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XIX JORNADAS DE CARDIOLOGIA DE SANTARÉM
ESCALA
DE AUTO-CUIDADO PARA A PESSOA COM
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
C. Marques, E. Rebola, M. Lopes, T. Pequito
A IC constitui-se como um grande problema de saúde associado a
uma elevada morbilidade e mortalidade;
Hoje aproximadamente 0,4-2% da população Europeia é afectada
pela IC assintomática. Nos EUA estão reportados 4.7 milhões de
casos, com mais de meio milhão de novos casos a cada ano;
O estudo EPICA (Epidemiologia da Insuficiência Cardíaca e
Aprendizagem) quantificou a prevalência da IC em Portugal
continental em 4,36%, equivalendo a mais de 260.000 indivíduos
afetados (Ceia F. et al, 2002).
Porquê?
A IC é uma síndrome complexa, os doentes normalmente apresentam
sinais e sintomas típicos, que conferem ao doente desconforto e mal-
estar para além de lhe porem a vida em risco (European Society of
Cardiology, 2008).
Respiratórios: dispneia, ortopneia, dispneia paroxística nocturna, tosse seca irritante
e persistente, períodos alternados de apneia e hiperpneia, fervores.
Cardiovasculares: angina, distensão venosa jugular, taquicardia, diminuição da
pressão arterial sistólica com aumento da pressão diastólica.
Gastrintestinais: Abdómen aumentado de volume, sensível no hipocôndrio direito,
ascite, náuseas, vómitos, distensão abdominal, anorexia, dor epigástrica.
Cerebrais: estado mental alterado (confusão, agitação).
Generalizados: fadiga, diminuição da tolerância à actividade, edema (periférico
com godet), aumento de peso.
Psicossociais: ansiedade.
Porquê?
Perante a complexidade da pessoa com IC o autocuidado
assume duplo sentido: é profundamente afetado pela IC e a IC
exige alteração no autocuidado.
O autocuidado pode ser definido por um conjunto de acções
destinadas a manter a estabilidade física, a evitar comportamentos
conducentes ao agravamento da situação e à detecção o mais precoce
possível de sintomas de descompensação (European Society of
Cardiology, 2008).
Porquê?
Com vista a dar resposta ao atrás descrito o enfermeiro
enquanto educador faz a avaliação da situação e das necessidades
da pessoa. Define os diagnósticos e as intervenções recorrendo
maioritariamente à demonstração (Zalon, 2007).
Temas essenciais para educação e aquisição de competências e
comportamentos de autocuidado: Definição e etiologia da IC,
Sintomas e sinais de IC, Tratamento farmacológico, Modificação de
factores de risco, Recomendações referentes à dieta,
Recomendações quanto ao exercício físico, Actividade sexual,
Imunização, Perturbações respiratórias e de sono, Adesão ao
tratamento, Aspetos psicossociais, Prognóstico.
Porquê?
A escala SCHFI (Self Care of Heart Failure Index) V 6.2 foi
desenvolvida na Universidade da Pensilvânia, por Barbara Riegel, no
sentido de avaliar o autocuidado da pessoa com insuficiência cardíaca.
Este trabalho teve início em 1999 surgindo a primeira publicação em
2000. Foi sendo aperfeiçoada até chegar à versão 6.2. A escala está
construída de forma a avaliar três dimensões: a estabilidade do
doente com IC, a gestão dos sintomas do doente com IC e a auto-
confiança do doente com IC (Riegel, 2009).
Escala de auto-cuidado para a pessoa com
insuficiência cardíaca
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo.
Objectivo do estudo:
- Validar a escala de auto-cuidado para a pessoa com
insuficiência cardíaca, na população Portuguesa.
Procedimentos metodológicos
O estudo (tradução e adaptação cultural) foi autorizado pela
autora da versão original em inglês, e começou por:
* Tradução para língua portuguesa ( realizada por uma pessoa que
fala e escreve Inglês);
* Retroversão (realizada por uma pessoa que fala e escreve
Inglês e Português);
* Validação da tradução (realizada pela autora da versão original).
Procedimentos metodológicos
População e amostra
População constituída por todos os doentes com IC. A amostra é
constituída por doentes com IC que estavam inscritos na consulta de
enfermagem dos serviços: de cardiologia do Hospital de S. Bernardo,
Setúbal e de cardiologia do Hospital Pulido Valente, Lisboa.
Total de 110 doentes.
Procedimentos metodológicos
Instrumento de recolha de dados
Recorreu-se ao questionário, sendo este construído por duas
partes. A primeira diz respeito a variáveis sócio-
demográficas. A segunda é composta pela escala SCHFI V
6.2.
Procedimentos metodológicos
Recolha de dados
Na consulta de enfermagem o doente foi informado sobre o
questionário, deu consentimento informado. O questionário foi
fornecido pelo enfermeiro, e foi preenchido, no momento, pelo
próprio doente ou se não soubessem ler ou escrever ou tivessem
dificuldades na leitura ou escrita, o familiar lia e escrevia o que o
doente dizia. O enfermeiro recolheu os questionários.
O doente respondeu com base no que fez ou aconteceu no
último mês.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos éticos e legais
Foram respeitados os procedimentos éticos e legais, conforme a
Declaração de Helsinkia de Ética no que respeita a pesquisas que
envolvem Seres Humanos (Williams, 2009), assim como todos os
procedimentos das Comissões de Ética dos respectivos
Hospitais. E da Comissão de Ética da Área da Saúde e Bem-Estar
da Universidade de Évora.
Procedimentos metodológicos
Tratamento de dados
Os dados foram alvo de análise quantitativa. Com recurso ao
software SPSS®. Cada uma das secções da escala foi trabalhada
individualmente, pois o auto-cuidado é melhor representado pelas
escalas de manutenção do auto-cuidado secção A e de gestão do
auto-cuidado secção B.
A secção C, a escala da auto-confiança, constitui um importante
processo moderador da relação entre as escalas da manutenção e
da gestão.
Procedimentos metodológicos
Caraterização socio demográfica
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Idade Média
69,0 anos
Desvio Padrão
10,5 anos
Sexo Masculino
78 Participantes
Sexo Feminino
32 Participantes
Anos com IC diagnosticada
Menos de 1 ano - 7 – 7,8 anos
1 -3 anos - 19 - 21,1%
4 – 7 anos - 19 - 21,1%
8 – 10 anos - 16 – 17,8%
Mais de 11 anos - 27 – 30,0%
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Alpha de Cronbach’s Escala Manutenção
Original 0,553 - Atual 0,646
Alpha de Cronbach’s Escala Gestão
Original 0,597 - Atual 0,572
Alfa Escala Confiança
Original 0,827 - Atual 0,845
Alpha de Cronbach’s
Escala
0,819
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Escala Manutenção
Média = 54,58
Desvio Padrão = 16,95
Escala Gestão
Média = 64,30
Desvio Padrão = 21,97
Alfa Escala Confiança
Média = 69,58
Desvio Padrão = 20,13
Escala
Secção A (a estabilidade/manutenção do doente com IC) Em baixo estão listadas instruções comuns dadas a pessoas com insuficiência cardíaca. Com que frequência as cumpre?
Nunca ou raramente
Às vezes Frequentemente Sempre ou
diariamente
1 - Pesa-se sozinho? 14 39-
35,5%
33 23
2 - Inspecciona os seus tornozelos á procura de inchaço? 8 23 32 46-41,8%
3 - Evita adoecer (e.g., vacina da gripe, evita contacto com pessoas doentes)? 25 17 36-32,7% 24
4 - Pratica algum tipo de actividade física? 52-47,3% 25 15 14
5 - Cumpre as orientações dos médicos ou dos enfermeiros? 1 7 23 77-70,0%
6 - Pratica uma alimentação com baixo teor de sal? 6 7 29 65-59,1%
7 - Exercita-se por 30 minutos? 41-37,3% 23 19 24
8 - Esquece-se de tomar algum dos seus medicamentos? 85-77,3% 10 2 9
9 - Pede alimentos com baixo teor de sal quando faz refeições fora de casa? 31-28,2% 23 25 28
10 - Usa um sistema (caixa de comprimidos, lembrete) para o ajudar a controlar a toma dos medicamentos? 34 79 11 55-50.0%
Escala
Secção B: (a gestão dos sintomas do doente com IC) Muitos pacientes têm sintomas devido á sua insuficiência cardíaca. Dificuldades respiratórias e inchaço nos tornozelos são sintomas comuns de insuficiência cardíaca. No mês passado, teve problemas respiratórios ou inchaço dos tornozelos? Assinale com um círculo. Não 64-58,2% ou Sim 35-31,8% 11. Teve problemas de respiração ou de inchaço nos tornozelos no último mês…
Não tive
estes sintomas
Não reconheci
estes problemas
De forma lenta
De forma
normal
Rapidamente
De forma muito rápida
Com que rapidez reconheceu estes sintomas como de insuficiência cardíaca?
38-34,5% 7 10 19 20 3
Escala
Secção B: (a gestão dos sintomas do doente com IC) Em baixo estão listados procedimentos que as pessoas com insuficiência cardíaca utilizam. Se tem problemas respiratórios ou inchaço nos tornozelos, qual é a probabilidade de usar um destes procedimentos?
Não tentei nada
Não tenho a certeza
Tenho uma vaga
ideia
Tenho a certeza
Tenho a certeza
absoluta
Está certo sobre o facto do procedimento ter ajudado ou não?
18 11 12 32-
29,1% 28
Nada
Provável Pouco
Provável Provável
Muito Provável
12 - Reduzir o sal na sua dieta 10 9 48-43,6% 38
13 - Reduzir a quantidade de líquidos por si
ingeridos 14 13 45-
40,9% 30
14 - Tomar um diurético (comprimido para eliminar líquidos) extra 24 5 27 47-42,7%
15 - Contactar o seu médico ou enfermeiro para aconselhamento 5 3 25 72-65,5%
16. Pense num procedimento por si tentado na última vez que teve problemas respiratórios ou inchaço nos tornozelos,
Escala
Secção C: (auto-confiança do doente com IC) No geral, está confiante de que consegue:
Nada confiante
Pouco confiante
Muito confiante
Extremamente confiante
17 - Manter-se livre de sintomas de insuficiência cardíaca? 14 27 45-40,9% 18
18 - Seguir o tratamento que lhe tenha sido aconselhado? 3 46 59-53,6% 1
19 - Avaliar a importância dos seus sintomas? 2 13 50-45,5% 44
20 - Reconhecer mudanças na sua saúde se estas ocorrerem? 3 16 45-40,9% 43
21 - Fazer alguma coisa que alivie os seus sintomas? 6 27 46-41,8% 29
22 - Avaliar a eficácia de um qualquer procedimento? 9 18 48-43,6% 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que esta escala constitui um importante instrumento
clínico, que ao dispor de quem cuida de doentes com IC, pode sem
dúvida contribuir para uma prática de excelência, tendo como finalidade a
promoção e monitorização do autocuidado terapêutico.
BIBLIOGRAFIA
-American Association of Heart Failure Nurses, (2011). http://www.aahfnpatienteducation.com/index.php.Acesso em Abril 2011. -Correia, J., Silva, F., Roque, C., Vieira, H. & Providência, L. (2007). Impacto de uma Consulta Diferenciada de Insuficiência Cardíaca, na Frequência de Hospitalizações e Capacidade Funcional de Doentes com Insuficiência Cardíaca Avançada. Revista Portuguesa Cardiologia, 26 (4), pp. 335-343 -European Society of Cardiology. (2008). Recomendações de Bolso da ESC – versão Portuguesa. Sociedade Portuguesa de Cardiologia. www.escardio.org/guidelines. Acesso em Abril 2011. -Laurent-Boop, D. (2000). In Enfermagem em Cardiologia (4ª ed.). São Paulo: Editora Manole -Riegel B, Lee CS, Dickson VV, Carlson B. (2009). An Update on the Self-Care of Heart Failure Index. Journal of Cardiovascular Nursing;24(6):485-497 -Riegel, (2011). http://www.self-careofheartfailureindex.com/?page_id=54. Acesso em Abril 2011. -Williams JR. Manual de Etica Médica. 2ª ed. [homepage na Internet]. Francia: Asociación Médica Mundial; 2009. Disponível em: http://www.wma.net/es/30publications/30ethicsmanual/pdf/ethics_manual_es.pdf. Acesso em Abril 2011. -www.aahfnpatienteducation. Acesso em Abril 2011. -Zalon, M. L. (2007). Consummer relationships. In: Yoder-Wise, P. S.. Leading and Managing in Nursing. 4 ed. Mosby Elsevier.