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DESEMBAR UE O REVISTA N.º 17 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · NOVEMBRO 2013

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DESEMBAR UEOREVISTA N.º 17 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · NOVEmBRO 2013

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Publicação Periódica daAssociação de Fuzileiros

Revista n.º 17 • Novembro 2013

PropriedadeAssociação de Fuzileiros

Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.2830-356 Barreiro

Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461email: [email protected]

www.associacaofuzileiros.pt

Edição e RedacçãoDirecção da Associação de Fuzileiros

DirectorLhano Preto

Directores AdjuntosCardoso Moniz e Marques Pinto

Editor PrincipalMarques Pinto

ColaboraçõesDelegações da AFZ,

LP, MP, CM, Ribeiro Ramos,Miranda Neto, CMP, CCFZ, EFZ, BFZ,Paulo Gomes da Silva e José Horta

Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Pedro Gonçalves, Mário Manso e Lema Santos

Fotografia de Capa: Lema Santos

Coordenação gráficae paginação electrónica

Manuel Lema [email protected]

Impressão e acabamentoGMT – A. Gráficos, Lda.

Rua Sebastião e SIlva, n.º 79, Piso OMassamá – 2745-838 Queluz

Tel.: 214 382 960 Email: [email protected]

Tiragem2.000 exemplares

Exceptuando-se os artigos assinalados e da responsabilidade dos respectivos autores,

a redacção desta revista não está adaptada às regras de novo acordo ortográfico

índice ficha técnica

O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Editorial Em jeito de balanço antecipado 3

Cartas ao Director Carta e Poemas de Júlio Vaz Gomes 4

Dia do Fuzileiro O Dia do Fuzileiro – 6 de Julho de 2013 5

Contos & Narrativas

Operação “Crocodilo” foi há 15 Anos 11

Estórias por Contar da então Província Ultramarina da Guiné… A Retirada 14

Eventos Associação dos Veteranos e Combatentes do Oeste (AVECO) 8.º Aniversário do seu Monumento 16

Combatentes da Guerra do Ultramar Homenagem da Delegação da AVECO de Santa Catarina – Caldas da Rainha 16

Crónicas Crónicas de Outros Tempos – Ponte Aérea Nova Lisboa (Huambo) – Lisboa 18

Tumaná, DFE N.º 12 – Guiné 1971 – Dormindo com o Inimigo 22

Opinião

Saudades do Mar 23

Corpo de Fuzileiros Fuzileiros retomam treino com os Ingleses 24

Homenagem ao Almirante Roboredo e Silva 26

Homenagens Frederico José de Almeida Bóia – “Bébé” 27

José Armando Pacheco Ribeiro 27

Convívios Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10 – Moçambique 1974/75 29

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 4 – Guiné 1973/74 30

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 2 – Angola 1965/1967 31

34.º Aniversário da UDM – A Tradição… cumpre-se 32

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12 – Guiné 1970/71 33

Cultura & Memória Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 3 – Guiné 1969/71 34

A Última Viagem da F481 – Fragata “Comandante Hermenegildo Capelo” 36

A Solidariedade nas Matas, no Sofrimento e na Amizade Guiné 1970/71 - Breve Nota sobre o DFE N.º 12 37

O DFE 12 esteve lá, em Cumbamory – Operações «Catanada» e «Cocha» 37

Divisões Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas 40

Delegações Delegação do Algarve 42

Delegação de Juromenha/Elvas 43

Delegação de Vila Nova de Gaia 45

Cadetes do Mar Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros 46

Participação na Inauguração do Navio da Marinha Mercante “Funchal” 47

Cadete Ricardo – Despedida da UCMF 48

Notícias 1.º CFORN FZ 1992 49

Comandante Almeida Viegas – Homenagem de um Grupo de Amigos 49

A nossa “Casa” com mais conforto e mais qualidade 50

Presidente da Direcção da AFZ, Lhano Preto... surpreendido no dia do seu aniversário 50

Presidente da Câmara Municipal do Barreiro na AFZ 50

Obituário 51

Diversos 51

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editorial

3O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Estar numa direcção de uma associação sem fins lucrativos é sem dúvida um acto de altruísmo e de dádiva. Lembro-me das pala-vras do Comandante Mateus que muitas vezes afirmava: “é mais difícil dirigir a Associação de Fuzileiros do que comandar uma grande unidade de fuzileiros ou o Corpo de Fuzileiros”. Eu afirmarei que é preciso mais calma e paciência, até porque muitos

sócios ultrapassaram com êxito os sessenta, os setenta e até os oitenta e estes são mais sabedores, mais experientes e, por vezes, mais exigentes. “Até porque no tempo deles era tudo diferente”, palavras que certamente também profiro, uma vez que já me incluo no primeiro grupo.

Também são os “cocuanas” (os mais velhos) quem mais precisa e a quem devemos apoiar, pois foram eles que ajudaram a construir o actual Corpo de Fuzileiros e a nossa Associação e hoje são, por vezes, alguns deles, um pouco esquecidos. Eu tive o privilégio de ter estado em alguns encontros com alguns deles e afirmo-vos que, no final, regressamos sempre mais fortes e com a sensação do dever cumprido. A Associação tem estado com muitos e tem o dever de estar com todos.

Comecei por este pequeno intróito apenas para afirmar que a nossa Associação é bem mais do que o que muitos pensam e, só para que não restem dúvidas, começo por vos falar das três Divisões já implementadas nos últimos anos, pouco conhecidas, mas que são de uma mais-valia incalculável. Começo pela Divisão dos Associados, incógnita para muitos, mas que se tornou fundamental para que haja estreita ligação e vitalidade efectiva entre os sócios e a Associação. Esta é, por vezes, a única forma de sabermos, o que se passa com os nossos.

Também a Divisão Cultural e de Memória, porventura também menos conhecida, é a estrutura que incentiva e apoia a realização de eventos de registo histórico e culturais de que é exemplo recentemente o lançamento do DVD “Fuzileiros - Quatro Séculos de História” a que se seguiu um espectáculo de grande nível que se intitulou “Poesia Cantada-Trilogia Poética”. O descerramento do alto-relevo “O Fuzileiro”, com a presença do Almirante CEMA foi acontecimento assinalável.

Por último, cito a Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas, talvez a mais conhecida, destacando-se todas as provas desportivas realizadas, que sempre exigem grande capacidade de organização e de trabalho, todas aliás plasmadas na nossa revista “O Desembarque”.

Não se pretende fazer aqui o balanço do que foi realizado já que isso será feito minuciosamente depois do fim do mandato quando tam-bém da apresentação das contas na Assembleia-Geral. O objectivo foi dar apenas umas pinceladas daquilo que a muitos lhes “passa ao lado”. Neste jeito de balanço quero aludir que foi durante este mandato que as nossas Delegações se projectaram dentro das suas áreas de influência, graças ao esforço e dinamismo das suas direcções.

Também sinto que é obrigação relembrar a sucessiva melhoria da nossa revista “O Desembarque” que tem projectado de forma exponencial o nome dos Fuzileiros e da nossa Associação. Provavelmente, a maior parte dos nossos sócios, não se apercebe bem do trabalho que está por detrás de “O Desembarque”. Pela ressonância que me vem chegando penso, porém, que a revista é o meio de comunicação de maior interesse para os sócios. Será para muitos, ainda, a única forma de saberem uns dos outros e de conhecerem e partilharem da intensa actividade da Associação Nacional, das Delegações e do Corpo de Fuzileiros. “O Desembarque” tem tido maior número de páginas e muito maior qualidade e vai, certamente, estabilizar. Neste caso, asseguro-vos, que apesar do que já foi feito, ainda há pouco discutimos o que devemos fazer para a melhorar.

Não poderia esquecer a unidade dos Cadetes do Mar Fuzileiros. Para além do vem descrito na nossa revista, sobre as suas actividades e a projecção que já tiveram, parece-me poder garantir-se que esta iniciativa se projectará em muitos jovens e pelas Escolas e por Portugal e, porque não afirmar, por onde os nossos Cadetes do Mar passarem.

Estivemos no “10 de Junho” em Lisboa e em Elvas, como estivemos em muitas outras cerimónias impossíveis de enumerar. Nestas, não poderei deixar de mencionar o último “Jantar das Boinas” e a cerimónia da sua imposição, realizada no dia 28 do Outubro na nossa Escola de Fuzileiros. Este acto foi certamente de grande significado para todos os nossos associados, já que os cinco cadetes e os vinte e quatro grumetes que receberam a boina azul ferrete representam a nossa continuidade, cabendo ainda felicitar os seis cabos e os sete marinheiros que concluíram o Curso de Formação de Sargentos com êxito.

A Associação projectou-se, é hoje mais forte mais unida e mais coesa, a despeito de algum exemplo menor, fruto do trabalho de muitos e do seu particular empenho.

Iniciámos já contactos com outras Associações similares como é o caso da Grécia e de Espanha para podermos interagir aprendendo e transmitindo, também, conhecimento.

No que respeita a obras realizadas, penso que foram amplamente divulgadas quer no nosso site quer na nossa revista e apenas relem-bro a reconstrução da nossa sede e as obras no snack-bar.

A Associação é de todos nós e será aquilo que queiramos que seja, pelo que esperamos que a nova Direcção possa contar com o em-penho e com o idealismo de muitos mais.

“Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”Lhano PretoPresidente da Direcção

Em jeito de balanço antecipado

Francisco Lhano Preto

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cartas ao director

4 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Caldas da Rainha,18/6/2013

Júlio Vaz GomesRua Fonte do Pinheiro, 79 – 2.º

2500-203 Caldas da Rainha

Director de “O Desembarque”Associação de Fuzileiros – Barreiro

Exm.º Senhor:

Sou um dos poucos sobreviventes que ainda gosta de escrever cartas à mão, como nos bons velhos tempos das Comissões no Ultramar.

Quero agradecer a publicação dos meus versos na revista n.º 12 e tomo a liberdade de lhe enviar mais dois.

Por voltas de 1979 fui colaborador assíduo num Boletim de uma Associação na África do Sul e aprendi imenso com essa experiên-cia, desde logo o trabalho envolvido na sua feitura e, depois, a distribuição aos sócios, tarefas ciclópicas. A partir daí passei a respeitar mais todos quantos se dedicam à árdua missão de “construir” uma publicação literária.

Nos diversos convívios dos Fuzileiros é frequente falar-se da nos-sa revista, “O Desembarque”, farol que ilumina o nosso passado comum e nos elucida sobre o presente, fomentando a amizade e a camaradagem. E todos sem exceção exaltam os seus predicados.

Queira aceitar os meus cumprimentos.

(Ass.) Júlio Vaz Gomes

Nota da Redacção (Marques Pinto):

Era nossa obrigação termos respondido, de forma personalizada, a esta carta do nosso Camarada Júlio Vaz Gomes. As férias de uns e de outros e os seus outros afazeres – destes voluntários que se propuseram levar “O Desembarque” a todos os nossos sócios – impediu-nos de cumprir esta obrigação. Estamos agora a fazê-lo e publicamente. De facto, não é tarefa fácil “construir” esta revista com a qualidade que pensamos ter.Gostaríamos de aproveitar a experiência do nosso Camarada Vaz Gomes e ficaríamos gratos se, como “sobrevivente que ainda gosta de escrever cartas à mão” nos ajudasse nesta “ciclópica” tarefa, remetendo-nos os seus artigos e os seus poemas, mesmo escritos à mão, tornando-se colaborador permanente de “O Desembarque” e figurando como tal na nossa “Ficha Técnica”, já que a sua experiência de vida, quiçá, a sua sabedoria, terão muitas estórias de vida que poderão contribuir para fazer a História. Publicamos a sua carta, em texto por nós formatado, e a respectiva digitalização do original .

Preitos e homenagens não os queremos,deixem-nos apenas recordar o passado,navegar na mansidão dos dias difícies,neste torrão de terra esboroado.

Forjada nos melhores e piores momentos,a camaradagem doce, tenaz amizade,fomentada por convívios e abraços,aumenta com o tempo, com a idade.

Filhos dilectos da mesma Pátria-mãe,fomos por nossa livre vontadee outra vez partiríamos, contentes,se para tanto houvesse necessidade.

Bafo de saudade, sangue, suor vertido,povoámos a terra quente com suspiros;lá, ganhámos as primeiras rugas,disparámos os primeiros tiros.

Os nossos irmãos caídos, esses sim,jamais poderão ser esquecidos...Para nós bastou-nos a sorte do regresso,jovens, em avós agora convertidos.

10/06/2013

Partidos em dois, em cem, em mil,eis-me aqui parcialmente disperso,na Europa e em África ao mesmo tempo.

Por esse mundo além me vejo,por vezes nem sei onde estou,se parti, se fiquei, se vou.

Corto as amarras do frio e partoà procura de paragens austrais;calor, eu quero mais, quero mais!...

Oiço o leão que se evadiu de mimna savana perigoso, densa,caça suspiros no capim,imponente, real, devorador.

À noite, quando me deito,ainda adormeço com o som distantedo batuque ronronante:tum-ta-tum... tum-ta-tum,lascivo, arrebatador.

E o calor tropical entra no meu ego disperso,partido em dois, em cem, em mile dilata o topo dos meus sonhos,feitos de areias brancas,azuis, quando a maré sobe.

2/06/1997

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dia do fuzileiro

5O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Debaixo de uma temperatura tórrida de cerca de 42 graus centígrados comemorámos mais um dia do Fuzileiro, este, o de 2013.

Mais um ano se passou sobre o desfolhar dos dias das nossas vidas no decurso do qual alguns, infelizmente, se ficaram pelo caminho e por estes me inclino, prestando-lhes as minhas ho-menagens.

Um dia destes, lá nos encontraremos juntos, sempre juntos, pro-tegendo-nos mutuamente como os fuzileiros sabem fazer, onde a Providência quiser.

Numa organização que eu preferiria verdadeiramente conjunta, do Corpo de Fuzileiros e da Associação Nacional de Fuzileiros, desenhou-se o programa que havia sido estabelecido, muito mais pelas instâncias castrenses do que por nós, a Instituição civilista.

A partir das 8h30 desenvolveu-se a concentração na Escola de Fuzileiros.

Os participantes foram chegando nos seus automóveis ou de au-tocarro, provenientes de todo o País, do Norte ao Algarve e das raias de Espanha ao Mar.

A recebê-los elementos do Corpo e da Escola de Fuzileiros e ou-tros, da Associação Nacional de Fuzileiros, com especial desta-que para um dos seus directores, o Couto e para o presidente do Conselho Fiscal, o Lopes Leal, para além de outros de inegável mérito.

Como já noutra altura escrevi “a “Família” juntou-se na “Escola Mãe” para um dia de confraternização, camaradagem e espírito

de união, onde ficaram plasmadas, também, muita nostalgia de tempos que já vão e essa inexorável inevitabilidade tão nossa, que só é possível exprimir-se pela palavra saudade, esse misto de tristeza, alegria e conforto pelo que já se viveu, pelo se apren-deu e pelo que se ensinou”.

Como sempre, tudo decorreu com irrepreensível disciplina e res-peito, princípios que os Fuzileiros apreenderam e compreende-ram na sua Escola, pese embora o calor abrasador que se fez sentir e o tempo de espera – com Senhoras, Crianças e Idosos, alguns sentindo-se muito incomodados, e ansiosos de se insta-larem no recinto ensombrado, este ano muitíssimo melhorado, mérito para a EFZ – no qual não tiveram autorização de entrar (a ronda não deixava!) minimizando os efeitos dos 42 graus, à sombra. Esta gente teve de esperar pelas personalidades que assistiam ao lançamento de um livro na Sala Museu do Fuzileiro onde, como se sabe, não cabem mais de 40 pessoas quando cá fora, ao sol, esperavam cerca de seis centenas.

Embora pessoalmente tivesse procurado solução para o proble-ma, não logrei a possibilidade de tomar qualquer decisão face à hierarquia militar que, no local, carecia de capacidade de deci-são. Os competentes decisores estariam concentrados na Sala Museu, no lançamento de um livro.

Já tive oportunidade de expressar a minha opinião quanto às organizações conjuntas e, designadamente, no que concerne à organização conjunta do Dia do Fuzileiro, registada em acta da Direcção Nacional.

Como se sabe, antes de 2009, o dia em que os fuzileiros se juntavam, na sua Escola, em almoço de confraternização, era designado por “Encontro dos Fuzileiros” sendo quase

O Dia do Fuzileiro6 de Julho de 2013

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dia do fuzileiro

6 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

exclusivamente organizado pela Associação, com a colaboração, sempre indispensável, da Escola de Fuzileiros.

Nos últimos anos utilizou-se um modelo do “Dia do Fuzileiro” que, em minha opinião, se vai esgotando com a assunção cres-cente do Corpo de Fuzileiros (leia-se EFZ) na organização do evento.

A AFZ só aparentemente partilha a organização restando-lhe, quase exclusivamente, o trabalho e a responsabilidade das inscrições e das vendas de bilhetes – sem que tenha qualquer benefício monetário ou outro, embora se vá propalando que usufrui de significativos lucros – sendo que, na prática, tudo é comandado e decidido pela Escola de Fuzileiros, não havendo, de facto, um “comando de organização comum”. E porque, nos fuzileiros, “ninguém deve ficar para trás” para que exista organização conjunta, é necessário que haja comando conjunto. Todos teremos aprendido isto, nas teorias da organização, nos manuais da psicossociologia das organizações, nas instituições militares e, por fim, na própria vida.

E não é isto que vem acontecendo na “organização conjunta” do Dia do Fuzileiro. Porventura, porque estamos em patamares diferentes…

Assim sendo, quando alguma coisa corre mal, v.g., a torreira e as filas a que as pessoas estiveram sujeitas, as críticas dos nossos Sócios – e já são mais de 2.300 – despejam-se sobre a sua Direcção, de tal ordem que este ano esta sentiu a necessidade de publicar um esclarecimento. Para se constatar como isto foi sentido por alguns, sócios e convidados, peço vénia – e para isso estou autorizado – para citar um desabafo de um amigo e camarada nosso, a respeito da fotografia de capa da próxima edição da revista “O Desembarque”. Escrevia-me ele assim:

A foto “foi capturada no Dia do Fuzileiro com sérias dificuldades porque, para o conseguir, tive de invadir o arruamento do desfile e o sargento que estava de serviço disse-me que não podia estar ali e tinha de recuar para cima do passeio. Naturalmente que obedeci, até porque ele próprio estava a cumprir ordens e não tinha condições nem informação adequada para distinguir quem estava como simples participante ou em missão de colaboração. Utilizar o étimo trabalhar parece-me excessivo.

Tirei apenas 4 fotos e fui arrumar a máquina no carro de onde não mais a tirei”.

As hierarquias demasiadamente rígidas – e sabemos da delica-deza de “controlar” seiscentas pessoas em dia de festa (no caso em apreço seriam mais os controladores do que os controlados) e, para mais, dentro de uma Instituição Militar ou numa Prisão – têm estes inconvenientes que só se resolvem, e apenas em

parte, com “patamares” equiparados ao nível dos comandos das organizações conjuntas.

Mas pesado e passado que foi “o pesadelo dos 42 graus centí-grados”, tudo não correu o melhor possível mas, apesar de tudo, terá corrido muito bem.

Como já anteriormente afirmei, tudo decorreu “com irrepreen-sível disciplina, cortesia e respeito, embora com total à-vontade entre todos – mais graduados e menos graduados, mais impor-tantes e menos importantes, Senhoras e Homens – e maior de-mocraticidade, onde as diferenças se esbateram quase comple-tamente e a igualdade do que no fundo somos emergiu e teve o condão de nos aproximar mais ainda.

Os Fuzileiros são isto mesmo. E quando alguns de nós se en-ganam no caminho – pode sempre acontecer – um dia, quando disso nos dermos nota, devemos tomar rumo mais certo. Isto faz parte do ADN da grande maioria de nós e mais ainda daqueles que, na guerra ou em perigosas missões de paz, já ouviram tiros de verdade.

O programa das solenidades cumpriu-se.

Para além da pista de lodo que tem sempre a vantagem de mostrar aos mais jovens que os mais antigos ainda se lembram dos lamaçais do Rio Coina, porque aprenderam a tratá-los por tu – e após a Missa, marcou a cerimónia militar e de homenagem, com guarda de honra, estandartes e fanfarra e deposição de coroa de flores no Monumento, pelo Comandante do Corpo de Fuzileiros e pelo Presidente da Direcção da Associação Nacional de Fuzileiros.

Também aqui, nesta cerimónia, a nossa Associação Nacional e os seus Veteranos – sempre irrepreensivelmente “comandados” pelo membro do nosso Conselho de Veteranos, SARG José Ta-lhadas – marcou presença dando cor e dignidade, como o SMOR José Parreira e os Presidentes das nossas Delegações, ostentan-do o guião da Associação Nacional e os das Delegações.

Marcaram discurso o Presidente da Direcção da AFZ e o Contra--Almirante Comandante do CFZ, cujas palavras, em representa-ção das duas instituições, se dão à estampa.

A visita à Sala Museu do Fuzileiro, o lançamento do livro “Fuzileiros Especiais Prontos para o Combate – o DFE 2 – Angola – 1973/75”, do ex-2Ten. Vasconcelos Raposo; a homenagem póstuma ao SAJ FZE João Sardinha, com descerramento de placa toponímica e outra homenagem (que nos calou muito fundo) ao SMOR Ludgero Santos Silva, o “Piçarra”, membro do nosso Conselho de Veteranos e um dos quatro elementos (apenas dois ainda vivos) que foram ao Reino Unido, em 1960, tirar o Curso dos Royal Marines e de lá trouxeram a boina verde – tudo isto se

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dia do fuzileiro

7O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

cumpriu com paciência, quiçá, com alguma impaciência, porque o calor era muito e o almoço chegou tarde.

Cumpre-me referenciar o trabalho da equipa coordenada pelo Secretário-Geral, da AFZ SARG Mário Quintas Gonçalves, “secretariado” pela já conhecida Ana, cada vez melhor secretária, e coadjuvado pelo membro da direcção José Pinto e todos quantos, ligados mais directamente à Associação de Fuzileiros, designadamente, os “fotógrafos”, todos amadores, deram e se deram a esta causa, o melhor que puderam e souberam, sem qualquer poder de decisão.

Mas, também temos de destacar aqui, o esforço dos Comandos do Corpo e da Escola de Fuzileiros mas, sobretudo, do pessoal que deu execução ao evento, Oficiais, Sargentos e Praças, sem esquecer o indispensável pessoal da taifa que bem serviu.

No final, cortou-se o Bolo que representa mais um ano de Cama-radagem e Amizade e tocaram-se os copos em sinal do desejo de saúde e de vida para todos os Fuzileiros, para os que já servi-ram e para os que ainda servem ou hão-de servir Portugal.

Marques PintoSóc. Orig. n.º 221

Nota do autor:As opiniões aqui expressas, embora já o tenham sido em reunião da Direcção Nacional e este-jam registadas em acta, apenas vinculam o autor e não a AFZ, até porque este órgão executivo está em fim de mandato e, portanto, caberá a quem nos suceder decidir pela continuação do modelo do “Dia do Fuzileiro”, modificá-lo, ou negociar modelo equivalente ao actual com outra metodologia de execução e, porventura, um efectivo “comando conjunto”.

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dia do fuzileiro

8 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Discurso do Presidente da Direcção da Associação Nacional de Fuzileiros

Lhano Preto

Exm.º Senhor, Almirante Comandante do Corpo de Fuzileiros;

É sempre com imenso orgulho que a Associação de Fuzileiros se junta ao Corpo de Fuzi-leiros para podermos reunir nesta nossa Escola, toda a família Fuzileira.

Mui Ilustres almirantes (querendo aqui realçar, a presença do Almirante Vieira Matias, mandatário dos actuais Corpos Sociais da Associação de Fuzileiros); Ilustres Camaradas; Sócios da Associação de Fuzileiros;

Minhas senhoras e Meus Senhores

Agradeço desde já a presença de todos, pois todos damos lustre e dignidade a este fabuloso encontro de Fuzileiros, espalhados por Portugal e pelo Mundo.

Sendo hoje um dia festivo, de encontro, de amizade, seria lógico falar da História dos 392 anos de existência dos Fuzileiros, como sempre se costuma fazer nestas ocasiões; relembrar os nossos mortos, e quem não se lembra dos que estiveram connosco em combate e deram a vida pela pátria? Eu ainda hoje relembro muitas vezes o Salgueiro, Marinheiro completo, amigo do seu amigo, Homem de carácter. Mas há imensos potenciais Salgueiros neste Corpo de Fuzileiros, e é por essa razão, que hoje prefiro falar do presente, de nós, das missões actuais e do passado recente.

Em primeiro lugar, quero manifestar-vos, que foi com enorme júbilo e muita emoção que soube da possível presença nesta Escola do nosso Presidente do Conselho de Veteranos, Comandante Alpoim Calvão. Não foi possível atendendo à elevada temperatura que se faz sentir, pelo que lhe desejamos vivamente que a sua recuperação total seja um êxito e breve. Sendo o nosso Grande Cocuana, é também para nós um símbolo, de coragem, lealdade e espírito de sacrifício, qualidades tão ensinadas nesta “Escola de Valores”. Não sou eu que nas poucas palavras que vou proferir, quero ilustrar quem foi este herói dos nossos dias, pois a descrevê-lo está o livro “HONRA E DEVER” – “Uma quase biografia”, obra de Rui Hortelão e dos nossos camaradas Sanches Baena e Melo e Sousa.

Mas hoje, não deveremos esquecer os que connosco vivem o dia-a-dia. E aqui quero dizer, os nossos sócios, muitos também cocuanas, todos eles foram grandes combatentes e se alguns nunca entraram em acção foi porque, tal, não lhes foi exigido. Contudo eles sempre dizem como qualquer Fuzileiro de hoje e do passado a palavra “presente”. A todos os Fuzileiros que neste momento se encontram doentes quero deixar um desejo de franca recuperação, não esquecendo aqui o nosso Vice-Presidente Cardoso Moniz que hoje está a realizar uma operação.

Também queremos referir que acompanhámos sempre e continuaremos a seguir, com muito orgulho, carinho e dedicação as acções dos nossos Fuzileiros, quer elas sejam na Bósnia, no Congo, no Afeganistão, em Timor, em Moçambique, em Angola, na Guiné, em Cabo Verde, no combate à pirataria, no corno de África ou em Portugal.

Para nós, que nos revemos em cada fuzileiro de hoje estas missões mencionadas, não são mais importantes umas que outras, já que qualquer missão para um Fuzileiro é sempre para cumprir, na íntegra e com dignidade. Não há missões mais importantes ou mais nobres que outras, há missões para cumprir. Um desfile ou até uma guarda é tão importante como uma missão de combate, pois esta não é mais que uma acção defensiva. Orgulhamo-nos de vós sobretudo quando, e é quase sempre, se apresentam com garbo e dignidade. Os cocuanas revêem-se nestes.

Quero manifestar-vos, que cada dia que passa temos o conceito de associativismo cada vez mais inculcado na Associação de Fuzileiros, crendo que somos cada vez mais coesos e unidos (havendo excepções só para confirmarem a regra) e, por conseguinte, mais capazes de apoiar e melhor, os que passaram pelas cadeiras desta Escola e que hoje precisem de nós, muitas vezes apenas de um abraço ou de uma palavra amiga.

Às nossas Delegações que tão bem nos representam nas suas áreas, também lhe quero manifestar que é com o seu bem-fazer e a sua boa representação geográfica que dignificam o nome dos Fuzileiros. A todas as equipas dirigidas pelo Licínio, pelo Medeiros ou pelo Mendes transmito os nossos incentivos e o nosso muito obrigado.

Por último, não posso deixar de agradecer o esforço de todos quantos estiveram empenhados para que este acontecimento tivesse lugar, com especial destaque ao Comandante do Corpo de Fuzileiros, ao comando da Escola de Fuzileiros e à equipa da Associação que se têm empenhado e desdobrado para que tudo corra pelo melhor.

Com um abraço para todos os presentes e para os muitos que gostariam de estar connosco, e que, por uma ou outra circunstância, a inexorável inevitabilidade da vida não lho consentiu… grito:

Vivam os Fuzileiros

Viva Portugal

Disse.

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dia do fuzileiro

9O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Discurso do Comandante doCorpo de Fuzileiros,

CALM Cortes Picciochi

Fuzileiros!

Bem-vindos à vossa Escola. Bem-vindos a mais um Dia do Fuzileiro.

Fuzileiros, familiares, amigos, neste encontro anual que se quer de convívio e de sã camaradagem. O Corpo de Fuzileiros e a Associação de Fuzileiros unem esforços e pro-curam trazer o maior número de homens que nesta escola ganharam a sua boina a passearem-se sob a sombra das mesmas copas que, tal como hoje, noutros tempos lhes deram abrigo. Há um ano, com alguma chuva, neste ano, com uma temperatura mais adequada à época do ano, mas sempre aqui, na Escola de Fuzileiros.

Em 2009 enterrámos a semente, em 2010 regámos, em 2011 cresceram as raízes e em 2012 vimos brotar da terra as primeiras ramagens.

Com o tronco a ganhar força e as primeiras flores a desabrochar, sentimos que aquela semente cumpriu a sua missão, resistiu ao calor e à geada, suportou o vento agreste e o dilúvio. Daqui para a frente, apenas precisa de rega, de poda e da apanha da fruta. Em troca, teremos sombra, alimento e abrigo. Cinco anos a mostrar do que somos capazes.

O Dia do Fuzileiro será aquilo que os fuzileiros quiserem, para o que manteremos a porta aberta à crítica e à sugestão, sem medo de corrigir num ano e voltar a corrigir no outro. No final de cada evento guardamos a análise pormenorizada, e passados 9 meses ela será o ponto de partida para o que se segue.

Certo que a festa será sempre neste local, e o desiderato a confraternização “inter-geracional”. Daqui não abdicamos. Ninguém pen-saria em comemorar o Dia do Fuzileiro fora da Escola e aquilo que levou à sua criação mantém-se inabalável.

Teremos, nos últimos 3 anos, conseguido fixar a data no primeiro sábado do mês de julho e, desta forma, facilitar o planeamento a longo prazo de cada um. Melhorámos a divulgação e as atividades que preenchem o dia, a par daquelas que nunca poderão faltar: a ce-rimónia religiosa e a homenagem junto ao Monumento. No início, tivemos uma formatura com todas as unidades presentes e um bloco motorizado, com demonstração de capacidades que incluía um helicóptero, algo fora do alcance nos nossos dias. Mas não baixámos os braços perante as dificuldades e o que aqui encontrais hoje é o resultado do nosso esforço e a manifestação da vontade de continuar.

Depois de amanhã, em Cabul, o punhado de fuzileiros ali em missão irá comemorar este dia, juntando-se a todos, ainda que em diferido. E ao largo da Somália, nos Açores, nas águas do Continente, na cooperação técnico-militar, em cargos no estrangeiro dos Estados Unidos a Timor e nos postos onde, neste preciso momento, prestam o seu serviço garantindo que outros como nós possamos descansar, há fuzileiros com quem compartilhamos este espírito corporativo.

Ter um tema – As novas Missões – não é mais do que encontrar um mote que nos ajuda a inovar cada ano, um estímulo no sentido de adicionar algum atrativo complementar ao convívio.

Não foi fácil chegar à designação deste tema, sabíamos o que queríamos, mas a sua definição não foi pacífica. E foi necessário impor a lei do mais forte, determinar e mandar publicar. Se houve o ano dos veteranos, desta vez quisemos dar o palco aos mais novos, deixá--los mostrar aos menos novos que se hoje as missões têm configurações bem distintas, são os mesmos aqueles que as cumprem. Fuzileiros!

Hoje, como dantes, a ameaça é imprevisível. Deixámos de ver o inimigo, que se vai atualizando em táticas e procedimentos e que dispõe de igual tecnologia e equipamentos. Enfrentamos um inimigo movido por crenças e princípios que não aceitamos como bons, mas a quem reconhecemos uma determinação inquestionável, capaz dos atos mais atrozes sem olhar a meios. Contrapomos com o que terá de ser uma inquebrantável fé na defesa daquilo que temos por mais justo à condição humana.

Ficou nos filmes de capa e espada a fidalguia da cavalaria, a guerra das trincheiras acabou há 100 anos e a formalidade da declaração de guerra perdeu sentido com a assimetria dos conflitos. A imprevisibilidade dos mesmos e a facilidade de acesso aos mais sofisticados sistemas de armas e de comunicações impõem a existência de forças altamente preparadas, flexíveis, prontas, equipadas, moralizadas e em constante processo de atualização.

Foi nesta esteira que os fuzileiros evoluíram ao longo dos tempos, de quase 4 séculos, como nos orgulhamos de proclamar. O último marco histórico foi o fim da guerra de África, e é daí para cá que hoje queremos falar.

Bósnia, Timor, Zaire, Afeganistão, Somália – onde e sempre que necessário. É deste período de 40 anos que hoje pretendemos dar conta. Criámos os primeiros fuzileiros da Guiné (1991), Angola (1993), Moçam-bique (1994), Cabo Verde (1995) e Timor

Sócio da AFZParticipa, colabora e mantém as tuas quotas em dia.

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dia do fuzileiro

10 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

(2010), continuamos intrinsecamente ligados à História daqueles países que falam na nossa língua. Os fuzileiros sentem que têm motivos de sobra para serem olhados com respeito e orgulho.

Historicamente, os fuzileiros continuam a responder em operações anfíbias, proteção de força e operações especiais, mas nas tais “novas missões” adotaram-se novas designações, falamos de algo mais do que golpes de mão, emboscadas e patrulhas. Hoje temos missões de evacuação de não combatentes, e lá foram fuzileiros ao Congo (1997) e à Guiné-Bissau (1998). Missões de apoio à paz, e estiveram fuzileiros na Bósnia (2000), em Timor-Leste (2000 a 2004) e no Congo (2006). Fuzileiros embarcados em missões de combate à imigração ilegal nas operações Hera ao largo do Senegal (2006 e 2007) e no combate à pirataria nas operações Atalanta e Ocean Shield nos mares da Somália (2009 a 2013). Estamos, desde 2008, no Afeganistão. Em missões no âmbito da cooperação com agências de segurança colaborámos na apreensão, no total, de 30 toneladas de estupefacientes (14 operações, desde 2006). Mantemos missões na cooperação técnico-militar nos países que falam português e cooperamos com a proteção civil.

E continuamos, ainda que com outras designações, a ser chamados a contribuir com os nossos meios, humanos e materiais, fruto das capacidades que nos são reconhecidas, para acudir em missões de assistência humanitária, como na assistência às cheias do rio Save, em Moçambique (2000) ou ao aluvião da Madeira (2010).

Sob a capa da NATO, da ONU ou da EU, mas sempre, sempre, com a Bandeira de Portugal no ombro do camuflado e o símbolo de fuzileiro no peito. Com uma amplitude térmica entre os 20 graus negativos e os 40 positivos, debaixo de neve ou de uma tempestade de areia, atolados na lama ou debaixo do bote virado na rebentação, projetados em imersão no silêncio insidioso do submarino ou caído dos céus numa abordagem rápida a um navio suspeito, os fuzileiros mantêm-se na linha da frente como corpo de tropas especiais, e se internamente somos comedidos no seu reconhecimento, sobram elogios lá de fora de quem tem o privilégio de comandar homens destes.

Estes são os fuzileiros que queremos dar a conhecer a quem se afastou há mais tempo do serviço ativo. Para tanto organizámos uma exposição alusiva ao mais recente período de 40 anos e temos por aqui espalhados quem poderá contar as suas epopeias nestas missões. Posso garantir-vos que há conversa até ao fim do dia.

Hoje, vamos vivendo tempos menos bons, um momento onde se impõe prudência, ponderação e espírito de entreajuda. Nunca houve problemas em singrar por novos rumos, desde que se conheça o porto de chegada. A pressão é grande e o tempo urge. Estamos preparados, prontos para arregaçar as mangas, mas conscientes de que os valores por que nos regemos são intocáveis.

A Marinha atravessa um período de apertadíssimos constrangimentos com metas e prazos sem margem de manobra e vai afirmando que se esgota no seu produto operacional, com significativa diminuição no investimento na manutenção e no treino, com as nefastas consequências que daí se conhecem.

Quando se vai propalando que os recursos humanos são o nosso bem mais precioso, deixámos para trás 2 anos sem incorporações, sem capacidade de regenerar. Atualmente, decorrem dois cursos de fuzileiros, um com 30 outro com 60 jovens. Números irrisórios perante aqueles que nos vão deixando, mas que consideramos uma lufada de ar fresco após o deserto. Também na área do material vamos vivendo à custa do que temos, procurando ao máximo a sua rentabilização.

Mas acreditamos que conseguiremos salvaguardar a nossa identidade e que deixaremos um legado de esperança para a geração que se segue.

O Corpo de Fuzileiros e a Associação de Fuzileiros continuarão, a par, nesta missão de unir, apoiar cada fuzileiro. E os tempos clamam por sinergias, para as quais nada mais se requere do que vontade. Com um interesse comum, com querer e determinação, temos conseguido, permitam-me, com sucesso, cumprir este desiderato. Um punhado de homens em Gaia, na Juromenha e em Albufeira desdobram-se em actividades junto das populações locais mostrando o espírito de união e de solidariedade dos fuzileiros, das quais posso, pessoalmente, dar conta.

Aqui e ali, cada um com o que pode, vamos conseguindo afirmar a nossa identidade. Aquando das comemorações do Dia do Corpo de Fuzileiros, numa maratona de 24 horas a correr, percorremos uma distância igual à que separa Lisboa de Berlim e recolhemos 700 Kg de alimentos para o Banco Alimentar. Sem publicidade, sem divulgação, apelando ao que de melhor temos, sabendo-nos recompensados com o conforto dos mais carenciados.

Recusaremos o discurso derrotista e miserabilista, da mesma forma que estaremos fir-mes na defesa do que temos por mais importante para os fuzileiros. E aqui, todos são importantes, e a uma voz cá estaremos a honrar os antepassados.

E continuamos com desafios para o futuro. Não desisti de juntar ao Dia do Fuzileiro uma cerimónia de imposição de boinas, não desisti de ver o número de participantes nesta festa a crescer em exponencial. Não sou dos que desistem facilmente.

Vamos continuar a festa, com mais uma homenagem a um fuzileiro que lutou pela Pátria, apoiando uma nova obra literária, visitando a exposição de material recolhido da partici-pação dos fuzileiros nas designadas novas missões.

Em torno de uma mesa, com uma febra, uma sardinha e uma cerveja partilharemos histórias e manteremos vivo o espírito do Dia do Fuzileiro. Alguns já de cabeça esbran-quiçada, outros, no vigor das suas capacidades físicas, outros, a lutarem para ganharem a sua boina onde também aqui vão absorvendo um pouco do que é ser fuzileiro.

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contos&narrativas

11O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

De todas as missões em que tive o privilégio de servir ao lado dos nossos bravos Fuzileiros, nenhuma me deu mais orgulho do que a operação de resgate conduzida pela nossa Marinha

em 1998, durante a guerra civil na Guiné-Bissau, a memorável Operação “Crocodilo”, sobre a qual se completaram 15 redondos anos no passado dia 24 de julho.

Quando, no dia 7 de junho daquele ano, chegou a Portugal a no-tícia de um levantamento militar naquela nossa antiga província, onde, até à data, não se tinham registado lutas fratricidas, o sen-timento geral foi, inicialmente, de incredulidade. Mas cedo o ce-ticismo deu lugar ao choque, assim que começaram a ser conhe-cidos os contornos da tragédia humana causada pelos combates.

Naturalmente, a primeira preocupação do governo português foi a de pôr a salvo os cidadãos nacionais que estavam em território guineense.

Com o aeroporto de Bissau em poder dos rebeldes, a única alter-nativa segura para evacuação era a via marítima. Corresponden-do ao solicitado, tratou a Marinha de aprontar, em quarenta e oito horas (!), uma força naval de resgate, comandada pelo capitão--de-mar e guerra Melo Gomes e constituída pela fragata “Vasco da Gama”, as corvetas “João Coutinho” e “Honório Barreto”, o reabastecedor “Bérrio”, um destacamento de helicópteros em-barcado, uma equipa de mergulhadores, uma equipa do Desta-camento de Ações Especiais (DAE) e dois pelotões de fuzileiros apoiados pelo respetivo grupo de botes. Na ocasião, a Força Aérea colocou, também, em prevenção uma aeronave Hercules C-130, que seguiu, na altura, para Cabo Verde, juntamente com o comandante da força conjunta, coronel PILAV Luís Araújo, e o seu estado-maior.

Os navios largaram do Alfeite a 11 de junho. Seguiam a bordo cinco centenas de homens arrancados, com curtíssimo pré-aviso, àquilo que fora a risonha perspetiva de um longo fim-de-semana na companhia das respetivas famílias.

Nesse mesmo dia o cargueiro “Ponta de Sagres”, que se encon-trava no teatro de operações, procedera, em Bissau – cercada pelas forças rebeldes –, à evacuação de mais de dois milhares

de refugiados, uma ação heroica que, apesar de ter sido levada a cabo por um navio mercante, não pode deixar de orgulhar qual-quer marinheiro português.

A “Vasco da Gama” entrou em águas territoriais da Guiné-Bissau no dia 15. As duas corvetas chegariam na manhã seguinte.

Face à falta de diretivas claras por parte do poder político, o comandante da força conjunta e o comandante da componente naval decidiram, de comum acordo, fazer os navios seguir para Bissau, sob pena de estes se terem mantido, indefinidamente, numa infrutífera patrulha da foz do Geba.

Os combates estavam no auge, com a capital a ser continuamen-te bombardeada pelas forças sitiantes. Não é fácil descrever a angústia que é subir um rio traiçoeiro cujo leito instável tinha sido sondado pela última vez vinte e cinco anos antes (!), sempre man-tendo uma apertada vigilância sobre a margem norte, de onde se erguiam várias colunas de fumo e onde o som dos tiros das explosões se ouvia cada vez mais perto.

Para piorar a situação, ouvia-se, na estação de rádio governa-mental, que uma força naval portuguesa tinha chegado para ajudar as forças do governo. Para o autor destas linhas havia a emoção adicional de rever a terra onde nascera e onde o seu pai cumprira, entre 1962 e 1974, três comissões de serviço, integra-do, respetivamente, no destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 2 e nas Companhias de Fuzileiros n.º 10 e n.º 2.

À chegada das corvetas, o Comandante Melo Gomes, embarca-do na “Vasco da Gama” – que passara a noite fundeada fora do alcance da artilharia rebelde –, deu ordem para a força fundear em frente ao cais de Bissau, onde uma multidão de refugiados em pânico, debaixo da mira das armas de tropas senegalesas e da Guiné-Conakri (pró-governamentais), aguardava desesperada-mente a evacuação. Prontamente foram postos na água os botes dos fuzileiros e as embarcações semirrígidas dos navios, que logo se dirigiram para o cais.

Montado o necessário perímetro de segurança, as carreiras foram iniciadas sem mais perda de tempo. Durante toda a tarde, as

Operação “Crocodilo”foi há 15 anos

Combates em terra

Bote com refugiados

Jorge Moreira Silva

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12 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

embarcações e um helicóptero, num contínuo vai-vem, levaram para bordo dos navios várias centenas de refugiados, muitos deles profundamente perturbados pela terrível experiência por que tinham acabado de passar e alguns perguntando se ali estavam a salvo da morteirada, o que, infelizmente, não era verdade. Tudo decorreu, no entanto, sem incidentes, apesar de se ter registado a queda – acidental ou não! – de alguns projéteis entre os navios da força.

E as coisas poderiam ter corrido muito mal, sobretudo quando uma lancha senegalesa largou do cais e se pôs a passear entre a fragata e as corvetas, esperando, talvez, que os rebeldes dirigissem para aí o seu fogo e levassem a devida resposta. Só depois de alguns avisos mais sérios este indesejado “convidado” se dispôs a regressar à respetiva procedência.

Após o pôr-do-sol, com o cais praticamente vazio e os navios a abarrotar de refugiados, o comandante da força deu ordem de suspender e descer o rio, não sem antes ter deixado em terra o Pelotão de Reconhecimento (PELREC) a montar segurança na embaixada portuguesa (o embaixador recusara-se a deixar a cidade), tendo este ali permanecido durante cerca de uma semana, até ser rendido por elementos do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP.

Na foz do Geba, a força encontrou já o “Bérrio”, que, durante o trânsito para a cidade da Praia, reabasteceu de água e combustível a fragata e as duas corvetas.

Entregues os refugiados à proteção das autoridades cabo-ver-dianas e embarcado algum material de apoio humanitário para distribuição ao carenciado povo guineense, a “Vasco da Gama” e a “Honório Barreto” regressaram, no mesmo dia, ao teatro de operações.

A “João Coutinho” e o “Bérrio” regressariam no dia seguinte.

Nas semanas que se seguiram, os navios desdobraram-se em ações de evacuação e de entrega de alimentos às populações isoladas pela guerra. Após uma tentativa gorada de recolha de refugiados em Bissau, devido ao facto de a zona do cais e águas circundantes estarem debaixo de fogo, as corvetas foram distri-buir ajuda humanitária a Bolama e a Bubaque, no arquipélago dos Bijagós. Posteriormente seriam feitas novas recolhas de refugia-dos, em Varela, Ponta do Biombo, Rápidos do Saltinho e, de novo, em Bissau, onde a “João Coutinho” chegou a atracar (altura em que foi colhida a célebre imagem do fuzileiro com o bebé ao colo).

No total, foram recolhidas mais de 1200 pessoas, a somar às mais de duas mil que tinham sido retiradas do local pelo “Ponta de Sagres”.

Durante todo este período, a força esteve acompanhada por dois navios de guerra franceses (que nestas questões nunca deixam os seus créditos por mãos alheias), o navio anfíbio “Foudre” e a fragata “Drougou”, com os quais foram mantidas comunicações e troca de informação (naturalmente salvaguardando alguns

Lancha senegalesa navegando entre os navios da força

Refugiados a bordo de uma corveta

Piroga passando à popa de um dos botes (arquipélago dos Bijagós)

Helicóptero Lynx carregando material de ajuda humanitáriapara distribuição à população guineense

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aspetos mais delicados de interesse estritamente nacional). É de referir, no entanto, que estes, ao contrário dos portugueses, nunca conseguiram estabelecer uma ligação efetiva com as forças rebeldes, tendo, inclusive, duas das suas lanchas de desembarque sido recebidas a tiro na Ponta do Biombo, onde a força naval portuguesa conseguiu efetuar um resgate bem sucedido.

E a verdade é que as linhas de comunicação abertas entre os beli-gerantes vieram a revelar-se fundamentais para as conversações de cessar-fogo que, pouco tempo depois, se seguiriam (desta vez com a presença da fragata “Corte Real”).

Também neste capítulo, o contributo português foi devidamente apreciado e prestigiou o nosso País na cena internacional, apesar do desdém de alguns comentadores mal-intencionados que, do conforto dos seus gabinetes com ar condicionado, se dedicam, sistematicamente, a “deitar abaixo” tudo o que diz respeito à Instituição Militar.

No dia 24 de julho, após uma missão cumprida com pleno su-cesso, a força naval fez a sua entrada triunfal na barra de Lisboa, dando-se oficialmente por concluída a Operação “Crocodilo”, uma missão inesquecível que trouxe bom nome a Portugal e às Forças Armadas Portuguesas.

Salvaram-se vidas, socorreram-se populações carenciadas e deu-se um contributo decisivo para a Paz.

Com grande felicidade de todos os que nela participaram, não se matou nem se morreu, apesar das tentativas de envolvimento que, em várias ocasiões, geraram momentos de grande tensão. E os nossos fuzileiros tiveram nela um papel de destaque.

Só foi pena não ter sido dado a este grande feito o mérito e o destaque que merecia.

… Resta o orgulho de ter sido parte dele e de o ter feito em boa companhia.

Jorge Moreira Silva(CFR)

Sócio n.º 1741

Oficiais da corveta “Honório Barreto”, fundeada ao largo de Bubaque(arquipélago dos Bijagós)

Notar as mangueiras em carga estendidas sobre o convés, destinadas não só a fazer face a um eventual incêndio como também – e sobretudo! – a arrefecer periodicamente o convés sobre o paiol de munições de 100 mm, de onde, de vez em quando, sob os implacáveis raios do sol tropical, se chegava a levantar algum fumo.

Notas: Este artigo, tendo sido redigido com toda a honestidade, baseia-se exclusivamente nas memórias pessoais do seu autor, não devendo, portanto, ser considerado um relato oficial dos acontecimentos descritos.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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14 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

De um recanto da minha desgastada memória ocorrem-me, fugazes, pequenos trechos que a bruma do tempo não dis-sipou de todo.

Estávamos então no ano de 1974. O mês de Setembro tinha dado ao mundo a convivência de mais um pequeno País, enquanto o Império nacional soçobrava e a metrópole, que ainda somos, vol-tava, irre mediavelmente, às velhas fronteiras do território europeu.

Na minha mente visualizo, ainda, a ré do velho paquete Índia, ou Pátria – já não sei ao certo – que levava do território africano, mar fora, as últimas unidades do exército colonial. O Governador da Província (como então lhe chamavam) tinha partido poucas horas antes, a bordo do último avião de carreira que fez “escala” no território.

Para trás, dois destacamentos de fuzilei-ros especiais, garantiram que esta der-radeira evacuação se processasse em perfeita segurança, sem atritos nem con-vulsões. A presença discreta e eficaz da-quelas duas unidades de Marinha nunca foi exaltada, nem sequer revelada, antes ignorada e até, talvez, ostensivamente ostracizada… Vá lá saber-se porquê.

Parece que se perdeu muito material, registos de comunicações, relatórios de operações e SITREP’s… nunca foram “desencaixotados”, isto no caso de terem chegado ao destino…

Não foram fáceis os últimos momentos vi-vidos em Bissau naquela ocasião. A Guiné fervilhava com a “libertação” e com a reti-rada dos portugueses. O ambiente era mui-to tenso, de grande melindre emocional e, até físico. Era, para esses povos africanos, o estertor do colonialismo... O momento da “Libertação”. O seu grito de Vitória!

A margem para cometer erros (de carácter político ou estraté-gicos) era mais que exígua. Conjugar tudo isto com a afirmação do respeito pela nossa força, a contenção de ímpetos, quer dos nossos, quer da outra parte, mesmo no momento da retirada, não foi tarefa fácil e só a coragem e o bom senso, das nossas forças, naquela hora, permitiu uma retirada incólume e a contento.

O final da estação das chuvas que se avizinhava naqueles dias de Outubro meão veio encerrar mais um ciclo da História de Por-tugal em África. Os 11 anos de luta renhida e incessante, onde dezenas de portugueses derramaram o suor, o sangue e mesmo a própria vida, tiveram um epílogo que foi digno e meritório, pela forma como os últimos militares nacionais se comportaram. Pela sua inteligência, pelo seu bom senso e pela sua firmeza e cora-gem, Portugal despediu-se, honrosamente, desse território… Até

Estórias por Contarda então Província Ultramarina da Guiné…

A Retirada José Horta

Patrulha do DFE 1, no rio Cacheu

Chegada a Ganturé (Cacheu) Aspecto das instalações da Marinha em Bissau, num dia de tempestade

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15O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

mesmo pela forma como tratou e co--habitou, com o ex-IN. Pela ajuda prestada, pela co-laboração e pelo legado que dei-xou…

No alvor do dia 15 de outubro de 1974, os destaca-mentos de fuzilei-ros especiais n.º 4 e n.º 5, totalmente desprotegidos e desapoiados, em-barcaram numa LDG, atracada na ponte cais de Bis-sau, para posterior transbordo para o

NRP S. Gabriel, que os aguardava ao largo, a distância reco-mendável.

Passaram, entretanto, cerca de, 39 anos sobre estes eventos. Re-cordo com emoção e algum gáudio, o que se passou, então, no momento de deixar o território, na altura do embarque.

O DFE 4 era comandado pelo tenente Menezes, entretanto, falecido. O imediato era o Corte Real e os 3.º e 4.º oficiais eram, respectivamente, o Barros da Cunha e o Capela.

O DFE 5 era comandado pelo tenente Lopes Fernandes e tinha como imediato o saudoso Albano que, também, já nos deixou, sendo eu, José Horta, o 3.º oficial e a pessoa que assina esta crónica. O 4.º oficial era o Antas de Barros, também, falecido há alguns anos, num estúpido acidente de moto. A acção destes dois destacamentos era coordenado por outros dois oficiais mais antigos: o Com. Carreiro e Silva e o Com. Malheiro.

Após embarcarem os sargentos e as praças, ficaram no cais os 10 oficiais que, displicentemente, se entreolhavam. Qualquer um deles alimentava a ténue esperança de ter a honra de ser o último a embarcar.

Consciente do meu lugar na hierarquia, tomei logo a iniciativa, realista, de ser o 1.º oficial que embarcou, logo seguido e com re-lutância crescente, pelos outros camaradas que, inevitavelmente e entretanto, iam ficando para últimos. Restaram, por fim, no cais cinzento e escurecido, matizado pelo clarear da manhã, dois se-nhores que, após breve acerto de antiguidades, lá se resolveram sobre quem teria a honra de ser o último português e militar, a deixar o solo dessa ex-PU africana e que o Império português, na Terra, legou às outras nações, para a posteridade.

Ah vã glória… não sei se mais alguém se deu conta mas, o meu registo visual captou a cena de um humilde Grumete manobra a soltar, com simplicidade e determinação, a amarra que prendia a velha Lancha ao cais…Foi ele o militar de Portugal, o último a deixar, de facto, a terra da Guiné.

José HortaSóc. Orig. n.º 485

2TEN FZE/RN

Eu, no cais de Cafine, na baixa mar

INFORMAÇÃOSnack-Bar/Salão polivalente

e de refeiçõesInformamos os nossos Associados que o Snack- Bar da AFZ da nossa Sede Social está em pleno funcionamento após obras de conservação/manutenção.

Daqui os exortamos a que frequentem a nossa/Vossa Sede e o Bar e o Salão polivalente e de refeições e a que, os Camara-das organizadores dos habituais Almoços/Convívios, consultem sempre a AFZ e/ou o respectivo concessionário do Snack-Bar, porque encontrarão, por certo, condições de relação qualida-de/preço muito favoráveis, para além de um ambiente agradá-vel e muito propício à realização de eventos desta natureza, em que as nostálgicas saudades, as alegrias, a amizade, a solida-riedade, as nossas histórias e o espírito do fuzileiro se podem revelar em toda a sua plenitude.

Sugerimos que as marcações de pequenos eventos ou os almo-ços/convívios sejam, em princípio, marcados com a intervenção do Secretariado Nacional da AFZ (email: [email protected], tel.: 212 060 079; telem.: 927 979 461) por razões que têm a ver com a programação dos eventos da iniciativa da Direcção.

O Concessionário, cujo novo telefone é o 210 853 030, tem ins-truções para dar conhecimento à Direcção de todos os eventos e/ou convívios que venham a ocorrer na Sede Nacional, antes de se comprometer na sua realização.

Saudações a todos os Sócios e suas Famílias.

A Direcção Nacional da AFZ

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eventos

16 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

A representação da AFZ chegou à Lou-rinhã pelas 9h20 de 25 de Agosto de 2013. A cerimónia teve início às

9h30, no largo da Câmara Municipal, onde se encontra o monumento aos combaten-tes, no centro da cidade. Os Guiões forma-ram em redor do monumento.

O Presidente da AVECO, 1TEN (R) Américo Remédio discursou, dando as boas vindas aos presentes. Seguidamente discursou o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã. No final dos discursos foram lidos todos os nomes dos combatentes, da Lourinhã e arredores, falecidos nas ex--Províncias Ultramarinas. Estiveram pre-sentes várias entidades: Presidentes de

Juntas de Freguesia da região, Presidente da Assembleia-Geral da AVECO, Joaquim Duarte Carvalho, e o Presidente do Conce-lho Fiscal da AVECO, Joaquim Domingos, estes últimos originários dos fuzileiros.

De realçar, ainda, a presença do CALM Tavares de Almeida, Assessor do 1.º Mi-nistro e do GEN Paraquedista Avelar de Sousa. Houve uma sessão de fotografias, os guiões e os convidados deslocaram--se à Igreja, onde se realizou uma missa, em homenagem aos Combatentes fale-cidos, após o que a comitiva se deslocou

ao cemitério, prestando mais uma vez, no espaço reservado aos Combatentes, uma pequena homenagem, com deposição de uma coroa de flores.

Terminadas as cerimónias cerca das 13h30, os convidados deslocaram-se para o restaurante, para o tradicional almoço/convívio que proporcionou um ambiente descontraído e saudável.No final foram distribuídos diplomas de presença e partiu-se o bolo comemorativo do 8.º aniversário da edificação do monumento.

A convite dos nossos Camaradas, Américo Remédio e Avelino Pau-lo, Presidentes, respectivamente,

da AVECO (Associação dos Veteranos e Combatentes do Oeste) e da sua Delega-ção de Santa Catarina – Caldas da Rai-nha, a Associação Nacional de Fuzileiros fez-se representar, no passado dia 7 de Julho, nas cerimónias de homenagem aos Combatentes da Guerra do Ultramar que tiveram lugar naquela freguesia e

junto ao respectivo Monumento, oportu-namente erigido.

Com um programa cheio e bem delinea-do, as comemorações tiverem início logo às 9h00 com a concentração dos antigos Combatentes, famílias e amigos, no Largo da Igreja e a chegada das Entidades Ofi-ciais e Convidados e das delegações das Associações, de Fuzileiros, de Comandos (Almada) e de Paraquedistas.

Associação dos Veteranos eCombatentes do Oeste (AVECO)

8.º Aniversário do seu Monumento

Combatentes da Guerra do UltramarHomenagem da Delegação da AVECOde Santa Catarina – Caldas da Rainha

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eventos

17O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Presentes outras representações de várias associações, designadamente, da Associa-ção de Deficientes das Forças Armadas, e da Liga dos Combatentes fazendo-se, tam-bém, representar a Escola de Sargentos do Exército.

Seguidamente fez-se uma romagem ao Cemitério acompanhada pela Banda Filar-mónica de Santa Catarina e, pelas 11h00 houve Missa concelebrada pelos reveren-

dos: antigo Capelão, CFR Padre Nazaré e pelo Pároco, Padre Luís Pedro, em memó-ria dos combatentes já falecidos.

Cerca do meio-dia ocorreu uma marcha (que o nosso Guião nacional integrou) no Largo da Igreja ao som da Banda Filarmónica, seguida de honras militares, em frente do Monumento, prestadas por militares do Quartel do Exército das Caldas da Rainha.

Teve lugar o inevitável almoço/convívio no restaurante “Casal Frade”, em Mata de Porto Mouro.

A Delegação da Associação de Fuzileiros constituída por quatro Sócios Originários e Veteranos foi coordenada pelo seu Sócio de Mérito, n.º 158, Dr. José dos Santos Sequeira que depositou uma coroa de flo-res, junto ao monumento.

“O Desembarque” – Revista n.º 18Caros Camaradas e Amigos:

A nossa revista “O Desembarque” (Edição n.º 18) – após editada e enviada a n.º 17 (Novembro 2013) – já começou a ser projec-tada. A sua publicação prevê-se para princípios de Março de 2014.

Nesta data, existem já em carteira alguns conteúdos que não lograram espaço para se publicarem na edição n.º 17, pese embora esta conter 52 páginas.

Solicitamos a todos os Sócios que nos enviem os textos que entendam merecer publicação e as correspondentes fotografias, colaborando assim na revista que é dos Sócios e, sobretudo, para os Sócios.

Solicitamos ainda aos nossos colaboradores permanentes (vidé Ficha Técnica) o favor de se anteciparem com a qualidade dos seus escritos.

Os textos devem ser remetidos via correio electrónico, em documento “Word” (não digitalizados) e as fotos (se necessário, com indicação de legendas à parte) deverão possuir qualidade gráfica e não devem ser integradas nos textos.

Os artigos (Cartas ao Director, Notícias, Crónicas, Lendas E Narrativas, Opinião, Cultura E Memória, Pequenas Histórias, Poesia, etc.) serão publicados se a Direcção da AFZ e a Redacção de “O Desembarque” considerarem que têm qualidade suficiente para o nível da revista que se pretende manter e se estiverem de acordo com a sua linha editorial, sem prejuízo de os textos poderem ser revistos e adaptados, se os respectivos autores, expressamente, não se opuserem, quando da remessa dos seus escritos.

No caso de, na Redacção, se acumularem trabalhos que ultrapassem a dimensão prevista para a revista “O De-sembarque” (em princípio, 48/52 páginas), os artigos publicar-se-ão pela ordem de entrada ou dos registos dos acontecimentos, designadamente, no caso de relatos de convívios ou encontros.

A Direcção da AFZ e a Redacção da revista “O Desem-barque” agradecem a colaboração de todos e, sobretudo, das Divisões e Delegações, no sentido de se conseguir um órgão de comunicação de qualidade e prestígio, mas que retrate a AFZ nas suas transversais dimensões sociais e culturais.

Com os melhores cumprimentos e a expressão da nossa mais firme camaradagem.

A Redacção de “O Desembarque”

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crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

É esta a quinta crónica que dou à estampa na revista “O Desembarque”, não a tendo publicado na anterior edição por manifesta falta de espaço e, neste caso, quem partiu e

repartiu não ficou, de facto, com a melhor parte…

Para melhor compreensão da história e do fenómeno que cons-tituiu esta ponte aérea – por alguns já considerada a maior do Mundo, coordenada e executada, exclusivamente, por civis – aconselho aos nossos leitores a consulta das edições números 12, 13, 14 e 15 de “O Desembarque”, de Outubro de 2011 a Março de 2013.

Enquadramento

O “Esquadrão Chipenda” foi constituído após a cimeira de Nacuru com base numa facção dissidente do MPLA (a chamada “Revolta do Leste”) a qual, tendo como líder Daniel Chipenda, aderiu ao FNLA (liderado por Holden Roberto) assumindo, porém, o estatuto de movimento autónomo, em coligação política com o FNLA e por este apoiado logistica e militarmente.

Foi assim que o “Esquadrão Chipenda” recebeu material de guer-ra, viaturas e até pessoal do Congo Kinshasa (Holden Roberto era cunhado de Mobutu, Presidente da República do Zaire).

Tendo obtido acordo tácito com a UNITA, movimento que então dominava o Planalto Central de Angola e, nomeadamente, as cidades de Nova Lisboa (Huambo), Silva Porto (Bié) e Serpa Pinto (Menongue) estabeleceu-se o “Esquadrão Chipenda”, com uma força de cerca de 100 homens, em Nova Lisboa integrando, para além de alguns mercenários provenientes do Congo Kinshasa, outros tantos oportunistas angolanos e portugueses, recrutados à pressa.

A cidade de Nova Lisboa, em Agosto/ /Setembro de 1975 apresentava, pois, o seguinte quadro de forças:

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) de Jonas Ma-lheiro Savimbi, largamente maioritária e com adesão popular dominava, quase totalmente;

O “Esquadrão Chipenda”, de Chipen-da, dissidente do MPLA/Neto, em fase de instalação, constituía um pequeno grupo militar, bem armado, mas com dificuldade de adesão das populações;

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), vencido que foi pela UNITA em princípios de Junho/75, em duros recontros na cidade, estava “ins-talado”, com cerca de 200 militares e civis, no Regimento de Infantaria de Nova Lisboa, sob custódia das Forças Armadas Portuguesas (FAP) única pos-sibilidade de essas pessoas não serem exterminadas pelas forças da UNITA e do “Esquadrão Chipenda”;

A Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), quase ine-xistente, pactuava também com a UNITA e com o “Esquadrão”;

As Forças Armadas Portuguesas (FAP), exclusivamente do Exér-cito, já não controlavam minimamente os Movimentos, ditos de libertação, instalados na cidade, limitando-se a protegerem-se nos seus aquartelamentos (Zona Militar Centro/Regimento de In-fantaria) e a darem a protecção possível à Comissão de Repatria-mento da Comissão Nacional de Apoio aos Desalojados (CNAD) instalada no edifício do ex-Distrito de Recrutamento e Mobilização e nas instalações velhas do aeroporto de Nova Lisboa, incluindo hangares, de onde haviam sido retiradas as pequenas aeronaves pertencentes ao Aeroclube do Huambo, já que o edifício principal do aeroporto estava totalmente ocupado por forças da UNITA.

A Ponte Aérea Nova Lisboa/Lisboa tem início a 11 de Agosto de 1975 com quatro aviões: dois destinados a “adidos” (funcionários públicos) e dois para “desalojados” (pessoas não ligadas, profis-sionalmente, à Administração Pública Portuguesa, dita colonial).

Então, ainda se pensava que era possível distinguir funcionários públicos/desalojados de desalojados/não funcionários públicos, vindo-se a verificar, poucos dias depois, ser esta distinção um símbolo de impossibilidade, uma utopia de quem, por verdadeira falta de compreensão da inexorável inevitabilidade, ainda estava convencido de que poderia controlar alguma coisa.

A “Comissão de Adidos” – viviam-se os tempos das “comissões” – que um encarregado do Governo do Distrito do Huambo, de duvidosa competência e responsabilidade (o poder já estava na rua) pretendia, ainda, conseguir controlar, extinguiu-se por “morte natural”, desaparecendo o tal Encarregado do Governo, da vida activa da ponte aéra, subsistindo apenas uma única

Comissão de Repatriamento (a CNAD) que este escriba ia – vá-se lá saber como – coordenando.

Nesta altura, o Coordenador da Comissão de Repatriamento da CNAD, eu próprio, apenas tinha “competência”, não se sabe dada por quem, para evacuar “não funcionários” – situação ridiculamente inconcebível, tratando-se de pequena minoria em contraponto com uma cidade de cerca de 60.000 habitantes que dobrou, em pouco mais de uma semana, a sua população com os refugiados que iam constantemente chegando – já que dos funcionários tratava a tal “Comissão de Adidos” “liderada” pelo dito Encarregado do Governo, cujo nome não refiro, por respeito a quem já não está entre nós e que “exigia” utilizar metade dos aviões que tocasse o Aeroporto do Huambo, para evacuar funcionários públicos, a maioria também refugiados do centro/Sul de Angola, mas também de outros locais do Centro/Leste.

Marques Pinto

Crónicas de Outros TemposPonte Aérea Nova Lisboa (Huambo) – Lisboa

Evacuação de Família ameaçada demorte pelo “Esquadrão Chipenda”

Capa do livro de Fernando Dacosta

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crónicas

19O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

A estória

Trata-se do drama de um Funcionário Público nascido em Angola e conotado (vá lá saber-se se bem ou mal) com o “Governo Provisório” de Angola, presidido pelo Alto-Comissário, Contra-Almirante Rosa Coutinho – como se sabe e já está amplamente documentado, o carrasco da desgraça angolana e da sua população (vidé a obra de investigação, «Segredos da Descolonização de Angola – Toda a verdade sobre o maior tabu da presença portuguesa em África – de Alexandra Marques – da “D. Quixote” – 1.ª edição, Maio de 2013) – que, após a dissolução deste Governo e a tomada de posse do “Governo de Transição” (já integrado por elementos dos três movimento de libertação – MPLA, UNITA e FNLA) regressa a Nova Lisboa, onde reside.

O Rodrigues – nome porque passarei a identificá-lo – homem de cerca de 46 anos, era casado, tinha três filhos e a sogra, viúva, a seu cargo e habitava uma vivenda, num dos melhores bairros da cidade, o Bairro do Liceu, situada muito próximo da casa onde eu próprio vivia. Tínhamos, como será fácil de perceber, algumas relações de vizinhança.

Os filhos mais jovens que vibravam com a onda revolucionária teriam exibindo bandeira do MPLA, uma ou mais vezes, vá se lá saber ao certo, na fachada da casa, o que teria identificado “publicamente” a família com este Movimento, numa cidade do-minada por movimentos rivais (UNITA e “Esquadrão Chipenda” representando este, também, os “interesses” da FNLA, em Nova Lisboa).

Tendo-me constado que a família teria sofrido ameaças, passei por sua casa, na tarde de 11 de Agosto de 1975, para saber con-cretamente, como estavam e se precisavam de alguma coisa, apreensivo, desde logo, por me haverem falado na exibição das bandeiras do MPLA.

A vida e os acontecimentos, alucinantemente velozes, numa An-gola quase balcanizada e numa cidade onde o poder pisava a rua, tinham contribuído para que eu detivesse algum poder de facto: o dos embarques nos aviões cuja Ponte Aérea coordenava, como podia, numa cidade de interior, quase sitiada, sem porto de mar e já sem aviões comerciais.

Para os cerca de 140 mil habitantes e refugiados era claro que o único meio de fuga era o ar, à excepção de uma ou outra coluna auto que se constituía, já com muita dificuldade em conseguir os indispensáveis combustíveis. A capacidade de organização dos portugueses, donde brotava sempre um líder natural foi/é verdadeiramente notável consubstanciada, aliás, na constatação histórica de que somos excelentes para o improviso mas menos dotados para o planeamento eficaz.

Este Funcionário Público viu-se, de repente “entregue a si pró-prio” numa cidade onde a lei era a força de movimentos armados hostis ao MPLA com o qual, porventura, o seu idealismo e a juven-tude dos filhos o haviam conotado.

No decurso desta visita, o Coordenador da Comissão, que subs-creve esta crónica e a sua então Mulher, que o acompanhava, confrontam-se com uma família extraordinariamente tensa, cheia de medo físico (porque não dizê-lo) e com mais do que suficiente justificação.

Existiam, de facto, soube-o então, alguns sinais preocupantes. Para além de viaturas carregadas de guerrilheiros armados, da UNITA e do “Esquadrão Chipenda”, em movimentos aparente-mente anárquicos que passavam com alguma frequência, diante da vivenda do Engenheiro Rodrigues, uma delas encontrara o seu filho mais novo, brincando na rua e um dos guerrilheiros pergun-tara-lhe pelo mais velho, descrevendo-o. O miúdo terá respon-dido que conhecia alguém que correspondia à descrição e que, segundo a criança, moraria no Bairro “lá para trás”. A apreensão do Pai justificava-se, também, por saber que o seu filho, o mais velho dos rapazes, teria alguma actividade ligada ao MPLA, distri-buindo “papéis de propaganda”. Acresce, ainda, que teria recebi-do telefonemas, de fonte identificada, referenciando a actividade do rapaz e recomendando a saída da família de casa.

Na altura verifiquei (verificámos) que a Mulher do Rodrigues as-sustava-se por tudo e por nada, até com o simples bater de uma porta. Os filhos e a sogra revelavam também, muita apreensão, quase pânico. O Engenheiro, com os seus cabelos grisalhos, de porte imponente, mal disfarçava (para quem bem o conhecia) a sua preocupante apreensão.

Estávamos, sem dúvida, na presença de uma família tomada de medo e desprotegida. Já não havia quem, por Portugal, a pudesse proteger.

Eu tinha os primeiros aviões, na placa, às 21 horas e precisava de estar no aeroporto com antecedência.

Do que se tratava era dos primeiros embarques de desalojados nos aviões da Ponte Aérea.

A minha então Mulher – que embarcaria nos primeiros aviões – já que o exercício das minhas funções de voluntário não permiti-riam preocupações com a segurança da família – exercia sobre mim grande pressão para que o Rodrigues e a família fossem evacuados para Portugal, também, nos primeiros aviões. Eu ten-tava explicar-lhes que apenas coordenava (então) os embarques nos aviões destinados a “não funcionários públicos” e que, nessa noite chegariam, também, dois aviões destinados a funcionários

O autor no seu modesto gabinete de trabalho

“Moveram montanhas, vencendo provas espantosas de coragem e engenho”

© Alfredo Cunha

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crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

(adidos) cujos embarques, eram da competência do Encarrega-do do Governo, o tal “competente” Intendente de Distrito. Este Senhor, com quem eu nunca simpatizei particularmente, ainda pensava que mandava alguma coisa e não discernia a sua dra-mática ilusão.

O Rodrigues e a família mantinham-se na expectativa enquanto a então minha Mulher insistia em que eu deveria fazer alguma coisa.

Após a Esposa do Engenheiro ter dado um salto da cadeira onde estava sentada apenas porque um dos filhos bateu uma porta com um pouco mais de violência, a minha então Mulher disparou (passemos ao discurso directo):

– Se acontece alguma coisa a esta gente vais sentir remorsos a vida inteira.

– Mas já não te disse que este problema não é meu mas, exclu-sivamente, do Encarregado do Governo? E o Engenheiro é senhor de pegar no telefone e de lhe colocar o problema.

A minha então Mulher, com o seu ar imperturbável e a sua pon-ta de misticismo parecia pressentir alguma coisa de grave, a tal ponto que me interpela com particular agressividade:

– Não fazes nada porque não queres. É o teu feitio...com o teu orgulho não pedes nada a ninguém. Pensas que endireitas o Mun-do e que – mesmo numa situação destas – tudo tem de ser feito com irrepreensível honestidade e dentro das normas. Mas onde estão a acção, as normas e a honestidade dos outros? Se eles morrerem, a culpa é tua.

Agastado e em tensão – tensão que se respirava, aliás, em todo o ambiente – digo, já em tom alto:

– Onde é que está um telefone?

Os telefones como quaisquer meios de comunicação (é óbvio que não havia telemóveis) já funcionavam pessimamente.

O Rodrigues indica-me o telefone, em cima de um móvel da sala, aproximo-me com um misto de raiva e apreensão, e disco-o brus-camente. Momentos depois atendem:

– Está? Intendente? Sou eu, o Marques Pinto. É para lhe dizer que estou em casa do Engenheiro Rodrigues.

...

– Sim, desse mesmo… – e que esta gente está em pânico. Sen-te-se ameaçada e há claros sinais disso, sendo prudente fazê-los embarcar hoje.

...

– O quê? Não tem lugares nos aviões dos “adidos”? ... Mas o problema é seu, não é meu. O Engenheiro é funcionário público. A decisão nesta situação de emergência é sua.

...

– Como ? Não estou a ouvi-lo bem. Diga. Sim .......Já percebi... Quer dizer, o Senhor não pode retirar ninguém dos seus aviões, especificamente destinados a funcionários e eu posso retirar de-salojados dos meus, cujo numero é 50.000 vezes maior, para me-ter funcionários e resolver este problema que é seu?!

...

– Então, o Senhor não pode fazer nada! O Senhor que é o Encar-regado do Governo e que detém a responsabilidade de evacuar os funcionários públicos?!

– Sabe porque que é que o Senhor não pode fazer nada? Porque a sua capacidade de decisão é zero!

...

– O quê? Gostaria de ver a minha no seu lugar? O Senhor é um badamerda. Com licença.

Atiro com o telefone para o descanso, com força e digo:

– Vou ao aeroporto, num instante e já volto.

Saio porta fora, meto-me na viatura e arranco com velocidade fazendo chiar os pneus. Dirijo-me ao aeroporto, entro nos hanga-res (onde está instalada a área de controlo de embarques da Co-missão de Repatriamento) e dirijo-me a um dos meus caríssimos colaboradores, o Coordenador-Adjunto, Carlos Diniz:

– Como é que estão os dois voos para desalojados?

- Estão ambos cheios, Doutor, e as guias de desembaraço distri-buídas pelas pessoas.

- E não temos mais aviões hoje?

– Só existem os aviões para os funcionários públicos adidos.

– Ó Carlos tenha paciência, guarde-me seis lugares no nosso pró-ximo voo. Mas garantidos. É que temos de evacuar uma família ameaçada que o Intendente não assume evacuar. Se se mantém em casa hoje, amanhã pode “não estar cá”. Podem matá-los to-dos.

– Ok, Doutor esteja descansado que os lugares ficam guardados, na minha mão.

– A que horas sai esse segundo avião?

“A sua cólera foi a sua força.Passado o choque inicial, imergiram no país, mudando-o profundamente.”

Imagem do livro “Os Retornados mudaram Portugal”, cedida pelo ANTT

© Alfredo Cunha

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crónicas

21O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

– Temos indicação de que estará na pista dentro de uma hora. Este primeiro vai arrancar dentro de 45 minutos.

-–Ok, Carlos. Olhe-me cá por isto. Eu vou num instante buscar as pessoas porque elas próprias até têm receio de vir sozinhas para o aeroporto. Se faltar alguém ao embarque vão hoje mesmo. Caso contrário ficam aqui mais protegidas e entram nas primeiras vagas.

Saio do hangar, meto-me no jeep e regresso à vivenda do En-genheiro Rodrigues. Entro na sala onde o ambiente se mantém carregado, se possível ainda de maior tensão, e digo com atitude determinada:

– Vamos embora para o aeroporto. Logo que tenhamos vagas em qualquer avião embarcam.

O Engenheiro Rodrigues e a família metem (atafulham, positiva-mente) em duas ou três malas “umas coisas”, não sabendo bem o quê tal eram a precipitação e o pânico, e quinze minutos depois estávamos todos, oito pessoas e as malas, também atafulhados, no jeep, rumando ao aeroporto. A noite já se tinha cerrado e o percurso foi feito por caminhos secundários, autênticas picadas, uma vez que os Movimentos de “Libertação” tinham estabelecido controlos nos principais acessos ao aeroporto.

No hangar do aeroporto passaram estas pessoas duas noites e dois dias, aguardando as primeiras vagas num avião após o que lá fugiu aquela família para Portugal, com meia dúzia de tarecos nas malas de mão, deixando a casa posta (e bem posta).

Dias depois, à tarde – eu permanecia no aeroporto quase a noite inteira já que os aviões só aterravam após o pôr-do-sol e com ocultação de luzes – passo pela vivenda do Rodrigues, a caminho de minha casa. As portas estavam abertas e as janelas já batiam ao vento. Reparando melhor verifico que a fachada está crivada de balas.

No interior, o caos! Tudo destruído! A tiro!

Dirijo-me a minha casa, próxima e no mesmo bairro e, junto ao passeio de um terreno apenas talhonado mas ainda não construí-do, vislumbro uma criança negra, de três ou quatro anos, sentada no chão, a brincar com um tubo grosso de cabedal claro que me pareceu o invólucro de uma mira telescópica de carabina de caça!

Paro o carro e dirijo-me à criança.

Era um miúdo bonito, gordinho, inocente, de olhos expressivos.

– Olha lá, filho, estás a brincar com quê?!

– Não sei.

– Mostra cá isso.

Pego no tubo e verifico que tem conteúdo. Está pesado. Abro-o e constato – pensava eu – tratar-se de uma potente lente de um microscópio!

– Tu dás-me isto?

Resposta da criança:

– Dou.

Dou-lhe um beijo e meto-me na viatura com a lente.

De facto, tratava-se nem mais nem menos de que um importante instrumento de trabalho (refratómetro portátil) cuja história seria despiciendo contar, que eu trouxe para Portugal e cá entreguei ao Engenheiro Rodrigues – único espólio que, porventura terá con-seguido recuperar da sua residência em Angola!

Marques PintoSóc. Orig. n.º 221

Nota do Autor: Não possuo fotos desta Ponte Aérea nem existem arquivos de televisão ou de jornais, que eu saiba, pela simples razão de que nunca vi que algum jornalista demandasse Nova Lisboa (o Huambo). E se lá tivesse ido alguém da comunicação social teria necessariamente de contactar comigo porque eu estava presente à chegada de todos os aviões da ponte aérea e já não havia outros. O que havia era miséria e a ansiedade de fugir.

De Luanda ainda existe “alguma coisa”, porque era a Capital. Do Huambo, cidade sitiada, zero. Possuo porém alguns documentos – alguns comprometedores – que porventura um dia se publicarão. As fotos (à excepção das do autor) são retiradas da net e quando têm autores referenciados, estes são citados.

“Chegaram (cerca de 800 mil pessoas) em barcos e aviões, em caudais de desespero e desamparo.”

Rosa Coutinho com Jonas Savimbi no encontro do Luso em18 de Dezembro de 1974 (foto da obra de Alexandra Marques)

© Alfredo Cunha

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crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

As grandes pequenas estórias de uma guerra acontecem, a maior parte das vezes, por acaso. O imprevisto

ultrapassa, muitas vezes, o planeamen-to rigoroso antecipado e, mesmo toda a montagem de segurança que era o apaná-gio dos treinos constantes e contínuos que as unidades de forças especiais, como os fuzileiros, procuravam seguir à risca.

E, assim, por vezes, sem querer, chegá-vamos mesmo a dormir com o inimigo. O termo pode parecer exagerado. É, neste caso, uma metáfora.

Na realidade, não pernoitamos na mesma camarata, mas estacionamos, ao começo da noite, numa orla de uma floresta muito densa onde, a cerca de 50 metros, havia uma unidade do PAIGC.

Sem que uns e outros dessem por isso.

Assim aconteceu com a minha unidade.

O ano de 1971 já ia longo.

O DFE estava colocado em Porto Gole, por imposição unilateral do Comandante--Chefe, em condições deficientíssimas, e realizávamos operações helitransporta-das, com reembarques em lanchas, em zonas onde as forças portuguesas tinham, há anos, abandonado os aquartelamentos, no sul do Rio Geba e no rio Corubal, per-to da confluência com aquele, nomeada-mente, nas áreas das Pontas do Inglês e de GãJoão e na Península de GãPará.

Mas, vamos à estória.

Andávamos há dois dias em nomadização numa zona que bordejava a península de GãPará, numa operação iniciada pelo Des-tacamento, a que se juntou, mais tarde, uma unidade de paraquedistas, ambas as unidades sob o comando de um Tenente--Coronel, comandante do Batalhão da-quele corpo especial, então integrado na Força Aérea.

Actuávamos, todavia, isoladamente, e em lugares distantes.

No segundo dia na nossa actividade ope-racional, com todas as cautelas, assim que se aproximou o fim da tarde, movi-mentamo-nos em círculos, para despistar os guerrilheiros, que sabíamos estarem,

perfeitamente implantados na península, mas cujas informações militares desco-nheciam a quantidade e os lugares even-tuais de apoio.

Havia, aliás, pouca população, pois em algumas povoações referenciadas nas antigas cartas militares - e, por onde pas-samos – não havia sinais recentes de es-tarem ocupadas.

Assim, ao cair da noite, estacionamos ao longo de um palmeiral, cuja retaguarda estava protegida por floresta cerrada e na nossa frente, uma antiga área de cultivo de arroz, havia larga visibilidade.

Procedimentos de segurança, estabeleci-dos, depois, os serviços de vigilância.

Cansados, os que não ficaram de serviço, caíram, de imediato, nos braços de Mor-feu.

Horas depois, uma das praças acordou--me a informar-me que tinha visto umas pequenas “luzinhas” no outro lado do pal-meiral.

Levantei-me e não consegui enxergar “as luzes”.

– Mas eu vi”, afirmou a praça, “agora de-sapareceram”.

– Está bem. Logo que amanheça, falo com o Comandante e vamos ao local, disse eu.

Ao nascer do sol, todos já estavam pron-tos.

Vim a saber que outros também tinham visto as “luzinhas”, que admitiram serem “pirilampos”.

Com ordem de avançar do Comandante, encabecei um grupo, que, com cautelas, se dirigiu para a zona referenciada.

Cinquenta, setenta metros, andados, qual não é o nosso espanto, deparamos com um guerrilheiro, ainda a dormir, que, ao acordar, agarrou numa arma, que estava ao seu lado, uma Simonov, e se enfiou para dentro da mata cerrada, dando um tiro.

Corremos, de imediato, na sua direcção, e qual não é o nosso espanto, entre tiros e rebentamentos, deparámos com um gran-de hospital de campanha, com uma mesa operatória, onde ainda se via sangue e uma garrafa de soro, pendurada num gan-cho de tipo hospitalar.

Olhei, no meio da confusão de movimen-tos que se estavam a dar naquele espaço, e reparei que havia beliches em ferro e muito material médico e medicamentos.

Capturamos uma Simonov, que penso que seria a da sentinela, que encontramos no início.

Fizemos uma busca rápida, no meio do combate.

Com os tiros e rebentamentos, foram des-truídas muitas camas e tabancas, mas os guerrilheiros fugiram, ordenadamente, em poucos segundos, não deixando qualquer ferido ou morto no terreno.

Como nos dizia a experiência, sabíamos que poderiam retaliar, por isso atraves-samos, em corrida rápida, este hospital--acampamento. E fomos emboscar no lado contrário de onde tínhamos entrado.

Recuperamos o máximo de material em medicamentos e informámos o Coman-dante Operacional do sucedido.

No final da operação, penso que nesse mesmo dia, juntámo-nos aos paraquedis-tas para reembarcar na mesma Lancha de Desembarque Grande.

Eles tinham capturado uma jovem, que indicou ser enfermeira e que pertencia àquele hospital.

Que ficamos a saber que se chamava de Tumaná.

Dormíramos com inimigo, pacatamente e em paz, sem que qualquer dos beligeran-tes tivesse obstado à presença.

Paz essa que só durou até de madrugada.

Serafim Lobato

Sóc. Orig. n.º 1792

TumanáDFE N.º 12 - Guiné 1971

Dormindo com o Inimigo

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opinião

23O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Há ainda os que ostentam asas no uniforme (onde se incluem os fuzileiros que também são paraquedistas) e não são raros os ombros onde os cordões encarnados se combinam com

os cordões azuis dos mergulhadores da Armada. Quereis quadro mais completo?

Mas são acima de tudo marinheiros de elite que transportam con-sigo, em todas as circunstâncias, o simbolismo característico do seu ramo de origem. A Marinha. E de entre os símbolos, destaca--se um que tem dimensão universal, porque é comum a todos os marinheiros do mundo. A âncora.

Não sei se é o destino ou a vocação que nos transforma em mari-nheiros. Certamente que são ambos. Mas para nós, portugueses, há mais uma razão para isso. É a nossa herança histórica, que nos encanta, e que ainda nos corre nas veias. O oceano espera-nos! E, atrever-me-ia a dizer até que precisa de nós. Basta pensarmos na grandeza da nossa Zona Económica Exclusiva. Essa vastidão do oceano da qual podemos dispor, mas que também exige de nós.

Musa inspiradora da beleza de inúmeras realizações artísticas, o mar mistura-se com os sentimentos humanos com uma inten-sidade admirável. No mar, tudo se aviva e muito se remoça. É a saudade da família querida e dos amigos que ficaram em terra, que nos invadem as profundezas da alma, que nos comovem e que nos despertam uma vontade incontrolável de reconciliação para que façamos melhor da próxima vez.

Essa profunda saudade, palavra que não tem tradução fiel na lín-gua inglesa, porque existe apenas em português e em galego é o presente no mar.

Não são raras as manifestações artísticas que falam da partida dos marinheiros. Encontrei em Norfolk, nos Estados Unidos, num pequeno jardim, uma escultura que representa um jovem mari-nheiro que tem abraçados a si uma mulher e uma criança. E em Goteburgo, na Suécia encontramos o célebre monumento à “Mu-lher do Marinheiro”. No cimo de uma coluna alta vê-se uma figu-ra feminina que está só, de pé, a olhar para o mar, com o vento a afagar-lhe as roupas e o cabelo. E há muitas outras manifesta-ções congéneres, que nos recordam que há pessoas na vida dos marinheiros que, não sendo a Marinha, têm tudo a ver com ela.

Diz-nos Pinto de Carvalho (Tinop), na sua obra intitulada “História do Fado” (p.42) escrita em 1903, que “Das suas notas mestras e lentas, de uma gravidade de legenda, de uma suavidade tépida, parece emanar uma estranha emoção, impregnada a um tempo, de melancolia e de amor, de bonito sofrimento e de moribundo sorriso. O fado nasceu a bordo, aos ritmos infinitos do mar, nas convulsões dessa alma do mundo, na embriaguez murmurante dessa eternidade da água”. E na mesma singradura seguem Oliveira Martins (séc. XIX) e Luís Augusto Palmeirim (séc. XIX).

Saudades do Mar

António Ribeiro Ramos

“Quando chegar a hora decisiva, procurem-me nas dunas, dividido entre o mar e a terra”

Miguel Torga

Nas dunas, onde “se alonga e se prolonga, a longa voz do mar”Afonso Lopes Vieira

Ao Fuzileiro, tanto lhe “quer a espuma como a folhagem”Miguel Torga

É “Marinheiro e Soldado na terra” Pacheco de Amorim

Vive a aventura de ter “o mar inteiro”… “e a terra universal”Miguel Torga

Mas há também a emoção indescritível da alegria do reencontro. O encantamento do regresso depois da missão cumprida. O re-nascimento dos sentimentos nas suas formas mais nobres e mais sublimes.

Muitos poetas, que embarcaram ou que usaram o botão de ân-cora, encontraram no mar a condição embrionária da sua própria imortalidade. Estão entre eles Camões e Bocage.

O mar é também uma escola de coragem. Um convite indiscreto ao moral elevado. Um apelo constante à antecipação sobre os acontecimentos e à avaliação correcta das circunstâncias. Com pouca coragem não se consegue andar embarcado. Sem ânimo, sem um temperamento alegre e expedito, sem camaradagem, as equipas não funcionam. Sem conhecimento adequado, experiên-cia e treino, o mar não perdoa.

O mar tanto engrandece como reduz. Porque tende a colocar qualquer ser humano entregue a si próprio e na sua verdadeira dimensão. A bordo, com o tempo, tudo transparece e se manifesta. Tal como é.

Também no mar se encontram resquícios de uma História viva, que pode unir sentimentos intemporais e aproximar gerações. Lembro-me, que quando certa noite naveguei perto dos Penedos de S. Paulo recordei vivamente todo o envolvimento da aventura de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral que ali teve um episódio de grande intensidade humana, ao ponto de sentir uma necessi-dade irreprimível de a contar aos estrangeiros que me rodeavam, e que acabaram por me ouvir contagiados pelo meu entusiasmo.

E o mar está carregado de História viva. Dizia a mitologia grega que o Sol percorria o seu arco diurno sobre um carro puxado por cavalos supostamente conduzidos por Apolo. Os cavalos porém não tinham rédeas e por isso galopavam livremente sem que Apo-lo os pudesse deter. Porque até mesmo os deuses, nada podiam fazer contra a passagem do tempo. E apesar do curso evolutivo e incontrolável dos tempos o mar mantém-se. “O Sol nasce hoje sobre o mar, tal como aconteceu no primeiro dia da Criação”, dizia-se na divulgação de uma conceituada “Nautical Academy” norte americana. Porque o mar continua ainda a ser o mesmo. O mar é eterno.

Se há imagem da esfera celeste que ao ser humano desperte todo o seu fulgor contemplativo, pela visão da extraordinária be-leza e grandiosidade do universo, é ainda no mar que ela pode encontrar-se. Os astros são familiares aos navegantes. Assim como os elementos da própria natureza, que se tornam próximos e previsíveis. E mais tarde, quando os marinheiros se reencon-tram, recordam por vezes coisas que os fizeram sofrer na altura, com uma alegria anacrónica, à mistura com uma visão do mundo que eles bem conhecem e compreendem. O mar une muito mais do que separa!

Saudades do mar? Claro que sim! Sentem-nas misteriosamente todos aqueles que viveram a aventura de o terem alguma vez conhecido.

António Ribeiro RamosSóc. Efect. n.º 1053

(Comt. MM)

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corpo de fuzileiros

24 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Por ocasião da passagem da UK’s Response Force Task Group (RFTG) COUGAR 13(1) em águas nacionais e no quadro das missões atribuídas ao Comando do Corpo de Fuzileiros (CCF)

para o treino e aprontamento da capacidade de projeção de força da nossa Marinha, realizou-se na Península de Tróia, no dia 22 de agosto de 2013, um exercício combinado com a participação de uma força de Fuzileiros (FFZ) e o navio-chefe daquela força-tarefa inglesa, o H.M.S. Bulwark (Landing Platform Dock – LPD), após este ter efetuado uma breve visita ao porto de Lisboa.

A FFZ, constituída por 1 Pelotão da Companhia de Fuzileiros n.º 21 comandada pelo Subtenente Fuzileiro Mártires Paixão, contou, ainda, com a participação de observadores de outras unidades do Corpo de Fuzileiros e do Centro de Gestão e Análise de Dados Operacionais (CADOP) da Marinha, sob a coordenação do 1.º TEN FZ Ferreira Vilaça.

Procurou-se com este exercício atingir os seguintes objetivos:

1. Efetuar um intercâmbio com os Royal Marines, desembarcando taticamente a nossa força com recurso aos meios de superfície orgânicos de um navio anfíbio;2. Averiguar as capacidades de bordo para projeção de força e a sua interoperabilidade com os nossos meios, bem como a doutrina utilizada no seu emprego.

O dia começou bem cedo com o deslocamento da FFZ da Base Naval do Alfeite para o H.M.S. Bulwark que se encontra-va atracado na Doca do Jardim do Tabaco, em Lisboa. Depois de concluídas as apresentações formais e dos contactos ini-cialmente estabelecidos, a FFZ recebeu um briefing por parte de elementos do 4 Assault Squadron Royal Marines embarca-dos, que viriam a coordenar o desembarque da força com o recurso a meios orgânicos do próprio navio. Este briefing teve como finalidade efetuar uma apresentação geral do navio – características e emprego operacional, bem como uma abor-dagem à doutrina de operações anfíbias e uma descrição dos

meios utilizados pelos Royal Marines em desembarques anfíbios.

Após concluído o briefing e já com a força a navegar, teve lugar uma visita guiada ao navio com especial relevância ao centro de operações e à ponte; seguiu-se um ensaio onde se aproveitou, também, para conhecer e treinar os procedimentos preliminares a bordo antes de realizar a operação, nomeadamente a sequência para armar e o método de embarque nas lanchas, de acordo com os espaços existentes, a localização dos meios e as normas em vigor naquela classe de navios para este tipo de operações.Imediatamente após o almoço, oferecido a bordo, deu-se início ao desembarque da força com a sua projeção em duas lanchas LCVP MK5; a partir de uma posição a sul de Sesimbra, as lanchas largaram o navio e deram início ao movimento navio-terra em formação tática e a uma velocidade considerável para este tipo de meios (Vel. máx de 20 kts) estando, trinta minutos mais tarde, a desembarcar numa praia a 500 jj a norte de PANTROIA, já dentro do rio Sado.

Fuzileiros retomamtreino com os Ingleses

NOTA: Este texto foi escrito segundo o novo acordo ortográfico

Embarque da FFZ a bordo do HMS Bulwark(Foto da autoria do 2SAR FZ Costa, Audiovisuais CCF)

Ensaio para o desembarque efetuado no convés do HMS Bulwark(Foto da autoria do 1SAR FZ Lopes, CADOP)

Embarque da FFZ nas lanchas MK5(Foto da autoria do 1SAR FZ Lopes, CADOP)

(1) A RFTG COUGAR 13 é uma força naval inglesa constituída por 4 navios da Royal Navy (RN) sob comando do Commodore Paddy McAlpine, o Comando da 3 Commando Brigade Royal Marines exercido pelo Brigadier Stuart Birrell, elementos da Naval Air Squadron e 6 navios da Royal Fleet Auxiliary. Este tipo de força-tarefa, ativada anualmente, decorre das orientações emanadas na 2010 Strategic Defence and Security Review e tem como objetivo a projeção de força em áreas estratégicas de interesse nacional longe do território inglês, garantindo uma forte presença naval nesses locais e a condução de intercâmbios com forças aliadas.

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corpo de fuzileiros

25O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aguardava a chegada da força na praia um binómio de Royal Ma-rines que efetuou a respetiva marcação do local e garantiu a se-gurança física ao desembarque, bem como uma equipa de saúde da Base de Fuzileiros para assistência médico-sanitária, no caso de ser necessário. Assistiu ainda ao desembarque, SEXA o comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi, acompanhado pelo CEM do CCF e pelo comandante do BF2; no final da ação, o CALM CCF agradeceu ao comandante do Grupo de Lanchas inglês a oportu-nidade deste intercâmbio, trocando-se ainda umas breves lem-branças para registar este evento.

Apesar do exercício ter sido relativamente curto e conduzido a um escalão relativamente baixo (ao nível de Pelotão), ainda assim constituiu uma excelente oportunidade de treino para o Batalhão de Fuzileiros n.º 2, considerando sobretudo os meios de projeção envolvidos – que raramente temos contacto, mas também devido ao conhecimento e à experiência da força que connosco trabalhou. Recordando que a recriação dos Fuzileiros, em 1961, tem na sua génese o modelo inglês dos Royal Marines, as oportunidades de formação, treino e intercâmbios com esta força resultará sempre num acréscimo das nossas valências, necessárias para o emprego nos mais desafiantes teatros de operações da atualidade.

A inexistência, hoje, de meios navais na nossa Marinha, específi-cos para embarcar e projetar o Batalhão Ligeiro de Desembarque em qualquer parte do espaço estratégico de interesse nacional, não deverá comprometer o nível de ambição previsto no conceito estratégico militar e que é materializado pelo atual sistema de forças nacional; o recurso a meios de países aliados, como os ingleses, entre outros, são a melhor forma de mantermos esse nível de ambição até podermos, um dia, assegurar autonoma-mente essa capacidade, uma vez que essa constitui um requisito importante para se garantir a soberania nacional – até lá, a priori-dade deverá recair na partilha do conhecimento, na aquisição de experiências e na participação em operações reais, bem como na interoperabilidade com forças congéneres, cujo exemplo do treino agora efetuado, assim bem ilustra.

Batalhão de Fuzileiros n.º2, 23 de agosto de 2013

Despedida do comandante do Grupo de Lanchas inglês ao CALM CCF(Foto da autoria 2SAR FZ Costa, Audiovisuais CCF)

Fotografia de grupo no final da ação, antes do regresso das lanchas ao navio HMS Bulwark(Foto da autoria do CAB FZ Júnior, EM do BF2)

Nota da Redacção: Este artigo resulta da colaboração e da cortesia do Corpo de Fuzileiros.

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corpo de fuzileiros

26 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Num tempo em que é necessário redescobrir as raízes da nossa história, urge olharmos para a nossa instituição e sa-bermos quem são os responsáveis pela sua origem.

Desembarcamos aos pés dum personagem a quem podemos chamar, de pleno direito, Pai dos atuais Fuzileiros: Alm Roboredo e Silva.

Neste contexto e com um sentido de profunda gratidão, o Corpo de Fuzileiros voltou a celebrar uma missa em sua memória, no dia 16 de setembro, data do seu falecimento.

Assim se procedeu este ano.

E na Capela da Base de Fuzileiros, às 11h30m, encontrámo-nos, elementos de todas as unidades, para a merecida homenagem. Celebrámos a eucaristia por intenção do Alm Roboredo e Silva e não podemos deixar de referir todos aqueles que se lhe seguiram para a eternidade e que fizeram igualmente parte deste nosso património.

Capelão Licínio Silva

Sócio n.º 1403

Homenagem ao Almirante Roboredo e Silva

ESCLARECIMENTO DA DIRECÇÃO

Dia do Fuzileiro

6 de Julho de 2013

A Direcção da Associação de Fuzileiros presta os seguintes esclarecimentos aos seus Associados, relactivamente ao “Dia do Fuzileiro”, que teve lugar no passado dia 6 de Julho de 2013:

1. A AFZ não beneficiou de qualquer verba cobrada aos Sócios (bilhetes) tendo entregado a sua totalidade (4.880 €) à Es-cola de Fuzileiros.

2. Bilhetes vendidos pela AFZ:

– Adultos: 476 = 4.760 €;

– Criança: 24 =120 €;

Total de bilhetes vendidos: 500 = 4.880 €

3. Bilhetes vendidos pela EFZ:

– Adultos: 120 = 1.220 €;

– Crianças: 9 = 45 €;

Total de Bilhetes vendidos: 129 = 1.265 €

4. Total de pessoas com bilhetes comprados (à Associação de Fuzileiros e à EFF/BFZ): 629

5. Total de presenças: 1.096

6. Donde se conclui que estiveram de serviço ou foram convo-cados pelos CFZ/EFZ/BFZ: 467 militares/civis.

7. A EFZ convidou 5 pessoas (oferecendo os bilhetes).

8. A AFZ teve em serviço 10 sócios (com bilhetes oferecidos pela EFZ).

A refeição foi constituída por sardinhas assadas e (+) febras. (Não ou como alguns entenderam ou foram informados).

Este esclarecimento era devido porque sócios houve que se convenceram que a Associação de Fuzileiros ganhou di-nheiro com a venda das refeições.

Não é verdade: a totalidade das verbas foi entregue à Es-cola de Fuzileiros.

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homenagens

27O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Faleceu em Trancoso, no dia 2 de Agosto de 2013, onde nas-ceu em 22/9/1948, Frederico José de Almeida Bóia (Sócio nº 643) para os amigos o “Bébé”.

Na edição n.º 15 da revista “O Desembarque” (Março de 2013), integrando um texto por ocasião do almoço/convívio do 45.º ani-versário do nosso Destacamento, comemorado em 3 de Novem-bro de 2012, fiz menção à tua situação e à tua “Alma de Fuzileiro”.

Continuaremos a comemorar os nossos aniversários sempre com a tua “presença” no coração e para ti, caro Camarada e bom ami-go vai, onde quer que estejas, o prazer do nosso último encontro.

Apesar de teres estado ausente, em Inglaterra, nunca te esqueceste de todos nós (DFE 12) e, logo que pudeste regressar à tua terra natal (em Setembro de 2012), mesmo com a tua incapacidade física, entregaste-nos o melhor das tuas relações humanas e

tivestes a coragem de percorrer cerca de 400 quilómetros, para cada lado, para nos dares o prazer de estarmos juntos no nosso, para ti, o último encontro físico.

Presto-te, pois, as minhas/nossas homenagens, transmito mais uma vez o meu pesar à Família Bóia, em meu nome pessoal e do pessoal do DFE 12 – Guiné – 1967/69 e relembro os momentos que junto convivemos, com as nossas famílias, tanto em Inglater-ra como em Portugal já que todos os anos vinhas, em Novembro, ao País para celebrarmos juntos mais um aniversário do Desta-camento.

Ficámos mais pobres com a tua partida, mas nunca te esquece-remos.

Estarás sempre no meu coração, no da minha família e no da “Família do DFE 12”.

E registarei também para sempre quando, em momentos de boa harmonia, me chamavas “Pingão”…

O DFE 12 – Guiné – 1967/69 ter-te-á em memória.

Descansa em Paz, grande amigo e camarada.

Manuel Ramos (o ”Porto”)

Sóc. Orig. n.º 90

Notas da Redacção: 1. Texto revisto e arranjado.2. A Direcção da AFZ e da revista “O Desembarque” e do “site” apresentam as suas con-dolências à família enlutada e lamentam não terem tido conhecimento, atempado, da infeliz ocorrência para se cumprir a habitual representação.

1. O MilitarConhecemo-nos em Setembro/Outubro de 1971. Fez agora 42 anos! O Zé Armando era o grumete 71/70, nomeado para in-tegrar o DFE 10 que seguiria para Angola sob meu comando. Tinha então 18 anos, acabados de fazer.A sua postura de adolescente, bem dispos-to, traquina, um pouco buliçoso, chegando à turbulência, por vezes irreverente, fez captar a minha simpatia. Porquê? Fazia--me reviver a minha juventude e adoles-cência despreocupadas. Contrastava com as inquietações que então me assaltavam.Para o Zé Armando, na sua maneira de ser, dava a entender que a vida era para ser vivida com alegria, com exuberância, não pondo em causa os direitos dos seus

semelhantes. Nunca, mas nunca deixou de assumir as suas responsabilidades no que quer que fosse. Desde a primeira hora, sempre disponível e voluntário, esta-va ali para colaborar e… para se divertir.Embarcamos no Vera Cruz (transporte de tropas) e desembarcamos no Lobito.A viagem a bordo não deixou recordações Excepto o facto de o Comando Naval de Angola, em Luanda, ignorar a nossa pre-sença no navio.A viagem de comboio, nos CFB (Caminhos de Ferro de Benguela), durante 4 dias, até Teixeira de Sousa, foi um sucedâneo de peripécias. O comboio parava em todas as estações e apeadeiros. Em todas as paragens havia granel com os “factores” (chefes de estação) ou com os cantineiros

estabelecidos à beira da linha. Foram 4 dias de exuberância em que o Zé Armando se manifestou em pleno com as suas dia-bruras. Divertia-se e todos nos divertimos.

Frederico José de Almeida Boia “Bebé” – Sóc. Orig. n.º 643

Quando jovem....

Frederico Joséde Almeida Bóia

“Bébé”22/09/1948 - 2/08/2013

José Armando Pacheco Ribeiro06/08/1953 – 13/10/2013

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homenagens

28 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Chegados ao Chilombo, depois de 400 km em coluna de viaturas, os mais jovens mantinham a boa disposição com que embarcaram.Recordo com saudade a dis-ponibilidade de todos para colaborarem. Aquele DFE10 foi uma unidade exemplar.

Depois de termos sido atacados poucos dias depois de chegarmos, passamos a patrulhar as matas circundantes, sempre em viaturas. O Zé Armando estava per-manentemente pronto, para acompanhar quem saía do quartel. Depois que fez o “exigente” curso de “Moço da Botica” mais legitimidade passou a ter para ir a todas.

Em meados de 1972, deixou de haver vestígios da presença de guerrilheiros em todo o Saliente do Cazombo. Para todos nós a guerra em Angola tinha acabado sem que tal fosse anunciado e comemora-do. No fim do ano (1972) deixei o comando do DFE10 e do Dispositivo de Defesa Flu-vial do Zambeze por ter sido promovido.

2. O Civil

Decorria o ano de 1986 quando decidi comprar uma casa de férias no Algarve. Bati toda a costa (barlavento e sotavento) até me decidir por Lagos. Em conversa com o Comte. Clemente, ex-Sargento enfermeiro no DFE10, aconselhou-me a recorrer ao apoio do Zé Lagos, como o Zé Armando também era tratado. Fui procurá-lo.

Encontrei um homem maduro, comple-tamente diferente do adolescente que conhecera. Trabalhador como sempre, muito responsável, fizera sociedade com seu pai que tinha uma firma para distribui-ção e comercialização de águas e vinhos de mesa.

O “adolescente” que estivera comigo em Angola havia-se transformado num homem de carácter, sério, honrado, conhecedor do negócio que abraçara. Então tudo lhe corria bem. Dispunha de uma frota de veículos pesados e ligeiros

para a entrega de águas e vinhos em todo o Algarve.

Não tinha mãos a medir. No Verão, a pro-cura era tão grande que, por vezes, torna-va-se difícil satisfazê-la.

Seguiram-se os anos de viragem. As gran-des superfícies “descobriram” o Algarve, esmagando por completo os pequenos e médios comerciantes e retalhistas insta-lados.

Apesar das preocupações decorrentes da sua actividade profissional, colaborou com o Sortelha Martins na dinamização do Clube Escola Amizade e noutras activida-des ligados à sua paixão: a Marinha e os Fuzileiros.

Relativamente ao negócio, de quando em vez pedia-me estudos de viabilidade económica que o levavam ao desânimo. Para ele o seu negócio ia de mal a pior. Para se manter no mercado recorria a águas e vinhos desconhecidos do grande público. Mesmo assim as margens praticadas não chegavam para cobrir os encargos decorrentes da distribuição.

Apesar da calamidade, nunca o encontrei com o moral em baixo. Sempre manteve a esperança de melhores dias que… jamais chegaram.

No início de 1999, estava eu no meu ga-binete na Casa da Moeda, telefonou-me a pedir que fosse almoçar consigo mais uns amigos comuns. Estavam à minha espera num tasco por trás da Avenida de Roma.

Lá fui. Para minha surpresa, além do Zé Armando, estavam o Zé Lopes (bota da tropa), o Comte Casals Braga, o Abílio, o Pronto dos Santos e mais uns quatro ou cinco. O almoço foi animado. Correu muito bem. A sobremesa é que foi “indigesta”.

Só então se abriram. Pretendiam que eu, que no entender de alguns tinha traquejo na organização e gestão de empresas, assumisse a responsabilidade de activar a Associação de Fuzileiros cuja escritura

de constituição fora celebrada em 1977 e nunca fora activada.

Senti-me muito honrado com a deferên-cia, mas não podia assumir tal responsa-bilidade. Porquê?! Além dos afazeres nor-mais como Director Comercial na INCM, com um volume de facturação a rondar os 17 milhões de contos, estava a acom-panhar o arranque do colégio “Cachabiu” em Cascais e do St. George’s School em S. João do Estoril, de cada um dos quais seria sócio-gerente.

Passadas algumas semanas, o Manuel Prontos dos Santos telefonou a convidar-me para jantar no Linhó! Lá fui. Não posso precisar se o Zé Armando estava. Aí, depois de muito instado, pedi que não me pressionassem e eu assumiria activar a Associação de Fuzileiros, sem pressas ao ritmo possível.

A burocracia que já era monstruosa, foi ultrapassada com tenacidade e com o apoio constante dos Zés (Lopes e Ar-mando). Passamos a reunirmo-nos com frequência, até decidirmos convocar uma Assembleia Geral Instaladora. Entre nós já tínhamos deliberado que a Sede seria no Barreiro. Apoiou-nos o Moura Lopes que cedeu uma loja na Rua D. João de Castro, sua propriedade, para fixarmos a nossa sede.

Ao Zé Armando e Zé Lopes (ambos fale-cidos) estamos devedores desta aventura, que tem sido a nossa Associação, da qual nos orgulhamos e na qual nos sentimos irmanados.

Obrigado Zé. Jamais te esqueceremos. Continuarás a ser o Sócio n.º 30, número de ordem por ti escolhido. É a nossa ho-menagem perene.

Estás connosco.

José Cardoso MonizSóc. Orig. n.º 36

Co-fundador da AFZ

O Zé... brindando Últimas homenagens

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convívios

29O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Escaroupim, por terras de Salvaterra, foi o cenário escolhido para o encon-tro deste ano. E diga-se; bem esco-

lhido porque o cenário, junto ao nosso rio Tejo, é magnífico e as águas barrentas como o estavam naquele dia, trouxeram à memória de todos a povoação do Magoé Velho, banhada pelo rio Zambeze, largo e turvo, em tempo de chuvas tropicais.

Como é sabido, foi no Magoé, local ago-ra recoberto pelas águas da barragem de Cahora Bassa, que o Destacamento pas-sou os 4 meses mais significativos da sua comissão em terras de Moçambique.

O almoço decorreu animado no Restau-rante “Escaroupim” que escolheu para seu nome o da terra que o viu nascer. Ser-viço fluente e atencioso sendo a qualidade do repasto de muito bom nível a fazer jus à fama da gastronomia Ribatejana.

O senhor Almirante Vargas de Matos teve, mais uma vez, o ensejo de se dirigir aos seus homens para os saudar bem como às famílias ali presentes “avós, pais e netos” e lembrar com saudade os que já partiram, formulando o desejo de que nos continuemos a reunir anualmente.

Tudo faremos para cumprir este seu desejo ou, melhor dizendo, esta ordem. Foi já anotado na agenda o dia 10 de Maio de 2014 como a data prevista para mais uma jornada.

Será o quadragésimo aniversário da partida para terras africanas e alguém alvitrou a hipótese de o programa vir a incluir uma romagem à casa mãe dos fuzileiros. Concordamos e tudo faremos para que isso seja conseguido.

Um agradecimento pela sempre pronta disponibilidade do João Ferreira, o “Be-navente” que, exemplarmente, mais uma vez, deu o seu contributo organizativo na parte relacionada com o almoço.

Depois do bolo comemorativo e do champanhe foi dada ordem de destroçar. Para o ano esperamos voltar à Escola de Fuzileiros!

Benjamim Correia

Sóc. Orig. n.º 1351

Destacamento de FuzileirosEspeciais N.º 10

Moçambique 1974/7511 de Maio de 2013

O VALM Vargas de Matos com o Sargento mais antigo e o Grumete mais moderno na cerimónia do corte do bolo

O VALM Vargas de Matos e o seu antigo ordenança num brinde especial

Pedido/Recomendação da Direcção

A Direcção Nacional da AFZ solicita a todos os Sócios que possuam endere-ços electrónicos (email) o favor de os remeterem ao Secretariado Nacional ([email protected]) para facilitar as comunicações/informações que se pretende assumam a natureza de cons-tantes e permanentes.

Assim, estarão os Sócios sempre informados, em tempo quase real, de todas as regalias de que poderão usufruir, bem como das datas e locais dos convívios e eventos, da iniciativa da Associação ou dos Associados.

Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt

Um mundo de soluções para o seu lar...

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convívios

30 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Decorreu no passado dia 25 de Maio, o quadragésimo aniversário, com um almoço/convívio do DFE 4 – Guiné

73/74.

Contou com a presença de antigos milita-res que integraram este Destacamento de Fuzileiros Especiais na Guiné entre Abril 1973 a Outubro1974.

Os Militares da antiga guarnição, acompa-nhados de familiares e amigos participa-ram nas cerimónias devendo salientar-se, particularmente, a presença de familiares do falecido Grumete Varandas Ribeiro, que muito nos honrou e dignificou esta cerimónia tão sentida, e ao qual o 2.º Co-mandante da Escola de Fuzileiros CFR SEF Santos Madureira, teve também a gentile-za de se associar.

Destacamento de FuzileirosEspeciais N.º 4

Guiné 1973/7425 de Maio de 2013

Seguiram-se a deposição de uma coroa de flores junto ao Monumento do Fuzilei-ro, em memória do 1.º Grumete Fernando Varandas Ribeiro (morto em combate) e o descerramento de uma placa toponí-mica do DFE 4, no Mural do Monumento. Depois, a EFZ proporcionou a todos uma

visita à EFZ que incluiu a Sala/Museu do Fuzileiro.

Após a visita, os cerca de setenta convivas rumaram para um local aprazível, a Quinta da Alegria na zona de Penalva, onde de-correu o almoço em ambiente de grande alegria, recordação e camaradagem.

O antigo Comandante do DFE 4, Capitão--de-Fragata AN (FZE) Reformado Albano Alves de Jesus fez o discurso da praxe, recordando o papel que a unidade desem-penhou no (TO) Teatro de Operações da ex-colónia portuguesa.

Depois da sobremesa e dos cafés partiu--se o bolo de aniversário, falou-se dos “velhos tempos”, pela tarde dentro, até que o último fuzileiro rumou a casa, fi-cando acordado que para o próximo ano estaremos novamente juntos.

Lopes Leal

Sóc. Orig. n.º 1943

Nota da Redacção:Congratulamo-nos saber que, 40 anos depois, o DFE 4 ain-da conseguiu juntar cerca de 70 pessoas e fazemos votos de que, para o ano, consigam confraternizar pelo menos as mesmas mas, em vez de ser na “Quinta da Alegria”, no não menos aprazível espaço do Snack-Bar da Associação de Fu-zileiros que já tem muita qualidade e tem a vantagem de ser a nossa “Casa”.

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31O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Realizou-se em Fontanelas-Sintra, na Quinta de Santa Maria, no passado dia 22 de Junho, mais um almoço

convívio do 48.º aniversário da partida para Angola do Destacamento Fuzileiros Especiais N.º 2 que prestou comissão de serviço em 1965/67.

Estiveram presentes neste evento 19 Ca-maradas de Armas, e seus familiares.

No programa, o ponto de reunião estava marcado em local (para marinheiros de barba rija) no largo da Aguda, um mira-

douro no cimo de uma falésia, de onde se avistava um mar azul e alguns navios que na linha do horizonte sulcavam as águas – relembrando a todos a epopeia dos Descobrimentos – paisagem mesmo a propósito, para estes bravos Fuzileiros do DFE N.º 2.

Depois, foi a partida da coluna, em viatu-ras auto, desta vez não para as operações no Norte de Angola, mas sim na direcção do restaurante situado na Quinta de Santa Maria, em Fontanelas.

Antes de ser servido o almoço, o promotor deste evento recordou os Camaradas do Destacamento já falecidos, com um minuto de silêncio. Seguiu-se a refeição num ambiente de agradável convívio, recordando as diversas peripécias, mais e menos agradáveis, passadas ao longo da comissão.

No final do almoço, o então Comandante, António Rodrigues Ponte, no uso da palavra realçou o espírito de camaradagem, de união e de solidariedade dos homens do DFE 2 que continuam a manter ao longo de 48 anos. O Comandante foi convidado a partir o bolo de aniversário e brindou-se a todos os participantes deste convívio.

Obrigado ao camarada Adriano Gaspar que organizou este convívio e a todos os participantes.

Até para o ano na Associação de Fuzilei-ros.

José TalhadasSóc. Orig. n.º 95

Destacamento de FuzileirosEspeciais N.º 2

Angola 1965/6722 de Junho de 2013

INFORMAÇÃOA Direcção Nacional informa que já foram assinados os seguintes protocolos que proporcionam várias vantagens e benefícios aos nossos Associados:

– Universidade Lusófona;

– Instituto Superior de Segurança da Universidade Lusófona;

– Grupo de Amigos do Museu de Marinha (GAMMA);

– Motricidade Humana - Associação de Formação Desportiva;

– KANGAROO - Gimnoparque;

– Casa de Repouso “Quinta da Relva”;

– Casa de Repouso “Villa Pinhal Novo”;

– Casa de Repouso “S. João de Deus”;

– ARISTON Termo Grupo;

– ANASP - Associação Nacional de Agentes de Segurança Privada;

– Manuel J. Monteiro & Cª., Lda. - Equipamentos Electródomésticos;

– Revista de Marinha.

– Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos – Montijo – no âmbito da Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas (tiro);

– Grupo Desportivo e Recreativo da Recosta – Barreiro – no âmbito da Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas;

Os Protocolos estão publicados no site da AFZ e foram remetidos para todos os sócios de que conhecemos o respectivo endereço electrónico.

Aconselhamos os nossos Sócios a consultarem o site, na Internet – www.associacaofuzileiros.pt – ou a informarem-se através de email: [email protected], do tel.: 212 060 079 ou do telem.: 927 979 461. e a remeterem-nos os seus endereços electrónicos.

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32 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Na Unidade de Meios de Desembarque (UMD) a manhã do dia 29 de Junho era calma. Era sábado e quase nada

indiciava que nesse dia se comemorava o Dia da Unidade, já no seu 34.º aniversário.

A Portaria n.º 303/79 estabelece a data da criação no dia anterior, 28 de Junho, mas o comando entendeu, e bem, transferir as comemorações para o dia seguinte.

Do habitual frenesim daquela Unidade Operacional nada se vislumbrava. Os bo-tes repousavam, prontos, nos hangares e as LARCS, perfiladas, pareciam aguardar ordens para saltar para o rio.

Convidado para o evento, aceitei sem hesitar, tendo em conta os laços que me ligam àquela Unidade e a muitos dos seus homens. Cheguei, assim, calmamente a meio dessa manhã para um convívio tão agradável que me motivou a escrever este breve apontamento.

Os militares da Unidade e suas famílias fo-ram também chegando e o Comandante, fazendo as honras da casa, foi dando nota, a mim e a outros convidados, dos ambi-ciosos e tecnicamente exigentes projectos em que a Unidade se encontra envolvi-da com especial realce para projecto de construção de Lanchas Rápidas.

Foi um prazer rever a dinâmica desta Unidade que conheci anteriormente em duas situações distintas: a primeira como

Oficial Imediato em 1978 e depois, como Comandante, no período de 1990 a 1992.

Mas, como ia dizendo, os militares foram chegando, acompanhados de suas famí-lias que, tal como eu, se foram integran-do naturalmente nas diversas actividades programadas.

Confortados pelas sempre amigáveis pa-lavras proferidas na missa pelo capelão Li-cínio, tudo se predispôs para um excelente almoço servido no refeitório da Escola de Fuzileiros onde, além dos diversos pratos de excelente confecção, estiveram as sar-dinhas assadas ou não se comemorasse também nesse dia, coincidência das coin-cidências, o dia S. Pedro.

O almoço decorreu em ambiente familiar, porque as verdadeiras famílias ali estavam e, a alvitre de alguém, até tinham contribuído para o almoço com todo o tipo de saborosas sobremesas. Os valores da solidariedade e da partilha associados aos da velha camaradagem e da amizade. Um gesto bonito e talvez o aspecto mais marcante desta festa de uma das Unidades do Corpo de Fuzileiros. Não sei se é inédita a iniciativa mas que é louvável, isso é certamente.

O evento contou ainda com a presença de vários antigos comandantes, 2.º Coman-dante do CCF e do Comandante da EF. Ambiente óptimo para pôr em dia conver-sas adiadas.

Depois do almoço foi a oportunidade para os botes, LARCS e lanchas rápidas salta-rem para a água e serem postos ao dispor dos presentes para, com toda a seguran-ça, desfrutarem de um passeio pelo estu-ário. Os participantes foram muitos e, pelo que me foi dado observar, usufruíram e apreciaram.

A UMD é assim! Volvidos todos estes anos e passados tantos comandantes, o espírito da Unidade continua firme.

Soou como música sinfónica ouvir o Co-mandante afirmar que, fazendo uma re-trospectiva do historial da Unidade, se pode identificar a marca deixada por cada comandante.

Na UMD a tradição ainda é o que era!

Benjamim Correia

Sóc. Orig. n.º 1351

34.º Aniversário da UDMA Tradição… cumpre-se

29 de Junho de 2013

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33O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt 33O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado dia 3 de Agosto, os antigos membros da guarnição do Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 12 (Guiné 1970-71), conhecidos pelos “Jacarés”, juntaram-se

para comemorar o 43.º aniversário da sua partida, em missão de soberania, para àquela ex-colónia portuguesa em África.

Compareceram 74 pessoas entre o pessoal do DFE 12 e familiares, tendo estado presente, depois de uma ausência prolongada nos Estados Unidos, o camarada cabo Acácio que, durante toda a estada do DFE 12 na Guiné, comandou uma secção com aquele posto.

Acácio Marmelo fez três comissões seguidas na Guiné, antes de abandonar a vida militar, depois da sua passagem pelo DFE 12. Igualmente, efectuou três comissões em destacamentos de

fuzileiros especiais na Guiné o então Comandante da unidade, como Subtenente, Segundo Tenente e Primeiro-Tenente, hoje Capitão de Mar-e-Guerra reformado, Mendes Fernandes

A comemoração começou, de manhã, com uma deposição de uma coroa de flores no Monumento ao Fuzileiro, na Escola de Fuzileiros, em memória do marinheiro C FZE Ulisses Pereira Cor-reia, que recebeu uma alcunha, que ainda hoje o perpetua – Max Min, morto em combate em Outubro de 1970, junto à estrada de Sambuiá, com um forte dispositivo do PAIGC.

Recebeu a antiga unidade o actual comandante da Escola de Fu-zileiros, capitão de mar-e-guerra Teixeira Moreira, que fez uma breve explanação aos presentes no final.

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12

Guiné 1970/713 de Agosto de 2013

No 43.º aniversário,os “Jacarés”

disseram presente

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34 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt34 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Transportaram a coroa dois dos antigos grumetes do Destaca-mento, com a presença do então comandante da unidade, Co-mandante Mendes Fernandes e membros da comissão organiza-dora do evento.Foram-lhe prestadas as devidas honras, previstas RCHM. Seguiu--se uma visita à Escola de Fuzileiros e ao Museu dos Fuzileiros.

Depois, os presentes dirigiram-se para o renovado restaurante da Associação dos Fuzileiros, no Barreiro, onde almoçaram e con-fraternizaram.Antes de iniciar o repasto, o Sargento-Mor reformado José Ta-lhadas, que, como marinheiro foi durante um largo período de tempo comandante de secção do DFE 12, fez um discurso de boas-vindas e da exortação da unidade, que, na sua opinião, foi uma das mais operacionais e disciplinadas que passou por aque-la antiga província ultramarina portuguesa, e apesar de não ter merecido o reconhecimento das autoridades político-militares de então, manteve uma coesão e espírito de corpo que tem perdura-do até aos dias de hoje.No final da refeição, o Comandante Mendes Fernandes dirigiu-se aos seus antigos comandados e familiares, fazendo questão de manifestar a sua satisfação pela elevada presença. Referiu ainda que aquela unidade lhe merecerá sempre uma alta consideração, enaltecendo a qualidade dos quadros, alguns dos “mais meda-lhados” dos fuzileiros, que foram a sua ossatura, e dos jovens grumetes que a constituíram.Em Janeiro de 2015, o Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12, os “Jacarés”, fará 45 anos que partiu para a Guiné.

Serafim LobatoSóc. Orig. n.º 1792

cultura&memória

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 3Guiné 1969/71

O Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 3 (DFE 3) começou a ser constituído em meados de Agosto de 1969, quando o 1.º Tenente José Manuel Velho da Silva Dias foi nomeado

seu comandante pelo Estado-Maior da Armada.

Várias peripécias e dificuldades estiveram na origem do DFE 3. Desde logo, o pouco tempo que houve para a sua formação, dada a urgência em render o DFE 12 que havia terminado a comissão na Guiné. O Comandante Silva Dias deparou-se com dificuldades em construir uma unidade coesa, onde seria desejável que a juventude e inexperiência dos Grumetes barra/68, que tinham concluído a instrução para fuzileiros, fosse enquadrada com pessoal mais antigo, mais graduado e mais experiente – os Marinheiros, Cabos e Sargentos – as classes militares intermédias fundamentais ao enquadramento e bom desempenho de qualquer unidade. Com excepção dos Sargentos, a classe mais experiente que incorporou o DFE 3, este acabou por ser deficitário em pessoal com experiência de África e de combate.

O Comandante era o único oficial com experiência de comando, embora não tivesse experiência de combate como fuzileiro.

O Imediato, José Joaquim Telles Ribeiro era um Guarda Marinha, praticamente a sair da Escola Naval e os 3.º e 4.º oficiais, José Pedro Pimentel Mesquita e Carmo e Miguel Duarte Ferreira Carmo Soares, respectivamente, eram tão “marretas” que foram mobilizados e desembarcaram em Bissau com as divisas de Cadete nos ombros, dado que a sua promoção a Subtenente não tinha sido ainda publicada na Ordem da Armada.

Assim, toda a logística administrativa, de pessoal e de material, necessária à constituição de um DFE, foi apressada de forma ao DFE 3 poder embarcar para Bissau a tempo de render o DFE 12. Este facto criou dificuldades no dia-a-dia da gestão do Destaca-mento que só com o tempo foi possível ultrapassar.

Ainda em Lisboa, recebeu o guião em cerimónia protocolar e o pessoal foi dotado de fatos camuflados, fatos de macaco, meias, botas de combate, arreios, cintos e bornais!

Embarcou para a Guiné no dia 6 de Outubro de 1969, no Alfeite, numa fragata velhinha, mas muito distinta, a NRP Nuno Tristão. A viagem decorreu normalmente, sem grandes atribulações, tendo chegado a Bissau na noite do dia 12 desse mês. Depois das for-malidades habituais, desfilou garbosamente nas ruas de Bissau perante o Governador e Comandante-Chefe, General António de Spínola, o Comandante da Defesa Marítima da Guiné, Comodoro Luciano Bastos, várias autoridades civis e militares e a população curiosa e fascinada com aquela marcha impecável e tão briosa-mente cadenciada.

Iniciou um período de adaptação ao clima e ao terreno com um intenso IPO (Instrução Prática Operacional) nas matas e bolanhas das redondezas de Bissau. Somente nesse período é que recebeu o armamento que o deveria dotar – as G3, as MG42, as Bazookas 8.9, os Morteiros de 60 e de 80 mm, os rádios, os dilagramas, as granadas de mão, as fitas, os cunhetes de munições, equipamen-to que foi intensa e minuciosamente testado durante o IPO.

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35O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt 35O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

cultura&memória

Embarcou para Ganturé em 12 de Novembro de 1969, a bordo da LDG Montante, tendo ficado sob o comando do COP 3, sedia-do em Bigene. Iniciou intenso período operacional nas matas do Olossato, na célebre e estratégica península do Sambuiá, tendo participado em inúmeras operações e em patrulhas de contra in-filtração no rio Cacheu.

No dia 15 de Janeiro de 1970, o 2.º Grupo de assalto do DFE 3, constituído pelas Secções Bravo e Delta, sob o comando do Co-mandante Silva Dias, parte para Buba, a fim de render o DFE 7, ficando o 1.º Grupo de Assalto, constituído pelas Secções Alfa e Charlie em Ganturé, sob o comando do 3.º oficial, o SubTenente Mesquita e Carmo que, pouco depois, foi promovido a Imediato, em substituição do Imediato Telles Ribeiro que foi evacuado para a Metrópole por ter sofrido um acidente, no qual fracturou um braço. Para o substituir foi nomeado o Subtenente Francisco Ruy Pato de Góis Oliveira.

Em 3 de Março, o destacamento voltou a juntar-se em Buba, onde desenvolveu uma intensa e prolongada acção de contra infiltração no Rio Grande de Buba, nas bacias dos rios Jassonca, Uajá, Sibijá, Cancabá, Sahol e Fulacunda e nas matas adjacentes.

Em 3 de Setembro desse ano, o DFE 3 foi destacado para a vila de Cacheu e ali deu continuidade à sua actividade operacional, sob o comando do CAOP 1 em Teixeira Pinto, participando em operações nas regiões da Caboiana, do Burné, da Ponta Costa, da Ponta de S. Vicente e do Churo, zonas míticas da participação dos fuzileiros na guerra na Guiné, actuando a solo ou em operações conjuntas com os Pára-Quedistas e os Comandos.

Em Cacheu permaneceu até ao final da comissão, tendo a sua acção merecido um louvor atribuído na ordem n.º 18 do Coman-do do Agrupamento Operacional 1, no qual destaca a actividade desenvolvida pelo DFE 3, o seu espírito de corpo e a qualidade de comando do seu Comandante.

A actividade operacional desenvolvida pelo DFE 3, ao longo da sua comissão, foi muito meritória, esforçada e competente, tendo sido reconhecida pelo Comandante-Chefe, General António de Spínola e pelo Comando da Defesa Marítima da Guiné que lhe atribuiu um louvor publicado na Ordem de Serviço do CDMG n.º 28 de 13 de Julho de 1971, nele destacando, mais uma vez, a disciplina,

o valor militar, a valia humana de todos os Oficiais, Sargentos e Praças e a forma brilhante como soube prestigiar as tradições da Marinha no TO da Guiné.

Terminada a comissão e reconhecido o brio e o zelo do seu desempenho, o DFE 3 embarca em Bissau a 8 de Julho de 1971 a bordo do navio mercante Angra de Heroísmo e chegou a Lisboa a 16 do mesmo mês. Excepcionalmente, todos regressaram à Pátria, embora tivesse havido feridos e evacuados em combate.

Os fuzileiros do DFE 3 partiram para a Guiné sem saber o que os esperava. Partiram meninos, rapazinhos de barba rala e chegaram homens de barba dura, enrijecidos nas matas, nas bolanhas e no capim, nas emboscadas, nas lutas e nos rebentamentos, na lama, no lodo, no esforço e no espírito de sacrifício.

Partiram jovens, alguns ainda virgens na vida, crus e inexperientes, mas excitados e atrevidos na ânsia da aventura e do desconhecido. Foram orgulhosos e garbosos nas suas fardas brancas e impolutas, de boina sobre o sobrolho, de ar gaiato e até vaidoso, receosos pela incerteza, é certo, mas irreverentes pela juventude e tristes pelas despedidas das famílias, das noivas ou das namoradas.

Vinte e um meses depois, chegaram curtidos e tisnados, doridos e empedernidos, mas diferentes e enriquecidos pela experiência humana acabada de viver na crueza da guerra. Foram generosos na dádiva do seu esforço, souberam ser perseverantes nas provações e resistentes nas privações.

E assim regressaram, igualmente orgulhosos, igualmente garbosos nas fardas, ainda brancas, embora já coçadas e amarrotadas pelo uso e pelo cansaço da guerra.

Regressaram honrados pela dádiva do sacrifício que souberam oferecer à Pátria.

Miguel Soares

3.º Oficial do DFE 3

Nota da Redacção: O autor não figura, ainda, como sócio da AFZ.Faz-se notar que foi Oficial da Reseva Naval (RN) do 14.º CFORNo que, porventura por lapso, não foi referido no texto.

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36 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

A Fragata Comandante Hermenegildo Capelo é a segunda fragata de uma série de quatro Navios encomendados em 1964 pela Marinha de Guerra Portuguesa: “João Belo”,

“Hermenegildo Capelo”, “Roberto Ivens” e “Sacadura Cabral”, ao estaleiro Chantier francês em Nantes, seguindo o projecto dos Navios Rivière, que eram navios versáteis e robustos.

Cada uma das quatro fragatas da classe “João Belo” foi decorada com um quadro do pintor francês Roger Chapelet (1903-1995) artista que executou, sob encomenda do antigo Ministro da Mari-nha Almirante Quintanilha de Mendonça Dias, um lote de quatro pinturas: ”Funchal”, “Lisboa”, “Coimbra” e “Ribeira do Porto”. Uma vez que ainda estava em Nantes coube à “Hermenegildo Capelo” a primeira escolha, e optado pela “Ribeira do Porto”. A cobra representada no Brasão pertence ao género Naja, também conhecido como capelo, natural do sul da Ásia e da África.

A primeira guarnição, à qual eu tive o privilégio pertencer recebeu apoio logístico no N.R.P. São Cristóvão, enviado para Nantes para dar apoio logístico às guarnições das quatro fragatas ali construí-das. A fragata “Hermenegildo Capelo” foi entregue à Marinha em 25 de Abril de 1968, tendo como primeiro comandante, o CFR Eugénio de Aguiar que, por força do destino, já não se encontra entre nós.

Curiosidades

No dia 1 de Maio de 1968, os operários do estaleiro entraram em greve. A fragata Hermenegildo Capelo encontrava-se atracada à muralha. Naquela noite, os operários resolveram colocar um bo-neco de grandes dimensões num imponente guindaste que per-manecia junto ao navio, com um cartaz de tamanho a condizer, no qual se lia “Salazaristas”.

O CFR Eugénio de Aguiar, numa das suas primeiras atracações, a uma das muralhas do porto de Lorient, num espaço que á parti-da representava um certo grau de dificuldade, para atracar entre dois Navios, não conseguiu evitar que a proa do “nosso” fosse de encontro à muralha, dando azo a risos de meia dúzia de paler-mas civis que se encontravam por perto, mas ficando a tristeza e incerteza por parte da guarnição, quanto às capacidades do Comandante, pois que já havia denotado antes, um certo nervo-sismo pelo peso da responsabilidade em comandar uma Fragata

daquela envergadura. E tinha razão para isso. Pois nunca antes a Marinha, tivera na sua frota, Navio semelhante.

Num belo dia, quando o pessoal de serviço perfilado junto à pran-cha e em continência para receber o comandante, este, depois de receber os cumprimentos, e ainda numa posição de sentido, aproximando-se mais perto de mim, disse:

– O Senhor Sargento tem que arranjar uma verga.

– Como, Senhor comandante – retorqui eu!..

– Já disse, tem que arranjar um esticador para o boné.

– Tudo bem Senhor comandante, vou tratar disso - conclui eu.

Ora, este episódio motivou risos por parte dos presentes e, a notí-cia correu imediatamente por toda a guarnição. Moral da história: Eu continuei sem esticador no boné, mas o Comandante ficou com o alcunha de, “o Vergas”.

A “Hermenegildo Capelo” cruzou a linha do Equador cerca de 60 vezes em cerca de quatro anos e meio no mar.

A “Hermenegildo Capelo” foi, nos anos 80, o primeiro Navio da Marinha de Guerra a incorporar militares femininos –15 praças.

Durante a vida operacional da Fragata “Hermenegildo Capelo”, exerceram comando 16 Capitães-de-Fragata, sendo o primeiro Eugénio de Aguiar (de Abril de 1968 a Maio de1972) e o último o Capitão-de-Fragata Rui Manuel Costa Casqueiro de Sampaio (de Dezembro de 2002 a Abril de 2004).

Aos 45 anos de idade, a Fragata “Hermenegildo Capelo”, fez a sua última viagem em 15 de Junho de 2013, desta vez até 1,5 milhas de Portimão, onde foi deliberadamente afundada. As bolas de fogo produzidas pelos explosivos e consequentemente o seu afundamento fizeram com que eu sentisse uma certa nostalgia, ao recordar a minha vivência a bordo, e os momentos inesquecí-veis que passei, ao conhecer aquelas terras e gentes da Bretanha.

Ao vê-la ir ao fundo foi como se um pouco de mim se afundasse com ela…

José Lopes HenriquesSóc. Orig. n.º 938 (CFR/REF)

A Última Viagem da F481Fragata “Comandante Hermenegildo Capelo”

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37O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

O Destacamento de Fuzileiros Espe-ciais n.º 12 foi para a Guiné dividido em dois grupos.

Em Janeiro seguiram três oficiais e os quadros subalternos – sargentos, cabos e marinheiros.

Não havia grumetes, com curso, para completar o destacamento, na data indi-cada pelo Estado-Maior da Armada: uma unidade completa comportava 80 homens.

Aqueles chegaram em finais de Março, juntamente com o 3.º Oficial, que ficou na Escola de Fuzileiros, para escolher os jo-vens que acabavam o curso de especiais.

No Território Operacional (TO) ao contrá-rio dos anteriores destacamentos, não

tiveram PTO – ou seja, um período de adaptação operacional que, normalmente, era enquadrado pela unidade que esti-vesse nos últimos meses de comissão na base de Ganturé, onde se encontravam, normalmente, três DFE`s e um pelotão de apoio de uma companhia de fuzileiros.

Entraram, meia dúzia de dias depois da chegada, em acção. Num ritmo operacio-nal alucinante.

O seu “baptismo” de fogo deu-se, jus-tamente, nos princípios de Abril, com a entrada na Base Central da Frente Norte do PAIGC, dentro do Senegal, Cumbamori, onde regressaram, uma semana depois, e capturaram mais de 10 toneladas de ar-mamento.

Foi a única unidade da Marinha – diria, pelo que consegui investigar nos arquivos militares, de todas as Forças Armadas – a entrar e afastar, ainda que momentanea-mente, a guerrilha do interior do seu prin-cipal “quartel operacional de retaguarda” naquela região.

Cerca de dois meses depois, assaltaram outra grande base do PAIGC, em Sanou (Sanu em português) igualmente sediada

no interior do Senegal, situada, mais ou menos, no meridiano do antigo quartel português de Barro.

Seguiram-se outros combates e outros lo-cais de passagem.

Pela sua experiência, verificaram, ao lon-go dos meses, que os Fuzileiros Especiais – e outras tropas especiais – estavam a ser mal enquadrados na sua acção militar no TO.

Opinaram, quando lhe foi dado consenti-mento para tal, sobre tal facto.

As autoridades superiores consideraram tal opinião como se tratasse de um “crime de lesa-majestade”.

Foram ostracizados superiormente, mas este DFE 12 continuou, disciplinadamente e com todo o espírito de corpo, a actuar com a mesma rectidão.

Aliás, na adversidade, ganhou um sentido de solidariedade e de camaradagem que se perpetua até hoje. Tiveram sempre a noção real do seu valor.

Serafim Lobato

Sóc. Orig. n.º 1792

3.º Oficial do DFE 12

Numa época em que já ninguém pensava ir à tropa porque a tropa já não pensava em ninguém, a Marinha incorporou-me nas suas fileiras. Fui, durante três anos, oficial da Reserva

Naval, classe de Técnicos-Especialistas. Não obstante, chapinhei na Pista de Lodo da Escola de Fuzileiros e fui aprendendo mui-to, então como agora, sobre a classe de Fuzileiros. Colocado nas unidades a que pertenci, ouvia os mais velhos, todos do Quadro Permanente, a maioria da classe de Marinha, falar do DFE 12, que definiam como um implacável cilindro de guerra que tudo esma-gava por onde passava. Não falavam, porém, de factos concretos nem de concretas operações. Apenas deixavam no ar uma aura mítica de arrojo, audácia e glória.

Vou, pois, abordar duas acções extra-territoriais, verdadeiras operações especiais realizadas em país estrangeiro, tendentes à detecção e destruição de uma hipotética base militar a partir da qual o PAIGC operaria. Tratava-se da Base de Cumbamory, no

A Solidariedade nas Matas,no Sofrimento e na Amizade

Guiné 1970/71Breve Nota sobre o DFE N.º 12

O DFE 12 esteve lá, em CumbamoryOperações «Catanada» e «Cocha»

Carta de navegação usada pelo DFE 12

Serafim Lobato (DFE 12 ): Operação “Chave”

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cultura&memória

38 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Senegal, cuja importância se revelou crescente no decurso da guerra da Guiné, o teatro de operações ultramarino que ficou para a História Militar com a designação de «Vietname negro». Pelo menos desde 1967 que os altos comandos militares portu-gueses tinham ideia da existência desta Base inimiga. Mas não é certo que se soubesse da sua exacta localização. Estaria ela sobre a linha da fronteira norte da Guiné ou no interior do Sene-gal? De uma coisa se tinha a certeza: era por essa Base que o PAIGC infiltrava na Guiné grande parte do seu pessoal e do seu equipamento. Daí a sua importância. Há registo de que no dia 11 de Dezembro de 1967, uma força pertencente ao Batalhão de Caçadores n.º 1887, constituída por 170 soldados, tentou as-saltar a Base, mas não lhe alcançou o cerne. Causou algumas baixas ao IN, capturou escasso material de escassa importância e sofreu, infelizmente, bastantes baixas, entre as quais quatro mortos cujos cadáveres não recuperou. Foi a Operação Chibata, que se considerou que teve relativo êxito, mas que não correu bem. O grupo de combate “Os Roncos”, que integrava a força, foi louvado a justo título. Foi esta a primeira tentativa de assalto a Cumbamory de que há nota. Como se verificou mais tarde por acção do DFE 12, a Base de Cumbamory ficava no interior do Senegal a cerca de 7 km da fron-teira norte da Guiné, tinha uma área superior a quatro campos de futebol e era composta por duas zonas lon-gitudinalmente bem definidas: um bosque de palmeiras, a Oeste, e uma mata aberta, a Leste.

O DFE 12, de início, apenas tinha 35 ou 40 Fuzileiros Especiais nas margens do Cacheu, baseados em Ganturé. Eram 35 ou 40 veteranos já curtidos pelo fragor do combate que tinham chegado ao largo do rio Caió, vindos de Lisboa, a 31 de Janeiro de 1970, e que atendiam pela designação de “Os Jacarés”. Alguns cumpririam a sua terceira comissão de serviço. A Base de Ganturé, situada 2 km a Sul do Quartel de Bigene, pertencia à jurisdição do Comando Operacional 3 (COP 3), um comando regio-nal operacional encabeçado pelo Capitão--tenente US/FZE Alpoim Calvão, cuja sede fora instalada naquele Quartel. A jurisdi-ção do COP 3 incluía unidades do Exército e estendia-se de Barro até Brufa.

Mas um DFE era constituído por 80 homens, pelo que, aos velhos Jacarés, comandados

pelo 1.º Tenente FZE RN Mendes Fernandes, haveriam de se juntar, dois meses depois, 40 ou 45 jovens Grumetes FZE recém-formados pela Escola de Fuzileiros. Enquanto aguardavam pelas crias, “Os Jacarés” participavam em missões de combate e de patrulha integrados noutros Destacamentos também baseados em Ganturé. Em Março, todavia, agiram sozinhos em patrulha de reconhecimento até à fronteira do Senegal e capturaram um soldado do PAIGC, que lhes forneceu informações importantes para as perigosíssimas operações que muito em breve, mal eles sabiam, se avizinhavam. É que, entretanto, O COP 3 decidiu atacar a Base de Cumbamory, a principal base militar do PAIGC no Norte, e contou, para o efeito, com o DFE 12. Delineava-se, então, a Operação Catanada. As jovens e tenras crias, embora bem preparadas técnica, emocional e fisicamente, haviam chegado da Escola apenas no dia 1 de Abril de 1970. Como era habitual, seriam adaptadas ao Teatro de Operações mediante a chamada Preparação Técnica Operacional (PTO), com uma duração normal de dois meses, durante os quais realizariam pequenas operações com fuzileiros experimentados para se fa-miliarizarem com o IN, com o pântano, o tarrafo e o clima. Não houve tempo, porém, para tanto, posto que a Operação Catanada estava em marcha. Sem PTO, sem apoio aéreo e sem apoio de fogos próximo, o ju-venil DFE 12 zarpou rumo a Bigene e, daí, até ao Senegal, na madrugada de 3 de Abril de 1970. Oficiais doutras unidades ba-seadas em Ganturé arrepiaram-se com a sorte do DFE 12, que seguia em direcção à «boca do lobo». As informações militares adiantavam que a Base de Cumbamory estaria guarnecida por 150 soldados.

O DFE 12, progredindo pelo interior do Senegal, chegou ao Norte de Cumbamory ao alvorecer e aproximou-se do local que deno-tava ser o da Base. Nessa altura, Mendes Fernandes deu ins-truções para que se montasse um perímetro defensivo e enviou patrulhas de reconhecimento, que tomaram rumos diferentes, a fim de verificarem se o DFE 12 tinha realmente localizado a Base. Uma dessas patrulhas detectou-a ao cabo de 500m de evolu-ção. Mas detectou também duas crianças junto de uma fogueira, as quais, assustadas, fugiram. O chefe da patrulha correu para tentar apanhá-las à mão quando encarou com dois soldados en-vergando os uniformes verde-oliva do PAIGC. Eram sentinelas.

Sem hesitar, alvejou-os a uma distância de cerca de 3,5 m, no que foi seguido pelo apontador da metralhadora MG42. Uma das sentinelas morreu ali mesmo e a outra, gravemente ferida, foi levada pelo chefe da patrulha, num gesto nobre de humanidade, para junto do Destacamento. Nisto, eclodiu imediatamente uma nutrida e violenta troca de fogo entre o PAIGC e o DFE 12, que perdurou por várias horas. Estava muito calor e havia muita humida-de. O recontro, violentíssimo, evoluiu qua-se corpo-a-corpo, ardiam cubatas, ardiam árvores, ardia vegetação. Até que, por vol-ta do meio-dia, o PAIGC inexplicavelmente cessou fogo. O IN retirou-se. O jovem DFE 12 não teve baixas, apenas dois feridos li-geiros. O IN, como refere uma notícia C2 da Companhia de Caçadores 3, sofreu 16 mortos e 18 feridos, exactamente como consta do Resumo de Operações e Acções Realizadas da Repartição de Operações do Quartel-General do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Héli foge artilharia IN

Início exposição armamento, Quartel do Exército em Bigene

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39O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aquela retirada do IN foi, anos depois, explicada pelo próprio Pre-sidente Luís Cabral na sua obra Crónica da Libertação: o PAIGC resistira com tamanha ferocidade, porque decorria na Base uma reunião dos comandantes e comissários políticos da Frente Nor-te e doutras zonas, entre os quais estava o próprio Presidente Luís Cabral. Delineavam uma nova forma de comando, que veio a traduzir-se em Corpo de Comando. O PAIGC, nas circunstâncias, bateu-se até onde pôde para proteger as suas cúpulas político--militares, que escaparam na retirada. O DFE 12, sem combate, regressou incólume a Bigene ao anoitecer desse dia 3 de Abril de 1970.

Mas haveria de tornar à Base de Cumbamory. Com efeito, infor-mado de que a Base fora reconstruída, o COP 3 enviou novamente o DFE 12 ao assalto a partir de Bigene, o qual ocorreu no dia 12 de Abril de 1970, pelas 5:25h. Era o início da Operação Cocha. Ingressando na Base pelo Sul, o DFE eliminou as sentinelas me-diante o emprego de ALG e o primeiro grupo de assalto avançou pela bolanha, passando de fila a linha quando o IN iniciou os dis-paros. Era, contudo, demasiado tarde para este: o grupo entrou na Base, surpreendendo vários elementos IN nos seus próprios abrigos. Uns fugiram, outros foram mortos, não tendo havido pos-sibilidade de fazer prisioneiros.

Conquistada a Base e montando o perímetro, o DFE 12 passou a ocupar as próprias posições IN, colocando-se em situação pri-vilegiada de defesa. A vanguarda, porém, havia-se separado da rectaguarda do Destacamento. Entretanto, o Marinheiro Galante Guerra, refazendo a ligação, veio anunciar ao 2.º Tenente FZE RN Serafim Lobato, 4.º Oficial da Unidade que tinham encon-trado armas. Serafim Lobato, chegado ao local indicado por Ga-lante Guerra, viu, com espanto, armamento diverso de diversos modelos, tudo material de fabrico soviético e doutros países do Pacto de Varsóvia e até da China, muito mais sofisticado do que o armamento usado pelas forças portuguesas. Descobriram-se se-guidamente vários outros depósitos de armas e munições, todos camuflados no sub-solo. Chamados meios aéreos via rádio, “Os Jacarés” começaram a carregar os helicópteros com os achados. Nessa altura, o PAIGC carregou com violenta energia tentando recuperar a Base. O fogo IN era cerrado e impetuoso. Os helicóp-teros que recolhiam o armamento levantaram voo diversas vezes para não serem atingidos pela artilharia IN.

Ao tentar recuperar a Base, o PAIGC encontrou, porém, o DFE 12 firmemente posicionado e foi sendo repelido. Quatro aviões dois Fiat G91e dois Harvard T6 foram chamados a prestar apoio na defesa da Base, o que fizeram em parelhas com várias passa-gens rasantes intervaladas por cerca de 15 minutos, accionando as suas metralhadoras, principalmente os T6.

A troca de fogo entre o PAIGC e o DFE 12 mantinha-se cerrada e constante. O IN manteve a produção de fogo até ao meio da tarde. As forças em contenda estavam tão próximas uma da outra que o PAIGC, em desespero, tentou o corpo-a-corpo. “Os Jacarés” prepararam-se para a luta, colocando os sabres nas armas. O anoitecer aproximava-se, pelo que o Destacamento fez explodir tudo o que tinha à mão.

O combate durou 11 horas. O DFE 12 apreendeu 10 toneladas de armas ao IN, que foram expostas em Bigene. O armamento que restava foi maioritariamente destruído pelo bombardeamento dos Fiat, que se seguiu à saída de “Os Jacarés” rumo a Bigene, onde chegaram pela noite dentro.

No decurso da guerra da Guiné mais nenhuma outra força portu-guesa conseguiu entrar na Base de Cumbamory e ocupá-la, ainda que a espaços, e muito menos logrou apreender tamanha quan-tidade de armamento nesta Base IN. O DFE 12 também não teve baixas nesta operação, apenas um ferido ligeiro. O PAIGC, como se relata no Resumo de Operações acima citado, sofreu vários mortos e feridos não quantificados, para além da apreensão das 10 toneladas de armamento. Eram apenas 35 ou 40 Jacarés nas margens do Cacheu, a que se juntaram jovens crias recém-saídas do ovo escolar, sem o adequado desmame que a PTO proporcio-naria. Os jovens Jacarés desceram, num ápice, do Céu ao Inferno sem passar pelo Purgatório.

O DFE 12 a Pátria honrou. Que a Pátria o contemple, indepen-dentemente das posições, perspectivas e até preconceitos que cada um tenha sobre a Guerra do Ultramar.

Gomes da Silva

Sócio n.º 2243

Notas da Redacção:(Serafim Lobato)1. – Na foto da exposição do armamento, no Quartel do Exército, em Bigene, apenas se vê

uma pequena parte do material de Guerra apreendido. 2. – Nesta exposição do armamento, a Praça que está a olhar para o fotógrafo é o

MARTelegrafista Ulisses Pereira Correia, o “Maxi Mine” que morrerá em combate com o IN, em 20 de Outubro de 1970, na estrada de Sambuiá, a cerca de 10 a 15 quilómetros de Cumbamory;

3. – O elemento preto que aparece na foto a tirar armamento do paiol, não é fuzileiro. Trata-se de um guia balanta de Bigene.

(Marques Pinto)4. – Sabemos quem foi o protagonista, aliás, grande militar – que confirmámos por

pesquisa complementar, de boa fonte – do nobre gesto de poupar a vida a uma das sentinelas. Por razões que desconhecemos, presume-se que em virtude da sua conhecida humildade, este exigiu não ser citado, embora em versão inicial deste artigo o tivesse sido, pelo que respeitámos a vontade do próprio e do autor do texto.

Pessoal carregando armamento apreendido Pessoal do DFE 12 escavando paiol

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divisões

40 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

A Associação Nacional de Fuzileiros realizou, no passado dia 15 de Junho, a sua primeira prova oficial de tiro, registada no calendário de provas da Federação Portuguesa de Tiro pelo

que se trata, como é óbvio, de facto extraordinariamente relevante, não só para a nossa Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas como para a própria Associação Nacional de Fuzileiro.

A competição realizou-se nas instalações da Carreira de Tiro da Marinha, em Vale do Zebro – Escola de Fuzileiros. Contando com a presença de sete clubes de tiro e um total de vinte e quatro atletas, a prova decorreu num saudável ambiente desportivo.

Sendo esta modalidade de tiro desportivo, a nível de competição federativa, muito recentemente implementada em Portugal, este tiro de recreio, a 25 m realiza-se com armas de calibre “.22 LR” podendo ser utilizados pistola ou revólver desde que este não pos-sua punho anatómico de alta competição.

Com o número de adeptos desta modalidade a crescer cada vez mais, é objectivo da Associação de Fuzileiros tornar o seu Troféu numa prova de referência nacional!

Com um total de nove atletas, em competição, a AFZ conquistou o 1.º lugar individual, através do seu atleta Rui Rodrigues, com uma pontuação de 272 em 300 pontos possíveis e obteve também o 1.º lugar em Equipas, com uma soma total de 744 pontos.

No final da competição, após breve convívio entre atletas, procedeu-se à entrega dos prémios que contou com a presença do Presidente da Direcção da Associação de Fuzileiros, Comt. Lhano Preto.

Como nota final podemos deixar a perspectiva de que, para o pró-ximo ano estaremos presentes com mais uma competição de alto nível e merecedora dos nossos atletas nacionais. A Divisão MALD e a AFZ agradecem a participação de todos e congratulam-se pelo nível de desportivismo demonstrado.

No passado dia 21 de Julho realizou-se no Montijo a prova de tiro em Carabina de Cano Articulado, da Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos no âmbito das comemorações de mais um aniversário desta instituição!

Esta competição, inserida no Calendário Oficial de Provas da Federação Portuguesa de Tiro, contou com a participação de 17 atletas de cinco clubes participantes!

A Associação de Fuzileiros fez-se representar por dois dos seus atletas da modalidade, com destaque para a excelente prestação do nosso atleta Miguel Luís que conquistou o 1.º lugar com um total de 344 pontos.

O atleta Miguel Luís tem vindo a demonstrar uma louvável evolução na modalidade em que é um autodidata e com um futuro promissor noutras modalidades de tiro em carabina!

Os nossos parabéns ao nosso atleta por guindar ao pódio a Associação de Fuzileiros.

Tiro com Carabina de Cano Articulado

Divisão do Mare das Actividades Lúdicas e Desportivas

Troféu “AFZ” Arma Curta de Recreio – 25 m

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divisões

41O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Realizou-se no passado dia 14 de Setembro na Escola de Fuzileiros, a 1.ª Prova de Remo em Botes da

Associação de Fuzileiros.

Com setenta e sete atletas inscritos e onze equipas de botes em competição, a pro-va realizou-se num divertido e animado ambiente desportivo onde se destacou a camaradagem e o espírito de equipa.

Com as famílias dos participantes a torce-rem pelos seus, a competição iniciou-se com a montagem dos botes por parte dos atletas.

Já com as equipas a fazerem-se ao rio na rampa do cais da Unidade de Meios de Desembarque (UMD) as Equipas des-locaram-se até à Boia 18 junto ao cais dos

barcos do Barreiro onde fizeram o controlo de passagem e regressaram à Escola de Fuzileiros.

Com uma distância aproximada de 9,5 km de prova, todas as equipas mostraram o seu espírito de sacrifício e concluíram a prova em euforia.

Como resultado final desta saudável com-petição, classificou-se em 1.º lugar a equipa “Sem Motor”, em 2.º Lugar a equi-pa “Os Metralha” e em 3.º Lugar a equipa “4.ª Bravo 91/92”.Com a entrega de prémios aos atletas feita pela Direcção da Associação de Fuzileiros e pelo Comando da Escola de Fuzileiros, prosseguiu-se um agradável convívio onde muitos prometeram estar presentes

para o próximo ano. O apoio da Escola de Fuzileiros e da Unidade de Meios de Desembarque foi sem dúvida uma mais-valia para a organização deste evento.

Agradecemos a todos quantos connosco colaboraram (CCF e EFZ) e, em especial, aos militares da UMD que nos apoiaram de forma exemplar.

Espada PereiraChefe Divisão MALD da AFZ

Prova de Remos 2013

A VOSSA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS VIVE DAS VOSSAS QUOTASPrezados Camaradas: Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa participação. Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos é determinante podermos contar com a quotização de todos nós, desta grande Família que, à volta da sua Associação se vai juntando. Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas podem ter várias leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas. Porém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusemos a resolver o problema. Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros no sentido de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e dos membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas.Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a isto aconselhamos e incentivamos a que optem pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses.Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês? Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano.Solicitamos a todos os Sócios que preencham o impresso para autorização de pagamentos das quotas por débito bancário, sistema que é muito mais cómodo e evita o pagamento de quotas acumuladas. Informem-se junto do Secretariado Nacional (tel.: 212 060 079, telem.: 927 979 461, email: [email protected]) Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente pagam não devem suportar as despesas dos que não pagam.Cordiais e amigas saudações associativas.

A Direcção Nacional

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delegações

42 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Conjuntamente com o Clube Escolamizade, a nossa Delegação do Algarve participou no passado dia 14 de Agosto, nas festividades religiosas de Nossa senhora da Orada da Paróquia de Albufeira.

Ambas as colectividades integraram a Procissão ostentando os respec-tivos Guiões.

A colaboração, as parcerias e as actividades conjuntas da Delegação da Associação Nacional de Fuzileiros do Algarve e do antigo e prestigiado Clube Escolamizade são um exemplo de como juntos fazemos mais e melhor.

A Direcção Nacional e a Redacção de “O Desembarque” felicitam as duas instituições pelo seu espírito de colaboração, camaradagem e com-panheirismo.

Ainda em conjunto com o Clube Escolamizade, a Delegação da AFZ do Algarve participou na FATACIL/2013 que decorreu de 19 a 26 de Agosto sendo disponibilizado, pela Organiza-

ção da Feira, um pavilhão onde se expuseram materiais e motivos de divulgação da Marinha e dos Fuzileiros.

O Pavilhão foi muito apreciado pelos milhares de visitantes que demandaram esta Feira de grande prestígio na zona Sul do País.

Muitos dos associados afectos à Delegação prestaram uma ajuda e colaboração que é justo realçar, assegurando uma presença permanente no pavilhão, no horário de funcionamento da Feira, entre as 18h30 e as 1h00, assumindo, como sempre, a irrepreen­sível postura de aprumo e a dignidade que são apanágios dos Fuzileiros.

A já tradicional descida do Rio Arade, desde a cidade de Sil-ves até à foz do referido rio, em Portimão, teve lugar no dia 7 de Setembro tendo participado, num convívio de elevada

amizade e camaradagem, 168 “Filhos da Escola”, familiares e amigos.

Este passeio pelo rio foi do agrado geral, apreciando­se a fauna e a flora ao longo das margens deste maravilhoso rio, sendo que os Fuzileiros e os outros participantes não esqueceram aspectos de proteção ambiental.

Para a realização deste evento a Delegação do Algarve teve a colaboração, sempre indispensável, da Escola de Fuzileiros que disponibilizou, mais uma vez, oito botes e respetivas palamentas e da Direcção Nacional da AFZ.

O Comando da Zona Marítima do Sul, fez­se representar pelo 1TEN Santos, cuja presença muito nos honrou, tendo­nos acompanhado no almoço convívio (aliás bem servido) que decorreu nas instalações do PAN, gentilmente cedido para o efeito. No decurso deste saudável convívio, já com as forças recuperadas, misturam­se as inevitáveis histórias passadas nos Fuzileiros e também se mataram saudades.

Delegação do Algarve

As Festividades daNossa Senhora da Orada

A Feira da Lagoa(FATACIL/2013)

A Descida do Rio Arade

Imagem

retirada da internetpropriedade de algarvepress.w

ordpress.com

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delegações

43O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Como habitualmente, a Delegação da Associação Nacional de Fuzileiros de Juromenha/Elvas fez­se representar no Dia do Fuzileiro, na Escola de Fuzileiros, integrando o

grupo da AFZ, sendo que o Presidente da Delegação ostentou o Guião de Juromenha/Elvas a par dos Guiões regionais das outras Delegações e do Guião Nacional.

Revelando a conhecida solidariedade e unidade inter­delegações, espírito, aliás, dos verdadeiros e genuínos fuzileiros, esta De-legação fez­se igualmente repretesentar, no Algarve e junto da Delegação de V. N. de Gaia, na festa de Santa Sinforosa, em Trás-­os­Montes, organizada pelo Presidente da Delegação de Gaia, o Camarada Henrique Mendes.

Como documentam as belas fotos que se publicam, a Delegação de Juromenha/Elvas está em plena actividade.

Os seus dirigentes não páram e, por isso, e porque muito prestigiam a região e a cidade, a Câmara Municipal de Elvas nos concede todo o crédito e o apoio possível.

Com a nossa/vossa Sede, com uma vista panorâmica sobre a bacia do Alqueva e olhando, ao largo, a Espanha e a afamada Olivença (a histórica Praça Forte de Olivença, objecto de uma tra-dicional disputa entre Espanha e Portugal que, com os tempos se vai tornando amiga) a Direcção da Delegação, com a humildade característica dos Alentejanos, convida todos quantos a queiram visitar e exorta os “fuzos” desta zona da raia a que a nós se as-sociem (telemóvel: 964734441, email: [email protected]).

Há lugar para todos e, juntos, seremos melhor e mais fortes, nes-ta fase tão difícil do País de que nunca nos servimos mas que sempre servimos. Venham ter connosco, como recentemente fez 1.º TEN FZ Rebola que, com os seus familiares se deliciaram fazendo canoagem, passeios pedestres, tomando as refeições e pernoitando na nossa Delegação.

Para não sermos exaustivos porque sabemos que o espaço disponível não é grande diremos apenas que – para além de

O Passeio de BTT que vem sendo habitual, teve lugar no pas-sado dia 5 de Outubro, decorrendo na Encosta das Grutas, com 38 participantes entre os quais se salienta um grande

número de camaradas que pela primeira vez teve conhecimento da existência da nossa Delegação e que se predispuseram a cola-borar em eventos futuros.

Devemos aqui também relevar o espírito de camaradagem entre Fuzos e Páras que souberam reforçar este tradicional elo de ligação que é conhecido pela expressão “Párafuzos”.

Após um agradável almoço convívio e durante a tarde, deu­se início a uma prova de vinhos, numa adega da região, que terminou pela noite dentro.

São assim os “parafusos”: disciplinados, aprumados, camaradas mas, também, tendo o gosto pela vida.

António MedeirosSóc. Orig. n.º 1235

(Presidente da DAFZA)

O Nosso Passeio de BTT

Delegação de Juromenha/ElvasActividades

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delegações

44 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

pela forma sempre digna como representamos os Fuzileiros, pelo aprumo com que desfilámos na Procissão dos Pendões e pela disciplina e civismo com que sempre nos apresentamos.

O Município, através do Sr. Vereador Manuel Joaquim Silva Va-lério agradeceu­nos também, por escrito, cujo texto essencial se cita: «A Câmara Municipal de Elvas vem por este meio agradecer a V. Ex.ª, a participação da Entidade que dirige na área institucio-nal da Expo São Mateus 2013, contributo decisivo para o sucesso alcançado na edição deste ano e renovar, desde já, o convite para participação em edições futuras».

Por último, uma pequena mas obrigatória notícia: o Vice­Presiden-te, Óscar Barradas, por motivos pessoais renunciou ao cargo que ocupava nesta Delegação.

Pretendemos e é de justiça realçar o nosso grande agradecimento pelo seu notável desempenho e a sua competência e dedicação. Em escrito que nos dirigiu dizia que sempre que possível estará presente. Nós continuamos a contar com ele e com a sua impor-tante ajuda.

Mas como a vida tem de continuar, em reunião extraordinária foi eleito o novo Vice­Presidente, o nosso Camarada Amílcar Canada que se espera constitua, igualmente, um êxito, no desempenho das suas funções.

Licínio MorgadoSóc. Orig. n.º 958(Presidente da DFZJE)

muitas outras actividades – realizou­se entre 20 e 28 de Setembro passado, a 2.ª maior romaria da margem Sul do Tejo – a Feira de São Mateus, em Elvas, que teve o seu ponto alto no dia 20, com a conhecida Procissão dos Pendões.

A Delegação agradece a todos quantos participaram, mas em especial à nossa Direcção Nacional e à Delegação de Vila Nova de Gaia, pelas suas presenças, ostentando os respectivos guiões nacional e regional.

O nosso Pavilhão de Exposições, foi muito visitado e elogiado, designadamente, pelo Presidente do Município de Elvas, Sr. Ron-dão de Almeida, que especialmente nos veio felicitar, pelo brio e

Almoço de Natal 2013Comunicado

A Associação Nacional de Fuzileiros vai realizar, como habitualmente, o seu Almoço de Natal 2013, no próximo dia 14 de Dezembro.

No site, no Facebook e na revista “O Desembarque” publicamos o respectivo convite, a ementa e o mapa de acesso ao local, com as suas coordenadas, para quem utilize o GPS e com os contactos para onde se podem inscrever.

A Direcção da AFZ recomenda a todos os Sócios que queiram connosco partilhar o este convívio que efectuem as suas inscri-ções, junto do Secretariado Nacional, para os contactos indicados, impreterivelmente, até ao dia 2 de Dezembro.

O Salão onde ocorrerá o Almoço tem, como é óbvio, um espaço limitado, pelo que, para além de ser indispensável sabermos, com a antecedência necessária o número de pessoas que almoçam, quem não se inscrever a tempo poderá ter de sujeitar-se a lugares menos confortáveis ou mesmo a não ter lugar.

A Direcção da AFZ

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delegações

45O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

A Delegação da AFZ de Vila Nova de Gaia assume também protagonismo, ora nas suas actividades locais, ora nas representações noutras delegações. A solidariedade com os

nossos camaradas do Sul é nosso timbre.

A nossa Delegação participou na Festa em honra da “Mártir Stª Sinforosa e dos seus sete filhos” que é celebrada, todos os anos,

no dia 15 de Agosto, altura em que os emigrantes “filhos da terra” estão de férias na Aldeia. Trata­se de uma santa pouco conhecida em Portugal e apenas venerada em Remondes – Mogadouro, uma pequena aldeia transmontana, onde tem a sua bonita Capela.

Santa Sinforosa é considerada pelos habitantes da aldeia e arre-dores muito milagrosa. Nesta festa, os devotos oferecem ouro e dinheiro pelas graças concedidas.

O Presidente da Direcção da DAFVNG, Henrique Mendes foi o seu organizador e Juiz da Festa, ou seja o Mordomo Principal.

Quem pretender saber a história desta Santa milagreira poderá consultar a Internet, no link www.facebook.com/notes/santa--sinforosa-remondes/martírio-de-santa-sinforosa-e-seus-sete--filhos/123316777819007.

Estiveram presentes nas festividades a Banda Filarmónica de Bra-gança, o Grupo de Gaiteiros “Os Migueis”, a Associação Nacional de Fuzileiros, a Delegação de Jerumenha/Elvas, representada pelo seu presidente Licínio Morgado e, obviamente, a Delegação de Fuzileiros de Gaia, representada pelo seu Vice­Presidente Au-gusto Teixeira

A festa iniciou­se com a arruada pela banda filarmónica de Bra-gança e os gaiteiros “Os Migueis”.

Pelas 12h30 foi celebrada missa em honra de Santa Sinforosa, seguida de procissão pelas ruas da aldeia, com a banda de música, os andores dos principais Santos da aldeia e os guiões nacional e regionais da Associação de Fuzileiros.

Depois, a Procissão percorreu a Aldeia num trajecto mais longo do que o habitual, dado o sucesso de festas anteriores.

Ao fim do dia pelas 18h00 tiveram lugar um concerto pela Banda Filarmónica e, depois do jantar, um grandioso arraial abrilhantado pelo grupo musical “Rumo Nordeste”.

À meia­noite, assistiu­se ao magnífico fogo­de­artifício que in-cluiu fogo preso ao redor da imagem de Santa Sinforosa.

As Representações

A já conhecida solidariedade entre as Delegações levou o Presi-dente da DAFZVNG, Henrique Mendes e esposa, a deslocarem­se de Norte a Sul em várias representações, designadamente, ao Aniversário da Delegação da AFZ do Algarve e ao Aniversário da Delegação da AFZ de Juromenha/Elvas.

Juromenha e Albufeira são terras com carácter de bem receber e bem servir. O nosso obrigado pela hospitalidade dos nossos camaradas e amigos do Sul, Alentejo e Algarve – que fazem parte desta nossa grande “Família”, os Fuzileiros – e, especialmente, aos Presidentes das respectivas Delegações, Licínio Morgado e António Medeiros.

Henrique MendesSóc. Orig. n.º 1089(Presidente da DAFZVNG)

Delegação de Vila Nova de GaiaA Festa de Santa Sinforosa em Trás-os-Montes

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cadetes do mar

46 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

No dia 21 Setembro deu-se início à 1.ª Actividade do Ano 2013/2014. Às 8h30, conforme combinado (Estação Fluvial do Barreiro), encontrámo-nos com os alunos da 1.ª e 2.ª

Esquadra da Unidade Cadetes do Mar Fuzileiros.

Primeiras apresentações, os cumprimentos da praxe entre os mais velhos e mais novos, estes, imbuídos no espirito de vontade e conquista de poderem vir a integrar esta unidade.

Na Escola de Fuzileiros, os alunos foram recebidos por o Senhor 1.º Tenente Pedro Dias, Coordenador e Oficial de Ligação entre a Escola de Fuzileiros e a Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, no âmbito da Associação Nacional de Fuzileiros.

Apresentadas que foram as boas vindas em nome do Comando da Escola e da Associação de Fuzileiros incentivaram-se os alunos para a aprendizagem dos valores cívicos e militares ministrados por as duas instituições.

Depois das palavras de incentivo, foram atribuídas as instalações já reservadas aos alunos e procedeu-se ao início das actividades que constavam no calendário de Formação.

Seguiu-se a distribuição do uniforme n.º 9, que os alunos usarão ao longo da instrução na E.F. e igualmente, os artigos (peças de vestuário) da Associação de Fuzileiros, utilizados em Cerimónias Protocolares.

Seguidamente iniciaram-se os testes de eficiência motora com o propósito de aferir as condições físicas, e assim preparar um programa mais consentâneo com os valores físicos apresentados pelos alunos.

Depois de uma merecida pausa para o almoço aproveitou-se a ocasião para esclarecer os anseios e as duvidas apresentadas pelos alunos.

As aulas da tarde iniciaram-se na área do Cerimonial Naval, abor-dando o tema da História e da Organização do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal, apresentado pelo Senhor Director de Instru-ção Comandante Bellém Ribeiro.

Seguiu-se a apresentação de um trabalho efectuado pelos Ca-detes do 2.º ano, cujo tema abordado foi o da História dos Fuzi-leiros desde 1621 – Terço da Armada da Coroa de Portugal – os legítimos herdeiros da mais antiga força militar constituída com carácter permanente em Portugal.

Pela 1.ª vez, introduziu-se na área de Formação dos Cadetes, a designação de Apoio Escolar: Tutoria complementar, em espe-cial no domínio das disciplinas de Português e Matemática, em consonância com os programas aprovados pelo Ministério da Educação e Ciência. Esta disciplina é ministrada pelo sócio da Associação de Fuzileiros, Doutor Gomes da Silva.

Nesta aula, procurou-se diagnosticar o desempenho nas discipli-nas de Português e Matemática e, sobretudo, as dificuldades que os alunos mais sentem.

No final das actividades, os alunos foram transportados à Estação Fluvial do Barreiro.

José Talhadas Afonso Brandão

Sóc. Orig. n.º 95 e Comt UCMF Sóc. Orig. n.º 1277 e Mest UCMF

Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros

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cadetes do mar

47O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Realizou-se no dia 1 Agosto de 2013, a cerimónia de inauguração do Navio da Marinha Mercante “Funchal”. Para a referida cerimónia foi convidado o Corpo de Cadetes do Mar que se fez representar pela Unidade de Cadetes do Colégio Pedro

Arrupe, de Lisboa, e pela Unidade de Cadetes Mar Fuzileiros (UCMF) esta patrocinada pela Associação Nacional de Fuzileiros, no âmbito de um Protocolo subscrito pelo Grupo de Amigos do Museu de Marinha (GAMA) e pela Associação de Fuzileiros (AFZ) em 26 de Setembro de 2011.

As Unidades formaram junto ao portaló do navio, onde prestaram honras de cerimonial naval, a entidades civis e militares convidadas a assistir ao evento.

No final da tarde, a Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, recebeu informação no sentido de se dirigir à tolda (popa) do navio, a fim de participar na cerimónia de prestação de hon-ras do içar da Bandeira Nacional e, simultaneamente, ao Senhor 1.º Ministro de Portugal, que presidiu a este acto solene, importante para a nossa Marinha Mercante.

No decurso da cerimónia, foram proferidos discursos: pelo armador do navio que se refe-riu com palavras elogiosas à presença dos jovens Cadetes do Mar; pelo Senhor 1.º minis-tro, dando enfase à importância para o Turismo de Cruzeiros, à inauguração deste navio.

Este NMM é o primeiro de uma nova frota de 4 navios com pavilhão português que voltarão, de novo, a sulcar os mares, neste importante ramo para a economia nacional.

Por fim, as cerimónias terminaram com da bênção do navio “Funchal”.

Participação na Inauguração do Navio da Marinha Mercante

“Funchal”

Seguidamente, o Senhor 1.º Ministro dirigiu-se à formatura da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, cumprimentando o seu Comandante e realçando a dignidade, aprumo e postura apre-sentados, no decorrer das cerimónias, por estes jovens Cadetes.

À despedida, foram igualmente tecidas palavras elogiosas e de agradecimento dos Senhores Armador, Comandante e Imediato do navio, realçando o brilhantismo revelado pelos Cadetes do Mar presentes nesta cerimónia.

Algumas fotos e, no que respeita ao site, um pequeno vídeo-clip ilustram o evento e a respectiva notícia.

José Talhadas

Sóc. Orig. n.º 95 e Comt UCMF

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cadetes do mar

48 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Publicamos, ipsis-vebis, os textos remetidos via correio elec-trónico, do Cadete do Mar “Fuzileiro”, Ricardo de Azevedo Fidalgo Lopes e do Comandante da nossa Unidade, SMOR

José Talhadas.

Antes, porém oferece-nos fazer os seguintes comentários:

Para os tempos que vão correndo é absolutamente notável o dis-curso deste jovem!

Parabéns a ele próprio;

Parabéns à sua Família, porque também lhe deve ter dado as necessárias bases;

Parabéns à Direcção do Grupo de Amigos do Museu de Marinha (GAMMA) pela iniciativa e empenho;

Parabéns à Escola de Fuzileiros e aos seus Instrutores cuja cola-boração e apoio é indispensável;

Parabéns – se me dão licença – à Direcção da Associação Nacio-nal de Fuzileiros que decidiu subscrever, em tempo oportuno, um protocolo com o GAMMA e que apoia, através dos seus Sócios,

das suas Estruturas Centrais e até economicamente, viabilizando, a Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros;

Por fim, parabéns, sobretudo, aos Sócios da AFZ que comandam, apoiam a Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, lhe dão o verda-deiro espírito e constituem, para os jovens, a cara da Associação de Fuzileiros – José Talhadas, Mário Manso e Afonso Brandão – e, em especial, ao nosso Membro do Conselho de Veteranos, o José Talhadas, pela qualidade que transmitiu ao Comando, qua-lidade que é, aliás, apanágio do seu próprio perfil de Homem e de Militar.

A Redacção (Marques Pinto)

As palavras do Cadete do Mar Ricardo

«Caro Sargento-Mor José Talhadas(E restantes membros, formadores, cama-radas da UCMF)Este ano dou comigo, infelizmente, com uma enorme ausência de disponibilidade ou possibilidade de permanecer activo, durante este ano lectivo dos Cadetes do Mar – Unidade de Fuzileiros. Renuncio a este ano se formação, lamentavelmente.Mas, além desta amargura, ficam comi-go momentos inesquecíveis, amizades, lições, novas capacidades, visões mas sobretudo valores!“Valor, Lealdade e Mérito”; “Talent de Bien Faire”; “Braço às Armas Feito”, le-mas e valores de ordem militar, no futuro irão conduzir-me na vida profissional e pessoal graças à formação e o contacto com pessoas competentes e cativantes, que tive o privilégio de receber. A estes valores poderei adicionar, num cenário menos oficial: sacrifício, patriotismo, res-peito e generosidade.Não sei que caminhos irei seguir, ou se-quer, onde me levarão. Apenas sei que estou seguro que irei acompanhado com competências, valores, lições e camarada-gem que me guiarão ao triunfo profissional, académico, pessoal e até de esfera cívica.Nunca irei olhar um militar, e em mais especial caso, um fuzileiro da mesma

forma, de desprezo ou indiferença. A sua compostura é a mais alta de qualquer ho-mem, pois toma o sacrifício como ganha pão, e embora por vezes faminto devido às dificuldade que poderá atravessar, nunca abandona o seu posto, nem baixa guarda!É, para mim, o máximo símbolo de manu-tenção democrática, patriótica e de ordem cívica e da virtude!Termino esta mensagem com amargura e ao mesmo tempo ansioso pelo futuro e onde esta valiosa bagagem de capacidades e valores que tive o privilégio de obter.Espero no mais futuro próximo retribuir de todas as formas possíveis!Ambiciono um cargo público ao serviço da Pátria e não ao serviço dos meus interes-ses, e os meus camaradas sabem e irão dar a saber que sempre entreguei aos ou-tros o máximo na minha possibilidade, sem arrependimento, (perdoem-me esta falta de humildade mas detesto a falsa modés-tia...), e gostaria de continuar a oferecer.“A Pátria Honrai, Que a Pátria Vos Contem-pla.”Se me permitirem intitular-me um filho da Pátria, prometo que continuarei a honrar a Pátria e a servi-la.Cumprimentos especiais e desejos de completa felicidade aos meus caríssimos

formadores, superiores e camaradas.Nunca irei esquecer-vos e tentarei manter o máximo de contacto, empenhar-me no desenvolvimentos dos Cadetes do Mar, (em especial, claro, da unidade de Fuzileiros).Até Breve, e sempre!

P.S - Caro Sargento, gostaria que este texto servisse de testemunho ou sequer artigo em favor dos benefí-cios que os Cadetes do Mar são, e se poderão tornar, ainda mais, grandiosos e frutíferos. Estarei sempre em contacto, jamais hesite em chamar-me, seja para que dever for. Muito obrigado por tudo, a nível de formação e pessoalmente».

Cadete RicardoDespedida da UCMF

As palavras de José Talhadas

«Podemos sentir-nos orgulhosos por este jovem ter este discurso baseado nos va-lores que nós incutimos ao longo do tem-po de formação em que esteve connosco.

Tenho a certeza que ajudamos a despertar um cidadão que trabalhará para servir Portugal e não servir-se de Portugal. Por enquanto é só um… mas mais se seguirão.

Palavras como “Valor, Lealdade e Méri-to” são pouco ouvidas na sociedade civil. Mas nós, militares, novos e velhos procu-raremos aplica-las, sempre que possível, para que a nossa juventude ajude a valo-rizar a Pátria.»

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notícias

49O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado dia 9 de Março, o 1.º CFORN 92 (Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, 1.ª incorporação de 1992) efectuou um almoço/convívio, na Escola de Fuzileiros.

Após a deposição de uma coroa de flores no Monumento e a pres-tação de honras aos mortos em combate, o grupo visitou a Sala Museu do Fuzileiro, acompanhado pelo Comandante da EFZ onde este lhe prestou os devidos esclarecimentos históricos.

Depois, este conjunto de antigos oficiais fuzileiros da RN almoçou, com algumas esposas e filhos na EFZ vivendo momentos sempre agradáveis e nostálgicos.

Como não podia deixar de ser, houve discursos de reconheci-mento, cabendo a António Manuel R. Casão a representação do 1º. CFORN 92, o qual agradeceu ao Comt. da EFZ e ao restante pessoal envolvido na recepção a disponibilidade e o costumado ca-rinho com que sempre são recebidos todos os “Filhos da Escola”.

A Direcção da AFZ e a redacção da revista “O Desembarque” jun-tam-se, posteriormente, ao Convívio e formulam votos de que to-dos ao anos este e outros CFORN(s) e todos os nossos camaradas fuzileiros (oficiais, sargentos e praças de todas as incorporações) e as suas famílias e os amigos, se juntem à sua Associação Na-cional de Fuzileiro, certos de que EFZ e AFZ constituem ramos da mesma árvore que são o espírito e a alma de todos os fuzileiros.

Porque, “fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre”.

O CMG, José Luís de Almeida Viegas foi homenageado, no passado dia 3 de Outubro na Associação de Fuzilei-

ros. Ex-Comandante do Corpo de Fuzilei-ros, entrou para a Escola Naval em 1962 e terminou o curso da classe de Marinha, integrando o Curso Miguel Corte Real, em Janeiro de 1967. Ausente por razões de saúde de algumas das actividades pro-movidas por aquele Curso, algumas das quais inseridas nas comemorações que se

encontram a decorrer dos 50 anos de en-trada na Escola Naval, por iniciativa de al-guns camaradas de curso – curiosamente entre os quais um do seu tempo do Colé-gio Militar e dois do seu Curso de Fuzilei-ros Especiais de 1967/68 – foi promovido um almoço de confraternização em sua honra que teve lugar no dia 3 de Outubro de 2013, na Associação de Fuzileiros (AFZ) no Barreiro.

Presente no almoço o actual Presidente da Direcção CMG FZE Francisco Lhano Preto que acolheu os visitantes e apresentou as

excelentes instalações da Associação, as-segurando, também, com a viatura da AFZ, o transporte do Comte Almeida Viegas.

Para além do “homenageado” participaram neste encontro os Almirantes Alexandre da Fonseca, Rebelo Duarte e Silva e Pinho e os Comtes Caldeira Santos, Sanches Oliveira (FZE), Paes de Villas-Boas (FZE), Marques de Sá (FZE) e Sousa Henriques aos quais se juntou, mais tarde, o Eng.º (ECN) Vasconcelos da Cunha.

Paes de Villas-Boas(CMG-R)

1.º CFORN FZ1992

9 de Março de 2013

Comandante Almeida ViegasAntigo Presidente da Direcção da AFZ

Homenagem de um Grupo de Amigos

Nota da Redacção: Publicamos esta notícia, embora a AFZ não estivesse, directa ou indirectamente, envolvida no evento. Para a próxima, o que desejamos é que o convívio se efectue na nossa Sede Nacional.

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notícias

50 O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado dia 4 de Julho tivemos a visita do actual Presi-dente da Câmara Municipal do Barreiro, cuja presença na sede da Associação é frequente.

Fê-lo – acompanhado pela sua equipa de trabalho – na qualidade de candidato às Eleições Municipais.

Em reunião de Direcção de 24 de Julho de seguinte, o Presidente da Direcção deu nota no espaço de “informações” do encontro «com representantes da CDU, a pedido deste Partido, fazendo parte deste grupo o actual Presidente da Câmara Municipal do Barreiro.

Fomos informados que a Junta de Freguesia do Barreiro e a Junta de Freguesia do Lavradio se irão unificar e da impossibilidade de o actual Presidente da Junta de Freguesia do Barreiro poder candidatar-se. Foram apresentados, ainda, os candidatos a Presidente à nova Junta de Freguesia e a Vereadores do Município.

O grupo, através do actual Presidente da Câmara deu, também, conhecimento dos projectos que espera realizar no corrente ano e relembrou a disponibilidade do seu Município na cedência de um bom edifí-cio para “oferecer” à Marinha de forma a possibilitar a instalação autónoma da Delegação Marítima do Barreiro, bem como de um terreno para a AFZ instalar a sua Casa dos Fuzileiros Seniores.

O 2.º Vogal, Egas Soares (ES) questionou “se dentro da perspec-tiva da recepção desta comissão da CDU, houver outra entidade política que solicite ser recebida pela Direcção, a AFZ estará dis-ponível para também a receber”.

O Vice-Presidente (Marques Pinto) informou que a primeira inter-venção da Direcção quando recebeu o grupo em apreço foi fazer a leitura do Art.º 3.º do Estatuto da AFZ, sob o título «Restrição» que aqui fica transcrito:

«É expressamente vedado aos sócios utilizar a Associação, di-recta ou indirectamente, como veículo de discussões, interven-ções ou interesses de natureza religiosa, político-partidária, de promoção pessoal ou material».

É óbvio que a Direcção recebe toda a gente que o solicite não tomando parte activa em quaisquer temas ou aspectos políti-

co-partidários. Assim sendo, qualquer movimento social, seja qual for a sua natureza, ou partido político que o soli-cite será igualmente recebido e ouvido. Pese embora a forma como a Associa-ção de Fuzileiros tem sido apoiada pelo Presidente, Sr. Carlos Humberto Pinhei-ro Palácios de Carvalho – que, aliás, foi constituído, por decisão da Assembleia--Geral, de 23 de Março de 2013, seu Sócio Honorário –, a nossa Associação preserva com irrepreensível rigor a sua independência.

Aconteceu no passado dia 12 de Julho – dia em que ocorria uma reunião de trabalho na AFZ – o Comt Lhano Preto ser bébé, lá para as bandas de 1948.De surpresa, que não surpreendeu os presentes, mas apenas a quem já tinha

chegado aos 65 – ora aí vai mais um e menos um – que tenha paciência porque isso acontece a toda agente desde que estejamos cá e ainda bem, porque é sinal de que cá estamos – cortou-se o Bolo do Aniversário.

Um Bolo confeccionado com os ingredientes da camaradagem, da amizade e da solidariedade de todos nós.

As velas, sopradas com alma de fuzileiro apagaram-se com eficiên-cia… e com eficácia.

O Bolo era recheado com muito significado e com suficiente doçu-ra para a Esposa do nosso aniver-sariante o ter cortado com prazer e um olhar de carinho.

Todos dele comemos e tocámos os nossos copos com espumante português, à Saúde e à Vida do Lhano Preto, e à sua Paz interior que incluiu a sua Família e a de todos nós.

Coisas que estas “viroses fuzileiras” proporcionam…

A Sede Nacional da Associação de Fuzileiros foi requalificada, estando agora disponível para nos propor-

cionar mais conforto e qualidade. O Salão Polivalente e o Snack-Bar, este gerido por sócios, incluindo a sua cozinha apre-sentam, agora, um visual diferente, mais bonito e de muito maior nível visando dis-ponibilizar aos Sócios um ambiente tran-quilo e acolhedor. A esplanada foi também melhorada.

A “Casa” que é de todos nós espera-nos.

A nossa “Casa”com mais conforto e

mais qualidade

Presidente da Direcção da AFZ,Lhano Preto

surpreendido no dia do seu aniversário

Presidente da Câmara Municipal do Barreirona AFZ

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obituário

51O DESEMBARQUE • n.º 17 • Novembro de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram

A Associação Nacional de Fuzileiros e a nossa Revista “O Desembarque” apre­sentam sentidas condolências às Suas Famílias, publicando­se as respectivas fotografias que correspondem às que encontrámos, com menor ou razoável qualidade, nos nossos ficheiros.

Estes nossos Camaradas e amigos conservar­se­ão sempre entre nós neste Planeta e quando nos encontrarmos noutros Mundos.

Carlos Alberto Corte RealSócio n.º 490

15/01/1949 a 31/08/2013

Frederico José de Almeida Boia (O Bébé)Sócio n.º 643

22/09/1948 a 2/08/2013

José Armando Pacheco RibeiroSócio n.º 30

6/08/1953 a 13/10/2013

diversos

Novos SóciosNome do sócio N.º

Fernando António L. Dias 2254

Filipe Lopes Gracias 2255

Eusébio Espada da Costa 2256

André Filipe B. dos Santos Alvim 2257

Rudesindo Alves da Rocha 2258

Nuno André da Castro Gonçalves 2259

João Pires Fernandes 2260

Sidónio Pedro F. Teixeira Coelho 2261

António de Castro Moreira 2262

Bruno António Gameiro Correia Ratinho 2263

Bruno Sérgio dos Santos Floriano 2264

Fredique da Almeida Correia 2265

Manuel Gaspar de Araújo 2266

Agostinho José Leite Pinto 2267

João Américo Viegas Justo 2268

José Carlos Azinheiro Paiva 2269

João Manuel dos Santos Plácido 2270

José Fernando Santos Farreia 2271

Acácio Rodrigues Marmelo 2272

Joel da Costa Inácio 2273

M.ª Helena C. M. Cardoso Perreia 2274

Novos SóciosNome do sócio N.º

Ana Cláudia Viegas Alves Ramires 2275

João Manuel Conceição Santos 2276

Luís Miguel Meira Marmelo 2277

Augusto Domingos Monte Pereira 2278

Manuel Leão de Seabra 2279

Luís Manuel César Pereira Gaito 2280

Joaquim de Lima Pereira Gaito 2281

Sofia Cerqueira de Oliveira 2282

Carlos José Alexandre Marques 2283

Analídio Guerreiro dos Santos Martins 2284

José Joaquim Capitão 2285

Ricardo Augusto Fraga Ferreira 2286

António Aparício da Silva 2287

Maria Albertina M. C. Pedroso Couceiro 2288

António Rodrigues Couceiro 2289

Domingos Joaquim L. Dionísio 2290

Tiago Emanuel Vieira Pereira 2291

David Ribeiro de Sousa Geraldes 2292

Paulo Rui da Silva Freire 2293

José Maria Rodrigues Ferreira 2294

M.ª Manuela Coelho P. Reis 2295

DonativosNome do sócio N.º Donativo

José Sequeira 158 59,95 €

Francisco Gracio 1995 25,00 €

M.ª Proença Pais 1333 10,00 €

DFE – 12 70/71 Guiné ­ 44,00 €

Arlindo Bernardo 2042 20,00 €

Pedro Gonçalves 489 10,00 €

Alguns conteúdos previstos para o próximo número:

A entrevista com o Almirante CEMA será um tema importante. Outra entrevista “na calha”, é com uma figura singular, de um jovem de 90 anos, que temos a honra de contar como nosso Sócio.

O lançamento do DVD “Fuzileiros – Quatro Séculos de História” e o espectáculo de grande nível que se lhe seguiu, “Trilogia Poética – Poesia Cantada”, organizada pela nossa Divisão Cultural e da Memória serão, também, temas centrais.

Na área das crónicas teremos as “Crónicas de Outros Tempos – Ponte Aérea Nova Lisboa (Huambo)/Lisboa” e “A Marinha…Navegando em Terra”.

Nos Contos & Narrativas contaremos com a “Estória do Marinheiro E”.

Aguardamos os textos dos organizadores dos tradi­cionais “almoços/convívios”, marcando mais um ano de camaradagem das unidades (DFEs e Companhias) com boas fotografias.

Contamos ainda que as nossas Delegações e Divisões não se esqueçam de nos enviar o que pretendam ver publicado na revista que é delas.

O Relatório de Actividades e Contas de 2013 da Direcção da AFZ, a apresentar à próxima Assembleia­Geral, que também será electiva, terá o seu destaque.

Os nossos colaboradores deverão continuar a marcar presença com a qualidade dos seus textos e os nos­sos fotógrafos, mesmo que amadores, presentearão, por certo, os Sócios com a beleza das suas fotos.

Por fim, o “Almoço de Natal de 2013” da Associação Nacional de Fuzileiros, do próximo dia 14 de Dezem­bro, poderá constituir tema de capa.

Que todos colaborem é o nosso apelo!

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