~ exame neurologico em grandes animais. parte i: encefaio

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ReI'. n luc. COl1lill. CRMV-SP / ConlilluouS Edllc(lIion Journal CRMV-SP. Siio Paulo. \"Olume 2. Jascfo do 3. p. 004 - 016, 1999. Exame neurologico em grandes animais. Parte I: EncefaIo Large animal neurologic examination. Part l' Brain * Curso de Medicina Veterinaria- UNESP - Arac;:atuba Departamento de CHnica, Cirurgia e ReprodUl;:ao Animal Rua Clovis Pestana, 793 * AJexandreSeoorunBorges 1 -CRMV-SPn06564 Loiz Claudio Nogueira Mendes 1 - CRMV- SP nO 6112 Marcio Rubens GrafKuchembuck 2 - CRMV-SP nO 0033 I Professor Assistenle de Clinica Veterinaria Curso de Medicina Velerinaria - UNESP - 2 Professor Titular de Cl fnica VClcrinaria Faculdade de Medicina Vete rinaria e Zootecnia - UNESP - Botucat u Jardim Dona Amelia CEP 16050-680 - Arac;:atuba - SP e-mail: [email protected] RESUMO Neste primeiro artigo abordando 0 exame neurol6gico em grandes animais sao apresentados dados referentes a neuroanato mi a e a neurofisiologia, e 0 exame das fu n<;:Bes encefa li cas. No pr6ximo artigo sera abordado 0 exame da medula espinhal desses animai s. Unitermos : neurologia, encMalo, med ul a espinhal, arco reflexo, nervos cranianos e sistema nervoso. Introd U( ;:ao P roblemas neurol6gicos sao freqUentes em equinos, eaprinos e ovinos, sendo 0 exame neuro- 16gico um passo de fundamental importancia para _ localiza<;:ao e diagn6stico de inumeras enferm ida- des do sistema nervoso. o exame e dificultado pelo escasso acesso para avalia<;:ao direta, quando comparado a outros sistemas. [sse pode ser percebido ja que nenhuma estrutura nervo- sa pode ser palpada diretamente e, com exce"ao da pa- pila optica, tambem nao pode ser visual izada. Outro fator que deve ser levado em considera<;:ao e 0 tamanho dos animais que dificulta a realiza"ao de varios ti pos de teste, comumente ut ilizados na avalia"ao de caes e gatos. Como grande parte dos processos neurol6gicos em grandes animais nao possui um born prognostico, uma ava li a"ao mais criteriosa e desestimulada; entretanto, deve-se lem- brar que algumas enfermidades apresentam bons res ul - tados quando diagnosticadas e tratadas precoceme nte (polioencefalomalacia dos mieloencefalopatia par protozoarios em etc.), alem do que urn diagn6s- ' tico correto permitini a ado"ao de medidas que evitem que outros animais adoe"am. o objetivo deste artigo e apresentar uma metodo- logia para rea li za,ao do exame neurol6gico e a interpre- ta,ao dos resultados obtidos, contribuindo para que este exame seja eficiente, produz in do conciusBes 'lteis e con- fiaveis. o exame neurol6gico baseia-se na avalia"ao do comportamento (estado mental), postura e movimentos (andar, trotar e ga lopar), pares de nervos cra ni anos, rea- "Bes posturais e, quando possive!, na realiza"ao de refle- xos espinhais. Pode-se incluir ex ames complementares como ana li se do liquido cefalorraquidiano, radiografias si mples ou contrastadas (mielografia), eletroencefalogra- fias, tomografia computado ri zada e ressonancia magne- tica (Quadro I). Qua drol Ocorrendo a suspeita de uma ne uro l6gica, du- rante a do exame fisico, uma avaliae;ao meticu- losa do sistema nervoso deve ser realizada.

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Page 1: ~ Exame neurologico em grandes animais. Parte I: EncefaIo

ReI'. n luc. COl1lill. CRMV-SP / ConlilluouS Edllc(lIion Journal CRMV-SP. Siio Paulo. \"Olume 2. Jascfodo 3. p. 004 - 016, 1999.

~ Exame neurologico em grandes animais. Parte I: EncefaIo Large animal neurologic examination. Part l' Brain

* Curso de Medicina Veterinaria­UNESP - Arac;:atuba Departamento de CHnica, Cirurgia e ReprodUl;:ao Animal Rua Clovis Pestana, 793

* AJexandreSeoorunBorges1-CRMV-SPn06564 Loiz Claudio Nogueira Mendes 1

- CRMV-SP nO 6112 Marcio Rubens GrafKuchembuck2

- CRMV-SP nO 0033

I Professor Assistenle de Clinica Veterinaria Curso de Medicina Velerinaria - UNESP - Ara~atuba

2 Professor Titular de Clfnica VClcrinaria Faculdade de Medicina Veterinaria e Zootecnia - UNESP - Botucatu

Jardim Dona Amelia CEP 16050-680 - Arac;:atuba - SP e-mail: [email protected]

RESUMO Neste primeiro artigo abordando 0 exame neurol6gico em grandes animais sao apresentados dados referentes a neuroanatomia e a neurofisiologia, e 0 exame das fu n<;:Bes encefali cas. No pr6x imo artigo sera abordado 0 exame da medula espinhal desses animais.

Unitermos: neurologia, encMalo, medula espinhal, arco reflexo, nervos cranianos e sistema nervoso.

Introd U(;:ao

Problemas neurol6gicos sao freqUentes em bovin~s, equinos, eaprinos e ovinos, sendo 0 exame neuro-16gico um passo de fundamental importancia para

_ localiza<;:ao e diagn6stico de inumeras enferm ida­des do sistema nervoso.

o exame e dificultado pelo escasso acesso para avalia<;:ao direta, quando comparado a outros sistemas. [sse pode ser perceb ido ja que nenhuma estrutura nervo­sa pode ser palpada diretamente e, com exce"ao da pa­pila optica, tambem nao pode ser visual izada. Outro fator que deve ser levado em considera<;:ao e 0 tamanho dos animais que dificulta a realiza"ao de varios tipos de teste, comumente ut ilizados na avalia"ao de caes e gatos. Como grande parte dos processos neu rol6gicos em grandes animais nao possui um born prognostico, uma avali a"ao mais criteriosa e desestim ulada; entretanto, deve-se lem­brar que algumas enfermidades apresentam bons resul ­tados quando diagnosticadas e tratadas precocemente (polioencefalomalacia dos bovi n~s, mieloencefalopatia par protozoarios em eq Uin~s, etc.), alem do que urn diagn6s- '

tico correto permitini a ado"ao de medidas que evitem que outros animais adoe"am.

o objetivo deste art igo e apresentar uma metodo­logia para reali za,ao do exame neuro l6gico e a interpre­ta,ao dos resultados obtidos, contribuindo para que este exame seja eficiente, produzindo conciusBes ' lteis e con­fiaveis.

o exame neurol6gico baseia-se na avalia"ao do comportamento (estado mental), postura e movimentos (andar, trotar e galopar), pares de nervos crani anos, rea­"Bes posturais e, quando possive!, na realiza"ao de refle­xos espinhais. Pode-se incluir ex ames complementares como anali se do liqu ido cefalorraquidiano, rad iografias si mples ou contrastadas (mielografia), eletroencefalogra­fias, tomografia computadori zada e ressonancia magne­tica (Quad ro I).

Quadro l

Ocorrendo a suspeita de uma disfun~ao neuro l6gica, du­rante a real iza~ao do exame fisico, uma avaliae;ao meticu­losa do sistema nervoso deve ser real izada.

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BORGES, A.S.; MENDES. L. C. N.; KUC HEM BUCK. M. R. G. Exame neurol6gieo em gr:mdes :mimais. Part. I: EncHalo. I wrge anima/Ileum/oxic eX(lmillm;oll. Part I: 8m;lI. RCl'. cduc. conlin, C RM V-SI' I COmilll/OIlS Educmioll Joumll/ CRMV-SP. Sao Pau lo, vol ume 2. fascfculo 3. p. 004 · 016, 1999.

Quadro2

Como as estruturas do sistema nervoso nao sao direta­mente palpadas e com exce~ao do nerv~ 6ptico nao sao visuaJizadas, 0 exame neurol6gico deve ser realizado ten­do como base a resposta obtida em provas espedficas da aval ia~ao funcional (isto e, estimula-se as estruturas do sistema nervoso e observa-se a resposta que deve ser clas­sificada como normal ou anormal).

Quando se percebe que 0 exame neurol6gico deve ser rea li zado e interpretado a part ir das respostas obti das em provas especfficas da ava li a~ao funcional, e com a famili ariza~ao dos procedimentos e testes utili zados, este passa a ser exec utado roti neiramente e com a mesma

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Quadro3 o sistema nervoso func ionalmente e um sistema de interrela~ao do animal com 0 meio ambiente . funciona basi­camente como receptor, condutor e processador dos est!­mulos gerando no final uma determinada resposta,

fac ilidade do exame dos outros sistemas (respirat6rio, di gestivo, locomotor, etc.). Sempre que soubermos reali­zar corretamente urn teste e conhecermos qual a res­posta normal do organi smo, saberemos identificar res­postas anormais, pas so fundamental para urn exame bem sucedido (Quad ro 2).

Durante 0 exame neu rol6gico de grandes animais a maior quant idade de i nfonml~6es deve ser obti da da

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Figura 1 A: EqU ino com a representac;ao esquemat ica em amarelo do sistema nervoso central (encefalo e medu la cspi nhal) e pm1c do sistema nervoso perife rico (nervos espinhais - cinza). Observa·se a di visao funcional da medula espi nha l e 0 sentido da infonnac;ao sensoria l e motora. Figura 18: Encefalo em corte sagilal mostrando sua di visao analOmo funcional. Cerebro (tclenccfalo + diencefa lo), tronco encefalico (mesencefalo + ponte + bulbo) e cerebelo. Figura I C: Vista ventral do encHalo com destaque para a emergencia dos nervos cranianos (laranja). Figura 10: Medula espinhal representada por 2 de seus segmentos, observa-se 0 H medular e a presenc;a de arterias, veias c dos nervos espinhais de Ulll dos lados. Figura I E: COlllponentes do arco reOexo espinhal. 0 esquema Illostra a capta93.o de Ulll estfmu lo em receptor perife ri co (setas azu is) e sua conduc;ao em neurenios sensitivos (no interior de um nervo espi nhal), passando peJa raiz dorsal. Ap6s entrar na medula espinhal ocorre conexaocom 0 corpo cclll lar do neuron io motor inferior na substanc ia cinzenla da med llia espinhal. Esta informac;ao motora c transmitida ate o feixe muscular pe lo axenio desle NM I (setas verdes) no interior do nervo espinha l.

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BORGES. A.S.: MENDES. L. C. N.: KUCHEMBUCK. M. R. G. Exame ncuro16gico em grandcs allimai)o. Part. I: EncCfalo. I l..arge anima/neurologic examination Part I : /Jra//!. Rc\'. educ. conti no CRMV·S I~ I ContillllollS Edllcation JOIlI"IUll CRMV-SP, Sao Paulo, volumc 2, fasd culo 3, p. 004 - 016, 1999.

Quadro 4 - DIFICULDADES DO EXAME NEUROLOGICO EM GRAN DES ANIMAlS

Tamanho e temperamento do paciente. Umitada experiencia do examinador. No sistema nervoso as respostas apresentam maior correla<;ao com 0 local da lesao do que com sua causa, Limitadas op<;oes terapeuticas. Sequelas residuais sao menos toleraveis em grandes do que e m pequenos animais,

anamnese e do exame fisico, j a que sao poueas as vezes que os exames complementares acima eitados podem ser utili zados, principal mente quando os animais sao avali a­dos no campo.

Neuroanatomia e Neurofisiologia

Devemos inicialmente considerar a div isao do sis­tema nervoso (SN) em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso peri ferico (SNP). Como SNC devemos entender 0 enceFalo e a medul a espinhal, sendo 0 ence­falo 0 conjunto de estruturas contidas dentl·o da calota crani ana acima do fo rame magno. 0 encefalo possui a scguinte subdi visao: telencefalo , diencefalo, mesencefa-10, ponte, bulbo e cerebelo. 0 que chamamos geralmente de cerebro e a assoc ia~ao de te lencefalo e diencefa lo (Quadro 3 e Figura I).

A calota crani ana oferece protes;ao contra trau ­matismos. Entre 0 encefalo e a ca lota crani ana estao jus­tapostas as me ninges, sen do a mais externa e espessa denominada dura- mater, a intermcdi aria aracn6ide, sob a qual circu la 0 Ifquido cefalorraquidi ano ; abaixo desta, e j ustaposta ao encefalo, encontra-se a pi a- mater. 0 Ouido cefalorraquidiano possui importantes fun ,oes fi siologicas, alem di sso pode espe lhar mui tas a ltera,oes do tec ido nervoso, servindo como importante metoda auxiliar diag­nostico (Quadro 4).

o tronco encefali co e uma area de grande impor­tancia para 0 exame neurologico ja que envo lve as re­gioes de mesenceFalo, ponte e bulbo on de se encontra a ma ior parte dos nuc leos dos nervos cranianos (como nu ­e1eo entende-se 0 conj unto de corpos celul ares de neuro­nios dentro do SNC, sendo 0 seu correspondente no SNP denomi nado gangli o). Sendo assi m, uma Ie sao neste lo­ca l, mesmo que pequena, acarrelara dana ou alteras;ao na fu n<;ao de mais de um par de nervos crani anos, j a que e grande a proxi mi dade entre eles (Quadro 5).

A medula espinhal inicia-se a partir do fin al do bulbo e possui 0 mesmo numero de segmentos que 0 numero de venebras (com exce<;ao da medula cervical que e com­posta por 8 segmentos medul ares). Cada segmento pode

Quadro 5 - ENCEFALO: SUAS PRINCIPAlS DIVISOES ANATOMICAS E RESPECTIVAS FUNCOES

TElENCEFAlO: cortex cerebral (frontal: intelecto, com­portamento e atividade motora refinada; parietal: nocicep<;ao e propriocep~ao; occipital : visao; temporal: comportamen­to e audi<;ao) e nudeos basais (conjunto de corpos celulares localizados abaixo do encefalo, ex: caudado. putamen, etc; com fun<;6es relacionadas ao tonus muscular e inicia<;ao e controle da atividade motora).

DIENCEFALO: hiporalamo (modula 0 sistema nervoso au­tonomo, apetite , sede, regula<;ao de temperatura e balan<;o de eletr6Iitos). tillamo (e um complexo de varios nudeos que entre outras fun<;oes estao relacionados com nocicep<;ao, propriocep<;ao e consciencia), subtalamo (sistema reticular ativador relacionado a consciencia). 0 diencetalo tambem e o local que abriga 0 nudeo do nervo 0lfat6rio e do nervo optico,

MESENCEFAlO: relacionado a consciencia (sistema reticular ascendente ativador), nudeos de nervos cranianos (III. IV). apresenta tambem tratos ascendentes e descenden­tes com presen<;a de atividade motora e sensorial.

PONTE: local onde esta localizado 0 nudeo do nervo trigemio M. forma<;ao reticular (centros vitais de respi ra<;ao e sono), tratos ascendentes e descendentes possuindo ativi­dade sensorial e motora,

BULBO: local com maior acumulo de nucleos de nervos cranianos (VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora.

CEREBELO: coordena<;ao de movimentos, tonus muscular, propriocep<;ao inconsciente e equilibrio.

ser identificado morfologicamente pois possui um par de nervos espinhais, cada um com uma raiz dorsal (sensiti va) e uma raiz ventral (motora). Esses nervos espinhai s sao conslitufdos por neuronios sensiti vos e motores.

A medula espinhal pode ser morfologica e func io­nalmente di vidida em 5 regioes : regiao cervical (co mpre­endendo os segmentos medulares de C I a C5); regiao cervico-torac ica (tambem denominada de plexo ou intu­mescencia braquial , segmentos de C6 a T2); regiao tora­co-Iombar (correspondendo aos segmentos medulares de T 3 a L3); reg iao lombo-sacra (plexo ou inlumescenc ia lom bo-sacra, segmentos de L4 a S2); regiao sacro COCcl­

gea (segmento S3 ao ultimo segme nto medular). Deve­se ressaltar que essa divi sao corresponde a segmentos medul ares e nao as vertebras propri amente ditas; tal fato seria sem importancia se 0 tamanho do segmento medu­lar e a vertebracorrespondente fossem iguai s, porem isso nao ocorre em toda a medu la espinhal.

No infcio ex iste grande correspondencia entre ta­manho medul ar e vertebral, sendo que a vertebra e 0

segmento medular correspondente estao justapostos; po­rem 0 tamanho medul ar vai diminuindo em compara,ao

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BORGES, A.S.: MEN DES. L. C. N.: KUC HEMB UC K, M. R. G. Examc ncurol6gico em gmndes animais. Part. I: Encefalo.! IJlrgl' anima/ncurologic cxamillolioll. Parr I: 8mill. Rey. cduc. contino CRMV~S I' I COJllilluolIs Educatio/l JOIII"I1(l1 CRMV·SP. Slio Pa ulo. volume 2, fascfcu lo 3, p. 004 - 016, 1999.

ao tamanho vel1ebral a pllltir dos ultimos segmentos medu­lares tonicieos. Isso acarreta 0 termino da medula espinhal (em grandes animais) aproximadamente na primeira ou se­gunda vertebras sacrais. Neste Ixmto inicia-se a estrutura denolllinada cauda eqiiina, que nada mais e do que 0 con­junto de nervos espinhais localizados dentro do canal vel1e­bral e que iraQ estender-se caudal mente ate a sua safda.

Observando-se a medul a espinal dorsal mente ire­mos notar que as regiaes C6 a T2 e L4 a S2 possuem um volume maior em compara9ao com as regioes anteri ores e posteriores (daf 0 termo intumescencia tambem utili za­do para esta regiao); isso se deve it grande entrada e safda de neuroni os nestas duas regioes, responsave is pela conexao entre SNC e musculatura dos membros anterio­res e posteriores, respecti vamente .

A medula espinhal, observada em COl1es transver­sais, demonstra duas regiaes facilmente diferenciaveis: regiao ci nzenta correspondente ao H medul ar e 0 local onde se encontram os corpos cel ulares dos neuroni os e a substanc ia branca e 0 local onde se encontram os axoni ­os agrupados em tratos ou fascfculos.

o SNP inclui 12 pares de nervos cranianos origi­nando-se no encefalo e os di versos pares de nervos espi ­nhais ori g inando-se na medul a.

Dentre as estruturas ce lul ares encontradas no SN, o neuroni o assuille im portancia fundamental por apre­sentar a caracterfsti ca de excitaqao (polari zaqao e des­polarizaqao), sendo responsavel pelo infcio e manuten­,ao da atividade neurol6gica. As eelulas da g li a e outras estruturas sao fundamentais para a estabi lidade, suporte, proteqao e nutriqao do sistema nervoso, porem para 0

exame clfni co. 0 neuronio assume a maior importancia. o exame neurol6gico sera reali zado observando-se a res­posta aos estfmul os rea li zados.

Os neuroni os podem ser funcionalmente di vididos em neuroni os sensiti vos e l11otores, sendo estes ultimos responsaveis pelo infcio e manuten,ao da ati vidade mo­tora, podendo ser di vididos em neuronios motores supe­riores (N MS) e neuronios motores inferiores (NMI ).

A assoc ia9ao entre neuronios sensiti vos e nelll'o­nios Illotores permite a reali za,ao de arcos refl exos. Re­flexos sao respostas biol6g icas normais, espontaneas e praticamente invariaveis, sen do uteis ao organi smo. 0 arco reflexo e um a resposta basica ap6s a reali zaqao de um estfmulo e e pOl' meio de suas vari as Illodalidades (refl exos espinhais, refl exos dos nervos cranianos) que 0

exame neu rol6g ico sera rea lizado. 0 arco refl exo nada mais e do que uma resposta 1110tora in voluntaria (sem uma slipe rvisao d ire ta de estruturas ligadas a consc ien­cia) frente a urn eS lfmulo apli cado a uma determinada estrutura. Bas ica mente 3 neuronios (em algun s area s

refl exos ma is estruturas podem estar envolvidas) sao responsaveis pe la efetuaqao de um arco re fl exo. Em primeiro lugar, lI111 neuronio sensiti vo (a ferente) ira cap­tar a informa9ao sensorial e conduzi-Ia ate a medul a ou tronco encefali co (dependendo se sera um arco re fl exo mediado por um nervo espinhal ou crani ano, respecti ­vamente) e fad a conexao com um interneuroni o, 0 qual sera responsave l pe la tran smissao dessa inform a9ao para lllll neuronio motor (eferente) que e fetuara a es­timul aqao de llIllmusculo. Varios retlexos podem ser uti ­li zados para avalia~ao neurol6gica como por exempl o 0

refl exo pate lar (espinhal), 0 pa lpebral, 0 pupi lar, etc.

Exame clinico

A sua primeira etapa e a identi fica~ao do animal (especie, raqa, sexo, idade, uti l iza~ao, va lor, local de ori ­gem e utili za,ao do animal). A anamnese deve detalhar inforll1a~6es referentes ao infcio dos sinais c1 fni cos, evo­lu,ao, alimentaqao, vacinaqao, tratamentos rea li zados, doen9as anteriores, numero de animais acometidos, aIll­

bienle, manejo dos animai s e numero de mortes. Dentre as informa,6es obtidas, deve-se ressa ltar

o infcio dos sinai s clfnicos e a sua evolu9ao (curso da doenqa) . E muito impo'1ante sabermos ha qu anta tempo come9aram as aiteraqaes e como eram logo no infcio do processo, pois algumas vezes iremos atender animais com processos neurol6gicos severos, podendo estar em decu­bito, comatosos ou semicomatosos, dificultando a obten­,ao de algu mas informa~aes (Figura 2).

Figura 2 - Encefal0 de bezerro aprese nlando LIma porcnccfa lia na rcgiao temporal .

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BORGES. A.S.; MENDES. L. C. N.; KUCHEMBUCK. M. R. G. EX:lmc ncurol6gico em gra ndes anirnais. ParI. I: EncCfalo. I I..mge allimolneurologic examination. Part I : Broil!. Rc\'. cduc. contin. CRMV-SP I COlllilllWIIS EdIlCtll;OIl Journal CRMV-SP. Sao Paulo. volu me 2. raSciculo 3. p. 004 - 016. 1999.

Quadro 6 - OBJETIVOS DO EXAME NEUROLOGICO

Este animal apresenta anormalidades neurol6gicas? Em caso afirmativo, qual eo local mais provavel? Quais sao os diagn6sticos diferenciais mais prova­

veis para les6es neste local? Associar as informac;;oes relativas a identificac;;ao do animal (idade, especie), evolu­t;:ao dos sinais cHnicos e informac;;oes epidemiol6gicas. Qual e 0 prognostlco? 0 tratamento e possivel e viclvel economicamente? Como prevenir a ocorrencia desta enfermidade em outros animais do rebanho?

Quadro 7 - ETA PAS DO EXAME NEUROLOGICO

Identificac;;ao e anamnese Exame fisico Identificac;;ao dos sinais Interpretac;ao das informac;;6es Localizac;ao das lesoes Diagn6sticos diferenciais Exames complementares Diagn6stico Progn6stico

Quadro 8 - ANAMNESE

Inicio dos sinais cHnicos Evolu~ao

Principais anormalidades observadas Alimenta~o

Vacinac;;ao Tratamentos realizados Ooenc;;as anteriores Numero de animais acometidos Ambiente e manejo dos animais Numero de mortes

Quadro 9 - INICIO E PROGRESSAO DOS SINAIS

AGUDO NAo PROGRESSIVO:

Enfermidades traumaticas e vasculares

AGUDO PROGRESSIVO E SIMETRICO:

Enfermidades metabolicas, nutricionais e toxicas

AGUDO PROGRESSIVO E ASSIMETRICO:

Enfermidades inflamat6rias (infect;:6es), degenerativas e neoplasicas.

A evollll;ao tambern e irnportante, pois diFeren ­tes enfermidades podem se r agrupadas em catego ri as que poss uem, de modo gera l, um padrao de evo lu9ao serne lhante. [sto sen! muito eficaz para qu e se esta­bele9a 0 diagn6stico, pois muitas vezes, processos 10-

calizados no mes mo loca l do SNC irao produzir si na is c1inicos semelhantes, mas poderao ser diferenciados pela sua evo lu9ao. Isto pode se r exemplifi cado da se­guinte forma: urn animal com lllll processo traumatico afetando 0 cerebelo ou um outro com um abscesso loca li zado lambem no cerebe lo, provave lmente apre­sentam sinais muito semelhanles (q uando as areas e a ex tensao da lesao forem parecidas), porem a evo lu-9ao dos doi s processos sen! muito diferente, 0 primei­ro com infcio ag udo e estac ionari o, e 0 segun do com evo lu9iio len ta.

Quanto maior for 0 conhec imento das enFermid a­des que acometem os animai s, melhor sera a anamnese realizada.

o exame ffs ico de todos os sistemas deve sempre preceder urn exame neurologico, pois permite diferenci­ar problemas concomitantes, ass im como descartar alte­rm;6es que possam sugerir anormalidades neurol6gicas. Sendo ass im, os animais devem ser avaliados tambem quanta ao grau de desidrata9ao, co lora91io de mucosas, palpa91io detalhada de todos os membros e col una verte­bral. Uma impOl<~ncia funcional de um membro pode ser diferenciada entre uma fratura ou uma parali sia de nervo periferico, um decubito latera l com grande apati a pode ser indicati vo de uma lesao medular e de anemia ou desi­drata9ao severa. Tai s aspectos podem parecer grossei­ros na maioria das vezes, mas devem ser sempre lem­brados. Sa liva9ao ou di sfagia pod em ser resu ltado de encefal ites, botuli smo ou dev ido a lim corpo estranho na faringe ou es6fago. A cegueira pode ser resll itado de encefalopatias de diferentes ori gens, ou de um destaca­mento de retina, ou, ainda, de um a severa catarata. 0 exame ffsico geral tambCm permitira observar posslveis altera90es em outros sistemas que podem ser relac iona­das as anormal idades neurol6gicas. Exemplo di sso e a colora~ao icterica das mucosas em alguns casos de en­cefalopati a hepatica dos eqii inos.

Os objetivos de um exame neurol6gico sao: con­firmar a presen\=a de um problema neurologico, loca li ­zar 0 prob lema, definir uma !i sta de diagn6sti cos prova­veis, definir os exames complementares necessari os, es­tabelecer 0 diagn6stico mai s provavel eo progn6stico, e possibilitar 0 plano terapeutico mai s adequado. Parale­lamente deve-se tamar as medidas preventivas neces­sarias para que 0 problema nao ocon'a em outros ani ­mais (Q uad ro 6).

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BORGES. A.S.: MENDES. L. C. N.: KUC HEMBUCK , M. R. G. Examc ncurol6gico em grandcs animais. Part. I: EnccfalO.1 Large anima/neurologic examinmioll. ParI I: IJrain. Rev. educ. contino CRMV-SP I COlllinllolls Education lOllmal CRMV·SP, Sao Paulo, vol umc 2, fascfculo 3, p. 004 - 016, 1999.

Figura 4 - Bovino com polioencefalomahkia: Decubito, de­pressao mental e opist6tono (conesia Julio A. N. Lisboa).

com de (.;Om closantel (rola\ao de cabeyu - "head til t").

Deve-se lembrar que as informa,,6es devem ser inicialmente obtidas e posteriormente interpretadas. Uma lentativa preeoce de interpreta<;ao , quando con­duzida a um eaminho errado, pode aearretar em uma precipita<;ao na orienta<;ao do exame e em conse­qUentes perdas de informa<;6es que poderiam ser importantes para um diagn6stico preciso (Quadros 7, 8 e 9).

E fundamental 0 uso de luvas durante 0 exame; este procedimento dani uma seguran<;a muito grande ao examinador, pais a raiva e uma impartante zoanase que apresenta diversas fonnas de manifesta~ao c1fnica, nem sempre faceis de serem inicialmente identificadas. De­vemos lembrar que, algumas vezes, examinamos 0 ani­mal apenas uma vez e nao e possive! retornar para aeom­panhar a evolu<;ao. 0 uso de luvas representa uma gran­de seguran<;a, evitando aborrecimentos e preocupa<;6es futuras.

A utiliza<;ao de uma ficha de exame (protocolo) permite realizar um exame completo,ja que dificilmen­te esqueceremos alguma etapa ate que estejamos total ­mente familiarizados com os pracedimentos de avalia­<;ao, alem de faeilitar 0 acompanhamento e os exames subseqUentes.

Para que existam altera<;6es encefalicas, os seguintes aspectos precisam ser avaliados. Geral­mente , quando aitera<;6es encefalicas estao presen­tes, ao men os dais desses itens que sao a seguir descritos, devem apresentar altera<;6es (Figuras 3, 4, 5, 6 e 7): comportamento (estado mental); posi­<;ao da cabe<;a e integridade nas fun<;6e s dos nervos cranlanas.

A fun<;ao encefalica e a primeira a ser avaliada, sendo 0 comportamento e 0 estado mental os primeiros aspectos a serem observados. Os dais estao estritamen­te relacionados e devem ser preferencialmente avaliados na presen~a de uma pessoa familiarizada com 0 animal,

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BORGES. A.S:: MENDES. L. C. N.: KUCHEMBUCK. M. R. G. Examc llcurol6gico em grandes animais. ParI. I: Encefalo.1 Virge (ll/imaf IIwrolugic examination. POrl/: Brail/. Rev. cdllc. conlin. CRMV-SI' I Continuulls Education Journal CRMV-SP. Siio Paulo. volume 2, faSClc ulo 3. p. 004 - 016,1999.

Qmldro 10

Para que existam altera~6es encefalicas os seguintes aspec-tos precisam ser avaliados: comportamento (estado mental) , posicionamento da cabe~a e integridade na fun~ao dos ner-vos cranianos. Geralmente, quando alterac;6es encefalicas estao presentes, ao menos dois destes itens apresentam anor-malidades.

Quadroll

Os nervos cranianos podem ser rapidamente avaliados quan-do observamos a simetria facial , integridade da fun~ao visu-al, movimentac;ao de orelhas, palpebras e labios , mastigac;ao, movimentac;ao da lingua e deglutic;ao, Dificil-mente se estas func;6es estiverem integras existirao altera-c;6es nos nervos cranianos. A presenc;a de anormalidades em 2 ou mais pares de nervos cranianos e muito indicativo de anormalidades e ncefalicas enquanto alterac;6es em ape-nas um par sao sugestivas de les6es perifericas,

Quadro12

Animais com lesao bilateral severa do nervo optico estao cegos e em midriase.

que possa fornecer dados anteri ores ao quadro clfnico. Estas i nfo rma~6es permitem diferenciar animais extre­mamente d6ceis daqueles com apati a.

Uti I izaremos 0 termo comportamento como a res­posta observada a estfmulos visuais, tateis e auditi vos e enquadraremos 0 estado mental denlro deste item. 0 comportamenlo cons iderado normal e extremamente va­ri:ivel entre especies, ra9as e indivfdu os. Entre os com­portamentos considerados anonnais

ser respo nsaveis por acentuados nfveis de depressao, chegando-se ate 0 coma (Quadro 10).

Em seguida deve ser avali ada a posi9ao da cabe-9a. A rota9ao da cabe9a ("head tilt") e um si nal indicati­vo de lesao vestibular. A pressao da cabe9a contra obs­tacul os ("head pressing") pode ser observada em diver­sas encefa lopatias que afetem a fun9ao cerebra l como, por exemplo, a polioencefalomalacia de ruminanles, a encefa lopati a hepati ca dos eqUinos ou 0 trauma crania­no. 0 andar em cfrculos pode ser observado gera lmente em lesoes unilaterais na regiao fronta l.

Ap6s essas etapas, deve ser rea li zada a avali a9ao dos nervos crani anos. Os 12 pares de nervos crani anos com sellS respectivos names, flln~6es e os testes a se­rem realizados sao apresentados sob forma de tabela (Tabela I). Observando esta tabela podemos nOlar que os 12 pares de nervos crani anos podem ser rapidamente avaliados. Devemos lembrar apenas que no conjunto sao responsiveis pel a 0lfa9aO, visao, movimenla9ao de ore­Ihas, palpebras, labios, simetria e tonu s da muscu latura facial, preen sao e masti ga~ao de alimentos, movimenta-9ao de lingua e degluti9ao. Se todas essas fun90es esti­verem fntegras dificilmente iremos encontrar a ltera~ao

nestes pares de nervos cranianos; j 'i. se alguma de las es­tiver alterada, poderemos reali zar provas mais especffi­cas para localizar a anonnalidade em um ou mai s pares de nervos cran ianos (Quadro I I).

Algumas observavoes podem ser ulei s na ava li­a9ao da fun9ao destes nervos. 0 nervo 0lfal6rio e d i­ffcil de ser avaliado em grandes animais. Ainda que raras e se m importancia clfnica, as afec~6es do ne rvo 0lfat6rio, quando oco rrem, sao de diffc il inle rpreta9ao clin ica devido as anormalidades no co mpo rtamenlo do animal.

- -

NEtt\ {) ()t'l tU"'~I()T(llt

incluem-se: emissao de sons anormais, andar compulsivo, andar em cfrcu los, apoio da cabe9a contra obWic ulos, morder animais ou objetos inanimados e ad09ao de posturas bizarras. As anormal idades comporlamenlais ge­ralmente estao assoc iadas a altera-90es cerebrais. 0 eSlado mental deve ser avaliado cuidadosamente pois an i­mais com enfermidades em outros sis­temas poderao eslar muilo apaticos, sen do estes sinais muitas vezes con­fundidos com uma depressao no nfvel de consciencia. Anorma lidades cere­brais (la lamo, capsula inlerna ou re­giao frontal e mesencefa licas) podem Figura 8 - Esquema das vias visuais e do refl exo pupilur (Mocli ricado de MAY HEW. 1989).

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o segundo par de nervo craniano (6ptico) pode ser aval iado por meio da percep9ao da integridade visual e lambem associado com 0 diitmetro pupilar (TTT par). Dificuldades parciais de visao decorrentes de anormali­dades no sistema nervoso sao diffceis de serem observa­das e diagnosticadas, porem, os casos mai s graves po­dem ser determinados com maior facilidade. Inicialmen­te, deve-se deixar 0 animallocomover-se li vremente em lim ambiente diferente daquele a que esta acostumado, cuidando para que 0 animal na~ se machuque em algum obstaculo. Os animais cegos tendem a esbarrar ou ir de encontro a obstaculos.

A altera9ao visual tambem pode ser verificada pela prova de amea9a visual. Esta prova deve ser reali zada com um gesto de amea9a em dire9ao ao globo ocular do animal, que como res posta deve fechar a palpebra (me­can ismo protetor). Durante a realiza9ao desta prova, evita­se a produ9ao de deslocamento de ar em dire9ao ao glo­bo ocular ou mesmo 0 toque manual , 0 que acarretaria lim reflexo palpebral, nao relacionado ao processo visual e, sim, a capta9ao sensiti va da regiao ocular e palpebral (nervo trigemio) e a fun9ao efetora motora do nervo fa­cial. E importante ressaltar que animais com severas al­tera90es cerebelares podem apresentar diminui9ao ou ausenc ia da res posta de amea~a visual, pois existem vias cerebelares importantes na sua modula9ao. A via afe­rente (impu lsos que chegam ao SNC) da resposta de amea9a visual envolve as estruturas integras das vias vi­suais e sua interpreta9ao no c6rtex occipital. A oelusao da palpebra de pen de da via eferente (impulsos que dei­xam 0 SNC) composta pelo c6rtex visual contralateral e do sistema motor (ipsi lateral ao estfmulo) do nervo facial (Quadro 12 e Figura 8).

o reflexo pupilar tambem pode ser utilizado para avali a9ao do nervo optico assim como tambem do ner­vo 6cu lo-motor. Este reflexo e desencadeado em razao da integra9ao das informa<;6es transmitidas pelo nervo optico e nervo oculo-motor acarretando miose ou midrf­ase. A retina capta a informa9ao luminosa, transfor­mando-a em impulsos eletricos que serao conduzidos pe lo nervo 6ptico ate 0 quiasma 6ptico onde um grande percentual de fibras sofre decussa9ao (trocam de lado). A partir do quiasma 6pt ico, essas informa<;6es trafe­gam pelo trato 6ptico passando pelo mesencefalo, indo posteriormente ao c6rtex cerebra l (forma9ao de ima­gens). Durante a passagem pelo mesencefalo, ocon'e 0

estimulo do ndeleo do nervo 6culo-motor (TTT par de nervo craniano) ali localizado. 0 esrimulo do ndeleo do nervo oculo-motor ira gerar informa~6es (transmitidas pelo nervo 6culo-motor) que provocarao diminui9ao do dia­metro pupilar (m iose). Quando 0 estimulo luminoso e

pequeno, ocorrera uma dilata9ao da pupila denominada de midrfase.

A midrfase ou miose sao importantes para a maior ou menor capta<;ao de lu z, melhorando a acu idade visual em ambientes com menor luminosidade ou protegendo as estruturas oculares em ambientes com grande quanti­dade de lu z, respectivamente.

Este e um exemplo de um arco refJexo mediado por lim nervo sensiti vo (6ptico) e um nervo motor (6culo­motor) que permite a avalia~ao da integridade das estru­turas envolvidas. Porlanto, para que OCOHa a miose ap6s urn estimulo luminoso, deve haver integridade destas vias ate a efetua<;ao do reflexo. Urn reflexo pupilar adequado nao implica necessari amente que 0 animal esteja enxer­gando, pois, para que isto ocorra, as vias devem estar integras ate 0 c6rtex occipital.

Ao colocannos urn an imal em uma sala escura e iluminarmos 0 o lho direito com uma lanterna, de vera ocorrer a diminui9ao do diametro da pupila testada (mi ­ose ipsilateral) e tam bern in! OCOrrer uma miose dis­creta na pupila esq uerd a (reflexo consensual). 0 con­trario ocorrera quando illlminamos 0 olltro olho. Este mecanismo de fechamento consensual da pupi la deve­se ao cruzamento das fibras, ocorrido no quiasma 6p­tico e tambem das conex6es entre 0 mesencefalo es­qllerdo e direito. Em virtude da posi9ao dos globos oculares (em grandes ani mai s) e complicado para 0

examinador realizar sozinho a avalia9ao do refJexo pupilar consensual e direto ao mesmo tempo. Pode­mos perceber, pela breve descri9ao das vias vi suai s, que lesoes encefa li cas locali zadas na regiao de c6rtex occipital podem acarretar cegueira sem anormalida­des do reflexo pupilar, ja que as vias que e nvol­vem esse reflexo estao loca li zadas mai s rostral mente, sendo lim exemplo disto a polioencefalomalacia dos bovin~s.

Como na maiOl'ia das vezes observamos estes ani ­mais em ambiente aberto e nao em uma sala escura, pre­cisamos fazer uma modifica9ao no procedimento do ex a­me. Deve-se fechar os dois olhos com a mao e observar o reflexo pupilar de cada urn de forma individual (man­tendo sempre um deles fechado), com 0 posicionamento da cabe9a do animal em dire<;ao ao sol. Nao devemos fechar apenas um ol ho e em seguida abri-Io, poi s 0 retle­xo consensual originaclo no olho deixado aberto ira dimi ­nuir 0 re fl exo a ser testado.

o diiimetro pupilar tambem e influenciado pelos mllscllios dilatadores da pupila, inervados por fibra s sim­paticas originadas do ganglia cervical cran ial (devido a este fato OCOHe a dilata9ao pupilar quando os animai s estao com medo ou excitados).

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Tabeh. I - FU1l9ao, testes de avatia9ao e sinai s de anormalidades dos nervos cranianos.

Nervo Craniano Fun~iio Testes Anormalidades Observa~Oes

I Olfa t 6 rio Olfa~o Oferedmento de alimentos com Incapacidade total ou parcial Dlfidl de sef" interpretado quando anormalidades encefidicas odor atrativo com a mao fechada de sentir odores concomimntes estiverem presentes.

II Optico Visiio Acuidade visual, resposta de amea- Cegueira total ou parcial Um animal cego nao necessariamente passui anormalidade

~ visual. renexo pupilar no nervo 6ptico. podem ocorrer cegueiras devido a 1es6es no

cOrtex occipital ou ern outras estnJwras condutoras das infer-

mas:6es visuais (ex. quiasma optico, tratos opticos, etc) ou

mesmo devido a severas a1teras:6es intraoculares.

'" O culo m otor lnerva musculos extraoculares Realizao;iio do renexo pupHar e ava- Anormalidade no rencxo o reOexo pupilar cleve ser interpretado correladonando com e conrem fibras parassimpaticas lias:ao da movimentas:iio da palpe- pupilar e ptose palpebral a integridade ocular e das vias visuais (incluindo-se ai 0 II par para 0 controle da pupi.!a e da brasuperior de nervo craniallO). Oeve-se ter cuidado com a quantidade acomodas:ao visual. E uma de 1m presente no ambiente, no momenta do exame, para combinas:aode nerve motore

correta interpre~ do teste. Deve-se lembrar que 0 medo auton6mico. Elevac;;iio da pal-

ou a exdta~o des animais pede interferir na resposta apre· pebra superior

sentada .. lesOes no VII par de nerve craniano sao muito mais

frequentes e podem tambem causarptose palpebral, poden-

do ser diferenciadas pois a ptose palpebral decorrente de

les6es no nervo facial seriio acompanhadas por paralisia e

ptose labial

IV Trod ear lnerva mUsculo ocular oblique Observar posicionamento dos glo- Anormalidades de Raramente e problema em animals de grande porte. Deve-se superior respoosavel pela me- bas ocuiares e coordenaqao de mo- posicionamento inicialmente ftear de frente para 0 animal e observar a ~ vimentac;;ao des globes ocula- vimentos des mesmos durante mo- dos globes oculares e depois movimentaro pescQ(jo de um

"" vimenta!;ao da cabe<;a do animal lado para 0 outre. observandoa con-es:ao do posicionamen-

to dos globes.

V Trigcmio Informao?o sensorial de c6mea, Oferedmento de alimento para os DlflCuldade para apreensiio de E muito mais faeil e pritico observar a fUrM;OO motora do que palpebras e cabel;a: motora animais, teste de sensibilidade na alimentos (mandibula caida a sensitiva. Dificuldades para fechare movimentar a mandi-dos mUsculos faciais relaciona- "'" em Ies6es bilaterais) e anorma· bula devido a uma Iesao oeste nerve devem ser diferenciadas dos com a mastiga4iao lidades sensoriais faciais. daquelas decorrentes de anormaIidades osteomusculares (fra-

turas, etc.). A.p6s 2 semanas do inicio da paralisia pede ocor·

rer atrofia muscular (masseter e tempor.il) .

VI Abducent e Inerva musculos lateral reto e Observar posicionamento dos gIo- l..esOes resultam em um estra- Idem IV par retrator ocular responsaveis bas oculares e coordenac;ao de mo- bismo medial e inabilidade peIa movimenrac;;ao des globes vimentos des mesmos durante mo- para retrair 0 globe

"'"""" vimentas:ao da cabel;a do animal

VII Facial Inervac;;iio motora de orelhas, Observar simetria de posidona- Diminuiylo ou ausenoa de me>- AnormaIidades do nervo facial logo ap6s sua saida do encefalo palpebras e musculatura rela· menta de pitlpebras. orelha. nari - vimentac;;ao das orelhas. ptose deveriio originar alterac;;6es em orelhas, pitlpebras e labies cionada e expressao facial (m0- nas e Iiliios. observar tambem a pre- palpebral. anormalidades na enquanto 1es6es compressivas fadais abaixo da regiao ocular vimentat;3o de narina e labio) sen~ de filme lacrimal. Deve ser movimenras:ao da narina e 111- pedem ocasionar apenas ptose labial (devido a uma Iesiio 1'10 tem innuenda sabre as gtandu- realizado 0 refiexo palpebral. Pro- bio (ptose labial). Pode ocor- ramo bucaI). AJguns animals acabam desenvoNendo ceratites, las laaimais e salivares e funsao duyao de sons p.1.ra observar a mo- rer diminu!?o na sec~ 13- devido ao niio fechamento palpebral correto associada a di-gustativa no 1/3 inicial da lin- vimentat;ao das orelhas

crimal minuit;ao de prod~ de filme Iacrimal.l..esOesacometendo 10".

o nerve facial geralmente acarretam 0 acumulo de alimentos

entre os dentes e a bochecha

VIII Vestibulocode ar Equilibrio (vestibular) e audio Posis:iio da ca~a, presen~ de Presens:a de rotac;;3o da cabe- A principal anormaJidade observada na maioria das vezes e a ~o(coclear). nistagmos, caPta~o de estimulos c;;a, dlfteuldade decap~de rcxac;ao da cabec;a para urn des !ados (ipsilateral a Iesiio) sendo

auditivos sons e eventualmente presen- dirKil determinar a acuidade auditiva de um animal. sao fre·

~ de nistagmos quentcs as aI~Oes de nerve facial associadas a Ies6es vesti-bulares (principalrnente decorrentes de otites intemas) pais 0 nerve facial ao deixar 0 seu nucleo na regiao de bulbe entra 0

meato aclistico interno junto ao nerve vestl'bula coclear

IX Glossofaringeo Respons3vel peIa ine~o da Oferecimento de alimentos e pas- Disfagia Existe uma partidpao;3o do IX, X nefVOS crntWlOS na irJerv<9o faringe e sensibilidade da por- sagem de sanda na.sog3strica para de faringe e laringe sendo que os dais sao avaIIados de maneira

s:ao caudal da lingua obser-vasao da deglutic;;ao, sensibi· conjunta quando relacionados a deglutic;;ao e movimentac;;30

lidade de lingua uti!izando-se subs- de faringe. Raramente sao realizades testes para avaJ~ da

tincias irritantes sensibilidade da lingua.

X Vago Funs:ao motora e sensorial para 'Slap test" (testa-se a movimenta!;iio Disfagia e sons inspiratorios A avalia~o da sensibilidade da lingua e muito subjetiva e nao

visceras toricicas e abdominais da laringe, abdut;3o da cartilagem anormais (equines em exerd- e usualmente realizada, 0 "slap test"" pede ser realizado com

e motora da laringe e faringe ariten6ide contralateral, ao mesmo cio) devido , flacidez auxilio do endoscopio ou mesmo com a palpas:ao manual

tempo que percute-se a regiao da

""""""" extema, A via eferente deste teste envoIve 0 nerve Iarigeano

escipula durante a expirac;;ao). o fe- """"""'" recimem:o dealimentos, avaliao;fio de sons anormais durante a respiras:ao

XI Ace ssOrio Motora para musculos do pes. Eletromiografia Pouca signiflcancia

cOCjo (mlisculo trapezio)

XII Hipogtosso FUllCjiiO motora da lingua Oferecimento de a1imentos, movi- Perda de funylo motora da lin- Les6es uoilater31S do nervo au do nUdeo resultam em atrofl3

mentac;;ao da lingua, simetria 10" unilateral da lingua com dificuldade de retra4iao porem a mesma niiodfNeri ficar fora da boca. Les6es bilaterais acar· retam dificuldade de apreensiio e degtutis:ao e 0 animal niio consegue recolher a lingua para dentro (fa boca

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Quadro 13

o sistema vestibular tem a fun<;ao de integra<;ao animal e

ambiente no que diz respeito a gravidade. Ajuda a manter a

posit;ao dos olhos, tronco, membros e cabe<;a durante os

movirnentos. Contern receptores no ouvido interno, nervo

vestibular, nucleo vestibular, cerebelo e tratos vestibulares na

medula espinhal.

Lesoes simpaticas (os locais mais freqlientes sao bolsa gutural ou Jesoes cervicais) podem acarretar a de­nominada sfndrome de H orner que consiste em di screla pIDse da p,\lpebra superior, mi ose e di screta protrusao da terceira p,\l pebra. Associado a esses sinai s, observa-se sudorese na base da orelha e pesc090.

o setimo par de ne rvo craniano e 0 que apre­senta a ltera90es com maior freqlienc ia. Poss ui seu corpo celu lar loca li zado no tronco encefali co, send o responsavel pe la fun9ao motora da orelha, pa lpebra e labios. E importante di fe renciarmos as lesoes locali za­das no corpo celul ar (nucl eo do nervo fac ia lloca li zado no tro nco encefali co) daque las ocorridas no seu traj e­to, pois poss ui grande importancia na locali za9ao da enferm idade e consequente di agn6stico. Lesoes loca­lizadas na reg iao de tronco encefali co geralmente sao acompan hadas por envo lvimento de outros pares de nervos cranianos em conseqjjencia da prox imidade na

local iza91\0 de seus nucleos. Lesoes periferi cas podem

Figura II

Figura 9 - Paralisia peri ferica unilateral do ramo bucal do nervo fac ial: observa-se a ptose labial.

ocorre r em virtude de altera90es durante 0 trajeto des­se nervo, que e bastante superfi cial. 0 refl exo pa lpe­bral serve para avaliar a fun9ao motora do nervo facia l (Tabe la I e Figuras 9, 10 e II ).

N istagmos devem ser avaliados quanto a sua dire­",ao de movimento rapido. Sempre em lesoes vesti bula­res periferi cas, e geralmente com enfermidades vesti bu­lares centrais, a fase rapida do movimento e contrari a ao lado da lesao. Ni stagmos originados de doen",as vestibu­lares perifericas sao sempre hori zontais ou discretamen­te rotat6rios, enquanto na doen",a central estes podem ser em qualquer dire",ao. Apesar de ser possivel, durante as fases agudas de doen9as vestibul ares, que nistagmos espontaneos estejam presentes com a cabe",a em posi-

Figunl 10

EqUino com ptose do pavi lhao auditivo. plose palpebral, plOse labial e paralisia da lingua decorrentes de severa otite e acometimento de mais de lim par de nervo craniano (col1esia Ivan R. Barros).

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Quadro 14 - PRINCIPAlS SINAIS NEUROLOGICOS OBSERVADOS QUANDO AS DIFERENTES AREAS ENCEFAuCAS

SAO ACOMETIDAS

~-- ) ~. . ~ ' . ,

SiNDROME CEREBRAL: anorma/ida­des locomotoras (podem ser discretas), estado mental (depressao) e com porta­mento alterados, respira~ao irregular,

cegueira (reflexo pupilar normal), pressao da cabe~a contra obsciculos, andar em circulos (geralmente les6es unilaterais).

SiNDROME MESENCEFALlCA: Anormalidades locomotoras, depressao mental, midriase nao responsiva ou miose (visao normal), estrabismo.

SiNDROME PONTOBULBAR: Anormalidades locomotoras, altera<;ao em diversos nervos cranianos, depres­sao mental .

SiNDROME VESTIBULAR: Central (nistagmos horizontais, rotacionais, verticais ou posicionais, deficits nos ner­vos cranianos: V, VI eVil; podem ocor­rer sinais ce re be lares). Periferica

(nistagmos horizontais ou rotacionais. posslvel deficit no VII par de nervo craniano. Tanto a sfndrome central quanta a perife rica podem apresentar perda de equ illbrio , quedas, rota~ao de cabe~a e estrabismo.

~,;7 ) , . "

'.

CEREBELAR: tremores de intensao na cabe~a, anormalidades locomo­to ras (hipe rm e tr ia). nis tagmos, al­te rac;ao na res posta de ameac;a vi­

sual, aume nto da area de sustentac;ao do corpo (ampla base),

MULTI FOCAL: Presensa de sinais clinicos que refi etem mais de uma sfndrome.

Obs: E importante ressal tar que nem todos os sinais esta­rao presentes em determinadas situac;6es e que as anorma­lidades caracterizadas por sinais mul tifocais sao as mais frequentemente e ncontradas em animais de grande porte.

Quadro 15

Opist6tono e um termo util izado para designar a posic;ao de extensao caudal da cabec;a e pescoc;o devido a um espasmo muscular e geralmente e decorrente de les6es cerebelares ou cerebrais.

9ao de descanso, pode ser necessano nestas ocaSloes, manter a cabe9a em postura anonnal para a indu9ao dos mesmos (Quadro 13),

As allera90es enceffi li cas podem acarretar di s­turbi os locomotores, va ri ando de uma d iscreta incoor­dena9ao motora ate andar compul sivo ou mes mo 0 de­cubito permanente. Essas al tera90es estao presentes por causa de lesoes nos nucleos motores, sendo ass i m lim eqUino com abscesso Oll com le llcoencefalomala­c ia pode ap resenta r a lle ra90es locollloto ras va ria ndo

Quadro 16

A pressao da cabe<;a contra obstaculos "head pressing pode ser obse rvada em diversas encefalopatias que afetem a fun<;ao cerebral como por exe mplo a polioencefalomalacia de ruminantes, a encefalopatia hepatica dos equinos ou 0

trauma craniano.

Figura 12 - Les5es ell cefa licas clifusas decorrelltes de leucoencefa lo­malacea cq Uina (cortes i a Maria Cecilia Rll i Lllvizotto) .

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Quadro 17

ANORMALIDADES NESTAS FUNc;:6ES ...

Visao

Resposta de amea~a visual

Tamanho e simetria pupilar

Refiexo pupilar

Posi~ao e movimento do globo ocular

Normalidade e simetria da musculatura facial

Refiexo palpebral

Movimentac;ao da orelha. palpebra e Iilbio

Sensibilidade facial

Tonus mandibular normal

Palpebras sao mantidas abertas em posic;ao normal

Resposta normal aos sons

Animal deglute corretamente e move adequadamente a lingua

Tonus lingual esta normal e a musculatura da lingua esta simetrica

de uma cli screta incoordena9ao ate um decubito. Quan­do estao presentes altera90es locomotoras (de ori gem neurologica) sem outras anormalidades encefalicas, 0

siti o de a ltera9ao deve estar loca li zado na medul a es­pin ha l ou ne rvo periferi co (Quadros 14, IS , 16 e 17).

As anormalidades observadas dependem principal­mente do local afetado. POrlanto, a identifi ca9ao do local e muito importante para a caracteriza930 do processo.

SUGEREMANORMAUDADESNESTASESTRUT1JRAS

II , cortex cerebral occipital (ou as vias entre os dois), olhos

II. VII. cerebro e cerebelo

II, III, sistema nervoso simpatico

11.111

III.IY,VI. VIII

V

Y,VII

VII

V

V

III, VII, sistema nervoso simpatico

VIII

IX,X,XII

XII

Sao raros as casas em que ocorre lesao de uma determin ada estrutura encefa li ca, ja que grandes ani­mai s, com maior freqiiencia. apresentam lesoes difu­sas no encefa lo . Os processos infecciosos, metab6 li ­cos, tox icos ou degenerati vos promovem lesoes di fu­sas acometendo grandes ex te nsoes do encefalo, sen­do os processos de ocorrenc ia ma is freqUentes (Figu­ra 12).

SUMMARY

In thi s first parl of thi s review on neurological examination of large animals, it is presented information regarding the neuroanatomy, neurophysiology and function of the brain. The next part of thi s revi ew wi ll deal with the examinat ion of the spinal cord of these anima ls.

Key words: neurology, brain , spinal cord, refl ex arc, cranial nerves, nervous system.

AGRADECIMENTOS

Cri stiano de Carvalho (desenhos), A lexandre Pere ira (computa9ao gnifica), Luc iana Fe licio de Pau­la, Juliana Regina Pe ir6 e Alessandra Gon9alves (revi sao de tex to).

Page 13: ~ Exame neurologico em grandes animais. Parte I: EncefaIo

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