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Universidade do MinhoInstituto de Educação
junho de 2018
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital
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018
Wylnara dos Santos Braga
Wylnara dos Santos Braga
junho de 2018
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital
Universidade do MinhoInstituto de Educação
Trabalho realizado sob a orientação doProfessor Doutor Bento Duarte da Silva
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Ciências da Educação
Área de Especialização em Tecnologia Educativa
ii
DECLARAÇÃO
Nome: Wylnara dos Santos Braga
Endereço de correio eletrônico: [email protected]
Número do Bilhete de Identidade: 1927094-1 SSP-AM
Título da dissertação:
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital
Orientador:
Professor Doutor Bento Duarte da Silva
Ano de conclusão: 2018
Designação do Mestrado:
Mestrado em Ciência da Educação, área de especialização em Tecnologia Educativa.
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.
Universidade do Minho, 12 de junho de 2018.
Assinatura
iii
“Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro”.
(Thiago de Mello)
iv
v
A minha mãe, Wilma Souza dos Santos, com
amor, agradeço por apoiar na busca de meus
objetivos e me mostrar que posso ir longe.
Ao meu pai, Napoleão Messias Braga, com
amor, por sempre me incentivar e acreditar
no meu potencial.
A minha irmã, Wilmila dos Santos Braga,
com amor, por confiar e estar comigo nas
minhas caminhadas.
vi
vii
AGRADECIMENTOS
À Deus, quem devo toda minha vida e gratidão. A minha família, pelo amor, confiança e
apoio de sempre. Aos meus amigos, representados pela Sori Kenna Andrade e André
Primavera, Taísa Botinelly e Família, Silviane Campos pelo enorme incentivo e
compreensão. Aos meus amigos e colegas de trabalho, Ana Oliveira, Jonatas Costa,
Hélio Carvalho, Hélio Pereira, Neomísia Leal, Dulcimar Aragão pelo apoio e motivação
diários e a toda equipe do CGAE com quem divido meus dias. Ao meu orientador Dr.
Bento Duarte da Silva pelas orientações e ensinamentos. As professoras Ana Maria
Bastos, Elizabeth Gomes e Maria Altina pela colaboração na validação da entrevista que
de forma generosa contribuíram com a pesquisa. A minha amiga e eterna professora
Dra. Márcia Irene Pereira Andrade dedico minha gratidão e respeito eterno. Ao meu
amigo José Pinheiro pelas dicas imprescindíveis. A UMinho, pelo acolhimento desta
brasileira de forma sempre solícita e amorosa. Ao IFAM e gestores pela grande
oportunidade. Ao IFAM- Campus Manaus Zona Leste pelo prazer que é trabalhar neste
ambiente. Aos gestores do IFAM-CMZL Aldenir Caetano, Jânio Lúcio, Maria Francisca
Moraes e José Roberto que foram incentivadores e apoiadores nessa árdua jornada. E
principalmente, aos estudantes do IFAM-CMZL, representados pelos entrevistados, pela
confiança no exercício de meu ofício e pela colaboração com esta pesquisa.
viii
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar de que forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais, trazendo ao debate a importância dessas tecnologias no processo de inclusão social e digital através da escola. Para isso, foi realizado um estudo survey de tipo descritivo e exploratório, através da aplicação de um questionário eletrônico sobre aspectos socioeconômicos e tecnológicos aos estudantes do IFAM-CMZL localizado na cidade de Manaus-Amazonas no Brasil no ano de 2016 e, ainda, para dar mais profundidade à pesquisa, foi utilizada a entrevista semiestruturada aplicada a dez estudantes do IFAM-CMZL que responderam ao questionário no ano de 2016. Para participar, os estudantes teriam que aceitar participar do estudo, serem oriundos do estado do Amazonas e compreendidos na faixa-etária de 14 a 22 anos. O intuito era verificar quais as interferências que a realidade social dos estudantes do IFAM-CMZL possui no acesso às TIC, ou melhor, como a realidade social de um indivíduo pode ser um mecanismo de inclusão/exclusão digital. Os dados revelam que poucos estudantes possuem letramento digital, o que se tem é acesso aos meios tecnológicos, ainda que restrito. O acesso muitas vezes tem início na escola, mas o conhecimento acerca das tecnologias se restringe aos canais de busca para pesquisas escolares e as redes sociais. Diante disso, o que se percebe é que cada componente inerente a vida dos estudantes são fatores que interferem no acesso às tecnologias, desde a escolaridade dos pais até à estrutura do município. Assim, o estudo traz uma análise, para além da escola, da vida de cada um dos estudantes pesquisados, compreendendo que, mais do que fornecer tecnologia, é importante ensinar e então proporcionar inclusão às pessoas que vivem em comunidades longínquas no nosso Amazonas, podendo ser as TIC um objeto de transformação social. Palavras- Chaves: Inclusão Social, Inclusão Digital, Tecnologias da Informação e Comunicação.
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xi
ABSTRACT This study aims to analyze how the school can contribute to digital inclusion in the face of social inequalities, bringing to the debate the importance of these technologies in the process of social and digital inclusion through the school. For this, a descriptive and exploratory survey was conducted through the application of an electronic questionnaire on socioeconomic and technological aspects to IFAM-CMZL students located in the city of Manaus-Amazonas in Brazil in the year 2016 and, to give more depth to the research, a semi-structured interview was applied to ten IFAM-CMZL students who answered the questionnaire in 2016. To participate, students would have to accept to participate in the study, come from the state of Amazonas and be included in the range from 14 to 22 years. The aim was to verify the interferences that the social reality of IFAM-CMZL students have in access to ICT, or rather, how an individual's social reality can be a digital inclusion / exclusion mechanism. The data show that few students have digital literacy, what you have is access to technological means, albeit restricted. Access often starts at school, but knowledge about technology is restricted to search channels for school searches and social networks. Therefore, what is perceived is that each component inherent in students 'lives are factors that interfere in the access to technologies, from the parents' education to the structure of the municipality. Thus, the study brings an analysis, beyond the school, of the life of each one of the researched students, understanding that, rather than providing technology, it is important to teach and then to include people living in distant communities in our Amazon. be an object of social transformation. Keywords: Social Inclusion, Digital Inclusion, Information and Communication Technologies.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
CAPITULO 1: A IMPORTÂNCIA DAS TIC NA SOCIEDADE ATUAL ........................... 5
1.1.O Amazonas e suas especificidades ........................................................................ 13
1.2. Acesso à Internet no Amazonas: um desafio para além das Tecnologias ......... 16
CAPITULO 2: INCLUSÃO SOCIAL & DIGITAL .......................................................... 25
2.1. Introdução .............................................................................................................. 25
2.2. Inclusão Social ........................................................................................................ 26
2.3. Inclusão Digital ....................................................................................................... 32
2.4. Inclusão Digital no Brasil ...................................................................................... 39
2.5. Inclusão na Educação ............................................................................................ 51
CAPITULO 3: O PERCURSO METODOLOGICO: compreendendo os caminhos ...... 59
3.1. O método e suas nuances ....................................................................................... 59
3.2. Lócus da Pesquisa: O IFAM e suas expertises .................................................... 63
CAPITULO 4: RESULTADOS: Apresentação, Análise e Discussão ............................. 71
4.1. Introdução .............................................................................................................. 71
4.2. Resultado dos Questionários ................................................................................. 72
4.2.1. Perfil identitário e socioeconômico dos estudantes .......................................... 72
4.2.2. Percepção dos estudantes sobre os recursos tecnológicos ............................... 83
4.3. Análise das entrevistas ........................................................................................... 93
4.3.1. Identificação ........................................................................................................ 93
4.3.2. Entendimento sobre Inclusão Social e Digital ................................................ 100
4.3.3. Entendimento sobre TIC .................................................................................. 103
4.3.4. Relação às TIC e Desigualdade Social ............................................................ 110
4.4. Discussão dos resultados ..................................................................................... 122
CAPITULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 127
xiv
5.1. Sobre questões e objetivos do estudo .................................................................. 127
5.2. Sobre a pertinência do estudo para o IFAM ...................................................... 129
5.3. Sobre estudos futuros .......................................................................................... 129
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 133
ANEXOS ....................................................................................................................... 143
xv
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 01: As gerações existentes desde o pós-guerra.................................................. 6
FIGURA 02: Usuários de Internet no Mundo .................................................................. 7
FIGURA 03:Conectividade e Acesso à Internet ............................................................. 12
FIGURA 04: Estado do Amazonas no Mapa do Brasil .................................................. 13
FIGURA 05: Mapa Rodoviário do Amazonas ................................................................. 14
FIGURA 06: Mapa das Microrregiões do Estado do Amazonas ................................... 15
FIGURA 07: Acesso à Internet no Brasil por região ...................................................... 16
FIGURA 08: Infraestrutura da Banda Larga no Brasil ................................................. 17
FIGURA 09: Ribeirinha ................................................................................................. 18
FIGURA 10: Prints da pesquisa no Google sobre Internet em Manaus ........................ 19
FIGURA 11: Município de São Gabriel da Cachoeira no Estado do Amazonas ........... 20
FIGURA 12: Mapa da velocidade da Internet no Brasil ............................................... 21
FIGURA 13: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ............................ 27
FIGURA 14:O Letramento Digital como Prática Social ............................................... 38
FIGURA 15: Proporção de excluídos digitais por Estado ............................................ 41
FIGURA 16:Mapa de Acesso 2010 ................................................................................ 42
FIGURA 17:As 10 principais economias pelo valor agregado do serviço de TIC ........ 48
FIGURA 18: Visualização geográfica da distribuição dos Campi do IFAM ................ 67
FIGURA 19: Mapa do Amazonas com grifo nosso dos municípios do Amazonas ........ 94
FIGURA 20:Lancha rápida no Rio Negro ..................................................................... 95
FIGURA 21: Tabela com as distâncias dos municípios à Capital ................................. 95
FIGURA 22: Embarcações em Manaus ......................................................................... 96
FIGURA 23: Passeio de barco em Manaus ................................................................... 96
FIGURA 24: Hidroavião sobrevoando a Amazônia ....................................................... 96
xvi
FIGURA 25: Vazante e Cheia do Rio Tapajós ............................................................... 98
FIGURA 26: O cacique Pedro dos Santos Vale, 65, etnia mura ................................. 107
ÍNDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01: Número de usuários de Internet no mundo ............................................... 8
GRÁFICO 02: Motivo para falta de Internet para os Brasileiros .................................. 21
GRÁFICO 03:Percentual de domicílios com acesso à Internet, segundo o
equipamento utilizado ..................................................................................................... 44
GRÁFICO 04: Número de pessoas que acessaram à Internet, segundo a finalidade
do acesso ......................................................................................................................... 45
GRÁFICO 05: Composição percentual referente à autoidentificação étnico-racial
dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ............................................................................ 72
GRÁFICO 06: Composição percentual referente à religião dos estudantes do
IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 76
GRÁFICO 07: Composição percentual referente ao estado civil dos estudantes do
IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 77
GRÁFICO 08: Composição percentual 2016 de estudantes do IFAM-CMZL que
possuem filhos ................................................................................................................. 78
GRÁFICO 09:Participação dos estudantes na renda familiar (IFAM-CMZL, 2016) .... 79
GRÁFICO 10: Composição percentual referente à renda mensal familiar dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 80
GRÁFICO 11: Composição familiar dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................. 80
GRÁFICO 12: Principal mantenedor do lar dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ..... 81
GRÁFICO 13: Composição percentual referente ao tipo de residência dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 82
GRÁFICO 14: Idade que os estudantes do IFAM-CMZL, 2016 tiveram primeiro
acesso ao computador ..................................................................................................... 82
xvii
GRÁFICO 15: Relação de domínio ao computador dos estudantes do IFAM-CMZL,
2016 ................................................................................................................................. 84
GRÁFICO 16: Composição percentual referente ao acesso à Internet dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 85
GRÁFICO 17: Local de acesso à Internet dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ......... 86
GRÁFICO 18: Motivações para o uso da Internet pelos estudantes do IFAM-
CMZL, 2016 ..................................................................................................................... 87
GRÁFICO 19: Composição percentual referente aos recursos tecnológicos dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 88
GRÁFICO 20: Perspectiva sobre os recursos tecnológicos dos estudantes do
IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 88
GRÁFICO 21: Opinião dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016, sobre o uso de
recursos tecnológicos nas salas de aulas ........................................................................ 89
GRÁFICO 22: Número de estudantes do IFAM-CMZL, 2016 que possuem celular ...... 89
GRÁFICO 23: Composição percentual referente à frequência do uso do celular dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 90
GRÁFICO 24: Número de horas/dias ao celular gastos pelos estudantes do IFAM-
CMZL, 2016 ..................................................................................................................... 90
GRÁFICO 25: Número de estudantes do IFAM-CMZL, 2016, que possuem
smartphone ..................................................................................................................... 91
GRÁFICO 26: Composição percentual referente ao tipo de tecnologia utilizada nos
celulares dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ............................................................. 92
GRÁFICO 27: Composição percentual referente ao uso de aplicativos móveis dos
estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 92
xviii
1
INTRODUÇÃO
Motivação
A presente dissertação surgiu através de inúmeras inquetações. Minha motivação
pelo tema nasceu no decorrer do curso de mestrado, quando deram início os estudos sobre
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ano de 2016. A partir de então,
comecei a me questionar: de que forma essa pesquisa poderia contribuir para o
desenvolvimento da sociedade, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Amazonas- Campus Manaus Zona Leste (IFAM-CMZL) e para meu fazer
profissional.
O IFAM-CMZL, lócus dessa dissertação e meu ambiente de trabalho, tem como
expertise justamente a conexão entre a educação e a tecnologia. Então, surgiu a
necessidade de compreender como se dá a inserção dos estudantes do IFAM-CMZL na
sociedade digital, tendo em vista a situação de vulnerabilidade social dos mesmos como
uma realidade social.
Para melhor compreensão, saliento que o IFAM-CMZL além de ser meu atual
trabalho, foi também onde iniciei minha primeira atividade laboral efetiva como
assistente social, ainda no ano de 2014. Dentre minhas atribuições como profissional de
serviço social, busco promover, através de minha prática profissional, inclusão social e
busco consolidar mecanismos de efetivação dos direitos sociais e humanos, possibilitando
assim, a minimização das desigualdades sociais. Desta feita, considero que incluir faz
parte do meu dever profissional e social.
Ora, trabalhar como assistente social por si só é um desafio, mas perceber de que
forma as assimetrias presentes na sociedade podem ser minimizadas através do uso das
tecnologias nas escolas é um desafio ainda maior. Tedesco (2002) ressalta que um dos
fenômenos mais importantes nas transformações sociais atuais é o aumento significativo
da desigualdade social. Estando a inclusão diretamente ligada aos processos de exclusão
social há que compreender os tipos de exclusão para podermos pensar em políticas
inclusivas.
2
Entendemos que é essencial ao pesquisador se colocar algumas questões para a
elaboração de um projeto de pesquisa por isso, a dissertação tem como propósito de dar
respostas às inquietações descritas acima.
Segundo Lopes (2006), a exclusão social costuma ser relacionada a um plano de
causalidade complexo e multidimensional. Diferenciando-se da concepção de pobreza, a
exclusão social caracteriza-se por um conjunto de fenômenos que se configuram no
campo alargado das relações sociais contemporâneas: o desemprego estrutural, a
precarização do trabalho, a desqualificação social, a desagregação identitária, a
desumanização do outro, a anulação da alteridade, a população de rua, a fome, a
violência, a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania, entre
outras.
Por outro lado, a inclusão social integra o conjunto de meios e ações que
propiciam acesso aos benefícios da vida em sociedade e combatem as diversas formas de
exclusão existentes. Os preconceitos, estigmas, discriminações, ocorrem pelas diferenças
de classe social, de nível educacional, de idade, de acesso, de gênero, de religião, de cor,
de raça, de ideologia, de aparência física, entre outros aspectos presentes na sociedade,
gerando, consequentemente, exclusão social. No entanto, Lopes (2006) traz à reflexão,
que a inclusão social é consequência das políticas sociais contemporâneas que priorizam,
equivocadamente, atingir os excluídos que estão no limite das privações através de
programas focalizados que sustentam rótulos de “inclusão social”.
Com o advento do processo de globalização, a sociedade capitalista apresentou
novos elementos que expressam as desigualdades sociais, passando também a integrar a
questão do acesso às tecnologias. Então, o fornecimento de oportunidade e acesso às
tecnologias a todos passou a constituir uma questão ética e de cidadania.
Segundo os dados do Internet World Stats1 (2016), apenas 50,1% da população
mundial tem acesso à Internet. Na América do Sul há um total de 66,7% de usuários.
Localizado nesta região, o Brasil corresponde a 49,6% deste índice populacional e
apresenta 50, 2% de usuários de Internet. Ou seja, quase 50% da sociedade brasileira
1 https://www.Internetworldstats.com/
3
ainda se encontram digitalmente excluída. Diante desses dados, surgiram alguns
questionamentos: Qual o perfil desses excluídos? O que fazer para incluir essas pessoas?
Qual o motivo dessa exclusão? Qual o papel social da escola?
A exclusão digital reflete-se na sociedade trazendo consequências culturais,
sociais e econômicas, haja vista que a distribuição desigual das tecnologias impossibilita
o acesso aos bens e serviços, inclusive a própria inserção social. A inclusão digital é a
democratização do acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e seus
mecanismos, de modo a inserir todos os sujeitos em sociedade e educá-los para uso
dessas tecnologias.
Um dos principais locais que propicia essa inclusão é a escola, visto que é um
espaço voltado para os avanços sociais, além de ser composto por inúmeras diferenças,
sejam elas sociais, religiosas, políticas, regionais, linguística, gênero, cultural, faixa
etária, entre outros, e por sujeitos com características únicas frequentando um mesmo
espaço.
Questão principal e objetivo da investigação
A inclusão digital é o desafio da atualidade, pois se almeja tornar acessíveis as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) a todos os seguimentos sociais para o
exercício da cidadania. Neste sentido, a ideia central da pesquisa é analisar “de que
forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades
sociais”, trazendo ao debate a importância dessas tecnologias no processo de inclusão
social e digital através da escola.
Se a escola é um local de ensino-aprendizagem é salutar pensar que esse ambiente
também pode ser um lugar de inclusão social e digital. Cientes de que fazemos parte de
uma sociedade desigual, mas com necessidade real de nos incluirmos. Foi com este
proposito que esta dissertação foi sendo construída, com o objetivo de dar respostas às
inquietações descritas, pois entendemos que é essencial que o pesquisador se coloque
perante questões para elaboração de um projeto de pesquisa.
Assim sendo, elencamos os objetivos específicos a seguir, visando responder ao
“para quê” da escolha. Sendo estes:
4
1) Identificar os conceitos de inclusão social e digital;
2) Verificar de que forma a inclusão social se apresenta na vida dos estudantes do
IFAM-CMZL;
3) Demonstrar de que maneira a inclusão digital pode ser usada para se
materializar no ambiente escolar.
Organização da dissertação
Traçando um caminho a ser percorrido, na perspectiva de melhor explicar os
sentidos e significados percebidos nesta pesquisa, este trabalho foi estruturado em cinco
capítulos.
O primeiro capítulo aborda a importância das TIC na sociedade atual, fazendo-
se, também, uma breve contextualização do estado do Amazonas e suas especificidades
geográficas e logísticas. No segundo capítulo trazemos os conceitos inclusão/exclusão
social e digital, apresentando também a relação entre a inclusão digital e a educação, e de
que maneira, e em quais contextos, a problemática em torno da inclusão digital chegou ao
campo da educação. O terceiro capítulo apresenta a metodologia, aborda o lócus da
pesquisa e explica quais os instrumentos utilizados, o público-alvo e as amostras, a coleta
de dados e as questões éticas que tivemos em conta. No quarto capítulo, apresentamos
os resultados da pesquisa, a análise e discussão dos mesmos, procurando-se também
responder aos objetivos do estudo. No quinto e último capítulo, apresentamos as
conclusões da pesquisa.
5
CAPÍTULO 1 – A IMPORTÂNCIA DAS TIC NA SOCIEDADE ATUAL
Atualmente vivemos na Era da Informação, marcada por profundas
transformações. Mudamos, sobretudo, a maneira de nos comunicarmos com o mundo,
trata-se de uma nova forma de viver e de produzir. A organização social de hoje é
diferenciada, inúmeras mobilizações políticas, campanhas de solidariedade através das
redes sociais, negócios virtuais, blogs, vlogs, youtubers caracterizam essa Era Digital. Os
avanços nos meios de comunicação e de informação exigem técnicas cada vez mais
velozes para acompanhar tamanha evolução.
No final do século XX, três processos independentes se uniram, inaugurando uma
nova estrutura social predominantemente baseada em redes:
as exigências da economia em flexibilizar a gestão e de globalizar o
capital, a produção e o comércio; a procura de uma sociedade em que os
valores da liberdade individual e da comunicação aberta fossem
fundamentais. E, por fim, os extraordinários avanços da informática e das
telecomunicações, o que só foi possível graças à revolução
microeletrônica. (CASTELLS, 2004, p. 16)
O autor considera que que sob essas condições, a Internet, até então “uma
tecnologia obscura sem muita aplicação além dos mundos isolados dos cientistas
computacionais, dos hackers e das comunidades contraculturais, tornou-se a alavanca de
transição para uma nova forma de sociedade – a sociedade de rede.” (idem, 2004, p.16)
Segundo a Wikipédia (2017)2, desde o século XX a forma de classificar gerações
de épocas específicas e nomeá-las tem sido um hábito cada vez mais comum.
Diferentemente de separar por idade, sexo ou renda, a classificação por gerações se
apresenta mais correta para definir alguém, mesmo com o passar dos anos, pois ela
permanece com suas denominações, independente de mudanças pessoais, de faixa etária
ou econômica. Porém, tais classificações não são bem aceites em todas as áreas do
conhecimento, embora amplamente utilizadas.
2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o
6
FIGURA 01: As gerações existentes desde o pós-guerra.
Fonte: Ação Gerencial, 2017.
O quadro acima representa as gerações existentes desde o pós-guerra, as gerações
X, Y, Z fazem parte do processo de globalização. A década de 1990 tornou-se a era de
expansão da Internet e as pessoas da Geração Z, inseridas nesta época, são conhecidas
como “nativas digitais”, usando a designação cunhada por Presnky (2001), estando desde
pequenas já familiarizadas com a Internet e todas suas possibilidades. Para se comunicar,
os nativos digitais utilizam a tecnologia, e esta, possui uma ausência de fronteiras entre as
nações, abrindo espaço para uma nova organização de mundo, principalmente no que se
refere ao acesso ao conhecimento.
Por outro lado, Dans (2017) traz uma nova perspectiva sobre os “nativos digitais”,
para ele “não se nasce digital, torna-se digital”. Segundo o autor, mais do que ter uma
geração de nativos digitais, o que temos são, tristemente, órfãos digitais, que têm
aprendido malmente, à base de tentativas e erros e mostram uma preocupante falta de
formação inclusive nos níveis mais básicos.
Para Castells (2004, p.8) o uso da Internet como sistema de comunicação e forma
de organização explodiu nos últimos anos do Segundo Milênio. No final de 1995, o
primeiro ano de uso disseminado da World Wide Web(WWW)3, havia cerca de 16 milhões
3 A Rede Mundial de Computadores (em inglês: World Wide Web), também conhecida pelos termos em
inglês web e WWW, é um sistema de documentos em hipermídia (hipermédia) que são interligados e
7
de usuários de redes de comunicação por computador no mundo e hoje o número tem
sido crescente. Conforme o International Telecomunications Union (ITU)4, em 2000,
eram mais de 400 milhões de usuários de Internet no mundo e passou para 3,2 bilhões no
ano de 2015, isso corresponde a uma taxa de crescimento de 700% em 15 anos.
FIGURA 02: Usuários de Internet no Mundo. Fonte:https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/facts/ICTFactsFigures2015.pdf.
Dados mais recentes apontam que existem hoje (em 2017), no mundo 3,6 bilhões
de internautas, que corresponde a 47% da população mundial, estimada em 7,6 bilhões.
Os dados foram demonstrados pelo site Tracto5, que disponibiliza em seu site o gráfico
abaixo:
executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras. (Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre) 4 https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/facts/ICTFactsFigures2015.pdf 5https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/
8
Gráfico 01 – Número de usuários de Internet no mundo.
Fonte: https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/
Tosoni, Luchetta e Dabul (2011) apontam que, de acordo com os estudos do
Instituto de Teleinformação da Columbia Business School, para cada 10% de aumento na
cobertura de banda larga em um país há uma contribuição de 0,18 pontos percentuais ao
PIB. Esses estudos apontam também a relação direta entre o acesso à informação e a
empregabilidade. No Chile, por exemplo, cerca de 100.000 empregos foram gerados sob
o impacto da Internet.
Dans (2017) postula que à medida que a web se desenvolve e oferece cada vez
mais possibilidades, os jovens parecem abandonar muitas das ferramentas sociais e
refugiam-se na simples mensagem instantânea, em uma comunicação extremamente
pouco sofisticada. As promessas de uma geração capaz de entender o funcionamento das
ferramentas desde todos os níveis existem resultado completamente falsos: exceto em
casos excepcionais, falamos de uma geração que se limita a usar aplicações que já vem
pronta, e inclusive usuários simplistas, que usam um número muito limitado de
ferramentas para poucas funções. Deste modo, decorre a necessidade de os jovens terem
letramento digital, adquirindo competências que lhes permitam fazer um uso inteligente
das tecnologias digitais e da Internet, pois como insistem os autores do livro “os nativos
9
digitais não existem”, não se nasce digital, o nativo digital se faz pela educação e
aquisição de competências digitais.
Silva e Pereira (2011) discorrem que a sociedade, denominada por de Sociedade
da Informação e Conhecimento (SIC), é repleta de cultura tecnológica com mudanças
líquidas (BAUMAN, 2001) baseadas no individualismo e, antagonicamente, num mundo
de rede (CASTELLS, 2002). É imprescindível e desafiador para o processo educacional
acompanhar tantas mudanças.
As mudanças estão presentes no modo de agir, comunicar, pensar e aprender das
pessoas. E é diante desta sociedade, “atual e conectada”, que o papel da escola é posto em
debate. É possível, pois, afirmar que esse papel tem sofrido profundas transformações e
que as novas tecnologias fazem parte destes novos olhares diante da educação. A
educação tradicional tem sido colocada em questionamento, uma vez que não acompanha
as mudanças sociais.
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) contribuem para
“reorganizar a visão de mundo de seus usuários, impondo outros modos de viver, pensar
e agir, modificando hábitos cotidianos, valores e crenças, constituindo-se em elementos
estruturantes das relações sociais” (BONILLA, 2005, p. 32).
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2010)
relata que as TIC podem contribuir com o acesso universal da educação, a equidade na
educação, a qualidade de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento profissional de
professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional ao
fornecer a mistura certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidades.
Mendes (2008) define que as TIC são um conjunto de recursos tecnológicos que,
se estiverem integrados entre si, podem proporcionar a comunicação de vários processos
nas atividades profissionais, inclusive no ensino e na pesquisa, assinalando que a
realização das variadas atividades cotidianas das pessoas é facilitada por esses recursos
tecnológicos. São mecanismos que possibilitam o diálogo e a interação em sala de aula
quando são bem utilizados.
10
O que distingue as TIC dos outros recursos é o fato de oferecer as informações
rápidas e diversas. Essa interação permite um fluxo veloz de informação e as
consequências disso ainda são imprevisíveis, uma vez que esse processo é dinâmico.
Youssef (2008) afirma que o uso das TIC confere autonomia aos estudantes no
processo de ensino-aprendizagem, pois, através de um ambiente rico em informações, o
aluno se torna protagonista de sua própria formação. Por isso que se tornar mais
interativo é fundamental.
Para Castells (2004) a Internet tem uma natureza revolucionária e é o tecido de
nossas vidas. Após seu surgimento, a Internet passou a ser a base tecnológica para a
forma organizacional da Era da Informação: a rede. A organização da sociedade em rede
é uma prática humana muito antiga, mas a rede de informação, segundo o autor, é
energizada pela Internet, como um conjunto de nós interconectados.
A influência das redes baseadas na Internet vai além do número de seus usuários:
diz respeito também à qualidade do uso. Atividades econômicas, sociais, políticas e
culturais essenciais por todo planeta estão sendo estruturadas pela Internet e em torno
dela, como por outras redes de computadores. De fato, ser excluído dessas redes é sofrer
uma das formas mais danosas de exclusão em nossa economia e em nossa cultura.
(CASTELLS, 2004, p. 6)
Segundo a newsroom do Facebook6, apud o site Tractor7 (2016) existem quatro
barreiras-chave para o acesso à Internet:
1) Disponibilidade: a proximidade da infraestrutura necessária para
acesso. Atualmente (dados de 2015), 78% da população mundial está
coberta por redes mobile, o que significa que 22% (correspondente a 1,6
bilhão de pessoas) vive em regiões sem sinal de celular. A cobertura em
regiões remotas custa duas a três vezes mais do que em centros urbanos e
serve menos pessoas.
6 https://newsroom.fb.com/news/2016/02/state-of-connectivity-2015-a-report-on-global-Internet-access/ 7 https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/
11
2) Acessibilidade: o custo do acesso em relação à renda. De cada dez
pessoas, quatro dispõe de um plano de pelo menos 500MB por mês. Para
usuários que não dispõem de telefones móveis, o custo para ficar online é
três vezes maior do que para aqueles que dispõem.
3) Relevância: o motivo para acessar, como o idioma principal do
conteúdo. De todas as línguas existentes, 55 são consideradas de alta
relevância — ou seja, contam com menos 100 mil artigos na Wikipédia.
Da população mundial, 58% têm essas línguas de alta relevância como seu
idioma primário e 67%, como primário ou secundário. De referir que
muito graças ao Brasil, o português é a quinta língua mais usada na
Internet. Nas redes sociais – Facebook e Twitter – é a terceira.”8
4) Facilidade: a capacidade de acesso, incluindo habilidades,
consciência e aceitação cultural. No mundo todo, um bilhão de pessoas é
desprovida de habilidades elementares de alfabetização. Nos países em
desenvolvimento, dois terços das pessoas que não têm conexão não
entendem o que é a Internet.
8 In: Jornal Publico de 20 de Setembro de 2013. Artigo de Ana Dias Cordeiro, “O português conquistou a
Internet, agora quer ser língua oficial nas organizações internacionais”. Disponível em:
https://www.publico.pt/2013/09/20/culturaipsilon/noticia/o-portugues-conquistou-a-Internet-e-agora-quer-
ser-lingua-oficial-nas-organizacoes-internacionais-1606507. Segundo estatísticas da Internet World Stats, o
top 10 das línguas mais faladas da Internet, em 2013, é o seguinte: 1º inglês; 2º chinês; 3º espanhol; 4º
árabe; 5º português; 6º japonês; 7º russo; 8º alemão; 9º francês; 10º malaio.
12
FIGURA 03: Conectividade e Acesso à Internet.
FONTE: https://newsroom.fb.com/news/2016/02/state-of-connectivity-2015-a-report-on-global-Internet-access/
Assim, com o advento da Internet ampliou-se a velocidade dos fluxos
econômicos, sociais, culturais, linguísticos, dentre outros. No entanto, apesar desse
avanço tecnológico, a sociedade digital traz arraigadas expressões de uma sociedade
desigual e um processo de exclusão social advindo da não inserção no meio digital. Isso
afeta, especialmente, o processo educacional, uma vez que o modelo educacional
tradicional não acompanha a geração atual. O Brasil tenta acompanhar tamanhas
mudanças, contudo há suas especificidades locais, sobretudo na região Amazônica onde
há bastantes dificuldades no acesso às Tecnologias digitais. Veremos esses desafios nos
pontos a seguir.
13
1.1 – O Amazonas e suas especificidades
O Brasil é um país diverso e com uma enorme extensão territorial. Suas diferenças
regionais são marcadas pelas características únicas existentes, sobretudo, na região Norte
do país, onde se encontra a Amazônia brasileira e, mais especificamente, o estado do
Amazonas. O Amazonas caracteriza-se por ser a mais extensa das unidades federativas do
país em área territorial, com 1.559.159,148 km quilômetros quadrados, é equivalente a 16
vezes o tamanho de Portugal que possui um território de 92.090 km.
FIGURA 04: Estado do Amazonas no Mapa do Brasil.
Fonte:http://www.mundoreal.xyz/manaus-uma-grande-porta-de-entrada-para-a-amazonia/mapa-de-manaus/.
Conforme dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE,2016), a densidade demográfica do estado é de 2,54 habitantes por quilômetro
quadrado. Detêm 98% de sua cobertura florestal preservada e um dos maiores mananciais
de água doce do planeta, proveniente da maior rede hidrográfica do mundo. Os rios
formam sua maior rede de transporte. Os aspectos naturais são destaques na região, pois,
grande parte desta unidade federativa é coberta por reservas de flora, fauna e águas.
Ainda em referência ao ano de 2016, o Amazonas contava com 4 milhões de
habitantes, no entanto, apenas dois de seus municípios possuem população acima de 100
mil habitantes: Manaus, a capital e sua maior cidade com 2.130.264 milhões de
14
habitantes, que concentra cerca de 50% da população do estado, e Parintins, com pouco
mais de 113 mil habitantes. Além disso, Japurá é o município menos populoso do Estado
com apenas 4.205 habitantes. (IBGE,2017)
A logística do Amazonas é diferente, os municípios são demarcados pelos rios e
seus afluentes, o deslocamento para outros municípios, outros estados brasileiros e a
chegada das mercadorias se dão por meio de transportes aquáticos e aéreos.
FIGURA 05: Mapa Rodoviário do Amazonas.
Fonte: https://mapasblog.blogspot.com.br/2012/01/mapas-do-amazonas.html
São 62 municípios do Amazonas, subdivididos em 4 mesorregiões: Mesorregião
do Centro Amazonense, Mesorregião do Norte Amazonense, Mesorregião do Sudoeste
Amazonense e Mesorregião do Sul Amazonense e, 13 microrregiões: Microrregião do
Alto Solimões, Microrregião da Boca do Acre, Microrregião de Coari, Microrregião de
Itacoatiara, Microrregião de Japurá, Microrregião de Juruá, Microrregião do Madeira,
Microrregião de Manaus, Microrregião de Parintins, Microrregião de Purus, Microrregião
de Rio Negro, Microrregião de Rio Preto da Eva e Microrregião de Tefé. Para melhor
15
compreensão, o mapa a seguir traz essas divisões que demonstram as microrregiões do
estado do Amazonas e suas denominações:
FIGURA 06: Mapa de Microrregiões do Estado do Amazonas.
Fonte: http://www.baixarmapas.com.br/mapa-de-microrregioes-do-amazonas/
A capital Manaus é a única região metropolitana do estado, sendo considerada a
maior cidade em área territorial do mundo e a mais populosa da Região Norte. Dentre os
inúmeros desafios geográficos existentes, a minoridade populacional nos interiores reflete
no difícil acesso às políticas públicas e às novas tecnologias.
O estado do Amazonas é também, segundo o Censo 2010 do IBGE, o detentor da
maior população de índios do País, uma existência característica de nossa origem. São
cerca de 168.680 indígenas, total de 66 etnias, que falam 29 línguas diferentes.
Diversos fatores contribuem para dificultar a inclusão digital. A dimensão
geográfica situa-se como um dos grandes desafios à popularização do uso das
tecnologias, isso porque, o acesso a grande parte dos municípios do estado só é possível
pela via fluvial. Apenas para que se tenha ideia, as distâncias são tão significativas que da
capital Manaus para o município de Lábrea são 7.495 km de distância pela via fluvial,
16
maior que a distância do estado de Belém (BR) a Braga (PT) que totalizam 6253 km pela
via aérea.
1.2- Acesso à Internet no Amazonas: um desafio para além da tecnologia
Além de ser um país com enorme extensão territorial, o Brasil conta com 213.
416.381 milhões de habitantes até 22 de maio de 2018, dados bem recentes do site
Country Meters9. O Brasil é um país é composto por povos de diferentes culturas, etnias e
identidades, considerado rico culturalmente, mas com enorme desigualdade social e de
infraestrutura. Nas grandes capitais do País, a Internet existente supre com conectividade
e bytes a população, ainda que de baixa qualidade. Contudo, nas cidades de menor
tamanho e mais afastadas dos grandes centros, parecem viver em Era diferente da Era
Digital, nesses locais é como se ainda fossem a geração dos anos 90, sem Internet.
Na região Norte apenas 46% da população possui acesso à Internet conforme
dados do CETIC.br (2016). No Amazonas, o acesso à Internet ocorre predominante na
capital. Como citado no ponto anterior, devido às dificuldades geográficas e de logística,
o acesso no interior é mais limitado.
FIGURA 07: Acesso à Internet no Brasil por Região.
Fonte: http://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2016_coletiva_de_imprensa.pdf
9 http://countrymeters.info/pt/Brazil
17
Além disso, de acordo com o IPEA (2017) as regiões Norte e Nordeste são
consideradas as mais desassistidas (58%) no que tange ao acesso à Internet em Banda
Larga.
FIGURA 08: Infraestrutura da Banda Larga no Brasil.
Fonte: https://www.showmetech.com.br/ipea-Internet-cobertura-anatel/
Na atualidade, é quase impossível pensar na vida sem o uso das tecnologias
digitais. O uso da Internet popularizou-se de uma maneira inimaginável, permitindo que
haja comunicação até mesmo nos locais mais remotos do planeta. O processo de
globalização pressupõe que haja a eliminação de barreiras entre os Estados, quiçá com o
mundo. Apesar disso, ainda há localidades que não foram inseridas no mundo digital. Há
comunidades no estado do Amazonas sem nenhum acesso às tecnologias, existem
inclusive locais sem energia e parecem viver com anos de atraso, mesmo após a
globalização, como é possível compreender na foto de uma comunidade ribeirinha,
abaixo:
18
FIGURA 09: Ribeirinha.
Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/nas-vilas-ribeirinhas-do-amazonas-37-mil-pessoas-
carecem-de-medicos-saneamento-14635488
Integrar o Amazonas ao mundo é um desafio que transcende sua dimensão
geográfica ou as dificuldades de acesso, demanda investimentos em logística,
infraestrutura, educação, para que a inclusão digital possa ser uma realidade existente. O
mundo caminha a passos largos quando o assunto é tecnologia e o Brasil necessita
avançar ainda mais nesse processo, a Internet reduz as distâncias, universaliza o
conhecimento, abre novos e extraordinários horizontes.
Em uma pesquisa no site de busca Google10 sobre o acesso à Internet no
Amazonas, podemos perceber as dificuldades de acesso através dos títulos das matérias,
inclusive sobre a velocidade da Internet nos locais onde existe acesso:
10 https://www.google.com.br/
19
FIGURA 10: Prints da pesquisa no Google sobre Internet em Manaus.
Fonte: https://www.google.com.br/
No município de São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas há
uma conexão de Internet com velocidade 200 kbps por 250,00 reais mensais. O município
fica a 864 quilômetros de Manaus, capital do estado, que possui uma infraestrutura mais
presente. São Gabriel da Cachoeira é um ponto estratégico do Brasil, a cidade faz
fronteira com a Venezuela e a Colômbia. Às margens da Bacia do Rio Negro, o
município é o que tem maior predominância indígena no Brasil — a cada dez habitantes,
nove possui descendência nativa. Existe uma presença "massiva" das Forças Armadas no
local. Por lá, estão a 2ª Brigada de Infantaria de Selva, Comando de Fronteira Rio Negro,
5º Batalhão de Infantaria de Selva, 21ª Companhia de Engenharia de Construção,
Destacamento do Controle do Espaço Aéreo de São Gabriel da Cachoeira, Destacamento
de Aeronáutica de São Gabriel da Cachoeira, Destacamento da Comissão de Aeroportos
da Região Amazônica e o Destacamento da Capitania dos Portos da Amazônia
Ocidental.11
11 https://www.tecmundo.com.br/Internet/111518-viver-cidade-Internet-lixo.htm
20
Figura 11: Município de São Gabriel da Cachoeira no Estado do Amazonas.
Fonte: https://www.pinterest.es/pin/677651075153421066/.
Segundo o IBGE (2017) São Gabriel da Cachoeira possui mais de 44.553 mil
habitantes. A conexão de Internet é via satélite, não há cabeamento, banda larga ou fibra
óptica no local. Existem três provedoras de Internet em São Gabriel da Cachoeira:
Amazon Cyber (em parceria com a O3b Networks), a Maraskanet e Pathernon
Informática. Sobre telefonia móvel, TIM, Vivo e Claro também estão presentes, mas sem
planos de dados.
O mapa seguinte, dados de 2017, mostra a fragilidade da infraestrutura de acesso
Internet, sobretudo na baixa velocidade de processamento dos dados.
21
Figura 12: Mapa do Velocidade da Internet no Brasil.
Fonte: https://www.showmetech.com.br/ipea-Internet-cobertura-anatel/
Sabe-se que o investimento para estruturar uma cidade com rede de Internet é
altíssimo, e esse custeio é dever do Estado para garantir cidadania. Grande parte da
população do interior vive em economia de subsistência e por isso, não tem como arcar
com os custos do serviço de Internet. Diante desta realidade, o poder público do
Amazonas em conjunto com outras parcerias está buscando mecanismos que viabilizem a
inserção digital das populações do Amazonas, principalmente do interior.
Gráfico 02: Motivos para falta de Internet para os Brasileiros.
Fonte: http://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2016_coletiva_de_imprensa.pdf
22
Muitos são os motivos que levam os brasileiros a não possuírem acesso a Internet
em plena Era das Tecnologias. Uma pesquisa realizada pelo CETIC.Br em 2016 revelou
de acordo com o gráfico acima (GRÁFICO 02) que o principal motivo é por acharem
caro, em seguida a falta de interesse e ainda por não saberem usar, o que reforça a
necessidade de viabilizar meios e promover o letramento digital.
A situação do País como um todo é frágil, mas no Amazonas é ainda mais
dificultada. A maioria dos municípios do Estado tem acesso precário à rede mundial de
computadores. No Brasil, os preços da banda larga fixa podem ser três vezes maiores que
nos países desenvolvidos, enquanto o preço da banda larga móvel pode ser duas vezes
maior, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Nos municípios do
Amazonas, a Internet chega via rádio e satélite, com muita perda de sinal e velocidade
lenta.
Conforme reportagem para o site Acrítica12, em outrubro de 2017, a experiência
com uma banda larga de melhor qualidade em Manaus só foi possível a partir de 2009,
com a chegada da fibra óptica pelo Linhão de Tucuruí disponibilizando 10 Mbps por
segundo, anteriormente a velocidade máxima era 1 Mbps. Contudo, ainda hoje, conforme
reportagem, “a População do Amazonas ainda padece com Internet cara, falha e lenta”.
Atualmente, além do Linhão de Tucuruí, a banda larga chega à capital via interconexão
de fibra óptica entre Manaus – Venezuela e Manaus – Porto Velho (RO) – Cuiabá (MT).
No interior do Estado, a maior parte do acesso é via satélite, que tem velocidade limitada.
Existe em curso “Programa Amazônia Conectada”, em execução pelo Exército, que
pretende levar Internet rápida e de baixo custo para cerca de quatro milhões de pessoas.
De acordo com o Exército Brasileiro, no Amazonas, municípios como Coari, Tefé, Cucuí,
Manacapuru, Novo Airão e Tabatinga já contam com a infraestrutura necessária para ter
serviços como banda larga e rede 3G/4G.
Entendendo o contexto no qual estamos inseridos é possível inferir novas
perspectivas e novos significados para a palavra inclusão. Neste caso, ofertar Internet sem
ter como base a cultura e a educação, de acordo com a vivência do povo não é sinônimo
12 Reportagem de Silane Souza (Manaus): “População do Amazonas ainda padece com Internet cara, falha e
lenta”. In: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/populacao-do-amazonas-ainda-padece-com-
Internet-cara-falha-e-lenta
23
de inclusão. O olhar está para além dos recursos tecnológicos, deve assentar no
letramento, no conhecimento, na interação, na necessidade e principalmente na empatia
com o povo para aprender a viver juntos num mundo cada vez global.
24
25
CAPITULO 2 – INCLUSÃO SOCIAL & DIGITAL
2.1- Introdução
Os gregos como Aristóteles costumavam utilizar, na antiguidade, o conceito ethos
para designar o “caráter moral” de uma civilização. No âmbito da sociologia e
antropologia, ethos significa “os costumes e os traços comportamentais que distinguem
um povo”. Segundo Pires (2001) o ethos universal deve ser constituído por meio da luta
pela preservação da Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU) e por uma globalização solidária em escala planetária. (Pires 2001, p.14).
Neste sentido, compreende-se que o conceito está para além da moral, compõe também a
cidadania de um povo.
Bodstein (1997) explica que a cidadania deve ser abordada como uma experiência
histórica, cujo aparecimento remete à antiguidade grega. Desde o seu início caracteriza
uma relação entre iguais e, destes, com o poder. Constitui-se, dessa forma, pré-requisito
indispensável para a inclusão e a participação na vida pública. É inseparável da noção de
igualdade sócio-política presente de forma restrita ou ampliada em todas as sociedades.
A cidadania possui um conceito mutável, pois acompanha o processo de
desenvolvimento da civilização e das sociedades. No mundo da Era da Informação, o
modelo de cidadania deve ir além da informação pela informação, devendo ser
incorporada a este modelo a capacidade de interpretação da realidade e construção de
significados por parte dos indivíduos. Caracteriza-se como um meio de proteção e uma
condição para o exercício dos direitos e deveres dos sujeitos. O Estado é o provedor
desses direitos e possui o dever social de garantir o pleno desenvolvimento da cidadania.
Araújo (1999) afirma que a construção da cidadania, ou de práticas de cidadania,
passa pela questão do acesso e uso da informação. Tanto a conquista de direitos políticos,
civis e sociais, quanto a implementação dos deveres do cidadão dependem do livre acesso
à informação sobre tais direitos e deveres. Isto quer dizer, que dependem da ampla
disseminação e circulação da informação e de um processo comunicativo de discussão
crítica, sobre as diferentes questões relativas à construção de uma sociedade mais justa e,
portanto, com maiores oportunidades para todos os cidadãos. Por isso, entende-se que
26
para ser cidadão não basta nascer, tem que pertencer aos grupos sociais, possuir direitos e
deveres, criar responsabilidades diante de uma sociedade, organizar-se, constituir-se,
incluir-se.
Assim, questiona-se qual a cidadania do século XXI diante de uma sociedade
conectada? Se a inclusão digital é uma necessidade inerente a este século, então isso
significa que o “cidadão” do século XXI deve considerá-la como o novo fator de
cidadania e que constitui uma questão ética e de direitos humanos oferecer acesso a todos
os cidadãos, tal reconhecido recentemente pela Organização das Nações Unidas através
da resolução A/HRC/32/L.20, aprovada em 1º de julho de 2016, intitulada “The
promotion, protection and enjoyment of human rights on the Internet” (ONU, 2016).
2.2- Inclusão Social
Partimos do pressuposto que inclusão é qualquer atitude, política ou tendência que
integra, seja do ponto de vista econômico, educativo, político ou outros. Segundo a
Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2003) inclusão social é o termo utilizado para
designar toda e qualquer política de inserção de pessoas ou grupos excluídos na
sociedade. Portanto, falar de inclusão social é remeter ao seu inverso, a exclusão social.
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2003) resumia alguns dados que
podemos considerar como exemplos de exclusão social:
• 125 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola, sendo dois
terços delas mulheres.
• Somente 1% dos deficientes físicos frequenta a escola em países
subdesenvolvidos e emergentes.
• 12 milhões de crianças morrem por problemas relacionados com a falta de
recursos por ano.
Em março deste ano (2018), a UNESCO lançou novos dados relacionados ao
número de crianças e adolescentes que estão fora da escola. Segundo o levantamento,
cerca de 263 milhões de crianças e adolescentes não frequentam a escola, ou seja, uma
em cada cinco pessoas com até 17 anos estão fora do ambiente escolar. Dados também
apontam disparidades entre os jovens de nações ricas e pobres — em países de baixa
27
renda, a taxa de evasão de estudantes de 15 a 17 anos é de 59%, enquanto nos países ricos
é de apenas 6%.
Em relação à exclusão das pessoas com deficiência, a Constituição brasileira de
1988 não dá margem para que uma escola, pública ou particular, recuse a matrícula de
crianças especiais, contudo na realidade ainda existem muitos desafios. No Brasil houve
um grande avanço após mudança na legislação em 2016. A Lei Brasileira de Inclusão
(LBI) foi criada para assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão
social e cidadania.
FIGURA 13: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Fonte: https://www.ripio.com.br/inclusao-social-como-voce-fala-desse-assunto-com-o-seu-filho/
Exclusão social também ocorre quando o básico como saneamento básico é
inexistente. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (2013), a cada 15
segundos, uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável,
saneamento e condições de higiene no mundo. Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas
morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à
falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene.
28
O Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (2013), destaca que
quase 10% das doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas se os
governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico.
Quando falamos em exclusão social temos que ter em mente que não estamos nos
referindo à sociedade como um todo, mas parcela da sociedade que se encontra em
situação de desigualdade social. Podemos inferir que uma pessoa não é socialmente
excluída pelas suas características em si, seja por sua deficiência, etnia, cor, renda ou
outros, mas sim pelas condições limitantes de acesso aos bens e serviços existentes em
nossa sociedade.
As diferenças são inerentes aos seres humanos, mas o impedimento do exercício
da cidadania devido às diferenças é que torna o sujeito socialmente excluído. De certo
modo, é muito difícil que alguém ou algum grupo social esteja totalmente excluído de
toda a sociedade. Geralmente, isso ocorre sobre uma parte dela. Neste aspecto, a inclusão
vem a ser um mecanismo de garantia de direitos através da democratização do acesso.
A inclusão social transformou-se em luta, diversos movimentos sociais
reivindicam a igualdade de acesso, direitos, cidadania, equidade, entre outros. O poder
público tem o papel social de formulação e efetivação de políticas públicas que objetivem
a inclusão social. Isso envolve a educação, a cultura, o desporto, o lazer, entre outros.
Além do esforço governamental é necessário ação da sociedade civil para buscar a
promoção de políticas inclusivas. Por isso, esforços devem ser coletivos para romper as
barreiras causadas pelo capital, expressos em uma sociedade desigual.
Para tanto, é necessário em primeiro lugar identificar quais sujeitos estão
excluídos da sociedade, ou seja, quais possuem seus direitos negados e não gozam dos
seus benefícios e direitos básicos, como saúde, educação, emprego, renda, lazer, cultura,
entre outros. Assim, falar de inclusão é falar de democratizar os diferentes espaços para
aqueles que não possuem acesso direto a eles.
Assim, analisam-se quais medidas inclusivas já foram criados para minimizar os
efeitos das desigualdades sociais? No Brasil, algumas medidas foram tomadas e são
adotadas para que os excluídos possam ter equidade e justiça social, tais como as cotas
29
raciais e econômicas, Programa de Erradicação da Pobreza (como Bolsa Família), a
Política de Inclusão que trouxe acessibilidade à pessoa com deficiência, a educação
inclusiva, o reconhecimento da Internet como direito humano, todas essas foram medidas
tomadas para combater e minimizar a exclusão social.
Essas medidas proporcionaram melhores condições de vida a milhares de
brasileiros. O Programa Bolsa Família (PBF) cujo propósito é o alivio da extrema
pobreza em curto prazo (redistribuindo renda para as pessoas mais vulneráveis
economicamente), contribuiu e contribui para redução da pobreza e da desigualdade de
renda no País. Por compor estratégias ainda mais amplas, o PBP aliado às políticas de
saúde, educação e geração de emprego e renda proporcionou melhores indicies de
desenvolvimento humano.
Em 2013, o Ministério de Desenvolvimento Social – MDS divulgou o impacto do
PBF no livro “Bolsa 10 anos” (Hoffmann, 2013). De acordo com o livro, os resultados
foram muito além do que se esperava em 2003. Na sessão 01 do livro, o autor afirma que,
entre 2001 e 2011, as transferências do governo federal, incluindo-se o Bolsa Família e o
Benefício de Prestação Continuada (BPC), contribuíram com entre 15% e 20% da
redução observada da desigualdade de renda.
Segundo o autor, não se antevia a magnitude do impacto do acesso – até então
largamente interditado – das famílias beneficiárias do Bolsa Família às instituições
bancárias e comerciais, ao crédito e ao consumo planejado. Famílias que ainda estavam à
margem do circuito econômico puderam nele se integrar e influenciar a dinamização de
territórios e regiões deprimidas.
O pagamento do benefício por meio de cartão magnético pessoal e a priorização
dada à mulher como titular deste cartão – hoje, 93% dos titulares são mulheres –
proporcionaram o empoderamento feminino em espaços públicos e privados. O ganho de
autonomia das mulheres e de ampliação da cidadania é um dos principais indicadores do
potencial intrínseco de mudança na sociedade, dependente apenas do impulso
proporcionado por políticas adequadas.
30
Postula ainda que, mais do que transferir renda, o Bolsa Família apresentou
resultados relevantes na redução da desnutrição e da insegurança alimentar e nutricional,
a diminuição da mortalidade infantil, aumento da porcentagem de crianças de até 6 meses
alimentadas exclusivamente por amamentação, assim como na porcentagem de crianças a
completar o calendário de vacinação, redução substancial das taxas de hospitalização
entre menores de 5 anos, redução dos indicadores de evasão e regularização da trajetória
escolar, permitindo melhores médias de frequência e aprovação e menor defasagem
idade-série para as crianças das famílias beneficiárias.
Em suma, o Bolsa Família trouxe resultados que, em consequência de suas
condicionalidades, permitiram o atendimento aos grupos mais vulneráveis da sociedade.
Reduzindo assim, a pobreza e a desigualdade e ainda, promovendo a inclusão nas
políticas públicas de educação e saúde, em um novo patamar de garantias sociais.
Outra política brasileira instituída como política social para minimização das
desigualdades sociais é a política de cotas. A mesma foi instituída pela Lei 12.711 de
2012 e objetiva a reserva de no mínimo 50% das vagas das instituições federais de ensino
superior e técnico para estudantes de escolas públicas, que são preenchidas por
candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à
presença desses grupos na população total da unidade da Federação onde fica a
instituição.
De acordo com o Ministério da Educação - MEC (2012), a população negra
representava 4% das matrículas em 1997, passando a 19,8% em 2011. Ações como o
Programa Universidade Para Todos (ProUni), que já ofereceu mais de 1 milhão de bolsas
a estudantes de baixa renda, e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (Reuni), que expandiu e interiorizou a educação
pública, contribuíram para aumentar o acesso dessa população ao ensino superior. Além
disso, 88% dos estudantes do ensino médio são oriundos de escolas públicas. Para o
Ministério da Educação a dificuldade de acesso à educação superior é um dos sintomas
da desigualdade social do Brasil, logo a lei é essencial.
O MEC (2015) avaliou que o percentual de vagas para cotistas havia aumentado
consideravelmente, em 2013, o percentual foi de 33%, e em 2014, 40%. Do percentual de
31
2013, os negros ficaram com 17,25%. O número subiu para 21,51% em 2014. A
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir (2015) afirmou que a
medida já abriu mais de 150 mil vagas para negros. A norma também garante que, das
vagas reservadas a escolas públicas, metade será destinada a estudantes de famílias com
renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo.
Esta medida é resultado de uma longa mobilização dos movimentos sociais para
ampliar o acesso da população negra ao ensino superior. Os números demonstram o bom
andamento da política de inclusão. Além das cotas, os estudantes também têm acesso a
outros instrumentos oferecidos pelo Governo Federal, como o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), que auxiliam no
ingresso e na permanência em instituições privadas de ensino superior.13
Além dessas medidas, foi instituído em 2010, o Programa Nacional de
Assistência Estudantil – PNAES através do Decreto 7.234, executado no âmbito do
Ministério da Educação, tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos
jovens na educação superior pública federal, que posteriormente foi ampliado para os
Institutos Federais de Ensino. Os objetivos do programa são: I – democratizar as
condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal; II -
minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e conclusão da
educação superior; III - reduzir as taxas de retenção e evasão; e IV - contribuir para a
promoção da inclusão social pela educação.
Anualmente o MEC disponibiliza orçamento para o PNAES, no ano de 2017, as
Universidades Federais receberam R$ 925,12 milhões e os Institutos Federais R$ 366,3
milhões.14
É necessário reconhecer que não deveriam existir do ponto de vista da igualdade,
políticas para cada seguimento social, mas sim termos equidade como garantia de um
país igualitário. Mas diante de um sistema capitalista, baseado no lucro, torna-se utópico
13 http://portal.mec.gov.br/busca-geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/30301-em-tres-anos-
lei-de-cotas-tem-metas-atingidas-antes-do-prazo 14 http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/55281-mec-libera-r-1-2-bi-
para-instituicoes-e-garante-custeio-da-assistencia-estudantil-para-2017
32
este querer, logo, faz-se necessário criar politicas que garantam a mínima dignidade
àqueles cujos olhares não se voltam.
2.3- Inclusão Digital
Em tempo de grandes mudanças e de desigualdades ampliadas pela exclusão
digital, torna-se fundamental estudar a vida em sociedade e suas nuances. Acompanhando
o avanço tecnológico, a Internet tem sido a melhor ferramenta de interação com o mundo,
de tal modo que a Organização das Nações Unidas declarou recentemente, através da
resolução A/HRC/32/L.20 aprovada em 1º de julho de 2016 (ONU, 2016), que o acesso à
Internet é um direito humano, devendo ser garantido o direito à liberdade de opinião e
expressão, reforçando ainda que ao negar esse acesso comete-se um crime e viola os
direitos humanos. Precisamente, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovou a
resolução intitulada “The promotion, protection and enjoyment of human rights on the
Internet”, em que, entre outras considerações, releva as oportunidades que a Internet
coloca a uma educação inclusiva:
Emphasizing that access to information on the Internet facilitates vast
opportunities for affordable and inclusive education globally, thereby being an
important tool to facilitate the promotion of the right to education, while
underlining the need to address digital literacy and the digital divide, as it affects
the enjoyment of the right to education;
Na sequência destas considerações, o Conselho apela aos Estados para promover a
alfabetização digital e facilitar o acesso a informações na Internet:
Affirms that quality education plays a decisive role in development, and therefore
calls upon all States to promote digital literacy and to facilitate access to
information on the Internet, which can be an important tool in facilitating the
promotion of the right to education;
E sobre a acessibilidade dos cidadãos com deficiência, o Conselho também
encoraja os Estados a tomarem as medidas adequadas para promover a participação das
pessoas com deficiência:
Encourages all States to take appropriate measures to promote, with the
participation of persons with disabilities, the design, development, production
and distribution of information and communications technologies and systems,
including assistive and adaptive technologies, that are accessible to persons with
disabilities;
33
Filho (2003) elencou os três pilares fundamentais para que a inclusão digital
aconteça: TIC, renda e educação. Para isso, o tripé deve estar conectado entre si. Para
melhor compreensão, resume-se: sem renda não é possível comprar computador ou pagar
um plano de Internet. Menos ainda, podemos dizer que basta a existência de Internet ou
computador para ser incluído digitalmente, uma vez que sem o aprendizado do uso desses
recursos, também não é possível estar “conectado”. Pode haver, assim, uma inclusão
excludente (ALVES, 2017): inclusão no acesso (aquisição da tecnologia), mas uma
exclusão no uso se não se tiver competências para usar as tecnologias nas suas plenitudes.
Inclusão digital é fruto do que se denomina sociedade da informação, baseada
nas redes digitais, ou sociedade do conhecimento, que privilegia o saber perante o fazer.
Deve ser vista sob o ponto de vista ético, sendo considerada como uma ação que
promoverá a conquista da cidadania digital, a qual contribuirá para uma sociedade mais
igualitária, com a expectativa da minimização da exclusão social.
Conforme a matéria “o acesso à tecnologia como novo indicador de
desigualdade” publicada pelo site El País (2017), a UNICEF traz um alerta: se não forem
adotadas soluções, aumentará a disparidade existente entre os países mais desenvolvidos
e as nações em desenvolvimento. Ressalta ainda, que a implantação de “uma era digital
igualitária” é o novo desafio e consegui-la significará melhorar as oportunidades da
infância. Também Manuel Castells, no seu livro “A Galáxia da Internet”, ao fazer a
geografia dos utilizadores da Internet diz que é “muito importante realçar que o uso da
Internet está claramente diferenciado em termos territoriais, e segue a distribuição
desigual da infraestrutura tecnológica, da riqueza e da educação no planeta”
(CASTELLS, 2004, p. 247). Noutra passagem da mesma obra, em tema sobre a info-
exclusão, clarifica que
A disparidade entre os que têm e os que não têm Internet amplia ainda mais o
hiato da desigualdade e da exclusão social, numa complexa interação que parece
aumentar a distância entre a promessa da Era da Informação e a crua realidade na
qual está imersa uma grande parte da população mundial (idem, p. 287).
Em uma entrevista com a diretora do Comitê Espanhol de Programas do UNICEF,
Blanca Carazo, para o referido site15, a mesma citou que a capacidade de penetração das
15https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/05/tecnologia/1512475978_439857.html
34
novas tecnologias é irrefreável e que temos de usá-las como vantagem, para que as
próprias crianças sejam capazes de manifestar através delas suas necessidades e transmitir
o que as preocupa. Neste sentido, percebe-se que mundo digital possui inúmeras
vantagens, entre essas, a infinidade de informações ao alcance de um clique e a
comunicação imediata.
Apesar disso, o acesso é limitado, ou seja, nem todos têm acesso. Na esfera
global, 3,2 bilhões de pessoas têm acesso à Internet — o que representa 43,4% da
população global. O universo dos 57% da população off-line — cerca de quatro bilhões
de pessoas — concentra-se sobretudo no continente africano. Enquanto 21% da
população na Europa não têm acesso à Internet (nos países desenvolvidos em geral, cerca
de 80% da população estão on-line), na África esse percentual de desconectados alcança
75% da população. Na região da Ásia e do mundo árabe, a população off-line
corresponde a 58,1% e 58,4%, respectivamente. Em todas as regiões, constata-se o acesso
não igualitário de homens e mulheres à Internet, estando as mulheres em situação de
desvantagem — essa desigualdade é mais acentuada na região africana, culminando em
até 50% na África Subsaariana.16
Conforme informação do relatório da UNICEF (2017) sobre a “Situação Mundial
da Infância”, 29% dos jovens do mundo entre 15 e 24 anos (346 milhões de pessoas) não
têm acesso à Internet. Segundo o referido relatório, os países em que crianças e
adolescentes têm menos acesso estão no continente africano onde 60% das pessoas entre
15 e 24 anos não têm acesso à Internet. A disparidade é notória em relação à Europa, uma
vez que essa porcentagem cai para 4%. A digitalização também é limitada em áreas de
conflito armado deflagrado ou recente, como Iêmen, Iraque e Afeganistão.
A inclusão digital é um processo de democratização do acesso às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC), como garantia de acesso aos meios digitais e suas
ferramentas, e consequentemente, a inclusão social de cada cidadão, causando, assim, a
sensação de pertença ao coletivo social. Em decorrência disso, se discute cada vez mais a
respeito da importância da inclusão digital para que todos possam usufruir dos benefícios
do uso das tecnologias, dentre estes a praticidade e a conexão com o mundo.
16 http://www.mdh.gov.br/sdh/noticias/2016/novembro/Internet-e-direitos-humanos
35
Num mundo pós-moderno em que o sistema capitalista globalizado fez surgir um
“novo sistema de relações sociais centrado no indivíduo” (CASTELLS, 2004, p. 158), em
detrimento de relações pessoais e sociais duradouras, o sociólogo Manuel Castells, ao
analisar a sociabilidade online, através da Internet, considera que esta rede “é um meio
eficaz para manter os laços sociais débeis” (idem, p. 159) ─ que se poderiam perder ─ e
“pode contribuir também para manter os laços fortes à distância” (idem, p. 160). Ou seja,
embora a forma dominante da sociabilidade seja o individualismo em rede, este “constitui
um modelo social, não uma coleção de indivíduos isolados” (idem, p. 161), já que, como
considera o autor:
Os indivíduos constroem as suas redes, on-line e off-line, sobre a base dos seus
interesses, valores, afinidades e projetos. Devido à flexibilidade e ao poder de
comunicação da Internet, a interação social on-line desempenha um papel cada
vez mais importante na organização social no seu conjunto” (CASTELLS, 2004,
p. 161).
Em geral, a tecnologia se faz presente na vida cidadãos, seja nos celulares,
computadores ou em outras ferramentas que já se tornaram indispensáveis no quotidiano
de quem as têm. Ao chegar no sujeito, ele faz assimilação da informação e a reelabora
em novo conhecimento, refletindo, assim, na qualidade de vida das pessoas. Logo, a
Internet torna-se indispensável para a participação e inserção na vida pública, pois vem
tornando-se indissociável da noção de igualdade sócio-política.
Segundo Cruz (2004), a inclusão digital deve favorecer a apropriação da
tecnologia de forma consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando, como e
para quê utilizá-la. Do ponto de vista de uma comunidade, a inclusão digital significa
aplicar as tecnologias a processos que contribuam para o fortalecimento de suas
atividades econômicas, de sua capacidade de organização, do nível educacional e da
autoestima dos seus integrantes, de sua comunicação com outros grupos, de suas
entidades e serviços locais e de sua qualidade de vida. O autor ainda reforça que na
sociedade atual o conhecimento cada vez mais é considerado riqueza e poder, e que o
desenvolvimento socioeconômico e político do país passa também pelas chamadas TIC.
A UNICEF (2017) identifica quatro benefícios derivados da implantação maciça
de novas tecnologias: 1. Melhoria na qualidade da educação; 2. Possibilidade de acessar
ferramentas e informação que permitam aos jovens buscar novas soluções para seus
36
problemas; 3. Nova economia com mais opções profissionais para os jovens, e 4. Melhor
atenção em caso de emergência.
Desse modo, pode-se inferir que a inclusão digital, além de acesso às tecnologias,
integra também um processo de aprendizagem para uso das ferramentas tecnológicas.
Como dito anteriormente, uma comunidade não pode apenas ter um computador ou outro
meio digital, precisa saber usá-la. Torna-se necessária o chamado “letramento digital”,
terminologia usada no Brasil ainda que em que em muitos outros países se use a
terminologia “literacia digital”, na linha da expressão anglo-saxônica “digital literacy”,
com a qual, segundo definição proposta pela União Europeia, em 2008, significa: “Digital
Literacy is the skills required to achieve digital competence; the confident and critical use
ICT for leisure, learning and communication […] (SILVA e PEREIRA, 2011, p. 228).
Buzato (2003) esclarece que pessoas alfabetizadas não são necessariamente
“letradas”. Mesmo sabendo “ler e escrever”, isto é, codificar e decodificar mensagens
escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, redigir um
convite formal, interpretar um gráfico, encontrar um gráfico, encontrar um livro em um
catálogo, etc. A essa competência ele denomina “letramento”, que se constrói na prática
social, e não na aprendizagem do código por si. Dessa forma, o autor emprega o termo
“letramento digital”, por entender que vai muito além de interpretar uma interface digital
ou um código, é também inserir as tecnologias digitais de informação e comunicação em
práticas sociais significativas.
David Barton (1998), apud Xavier (2002), afirma que antes de constituir um
conjunto de habilidades intelectuais, o “letramento” é uma prática cultural, sócio e
historicamente estabelecida, que permite ao indivíduo apoderar-se das suas vantagens e
assim participar efetivamente e decidir, como cidadão do seu tempo, os destinos da
comunidade à qual pertence e as tradições, hábitos e costumes com os quais se identifica.
A capacidade de enxergar além dos limites do código, fazer relações com informações
fora do texto falado ou escrito e vinculá-las à sua realidade histórica, social e política são
características de um indivíduo plenamente letrado. Possivelmente alguém, mesmo sendo
alfabetizado e letrado, isto é, já dominando a tecnologia da leitura e da escrita e fazendo
uso dos privilégios totais do letramento, seja ainda um “analfabeto ou iletrado digital”.
37
A competência para usar os equipamentos digitais com desenvoltura permite ao
aprendiz contemporâneo a possibilidade de reinventar seu quotidiano, bem como
estabelece novas formas de ação, que se revelam em práticas sociais específicas e em
modos diferentes de utilização da linguagem verbal e não-verbal. O “letramento digital”
requer que o sujeito assuma uma nova maneira de realizar as atividades de leitura e de
escrita, que pedem diferentes abordagens pedagógicas que ultrapassam os limites físicos
das instituições de ensino, em vários aspectos, especialmente no que diz respeito a:
• velocidade do próprio ato de apreender, gerenciar e compartilhar as
informações;
• verificação on-line pela Internet da autenticidade das informações
apresentadas, com condição de comprovar ou corrigir os dados expostos
virtualmente em um site da grande rede;
• ampliação do dimensionamento da significação das palavras, imagens e
sons por onde chegam as informações a serem processadas na mente do aprendiz;
• crescimento da participação de outros interlocutores na “composição
coletiva” e, às vezes, simultânea de textos na Internet como ocorre com os chats
(conversas por escrito e auxiliadas por ícones de modo simultâneo e à distância
entre várias pessoas de diversas partes do país ou do mundo), bem como acontece
com as hiperficções colaborativas (que consistem na escrita de um texto literário
na rede com a colaboração real de várias pessoas no espaço virtual). A
consequência mais visível dessas construções coletivas é a divisão do trabalho de
autoria, tornando os envolvidos coautores, logo, corresponsáveis e mais
comprometidos com o discurso ali elaborado por cada um dos participantes.
(XAVIER, 2002, p.4-5).
O reconhecimento que o letramento digital (competências digitais) é inerente às
práticas sociais, à cidadania, vai ao encontro de vários estudos que colocam o
desenvolvimento da cidadania como uma ação central no desenvolvimento do letramento
como prática social (COPE e KALANTZIS, 2009). E nesse sentido, para Souza e Silva
(2013) a escola deve ser o espaço que propicia o contato com essas diferentes linguagens
do letramento (literacia) digital: “O desenvolvimento dessas novas linguagens (literacia
digital) atuaria como uma meta da educação ao promover a capacidade de utilizar critica
e eficazmente as tecnologias, de modo a fazer algo construtivo e significativo” (SOUZA
e SILVA, 2013, p. 6160). A figura seguinte ilustra as várias dimensões do letramento
digital como prática social.
38
FIGURA 14: O letramento digital como prática social
Fonte: Souza e Silva, 2013, p. 6160; o título da figura foi adotado.
Para Xavier (2002), o Letramento digital implica realizar práticas de leitura e
escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital
pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e
não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita
feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também
digital.
Barton (1998, p. 9) apud Xavier (2002) defende a existência paralela de vários
tipos de letramento. Para ele, “letramento não é o mesmo em todos os contextos; ao
contrário, há diferentes Letramentos. E mudam porque são situados na história e
acompanha a mudança de cada contexto tecnológico, social, político, econômico ou
cultural em uma dada sociedade”.
Por conseguinte, o termo Inclusão Digital não trata apenas de promover acesso às
TIC, mas de capacitar o indivíduo para retirar o máximo proveito das ferramentas
tecnológicas em seu potencial máximo, a partir de sua capacidade intelectual, e aplicá-las
em seu contexto social. Desta feita, as instituições internacionais e nacionais trabalham
com o objetivo de proporcionar e garantir o acesso de todos às tecnologias, através de
tratados e acordos internacionais, bem como de legislações nacionais.
39
2.4- Inclusão Digital no Brasil
A Sociedade da Informação se desenvolve em cada país de modo diferente, cresce
de acordo com as condições sociais e econômicas do contexto inserido, conforme nos diz
Manuel Castells em citação já referida: “o uso da Internet está claramente diferenciado
em termos territoriais, e segue a distribuição desigual da infraestrutura tecnológica, da
riqueza e da educação no planeta” (CASTELLS, 2004, p. 247).
Desde 1995, a Internet teve um grande impulso, primeiramente na comunidade
científica e, logo após, como plataforma de expansão do setor privado, estando aberta
também a serviços de natureza comercial. Nas telecomunicações, houve criação da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a privatização de todo o sistema de
comunicação brasileiro.
A preocupação do Brasil com o desenvolvimento científico e tecnológico foi
sistematizada em 1985 com a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) por
meio do Decreto nº 91.146. Entretanto, foi basicamente a partir de 1999 que o governo
passou a criar políticas de incentivo à inovação, como: a Realização das conferências
nacionais de C,T&I; o lançamento da Política Nacional de C,T&I e da Estratégia
Nacional de C,T&I; o lançamento da Lei de Inovação em 2004; e a mudança de
nomenclatura do MCT para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
(LEMOS, CARIO, 2013)
Em 1999 foi criado o Livro Verde, e em 2002 o Livro Branco como resultado das
ações e diretrizes do governo pensadas para uma sociedade da informação no Brasil.
Além do Brasil, outros países como Portugal, Alemanha e Suécia, desenvolveram
programas voltados ao trabalho, educação, cultura e ações de desenvolvimento
tecnológico e científico para a construção da Sociedade da Informação, constituindo o
que MacLuhan e Fiore (1971) chamaram de “aldeia global”.
Como proposta do Livro Verde (1999), surgiu o Programa Sociedade da
Informação –(SocInfo) cujo objetivo é integrar, coordenar e fomentar ações para a
utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a contribuir para a
inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir
40
para que a economia do País tenha condições de competir no mercado global. Embora as
ideias iniciais tenham surgido em 1996, com as discussões já em torno da “alfabetização
digital”, este programa foi concebido a partir de um estudo conduzido pelo Conselho
Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), coordenado pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT) e instituído pelo governo federal em 1999 (MENEZES E SANTOS,
2001).
Para Menezes e Santos (2001), o programa possui interesse no desenvolvimento
econômico-social, de perspectiva mercadológica, então as discussões caminham na
inclusão social dos indivíduos motivada pelo interesse no acúmulo do capital financeiro.
Os anos 2000 representaram um grande salto na sociedade brasileira, foi ampliada
e racionalizada a estrutura do Sistema Nacional de Ciência & Tecnologia, com a
incorporação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), além da criação do
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) com ênfase na prospecção,
acompanhamento e avaliação.
Importante salientar também que nesse período foram firmados acordos
internacionais e o Brasil assumiu, diante destes organismos, o compromisso de
“modernizar programas e instrumentos vigentes, estabelecer parcerias por vezes inéditas
e avaliar alternativas para atuação bilateral e multilateral”. Tem início uma franca
expansão de políticas de parcerias, privatizações e acordos de cooperação técnica.
(BRASIL, 2002, p.12).
Surge também uma grande preocupação com a inclusão digital e a redução dos
índices de exclusão social. Um dos primeiros estudos sobre o acesso, usos e impactos das
Tecnologias da Informação e Comunicação na vida das pessoas foi realizado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), tomando como base o censo de 2000, tendo sido
denominado “Mapa da exclusão digital”. O estudo, divulgado em abril de 2003, mostrou
que, à época, apenas 12,5% dos brasileiros tinham computador em casa, e 8,3% da
população acessava a Internet (NERI, 2003).
41
FIGURA 15: Proporção de excluídos digitalmente por estados. Mapa da Divisão Digital (2003).
Fonte: Neri (FGV, 2003)
A renda, o grau de escolaridade, o local onde moram e a raça foram apontados
como fatores determinantes à aquisição de computadores. O estudo, ao que se percebe,
não focalizava as questões de conexão, instituindo uma ideia de que a inclusão ou
exclusão estariam relacionadas basicamente ao acesso e aquisição dos equipamentos, sem
uma discussão específica sobre conexão, Internet e redes.
Em 2010 o cenário começou a mudar, a cor amarela no Mapa de Acesso começou
a se destacar:
42
FIGURA 16: Mapa de acesso – 2010.
Fonte: Censo 2010/IBGE
As estimativas do número de usuários da rede Internet no Brasil têm variado
muito, em razão da diversidade de fontes e critérios. As estimativas mais conservadoras
estão dimensionadas a partir da contagem dos pontos de conexão à Internet, enquanto as
demais se baseiam em estimativas variadas de usuários por máquina ou em pesquisas de
mercado. (TAKAHASHI, 2000, p.34).
Recentemente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento - UNCTAD (2017) divulgou que o Brasil é o quarto país com maior
número absoluto de usuários de Internet. São cerca de 120 milhões de pessoas
conectadas, ficando atrás dos Estados Unidos com 242 milhões, Índia, com 333 milhões e
China, com 705 milhões.
Além disso, o documento “Economia da Informação 2017: Digitalização,
Comércio e Desenvolvimento” da ONUBr (2017) demostrou que os países em
desenvolvimento, como Brasil, México e Nigéria, tiveram taxas de crescimento com
média de 4% e 6% no período correspondente aos anos de 2012 a 2015. O número é
43
bastante alto se comparado aos países desenvolvidos, com exceção do Japão, uma vez
que esses mercados já estão perto da saturação.
No Brasil e na China, mais de 50% da população utiliza a Internet, enquanto na
Índia apenas pouco mais de um quarto da população está online. A expectativa é de que
os próximos 1 bilhão de usuários de Internet virão principalmente das economias em
desenvolvimento. (ONU BRASIL, 2017)
Segundo as informações do documento, o crescimento está associado diretamente
com a facilidade de acesso proporcionado pela tecnologia, como o avanço da banda larga,
Internet presente nos aparelhos móveis, bem como a diminuição dos custos. A banda
larga, mesmo assim, em países em desenvolvimento, continua sendo considerada de alto
custo para grande parte da população. (idem, 2017)
De acordo com a pesquisa do IBGE (2017), dos 48,1 milhões de domicílios com
acesso à Internet, 77,3% utilizavam banda larga móvel e 71,4% banda larga fixa,
enquanto 49,1% usavam ambos os tipos. A região norte do País apresentou o menor
percentual de pessoas que se conectaram a Internet por banda larga fixa (63,3%), porém
teve a maior proporção de acessos via banda larga móvel (85,1%).
Isso reforça afirmação “o acesso e o uso da banda larga são facilitadores
essenciais da economia digital” disposta no documento da ONU (2018). Nos últimos
anos, o crescimento das assinaturas de banda larga fixa foi menor que o da banda larga
móvel em todas as regiões, o que levanta algumas preocupações em relação ao
desenvolvimento de longo prazo das redes e de serviços de alta capacidade em regiões
menos desenvolvidas. (ONU BRASIL, 2017).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2017) divulgou dados
detalhados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) em relação
ao acesso à Internet em 2016. Os dados demonstraram que das 63,4 milhões de pessoas
com 10 anos ou mais de idade que não utilizaram a Internet, 37,8% não sabiam usar e
37,6% alegaram falta de interesse, enquanto 14,3% não acessaram por considerar o
serviço caro.
44
É importante frisar que os preços da banda larga fixa podem ser três vezes
maiores nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos, enquanto o
preço da banda larga móvel pode ser duas vezes maior, segundo a União Internacional de
Telecomunicações – UIT (2018).
A Organização das Nações Unidas do Brasil – ONUBR (2017) 17 afirmou que
apesar da considerável melhora no acesso às TIC, significativas disparidades persistem
no uso de tais tecnologias, especialmente em relação à banda larga. Nos países em
desenvolvimento, especialmente nos menos desenvolvidos, a penetração da banda larga é
baixa. Mesmo aqueles que têm acesso à banda larga tendem a experimentar velocidades
baixas de download e upload, o que limita as atividades na Internet. (TAKAHASHI,
2000, p.34).
De acordo com a Pnad (2016) divulgada pelo IBGE (2017), do total de domicílios
brasileiros (69,3 milhões), 45,3% tinham microcomputador. Os menores percentuais
foram no Norte (28,1%). Quanto à presença de tablet, este equipamento existia em 15,1%
dos domicílios, com o maior percentual no Sudeste (18,2%), e o menor no Norte (9,3%).
Entre os usuários de celular, 78,9% acessavam a Internet por meio do aparelho.
GRÁFICO 03: Percentual de domicílios com acesso à Internet, segundo o equipamento utilizado.
Fonte: http://idgnow.com.br/Internet/2018/02/21/brasil-tem-116-milhoes-de-usuarios-Internet-e-
comunicacao-e-o-principal-uso/
17 https://nacoesunidas.org/brasil-e-o-quarto-pais-com-mais-usuarios-de-Internet-do-mundo-diz-relatorio-
da-onu/
45
Apesar de o celular ser predominante, existem outras formas de acesso à rede,
dentre essas: via microcomputador (63,7%), tablet (16,4%) e televisão (11,3%). Entre a
população de 10 anos ou mais, 22,9% não tinham celular para uso pessoal. Entre os
motivos para não possuir o aparelho destacaram-se: preço do equipamento (25,9%), falta
de interesse (22,1%), usava o celular de outra pessoa (20,6%) e não sabia usar (19,6%).
Regionalmente, o principal motivo mais indicado variou do custo do aparelho (Norte e
Nordeste), usava celular de outra pessoa (Sul e Centro-Oeste) e falta de interesse
(Sudeste). No Norte, 12,5% disseram que o serviço não estava disponível nos locais que
costumam frequentar, que não chegou a 5% nas demais grandes regiões.
Já entre as motivações para acesso estão: assistir a vídeos, programas, séries e
filmes (76,4%), seguidos por conversar por chamada de voz ou vídeo (73,3%) e enviar ou
receber e-mail (69,3%). (IBGE, 2017)
GRÁFICO 04: Percentual de pessoas que acessaram à Internet, segundo a finalidade do acesso.
Fonte: http://idgnow.com.br/Internet/2018/02/21/brasil-tem-116-milhoes-de-usuarios-
Internet-e-comunicacao-e-o-principal-uso/
Além disso, 92,4% dos 116,1 milhões de habitantes do Brasil que acessaram a
rede fizeram uso de aplicativos de troca de mensagens (com exceção do e-mail) para se
comunicar, o que significa que nove entre dez internautas no país já utilizavam
aplicativos de mensagens, e praticamente metade das pessoas não ocupadas não usavam a
rede (IBGE, 2018). Esses números fortaleceram dados do IBGE divulgados em 2017, que
46
afirmava que os celulares foram os grandes responsáveis pela expansão do acesso à
Internet nos domicílios brasileiros.
Segundo o relatório, a utilização da Internet foi crescente com o aumento da
idade, o percentual de pessoas de 10 a 24 anos que utilizaram a Internet foi: 66,3% no
grupo etário de 10 a 13 anos, 82,5%, no de 14 a 17 anos, 85,4%, no de 18 ou 19 anos, de
85,2%, no de 20 a 24 anos. Entre os idosos (60 anos ou mais), apenas 24,7% acessaram.
Esse comportamento foi observado tanto nos indicadores dos homens como das
mulheres, sendo que a parcela feminina superou a masculina em todas as faixas etárias,
exceto entre os idosos.
Em relação ao sexo, a proporção de homens que tinham celular para uso pessoal
(75,9%) foi menor que a das mulheres (78,2%). Essa diferença foi notada nas Regiões
Norte (62,3% contra 67,8%), Nordeste (65,5% contra 71,6%) e Centro-Oeste (83,6%
contra 85,6%), mas quase imperceptível nas demais. Com o aumento da idade, as
diferenças foram diminuindo até haver inversão de posições no grupo de 60 anos ou mais,
quando o grupo dos homens (62,3%) superou o das mulheres (59,8%).
O percentual de pessoas que tinham celular para uso pessoal na população de 10
anos ou mais, foi de 77,1%, de 65,1% (Norte) a 84,6% (Centro-Oeste). O percentual dos
usuários de celular para uso pessoal foi mais baixo no grupo etário de 10 a 13 anos
(39,8%), subiu no de 14 a17 anos (70,0%) e alcançou os maiores níveis nos de 25 a 34
anos (88,6%) e de 35 a 39 anos (88,2%), passando a cair nos seguintes até atingir 60,9%,
entre os idosos (60 anos ou mais).
Esse indicador cresceu de acordo com o nível de instrução, variou entre 43,6%
(sem instrução) e 97,5% (superior completo). Entre a população de não estudantes, a
parcela que tinha celular para uso pessoal alcançou 79,5%, superando a dos estudantes
(68,0%). No entanto, os alunos da rede pública alcançaram patamar bem mais baixo
(59,4%) que os da privada (90,3%).
De acordo com a situação de ocupação da população de 14 anos ou mais, os
ocupados tiveram maior percentual dos que tinham celular para uso pessoal (88,9%) em
relação aos não ocupados (69,1%). Entre as pessoas ocupadas que tinham celular para uso
47
pessoal, o percentual das que tinham acesso à Internet pelo aparelho foi mais alto (83,2%)
que entre as não ocupadas (71,1%).
Nas categorias de posição na ocupação, os empregadores (87,8%) são os que mais
utilizaram a Internet, seguidos pelos empregados (80,1%), conta própria (60,7%) e
trabalhadores familiares auxiliares (47,9%). Em todas as grandes regiões houve esse
comportamento, com exceção da Norte, onde o percentual dos empregados (72,9%) ficou
praticamente igual ao dos empregadores (73,1%).
Dos 10 grupamentos ocupacionais, a Internet é mais usada no dos profissionais
das ciências e intelectuais (97,4%), membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares (96,8%), trabalhadores de apoio administrativo (94,9%), técnicos e profissionais
de nível médio (94,3%) e diretores e gerentes (93,3%). Os trabalhadores qualificados da
agropecuária, florestais, da caça e da pesca (27,0%) são os que menos acessam.
Na comparação por grupamentos das 11 atividades, o acesso à Internet foi mais
elevado nos da informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias,
profissionais e administrativas (92,0%), da educação, saúde humana e serviços sociais
(91,2%), da administração pública, defesa e seguridade social (88,3%) e de outros
serviços (87,6%). Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (28,3%)
foi o grupamento de atividade com menos uso da Internet.
Neste sentido, percebemos o quanto estas variáveis (como sexo, idade,
escolaridade, frequência de rede de ensino e renda) são importantes e podem implicar no
acesso às tecnologias e na inclusão digital. Por esta razão, vários governos estão a investir
em programas de Inclusão Digital para proporcionar aos cidadãos empregabilidade, renda
e acesso às tecnologias.
Segundo a UNCTAD (2017), no ano de 2015, as economias em desenvolvimento
responderam por 70% dos usuários de Internet no mundo, sendo a maior parte na China e
na Índia. Apenas quatro economias desenvolvidas ficaram entre os dez países com maior
número de usuários: EUA, Japão, Alemanha e Reino Unido.
48
FIGURA 17: As 10 principais economias pelo valor agregado do serviço de TIC – 2015.
Fonte: United Nations Conference on Trade and Development, 2017
Uma revolução tecnológica está ocorrendo em todo o mundo, porém é importante
ressaltar que no Brasil ainda se apresenta sérios problemas decorrentes das desigualdades
sociais que refletem na desigualdade digital. Segundo Nazareno, Bocchino, Mendes e Paz
Filho (2006, p. 14) a “expressão vem sendo empregada para indicar falhas no provimento
pelos governos de acesso universal a serviços de formação e comunicação,
indistintamente a todos os cidadãos”.
Entendemos que o processo de inclusão se realiza mediante três aspectos: 1)
Econômicos, em que os indivíduos devem ter condições financeiras para acessar as
tecnologias; 2) Cognitivos, pois as pessoas necessitam possuir uma visão crítica e
capacidade independente de uso e apropriação dos novos meios digitais, isto é, aquilo que
chamamos letramento ou literacia digital; e 3) Aspectos técnicos, dado que os indivíduos
necessitam de conhecimentos operacionais sobre programas e para acessar à Internet.
Na atualidade, o Brasil é um dos países do mundo com maior utilização das redes
sociais. É o quarto país em número de usuários do Facebook, com 70,5 milhões (e
também o quarto em percentagem da população, com 34,5%); e o segundo com maior
número de pessoas no Twitter. Em 2015, oito em cada dez crianças e adolescentes com
idades entre 9 e 17 anos eram usuários da Internet.
49
Nesse contexto, a Internet surge como instrumento capaz de promover, mas
também de violar direitos humanos. De acordo com o programa Humaniza Redes,
lançado pelo Pacto Nacional de Enfrentamento das Violações de Direitos Humanos na
Internet, há denúncias relativas à discriminação contra as mulheres; à apologia e incitação
a crimes contra a vida; ao racismo; à homofobia; à pornografia infantil; à intolerância
religiosa; à xenofobia; ao discurso de ódio; entre outras violações on-line. Ao desafio de
enfrentar o cybercrime, somam-se os desafios do direito à privacidade e à segurança na
Internet. (SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2016)
O relatório da ONU (2018) indicou que menos de metade dos países da América
Latina e do Caribe adotaram legislação de proteção e privacidade de dados. E entre as
economias emergentes, a falta de habilidades digitais é particularmente significativa na
América Latina. Empresas na região tinham três vezes mais chances do que empresas do
Sul da Ásia, e 13 vezes mais do que as da Ásia-Pacífico, de ter problemas operacionais
devido à falta de capital humano. Ao mesmo tempo, o relatório cita experiências bem-
sucedidas na região, como o programa brasileiro Exporta Fácil, implementado em 2002 e
que ajudou a reduzir custos para a exportação de bens das pequenas e médias empresas.
(ONU BRASIL, 2018)
No Brasil, o Marco Civil da Internet foi aprovado por meio da Lei nº 12.965, de
23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da
rede no Brasil. Adota como fundamentos o respeito à liberdade de expressão, os direitos
humanos, a pluralidade, a diversidade e a finalidade social da rede. Entre os princípios,
destacam-se tanto a garantia da liberdade de expressão como a proteção à privacidade e
aos dados pessoais. Gradativamente, com oscilações, cortes nacionais e internacionais
têm sido provocadas a delimitar o alcance de direitos e liberdades na era da Internet. Ao
mesmo tempo, marcos jurídicos têm sido aprovados com a ambição de estabelecer
parâmetros, princípios, garantias, direitos e deveres no mundo digital. (SDH, 2016)
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos do Brasil (2016), os avanços da
tecnologia da informação e das comunicações podem ameaçar e violar direitos, mas
também têm a potencialidade de promover e fortalecer esses mesmos direitos, uma vez
que os direitos humanos off-line devem ser também protegidos on-line.
50
Seja qual for o critério estabelecido para avaliar a inclusão/exclusão digital no
Brasil, tem sido invariável a constatação de que o número de usuários da Internet em
relação ao total da população é baixo, consequência do quadro de profunda desigualdade
social no País, evidenciada por indicadores socioeconômicos como o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. (TAKAHAKI, 2000, p.34)
Sem dúvida a informática, as TIC e o mundo digital não têm mais a ver com
computadores, mas com a vida das pessoas, tal como Sherry Turkle elucidou com sua
obra A vida do ecrã (TURKLE, 1997), e o seu ritmo de crescimento ao longo dos anos é
persistente, o que torna a inclusão digital uma necessidade inerente para o cidadão do
século XXI, a qual, segundo Gouvêa (2002, p.11) “constitui uma questão ética oferecer
essa oportunidade a todos, ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o
incluído tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos”.
O Brasil, assim como os países em desenvolvimento, já adota políticas e
iniciativas voltadas para a Sociedade da Informação, reforçadas desde a publicação do
Livro Verde para a Sociedade da Informação no ano 2000 (TAKAHASHI, 2000), mas,
efetivamente, os programas deixam ainda a desejar. O Livro Verde (2000) propõe quais
os alguns pontos a serem seguidos para aumentar os índices de inclusão digital no Brasil:
• É necessário aumentar drasticamente o número de pessoas com
acesso direto ou indireto à Internet no Brasil;
• É necessário capilarizar o acesso à Internet em todo o País;
• É necessário produzir e disponibilizar no mercado brasileiro
dispositivos (hardware + software) de baixo custo. Soluções de equipamentos de
acesso à Internet a um custo unitário muito mais baixo do que os correntemente
praticados são necessárias para que pessoas de menor poder aquisitivo consigam
ter acesso doméstico.
• É necessário promover a implantação de serviços de acesso
público à Internet;
• É necessário oferecer mecanismos de avaliação e oportunidades
de treinamento básico em Informática em larga escala Treinamento básico deve
ser provido em todos os centros diretamente apoiados pelo Programa.
(TAKAHASHI, 2000, p.40-41)
51
Na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável para os
estados-membros18 reconheceram a importância da expansão das tecnologias da
informação, das comunicações e da interconexão mundial, destacando a necessidade de
enfrentar as profundas desigualdades digitais e desenvolver as sociedades do
conhecimento, com base em uma educação inclusiva, equitativa, não discriminatória,
com respeito às diversidades culturais. Na sociedade global da informação, emergencial é
incorporar o enfoque de direitos humanos por meio de uma educação e cidadania digitais
inspiradas nos valores da liberdade, igualdade, sustentabilidade, pluralismo e respeito às
diversidades. (SDH, 2016).
Como contribui Freire (2002, p.11), “mais que organizar e processar
conhecimento científico, como antes dos primórdios da ciência da informação, será
importante prover seu acesso público através das mais diversas formas e dos mais
diversos canais de comunicação, de maneira que essa nova força de produção social
possa estar ao alcance dos seus usuários potenciais.”
Debates científicos e discussões sobre o assunto tomaram corpo no Brasil desde
meados da década de 90 do século XX, no entanto, nos dias atuais ainda se depara com
pessoas que nunca tiveram acesso, ou tiveram muito pouco acesso a ferramentas de
informatização e acesso à Internet. Assim, há necessidade de envolver toda a sociedade
nas práticas educativas voltadas para aprendizado da informação e comunicação, na
perspectiva de educar com a mídia (FREIRE E GUIMARÃES, 2013).
2.5- Inclusão na Educação
A inclusão é um movimento educacional, mas também social e político que vem
defender o direito de todos os indivíduos participarem, de uma forma consciente e
responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceites e respeitados naquilo
que os diferencia dos outros. No contexto educacional, também se defende o direito de
todos os alunos desenvolverem e concretizarem as suas potencialidades, bem como de
apropriarem as competências que lhes permitam exercer o seu direito de cidadania,
18 https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
52
através de uma educação de qualidade, que foi talhada tendo em conta as suas
necessidades, interesses e características. (FREIRE, 2008, p.1)
As discussões no âmbito da inclusão digital por muito tempo estiveram distantes
das políticas educacionais, e até hoje reforça a ideia de o ambiente extraescolar é mais
dinâmico e evolutivo, afirmando-se pela própria configuração das salas de aula sem
tantas modificações. Porém, a inserção das TIC no ambiente escolar, de acordo com
Bonilla (2005, p. 32) contribui para “reorganizar a visão de mundo de seus usuários,
impondo outros modos de viver, pensar e agir, modificando hábitos cotidianos, valores e
crenças, constituindo-se em elementos estruturantes das relações sociais” (BONILLA,
2005, p. 32).
Conforme informações do Instituto de Estatística da Organização das Nações
Unidas (2018) houve uma estagnação nos progressos para recuperar meninos e meninas
excluídos da educação formal. Desde 2012, o número de crianças e adolescentes fora da
escola caiu pouco mais de um milhão. No nível primário, a taxa de evasão escolar quase
não sofreu modificações durante toda a década passada, com 9%, ou 63 milhões de
crianças de seis a 11 anos fora da escola.
O problema piora conforme avança a idade — 61 milhões de adolescentes de 12 e
14 anos e 139 milhões de jovens de 15 a 17 anos não estão matriculados em nenhum
colégio. Isso significa que um em cada três adolescentes não estuda. Os jovens de 15 a 17
anos têm uma probabilidade quatro vezes maior do que crianças do primário de estarem
fora da escola. Em comparação com a faixa etária dos 12 aos 14, os adolescentes mais
velhos têm o dobro de chances de não frequentar uma instituição de ensino. A diretora-
geral da UNESCO alerta que esses novos dados mostram o tamanho da lacuna que
precisa ser preenchida para garantir o acesso universal à educação.
A inclusão digital é um direito de todos, pois garante ao cidadão o acesso, a
identificação, organização e aplicação das informações em seu contexto social,
possibilitando o desenvolvimento de uma competência crítica. Na atualidade, as
informações e os conhecimentos estão disponíveis nas redes digitais criando uma ideia de
acesso igualitário, uma vez que “possivelmente” está ao alcance de todos, logo, a
53
educação não se restringe mais aos espaços formais como as salas de aula presenciais,
mas em diversos espaços, de forma a contribuir para a formação de uma cultura digital.
Vivendo num tempo cibercultural com grandes mudanças nas noções tradicionais de
“espaço-tempo” (CASTELLS, 2002), que também se evidenciam na a educação como
clarifica a autora Maria Graça Silva ao afirmar que
a mobilidade na educação diminui e torna fluídas as fronteiras de comunicação
entre escola, residência e trabalho, uma interferindo, influenciando e se
imbricando na outra. Portanto, além do tempo e do espaço, o contexto da
comunicação é ressignificado: a escola entra em casa e a casa entra na escola,
bem como os amigos, a família, a comunidade… os espaços e os territórios
informacionais são ampliados (SILVA, 2013, p. 130).
Assim, podem ser considerados outros espaços educacionais, como as
organizações não governamentais e associações de bairro, por exemplo. No Brasil, como
demostrado no ponto anterior, os principais projetos voltados para a inclusão digital
nasceram no Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério das Comunicações e Casa
Civil e não tiveram origem no Ministério da Educação. As tecnologias surgiram nas
escolas em meados da década de 90 do século através da expansão da educação a
distância, a criação de programas como o “Salto para o futuro”, do TV Escola e do
Proinfo e de estratégias de financiamento para a aquisição de computadores e
equipamentos tecnológicos para as escolas (ALMEIDA, 2008).
Foi somente no ano de 2007 que as ações de inclusão digital na educação se
efetivaram, com a reformulação do Proinfo e a criação de programas e projetos como o
ProUCA. Até então, a perspectiva de uso das tecnologias na educação era a de
“disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática” nas escolas públicas
brasileiras (BRASIL, 1997).
Perante um cenário de grandes desigualdades sociais, como vimos no ponto
anterior deste capítulo, o equipamento das escolas, com infraestrutura, informáticas e
rede de Internet assume-se fundamental no combate à info-exclusão, como demonstram
vários estudos de enquete os quais o realizado por Silva e Pereira (2011) numa zona rural
no Norte de Portugal (com um estatuto socioproficional dos agregados familiares de
54
baixos recursos económicos e baixa escolaridade), envolvendo um número significativos
de jovens que frequentavam a escola fundamental e respetivas famílias. Como conclusão
do estudo, os autores referem:
Neste cenário assimétrico [apenas 35 % dos lares eram tecnologicamente ricos,
entenda-se, possuíam computador e Internet, dados de 2008] a escola tem-se
assumido, claramente, enquanto fator de inclusão digital primária facilitando
acesso a jovens que, de outra forma, dificilmente teriam essa possibilidade. No
contexto geográfico, social, económico e cultural do nosso estudo, todos os
jovens indicam ter acesso na escola a computadores/Internet (SILVA E
PEREIRA, 2011, p. 14).
Contudo, para que os resultados da inclusão digital sejam positivos e
determinantes no futuro, além do acesso aos equipamentos (acesso primário), é
necessário um processo de alfabetização dos usuários em letramento digital. Além disso,
deve ser criada uma educação para a informação de forma que introduzam em diferentes
espaços educativos características de um processo inclusivo.
É importante frisar que para que haja de fato inclusão digital não basta somente
adquirir computadores e dar acesso a população de baixa renda, ou até mesmo, ensinar as
pessoas a utilizarem esse ou aquele software. Ter ou não acesso à infraestrutura
tecnológica é apenas um dos fatores que influenciam a inclusão/exclusão digitais, mas
não é o único, nem até o mais relevante (BONILLA, 2001). Há essa necessidade
imperiosa de formação digital, como já afirmamos neste texto a propósito da expressão
“nativos digitais”, concordamos com Dans (2017, p. 229) quando afirma que “Millenial
se nace, sí. Pero nativo digital não se nace, se hace”.
Em certo sentido, o Letramento digital luta contra a ideia de ensino/aprendizagem
como preenchimento das “mentes vazias do aluno, como bem frisou o pernambucano
Paulo Freire quando criou a metáfora da “educação bancária” para ilustrar essa
pedagogia. Segundo esse educador, muitas escolas ainda veem o aluno como um depósito
de informações a ser preenchido, uma espécie de banco de dados a ser alimentado por um
“mestre-provedor” de conhecimento (XAVIER, 2002). A Internet é um ambiente de
informação complexo para quem não tem familiaridade ou capacidade para utilizar a
busca e recuperação da informação, por isso, a alfabetização em informação deve criar
aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de encontrar, avaliar e usar informações,
55
seja para resolver problemas ou tomar decisões. Um indivíduo alfabetizado em literacia
informacional (information literacy) é capaz de identificar a necessidade de obter dados,
de organizá-los e aplicar na prática, integrando-os a um corpo de conhecimentos já
existente e empregando-os na solução de problemas.
A information literacy é um conceito que surgiu na literatura de biblioteconomia,
nos Estados Unidos, e vem se transformando em verdadeiro movimento mundial na área,
de acordo com Belluzzo (2001). A Association for College and Research Libraries (2000)
usa o conceito acrescentando os valores de responsabilidade, ética e legalidade: (...) é
definida como a habilidade para reconhecer quando existe a necessidade de se buscar a
informação, estiver em condições de identificá-la, localizá-la e utilizá-la efetivamente
para um objetivo específico e predeterminado – o desenvolvimento da sociedade com
responsabilidade, ética e legalidade. Também denominada de alfabetização do século
XXI (BELLUZZO, 2001).
De acordo com Xavier (2002), há três elementos que compõem o letramento
digital, quais sejam: as Práticas Sociais e os Eventos de Letramento e os Gêneros
textuais/digitais. Para ela, as práticas sociais de comunicação embora sejam convenções
deduzidas das informações culturais, alguns dos usos e das funções de um tipo de
letramento ganham uma grande importância social, inclusive para a sobrevivência física e
política dos seus usuários em uma sociedade letrada. Tais práticas sociais se revelam nas
interações humanas que, pela elaboração, formatam textos (falados e escritos) em gêneros
discursivos, a fim de executar certas ações no mundo geralmente em consonância com as
da rede de relação coletiva com outros indivíduos.
Xavier (2002) postula que em 1999, o pesquisador norte-americano, Dom
Tappscot, investigou as respostas a um questionário enviadas pela Internet por pré-
adolescentes e adolescentes que estão crescendo com acesso ao mundo da informática e
publicou no livro Geração Digital (1999). No estudo, concluiu que este tipo de professor
“sabe-tudo”, aquele que fornece todas as informações aos alunos está com seus dias
contados, uma vez que constatou uma forte rejeição ao “jeito velho de aprender”, rejeição
que se mostrou de várias maneiras, principalmente, quando os alunos começam a buscar
outras fontes de informação, não se limitando mais ao professor ou ao livro didático.
56
A educação para a informação está, portanto, no cerne de uma nova e desejada
sociedade “incluída”, que seja amparada na consideração “cuidadosa” de uma interação
que envolva novas e ousadas abordagens relacionadas ao acesso à informação por meio
das TIC. O montante de informação na Internet leva a que se proponham questões sobre
as competências necessárias para aprender a se informar e aprender a informar, sobre
onde adquirir a informação e chama a atenção de que essa aprendizagem é totalmente
inexistente no sistema de ensino (LE COADIC, 2004, P.112).
A universalização dos serviços de informação e comunicação é condição
fundamental, ainda que não exclusiva, para a inserção dos indivíduos como cidadãos,
para se construir uma sociedade da informação para todos. No entanto, é importante criar
mecanismos educativos capazes de promover nas pessoas a capacidade de atuar como
provedores ativos dos conteúdos que circulam na rede.
Nesse sentido, é imprescindível criar programas educativos que fomentem a
alfabetização digital, proporcionando a essas pessoas não somente a aquisição de
competências básicas para o uso de computadores e da Internet, mas também
possibilitando a utilização dessas mídias em favor dos interesses e necessidades
individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania.
Ou seja, universalizar serviços nesse aspecto poderá, além de conceber soluções e
promover ações que envolvam desde a ampliação e melhoria da infraestrutura de acesso,
também de formar cidadãos informados e conscientes ao uso dos serviços disponíveis nas
redes comunitárias. Ressalta-se que o conceito de universalização tem caráter evolutivo,
decorrente da velocidade do desenvolvimento das tecnologias de informação e
comunicação e das novas oportunidades e assimetrias provocadas por esse
desenvolvimento, podendo gerar novas formas de exclusão as quais devem ser
continuamente consideradas, acompanhadas e contrariadas por políticas ativas de
inclusão. E a educação escolar, espaço frequentado por todas as crianças e jovens, no
cumprimento do conceito de Educação para todos, é um instrumento eficaz para
promover a inclusão digital, e, por conseguinte, também a inclusão social.
Nesta linha de pensamento, Sarmento (2002) questiona: Que pode a escola contra
a exclusão social? Sendo a exclusão social fruto das desigualdades sociais presentes na
57
sociedade capitalista, a escola não pode modificar essa realidade por completo. No
entanto, ainda que seja de forma mínima, entendemos que a escola pode ser um local de
transformação social. A escola é um agente transformador e por isso, a educação tem esse
viés de garantia e de luta pelos direitos sociais.
As ações cotidianas no ambiente pedagógico da escola podem ir desde o uso do
computador ao uso dos celulares e aplicativos móveis em sala de aula. Pois, além da
construção da cidadania e da participação social, essas práticas contribuem para inclusão
social. Uma vez que a difusão do conhecimento proporciona igualdade, dignidade e
novas oportunidades.
58
59
CAPÍTULO 3: O PERCURSO METODOLOGICO: compreendendo os caminhos
3.1 O método e suas nuances
Método é o caminho pelo qual se chega a determinado
resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado
de antemão de modo refletido e deliberado.
HEGENBERG, 1976
Para dar vida a pesquisa e atingir os objetivos propostos do problema desta
pesquisa, apresentados na Introdução deste trabalho, o estudo elegeu como esquema
metodológico fases diferenciadas e articuladas entre si. Teve início na pré-
implementação que consistiu na escolha do tema, no levantamento bibliográfico,
levantamento documental, fichamento, seleção do local da pesquisa, elaboração dos
instrumentais a serem utilizados e pré-teste. Nesta fase, foi feito um levantamento
documental a partir dos dados atuais do Internet Word States 19, Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2015, 2016, 2017 e 2018) bem como a resolução
A/HRC/32/L.20 aprovada em 1º de julho de 2016 pela Organização das Nações Unidas
(ONU, 2016) que serviu como ponto de partida para a investigação.
Posteriormente, a implementação da pesquisa se constituiu no momento da
pesquisa de campo. Notou-se a complexidade que é definição do campo da pesquisa, uma
vez que somente durante o andamento do estudo é que vão sendo traçado os caminhos a
ser percorrido. A pesquisa de campo na área das ciências sociais tem como objeto de
estudo o homem, além de procurar captar seu comportamento, vivência e experiências a
partir de um determinado contexto social. Assim, é vital a construção de instrumentais
que possibilitem coletar os dados e informações do campo empírico, com vistas a
verificar, testar e confirmar como a teoria estudada se aplica à realidade (MICHEL,
2005).
Assim, o estudo em questão elegeu como técnicas de coleta de dados, a
observação indireta, com dados extraídos de uma análise bibliográfica e documental,
através de livros, artigos científicos e dados de fontes confiáveis. E a observação direta,
que objetivou a coleta de dados primários, através da obtenção de dados obtidos
diretamente na fonte. Foi realizado um estudo survey, em que se optou pela utilização do
19 www.Internetwordstates.com
60
questionário socioeconômico, aplicado de forma online em março de 2016, contendo
perguntas abertas e fechadas aos estudantes do IFAM-CMZL para seleção da assistência
estudantil e, posteriormente, realização de entrevista semiestruturada para clarificação
dos dados e melhor conhecimento dos sujeitos da pesquisa.
Segundo Freitas, Oliveira, Saccol e Moscarola (2000), o método de pesquisa
survey é quantitativo e sua escolha deve estar associada aos objetivos da pesquisa. Para
os autores, “cada desenho de pesquisa ou investigação pode fazer uso de diferentes
métodos de forma combinada, o que se denomina de multimétodo” (idem, p.105).
A pesquisa survey, segundo Fink e Kosecoff (1998) e Forza (2002), é um método
de coleta de informações diretamente com as pessoas a respeito de suas ideias,
sentimentos, saúde, planos, crenças e de fundo social, educacional e financeiro ou sobre a
unidade, empresa ou organização que atua. Uma survey pode ser feita através de um
questionário onde se completam os dados com ou sem assistência. Esse questionário pode
ser enviado pelo correio ou por e-mail. A survey pode ainda ser feita através de
entrevistas pessoais ou por telefone. Forza (2002) afirma que a survey determina a
informação sobre grandes populações com um nível alto de exatidão.
Com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário online a fim de
compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode
colaborar para a inclusão social e digital. Após aplicação do questionário
socioeconômico aos estudantes do IFAM-CMZL, no primeiro semestre do ano de 2016,
recolheram-se os dados que demonstraram como resultado o perfil socioeconômico e o
nível de conhecimento e acesso dos estudantes às tecnologias da informação e
comunicação.
De um total aproximado de 1.100 estudantes matriculados na modalidade de
ensino presencial, 643 preencheram o questionário socioeconômico no primeiro semestre
de 2016 (58,5% dos estudantes). O questionário é aplicado uma vez por semestre para a
seleção de estudantes em situação de vulnerabilidade social, ou seja, é lançado a cada
semestre um edital de seleção de estudantes para concorrer aos benefícios
socioassistenciais estudantis, sendo estes: transporte, moradia, creche, material didático e
alimentação. Neste sentido, os aprovados na seleção são aqueles que apresentam situação
61
de vulnerabilidade social, avaliados através da análise de renda (renda per capita de até
um salário mínimo e meio) e outros critérios estabelecidos pelo setor de Serviço Social da
Instituição.
Os benefícios estudantis têm por objetivo auxiliar na permanência e no êxito
escolar, norteado pela Política Nacional de Assistência Estudantil do Governo Federal
regulamentada através do decreto 7.234/2010. O questionário socioeconômico é um dos
instrumentos de análise utilizado pelo Serviço Social do IFAM-CMZL para avaliar a
vulnerabilidade social do estudante. O preenchimento é feito de forma eletrônica e sua
aplicação feita pela Internet, de modo regular (uma vez por semestre). Decidiu-se utilizá-
lo como instrumento também para esta investigação por ser um instrumental já utilizado
pela pesquisadora e de boa adesão dos estudantes. Pretendeu-se avaliar de que modo as
variáveis como renda, idade, gênero, entre outras, interferem na inclusão digital e social
dos estudantes.
Para compreender de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como
aporte para fundamentar esta dissertação de mestrado, foi necessária a utilização da
entrevista semiestruturada por considerar as percepções dos sujeitos entrevistados sobre
suas experiências diante das tecnologias. Para este procedimento foram definidos como
sujeitos pesquisados os estudantes do IFAM-CMZL que participaram do processo de
seleção dos programas socioassistenciais da Política de Assistência Estudantil do IFAM-
CMZL, no primeiro semestre do ano de 2016 e preencheram o questionário
socioeconômico utilizado nesta pesquisa e ainda, que tivessem gêneros, etnias,
naturalidade, renda e idades variadas para a análise das variáveis.
Como critérios de inclusão/exclusão da amostra para seleção dos sujeitos da
pesquisa elegeu-se: 1) Aceitar participar da entrevista; 2) Ser estudante matriculado no
IFAM-CMZL; 3) Ter participado do processo de seleção da Assistência Estudantil
2016/1; 4) Ter idade compreendida entre 14 e 22 anos e 5) Ser natural do estado do
Amazonas, de preferência de municípios distintos. Por serem grupos menores, acreditou-
se que a técnica da entrevista semiestruturada seria a mais indicada para “ouvir” e saber o
que pensam e como tem sido em suas vidas o uso das tecnologias.
62
Conforme Minayo (2001), uma amostra ideal é aquela que revela as múltiplas
dimensões de um objeto de estudo possibilitando abranger o problema da pesquisa em
suas múltiplas expressões e significados. Destaca-se que previamente foi elaborado um
guião de entrevista aprovado por três professores membros do comitê de ética da UMinho
e aprovado pelo orientador desta pesquisa. Assim, com base nesses critérios foi
selecionado o quantitativo de 10 estudantes com características diferentes.
Na fase final, a pós-implementação foi o momento da análise e organização dos
dados, a partir dos materiais coletados nas fases anteriores. O intuito desta fase é a
procura de tendências, padrões, relações, à busca de abstração. Ressalta-se que nesta
etapa de sistematização, os procedimentos foram pautados na delimitação progressiva do
foco de estudo, análise e articulação dos pressupostos teóricos e dos dados e informações
obtidas durante a investigação da realidade, aprofundamento da revisão da literatura;
esclarecimentos do objeto de estudo e da análise realizada e das observações realizadas a
fim de superar a mera descrição e, desta feita, poder edificar a tese em questão. Segundo
Moraes (2003), “os textos são assumidos como significantes em relação aos quais é
possível exprimir sentidos simbólicos” (p. 192).
Conforme Bogdan e Biklen (2013), foram levados em conta os seguintes aspectos
éticos durante a entrevista:
▪ Respeito à vontade do estudante em participar da pesquisa, deixando
claro que sua participação na pesquisa é voluntária;
▪ Informação dos critérios de inclusão/exclusão estabelecidos na pesquisa;
▪ Solicitação da permissão escrita para a gravação da entrevista e tê-la
realizado somente com e após consentimento do entrevistado (TCLE assinado
pelos entrevistados conforme modelo disposto no anexo IV);
▪ Clarificação dos incômodos que o entrevistado poderia sentir;
▪ Informação sobre os possíveis riscos à saúde fisica e mental existentes ou
inexistentes.
▪ Ter prestado assistência e esclarecimento ao entrevistado durante as
dificuldades de compreensão;
▪ Informação sobre os beneficios de sua participação;
▪ Realização da entrevista em um espaço reservado (uma sala) no edifício
escolar;
▪ Definição do melhor momento com o entrevistado;
▪ Criação de um ambiente descontraído, mostrando gentileza e atenção para
com o entrevistado.
63
▪ Manutenção do profissionalismo;
E posterior à entrevista:
▪ Preservação das identidades, salvesguardando o anonimato;
▪ Manutenção dos acordos firmados durante entrevista;
▪ Autenticidade na transcrição e análise dos dados;
Por fim, na última parte deste trabalho serão apresentadas as análises e reflexões
(in) conclusivas decorrentes do percurso exploratório, do caminhar no campo, na
perspectiva de haver respondido às questões inquietadoras sobre o problema e de propor
novos e contínuos diálogos sobre a temática, socializando os resultados da investigação.
Em consequência disso, faz-se necessário que o pesquisador, enquanto ator social
se reconheça como membro do grupo à qual pertence. Para Freire (2002) “O sujeito
pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação de outros
sujeitos no ato de pensar sobre o objeto” (p. 66). Assim, a educação é comunicação,
diálogo, na medida em que não é transmissão de saber. Segundo Freire (2002) “[...] é um
encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (p. 69).
3.2- Lócus da Pesquisa: O IFAM e suas expertises
Após iniciar, no Brasil, um processo de expansão do ensino superior nas últimas
décadas, passou-se a refletir sobre mecanismos que proporcionam qualidade a esses
serviços, mecanismos estes que busquem materializar a inclusão com qualidade, justiça e
equidade.
Os desafios são imensos para se qualificar o ensino superior no Brasil nesse
momento de expansão do acesso e aligeiramento da formação. Dados da Revista Ensino
Superior (2007) demonstram seguinte perfil dos discentes IFES no Brasil:
• 39,73% dos alunos que ingressam no ensino superior têm mais de 25
anos;
• 53,6% dos estudantes estudam em universidades;
• 55,7% dos estudantes do ensino superior são mulheres;
• 53,7% dos universitários declaram trabalhar em tempo integral;
• 87% dos alunos das instituições públicas de ensino superior estão nas
camadas sociais chamadas C, B ou A;
64
• 73% dos alunos do ensino superior têm família cuja renda não ultrapassa
dez salários mínimos;
• 52,2% dos estudantes do Brasil concluem o curso no tempo esperado e
regular;
• 18,5% é a taxa de evasão na educação superior, em parâmetros nacionais.
Nas instituições públicas a média é de 12,4%, enquanto que nas instituições
privadas este número chega a 25,1%;
• Dos 3,5 milhões de alunos matriculados no ensino privado, ou seja, 8%
têm financiamento reembolsável do curso e 30% algum tipo de bolsa
institucional;
• E, cerca de 145 mil alunos estão matriculados em cursos superiores
subsidiados pelo Programa Universidade Para Todos – ProUni. (FRANCO, 2008,
pp.-61/62)
Esse é o perfil do aluno que está cursando o ensino superior no Brasil que é
composto por universidade, centros universitários, faculdades e escolas técnicas. Assim,
no que se refere a institutos técnicos tem-se os Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia.
Sobre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
(IFAM) verificamos que surgiu no dia 29 de dezembro de 2008, em que o então
Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sancionou a lei nº. 11.892, que criou
38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A partir desta data e da
integração dos Centros Federais de Educação Tecnológica do Amazonas e das Escolas
Agrotécnicas Federais de Manaus instituiu-se o IFAM. Atualmente é composto por dez
Campi: Manaus Centro, Manaus Distrito Industrial, Manaus Zona Leste, Coari, São
Gabriel da Cachoeira, Presidente Figueiredo, Maués, Parintins, Lábrea e Tabatinga.
O IFAM tem como missão promover com excelência educação, ciência e
tecnologia para o desenvolvimento da Amazônia, com a visão de tornar-se referência
nacional em educação, ciência e tecnologia. Seus valores são pautados na ética,
cidadania, humanização, qualidade e responsabilidade. É vinculado à Rede Federal de
Educação Tecnológica e sua história foi demarcada por seis fases (PDA-IFAM/CMZL
2015):
• Escola de Aprendizes Artífices
• Liceu Industrial
• Escola Técnica de Manaus
• Escola Técnica Federal do Amazonas;
65
• Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas;
• Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.
Em 23 de setembro de 1909, o presidente da República, Nilo Peçanha, por meio
do Decreto n° 7.566, criou as Escolas de Aprendizes Artífices que tinham como
finalidade principal ministrar o ensino prático e os conhecimentos necessários aos
menores que pretendiam aprender um ofício.
Em uma casa residencial, no bairro da Cachoeirinha, a Escola de Aprendizes
Artífices de Manaus teve seu início, no dia 01 de outubro de 1910, com apenas 33 alunos
internos, dentre eles crianças pobres e oriundas do interior do Estado do Amazonas. Eram
oferecidos os cursos de sapataria, marcenaria, tipografia e desenhista.
Devido à falta de instalação própria, a Escola de Artífices de Manaus mudou
várias vezes de endereço, instalando-se na Penitenciária Central do Estado, onde
funcionou durante doze anos (1917-1929) e posteriormente, no Mercadinho da
Cachoeirinha.
A Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças e levou o Brasil à era industrial. A
Escola de Aprendizes Artífices adequou-se às transformações da época e modificou seu
perfil de ensino. Em 1937, o Liceu Industrial, por meio de novas experiências
pedagógicas, passou a oferecer cursos voltados para o setor industrial.
Durante o Governo de Getúlio Vargas, no chamado Estado Novo, a Escola
ganhou finalmente seu espaço definitivo. O Interventor Federal Álvaro Maia doou a
Praça Barão de Rio Branco para que a escola fosse instalada.
Em 10 de novembro de 1941 inaugurou-se o atual prédio, situado na Avenida Sete
de Setembro, passando, em 1942, passando a ser chamado de Escola Técnica de Manaus.
Em 1959, foi denominada de Escola Técnica Federal do Amazonas (ETFAM). O atual
prédio abriga hoje o Campus Manaus Centro.
Pelo Decreto Presidencial em 2001, a ETFAM passou a ser chamada de Centro
Federal de Educação Tecnológica do Amazonas (CEFET), já que todas as Escolas
Técnicas do Brasil se transformaram em Centros Federais de Educação Tecnológica,
passando a partir de então a oferecer cursos superiores de tecnologia e licenciaturas. A
66
partir de 29 de dezembro de 2008, como dito anteriormente, institui-se o IFAM, através
da lei n°11.892, e então o CEFET passou a ser chamado de Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.
O Instituto Federal do Amazonas é uma instituição que possui natureza jurídica de
autarquia, integrante da Rede Federal de Ensino, detentora de autonomia administrativa,
patrimonial, financeira, didático-pedagógico e disciplinar definidas em estatuto próprio,
está vinculada ao Ministério da Educação, e é supervisionado pela Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (SETEC).
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas é um
ambiente escolar diferenciado pela oferta do ensino médio, técnico, tecnológico e
superior. O lócus da pesquisa é o Campus Manaus Zona Leste localizado no bairro Zumbi
dos Palmares, zona leste de Manaus.
Exposto isso, revela-se que o IFAM - Campus Manaus Zona Leste (IFAM-
CMZL) teve sua origem pelo Decreto Lei Nº. 2.225 de 05/1940, como Aprendizado
Agrícola Rio Branco com sede no Estado do Acre. Iniciou suas atividades em 19 de abril
de 1941. Transferiu-se para o Amazonas através do Decreto Lei Nº. 9.758, de 05 de
setembro 1946 e foi elevado à categoria de escola, passando a denominar-se Escola de
Iniciação Agrícola do Amazonas. Posteriormente, passou a ser chamado Ginásio Agrícola
do Amazonas. Em 12 de maio de 1972, foi elevado à categoria de Colégio Agrícola do
Amazonas, pelo Decreto Nº. 70.513, ano em que se transferiu para o atual endereço.
Em 1979, através do Decreto Nº. 83.935, de 04 de setembro, recebeu o nome de
Escola Agrotécnica Federal de Manaus. Transformou-se em autarquia educacional pela
Lei Nº. 8.731, de 16 de novembro de 1993, vinculada ao Ministério da Educação e do
Desporto, através da Secretaria de Educação Média e Tecnológica - SEMTEC, nos
termos do art. 2º, do anexo I, do Decreto Nº. 2.147, de 14 de fevereiro de 1997. Em face
da Lei Nº11. 892, sancionada pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia de
29 de dezembro de 2008, a Escola Agrotécnica Federal de Manaus passou à condição de
Campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas
– IFAM, contexto em que passou a denominar-se Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia – Campus Manaus Zona Leste (IFAM-CMZL).
67
Do ponto de vista da oferta de cursos profissionalizantes, no Estado do Amazonas,
o IFAM possui hoje 14 (quatorze) Campi, dos quais 03 (três) estão localizados em
Manaus.
FIGURA 18: Visualização geográfica da distribuição dos Campi do IFAM.
Fonte: http://www.ifam.edu.br/portal/images/file/mapa_ifam.jpg.
O Campus Manaus Zona Leste (CMZL) apresenta uma demanda de curso voltada
para o setor primário. Além do Instituto Federal, o Estado do Amazonas possui também
mais 2 (duas) escolas do segmento agropecuário, a Escola Estadual Agrícola Rainha dos
Apóstolos, localizada no km 23 da BR 174, no Município de Manaus e a Escola
Adventista Agroindustrial (privada), localizada no km 72 da estrada AM-010, no
município de Rio Preto da Eva.
O CMZL, mesmo com o plano de expansão da rede, ainda recebe alunos dos 62
(sessenta e dois) municípios do Estado e também discentes de outras regiões do Brasil.
Possui uma área de 164 (cento e sessenta e quatro) hectares, está localizada na Zona
Leste da Capital Amazonense, em uma região onde ocorre um dos mais acelerados
processos de urbanização – segundo estimativas da Prefeitura Municipal de Manaus, esta
região possui aproximadamente 500.000 (quinhentos mil) habitantes.
68
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, Decreto Nº. 5.154, de 23 de julho de 2004 e Portaria MEC Nº. 646,
de 14 de maio de 1997, o IFAM-CMZL tem por objetivos:
I) Desenvolver educação profissionalizante nos diversos níveis: básico, técnico e
tecnológico e bacharelado, capacitando profissionais para o mundo do trabalho,
investindo ainda no fortalecimento da cidadania;
II) Colaborar para o desenvolvimento do setor primário e de serviços da região
através de ações articuladas com os arranjos produtivos e a sociedade em geral;
III) Operacionalizar mecanismos de pesquisa e extensão;
IV) Desenvolver metodologias próprias, visando à efetiva articulação da
educação, produção e pesquisa;
V) Realizar avaliação institucional qualitativa e quantitativa de forma dinâmica e
constante com a participação dos diversos segmentos envolvidos;
VI) Ministrar o ensino técnico, na sua forma regular, nas diversas áreas do
conhecimento, principalmente: agropecuária, recursos pesqueiros, florestal,
industrial, gestão, e, serviços dentre outros;
VII) Estabelecer convênios de cooperação técnica com as organizações
governamentais e não governamentais. (PDA-IFAM/CMZL 2015)
Ademais, sua missão é formar cidadãos aptos a aplicar, gerar e difundir
conhecimento, capazes de interagirem no setor produtivo agropecuário, agroindustrial e
de serviços, atuando como agentes de desenvolvimento sustentável na Amazônia. E,
como visão, consolidar-se em Centro de Excelência Pedagógica na formação
profissionalizante e tecnológica de alta qualidade, visando a construção de cidadãos
comprometidos e capacitados às novas demandas de mercado. Os valores estão pautados
na ética, responsabilidade, justiça, valorização humana e qualidade no ensino.
Atualmente, o IFAM-CMZL atua em dois níveis de ensino – Educação Básica e
Ensino Superior - conforme artigo 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Oferta o ensino médio-integrado, o subsequente, proeja, graduação e pós-graduação, nas
modalidades de ensino presencial e a distância. Os cursos oferecidos atualmente são:
curso de Agropecuária; Agroecologia, Paisagismo e Administração para o ensino médio-
integrado. Agropecuária, Manejo Florestal, Informática, Recursos Pesqueiros e
Secretariado para o subsequente. Técnico em Manutenção e Suporte em Informática e
Administração para o Proeja (educação de jovens e adultos). Oferece ainda os Cursos
Superiores de Bacharelado em Medicina Veterinária e o Tecnólogo em Agroecologia e a
69
Pós-Graduação Lato Sensu em Desenvolvimento, Etnicidade e Políticas Públicas na
Amazônia.
O grande desafio do Campus Manaus Zona Leste, considerando não só a realidade
do Estado do Amazonas, como também da área onde o campus está inserido, é aumentar
a oferta de cursos profissionalizantes e de atualização profissional que oportunizem não
só a inserção dos nossos alunos no mundo do trabalho, como também o resgate da
dignidade e o fortalecimento da cidadania.
A escolha desse Campus localizado na zona leste de Manaus para a nossa
pesquisa aconteceu por ser o local de trabalho da investigadora (mestranda), logo,
facilitaria à recolha de dados e pela sua origem como escola-fazenda, que traz, arraigado
em sua identidade agrícola, cursos voltados para o primeiro setor.
Segundo IBGE (2017), Manaus conta com mais de 2.130.264 milhões de
habitantes e a zona leste compõe a maior parte dessa população. O IFAM-CMZL
localiza-se em uma aérea afastada do centro da cidade, próxima de comunidades ainda
rurais. Está rodeado de invasões (termo regional utilizado para denominar as favelas) e
onze bairros predominantemente compostos por família de baixa renda. Por isso,
consideramos que o estudo ficará enriquecido, pois o contexto rural e empobrecido é
marcado pelas desigualdades, possibilitando relacionarmos, conforme referencial teórico,
o social ao digital (social x digital).
70
71
CAPÍTULO 4 – Resultados: Apresentação, Análise e Discussão
4.1. Introdução
Como dito anteriormente, se a inclusão digital é uma necessidade inerente a este
século, então isso significa que o “cidadão” do século XXI deve considerar esse novo
fator de cidadania que é a inclusão digital, e que constitui uma questão ética oferecer essa
oportunidade a todos; ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído
tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos. Dessa forma,
inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e ao acesso à informação disponível
nas redes, especialmente àquela que fará diferença para a sua vida e para a comunidade
na qual está inserido.
Após a revisão de literatura que efetuamos entendemos que inclusão é qualquer
atitude, política ou tendência que integra, seja do ponto de vista econômico, político,
educativo, ou outros-. Que a inclusão social integra o conjunto de meios e ações que
combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pelas diferenças de
classe social, educação, idade, deficiência, gênero, preconceito social ou preconceitos
raciais. E que a inclusão digital é a democratização do acesso às TIC e seus mecanismos,
de modo a inserir todos os sujeitos em sociedade e educá-los para uso dessas tecnologias.
Nesse sentido, neste capítulo faremos a apresentação dos resultados, sua análise e
discussão, procurando também dar resposta aos objetivos desta investigação. Ou seja, de
que forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais
e quais interferências que realidade social dos estudantes do IFAM-CMZL possuem no
acesso às TIC.
Para tanto, após aplicação do questionário socioeconômico aos estudantes do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas- Campus Manaus
Zona Leste, no primeiro semestre do ano de 2016, recolheram-se os dados que traçam o
perfil socioeconômico e o nível de conhecimento e acesso dos estudantes às tecnologias
da informação e comunicação. Em seguida, procedeu-se à aplicação de uma entrevista a
72
dez estudantes para clarificar alguns aspetos desse perfil de acesso às TIC,
complementando e clarificando a compreensão sobre este assunto.
4.2 Resultados dos questionários
4.2.1 Perfil identitário e socioeconômico dos estudantes
De um total aproximado de 1.100 estudantes matriculados na modalidade de ensino
presencial, 643 preencheram o questionário socioeconômico no primeiro semestre de
2016, ou seja, aproximadamente 58,45% dos estudantes participaram da pesquisa. O
questionário, aplicado uma vez por semestre, seleciona estudantes em situação de
vulnerabilidade social (renda per capita de até um salário mínimo e meio) para receber
benefícios socioassistenciais estudantis. Pretendeu-se, assim, avaliar de que modo as
variáveis como renda, idade e gênero, entre outras, interferem na inclusão digital e social
dos estudantes. Para uma melhor compreensão dos dados recorreu-se à elaboração de
gráficos, com respetivas análises.
Ao questionarmos sobre autoidentificação étnico racial20 dos estudantes,
observamos que a maioria dos estudantes, 76%, considera-se pardos e a minoria, 2%, se
considera amarela.
GRÁFICO 05: Composição percentual referente à autoidentificação étnico-racial
dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria. 20 Atribuição de uma categoria étnico-racial escolhida pela própria pessoa. Também chamada processo de
identificação ou de classificação.
73
Petrucelli e Saboia (2013) organizaram um livro denominado Características
étnico-raciais da população – classificações e identidades que apresenta textos sobre a
temática de classificação da cor ou raça baseados nos resultados obtidos pela Pesquisa
das Características Étnico-Raciais da População (PCERP )- realizada em 2008 pela
primeira vez com o proposito de entender melhor o atual sistema de classificação da cor
ou raça nas pesquisas em domicilio realizadas pelo IBGE.
Para tanto os autores utilizaram o pensamento de Bourdieu (1980) partindo da
premissa de que a realidade social e cultural é relacional e não o resultado de um
processo de evolução, como entende o darwinismo social, nem do progresso do espírito
humano, como em Hegel. Postularam que a organização social e o conteúdo da cultura
são “o resultado de uma dinâmica de diferenciações e identificações, tanto no interior
como no exterior da sociedade. Por isso, conceber a realidade como relacional implica
superar o pensamento essencialista, que compreende as práticas como propriedades
biológicas ou culturais inerentes aos indivíduos, ou grupos, e passar a concebê-las como o
produto de um conflito simbólico entre os ocupantes de posições desiguais”.
Bourdieu, apud Petrucelli e Saboia (2013), aponta para o questionamento da
diferenciação entre a “representação”, de um lado, e a “realidade”, de outro, a condição
de incluir no real a representação do real, ou, mais exatamente, a luta de representações.
Os critérios científicos não fazem mais que registrar o estado da luta simbólica pela
legitimidade estabelecida entre as diferentes representações. Dessa maneira, o processo
de atribuição de uma cor ou raça a alguém só pode ser pensado como de caráter
relacional, ou seja, como o produto de um conflito entre ocupantes de posições desiguais,
que opera como violência simbólica, que se exerce por vias puramente simbólicas da
comunicação e do conhecimento ou, mais precisamente, do desconhecimento.
Apresenta-se, assim, uma ocasião privilegiada de compreender, a partir de uma
relação social extremamente comum, a lógica da dominação exercida em nome de um
princípio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante como pelo dominado:
uma propriedade distintiva, um estigma, onde a mais eficaz é esta propriedade corporal
perfeitamente arbitrária que é a cor da pele (BOURDIEU, 1998).
74
Assim, a forma como segmentos da sociedade são classificados, do ponto de vista
da percepção de traços físicos, condiciona a trajetória de vida de cada indivíduo, podendo
resultar em estigmas e desvantagens para uns e capital social para outros. Na época da
escravidão, nos casos de fuga, por exemplo, os donos de escravos publicavam anúncios
de busca com a descrição física mais acurada possível, incluindo os detalhes de nuanças
de cor da pele, dos cabelos e outros traços ou marcas, como Raça, identidade,
identificação abordagem histórica conceitual cicatrizes ou falta de algum membro, para
permitir e facilitar a identificação e a recuperação de quem tivesse fugido. Desenvolveu-
se, dessa maneira, desde aquela época, uma terminologia de descrição da aparência ou
traços físicos das características raciais dos indivíduos. (PETRUCELLI E SABOIA,
2013, p.23).
Oficialmente, nas estatísticas públicas, foi por ocasião do primeiro
Recenseamento do Brasil, realizado em 1872, que se cristalizou um sistema de
classificação da cor no País, com a utilização das seguintes categorias: branco, preto,
pardo e caboclo. Ressalva-se que tal escolha foi muito apropriada, pois em um
levantamento dessa natureza é importante que os termos empregados tenham uso corrente
e o mais disseminado possível para proporcionar maior uniformidade e confiabilidade aos
dados obtidos. Mas na operação censitária, que distinguia a população segundo sua
condição civil em livres e escravos, se os primeiros se autoclassificavam quanto à cor, os
últimos eram classificados pelos seus donos. (idem, p.24)
O início do Século XX caracterizou-se pelas diferentes propostas de construção de
uma identidade nacional, pretendendo chegar a solucionar o “problema” negro e indígena
apelando para a simples eliminação destes grupos raciais na população, seja pelo
branqueamento – miscigenação com o grupo branco – seja pela destruição, direta ou no
sentido de uma sistemática omissão na garantia das condições de reprodução destes
grupos raciais. A tese do branqueamento, baseada na presunção da superioridade branca,
revelou-se a acomodação ideal do legado escravista (CAMARGO, 2010). Assim, desde a
segunda metade do Século XIX é impulsionada no País uma política de imigração
seletiva, ou seja, não de qualquer origem, mas privilegiando a europeia, ou “caucásica”,
no dizer dos norte-americanos. Buscam-se, assim, suíços, alemães, nórdicos, de
preferência; tempos depois, aceitam-se, não sem certa relutância, italianos, espanhóis,
75
menos valorizados, mas, do ponto de vista da época, “ao menos, brancos”. Este projeto de
branqueamento da população brasileira representa a outra face da ideologia da
mestiçagem. Ideologia que sustenta o mito do encontro das três raças fundadoras da
população brasileira e que se traduz numa celebração abstrata Características Étnico-
raciais da População: Classificações e identidades da interpenetração das culturas
(CARVALHO, 2004), mas que nega, na prática, a possibilidade de expressão legitima
das identidades raciais negra e indígena. Por outro lado, em qualquer hipótese o mestiço
era admitido apenas como elemento transitório que levaria à constituição de uma nação
de brancos (COSTA, 2006). Tendo em conta a participação deste argumento na
formulação das políticas oficiais de imigração, segundo Camargo (2010), não é arriscado
dizer que a racialização estatística era a expressão do branqueamento na mediação
simbólica da nação. (idem, p.24)
Em 2000, encontram-se, novamente, as cinco categorias atualmente utilizadas nas
pesquisas, pela ordem em que figuram no questionário – branca, preta, amarela, parda e
indígena – as quais também constam no Censo Demográfico 2010. Este último, por sua
vez, apresenta duas novidades em relação ao anterior: a pergunta de classificação aplicou-
se à totalidade dos domicílios do País, e não apenas aos que compõem a amostra, como
ocorrera nos levantamentos realizados em 1980, 1991 e 2000; e, pela primeira vez, as
pessoas que se identificaram como indígenas foram indagadas a respeito de sua etnia e
língua falada. (idem, p.25)
A Amazônia é ocupada por uma diversidade de grupos étnicos e por populações
tradicionais, historicamente constituídas, a partir dos vários processos de colonização e
miscigenação por que passou a região. Pode-se afirmar que o homem amazônico é
resultado dos intercâmbios históricos entre diferentes povos e etnias. Tal intercâmbio
possibilitou uma herança que se revela nas mais diferentes manifestações socioculturais
expressas pelo homem amazônico na vida cotidiana, quais sejam: as relações de trabalho,
a educação, a religião, as lendas, os hábitos alimentares e familiares (LIRA E CHAVES,
2015).
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2016) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o perfil identitário da população
76
brasileira é o seguinte: no critério de declaração de cor ou raça, a maior parte da
população brasileira residente é parda: são 95,9 milhões de pessoas, representando 46,7%
do total. Na região Norte do país 72,3% da população de considera parda e no
Amazonas, apesar de ser o Estado com maior número de índios do País, a maioria (2,9
milhões de pessoas) se considera pardo. Logo, verifica-se que o perfil dos estudantes da
amostra do IFAM-CMZL segue o da população amazônica.
Quanto à religião, tivemos um número aproximado entre católicos e evangélicos,
enquanto 46% são evangélicos, 37% se dizem católicos, por outro lado, apenas um (01)
estudante considerou-se umbanda ou do candomblé.
GRÁFICO 06: Composição percentual referente à religião dos estudantes do IFAM-
CMZL – 2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Esses números revelam a força que os evangélicos (neopentecostais) têm ganhado
no Brasil. Segundo dados do Censo Demográfico (2010) divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população brasileira é majoritariamente
cristã (87%), sendo sua maior parte católico-romana (64,4%). Herança da colonização
portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana
de 1891, que instituiu o Estado laico. Também estão presentes os movimentos básicos do
protestantismo: adventismo, batistas, evangelicalismo, luteranos, metodismo e
presbiterianismo.
77
No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil, algumas
dessas igrejas são: pentecostais, episcopais, restauracionistas, entre outras. Há mais de
três milhões e meio de espíritas (ou kardecistas) que seguem a doutrina espírita,
codificada por Allan Kardec. O animismo também é forte dividindo-se em candomblé,
umbanda, esoterismo, santo daime e tradições indígenas. Existe também uma minoria de
muçulmanos, budistas, judeus e neopagãos. 8% da população (cerca de 15 milhões de
pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou
deístas.
Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o
que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-
brasileiras. Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação
religiosa no último censo realizado.
Em relação ao estado civil dos estudantes (GRÁFICO 07), 89% são solteiros 7%
são casados e 4% que vivem em união estável. Este resultado é justificado pelas
modalidades de ensino dos estudantes inscritos no questionário. De um total de 643
inscritos, 353 representam os estudantes do ensino médio-integrado, ou seja,
compreendidos na faixa-etária de 13 a 18 anos (ainda adolescentes). Os adultos estão
divididos entre 128 inscritos na modalidade de ensino subsequente, 82 do ensino superior
(graduação) e 80 proeja (ensino para jovens e adultos). Aproximadamente 55% dos
estudantes que responderam o questionário são adolescentes.
GRÁFICO 07: Composição percentual referente ao estado civil dos estudantes do
IFAM-CMZL – 2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
78
Sobre se têm filhos/as (GRÁFICO 08), 82% afirmaram não ter, mas há 9% que
afirma ter mais que 3 filhos/as. Temos 89% são solteiros e só 82% dizem não ter filhos,
logo, 8% dos solteiros têm filhos. Com isso, podemos inferir que devem haver casos de
gravidez na adolescência ou de mães ou pais que não tiveram convivência com o genitor
(a) da criança, mas isso não objetiva fazer qualquer juízo moral, apenas constatar um fato.
Além disso, dos 643 inscritos, 399 consideram-se do gênero feminino, 242 gênero
masculino e 02 LGBT21.
82%
9%
4%
3%
2%
VOCÊ TEM FILHOS?
NÃO TENHO
SIM, TENHO UM (1)
SIM, TENHO DOIS (2)
SIM, TENHO TRÊS
GRÁFICO 08: Composição percentual 2016 de estudantes do IFAM-CMZL que
possuem filhos. N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Em seguida, questionamos se o estudante participa na vida econômica de sua
família e 78% (502) estudantes afirmaram que não, sendo sustentados pela família ou por
outras pessoas. Há ainda 5% de estudantes que declaram receber apoio da família.
Reforçando que este é um resultado algo esperado, visto que a maioria dos estudantes é
ainda adolescente e estudam em tempo integral, conforme citado anteriormente. Contudo,
apesar de jovens, há 17% que não dependem economicamente da família, e inclusive a
apoiam: 7% são responsáveis pelo seu sustento e apoiam a família; 6% são os principais
responsáveis pelo sustento da família; e 4% são responsáveis pelo auto-sustento.
21 LGBT é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, que consistem em
diferentes tipos de orientações sexuais. Em uso desde os anos 1990, o termo é uma adaptação de LGB, que
era utilizado para substituir o termo gay para se referir à comunidade LGBT no fim da década de 1980.
79
5%4%
7%
6%
78%
QUAL SUA PARTICIPAÇÃO NA VIDA ECONÔMICA DO SEU GRUPO FAMILIAR?
RECEBO AJUDA FINANCEIRA DA
FAMÍLIA E DE OUTRAS PESSOAS
SOU RESPONSÁVEL APENAS
PELO MEU SUSTENTO
SOU RESPONSÁVEL PELO MEU
SUSTENTO E CONTRIBUO PARA
O SUSTENTO DA FAMÍLIA
SOU O PRINCIPAL
RESPONSÁVEL PELO SUSTENTO
DA MINHA FAMÍLIA
SOU SUSTENTADO PELA
MINHA FAMÍLIA OU POR
OUTRAS PESSOAS
GRÁFICO 09: Participação dos estudantes em sua renda familiar (IFAM-CMZL, 2016).
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Fazendo ainda uma análise socioeconômica da renda mensal do grupo familiar
dos participantes, percebemos que 35% tem renda familiar até dois salários mínimos
(1.760 reais) e 33% possuem renda familiar de até um salário mínimo (880 reais),
conforme de pode verificar no GRÁFICO 10. Há mesmo 11% de estudantes cujo
agregado familiar tem renda até meio salário mínimo (440 reais). Portanto, a grande
maioria dos estudantes, aproximadamente 89%, tem uma renda familiar até dois salários
mínimos, o que significa um baixo valor de renda. E se verificamos que a composição do
agregado familiar (gráfico 7), em que o número de pessoas da casa é formado, em média,
de três a cinco pessoas (63%), como se pode verificar no gráfico 07, então verificamos
que a fragilidade económica é bem acentuada.
80
11%
33%
35%
10%
6%5%
QUAL A RENDA MENSAL DO SEU GRUPO FAMILIAR?
ATÉ MEIO SALÁRIO MÍNIMO (ATÉ
R$440,00)
ATÉ UM (1) SALÁRIO MÍNIMO (R$
880,00)
ATÉ DOIS (2) SALÁRIOS MÍNIMOS
(ATÉ R$1.760,00)
ATÉ TRÊS (3) SALÁRIOS MÍNIMOS
(ATÉ R$2.640,00)
MAIS DE TRÊS (3) SALÁRIOS
MÍNIMOS (MAIS DE R$2.640,00)
SEM RENDA
GRÁFICO 10: Composição percentual referente à renda mensal familiar dos
estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
GRÁFICO 11: Composição familiar dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Quanto ao principal mantenedor do lar notou-se que, embora ainda estejamos
perante uma sociedade patriarcal (em que o homem assume autoridade maior na
81
organização social), o cenário de mantenedor do lar apresenta uma paridade entre os dois
gêneros, entre pai e mãe, ambos 33%.
GRÁFICO 12: Principal mantenedor do lar dos estudantes do IFAM-CMZL –
2016.
N = 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Notou-se também que 71% dos estudantes residem em casa própria (68%), sendo
1% herdada, e 2% em cada própria financiada. A residência em cada alugada, apenas
18%, é francamente minoritária nestes agregados, verifica-se, ainda, que 11% vivem em
casa “cedidas por outras pessoas”. Constata-se, assim, que a principal opção vai para casa
própria.
82
GRÁFICO 13: Composição percentual referente ao tipo de residência dos
estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Pode se ter em conta que desde o lançamento do Programa Minha Casa, Minha
vida (PMCMV) pelo Governo Federal, em 2009, houve uma possibilidade maior das
famílias brasileiras possuírem casa própria. Essa Política de habitação tem como
finalidade subsidiar a aquisição de casa ou apartamento próprio para famílias com renda
até mil e oitocentos reais e facilitar as condições de acesso ao imóvel para famílias com
renda até de sete mil.
Em 2013 um balanço do programa Minha Casa Minha Vida revelou que desde o
lançamento do programa, em 2009, 340.774 unidades da faixa 1 (três salários mínimos)
foram entregues. Entre essas moradias, 8.895 estão concentradas no Residencial Viver
Melhor, em Manaus – Amazonas, que detém o título de maior conjunto habitacional do
PMCMV. 22
Em Manaus foi construído o primeiro bairro planejado popular do país, localizado
na zona norte, o complexo habitacional dispõe de estação de tratamento de esgoto, ruas
22 http://www.cimentoitambe.com.br/manaus-tem-o-maior-conjunto-habitacional-do-minha-casa-minha-
vida/
83
asfaltadas, creches, posto de saúde, escolas e uma linha de transporte público para o
conjunto.
O Residencial Viver Melhor atende as famílias, segundo critérios estabelecidos
pelo ministério das Cidades: famílias chefiadas por mulheres; famílias residentes em
áreas de risco; famílias com filhos com residência fixa em Manaus há, no mínimo, três
anos; famílias que residem na condição de cedidos ou alugados, que não foram
contempladas com programas habitacionais de esfera federal, estadual, municipal, bem
como assentamentos, e famílias com membros que possuam doenças crônicas
degenerativas. Some-se a esses critérios, a renda familiar, que não pode ultrapassar R$
1.600,00 reais por mês.
Há próximo do IFAM-CMZL um Conjunto Habitacional Viver Melhor em que
muitos estudantes residem com suas famílias, por isso acredita-se que essa politica
corrobora com os dados demonstrados no gráfico acima.
4.2.2 Percepção dos estudantes sobre os recursos tecnológicos
Sobre a percepção dos estudantes acerca dos recursos tecnológicos, os mesmos
informaram que tiveram primeiro acesso ao computador entre 10 e 14 anos de idade,
cerca de 50% dos estudantes conforme gráfico abaixo (GRÁFICO 14).
GRÁFICO 14: Idade que os estudantes do IFAM-CMZL – 2016 tiveram primeiro
acesso ao computador.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
84
Além disso, foi possível saber como é a relação do estudante com o computador.
Segundo os dados, 53% consideraram “ter alguma noção” e apenas 5% acreditam “ter
muita experiência”, ou seja, um bom domínio do uso do microcomputador. Estes
resultados revelam que a maioria dos estudantes tem uma percepção básica (baixa) das
competências digitais, o que sendo jovens (a maioria dos estudantes tem entre 13 e 18
anos, ou seja, nasceram já no milénio pós 2000), comprova a afirmação de Claudia Dans,
que “Millenial se nace, sí. Pero nativo digital não se nace, se hace” (DANS, 2017, p,
229).
GRÁFICO 15: Relação de domínio ao computador dos estudantes do IFAM-CMZL
– 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Sobre o acesso à Internet, os resultados do GRÁFICO 16 mostram que a maioria
dos estudantes (81%) tem algum tipo de acesso Internet. Essa taxa de acesso é bem
superior à taxa geral para o país que, segundo a fonte “World Internet Users Statistics” 23,
era em 31 de dezembro de 2017, de 70,7%. Esse fato deve-se de o acesso se fazer
23 https://www.Internetworldstats.com/stats15.htm#south.
Na mesma data (31-12-2017), a taxa mundial de utilizadores da Internet é de 54,4%.
85
também via celular, e não apenas a partir do domicílio, como veremos no gráfico 13. Se
considerássemos apenas o acesso via domicílio a taxa de acesso pelos estudantes
diminuiria para 51% muito inferior ao valor indicado na fonte World Internet Users
Statistics.
GRÁFICO 16: Composição percentual referente ao acesso à Internet dos estudantes
do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Esse acesso à Internet acontece, maioritariamente, na própria casa (51%) e via
celular (28%), conforme resultados expressos no GRÁFICO 17. O que os dados deste
gráfico permitem também verificar é que todos os alunos acedem de algum modo à
Internet. O local de acesso, por ordem decrescente, é o seguinte:
1ª lugar = 51% em casa
2ª lugar = 28% por celular
3º lugar = 9% na Escola
4ª lugar = 5% em Lan House
5º lugar = 3% outros locais
6º lugar = 2% no trabalho
7ª lugar = 2% na rua
86
Nesta ordenação verifica-se a diferenciação existente, as assimetrias, relacionada
certamente ao fator renda, pois os estudantes que têm acesso em “casa” e no “celular” são
os mais beneficiados. Destaque, também, para o local “escola”, com 9% dos estudantes a
ter este lugar como espaço privilegiado, o que comprova como a escola pode ser fator de
inclusão digital, sobretudo para aqueles jovens estudantes que não têm possibilidade de
aceder à Internet em outro local.
GRÁFICO 17: Local de acesso à Internet dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
A maioria dos estudantes (52%) apontou como principal motivo do uso da
Internet a busca de informações e notícias de seu interesse, seguido de 30% que utilizam
na pesquisa para atividades escolares (GRÁFICO 18) Estes são os dois principais
motivos, havendo ainda alguns estudantes (ainda que em número reduzido, 6%) que
referem o bate-papo (no WhatsApp) e as redes sociais (como Facebook e Instagram).
87
GRÁFICO 18: Motivações para o uso da Internet pelos estudantes do IFAM-CMZL
– 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Quanto à posse própria de recursos tecnológicos, a maioria dos estudantes (54%)
respondeu que possui somente celular, seguida de 18% que possuem notebook e celular
(dois recursos) e apenas 1% possui todos os recursos mencionados (computador,
notebook, tablet e celular). O celular assume assim a liderança dos recursos tecnológicos,
fato também já comprovado em outros estudos, como por exemplo o realizado por
Pereira e Silva (2008) sobre a relação dos jovens com as tecnologias, ainda nos inícios do
novo milénio. Consideram estes autores que
Um dos meios que mais seduz os jovens, mas também as famílias, é sem dúvida
o telemóvel24. É frequente que cada elemento do agregado possua mais do que
um aparelho.
Os jovens parecem encarar o seu telemóvel pessoal como o meio de estar
“online”, no sentido de estar contactável a todos os momentos. (…) O factor
“estar online” é coerente com a percentagem de jovens que indica ter o telemóvel
permanentemente ligado, mesmo no período nocturno (65,9%). (PEREIRA e
SILVA, 2008, p. 6).
24 Termo usado em Portugal para celular.
88
GRÁFICO 19: Composição percentual referente aos recursos tecnológicos que os
estudantes do IFAM-CMZL possuem - 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Para a grande maioria dos estudantes (98%) o uso de recursos tecnológicos é
importante, sendo que para 68% destes estudantes é mesmo muito importante. Apenas
2% consideram que o uso é pouco importante (GRÁFICO 20).
GRÁFICO 20: Perspectiva sobre os recursos tecnológicos dos estudantes do IFAM-
CMZL – 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
89
Quando inquiridos se gostariam que fossem utilizados recursos tecnológicos na
sala de aula, também a larga maioria dos estudantes (85%) respondeu afirmativamente.
GRÁFICO 21: Opinião dos estudantes sobre o uso de recursos tecnológicos na sala
de aula, IFAM-CMZL – 2016
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Buscou-se também saber se os estudantes possuem celular, tendo a grande maioria
(87%) informado que sim (GRÁFICO 22) e que usam o celular todos os dias (54%)
(GRÁFICO 23), em média de 1 a 2 horas por dia (45%), conforme dados do GRÁFICO
24.
GRÁFICO 22: Número de estudantes que possuem celular - IFAM-CMZL – 2016
N= 643 respostas.
Fonte: Autoria própria.
90
GRÁFICO 23: Composição percentual referente à frequência do uso de
celular pelos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas.
Fonte: Autoria própria.
GRÁFICO 24: Número de horas/dia no celular gastas pelos estudantes do IFAM-
CMZL – 2016.
N= 643
Fonte: Autoria própria.
Questionamos ainda sobre o tipo de celular e sua tecnologia 63% informaram
possuir um smartphone (GRÁFICO 25) e 78% utilizam a tecnologia Android (GRÁFICO
26). Smartphone é uma palavra de origem inglesa que tem como significado ser um
celular com função inteligente, integrando, na generalidade, as funções de um
computador, trabalhando com dados, voz e imagem. Daqui se pode depreender das
91
potencialidades acrescidas deste equipamento, com a vantagem de ser de pequeno porte e
peso, garantindo total portabilidade e por isso ser usado em mobilidade. Por conseguinte,
é este meio móvel que é usado no ambiente inovador de aprendizagem móvel (mobile
learning, também conhecido por m-learning). Veja-se o que escreve Valente (2014, p.
442):
Os dispositivos móveis permitem a realização de diversas atividades que
contribuem para que o local e o momento onde o corpo se encontra em um
determinado ambiente tenha uma influência considerável no processo cognitivo
e, consequentemente, na aprendizagem. Nesse sentido, AS TMSF oferecem
condições que podem afetar os processos de aprendizagem, caraterizando o m-
learning como uma nova forma de aprender.
GRÁFICO 25: Número de estudantes que possuem smartphone - IFAM-CMZL –
2016
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
92
GRÁFICO 26: Composição percentual referente ao tipo de tecnologia utilizada nos
celulares dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas
Fonte: Autoria própria.
Desvelou-se também que 66% dos estudantes costumam utilizar e baixar
aplicativos móveis para seus celulares (GRÁFICO 27).
GRÁFICO 27: Composição percentual referente ao uso de aplicativos móveis no
celular dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.
N= 643 respostas.
Fonte: Autoria própria.
93
4.3 Análise das entrevistas
Para complementar a análise dos resultados obtidos com a aplicação dos
questionários, realizamos entrevistas com dez estudantes do IFAM-CMZL, enriquecendo
assim os resultados obtidos, possibilitando melhor resposta aos objetivos da pesquisa.
Neste sentido, descrevo a seguir o perfil dos entrevistados:
4.3.1- Identificação:
ESTUDANTE NATURALIDADE IDADE RENDA GÊNERO
01 Comunidade pertencente ao
município Itacoatiara - AM. 22 anos Valor não mencionado Masculino
02
Aldeia da tribo Mura -
Comunidade Moiraí
pertencente ao município de
Autazes/Amazonas.
16 anos Valor não
mencionado. Masculino
03 Município de Parintins-AM 17 anos Aproximadamente um
salário mínimo.
Transgênero
Masculino25
04 Município de Presidente
Figueiredo- AM 17 anos
Aproximadamente um
salário mínimo. Masculino
05 Município de Rio Preto da
Eva- AM.
16 anos
Aproximadamente
quatro salários
mínimos
(R$4.000,00).
Masculino
06 Manaus - AM 18 anos
Aproximadamente
dois salários mínimos
(R$2.000,00).
Feminino
07 Município de Japurá - AM. 17 anos
Aproximadamente
quatro salários
mínimos
(R$4.000,00).
Masculino
08
Aldeia da tribo Mura -
Comunidade Moiraí
pertencente ao município de
Autazes/Amazonas.
22 anos Um salário mínimo. Feminino
09 Manaus/AM 18 anos Menor que um salário
mínimo. Feminino
10 Manaus/AM 18 anos Não possui renda. Masculino
Fonte: Elaboração própria
25 Transgênero são pessoas que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero diferente de seu
sexo atribuído. Ser transgênero é independente da orientação sexual: as pessoas transgênero podem se
identificar como heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais etc, ou podem considerar
os rótulos convencionais de orientação sexual inadequados ou inaplicáveis. No caso exposto trata-se de
estudante transgênero masculino (sexo biológico feminino com identidade de gênero masculino).
94
A escolha da amostra apresentou inúmeras nuances no perfil dos estudantes
entrevistados, possibilitando perceber se os determinantes sociais provenientes de uma
visível desigualdade social podem ou não interferir na inclusão digital dos entrevistados.
FIGURA 19: Mapa do Amazonas com grifo nosso dos Municípios de Naturalidade
dos Estudantes
Fonte: https://mapasblog.blogspot.pt/2012/01/mapas-do-amazonas.html
Quando questionamos sobre a naturalidade dos estudantes, foram apresentados
diversos desafios para deslocamento e acesso aos seus municípios de origem. Ora, sabe-
se das grandes distancias geográficas existentes no País e das dificuldades de
deslocamento no Estado do Amazonas derivados da geografia repleta de rios e florestas.
Por isso, questionamos aos estudantes, provenientes de municípios distintos da capital,
como era o acesso ao seu território.
Desta forma, o ESTUDANTE 01 explicou que, utilizando barco como meio de
transporte, leva-se cerca de 2h30min até chegar em sua comunidade. Só é possível utilizar
carro no período de seca, pois permite que uma parte do percurso seja feito via terrestre
e completado via fluvial.
Para os ESTUDANTES 02 e 08, os desafios também são grandes. Para chegar na
nossa comunidade (Comunidade Moirai) é necessário ir de Manaus até o município de
95
Careiro, por meio de uma lancha (FIGURA 20) durante vinte minutos, em seguida fazer
o trajeto de ônibus do Careiro até Autazes pelo período de 2h e, por fim, ir de carro ou
moto até a comunidade com trajeto estimado em 15 minutos, mas nas épocas de cheia do
rio, esse deslocamento final é feito em lancha, durante 20 minutos.
FIGURA 20: Lancha rápida no Rio Negro.
Fonte:https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303235-d4914773-i78888457-
Anaconda_Amazon_Island-Manaus_Amazon_River_State_of_Amazonas.html
Para Tönnies (1947), apud Lira e Chaves (2015), a comunidade é diferente da
sociedade. O que essencialmente caracteriza a comunidade é a “vida real e orgânica” que
liga os seres humanos fazendo-os se afirmarem reciprocamente. As relações que se
estabelecem são pautadas pelos graus de parentesco, vizinhança e amizade. “Tudo aquilo
que é partilhado, íntimo, vivido exclusivamente em conjunto, será entendido como a vida
em comunidade” (LIRA E CHAVES, 2015, p. 68).
MUNICIPIO HABITANTES
(IBGE, 2017) ACESSO AEREO FLUVIAL TERRESTRE
JAPURÁ 4.205 Fluvial/ Aéreo 744 km (2h) 919 km
(5 dias) -
PRESIDENTE-
FIGUEIREDO 33.703 Terrestre - - 117 km
ITACOATIARA 99.854 Fluvial/Terrestre - 211 km (5h) 176 km
AUTAZES 37.752 Fluvial/Terrestre -
324 km (11h
na ida e 12h
na volta)
113 km
PARINTINS 113.832 Fluvial/Aéreo 369 km
(1h15min)
475 km
(26h) -
FIGURA 21: Tabela com as distâncias dos Municípios à Capital. Fonte: Autoria Própria com base no site
http://portal.cnm.org.br/sites/8100/8133/Distancia_dos_Municipios_em_relacao_a_cap.pdf
96
O ESTUDANTE 03 é oriundo de um município de Parintins que vive da cultura e
do turismo. O município é uma ilha situada na margem direita do rio Amazonas e só
possui acesso por barco ou avião.
Os famosos barcos de linha que saem dos portos de Manaus são o meio de
transporte mais utilizado pelos cidadãos quando querem se se locomover para os demais
municípios. Essas embarcações levas em média 200 passageiros e devido as longas
distantes é possível dormir no barco e atar suas redes como mostra as figuras a seguir.
FIGURA 22: Embarcações em Manaus
FONTE: https://www.almadeviajante.com/viajar-de-barco-amazonas-manaus-parintins/
FIGURA 23: Passeio de barco em Manaus / FIGURA 24: Hidroavião sobrevoando a
Amazônia. Fontes:http://amazongero.com/pt-br/passeio-de-barco/ e
https://airway.uol.com.br/map-linhas-aereas-planeja-voos-para-o-exterior-em-2018/
Não somente para deslocamento, os barcos também servem como transporte e
venda de alimentos e cargas. Em relação à renda e como fazem para sobreviver os
estudantes postularam algumas situações em comum, como a cultivo e venda de produtos
agrícolas. E algumas diferenças de classe social e grau de instrução de seus familiares.
97
As comunidades tradicionais, na Amazônia, possuem “um modelo particular de
gestão dos recursos naturais e de organização social” (CHAVES, 2001, p. 77), assim
sendo, a comunidade se constitui “num espaço onde se estabelecem a construção de
construção de identidades sociais, de projetos comuns, mas também, de manifestação da
diversidade” (CHAVES, 2001, p. 77). Portanto a comunidade é o espaço em que se
solidificam as relações sociais e modos de vidas específicos, bem como, formas de gestão
apropriadas dos recursos locais, o que evidencia o importante papel da cultura. (LIRA E
CHAVES, 2016)
Sobre os recursos naturais pelas comunidades tradicionais, interessa não só
conhecer as classificações e as taxonomias que refletem o saber florístico e faunístico,
mas todo um sistema de crenças e saberes, de mitos e ritos, que conformam o modo de
vida, a partir da percepção e aproveitamento dos recursos, pois essas formas de
significação estão, intimamente, relacionadas com a organização cultural. Sobre a
importância da cultura dos povos tradicionais para a conservação da biodiversidade,
Posey (1980) argumenta que: [...] os povos tradicionais (índios, caboclos, ribeirinhos,
seringueiros, quilombolas) possuem vasta experiência na utilização e conservação da
diversidade biológica e ecológica que está, atualmente, sendo destruída [...]. Para os
povos tradicionais, a ‘natureza’ não é somente um inventário de recursos naturais, mas
representa as forças espirituais e cósmicas que fazem da vida o que ela é. (idem, 2016)
A partir dos anos 2000, essa discussão se ampliou para as comunidades
tradicionais não indígenas e ganhou legitimidade no Brasil, a partir do Decreto n. 6040,
de 07 de fevereiro de 2007, o qual instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, a qual, no Art. 3, define: Povos e
comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como
tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e
recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral
e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela
tradição. (idem, 2016).
Tendo por base essa assertiva, parte-se do entendimento de que os ribeirinhos
constituem comunidades tradicionais, uma vez que o próprio movimento dos ribeirinhos
98
se auto reconhece dessa forma, caracterizando um processo de empoderamento, tendo em
vista que possuem uma relação particular com a natureza, traduzida num corpo de saberes
técnicos e conhecimentos sobre os ciclos naturais e os ecossistemas locais de que se
apropriam. (idem, 2016)
Para os ESTUDANTES 8, 4, 2 e 1 a vida se baseia nas épocas de cheia e vazante
dos rios. Eles sobrevivem da pesca e da agricultura, suas famílias comercializam produtos
agrícolas para própria subsistência.
FIGURA 25: Vazante e Cheia do Rio Tapajós.
Fonte: http://www.taririamazonlodge.com.br/estacoes-da-amazonia-cheia-e-seca/
O ESTUDANTE 01 relatou que a família possui como fonte de renda a
comercialização de produtos agrícolas, tais como banana, cará26, mandioca27 e farinha de
mandioca. O ESTUDANTE 02 explicou que seus genitores são agricultores e
pescadores. Meu pai é pescador e vivemos também do Bolsa família. O pai do
ESTUDANTE 04 também é agricultor e sua mãe assalariada, trabalha como assistente de
um oftalmologista. Já o pai do ESTUDANTE 08 é aposentado, mas ainda exerce a
26 Cará é um tubérculo, cujo nome científico é Dioscorea alata L. 27Mandioca é uma espécie de planta tuberosa da família das euforbiáceas(VIDE). O Brasil é a terra natal da
mandioca, onde começou a ser cultivada pelos povos indígenas da Amazônia.
99
atividade de agricultor, produz mandioca, farinha de mandioca, pé-de-moleque28, dentre
outros gêneros alimentícios.
O ESTUDANTE 03 citou que os pais são divorciados. Seu genitor continua
morando em Parintins, é empregado em uma empresa de gás de cozinha e contribui com
uma pensão alimentícia. O entrevistado vive com a genitora e uma irmã em Manaus. Por
sua vez, a mãe é artesã e trabalha informalmente, produz e vende peças de crochê e a
irmã também pertence à categoria de trabalhador informal, é vendedora de variedades e
recebe por diária.
Por outro lado, os pais dos ESTUDANTES 05 e 07 possuem formação acadêmica.
O pai do ESTUDANTE 05 é advogado e o pai do ESTUDANTE 07 é secretário
municipal na área de meio ambiente, e as mães de ambos são professoras.
Ainda temos o pai do ESTUDANTE 06 que é trabalhador informal29 e a mãe
vendedora assalariada. O ESTUDANTE 09 relatou que mora com a mãe e quatro irmãos,
dos quais um maior de idade que também integra a renda mencionada. A mãe é diarista e
o irmão ajudante de pedreiro. O ESTUDANTE 10 reside somente com o pai e seus
irmãos, sua mãe é falecida e seu pai é doente, por isso não trabalha, sobrevivem da ajuda
de terceiros.
É interessante a peculiaridade dos municípios, principalmente quando dizem
respeito às comunidades lá presentes. Quando pesquisamos sobre os municípios
percebemos que o que foi dito pelos estudantes entrevistados vai de encontro à história
dos municípios. Para melhor compreensão vamos utilizar, para exemplificar, o município
de Autazes, o município de origem dos ESTUDANTES 02 e 08. Os mesmos são na
realidade provenientes da aldeia dos índios mura, e posteriormente passaram a viver na
Comunidade Moirai, pertencente ao município de Autazes.
28 Pé-de-Moleque no estado do Amazonas não é um doce de amendoim, crocante e caramelizado. Pé-de-
Moleque da Amazônia é um bolo de massa de mandioca, com castanha do Brasil (castanha do Pará) e
assado na folha de bananeira. 29 Trabalho informal é o trabalho sem vínculos registrados na carteira de trabalho ou documentação
equivalente, sendo geralmente desprovido de benefícios como remuneração fixa e férias pagas.
100
Nos meados do século XVIII a região de Autazes era habitada pelos índios mura,
famosos por sua resistência ao colonizador português 30. O nome do município vem dos
rios Autaz-Açu e Autaz-Mirim, que cortam suas terras. A exploração da região teve início
através do rio Madeira, em 1637 pelos coletores de cacau e demais produtos naturais.
Mas a ocupação da área do município ocorreu a partir de 1860, com a chegada de colonos
vindos de várias partes do Amazonas e do Nordeste, atraídos pela exploração da
borracha. Entre 1835 e 1840, o local presenciou também um dos mais importantes
movimentos sociais e políticos da história do Brasil, a Cabanagem. A revolta envolveu
índios, negros, mestiços e alguns brancos pobres que lutavam contra a opressão
portuguesa e buscavam melhores condições de trabalho e de vida.
São diversos rios que cortam os arredores de Autazes, e mais de cem lagos, sendo
todos propícios à pesca e ao pouso de hidroaviões. Esses locais cintam com uma forte
presença de operadores de barcos para o turismo de pesca. O peixe mais cobiçado é o
tucunaré, que se tornou o peixe-símbolo da pesca esportiva no Brasil. Os destaques são os
rios Preto e Pantaleão, que têm por características principais as águas escuras e um lago
com 20 km de área. Já o rio Mamori atravessa a cidade e faz sua ligação com o município
de Careiro Castanho. O rio Tupana é um dos mais preservados e selvagens da região.
A produção agropecuária baseia-se na criação de gado leiteiro, o que valeu a
Autazes o título de cidade do leite e do queijo. Também há uma grande produção de
queijo coalho, queijo manteiga e leite, bem como o cultivo da mandioca (farinha), do
cupuaçu31, do guaraná, da laranja, do feijão e do milho.
4.3.2- Entendimento dos estudantes sobre Inclusão Social e Digital:
A tabela seguinte faz uma resenha das respostas dos 10 estudantes acerca do
entendimento dos estudantes sobre Inclusão Social e Digital recolhidas através da
entrevista aplicada aos mesmos:
30 Fonte: Folha do Turismo. Prefeitura de Autazes. Disponível em:
http://portalamazonia.com.br/amazoniadeaz/interna.php?id=707. Acesso em: 10 de maio de 2018. 31 Cupuaçu é o fruto de uma árvore originária da Amazônia (Theobroma grandiflorum, família
Malvaceae), parente próxima do cacaueiro. A árvore é conhecida como cupuaçuzeiro, cupuaçueiro ou cupu,
é uma fruta extremamente saborosa típica da região norte brasileira, muito encontrada nos estados do
Amapá, Pará e Amazonas. É muito usado na culinária doce, azeda e agridoce pelos nativos da Amazônia.
101
EST.
VOCÊ JÁ OUVIU
FALAR SOBRE
INCLUSÃO SOCIAL E
INCLUSÃO DIGITAL?
O QUE É INCLUSÃO
SOCIAL PARA VOCÊ?
COMO VOCÊ DESCREVERIA
INCLUSÃO DIGITAL?
01 Não Não soube responder Aprender a mexer com as
tecnologias.
02 Não Não soube responder Não soube responder
03 Sim Diz respeito à participação
e aceitação social.
Acesso aos aparelhos tecnológicos
e Internet.
04 Não
Trabalho em comunidades
e ações voltadas para ajuda
aos próximos.
Algo relacionado às tecnologias
que estão surgindo.
05 Não Participação de um
indivíduo no meio social.
Acesso aos meios de comunicação
atuais.
06 Sim Tem a ver com direito de
todos. Tecnologias inseridas na sociedade
07 Sim
Igualdade de oportunidades
que possibilitam uma
melhor convivência em
grupo.
Uma inserção no mundo
tecnológico que traz, dentre outras
vantagens, uma economia de
tempo.
08 Não Algo relativo à sociedade. Algo envolvendo tecnologia.
09 Sim Não soube conceituar.
Disponibilizar meios digitais e
causar uma aproximação entre as
pessoas e as informações através
desses meios.
10 Sim
Concebeu como inclusão
suas variadas formas de
expressão como bem-estar
econômico e social, acesso
à moradia, aquisição de
bens e relação
empregatícia.
Acesso aos aparelhos eletrônicos e
à Internet.
Fonte: Elaboração própria
Como se verifica pela análise dos dados da tabela, quando questionados sobre
inclusão social e digital, metade (50%) disse já ter ouvido falar e outra metade (50%)
afirmou não ter ouvido. No entanto, de forma geral, os estudantes apresentaram
dificuldades em formar algum conceito sobre a temática.
O ESTUDANTE 02 respondeu que nunca ouviu falar diretamente em inclusão
social e digital, mas associou a inclusão a um lugar que proporciona o acesso às
tecnologias. O ESTUDANTE 03, mencionou que essa temática já foi abordada na escola
e inclusive objeto de proposta para elaboração de redação. O ESTUDANTE 06 respondeu
que já ouviu falar, mas não recordava e não formulou uma concepção. O ESTUDANTE
07 definiu a inclusão como igualdade de oportunidades que possibilitam uma melhor
convivência em grupo. A ESTUDANTE 08 relatou ser a primeira vez que estava a ouvir
102
os termos. O ESTUDANTE 09 afirmou que já ouviu sobre inclusão na televisão, mas não
recorda detalhes.
O ESTUDANTE 09 relatou ter ouvido falar sobre inclusão social, afirmando que
é para ele “ajudar as pessoas a terem oportunidades iguais diante da sociedade e a
conviverem de forma favorável no mundo atual” e inclusão digital “ajudar as pessoas a
ganharem tempo através do uso das tecnologias”. Após explicação sobre o conceito, ele
acredita que existe relação entre a exclusão social e a digital.
Dentre as diversas configurações da exclusão social é possível perceber que nos
estudantes entrevistados, a exclusão/inclusão vivenciada perpassa a questão financeira,
como é o caso do entrevistado 03 que relatou os desafios da pessoa transgênero. Quando
questionado sobre o que seria inclusão social, respondeu que diz respeito à participação e
aceitação social. “No meu caso, o meu fato de ser trans me afasta dos outros meninos,
aceitação dos outros meninos, queria ser tratado igual os meninos que nasceram
meninos, ser aceito”, relatou emocionado.
Outrossim, quando perguntamos a opinião deles para cada um dos conceitos,
tivemos sobre inclusão social: O ESTUDANTE 03 apresentou uma resposta que denotou
uma relação direta com a sua experiência pessoal a partir dos desafios enfrentados pelos
transgêneros no que tange ao tratamento, reconhecimento e inserção nos espaços sociais.
Já o ESTUDANTE 04 apresentou uma concepção genérica e imprecisa, indicando como
exemplos o trabalho em comunidades e ações voltadas para ajuda aos próximos. O
ESTUDANTE 06 surgiu com uma resposta vaga, gerando na entrevistada uma ideia de
totalidade, assim como a ESTUDANTE 08 que não formulou um conceito sobre o seu
entendimento, apenas pontuou que é algo relativo à sociedade.
Do mesmo modo, apresentaram muita dificuldade em conceituar a inclusão
digital. O ESTUDANTE 01 é do ensino superior (tecnólogo em agroecologia) mas
afirmou nunca ter ouvido falar em inclusão social e digital. Sem nenhuma instrução a
despeito do assunto, disse que, em sua mente, inclusão digital é “aprender a mexer com
as tecnologias” e que "as únicas tecnologias que conhece são as redes sociais (Facebook,
Whatts app e Google)”. O ESTUDANTE 04 disse ser algo relacionado às tecnologias que
estão surgindo. A ESTUDANTE 08 acredita ser algo envolvendo tecnologia.
103
Não obstante, o ESTUDANTE 07 arriscou dizer que inclusão digital é a inserção
no mundo tecnológico que traz, dentre outras vantagens, uma economia de tempo. E o
ESTUDANTE 09 disse acreditar ser a disponibilização dos meios digitais, causando uma
aproximação entre as pessoas e as informações através desses meios.
4.3.3- Entendimento sobre TIC
Neste ponto serão abordados os pontos da entrevista que objetivaram verificar o
entendimento dos estudantes sobre TIC:
EST.
VOCÊ JÁ OUVIU
FALAR SOBRE AS
TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO?
QUE
TECNOLOGI
AS VOCÊ
CONHECE?
QUAIS
DESSAS VOCÊ
UTILIZA?
QUANDO AS
UTILIZA E
PARA QUÊ?
QUANDO VOCÊ TEVE SEU
PRIMEIRO CONTATO COM
AS TECNOLOGIAS E POR
QUÊ?
01 Sim
Facebook e
Facebook,
Whatsapp e
acrescentou o
Google.
Facebook e
Whatsapp para
comunicação
com a família, e
o Google para
pesquisas
acadêmicas.
Aos 14 anos, não fazia ideia da
existência daquela tecnologia,
foi por meio de um curso
ofertado pela EMBRAPA
(Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), na
própria comunidade, houve o
primeiro contato com um
computador e aprendeu
somente a ligar e desligar.
02 Sim.
Computador,
celular, redes
sociais como
whatsapp,
facebook,
instagram e
Internet.
Todas
mencionadas
Para a realização
de atividades
escolares e para
assistir vídeos
no youtube nas
horas vagas.
Considerou que o seu primeiro
contato ocorreu na infância,
partindo da premissa de que
a televisão é um produto
tecnológico, e acrescentou que
sua experiência com celulares,
computadores e redes sociais
aconteceu a partir dos 12
anos.
03 Não.
Computador,
tablet, Ipad,
Iphone,
Celular.
Celular e
computador.
Costuma cessar
redes sociais
como Twitter,
Facebook e
Instagram. Já
fez uso de um
aplicativo
voltado para o
ensino de
japonês.
Por volta dos 12 anos, quando
morava e estudava em Parintins
via computadores na sala dos
professores, mas não havia
oportunidade de manuseio,
então o primeiro contato
ocorreu em uma Lan House.
04 Não.
Computador,
celular e
notebook.
Computador e
celular.
Costuma acessar
whatsapp,
facebook e
instagram.
Há 5 anos (13 anos),
frequentava uma Lan House
próxima da sua casa, onde
costumava acessar jogos. Na
época residia em Presidente
Figueiredo.
05 Sim.
Celular,
computador e
tablet.
Celular e
computador.
O celular é
muito utilizado
para conversar e
o computador
para realizar
pesquisas
escolares.
Por volta de 8 anos, no
ambiente de trabalho do seu
pai, onde iniciou o contato
através de jogos.
104
Fonte: Elaboração própria
EST.
VOCÊ JÁ OUVIU
FALAR SOBRE AS
TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO?
QUE
TECNOLOGI
AS VOCÊ
CONHECE?
QUAIS
DESSAS VOCÊ
UTILIZA?
QUANDO AS
UTILIZA E
PARA QUÊ?
QUANDO VOCÊ TEVE SEU
PRIMEIRO CONTATO COM
AS TECNOLOGIAS E POR
QUÊ?
06 Sim.
Celular e
computador.
Todas
mencionadas
Por meio do
celular costuma
conversar com
os pais e
também faz uso
de redes sociais
como whatsapp
e facebook, por
sua vez utiliza
computador na
escola para
realização de
trabalhos.
Recorda que o primeiro contato
aconteceu por volta dos 15
anos na casa de uma prima.
07 Sim.
Internet,
celular, e-
mail, televisor
e computador.
Televisor,
computador e
celular.
Televisor para
entretenimento,
celular para
comunicar-se e
realizar
pesquisas e
computador
também para
pesquisas.
Televisor desde sempre, mas o
acesso à Internet só aconteceu
por volta dos 8 anos,
frequentando Lan Houses no
seu município, onde costumava
fazer uso de jogos.
08 Sim.
Celular e
computador.
Celular. Possui
rede de dados e
costuma usar
whatsapp e
facebook, além
de buscar
notícias e
informações
gerais.
Principalmente
para realizar
trabalhos
acadêmicos.
Aos 12 anos, motivada pela
curiosidade pegou um celular
emprestado para fazer uma
pesquisa, na época morava em
Manaus na casa de uma tia.
09 Não
Jornais
digitais,
televisão,
rádio,
Internet,
celular, tablet,
computador.
Celular, rádio e
Internet.
Para obter
informações
gerais do seu
interesse e para
participar de
grupos de alunos
e professores.
Considera que desde muito
cedo houve o contato porque na
sua infância assistia televisão
com frequência, Já o contato
com o computador e acesso à
Internet ocorreu aos 12 anos
por meio de aulas de
informática em uma escola
pública municipal.
10 Sim.
Rádio e
Televisor.
Ambos, mas
tem mais
contato com o
rádio, pois seu
pai costuma
ouvir bastante,
há dois
aparelhos em
sua casa, um
antigo e um
mais moderno
com entrada
para disco
compacto.
Utiliza para
obter
informações
geralmente
através de
programas
jornalísticos que
ouve pela manhã
e à noite.
Aos 9 anos, quando estava na
4ª série do ensino fundamental.
Na sua escola havia um
laboratório de informática, sem
acesso à Internet, mas
instalaram alguns programas
educativos nos computadores,
voltados para a alfabetização e
aprendizagem de disciplinas
como gramática, literatura e
matemática.
105
Neste aspecto, foi possível perceber quão importante foi a introdução prévia do
assunto aos estudantes. Desta vez, ao questioná-los se já ouviram falar em TIC, 70 %
afirmou que sim. E postularam:
“Já ouvi falar por alto. Acredito que é a tecnologia que permite duas pessoas se
comunicarem estando em países diferentes, por meio de redes sociais, onde irão
interagir, matar a saudade e amenizar o distanciamento (ESTUDANTE 01)”.
Para o ESTUDANTE 02 as TIC são os celulares, redes sociais, rádio e televisão;
para o ESTUDANTE 05 são os meios utilizados para estabelecer comunicação nos dias
atuais e para o ESTUDANTE 07 são meios de divulgação de informações através da
Internet.
“As tecnologias propiciam a informação. Antes o acesso à informação ocorria
por meio de cartas e, atualmente, ocorre por meio digital, gerando uma
facilidade (ESTUDANTE 08)”.
Por outro lado, o ESTUDANTE 09 disse nunca ter ouvido falar em TIC, mas
associou aos meios digitais.
“Já ouvi como um curso de graduação, mas não sei bem o que é (ESTUDANTE
10).”
Sobre o primeiro contato com as tecnologias, deve-se ter em vista que a amostra
escolhida estava compreendida na faixa etária de 14 a 22 anos, portanto, pertencentes a
Geração Z (Nativos Digitais). Assim, deveriam, ter nascido com acesso direto às
tecnologias, mas não foi o caso. Os estudantes tiveram o primeiro contato somente a
partir dos 08 anos de idade e a maioria (70%) foi após 12 anos. Os estudantes
apresentaram aspectos interessantes sobre os desafios de acesso às TIC por eles
vivenciados:
O ESTUDANTE 01 somente teve seu primeiro acesso às tecnologias aos 14 anos
de idade, durante o ensino médio, em que o estudo era feito nas salas de aulas através de
tele-aula (televisão), reforçando assim importância da escola nesse processo de inclusão
digital. Segundo o entrevistado, as teleaulas eram transmitidas de Manaus à Itacoatiara,
106
pois, não havia professor qualificado para ministrar as disciplinas na comunidade e as
dúvidas eram retiradas através de chats.
Relatou ainda que teve grande dificuldade em aprender desta forma, com uso das
tecnologias digitais, uma vez que não conseguia sanar todas as dúvidas. E explicou:
“As aulas aconteciam da seguinte forma: tínhamos que elaborar as perguntas,
enviar pelo chat, os professores entravam em contato com a sala e iam de sala
em sala tirando as dúvidas, então não tiravam todas as nossas dúvidas.”
(ESTUDANTE 01).
E reforçou:
“Eles explicavam um assunto às 19h, eles iam dar resposta às 22h na hora que
encerravam as aulas. Era um professor que explicava e outro para responder às
perguntas.” (ESTUDANTE 01)
Além disso, no tocante à qualidade da rede de Internet, o estudante considerou ser
boa, mas afirmou que quando faltava energia elétrica na comunidade ficavam cerca de
três dias sem aula. Ressaltou que após seu primeiro contato com as tecnológicas,
paulatinamente, outras oportunidades surgiram, seus irmãos compraram celulares e ele
aproveitava para brincar com eles escondido. Os ESTUDANTES 02 e 08 são indígenas,
na localidade que são oriundos não há acesso à Internet nem às tecnologias em geral. A
comunidade Moirai vive da agricultura de subsistência e da pesca. Além disso, os
habitantes da região têm, em sua maioria, baixa escolaridade. Após uma breve conversa,
a ESTUDANTE 08 compreendeu um pouco mais o que significa inclusão e exclusão
social, digital e TIC. Então, falando na chegada dos celulares e computadores na
comunidade, afirmou que:
“por meio das tecnologias poderia ter informações, que antes era por
meio de carta, e agora facilitou a comunicação. (ESTUDANTE 08)”
107
FIGURA 26: O cacique32 Pedro dos Santos Vale, 65 anos, da etnia Mura33.
FONTE:http://amazoniareal.com.br/justicafederal-manda-retirar-indigenas-de-area-
ocupada-ha-quatro-anos-da-prefeitura-de-manaus/
Contudo, ressaltou que a localidade não tem Internet e para adentrar no ensino
superior tem que sair da Comunidade. Segunda a estudante entrevistada, para ter acesso à
Internet é necessário pegar um barco e ir para Comunidade Guaipenu, cerca de 30 min da
Comunidade Moirai, pois este local tem antena para acesso à Internet. Contudo,
dificilmente as pessoas de sua comunidade se deslocam para ir em busca desse acesso.
Atualmente ambos são residentes no IFAM-CMZL, estando o ESTUDANTE 02 a
frequentar um curso subsequente e a ESTUDANTE 08 um curso superior, ambos
32 CACIQUE – morubixaba; manda-chuva . Cacico: título dos chefes mexicanos antes da conquista. Do
Taíno Antilhano (Aruák) – cazia, caciqui, caxicus, casiche – chefe. (Fontes e referências: Dicionário de
Palavras Brasileiras de Origem Indígena – Clóvis Chiaradia). Como na sociedade em geral, as aldeias
indígenas possuem uma organização social. Nelas existe um personagem importante que são os Caciques.
Eles representam os membros das aldeias, fazem mediações dos conflitos em busca de melhorias
juntamente com as lideranças da aldeia. Eles são respeitados por todos, pois são quem cuidam da aldeia. O
cacique é uma das lideranças que luta pelo bem estar do seu povo. O cacique tem o papel de ajudar a
organizar as festas, reuniões e demais atividades que ocorrem na aldeia. Todos que visitam as aldeias ou
desejam levar algo para elas tem, na maioria das vezes, que comunicar primeiramente com o Cacique. Ele é
o representante máximo da aldeia e faz a mediação entre os membros da aldeia e as instituições como
FUNAI e outras entidades. O cacique também zela pela cultura de seu Povo para buscar meios para que as
músicas, danças e tradições sejam passadas de uns para os outros, para que a aldeia não perca seus traços
culturais. (Fonte: http://www.indioeduca.org/?p=1301 )
33 MURA. O termo 'caboclo' tem uma significação negativa, mas hoje é usado pelos Mura para significar
'índio misturado', com referência a miscigenação com ribeirinhos nordestinos e outros não índios através de
casamentos, a maioria das vezes, com mulheres mura. Vivem em 41 Terras Indígenas no Estado do
Amazonas e nas cidades de Manaus, Autazes, Borba e nos outros centros municípios. (Fonte:
https://brasil.antropos.org.uk/ethnic-profiles/profiles-m/138-206-mura.html)
108
voltados para o primeiro setor (agricultura). Após virem para Manaus é que começaram a
ter acesso de fato à Internet. O ESTUDANTE 02 frequentou o ensino médio no IFAM-
CMZL e seguiu estudando num curso subsequente no Campus; já a ESTUDANTE 08
iniciou a graduação (ensino superior) no IFAM-CMZL, afirmando que usa Internet para
pesquisar tarefas escolares.
Alguns relatos também permitiram perceber que o primeiro contato foi na escola e
na Lan House. O ESTUDANTE 03 relatou que “notou uma grande diferença entre a sua
forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado aos colegas da capital, pois
na sua cidade de origem, interior do Estado, há maior dificuldade de acesso às
tecnologias e às informações que elas promovem”. Afirmou, ainda, que quanto ao uso de
celular seu primeiro aparelho foi obtido aos 14 anos, mesmo após esse advento, o acesso
à Internet permaneceu restrito às Lan Houses. Aumentou a utilização da Internet e redes
sociais quando se mudou para Manaus, onde passou a ter maiores possibilidades de
utilização da rede Wi-Fi.
Todos os estudantes entrevistados afirmaram que após acesso às TIC, seja na
escola, em casa ou na Lan House, passaram a se sentir incluídos. Explicaram ainda que
isso se deu pelo fato de poder se comunicarem com os demais amigos, com a família e
pelo acesso às informações.
Segundo Moran (2012), a informatização está gerando uma explosão de saberes,
sendo necessário não só rever o papel do professor nesse novo cenário, mas também
educar para a vida, para a significação, e nesse sentido os estudantes precisam encontrar
sentido no que fazem, cabendo discutir o papel das tecnologias digitais para o processo de
aprendizagem.
A ESTUDANTE 05 relatou que na época aprendeu apenas o básico, os pais já
tinham celulares, mas não havia acesso à Internet nos aparelhos. A ESTUDANTE 06
afirmou que se sentiu constrangida, pois sua família tinha mais conhecimento no assunto
e a hostilizava. Posteriormente, passou a frequentar Lan Houses, mas no início eram os
proprietários ou funcionários que realizavam a pesquisa e imprimiam, à medida que o
domínio das tecnologias se tornou uma exigência no ambiente escolar suas habilidades
foram desenvolvidas.
109
A ESTUDANTE 08, posteriormente, retornou para a comunidade e só voltou a ter
acesso aos 16 anos, quando sua irmã comprou um celular, ressalta-se que não havia
Internet na localidade. Relatou que a comunidade possui acesso à Internet há cerca de 10
anos, antes disso lembra-se que o único meio de comunicação era o telefone, ainda assim
de forma precária, disponibilizado pela prefeitura para uso coletivo, sendo necessário
deslocar-se da casa até um local determinado.
Para fecharmos este ponto sobre as TIC, relembramos a apetência do povo
brasileiro com aInternet e redes sociais. De acordo com Coelho (2018)34, no Brasil, as
pessoas com acesso a Internet, dispendem, diariamente, 9 horas e 14 minutos navegando
na Internet, através de qualquer dispositivo. Somos o terceiro povo no mundo que mais
passa tempo na rede. Em primeiro lugar, estão os tailandeses, com 9h38m, seguidos pelos
filipinos, com uma média de 9h29m. Além disso, passamos, em média, 3 horas e 39
minutos, todos os dias nas redes sociais, ocupando, assim, a segunda colocação entre os
países que usam por mais tempo essas plataformas, atrás dos filipinos, que gastam 3h57m
diários e à frente dos tailandeses, que detêm a marca de 3h23m.
São 130 milhões de brasileiros utilizando as redes sociais, 62% da população e
destes, 120 milhões realizam o acesso através de seus celulares. Esse número representa
57% do total da população brasileira. De acordo com o ranking do SimilarWeb, os
brasileiros passam cerca de 20 minutos e 33 segundos a cada vez que acessam o YouTube
e, durante esse período, acessam uma média de 9,6 páginas do serviço. Logo depois, com
13 minutos e 55 segundos por acesso, vem o Facebook, com 11,8 páginas por visita
(COELHO, 2018).
Dos entrevistados pela Global Web Index, entre 16 e 64 anos, 60% dos brasileiros
com acesso à Internet declararam utilizar a plataforma de vídeos YouTube, 59% usam o
Facebook. e 56% o mensageiro WhatsApp(idem, 2018).
Dos 130 milhões de brasileiros que utilizam o Facebook mensalmente, 92% o
fazem através do smartphone. O percentual é maior que a média mundial, de 88%. Os
34 https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/02/10-fatos-sobre-o-uso-de-redes-sociais-no-brasil-que-voce-
precisa-saber.ghtml
110
dados fornecidos pela própria rede, no entanto, não dizem que esse acesso é realizado
exclusivamente pelo dispositivo móvel (idem, 2018).
De acordo com dados divulgados pela rede social, sos brasileiros são 57 milhões
de usuários na rede de compartilhamento de fotos e vídeos, o que representa 27% da
nossa população. No que diz respeito ao percentual de usuários, o que também é chamado
de grau de penetração da plataforma no país, estamos em 14º lugar. No entanto, ao
analisarmos o número bruto, o Brasil aparece na segunda colocação, logo atrás dos
Estados Unidos, que tem 110 milhões de pessoas utilizando o Instagram. (idem, 2018).
4.3.4- Relação às TIC e Desigualdade Social
A tabela seguinte buscou elucidar o entendimento dos 10 estudantes entrevistados
sobre a relação entre as TIC e desigualdade social:
EST
Em sua
opinião, a
falta de
acesso às
tecnologias
digitais pode
ser um
motivo para
as
desigualdades
sociais?
Vê
alguma
(s)
relação
(s) entre
exclusão
social e
exclusão
digital?
Você se
considera
incluído social
e
digitalmente?
Como e por
quê?
Tem alguma ideia
acerca de como o
letramento digital
pode ajudar a
combater a exclusão
social?
Considera que a
escola pode
contribuir para a
inclusão social e
digital de seus
alunos? De que
forma?
O que sua escola faz já
nesse sentido?
01 Não
Sim
Sim. Porque
possui a
oportunidade
de conversar à
distância, de
interagir com
várias
pessoas, de
trocar ideias,
dar e receber
ajuda.
Instrução para
pessoas com
dificuldade de
acesso,
principalmente os
mais velhos.
Sim. Referiu a
disseminação de
cursos EAD
envolvendo
comunidades
distantes, que
podem ser
promovidos com
foco nos idosos.
Controle em relação ao
uso de redes sociais,
favorecendo a
concentração dos alunos
no estudo; os recursos
voltados prioritariamente
para pesquisas escolares;
oferta de algumas
disciplinas optativas na
grade curricular que
possuem cunho
tecnológico e inclusivo.
02 Sim. Sim.
Sim, possui
acesso mas
limitado.
Dispõe
somente do
celular que
usa
principalment
e para acionar
redes sociais,
o contato com
computadores
ocorre na
escola e
outras
Sim. Dessa forma,
iniciativas públicas
como a promoção de
cursos de informática
são muito
importantes e,
embora já existam,
não são
implementados de
modo ostensivo.
Sim. Na
comunidade os
primeiros
contatos que
acontecem
casualmente são
intensificados
no ambiente
escolar, onde as
pessoas
encontram
recursos
tecnológicos,
projetores,
computadores e
Segundo o entrevistado, o
IFAM possui uma
infraestrutura que
contribui para a inclusão,
disponibiliza
computadores, acesso à
Internet e cursos de
informática, além disso, a
maioria dos alunos utiliza
esses recursos, e os
próprios celulares,
criando um ambiente
propício à inclusão por
meio do
compartilhamento de
111
inovações são
apresentadas
por
familiares.
Internet, que
possibilitam
uma maior
interação.
experiências. Sugeriu
como práticas de
estímulo à utilização de
TIC a ampliação da rede
wi-fi, bem como, o uso
de sites de busca como o
Google na sala de aula
para complementar o
conteúdo ministrado
pelos professores.
EST
Em sua
opinião, a
falta de
acesso às
tecnologias
digitais pode
ser um
motivo para
as
desigualdades
sociais?
Vê
alguma
(s)
relação
(s) entre
exclusão
social e
exclusão
digital?
Você se
considera
incluído social
e
digitalmente?
Como e por
quê?
Tem alguma ideia
acerca de como o
letramento digital
pode ajudar a
combater a exclusão
social?
Considera que a
escola pode
contribuir para a
inclusão social e
digital de seus
alunos? De que
forma?
O que sua escola faz já
nesse sentido?
03 Sim Sim
Considera-se
incluído
porque
consegue
estabelecer
uma
comunicação
com os
demais.
Percebe a
necessidade de ações
articuladas e
contínuas para que o
letramento seja
eficiente, tomando
por base a
observação do seu
círculo de
convivência.
Sim, por meio
da oferta de
cursos de
informática e da
capacitação dos
professores para
usarem os
recursos
disponíveis de
uma forma mais
proveitosa.
A escola foi vista como
um ambiente que
favorece uma
proximidade com os
recursos tecnológicos.
Citou a oportunidade de
realizar trabalhos na
biblioteca, bem como o
uso de computadores
para elaboração de
projetos por meio do
Autocad, de fundamental
importância para o curso
de Paisagismo.
Mencionou também a
praticidade da ferramenta
Q-Acadêmico, um espaço
virtual disponibilizado
pela instituição de ensino
através do qual alunos,
professores e técnicos
administrativos
interagem, por exemplo,
com envio de materiais,
lançamento de notas e
visualização do histórico.
04 Sim
Sim
Sente-se
incluído
porque possui
um celular
que lhe
permite
estabelecer
uma
comunicação
com as
pessoas e
fazer uso da
Internet.
Considera que o
letramento contribui
para a diminuição da
exclusão e destacou a
importância dessa
ação não ser realizada
apenas no intuito de
ensinar a operar os
recursos telemáticos,
mas, sobretudo,
ensinar a utilizá-los
de modo proveitoso,
contribuindo para o
aumento do
conhecimento, pois
percebe que a
maioria das pessoas
Sim, por meio
dos professores
que são
inspirações e
estimulam os
alunos a
aprender
melhor.
Identificou como forma
de contribuição escolar
somente a abordagem de
informática básica no
primeiro ano do ensino
médio.
112
usa apenas para
entretenimento.
EST
Em sua
opinião, a
falta de
acesso às
tecnologias
digitais pode
ser um
motivo para
as
desigualdades
sociais?
Vê
alguma
(s)
relação
(s) entre
exclusão
social e
exclusão
digital?
Você se
considera
incluído social
e
digitalmente?
Como e por
quê?
Tem alguma ideia
acerca de como o
letramento digital
pode ajudar a
combater a exclusão
social?
Considera que a
escola pode
contribuir para a
inclusão social e
digital de seus
alunos? De que
forma?
O que sua escola faz já
nesse sentido?
05 Sim
Sim
Sim. Porque
possui acesso
à tecnologias
que lhe
permitem
manter uma
comunicação
com pessoas
de diferentes
localidades e
ter contato
com uma
diversidade
de conteúdos.
Observou que no
mercado de trabalho
existem pessoas com
domínio de
conteúdos e técnicas
da sua área de
formação/atuação,
porém com sérias
dificuldades no
manuseio de
tecnologias, fato que
demonstra o quanto a
exclusão digital pode
estar associada à
exclusão social a
depender do
ambiente em que o
indivíduo está
inserido, pois há
nesse caso um
comprometimento
profissional e
interpessoal.
Sim, por meio
de projetos. Deu
como exemplo a
distribuição de
tablets, já que a
dificuldade
financeira se
torna um
obstáculo na
inserção digital.
A atuação da sua escola
foi vista como
insuficiente, citou que as
salas de aula são
equipadas com suporte
para projetor, mas poucos
professores utilizam o
recurso. Além disso,
mencionou a didática
obsoleta da maioria dos
docentes e ressaltou que
as inovações
metodológicas e
tecnológicas geralmente
são exploradas com
entusiasmo apenas pelos
professores que
concluíram mestrado e
doutorado recentemente.
06 Sim. Sim.
Considera-se
incluída, uma
vez que tem
acesso a
alguns meios
tecnológicos
que lhe
permitem
estabelecer
comunicação
e realizar
atividades
escolares.
Acredita que o
letramento digital
possibilita o acesso
através de uma
capacitação realizada
por profissionais que
saberão ensinar sem
constranger o
público, respeitando
o seu tempo de
aprendizado.
Sim, indicou
como
possibilidades
de atuação o
Pibex, Programa
Institucional de
Bolsas de
Extensão
Universitária, e
o Pibic,
Programa
Institucional de
Bolsas de
Iniciação
Científica, que
podem ser
usados para
essa finalidade.
E, ainda, o
Ensino à
Distância.
A escola disponibiliza
computadores na
biblioteca, mas em
quantidade insuficiente,
bem como rede wi-fi,
porém com alcance
restrito. Os professores
poderiam incentivar o
uso de meios
tecnológicos na sala de
aula para enriquecimento
interativo e informativo.
07 Sim
Sim.
Sim,
considera-se
incluído, pois
possui celular
e acesso à
O letramento digital
prepara as pessoas
para o manuseio
eficiente dos meios
tecnológicos, facilita
Sim,
propiciando o
uso dos recursos
tecnológicos em
sala de aula, mas
A escola possui uma
biblioteca equipada com
computadores que ficam
disponíveis para
pesquisa, equipamentos
113
Internet, tanto
na escola
localizada em
Manaus,
quanto no seu
município de
origem.
o acesso e,
consequentemente,
favorece a
informação dos
usuários.
com orientações
bem definidas a
fim de evitar a
dispersão de
atenção dos
alunos, já que
eles poderiam
usar os recursos
para acessar
conteúdo não
relativo ao
ministrado
naquele
determinado
momento.
como lousas digitais e
rede wi-fi, contudo o
alcance da rede deveria
ser maior.
EST
Em sua
opinião, a
falta de
acesso às
tecnologias
digitais pode
ser um
motivo para
as
desigualdades
sociais?
Vê
alguma
(s)
relação
(s) entre
exclusão
social e
exclusão
digital?
Você se
considera
incluído social
e
digitalmente?
Como e por
quê?
Tem alguma ideia
acerca de como o
letramento digital
pode ajudar a
combater a exclusão
social?
Considera que a
escola pode
contribuir para a
inclusão social e
digital de seus
alunos? De que
forma?
O que sua escola faz já
nesse sentido?
08 Não. Não.
Sim.
Considera-se
incluída
porque possui
produtos
tecnológicos.
Acredita que pode
contribuir na medida
em que fornece
informações sobre
tecnologia e fomenta
o ensino das
ferramentas
tecnológicas.
Sim. A escola
colabora com a
inclusão na
medida em que
ensina os alunos
a usarem os
meios
tecnológicos.
Sim. Pontuou que há
aulas de informática na
escola e sugeriu que essa
iniciativa seja
intensificada através da
elaboração de projetos
destinados ao uso das
tecnologias no processo
ensino-aprendizagem.
09 Sim
Sim.
Considera que
sim porque
tem acesso à
rede pública,
à educação, à
tecnologia,
inclusive na
escola, que
disponibiliza
computadores
com Internet
na biblioteca
e também
rede wi-fi.
Pode combater a
exclusão social, pois
ao obtermos mais
informações
consequentemente
temos mais
consciência da nossa
inserção social e do
exercício da
cidadania.
Sim. A
entrevistada
nota a escola
como um espaço
de interlocução
dos saberes
tecnológicos,
interioranos
migram para a
capital a fim de
dar continuidade
ao estudo e,
ingressando na
escola, contam
com o auxílio
dos alunos
veteranos no que
tange ao uso das
tecnologias que,
por razões
infraestruturais,
são mais
disseminadas
nessa região.
Ressaltou que, embora
haja recursos
tecnológicos na escola,
de modo geral não há
estímulo ao uso desses
recursos nas atividades
desenvolvidas, inclusive,
nunca teve orientação
institucional para fazer
esse uso, sabe apenas que
a disciplina de
informática é ministrada
para determinados
cursos.
10 Sim. Sim.
Não se
considerou
incluído
porque não
tem amplo
acesso.
Teve uma noção
vaga, fez uma
associação do termo
ao curso de letras e à
prática da leitura.
Considerou que
sim, mas
ressaltou que a
efetividade
depende de
muitos fatores,
Conforme sua percepção
a escola possui uma
infraestrutura favorável à
inclusão digital, onde
encontram-se aparelhos e
Internet, contudo carece
114
Fonte: Elaboração própria
A respeito da relação entre as TIC e desigualdade social, o ESTUDANTE 01
inicialmente respondeu que não considerava que falta de acesso às tecnologias digitais
pudesse ser um motivo para as desigualdades sociais, frisou que a capacidade das pessoas
não estava relacionada ao acesso tecnológico. Porém, em seguida, reconheceu a
importância desse acesso para a vida das pessoas, especialmente para a educação. E
considerou que o próprio caso é um exemplo disso, pois a partir da ciência e utilização
das ferramentas tecnológicas passou a se sentir inserido nesse meio.
Pontuou, ainda, a dificuldade dos seus pais, que não tiveram esse acesso, e fez
uma analogia da situação dos seus pais com o problema de comunicação enfrentado pelos
deficientes auditivos, no sentido de ressaltar a sensação de exclusão que ambos os casos
geram. Novamente citou o exemplo do genitor, relatando que o pai sempre precisa de
auxílio para realizar transações bancárias em terminais de autoatendimento.
Apontou como forma de contribuição a disseminação de cursos envolvendo
comunidades distantes, que podem ser promovidos com foco nos idosos, aspeto muito
importante dada a geografia da Amazonas. Acredito que a escola contribui sim para
inclusão digital, eu sou exemplo disso pois minhas aulas foram em Educação à
Distância. (ESTUDANTE 01)
Para o ESTUDANTE 02 a falta de acesso às tecnologias dificulta o acesso à
informação e, consequentemente, favorece a desigualdade social. Exemplificou
corroborando a resposta anterior: sem o acesso às tecnologias, o conhecimento acerca do
que acontece no mundo seria comprometido, poderíamos perder a chance de ler um edital
do nosso interesse, realizar a inscrição e participar da seleção.
citou o próprio
caso, na escola
há
computadores
disponíveis,
todavia, seu
domínio é
superficial.
de exploração desses
recursos na sala de aula.
Sugeriu a realização de
cursos apropriados ao
fomento das práticas
educacionais envolvendo
tecnologias.
115
Embora tenha dito que se sente incluído digitalmente afirmou que possui acesso
limitado. “O principal problema para adquirir novas tecnologias é a condição
financeira, eu só tenho celular.” (ESTUDANTE 02)
Em relação ao letramento, expôs que “no interior geralmente as pessoas não têm
condições de adquirir produtos tecnológicos, mas se tivessem, provavelmente não o
fariam, pois não saberiam como usar. Dessa forma, iniciativas públicas como a
promoção de cursos de informática são muito importantes e, embora já existam, não são
implementados de modo ostensivo. A disseminação do conhecimento tecnológico
costuma acontecer casualmente, em trocas de experiências com amigos e familiares”
(ESTUDANTE 02).
Para a estudante, a escola pode contribuir para inclusão digital, e citou: “na
comunidade os primeiros contatos que acontecem casualmente são intensificados no
ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos tecnológicos, projetores,
computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação” (ESTUDANTE 02).
O IFAM-CMZL, segundo o entrevistado 02, possui uma infraestrutura que
contribui para a inclusão, disponibiliza computadores, acesso à Internet e cursos de
informática, além disso, a maioria dos alunos utiliza esses recursos, e os próprios
celulares, criando um ambiente propício à inclusão por meio do compartilhamento de
experiências. Sugeriu como práticas de estímulo à utilização de TIC, a ampliação da
rede wi-fi, bem como, o uso de sites de busca como o Google na sala de aula para
complementar o conteúdo ministrado pelos professores. No seu discurso, relatou
ainda, que criou uma conta em um e-mail diante da necessidade imposta pelos
professores que estabelecem a comunicação com os discentes e enviam materiais por
meio do correio eletrônico. Seus irmãos e primos também possuem e-mail, mas os pais
não.
O ESTUDANTE 03 respondeu convictamente que a falta de acesso às tecnologias
digitais pode ser um motivo para as desigualdades sociais, “porque sem acesso o
aprendizado torna-se prejudicado”. Segundo o mesmo, ao mudar de cidade, notou uma
grande diferença entre a sua forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado à
perspectiva dos colegas que passou a ter em Manaus, “na capital há um trânsito
116
favorável de informações, já nos municípios interioranos há uma maior dificuldade de
acesso às tecnologias e às informações que elas promovem”. Afirma sentir-se incluído.
Quanto ao letramento, percebe a necessidade de ações articuladas e contínuas para
que seja eficiente, tomando por base a observação do seu círculo de convivência,
exemplificou que a mãe certa vez participou de um curso de informática, mas não teve
uma retenção duradoura do conteúdo porque seu contato posterior com os meios
tecnológicos não foi reiterado. Além disso, reconheceu um aspecto negativo acerca do
avanço das tecnologias, “aquilo que deveria aproximar as pessoas também pode afastá-
las” à medida que muitas canalizam seu tempo para viver situações virtuais, em
detrimento das relações no mundo real.
Logo, acredita que a escola pode ser esse ambiente que contribui para diminuição
da exclusão digital, por meio da oferta de cursos de informática e da capacitação dos
professores para usarem os recursos disponíveis de uma forma mais proveitosa. “A
maioria dos professores utilizam os projetores apenas para mostrar slides. No primeiro
ano do ensino médio participei de uma experiência positiva em que um professor da
disciplina de solos fez uso de um programa baseado no show do milhão35 como forma
avaliativa” (ESTUDADANTE 03).
A escola foi vista como um ambiente que favorece uma proximidade com os
recursos tecnológicos. Citou a oportunidade de realizar trabalhos na biblioteca, bem como
o uso de computadores para elaboração de projetos por meio do Autocad, de fundamental
importância para o curso de Paisagismo. Mencionou também a praticidade da ferramenta
Q-Acadêmico36.
De outro modo, o ESTUDANTE 04 acredita que a inclusão digital pode
minimizar as desigualdades sociais, mas não resolve porque depende de uma
multiplicidade de fatores. Nota-se um vínculo entre exclusão social e digital, uma vez que
3535 Show do Milhão (inicialmente Jogo do Milhão) foi um programa de televisão brasileiro de perguntas e
respostas, que concedia um prêmio máximo de um milhão de reais. Show do Milhão também é o título de
uma franquia de jogos eletrônicos de perguntas e respostas. O primeiro jogo foi desenvolvido pela empresa
brasileira Tec Toy e lançado em 2001. Os jogos são baseados no famoso programa de televisão apresentado
por Silvio Santos. 36 Q-Acadêmico- um espaço virtual disponibilizado pela instituição de ensino através do qual alunos,
professores e técnicos administrativos interagem, por exemplo, com envio de materiais, lançamento de
notas e visualização do histórico.
117
os meios tecnológicos propiciam a comunicação. Logo, pessoas sem acesso terão um
contato restrito com os demais e com as informações que essas relações acarretam.
Considera que o letramento contribui para a diminuição da exclusão e destacou a
importância dessa ação não ser realizada apenas no intuito de ensinar a operar os recursos
telemáticos, mas, sobretudo, ensinar a utilizá-los de modo proveitoso, contribuindo para o
aumento do conhecimento, pois percebe que a maioria das pessoas usa apenas para
entretenimento. Identificou como forma de contribuição escolar no IFAM somente a
abordagem de informática básica no primeiro ano do ensino médio.
Na opinião do ENTREVISTADO 05 a falta de tecnologia antigamente não
representava uma desigualdade social, porém, à medida que as tecnologias foram sendo
disseminadas, a falta de acesso gerou uma desigualdade. Para ele, a falta de acesso
tecnológico compromete a interação entre pessoas de diferentes localidades, bem como, o
compartilhamento de conteúdos, gerando uma forma de exclusão social.
Observou que no mercado de trabalho existem pessoas com domínio de conteúdos
e técnicas da sua área de formação/atuação, porém com sérias dificuldades no manuseio
de tecnologias, fato que demonstra o quanto “a exclusão digital pode estar associada à
exclusão social a depender do ambiente em que o indivíduo está inserido, pois há nesse
caso um comprometimento profissional e interpessoal” (ESTUDANTE 05).
Para otimizar a inclusão digital na escola sugeriu a distribuição de tablets, já que a
dificuldade financeira se torna um obstáculo na inserção digital. Mencionou uma
experiência positiva observada no seio familiar, sua mãe é docente e foi beneficiada por
um programa37 que visava à atualização dos profissionais e da comunidade educacional,
assim foram contemplados com notebooks que permitiram a ampliação do conhecimento.
O estudante em questão é presidente da agremiação estudantil do IFAM-CMZL,
para ele, as salas de aula são equipadas com suporte para projetor, mas poucos
professores utilizam o recurso. “A didática da maioria dos docentes é ultrapassada, as
inovações metodológicas e tecnológicas geralmente são exploradas com entusiasmo
37 Projeto um tablet por aluno do Ministério da Educação do Brasil que visava a distribuição de tablets nas
escolas municipais.
118
apenas pelos professores que concluíram mestrado e doutorado recentemente”
(ESTUDANTE 05).
As percepções dos estudantes têm por base sua vivência e seu contexto social,
neste sentido o ESTUDANTE 06 postulou sobre as perguntas dessa rodada que “no
contexto atual há uma necessidade de acesso e sua ausência dificulta a informação dos
indivíduos”. Apontou que existem diversos materiais de apoio disponíveis na Internet,
como e-books, que possuem a capacidade de ampliar o conhecimento.
A entrevistada 06 considera-se incluída, uma vez que tem acesso a alguns meios
tecnológicos que lhe permitem estabelecer comunicação e realizar atividades escolares e
acredita que o letramento digital possibilita o acesso através de uma capacitação realizada
por profissionais que saberão ensinar sem constranger o público, respeitando o seu tempo
de aprendizado. Indicou como possibilidades de atuação o Pibex, Programa Institucional
de Bolsas de Extensão Universitária, e o Pibic, Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica, que podem ser usados para essa finalidade. E, ainda, o Ensino à
Distância. Em sua visão, o IFAM-CMZL disponibiliza computadores na biblioteca, mas
em quantidade insuficiente, bem como rede wi-fi, porém com alcance restrito. “Os
professores poderiam incentivar o uso de meios tecnológicos na sala de aula para
enriquecimento interativo e informativo” (ESTUDANTE 06).
Para o ESTUDANTE 07 a ausência de acesso torna as pessoas mais
desinformadas, prejudicando o seu desenvolvimento. “As pessoas com baixa renda terão
dificuldade de acesso aos meios tecnológicos e ficarão alheias a esse modo de interação,
aumentando a disparidade social”. Para dar continuidade ao estudo optou por uma
Instituição Federal e teve que mudar de cidade, por isso para estabelecer contato com a
família costuma utilizar vídeo-chamada. Em sua percepção, o letramento digital prepara
as pessoas para o manuseio eficiente dos meios tecnológicos, facilita o acesso e,
consequentemente, favorece a informação dos usuários e a escola pode contribuir
propiciando o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula, mas com orientações bem
definidas a fim de evitar a dispersão de atenção dos alunos, já que eles poderiam usar os
recursos para acessar conteúdo não relativo ao ministrado naquele determinado momento.
Quanto ao IFAM-CMZL, afirmou que possui uma biblioteca equipada com computadores
119
que ficam disponíveis para pesquisa, equipamentos como lousas digitais e rede wi-fi,
contudo o alcance da rede deveria ser maior.
Foi interessante perceber que para a ESTUDANTE 08, que é indígena, a visão de
exclusão não era percebida enquanto tal: em um primeiro momento, ela não via relação
entre a exclusão social e a exclusão digital, pois acreditava que tinham outros meios para
se comunicar e se informar. Mas ao indagar quais outros meios, ela disse: “os vizinhos
próximos que têm celular”; logo, para ela, sería necessário ter um equipamento na
comunidade para se comunicar com os parentes devido à distância da comunidade e ao
recurso financeiro escasso para ficar se locomovendo até à comunidade vizinha.
“Na comunidade Moirai algumas pessoas possuem celulares e computadores,
porém sem acesso à Internet. Suas instituições de ensino até ao momento são
desprovidas de infraestrutura telemática, inviabilizando o ensino à distância. A
continuidade do estudo dos seus habitantes, no que diz respeito à graduação e pós-
graduação, depende do deslocamento até o município de Autazes” (ESTUDANTE 08). A
entrevistada relatou, ainda, que coincidentemente naquele mesmo dia soube que em breve
serão ministradas aulas de informática básica e avançada na sua comunidade. Sugeriu
inovação nos métodos de ensino, pois, conforme afirmou, “o que o IFAM-CMZL faz é
muito pouco e grande parte dos professores ainda fazem aulas expositivas, sendo
necessário ter Internet na sala de aula e utilizar as ferramentas tecnológicas na sala de
aula” (ESTUDANTE 08).
O ESTUDANTE 09 pontuou que aqueles que possuem acesso aos meios
tecnológicos geralmente são bem informados, enquanto aqueles que não possuem esse
acesso precisam buscar meios menos eficientes para terem a mesma informação, como
consultar livros e estabelecer conversas pessoalmente, representando uma desvantagem
em relação à celeridade. Percebe uma relação de interdependência entre a exclusão social
e digital, pois a impossibilidade de fazer uso dos meios tecnológicos dificulta o acesso à
informação e pode gerar prejuízos sociais como não ter conhecimento de um determinado
benefício socioassistencial. Considera que é incluído por possuir acesso à rede pública, à
educação, à tecnologia, inclusive na escola, que disponibiliza computadores com Internet
na biblioteca e também rede wi-fi.
120
O entrevistado 09 não conhecia a expressão letramento digital, assim como os
demais, mas concluiu que significa ensinar a ler e escrever digitalmente. Após algumas
considerações acerca do letramento digital para clarificar as ideias do mesmo, respondeu
que o letramento pode combater a exclusão social, pois ao obtermos mais informações
consequentemente temos mais consciência da nossa inserção social e do exercício da
cidadania.
Foi interessante perceber também que o ESTUDANTE 09 nota a escola como um
espaço de interlocução dos saberes tecnológicos, “os interioranos migram para a capital
a fim de dar continuidade ao estudo e, ingressando na escola, contam com o auxílio dos
alunos veteranos no que tange ao uso das tecnologias que, por razões infraestruturais,
são mais disseminadas nessa região”.
Ressaltou que, embora haja recursos tecnológicos no IFAM-CMZL, de modo
geral, não há estímulo ao uso desses recursos nas atividades desenvolvidas, inclusive,
nunca teve orientação institucional para fazer esse uso, sabe apenas que a disciplina de
informática é ministrada para determinados cursos. Ainda de acordo com as suas
concepções, os docentes declinam dessa utilização porque enxergam os aparelhos
tecnológicos de forma negativa, como algo que favorece a fraude das avaliações, e assim
limitam-se a passar pesquisas e usar projetores.
Por fim, o ESTUDANTE 10 corroborou com os demais, afirmando que a
inacessibilidade representa uma desvantagem em relação aos demais, exemplificando que
uma pessoa pode ser exposta ao engano pela falta de informação. Não se considerou
incluído porque não tem amplo acesso. Socialmente percebe uma grande dificuldade de
acesso no ensino superior em instituições públicas, onde a maioria das vagas é ocupada
por pessoas provenientes de classes mais altas que cursaram o ensino fundamental e
médio na rede privada, restando aos egressos de escolas básicas públicas a opção por
instituições privadas de ensino superior com mensalidades inacessíveis para muitos deles,
uma das contradições mais significativas do sistema educacional brasileiro. Digitalmente
sente-se excluído porque precisa permanecer na escola após o período de aula para
conseguir realizar suas pesquisas. Possui um celular de modelo antigo com sistema
android, mas desprovido de aplicativos, suas condições financeiras não permitem ter
121
uma rede de dados coberta por alguma operadora, desse modo, só consegue ter
acesso à Internet por meio do celular quando está na escola, através da rede wi-fi.
Considerou que a escola pode ser um mecanismo para inclusão digital e social
mas ressaltou que a efetividade depende de muitos fatores, citou o próprio caso, na escola
há computadores disponíveis, todavia, seu domínio das tecnologias é superficial.
Conforme sua percepção a escola possui uma infraestrutura favorável à inclusão
digital, onde encontram-se aparelhos e Internet, contudo carece de exploração desses
recursos na sala de aula. Sugeriu a realização de cursos apropriados ao fomento das
práticas educacionais envolvendo tecnologias e relatou uma experiência ocorrida na 7ª
série do ensino fundamental em que teve a oportunidade de ter contato com um recurso
de computação gráfica 3D possibilitando a visualização detalhada de um castelo durante
uma aula de História sobre a França.
Em seguida, foi indagado sobre a última imagem vista em um livro de História,
porém não recordava. Constatou-se, então, que aquela experiência longínqua foi
demasiadamente marcante, enquanto as recentes aulas, pautadas no ensino tradicional
meramente expositivo, mostraram-se não muito significativas. Ademais, por todo o
exposto, restou transparecida a importância do meio escolar na consecução da inclusão
social e digital, uma vez que todos os conhecimentos telemáticos adquiridos ao longo da
sua vida perpassam por esse ambiente.
Em diversas falas, percebemos quão importante é proporcionar o acesso às
tecnologias, contudo, mais ainda, o letramento digital. Os estudantes entrevistados
consideram que a escola pode ajudar na inclusão, ensinando-os a usar os meios
tecnológicos, para, assim, estarem melhor capacitados a interagir com os demais jovens.
Relataram que IFAM-CMZL já faz algo para isso, como a oferta de aulas de informática,
computadores na biblioteca e aulas com lousa digital, contudo, afirmaram ser
insuficiente, de forma geral, o recurso ofertado pelo IFAM-CMZL, pois é limitado o
número de equipamentos, não há uma rede de Internet (wi-fi) disponível para os
estudantes e nas salas de aula é muito sucinto o uso das TIC.
Para Moran (2012) o professor é mais importante do que nunca nesse processo de
inclusão da Internet na educação, pois ele precisa se aprimorar nessa tecnologia para
122
introduzi-la na sala de aula, no seu dia a dia, da mesma forma que um dia também foi
introduzido o primeiro livro na escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o
conhecimento, sem deixar as outras formas de comunicação de lado, como a oralidade.
Concordamos com Moran (idem) ao concluir que que continuaremos a ensinar e a
aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e
escritos, pela televisão, mas agora também pelo computador, pela informação em tempo
real, pela tela em camadas, em janelas que vão aprofundando as nossas vistas.
4.4- Discussão dos resultados
Corroboramos com Sposati (2006) quando supõe que há na sociedade a busca
pelo que é bom e desejável para todos, justificando a presença da luta pela igualdade ou,
pelo menos, um patamar básico de igualdade. Também temos presente, que fazemos parte
de uma sociedade desigual, marcada por profundas assimetrias e que frente à essas
desigualdades surge a necessidade de nos incluirmos socialmente.
É valido ressaltar que a Internet é um direito humano, por isso deve ser inviolável
e que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) devem ser postas a serviço da
ética e da cidadania para garantir justiça social no mundo atual.
Não podemos deixar de ter em conta o pensamento de Paulo Freire (1984, p.6)
“Para mim os computadores são um negócio extraordinário. O problema é saber a
serviço de quem eles entram na escola”. Devemos, assim, pôr em debate de que forma a
escola pode utilizar de forma proveitosa e eficiente essas tecnologias para que tenham um
efeito positivo no exercício de uma cidadania plena.
Diante desta pesquisa, campo teórico e campo empírico, foi possível refletir
acerca do mundo em que vivemos e das tamanhas desigualdades existentes em um único
lócus. Percebeu-se que as condições de localidade, de sobrevivência e renda (emprego,
alimentação, moradia, etc.), familiar, educação dos pais e o próprio ambiente em que
vivem e se relacionam podem interferir no acesso às tecnologias. Diante de tantos
desafios, a escola pode e deve assumir-se como fator primordial para transformação e
inclusão social e digital.
123
O interessante na escolha da entrevista, como método da coleta de dados, foram as
surpresas que podem acontecer no decorrer da pesquisa. Várias foram as dificuldades
encontradas, desde a escolha dos estudantes, a participação e aceite dos mesmos, serem
feitas durante período letivo, fazer a transcrição das entrevistas, analisar e trabalhar
paralelamente, entre outras dificuldades.
No entanto, esta pesquisa foi um grande crescimento pessoal e profissional. Sem
previsão, tivemos uma diversidade impressionante dos sujeitos que, respondendo ao
questionário da pesquisa, aceitaram ser entrevistados. Estes estudantes eram provenientes
de diferentes municípios do estado do Amazonas, tinham gêneros diferentes, classe
econômica e social diferente, idade, escolaridade, etnia, o que enriqueceu muitíssimo o
resultado.
Durante a entrevista, com os dez estudantes do IFAM-CMZL, pode-se perceber
que a falta de entendimento sobre os termos inclusão social e digital ocorreu em 90% dos
entrevistados. Além disso, todos necessitaram de ajuda para compreender às questões
postas, sobretudo da terminologia e conceitos científicos. Após explicação dos termos, os
entrevistados de forma geral atrelaram o uso das tecnologias às redes sociais e sentem-se
incluídos somente pelo fato de terem acesso aos computadores do IFAM-CMZL e por
possuírem redes sociais.
Neste sentido, corroboramos com Buzato (2007, p.18) quando diz que “nunca fica
muito claro o que distingue uma “sociedade da informação” dos outros tipos de
“sociedade” e, ainda, quando citamos Coutinho (2003, p. 90) dizendo que não existe uma
definição clara sobre “Sociedade da Informação”, se por esse conceito entendemos algo
que vá além do simples uso de tecnologias que facilitam a armazenagem, combinação e
transmissão de dados e informações. Por isso, para alguns estudantes talvez seja difícil
distinguir do que se quer dizer quando se fala em tecnologias, informações e
comunicações, pois são elementos diferenciados que convergem para a mesma finalidade:
a comunicação humana.
Esse é o desafio, não apenas brasileiro, mas mundial. Certamente o problema da
inclusão digital não é apenas econômico e não afeta apenas países pobres e/ou em
desenvolvimento, vale ressaltar que a inclusão é um problema cultural e não apenas
124
econômico. Estudos sobre a geografia da Internet e inclusão digital (CASTELLS, 2004)
apontam que países com uma população financeiramente equilibrada enfrentam também
problemas, seja de rejeição ou de desconhecimento das potencialidades das TIC, seja de
faixa etária ou problemas de gênero, de imigração ou outros. Entretanto, sabemos que
países com um baixo índice de desenvolvimento humano têm ainda mais dificuldade no
que tange a elaboração e efetivação de políticas inclusivas, uma vez que a miséria que
assola os países pobres ainda clama por comida.
É importante relembrarmos que estando a inclusão diretamente ligada aos
processos de exclusão social há que compreender os tipos de exclusão para podermos
pensar em políticas inclusivas. Tedesco (2002) ressalta que um dos fenômenos mais
importantes nas transformações sociais atuais é o aumento significativo da desigualdade
social. Também Fagundes (2011)38 afirma que “na cultura da sociedade conectada, a
aprendizagem se dá no contexto de vida, e o cidadão precisa ser um aprendiz
permanente.” Assim, programas de inclusão digital são fundamentais, mas há que se ter
responsabilidade na execução das políticas públicas para acesso às tecnologias, para
aplicações das ferramentas desenvolvidas pela ciência e as dificuldades e soluções para
unir tecnologias e seres humanos em prol de uma vida mais digna para todos.
Neste sentido, a inclusão digital através da escola possui o papel de resgatar os
excluídos digitais, de forma a incluí-los no contexto da sociedade movida pelos processos
de criação, produção e sublimação da informação em conhecimento. Significa o
empoderamento dos sujeitos para uso das tecnologias da informação e comunicação.
Tendo como prioridade a efetivação de políticas públicas que visem o seu crescimento
educacional, pessoal e profissional.
Vale ressaltar que é na escola que inicia esse processo de ensino-aprendizagem,
por isso, este ambiente não pode ficar alheio a essas mudanças. A evolução deve fazer
parte do ambiente escolar, fazendo-se necessário o uso das TIC dentro das escolas como
promoção de uma educação inclusiva e digital. Trata-se de ampliar a visão acerca da
inclusão, utilizando o “letramento” como sentido mais amplo do que “alfabetização
38http://www.lec.ufrgs.br/index.php/Entrevista_da_Prof%C2%AA_L%C3%A9a_Fagundes:_%22O_profess
or_deve_tornar-se_um_construtor_de_inova%C3%A7%C3%B5es%22
125
digital", por entender que cabe não somente à aquisição dos computadores, mas a
aquisição de competências para um uso correto das tecnologias em prol de um exercício
de uma cidadania plena numa Sociedade Digital.
Como dito anteriormente, pôde-se observar que a renda per capita dos estudantes
influencia diretamente no acesso às tecnologias, bem como a escolaridade dos mesmos e
de seus familiares. Reafirmamos o que diz Xavier (2007, p.4) que “a principal condição
para a apropriação do letramento digital é o domínio do letramento alfabético pelo
individuo”, ou seja, apenas o letrado alfabético tem a qualificação para se apropriar
totalmente do letramento digital. E, como refere Buzato (2007, p. 245), “é da escola,
supostamente, que a comunidade deveria trazer para o telecentro os letramentos críticos,
os instrumentos para desconstruir o discurso da inclusão pela via da “absorção no
mercado de trabalho”, da adesão ao papel de “expectador” que lhes é imposto pela
televisão, e para superar as interpretações maniqueístas dos diferentes significados que as
TIC podem ter na sua vida”.
Para Tedesco (2002), a educação tem como desafio do futuro, modificar seu papel
diante da mobilidade social. Por um lado, será a variável mais importante que permitirá
entrar ou ficar fora do círculo no qual se definem e realizam as atividades socialmente
mais significativas e, por outro, será necessário educar-se ao longo de toda a vida para
poder adaptar-se aos requerimentos do desempenho social e produtivo, para mais quando
se vive numa sociedade em constante mudança
A integração das TIC na escola implica diversos desafios, entre estes: a
necessidade de mudanças nos currículos; a capacitação dos professores para uso das
tecnologias; vencer as resistências dos profissionais e instituições conservadoras;
aprender a valorizar a informação valiosa de forma a descartar a presença de informações
fúteis e inverídicas na rede, entre outros desafios. Entendemos que a escola tem o papel
fundamental na formação de cidadãos conscientes, por isso é imprescindível que os
professores acompanhem as mudanças, uma vez que o profissional é referência para o
estudante. Como afirma Perrenaud (2000, p. 128), “formar para as novas tecnologias é
formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades
126
de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de
redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação”.
Assim, o papel da escola deve ser definido pela sua capacidade de preparar para o
uso consciente, crítico, ativo dos aparatos que acumulam a informação e o conhecimento
(TEDESCO, 2002, p27). Neste sentido, entendemos que cabe à escola propor
mecanismos para vencer tais desafios, necessitando de estimulação para o conhecimento
renovado e crítico a fim de diminuir as desigualdades sociais, contribuindo assim com a
democratização da escola e efetivação de políticas inclusivas.
127
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
“As coisas sempre parecem impossíveis até
que sejam feitas”.
(Nelson Mandela)
5.1- Sobre a questão e objetivos do estudo
Nesta dissertação buscamos compreender “de que forma a escola pode
contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais, trazendo ao debate
a importância dessas tecnologias no processo de inclusão social e digital através da
escola”. O acesso à Internet é considerado um direito humano e as TIC fazem parte do
contexto atual em que vivemos, por isso buscar utilizar as tecnologias ao nosso favor
torna-se necessário.
Vários questionamentos surgiram ao longo da construção do estudo, neste ponto,
indagamos: É possível utilizar as TIC como mecanismo de inclusão? Em detrimento de
quem as TIC trabalham? Seria a escola este ambiente? Essas e outras perguntas foram
surgindo ao longo da escrita. Neste sentido, foi necessário, em um primeiro momento, a
compreensão teórica dos conceitos a serem abordados, pois: como falar de contribuição
da escola para inclusão digital e social, sem entender quais tecnologias estamos nos
referindo e o que significa inclusão social e digital?
Diante disso, o estudo respondeu ao primeiro objetivo específico “identificar os
conceitos de inclusão social e digital”. Uma vez que o escopo teórico possibilita um
melhor entendimento acerca dados coletados, visando responder nossas inquietações e
assim, balizar a construção de nossas categorias de análise. O capítulo 2 dispõe de
diversas compreensões dos conceitos inclusão social e digital, partimos do pressuposto de
que devemos incluir os excluídos, posteriormente, buscamos conceitos sobre as exclusões
que estamos falando, e nos perguntamos, dentro de nossa sociedade capitalista há um ser
totalmente incluído, ou totalmente excluído?
128
Concluímos que a importância do estudo no âmbito da educação se dá por
acreditar que se deve articular as políticas públicas sociais, uma vez que o uso das TIC é
universal, as políticas inclusivas devem ser intersetoriais, integradas, para que possam
caminhar em conjunto para minimização das desigualdades sociais.
Em seguida, pretendeu-se verificar de que forma a inclusão social se apresenta
na vida dos estudantes do IFAM-CMZL (objetivo específico 2), percorrendo os
caminhos necessários para se construir a espinhal dorsal do campo empírico da
investigação. Através dos recursos metodológicos utilizados, questionário e entrevista
pudemos notar as percepções dos estudantes e suas relações com as tecnologias. Os
entrevistados demostraram que a escola propiciou oportunidades antes inimagináveis
como nas falas dos estudantes 01 e 02: “Acredito que a escola contribui sim para
inclusão digital, eu sou exemplo disso pois minhas aulas foram em Educação à Distância
(ESTUDANTE 01)” e, “na comunidade os primeiros contatos que acontecem
casualmente são intensificados no ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos
tecnológicos, projetores, computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação
(ESTUDANTE 02)”. Estes e outros exemplos, abordados no capítulo da apresentação dos
resultados, além de reforçarem o potencial educativo das TIC demonstram o potencial
inclusivo do ambiente escolar.
As análises e as considerações finais buscaram demonstrar de que maneira a
inclusão digital pode ser usada para se materializar no ambiente escolar (objetivo
especifico 03). Além de base tecnológica e de infraestrutura adequadas são necessários
um conjunto de condições e de inovações nas estruturas produtivas e organizacionais, nas
instâncias reguladoras, normativas e de governo e no sistema educacional para o
desenvolvimento tecnológico de fato.
Portanto, há que se trabalhar, paralelamente à economia do país, também as
políticas de inclusão digital. Voltar-se para a diminuição da pobreza visto que a exclusão
digital possui forte correlação com a desigualdade social e ocorre em maior concentração
nas classes de baixa renda.
Segundo Friedman (1988, p. 83-84) “uma sociedade democrática e estável é
impossível sem um grau mínimo de alfabetização e conhecimento por parte da maioria
129
dos cidadãos e sem a ampla aceitação de algum conjunto de valores”. Sem um dado
conhecimento sobre as TIC, será difícil qualquer avanço comercial, tecnológico,
educacional ou social.
5.2- Sobre a pertinência do estudo para o IFAM
Acreditamos que o Brasil tem caminhado para a ampliação da rede digital, mas há
muito que avançar sobretudo no IFAM-CMZL. Questões aparentemente simples como
wi-fi na escola, tornam-se um problema quando se trata de um país como o Brasil com
valores exorbitantes para uso de banda larga, principalmente em locais remotos.
O ambiente escolar é o local que os estudantes passam maior parte do dia, se
houver a disponibilidade de ferramentas tecnológicas com base no letramento digital,
quiçá a escola deixará de ser um molde do século XIX na Era digital e passará a ser um
local de consonância com o mundo externo (fora dos muros da escola) que hoje, em larga
medida, já potencia a Sociedade Digital. O IFAM também deverá caminhar, cada vez
mais, para uma Educação Digital, conectando os seus diversos campi e colocar à
disposição dos seus estudantes os dispositivos para uma plena inclusão digital.
Esta investigação permitiu ficar a conhecer melhor sobre a mais valia das
tecnologias, a valorização e a relação do uso das TIC para inclusão. Um potencial
implícito de valorização do Instituto e conhecimento do trabalho do mesmo em
organismos internacionais. Assim, a pesquisa é relevante para o meio acadêmico e para a
administração do IFAM visando pensar em políticas inclusivas próprias.
Entendemos que o método desenvolvido é um importante caminho para entender
o papel educativo das TIC para os estudantes do IFAM-CMZL e para a sociedade
amazonense. Mais do que isso, esta pesquisa fornece subsídios futuros estudos no campo
da educação.
5.3- Sobre estudos futuros
Nota-se que no Amazonas ainda existem povos indígenas que sequer foram
descobertos e possuem sua cultura totalmente preservada. Há espalhada no Estado - de
acordo com o Programa Amazonas Indígena, elaborado pela Fundação Estadual de
130
Política Indigenista (FEPI), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável - uma população indígena de 120 mil indivíduos de 66
etnias, que falam 29 línguas. É a maior população indígena do Brasil.
Portanto, pensa-se em estudar melhor o impacto das tecnologias na população
amazônica (ribeirinhos, indígenas e outros), através da visão da própria população, livre
de pré-julgamentos, levando em conta sua cultura e seu entendimento da importância da
inserção da Internet na sua comunidade, a fim de analisar como valorizam o uso das
tecnologias.
Ao longo do estudo diversos desafios para uso das TIC foram identificados, o
primeiro deles é a falta de políticas públicas específicas, logo, deveriam ser criadas
políticas públicas que contemplassem projetos de inclusão digital principalmente para as
regiões mais pobres e não atrativas economicamente.
Segundo é a criação de políticas públicas educacionais e inclusivas para propiciar
acesso aos estudantes baixa-renda pois a exclusão digital também deriva da exclusão
econômica. Outro ponto é ampliação do acesso através das redes de Internet (fibras
ópticas) para levar tecnologia às comunidades do Amazonas
Contudo, não basta subsidiar computadores e abrir centros públicos de acesso à
Internet, é preciso mostrar às pessoas a importância da Internet e ensiná-las a usar a rede,
por isso, proporcionar letramento digital através da oferta de cursos, com uma educação
mínima para usufruto dos benefícios do uso das TIC, minimizando assim a exclusão por
analfabetismo digital.
É necessário também monitoramento dos serviços ofertados pelas empresas que
fornecem Internet no país, pois há muitos problemas técnicos no Brasil, muitos casos de
velocidade de Internet não condizente com o contratado, entre outros, trata-se de um
direito do consumidor. Além disso, possibilitar o barateamento na oferta da Internet
banda larga, pois, o custo ainda é altíssimo e por isso os altos índices no uso de dados
móveis que não são suficientes para usufruto dos meios digitais.
Estas constatações, que decorrem desta investigação, podem alavancar estudos a
realizar futuramente, seja pela pesquisadora, dando seguimento a esta dissertação de
mestrado, seja por outros jovens investigadores.
131
Antes de finalizar gostaríamos de ressaltar que um trabalho é sempre inacabado,
por isso, no nosso caso, será um desafio aprofundar os estudos em tela em um
doutoramento, tendo em vista as especificidades da Amazônia e suas características
geográficas.
132
133
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141
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142
143
ANEXO I
Perguntas do Questionário Socioeconômico Eletrônico aplicado no primeiro
semestre do ano de 2016 aos estudantes do IFAM- CMZL
ESTUDANTE: MATRÍCULA:
P01 - Como você se considera:
P02 – Se você indicou indígena, qual língua você domina?
P03 - Qual é a sua religião?
P04 - Seu estado civil?
P05 - Você tem filhos?
P06 - Você participa financeiramente no sustento dos filhos?
P07 - Você paga pensão?
P09 - Qual o estado civil de seus pais?
P10 - Onde você MORAVA antes de entrar no IFAM-ZL?
P11 - Qual sua situação atual de moradia?
P12 - Tipo de Moradia de sua Família:
P13 - Qual o principal meio de transporte que você utiliza
para chegar ao IFAM - ZONA LESTE?
P14 - Na casa de sua família tem?
P15 - Você trabalha?
P16 - Qual o seu turno de trabalho diário?
P17 - Quantas pessoas moram em sua casa?
P18 - Quem é o a principal mantenedora de sua família? a
pessoa que mais contribui na renda: P19 - Qual a renda
mensal do seu grupo familiar?
P20 - Quantas pessoas, incluindo você, vivem da renda
mensal do seu grupo familiar informada acima?
P21 - Qual a sua participação na vida econômica do seu
grupo familiar?
P22 - Qual é a escolaridade de seu pai? Ou da pessoa que ao criou como pai:
P23 - Qual é a escolaridade de sua mãe? Ou da pessoa que
o/a criou como mãe:
P24 - Em que tipo de escola você cursou o Ensino
Fundamental?
P25 - Você frequentou escola particular no Ensino Fundamental, utilizou bolsa de estudo?
P26 - Qual o tipo de Ensino Médio você cursou?
P27 - Em que tipo de escola você cursou o Ensino Médio?
P28 - No ensino Médio particular utilizou bolsa de estudo?
P29 - Você frequentou cursinho pré-vestibular durante pelo
menos seis meses?
P30 - Quantas vezes prestou vestibular?
P31 - De que forma você entrou nesse curso?
P32 - Em que turno você está frequentando a maior parte das disciplinas?
P33 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Inglês?
P34 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Francês?
P35 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Espanhol?
P36 - Você se identifica com a escola? Porque?
P37 - Qual sua principal fonte de informação de acontecimentos atuais?
P38 - Qual desses assuntos lhe desperta mais interesse
P39 - Qual é a média de livros que você lê em um ano?
P40 - Que tipo de livro você mais lê?
P41 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse Artística-Culturais?
P42 - Com que frequência você participa de atividades
extraclasse de Movimento Estudantil? P43 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse de
Movimentos Ecológicos? P44 - Com que frequência você
participa de atividades extraclasse de Movimentos Religiosos? P45 - Com que frequência você participa de
atividades extraclasse de Movimentos Sociais?
P46 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse Política – Partidárias?
P47 - Com que frequência você participa de atividades
extraclasse de Sociedades Científicas? P48 - Em geral,
quando você precisa de atendimento médico você procura:
P49 - Sua última consulta médica ocorreu:
P50 - Com relação a seus cuidados dentários, você:
P51 - Qual atividade física você mais pratica?
P52 - Com que frequência você pratica essa atividade?
P53 - Esta atividade é normalmente encarada por você como?
P54 - Caso você não pratique nenhuma atividade física fora
do IFAM_CMZL, qual a razão principal?
P55 - Você já teve alguma dificuldade significativa ou crise
emocional nos últimos meses?
P56 - Você já procurou atendimento psico-pedagógico alguma vez em sua vida?
P57 - Você já procurou atendimento psicológico alguma vez
em sua vida?
P58 - Você já procurou atendimento psiquiátrico alguma vez
em sua vida?
P59 - Alguma vez em sua vida, você já tomou medicação psiquiátrica, mesmo que tenha sido por pouco tempo?
P60 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, a adaptação a novas situações: cidade, moradia, separação da família, entre outras?
144
P61 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, os relacionamentos familiares? P62 - Quanto
interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, as relações
amorosas/conjugais?
P63 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a situação de violência física ou sexual?
P64 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, o assédio moral?
P65 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, os conflitos de valores/conflitos religiosos?
P66 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a dificuldade de acesso a materiais e meios de
estudo livros, computador e outros?
P67 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a dificuldades financeiras interfere na sua vida
ou no contexto acadêmico?
P68 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, as dificuldades de aprendizagem?
P69 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, a falta de disciplina/hábito de estudo?
P70 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto
acadêmico, a carga horária excessiva de trabalho?
P71 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a carga excessiva de trabalhos acadêmicos?
P72 - Com que idade você acessou pela primeira vez um
computador? P73 - Onde ocorreu esse primeiro acesso ao computador?
P74 - Qual o domínio que você tem em relação ao
microcomputador? P75 - Você considera importante o uso de recursos tecnológicos?
P76 - Para quais fins você MAIS utiliza as tecnologias?
P77 - Você gostaria que sua sala de aula utilizasse recursos
tecnológicos para aprendizagem (celular, tablets)?
P78 - Você possui:
P79 - Você tem um celular?
P80 - Seu celular é um smartphone?
P81 - Qual o tipo de tecnologia tem seu telefone?
P82 - Qual a frequência você usa o celular?
P83 - Quando você anda com o seu celular?
P84 - Você costuma utilizar e baixar aplicativos móveis no seu celular?
P85 - Possui algum tipo de acesso à Internet?
P86 - Onde você mais costuma acessar?
P87 - Quantas vezes na semana?
P88 - Quantas horas por dia?
P89 - Entre as opções abaixo, marque o principal motivo que levam você a utilizar a Internet: P90 - Julgue o grau de
motivação que o levaram a escolher este Campus:
P91 - O que você pretende fazer logo após se formar?
P92 - Depois de formado você pretende trabalhar. Imagina-
se:
P93 - Depois de formado você pretende estudar. Imagina-se:
P94 - A escola tem contribuído para o seu projeto de vida?
Por quê?
P95 - Você já buscou atendimento no serviço social?
P96 - Você já foi beneficiário da assistência estudantil?
P97 - Qual/Quais Benefício(s)? P98 - Em qual/quais anos
você recebeu esse(s) Benefício(s)? P99 - Você necessita receber Benefício Alimentação?
P100 - Você necessita receber Benefício Material Didático?
P101 - Você necessita receber Benefício Transporte?
P102 - Você necessita receber Benefício Internato?
P103 - Você necessita receber Benefício Creche?
P104 - Você necessita receber Benefício Moradia?
P105 - Escreva abaixo uma sugestão de Projeto ou Benefício
que NÃO existe no CMZL:
Eu declaro para todos os fins que li e aceito todas as condições do Edital Nº 01/2016 e acima estão tabuladas as
minhas respostas a esta pesquisa.
Assinatura ESTUDANTE: ____________________________Assinatura RESPONSAVEL:
________________________
145
ANEXO II
Guião de Entrevistas utilizado:
Guião de entrevista semiestruturada
Autora: Wylnara dos Santos Braga
Orientador: Prof. Dr. Bento Silva Duarte
Brasil - Portugal
2017
146
Entrevista para estudantes do IFAM-CMZL
A temática sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto
escolar tem assumido cada vez mais relevância não apenas pela sua difusão enquanto avanço
tecnológico, mas também pela sua importância social.
Conforme UNESCO (2015) as TIC exercem um papel cada vez mais importante na
forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é tornar essas tecnologias
acessíveis a todos os cidadãos de forma a inclui-los socialmente e digitalmente, surgindo um
debate sobre o papel da escola na inclusão digital.
Desta forma, com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário a fim de
compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode
colaborar para a inclusão social e digital.
Para isso, será necessária a utilização da entrevista semiestruturada para compreender
de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como aporte para fundamentar esta
dissertação de mestrado.
147
Preparação da entrevista
Passos necessários Descrição
Enquadramento da entrevista As entrevistas realizadas pretendem dar
resposta ao seguinte problema de estudo:
“De que forma a escola pode contribuir
para inclusão digital frente às
desigualdades sociais”
A importância da entrevista advém dos
entrevistados serem estudantes da escola.
Definição dos objetivos da entrevista Dar resposta às questões de investigação
colocadas:
1) Quais os conceitos de inclusão digital
presente nas políticas educacionais e leis?
2) De que forma a inclusão social se
apresenta na vida dos estudantes do
IFAM-CMZL?
3) De que maneira as TIC podem ser
usadas para materializar a inclusão digital
no ambiente escolar?
Entrevistados Estudantes do IFAM-CMZL que
responderam o questionário
socioeconômico aplicado no primeiro
148
semestre de 2016 pelo Serviço Social do
Campus.
Entrevistadores Mestranda do 2º ano do Curso de
Educação Tecnológica.
Prazo O prazo foi estabelecido até 02 de Junho.
Condições logísticas Impressões de guiãos.
Aquisição de gravador áudio.
149
Passos necessários Descrição
DECISÃO
Propósito Problema de estudo: “De que forma a escola pode
contribuir para inclusão digital frente às
desigualdades sociais”.
Objetivo: dar resposta às questões de investigação:
1) Quais os conceitos de inclusão digital presente
nas políticas educacionais e leis?
2) De que forma a inclusão social se apresenta na
vida dos estudantes do IFAM-CMZL?
3) De que maneira as TIC podem ser usadas para
materializar a inclusão digital no ambiente escolar?
Entrevistados Para a entrevista será eleito o número de 10
estudantes, os quais deverão ser beneficiários dos
programas socioassistenciais do IFAM-CMZL
2016, ter gêneros, etnias, naturalidade, renda e
idades variadas para a análise das variáveis.
Como critérios de inclusão/exclusão de seleção da
amostra da pesquisa utilizarão:
1) Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL;
2) Ter participado do processo de seleção da
Assistência Estudantil 2016/1;
150
3) Ser estudante do Ensino Médio Integrado;
4) Ter idade compreendida entre 14 e 18 anos;
5) Ser natural do estado do Amazonas.
Meio de comunicação Entrevista presencial do tipo:
Oral (gravada, se com consentimento).
Realizada em um espaço reservado (uma sala) no
edifício escolar.
Momento – a definir com o entrevistado
Tempo da entrevista De 50 a 60 minutos
ELABORAÇÃO
Entrevista Variáveis a serem estudadas:
- Grupos sociais e econômicos os quais pertencem.
- Atividades que envolvem o uso das TIC.
- A naturalidade dos estudantes e suas atividades
habituais.
Descrição dos itens:
- Elaboração de questões agrupadas em categorias e
em subcategorias.
- Considerar expectativas do entrevistador.
- Resumir o discurso oportunamente.
151
Marcação da entrevista Apresentar de forma breve o projeto.
Decidir o espaço e o tempo com o entrevistando.
REALIZAÇÃO
Critérios gerais a ter
em conta
Será feita uma análise de conteúdo às palavras
transcritas do entrevistado.
Contudo, deve-se ter em conta:
- O estado de espírito do entrevistado (confiança,
confusão, constrangimento…).
- Contradições do entrevistado.
- Momentos em que o entrevistado manifesta as suas
emoções.
- Linguagem corporal.
-Tonalidade e ritmo da linguagem do entrevistando.
- Gênero de linguagem utilizada.
- Ambiente onde a entrevista é realizada
Aspectos formais a ter
em conta
Apresentação:
- Criar um ambiente descontraído, mostrando
gentileza e atenção para com o entrevistado.
- Manter o profissionalismo, procurando levar o
entrevistado a responder às questões e esclarecendo
dúvidas que este possa ter.
Descrição do projeto:
- Referir o âmbito da entrevista.
152
Consentimento:
-Solicitar a autorização do entrevistado.
Decorrer da entrevista:
- Ajudar o entrevistado a expressar-se claramente.
- Focar o entrevistado nos tópicos principais.
- Estimular o entrevistado a expor mais acerca dos
tópicos mais importantes.
Terminar a entrevista:
- Atender ao limite de tempo da entrevista.
- Fazer um apanhado das ideias principais.
- Apresentar um agradecimento final.
Tomar notas:
- Anotar as disposições corporais e emocionais do
entrevistado.
- Eventualmente, apenas no caso da não autorização
da gravação da entrevista, proceder à transcrição
direta da entrevista.
153
Guião da entrevista
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade?
1.2 – Qual sua idade?
1.3 – Qual sua renda familiar?
1.4 – Qual seu gênero?
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e Digital?
2.2 – O que é inclusão social para você?
2.3 – Como você descreveria inclusão digital?
2.4- De que forma você acha que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital?
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?
3.2 – Que tecnologias você conhece?
3.3 – Quais dessas você utiliza?
3.4 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê?
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, quais são as causas para as desigualdades sociais?
4.2 – Acredita que a falta de recursos tecnológicos pode motivar a exclusão social?
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê?
154
ANEXO III
VALIDAÇÃO DO GUIÃO
1)
2)
155
3)
156
ANEXO IV
Guião da entrevista- ANTES DA VALIDAÇÃO
(OBS: Ter em Conta a importância do Comitê de Ética e a Validação do Instrumental)
Guião de entrevista semiestruturada
Autora: Wylnara dos Santos Braga
Orientador: Prof. Dr. Bento Silva Duarte
Brasil - Portugal
2017
157
Entrevista para estudantes do IFAM-CMZL
A temática sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto
escolar tem assumido cada vez mais relevância não apenas pela sua difusão enquanto avanço
tecnológico, mas também pela sua importância social.
Conforme Silva e Bonilla (2015) as TIC exercem um papel cada vez mais importante
na forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é tornar essas
tecnologias acessíveis a todos os cidadãos de forma a inclui-los socialmente e digitalmente,
surgindo um debate sobre o papel da escola na inclusão digital.
Desta forma, com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário a fim de
compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode
colaborar para a inclusão social e digital.
Para isso, será necessária a utilização da entrevista semiestruturada para compreender
de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como aporte para fundamentar esta
dissertação de mestrado.
158
Preparação da entrevista
Passos necessários Descrição
Enquadramento da entrevista As entrevistas realizadas pretendem dar
resposta ao seguinte problema de estudo:
“De que forma a escola pode contribuir para
inclusão digital frente às desigualdades
sociais”
A importância da entrevista advém dos
entrevistados serem estudantes da escola.
Definição dos objetivos da entrevista Dar resposta às questões de investigação
colocadas:
1) Quais os conceitos de inclusão digital
presente nas políticas educacionais e leis?
2) De que forma a inclusão social se apresenta
na vida dos estudantes do IFAM-CMZL?
3) De que maneira as TIC podem ser usadas
para materializar a inclusão digital no
ambiente escolar?
Entrevistados Estudantes do IFAM-CMZL que responderam
o questionário socioeconômico aplicado no
primeiro semestre de 2016 pelo Serviço Social
159
do Campus.
Entrevistadores Mestranda do 2º ano do Curso de Educação
Tecnológica.
Prazo O prazo foi estabelecido até 02 de Junho.
Condições logísticas Impressões de guiãos.
Aquisição de gravador áudio.
160
Passos necessários Descrição
DECISÃO
Propósito Problema de estudo: “De que forma a escola pode
contribuir para inclusão digital frente às
desigualdades sociais”.
Objetivo: dar resposta às questões de investigação:
1) Quais os conceitos de inclusão digital presente
nas políticas educacionais e leis?
2) De que forma a inclusão social se apresenta na
vida dos estudantes do IFAM-CMZL?
3) De que maneira as TIC podem ser usadas para
materializar a inclusão digital no ambiente escolar?
Entrevistados Para a entrevista será eleito o número de 10
estudantes, os quais deverão ser beneficiários dos
programas socioassistenciais do IFAM-CMZL
2016, ter gêneros, etnias, naturalidade, renda e
idades variadas para a análise das variáveis.
Como critérios de inclusão/exclusão de seleção da
amostra da pesquisa utilizarão:
1) Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL;
2) Ter participado do processo de seleção da
Assistência Estudantil 2016/1;
161
3) Ser estudante do Ensino Médio Integrado;
4) Ter idade compreendida entre 14 e 18 anos;
5) Ser natural do estado do Amazonas.
Meio de comunicação Entrevista presencial do tipo:
Oral (gravada, se com consentimento).
Realizada em um espaço reservado (uma sala) no
edifício escolar.
Momento – a definir com o entrevistado
Tempo da entrevista De 50 a 60 minutos
ELABORAÇÃO
Entrevista Variáveis a serem estudadas:
- Grupos sociais e econômicos os quais pertencem.
- Atividades que envolvem o uso das TIC.
- A naturalidade dos estudantes e suas atividades
habituais.
Descrição dos itens:
- Elaboração de questões agrupadas em categorias e
em subcategorias.
- Considerar expectativas do entrevistador.
- Resumir o discurso oportunamente.
162
Marcação da entrevista Apresentar de forma breve o projeto.
Decidir o espaço e o tempo com o entrevistando.
REALIZAÇÃO
Critérios gerais a ter
em conta
Será feita uma análise de conteúdo às palavras
transcritas do entrevistado.
Contudo, deve-se ter em conta:
- O estado de espírito do entrevistado (confiança,
confusão, constrangimento…).
- Contradições do entrevistado.
- Momentos em que o entrevistado manifesta as suas
emoções.
- Linguagem corporal.
-Tonalidade e ritmo da linguagem do entrevistando.
- Gênero de linguagem utilizada.
- Ambiente onde a entrevista é realizada
Aspectos formais a ter
em conta
Apresentação:
- Criar um ambiente descontraído, mostrando
gentileza e atenção para com o entrevistado.
- Manter o profissionalismo, procurando levar o
entrevistado a responder às questões e esclarecendo
dúvidas que este possa ter.
Descrição do projeto:
- Referir o âmbito da entrevista.
163
Consentimento:
-Solicitar a autorização do entrevistado.
Decorrer da entrevista:
- Ajudar o entrevistado a expressar-se claramente.
- Focar o entrevistado nos tópicos principais.
- Estimular o entrevistado a expor mais acerca dos
tópicos mais importantes.
Terminar a entrevista:
- Atender ao limite de tempo da entrevista.
- Fazer um apanhado das ideias principais.
- Apresentar um agradecimento final.
Tomar notas:
- Anotar as disposições corporais e emocionais do
entrevistado.
- Eventualmente, apenas no caso da não autorização
da gravação da entrevista, proceder à transcrição
direta da entrevista.
164
Guião da entrevista
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade?
1.2 – Qual sua idade?
1.3– Qual sua renda familiar?
1.4 – Qual seu gênero?
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e Digital?
2.2 – O que é inclusão social para você?
2.3 – Como você descreveria inclusão digital?
2.4- De que forma você acha que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital?
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?
3.2 – Que tecnologias você conhece?
3.3 – Quais dessas você utiliza?
3.4 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê?
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, quais são as causas para as desigualdades sociais?
4.2 – Acredita que a falta de recursos tecnológicos pode motivar a exclusão social?
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê?
165
ANEXO V
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.)
Eu........................................................................................................................ tendo sido convidado (a) a participar como
voluntário (a) da dissertação intitulada O uso das TIC como mecanismo de inclusão social e digital, do Mestrado em
Ciência da Educação- Tecnologias Educativas, do Instituto de Educação da Universidade do Minho (Braga – Portugal), ano
2016-2017, sob a orientação do prof Dr. Bento Duarte da Silva, recebi da mestranda Wylnara dos Santos Braga,
responsável pela execução, as seguintes informações que me fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes
aspectos:
▪ Que o estudo se destina a analisar de que forma a escola pode contribuir para a inclusaõ digital frente às desigualdades
sociais.
▪ Que o estudo será feito da seguinte maneira: 1) pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema; 2) aplicação do
questionário socioeconômico eletrônico,; 3) entrevista com os estudantes selecionados, critério estabelecido na metodologia
do projeto, que responderam o questionário em 2016 – primeiro semestre; 3) análise das informações levantadas;
▪ Que o estudo será feito seguindo os seguintes critérios de inclusão/exclusão da amostra: 1) aceitarem participar do estudo,
2)Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL, 3)Ter participado do processo de seleção da Assistência Estudantil 2016/1,
4) Ser natural do estado do Amazonas, 5) Ter idade compreendida entre 14 e 22 anos;
▪ Que eu participarei da seguinte etapa: entrevista gravada com a pesquisadora Wylnara dos Santos Braga, orientada pelo
Prof. Dr. Bento da Silva Duarte;
▪ Que os incômodos que poderei sentir com a minha participação são os seguintes: dispor de tempo para a entrevista e ter
dificuldade em responder alguma pergunta;
▪ Que os possíveis riscos à minha saúde fisica e mental são: inexistentes, pois a pesquisa tem como finalidade apenas de
verificar se a escola é um ambiente que contribui para inclusão digital.
▪ Que deverei contar com a seguinte assistência: esclarecimento de cada pergunta que tiver dificuldade de entender, sendo
responsável por ela: orientadora Profº. Dr. Bento Duarte da Silva e a mestranda Wylnara dos Santos Braga, do Programa de
Mestrado em Ciência da Educação – Tecnologias Educativas da Universidade do Minho - Portugal.
▪ Que os beneficios que deverei esperar com a minha participação, mesmo que não diretamente são: contribuir com o
aprofundamento da temática relacionada às tecnologias da informação e comunicação e inclusão social e digital na área da
educação.
▪ Que sempre que desejar serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das etapas do estudo.
Consentimento Pós–Informação
Endereço do(a) participante-voluntário-_________________________________________________________________
Domicilio:(rua, praça, conjunto): ______________________________________________________________________
Bloco: /N0: /Complemento:___________________________________________________________________________
Bairro:___________________________________________________________________________________________
CEP/Cidade: /Telefone:_____________________________________________________________________________
Ponto de referência:________________________________________________________________________________
166
Eu,___________________________________________________________, fui informado sobre o
que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso,
eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando
quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo
pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.
_____________________ ____________________ ________________
Assinatura do(a) Participante Impressão do Assinatura da Orientadora Assinatura da Pesquisadora Voluntário (a) dedo polegar Caso não saiba assinar
Manaus, ......., de ............ de 2017.
ANEXO VI
ENTREVISTAS
167
ENTREVISTADO 01
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Itacoatiara/AM, em uma comunidade pertencente ao
município, com tempo de deslocamento estimado em 2h30min utilizando barco como meio
de transporte. Só é possível utilizar carro no período de seca, pois permite que uma parte do
percurso seja feito via terrestre e completado via fluvial.
1.2 – Qual sua idade? 22 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Valor não mencionado. A família possui como fonte de
renda a comercialização de produtos agrícolas, tais como banana, cará, mandioca e farinha de
mandioca.
1.2 – Qual seu gênero? Masculino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não
2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube responder
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Respondeu que a inclusão digital é aprender
a mexer com as tecnologias.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Já ouviu
falar por alto, considera que é a tecnologia que permite duas pessoas se comunicarem estando
em países diferentes, por meio de redes sociais, onde irão interagir, matar a saudade e
amenizar o distanciamento.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Mencionou Facebook e Whatsapp
3.3 – Quais dessas você utiliza? Facebook, Whatsapp e acrescentou o Google.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Facebook e Whatsapp para comunicação com a família,
e o Google para pesquisas acadêmicas. Relatou que a comunidade possui acesso à Internet há
cerca de 10 anos, antes disso lembra-se que o único meio de comunicação era o telefone,
ainda assim de forma precária, disponibilizado pela prefeitura para uso coletivo, sendo
necessário deslocar-se da casa até um local determinado.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Tinha 14
anos, não fazia ideia da existência daquela tecnologia, foi por meio de um curso ofertado pela
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), na própria comunidade, houve o
primeiro contato com um computador e aprendeu somente a ligar e desligar. Após isso,
paulatinamente, outras oportunidades surgiram, seus irmãos compraram celulares e ele
aproveitava para brincar com eles escondido. Por fim, disse que do primeiro ao terceiro ano
do ensino médio passou pela experiência da educação à distância, assistia aulas transmitidas
168
da cidade de Manaus para a comunidade, devido à carência de professores para ministrar
algumas disciplinas, e as dúvidas eram retiradas através de chats.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Inicialmente respondeu que não, frisou que a capacidade das
pessoas não estava relacionada ao acesso tecnológico. Apesar disso, em seguida reconheceu a
importância desse acesso para a vida das pessoas, especialmente para a educação.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, considerou
que o próprio caso é um exemplo disso, pois a partir da ciência e utilização das ferramentas
tecnológicas passou a se sentir inserido nesse meio. Pontuou, ainda, a dificuldade dos seus
pais, que não tiveram esse acesso, e fez uma analogia da situação dos seus pais com o
problema de comunicação enfrentado pelos deficientes auditivos, no sentido de ressaltar a
sensação de exclusão que ambos os casos geram.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim, porque
possui a oportunidade de conversar à distância, de interagir com várias pessoas, de trocar
ideias, dar e receber ajuda.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Sugeriu que houvesse instrução para pessoas com dificuldade de acesso,
principalmente os mais velhos, que podem sofrer uma exclusão em relação aos mais jovens,
sem sequer compreender a motivação do interesse demonstrado pelas novas gerações acerca
dos recursos tecnológicos. Novamente citou o exemplo do genitor, relatando que o pai
sempre precisa de auxílio para realizar transações bancárias em terminais de
autoatendimento.
4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, e indicou a própria experiência como comprovação disso, pois
recebeu aulas por meio do sistema de Educação à Distância, conforme fora mencionado
anteriormente. Apontou como forma de contribuição a disseminação de cursos envolvendo
comunidades distantes, que podem ser promovidos com foco nos idosos.
4.5 - O que sua escola faz já nesse sentido? Disse que há um controle em relação ao uso de
redes sociais, favorecendo a concentração dos alunos no estudo, já que os recursos são
voltados prioritariamente para pesquisas escolares, e também ressaltou a oferta de algumas
disciplinas optativas na grade curricular que possuem cunho tecnológico e inclusivo.
ENTREVISTADO 02
1) IDENTIFICAÇÃO
169
1.1 – Qual sua naturalidade? Aldeia da comunidade Moiraí, pertencente ao município de
Autazes/Amazonas
1.2 – Qual sua idade? 16 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Não soube dizer com precisão. Os genitores são
agricultores, o pai também é pescador e, além disso, a família é beneficiária de um programa
de transferência de renda do Governo Federal Brasileiro denominado como Bolsa Família,
recebendo mensalmente um valor menor do que a metade de um salário mínimo.
1.4 – Qual seu gênero? Masculino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Respondeu que nunca
ouviu falar diretamente, mas associou a inclusão a um lugar que proporciona o acesso às
tecnologias.
2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube dizer.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Não soube dizer.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?
Reconheceu como tecnologias da informação e comunicação: celulares, redes sociais, rádio e
televisão.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Computador, celular, redes sociais como whatsapp,
facebook, instagram e Internet.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Todas as mencionadas anteriormente.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Para a realização de atividades escolares e para assistir
vídeos no youtube nas horas vagas.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Considerou
que o seu primeiro contato ocorreu na infância, partindo da premissa de que a televisão é um
produto tecnológico, e acrescentou que sua experiência com celulares, computadores e redes
sociais aconteceu a partir dos 12 anos.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Sim, para o entrevistado a falta de acesso às tecnologias dificulta
o acesso à informação e, consequentemente, favorece a desigualdade social.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim.
Exemplificou corroborando a resposta anterior: sem o acesso às tecnologias, o conhecimento
170
acerca do que acontece no mundo seria comprometido, poderíamos perder a chance de ler um
edital do nosso interesse, realizar a inscrição e participar da seleção.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Respondeu que
de certa forma sim, pois possui acesso limitado. O principal obstáculo apontado foi a
condição financeira para adquirir novas tecnologias, dispõe somente do celular que usa
principalmente para acionar redes sociais, o contato com computadores ocorre na escola e
outras inovações são apresentadas por familiares.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Sim. Expôs que no interior geralmente as pessoas não têm condições de
adquirir produtos tecnológicos, mas se tivessem, provavelmente não o fariam, pois não
saberiam como usar. Dessa forma, iniciativas públicas como a promoção de cursos de
informática são muito importantes e, embora já existam, não são implementados de modo
ostensivo. A disseminação do conhecimento tecnológico costuma acontecer casualmente, em
trocas de experiências com amigos e familiares.
4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim. Na comunidade os primeiros contatos que acontecem
casualmente são intensificados no ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos
tecnológicos, projetores, computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação.
4.5 - O que sua escola faz já nesse sentido? Segundo o entrevistado, o IFAM possui uma
infraestrutura que contribui para a inclusão, disponibiliza computadores, acesso à Internet e
cursos de informática, além disso, a maioria dos alunos utiliza esses recursos, e os próprios
celulares, criando um ambiente propício à inclusão por meio do compartilhamento de
experiências. Sugeriu como práticas de estímulo à utilização de TIC’s, a ampliação da rede
wi-fi, bem como, o uso de sites de busca como o Google na sala de aula para complementar o
conteúdo ministrado pelos professores. No seu discurso, relatou ainda, que criou uma conta
em um e-mail diante da necessidade imposta pelos professores que estabelecem a
comunicação com os discentes e enviam materiais por meio do correio eletrônico. Seus
irmãos e primos também possuem e-mail, mas os pais não.
ENTREVISTADO 03
1) IDENTIFICAÇÃO:
1.1 – Qual sua naturalidade? Parintins/AM
171
1.2 – Qual sua idade? 17 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente um salário mínimo. Os pais são
divorciados, o genitor continua morando em Parintins, é empregado em uma empresa de gás
de cozinha e contribui com uma pensão. O entrevistado vive com a genitora e uma irmã em
Manaus. Por sua vez, a mãe é artesã e trabalha informalmente, produz e vende peças de
crochê e a irmã também pertence à categoria informal, é vendedora de variedades e recebe
por diária.
1.4 – Qual seu gênero? Transgênero.
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Sim. Mencionou que
essa temática já foi abordada na escola e inclusive objeto de proposta para elaboração de
redação.
2.2 – O que é inclusão social para você? De acordo com a sua concepção a inclusão diz
respeito à participação e aceitação social. A resposta denotou uma relação direta com a sua
experiência pessoal a partir dos desafios enfrentados pelos transgêneros no que tange ao
tratamento, reconhecimento e inserção nos espaços sociais.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Acesso aos aparelhos tecnológicos e
Internet.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC:
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Não.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou computador, tablet, Ipad, Iphone, Celular.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular e computador.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Costuma cessar redes sociais como Twitter, Facebook e
Instagram. Já fez uso de um aplicativo voltado para o ensino de japonês.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Por volta dos
12 anos, quando morava e estudava em Parintins via computadores na sala dos professores,
mas não havia oportunidade de manuseio, então o primeiro contato ocorreu em uma Lan
House. Quanto ao uso de celular, seu primeiro aparelho foi obtido aos 14 anos, mesmo após
esse advento o acesso à Internet permaneceu restrito às Lan Houses. Aumentou a utilização
da Internet e redes sociais quando se mudou para Manaus, onde passou a ter maiores
possibilidades de utilização da rede Wi-Fi.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Respondeu convictamente que sim, porque sem acesso o
aprendizado torna-se prejudicado. Ao mudar de cidade notou uma grande diferença entre a
sua forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado à perspectiva dos colegas que
172
passou a ter em Manaus, na capital há um trânsito favorável de informações, já nos
municípios interioranos há uma maior dificuldade de acesso às tecnologias e às informações
que elas promovem.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Respondeu
afirmativamente, exemplificando que ao ingressar na escola manauense sentiu-se excluído
quando algumas atividades eram encaminhadas para grupos criados e acessados em celulares
e ele ainda não tinha um aparelho. Dessa forma, só tinha ciência dos trabalhos e pesquisas
quando chegava ao ambiente escolar e, com isso, estava sempre em desvantagem.
Acrescentou, ainda, que apesar de ter e-mail, não o acessava com frequência, por falta de um
computador em sua casa precisava deslocar-se até uma Lan House, então o fato de ter um e-
mail por si só não representava uma funcionalidade.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera-se
incluído porque consegue estabelecer uma comunicação com os demais.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Percebe a necessidade de ações articuladas e contínuas para que o
letramento seja eficiente, tomando por base a observação do seu círculo de convivência,
exemplificou que a mãe certa vez participou de um curso de informática, mas não teve uma
retenção duradoura do conteúdo porque seu contato posterior com os meios tecnológicos não
foi reiterado. Além disso, reconheceu um aspecto negativo acerca do avanço das tecnologias,
aquilo que deveria aproximar as pessoas também pode afastá-las à medida que muitas
canalizam seu tempo para viver situações virtuais, em detrimento das relações no mundo real.
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, por meio da oferta de cursos de informática e da capacitação
dos professores para usarem os recursos disponíveis de uma forma mais proveitosa. Citou,
como exemplo, o fato da maioria dos professores utilizar os projetores apenas para mostrar
slides e relatou que no primeiro ano do ensino médio participou de uma experiência positiva
em que um professor da disciplina de solos fez uso de um programa baseado no show do
milhão como forma avaliativa.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola foi vista como um ambiente que
favorece uma proximidade com os recursos tecnológicos. Citou a oportunidade de realizar
trabalhos na biblioteca, bem como o uso de computadores para elaboração de projetos por
meio do Autocad, de fundamental importância para o curso de Paisagismo. Mencionou
também a praticidade da ferramenta Q-Acadêmico, um espaço virtual disponibilizado pela
instituição de ensino através do qual alunos, professores e técnicos administrativos
interagem, por exemplo, com envio de materiais, lançamento de notas e visualização do
histórico.
ENTREVISTA 04
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Presidente Figueiredo/AM
1.2 – Qual sua idade? 17 anos
173
1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente um salário mínimo. O pai é agricultor e a
mãe assalariada, trabalha como assistente de um oftalmologista.
1.3 – Qual seu gênero? Masculino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não.
2.2 – O que é inclusão social para você? Apresentou uma concepção genérica e imprecisa,
indicando como exemplos o trabalho em comunidades e ações voltadas para ajuda aos
próximos.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Considerou como algo relacionado às
tecnologias que estão surgindo.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Não.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou computador, celular e notebook.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Computador e celular.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Costuma acessar whatsapp, facebook e instagram.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Há 5 anos,
frequentava uma lan house próxima da sua casa, onde costumava acessar jogos. Na época
residia em Presidente Figueiredo.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Acredita que pode minimizar, mas não resolve porque depende de
uma multiplicidade de fatores.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Nota um vínculo,
uma vez que os meios tecnológicos propiciam a comunicação. Logo, pessoas sem acesso
terão um contato restrito com os demais e com as informações que essas relações acarretam.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sente-se
incluído porque possui um celular que lhe permite estabelecer uma comunicação com as
pessoas e fazer uso da Internet.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Considera que o letramento contribui para a diminuição da exclusão e
destacou a importância dessa ação não ser realizada apenas no intuito de ensinar a operar os
recursos telemáticos, mas, sobretudo, ensinar a utilizá-los de modo proveitoso, contribuindo
para o aumento do conhecimento, pois percebe que a maioria das pessoas usa apenas para
entretenimento.
174
4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, por meio dos professores que são inspirações e estimulam os
alunos a aprender melhor.
4.5 - O que sua escola já faz nesse sentido? Identificou como forma de contribuição escolar
somente a abordagem de informática básica no primeiro ano do ensino médio.
ENTREVISTA 05
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Rio Preto da Eva/AM.
1.2 – Qual sua idade? 16 anos.
1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$4.000,00. O pai é advogado e a mãe
professora.
1.4 – Qual seu gênero? Masculino.
175
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não.
2.2 – O que é inclusão social para você? Considera como inclusão a participação de um
indivíduo no meio social.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Compreende a inclusão digital como acesso
aos meios de comunicação atuais.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Para o
entrevistado as TIC são os meios utilizados para estabelecer comunicação nos dias atuais.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular, computador e tablet.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular e computador.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? O celular é muito utilizado para conversar e o
computador para realizar pesquisas escolares.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Por volta de
8 anos, no ambiente de trabalho do seu pai, onde iniciou o contato através de jogos. Na época
aprendeu apenas o básico, os pais já tinham celulares, mas não havia acesso à Internet nos
aparelhos.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? De acordo com a sua opinião antigamente não representava uma
desigualdade, porém, à medida que as tecnologias foram disseminadas, a falta de acesso
gerou uma desigualdade. Apesar disso, considerou que fatores financeiros e culturais também
interferem na disparidade.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim. Para ele a
falta de acesso tecnológico compromete a interação entre pessoas de diferentes localidades,
bem como, o compartilhamento de conteúdos, gerando uma forma de exclusão social.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim. Porque
possui acesso à tecnologias que lhe permitem manter uma comunicação com pessoas de
diferentes localidades e ter contato com uma diversidade de conteúdos.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Observou que no mercado de trabalho existem pessoas com domínio de
conteúdos e técnicas da sua área de formação/atuação, porém com sérias dificuldades no
manuseio de tecnologias, fato que demonstra o quanto a exclusão digital pode estar associada
à exclusão social a depender do ambiente em que o indivíduo está inserido, pois há nesse
caso um comprometimento profissional e interpessoal.
176
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, por meio de projetos. Deu como exemplo a distribuição de
tablets, já que a dificuldade financeira se torna um obstáculo na inserção digital. Mencionou
uma experiência positiva observada no seio familiar, sua mãe é docente e foi beneficiada por
um programa que visava à atualização dos profissionais e da comunidade educacional, assim
foram contemplados com notebooks que permitiram a ampliação do conhecimento.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A atuação da sua escola foi vista como
insuficiente, citou que as salas de aula são equipadas com suporte para projetor, mas poucos
professores utilizam o recurso. Além disso, mencionou a didática obsoleta da maioria dos
docentes e ressaltou que as inovações metodológicas e tecnológicas geralmente são
exploradas com entusiasmo apenas pelos professores que concluíram mestrado e doutorado
recentemente.
ENTREVISTADO 06
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM
1.2 – Qual sua idade? 18 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$2.000,00. O pai é autônomo e a mãe
vendedora assalariada.
1.4 – Qual seu gênero? Feminino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
177
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Respondeu que já
ouviu falar, mas não recordava e não formulou uma concepção.
2.2 – O que é inclusão social para você? Resposta vaga, a expressão gerou na entrevistada
uma ideia de totalidade.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Descreveu como as tecnologias inseridas na
sociedade.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Sim, em
variadas formas como Internet, computador e celular.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular e computador.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Ambas.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Por meio do celular costuma conversar com os pais e
também faz uso de redes sociais como whatsapp e facebook, por sua vez utiliza computador
na escola para realização de trabalhos.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Recorda que
o primeiro contato aconteceu por volta dos 15 anos na casa de uma prima, mas sentiu-se
constrangida, pois sua família tinha mais conhecimento no assunto e a hostilizava.
Posteriormente, passou a frequentar Lan Houses, mas no início eram os proprietários ou
funcionários que realizavam a pesquisa e imprimiam, à medida que o domínio das
tecnologias se tornou uma exigência no ambiente escolar suas habilidades foram
desenvolvidas.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Respondeu de forma afirmativa, pois no contexto atual há uma
necessidade de acesso e sua ausência dificulta a informação dos indivíduos. Apontou que
existem diversos materiais de apoio disponíveis na Internet, como e-books, que possuem a
capacidade de ampliar o conhecimento.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, a
entrevistada acredita que pessoas menos abastadas têm um acesso limitado que atinge o seu
nível de conhecimento.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera-se
incluída, uma vez que tem acesso a alguns meios tecnológicos que lhe permitem estabelecer
comunicação e realizar atividades escolares.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Acredita que o letramento digital possibilita o acesso através de uma
178
capacitação realizada por profissionais que saberão ensinar sem constranger o público,
respeitando o seu tempo de aprendizado.
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, indicou como possibilidades de atuação o Pibex, Programa
Institucional de Bolsas de Extensão Universitária, e o Pibic, Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica, que podem ser usados para essa finalidade. E, ainda, o
Ensino à Distância.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola disponibiliza computadores na
biblioteca, mas em quantidade insuficiente, bem como rede wi-fi, porém com alcance
restrito. Os professores poderiam incentivar o uso de meios tecnológicos na sala de aula para
enriquecimento interativo e informativo.
ENTREVISTADO 07
1) IDENTIFICAÇÃO:
1.1 – Qual sua naturalidade? Japurá/AM. O acesso pode ser via fluvial com duração de 5
dias ou por via aérea com duração de 2h.
1.2 – Qual sua idade? 17 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$4.000,00. O pai é secretário municipal
na área de meio ambiente e a mãe é professora da rede estadual.
179
1.5 – Qual seu gênero? Masculino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Sim. Definiu a inclusão
como igualdade de oportunidades que possibilitam uma melhor convivência em grupo.
2.2 – O que é inclusão social para você? Repetiu sua concepção anterior.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Conforme sua perspectiva trata-se de uma
inserção no mundo tecnológico que traz, dentre outras vantagens, uma economia de tempo.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?
Respondeu de modo afirmativo e os considerou como meios de divulgação de informações
através da Internet.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou Internet, celular, e-mail, televisor e computador.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Televisor, computador e celular.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Televisor para entretenimento, celular para comunicar-
se com outras pessoas e realizar pesquisas e computador também para pesquisas.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Televisor
desde sempre, mas o acesso à Internet só aconteceu por volta dos 8 anos, frequentando Lan
Houses no seu município, onde costumava fazer uso de jogos.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Sim. Para o entrevistado a ausência de acesso torna as pessoas
mais desinformadas, prejudicando o seu desenvolvimento.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, para ele
pessoas com baixa renda terão dificuldade de acesso aos meios tecnológicos e ficarão alheias
a esse modo de interação, aumentando a disparidade social.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim, considera-
se incluído, pois possui celular e acesso à Internet, tanto na escola localizada em Manaus,
quanto no seu município de origem. Para dar continuidade ao estudo optou por uma
Instituição Federal e teve que mudar de cidade, costuma utilizar vídeo-chamada para
estabelecer contato com a família nuclear.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? O letramento digital prepara as pessoas para o manuseio eficiente dos meios
tecnológicos, facilita o acesso e, consequentemente, favorece a informação dos usuários.
180
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim, propiciando o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula,
mas com orientações bem definidas a fim de evitar a dispersão de atenção dos alunos, já que
eles poderiam usar os recursos para acessar conteúdo não relativo ao ministrado naquele
determinado momento.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola possui uma biblioteca equipada com
computadores que ficam disponíveis para pesquisa, equipamentos como lousas digitais e rede
wi-fi, contudo o alcance da rede deveria ser maior.
ENTREVISTADO 08
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Autazes/AM, Comunidade Moyray, Etnia Mura. Para chegar
até a comunidade é necessário ir de Manaus até o Careiro, por meio de uma lancha durante
vinte minutos, em seguida fazer o trajeto de ônibus do Careiro até Autazes pelo período de 2h
e, por fim, ir de carro ou moto até a comunidade com trajeto estimado em 15 minutos, mas
nas épocas de cheia do rio, esse deslocamento final é feito em lancha, durante 20 minutos.
1.2 – Qual sua idade? 22 anos
181
1.3 – Qual sua renda familiar? Um salário mínimo, o pai é aposentado, mas ainda
exerce a atividade de agricultor, produz macaxeira, farinha, pé-de-moleque, dentre outros
gêneros alimentícios.
1.4 - Qual seu gênero? Feminino.
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não. Relatou ser a
primeira vez.
2.2 – O que é inclusão social para você? Não formulou um conceito sobre o seu
entendimento, apenas pontuou que é algo relativo à sociedade.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Não formulou um conceito sobre o seu
entendimento, apenas pontuou que é algo envolvendo tecnologia.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Conforme
a entrevistada as tecnologias propiciam a informação. Frisou que o acesso à informação
anteriormente ocorria por meio de cartas e, atualmente, ocorre por meio digital, gerando uma
facilidade.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular e computador.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular. Possui rede de dados e costuma usar whatsapp e
facebook, além de buscar notícias e informações gerais.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Principalmente para realizar trabalhos acadêmicos.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Aos 12 anos,
motivada pela curiosidade pegou um celular emprestado para fazer uma pesquisa, na época
morava em Manaus na casa de uma tia. Posteriormente, retornou para a comunidade e só
voltou a ter acesso aos 16 anos, quando sua irmã comprou um celular, ressalta-se que não
havia Internet na localidade.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Não.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Não.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim. Considera-
se incluída porque possui produtos tecnológicos. A comunicação com a família, que mora na
comunidade, ocorre por meio do celular de uma pessoa da vizinhança. No decorrer da
182
entrevista reconheceu que a família seria excluída se não tivesse essa possibilidade de
comunicação.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Acredita que pode contribuir na medida em que fornece informações sobre
tecnologia e fomenta o ensino das ferramentas tecnológicas.
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim. A escola colabora com a inclusão na medida em que ensina os
alunos a usarem os meios tecnológicos.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Sim. Pontuou que há aulas de informática na
escola e sugeriu que essa iniciativa seja intensificada através da elaboração de projetos
destinados ao uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem.
ENTREVISTADO 09
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM
1.2 – Qual sua idade? 18 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Menor que um salário mínimo. Mora com a mãe e
quatro irmãos, dos quais um maior de idade que também integra a renda mencionada. A mãe
é diarista e o irmão ajudante de pedreiro.
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1.4 - Qual seu gênero? Feminino.
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Já ouviu os termos na
televisão, mas não recorda detalhes.
2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube conceituar.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Disponibilizar meios digitais e causar uma
aproximação entre as pessoas e as informações através desses meios.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Nunca
ouviu essas terminologias, mas associou aos meios digitais.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou jornais digitais, televisão, rádio, Internet,
celular, tablet, computador.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular, rádio e Internet.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Para obter informações gerais do seu interesse e para
participar de grupos de alunos e professores.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Considera
que desde muito cedo houve o contato porque na sua infância assistia televisão com
frequência, Já o contato com o computador e acesso à Internet ocorreu aos 12 anos por meio
de aulas de informática em uma escola pública municipal.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Sim. Porque aqueles que possuem acesso aos meios tecnológicos
geralmente são bem informados, enquanto aqueles que não possuem esse acesso precisam
buscar meios menos eficientes para terem a mesma informação, como consultar livros e
estabelecer conversas pessoalmente, representando uma desvantagem em relação à
celeridade.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim. Percebe uma
relação de interdependência entre a exclusão social e digital, pois a impossibilidade de fazer
uso dos meios tecnológicos dificulta o acesso à informação e pode gerar prejuízos sociais
como não ter conhecimento de um determinado benefício socioassistencial.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera que
sim porque tem acesso à rede pública, à educação, à tecnologia, inclusive na escola, que
disponibiliza computadores com Internet na biblioteca e também rede wi-fi.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Não conhecia a expressão, mas concluiu que significa ensinar a ler e
184
escrever digitalmente. A pesquisadora fez algumas considerações acerca do letramento
digital e, após essa explanação, a entrevistada respondeu que o letramento pode combater a
exclusão social, pois ao obtermos mais informações consequentemente temos mais
consciência da nossa inserção social e do exercício da cidadania.
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Sim. A entrevistada nota a escola como um espaço de interlocução
dos saberes tecnológicos, interioranos migram para a capital a fim de dar continuidade ao
estudo e, ingressando na escola, contam com o auxílio dos alunos veteranos no que tange ao
uso das tecnologias que, por razões infraestruturais, são mais disseminadas nessa região.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Ressaltou que, embora haja recursos
tecnológicos na escola, de modo geral não há estímulo ao uso desses recursos nas atividades
desenvolvidas, inclusive, nunca teve orientação institucional para fazer esse uso, sabe apenas
que a disciplina de informática é ministrada para determinados cursos. Ainda de acordo com
as suas concepções, os docentes declinam dessa utilização porque enxergam os aparelhos
tecnológicos de forma negativa, como algo que favorece a fraude das avaliações, e assim
limitam-se a passar pesquisas e usar projetores.
ENTREVISTADO 10
1) IDENTIFICAÇÃO
1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM
1.2 – Qual sua idade? 18 anos
1.3 – Qual sua renda familiar? Não possui renda, seu pai é doente, sobrevivem da ajuda de
terceiros.
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1.5 – Qual seu gênero? Masculino
2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL
2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Concebeu como
inclusão suas variadas formas de expressão como bem-estar econômico e social, acesso à
moradia, aquisição de bens e relação empregatícia.
2.2 – O que é inclusão social para você? Corroborou a resposta anterior.
2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Acesso aos aparelhos eletrônicos e Internet.
3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.
3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Já ouviu
menção como um curso de graduação, não possui um entendimento maior desses termos.
3.2 – Que tecnologias você conhece? Rádio e Televisor.
3.3 – Quais dessas você utiliza? Ambos, mas tem mais contato com o rádio, pois seu pai
costuma ouvir bastante, há dois aparelhos em sua casa, um antigo e um mais moderno com
entrada para disco compacto.
3.4 - Quando as utiliza e para quê? Utiliza para obter informações geralmente através de
programas jornalísticos que ouve pela manhã e à noite.
3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Aos 9 anos,
quando estava na 4ª série do ensino fundamental. Na sua escola havia um laboratório de
informática, sem acesso à Internet, mas instalaram alguns programas educativos nos
computadores, voltados para a alfabetização e aprendizagem de disciplinas como gramática,
literatura e matemática.
4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL
4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para
as desigualdades sociais? Sim, a inacessibilidade representa uma desvantagem em relação
aos demais.
4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Considerou que
sim, exemplificando que uma pessoa pode ser exposta ao engano pela falta de informação.
4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Não se
considerou incluído porque não tem amplo acesso. Socialmente percebe uma grande
dificuldade de acesso no ensino superior em instituições públicas, onde a maioria das vagas é
ocupada por pessoas provenientes de classes mais abastadas que cursaram o ensino
fundamental e médio na rede privada, restando aos egressos de escolas básicas públicas a
opção por instituições privadas de ensino superior com mensalidades inacessíveis para
muitos deles, uma das contradições mais significativas do sistema educacional brasileiro.
Digitalmente sente-se excluído porque precisa permanecer na escola após o período de aula
para conseguir realizar suas pesquisas. Possui um celular de modelo antigo com sistema
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android, mas desprovido de aplicativos, suas condições financeiras não permitem ter uma
rede de dados coberta por alguma operadora, desse modo, só consegue ter acesso à Internet
por meio do celular quando está na escola, através da rede wi-fi.
4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a
exclusão social? Teve uma noção vaga, fez uma associação do termo ao curso de letras e à
prática da leitura.
4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus
alunos? De que forma? Considerou que sim, mas ressaltou que a efetividade depende de
muitos fatores, citou o próprio caso, na escola há computadores disponíveis, todavia, seu
domínio é superficial.
4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Conforme sua percepção a escola possui uma
infraestrutura favorável à inclusão digital, onde encontram-se aparelhos e Internet, contudo
carece de exploração desses recursos na sala de aula. Sugeriu a realização de cursos
apropriados ao fomento das práticas educacionais envolvendo tecnologias e relatou uma
experiência ocorrida na 7ª série do ensino fundamental em que teve a oportunidade de ter
contato com um recurso de computação gráfica 3D possibilitando a visualização detalhada de
um castelo durante uma aula de História sobre a França.
Em seguida, foi indagado sobre a última imagem vista em um livro de História, porém não
recordava. Constatou-se, então, que aquela experiência longínqua foi demasiadamente
marcante, enquanto as recentes aulas, pautadas no ensino tradicional meramente expositivo,
mostraram-se não muito significativas. Ademais, por todo o exposto, restou transparecida a
importância do meio escolar na consecução da inclusão social e digital, uma vez que todos os
conhecimentos telemáticos adquiridos ao longo da sua vida perpassam por esse ambiente.