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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL RENATA MEIRA TATIANNE DOS SANTOS PEREZ APOIO MATRICIAL NO NASF DE AMAMBAI RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

RENATA MEIRATATIANNE DOS SANTOS PEREZ

APOIO MATRICIAL NO NASF DE AMAMBAIRELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

Amambai/MSFIOCRUZ/UFMS

2011/2012APOIO MATRICIAL NO NASF DE AMAMBAI

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

RENATA MIRANDA MEIRATATIANNE DOS SANTOS PEREZ

PROJETO DE INTERVENÇÃO EM CONSTRUÇÃO (MODALIDADE DO TCC) no Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família da FIOCRUZ/UFMS, como requisito para obtenção do grau de especialista em Atenção Básica e Saúde da Família, orientado pela tutora Luciane Aparecida Pereira de Lima.

Amambai/MSFIOCRUZ/UFMS

2011/2012

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AGRADECIMENTO Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta caminhada. Agradeço também ao meu filho que sempre me apoiou e incentivou nessa conquista. Agradeço minha família pelo incentivo, pela força e por sempre estarem presentes na minha vida. Agradeço a equipe do NASF pelo companheirismo. Agradeço a tutora Luciane Aparecida Pereira de Lima pela paciência e dedicação na orientação que tornou possível a conclusão dessa monografia.

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................................5

ABTRACT.................................................................................................................................................6

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................7

JUSTIFICATIVA........................................................................................................................................8

OBJETIVO..............................................................................................................................................10

OBJETIVO GERAL.........................................................................................................................10

OBJETIVO ESPECÍFICO................................................................................................................11

METODOLOGIA.....................................................................................................................................11

APOIO MATRICIAL NO NASF DE AMAMBAI..........................................................................................12

CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU EM ANDAMENTO)..................................................................................16

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................................................19

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RESUMO

A política Nacional de Humanização (PNH), criada em 2003, surgiu sob os efeitos da

11ª Conferência Nacional de Saúde e tem como diretriz enfrentar e superar os modos de

gestão e cuidado em saúde que são incoerentes com o direito inalienável à saúde. O apoio

matricial é um arranjo na organização dos serviços que complementa as equipes de referência

e é proposta central da equipe do NASF. O objetivo do apoio matricial realizado pelo NASF

Amambai é repensar estratégias para melhorar a qualidade do atendimento ao usuário através

da PNH e ampliar a autonomia dos trabalhadores no pensar e agir. A roda de conversa foi o

método adotado para conduzir as visitas de apoio matricial do NASF às ESFs. Foram

visitadas seis equipes de saúde no período de setembro a novembro de 2011. A prática do

apoio foi e é um grande desafio para o NASF devido a sua importância. Concluiu-se que o

apoio matricial é uma ferramenta essencial para melhoria do atendimento na Atenção Básica

de Saúde e que é necessário um apoio à equipe apoiadora como estratégia fundamental para o

fortalecimento da equipe.

Palavras-chave: Apoio matricial, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Política

Nacional de Humanização ( PNH).

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ABTRACT

The National Policy of Humanization (PNH), established in 2003, came under the

influence of the 11th National Conference on Health as a guideline and has endured and

overcome the ways of management and health care that are inconsistent with the inalienable

right to health. The support matrix is an arrangement in the organization of services to

complement the reference teams and is the core proposal team NASF. The purpose of the

matrix support is conducted by NASF Amambai new strategies to improve the quality of

customer service through the HNP and increase the autonomy of workers in thinking and

acting. The wheel of conversation was the method used to conduct the visits of the matrix

support to ESFs NASF. We visited six teams of health in the period from September to

November 2011. The practice of support was and is a major challenge for the NASF because

of its importance. It was concluded that the support matrix is an essential tool for improving

care in primary care and support is needed supportive to the team as a key strategy for

strengthening the team.

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INTRODUÇÃO

O apoio matricial é um arranjo organizacional que apresenta como característica a

transversalidade, no sentido de produzir e estimular padrões de relação que perpassem todos

trabalhadores e usuários, favorecendo a troca de informações e a ampliação do compromisso

dos profissionais com a produção de saúde.

O Projeto para implantação do NASF 2 no município de Amambai se deu no ano de

2009, foi elaborado pelo Secretário Municipal de Saúde, tendo como norte a Portaria GM nº

154, de janeiro de 2008, visando fornecer suporte qualificado às equipes da Estratégia Saúde

da Família (ESF).

Seu objetivo principal é apoiar as equipes da ESF na efetivação de suas ações e

ampliar a abrangência e o escopo das ações na Atenção Primária, bem como sua

resolubilidade. Busca qualificar e complementar o trabalho das equipes de Saúde da Família,

atuando de forma compartilhada, buscando superar a lógica fragmentada e ainda hegemônica

no cuidado à saúde, visando à construção de redes de atenção e cuidado e colaborando para

que se alcance a plena integralidade do cuidado físico e mental aos usuário do SUS (BRASIL,

2008).

No ano de 2009 foram contratados os seguintes profissionais: uma psicóloga, uma

farmacêutica e duas fisioterapeutas.

No início, os atendimentos eram realizados no Posto Central do município e os

profissionais continuaram em suas funções sem uma orientação prévia das ações propostas

pelo NASF. O NASF era porta de entrada dos pacientes e esses eram atendidos

individualmente no modelo assistencialista curativo.

No ano de 2010, após uma visita da auditoria do estado, a psicóloga e as duas

fisioterapeutas foram remanejadas para um prédio próprio do NASF, atendendo à “exigência”

dos peritos, uma casa alugada que funcionaria com uma clínica de reabilitação de fisioterapia

e consultório clínico da psicóloga. A farmacêutica estava lotada na secretaria de saúde na

dispensação de medicamentos, processos licitatórios e outros.

Quando fomos orientadas pelo gestor a dar uma palestra de apresentação do NASF

para os ACS e enfermeiras, começamos a pesquisar mais a respeito das ações preconizadas

pelo Ministério da Saúde e não conseguimos nos encaixar nelas. Lemos o caderno de atenção

básica nº 27, referente ao assunto, e ficamos ainda mais perdidas e sem alguém para nos

esclarecer a nossa real função.

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Fizemos a palestra de acordo com o que entendemos, porém nossas ações continuaram

limitadas ao atendimento clínico.

Entendemos que deveríamos participar mais das ações relacionadas à Atenção Básica

e começamos a freqüentar as reuniões mensais das enfermeiras e com isso iniciamos algumas

visitas domiciliares com elas quando éramos solicitadas. E os vínculos foram se formando.

No decorrer disso tudo, a equipe iniciou a Pós-graduação em Saúde da Família e as

dúvidas começaram a serem sanadas com auxílio da tutora que nos questionava a respeito das

nossas ações e então descobrimos que estávamos bem distantes da real proposta.

Nesse ínterim, o relatório da perícia chegou às mãos do presidente do CMS ( Conselho

Municipal de Saúde) e este veio pessoalmente nos questionar a respeito daquelas exigências,

aproveitamos a oportunidade e seguimos uma luta para implantarmos o NASF

verdadeiramente com a tecnologia de apoio matricial.

O Curso de Pós Graduação em Saúde da Família veio em um momento oportuno, e

sem dúvida, vem contribuindo para o aperfeiçoamento da prática profissional e nos projetos

de intervenção do NASF no nosso município. Assim esse Trabalho de Conclusão de Curso

nos possibilita apresentar o relato de experiência do projeto de intervenção da caminhada e

construção do apoio matricial no NASF de Amambai/MS.

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JUSTIFICATIVA

O SUS institui uma política pública de saúde que visa à integralidade, à universalidade, à

busca da eqüidade e à incorporação de novas tecnologias, saberes e práticas. Apesar dos

avanços acumulados no que se refere aos seus princípios norteadores e à descentralização da

atenção e da gestão, o SUS atualmente ainda enfrenta uma série de problemas. (BRASIL,

2006)

A Política de humanização é um movimento político-institucional e social que

reafirma valores éticos no cuidado em saúde, entre os quais:

Respeito à diferenças/singularidades das pessoas, comunidades e grupos

sociais

Solidariedade

Defesa e respeito à vida

Produção de sujeitos mais livres, autônomos, criativos e corresponsáveis.

( BRASIL, 2009).

O Ministério da Saúde tem reafirmado a Política Nacional de Humanização (PNH), o

HumanizaSUS, como política que atravessa as diferentes ações e instâncias do Sistema Único

de Saúde, englobando os diferentes níveis e dimensões da Atenção e da Gestão. Operando

com o princípio da transversalidade, a Política Nacional de Humanização (PNH) lança mão de

ferramentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e a co-responsabilização entre

usuários, trabalhadores e gestores. Ao direcionar estratégias e métodos de articulação de

ações, saberes, práticas e sujeitos, pode-se efetivamente potencializar a garantia de atenção

integral, resolutiva e humanizada. (BRASIL, 2007).

De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27, o correto entendimento da

expressão “apoio”, que é central na proposta dos NASF, remete à compreensão de uma

tecnologia de gestão denominada “apoio matricial”, que se complementa com o processo de

trabalho em “equipes de referência”.

O apoio matricial apresenta as dimensões de suporte: assistencial e técnico-

pedagógico. A dimensão assistencial é aquela que vai produzir ação clínica direta com os

usuários, e ação técnico-pedagógica vai produzir ação de apoio educativo com e para a

equipe. (Caderno de Atenção Básica, nº27).

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Apoiar é construir rodas para o exercício da análise, cujo efeito primeiro é a ampliação

da grupalidade entre aqueles que estão em situação de trabalho. (Caderno HumanizaSUS, vol.

1; 2010).

Um serviço de saúde onde as decisões são tomadas por um pequeno grupo que ocupa

cargos mais altos na hierarquia deste serviço, e cuja organização é baseada no poder das

corporações profissionais, tende a gerar descompromisso e falta de interesse de participação

na maioria dos trabalhadores. Processos de trabalho centrados em procedimento burocrático, e

que se restringe a prescrever, tendem a fragilizar o envolvimento do profissional da saúde

com o usuário.

Para evitar tais tendências é preciso investir na mudança da estrutura assistencial e

gerencial dos serviços de saúde. É preciso criar novos arranjos organizacionais, capazes de

produzir outra cultura e de lidar com a singularidade dos sujeitos.

O apoio matricial é, portanto, uma forma de organizar e ampliar a oferta de ações em

saúde, que lança mão de saberes e práticas especializadas, sem que o usuário deixe de ser

cliente da equipe de referência. As equipes de referências e o apoio matricial constituem-se,

assim, como ferramentas indispensáveis para a humanização da atenção e da gestão em saúde.

(Ministério da Saúde, 2004 – Cartilha da PNH).

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OBJETIVO

OBJETIVO GERALDescrever o desenvolvimento do Apoio Matricial do NASF de Amambaí/MS

OBJETIVO ESPECÍFICO Rever as estratégias para melhorar a qualidade do atendimento e aumentar o grau de

resolubilidade das ações oferecidas à população, na perspectiva de atender as políticas de

consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Aumentar a capacidade de compreensão e de intervenção das equipes, contribuindo

para instituir processos de construção compartilhada diante das dificuldades que permita aos

sujeitos participarem do comando de processos de trabalho, de educação e de intervenção.

Discutir coletivamente as prioridades de saúde do território de abrangência de cada

ESF.

Apoiar o acolhimento à demanda espontânea nas ESF e no NASF.

Apoiar as práticas de saúde com enfoque na clinica ampliada e projetos terapêuticos

singulares

METODOLOGIA

Através da Cartografia descrever o processo de trabalho do NASF Amambai, a partir

das atividades realizadas pela equipe multidisciplinar através dos princípios da Política

Nacional de Humanização do SUS com enfoque no apoio matricial, utilizando o método

Paidéia e Roda de Conversa.

Conforme Campos, 2001/2003 e Brasil, 2012, o Apoio Paidéia é uma postura

metodológica que busca reformular os tradicionais mecanismos de gestão. O apoio parte do

pressuposto de que as funções de gestão se exercem entre sujeitos, ainda que com distintos

graus de saber e de poder, que procura estabelecer relações construtivas entre os distintos

atores sociais. É portanto, uma metodologia para a formação de pessoas, objetivando a

ampliação de sua capacidade de analisar e de intervir sobre o mundo. Não se trata de uma

técnica neutra, o método sugerido apoia-se em alguns valores e critérios para balizar a política

e a gestão. O método ressalta a importância de ofertas externas para apoiar a mudança de

pessoas ou de grupos.

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APOIO MATRICIAL NO NASF DE AMAMBAI

Participamos do 1º Encontro Sul Matrogrossense do NASF na cidade de

Aquidauana/MS e foi muito enriquecedor para nosso conhecimento e troca de experiências.

Lá estavam representantes do Ministério da Saúde, gestores e trabalhadores da saúde; ficou

evidente que os demais municípios estavam enfrentando as mesmas dificuldades, porém isso

nos fortaleceu.

Refletir sobre as competências profissionais e o processo de trabalho nos Núcleos de

Apoio à Saúde da Família (NASF) é um desafio, tendo em vista a forma como historicamente

se produz saúde no Brasil. Pressupõe ainda repensar a lógica fragmentada da formação dos

profissionais da saúde, que privilegia os conhecimentos e as habilidades técnicas específicas

de cada categoria profissional, em detrimento de saberes interdisciplinares compartilhados no

dia a dia da prática em equipe (GENIOLE et al., 2012).

Quando retornamos a Amambai nos reunimos e iniciamos nosso planejamento de

ações, dentre elas estava o apoio matricial. Em reunião interna com a equipe do NASF ficou

definido que utilizaríamos o Apoio Paidéia de Gastão Wagner Sousa Campos como

metodologia para nortear nossa ação de apoio matricial.

Segundo o Caderno HumanizaSus (2010), apoiar equipes é intervir com elas em

processos de trabalho, não transmitindo supostos saberes prontos, mas em uma relação de

solidariedade e cumplicidade com os agentes das práticas. Apoiar é produzir analisadores

sociais e modos de lidar com a emergência de situações problemáticas das equipes para sair

da culpa e da impotência frente à complexidade dos desafios do cotidiano da saúde. Apoiar é

construir rodas para o exercício da análise, cujo efeito primeiro é a ampliação da grupalidade

entre aqueles que estão em situação de trabalho.

Sendo a Roda de Conversa utilizada como uma das ferramentas do método de Paidéia,

Campos, 2000 afirma que a Roda de Conversa consiste na criação de espaços de diálogo, em

que os trabalhadores podem se expressar e, sobretudo, escutar os outros e a si mesmos. O

objetivo é estimular a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da

troca de informações e da reflexão para a ação.

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Tabela 01: Área geográfica de atuação do NASF, equipes de saúde vinculadas e população estimada.

Área geográfica de

atuação

Equipes de Saúde da Família vinculadas População

estimada

Amambai Equipe de Saúde da Família da Vila Vilarinho 2.848

Equipe de Saúde da Família da Vila Guape 3.217

Equipe de Saúde da Família da Vila Doriane 2.715

Equipe de Saúde da Família da Vila Varocopa 2.849

Equipe de Saúde da Família da Vila São Luiz 4.439

Equipe de Saúde da Família da Vila Mangay 2.932

Equipe de Saúde da Família da Vila Limeira 2.776

Fonte: SIAB – Amambai/MS

Juntamente com as coordenadoras das ESF’s fizemos uma agenda compartilhada para

dar início a nossas visitas nas unidades e iniciarmos o apoio matricial.

Seguindo essa agenda compartilhada fomos às unidades de saúde, formamos a roda de

conversa com todos os funcionários, nos apresentamos como equipe do NASF, esclarecemos

nossos objetivos, falamos da importância de um trabalho conjunto com a ESF para melhorar o

acolhimento ao usuário e identificar e levantar os principais problemas encontrados.

Campos, 2000, discute que valorizar os processos coletivos, em contraste com o

mundo contemporâneo do individualismo e da competição geradora de disputas, é o que

permite que os sujeitos se reposicionem na perspectiva de seu protagonismo e da sua

importância na construção de redes de cuidados compartilhados.

Nossa intervenção aconteceu em cinco ESF e uma UBS nos meses de setembro a

novembro de 2011, tendo como suporte a diretora municipal de saúde e a Assistente Social.

1º visita 11/09/2011 - ESF. 01

Participaram da roda de conversa: a enfermeira, o médico, os agentes comunitários de

saúde (ACS), a recepcionista, técnica em enfermagem e a técnica de higiene bucal.

As principais queixas foram:

Demanda espontânea, médico sobrecarregado atendendo pessoas de outras

ESFs e zona rural;

Área sem ACS há dois anos;

Foi sugerido o retorno do curso introdutório para os ACS e de acolhimento

para a equipe;13

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Discutir o protocolo de pré-natal: atendimento médico e de enfermagem com

as outras equipes.

Foi sugerido o matriciamento para os médicos.

Capacitação para o médico utilizar o telesaúde.

Implantar prontuário eletrônico.

Falha do sistema de informação da rede.

Falta medicamento.

2º visita 14/09/2011- ESF. 02

Participaram da roda de conversa: a enfermeira, o médico, os agentes comunitários de saúde (ACS), a recepcionista, técnica de saúde bucal, técnica em enfermagem, gerente da unidade e zeladora.

Livre demanda; Queixa a respeito do descumprimento do protocolo de pré-natal. Falta de equipamento e do profissional odontólogo para a sala do dentista há mais de

30 dias. Queixa em relação à forma de encaminhamento e agendamento da psicóloga do

município. Encaminhamentos feitos pelas escolas sem laudo da psicopedagoga e do médico.

Falta de parceria com o Hospital Regional do município para atendimento do usuário.

3º visita 19/09/2011- ESF. 03

Participaram da roda de conversa: a enfermeira, os agentes comunitários de saúde (ACS), a recepcionista, técnica em enfermagem, dentista, técnica de higiene bucal e gerente da unidade.

Falta parceria com as outras unidades; Queixa sobre o descumprimento do protocolo de pré-natal; Falha do sistema de informação da rede; Falta capacitação quanto ao acolhimento. Falha na relação interpessoal do gerente com a enfermeira da ESF.

4º visita 03/10/2011- ESF. 04

Participaram da roda de conversa: a enfermeira, os agentes comunitários de saúde (ACS), técnica em enfermagem, dentista, técnica de higiene bucal, gerente da unidade e digitadora.

Falta médico na unidade; Capacitação quanto ao acolhimento; Dificuldade de transporte para os pacientes devido escassez de horários de

transporte coletivo; Falta recepcionista;

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Falha do sistema de informação da rede; Combustível insuficiente para o carro da ESF devido a distância da unidade.

5º visita 17/10/2011-ESF.05

Participaram da roda de conversa: a enfermeira, os agentes comunitários de saúde (ACS), médico, técnica em enfermagem, a recepcionista, dentista e técnica de higiene bucal.

Falta união da equipe; Microárea descoberta; falta ACS; Sobrecarga na unidade por falta de médico em outras unidades; Não está sendo realizado o bochecho na escola e nem visita da equipe de saúde

bucal; Solicitado a visita e intervenção da farmacêutica devido casos específicos relatados

pelas ACS; Falta de acompanhamento da assistente social; Falta de controle de zoonose.

6º visita 26//11/2011-Unidade Básica de Saúde-06

Participaram da roda de conversa: técnica em enfermagem, a recepcionista, dentista do CEO (Centro de Especialidade Odontológica), gerente da unidade, zeladora, farmacêutica, técnica de Raio x, protético nutricionista

Questionamento quanto ao encaminhamento da nutricionista para o NASF; Zeladora sobrecarregada, a outra está sempre de atestado; outros funcionários se

queixando da falta de limpeza; No setor de prótese: falta recepcionista e a técnica de saúde bucal. A técnica

encontra-se de atestado médico por seis meses Foi sugerido uma funcionária para ficar na recepção e a limpeza separadamente nesse setor.

Definir o atendimento à área rural, centralizar para o posto central; Divulgar o 0800 em meios de comunicação; Falta de tempo da nutricionista pra realizar atividades de promoção e prevenção à

saúde; Falta de conhecimento dos funcionários quanto às diretrizes do SUS; Foi sugerida intervenção ergonômica da fisioterapia para os zeladores e

profissionais de serviços gerais. Poucas vagas disponíveis de US, tendo que dividir com a FUNASA. Falta de

planejamento quanto à identificação de prioridades e agendamento. A solução levantada foi que o serviço fosse realizado no próprio posto pela médica especialista em diagnóstico por imagem, pois assim acabaria o problema do agendamento;

Falta ramal e telefonista; Falta de uma auxiliar para a farmácia. Farmacêutica sobrecarregada; Sobrecarga na sala de vacina;

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Falta uma enfermeira em período integral e uma técnica em enfermagem.

7º visita 16/11/2011 ESF. 07

Participaram da roda de conversa: enfermeira, agentes comunitários de saúde (ACS), técnica em enfermagem, a recepcionista, dentista, técnica de higiene bucal, gerente da unidade e zeladora.

Questionamento quanto ao protocolo de Saúde Bucal; Falta integração da equipe de saúde bucal com a enfermagem; Os problemas levantados foram relacionados à Assistência Social; Falta de diálogo do médico com a equipe dificultando o agendamento; Não está sendo realizadas reuniões do HIPERDIA; Livre demanda de preventivo; A equipe só quer atender a área adscrita; Falta de material permanente para o auditório da unidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU EM ANDAMENTO)Segundo Oliveira, 2001, o trabalho do apoiador envolve uma tríplice tarefa – ativar

coletivos, conectar redes e incluir conflitos – que se desdobram em inúmeras outras. Agenciar

conexões, ativando redes, de saber, de cuidado, de cogestão, e tantas outras, no mesmo ato de

convocar sujeitos e seus conflitos, ativando coletivos e rodas agonísticas, que os mantenham

conectados e solidários. O apoiador não é titereiro que comanda e determina a mudança. São

os agenciamentos, para os quais o apoiador é apenas um dos que contribui, que se acoplam a

outros e vão fazendo deslizar a organização e os sujeitos, fazendo-os diferenciarem-se de si

mesmos.

Ao final de cada roda de conversa a equipe se reunia para discutir os problemas

levantados. Pudemos observar que em todas as ESF os agentes comunitários de saúde pouco

participaram, e que a maioria dos questionamentos e problemas levantados eram relacionados

à gestão. A livre demanda, descumprimento do protocolo de pré-natal, falha do sistema de

informação da rede e capacitação quanto ao acolhimento também foi citado. Discutimos sobre

a postura dos trabalhadores na forma de pensar e agir diante da oportunidade de construir

consensos para o benefício da equipe em que está inserido.

Ficou evidente a necessidade do efeito Paidéia nesses encontros, pois, notamos uma

pretensão exagerada de objetividade, não levando em conta as relações de afeto e poder.

Dificuldade em aceitar a co-responsabilidade no processo de trabalho e em construir soluções

compartilhadas; resistência à mudança.

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Observamos também que em algumas ESF não fomos bem acolhidos, o que nos

remeteu insegurança e um pouco de frustração. Em uma análise interna revimos nossa forma

de abordagem e constatamos que estávamos “impondo” nossa presença, afinal ninguém nos

pediu apoio ou ajuda. Ficou uma ideia equivocada da parte de alguns funcionários que viram

em nós uma figura fiscalizadora quando na verdade queríamos apenas que cada equipe

discutisse seus conflitos, ampliasse sua capacidade de análise de uma situação, instigar a

autonomia do grupo, fomentar a grupalidade e instaurar o processo de mudança.

Já em outras ESF fomos vistos como alguém que veio para solucionar os problemas,

que deveríamos levar de volta as soluções prontas e a nossa inexperiência nos fez acreditar

que tínhamos de fato um compromisso de buscar os recursos e respostas para os conflitos e

questionamentos levantados. Mais tarde descobrimos que constatar o estado das coisas não

ajuda em nada, e que o apoiador não é o salvador e que participar da gestão faz parte do

campo de responsabilidade de todos os envolvidos em um processo de trabalho, pensar e fazer

junto com as pessoas e não em lugar delas.

Tentamos ainda marcar uma reunião com o gestor para colocá-lo a par da situação e

cobrá-lo quanto ao que era de sua competência, porém, ele não nos atendeu e a decepção

aumentou ainda mais. Ficamos bastante desanimadas em voltar para novas rodas de conversa

nas ESF, pois não tínhamos conseguido solucionar os problemas por elas levantados, e então

desistimos de retornar.

Foi apenas no mês de maio de 2012 que conseguimos regressar com nossos

planejamentos de apoio após participar do Curso de Apoio ao Acolhimento e Fortalecimento

das Redes de Atenção à Saúde na microreginal de Ponta Porã.

O projeto de Apoio Matricial mostrou-se um desafio para a equipe do NASF

considerando-se a importância e magnitude dessa prática, as quais devem contemplar todas as

unidades e equipes de saúde do município. Nesse sentido, concluímos que necessitamos de

um apoio como estratégia fundamental para o nosso fortalecimento. E que o efeito Paidéia foi

obtido com êxito na equipe do NASF, pois segundo Brasil, 2010: “ O efeito Paidéia busca o

sentido forte do termo reflexidade: o pensamento voltar sobre si mesmo a partir das

evidências colhidas no mundo.

Descrever o desenvolvimento do Apoio Matricial do NASF de Amambaí/MS

contribuiu para rever as estratégias para melhorar a qualidade do atendimento e aumentar o

grau de resolubilidade das ações oferecidas à população, na perspectiva de atender as políticas

de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Possibilitou aumentar a capacidade de compreensão e de intervenção das equipes,

contribuindo para instituir processos de construção compartilhada diante das dificuldades que

permita aos sujeitos participarem do comando de processos de trabalho, de educação e de

intervenção.

Podemos discutir coletivamente as prioridades de saúde do território de abrangência

de cada ESF. Apoiar o acolhimento à demanda espontânea nas ESF e no NASF e apoiar as

práticas de saúde com enfoque na clinica ampliada e projetos terapêuticos singulares

Um grande desafio do fazer apoio é conseguir continuar presente na escuta e no

contato afetivo com o “grupo apoiado”, evitando reagir de maneira prescritiva e imediata-

automatizada. (OLIVEIRA, 2001)

Ceccim, 2005 diz: “A vivência e/ou reflexão sobre as práticas vividas é o que podem

produzir contato com o desconforto e, depois, a disposição para produzir alternativas de

práticas e de conceitos, para enfrentar o desafio de produzir transformações.”

Enfim, todo apoiador minimamente sábio descobre que somente se consegue apoiar

quando nos autorizamos a sermos apoiados pelo grupo a quem pretendemos ajudar

(CAMPOS, 2000).

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. DIRETRIZES DO NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família/ Ministério da Saúde,

Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da

Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de

Humanização. Humaniza SUS: EQUIPE DE REFERÊNCIA E APOIO MATRICIAL /

Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de

Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

COELHO, Débora de Moraes. INTERVENÇÃO EM GRUPO: CONSTRUINDO RODAS

DE CONVERSA.

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