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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.677/2014-3 GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIO TC 010.677/2014-3. Natureza: Acompanhamento. Entidade: Comissão Nacional de Energia Nuclear - Cnen. Interessado: Tribunal de Contas da União. Advogado constituído nos autos: não há. SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. ACÓRDÃO 1.108/2014- TCU-PLENÁRIO. AÇÕES DA COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. REPOSITÓRIO NACIONAL DE REJEITOS RADIOATIVOS DE BAIXO E MÉDIO NÍVEIS DE RADIAÇÃO. OBTENÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO. APENSAMENTO DEFINITIVO. RELATÓRIO Trata-se de acompanhamento realizado pela Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro – SecexEstataisRJ, nos dias 28 e 29/4/2014, com o objetivo de avaliar o grau de cumprimento do cronograma e os resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, quanto ao projeto, construção, licenciamento (nuclear e ambiental) e entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, em face do despacho proferido em 14/4/2014, no âmbito do TC 005.518/2014-8, bem como do item 9.3 do Acórdão 1.108 proferido pelo TCU na Sessão do Plenário do dia 30/4/2014. 2. Promovidas as ações pertinentes, a SecexEstataisRJ lançou a instrução de mérito à Peça nº 27, nos seguintes termos: “(...) 1. APRESENTAÇÃO 1.1. No segundo semestre do exercício de 2013, a Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro (SecexEstataisRJ) promoveu fiscalização (levantamento, TC 024.258/2013-0) na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e na Eletrobras Termonuclear S.A. (Eletronuclear). O objetivo do trabalho foi reunir informações destinadas a identificar possíveis riscos e a subsidiar futuras ações de controle acerca do gerenciamento seguro de rejeitos radioativos (RR) e de combustível nuclear usado (CNU) em âmbito nacional. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.677/2014-3

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIOTC 010.677/2014-3.Natureza: Acompanhamento.Entidade: Comissão Nacional de Energia Nuclear - Cnen.Interessado: Tribunal de Contas da União.Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. ACÓRDÃO 1.108/2014-TCU-PLENÁRIO. AÇÕES DA COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. REPOSITÓRIO NACIONAL DE REJEITOS RADIOATIVOS DE BAIXO E MÉDIO NÍVEIS DE RADIAÇÃO. OBTENÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO. APENSAMENTO DEFINITIVO.

RELATÓRIO

Trata-se de acompanhamento realizado pela Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro – SecexEstataisRJ, nos dias 28 e 29/4/2014, com o objetivo de avaliar o grau de cumprimento do cronograma e os resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, quanto ao projeto, construção, licenciamento (nuclear e ambiental) e entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, em face do despacho proferido em 14/4/2014, no âmbito do TC 005.518/2014-8, bem como do item 9.3 do Acórdão 1.108 proferido pelo TCU na Sessão do Plenário do dia 30/4/2014.2. Promovidas as ações pertinentes, a SecexEstataisRJ lançou a instrução de mérito à Peça nº 27, nos seguintes termos:

“(...) 1. APRESENTAÇÃO1.1. No segundo semestre do exercício de 2013, a Secretaria de Controle Externo da

Administração Indireta no Rio de Janeiro (SecexEstataisRJ) promoveu fiscalização (levantamento, TC 024.258/2013-0) na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e na Eletrobras Termonuclear S.A. (Eletronuclear). O objetivo do trabalho foi reunir informações destinadas a identificar possíveis riscos e a subsidiar futuras ações de controle acerca do gerenciamento seguro de rejeitos radioativos (RR) e de combustível nuclear usado (CNU) em âmbito nacional.

1.2. No curso do referido levantamento, foram identificados, mapeados e examinados os seguintes macroprocessos de gerenciamento de RR e CNU (GRCN): definição da política nacional de GRCN; planejamento; regulação; gestão de depósitos; e expansão da capacidade dos depósitos.

1.3. Constataram-se diversas fragilidades nos processos examinados, que demonstraram a necessidade de pronta atuação do TCU, a despeito da natureza descritiva do trabalho de levantamento. Entre os principais achados, podem ser destacados, em apertada síntese: (i) inexistência, em lei ou norma regulatória, de política e estratégia formalizadas sobre o gerenciamento de CNU em território nacional; (ii) inadequação do modelo jurídico-institucional atualmente existente no País, que atribui à Cnen tanto atividades de regulação quanto de execução de GRCN, com deficiência na segregação de funções; (iii) inexistência de normas sobre licenciamento de depósitos de rejeitos radioativos; (iv) ausência de licenciamento de depósitos intermediários de RR no Brasil; (v) ausência de pagamentos das compensações financeiras aos municípios que abrigam depósitos de RR; (vi) iminente esgotamento das capacidades das piscinas de armazenamento inicial de

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CNU das usinas de Angra 1 e Angra 2; e (vii) iminente esgotamento da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais de RR da Eletronuclear.

1.4. Dentre essas diversas fragilidades encontradas, a última mencionada no parágrafo anterior (item vii) afigurou-se como de elevada importância, tendo em vista o risco que representa para o processo de GRCN. No Voto do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em que foram apreciados os resultados do levantamento, o Ministro-Relator destacou:

‘(...) 27. Por fim, no que se refere ao macroprocesso de expansão da capacidade do sistema de GRCN no País, constatou-se que os depósitos iniciais de RR da Eletronuclear terão a sua ocupação esgotada em 2020.

28. De acordo com os elementos contidos nos autos, a solução para a questão passa pela construção, por parte da Cnen, do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, para onde o material atualmente guardado na Eletronuclear deverá ser transferido, liberando espaço de armazenamento nos depósitos iniciais da central nuclear.

29. Vê-se, todavia, que a construção do RBMN ainda não foi iniciada e apresenta diversos fatores críticos, tais como a seleção do local, o processo de licenciamento ambiental e nuclear, a contratação de terceiros e a alocação de orçamento, que denotam a existência de riscos de atraso.’

1.5. Assim, tendo em vista que, caso ocorra o esgotamento da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais de RR da Eletronuclear antes da entrada em operação do RBMN, poderá ser necessária a interrupção da operação das usinas Angra 1 e Angra 2, com elevados prejuízos financeiros e significativos impactos para o suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o TCU determinou à SecexEstataisRJ que:

‘9.3. determinar à SecexEstataisRJ que promova o acompanhamento, nos termos do art. 241, inciso II, do RITCU, de todo o empreendimento tratado nestes autos a fim de examinar a execução do cronograma e os resultados alcançados pela Cnen e pela Eletronuclear, quanto ao projeto, construção, licenciamento e entrada em operação dos empreendimentos do RBMN, do UFC e do Prédio de Monitoração do CGR, avaliando, em especial, quanto ao andamento das etapas de seleção do local e licenciamento ambiental e nuclear, assim como os procedimentos de contratação de terceiros nas diversas etapas dos projetos e de alocação orçamentária (...);’

1.6. Além disso, mesmo antes da prolação do referido Acórdão, dada a importância de que se reveste o empreendimento RBMN, a SecexEstataisRJ já havia autuado proposta específica de realização de acompanhamento do empreendimento RBMN (TC 005.518/2014-8), que contou com a aquiescência da Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da Região Sudeste (Coinfra) e que foi autorizada pelo Ministro-Substituto André de Carvalho em 14/4/2014 (peça 3, TC 005.518/2014-8).

1.7. A esse respeito, é importante mencionar que a SecexEstataisRJ, mediante a relevância e urgência do assunto, contatou o Gabinete do Relator do levantamento sobre GRCN – TC 024.258/2013-0 (Ministro André de Carvalho), solicitando permissão para que pudesse realizar proposta específica de acompanhamento, antes mesmo do julgamento da fiscalização sobre GRCN (TC 024.258/2013-0). O Gabinete manifestou concordância com o procedimento sugerido (autuar proposta de fiscalização específica, mesmo antes da apreciação do TC 024.258/2013-0).

1.8. Dessa forma, foi aberto o presente processo de acompanhamento, que atende ao despacho do Ministro-Relator no TC 005.518/2014-8 e, parcialmente, à determinação contida no item 9.3 do Acórdão 1.108/TCU-Plenário.

1.9. Inicialmente, no capítulo 2, são apresentadas as características gerais do presente trabalho, incluindo a deliberação que o originou, a especificação do objetivo, a delimitação do escopo e a metodologia utilizada.

1.10. A seguir, no capítulo , para fins de contextualização, é apresentada a descrição geral do projeto, englobando a visão geral da Cnen, as justificativas e as finalidades da construção do RBMN, as características do empreendimento e a descrição da estrutura de gerenciamento do projeto.

1.11. Em sequência, os capítulos 4, 5, 6, 7 e 8 apresentam os resultados essenciais do trabalho de acompanhamento, relacionados à evolução do cronograma do empreendimento RBMN, à forma de acompanhamento/monitoramento exercido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e

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Inovação (MCTI), órgão ao qual a Cnen é vinculada, aos aspectos de previsão orçamentária e financiamento do projeto, à situação de cumprimento de sentença judicial envolvendo o projeto RBMN, e à eventual existência de planos alternativos para o caso de insucesso ou atraso do empreendimento.

1.12. Por fim, os capítulos 10 e 11 apresentam as conclusões do trabalho, os benefícios do controle externo e a proposta de encaminhamento resultante da fiscalização.

2. INTRODUÇÃO2.1. Deliberação que originou a fiscalização2.1.1.A fiscalização decorre do despacho de 14/4/2014 do Ministro-Substituto André de

Carvalho (peça 3, TC 005.518/2014-8), corroborado posteriormente pelo item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em que foi apreciado o levantamento promovido pela SecexEstataisRJ na Cnen e na Eletronuclear sobre o gerenciamento seguro de rejeitos radioativos e de combustível nuclear usado em âmbito nacional (TC 024.258/2013-0).

2.2. Objetivo e escopo2.2.1. O presente acompanhamento tem como objetivo avaliar o grau de cumprimento do

cronograma e os resultados já alcançados pela Cnen, quanto ao projeto, à construção, ao licenciamento (nuclear e ambiental) e à entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN).

2.2.2. O escopo da fiscalização está adstrito à verificação do andamento das tarefas definidas no cronograma do empreendimento apresentado pela Cnen, bem como à identificação de possíveis fatores críticos para o cumprimento dos prazos do projeto. Está incluído no escopo da fiscalização a identificação das tarefas que, de acordo com o cronograma apresentado pela entidade, compõem o chamado ‘caminho crítico’ do projeto, assim como sua situação de execução.

2.2.3. Para os fins do escopo deste trabalho, entende-se que o ‘caminho crítico’ de um projeto pode ser definido como a sequência de atividades interdependentes que determina o menor tempo possível para completar o projeto. Qualquer atraso na execução de uma atividade que esteja no ‘caminho crítico’ impacta diretamente a data planejada de término do projeto (ou seja, não há ‘folga’ para uma atividade componente do caminho crítico). A análise do caminho crítico é um método mundialmente aceito e utilizado, que serve para analisar, entre outras coisas, as tarefas prioritárias, a possibilidade de compartilhamento de recursos e os atrasos máximos admitidos para o término de uma tarefa do projeto (para maiores detalhes sobre a utilização da técnica, consultar http://www.stanford.edu/class/cee320/CEE320B/CPM.pdf)

2.2.4. Entretanto, tendo em vista os objetivos do acompanhamento e a exiguidade dos prazos estabelecidos nas portarias de fiscalização, o escopo da fiscalização:

- NÃO abrange a análise da regularidade, legalidade, legitimidade, completude e coerência dos conteúdos dos documentos técnicos referentes às etapas do projeto (por exemplo, não foram analisados os termos, os conteúdos, a regularidade e a legalidade de editais, projetos, contratos, estudos técnicos, levantamentos, pareceres etc.);

- NÃO abrange a análise da veracidade dos percentuais de execução informados pela Cnen (assumiu-se como válidas e legítimas as informações sobre a evolução da execução das tarefas do cronograma informados pela Cnen);

- NÃO abrange a análise da pertinência e da correção das premissas adotadas para a elaboração do cronograma, tais como a avaliação crítica da relação de interdependência entre as tarefas, a duração das etapas, o encadeamento lógico entre as diversas fases do projeto (como regra geral, partiu-se da premissa de que os parâmetros informados pela Cnen que balizam o cronograma são coerentes e apropriados).

2.3. Metodologia2.3.1. Tendo em vista que não existe um documento técnico de controle externo editado

pelo TCU ou pela Segecex estabelecendo padrões específicos para a execução de fiscalizações na modalidade de acompanhamento, o presente trabalho orientou-se, sempre que possível, pelas

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metodologias, regras e diretrizes das seguintes normas: Padrões de Levantamento do TCU (Portaria-Segecex 15, de 9/5/2011); Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8/12/2010); Padrões de Auditoria de Conformidade (Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009); Orientações para Auditorias de Conformidade (Portaria-Adplan 1, de 25/1/2010); Procedimentos de Identificação, Avaliação e Registro dos Benefícios das Ações de Controle Externo (Portaria-Segecex 10, de 30/3/2012); Orientações para Elaboração de Documentos Técnicos de Controle Externo (Portaria-Segecex 28, de 7/12/2010); Orientações para Proposição de Determinações pelas Unidades Técnicas Integrantes da Segecex (Portaria-Segecex 13, de 27/4/2011); Resolução-TCU 254/2013, que dispõe sobre classificação da informação quanto à confidencialidade no TCU.

2.3.2. Na fase inicial de planejamento dos trabalhos, foi realizada uma ampla coleta de dados sobre a Cnen e a Eletronuclear e, em especial, sobre o empreendimento RBMN, usando-se as informações disponíveis na internet e no Relatório de Levantamento do qual se originou a presente fiscalização (TC 024.258/2013-0). Tal procedimento teve como finalidade delinear as questões a serem respondidas no curso da ação de controle e permitir a elaboração de ofícios de requisição a serem respondidos pelas entidades envolvidas, para subsidiar a etapa de execução dos trabalhos.

2.3.3. Como resultado principal da fase de planejamento, destaca-se a elaboração dos Ofícios de Requisição 1 a 5-245/2014 (peças 2 a 5 e 7), dirigidos à Cnen, Ibama, MCTI e Eletronuclear, através dos quais foram apontadas as necessidades preliminares de obtenção de informações e documentos acerca do cronograma do empreendimento e sua evolução.

2.3.4. Posteriormente, na fase de execução, foram encaminhados outros ofícios de requisição à Eletronuclear e à Cnen (peças 17 e 18), cujas respostas também subsidiaram o trabalho de acompanhamento. Nessa etapa foram utilizadas, principalmente, as técnicas de análise documental, revisão analítica e circularização de informações.

2.3.5. Foi realizada, também, reunião com representantes da Cnen envolvidos com o assunto, com a finalidade de apresentar os objetivos do trabalho, aprofundar os conhecimentos e esclarecer dúvidas, conforme abaixo:

- 26/6/2014 – Reunião com os Srs. Angelo Fernando Padilha (Presidente da Cnen), Isaac José Obadia (Diretor de Planejamento e Pesquisa/Cnen), Roberto Garcia Esteves (Assessor Técnico em Rejeitos Radioativos/DPD/Cnen), Vânia Maria Nogueira Cabral dos Santos (Procuradora-Chefe/Cnen), Francisco Rondinelli Junior (Coordenador-Geral de Planejamento e Avaliação/Cnen), Sérgio Augusto Navegantes (Auditor-Chefe/Cnen). Durante a reunião foi feita a apresentação da equipe de fiscalização e de seus objetivos, bem como foi feita apresentação, por parte da Cnen, de aspectos gerais da execução do cronograma. Os representantes da entidade ressaltaram a criticidade de alguns fatores relacionados ao empreendimento (em especial, a questão orçamentária e a seleção do local). O extrato da reunião encontra-se acostado ao presente processo (peça 22).

2.3.6.Por fim, na última fase do trabalho, com base nas diversas informações coletadas, foi elaborado este relatório, em que se apresenta a avaliação sobre o grau de cumprimento do cronograma e os resultados já alcançados pela Cnen, quanto ao projeto, à construção, ao licenciamento (nuclear e ambiental) e à entrada em operação do RBMN.

2.3.7.A tabela a seguir apresenta a localização dos ofícios de requisição e suas respectivas respostas no processo eletrônico do TCU:

Ofício de Requisição Resposta1 (peça 2) Peça 112 (peça 3) Peça 123 (peça 4) Peça 134 (peça 5) Peça 155 (peça 7) Apenas prorrogação de prazo

6 (peça 17) Peça 217 (peça 18) Peça 19

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3. DESCRIÇÃO GERAL DO PROJETO3.1. Considerações Preliminares3.1.1.O presente capítulo tem o objetivo de apresentar as características gerais do projeto

RBMN, suas justificativas e as finalidades para as quais o empreendimento está sendo implantado. Para melhor organização, as informações encontram-se estruturadas nos seguintes itens: (i) visão geral da Cnen; (ii) justificativas e finalidades da construção do RBMN; (iii) características do empreendimento; e (iv) descrição da estrutura de gerenciamento do projeto.

3.2. Visão geral da Cnen3.2.1.A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) é uma autarquia federal, criada

pela Lei 4.118/1962, vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), com independência administrativa e financeira, cujas competências encontram-se dispostas na Lei 6.189/1974, alterada pela Lei 7.781/1989, cujas atribuições, entre outras, destacam-se:

- exercer o monopólio da União que trata o artigo 1º, da Lei 4.118/1962, como órgão superior de orientação, planejamento, supervisão, fiscalização e de pesquisa científica;

- colaborar na formulação da Política Nacional de Energia Nuclear;- propor ao Conselho Superior de Política Nuclear (CSPN) o Programa Nacional de

Energia Nuclear;- executar ações de pesquisa, desenvolvimento, promoção e prestação de serviços na área

nuclear e suas aplicações para fins pacíficos;- regular, licenciar, autorizar, controlar e fiscalizar essas utilizações.3.2.2.Cumpre destacar, que as obrigações legais da Cnen em relação à armazenagem

final de rejeitos radioativos, tema correlato ao presente acompanhamento – construção do RBMN – encontram-se estabelecidas nos seguintes diplomas (peça 11, p. 12):

- Inciso VI do artigo 2º da Lei 6.189/1974 (com redação dada pela Lei 7.781/1989), que estabelece que compete à Cnen o recebimento e depósito de rejeitos radioativos;

- Alínea ‘d’ do inciso X do artigo 2º da Lei 6.189/1974 (com redação dada pela Lei 7.781/1989), que enumera, dentre as competências da Cnen, as relativas ao tratamento e à eliminação de rejeitos radioativos.

3.2.3.Além disso, a partir da leitura da Lei 10.308/2001, que dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos, é possível afirmar que a Cnen é responsável pelos seguintes aspectos de gerenciamento de rejeitos radioativos em território nacional:

- definir e implementar o destino final dos rejeitos radioativos (art. 2º); - estabelecer normas sobre depósitos iniciais, intermediários e finais (art. 4º); - PROJETAR, CONSTRUIR, INSTALAR E OPERAR DEPÓSITOS INTERMEDIÁRIOS E

FINAIS DE REJEITOS RADIOATIVOS (arts. 9º, 13, 17); - licenciar e fiscalizar depósitos iniciais, intermediários e finais de rejeitos radioativos

(arts. 10 e 11);- TRANSFERIR REJEITOS DOS DEPÓSITOS INTERMEDIÁRIOS PARA O DEPÓSITO

FINAL (art. 15); - pagar compensação financeira a municípios dos depósitos de rejeitos (art. 34, §2º).3.2.4.A estrutura da Cnen foi criada pelo Decreto 5.667/2006 e regulamentada pela

Portaria MCT 305/2010. A entidade atua como reguladora, fiscalizadora e fomentadora do desenvolvimento da tecnologia nuclear. Para tanto, possui uma macroestrutura de gestão composta pela Comissão Deliberativa, pela Presidência e por três diretorias: Diretoria de Gestão Institucional (DGI); Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD); e Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS).

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3.2.5.As etapas de projeto, construção e operação do RBMN, no âmbito da estrutura organizacional da Cnen, estão sob a de responsabilidade da DPD. Por sua vez, as responsabilidades referentes ao licenciamento e fiscalização estão atribuídas à DRS.

3.2.6.As diversas competências e atribuições de cada unidade organizacional da Cnen, bem como dos demais atores envolvidos em atividades de GRCN em âmbito nacional, encontram-se detalhadamente descritas no item 3.7 do Relatório de Levantamento (TC 024.258/2013-0, peça 45, p. 25-32) que deu origem à presente fiscalização.

3.3. Justificativas e Finalidades da Construção do RBMN3.3.1. Inicialmente, é importante frisar que existem diversas formas de depositar rejeitos

radioativos (RR) e que a decisão quanto ao tipo de deposição depende da política de gerenciamento de rejeitos. Segundo o glossário de segurança nuclear da Cnen (http://www.cnen.gov.br/seguranca /normas/pdf/ glossario.pdf, acesso em 27/6/2014), os RR podem ser armazenados em quatro tipos de depósito:

- depósito inicial: depósito destinado ao armazenamento de rejeitos radioativos, até o seu descarte ou a sua transferência. O depósito inicial pode ser parte de uma instalação radioativa;

- depósito provisório: depósito destinado a receber rejeitos somente para atender a situação de emergência em decorrência de acidente nuclear ou radiológico;

- depósito intermediário: depósito destinado a receber e, eventualmente acondicionar, rejeitos radioativos, objetivando sua futura remoção para depósito final;

- depósito final (ou repositório): depósito licenciado, destinado a receber e armazenar, em observância aos critérios estabelecidos pelas autoridades competentes, rejeitos radioativos, sem a intenção de removê-los.

3.3.2. Isto posto, o Repositório para Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN) será destinado a armazenar, visando sua deposição definitiva (sem a intenção de removê-los), rejeitos originados na geração de energia nuclear, na pesquisa, na medicina, na indústria, bem como no futuro descomissionamento de instalações nucleares e radiativas.

3.3.3.Vale observar que o Relatório de Levantamento (TC 024.258/2013-0, peça 45, p. 86-87) que deu ensejo à presente fiscalização destacou que existem três fatores principais que atualmente denotam a urgência na construção, por parte da Cnen do RBMN: (i) esgotamento da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais do Centro de Gerenciamento de Rejeitos (CGR) da Eletronuclear; (ii) condicionantes apostas no processo de licenciamento ambiental da construção de Angra 3; (iii) determinação judicial para que a Eletronuclear e a Cnen construam o RBMN.

3.3.4.Com relação ao primeiro ponto (esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR da Eletronuclear), importa observar que, como discutido no Relatório de Levantamento (TC 024.258/2013-0, peça 45, p. 4-5), a Eletronuclear havia informado que a capacidade de armazenamento do CGR estaria comprometida a partir de 2020, devendo na ocasião estar disponível no País solução de armazenamento final para a transferência dos rejeitos da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA).

3.3.5.Nesse contexto, apresentam-se os esclarecimentos prestados pela Cnen (peça 11, p. 14):

‘(...) De acordo com a DPD, a operação das usinas da CNAAA gera rejeitos de baixo e médio nível de radiação. Estes rejeitos são inicialmente tratados e acondicionados nos prédios dos respectivos reatores e posteriormente armazenados em depósitos classificados como iniciais, no próprio sítio da CNAAA.

As centrais geram quantidades anuais diferentes de rejeitos, com uma ordem de 10 vezes mais de Angra I sobre Angra 2. A expansão destes depósitos não foi autorizada pelo IBAMA no licenciamento ambiental da central de Angra 3 (Exigências n.2.17 e 2.18 da Licença Prévia n. 279/2008 e n. 2.19 e 2.20 da Licença de Instalação n. 519/2009). Em consequência dessas exigências, a CNEN tem desenvolvido o Projeto RBMN, cuja operação implicará na liberação de capacidade de armazenamento nos depósitos iniciais situados no sítio da CNAAA e continuidade operacional das usinas.’

3.3.6.É importante realçar que a estimativa de esgotamento da capacidade do CGR (depósitos iniciais da CNAAA) foi revista pela Eletronuclear, que, atualmente, prevê que sua

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ocorrência se dará em 2025. Contudo, como será discutido detalhadamente no item 4.13 deste relatório, essa postergação da data em que o RBMN deverá estar disponível não retira o sentido de urgência do projeto, tendo em vista a situação atual de execução do cronograma do empreendimento e a probabilidade de que ocorram diversas dificuldades e atrasos no curso de sua execução.

3.3.7.No que se refere ao segundo fator determinante da necessidade de construção do RBMN, importa destacar as condicionantes 2.17 da Licença Prévia (peça 20, p. 1-5) e 2.19 da Licença de Instalação (peça 20, p. 6-9), ambas formuladas pelo Ibama para a construção de Angra 3, in verbis:

‘Licença Prévia n. 279/2008.2.17 - Dar início ao processo de licenciamento ambiental do repositório nuclear da CNAAA,

dentro do âmbito do convênio da Eletronuclear e Cnen, antes do início da operação da Unidade   3 ;Licença de Instalação n. 591/2009.2.19 - Apresentar em 180 (cento e oitenta) dias cronograma técnico-financeiro e de execução

conforme estrutura analítica de Projeto RMBN – Depósito para Rejeitos de Médio e Baixo Nível de Radiação das Centrais Nucleares e Aplicações Nucleares, homologado pela Cnen.’

3.3.8.A Cnen informou que, em atenção à condicionante 2.19 da Licença de Instalação de Angra 3, apresentou ao Ibama, por intermédio do Ofício n. 431/09-Cnen/PR (peça 15, p. 9), de 4/9/2009, o cronograma original do empreendimento.

3.3.9.Vale dizer que a Cnen, ao apresentar ao órgão ambiental o referido cronograma do empreendimento RBMN, comprometeu-se, tacitamente, a executá-lo, uma vez que as decisões do Ibama, a partir do momento do recebimento do cronograma, passam a considerar a existência do RBMN (de acordo com os prazos apresentados pela Cnen) no cenário de gestão de RR da CNAAA.

3.3.10. Quanto ao terceiro ponto, cabe destacar que, em março de 2012, foi expedida sentença na Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal em face da União, Cnen e Eletronuclear, com a seguinte condenação (Proc. 0000121-82.2007.4.02.5111 – 1ª Vara Federal de Angra dos Reis):

- CONDENAR a UNIÃO FEDERAL na inclusão, no orçamento de 2013 e nos subsequentes, das dotações dos recursos necessários e suficientes à projeção, construção e instalação de depósito final de rejeitos radioativos, para abrigar o lixo atômico produzido pelas Unidades I e II da CNAAA, bem assim o lixo atômico da Unidade III do mesmo Complexo Nuclear;

- CONDENAR a UNIÃO FEDERAL, a CNEN-COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR e a ELETROBRAS TERMONUCLEAR S/A – ELETRONUCLEAR, solidariamente, em obrigação de fazer, consistente na projeção, licenciamento, construção e instalação de depósito final de rejeitos radioativos, para abrigar o lixo atômico produzido pelas Unidades I e II da CNAAA, bem assim o lixo atômico da Unidade III do mesmo Complexo Nuclear até o ano de 2018;

- CONDENAR a CNEN-COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR na obrigação de fazer consistente: (a) na determinação do local adequado à instalação de depósito final de rejeitos radioativos no prazo de um ano contado da publicação desta sentença; (b) na obrigação de comunicar o Ministério Público Federal, mediante relatório bimestral, sobre o andamento da etapa de seleção do local, quais os avanços obtidos e entraves encontrados; e (c) na notificação ao órgão ministerial sobre reuniões relevantes, contratação de empresa para este mister ou qualquer outro acordo/contrato firmado com relação ao objeto desta lide, de modo que o órgão ministerial, querendo, acompanhe e fiscalize o andamento do projeto. Determino, ainda, que, no prazo de 30 (trinta) dias a CNEN informe o Ministério Público Federal quem são as pessoas responsáveis pela seleção do local.

3.3.11. Tal sentença foi recentemente (em 19/8/2014, após concluídos todos os trabalhos da presente fiscalização) parcialmente confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, conforme descrito no item 7 deste relatório.

3.3.12. Assim, como pode ser observado, a necessidade de a Cnen construir e colocar em operação o RBMN deriva tanto de situação fática concreta (esgotamento de capacidade do CGR da Eletronuclear) quanto de comandos específicos do Ibama e do Poder Judiciário.

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3.3.13. É importante mencionar que no termo de Abertura do Projeto RBMN apresentado pela Cnen constam, também, os seguintes pontos fortes que justificam o desenvolvimento do empreendimento (peça 11, p. 428):

‘A execução deste projeto contribui para atender à opinião pública que, por meio de organizações não governamentais, de associações de interesse público e das entidades governamentais de fiscalização, vem pressionando e reivindicando, tanto na mídia quanto nas audiências públicas uma solução para o recolhimento e guarda dos rejeitos radioativos gerados na operação das centrais nucleares.’

3.3.14. Finalmente, destaca-se a seguinte justificativa acerca da relevância do empreendimento, constante no Projeto Conceitual Preliminar do Empreendimento (peça 11, p. 273-274):

‘A implantação de um repositório de rejeitos é um marco de transcendente importância para a consolidação da indústria nuclear de um país. A experiência internacional mostra que o repositório traz consigo a imagem da utilização da energia nuclear, ou seja, quanto melhor e mais transparente forem sua concepção, construção, operação, fechamento e supervisão no longo prazo, mais seguro e confiante sentir-se-á o público sobre as diferentes formas de utilização desta energia, tanto na geração elétrica como em práticas médicas e processos industriais. O repositório é um empreendimento que deve atender às expectativas dos geradores de rejeitos, dos reguladores e do público em geral.’

3.4. Características do empreendimento RBMN3.4.1. O RBMN será destinado a armazenar, visando sua deposição definitiva, RR de

baixo e médio níveis de radiação originados na geração de energia nuclear, na pesquisa, na medicina, na indústria, bem como no futuro descomissionamento de instalações nucleares e radiativas.

3.4.2. Para tanto, o empreendimento deve ser dotado de instalações necessárias ao gerenciamento dos rejeitos para fins de deposição. O complexo deverá contar com estruturas de apoio e edificações ligadas ao processo de deposição. O repositório terá três sistemas principais: (i) sistema de recepção, tratamento, condicionamento e controle de rejeitos, (ii) sistema de deposição (inclui duas áreas de deposição); e (iii) sistema de pesquisa e desenvolvimento (peça 11, p. 411).

3.4.3. O primeiro sistema tem como atividades principais, entre outras, a recepção dos rejeitos para acondicionamento e processamento, que envolvem operações de tratamento, redução de volume e de imobilização dos rejeitos. O segundo engloba a etapa de deposição final de rejeitos, para tanto conta com estruturas de controle e de deposição por tipo de nível de radiação. O terceiro é composto por laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, avaliação de qualidade dos insumos e produtos e monitoramento do comportamento dos componentes do sistema de deposição (peça 11, p. 411).

3.4.4. O projeto foi concebido para ter vida útil estimada de sessenta anos para recebimento de rejeitos e de trezentos anos de período de guarda institucional. A capacidade estimada do Repositório até o final de sua operação é de até 60.000 m³, conforme tabela fornecida pela Cnen (peça 11, p. 412):

Origem RBMNR (m³) RBBNR(m³)

Total (m³)Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Operação das centrais nucleares 10.340 28.340 ------- 10.340 28.340Operação de outras instalações 1.083 1.517 ------- 1.083 1.517

Descomissionamento 6.353 6.392 21.150 27.503 27.542Total (m³) 17.776 36.249 21.150 38.926 57.399

RBMNR = Rejeito de baixo e médio nível de radiação; RBBNR = Rejeitos de muito baixo nível de radiação

3.4.5. Cumpre registar que o repositório foi projetado para atingir sua capacidade total por meio da construção de dez módulos de deposição. Porém, segundo informado pela Cnen (peça 11, p. 12), a operação será iniciada com apenas quatro módulos de deposição, tendo em vista o volume atual de rejeitos existentes no País. Os demais módulos serão disponibilizados de acordo com a necessidade de armazenamento, que se daria, gradualmente, ao longo de um período de sessenta anos, fato que justifica a decisão de não construir a totalidade dos módulos de uma vez, mas, sim, de fazê-lo na medida em que os rejeitos são gerados.

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3.5. Descrição da Estrutura de Gerenciamento do Projeto3.5.1.De acordo com a Cnen (peça 11, p. 12), a estrutura de organização do Projeto

RBMN encontra-se formalizada através do documento ‘Empreendimento Repositório de Baixo e Médio Nível - RBMN: Estrutura de Organização do Projeto - RBMN-100-CNEN.INI.PO-0002’ (peça 11, p. 405). Em síntese, as responsabilidades no projeto, de acordo com a Cnen, são especificadas da seguinte forma (peça 11, p. 13):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]3.5.2. A Cnen apresentou, ainda, os seguintes documentos que tratam do gerenciamento

do projeto: termo de designação de pessoal 01/2014 – RBMN-000-00-DR-12300-FM-002 (peça 11, p. 405); matriz de responsabilidades (peça 11, p. 403); organograma do projeto RBMN (peça 11, p. 404); termo de abertura do projeto RBMN-100-CNEN-INI-TE-0001 (peça 11, p. 435).

3.5.3. De acordo com a documentação encaminhada, a estrutura organizacional para a implantação do projeto foi desenvolvida levando em consideração aspectos funcionais, conforme figura encaminhada pela Autarquia (peça 11, p. 413)

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]3.5.4.A tabela acima foi estabelecida considerando as divisões funcionais relativas ao

projeto (peça 11, p. 412):- Funções gerenciais do empreendimento: Comitê Diretor e Comitê Executivo;- Funções executivas do empreendimento: Comitê Executivo, Planejamento e Controle,

Gestão Integrada e Administração;- Função consultiva: Comitê Técnico Consultivo;- Funções técnicas: aquelas desempenhadas por servidores dos institutos DPD/CNEN e

instituições parceiras e contratadas.3.5.5. Importante frisar que, segundo o sistema de gestão e controle da documentação

(SGCD) RBMN-000-00-DR-12300-PG-001(peça 11, p. 382), compete ao Presidente da Cnen aprovar e liberar o Termo de Abertura de Projeto e a Declaração de Escopo do Projeto, como se verifica na matriz de responsabilização (peça 11, p. 403):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]3.5.6.O Termo de Abertura de Projeto é definido pelo SGCD como o ‘documento

estratégico que dá reconhecimento da existência do empreendimento e atribui autoridade aos gerentes para que possam utilizar recursos no seu desenvolvimento’ (peça 11, p. 384).

3.5.7.Por sua vez, o Escopo do Projeto ‘define as diretrizes básicas, organização, estrutura analítica do empreendimento, critérios de projeto e características gerais para o RBMN’. Portanto, a aprovação e liberação do termo de abertura do projeto e do escopo são atos que determinam o início oficial, bem como, marcam o patrocínio pela alta administração do projeto RBMN.

3.5.8.Contudo, quanto à aplicação dos procedimentos de responsabilidades estabelecidos pelo SGCD (peça 11, p. 382), verificaram-se algumas inconsistências:

- apesar de constar como aprovado pelo Ex-Presidente Odair Dias Gonçalves, o termo de abertura do projeto não foi assinado para liberação (peça 11, p. 435);

- a declaração de escopo do projeto assinada e liberada pela presidência não foi apresentada;

- o termo de designação de pessoal entregue RBMN-000-00-DR-12300-FM-002, datado de 5/5/2014, não possui algumas assinaturas dos funcionários designados (peça 11, p. 405-406).

- não foi encaminhado nenhum documento oficial que valide as mudanças do projeto no que tange à construção inicial de apenas quatro módulos, em vez de dez módulos, como previsto no Projeto Conceitual Preliminar, para a capacidade inicial de armazenamento do depositório (vide item 3.4.5).

3.5.9. Dessa forma, tendo em vista a importância de tais documentos, bem como a necessidade de que a alta administração da entidade valide as especificações e alterações importantes

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do projeto no curso de sua execução, entende-se pertinente propor que seja dirigida determinação à Cnen, no sentido de que encaminhe ao TCU, no prazo de 120 dias, o termo de abertura do projeto RBMN, a declaração de escopo e o termo de designação de pessoal, de acordo com o previsto na matriz de responsabilidades do projeto RBMN (documento RBMN-000-00-DR-12300-IT-001), com a evidência (assinaturas) de cumprimento de todas as etapas (elaboração, análise/verificação, aprovação e liberação/designação) por parte de todos os envolvidos (comitê executivo, Presidente da Cnen, Diretor da DPD, etc.), a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário.

3.5.10. É importante esclarecer que a determinação ora proposta tem como objetivo instar a unidade jurisdicionada a apresentar informações que serão úteis e necessárias para o prosseguimento do acompanhamento determinado por meio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, não sendo destinadas especificamente à correção de irregularidades ou ilegalidades. Portanto, as diretrizes para formulação de propostas de determinação preconizadas na Portaria-Segecex n. 13/2011 foram aplicadas apenas parcialmente.

4. CRONOGRAMA E SITUAÇÃO ATUAL DO PROJETO4.1. Considerações preliminares4.1.1. O presente capítulo tem como finalidade apresentar o panorama geral e a análise

da evolução do cronograma do empreendimento RBMN.4.1.2. Inicialmente, no item 4.2, serão apresentadas as características gerais do

cronograma e a sua situação geral atual. Em seguida, nos itens 4.3 a 4.12, é apresentada a situação específica de cada uma das grandes etapas do projeto, com a sua situação atual e os seus aspectos mais importantes.

4.1.3. Por fim, no item 4.13 é apresentada a análise crítica da situação de execução do projeto.

4.2. Descrição do Cronograma e Situação Geral Atual4.2.1. Como já mencionado, a implementação do RBMN foi formalizada no âmbito da

Cnen por intermédio do Termo de Abertura do Projeto RBMN-100-CNEN-INI-TE-0001 (peça 11, p. 419-431), de 9/11/2009. Tal documento contém informações relevantes sobre o empreendimento, tais como identificação do projeto (título, ação PPA, projetos correlatos, situação atual, premissas para o sucesso do projeto, restrições, riscos, responsabilidades), variáveis envolvidas (metas do projeto, produtos esperados, prazos estimados, orçamento estimado), identificação das partes interessadas (clientes, instituições executoras, influenciadores, patrocinadores), impactos do projeto (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças).

4.2.2. O cronograma físico-financeiro original do projeto RBMN também consta no referido termo de abertura (peça 11, p. 431), com data de início definida em 7/11/2008 e data de término prevista para 26/1/2017.

4.2.3. Tal cronograma original do empreendimento foi apresentado ao Ibama por intermédio do Ofício n. 431/09-Cnen/PR (peça 15, p. 9), de 4/9/2009, em atendimento à condicionante 2.19 da Licença de Instalação de Angra 3 (peça 20, p. 8).

4.2.4. Posteriormente, no documento Estrutura de Organização do Projeto RBMN-100-CNEN-INI-PO-0002 (peça 11, p. 409), de 18/11/2011, o cronograma aparece com novas datas previstas, passando o encerramento de projeto a estar previsto para 22/6/2017.

4.2.5. No curso do levantamento que deu ensejo à presente fiscalização, foi apresentado pela Cnen um cronograma revisto (posição novembro/2013) em que a data de início de operação do RBMN aparece como 29/10/2019 (TC 024.258/2013-0, peça 32, p. 68-74).

4.2.6. Por fim, durante este acompanhamento, a Cnen apresentou o cronograma atualizado do projeto (peça 11, p. 17-20), destacando que ‘a atualização do cronograma resultou em alterações em diversas etapas, inclusive na entrada em operação, agora prevista para maio de 2020’.

4.2.7. É importante ressaltar que, durante a reunião havida em 24/6/2014 (peça 22) e em resposta ao Ofício de Requisição 7-245/2014 (peça 21), a Cnen informou que o cronograma

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atualizado, apresentado à equipe de fiscalização, encontra-se em reformulação. De acordo com a entidade haverá mudanças na estrutura das etapas/tarefas (work breakdown structure), assim como nos prazos estimados, que originarão uma nova versão do cronograma que ‘deve estar disponível até o final do corrente mês de julho de 2014’ (peça 21, p. 2).

4.2.8. Tendo em vista os prazos definidos para a presente fiscalização, não foi possível aguardar a finalização da dita reformulação, motivo pelo qual, para os fins da presente análise, está sendo adotada a versão do cronograma vigente durante a execução dos trabalhos.

4.2.9. A tabela a seguir, elaborada a partir (i) do cronograma original do termo de abertura do projeto (peça 11, p. 431); (ii) do cronograma apresentado no curso do levantamento que deu ensejo à presente fiscalização (TC 024.258/2013-0, peça 32, p. 68-74); e (iii) do cronograma atualizado encaminhado pela Cnen no curso do presente acompanhamento (peça 11, p. 17-20); apresenta o panorama geral referente às principais etapas/tarefas do projeto, indicando as datas previstas nas diferentes versões do cronograma.

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.2.10. Assim, conforme pode ser verificado na tabela acima, já existe uma variação de

aproximadamente 3,3 anos entre a data de término prevista atualmente para o projeto (19/5/2020) e aquele prevista no cronograma original (16/1/2017).

4.2.11. Cabe destacar que uma das principais etapas que vem causando as variações da data prevista para o término do projeto refere-se à ‘seleção do local’. Originalmente estimada para ser concluída em 6/2/2012, atualmente sua conclusão está prevista para 18/12/2015. A data prevista para a conclusão do ‘projeto conceitual’ também vem sofrendo sucessivas variações: inicialmente estava prevista para 29/1/2010 (peça 11, p. 431), posteriormente para 28/5/2014 (TC 024.258/2013-0, peça 32, p. 68-74), e atualmente para 17/12/2014 (peça 11, p. 17-20).

4.2.12. Assim, verifica-se que as datas de término atualmente previstas para diversas etapas/tarefas mostram uma tendência de expressiva variação em relação às previstas no cronograma original. Tal fato assume especial relevância ao se considerar que, de acordo com o cronograma atualizado apresentado pela Cnen, todas as etapas (com exceção de ‘programa de garantia de qualidade’) são críticas, ou seja, têm folga igual a zero, e, portanto, atrasos ou variações em seus prazos podem implicar em deslocamentos da data final prevista para o empreendimento.

4.2.13. A situação de cumprimento das principais etapas/tarefas, assim como a avaliação crítica da situação geral do cronograma, será analisada nos tópicos a seguir do presente relatório.

4.3. Etapa de Inventário (tarefas 1.1 a 1.1.1.4)4.3.1. A etapa de ‘inventário’, identificada como crítica (folga = 0), é constituída de

tarefas que dizem respeito à coleta de dados dos geradores de rejeitos radioativos (Eletronuclear, Cnen e outros) e à determinação do inventário total. De acordo com o cronograma atual (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento da etapa de inventário é o apresentado na tabela a seguir (a primeira coluna de data corresponde ao término e a segunda ao início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.3.2. Com relação às tarefas já concluídas da fase de inventário, a Cnen apresentou o

seguinte quadro (peça 11, p. 4):[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.3.3. De acordo com a entidade (peça 11, p. 6), a tarefa Inventário foi executada em

duas etapas principais: (i) levantamento do inventário dos depósitos intermediários de rejeitos da Cnen; (ii) levantamento do inventário dos grandes geradores nacionais de rejeitos (Eletronuclear, INB e CTMSP).

4.3.4. A autarquia esclareceu (peça 11, p. 6) que os levantamentos de inventário foram executados mediante a aplicação de um questionário eletrônico, encaminhado aos grandes geradores e às unidades da Cnen com depósitos intermediários. Os questionários preenchidos foram apresentados como evidência da situação informada (peça 11, p. 52-268).

4.4. Etapa de Programa de Garantia da Qualidade (tarefa 1.2 a 1.2.2)

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4.4.1. A etapa de ‘programa de garantia de qualidade’ é constituída de tarefas que dizem respeito à elaboração do programa e à sua implantação. De acordo com o cronograma mais atual apresentado pela Cnen (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento da referida etapa é o apresentado a seguir (a primeira coluna de data corresponde ao término e a segunda ao início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.4.2. De acordo com a DPD (peça 11, p. 6-7), o programa de garantia de qualidade

também se encontra em fase final de implantação: as atividades do programa de garantia de qualidade relativas à fase de desenvolvimento do projeto já foram concluídas, encontrando-se pendentes as etapas do programa de garantia de qualidade referentes às fases de construção e operação. De acordo com a entidade, estas últimas foram programadas para um momento posterior e próximo à sua execução (peça 11, p. 6-7). Entretanto, tal fato não está refletido no cronograma apresentado, que apenas mostra a data de término como sendo 7/3/2014, sem considerar nova programação para etapas do programa de garantia de qualidade nas fases de construção e operação.

4.4.3. Como evidência das ações já realizadas, a autarquia apresentou os seguintes documentos do sistema de gestão da qualidade do empreendimento RBMN: Sistema de Gestão e Controle da Documentação (peça 11, p. 381-394); Circulação de Documentos (peça 11, p. 28-31); Codificação de Documentos (peça 11, p. 32-37); Controle de Aquisições (peça 11, p. 38-41); Padronização de Documentos (peça 11, p. 46-51).

4.4.4. É importante realçar que, como informado pela Cnen, a etapa em questão, embora esteja em sua fase final, ainda não foi concluída. Entretanto, no cronograma a sua data de término aparece como 7/3/2014. Ou seja, sua conclusão já está atrasada em mais de três meses.

4.4.5. Em síntese, no que se refere à etapa de programa de garantia de qualidade observou-se um atraso de cerca de três meses da execução da tarefa, que tinha término previsto para 7/3/2014, sem a correspondente reprogramação das atividades pendentes.

4.5. Etapa de Seleção do Local (tarefas 1.3 a 1.3.14.3)4.5.1. A etapa de ‘seleção do local’, identificada como crítica no cronograma

apresentado pela Cnen, é constituída de diversas tarefas, entre elas: disponibilização de áreas; visitas às áreas; elaboração de relatórios; aprovação de área; elaboração, aprovação e assinatura de termo de cessão; levantamento geológico do local; aceitação das partes interessadas.

4.5.2. De acordo com o cronograma mais atual apresentado pela entidade (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento da referida etapa é o demonstrado na tabela a seguir (a primeira coluna de data corresponde ao término e a segunda ao início das tarefas):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.5.3. Com relação às tarefas já concluídas da fase de seleção do local, a Cnen

apresentou o seguinte quadro (peça 11, p. 4-5):[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.5.4. A entidade esclareceu ainda que (peça 11, p. 7):‘(...) o processo de seleção do local encontra-se em sua fase final. Já foram realizados os estudos

de definição de áreas de interesse, seleção de áreas potenciais e seleção de locais candidatos. Por recomendação do MCTI, a seleção do local foi focada em terras de propriedade da União. Entre os terrenos então oferecidos e visitados pelos especialistas do projeto, escolheu-se um como mais adequado e que obedece aos critérios de exclusão. Um acordo de cooperação entre a CNEN e a União foi celebrado para formalizar a cessão desta área (...). O acordo foi classificado como Reservado (Categoria 08), nos termos da Lei n. 12.527/2011, mas poderá ser disponibilizado ao TCU em caso de necessidade e mediante um protocolo específico.

Cabe acrescentar que a definição final do local ainda depende de uma pesquisa geológica da adequação do subsolo. No momento, a CNEN encontra-se planejando e equacionando a viabilização dos recursos financeiros para a contratação dos serviços de sondagem necessários.’ (grifos não são do original)

4.5.5. Assim, como se observa, a seleção do local já teve diversas de suas tarefas concluídas, já tendo sido celebrado um termo de cessão entre a União e a Cnen, atualmente classificado como reservado, nos termos da Lei 12.527/2011. Tendo em vista a natureza de mero

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acompanhamento de cronograma do presente trabalho, entendeu-se desnecessário solicitar o termo de cessão do local. É importante realçar que a escolha da estratégia e dos procedimentos de seleção do local, que incluem componentes técnicos e de aceitação pública, de alta criticidade, é de competência exclusiva da Cnen, dentro de sua esfera de discricionariedade, não cabendo ao TCU imiscuir-se na análise específica dos procedimentos adotados.

4.5.6. Quanto à evolução do cronograma, de forma geral, cabe realçar que restam pendentes as tarefas de ‘levantamento geológico do local’, necessária à conclusão do processo de decisão sobre a adequabilidade do local, e de ‘aceitação das partes interessadas’.

4.5.7. No que se refere ao levantamento geológico, a Cnen informa (peça 11, p. 8) que a contratação dos serviços necessários depende do equacionamento final de recursos financeiros e, sobretudo, da contratação de um prestador governamental (por exemplo, Instituto Militar de Engenharia).

4.5.8. Assim, verifica-se que a questão orçamentária/financeira assume importância central na execução da referida tarefa (levantamento geológico), uma vez que a contratação de serviços depende da disponibilidade de recursos. Tal matéria, contudo, por ser uma questão geral que envolve também outras tarefas do projeto, será discutida detalhadamente em item específico deste relatório (item 6).

4.5.9. Vale dizer, entretanto, que o início da tarefa de levantamento geológico estava estimado para ocorrer em 7/7/2014. Entretanto, até o dia 24/6/2014, em que foi realizada a reunião entre a equipe de fiscalização e os representantes da Cnen (peça 22), ainda não havia perspectiva consolidada sobre a forma de execução da referida etapa, motivo pelo qual infere-se que existe alta probabilidade de que ocorra atraso em seu início e, provavelmente, em sua conclusão (em nova informação apresentada pela Cnen em 6/8/2014 – peça 25, p. 2 – foi informado que a situação persiste: ‘a definição do local a ser submetido ao processo de aceitação pública ainda depende de uma pesquisa geológica da adequação do subsolo da área em análise...’).

4.5.10. É importante destacar que a tarefa específica de ‘levantamento geológico no local’ (tarefa 1.3.13) não aparece como crítica no cronograma, ao contrário de todas as outras tarefas da etapa de ‘seleção do local’ (peça 11, p. 17-20). Da análise do cronograma, observa-se que tal fato possivelmente decorre de inconsistência na definição da interdependência entre as atividades, já que a referida tarefa (1.3.13) está configurada sem nenhuma sucessora (nenhuma outra tarefa a tem como predecessora), o que faz com que ela apareça como ‘não crítica’ (seu eventual atraso não teria impacto direto nos prazos de outras tarefas sucessoras).

4.5.11. Ocorre que, na realidade, as tarefas de ‘aceitação das partes interessadas’ (1.3.14) e ‘licenciamento ambiental’ (1.6), conforme informações prestadas pela própria Cnen, dependem da conclusão da seleção definitiva do local, que, por sua vez, somente ocorrerá após a conclusão do levantamento geológico.

4.5.12. Por exemplo, a tarefa ‘Implementar Programa de Aceitação’ (tarefa 1.3.14.3,), que depende de o local estar definitivamente selecionado como apto sob o ponto de vista técnico, está programada para começar em 4/8/2014. Todavia, o ‘levantamento geológico no local’ (tarefa 1.3.13), que é requisito para a certificação da aptidão técnica do local, está programada para terminar em 19/6/2015.

4.5.13. Assim, caso a tarefa 1.3.13 (levantamento geológico) estivesse configurada como predecessora da tarefa 1.3.14.3 (implementar programa de aceitação), haveria um deslocamento de aproximadamente dez meses da data de término desta última tarefa.

4.5.14. O mesmo ocorre em relação ao licenciamento ambiental. Por exemplo, a tarefa ‘indicação do local no processo Ibama’ (tarefa 1.6.2) está configurada com data de início em 8/12/2014. Ou seja, seu início está programado para ocorrer seis meses antes da conclusão do ‘levantamento geológico no local’ (19/6/2015), que é um requisito para a definição final do local. Neste caso, se a relação de interdependência estivesse corretamente configurada no MS-Project,

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haveria um deslocamento de cerca de seis meses na data de conclusão, já que a etapa de licenciamento ambiental é crítica.

4.5.15. Mesmo que se argumente que determinadas partes dessas tarefas poderão ser feitas ‘em paralelo’, observa-se falha no cronograma, que não retrata tal possibilidade, embora a ferramenta utilizada pela Cnen (MS-Project) disponibilize recursos para definir todos esses tipos de interdependência.

4.5.16. Portanto, pode-se concluir que foram constatadas falhas no cronograma, no que se refere à configuração da interdependência entre as tarefas, que, ao serem corrigidas, poderão ensejar significativos deslocamentos na data final estimada para a conclusão do empreendimento.

4.5.17. Quanto à tarefa de ‘aceitação das partes interessadas’ (item 1.3.14) observa-se que todas as suas sub-tarefas também estão configuradas sem sucessoras, ou seja, não aparecem como predecessoras de nenhuma outra tarefa. Tal situação representa inconsistência no cronograma. Vale ressaltar que todas as tarefas precisam estar configuradas como predecessoras de pelo menos uma outra tarefa ou evento. Assim, por exemplo, a ‘tarefa de aceitação das partes interessadas’ deve estar vinculada a alguma outra tarefa (por exemplo, ‘construção’) ou evento (por exemplo, ‘início da operação’). Dessa forma, a falha identificada também representa inconsistência no cronograma, o que diminui a confiabilidade da estimativa referente à data final do projeto.

4.5.18. É importante realçar que a Cnen informou na reunião havida durante a fiscalização (peça 22) que a seleção do local se trata de um processo crítico para o empreendimento, já que envolve diversos atores (órgãos, entidades, município, comunidade etc.). Além disso, a etapa de aceitação pública é significativamente complexa, com prazos e durações imprevisíveis, podendo trazer atrasos à conclusão do empreendimento.

4.5.19. Portanto, em conclusão, pode-se afirmar que existe alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos na fase de seleção do local, tendo em vista a ausência, até o momento, de solução para a execução da tarefa de ‘levantamento geológico’. Além disso, foram constatadas inconsistências na configuração da interdependência das tarefas do cronograma, que poderão implicar, quando corrigidas, em significativos deslocamentos da data final estimada para o projeto.

4.6. Etapa de Projeto Conceitual (tarefas 1.4 a 1.4.6)4.6.1. A etapa de ‘projeto conceitual’, identificada como crítica no cronograma

apresentado pela Cnen, é constituída de diversas tarefas, entre elas: identificação dos prédios e unidades do projeto; documentos para projeto conceitual; levantamentos de informações; reuniões; e consolidação/revisão pela Andra (agência da França responsável pelo gerenciamento e deposição de rejeitos radioativos).

4.6.2. De acordo com o cronograma mais atual apresentado pela entidade (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento da referida etapa é o demonstrado na tabela a seguir (as datas da primeira coluna correspondem ao término das tarefas, enquanto as da segunda coluna ao início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.6.3. Com relação às tarefas já concluídas da fase de projeto conceitual, a Cnen

apresentou o seguinte quadro (peça 11, p. 5):[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.6.4. A Cnen esclarece (peça 11, p. 7), ainda, que o projeto conceitual do RBMN foi

concluído em sede preliminar e encontra-se consolidado no documento ‘Projeto Conceitual Preliminar do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos - RBMN-200-CNEN-PRC-RE-0002’ (peça 11, p. 269-363). De acordo com a documentação apresentada, o projeto conceitual (peça 11, p. 274):

‘(...) apresenta o inventário de rejeitos a serem recebidos para deposição no Repositório, os requisitos iniciais de local, o conceito de deposição adotado, o tempo de operação e de guarda institucional da instalação, as atividades e atribuições relativas ao rejeito radioativo, ao pessoal e a materiais e insumos e a descrição das principais edificações. Também são descritas as atividades do Programa de Monitoramento Radiológico e Ambiental - PMRA, de proteção física e da Unidade de Preservação Ambiental a ser estabelecida

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no entorno do Empreendimento. No pré-dimensionamento das edificações são apresentados os requisitos de projeto e detalhadas preliminarmente a caracterização de cada edificação ou instalação e o respectivo programa de necessidades.’

4.6.5. A entidade destaca (peça 11, p. 7 e 9-10) que o projeto conceitual, elaborado por equipe própria da Cnen, ainda é considerado preliminar, uma vez que deverá ser revisto pela Andra (agência responsável pelo repositório de rejeitos radioativos da França), cujo procedimento de contratação encontra-se em andamento. O objetivo da revisão do projeto conceitual, de acordo com a Cnen, é adequá-lo ao projeto do repositório de referência da Andra. A etapa de contratação da referida Agência encontra-se descrita e analisada no item 4.10 deste relatório.

4.6.6. É importante destacar que, de acordo com as informações prestadas pela Cnen durante a reunião havida entre a equipe de fiscalização e os principais agentes da entidade envolvidos com o Projeto RBMN (peça 22), foi informado que, embora o contrato a ser firmado com a Andra já tenha sido apreciado e aprovado pela Procuradoria Federal, a execução dos serviços a serem prestados somente acontecerá após a seleção definitiva do local, o que, de acordo com a análise do item 4.5 acima, ocorrerá apenas após a conclusão do levantamento geológico, com data de término estimada para 19/6/2015.

4.6.7. Dessa forma, é possível afirmar que existem inconsistências no cronograma da fase de projeto conceitual, já que o cronograma não retrata adequadamente a relação de interdependência entre as tarefas de revisão do projeto conceitual pela Andra (tarefa 1.4.6), de contratação da referida entidade (tarefa 1.8.8) e de conclusão do levantamento geológico do local (tarefa 1.3.13). Portanto, observa-se que existe alta probabilidade de que ocorra significativo atraso na conclusão da tarefa 1.4.6 (projeto conceitual revisado pela Andra), atualmente prevista para terminar em 17/12/2014.

4.7. Etapa de Termo de Mútua Cooperação Cnen-Eletronuclear (tarefas 1.5 a 1.5.5)4.7.1. Em face da necessidade de continuidade de operação das usinas de Angra 1 e

Angra 2, a Eletronuclear tem demonstrado interesse em dar suporte à Cnen na construção do RBMN. Tal intenção foi oficializada ‘no Termo de Mútua Cooperação, que se balizou pelo conteúdo dos artigos 17 e 18 da Lei n. 10.308/2001’ (peça 11, p. 12).

4.7.2. Nesse sentido, verifica-se que o termo de cooperação foi assinado em 18/6/2002 e vem sendo prorrogado por meio de termos aditivos anuais de prorrogação de vigência. No referido ajuste, datado de 2002, a cooperação mútua é justificada considerando: (i) a necessidade de acomodar os rejeitos de baixa e média intensidade das geradoras do CNAAA, (ii) a escassez de recursos da Cnen para assumir, na sua integralidade, todos os custos para implementação do RBMN e (iii) ‘a necessidade em prazo hábil da edificação aludida e o relevante interesse público da sua construção, tendo em conta principalmente a segurança das populações e do meio ambiente da região em que está situada’ (peça 15, p. 32).

4.7.3. O objeto do termo de cooperação firmado entre a Cnen e a Eletronuclear, conforme a Cláusula I definida no segundo termo aditivo (peça 15, p. 27), é ‘o desenvolvimento de um programa conjunto entre a Eletronuclear e Cnen visando a realização de estudos com o objetivo de implantar um depósito final de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação’. A Eletronuclear informou que referido instrumento encontra-se vigente (peça 15, p. 7) até 31/12/2014. A empresa apresentou cópia da avença e de seus aditivos (peça 15, p. 16-39).

4.7.4. Acerca das obrigações e competências, é conveniente destacar que o termo de cooperação define que (peça 15, p. 27) ‘as partes comprometem-se a executar o presente termo no mais curto espaço de tempo tecnicamente viável, cabendo exclusivamente à Cnen decidir o local de instalação do depósito final de rejeitos’.

4.7.5. No que se refere às atribuições e responsabilidades decorrente do termo de cooperação no âmbito do Projeto RBMN, a Eletronuclear informou que (peça 15, p. 7):

‘As atribuições e responsabilidades da Eletronuclear em relação ao projeto RBMN estão associadas à participação nos estudos com o objetivo de implantar um depósito final de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação. Neste sentido, foi desenvolvido o programa de trabalho coordenado pela CNEN, referente ao Projeto RBMN, conforme Ofício 431/09 – CNEN/PR, encaminhado ao IBAMA e

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apresentado em anexo visando o armazenamento de todos os rejeitos de baixo e médio níveis de radiação gerados no País. De acordo com o referido ofício, ‘o projeto será gerenciado e executado, na sua maior parte, por pessoal da própria CNEN e por aqueles constantes nas contratações para as atividades específicas’.

4.7.6.Além disso, no que se refere aos custos eventualmente incorridos e a incorrer em virtude do termo de cooperação no âmbito do projeto RBMN, a Eletronuclear informou (peça 15, p. 7):

‘Por parte da ETN não existem custos previstos relativos ao suporte ao projeto RBMN para o exercício de 2014. Para os próximos anos, em função de eventuais solicitações da CNEN, e dentro da disponibilidade da Eletronuclear, poderá vir a haver a necessidade de se estabelecer previsão orçamentária para participação da ETN em atividades específicas.

(...) Por parte da ETN não existe previsão no orçamento da empresa para a execução do projeto RBMN.’

4.7.7. Nesse contexto, a etapa de ‘termo de mútua cooperação Cnen-Eletronuclear’, referente à formalização do nono termo aditivo do referido instrumento, identificada como crítica no cronograma apresentado pela Cnen, é constituída de diversas tarefas, entre elas: preparação e apresentação do aditivo à Eletronuclear; análises e aprovações do termo aditivo pela Eletronuclear e pela Procuradoria Federal; assinatura.

4.7.8. De acordo com o cronograma mais atual apresentado pela entidade (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento da referida etapa é o demonstrado na tabela a seguir (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.7.9. Como se observa, as tarefas especificamente definidas para a formalização do

nono termo aditivo serão executadas no curso dos meses de julho a setembro de 2014. Portanto, sua execução não foi objeto de análise específica no âmbito do presente acompanhamento.

4.7.10. Entretanto, deve-se destacar que tal instrumento apresenta importância fundamental para a Cnen, uma vez que foi firmado sob a perspectiva de que a Eletronuclear, como maior geradora de RR em território nacional, pudesse contribuir técnica e financeiramente para a execução de algumas etapas. Atualmente, a Cnen tem a intenção de obter a colaboração da Eletronuclear, sob o amparo da avença em questão, para a execução da tarefa de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da etapa de licenciamento ambiental. Pode-se perceber, inclusive, que a conclusão da ‘assinatura do termo Cnen-ETN’ (tarefa 1.5.5) está definida como requisito (predecessora) do ‘processo de licitação do EIA/RIMA’ (tarefa 1.6.4.1). Todas essas tarefas são críticas e, portanto, eventuais atrasos importam no deslocamento da data final do empreendimento.

4.8. Etapa de Licenciamento Ambiental (tarefas 1.6 a 1.6.7.1)4.8.1. A tabela a seguir, elaborada a partir do cronograma detalhado e atualizado

apresentado pela Cnen (peça 11, p. 17), apresenta o panorama geral de andamento da etapa de licenciamento ambiental, indicando as durações e datas de início e término estimadas (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início).

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.8.2. Com relação às tarefas do cronograma já concluídas da fase de licenciamento, a

Cnen apresentou um quadro (peça 11, p. 5), em que consta como superada a fase relativa à elaboração do termo de referência para dar início ao licenciamento ambiental junto ao Ibama.

4.8.3. O andamento informado do processo de licenciamento ambiental foi comprovado pelo envio do protocolo do registro do empreendimento para a licença ambiental do Ibama (peça 11, p. 27). Além disso, por meio do Ofício n. 003/2013-DPD/Cnen (peça 11, p. 44-45), de 15/3/2013, a Cnen solicitou ao Ibama a abertura de processo de licenciamento ambiental do projeto RBMN e protocolou o Relatório Técnico Preliminar do projeto e a proposta de termo de referência para Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para análise do Ibama.

4.8.4. No que se refere ao andamento da análise e liberação do Termo de referência por parte do órgão ambiental, a Cnen informou que (peça 11, p. 7-8):

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‘- Etapa 1.6.1: A CNEN elaborou uma proposta de termo de referência para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e submeteu-a ao IBAMA (...). O processo de licenciamento ambiental foi protocolado em 25/04/2013 no IBAMA sob o n. 02001.001649/2013-96 (...).

- Em função do local do projeto não ter sido designado na abertura do processo de licenciamento, o IBAMA informou (mediante e-mail, cópia na mídia digital anexa) que só poderia avaliar o termo de referência proposto em relação aos aspectos de controle operacional da planta e fase de instalação. Desta forma, a etapa 1.6.3 (Análise e Liberação do TR pelo IBAMA) encontra-se em dependência da conclusão da etapa 1.6.2 (Indicação do Local do Projeto). Conforme já comentado, a CNEN optou por não divulgar o local do projeto antes de sua confirmação pelo estudo de adequação geológica. Logo, a execução das etapas 1.6.3 e posteriores se encontram em aguardo da decisão final do local do projeto.’

4.8.5.Por sua vez, o Ibama, em resposta ao Ofício de Requisição 2-245/2014, apresentou o histórico das interações com a Cnen acerca do licenciamento ambiental (peça 12, p. 2-5).

4.8.6. Em síntese, o órgão ambiental informou que a não indicação do local do empreendimento por parte da Cnen impede o prosseguimento da análise da minuta de termo de referência encaminhada pela Cnen. O Ibama destaca que, em face da falta de informação sobre o local, ‘encontra-se impossibilitado tecnicamente de expedir o Termo de Referência Oficial para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) ao empreendimento em análise, pois, descumprir-se-ia os ritos ordinários constantes em regulamentos procedimentais do licenciamento ambiental federal’ (peça 12, p. 5).

4.8.7.Para sustentar sua afirmação, o Ibama esclarece (peça 12/2014, p. 3-4) que a Instrução Normativa Ibama 184/2008, que estabelece os procedimentos para o licenciamento ambiental federal, define, em seu art. 10, §1º, a possibilidade de discussões entre o Ibama e o requerente acerca da necessidade de realização de vistoria ao local pretendido para o empreendimento como fase da análise do termo de referência para o EIA/Rima.

4.8.8. Adicionalmente, o Ibama destaca (peça 12, p. 4-5) a existência da Portaria Interministerial 419/2011, que regulamenta a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Fundação Cultural Palmares (FCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Ministério da Saúde, incumbidos da elaboração de parecer em processo de licenciamento ambiental de competência federal a cargo do Ibama.

4.8.9. De acordo com a Autarquia, tendo em vista a participação desses diversos órgãos e entidades, ‘dadas as características do empreendimento, único em território nacional, com peculiaridades socioambientais à serem amplamente investigadas na fase de estudos, essencial seria a realização de Vistoria Técnica à região de inserção do RBMN para definição do termo de Referência Oficial para fins de licenciamento ambiental, garantindo, inclusive, a legítima participação dos órgãos estaduais e federais intervenientes’ (peça 12, p. 5).

4.8.10. Portanto, o Ibama demonstra a impossibilidade de andamento das fases iniciais do processo de licenciamento ambiental sem que a Cnen informe o local do empreendimento.

4.8.11. No que se refere à estimativa de prazos para o cumprimento das diversas etapas de licenciamento, o Ibama esclareceu (peça 12, p. 6) que, a partir da indicação do local por parte da Cnen e da realização de vistorias técnicas, expedirá o Termo de Referência Oficial para a elaboração do EIA/Rima em até SESSENTA DIAS.

4.8.12. A Autarquia acrescenta (peça 12, p. 6) que, nos termos da Instrução Normativa 184/2008, após o recebimento do Estudo Ambiental, o Ibama terá o prazo de TRINTA DIAS para verificar se o EIA/Rima atendeu às exigências do Termo de Referência. Em caso positivo, comunicará à Cnen o aceite do Estudo, publicará o aceite no Diário Oficial da União (DOU), e conduzirá a análise técnica.

4.8.13. Prosseguindo, o Ibama esclarece as seguintes etapas e prazos a serem seguidos no processo de licenciamento ambiental:

‘10. Após o aceite do Estudo Ambiental, ‘o concessionário poderá requerer a Licença Prévia (LP) ao IBAMA. A emissão da Licença Prévia ocorre em até 180 (CENTO E OITENTA) DIAS contados do requerimento da LP pelo concessionário, ficando este prazo suspenso em caso de necessidade de

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complementação do Estudo Ambiental. As Audiências Públicas serão agendadas pelo Ibama para correrem 45 (quarenta e cinco) dias após a data de publicação do requerimento da LP pelo concessionário.

11. Para requerer a Licença de Instalação (LI), o concessionário deverá apresentar os Programas Básicos Ambientais, em atendimento às condicionantes da Licença Prévia. A emissão da Licença de Instalação poderá ocorrer entre 60 (SESSENTA) E 75 (SETENTA E CINCO) DIAS contados do requerimento da LI ficando este prazo suspenso em caso de necessidade de complementação do Estudo Ambiental.

12. A Licença de Operação poderá ser emitida pelo IBAMA entre 45 (QUARENTA E CINCO) E   60 (SESSENTA) DIAS após seu requerimento, desde que tenham sido cumpridas todas as condicionantes da LI e apresentado o Relatório Final de Implantação dos Programas Ambientais e de Atividades de Supressão de Vegetação.’

4.8.14. Por sua vez, a Cnen, ao ser indagada sobre o detalhamento no bojo no Projeto RBMN das etapas a serem executadas no processo de licenciamento ambiental, informou (peça 11, p. 8):

‘A DPD reforça que ambos os licenciamentos [ambiental e nuclear] são dependentes da seleção final do local, pois envolvem diversas atividades (coleta de amostras, estabelecimento de programa de levantamento de dados ambientais, instalação de torre meteorológica, etc.) de execução obrigatória no sítio de instalação. Após a seleção final do local, as atividades a seguir relacionadas poderão ser realizadas (...):

- Consulta à legislação municipal (local selecionado) e estadual, visando atualização de requisitos específicos que possam afetar os Termos de Referência Ambiental e Nuclear;

- Elaboração e execução do Programa de Monitoramento Ambiental e Radiológico pré-operacional;

- Implantação do programa de aceitação pública do empreendimento (área de comunicação);- Interação com o IBAMA, visando informar e agilizar o processo de licenciamento ambiental;- Contratação e acompanhamento da execução do EIA/RIMA;’4.8.15. Em síntese, a partir das informações prestadas pelo Ibama, pode-se delinear a

seguinte sequência de atividades, com seus respectivos prazos, necessários ao processo de licenciamento:

Passo 1 Indicação do local por parte da CnenPasso 2 Expedição pelo Ibama do termo de referência oficial

para elaboração do EIA/RIMA. Até 60 dias

Passo 3 Elaboração do EIA/RIMA pela CnenPasso 4 Aceitação do EIA/RIMA pelo Ibama Até 30 diasPasso 5 Cnen requer LPPasso 6 Ibama emite LP Até 180 dias (prazo pode aumentar para atendimento a exigências do Ibama)Passo 7 Cnen atende condicionantes da LPPasso 8 Cnen requer LIPasso 9 Ibama emite LI Até 75 dias (prazo pode aumentar para atendimento a exigências do Ibama)Passo 10 Cnen atende condicionantes da LIPasso 11 Cnen requer LOPasso 12 Ibama emite LO Até 60 dias (prazo pode aumentar para atendimento a exigências do Ibama)

4.8.16. Por sua vez, a partir do cronograma apresentado, observa-se que a Cnen previu os seguintes prazos para a efetiva execução das tarefas (em dias corridos):

- Passos 1 ao 4: prazo de 361 dias (de 8/12/2014 a 4/12/2015);- Passos 5 ao 6: prazo de 125 dias (de 4/12/2015 a 7/4/2016);- Passos 7 ao 9: prazo de 186 dias (de 8/4/2016 a 11/10/2016);- Passos 10 ao 12: prazo de 0 dias (de 12/10/2016 a 12/10/2016).4.8.17. No que se refere aos passos 1 ao 4, observa-se que embora a duração total das

tarefas estimadas pela Cnen (361 dias) possa parecer razoavelmente compatível com os prazos informados pelo Ibama (90 dias), verifica-se que, na realidade, os prazos estimados são bastante exíguos. A partir da data da ‘indicação do local para o Ibama’ (prevista para 8/12/2014) a Cnen terá 361 dias para, com base no termo de referência apresentado pelo Ibama: (i) realizar licitação e contratar empresa especializada para elaboração do EIA/RIMA; (ii) acompanhar a elaboração do EIA/RIMA a ser elaborado pela empresa contratada; (iii) revisar a versão preliminar do EIA/RIMA;

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(iv) elaborar versão final do EIA/RIMA; (v) entregar o EIA/RIMA ao Ibama; (vi) efetuar eventuais ajustes necessários ao aceite prévio do EIA/RIMA por parte do Ibama.

4.8.18. Portanto, verifica-se que os prazos previstos pela Cnen para as etapas referentes à apresentação do EIA/RIMA ao Ibama são bastante exíguos.

4.8.19. Além disso, é imperioso observar que também há grave inconsistência de data no que se refere à previsão de ‘indicação do local no processo do Ibama’ (tarefa 1.6.2). Tal tarefa está prevista para ocorrer em 8/12/2014. Todavia, os estudos geológicos para seleção do local, conforme delineado no item 4.5 deste relatório, apenas estarão concluídos em 19/6/2015. A conclusão de todo o processo de seleção do local ocorrerá apenas em 18/12/2015. Tal fato demonstra que as datas estimadas para a conclusão do processo de licenciamento ambiental são inconsistentes e têm alta probabilidade de causar atrasos da data final de conclusão do projeto.

4.8.20. No que se refere aos passos 5 ao 6, observa-se que a duração total das tarefas estimadas pela Cnen (125 dias) não é compatível com os prazos informados pelo Ibama (até 180 dias). Dessa forma, verifica-se, também nesse caso, alta probabilidade de ocorrência de significativos atrasos.

4.8.21. Quanto aos passos 7 ao 9, constata-se que a duração total das tarefas estimadas pela Cnen (186 dias) é compatível com os prazos informados pelo Ibama (75 dias). A esse respeito, contudo, importa enfatizar que os prazos informados pelo Ibama podem sofrer incrementos tendo em vista a necessidade de complementação de informações e ajustes eventualmente solicitados à Cnen pelo órgão ambiental.

4.8.22. Finalmente, no que concerne aos passos 10 a 12, verifica-se que o cronograma da Cnen não prevê informações quanto aos prazos estimados para a conclusão das tarefas referentes à obtenção da Licença de Operação. Tal ausência de prazos estimados constitui grave deficiência do cronograma, uma vez que poderá causar deslocamentos da data de conclusão do projeto.

4.8.23. Pelo exposto, conclui-se que o cronograma encaminhado no curso da fiscalização apresentou, no que se refere ao licenciamento ambiental, inconsistências relativas: (i) aos prazos estimados para a indicação do local no processo do Ibama; (ii) exiguidade de prazos para a elaboração, revisão e entrega do EIA/RIMA ao Ibama; (iii) inexistência de previsão de prazos para as tarefas referentes à obtenção da Licença de Operação. Assim, não é possível promover a análise, com grau razoável de confiabilidade, da parte do cronograma que trata de licenciamento ambiental, restando patente a alta probabilidade de ocorram significativos atrasos na data final do projeto.

4.8.24. Por fim, é importante mencionar que a Cnen informou (peça 11, p. 7 e 9) que, dentro do escopo do termo de cooperação firmado com a Eletronuclear (analisado no item 4.7 acima), havia sido discutida a possibilidade de que a contratação dos serviços de estudo de impacto ambiental (ElA/RIMA) fosse custeada pela Eletronuclear. A Cnen, inclusive, elaborou minuta de termo aditivo com a previsão de que a licitação e/ou custeio dos serviços de EIA/RIMA e o desenvolvimento da engenharia básica do projeto fossem assumidos pela Eletronuclear. Contudo, de acordo com a entidade, tal opção não prosperou. Como evidência, a Cnen apresentou ata de reunião havida entre a autarquia e a Eletronuclear (peça 11, p. 25-26), em que a Eletronuclear informou que ‘atualmente não terá como disponibilizar recursos para colaborar com as despesas de contratação de EIA/RIMA e execução do projeto básico de engenharia (...)’.

4.8.25. Dessa forma, a entidade destaca (peça 11, p. 7) que a contratação do EIA/RIMA ainda não foi possível, dada a insuficiência dos recursos orçamentários liberados em 2014 na Ação 13CM (R$ 661 mil), um montante suficiente apenas para o custeio parcial dos estudos de geologia do local (referente à etapa de seleção do local, discutida no item 4.5 deste relatório).

4.8.26. Tendo em vista que a questão orçamentária engloba a execução de várias tarefas do cronograma, a questão será detalhadamente discutida em item específico do presente relatório (item 6 deste relatório).

4.9. Etapa de Licenciamento Nuclear (tarefas 1.7 a 1.7.6.1)

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4.9.1. A tabela a seguir, elaborada a partir do cronograma detalhado e atualizado apresentado pela Cnen (peça 11, p. 18), apresenta o panorama geral de andamento da etapa de licenciamento nuclear, indicando as durações e datas de início e término estimadas (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início).

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.9.2. Com relação às tarefas já concluídas da fase de licenciamento, a Cnen apresentou

o seguinte quadro (peça 11, p. 5):[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.9.3. A entidade informou, adicionalmente, que (peça 11, p. 8):‘(...) a etapa de licenciamento nuclear está estreitamente ligada à definição do local do RBMN.

Esta etapa inicia-se com o Programa Pré-Operacional no local selecionado e segue com a elaboração do Termo de Referência, que depende da indicação final do local. A condução deste licenciamento ficará a cargo do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) da CNEN/DPD, que também receberá delegação da Gerência do Projeto para elaboração e execução do Programa de Monitoração Ambiental.’

4.9.4. Ao ser indagada sobre o detalhamento de todas as etapas a serem executadas nos processos de licenciamento nuclear do RBMN, com indicação de seus prazos de início e conclusão, a Cnen informou (peça 11, p. 8):

‘A DPD reforça que ambos os licenciamentos [ambiental e nuclear] são dependentes da seleção final do local, pois envolvem diversas atividades (coleta de amostras, estabelecimento de programa de levantamento de dados ambientais, instalação de torre meteorológica, etc.) de execução obrigatória no sítio de instalação. Após a seleção final do local, as atividades a seguir relacionadas poderão ser realizadas (...):

- Consulta à legislação municipal (local selecionado) e estadual, visando atualização de requisitos específicos que possam afetar os Termos de Referência Ambiental e Nuclear;

- Elaboração e execução do Programa de Monitoramento Ambiental e Radiológico pré-operacional;

- Implantação do programa de aceitação pública do empreendimento (área de comunicação);(...) - Interação com a DRS/CNEN, visando informar e agilizar o processo de licenciamento

nuclear;- Elaboração do Termo de Referência para o Licenciamento Nuclear;- Elaboração do Relatório de Local para obtenção do licenciamento do local (CARL); e- Elaboração do Relatório de Análise de Segurança para obtenção do licenciamento nuclear

(CARAS).’4.9.5. A partir das informações prestadas, é possível observar que grande parte das

atividades que envolvem o licenciamento nuclear vão depender da escolha final do local. De acordo com a Cnen, a escolha do local ‘ainda depende de uma pesquisa geológica de adequação do subsolo’ (peça 11, p. 7) e da viabilização dos recursos financeiros necessários para contratação da referida sondagem (tendo em vista que só há recurso parcial para a atividade - estudo geológico – ver item 4.8.25).

4.9.6. É importante destacar que o cronograma apresentado estimou para 10/2/2014 (tarefa 1.7.2.1, peça 11, p.18) a conclusão da ‘elaboração e proposta de Termo à DRS’. Porém, segundo a informação prestada pela Cnen, transcrita no item 4.9.4 acima, somente após a definição final do local será possível concluir e aprovar o termo de referência para fins do licenciamento nuclear (peça 11, p. 8).

4.9.7. Assim, conforme já mencionado, as fragilidades das estimativas apresentadas no cronograma de licenciamento nuclear impedem a análise de sua viabilidade ou confiabilidade, dado que é imprescindível, conforme tem-se demonstrado, a escolha definitiva do local, para gerar previsões robustas das etapas sucessoras. De acordo com a análise empreendida no item 4.5 deste relatório, estima-se que a etapa de seleção do local terá seu término apenas em 18/12/2015. Na melhor das hipóteses, considerando-se que o termo de referência do licenciamento nuclear possa ser concluído logo após a realização dos estudos geológicos da etapa de seleção do local, isto ocorreria apenas em 19/6/2015, ou seja, mais de um ano após a data atualmente estimada.

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4.9.8. Acrescente-se que o prazo de duração da tarefa de ‘Recebimento do CARL (Aprovação do Local)’ (tarefa 1.7.4.4) não é realista. Tal tarefa tem duração de apenas um mês. Ou seja, a DRS terá apenas um mês para avaliar o relatório de local entregue pela DPD. Além disso, dentro desse período de um mês também terão que ser feitos e aprovados pela DPD eventuais ajustes demandados pela DRS em relação ao relatório de local.

4.9.9. Por fim, vale dizer que a etapa de ‘autorização para operação’ (tarefa 1.7.6) não encontra-se detalhada e apresenta prazo de duração igual a zero dias.

4.9.10. Dessa forma, com base nas informações prestadas pela própria Cnen, constatam-se inconsistências no cronograma de licenciamento nuclear, uma vez que: (i) a data estimada para conclusão da ‘elaboração e proposta de termo de referência à DRS’ estava prevista para ocorrer em 10/2/2014, ou seja, mais de um ano antes daquela que, segunda a própria Cnen, deveria ser sua predecessora (levantamentos geológicos – seleção do local); (ii) o prazo para a etapa de aprovação do local é significativamente exíguo; (iii) a etapa de autorização para operação está sem prazo e detalhamento.

4.10. Contratação e Gerenciamento do Contrato com a Andra (tarefas 1.8 a 1.9.9)4.10.1. De acordo com o cronograma atualizado do RBMN apresentado pela Cnen (peça

11, p. 17-20), o panorama de planejamento das etapas de ‘contratação da Andra’ e ‘Gerenciamento do Contrato Andra’ é o demonstrado na tabela a seguir (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.10.2. A Cnen informou (peça 11, p. 8) que foi formalizada uma contratação direta da

Andra (entidade estatal francesa responsável pelo projeto, construção e operação dos depósitos de rejeitos naquele país), por inexigibilidade de licitação, com o objetivo de obtenção de assistência técnica ao Projeto RBMN. A entidade acrescenta (peça 11, p. 8) que no final do exercício de 2013, foi promovido o empenho de parcela dos recursos necessários para assegurar o início desta assistência ainda em 2014.

4.10.3. Com relação às tarefas já concluídas da fase de contrato com a Andra, a Cnen apresentou o seguinte quadro (peça 11, p. 5):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.10.4. Assim, como se verifica, atualmente, a etapa encontra-se na pendência da

apreciação da Procuradoria Federal junto à Cnen. Entretanto, a entidade esclarece (peça 11, p. 8) que:

‘(...) Contudo, a obtenção desta aprovação ainda não será suficiente para a celebração contratual, pois uma das obrigações iniciais prevista consiste na remessa à Andra de todas as informações sobre o local selecionado, para verificação da adequação do sítio ao projeto do repositório de referência. Esta adequação visa facilitar o projeto e implica em uma compatibilidade entre o RBMN e um repositório já existente e comprovadamente licenciado e operativo. Logo, a contratação só poderá ser concretizada após a seleção definitiva do local, que depende ainda do estudo geológico, conforme já comentado.’

4.10.5. Dessa forma, como se observa, o andamento da etapa de contratação da Andra também depende da conclusão da seleção definitiva do local (discutida no item 4.5 deste relatório).

4.10.6. Em síntese, a Cnen (peça 11, p. 8) confirma que as etapas de planejamento 1.8.1, 1.8.2, 1.8.3, 1.8.4 e 1.8.5 foram concluídas, enquanto que a etapa 1.8.6 encontra-se em sua fase final (na reunião de 26/6/2014 havida entre a equipe de fiscalização e representantes da Cnen, peça 22, foi informado que a Procuradoria federal já aprovou a minuta de contrato a ser firmado com a Andra).

4.10.7. Finalmente, no que se refere à etapa de gerenciamento do contrato com a Andra, a Cnen informa (peça 11, p. 8) que ainda não foi iniciada, uma vez que a avença ainda não foi assinada.

4.10.8. Assim, a teor das informações prestadas é importante realçar que também esta etapa tem alta probabilidade de atraso. Como mencionado pela Cnen, ‘a contratação só poderá ser concretizada após a seleção definitiva do local, que depende ainda do estudo geológico’. Por sua vez, a conclusão do referido estudo está prevista para ocorrer em 19/6/2015. Portanto, a contratação da

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Andra, que aparece no cronograma com data de efetivação estimada em 24/6/2014, poderá atrasar em aproximadamente um ano.

4.10.9. Tal fato, revela, uma vez mais que as datas das diversas tarefas do cronograma encontram-se inconsistentes entre si, denotando falhas que prejudicam a acurácia da data estimada para conclusão do empreendimento.

4.11. Engenharia Básica e Detalhada (tarefas 1.10 a 1.13.5)4.11.1. De acordo com o cronograma atualizado do RBMN apresentado pela Cnen (peça

11, p. 17-20), o panorama de planejamento das etapas de ‘engenharia básica’, ‘basic engineering review’, ‘design review workshop’ e ‘engenharia detalhada/execução’ é o demonstrado na tabela a seguir (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.11.2. Quanto à engenharia básica, a Cnen informa (peça 11, p. 10) que usará como

referência para sua contratação o projeto conceitual do RBMN, cuja versão preliminar já foi concluída e será revisada pela Andra, conforme discutido no item 4.6 deste relatório. A licitação para contratação dos serviços de engenharia básica depende, portanto, da condução e finalização desta revisão.

4.11.3. Por sua vez, como discutido no item 4.10, a efetivação da contratação da Andra poderá atrasar por cerca de um ano, o que implica o consequente deslocamento do início da fase de engenharia básica em tempo similar.

4.11.4. Além disso, de acordo com a Cnen (peça 11, p. 10), o custeio da contratação dos serviços de engenharia básica seria incluído no Termo de Mútua Cooperação com a Eletronuclear, uma opção que foi frustrada, ao menos para o exercício de 2014, conforme relatado no item 4.7 deste relatório. Embora a contratação estivesse prevista para o segundo semestre de 2014, a Cnen não dispõe dos meios orçamentários/financeiros necessários, nem de perspectiva de obtê-los no exercício corrente (peça 11, p. 10).

4.11.5. Quanto à engenharia detalhada, a Cnen informa (peça 11, p. 10) que é uma etapa sequencial, dependente da conclusão dos serviços de engenharia básica. Portanto, trata-se de uma etapa que ainda não foi iniciada.

4.11.6. A entidade alerta que ‘embora estejam programadas para o exercício de 2015 e seguintes, tais prazos poderão não ser cumpridos, em decorrência de um possível atraso na etapa de engenharia básica. Em consequência, o prazo de conclusão do Projeto do RBMN também será afetado’ (peça 11, p. 10).

4.11.7. Vale acrescentar que, além dos problemas já delineados de atraso das etapas antecedentes e da falta de recursos orçamentários e financeiros para as etapas de projeto, o cronograma elaborado pela Cnen também apresenta durações significativamente exíguas para diversas etapas que, notoriamente, são complexas e com alto potencial de atraso. Por exemplo, as tarefas referentes aos processos licitatórios de engenharia básica e engenharia detalhada (tarefas 1.10.1 e 1.13.2) preveem aproximadamente quatro meses. Entretanto, por se tratarem de concorrência (valores da ordem de R$ 7 milhões), é comum que ocorram atrasos decorrentes de impugnações, recursos, ações judiciais etc., que costumam alargar os prazos de duração de certames desse tipo.

4.11.8. Portanto, resta evidente a alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos nas fases de engenharia básica e engenharia detalhada, tendo em vista (i) a ausência de conclusão, até o momento, da etapa de seleção definitiva do local; (ii) a ausência de amparo orçamentário e financeiro para a execução das tarefas; (iii) a exiguidade dos prazos previstos em cronograma para a realização de complexas licitações para contratação de serviços.

4.12. Construção, Aquisições, Montagem, Comissionamento e Operação (tarefas 1.14 a 1.18)

4.12.1. De acordo com o cronograma atualizado do RBMN apresentado pela Cnen (peça 11, p. 17-20), o panorama de planejamento das etapas de ‘construção’, ‘aquisição de equipamentos e instrumentos’, ‘montagem eletromecânica’, ‘startup e comissionamento’ e ‘operação’ é o

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demonstrado na tabela a seguir (a primeira coluna refere-se à data de término e a segunda à data de início):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]4.12.2. Tendo em vista que o início de tais fases ocorrerá apenas a partir de 2017,

conforme demonstrado no cronograma, não foram solicitadas informações específicas sobre o andamento das referidas fases.

4.12.3. Entretanto, a Cnen observou (peça 11, p. 10) que existe um ambiente de incerteza quanto às perspectivas de cumprimento dos prazos dessas etapas, ‘uma vez que dependem da seleção final de local e da execução de etapas precedentes para as quais ainda não se obteve a liberação e/ou garantia dos recursos orçamentários/financeiros necessários’. A esse respeito, a equipe de gerência técnica do projeto informou (peça 11, p. 10):

‘(...) Quanto às perspectivas para realizar estas tarefas no prazo, elas são incertas uma vez que cada uma depende do cumprimento de tarefas precedentes que continuam dependentes de liberação orçamentária pelo Planejamento e de decisões sobre a adequação final do local escolhido. Tendo em consideração o sigilo atual sobre o local escolhido para o Repositório, a declinação da ETN de incluir as tarefas de contratação do EIA/RIMA e da Engenharia Básica no termo de Mútua cooperação CNEN-ETN e finalmente a dificuldade de contratar os serviços de geologia do local, a CNEN se encontra engessada quanto a prover alternativas para contornar os obstáculos apresentados. Desta forma, dificilmente será possível manter os prazos estabelecidos no planejamento do RBMN mesmo referentes a esta última atualização do cronograma. A designação dos responsáveis por estas tarefas será feita oportunamente pelo o Gerente Técnico do Projeto RBMN, na ocasião da sua execução.’

4.12.4. Além disso, constatou-se que o dimensionamento dos prazos das referidas tarefas é bastante exíguo. Por exemplo, os prazos de realização de licitação e construção da fase de ‘construção’ alcançam menos de quatro meses. Além disso, as fases de montagem e comissionamento aparecem como ‘a ser detalhada’.

4.12.5. Assim, considerando-se as informações prestadas pela própria Cnen, bem como a falta de detalhamento do cronograma, entende-se que existe alta probabilidade de que as fases de ‘construção’, ‘aquisição de equipamentos e instrumentos’, ‘montagem eletromecânica’, ‘startup e comissionamento’ e ‘operação’ não sejam efetivamente cumpridas nas datas indicadas, tendo em vista o ambiente de incerteza quanto ao amparo orçamentário do projeto, a não conclusão do processo de seleção do local e à ausência de detalhamento no cronograma.

4.13. Análise Crítica da Situação Atual do Cronograma4.13.1. Conforme consta na tabela apresentada no item 4.2, a data de término do projeto

atualmente estimada (peça 11, p. 17-20) já se encontra 3,3 anos atrasada em relação ao cronograma original (peça 11, p. 431) e seis meses atrasada em relação ao cronograma apresentado em novembro de 2013 (TC 024.258/2013-0, peça 32, p. 68-74).

4.13.2. Cabe destacar que uma das principais etapas que vem causando as variações da data prevista para o término do projeto refere-se à ‘seleção do local’. Originalmente estimada para ser concluída em 6/2/2012, atualmente sua conclusão está prevista para 18/12/2015. A data prevista para a conclusão do ‘projeto conceitual’ também vem sofrendo sucessivas variações: inicialmente estava prevista para 29/1/2010 (peça 11, p. 431), posteriormente para 28/5/2014 (TC 024.258/2013-0, peça 32, p. 68-74) e atualmente para 17/12/2014 (peça 11, p. 17-20).

4.13.3. Assim, verifica-se que as datas de término atualmente previstas para diversas etapas/tarefas mostram uma tendência de expressiva variação em relação às previstas no cronograma original. Tal fato assume especial relevância ao se considerar que, de acordo com o cronograma atualizado apresentado pela Cnen, todas elas (com exceção de ‘programa de garantia de qualidade’) são críticas, ou seja, têm folga igual a zero e, portanto, quaisquer atrasos ou alterações em seus prazos implicarão deslocamentos da data final prevista para a entrada em operação do empreendimento.

4.13.4. Especificamente com relação à etapa de seleção do local, pode-se afirmar que existe alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos, tendo em vista a ausência, até o

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momento, de solução orçamentária e de escolha de prestador de serviço para a execução da tarefa de ‘levantamento geológico’. Além disso, foram constatadas inconsistências na configuração da interdependência das tarefas do cronograma, que poderão implicar, quando corrigidas, em significativos deslocamentos da data final estimada para o projeto.

4.13.5. Quanto à etapa de projeto conceitual, observou-se que há inconsistência na definição das relações de interdependência entre as tarefas e que existe alta probabilidade de que ocorra significativo atraso na conclusão da revisão do projeto conceitual pela Andra, atualmente prevista para terminar em 17/12/2014, uma vez que ela só ocorrerá após a conclusão do levantamento geológico do local, com data de término estimada para 19/6/2015.

4.13.6. No que diz respeito ao licenciamento ambiental, também foram constatadas diversas inconsistências no cronograma, que impedem analisar, com grau razoável de confiabilidade, as datas previstas. Observou-se que existe alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos na data final do projeto. Dentre as inconsistências verificadas, destacam-se as relativas: (i) aos prazos estimados para a indicação do local no processo do Ibama; (ii) à exiguidade de prazos para a elaboração, revisão e entrega do EIA/RIMA ao Ibama; (iii) à inexistência de previsão de prazos para as tarefas referentes à obtenção da Licença de Operação.

4.13.7. Com relação ao licenciamento nuclear, uma vez mais constataram-se diversas inconsistências no cronograma, que podem acarretar significativos atrasos das datas estimadas, uma vez que: (i) a data estimada para conclusão da ‘elaboração e proposta de termo de referência à DRS’ estava prevista para ocorrer em 10/2/2014, ou seja, mais de um ano antes daquela que deveria ser sua predecessora (levantamentos geológicos – seleção do local); (ii) o prazo para a etapa de aprovação do local é significativamente exíguo; (iii) a etapa de autorização para operação está sem prazos e detalhamento.

4.13.8. Quanto à contratação da Andra, que estava prevista para ocorrer em 24/6/2014, é importante realçar que também esta etapa tem alta probabilidade de atraso, uma vez que, de acordo com as informações da Cnen, deverá ocorrer apenas após o término do processo de seleção definitiva do local, que depende da conclusão dos estudos geológicos, prevista para ocorrer em 19/6/2015.

4.13.9. Quanto às etapas de projeto de engenharia, resta evidente a alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos nas fases de engenharia básica e engenharia detalhada, tendo em vista (i) a ausência de conclusão, até o momento, da etapa de seleção definitiva do local; (ii) ausência de amparo orçamentário e financeiro para a execução das tarefas; (iii) exiguidade dos prazos previstos em cronograma para a realização de complexas licitações para contratação de serviços.

4.13.10. Por fim, no que se refere às etapas de construção, aquisições, montagem, comissionamento e operação, conclui-se que existe alta probabilidade de que não sejam efetivamente cumpridas nas datas indicadas, tendo em vista o ambiente de incerteza quanto ao amparo orçamentário do projeto, a não conclusão do processo de seleção do local e à ausência de detalhamento no cronograma.

4.13.11. Portanto, a partir das informações prestadas pela Cnen e das análises empreendidas em relação ao cronograma atualizado do Projeto RBMN, é possível concluir que, além de o cronograma apresentar diversas inconsistências e de não apresentar razoável nível de confiabilidade, existe alta probabilidade de que ocorram novos e significativos deslocamentos da data final prevista para a conclusão do empreendimento.

4.13.12. A esse respeito, importa realçar que a própria Cnen informou que (peça 21, p. 2):

‘(...) Conforme comentado na reunião realizada em 24/6/2014, o cronograma já apresentado envolve tarefas críticas cujos prazos e meios de execução extrapolam os limites da autonomia institucional da Cnen, dentre as quais destacamos a campanha de esclarecimento para obtenção da aceitação pública e política, a liberação do orçamento previsto no Plano Plurianual e o oferecimento de contrapartidas econômicas e financeiras ao município hospedeiro. Logo, a imprevisibilidade dos prazos de execução destas tarefas constitui um fator importante em qualquer análise do cronograma e também no firmamento das expectativas de conclusão da construção e início da operação do RBMN (...).’ (grifo não é do original)

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4.13.13. É importante mencionar que, no que se refere às consequências para a Cnen e para o Programa Nuclear Brasileiro, decorrentes de um eventual atraso na entrada em operação do RBMN, sob a perspectiva da segurança do gerenciamento de RR e dos impactos para a operadora da CNAAA e demais atores do setor nuclear brasileiro, a entidade informou (peça 11, p. 14):

‘No caso de atraso na implantação do Projeto RBMN, uma perspectiva que pode se concretizar dadas as restrições e cortes orçamentários na Ação 13CM, a capacidade de armazenamento de rejeitos no sítio da CNAAA poderá se esgotar, acarretando a obrigação de interrupção da operação do(s) reator(es), principalmente no que toca Angra 1 (maior geradora de rejeitos). O momento desta eventual interrupção depende de vários fatores, inclusive da ocorrência de paradas para manutenção nas usinas (ocasião na qual se gera maior quantidade de rejeitos). De acordo com informações verbais de técnicos da Eletronuclear, o esgotamento da capacidade do depósito inicial no sítio das centrais deverá ocorrer em 2020, na melhor das hipóteses, ou seja, se não houver paradas extraordinárias de manutenção, uma contingência que não é rara. De toda forma, a previsão sobre o esgotamento da capacidade destes depósitos iniciais da CNAAA deve ser confirmada pelo TCU junto ao operador.’ (grifos não são do original)

4.13.14. No que se refere especificamente aos depósitos intermediários da própria Cnen, a entidade esclarece (peça 11, p. 14) que não se destinam a recolher os rejeitos da CNAAA, mas sim aqueles gerados nas instalações de radiofarmácia, medicina, indústria e ciclo do combustível. Assim, de acordo com a autarquia, em relação a tais rejeitos não há restrição de acomodação nos depósitos intermediários da Cnen, uma vez que a comparação das capacidades destes depósitos com os volumes anuais recolhidos não indica um esgotamento em médio ou mesmo longo prazo (peça 11, p. 14).

4.13.15. Portanto, a Cnen conclui que a criticidade do projeto se deve unicamente ao iminente esgotamento da capacidade dos depósitos iniciais da CNAAA da Eletronuclear, não se verificando criticidade na acomodação dos rejeitos das demais atividades do Programa Nuclear Brasileiro (peça 11, p. 14). A esse respeito, vale dizer que o esgotamento da capacidade do CGR da Eletronuclear sem que exista uma solução para o armazenamento seguro dos RR de baixo e médio níveis de radiação poderá ensejar a paralisação da operação das usinas de Angra 1 e Angra 2. Portanto, existe o RISCO de (i) significativos prejuízos financeiros, uma vez que a Eletronuclear poderá deixar de auferir receitas decorrentes da venda de energia elétrica, assim como de (ii) grande impacto para o suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN), uma vez que poderá haver a interrupção de geração em Angra 1 e/ou Angra 2, com capacidades de 640 MW e 1.350 MW, respectivamente.

4.13.16. Assim, a fim de verificar qual é a previsão atualizada da data de esgotamento da capacidade de armazenamento do Centro de Gerenciamento de Rejeitos (CGR) da Eletronuclear, foram solicitadas informações à referida empresa. Em resposta, foi informado que (peça 15, 8):

‘A Eletronuclear, ciente dos riscos que poderão advir da não disponibilização do RBMN até aproximadamente 2020, vem tomando medidas associadas ao Gerenciamento de Rejeitos, no sentido de estender a capacidade de armazenagem dos depósitos iniciais existentes na CNAAA. Dentro deste princípio, estão em desenvolvimento iniciativas que têm a redução da taxa de geração de rejeitos como principal foco, tais como melhorias nos recursos de descontaminação de peças metálicas, intensa segregação de rejeitos, revisão das práticas de trabalho, dentre outras. Essas medidas, aliadas à otimização das configurações de armazenagem nos depósitos, através do rearranjo de posicionamento de embalados nos depósitos, possibilitarão a armazenagem segura dos embalados produzidos, a até aproximadamente 2025. Desta forma, entendemos que as condições de operação das usinas poderão ser mantidas até 2025, sem qualquer impacto para a Empresa e consequentemente para o Sistema Interligado Nacional.’ (grifos não são do original)

4.13.17. Assim, como se verifica, a Eletronuclear apresentou nova previsão de data de esgotamento da capacidade do seu CGR. Anteriormente, no curso do Levantamento do TC 024.258/2013-0, que deu ensejo ao presente acompanhamento, a Eletronuclear havia informado que a previsão de esgotamento era 2020. Agora, a empresa afirma que terá condições de armazenar os rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação de Angra 1 e Angra 2 até 2025.

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4.13.18. Essa nova perspectiva de data de esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR da Eletronuclear, então, altera substancialmente o panorama referente ao prazo para conclusão do empreendimento RBMN.

4.13.19. Portanto, tendo em vista a importância dessa nova previsão e a fim de verificar a validade dessa informação, foi solicitado que a empresa apresentasse eventuais memórias de cálculo que demonstrassem a realização de estudo específico para balizar a nova estimativa, assim como eventuais decisões ou apreciações por parte da alta administração da empresa.

4.13.20. Em resposta, a Eletronuclear informou (peça 19, p. 3-5) que a reavaliação da estimativa de prazo para esgotamento da capacidade de armazenamento de embalados de rejeitos de baixa e média atividades no CGR encontra-se consolidada no relatório GMO.O-007/14 – Armazenamento dos Embalados de Rejeitos Sólidos Radioativos de Baixa e Média Atividades nos Depósitos Iniciais do CGR (peça 19, p. 6-14), elaborado em 23/5/2014.

4.13.21. De acordo com a estatal (peça 19, p. 3-5), após uma série de procedimentos e modificações na estratégia de ocupação dos depósitos (detalhadas à peça 19, p. 3-4), ‘o CGR, em sua configuração atual de depósitos e com os tipos de embalados e taxas de geração hoje consideradas, teria sua capacidade de armazenamento esgotada em 2025’. É importante realçar os seguintes excertos do Relatório GMO.O-007/14, por sua importância no que se refere à estimativa de esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos no CGR (peça 19, p. 6-14):

‘(...) Para efeito deste trabalho foram consideradas, conservativamente, as maiores taxas de geração observadas por tipo de rejeito e por tipo de embalado nos últimos anos de operação de Angra 1 e do histórico operacional de Angra 2.

As estimativas para ocupação do KPE de Angra 3 são as mesmas do histórico operacional de Angra 2.

As taxas de geração consideradas correspondem aos valores atuais, não sendo considerada nenhuma expectativa de redução. São estimativas e deverão ser revisadas na medida em que novos dados surgirem. (...)

(...) Planejamento Alternativo(...) a partir de 2020 passaremos a gerenciar as células com foco na máxima capacidade de

armazenamento em função das taxas de geração, implementando arranjos alternativos.Esses arranjos permitirão o armazenamento de Caixas Metálicas e Liners até o ano de 2025. (...)(...) A partir de 2025 restariam 20 células disponíveis para armazenamento de embalados no CGR.

Essas células são do depósito 3B e deverão receber tambores de Angra 2 a partir de 2025, ano previsto para o esgotamento do KPE. Com esse planejamento, o Depósito 3B tem previsão de ocupação para o ano de 2030. Porém, esta estimativa fica comprometida se considerarmos que estas 20 células serão as células disponíveis para o armazenamento dos embalados de Angra 1 e Angra 2.

Tecnicamente, em 2025, a capacidade de armazenamento do CGR estará comprometida, necessitando da aplicação de tecnologias para redução dos volumes armazenados. (...)

(...) ConclusãoOs Depósitos Iniciais que compõem o Centro de Gerenciamento de Rejeitos têm capacidades

plenas de armazenar de forma segura os embalados produzidos pelas instalações da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto até 2025, condicionado à aplicação de estratégias alternativas de armazenamento a partir de 2018. Em 2020, arranjos adicionais deverão ser implementados de forma a otimizar esta capacidade.

Para o armazenamento de embalados no Depósitos Iniciais do CGR a partir de 2025 serão necessárias intervenções nos embalados armazenados de forma a reduzir seu volume, reduzindo a quantidade de células ocupadas e permitindo sua ocupação por novos embalados.

Quanto às estimativas para a usina Angra 3, consideramos a experiência operacional de Angra 2, que nos indica a disponibilidade do KPE de Angra 3 por, pelo menos, 25 anos após o início de sua operação.

Nota: Periodicamente, estas estimativas serão atualizadas em função das taxas de geração, modos de operação das usinas e características dos embalados produzidos.’

4.13.22. É importante destacar que a Eletronuclear informou que em 5/6/2013 foi feita apresentação técnica para a Diretoria Executiva da empresa, em que constou a projeção de que o esgotamento do CGR ocorreria em 2018 (peça 19, p. 4-5). A referida apresentação em PowerPoint e o seu registro em ata foram apresentados pela empresa como evidências (peça 19, p. 15-21 e 22-61).

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4.13.23. De acordo com a própria Eletronuclear (peça 19, p. 5), na referida apresentação, que tinha por objetivo ter o aval da Diretoria Executiva para o encaminhamento à Cnen de proposições de modificações nos sistemas de tratamento de rejeitos de Angra 1 e Angra 2, ‘não foi considerada a possibilidade de reorientação da destinação de células dos Depósitos, possibilidade que (...) permitirá estender a autonomia do CGR pelo menos até o ano de 2025’.

4.13.24. Assim, verifica-se que não existe apreciação ou manifestação formal por parte da Diretoria Executiva da Eletronuclear sobre a nova previsão de data de esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos no CGR. A Eletronuclear apenas afirma (peça 19, p. 5) que seus diretores têm participado de reuniões com a Cnen para o encaminhamento das modificações nos sistemas de tratamento de rejeitos de Angra 1 e Angra 2, e que nessas reuniões e nos pronunciamentos externos da empresa têm sido considerados pela alta direção os resultados do relatório GMO.O-007/14, no sentido de que o esgotamento do CGR ocorrerá em 2025. Além disso, também não há aprovação da Cnen para o novo rearranjo planejado pela Eletronuclear.

4.13.25. Entretanto, tendo em vista que a informação foi prestada oficialmente pela Eletronuclear, com base em relatório técnico emitido no âmbito interno da empresa, entende-se que a informação sobre a nova data estimada de esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR abriu a possibilidade de se ter um prazo maior para a construção do RBMN e de se terem novos parâmetros para balizamento do cronograma do empreendimento RBMN.

4.13.26. Dessa forma, com base na nova estimativa da Eletronuclear, verifica-se que o cronograma do empreendimento RBMN apresentado no curso da fiscalização pode passar a ter folga, caso se considere como data limite para sua entrada em operação o novo prazo de esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR da Eletronuclear (2025).

4.13.27. De todo modo, isso não significa que exista ampla margem de prazo para o empreendimento. Como demonstrado, existem várias tarefas críticas no cronograma cujos prazos de cumprimento não podem ser garantidos pela Cnen, já que dependem de agentes e fatores externos, o que pode ocasionar atrasos significativos. Por exemplo, vale mencionar o processo de aceitação pública do local escolhido e as etapas do processo de licenciamento ambiental, que tendem a ser extensos e complexos. Além disso, existem várias inconsistências no cronograma apresentado, que demonstram que a data atualmente prevista (2020) não é razoável.

4.13.28. Portanto, mesmo na hipótese de se adotar a data de 2025 como limite para a entrada em operação do RBMN, o empreendimento, por ser extremamente complexo e crítico para o Programa Nuclear Brasileiro, deve ser objeto de constante atenção e prioridade no âmbito da Cnen, que deve sempre buscar o cumprimento das metas e prazos traçados.

4.13.29. Por todo o exposto, e considerando (i) as diversas inconsistências constatadas em relação ao cronograma; (ii) a alta probabilidade de que ocorram expressivos atrasos em relação à data atualmente prevista para a entrada em operação do repositório; (iii) a nova data prevista pela Eletronuclear para o esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR da CNAAA; e (iv) que a própria Cnen informou que está reformulando o cronograma do empreendimento; entende-se que, por ora, deva apenas ser DETERMINADO à Cnen que encaminhe ao TCU, no prazo de 120 dias, a nova versão do cronograma geral e atualizado do empreendimento RBMN, que atualmente encontra-se em fase de reformulação, acompanhado da respectiva decisão da alta administração da entidade que o haja apreciado e aprovado, a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário.

4.13.30. É importante esclarecer que a determinação ora proposta tem como objetivo instar a unidade jurisdicionada a apresentar informações que serão úteis e necessárias para o prosseguimento do acompanhamento determinado por meio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, não sendo destinadas especificamente à correção de irregularidades ou ilegalidades. Portanto, as diretrizes para formulação de propostas de determinação preconizadas na Portaria-Segecex n. 13/2011 foram aplicadas apenas parcialmente.

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5. ACOMPANHAMENTO DO PROJETO POR PARTE DO MCTI5.1. Inicialmente, no que se refere às competências do Ministério da Ciência, Tecnologia

e Inovação (MCTI) em relação ao setor nuclear, a referida pasta informou, por intermédio do Ofício n. 252/2014/Sexec/MCTI, de 21/5/2014, que (peça 13, p. 1-3):

‘(...) 2. Em sua estrutura organizacional, descrita no Art. 2º do mesmo normativo [Decreto 5.886/2006], o Ministério conta, como órgãos específicos e singulares, com quatro secretarias finalísticas, cujas competências podemos sintetizar da seguinte forma: a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (SEPED), à qual compete gerenciar políticas e programas visando ao desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação em áreas de interesse estratégico para o levantamento e aproveitamento sustentável do patrimônio nacional; a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS), que faz a articulação com outros órgãos públicos de políticas que viabilizem o desenvolvimento econômico, social e regional, especialmente da Amazônia e do Nordeste, bem como a difusão de conhecimentos e tecnologias apropriadas em comunidades carentes; a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), responsável pelas ações e programas voltados à capacitação tecnológica das empresas brasileiras e à sua competitividade; e a Secretaria de Política de Informática (SEPIN), a quem compete propor e implementar ações de políticas públicas e projetos nacionais e internacionais para o setor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), coordenando e acompanhando as medidas necessárias à execução da Política Nacional de Informática e Automação e o desenvolvimento do setor de Software. Assim, verifica-se que a política nuclear não se encontra dentre as competências de nenhuma das quatro secretarias finalísticas.’ (grifos não são do original)

5.2. Dessa forma, ante a inexistência de secretaria específica em sua estrutura responsável por assuntos do programa nuclear, o MCTI sustenta que a própria Cnen ‘é a área responsável, na estrutura do MCTI, pela condução dos assuntos nucleares, desde as propostas relativas à formulação das políticas até o desempenho das atividades da área’ (peça 13, p. 2), tendo em vista o contido nos art. 1º e 2º da Lei 6.189/1974.

5.3. O Ministério esclarece (peça 13, p. 2) que, conforme os arts. 2º e 4º do Decreto 5.667/2006, que aprovou a estrutura regimental da Cnen, compete à Comissão Deliberativa, órgão colegiado da estrutura organizacional da autarquia, entre outros, propor medidas necessárias à orientação da Política Nacional de Energia Nuclear, assim como deliberar sobre diretrizes, planos e programas. A Comissão Deliberativa é composta pelo Presidente e pelos Diretores da Cnen, e por uma pessoa indicada pelo Ministro do MCTI. Ainda, de acordo com o Art. 14 do mesmo Decreto, é atribuição do Presidente da autarquia subsidiar o Ministro em assuntos de energia nuclear.

5.4. Finalmente, o órgão informa (peça 13, p. 2) que ‘o Ministério indica um dos componentes da Comissão Deliberativa da autarquia e o seu presidente subsidia diretamente o Ministro de Estado nos assuntos da área’. Adicionalmente, sustenta que ‘é por meio desses mecanismos que é exercida, portanto, a supervisão ministerial sobre todos os assuntos a cargo da Cnen’.

5.5. Nesse contexto, especificamente com relação ao acompanhamento promovido pelo MCTI em relação ao empreendimento RBMN, importa destacar as seguintes informações trazidas pelo Ministério (peça 13, p. 2):

‘(...) o acompanhamento/monitoramento do cumprimento do cronograma e da evolução do projeto e das suas diversas etapas ou fases, como os estudos e concepções, licenciamentos, obras, e entrada em operação do RBMN é totalmente realizado pela própria CNEN, cujo presidente, quando demandado ou quando avalia necessário, traz ao Ministro informações a respeito. Com efeito, em diversos momentos o Ministro pediu e/ou recebeu informações relacionadas, por exemplo, àquela que, em nosso entendimento, é a etapa principal de empreendimentos desta natureza, por envolver ativa articulação institucional e convencimento das comunidades envolvidas, como as dificuldades relacionadas para a seleção de local de implantação do repositório, aos licenciamentos, à atuação do

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Ministério Público Federal, entre outros assuntos, nos quais sempre houve a cooperação deste Ministério na condução interinstitucional dos mesmos.’ (...)

5.6. Como evidência das interações entre o Ministério e a Cnen, foram apresentadas cópias de relatórios de reunião e de expedientes trocados entre a Cnen e o MCTI, assim como entre o MCTI e outras instituições, com o objetivo de trazer soluções a diversas situações, dentre as quais se destaca aquela relativa ao local onde possa ser implantado o RBMN (peça 13, p. 4-17).

5.7. Por fim, o MCTI destaca (peça 13, p. 3-4) que ‘é a Cnen que subsidia o MCTI sobre as consequências decorrentes de eventual atraso no projeto RBMN e as alternativas possíveis para o caso desse atraso (...)’.

5.8. Portanto, a partir de todas as informações prestadas pelo MCTI, observa-se que o órgão, embora tenha interagido com a Cnen a fim de contribuir com o desenvolvimento de algumas etapas do empreendimento RBMN, não dispõe de unidade ou setor interno específico que promova o acompanhamento das atividades do setor nuclear. No que se refere ao RBMN, como informado pelo próprio MCTI, o acompanhamento/monitoramento do cumprimento do cronograma e da evolução do projeto e das suas diversas etapas ou fases, como os estudos e concepções, licenciamentos, obras, e entrada em operação do RBMN, é totalmente realizado pela própria Cnen, que apenas presta informações ao Ministério.

5.9. Todavia, é importante observar as seguintes disposições do Anexo I do Decreto 5.886/2006, que aprova a estrutura regimental do MCTI:

‘Art. 1º O Ministério da Ciência e Tecnologia, órgão da administração direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:

(...) VI - política nuclear; (...)(...) Art. 4º À Secretaria-Executiva compete:I - assistir ao Ministro de Estado na supervisão e coordenação das atividades das

Secretarias integrantes da estrutura do Ministério e das entidades a ele vinculadas;(...) VI - supervisionar e coordenar as ações do Ministério e das unidades de pesquisa e

entidades vinculadas, voltadas à captação de recursos para o financiamento de programas e projetos de desenvolvimento científico e tecnológico, inclusive os de fundos setoriais;

(...) Art. 7º À Assessoria de Acompanhamento e Avaliação das Atividades Finalísticas compete:

(...) III - supervisionar e coordenar o acompanhamento e a avaliação dos resultados do plano plurianual do Ministério; (...)’ (grifos não são do original)

5.10. Vale observar que o empreendimento RBMN aparece no Plano Plurianual do Governo Federal no âmbito do Programa 2059 – ‘Política Nuclear’. Tal programa é composto, entre outros, pelo Objetivo 0329 – ‘Identificar e definir soluções para a deposição definitiva dos rejeitos radioativos de média e baixa atividade, visando a proteção da população e do meio ambiente’, que por sua vez, tem como meta atingir 45% do cronograma físico de implantação do RBMN. O órgão responsável por tal objetivo no PPA 2012-2015 é exatamente o MCTI.

5.11. É importante observar, portanto, que o MCTI tem a responsabilidade de supervisionar e coordenar as atividades das entidades vinculadas, assim como de seus objetivos e de suas iniciativas constantes do PPA 2012-2015. Tal fato assume relevância especial quando se observa que as consequências do atraso ou insucesso na conclusão do RBMN poderão ter importantes consequências para a Administração Pública, inclusive com elevados prejuízos financeiros ao Sistema Eletrobras e impactos ao suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional, caso tenha que ser determinada a paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2.

5.12. Portanto, entende-se pertinente propor que seja formulada RECOMENDAÇÃO ao MCTI no sentido de que, com base nos arts. 1º, inciso VI, 4º, incisos I e VI, 7º, inciso III, do Anexo I do Decreto 5.886/2006, bem como no fato de ser o responsável pelo objetivo 0329 do programa 2059 do PPA 2012-2015, institua rotina e/ou mecanismo específico de acompanhamento/monitoramento da evolução do empreendimento RBMN da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), desde as suas

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fases iniciais de projeto, de modo que possa ser capaz de detectar, com antecedência, os possíveis desvios de prazos do cronograma do empreendimento RBMN, de forma a adotar tempestivamente as providências que estiverem sob sua alçada e de informar ao Ministério de Minas e Energia (MME) sobre as consequências que poderão advir para a operação das usinas de Angra 1 e Angra 2.

6. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCIAMENTO DO PROJETO RBMN6.1. Inicialmente, é importante destacar que no âmbito do Plano Plurianual do Governo

Federal – PPA 2012-2015 a construção do empreendimento em análise consta como sendo a iniciativa ‘010E – Implantação do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível (RBMN)’, vinculada ao objetivo ‘0329 – Identificar e definir soluções para a deposição definitiva dos rejeitos radioativos de média e baixa atividade, visando a proteção da população e do meio ambiente’. Por sua vez, tal objetivo pertence ao programa temático ‘2059 – Política Nuclear’. No escopo das leis orçamentárias anuais a iniciativa 010E é viabilizada por meio da ação orçamentária ‘13CM – Implantação do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível – RBMN’.

6.2. É importante ressaltar que existe uma meta específica do PPA 2012-2015, dentro do objetivo 0329, estabelecendo que deveria ser alcançado o patamar de 45% do cronograma físico de implantação do RBMN até 2015. Tal meta, tendo em vista a análise da evolução do cronograma constante do capítulo anterior deste relatório, tem baixíssima probabilidade de ser alcançada.

6.3. Nesse contexto, entretanto, a Cnen informou, no curso da fiscalização, que (peça 11, p. 5):

‘(...) diversas questões têm impactado no desenvolvimento do Projeto do RBMN, destacando-se as restrições orçamentárias. Embora o projeto tenha sido contemplado por uma ação específica do Plano Plurianual 2012-2015 (Ação 13CM - Implantação do RBNM), os recursos correspondentes não têm sido liberados.’ (grifos não são do original)

6.4. Segundo a entidade, a questão orçamentária assume especial relevância no contexto da evolução do empreendimento RBMN, já que tem impacto direto na evolução de diversas atividades. A respeito dos valores efetivamente alocados ao projeto no orçamento do Governo Federal, a entidade informou que (peça 11, p. 6):

‘Até o presente momento (maio/2014), apenas o montante de R$ 1.375.000,00 (um milhão e trezentos e setenta e cinco mil reais) foi liberado, ou seja, 2,36% da dotação prevista para o período 2012-2014 (R$ 58.333.000,00). Em função disso, a DPD tem priorizado as atividades que não envolvem custos relevantes, tais como: Inventário (1.1), Programa de Garantia de Qualidade (1.2), Seleção do Local (1.3), Projeto Conceitual (1.4), Termo de Mútua Cooperação ETN-CNEN (1.5) e Contratação da ANDRA (1.8). Tais atividades puderam ser adiantadas, já que demandam principalmente a participação de servidores em estudos, levantamento de dados e confecção de relatórios. Entretanto, as tarefas que exigem contratação de serviços têm tido sua execução comprometida em função das restrições orçamentárias.’

6.4.1.Dessa forma, de acordo com a DPD (peça 11, p. 6), ‘a principal dificuldade à consecução do Projeto RBMN consiste nas restrições orçamentárias atualmente impostas da Ação PPA 13CM’.

6.5. Acerca da efetiva disponibilização da dotação orçamentária da ação 13CM, assim como sua consequente execução, é conveniente transcrever os seguintes esclarecimentos da Cnen (peça 11, p. 11):

‘Como o orçamento inicial do projeto superava a faixa dos 200 milhões de reais até sua conclusão prevista para 2018, a dotação de pouco mais de 115 milhões de reais para o período de 2012-2015 afigurava-se como razoável e compatível com o cronograma de execução. Entretanto, a Ação 13CM não recebeu as dotações previstas para os exercícios de 2012, 2013 e 2014, tendo ainda ocorrido contingenciamento em 2012. As dotações efetivamente consignadas nas leis orçamentárias destes exercícios encontram-se consolidadas no Quadro 3, juntamente com as previsões do PPA (para comparação):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]

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6.6. Assim, a autarquia esclarece (peça 11, p. 11) que no período 2012-2014 foi liberado apenas 2,36% (R$ 1.375.000,00) do total previsto (R$ 58.333.333,00), motivo pelo qual ‘a Cnen não tem conseguido manter o cronograma de execução do projeto’ (peça 11, p. 11).

6.7. Por outro lado, no que se refere aos desembolsos que serão necessários para o empreendimento RBMN no período 2014-2019, a Cnen apresentou (peça 11, p. 11) a seguinte estimativa:

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]6.8. É importante esclarecer que a DPD informou (peça 11, p. 12) que ‘o custo orçado

do projeto caiu para cerca de R$ 156 milhões, em função da decisão de que a operação será iniciada com apenas 4 (quatro) módulos de deposição, ao invés dos 10 (dez) módulos originais’. De acordo com a entidade, ‘como o preenchimento do repositório será realizado gradualmente ao longo de um período de 60 (sessenta) anos, a equipe técnica decidiu que não seria producente construir a totalidade dos módulos de uma vez, mas sim fazê-lo na medida de geração de rejeitos no País’ (peça 11, p. 12).

6.9. Portanto, como se observa, o histórico de inclusão das dotações da ação 13CM demonstra que a questão orçamentária pode estar causando impactos negativos na execução do empreendimento. Tais efeitos tendem a ser cada vez maiores e a causarem graves atrasos no projeto, uma vez que, com a perspectiva de conclusão do processo de seleção definitiva do local, serão necessários recursos financeiros para a continuidade das demais etapas (elaboração do EIA/RIMA, elaboração dos projetos de engenharia, execução de serviços e obras, compra de materiais etc.).

6.10. Tendo em vista a limitação do escopo do presente trabalho, restrito à análise de cumprimento das etapas do cronograma do RBMN, não foram analisadas as possíveis causas e fatos que levaram à não dotação nas leis orçamentárias anuais dos montantes originais previstos no PPA. Contudo, verifica-se que, principalmente a partir da finalização da seleção do local, será necessária a disponibilização de recursos para a consecução das etapas subsequentes. A ausência de recursos no orçamento da Cnen poderá trazer severos impactos para a execução do empreendimento, podendo gerar significativos atrasos.

6.11. Dessa forma, considerando que eventuais atrasos poderão fazer com que o RBMN não esteja em operação antes da data estimada para o esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR da Eletronuclear, bem como o fato de que, em tal caso, será necessária a paralisação da geração de energia na CNAAA, com severos prejuízos financeiros para o Sistema Eletrobras e graves impactos para o suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN), entende-se pertinente propor que seja formulada RECOMENDAÇÃO à Cnen, MCTI, MPOG e Casa Civil da Presidência da República, no sentido de que, com base nos princípios da eficiência e da continuidade do serviço público, adotem, em conjunto, as providências necessárias à disponibilização de dotações em ação orçamentária específica para a consecução da iniciativa 010E – Implantação do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível (RBMN), vinculada ao objetivo 0329 do Plano Plurianual do Governo Federal – PPA 2012-2015, de forma a viabilizar o cumprimento do cronograma físico financeiro do empreendimento RBMN e a evitar a ocorrência dos severos prejuízos financeiros e impactos para o suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional que poderão advir de eventual paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2 em face do esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação.

7. SITUAÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA JUDICIAL ENVOLVENDO O RBMN

7.1. Durante o levantamento (TC 024.258/2013-0) que deu origem ao presente acompanhamento, foi constatado que um dos pontos que caracterizavam a urgência da construção do RBMN referia-se à determinação judicial para que a Eletronuclear e a Cnen construíssem o depósito final de rejeitos radioativos.

7.2. Dessa forma, entendeu-se importante segregar tópico específico do relatório com vistas a verificar os impactos do andamento judicial na gestão do projeto RBMN.

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7.3. A Sentença, aludida no processo de levantamento, foi publicada em 18/4/2012 no âmbito da ação civil pública 0000121-82.2007.4.02.5111 impetrada pelo Ministério Público Federal no Juízo Federal de Angra dos Reis:

‘(...) I - Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE, nos termos do artigo 269, inciso I, do CPC, para:

- CONDENAR a UNIÃO FEDERAL na inclusão, no orçamento de 2013 e nos subseqüentes, das dotações dos recursos necessários e suficientes à projeção, construção e instalação de depósito final de rejeitos radioativos, para abrigar o lixo atômico produzido pelas Unidades I e II da CNAAA, bem assim o lixo atômico da Unidade III do mesmo Complexo Nuclear.

- CONDENAR a UNIÃO FEDERAL, a CNEN-COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR e a ELETROBRAS TERMONUCLEAR S/A - ELETRONUCLEAR, solidariamente, em obrigação de fazer, consistente na projeção, licenciamento, construção e instalação de depósito final de rejeitos radioativos, para abrigar o lixo atômico produzido pelas Unidades I e II da CNAAA, bem assim o lixo atômico da Unidade III do mesmo Complexo Nuclear até o ano de 2018.

- CONDENAR a CNEN-COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR na a obrigação de fazer consistente:

(a) na determinação do local adequado à instalação de depósito final de rejeitos radioativos no prazo de um ano contado da publicação desta sentença;

(b) na obrigação de comunicar o Ministério Público Federal, mediante relatório bimestral, sobre o andamento da etapa de seleção do local, quais os avanços obtidos e entraves encontrados; e

(c) na notificação ao órgão ministerial sobre reuniões relevantes, contratação de empresa para este mister ou qualquer outro acordo/contrato firmado com relação ao objeto desta lide, de modo que o órgão ministerial, querendo, acompanhe e fiscalize o andamento do projeto. Determino, ainda, que, no prazo de 30 (trinta) dias a CNEN informe o Ministério Público Federal quem são as pessoas responsáveis pela seleção do local.

INDEFIRO o pedido de condenação da ELETRONUCLEAR em obrigação de não fazer, consistente na proibição de projetar, construir e instalar depósitos iniciais de rejeitos radioativos, enquanto não finalizado o depósito final, uma vez que carece de elementos técnicos que demonstrem o acerto do pedido.

Fica desde já determinado o pagamento de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em caso de descumprimento, com fulcro no § 5º do art. 461 do CPC.’

7.4. Com relação à situação de cumprimento da referida sentença judicial, a Eletronuclear informou (peça 15, p. 1-2) que:

‘A Eletronuclear recorreu da sentença (vide abaixo), sendo certo que sua apelação pende de julgamento no TRF da 2ª Região desde 17 de dezembro de 2013. Tendo a apelação sido recebida no efeito suspensivo e devolutivo, como determina a lei, a Eletronuclear não está cumprindo a sentença de primeira instância, uma vez que não existe, ainda, condenação definitiva que a tanto lhe obrigue.’

7.5. Em pesquisa realizada no sítio da Justiça Federal no Rio de Janeiro no curso da fiscalização, verificou-se que, de fato, foi impetrado recurso, recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, tendo sido os autos encaminhados ao TRF-2.

7.6. De acordo com pesquisa realizada no sítio do TRF-2, o processo autuado para apreciação do recurso naquela corte de segunda instância é o TRF2 2007.51.11.000121-0, autuado em 16/12/2013.

7.7. A Cnen, por sua vez, apresentou o Memorando 048/2014/PF-Cnen, em que também oferece um relato atualizado acerca da situação da referida ação civil pública. Em síntese, a entidade informa (peça 11, p. 15) que foi notificada da sentença judicial em novembro de 2012 e de imediato opôs embargos de declaração, o que suspendeu seus efeitos e prazos recursais. Os embargos foram rejeitados em setembro de 2013, tendo a Advocacia-Geral da União (por meio da PF/CNEN) em seguida interposto recurso de apelação. De acordo com a Cnen, o recurso foi recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo e, até o momento em que prestou as informações no curso desta fiscalização, ainda não havia sido apreciado pelo Poder Judiciário, ou seja, a referida sentença de primeiro grau encontrava-se com sua exigibilidade suspensa. No que toca ao mérito da sentença, a parte apelante (CNEN/União) entende que os depósitos iniciais existentes atendem de forma satisfatória as necessidades atuais das centrais nucleares de Angra 1 e Angra 2 e que a definição do cronograma de

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construção do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível (RBMN) encontra-se dentro de sua discricionariedade técnica e fora do alcance da seara judiciária (peça 11, p. 15).

7.8. É importante mencionar que no curso de todo o período da fiscalização foi verificado que os recursos interpostos pela Eletronuclear e pela Cnen encontravam-se realmente pendentes de julgamento, e, que, portanto, a sentença de primeira instância estava realmente suspensa.

7.9. Entretanto, ocorre que ao final da fase de revisão do relatório, após o encerramento de todas as etapas do trabalho e após a necessária apreciação da versão preliminar do relatório por parte do supervisor da fiscalização, verificou-se em consulta na internet (www.trf2.jus.br, em 20/8/2014) que em 19/8/2014 foi publicado acórdão do TRF-2, com julgamento dos recursos da Eletronuclear e Cnen (conforme peça 26).

7.10. Em síntese, verifica-se que foi mantida a condenação da Cnen referente à necessidade de construção do RBMN até 2018, bem como a obrigação de a União incluir em seus orçamentos os recursos necessários para sua consecução. Importa transcrever os seguintes excertos do Voto condutor do acórdão do TRF-2 (peça 26):

‘14. Não obstante a CNEN e a União aleguem, em suas razões de apelação, que não há necessidade da construção do aludido depósito final, entende-se, pelo conjunto probatório carreado aos autos, bem como em virtude do princípio da precaução, que andou bem o magistrado de primeiro grau, ao condenar a autarquia na obrigação de fazer, consistente na projeção, licenciamento, construção e instalação de depósito final de rejeitos radioativos, até o ano de 2018.

15. Verifica-se, da leitura do art. 8° da Lei 10.308/01, que a Eletronuclear é legalmente responsável apenas pela construção dos depósitos iniciais, cabendo à CNEN a responsabilidade integral pela construção de depósitos finais e intermediários. Assim, em que pese a existência de Termo de Cooperação impondo à titular da autorização a responsabilidade pela instalação de depósito final, verifica-se a existência de disposição legal expressa em sentido contrário.

16. A atribuição de formular políticas públicas não se inclui, em princípio, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário. Entretanto, tal entendimento vem sendo mitigado em razão do reconhecimento da força normativa da Constituição Federal, objetivando-se concretizar os direitos fundamentais ali previstos, dando-lhes efetividade.

17. Uma vez que a Carta Magna previu o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e, levando em consideração a alegada omissão do Poder Público, permite-se, excepcionalmente, a intervenção do Poder Judiciário, com o objetivo de dar efetividade àquele direito.

18. Recurso de apelação da Eletronuclear não conhecido. Remessa necessária parcialmente provida. Recurso de apelação da União desprovido. Recurso de apelação da CNEM parcialmente provido.’

7.11. Pelo exposto, observa-se que o desdobramento da ação civil pública em questão poderá ter reflexos importantes na reformulação do cronograma que ora se encontra em andamento no âmbito da Cnen, reforçando a necessidade de que seja formulada a determinação contida no item 4.13.29, no sentido de que a Cnen encaminhe a nova versão do cronograma no prazo de 120 dias, a fim de que a questão possa ser adequadamente avaliada no próximo acompanhamento a ser realizado em atenção ao item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário.

8. PLANO ALTERNATIVO PARA O CASO DE INSUCESSO8.1. Tendo em vista o elevado risco de que a conclusão do empreendimento RBMN

ocorra apenas após o esgotamento da capacidade de armazenamento do Centro de Gerenciamento de Rejeitos (CGR) da Eletronuclear, foi solicitado que a estatal informasse se existe plano alternativo para evitar os possíveis prejuízos financeiros e impactos para o suprimento de energia ao SIN. Em resposta, a empresa informou que (peça 15, 8):

‘A Eletronuclear, ciente dos riscos que poderão advir da não disponibilização do RBMN até aproximadamente 2020, vem tomando medidas associadas ao Gerenciamento de Rejeitos, no sentido de estender a capacidade de armazenagem dos depósitos iniciais existentes na CNAAA. Dentro deste princípio, estão em desenvolvimento iniciativas que têm a redução da taxa de geração de rejeitos como principal foco, tais como melhorias nos recursos de descontaminação de peças metálicas, intensa segregação de rejeitos, revisão das práticas de trabalho, dentre outras. Essas medidas, aliadas à otimização das configurações de armazenagem nos depósitos, através do rearranjo de posicionamento de embalados nos depósitos,

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possibilitarão a armazenagem segura dos embalados produzidos, a até aproximadamente 2025. Desta forma, entendemos que as condições de operação das usinas poderão ser mantidas até 2025, sem qualquer impacto para a Empresa e consequentemente para o Sistema Interligado Nacional.’ (grifo não é do original)

8.2. Nesse contexto, a empresa afirmou que (peça 15, p. 8):‘(...) a Eletronuclear dispõe de alternativas para estender a autonomia dos depósitos do CGR, pelo

menos até 2025, não vendo, neste horizonte, a necessidade de construção de qualquer novo depósito.’8.3. A Cnen, por sua vez, ao ser indagada sobre a existência de eventual plano

alternativo, informou que (peça 11, p. 14-15):‘A DPD informa que não existe um plano alternativo em andamento para o caso de atraso ou

insucesso do Projeto RBMN. Entretanto, uma alternativa que pode ser considerada seria a expansão da capacidade de armazenamentos dos depósitos iniciais situados no sítio da CNAAA. Embora tal alternativa encontre-se vedada por exigências do licenciamento ambiental (vide resposta ao item 1.12), a CNEN entende que não existe uma razão técnica impeditiva para realização dessa expansão. Ao longo da vida operacional das centrais de Angra 1 e Angra 2 o armazenamento nos depósitos iniciais tem se processado em condições seguras, de acordo com os padrões internacionais e sob fiscalização do órgão regulador da área nuclear (DRS/CNEN).

A experiência internacional demonstra que a construção de um repositório definitivo se justifica técnica e economicamente a partir de uma determinada quantidade mínima de rejeitos já armazenados e gerados anualmente, condição esta que ainda não foi atingida no Brasil. Em termos quantitativos, a DPD informa que a capacidade de armazenamento que justifica técnica, econômica e socialmente a implantação do RBMN foi definida em 60.000 m3, tomando-se por base a previsão do PNE 2030, que considera um incremento de 4 (quatro) a 8 (oito) usinas nucleares no País (além das centrais da CNAAA, Angra I, Angra 2 e Angra 3). Já o volume total de rejeitos de baixo e médio nível de radiação gerado pelas três usinas da CNAAA ao longo de 40 anos de operação encontra-se estimada em 6.400 m3. Portanto, observa-se que com a PNB atual a quantidade total de rejeitos gerados será da ordem de 10% da capacidade de estocagem que justificaria a construção do repositório definitivo. Logo, pode-se concluir que uma expansão da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais no sítio da CNAAA afastaria o sentido de urgência da construção do RBMN.’

8.4. Posteriormente, a Cnen esclareceu (peça 21, p. 2) que a aventada opção de ampliação do CGR da Eletronuclear foi mencionada apenas como uma possível solução alternativa tecnicamente viável para evitar eventual desligamento das usinas, caso a execução do cronograma físico-financeiro do RBMN aponte para um início de operação em data posterior àquela estabelecida como limite para armazenamento naquele centro, visando apenas o atendimento ao questionamento sobre ‘plano alternativo’ formulado pela equipe de fiscalização.

8.5. Contudo, a entidade enfatiza que a construção do RBMN está incorporada a seu planejamento, e pretende prosseguir nesse propósito conforme definido em ação do PPA, e, inclusive, visando atender às condicionantes do processo de licenciamento de Angra 3 e os questionamentos do MPF que culminaram com a decisão judicial no âmbito do processo 2007.51.11.000121-0 (peça 21, p. 2).

8.6. Com base em tais informações e tendo em vista que a Eletronuclear apresentou uma nova estimativa de data de esgotamento do CGR, aumentando o horizonte temporal para a entrada em operação do RBMN em aproximadamente cinco anos, bem como o fato de que o cronograma do empreendimento está sendo objeto de reformulação por parte da Cnen, entende-se desnecessário propor, neste momento, quaisquer medidas referentes à necessidade ou não de elaboração ou desenvolvimento de plano alternativo para o caso de insucesso ou atraso no empreendimento RBMN.

9. ESTUDO DA CNEN SOBRE A RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO DO RBMN9.1. Em 6/8/2014, após a conclusão de todas as etapas da fiscalização e após a

necessária apreciação da versão preliminar do relatório por parte do supervisor da fiscalização, a Cnen entregou novo documento em que é desenvolvido um ‘estudo da relação custo/benefício da oportunidade de implantação do projeto RBMN’ (peça 25).

9.2. Preliminarmente, importa observar que a nova informação foi apresentada pela Cnen após já concluída a fiscalização, motivo pelo qual não será analisada no presente trabalho,

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cabendo, tão-somente, ser considerada por ocasião do próximo acompanhamento a ser realizado pelo TCU, nos termos da proposta contida no item 11.5 deste relatório.

9.3. É imperioso também observar que o Relatório DPD/ASRR 05/2014 foi apresentado pelo Presidente da Cnen através do Ofício 376/2014-Cnen-PR (peça 25), de 5/8/2014, e que tal documento foi elaborado pelo Assessor da Diretoria de Planejamento e Pesquisa (DPD). Entretanto, não foi encaminhada nenhuma evidência de que o referido estudo tenha sido formalmente apreciado pela Comissão Deliberativa, pela Presidência, pela Diretoria ou, mesmo, pelo Comitê Executivo do Projeto RBMN, conforme definido nas normas internas da Cnen e na estrutura de gerenciamento do projeto, discutida no item 3.5 deste relatório. Ou seja, não foi encaminhado nenhum documento que demonstre que tal avaliação tenha sido formalmente aprovada e de que representa o posicionamento institucional da Autarquia.

9.4. Dessa forma, entende-se que a nova informação não tem o condão de alterar o conteúdo das análises empreendidas ao longo do presente relatório.

9.5. De todo modo, é conveniente apontar as seguintes observações apostas no referido documento no que se refere à avaliação da relação custo/benefício da oportunidade da implementação do empreendimento (peça 25):

‘(...) A finalidade deste estudo é avaliar a oportunidade temporal da sua construção tendo em vista a compatibilidade do seu investimento com a dinâmica da geração de rejeitos no programa nuclear brasileiro.

(...) O repositório de rejeitos RBMN consiste em uma área de deposição, com diversos módulos de capacidade de 10.000 m3 cada e unidades de apoio.

(...) Assim, existe uma parte do investimento que é custo fixo, que pode ser considerada independente do total de rejeitos a ser armazenado e um investimento variável, que são os módulos e a trincheira de deposição, proporcional ao volume a ser disposto.

Pode-se então dividir os investimentos no repositório RBMN em dois tipos: custos independentes da capacidade, denominados custos fixos, e custos variáveis com a capacidade.’

9.6. Nesse sentido, o estudo apresenta o seguinte gráfico ilustrando o custo total de construção do RBMN (peça 25, p. 10):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]9.7. Ao analisar tal gráfico, consta esclarecimento no documento indicando que ‘esta

figura mostra que o custo do repositório cresce proporcionalmente ao número de módulos, mas apresenta um valor de custo fixo independente dos módulos e da trincheira a serem construídos, que é de 77 milhões de reais’ (peça 25, p. 11).

9.8. Em seguida, é apresentado gráfico que demonstra o custo unitário por metro cúbico (peça 25, p. 11):

[VIDE RELATÓRIO ORIGINAL]9.9. Com base em tal gráfico, sustenta que ‘uma capacidade pequena, por exemplo,

10.000 m3, tem um alto custo unitário em relação ao benefício’ e que ‘o valor do custo versus benefício razoável seria atingido para capacidades de 40.000 m3 em diante’.

9.10. Contudo, ao reavaliar a situação de evolução do inventário de rejeitos em âmbito nacional, informa que (peça 25, p. 12-13):

‘(...) Um cálculo estimativo da geração de rejeitos pelo programa nuclear foi efetuado no Relatório Técnico do Escopo do Projeto RBMN, em 2008.

Contudo, a evolução do programa nuclear e os dados históricos verificados até o presente permitem fazer uma melhor avaliação do inventário de rejeitos existente bem como da sua geração futura.

(...) Verifica-se que o total de rejeitos de média e baixa radiação, destinado aos módulos, até 2080, será de cerca de 22.000 m 3 e o total de rejeitos de muito baixa radiação, destinado à trincheira, será de 30.000m 3 . Assim, o repositório necessitará ter uma capacidade global, incluindo a trincheira, de 50.000 m 3 .

Os rejeitos de muito baixa atividade (RBBNR), destinados à trincheira, só começarão a serem gerados significativamente partir de 2050, quando se espera receber aqueles provenientes do descomissionamento de Angra 1.’

9.11. Com base em tal panorama, afirma, em relação a vantagens da economia de escala na construção, que (peça 25, p. 15):

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‘(...) Pode-se verificar, que no ano de 2020, o valor acumulado de rejeitos de baixa e média radiação será da ordem de 5.000m 3 , o que, de acordo com a Figura 2, resultaria em um custo da ordem de R$ 10.000,00 por m3, a ser cobrado dos depositantes de rejeitos, relativo somente à construção do primeiro módulo do repositório e suas unidades de apoio.

Caso a construção seja adiada até 2040, o depósito poderia ser construído com dois módulos. Naquele ano, haveria mais de 10.000 m 3 de rejeitos a serem depositados e o custo a ser cobrado seria reduzido para cerca de R$ 6.000,00 por m 3 , trazendo uma vantagem da ordem de R$ 4.000,00 por m 3 aos depositantes .

Contudo, a Tabela 2 mostra que até 2080 só será necessário construir praticamente dois módulos para rejeitos de baixa e média, o que limita em muito a vantagem da economia de escala, pois a geração de rejeitos é pequena e o custo fixo das unidades de apoio tem um peso relevante no empreendimento. A vantagem da economia de escala só começa a ser significativa a partir do quarto módulo, 40.000 m3, conforme mostra a Figura 2. Contudo, o terceiro e quarto módulo dificilmente serão construídos ainda neste século.’

9.12. A partir de tais considerações, o estudo apresenta diversos cálculos (peça 25, p. 16) comparando duas opções: (a) construir a infraestrutura e o primeiro módulo para entrar em operação em 2020 para absorver os 5.000 m3 então existentes de rejeitos de baixa e média, construir o segundo módulo para entrar em operação em 2040, quando a capacidade do primeiro módulo se esgota e construir a trincheira em 2050, quando haverá rejeitos de muito baixa radiação provenientes do descomissionamento de Angra 1; e (b) construir a infraestrutura e os dois primeiros módulos de uma vez, mas para entrarem em operação em 2040, quando já se tem mais de 10.000 m3 de rejeitos de baixa e média, e manter a construção da trincheira em 2050, quando haverá rejeitos de muito baixa radiação provenientes do descomissionamento de Angra 1.

9.13. As tabelas de análise financeira apresentadas no documento, que utilizaram o conceito de valor presente líquido (VPL), apontam que a opção mais vantajosa sob o ponto de vista financeiro seria a opção ‘b’ descrita no parágrafo anterior (peça 25, p. 17-20). Ou seja, sob o ponto de vista da economia de escala a melhor opção, segundo a avaliação apresentada, seria construir a infraestrutura e os dois primeiros módulos de uma vez, mas para entrarem em operação em 2040, quando já se tem mais de 10.000 m3 de rejeitos de baixa e média.

9.14. Em que pese esse novo estudo apresentado, é importante mencionar que no âmbito da presente fiscalização não foram feitas quaisquer análises sobre a adequação, legitimidade, coerência, metodologia ou correção dos cálculos apresentados no Relatório DPD/ASRR 05/2014, descrito acima. Isso se deve ao fato de que: (i) os documentos formais apresentados pela Cnen no curso da fiscalização (Projeto Conceitual do RBMN, Termo de Abertura do Projeto, Relatório Técnico Preliminar e demais documentos da Cnen mencionados no presente relatório) não foram alterados, e, portanto, continuam válidos no âmbito da Cnen, devendo ser a base para as análises do presente trabalho; (ii) não foram apresentadas evidências de o novo estudo apresentado em 6/8/2014 ter sido aprovado institucionalmente pela Cnen; e (iii) tal avaliação de custo/benefício foi entregue apenas após a conclusão de todas as fases da fiscalização. Assim, não é possível exarar opinião acerca das conclusões do referido documento da Cnen.

9.15. Todavia, é importante enfatizar que as conclusões da nova avaliação de custo/benefício, formulada após a reunião havida entre a equipe de fiscalização e os gestores da Cnen em 24/6/2014 (peça 22) e apresentada pela Cnen em 6/8/2014, não estão em linha com os documentos que foram aprovados institucionalmente pela instituição e que balizam a execução do projeto no âmbito da Autarquia. Por exemplo, no Projeto Conceitual Preliminar (documento RBMN-200-Cnen-PRC-RE-0002), de 20/2/2014, atualmente está prevista a construção imediata de quatro módulos de deposição de rejeitos. Tal documento define que (peça 11, p. 315):

‘(...) Para a fase inicial de operação do Repositório serão construídos quatro módulos, suficientes para abrigar os rejeitos de baixo e médio níveis atualmente armazenados nas instalações da Eletronuclear, INB e Cnen e aqueles que serão gerados nos próximos 20 anos. Uma vez preenchidos, os dois primeiros módulos serão fechados com laje de concreto, sobre a qual serão assentadas as coberturas naturais e artificias. (...).

(...) Mantidas as quantidades atuais de geração, prevê-se que os dois módulos serão suficientes para o volume a ser gerado até 2020, sendo que os dois outros módulos devem ser construídos para os rejeitos a serem armazenados até 2040. (...)’

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9.16. Ou seja, a conclusão do Relatório DPD/ASRR 05/2014, de agosto de 2014, elaborado pelo Assessor da Diretoria de Planejamento e Pesquisa (DPD), no sentido de que a curto prazo seria necessário apenas um módulo, e de que o segundo módulo seria necessário apenas em 2040 e de que o terceiro e quarto módulos sequer serão necessários neste século, está em desalinho com a decisão institucional constante do Projeto Conceitual de 20/2/2014 propugnando pela construção de quatro módulos. Vale citar que o Projeto Conceitual, documento oficial da autarquia, balizou, até a presente data, toda a execução do empreendimento, inclusive seu cronograma.

9.17. Da leitura preliminar do Relatório DPD/ASRR 05/2014 (enfatize-se que não foi possível avaliá-lo com o nível de detalhamento necessário, face ao fato de ter sido apresentado após o término dos prazos da fiscalização) não resta claro o porquê das diferenças adotadas no cálculo da previsão de geração de rejeitos, não sendo possível, neste momento, concluir sobre quais seriam os motivos de em fevereiro de 2014 ter sido definida a necessidade de construção de quatro módulos (dois até 2020 e dois até 2040) e em agosto de 2014 (apenas seis meses depois), em nova avaliação, ter sido avaliado que até 2020 será necessário apenas um módulo e até 2040 apenas mais um módulo. Ou seja, da análise preliminar do citado Relatório não foi possível identificar as justificativas que demonstrem que o Projeto Conceitual (documento aprovado institucionalmente) está equivocado.

9.18. Tal situação revela, em juízo preliminar (repita-se, antes de um aprofundamento da análise do documento apresentado pela Cnen após o prazo da fiscalização), fragilidade nos procedimentos da entidade referentes à estimativa de geração de rejeitos e de definição dos parâmetros e premissas adotados na elaboração do projeto conceitual. Tais fragilidades podem, inclusive, gerar prejuízos financeiros e atrasos no empreendimento, uma vez que apenas em agosto de 2014 está sendo aventada a necessidade de construção de apenas um ou dois módulos, ao invés da quantidade prevista no projeto conceitual (dez originalmente e quatro atualmente).

9.19. Vale destacar que o empreendimento iniciou-se com o Termo de Abertura do Projeto RBMN-100-CNEN-INI-TE-0001 (peça 11, p. 419-431), de 9/11/2009, sendo pouco razoável que em agosto de 2014, passados quase cinco anos, a Cnen ainda esteja discutindo parâmetros iniciais do projeto. A indecisão sobre quando serão necessários e sobre a quantidade de módulos a ser construídos pode configurar perda da fidedignidade das informações repassadas pela autarquia, que, a cada momento, modifica as condições de projeto.

9.20. Todavia, tendo em vista o término da presente fiscalização, com a consequente impossibilidade de se aprofundar o exame e a inviabilidade de se formular adequado juízo de convicção neste momento, entende-se que a matéria deverá ser objeto do próximo acompanhamento do empreendimento RBMN proposto no item 11.5.

10. CONCLUSÃO E BENEFÍCIOS DA AÇÃO DE CONTROLE10.1. A análise da evolução do empreendimento demonstra que a data de término

(maio/2020) prevista atualmente para o projeto se encontra 3,3 anos atrasada em relação à estimativa constante no cronograma original do projeto (janeiro/2017), e seis meses atrasada em relação à previsão (novembro/2019) que constava no cronograma apresentado ao TCU em novembro de 2013.

10.2. Uma das principais etapas que vem causando as variações da data prevista para o término do projeto refere-se à ‘seleção do local’. Originalmente estimada para ser concluída em 6/2/2012, atualmente sua conclusão está prevista para 18/12/2015. O término de tal etapa é requisito para o início de diversas outras tarefas do projeto (por exemplo, licenciamento ambiental, licenciamento nuclear e projeto básico). Como a decisão definitiva acerca do local é bastante complexa, envolvendo diversos órgãos e entidades, assim como uma sensível fase de aceitação pública, com prazos de difícil previsão, constata-se que a etapa de seleção do local é crítica para o sucesso e tempestividade do projeto, devendo ser objeto de elevada atenção das autoridades e órgãos envolvidos com o projeto.

10.3. Em relação ao cronograma apresentado pela Cnen, foi constatada a alta probabilidade de que ocorram significativos atrasos em diversas etapas: seleção do local; projeto conceitual; licenciamento ambiental e nuclear; projeto de engenharia (básico e detalhado);

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construção, aquisições, montagem, comissionamento e operação. Além disso, concluiu-se que o cronograma apresenta diversas inconsistências e que não tem razoáveis níveis de acurácia e confiabilidade.

10.4. No curso do acompanhamento, foi verificado que a Eletronuclear reviu sua estimativa de prazo para o esgotamento do CGR. Anteriormente, o esgotamento estava previsto para ocorrer em 2020. Atualmente, as novas previsões da estatal apontam que o CGR terá condições de armazenar os RR até 2025. Contudo, mesmo considerando a extensão do prazo em que será necessário, o RBMN, por ser extremamente complexo e crítico para o Programa Nuclear Brasileiro (PNB), deve ser objeto de constante atenção e prioridade no âmbito da Cnen e dos demais órgãos e entidades governamentais envolvidos, que devem sempre buscar o cumprimento das metas e prazos traçados. Acrescente-se que esse novo prazo mencionado pela Eletronuclear não pode ser considerado oficial, uma vez que a alta cúpula da estatal (Conselho de Administração, Diretoria-Executiva e Presidência), assim como a própria Cnen, ainda não o apreciou, nem o aprovou formalmente. Além disso, no último dia 19/8/2014 foi publicada decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, segundo a qual foi mantida sentença de primeira instância no sentido de que a Cnen deverá construir o RBMN até o ano de 2018.

10.5. Foram constatados, também, os seguintes fatos: (i) inexistência no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de rotina e/ou mecanismo específico de acompanhamento da evolução do empreendimento RBMN; (ii) não alocação dos valores previstos para as dotações anuais da ação referente ao empreendimento, o que traz sérios impactos à evolução do projeto; (iii) inexistência de plano alternativo a ser acionado para evitar eventuais prejuízos decorrentes do esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR antes da entrada em operação do RBMN.

10.6. Como benefícios da ação de controle, espera-se que o presente acompanhamento possa, por intermédio das recomendações e determinações formuladas, contribuir com a transparência, a agilidade, a regularidade e a tempestividade do projeto RBMN, que se reveste de importância estratégica para o País, já que seu insucesso poderá causar elevados prejuízos financeiros e significativos impactos para o suprimento de energia elétrica ao SIN.

10.7. É importante destacar que as determinações a serem exaradas não necessitam de monitoramento específico, mas seus cumprimentos deverão ser avaliados no escopo das próximas etapas do acompanhamento determinado pelo item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário.

10.8. Por fim, é importante destacar que o item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário determinou à SecexEstataisRJ que promovesse o acompanhamento dos empreendimentos do RBMN, no âmbito da Cnen, e da Unidade de Armazenamento Complementar de Combustível Nuclear Usado (UFC) e do Prédio de Monitoração do CGR, ambos no âmbito da Eletronuclear.

10.9. Com relação ao acompanhamento do RBMN, encontra-se executado por meio deste relatório.

10.10. Por sua vez, o acompanhamento do UFC foi efetuado no bojo do TC 009.803/2014-9, atualmente aguardando pronunciamento do Gabinete do Ministro-Relator José Jorge. A respeito deste último processo, é importante esclarecer que mesmo antes da prolação do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, dada a importância/urgência de que se reveste o empreendimento UFC, a SecexEstataisRJ, após entrar em contato com os Gabinetes dos Ministros André de Carvalho e José Jorge, autuou proposta específica de acompanhamento do empreendimento UFC (TC 005.517/2014-1), que contou com a aquiescência da Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da Região Sudeste (Coinfra) e que foi autorizada pelo Ministro José Jorge em 8/4/2014. Por esse motivo, a relatoria do processo de acompanhamento do empreendimento UFC ficou com o Ministro José Jorge.

10.11. Quanto ao acompanhamento do empreendimento Prédio de Monitoração do CGR da Eletronuclear, é oportuno observar que, conforme explicitado no relatório de levantamento do TC 024.258/2013-0, que gerou o Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, um dos fatores que determinam a necessidade de acompanhamento do Prédio de Monitoração por parte do TCU é o fato

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de que ele é necessário para a transferência dos rejeitos do CGR para o RBMN. Ou seja, além do RBMN, o Prédio de Monitoração também deverá estar pronto para possibilitar a necessária transferência dos rejeitos radioativos. Assim, considerando que o estágio de evolução do RBMN ainda é incipiente, entende-se possível que o acompanhamento do Prédio de Monitoração seja realizado posteriormente, em conjunto com o próximo acompanhamento da UFC, uma vez que ambos deverão ser realizados na Eletronuclear, de forma a otimizar a atuação do controle externo.

10.12. Portanto, entende-se pertinente propor que seja conferida AUTORIZAÇÃO à SecexEstataisRJ no sentido de que promova o acompanhamento do empreendimento Prédio de Monitoração do CGR da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), determinado no item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em conjunto com o próximo acompanhamento a ser realizado no empreendimento UFC, de forma a otimizar a atuação do controle externo, uma vez que ambos serão efetuados na Eletronuclear.

11. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO11.1. Diante do exposto, submetem-se aos autos à consideração superior propondo a

adoção das seguintes medidas:11.2. determinar à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) que, no prazo de 120

dias, encaminhe ao TCU:11.2.1. o termo de abertura do projeto RBMN, a declaração de escopo e o termo de

designação de pessoal, de acordo com o previsto na matriz de responsabilidades do projeto RBMN (documento RBMN-000-00-DR-12300-IT-001), com a evidência (assinaturas) de cumprimento de todas as etapas (elaboração, análise/verificação, aprovação e liberação/designação) por parte de todos os envolvidos (comitê executivo, Presidente da Cnen, Diretor da DPD etc.), a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário (item 3.5.9);

11.2.2. a nova versão do cronograma geral e atualizado do empreendimento RBMN, que atualmente encontra-se em fase de reformulação, acompanhado da respectiva decisão da alta administração da entidade que o haja apreciado e aprovado, a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário (item 4.13.29);

11.3. recomendar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que, com base nos arts. 1º, inc. VI, 4º, incs. I e VI, 7º, inc. III, do Anexo I do Decreto 5.886/2006, bem como no fato de ser o responsável pelo objetivo 0329 do programa 2059 do PPA 2012-2015, institua rotina e/ou mecanismo específico de acompanhamento/monitoramento da evolução do empreendimento RBMN da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), desde as suas fases iniciais de projeto, de modo que possa ser capaz de detectar, com antecedência, os possíveis desvios de prazos do cronograma do empreendimento RBMN, de forma a adotar tempestivamente as providências que estiverem sob sua alçada e de informar ao Ministério de Minas e Energia (MME) sobre as consequências que poderão advir para a operação das usinas de Angra 1 e Angra 2 (item 5.12);

11.3.1. recomendar à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), e à Casa Civil da Presidência da República, que, com base nos princípios da eficiência e da continuidade do serviço público, adotem, em conjunto, as providências necessárias à disponibilização de dotações em ação orçamentária específica para a consecução da iniciativa 010E – Implantação do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível (RBMN), vinculada ao objetivo 0329 do Plano Plurianual do Governo Federal – PPA 2012-2015, de forma a viabilizar o cumprimento do cronograma físico financeiro do empreendimento RBMN e a evitar a ocorrência dos severos prejuízos financeiros e impactos para o suprimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional que poderão advir de eventual paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2 em face do esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação (item 6.11);

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11.4. encaminhar cópia do presente relatório de acompanhamento, juntamente com o Acórdão que vier a ser proferido, acompanhado de seu Relatório e Voto, ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), à Casa Civil da Presidência da República e à Eletrobras Termonuclear S.A. (Eletronuclear);

11.5. autorizar à SecexEstataisRJ que autue, em momento oportuno, novo processo de acompanhamento para analisar as respostas às determinações que vierem a ser proferidas e para dar continuidade à avaliação do grau de cumprimento do cronograma e dos resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), quanto ao projeto, à construção, ao licenciamento (nuclear e ambiental) e à entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN), nos termos do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário;

11.6. autorizar à SecexEstataisRJ que promova, em momento oportuno, o acompanhamento do empreendimento Prédio de Monitoração do CGR da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), determinado no item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em conjunto com o próximo acompanhamento a ser realizado no empreendimento UFC, de forma a otimizar a atuação do controle externo, uma vez que ambos serão efetuados na Eletronuclear (item 10.12);

11.7. apensar, em definitivo, os presentes autos ao TC 024.258/2013-0, com fundamento nos arts. 36 e 37 da Resolução-TCU 259/2014.

3. Enfim, os dirigentes da SecexEstataisRJ manifestaram concordância com a aludida proposta, conforme os despachos às Peças nos 28 e 29.

É o Relatório.

VOTO

Trata-se de acompanhamento realizado pela SecexEstataisRJ, nos dias 28 e 29/4/2014, com o objetivo de avaliar o grau de cumprimento do cronograma e os resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, quanto ao projeto, construção, licenciamento (nuclear e ambiental) e entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, em face do despacho proferido em 14/4/2014, no âmbito do TC 005.518/2014-8, bem como do item 9.3 do Acórdão 1.108 proferido pelo TCU na Sessão do Plenário do dia 30/4/2014.2. Previamente ao presente acompanhamento, mais precisamente no segundo semestre de 2013, o TCU realizou fiscalização na modalidade de levantamento (TC 024.258/2013-0) na Cnen e na Eletrobras Termonuclear S.A. – Eletronuclear com o objetivo de reunir informações destinadas a identificar possíveis riscos e a subsidiar futuras ações de controle acerca do gerenciamento seguro de rejeitos radioativos (RR) e de combustível nuclear usado (CNU) em âmbito nacional.3. No curso do referido levantamento, foram identificados, mapeados e examinados os seguintes macroprocessos de gerenciamento de RR e CNU (GRCN): i) definição da política nacional de GRCN; ii) planejamento; iii) regulação; iv) gestão de depósitos; e v) expansão da capacidade dos depósitos.

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4. Dentre as diversas fragilidades nos processos examinados, foi dado destaque ao iminente esgotamento da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais de RR da Eletronuclear e ao risco que tal situação representa para o processo de GRCN. 5. A esse respeito, fiz registrar na Proposta de Deliberação que fundamentou o Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário as seguintes ponderações:

“(...) 27. Por fim, no que se refere ao macroprocesso de expansão da capacidade do sistema de GRCN no País, constatou-se que os depósitos iniciais de RR da Eletronuclear terão a sua ocupação esgotada em 2020.

28. De acordo com os elementos contidos nos autos, a solução para a questão passa pela construção, por parte da Cnen, do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, para onde o material atualmente guardado na Eletronuclear deverá ser transferido, liberando espaço de armazenamento nos depósitos iniciais da central nuclear.

29. Vê-se, todavia, que a construção do RBMN ainda não foi iniciada e apresenta diversos fatores críticos, tais como a seleção do local, o processo de licenciamento ambiental e nuclear, a contratação de terceiros e a alocação de orçamento, que denotam a existência de riscos de atraso.”

6. No bojo da referida fiscalização, constatou-se que eventual esgotamento da capacidade de armazenamento dos depósitos iniciais de RR da Eletronuclear antes da entrada em operação do RBMN poderia acarretar a interrupção da operação das usinas Angra 1 e Angra 2, com elevados prejuízos financeiros e significativos impactos para o suprimento de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), o que motivou a prolação da determinação contida no item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, nos seguintes termos:

“9.3. determinar à SecexEstataisRJ que promova o acompanhamento, nos termos do art. 241, inciso II, do RITCU, de todo o empreendimento tratado nestes autos a fim de examinar a execução do cronograma e os resultados alcançados pela Cnen e pela Eletronuclear, quanto ao projeto, construção, licenciamento e entrada em operação dos empreendimentos do RBMN, do UFC e do Prédio de Monitoração do CGR, avaliando, em especial, quanto ao andamento das etapas de seleção do local e licenciamento ambiental e nuclear, assim como os procedimentos de contratação de terceiros nas diversas etapas dos projetos e de alocação orçamentária (...);”

7. Como dito no início, o presente processo também teve origem na autorização consignada mediante o despacho à Peça nº 3 do TC 005.518/2014-8, em resposta à proposta específica formulada pela SecexEstataisRJ no sentido de realização de acompanhamento do RBMN, dada a importância do empreendimento. 8. Quanto ao mérito, considero que o encaminhamento sugerido pela SecexEstataisRJ abarca de forma apropriada as questões trazidas aos autos, haja vista que o exame empreendido pela unidade instrutiva teve por base o uso de metodologia compatível com os aspectos técnicos em exame, a exemplo do tratamento objetivo dado às informações obtidas junto à Cnen, à Eletronuclear, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama.9. Em consequência, adoto, desde já, como razões de decidir, os fundamentos de fato e de direito invocados no parecer produzido pela SecexEstataisRJ, sem prejuízo de tecer as considerações que se seguem.10. Como visto, as duas propostas de determinação apresentadas nesta oportunidade têm por objetivo permitir a obtenção de informações junto à Cnen, informações estas, vale ressaltar, que serão úteis e necessárias para o prosseguimento do acompanhamento determinado pelo item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em função do que se mostram pertinentes.

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11. Do mesmo modo, mostram-se pertinentes as duas propostas de recomendação apresentadas, uma vez que voltadas a ações que, em última análise, visam a resguardar o RBMN de potenciais riscos futuros. 12. Bem se vê que a primeira das recomendações direcionadas ao MCTI tem por objetivo aparelhar o órgão com mecanismos que permitam a detecção, com antecedência, de possíveis desvios de prazos do cronograma do empreendimento RBMN, permitindo-lhe adotar, tempestivamente, as providências que estiverem sob sua alçada, inclusive informando ao Ministério de Minas e Energia (MME) sobre as consequências que poderão advir para a operação das usinas de Angra 1 e Angra 2.13. Por seu turno, a segunda, direcionada à Cnen, ao MCTI, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG e à Casa Civil da Presidência da República, versa sobre a adoção de providências necessárias à disponibilização de dotações em ação orçamentária específica, de forma a viabilizar o cumprimento do cronograma físico-financeiro do empreendimento RBMN e a evitar a ocorrência dos severos prejuízos financeiros e de impactos para o suprimento de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional, que poderão advir de eventual paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2, em face do esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação.14. Por fim, quanto às solicitações para que seja autorizada a autuação de futuros processos de acompanhamento, importa reforçar a observação que a SecexEstataisRJ fez incluir em seu trabalho no sentido de que a situação do cumprimento da sentença judicial envolvendo o RBMN, mencionada no item 7 (do relatório de acompanhamento), bem como a análise do estudo do Cnen sobre a relação custo/benefício do RBMN, referida no item 9, serão objeto de considerações pontuais nos novos processos, uma vez que a manifestação da Justiça Federal (item 7) e os novos documentos (item 9) somente vieram aos autos após a fase de análise do relatório de acompanhamento que compõe o presente processo.15. Por tudo isso, reitero que acompanho na íntegra a proposta de encaminhamento formulada pela SecexEstataisRJ, ao tempo em que, mais uma vez, enalteço o trabalho que vem sendo empreendido pela unidade técnica nessa área, ante a sua inegável relevância estratégica.

Pelo exposto, Voto por que seja acolhido o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 1 de outubro de 2014.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Relator

ACÓRDÃO Nº 2587/2014 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.677/2014-3. 2. Grupo I – Classe V – Assunto: Acompanhamento.

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3. Interessado: Tribunal de Contas da União.4. Entidade: Comissão Nacional de Energia Nuclear - Cnen.5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: SecexEstataisRJ.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de acompanhamento realizado pela

SecexEstataisRJ, nos dias 28 e 29/4/2014, com o objetivo de avaliar o grau de cumprimento do cronograma e os resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, quanto ao projeto, construção, licenciamento (nuclear e ambiental) e entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, em face do despacho proferido em 14/4/2014, no âmbito do TC 005.518/2014-8, bem como do item 9.3 do Acórdão 1.108 proferido pelo TCU na Sessão do Plenário do dia 30/4/2014;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar à Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen que, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, encaminhe ao TCU:

9.1.1 o termo de abertura do projeto RBMN, a declaração de escopo e o termo de designação de pessoal, de acordo com o previsto na matriz de responsabilidades do projeto RBMN (documento RBMN-000-00-DR-12300-IT-001), com a evidência (assinaturas) de cumprimento de todas as etapas (elaboração, análise/verificação, aprovação e liberação/designação) por parte de todos os envolvidos, a exemplo do comitê executivo, Presidente da Cnen, Diretor da DPD, a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário;

9.1.2. a nova versão do cronograma geral atualizado do empreendimento RBMN, que atualmente encontra-se em fase de reformulação, acompanhado da respectiva decisão da alta administração da entidade que o haja apreciado e aprovado, a fim de subsidiar a continuidade do acompanhamento determinado por intermédio do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário;

9.2. recomendar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI que, com base nos arts. 1º, inciso VI, 4º, incisos I e VI, 7º, inciso III, do Anexo I do Decreto nº 5.886, de 6 de setembro de 2006, bem como no fato de ser o responsável pelo Objetivo 0329 do Programa 2059 do PPA 2012-2015, institua rotina e/ou mecanismo específico de acompanhamento e monitoramento da evolução do empreendimento RBMN da Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen, desde as suas fases iniciais de projeto, de modo que se possam detectar, com antecedência, os possíveis desvios de prazos do cronograma do empreendimento RBMN e, assim, adotar tempestivamente as providências que estiverem sob sua alçada, inclusive informando o Ministério de Minas e Energia – MME sobre as consequências que poderão advir para a operação das usinas de Angra 1 e Angra 2;

9.3. recomendar à Comissão Nacional de Energia Nuclear, ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Casa Civil da Presidência da República que, com base nos princípios da eficiência administrativa e da continuidade do serviço público, adotem, em conjunto, as providências necessárias para disponibilização de dotações em ação orçamentária específica para a consecução da Iniciativa 010E – Implantação do Repositório de Rejeitos de Baixo e Médio Nível – RBMN, vinculada ao Objetivo 0329 do Plano Plurianual do Governo Federal – PPA 2012-2015, de forma a viabilizar o cumprimento do cronograma físico-financeiro do empreendimento RBMN e a evitar a ocorrência dos severos prejuízos financeiros e impactos para o suprimento de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional, que poderão advir de eventual paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2, em face do esgotamento da capacidade de armazenamento de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação;

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9.4. autorizar à SecexEstataisRJ que autue, em momento oportuno, novo processo de acompanhamento para analisar as respostas às determinações que vierem a ser proferidas e para dar continuidade à avaliação do grau de cumprimento do cronograma e dos resultados já alcançados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear quanto ao projeto, à construção, ao licenciamento (nuclear e ambiental) e à entrada em operação do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação – RBMN, nos termos do item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, abordando, na ocasião, as questões tratadas nos itens 7 e 9 do relatório de acompanhamento ora apreciado pelo TCU;

9.5. autorizar à SecexEstataisRJ que promova, em momento oportuno, o acompanhamento do empreendimento Prédio de Monitoração do CGR da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA, determinado no item 9.3 do Acórdão 1.108/2014-TCU-Plenário, em conjunto com o próximo acompanhamento a ser realizado no empreendimento UFC (Unidade de Armazenamento Complementar de Combustível Nuclear Usado), de forma a otimizar a atuação do controle externo financeiro, uma vez que ambos serão efetuados na Eletronuclear;

9.6. encaminhar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamenta, além do relatório de acompanhamento elaborado pela SecexEstataisRJ, ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, à Comissão Nacional de Energia Nuclear, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, à Casa Civil da Presidência da República, à Eletrobras Termonuclear S.A. – Eletronuclear, à Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal e à Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, bem como à Procuradoria-Geral da República, como subsídio para a adoção de providências eventualmente cabíveis; e

9.7. apensar, em definitivo, os presentes autos ao TC 024.258/2013-0, com fundamento nos arts. 36 e 37 da Resolução TCU nº 259/2014.

10. Ata n° 38/2014 – Plenário.11. Data da Sessão: 1/10/2014 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2587-38/14-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, José Jorge e Bruno Dantas.13.2. Ministros-Substitutos convocados: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho (Relator) e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

(Assinado Eletronicamente)ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral

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