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RESUMO - São inúmeros os temas ambientais que, necessariamente, tem que ser abordados, no Brasil, num futuro próximo (2022). Neste trabalho são indicados os principais temas e foi feito um estudo mais detalhado de alguns aspectos dos efeitos do desmatamento e das Mudanças Climáticas Globais. Impactos do aumento da temperatura são estudados através de cenários, que podem modificar o balanço hídrico em algumas regiões do País. Foi observado um aumento da ordem de 0,78ºC no período de 1917 a 2003, na região de Piracicaba, como indica as tendências das Mudanças Climáticas Globais. Foi feito, ainda, um estudo específico para a região amazônica que está sobre pressão de duas forçantes climáticas, uma de natureza regional decorrente do desmatamento e outra ocasionada pelas Mudanças Climáticas Globais. Na Amazônia foi observado um aumento de 0,56ºC durante o século XX. As informações indicam que tanto o desmatamento quanto as Mudanças Climáticas Globais atuam na direção de um aumento da temperatura. O desmatamento influi na direção de uma diminuição das precipitações. A conseqüência das Mudanças Climáticas Globais são, ainda desconhecidas, sendo que alguns modelos indicam um aumento das precipitações e outros uma diminuição das mesmas. O desmatamento provoca, ainda, uma grande perda de biodiversidade, sendo estimadas em uma perda entre 8.000 até 34.000 espécies considerando-se que o desmatamento aumenta em 1% ao ano. Enéas Salati é Diretor de Projetos da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável – FBDS Ângelo Augusto dos Santos é coordenador de Biodiversidade da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável – FBDS Israel Klabin é Presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável – FBDS

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1 INTRODUÇÃO O trabalho apresentado no Seminário Brasil: o país no futuro (2022) representa uma contribuição específica para que a modelagem proposta para uma previsão do Brasil daqui a 17 anos possa ser pensada e alimentada com os temas de impacto ambiental, que no nosso ver são cruciais e determinantes para o futuro. A plataforma sobre a qual o projeto prospectivo é baseado, no caso da nossa análise, implica fundamentalmente nas conseqüências políticas, e econômicas e sociais das transformações globais e dos biomas brasileiros, que fatalmente modificarão os vetores de uma análise simplesmente geopolítica. Qualquer estratégia a ser utilizada para formatar políticas públicas deverá forçosamente se alimentar dos trabalhos desse seminário, para o qual acreditamos que a nossa colaboração possa ser útil e eficaz O desenvolvimento sustentável só veio a se tornar relevante para a sociedade contemporânea nas últimas décadas integrado a outras preocupações socioeconômicas.O marco inicial da doutrina do desenvolvimento sustentável é o livro “Our Common Future” (Brundtland, G. 1987).implicando que, a disponibilidade dos recursos naturais para a sobrevivência das gerações futuras é responsabilidade das gerações atuais. Tornou-se evidente que o conceito integra o tema ambiental às vertentes econômica e o social. No Brasil, a vertente ambiental é pouco debatida e a regulamentação governamental é muito recente (Sisnama-30/08/1981). No Estado de São Paulo, a criação da CETESB, em 1968, foi um importante marco institucional na avaliação de indicadores de meio ambiente para o Estado. Embora o arcabouço legal ambiental seja adequado e exigente, a sua implementação deixa a desejar, pois, tem sido impossível atingir as metas indicadas de controle ambiental. Exemplifica-se pela incapacidade administrativa de fazer cumprir a exigência de tratamento dos efluentes domésticos na maioria das cidades brasileiras, implicando na degradação dos recursos hídricos visível nas cidades densamente povoadas. A falta de implementação da lei aumenta: o desmatamento, facilita o uso inadequado do solo e dos recursos hídricos, propicia a degradação ambiental pela pobreza, favorece diferentes tipos de poluição, amplia a ameaça à extinção das espécies e limita as políticas públicas de conservação da biodiversidade. 1.1 Quais seriam os temas ambientais mais relevantes para o Brasil? A rigor, cada ser humano que nasce (para não generalizar, cada “ser vivo”) relaciona-se inexoravelmente com o ambiente alterando-o de alguma forma. Demonstrar as interações coevoluídas entre o ser humano e o ambiente seria uma abordagem interessante para traçar as rupturas em um cenário futuro, mas diverge deste trabalho. Os temas ambientais mais relevantes para o Brasil foram escolhidos de acordo com o ponto de vista e experiência dos autores e analisados segundo seus impactos para a natureza. .Para os próximos 20 – 30 anos alguns dos temas relevantes, sem ordem de prioridade, são: • O crescimento populacional e a demanda de bens e serviços O aumento populacional mundial pressiona os serviços ambientais que são gratuitamente fornecidos pela natureza – p. ex. maior emissão de CO2 afeta o controle atmosférico. O fornecimento de alimento para o descomunal contingente populacional do Séc XXI não é mais uma limitação malthusiana, produz-se mais alimento do que as necessidades calóricas mundiais, mas õ acesso ao alimento é injusto. Por outro lado, a demanda internacional por produtos agrícolas afeta a biodiversidade brasileira pelo aumento na fragmentação de áreas prístinas. Os impactos ambientais derivados da produção nacional de soja, carnes, ferro, alumínio, etc., atuam em sinergia com as pressões sociais ou populacionais do atual mercado globalizado.

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• Impactos das mudanças climáticas globais (MCG) sobre os biomas brasileiros A previsão através de modelagem para vários cenários de emissões de gases de efeito estufa indica um aumento na temperatura das regiões Sudeste e Centro – Oeste da ordem de 0,4 – 1,1º C para 2025, podendo chegar a 5º em 2080 e, um aumento de precipitação entre 10 – 15% durante o século XXI. Na região Amazônica também é previsto um aumento da temperatura, porém as conclusões sobre as variações da precipitação ainda são incertas. Com maior grau de confiança prevê – se um aumento de até 80 cm no nível médio do mar. • Desmatamento da Amazônia brasileira e suas conseqüências para o equilíbrio

climático e conservação da biodiversidade O desmatamento altera os ciclos de água e de energia induzindo um aumento na temperatura do ar e diminuição nas precipitações, podendo reduzir a quantidade de vapor d’água exportada para outras regiões. A fragmentação das áreas florestais diminui o número de habitats disponíveis para as espécies biológicas. • Degradação dos recursos hídricos da água doce em quantidade e qualidade As águas superficiais nas proximidades dos centros urbanos encontram – se quase sempre poluídas por fontes pontuais de efluentes domésticos, ou industriais, ou pela poluição difusa oriunda de atividades agropecuárias. A escassez de água, em algumas regiões, poderá tornar-se crítica, pelo crescimento do consumo de água para atividades industriais e irrigação. • Degradação dos recursos hídricos do mar junto à costa brasileira Vários estudos indicam a degradação dos recursos hídricos da costa do Brasil, as informações estão mais detalhadas para as regiões costeiras dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os dados indicam que muitas áreas estão comprometidas para o lazer em grande parte do ano ou no ano todo. Em geral, a poluição vem dos efluentes urbanos e industriais sem desprezar as atividades portuárias e o derramamento de petróleo. • Relação entre a pobreza e degradação ambiental urbana O aumento da natalidade das populações de baixa renda e o deslocamento de parte da população da zona rural para as cidades levam à “favelização” de grandes áreas urbanas.Sem as condições educacionais e culturais adequadas à sobrevivência urbana tornam-se agentes da degradação ambiental. Dessa forma, a pobreza vem a ser ao mesmo tempo causa e conseqüência desse ciclo pernicioso. • Impactos diretos e indiretos da produção e transporte de energia no equilíbrio

ambiental (hidroelétrica, termoelétrica e eletronuclear) Os impactos ambientais diretos de hidroelétricas são bem conhecidos, no entanto muitas vezes os impactos indiretos são muitos maiores, especialmente na região Amazônica onde empreendimentos como a hidroelétrica de Tucuruvi acelerou o desmatamento no seu entorno. • Impactos diretos e indiretos na produção e transporte de petróleo e seus derivados Os impactos ambientais mais críticos têm sido o derramamento de petróleo durante o seu transporte; os exemplos clássicos são o derrame de petróleo na Baía de Guanabara e no Litoral de São Sebastião (SP). • Pressão antrópica sobre os remanescentes florestais da mata atlântica Os 5% restantes da Mata Atlântica estão sob constante ameaça tendo em vista as atividades no seu entorno. O seu destino dependerá fortemente da capacidade de gerenciamento dos órgãos de controle ambiental.

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• Impactos das atividades humanas no Pantanal Os rios do Pantanal vêm lentamente sofrendo impactos diretos pelo aumento das atividades de pecuária, da mineração e também das atividades agrícolas nas regiões do Planalto que acabam por produzir assoreamento e alteração da qualidade da água. Existe ainda uma ameaça constante que é o aumento da navegação com grandes barcaças; um projeto recente previa construções de canais em várias regiões cortando os meandros naturais. • Destino dos resíduos sólidos urbanos e industriais, especialmente os tóxicos O aumento de resíduos sólidos (lixo e lodo de esgoto) no Brasil vem aumento, já havendo problemas sérios em regiões metropolitanas para construção de aterros como destino final. A solução deste problema é um desafio para as próximas décadas. A incineração tem sido solução em diversos países (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Áustria). • Escassez e manejo dos recursos hídricos no semi-árido brasileiro Este é um problema secular. A agricultura intensiva pode se desenvolver, ao longo do ano, no Nordeste semi-árido devido à oferta de energia solar e temperatura. O fator limitante é a oferta de água; o problema é aonde ir buscá-la. Técnicas existem, tanto para o transporte da água como também para seu uso adequado. A limitação é um problema econômico uma vez que as bacias do rio Tocantins e Amazonas representam a maior reserva de água doce líquida do planeta com a vazão média de 220.000 m3/seg lançadas no oceano. A transposição de água do rio São Francisco pode ser o primeiro passo, porém lembrando que existem vastas áreas próximas daquele manancial que também necessitam de irrigação. Nestes estudos é importante levar em conta o manejo dos recursos hídricos, evitando o aumento da salinização das águas da região, se não forem deixados exutórios adequados para o escoamento das águas mais salinizadas. • Perda de fertilidade do solo e erosão A implantação de atividades agrícolas sem levar em consideração técnicas adequadas para o tipo de solo e a declividade do terreno poderá resultar na perda da fertilidade e assoreamento dos rios. O exemplo é expansão da cultura do café no estado de São Paulo e Paraná. Devem ser lembradas as experiências de plantio intensivo de seringueira na Amazônia impedidas por um fungo e mais recentemente os desastres econômicos e ambientais do projeto Jarí no Pará. • Utilização inadequada de agrotóxicos É um problema constante no que diz respeito ao uso de quantidades além das necessárias. Existe uma tendência mundial para diminuição do uso de agrotóxicos concomitante com o aumento do mercado de produtos orgânicos livres de controladores químicos. • Perda das matas ciliares Este é um problema extensivo a todo território nacional; as matas ciliares são importantes agentes de proteção ambiental para a flora e a fauna associada, bem como, uma proteção direta aos recursos hídricos em relação à poluição difusa nas bacias hidrográficas. • Introdução de organismos geneticamente modificados (OGM) e a biosegurança. Em 2002 cultivou-se 60 milhões de hectares de culturas transgênicas, em 16 países, por cerca de 6 milhões de agricultores. No Brasil os transgênicos são plantados sem a devida atenção ao Princípio da Precaução como apontado na Convenção da Diversidade Biológica caso das plantações ilegais da soja Round.Up, no Rio Grande do Sul. Pela natureza e extensão deste documento, serão abordados apenas alguns temas relacionado o desmatamento com as Mudanças Climáticas Globais (MCG) e a perda da biodiversidade na Amazônia.

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2 IMPACTOS DAS MCG NOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS 2.1 Considerações Gerais As concentrações dos gases de efeito estufa na atmosfera terrestre vêm aumentando nos últimos 150 anos, acentuadamente nas últimas 5 décadas (IPCC 2001).Considerando as forçantes climáticas mais relevantes, os aumentos foram de 31 ± 4% para o CO2; 150 ± 25% para o CH4; 17 ± 5% para o N2O. O O3 troposférico cresceu em 35 ± 1% de 1750 a 2000, dependendo da região considerada, e decresceu na estratosfera no período de 1970 a 2000, variando com a altitude e latitude. As concentrações atmosféricas das HFCs, PFCs e SF6 mostraram um aumento global nos últimos 50 anos (IPCC, 2001). No Século XX, as variações climáticas observadas indicam: �� um aumento na temperatura média do Planeta de 0,6 ± 0,2 ºC (IPCC 2001); �� um aumento de 5 a 10% nas precipitações do Hemisfério Norte, com diminuição em

algumas regiões como o oeste da África e partes do Mediterrâneo; �� um aumento das precipitações nas latitudes médias e altas do Hemisfério Norte; �� um aumento de freqüência e intensidade nas secas em regiões da Ásia e África. �� um aumento no nível médio do mar da ordem de 1 a 2 mm por ano; �� um aumento de 0,31ºC da temperatura da água oceânica, entre 0 – 300m de

profundidade, medido no período de 1948 – 1998; �� a diminuição de cerca de duas semanas na duração da cobertura de gelo de rios e

lagos; �� a diminuição na extensão (10 a 15%) e na espessura (40%) do gelo ártico; �� a retração das geleiras não polares e diminuição em 10% na cobertura de neve a

partir de 1960; �� uma maior freqüência e persistência de eventos do El Niño nos últimos 20-30 anos,

quando comparados aos 100 anos anteriores. As previsões globais para o Século XXI são de um aumento de temperatura de 1,4 a 5,8ºC. Simulações de modelos globais, com diferentes cenários, concordam com um aumento na média das concentrações de vapor d’água na atmosfera e também com um aumento nas precipitações no Século XXI. Prevê-se, ainda, um aumento de 9 a 88cm do nível médio do mar no período de 1990 a 2100. 2.2 Algumas Tendências Climáticas na Região de Piracicaba, São Paulo Estudo realizado com dados do posto meteorológico da ESALQ/USP, buscando as variações entre as médias mensais das temperaturas médias, máximas e mínimas e das precipitações entre os períodos de 1989 a 2003 e 1917 a 1988 (Villa Nova et alii, 2004), mostra que: Temperatura média: Os dados representados na figura 1 mostram um aumento médio da ordem de 0,78ºC, estando em consonância com observações em outras regiões do mundo que indicam um aumento da ordem de 0,6 ºC para o século XX.

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Temperatura máxima: Os dados representados na figura 2 indicam que as variações observadas são muito pequenas, com uma tendência para valores positivos. Temperatura mínima: Os dados representados na figura 3, indicam um aumento da temperatura mínima no mesmo sentido previsto pelo efeito estufa, que diminui a energia para o espaço sideral através da radiação infravermelha.

Temperatura média: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

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Temperatura mínima: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

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Figura 1 - Temperatura média: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

Temperatura máxima: diferença entre as médias mensais do período 1989

a 2003 e 1917 a 1988

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0,2

0,4

0,6

0,8

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jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

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C)

Figura 2 - Temperatura máxima: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

Figura 3 - Temperatura mínima: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

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Precipitação: Os dados representados na figura 4 indicam um aumento das precipitações, especialmente nos meses do verão e da primavera. O total anual foi da ordem de 144,00mm, ou seja, um aumento de 11,4% na precipitação. 2.3 Cenários de Possíveis Impactos das MCG sobre o Balanço Hídrico em Regiões

do País. Para o Brasil, o IPCC (2001) prevê para o século XXI um aumento de 4 a 4,5ºC na temperatura média do ar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e um possível aumento de 10 a 15% nas precipitações de outono. Existe ainda indicação de possibilidade de secas durante o verão. Com base nessas informações, foi feito um estudo com cinco cenários com um aumento de 15% na precipitação anual distribuído igualmente durante um ano e com um aumento de temperatura de 1ºC, 2ºC, 3ºC, 4ºC e 6ºC. Os valores 2ºC, 4ºC e 6ºC correspondem aproximadamente aos valores previstos para as décadas de 2020, 2050 e 2080. Os dados tomados com a base nesses estudos são médias do período de 1961 a 1990. Com base nesses cenários, foi realizado o balanço hídrico1, método de Thornthwaite-Mather (1955), com Capacidade de Água Disponível de 100 mm para diversas cidades, entre elas: Arco Verde, Bagé, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Londrina, Manaus, Piracicaba, São Joaquim e Uberaba (Salati, 2004). Nas figuras 5,6,7 estão representados os balanços hídricos para as cidades de Cuiabá, Piracicaba e Campo Grande, onde “excesso” representa a água que sofre percolação profunda ou escorrimento superficial no mês considerado (mm/mês) e “déficit %” indica a percentagem da falta de água em termos da demanda pelas plantas ETP (Evapotranspiração Potencial) ou (DEF/ETP) * 100. O déficit é a diferença entre ETP e a necessidade pela planta ETR (Evapotranspiração Real).

1 O trabalho original incluindo o cálculo dos balanços hídricos em 12 cidades do Brasil com 4 diferentes cenários de mudanças climáticas globais e representações gráficas foi realizado a pedido do CGEE-Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, em maio de 2004.

Precipitação: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

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Figura 4 - Precipitação: diferença entre as médias mensais do período 1989 a 2003 e 1917 a 1988

Figura 5

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Temperatura Inicial

Temperatura +2

Temperatura +4

Temperatura +6

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

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020406080

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Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

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50

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-200

-150

-100

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50

100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-200

-150

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-50

0

50

100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Cidade CUIABÁ Latitude -15,33 Período 61-90Estado MT Longitude -56,12 Fonte INMETCAD (mm) 100 Altitude 151 m

Balanço Hídrico Normal por Thornthwaite & Mather (1955)

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Temperatura Inicial

Temperatura +2

Temperatura +4

Temperatura +6

Cidade PIRACICABA Latitude -22,70 Período 17-98Estado SP Longitude -47,63 Fonte ESALQ/USPCAD (mm) 100 Altitude 490 m

Balanço Hídrico Normal por Thornthwaite & Mather (1955)

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-60-40

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204060

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120140

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-60

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-80

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-20

0

20

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60

80

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-120-100-80-60-40-20

020406080

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

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Deficiência Excedente Retirada Reposição

Figura 6

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Temperatura Inicial

Temperatura +2

Temperatura +4

Temperatura +6

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-60-40

-200

204060

80100

120140

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-60

-40

-20

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40

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120

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-100-80

-60-40

-200

20

4060

80100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano

-150

-100

-50

0

50

100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Deficiência Excedente Retirada Reposição

Cidade CAMPO GRANDE Latitude -20,45 Período 61-90Estado MS Longitude -54,62 Fonte INMETCAD (mm) 100 Altitude 530 m

Balanço Hídrico Normal por Thornthwaite & Mather (1955)

Figura 7

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O estudo evidenciou uma redução na disponibilidade de recursos hídricos que poderá ter conseqüências negativas para a produção agrícola e para a vazão dos rios, afetando os biomas naturais (tabela 1). Os impactos mais severos esperados são para as regiões de Piracicaba, Cuiabá e Campo Grande. Para estas regiões um aumento de 2ºC, sobre a média de 1961-1990 poderia reduzir em aproximadamente 50% o excedente dos recursos hídricos, ou seja, a água que escorre pelos rios ou sofre percolação profunda no solo. Para outras regiões o balanço hídrico é menos sensível ao aumento da temperatura, esse aumento especialmente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O balanço hídrico mostrou ser bastante sensível para a região semi-árida do Nordeste brasileiro, com severa diminuição do excedente hídrico. Este aumento de 2ºC na temperatura média poderia ocorrer na década de 2020.

T + 0 T + 2 T + 4 T + 6

MANAUS 35 28 24 21 BELEM 48 39 35 32 CUIABÁ 11 5 0 0 BRASILIA 46 40 27 20 CAMPO GRANDE 26 15 9 4 UBERABA 40 31 24 18 PIRACICABA 21 10 6 3 CURITIBA 45 41 33 22 SÃO JOAQUIM 60 58 54 48 BAGÉ 42 36 31 25 LONDRINA 39 30 21 10

2.4 Ações Mitigadoras Os impactos no Brasil das MCG deverão aumentar a atenção da sociedade e do Governo nas próximas décadas. Os desafios científicos continuam e as conseqüências sócio-econômicas decorrentes de tais alterações, ainda são pouco avaliadas. É necessária uma melhor previsão dos efeitos a fim de que medidas de adaptação e de mitigação possam ser planejadas a médios e longos prazos. Alguns efeitos das MCG são catastróficos, mas já existem sinais de controle das emissões dos GEE, pelo Protocolo de kyoto, embora com avanços ainda tímidos. A continuidade do desmatamento da Amazônia e da Indonésia, nas atuais taxas, é suficiente para consumir 4/5 das metas anuais de redução de emissões dos paises desenvolvidos (do Anexo I) (Saintilli et al., 2005). Tudo indica que haverá um grande esforço internacional para diminuir as emissões de GEE com a aprovação e implantação do segundo período do protocolo de Kioto entre 2008-2012. Um acordo anunciado em 29/7/2005 entre grandes emissores de GEE do Planeta: EUA, Austrália, Japão, China, Índia e Coréia do Sul. Fora do Protocolo de Kyoto este visa buscar novas tecnologias para diminuir as emissões de GEE, não tendo porém metas de redução.Os avanços tecnológicos para a produção de energias limpas podem ser inócuos se desgarrados de um grande esforço na diminuição do uso de combustíveis fósseis.

Tabela 1 - Variações dos percentuais da quantidade de recursos hídricos para escorrimento superficial e recarga dos aqüíferos (os valores referem-se a relação excesso/precipitação x 100)

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Outras iniciativas de caráter voluntário como o Chicaco Climate Exchange-CCX assumem metas de redução de emissões por grandes corporações norte-americanas. A Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável-FBDS atua nesse mercado e aprovou projetos capturando 17 milhões de toneladas de CO2, no período de 2003-2006, através de florestas econômicas plantadas no Brasil. Muitos projetos para produção de energias limpas vêm sendo implementados tais como utilização de células fotovoltaicas, geradores eólicos e outras medidas também promissoras como o biodiesel e a biomassa em geral. O Brasil foi pioneiro nesse campo com a implantação com o programa do álcool combustível. Avanços tecnológicos têm sido alcançados com energia termo-solar e outros projetos em implantação como a produção de energia pela fusão de hidrogênio. A FBDS colabora com um projeto que vem sendo desenvolvido pelo Instituto Weizmann, de Israel. Esse projeto visa uma produção de hidrogênio a partir de energia termo-solar. O H2 é produzido a partir de uma combustão rápida de pedaços de madeira (Eucalyptus sp.) a uma temperatura de ordem de 1.000ºC. Dessa forma, a energia solar é utilizada duas vezes: a primeira, para produção de biomassa e a segunda, para produção da reação que produz H2 (Adinbert, R. et ali, 2004). No Brasil foi elaborado o projeto “Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos nos Ecossistemas Brasileiros” (Salati, Nobre e Santos, 2003), financiado pelo PROBIO/MMA. Esse projeto, envolvendo um grande número de pesquisadores, deve apresentar os primeiros resultados no final de 2005 e início de 2006. Estas informações servirão de base para o estabelecimento de metas de adaptação ou de mitigação bem como, orientar novas linhas de pesquisas para melhor avaliação da problemática decorrente das MCGs. 3 DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA E CONSEQÜÊNCIAS Atualmente a região amazônica, especialmente a Amazônia Brasileira, está sob pressão de duas forçantes climáticas; uma de natureza regional decorrente do desmatamento e a outra ocasionada pelas MCGs.Tudo indica que as duas atuam propiciando o aumento de temperatura regional/global. Particularmente o desmatamento atua na diminuição da precipitação local. Os dados provenientes dos modelos climáticos globais ainda não são consistentes no que diz respeito as variações das precipitações pluviométricas, para o século XXI.

3.1 A Dimensão do Desmatamento na

Amazônia Brasileira Este bioma, único no mundo, até 35 anos atrás estava recoberto por distintas formações florestais nativas.Hoje, a dinâmica da colonização da Amazônia passa por uma expansão incomparável em sua história. Os incentivos fiscais, mola propulsora do desmatamento anterior aos anos 80, foram suplantados pelas forças do mercado substituindo o governo como indutor do

Ilustração 1 Arco do Desmatamento 2004 - PRODES

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desenvolvimento regional. Os negócios privados tornaram-se lucrativos por si só (como a extração de madeira de lei, a mineração, a pecuária e sobretudo o agronegócio da soja). Este deslocamento do público em direção ao privado é o principal vetor por trás da expansão da atual fronteira agrícola na região Amazônica (MARGULIS, 2003; ALENCAR, et al., 2004).. Nos primeiros anos da década de 90, as taxas de desmatamento ficaram em um nível médio de 17.000 km2/ ano (PRODES-INPE). A partir daí, a cada novo inventário anual de desmatamento, o governo anuncia a tendência de aumento deste patamar. Para 2001/2002 a taxa de desmatamento foi de 23.260km2, bem acima dos 15.000km2 estimados para o ano anterior. Para 2002/2003 a taxa alcançou 23,750.000km2. Mas para o período de 2003/2004 a área desmatada atinge 26.130km2, considerado o maior desmatamento já ocorrido. Este pulo está associado ao aumento da área de plantio da soja no estado do Mato Grosso, demonstrando o agronegócio como a grande força de transformação regional. Dados do PRODES nos permitem calcular que, até 2003, o desmatamento acumulado, em toda região da Amazônia Legal, soma 652.908km2, uma área vasta como o estado de Minas Gerais. Além disso, existe um desmatamento “não visível” relativo à remoção de árvores de madeira de lei e pequenos incêndios florestais, fato que permite a alguns autores suporem que, o desmatamento vai muito além desses números oficiais (Nepsted et al., 1999). 3.2 Aspectos Climatológicos

3.2.1 Fluxos de Água e Energia Trabalhos realizados quantificam, preliminarmente, os fluxos de água na Bacia Amazônica (Villa Nova et alli, 1976; Molion, 1975; Salati et alli, 1979; Salati et alli, 1978; Salati e Nobre, 1991; Dall’Ollio et alli, 1979; Marque et alli, 1979; Salati e Vose, 1984; Salati e Marques, 1984).Os dados para esses estudos são dos anos 70, o desmatamento da região era desprezível e os efeitos das MCGs ainda não eram considerados. O esquema da figura 8 indica os fluxos para os diferentes componentes do ciclo hidrológico. Em resumo, os vapores de água primários provem do Oceano Atlântico e penetram na região através dos ventos Alísios que sopram do Quadrante Leste com variações dependendo da época do ano decorrente do deslocamento na Zona de Convergência Inter-Tropical. As chuvas provenientes da condensação desse vapor d’água voltam em parte (aproximadamente 60%) à atmosfera por evapotranspiração dos sistemas florestais e uma parte se escoa pela calha do Rio Amazonas. Existe uma forte recirculação do vapor d’água na região decorrente da cobertura vegetal e da geomorfologia. A água da precipitação é uma mistura do vapor d’água primário proveniente do oceano com o vapor d’água produzido pela evapotranspiração dos sistemas florestais e também pela evaporação direta das superfícies livres de água. Em grandes números, 50% da precipitação da região seria decorrente desta recirculação do vapor d’água, sendo que o vapor originado por evapotranspiração é da mesma ordem de grandeza daquela proveniente do oceano. Com base no estudo do balanço de 018 do vapor d’água que entra na região (Fig 8) e nas águas do Rio Amazonas (Salati et alii, 1979), foi estimado que uma grande parte (0,44 Fi) do vapor que entra na região pelos ventos Alísios deixa a bacia hidrográfica. Esse fluxo é da ordem de 3 a 5 x 1012m3 por ano. Parte deste vapor d’água dirige-se para a região centro-sul do continente sul americano.

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As quantificações desses fluxos vêm sendo realizadas por trabalhos recentes, entre eles destacam-se os estudos sobre “jatos de baixos níveis da América do Sul” que evidenciam sua importância no balanço hídrico de várias regiões (Herdies et al, 2001). Silva Dias e Marengo, 1999 avançaram no conhecimento sobre os processos dinâmicos que definem os níveis de precipitação e sua variabilidade no Brasil. Em decorrência da forte interação entre a atmosfera e os sistemas florestais na Amazônia fica evidente que o desmatamento acabará por alterar os componentes do balanço hídrico diminuindo a produção do vapor d’água por evapotranspiração e aumentando numa primeira fase a vazão dos rios, pelo aumento do escorrimento superficial nas áreas desmatadas. Isto implica numa diminuição dos recursos hídricos disponíveis no sistema solo-planta na região considerada, reduzindo o tempo de residência da água nos ecossistemas considerados, bem como diminuindo a oferta de vapor d’água para outras regiões. Estudos de balanço de radiação da região de Manaus, concluíram que o valor médio da radiação solar incidente na região é da ordem de 425 cal/cm2.dia. Na distribuição do balanço de radiação, foram utilizados 50% no processo de produção de vapor d’água, através da evapotranspiração das florestas e da evaporação das superfícies livres de água (calor latente), 50% foram utilizados no aquecimento do ar (calor sensível). Com o desmatamento deverá ser maior a quantidade de energia utilizada para o aquecimento do ar.

Existem evidências que essas modificações já estão ocorrendo à medida que o desmatamento avança. Assim, Costa et alii, 2003, encontraram em uma sub-bacia do Rio Tocantins, com área de 176 mil km2, um aumento na vazão em decorrência do desmatamento sem mudanças sensíveis nos totais de precipitação. Isso implica numa redução da evapotranspiração, alterando o ciclo hidrológico local e regional. Os valores encontrados indicam um aumento de vazão em 25% no período 1980-90, quando comparados com os valores de 1950-60. Essa variação foi observada tanto para os períodos chuvosos como para os de estiagem. O aumento do desmatamento na região considerada foi de 20% no período de 1960 a 1995. O fogo associado ao desmatamento também pode alterar o balanço hídrico através dos núcleos de condensação de nuvens (NCN) que tem origem biológica e provem da conversão de gases biogênicos em partículas (Artaxo 2005). Estas partículas microscópicas

Atmosfera de outras Regiões

P

Oceano

Vazão Rio

6,6 x 1012

Fi = (9-11) x 1012

Figura 8: — Bacia Amazônica — Balanço Hídrico — Fluxos em m3/ano

Recirculação

E

8 x 1012 15 x 1012

Fq = (3-5) x 1012 (O18) Fq = 0,44 x Fi

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de aerossol têm a propriedade de condensar água em sua superfície o que juntamente com o vapor de água irão formar as gotículas de nuvens (Silva Dias et al., 2004, Andreae et al., 2004). A diferença na concentração de NCN da estação chuvosa para a estação seca (de cerca de 200 para 20.000 p.p cm-3), decorrentes das queimadas, em grandes áreas da Amazônia altera as propriedades micro físicas das nuvens modificando as condições de seu desenvolvimento e posteriormente as precipitações pluviométricas decorrentes(Artaxo et al., 2003, Andréa et al., 2004). Outro aspecto importante na estrutura de nuvens durante a estação seca, com forte impacto de queimadas, é a presença significativa de partículas que absorvem radiação, o chamado “black carbon”, que consiste em fuligem das queimadas. Gotículas de nuvens ricas em fuligem absorvem radiação muito eficientemente, evaporando-se antes de precipitarem, intensificando a supressão da precipitação. O black carbon dentro da gota líquida altera a ótica da interação da gota com a radiação solar, aquecendo fortemente a gotícula, favorecendo sua evaporação. Com as altas concentrações de black carbon durante a estação seca (de 5 a 40 µg m-3), este fenômeno é particularmente importante na Amazônia, comparada com outras regiões do globo.” Experimentos intensivos foram conduzidos entre 1990 e 1994 com a finalidade de estudar as interações solo-planta-atmosfera, do ponto de vista micro-climático em florestas e áreas de pastagens na Região Amazônica. Dentro de uma cooperação anglo-brasileira (ABRACOS), os experimentos envolveram um grande número de pesquisadores do Brasil e da Inglaterra. Em reposta ao desmatamento e à substituição da Floresta Amazônica por pastagens, foi possível concluir que poderá ocorrer uma redução de 6 a 20% na precipitação regional. Estudos comparativos sobre medidas de temperatura do ar entre áreas de pastagens e florestas nativas demonstraram um aumento de 2,4ºC nas áreas desmatadas (Gash et alii, 1996). Na última década, um grande projeto foi desenvolvido procurando estudar com mais detalhes as interações entre a biosfera e a atmosfera na região Amazônica. Esse projeto, realizado em cooperação da NASA com o Brasil, denominado “Large Scale Biosphere – Atmosphere Experiment in Amazônia” (LBA) vem trazendo um grande número de informações detalhadas. Atualmente em uma nova fase desse projeto, os dados obtidos estão sendo analisados de maneira integrada para se ter um cenário regional no que diz respeito aos mecanismos que mantêm o equilíbrio ecológico da região. Espera-se assim haver em breve um conhecimento mais profundo dos processos dinâmicos, que envolvem as interações, solo-planta-atmosfera.

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3.2.2 Amazônia no Contexto das Mudanças Climáticas Globais (MCG) As conseqüências das MCG sobre os ecossistemas da Amazônia, obtidos através de modelos (“Global Climate Models”–GCM’s), variam para diferentes cenários de emissões dos GEE e para diferentes GCM’s utilizados. As variações de temperatura para os anos de 2020, 2050 e 2080 vão desde + 1º C para cenário B-2 (2020), até quase + 8º C em 2080, para cenário A-2 (Marengo, 2005). Na figura 9, estão representadas as projeções de anomalias de temperatura para os meses de setembro, outubro e novembro em relação ao período base de 1961-1990 para a América do Sul. As previsões são do modelo HadCM3 para os “time-slices” em 2020, 2050 e 2080 para dois cenários de emissões B2 e A2. Para outros modelos como CCCMA (Canadá), CSIRO (Austrália), GFDL (USA) e CCRS-NIES (Japão), os valores obtidos

HadCM3-B2-2020 SON HadCM3-B2-2050 SON HadCM3-B2-2080 SON

HadCM3-A2-2020 SON HadCM3-A2-2050 SON HadCM3-A2-2080 SON

Figura 9 Projeções de Anomalias de Temperatura (°C) para SON em Relação ao período 1961-90, para América do Sul.. As previsões são do modelo HadCM3. Os time-slices são em 2020, 2050 e 2080 dos cenários são A2 e B2 (Marengo, 2005).

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também são no sentido de um aumento na temperatura, porém não tão acentuados como o HadC3, (Marengo, 2005). Com respeito as precipitações pluviométricas existe alto grau de incerteza com aumentos ou diminuições conforme o modelo (Carter e Hulme, 2000; IPCC 2001; Marengo 2005). Tendo em vista que o aumento de temperatura do ar perto da superfície aumenta a capacidade do ar em reter maior quantidade de vapor d’água pode-se esperar um ciclo hidrológico mais dinâmico com possíveis aumentos do número e intensidade de eventos extremos, como tempestades severas. No momento, a incerteza com respeito à direção das mudanças nas precipitações torna-se difícil de prever os impactos das MCG sobre os ecossistemas da Amazônia. No que diz respeito às variações de temperatura, as tendências em decorrência das MCG vão na mesma direção das previsões decorrentes do desmatamento. As observações de um aumento de temperatura de 0,56ºC durante o século XX indicaram uma alteração séria no clima da região. (Victoria et al, 1998). É uma questão ainda a ser resolvida, se esse aumento é decorrente do desmatamento ou das MCGs. O aumento da temperatura por si só resulta em vários impactos dentre eles a mudança do balanço hídrico com maior probabilidade da ocorrência de incêndios florestais (Alencar et al.2004) Em resumo, na Amazônia, os estudos e observações indicam para as próximas décadas um aumento da temperatura decorrente do desmatamento e das MCG. As precipitações deverão também diminuir com o desmatamento porém existe uma incerteza com respeito aos efeitos das MCG (figura 10). Para as regiões Sudeste e Centro-Oeste é previsto um aumento da temperatura. É esperado ainda um aumento da precipitação da ordem de 10 a 15% no outono e uma diminuição no verão.

Figura 10. Possíveis variações Climáticas para o Brasil. Variações observadas (em vermelho) e estimadas (preto) sobre tendências da precipitação e temperatura no Brasil

∆P(-) ∆T=(+)0,56ºC

Regiões Sudeste Centroeste

∆T = 0,76ºC (Piracicaba-SP)

Vapor de Água

Emissões de CO2 por países desenvolvidos

MCG

∆T(+) � 2°C (2025)�P � (?)

CO2

≅ 0,7 GtC/ano (1994)

∆T(+) 0,4 – 1,1ºC (2025) (+ 6° para 2080)∆P(+) � outono (10-15%) � mar/abr/mai∆P(-) � verão � dez/jan/fev

Combustíveis Fósseis 6,3 GtC/ano (1990s)

Amazônia Desmatamento altera Balanço água /energia

Nível Mar H = 3-14 cm (2025)

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4 IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. Seus diferentes níveis são pouco conhecidos ou mensurados, e quando considerada somente a variedade de seres vivos, estima-se existir de 10 a 100 milhões de espécies, sendo que os cientistas descreveram até hoje somente 1,7 milhão, todas registradas em coleções científicas ao redor do globo Tabela 2 (Wilson, O.E. 2000). Como referência mundial a estimativa oficial é de 14 milhões de espécies, usada pela Convenção da Diversidade Biológica, oriunda de um diagnóstico da biodiversidade global datado de 1995 (UNEP-WCMC, 1995)

O desafio lançado aos pesquisadores que tratam de mapear a biodiversidade global é imenso. A maior parte, do que ainda está por descobrir, localiza-se nos trópicos americanos, metade dos quais em território brasileiro. A Amazônia representa a maior fronteira e instigante desafio científico para o inventário da biodiversidade global. Ainda, segundo E.O.Wilson, descrever e classificar todas as espécies vivas do planeta seria um dos grandes desafios científicos para o século XXI, ele calculou em US$ 5 bilhões o custo econômico dessa tarefa, distribuídos por 10 ou 20 anos, ou seja US$ 500 por espécie. A UNEP também criou um Índice de Biodiversidade por País (NBI = National Biodiversity Index, na sigla em inglês) baseado na riqueza de espécies e no grau de endemismos dos quatros grupos de vertebrados e plantas obtidos a partir de coleções científicas existentes fora do país. O Brasil (NBI= 0.877), ocupa a quarta posição de maior biodiversidade planetária, antecedido por Indonésia (NBI=1.000), Colômbia (NBI=0.935), México (NBI= 0.928). Hoje a partir da contagem das coleções científicas nacionais, estes números são contestados, e existe um consenso entre os biólogos e ambientalistas de todo o mundo, ao apontar o Brasil como o país de maior diversidade biológica do planeta - O País da Megadiversidade (BDT,2000; Gusmão, 2001). Nesta última década os esforços oficiais para implementar a Convenção da Diversidade Biológica, através do Programa Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente fizeram avançar a quantificação das espécies presentes nas coleções científicas nacionais (PROBIO, 2005). Não há, até o momento, compilações extensivas o suficiente para uma contagem precisa do número de espécies já registradas nas 354 coleções científicas, o que permitiria obter um número mais firme da riqueza e variedade das espécies. Uma primeira avaliação registrou cerca de 200.000 espécies (num intervalo de 180 a 225 mil), a maior parte organizada em grandes táxons cuja catalogação em espécies conhecidas é ainda

Reino Número de Sps. descritas Estimativa de Espécies

Bactéria 4 000 1 000 000

Protistas (algas, protozoários, etc) 80 000 600 000

Animais 1 320 000 10 600 000

Fungos 70 000 1 500 000

Plantas 270 000 300 000

TOTAL 1 744 000 14 000 000

Tabela 2 estimativas da Biodiversidade Global Fonte UNEP-WCMC. 1995. Global Biodiversity Assessment. Grupos como bactérias, protistas e fungos ainda são muito pouco conhecidos. Os insetos podem chegar a 8 milhões de espécies, os animais mais abundantes da terra. Os números estimados devem ser lidos como indicativos.

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muito incompleta. Este diagnóstico produziu os melhores números da biodiversidade nacional e quando comparados com os números globais representam cerca de 14% da biota mundial. “Extrapolando-se esta taxa para o total de espécies estimadas para o mundo em cada táxon, estimamos que haja no Brasil cerca de 2 milhões de espécies. Tal valor deve ser tratado como uma aproximação, dadas as imensas lacunas de conhecimento, mas sinaliza que a biodiversidade brasileira é cerca de dez vezes maior que a atualmente

conhecida. Mesmo as estimativas mais moderadas sugerem que o número real de espécies seja seis vezes maior que o registrado hoje para o país”. (Lewinsohn. e Prado, 2000) A quantificação da biodiversidade brasileira é inexata e os números das espécies, por grandes grupos, varia segundo os autores e devem ser lidos com. cautela (Dias, B.F.S, 2001; GEOBRASIL 2002; Lewinsohn e Prado,. 2000; PROBIO,2005; Zaher.e Young,. 2003;).De acordo com dados da organização Conservation International, estima-se existirem no país cerca de 55 mil espécies vegetais (22% do total mundial), 524 mamíferos (131 endêmicas), 571 anfíbios (294 endêmicas), 1622 aves (191 endêmicas) e 468 répteis (172 endêmicas), além de 3 mil espécies de peixes de água doce, e entre 10-15 milhões de insetos Esta rica variedade em espécies é suportada por uma ampla base de diversidade genética que, estabelece padrões de distribuição de plantas e animais e constitui-se em um patrimônio biológico, genético, e econômico, fundamental (ComCiência, 2003) Os estudos no nível genético da biodiversidade brasileira são ainda mais modestos. Das espécies nativas brasileiras já catalogadas cientificamente, os estudos não ultrapassam mais do que 1% quanto ao seu potencial enquanto recurso genético e não mais de 1% foram objeto de estudos parciais de caracterização genética, isto é, menos de 1500 a 3000 espécies. Não passam de poucas dezenas o número de espécies nativas brasileiras que já tiveram parte de sua seqüência gênica determinada (Dias, B.F.S, 2001). 4.1 Estado Atual do Conhecimento sobre a Biodiversidade Amazônica Apesar de ser um dos biomas brasileiros mais intensamente estudados, nestas últimas décadas, em termos de seu funcionamento ecológico, os diferentes níveis da biodiversidade Amazônica são muito pouco conhecidos, sobretudo a diversidade genética em populações naturais, fundamental para avaliar o patrimônio genético e implementar seu uso comercial.. Coexistem na Amazônia o maior número de espécies de animais e plantas, tanto em termos de espécies habitando a região como um todo, como habitando um mesmo ponto (endêmicas), do que qualquer outro bioma do mundo, uma exceção poderia ser alguns dos

Tabela 3 a avaliação da biodiversidade brasileira

Reino Núm. sps. coleções científicas - Brasil

Núm. sps estimadas Brasil

Núm. sps. estimadas Planeta

Vírus 400 55.000 400.000 Bactéria 1.400 136.000 1.000.000 Anfíbios 150 600 4.220. Protozoários 3.200 27.000 200.000 Fungos 13.000 205.000 1.500.000 Algas 4.900 55.000 400.000 Plantas 47.000 52.000 320.000 Artrópodes 116.000 1.214.999 8.900.000 Outros invertebrados 9.700 116.000 850.000 Vertebrados 6.200 8.000 50.000 TOTAL 202.500 1.870.000 13.620.000 Fontes Brasil – Lewinshon & Prado; Mundo: Heywood

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recifes coralíneos tropicais. As coletas amazônicas, acumuladas nas coleções científicas, são extremamente irregulares, a maior parte dos acervos advém de regiões mais habitadas e desenvolvidas; ao longo das margens dos principais afluentes do rio Amazonas, nos seus pontos tradicionais de parada (como Belém, Santarém e Manaus), ou em localidades mais bem servidas pela malha rodoviária. Estima-se que mais de 70% das espécies amazônicas ainda não possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levantamento e taxonomia, tal situação permanecerá por muito tempo Por exemplo, somente 29 localidades foram inventariadas para anfíbios. A necessidade de mais inventários biológicos, esforço de coleta, é considerável para se identificar os padrões e os processos ecológicos e biogeográficos existentes na Amazônia. Segundo estudo do Museu Goeldi, a riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta e por volta de 2/3 da flora de todos os outros biomas nacionais. Nos diferentes ecossistemas amazônicos temos cerca de 5.000 espécies de árvores com tamanho maiores que 15cm de diâmetro, sendo que na mata de terra firme a diversidade de árvores, por hectare, varia entre 40 e 300 sps.diferentes. As coleções científicas apontam que são conhecidas 7.500 espécies de borboletas no mundo, sendo 1.800 na Amazônia. Os artrópodes amazônicos (insetos, aranhas, escorpiões, lacraias e centopéias, etc.) diversificaram-se de forma explosiva nas copas das árvores, um ecossistema ainda pouco avaliado. Para as formigas, que contribuem com quase um terço da biomassa animal das copas de árvores na Floresta Amazônica, a estimativa é de mais de 3.000 espécies.Com relação às abelhas, há no mundo mais de 30.000 espécies descritas sendo de 2.500 a 3.000 na Amazônia. Estima-se que o número de espécies de peixes para toda a bacia seja maior que 1300, quantidade superior a que é encontrada nas demais bacias do mundo. Apenas no rio Negro já foram registradas 450 espécies. Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encontrado para a Amazônia brasileira. Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espécies que se pressupõe existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo próximo de 240 espécies o número de espécies identificadas para a Amazônia brasileira, muitas das quais restritas à Amazônia ou a parte dela. As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com número de espécies estimado em 9.700 no mundo. Na Amazônia, há mais de 1000 espécies, das quais 283 possuem distribuição restrita ou são muito raras. A Amazônia é a terra dos grandes Cracidae (mutuns), Tinamidae (inhambus), Psittacidae (araras, papagaios, periquitos), Ramphastidae (tucanos e araçaris) e muitos Passeriformes como por exemplo, os Formicariidae, Pipridae e Cotingidae. O número total de mamíferos existentes no mundo é estimado em 4.650. Na Amazônia, são registradas atualmente 311 espécies. Os quirópteros e os roedores são os grupos com maior número de espécies. Mesmo sendo o grupo de mamíferos mais bem conhecido da Amazônia, nos últimos anos várias espécies de primatas tem sido descobertas, inclusive o sagüi-anão-da-coroa-preta, e o sauim-de-cara-branca, Callithrix saterei. 4.2 As Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil A Fundação Biodiversitas vem se destacando em identificar as espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção através de critérios baseados em metodologia internacional da IUCN (Biodiversitas, 2005). O principal papel destas listas vermelhas é informar e alertar aos tomadores de decisão e profissionais da área de meio ambiente, sobre a crescente dilapidação do patrimônio genético brasileiro.

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Para se ter uma idéia da atual situação da fauna brasileira, do total de 633 táxons apontados na Lista, 624 estão classificados em uma das três categorias de Ameaça (Criticamente em Perigo, Em perigo e Vulnerável) adotadas para a avaliação e 09 em uma das duas categorias de Extinção. Os vertebrados somam 67% do total de espécies indicadas, sendo que, entre estes, estão cerca de 13% das espécies brasileiras de mamíferos. O bioma Mata Atlântica é o que apresenta maior número de espécies ameaçadas ou extintas, com 383 táxons, seguido pelo Cerrado (112), Marinho (92), Campos Sulinos (60, Amazônia (58), Caatinga (43) e Pantanal (30). Isso significa que, em conjunto, Mata Atlântica e Cerrado respondem por mais de 78% das espécies da lista, ou seja, 495 táxons. 4.3 Os Fatores Impactantes da Biodiversidade O estudo da WWF-WCMC Living Planet Reportii, de 2004, mostra que as 3.000 populações de 1.100 espécies de animais e plantas monitoradas tiveram um declínio de 40% entre o período de 1970-2000. (555 sps terrestres, 323 sps. de água doce e 267 sps. marinhas de pássaros, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes) Os principais fatores de intervenção humana que afetam a biodiversidade (WRI, IUCN, PNUMA 1993) já foram identificados, e são: • Perda e Fragmentação dos Habitats Primeiro fator global de destruição da biodiversidade. No Brasil a Mata Atlântica ocupava uma área de 1,3 milhão de Km², hoje encontra-se fragmentada de norte a sul restando apenas cerca de 5% de sua extensão original.O Mico Leão Dourando é o exemplo mais visível de ameaça de extinção pela fragmentação dos habitats. Na Amazônia estamos repetindo o mesmo ciclo predatório “A Ferro e Fogo” (Dean, 1996) continuando o desmatamento como o principal fator da fragmentação, alterando os processos ecológicos e destroindoi a biodiversidade tanto pelo efeito direto de redução dos habitats das espécies de plantas e animais (a eliminação de vertebrados dispersores de sementes compromete a germinação), como por fatores indiretos como: - a produção de grandes quantidades de detrito orgânico, material combustível, que combinado ao lixo e à biomassa morta (da fragmentação) deixa essas regiões ainda mais susceptíveis à indução de queimadas; - ou através do efeito de borda que provoca a queda das árvores adultas que por sua vez abafam as árvores jovens, causando sua mortalidade, e aumento do número de cipós, de espécies parasitas e espécies adaptadas a solos pobres (Tabarelli, Cardoso Silva and Gascon, 2004). • Introdução de Espécies e Doenças Exóticas as Plantas Invasoras A invasão por espécies exóticas é a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade. De acordo com informação do Secretariado da CDB, as espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde o ano 1600, com 39% de todos os animais extintos, sendo que mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos já invadiram os Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Índia, África do Sul e Brasil (Ziller, 2000). Nem todas as espécies exóticas tornam-se pragas ou doenças, tabela 6. Mas o mexilhão dourado (Limnoperma fortunei), o caramujo africano (Achatina fulica), o Aedes aegypti (mosquito-da-dengue), o Rattus rattus (rato, ratazana) são os melhores exemplos de espécies exóticas que se tornaram um problema ambiental no Brasil • Exploração Excessiva de Espécies de Plantas e Animais

Fauna Brasileira Num. Sp. Ameaçadas Anfíbios – 16 Aves – 160 InvCO2

Aquático∆T(+) + 4,5ºC (2030 ≅ +1,6ºC relativo a 1960-1990) ∆P(+) � outono (10-15%)

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Super exploração de recursos naturais tem causado ameaça, a muitas espécies. Os exemplos mais corriqueiros o Pau Brasil, a palmeira juçara (Euterpe edulis) para consumo de palmito, o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) para óleo essencial em perfumaria, a manjuba e a sardinha verdadeira. No estudo, já citado, Living Planet Report 2004, foi criado um índice “ecological footprint” para medir o uso dos recursos naturais da biosfera pela humanidade. As pegadas ecológicas da insustentabilidade mostram que, em 2000, a população global já usava toda a capacidade de produtividade biológica do planeta Terra. Em 2001, este indicador mostrou que a humanidade excedeu em 20% a capacidade da produtividade biológica. Esta super exploração do capital natural do planeta só será possível por um limitado período de tempo, até quando? • Ampliação das Monoculturas na Agroindústria e Silvicultura A perda de biodiversidade ocorre pela transformação de áreas naturais em ecossistemas artificiais, como é o caso para a cana de açúcar, as plantações de soja na amazônia e os grandes sistemas florestais industriais. • Contaminação do Solo, Água e Atmosfera Ainda nos anos 60, a poluição industrial e o uso de agrotóxicos foram os primeiros fatores de agressão ambiental denunciados. • Mudanças Climáticas Globais Em uma grande generalização, podemos aceitar que as regiões tropicais possuem maior riqueza em ecossistemas e espécies devido a características climáticas. A biodiversidade não está distribuída homogeneamente no planeta, mas se concentra em algumas regiões tropicais, como as montanhas pré-andinas da Colômbia. O exemplo mais evidente do efeito das mudanças climáticas globais sobre a biodiversidade tropical é a extinção do pequeno sapo dourado (Bufo periglenes) exclusivo das montanhas de neblina da Costa Rica. Reproduzindo-se somente em uma especifica janela climática, ocorreu que, em 1987, a ausência de poças ocasionada pela estação muito seca fez com que 30.000 indivíduos não se reproduzissem e morressem, somente 29 sobreviveram. Desde 1991 nenhum indivíduo foi encontrado (Daszak, et al, 2002). No Brasil, o grupo filogenético dos pequenos peixes Carachidium lauroi mostra que, sua atual diversidade e distribuição estão relacionadas estritamente com as águas frias de montanhas na região sudeste. Mudanças na temperatura da água inibem a presença da espécie e levaram ao desaparecimento da espécie em outras áreas. Este trabalho demonstra como o estudo filogenético de um grupo, ou seja da variação interna da diversidade da espécie, pode auxiliar na previsão do impacto do aqueciemnto global sobre uma espécie.(Buckup e Melo,2005). Outro efeito é o favorecimento de espécies de ciclo curto, ou com melhor desempenho fotossintético, em detrimento de espécies de ciclo longo devido a maior presença de CO2 na atmosfera. Fato já observado em parcelas no interior da Amazônia.(Laurence and Vasconcelos, 2004) 4.4 O Desmatamento da Amazônia e a Perda de Biodiversidade A perda da biodiversidade é um dos temas ambientais fundamentais para o Brasil ao longo de Séc. XXI, mas não existem cálculos confiáveis para avaliar a magnitude desta extinção. Pouca dúvida existe de que a extinção está aumentando e que uma significativa perda da biodiversidade tropical irá ocorrer nas próximas décadas, considerando o presente aumento do desmatamento da Amazônia e Indonésia..Os biólogos ainda estão longe de produzir um

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inventário razoável da fauna e flora amazônica, como desconhecem o número de espécies endêmicas ou quantas podem ser encontradas em um hectare de floresta. Podemos assumir que mais espécies são extintas atualmente, do que novas espécies aparecem. Saber exatamente qual é a taxa de extinção, não é muito importante ´para estabelecer uma política de conservação da biodiversidade. Sabemos que 724 espécies foram reconhecidamente extintas desde 1600. Também é conhecido que, para todo o globo terrestre, 60 pássaros e mamíferos foram extintos entre 1900-50 sendo a taxa de extinção para estes dois grupos de uma extinção a cada 100 ou 1000 anos, enquanto pelos registros fósseis a média de vida de uma espécie é de um a 10 milhões de anos.

Quantificar a taxa de extinção de sps.na Amazônia em termos absolutos ou em relação à área desmatada é uma tarefa difícil. Quantas espécies endêmicas existem? Em que áreas? e quantas sps. endêmicas existem por um hectare de floresta? são números necessários para calcular a taxa de extinção em relação ao desmatamento.. Existe uma avaliação do número de indivíduos/Km² afetados pelo desmatamento, tabela 4, considerando que o endemismo é muito alto, nas plantas chega a 90%, infere-se que a perda de sps. é significativa. A Tabela 5 mostra uma avaliação dos autores da taxa de extinção na Amazônia, baseada em três avaliações prévias da porcentagem de espécies, extintas ao longo da década de 2000. para as florestais tropicais globais. Admitimos que: A área da bacia Amazônica é de 6.5 milhões de Km².; a área original do planeta coberta por florestas tropicais é de 15.5 km²-;Que o número das espécies presentes nas diversas florestas tropicais é comparável.

grupo indivíduos / km²

individuos afetados / desmatamento 2003-

2004 (26.130 km²)

fonte original

Árvores �10 cm dap 45 – 55 mil 1.175.850.000 Ter Steege,2003 1.658 – Gu. Fran. 43.000.000 Thiollay,1994 Aves 1.910 - Peru 50.000.000 Terborgh et. Al. 1990

Primatas 35-81 914.550 a 2.116.530 Peres e Dolman, 2000

Tabela 4 Indivíduos Afetados pelo Desmatamento Fonte Vieira, I. Cardoso da Silva, J.M. e Toledo, P.M.

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Estudo sobre a taxa de extinção de pássaros, residentes ou não, em fragmentos florestais na Amazônia mostram que o tempo que leva à extinção está correlacionado com a área do fragmento e para se diminuir por um fator de 10 a taxa d e extinção de um determinado fragmento é necessário aumentar sua área por um fator de 1000, ou seja fragmentos florestais com uma área de 100 h. perdem metade de suas espécies em � 15 anos, tempo curto demais para implementar sérias medidas de conservação (Ferraz, Russell, Stouffer, et. alli, 2003). Qualitativamente, os estudos do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais - PDBFF mostram que os efeitos da fragmentação sobre a Floresta Amazônica são responsáveis por : uma perda substancial de biomassa principalmente em função da elevada mortalidade de árvores, as árvores grandes são especialmente vulneráveis a fragmentação. A perda elevada de biomassa decorrente da alta mortalidade de árvores, não é compensada pelo aumento do crescimento de lianas e árvores pequenas. Esta perda pode ser uma fonte significativa de emissão de gases do efeito estufa. A fragmentação florestal leva a uma mudança substancial na composição florística, com espécies pioneiras se tornando mais abundantes, enquanto espécies típicas de floresta madura tendem a desaparecer. As respostas da fauna à fragmentação são variáveis: a riqueza de espécies de aves, primatas, morcegos e vários grupos de insetos diminui, enquanto que a de pequenos mamíferos, anfíbios e borboletas aumenta após o isolamento da floresta. Os efeitos de borda alteram os ambientes bióticos e abióticos. A mortalidade de árvores é sete vezes maior nos primeiros 60m da borda, o microlima se torna mais seco e quente, a composição de espécies das comunidades de invertebrados de liteira, besouros, borboletas, aves, pequenos mamíferos e morcegos muda consideravelmente.

BIODIVERSIDADE GOBAL 10 MILHÕES DE SPS. MÉTODO UTILISADO

% PERDA GLOBAL

P/ DÉCADA Perda Anual GLOBAL

20,000-30,000 0.2%-0,3% de taxa de extinção considerando que o desmatamento aumenta de 1% p/ano Wilson (1989, 1993)

2-3% AMAZÔNIA LEGAL

8.000 – 12.600

GLOBAL 8,000-52,000

2-13% de extinção entre 1990-2015 através da curva área espécie considerando que o desmatamento aumenta de 1% p/ano Reid (1992)

0.8-5.2% AMAZÔNIA LEGAL

3.360 – 21.840

GLOBAL 83,000 Extinção de metade das espécies na área que será desmatada até 2015 Raven (1988)

8.3% AMAZÔNIA LEGAL 34.000

A % de perda global foi obtida, por cada um dos autores, através da equação (S= K. AZ), relativa à curva área/sps. A taxa de extinção p/ amazônia foi calculada a partir do coeficiente 0,42 (Área da Bacia Amazônica Km2 ÷ Área Total Floresta Tropical Km2) multiplicado pelo número global de espécies.

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O isolamento também traz efeitos de segunda ordem, ao afetar processos ecológicos como a decomposição, a polinização e a dispersão de sementes

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J. Shepherd (Departamento de Botânica - Instituto de Biologia - UNICAMP). �� Perfil do conhecimento de biodiversidade em águas doces no Brasil, elaborado por

Odete Rocha (Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva - UFSCar). �� Avaliação do estado atual do conhecimento sobre a biodiversidade genética no

Brasil, elaborado por Louis Bernard Klaczko (Departamento de Genética e Evolução - Instituto de Biologia - UNICAMP).

�� Avaliação do estado atual do conhecimento sobre a diversidade microbiana no Brasil,

elaborado por Gilson P. Manfio (CPQBA - UNICAMP). �� Avaliação do estado do conhecimento da diversidade de invertebrados marinhos no

Brasil, elaborado por Alvaro E. Migotto (Centro de Biologia Marinha - USP) e Antonio C. Marques (Departamento de Zoologia - Instituto de Biociências - USP).

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elaborado por C. Roberto F. Brandão, Eliana M. Cancello e Christiane I. Yamamoto (Museu de Zoologia - USP).

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