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5FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

Editorial

“As matérias assinadas e os encartes comerciais são de única e exclusiva responsabilidade dos seus autores”.

Sede: St SHS Quadra 02, Bloco J - Sala 101 - Mezanino Hotel Bonaparte, Bairro: Asa Sul, Brasília - DFTelefax: (27) 3235-3035e-mail: [email protected] CNPJ 20.418.797/0001-59

REVISTA NACIONAL DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIAÓRGÃO OFICIAL DE DIVULGAÇÃO DA FENDELPOL

Periodicidade: Trimestral / Tiragem: 8.000 exemplaresEditor Responsável: Nelson HortzAssessoria e Marketing: Yuri Hortz Editado Por: RS Artes Gráfica Ltda ME - Rua Visconde de Itaúna, 2570 Lj - Paraíso - SG/RJFotolito e Impressão: RS Artes Gráfica Ltda METelefone: 21 2605-2245 / E-mail: [email protected]

José PauloPresidente do FENDEPOL

O Brasil avançou muito nas últimas duas décadas. O plano real estabilizou a economia

e com o crescimento econômico mundial passamos por um período excelente, com avanços sobretudo na área social. Os governos tiveram seus acertos e erros. Com o advento da recente crise político-econômica brasileira atravessamos um período de grande paralisia. Algo devia ser feito. A Operação Lava-Jato deu um empurrãozinho nos acontecimentos. Com o afastamento temporário da Presidente da República um novo governo se estabeleceu. O tom é de grandes mudanças. Com efeito, a incorporação do Ministérío da Previdência ao Ministério da Fazenda sinalizou qual o tratamento que o governo vai dar às questões previdenciárias. O Presidente Interino Michel Temer, em entrevista ao Fantástico, afirmou também que haverá uma profunda discussão do pacto federativo. O atual Ministro da Economia, Henrique Meirelles, pronunciou-se no sentido da necessidade de

renegociação das dívidas dos Estados, com estabelecimento de tetos para os inúmeros níveis de despesas (provavelmente salários), possibilidade de criação de novo tributo e aumento da idade mínima para a aposentadoria, com regra de transição para quem já está no mercado de trabalho. O Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ex-Secretário de Segurança do Estado de São Paulo, já se manifestou no sentido de conceder aos Estados e municípios determinadas competências constitucionais na seara da segurança pública. Esperamos que o equilíbrio das contas do nosso país não recaiam, mais uma vez, nas costas (e nos bolsos) dos trabalhadores. Além disso, a incapacidade dos governos na gestão da segurança pública sugere a necessidade de algumas mudanças, com a elaboração e implementação de projetos e ações que torne mais eficiente esse serviço essencial. Pulverizar atribuições constitucionais não será uma boa escolha, pois o Estado deve buscar a especialização na prestação dos seus serviços.

Expediente

6FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

Índice

06 FAEPOL: Novos projetos por mudanças na Segurança Pública

08 Terrorismo no Brasil: A segurança é coisa de todos

11 Dr. João Ricardo Moderno: Segurança Pública e os desafios de uma sociedade em guerra

13 Curso de Combate às Organizações Criminosas e aos Crimes contra Administração

17 Eleições para Chefe de Polícia Judiciária

19 Produção do Conhecimento

20 I e II Encontros Nacionais dos Delegados Discutem Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos

27 ENTREVISTA: José Paulo Pires Realiza um Balanço das Conquistas e Avanços da FENDEPOL

33 FENDEPOL no Congresso Nacional

36 FENDEPOL lança Pacto pela Moralidade, Legalidade e Cidadania: fim da corrupção e das usurpações

37 Objetivos do Pacto pela Moralidade, Legalidade e Cidadania

39 Aplicação do princípio da insignificância pelo Delegado de Polícia

40 Princípio do Delegado Natural

41 Prisão em Flagrante e as Excludentes de Ilicitude

43 Polícia Civil do Rio de Janeiro Inova com Central de Garantias

45 Entrevista com Carlos Eduardo Benito Jorge Presidente da ADEPOL-BR

47 Livro do Delegado Marques denuncia os abusos do Ministério Público

48 RJ: II Congresso Jurídico - Sindicato dos Delegados do RJ apoiou iniciativa

49 ES: Lei Complementar n.º 657/2012 do ES Estabelece Critérios Objetivos para Promoção dos Delegados de Polícia

50 PR: Atuação do Sidepol - PR estimula o combate à corrupção

51 MG: SINDEPOMINAS Realiza Campanha Inédita de Esclarecimento Sobre Papel do Delegado de Polícia

52 BA: Ilhéus e Itabuna recebem diretoria da ADPEB para reunião de alinhamento

53 AM: Escola Superior de Delegados de Polícia Judiciária do Estado do Amazonas lança Revista DELTAJURIS

54 MT: Delegados se reúnem em ato contra a corrupção e em apoio à Polícia Federal

55 GO: FENDEPOL: Um sonho Realizado

56 SE: Sindicato de SE Promove Curso de Investigação de Crimes Contra a Adm. Pública e Lavagem de Dinheiro

57 Parceria Selecon/Faepol promete inovações nos concursos públicos

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Diretoria Executiva

Presidente: José Paulo Pires (RJ)1º Vice-presidente: João Nazareno Nascimento Moraes (PA)2º Vice-presidente: Claudio Marques Rolin e Silva (PR)

Secretário Geral: Joaquim Filho Adorno Santos (GO)1º Secretário: Leonardo Affonso Dantas dos Santos (RJ)2º Secretário: Luiz Carlos Almeida (SP)Diretor de finanças: Ronaldo Cardoso Alves (MG)Vice-Diretor de Finanças: Rodrigo Mendes de Araújo (GO)Diretor para assuntos jurídicos: José Carlos Cruz (PR)Diretor para assuntos parlamentares: Edson José Pereira (MG)Diretor de Comunicação Social: George Henrique Melão Monteiro (SP)Diretor de Eventos: João de Lima Paiva (PA)Assessor Parlamentar Especial: Dr. Mozart FelixAssessor Jurídico Especial: Dr. Henrique Hoffmann Monteiro de Castro

Membros do Conselho Fiscal

Presidente: Ruchester Marreiros Barbosa (RJ)Membro Titular: Marco Antônio de Paula Assis (MG)Membro Titular: Tatiana Barbosa (GO)Suplente: Mozart Rocha Gonçalves (PR)Suplente: Ariovaldo Félix de Melo (SP)Suplente: Maria Jose Santa Maria Moraes (PA)

Diretoria

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FAEPOL

FAEPOL: Novos projetos por mudanças na Segurança Pública

Criada há 17 anos e com a missão de promover o conhecimento e oferecer soluções em segurança

pública, a Fundação de Apoio ao Ensino e Pesquisa da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Faepol) iniciou o ano de 2016 com novos projetos e parcerias, que prometem revolucionar o setor onde atua. Na ideia da Faepol, as ferramentas de capacitação e avaliação aparecem como soluções fundamentais para melhorar a segurança do país e até mesmo padronizá-la no âmbito nacional. Na lista dos projetos destacados pelo presidente da Faepol, Pablo Sartori, estão os cursos de capacitação, o que inclui os propostos pela

Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o financiamento de congressos e a realização dos concursos e dos cursos de formação, quando necessários, e em especial para as Guardas Municipais. Isso será possível por meio da parceria com o Instituto Nacional de Seleções e Concursos (Selecon), instituição sediada na cidade do Rio de Janeiro. Este último projeto, referente aos cursos de formação das Guardas Municipais do país, é um dos mais importantes nessa nova fase da Faepol. Hoje, essas instituições carecem de estrutura autônoma, principalmente na parte do treinamento. Por isso, a Faepol, junto com a Academia de Polícia Sylvio Terra do Rio (Acadepol), são aliadas.

“A Guarda Municipal tem grande importância no apoio ao combate e à Segurança Pública. Por isso, temos dado um enfoque especial no apoio ao treinamento dos guardas municipais de todo o Brasil. Nós, portanto, disponibilizamos para as Guardas, e isso tem sido um grande diferencial, a experiência da polícia mais antiga do Brasil, que atua há séculos numa cidade grande, com particularidades distintas (crime organizado e o fato de concentrar todas as unidades especiais em uma só)”, destacou o presidente da Faepol.

Além do curso, o concurso Indo além do treinamento, a Faepol fez uma parceria, em maio de 2016, com o Instituto Selecon. Esse foi um grande passo rumo à organização dos concursos públicos do país, na área de segurança. A ideia é unir a expertise da fundação, na capacitação, com a experiência do Selecon e de seus profissionais na organização das seleções. Pablo Sartori explicou que a parceria Faepol/Selecon trará ao mercado dos concursos públicos um diferencial necessário há anos: selecionar os mais capacitados e que tenham vocação para a carreira, seja ela da Polícia, Guarda Municipal ou Corpo de Bombeiros. “Com isso, o candidato aprovado não irá demorar a se adaptar à atividade. Para isso, as provas de conhecimentos já trarão um enfoque que ajudará na seleção dos profissionais

Pablo Sartori - Presidente da FAEPOL

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FAEPOL

mais qualificados. Assim, o número de pessoas que desistem ou fazem provas para outros concursos, por não se adaptarem, fica muito reduzido. Isso para o Estado é muito bom, porque ele investe nas pessoas certas. No caso das Guardas Municipais, como disse antes, há uma dificuldade referente à estrutura de treinamento. Nós, da Faepol, portanto, ampliamos a nossa atuação, sendo capazes de realizar o concurso e o curso de formação.” Outro projeto, este já em andamento, é o dos cursos de capacitação realizados pela Core e apoiados pela Faepol. Neles, os profissionais da área de segurança podem ampliar os conhecimentos sobre esquadrão antibomba, operações policiais, canis e setores aéreo e náutico, entre outros. Para essa capacitação, policiais se especializam em vários lugares do Brasil, e até mesmo no exterior, como por exemplo, na Espanha, Uruguai e Estados Unidos. “Eles fazem treinamentos para que, visando a melhorar a qualidade da segurança pública, tragam esse conhecimento para ser reproduzido aqui no Brasil.” Os cursos contam com mergulhadores policiais preparados, que possuem grande expertise no que fazem. Em relação ao setor aéreo, há treinamentos, desde o combate aéreo até o resgate em alto mar e combate a incêndios em helicópteros. “Levamos toda essa expertise quando vamos a outro estado apoiar outra unidade, seja das polícias Civil ou Militar e, principalmente, Guarda Municipal”, assinalou Pablo. Também constam na pauta da Faepol o apoio e financiamento

aos congressos, tendo por base a importância da troca de informações para o desenvolvimento da segurança pública do país. Anualmente, portanto, a fundação patrocina os encontros: “Já custeamos congressos para delegados e peritos no Rio e fora daqui. Temos a tradição de montar o congresso e trazer todos para cá. Caso o encontro seja fora do Rio, custeamos o apoio a ele. A importância dos congressos é ter a oportunidade de ouvir o que há de mais moderno e utilizado na polícia.”

Coordenação pedagógica é diferencial

Tendo a avaliação como um dos seus carros-chefes, a Faepol teve o maior cuidado para criar uma equipe responsável pela área pedagógica. Serão os profissionais desse setor, junto com os do Instituto Selecon, que ficarão responsáveis pela avaliação dos concursos organizados pela Faepol. Além disso, é responsabilidade exclusiva desse departamento os cursos de capacitação e de formação. Por isso, por mais de uma década, foram realizados estudos visando ao desenvolvimento da Coordenação Pedagógica. “Hoje, temos um cuidado excepcional, desde os psicólogos que trabalham com a gente até o preparador físico que nos ajuda a fazer os testes físicos. Ou seja, tudo deve ser pensado nos mínimos detalhes, porque, na verdade, essa avaliação precisa ser feita de um jeito que tenha resultados objetivos. É um trabalho, um estudo, um processo longo de erros e acertos que nos proporcionou a excelência de hoje. Os profissionais da área de pedagogia

trabalham nos cursos de seleção da Faepol e ajudam nos cursos de formação e aperfeiçoamento da Acadepol junto à Secretaria de Segurança Pública. Eles trabalham nisso há décadas, e nós aproveitamos esse material humano para a Faepol. Os nossos instrutores de tiro e do esquadrão antibomba são todos policiais técnicos que trabalham com isso e exercem essas atividades no dia a dia, sendo referência dentro das suas unidades. Nós captamos o que há de melhor na Polícia Civil, Militar e Guarda Municipal, e trazemos para dentro da Faepol.”

Faepol Social auxilia policiais

A atividade policial é reconhecidamente uma das profissões mais perigosas que existem. Por isso, em cumprimento ao que está previsto em seu estatuto, a Faepol atua na assistência social a policiais feridos em atividade. “O foco da Faepol Social, hoje, é o policial ferido que precisa de reabilitação ou cirurgia, por exemplo. Apoiamos 100% e custeamos tudo que o policial precisa para se recuperar e voltar à vida normal ou próximo disso”, explicou Pablo Sartori.O presidente da fundação encerra falando sobre as expectativas para o futuro, tendo em vista o crescimento da atuação da Faepol e o aumento das demandas. “Tenho esperança de que a Faepol consiga ajudar a segurança pública no nível nacional a dar um passo no sentido positivo. Vivemos problemas nacionais em saúde, educação e segurança pública, e tenho muita esperança, junto à Faepol, de ampliar esse projeto e chegar a uma excelência da segurança pública no Brasil inteiro”, afirmou.

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Terrorismo no Brasil:A segurança é coisa de todos

“As soon as possible, as complete as possible, as declassified as possible” (Bruce C. Swartz., United States of America Depute Assistant Attornee General, and the Department of Justice’s Counselor for International Affairs)

O conceito moderno e atual da segurança deve ser entendido como um todo integral, onde não

existem espaços intermitentes entre as estruturas nacionais encarregadas de velar pela segurança interior e a segurança exterior de um país. Nossa fortaleza reside em ter consciência da existência dos vasos comunicantes, que o fenômeno do terrorismo internacional de índole extremista religioso estabelece, e aproveita para atacar nosso modelo de convivência democrático. A fortaleza da segurança de um país depende das suas capacidades e do grau de consciência e identificação do povo com a necessidade da defesa do sistema de valores e interesses que configuram a sua sociedade. Este aspecto é chamado cultura de segurança e defesa, e em cada país depende das percepções que a cidadania tem sobre a sua segurança, riscos e ameaças que podem pô-la em perigo. Aliás, essas percepções estão profundamente condicionadas pelas experiências históricas de cada país.O fenômeno terrorista yihadista que nós estamos enfrentando

possui uma série de características que o fazem singular comparado a outros terrorismos, e podemos enunciá-las segundo o seguinte: Caráter indiscriminado dos atentados pelos alvos atacados; Caráter propagandístico das ações; Caráter genuíno no uso de elementos suicidas; Terrorismo

de caráter privado e individual no caso dos atores solitários; Caráter flexível das suas estruturas e sobre tudo, a habilidade para detectar as vulnerabilidades ou fraquezas nas estruturas de segurança. Devemos ter uma máxima frente ao terrorismo internacional de índole extremista religioso, neste caso, o

fenômeno do yihadismo, e o fato que para combatê-lo não cabe ter medo senão confiança na nossa democracia e nas ferramentas legais que nos oferece o Estado de Direito. O risco existe e a ameaça é muito real, porém devemos confiar em nossos esquemas de segurança e capacidades nacionais, sem despreciar nunca, a

cooperação internacional. Sem dúvida, o terrorismo yihadista nos ensina que não existe um só país no mundo que esteja livre da sua ameaça, nem sequer o Brasil, o qual poderia não ser considerado como alvo em si mesmo, mas sim um palco idôneo ao nível internacional para a manifestação do terrorismo yihadista, com motivo dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos na cidade do Rio de Janeiro nos próximos meses de agosto e setembro de este ano de 2016.

Os eventos esportivos próximos a celebrar-se no Rio de Janeiro principalmente, assim como em outras cidades do Brasil, representam o marco propício para a perpetração de atentados terroristas contra os interesses nacionais do Brasil, e sobretudo contra os interesses da comunidade internacional. Neste

Sem dúvida, o terrorismo yihadista nos ensina que não existe um só país no

mundo que esteja livre da sua ameaça,

nem sequero Brasil

Miguel Cañellas Vicens atua como Adido Policial na Conselheria de Interior da Baixada da Espanha no Brasil. É formado em Direito e especializado em investigação criminal e segurança pública e privada. Liderou diversas seções nacionais e internacionais de ações antiterrorismo, no País Vasco, Afeganistão e Líbano.

Terrorismo

11FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

sentido, devemos lembrar que os espaços de lazer e turismo ao nível internacional, se estão mostrando como um claro alvo terrorista nos últimos tempos (Ex. EEUU, Franca, Túnis, Egito, Tailândia, Turquia, Bélgica), e por isso, a elevada concentração de eventos esportivos, presença de atletas internacionais, afluência de turistas de todo o mundo nos Jogos Olímpicos no Brasil, podem ser alvo ou interesse dos simpatizantes e/ou membros de DAESH1, Al-Qaida ou indivíduos afins ao movimento internacional yihadista, para dar a conhecer sua determinação assassina e formas de expandir terror e medo ao nível global. A concentração massiva de pessoas na cidade do Rio de Janeiro deixa claro o fato de converter-se em alvo fácil e que, por definição, dispõe de um baixo nível de proteção. Por conseguinte, resulta fundamental entre outras medidas, o desenvolvimento de planos de formação e protocolos de atuação por parte das Instituições da Segurança Pública e Defesa Civil de Brasil, frente possíveis situações de colocação de explosivos,

tiroteios o captura de reféns em espaços públicos. Merece uma especial relevância, a existência de segurança privada terceirizada e forças policiais locais ou municipais, que possam enfrentar as primeiras atuações numa situação de crise, com antecedência à atuação e controle por parte dos corpos e forças de

segurança especiais antiterroristas. Mas o fator chave será a colaboração da cidadania desde o primeiro momento e isso vai depender da sua consciência da cultura de segurança. Consequentemente, é necessário destacar a necessidade estratégica de aperfeiçoar os instrumentos operativos internos e alcançar um grau de cooperação interagência

ótimo entre os atores institucionais da comunidade de inteligência e dos serviços policiais encarregados da luta antiterrorista de um país. A título de lições aprendidas dos atentados yihadistas de 11 de março de 2004 na Espanha, podemos agrupá-los em três áreas definidas, correspondentes ao âmbito político;

âmbito policial e de inteligência; e ao âmbito judicial. Primeiramente, existiu uma falta de previsão e uma subestimação dos riscos inerentes à conjuntura internacional referente ao movimento internacional da Yihad Global. De maneira que o Governo desestimou em certa medida a ameaça que representava para Espanha uma ação proveniente do terrorismo yihadista, como consequência

das últimas ações observadas nos atentados terroristas em outros países e em zonas de conflito armado, e que deviam haver posto em alerta as estruturas nacionais de segurança. Em segundo lugar, a falta de acerto na captação, análise e gestão da informação que tanto as Forças e Corpos de Segurança como os Serviços de Inteligência

12FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

iam acumulando nas suas respectivas agências e sedes, assim como a ausência de capacidade para superpor os fenômenos da criminalidade comum e o terrorismo, entre os que se evidenciaram vínculos inéditos até aquele momento. A terceira lição afetaria a possível falta de rigor quanto à observância judicial e policial com respeito a certos indivíduos que se encontravam submetidos a um controle por parte de ambas instâncias. Em referência ao âmbito judicial, vale a pena destacar a aprovação recente no Brasil do Projeto de Lei 2016/15, onde se define o crime de terrorismo, se contemplam os procedimentos processuais e de investigação para a repressão deste tipo de crime, e se reformula o conceito de organização terrorista no Brasil. Com a sanção presidencial desta lei, o Brasil deixa atrás o seu paradoxo conceitual com respeito ao terrorismo, devido ao fato do reconhecimento, adesão e ratificação de todos os Tratados e Convênios internacionais que supunham a condenação do terrorismo. Entretanto, no cenário nacional, existia uma indefinição

conceitual desde o âmbito político, entre a condenação do terrorismo e os atos de terrorismo, sendo entendido este aspecto de uma forma dissociada. Com a aprovação desta inédita legislação antiterrorista no país, se dota por vez primeira de um esquema legislativo específico ao ordenamento jurídico brasileiro que permite tipificar (caracterizar

e penalizar) como crime uma série de condutas criminosas associadas ao terrorismo, e com isso adequar internacionalmente a resposta policial e judicial do Brasil ao fenômeno do terrorismo internacional. Em qualquer caso,

a legislação antiterrorista num país, assim como a estruturação da resposta, tanto judicial como policial, está estabelecida de acordo com as peculiaridades de terrorismo histórico conhecido por esse país, de modo que qualquer legislação antiterrorista requer um tempo necessário para ser incorporada naturalmente como forma de resposta eficaz por um Estado de Direito frente ao fenômeno criminal do terrorismo.

Em referência ao âmbito da comunidade de inteligência é imprescindível a troca das informações e de inteligência obtida por parte do serviço de inteligência nacional com os serviços policiais antiterroristas de um país, para uma posterior e adequada neutralização

eficaz (policial) e completa (judicial) das tramas terroristas yihadistas que possam operar no interior das fronteiras do Brasil. Para finalizar esse artigo, não devemos esquecer que a Yihad Global tem como objetivo ferir a economia ocidental e fazer com que o terror domine a vida doméstica dos países que atinge. Em resumo, o Brasil enfrenta o seu maior desafio no âmbito da segurança com motivo da celebração dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro,

neste sentido, o DAESH através das redes sociais, já teria vertido ameaças terroristas em relação a sua intenção de irromper nas nossas vidas em ocasião desses próximos eventos esportivos mundiais.

TerrorísmoTerrorísmo

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O Prof. Dr. João Ricardo Moderno, Presidente da Academia Brasileira de Filosofia, e o Prof. Dr. Luiz Fux, Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o acadêmico Merval Pereira, ao receberem a Medalha de Direitos Humanos Austregésilo de Athayde, da B’nai B’rith, a mais antiga organização judaica das Américas em defesa dos Direitos Humanos, e filiada à ONU.

Segurança Pública e os desafios deuma sociedade em guerra

A Academia Brasileira de Filosofia tem uma responsabilidade sobre a pólis brasileira à imagem e semelhança dos fundadores do pensamento ocidental na Grécia. Os

filósofos não podem e não devem ficar indiferentes à segurança pública em um momento tão grave da vida nacional, e da situação gravíssima do Estado do Rio de Janeiro. É preciso recolocar o Estado do Rio de Janeiro nos trilhos da civilização brasileira, abandonando a máxima de “uma guerra sem fim”, título de uma novela da extinta TV Manchete.

Todos falam em “guerra civil”no Rio de Janeiro. Se fosse uma verdadeira guerra civil nós teríamos ganho há muito tempo, pois entraríamos com meios pesadíssimos de máquina de guerra, e não sobraria mais nenhum bandido solto. Não significa que não possamos um dia chegar lá, caso permaneça o populismo que impede que as autoridades policiais possam cumprir a Constituição Federal, o Código Penal e o Código de Processo Penal. É uma guerra assimétrica, onde os meios empregados pelos criminosos não podem ser utilizados pelas forças de segurança em um Estado Democrático de Direito.

João Ricardo Moderno - Presidente da Academia Brasileira de Filosofia. Doutor de Estado (Docteur d’État) em Filosofia - Letras e Ciências Humanas, pela

Universidade de Paris I - Panthéon - Sorbonne. Doutor Honoris Causa pela Universidade Soka, Tóquio, Japão. Professor do Departamento de Filosofia da

UERJ. Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa.

Artigo Dr. Moderno

14FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

O assédio moral de origem ideológica sobre todas as corporações policiais ao longo das décadas paralizou as iniciativas amparadas pelas próprias leis. Culpabilizar a polícia brasileira, e não o crime, tornou-se a maior arma de destruição em massa do mundo ocidental. O povo está sendo assassinado todos os dias, em conta-gotas diário. Enquanto enterramos os mortos no dia anterior, outras pessoas já estão sendo sacrificadas no holocausto tropical. E assim sucessivamente ao longo das semanas, dos meses, dos anos e das décadas. Segundo Werner Jaeger, em clássico livro Paideia. A formação do homem grego, ao comentar Isócrates, ele afirma: “O que importa verdadeiramente compreender é que as boas leis não são capazes por si mesmas de tornar melhores o Estado ou os cidadãos. Caso contrário, seria fácil infundir, com a letra da lei, o espírito de um Estado a todos os restantes. Na Grécia era frequente tirar assim normas da legislação de outros Estados. É à mesma elevada valoração dos bons princípios jurídicos que obedece a elaboração de leis por parte dos filósofos, seja para um determinado Estado, seja para melhorar os Estados em geral. Todavia, já em Platão víamos abrir caminho a consciência de que nada servem as leis, como tais, se o próprio espírito, o próprio ethos do Estado, não for bom; é que é o ethos específico de uma sociedade que determina a educação

dos cidadãos e forma o caráter de cada um à sua imagem e semelhança. O que importa, portanto, é infundir à polis um ethos bom e não dotá-la de um amontoado cada vez maior de leis especiais para cada setor da existência. Em Esparta, segundo ele, era excelente a disciplina dos cidadãos e, em contrapartida, muito restrito o número de leis escritas.” (São Paulo, Ed. Martins Fontes, p. 796). Aplicando à realidade brasileira, constatamos que o nosso ethos é muito ruim, patológico, apesar de termos leis

boas em muitos casos, mas não em todos. A segurança pública do Estado do Rio de Janeiro não pode esperar que o ethos da sociedade melhore para começar a agir dentro da lei, pois isso só tem levado à acumulação de cadáveres nas ruas, mas rigorosamente trabalhar para atacar os desvios operados pelo crime. Se moralmente somos uma sociedade deficiente, ainda nos resta a esperança de, ao permitirmos às forças policiais de trabalharem dentro da Constituição e das leis, darmos um choque no ethos podre para que todos acordem do entorpercimento coletivo a que fomos submetidos. Não há terceira via entre a barbárie e a civilização. As forças da polícia legal e lealmente comandadas serão capazes de corrigir o ethos transviado pela barbárie se todas as forças do Estado e da sociedade se unirem em torno de princípios universais sedimentados pela história da civilização.

Artigo Dr. Moderno

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Curso de Combate àsOrganizações Criminosas e aos

Crimes contra Administração

Fendepol qualifica mais de 400 delegados em todo o Brasil

Debate-se muito no Brasil quão maléfica é para a sociedade brasileira a atuação das organizações criminosas, sobretudo quando praticam crimes contra a administração

pública, desviando rios de dinheiro e corrompendo agentes públicos. Pensando nesse desafio, ou seja, combater a criminalidade organizada, a Federação Nacional dos Delegados de Polícia implementou em todo o Brasil o CURSO DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E AOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, projeto ousado, que tinha como objetivo principal qualificar centenas de Delegados de Polícia para o enfrentamento a esse evento criminológico.

“No final do ano de 2014, Dr. Rodolfo Laterza apresentou-me o projeto. Fiquei empolgadíssimo. Tinha clareza sobre a necessidade impostergável de levar esse curso para todos os Delegados de Polícia, diante das dificuldades de implementação pelas próprias instituições policiais estaduais”, afirmou o Presidente da FENDEPOL, Dr. José Paulo Pires. Idealizador e instrutor do curso, Dr. Rodolfo Laterza, Delegado de Polícia e Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Espírito Santo, foi o responsável por comandar, com uma equipe restrita, grandes operações de combate ao crime organizado no Espirito Santo, culminando com a prisão de quase uma centena de pessoas, além do indiciamento e investigação

Curso de Combate

Autoridades no Lançamento do Curso no Estado do Maranhão

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SINDEPOL”, contou o Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Amazonas, Dr. Rafael Costa e Silva. Em alguns Estados, o curso facilitou a atuação de Delegados de Polícia e já deu alguns frutos. Conforme informações de alguns dirigentes classistas, investigações complexas contra organizações criminosas foram iniciadas com a expertise adquirida no Curso. Por questões estratégicas, tais investigações não podem ser divulgadas. O curso prioriza a análise e conhecimento empíricos das nuances que envolvem uma investigação sobre ilícitos penais praticados por organizações criminosas e contra a administração pública. A análise da legislação especial que trata do assunto circunscreve-se apenas aos dispositivos essenciais para o entendimento da matéria. “O curso é empírico, não é teórico”, definiu Paulo Pires.

de diversas autoridades públicas, dentre prefeitos, deputados, membros do Ministério Público e outras pessoas ligadas à política local, desbaratando esquemas fraudulentos, cujas cifras ultrapassaram milhões de reais.Doze meses depois, o curso já havia sido ministrado em 08 (oito) Estados. Mais de quatrocentos Delegados de Polícia assistiram às aulas e foram qualificados para atuar nesse segmento. Sindicatos e associações dos Estados de Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Piauí e Paraná realizaram o curso em parceria com a Federação Nacional dos Delegados de Polícia. O primeiro curso foi ministrado no Estado de Amazonas, com a presença de várias autoridades locais. Sucesso absoluto, a repercussão foi enorme. “O sucesso do curso refletiu imediatamente com dezenas de mensagens pelas redes sociais parabenizando a iniciativa, além de e-mails encaminhados à caixa de entrada do

Curso de Combate

Curso de Combate às Organizações Criminosas em Piauí

Curso de Combate às Organizações Criminosas no Paraná

17FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

“O curso traz um renovo de ânimo profissional e a certeza de que a Autoridade Policial tem enorme

responsabilidade com a esperança de uma sociedade que tem nos seus anseios uma polícia com promoção de cidadania e que

não tenha argumentos temerosos para não enfrentar as investigações que vão

de encontro com os interesses de grandes organizações criminosas”.

Delegada de Polícia do Estado do Mato Grosso, Titular da Delegacia de Homicídios.

Curso de Combate às Organizações Criminosas no Paraná

Curso de Combate às Organizações Criminosas em Amazonas

Curso de Combate às Organizações Criminosas em Mato Grosso

Curso de Combate às Organizações Criminosas no Rio Grande do Norte

“Curso excelente, e aperfeiçoou ainda mais os delegados de Polícia

que buscam incessantemente combater as organizações criminosas que sangram

o erário público através da corrupção, facilitada pela ausência de autonomia das

Policiais Civis e Federal”

18FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

“Em tempos de mensalão, petrolão e tantas outras operações de combate à corrupção, o curso levado a cabo pela Fendepol, em parceria com a Adepol/MA, e sob a batuta do Dr Rodolfo Laterza mostrou-se de fundamental importância, seja no âmbito teórico seja

no aspecto pratico, para a formação do Delegado de Polícia no que tange ao enfrentamento das organizações criminosas que permeiam todas as instituições, todos os poderes e acabam por sangrar os cofres públicos e aniquilar a própria dignidade do cidadão. Tenho certeza que o curso trará novos ares para a Polícia do Maranhão, proporcionando assim uma investigação mais qualificada. Parabéns aos envolvidos nessa empreitada”

Curso de Combate

Cleopas Isaias Santos - ex-assessor jurídico da Delegacia Geral; mestre e doutorando em ciências criminais pela PUCRS; professor universitário; ex-presidente da Adepol/Ma.

Curso de Combate às Organizações Criminosas em Roraima

Curso de Combate às Organizações Criminosas em Sergipe

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Eleições para Chefe dePolícia Judiciária

FENDEPOL Fomentou Eleições em Vários Estados

No final do ano de 2014, um pouco antes das eleições gerais para Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores, Governadores e Presidente da República, a

Federação Nacional dos Delegados de Polícia lançou um audacioso projeto: realizar nos entes federativos eleições para Chefe de Polícia/Delegado Geral. Quatro anos antes, nas eleições de 2010, apenas três Estados realizaram eleições para o cargo máximo da instituição policial e em apenas um o Governador acatou a lista tríplice. Realizadas as eleições de 2014, oito Estados e o Distrito Federal realizaram as eleições, além da Polícia Federal. Luigi Ferrajoli, o pai do garantismo, já afirmou que a Polícia Judiciária deve ser dotada das mesmas garantias de independência que são asseguradas ao Poder Judiciário, necessidade de autonomia esta que também foi percebida pelo legislador ao editar a Lei 12.830/13. Considerando essas premissas, a FENDEPOL acreditou que as eleições para chefe de Polícia se qualifica

como um importante instrumento de fortalecimento do caráter republicano da Polícia Judiciária. Por meio desse mecanismo, o chefe de Polícia Judiciária é nomeado pelo chefe do Executivo dentre os indicados em lista tríplice, resultante de sufrágio pelos integrantes da carreira, para mandato de 2 anos, permitida a recondução. A sistemática não é inédita no ordenamento jurídico brasileiro, sendo utilizada com êxito para outras instituições jurídicas, tal qual o Ministério Público. Além de consistir em medida que valoriza uma das mais importantes carreiras jurídicas, a medida traduz um importante direito do cidadão, pois ingerências arbitrárias na Polícia Judiciária atentam contra o interesse público. Por isso mesmo o Supremo Tribunal Federal inclusive já se manifestou (ADI 3.062) entendendo perfeitamente possível que os Estados-Membros editem suas próprias regras acerca do método de escolha do Delegado Geral.

Eleições

Urna Eleitoral

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É preciso prestigiar a Federação no ângulo da descentralização do poder decisório, do Poder Administrativo, aqui, como fez a Constituição ao dizer que cabe aos Estados legislar concorrentemente sobre organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. E me parece que essa é uma regra de organização da polícia civil, prestigiando as carreiras, profissionalizando a carreira de delegado de polícia e, assim, estabelecendo um requisito de maior qualificação profissional para dirigir a polícia civil. Está coerente com a norma constitucional, está aqui expressamente a competência legislativa concorrente dos Estados. (Min. Ayres Britto). Tem-se uma disciplina elogiável, no que se homenageia, até em termo de legitimação do escolhido,

a própria carreira da polícia. (Min. Marco Aurélio). Já foram realizadas eleições para o posto superior nas Polícias Civis de diversos entes federativos, dentre eles Espírito Santo, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Rio de Janeiro, bem como na Polícia Federal. Alguns Estados receberam apoio operacional da FENDEPOL, inclusive com a cessão de um programa de eleições via internet. O arcabouço normativo em alguns Estados vem sendo atualizado para essa finalidade, podendo ser citada a Lei Complementar 407/10 do Estado do Mato Grosso e a Lei Complementar 270/04 do Estado do Rio Grande do Norte. A meta é realizar eleições para Delegado Geral/Chefe de Polícia e regulamentar o pleito em todos os entes federativos até o final de 2018. Com tal medida, apoiada pela FENDEPOL, quem ganha é a sociedade, que deseja uma Polícia Judiciária isenta e imparcial, formada por Delegados absolutamente independentes, o que inclui o chefe da Instituição, de modo a consolidar uma Polícia de Estado, e não de governo.

Eleição para Chefe de Polícia no RJ

Delegados do Piauí apurando votos

Eleições

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Produção do Conhecimento

A FENDEPOL não poupou esforços para incrementar a produção do conhecimento no âmbito da carreira de

Delegado de Polícia. Isso porque, além da atividade-fim representada pela investigação criminal, e da assessoria parlamentar para acompanhar projetos que refletem na classe, a atuação docente possui interesse estratégico essencial para a Polícia Judiciária. Para que a doutrina realize uma adequada interpretação das normas, permitindo que a jurisprudência siga o mesmo caminho, é necessário que os Delegados professores lecionem em pós-graduações, congressos, e escrevam artigos, livros e pareceres de qualidade, de modo a se tornarem referência doutrinária e canalizarem academicamente as pretensões da carreira. Forte em tais pressupostos, a FENDEPOL apoiou diversas iniciativas de produção de conhecimento. Foram confeccionados pareceres e notas técnicas, como o parecer de 80 laudas subscrito pelo Dr. Henrique Hoffmann rechaçando a investigação de crimes comuns pela Polícia Militar, que vem usurpando atribuições que não lhe foram outorgadas pela CF, bem como o

documento confeccionado pelos Drs. Henrique Hoffmann e Rodolfo Laterza em que evidenciaram a inconstitucionalidade do Projeto de Lei Complementar 34/2015 que pretende perigosamente delegar competência legislativa sobre processo penal aos

Estados-Membros e DF, o que criaria enorme instabilidade às Polícias Civis.Além desses pareceres, a FENDEPOL emitiu pareceres sobre a PEC 443/2009 (vinculação de subsídios

aos dos Ministros do STF), sobre o PCP 78/2015 (poder de requisição de advogado sobre a investigação PCP 78/2015), no processo em tramitação no TST, parecer do Ex-Ministro Pedro Paulo Manus, do Tribunal Superior do Trabalho, sobre categoria diferenciada dos Delegados de Polícia de Carreira, onde refuta a idéia de representação,

administrativa e judicial, pelos agentes de autoridade etc.

A FENDEPOL realizou também o I e o

II Encontro Nacional de Delegados de Polícia, em 2014 e 2015 respectivamente, em Foz do Iguaçu/PR, onde palestraram grandes nomes do Direito. Nesses

eventos foram elaborados mais de 40

enunciados para nortear a atividade da Autoridade de

Polícia Judiciária e proteger suas atribuições constitucionais.

Também apoiou a confecção de artigos doutrinários, que trataram de temas fundamentais para a atividade do Delegado de Polícia. Merece ser citada a criação da já nacionalmente conhecida coluna “Academia de Polícia” no principal portal jurídico do país, Consultor Jurídico, com a participação de 5 Delegados, dentre eles os drs. Ruchester Marreiros e Henrique Hoffmann. Nesse espaço se escreveu, dentre outros temas, sobre as funções e atribuições da Polícia

Produção do Conhecimento

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Civil, prerrogativas do Delegado de Polícia, autonomia da Polícia Judiciária e as principais novidades legislativas e jurisprudenciais. Exemplos da qualidade dessa produção de conhecimento pode ser conferida aqui mesmo nesta Revista, na seção destinada a artigos jurídicos, bem como no site da FENDEPOL - www.fendepol.com.br . Outras instituições, tais como Judiciário e Ministério Público, perceberam há mais tempo que a docência é o caminho onde são travadas importantes batalhas ideológicas e do qual é extraído o conhecimento a ser aplicado no dia-a-dia da atividade jurídica. Posicionamentos teratológicos e contra o interesse da sociedade, a exemplo dos que sustentam a

prescindibilidade do inquérito policial e do indiciamento, só podem ser eficazmente combatidos na academia.Exemplo nítido dessa constatação se extrai da recém lançada 6ª edição do Manual de Processo Penal do professor e magistrado André Nicolitt, na qual abandona entendimento anterior pela unidirecionalidade do IP e reconhece que não se destina apenas ao Ministério Público. O autor fundamenta sua mudança de posicionamento ao citar artigo do Dr. Henrique Hoffmann (“Missão da Polícia Judiciária é buscar a verdade e garantir direitos fundamentais”) no qual demonstra que o inquérito policial é mais do que preparatório, ostentando natureza preservadora. No Paraná a FENDEPOL,

junto ao SIDEPOL/PR, vem insistindo pela criação de um Núcleo de Apoio Jurídico, com o fim de incrementar ainda mais a qualidade do trabalho de cada Delegado de Polícia, promovendo estudos legislativos, doutrinários para auxiliar a costumeiramente assoberbada Autoridade de Polícia Judiciária. A iniciativa mais recente da FENDEPOL foi iniciar tratativas para firmar um termo de cooperação com a Academia Brasileira de Filosofia, Presidida pelo Doutor João Ricardo Moderno, cujo objetivo é fomentar mais ainda a produção de conhecimento, com a edição de material acadêmico, livros e realização de palestras, seminários, congressos etc, aproximando mais ainda os Delegados de Polícia do mundo acadêmico.

Realizado pela primeira vez em 2014, o Encontro Nacional de Delegados de Polícia sobre o Aperfeiçoamento

da Democracia e Direitos Humanos teve sua segunda edição em agosto de 2015, quando o tema do evento foi ‘Estratégias de Enfrentamento à Corrupção’. Nas duas ocasiões, o Encontro Nacional reuniu delegados de todo o Brasil em Foz do Iguaçu, no Paraná, No Hotel Bourbon, para a realização de homenagens, outorga de medalhas, palestras do setor e confraternização, a fim de promover a

I e II Encontros Nacionais dos Delegados Discutem Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos

Encontro de Delegados

Dirigentes da FENDEPOL e ADEPOL-BR

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Os Delegados de polícia e demais participantes, congregados para discutir neste eminente Encontro Nacional temas e questões inerentes à defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana e ao aperfeiçoamento da democracia como valor supremo do Estado de Direito em nosso país, decididos a fomentar e aplicar todos os fundamentos que balizam a atuação do Estado na persecução penal com total observância aos postulados que constituem o conjunto de garantias e direitos constitucionais do individuo sujeito a toda e qualquer investigação deflagrada pelas Polícias Judiciárias dos Estados e da União, subscrevem os enunciados elencados como diretrizes imprescindíveis à busca incessante de uma Polícia Judiciária independente e imparcial na República Federativa do Brasil:

Enunciado 1Somente a investigação criminal realizada por órgãos com atribuições previamente estabelecidas na Constituição da República deve ser validada e legitimada no âmbito do sistema processual penal do Brasil, devendo ser consideradas provas ilícitas todas as diligências investigatórias que violem a ordem constitucional.

Enunciado 2O inquérito policial e qualquer procedimento investigatório instaurado pelo Delegado de Polícia têm natureza imparcial

e garantista, devendo ser conduzidos em conformidade com os direitos humanos e garantias fundamentais do cidadão, com o objetivo precípuo de buscar a verdade processual.

Enunciado 3A legítima autoridade policial nas investigações conduzidas pelo Estado nas infrações penais comuns é o Delegado de Polícia devidamente investido em sua função, sendo ilegítimas quaisquer interpretações contrárias, que estendam o conceito de autoridade policial.

Enunciados do 1º Encontro dos Delegados de Polícia:

troca de experiências e estreitar os laços da categoria. O I Encontro Nacional contou com sete palestras. Realizado nos dias 28, 29 e 30 de novembro de 2014, com o tema ‘O Delegado de Polícia como garantidor da Verdade e dos Direitos Fundamentais’, o Ministro Marco Aurelio de Melo, do STF, e o Jornalista Domingos Meireles, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, estiveram presentes no evento e palestraram sobre direitos humanos e o papel da imprensa. Além disso, as entidades representativas reunidas aproveitaram a oportunidade para definir estratégias de ação concomitantes, bem como promover debates diversos. O Primeiro Encontro foi promovido pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (SIDEPOL), Federação Nacional dos Delegados de Polícia (FENDEPOL), Fundação de Apoio ao Ensino e Pesquisa da Polícia Civil (FAEPOL) e IPA Brasil (International Police Association). O II Encontro Nacional de Delegados de Polícia sobre Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos teve como tema Estratégias de Enfrentamento à Corrupção e ocorreu nos dias 6, 7, 8 e 9 de agosto, em Foz do Iguaçu (PR). O evento foi realizado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná, com o apoio da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil, Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol-PR), Fundação de Apoio

ao Ensino e Pesquisa da Polícia Civil (FAEPOL) e da (IPA Brasil – Seção 27. A programação do evento incluiu importantes palestras, como a do Adido da Embaixada da Espanha no Brasil, o Exmo. Sr. Miguel Canellas, que abordou o tema ‘Terrorismo do Brasil e no Mundo’. Também ocorreu a outorga de medalhas, momentos de confraternização entre os participantes e reunião entre as lideranças presentes, a fim do estabelecimento de estratégias conjuntas. Ambos os Encontros resultaram ainda na aprovação de Enunciados vocacionados às questões inerentes à defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana, buscando sincronizar a ação das Polícias Judiciárias dos Estados e da União e o Estado de Direito do nosso país.

Abaixo a Carta do Paraná:

Dirigentes da Fendepol com o Jornalista Domingos Meireles

Dirigentes da Fendepol com o Jornalista Domingos Meireles

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Dirigentes da FENDEPOL e ADEPOL-BR

Enunciado 4Os Delegados de Policia, como autoridade de garantias, devem ser os primeiros a dar efetividade aos mandamentos constitucionais, bem como as sentenças e suas interpretações e os relatórios proferidos, respectivamente, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgãos do sistema regional de proteção aos direitos humanos, complementado pelo mesmo sistema no âmbito global.

Enunciado 5Por ser a busca da verdade processual o objetivo único da investigação criminal, o Delegado de Polícia atenderá os requerimentos formulados pelo Advogado; Defensor Público; investigado ou seu representante legal; vítima ou seu representante legal, sendo válido o indeferimento somente por decisão fundamentada.

Enunciado 6Devem ser obedecidas sem exceções as normas constitucionais que estabelecem a separação rigorosa entre as atividades de Polícia preventiva e Polícia investigativa.

Enunciado 7As Delegacias de Polícia devem ser autênticos centros de promoção e defesa da cidadania e dos direitos humanos fundamentais, sendo dever de todos exigir que estas unidades sejam estruturadas e readequadas para atendimento de excelência ao cidadão.

Enunciado 8Devem ser repelidas, denunciadas e apuradas todas as ilegalidades praticadas por órgãos públicos nas atividades de persecução penal e nas diligências policiais, principalmente os casos de usurpações de atribuições e abusos praticados em detrimento da ordem constitucional e dos direitos humanos fundamentais.

Enunciado 9Qualquer ilegalidade ou usurpação nas atividades de persecução penal por parte de alguma autoridade ou agente público no Brasil deverá ser denunciada com máxima celeridade à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Enunciado 10Toda e qualquer ação policial deve ser realizada com estrita observância aos direitos e garantias constitucionais bem como às normas de segurança dos policiais e das pessoas envolvidas ou que estejam nas proximidades do palco de

operações, e somente será admitido o uso da força de forma progressiva, como último recurso.

Enunciado 11As Polícias Judiciárias devem ser valorizadas, consideradas e interpretadas harmonicamente em suas atribuições como instituições protetoras da sociedade e dos direitos humanos fundamentais.

Enunciado 12A condução coercitiva ou não de qualquer pessoa deve ser apresentada imediatamente ao Delegado de Polícia lotado na unidade da polícia judiciária com atribuição com a máxima celeridade, conforme artigo 7.5 da Convenção Americana de Direitos Humanos, cujo retardamento injustificado implicará em responsabilidade administrativa e criminal.

Enunciado 13Toda viatura policial deverá ser dotada de equipamento de captação de imagens, áudio, e indicadores de rotas, de forma evitar abusos contra os cidadãos bem como acusações infundadas contra os agentes policiais.

Enunciado 14As Polícias Judiciárias deverão propor alterações na legislação para eliminar os foros por prerrogativa de função e qualquer forma de tratamento diferenciado por se tratar de verdadeiras fontes de impunidade. As autoridades devem ser verdadeiros exemplos no meio social e não devem dispor de nenhum mecanismo legal que os diferenciem do cidadão comum.

Enunciado 15Todo indivíduo deve ser investigado com imparcialidade e isonomia pelas Polícias Judiciárias, devendo-se propor medidas para eliminar do ordenamento jurídico qualquer norma que estabeleçam privilégios invocados como prerrogativa de cargo ou função que impeçam ou criem embaraços às atividades do Estado na investigação.

Encontro de Delegados

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Enunciados do 2º Encontro dos Delegados de Polícia:

Enunciado 1O poder geral de cautela administrativo do Delegado de Polícia encontra-se em consonância com os postulados da reserva relativa de jurisdição e da dignidade da pessoa humana, sendo consectário lógico do sistema acusatório e da busca da verdade.

Enunciado 2A Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e a Guarda Municipal não possuem autorização constitucional para lavrar termo circunstanciado de ocorrência, criar cartórios de investigação de crimes comuns, conduzir civis a destacamentos militares, tipificar condutas em Boletim

de Ocorrência, apurar crimes não militares pela P2, lavrar flagrantes de crime comum de homicídio praticado por militar contra civil, representar ou executar autonomamente busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica ou qualquer outra medida cautelar, sob pena de ilicitude das provas, violação ao princípio da eficiência, condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, além de responsabilização pessoal por improbidade administrativa e crimes de usurpação de função pública e abuso de autoridade.

Enunciado 3O Delegado de Polícia é a autoridade que exerce a

Enunciado 16A criminalidade deve ser rigorosamente investigada e combatida em todos os níveis, sem qualquer seletividade de pessoas ou crimes por perfil social, político ou econômico.

Enunciado 17Propor a todos os fóruns e entidades internacionais meios e discussões que obriguem a República Federativa do Brasil a priorizar a apuração de quaisquer casos de graves violações aos direitos humanos e desvios de recursos públicos no Estado Brasileiro.

Enunciado 18A exposição da imagem de qualquer pessoa detida ou retida pelas Forças de Segurança só é legítima se houver justificado interesse público, por decisão fundamentada nos autos.

Enunciado 19A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia e as Polícias Judiciárias deverão propor medidas de aprimoramento para promover a efetiva segurança de pessoas em estado de vulnerabilidade em virtude da profissão ou condição pessoal.

Enunciado 20 Os Delegados de Polícia, considerando o ideal de irmandade e colaboração entre todos os integrantes das Polícias Judiciárias dos diversos países, deverão acompanhar, propor ou implementar medidas que auxiliem as autoridades na solução de ilícitos penais praticados no exterior contra cidadãos brasileiros.

Enunciado 21É dever de todo Delegado de Polícia o efetivo exercício da liderança, devendo promover por todos os meios o relacionamento harmônico e respeitoso entre os demais integrantes das Polícias Judiciárias e das demais Instituições que englobam as Forças de Segurança e o sistema de persecução criminal.

Enunciado 22A súmula vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal institui a defesa na investigação criminal, cuja efetividade implica em intimar o imputado a se pronunciar sobre os elementos informativos antes do relatório final ou decisão de indiciamento, ressalvados os casos de urgência ou de perigo concreto à eficácia da investigação.

Encontro de Delegados

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presidência exclusiva do procedimento policial, seja inquérito policial, termo circunstanciado de ocorrência ou outro procedimento investigatório, de maneira discricionária e segundo seu livre convencimento técnico-jurídico.

Enunciado 4O Delegado de Polícia goza dos predicados da independência funcional e inviolabilidade de suas decisões fundamentadas confeccionadas no bojo da investigação criminal, que devem ser documentadas para possibilitar controle interno e externo, não respondendo por crime ou infração disciplinar em razão de suas deliberações motivadas.

Enunciado 5O Delegado de Polícia, que integra carreira jurídica, age stricto sensu em nome do Estado, sendo o primeiro garantidor da legalidade e da justiça.

Enunciado 6Consiste em atribuição exclusiva do Delegado de Polícia a decisão sobre a lavratura ou não de auto de prisão ou apreensão em flagrante, através de análise técnico-jurídica do fato, não se sujeitando a requisição de qualquer autoridade ou órgão.

Enunciado 7O Delegado de Polícia pode reconhecer a existência de causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade e deixar de lavrar auto de prisão ou apreensão em flagrante, sem prejuízo da instauração de investigação policial e do controle interno e externo.

Enunciado 8O Delegado de Polícia pode aplicar o princípio da insignificância e deixar de lavrar auto de prisão ou apreensão em flagrante, sem prejuízo da instauração de investigação policial e do controle interno e externo.

Enunciado 9A decisão de indiciamento ou desindiciamento insere-se no plexo de atribuições exclusivas do Delegado de Polícia, não sujeitando a requisição de qualquer autoridade ou órgão.

Enunciado 10O controle externo da atividade policial incide sobre a atividade-fim da Polícia Judiciária, a saber, a investigação criminal, não abrangendo as atividades-meio consistentes nas tarefas policiais administrativas.

Enunciado 11O Delegado de Polícia pode determinar todas as providências necessárias à elucidação de um delito, incluindo-se a condução coercitiva de pessoas para prestar esclarecimentos, ainda que sem mandado judicial ou estado de flagrância.

Enunciado 12Caso o perito destinatário de requisição do Delegado de Polícia não encaminhe o laudo pericial no prazo de 10 dias, deve requerer fundamentadamente dilação de prazo, a ser deferida pela Autoridade de Polícia Judiciária apenas em casos excepcionais, sob pena de responsabilização criminal do perito recalcitrante.

Enunciado 13O poder requisitório do Delegado de Polícia abarca o prontuário médico que interesse à investigação policial, não

Dirigentes da Fendepol com o Ministro do STF Marco Aurelio de Melo

Encontro de Delegados

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estando albergado por cláusula de reserva de jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob pena de responsabilização criminal.

Enunciado 14O poder requisitório do Delegado de Polícia, que abrange informações, documentos e dados que interessem à investigação policial, não esbarra em cláusula de reserva de jurisdição, sendo dever do destinatário atender à ordem no prazo fixado, sob pena de responsabilização criminal.

Enunciado 15Em razão da inamovibilidade do Delegado de Polícia, sua remoção somente ocorrerá por ato fundamentado no interesse público que indique concretamente as circunstâncias fáticas justificadoras, não sendo suficientes ilações, meras referências a dispositivos legais ou utilização de termos genéricos.

Enunciado 16O Delegado de Polícia não é obrigado a atender requisições ministeriais de instauração de inquérito policial ou de diligências que não se revistam de legalidade ou que não indiquem elementos mínimos.

Enunciado 17O Delegado de Polícia não está obrigado a instaurar inquérito policial se entender que lhe falta justa causa, podendo determinar a verificação de procedência das informações mediante decisão fundamentada.

Enunciado 18É poder-dever do Delegado de Polícia dispensar a fiança que houver arbitrado, mediante decisão fundamentada, no caso de preso pobre.

Enunciado 19É ínsito ao feixe de atribuições decisórias do delegado de polícia e imbuído da qualidade técnico jurídica dos fundamentos de uma carreira exclusiva de Estado a declaração de invalidação de norma jurídica que afronte as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e as interpretações por esta realizada nos casos contenciosos e nas opiniões consultivas, exercendo controle de convencionalidade.

Enunciado 20A lei 12.830/13 é norma materialmente constitucional por garantir ao investigado o instituto do delegado natural, necessário à democraticidade do sistema, assim como os postulados do juiz natural, do promotor natural e do defensor natural.

Enunciado 21A avocação de qualquer procedimento investigatório presidido por Delegado de Polícia viola frontalmente o princípio do delegado natural, quando desprovida de motivação que tenha como parâmetro as razões explícitas que motivariam o interesse público, bem como os motivos da inobservância dos procedimentos previstos em regulamento, que tenham prejudicado a eficácia da investigação.

JUSTIFICATIVAS

Confira o material completo, com as respectivas justificativas (copie e cole o link no navegador):https://drive.google.com/file/d/0B_jqxGV4jAYrNnhnSVRyWWI5NWc/view?usp=sharing

Dirigentes da Federação na Abertura do Evento

Encontro de Delegados

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Delegados e convidados no salão de eventos do II Encontro NacionalDelegados e convidados no salão de eventos do I Encontro Nacional

Abertura do II Encontro

Dr. Rodolfo Laterza PalestrandoDr. José Paulo Palestrando

Palestra do Jornalista Domingos Meirelles

Ministro Marcos Aurélio do STF com o Presidente da FENDEPOL

Patrocinadores do Encontro

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Matéria da Capa

José Paulo Pires Realiza um Balanço das Conquistas e Avanços da FENDEPOL

O Presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia, José Paulo Pires, foi eleito em junho de 2013. Ex-Presidente e Diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia

do Estado do Rio de Janeiro, consagrou no sindicato, com sua diretoria, uma atuação marcante ao insistir em dar autonomia e independência à instituição classista, além de reestruturar um sindicato sem expressão. Vedada a sua licença sindical, foi removido várias vezes para delegacias longínquas por conta da sua atuação. Na sua gestão, aumentou em quase 500% o número de filiados, a receita mensal de R$ 4.500,00 passou a R$ 500.000,00 ao ano (1000% de aumento), comprou uma sede própria, reestruturou a Fundação de Apoio, Ensino e Pesquisa da polícia civil (FAEPOL) e, principalmente, protagonizou

com a sua diretoria movimentos que fortaleceram política e financeiramente a carreira dos Delegados de Polícia no RJ. Na FENDEPOL prosseguiu o seu trabalho. Legitimou a Federação em todas as instituições nacionais. Dedicou-se a fortalecer a produção de conhecimento, filiou quatorze sindicatos, com quase oito mil Delegados de Polícia. Trabalhou incessantemente para a aprovação de proposições legislativas, como a Lei n.º 12.830/13, Lei n.º 12.850/13, PEC 443/09, dentre outras. Lançou o Pacto pela Moralidade, o Curso de Combate às Organizações Criminosas, o Grupo de Trabalho de Prerrogativas e Vantagens e a Comissão pra Sugestões ao Código de Processo Penal. A entrevista a seguir detalha os principais momentos dessa jornada.

Entrevista

José Paulo Pires na Audiência Pública sobre o Ciclo Completo na ALERJ

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Servidores que possuem o foro por

prerrogativa de função e ainda a vitaliciedade

transformam-se em agentes públicos quase

que impuníveis. Se esses mesmos agentes só puderem

ser denunciados e punidos por seus próprios pares, aí

meu Deus, virarão servidores absolutamente

impuníveis.

Entrevista

1) Como o Senhor avalia esses três anos de existência da FENDEPOL?

JOSE PAULO PIRES: No início foi muito difícil. Criamos a FENDEPOL em junho de 2013 e a receita mensal inicial não ultrapassava R$7.000,00. Éramos apenas SEIS sindicatos. Estabelecemos imediatamente quatro missões fundamentais: 1) Organizar Nacionalmente as entidades sindicais; 2) Produzir Conhecimento e Criar uma doutrina; 3) Elaborar e implementar estratégias de atuação no Congresso Nacional; 4) Elaborar e implementar estratégias de Defesa e de Fortalecimento da Carreira. Acredito que avançamos muito em todos os pontos.

2) O Senhor poderia detalhar as ações e projetos desenvolvidos pela FENDEPOL para cumprir aquelas quatro missões?

JOSE PAULO PIRES: Resumidamente, hoje, com muito esforço e trabalho, conseguimos filiar QUATORZE sindicatos à FENDEPOL (PR, MG, SP, RJ, ES, BA, SE, PI, PA, AM, RR, RO, TO e GO). Passo seguinte será criarmos sindicatos em todos os Estados, federações e confederação. Com relação à segunda missão, grandes Juristas-Delegados colaboradores da FENDEPOL elaboraram muitos artigos jurídicos, pareceres, notas técnicas, enunciados etc. Incentivamos obras jurídicas. Os enunciados do I E II ENCONTROS NACIONAIS DOS DELEGADOS DE POLÍCIA SOBRE APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS foram um divisor de águas no que diz respeito a criação de doutrina.

3) E a terceira missão, houve avanços?

JOSE PAULO PIRES: Sim, No Congresso Nacional atuamos em parceria com a ADEPOL-BR, co-irmã da FENDEPOL, com experiência parlamentar de décadas. A FENDEPOL, com sua capilaridade, articula apoio dos parlamentares às muitas proposições legislativas que tramitam nas duas Casas. O Presidente da ADEPOL-BR, Dr.Carlos Eduardo Benito Jorge, conhecido carinhosamente como DUDU, coordena o trabalho.

4) Quais são os projetos estratégicos de defesa e fortalecimento da carreira?

JOSE PAULO PIRES: Todos querem ser Delegados de Polícia. Querem as atribuições da Polícia Civil e Federal. Realizam de forma deficiente as suas atribuições e não possuem nenhuma qualificação para realizar as nossas. Esse trabalho de defesa requereu e requer muito esforço e dedicação diária de todos. Inicialmente, criamos o projeto PACTO PELA

MORALIDADE, LEGALIDADE E CIDADANIA. Detalhamos esse projeto em outra matéria nessa revista. O trabalho no Congresso Nacional, nos órgãos federais e na mídia complementam esse trabalho. Criamos, dentro da FENDEPOL, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, o Grupo de Trabalho para Avaliação e Divulgação de Prerrogativas e Vantagens e a Comissão de Análise e Proposição de Sugestões do Código de Processo Penal. Por fim, o CURSO DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA foi elaborado e implementado em oito Estados. Esse curso qualificou mais de quatrocentos Delegados de Polícia para atuarem nesse segmento.

5) Como o Senhor vê a Polícia Judiciária?

JOSE PAULO PIRES: A atribuição constitucional da Polícia Judiciária de apurar as infrações penais e sua autoria consagrou a sua posição de instituição cuja atividade deve pautar-se pela imparcialidade, sempre buscando a verdade dos fatos. Na prática, significa dizer que as delegacias de polícia são verdadeiros centros de promoção da cidadania, defensoras incondicionais dos Direitos Humanos e dos direitos fundamentais do cidadão. Esse gigantesco passo, ou seja, de realizar uma atividade imparcial, afastada da acusação e da defesa, já está consagrado nas entranhas da polícia judiciária,

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mas a sociedade ainda não foi informada sobre essa não tão recente mudança. Falta divulgação. Com relação ao aspecto negativo, posso dizer que a Polícia Judiciária ainda sofre interferências políticas. Merece, pois, mais autonomia administrativa e financeira.

6) Mas como a polícia judiciária ( Polícia Civil e Polícia Federal) consegue ser imparcial se sofre interferências políticas?

JOSE PAULO PIRES: Quando não sofre interferências políticas sua atividade é imparcial. Vide as interferências explícitas, conforme notícias dos jornais, do Ex-Ministro da Justiça na PF e do Procurador Geral da República em impedir que a PF realize delações premiadas. Em outros países esses dois agentes públicos seriam afastados. Por isso a necessidade da autonomia administrativo-financeira para as policiais judiciárias.

7) Então o Senhor entende que o Delegado de Polícia também deve ter as garantias constitucionais da inamovibilidade, da vitaliciedade e da irredutibilidade de salários e a prerrogativa de foro para preservar a sua imparcialidade?

JOSE PAULO PIRES: Não. Sei que essa resposta é altamente polêmica, mas vou enfrentá-la. Delegado de Polícia deve ter apenas a garantia da inamovibilidade. Servidores que possuem o foro por prerrogativa de função e ainda a vitaliciedade transformam-se em agentes públicos quase que impuníveis. Se esses mesmos agentes só puderem ser denunciados e punidos por seus próprios pares, aí meu Deus, virarão servidores absolutamente impuníveis. Servidores Públicos devem servir a sociedade e não serem servidos por ela. Deve existir sempre intenso controle recíproco entre os órgãos e Poderes, caso contrário ocorrerão abusos, corrupção, chantagens etc.

8) Mas Delegados de Polícia já possuem ainamovibilidade, não?

JOSSE PAULO PIRES: A Lei 12.830/13 consagra a inamovibilidade dos Delegados de Polícia, mas esse direito não é respeitado em quase todos os Estados. Ignoram-na, seja porque a lei devia ser mais expressa, seja porque aqueles responsáveis em aplicá-la usam as remoções como instrumento de poder. Lamentável. A solução será uma alteração na lei. Já elaboramos uma minuta de projeto nesse sentido.

9) Fale um pouco sobre os ENCONTROS NACIONAIS DOS DELEGADOS DE POLÍCIA SOBRE O APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA E

DIREITOS HUMANOS realizados pela FENDEPOL.

JOSE PAULO PIRES: Esse projeto nasceu da necessidade de divulgarmos o novo modelo de persecução criminal estabelecido pela Constituição da República de 1988 e o novo papel do Delegado de Polícia. O Delegado de Polícia tem a atribuição de concretizar os ditames constitucionais concernentes aos direitos fundamentais dos cidadãos. Para isso deve valer-se da hermenêutica constitucional, consagrando, como norma superior, a Constituição Federal. Os enunciados retratam exatamente isso: os Delegados de Polícia devem atuar e interpretar toda a legislação infraconstitucional sob a égide da Carta Magna e dos acordos e tratados internacionais, em consonância com o respeito aos direitos humanos. É uma nova doutrina. Em cada ENCONTRO NACIONAL elaboramos vários enunciados que consolidam esse modelo pós 1988. Fizemos uma matéria específica sobre os ENCONTROS NACIONAIS nesta REVISTA.

10) Qual o objetivo do CURSO DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E AOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?

JOSE PAULO PIRES: O curso foi elaborado pelo próximo Presidente da FENDEPOL, Dr. Rodolfo Queiroz Laterza, que tomará posse no dia 08/06/2016. Quando ele apresentou o projeto fiquei fascinado. Levamos o curso para oito Estados. Foram qualificados mais de quatrocentos Delegados de Polícia. Anos atrás li um livro chamado ACIONISTAS DO NADA – Quem são os traficantes de drogas, do Delegado de Polícia Orlando Zacone. Nesse livro ele trata da chamada “seletividade punitiva”. O Estado escolhe a quem punir. Sempre acreditei que a Polícia Civil deveria redirecionar parte da sua estrutura no combate às organizações criminosas e aos crimes contra a administração. A sociedade está exigindo essa postura de todos nós. Por isso criamos o CURSO DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. A PCivil já é “expert” na apuração de dezenas de tipos de crimes, como homicídios, roubos, seqüestros, crimes que incidem a lei Maria da Penha, crimes contra a liberdade sexual etc. Falta-nos intensificar a apuração desses dois segmentos de crimes, ou

Entrevista

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Com receita limitada, os Estados devem

pautar suas ações em projetos que aumentem a produtividade e diminuam

consideravelmente as despesas. Na seara

específica da persecução criminal, os mecanismos

existentes de pronto atendimento à população e prevenção são

essenciais e já existem grandes progressos...

seja, aqueles praticados por organizações criminosas e os crimes contra a administração pública. Somos ainda muito tímidos nesses dois segmentos, mas estamos melhorando. Desejamos levar esse curso para todos os Estados.

11) Quais foram os momentos mais felizes e tristes durante a sua gestão?

JOSE PAULO PIRES: A rejeição da PEC 37 foi o momento mais cruel. Lembro-me que estávamos eu e mais três Delegados de Polícia na Câmara dos Deputados. Houve reunião dos líderes. De repente, sorrateiramente, o então Presidente da Câmara anunciou a inclusão da PEC 37 na pauta. Corremos freneticamente para convencermos os líderes para manterem as suas posições. Nada podiam fazer. Eu havia conversado durante os seis meses anteriores com todos os Deputados Federais do RJ, menos o Deputado Romário, ou seja, 45 dos 46 Deputados. Os dirigentes de outros Estados foram perseverantes e conversaram nos meses anteriores com quase todos os Deputados Federais do país. Mas a articulação do MP, Presidente da Câmara dos Deputados e parcela da mídia foi eficente. A sociedade nem sabia o que era a PEC 37. Usaram o povo. Interesses escusos e corporativistas se sobreporam aos interesses da sociedade. Horas depois, a proposição legislativa foi à votação e fora rejeitada. Saí do Salão Verde em direção à porta do plenário Ulisses Guimarães e encontrei ao menos dez Procuradores Gerais e alguns

Deputados. Alguns me conheciam. Vi o semblante deles de “vocês se ferraram”. Olhei os rostos dos meus colegas Delegados: pura decepção. Foi intenso. Fiquei muito feliz em vários momentos. Na aprovação da Lei n.º 12.830/13. Na votação da PEC 443/09 na CCJ. Na realização dos ENCONTROS NACIONAIS e no CURSO DE COMBATE. Nas amizades sinceras que colhi nesse período.

12) Quais são as suas expectativas para o Brasil?

JOSE PAULO PIRES: Em relação ao aspecto interno, não acredito em rupturas drásticas na atual estrutura republicana e democrática do Brasil. Ocorrerão pequenas mudanças, havendo ou não o impeachment. As atuais estruturas políticas no Brasil estão consolidadas. Mudanças estruturais só daqui a alguns anos. O panorama é claro. Haverá um trato mais cuidado da coisa pública. A sociedade exige esse comportamento. A delação premiada rompeu com muitos sistemas.

13) E com relação ao sistema de Segurança Pública? E a Polícia Civil?

JOSE PAULO PIRES: Não se faz segurança pública unicamente com polícia. Segurança pública é muito abrangente. Requer estabilidade econômica. Mega investimentos em todas as áreas, sobretudo a social. Melhor abordarmos genericamente o sistema de justiça criminal. A criminalidade avança. A crise econômico-financeira brasileira ainda persiste. Com receita limitada, os Estados devem pautar suas ações em projetos que aumentem a produtividade e diminuam consideravelmente as despesas. Na seara específica da persecução criminal, os mecanismos existentes de pronto atendimento à população e prevenção são essenciais e já existem grandes progressos (polícia preventiva), como geoprocessamento e estatística para definição de manchas criminais. O tratamento holístico desse sistema certamente vai repercutir em todo o ambiente. Em seguida, as atividades desenvolvidas pela Polícia Civil devem também pautar-se na celeridade e na eficiência. Mecanismos simples como Delegado Conciliador e auto-atendimento pela internet e em prédios públicos e privados devem suprir cerca de 40% de toda a demanda da população no Brasil. Determinadas perícias devem ser facultativas. E alguns crimes devem ser de ação penal pública condicionada. Questões corporativistas devem ser superadas. Integração de todos os órgãos responsáveis pela persecução criminal será essencial para superarmos as dificuldades. Integração não é subserviência. Os mecanismos de auto-composição são essenciais.

14) A FENDEPOL criou a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos, o Grupo de Trabalho para Avaliação e Divulgação de Prerrogativas e Vantagens e a Comissão de Análise e Proposição de Sugestões do Código de Processo Penal. Como funcionam?

Entrevista

33FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

JOSE PAULO PIRES: A CPPDH nasceu naturalmente. As funções institucionais da Polícia Civil e, em especial, dos Delegados de Polícia, estão ligadas umbilicalmente à defesa incondicional dos direitos humanos. A Polícia civil é hoje uma instituição não só defensora, mas promotora dos direitos humanos. A CPPDH será coordenada pelo Dr. Claudio Marques Rolim, Delegado de Polícia do Estado do PR e vai interferir em casos graves que envolvam violação dos direitos humanos, inclusive aqueles onde policiais civis forem vítimas. Já sugerimos o primeiro caso para análise da Comissão, o genocídio de policiais no Brasil. O Grupo de Trabalho para Avaliação e Divulgação de Prerrogativas e Vantagens foi

criado por conta da necessidade de centralizarmos num único banco de dados todas as informações (normativas) sobre gratificações, verbas indenizatórias, prerrogativas etc concedidas aos Delegados de Polícia em todos os entes federados. Será de fácil consulta pelos Delegados de Polícia e entidades representativas. Por exemplo, em Goiás os Delegados percebem 20% de verba indenizatória para cumulação de Delegacias. Esse Grupo é coordenado pelo Dr. Rodolfo Laterza, futuro presidente da FENDEPOL.

15) E a Comissão de Análise e Proposição de Sugestões do Código de Processo Penal?

JOSE PAULO PIRES: Conversamos com o relator do Projeto de Lei n.º 8045/2010 (Código de Processo Penal), Deputado João Campos (PSDB-GO) e nos colocamos à disposição para auxiliá-lo na árdua tarefa de formatar um novo CPP. Esse auxílio seria através de sugestões, pareceres etc. Não nos restringiremos em debater os dispositivos concernentes à fase pré-processual. Temos uma visão global do sistema e vamos ajudar a formatar um CPP moderno.

16) O que o Senhor pretende fazer após o término do seu mandato, em junho deste ano?

JOSE PAULO PIRES: Acredito que contribui de forma significativa para o fortalecimento da Polícia Civil e da carreira dos Delegados de Polícia. Contribui para toda a sociedade. Vou me afastar do trabalho sindical. É muito penoso e desgastante. A cobrança é implacável. Vou deixar esse trabalho para os mais jovens. Sou Delegado de Polícia no RJ. Vou continuar com o trabalho na atividade fim, ou seja, coordenar investigações. Fui convidado a participar de uma entidade ligada à defesa dos direitos humanos e de outra ligada a política. Estou pensando. O certo é que vou lecionar e me dedicar mais à minha família.

O Grupo de Trabalho para Avaliação e Divulgação

de Prerrogativas e Vantagens foi criado por conta da necessidade de

centralizarmos num único banco de dados todas as informações (normativas)

sobre gratificações, verbas indenizatórias, prerrogativas etc concedidas aos Delegados de Polícia em todos os

entes federados.

José Paulo Pires - Presidente da Fendepol

Entrevista

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Delegados EnviamMensagens sobre a FENDEPOL:

CARLOS DIEGO DE ARAUJO – Diretor financeiro da ADEPOL-BR

“A FENDEPOL, tão bem conduzida pelo dinâmico Dr. Jose Paulo Pires, representa uma das fortes vozes nacionais da carreira de Delegado de Polícia Judiciária, sempre no combate ao crime, e na busca incessante do nosso fortalecimento”.RENÉ DE ALMEIDA - Presidente da ADEPOL - RR e Diretor de Cultura da ADEPOL-BR

“ A Federação Nacional dos Delegados de Polícia – FENDEPOL - é sinônimo de lutas e defesa das prerrogativas dos Delegados de Polícia do Brasil”.MARCONI CHAVES LIMA – Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Maranhão.

“É de se enaltecer o trabalho da FENDEPOL na luta em defesa dos Delegados de Polícia do Brasil.Além das necessárias articulações políticas no âmbito do congresso Nacional, a entidade vem se notabilizando pela realização de eventos de elevado nível jurídico, edição de importantes notas técnicas concernentes a matérias que tramitam no poder legislativo e de cursos que têm contribuído de maneira decisiva para o aperfeiçoamento intelectual da categoria”.MILTON CASTELO FILHO – Presidente Associação dos Delegados de Polícia do Ceará e Vice-Diretor Financeiro da ADEPOL-BR

“A Federação Nacional dos Delegados de Polícia – FENDEPOL – é um projeto de congregação de idéias e ações de sindicatos Estaduais de Delegados, sem a qual jamais avançaremos como nosso cargo requer”.RAFAEL COSTA E SILVA - Presidente Sindicato dos Delegados de Polícia do Amazonas.

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Marco arquitetônico da Capital da República, o prédio onde funcionam a

Câmara dos Deputados e o Senado Federal hospeda centenas de gabinetes, plenários, salas, salões, auditórios, dependências administrativas e de serviços etc. Com outras centenas de corredores, o Congresso confunde os recém-chegados visitantes. Para entender toda a dinâmica das casas parlamentares e, sobretudo, dos seus respectivos regimentos internos, exige-se muita dedicação e, principalmente, paciência. Além disso, com 513 Deputados Federais e 81 Senadores, as articulações políticas requerem muito comprometimento e conhecimento de todo o ambiente parlamentar. Esses conjuntos de fatores demonstram os obstáculos que devem ser suplantados, dia a dia, pela Federação Nacional dos Delegados de Polícia para atuar na defesa e fortalecimento da carreira de Delegado de Polícia no Congresso Nacional. Com mais de 2.000 proposições legislativas (projetos de lei, propostas

de emenda constitucional etc) relativas à segurança pública e de interesse direto dos Delegados de Polícia, a Federação Nacional dos Delegados de Polícia adotou estratégia importante quando sua diretoria decidiu juntar esforços e agir em parceria com a maior instituição classista de Delegados de Polícia do Brasil, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL-BR), para empreender essa complexa tarefa no Congresso Nacional, fortalecendo ainda mais as fileiras do gigantesco trabalho desenvolvido naquele ambiente, às vezes inóspito, às vezes motivador. A FENDEPOL atuou em inúmeras frentes e pautas temáticas de interesse dos Delegados de Polícia do Brasil no Congresso Nacional. Uma delas foi a luta contra o “CICLO COMPLETO”, nos moldes propostos pelas emendas constitucionais

apresentadas, cujo objetivo era apenas outorgar à Polícia Militar, de forma inconseqüente, atécnica e violadora dos direitos fundamentais dos brasileiros, a atribuição constitucional de investigar, navegando na contramão político-institucional mundial de desmilitarizar as polícias. A Fendepol participou de todas as audiências públicas realizadas em vários Estados do Brasil. Inúmeros foram os momentos que exigiram extremo esforço das entidades representativas dos Delegados de Polícia no ambiente das duas casas parlamentares. Nem todos os momentos foram felizes. Um momento especial, onde dirigentes da Fendepol estavam presentes, ocorreu quando da tramitação da Proposta de Emenda Constitucional n.º 37/2011, de autoria do Deputado Federal Lourival Mendes, do Estado do Maranhão, cujo teor definia a competência para a investigação

Congresso Nacional

FENDEPOL no Congresso Nacional

36FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

criminal das polícias civis e federal. A Câmara dos Deputados decidiu pela rejeição da PEC, em que pesem os argumentos sólidos da necessidade de separação das atribuições de investigar, defender, acusar e julgar, já consagrados na nossa Constituição da República e em vários países europeus. Outro momento importante para a sociedade foi a aprovação da Lei n.º 12.830/13 que regulamentava a investigação criminal realizada pelo Delegado de Polícia, legislação avançadíssima que pretendia conceder à Polícia Judiciária (Civil e Federal) realizar de forma imparcial, efetiva e independente a atividade constitucional de apurar as infrações penais e sua autoria, sem interferências de governos. A aprovação da lei foi um marco na defesa dos direitos fundamentais do cidadão, pois estabelecia parâmetros sólidos para a atuação dos Delegados de Polícia. A Fendepol teve papel importante na aprovação dessa lei, mas infelizmente verificou-se um

desrespeito à legislação federal, com inúmeros Estados removendo Delegados sem amparo legal. A solução será sugerirmos alterações no texto da Lei 12.830/13, com a previsão de requisitos mais objetivos para a remoção das autoridades policial. Outra temeridade foi a aprovação no Senado Federal da PEC 172 já aprovada em 2 turnos na Câmara dos Deputados (substitutivo “3”), que normatiza repasses da União aos Estados, Distrito Federal e Municípios com ampla discricionariedade, havendo visão crítica por parte da senadora Rose de Freitas em relação a tal proposição constitucional. Conseguimos aprovação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em regime terminativo, do PL 373.2015, que cria uma modalidade de flagrante (“flagrante provado”) no Código de Processo Penal com acréscimo de um inciso V no artigo 302, permitindo que o delegado de polícia realize a

autuação em flagrante nos casos de ser o autor de um fato delituoso preso logo após o cometimento da infração em virtude de reconhecimento pela vítima ou de terceiro através de imagens, fotos ou testemunhos. Trabalhamos muito na apresentação de emendas para melhorar o texto da Lei nº 13260/2016, que trata do terrorismo e na PEC 138/2015, de autoria do Senador Ricardo Ferraço, cujo conteúdo determina competência comum à União, Estados e Municípios em matéria de segurança publica. Exitosamente conseguimos a retirada de pauta da PEC 138/2015. Atuamos também para neutralizar o PLS 395/2015 do senador Romário, o qual concede a lavratura de Termos Circunstanciados para qualquer agente policial, tendo em vista que a proposta é absolutamente inconstitucional, não só porque permite a usurpação de funções da Polícia Judiciária pela Polícia Militar, mas sobretudo porque viola acordos internacionais relativos a direitos humanos. A PEC 117/2015 é outra proposição legislativa que distorce totalmente a configuração constitucional do sistema de justiça criminal, transformando a perícia criminal em uma nova policia com atribuição investigatória “cientifica”. O PL 4471/2012, que versa sobre os autos de resistência, trata de questão primordial para a preservação dos direitos constitucionais dos cidadãos, devendo ser enfatizado ser

Congresso Nacional

Deputado Arnaldo Farias de Sá, à direita, com dirigentes da Fendepol e Adepol-BR

Paulo Márcio (SE), Fábio Lordello (BA), Dudu (ADEPOL-BR), Rodolfo Laterza (ES), Miriam Galuppo (MG) e José Paulo Pires - Presidente da Fendepol

37FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

corolário lógico e consonante com qualquer interpretação sistemática de nosso ordenamento jurídico ser o delegado de polícia o responsável pelas apurações de eventos que resultem morte em casos de intervenção policial, sistemática adotada no Estado do Rio de Janeiro, onde obtêm-se grandes resultados. O PDC (Projeto de Decreto Legislativo) 1570/15 que aborda a Política Nacional de inteligência continua sendo acompanhada de perto pelos dirigentes da FENDEPOL, tendo em vista tratar-se de matéria muito importante para a segurança

pública e para os Delegados de Polícia. Trabalhamos também no PLS 3722/12 e apensados, que tratam da modificação do estatuto do desarmamento. Não obstante algumas medidas que fortalecem o papel das polícias estaduais (como o controle dos registros das armas de fogo), o texto aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados apresenta problemas graves quanto ao equilíbrio da política criminal, notadamente a concessão de porte de arma a partir de 21 anos de idade e sem restrições para quem responda a inquérito policial ou processo criminal. A aprovação do PLP 275/2001, transformado na LC 144/2014, que dispõe sobre a aposentadoria do funcionário policial, nos termos do art. 103, da Constituição Federal, para regulamentar a aposentadoria da mulher servidora policial, foi um dos momentos mais marcantes para a Fendepol no Congresso Nacional. A articulação da Fendepol junto aos parlamentares teve papel importante na aprovação da PEC 443/2009 em primeiro turno na Câmara dos Deputados, com 445

votos favoráveis, 16 votos contra e 6 abstenções, provavelmente um dos maiores escores da história da câmara. Ademais, estamos estruturando projetos de lei importantes, como a prerrogativa do poder de requisição ao delegado de polícia em obter dados cadastrais vinculados a IP em comunicações, postagens e informações veiculadas em redes sociais; e outro que determina a obrigatoridade ao fisco para remessa à Polícia Federal e às Polícias Civis de informações que confirmem a existência de crédito fiscal em decisão final de procedimento administrativo fiscal-tributário, o que muito facilitará a apuração pelas polícias judiciárias dos crimes contra a ordem tributária, ordem econômica e contra a administração pública. Estamos com trabalho efetivo e concreto no Congresso Nacional em prol de nossa carreira e das polícias judiciárias, sempre divulgando nossas ações e estratégias adotadas pela FENDEPOL e ADEPOL BRASIL (as quais agem unidas) com transparência e objetividade.

Congresso Nacional

Deputado Federal Leonardo Picciani, atual Ministro do Esporte, com o Presidente da Fendepol

Deputado Federal José Mentor com dirigentes da Adepol-BR e Fendepol

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FENDEPOL lança Pacto pela Moralidade, Legalidade e Cidadania: fim da corrupção e das usurpações

Muito antes da ampla repercussão das ações da Operação Lava Jato, a Federação Nacional dos Delegados de Polícia lançou, em fevereiro de 2014, o Pacto pela Legalidade,

Moralidade e Cidadania, cujos objetivos principais são o combate à corrupção e impedir as usurpações das atribuições constitucionais da Polícia Civil e, conseqüentemente, dos Delegados de Polícia, além de sugerir mecanismos para eliminação de todas as regalias e privilégios disfarçados de garantias, como o fim do foro privilegiado. O Pacto é anterior às 10 (dez) medidas anticorrupção do Ministério Público Federal, e prevê sugestões para o combate à corrupção e desvio de verbas públicas, criação de mecanismos de defesa a pessoas em estado de vulnerabilidade, fim do foro privilegiado e demais regalias e a desvinculação da Polícia Judiciária do Poder Executivo. Além disso, o Pacto reflete ainda a necessidade de mudanças na estrutura da Polícia Civil, como ELEIÇÕES PARA CHEFE DE POLÍCIA, AUTONOMIA FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA e criação de LEI ORGÂNICA. O Pacto possui três documentos fundamentais: 1 – DOCUMENTO MATRIZ, dirigido às altas autoridades

nacionais, como Presidente da República, Presidente da Câmara e do Senado, Presidente do STF, Governadores etc; 2 - DOCUMENTO DOUTRINÁRIO - IDEOLÓGICO, dirigido aos Delegados de Polícia e esclarecendo todas as questões ideológicas do projeto; 3 - CARTILHA, documento dirigido aos Delegados de Polícia e que versa sobre as questões práticas que os Delegados devem enfrentar no dia a dia. A cartilha completa encontra-se no site da FENDEPOL – www.fendepol.com.br . O Pacto foi lançado inicialmente no Espírito Santo, pelo Sindicato dos Delegados de Polícia daquele Estado (SINDELPO), e foi assinado pelo presidente da entidade, Delegado Rodolfo Queiroz Laterza. Em seguida, o Pacto foi reeditado com a colaboração do Dr. Cláudio Marques Rolin e Silva, Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (SIDEPOL), o qual introduziu aspectos ideológico-doutrinários. Por fim, foi divulgado em âmbito nacional em fevereiro de 2014 pela FENDEPOL, com repercussão especial durante o I Encontro Nacional de Delegados de Polícia, realizado em novembro do mesmo ano. “O documento foi redigido para impedir a permanência de improvisos ilegais, distorções interpretativas

Pacto pela Moralidade

Deputado João Campo, terceiro da esquerda para direita, e autoridades no lançamento do Pacto pela Moralidade em Goias

39FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA www.fendepol.comFENDEPOL

corrupção e munida de uma Polícia Judiciária independente, qualificada e capaz de agir em favor da sociedade com transparência e justiça. Para o Delegado Cláudio Marques Rolin e Silva, presidente do Sidepol Paraná, o Pacto possui mais relevância do que as medidas anticorrupção do MPF, visto que essas buscam o fim da corrupção de forma ‘compartimentada’ garantindo a continuidade de ‘células seguras’ de desvirtuação em determinados poderes e instituições. Atualmente, o Pacto foi adotado

e, principalmente, afrontas expressas ao ordenamento jurídico e inadmissíveis ao Estado Democrático de Direito”, afirmou Dr. Laterza. Além do ES, o Pacto foi lançado em vários Estados, dentre eles em Goiás. O ex-presidente do sindicato dos Delegados de Polícia de GO, Dr. Fábio Vilela, promoveu o evento que contou com a presença de várias autoridades, como o então Secretário Estadual de Segurança Pública, Exmo. Sr. Joaquim Mesquita, do Delegado Geral, Exmo. Sr. João Carlos Gorsk, do Deputado Federal e Delegado de Polícia, Exmo. Sr. João Campos. Em suas 25 medidas, o Pacto busca uma sociedade mais justa, livre de

em nível nacional, por todas as entidades sindicais de Delegados de Polícia e é defendido ainda pela Federação Nacional dos Delegados de Polícia, que se dedica a sua ampla divulgação e adoção.

1- Firmar a Policia Judiciária como Instituição propulsora da cidadania, promotora e defensora incondicional dos Direitos Humanos de forma global, corrigindo o método equivocado de atuação dos ativistas, em que as vítimas são esquecidas ou relegadas a segundo plano.2- Fortalecer a relevância do Delegado de Policia como primeiro garantidor dos direitos fundamentais, da legalidade e da justiça.3- Combater com rigor em todo o território nacional qualquer forma de ingerência ou usurpação das funções das Policias Judiciárias.4- Fortalecer as Corregedorias da Polícia Judiciárias e criar mecanismos seguros para aferição de produtividade, qualidade e transparência das diligências, e controle de deslocamentos de Policiais, com o objetivo de coibir desvios de conduta e proteger o Policial de acusações infundadas.5- Transformar cada Delegacia de Policia em um Centro de Promoção da Cidadania.6- Eliminação completa de carceragens ilegais em Delegacias da Polícia Judiciária.7- Criar um padrão de classificação nacional das Delegacias de Polícia Judiciária, no que tange aos aspectos qualidade de atendimento, acessibilidade, funcionalidade, conforto e segurança das instalações, tanto para o cidadão como para os Servidores.

8- Mostrar a relevância e eficácia do inquérito policial na busca da verdade. (720.000 presos cumprindo pena).9- Demonstrar que a investigação policial é um trabalho científico que deve ser realizado por profissionais altamente capacitados, pois no contexto estão envolvidos os mais importantes valores do ser humano, tais como a vida, a liberdade e a honra.10- Adotar as medidas necessárias para estabelecer a exigência de formação de nível superior para todo integrante da Polícia Judiciária que efetivamente participe de investigações.11- Apoiar e defender os nossos Policiais em sua luta por valorização da carreira, melhores condições de trabalho e salários dignos, compatíveis com o grau de complexidade e perigo da missão de investigar.

Objetivos do Pacto pela Moralidade,Legalidade e Cidadania.

Dirigentes da FENDEPOL com O Procurador Geral da República Rodrigo Janot

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Pacto pela Moralidade

e irresponsabilidade no trato com o dinheiro público, em detrimento dos interesses maiores da sociedade, dentre os quais, podemos citar.a) Foros privilegiados(trincheira de corruptos- garantia quase total de impunidade).b) Ser investigado apenas pelos próprios pares (arquivamentos arbitrários)c) Aposentadoria compulsória quando flagrado na pratica de crime.d) Auxilio moradia, para Servidores que recebem altos salários.e) Auxílio saúde, para Servidores que recebem altos salários.f) Auxílio alimentação, para Servidores que recebem altos salários.18- Corrigir o conceito de autoridade que vigora no Brasil, pois as autoridades existem para servir a sociedade e não para serem “servidas” por ela.19- Estabelecer a segurança publica como política de Estado e não como política de Governo.20- Fortalecer o entendimento de que a Policia Judiciária tem compromisso exclusivo com a busca da verdade, não é órgão de acusação, nem órgão de defesa. É imparcial e, nesta condição, adequando a legislação processual aos preceitos constitucionais, deverá promover a mais isenta e completa paridade de armas entre acusação e defesa na fase pré-processual.21- Desvincular a Polícia Judiciária do Poder Executivo.22- Transparência total da gestão de todas as atividades policiais, com rigorosa divisão de atribuições de Polícia Investigativa e Preventiva, único meio seguro de garantia dos Direitos Fundamentais.23- Para atendimento ao interesse público no efetivo enfrentamento à corrupção e ao crime organizado, cobrar das Corregedorias e Chefias de Polícias judiciárias a rigorosa observância da necessidade de fundamentação do ato de remoção dos Delegados de Polícia, prevista no artigo 2.º, § 5.º da lei 12.830/2013.24-Promover as medidas necessárias para inclusão da garantia de inamovibilidade e independência funcional no texto da Constituição Federal e dos Estados.25- Propor para as Polícias Judiciárias a autonomia financeira restrita á atividade-fim, e promover ações para alterar a legislação que concede a outros poderes a autonomia financeira plena, que se tornou fonte de abusos e desvios de verbas públicas através do “auxilioduto” e verbas retroativas.Brasília, 07 de junho de 2014.

“Quando se perde a riqueza, nada se perde, quando se perde a saúde, algo se perde: Quando se perde o caráter, perde-se tudo”.

Billy Graham

12- Resgatar a hierarquia, a disciplina e o respeito entre todos os Servidores das Policias Judiciárias, através do exercício da liderança servidora.13- Promover um cerco total ao desvio e má utilização do dinheiro público, a “mãe” de todas as violações aos Direitos Humanos, incentivando ainda a criação e efetiva atuação da Divisão de Repressão ao Crime Organizado. 14- Aprimorar e fortalecer o regime democrático garantindo a liberdade de expressão e acompanhando a dinâmica e transparência dos pleitos eleitorais, promovendo estudos, pesquisas e investigações para avaliação constante do grau de segurança das urnas eletrônicas.15- Apresentar projetos de lei com o objetivo de evitar medidas desnecessárias de encarceramento, fonte geradora de mão de obra para o crime organizado.16- Elaborar projetos que aprimorem os mecanismos de proteção e defesa de pessoas em estado de vulnerabilidade, em virtude de profissão ou condição pessoal. (Profissionais da imprensa, Professores, Advogados, Defensores Públicos, Defensores de Direitos Humanos, Promotores, Juízes, Representantes de Minorias, vítimas de violência doméstica e outros...)17- Aperfeiçoar os mecanismos para eliminação de todas as regalias e privilégios disfarçados de “garantias”, não estendidas aos demais cidadãos, e que geram impunidade

CARTILHA

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA CIVIL

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Artigos

Aplicação do princípio dainsignificância pelo Delegado de Polícia

Henrique Hoffmann Monteiro de Castro Delegado de Polícia Civil do Paraná, mestrando em Direito pela UENP, especialista em Direito Penal e

Processual Penal pela UGF e em Segurança Pública pela UNIESP. Professor convidado da Escola Nacional de Polícia Judiciária, da Escola Superior de Polícia Civil do Paraná, da Escola da Magistratura do Paraná e

da Escola do Ministério Público do Paraná, e Professor Coordenador do Curso CEI e da Pós-Graduação em Ciências Criminais da FACNOPAR.

Com a evolução dos estudos do Direito Penal, a tipicidade, que era vista sob feição exclusivamente formal, como mera subsunção do fato à norma, passou a ser vista sob outra ótica, abrangendo

também o aspecto material, a demandar relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Surgiu exatamente nesse contexto o princípio da insignificância, inserido na esfera qualitativa do postulado da lesividade, para afastar a tipicidade material. A jurisprudência dos Tribunais Superiores1 seguiu o mesmo norte, no sentido de que, ainda que num primeiro momento a conduta se encaixe na descrição do tipo penal, não há que se falar em crime caso ausente a relevante lesão ao objeto jurídico, incidindo o princípio da bagatela. Isto é, não basta a tipicidade formal, devendo o jurista perquirir a presença concomitante da tipicidade material. Nesse sentido, o postulado da insignificância nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e fragmentária do Direito Penal, ultima ratio na proteção a bens jurídico. Não é razoável a utilização desse rígido ramo do Direito, movimentando-se toda a máquina estatal, a fim de investir numa persecução penal acerca de fato sem relevância típica. Também parece indiscutível que a deflagração de inquérito policial depende da possibilidade de se reunir um conjunto de elementos mínimos capazes de estabelecer um liame entre autoria e materialidade de uma infração penal. Bem assim, não há que se falar em instauração de inquérito policial, e muito menos em prisão em flagrante, diante de fato insignificante. Não por outra razão as Cortes Superiores têm trancado2 inquéritos policiais instaurados sem justa causa, para apurar fato formal ou materialmente atípico. Nessa perspectiva, a moderna doutrina confirma3 a possibilidade de o Delegado de Polícia aplicar o princípio bagatelar próprio, porquanto se o fato é atípico para o Juiz, também o é para a Autoridade de Polícia Judiciária,4 que não pode deixar de ser um filtro de contenção da irracionalidade potencial do sistema penal5. O raciocínio não poderia ser diferente. Inexiste dispositivo legal limitando a análise do Delegado de Polícia à tipicidade formal. Ademais, o inquérito policial

desacompanhado do fumus comissi delicti traduz um procedimento natimorto, fadado a movimentar inutilmente a máquina estatal, com todo o ônus decorrente. A instauração indiscriminada de cadernos investigativos acarreta imenso prejuízo financeiro ao Estado, sendo custo do procedimento indevido assimilado pela coletividade. É preciso romper com a equivocada ideia de que o procedimento policial, por não exigir o prévio recolhimento de custas, é grátis. Os atores jurídicos que se recusam a considerar o custo de manutenção do sistema penal são verdadeiros “perdulários investidos em funções públicas, incapazes de pensar para além do formalismo e, portanto, juristas do século passado”.6 Com efeito, se a insignificância for perceptível primo ictu oculi, o Delegado de Garantias não só pode, como deve aplicar o princípio da insignificância e se abster de lavrar auto de prisão em flagrante ou mesmo de baixar portaria de instauração de inquérito policial. O Delegado de Polícia, autoridade estatal que, assim como Magistrado, age com imparcialidade e concentra em suas mãos o poder de decidir sobre o direito de ir e vir dos cidadãos, não deve atuar como chancelador de capturas feitas na maioria das vezes por policiais fardados integrantes de carreiras não jurídicas. A Autoridade Policial não é uma máquina de encarcerar, e sua livre convicção motivada não pode ser substituída por uma atuação robotizada, entendimento esse reforçado pela Lei de Investigação Criminal, que outorga ao Estado-Investigação a função de realizar análise técnico-jurídica do fato sob seu exame. Obviamente, a decisão da Autoridade de Garantias deve ser sempre fundamentada, como se exige das autoridades num Estado Democrático de Direito. Além do mais, a não instauração do caderno investigativo não impede que a Polícia Judiciária documente os elementos colhidos em verificação preliminar das informações, espécie de procedimento policial – ao lado do inquérito policial e do termo circunstanciado de ocorrência – que possui amparo jurisprudencial7, legal8 e doutrinário. Mais do que um poder do Delegado de Polícia, a aplicação do princípio da insignificância é um dever no desempenho da sua missão de garantir direitos fundamentais,

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Princípio do Delegado Natural

Ruchester Marreiros BarbosaDelegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, doutorando em Direitos Humanos na Universidad Nacional de Lomas de Zamora (Argentina), professor de Processo Penal da Emerj, da graduação e pós-graduação de Direito Penal e Processual Penal da Universidade Estacio de Sá (RJ) e do curso CEI. Membro da International Association of Penal Law e da Law Enforcement Against Prohibiton.

1STF, HC 119.778, Rel. Min, Carmen Lúcia, DP 21/11/2013; STJ, RHC 42.454, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 01/04/2014.2STF, HC 218.234, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 13/03/2012; STJ, RHC 42.454, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 01/04/2014.3NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 135.4MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. São Paulo: Método, 2013, p. 365KHALED JR, Salah H.; ROSA, Alexandre Morais da. Delegados relevantes e lesões insignificantes: a legitimidade do reconhecimento da falta de tipicidade material pela autoridade policial. Justificando, nov. 2014. Disponível em:<http://justificando.com/2014/11/25/delegados-relevantes-e-lesoes-insignificantes-legitimidade-reconhecimento-da-falta-de-tipicidade-material-pela-autoridade-policial/>. Acesso em: 06 abr. 2015.6ROSA, Alexandre Morais da. Direito Penal não dá mais do que se pede e engana quem quer ser enganado. Revista Consultor Jurídico, ago. 2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-ago-15/limite-penal-direito-penal-nao-engana-quem-enganado>. Acesso em: 07 abr. 2015.7STJ, HC 199.086, Rel. Min. Jorge Mussi, DP 21/05/2014; STJ, HC 103.566, Rel. Min. Jane Silva, DP 01/12/2008; TRF2, RHC 130.2002.51.01.501285-8, Rel. Des. Sergio Feltrin Correa, DP 22/07/2003.8Art. 5º, §3º, 2ª parte do CPP; Parecer 409/2013 sobre o Projeto de Lei 132/12, que após aprovação foi convertido na Lei 12.830/13.

devendo ser repelidas eventuais interferências escusas em detrimento do interesse público. Entendimento diverso reduziria a Autoridade Policial a mero instrumento repressivo focado em ninharias, reforçando o viés seletivo do Direito Penal.

A persecução penal deve caminhar lado a lado com a franquia constitucional de liberdades públicas, razão pela qual a independência funcional do Delegado de Polícia, mais do que uma prerrogativa do cargo, traduz uma garantia do cidadão.

Podemos dizer que um sistema processual penal garantista é aquele que permite uma conectividade democrática entre as agências do sistema acusatório e as agências como garantidoras das liberdades

públicas. É a arte de um agir do Estado respeitando os direitos humanos e as garantias fundamentais. É reconhecer a necessária autolimitação por se saber que “o poder tende ao abuso”.9 A limitação do poder é uma característica marcante do Estado de Direito Democrático e, por essa razão, as agências atuam nos estritos limites definidos por normas constitucionais, formal ou materialmente instituídas. A limitação harmônica entre os poderes se deve realizar de maneira formal e institucionalizada, sem espaço para interferências externas de um poder sobre o outro, ponto nevrálgico da autonomia e independência no âmbito de atuar de cada órgão, notadamente do Judiciário, Ministério Público, advocacia pública ou privada e a polícia judiciária. A impossibilidade formal de interferência política externa é uma garantia do investigado/réu/condenado de que a agência atuará de forma independente. É essa a função essencial à administração da Justiça e do acesso a uma ordem jurídica justa.10 Por essa razão, um dos pontos primordiais ao sistema processual é dotar seus órgãos de autonomia e

independência. Inicialmente desvinculados entre si e lhes atribuindo funções de garantias ao investigado/réu/condenado com limitações explícitas. Verifica-se, portanto, a razão de os órgãos do sistema de Justiça criminal terem explicitadas as suas funções e serem todas consideradas como essenciais à administração da Justiça, inclusive a função investigativa da polícia judiciária, a qual, após a Constituição de 1988, passou a ser dirigida por um delegado de polícia de carreira, bacharel em Direito, cargo acessível por concurso público, exatamente como as demais carreiras jurídicas que integram o sistema de Justiça criminal. Salienta-se que a polícia judiciária não obstante estar alocada na Carta Política, no capítulo sobre Segurança Pública, se insere no título V (“Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas”), o que não a exclui da função precípua de ser uma garantidora dos direitos fundamentais do investigado.11 Diante dessa necessária democratização da Justiça penal, notadamente dos órgãos nela atuantes, a fundante independência natural que emerge das funções desempenhada pelos órgãos, e por isso, juiz natural, promotor natural, defensor natural e delegado natural. Nos dedicaremos ao último.A doutrina, atentas a essa maturidade institucional de ideologia democrática, passaram a reconhecer o princípio

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do delegado natural, diante do artigo 2º, parágrafo 4º da lei 12.830/13:

Corolário do princípio do delegado natural é a imposição de limites à remoção da autoridade policial, que só poderá ocorrer por ato fundamentado (parágrafo 5º, do artigo 2º, da Lei 12.830/2013). O artigo 3º, por outro prisma, dá realce a esse princípio e à característica de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.12

Em outras palavras, o princípio do juiz natural deve ter como correspondente um princípio correlato com todos os operadores da Justiça criminal em razão da necessária relação de cooperação, e não de subordinação entre eles, para as garantias de independência e imparcialidade na razão de decidir de cada um. Nesse sentido citamos o caso Nadege Dorzema e outros vs. República Dominicana, quando se pronunciou sobre a necessidade de se garantir aos órgãos administrativos (os que não são jurisdicionais) que atuam no sistema de Justiça criminal a mesma imparcialidade e independência dos juízes. No Caso Jesús Vélez Loor vs. Panamá, a corte foi além. Entendeu que o órgão administrativo responsável pela investigação, que tenha poder de decidir, por lei, sobre a liberdade ou manutenção da prisão de uma pessoa, é um

órgão que exerce função materialmente judicial. No Brasil, esse órgão com função materialmente judicial é o delegado de polícia, além do juiz, devendo por isso ser dotado de independência e imparcialidade, conforme se depreende do trecho da sentença: Para garantir o princípio do delegado natural, os critérios devem ser objetivos, eletrônicos e formalmente instituídos pelo órgão da administração da polícia judiciária, seja por órgão da administração superior ou correcional da Polícia Civil do respectivo estado e da polícia judiciária federal, pela União. Não restam dúvidas, portanto, que no âmbito interno, por meio da doutrina, e na seara internacional, o princípio do delegado de polícia natural consagrado na Lei 12.830/13, além de efetivar uma garantia constitucional de imparcialidade e independência funcional do Estado-investigação, norma, portanto, materialmente constitucional, representa, no âmbito internacional, nos moldes do artigo 4º, II da CR/88, norma materialmente convencional, diante dos ditames do órgão máximo de interpretação da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Tal garantia, por ser uma conquista fundamental do modelo político atual, pós transição de um sistema autoritário para o democrático, não poderá nem sequer ser revogada, porquanto representaria, nesse condão, um verdadeiro retrocesso social, vedado pela doutrina mais balizada do Direito pátrio pós-positivista.

9MONTESQUIEU, O Espírito das Leis, apresentação, Renato Janine Ribeiro, trad. Cristina Muracho, 2ª ed., 2ª tir. 2000, São Paulo: Martins Fontes, 1996, Livro décimo primeiro, capítulo IV, p. 166 e 167: “mas trata-se de uma experiência eterna que todo homem que possui poder é levado a dele abusar.10ARAÚJO, Luis Carlos; e MELLO, Clayson de Moraes (org). Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015, p. 20, apud Kazuo Watanabe.11NICOLITT, Manual de Processo Penal, 5ª ed., São Paulo: RT, p. 17212TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal, 10º ed. Salvador: JusPodivum, 2015, p. 118.

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Prisão em Flagrante e as Excludentes de Ilicitude

Francisco Sannini NetoDelegado de Polícia do Estado de São Paulo. Mestrando em Direitos Difusos e Coletivos. Pós-Graduado

com Especialização em Direito Público. Professor da Graduação e da Pós-Graduação do Centro Universitário Salesiano de Lorena/SP. Professor do Complexo Educacional Damásio de Jesus.

Como é cediço, estão espalhados por todo o texto constitucional diversos direitos e garantias essenciais aos indivíduos. Alguns desses direitos (direitos de defesa) têm a função

específica de proteger o indivíduo dos arbítrios estatais. O direito de liberdade de locomoção, por exemplo,

proíbe que uma pessoa seja presa fora das hipóteses previstas na própria Constituição. Isto, pois, a liberdade individual é um dos principais direitos fundamentais, só podendo ser suprimida em casos extremos, de acordo com as previsões constitucionais e legais. Assim, a prisão de uma pessoa é justificada apenas quando restar constatado

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que ela cometeu um crime. É com o cometimento de um crime que nasce o direito de punir pertencente ao Estado. Partindo dessa premissa, somos obrigados a nos socorrer da doutrina para chegar ao conceito de crime. Entretanto, este conceito pode variar de acordo com a corrente doutrinária adotada. Para alguns, crime é um fato típico, ilícito e culpável. Para outros, o crime é um fato típico e ilícito. Há, ainda, quem adote a teoria da tipicidade conglobante no momento da análise do crime.Dessa forma, cabe aos operadores do Direito (juízes, promotores, delegados de polícia, defensores públicos, advogados, procuradores etc.) analisar o caso concreto e optar pelo entendimento que melhor lhes convier, respeitando o seu livre convencimento motivado. A ciência do Direito é tão fascinante justamente pelo fato de não ser exata, permitindo diversos entendimentos para uma mesma questão. Por tudo isso, entendemos que o delegado de polícia deve analisar as causas excludentes de ilicitude durante a fase pré-processual. Como operador do Direito e garantidor dos direitos fundamentais, a autoridade policial deve formar seu convencimento e decidir de maneira fundamentada e discricionária, de acordo com o caso concreto. Não podemos diminuir a importância do delegado de polícia afirmando que ele deve fazer apenas um juízo de tipicidade ou de subsunção entre os fatos e o tipo penal. Cabe a autoridade de Polícia Judiciária analisar o fato como um todo, com todas as suas peculiaridades e decidir fundamentadamente. O próprio artigo 23 do Código Penal estabelece que não há crime quando constatada a presença das causas excludentes de ilicitude. Ora, se não há crime, como poderá ser efetuada a prisão em flagrante de alguém nessas circunstâncias. Da mesma forma, o artigo 314 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela nova Lei 12.403/2011, determina que não será decretada a prisão preventiva daquele que praticar o fato amparado pelas causas excludentes de ilicitude. Em consonância com esse entendimento, a doutrina reconhece a discricionariedade do Delegado para decidir acerca da lavratura ou não do auto de prisão em flagrante.13 Isso significa que analisa não apenas a

tipicidade, mas também a ilicitude do fato, ou seja, o fato por inteiro.14 A Autoridade Policial somente pode lavrar um flagrante legalmente se há uma infração penal a ser apurada. Entendimento diverso obrigaria uma autoridade constituída a violar a própria lei para que depois outra autoridade consertasse essa violação.15 Consubstanciando esse entendimento, imaginemos o caso em que uma mulher vítima de uma tentativa de estupro, após sofrer diversas lesões graves, consegue se livrar do seu algoz e o mata em legítima defesa. Seria justo que essa mulher fosse presa em flagrante pelo Delegado de Polícia? Entendemos que não. Nesse caso, com base no artigo 304, §1°, do Código de Processo Penal, a Autoridade Policial deve ouvir todos os envolvidos na ocorrência e, constatada a presença da excludente de ilicitude e, portanto, não restar comprovada a fundada suspeita exigida pelo dispositivo legal, deixar de prender em flagrante a pessoa conduzida.Visando deixar clara a teratologia dos entendimentos em sentido contrário, se o delegado de polícia não pudesse reconhecer as causas excludentes de ilicitude, o policial ou qualquer pessoa do povo que tivesse capturado um criminoso em flagrante delito e o conduzido até a Delegacia de Polícia, deveria ser preso em flagrante pelo crime de cárcere privado ou constrangimento ilegal. Explicamos! Ao deter um criminoso em suposto estado flagrancial, o policial (no flagrante obrigatório) ou qualquer um do povo (no flagrante facultativo), agem, respectivamente, no estrito cumprimento do dever legal e no exercício regular de um direito, que constituem causas excludentes da ilicitude. Nesse contexto, em prevalecendo o entendimento de que o delegado de polícia não pode verificar as causas excludentes da ilicitude, sua única opção seria decretar a prisão em flagrante do responsável pela captura do criminoso. Vejam a que ponto chegaríamos numa análise superficial do tema. Frente ao exposto, defendemos que o delegado de polícia, como operador do Direito e garantidor dos direitos individuais da fase pré-processual, tem o dever de analisar as causas excludentes de ilicitude, não podendo prender em flagrante alguém que aja amparado por uma causa justificante.

13CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 10ª edição. Editora Saraiva, 2003, p. 261.14BIANCHINI, Alice; MARQUES, Ivan Luís; GOMES, Luiz Flávio; SANCHES CUNHA, Rogério; MACIEL, Silvio. Prisão e Medidas Cautelares.ed.2ª. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 139.15CABETTE, Eduardo Luiz Santos. O Delegado de Polícia e a análise de excludentes na prisão em flagrante. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 08 nov. 2011. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=371_Eduardo_Cabette&ver=1089>. Acesso em: 05 dez. 2011

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No último dia 12 de abril de 2016 foi inaugurada, na Cidade de Polícia, a Central de Garantias,

projeto desenvolvido e implementado pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, introduzindo uma nova metodologia nas situações flagranciais, analisadas pelo Delegado de Polícia. Segundo a Portaria PCERJ n.º 758, publicado no Boletim Informativo n.º 063, de 08 de abril de 2016, que dispõe sobre a implantação da Central de Garantias – Norte, no âmbito da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências, a Central de Garantias Norte terá quatro salas de audiência de flagrante, todas com assento reservado à defesa; salas de custódia; salas de reconhecimento; salas de identificação; sala privativa para diálogo entre a defesa e conduzido; equipes especializadas para diligências em local de crime (GELC); corpo de peritos; sala para guarda provisória de bens e demais dependências comuns a uma delegacia. As Centrais de Garantias devem ser implementadas inicialmente em toda a região da Diretoria de Polícia da Capital, ou seja, em toda a Cidade do Rio de Janeiro, com a criação das Centrais de Garantias Sul, Oeste e Centro, além da Central Norte, já criada. Foi disponibilizada para a Ordem dos Advogados do Brasil do RJ, desde o ano passado, uma sala nas instalações da Cidade da Polícia. O espaço atende advogados que atuam

Central de Garantias

nas delegacias em funcionamento no local, oferecendo gratuitamente um escritório compartilhado que conta com fotocopiadoras, computador, impressoras e acesso à internet. A sala da OAB servirá também como base para os advogados prestarem atendimento aos seus assistidos levados à Central de Garantias. Segundo o presidente da comissão de Segurança Pública da Seccional, Breno Melaragno, a criação da Central de Garantias foi fundamental para que a Lei 13.245/2016 seja observada. Segundo Melaragno: “De acordo com a lei, a presença do advogado ou defensor público é necessária desde a audiência de flagrante, sob pena de nulidade do interrogatório ou depoimento”, apontou. O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, definiu a Central de Garantias na Cidade da Polícia como “um passo importante para assegurar o papel do advogado nas prisões em flagrante e à cidadania”. A unidade vai concentrar a atribuição de análise e lavratura de autos de prisão em flagrante de quase trinta delegacias de

polícia da Zona Norte da cidade. A partir do dia 01 de maio mais duas Centrais de Flagrantes, da 3ª e 9ª áreas Integradas de Segurança Pública, ou seja, mais 9 Delegacias (23ª, 24ª, 25ª, 26, 28ª, 29ª, 30ª, 40ª e 44ª DPs), passaram a integrar a Central de Garantias. Basicamente, todas as ocorrências que envolverem pessoas detidas em possível estado flagrancial de ilícito penal (inclusive os relacionados à Lei n° 9.099/95) ou ato infracional, detenção de maiores ou apreensão de menores, devem ser analisadas pela Central de

Polícia Civil do Rio de JaneiroInova com Central de Garantias

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Garantias. Na Central haverá quatro Delegados de Polícia e um aparato policial para dar pronto atendimento à ocorrência, dando celeridade ao procedimento. As delegacias distritais continuam com o trabalho de investigação e lavratura de registros. O cidadão que for registrar ocorrências nas distritais não terá contato com presos em flagrante, permitindo assim maior segurança para todos e maior dedicação dos policiais às investigações, impactando diretamente na redução da criminalidade e da impunidade. Nas ocorrências onde pessoas não sejam detidas, mas apenas haja apreensão de objetos, condução de vítimas e de testemunhas e a checagem de dados de algum suspeito (SARQ), a análise do fato não será realizada pela Central de Garantias, mas pela delegacia distrital da circunscrição

onde ocorreu o fato. Nos casos de detenção de autor que não esteja em flagrante delito ou flagrante de ato infracional, o procedimento deve ser realizado nas unidades distritais das 8h às 17h nos dias úteis. Nos mesmos casos, após as 17h dos dias úteis e nos finais de semana e feriados, a análise dos fatos será realizada nas Centrais de Garantias. Essa dinâmica é necessária porque, por exemplo, quando vítimas eventualmente reconhecerem, fora do estado flagrancial, os autores dos ilícitos penais e chamarem a Polícia Militar, é necessário a condução do suspeito à unidade policial para identificação, oitiva de vítima, testemunhas e suspeito, reconhecimento, apreensão de instrumentos ou produtos de crime etc. As Centrais de Garantias fortalecem e consagram as Centrais de Audiência de Custódia, projeto desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça e por vários Tribunais de Justiça dos Estados e Distrito Federal, cujo conceito é a apresentação do autuado preso em flagrante delito perante um juiz, permitindo-lhe o contato pessoal, de modo a assegurar o respeito aos direitos fundamentais da pessoa submetida à prisão. Decorre da aplicação dos Tratados de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil. O objetivo das audiências de custódia é a apreciação mais adequada e apropriada da prisão que se impôs, considerando a presença física do autuado em flagrante, a garantia do contraditório e a prévia entrevista pelo juiz da pessoa presa. Permite

que o juiz, o membro do ministério público e da defesa técnica analisem a possibilidade de concessão de liberdade provisória. Previne o ciclo da violência e da criminalidade, quando possibilita ao juiz analisar se está diante da prisão de um criminoso ocasional ou daqueles envolvidos com facções criminosas. Nas Centrais de Garantias os Delegados de Polícia permitirão aos presos imediata entrevista com seus advogados e acompanhamento destes no interrogatório. Além disso, os Delegados de Polícia analisarão os casos de liberdade provisória com ou sem fiança, a avaliação da tipicidade da conduta, a aplicação das causas de exclusão da ilicitude e de culpabilidade, a restrição da liberdade por estarem presentes os motivos da prisão preventiva etc., assegurando assim o absoluto respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos.

Sala para Diálogo da Defesa e Conduzido

Sala de Identificação

Delegado Inquirindo Vítima na Sala de AudiênciaCelas

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Presidente ADEPOL

1) REVISTA FENDEPOL:A Adepol-Br é autora de várias ADINs no STF, onde busca, principalmente, preservar as atribuições constitucionais dos Delegados de Polícia. O Senhor poderia falar sobre algumas dessas Ações Diretas de Inconstitucionalidade?

Carlos Eduardo Benito Jorge:Após a Constituição Federal de 1988, através do Dr. Wladimir Reale, a ADEPOL ingressou com várias ADINs no Supremo Tribunal Federal, sendo que na sua grande maioria obteve êxito na defesa dos Delegados de Polícia do Brasil. Especificamente o Dr. Wladimir Reale, atualmente Diretor

Jurídico desta entidade, Ex-Presidente da ADEPOL/BR e Presidente da ADEPOL/RJ, poderá falar sobre o assunto das ADINs.

2) REVISTA FENDEPOL: O trabalho desenvolvido pela Adepol-Br no Congresso Nacional é bastante complexo e demanda muita experiência. Como o Senhor qualifica esse trabalho e como o coordena?

Carlos Eduardo Benito Jorge:O trabalho no Congresso Nacional (Câmara e Senado) necessita ter uma ótima coordenação junto aos Presidentes das

Entrevista comCarlos Eduardo Benito Jorge

Presidente da ADEPOL-BR

Carlos Eduardo Benito Jorge, conhecido por DUDU, tem larga experiência no comando de entidades classistas. Ex-Presidente da Associação dos Delegados

de Polícia do Estado de São Paulo, atualmente preside a maior entidade nacional representativa dos Delegados de Polícia Civil e Federal, a Associação

dos Delegados de Polícia do Brasil. Atuando há mais de vinte anos no Congresso Nacional e nos órgãos federais de todos os Poderes, Carlos Eduardo possui posições muito firmes com relação a categoria dos Delegados de Polícia e o seu futuro. Abaixo interessante entrevista com Carlos Eduardo Benito Jorge.

Carlos Eduardo Benedito Jorge, “DUDU”

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em razão da demanda para uma melhor estruturação dos serviços a serem desenvolvidos, que poderiam alcançar um objetivo maior, além do que alguns poucos Estados não tem nenhuma participação junto a ADEPOL/BR, de modo que necessitaríamos de uma participação maior dos Delegados dos Estados no trabalho junto a Parlamentares na sua base eleitoral.

6) REVISTA FENDEPOL:Qual a importância da Federação Nacional dos Delegados de Polícia e como andam as parcerias entre as duas instituições, Adepol-Br e Fendepol?

Carlos Eduardo Benito Jorge:É fundamental a ADEPOL/BR e a FENDEPOL caminharem juntas nos interesses dos Delegados de Polícia, e assim tem sido com Dr. José Paulo Pires e seus diretores, os quais trabalham em conjunto com a diretoria da ADEPOL/BR, salientando ainda que a existência da FENDEPOL é necessária, para que outros segmentos da área de segurança pública não ocupem o espaço da Federação.

7) Como o Senhor analisa o processo de instabilidade política e econômica em que o Brasil se encontra? Como esse processo afeta as instituições policiais e particularmente os Delegados de Polícia?

Carlos Eduardo Benito Jorge:A crise política e econômica é grave, hoje o Congresso Nacional está quase que parado, o desemprego aumenta assustadoramente, fatos estes que foram ocasionados (apurações policiais até o momento) por fatores vários, como a corrupção, gerando uma instabilidade total preocupante e prejudicial ao trabalho policial, bem como conseqüentemente ao Delegados de Polícia.

8) REVISTA FENDEPOL:Os congressos realizados pela Adepol-Br são famosos. Tem previsão de data para o próximo Congresso?

Carlos Eduardo Benito Jorge:Realmente na sua grande maioria os congressos realizados

associações e sindicatos dos estados, para em conjunto com os Parlamentares ligados a área de segurança pública obterem êxito na condução dos projetos de interesse da sociedade e dos Delegados de Polícia que se revertam em prol do cidadão. Esclareço ainda que existem vários interesses contrários aos Delegados de Polícia e também à sociedade, o que realmente tem dificultado e muito o trabalho no Congresso Nacional. Saliento ainda, que algumas pessoas com falta de visão no Congresso Nacional elaboram projetos inviáveis e sem sustentação política-institucional , o que acaba não conseguindo o resultado esperado, pois muitas vezes são concluídos de forma errônea e equivocada, chegando até a prejudicar projetos já aprovados ou que estejam com bom encaminhamento regimental. Portanto, entendemos necessário que os representantes dos estados façam o trabalho em conjunto com as diretrizes da ADEPOL do Brasil.

3) REVISTA FENDEPOL:Quais foram os momentos mais delicados no Congresso Nacional?

Carlos Eduardo Benito Jorge:Entendemos que um dos momentos mais delicados foi quando da Constituinte de 1987, durante a fase de sua aprovação. Posteriormente tivemos outro grande desafio quando foi efetivamente colocada pelo Governo nos anos de 2003 a 2006 várias propostas prejudicando os operadores da área de segurança pública, o que exigiu muito trabalho de articulação da ADEPOL do BRASIL. Temos também o momento atual que envolve toda a discussão nacional sobre segurança pública, agravado pela situação econômica do país, envolto em altos índices de desemprego e outros interesses corporativos de segmentos que pretendem fazer o trabalho de operador de direito (delegado de polícia) sem legitimidade, prejudicando a segurança pública como um todo e criando mais barreiras à eficiência do sistema como um todo.

4) REVISTA FENDEPOL: O Senhor poderia relacionar outras ações e projetos desenvolvidos pela Adepol-Br?

Carlos Eduardo Benito Jorge:A ADEPOL do BRASIL como um todo, além do acompanhamento da parte jurídica do Supremo Tribunal Federal e da parte legislativa no Congresso, busca representar os seus associados nas ações ou omissões que possam vir a atrapalhar e prejudicar a carreira do Delegado de Polícia.

5) REVISTA FENDEPOL:Quais são as maiores dificuldades que o Senhor possui na direção da Adepol-Br?

Carlos Eduardo Benito Jorge:As dificuldades na direção da ADEPOL vêm justamente da pífia contribuição financeira dos Delegados de Polícia,

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O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol), Dr. Cláudio Marques

Rolin e Silva, lançou em janeiro o livro ‘‘Operação Sepulcros Caiados I – Desvendando a face oculta do Ministério Público Brasileiro’’, obra que apresenta ao leitor os bastidores da corrupção jurídica que, aliada à corrupção comum, representa uma das maiores ameaças atuais à democracia brasileira. No Paraná, já foram realizados diversos eventos de lançamento do livro, que foram combinados com a campanha ‘‘Pelo Fim do Foro Privilegiado’’, empreitada do Delegado Marques que pode ser conhecida em seu site (www.operacaosepulcroscaiados.com.br), espaço onde são apresentadas 7 medidas de combate à corrupção jurídica, que incluem o fim do foro privilegiado em qualquer esfera, a fim de garantir o exercício pleno da justiça e da cidadania.

Livro Sepulcros Caiados I

Livro do Delegado Marques denuncia os abusos do

Ministério Público

Defensor da moralidade e dos direitos humanos e civis, o Delegado Marques é reconhecido no Paraná e em outros estados brasileiros pela publicação de artigos voltados ao combate da corrupção e abuso de poder em instituições e órgãos públicos. No livro ‘Operação Sepulcros Caiados I’, Marques revela as intimidades dos relacionamentos entre os poderes e aponta a falsa moralidade em que se encontra o Ministério Público Brasileiro. Em tom bem-humorado, o Delegado Marques apresenta um livro dinâmico e com linguagem acessível, concedendo ao leitor uma visão clara da atuação dos ‘fiscais da lei’ no Brasil, bem como dos crimes cometidos por tais servidores e a ausência de punição para os mesmos. Em entrevista ao Jornal Gazeta do Povo, o Delegado revelou que foi motivado a escrever o livro devido aos recorrentes abusos de poder do Ministério Público. “O promotor não pode ser investigado pela polícia

judiciária [Polícia Civil]; não pode ser preso em flagrante; se ele matar um cidadão, não vai a júri popular. E essa questão do foro privilegiado, que virou festa. Temos um exército de pessoas com foro privilegiado. Temos casos de promotores que dirigiram embriagados, mataram pessoas e estão soltos. (…) O livro desmascara essa questão”, conta.

Aos interessados, o livro pode ser adquirido através do site oficial do projeto www.operacaosepulcroscaiados.com.br.

pela ADEPOL/BR em conjunto com as associações estaduais sempre tiveram êxito, portanto pretendemos ainda neste ano de 2016, possivelmente após o segundo turno das eleições municipais, realizar o 29º congresso dos Delegados de Polícia, para tanto contamos com a participação e envolvimento dos Delegados de Polícia.

9) REVISTA FENDEPOL:Poderia enviar uma mensagem para todos os Delegados de Polícia do Brasil?

Carlos Eduardo Benito Jorge:Neste momento delicado podemos dizer que continuaremos na luta pelos interesses dos Delegados de Polícia, a qual é feita semanalmente há muitos anos. Acreditamos que em conjunto com os Presidentes das entidades estaduais, com a FENDEPOL e com o próprio Delegado de Polícia conseguiremos manter as conquistas realizadas até o momento, para que possamos avançar no real interesse do Delegado de Polícia em defesa da sociedade. O Delegado de Polícia unido jamais será vencido.

Livro de Cláudio Marques Rolin e Silva

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SINDICATO | RJ

Sindicato dos Delegados do RJ apoiou iniciativa.

Nos dias 26 e 27 de outubro de 2015 aconteceu, na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio, o 2º CongressoJurídico dos Delegados da Polícia Civil do Estado do Rio

de Janeiro. O evento contou com uma série de palestras e painéis que visam debater temas jurídicos com objetivos de sistematizar conceitos e métodos a serem adotados na investigação criminal. O congresso foi realizado pela Polícia Civil e pela Escola dos Delegados de Polícia do Rio de Janeiro (EDERJ) em parceria com a Fundação de Apoio e Pesquisa da Polícia Civil (FAEPOL). O encontro conta ainda com o apoio do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCMRJ), da Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (ADEPOL-RJ), da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL-BR), do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (SINDELPOL-RJ) e da Associação Brasileira da Industria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH). Na abertura do evento, o chefe de Polícia Fernando Veloso falou sobre a importância do congresso para decisões jurídicas que vão impactar a vida da sociedade. “A discussão que vai acontecer aqui vai qualificar o debate jurídico que tem toda repercussão na vida das pessoas. Ao final vai gerar enunciados que orientam todos os delegados de polícia na sua atuação no dia a dia. É uma discussão jurídica que tenta alinhar a ação da Polícia Civil de forma a conseguir melhores resultados”, disse ele. O Ministro do Supremo

Tribunal Federal, Marco Aurélio Melo, abriu o ciclo de palestras falando sobre “A importância da Atuação do Delegado de Polícia na Primeira Fase da Persecução Penal”. “Aos senhores delegados de polícia eu digo que são os destinatários da confiança do cidadãos. Não me canso de repetir a valia de encontros como este que servem para veiculação de ideias que levem a reflexão”, afirmou o ministro ao dar início a sua explanação. Durante os dois dias do congresso foram debatidos temas como a importância da autonomia para a polícia judiciária, atribuição para formalização dos atos de polícia judiciária, cooperação internacional para a recuperação de ativos e a mudança paradigmática da atuação do delegado de polícia. As palestras e mesas contam como nomes como o do chefe do Departamento de Recuperação de Ativos de Portugal, José Luis Braguês, do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Guilherme de Souza Nucci, além de delegados, professores e estudiosos.

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SINDICATO | ES

Lei Complementar n.º 657/2012 do ES Estabelece Critérios Objetivos para

Promoção dos Delegados de Polícia

Os Delegados de Polícia do Estado do Espírito Santo receberam uma excelente notícia com a aplicação da Lei Complementar n.º 657/2012, a qual dispõe sobre a promoção

de todos os policiais civis daquele Estado, estabelecendo critérios objetivos, racionais e justos. A diretoria do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Espírito Santo, presidida pelo Dr. Rodolfo Laterza, teve um grande papel na articulação com o governo estadual para que a mencionada lei fosse criada e observada, beneficiando Delegados de Polícia e todos os demais policiais. O ex-presidente e diretor do Sindicado dos Delegados de Polícia do Espírito Santo, Dr. Sérgio Lucas do Nascimento, foi um dos grandes protagonistas nessa grandiosa conquista dos seus pares. A lei cria critérios objetivos para a promoção, estabelecendo interstício de cinco anos em cada classe, com regras de transição. Abaixo, transcrição parcial da Lei Complementar n.º 657/2012:

Art. 3º As promoções nas carreiras de Policial Civil dar-se-ão em sentido vertical, de uma Categoria para outra imediatamente superior, e observarão as normas contidas nesta Lei Complementar.

§ 1º As promoções nas carreiras de Policial Civil ocorrerão pelo cumprimento do exercício ininterrupto do cargo e interstício na categoria, conclusão de curso de aperfeiçoamento e comprovação de aptidão na avaliação de desempenho funcional ao final do

período para promoção à Categoria imediatamente superior, obedecidos os seguintes critérios: I - para promoção da terceira para a segunda Categoria, cumprimento do interstício de 5 (cinco) anos na categoria, curso de aperfeiçoamento técnico-profissional ministrado pela Academia de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo – ACADEPOL com carga horária mínima de 200 (duzentas) horas/aula realizado durante o interstício promocional e avaliação de desempenho funcional com aptidão comprovada ao final do período para promoção à Categoria imediatamente superior; II - para promoção da segunda para a primeira Categoria, cumprimento do interstício de 5 (cinco) anos na categoria, curso de aperfeiçoamento técnico-profissional ministrado pela ACADEPOL com carga horária mínima de 240 (duzentas e quarenta) horas/aula realizado durante o interstício promocional e avaliação de desempenho funcional com aptidão comprovada ao final do período para promoção à Categoria imediatamente superior; III - para promoção da primeira categoria para a Categoria Especial, cumprimento do interstício de 5 (cinco) anos na categoria, curso de aperfeiçoamento técnico-profissional ministrado pela ACADEPOL com carga horária mínima de 360 (trezentas e sessenta) horas/aula realizado durante o interstício promocional e avaliação de desempenho funcional com aptidão comprovada ao final do período para promoção à Categoria imediatamente superior.

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SINDICATO | PR

Presidido pelo Delegado de Polícia Dr. Cláudio Marques Rolin e Silva, o Sindicato dos Delegados de Polícia

do Paraná tem atuado firmemente em prol da valorização da categoria e em frentes de combate à corrupção jurídica e institucional. Também constam na pauta do Sidepol a luta pela contratação de 110 candidatos aprovados no concurso para Delegado de Polícia e ajuste salarial, ambos paralisados devido às dívidas do Estado do Paraná. Em março de 2015, o Sidepol promoveu uma audiência pública com o tema ‘Estratégias de Enfrentamento à Corrupção e Impunidade’, na Associação Comercial do Paraná. O evento contou com a participação de membros da segurança pública, forças armadas, funcionários públicos

Atuação do Sidepol Estimula o Combate à Corrupção

e advogados. Na ocasião, o presidente da ACP, Miguel Espolador Neto, ressaltou a crise que o governo atual sofre e, em especial, os desdobramentos da mesma para os pequenos e microempresários. Além de levantarem questões pertinentes sobre segurança e corrupção em órgãos públicos, os presentes tiveram a oportunidade de conhecer o Pacto pela Moralidade, Legalidade e Cidadania e sugerir alterações e realizar observações sobre tal documento. Em parceria com a Fendepol, o Sidepol realizou em maio de 2015 o Curso de ‘Combate às Organizações Criminosas e Desvios de Verbas Públicas’ em Curitiba, na sede da Escola Superior de Polícia Civil do Paraná. O curso, que tinha vagas limitadas, atendeu a delegados de polícia, escrivães e investigadores paranaenses. O Delegado de Polícia Rodolfo Laterza (ES) foi responsável por ministrar o curso, que contou ainda com palestra do Dr. José Paulo Pires sobre o Plano Nacional de Defesa Social e Aperfeiçoamento da Democracia.

Amplamente divulgado em território nacional pela Fendepol, o Pacto pela Legalidade, Moralidade e Cidadania é constantemente defendido pelo Sidepol, que sempre aborda o documento em eventos, debates e reuniões. Concomitante às ações de luta sindical, o Sidepol está promovendo diversas atividades para arrecadação de fundos, com fins de adquirir uma sede própria para atender cada vez melhor seus sindicalizados. Em dezembro de 2013, o Sidepol promoveu uma campanha de arrecadação de alimentos, intitulada ‘Operação Sarepta’. Inicialmente, foram convidados a participar os membros da Polícia Judiciária, através da doação de um quilo de alimento não perecível, mas a campanha estimulou a participação ainda de membros da sociedade civil, resultando na arrecadação de aproximadamente 10 toneladas de alimentos, produtos de higiene, fraldas, brinquedos e outros donativos. Cada Unidade Policial destinou as doações à uma instituição assistencial de sua cidade, tornando especial o natal de muitas pessoas.

Dr. Claudio Marques Rolim e Silva

Audiência Pública

Doações da Operação Sarepta

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Campanha publicitária atingiu 25 milhões de pessoas e é a maior já realizada no Brasil

SINDICATO | MG

SINDEPOMINAS Realiza Campanha Inédita de Esclarecimento Sobre Papel

do Delegado de Polícia

O SINDEPOMINAS – Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais - realizou

nos últimos seis meses a maior campanha que se tem notícia no Brasil, intitulada “O que faz um delegado”. A campanha, aprovada em Assembleia Geral, investiu pouco mais de um milhão de reais e impactou cerca de 25 milhões de pessoas, extrapolando o público alvo de 20 milhões de mineiros e ganhando visibilidade em toda a região Sudeste e, em menor grau, em todo o País. Lembramos que o Estado de Minas Gerais tem cerca de 1400 delegados de polícia na ativa. O objetivo principal é

elucidar a população sobre a importância do Delegado de Polícia, seus papéis, desafios, qualificações e especificidades de atuação. O outro objetivo, também destacado pelo presidente da entidade, Marco Antônio de Paula Assis, é promover a valorização do Delegado de Polícia. “Certamente, essa campanha se constituiu um modelo para as entidades de defesa dos Delegados de Polícia no País, balizando outras iniciativas de comunicação que virão daqui para frente, com o mesmo propósito”, afirma Marco Antônio. Para se ter uma ideia dos resultados dessa campanha inédita, o vídeo que a apresenta no Youtube,

ultrapassou, no primeiro mês de veiculação na web, cem mil visualizações. O SINDEPOMINAS selecionou uma agência de propaganda para desenvolver a campanha, mas todo o planejamento estratégico foi predefinido pela equipe interna de comunicação do Sindicato. Foram utilizados todos os tipos de mídias disponíveis, como televisão, rádio, jornais, revistas, folders, cartazes, outdoors, backbus, além de facebook, twitter e whatsApp. Além de anúncios em Jornais, TV e rádios da Capital e do interior, foi criado um site exclusivo da campanha, impressos um milhão de folders e 25 mil cartazes e veiculadas cem mil inserções de 30 segundos nos canais de televisão da rede de ônibus coletivos de Belo Horizonte e Região Metropolitana, também presentes nos painéis nas salas de embarque dos aeroportos da Pampulha e Confins. Para Miriam Galuppo, vice-presidente do SINDEPOMINAS, a campanha também se destacou pelo retorno obtido dentro e fora da classe. “Com base nos inúmeros feedbacks que recebemos, inclusive de várias partes do país, a ação foi muito bem sucedida”, afirma. Como Delegada, ela também avalia que “a campanha serviu para elevar a autoestima dos policiais civis que viram seu trabalho difundido em todos os meios de comunicação, trazendo um alento à tão combalida e desafiadora profissão”.

Conheça a campanha: acessewww.oquefazumdelegado.com.br

Marcos Antonio de Paula Assis e Miriam de Oliveira Galuppo

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Dando continuidade as visitas que estão sendo realizadas pela diretoria da ADPEB, o presidente Fábio Lordello e o diretor Pietro Badinni estiveram reunidos nesta quinta-feira

(28), no Hotel Barravento, em Ilhéus, com delegados das coordenadorias de Ilhéus e Itabuna, para tratar de assuntos de interesse da classe. Na pauta, o cenário nacional, estadual, ações jurídicas e capacitações oferecidas pela ADPEB foram debatidos entre os presentes. “Estamos apresentando as ações realizadas no último ano, buscando consolidar e unificar o discurso de toda a categoria, colhendo e apresentando propostas que serão debatidas na nossa próxima assembleia, que terá data divulgada logo em breve”, explica o presidente. Para o diretor Pietro Badinni, as reuniões de alinhamento servem para ouvir os delegados. “Precisamos ouvir os colegas, conhecer a realidade de cada Coordenadoria, para que possamos desenvolver ações para o fortalecimento da nossa Polícia e desenvolvimento da carreira”, pontua.

Ponto de Vista

“A reunião foi muito boa. Uma das reuniões de diretoria mais produtiva que participei, pois, todos os pontos abordados pelos colegas foram esclarecidos. Todas as dúvidas foram sanadas, além de ficarmos bastante à vontade para expressar nossas opiniões”, Gildete Vitória Vaz – Delegada 6ª Coorpin/Itabuna. “Foi uma excelente reunião, que além de poder rever os colegas serviu, principalmente, para esclarecer todas as ações que estão sendo realizadas pela ADPEB, no cenário nacional e estadual. É um saldo positivo, pois é através desse esforço de visitar as unidades de trabalho, ou seja, as nossas rotinas no interior, que tornamos a classe mais unida”, Fábio Vieira – Delegado 7ª Coorpin/Ilhéus.

SINDICATO | BA

Ilhéus e Itabuna Recebem Diretoria da ADPEB para Reunião de Alinhamento

Fábio Lordello e Janaína Dore

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SINDICATO | AM

Escola Superior de Delegados de Polícia Judiciária do Estado do

Amazonas lança Revista DELTAJURIS

No dia 07 de outubro de 2015, a Escola Superior de Delegados de Polícia do Estado do Amazonas, vinculada ao SINDEPOL/AM, promoveu na Livraria Saraiva do Shopping

Manauara um coquetel para o lançamento da obra DELTAJURIS. O periódico é resultado de um trabalho conjunto do Conselho editorial, que foi composto, além de Delegados de Polícia do Estado, pelo Juiz de Direito Mauro Antony e pelo Subdefensor Público do Estado do Amazonas, Dr. Rafael Vinheiro. Criada em meados de 2013, a Escola Superior de Delegados tem marcado história no mundo acadêmico-profissional Amazonense, tendo sido convidada para ciclos de palestras em sedes de parceiros comerciais do Sindicato de Delegados, Forças Armadas e Faculdades de Direito. Destarte, o Diretor da Escola, Dr. Cícero Túlio mantém contato constante com outras entidades com os mesmos fins em vários Estados da Federação para troca de informações e planejamento de projetos. Precedeu a confecção da revista um criterioso concurso para seleção de artigos que compuseram a obra, bem como um trabalho de revisão de regras da ABNT, diagramação e Registro junto ao ISSN em Brasília. Diversas Autoridades contribuíram na elaboração do projeto que conta com artigos de Delegados de sete Estados

e da Polícia Federal, bem como de docentes ocupantes de cadeiras em Universidades Estrangeiras, além de advogados, Defensores Públicos e um membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Representando o Governador do Estado, compareceu no evento o Procurador Geral do Estado do Amazonas, Dr. Clovis Smith, além de diversas outras autoridades, a exemplo do Corregedor Geral Adjunto do Amazonas Júlio Cesar; do Presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB/AM Dr. Christhian Naranjo; Presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Dr. José Paulo Pires; subdefensor Público Geral do Estado Dr. Rafael Vinheiro; Juiz de Direito e ex-Delegado do Amazonas Dr. Rafael Cró; o Deputado Estadual Platiny e da Assessora Jurídica no 7º Comando Aéreo do Amazonas Juliana Fontes. Para o Diretor da Escola Superior de Delegados de Polícia do Amazonas, Dr. Cícero Túlio, “a presença maciça de Autoridades no coquetel denota o grau de importância de um projeto de tal grandeza”. Segundo o Dr. Cícero “em outubro, a ESPOJUD estará indicando Delegados para participarem de um ciclo de palestras numa grande faculdade de Manaus”, e completa: “outros projetos farão parte da agenda de compromissos da Escola, como a formalização de um convênio para que os Delegados sindicalizados possam cursar um mestrado e/ou doutorado”.

Dirigentes do Sindicato e Delegados do Estado do Amazonas

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SINDICATO | MT

Delegados se Reúnem em ato Contra a Corrupção e em Apoio à Polícia Federal

Delegados da Polícia Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso reuniram-se em 24 de março para um ato contra a corrupção e apoio ao trabalho da Polícia Federal. O encontro aconteceu no

prédio da Diretoria Geral da Polícia Civil, em Cuiabá. A ação, de iniciativa do Sindicado dos Delegados de Polícia e da Associação Mato-grossense de Delegados, reuniu autoridades policiais que atuam na Capital e no interior de Mato Grosso. Para o presidente do Sindicado dos Delegados de Polícia, Wagner Bassi Junior, o manifesto tinha o objetivo de demonstrar a sociedade que a Polícia, seja na esfera federal ou estadual, deve desenvolver suas funções no âmbito da segurança pública, trabalhando como “polícia de estado” e não como “polícia de governo”. Em prol do projeto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 412, que prevê autonomia funcional, administrativa e financeira à Polícia Federal, os delegados de polícia de Mato Grosso analisam que o benefício provocado pela autonomia, depois de aprovado, seja expandido para as demais policiais estaduais. “O propósito do ato em apoio ao enfrentamento da

corrupção é muito importante para que as Polícias possam crescer juntas e avançar nas investigações, trazendo assim uma resposta rápida e satisfatória para a sociedade”, destacou Bassi. O delegado e representante da diretoria da Associação Regional de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Cristiano Nascimento, aponta que para todas as polícias é fundamental a questão da autonomia administrativa e financeira, o que permite que cada Instituição possa organizar o seu funcionamento de acordo com as demandas e realidades de cada região, em relação à segurança pública. “Buscamos essa independência, pois as Polícias, baseadas em seu conhecimento no combate à criminalidade tenham condições de direcionar os recursos financeiros e humanos, de forma que venha a garantir o andamento das investigações, além de possibilitar um melhor planejamento para o funcionamento das demandas”, destacou o delegado da Polícia Federal Nascimento. O diretor geral adjunto da Polícia Civil, Rogério Atílio Modelli, reforçou o ato de apoio, ressaltando que a luta não é só da Polícia Federal, mas de todas as instituições que buscam melhorias e fortalecimento para o enfrentamento da criminalidade.

Delegados do Estado do Mato Grosso

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SINDICATO | GO

O presidente do Sindepol me ligou e, depois de sua costumeira cordialidadeem cumprimentar-me,

foi logo dizendo: “Vamos comemorar 11 anos de criação da nossa entidade sindical. Tenho a intenção de publicar uma revista comemorativa desta data. Que tal você escrever um artigo sobre a criação da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil (Fendepol)?” De fato vivi, quando de minha passagem pela presidência doSindicato dos Delegados de Polícia doEstado de Goiás, toda articulação ocorrida no sentido de que fosse criada uma entidade de âmbito nacional representativa dos sindicatos de delegados de Polícia, existentes em quase todos os Estados Brasileiros. Como bom colaborador, concordei de imediato com a incumbência, posto que era perceptível a boa intenção de meu jovem presidente em prestigiar-me. Isto sei porque ele também era conhecedor de toda a história, por ter sido meu fiel companheiro nas andanças que fizemos buscando informar e convencer da necessidade de uma Federação às lideranças

classistas de delegados de Polícias de outros Estados – sempre no encalço de George Melão, presidente do sindicato dos delegados de polícia do Estado de São Paulo. Apesar de aceitar o pedido, fiquei com uma sensação de desconforto.Coisa chata essa de ficar revivendo opassado, e ainda mais complicado escrever para um público que, na suamaioria (os delegados de Polícia do Estado de Goiás), está em plena juventude profissional, totalmente ligado com o futuro a construir. Coisanatural da vida, pois as realizações dopassado em nada podem ser comparadas com as perspectivas que seapresentam para o futuro. Mas, espere aí! Vamos comemorar dez anos de criação do nosso sindicato e menos de dois anos de nossa federação. Não dá para dizer de encerramento de ciclo e avaliação do passado, estamos começando a construir uma história que quase nadaainda possui. Então, senhor presidenteFábio Vilela, peço permissão para mudar os termos de nosso acordo e usar deste importante espaço que mefoi concedido para, apenas registrar, que estamos em pleno processo de construção de uma federação, nascidaaos 06 de junho de 2013 com a inegável participação de vários delegados de Polícia de Goiás, dentre outros: Germano Cesar de Castro Melo, Fábio Alves de Castro Vilela, Tatiana Barbosa, Joaquim Filho Adorno Santos, Rodrigo Mendes de

Araújo e Silvana Nunes Ferreira. Nossa federação surgiu da necessidade de termos um ente representativo, legalmente constituídoe com atribuições constitucionais, quepromova a real defesa dos interesses dos delegados de Polícia do Brasil emesfera nacional, estabeleça demandaslegais, articule e promova a discussãodos rumos de nossa carreira e faça o acompanhamento do processo legislativo que envolve estas questõesno Congresso Nacional. Hoje a Fendepol, dirigida por um delegado do Rio de Janeiro, José Paulo Pires, um sonhador, idealista e batalhador, já se mostra ativa e plenamente envolvidaem seus propósitos. Veja você mesmoparte de suas ações registradas no sítio www.fendepol.com.br. A Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil, cuja criação teve o decisivo envolvimento dos delegados de Polícia de Goiás, começa a construir sua história. A dinâmica desta participação, caro presidente, poderá ser melhor registrada em um futuro próximo, quando muitos outros colegas já terão somado seus esforços na lida diária do movimento sindical, isto por meio do espaço aberto pela Fendepol. Assim sendo, a quem muito jásomou, fica a obrigação de persistir. Aos que iniciam sua jornada, o deverde conhecer e contribuir. Não há conquista sem a determinação expressa em trabalho e nada é mais poderoso que o esforço coletivo. Adiante!

FENDEPOL: Um sonhoRealizado

Wilson Luis Vieira - Ex-presidentedo Sindicato dos Delegados de Goiás

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SINDICATO | SE

O Sindicato e a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Sergipe -

Adepol/SE - promoveram, durante todo o dia dessa sexta-feira, 20/05, o Curso de Investigação de Crimes Contra a Administração Pública e Lavagem de Dinheiro, que teve como facilitadora a delegada de Polícia Civil, Danielle Garcia. O evento aconteceu no auditório do Hotel Aquarius e contou com a

participação de cerca de 100 delegados. “Esse projeto teve início o ano passado com um curso ministrado pelo Dr. Rodolfo Laterza, delegado de Polícia do Espírito Santo e agora temos esse primeiro módulo. O objetivo é aproximar os delegados desse tipo de investigação, que embora histórica na Polícia Federal, ela está sendo praticada no âmbito das Polícias Civis estaduais”, explica o presidente da Adepol, Paulo Márcio Cruz. A Delegada Danielle Garcia é coordenadora do Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública - Deotap -, órgão que traz em seu histórico investigações importantes e de considerável

repercussão como as Operações Castelo de Cartas, Subvenção, Avalanche e Indenizar-SE. O evento teve por objetivo capacitar os Delegados de Polícia de Sergipe e também funcionou como um momento de compartilhar conhecimentos e experiências, a fim de que se aprimorem as técnicas investigativas policiais neste setor, tendo em vista o compromisso da entidade com a defesa da moralidade na administração pública e no combate à corrupção. “Dar a contribuição da minha experiência e expertise do trabalho para eles é mais do que prazer, é um dever. Espero que possa contribuir ainda mais. Falamos da parte doutrinária, mas também dos casos práticos. Excelente iniciativa da atual gestão da Adepol”, afirma a delegada Danielle Garcia. E sobre a Operação Indenizar-SE, que envolve um esquema de desvio de recursos da Câmara Municipal de Aracaju – CMA -, a delegada afirmou que as operações ainda estão em andamento. “A Operação Indenizar-SE está aguardando algumas diligências. Já ouvimos todas as pessoas envolvidas, ouvimos os vereadores, colhemos um vasto material com mais de 90 caixas de processo de pagamento e que foram analisados e tabelados. A fase está avançada e nos próximos dias teremos um desfecho interessante”, conta Danielle.

Sindicato de SE Promove Curso de Investigação de Crimes Contra a Administração Pública e Lavagem de Dinheiro

Delegada Danielle Garcia Ministrando o Curso56

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Buscando melhorias na avaliação dos concursos públicos de todo o país, especialmente os da área

de Segurança, e com propostas inovadoras, foi firmada parceria entre a Fundação de Apoio ao Ensino e Pesquisa da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Faepol), criada há 17 anos, e o Instituto Nacional de Seleções e Concursos (Selecon), recém-fundado e com sede no Rio. As instituições têm o propósito de oferecer novos métodos de avaliação, para que os servidores selecionados tenham vocação. A parceria Faepol/Selecon inova ao oferecer aos órgãos públicos do país a organização dos próximos concursos e dos cursos de formação, quando necessários, para qualificar os selecionados. Com essa ideia, pretende-se padronizar a segurança pública brasileira, o que poderá elevar o seu nível de atuação. A cerimônia que marcou a assinatura do contrato entre as partes foi realizada na última quinta-feira, dia 19, no Novotel, no Centro do Rio de Janeiro. O presidente da Faepol, Pablo Sartori, falou da importância dessa parceria. “Desde quando assumimos a Faepol, até os dias de hoje, tivemos mudanças. Uma delas foi que a polícia passou a acreditar mais na Faepol. É, portanto, uma obrigação nossa fazer

FAEPOL

Parceria Selecon/Faepol promete inovações nos concursos públicos

a fundação crescer cada vez mais, sendo uma fonte de apoio e subsídios para a polícia. A Faepol, junto com o Instituto Selecon, pretende selecionar os candidatos que têm o perfil da Polícia, da Guarda Municipal ou do órgão que nos contratar. Com isso, o candidato aprovado não irá demorar a se adaptar à atividade necessária”, afirmou. O diretor presidente do Instituto Selecon, Rogério Rangel, mostrou-se grato à Faepol pela confiança no projeto que, segundo ele, será decisivo para o serviço público do país. “O Instituto Selecon está muito honrado com essa parceria. Agradecemos demais à Faepol por ter

acreditado na nossa filosofia. Juntos, conseguiremos fazer um trabalho muito sério e qualificado, buscando sempre atuar da maneira que jamais deixe de lado a palavra parceria.” Diretor de concursos e processos seletivos do Selecon, Marcus São Thiago, comentou a importância do país se atualizar nos métodos de escolha dos servidores públicos. “O grande desafio do Estado brasileiro, hoje, é a seleção de recursos humanos. E se o investimento nessa área não for sério e bem direcionado, realmente não iremos avançar. A proposta do Selecon sempre foi essa: investimento na melhor seleção de

Marcus São Thiago, Rogério Rangel, Pablo Sartori e Adilson Palácio (da esqueda para a direita): Selecon e Faepol firmam parceria para concursos

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RH, na capacitação e na formação. A proposta da Faepol na área de segurança se encontra com a nossa, porque eles têm uma experiência de atuação na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, respeitada nacional e internacionalmente. A Faepol traz, portanto, essa segurança na qualidade da seleção e do entendimento de que temos que ter processos inovadores nos concursos públicos e processos seletivos, para conseguir o resultado que o estado espera: vocação. A população clama por isso. Estamos saindo Brasil afora para levar a nossa proposta, e estamos sendo muito bem recebidos”, assinalou. O vice-presidente da Faepol, Adilson Palácio, destacou que a união Faepol/Selecon já desperta a atenção de outras instituições. “É uma parceria sólida, que já desperta a atenção de outras organizadoras.

Ou seja, há um novo elemento no mercado, muito mais forte do que a concorrência imaginava. Já estamos visitando várias polícias e guardas municipais do Brasil, mostrando o nosso trabalho. Nessa área de concursos, a Faepol tem total capacidade, com um corpo docente que vem na Academia de Polícia do Rio, referência no Brasil e até no exterior. Juntos com o Selecon, certamente faremos sucesso.” Também estiveram presentes no evento servidores da Polícia Civil e funcionários da Faepol e da Selecon, além do diretor da Academia de Polícia Sylvio Terra (Acadepol), delegado Georges Toth Junior. Ele também falou da importância dessa parceria: “Tudo o que é feito com instituições sérias e voltado para a pesquisa e ensino, merece apoio. É uma iniciativa interessante, e por isso estamos aqui”, afirmou.

Diretor pedagógico da Faepol, Marcus Montez, destacou a experiência das duas instituições. “Toda parceria é produtiva, ainda mais quando há pessoas experientes envolvidas e que irão acrescentar expertise. Para a minha área, que é a pedagógica, agrega-se muito mais valor. Você consegue trazer outros docentes com gabarito, e isso torna os nossos cursos cada vez mais qualificados.” A coordenadora pedagógica da parceria Faepol/Selecon, Eliane Castro, mostrou-se otimista quanto ao futuro das instituições. “Por meio dessa união, instrumentalizaremos a Faepol e o Selecon em diversas áreas, entre elas, de capacitação e formação. Tendo a Faepol o perfil de apoio à Segurança Pública e o Selecon de experiência na área de concursos, a expectativa é de muito sucesso”, disse.

Assinatura da Parceria FAEPOL/Selecon

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