios existentes se tornam capazes de fazer mais
conexões. Neste processo os neurotransmissores mais beneficiados são a gaba, a
dopamina, a norepinefrina, o glutamato e a serotonima, cada uma com sua função
específica. A gaba, por exemplo, é importantíssima no controle de atividade
excessiva, enquanto a dopamina atua no controle de ação, motivação, atenção e
movimento, já a norepinefrina é responsável pela ativação do sistema nervoso central,
melhorando o estado de alerta, concentração e vigilância, o glutamato age na
neuroplasticidade cerebral, o que ajuda o cérebro a se adaptar e promover novas
conexões neuronais, por fim, a serotonima controla a liberação de hormônios,
regulação do sono e do apetite, quando ocorre alteração na sua quantidade interferem
no humor, na aprendizagem, na ansiedade e no estado de depressão.
De acordo com Amen (2013): Se você estimula esses neurônios
novos através da interação mental ou social, eles se conectam com outros
neurônios e melhoram a aprendizagem. Isso indica que é necessário se
exercitar consistentemente para estimular um crescimento contínuo de células
novas no cérebro.
Por isso, praticar a capoeira Pedagógica é excelente para sua saúde
mental e corporal. Quando se pratica capoeira estamos trabalhando
fundamentos que a neurociência explica como fundamental para o
desenvolvimento do ser humano. A capoeira juntamente com neurociência
53
busca trabalhar e entender quais são as vias de estímulos para aprendizagem,
de que forma juntas podem acrescentar no processo de ensino da capoeira.
54
CAPÍTULO IV
COMPREENDENDO COMO A MÚSICA DA CAPOEIRA
PODE SER VIA DE ESTÍMULO PARA A ATIVAÇÃO DAS
REDES NEURAIS
4.1A capoeira e a musicalidade Com sua institucionalização como esporte nacional por Vargas, a
Capoeira passa a ter sua importância ampliada. A partir da década de 1970 ela
ganha o mundo passando ser praticada, de forma sistemática, em mais de 120
países, como África, Israel, China, Estados Unidos, França, Nova Zelândia,
Chile, Argentina, México dentre outros. (FALCÃO, 2008).
De acordo com Egle (2011, sp) sua prática vem sendo difundida em
escolas e universidades, academias e projetos sociais e estima-se que mais de
6 milhões de pessoas pratiquem o esporte no Brasil.
Segundo Zulu (1995), a Capoeira é um patrimônio cultural brasileiro
singular que não deve ser tratado de forma isolada pelas áreas com as quais
tem interface e sua compreensão só será possível quando ela for analisada a
partir de diferentes dimensões..
Esta Capoeira que se apresenta como Pedagógica tem por objetivo
trabalhar os aspectos sociais, afetivos e psicomotores dos alunos,
possibilitando a estes sujeitos a prática da autonomia, da emancipação e de
suas potencialidades. Conforme Santos, (1983, p. 119) upud Freitas (2006,
p.79):
Numa concepção didática consideramos a Capoeira uma atividade física completa, pois atua de maneira direta e indireta sobre os aspectos cognitivos, afetivo e motor. Sendo encarada como lúdica e instrucional, articula atividades de desenvolvimento visomotor com desenvolvimento artístico e social levando a criança a estabelecer relações a partir dela própria, fato que torna a Capoeira multidirecional, uma vez que permitirá, desde que adequadamente conduzida, desenvolver na criança noções de equilíbrio e disciplina.
55
As vertentes trabalhadas pela Capoeira Pedagógica como as
cantigas, o ritmo, o jogo e a sua história são importantes para o
desenvolvimento infantil. Trabalhando com essas vertentes, o professor pode
explorar a musicalidade, a motricidade, a percepção sensorial, além de
desenvolver a afetividade e a inclusão social de seus alunos. A prática da
Capoeira pode ainda ser um elo para o desenvolvimento da linguagem, leitura,
escrita e da lógica matemática.
Na vertente ‘musicalidade’, por exemplo, a Capoeira Pedagógica
trabalha a expressão da oralidade e outros aspectos do desenvolvimento
infantil. Suas cantigas recheadas por ditos populares e parábolas, traduzem
posturas morais, cívicas e afetivas. O manuseio dos instrumentos musicais
utilizados na execução da roda de Capoeira ajuda na coordenação motora fina
o que possibilita a melhoria da escrita por parte dos educandos. Através da
musicalidade os alunos são ainda convidados a diferenciarem os tipos de
toques do berimbau e com isso a mudança de ritmo, trabalhando juntamente à
motricidade a percepção sensorial. Portanto, esta arte é altamente musical
seja, tocada ou cantada, o ritmo é parte indissociável de seu ensino. Sendo
assim, a musicalidade é muito importante na prática do educando.
Aprender capoeira é aprender a musicalidade através dos seguintes
os sentidos: tato, visão e audição, e isto, reflete de forma direta nos cérebros
aprendentes.
Por ser altamente musical proporciona inúmeros estímulos que são
captados pelo nosso corpo e certa forma são decodificados por células
especializadas do nosso sistema nervoso central.
A musicalidade da capoeira, é feita através das cantigas que
constituem estímulos sonoros diferentes que são captados pelo córtex auditivo
e por intermédio do sistema auditivo acabam sendo convertidos em energia
elétrica.
A audição tem função de analisar e organizar os estímulos sonoros
que são recebidos de fontes e localizações diversificadas, organizando-se ou
não em grupos com ligações entre eles. Isso ocorre dependendo da dimensão
do elemento musical, seja por: frequência, amplitude, posição temporal ou
outros elementos.
56
Quando se presta atenção na música, o cérebro dá respostas que
envolvem diversas regiões cerebrais, seja quando o tocador esta tocando
algum instrumento ou cantando, neste processo são ativadas as áreas do
córtex motor e do cerebelo que estão envolvidas com o planejamento e com
execução de movimentos específicos e precisos ligados ao tocar ou cantar
determinada música.
Para Cunha ( 2010, pag 5) :
O que os estudos de Levitin e outros neurocientistas vão indicar é que as atividades e o processamento musicais mobilizam quase todas as áreas do cérebro identificadas até o momento, “indo de encontro à antiga e simplista idéia, de que a arte e a música são processadas no hemisfério direito do cérebro, e a linguagem e a matemática, no esquerdo”
Toda esta ativação acontece através dos estímulos em áreas
cerebrais que são propagados por impulsos nervosos com a função de
transmitir a outros neurônios, músculos e glândulas.
Estes impulsos nervosos surgem do corpo celular do neurônio que
por intermédio do axônio passa para o dendrito que assim transmite os
impulsos ao corpo celular.
Os neurônios são células especializadas que recebem conexões
específicas, que executam funções de apropriação e de transmissão de
decisões de algum evento particular a outros neurônios que estão relacionados
com determinado evento, ou seja, conduzem informações, sentimentos e
funções inconscientes e involuntárias do sujeito.
Esta célula é composta por (figura ):
• Corpo celular- é a parte mais importante da célula, pois, é
nela que estão às informações genéticas. Onde estão o
núcleo e as organelas, tal como, complexo golgiense,
lisossomos, ribossomos, corpúsculo de nissl, mitocôndrias e o
reticulo endoplasmático.
• Dendritos- são prolongamentos ramificados que
desempenham a função de ampliar a área de captação dos
estímulos nervosos externos a célula.
57
• Axônio - é o fio condutor para os estímulos criados pelo corpo
celular como resposta aos estímulos recebidos.
Figura (10)
Fonte:http://exercicios.brasilescola.com/exercicios- biologia/exercicios-sobre-
neuronios.htm
Os prolongamentos do neurônio que geralmente são longos e
numerosos que formam circuitos, os circuitos neurais ou redes neurais.
Estas redes são combinações de diversos tamanhos e
complexidade de neurônios. As redes podem ser simples, mas na sua maioria,
existem dois ou mais redes que interagem para executar um grau crescente de
complexidade para efetivar funções ainda mais complexas.
Conforme o tamanho e a forma dos prolongamentos, os neurônios
são classificados em:
58
Figura(11)
Fonte: http://pt.dreamstime.com/ilustra%C3%A7%C3%A3o-stock-tipos-de-neur-
nios-image52092345
• Unipolares: um único prolongamento a partir de um pólo do corpo
celular (soma)
• Bipolares: tem dois prolongamentos em polos diferentes do corpo
celular, sendo que os dendritos levam informação para a célula e o
axônio transmite essa informação para outras células.
• Pseudo-unipolar: o prolongamento que emerge do corpo celular se
divide em dois, ambos atuando como axônios, um dirige-se para a
periferia (pele, músculos) e o outro dirige-se para a medula espinal.
• Multipolares: tem apenas um axônio e muitos dendritos. Representam
o tipo de neurônio mais comum do sistema nervoso nos mamíferos
Através dos neurônios que são conduzidos os impulsos nervosos
que acabam sendo direcionados em várias direções. Estes impulsos são
transmitidos em direção ao corpo celular, passando e sendo encaminhado aos
59
dendritos. Geralmente, cada neurônio transmite impulsos apenas de seu
axônio e só recebe de axônios de ouros neurônios. Essa dinâmica de
transmissão de impulsos dependente de estruturas altamente especializadas
para dar origem, as sinapses.
Miranda Vilela( 2012) citado por Almeida( 2012) :
“Nos explica que sinapse é um junção especializada em que um terminal axonal faz contato com outro neurônio ou tipo celular. As sinapses podem ser elétricas e químicas (maioria). Para ela, as sinapses elétricas, mais simples e evolutivamente antigas, permitem a transferência direta da corrente iônica de uma célula para outra. Em invertebrados, as sinapses elétricas são comumente encontradas em circuitos neuronais que medeiam respostas de fuga. (Almeida apud Miranda Vilela, 2012, p. 37 )”
As sinapses ocorrem através da comunicação entre os neurônios e
quando acontece a passagem do sinal eletroquímico. Neste processo os
neurônios mantêm distância, ou seja, não se tocam. Esta distância este
pequeno espaçamento entre eles e denominado fenda sináptica, onde um
neurônio pré-sináptico se liga a outro neurônio pós- sináptico. Este sinal
nervoso e transmitido ao longo da membrana do neurônio passando pelos
axônios e dendritos até outros neurônios formando uma rede de comunicação,
ou seja, a rede neural.(figura )
60
Fonte: www.tecmundo.com.br
Figura (12)
Esta rede neural é responsável por toda comunicação entre o vasto
numero de neurônios existentes no corpo humano para que ocorra a
consolidação da aprendizagem. Tal como diz Relvas (2009, pag. 41),
Para tanto, o cérebro necessita de uma intrincada rede de circuito neurais, conectando suas principais áreas sensoriais e motoras, ou seja, grandes concentrações de neurônios capazes de armazenar , interpretar e emitir eficientes a qualquer estimulo, tendo também a capacidade de , a todo instante, em decorrência de novas informações , provocar modificações e rearranjos em suas conexões sinápticas , possibilitando novas aprendizagens.
O efeito da música no cérebro humano é bastante satisfatório,
principalmente em crianças que suscita grande diversidade de funções e
memórias; a memória explícita (consciente e intencional); e a memória
implícita.
A vivência musical possibilita que cada criança seja desafiada
adquira experiências musicais novas, sendo assim desafiadas a cada
momento. Essas novas experiências, influenciam na organização das áreas
cerebrais, e ajudam para que as redes neurais sejam rearranjadas através das
sinapses e que as outras já existentes possam ser reforçadas, e que outras
61
respostas sejam se tornar possíveis. Todo este processo chama plasticidade
cerebral. Assim com Relvas define (2012, pag.119) :
A plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do sistema nervoso central, ou seja, é a sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. É a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em virtude das necessidades e dos fatores do meio.
Nas crianças começa desde seu nascimento assim através dos
processos são desencadeados em diversas atividades cerebrais, e desta
forma, os seus neurônios se expandirão e se organizarão em grandes redes de
processamentos.
Por isso, que a relação que o ser humano estabelece com o meio
produz ampla modificação no cérebro possibilitando uma constante adaptação
e aprendizagem ao decorrer da vida.
A musicalidade é grande fonte de estimulo para que a criança
desenvolva estratégias de intervenção em diversas funções e atividades, o que
implica inúmeros benefícios na forma de percepção e entendimento do
indivíduo. Funções relacionadas à memória, controle de atenção, criatividade,
habilidades motoras, capacidade de planejar e organizar, além de equilíbrio
emocional que são favorecidas com a prática da música tocada e cantada,
como é o caso da capoeira.
Com a execução musical áreas do cérebro, a exemplo do cerebelo,
do tronco cerebral, incluindo os sistemas cognitivos mais avançados, como o
córtex motor (lobo pariental) e as regiões vinculadas ao planejamento, nos
lobos frontais — a parte mais avançada do cérebro, contando também com o
recrutamento do córtex visual (lobo occipital), utilizado para o processamento
da decodificação da marcação do ritmo dos instrumentos da bateria da
capoeira, tal como: berimbau, atabaque, agogô e pandeiro.
Sem dúvida, a música, é um dos maiores estímulos que podemos
oferecer ao desenvolvimento pleno de uma criança. A formação musical, além
de explorar a execução de um instrumento, inclui também a capacidade de
discriminar sons, através de diversos jogos de reconhecimento auditivo;
62
estimula a expressão corporal, desenvolvendo a capacidade de utilizar o corpo
para manifestar, através de gestos e movimentos mais amplos, a escuta
sonora; e incentiva a criação musical, contemplando atividades de
improvisação e composição com planejamento prévio que para é muito
requisitado aos praticantes da capoeira, pois é ensinado a marcação do toque
e com a pratica o praticante vai desenvolvendo e criando suas variações , mas
sem perder o compasso de toda ritualidade para assim manter a harmonia do
ritmo sem fugir da cadencia do toque.
É importante que o estudo de música envolva todos os aspectos
acima citados, para garantir melhor desempenho de todas as áreas e o amplo
aproveitamento dos benefícios da prática musical.
Para exemplificar de que forma acontece o processamento foi
traçado um pequeno resumo deste processo abaixo :
A atividade musical mobiliza o neocórtex e o cérebro reptiliano
(cerebelo, áreas do tronco cerebral e amígdala cerebral) que excitam as
células ciliares (receptoras) do ouvido interno dos centros do tronco cerebral e
que captada a intensidade do som através das fibras que entram em ação e,
assim os estímulos sonoros nas células ciliares são levados pelo nervo auditivo
até o córtex auditivo (lobo temporal).
E a especialização hemisférica do lado direito tem a função da
discriminação do contorno melódico, conteúdo emocional e timbres e o lado
esquerdo: ritmo, duração, métrica e discriminação da tonalidade. O córtex
auditivo estimula o hipocampo, cerebelo, amígdala e núcleo de accumbens.
E já Lobo frontal decodificação da estrutura e ordem temporal da música Assim como explica Octaviano (2010, pag 5):
Após o som ser transmitido por moléculas através do ar, ele chega ao tímpano, que se agita para dentro ou para fora, conforme a amplitude e volume do som que recebe, e também da altura desse som, isto é, se ele é grave ou agudo. Entretanto, nesse estágio, o cérebro recebe apenas uma informação incompleta, sem distinção do
63
que o barulho realmente representa – se ele é de vozes, do vento, de máquinas etc. O resultado final, decodificado pelo cérebro, representa uma imagem mental do mundo físico, que é gerado a partir de uma longa cadeia de eventos mentais.
Figura (13)
O processamento musical se dá em 3 etapas: percepção musical,
reconhecimento e emoção. Córtex auditivo primário e o giro temporal superior
são áreas responsáveis pela percepção musical.
O córtex primário é sensível a percepção do tom, enquanto o de
associação auditiva é sensível aos processamentos mais complexos lineares
como a melodia e não lineares como a Harmonia. O ritmo é processado no
cerebelo, nos gânglios basais e nos lobos temporais superiores. O
reconhecimento música e a emoção envolve o orbito-frontal e o sistema
límbico, eles estão envolvidos com a memória musical e com as emoções
ligadas a música.
Para Cunha ( 2010, pag.12) :
O ato de ouvir música começa nas estruturas subcorticais (núcleos cocleares, tronco cerebral e cerebelo) e avança para o córtex auditivo bilateralmente. Acompanhar uma música ou estilo musical familiar aciona outras regiões, como o
64
hipocampo – o centro da memória – e subseções do lobo frontal. Acompanhar o ritmo, marcando com os pés ou apenas mentalmente, mobiliza as redes cerebelares de regulação temporal. Já o ato de fazer música, cantando ou tocando algum instrumento – mobiliza também os lobos frontais no planejamento do comportamento, bem como o córtex motor – lobo parietal – e o córtex sensorial, para a percepção tátil, por exemplo, da digitação de um instrumento.
O córtex auditivo primário recebe os aferentes talâmicos do núcleo
geniculado medial, que por sua vez se conecta por meio de redes com o córtex
de associação auditiva, sistemas mesolímbico e outros córtices
multissensoriais.
O processamento da música é algo bem complexo ainda, mas
diante deste capitulo pode-se ter uma visão minimalista deste processo e da
sua importância no ensino formal e principalmente da Capoeira Pedagógica,
pois a musicalidade e ritualidade são fonte ricas de conhecimento no mundo
da Capoeira.
No intuito de mostrar como se dá o processo da ativação das redes
neurais busca-se a explicação na neurociência como se processa este
estimulo.
65
CONCLUSÃO
Durante muito tempo, mesmo com tantas informações, sobre os
meios de como ensinar algo dentro da sala de aula, passou a ser um desafio
constante aos profissionais. A circulação e velocidade das informações
acontecem em larga escala e para isto deve-se saber ao que recorrer para
entender o processo de ensinar e de aprender. Conhecer o mecanismo ou
simplesmente a possibilidade de como os alunos que aprendem virou algo
bem mais próximo, pois hoje, pode-se contar com ciências de tamanha
importância para o processo de ensino-aprendizagem.
A neurociência é uma ciência que veio para ajudar e mostrar que o
cérebro esta cada vez mais se tornando um órgão de tamanha importância
para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor do ser humano. Tendo base
o estudo do sistema nervoso central, pois é ele que capta e processa as
informações do meio externo e interno.
Tal como diz Brandão (2004, pag. 25):
O sistema nervoso funciona como um dispositivo capaz de perceber variações energéticas do meio externo ou interno no organismo, analisar essas variações quanto à sua qualidade, intensidade e localização para, finalmente, organizar comportamentos que constituam uma resposta adequada ao estímulo que foi apresentado ao indivíduo.
Por isso, aprender requer a atividade seja fonte de potencialização
dos neurônios e das redes neurais. Com a neurociência este caminho da
aprendizagem ficou mais nítido e passível de compreensão.
Mesmo tendo toda esta ajuda da neurociência pode-se ver que
outras ciências, veem para reforçar as teorias da aprendizagem, explicar o
processo de associação dos conhecimentos e salientar a sua importância de
no ensino. Para isto, a Capoeira Pedagógica evidencia que o sistema nervoso
central é de grande importância para sua pratica. Porque este sistema capta e
decodifica as informações através de estruturas que possibilitam a
comunicação de toda a circuitaria cerebral.
66
Além disso, a capoeira é fonte inesgotável de estimulo, pois se
trabalha com processamento do movimento no cérebro, e como este acontece
dentro do cérebro, e quais as áreas que são ativadas sem contar que se
explica como se dá a aquisição e o processo de armazenamento da memória e
de que forma isso ocorre e quais estruturas são responsáveis por isso.
Ao considerar que a neurociência tem correlação com a capoeira,
buscou-se atrelar uma relação da capoeira com o controle dos hemisférios ,
´para isto foi necessário adentrar no processo motor que também é estimulado
pela Capoeira Pedagógica. Pois é através da movimentação corporal
proporcionada pela Capoeira que o ser humano tem a possibilidade de se
trabalhar as aquisições cognitivas e afetivas. E ainda, evidencia como ocorre o
processamento das informações vinda do córtex cerebral, local onde são
produzidas as contrações ou a intenção de se mexer, e ainda, ao executar os
movimentos as respostas motoras acontecem de forma cruzada em sua
grande maioria e com isso a prática da capoeira força que o aluno
compreenda e internalize o movimento que se deseja executar. Assim, os
hemisférios são locais onde acabam sendo ativados para melhor compreensão
da informação motora levada ao cérebro, pois a capoeira ajuda e muito no
controle neural dos hemisférios. Sem contar com a questão musical que ativa
inúmeras áreas cerebrais.
Portanto, a neurociência e a capoeira são completamente ligados e
interligados, pois compartilham de inúmeros processos cerebrais e de suas
ativações. Na verdade um faz a parte de estimulação e o outro de entender
como este estímulo é processado no corpo do ser humano.
67
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70
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA NEUROCIÊNCIA 10
1.1 - Entendendo o funcionamento da base neurofisiológica na execução dos
movimentos da Capoeira 11
1.1.1 – Sistema Nervoso Periférico 12
1.1.2 – Sistema Nervoso Central 19
1.1.4 – O movimento da Capoeira no Sistema motor 29
CAPÍTULO II
IDENTICANDO COMO É O PROCESSO DE ARMAZENAGEM DA MEMORIA
NA APRENDIZAGEM 32
2.1 Tipos de características de memórias 34
2.2.2 Arte de esquecer 36
2.2.3 A atenção 38
2.2.4 Distribuição da atenção 40
2.2.5 A aprendizagem e memória 41
CAPITULO III
A RELAÇÃO DO ENSINO DA CAPOEIRA AO CONTROLE DOS
HEMISFERIOS: CONTROLE NEURAL 43