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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MARLEIDE NOGUEIRA DA SILVA O PAPEL DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA: UM OLHAR SOCIAL AOS IDOSOS QUE FREQUENTAM O GRUPO DE CONVIVÊNCIA DO CIAPREVI -CE FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

MARLEIDE NOGUEIRA DA SILVA

O PAPEL DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA: UM OLHAR SOCIAL AOS IDOSOS QUE FREQUENTAM O GRUPO DE CONVIVÊNCIA DO CIAPREVI-CE

FORTALEZA 2013

1

MARLEIDE NOGUEIRA DA SILVA

O PAPEL DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA: UM OLHAR SOCIAL AOS IDOSOS QUE FREQUENTAM O GRUPO DE CONVIVÊNCIA DO CIAPREVI-CE

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Cearense. Orientadora: Profa. Ms. Kelly Maria Gomes Menezes.

2

Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

S586p Silva, Marleide Nogueira da

O papel dos grupos de convivência: um olhar social aos

idosos que freqüentam o Grupo de Convivência do CIAPREVI-

CE / Marleide Nogueira da Silva. Fortaleza – 2013.

78f.

Orientador: Prof.ª Ms. Kelly Maria Gomes Menezes.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Serviço Social, 2013.

1. Velhice. 2. Grupo de convivência. 3. Sociabilidade. I.

Menezes, Kelly Maria Gomes. II. Título

CDU 364

3

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Eunice Nogueira e João de Castro, pelo grande incentivo em minha caminhada acadêmica.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus todo poderoso, por ter me iluminado nesta conquista e

ser o meu apoio nas horas difíceis, agradeço a ti Senhor.

A minha família, base de tudo. Aos meus pais, Eunice Nogueira e João de

Castro, pelo incentivo nesta caminhada e os valores transmitidos em nossa formação

como pessoa, que eu vou levar para o resto de minha vida.

As minhas irmãs, Edneide, Elineide e Edileide pela presença e

companheirismo. A princesinha da titia, Giulia, com seus passinhos de balé encantador.

Aos amigos de turma, com quem dividimos os momentos de dificuldades, de

crescimento e alegria.

Aos idosos do Grupo de Convivência do CIAPREVI, com suas ricas

contribuições, foram fundamentais e importantes para que este trabalho se

concretizasse.

A minha orientadora, Professora e Mestra Kelly Maria, por ter me aceitado

como sua orientanda, pela sua experiência, simplicidade e competência, que foram

muito importantes nessa trajetória.

A todos, o meu muito abrigada.

5

RESUMO

O envelhecimento populacional no Brasil vem aumentando nas últimas décadas devido às grandes mudanças ocorridas neste período. Diante disso, surge o crescimento pela procura de serviços direcionados a população idosa, no sentido de manter este segmento inserido no contexto social. Os grupos de convivência surgiram na década dos anos de 1960 e se proliferam a partir dos anos de 1970 com a proposta de ocupar o tempo livre dos idosos com atividades de lazer. Com o passar do tempo, novas ideias emergiram, no sentido de viabilizar maior suporte na assistência aos idosos que frequentam esses espaços. O objetivo geral e os específicos do presente trabalho são: pesquisar sobre os significados do Grupo de Convivência para os idosos participantes; identificar quais os motivos que levaram os idosos a participarem do grupo; descrever as atividades desenvolvidas pelos idosos no grupo e verificar quais mudanças que o grupo trouxe para vida dos idosos. O trabalho abrangeu uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Optou-se por uma abordagem metodológica quantiqualitativa e das seguintes técnicas: entrevista semi-estruturada e observação direta. Participaram deste estudo 10 idosos com idade média de 62 anos de idade, integrantes do Grupo de Convivência do CIAPREVI, Fortaleza-CE. Após a coleta dos dados, foram transcritas para leitura e avaliação dos resultados e construídas em duas categorias de análise, que foram: motivos que levam o idoso participar do grupo de convivência e mudanças recorrentes em suas vidas a partir do momento que iniciaram a frequentar o grupo. Nos resultados alcançados com o mencionado grupo, constatou-se que há um significado muito importante na vida de seus participantes, pois tem promovido o resgate de sua autonomia, qualidade de vida, sociabilidade, e, sobretudo a sua valorização como ser humano.

Palavras- chave: Velhice; Grupo de Convivência; Sociabilidade.

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ABSTRACT

Population aging in Brazil has increased in recent decades due to major changes in this period. Thus, the growth comes demand for services targeted to the elderly, to keep this thread inserted in the social context. The coexistence groups emerged in the late 1960s and proliferated from the 1970s with the proposal to occupy the free time of older adults with leisure activities. Over time, new ideas emerged, in order to enable greater support in assisting seniors who attend these spaces. The general objectives and specific to this study are: research the meanings of Group Living for the elderly participants, to identify the reasons that led the elders to join the group, describe the activities developed by the elderly in the group and verify that changes the group brought to life for the elderly. The work included a bibliographic, documentary and field research. We opted for one quantitative qualitative methodological approach and the following techniques: semi -structured interviews and direct observation. The study included 10 older adults with a mean age of 62 years, the Group of Coexistence CIAPREVI, Fortaleza-CE. After collecting the data were transcribed for reading and evaluating the results and constructed in two categories of analysis, which were reasons why the elderly participate in the support group and recurrent changes in their lives from the moment we started attending group. The results achieved with the above group, it was found that there is a very important in the lives of its participants meaning, it has promoted the rescue of their autonomy, quality of life, social life, and especially its value as a human being. Keywords: Aging; Group Living; Sociability.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa etária dos integrantes do grupo de convivência

Gráfico 2: Nível de escolaridade dos participantes

Gráfico 3: Estado civil dos idosos

Gráfico 4: Aspecto financeiro

Gráfico 5: Renda familiar do idoso

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LISTA DE SIGLAS

BPC - Benefício de Prestação Continuada

CIAPREVI - Centro Integrado de Atenção e Prevenção Contra a Pessoa Idosa

COBAP - Confederação Brasileira de Aposentados

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas.

LBA - Legião Brasileira da Assistência

LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social

MS- Ministério da Saúde

OMS- Organização Mundial da Saúde

PNI- Política Nacional do Idoso

PNAS- Política Nacional de Assistência Social

SESC- Serviço Social do Comércio

SIS- Síntese de Indicadores Sociais da População Brasileira

STDS - Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado do Ceará

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados dos sujeitos participantes da pesquisa

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11

CAPÍTULO I: O ENVELHECER NA SOCIEDADE....................................................15

1. Breve contexto histórico sobre os conceitos de velhice........................................15

1.2 Conceituando velhice e envelhecimento na contemporaneidade .......................20

1.3 O imutável processo do envelhecimento da população brasileira ......................23

1.4 As legislações de proteção ao idoso ...................................................................26

CAPÍTULO II: O PROCESSO HISTÓRICO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA... 31

2. A origem dos Grupos de Convivência ...................................................................31

2.1 Grupos de Convivência na contemporaneidade .................................................36

2.2 O Grupo de Convivência do CIAPREVI ..............................................................40

2.2.1 O perfil dos idosos ............................................................................................42

2.2.2 Sujeitos participantes da pesquisa ...................................................................48

CAPÍTULO III:............................................................................................................53

3. Percurso Metodológico ..........................................................................................53

3.1 Análise e discussão dos resultados ....................................................................55

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................65

REFERÊNCIAS..........................................................................................................68

APÊNDICES...............................................................................................................76

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INTRODUÇÃO

Os autores utilizados para contribuição deste trabalho foram: Beauvoir

(1990); Debert (1997,1999); Ferrigno; Leite; Abigalil (2006); Freitas (2004); Mascaro

(1997); Minayo (1996, 2006); Papaléo Netto (1996,2006); Shneider e Irigaray (2008),

dentre outros.

O envelhecimento populacional no Brasil vem aumentando na última

década devido às grandes mudanças ocorridas neste período; podemos citar o

declínio de fecundidade, declínio da mortalidade, melhorias na saúde, políticas

destinadas aos idosos visando uma melhor qualidade e expectativa de vida. De

acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o envelhecimento

populacional é uma conquista e um triunfo da humanidade no século XX,

ocasionado pelo incentivo às políticas de saúde pública e sociais.

O Brasil vem apresentando um acelerado processo de envelhecimento,

decorrente do declínio de mortalidade em idades mais avançadas e de uma

diminuição sustentada a partir da década de 1960, levando a uma mudança na

estrutura etária. (CARVALHO, 2003).O envelhecimento populacional consiste no

aumento da proporção de idosos numa determinada população, em decorrência da

alteração de indicadores de saúde, referentes principalmente à queda da taxa

fecundidade e à queda da taxa de mortalidade. (FREITAS, 2004).

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2010) no ano de 2000 o contingente de pessoas com mais de 60 anos no Brasil

alcançava cerca de 15 bilhões e até o ano de 2010 a proporção de idosos aumentou

de 8,6% para 11%, sendo que, no grupo etário com 80 anos ou mais, o crescimento

chegou a quase 65%. Em números absolutos, chegamos em 2010 a mais de 20

milhões de idosos.

De acordo com o Ministério da Saúde (2012), o fenômeno do

envelhecimento populacional é mundial. No Brasil, a proporção de pessoas idosas

ultrapassa 10%, o que representa em números absolutos mais de 20 milhões de

pessoas com 60 anos ou mais de idade.

A velhice é uma fase da vida em que há um período de mudanças, de

transformações, somatório das experiências vividas, dos valores e da compreensão

que cada um tem em sua vivência. A velhice bem-sucedida é assim uma condição

individual e grupal de bem-estar, físico e social, referenciada aos ideais da

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sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo

envelhece e as circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário. A

velhice bem-sucedida preserva o potencial individual para o desenvolvimento,

respeitados os limites da plasticidade de cada um. (NERI, 1995).

Atualmente, as questões relacionadas à velhice estão crescendo no

sentido de manter o idoso inserido no contexto social. Nesta perspectiva, vão

surgindo formas de inserção do idoso na sociedade. Uma delas é a formação de

grupos de convivência, com o objetivo de inserir a pessoa idosa no espaço para

colocar-se a desenvolver atividades sociais, culturais, recreativas, numa forma de

interação, inclusão social e resgatar a autonomia.

A participação de idosos nos grupos de convivência leva a um

aprendizado, uma vez que compartilham ideias, experiências e, também, ocorre

reflexão sobre o cotidiano da vida destas pessoas. (PROTTI, 2000).

Sobre grupo de convivência para idosos, Rollin (1998) e Mazo et al,

(2001b) diz em que consiste no atendimento à pessoa idosa, mediante o

desenvolvimento de atividades que favoreçam o convívio social, o fortalecimento de

práticas associativas, produtivas e promocionais e o exercício de cidadania,

contribuindo para sua sociabilização, autonomia, envelhecimento ativo e saudável.

Partindo deste contexto, esta pesquisa tem como tema: “O papel dos

grupos de convivência: um olhar social aos idosos que freqüentam o Grupo de

Convivência do CIAPREVI-CE”. A pesquisa foi realizada na área da atenção básica

em que os conceitos a serem desenvolvidos dizem respeito ao Grupo de

Convivência que funciona no mesmo prédio do Centro Integrado de Atenção e

Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (CIAPREVI), localizado na rua

Ildefonso Albano, 175,Aldeota.

Foram as seguintes questões básicas que orientaram a pesquisa: o que o

grupo de convivência significa para os idosos participantes? Quais os motivos que

levaram os idosos a participarem do grupo? Quais as atividades que os idosos

desenvolvem no grupo? Houve alguma mudança na vida dos idosos após frequentar

o grupo?

Diante destas questões norteadoras determinou-se: pesquisar sobre os

significados do grupo de convivência para os idosos participantes é o objetivo geral

da monografia. E tem como objetivos específicos: identificar quais os motivos que

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levaram os idosos a participar do grupo, descreveras atividades desenvolvidas por

eles no grupo e verificar quais mudanças o grupo trouxe para a sua vida.

O despertar para a escolha do tema foi através da disciplina de estágio

curricular obrigatório do curso de Serviço Social no CIAPREVI. É um espaço

institucional que recebe denúncias, faz averiguação através de visita domiciliar e dá

seguimento ao atendimento, com plantão social que oferece orientação e apoio

(psicológico, jurídico e social) ao idoso, vítima de violência ou em situação de risco,

mediando conflito com os envolvidos, realizando encaminhamento seguido de

monitoramento dos casos absolvidos pela rede de serviços socioassistenciais, entre

outros.

As atividades do CIAPREVI deram início em 12 de fevereiro de 2009, sua

principal missão é reduzir a violência contra a pessoa idosa, oferecendo atendimento

humanizado, com eficácia e compromisso, visando à melhoria de sua qualidade de

vida. (CIAPREVI, 2012).

Durante o período do estágio, a autora manteve contato com os idosos

que frequentam o Grupo de Convivência, devido à execução do projeto de

intervenção exigido pela disciplina, com o tema “Oficina como Instrumento de

Inovação”, na realização de oficinas, como palestras sobre os direitos dos idosos

baseando-se no Estatuto do Idoso, concurso de dança, organização da festa de

natal e carnaval, com o objetivo de incentivar um envelhecimento saudável e

trabalhar com diversas formas de aumentar a alta estima dos idosos, sob a

orientação da supervisora de campo e a coordenadora do grupo.

A presente monografia está dividida em três capítulos, em função dos

objetivos traçados: o primeiro capítulo refere-se sobre o envelhecer na sociedade,

em que se realiza um breve histórico sobre os conceitos de velhice; faz-se um

resgate sobre a velhice na Antiguidade; conceitua-se velhice e envelhecimento na

contemporaneidade; mostra-se como são vistos e tratados os idosos na sociedade;

discute-se o imutável processo do envelhecimento da população brasileira, a

respeito do crescimento da expectativa de vida da população idosa e suas

contribuições. E, finaliza-se este capítulo com as legislacões de proteção ao idoso,

retratando sobre as conquistas de direitos da pessoa idosa, desde a Constituição de

1934 até os dias atuais.

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O segundo capítulo fala sobre o processo histórico dosgrupos de

convivência no Brasil, com a origem dos grupos de convivência; descreve o

surgimento e as instituições pioneiras neste segmento; grupos de convivência na

contemporaneidade, expõe o que estes espaços proporcionam na vida do idoso e a

contribuição para sua inserção social e o grupo de convivência do CIAPREVI;

apresentam-se suas atividades e programas que contribuem para um

envelhecimento saudável, ativo e melhorias no convívio social.

O terceiro e último capítulo traz o percurso metodológico do referido

estudo e as análises dos resultados, no qual serão expostas as impressões obtidas

em cima do resultado de cada aspecto evidenciado através de entrevista com os

idosos.

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CAPÍTULO I: O ENVELHECER NA SOCIEDADE

1. Breve histórico sobre os conceitos de velhice

Devido a uma categoria denominada velhice, que engloba as

características em comum de todos os idosos em todas as épocas e culturas; é uma

empreitada vazia de sentido, tendo em vista que ser velho não é condição natural e

já dada, mas um processo construído social e culturalmente. (GUSMÃO, 2003). Para

analisar a velhice deve-se partir de um determinado contexto, que conforme o

pensamento Shneider eIrigaray (2008):

Determinar o início da velhice é uma tarefa complexa porque é difícil a generalização em relação à velhice, e há distinções significativas entre diferentes tipos de idosos e velhices. A idade é um fato pré-determinado, mas o tratamento dado aos anos depende das características da pessoa, tornando-se difícil saber que critérios utilizar para se definir o início da velhice, pois os aspectos que caracterizam este período são questões ainda controversas provocando inúmeras discussões ainda entre os profissionais e atraindo a atenção dos estudiosos. (p.589).

A definição da velhice para muitos tinha significados diferentes, para o

cientista russo Metchikoff (1908) a velhice é uma doença infecciosa crônica,

caracterizada por degeneração ou por enfraquecimento de elementos nobres e pela

atividade excessiva dos macrófagos. Tais processos causariam distúrbio no

equilíbrio das células que compõem o organismo e dariam origem a uma luta interna

que conduziria ao envelhecimento.

Nas sociedades primitivas os idosos eram objetos de veneração e de

respeito. Confúcio, nascido em 551 a.C. e falecido em 479 a.C., considerava que

todos os membros da família devem obedecer aos mais idosos. É óbvio que em sua

doutrina há uma supervalorização da tradição e dos ensinamentos dos mais velhos.

(PAPALÉO NETTO, 2006).

Durante a Antiguidade, a idade madura e a idade avançada eram

prestigiadas. Em Esparta existia um conselho dos anciãos chamado de Gerúsia,

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constituído por pessoas com mais de 60 anos. Estes idosos eram respeitados e

possuíam muita autoridade sobre o povo, tendo grandes poderes de decisão na vida

das famílias, principalmente no respeito à sobrevivência de criança recém-nascidas.

O filósofo Aristóteles 384-322 a.C. acreditava que o indivíduo nascia com

uma certa quantidade de calor interno, que iria sumindo com o passar dos anos,

considerando que a velhice significava o apagar desta chama vital. Neste sentido,

sendo um dos mais influentes filósofos do pensamento ocidental daquela época,

sugeria o desenvolvimento de métodos que evitassem a perda de calor, prolongando

a vida, fugindo pouco da mitologia utilizada até então para dar uma conotação

científica a este fenômeno. (AZEVEDO, 2001).

Na Grécia antiga, a juventude era vista com bons olhos e a velhice

discriminada. Os gregos antigos glorificavam com ardor a juventude e viam a velhice

como um flagelo e um castigo que aniquilava a força do guerreiro. Vencer a morte

era também um sonho do ideal heróico, que concentrava todo o valor da vida na

esfuziante juventude. (MASCARO, 1997).

De acordo com Mascaro (1997), a velhice foi poderosa e prestigiada em

Esparta, nas oligarquias gregas e em Roma até o século II a.C. Os jovens e os

adultos confiavam e apoiavam-se nos idoso quando as sociedades eram

tradicionais, estáveis e hierarquizadas. Mas, nos momentos de mudanças, os jovens

substituíam os idosos no comando e nos papéis sociais prestigiados.

O primeiro registro sobre idoso na visão ocidental encontra-se no Egito no

ano 2500 a.C., em que o filósofo e poeta Ptah-Hotep afirma:

Como é penoso o fim do velho! Ele se enfraquece a cada dia, a sua vista cansa, seus ouvidos tornam-se surdos, sua força declina, seu coração não tem mais repouso, sua boca torna-se silenciosa e não fala mais. Suas faculdades intelectuais diminuem, e lhe é impossível lembrar-se hoje do que aconteceu ontem. Todos os seus ossos doem. As preocupações que até antes causavam prazer só se realizam com dificuldade, e o sentimento do paladar desaparece. A velhice é pior dos infortúnios que pode afligir um homem. O nariz entope, e não se pode mais sentir nenhum odor. (BEAUVOIR, 1990, p. 114).

Na alta Idade Média, entre os séculos V ao X, período em que o sistema

feudal se estruturou, os idosos não faziam parte da mesma classe dos senhores

feudais, não tinha importância nos meios da classe dos feudos. Nesse sentido

Mascaro (1997, pp. 28 e 29) diz que:

17

Na Alta Idade Média, período de crescente desenvolvimento do feudalismo, a vida era muito árdua principalmente para os idosos que não pertenciam à camada privilegiada dos senhores feudal. A tarefa dura dos trabalhos no campo afastava os velhos das atividades e a grande maioria dos homens idosos estava excluída da vida pública. A estruturação do sistema feudal realizou-se em meio a guerras e disputa de poder. Assim, os guerreiros eram homens jovens ou adultos em pleno vigor, que tinham forca para lutar

e defender seus feudos.

Já na Baixa Idade Média, entre os séculos X e XV, com a chegada da

burguesia, surge um renascimento comercial e urbano, no qual os jovens passaram

a ser valorizados por sua força física, por possuir maior resistência e uma carga

extensa de trabalho, ocasionando assim uma desvalorização com indivíduos de

idade mais avançada. Ressalte-se ainda que as mulheres idosas nessa época

tinham uma imagem associada muitas das vezes a uma feiticeira.

Na França no século XVII, numa sociedade autoritária e absolutista, a

vida dos idosos continuava árdua. A expectativa de vida era baixa, aos 50 anos o

indivíduo não fazia mais parte na sociedade. Diferentemente do que acontecia com

o idoso que tinha muitas posses, continuavam sendo respeitados, não por sua

longevidade, mais por seu poder aquisitivo. Neste mesmo período, na Inglaterra

ocorreram melhorias para os indivíduos desfavorecidos, como a fundação de

hospitais e asilos para acolher os pobres, os doentes e os velhos que eram

abandonados.

Ainda em relação à França, na Revolução Francesa a imagem da família

e do pai era de respeito, apesar de alguns conflitos existentes na época.

A Revolução Francesa impõe alguns limites aos poderes do pai, mas sua figura ainda é poderosa, tanto no espaço público como no privado. Existiam ainda muitas tensões e conflitos na família em função das disputas entre os herdeiros. O homem idoso pertencente às classes privilegiadas era visto como uma figura nobre reverenciada, simbolizando a união dos laços familiares. Essa imagem de respeito vai acompanhá-lo durante o século XIX e começo do século XX. (MASCARO, 1997, p.32).

No século XIX na Inglaterra, com a chegada do capitalismo e a Revolução

Industrial, deu-se o início a diferenciação entre indivíduos produtores, consumidores,

ativos e inativos, com isso trazendo consequências ao processo de desigualdade, do

18

ponto de vista econômico. Diante disso, a vida dos idosos tornou-se muito difícil,

tendo seu destino comprometido. Em seus estudos Mascaro (1997, p.33) relata que,

a vida dos idosos continuou muito difícil no início do capitalismo e no século XIX, durante a Revolução Industrial. Quando os idosos não eram ricos e poderosos, seu destino estava depositado nas mãos da família, que podia tratá-los com benevolência, mas também podia esquecê-los, abandonando-os em hospitais e asilos.

Ainda sobre o parágrafo acima, Beauvoir (1990) afirma que até o século

XIX nunca se fez menção aos velhos pobres, estes eram pouco numerosos e a

longevidade só era possível nas classes privilegiadas; os idosos não representavam

rigorosamente nada. Ressalte-se que a qualidade de vida dos idosos ricos

aumentou em virtude dos grandes avanços da medicina, tendo assim melhores

condições e um prolongamento de vida.

A partir do século XX, com a nova política para a velhice, ocorrem

mudanças na estrutura social, tais como o aumento das pensões, ocasionando um

crescimento no prestígio dos aposentados, ocorrendo uma mudança dos termos de

tratamento, no surgimento de uma visão menos estereotipada da velhice: o termo

idoso. De acordo com Peixoto (1998, p.73)

para além do caráter generalizante deste termo, que homogeniza todas as pessoas de mais idade, esta designação deu outro significado ao indivíduo velho, transformando-o em sujeito respeitado. A partir de então os problemas dos velhos passaram a construir necessidades dos idosos.

Neste século começam também a surgir estudos e termos de suma

importância sobre o envelhecimento nas diversas áreas: medicina, sociologia,

economia, demografia, dentre outros. A gerontologia e a geriatria são áreas

específicas a estudar a velhice. A gerontologia é definida como uma disciplina multi

e interdisciplinar, tendo como seus objetivos o estudo das pessoas idosas. As

características da velhice enquanto fase final do ciclo da vida, o processo de

envelhecimento e os seus determinantes biopsicossociais, enquanto a geriatria têm

19

sob seus domínios os aspectos curativos e preventivos a atenção à saúde.

(PAPALÉO NETTO, 2006).

Debert (1999) destaca que no Brasil a primeira sociedade de geriatria é

fundada em 1961. É aberta a partir de 1978, também para gerontólogos, a

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Ressalte-se, ainda,

Pasinato (2004), que um dos seus objetivos era de estimular iniciativas e obras

sociais de amparo à velhice e cooperar com outras organizações interessadas em

atividades educacionais, assistenciais e de pesquisas relacionadas com a geriatria e

gerontologia.

Apesar de a sociedade moderna ter intensificado a imagem do idoso

como um ser decadente e improdutivo, no século XXI o conceito sobre este

preconceito vem mudando no decorrer do tempo; exemplo disso são idosos que

retomam a vida social, como o reinício dos estudos, passam a frequentar grupos de

convivência em busca do lazer, novas amizades, a viajar ou até mesmo retornar ao

mercado de trabalho, não esquecendo principalmente das grandes conquistas de

direito.

Essa nova imagem do idoso na sociedade brasileira é reflexo de uma

velhice vista e vivida de outra forma, não mais de uma pessoa sentada numa

cadeira de balanço, até mesmo sozinho esperando a hora e o dia passar. Sobre isto,

em seus estudos, a autora Bruno (2003) relata que um novo cenário para a velhice

poderá ser construído levando-se em conta duas atitudes fundamentais: cultivar uma

cultura da tolerância, em que o respeito às diferenças seja o valor fundamental e

considerar o ser humano como prioridade absoluta, independente de sua faixa

etária, na efetivação de políticas públicas que busquem garantir a inclusão social

para todos.

20

1.2 Conceituando velhice e envelhecimento na contemporaneidade

O envelhecimento populacional constitui-se um dos maiores desafios da

humanidade. Trata-se de um processo de mudanças, dinâmico, progressivo, natural

e cultural de todo ser vivo. Transformações as quais podem ser reconhecidas por

sinais externos do corpo e que têm sua sequência ininterrupta até a morte. Diante

disso:

O organismo humano, desde sua concepção até a morte, passa por diversas fases: desenvolvimento, puberdade, maturidade ou de estabilização e envelhecimento. É possível identificar entre as três primeiras fases marcadores físicos e fisiológicos de transição entre elas. O envelhecimento manifesta-se por declínio das funções dos diversos órgãos que, caracteristicamente, tende a ser linear em função do tempo, não se conseguido definir um ponto exato da transição, como das demais fases.(PAPALÉO & PONTE, 1996).

O envelhecimento é uma das etapas do ciclo da vida, ou seja, é um

processo natural espontâneo que se manifesta de modo heterogênea, de maneira

diferente em cada sujeito. Segmento populacional representa uma considerável

parcela da população brasileira, fenômeno de corrente do aumento da expectativa

de vida. Dentro de uma visão biogerontológica, Papaléo Netto (2002, p.10) afirma o

seguinte conceito de envelhecimento.

O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso (resultado final) constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados. [...] o envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.

Salgado (2001, p.84) também colabora a respeito do processo de

envelhecimento.

21

Num mundo tão globalizado e de mudanças tão rápidas, devemos entender que o envelhecimento não pode continuar sendo representado como um tempo derradeiro da existência humana. Apesar das perdas, sobretudo no tocante à higidez física e às mudanças de papéis, o envelhecimento é um ciclo de vida onde a presença da maturidade favorece uma postura social e de liberdade e competência para autodeterminação. Essas condições são extremamente favoráveis para a vivência de experiências, socialmente produtivas, diferenciadas das atividades econômicas anteriormente exercidas. A aproximação de idosos a grupos e o seu engajamento social e político, ou em mesmo em projetos culturais, são condições significativas para o fortalecimento do sentido humano de utilidade e para a conquista de uma visibilidade como ser socialmente produtivo, combatendo imagens preconceituosas de inutilidade da velhice.

Portanto, os termos “envelhecimento” e “velhice” são alvos de discussões

e polêmicos no universo acadêmico, porque vão de encontro às divergentes

opiniões sobre as significações do processo do envelhecimento. Jack Messy, numa

obra recente, descreve os últimos dias de Octave Mannoni.“Seu testemunho

comovedor é valioso, pois raros são os psicanalistas, Freud à parte, que falaram de

sua velhice.” Ela escreve:

A velhice não tem nada a ver com a idade cronológica. É um estado de espírito. Há ‘velhos’ de vinte anos, como há jovens de oitenta. Trata-se de uma questão de generosidade de sentimentos, mas também de uma maneira de conservar em si suficiente cumplicidade com a criança que fomos. (1999, p.14).

Tais termos e expressões são responsáveis pela construção de uma

identidade estigmatizada. A partir do século XIX, várias nomenclaturas foram

utilizadas para denominar velhice e o envelhecimento: “velho”, “velhote”, “idoso”,

“terceira idade”, “melhor idade” e assim estabeleceram diferentes significados,

levando em consideração o momento histórico e o pertencimento social (PEIXOTO,

2000). No Brasil, houve uma substituição ao termo “velho” (denotaria uma pessoa

envelhecida, com traços decadentes, frequentemente ocasionados pela pobreza),

pelo termo “idoso” que denota sinônimo de respeitabilidade e caridade com o velho

(SILVA, 2005).

A questão do envelhecimento tem sido vista também sob o prisma da

decadência física (perda de peso, diminuição da massa corpórea, cabelos grisalhos

e pele enrugada) e procurado, a cada dia com mais intensidade, prolongar o ciclo

22

biológico do ser humano, oferecendo aos idosos melhores condições de autonomia

e controle das doenças que afligem representativa parcela desta população. O

avanço da idade como um processo contínuo de perdas e dependência que daria

uma identificação de condições aos idosos é responsável por um conjunto de

imagens negativas associadas à velhice. (DEBERT, 1999).

Conforme Minayo (2006) existem três mitos que podem colaborar com o

processo discriminatório da velhice. Em primeiro lugar, a redução da velhice ao

processo orgânico e cronológico, desconsiderando que a vida é muito mais do que

processos biológicos. O segundo é a consideração do idoso como ser descartável e

decadente. Por fim, a interpretação da velhice como problema, atravessando todas

as classes e instituições sociais.

Na concepção de Mascaro (2004), a velhice faz parte de um ciclo natural

da vida, nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer e as transformações que

as caracterizam originam-se no próprio organismo e ocorrem gradualmente, no dia a

dia. Pode-se considerar que a vida é de acontecimentos e etapas e não pedaços de

vida.

Leituras feitas na disciplina de gerontologia, baseadas nos conceitos

dos autores Shneider e Irigaray (2008), destacaram as múltiplas dimensões da

velhice, divididas em quatro etapas: idade cronológica, idade biológica, idade social

e idade existencial.

A idade cronológica é medida pela passagem do tempo decorrida em

dias, meses e anos, desde o nascimento até a morte, esta é a que menos

caracteriza condições individuais. A idade biológica não está relacionada com a

idade cronológica, mas está ligada às modificações corporais e mentais que ocorrem

devido ao processo do ciclo de vida. São mudanças que fazem parte do

envelhecimento. A idade social é determinada por expectativas sociais, ou seja, é a

obtenção de hábitos e status social. Já a idade existencial é nada mais que o

acúmulo de experiências pessoais e de relacionamento acumuladas ao longo dos

anos. Portanto, exemplificadas as diferentes dimensões de idade, podemos

desenvolver um perfil de idade para qualquer indivíduo.

O aumento do número de anos é decorrente da redução nas taxas de fertilidade e do acréscimo da longevidade nas últimas décadas. Em todo o

23

mundo observam-se quedas abruptas nas taxas de fertilidade (SHNEIDER & IRIGARAY, 2008, p.586).

Segundo Messy (1999, p.15), “a tragédia da velhice não é envelhecer,

mas permanecer jovem”. Para muitos, o termo remete a algo que não é fácil de se

admitir, pois se trata de um fato natural da vida no qual existem mudanças e

transformações. A pessoa idosa começa a perceber que está perdendo algumas

funções, passa a se olhar como um ser que até o momento era desconhecido. Tão

certos quanto o fim, poucos estão preparados para esta realidade inevitável e

estranha, pois o querer de qualquer indivíduo é continuar jovem.

Em cada indivíduo, as mudanças físicas, comportamentais e sociais

desenvolvem-se em ritmos e em velocidades diferentes. Não há como negar os

sinais do processo do envelhecimento, que fazem parte do ciclo vital de

transformação de nossas vidas. Envelhecer é o processo que o ser humano

atravessa desde sua concepção até a sua morte. (NASCIMENTO, 2001).

Entretanto, as questões sobre envelhecimento e velhice precisam ser

objeto de novas propostas profissionais, investimentos sociais e de uma postura da

nossa sociedade e traçar o perfil de uma realidade que precisa ser estudada e

divulgada.

1.3 O imutável processo do envelhecimento da população brasileira

No mundo todo, a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais está

crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. O Brasil, seguindo

esta tendência, caminha aceleradamente rumo a um perfil demográfico cada vez

mais envelhecido. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011) a

população com 60 anos ou mais é de 650 milhões e estima-se que em 2050 chegará

a dois bilhões, sendo que a maioria dela localizada em países em desenvolvimento.

Segundo o senso demográfico de 2010 (IBGE 2011), a população

brasileira de hoje é de 190.755.199 milhões de pessoas, sendo que 51%, o

equivalente a 97 milhões, são mulheres e 49%, o equivalente a 93 milhões, são

24

homens. O contingente de pessoas idosas, segundo a Política Nacional do Idoso e o

Estatuto do Idoso, com 60 anos ou mais, é de 20.590.599 milhões, ou seja,

aproximadamente 10,8% da população total. Destes, 55,5% (11.434.487) são

mulheres e 44% (9.156.112) são homens. Hoje, a faixa etária de 80 anos a mais é

composta por 2.935.585 pessoas, representando 14% da população idosa brasileira.

De acordo com Freitas (2004), o processo de envelhecimento iniciou-se

nos países desenvolvidos no começo do século passado e somente a partir de 1950

tornou-se marcante nos países em desenvolvimento, portanto, com 50 anos de

defasagem. Em função da descoberta de antibióticos, no final da década de 1940, a

criação de Unidade Terapia Intensiva e das vacinas, na metade do século passado e

o conceito de mudança de vida, na década de 1960, dentre outros fatores, que

contribuíram para o aumento da longevidade.

O envelhecimento populacional brasileiro é reflexo do aumento da

expectativa de vida, devido à redução da taxa de natalidade, as melhorias na saúde,

programas voltados para a qualidade de vida. De modo que uma população se torna

envelhecida quando a proporção de idosos aumenta, ocorrendo de fato uma

redução no número de jovens, ou seja, é preciso que a fecundidade caia. (FREITAS,

2004).

Durante um longo período foi comentado que o Brasil era um país jovem,

mas, com a redução das taxas de fecundidade, o declínio da mortalidade, os

avanços tecnológicos e da medicina constituem-se em alguns dos fatores que

explicam o crescimento da população com 60 anos ou mais.

Um determinante fundamental na alteração da estrutura etária foi o

avanço da medicina, do maior acesso aos serviços de educação e saúde,

antibióticos, vacinas, nutrição adequada e saneamento, que reduziu a mortalidade-

principalmente a infantil, viabilizaram o aumento da expectativa de vida e a queda da

natalidade. (BERZINS, 2003; VERAS, 2003).

De acordo com Camarano e Pasinato (2007), além do envelhecimento da

população como um todo, está aumentando a proporção da população mais idosa,

com 80 anos ou mais, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, ou

seja, a população idosa também está envelhecendo.

O crescimento da população idosa é consequência de dois processos: a

alta fecundidade no passado, observada nos anos 1950 e 1960, comparada à

25

fecundidade de hoje e a redução da mortalidade da população brasileira.

(CAMARANO, 2004).Atualmente, a baixa taxa de fecundidade da população

brasileira está relacionada às mudanças que vêm ocorrendo no contexto familiar.

Exemplo disso é inserção da mulher no mercado de trabalho, priorizando a carreira

profissional e passando a dedicar o menor tempo à família.

A configuração do fenômeno do envelhecimento populacional coincidiu com mudanças socioculturais na sociedade relacionadas não apenas à maior participação feminina no mercado de trabalho, mas também a alteração nas estruturas das famílias. Essas mudanças tiveram impactos importantes sobre as estratégias familiares de provisão de cuidados. Se o assalariamento progressivo da mão de obra feminina acabou limitando o papel tradicional da mulher nessas estratégias, a queda da taxa de natalidade e a consequente redução do número de filhos por família também repercutiram sobre a reprodução da solidariedade intrafamiliar, na medida em que as gerações mais novas vêm encolhendo as precedentes, o que redunda na mitigação do número de cuidadores potenciais. Some-se a isso o fato de que a frequente migração dos jovens em busca de oportunidades de trabalho e de estudo fora de seus lugares de origem afasta-os de suas famílias, indisponibilizando-os para os cuidados. (IPEA, 2008, p.32).

Ressaltando ainda dados do IBGE (2011) a expectativa de vida da

população brasileira cresceu cerca de três anos entre1999 e 2009, passando a ser

73,1 anos. Segundo dados divulgados por este instituto, as mulheres têm a menor

taxa da mortalidade, representando 55,8 % da população, cuja expectativa de vida

aumentou de 73,9 para 77anos. Ainda de acordo com o IBGE, atualmente existem

quase 15 milhões (7,4%) de idosos no país e projeções conservadoras acreditam

que até 2020 este número poderá dobrar, colocando o país no sexto lugar no

ranking mundial (IBGE 2010).Em 2002 a população de idosos ultrapassou os 15

milhões de brasileiros e estima-se que ultrapasse 32 milhões em 2022. (VERAS,

2003).

Outros fatores da atualidade que vêm contribuindo também para o

crescimento da longevidade é o novo estilo de vida da população brasileira, que vem

aderindo aos hábitos alimentares saudáveis e à prática de exercício físico. As

consequências do crescente número de idosos implicam em aumento das

demandas sociais e passam a representar um grande desafio político, social e

econômico.

26

O envelhecimento populacional, aliado à falta de políticas públicas

voltadas essa nova realidade mundial preocupa a todos os segmentos da sociedade

que vivenciam este processo nos dias atuais. É relevante mencionar que viver mais

é importante, desde que se consiga agregar a qualidade de vida, quando o processo

do envelhecimento pode acarretar limitações, aumento da prevalência de doenças

crônicas e incapacitantes. (FREIRE, 2000; PAPALÉO NETTO & PONTE, 2002;

COSTA& VERAS, 2003).

Benzins (2003) também contribui em seus estudos sobre este

crescimento e as consequências deste resultado.

Problema será se as nações desenvolvidas ou em desenvolvimento não elaborarem e executarem políticas para promoverem o envelhecimento digno e sustentável e que contemple nas necessidades do grupo etário das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. As políticas e programas oficiais devem contemplar os direitos, as necessidades, as preferências e a capacidade dos idosos, reconhecendo a importância das experiências individuais dos sujeitos idosos. O desafio é e será incluir na agenda de desenvolvimento socioeconômico dos países políticas para desenvolver o envelhecimento ativo, possibilitando qualidade aos anos adicionados à vida. (p.20).

Diante do exposto, o envelhecimento populacional brasileiro nas últimas

décadas está em ritmo acelerado, devido às melhorias em vários aspectos citados

nos parágrafos acima e principalmente pelas conquistas de direitos, mas ainda

precisa muito a ser feito a este respeito.

1.4As legislações de proteção ao idoso

No Brasil, as conquistas dos direitos da pessoa idosa foram inscritos na

Constituição de 1934 (artigo nº 121),sob a forma de direitos trabalhistas e de

previdência social, que diz: “instituição de previdência, mediante atribuição igual da

União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da

maternidade e nos campos de acidente de trabalho ou por morte” e os assegurava

para indivíduos que se tornassem improdutivos no trabalho industrial.

27

A velhice no século XX era uma questão privada, voltada para o âmbito

familiar, filantrópico e religioso. Pode ter dar como exemplo a Legião Brasileira da

Assistência (LBA, 2001), que foi fundada em 28 de agosto de 1942, pela primeira

dama do país, Darcy Sarmanho Vargas, com o apoio da Federação das Associações

Comerciais e da Confederação Nacional da Indústria, tendo como objetivo ajudar as

famílias dos soldados que foram destacados à Segunda Guerra Mundial. Com o

término da guerra, tornou-se um órgão de assistência a famílias, desenvolvendo

programas direcionados ao público idoso.

Dentre os programas destaca-se o apoio à pessoa idosa, o qual consistia

em atendimento individual e grupos de convivência. O trabalho voltava-se para os

aspectos biopsicossociais, com o objetivo de desenvolver atividades recreativas e

laborativas; apoio à pessoa com deficiência, através da doação de cadeiras de

rodas, pernas mecânicas, muletas e aparelhos auditivos etc.; projeto creche, criança

na faixa etária de 0 a 6 anos, visando as mães pobres, de baixa renda e que

estivessem trabalhando. O Serviço Social do Comércio (SESC) foi fundado em 1943

pelo Decreto-Lei nº 9.850 e deu início a programas de cunho socioeducativo e

cultural voltados para o idoso.

Na década de 1970, em pleno período da ditadura, segundo Rodrigues

(2005), a Lei nº 6.119/74 instituiu a renda mensal vitalícia, no valor de 50% do salário

mínimo, para maiores de 70 anos que houvessem contribuído para a previdência ao

menos por um ano. Então, foi no final desta década que as pessoas idosas

começaram a manifestar-se em prol de seus direitos, através de organizações em

associação, despertando a atenção do Ministério da Saúde para tal questão.

Em 1982, surgiu a primeira Universidade Aberta da Terceira Idade, que na

década de 1990 teve sua expansão. Estudo realizado por Mazo (1998) mostra que a

participação dos idosos em universidades contribui para o seu cotidiano, em relação

à saúde, bem-estar físico e mental, autoestima, aceitação da velhice e suas

limitações.

Num aspecto legal, muitos avanços foram dispostos nesse período, a

partir dos artigos da Constituição Federal de 1988, merecendo destaque o artigo

230, que é relevante à população idosa, colocando como dever da família, da

sociedade e do Estado amparar os idosos, assegurando a sua participação social,

defendendo a dignidade e bem-estar, garantindo o direito à vida. Em 1990, foi

28

inaugurado a Confederação Brasileira de Aposentados (COBAP), fundamental para

a organização de luta pelo aumento dos valores das aposentadorias, pelos direitos

sociais e pela cidadania.

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei no 8.742, de 7 de

dezembro de 1993, regulamentada nos artigos 203 e 204 da Constituição de 1988,

afirma a assistência social como política pública, como direito de qualquer cidadão

brasileiro. No artigo 1° diz: “assistência social direito do cidadão e dever do Estado,

é Política de Seguridade Social não contributiva, que prevê os mínimos sociais,

realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da

sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas”. No artigo 2°,dos

seus objetivos, refere-se à pessoa idosa ao afirmar “a proteção à família, à

maternidade, à infância, à adolescência e à velhice”. (BRASIL, 1993).

Em 1994, a Política Nacional do Idoso (PNI), Lei n°8.842 foi

regulamentado o Decreto nº 1.948, cujo objetivo maior, segundo o artigo 1° é “de

assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua

autonomia, integração e participação na sociedade.” (BRASIL, 1994). A lei

supracitada cria os conselhos de direitos dos idosos e uma variedade de ações

governamentais que objetivam a implementação de políticas para os idosos em

áreas diversas: previdência, assistência, saúde, educação, habitação, lazer e

previdência social.

A PNI rege-se por cinco princípios que estão no Art. 3 da Lei

n°8.842/1994:

I – a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, seu bem-estar e o direito à vida; II- o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral e deve ser objeto de conhecimento e informação para todos; III- o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; IV- o idoso é destinatário e o principal agente das mudanças sociais propostas pela política e V- diferenças econômicas, sociais e regionais bem como as contradições entre os meios rurais e urbanos serão levadas em conta na execução nas transformações que a Política propõe.

Uma conquista recente foi o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1° de

outubro de 2003, regulamentando os direitos da faixa populacional brasileira com

29

idade igual ou superior a 60 anos. No título I referido do estatuto, nas disposições

preliminares, o artigo 2º diz: “O idoso goza de todos os direitos fundamentais

inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta

Lei”.(BRASIL, 2003,p.13).

No aspecto do direito à vida, segundo o artigo 8°: “O envelhecimento é

um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social” e o artigo 9º: “É

obrigação do Estado garantirá pessoa idosa à proteção à vida e à saúde, mediante

efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e

em condições de dignidade” e, junto com a família e a sociedade, garantir sua

liberdade e dignidade. (BRASIL, 2003,p.15).

Com esta expectativa em que são garantidos outros direitos como: a

educação, a habitação, o benefício de prestação continuada (BPC)1, que se constitui

na garantia de renda básica no valor de um salário mínimo, pode ser concedido a

partir dos 65 anos. Sobre o BPC (IPEA, 2008) considera-se que

é um dos programas mais importantes da seguridade social. Ele representou o reconhecimento do princípio da solidariedade social no campo da garantia de renda, estabelecendo o direito social não contributivo a um benefício monetário no valor de 1 salário mínimo, para os idosos e deficientes em situação de pobreza. Sua implementação tem significado a manutenção de patamares mínimos de bem-estar para mais de 2,5 milhões de famílias pobres que têm, entre seus membros, idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência incapacitadas para o trabalho e a vida autônoma. (p.58).

Segundo Silva (2005), o estatuto do idoso se torna o resultado das

mudanças históricas, políticas e sociais que o Brasil vem atravessando e exalta as

conquistas almejadas, por muitos esquecidas. Sobretudo, deve-se ter como

finalidade a inclusão do idoso, não só na valorização das conquistas de direitos, mas

também na elaboração de mecanismos de controle que garantam a sua aplicação.

Diante deste contexto, entendemos ser dever da família, do Estado e da

sociedade garantir o exercício da cidadania, zelando pela saúde, educação e

1Benefício concedido a portadores de deficiência incapacitantes para o trabalho e a segurados

maiores de 65 anos que não exerçam atividades remuneradas e cuja renda familiar mensal, por pessoa, seja inferior a R$ 95, isto é, um quarto do salário mínimo. (N.E.) (Lei n°8.842 regulamentada pelo Decreto n° 1.948).

30

segurança dos indivíduos. No tocante à pessoa idosa, percebemos que muito ainda

precisa ser pensado e mudado, principalmente quando falamos a respeito do

desinteresse da aplicabilidade da Lei do Estatuto do Idoso (2003, p. 9), que diz:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (Art. 3º Estatuto do Idoso).

Portanto, verificamos que apesar dos direitos estarem assegurados por

lei, ainda são enormes as formas de discriminação e os diversos tipos de violência

imputados aos idosos em nossa sociedade, indivíduos que em sua maioria são, mal

tratados, sejam no transporte público, nos centros de saúde, nos elevados preços de

planos de saúde, na exibição negativa da sua imagem pela mídia, bem como em

sua exclusão no mercado de trabalho.

31

CAPÍTULO II: O PROCESSO HISTÓRICO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA NO

BRASIL

2. A origem dos grupos de convivência

A velhice e o processo de envelhecimento compreendem as várias

possibilidades de analisar a situação social ocupada pelo idoso na realidade

brasileira. Entretanto, a velhice e o idoso são vistos por muitos como um “mal

necessário”, como seu dever social na comunidade e sociedade fosse cumprido,

agora é só esperar o fim vital. O problema do envelhecimento passou a ser avaliado

meramente pelos seus fatores deficitários, associados à improdutividade, à ausência

voluntária na produção (em razão, por exemplo, da aposentadoria) à deficiência e à

senilidade. (COSTA, 2004).

O convívio com pessoas na mesma fase da vida podem permitir o

compartilhamento de momentos, experiências vividas, como perdas e ganhos que

estão associados ao processo do envelhecimento, que trazem consigo perspectivas,

como a possibilidade do exercício pleno da cidadania e os caminhos abertos para

uma maior participação na vida social. Os estudiosos Rocha, Gomes e Lima (2006)

relatam sobre o assunto de que a ideia de pertencimento,

aos poucos, está modelando uma identidade que poderá constituir o perfil da novidade que se vislumbra com emergência desse novo ator social que já começa entrar em cena, num patamar de organização mais ampliada, pela via dos fóruns de representação dos conselhos de direito. Esses órgãos podem ser um grande potencial de mudanças na imagem da velhice, pois são um espaço público com capacidade de interferir nos rumos das políticas. É oportuno, pois, incentivar a participação social em diversos âmbitos, e, de caráter inicial, a organização em grupos de convivência ou atividades que proporcionem a reflexão. (p.1.035).

Os grupos de convivência na concepção de alguns autores, sobre a

função e importância que proporcionam na vida da pessoa idosa: para Kist (2008),

são espaços de inclusão social do idoso promovendo sua participação, através das

diversas atividades desenvolvidas, refletindo sobre o processo de envelhecimento, a

qualidade de vida e a valorização da própria vida. Na visão de Portella (2004), é um

32

instrumento de integração e inclusão social e, ao mesmo tempo, um espaço de

exercício dos direitos subjetivos, como a afirmação da cidadania; é perceber a sua

importância no contexto de uma intervenção promocional do envelhecer saudável

das pessoas idosas. É uma possibilidade de viver a velhice de forma livre e

responsável, assim como de ter o direito de optar por um conjunto de atividades

sociais mais adequadas à possibilidade de sua carência ou ausência de um projeto

de vida.

O crescente número de pessoas idosas no final da década de 1960 e no

início dos anos 1970, desperta o interesse para segmentos da sociedade na esfera

privada com o cuidar do idoso. A primeira experiência de grupos de convivência

ocorreu em países do Continente Europeu, disseminando-se aceleradamente para

outros países no início dos anos 1960. Essa foi, possivelmente, a primeira

concepção mais aberta do atendimento à população longeva, oferecendo

oportunidades de retorno à participação comunitária. (CABRAL, 1997). Nesta época,

ocorria uma preocupação na sociedade para a substituição das formas e termos,

muitas vezes pejorativos, utilizados para referir-se à velhice e aos idosos.

Neste mesmo período no Brasil, a questão social dos idosos não fazia

parte da agenda da sociedade brasileira. Conforme Ferrigno, Leite e Abigalil (2006,

p.1.436):

Naquela época, as poucas ações sociais propostas para os idosos tinham um caráter assistencialista, ou seja, serviam somente para suprir algumas carências básicas, como forma de minorar o sofrimento decorrente da miséria e da doença. Nessa perspectiva, as ações para esse setor confundiam-se por meio de instituições asilares, mantidas pelo Estado ou por congregações religiosas, com a finalidade exclusiva de garantir a sobrevivência física do idoso.

Diante disso, a população não tinha uma qualidade de vida digna, não

havendo “alternativas de convivência e participação para o idoso saudável física e

mentalmente.” (Idem). Nesse contexto, a população idosa era excluída da vida social

e cultural brasileira, havendo a falta de programas voltados para os idosos, dentre

outros fatores. No ano de 1960 surge o Serviço Social do Comércio (SESC)

destinado aos associados de idade mais avançada, com o intuito de reunir e realizar

33

uma série de atividades definidas como de lazer.

Um avanço de suma importância para essa iniciativa foi a realização de

uma visita aos Estados Unidos como intuito de conhecer como funcionavam seus

centros.

Em 1962, representantes do SESC foram ao EUA conhecer a proposta dos centros sociais para idosos, os Golden Age, que tinha a proposta de suprir deficiência no atendimento às necessidades decorrentes das transformações sociais. (SESC .DR.SP, 1999, p.6).

Só a partir de 1963 o SESC em Carmo, localizado na região central da

capital paulistana, com o trabalho social com idosos (TSI), pioneiro no país, deu

origem ao primeiro grupo de convivência no Brasil, que foi chamado de Carlos

Malesta, em homenagem ao assistente social. De acordo com Ferrigno, Leite

eAbigalil (2006) foi ele quem

organizou por meio de convites a comerciários aposentados que continuavam a fazer refeições no amplo restaurante daquele centro social e que ali permaneciam após o almoço, sem alternativas de preenchimento de seu tempo livre. Ao mesmo tempo, aposentados das mais diversas profissões foram também convidados por técnicos do SESC, enquanto aguardavam nas filas dos institutos de previdência da época o momento de receber seus salários. (p. 1.437).

Salienta-se que esse núcleo oferecia aos idosos a oportunidade de

ocupar o tempo livre com atividades de lazer (como festas, bailes, comemoração de

aniversários, passeios e jogos de salão), além do acesso de serviços essenciais

como alimentação e atendimento odontológico em conformidade com suas

condições econômicas (DOLL, 2006).

Os grupos têm o objetivo de estimular a autoestima, melhorias na

qualidade de vida, criar vínculos de amizade, resgatar a autonomia e compartilhar

suas angústias, problemas com aqueles que estavam vivenciando a mesma

situação. As atividades desenvolvidas no grupo ofereciam exercício de cidadania,

protagonismo e bem-estar a este público. Teixeira (2006) relata sobre essas

34

atividades ofertadas:

Os primeiros grupos de convivência de idosos SESC/São Paulo caracterizam-se fundamentalmente pelas atividades sociais, esportivas e recreativas, com uma programação que oferecia aos idosos uma série de oportunidades descontraídas para a socialização: jogos de salão, gincanas, animações musicais dançantes, bailes, passeios, trazendo como benefício a sensação de bem-estar físico e emocional decorrentes dessas atividades, depois se incluíram atividades de aprendizagem, informação, visando utilizá-lo e capacitá-lo para uma melhor integração social à sociedade, incluindo atividades como cursos e seminários sobre temas relacionados ao envelhecimento, palestras de orientação e atualização sobre previdência social, assuntos jurídicos, saúde, dentre outros. (SESC apud TEIXEIRA, 2006, p.199).

Ressalte-se ainda, ao mesmo tempo em que as atividades desse grupo

foram se diversificando, outros grupos foram surgindo em centros do SESC da

capital e do interior de São Paulo e, posteriormente, em centros sociais em outros

estados. (FERRIGNO, LEITE& ABIGALIL, 2006).

No início de seu funcionamento, o grupo Carlos Magno era composto de

maior predominância masculina; por algum tempo suas respectivas esposas

passaram a acompanhar os maridos e a frequentar o espaço assiduamente.

Atualmente, as mulheres representam maioria na composição dos participantes dos

grupos.

Conforme Cachioni (1999) salienta, em princípio os objetivos dos grupos

de convivência eram apenas educacionais. Com o passar dos anos, e juntamente

com gradativo aumento da população idosa, surgiram alguns programas

educacionais direcionados ao lazer a fim de atender ás necessidades deste setor

populacional.

É somente em 1977 que todas as unidades do SESC São Paulo

passaram a possuir grupos de convivência, oferecendo, basicamente, atividades

sociais, recreativas e esportivas. Com o passar do tempo, estes grupos começaram

a oferecer seminário e cursos sobre o papel do idoso na sociedade, palestras e

orientações sobre a previdência social, saúde, temas jurídicos, cinema, biblioteca,

atividades de expressão artística (coral, conjunto musicais, exposição de obras de

artes), dentre outros. Ofertavam, também, atividades que envolviam a comunidade,

como campanhas beneficentes, educativas, dentre outras (SESC, 2003).

35

As autoras Camarano e Pasinato (2004) referem-se à importância da

iniciativa do SESC São Paulo, no qual obtiveram seu pioneirismo, principalmente na

expansão da criação dos grupos de convivência no Brasil.

A ação do SESC revolucionou o trabalho de assistência social ao idoso, sendo decisiva na deflagração de uma política dirigida a este segmento populacional. Até então, as instituições que cuidavam da população idosa eram apenas voltadas para o atendimento asilar (p.264).

É a partir dos anos 1970 que as iniciativas se proliferam e outra

organização além do SESC foi pioneira na promoção de programas no Brasil, a

Legião Brasileira da Assistência (LBA), que teve a responsabilidade de desenvolver

programas de assistência social e principalmente assistência ao idoso. Sendo seus

dois principais projetos: Conviver e Asilar, “possibilitando a revitalização e a

construção de equipamentos da rede pública e privada de atenção ao idoso no

Brasil”. (FERRIGNO, LEITE& ABIGALIL, 2006, p.1.439).

O interesse dos programas está na possibilidade de compartilhar

experiências de recodificação do envelhecimento em uma comunidade, mas não se

pode supor que o avanço da idade, automaticamente, dissolveria distinções

socioculturais que marcaram todas as etapas anteriores da vida. (DEBERT, 1999).

A LBA assumiu um papel importante na organização e na supervisão no

trabalho com grupos de convivência, a partir de um processo de avaliação que

identificou a necessidade de atendimento mais amplo no segmento idoso, não em

apenas determinadas regiões, decidindo-se pela sua descentralização. (KIST, 2008).

Desde sua criação em 1942, a LBA é caracterizada por elaborar atividade

assistencial em prestação de serviços e autorização de recursos a usuários

carentes. Dando continuidade, passou a atuar em quase todas as áreas da

assistência social, primeiramente suprindo em sua atividade básica e logo depois a

um programa de ação permanente.

De acordo com Sales (2003, p. 32), com essa proposta de ação, a LBA

buscou atingir os seguintes objetivos:

36

promover e ressocializar o idoso, proporcionando-lhe oportunidade de ser útil; Responder de forma dinâmica a todas as necessidades expressas ou não do idoso para que se beneficie o máximo da vida grupal; desenvolver atividades, as mais variadas possíveis: recreativas, socioculturais, de produção, de auxílio e assistência que respondem às necessidades dos integrantes do grupo, que lhes dêem prazer e que contribuam para sua reiteração na sociedade. (PROJETO CONVIVER – LBA, 1993).

Em razão de uma demanda muito intensa de integração, os grupos de

convivência se constituíram como um primeiro modelo de trabalho social,

caracterizado por atividades recreativas e de confraternização. Tais grupos

multiplicaram-se pelo país afora e ainda hoje representam importante fator de

socialização, principalmente para idosos de menores recursos econômicos e

culturais. (FERRIGNO, LEITE & ABIGALIL, 2006, p.1.439).

Apesar do aumento dos grupos de convivência espalhados em todo

Brasil, a população idosa que participa desses programas é muito pequena se

comparada com a enorme população de idosos que não estão inseridos nos grupos.

2.1 Grupos de convivência na contemporaneidade

Desde o surgimento nos anos de 1963, os grupos de convivência no

Brasil se proliferam em todo o território nacional, como um fenômeno social,

proporcionando aos idosos melhor qualidade de vida. Atualmente esses espaços

são frequentados por idosos que estão à procura de lazer, qualidade de vida,

autonomia e sociabilidade. Outro fator também da atualidade é esquecer os

problemas vivenciados no novo modelo de família contemporânea, dando como

exemplo: as drogas, fator econômico, o divórcio, dentre outros, agora presentes na

vida do idoso.

Com esses novos moldes da sociedade atual, em que o idoso está

inserido e para muitos os valores não têm importância, vão surgindo inúmeros

fatores que até então não existiam no cotidiano do idoso, como citado acima. Nesse

contexto, os grupos de convivência precisam de uma metodologia renovadora,

motivadora para melhor atender essas necessidades, estimulando a

responsabilidade para o exercício da cidadania e para o protagonismo dos idosos.

37

Sobre o assunto, os autores Ferrigno, Leite eAbigalil (2006) salientam

que:

A metodologia de trabalho dos grupos de convivência está em processo de evolução de práticas sociais tuteladas e as possibilidades para ações transformadoras, colocando nas agendas do governo, das famílias, da sociedade e do próprio idoso novas formas de pensar e agir, apontando valores e programas que possibilitarão a prática de ações e articulações políticas, bem como o acesso aos serviços que contribuirão para o envelhecimento digno, ativo e saudável (p. 1.436).

O envelhecimento para muitos é visto como algo negativo, ignorado por

parte da população em geral, com isso acarretando situações que dificultam o

desenvolvimento para se viver uma velhice com qualidade de vida. Os grupos

sociais proporcionam aos idosos a descoberta de seus valores e crenças,

possibilitando-lhes identificar-se e diferenciar-se dos demais. No momento em que

passam a valorizar seu conhecimento e o seu desejo de encontrá-lo em seu interior,

passam a superar todas as dificuldades que encontram pelo caminho, o que antes

não podiam realizar por causa das condições econômicas e da restrição do tempo.

(MEDIONDO; BULLA, 2002).

A busca por estes espaços é ocasionada na maioria das vezes pela

marginalização sofrida pelos idosos, seguida pela saída de casa dos filhos, que

passam a morar sozinhos ou constituir uma família. Após a aposentadoria, sentem a

necessidade de ir em busca de encontros da mesma faixa etária e das relações

extrafamiliares. Entretanto, homens e mulheres têm buscado formas diferentes de

sociabilidade, geralmente os homens buscam a forma de sociabilidade em praças

públicas e as mulheres em trabalhos e apoios de origens religiosas e nos grupos

destinados a este público. (MOTTA, 2004).

Ressalta ainda a mesma autora que a sociabilidade extrafamília

construída nos trabalhos religiosos é do tipo tradicional e as idosas mais velhas os

frequentam sem muita constância.

Um fator muito importante na vida do idoso é o relacionamento

interpessoal, é através dele que se pode evitar a inatividade e o isolamento, assim

contribuindo para a inserção social e a qualidade de vida. Sobre relacionamento

interpessoal, ressaltem-se os aspectos de suma importância para o idoso:

38

Além da família, o convívio em sociedade permite a troca de carinho, experiências, ideias, sentimentos, conhecimentos, dúvidas, além de uma troca permanente de afeto. O idoso necessita estar engajado em atividades que o façam sentir-se útil. Mesmo quando possui boas condições financeiras, o idoso deve estar envolvido em atividades ou ocupações que proporcionem prazer e felicidade. A atividade em grupo é uma forma de manter o indivíduo engajado socialmente, onde a relação com outras pessoas contribui de forma significativa em sua qualidade de vida. O idoso precisa ter vontade de participar do grupo para que assim possa usufruir dele, aspectos estes que ajudam a melhorar e tornar mais satisfatória sua vida. (MENDES et al, 2005, p.426).

De acordo com os estudos de Póvoa (2006), os grupos de convivência

compõem um espaço de interação e encontro, que promovem reintegração social,

política e cultural do idoso e contribuem para o envelhecimento saudável. Propiciam,

ainda, “regatar a dignidade do idoso, reduzir os problemas da solidão, quebrar os

preconceitos e estereótipos, que os indivíduos tendem a internalizar.” (DEBERT,

1997, p.162).

São nestes espaços que os idosos criam vínculos de amizade e uma

relação de confiança entre seus integrantes, que não encontram mais na família e

na sociedade. É através da interação nas atividades regulares e permanentes

ofertadas que incentivam o convívio, desenvolvendo habilidades nas relações

interpessoais e proporcionando uma forma de crescimento pessoal. Essas

atividades possuem objetivos pedagógicos, lúdicos, produtivos e terapêuticos,

ocorrendo, assim, uma aproximação para um melhor relacionamento de bem-estar

entre os participantes. Kist (2011) salienta ainda que

a participação em espaços coletivos oportuniza inúmeros benefícios para o idoso com a inserção, o convívio e a interação social; relações afetivas e de amizades; compreensão da velhice e a eliminação de estereótipos negativos; descobertas de novas possibilidades e papéis sociais; fortalecimento das relações intergeracionais; novas formas de relação e sociabilidade; manutenção da capacidade funcional e conquista do envelhecimento ativo. (p.21).

Ao ingressar no grupo de convivência, o idoso começa a ter mudança em

vários aspectos de sua vida, repercutindo diretamente na melhoria da saúde física e

39

mental. Principalmente deixando de estar isolado e passando a se integrar nas

rodas de conversas, compartilhando experiências vividas com companheiros,

redescobrindo-se, vivenciando novas situações e passando a sentir-se autônomo e

livre.

Segundo o pensamento de Gomes (1995), os idosos descobrem a

existência de outros que têm a mesma idade e que ali estão reunidos com o intuito

de não estarem sós, cultivando amigos para conversar, para se distrair e não pensar

na solidão e doenças comuns da idade avançada, ou tristezas pelas perdas que

podem ocorrer e até na própria morte.

Os grupos, em geral, por se tornarem um espaço de encontro semanal,

fazem com que todos os participantes se socializem em volta de atividades, com

responsabilidade envolvendo o compromisso com o coletivo. A inserção de homens

e mulheres em espaços grupais motiva-os a despertar para a importância da

existência de políticas públicas que viabilizem sua proteção e sua inserção social,

que impeçam situações de isolamento, de solidão e evitem processos de demência,

que podem provocar a perda da autonomia. (KIST, 2011).

Os grupos de convivência para idosos devem ser incentivados e

valorizados na medida em que pertencer a um grupo é uma forma de proteção à

vulnerabilidade que naturalmente acomete o idoso: isolamento e solidão, questões

de saúde, especificamente depressão e os mais diversos tipos de violência. O

pertencimento a um grupo possibilita ao idoso desenvolvimento da autonomia e

independência. (FERRIGNO, LEITE & ABIGALIL, 2006).

Frequentar um grupo de convivência para alguns idosos mesmo, que seja

só para passar o tempo, para muitos é de grande importância e interesse, pois é

nesses espaços que vão encontrar autonomia perdida no ambiente familiar,

melhorar a qualidade de vida, devido às atividades envolvendo o coletivo, o lazer,

junto com os passeios, entre outros benefícios ofertados pelo grupo. Ressalte-se

que muitos grupos precisam de um novo método para melhor atender e despertar o

interesse dos idosos a frequentar estes espaços.

40

2.2 O Grupo de Convivência do CIAPREVI

O grupo de convivência do CIAPREVI, antes chamado de Centro

Comunitário Dom Lustosa, surgiu na década de 80, como uma unidade pertencente

à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado do Ceará (STDS),

vinculada à Coordenadoria de Proteção Social Básica. Desde sua fundação, ainda

permanece no mesmo endereço, localizado na rua Ildefonso Albano, no bairro

Meireles. No início de seu funcionamento, o grupo era composto principalmente por

idosos de baixo rendimento econômico, viúvos, aposentados.

A partir do dia 12 de setembro de 2009 foi instalada a unidade CIAPREVI,

em que deixou de ser centro comunitário, período em que ocorreu sua transição

para outro tipo de proteção social: especial-média complexidade, permanecendo

com seus integrantes. Com base neste pressuposto, o CIAPREVI, além de averiguar

denúncias de violência contra a pessoa idosa, também se propõe a desenvolver

ações e atividades preventivas no sentido de propiciar um melhor atendimento sobre

a questão do envelhecimento, atuando em situações de violência, favorecendo a um

relacionamento familiar mais saudável. (CIAPREVI, 2012). Com isso, estabeleceu-se

um novo olhar ao grupo, embora não tenha alterada a proposta inicial, que é de

desenvolver atividades socioeducativas, culturais de lazer e de sociabilidade.

O grupo de convivência de idosos do CIAPREVI faz parte da proposta de

ação efetivas em dez unidades (centros comunitários) da STDS, órgão responsável

pela implementação, execução e coordenação da Política de Assistência Social do

Estado. São espaços ordenadores das ações de proteção social básica, com a

finalidade de articular, integrar e contemplar programas, projetos, serviços e

benefícios para os cidadãos e suas famílias em situação de vulnerabilidade e risco

social, seguindo o que norteia a Política Nacional de Assistência Social (PNAS).

Os encontros acontecem semanalmente, todas as terças e quintas-feiras

no período da manhã a partir das 8 h. Inicia-se com um lanche, seguido de orações

e louvores ministrados pela coordenadora do grupo que está à frente há muito

tempo e a colaboradora. Depois, se iniciam as atividades ofertadas pelo espaço,

como a dança (o forró), principal atrativo para muitos, oficina de inclusão digital, aula

ministrada por professor qualificado, artesanato (pintura, bordado e crochê).

41

Os produtos confeccionados são vendidos no local por baixo custo, os

jogos de dama e dominó, finalizando às 12h com o almoço. Saliente-se que alguns

idosos são responsáveis pela colaboração da organização das atividades, sendo

divididos os afazeres para cada um.

No grupo de convivência são realizados eventos de grande repercussão,

com o intuito de um envelhecimento saudável através de melhorias no convívio

social, dentre eles estão: o do Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Pessoa

Idosa, comemorado no dia 1º de outubro. Para este dia é confeccionada grande

quantidade de cartazes, faixas, rosas e bandeiras brancas simbolizando a paz.

Com este material, os idosos vão às ruas fazendo a entrega das rosas e

exibindo as bandeiras, na tentativa de sensibilizar as pessoas que trafegam no local,

bem como os ocupantes de transportes particulares ou coletivos. É a oportunidade

em que o grupo é incentivado a exercitar sua valorização e reivindicar seus direitos

reconhecidos no estatuto do idoso, indo às ruas capazes de sensibilizar transeuntes

e moradores das proximidades sobre a situação de vulnerabilidade que muitos

idosos se encontram.

O Dia Internacional do Idoso é comemorado com lazer, em passeio

ofertado pela STDS. A realização dos festivais de arte e cultura é uma iniciativa

criada nesta unidade desde ano de 2006, como um instrumento para o exercício de

valorização da pessoa idosa, uma vez que se acredita na capacidade permanente

de aprender e compartilhar experiências vividas. Busca também fortalecer as ações

destinadas aos grupos de idosos e elevar a autoestima de cada participante. Em

média, 12 grupos se apresentam nos festivais que acontecem no mês de dezembro.

No mesmo mês também é comemorado o natal dos idosos, com

apresentação teatral do nascimento do menino Jesus, dança do pastoril, tendo como

principal participação a do idoso. No carnaval de rua, com o bloco “Os primeiros da

folia”, os idosos fantasiados desfilam na rua, ao som de frevos e marchinhas,

relembrando as músicas dos antigos carnavais. Outro momento de grande destaque

é o grupo de chorinho “Recordar é Viver”, que se apresenta de maneira lúdica e

descontraída, não somente no grupo, mas em eventos, em hotéis da orla de

Fortaleza. Durante estas comemorações o número de participantes é diferenciado

dos encontros semanais rotineiros.

Recentemente está ocorrendo uma evasão de idosos no grupo de

42

convivência, não se sabe o motivo real, mas a explicação pode ser porque muitos

deles também frequentam outros grupos espalhados pela cidade. Pensando nisso,

como forma de movimentar o grupo e incentivar a participação de todos, sem

esquecer o exercício da disciplina, da atenção e da competição saudável, foi criado

um sistema de aquisição de “moedas” (vintém) adquiridas através de critérios como:

a pontualidade no horário; o autocuidado; apresentações artísticas; vencer partidas

nos jogos de dominó e dama, entre outros. (CIAPREVI, 2012).

De posse das moedas os idosos adquirem o direito de realizar a troca por

mercadorias, uma vez a cada mês. São expostos vários objetos como: pequenas

cestas básicas, quites de limpeza (creme dental, escova, colônia), acessórios

(pente, escova, carteira, porta-níquel), com preços variados e correspondentes aos

valores das moedas (1um; 2 dois; 5 cinco; 10 dez e 20 vinte vinténs).

Diante disso, o grupo de convivência do CIAPREVI se propõe a

desenvolver ações e atividades no sentido de propiciar um melhor entendimento

sobre a questão do envelhecimento ativo e saudável, autonomia, o exercício da

cidadania e a inserção social.

2.2.1 O perfil dos idosos que frequentam o grupo de convivência

Pesquisando a documentação do grupo de convivência, através da ficha

de cadastro, foram constatados 93 idosos participantes, sendo 22 do sexo

masculino,correspondendoa23,6% e 71dosexofeminino,equivalendoa76,3%, assim

confirmando a maior predominância de mulheres que frequentam e participam das

atividades deste espaço, o que salienta a expressão da autora Camarano (2004, p.

29) de que “o mundo dos muito idosos é o mundo das mulheres”.

As amostras dos resultados estão na forma de gráficos, correspondentes

à faixa etária do grupo de convivência, nível de escolaridade dos participantes,

estado civil dos idosos, aspecto financeiro, renda familiar.

43

Gráfico 1 Faixa etária do integrantes do grupo de convivência

Fonte: CIAPREVI (2012).

Observa-se que a faixa etária entre 70 a 79 anos apresenta um número

muito significativo, sendo que a grande maioria (45idosos) estão nesta faixa de

idade, o que equivale a 48% do total e 39% estão na faixa de 60 a 69 anos,

somando 36 idosos. Os outros 12 estão na faixa de mais idade, entre 80 a 89 anos e

representam 13% do somatório total.

Diante destes dados, se revela a maior procura por espaços nesta faixa

etária, fase do envelhecimento; para muitos idosos, reflete a busca por coisas que

ainda não vivenciaram no decorrer de suas vidas. Principalmente as atividades de

lazer e culturais que contribuem para o relacionamento interpessoal e o convívio

social. Estes grupos foram idealizados com objetivos, atividades e propostas

diferenciadas, com espaço de lazer, sociabilidade, cultura e construção de uma

consciência de cidadania. (COSTA &CAMPOS, 2003).

39%

48%

13%

60-69

70-7980-89

44

Gráfico 2 Nível de escolaridade dos participantes

Fonte: CIAPREVI (2012)

O nível de escolaridade prevalece com maior índice para os que não

concluíram o ensino fundamental, 47 deles ou 51% do total. Depois aparecem os

não alfabetizados, 19 idosos, o que representa 20% do total. Os que concluíram o

ensino fundamental são 13 e representam 14% dos participantes. Os que não

informaram, concluíram o ensino médio ou se alfabetizaram, o que corresponde a

8%, 4% e 3% respectivamente.

Os dados revelam que o baixo nível de escolaridade dos idosos é um

reflexo da dificuldade de se ter uma educação de qualidade, pois em sua época

‘produtiva’ a maioria das pessoas não tinha condições de continuar os estudos.

Precisam trabalhar para ajudar financeiramente a família e como consequência

disso abandonavam a escola, já que os pais não possuíam condições de mantê-los.

A baixa escolaridade decorre do fato de que antigamente a escola era vista como

um lugar de elite ou mesmo inexistia a possibilidade de se trabalhar e estudar e

assim muitas pessoas mediante a necessidade de trabalhar deixavam o estudo para

o segundo plano. (GALISTEU, et al, 2006).

Para o IBGE, a escolaridade dos idosos brasileiros é ainda considerada

baixa, 30,7% com menos de um ano de instrução. Pouco menos de 12,0% vive com

renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo e 66% já se encontra

aposentada. (BRASIL, 2010).Independente de sua escolaridade o importante é a

participação does idosos no grupo, assim proporcionando-lhe melhor qualidade de

vida.

3%

20%

14%

51%

4% 8% Alfabetizado

Não-alfabetizado

Concluíram o Ensino Fundamental Não concluíram o Ensino Fundamental Concluíram o Ensino Médio

45

Gráfico 3 Estado civil dos idosos

Fonte: CIAPREVI (2012)

O estado civil também foi analisado para comporá análise, comprovando-

se que 39% do grupo é constituído por viúvos, compreendendo 36 idosos; os

casados são 23, totalizando 25%; os solteiros e os separados representam 17

idosos, equivalendo-se a 18% e 16 idosos referem-se a 17%, respectivamente;

apenas 1 não informou. Nota-se que a maior predominância é de idosos viúvos, que

vão à procura desses espaços após a perda do companheiro/a, por se sentirem

sozinhos, assim evitando o isolamento e a solidão.

Para enfrentar estas mudanças, por um lado é necessário que os idosos

recriem novas alternativas de participação, lazer e ocupação do tempo livre, mas,

por outro lado, é imprescindível que a sociedade garanta o desenvolvimento integral

e permanente do homem também nesta etapa da vida. (BULLA& KUNZLER, 2005).

Os idosos buscam, nestes ambientes, algo novo em suas vidas, passam a

participar de atividades de seu interesse, de eventos, viagens e a criar vínculos de

amizade com os participantes de seu grupo etário.

25%

18%

17%

39%

1%

Casado

Solteiro

Separado

Viúvo

Não consta

46

Gráfico 4 Aspecto financeiro

Fonte: CIAPREVI (2012).

Os cadastros analisados apontam a prevalência para os aposentados,

representando 62% do grupo, ou seja, 58 deles; o restante, 17%, é pensionista e

equivalem a 16 idosos e 11% recebem benefício, correspondente a 10 idosos. Os

7% representam 6 idosos que se apresentaram como trabalhadores autônomos e 3

não informaram. Convém ressaltar que 7 idosos relataram que exercem algum tipo

de atividade rentável além da sua renda fixa (aposentadoria, pensão ou benefício), 6

idosos informaram que são beneficiários e recebem outra renda e 4 relataram que

são pensionistas e aposentados.

Ressalte-se que os idosos que possuem um complemento rentável, seus

produtos mais comuns comercializados são: rendas artesanais, crochê, artigos de

beleza vendidos em revistas, comida e vestuário. Na maioria das vezes, este

complemento é para pagar dívidas realizadas por empréstimos ou até mesmo dar

uma ajuda financeira aos filhos, pois só com sua renda não dá para sanar as

despesas.

Os idosos trabalhadores ocupam o papel central na vida das famílias, em

que os mais jovens estão desempregados ou subdesempregados e assumem papel

de provedores do domicílio; os idosos mantêm o poder de negociação com as

demais gerações com quem convivem. (COUTRIM, 2006).

Ainda a mesma autora ressalta (p.376) que os rendimentos provenientes

62% 11%

17%

7% 3%

Aposentado

Beneficiário

Pensionista

Trabalhador autônomo Não consta no cadastro

47

do trabalho também auxiliam na manutenção da família em momentos de dificuldade

dos filhos, quando se encontram em situação de desemprego ou quando não

possuem recursos suficientes para apagar aluguel ou construir sua própria casa.

Gráfico 5 Renda familiar do idoso

Fonte: CIAPREVI (2012).

Constata-se que 42idosos (45,16%) recebem de 0 a 1 salário mínimo; os

41idosos (44,08%) recebem de 1 a 3 salários mínimos; os 7,52% são idosos que

recebem acima de 3 salários mínimos e somente de 3 não constam informações.

Percebe-se que há pouca diferença entre números de idosos que recebem um valor

de 1 salário mínimo a 3 salários mínimos.

Com os atuais arranjos familiares, muitos idosos estão assumindo o papel

de chefe de família, se responsabilizando em manter financeiramente seus filhos e

netos que coabitam no mesmo espaço. O que colabora para este acontecimento são

os altos índices de desemprego, nascimentos de filhos fora do casamento, divórcios,

etc. Os filhos têm permanecido ou retornado para a casa dos pais, mantendo-se

assim o idoso ou a idosa como chefe de família e com novos encargos que até duas

décadas atrás não eram tão expressivos. (COUTRIM, 2006).

Apesar de os idosos já terem criados seus filhos, ainda continuam com

esta responsabilidade, agora também são com seus netos que dependem deles, em

0 a 1 S.M 1 a 3 S.M Mais de 3 S. M

Não consta

0

10

20

30

40

50 42

41

7

3 0 0 0 0

48

que nessa fase deveriam estar sem nenhuma preocupação, que pudesse

comprometer sua saúde.

2.2.2 Sujeitos participantes da pesquisa

Para a realização da pesquisa, foram entrevistados 10 idosos e a escolha

foi aleatória, sendo que todos são do sexo feminino. Sobre este assunto, nos

estudos de Ferrigno, Leite e Abigalil (2006, p. 1.437) chama a atenção para a

“decorrência do fenômeno que os cientistas sociais têm chamado de feminização

da velhice2”, pois nenhum participante do sexo masculino demonstrou interesse em

contribuir para a coleta dos dados.

Os mesmos autores ainda expõem sobre a predominância feminina e os

inúmeros de fatores que explicam a grande maioria das idosas nestes grupos.

Os homens tendem a trabalhar durante mais tempo. Muito deles, aliás, além da necessidade de subsistência, supervalorizam o trabalho, não se permitindo momentos de lazer, atitude que os afasta dos centros e grupos de convivência. Certas atividades de lazer, como ginástica, dança, música, artesanato, teatro, podem ser consideradas “femininas” na avaliação de homens idosos com pouca escolaridade e pouca familiaridade com práticas culturais e artísticas. (p. 1.437).

Debert (1999) ainda contribui em seus estudos que a participação

masculina raramente ultrapassa 20% e o entusiasmo manifestado pelas mulheres na

realização das atividades propostas contrasta com a atitude de reserva e indiferença

dos homens.

A partir do número de entrevistados, foi encerrada a coleta dos dados,

devido sua saturação. De acordo com as autoras Fontanella, Ricas e Turato (2008),

a saturação ocorre quando há a suspensão de inclusão de novos sujeitos, sendo

que os dados coletados passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa

redundância ou repetição, não sendo considerado relevante persistir na coleta.

2 Grifo dos autores.

49

Estes dados serão apresentados e relacionados com os idosos entrevistados.

Ressalte-se que os nomes dos entrevistados foram substituídos por nomes fictícios,

como forma de preservar o sigilo ético da pesquisa3.

Tabela 1 Dados dos sujeitos participantes da pesquisa

Nome Idade Estado civil Escolaridade Quanto tempo

participa

1 Ana 62 anos Solteira Fundamental completo 3 anos

2 Tereza 63 anos Casada Fundamental incompleto 5 anos

3 Maria 64 anos Viúva Fundamental completo 3 meses

4 Judite 66 anos Separada Fundamental incompleto 6 anos

5 Rosa 68 anos Separada Ensino médio completo 9 anos

6 Joana 69 anos Separada Fundamental incompleto 10 anos

7 Carmelita 70 anos Viúva Fundamental incompleto 16 anos

8 Noemi 75 anos Casada Fundamental incompleto 12 anos

9 Marlene 77 anos Viúva Fundamental incompleto 18 anos

10 Raimunda 90 anos Viúva Não alfabetizada 29 anos

Fonte: pesquisa da autora (2013).

A idade dos sujeitos da pesquisa abrange a partir dos 60 até 90 anos.

Percebe-se que a frequência nos espaços ocorre antes dos 65 anos, idade

considerada de uma pessoa idosa, segundo os principais instrumentos normativo-

legais do país, demonstrando que ainda não iniciaram a velhice, mas por algum

motivo buscaram frequentar o espaço.

Os programas, no entanto, redirecionam qualquer expectativa desse desafio monumental; com um público feminino, mobilizado em idade cada vez mais prematura, são espaços para uma vida coletiva de negação da velhice, através da transformação das etapas mais avançada da vida em momentos adequados à conquista do prazer, da satisfação, da realização de sonhos acalentados em outras etapas da vida. (DEBERT, 1999, p.162).

3TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

50

Chama a atenção para os participantes com idade mais avançada que,

apesar dos obstáculos, as limitações a enfrentarem no dia a dia, mesmo assim não

desistem de participar, e de estarem inseridos no grupo. Segundo o IBGE (2008), o

contingente da população com oitenta anos e mais, passou de 166 mil pessoas, em

1940 para 2,6 milhões em 2010, com estimativa de atingir cerca de seis milhões em

2030.

No Brasil, as mulheres vivem, em média, oito anos a mais que os

homens. E isso talvez possa explicar a maior participação feminina em grupo de

convivência, evidenciando que a mulher é mais participativa e se preocupa com as

questões relacionadas ao bem estar de um modo em geral, quando comparada ao

homem idoso. (Araújo, 2005).

No entanto, o que tem contribuído para esse crescimento é o avanço da

medicina e da tecnologia que levaram a um aumento da sobrevida do indivíduo.

Com isso, o grupo de 80 anos e mais passou a ter maior representatividade dentro

do segmento idoso. (Camarano, 2003).

Em relação ao estado civil, revela-se maior presença de idosas viúvas,

sendo que essa é a realidade dos grupos de convivência no Brasil. Para elas, é uma

forma de libertação “a ideia de um processo de perdas tem sido substituída pela

consideração de que os estágios mais avançados da vida são momentos propícios

para novas conquistas, guiadas pela busca do prazer e da satisfação pessoal”.

(DEBERT, 1999, p.14).

Camarano (2003) também reporta sobre o assunto, que ao mesmo tempo

em que a viuvez, de modo geral, pode ser vista como sinônimo de solidão, com a

morte do cônjuge, constitui uma tragédia ou uma libertação, se as idosas, quando

jovem e na vida adulta não tiveram liberdade em função das relações de gênero

prevalecentes.

Para muitas idosas, essa libertação também pode ser encontrada em

locais que motivem a vida social, o lazer, pois jamais imaginariam frequentar, por

causa de sua rotina diária e pela falta de incentivo.

Outro fator relevante é que a expectativa de vida do sexo feminino seja

diferenciada do sexo masculino. Veras (1994) relata em seus estudos, que podem

explicar a predominância das mulheres na fase da velhice são a menor exposição de

riscos de acidentes de trabalho; o menor consumo de tabaco e álcool; a maior

51

atenção e informação em relação aos sintomas das doenças; e também a maior

constância na procura dos serviços de saúde.

Contudo, os programas para idosos criaram um espaço coletivo para a

redefinição de formas de sociabilidade e de estilos de vida para as mulheres que,

ante as perdas indesejadas, buscam novas formas de viver a liberdade que lhes é

apresentada. (DEBERT, 1999).

Na escolaridade, percebe-se a maior predominância de idosas com o

ensino fundamental incompleto, como descrito no ponto acima, essas pessoas não

tinham possibilidade de estudar, principalmente se não tivessem um bom poder

aquisitivo, que a família pudesse custear, os que não tinham condições financeiras

ficavam de fora da escola. Observa-se também, que nesta época as mulheres

sofriam preconceitos, pois quando frequentavam a escola, passavam por rigorosas

normas impostas pela instituição de ensino. A baixa escolaridade mostra o bloqueio

que essa geração encontrava para frequentar as instituições de ensino.

Neste período até os dias atuais, ocorreram grandes avanços em relação

a educação, embora muita coisa ainda precisa ser feita para se ter um ensino de

qualidade, principalmente na esfera pública. Espera-se que nas próximas gerações,

esses dados da tabela acima sejam revertidos devido a essa mudança.

Entretanto, no que se refere ao tempo de participação no grupo, nota-se

nos dados o longo período em que as idosas estão inseridas, mostrando o

significado e a importância que o grupo proporciona no cotidiano dessas idosas.

Estes programas foram e estão sendo criados para resgatar a dignidade do idoso, reduzir os problemas de solidão, quebrar os preconceitos e estereótipos que os indivíduos tendem a internalizar. Trata-se de valorizar o cidadão de mais idade, criando espaços para lazer, mas também para o “treinamento no exercício da cidadania”, como gostam de dizer, no entusiasmo, seus promotores. (DEBERT, 1999, p.162).

É nesses espaços que as idosas se sentem seguras, acolhidas e com

liberdade de fazer algo, que antes no decorrer de suas vidas não foi possível

concretizar.

No mundo contemporâneo, a conquista da liberdade feminina é, para elas, um fato irreversível e redefine o que é envelhecer. Pela primeira vez é

52

aberto um espaço para as mulheres de mais idade criarem novas regras e estilo de vida. É esse espaço que elas se apressam a ocupar. Os programas para os idosos criam um ambiente em que essa experiência de criatividade, autonomia e liberdade, que cada uma reconhece como possível, possa ser vivida coletivamente. (DEBERT, 1999, p.185).

Neste sentido, para muitas idosas que estão começando a descobrir e a

seguir este novo estilo de vida que vem proporcionando melhorias em seu convívio

social, dando como exemplo: novos vínculos de amizade, a troca de experiências no

decorrer de suas vidas, a descoberta de atividades e do lazer, que antes não fazia

parte de seu cotidiano. Esses podem ser alguns dos motivos que contribuem para a

frequência das idosas no grupo.

53

CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOSRESULTADOS

3. PERCURSO METODOLÓGICO

Gil (2007) define a pesquisa como um procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são

propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases,

desde a formulação do problema até apresentação e discussão do resultado.

Esta pesquisa foi de natureza exploratória qualitativa e quantitativa. De

acordo com Minayo (1996), a abordagem qualitativa trabalha com o universo de

significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes e aprofunda-se no

mundo dos significados das ações e relações humanas. Ainda a mesma autora

(1995, p.22) ressalta que “o conjunto de dados quantitativos e qualitativos, porém,

não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles

interagem dinamicamente, excluindo qualquer dicotonomia”.

Para Fonseca (2002), a pesquisa quantitativa se centra na objetividade.

Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida

com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos

padronizados e neutros. Sobre a pesquisa exploratória, Gil (1999) diz que tem como

principal finalidade desenvolver, esclarecer, modificar, conceitos e ideias, tendo em

vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para

estudos posteriores.

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa dos tipos bibliográfica e

documental. Na bibliográfica, buscou-se o aprofundamento através de livros, artigos

publicados, monografias, dissertações e teses. Ela é compreendida não como uma

mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas proporciona o

exame de um tema sob novo enfoque, chegando a conclusões inovadoras.

(MARCONI & LAKATOS, 2007). Já na pesquisa documental a pesquisadora

manteve acesso aos documentos e arquivos do CIAPREVI. Segundo Gil (2007,

p.43), sua principal finalidade é “desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e

ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

54

pesquisáveis para estudos posteriores”.

Ressalta-se que a pesquisa documental foi de grande importância neste

trabalho, pois os dados e informações coletados sobre o grupo de convivência

facilitaram muito, assim dando melhor contribuição para se estudar o tema.

Em seguida, foi realizada a pesquisa de campo, composta junto aos

idosos participantes do grupo de convivência. É utilizada com o objetivo de obter

informações sobre um problema que se busca uma resposta. As fases da pesquisa

de campo requerem também a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o

tema em questão, como forma de saber em que estado se encontra atualmente o

problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões

reinantes sobre o assunto. (MARCONI & LAKATOS, 2007).

Foi utilizada a técnica de observação direta, um recurso imprescindível

para se obter informações através do comportamento e do cotidiano dos

participantes, dando como exemplo: a ação de um gesto, um olhar que possa dizer

algo que com palavras não foi dito, com isso, colaborando para o enriquecimento

dos dados.

A técnica da entrevista semiestruturada, também foi utilizada para a coleta

dos dados, em que o pesquisador firma-se em um roteiro constituído por perguntas

abertas, concedido ao pesquisador a dar opiniões e a fazer argumentos. Para

Triviños (1987), esta técnica tem como característica questionamentos básicos que

são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa.

Sobre entrevista, Minayo (1995, p.57) afirma sua importância e a

contribuição para a pesquisa:

A pesquisa é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca obter uniformes contidos nas falas dos atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coletas de fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos, objeto de pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada. Suas formas de realização podem ser de natureza individual e/ou coletiva.

As entrevistas foram efetuadas no dia 18 de julho de 2013, às 8h30min,

quinta-feira, dia do encontro. Primeiramente, foi esclarecido para que fim seria a

55

pesquisa e a sua importância, em seguida comunicamos que seria de forma

voluntária, apresentando o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),

(APÊNDICE A) solicitando-lhes a assinatura.

Os instrumentos utilizados para as entrevistas foram o roteiro, o gravador

de voz (apêndice B) e realizadas individualmente. As entrevistas foram deixando os

sujeitos bem à vontade, criando um ambiente de confiança e, principalmente,

esclarecendo para os participantes o total sigilo e anonimato nas informações

prestadas com a utilização de nomes fictícios4.

As entrevistas ocorreram na dependência física da instituição, em uma

sala ampla e reservada, para que os sujeitos se sentissem bem naquele ambiente e

para que não houvesse nenhuma interferência no momento, podendo comprometer

as informações. Após a coleta, permaneceu-se no mesmo local e a conversa foi

prosseguida sobre outros assuntos, que também favoreceram a pesquisa. Em

seguida, as entrevistas foram transcritas para leitura e avaliação do resultado.

Os autores utilizados que contribuíram para este trabalho foram os

seguintes: Beauvoir (1990); Debert (1999); Ferrigno, Leite e Abigalil (2006); Freitas

(2004); Mascaro (1997); Minayo (1995 e 2006); Papáleo Netto (1996, 2002, 2006);

Shneider e Irigaray (2008), dentre outros.

3.1 ANÁLISE DOS DADOS

Diante das informações, através da coleta de dados, desenvolveu-se o

processo de análise e discussão das informações, de acordo com a ação dos idosos

sobre suas experiências como participante do grupo de Convivência. Em seguida,

foram construídas em duas categorias de análise descritas a seguir.

4Nomes utilizados foram para homenagear pessoas próximas.

56

Motivos que levam o idoso participar do grupo de convivência

A velhice e o envelhecimento para muitos ainda é vista com preconceito

na sociedade, sendo associada em vários termos, já relatados nos capítulos

anteriores. A velhice também é reconhecida como um fenômeno cultural, construída

da forma como é vivenciada.

Não existe uma velhice, mas maneiras singulares de envelhecer. Cada velhice é consequência de uma história de vida que, à medida que o tempo passa, vai acrescentando processos de desenvolvimento individual e da socialização junto ao grupo em que se insere: internalizando normas, regras, valores, cultura (GUSMÃO, 2003, p.18).

A procura de inserção em grupos de convivência por pessoas idosas vem

crescendo em decorrência do número significativo de indivíduos, a partir de 60 anos

ou mais de idade, em busca de uma melhor qualidade de vida e por sua entrada em

convívio social, assim proporcionando uma transformação no paradigma da velhice.

Hoje, a inserção de idosos em grupos de convivência tem aumentado

significadamente, devido o acréscimo de indivíduos com 60 anos de idade ou mais.

A imagem de uma velhice monótona, sofrida e estereotipada perde aos poucos sua

força, a partir do momento em que o indivíduo passa a frequentar espaços sociais,

adquirem conhecimentos e compartilham seus saberes. (LEITE, CAPPELARI &

SONEGO, 2002).

Em seus estudos, Garcia et al. (2006) afirma que os grupos de

convivência funcionam como rede de apoio que mobiliza as pessoas na busca da

autonomia e sentido para a vida. A busca pela participação no grupo resultou de

convite de parente ou amigos que já participam das atividades ofertadas pelo

espaço de acordo com relatos:

Foi uma amiga que me avisou e mim chamou, não sabia que tinha. Resolvi vim pra cá porque fiquei viúva, mim sentia muito só em casa, porque eu tava muito acostumada com meu marido, a gente era muito unido e ele fazia falta muita pra mim. (Maria).

57

Através da amiga que trouxe aqui, que já faleceu, gostei muito daqui, porque todos são maravilhosos, os funcionários tratam os idosos muito bem, principalmente a senhora que coordena o grupo, a gente se sente muito a vontade com ela. (Joana).

A minha sogra que me trouxe, ela já participava a pouco de tempo e ela falou que era muito bom pra gente que tá nessa idade procurar coisas pra fazer e distrair e, que ela tava gostando muito e sabia que eu ia gostar de participar. (Tereza).

É interessante a forma como esses idosos iniciam a participação nesses

grupos por intermédio de pessoas próximas, que motivam e estimulam a sua

inserção, percebendo-se nessas pessoas uma melhoria significativa em suas

vidas ,proporcionada por este espaço.

Observa-se que, no depoimento, outro fator que também colaborou para a

inserção no grupo foi a viuvez, por se sentir solitária, devido ao falecimento de seu

companheiro, com quem estava acostumada a compartilhar sua vida rotineira e com

o qual possuía uma relação de confiança.

Uma figura muito importante é o de coordenador, que também é um

grande influenciador pela frequência dos idosos nos grupos, nota-se isso em uma

das falas acima. É visto como um ponto de apoio e de respeito, por escutar e

compreender as dificuldades e as limitações enfrentadas por cada um, assim

colaborando com conselhos. Diante disso, surge uma relação de confiança,

fortalecendo ainda mais a permanência no ambiente. Esses espaços são propícios e

motivadores para a formação de fortes vínculos afetivos entre os profissionais e os

integrantes, independente da diferença de idades. (FERRIGNO, 2003).

Existem também aqueles idosos que procuram o ambiente por livre e

espontânea vontade, devido se identificar com as várias atividades desenvolvidas,

por estarem abertas a novas possibilidades. As atividades realizadas durante a

velhice são importantes para que o idoso tenha uma responsabilidade e sinta-se

importante dentro do contexto, elevando até sua autoestima (DEBERT, 1999).

No decorrer da entrevista, observamos o entusiasmo das participantes em

suas palavras.

58

Tinha boas informações, vim pra cá inspontânea vontade, procurei porque gosto de conversar, conhecer pessoas e aqui achei essa oportunidade de fazer tudo isso. Nós somos muito antiga aqui, minha filha que mim traz e mim pega. (Raimunda).

Eu descobri sozinha, ia passando em frente e escutei o forró e as pessoas entrando e eu perguntei o que era e a senhora falou que era um encontro de idoso, toda teça e quinta-feira eu entrei e perguntei uma senhora que ficava sentada na frente como fazia pra participar, até hoje eu tô vindo é ótimo. (Rosa).

Observando as duas falas, percebe-se que a procura pela inserção no

grupo se deu de forma diferente, para ambas idosas. A primeira estava em busca de

um local que proporcionasse um convívio interpessoal e a segunda de saber o que

se passava naquele ambiente, em que pessoas da mesma faixa etária ou não

estavam adentrando.

Ressaltando-se ainda sobre o primeiro depoimento, percebe-se como a

idosa enfatiza sua longa frequência no grupo, notando a satisfação por fazer parte

deste ambiente. Destaca-se também o papel importante da família com seu apoio e

incentivo, com isso fortalecendo cada vez mais a sua participação.

Independente das formas de como o idoso se inseriu no grupo, seja pela

boa informação encontrada ou pela curiosidade em escutar uma música e observar

pessoas se encontrando em um determinado local e ter a curiosidade de se informar

sobre aquilo, notamos a satisfação por estarem naquele ambiente interagindo uns

com os outros, seja nas atividades ofertadas ou em rodas de conversas,

proporcionando bem-estar em suas vidas.

Segundo Rizzolli & Surdi (2010), ter um espaço no qual se possa realizar

diferentes atividades e, ao mesmo tempo, conversar, sorrir e estar com outras

pessoas favorece o aumento na autoestima, valoriza a pessoa e faz com que o

idoso exerça a cidadania.

Outra necessidade que o idoso enfrenta é o sentimento de solidão. Um

dos fatores relacionados é a perda de pessoas importantes em suas vidas, como

familiares. A pessoa idosa, na maioria das vezes, não consegue lidar com este

sentimento, isto é, em saber que estas pessoas não estão presentes, começam a

agir de forma isolada, se distanciam de pessoas de seu convívio, comprometendo

até a sua saúde.

A partir destes fatores inicia-se a busca de frequência aos locais que vão

59

proporcionar a vivência com outras pessoas, sendo ou não da mesma faixa etária e

poder compartilhar suas experiências no mesmo grupo.

“Eu mi sentia sozinha, porque sou viúva e meus filhos se casaram e saíram de casa, eles vem sempre me visitar e chamam pra morar com eles. Mas minha filha, eu prefiro morar na minha casinha com as minhas coisasdo meu jeito”.(Carmelita).

Meu filho morreu e eu entrei em depressão, só queria ficar sozinha, não conversava com ninguém, nem com meu marido, ai que vivia reclamando pra mim. Vivia indo para o hospital, um médico solicitou alguma coisa pra mi diverti e distrair. (Marlene).

O sentimento de solidão devido à perda de familiar contribui para o

isolamento da pessoa idosa, por já estar habituada com a rotina de morar sozinho e

ter as coisas do seu jeito. Eles descartam a possibilidade de ir para a casa de filhos

por não se sentirem à vontade e achar que irão incomodar na rotina da família. Outro

fator a ser comprometido é a saúde, principalmente por afetar o estado emocional,

de não mais possuírem a resistência de antes; prejudicam-se ao ponto de terem que

procurar ajuda médica.

Nos dois depoimentos está bem nítida a questão da solidão enfrentada

por estes idosas, associada à morte de pessoas próximas, sendo muito difícil

superar esse sentimento de perda, assim comprometendo até o convívio com os

seus demais familiares.

Com isso, a ideia de procurar um espaço para esquecer os problemas se

fortalece cada vez mais, principalmente para o benefício da saúde. Os laços sociais

têm influência no estado de saúde e fazem se dispor de uma rede de suporte social,

a qual proporciona ajuda aos indivíduos que a ela pertencem; beneficiam a saúde e

o bem-estar de todos. (LEITE et al, 2008).

Em seguida, observam-se as falas que demonstram mudanças ocorridas

na vida das pessoas idosas em relação à saúde, família, participação de atividades

e amizade.

60

Mudanças recorrentes em suas vidas a partir do momento que passaram a

frequentar o grupo

O ingresso de idosos em grupos de convivência também está associado

pela busca de uma saúde de qualidade, que envolve a física e a psicológica, fatores

principais para a promoção de um envelhecimento saudável. De acordo com

(COSTA, 2010), o envelhecimento com qualidade tem sido, pois, preocupação dos

estudiosos da área que buscam soluções para a inserção social do idoso, dentre as

quais merecem destaque as atividades de lazer, educação, esporte, que propiciam a

convivência entre grupos da mesma faixa etária.

Após o término da coleta de dados, foi observado em suas falas o fator

que obteve mudança significativa na vida dos idosos, a saúde, contribuindo

principalmente na disposição e motivação para se fazer algo que antes não era

possível.

Não sou mais aquela pessoa triste, sou alegre (risos), acabei de chegar de viagem. Em agosto eu vou é pra Foz do Iguaçu e de lá vou pro Paraguai. E diz aí, eu ainda me candidatei a vereadora tirei muitos votos (risos), faltou pouco pra mim eleger. (Marlene).

Melhorou porque estou me movimentando, subindo e descendo do ônibus, saindo de casa, porque antes vivia dentro de casa sem fazer nada, vivia cansada, tudo que ia fazer cansava e deixava de fazer, agora melhorou muito. (Ana).

Percebe-se que o fator saúde influencia principalmente na qualidade de

vida, identificados nos seus respectivos depoimentos. As idosas relatam as

melhorias ocorridas em suas vidas, na realização de atividades de lazer como

viagens, a contribuição de mobilidade no transporte coletivo e o que chama a

atenção é o fato de a autoestima estar elevada; surge o interesse do ingresso na

política, para o cargo de vereadora, que mesmo não conseguindo se eleger nota-se

em suas palavras muita satisfação. Ressalta Debert (1999, p.177), “não é raro, que

mulheres, que participam de programas e têm interesse por questões políticas”.

Constata-se que ocorreram mudanças significativas no cotidiano dessas

idosas, como para muitos o subir e descer de um ônibus é uma coisa simples e

61

corriqueira, mas para a idosa tem muita importância, pois até pouco tempo não

conseguia realizar suas atividades diárias. Na disposição de realizar e programar

viagens futuras, com isso sendo resgatada sua autoestima e autonomia.

A participação de idosos em grupos de convivência necessita também do

incentivo e apoio da família para que continuem frequentando esses espaços. É de

suma importância nesta fase da vida que envolve o processo de envelhecimento,

que necessitam de atenção e cuidados. Ao compreender o interesse de sua família,

o idoso se sente mais fortalecido a respeito de sua permanência no local.

Conforme Petrine(2003), a família é o local de transmissão de valores

éticos que orientam a vida do indivíduo, com sentido inicial de acolhimento, depois

de pertença, culminando com reciprocidade e o insere em ciclos maiores de

convivência, como a comunidade e a sociedade.

Melhora a vida gente, o meu filho me incentiva muito pra eu vim, as vezes tenho preguiça, mas ele fica falando que é bom pra mim, porque ele sabe que eu não mais aquela pessoa triste que vivia só em casa, pensando em doença. (Judite).

É notória a transformação ocorrida no cotidiano do idoso, por não mais

absorver pensamentos negativos que eram atraídos por estar com seu tempo

ocioso. Essa mudança é reconhecida por pessoas da família que possuem grandes

vínculos afetivos, que desejam o melhor em suas vidas e que contribuíram para isso

se concretizar.

A motivação por parte do filho foi muito importante, para que a idosa

continuasse a frequentar o grupo, pois reconhece as melhorias ocorridas em sua

vida no decorrer de sua participação, principalmente no aspecto emocional, em que

não há mais tempo para ocupar a mente com coisas negativas, fazendo com que

comprometesse cada vez mais a sua saúde.

Ao ingressar em um grupo de convivência, tanto a pessoa idosa como

seus familiares buscam a valorização do idoso como indivíduo socialmente útil, com

possibilidade de resgatar a cidadania. (LEITE, CAPPELARI & SONEGO, 2002).

Estes autores ainda relatam que o ingresso também proporciona melhor

relacionamento familiar e de qualidade de vida, se constituindo em uma estratégia

62

para a promoção da saúde e da autonomia, o que promove o desenvolvimento de

atitudes e comportamentos que colaboram na melhoria das condições de vida.

As atividades ofertadas nos grupos chamam a atenção do público-alvo,

principalmente quando se identificam com algumas delas e possuem oportunidade

de realizá-las. Entretanto, as atividades devem ser oferecidas conforme as

necessidades específicas de cada idoso. Dentre as múltiplas atividades há:

trabalhos manuais (pinturas, crochê), dança (forró), representações teatrais, viagens

e passeios, socializando informações e conhecimentos, assim aumentando o

relacionamento interpessoal.

Os grupos de convivência atraem os participantes pela proposta de

atividades de lazer, culturais, intelectuais, físicas, manuais, artísticas e

principalmente, pelo contato interpessoal e grupal. (SALGADO, 1982).

Antes eu vivia estressada, agora melhorou, porque fico sempre com a mente ocupada, participando de alguma coisa aqui, não penso mas besteira, como antes, porque não tinha nada pra fazer né? Agora sim, nem penso mais nisso, eu tô adorando. (Tereza).

Mudou, porque aqui eu mi movimento dançando, me levanto pra conversar com um, e com outro e assim vai, quando não estou dançando, tô na aula de informática, que aprendi muitas coisas até entrar na internet coisa que eu não imaginava fazer. (Noemi).

As atividades trouxeram para as idosas uma forma de distração e de

conhecimento, que jamais imaginariam possuir nesta fase da vida. Para muitos, é

uma fase em que a pessoa idosa não possui muita utilidade e capacidade de fazer

algo que outra pessoa mais jovem possa realizar.

Observando-se os relatos das idosas acima, as atividades proporcionam

mudanças em seu cotidiano, destacando o humor, que antes era comprometido com

o estresse e agora nem se pensa mais nisso, por elas estarem sempre ocupadas

com alguma atividade. A dança, as conversas com os colegas, o entusiasmo de

fazer aula de informática e poder aprender a se conectar na internet é algo

motivador e prazeroso que manifestam em emoções ao aprender coisas novas e

poder ultrapassar cada obstáculo.

63

Conforme Carvalho (2010), não basta à pessoa viver mais, é preciso que

sejam criadas condições para que as pessoas idosas possam viver com qualidade,

que tenham atividades que a satisfaçam, que possam fazer novos planos, mantendo

a autonomia e independência social.

Os grupos são locais em que os idosos criam vínculos de amizade, por se

identificar e criar um sentimento de confiança entre as participantes, compartilhando

seus problemas diários, sentimentos, alegria e angústias que lhe afligem na velhice,

experiências vividas e o compartilhamento das atividades grupais. Em seus estudos

Cabral (1997, p. 16) afirma que os grupos “são lugares onde os idosos tecem

relações de proximidade e de aconchego caloroso”.

Mudou porque agora eu tenho um lugar pra mim vim conversar, fiz amizades aqui com pessoas boas, a gente conversa muito. Antes eu era muito parada, sozinha, saia muito pouco, as vezes passava na casa da minha filha e depois voltava rápido, porque ela tem a vida dela né? Agora melhorou muito. (Carmelita).

O convívio interpessoal e as relações de amizade que surgem em grupos

é muito interessante na vida da pessoa idosa, pois é neste ambiente onde se

socializam que eles têm a oportunidade da troca semelhante de vivência com

pessoas de sua faixa etária ou não, estimulando para uma forma de crescimento

pessoal fazendo com que, não mais pensem na solidão.

No respectivo depoimento, percebe-se a satisfação da idosa ao ter

encontrado um lugar para conversar e compartilhar suas alegrias e angústias. O

mais importante foi a conquista de novos laços de amizade, com pessoas que

consideram ser de confiança. Destaca-se, ainda, a baixa estima, antes de estar

participando do grupo, pois chegava até imaginar que a sua presença incomodava a

sua filha.

Nesses espaços surge à oportunidade para se estabelecer novas

amizades, ampliar os conhecimentos e, principalmente, afastar a solidão (SPOSITO

et al, 2010).Estudos vêm exibindo que os acontecimentos de tais tipos de relações

no ambiente familiares ou sociais são benéficas para o bem-estar e a qualidade de

vida do idoso; proporcionam o convívio com a diversidade geracional além de

promover a troca de experiências enriquecedoras para todas as gerações

64

envolvidas. (COUTRIM, 2006 & GOLDANI, 2004).

A interação grupal proporciona ao idoso uma sensação de estar

aproveitando de forma útil o momento presente e contribuindo para a construção de

um futuro melhor para as gerações de idosos, a partir de sua intervenção nas

mudanças sociais e políticas. (GOLDMAN, 2002). Portanto, ao participar de grupos

de convivência os idosos adquirem conhecimentos no decorrer de sua participação,

o que contribui em seu cotidiano e descobrem várias diversificações de práticas

sociais e praticam uma sequência sentimentos que colaboram para o seu bem-estar.

65

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo buscou-se mostrar que o envelhecimento da população é

um acontecimento mundial que tem gerado mudanças econômicas, demográficas,

sociais e culturais em toda a sociedade. No entanto, os novos avanços e recursos

têm favorecido ao crescimento da longevidade e o baixo índice de mortalidade,

contribuindo, assim, para o aumento eventual no número de pessoas com 60 anos

ou mais de idade, despertando a atenção de vários estudiosos, principalmente da

área de geriatria e gerontologia.

Apesar do rápido crescimento do processo de envelhecimento, no Brasil

as políticas sociais para esta faixa etária não correspondem ao crescimento

econômico e social do país, fazendo com que a pessoa idosa se sinta desassistida

pelo poder público. A partir desta confirmação foi possível compreender as diferentes

formas de exclusão que a população idosa vem assumindo na sociedade em vários

contextos históricos.

É sabido que muitos avanços foram dispostos a partir dos artigos da

Constituição Federal de 1988, merecendo destaque o artigo 230, que é relevante à

população idosa, colocando como dever da família, da sociedade e do Estado

amparar os idosos, assegurando a sua participação social, defendendo a sua

dignidade e o seu bem-estar, garantindo o direito à vida. Desta forma, a família

continua sendo a principal responsável pelo idoso.

Essa população vem conquistando o seu reconhecimento como sujeito de

direitos, que busca a garantia de efetivar o compromisso público, reforçando a

responsabilidade do Estado com a proteção social, tornando cada vez mais visível o

poder deste segmento sobre a sociedade.

É indispensável que os direitos dos idosos sejam assegurados por

excelência, sendo criados mais projetos e atividades que envolvam profissionais que

estejam habilitados para atender às demandas deste público, proporcionando a

terem uma vida segura, pois nem todas as pessoas possuem um apoio para

envelhecer com saúde e qualidade de vida.

Dentre estes e outros fatores a serem encarados, surgiu a necessidade

de se criar locais de suporte para que os idosos não se sintam excluídos da

66

sociedade. Um espaço que oferecesse a oportunidade de se relacionar com

pessoas da mesma faixa etária ou não, compartilhar amizades, afastar-se do

isolamento social e da solidão com suporte à saúde emocional.

Para muitos idosos, os grupos de convivência representam uma das

alternativas para a inclusão social, tendo por finalidade proporcionar o apoio, dando-

lhes oportunidades de convívio e ações para garantir melhores condições de vida,

promovendo o fortalecimento de vínculos de pertencimento e construção de projetos

pessoais e sociais, oferecendo a socialização por meio de atividades culturais,

recreativas e intelectuais. Desse modo, esses espaços são propícios e motivadores

para a formação de fortes laços, além da garantia de maior autonomia e bem-estar

dos participantes.

Observou-se que a busca pela inserção no grupo de convivência

aconteceu por pessoas idosas que participaram desta pesquisa e estavam à procura

de apoio para suas necessidades. Foram diversos os motivos e dentre eles estão: o

convívio social, a autonomia, o distanciamento da tristeza e a sociabilidade, objetivos

estes que não faziam parte da sua vida cotidiana.

Foi constatado que o grupo de convivência do CIAPREVI tem um

significado muito importante na vida das pessoas. Através de sua participação no

grupo, obtiveram grandes ganhos em vários fatores, principalmente em relação à

saúde e à solidão, conforme foi mencionado na maioria de seus depoimentos.

Também foram ocasionadas melhorias significativas como a disposição e o estímulo

nos afazeres domésticos e de participar assiduamente das atividades grupais

proporcionadas pelo grupo.

Em relação à solidão, percebeu-se que as idosas encontraram nesse

espaço apoio para a construção de laços afetivos de amizade, trocas de

experiências e sabedorias. Ao participarem das atividades de lazer, fazia-se com que

se distanciassem da solidão, favorecendo a relação interpessoal, promovendo um

envelhecimento ativo e saudável e o fortalecimento de permanecer frequentando o

grupo.

Com a inserção no grupo, proporcionou-se também a estas idosas a

autoestima, que foi muito evidenciada em seus depoimentos. Reconhecem que ao

frequentarem o grupo, ocorreram muitas mudanças na qualidade de vida, passaram

a se permitir e a fazer coisas que nunca imaginariam estar fazendo nessa altura de

67

suas vidas e ainda fazer planos.

Ressaltando, ainda, que a maior predominância de seus participantes é

do sexo feminino em relação ao sexo masculino, talvez seja a proposta das

atividades ofertadas pelo grupo classificadas mais como artesanais, que são mais

atrativas para mulheres idosas, motivo este para considerar a presença do gênero

no grupo. Diante do exposto, o grupo de convivência do CIAPREVI tem promovido

aos seus integrantes o resgate da autonomia, qualidade de vida, sociabilidade e,

sobretudo, sua valorização como ser humano.

Apesar desses programas terem se intensificado nas últimas décadas,

ainda não são suficientes para atender ao segmento, que vem aumentando

significativamente na população brasileira. É necessário que tenha apoio das

políticas públicas, sendo reconhecido como ambientes sociais e que possuam

profissionais com ideais renovadores e respeitem as diferenças do indivíduo sem

nenhum preconceito, oferecendo serviços igualitários de acordo com as

necessidades de cada idoso.

Certamente, há a necessidade de se avançar e investir nos programas e

projetos já existentes que oferecem a defesa e a garantia dos direitos dos idosos.

Desse modo, os mecanismos de controle social devem intensificar a fiscalização no

cumprimento das políticas sociais, Assim, a proteção social do idoso só será

efetivada quando o governo, a sociedade e a família assumirem suas

responsabilidades, defendendo a dignidade e o bem-estar a quem merece uma

atenção especial.

Por fim, a pesquisa apresentada foi de muita importância para o

aperfeiçoamento teórico da pesquisadora sobre a temática dos grupos de

convivência, pois trata-se de um convite para a sociedade repensar nas posturas

que estão sendo tomadas em relação aos idosos. Com este estudo, espera-se que o

tema possa levar até os interessados sugestões que sirvam para posteriores

pesquisas.

Tal estudo também foi um convite à pesquisadora para pensar sobre

como seria o seu próprio envelhecimento, sobre as alterações emocionais e físicas

nesta fase da vida em que o tempo poderá lhe proporcionar, enfim, um tempo mais

livre para o lazer e o convívio social.

68

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convidamos o (a) Sr.(a) para participar da pesquisa “O papel dos Grupos de

Convivência: um olhar social aos idosos que frequentam o Grupo de Convivência do

CIAPREVI”, sob a execução da pesquisadora Marleide Nogueira da Silva e orientada

por Kelly Maria Gomes Meneses, a qual pretende identificar objetivo geral da

pesquisa. Sua participação é voluntaria e se dará por meio de entrevista, que

consiste em resposta a perguntas apresentadas ao Sr.(a) pelo pesquisador. Os

depoimentos desta entrevista serão gravados com seu consentimento. Não há riscos

decorrentes da sua participação e o Sr.(a) possui liberdade de retirar sua a qualquer

momento, seja antes ou depois a coleta dos dados, independente do motivo e sem

nenhum prejuízo a sua pessoa e nem a sua participação na Instituição. Se o (a)

Sr.(a) aceitar participar estará contribuindo para a concretização de um trabalho.

Ressaltamos que tem o direito de ser mantido(a) atualizado(a) sobre os resultados

parciais da pesquisa. Não há compensação financeira relacionada à sua

participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será paga pelo orçamento da

pesquisa. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua

identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Em qual qualquer etapa

do estudo, poderá contatar com os pesquisadores para o esclarecimento de dúvidas

ou para retirar o consentimento de utilização dos dados coletados com a entrevista

através do número: (85) 8901.0829.

Afirmo assinado e recebido uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Fortaleza, ___ de ___________ de 2013.

__________________________________

Assinatura do participante ___________________________________ Assinatura da pesquisadora

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APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA 1. Identificação Nome: _____________________________________ Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade: _____________________________________ Estado Civil:( ) casada/o ( ) solteira/o ( ) viúva/o ( ) ( ) separada/divorciada/o Escolaridade: ( ) não alfabetizado ( ) alfabetizado ( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo Aposentado: ( ) sim ( )não. Que tipo de aposentadoria? 2. Quanto tempo participa deste Grupo de Convivência? 3. Que motivos levaram a participar do Grupo de Convivência? 4. Que mudanças ocorreram em suas vidas a partir do momento que iniciaram a

participação no Grupo de Convivência?