internacional · 2012-05-16 · cbme envia ofício a deputados da comissão de turismo e desporto....

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Akiyo Noguchi

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GRAZIELA OLIVEIRA | RJ

Internacional

Cego no cume do AlpamayoErik Weihenmayer (touchthetop.com) re-centemente completou a primeiraascenção de um cego ao Alpamayo, umaimpressionante montanha nos Andes pe-ruanos, com 5947m pés. Weihenmayerescalou o amigo Eric Alexander e aindacom o guia peruano Rodrigo Callupe. Ao

invés de gastar tempo na aclimatação,os escaladores nos dirigimos imedia-tamente acima da montanha, a criaçãode campo de 18.200 pés. Weihenmayerjá tinha começado a sentir os efeitos daaltitude elevada (e água de gado conta-minado). A partir do impulso na cúpula01h30, a equipe entrei na neve fresca edepois de dez arremessos de escaladatécnica. Em aproximadamente 11 horas,os alpinistas chegaram ao topo e rapi-damente se virou para o acampamentoalto, onde Eric acordou com edema pul-monar por decorrência da altitude. A equi-pe desceu rapidamente a montanha,onde Eric foi atendido e se restabele-ceu.Weihenmayer, ficou cego aos 13 anos,escalou o Everest e El Capitan. Com-pletou ainda os Sete Cumes, e compe-tiu no Primal Quest, uma corrida de aven-tura notoriamente difícil. Com MarkWellman, o primeiro paraplégico a subirEl Cap, e Hugh Herr, amputado umaperna duas vezes e cientista de Harvard,fundou a “No Barriers”, sem fins lucrati-vos e com o objetivo de ajudar as pes-soas com deficiência alcançar seus ob-jetivos.

Copa do Mundo de Boulder 2010m Munique, Alemanha nos dias 30 e 31de julho ocorreu a final da Copa do Mun-do de Bouder da IFSC - Federação Inter-

nacional de Escalada Esportiva. No femi-nino, a austríaca Anna Stöhr deixou o títulopor uma agarra para a japonesa AkiyoNoguchi. Já no masculino, campeão deDificuldade em 2009, Adam Ondra foi ocampeão, seguido do austríaco KilinFischhuber.Veja como ficou a colocação final:Masculino1. Adam Ondra (CZE)2. Kilian Fischhuber (AUT)3. Tsukuru Hori (JPN)Feminino1. Akiyo Noguchi (JPN)2. Anna Stöhr (AUT)3. Chloé Graftiaux (BEL)Para maiores informações, acesse http://www.ifsc-climbing.org/

Duas mortes no Grand TetonDois mortos e mais de uma dezena de fe-ridos marcaram os últimos dias no Par-

que Nacional Grand Teton, no Wyoming,Estados Unidos, ao sul do YellowstoneNational Park. Na terça-feira, dia 03 de agos-to, a estudante da Universidade deMichigan, Jillian Drow, 21, caiu ao descer a3.902 metros. Equipes de resgate recupe-raram o corpo dela na quarta-feira, e aindanão estão claros sobre os detalhes sobresua morte.Horas mais tarde na quarta-feira, 04 deagosto, uma tempestade de relâmpagosforçaram um enorme resgate. O segundoacidente ocorreu quando OldenkampBrandon, 21, de Sanborn, Iowa, caiu du-rante a subida em razão de ter sido atingi-do por um raio. A tempestade provocou umaemergência envolvendo 83 pessoas traba-lhando para resgatar 16 alpinistas feridosantes de escurecer. Um porta-voz do hos-pital St. John’s, disse que três alpinistasali permaneceram quinta-feira, mas esta-vam em bom estado.

Erik no Everest

Silvério Nery no centro da mesa, com Walter Feldman à sua direita, e logo em seguida, Claudio Consolo da ABP.

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CBME combate emendas ao PL 7288/201

ASSESSORIA DE IMPRENSA FEMERJ

CBME envia ofício a deputados da Comissão de Turismo e Desporto. Emendassugeridas ao PL 7.288/10 tiram a autonomia dos esportes amadores.

A Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), que congrega asFederações de Montanhismo dos Estados e clubes de montanhismo do país, enviouem julho, um ofício ao deputado Walter Feldman, relator do Projeto de Lei (PL) nº.7.288/2010 e aos demais deputados que compõem a Comissão de Turismo e Des-porto. A CBME manifesta neste documento a rejeição às emendas sugeridas pelodeputado Marcelo Teixeira, as quais tiram a autonomia dos esportes amadores. AFederação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro (FEMERJ) também divulgouuma mensagem pela sua lista de discussão, que tem mais de mil pessoas inscritas,explicando este assunto e solicitando a quem for contra as emendas que envie men-sagem ao deputado Walter Feldman. ?Não concordamos com estas emendas e de-sejamos que o texto seja aprovado como saiu do Senado. Como diz a mensagem queestamos enviando aos deputados, entendemos que são as entidades esportivas asresponsáveis pelas técnicas, pela formação dos montanhistas e pela escolha dosequipamentos que utilizamos. No mundo inteiro é assim?, esclarece Bernardo Collares,presidente da FEMERJ e vice-presidente da CBME.

Este PL, do deputado Efraim Moraes (que inicialmente tinha o nº. 403/05), estabelecenormas para a prática de esportes radicais ou de aventura no país e foi aprovado noSenado Federal no dia 11 de maio de 2010 (http://www.camara.gov.br/sileg/MontarIntegra.asp?CodTeor=767003). No Artigo 1º, fica esclarecida a diferença entreesporte de aventura e esporte radical. As regras para a certificação da prestação deserviços e dos equipamentos utilizados nas duas modalidades, ficam a cargo daentidade da administração do desporto.

O texto do Projeto de Lei que saiu do Senado vai ao encontro do que determina aConstituição Brasileira de 1988, que em seu o artigo 217 proclamou a autonomia dasentidades desportivas quanto a sua organização e funcionamento. Em 1998, a LeiGeral do Desporto Brasileiro (Lei Pelé) reafirmou o princípio da libertação do desportoda tutela do Estado, isto é, atletas, entidades de prática desportiva e entidades deadministração do desporto são livres para organizar a sua administração e a atividadeprofissional de sua modalidade.

No dia 30 de junho deste ano, Silverio Nery, participou de uma audiência pública emBrasília, convidado pelo deputado Silvio Torres, na qual falou sobre o MontanhismoTradicional e sobre a nossa organização. “Tive a oportunidade de expor a posição daCBME, que foi objeto de muita atenção pelos presentes, em especial pelo deputadoWalter Feldman“ conta Silverio.Apesar da aprovação no Senado, o PL 7.288/2010, recebeu emendas do deputadoMarcelo Teixeira, as quais descaracterizam completamente o texto aprovado em maiode 2010. As emendas restringem a aplicabilidade da Lei às atividades praticadas forado âmbito comercial.No ofício, a CBME lembra o comportamento ético e ambientalmente consciente prati-cado pelos montanhistas filiados à Confederação. O Montanhismo é praticado noBrasil há quase um século. No livro “História do Montanhismo no Rio de Janeiro “ dosPrimórdios aos anos 1940“, de Waldecy Mathias Lucena, dois fatos são consideradosos marcos da atividade no país: a conquista do Dedo de Deus (montanha situada nacidade de Teresópolis - Parque Nacional da Serra dos Órgãos), em 1912, e a fundaçãodo primeiro clube de montanhismo da América Latina, o Centro Excursionista Brasilei-ro (CEB), em 1919.

Outras associações do segmento esportivo de aventura também estão enviando ma-nifestos ao relator do PL, deputado Walter Feldman, e mobilizando seus associadospara expressarem o seu descontentamento com as emendas apresentadas. CláudioConsolo, advogado especialista em Direito Esportivo, fundador, ex-presidente e atualadvogado da Associação Brasileira de Parapente-ABP, move ação judicial contra asregras da ABNT desde 2006. Nesta ação, além da ABP estão as entidades nacionaisdo Mergulho, Orientação e Para-quedismo que também não concordam com o quevem sendo feito com os esportes de aventura. Ele esclarece que todas elas estãomovimentando seus associados para pressionarem os deputados a não aceitaremas emendas ao Projeto de Lei, que na sua opinião nada mais são do que a tentativa delegalizar as distorções protagonizadas pelo Ministério do Turismo. Cláudio ainda aler-ta que se por falta de compreensão dos parlamentares estas emendas forem aprova-das e virarem Lei, ainda restará às entidades do segmento combatê-las através de

Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIN e ações judiciais ordinárias, pois eleentende que ferem de morte o “Princípio Constitucional da Autonomia da Administra-ção Esportiva e os ditames da Lei Geral do Desporto Brasileiro (Lei Pelé)?. “Masmelhor do que combater uma Lei viciada e enfrentar anos de luta no Poder Judiciárioé exigir que os Parlamentares produzam um texto de Lei adequado, coerente e querespeite os Princípios Constitucionais basilares que regem o esporte brasileiro”, con-clui Cláudio.

A CBME convoca todos os seus associados a enviarem uma mensagem ao deputadoWalter Feldman ([email protected]) se posicionando contra as emen-das apresentadas ao PL nº. 7288/2010, pelo deputado Marcelo Teixeira.

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on theesportiva

O segundo semestre de 2010 se inicia,eapós seis etapas já temos um novo cam-peão mundial de boulder, Adan Ondra. ACopa do Mundo de Dificuldade já deu alargada, a Copa do Mundo de Futebol aca-bou e, por incrível que pareça, aqui no Bra-sil aconteceu apenas um campeonato atéa presente data, será o ano recorde domínimo de competições realizadas? Ba-tam na madeira, por favor. Na verdade,bateram na porta do norte-americanoDaniel Woods, apelidado aqui no Brasilde Sr. Madeira, para que viesse ao Brasil,e foi por meio do ginásio Campo Base eda empresa North Face, que foi realizadauma das mais importantes competiçõesno país nos últimos anos.A verdade é que esta competição veio parasalvar o cenário, no momento exato ondetudo anda em banho-maria dentro da áreaesportiva, se comparado há anos anterio-res. Em sete meses, o North Face Opende Boulder se converteu em uma compe-tição que conseguiu reunir várias gera-ções, e em diferentes áreas de atuaçãodentro do mesmo evento e, de quebra, tra-zer nada menos do que um escalador quemelhor representa a modalidade no seunível máximo, Daniel Woods.Este jovem de recém cumpridos 21 anos,

encadenou praticamente todos osboulders mais difíceis até a ocasião, pos-sui uma visão futurista para projetos eboulders de extrema dificuldade, além dese tornar um competidor muito focado ecom um nível capaz de bater até os maisexperientes e já consagrados campeõesmundiais dentro do circuito internacional.Porém, a oportunidade de estar compe-tindo com competidores sul-americanos,onde travamos uma batalha a altura, comofoi em Pucón 2008 (Chile), onde o pódioseguiu com César Grosso em 1º, Belê em2º e Woods na 3ª posição, serviu de muitamotivação para que nos anos seguintesWoods enxergasse nossa escaladacomo um desafio sempre a ser batido que,por sua vez, realizou em 2009 e 2010; pormais que seu nível tenha se calibrado paraas competições fora dos EUA, osescaladores brasileiros lutaram até o últi-mo boulder, movimento e segundos decada problema, não deixando nada a de-sejar sobre o nível atual.A diferença, todo mundo já sabe eestamos cansados de escutar: patrocínio,estrutura, profissionalismo. Todos sãofatores determinantes para se chegar aotopo, mas Woods este ano chegou ao topode uma forma muito estratosférica, acaba

de mandar “The Game” proposta de V16,além de inúmeros V14s e afins, arreba-tou em 3 finais de semana seguidos decompetições, o “The Batlle in the Bubble”,uma competição acirrada nos EUA e, de

quebra, venceu com folga a etapa da Copado Mundo de Boulder dos EUA e no Brasilo The North Face Open de Boulder, emCuritiba.Como fui um dos route setters para estaetapa, nosso correspodente direto do EUA,Felipe Camargo, nos mantinha abasteci-do de informações sobre o “Sr. Madeira”nas competições e treinos semanais, paraa nossa dura missão de montar bouldersque atendessem todos os níveis, pois to-dos os grandes nomes da escalada naci-onal estariam em peso e com muita ganae nível para competir e, acima de tudo, ge-rar um grande espetáculo ao público pre-sente. Para esta missão, o repertório detodos os route setters foi colocado à pro-va: 3 dias de montagens, sistema de pon-tuação e detalhes deu tanto trabalho, quetudo foi concretizado poucos minutos an-tes do início da competição.

A CompetiçãoO sistema utilizado neste evento foi o defestival de boulder na primeira fase, ondetodos os níveis de escaladores seesbaldaram e deixaram as mãos verme-lhas “ao Sugo” de tanto escalar nas qua-tro horas de duração, definindo o pódiofeminino que teve como vencedora a

escaladora Thaís Makino, seguida de An-dréia Rissi e da americana e noiva deWoods, Courtney Sanders. E os 10 melho-res resultados no masculino disputariama grande final. Final esta, que foi emocio-nante a cada escalador, cada agarra e pú-blico, com a casa cheia vibrando, como hátempos não se via numa competição.Após três boulders, com 5 minutos de ten-tativas, intercalados com 5 minutos de des-canso, todos os 10 escaladores provaramas linhas da final e o resultado foi queWoods acabou levando a competição comdois boulders encadenados e tocando naúltima agarra do terceiro e último boulder,em um domínio mais típico da modalida-de, que foi isolado e testado de tênis pelomestre deste tipo de movimento, Flávio“Juquinha” Canteli. Cesinha finalizou a pro-va em uma disputa muito acirrada comWoods, com dois tops, porém, o segundoboulder, com duas tentativas. Em terceirofechou a prova Jean Ouriques, provando oalto nível da competição, que só se definiu

no último escalador no último boulder nosúltimos segundos da competição. Woodsvenceu, mas suas expressões de nervo-sismo só foram superadas somente pelaexcelente forma que se encontra atual-mente, resultado de dois meses dedica-dos somente a treinos em ginásio, emsessions de 6 a 8 horas diárias, 6 vezespor semana, abdicando até da escaladaem rocha. Forma física esta que pode sercomprovada após esta competição e emmais uma semana de boulders na rochaem Ubatuba e São Bento do Sapucaí.

Na rocha de UbatubaDesde que começamos a fundo com oboulder, principalmente em Ubatuba, quese converteu em um point-referência, aescalada nacional evoluiu e cresceu porconta própria, experiência própria e muitaintuição, desde começar a classificar em“V” até chegar a uma graduação equiva-lente com a modalidade mundial, massempre pairava no ar sobre a real classifi-

cação das linhas até então abertas portodo o Brasil, e apesar de muitos especia-listas em boulder frequentarem locais clás-sicos ao redor do mundo para se ter umparâmetro, nosso desejo sempre foi queum nome com uma bagagem alta pudes-se experimentar e classificar com exatidãoqual é o nível real que temos nas mãosatualmente. Eis que de quebra, não só con-seguimos esta personalidade, mas sim,alguém que se encontra no auge de suacarreira, e que tem em seu currículo maisboulders em várias partes do mundo, doque toda uma frota de carregadores da ro-doviária de São Paulo possa carregar.Comprovando 95% das graduações e ele-vando a graduação de linhas na casa doV4 até V7, o que nos leva a um certo confor-to por saber que não estamossupercotando as linhas.Em sua passagem por Ubatuba, ele sesurpreendeu com o point e com a qualida-de da rocha e dos boulders, e apesar deter feito muita força em algumas linhas,somente dois dias foram suficientes paraencadenar:· Os Bacanas SDS V13· Jericó V11/12· Carlinhos in the House V12 (a vista)· Mal do Nome V9· Mal do Sobrenome V10· Entre todos outros mais fáceis.O restante do tempo, Woods usou para nosmostrar seu segredo, 3 xícaras de café pelamanhã (não tão manhã assim), não co-mer nada durante o dia todo, a não serrocha e magnésio, e jantares recordes decomida ingerida.

São Bento do SapucaíEm São Bento, a grande expectativa eraobviamente “O dia Santo”, por uma sim-ples questão, ele curtiu demais o vídeo re-alizado pelo Carlos Eduardo “Dudu”, e seencantou pelo bloco e pela linha ainda nosEUA. Aquecido e com uma pequena plateiaassistindo e gravando, Woods já em suaprimeira tentativa cai no final, isola os mo-vimentos finais muito sólidos, passamagnésio e sem descansar entra de novo,mais uma queda no final, mais um poucode magnésio, sol do meio dia deixando ascondições escassas para a cadena, masem menos de 2 minutos ele já está na pa-rede do novo, desta vez para completar alinha, resumindo o que levamos mesespara conseguir encadenar, para 10 minu-tos e 3 tentativas, confirmando a gradua-ção dada por Felipinho de V13 e 4 estrelaspara o boulder. No mesmo dia, seguimospara o setor Bigode, onde a escalada seestendeu até a noite em uma motivação eenergia sem precedentes e sem descan-so, e o resultado foi:· The Power of Minduin V13 FA· Salinas V12· Glass Boy V11· Virilha Completa V10

· E outros...Dia seguinte, no setor Aranha 1, concreti-zou o “calibre 12” V11 ( que, lamentavel-mente, 3 semanas depois teve suas agar-ras arrancadas em um ato de vandalismoe covardia extremas sem precedentes naescalada nacional). Apesar de nossa in-sistência para que provasse alguns proje-tos, o tempo apertado para voltar ao aero-porto no horário e o dia anterior deram umacanseira no Sr. Madeira.Este foi um capítulo a parte que entrou paraa história do boulder no Brasil, motivadopelo fim das formalidades e pressão dascompetições, e afastado por dois mesesda rocha, Woods simplesmente nos deuuma aula de como se faz. Suas cadenas,além de rápidas ou a vista, demonstraramuma potência jamais vista por nenhumdos presentes até então, uma solidez ex-cepcional e, acima de tudo, o que maismarcou foi sua motivação pela escaladaem si, independentemente do grau ou lo-cal, focou nos boulders clássicos e dos“V”de altos dígitos, mas escalar um V2 ouum V13 para ele tinha o mesmo significa-do: o prazer pelo boulder em si, pela esca-lada. Sua beleza, formação e movimentoseram o que mais lhe satisfazia, se man-dasse ou não, também não fazia diferen-ça, sua motivação está além, curtir um diade escalada rodeado de amigos, boa co-mida e diversão nos mostrou uma sintoniae um balanço perfeito entre o compromis-so e o prazer constante, aumentado aindamais a motivação dos que estiveram comele nessa trip incrível.André “Belê” Berezoskiwww.bele.com.br

� Rafael Passos.�Pódio com Daniel Woods em primeiro lugar,Cesar Grosso em segundo, Jean Ouriques emterceiro e Rafael passos em quarto.� Jean Ouriques.

Daniel Woods

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Um novo pico de escalada no Vale do ParaíbaEsta matéria pretende apresentar ao leitor o mais recente local deprática de escalada esportiva em rocha do estado de São Paulo,a Falésia Paraíso, localizada em Pindamonhangaba, no vale doParaíba, próxima à rodovia Presidente Dutra, à aproximadamente150 km da capital, e também apresentar uma breve história envol-vendo a sua descoberta e conquista.Há cinco anos e meio, quando comecei a escalar, conheci afalésia do Zé vermelho e falei para um dos seus conquistadores,Paulo Menezes: “Paulão, isso aqui é o paraíso”. Ele profeticamen-te retrucou: “Não, o paraíso é outro lugar, perto daqui, você vaiver véio!” Não muito tempo depois, fui com ele e outros escalarnas rochas do seu Cota, de onde avistamos o que hoje chama-mos de falésia Paraíso, naquela época o acesso à ela era proi-bido, porém, já haviam sido conquistadas duas ou três vias antesda proibição.

As primeiras conquistas.Comecei escalar com o Fernando Barros, que sempre teve umaqueda por conquistar vias, esta sua característica despertou omesmo em mim, tendo sido intensificada depois que conheci Cláu-dio Medeiros e o Paulão. Com Fernando, sob a orientação domestre Marcelo Medeiros e Alexandre Conde, ex-aluno do EliseuFrechou, experientes escaladores e conquistadores, abri a pri-meira via de escalada (Hematófagos, VI+ com 25m, 13 Ps) naPedreira Itaguaçú em Aparecida, onde conquistei mais outrasquatro, adquirindo uma boa experiência. Cláudio e Paulão já erammuito mais experientes, basta citar que os dois praticamenteconquistaram todas as vias do Zé vermelho.

A primeira decepçãoQuando completei dois anos e meio de escalada, após ter visita-do uma falésia em Guaratinguetá (falésia dos Viciados), com apermissão de um de seus proprietários. Com Fernando, convideiPaulão e Cláudio para “enchermos” a falésia de vias esportivas eclássicas. Os dois toparam no ato e em pouco tempo eu, eles,Fernando, e outros colaboradores, usando talhadeiras manuaise grampos P de fabricação própria do grupo, conquistamos 15vias em aproximadamente 4 meses de árduo, porém divertido,trabalho. Havíamos combinado que liberaríamos a falésia ao pú-blico quando tivéssemos 20 vias prontas, cujos croquis seriamdisponibilizados juntamente com as regras de uso. Faltava finali-zar 3 e conquistar mais 5 vias, o que não demoraria muito, foiquando tivemos a nossa primeira grande decepção com esteesporte, o mesmo proprietário das terras, que antes nos houverapermitido, simplesmente chegou para nós em um dos dias em quesubiríamos com os equipamentos e disse: “Não queremos maisque vocês vão à pedra. Subam hoje, retirem seus pertences ejamais voltem.” Perguntei se nós ou algum outro escalador haviafeito alguma coisa que os proprietários considerassem errado.Ele disse que não, o problema era a nossa presença que assus-tava as vacas, e por isso não era para ninguém mais subir àfalésia. Fiquei muito deprimido e com raiva, mas a terra é deles eassim sendo,obedecemos. Tentamos várias vezes conversar,negociar etc, mas foi em vão. Nunca mais voltamos lá. Confessoter uma enorme vontade de voltar. Quem sabe um dia possamos!

A segunda decepçãoImediatamente, apontamos nossas talhadeiras para outra falésia,a falésia do Pesqueiro, que fica no Ribeirão Grande emPindamonhangaba, próximo à Paraíso. Infelizmente,alguns com-panheiros de conquistas não suportaram a dolorosa decepçãoda falésia anterior e desanimaram, mas eu, Paulão e Cláudiofomos conversar com a dona do pesqueiro de trutas do RibeirãoGrande, parente dos proprietários das terras onde está a falésia.Após fixar algumas restrições de uso, ela permitiu-nos fazer asconquistas, que iniciamos no final de 2009 animados com o apoioda sempre presente dona do pesqueiro, uma das regras erapedir permissão toda vez que subíssemos. Nesta etapa o RicardoReis e o Carlos Camilo juntaram-se a nós e com eles compramosuma furadeira de 36V, diga-se de passagem, muito boa, que foifundamental. Mal começamos a usar a furadeira e já estávamoscom umas 5 vias prontas quando então veio a segunda decep-ção. A dona do pesqueiro, proibiu-nos de continuar o trabalhoque antes era incentivado. Ela disse que era por motivos familia-res e seria apenas temporariamente, mas novamente para nóstudo ruiu.

Finalmente o ParaísoNaquele mesmo dia, que eu não estava presente, Cláudio e Paulãosubiram à falésia, retiraram todas as coisas e resolveram ir àParaíso, que até então estivera fechada por muito tempo. Eu nemsabia o que ocorrera, quando Paulão ligou, contou da proibição

do Pesqueiro e disse: “Essa última proibição foia melhor coisa que nos aconteceu, pois, lembrado Paraíso? Fui com Cláudio dar uma volta porlá, encontramos Marcão, dono da terra que dáo acesso, e ele disse que agora não está maisarrendada e está liberada, entramos no local epiramos.Prepare-se para conhecer a falésia quefaz juz ao nome.”Após ouvir o empolgado relato do Paulão toma-mos a decisão de investir lá, e no fim de sema-na seguinte, fomos com a furadeira, os Ps etc,iniciando um frenético trabalho, que nos fins desemana e feriados de 4 meses, deixou um sal-do de 30 vias que vão desde V à possíveis IXou X graus. Até agora são 32 vias e aproxima-damente 40% delas ainda estão sem cadena, ograu mais alto confirmado é um VIIIb, ou seja,sobraram só as cascas grossas, pois, as fá-ceis já foram encadenadas. As vias mais cur-tas medem 15 m e as mais altas 30 m, outrascaracterísticas interessantes são a quantidadede vias de grau VII sendo até agora 12, quase40%, e o fato de que a caminhada do estacio-namento até o local de escalada dura menos de15 minutos.

Os setores e as viasO primeiro setor em que investimos foi o setorVisual, que tem este nome por proporcionar umbelo visual de sua base. Neste setor,situam-seas vias mais curtas e as mais longas conquis-tadas até agora. Um destaque se dá para viasnomeadas em homenagem as “patroas” que es-tiveram no pico logo no início das conquistas,são elas: Denise em crise, Heloísa na brisa eRenata ingrata, as duas primeiras, as mais fá-ceis, V+, são as mais frequentadas. Outro des-taque é a via Chang Wei, nomeada assim emhomenagem à Chang, protagonista do triste fatoque todos conhecemos e comentávamos nodia em que conquistamos a via, é um dos mais

belos VI+ que já escalei, com um balcão fantás-tico no final, e vale a pena ser sempre repetido.O setor buracos recebe o nome por causa ób-via. Destaca-se uma linda via chamadaTiradentes, VIIb, que começa de forma técni-ca, passa por umas caverninhas contendoágua, por um tetinho onde está o crux que ter-mina em uma pinça que parece ser artificial.

O setor Cânion, nome também óbvio, possui atéagora as vias mais duras, suas raras “fáceis”já encadenadas são a Rolling Stones VIIb, viamuito técnica, e a Chaminé 4x4, outro belo VI+que rivaliza em beleza com a Chang Wei. Valeainda falar da via Bolacha Maria composta demuitas formas diferentes de agarras, partesnegativas, com pouco descanso, exigindo aomesmo tempo técnica e força.O setor Boas vindas, por estar na chegada,possui as primeiras vias conquistadas do picoantes das sua proibição: Marimbondos Defu-mados, VI+ mista, e a Cinturão galático V+ comesticão no final. Destacam-se neste setor duasvias, a Dá no ninho que trata-se de um VIIb deresistência. Seu início não é óbvio, tem um cruxcom regletes em um tetinho, finalizando em umasequência de regletes bons, mas que pegampelo cansaço, e a Aresta Arisca, graduada emVIIIa, constituindo de um pilar que se transfor-ma em um teto com boas agarras, porém commovimentos não óbvios que requer uma boaresistência.

Outros setoresExistem vários outros setores a serem explora-dos e que com certeza reservam muitas sur-presas agradáveis. Acreditamos que estafalésia tenha um potencial para comportar nomínimo 150 vias, restando-nos ainda muito tra-balho e investimento. A falésia possui setoresdistribuídos em terras com diferentes proprie-

tários, e isso reforça um dilema que nos as-sombra mais intensamente à medida em quetrabalhamos: Como garantir que tanto investi-mento e uma excelente opção de lazer para aacanhada comunidade de escaladores não sejamais uma vez fechada pelos proprietários? Àmedida em que conversávamos com o Marcãodurante as subidas e descidas à falésia, umapossível resposta a este dilema surgiu ao pro-pormos a ele que todos que lá fossem paraescalar deveriam pagar uma taxa diária, quefixamos em R$ 3,00. Inicialmente ele se recu-sou qualquer dinheiro, disse que era um prazerreceber-nos lá, mas insistimos, até que ele,sabendo que o Renato, zeloso dono da maioriadas terras onde se encontram os setores darocha, estava preocupado com a nossa pre-sença, resolveu oferecer-lhe a metade do quearrecadasse. Assim foi feito e ele nos comuni-cou que o vizinho ficou muito feliz ao receber,mesmo que fosse pouco dinheiro, e que agoranós éramos bem vindos por ele também. Assim,a solução do dilema está, em parte, garantir queos proprietários tenham algum ressarcimentoao aborrecimento que a nossa presença emsuas propriedades possa causar, e também,garantir que as regras de limpeza, respeito,segurança, silêncio, ética, etc sejam respeita-das no local. Nada mais justo. Claro que issonão garante que tenhamos para sempre a dis-ponibilidade do local, mas com certeza, minimizamuito a probabilidade de uma nova proibição.Talvez este seja o caminho para reabrirmos osoutros picos que foram fechados. Até agora osque foram lá contribuíram e fizeram com que acoisa começasse com o pé direito, tomara quecontinue assim.

Regras para uso da Falésia ParaísoSão as seguintes as regras negociadas com oproprietário.A manutenção e disponibilidade do

pico dependem do empenho da comunidade deescaladores em respeitá-las.1. Cada pessoa deverá pagar R$ 3,00 por dia.Se ninguém estiver na casa do sítio (casa doMarcão) jogar o dinheiro no vitrô da porta dacozinha. Não deixe de contribuir, pois corremoso risco de não poder mais escalar nesta falésia.2. Trazer de volta todo o lixo.3. É possível acampar mediante pagamento diá-rio de R$10,00 por pessoa. Reservar antecipa-damente por telefone (contatos abaixo).4. Proibido fazer fogueiras.5. Não deixar veículos na entrada do sítio. Paraacessar o estacionamento deve-se abrir atronqueira, passar a ponte e deixar o veículopróximo ao pé de Graviola (ao lado direito dasegunda tronqueira, fora da estradinha).6. Não fazer muita algazarra e nem assustar osanimais do sítio.7. Deixar as porteiras e/ou tronqueiras comoestavam ao chegar.8. Tente evitar, mas caso desejem fazer neces-sidades fisiológicas, enterrar os dejetos e papelhigiênico.9. Não mexer nos materiais que estão na falésia,pois estes pertencem aos conquistadores.10. Quando for embora, não deixe os cachorrosirem para a estrada.11. Proibido conquistas sem autorização do pro-prietário e conquistadores.12. Não levar animais.Mais informações:Croquis, fotos, mapas, localização no blog – http://falesiaparaiso.blogspot.com/Inácio – [email protected][email protected]áudio – [email protected][email protected][email protected] o telefone do proprietário através dos e-mails acima.

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�Fabiano Lopes na Ventania, 7c.�Felipe Guimarães na De ré para trás, 7a.�”Ligeirinho” Mastrocola trabalhando um V12no setor Guardião.

São Thomé das Letras é uma cidade

rodeada por pedras, aliás, um quartzito da

melhor qualidade, que leva o nome da ci-

dade à todos os cantos deste Brasil. Mas

não é pela mineração da pedra de São

Thomé que este município mineiro vem

sendo conhecido nos últimos três anos. É

pela escalada. Sim, o que era antes extra-

ído, agora vem se transformando em ri-

queza e atraindo gente do Brasil e exterior.

Logicamente que, em datas anteriores,

ocorreram algumas atividades relaciona-

das a escalada em nosso município, mas

tomamos como início da prática da esca-

lada em rocha na Serra das Letras, no ano

de 1998.

A partir de uma série de tentativas não

muito bem sucedidas de escalar certos

blocos, Cauê Bonfim Zago e Fabiano dos

Santos Lopes, sem conhecerem nada

sobre escalada, decidiram treinar em ou-

tras pedras mais fáceis a fim de adquirir

condicionamento físico para conseguirem

superar o que seria o primeiro dos proble-

mas para eles.

Daí em diante deu início a uma sucessão

de escaladas com abertura de rotas de 3º

a 5º grau em solo e por não conhecerem

as técnicas nem os equipamentos de se-

gurança e sem qualquer logística,muitas

vezes entravam em grandes roubadas.

Com o tempo Valdeci de Andrade entrou

para a turma, adquiriram alguns equipa-

mentos, aprenderam as técnicas de se-

gurança na escalada e desde então no-

vos boulders e novas vias são abertas

freqüentemente.

Novos temposContudo, percebemos dia após dia o

imenso potencial existente aqui em São

Thomé para a prática da Escalada em

Rocha. E foi justamente essa visão do

potencial inexplorado, que nos impulsio-

nou a trazer de alguma maneira, novos

escaladores para cá, e assim, com a tro-

ca de informações e idéias, transformar

nossa cidade em um novo point de refe-

rência no cenário nacional da escalada de

boulder.

O tempo passou, novos escaladores sur-

giram, muitos boulders e vias foram aber-

tas e o esporte começou a ser desenvolvi-

do de forma organizada. Hoje, em São

Thomé das Letras, já foram realizados 3

festivais de Boulder , tem mais de 250

boulders e aproximadamente 25 vias es-

portivas abertas e catalogadas.

O 3º Festival de Boulder, organizado pela

Primitivus Ecoaventura através dos

escaladores Pedro Flauzino e José

Roberto “Rato” Martins Jr., foi realizado nos

dias 7 e 8 de agosto de 2010, no Parque

Municipal Antônio Rosa e contou com a

participação de mais de 200 escaladores,

dentre eles alguns renomados como

Eliseu Frechou, Felipe Camargo (Pikuira)

e o norte americano Jon Cardwell.

O apoio da Prefeitura e o esforço dos

escaladores tem sido recompensado na

forma de uma crescente presença da co-

munidade ao evento, e pretendemos a

cada edição, fazer um encontro melhor

para que esta data se torne um dia de

reunião de escaladores que curtem a ale-

gria da escalada esportiva.

São Thomé das Letras está localizada no

sul de Minas Gerais e fica próxima da ci-

dade de Três Corações, perto também da

rod. Fernão Dias. Dista cerca de 355km

de São Paulo, 330km de Belo Horizonte e

460km do Rio de Janeiro.

A cidade possui uma grande rede hotelei-

ra e várias pousadas. Por ser uma cidade

turística, existe toda uma infra-estrutura

direcionada ao visitante, e que favorece

os escaladores, já que a maioria dos se-

tores de escalada está bem próximo do

centro, e pode ser acessado sem neces-

sidade de automóvel.

Traga seu crash pad, e se for fazer rotas

esportivas, não são necessárias muitas

costuras. Entre em contato conosco pelo

site www.primitivus.com.br e teremos o

maior prazer em informar a condição das

escaladas daqui.

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on the rocks

Brasileiro costuma ter complexo de inferiorida-de quando o assunto é montanhismo. Não é quenão temos montanhas, mas elas são “nanicas”quando comparadas aos Andes, ao Himalaia, oumesmo aos Alpes. É uma questão quantitativa,não qualitativa. Nossas montanhas carecem dealtitude, mas não carecem de qualidade. Nãoexiste montanha “melhor” ou “pior”, existe ape-nas a expectativa do montanhista. Expectativagera ansiedade, que por sua vez é prima-irmãda frustração. Quando conseguimos olhar amontanha como ela realmente é, limpa da nossaexpectativa, evitamos ansiedade e frustração edescobrimos que toda montanha é única. Todamontanha é incomparável.Eu me incluo na crítica. Desde que comecei apedalar por trilhas, em 95, sonho em realizargrandes aventuras de bike... Cruzar a Suíçapelos Alpes, percorrer a Carretera Austral naPatagônia chilena, fazer a Rota da Seda de Mar-co Polo, percorrer as Montanhas Rochosas nosEstados Unidos, etc. Demorou um tempo até euincluir roteiros nacionais na minha lista de dese-jos de aventura. Era como se o mundo fosserepleto de oportunidades e o Brasil, vazio.Em 2001 decidi pedalar de São Paulo a Petrópolisem uma tandem (bike dupla), com um amigo, car-regando nosso equipo de escalada em rochaem um trailer de bike acoplado à traseira damagrela. Partimos da Serra da Cantareira, nadivisa entre as cidades de São Paulo e Mairiporã.A idéia era escalar picos ao longo do caminho.Escalamos no Guaraiúva, subimos a via normaldo Baú, fizemos a Pedra do Picu e o mal temponos impediu de escalar o Dedo de Deus. Foram800 quilômetros de bike e conseguimos conectaras regiões das duas maiores metrópoles do paíspor estradas de terra. Fiquei enlouquecido coma região, quase toda na Serra da Mantiqueira.Acordei para as possibilidades do Brasil comodestino de aventura internacional. Nascia o em-brião da cicloMANTIQUEIRA.

Ano passado, 2009, depois de oito anos comoautor e editor de livros com roteiros de aventu-ra, retomei o projeto de criar um mega roteiro demountain bike brasileiro, capaz de concorrer empé de igualdade com os melhores percursos domundo. Nenhuma ousadia, eu sabia que havia opotencial. Quase um ano de trabalho e o resulta-do foi um livro com 1.168 quilômetros de trilhasminuciosamente mapeadas, conectando toda aSerra da Mantiqueira. Um roteiro circular eininterrupto de 30 dias de duração, desenhadona forma de quatro anéis interligados, com acidade de Extrema em uma ponta e o distrito deIbitipoca na outra. Como o circuito conecta cida-des, vilas e distritos, todos com alguma estrutu-ra de turismo, o aventureiro não precisa levarbarraca, saco de dormir, fogareiro e comida nabike – o que facilita muito e torna o percurso

mais acessível. O ciclista também pode optarpor fazer o roteiro em etapas, perfazendo umanel por vez se não tiver 30 dias disponíveispara pedalar.Quase não há asfalto no percurso, só para en-trar e sair de cidades maiores. As estradas deterra e trilhas estreitas (singletracks) que com-põem a cicloMANTIQUEIRA passam ao lado deícones naturais da região, como a Pedra do Baú,o Parque Nacional do Itatiaia, Agulhas Negras,Pico dos Marins, Pico do Itaguaré, Pico da Pedrada Mina, Pedra do Picu, Pedra Selada, a Cacho-eira da Fragária, o Pico do Papagaio, o ParqueEstadual de Ibitipoca, Cachoeira dos Pretos evários outros. Isso tudo faz dacicloMANTIQUERA o maior circuito de mountainbike do Brasil e um dos maiores e mais belos domundo.Fiz todo o mapeamento em mountain bike, umanel de cada vez, quase todo o tempo sozinho.

Dia 2No dia2 da cicloMANTIQUEIRA dormi em MonteVerde. Quando viajo de bike, levo tudo em umapequena mochila de 30 litros... Algumas ferra-mentas para consertar eventuais problemasmecânicos, uma muda de roupa reserva parausar fora da bike, meu kit de banheiro, um minikit de primeiros socorros, jaqueta impermeável,algumas barras de cereais, três litros de águaem um sistema de hidratação com mangueira,os mapas do trajeto, máquina fotográfica digitale GPS. Fazia bastante frio. Decidi comemorar oinício da aventura com um jantar regado a bomvinho tinto em uma excelente cantina italiana.Fui ao restaurante chique vestindo um calçalegging de nylon azul turquesa, uma camisetalaranja super fina em tecido sintético, meias gros-sas de trekking puxadas por cima da legging atéo meio da canela e um par de sandálias Crocstambém laranja. Para me proteger do frio euusava minha jaqueta impermeável de Gore Texazul marinho e um gorro de fleece ferrugem.Roupas técnicas de aventura, escolhidas pelapraticidade, leveza e eficiência. Preocupaçãozero com a moda. Eu parecia um alienígena nomeio dos demais clientes do restaurante – ca-sais passando um final de semana românticona montanha. A garçonete torceu o nariz quan-do me viu e acabou me instalando em um cantoescondido, para não espantar a freguesia. Masacho que diverti a platéia e devia ter cobradocouvert artístico.Depois de descer a montanha de Gonçalves aSão Bento do Sapucaí, no dia 4 da cicloMANTIQUEIRA, parei para dar um abraço noEliseu Frechou. Essa descida é uma das maisvertiginosas do circuito, daquelas de fritar aspastilhas dos freios. São 650 metros de desní-vel em menos de seis quilômetros, do Campes-tre ao Serrano. Eu vinha descendo a milhão,

derrapando nas curvas, esquiando sobre aspedras soltas, saltando valetas, sentindo o ven-to frio queimar meu rosto e mãos, cuidando paranão errar a linha de descida e virar carne moí-da, mas não conseguia deixar de olhar a Pedrado Baú no horizonte. Desse ângulo ela é umquadrado perfeito, uma coroa em cima da mon-tanha.O Eliseu não pedala. Ninguém é perfeito. Masele entendeu o conceito por trás do roteiro. Elemora na Mantiqueira e não precisa ser apre-sentado aos encantos naturais da região. Al-moçamos juntos e ele me entrevistou para seublog. Ele e eu fizemos a opção, anos atrás, detransformar nossas paixões pela aventura emprofissão e estilo de vida. O projeto de pedalartoda a Serra da Mantiqueira, ida e volta porcaminhos diferentes, soou para ele tão lógico epositivo quanto soa, para mim, encarar osparedões de granito de Cochamó, na Patagôniachilena.

Dia 11No dia 11 da cicloMANTIQUEIRA, de Itamonte aMaringá, distrito de Visconde Mauá, passei ho-ras empurrando a bike por um lamaçal. Umatrilha erodida, estreita, cavada por patas decavalos e pneus de motocicletas, incrustadana mata cerrada. Míseros cinco quilômetros queme custaram quase três horas de suor. Esse éo dia mais longo do circuito, com 91 quilôme-tros. Perto de anoitecer, decidi dividir o percur-so em dois dias e pernoitei à beira do RioAiuruoca, próximo de sua nascente em Itaiaia,em uma das várias pousadas no caminho. Dor-mi em uma cabana de madeira, com a lareiraacesa, numa enorme cama de casal com len-çóis impecáveis, ouvindo o barulho do rio. Eu eminha bike no quarto. Depois de um longo dia deesforço, esses pequenos luxos não têm preço.No mesmo trecho do roteiro, mas no dia seguin-te, parei em um boteco na minúscula Santo An-tônio. Fazia um calor infernal e era meio-dia.Pedi um Gatorade. Não tinha. Pedi água mineralcom gás. Não tinha. Sem gás? Nada. Pensei emtomar uma Coca-Cola, mas nem isso tinha. Inju-riado, perguntei se tinha cerveja e pinga. Ah,isso tinha! Para escolher! Nisso entra o bêbadolocal (toda cidadezinha assim tem um bêbadode plantão aos finais de semana), pede umapinga, mata o copo, pede outra, fala uma gros-seria para uma mendiga que entrou no bar parapedir esmola e puxa conversa comigo, a doispalmos de distância do meu nariz. Ele queriasaber quem eu era, da onde eu vinha, paraonde eu ia e, principalmente, quanto valia a mi-nha bike. Achei essa última pergunta particular-mente estranha. Eu já estava mal humorado pelafalta de opções de bebida e, confesso, tenhopreconceito contra bêbados inconvenientes.O cara era maior que eu, devia ter quase 1,90de altura e pesar uns cem quilos. Talvez porisso tanta inconveniência, ele devia se sentirinvencível. Normalmente sou calmo e pacífico,mas quando percebi minha resposta foi: “Nãote interessa quanto vale minha bike”, olhandofundo nos olhos mareados.O bêbado enrijeceu o corpo. Vi que ele tentavaavaliar a situação e decidir se pulava em cimade mim ou não. Ficamos alguns segundos nosolhando sem piscar. Finalmente ele se decidiu eoptou por simplesmente me xingar. Nada muitoofensivo, papo de bêbado. Eu continuava en-carando e esperando. Mais insultos e o bêbadosaiu do bar, entrou em um carro, ligou o motor esaiu cantando pneus. Na esquina ele fez umretorno e passou novamente na frente do bar,olhar fixo em mim.Alguns minutos depois, quando montei na bici-cleta para seguir viagem até Maringá, caiu aficha... O cara podia estar me esperando sairde bike para se vingar e me atropelar nas estra-das de terra desertas da região. Paranóia... Pe-dalei uns dez quilômetros olhando para trás acada cem metros, ouvidos atentos ao menorruído de motor. Fiz planos de emergência, ima-ginando como escapar do possível ataque... Eujogaria a bike e pularia a cerca de arame farpa-do na beira da estrada...

Obviamente nada aconteceu, o cara provavel-mente só mudou de bar e continuo bebendo eincomodando os outros o resto do dia. Essa é adiversão “normal” em boa parte do interior doBrasil.

No DIA 16 da cicloMANTIQUEIRA, quando che-guei a Conceição do Ibitipoca, já havia pedaladomais de 600 quilômetros e estava na extremida-de oposta do percurso. Foi engraçado, eu sabiaque daquele momento em diante eu estaria “vol-tando para casa”, que ali era a metade do per-curso, mas havia também a possibilidade de es-tender o roteiro e pedalar para leste ao invés devoltar para sudoeste, para São Paulo. Era comose o mundo fosse todo conectado por trilhas ebastaria eu seguir pedalando em uma direçãopara dar a volta no planeta. Quem pedala 600 kmtambém pedala 6.000 ou 60.000. Mas eu resisti àtentação, infelizmente.

Como fiz o mapeamento em etapas, cumprindoos percursos dos quatro anéis que compõem acicloMANTIQUEIRA, minha expedição demapeamento terminou em Aiuruoca, no DIA 20 docircuito. Acho que sou um cara escolado em bike,afinal tenho 10 livros publicados com roteiros demountain bike que, juntos, somam quase 6.000quilômetros de trilhas percorridas e mapeadasexclusivamente por mim. Também fui mensageirode bicicleta em Berlim, Alemanha, por um ano emeio, quando pedalava em média 100 km por dia,no inverno de 20 graus negativos e verão de 30positivos. Durante vários anos participei de com-petições duras de mountain bike, por terrenosdifíceis, dias a fio, inclusive em provas de Corri-da de Aventura virando a noite em cima da bike.Mas completar a cicloMANTIQUEIRA teve um pesoemocional extra e não contive as lágrimas. Sen-tei na padaria da praça da matriz, tomei umGatorade (dessa vez tinha) e comi meia dúzia depães de queijo enquanto as lágrimas escorriamno meu rosto. Para disfarçar eu não tirei os ócu-los escuros. Para dizer a verdade, acho que nemtirei o capacete... Ainda bem, assim ninguém mereconhece se eu voltar lá.

Espírito de aventuraMas duvido que alguém complete esse percursoe não se sinta emocionado. Trinta dias de pedal,1.168 quilômetros, três estados, dezenas demunicípios, milhares de metros subidos e desci-dos pelas montanhas da Mantiqueira acabam porcobrar sua taxa. É duro voltar para a rotina dacidade grande depois de ver tanta natureza, tan-ta beleza, tanta gente simpática e acolhedora,depois de vencer distâncias e obstáculos comnada mais que a força de seu corpo e sua von-tade. Tudo isso com a humildade e a simplicidadeque a bicicleta traz. Isso, para mim, é o espíritoda aventura, a alma do montanhismo. E paramanter as coisas no plano prático... Mais valeuma Mantiqueira à mão do que dois Andes voan-do!Está lançado o desafio, você encara essa expe-riência?

Guia de Trilhas cicloMANTIQUEIRAGuilherme CavallariKalapalo Editora - 2009128 páginas - R$ 39,00ISBN 9788588493063Mais informações e para adquirir o livro:www.kalapalo.com.br

Dedo de Deus

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montanhismo

Depois de seis anos, voltei à Tromba epude enfim conhecer o seu interior, prote-gido pelas duas paredes que formam esteimpressionante cenário rochoso. A Trom-ba é um conjunto de duas serras retilíneasque convergem num vértice desafiador, àsemelhança da proa de um navio. Embo-ra esteja na Chapada Diamantina, a Trom-ba quase não é até hoje visitada.

IntroduçãoMinha primeira experiência com a Trombaaconteceu em 2003, quando ia paraCatolés, na região da ChapadaDiamantina, para conhecer a Serra doBarbado, ponto culminante do Nordeste.Naquela ocasião, ela me pareceu a proarochosa de uma enorme embarcação sin-grando a caatinga em minha direção, comoescrevi então no MV.Nunca mais a esqueci e acabei voltandolá em 2009, com o propósito de vencer aparede e conhecer o seu interior. Mas fuiimpedido pelo mau tempo que a encobriacompletamente, de forma desanimadora.Agora, no verão de 2010, fui finalmentecapaz de realizar meu sonho, pelo menosem parte, como você saberá a seguir.

A TrombaMas, você perguntará, qual a razão de tan-to assombro por um relevo que sequer étão alto e que é tão pouco conhecido? Bem,a Tromba é uma formação diferente dequalquer outra da Chapada: é um grandeconjunto de duas serras que correm comoparedes retilíneas, convergindo num vérti-ce impressionante e ameaçador.A serra a oeste chama-se Cravada e a les-te, Tromba. São paredes escuras em

BELAS PEDRAS XXXVIII

A Trombada Chapada Diamantina

quartzito, cada qual com 20 a 25 km. Suascristas são onduladas, apresentando doispicos pontudos na região do vértice, sen-do o maior acima de 1.700m. A altitudemédia das cristas é da ordem de 1.600m,bem significativa para a região.Mas o que contém no seu interior este tri-ângulo de pedra? Você verá que dentro daTromba correm os chamados gerais,campos planos a 1.300m de altitude. Éneles que nasce o Rio de Contas, corren-do no sentido norte, antes de seguir rumoà sua foz em Itacaré, no distante litoralbaiano. Calculo que este imenso conjun-to tenha mais de 9 mil ha.São campos um tanto áridos, recobertosde gramíneas (em geral, o capim lance-ta), plenos de flores das mais variadascores e formas, em cujas encostas altasaparecem arbustos, como o alcaçuz e apimentinha, e mesmo árvores, como oingazeiro e o barbatimão. Apesar do as-pecto áspero e sofrido, contêm uma ex-traordinária diversidade de espécies ve-getais.

A Vila de PiatãA melhor vila para acessar a Tromba éPiatã, que fica num local sugestivo, no altode uma colina exposta aos ventos e raiosde um clima mutável. Piatã significa o can-to triste de uma ave infelizmente já extinta.A cidade é das mais tranqüilas que já co-nheci, apesar de sua população em tornode 20 mil habitantes.Ela está fora dos dois pólos da ChapadaDiamantina: de Lençóis dista algo menosde 200 km via Boninal e de Rio de Contas,pouco mais de 100 km via Abaíra. Talvezpor isto a Tromba seja tão pouco conheci-da. E, quem sabe, pelo frio que faz em

Piatã, considerada a cidade mais alta daBahia.

A Trilha do BoqueirãoExistem pelo menos dois caminhos parapenetrar no interior da Tromba, um pelochamado Boqueirão e outro pelo própriovértice (desconfio que haja um terceiropelo outro lado da Serra Cravada). Des-cendo o asfalto de Piatã, você deve rodarpor 6 km no rumo da Tromba, tomando adireita por mais 1 km. Neste ponto, vocêestará em frente a uma espécie de colona serra, conhecido como Boqueirão.Aqui começa uma suave trilha calçada empedras, que irá levá-lo aos gerais da Trom-ba. Ela passa pelos campos de cerradoralo da região, com vegetação de capim earbustos. Siga contornando e subindouma serrinha à sua esquerda. Após me-nos de 1½ horas você estará numa en-costa alta, cerca de 100 m acima dos ge-rais do Rio de Contas, que corre lá embaixo bem à sua frente.Deste ponto você pode divisar todo o es-plêndido vale no interior da Tromba. Estaé uma visão rara e emocionante, com umpacífico campo verde limitado no horizon-te pelos sinuosos perfis da região dosTrês Morros. Observe que à direita exis-tem algumas plantações – seu acessose dá por estrada que penetra na regiãopelo norte. Do local onde você está, serãomais 6 ou 7 km planos até a proa da Trom-ba, num percurso total de talvez 12 km.

A Trilha da ProaO outro caminho é pela vila de Ouro Ver-de, aonde você chegará saindo de Piatãna mesma direção anterior, apenas ro-dando um pouco mais. Ao longo do cami-

nho, você irá vendo a escura proa da Trom-ba, emergindo imponente e desafiadoraacima das colinas verdes que levam àparede.Será uma ascensão difícil, e por duas ra-zões. A mata é fechada e pouco trafegada,com árvores grandes e muita vegetaçãobaixa. Embora seu rumo seja óbvio, leva-rá 2 horas para que você possa chegar àparede. Além disto, a subida é por umaíngreme diagonal seguindo à direita, commais 2 horas de esforço, para vencer aascensão de pelo menos 400m.Esta é uma visão que não tive: descortinaros gerais pelo vértice de cima, num pano-rama triangular que se abre no sentido dohorizonte. Não pude subir a Tromba peloseu vértice e aqui fica a sugestão de vocêentrar pelo Boqueirão, acampar nos ge-rais e descer pela proa, numa travessiade dois dias e cerca de 20 km.

Os Três MorrosMais além, ao norte deste conjunto de ser-ras, existem as sugestivas formações dosTrês Morros e da Serra do Navio. São pa-redes muito bonitas em arenito estriado,recoberto por gramíneas. Você terá de ro-dar por carro uns 50 km ao todo, se quiserconhecê-las. Fico pensando que, juntocom a Tromba, elas poderiam integrar umbelo Parque, com uma área modesta deapenas 20 mil ha e um acesso relativa-mente fácil.Além de campos e morros, existem tam-bém cachoeiras, visitáveis por trilhas mo-deradas. São quedas razoavelmente pe-quenas, em paisagens rústicas e vegeta-ção de cerrado, como as Cachoeiras doCoxó e do Patrício. Na secura do relevoalto de Piatã, podem lhe trazer um des-canso refrescante.

Texto Alberto Ortenblad

As inscrições para a Mostra Competiti-va da 10ª Mostra Internacional de Fil-mes de Montanha, que ocorrerá de 21 a27 de outubro na capital carioca, vão até20 de agosto.Podem ser inscritos filmesdocumentário, animação, ficção ou ex-perimental em mídia digital, 16mm ou35mm, de curta ou média-metragem, li-gados à natureza, esportes ou culturade montanha.A escolha dos vencedores é realizadapor um júri formado por esportistas, fo-tógrafos e diretores previamente seleci-onados pela organização do festival.Além do troféu Corcovado, serão forne-cidos prêmios em dinheiro para o me-lhor filme e melhor diretor, eleitos pelojúri oficial.O regulamento e a ficha de inscrição po-dem ser acessados no site oficial:www.filmesdemontanha.com.br.

10ª Mostra Internacional de

Filmes de MontanhaA Mostra é o mais importante festivaldo segmento no Brasil. Além de exibirfilmes nacionais e estrangeiros, trazexposições de fotos, lançamento de li-vros e convidados nacionais para umdebate com o público. Os filmes inscritos e selecionados con-correrão a R$ 5.000,00 em prêmios eao troféu “Corcovado” nas seguintescategorias:

Melhor Filme – júri popular e oficialMelhor Diretor – júri oficialMelhor Fotografia – júri oficialMelhor Montagem – júri oficial

Este ano a Mostra de Filmes de Monta-nha faz 10 anos. “Para comemorar es-ses 10 anos de Filmes de Montanha,exibiremos pela primeira vez um longa-metragem em película. O filme é sobreo Reinhold Messner, o maior alpinista

As inscrições podem ser feitas gratuitamente no sitewww.filmesdemontanha.com.br até o dia 20 de agosto de 2010.

de todos os tempos. Fala sobre a suahistórica escalada junto com o irmão noNanga Parbat, montanha localizada noHimalaia.

10a Mostra Internacional de Filmes deMontanhaLocal: Rio de Janeiro, 21 a 27 de outu-bro de 2010 - Cinema OdeonSessões: 19h e 21h

AtividadesMostra Competitiva – Filmes nacionaisMostra Banff – Filmes estrangeirosMostra Alemã – Filme convidado: NangaParbat, de Joseph VilsmaierExposição fotográfica – CaminhoTeixeira em Cena, de Silvia Batalha eLuiz Paulo LeãoLançamento do Guia de Escalada daZona Sul e Ilhas Oceânicas, de AndréIlha e Kika Bradford

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publicações

Bendito seja o Google! Estava procurandoinformações sobre escalada na CostaAmalfitana, no sul da Itália, quando acheiuma verdadeira pérola histórica. Na ilhasde Capri e Anacapri podem-se encontrarcentenas de falésias e blocos com viasde III a VIII grau abertas desde o ano 1930.

Nesta busca esbarrei em uma deliciosahistória em Capri. Em meio ao mar de umazul inacreditável despontam dois enor-mes rochedos calcários chamados deFaraglioni (farolzões). São duas torres quelembram “Os dois Irmãos” de nossaFernando de Noronha, só que mais altose claros. O contraste da rocha branca so-bre o fundo azul é uma pintura que encan-ta poetas e amantes desde o século Vantes de Cristo.

Caros amigos: Contamos que a partir de julho será possível conseguir Vertical Argentina aqui no Brasil! Nossoamigo JL Hartmann “Chiquinho” se encarrega da sua venda e distribuição por todo o país.Começamos a editar Vertical no ano 2008 com a idéia de difundir os esportes de montanha e as possibilidadesdesta atividade no nosso país e no mundo como ferramenta para motivar os desportistas a novas aventuras ea difundir o que fazem. Escolhemos um formato de alta qualidade para dar mais valor às imagens e umdesenho moderno para facilitar sua leitura. A publicação é trimestral e cada número está focado em umaestação do ano.Depois de quase 20 anos na montanha e de haver consumido muitas revistas estrangeiras sentimos que erahora de fazer sair à luz uma boa revista de montanha que nos represente e mostre o que está acontecendoaqui no sul.Queremos agradecer especialmente a nossos colegas do Chile e do Brasil por nos motivar com seus respec-tivos projetos editoriais, às tentativas anteriores na Argentina para nos mostrar o caminho e a toda a comuni-dade escaladora que nos ajuda a seguir abrindo vias.Convidamos a todos a acompanhar nossas novidades em www.verticalargentina.com e a entrar em contatocom Loja Campo Base para conseguir a revista no Brasil:Loja Campo BaseR. Travessa da Lapa, 400 Curitiba, PRFone 41-3093-5093 - [email protected]úmero atual e anteriores custam R$20,00

Vertical Argentina disponível no Brasil

Uma fabulosa história da

escalada em Capri

No arquipélago de Capri vivem lagartoscoloridos que sempre atraíram os cien-tistas e colecionadores. Especialmen-te um tipo de dorso azul que ocorre ape-nas nestas duas rochas. O problemaera capturá-los porque estas rochassempre foram ameaçadoras e poucosse arriscavam a subi-las.

Até que ao final da Primeira Guerra umgrupo de alpinistas de Trento decidiuescalar os Faraglioni para capturar osfamosos lagartos azuis de Capri(podarci sicula coerulea). Pegaram umbarco e desembarcaram no Faraglionedo meio,equipados com toda tralha deescalada: pítons, martelos, grampos,cordas, cintas e tudo que se usava na-quela época.

Depois de duas horas de difícil escala-da nos 108 metros de rocha chegaramao cume, e o que encontraram? Michele,

um cientista biólogo, calmamente senta-do com alguns lagartos já capturados.Diante do susto, os escaladores trentinosdescobriram que Michele escalava commuita habilidade, usando apenas pés emãos, sem nenhum tipo de equipamen-to. Subia e descia com mais facilidade doque qualquer escalador da equipe.

Depois de presenteados com alguns doslagartos azuis, os escaladores trentinosvoltaram para o norte da Itália contando ahistória do que se imagina ser o primeiropraticante de escalada solo da história,muito antes de esta modalidade se tor-nar moda na Califórnia no ano 1980.

Mito, ou não, de fato temos que a escala-da em Capri é uma das mais belas domundo. Nestas duas rochas que são ocartão postal da região encontram-seuma dúzia de vias que variam de II a VIgraus, abertas a partir de 1926, segundo

o guia de escalada de autoria deFrancesco Del Franco, disponível nainternet.

GERALDO “TITE” SIMÕES | SP

Mountain Voices é um informativobimestral de circulação dirigida aoexcursionismo brasileiro e patrocinadopelos anunciantes. Seu objetivo é fomentara pratica deste esporte no Brasil, em suasvárias modalidades: montanhismo, escala-da e espeleologia. Reprodução somentecom autorização dos autores, e desde quecitada a fonte. Não temos matérias pagas.Frizamos que o excursionismo expõe o pra-ticante a riscos, inclusive de morte, que esteassume deliberadamente. O uso de equi-pamento de segurança, bem como o acom-panhamento de guia especializado, se faznecessário, porém não elimina totalmenteo risco de acidentes.Editores: Eliseu Frechou, Vitor B. FrechouArtur B. Frechou e Jorge B. Frechou.Contatos: Cx.Postal 28, São Bento doSapucaí, SP, cep 12490-000. E-mail:[email protected]. Web site:www.mountainvoices.com.br. Agradecemosa todos os colaboradores deste número:patrocinadores, assinantes, e todas as pes-soas que nos escreveram enviando artigos,criticas e apoio.

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Preços válidos até 30/12/2010.

( ) Assinatura Mountain Voices - R$ 25,00( ) Renovação assinatura - R$ 20,00( ) Assinatura 2 anos - R$ 40,00( ) Número atrasado do Mountain Voices - R$ 5,00 / exemplar( ) Livro Com Unhas e Dentes - Sérgio Beck - R$ 30,00( ) Manual de Escaladas da Pedra do Baú e Região - R$ 20,00( ) Manual de Escaladas de Itatiaia e Região - R$ 20,00( ) Manual de Escaladas da Serra do Cipó, Lapinha e Rod - R$ 20,00( ) DVD Terra de Gigantes - R$ 25,00( ) DVD Lobotomia 2 Pedra do Baú e Região - R$ 25,00( ) DVD Lobotomia 3 do PE ao RS - R$ 25,00( ) DVD The Movie 1 - Itatiaia - R$ 25,00( ) DVD Karma - R$ 25,00 Total ........................,00

115Capa: Cesar Grosso no Open deBoulder no ginásio Campo Base, Curitiba- PRFoto: Marcio Bruno Oliveira