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  • ISSN 2183-9603

  • Diretor Editorial

    Mrio Lopes (FPDD)

    Diretor Editorial Adjunto

    Hugo Sarmento (ESEV-IPV, IPMAI)

    Salom Marivoet (ULHT)

    Conselho Editorial

    Anabela Vitorino (ESDRM), Antnio Jos Silva (UTAD), Ash Routen (Loughborough

    University), Augusto Baganha (IPDJ), Bruno Sena Martins (CES), Carla Filomena Silva

    (Nottingham Trent University), Carlos Paula Cardoso (CDP), Cludia Pinheiro (ISMAI), David

    Rodrigues (ANDES), Fernando Fontes (CES), Humberto Santos (CPP), Jorge Carvalho (IPDJ),

    Jos Carlos Lima (PNED), Jos Madeira Serdio (INR), Jos Manuel Constantino (COP), Jos

    Pedro Ferreira (FCDEF-UC), Leila Marques (COP), Leonor Moniz Pereira (FMH), Lus Gomes

    Costa (ULHT), Maria Joo Campos (FCDEF-UC), Maria Jos Farinha (COP), Paula Campos

    Pinto (ISCSP), Renato Nunes (CNR-SCMP), Rui Corredeira (FADE-UP), Stevo Popovic

    (Montenegro University) e Zoran Milanovic (University of Nis).

    Edio

    Federao Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficincia

    Rua Presidente Samora Machel Lote 7 r/c Dt

    2620 061 Olival Basto PORTUGAL

    Tel: + 351 21 937 99 50

    Fax: + 351 21 937 99 59

    E-mail: [email protected]

    Website: www.fpdd.org

  • ndice

    3. Editorial

    5. Impact of the Paralympic Week in Students Attitudes Toward Inclusion.

    Maria Joo Campos, Csar Fernandes.

    12. Adapted Orienteering: Characteristics and Potentialities of a Sport for Inclusion.

    Tadeu Celestino, Antonino Pereira.

    18. Handbiking - A Low Metabolic Cost of Locomotion for Spinal Cord Injured People.

    Gabriela Fischer, Leonardo Peyr-Tartaruga.

    24. Quality of Life of School Children With Disability: An Exploratory Study.

    Flvia Melo, Ktia Lima, Ana Silveira, Epaminondas Andrade Neto, Isis Santos, Kesley Azevedo,

    Rianne Pinto, Victor Hugo Segundo, Douglas Santos, Humberto Medeiros, Maria Irany

    Knackfuss.

    30. Adapted Sports: Training and Opinion of the Portuguese Coaches.

    Paulo Saraiva, Anabela Cruz-Santos.

    38. Evaluation of Isokinetic Muscular Strength of Brazilian Paralympic Athletes.

    Felipe Silva, Victor Hugo Segundo, Nailton Filho, Gleidson Rebouas, Thiago Felipe, Edson

    Pinto, Maria Irany Knackfuss, Paulo Dantas.

    43. Effect of Physical Exercise on Motor Performance of an Individual with Cerebral Palsy.

    Marlia Silva, Ktia Lima, Fabiana Silva, Flvia Melo, Francisco Jnior, Maria Irany Knackfuss,

    Paulo Dantas.

    46. Adapted Physical Activity in the Population With Special Needs.

    Anabela Vitorino, Diogo Monteiro, Joo Mouto, Snia Morgado, Teresa Bento, Lus Cid.

    2

  • Editorial

    A Revista Desporto e Atividade Fsica para Todos mais um passo para atenuar a crnica falta de

    informao no mbito das questes que implicam as pessoas com deficincia. Esta insuficincia tem sido

    amplamente referida por diversos autores e instituies. A nossa ambio consiste em fornecer mais um

    espao de apresentao de trabalhos, de reflexo conjunta e de discusso de ideias em temas diversos das

    cincias do desporto e da atividade fsica. Porque este um trabalho de muitos para todos, desejamos que o conhecimento aqui difundido seja

    levado prtica pelas pessoas com deficincia, pelos agentes individuais e institucionais envolvidos na

    promoo da atividade fsica e do desporto e pela comunidade. Foram submetidos para publicao artigos

    de autores filiados em entidades do ensino superior de Portugal, de Itlia e do Brasil. Alm destes

    pblicos potenciais queremos chegar mais longe, abrangendo sempre que possvel outras realidades

    cientficas e lingusticas da a possibilidade de submisso de artigos em portugus, espanhol e ingls. A misso da FPDD proporcionar a todas as pessoas, independentemente da sua capacidade funcional, o

    acesso a oportunidades de prtica desportiva e atividade fsica com o grau de envolvimento desejado por

    cada indivduo, ao longo da sua vida; a nossa viso aponta para que aquelas oportunidades surjam na

    comunidade, sem barreiras ou distncias irrazoveis. Ao analisarmos os artigos aqui publicados,

    confirmmos algo que se nos aparentava bvio - que muitos dos interesses de investigao na Academia

    so hoje muito prximas das nossas preocupaes quotidianas: da informao e da linguagem qualidade

    da formao de tcnicos e da consciencializao da comunidade escolar ao treino desportivo tout court,

    entre outros. Os nveis de envolvimento considerados vo do puro lazer aos paralmpicos, passando pela

    educao fsica. Nesta primeira edio, so discutidas as realidades da educao, da reabilitao, da qualidade de vida das

    pessoas, da incluso social pelo desporto e do alto rendimento; de forma lata, podemos dizer que a

    formulao das questes cientficas, bem como as metodologias adotadas, abrangeram muitas das mais

    clssicas disciplinas das cincias do desporto - da biomecnica fisiologia, da psicologia s cincias da

    educao e da formao No poderamos deixar de agradecer o trabalho e a disponibilidade de todos os que acederam ao nosso

    apelo, nas diferentes vertentes do trabalho deste projeto, nomeadamente aos autores, aos revisores, aos

    membros da comisso editorial e aos editores. Ao INR fica o nosso agradecimento pelo co-financiamento

    e pelo apoio institucional. A transversalidade um dos pilares fundamentais desta iniciativa e pensamos que este primeiro nmero o

    revela de forma bastante satisfatria. Aguardamos agora que a cincia siga o seu curso e que a avaliao

    crtica, as propostas alternativas e o comentrio construtivo possam suceder-se, neste frum como

    noutros.

    Mrio Lopes

    Presidente da FPDD

    3

  • Editorial The journal "Sport and Physical Activity for All" constitutes yet another step to dissipate the chronic lack of information on the issues of disability. This insufficiency has been widely acknowledged by numerous authors and institutions. Our ambition consists of providing one more forum for the presentation of academic work, for joint reflection and for the discussion of ideas in different areas of the sciences of sport and physical activity. Because this is an enterprise of many people for all people, we wish that the knowledge hereby spread is taken to practical terms - by people with disabilities, by individual and institutional agents involved in the promotion of physical activity and sport and by the community. Articles from higher education institutions from Portugal, Brazil and Italy were submitted for reviewing. We aim at reaching even more scientific and linguistic realities and that is why we are open to the submission of articles in portuguese, english and spanish. FPDD's mission is "to provide all people, regerdless of their functional abilities, with lifelong opportunities for engaging in sports and physical activity with the levels of involvment desired by each individual"; our vision suggests that these opportunities should happen in the community, at a reasonable distance from hone and without unsurmountable barriers. By analysing the articles published in this first issue, we confirm whar seemed obvious to us - that many ressearch interests of Academia are inextricably linked to our daily concerns: from information and language to the education and training of professionals and from the awareness of school communities to coaching science tout court, among others. The levels of involvment reach from pure leisure to the high performance of the paralympics, not disregarding physical education. In this first issue, authors discuss education, physical rehabilitation, quality of life of people with disabilities, social inclusion through sport and performance sport; we should also underline the fact that the design of the methodologies as well as the scientific frameworks used are wide-ranging in the field of sports science: from biomechanics to physiology, from psychology to pedagogy... We must thank all the work and dedication of all who responded to our challenge, in all the different tasks, namely the authors, the reviewers, the members of the editorial commission and the editors. We are also grateful for the finantial and institutional support of INR, the National Institute for Rehabilitation. This project was meant to be cross-sectional and this is one of its fundamental principles - we believe that the current issue reveals it in a rather satisfactory way. We now hope that science takes its course and that, either here or in other fora, the follow-up consists of critical assesements, alternative proposals and educated commnentary.

    Mrio Lopes FPPD President

    4

  • Desporto e Atividade Fsica para Todos Revista Cientfica da FPDD, 2015

    Vol. 1, N. 1, ISSN 2183-9603

    Impact of the Paralympic Week in Students Attitudes Toward Inclusion

    Impacto da Semana Paralmpica nas Atitudes dos Alunos Face incluso

    Maria Joo Campos1, Csar Fernandes1 1Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica, Universidade de Coimbra

    Resumo

    As percees da comunidade escolar so um fator chave

    para a prossecuo da incluso educativa de alunos com

    deficincia. Assim, o objetivo do presente estudo foi

    avaliar o efeito da implementao do programa de

    interveno Semana Paralmpica nas atitudes dos

    alunos sem deficincia face incluso de pares com

    deficincia na Educao Fsica. Os participantes foram

    109 alunos do 7 ano, da regio centro de Portugal, 56

    do sexo masculino e 53 do sexo feminino, com idades

    compreendidas entre os 12 e os 16 anos (M= 12.76; DP=

    1.75). O instrumento utilizado foi a verso portuguesa

    do Childrens Attitudes Towards Integrated Physical

    Education-revised (CAIPE-R), Block (1995), validado

    por Campos, Ferreira e Block (2013). Constituiu-se

    como um estudo quase experimental, utilizando um

    grupo de controlo e um grupo experimental. Os

    resultados revelam diferenas significativas, aps a

    implementao do programa, no grupo experimental, Assim, conclumos que a Semana Paralmpica teve

    uma notria influncia na formao de atitudes mais

    positivas dos alunos sem deficincia face incluso na

    aula de Educao Fsica.

    Palavras-Chave: Atitudes; Incluso; Educao Fsica;

    Alunos; Semana Paralmpica

    Abstract

    The present study is of great importance since it is our

    conviction that students attitudes may be a decision-

    making factor in order to include students with

    disabilities in Physical Education classes. The main

    purpose of this research was to assess the outcome of the

    inclusive intervention program, the Paralympic Week

    on the attitude of students without disabilities toward the

    inclusion of peers with disabilities in Physical Education

    classes. Participants were 109 7th graders from the centre

    of Portugal, 56 boys and 53 girls, between 12 and 16

    years old (M=12.76; DP=1.75). The Portuguese version

    of the Childrens Attitudes Towards Integrated Physical

    Education-revised (CAIPE-R), Block (1995) validated

    by Campos, Ferreira and Block (2013) was used. This is

    a quasi-experimental study, with a control group and an

    experimental group. The results reveal significant

    differences, after deploying the inclusive program in the

    experimental group. Hence, we conclude that the

    Paralympic Week has been notoriously influent in the

    enhancement of more positive attitudes of students

    without disabilities, in Physical Education classes,

    towards their peers with disabilities.

    Keywords: Attitudes; Inclusion; Physical Education;

    Students; Paralympic Week

    5

  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    Introduo

    A evoluo do sistema de educao ao longo dos anos

    bastante notria: desde o movimento internacional de

    uma escola universal e obrigatria, no sculo XIX, na

    qual se verificava a segregao dos alunos com

    necessidades educativas especiais, sendo o tratamento

    da diferena remetido para as escolas especiais,

    passando pelo modelo de escola integrativa, verificado

    nos anos setenta, promovendo-se a abertura da escola a

    alunos com necessidades educativas especiais, verifica-

    se, atualmente, a preconizao do modelo da escola

    inclusiva. No ano de 1994, a Declarao de Salamanca,

    com o enquadramento para a ao na rea das

    necessidades educativas especiais (UNESCO, 1994),

    torna-se numa diretriz para as polticas educativas nos

    vrios pases que a subscreveram. A partir do

    entendimento da educao inclusiva como para todos

    e para cada um desenvolveram-se modelos educativos

    que, em teoria, promovem, nas escolas regulares, uma

    aprendizagem livre de barreiras e rejeitando a excluso:

    O princpio fundamental das escolas inclusivas

    consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre

    que possvel, independentemente das dificuldades e das

    diferenas que apresentem. As escolas devem acolher

    todas as crianas independentemente das suas

    condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais,

    lingusticas ou outras (UNESCO, 1994, p. 11).

    Assim, a escola inclusiva, assente no modelo

    biopsicossocial de deficincia, procura atender de forma

    apropriada e com qualidade, no s deficincia mas a

    todas as formas de diferena dos alunos, recusando a

    segregao e atribuindo escola e sociedade em geral

    a responsabilidade coletiva de permitir que a pessoa

    com necessidades educativas especiais possa

    desenvolver-se na sua plenitude e exercer o seu direito

    de cidadania. de realar o entendimento mais recente

    da Organizao Mundial de Sade relativamente

    deficincia, configurado na Classificao Internacional

    de Funcionalidade, que apresenta os princpios

    orientadores da no discriminao e combate

    excluso e igualdade de oportunidades no acesso e no

    sucesso educativo (OMS, 2003).

    No atual contexto do modelo de escola inclusiva em que

    se, por um lado, se cumprem os requisitos legais e as

    orientaes internacionais por forma a se proceder

    insero dos alunos com necessidades educativas

    especiais nas turmas de ensino regular, por outro lado,

    os intervenientes diretos neste processo de ensino-

    aprendizagem, nomeadamente os professores, e em

    particular os professores de Educao Fsica, deparam-

    se com inmeras dificuldades ao nvel da interveno

    pedaggica, de organizao, tal como, no campo das

    atitudes e das relaes interpessoais que insistem em

    dificultar uma verdadeira Incluso, entendida como o

    desenvolvimento de uma educao apropriada e de alta

    qualidade para alunos com necessidades educativas

    especiais na escola regular (Hegarty, 1994).

    Com efeito, a escola um espao privilegiado para a

    incluso e deve encetar e desenvolver todos os esforos

    para promover a igualdade de oportunidades em termos

    de sucesso educativo e conseguir uma efetiva incluso

    educativa e social de todos os alunos. Tornar escolas

    mais aptas para responderem diversidade das

    necessidades dos alunos levanta vrias questes

    relacionadas no apenas com a organizao de recursos

    mas, principalmente, com as prticas educativas, as

    atitudes dos professores e em ltima instncia com as

    atitudes dos alunos sem deficincia face a essa incluso,

    aspeto este que pode ser um fator decisivo a ter em

    conta no sucesso pleno da incluso.

    Por seu lado, a Educao Fsica, enquanto disciplina

    integrante dos currculos, no pode manter-se margem

    deste movimento inclusivo. Esta rea disciplinar pode

    constituir-se como um complemento para que a escola

    se torne mais inclusiva. Block (2007) atribui um papel

    fundamental disciplina, referindo que a incluso

    suporta as necessidades educativas de alunos com

    deficincia nas aulas de educao regular, incluindo

    nestas, as aulas de Educao Fsica. Segundo Rodrigues

    (2003), a temtica da incluso na educao Fsica tem

    sido insuficientemente tratada em Portugal. Para o

    autor, existem diversas razes pelas quais a Educao

    Fsica tem possibilidades de ser um meio para a

    prossecuo da educao inclusiva, nomeadamente,

    pelo facto intrnseco prpria natureza das atividades

    desenvolvidas nesta disciplina, permitindo uma ampla

    participao dos alunos mesmo dos que apresentam

    dificuldades. Este aspeto pode ser evidenciado com a

    presena da Educao Fsica na grande maioria dos

    planos curriculares elaborados para alunos com

    necessidades educativas especiais, entendendo-se que a

    disciplina possibilita uma participao e um grau de

    satisfao elevado de alunos com diferentes nveis de

    desempenho e necessidades. O autor considera que a

    Educao Fsica pode ser efetivamente uma rea-chave

    para tornar a educao mais inclusiva e pode mesmo ser

    um campo privilegiado de experimentao, de inovao

    e de melhoria da qualidade pedaggica na escola. O

    processo de incluso educacional pode beneficiar com

    as propostas metodolgicas da Educao Fsica, usando

    o corpo, o movimento, o jogo, a expresso e o desporto

    como oportunidades de celebrar a diferena e

    proporcionar aos alunos experincias que realcem a

    cooperao e a solidariedade (Rodrigues, 2003).

    Em 1985, Ajzen definiu o conceito de atitude como

    uma predisposio para responder de uma forma

    favorvel ou desfavorvel a um objeto, pessoa ou

    acontecimento, referindo que as atitudes no so

    diretamente observveis, mas a partir de uma atitude

    podemos prever um comportamento. Assim, as atitudes

    antecipam a forma como os alunos se comportaro face

    incluso de colegas com deficincia, e deste modo,

    podero actuar como um obstculo ou um facilitador no

    processo de incluso. Da a importncia do estudo das

    atitudes no contexto educativo.

    Panagiotou, Evaggelinou, Doulkeridou, Mouratidou, e

    Koidou (2008), analisaram os resultados de inmeros

    programas de interveno baseados no Movimento

    Paralmpico, constatando, para as mesmas categorias de

    6

  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    variveis, resultados ora divergentes ora semelhantes.

    Chegaram concluso de que os programas de

    interveno influenciam positivamente a mudana de

    atitude dos alunos sem deficincia face incluso de

    alunos com deficincia. No entanto, estes autores

    tambm consideram no haver, data, estudos

    cientficos suficientes que contribussem para uma

    implementao generalizada deste tipo de programas de

    interveno nas escolas sendo por isso muito pertinente

    e urgente mais investigao neste domnio. Entretanto,

    nos ltimos anos, houve um aumento notrio de estudos

    realizados sobre a incluso de alunos com necessidades

    educativas especiais nas aulas de Educao Fsica,

    nomeadamente nos EUA, os estudos de Slininger,

    Sherrill e Jankowski (2000); Obrusnkov, Vlkov, e

    Block (2003) e Block e Obrusnkov (2007). Na

    Europa, encontram-se tambm alguns estudos

    relacionados com a mesma temtica, nomeadamente,

    Van Biesen, Busciglio e Vanlandewijck (2006), na

    Blgica; Jesina, Lucas, Kudlcek, Janecka, Machov, e

    Wittmannov (2006), na Repblica Checa; Panagiotou

    et al. (2008) e Xafopoulos, Kudlcek e Evaggelinou

    (2009), na Grcia; Hutzler (2003) e Hutzler e Levi

    (2008), em Israel e Reina, Lpez, Jimenez, Garcia-

    Calvo e Hutzler (2011), em Espanha. No entanto, a

    pesquisa nacional sobre esta temtica tem sido escassa,

    sendo que a maioria dos estudos existentes foca a sua

    anlise nas atitudes dos professores face incluso de

    alunos com deficincia na aula de Educao Fsica. S

    muito recentemente foram realizados estudos em

    Portugal que centram a sua anlise nas atitudes dos

    alunos (e.g., Campos, Ferreira & Block, 2014; Teixeira,

    2014).

    Lindsay e Edwards (2013), apresentaram uma reviso

    sistemtica sobre os programas de interveno para

    sensibilizao de crianas e jovens com deficincia,

    onde se inclui alguns dos estudos referidos

    anteriormente. Os autores centraram a sua anlise em

    cinco tipos de interveno para a sensibilizao:

    simulaes, intervenes curriculares, contacto social,

    intervenes multimdia e interveno com mltiplos

    componentes. Verificaram que trinta e quatro estudos

    demonstraram uma melhoria nas atitudes para com e na

    aceitao de alunos com deficincia. Os autores

    concluram que os diferentes tipos de programas de

    interveno de sensibilizao para a deficincia podem

    melhorar significativamente o conhecimento e as

    atitudes dos alunos sem deficincia para com os seus

    pares com deficincia, nas aulas de Educao Fsica.

    de salientar que nesta reviso de artigos internacionais,

    levada a cabo por Lindsay e Edwards (2013), no se

    inclui qualquer estudo realizado em Portugal.

    Da anlise das diferentes variveis, constata-se que os

    resultados permanecem inconclusivos e alguns deles

    inconsistentes. neste contexto que o presente estudo

    se reveste de uma grande importncia pela convico de

    que as atitudes dos alunos podero ser um factor

    decisrio para a prossecuo da incluso de alunos com

    deficincia nas aulas regulares de Educao Fsica. O

    estudo poder contribuir para a concertao de

    estratgias e formas de atuao dos professores de

    Educao Fsica, no sentido de implementar uma efetiva

    incluso dos alunos com deficincia, nomeadamente

    atravs da elaborao e implementao de programas de

    interveno de natureza inclusiva.

    Assim, o presente estudo pretende avaliar o efeito da implementao da Semana Paralmpica nas atitudes dos alunos sem deficincia do 7. ano de escolaridade, face incluso de alunos com deficincia na aula de Educao Fsica.

    Metodologia

    Trata-se de um estudo do tipo quase experimental, uma

    vez que a seleo da amostra foi feita por convenincia,

    com a utilizao de um grupo experimental e de um

    grupo controlo.

    Participantes

    Participaram 109 alunos do 7. ano de escolaridade, com

    idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos (N=109,

    M=12.76 anos, DP=1.15), dos quais 56 eram do sexo

    masculino e 53 do sexo feminino, de dois agrupamentos

    de escola da regio centro do pas. Os participantes

    foram divididos em dois grupos, um experimental

    (n=73, M=12.44 anos, DP=0.76), com 34 participantes

    do sexo masculino e 39 do sexo feminino, que foi

    submetido ao programa de interveno, designado de

    Semana Paralmpica, e um grupo de controlo (n=36,

    M=13.02 anos, DP=1.48), com 22 participantes do sexo

    masculino e 14 do sexo feminino, que mantiveram os

    contedos curriculares previstos na planificao para a

    aula de Educao Fsica.

    Instrumento

    Foi aplicado um instrumento de medida das atitudes dos

    alunos sem deficincia face incluso de alunos com

    deficincia nas aulas de Educao Fsica, o Childrens

    Attitudes Towards Integrated Physical Education-

    revised CAIPE-R (Block, 1995), traduzido e validado

    para a populao portuguesa por Campos, Ferreira e

    Block (2013). O CAIPE-R afere as atitudes de pares

    relativamente incluso nas aulas de Educao Fsica.

    Trata-se de um questionrio que permite uma descrio

    especfica de tarefas e comportamentos normalmente

    verificados num contexto de incluso. Apresenta

    questes de caraterizao sciobiogrficas acerca da

    idade, gnero, ano de escolaridade, contacto prvio com

    pessoas com deficincia e o nvel de competitividade

    dos participantes. Posteriormente introduz a temtica,

    descrevendo a situao de um aluno com deficincia

    fsica em cadeira de rodas, a participar num jogo de

    basquetebol (e.g., O Joo tem a mesma idade que

    vocs, mas no consegue andar e usa uma cadeira de

    rodas para se deslocar.; no consegue arremessar

    uma bola de basquetebol com altura suficiente para

    encest-la.). O instrumento constitudo por onze itens, que

    avaliam a atitude global na Educao Fsica (Atitude

    7

  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    global) (i.e., somatrio de todos os itens do

    questionrio) em que os inquiridos exprimem a sua

    concordncia, dividido em duas subescalas: Atitudes

    gerais de incluso na aula de Educao Fsica (Atitude

    geral) da questo 1 6 (e.g., Seria bom ter o Joo na

    tua aula de Educao Fsica?) e Atitudes especficas

    face s alteraes das Regras desportivas (Atitude

    especfica) da questo 7 11 (e.g., Seria bom permitir

    que o Joo lanasse a bola para um cesto mais

    abaixo?). A escala de resposta corresponde a uma escala

    tipo Likert de 4 pontos (1= No; 2 = Provavelmente

    no; 3 = Provavelmente sim; 4 = Sim). No item 4

    procedeu-se reconverso da pontuao visto que a

    afirmao colocada na negativa.

    Procedimentos

    Iniciou-se a aplicao do pr-teste (CAIPE-R) aos dois

    grupos (experimental e controlo), sem referncia

    matria em questo, de forma a evitar que as respostas

    fossem influenciadas. No momento de preenchimento

    do questionrio, foi dada a informao que o mesmo era

    annimo, que no havia respostas corretas ou incorretas,

    pelo que a resposta para cada questo dependia de como

    os inquiridos se sentiam sobre a situao descrita. Como

    introduo, foi lido um pequeno texto do questionrio

    descrevendo uma situao hipottica de um aluno com

    deficincia fsica, do ano de escolaridade dos

    participantes no estudo, e que apresentava dificuldades

    nas atividades fsicas pelo facto de se deslocar em

    cadeira de rodas. Aps o trmino do preenchimento dos

    dados, foram apresentadas duas questes com o intuito

    de clarificar a forma de resposta, servindo como

    exemplo, e assim verificar se todos os alunos

    compreendiam a forma de preenchimento. Em seguida,

    o professor leu em voz alta cada uma das afirmaes. O

    questionrio foi preenchido nas aulas de Educao

    Fsica demorando, em mdia, quinze minutos. Uma

    semana depois implementou-se o programa de

    interveno ao grupo experimental. Esta interveno

    teve a durao de 120 minutos (duas aulas de 60

    minutos) em cada turma. A Semana Paralmpica

    iniciou com uma breve sensibilizao terica sobre a

    temtica do desporto adaptado, mais concretamente

    sobre o Desporto Paralmpico, utilizando recursos

    multimdia, recorrendo ao canal Paralympic Sport TV e

    teve como objetivo sensibilizar e aumentar o

    conhecimento dos participantes relativamente s

    modalidades Paralmpicas e respectivos atletas (e.g.,

    basquetebol em cadeira de rodas, atletismo, boccia,

    goalball, voleibol sentado). Seguidamente, utilizando

    uma metodologia de simulao, os participantes tiveram

    a oportunidade de praticar boccia, goalball, voleibol

    sentado e basquetebol em cadeira de rodas. As aulas

    funcionaram em circuito com quatro estaes,

    permanecendo os alunos doze minutos em cada,

    divididos em pequenos grupos. Os participantes do

    grupo de controlo mantiveram os contedos curriculares

    previstos na planificao da disciplina de Educao

    Fsica. Uma semana aps a interveno, foi aplicado

    novamente o instrumento a ambos os grupos. Foi

    solicitada, previamente, autorizao s direes das

    escolas para a realizao do programa de interveno,

    bem como a aprovao em Conselho Pedaggico.

    Anlise Estatstica

    O tratamento estatstico dos dados foi realizado com

    recurso ao programa informtico IBM SPSS Statistics,

    na verso 20.00, para o Windows.

    Foi utilizada a estatstica descritiva atravs do clculo

    da mdia (M) como medida de tendncia central, ao

    desvio padro (DP) como medida de disperso e s

    tabelas de frequncia e respetivos valores percentuais.

    Relativamente estatstica inferencial, procedeu-se

    anlise comparativa atravs do Teste T para amostras

    emparelhadas. Utilizou-se o nvel de significncia de

    0,05.

    Resultados

    Apresenta-se na tabela 1 os resultados da estatstica

    descritiva de forma a obter um conhecimento mais

    global da amostra em estudo.

    Tabela 1 Estatstica descritiva das variveis independentes

    Amostra

    Total

    N=109

    Grupo

    Experimental

    n=73

    Grupo de

    Controlo

    n=36

    F % F % F %

    Sexo Feminino 53 48.6 39 53.4 14 38.9

    Masculino 56 51.4 34 46.6 22 61.1

    Contacto

    prvio em

    Famlia/

    Amigos

    Sim 44 40.4 29 39.7 15 41.7

    No

    65 59.6 44 60.3 21 58.3

    Contacto

    prvio na

    EF

    Sim 15 13.8 6 8.2 9 25.0

    No 94 86.2 67 91.8 27 75.0

    Nvel de

    competi-

    tividade

    Muito

    competitivo 17 15.6 15 20.5 2 5.6

    Mais ou

    menos

    competitivo

    65 59.6 44 60.3 21 58.3

    No

    competitivo 27 24.8 14 19.2 13 36.1

    F Frequncia ; % - Percentagem

    Participaram 109 alunos do 7 ano, dos quais 51.4% do

    sexo masculino e 48.6% do sexo feminino. O grupo

    experimental foi constitudo por 73 alunos, 53.4% do

    sexo feminino e 46.6% do sexo masculino. No grupo de

    controlo participaram 36 alunos, 61.1% rapazes e 38.9%

    raparigas.

    Do total da amostra, 59.6% no teve contacto prvio

    com a deficincia na famlia ou amigos e 40.4% teve

    esse contacto. No grupo experimental, a maioria dos

    participantes, 60.3%, no teve contacto prvio com a

    deficincia no seio familiar ou amigos, ao contrrio de

    39.7%. No grupo de controlo, 58.3% no tiveram o

    8

  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    contacto prvio com a deficincia atravs de algum

    familiar ou amigos e 41.7% tiveram.

    No que diz respeito s aulas de Educao Fsica, 86.2%

    nunca tiveram um colega com deficincia a participar

    nas aulas, sendo que apenas 13.8% tiveram esse

    contacto prvio. No grupo experimental, 91.8%, nunca

    contactaram com colegas com deficincia na Educao

    Fsica, verificando-se que apenas 8.2% vivenciaram

    essa situao. Quanto ao grupo controlo, 75% dos

    participantes nunca tiveram um colega com deficincia

    na Educao Fsica e apenas um quarto dos

    participantes teve essa experincia.

    Por fim, e no que toca competitividade, 59.6% dos

    participantes consideraram-se mais ou menos

    competitivos, 24.8% como no competitivos e 15.6%

    muito competitivos. No grupo experimental, 60.3%

    consideraram-se mais ou menos competitivos, 20.5%

    muito competitivos e 19.2% no competitivos.

    Relativamente ao grupo de controlo, 58.3% afirmaram-

    se como mais ou menos competitivos, 36.1% como no

    competitivos e 5,6% como muito competitivos.

    Na tabela 2, apresenta-se os resultados da estatstica

    inferencial entre o pr-teste e o ps-teste para os grupos

    controlo e experimental.

    Tabela 2 Estatstica inferencial das variveis dependentes

    Grupo Controlo Grupo Experimental

    M DP p M DP p Atitude

    Global

    (a) 3.34 0.35 -

    3.31 0.32 0.001

    (b) 3.40 0.26 3.43 0.34

    Atitude

    geral

    (a) 3.14 0.47 -

    3.25 0.31 0.001

    (b) 3.27 0.31 3.41 0.33

    Atitude

    especfica (a) 3.59 0.34

    -

    3.38 0.52

    - (b) 3.56 0.34 3.46 0.54

    (a)pr-teste (b) ps teste

    Atravs da anlise dos resultados da tabela 2, observa-se

    que, para a varivel Atitude Global, a mdia superior

    no ps-teste, sendo de registar essa diferena como

    significativa (p=0.001). No mesmo sentido se verifica a

    Atitude geral face aula de Educao Fsica, com um

    aumento acentuado no ps-teste, sendo essa diferena

    significativa (p=0.001). Quanto ao grupo de controlo,

    no se verificaram diferenas significativas entre o pr e

    ps-teste.

    A partir da Tabela 2, constata-se tambm que, j antes

    da implementao do programa de interveno, as

    atitudes dos participantes dos dois grupos eram

    globalmente muito positivas.

    Discusso

    O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de

    um programa de sensibilizao nas atitudes de alunos do

    7 ano face incluso de colegas com deficincia na

    aula de Educao Fsica. Assim, os resultados sugerem

    que o programa de interveno implementado, com o

    intuito de promover atitudes positivas dos alunos sem

    deficincia face incluso nas aulas de Educao

    Fsica, foi cumulativamente eficaz na promoo da

    atitude global e da atitude geral, no grupo experimental.

    Estes resultados esto em concordncia com alguns dos

    estudos realizados dentro desta temtica (e.g. Jeina et

    al., 2006; Panagiotou et al., 2008; Van Biesen et al.,

    2006). J Block (1995), para alm das diferenas

    verificadas para a atitude geral, encontrou diferenas na

    atitude especfica face alterao das regras, assim

    como Papaioannou, Evaggelinou e Block (2014). Os

    resultados do presente estudo vo de encontro aos dos

    estudos realizados anteriormente em Portugal, que ao

    avaliarem o efeito da interveno, tambm

    evidenciaram diferenas significativas. Campos,

    Ferreira e Block (2014) verificaram diferenas

    significativas para a escala atitude global e para a

    subescala atitude geral face incluso na aula de

    Educao Fsica, entre o pr-teste e o ps-teste. Teixeira

    (2014) apenas registou diferenas significativas para a

    subescala atitude geral face aula de Educao Fsica,

    no grupo experimental.

    Os resultados dos estudos anteriores efetuados em

    Portugal, assim como os resultados do presente estudo

    salientam o facto dos alunos apresentarem, de uma

    forma geral, valores muito positivos face incluso.

    Esta anlise pode indiciar que, atualmente, os alunos

    apresentam, globalmente, maior conhecimento sobre as

    diferenas/semelhanas, limitaes/capacidades e

    potencialidades das pessoas com deficincia, adotando

    atitudes mais favorveis e at proactivas face sua

    incluso na aula de Educao Fsica. de referir que as

    escolas participantes no presente estudo promovem a

    incluso dos alunos com deficincia, quer nas atividades

    letivas, quer nas atividades de complemento curricular e

    atividades pontuais (e.g. alunos de cadeira de rodas

    participam ativamente na aula de Educao Fsica e nos

    torneios inter turmas de Futsal).

    Pode apontar-se algumas limitaes decorrentes do

    presente estudo. Por um lado, a curta durao do

    programa de interveno pode limitar o alcance dos

    efeitos produzidos e at levantar questes como: Qual a

    durao do efeito da implementao de um programa

    de sensibilizao (mudanas de atitudes momentneas

    ou duradouras)? Por outro lado, o tipo de atividades

    selecionadas para a interveno poder no ter sido o

    mais adequado para uma anlise detalhada das atitudes

    especficas face alterao de regras. Assim, as

    pesquisas futuras devero realizar um programa de

    interveno que incida sobre as adaptaes de regras nas

    aulas de Educao Fsica e na realizao de estudos de

    seguimento longitudinal.

    Concluso

    Relativamente ao objetivo central do estudo, avaliar o

    impacto do programa de interveno, pode concluir-se

    que a Semana Paralmpica teve uma notria

    9

  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    influncia na promoo de atitudes ainda mais positivas

    nos alunos do 7 ano de escolaridade, face incluso de

    pares com deficincia na aula de Educao Fsica.

    Tendo em considerao os resultados encontrados e a

    ausncia de maiores consensos na literatura

    relativamente a determinadas variveis, torna-se

    evidente a necessidade de dar continuidade

    investigao nesta rea, de modo a determinar com

    maior exatido a influncia das diferentes variveis e a

    identificar as caractersticas dos programas de

    interveno que melhor podero constituir-se como uma

    orientao metodolgica eficaz na promoo de atitudes

    positivas dos alunos sem deficincia face incluso nas

    aulas de Educao Fsica.

    Mantem-se a convico de que alunos e professores se

    constituem como elementos chave e facilitadores das

    relaes intergrupais para a implementao de uma

    verdadeira incluso educativa e, como tal, torna-se

    crucial a promoo de atitudes positivas nas aulas de

    Educao Fsica.

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  • Campos & Fernandes

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

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    11

  • Desporto e Atividade Fsica para Todos Revista Cientfica da FPDD, 2015

    Vol. 1, N. 1, ISSN 2183-9603

    Adapted Orienteering: Characteristics and Potentialities of a Sport for

    Inclusion

    Orientao Adaptada: Caractersticas e Potencialidades de um Desporto de

    Incluso

    Tadeu Celestino1,3, Antonino Pereira2,3 1Agrupamento de Escolas de Oliveira Hospital; 2Escola Superior de Educao de Viseu; 3Centro de Estudos em

    Educao, Tecnologia e Sade (CI&DETS);

    Resumo

    Numa sociedade que procura ser cada vez mais justa e

    igualitria, o Desporto como fato social total configura-

    se num importante catalisador para a promoo da

    igualdade e incluso social dos indivduos. Na sua

    vertente adaptada, as modalidades desportivas reajustam

    as suas prticas e caractersticas indo ao encontro dos

    ideais do desporto para todos. Esta reconfigurao

    resulta em alternativas credveis de incluso social, cujo

    impacto na vida dos indivduos portadores de deficincia

    se concretiza em melhorias significativa na sua

    funcionalidade, autonomia social e inequivocamente na

    sua qualidade de vida. Assim, o propsito deste ensaio

    o de apresentar a Orientao, enquanto desporto na natureza, na sua vertente adaptada (Orientao de

    Preciso e Orientao Adaptada), como uma resposta

    vlida de promoo dos valores da equidade e da

    incluso pelo desporto. Deste modo, esta modalidade

    apresenta um conjunto de caractersticas que permitem

    agregar a um tempo s e, no mesmo local de prtica,

    indivduos de diferentes condies (pessoas portadoras

    de limitaes motoras, cognitivas e sem deficincia),

    tornando-a uma atividade mpar e efetivamente inclusiva

    promotora dos ideais e valores do desporto

    verdadeiramente para todos.

    Palavras-Chave: Desporto adaptado, deficincia,

    desporto para todos, orientao.

    Abstract

    In a society that seeks to be ever more just and

    egalitarian, sport as a total social fact is an important

    catalyst for promoting equality and social inclusion of

    individuals. When adapted, sports readjust their

    practices and characteristics to suit the ideals of sport for

    all. This reconfiguration results in credible alternatives

    for social inclusion, whose impact on the lives of

    individuals with disabilities is realized in significant

    improvements in their ability to function, social

    autonomy and unequivocally in their quality of life.

    Thus, the purpose of this essay is to present

    Orienteering, as an outdoor sport, in its adapted aspects

    (Precision Orienteering and Adapted Orienteering), as a

    valid response for promoting the values of equity and inclusion through sport has a set of features that lets you

    just add a time and, in the same place of practice, put

    together individuals with different conditions (people

    with motor or cognitive limitations and those without

    disabilities), making it a unique activity and an

    effectively inclusive promoter of the ideals and values of

    sport truly for all.

    Keywords: Adapted sport, disabilities, sport for all,

    orienteering

    12

  • Celestino & Pereira

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    Introduo

    O Desporto reflete os valores, as normas e os padres

    dominantes de uma dada sociedade. Na atualidade

    considerado um meio excecional de exaltao dos

    valores humanos, constituindo-se como um instrumento

    de incluso social, de promoo da tolerncia e do

    respeito pelo outro. Face a tais virtualidades so cada

    vez mais os apelos que visam dar realce promoo e

    divulgao de boas prticas de incluso social no e pelo

    desporto (Marivoet, 2014).

    Para tal, ao longo dos sculos este fenmeno social

    global sempre conseguiu acompanhar as exigncias das

    reconfiguraes sociais cindindo-se numa pluralidade

    de motivos, finalidades, sujeitos e praticantes. Neste

    processo, o Desporto passa de uma atividade puramente

    orientada e estruturada para o alto rendimento e a

    competio, onde se exalta os esteretipos da juventude

    saudvel e da masculinidade para, paulatinamente, se

    consumar numa prtica acessvel a todos

    independentemente do gnero, condies e estados, com

    o objetivo da sade, da recreao, a esttica corporal, a

    reabilitao e incluso (Bento, 2014).

    Assim, o Desporto dos nossos dias sedimenta-se numa

    conceo plural constituindo-se um fenmeno

    polissmico (diversidade de sentidos) e manifesta-se

    numa realidade polimrfica (variedade de formas)

    (Bento, 2014) que se concretiza no paradigma do

    desporto para todos.

    Nesta matriz conceptual, encontra-se o Desporto

    Adaptado que emergiu da Atividade Fsica Adaptada, a

    qual surgiu com maior efetividade na segunda metade

    do sculo XX em contexto hospitalar, como meio de

    reabilitao (Guttmann, 1976), e de resposta de

    integrao social dos indivduos portadores de

    deficincia adquirida em consequncia da Segunda

    Guerra Mundial (Winnick, 2005).

    Desde ento, o Desporto Adaptado tem-se afirmado

    como um dos principais instrumentos para uma plena

    incluso social dos indivduos portadores de deficincia,

    numa sociedade que procura ser cada vez mais justa e

    igualitria.

    Desenvolvido e organizado com base numa estruturao

    por grupos de deficincia, em consonncia com as suas

    caractersticas e etiologias (Castro, 1998; Varela, 1991),

    o Desporto Adaptado, conceptualmente, engloba todas

    as modalidades desportivas que se readaptam ao grupo

    de pessoas portadoras de deficincia, em consequncia

    de um conjunto de adaptaes facilitadoras sempre que

    a prpria estrutura e dinmica funcional da modalidade

    possibilite a sua prtica (Hernndez, 2000; Tejero,

    Vallo & Rivas, 2012).

    Assim, algumas modalidades desportivas adaptaram as

    suas caractersticas para melhor se ajustar s

    necessidades especiais de determinada deficincia ou

    limitao. No mesmo sentido promove-se, tambm, o

    desenvolvimento de uma nova modalidade/atividade

    que possa ir ao encontro das caractersticas e

    especificidades de determinado grupo de indivduos

    portadores de deficincia (Tejero et al., 2012).

    Enquadrado neste contexto encontra-se o desporto

    Orientao cuja ecologia e forma de organizao

    possibilitam a acessibilidade de todos os indivduos

    independentemente da sua condio ou objetivos de

    participao.

    Face ao exposto, o propsito deste ensaio o de

    apresentar as caractersticas e potencialidades da

    Orientao, enquanto desporto na natureza, na sua

    vertente adaptada, como uma proposta vlida de

    promoo dos valores da equidade e incluso pelo

    desporto.

    A investigao desenvolvida no mbito das Cincias do

    Desporto tem reconhecido, de um modo geral, os

    benefcios do Desporto Adaptado a vrios nveis,

    nomeadamente a nvel psicolgico, fsico e social, e que

    se repercutem positivamente em ganhos de autonomia e

    autoconfiana para a realizao das tarefas dirias, bem

    como benefcios significativos ao nvel da autoestima e

    no autoconceito dos indivduos portadores de

    deficincia (Caspersen, Pereira & Curran, 2000).

    No mesmo sentido e de forma mais particular, so

    evidentes os benefcios no mbito da sade destes

    indivduos. Estudos diversos tm demonstrado relaes

    positivas entre a sua prtica e os nveis de sade,

    considerando inclusive, que poder atuar como meio de

    preveno e reduo significativa de fatores de risco de

    doenas cardiovasculares, metablicas ou do cancro

    (Nova, 2012; Sanz Rivas & Reina Vallo, 2012). Do

    mesmo modo, funciona como um importante catalisador

    de bem-estar (Boyce & Fleming-Castaldy, 2012;

    Giacobbi, Stancil, Hardin, & Bryant, 2008), que se

    reflete inequivocamente em ganhos significativos de

    qualidade de vida (Safania & Mokhtari, 2012;

    Tomasone, Wesch, Ginis, & Noreau, 2013) e autonomia

    pessoal e social deste grupo de indivduos.

    Por outro lado, poder desempenhar um papel ativo na

    compensao do decrscimo, quer da funcionalidade

    fsica decorrente da sua condio (exemplos:

    mobilidade reduzida, espasticidade, contraturas e dor),

    quer do processo natural de envelhecimento, e

    consequente melhoria da qualidade de vida. Tambm o

    Desporto Adaptado tem vindo a ganhar cada vez mais

    notoriedade e importncia como um importante agente

    de incluso e socializao.

    Consequentemente, temos vindo a assistir nas mais

    diversas modalidades ao aparecimento de projetos de

    prticas desportivas com a adaptao de regulamentos e

    formas de realizao que procuram dar resposta aos

    mais diversificados impedimentos funcionais e atenuar

    barreiras e constrangimentos de diversa ordem.

    Fruto deste reconhecimento surge em 1988 a Federao

    Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficincia

    (FPDD) que, para alm de promover e fomentar a

    prtica desportiva adaptada, coordena, prepara atletas

    para a participao em eventos e competies de mbito

    internacional. Neste mbito, congrega a regulamentao

    e organizao de 38 modalidades adaptadas (Federao

    Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficincia,

    s/d).

    13

  • Celestino & Pereira

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    Pese embora, o vasto leque de modalidades desportivas

    adaptadas disponveis, na poca desportiva de

    2012/2013, apenas 0,4% dos indivduos portadores de

    deficincia em Portugal se encontram envolvidos nestas

    prticas de uma forma frequente e sistemtica (Saraiva

    et al., 2013). De igual modo, no que concerne sua

    vertente recreativa, os ndices de participao em

    atividades desportivas adaptadas, registam, de uma

    forma geral, ndices de participao baixos (Ginis et al.,

    2010; Kosma, Cardinal, & McCubbin, 2004; Kosma,

    Cardinal, & Rintala, 2002).

    Estes factos colocam em evidncia um conjunto de

    obstculos e constrangimentos de ordem intrapessoal e

    contextual que condicionam significativamente o acesso

    a programas e atividades aos indivduos portadores de

    deficincia, sendo um grave entrave sua socializao e

    integrao (Cardoso, Palma, & Zanella, 2010). Entre

    essas sublinha-se o isolamento social destes indivduos

    (Kaye, 1997), a falta de instalaes adequadas, assim

    como as percees de ambiente hostil das prticas

    (Riley et al., 2004) que, por vezes se encontram

    relacionadas com atitudes e comportamentos negativos

    perpetuados por indivduos sem deficincia, que em

    parte corroboram os elevados nveis de descriminao

    social que existem relativamente pessoa com

    deficincia (Special Eurobarometer 393, 2012).

    Salientam-se ainda as barreiras arquitetnicas e a

    escassez de programas e atividades que se encontram ao

    dispor dos indivduos portadores de deficincia

    (Rimmer, 2004; Tasiemski, Gardner, & Blaikley, 2004).

    Face ao exposto, consideramos ser cada vez mais

    premente inverter esta realidade com o desenvolvimento

    de estratgias e programas motivadores de promoo da

    prtica de atividades fsico desportivas, que possam ir

    ao encontro das ideias do desporto para todos, numa real

    dimenso holstica na qual se promovam os valores da

    incluso e da igualdade de acesso e que no se centrem

    apenas nos indivduos portadores de deficincia.

    Proposta da Orientao como modalidade inclusiva

    O desporto Orientao pela sua estrutura, dinmica

    funcional e contextualizao, parece-nos possuir um

    conjunto de virtualidades que vo ao encontro do

    paradigma do desporto para todos. Diversos autores

    (Celestino & Pereira, 2012, Celestino & Pereira, 2013;

    Koukoris; 2005) enaltecem as suas potencialidades,

    nomeadamente o seu valor educativo, o contacto com a

    natureza, a aventura, o risco controlado, a promoo da

    autoconfiana e autonomia, a socializao, a

    multidisciplinariedade e interdisciplinaridade, o

    desenvolvimento de estilos de vida saudveis e a

    integrao social.

    Concomitantemente, este reconhecimento amplamente

    referenciado por aqueles que a praticam, legitimando-a

    como uma modalidade promotora dos valores onde se

    distingue a igualdade de oportunidades e a equidade no

    livre acesso prtica desportiva de todos (Celestino &

    Pereira, 2012, Celestino & Pereira, 2013; Koukouris,

    2005) independentemente da sua condio.

    Para uma concretizao efetiva de tais virtualidades

    demonstradas por esta modalidade, muito contribuem as

    suas disciplinas Trail-Orienteering (Orientao de

    Preciso) e a Orientao Adaptada que, embora

    acessveis a todos, esto especialmente vocacionadas

    para as pessoas portadoras de limitaes motoras e

    cognitivas, respetivamente. Assim, perfeitamente

    natural que na mesma competio estas disciplinas

    consigam agregar, a um s tempo e no mesmo espao

    de prtica, indivduos portadores de deficincia e

    indivduos ditos normais proporcionando, deste modo,

    uma efetiva integrao, igualdade competitiva e a

    socializao.

    Trail-Orienteering

    O Trail-Orienteering (Orientao de Preciso), integrada

    desde 1992 no quadro de disciplinas da Federao

    Internacional de Orientao (IOF), foi desenvolvida

    para oferecer a todos a oportunidade de praticar

    orientao, particularmente os indivduos com

    mobilidade reduzida. Esta apela unicamente

    capacidade de leitura e interpretao de um mapa e da sua relao com o terreno, excluindo os fatores do

    rendimento fsico e do tempo. Deste modo, torna

    possvel a prtica em igualdade de circunstncias a

    indivduos portadores de deficincia (classe

    paralmpica) e indivduos sem deficincia (classe

    aberta), constituindo-se assim uma das poucas

    modalidades desportivas onde esta igualdade possvel.

    Figura 1 Orientao de Preciso (foto Joaquim Margarido)

    A sua concretizao resulta da necessidade de os atletas

    progredirem ao longo de um trilho (caminho) com um

    mapa na mo, ao longo do qual so estimulados a

    resolver problemas sobre a colocao de balizas em

    elementos no terreno atravs da seguinte sequncia: i) o

    atleta recebe um mapa com um percurso onde se

    encontram os pontos de controlo; ii) para cada ponto de

    14

  • Celestino & Pereira

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    controlo existe um ponto de observao; iii) em cada

    ponto de controlo existem vrias balizas possveis,

    visveis do ponto de observao. As balizas so

    designadas pelas letras A a E, tal como se observam da

    esquerda para a direita a partir de um ponto de deciso;

    iv) o objetivo , em cada ponto de controlo, escolher a

    baliza colocada no local indicado no mapa.

    Figura 2 Balizas possivelmente visveis do ponto de observao

    (Foto Tadeu Celestino)

    Deste modo, os praticantes so obrigados a ler o mapa

    para encontrar os postos de controlo e uma vez no local,

    com o auxlio de uma bssola, fazer a leitura e

    interpretao do terreno e assinalar, de entre mltiplas

    possibilidades, a baliza corretamente colocada de

    acordo com a sinaltica respetiva. A resposta registada

    num carto de controlo. O vencedor nas diferentes

    classes (paralmpica e aberta) aquele que obtiver o

    maior nmero de pontos obtidos atravs da escolha acertada das balizas corretamente colocadas.

    Figura 3 Leitura e interpretao do mapa (Foto Joaquim Margarido)

    Assim, o nico fator avaliativo a capacidade de leitura

    do mapa e a interpretao do terreno, sendo que os

    nicos requisitos necessrios prtica da modalidade

    so apenas as capacidades de viso e de interpretao do

    mapa. Deste modo, os praticantes sem limitaes

    motoras deixam de possuir qualquer vantagem em

    relao a um indivduo com limitaes motoras

    (Braggins, s/d).

    Em suma, ao se excluir o fatores do tempo e

    componente fsica, na Orientao de Preciso os

    indivduos com diferentes condies podem competir

    entre si, em igualdade de circunstncias, sendo o

    desempenho avaliado no por aquele que completa a

    prova em menos tempo mas sim aquele que interpreta

    melhor o mapa.

    Em Portugal, as provas tuteladas da Federao

    Portuguesa de Orientao (FPO) podem desenvolver-se

    com percursos/classes com diferentes nveis de

    dificuldade. Paralelamente, desenvolvem-se percursos

    de iniciao sem caracter competitivo que podem ser

    realizados por todos os indivduos, sem distino de

    sexo, idade, capacidade/incapacidade, individualmente ou em grupo.

    Figura 4 Orientao de preciso um desporto para todos (Foto

    Joaquim Margarido)

    Orientao adaptada

    A Orientao Adaptada direcionada para indivduos

    portadores de limitaes cognitivas e para crianas em

    idade pr-escolar. Subdividida em duas vertentes, uma

    primeira de carcter predominantemente ldico,

    denominada por Atividade Adaptada, tem um

    propsito eminentemente ldico e o seu desenvolvimento requer a constante interao de um

    pequeno grupo de indivduos. Uma segunda, intitulada

    de Orientao Adaptada, tem um intuito puramente

    competitivo, apela autonomia dos praticantes para o

    desenvolvimento e concretizao individual do

    percurso. Apresenta um nmero varivel de pontos de

    controlo assinalados num mapa e materializados no

    terreno por balizas com sequncias de cores, que devem

    ser visitadas por uma ordem sequencial.

    15

  • Celestino & Pereira

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    Figura 5 Orientao adaptada (Foto Joaquim Margarido)

    No incio da atividade o praticante recebe um mapa do

    local onde se encontra assinalado o terreno de prova, a

    sinaltica correspondente ao nmero de pontos a visitar,

    assim como a respetiva sequncia de cores

    correspondente resposta correta que deve ser

    assinalada num carto igualmente fornecido. Cada

    ponto de controlo est materializado por um ponto de

    observao no qual se pode observar um conjunto de 3 a 5 balizas com as sequncias de cores. O objetivo que o

    praticante faa a correlao entre a sequncia de cores

    que se encontra assinalada no mapa e a que encontra

    materializado no terreno registando a sua opo num

    carto de controlo.

    Figura 6 Sequncia de cores visveis do ponto de observao (Foto

    Tadeu Celestino)

    Concluso

    Os paradigmas da sociedade atual exigem do Desporto

    uma pluralidade de respostas validas multiplicidade de

    indivduos de diferentes condies que reclamam a

    pertena numa sociedade mais justa e inclusiva. Deste

    modo, imperativo que a promoo dos valores da

    equidade e da igualdade sejam transversais a todas as

    manifestaes de atividades fsico desportivas. Nesse

    sentido, o Desporto, materializado pelas suas diversas

    formas de prtica, tem vindo a refletir e reajustar-se por

    forma a ter respostas vlidas para o processo de incluso

    dos indivduos portadores de deficincia.

    Neste paradigma, o desporto Orientao, na sua forma

    adaptada, tem como propsito ir ao encontro dos ideais

    do verdadeiro desporto para todos. Procura a um s

    tempo incluir indivduos de todas as condies e

    estados, particularmente, pessoas portadoras de

    deficincia e romper com o paradigma das atividades

    fsicas desportivas apenas vocacionadas para grupos

    especficos indivduos. Assim, promove-se a interao

    entre diferentes indivduos e estes com a natureza sendo

    que, em ambas as vertentes, o fator tempo relegado

    para segundo plano e, consequentemente, a irrelevncia

    da capacidade fsica torna-se uma mais-valia

    possibilitando na mesma competio a participao, em

    igualdade de circunstncias, de atletas de todas as

    condies e objetivos. As barreiras fsicas e cognitivas

    deixam de existir e a valorizao da participao, do

    respeito pelo outro, da socializao, e a promoo da

    sade e do bem-estar, convertem esta modalidade num

    exemplo mpar de boas prticas de incluso social no e

    pelo desporto.

    Face ao exposto, consideramos ser fundamental o

    desenvolvimento de investigaes que permitam

    evidenciar as reais potencialidades inclusivas da

    Orientao.

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  • Desporto e Atividade Fsica para Todos Revista Cientfica da FPDD, 2015

    Vol. 1, N. 1, ISSN 2183-9603

    Handbiking - A Low Metabolic Cost of Locomotion for Spinal Cord Injured

    People

    Handbiking - Um Meio de Locomoo de Baixo Custo Metablico para Pessoas

    com Leses da Medula Espinal

    Gabriela Fischer1,2,4, Leonardo Peyr-Tartaruga2,3 1School of Exercise and Sport Science, Department of Neurological, Biomedical and Movement Sciences, University

    of Verona, Verona, Italy; 2Post-Graduate Program in Pulmonology Sciences, Federal University of Rio Grande do

    Sul, Porto Alegre, Brazil; 3School of Physical Education, Federal University of Rio Grande do Sul, Porto Alegre,

    Brazil; 4Member of Brazilian Paralympic Academy

    Resumo

    O objetivo do presente estudo foi comparar as

    velocidades de progresso submximas, as respostas

    cardiorrespiratrias e o custo metablico entre

    indivduos treinados com tetraplegia e paraplegia

    pedalando handbikes modernas em condies

    ecolgicas. Quinze handbikers treinados, com histrico

    de tetraplegia (n=4) e paraplegia (n=11) pedalaram suas

    handbikes na pista de atletismo em velocidades

    submximas sob o registro de variveis metablicas

    (K4b2). O teste t para amostras independentes apontou

    diferenas significativas entre as velocidades

    (tetraplgicos 4.700.72 ms-1 versus paraplgicos

    6.411.07 ms-1; p=0.012) e entre as respostas

    cardiorrespiratrias (tetraplgicos 15.93.6 mLkg-1min-1

    versus paraplgicos 23.43.5 mLkg-1min-1; p=0.003). As

    velocidades submximas e as respostas

    cardiorrespiratrias foram menores nos tetraplgicos.

    Contudo, um baixo e similar custo metablico (em

    torno de 1 Jkg-1m-1) foi observado em ambos

    tetraplgicos e paraplgicos pedalando handbikes

    modernas.

    Palavras-Chave: Handbike, economica de locomoo,

    pessoas com deficincia.

    Abstract

    The purpose of this study was to compare aerobic speeds

    of progression, cardiorespiratory responses and

    metabolic cost between trained individuals with

    tetraplegia and paraplegia riding modern handbikes in

    ecological conditions. Fifteen trained-handbikers, with

    history of traumatic tetraplegia (n=4) and paraplegia

    (n=11) rode their handbikes on an athletics track at sub-

    maximal aerobic speeds under metabolic measurements

    (K4b2). Independent-sample t test showed significant

    differences between speeds (tetraplegics 4.700.72 ms-1

    versus paraplegics 6.411.07 ms-1; p=0.012) and

    cardiorespiratory responses (tetraplegics 15.93.6 mLkg-

    1min-1 versus paraplegics 23.43.5 mLkg-1min-1;

    p=0.003). Submaximal aerobic speeds and

    cardiorespiratory responses were lower in tetraplegics.

    However, a low and similar metabolic cost (around 1

    Jkg-1m-1) was observed in both tetraplegic and

    paraplegic riding modern handbikes.

    Keywords: Handbike, locomotion economy, disabled

    persons

    18

  • Fischer &Tartaruga

    Ano 1 | Volume 1 | Lisboa 2015 | ISSN 2183-9603

    Introduction

    Handbiking (HB) or Handcycling is a form of adapted

    cycling, practiced by disabled people using exclusively

    upper body (Lovel et al., 2012). For people with spinal

    cord injury, HB is commonly used in rehabilitation

    programs, recreational activities (Hettinga et al., 2010)

    and competitions (Fischer et al., 2015). The modern

    handbikes have been allowing handbikers to travel for

    longer distances, for an extended duration and at higher

    speeds than handrim wheelchair riders (Dallmeijer et

    al., 2004). However, little is presently known about the

    bioenergetical responses of people with spinal cord

    injury riding modern handbikes in ecological

    conditions.

    Most people with a spinal cord injury, and especially

    those with a high lesion, have a very low fitness (Valent

    et al., 2009). Indeed, upper body power output and

    oxygen consumption, as well as cardiac output and

    catecholamine response to exercise are typically

    reduced compare to individuals with paraplegia (Schmid

    et al., 1998; Theisen, 2012). In addition, shoulder pain

    appears to be more common in tetraplegics due to

    repetitive applied forces during wheelchair handrim

    propulsion (Curtis et al., 1999). In HB competitions

    (e.g. Paralympic Games) athletes who present limited

    function in hands and arms, such as tetraplegics, are

    classified as H1 and H2, while those presenting poor to

    good trunk control are included in H3 and H4 classes.

    H5 class includes those that have excellent trunk

    balance (UCI, 2015).

    It is well established that handbike propulsion

    (considering also arm crank ergometer) is energetically

    more efficient and mechanically less straining than

    wheelchair handrim propulsion (Arnet et al., 2012;

    Dallmeijer et al., 2004; Mukherjee & Samanta 2001;

    Tropp et al., 1997; van der Woude et al., 2006). This is

    explained mainly by the continuous arm motion, power

    transfer and a more efficient muscle use during

    handbike propulsion (Dallmeijer et al., 2004; DeCoster

    et al., 1999; Janssen et al., 2001). Therefore, we suppose

    that even people with more severe impairments are able

    to handcycle with a high economy of locomotion.

    Metabolic cost (C) is considered the key index of the

    economy of locomotion (economy=reciprocal of

    metabolic cost, Minetti, 2004) and allows comparison

    among different types of locomotion under different

    conditions (e.g., speed of progression).

    Few studies (Maki et al., 1995; Mukherjee & Samanta,

    2001) have calculated the metabolic cost of HB in

    ecological conditions. Despite a more realistic approach

    of dynamic characteristics, such as stability and

    maneuverability, these studies were performed with

    large and heavy old frames handbikes. Furthermore,

    they did not assess bioenergetics of HB in people with

    tetraplegia. Therefore, the purpose of this study was to

    compare aerobic speeds of progression,

    cardiorespiratory responses and metabolic cost between

    trained individuals with tetraplegia and paraplegia

    riding modern handbikes in ecological conditions. It

    was hypothesized that, tetraplegics would ride the

    handbikes at lower speeds than paraplegics, but with

    similar metabolic cost.

    Methodology

    Participants

    Fifteen trained-handbikers, with history of traumatic

    tetraplegia (n=4; spinal cord injury to the cervical

    segments C6/C7) and paraplegia (n=11; spinal cord

    injury between thoracic and lumbar segments T4 L1),

    volunteered to participate in this study. Two participants

    were female (tetraplegia n=1; paraplegia n=1). All

    participants were wheelchair dependent for their routine

    ambulation. Participants characteristics are showed in

    Table 1. Selection criteria for participation were: (i) age

    between 18-58 years, (ii) At least 6 months of

    experience in HB races (iii) absence of any health

    problem that contraindicate exercise testing. The study

    was approved by the University of Verona Ethics

    Committee and conformed to the standards set by the

    Declaration of Helsinki. Written informed consent was

    obtained from all participants.

    Handbikes

    Each participant used his/her own rigid-frame handbike,

    with a synchronous crank system, to perform the tests.

    All handbikes were recumbent models. The tyre

    pressure was controlled to 8 bars. Handbikes mass are

    showed in Table 1.

    Procedures

    Participants were asked to ride their handbikes on an

    athletics track at sub-maximal aerobic speeds under

    cardiorespiratory monitoring. The target speed was

    defined based on each participant usual 30-40 km race

    average speed. Three more speeds, 2, 4 and 6 km h-1

    lower than the target speed, were further performed

    randomly. This procedure allowed guaranteeing aerobic

    and submaximal speeds to each participant. Gear and

    arm cranking frequency were freely chosen. Each

    handbike was equipped with a GPS receiver (Edge 305,

    Garmin, Olathe, USA) allowing participants to control

    target speed as constant as possible. A rest in-between

    trials was administered until oxygen consumption

    returned to the rest value. All tests were performed at

    the same time of day and in the absence of wind (274

    C air temperature and 7574 mmHg atmospheric

    pressure).

    Cardiorespiratory and bioenergetic measurements

    Participants were equipped with a portable telemetric

    gas analysis system unit (Figure 1) (K4b2, Cosmed,

    Rome, Italy) for measures of heart rate (HR), minute

    ventilation (VE), oxygen consumption (VO2) and

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    respiratory exchange ratio (RER) on a breath-by-breath

    basis After a 5-min rest, participants started the test at a

    pre-determined constant aerobic speed for at least 4 min

    to reach an oxygen consumption steady state. Trials

    with average RER greater than 1.00 were excluded.

    Figure 1. Handbiker equipped with a portable telemetric gas analysis

    system unit

    Metabolic cost of HB (C, J kg1 m1) was obtained from

    the ratio of metabolic power above resting to speed of

    progression (Di Prampero, 1986). Metabolic power (E)

    was calculated according to an empirical function of the

    RER, to obtain the metabolic equivalent of the oxygen

    (mL O2) consumption in J divided by time (s):

    Statistics

    The data were checked for normality using the Shapiro-

    Wilk test. Descriptive statistics (meansSD) was used to

    characterize the sample. To verify differences in the

    studied variables between tetraplegia and paraplegia

    groups, an independent-sample t test was performed in

    SPSS v20. Linear regressions were also performed in

    SPSS v20. The level of the statistical significance was

    set at p

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    Discussion

    This study aimed to compare cardiorespiratory

    responses and metabolic cost between trained

    individuals with tetraplegia and paraplegia riding

    modern handbikes in ecological conditions. The main

    finding was that submaximal aerobic speeds and

    cardiorespiratory responses were significantly lower in

    tetraplegics while metabolic cost was similar between

    groups.

    Lower speeds and cardiorespiratory responses were

    expected in tetraplegics due to less active muscle mass

    (Figoni, 2003), less strength (Hicks et al., 2003) and

    impaired sympathetic vascular responses (Mills &

    Krassioukov, 2011; West et al., 2012). An interrupted

    sympathetic response might lead to bradycardia and

    lower ventilation, which could explain our lower values

    of HR and VE compared to paraplegics during HB.

    Consequently, VO2 was also reduced indicating lower

    tolerance to handcycle at higher speeds. In addition, our

    results agree with those observed during a 10km HB

    race performed with attach-unit handbikes. Average

    race speed and HR were significantly lower in

    tetraplegics (13.6 kmh-1;115 bpm) than in paraplegics

    (from 19.9 kmh-1; 171bpm) (Janssen et al., 2001). The

    difference between attach-unit handbikes and rigid-

    frames handbikes is that the first is more common for

    recreational and locomotion purposes (Hettinga et al.,

    2010). In our study, all participants were trained

    handbikers and performed the tests with a rigid-frame

    handbike. This suggests that in race condition our

    subjects probably would attain higher speeds of

    progression. Indeed, the well-trained athletes who

    competed in that race with rigid-frames handbikes

    attained 23.7 kmh-1 (tetraplegics) and 34.5 kmh-1

    (paraplegics) (Janssen et al., 2001).

    Despite differences in speed of progression and

    cardiorespiratory responses, metabolic cost did not

    differ among groups. Our subjects were able to reach

    relative high submaximal speeds with metabolic cost

    values around 1 Jkg-1m-1. It also means that HB could be

    considered a low cost metabolic locomotion even for

    tetraplegics. For them, HB is easier to perform than

    handrim wheelchair propulsion. The hands are fixed in

    pedals with special grips, and forces can be applied

    continuously over the arm crank improving the

    economy of movement (Valent et al., 2009). Contrarily,

    wheelchair propulsion demands more energy to each

    push (Dallmeijer et al., 2004). Beekman, Miller-Porter

    and Schoneberger (1999) showed that people with

    tetraplegia have higher metabolic cost during

    wheelchair propulsion in ecological conditions than

    people with paraplegia.

    In order to compare our results with those calculated by

    other studies, we show in Figure 3 the metabolic cost

    values of different types of locomotion (crutch walking

    [Thys et al., 1996], wheelchair pushing [Ardig et al.,

    2005]), walking and running [Saibene and Minetti,

    2003]) as a function of the speed. The two iso-power

    curves correspond to constant metabolic powers of

    5Wkg-1 and 11Wkg-1. The diagram shows that for a

    metabolic power of 5 Wkg-1, for instance, a speed of

    2.3ms-1 is attained pushing a modern wheelchair, while

    riding a handbike a speed of about 5.5 ms-1 is attained,

    with the same metabolic demand. This may be because

    the modern handbikes, differently from wheelchairs, are

    equipped with gear system (muscle function optimizing

    tool; Ardig et al., 2003) and are designed to be lighter

    and more aerodynamic (van der Woude et al., 2006).

    Additionally, during HB the arms are in continuous

    moving and the shoulder muscles activation shows on

    and off phases (Faupin et al., 2010), while this does not

    happen when pushing a wheelchair (DeCoster et al.,

    1999). All these features contribute to increase exercise

    tolerance and consequently provide additional useful

    daily metabolic energy expenditure, which could also

    reduce the risk of cardiovascular diseases in spinal cord

    injury people (Abel et al., 2003).

    Figure 3. Metabolic cost versus speed curves cross the 2 isopower

    curves (red) corresponding to constant values metabolic power equal

    to 5Wkg-1 and 11Wkg-1 (from bottom to the top). CW: Crutch

    Walking; OW: Old Wheelchair; W: Walking, R Running, MW

    Modern Wheelchair; HB Handbike.

    Interestingly, the metabolic cost in spinal cord injury

    people is reduced by half in comparison to the able-

    bodied walking or by a fourth in comparison to able-

    bodied running (Saibene and Minetti, 2003). These

    findings open perspectives for the usage of new

    technologies with important repercussions on mobility

    for spinal cord injury people.

    Limitations

    This study recruited a small sample of trained

    handbikers, which require caution on results

    interpretation. Nevertheless, experienced participants

    and modern handbikes allowed the study to apply

    ecological methods to assess bioenergetics of HB.

    Future experiments need to be performed with broader

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    samples considering also disabled athletes of different

    HB sports classes.

    Conclusion

    Submaximal aerobic speeds and cardiorespiratory

    responses were lower in tetraplegics. However, a low

    and similar metabolic cost was observed in both

    tetraplegic and paraplegic riding modern handbikes.

    References

    Abel, T., Krner, M., Rojas Vega, S., Peters, C., Klose,

    C., & Platen, P. (2003). Energy expenditure in

    wheelchair racing and handbiking - a basis for

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    disabilities. European Journal of Cardiovascular

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    Ardig, L. P., Saibene, F., & Minetti, A. E. (2003). The

    optimal locomotion on gradients: walking, running or

    cycling? European Journal of Applied Physiology,

    90(3-4), 36571. http://doi.org/10.1007/s00421-003-

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    Ardig, L. P., Goosey-Tolfrey, V. L., & Minetti, A. E.

    (2005). Biomechanics and energetics of basketball

    wheelchairs evolution. International Journal of Sports

    Medicine, 26(