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DÍZIMO E CAPTAÇÃO DE RECURSOS Tomamos como base um texto do Pe. Jerônimo Gasques INTRODUÇÃO Mais uma vez me volto para um tema que admiro e sobre o qual gosto de escrever, falar, comentar, meditar, divulgar e mais acima de tudo praticar. O dízimo, com certeza absoluta, faz parte do meu ministério pastoral de forma tranquila e serena. Ele tem me dado, nesses 27 longos anos de ministério, aquilo que preocupa muitos colegas e responsáveis por paróquias: A tranquilidade operacional em meu trabalho de pastoral. É à melhor forma de captação de recursos que eu encontrei na Bíblia e na prática de pastoral. Quando o Pe. Elton esteve aqui na paróquia, eu estava como coordenador na comunidade do NSE, formos os primeiros a dar uma ajudar de custo a esse sacerdote. Na arquidiocese não havia as côngruas para os sacerdotes, eram muito mal pagos e desvalorizados. Quando o Pe. Mauro Cleto, assumiu a paróquia ele fez vaias mudanças e uma delas, ele convidou-me para implantarmos o Dízimo de forma adequada as diretrizes da CNBB. Trouxemos uma equipe do IMAC para fazermos uma revolução na Paróquia em termos de dízimo e captação de recursos, mais acima de tudo uma conscientização e evangelização em toda paróquia. Confesso humildemente e com orgulho: Nunca tive problema financeiro em nenhuma comunidade onde trabalhei. De certa forma, sou uma pessoa privilegiada, junto aos membros (paroquianos) da comunidade, que entenderam essa opção pelo dízimo. É certo, também, que nunca trabalhei em comunidades sumariamente empobrecidas, mas é verdade igualmente que o dízimo não pertence a nenhuma classe social! Com isso não quero afirmar que as comunidades por onde tenho passado fossem “ricas”. A paróquia do Cristo Redentor do alvorada 3 por exemplo. Não é a riqueza das

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DÍZIMO E

CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Tomamos como base um texto do

Pe. Jerônimo Gasques

INTRODUÇÃO

Mais uma vez me volto para um tema que admiro e sobre o qual gosto de escrever, falar, comentar, meditar, divulgar e mais acima de tudo praticar. O dízimo, com certeza absoluta, faz parte do meu ministério pastoral de forma tranquila e serena. Ele tem me dado, nesses 27 longos anos de ministério, aquilo que preocupa muitos colegas e responsáveis por paróquias: A tranquilidade operacional em meu trabalho de pastoral. É à melhor forma de captação de recursos que eu encontrei na Bíblia e na prática de pastoral. Quando o Pe. Elton esteve aqui na paróquia, eu estava como coordenador na comunidade do NSE, formos os primeiros a dar uma ajudar de custo a esse sacerdote. Na arquidiocese não havia as côngruas para os sacerdotes, eram muito mal pagos e desvalorizados. Quando o Pe. Mauro Cleto, assumiu a paróquia ele fez vaias mudanças e uma delas, ele convidou-me para implantarmos o Dízimo de forma adequada as diretrizes da CNBB. Trouxemos uma equipe do IMAC para fazermos uma revolução na Paróquia em termos de dízimo e captação de recursos, mais acima de tudo uma conscientização e evangelização em toda paróquia.

Confesso humildemente e com orgulho: Nunca tive problema financeiro em nenhuma comunidade onde trabalhei. De certa forma, sou uma pessoa privilegiada, junto aos membros (paroquianos) da comunidade, que entenderam essa opção pelo dízimo. É certo, também, que nunca trabalhei em comunidades sumariamente empobrecidas, mas é verdade igualmente que o dízimo não pertence a nenhuma classe social! Com isso não quero afirmar que as comunidades por onde tenho passado fossem “ricas”. A paróquia do Cristo Redentor do alvorada 3 por exemplo. Não é a riqueza das pessoas presentes na comunidade que determina o montante do dízimo arrecadado ao final do mês. O determinante daquele que dizima está na dinâmica da partilha. Para isso acontecer, devemos ensinar o povo e, por certo, leva tempo.

O que escrevo e o que segue, normalmente, são fruto de minhas reflexões e prática em relação ao dízimo. Minhas andanças pelo Amazonas afora têm me ensinado muitas coisas interessantes a respeito dessa experiência maravilhosa de Deus na vida do povo — e minha principalmente. São experiências que se misturam e se somam a cada instante.

Neste texto, a idéia principal será a descrição sobre a necessidade do dízimo em forma de captação de recursos. Certamente, é um tema novo, ou ao menos é uma forma diferente de se olhar o dízimo, através de outra janela. Devido a tantas janelas que se abrem no decurso da

caminhada de pastoral, o dízimo, para muitos, tem sido apenas uma forma a mais de arrecadação de dividendos para a paróquia. Não compactuo com essa opinião. O dízimo não é uma oportunidade para a comunidade arrecadar mais dividendos. Ele é a medida exata daquilo que deveremos buscar.

O dízimo é uma inspiração bíblica e como tal deve ser entendido e aceito. Nada mais se deve a ele acrescentar, O dízimo guarda, em si, um grande silêncio: como a semente lançada à terra à espera de germinar. Se bem lançada e cuidada, ela nasce, cresce e frutifica!

Hoje em dia, muitos utilizam a expressão “captação de recursos” para falar do dízimo. Na reflexão que segue tentarei tratar do tema enfocando os lados positivo e negativo que a expressão comporta. No meu entender, se a expressão apenas acena o desejo de se utilizar uma terminologia nova, estou de acordo. Mas se essa expressão deseja ser mais uma forma, dentre outras, de se arrecadar dinheiro, certamente estão equivocados.

O dízimo não pode ser uma forma a mais de captar recursos para uma comunidade que, em geral, pode estar quebrada; ele não é um adendo, um acessório a que se devem recorrer quando todas as demais iniciativas pioraram. Infelizmente, alguns se comportam assim. O dízimo deve ser uma escolha, uma opção amadurecida da comunidade que se coloca à disposição em aceder a essa proposta que, por sinal, é biblicamente correta. Nada mais se deveria acrescentar ao dízimo. Nele existe a medida certa, o ponto certo.

Em todo o caso, ficará valendo a boa intenção em se utilizar tal expressão (captação de recursos) ao se desejar recuperar o lado financeiro da comunidade!

O livro recolhe uma série de reflexões que venho fazendo há um bom tempo; fruto de alguns encontros que fiz na minha comunidade, no Congresso Nacional de Gestão Eclesial, algumas pesquisas em sites disponíveis (dízimo e captação de recursos) na Internet e de encontros paroquiais e diocesanos pelo Brasil afora.

Reflito a dificultosa relação com o dinheiro e a questão da prosperidade tão comentada e criticada. Indicarei algumas práticas (dinâmicas) para os agentes de pastoral aplicar em suas comunidades como forma de se aperfeiçoar a reflexão. Mais uma vez volto à imaginação sobre a definição de dízimo. Indico e questiono algumas formas de se arrecadar o dízimo e examino as variadas maneiras de se apresentar o dízimo em muitas comunidades. Algumas chegam ao cúmulo do absurdo. Trago à meditação uma questão espinhosa, que é a relação entre dízimo e catequese e como os catequistas veem o dízimo e aquilo que eles ensinam às crianças em suas catequeses.

Ouço muitos agentes e padres afirmar que as pessoas colocam muitos obstáculos para se esquivarem da opção pelo dízimo. Não saberia avaliar as circunstâncias, mas, certamente, a forma de se colocar o assunto é a maior dificuldade. O dízimo é como a chuva: se faltar causará seca, se chover demais, provocará inundação!

Trabalharei as características dos agentes do dízimo e por que isso, na maioria das vezes, pode ser um obstáculo para a comunidade. Um agente bem formado, motivado e informado, é a medida certa para uma boa opção pelo dízimo. Um agente vitorioso nas suas relações familiares e sociais terá a medida exata de um bom desempenho. Poder-se-ia falar em

equilíbrio e realização da pessoa. Para perceber que muitas formas de arrecadação (captação de recursos) na comunidade poderiam ser dispensadas e desnecessárias, uma meditação.

Assim se encontra escrito: princípio do vazio...

- Tens o hábito de juntar objetos inúteis neste momento, crendo que um dia (não sabes quando) poderás precisar deles.

- Tens o hábito de juntar dinheiro só para não o gastar, pois pensas que no futuro poderá fazer falta.

- Tens o hábito de guardar roupa, brinquedos, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outras coisas que já não são usadas há bastante tempo.

- Tens o hábito de guardar o que sentes, broncas, ressentimentos, tristezas, medos, pessoas etc.

- ... E dentro de ti?... - Não faças isso! - É anti-prosperidade.- É preciso criar um espaço, um vazio, para que as coisas novas cheguem á tua vida.- É preciso eliminar o que é inútil em ti e na tua vida, para que a prosperidade possa

entrar em sua vida.- É a força desse vazio que absorverá e atrairá tudo o que tu desejas.- Enquanto estiveres material ou emocionalmente carregado de coisas velhas e inúteis,

não haverá espaço aberto para novas oportunidades.- Os bens precisam circular... - Limpa as gavetas, os armários, o teu quarto, a garagem.- Dá o que tu já não usas.- A atitude de guardar um montão de coisas inúteis amarra a tua vida.- Não são os objetos guardados que para a tua vida, mas o significado da atitude de

guardar.

Quando se guarda, considera-se a possibilidade de falta, de carência. É acreditar que amanhã poderá faltar e tu não terás meios de prover às tuas necessidades.

Com essa postura, tu estás a enviar duas mensagens para o teu cérebro e para a tua vida:

- 1° ... tu não confias no amanhã e- 2° ... tu crês que o novo e o melhor NÃO são para ti, já que te alegras com

guardar coisas velhas e inúteis” (Joseph Newton).

O dízimo é um sumo bem guardado nas Escrituras e que deve ser colocado à disposição das pessoas. A palavra de Deus é como uma semente que deve ser lançada ao solo para germinar e produzir frutos (Mt 13,1-8). O trabalho do semeador é colocar ou lançar a semente no solo. Uma vez que a semente for deixada no celeiro, cheguem à tua vida, nunca produzirá uma safra, por isso que o trabalho da semeadura é importante. Mas a identidade pessoal do semeador não é. O semeador nunca é chamado pelo nome nessa história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua capacidade, sua personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a semente em contato

com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a semente. Talvez esteja acontecendo isso em sua comunidade.

Desejo-lhe sucesso na leitura deste texto possa nos ajudar em nossa caminhada na Paróquia Cristo Redentor!

QUE É CAPTAÇÃO DE RECURSOS?

Antes mesmo de entendermos ou de nos fazer entender sobre esse recurso, vamos nos interrogar. Algumas questões ficam suspensas e com ar de desconfiança. Em todo o caso vale a pena fazer perguntas e lembrar:

- O que entendemos por captação de recursos? - No sentido de Igreja pode nos apropriar desse termo? - Haverá algumas consequências práticas ao se aplicar essa terminologia? - Não sendo uma linguagem eclesial/teológica/pastoral, como se entender a

captação de recursos? - Essa expressão pode ser usada tendo em vista o dízimo? - O dízimo seria será uma forma de captação de recursos? - Quais são as formas ou ações que realizamos na comunidade tendo em vista a

captação de recursos? - Será que toda e qualquer captação de recursos pode ser aplicada à Igreja? - É possível pensar em captação de recursos em vez de pastoral do dízimo? - O que podemos aprender do segundo setor: mercado, empresas com fins

lucrativos?

Quando falamos em captação de recursos, na Igreja, certamente não estamos nos referindo à captação de recursos como a que é aplicada às leis que protegem o terceiro setor (dedução de imposto de renda, fundo de amparo à criança e adolescente, operação em caráter cultural e artístico, instituições de ensino e pesquisa etc.). Deve-se entender que poucas são as paróquias que têm registro no conselho nacional de assistência social para se beneficiarem da lei vigente. Todos esses subsídios são amparados por lei regulamentada. Estamos refletindo sobre a possibilidade de aprendermos deles a dinâmica e as suas estratégias de arrecadação de fundos aplicados ao dízimo. Estamos nos valendo ou indicando, sugerindo modelos de recursos operacionais.

Enfim, vamos nos fazer entender aos poucos. Depois, iremos nos aprofundando na opção e dinâmica disponível. Estamos apostando em aprender, fazendo. Por enquanto, bastam algumas definições para a expressão.

Quando falamos de captação de recursos para uma organização, podemos estar falando em captação de dinheiro, de materiais, de produtos, equipamentos, espaços físicos para a realização de atividades ou eventos e, sem dúvida, de pessoas. (Andrea Goldschmidt)

Outras formas de se considerar a captação de recursos

Para nos informar. Algumas são quase definições, sem querer ser muito extensivo. Apenas nos apropriamos das idéias para sedimentar a compreensão.

Vejamos: - Processo através do qual um intermediário financeiro recebe recursos de

indivíduos, em troca da aquisição de dívidas ou obrigações.- Atividades que se desenvolvem dentro de uma organização sem fins

lucrativos, com o objetivo de levantar recursos, de maneiras variadas, junto aos diversos elementos da sociedade, a fim de garantir a sustentabilidade da organização e de seus projetos.

- Qualquer meio que possa levar a atingir um resultado: fisiologia, estados, pensamento, estratégias, experiências, pessoas, eventos ou bens materiais.

O leitor poderá verificar que a sua comunidade faz inúmeras atividades (promoções) para recuperar o seu lado financeiro. Sabemos, todavia, que “um dos problemas básicos da administração paroquial é a questão financeira”. Sem dinheiro para as despesas básicas, muitos párocos desanimam e caem na rotina de reclamar da falta de dinheiro, do peditório e de culpar os fiéis por causa disso. Creio que duas decisões, neste campo específico, devem ser tomadas:

- A primeira, a implantação, de forma correta, de pastoral do dízimo, em todos os setores da paróquia: pastorais e movimentos e dos segmentos sociais (esta opção é mais delicada e exige mais habilidade dos gestores em captação de recursos, tendo em vista a pastoral do dízimo). Creio que as comunidades não estão preparadas para incluir em suas agendas outros segmentos que não o da comunidade paroquial; esse desafio, aliás, foge do aspecto comunitário. Mas é outro caminho viável que, bem elaborado, seria uma alternativa muito produtiva.

- A segunda, a criação do conselho econômico... “Quanto menos temos dinheiro, mais temos necessidade da assessoria de pessoas que possam ajudar na captação de recursos”.3 A sabedoria na administração de uma paróquia está na sua organização. Podemos pensar em pastoral orgânica focada nas necessidades comunitárias (cf. DA 99g; “capaz de dar respostas aos novos desafios: n.° 169; “requer imaginação...”: n.° 202; “trabalhar para obter os recursos necessários”: n.° 203.

O que estamos observando ultimamente na Igreja

Mas, enfim, o que temos ou estamos vendo?

Verdadeiro “comércio ilegal” de captação de recursos. Para simplificar: bingos de todas as formas e modalidades; em nome do padroeiro, a sua festa virou um grande comércio; nada de evangelização, de pastoral, de confraternização, de festa comunitária; quermesses exageradas que extrapolam o bom senso da ética; rifas para todos os gostos e necessidades, a critério de quem? Leilões de gado, carro, moto etc. Ninguém ousa questionar a validade ou não de tantas festas promocionais. Alguns, ainda, as acham necessárias. Parece que todas têm um endereço certo: captação de recursos. Mais à frente vamos refletir sobre isso.

Será que toda e qualquer promoção pode ser válida, mesmo tendo em vista as necessidades da comunidade (pobres, construções, reformas etc.)? Não haveria outro recurso “mais” cristão ou menos nocivo e agressivo? Não deveria existir mais comedimento nessas situações? Alguém poderia acordar para um novo modo de se captarem recursos na comunidade? “A renovação da paróquia exige atitudes novas dos párocos e dos sacerdotes que estão a serviço dela” (n.° 201), lembra o Documento de Aparecida. Parece-me, ainda, que esses (ou alguns) recursos estão cada vez mais se escasseando. Muitas comunidades que viviam à custa de leilões de gado para se manter estão sentindo na pele a necessidade de outra alternativa. Com o advento do plantio da cana-de-açúcar, em muitas regiões do Brasil, o jeito agora seria apelar para o dízimo. Depois de muitos anos de comodismo, certamente, a comunidade encontrará mil dificuldades para fincar o passo em busca de um dízimo que supra sua deficiência econômica.

Tristemente vemos alguns recursos se esgotando e, agora, caminhar para o dízimo. Isso nunca deveria ter acontecido. Algumas comunidades apelam tanto para convocar o povo ao dízimo que certo dia vi escrito em uma faixa: “Quem nega o dízimo está roubando a Deus”. Exagero ou apelo desnecessário? Precisa-se chegar a esse ponto para alertar a comunidade?

Aprofundando a reflexão

Aprofundemos mais o assunto ouvindo o entendido em captação de recursos René Steuer, “Bachelor of Arts” (Psicologia) pelo Amherst College de Massachusetts, que reflete sobre a questão do terceiro setor, tendo em vista o segundo setor como motivação.

Podemos nos perguntar: O que normalmente encontraram com excelência no Segundo Setor (Primeiro Setor: governo; Segundo Setor: mercado, empresas com fins de lucro; Terceiro Setor: organizações sem fins lucrativos)? Que pode nos ser útil?

Sugerimos:

Planejamento: Façamos as coisas com pragmatismo. Pensemos na sequência inteligente de nossas atividades. Deixemos de lado o “acaso”.

Objetividade: Comuniquemos com poucas palavras o que desejamos, levando em conta cada público-alvo.

Orçamento: Projetemos nossas entradas e desembolsos. Analisemos a realidade contra o estimado. Entendamos o porquê das variações.

Análise: Olhemos para fora e para dentro de nossas organizações. Identifiquemos ameaças e oportunidades, fraquezas e forças. Ajamos em cima delas.

Profissionalismo: Lembremos que continuamente devemos buscar fazer o melhor. Observemos o que outros fazem bem.

Paixão: Busquem o equilíbrio entre a razão e a emoção. Olhem para suas instituições e discutam com seus dirigentes como estão com relação ao que acima se apresentou. Técnica sem coração é fria e não motiva as pessoas. Sem objetividade, beiramos o irracional (cf. Revista Integração, FGV-SP, ano 11).

Para fazermos uso pleno das duas potencialidades do cérebro, podemos nos perguntar: O que normalmente encontramos com excelência no Terceiro Setor que podemos mesclar com o Segundo Setor? Sugerimos:

Coração: Precisamos motivar nossos colaboradores diretos e doadores em potencial. Lembremos que primeiro devemos tocar o coração, depois a carteira de dinheiro.

Emoção: O entusiasmo é componente-chave para o sucesso. O amor à causa nos alimenta e energiza.

Missão: Importante que seja clara e inspiradora. É a razão de nossa existência. Lado humano: A maioria de nossas causas está ligada a gente. Normalmente nosso produto final será um ser humano modificado.

Idealismo: Nossa causa, sua concretização nos leva a nos superarmos. Ela é maior que nossa entidade.

Parece extremamente simples, mas a verdade é que, sem ação, não há captação. Digo isso porque tenho visto inúmeras entidades que ficam virtualmente paralisadas esperando algum “salvador” ou que aconteça um “milagre” para que apareçam os recursos tão desejados e necessários para seguir adiante. Ocorre que, enquanto o milagreiro não aparece, a entidade quase desaparece... Se você é daqueles que têm o costume de rezar para pedir a Deus que tudo dê certo, prossiga. Afinal, na própria vida religiosa, a parte contemplativa sem a ativa não tem a mesma probabilidade de dar certo. E observe que oração sem ação fica incompleta (René Steuer).

A captação de recursos é captação de gente para gente. Levantar recursos é levantar relacionamentos perenes, proporcionando-lhes prazer no que investem (Marcos Agripino).

A comunidade cristã não vai ao dízimo como uma mera forma de se captarem recursos. Mostre a todos que levantar recursos não é um mal necessário, mas parte da atividade de sua organização. É uma oportunidade de receber os benefícios daqueles que investem na sua visão, como também de fazê-los sentir-se realizados, por cumprirem a sua missão neste mundo. Ela toma essa iniciativa por amor à Palavra de Deus que a convoca para essa ação e tomada de decisão. Sempre tendo em vista a experiência de Deus. A questão dinheiro ficará para outra dimensão. Não se pode desejar o dízimo tendo em vista o lado financeiro como primeiro momento. Este aparecerá à medida que a consciência do dízimo for crescendo e as decisões forem sendo tomadas e amadurecidas.

Enfim, podemos assegurar que, em termos genéricos, toda organização que deseja “alçar voo” no dízimo necessita de quadros (agentes de pastorais) com as seguintes competências gerenciais básicas: liderança, persuasão, trabalha em equipe, criatividade, tomada de decisão, planejamento, organização e determinação. Vamos tratar disso aos poucos.

Motivando a captação de recursos

Para terminar esta primeira parte, leiamos uma fábula inglesa.

Assim diz a lenda. A Descoberta de um Homem Sábio:

“Muito tempo atrás, havia um homem sábio vivendo no País de Baixo. Ele e seus compatriotas haviam construído novas casas e iniciado uma nova vida.

Seu primeiro inverno no País de Baixo foi difícil porque muitos não haviam ainda terminado suas casas ou feito suas colheitas antes de o inverno chegar. Quando a primavera finalmente chegou, eles já sabiam que não deveriam somente plantar suas roças, mas também providenciar um celeiro para armazenar a próxima colheita.

Eles falaram muito a respeito do celeiro. Quando ainda moravam no País de Cima, eles só precisavam construir um que fosse forte o suficiente para manter o bode do lado de fora. No País de Baixo eles sabiam que teriam também que pensar em Urso, Gamo e Alce. Porque Urso era poderoso, o celeiro precisava ser bem forte.

Havia uma velha estrada de ferro que passava pelo vilarejo. As grandes máquinas a vapor que um dia usaram aquela estrada não precisavam mais dela. Havia uma imensa caixa de ferro com rodas, mais ou menos a meia hora de caminhada, estrada de ferro acima, depois da vila. Todos concordaram que, se a caixa pudesse ser empurrada até a vila, poderia servir como um celeiro seguro. Nem mesmo os ursos poderiam abrir suas fortíssimas portas de ferro.

Assim os homens tentaram empurrar a caixa até a vila. Mas era tão pesada que eles mal conseguissem movê-la. Todos os homens trabalharam muito. Depois de muito esforço, eles tinham empurrado a caixa somente o equivalente ao tamanho de uma mão de homem antes de já precisarem parar para descansar. Por dois dias eles empurravam e descansavam. Empurravam e descansavam. Então eles empurraram mais um pouco e descansaram. Por fim estavam exaustos. ‘Seria menos trabalhoso’, eles disseram, ‘construir um celeiro na vila do que mover a caixa de ferro’.

Um novo celeiro foi construído na vila. Ele armazenou comida por dois invernos. Aí veio a seca. Os campos estavam produzindo poucos grãos. No outono havia poucas frutas silvestres na floresta, porque Urso estava acabando com todas, Gamo e Alce estavam comendo o que sobrava. Ainda assim, porque as pessoas tinham sido cuidadosas e trabalhado duro, o celeiro tinha comida suficiente para mantê-los por todo o inverno.

Então, uma noite, pouco antes de Urso estar pronto para hibernar, ele arrebentou a porta do celeiro. E comeu muito da comida. Depois que Urso saiu, Gamo e Alce também encheram a barriga.

Durante o frio inverno, enquanto todos estavam com fome, o homem sábio pensou novamente sobre a caixa de ferro na ferrovia. Certamente, ele decidiu, haverá um meio de trazê-la para a vila. Seria possível que o problema tivesse sido que eles haviam parado para descansar sempre depois de movimentar a caixa de ferro por uma distância curta?

No início da primavera seguinte, o homem sábio tinha um plano. Ele pegou quatro jovens homens e os levou consigo até a caixa com rodas. Cada homem levou seu burro.

O homem primeiro amarrou uma longa corda na parte da frente da caixa de ferro. Então cortaram uma árvore alta para fazer um poste e a levantaram. Atiraram a corda por cima do alto do poste. Finalmente amarraram pedras pesadíssimas na outra ponta da corda. O homem sábio percebeu que a corda estava puxando a caixa de ferro mesmo que esta não estivesse ainda se movendo. Então o homem sábio arreou os burros à caixa, para que pudessem ajudar a puxar.

Finalmente o homem sábio e os quatro jovens puxaram com toda a força que podiam. A caixa de ferro começou a mover-se lentamente.

Mas o plano do sábio era diferente do que os seus vizinhos haviam feito antes. Ele e os jovens não pararam para descansar. Ao invés disso, mesmo quando as pedras pesadas já estavam no chão, os homens continuaram empurrando a caixa de ferro.

A caixa de ferro sobre rodas fez justamente o que o homem sábio achou que faria. Quanto mais eles empurravam, mais rápido a caixa de ferro se movia. Eles não precisaram trabalhar tão duro para mantê-la rolando quando ela já estava em movimento.

O homem sábio percebeu que, se todos os homens da vila pudessem trabalhar juntos, poderiam levar a caixa de ferro até a vila. Ele sabia que teriam de trabalhar muito para conseguir que a caixa de ferro começasse a se mover, Mas, quando ela já estivesse em movimento, alguns poderiam descansar enquanto outros empurravam. Se não parassem, poderiam lentamente mover a caixa de ferro até a vila.

No ano seguinte, sua comida estaria segura de Urso, Gamo e Alce”.

Essa história nos quer mostrar, em termos gerais, a necessidade da organização. Se desejarmos um dizimo próspero, devemos organizar a pastoral do dízimo. Por ora, basta.

A. Passos: desenvolver estratégias

Quando refletia (XIV Assembleia Geral — Itaici, 1974) sobre a necessidade da implantação do dízimo, na Igreja do Brasil, a CNBB já tinha em mente as dificuldades e o questionamento de estratégias para sua efetivação. Dentre as tantas podemos, resumidamente, registrar:

1. A motivação pastoral; 2. Facilidade de captar recursos; 3. Coragem em correr riscos; 4. Aceitar correr o risco pastoral (dedicaram-se várias páginas para justificar os riscos

possíveis); 5. Consciência e definição de processo; 6. Sustentação do ministro (cf. p. 83-96).

Diante disso, vamos descrever alguns passos (estratégias) importantes para a tomada de decisão ao se optar pelo dízimo. Com absoluta certeza, ele é a forma mais exata para toda e qualquer medida de captação de recursos, O que segue poderia ser chamado de “conteúdos de pastoral do dízimo” ou de “princípios de pastoral do dízimo”.

Antes, porém, vamos a algumas definições (em Administração) clássicas do vocábulo:

- “Medidas que visem diretamente modificar o poderio da organização em relação à concorrência” (Konichi Omae).

- Orientações que possibilitem melhor posicionamento da organização no ambiente,- “Conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em. um

determinado espaço de tempo” (Simon). - “Forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um

procedimento formalizado e articulador de resultados” (Mintzberg). Definições são delimitações precisas, exatas de um conceito, no caso o conceito de estratégia, mas elas pouco explicam em termos práticos!

- “Estratégia se apóia em atividades diferenciadas” (Michael Porter).

Tendo em mente essas definições, vamos, por parte, determinar algumas estratégias de organização:

A. Necessidade. Deve-se falar de forma clara sobre a opção pelo dízimo na comunidade. O dízimo deve provocar um impacto naqueles que optam por essa alternativa, que, por sinal, deveria ser a única e exclusiva na comunidade cristã. Quando se deseja optar pelo dízimo, não há meia medida. A opção pelo dízimo deve ser a forma única e exclusiva de recuperar os dividendos perdidos. Todas as necessidades da comunidade devem ser supridas pelo dízimo.

B. Credibilidade. A Igreja necessita resgatar essa credibilidade própria de sua missão. As pessoas confiam no administrador pastoral (padre e agentes) e querem ver os resultados. Contrariamente ao que alguns pensam, ao se dar o dízimo, não se deve falar sobre valores e como e onde ele é aplicado. Não estamos tratando de esmolas (Mt 6,2-4). Mas, não se deve esquecer a prestação de contas. Certamente tal opção é partilhada com a maioria das pessoas que contribuem, O dízimo é entendido como devolução à Igreja, isto é, à comunidade e, por isso, ele deve ser transparente. Os contribuintes têm o direito de saber onde é aplicado.

C. Proposta. Ir-se ao dízimo exige uma tomada de decisão e um planejamento de como será investido na comunidade. A maioria das comunidades não explica para onde vão os recursos dos dízimos disponíveis na comunidade. 1lvez o medo de que esteja sendo aplicado onde não se deve ou em questões de menos importância. Ao se propor o dízimo, o padre e agentes devem ter em mente sua finalidade e como e onde ele será investido. Com isso em mente, muitos se animam em contribuir. As pessoas querem ver os resultados.

D. Prestar contas. Aqui reside o maior desafio e também o maior anseio das comunidades. Os que desejam fazer do dízimo uma opção qualquer ou uma simples forma de se arrecadar mais dinheiro para a comunidade não se importam. Os dizimistas têm o direito de ser informados sobre as finanças da comunidade, O dízimo tem essa finalidade.5 Ele deve nascer de uma opção pela experiência de Deus na comunidade cristã. Sem esse filão, o dízimo perde o seu sentido e acaba sendo apenas mais uma forma de captação de recursos, sem a liga que a Bíblia está a exigir do contribuinte.

Motivando estratégias

Para desestressar um pouco:

Uma velha lenda conta que, em remotas eras, um povo vivia isolado em região onde, apesar da escassez de água, todas as suas necessidades logísticas podiam ser satisfeitas sem restrições. A paz reinava e todos eram felizes.

Certo dia, um dos caçadores regressou e, com excitação, informou ao mais velho da tribo que havia avistado um grupo desconhecido nas cercanias. Travara contato amistoso com eles, porém, percebeu que carregavam armas estranhas e tinham acampado próximo ao açude onde conseguiam água. O velho ouviu atentamente enquanto novas rugas formavam-se em seu semblante marcado pelo tempo. Pensou por alguns instantes e, levantando- se, informou a todos que o fato era muito importante para ser ignorado. Por isso, todos deviam reunir-se em torno da fogueira, ao cair da noite, para discutirem que atitude deveria ser adotada ante a perturbadora presença de desconhecidos junto aquilo que assegurava a vida da comunidade. Nessa noite, dizem os antigos, nasceu a Estratégia.

Reunidos em torno da fogueira, todos tinham algo a dizer. A noite já ia alta quando chegaram ao procurado consenso acerca da atitude que deveriam adotar com relação aos estrangeiros. Ë claro que sua presença ameaçava o abastecimento de água, vital à sobrevivência, mas agora tornado insuficiente. Assim, restavam apenas duas alternativas: afastar o grupo estranho ou procurar outras nascentes, abandonando a área aos poderosos novatos...

“A Estratégia é a arte de determinar o rumo a ser seguido” (Carlos H. Tercero). Ter estratégia competitiva significa ser diferente, fazer diferente, escolhendo diferente conjunto de valor para produzir seu set (trabalho, suporte, cenário) diferenciado de valor. A nossa Igreja (comunidade) precisa mais do que nunca de um rumo. Acertar os passos quanto à captação de recursos. Nem todo o recurso a ser captado poderá ser digno do serviço da evangelização.

A Bíblia mostra muitas vezes que a Igreja tinha estratégias. O próprio Jesus tinha estratégia. Sabendo que seu ministério seria curto (3 anos), Ele preparou 12 pessoas para darem prosseguimento à sua obra (Atos 1, 1). Depois Ele enviou 70 discípulos à sua frente, aos lugares aonde pretendia ir, de dois em dois (Lucas 10, 1). Paulo usou de estratégia quando evangelizou no Areópago (Atos 17, 16-25). Ao invés de “bater de frente”, ele enalteceu a religiosidade do povo, entrou no lugar dos ídolos e, aproveitando-se de um altar levantado “ao deus desconhecido” evangelizou a todos. No final, uns zombaram, outros creram. A obra está feita.

Enfim, captação de recursos “são atividades que se desenvolvem dentro de uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de levantar recursos, de maneiras variadas, junto aos diversos ele mento da sociedade, a fim de garantir a sustentabilidade da organização e de seus projetos” (Fonte: Projeto Terra Azul).

COMO MULTIPLICAR OS RECURSOS NA COMUNIDADE?

Desejamos falar em captação de recursos voltados para o dízimo, mas de um dízimo honesto e limpo (como se ele assim não fosse por sua natureza).

Não queremos qualquer dízimo como se ele fosse um objeto ou mercadoria em oferta. Infelizmente alguns pensam assim.

Quando tratamos de dízimo, estamos nos voltando para a experiência de Deus na vida cristã. Essa é a única alternativa sadia para um dízimo comprometido com a causa do Reino na comunidade cristã. Talvez, também, a mais espinhosa e difícil.

Pensando assim, o dízimo é a única opção válida e cem por cento corretas. As demais atividades para captar recursos devem ser esporádicas e muito bem planejadas, para não ofuscar a opção pelo dízimo. Tudo dependerá da premência do momento e da situação. Mesmo a festa do padroeiro deve ser planejada com critério evangélico e não somente comercial.

Infelizmente, temos observado que o dízimo se tornou um grande objeto de mercadoria para vender seus variados produtos. Faz-se de tudo com o logotipo dízimo. Para muitos, parece que ele pode caber em todas as circunstâncias.

Refletindo sobre a busca de novos dizimistas para a comunidade, a Conferência Nacional dos Bispos já alertava em 1974: “a introdução ao dízimo correrá o risco de não mudar em nada a estrutura paroquial. Será apenas uma nova maneira de captar recursos” (Estudos da CNBB - 8, p. 76). Esse alerta é válido para os dias de hoje! E assevera: “O sistema do dízimo supõe conscientização, formação, educação da fé adulta e da co-responsabilidade, o que evidentemente é muito mais custoso” (idem, p. 85).

Texto base de reflexão:

Ml 3,10: “‘Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em meu Templo. Façam essa experiência comigo — diz Javé dos exércitos. Vocês hão de ver, então, se não abro as comportas do céu, se não derramo sobre vocês as minhas bênçãos de fartura ”. Todo o texto de Malaquias 3,6-12: “Oferecer o dízimo para Javé era um modo de reconhecê-lo Senhor da terra, prestando- lhe homenagem e atraindo sua bênção sobre as colheitas ameaçadas pela seca e pelas pragas” (nota da Bíblia Edição Pastoral).

Esse não é um texto para se invocar a obrigatoriedade do dízimo, mas, sim, a necessidade de se estar ligado ao compromisso na comunidade. Uma questionadora e inequívoca lembrança. A partir dessa inspiração, caminhamos para o dízimo.

A. Definição de dízimos e ofertas

Vamos, por parte, definindo o dízimo. Agora bastam cinco definições. A palavra hebraica para “dízimo” (ma‘aser) significa literalmente “a décima parte”. “Na realidade, porém, a proporção podia variar de acordo com as circunstâncias. Era, portanto, uma ‘taxa proporcional’, como

conhecemos muitas em nossa sociedade civil (por outro lado, há ofertas obrigatórias que não se abrangem no dízimo, mas que têm caráter análogo). ‘Talvez a praxe de décima parte’, que deu origem ao nome ‘dízimo’, tenha sua origem no sistema feudal ou de vassalagem, como ainda se pode reconhecer em Gn 14, 20 (Abraão e Melquisedec): O subalterno ou vencido pagava o dízimo ao soberano ou vencedor.”’

Em cinco passos vamos nos entender (mais abaixo vamos reler essas reflexões e acrescentar alguns pontos-idéias):

1. Na Lei de Deus, os israelitas tinham a obrigação de entregar a décima parte das crias dos animais domésticos, dos produtos da terra e de outras rendas como reconhecimento e gratidão pelas bênçãos divinas (ver Lv 27, 30-32; Nm 18, 21-26; Dt 14, 22-29). O dízimo era usado primariamente para cobrir as despesas do culto e o sustento dos sacerdotes. Deus considerava o seu povo responsável pelo manejo dos recursos que Ele lhes dera na terra prometida (Mt 25, 15; Lc 19, 13).

2. No âmago do dízimo, achava-se a idéia de que Deus é o dono de tudo (Ex 19, 5; Sl 24, 1; 50, 10-12; Ag 2, 8). Os seres humanos foram criados por Ele, e a Ele devem o fôlego de vida (Gn 1, 26-27; At 17, 28). Sendo assim, ninguém possui nada que não haja recebido originalmente do Senhor (Jó 1, 21; Jo 3, 27; 1Cor 4, 7). Nas leis sobre o dízimo, Deus estava simplesmente ordenando que os seus lhe devolvessem parte daquilo que Ele já lhes tinha dado.

3. Além dos dízimos, os israelitas eram instruídos a trazer numerosas oferendas ao Senhor, principalmente na forma de sacrifícios. Levítico prescreve várias oferendas rituais: o holocausto (Lv 1; 6, 8-13), a oferta de manjares (Lv 2; 6, 14- 23), a oferta pacífica (Lv 3; 7, 11-21), a oferta pelo pecado (Lv 4, 1-5.13; 6, 24-30), e a oferta pela culpa (Lv 5, 14-6; 7, 1-10).

4. Além das ofertas prescritas, os israelitas podiam apresentar outras ofertas voluntárias ao Senhor. Algumas destas eram repetidas em tempos determinados (ver Lv 22, 18-23; Nm 15, 3; Dt 12, 17), ao passo que outras eram ocasionais. Quando, por exemplo, os israelitas empreenderam a construção do Tabernáculo no monte Sinal, trouxeram liberalmente suas oferendas para a fabricação da tenda e de seus móveis (ver Ex 35, 20-29). Ficaram tão entusiasmados com o empreendimento, que Moisés teve de ordenar-lhes que cessassem as oferendas (Ex 36, 3-7). Nos tempos de Joás, o sumo sacerdote Joiada fez um cofre para os israelitas lançarem as ofertas voluntárias, a fim de custear os consertos do templo, e todos contribuíram com generosidade (2Rs 12, 9-10). Semelhantemente, nos tempos de Ezequias, o povo contribuiu generosamente com as obras da reconstrução do templo (2Cr 31,5-19).

5. Houve ocasiões na história do Antigo Testamento em que o povo de Deus reteve egoisticamente o dinheiro, não repassando os dízimos e ofertas regulares ao Senhor. Durante a reconstrução do segundo templo, os judeus pareciam mais interessados na construção de suas propriedades, por causa dos lucros imediatos que lhes trariam, do que nos reparos da Casa de Deus que se achava em ruínas. Por causa disso, alertou- lhes Ageu, muitos deles estavam sofrendo reveses financeiros (Ag 1, 3-6). Coisa semelhante acontecia nos tempos do profeta Malaquias e, mais uma vez, Deus castigou seu povo por se recusar a trazer-lhe o dízimo (Ml 3, 9-12) (fonte: em http://www.vivos.com e disponível em vários sites evangélicos. Com alguns acréscimos do autor para o estudo dos pontos-idéia).

No caso de Malaquias, o desvio das fontes de renda pelos sacerdotes do templo era um escândalo e o povo passou a não mais confiar nos seus administradores e a faltar com o compromisso do dízimo ao templo. O ataque do profeta caminhava nessa trilha. Certamente o profeta não estava induzindo ao simples compromisso do dízimo, mas apelando para a honestidade dos sacerdotes e, consequentemente, para a fidelidade do povo! Felizmente o povo tem olhos de águia e começa a reparar os deslizes de seus dirigentes espirituais.

B. A administração do nosso dinheiro

Os exemplos dos dízimos e ofertas no Antigo Testamento contêm princípios importantes a respeito da mordomia (beneficio) do dinheiro, que são válidos para os cristãos do Novo Testamento. Dos mesmos princípios nos valemos para refletir a situação atual da pastoral do dízimo. Vamos descrever sete delas:

1) Um princípio básico. Devemos lembrar-nos de que tudo quanto possuímos pertence a Deus, de modo que aquilo que temos não é nosso: é algo que nos confiou aos cuidados. Não temos nenhum domínio sobre as nossas posses. Certamente que, para isso, se exige determinada espiritualidade amadurecida.

2) Devemos decidir, pois, de todo o coração, servir a Deus, e não ao dinheiro (Mt 6, 19-24; 2Cor 8, 5). A Bíblia deixa claro que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3, 5). O apelo era em função do bem comum.

3) Nossas contribuições devem ser para a promoção do Reino de Deus, especialmente para a obra da igreja local e a disseminação do evangelho pelo mundo (1Cor 9, 4-14; Fl 4, 15-18; 1Tm 5, 17-18), para ajudar aos necessitados (Pr 19, 17; GI 2, 10; 2Cor 8, 14; 9, 2), para acumular tesouros no céu (Mt 6, 20; Lc 6, 32-35) e para aprender a temer ao Senhor (Dt 14, 22-23).

4) Nossas contribuições devem ser proporcionais à nossa renda. No Antigo Testamento, o dízimo era calculado em uma décima parte. Dar menos que isso era desobediência a Deus. Aliás, equivalia a roubá-lo (Ml 3, 8-10). Semelhantemente, o Novo Testamento requer que as nossas contribuições sejam proporcionais àquilo que Deus nos tem dado (1 Cor 16, 2; 2Cor 8, 3-12; 2Cor 8, 2). Embora não havendo um apelo matemático, há a indicação de abertura de coração para a caridade cristã.

5) Nossas contribuições devem ser voluntárias e generosas, pois assim é ensinado tanto no Antigo Testamento (Ex 25, 1-2; 2Cr 24, 8-11) quanto no Novo Testamento (2Cor 8, 1-5.11-12), Não devemos hesitar em contribuir de modo sacrifical (2Cor 8, 3), pois foi com tal espírito que o Senhor Jesus entregou-se por nós (ver 2Cor 8, 9). Para Deus, o sacrifício envolvido é muito mais importante do que o valor monetário da dádiva (ver Lc 21, 1-4).

6) Nossas contribuições devem ser dadas com alegria (2Cor 9, 7). Tanto o exemplo dos israelitas no Antigo Testamento (Ex 35, 21-29; 2Cr 24,10) quanto o dos cristãos macedônios do Novo Testamento (2Cor 8, 1-5) servem-nos de modelos.

7) Deus tem prometido recompensar-nos em conformidade com o que lhe temos dado (ver Dt 15, 4; Ml 3, 10-12; Mt 19, 21; 1Tm 6, 19; 2Cor 9, 6).

Os Atos dos Apóstolos narram a atitude exemplar de Barnabé (“É que ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” — At 11, 24) ao apresentar sua oferta e colocá-la aos pés dos

apóstolos (At 4, 37). Coisa bem diferente fez Ananias e Safira, que desejaram subornar suas ofertas dando apenas uma parte aos apóstolos (At 5). Sabemos, todavia, do resultado dessa atitude estúpida e inconsequente. Ser cristão não admite mediocridade.

Mais abaixo refletiremos melhor sobre essa questão. Sempre é bom lembrar que estamos enfocando a idéia da captação de recursos.

C. O mal não é o dinheiro

O que é dinheiro?

“O dinheiro é o meio usado na troca de bens, na forma de moedas ou notas (cédulas), usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras ou nas demais transações financeiras, emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que tem essa atribuição. É também a unidade contábil. Seu uso pode ser implícito ou explícito, livre ou por coerção” (Wikipédia).

Quando falamos de dízimo, no fundo, as pessoas pensam em dinheiro. Não obstante, não queremos pensar por esse caminho. Vale, todavia, a pena refletir sobre isso.

O dinheiro é uma invenção do homem e, como outras invenções não representam necessariamente o mal. Na verdade, o dinheiro não é mais do que um meio de troca ou de pagamento. Portanto, quando usado de maneira apropriada, cumpre um bom objetivo. Por exemplo, a Bíblia reconhece que “o dinheiro é para proteção”, especialmente contra os problemas relacionados à pobreza (Eclesiastes 7, 12). Parece, pelo menos para alguns, que “o dinheiro é resposta para tudo” (Eclesiastes 10, 19 [Bíblia de Referência Thompson]).

“Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus” (Eclesiastes 5, 19 [NTLH]). A Bíblia Edição Pastoral assim traduz: “Todo homem que recebe de Deus riquezas e bens para que possa sustentar-se, ter a sua porção e desfrutar do seu trabalho, considere isso dom de Deus” (Ecl 5, 18). As Escrituras condenam a preguiça e recomendam o trabalho diligente. Devemos suprir o necessário para a família imediata e, se tivermos um pouco a mais, poderemos “distribuir a alguém em necessidade” (Efésios 4, 28; 1Timóteo 5, 8). Além disso, em vez de promover a privação, a Bíblia nos incentiva a tirar proveito das nossas posses. Somos incentivados a “levar o nosso quinhão e a alegrar- nos em nosso trabalho árduo” (Eclesiastes 5, 18-20). De fato, há vários exemplos na Bíblia de homens e mulheres fiéis que eram ricos.

Homens fiéis que eram ricos

Vamos anotar algumas idéias sobre “riqueza” na Bíblia. O exegeta Leon Dufour assinala que nem toda riqueza é condenada no Antigo Testamento. Observa que “Deus enriquece os seus eleitos”, como veremos a seguir.

Quatro idéias:

1. A riqueza é um bem; 2. É um bem relativo e secundário; 3. Um dom de Deus; e 4. Deus cumula com suas riquezas.

Vejamos alguns exemplos.

Abraão, servo fiel de Deus, possuía grandes manadas, muito ouro e prata, e centenas de empregados domésticos (Gênesis 12, 5; 13, 2.6-7). O justo Já também tinha uma fortuna considerável — em criação de animais, empregados, ouro e prata (Jó 1, 3; 42, 11-12). Esses homens eram ricos até pelos padrões atuais, mas eram também ricos para com Deus. Podemos observar outros: Isaac (Gn 26, 12ss), Jacó (Gn 30, 43ss). Na terra que Deus promete a seu povo, nada pode faltar (Dt 8, 7-10; 28, 1-12).

O apóstolo Paulo chama Abraão de “pai de todos os que têm fé”. Ele não era mesquinho nem apegado demais às coisas que possuía (Rm 4, 11; Gn 13, 9; 18, 1-8). Da mesma forma, Deus descreveu Jó como sendo um homem “inculpe e reto” (Jó 1, 8). Ele estava sempre pronto para ajudar os pobres e aflitos (Jó 29, 12-16). ‘Tanto Abraão quanto Já confiavam em Deus, e não nas riquezas (Gn 14, 22-24; Jó 1, 21-22; Rm 4, 9-12).

O Rei Salomão é outro exemplo. Visto que era herdeiro do trono de Deus em Jerusalém, Salomão foi abençoado não só com sabedoria divina, mas também com muita riqueza e glória (1Rs 3, 4-14). Ele foi fiel a maior parte de sua vida, mas, durante alguns anos antes de sua morte, “o coração de Salomão já não pertencia inteiramente a Javé seu Deus” (1 Rs 11, 4). A bem dizer, o triste desfecho de sua vida ilustra algumas das armadilhas comuns da prosperidade material. Vejamos algumas delas.

D. Armadilhas da prosperidade

O maior perigo é o de amar o dinheiro e o que ele pode comprar. A riqueza cria em alguns um apetite insaciável. No início de seu reinado, Salomão notou essa tendência nas pessoas e escreveu: “O mero amante da prata não se fartará de prata, nem o amante da opulência, da renda. ‘também isto é vaidade’” (Ecl 5, 10). Jesus e Paulo mais tarde alertaram os cristãos contra esse amor traiçoeiro (Mc 4, 18-19; 2Tm 3, 2).

Sem dúvida nenhuma o dinheiro é importante. Quando Jesus Cristo falou dele, disse: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21). E Ele mencionou o dinheiro

em dezesseis das quarenta parábolas que nos deixou, sendo que em uma delas frisou que “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lc 12, 15).

Quando o dinheiro se toma nosso interesse primário e não apenas um meio para se conseguirem as coisas, nós nos tomamos vulneráveis a todos os tipos de tentações morais, incluindo a mentira, o roubo e a traição. Judas Iscariotes, um dos apóstolos de Jesus, traiu seu mestre por apenas trinta moedas de prata (Mc 14, 11; Jo 12, 6). Indo a extremos, alguns até substituíram Deus pelo dinheiro como objeto de adoração (1Tm 6, 10). Portanto, os cristãos devem sempre tentar ser honestos nos seus verdadeiros motivos de ganhar mais dinheiro (Hb 13, 5).

A busca de riquezas também apresenta perigos mais sutis.

Em primeiro lugar, o acúmulo de riquezas pode desenvolver a autoconfiança. Jesus mencionou isso quando se referiu ao “poder enganoso das riquezas” (Mt 13, 22). O escritor bíblico ‘Tiago de forma similar alertou os cristãos a não se esquecerem de Deus mesmo quando estivessem planejando fazer negócios (Tg 4, 13-16). Visto que o dinheiro parece conferir um grau de independência para aqueles que o possuem, há o perigo constante de se confiar mais nele do que em Deus (Pr 30, 7-9; At 8, 18-24).

Em segundo lugar, conforme descobriu Davi, mencionado anteriormente, a busca de riquezas não raro consome tanto do tempo e da energia da pessoa que ela acaba gradualmente se desviando de alvos espirituais (Lc 12, 13-21). Para os ricos, há a contínua tentação de usar o que têm em primeiro lugar para o lazer ou alvos pessoais.

Poderia o fracasso espiritual de Salomão ser atribuído em certa medida à insensibilidade causada pela vida luxuosa que levava (Lc 21, 34)? Ele conhecia a clara proibição de Deus de fazer alianças matrimoniais com nações estrangeiras. Mesmo assim, ele juntou em seu harém umas mil mulheres (Dt 7, 3). Querendo agradar suas esposas estrangeiras, ele tentou estabelecer algum tipo de “ecumenismo” para o beneficio delas. Conforme observado antes, Salomão se afastou gradualmente de Javé. Esses claros exemplos mostram a veracidade do conselho de Jesus: “Não podeis trabalhar como escravos para Deus e para as riquezas” (Mt 6, 24). Então, como é que o cristão pode ter êxito em lidar com os desafios econômicos que muitos hoje enfrentam? E o mais importante, que esperança há para uma vida melhor no futuro?

É isso mesmo, caro leitor, muito cristão olha Deus como se fosse um gerente de banco ou como se fosse um bilhete de loteria premiado, então entram nas igrejas, fazem correntes de fogueiras santas a fim de ganhar muito dinheiro. Na Igreja católica também existem coisas absurdas que não vem ao caso aqui relatar. Basta saber... E quando não recebem nada, o que dizem?

- Você não teve fé!- Mas não dizem fé em quê? - Em um gerente de banco? - Ou em um bilhete premiado de loteria? - Em uma proposta sugestiva? - Em apelos emotivos para convencer de que o dízimo é necessário?

Lembremos que Deus está acima de todas as coisas! Se quiser ser chamado de filho de Deus, deve tratá-lo como pai. Em vez de ficar querendo receber a mesada no final do mês... A opção ao dízimo nos remete a uma espiritualidade equilibrada. O bom senso deve prevalecer, apesar de todas as dificuldades encontradas. A graça de Deus não pode ser “comercializada” de forma a se obterem resultados surpreendentes, até por melhores intenções. Mais que qualquer custo, o único deve ser a experiência de Deus.

Não são poucas as igrejas que tratam Deus como fonte de dinheiro. Todas as igrejas — ou quase todas — têm o dia da prosperidade, cura e libertação, onde o pastor enfatiza muito bem os ganhos materiais. Momento em que a cinco minutos de louvor, quinze pregando sobre a humildade e obediência e o restante do culto falando em dinheiro, casa, carro, prosperidade, bênçãos, curas etc. Há uma constante instigação que provoca uma curiosidade nas pessoas. Até as redes de televisão colocam às vistas todo esse aparato que cativa e convida à opção.

Olhando o que se escreveu acima, poderemos estar pensando nos “evangélicos”. Em maior proporção, talvez sim. Mas, para arrecadar dinheiro, fazemos muita coisa na Igreja católica que também envergonha. Não vamos descrevê-las, mas você poderá imaginar o que a sua paróquia faz para arrecadar alguns fundos para as obras comunitárias. Na maioria das vezes, tudo em nome dos pobres, da evangelização e outras sugestões que cativam os fiéis...

Muitas comunidades parecem que vivem presas numa “gaiola de ratos”. A expressão “corrida dos ratos” refere-se à gaiola onde um rato corre dentro dela. Ele correrá até cansar e nunca chegará a lugar nenhum. “O autor Robert Kiyosaki, no livro Pai rico, pai pobre, compara a corrida dos ratos com a forma com a qual nos relacionamos com o dinheiro e o círculo vicioso que se forma em tomo dele, onde, quanto mais trabalhamos e quanto mais ganhamos, mais devemos trabalhar para sustentar um estilo de vida” (Félix Costa).

A maioria das comunidades vive acorrentada nessa sôfrega corrida dos ratos; vivem sem direção; sempre em vermelho e sempre faltando; festas e promoções em demasia para se sustentar. Nenhuma medida séria para estancar a sangria financeira da comunidade. Algumas não conseguem equilibrar as despesas e separar os ativos dos passivos em sua contabilidade. Vivem eternamente para pagar despesas e quitar dívidas. Esse é um processo que leva à derrocada financeira da comunidade e ao desânimo de muitos padres e agentes de pastoral.

Todo o investimento deve trazer retomo à comunidade. Nem toda a forma desvairada de captação de recurso pode ser saudável à comunidade. No entanto, o dízimo se encontra adormecido no seio da comunidade. Devemos despertá-lo para a ação. O cuidado é que: “o problema com a corrida dos ratos é que mesmo se você ganhar vai continuar sendo um rato” (Robert Kiyosaki).

A opção pelo dízimo não se serve dessa armadilha (gaiola).

E. Passagens em que consta a palavra dízimo

Nesse espaço você poderá se desejar, conferir as citações abaixo diretamente na sua Bíblia. Vamos propor, de forma literal, apenas alguns textos de leitura. Apenas algumas indicações.

A. Gênesis 14,20: “e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos a você. E Abrão lhe deu a décima parte de tudo”.

B. Gênesis 28,22: “e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo”.

C. Levítico 27,32: “No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR”.

D. Números 18,26: “Também falarás aos levitas e lhes dirás: Quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por vossa herança, deles apresentareis uma oferta ao SENHOR: o dízimo dos dízimos”.

E. Deuteronômio 12,17: “Você não poderá comer, em suas cidades, o dízimo do trigo, do vinho novo e do óleo, nem os primogênitos de suas vacas e ovelhas, nem coisa alguma dos sacrifícios votivos que você tiver prometido, nem dos sacrifícios espontâneos, nem das ofertas voluntárias”.

F. Mateus 23,23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”.

G. Lucas 11,42: “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da amida e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”.

H. Lucas 18,12: “jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. I. Hebreus 7,2: “para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se

interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz”. J. Hebreus 7,4: “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o

dízimo tirado dos melhores despojos”.

E. Trinta e uma razões por que sou dizimista

Deus é nosso Pai. A Igreja é nossa mãe e nós somos os seus filhos. Aparentemente natural e simples. O dízimo que devolvemos à Igreja doou a nós, “povo de Deus”. De certa forma isso é muito interessante, embora não prestemos atenção. Há uma circulação de dons e ofertas. Tudo o que recebemos na comunidade deve ser devolvido a ela em forma de atividade pastoral e beneficio. Assim os valores do Reino circulam e as graças são divididas entre todos indistintamente.

O dízimo cria comunhão. Nada é de ninguém e tudo é para todos, sem divisão ou distinção. a forma mais exata para se evitarem privilégios. “Se as fontes da vida da Igreja são a Palavra e o Sacramento, o centro da vida cristã é a caridade, o amor-doação, o amor que vem de Deus mesmo e que o apóstolo Paulo aponta como o mais alto dos dons” (in Diretrizes, 81).

O dízimo é conseqüência de uma ação pastoral.

Note bem: a catequese, a formação dos adultos, jovens e crianças, preparação dos agentes de pastoral, coordenadores e líderes comunitários e as diversas atividades que desenvolvemos, nos colocam a serviço de Deus e dos irmãos. Todas essas atividades de pastoral, apesar da fé, dependem de recursos materiais. A fé também tem um custo!

O dízimo ajuda a construir a Igreja viva. Do dízimo é que devem vir os recursos necessários para administrar. Nada mais e além dele. O dízimo deve ser sempre suficiente na comunidade, O dízimo tem o tamanho da fé da comunidade; é o termômetro para se medirem a opção e a determinação do grupo.

Vejamos as trinta e uma razões pelas quais sou dizimista fiel:

1. Sou dizimista porque amo a obra de Deus na face da terra (Gn 1, 1-31; Sl 8, 1-10; Sl 103, 1-35).

2. Sou dizimista porque Deus é o Criador e dono de tudo. Nós apenas administramos o que dele recebemos (Gn 1, 26-28; Sl 23, 1-10).

3. Sou dizimista porque Deus me escolheu e assim me nomeou (Jo 15, 15-16). 4. Sou dizimista porque tudo vem das mãos de Deus (Lv 27, 14-31; 1Cr 29, 13-17). 5. Sou dizimista porque quero honrar sempre ao Senhor (Pr 3, 9-10).6. Sou dizimista porque quero ser obediente a Deus, cumprindo o preceito bíblico de viver o

amor, a generosidade com os irmãos (At 5, 29-35).7. Sou dizimista porque Deus pede ao seu povo que seja (Dt 14, 22-29).8. Sou dizimista porque Cristo, meu Salvador, morreu por meus pecados, foi sepultado e

ressuscitou para me justificar. Minha gratidão por tudo quanto Ele tem feito e minha esperança de vê-lo, em paz, quando Ele vier, me impele a entregar o dízimo (2Cor 5, 14).

9. Sou dizimista porque louvo a Deus pela vida, sou feliz, bondoso e piedoso (Sl 111 e 112).10. Sou dizimista porque Deus ama a quem “doa com alegria” (2Cor 9, 6-8; SI 111, 9).11. Sou dizimista porque amo a justiça e a partilha (2 Cor 9, 9-14).12. Sou dizimista porque Deus me ensinou que o dízimo faz parte da dimensão do partilhar,

juntamente com ofertas, esmolas, amor, caridade etc. (2Cr 31, 1-21; Lc 9, 10-17).13. Sou dizimista porque entendi que nada trouxemos ao mundo, como tampouco poderemos

levar. Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8, 32). Não quero ser ganancioso nem avarento (1Tm 6, 17-19) e ficar livre das maldições (Ml 3, 11).

14. Sou dizimista porque mais bem-aventurado é dar do que receber (Dt 14, 22-23).15. Sou dizimista porque tudo o que o homem plantar, isso ceifará (Gl 6, 6-10).16. Sou dizimista porque receberei de Deus na mesma medida da semeadura (Lc 6, 33).17. Sou dizimista porque a bênção de Deus é que nos enriquece (Pr 10, 22). 18. Sou dizimista porque, para cada lei, Deus promete recompensas (Sl 18, 7-1 1) e bênçãos (Ecl

35, 1-20). 19. Sou dizimista porque aprendi a viver em comunidade (At 2, 42-47; At 4, 32-35; GI 6, 1-3).20. Sou dizimista porque o dízimo cria a comunhão fraterna na Família de Deus, que é a Igreja

de Jesus (Nm 18, 20-32; 1Cor 9, 4-14).21. Sou dizimista porque quero ser participante das promessas e bênçãos de Deus (Ml 3, 10-12).22. Sou dizimista porque o dízimo é santo (Lv 2 7, 28-32).23. Sou dizimista porque entendi que o dízimo, além de santo, é uma porção, “a décima parte”,

que o cristão consciente deve devolverão Senhor (Ex 25, 1-9; 1Sm 8, 15-18; Nm 15, 1-21). 24. Sou dizimista porque o dízimo é consequência da fé e da justiça (Mt 23, 23). Nas suas quatro

dimensões, tem a finalidade de ajudar os pobres, órfãos, viúvas etc. (Dt 14, 22-29; Mt 25, 31-46). Sustento do sacerdote (1Cor 9, 13-14; Lc 10, 7), manutenção da própria igreja (Ne 10, 33-40) e construção, reforma do templo. É com o dinheiro do dízimo que se adquirem os vasos sagrados, vela para o altar, as flores, vinho, hóstias, livros, bíblias, sons, folhetos litúrgicos, gastos para manutenção e organização da igreja (luz, água, telefone, funcionários etc.) e tudo o mais que é necessário para celebrar o culto a Deus.

25. Sou dizimista porque sou consciente do dízimo e da sua necessidade (Gn 14, 20). Por isso, quero ficar com minha consciência tranquila e firme na fé (1Tm 1, 18-19).

26. Sou dizimista porque o verdadeiro tesouro de todos está nos céus (Mt 6, 19-21).27. Sou dizimista porque tudo o que peço a Deus, por Ele sou agraciado (Mt 7, 7-9).28. Sou dizimista porque meu salário não será posto em saco furado (Ag 1, 6).29. Sou dizimista porque Deus suprirá todas as minhas necessidades (FI 4, 19). Tudo posso

naquele que me fortalece (FI 4, 13). 30. Sou dizimista porque minha descendência não vai mendigar o pão (SI 36,25-26): “Fui jovem

e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado, nem sua descendência mendigando pão. O dia todo ele se compadece e empresta, e sua descendência é uma bênção ”. Coisas para se meditar!

31. Sou dizimista porque Jesus jamais desprezou a prática do dízimo (Mt 23,23). E, acrescente-se: isso deve ser feito, mas que nunca se despreze o preceito mais importante da Lei, ou seja, o amor, a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Jesus nos exorta ao amor, à fidelidade e à justiça: “Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César” (Lc 20,20-26).

Multiplicam-se os recursos na comunidade corrigindo-se alguns desvios.

Dentre eles podemos citar: o povo gosta de saber onde foi empregado seu dinheiro; o dinheiro da comunidade não é do padre, mas, sim, a serviço da comunidade; não apostar no acaso; converter-se ao dízimo livre e espontâneo e não doador social; optar por um dízimo consciente; preocupar-se com o não dizimista e por aqueles que desistiram; criar e implantar um sistema de visita para alcançar os bons dizimistas e mantê-los fiéis; valorizar a ação do dizimista e não a sua quantia; publicar no quadro de avisos os dízimos do mês em curso; implantar um sistema (multimídia) de dízimo na paróquia; evitar o consumismo exagerado e esbanjador de muitos padres; optar pela modéstia e evitar muita ostentação na liturgia (paramentos, utensílios litúrgicos); divulgar a pastoral do dízimo de forma sistemática e corajosa.