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COMISSÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SOBRE OS IMPACTOS DO NOVO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL

TEMA 1: GRATUIDADE DE JUSTIÇA

ARTIGO 98 : ENUNCIADO 1 - Constitui atribuição exclusiva do defensor público aferir o direito à assistência jurídica gratuita nos atendimentos prestados pela instituição, independentemente da concessão total ou parcial da gratuidade de justiça.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 1: Como advento do Novo Código de Processo Civil, o legislador deixou clara a separação entre os conceitos de gratuidade de justiça e de assistência jurídica gratuita. Quem afere e reconhece o direito à assistência jurídica estatal gratuita é o Defensor Público com atribuição para realizar o atendimento do assistido. A questão submetida à análise do juiz ou tribunal refere-se unicamente ao reconhecimento do direito à gratuidade de justiça. Mesmo que a gratuidade de justiça seja denegada pelo juiz ou tribunal, não poderá o Defensor Público ser impedido de continuar prestando assistência jurídica gratuita ao indivíduo.

ARTIGO 98, §8º: ENUNCIADO 2 - No caso do art. 98, § 8º, do NCPC, compete ao notário ou registrador o ônus de demonstrar a mudança substancial e efetiva da condição econômica do beneficiário da gratuidade de justiça, ocorrida após a prolação da decisão judicial que determinou a prática do ato notarial ou registral (art. 98, § 1º, IX).JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 2: Caberá ao notário ou registrador o ônus probatório de demonstrar a alteração superveniente da condição econômica da parte beneficiária da gratuidade de justiça, ocorrida após a prolação da decisão judicial referida no art. 98, § 1º, IX do NCPC.

ARTIGO 98, §1º, IX : ENUNCIADO 3 - Quando expedido o mandado judicial determinando a prática gratuita de ato notarial ou registral, não é lícito ao cartório exigir do beneficiário da gratuidade de justiça documentos comprobatórios de hipossuficiência.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 3: Tendo havido o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça pelo juiz ou tribunal, não poderá o cartório exigir do beneficiário a comprovação de sua insuficiência de recursos no momento do cumprimento do mandado judicial que determinou a prática gratuita de ato notarial ou registral.

ARTIGO 98 , §5º: ENUNCIADO 4 - Nos casos de gratuidade de justiça parcial e sucumbência, a sentença deve especificar o percentual incidente e/ou os atos processuais abrangidos pelo benefício, especificando se há extensão aos honorários sucumbenciais.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 4: Na condenação sucumbencial de beneficiário da gratuidade de justiça parcial, o juiz ou tribunal deverá especificar ao final o percentual

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incidente (podendo variar de 1% até 99%) e/ou os atos processuais abrangidos pela dispensa de pagamento, esclarecendo se há extensão aos honorários sucumbenciais.

ARTIGO 100 : ENUNCIADO 5 - A decisão de revogação da gratuidade de justiça prolatada quando houver melhora superveniente da condição econômica da parte produz somente efeitos ex nunc. Por outro lado, a decisão de revogação proferida quando se verificar que jamais existiram os requisitos necessários ao reconhecimento do benefício gera efeitos ex tunc. Ressalva-se, neste último caso, a hipótese em que a aplicação do par. único do art. 100 do NCPC – revogação da gratuidade com eficácia ex tunc – revelar-se excessivamente gravosa para a parte e contrária ao princípio da confiança legítima, não havendo ademais má-fé da parte, hipótese em que a revogação da gratuidade deve revestir-se de eficácia ex nunc.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 5: Na tradição do direito brasileiro, exposta no Enunciado n. 473 da súmula do Supremo Tribunal Federal, a revogação é modalidade extintiva que ocorre por motivo de conveniência ou oportunidade, não apresentando efeitos retroativos. Essa tradição não foi observada pelo par. único do art. 100 do CPC-2015, que prevê a revogação da gratuidade com eficácia ex tunc, sendo a disposição repetida pelo art. 102 do mesmo estatuto. Naturalmente, o direito processual pode a qualquer momento repensar conceitos e terminologias estabelecidos em outros campos do direito. O problema, porém, é que a norma afigura-se excessivamente rigorosa, ainda mais porque se entende de forma majoritária que a concessão da gratuidade opera efeitos ex nunc; além do mais, “insuficiência de recursos” (art. 98, caput) é expressão vaga, capaz de gerar grande controvérsia. Reforçando as críticas ao par. único do art. 100, lembre-se que o CPC-2015 patrocina um novo tipo de processo, baseado na cooperação. Em um sistema assim, o princípio da confiança legítima tem peso ainda maior, cumprindo evitar ao máximo as situações processuais que possam surpreender negativamente as partes. Por tais motivos, devemos sustentar a possibilidade de o juiz deferir a eficácia ex nunc — como ocorre em qualquer revogação — sempre que a aplicação da norma em tela se revelar por demais gravosa para a parte. Impõe-se a ressalva de que, em caso de má-fé, tudo muda de figura. Nesta situação, cabe realmente a eficácia ex tunc da decisão revogadora da gratuidade, além de multa. Por último, saliente-se que, se a revogação acontecer por motivo superveniente — mudança de fortuna da parte até então necessitada —, não terá aplicação, por óbvio, a parte inicial do par. único do art. 100. Pelo menos em tal hipótese, a revogação produzirá efeitos, fora de qualquer dúvida, ex nunc.

ARTIGO 98, §1º : ENUNCIADO 6 - O rol do § 1º do art. 98 do NCPC não é exaustivo, comportando outras isenções a bem do acesso substancial à justiça, como por exemplo a elaboração de planta de imóvel usucapiendo e a elaboração de memória de cálculo para o cumprimento de sentença (e não apenas para a instauração de execução).JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 6: O direito à gratuidade de justiça tem base constitucional, derivando do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição, que garante a assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados e abarca a assistência em senso estrito

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(prestação de uma atividade, um serviço) e a gratuidade de justiça. Tratando-se assim de direito fundamental, deve merecer, sempre que possível, interpretação expansiva.

ARTIGO 99, §7º : ENUNCIADO 7 – Na hipótese do § 7º do art. 99 do NCPC, caberá agravo interno da decisão do relator indeferindo o requerimento de gratuidade, só se fazendo exigível o recolhimento do preparo após eventual confirmação pelo colegiado (em inevitável exceção à regra do art. 995, caput, do NCPC), sob pena de o requerente ser forçado, para evitar a deserção, a adotar comportamento contraditório – venire contra factum proprium –, situação francamente contrária ao devido processo legal.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 7: De acordo com o § 7º do art. 99, se a gratuidade for requerida em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento. É positivo que seja o recorrente dispensado de recolher o preparo. Mas o que acontecerá se o relator, tal como previsto no § 7º, indeferir o requerimento de gratuidade e fixar prazo para o recolhimento do preparo? Neste caso, o recorrente será exposto a dilema insuperável: se não proceder ao preparo, terá como consequência a deserção; se proceder, isso poderá ser visto como admissão de que não merece a gratuidade, tanto assim que o recolhimento foi feito. Ou seja, obriga-se o recorrente, como única forma de evitar a deserção, a adotar comportamento contraditório (venire contra factum proprium), o que é francamente contrário ao devido processo legal. Para evitar tal distorção, só há um remédio: prestigiar-se o princípio da colegialidade, com a admissão de agravo interno, dotado logicamente de efeito suspensivo (em inevitável exceção à regra do art. 995, caput, do CPC-2015), contra a decisão do relator determinando o recolhimento do preparo.

ARTIGO 101 : ENUNCIADO 8 – Na hipótese de recurso versando especificamente sobre a questão da gratuidade (art. 101 e §§ do NCPC), caberá agravo interno da decisão do relator contrária à gratuidade, só se fazendo exigível o recolhimento das custas processuais após eventual confirmação pelo colegiado (em inevitável exceção à regra do art. 995, caput, do NCPC), sob pena de o requerente ser forçado, para evitar a deserção, a adotar comportamento contraditório – venire contra factum proprium –, situação francamente contrária ao devido processo legal.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 8: Os §§ 1º e 2º do art. 101 do CPC-2015 repetem a sistemática já vista quando foi examinado o § 7º do art. 99. As mesmas preocupações sucedem. Aqui, o receio é até maior, porque o objeto do recurso é a própria questão da gratuidade. Neste caso, o pronunciamento do relator sobre a questão do recolhimento de custas, “preliminarmente ao julgamento do recurso”, significará indisfarçavelmente uma antecipação do julgamento, fragilizando ainda mais a posição do recorrente. Também aqui, portanto, é de se sustentar a solução dada em relação à hipótese do § 7º do art. 99, qual seja: cabimento de agravo interno — dotado necessariamente de efeito suspensivo — em face da decisão do relator. Por sinal, a letra do § 2º do art. 101 favorece tal interpretação, ao aludir a “órgão colegiado”. A propósito, o Superior Tribunal de Justiça já acolheu várias reclamações contra decisões de tribunais locais que, alegando deserção, impediram o acesso de agravos ao

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STJ nos quais se discutia justamente a questão da gratuidade (exemplificativamente, consulte-se a Rcl 1.036, rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Seção, julgamento unânime em 24/09/03).

ARTIGO 99 : ENUNCIADO 9 - Havendo risco de perecimento do direito, o poder do juiz de exigir do autor a comprovação dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade não o desincumbe do dever de apreciar, desde logo, o pedido liminar de tutela de urgência.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 9: O presente Enunciado corresponde ao Enunciado 385 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), atualmente o mais respeitado fórum de discussões sobre o NCPC. Não pode haver qualquer dúvida em relação ao acerto do entendimento. Sopesando-se os interesses em jogo, deve prevalecer o princípio da efetividade da tutela jurisdicional, não podendo a questão da gratuidade sobressair quando há risco de perecimento do direito material pleiteado pelo autor.

TEMA 2: CUSTAS

ARTIGO 98 , §5º: ENUNCIADO 10 - Nas hipóteses em que haja deferimento apenas parcial da gratuidade de justiça, e o defensor público decida continuar patrocinando a parte, recomenda-se ao defensor entregar ao assistido um texto contendo uma explicação sobre a razão dos pagamentos a serem realizados por ele, mantendo consigo uma via deste documento, assinado pelo assistido. (MODELO EM ANEXO)JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 10: Nas hipóteses de indeferimento da gratuidade de justiça, ou, o que pode vir a ser mais frequente, de deferimento de gratuidade parcial, em que o defensor decida continuar patrocinando o assistido, é possível que este não compreenda porque está efetuando os pagamentos, ante a falta de compreensão da diferença entre a gratuidade e a assistência jurídica. Destarte, a fim de evitar a disseminação da ideia de que o assistido está sendo “cobrado pela defensoria”, sugere-se que se faça uma explicação sobre a razão dos pagamentos, com a entrega do formulário para consulta posterior.

ARTIGO 98 , §5º E 186, § 2º: ENUNCIADO 11 – Com exceção das hipóteses em que haja prazo peremptório para a prática do ato, quando houver necessidade de recolhimento de custas, recomenda-se ao defensor público que requeira sempre ao juízo a intimação pessoal da parte para realizar o recolhimento, com fundamento no disposto no art. 186, § 2º do NCPC, requerendo, ainda, que conste do mandado de intimação do assistido o prazo e as consequências do não recolhimento. Sugere-se, ainda, que seja sustentada a dispensa de recolhimento de custas para a intimação do assistido, por ser feita a pedido da Defensoria Pública. (MODELO EM ANEXO)JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 11: Com a possibilidade de deferimento de gratuidade parcial, será necessário o recolhimento de custas para a prática de diversos atos processuais. Como o pagamento das custas é ato exclusivo da parte, e não do defensor, sugere-se ao

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defensor que requeira sempre a intimação pessoal do assistido, como permite a norma do art. 186, § 2º do NCPC, para que ele realize o recolhimento.

ARTIGO 98 , §5º : ENUNCIADO 12 - Quando houver necessidade de recolhimento de custas, recomenda-se ao defensor público que, ao entregar a guia de recolhimento ao assistido, guarde consigo um recibo de entrega, com menção expressa ao prazo tanto para pagamento quanto para restituição dela ao defensor. (MODELO EM ANEXO) JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 12: Trata-se de providência que visa resguardar o defensor, em seu mister diário, sempre que este patrocinar parte com gratuidade parcial, gratuidade somente para alguns atos processuais, ou sem gratuidade. Nestas situações, sugere-se que a guia de recolhimento seja entregue ao assistido mediante recibo, e que conste deste recibo tanto o prazo para pagamento e restituição da guia ao defensor, quanto as consequências do não pagamento do prazo, evitando-se, com isso, que a responsabilidade pela ausência do ato processual possa ser imputada ao defensor.

ARTIGO 98 , §5º : ENUNCIADO 13 - Quando houver necessidade de recolhimento de custas, recomenda-se ao defensor público que exija da serventia que certifique os valores a serem recolhidos, assim como os códigos de cada um, antes da intimação do Defensor, consoante determina o disposto no AVISO CGJ 763/06.

TEMA 3: HONORÁRIOS

ARTIGO 85 , §3º : ENUNCIADO 14 - O art. 85, § 3º, do NCPC superou a súmula nº 182 do TJ/RJ, devendo a condenação sucumbencial ser estipulada com base no proveito econômico da demanda.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 14: De acordo com a súmula nº 182 do TJ/RJ, “nas ações que versam sobre a prestação unificada de saúde, a verba honorária arbitrada em favor do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública não deve exceder ao valor correspondente a meio salário mínimo nacional”. Com o advento do Novo Código de Processo Civil, a condenação sucumbencial deve obedecer aos parâmetros traçados no art. 85, § 3º.

TEMA 4: PROCEDIMENTO COMUM

ARTIGO 334, §8º : ENUNCIADO 15 - Por se tratar de norma restritiva, a sanção prevista no § 8° do artigo 334 do NCPC não se aplica à sessão de mediação, por falta de previsão expressa, seja no novo NCPC, seja na Lei de Mediação.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 15: Representa postulado básico de hermenêutica que não é dado ao intérprete distinguir onde a lei não distingue, principalmente em se tratando de norma sancionatória expressa, que impõe às partes uma penalidade pela sua inobservância.

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Todas as vezes em que o legislador quis se referir à mediação e à conciliação, tratou expressamente desses institutos nas diversas passagens do Código, justamente porque são institutos distintos, merecendo tratamento diferenciado naquilo que se distanciam. Portanto, se o parágrafo 8° tratou unicamente da conciliação, não se admite interpretação extensiva para impor multa à parte que se ausenta à sessão de mediação. A norma sancionatória admite interpretação restritiva apenas

ARTIGO 334, E 186, §2º : ENUNCIADO 16 - Para a audiência do artigo 334 do NCPC, é necessária a intimação pessoal da parte, com base no artigo 186, § 2°, não sendo suficiente a intimação do defensor público, devendo constar do mandado qual a natureza da audiência (se de mediação ou conciliação), bem como a advertência de que o não comparecimento injustificado à audiência de conciliação configura ato atentatório à dignidade da justiça e sujeita a parte ao pagamento de multa e também das despesas decorrentes do adiamento do ato.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 16: O parágrafo 3° do artigo 334 do NCPC aduz que “a intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado”. O Código tratou expressamente da Defensoria Pública em título específico, mas também em diversas outras normas, justamente para aludir à instituição de forma diversa e distinta da advocacia, do Ministério Público ou Procuradorias. Desta forma, a omissão do legislador no parágrafo 3°, aliada à norma do artigo 186, parágrafo 2°, leva à conclusão de que a parte assistida pela Defensoria Pública deverá ser intimada pessoalmente para a sessão ou audiência de que trata o artigo 334, com a advertência expressa de que a sua ausência ao ato implicará em multa, em se tratando de conciliação.

ARTIGO 334, E 186, §2º : ENUNCIADO 17 - Na hipótese do enunciado anterior, o mandado de intimação do autor para a audiência deve conter o esclarecimento do tipo de audiência a ser realizada (conciliação ou mediação), bem como a advertência acerca da possibilidade de ser imposta multa por ausência injustificada ao ato (se conciliação), assim como a imposição ao pagamento das despesas do processo.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 17: Quando o autor for patrocinado pela Defensoria Pública, se faz necessária sua intimação pessoal para comparecer à audiência de autocomposição, sendo certo que o mandado de intimação deve conter as advertências sobre as consequências de seu não comparecimento, sob pena de impossibilidade de aplicação de qualquer sanção processual ao mesmo.

ARTIGO 250 : ENUNCIADO 18 - O mandado de citação e intimação deverá conter, além dos requisitos previstos no artigo 250 do NCPC, as seguintes advertências, sob pena de inaplicabilidade de consequências processuais negativas: a) a necessidade de procurar o advogado ou o defensor público com pelo menos 10 dias de antecedência em relação à data da audiência (prazo para o réu manifestar expressamente desinteresse na composição amigável – art. 334, § 5º, do NCPC); b) a ausência injustificada à audiência de conciliação configura ato atentatório à dignidade da justiça e sujeita o réu a multa, bem como às despesas decorrentes do adiamento do ato; c) a partir da data da audiência, ainda

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que não realizada em virtude da ausência de qualquer das partes, flui o prazo da contestação (15 dias); d) se não houver contestação, o réu será considerado revel, presumindo-se verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 18: Para que o réu esteja sujeito à multa ou seja considerado revel, é imprescindível que tenha conhecimento prévio, expresso e inequívoco de seus ônus e dos prazos processuais, sem o que as sanções previstas nas normas jurídicas não poderão ser aplicadas. Como o artigo 250, NCPC, omitiu outros requisitos essenciais do mandado de citação e intimação, que se extraem das demais normas inseridas no bojo do Código, é imperioso que se observe se o réu foi devidamente advertido das consequências de sua inércia ou retardo.

ARTIGO 319, VII e 334 : ENUNCIADO 19 - Recomenda-se aos defensores públicos, ao elaborarem a petição inicial, que, sempre que o assistido não deseje a realização da audiência de conciliação ou mediação prevista no art. 334 do NCPC, tal fato seja indicado na petição inicial, com assinatura da parte, evitando, com isso, a realização de ato processual desnecessário e a eventual cominação de multa ao assistido que faltar à audiência (art. 334, § 8º, do NCPC). JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 19: Com a sistemática do NCPC, a audiência de conciliação ou mediação torna-se obrigatória no procedimento comum, devendo ser realizada antes da apresentação da defesa do réu, havendo cominação de multa à parte que falta injustificadamente à audiência. A nova legislação somente dispensa a realização da audiência, em causas em que se admita a autocomposição, se ambas as partes manifestarem seu desinteresse na composição. Por tal motivo, sugere-se que, sempre que o autor informar que não tem interesse na conciliação, tal informação seja inserida na petição inicial.

ARTIGO 319, VII e 334 : ENUNCIADO 20 - Recomenda-se aos defensores públicos em atuação perante os núcleos de primeiro atendimento que, sempre que tenha havido tentativa extrajudicial prévia de composição amigável das partes, seja por conciliação ou por mediação no núcleo da Defensoria Pública, indiquem nas suas petições iniciais tal fato, juntando cópia do termo, a fim de que possa ser dispensada a audiência obrigatória prevista no art. 334 do NCPC.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 20: Embora obrigatória a realização da audiência de conciliação/mediação, já há entendimento na doutrina e no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no sentido de que se for comprovada a realização de uma tentativa de mediação ou conciliação pré-processual pela Defensoria Pública, pode ser dispensada a audiência inicial de conciliação ou mediação, a fim de se evitar a repetição da experiência infrutífera e a perda de tempo para o autor da demanda. Neste sentido é o primeiro enunciado aprovado pelo grupo de trabalho organizado pelo TJ/RJ em mediação: “Se qualquer das partes comprovar a realização de mediação ou conciliação pré-processual nos seis meses antecedentes à propositura da demanda, o magistrado poderá dispensar a audiência inicial de mediação ou conciliação desde que tenha tratado da questão objeto da ação e sido conduzida por mediador ou conciliador com formações teórica e prática em instituições credenciadas no NUPEMEC ou no CNJ, ou promovida pela Defensoria Pública, Ministério Público ou Ordem dos Advogados do Brasil.” Por tal motivo, recomenda-se que seja juntada com a inicial cópia do termo de conciliação ou mediação, visando a dispensa da audiência e o ganho de tempo da parte autora.

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TEMA 5: TUTELA PROVISÓRIA

ARTIGO 303: ENUNCIADO 21 - Recomenda-se aos defensores públicos que, ao elaborarem a petição inicial, somente seja utilizada a faculdade prevista no caput do art. 303 do NCPC (petição inicial limitada ao requerimento de tutela antecipada) nos casos em que a urgência realmente não permita a elaboração da petição inicial completa, ou a juntada dos documentos necessários. Nestes casos, deve constar da petição inicial, expressamente, que está sendo distribuída incompleta, na forma permitida pelo art. 303 do NCPC.

ARTIGO 303: ENUNCIADO 22 - Recomenda-se aos defensores públicos em atuação perante os núcleos de primeiro atendimento que, nos casos em que seja necessária a elaboração de petição inicial limitada (art. 303 do NCPC), seja juntado aos autos um termo de responsabilidade (MODELO EM ANEXO) assinado pelo assistido declarando estar ciente de que deve procurar o defensor público em atuação perante o juízo no qual tramitar o seu processo, no prazo de cinco dias após a distribuição, para complementar a narrativa dos fatos e juntar os documentos necessários à propositura da ação.JUSTIFICATIVA DOS ENUNCIADOS 21 E 22: O art. 303 do NCPC prevê hipótese em que, em razão da urgência, pode ser elaborada uma petição inicial que se limite ao requerimento de tutela antecipada e breve narrativa dos fatos, sendo complementada após a análise judicial do pedido de tutela antecipatória. Nestes casos, se o assistido não atende ao chamado do defensor que atua junto à vara para o aditamento da inicial e juntada dos documentos necessários, o processo será extinto, sendo o prazo para aditamento de quinze dias (se houver deferimento da liminar) ou de cinco dias (se não for deferida a liminar). Devem ser levadas em conta, portanto, a conhecida dificuldade de contato do defensor que acompanha o processo com os assistidos, a existência de prazo peremptório para a emenda, e a grave consequência da não complementação da petição inicial no prazo legal. Por tais motivos, faz-se necessário que os defensores evitem a distribuição de petições iniciais incompletas, e, quando o fizerem, em casos estritamente necessários, advirtam os assistidos da necessidade de complementação e das consequências de seu não comparecimento ao órgão da DP após a distribuição.

ARTIGOS 85 e 304, §1º: ENUNCIADO 23 - Nas hipóteses de patrocínio de autor que tenha proposto ação na forma prevista no art. 303 do NCPC, havendo inércia do réu e estabilização da tutela, com decisão final, recomenda-se ao defensor que, caso seja proferida sentença confirmando a decisão liminar, requeira, até mesmo pela via recursal, a condenação do réu ao pagamento de honorários de sucumbência devidos ao CEJUR. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 23:O NCPC não prevê se, para a estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, será necessária a prolação de sentença de extinção, ou se sua estabilização ocorre automaticamente. No caso de ser proferida sentença, recomenda-se seja pleiteada a condenação do réu ao pagamento de honorários ao CEJUR, consoante art. 85 do CPC.

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ARTIGO 304, §2º: ENUNCIADO 24 - A atribuição para a propositura da ação prevista no § 2º do art. 304 do NCPC (ou seja, aquela destinada a “rever, reformar ou invalidar” a tutela antecipada que se estabilizou em razão da falta de recurso contra a decisão liminar) é do defensor público em exercício perante o juízo na qual tramitou a ação em que foi concedida a tutela antecipada que se pretende rever. Caso o defensor em exercício na DP junto ao mencionado juízo tenha atuado pela parte contrária, a atribuição é de seu tabelar. Incide ao caso, também, a ressalva contida no parágrafo único do art. 31 da Resolução CS n.º 88/2012.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 24: A ação em questão se enquadra no rol daquelas previstas no 31 da Resolução CS nº 88, de 05/10/2012, que dispõe, entre outros, das atribuições dos núcleos da defensoria pública e demais órgãos de atuação no que se refere ao primeiro atendimento, ajuizamento de ações e outras medidas.

ARTIGO 304 E §1º: ENUNCIADO 25 - Até que a doutrina e jurisprudência consolidem o entendimento sobre a estabilização da decisão liminar prevista no § 1º do art. 303 do NCPC, recomenda-se aos defensores públicos, a fim de evitar tal estabilização, não somente a apresentação de contestação à demanda, mas também a interposição de agravo de instrumento contra a decisão liminar. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 25: O art. 304 do NCPC determina que, após deferida a liminar prevista no art. 303, §1º do CPC, se não for interposto recurso, ela torna-se estável, e o processo será extinto. Existe divergência na doutrina ao interpretar o termo “recurso” previsto no caput do art. 304, havendo quem sustente que a estabilização somente seria evitada com a interposição do recurso de agravo de instrumento (art. 1050, inciso I, NCPC) e outros que defendem que a apresentação de contestação ao pedido já seria suficiente para impedir a estabilização da decisão que antecipou a tutela. Destarte, a fim de evitar prejuízo ao assistido que não deseja a estabilização da decisão liminar, e até que a jurisprudência forme entendimento sobre o assunto, é recomendável a utilização das duas vias impugnativas (contestação e agravo de instrumento).

ARTIGO 304, §1º: ENUNCIADO 26 - Na hipótese prevista no enunciado anterior, caso a defesa do réu venha a ser feita pela curadoria especial, recomenda-se ao defensor público que sustente, na contestação, a impossibilidade de estabilização da decisão antecipatória, não sendo necessária a interposição de recurso de agravo.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 26: Nas hipóteses de intervenção da curadoria especial, não é possível o consentimento do réu com a estabilização da decisão antecipatória, em razão de sua incapacidade e/ou da falta de ciência real da demanda e de contato com o defensor, o que impede a ocorrência da estabilização, não sendo necessária a interposição de agravo por parte do curador especial.

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ARTIGO 304, §1º: ENUNCIADO 27 - Nos casos em que o defensor público patrocinar réu que manifeste interesse em não recorrer da decisão liminar prevista no art. 304 do NCPC, ou em não apresentar contestação ao pedido, devem ser informadas ao réu as consequências de sua decisão, sendo recomendável que o defensor público peticione nos autos comunicando o patrocínio do réu pela DP, requerendo a gratuidade de justiça, e informando o desejo de não recorrer, além de guardar consigo um termo de ciência e responsabilidade assinado pelo assistido. (MODELO EM ANEXO) JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 27: É possível que, nas ações distribuídas na forma prevista no art. 303 do NCPC, o réu não tenha interesse em impugnar a decisão antecipatória, preferindo a sua estabilização à discussão do mérito da demanda com formação da coisa julgada. Contudo, em razão das graves consequências decorrentes da não apresentação de contestação e/ou recurso contra a decisão que defere antecipação de tutela, na forma antes mencionada, é recomendável que o assistido seja minuciosamente informado das consequências de sua inação, e que o defensor guarde consigo o termo de ciência do mesmo, de molde a comprovar o consentimento informado do assistido.

ARTIGO 303, §1º, I e III: ENUNCIADO 28 - Sem prejuízo da possibilidade de manifestar-se por petição acerca de eventual pedido de tutela provisória e da interposição de agravo de instrumento, nas hipóteses em que a ação for proposta ou a petição inicial for distribuída na forma prevista no art. 303 do NCPC, e o réu for citado antes do aditamento da petição inicial, recomenda-se ao defensor público que patrocina os interesses do réu peticionar informando que somente fará a contestação após ambos (defensor e réu) serem intimados dos termos do aditamento da petição inicial. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 28: Na hipótese prevista no art. 303 do NCPC, a contestação somente poderá ser elaborada após a apresentação do aditamento à petição inicial por parte do autor. É possível, contudo, que, não havendo audiência, a citação do réu se dê junto com a intimação para cumprimento da decisão antecipatória de urgência, antes, portanto, do decurso do prazo para aditamento da petição inicial pela parte autora. Nestes casos, até que doutrina e jurisprudência uniformizem o entendimento sobre o procedimento a ser estabelecido, recomenda-se, a fim de evitar discussão sobre o início do prazo para apresentação da contestação, que, sem prejuízo da interposição do agravo, o defensor informe ao juízo que irá patrocinar a parte ré, requerendo sua intimação após o aditamento da petição inicial, quando, então, terá início o prazo de defesa.

ARTIGO 381, §4º: ENUNCIADO 29 - Os defensores do núcleo de primeiro atendimento têm atribuição para a propositura de ação de produção antecipada de provas em face da União, entidade autárquica ou empresa pública federal, a ser distribuída na justiça estadual, sempre que na localidade em que tenha de ser distribuída a ação não houver vara federal (art. 381, § 4º, do NCPC).JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 29: A norma contida no §4º do art. 381 do NCPC estabelece uma regra de competência de justiça estadual, determinando que “o juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade

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autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal.” Diante de tal norma, faz-se necessário apenas explicitar a atribuição do defensor público para a propositura destas demandas, que tramitarão na justiça estadual, e não na federal.

TEMA 6: CONTESTAÇÃO POR NEGATIVA GERAL

ARTIGO 341 E PARAGRAFO ÚNICO: ENUNCIADO 30 - A contestação por negativa geral prevista no art. 341, parágrafo único, do NCPC só poderá ser utilizada em caráter subsidiário e legitimamente fundamentado pelo defensor público, quando não se tratar de hipótese de atuação da curadoria especial. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 30: A utilização indiscriminada da prerrogativa de contestação por negativa geral, fora das hipóteses de atuação da curadoria especial, obstaculiza o direito ao contraditório dos assistidos, estabelecido como função institucional prevista no art. 4º, V da LC n. 80/94. A proposta de enunciado estabelece transparência na atuação do Defensor Público, que terá de demonstrar a razão pela qual se utilizou da prerrogativa.

TEMA 7: AÇÃO POSSESSÓRIA MULTITUDINÁRIA

ARTIGO 554: ENUNCIADO 31 – Na ação possessória multitudinária prevista no art. 554 do NCPC, a Defensoria Pública não é substituta processual das partes citadas por edital, devendo haver a identificação dos ocupantes citados fictamente para fins de atuação da curadoria especial.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 31: A redação do novo CPC pode permitir a construção de entendimento no sentido de que a ação possessória do art. 554 é modalidade de ação coletiva passiva, o que significaria a atuação da Defensoria Pública na condição de substituta processual dos ocupantes, facilitando o prosseguimento do feito em detrimento da formação adequada da relação processual. Assim, torna-se importante firmar entendimento institucional de que a Defensoria Pública não é representante adequada na demanda. Ademais, a atuação da Defensoria Pública, indicada no dispositivo, não se confunde com a atuação da curadoria especial, que exige a identificação e qualificação das partes citadas por edital, sendo inviável a representação da instituição em favor de “eventuais ocupantes”.

TEMA 8: PRECEDENTES E INCIDENTES UNIFORMIZADORES

ARTIGO 319 e 332: ENUNCIADO 32 - Recomenda-se aos defensores públicos em atuação perante os núcleos de primeiro atendimento que, sempre que for proposta ação versando sobre tese jurídica que tenha precedente em sentido contrário, a fim de evitar julgamento de improcedência liminar do pedido (art. 332 do NCPC), justifiquem na exposição fática da petição inicial a diferença entre a hipótese fática da petição e aquela contida no precedente, realizando o distinguishing.

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JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 32: O NCPC confere muita força aos precedentes, determinando o julgamento imediato de improcedência do pedido sempre que este contrariar súmula dos tribunais superiores, acórdão proveniente de julgamento de recursos repetitivos, entendimento firmado em IRDR e incidente de assunção de competência e súmula do tribunal de justiça sobre direito local. Desta forma, a fim de evitar a sentença de improcedência liminar, de difícil reforma, recomenda-se aos defensores que já enfrentem a questão do precedente na petição inicial, demonstrando que a situação fática da ação proposta é diversa, não se subsumindo à aplicação do precedente.

ARTIGOS 976 e 947: ENUNCIADO 33 – A defesa de teses colidentes quando a Defensoria Pública atuar em favor de partes contrárias não impede que a própria instituição utilize os incidentes de resolução de demandas repetitivas e de assunção de competência previstos, respectivamente, nos arts. 976 e 947 do CPC. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 33: O propósito do enunciado e deixar claro que as funções institucionais da Defensoria Pública podem colidir entre si. Isto não é fato impeditivo da atuação da instituição, especialmente diante dos novos instrumentos disponibilizados pelo CPC/2015 para a uniformização da jurisprudência, a exemplo do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e do Incidente de Assunção de Competência.

ARTIGOS 976 e 947: ENUNCIADO 34 – Quando num mesmo órgão de atuação o defensor público sustentar teses antagônicas, será possível ao mesmo encaminhar a outro órgão de atuação eventual pretensão dirigida à deflagração dos incidentes uniformizadores. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 34: O propósito do enunciado é o de evitar que um órgão de atuação crie um antagonismo de sua atuação individual em favor de assistidos que pretendam defender tese jurídica contrária àquela veiculada no incidente. Visando evitar esse confronto de teses, o órgão de atuação, antevendo a possibilidade de instauração de qualquer dos incidentes poderá encaminhar a outro órgão com atribuição.

ARTIGO 138: ENUNCIADO 35 – A seleção de temas para habilitação como amicus curiae deve guardar pertinência imediata com as funções institucionais da Defensoria Pública. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 35: A proposta visa evitar a utilização política do instituto, veiculando temas sem pertinência direta com a atuação institucional, prejudicando a legitimação da Defensoria Pública.

ARTIGO 976: ENUNCIADO 36 - Recomenda-se aos defensores públicos que, sempre que perceberem a repetição de processos que tenham controvérsia sobre a mesma questão de direito, com decisões real ou potencialmente conflitantes, que possam pôr em risco a isonomia e a segurança jurídica, comuniquem tal fato à Coordenadoria Cível ou diretamente ao 2º Subdefensor

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Público-Geral do Estado, a fim de que seja analisada a instauração de incidente de demandas repetitivas pela Defensoria Pública.

ARTIGO 947: ENUNCIADO 37 - Recomenda-se aos defensores públicos que, sempre que perceberem que o julgamento de um recurso, remessa necessária ou processo de competência originária envolve relevante questão de direito, com grande repercussão social, mas sem repetição em múltiplos processos, comuniquem tal fato à Coordenadoria Cível ou diretamente ao 2º Subdefensor Público-Geral do Estado, a fim de que seja analisada a instauração de incidente de assunção de competência pela Defensoria Pública.

ARTIGO 138: ENUNCIADO 38 - Recomenda-se aos defensores públicos que, sempre que perceberem a existência de matéria relevante e pertinente às funções institucionais da Defensora Pública, em qualquer processo e instância, comuniquem tal fato à Coordenadoria Cível ou diretamente ao 2º Subdefensor Público-Geral do Estado, a fim de que seja analisada a possibilidade de ingresso da instituição como amicus curiae.JUSTIFICATIVA DOS ENUNCIADOS 36, 37 E 38: O NCPC criou dois novos meios de julgamento coletivo de demandas individuais, e o legislador atribuiu à Defensoria Pública legitimidade para a instauração de ambos os incidentes. Trata-se de uma nova forma de atuação da defensoria, apta à formação de precedentes obrigatórios (art. 927 NCPC) que, se corretamente exercida, contribuirá muito para a diminuição do número de processos e recursos, bem como para a efetividade do trabalho dos defensores públicos, em razão da criação de precedentes favoráveis às teses defendidas pela Defensoria Pública. Para tanto, faz-se necessário que todos os defensores forneçam à coordenadoria cível ou ao 2º subdefensor público geral os casos em que vislumbrem a possibilidade de instauração dos referidos incidentes, em atuação verdadeiramente estratégica da instituição, o mesmo ocorrendo com a possibilidade de ingresso como amicus curiae, em qualquer processo.

TEMA 9: RECURSOS

ARTIGOS 219, 932, 1003 e §5º: ENUNCIADO 39 - JUÍZO DE ADMISIBILIDADE E PROVA DA TEMPESTIVIDADE. Considerando que o juízo de admissibilidade recursal será exercido pela instância superior, cabe ao defensor, quando da interposição do recurso, fazer prova da existência de qualquer feriado local ou ato de suspensão de prazo, em que pese o disposto no parágrafo único do art. 932 do NCPC.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 39: O NCPC elimina o juízo de admissibilidade recursal pelo juízo “a quo”, o que implica na necessidade de que a parte recorrente redobre a atenção no que diz respeito a prova da existência de feriados locais ou quaisquer atos de suspensão de prazos. Considerando que a defensoria pública atua em todo o Estado do Rio de Janeiro, revela-se prudente o cuidado na prova dos feriados locais, evitando-se qualquer alegação de intempestividade, ainda que ciente do dever cooperativo dos relatores expresso no parágrafo único do artigo 932.

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ARTIGO 1009 §1º : ENUNCIADO 40 - PRECLUSÃO DE QUESTÕES RESOLVIDAS NA FASE DE CONHECIMENTO. As questões resolvidas na fase de conhecimento e contra as quais não caiba recurso por agravo de instrumentos, por não precluírem, devem ser suscitadas em preliminar de apelação ou, ainda, em contrarrazões, sempre que houver interesse que o Tribunal sobre estas se manifeste expressamente. Caso o defensor deseje que a questão preliminar seja examinada pelo Tribunal, ainda que no mérito o assistido tenha sido vencedor da demanda, ele deve fazer a apelação independente, somente para recorrer da decisão interlocutória. JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 40: O artigo 1015 e seu parágrafo único, ambos do NCPC, apontam as decisões interlocutórias que poderão ser objeto de agravo de instrumento, o que implica, por outro lado, na existência de decisões contra as quais as partes não poderão recorrer no curso do processo de conhecimento. Pela sistemática criada, tais decisões não precluem, mas deverão ser suscitadas como preliminar de apelação, para que o Tribunal as enfrente. Havendo interesse, a parte vencida poderá suscitar alguma questão não preclusa em contrarrazões.

ARTIGO 1012, § 1º : ENUNCIADO 41 - ATRIBUIÇÃO PARA REQUERER EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO DE APELAÇÃO. Nas hipóteses em que o recurso de apelação tenha apenas efeito devolutivo – art. 1012, § 1º, NCPC –, cabe ao defensor em atuação perante o juízo da interposição requerer ao relator, por petição, no período compreendido entre a interposição e a distribuição da peça recursal, a concessão do efeito suspensivo. Após a distribuição do recurso, a atribuição passa a ser do defensor junto ao órgão de segundo grau.

ARTIGO 1029, § 5º : ENUNCIADO 42 - ATRIBUIÇÃO PARA REQUERER EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXCEPCIONAL. A concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial será requerida, quando cabível, diretamente ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, por petição, pelo defensor responsável pela elaboração do recurso, no período compreendido entre a interposição e a distribuição. Após a distribuição do recurso excepcional, o requerimento de concessão de efeito suspensivo, quando cabível, será de atribuição do defensor junto ao Tribunal Superior.JUSTIFICATIVA DOS ENUNCIADOS 41 E 42: A necessidade de obtenção de efeito suspensivo aos recursos aos quais a lei atribui efeito somente devolutivo, suscita a necessidade da interpretação das regras do NCPC no que diz respeito às atribuições funcionais dos defensores públicos. Assim é que, no período compreendido entre a interposição e a distribuição da peça recursal, o pedido de concessão do efeito suspensivo, por lógica, caberá ao próprio órgão de atuação que elaborou a peça. Na mesma ordem de ideias, após a distribuição do recurso, a atribuição será órgão com atribuição junto ao Tribunal competente. A regra se aplica, da mesma maneira, aos recursos excepcionais.

ARTIGO 1025 : ENUNCIADO 43 – PREQUESTIONAMENTO. Para atender ao requisito do prequestionamento, e considerando os termos do art. 1.025 do Novo CPC, recomenda-se ao defensor subscritor da peça recursal que aponte os

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dispositivos constitucionais e infraconstitucionais que embasam a pretensão, bem como a adequação dos respectivos dispositivos ao caso concreto.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 43: A questão do prequestionamento sempre causou apreensão quando da interposição dos recursos excepcionais, mormente diante da divergência acerca do denominado prequestionamento implícito. Pelo artigo 1.025 do NCPC, “consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”. Assim, diante da redação do artigo antes referido, se mostra relevante que as peças recursais apontem os fundamentos que embasam a pretensão, bem como a adequação destes ao caso concreto.

TEMA 10: CONVENÇÕES PROCESSUAIS

ARTIGO 190: ENUNCIADO 44 – Os defensores públicos devem estar atentos às possibilidades decorrentes da norma estabelecida no art. 190 do CPC, no que se refere à celebração de convenções processuais atípicas, desempenhando seu múnus de orientação e aconselhamento jurídico para permitir a seus assistidos – em igualdade de condições com os demais litigantes – a plena e consciente utilização desse importante mecanismo de adequação do procedimento aos interesses e necessidades das partes, tendo em vista que o propósito desse dispositivo é o de fortalecer o direito de autorregramento da vontade, no âmbito do processo civil. Para celebração desses negócios jurídicos processuais que geram obrigações que vinculam as partes, é indispensável a anuência expressa do assistido.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 44: As convenções processuais são uma das grandes novidades do novo CPC, permitindo aos advogados e defensores que, de forma cooperativa, estabeleçam regras diferentes para o procedimento a ser seguido em cada caso, contratualizando-o e adaptando-o às necessidades do caso. A utilização prática das convenções processuais entre defensores, assim como entre defensores e advogados, possibilita a adequação do procedimento, em postura que pode se mostrar muito útil para assegurar a efetividade da tutela do direito do assistido. É necessário, contudo, que o assistido seja adequadamente informado do teor da convenção, bem como que manifeste sua concordância expressa com o conteúdo, sempre que esta gerar obrigações processuais, ante a ausência de poder de transigir dos defensores públicos. Ademais, o assistido pode ter mais de um defensor público ao longo do processo, o que torna essencial que a convenção seja firmada por ele e não apenas pelo defensor público.

ARTIGO 190: ENUNCIADO 45 – A celebração de convenções processuais envolvendo partes assistidas pela Defensoria Pública, que não podem afetar prerrogativas legais dos defensores públicos, deve ter por escopo fundamentalmente atender aos interesses das partes assistidas, independentemente de trazer maior ou menor comodidade para os defensores que atuam no processo.

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JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 45: As convenções processuais devem ter por escopo fundamental, sempre, a melhor tutela do interesse da parte assistida, seja diminuindo a morosidade do processo, seja removendo obstáculos ao acesso à justiça ou otimizando a produção de provas, por exemplo. O objetivo primordial, portanto, deve ser sempre o interesse da parte, e não apenas do seu defensor. Devem ser sempre resguardadas, contudo, as prerrogativas legais dos defensores, que não podem ser objeto de transação em convenção processual.

TEMA 11: RESPONSABILIDADE DO DEFENSOR PÚBLICO

ARTIGO 234 : ENUNCIADO 46 – A multa prevista no § 2º do art. 234 do CPC, a ser aplicada eventualmente em desfavor do defensor público, na qualidade de “agente público responsável” (§ 4º) pelo ilícito processual de que trata o referido dispositivo, somente incidirá após o devido procedimento disciplinar instaurado pela Corregedoria-Geral da Defensoria Pública (§ 5º), sendo tal aplicação de competência deste órgão, em razão sobretudo do princípio da autonomia institucional, e ainda por analogia ao que dispõe o § 3º desse mesmo art. 234.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 46: O NCPC prevê que os defensores públicos, assim como advogados e membros do Ministério Público, devem restituir os autos “no prazo do ato a ser praticado”. Determina, ainda, que em caso de demora superior a 3 (três) dias na restituição de autos, após a intimação, estarão sujeitos a uma multa correspondente à metade do salário-mínimo. Nestas hipóteses, a interpretação do NCPC deve ser feita em conjunto com a LC 06/77, que traz, no art. 141, a previsão das sanções disciplinares que podem ser impostas aos defensores públicos. A norma do NCPC deve ser interpretada, portanto, no sentido de que, diante da não devolução dos autos no prazo legal, cabe ao juiz tão somente comunicar o fato à Corregedoria Geral da Defensoria Pública, a quem compete, por determinação dos artigos 150/154 da LC 06/77, iniciar o procedimento de imposição de multa aos defensores.

TEMA 12: JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

ARTIGO 720 : ENUNCIADO 47 - Nos inúmeros procedimentos de jurisdição voluntária contemplados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, é de se reconhecer, após a entrada em vigor do NCPC, a legitimidade em nome próprio da Defensoria Pública, nem se precisando mais invocar a figura da curadoria especial.JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO 47: A legitimidade conferida à Defensoria Pública pelo art. 720 do CPC/2015 se estende às muitas hipóteses de jurisdição voluntária previstas na legislação extravagante (salvo logicamente a existência de norma em sentido contrário). No Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), para citar um diploma relevante, estão encartadas, segundo Leonardo Greco (Disposições gerais dos procedimentos de jurisdição voluntária. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER Jr., Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (coords.). Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1.664), várias hipóteses: colocação em família substituta; adoção; guarda e tutela; suprimento de capacidade; consentimento para o

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casamento; a própria designação de curador especial; cancelamento, retificação e suprimento dos registros de nascimento e óbito; e o deferimento de guarda provisória e de estágio de convivência. Sabendo-se que as iniciativas e intervenções da Defensoria Pública na área da criança e do adolescente, por meio da curadoria especial, são muitas vezes repelidas em função de um suposto vício de legitimidade, tem-se aí mais um proveito da norma do art. 720 do CPC/2015. Nos inúmeros procedimentos de jurisdição voluntária contemplados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, é de se reconhecer, após a entrada em vigor do NCPC, a legitimidade em nome próprio da Defensoria, nem se precisando mais invocar a figura da curadoria especial.

ARTIGO 720 e 747 : ENUNCIADO 48 - A Defensoria Pública possui legitimidade extraordinária para o ajuizamento da interdição, nos termos do art. 720 do CPC/2015.

ARTIGO 720 e 747 : ENUNCIADO 49 - A curadoria especial só possui legitimidade para ajuizar a autointerdição na qualidade de representante da pessoa potencialmente sujeita à curatela.

JUSTIFICATIVA DOS ENUNCIADOS 48 e 49: De acordo com o art. 720 do CPC, os procedimentos de jurisdição voluntária terão início “por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública”. Com isso, o legislador reconheceu a legitimação extraordinária da Defensoria Pública para o ajuizamento da interdição, conferindo concretude normativa às funções institucionais previstas nos incisos X e XI do art. 4º da Lei Complementar nº 80/1994. Essa atuação, entretanto, deve ser devidamente dissociada da figura do curador especial, que atua na qualidade de representante do potencial incapaz. A atribuição para elaborar a petição inicial de autointerdição, como curador especial, recai sobre o defensor público do núcleo de primeiro atendimento do local onde a pessoa sujeita à curatela reside ou está internada e, após a distribuição da petição inicial, sobre o defensor público da vara, com atribuição para atuar com curador especial naquele processo, salvo nas hipóteses em que haja órgão próprio com atribuição para o exercício da curadoria especial.

Membros da Comissão: Adriana Araújo João, Cíntia Regina Guedes, Cleber Francisco Alves, Diogo do Couto Esteves, Franklyn Roger Alves Silva, José Augusto Garcia de Sousa e José Paulo Tavares de Moraes Sarmento.

Agradecem-se as sugestões enviadas pelos Defensores Ana Rita Vieira Albuquerque, Felippe Borring Rocha, Suyan dos Santos Liberatori, as quais foram consideradas pela Comissão.