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INTRODUÇÃO Do Equilíbrio Europeu ao Desequilíbrio Mundial é o tema que nos ocupa neste trabalho. O objectivo é mostrar como é que as transformações ocorridas do século XVI ao século XX contribuiram para perpetuar a dependência de que o resto do mundo é vítima até aos nossos dias. Será através do estudo das grandes revoluções deste período, em particular a revolução agrícola, a revolução demográfica, a revolução industrial e a revolução dos transportes que procuramos mostrar como é que nasceu este equilíbrio europeu e o consequente desequilibrio mundial. É mostrando o inconformismo do povo europeu perante uma situação de miséria e penúria a que esteve sujeito desde o fim da época clássica até ao início da fase moderna, que se pode despertar o estudante moçambicano da necessidade de tomada de actitudes empreendidoras para a mudança da sua situação e dos outros moçambicanos em relação a dependência a que estão sujeitos. Para a concretização deste trabalho baseámo-nos em bibliografias de inclinação capitalista e socialista para garantir a isenção necessária nas nossas posições como pesquisadores júniores. Assim pudemos selecionar o que achamos melhor em cada uma delas. Arquivo do Eusébio André Pedro/2004 1

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INTRODUÇÃO

Do Equilíbrio Europeu ao Desequilíbrio Mundial é o tema que nos ocupa neste trabalho. O objectivo é mostrar como é que as transformações ocorridas do século XVI ao século XX contribuiram para perpetuar a dependência de que o resto do mundo é vítima até aos nossos dias.

Será através do estudo das grandes revoluções deste período, em particular a revolução agrícola, a revolução demográfica, a revolução industrial e a revolução dos transportes que procuramos mostrar como é que nasceu este equilíbrio europeu e o consequente desequilibrio mundial.

É mostrando o inconformismo do povo europeu perante uma situação de miséria e penúria a que esteve sujeito desde o fim da época clássica até ao início da fase moderna, que se pode despertar o estudante moçambicano da necessidade de tomada de actitudes empreendidoras para a mudança da sua situação e dos outros moçambicanos em relação a dependência a que estão sujeitos.

Para a concretização deste trabalho baseámo-nos em bibliografias de inclinação capitalista e socialista para garantir a isenção necessária nas nossas posições como pesquisadores júniores. Assim pudemos selecionar o que achamos melhor em cada uma delas.

Arquivo do Eusébio André Pedro/2004 1

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1. REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

Falar da revolução agrícola é falar de um dos factores exógenos da revolução industrial. O papel da revolução agrícola foi muito mais decisivo porque não há qualquer país que a partir de 1780 tenha levado a cabo a sua revolução industrial sem que a sua agricultura tenha sofrido transformações mais ou menos completas, pelo menos, nalgumas regiões. É na Europa do noroeste que se observaram as novidades díspares e complexas a que se dá o nome de Revolução Agrícola e que se traduzem, em última análise, numa melhoria decisiva da produtividade e de produção. Estas novidades, ao mesmo tempo, técnicas, económicas e sociais fazem aumentar as capacidades de produção.

Paralelamente às inovações tecnológicas e ao surgimento da indústria fabril em centros urbanos, operou-se também a afirmação do capitalismo através da revolução agrícola. Esta, envolveu a adopção de uma série de novos métodos e técnicas de cultivo e criação. Na Segunda metade do século XVIII teve início na Europa uma série de inovações técnicas, sociais e económicas, modificando a agricultura que evoluiu de métodos e estruturas feudais para uma dinâmica de produção capitalista. Iniciadas na Inglaterra e em menor escala em países continentais da Europa, essas transfomações visavam à produtividade do solo, atender à crescente procura de produtos agrícolas destinados ao consumo das indústrias que surgiram ou da população cujo número crescia, e ampliar os lucros dos produtores.

Constituiu a revolução agrícola as modificações empreendidas por agrónomos ou agricultures, envolvendo o uso da máquina, de novas técnicas de cultivo e alterações no regime de exploração da terra. Alguns inovadores intrigam a opinião pública ou suscitam entusiasmos maciços:

Jethro Tull, pela primeira vez, seleciona as sementes, inventa um semeador mecânico;

Charlestownshend melhora a sua medíocre propriedade pantanosa com amargagem e abandono de pousio, tornado inútil pelas culturas de forragens e de nabos. Compreende, sobretudo, que a considerável criação de gado produzindo carne e adubo natural é um complemento indispensavel às novas práticas;

Granja modelo de Kobert Bakewell em Sishley onde os prados, a irrigação, a selecção e os cuidados com o gado dão fortes rendimentos. Estas transformações arastam consigo uma modificação das estruturas agrárias.

Uma primeira revolução agrícola culminou na Inglaterra entre o final do século XVII e o primeiro quartel do século XVIII seguindo-se relativa paralização para ganhar novo impulso a partir de 1760. A agricultura transformou-se num sector capitalista que em longo prazo poderá permitir a melhoria da produção e da produtividade, alimentar a população urbana em crescimento, criar mercado rural mais coerente e por fim exportar o excedente.

Outros países da Europa do noroeste como Suécia, Holanda seguem com sorte desigual o exemplo da Inglaterra. O caso da França é mais complexo, as suas técnicas desenvolvem lentamente, os pequenos proprietários reforçam as suas posições já antes da revolução, em Limousin, por exemplo, onde prosperava uma democracia rural; enquanto no que refere as grandes propriedades, a nobreza e o clero contentam-se com levantar o imposto e entesourar

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as rendas aproveitando-se de alta regular de peços. Um dos aspectos mais importantes da revolução agrícola foi a utilização da máquina nos trabalhos agrícolas embora os efeitos fossem menos sensíveis do que na indústria, tanto mais a mecanização difundiu-se muito lentamente; dentre outras coisas a mecanização inclui a utilização do arado a vapor.

O segundo aspecto que caracteriza a revolução agrícola relaciona-se com os processos empregados para solucionar a tendência do solo em perder sua fertilidade. Até então o problema era resolvido mediante o uso de adubos animais, a prática de pousio (parte da terra que descansava um ano) e a rotação de culturas, em virtude da qual as terras cultiváveis eram divididas em três grandes áreas, cada uma delas sendo cultivada em três faixas alternadas anualmente. Progressivamente, as modificações resultaram no melhor aproveitamento dos solos e no maior enriquecimento da terra. Assim, nas províncias unidas e, sobretudo na Inglaterra e Escócia em fins do século XVII difunde-se o costume de plantar legumes, forrageiras e plantas invernais (nabo, beterraba, etc).

A propaganda destas culturas aumentou a produção de alimentos para o gado e o homem, possibilitou o emprego de maior quatidade de esforço, permitindo tudo isto aumentar a produção para mercado consumidor e a maior fertilização do solo. Assim as inovações tornaram inúteis os campos de pousio e conduziram a substituição do sistema trienal pelo sistema quatrienal, possibilitando melhorar o rendimento da produção. Outro aspecto da renovação agrícola constituiu a ampliação das terras cultiváveis conseguido não só pelo aperfeiçoamento da superficie antes em pousio, mas também pela drenagem dos pantanos. Aspecto igualmente decisivo ligou-se à adopção de métodos típicos de selecção e cruzamento do gado especialmente ovino e bovino visando aumentar a produção da carne e de leite.

Em seu aspecto social, a revolução agrícola representou a destruição final da comunidade aldeã medieval e a sua substituição pelo moderno sistema de agricultura de posse de terra em cada país. Na Europa Ocidental, salvo em alguns casos, como a Espanha e da Itália a Revolucao Liberal Burguesa conduziu a um parcelamento da propriedade senhorial e à criação de um campesinato proprietário de terra; na Europa Oriental ao contrario o campesinato libertou-se da nobreza e da servidão, mas a propriedade continuou nas mãos da burguesia. No continente a procura de transformação do regime da propriedade era muito diferente e conduziu a resultados diversos segundo a evolução política dos sistemas.

2. REVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

O estudo dos movimentos da população europeia é de grande intresse não só para o demógrafo como para oestudante de Histora, devido ao aumento ou ao decréscimo do número de produtores e consumidores. É sobretudo importante para o estudo do nosso tema pois, teve repercurções directas no crescimento industrial e na produçao agrícola. Como se sabe, o crescimento agricola tem estimulado a produção com o recurso a novos métodos agicolas, aos arrotamentos e à apropiação de baldias.

A revolucao demográfica que começa efectivamente no seculoXVIII, é um dos aspectos fundamentais da revolução económica que o mundo inteiro conhece neste período. Conforme veremos mais a diante, é este aumento explusivo da população europeia que vai dinamizar

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em todo o mundo, através da emigração do seu povo, a revolução demográfica e mais tarde a Revolucao Industrial, agricola e dos transportes. Assiste-se a um desenvolvimento muito importante de 1800 a 1870.A Europa Ocidental passa de 190 milhões para 330 milhoes de habitantes.

2.1. Factores do aumento populacional:

- Melhoria das condições de vida.

Este crescimento populacional verificado no século XVIII não é apenas quantitativo, é também, em granda medida, qualitativo. Verificou-se que a estrutura dos conceitos bem como o seu peso tinha aumentado, graças às condições de vida mais favoráveis e uma melhor alimentação. Há divergencia no que respeita a este assunto. Jean-Pierre Rionx, por exemplo, diz que há desparidade entre o que se fala e o que acontece no terreno: “mas não é evidente que todos esses fenóminos tenham tido alguma influência no arranque, porque muitas vezes, foi pelo contrario a penúria da mão-de-obra na Grã-Bretanha que (…), contribuiu para tornar inevitavel o progresso tecnico.”

Entretanto, estes debates são próprios de historiadores quando se encontram num tema.O certo é que a melhoria da qualidade de vida é importante para o crescimento de qualquer população.

- Revolução Industrial

Embora tenha sido um pouco depois do iníçio da Revolução Demografica propriamente dita, durante a primeira metade do século XIX, a industrialização permitiu absorver o excedente da população dos países Ocidentais. Por muito tempo, séculos antes da industrialização, o crescimento económico não acompanha o pvoamento demográfico. É por esta razão que as condicões de vida eram pécimas, a taxa de natalidade era maior, mas as mortalidades também se mantinham altos. Nas regiões rurais a falta de terras começava a fazer-se sentir, e num grande núpaises a industrialização é totalmente insuficiente.

Jean-Pierre Rioux é também contrário a esta tese, Para ele não há concordancia alguma entre as zonas de forte crescimento demográfico e aquelas em que se instalara a Revolução Industrial. Assim a Inglaterra, a primeira nação a conhecer uma descolagem, tem um rítimo ligeiramente inferior ao da frança, e muito fraco em relação ao da Europa central, de Russia ou da China. Estas teses são para nós inválidas, pois, a Revolução Industrial não só favoreceu o desenvolvimento demográfico na Europa como impulcionou este desenvolvimento nas Americas (E.U.A, Canadá, Brasil, etc.) e no Japão.

- Progressos na instrução.

Os progressos de instrução fazem evoluir os padrões de vida. As pessoas sabem melhor organizar a sua existência, como se protegerem dos elementos e das epidemias. De facto, é a queda da mortalidade que provoca a revolução demográfica na Europa. Em toda a parte a

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morte está em regressão, as curva de mortalidade reduzem a sua amplitude. As pontas dramáticas do século XVII são aplanadas. Parece sobretudo que a mortalidade esteve em regressão porque os factores tradicionais de despovoamento desaparecem. A alta das producões agricolas graças às descobertas de Cuvier e Lamarque afasta as fomes periodicas. Como resultado os organismos mais bem alimentados resistem melhor aos assaltos dos micróbios, as grandes vagas epidémicas misteriosamente atingem menos a Europa Ocidental.

- Progressos na saúde

O progresso da medicina, com destaque à invenção da vacina por Genner, diminuiu as mortes. O control do alcoolismo bastante nítido na Grã-Bretanha, o desaparecimento de certas espécies de ratos, particularimento nocivas e o uso de vestuário de algodão ou saniamento do meio também contribuiram na redução das mortes.

2.2.O Superpovoamento da Europa e as Migrações

A Europa Ocidental, sobretudo a partir de 1840-1850, entra realmente no mundo moderno caracterizado pela indústria, pela grande cidade e pelos caminhos de ferro.A consequência é que a partir de 1840, começa a não saber o que fazer do excedente populacional. Até esta altura as migrações mantinham-se reduzidas mas depois de 1840 as dificuldades económicas obrigam a populacao a emigrar.Além disso, depois de 1850, os excedente aumentam devido à diminuição da mortalidade e ao facto da industrialização ter deixado de os poder absorver. A emigração acelera-se. Cerca de 1845 há a volta de 2.00.000 emigrantes anuais, mas após 1850 atinge-se um rítmo de 250.000 a 300.000 emigrantes, em relação aos quais os britânicos e os alemães representam 90%.

A migração é frequentemente dirigida para países estáveis como a França.É assim que o arcebispo de York considera que é necessário desembaraçar-se dos pobres “que constituem um fardo e uma, calamidade, e enviá-los para onde sejam um beneficio e uma benção”. Assim, de toda a Europa Ocidental vem uma vaga de emigrantes que vão dar origem, for a da Europa , a nações povoadas quase completamente por europeus. É particularmente o caso dos Estados Unidos, do Canadá, da Argentina, da Austrália e da Nova Zelândia. São estes emigrantes europeus que, vão criar uma relativa revolucão demográfica na América e também na África e Ásia.

Nos E.U.A, por exemplo, embora durante os primeiros anos os benefícios devido a emigração sejam fracos, depois de 1870 a população Americana aumenta essencialmente gracas a sua fecundidade. A taxa de natalidade é ainda superior a 37 % enquanto a mortalidade diminui para os 20 %. A evolução da Argentina e do Brasil serão análogas, mas em projeções inferiors. A Argentina vê a sua população passar de 750.000 habitantes em1850 para 2.000.000 em 1875. Quanto ao Brasil, que atraia mais emigrantes a sua população duplica de 1850 a 1875, passando de 5 milhões para 10 milhões de habitantes.

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A África e a Asia são zonas cuja população continua a ser mal conhecida. O certo é que a população da África Negra está nesta época em vias de se reconstruir após as terríveis punições que representou o tráfico de negros nos séculos XVII e XVIII, que só terminou definitivamente cerca de 1830. É preciso, aliás, acrescentar que ao tráfico europeu dos negros se junta o tráfico Árabe dos anos 700. Por outro lado o regime demgráfico é perpetuado por uma fraca natalidade, numerosas endemias, malária e doença do sono e por uma mortalidade infantil bastante elevada.

No sul da África, a colónia do Cabo, o Natal e a Rodésia conhecem um desenvolvimento devido à imigração dos europeus, essencialmente britânicos, e depois de 1860 a chegada de Indianos. Na Ásia regista-se um crescimento demográfico na China, nas Índias e sobretudo no Japão, com a entrada deste país na sociedade Ocidental. Entretanto, em todos estes paises a natalidade era consideravel, muito certamente superior a 50% até cerca de 1870 mas a mortalidade também era maior.

2.3.As Migrações e o Desequilíbrio Mundial

No Ocidente, os progressos da população são devidos não a um aumento súbito dos nascimentos mas a uma rápida diminuição das mortes. Enquanto a taxa média de mortalidade na Europa Ocidental é superior a 35% cerca de 1830, ela é inferior a 25% por volta de 1870. No resto do Mundo a natalidade é análoga, por vezes mesmo superior a Europeia, mas a mortalidade continua elevada devido ao atrazo da Economia, que é uma economia de subsistência, e as insuficiencia da medicina e da higiene.

Assim, vai afirmar-se a preponderância europeia, mas exactamente a preponderância ocidental, que não é apenas técnica mas que resulta do extraordinário desnvolvimento da população.De 1800 a 1870, a população da Europa passou de 200 milhões para 300 milhões de habitantes, mas os E.U.A. passavam de 5 milhões para 40 milhões, o Canadá de 800.000 para 3.700.000, e finalmente a Nova Zelândia de zero para 260.000.

Deste modo, não somente os Europeus se impoem nos teritorios que ocupam partindo praticamente do nada, como também tem a possibilidade de colonizarem uma boa parte do mundo.Tudo está preparado em 1871 para que a Europa, com o seu enorme dinamismo, demográfico e industrial, se instale em África e no sudeste da Ásia, preparando assim a ocidentalizacao do mundo inteiro.

3.REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

No conceito historico, revolução industrial, corresponde a um facto ou acontecimento cronológica e geograficamente determinado.Neste caso, ele é simónimo das transformações ocorridas na Europa Ocidental durante a útima parte do século XVIII e a primeira do século XIX, caracterizada pelo aparecimento do capitalismo industral em alguns países, sendo o

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aspecto mais notável dessas transformações, sem duvida alguma o aparecimento da maquina ou o advento do maquinismo no processo da produção industrial.

Desde o século XV que gerações de artífices, de técnicos, de amadores apaixonados, investigão, com um sucesso desigual. Mas é no seculo XVIII que, com uma difusão ainda mais ampla do gosto pelas “mecânicas”, com a multiplicação de experimentadores esclarecidos, que os esforços seculars resultam, após uma última arrancada de investigações fabris. O incremento das forças productivas é particularmente forte e o apelo de um mercado competitivo se torna permanente, os freios da antiga economia são afrochados por novos processos técnicos que permitem lançar novos meios de produção.

Assim, impõe-se o maquinismo substituindo os processos mecânicos com base na habilidade manual e na formação profissional dispendiosa, permitindo a longo prazo a substituição de artífices e dos trabalhadores do “domestic system” pela multidão de operários não qualificados da fábrica moderna, o maquinismo abre verdadeiramente uma era nova na exploração e na rendibilidade do trabalho humano e permite a expansão da revolução industrial.

3.1. Primeira Fase (finais do século XVIII até cerca de 1870)

Inovações Técnicas

As primeiras descobertas decisivas verficam-se na indústria têxtil, particularmente no de algodão. No que refere a tecelagem, o exército extencivo dos artífices e dos camponeses do “do domestic system” pode fornecer productos de qualidade a preços interessantes. Mas os seus processos de fiação a mão ou com roda de fiar são lentos, carros e tecnicamente medíocres.

O processo de mecanização realizou-se em duas fases: primeiro, automatização da fiação; depois a do tecido. A primeira conquista consumou-se em 1733, com a lansadeira volante de Jhon Kay, que um processo mecânico faz andar automaticamente de um lado para o outro da ordidura, multiplicando a productitividade por quatro e permite tecer peças cuja largura ultrapassa o comprimento dos braços do operário.

Em 1738 John Wyatt e Lewis Paul inventaram uma máquina de fiar mas não teve aplicação por falta de Mercado. Em 1765 as necessidades já são prementes, Hargreaves inventa a Spinning-Jenny, especie de roda de fiar aperfeissoda em que o fiadeiro pode acionar oito fusos ao mesmo tempo.Water-Frame de Ricard Arkwright em 1768 faz entrar a fiação na idade de produção em massa, o seu tear é movido por cavalos ou por maquina a vapor, a fiação faz-se num moinho ou numa fábrica, com consequente consentração de mão-de-obra.

Em 1779 a evolução completa-se com invenção de Mule-Jenny de Samuel Crompton.Esta máquina hibreda e robusta combina as vantagens de jenny e do Water-Frame, põe em movimento até cerca de quatocentos fusos ao mesmo tempo, mas exige água ou maquina a vapor.

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O tear mecânico, movido por força hidráulica, data de 1785 e foi descoberto por Richard Roberts, converteu-se na famosa selfactina, movida a vapor. Outras invenções como o cordador mecânico, a prensa cílndrica para a estampagem, e a introdução de processos químicos na branqueação, tinto e acabamento de panos, completaram a modernização na técnica da indústria têxtil.

As inovações na metalurgia.

Na Inglaterra, desde finais do século XVII, o aproveitamento do carvão vegetal para a siderurgia tinha provocado a destruicão de grandes zonas de floresta, até ao ponto de constituir uma séria preocupação para o futuro. Procurava-se com afã a aplicação do carvão mineral muito habundante no país, mas o principal problema residia no escasso poder calórico que irradiava durante o processo de fundição. A descoberta do coque forneceu o combustível adequado para a nova siderurgia. Por volta de 1840 alimentados de coque, os fornos poderam elevar-se de 17 a 30 pés e a sua produção era de 4 a 5 vezes superior a dos velhos, de carvão vegetal.

Inovações posteriores a 1850 tiveram efeitos consideráveis sobre a capacidade dos alto-fornos e sobretudo a qualidade do ferro fundido. A descoberta do aço teve influência decisive no progresso da mecânica e caldeiraria e sobretudo, no transporte.

A utilização do vapor

Em primeiro lugar, a máquina a vapor, cujo princípio foi descoberto no fim do século XVII por Denis Papin, só foi utilizada nas minas inglesas a partir de 1720, depois dos trabalhos de Newcomen. Mas cerca de 1765 o engenheiro inglês Jeames Watt inventou uma máquina de efeito simples que permetia accionar uma bomba através de um movimento de vai vem. Um pouco mais tarde, em 1781, ele inventou a máquina de efeito duplo.

3.2. Segunda Fase: época do capitalismo financeiro (1870-1914)

Inovacões técnicas

A partir de 1870 a indústria adopta novas manifestações na sua estrutura e nas suas formas, ao ponto de alguns historiadores de economia qualificarem a nova época de Segunda Revolução Industrial. É a época de utilização de novas fontes de energia ( electricidade e petróleo ), de grandes inventos científicos ( motor de explosão, telefone, corantes sintéticos, etc ) e da concentração industrial. Em contraste com a primeira, esta segunda, é o resultado de estreita ligação da ciência e da técnica, do laboratório e da fábrica.

Agora o nascimento das ciências aplicadas e, propriamente falando da tecnologia é consequência das variáveis condições da organizaçãa capitalista do mercado. A crescente concorrência conduziu à produção em massa e, sobretudo a custos baixos. Neste processo a

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técnica, teve uma participação eficaz e o laboratório converteu-se em peça indispensável do complexo industrial, que tinha que combinar o duplo aspecto-técnico e econômico da produção. O mercado competitivo, aspecto essencial do dinamismo ciador capitalista, foi propulsor da renovação técnia.

Novas fontes de energia

Ao vapor, motor energético da primeira revolução, vem juntar-se o petróleo e a electricidade que acabaram por lhe tirar o seu papel dominante. A electricidade já era conhecida pelas experiências de laboratório ( Volta, 1880; Faraday, 1881 ), mas a sua utilização industrial dependia da produção a baixo custo e sobretudo da transmissão a distância. Um alemão Werner Siemens, em 1867, tornou público o invento do dínamo. Pela mesma altura um engenheiro françês, Aristides Berges, descobriu o aproveitamento da força hidráulica para produzir energia elécrtica na sua serração e fábrica de papel de Lancey ( Isere ). Alí instalou a primeira turbina movida por uma queda de água.

O françês Marcel Desprez, em 1881, transportou energia eléctrica, utilizando um fio condutor, entre duas cidades situadas a 57 km de distância, com um rendimento de 45%. O invento pouco antes de 1900, do alternador e do transformador para elevar ou reduzir, a tensão permitiram a cómoda utilização de energia eléctrica na indústria.

O americano Edison conseguiu em 1879 fabricar a lâmpada incandiscente, e a companhia por ele fundada, a Edison campany, depois General Electric company, foi a primeira empresa mundil de electricidade. Utilizou-se também a corrente eléctica na metalurgia especial, e os métodos electricos subistituiram os antiquados processos medievais. Nos transportes a 1ª locomotva electrica foi construida em Berlim, em 1879, por Ernst Siemens.

Contudo a aplicação da electricidade era ainda muito reduzida. Até 1913 o vapôr manteve-se no primeiro lugar. As centrais eléctricas eram pequenas e destinavam-se principalmente a iluminação e a tracção. A Frnaça pós-se a cabeça da produção de energia eléctrca, graças as suas centrais da região alpina, mas em breve lhe passaram a frente os E.U.A, a Alemanha, a Gra-Bretanha, a Suica e a Suécia.

A aplicação industrial do petróleo inicia-se ao subistituir desde 1853, o azeite das lampadas. Em 1859 realizaram-se perfurações em Oil Creek ( Titusville ) e Rockefeller instala em Cleveland a primeira refinaria. Começa assim a febre do Ouro Negro que ajudou a povoar os estados do sudoeste americano ( Texas e California ). Em 1869 descobriu-se o petróleo em Crosny no Caucaso, e em Baku, numa zona desértica vizinha do mar Cáspio, pouco depois na Polónia (Galicia ) e Roménia ( Translvania ).

Progressos na industria metalurgica

A segunda revolução, foi a época do aço como a 1ª tinha sido do algodão. Ja foi observado, insistindo nesta particularidade, que assim como a 1ª revolução foi livre-cambista e pacífica, a Segunda, baseada no aço, fomentou a tensão bélica e a corrida aos armamentos.

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A obtenção do aço, revolucionado pelo convertidor Bessemer e o forno Siemens-Martin (1867), foi completado pela descoberta, em 1878, de dois ingleses, Thomas e Gilchrist que permitiu o aproveitamento de minerais pobres em ferro e ricos em fósfro, como os de Lorena, e utilizar os residuos como excelente adubo. Nos anos 80- 90 construiram-se altos-fornos adaptados nos E.U.A. por Camegie, e em breve na Europa.

A produção de aço depressa superou a de ferro e o sue preço baixou consideravelmente. Em 1870 a produção mundial era de 600.000 toneladas anuais, em 1880 tinha subido para 4.000.000, em 1900 para 28.000.000 e em 1913 para 80.000.000.

Com o aço meteram-se ombros arrojadas obras de engenharia tais como a enorme ponte pensil que franqueia o Firth of Forth, na Escócia, construida entre 1883-1890 para a North British Railway, ou as grandes pontes sobre o Mississipi em São Luís (1974) ou a de Brooklyn, sobre o hudson, em Nova Iorque (1883).

O aço utilizou-se também em Chicago para a estrutura dos grandes arranha-ceus, o primeiro dos quais foi “Home Insurance Co” (1885) e para túneis como o Hudson ou Manhattan, sob o North River em Nova Iorque (1904). Monumentos ao aço e a Torre Eiffel, erguida em París para a exposição internacional, celebrada em 1889, com os seus 300 m de altura e 7.500 toneladas de ferro e aço.

Em finais do século XIX descobriram nos E.U.A os chamados aços duros, com carbono e manganês. O americano F.W. Taylor mais conhecido pelos seus métodos de racionalzação do trabalho conseguiu em 1906 o aço com crómio e tungsténio ( aços rápidos) essenciais para a maquinaria de precisão e para o armamento.

A siderurgia promoveu a extracçao de hulha, para a obtensão do coque, cujos subprodutos se utilizaram na indústia química.

A indústri química

A importância que esta indústria adquiriu a partir dos anos 70 justifica o termo “ revolução química” aplicada as descobertas realizadas durante o último quartel do século XIX.

O ponto de partida foi a descoberta de processos mais baratos para a obtensão dos produtos básicos: a soda e o enxofre. Este foi indispensável para a fabricação de papel, explusivos e vulcanização da borracha. Os nitratos, fosfatos e sais potássicos adquiriram importância vital para o fabrico de fertilizantes e explosivos. Em finais do seculoXIX a química alemã descobriu o processo sintético de obtenção de nitratos, que se impuseram em 1910 no Mercado.

Um novo produto foi a borracha, a qual a vulcanização com enxofre ( processo Goodyear, 1884 ) assegurou um grande futuro industrial ( ciclismo, automobilismo, calçado, vestuário, e, mais para a propria indústria eléctrica ). A máxima revolução no campo químico foram os corantes sintéticos, obtidos a partir do carvão, que transformaram um importante aspecto da indústria têxtil. Relacionado com os corantes está a produção de perfumes, medicamentos e insectecidas, que progrediu notavelmente neste periodo.

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A industria têxtil

No último quartel do seculo XIX, a indústria têxtil perdeu a primazia que tinha mantido como motor de desenvolvimento capitalista. Na sua técnica deram-se inovações sobretudo no tinto e acabamento, consequência do avonço da química. Em 1884 descobriram-se as fibras artificiais a partir da celulose, mas na altura não eram utilizaveis a serem inflamáveis. Só depois da Primeira Guerra Mundial, quando corrigida esta dificiência, se generaliza o seu uso.

3.3. Terceira Fase: época contemporânia ( 1914-1970 )

Nesta fase a ciência e a técnica associam-se para assegurar o progresso. Conjuntamente contribuem para a produção em massa, reduzir os preços de custo e aumentar os rendimentos. A ciência e a técnica lançaram no Mercado novos produtos, sobretudo os produtos da indústria de sintéticos ( materiais plásticos, fibras artificiais e sintéticas, etc ), conseguiram o aproveitamento de novas fontes de energia, como a electricidade, o petróleo, o gás natural e a energia atómica. Construiram ferramentas mecânicas de grande potência como escavadores, inpuseram controlos automáticos mediante a aplicação da electrónica e encurtaram as distâncias.

Todas estas inovações transformaram a hierarquia das matérias-primas “favorecendo” os paises pobres, modificando contudo as formas e meios de produção e intecificando as relações mundiais com os novos meios de transporte ( tracção electrónica, diesel, atómica, etc ). As ditâncias encurtam-se e os povos aproximam-se.

A repercução de todas estas realidades sobre o mundo fisico e humano são, conforme veremos mais adiante, de incalculáveis consequências o Mercado internacional tende a ampliar-se, mediante a extensão das fronteiras nacionais. As circunstâncias actuais requerem como condição óptima a existência de um Mercado de consumo sucessivamente ampliado no qual possam considerar-se as espectativas de rendabilidade com a segurança suficiente. Por isso constituem-se grandes áreas comerciais para promover os intercâmbios nacionais ( Associação Europeia de Comércio Livre, Associação Ibro-Americano de Livre Intercâmbio ) e sobretudo a União Europeia.

Estas organizações além de constituir um Mercado unitário, com a consequente desvantagem económica para os paises do terceiro mundo, conforme veremos nos capítulos asseguir, trata de estabelecer as condições mais convenientes para uma autêntica exploração em todos os campos ( político, social e cultural ).

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3.4 Consequências da Revolução Industrial

Os principais efeitos da Revolução Industrial foram:

- a afirmação do capitalismo como modo de produção dominante e da burguesia e do proletariado com classes básicas da nova estrutura social;

- a utilização constante da máquina e da maior divisao tecnica do trabalho com o consequente aumento da produção e da produtividade, o que impôs o alargamento dos mercados:

- a falência das antigas corporações e manufacturas, a proletarização dos antigos artesãos e o surgimento de uma questão social de vez que as condições do proletariado eram precárias:

- o aumento da produção e da urbanização e a redução da população dos campos em virtude da Revolução Agrícola que diminuiu a necessidade de muita mão-de-obra nos meios rurais:

- em virtude da Questão Social, surgimento de ideologias que contestavam o sistema, como os Socialismos e o Anarquismo.

4. REVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES E COMUNIÇÃO

Esta revolução que continua a processar-se, iniciou-se na primeira metade de oitocentos e teve como primeira manifestação desde logo, o caminho-de-ferro. Posteriormente, seria a vez dos transportes marítimos e fluviais, dos transportes rodoviários e motorizados, da aviação e das telecomunicações. As dimenções e consequências das transformações verificadas ultrapassam o âmbito da história económica e social abrangendo particularmente todos os aspectos civilizacionais e culturais da sociedade(MENDES, Historia e Social sec XV a XX, 1997, p. 107)

Já no século XVII os ingleses activavam o vaivem dos carros de ulha fazendo os rolar sobre calhas de madeira ferrada. Mas no século XIX os bolinetes a vapôr tiravam a hulha mais rapidamente do que os cavalos que puxavam os vagões montados em linhas férreas. Pensou-se então em equipar estes vagões com a máquina de Watt.

A primeira locomotiva foi realizada pelo engenheiro inglês Trevithick, cuja máquina rodou nas ruas de Londres em 1803. George Stephenson, em 1814, pôs em funcionamento uma locomotiva capaz de puxar sobre via férrea, um comboio de 30 toneladas a velocidade de 13 km a hora. Esta locomotiva sofreu aperfeiçoamento e, em 1825, o primeiro comboio de passageiros ligou Stockton a Darlington, a velocidade de 14 km a hora com velocidade máxima de 40 km a hora nas descidas.

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Cinco anos mais tarde, na linha Liverpool – Manchester, o foguete de Stephenson fez 22,5km de média horária (GRIMBERG, História Universal 16,1968, p.p. 34-35).

Já se chamou ao século XIX o “século do comboio”. Com efeito foi então que este meio de transporte registou uma extraordinária expansão, em diversos paises.

Mal tinha demostrado a sua viabilidade na Grã-Bretanha do ponto de vista técnico e financeiro em 1825-1830, e já todo o mundo ocidental começa a planear a construção de caminhos-de-ferro. Nos E.U.A. as primeiras linhas de curta distância foram construidas em 1827, na França em 1828 e 1835, na Alemanha e na Bélgica em 1835 e na Rússia em 1837.

A sua capacidade de desbravar paises até ai isolados dos mercados mundiais pelo elevado custo de transporte, o grande aumento verificado na velocidade e no volume das comunicações terrestres, seriam factores de enorme peso. Do ponto de vista do desenvolvimento económico, o apetite imenso que os caminhos-de-ferro tinham dado ao ferro e aço, ao carvão, à maquinaria pesada, à mão-de-obra e investimento de capital, era nessa fase mais importante. Essa procura maciça era indispensável para que as indústrias de bens de capital se transformassem tão profundamente.(Hobsbawn, A era das Revolucoes, 2001 p. 53)

4.1.Transportes Marítimos

A primeira revolução industrial principalmente do vapôr, atingiu os trasportes marítimos já no século XIX, particularmente na segunda metade. O vapôr impôs-se lentamente nas vias marítimas do que nas vias terrestres. A navegação a vela conheceu o seu apogeu em meiados do século XIX.

O navio a vapôr foi construido por Robert Fulton (1807). Já na segunda metade do século XIX, verificou-se um surto excepcional da navegação marítima a vapôr, o que está ligado intimamente com o grande movimento migratório que na altura se registava. Segundo F. Caron “foi principalmente a expansão do tráfego migratório particularmente nos anos 1840 e 1850, que permitiu esta melhoria de utilização dos navios”.

O desenvolvimento da navegação marítima a vapôr, por sua vez, vai exigir uma profunda remodelação portuária, para o que se tornou necessário efectuar elevados investimentos.

Com o seculo XIX, ao comboio e ao vapôr, vieram juntar-se o automóvel e o avião. Este último mercê dos estudos sobre a densidade do ar que conduziram a construção de dirigíveis e aeroplanos, ciência que teve um genial precursor no português Padre Bartolomeu de Gusmão, o inventor da “passarola,” em 1709, aparelho voador no qual o seu inventor conseguiu se elevar, marcando o início da navegação aérea no mundo, que so veio a tomar incremento já no século XX.

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O mercado, as relações diplomáticas, a deslocação de mão-de-obra, o turismo,etc não podem ser estudados sem equacionar a importância dos transportes em geral e dos tranportes rodoviários e aéreos de modo muito particular.

4.2. A Comunicação

Os meios de comunicação desenvolveram graças as enúmeras invenções que foram consagradas a electricidade.

Em 1833 Gausse e seu aluno Weber construiram o primeiro telégrafo eléctrico que funcionou entre o laboratório de fisica e o observatório da Universidade de Gottigen. Em 1834 o americano Morse desenvolveu a invensão e em 1844 começa a ser instalada em França uma rede telegráfica; em 1851 foi colocado o primeiro cabo submarino entre Calais e Douvres.

Edison(1877) inventa o fonógrafo; Bell e Gray constrõem os primeiros telefones; Hertz lança o princípio da propagação das ondas eléctricas, chamadas depois hertzianas; e Branly apresenta o seu rádio-condutor, do qual sai a telegrafia sem fios.(Mattoso, Compêndio de História Universal, 1949, p.463).

Estas telecomunicações também muito contribuiram para trasformar o mundo em que vivemos e simultaneamente para tornar profundamente distinto do mundo que nos perdemos.(Mendes,op.cit.,p.111).

5.AS TRANSFORMAÇÕES EUROPEIAS E DESEQUILIBRIO MUNDIAL

Para compreender a origem da actual situação de miséria e dependência dos paises que hoje constituem o terceiro mundo é necessário conhecer um complexo de factores que, no seu conjunto, perpetuaram esta situação ao longo dos anos. Em primeiro lugar e necessário conhecer a sua história.

A partir do século XVI,os paises navegadores portugueses e espanhois e depois ingleses, franceses e holandeses chegaram a África, Índia e ao continente Americano. Os primeiros contactos foram de conquista militar, saque e pilhagem cuja a extensão e bem patente na América do sul onde os conquistadores espanhois aniquilaram por completo a riquesa e civilização das sociedades nativas.

Durante todo este período a pilhagem, a troca comercial desigual e a exploração do trabalho escravo deram origem, por todo o lado à acumulação de capitais pela burguesia dos portos e cidades europeias. Arquivo do Eusébio André Pedro/2004 14

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Em Segundo lugar, a Europa viveu durante a Idade Média cerca de cem anos confinado a sí mesmo, o que permitiu o desenvolvimento da agricultura. As invasões bárbaras, a queda da unidade política do Império Romano do Ocidente, as invasões dos muçulmanos e mais tarde o estabelecimento do regime feudal, obrigaram a uma procura de recursos económicos dentro da Europa. E o único recurso a que a Europa teve que se sujeitar foi a terra.

Com apoio de instituições monásticas (ordens religiosas), a partir do sec. XI a Europa conhece uma tímida Revolução Agrícola. Aparecem as charuas de Madeira, com ralhas de ferro, que permitiram melhorar a qualidade das colheitas pela remoção mais profunda do solo. São estas as origins primeiras duma agricultura que aparece de forma explusiva a partir de 1680. Estas inovações técnicas, sociais e económicas a partir da segunda metade do sec. XVIII, modificaram as estruturas e métodos feudais para uma dinâmica de produção capitalista. Assim estavam criadas as condições para a dependência do resto do mundo através da revolução demográfica.

Em terceiro lugar a revolução demográfica que, conforme dissemos antes, é em parte resultado da Revolução Agrícola, cria condições para a Ocidentalização do mundo. Em 1776 aparece o primeiro jornal o “O the Farmars’ Magazine” e em 1806 o “Farmas’ Joournal”. Deste modo divulgam-se por toda a Europa as novas técnicas agrícolas. A consequência foi o aparecimento duma população excedentaria que vai dar origem, fora da Europa, a nações povoadas quase completamente por Europeus.

Assim, os europeus não somente se impõem nos territóries que ocupampartindo do nada, como também tem a possibilidade de colonizarem uma boa parte do mundo. Tudo está preparado em 1871 para que a Europa, com o seu enorme dinamismo demográfico se instale em África e no sudoeste asiatico.

Em quarto lugar, com a Revolução Industrial do sec. XVIII, na Europa, as relações comerciais entre os paises hoje tidos como desenvolvidos e as regiões hoje tidas como subdesenvolvidas alterou-se . O terceiro mundo oferece a Europa de productos agrícolas e obtem em troca productos industriais de consumo corrente. Ao terceiro mundo é assim atribuida uma função de fonte de matérias-primas e de Mercado para productos industriais, em relação aos paises europeus.

Este processo afecta o terceiro mundo, não só porque com a troca desigual continua a exploração económica, mas também porque tal como acontece na agricultura, os productos a baixo preço das indústrias europeias distroem o agricultor de subsistência e o artesanato local, contribuindo para a desarticulaçõo e destruição dessas sociedades, tornando ineviavel um processo de acumulação interno e autónomo capaz de transformar e desenvolver o respective aparelho productivo.

O Japão só escapou a este processo porque esteve até muito tarde relativamente isolado da rede comercial dos europeus, realizou de forma independente a tranzição ao modo de produção capitalista.

Terminada a colonização a partir dos anos 60 do seculo XX, este processo prevalence atrvés de mecanismos desenvolvidos ao longo dos tempos. Assim se cria aquilo que actualmente se chama neocolonialismo. Para Lénine, um dos que estudou seriamente este período a

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economia mundial é marcada pelo aparecimento dos monopólios, do capital financeiro e pela exportação de capitais.

5.1. Os Monopolios.

Os monopólios começam a dominar a economia capitalista e procuram obrigar as empresas não monopolistas a encorporar-se nelas ou então arruinam-nas através de preços baixos. Uma vez estabelecidos como formas dominantes, os monopólios de um país procuram vencer os monopólies dos outros paises no mercado mundial capitalista.

Estes monopólios tomam um carácter internacional. Assim formam-se agrupamentos em Carteis, Sindicatos e Trusts. Deste modo, os monopolistas conseguem exportar seus capitais e manter a dominação económica das antigas colónias.

5.2. O Capital Financeiro

Não são só as indústrias que se concentram e formam monopólies, o sector bancario também se concentra e assim surgem monopólios financeiros a partir do seculo XIX. Os bancos compram as acçoes dos monopólios industriais e estes adquirem acções dos bancos. Dá-se assim no começo do seculo XX, a união do capital bancario e industrial, a que chamamos Capital Financeiro. Esta Oligarquia Financeira, entra em contradição com os pequenos e médios empresários não monopolistas. Os grupos económicos mais poderosos, cujo poder se faz sentir em todos os paises dependents são o Morgan, Rockefeller, Dupont, Mellon, Bank of America, Clevland, Chicago e First National City Bank.

Hoje em dia é difícil ouvir falar de alguns destes monopólios. Alguns foram engolidos por monopólios mais fortes, surgidos recentemente outros desapareceram como resultado de fusão entre eles, sempre com o objectivo de se tornar cada vez mais fortes para melhor dominar. Os grupos que mais se destacam nos nossos dias são o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.

5.3. A Exportação de Capitais

Com predomínio dos monopolies financeiros torna-se mais importante a exportação de capitais. Com o fim de dar saúde a grande quantidade de capital acumulado e com objectivo de obterem o máximo de lucros, os monopólies passam a investir capitais noutros paises, construindo grandes empresas, fundamentalmente de extracção de matérias-primas. Deste modo, conseguem obter mercadorias a custos muito baixos, dado que a mão-de-obra nestes países é muito mais barata. Ao mesmo tempo asseguram o controlo das fontes productoras de matérias-primas necessáries para a produço industrial das metrópoles.

Outra forma de exportação de capitais é a concesção de empréstimos e a chamada “ajuda económica” a outros países. Os juros cobrados por esta “ajuda económica” são constituidos pelas riquesas extraidas a estes povos. Ainda por cima, estes empréstimos e esta “ajuda” são utilizados para pressionar politicamente o país saqueado.

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CONCLUSÃO

Os temas que apresentamos reflectem, de uma maneira geral, os respectivos aspectos que lhes dizem respito. Não é por aqui que devemos terminar, é preciso que se faça mais buscas para espelhar os pormenores.

Em todo o caso, concluimos que, foi a Revolução Agrícola, Revolução Demográfica, Revolução Industrial e a Revolução dos tranportes que, em conjunto combinaram as acções e permitiram a Europa descolar da linha média dos demais continents e criar o desiquilibrio mundial. Esta situação, em parte, foi devido a propria atetude dos europeus que, perante uma situação de dificuldades no seu proprio territorio, partiu em busca de solução. No alem fronteira subjugou os outros povos, através do comércio desigual, pilhagem colonial, pirataria e outros métodos que o permitiram acomular muitas riquezas e criar o desiquilíbrio.

Tivemos muitas dificuldades em encontrar uma obra que tratasse cabalmente este tema ou que pelo menos tratasse todos os aspectos essenciais.

Aos que querem continuar com estes temas recomendamos o uso de diferentes documentos para garantir a complementaridade da informação.

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