xiii seminario nacional de grandes barragens de subpressao em... · ... deve-se adotar rw < o,la...
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XIII SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
RIO DE JANEIRO
ABRIL 1980
SIMULAcAO DE SUBPRESSAO EM BARRAGENS DE CONCRETO
TEMA IV
Paulo Salgado Machado Coelho
Eng4 do Setor de Computacao
ENGEVIX S/A.
RIO DE JANEIRO
1b I
1. OBJETIVO
Apresentar um modelo analiticamente fundamentado, formulado com o
emprego de elementos finitos, como contribuigao a solugao teori-
ca do problema da simulagao de cortina de pogos de drenagem sob
barragens de concreto.
0 trabalho e um arranjo e um resumo do extenso estudo que desen-
volvemos sobre o assunto e que se encontra detalhado em um rela-
torio de propriedade do Departamento de Engenharia Civil da Enge
vix - Rio de Janeiro.
2. A CORTINA DE POcOS DE DRENAGEM
Inicialmente consedere-se uma fundagao homog&nea, de permeabili-
dade isotropica (condigoes que nao invalidam a aplicagao do meto
do aos casos reais e as necessidades dos Projetos). Estando au-
sente a cortina de drenagem obtem-se um diagrama de subpressao ,
na linha do contato estrutura-fundagao, que possui equagao anali
tica (figura 1). As linhas de fluxo sao elipses com focos nos
pes de montante e jusante da estrutura (nao foram desenhadas).
Seja introduzir a cortina de drenagem. Suas caracteristicas sao:
a distancia "a" entre os drenos, cujo raio a rW a distancia "d"
da cortina ao pe de montante e a pressao no interior dos drenos
que varia hidrostaticamente desde zero (na boca do dreno) ate o
valor maximo na profundidade.
A superficie piezometrica cuja segao era o diagrama inicial rede
fine-se em complexa superficie no planificavel, para a qual nao
ha equagao analitica.
As linhas de fluxo transformam- se em tragetorias espaciais com
projegoes nos eixos X,Y,Z. A superficie piezometrica apresenta
um ponto umbilical em cada dreno. A figura 1 mostra ainda osdia
gramas obtidos pelo corte por um piano que passa por um dreno e
por um piano equidistante de dois drenos.
Chamamos SD a ordenada de pressao media na abscissa da cortina
(x=d). A superficie piezometrica conserva, em seus extremos,cur
vatura semelhante a do diagrama de subpressao plena.
2.1)Solugao Analitica de Muskat
A solugao analitica de uma cortina foi dada por Muskat em 1937 e
se aplica ao modelo fisico hipotetico de Muskat. Neste trabalho
no serao transcritas as consideragoes que tecemos sobre o mode-
lo. Limitaremo -nos a descreve - lo e a apresentar a fungao anali-
tica de Muskat.
ijr,x
0 modelo esti mostrado na figura 2. Consiste de uma fundacao
com permeabilidade isotropica limitada per fendas inundadas sob
os pes de montante e jusante da estrutura . As pressoes frontais
sao trapezoidais e hidrostaticamente variaveis. A superficie
piezometrica a semelhante a da figura 1 (sendo reta em seus ex -
tremos ) e possui equagio analltica a duas variaveis (x,z). As
linhas de fluxo dirigem- se radialmente para o dreno e nao ha flu
xo ascendente , isto e, qualquer linha de fluxo esta contida em
um piano horizontal.
A equagao da superficie e:
q cosh 27 ( x+d) - Cos 27Z
s (x, z) = 2TrkD loge a acosh 27(x-d ) - cos 27Z
onde qw = aqw
e = HM -J- kDd
a a
(1)
(2)
qw e a vazao total por unidade de espessura normal ao piano da
figura e que parte de montante.
A solugio de Muskat estabelece a superficie piezometrica em fun
cao dos pararetros HM, HJ, k, D , a, d de tal forma que nao exis
to fluxo a jusante da cortina . (Algum fluxo que passa para ju-
sante, nas proximidades do dreno , retorna e penetra no mesmo),0 monomio em (1) pode ser simplificado pela substituicao de (2)
tornando a fungao independente de k e D.
A vazao em um dreno a dada per qw vezes a distancia " a". Obser
vando-se (1) vi-se que em principio a superficie piezometrica
nao depende do raio do dreno. Na verdade interessa o binomio
"cota da boca do dreno e raio do dreno", pois para x=d e z=a tHn
-se s=oo. Os valores limites para x e z devem ser tais que 0
ponto se projete sobre a circunferencia do dreno de raio rw e
nessa condigao deve-se usar ( 1) para calcular SO, distancia ver-
tical entre a boca do dreno e a altura de montante HM. A cota
da boca do dreno a HM- So e e a elevacao necessaria para que a va
zao a.qw se verifique e igualmente seja produzida a superficie
piezometrica de Muskat, sem fluxo a jusante. Se for conservado
o valor de rw mas a boca do dreno estiver abaixo ou acima da co
to HM So o diagrama nao sera o de Muskat, havendo fluxo a jusan
to da cortina.
Observacao : deve-se adotar rw < O,la e a < 3d para que So seja
praticamente constante para os pontos (x,z) que se projetam so-
16b
bre a circunferencia do dreno. Isto porque o infundibulo nao
tem secao circular, salvo proximo da descontinuidade (x=d,z=a).
Concluindo, o dreno de Muskat a um tubo de raio r cuja boca de-w
ve se elevar ate interceptar a superficie piezometrica de Muskat
cuja forma independe de r .w Pela boca fluira a.qw sendo qw dada
por (2). Nao se respeitando a cota, a superficie piezometrica
nao sera a de Muskat e a vazio nao sera a.qw.
2.2 SOLUcAO DO CASO GERAL
Casagrande apresenta na bibliografia 1, a sequencia dos progres-
ses matemiticos na solucao do problema da cortina de drenagem.
Termina ao exibir uma figura para a solucao do caso geral. Re -
estudamos o problema para o estabelecimento de uma figura condi-
zente com as (nossas ) formulas. No livro "Milestones in Soil
Mechanics" que reproduz o trabalho de Casagrande existe um erro
na formula da pressao media na abscissa da cortina. 0 caso ge -
ral a aquele em que a cota da boca do dreno a qualquer, dada por
Ahw acima do nivel do reservatorio de jusante. A superficie pie
zometrica nao e a de Muskat. A figura 3 ilustra a solugao e po-
de ser reproduzida pela construgao grifica, bastando determinar
os pontos A,B, e C.
A altura he a dada por uma expressao obtida a partir da (1), que
abaixo transcrevemos:
AH - Ah c
h =w b
c 1+ l a c log ae
2 TT d b 2 Tf rw
(3)
onde a,b,c,d,AH, Ahw, rw sao dados do Projeto da barragem.
A altura hc, determina o diagrama tracejado que a inicialmente a
solugao de Muskat para o nivel de jusante na posigao mostrada(a-
cima de H) e a cota da boca do dreno acima da dada por HJ+Ahw.
Segundo o texto de Casagrande, a solugao para o nivel de jusante
em Hi e a cota da boca um Hi+Ahw se obt&m atraves da superposi -
cao, sobre a solugao de Muskat, de um gradiente constante de mon
tante a jusante.
Em nosso trabalho este gradiente sera
it=AH-h Ahc w
c b
(4)
e nao a suficiente para representar o abaixamento total AH-hc do
nivel de jusante (ver fig. 3). Mas quando o bifurcarmos segundo
165
i e i.como segue , o problema fica resolvido para cada ramo dowdiagrama.
0 gradiente medic do ramo montante -cortina sera:
h Qhi = C + i + Ww d t b
0 gradiente medio do ramo cortina-jusante:
bhi = it + w
b
Pressao media na abscissa da cortina:
Sp= HJ + b.it + Ahw
(5)
(6)
(7)
Fazendo-se tihw= 0 nas expressoes (3) a (7) obtem-se a solugao pa
ra o caso da cota da boca do dreno coincidente com a do nivel de
jusante HJ.
Vazao total de montante contida na dimensao "a":
qwm = iw
a . k . D (8)
Vazao excedente (que passa para jusante por entre os drenos):
qwJ iJ
a.) .D
Vazao que penetra em um dreno:
q _(iw-ij) a.k.D
w
(9)
(10)
Com pequeno algebrismo mostra-se que(10) tambem se escreve:
q HM SD _ SD HJ)a.k.Dw d b
expressao esta que satizfaz analiticamente a solugao do caso ge-
ral, derivada da solugao de Muskat.
Em nosso relatorio apresentamos exemplos de cilculo da pressao
media SD obtendo bons resultados e para caracterizar o erro na
formula reproduzida em "Milestones in Soil Mechanics".
Ao se estudar a fungao de Muskat conclui-se que a pressao media
SD nunca pode se anular pelo efeito de uma cortina de drenagem.
3. EFICIENCIA DE DRENAGEM
Pode ser definida de diversas maneiras independentes entre si:
166
3.1 Em termos de vazao drenada
K =gwm
qW(12)
qW a vazao drenada e qwm e a que parte de montante , logo K defi
ne-se como a fragao drenada da vazao total.
Com (8 ), (10) e (11) a expressao (12) fica:
d S - H
K'= 1 - - D J (13)
b HM - SD
(Ver os parametros em diversas figuras do trabalho).
Esta expressao fornece a eficiencia K em funcao da pressao SD
desejada.
S =D
(1-K ).b.HM+d.HJ
(1-K ).b + d (14)
Esta expressao fornece a pressao media SD na abscissa da corti-
na correspondente a eficiencia K que se desejar.
Nestas expressoes e nas seguintes, SD, K', K'' e K sao estabele
cidos a priori. Escolhido SD torna-se necessario dimensionar
os drenos de tal forma que SD seja produzido teoricamente.
Isto pode ser feito por tentativasusando-se o item 2.2 desde que
se admita a existencia de, pelo menos, a fenda de montante para
que o modelo se aproxime do de Muskat.
Atengao: o item 2.2 nao fornecera solugao se for escolhido SD me
nor que HJ.
3.2 Em termos de redugao de sub-pressao
AK'' = 1 - r (15)
A
K'' 6 a fracao de que se reduz a subpressao trapezoidal.
Ar e a area do diagrama de subpressao apos instalada a cortina
e A a area do diagrama trapezoidal.
Pelo efeito de uma cortina de drenagem nao se poder ter K ''=O.
Calculando as areas e levando em (15):
c.SD+d.HM+b.HJ (16)
c(HM+HJ)
Esta expressao fornece a eficiencia K'' para ser atendida a or-
denada SD que se desejar na abscissa da cortina.
(H +H ) . (1-K' ' ) -d.HM+b.Hi
SD= M J c(17)
167
Esta expressao fornece a ordenada SD correspondente a eficiencia
K'' que se desejar.
3.3 Segundo o Bureau of Reclamation
0 Bureau estabeleceu uma expressao na qual aparece uma variavel
K chamada de eficiencia de drenagem:
SD= H J+ (1-K) . (.HM-H J ) (18)
ou ainda:SD= (1-K)HM+K.HJ (18.a)
Isolando-se K:
K=HM SD
AH (19)
onde OH= HM HJ. A expressao (19) permite dizer que a eficiencia
de drenagem do Bureau e a fracao de redurao do valor 4H apos ins
talacao da cortina de drenagem.
0 Bureau recomenda para K o valor 0,67 para efeito de se obter
um diagrama de subpressao conservativo para use em calculos de es
tabilidade.
A expressao (18) e de aceitagao geral com K=0,67.
Calculando-se SD pode-se usar as expressoes (13) e (16)para ter
as eficiencias de drenagem correspondentes em termos de vazao e
subpressao. Portanto K, K' e K'' sao diferentes entre si para
uma dada condigao de subpressao . No item 6 ha um complemento so
bre eficiencias de drenagem.
4. DIAGRAMAS ANTERIORES AO ATUAL METODO
Eram produzidos pelo mau use de elementos finitos bidimensionais
ou em outras palavras, produzidos por "malha plana" quando se es
quecia que a cortina de drenagem 6 um problema tridimensional.
A exibigao destes diagramas se justifica didaticamente e como ad
vertencia. Resultados de forgas de percolagao que recaem nos dia
gramas errados tem sido frequentemente usados em anilises de ten
soes de conjuntos estrutura-fundagao nos projetos de nossas hidre
letricas.
A figura 4 mostra a malha de elementos responsavel pelos maus re
sultados. Costumava-se simplesmente simular a cortina por uma co
luna de elementos com permeabilidade bem maior que a do macigo.
Na malha plana a coluna em questao funciona como uma trincheira
drenante estreita e profunda que capta toda a vazao de montante.
Na cortina de drenagem real o fluxo pode passar por entre os dre
168
nos, causando subpressao a jusante destes.
A pressao na boca do dreno a uma " condicao de contorno" que se
der ao programa automatico de percolacao.
Normalmente usava-se o valor zero ou da ordem de 3m.c.a. (espes-
sura da laje da galeria ). A figura 5 ( a) mostra o diagrama obti-
do com a malha da 4.
A figura 5(b) mostra o diagrama obtido quando se colocava a "trip
cheira" de jusante.
Em 5(c ) tem-se o que resultava se HJ=0.
Em 5(d ) um diagrama negativo a jusante da trincheira como resul-
tado produzido pela linha de escavarao descendente e por HJ=O.
Em todos estes diagramas obtinha-se SD=O, o que a um erro, pois
SD a um valor medio.
Finalmente em 5(e ), a situagio que se tinha para uma barragem na
beira de escavagao. A linha freatica ester numa posigao incorre-
ta. Nero se pode admitir que nao haja passagem de fluxo entre os
drenos, principalmente no topo, perto do pe de montante.
A posigao correta da linha freatica e a superior, mesmo se a bar
ragem fosse de contrafortes. Os resultados da analise de ten-
soes, com a linha freatica inferior, sio contririos a seguranga
porque o macigo acima desta fica submerso (portanto "mais leve").
5. 0 MtTODO DO DRENO UNITARIO
0 metodo em si a simples, nao precisando ser alvo de estudo tao
extenso. Mas assim foi necessario para se ter seguranga dos re
sultados. Deve-se lembrar que o Metodo dos Elementos Fintos nao
e um colega de trabalho; a uma sofisticada ferramenta cujo use
requer maior responsabilidade do que a simples feitura da malha
(bibliografia 4).
A chave do metodo e a simulagao da drenagem que a feita por uma
carreira de elementos que constitui o dreno unitario. Ela se su
perpoe a malha principal a qual se liga por uma aresta na abscis
sa da cortina de drenagem.
A figura 6 ilustra como pode ser feita a malha. 0 dreno units -
rio ester em linha tracejada, destacado (em perspectiva ) para me-
lhor visualizagao , mas verdadeiramente pertence ao plano da ma -
lha principal. Sua largura 9. a qualquer a sua permeabilidade Kd
(essencia do metodo) a fungao de 9 e de uma pressao P que depen-
de da cota da boca do dreno.
Para elementos de gradiente constante pode-se usar 9. pequeno em
relagao a altura do elemento.
169
5.1 Aplicacao ao Modelo de Muskat
"Metodo do Dreno Unitario" a um nome apropriado porque o primei-
ro passo a dividir a vazao dada por (11) pela distancia entre os
drenos e pela altura do meio permeavel obtendo-se um fluxo q. 0
fluxo q e constante com D conforme a teoria de Muskat e e a parts
efetivamente drenada do fluxo total. Sob q, a pressao media na
abscissa da cortina torna-se igual a SD.
0 fluxo q fluira pelos elementos do dreno unitario, cuja permea-
bilidade Kd se calcula por:
K=^d SD-P
ouK - ( HM SD - SD-HJ ) k.Q (20)
S-Pd d b D
Deve-se impor pressao hidrostaticamente variavel, partindo do va
for P, na aresta livre do dreno unitario.
5.1.1 Observag6es para Utilizacao do Metodo
a) A aresta livre do dreno unitario a para ser considerada como
o interior do dreno real.
Ao no superior aplica-se a pressao P que houver dentro do dreno,
na cota da linha de fundagao ou diretriz montante-jusante.
b)A permeabilidade Kd deve ser dada para a diregio horizontal e
o valor zero para a direrao vertical. Nos modelos derivados,a
comunicabilidade entre horizontes de fundagio fica assegurada
pela pressao hidrostitica imposta a aresta do dreno unitario.
No relatorio original trata- se deste assunto com detalhes.
c) De acordo com a teoria, o modelo de Muskat produz diagramas
de subpressao retilineos e paralelos entre si para quaisquer ho
rizontais tragadas sobre a malha.
Esta propriedade torna o modelo especialmente indicado para o ob
tengao de diagramas de subpressio para cilculos isostaticos de
estabilidade.
d) 0 metodo requer o conhecimento previo da pressao media SD na
abscissa da cortina, quando P for dado. SD deve ser calculado
por (3), (4) e (7).
No caso inverso (quando SD for dado ) o metodo requer o cilculo
da pressao P. Para tanto a preciso calcular analiticamente a co
to da boca dos drenos , dada por ihw acima de HJ, o que se faz
iterativamente por (3), (4), (7) com pequeno artificio. Ver a
170
I
vonclusao n4 5, item 6.
Nota: SD nao a imposta ao no em que aparece. Resulta pelo prooes
samento do modelo de elementos finitos.
5.1.2 Modelos Derivados
Denominamos modelos derivados aos que apresentam outros disposi-
tivos de drenagem alem do dreno unitario, ortotropia de per
ineabilidade, geometria arbitraria etc.
Para obter um modelo derivado deve-se previamente obter o primi-of to
tivo, apos o que, mantendo-se Kd e P. , modifica-se a malha pela
introducao dos dispositivos ou modificacoes desejadas.
Consideramos alguns modelos derivados:
a) Com Tunel
Suponhamos um tunel que intercepta a cortina de drenagem. Para
simular esta situacao deve-se inicialmente calcular Kd para a ma
lha sem o tunel e obter o diagrama primitivo (por exemplo o do
Bureau). Colocar entao o tunel, cujos nos terao pressoes nulas.
Lembrando que a aresta livre do dreno unitario simula o interior
do dreno real, deve-se impor pressoes nulas a mesma , no trecho
que vai do tunel ate a linha de fundacao. Impor pressao hidros-
titica ao trecho abaixo do tunel.
b) Cortina de jusante
Um criterio a colocar a carreira de elementos do dreno unitario
de jusante com osmesmos Kd e P. do de montante.
Este criterio encontrara justificativa no item 6.
Os diagramas, em diversos niveis, sao retilineos e paralelos en-
tre si.
c) Outros modelos
No relatorio original sao tratados com detalhes os casos de per-
meabilidade ortotropica, fundacao com diversos horizontes, linha
de escavacao irregular e surgimento de linha freatica. Observar
que os modelos derivados com ortotropia e tunel nao mais apresen
tam diagramas retilineos e paralelos entre si para diversos nive
is na fundacao.
5.2 AplicaFao do Metodo a uma Fundagao sem Fenda de Tragao
A fundacao a como a da figura 1, devendo a malha de elementos se
prolongar suficientemente para montante ou jusante. Em se dese-
jando, esta fundacao pode ser apenasmais um modelo derivado, tor
nando desnecessario o presente item.
Caso contrario, a possivel obter a pressao SD pre-fixada no con-
tato estrutura-fundagao, na abscissa da cortina de drenagem.
171
Basta calcular a permeabilidade dos elementos do dreno unitario
a qual, neste caso, sera denominada Km.
Inicialmente adota -se um valor estimado , usando-se a expressao:
1 HM SD SD-HJ K.kK =ml2 d b SD-P
(20.a)
Processa-se malha de elementos , obtendo- se o valor SFEM no n6 on
de se deseja SD . Corrige -se Kml pela expressao:
Km2= Km1MaD.JO
onde:
a= 212633 S = - 0120676
M= M- S D D= SFEM-P J= SFEM-HJH
HM SFEM SD - P SD-HJ
(21)
A expresso ( 21) pode ser usada iterativamente e e independente
da forma da linha de escavagao. Na primeira iteracao obtem-se
Km capaz de fornecer SFEM no segundo processamento do modelo,
corn menos de 5% de erro sobre SD. Nota: so testamos a expressao
com P=O.
Se a pressao SD for calculada pela expressao (18) com K=0,67 ob-
tem-se, no contato estrutura- fundacao ou diretriz montante-jusan
te, o diagrama do Bureau . Porem ele conservara , nos extremos,
curvaturas proporcionais as do diagrama de subpressao plena da
figura l.Sugerimos tambem obter SD no modelo primitivo e conside
rar a fundagao sem fendas como derivada , apreciando a razoivel
reducao na sub-pressao.
6. CRITICA E CONCLUSAO
Seja a seguinte indagagao : Com que base se afirma , neste traba-
lho, que o metodo do dreno unitario simula teoricamente uma cor-
tina de drenagem?
Esta questao sera respondida atraves do problema teste que se se
gue.
Dados ( dimensoes em metros):
HM = 60,0 ( altura de montante)
Hi = 15,0 (altura de jusante)
AH = 45 , 0 (diferenga de niveis)
rW = 0,0125 (raio dos drenos - para o teste)
172
a = 6,0 (.distancia entre drenos)'
c = 138,0 (dist. montante-jusante)
Ahw= 0,0 (distancia entre a boca do dreno e o nivel de ju
sante ) (logo: P=15,0)
d = 8,0 (dist. montante-cortina)
b = 130,0 (dist. cortina-jusante)
k = 0.001 (permeabilidade do macico)
Calculo da pressao media SD na linha de fundacao na abscissa da
cortina, pelo item 2.2:
hC
45 45_ = 29,04
1+ 1 6 138 logn 6 1,5494
27r 8 130 27 0,0125
it= 45- 29,04= 0,1156
138
SD= 15+130x0,1156=30,03
Em tempo - cilculo das eficiencias de drenagem:
Por (13): K'=1- 8 30,03-15 = 0,969 = 96,9%130 60-30,03
Por (16):K''=1 - 138x30,03+8x60+130x15=0,365=36,5%
138(60+15)
Por (19):K= 60-30,03= 0
, 666 = 66,6%45
Propositalmente a cortina foi arbitrada para apresentar pratica
mente a eficiencia do Bureau ( 67%). A subpressao , portanto, se
ra intensa . Ve-se pois que a expressio 13 ainda que correta, nk
e agradavel, porque conduz a uma eficiencia alta, embora o pro-
jeto da cortina seja pessimo.
Calculo da permeabilidade Kd do dreno unitirio:
Seja k = 3 na malha de elementos. A altura D nao influi.
Por (20): Kd =(60-30,03 _ 30,03-15) 0,001x3 = 0,00072468
8 130 30,03-15
Resposta parcial: Se processarmos a malha escontraremos SFEM
SD=30,03 o que mostra que foi "fotografado " um determinado esta
do da cortina real.
Pergunta-se: Se o nivel de montante sofrer uma sobreelevacao per
manente de 15 m.c.a, a nova pressao SD na cortina sera obtida
173
tambam pelo modelo?
Solugao - Calculo da nova pressao SD para HM= 60 +15=75.
LH=75-15=60. Pelo item 2.2 teremos:
h = 60 = 38,73c 1,5494
SD = 15+0,1542x130=35,04
it = 60-38,73 0,1542
138
Em tempo:
Por (13): K'= 1- 8 35,04-15 = 0,969 ( invariante)130 75-35,04
Por (16): K''= 1- 138x35,04+8x75+130x15 = 0,405
138(75+15)
Por (19): K = 75-35,04 = 0,666 (invariante)60
0 resultado de (16) mostra que a eficiencia K'' e instantanea
dependente de HM.
Resposta Final: 0 modelo fornecera a nova pressao SD=35,04 por-
que recalculando-se Kd para os novos HM e SD encontra -se o mes-
mo valor:
_ 75-35,04 _ 35,04-15 0,001x3 _Por (20) : Kd 8 130 ) 35,04-15 0,00072468
Conclusoes:
1. 0 modelo simula completamente uma Cortina, com abrangencia
total, pois o segundo estado "fotografado" foi arbitrariamente
escolhido.
2. Uma vez que a cortina foi transformada em modelo de elemen -
tos finitos , ficari por conta dos mesmos (.e do "input " correto!)
a simulagao dos modelos derivados para os quais 6 impossivel ob
ter equag6es analiticas.
3. Fica solucionado portanto , o modelo quase -derivado, que se
obt6m quando se variar arbitrariamente o valor de P na expres -
sao (20 ), ou seja, desrespeitar a cota teoricamente calculada
para os drenos (Obs: Obter antes o modelo primitivo).
4. Se a jusante se colocar uma cortina com o mesmo "a" e rW da
de montante , com a boca do dreno distante p' da linha de funda-
cao, a subpressao sera a dada pelo modelo colocando-se a jusan-.
to o dreno unitario com Kd e "2." do de montante e aplicando-se
a sua aresta livre a pressao hidrostatica partindo de p'.
5. 0 diagrama do Bureau ( por exemplo ) pode ser obtido sob o pro
totipo por 2 crit6rios : a) Pela eleyagao da cota da boca dos dre
174
nos, significando, para o modelo, maiores valores de P e Kd.b)
Mantendo a cota e o esparainento "a" e diminuindo o raio dos dre-
nos (baixos P e Kd no modelo). A simulacao destes dois casos le-
va a iguais diagramas (do Bureau) no modelo primitivo , mas os mo-
delos derivados compotar- se-ao distintamente. A diminuicao do
raio e a reducao do raio efetivo por colmatacao. Para ilustra-
gao, a expressao que fornece rwem funcao da eficiencia K (defini
-da em 3.3) e:
r = a (restricao: d < K < 1)w2ir ea c
onde:
1 - K - Ah_
tHa =
a 2 ) (K - 1 + b )
d b c
(22)
6.Mesmo que a permeabilidade k do macigo seja desconhecida, o me
todo pode ser aplicado , porque a subpressao independe de k. (So-
mente as vazoes dependem de M. A unica exigencia a que k seja
constante no percurso montante - jusante.
7.Cremos cumprido o objetivo de apresentar um modelo matematico.
0 trabalho se limita ao aspecto teorico, por falta de espago para
ilustracao pritica, mas ji tivemos a oportunidade de processar di
versos exemplos. Obtivemos resultados que nos mostram a versa-
tilidade e coerencia do metodo.
Estejamos cientes de que a aplicagio do metodo dos Elementos Fini
tos requer previa analise dos dados junto aos consultores para
que o "output" nao seja apenasmente o produzido pelo "input" arbi
tririo. Os resultados devem ser interpretados , criticados e obti
dos por analises parametricas , com atenrao aos limites de aplica-
cao dos metodos (bibliografia 4).
7. ADVERTENCIA
Os programas automaticos que calculam forgas resultantes dos efei
tos da percolarao nao podem computar as resultantes de subpressao
175
na linha de fundacao se a secao da estrutura (mesmo "impermeavel")
nao integrar a malha.
A menos que lhes seja informada a sequencia de nos pertencentes a
linha ( o que no e feito pela simples incidencia dos elementos),
a subpressao nao entrari na fase de analise elastica. Sugerimos
testar os progr amas: processar uma estrutura simples (corn o peso
especifico do concreto igual a zero) para 2 niveis de montante.
Somando algebricamente os deslocamentos verticals dos nos do con-
tato teremos resultados praticamente iguais nos 2 casos. 0 tes-
te pode ser feito para a subpressio total (sem Cortina de drena -
gem) (bibliografia 5).
8. AGRADECIMENTO
Somos gratos a ENGEVIX S.A. (Rio de Janeiro) na pessoa do Sr. Che
fe do Departamento de Engenharia Civil, Eng. Roberto Monteiro de
Andrade, pela oportunidade e recursos para desenvolver este estu-
do. 0 Dr. Roberto foi quern nos fez notar a insconsistencia dos
resultados de subpressao anteriores a este metodo e nos sugeriu
conseguir a subpressao do Bureau atraves de programa de Elementos
Finitos.
9. BIBLIOGRAFIA
l.Prof. A. Casagrande - Control of Seepage through foudations and
abutments of dams (1. ST Rankine Lecture). Harvard University
(1961) (Consultado em: "Milestones in Soil Mechanics").
2.Prof. J.L. Serafim - A subpressao em Barragens. LNEC, Lisboa,
1954.
3.Borges, C. Martins-Fluxo Estacionario Plano ou Axissimetrico em
meios Porosos pelo M.E.F. Tese apresentada a PUC-RJ para o titu-
lo de Mestre em Ciencias-1975).
4.Souza Lima, V.M.; Zagottis, D.; Cyro Andre, J. - As Tensoes de
Origem Termica nas Barragens e o comportamento Visco-elastico do
Concreto - XI Seminirio de Barragens - 1976. (Item 5.4).
5.Zienkiewicz , O.C. and Cheung , Y. K. - Stresses in Buttress Dams.
Artigo publicado na revista "Water Power" em fevereiro de 1965.
176
9. RESUMO
Apresenta- se um novo metodo , denominado "Metodo do Dreno Unita-
rio", para a solucao numerica do problema de simulagio de corti
na de drenagem e seus efeitos sob barragens de concreto. 0 mo-
delo que se obtem aceita qualquer e ficiencia de drenagem, inclu
sive a do Bureau of Reclamation . Fornece vazoes e dados para
calculo de estabilidade ou para analises elasticas do conjunto
estrutura- fundagao.
Possui dois meritos sobre os metodos puramente analiticos: o
primeiro , trazer para o dominio bidimensional a solugao de um
problema tridimensional; o segundo , aceitar a introdugio de ou-
tros dispositivos de drenagem apos instalada a cortina de mon -
tante, surgindo assim os ( entao ) chamados modelos derivados.
0 objetivo principal do metodo a possibilitar a solugio numeri-
ca (por Elementos Finitos ) dos modelos derivados , os quais sao
analiticamente insoluveis.
177
SUBPRESSAO REDUZIDA
SUBPRESSAO PLENA
10W
IHM -so
Figura 1 - CORTINA DE POCOS DE DRENAGEM
SD = Hi,
71,k77
I- H M
Ty
FENDAINUNDADA
"1 4111". 10,11, li mmHM+D
0 20 40 60 80m
(*) FORA DE ESCALA ESCALA GRAFICA
R\^gw ° Oqw
b-C
( * ) Fora d• sscolo
0 20 40 60 80m
ESCALA GRAFICA
Figura 2- MODELO FISICO HIPOTETICO DE MUSKAT
EOUAcAO DA SUBPRESSAO PLENA
Y: Hj + AH OCOS(2x-c)
A c
DESVIOS DA TANGENTE
AREA SOB A CURVA
R= l( Hm - of) + (H j + at)]
(s AREA DO TRAPEZIO )
SD m SUBPRESSAO MEDIA EM x : d
SUPERFICIE PIEZOMETRICA
DE MUSKAT s:f(x,z)
(NAO HA FLUXO A JUSANTE)
I H J
FENDA
INUNDADA
HJ+D
179
AhC. it
6hw .b C
Hj
d. i tt
b.it1
FENDA
r2rw(*)
IMPERMEAVEL 11 I I I(
1Hj
FENDA
if if III I /if 1111fll III//// I it fill I//// I///
d -^ bc (^E) Fora de eecala
0 10 20 30 40m
ESCALA GRAFICA
Figura 3 - SOLUcAO DO CASO GERAL APLICAiVEL
AO MODELO DE MUSKAT
HJ
PERMEABILIDADE„k„
ELEMENTOS " DRENANTES"
COM PERMEABILIDADE
kd >> k
0 20 40 60 80m
ESCALA GRAFICA
Figura 4 - MALHA DE ELEMENTOS FINITOS RESPONSAVELPOR MAUS RESULTADOS
180
POSIc40 CORRETA
DA LINHA FREATICA
0 20 40 60 80m
ESCALA GRAFICA
Figura 5 - DIAGRAMAS IMPROPRIOS PARA CALCULOS DE ESTABILIDADEOU ANALISE DE TENSOES DO CONJUNTO ESTRUTURA - FUNDACAO
181