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Universidade do Minho Instituto de Educação junho de 2018 O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital Wylnara dos Santos Braga O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital UMinho|2018 Wylnara dos Santos Braga

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Universidade do MinhoInstituto de Educação

junho de 2018

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital

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Wylnara dos Santos Braga

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Wylnara dos Santos Braga

junho de 2018

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital

Universidade do MinhoInstituto de Educação

Trabalho realizado sob a orientação doProfessor Doutor Bento Duarte da Silva

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Ciências da Educação

Área de Especialização em Tecnologia Educativa

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DECLARAÇÃO

Nome: Wylnara dos Santos Braga

Endereço de correio eletrônico: [email protected]

Número do Bilhete de Identidade: 1927094-1 SSP-AM

Título da dissertação:

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como mecanismo de inclusão social e digital

Orientador:

Professor Doutor Bento Duarte da Silva

Ano de conclusão: 2018

Designação do Mestrado:

Mestrado em Ciência da Educação, área de especialização em Tecnologia Educativa.

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, 12 de junho de 2018.

Assinatura

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“Como sei pouco, e sou pouco,

faço o pouco que me cabe

me dando inteiro”.

(Thiago de Mello)

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A minha mãe, Wilma Souza dos Santos, com

amor, agradeço por apoiar na busca de meus

objetivos e me mostrar que posso ir longe.

Ao meu pai, Napoleão Messias Braga, com

amor, por sempre me incentivar e acreditar

no meu potencial.

A minha irmã, Wilmila dos Santos Braga,

com amor, por confiar e estar comigo nas

minhas caminhadas.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, quem devo toda minha vida e gratidão. A minha família, pelo amor, confiança e

apoio de sempre. Aos meus amigos, representados pela Sori Kenna Andrade e André

Primavera, Taísa Botinelly e Família, Silviane Campos pelo enorme incentivo e

compreensão. Aos meus amigos e colegas de trabalho, Ana Oliveira, Jonatas Costa,

Hélio Carvalho, Hélio Pereira, Neomísia Leal, Dulcimar Aragão pelo apoio e motivação

diários e a toda equipe do CGAE com quem divido meus dias. Ao meu orientador Dr.

Bento Duarte da Silva pelas orientações e ensinamentos. As professoras Ana Maria

Bastos, Elizabeth Gomes e Maria Altina pela colaboração na validação da entrevista que

de forma generosa contribuíram com a pesquisa. A minha amiga e eterna professora

Dra. Márcia Irene Pereira Andrade dedico minha gratidão e respeito eterno. Ao meu

amigo José Pinheiro pelas dicas imprescindíveis. A UMinho, pelo acolhimento desta

brasileira de forma sempre solícita e amorosa. Ao IFAM e gestores pela grande

oportunidade. Ao IFAM- Campus Manaus Zona Leste pelo prazer que é trabalhar neste

ambiente. Aos gestores do IFAM-CMZL Aldenir Caetano, Jânio Lúcio, Maria Francisca

Moraes e José Roberto que foram incentivadores e apoiadores nessa árdua jornada. E

principalmente, aos estudantes do IFAM-CMZL, representados pelos entrevistados, pela

confiança no exercício de meu ofício e pela colaboração com esta pesquisa.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar de que forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais, trazendo ao debate a importância dessas tecnologias no processo de inclusão social e digital através da escola. Para isso, foi realizado um estudo survey de tipo descritivo e exploratório, através da aplicação de um questionário eletrônico sobre aspectos socioeconômicos e tecnológicos aos estudantes do IFAM-CMZL localizado na cidade de Manaus-Amazonas no Brasil no ano de 2016 e, ainda, para dar mais profundidade à pesquisa, foi utilizada a entrevista semiestruturada aplicada a dez estudantes do IFAM-CMZL que responderam ao questionário no ano de 2016. Para participar, os estudantes teriam que aceitar participar do estudo, serem oriundos do estado do Amazonas e compreendidos na faixa-etária de 14 a 22 anos. O intuito era verificar quais as interferências que a realidade social dos estudantes do IFAM-CMZL possui no acesso às TIC, ou melhor, como a realidade social de um indivíduo pode ser um mecanismo de inclusão/exclusão digital. Os dados revelam que poucos estudantes possuem letramento digital, o que se tem é acesso aos meios tecnológicos, ainda que restrito. O acesso muitas vezes tem início na escola, mas o conhecimento acerca das tecnologias se restringe aos canais de busca para pesquisas escolares e as redes sociais. Diante disso, o que se percebe é que cada componente inerente a vida dos estudantes são fatores que interferem no acesso às tecnologias, desde a escolaridade dos pais até à estrutura do município. Assim, o estudo traz uma análise, para além da escola, da vida de cada um dos estudantes pesquisados, compreendendo que, mais do que fornecer tecnologia, é importante ensinar e então proporcionar inclusão às pessoas que vivem em comunidades longínquas no nosso Amazonas, podendo ser as TIC um objeto de transformação social. Palavras- Chaves: Inclusão Social, Inclusão Digital, Tecnologias da Informação e Comunicação.

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ABSTRACT This study aims to analyze how the school can contribute to digital inclusion in the face of social inequalities, bringing to the debate the importance of these technologies in the process of social and digital inclusion through the school. For this, a descriptive and exploratory survey was conducted through the application of an electronic questionnaire on socioeconomic and technological aspects to IFAM-CMZL students located in the city of Manaus-Amazonas in Brazil in the year 2016 and, to give more depth to the research, a semi-structured interview was applied to ten IFAM-CMZL students who answered the questionnaire in 2016. To participate, students would have to accept to participate in the study, come from the state of Amazonas and be included in the range from 14 to 22 years. The aim was to verify the interferences that the social reality of IFAM-CMZL students have in access to ICT, or rather, how an individual's social reality can be a digital inclusion / exclusion mechanism. The data show that few students have digital literacy, what you have is access to technological means, albeit restricted. Access often starts at school, but knowledge about technology is restricted to search channels for school searches and social networks. Therefore, what is perceived is that each component inherent in students 'lives are factors that interfere in the access to technologies, from the parents' education to the structure of the municipality. Thus, the study brings an analysis, beyond the school, of the life of each one of the researched students, understanding that, rather than providing technology, it is important to teach and then to include people living in distant communities in our Amazon. be an object of social transformation. Keywords: Social Inclusion, Digital Inclusion, Information and Communication Technologies.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

CAPITULO 1: A IMPORTÂNCIA DAS TIC NA SOCIEDADE ATUAL ........................... 5

1.1.O Amazonas e suas especificidades ........................................................................ 13

1.2. Acesso à Internet no Amazonas: um desafio para além das Tecnologias ......... 16

CAPITULO 2: INCLUSÃO SOCIAL & DIGITAL .......................................................... 25

2.1. Introdução .............................................................................................................. 25

2.2. Inclusão Social ........................................................................................................ 26

2.3. Inclusão Digital ....................................................................................................... 32

2.4. Inclusão Digital no Brasil ...................................................................................... 39

2.5. Inclusão na Educação ............................................................................................ 51

CAPITULO 3: O PERCURSO METODOLOGICO: compreendendo os caminhos ...... 59

3.1. O método e suas nuances ....................................................................................... 59

3.2. Lócus da Pesquisa: O IFAM e suas expertises .................................................... 63

CAPITULO 4: RESULTADOS: Apresentação, Análise e Discussão ............................. 71

4.1. Introdução .............................................................................................................. 71

4.2. Resultado dos Questionários ................................................................................. 72

4.2.1. Perfil identitário e socioeconômico dos estudantes .......................................... 72

4.2.2. Percepção dos estudantes sobre os recursos tecnológicos ............................... 83

4.3. Análise das entrevistas ........................................................................................... 93

4.3.1. Identificação ........................................................................................................ 93

4.3.2. Entendimento sobre Inclusão Social e Digital ................................................ 100

4.3.3. Entendimento sobre TIC .................................................................................. 103

4.3.4. Relação às TIC e Desigualdade Social ............................................................ 110

4.4. Discussão dos resultados ..................................................................................... 122

CAPITULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 127

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5.1. Sobre questões e objetivos do estudo .................................................................. 127

5.2. Sobre a pertinência do estudo para o IFAM ...................................................... 129

5.3. Sobre estudos futuros .......................................................................................... 129

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 133

ANEXOS ....................................................................................................................... 143

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 01: As gerações existentes desde o pós-guerra.................................................. 6

FIGURA 02: Usuários de Internet no Mundo .................................................................. 7

FIGURA 03:Conectividade e Acesso à Internet ............................................................. 12

FIGURA 04: Estado do Amazonas no Mapa do Brasil .................................................. 13

FIGURA 05: Mapa Rodoviário do Amazonas ................................................................. 14

FIGURA 06: Mapa das Microrregiões do Estado do Amazonas ................................... 15

FIGURA 07: Acesso à Internet no Brasil por região ...................................................... 16

FIGURA 08: Infraestrutura da Banda Larga no Brasil ................................................. 17

FIGURA 09: Ribeirinha ................................................................................................. 18

FIGURA 10: Prints da pesquisa no Google sobre Internet em Manaus ........................ 19

FIGURA 11: Município de São Gabriel da Cachoeira no Estado do Amazonas ........... 20

FIGURA 12: Mapa da velocidade da Internet no Brasil ............................................... 21

FIGURA 13: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência ............................ 27

FIGURA 14:O Letramento Digital como Prática Social ............................................... 38

FIGURA 15: Proporção de excluídos digitais por Estado ............................................ 41

FIGURA 16:Mapa de Acesso 2010 ................................................................................ 42

FIGURA 17:As 10 principais economias pelo valor agregado do serviço de TIC ........ 48

FIGURA 18: Visualização geográfica da distribuição dos Campi do IFAM ................ 67

FIGURA 19: Mapa do Amazonas com grifo nosso dos municípios do Amazonas ........ 94

FIGURA 20:Lancha rápida no Rio Negro ..................................................................... 95

FIGURA 21: Tabela com as distâncias dos municípios à Capital ................................. 95

FIGURA 22: Embarcações em Manaus ......................................................................... 96

FIGURA 23: Passeio de barco em Manaus ................................................................... 96

FIGURA 24: Hidroavião sobrevoando a Amazônia ....................................................... 96

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FIGURA 25: Vazante e Cheia do Rio Tapajós ............................................................... 98

FIGURA 26: O cacique Pedro dos Santos Vale, 65, etnia mura ................................. 107

ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01: Número de usuários de Internet no mundo ............................................... 8

GRÁFICO 02: Motivo para falta de Internet para os Brasileiros .................................. 21

GRÁFICO 03:Percentual de domicílios com acesso à Internet, segundo o

equipamento utilizado ..................................................................................................... 44

GRÁFICO 04: Número de pessoas que acessaram à Internet, segundo a finalidade

do acesso ......................................................................................................................... 45

GRÁFICO 05: Composição percentual referente à autoidentificação étnico-racial

dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ............................................................................ 72

GRÁFICO 06: Composição percentual referente à religião dos estudantes do

IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 76

GRÁFICO 07: Composição percentual referente ao estado civil dos estudantes do

IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 77

GRÁFICO 08: Composição percentual 2016 de estudantes do IFAM-CMZL que

possuem filhos ................................................................................................................. 78

GRÁFICO 09:Participação dos estudantes na renda familiar (IFAM-CMZL, 2016) .... 79

GRÁFICO 10: Composição percentual referente à renda mensal familiar dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 80

GRÁFICO 11: Composição familiar dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................. 80

GRÁFICO 12: Principal mantenedor do lar dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ..... 81

GRÁFICO 13: Composição percentual referente ao tipo de residência dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 82

GRÁFICO 14: Idade que os estudantes do IFAM-CMZL, 2016 tiveram primeiro

acesso ao computador ..................................................................................................... 82

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GRÁFICO 15: Relação de domínio ao computador dos estudantes do IFAM-CMZL,

2016 ................................................................................................................................. 84

GRÁFICO 16: Composição percentual referente ao acesso à Internet dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 85

GRÁFICO 17: Local de acesso à Internet dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ......... 86

GRÁFICO 18: Motivações para o uso da Internet pelos estudantes do IFAM-

CMZL, 2016 ..................................................................................................................... 87

GRÁFICO 19: Composição percentual referente aos recursos tecnológicos dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 88

GRÁFICO 20: Perspectiva sobre os recursos tecnológicos dos estudantes do

IFAM-CMZL, 2016 .......................................................................................................... 88

GRÁFICO 21: Opinião dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016, sobre o uso de

recursos tecnológicos nas salas de aulas ........................................................................ 89

GRÁFICO 22: Número de estudantes do IFAM-CMZL, 2016 que possuem celular ...... 89

GRÁFICO 23: Composição percentual referente à frequência do uso do celular dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 90

GRÁFICO 24: Número de horas/dias ao celular gastos pelos estudantes do IFAM-

CMZL, 2016 ..................................................................................................................... 90

GRÁFICO 25: Número de estudantes do IFAM-CMZL, 2016, que possuem

smartphone ..................................................................................................................... 91

GRÁFICO 26: Composição percentual referente ao tipo de tecnologia utilizada nos

celulares dos estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ............................................................. 92

GRÁFICO 27: Composição percentual referente ao uso de aplicativos móveis dos

estudantes do IFAM-CMZL, 2016 ................................................................................... 92

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1

INTRODUÇÃO

Motivação

A presente dissertação surgiu através de inúmeras inquetações. Minha motivação

pelo tema nasceu no decorrer do curso de mestrado, quando deram início os estudos sobre

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ano de 2016. A partir de então,

comecei a me questionar: de que forma essa pesquisa poderia contribuir para o

desenvolvimento da sociedade, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Amazonas- Campus Manaus Zona Leste (IFAM-CMZL) e para meu fazer

profissional.

O IFAM-CMZL, lócus dessa dissertação e meu ambiente de trabalho, tem como

expertise justamente a conexão entre a educação e a tecnologia. Então, surgiu a

necessidade de compreender como se dá a inserção dos estudantes do IFAM-CMZL na

sociedade digital, tendo em vista a situação de vulnerabilidade social dos mesmos como

uma realidade social.

Para melhor compreensão, saliento que o IFAM-CMZL além de ser meu atual

trabalho, foi também onde iniciei minha primeira atividade laboral efetiva como

assistente social, ainda no ano de 2014. Dentre minhas atribuições como profissional de

serviço social, busco promover, através de minha prática profissional, inclusão social e

busco consolidar mecanismos de efetivação dos direitos sociais e humanos, possibilitando

assim, a minimização das desigualdades sociais. Desta feita, considero que incluir faz

parte do meu dever profissional e social.

Ora, trabalhar como assistente social por si só é um desafio, mas perceber de que

forma as assimetrias presentes na sociedade podem ser minimizadas através do uso das

tecnologias nas escolas é um desafio ainda maior. Tedesco (2002) ressalta que um dos

fenômenos mais importantes nas transformações sociais atuais é o aumento significativo

da desigualdade social. Estando a inclusão diretamente ligada aos processos de exclusão

social há que compreender os tipos de exclusão para podermos pensar em políticas

inclusivas.

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Entendemos que é essencial ao pesquisador se colocar algumas questões para a

elaboração de um projeto de pesquisa por isso, a dissertação tem como propósito de dar

respostas às inquietações descritas acima.

Segundo Lopes (2006), a exclusão social costuma ser relacionada a um plano de

causalidade complexo e multidimensional. Diferenciando-se da concepção de pobreza, a

exclusão social caracteriza-se por um conjunto de fenômenos que se configuram no

campo alargado das relações sociais contemporâneas: o desemprego estrutural, a

precarização do trabalho, a desqualificação social, a desagregação identitária, a

desumanização do outro, a anulação da alteridade, a população de rua, a fome, a

violência, a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania, entre

outras.

Por outro lado, a inclusão social integra o conjunto de meios e ações que

propiciam acesso aos benefícios da vida em sociedade e combatem as diversas formas de

exclusão existentes. Os preconceitos, estigmas, discriminações, ocorrem pelas diferenças

de classe social, de nível educacional, de idade, de acesso, de gênero, de religião, de cor,

de raça, de ideologia, de aparência física, entre outros aspectos presentes na sociedade,

gerando, consequentemente, exclusão social. No entanto, Lopes (2006) traz à reflexão,

que a inclusão social é consequência das políticas sociais contemporâneas que priorizam,

equivocadamente, atingir os excluídos que estão no limite das privações através de

programas focalizados que sustentam rótulos de “inclusão social”.

Com o advento do processo de globalização, a sociedade capitalista apresentou

novos elementos que expressam as desigualdades sociais, passando também a integrar a

questão do acesso às tecnologias. Então, o fornecimento de oportunidade e acesso às

tecnologias a todos passou a constituir uma questão ética e de cidadania.

Segundo os dados do Internet World Stats1 (2016), apenas 50,1% da população

mundial tem acesso à Internet. Na América do Sul há um total de 66,7% de usuários.

Localizado nesta região, o Brasil corresponde a 49,6% deste índice populacional e

apresenta 50, 2% de usuários de Internet. Ou seja, quase 50% da sociedade brasileira

1 https://www.Internetworldstats.com/

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3

ainda se encontram digitalmente excluída. Diante desses dados, surgiram alguns

questionamentos: Qual o perfil desses excluídos? O que fazer para incluir essas pessoas?

Qual o motivo dessa exclusão? Qual o papel social da escola?

A exclusão digital reflete-se na sociedade trazendo consequências culturais,

sociais e econômicas, haja vista que a distribuição desigual das tecnologias impossibilita

o acesso aos bens e serviços, inclusive a própria inserção social. A inclusão digital é a

democratização do acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e seus

mecanismos, de modo a inserir todos os sujeitos em sociedade e educá-los para uso

dessas tecnologias.

Um dos principais locais que propicia essa inclusão é a escola, visto que é um

espaço voltado para os avanços sociais, além de ser composto por inúmeras diferenças,

sejam elas sociais, religiosas, políticas, regionais, linguística, gênero, cultural, faixa

etária, entre outros, e por sujeitos com características únicas frequentando um mesmo

espaço.

Questão principal e objetivo da investigação

A inclusão digital é o desafio da atualidade, pois se almeja tornar acessíveis as

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) a todos os seguimentos sociais para o

exercício da cidadania. Neste sentido, a ideia central da pesquisa é analisar “de que

forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades

sociais”, trazendo ao debate a importância dessas tecnologias no processo de inclusão

social e digital através da escola.

Se a escola é um local de ensino-aprendizagem é salutar pensar que esse ambiente

também pode ser um lugar de inclusão social e digital. Cientes de que fazemos parte de

uma sociedade desigual, mas com necessidade real de nos incluirmos. Foi com este

proposito que esta dissertação foi sendo construída, com o objetivo de dar respostas às

inquietações descritas, pois entendemos que é essencial que o pesquisador se coloque

perante questões para elaboração de um projeto de pesquisa.

Assim sendo, elencamos os objetivos específicos a seguir, visando responder ao

“para quê” da escolha. Sendo estes:

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1) Identificar os conceitos de inclusão social e digital;

2) Verificar de que forma a inclusão social se apresenta na vida dos estudantes do

IFAM-CMZL;

3) Demonstrar de que maneira a inclusão digital pode ser usada para se

materializar no ambiente escolar.

Organização da dissertação

Traçando um caminho a ser percorrido, na perspectiva de melhor explicar os

sentidos e significados percebidos nesta pesquisa, este trabalho foi estruturado em cinco

capítulos.

O primeiro capítulo aborda a importância das TIC na sociedade atual, fazendo-

se, também, uma breve contextualização do estado do Amazonas e suas especificidades

geográficas e logísticas. No segundo capítulo trazemos os conceitos inclusão/exclusão

social e digital, apresentando também a relação entre a inclusão digital e a educação, e de

que maneira, e em quais contextos, a problemática em torno da inclusão digital chegou ao

campo da educação. O terceiro capítulo apresenta a metodologia, aborda o lócus da

pesquisa e explica quais os instrumentos utilizados, o público-alvo e as amostras, a coleta

de dados e as questões éticas que tivemos em conta. No quarto capítulo, apresentamos

os resultados da pesquisa, a análise e discussão dos mesmos, procurando-se também

responder aos objetivos do estudo. No quinto e último capítulo, apresentamos as

conclusões da pesquisa.

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CAPÍTULO 1 – A IMPORTÂNCIA DAS TIC NA SOCIEDADE ATUAL

Atualmente vivemos na Era da Informação, marcada por profundas

transformações. Mudamos, sobretudo, a maneira de nos comunicarmos com o mundo,

trata-se de uma nova forma de viver e de produzir. A organização social de hoje é

diferenciada, inúmeras mobilizações políticas, campanhas de solidariedade através das

redes sociais, negócios virtuais, blogs, vlogs, youtubers caracterizam essa Era Digital. Os

avanços nos meios de comunicação e de informação exigem técnicas cada vez mais

velozes para acompanhar tamanha evolução.

No final do século XX, três processos independentes se uniram, inaugurando uma

nova estrutura social predominantemente baseada em redes:

as exigências da economia em flexibilizar a gestão e de globalizar o

capital, a produção e o comércio; a procura de uma sociedade em que os

valores da liberdade individual e da comunicação aberta fossem

fundamentais. E, por fim, os extraordinários avanços da informática e das

telecomunicações, o que só foi possível graças à revolução

microeletrônica. (CASTELLS, 2004, p. 16)

O autor considera que que sob essas condições, a Internet, até então “uma

tecnologia obscura sem muita aplicação além dos mundos isolados dos cientistas

computacionais, dos hackers e das comunidades contraculturais, tornou-se a alavanca de

transição para uma nova forma de sociedade – a sociedade de rede.” (idem, 2004, p.16)

Segundo a Wikipédia (2017)2, desde o século XX a forma de classificar gerações

de épocas específicas e nomeá-las tem sido um hábito cada vez mais comum.

Diferentemente de separar por idade, sexo ou renda, a classificação por gerações se

apresenta mais correta para definir alguém, mesmo com o passar dos anos, pois ela

permanece com suas denominações, independente de mudanças pessoais, de faixa etária

ou econômica. Porém, tais classificações não são bem aceites em todas as áreas do

conhecimento, embora amplamente utilizadas.

2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o

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FIGURA 01: As gerações existentes desde o pós-guerra.

Fonte: Ação Gerencial, 2017.

O quadro acima representa as gerações existentes desde o pós-guerra, as gerações

X, Y, Z fazem parte do processo de globalização. A década de 1990 tornou-se a era de

expansão da Internet e as pessoas da Geração Z, inseridas nesta época, são conhecidas

como “nativas digitais”, usando a designação cunhada por Presnky (2001), estando desde

pequenas já familiarizadas com a Internet e todas suas possibilidades. Para se comunicar,

os nativos digitais utilizam a tecnologia, e esta, possui uma ausência de fronteiras entre as

nações, abrindo espaço para uma nova organização de mundo, principalmente no que se

refere ao acesso ao conhecimento.

Por outro lado, Dans (2017) traz uma nova perspectiva sobre os “nativos digitais”,

para ele “não se nasce digital, torna-se digital”. Segundo o autor, mais do que ter uma

geração de nativos digitais, o que temos são, tristemente, órfãos digitais, que têm

aprendido malmente, à base de tentativas e erros e mostram uma preocupante falta de

formação inclusive nos níveis mais básicos.

Para Castells (2004, p.8) o uso da Internet como sistema de comunicação e forma

de organização explodiu nos últimos anos do Segundo Milênio. No final de 1995, o

primeiro ano de uso disseminado da World Wide Web(WWW)3, havia cerca de 16 milhões

3 A Rede Mundial de Computadores (em inglês: World Wide Web), também conhecida pelos termos em

inglês web e WWW, é um sistema de documentos em hipermídia (hipermédia) que são interligados e

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de usuários de redes de comunicação por computador no mundo e hoje o número tem

sido crescente. Conforme o International Telecomunications Union (ITU)4, em 2000,

eram mais de 400 milhões de usuários de Internet no mundo e passou para 3,2 bilhões no

ano de 2015, isso corresponde a uma taxa de crescimento de 700% em 15 anos.

FIGURA 02: Usuários de Internet no Mundo. Fonte:https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/facts/ICTFactsFigures2015.pdf.

Dados mais recentes apontam que existem hoje (em 2017), no mundo 3,6 bilhões

de internautas, que corresponde a 47% da população mundial, estimada em 7,6 bilhões.

Os dados foram demonstrados pelo site Tracto5, que disponibiliza em seu site o gráfico

abaixo:

executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras. (Fonte:

Wikipédia, a enciclopédia livre) 4 https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/facts/ICTFactsFigures2015.pdf 5https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/

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Gráfico 01 – Número de usuários de Internet no mundo.

Fonte: https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/

Tosoni, Luchetta e Dabul (2011) apontam que, de acordo com os estudos do

Instituto de Teleinformação da Columbia Business School, para cada 10% de aumento na

cobertura de banda larga em um país há uma contribuição de 0,18 pontos percentuais ao

PIB. Esses estudos apontam também a relação direta entre o acesso à informação e a

empregabilidade. No Chile, por exemplo, cerca de 100.000 empregos foram gerados sob

o impacto da Internet.

Dans (2017) postula que à medida que a web se desenvolve e oferece cada vez

mais possibilidades, os jovens parecem abandonar muitas das ferramentas sociais e

refugiam-se na simples mensagem instantânea, em uma comunicação extremamente

pouco sofisticada. As promessas de uma geração capaz de entender o funcionamento das

ferramentas desde todos os níveis existem resultado completamente falsos: exceto em

casos excepcionais, falamos de uma geração que se limita a usar aplicações que já vem

pronta, e inclusive usuários simplistas, que usam um número muito limitado de

ferramentas para poucas funções. Deste modo, decorre a necessidade de os jovens terem

letramento digital, adquirindo competências que lhes permitam fazer um uso inteligente

das tecnologias digitais e da Internet, pois como insistem os autores do livro “os nativos

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digitais não existem”, não se nasce digital, o nativo digital se faz pela educação e

aquisição de competências digitais.

Silva e Pereira (2011) discorrem que a sociedade, denominada por de Sociedade

da Informação e Conhecimento (SIC), é repleta de cultura tecnológica com mudanças

líquidas (BAUMAN, 2001) baseadas no individualismo e, antagonicamente, num mundo

de rede (CASTELLS, 2002). É imprescindível e desafiador para o processo educacional

acompanhar tantas mudanças.

As mudanças estão presentes no modo de agir, comunicar, pensar e aprender das

pessoas. E é diante desta sociedade, “atual e conectada”, que o papel da escola é posto em

debate. É possível, pois, afirmar que esse papel tem sofrido profundas transformações e

que as novas tecnologias fazem parte destes novos olhares diante da educação. A

educação tradicional tem sido colocada em questionamento, uma vez que não acompanha

as mudanças sociais.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) contribuem para

“reorganizar a visão de mundo de seus usuários, impondo outros modos de viver, pensar

e agir, modificando hábitos cotidianos, valores e crenças, constituindo-se em elementos

estruturantes das relações sociais” (BONILLA, 2005, p. 32).

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2010)

relata que as TIC podem contribuir com o acesso universal da educação, a equidade na

educação, a qualidade de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento profissional de

professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional ao

fornecer a mistura certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidades.

Mendes (2008) define que as TIC são um conjunto de recursos tecnológicos que,

se estiverem integrados entre si, podem proporcionar a comunicação de vários processos

nas atividades profissionais, inclusive no ensino e na pesquisa, assinalando que a

realização das variadas atividades cotidianas das pessoas é facilitada por esses recursos

tecnológicos. São mecanismos que possibilitam o diálogo e a interação em sala de aula

quando são bem utilizados.

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O que distingue as TIC dos outros recursos é o fato de oferecer as informações

rápidas e diversas. Essa interação permite um fluxo veloz de informação e as

consequências disso ainda são imprevisíveis, uma vez que esse processo é dinâmico.

Youssef (2008) afirma que o uso das TIC confere autonomia aos estudantes no

processo de ensino-aprendizagem, pois, através de um ambiente rico em informações, o

aluno se torna protagonista de sua própria formação. Por isso que se tornar mais

interativo é fundamental.

Para Castells (2004) a Internet tem uma natureza revolucionária e é o tecido de

nossas vidas. Após seu surgimento, a Internet passou a ser a base tecnológica para a

forma organizacional da Era da Informação: a rede. A organização da sociedade em rede

é uma prática humana muito antiga, mas a rede de informação, segundo o autor, é

energizada pela Internet, como um conjunto de nós interconectados.

A influência das redes baseadas na Internet vai além do número de seus usuários:

diz respeito também à qualidade do uso. Atividades econômicas, sociais, políticas e

culturais essenciais por todo planeta estão sendo estruturadas pela Internet e em torno

dela, como por outras redes de computadores. De fato, ser excluído dessas redes é sofrer

uma das formas mais danosas de exclusão em nossa economia e em nossa cultura.

(CASTELLS, 2004, p. 6)

Segundo a newsroom do Facebook6, apud o site Tractor7 (2016) existem quatro

barreiras-chave para o acesso à Internet:

1) Disponibilidade: a proximidade da infraestrutura necessária para

acesso. Atualmente (dados de 2015), 78% da população mundial está

coberta por redes mobile, o que significa que 22% (correspondente a 1,6

bilhão de pessoas) vive em regiões sem sinal de celular. A cobertura em

regiões remotas custa duas a três vezes mais do que em centros urbanos e

serve menos pessoas.

6 https://newsroom.fb.com/news/2016/02/state-of-connectivity-2015-a-report-on-global-Internet-access/ 7 https://www.tracto.com.br/quantas-pessoas-tem-acesso-a-Internet-no-mundo/

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2) Acessibilidade: o custo do acesso em relação à renda. De cada dez

pessoas, quatro dispõe de um plano de pelo menos 500MB por mês. Para

usuários que não dispõem de telefones móveis, o custo para ficar online é

três vezes maior do que para aqueles que dispõem.

3) Relevância: o motivo para acessar, como o idioma principal do

conteúdo. De todas as línguas existentes, 55 são consideradas de alta

relevância — ou seja, contam com menos 100 mil artigos na Wikipédia.

Da população mundial, 58% têm essas línguas de alta relevância como seu

idioma primário e 67%, como primário ou secundário. De referir que

muito graças ao Brasil, o português é a quinta língua mais usada na

Internet. Nas redes sociais – Facebook e Twitter – é a terceira.”8

4) Facilidade: a capacidade de acesso, incluindo habilidades,

consciência e aceitação cultural. No mundo todo, um bilhão de pessoas é

desprovida de habilidades elementares de alfabetização. Nos países em

desenvolvimento, dois terços das pessoas que não têm conexão não

entendem o que é a Internet.

8 In: Jornal Publico de 20 de Setembro de 2013. Artigo de Ana Dias Cordeiro, “O português conquistou a

Internet, agora quer ser língua oficial nas organizações internacionais”. Disponível em:

https://www.publico.pt/2013/09/20/culturaipsilon/noticia/o-portugues-conquistou-a-Internet-e-agora-quer-

ser-lingua-oficial-nas-organizacoes-internacionais-1606507. Segundo estatísticas da Internet World Stats, o

top 10 das línguas mais faladas da Internet, em 2013, é o seguinte: 1º inglês; 2º chinês; 3º espanhol; 4º

árabe; 5º português; 6º japonês; 7º russo; 8º alemão; 9º francês; 10º malaio.

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FIGURA 03: Conectividade e Acesso à Internet.

FONTE: https://newsroom.fb.com/news/2016/02/state-of-connectivity-2015-a-report-on-global-Internet-access/

Assim, com o advento da Internet ampliou-se a velocidade dos fluxos

econômicos, sociais, culturais, linguísticos, dentre outros. No entanto, apesar desse

avanço tecnológico, a sociedade digital traz arraigadas expressões de uma sociedade

desigual e um processo de exclusão social advindo da não inserção no meio digital. Isso

afeta, especialmente, o processo educacional, uma vez que o modelo educacional

tradicional não acompanha a geração atual. O Brasil tenta acompanhar tamanhas

mudanças, contudo há suas especificidades locais, sobretudo na região Amazônica onde

há bastantes dificuldades no acesso às Tecnologias digitais. Veremos esses desafios nos

pontos a seguir.

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1.1 – O Amazonas e suas especificidades

O Brasil é um país diverso e com uma enorme extensão territorial. Suas diferenças

regionais são marcadas pelas características únicas existentes, sobretudo, na região Norte

do país, onde se encontra a Amazônia brasileira e, mais especificamente, o estado do

Amazonas. O Amazonas caracteriza-se por ser a mais extensa das unidades federativas do

país em área territorial, com 1.559.159,148 km quilômetros quadrados, é equivalente a 16

vezes o tamanho de Portugal que possui um território de 92.090 km.

FIGURA 04: Estado do Amazonas no Mapa do Brasil.

Fonte:http://www.mundoreal.xyz/manaus-uma-grande-porta-de-entrada-para-a-amazonia/mapa-de-manaus/.

Conforme dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE,2016), a densidade demográfica do estado é de 2,54 habitantes por quilômetro

quadrado. Detêm 98% de sua cobertura florestal preservada e um dos maiores mananciais

de água doce do planeta, proveniente da maior rede hidrográfica do mundo. Os rios

formam sua maior rede de transporte. Os aspectos naturais são destaques na região, pois,

grande parte desta unidade federativa é coberta por reservas de flora, fauna e águas.

Ainda em referência ao ano de 2016, o Amazonas contava com 4 milhões de

habitantes, no entanto, apenas dois de seus municípios possuem população acima de 100

mil habitantes: Manaus, a capital e sua maior cidade com 2.130.264 milhões de

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habitantes, que concentra cerca de 50% da população do estado, e Parintins, com pouco

mais de 113 mil habitantes. Além disso, Japurá é o município menos populoso do Estado

com apenas 4.205 habitantes. (IBGE,2017)

A logística do Amazonas é diferente, os municípios são demarcados pelos rios e

seus afluentes, o deslocamento para outros municípios, outros estados brasileiros e a

chegada das mercadorias se dão por meio de transportes aquáticos e aéreos.

FIGURA 05: Mapa Rodoviário do Amazonas.

Fonte: https://mapasblog.blogspot.com.br/2012/01/mapas-do-amazonas.html

São 62 municípios do Amazonas, subdivididos em 4 mesorregiões: Mesorregião

do Centro Amazonense, Mesorregião do Norte Amazonense, Mesorregião do Sudoeste

Amazonense e Mesorregião do Sul Amazonense e, 13 microrregiões: Microrregião do

Alto Solimões, Microrregião da Boca do Acre, Microrregião de Coari, Microrregião de

Itacoatiara, Microrregião de Japurá, Microrregião de Juruá, Microrregião do Madeira,

Microrregião de Manaus, Microrregião de Parintins, Microrregião de Purus, Microrregião

de Rio Negro, Microrregião de Rio Preto da Eva e Microrregião de Tefé. Para melhor

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compreensão, o mapa a seguir traz essas divisões que demonstram as microrregiões do

estado do Amazonas e suas denominações:

FIGURA 06: Mapa de Microrregiões do Estado do Amazonas.

Fonte: http://www.baixarmapas.com.br/mapa-de-microrregioes-do-amazonas/

A capital Manaus é a única região metropolitana do estado, sendo considerada a

maior cidade em área territorial do mundo e a mais populosa da Região Norte. Dentre os

inúmeros desafios geográficos existentes, a minoridade populacional nos interiores reflete

no difícil acesso às políticas públicas e às novas tecnologias.

O estado do Amazonas é também, segundo o Censo 2010 do IBGE, o detentor da

maior população de índios do País, uma existência característica de nossa origem. São

cerca de 168.680 indígenas, total de 66 etnias, que falam 29 línguas diferentes.

Diversos fatores contribuem para dificultar a inclusão digital. A dimensão

geográfica situa-se como um dos grandes desafios à popularização do uso das

tecnologias, isso porque, o acesso a grande parte dos municípios do estado só é possível

pela via fluvial. Apenas para que se tenha ideia, as distâncias são tão significativas que da

capital Manaus para o município de Lábrea são 7.495 km de distância pela via fluvial,

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maior que a distância do estado de Belém (BR) a Braga (PT) que totalizam 6253 km pela

via aérea.

1.2- Acesso à Internet no Amazonas: um desafio para além da tecnologia

Além de ser um país com enorme extensão territorial, o Brasil conta com 213.

416.381 milhões de habitantes até 22 de maio de 2018, dados bem recentes do site

Country Meters9. O Brasil é um país é composto por povos de diferentes culturas, etnias e

identidades, considerado rico culturalmente, mas com enorme desigualdade social e de

infraestrutura. Nas grandes capitais do País, a Internet existente supre com conectividade

e bytes a população, ainda que de baixa qualidade. Contudo, nas cidades de menor

tamanho e mais afastadas dos grandes centros, parecem viver em Era diferente da Era

Digital, nesses locais é como se ainda fossem a geração dos anos 90, sem Internet.

Na região Norte apenas 46% da população possui acesso à Internet conforme

dados do CETIC.br (2016). No Amazonas, o acesso à Internet ocorre predominante na

capital. Como citado no ponto anterior, devido às dificuldades geográficas e de logística,

o acesso no interior é mais limitado.

FIGURA 07: Acesso à Internet no Brasil por Região.

Fonte: http://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2016_coletiva_de_imprensa.pdf

9 http://countrymeters.info/pt/Brazil

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Além disso, de acordo com o IPEA (2017) as regiões Norte e Nordeste são

consideradas as mais desassistidas (58%) no que tange ao acesso à Internet em Banda

Larga.

FIGURA 08: Infraestrutura da Banda Larga no Brasil.

Fonte: https://www.showmetech.com.br/ipea-Internet-cobertura-anatel/

Na atualidade, é quase impossível pensar na vida sem o uso das tecnologias

digitais. O uso da Internet popularizou-se de uma maneira inimaginável, permitindo que

haja comunicação até mesmo nos locais mais remotos do planeta. O processo de

globalização pressupõe que haja a eliminação de barreiras entre os Estados, quiçá com o

mundo. Apesar disso, ainda há localidades que não foram inseridas no mundo digital. Há

comunidades no estado do Amazonas sem nenhum acesso às tecnologias, existem

inclusive locais sem energia e parecem viver com anos de atraso, mesmo após a

globalização, como é possível compreender na foto de uma comunidade ribeirinha,

abaixo:

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FIGURA 09: Ribeirinha.

Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/nas-vilas-ribeirinhas-do-amazonas-37-mil-pessoas-

carecem-de-medicos-saneamento-14635488

Integrar o Amazonas ao mundo é um desafio que transcende sua dimensão

geográfica ou as dificuldades de acesso, demanda investimentos em logística,

infraestrutura, educação, para que a inclusão digital possa ser uma realidade existente. O

mundo caminha a passos largos quando o assunto é tecnologia e o Brasil necessita

avançar ainda mais nesse processo, a Internet reduz as distâncias, universaliza o

conhecimento, abre novos e extraordinários horizontes.

Em uma pesquisa no site de busca Google10 sobre o acesso à Internet no

Amazonas, podemos perceber as dificuldades de acesso através dos títulos das matérias,

inclusive sobre a velocidade da Internet nos locais onde existe acesso:

10 https://www.google.com.br/

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FIGURA 10: Prints da pesquisa no Google sobre Internet em Manaus.

Fonte: https://www.google.com.br/

No município de São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas há

uma conexão de Internet com velocidade 200 kbps por 250,00 reais mensais. O município

fica a 864 quilômetros de Manaus, capital do estado, que possui uma infraestrutura mais

presente. São Gabriel da Cachoeira é um ponto estratégico do Brasil, a cidade faz

fronteira com a Venezuela e a Colômbia. Às margens da Bacia do Rio Negro, o

município é o que tem maior predominância indígena no Brasil — a cada dez habitantes,

nove possui descendência nativa. Existe uma presença "massiva" das Forças Armadas no

local. Por lá, estão a 2ª Brigada de Infantaria de Selva, Comando de Fronteira Rio Negro,

5º Batalhão de Infantaria de Selva, 21ª Companhia de Engenharia de Construção,

Destacamento do Controle do Espaço Aéreo de São Gabriel da Cachoeira, Destacamento

de Aeronáutica de São Gabriel da Cachoeira, Destacamento da Comissão de Aeroportos

da Região Amazônica e o Destacamento da Capitania dos Portos da Amazônia

Ocidental.11

11 https://www.tecmundo.com.br/Internet/111518-viver-cidade-Internet-lixo.htm

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Figura 11: Município de São Gabriel da Cachoeira no Estado do Amazonas.

Fonte: https://www.pinterest.es/pin/677651075153421066/.

Segundo o IBGE (2017) São Gabriel da Cachoeira possui mais de 44.553 mil

habitantes. A conexão de Internet é via satélite, não há cabeamento, banda larga ou fibra

óptica no local. Existem três provedoras de Internet em São Gabriel da Cachoeira:

Amazon Cyber (em parceria com a O3b Networks), a Maraskanet e Pathernon

Informática. Sobre telefonia móvel, TIM, Vivo e Claro também estão presentes, mas sem

planos de dados.

O mapa seguinte, dados de 2017, mostra a fragilidade da infraestrutura de acesso

Internet, sobretudo na baixa velocidade de processamento dos dados.

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Figura 12: Mapa do Velocidade da Internet no Brasil.

Fonte: https://www.showmetech.com.br/ipea-Internet-cobertura-anatel/

Sabe-se que o investimento para estruturar uma cidade com rede de Internet é

altíssimo, e esse custeio é dever do Estado para garantir cidadania. Grande parte da

população do interior vive em economia de subsistência e por isso, não tem como arcar

com os custos do serviço de Internet. Diante desta realidade, o poder público do

Amazonas em conjunto com outras parcerias está buscando mecanismos que viabilizem a

inserção digital das populações do Amazonas, principalmente do interior.

Gráfico 02: Motivos para falta de Internet para os Brasileiros.

Fonte: http://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2016_coletiva_de_imprensa.pdf

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Muitos são os motivos que levam os brasileiros a não possuírem acesso a Internet

em plena Era das Tecnologias. Uma pesquisa realizada pelo CETIC.Br em 2016 revelou

de acordo com o gráfico acima (GRÁFICO 02) que o principal motivo é por acharem

caro, em seguida a falta de interesse e ainda por não saberem usar, o que reforça a

necessidade de viabilizar meios e promover o letramento digital.

A situação do País como um todo é frágil, mas no Amazonas é ainda mais

dificultada. A maioria dos municípios do Estado tem acesso precário à rede mundial de

computadores. No Brasil, os preços da banda larga fixa podem ser três vezes maiores que

nos países desenvolvidos, enquanto o preço da banda larga móvel pode ser duas vezes

maior, segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT). Nos municípios do

Amazonas, a Internet chega via rádio e satélite, com muita perda de sinal e velocidade

lenta.

Conforme reportagem para o site Acrítica12, em outrubro de 2017, a experiência

com uma banda larga de melhor qualidade em Manaus só foi possível a partir de 2009,

com a chegada da fibra óptica pelo Linhão de Tucuruí disponibilizando 10 Mbps por

segundo, anteriormente a velocidade máxima era 1 Mbps. Contudo, ainda hoje, conforme

reportagem, “a População do Amazonas ainda padece com Internet cara, falha e lenta”.

Atualmente, além do Linhão de Tucuruí, a banda larga chega à capital via interconexão

de fibra óptica entre Manaus – Venezuela e Manaus – Porto Velho (RO) – Cuiabá (MT).

No interior do Estado, a maior parte do acesso é via satélite, que tem velocidade limitada.

Existe em curso “Programa Amazônia Conectada”, em execução pelo Exército, que

pretende levar Internet rápida e de baixo custo para cerca de quatro milhões de pessoas.

De acordo com o Exército Brasileiro, no Amazonas, municípios como Coari, Tefé, Cucuí,

Manacapuru, Novo Airão e Tabatinga já contam com a infraestrutura necessária para ter

serviços como banda larga e rede 3G/4G.

Entendendo o contexto no qual estamos inseridos é possível inferir novas

perspectivas e novos significados para a palavra inclusão. Neste caso, ofertar Internet sem

ter como base a cultura e a educação, de acordo com a vivência do povo não é sinônimo

12 Reportagem de Silane Souza (Manaus): “População do Amazonas ainda padece com Internet cara, falha e

lenta”. In: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/populacao-do-amazonas-ainda-padece-com-

Internet-cara-falha-e-lenta

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de inclusão. O olhar está para além dos recursos tecnológicos, deve assentar no

letramento, no conhecimento, na interação, na necessidade e principalmente na empatia

com o povo para aprender a viver juntos num mundo cada vez global.

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CAPITULO 2 – INCLUSÃO SOCIAL & DIGITAL

2.1- Introdução

Os gregos como Aristóteles costumavam utilizar, na antiguidade, o conceito ethos

para designar o “caráter moral” de uma civilização. No âmbito da sociologia e

antropologia, ethos significa “os costumes e os traços comportamentais que distinguem

um povo”. Segundo Pires (2001) o ethos universal deve ser constituído por meio da luta

pela preservação da Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações

Unidas (ONU) e por uma globalização solidária em escala planetária. (Pires 2001, p.14).

Neste sentido, compreende-se que o conceito está para além da moral, compõe também a

cidadania de um povo.

Bodstein (1997) explica que a cidadania deve ser abordada como uma experiência

histórica, cujo aparecimento remete à antiguidade grega. Desde o seu início caracteriza

uma relação entre iguais e, destes, com o poder. Constitui-se, dessa forma, pré-requisito

indispensável para a inclusão e a participação na vida pública. É inseparável da noção de

igualdade sócio-política presente de forma restrita ou ampliada em todas as sociedades.

A cidadania possui um conceito mutável, pois acompanha o processo de

desenvolvimento da civilização e das sociedades. No mundo da Era da Informação, o

modelo de cidadania deve ir além da informação pela informação, devendo ser

incorporada a este modelo a capacidade de interpretação da realidade e construção de

significados por parte dos indivíduos. Caracteriza-se como um meio de proteção e uma

condição para o exercício dos direitos e deveres dos sujeitos. O Estado é o provedor

desses direitos e possui o dever social de garantir o pleno desenvolvimento da cidadania.

Araújo (1999) afirma que a construção da cidadania, ou de práticas de cidadania,

passa pela questão do acesso e uso da informação. Tanto a conquista de direitos políticos,

civis e sociais, quanto a implementação dos deveres do cidadão dependem do livre acesso

à informação sobre tais direitos e deveres. Isto quer dizer, que dependem da ampla

disseminação e circulação da informação e de um processo comunicativo de discussão

crítica, sobre as diferentes questões relativas à construção de uma sociedade mais justa e,

portanto, com maiores oportunidades para todos os cidadãos. Por isso, entende-se que

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para ser cidadão não basta nascer, tem que pertencer aos grupos sociais, possuir direitos e

deveres, criar responsabilidades diante de uma sociedade, organizar-se, constituir-se,

incluir-se.

Assim, questiona-se qual a cidadania do século XXI diante de uma sociedade

conectada? Se a inclusão digital é uma necessidade inerente a este século, então isso

significa que o “cidadão” do século XXI deve considerá-la como o novo fator de

cidadania e que constitui uma questão ética e de direitos humanos oferecer acesso a todos

os cidadãos, tal reconhecido recentemente pela Organização das Nações Unidas através

da resolução A/HRC/32/L.20, aprovada em 1º de julho de 2016, intitulada “The

promotion, protection and enjoyment of human rights on the Internet” (ONU, 2016).

2.2- Inclusão Social

Partimos do pressuposto que inclusão é qualquer atitude, política ou tendência que

integra, seja do ponto de vista econômico, educativo, político ou outros. Segundo a

Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2003) inclusão social é o termo utilizado para

designar toda e qualquer política de inserção de pessoas ou grupos excluídos na

sociedade. Portanto, falar de inclusão social é remeter ao seu inverso, a exclusão social.

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2003) resumia alguns dados que

podemos considerar como exemplos de exclusão social:

• 125 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola, sendo dois

terços delas mulheres.

• Somente 1% dos deficientes físicos frequenta a escola em países

subdesenvolvidos e emergentes.

• 12 milhões de crianças morrem por problemas relacionados com a falta de

recursos por ano.

Em março deste ano (2018), a UNESCO lançou novos dados relacionados ao

número de crianças e adolescentes que estão fora da escola. Segundo o levantamento,

cerca de 263 milhões de crianças e adolescentes não frequentam a escola, ou seja, uma

em cada cinco pessoas com até 17 anos estão fora do ambiente escolar. Dados também

apontam disparidades entre os jovens de nações ricas e pobres — em países de baixa

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renda, a taxa de evasão de estudantes de 15 a 17 anos é de 59%, enquanto nos países ricos

é de apenas 6%.

Em relação à exclusão das pessoas com deficiência, a Constituição brasileira de

1988 não dá margem para que uma escola, pública ou particular, recuse a matrícula de

crianças especiais, contudo na realidade ainda existem muitos desafios. No Brasil houve

um grande avanço após mudança na legislação em 2016. A Lei Brasileira de Inclusão

(LBI) foi criada para assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos

direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão

social e cidadania.

FIGURA 13: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Fonte: https://www.ripio.com.br/inclusao-social-como-voce-fala-desse-assunto-com-o-seu-filho/

Exclusão social também ocorre quando o básico como saneamento básico é

inexistente. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (2013), a cada 15

segundos, uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável,

saneamento e condições de higiene no mundo. Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas

morrem no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à

falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene.

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O Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (2013), destaca que

quase 10% das doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas se os

governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico.

Quando falamos em exclusão social temos que ter em mente que não estamos nos

referindo à sociedade como um todo, mas parcela da sociedade que se encontra em

situação de desigualdade social. Podemos inferir que uma pessoa não é socialmente

excluída pelas suas características em si, seja por sua deficiência, etnia, cor, renda ou

outros, mas sim pelas condições limitantes de acesso aos bens e serviços existentes em

nossa sociedade.

As diferenças são inerentes aos seres humanos, mas o impedimento do exercício

da cidadania devido às diferenças é que torna o sujeito socialmente excluído. De certo

modo, é muito difícil que alguém ou algum grupo social esteja totalmente excluído de

toda a sociedade. Geralmente, isso ocorre sobre uma parte dela. Neste aspecto, a inclusão

vem a ser um mecanismo de garantia de direitos através da democratização do acesso.

A inclusão social transformou-se em luta, diversos movimentos sociais

reivindicam a igualdade de acesso, direitos, cidadania, equidade, entre outros. O poder

público tem o papel social de formulação e efetivação de políticas públicas que objetivem

a inclusão social. Isso envolve a educação, a cultura, o desporto, o lazer, entre outros.

Além do esforço governamental é necessário ação da sociedade civil para buscar a

promoção de políticas inclusivas. Por isso, esforços devem ser coletivos para romper as

barreiras causadas pelo capital, expressos em uma sociedade desigual.

Para tanto, é necessário em primeiro lugar identificar quais sujeitos estão

excluídos da sociedade, ou seja, quais possuem seus direitos negados e não gozam dos

seus benefícios e direitos básicos, como saúde, educação, emprego, renda, lazer, cultura,

entre outros. Assim, falar de inclusão é falar de democratizar os diferentes espaços para

aqueles que não possuem acesso direto a eles.

Assim, analisam-se quais medidas inclusivas já foram criados para minimizar os

efeitos das desigualdades sociais? No Brasil, algumas medidas foram tomadas e são

adotadas para que os excluídos possam ter equidade e justiça social, tais como as cotas

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raciais e econômicas, Programa de Erradicação da Pobreza (como Bolsa Família), a

Política de Inclusão que trouxe acessibilidade à pessoa com deficiência, a educação

inclusiva, o reconhecimento da Internet como direito humano, todas essas foram medidas

tomadas para combater e minimizar a exclusão social.

Essas medidas proporcionaram melhores condições de vida a milhares de

brasileiros. O Programa Bolsa Família (PBF) cujo propósito é o alivio da extrema

pobreza em curto prazo (redistribuindo renda para as pessoas mais vulneráveis

economicamente), contribuiu e contribui para redução da pobreza e da desigualdade de

renda no País. Por compor estratégias ainda mais amplas, o PBP aliado às políticas de

saúde, educação e geração de emprego e renda proporcionou melhores indicies de

desenvolvimento humano.

Em 2013, o Ministério de Desenvolvimento Social – MDS divulgou o impacto do

PBF no livro “Bolsa 10 anos” (Hoffmann, 2013). De acordo com o livro, os resultados

foram muito além do que se esperava em 2003. Na sessão 01 do livro, o autor afirma que,

entre 2001 e 2011, as transferências do governo federal, incluindo-se o Bolsa Família e o

Benefício de Prestação Continuada (BPC), contribuíram com entre 15% e 20% da

redução observada da desigualdade de renda.

Segundo o autor, não se antevia a magnitude do impacto do acesso – até então

largamente interditado – das famílias beneficiárias do Bolsa Família às instituições

bancárias e comerciais, ao crédito e ao consumo planejado. Famílias que ainda estavam à

margem do circuito econômico puderam nele se integrar e influenciar a dinamização de

territórios e regiões deprimidas.

O pagamento do benefício por meio de cartão magnético pessoal e a priorização

dada à mulher como titular deste cartão – hoje, 93% dos titulares são mulheres –

proporcionaram o empoderamento feminino em espaços públicos e privados. O ganho de

autonomia das mulheres e de ampliação da cidadania é um dos principais indicadores do

potencial intrínseco de mudança na sociedade, dependente apenas do impulso

proporcionado por políticas adequadas.

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Postula ainda que, mais do que transferir renda, o Bolsa Família apresentou

resultados relevantes na redução da desnutrição e da insegurança alimentar e nutricional,

a diminuição da mortalidade infantil, aumento da porcentagem de crianças de até 6 meses

alimentadas exclusivamente por amamentação, assim como na porcentagem de crianças a

completar o calendário de vacinação, redução substancial das taxas de hospitalização

entre menores de 5 anos, redução dos indicadores de evasão e regularização da trajetória

escolar, permitindo melhores médias de frequência e aprovação e menor defasagem

idade-série para as crianças das famílias beneficiárias.

Em suma, o Bolsa Família trouxe resultados que, em consequência de suas

condicionalidades, permitiram o atendimento aos grupos mais vulneráveis da sociedade.

Reduzindo assim, a pobreza e a desigualdade e ainda, promovendo a inclusão nas

políticas públicas de educação e saúde, em um novo patamar de garantias sociais.

Outra política brasileira instituída como política social para minimização das

desigualdades sociais é a política de cotas. A mesma foi instituída pela Lei 12.711 de

2012 e objetiva a reserva de no mínimo 50% das vagas das instituições federais de ensino

superior e técnico para estudantes de escolas públicas, que são preenchidas por

candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à

presença desses grupos na população total da unidade da Federação onde fica a

instituição.

De acordo com o Ministério da Educação - MEC (2012), a população negra

representava 4% das matrículas em 1997, passando a 19,8% em 2011. Ações como o

Programa Universidade Para Todos (ProUni), que já ofereceu mais de 1 milhão de bolsas

a estudantes de baixa renda, e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais (Reuni), que expandiu e interiorizou a educação

pública, contribuíram para aumentar o acesso dessa população ao ensino superior. Além

disso, 88% dos estudantes do ensino médio são oriundos de escolas públicas. Para o

Ministério da Educação a dificuldade de acesso à educação superior é um dos sintomas

da desigualdade social do Brasil, logo a lei é essencial.

O MEC (2015) avaliou que o percentual de vagas para cotistas havia aumentado

consideravelmente, em 2013, o percentual foi de 33%, e em 2014, 40%. Do percentual de

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2013, os negros ficaram com 17,25%. O número subiu para 21,51% em 2014. A

Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir (2015) afirmou que a

medida já abriu mais de 150 mil vagas para negros. A norma também garante que, das

vagas reservadas a escolas públicas, metade será destinada a estudantes de famílias com

renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo.

Esta medida é resultado de uma longa mobilização dos movimentos sociais para

ampliar o acesso da população negra ao ensino superior. Os números demonstram o bom

andamento da política de inclusão. Além das cotas, os estudantes também têm acesso a

outros instrumentos oferecidos pelo Governo Federal, como o Fundo de Financiamento

Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), que auxiliam no

ingresso e na permanência em instituições privadas de ensino superior.13

Além dessas medidas, foi instituído em 2010, o Programa Nacional de

Assistência Estudantil – PNAES através do Decreto 7.234, executado no âmbito do

Ministério da Educação, tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos

jovens na educação superior pública federal, que posteriormente foi ampliado para os

Institutos Federais de Ensino. Os objetivos do programa são: I – democratizar as

condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal; II -

minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e conclusão da

educação superior; III - reduzir as taxas de retenção e evasão; e IV - contribuir para a

promoção da inclusão social pela educação.

Anualmente o MEC disponibiliza orçamento para o PNAES, no ano de 2017, as

Universidades Federais receberam R$ 925,12 milhões e os Institutos Federais R$ 366,3

milhões.14

É necessário reconhecer que não deveriam existir do ponto de vista da igualdade,

políticas para cada seguimento social, mas sim termos equidade como garantia de um

país igualitário. Mas diante de um sistema capitalista, baseado no lucro, torna-se utópico

13 http://portal.mec.gov.br/busca-geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/30301-em-tres-anos-

lei-de-cotas-tem-metas-atingidas-antes-do-prazo 14 http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/55281-mec-libera-r-1-2-bi-

para-instituicoes-e-garante-custeio-da-assistencia-estudantil-para-2017

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este querer, logo, faz-se necessário criar politicas que garantam a mínima dignidade

àqueles cujos olhares não se voltam.

2.3- Inclusão Digital

Em tempo de grandes mudanças e de desigualdades ampliadas pela exclusão

digital, torna-se fundamental estudar a vida em sociedade e suas nuances. Acompanhando

o avanço tecnológico, a Internet tem sido a melhor ferramenta de interação com o mundo,

de tal modo que a Organização das Nações Unidas declarou recentemente, através da

resolução A/HRC/32/L.20 aprovada em 1º de julho de 2016 (ONU, 2016), que o acesso à

Internet é um direito humano, devendo ser garantido o direito à liberdade de opinião e

expressão, reforçando ainda que ao negar esse acesso comete-se um crime e viola os

direitos humanos. Precisamente, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovou a

resolução intitulada “The promotion, protection and enjoyment of human rights on the

Internet”, em que, entre outras considerações, releva as oportunidades que a Internet

coloca a uma educação inclusiva:

Emphasizing that access to information on the Internet facilitates vast

opportunities for affordable and inclusive education globally, thereby being an

important tool to facilitate the promotion of the right to education, while

underlining the need to address digital literacy and the digital divide, as it affects

the enjoyment of the right to education;

Na sequência destas considerações, o Conselho apela aos Estados para promover a

alfabetização digital e facilitar o acesso a informações na Internet:

Affirms that quality education plays a decisive role in development, and therefore

calls upon all States to promote digital literacy and to facilitate access to

information on the Internet, which can be an important tool in facilitating the

promotion of the right to education;

E sobre a acessibilidade dos cidadãos com deficiência, o Conselho também

encoraja os Estados a tomarem as medidas adequadas para promover a participação das

pessoas com deficiência:

Encourages all States to take appropriate measures to promote, with the

participation of persons with disabilities, the design, development, production

and distribution of information and communications technologies and systems,

including assistive and adaptive technologies, that are accessible to persons with

disabilities;

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Filho (2003) elencou os três pilares fundamentais para que a inclusão digital

aconteça: TIC, renda e educação. Para isso, o tripé deve estar conectado entre si. Para

melhor compreensão, resume-se: sem renda não é possível comprar computador ou pagar

um plano de Internet. Menos ainda, podemos dizer que basta a existência de Internet ou

computador para ser incluído digitalmente, uma vez que sem o aprendizado do uso desses

recursos, também não é possível estar “conectado”. Pode haver, assim, uma inclusão

excludente (ALVES, 2017): inclusão no acesso (aquisição da tecnologia), mas uma

exclusão no uso se não se tiver competências para usar as tecnologias nas suas plenitudes.

Inclusão digital é fruto do que se denomina sociedade da informação, baseada

nas redes digitais, ou sociedade do conhecimento, que privilegia o saber perante o fazer.

Deve ser vista sob o ponto de vista ético, sendo considerada como uma ação que

promoverá a conquista da cidadania digital, a qual contribuirá para uma sociedade mais

igualitária, com a expectativa da minimização da exclusão social.

Conforme a matéria “o acesso à tecnologia como novo indicador de

desigualdade” publicada pelo site El País (2017), a UNICEF traz um alerta: se não forem

adotadas soluções, aumentará a disparidade existente entre os países mais desenvolvidos

e as nações em desenvolvimento. Ressalta ainda, que a implantação de “uma era digital

igualitária” é o novo desafio e consegui-la significará melhorar as oportunidades da

infância. Também Manuel Castells, no seu livro “A Galáxia da Internet”, ao fazer a

geografia dos utilizadores da Internet diz que é “muito importante realçar que o uso da

Internet está claramente diferenciado em termos territoriais, e segue a distribuição

desigual da infraestrutura tecnológica, da riqueza e da educação no planeta”

(CASTELLS, 2004, p. 247). Noutra passagem da mesma obra, em tema sobre a info-

exclusão, clarifica que

A disparidade entre os que têm e os que não têm Internet amplia ainda mais o

hiato da desigualdade e da exclusão social, numa complexa interação que parece

aumentar a distância entre a promessa da Era da Informação e a crua realidade na

qual está imersa uma grande parte da população mundial (idem, p. 287).

Em uma entrevista com a diretora do Comitê Espanhol de Programas do UNICEF,

Blanca Carazo, para o referido site15, a mesma citou que a capacidade de penetração das

15https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/05/tecnologia/1512475978_439857.html

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novas tecnologias é irrefreável e que temos de usá-las como vantagem, para que as

próprias crianças sejam capazes de manifestar através delas suas necessidades e transmitir

o que as preocupa. Neste sentido, percebe-se que mundo digital possui inúmeras

vantagens, entre essas, a infinidade de informações ao alcance de um clique e a

comunicação imediata.

Apesar disso, o acesso é limitado, ou seja, nem todos têm acesso. Na esfera

global, 3,2 bilhões de pessoas têm acesso à Internet — o que representa 43,4% da

população global. O universo dos 57% da população off-line — cerca de quatro bilhões

de pessoas — concentra-se sobretudo no continente africano. Enquanto 21% da

população na Europa não têm acesso à Internet (nos países desenvolvidos em geral, cerca

de 80% da população estão on-line), na África esse percentual de desconectados alcança

75% da população. Na região da Ásia e do mundo árabe, a população off-line

corresponde a 58,1% e 58,4%, respectivamente. Em todas as regiões, constata-se o acesso

não igualitário de homens e mulheres à Internet, estando as mulheres em situação de

desvantagem — essa desigualdade é mais acentuada na região africana, culminando em

até 50% na África Subsaariana.16

Conforme informação do relatório da UNICEF (2017) sobre a “Situação Mundial

da Infância”, 29% dos jovens do mundo entre 15 e 24 anos (346 milhões de pessoas) não

têm acesso à Internet. Segundo o referido relatório, os países em que crianças e

adolescentes têm menos acesso estão no continente africano onde 60% das pessoas entre

15 e 24 anos não têm acesso à Internet. A disparidade é notória em relação à Europa, uma

vez que essa porcentagem cai para 4%. A digitalização também é limitada em áreas de

conflito armado deflagrado ou recente, como Iêmen, Iraque e Afeganistão.

A inclusão digital é um processo de democratização do acesso às Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC), como garantia de acesso aos meios digitais e suas

ferramentas, e consequentemente, a inclusão social de cada cidadão, causando, assim, a

sensação de pertença ao coletivo social. Em decorrência disso, se discute cada vez mais a

respeito da importância da inclusão digital para que todos possam usufruir dos benefícios

do uso das tecnologias, dentre estes a praticidade e a conexão com o mundo.

16 http://www.mdh.gov.br/sdh/noticias/2016/novembro/Internet-e-direitos-humanos

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Num mundo pós-moderno em que o sistema capitalista globalizado fez surgir um

“novo sistema de relações sociais centrado no indivíduo” (CASTELLS, 2004, p. 158), em

detrimento de relações pessoais e sociais duradouras, o sociólogo Manuel Castells, ao

analisar a sociabilidade online, através da Internet, considera que esta rede “é um meio

eficaz para manter os laços sociais débeis” (idem, p. 159) ─ que se poderiam perder ─ e

“pode contribuir também para manter os laços fortes à distância” (idem, p. 160). Ou seja,

embora a forma dominante da sociabilidade seja o individualismo em rede, este “constitui

um modelo social, não uma coleção de indivíduos isolados” (idem, p. 161), já que, como

considera o autor:

Os indivíduos constroem as suas redes, on-line e off-line, sobre a base dos seus

interesses, valores, afinidades e projetos. Devido à flexibilidade e ao poder de

comunicação da Internet, a interação social on-line desempenha um papel cada

vez mais importante na organização social no seu conjunto” (CASTELLS, 2004,

p. 161).

Em geral, a tecnologia se faz presente na vida cidadãos, seja nos celulares,

computadores ou em outras ferramentas que já se tornaram indispensáveis no quotidiano

de quem as têm. Ao chegar no sujeito, ele faz assimilação da informação e a reelabora

em novo conhecimento, refletindo, assim, na qualidade de vida das pessoas. Logo, a

Internet torna-se indispensável para a participação e inserção na vida pública, pois vem

tornando-se indissociável da noção de igualdade sócio-política.

Segundo Cruz (2004), a inclusão digital deve favorecer a apropriação da

tecnologia de forma consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando, como e

para quê utilizá-la. Do ponto de vista de uma comunidade, a inclusão digital significa

aplicar as tecnologias a processos que contribuam para o fortalecimento de suas

atividades econômicas, de sua capacidade de organização, do nível educacional e da

autoestima dos seus integrantes, de sua comunicação com outros grupos, de suas

entidades e serviços locais e de sua qualidade de vida. O autor ainda reforça que na

sociedade atual o conhecimento cada vez mais é considerado riqueza e poder, e que o

desenvolvimento socioeconômico e político do país passa também pelas chamadas TIC.

A UNICEF (2017) identifica quatro benefícios derivados da implantação maciça

de novas tecnologias: 1. Melhoria na qualidade da educação; 2. Possibilidade de acessar

ferramentas e informação que permitam aos jovens buscar novas soluções para seus

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problemas; 3. Nova economia com mais opções profissionais para os jovens, e 4. Melhor

atenção em caso de emergência.

Desse modo, pode-se inferir que a inclusão digital, além de acesso às tecnologias,

integra também um processo de aprendizagem para uso das ferramentas tecnológicas.

Como dito anteriormente, uma comunidade não pode apenas ter um computador ou outro

meio digital, precisa saber usá-la. Torna-se necessária o chamado “letramento digital”,

terminologia usada no Brasil ainda que em que em muitos outros países se use a

terminologia “literacia digital”, na linha da expressão anglo-saxônica “digital literacy”,

com a qual, segundo definição proposta pela União Europeia, em 2008, significa: “Digital

Literacy is the skills required to achieve digital competence; the confident and critical use

ICT for leisure, learning and communication […] (SILVA e PEREIRA, 2011, p. 228).

Buzato (2003) esclarece que pessoas alfabetizadas não são necessariamente

“letradas”. Mesmo sabendo “ler e escrever”, isto é, codificar e decodificar mensagens

escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, redigir um

convite formal, interpretar um gráfico, encontrar um gráfico, encontrar um livro em um

catálogo, etc. A essa competência ele denomina “letramento”, que se constrói na prática

social, e não na aprendizagem do código por si. Dessa forma, o autor emprega o termo

“letramento digital”, por entender que vai muito além de interpretar uma interface digital

ou um código, é também inserir as tecnologias digitais de informação e comunicação em

práticas sociais significativas.

David Barton (1998), apud Xavier (2002), afirma que antes de constituir um

conjunto de habilidades intelectuais, o “letramento” é uma prática cultural, sócio e

historicamente estabelecida, que permite ao indivíduo apoderar-se das suas vantagens e

assim participar efetivamente e decidir, como cidadão do seu tempo, os destinos da

comunidade à qual pertence e as tradições, hábitos e costumes com os quais se identifica.

A capacidade de enxergar além dos limites do código, fazer relações com informações

fora do texto falado ou escrito e vinculá-las à sua realidade histórica, social e política são

características de um indivíduo plenamente letrado. Possivelmente alguém, mesmo sendo

alfabetizado e letrado, isto é, já dominando a tecnologia da leitura e da escrita e fazendo

uso dos privilégios totais do letramento, seja ainda um “analfabeto ou iletrado digital”.

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A competência para usar os equipamentos digitais com desenvoltura permite ao

aprendiz contemporâneo a possibilidade de reinventar seu quotidiano, bem como

estabelece novas formas de ação, que se revelam em práticas sociais específicas e em

modos diferentes de utilização da linguagem verbal e não-verbal. O “letramento digital”

requer que o sujeito assuma uma nova maneira de realizar as atividades de leitura e de

escrita, que pedem diferentes abordagens pedagógicas que ultrapassam os limites físicos

das instituições de ensino, em vários aspectos, especialmente no que diz respeito a:

• velocidade do próprio ato de apreender, gerenciar e compartilhar as

informações;

• verificação on-line pela Internet da autenticidade das informações

apresentadas, com condição de comprovar ou corrigir os dados expostos

virtualmente em um site da grande rede;

• ampliação do dimensionamento da significação das palavras, imagens e

sons por onde chegam as informações a serem processadas na mente do aprendiz;

• crescimento da participação de outros interlocutores na “composição

coletiva” e, às vezes, simultânea de textos na Internet como ocorre com os chats

(conversas por escrito e auxiliadas por ícones de modo simultâneo e à distância

entre várias pessoas de diversas partes do país ou do mundo), bem como acontece

com as hiperficções colaborativas (que consistem na escrita de um texto literário

na rede com a colaboração real de várias pessoas no espaço virtual). A

consequência mais visível dessas construções coletivas é a divisão do trabalho de

autoria, tornando os envolvidos coautores, logo, corresponsáveis e mais

comprometidos com o discurso ali elaborado por cada um dos participantes.

(XAVIER, 2002, p.4-5).

O reconhecimento que o letramento digital (competências digitais) é inerente às

práticas sociais, à cidadania, vai ao encontro de vários estudos que colocam o

desenvolvimento da cidadania como uma ação central no desenvolvimento do letramento

como prática social (COPE e KALANTZIS, 2009). E nesse sentido, para Souza e Silva

(2013) a escola deve ser o espaço que propicia o contato com essas diferentes linguagens

do letramento (literacia) digital: “O desenvolvimento dessas novas linguagens (literacia

digital) atuaria como uma meta da educação ao promover a capacidade de utilizar critica

e eficazmente as tecnologias, de modo a fazer algo construtivo e significativo” (SOUZA

e SILVA, 2013, p. 6160). A figura seguinte ilustra as várias dimensões do letramento

digital como prática social.

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FIGURA 14: O letramento digital como prática social

Fonte: Souza e Silva, 2013, p. 6160; o título da figura foi adotado.

Para Xavier (2002), o Letramento digital implica realizar práticas de leitura e

escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital

pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e

não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita

feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também

digital.

Barton (1998, p. 9) apud Xavier (2002) defende a existência paralela de vários

tipos de letramento. Para ele, “letramento não é o mesmo em todos os contextos; ao

contrário, há diferentes Letramentos. E mudam porque são situados na história e

acompanha a mudança de cada contexto tecnológico, social, político, econômico ou

cultural em uma dada sociedade”.

Por conseguinte, o termo Inclusão Digital não trata apenas de promover acesso às

TIC, mas de capacitar o indivíduo para retirar o máximo proveito das ferramentas

tecnológicas em seu potencial máximo, a partir de sua capacidade intelectual, e aplicá-las

em seu contexto social. Desta feita, as instituições internacionais e nacionais trabalham

com o objetivo de proporcionar e garantir o acesso de todos às tecnologias, através de

tratados e acordos internacionais, bem como de legislações nacionais.

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2.4- Inclusão Digital no Brasil

A Sociedade da Informação se desenvolve em cada país de modo diferente, cresce

de acordo com as condições sociais e econômicas do contexto inserido, conforme nos diz

Manuel Castells em citação já referida: “o uso da Internet está claramente diferenciado

em termos territoriais, e segue a distribuição desigual da infraestrutura tecnológica, da

riqueza e da educação no planeta” (CASTELLS, 2004, p. 247).

Desde 1995, a Internet teve um grande impulso, primeiramente na comunidade

científica e, logo após, como plataforma de expansão do setor privado, estando aberta

também a serviços de natureza comercial. Nas telecomunicações, houve criação da

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a privatização de todo o sistema de

comunicação brasileiro.

A preocupação do Brasil com o desenvolvimento científico e tecnológico foi

sistematizada em 1985 com a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) por

meio do Decreto nº 91.146. Entretanto, foi basicamente a partir de 1999 que o governo

passou a criar políticas de incentivo à inovação, como: a Realização das conferências

nacionais de C,T&I; o lançamento da Política Nacional de C,T&I e da Estratégia

Nacional de C,T&I; o lançamento da Lei de Inovação em 2004; e a mudança de

nomenclatura do MCT para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

(LEMOS, CARIO, 2013)

Em 1999 foi criado o Livro Verde, e em 2002 o Livro Branco como resultado das

ações e diretrizes do governo pensadas para uma sociedade da informação no Brasil.

Além do Brasil, outros países como Portugal, Alemanha e Suécia, desenvolveram

programas voltados ao trabalho, educação, cultura e ações de desenvolvimento

tecnológico e científico para a construção da Sociedade da Informação, constituindo o

que MacLuhan e Fiore (1971) chamaram de “aldeia global”.

Como proposta do Livro Verde (1999), surgiu o Programa Sociedade da

Informação –(SocInfo) cujo objetivo é integrar, coordenar e fomentar ações para a

utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a contribuir para a

inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir

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para que a economia do País tenha condições de competir no mercado global. Embora as

ideias iniciais tenham surgido em 1996, com as discussões já em torno da “alfabetização

digital”, este programa foi concebido a partir de um estudo conduzido pelo Conselho

Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), coordenado pelo Ministério da Ciência e

Tecnologia (MCT) e instituído pelo governo federal em 1999 (MENEZES E SANTOS,

2001).

Para Menezes e Santos (2001), o programa possui interesse no desenvolvimento

econômico-social, de perspectiva mercadológica, então as discussões caminham na

inclusão social dos indivíduos motivada pelo interesse no acúmulo do capital financeiro.

Os anos 2000 representaram um grande salto na sociedade brasileira, foi ampliada

e racionalizada a estrutura do Sistema Nacional de Ciência & Tecnologia, com a

incorporação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Comissão Nacional de Energia

Nuclear (CNEN) ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), além da criação do

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) com ênfase na prospecção,

acompanhamento e avaliação.

Importante salientar também que nesse período foram firmados acordos

internacionais e o Brasil assumiu, diante destes organismos, o compromisso de

“modernizar programas e instrumentos vigentes, estabelecer parcerias por vezes inéditas

e avaliar alternativas para atuação bilateral e multilateral”. Tem início uma franca

expansão de políticas de parcerias, privatizações e acordos de cooperação técnica.

(BRASIL, 2002, p.12).

Surge também uma grande preocupação com a inclusão digital e a redução dos

índices de exclusão social. Um dos primeiros estudos sobre o acesso, usos e impactos das

Tecnologias da Informação e Comunicação na vida das pessoas foi realizado pela

Fundação Getúlio Vargas (FGV), tomando como base o censo de 2000, tendo sido

denominado “Mapa da exclusão digital”. O estudo, divulgado em abril de 2003, mostrou

que, à época, apenas 12,5% dos brasileiros tinham computador em casa, e 8,3% da

população acessava a Internet (NERI, 2003).

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FIGURA 15: Proporção de excluídos digitalmente por estados. Mapa da Divisão Digital (2003).

Fonte: Neri (FGV, 2003)

A renda, o grau de escolaridade, o local onde moram e a raça foram apontados

como fatores determinantes à aquisição de computadores. O estudo, ao que se percebe,

não focalizava as questões de conexão, instituindo uma ideia de que a inclusão ou

exclusão estariam relacionadas basicamente ao acesso e aquisição dos equipamentos, sem

uma discussão específica sobre conexão, Internet e redes.

Em 2010 o cenário começou a mudar, a cor amarela no Mapa de Acesso começou

a se destacar:

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FIGURA 16: Mapa de acesso – 2010.

Fonte: Censo 2010/IBGE

As estimativas do número de usuários da rede Internet no Brasil têm variado

muito, em razão da diversidade de fontes e critérios. As estimativas mais conservadoras

estão dimensionadas a partir da contagem dos pontos de conexão à Internet, enquanto as

demais se baseiam em estimativas variadas de usuários por máquina ou em pesquisas de

mercado. (TAKAHASHI, 2000, p.34).

Recentemente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e

Desenvolvimento - UNCTAD (2017) divulgou que o Brasil é o quarto país com maior

número absoluto de usuários de Internet. São cerca de 120 milhões de pessoas

conectadas, ficando atrás dos Estados Unidos com 242 milhões, Índia, com 333 milhões e

China, com 705 milhões.

Além disso, o documento “Economia da Informação 2017: Digitalização,

Comércio e Desenvolvimento” da ONUBr (2017) demostrou que os países em

desenvolvimento, como Brasil, México e Nigéria, tiveram taxas de crescimento com

média de 4% e 6% no período correspondente aos anos de 2012 a 2015. O número é

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bastante alto se comparado aos países desenvolvidos, com exceção do Japão, uma vez

que esses mercados já estão perto da saturação.

No Brasil e na China, mais de 50% da população utiliza a Internet, enquanto na

Índia apenas pouco mais de um quarto da população está online. A expectativa é de que

os próximos 1 bilhão de usuários de Internet virão principalmente das economias em

desenvolvimento. (ONU BRASIL, 2017)

Segundo as informações do documento, o crescimento está associado diretamente

com a facilidade de acesso proporcionado pela tecnologia, como o avanço da banda larga,

Internet presente nos aparelhos móveis, bem como a diminuição dos custos. A banda

larga, mesmo assim, em países em desenvolvimento, continua sendo considerada de alto

custo para grande parte da população. (idem, 2017)

De acordo com a pesquisa do IBGE (2017), dos 48,1 milhões de domicílios com

acesso à Internet, 77,3% utilizavam banda larga móvel e 71,4% banda larga fixa,

enquanto 49,1% usavam ambos os tipos. A região norte do País apresentou o menor

percentual de pessoas que se conectaram a Internet por banda larga fixa (63,3%), porém

teve a maior proporção de acessos via banda larga móvel (85,1%).

Isso reforça afirmação “o acesso e o uso da banda larga são facilitadores

essenciais da economia digital” disposta no documento da ONU (2018). Nos últimos

anos, o crescimento das assinaturas de banda larga fixa foi menor que o da banda larga

móvel em todas as regiões, o que levanta algumas preocupações em relação ao

desenvolvimento de longo prazo das redes e de serviços de alta capacidade em regiões

menos desenvolvidas. (ONU BRASIL, 2017).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2017) divulgou dados

detalhados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) em relação

ao acesso à Internet em 2016. Os dados demonstraram que das 63,4 milhões de pessoas

com 10 anos ou mais de idade que não utilizaram a Internet, 37,8% não sabiam usar e

37,6% alegaram falta de interesse, enquanto 14,3% não acessaram por considerar o

serviço caro.

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É importante frisar que os preços da banda larga fixa podem ser três vezes

maiores nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos, enquanto o

preço da banda larga móvel pode ser duas vezes maior, segundo a União Internacional de

Telecomunicações – UIT (2018).

A Organização das Nações Unidas do Brasil – ONUBR (2017) 17 afirmou que

apesar da considerável melhora no acesso às TIC, significativas disparidades persistem

no uso de tais tecnologias, especialmente em relação à banda larga. Nos países em

desenvolvimento, especialmente nos menos desenvolvidos, a penetração da banda larga é

baixa. Mesmo aqueles que têm acesso à banda larga tendem a experimentar velocidades

baixas de download e upload, o que limita as atividades na Internet. (TAKAHASHI,

2000, p.34).

De acordo com a Pnad (2016) divulgada pelo IBGE (2017), do total de domicílios

brasileiros (69,3 milhões), 45,3% tinham microcomputador. Os menores percentuais

foram no Norte (28,1%). Quanto à presença de tablet, este equipamento existia em 15,1%

dos domicílios, com o maior percentual no Sudeste (18,2%), e o menor no Norte (9,3%).

Entre os usuários de celular, 78,9% acessavam a Internet por meio do aparelho.

GRÁFICO 03: Percentual de domicílios com acesso à Internet, segundo o equipamento utilizado.

Fonte: http://idgnow.com.br/Internet/2018/02/21/brasil-tem-116-milhoes-de-usuarios-Internet-e-

comunicacao-e-o-principal-uso/

17 https://nacoesunidas.org/brasil-e-o-quarto-pais-com-mais-usuarios-de-Internet-do-mundo-diz-relatorio-

da-onu/

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Apesar de o celular ser predominante, existem outras formas de acesso à rede,

dentre essas: via microcomputador (63,7%), tablet (16,4%) e televisão (11,3%). Entre a

população de 10 anos ou mais, 22,9% não tinham celular para uso pessoal. Entre os

motivos para não possuir o aparelho destacaram-se: preço do equipamento (25,9%), falta

de interesse (22,1%), usava o celular de outra pessoa (20,6%) e não sabia usar (19,6%).

Regionalmente, o principal motivo mais indicado variou do custo do aparelho (Norte e

Nordeste), usava celular de outra pessoa (Sul e Centro-Oeste) e falta de interesse

(Sudeste). No Norte, 12,5% disseram que o serviço não estava disponível nos locais que

costumam frequentar, que não chegou a 5% nas demais grandes regiões.

Já entre as motivações para acesso estão: assistir a vídeos, programas, séries e

filmes (76,4%), seguidos por conversar por chamada de voz ou vídeo (73,3%) e enviar ou

receber e-mail (69,3%). (IBGE, 2017)

GRÁFICO 04: Percentual de pessoas que acessaram à Internet, segundo a finalidade do acesso.

Fonte: http://idgnow.com.br/Internet/2018/02/21/brasil-tem-116-milhoes-de-usuarios-

Internet-e-comunicacao-e-o-principal-uso/

Além disso, 92,4% dos 116,1 milhões de habitantes do Brasil que acessaram a

rede fizeram uso de aplicativos de troca de mensagens (com exceção do e-mail) para se

comunicar, o que significa que nove entre dez internautas no país já utilizavam

aplicativos de mensagens, e praticamente metade das pessoas não ocupadas não usavam a

rede (IBGE, 2018). Esses números fortaleceram dados do IBGE divulgados em 2017, que

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afirmava que os celulares foram os grandes responsáveis pela expansão do acesso à

Internet nos domicílios brasileiros.

Segundo o relatório, a utilização da Internet foi crescente com o aumento da

idade, o percentual de pessoas de 10 a 24 anos que utilizaram a Internet foi: 66,3% no

grupo etário de 10 a 13 anos, 82,5%, no de 14 a 17 anos, 85,4%, no de 18 ou 19 anos, de

85,2%, no de 20 a 24 anos. Entre os idosos (60 anos ou mais), apenas 24,7% acessaram.

Esse comportamento foi observado tanto nos indicadores dos homens como das

mulheres, sendo que a parcela feminina superou a masculina em todas as faixas etárias,

exceto entre os idosos.

Em relação ao sexo, a proporção de homens que tinham celular para uso pessoal

(75,9%) foi menor que a das mulheres (78,2%). Essa diferença foi notada nas Regiões

Norte (62,3% contra 67,8%), Nordeste (65,5% contra 71,6%) e Centro-Oeste (83,6%

contra 85,6%), mas quase imperceptível nas demais. Com o aumento da idade, as

diferenças foram diminuindo até haver inversão de posições no grupo de 60 anos ou mais,

quando o grupo dos homens (62,3%) superou o das mulheres (59,8%).

O percentual de pessoas que tinham celular para uso pessoal na população de 10

anos ou mais, foi de 77,1%, de 65,1% (Norte) a 84,6% (Centro-Oeste). O percentual dos

usuários de celular para uso pessoal foi mais baixo no grupo etário de 10 a 13 anos

(39,8%), subiu no de 14 a17 anos (70,0%) e alcançou os maiores níveis nos de 25 a 34

anos (88,6%) e de 35 a 39 anos (88,2%), passando a cair nos seguintes até atingir 60,9%,

entre os idosos (60 anos ou mais).

Esse indicador cresceu de acordo com o nível de instrução, variou entre 43,6%

(sem instrução) e 97,5% (superior completo). Entre a população de não estudantes, a

parcela que tinha celular para uso pessoal alcançou 79,5%, superando a dos estudantes

(68,0%). No entanto, os alunos da rede pública alcançaram patamar bem mais baixo

(59,4%) que os da privada (90,3%).

De acordo com a situação de ocupação da população de 14 anos ou mais, os

ocupados tiveram maior percentual dos que tinham celular para uso pessoal (88,9%) em

relação aos não ocupados (69,1%). Entre as pessoas ocupadas que tinham celular para uso

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pessoal, o percentual das que tinham acesso à Internet pelo aparelho foi mais alto (83,2%)

que entre as não ocupadas (71,1%).

Nas categorias de posição na ocupação, os empregadores (87,8%) são os que mais

utilizaram a Internet, seguidos pelos empregados (80,1%), conta própria (60,7%) e

trabalhadores familiares auxiliares (47,9%). Em todas as grandes regiões houve esse

comportamento, com exceção da Norte, onde o percentual dos empregados (72,9%) ficou

praticamente igual ao dos empregadores (73,1%).

Dos 10 grupamentos ocupacionais, a Internet é mais usada no dos profissionais

das ciências e intelectuais (97,4%), membros das forças armadas, policiais e bombeiros

militares (96,8%), trabalhadores de apoio administrativo (94,9%), técnicos e profissionais

de nível médio (94,3%) e diretores e gerentes (93,3%). Os trabalhadores qualificados da

agropecuária, florestais, da caça e da pesca (27,0%) são os que menos acessam.

Na comparação por grupamentos das 11 atividades, o acesso à Internet foi mais

elevado nos da informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias,

profissionais e administrativas (92,0%), da educação, saúde humana e serviços sociais

(91,2%), da administração pública, defesa e seguridade social (88,3%) e de outros

serviços (87,6%). Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (28,3%)

foi o grupamento de atividade com menos uso da Internet.

Neste sentido, percebemos o quanto estas variáveis (como sexo, idade,

escolaridade, frequência de rede de ensino e renda) são importantes e podem implicar no

acesso às tecnologias e na inclusão digital. Por esta razão, vários governos estão a investir

em programas de Inclusão Digital para proporcionar aos cidadãos empregabilidade, renda

e acesso às tecnologias.

Segundo a UNCTAD (2017), no ano de 2015, as economias em desenvolvimento

responderam por 70% dos usuários de Internet no mundo, sendo a maior parte na China e

na Índia. Apenas quatro economias desenvolvidas ficaram entre os dez países com maior

número de usuários: EUA, Japão, Alemanha e Reino Unido.

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FIGURA 17: As 10 principais economias pelo valor agregado do serviço de TIC – 2015.

Fonte: United Nations Conference on Trade and Development, 2017

Uma revolução tecnológica está ocorrendo em todo o mundo, porém é importante

ressaltar que no Brasil ainda se apresenta sérios problemas decorrentes das desigualdades

sociais que refletem na desigualdade digital. Segundo Nazareno, Bocchino, Mendes e Paz

Filho (2006, p. 14) a “expressão vem sendo empregada para indicar falhas no provimento

pelos governos de acesso universal a serviços de formação e comunicação,

indistintamente a todos os cidadãos”.

Entendemos que o processo de inclusão se realiza mediante três aspectos: 1)

Econômicos, em que os indivíduos devem ter condições financeiras para acessar as

tecnologias; 2) Cognitivos, pois as pessoas necessitam possuir uma visão crítica e

capacidade independente de uso e apropriação dos novos meios digitais, isto é, aquilo que

chamamos letramento ou literacia digital; e 3) Aspectos técnicos, dado que os indivíduos

necessitam de conhecimentos operacionais sobre programas e para acessar à Internet.

Na atualidade, o Brasil é um dos países do mundo com maior utilização das redes

sociais. É o quarto país em número de usuários do Facebook, com 70,5 milhões (e

também o quarto em percentagem da população, com 34,5%); e o segundo com maior

número de pessoas no Twitter. Em 2015, oito em cada dez crianças e adolescentes com

idades entre 9 e 17 anos eram usuários da Internet.

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Nesse contexto, a Internet surge como instrumento capaz de promover, mas

também de violar direitos humanos. De acordo com o programa Humaniza Redes,

lançado pelo Pacto Nacional de Enfrentamento das Violações de Direitos Humanos na

Internet, há denúncias relativas à discriminação contra as mulheres; à apologia e incitação

a crimes contra a vida; ao racismo; à homofobia; à pornografia infantil; à intolerância

religiosa; à xenofobia; ao discurso de ódio; entre outras violações on-line. Ao desafio de

enfrentar o cybercrime, somam-se os desafios do direito à privacidade e à segurança na

Internet. (SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2016)

O relatório da ONU (2018) indicou que menos de metade dos países da América

Latina e do Caribe adotaram legislação de proteção e privacidade de dados. E entre as

economias emergentes, a falta de habilidades digitais é particularmente significativa na

América Latina. Empresas na região tinham três vezes mais chances do que empresas do

Sul da Ásia, e 13 vezes mais do que as da Ásia-Pacífico, de ter problemas operacionais

devido à falta de capital humano. Ao mesmo tempo, o relatório cita experiências bem-

sucedidas na região, como o programa brasileiro Exporta Fácil, implementado em 2002 e

que ajudou a reduzir custos para a exportação de bens das pequenas e médias empresas.

(ONU BRASIL, 2018)

No Brasil, o Marco Civil da Internet foi aprovado por meio da Lei nº 12.965, de

23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da

rede no Brasil. Adota como fundamentos o respeito à liberdade de expressão, os direitos

humanos, a pluralidade, a diversidade e a finalidade social da rede. Entre os princípios,

destacam-se tanto a garantia da liberdade de expressão como a proteção à privacidade e

aos dados pessoais. Gradativamente, com oscilações, cortes nacionais e internacionais

têm sido provocadas a delimitar o alcance de direitos e liberdades na era da Internet. Ao

mesmo tempo, marcos jurídicos têm sido aprovados com a ambição de estabelecer

parâmetros, princípios, garantias, direitos e deveres no mundo digital. (SDH, 2016)

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos do Brasil (2016), os avanços da

tecnologia da informação e das comunicações podem ameaçar e violar direitos, mas

também têm a potencialidade de promover e fortalecer esses mesmos direitos, uma vez

que os direitos humanos off-line devem ser também protegidos on-line.

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Seja qual for o critério estabelecido para avaliar a inclusão/exclusão digital no

Brasil, tem sido invariável a constatação de que o número de usuários da Internet em

relação ao total da população é baixo, consequência do quadro de profunda desigualdade

social no País, evidenciada por indicadores socioeconômicos como o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. (TAKAHAKI, 2000, p.34)

Sem dúvida a informática, as TIC e o mundo digital não têm mais a ver com

computadores, mas com a vida das pessoas, tal como Sherry Turkle elucidou com sua

obra A vida do ecrã (TURKLE, 1997), e o seu ritmo de crescimento ao longo dos anos é

persistente, o que torna a inclusão digital uma necessidade inerente para o cidadão do

século XXI, a qual, segundo Gouvêa (2002, p.11) “constitui uma questão ética oferecer

essa oportunidade a todos, ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o

incluído tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos”.

O Brasil, assim como os países em desenvolvimento, já adota políticas e

iniciativas voltadas para a Sociedade da Informação, reforçadas desde a publicação do

Livro Verde para a Sociedade da Informação no ano 2000 (TAKAHASHI, 2000), mas,

efetivamente, os programas deixam ainda a desejar. O Livro Verde (2000) propõe quais

os alguns pontos a serem seguidos para aumentar os índices de inclusão digital no Brasil:

• É necessário aumentar drasticamente o número de pessoas com

acesso direto ou indireto à Internet no Brasil;

• É necessário capilarizar o acesso à Internet em todo o País;

• É necessário produzir e disponibilizar no mercado brasileiro

dispositivos (hardware + software) de baixo custo. Soluções de equipamentos de

acesso à Internet a um custo unitário muito mais baixo do que os correntemente

praticados são necessárias para que pessoas de menor poder aquisitivo consigam

ter acesso doméstico.

• É necessário promover a implantação de serviços de acesso

público à Internet;

• É necessário oferecer mecanismos de avaliação e oportunidades

de treinamento básico em Informática em larga escala Treinamento básico deve

ser provido em todos os centros diretamente apoiados pelo Programa.

(TAKAHASHI, 2000, p.40-41)

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Na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável para os

estados-membros18 reconheceram a importância da expansão das tecnologias da

informação, das comunicações e da interconexão mundial, destacando a necessidade de

enfrentar as profundas desigualdades digitais e desenvolver as sociedades do

conhecimento, com base em uma educação inclusiva, equitativa, não discriminatória,

com respeito às diversidades culturais. Na sociedade global da informação, emergencial é

incorporar o enfoque de direitos humanos por meio de uma educação e cidadania digitais

inspiradas nos valores da liberdade, igualdade, sustentabilidade, pluralismo e respeito às

diversidades. (SDH, 2016).

Como contribui Freire (2002, p.11), “mais que organizar e processar

conhecimento científico, como antes dos primórdios da ciência da informação, será

importante prover seu acesso público através das mais diversas formas e dos mais

diversos canais de comunicação, de maneira que essa nova força de produção social

possa estar ao alcance dos seus usuários potenciais.”

Debates científicos e discussões sobre o assunto tomaram corpo no Brasil desde

meados da década de 90 do século XX, no entanto, nos dias atuais ainda se depara com

pessoas que nunca tiveram acesso, ou tiveram muito pouco acesso a ferramentas de

informatização e acesso à Internet. Assim, há necessidade de envolver toda a sociedade

nas práticas educativas voltadas para aprendizado da informação e comunicação, na

perspectiva de educar com a mídia (FREIRE E GUIMARÃES, 2013).

2.5- Inclusão na Educação

A inclusão é um movimento educacional, mas também social e político que vem

defender o direito de todos os indivíduos participarem, de uma forma consciente e

responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceites e respeitados naquilo

que os diferencia dos outros. No contexto educacional, também se defende o direito de

todos os alunos desenvolverem e concretizarem as suas potencialidades, bem como de

apropriarem as competências que lhes permitam exercer o seu direito de cidadania,

18 https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/

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através de uma educação de qualidade, que foi talhada tendo em conta as suas

necessidades, interesses e características. (FREIRE, 2008, p.1)

As discussões no âmbito da inclusão digital por muito tempo estiveram distantes

das políticas educacionais, e até hoje reforça a ideia de o ambiente extraescolar é mais

dinâmico e evolutivo, afirmando-se pela própria configuração das salas de aula sem

tantas modificações. Porém, a inserção das TIC no ambiente escolar, de acordo com

Bonilla (2005, p. 32) contribui para “reorganizar a visão de mundo de seus usuários,

impondo outros modos de viver, pensar e agir, modificando hábitos cotidianos, valores e

crenças, constituindo-se em elementos estruturantes das relações sociais” (BONILLA,

2005, p. 32).

Conforme informações do Instituto de Estatística da Organização das Nações

Unidas (2018) houve uma estagnação nos progressos para recuperar meninos e meninas

excluídos da educação formal. Desde 2012, o número de crianças e adolescentes fora da

escola caiu pouco mais de um milhão. No nível primário, a taxa de evasão escolar quase

não sofreu modificações durante toda a década passada, com 9%, ou 63 milhões de

crianças de seis a 11 anos fora da escola.

O problema piora conforme avança a idade — 61 milhões de adolescentes de 12 e

14 anos e 139 milhões de jovens de 15 a 17 anos não estão matriculados em nenhum

colégio. Isso significa que um em cada três adolescentes não estuda. Os jovens de 15 a 17

anos têm uma probabilidade quatro vezes maior do que crianças do primário de estarem

fora da escola. Em comparação com a faixa etária dos 12 aos 14, os adolescentes mais

velhos têm o dobro de chances de não frequentar uma instituição de ensino. A diretora-

geral da UNESCO alerta que esses novos dados mostram o tamanho da lacuna que

precisa ser preenchida para garantir o acesso universal à educação.

A inclusão digital é um direito de todos, pois garante ao cidadão o acesso, a

identificação, organização e aplicação das informações em seu contexto social,

possibilitando o desenvolvimento de uma competência crítica. Na atualidade, as

informações e os conhecimentos estão disponíveis nas redes digitais criando uma ideia de

acesso igualitário, uma vez que “possivelmente” está ao alcance de todos, logo, a

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educação não se restringe mais aos espaços formais como as salas de aula presenciais,

mas em diversos espaços, de forma a contribuir para a formação de uma cultura digital.

Vivendo num tempo cibercultural com grandes mudanças nas noções tradicionais de

“espaço-tempo” (CASTELLS, 2002), que também se evidenciam na a educação como

clarifica a autora Maria Graça Silva ao afirmar que

a mobilidade na educação diminui e torna fluídas as fronteiras de comunicação

entre escola, residência e trabalho, uma interferindo, influenciando e se

imbricando na outra. Portanto, além do tempo e do espaço, o contexto da

comunicação é ressignificado: a escola entra em casa e a casa entra na escola,

bem como os amigos, a família, a comunidade… os espaços e os territórios

informacionais são ampliados (SILVA, 2013, p. 130).

Assim, podem ser considerados outros espaços educacionais, como as

organizações não governamentais e associações de bairro, por exemplo. No Brasil, como

demostrado no ponto anterior, os principais projetos voltados para a inclusão digital

nasceram no Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério das Comunicações e Casa

Civil e não tiveram origem no Ministério da Educação. As tecnologias surgiram nas

escolas em meados da década de 90 do século através da expansão da educação a

distância, a criação de programas como o “Salto para o futuro”, do TV Escola e do

Proinfo e de estratégias de financiamento para a aquisição de computadores e

equipamentos tecnológicos para as escolas (ALMEIDA, 2008).

Foi somente no ano de 2007 que as ações de inclusão digital na educação se

efetivaram, com a reformulação do Proinfo e a criação de programas e projetos como o

ProUCA. Até então, a perspectiva de uso das tecnologias na educação era a de

“disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática” nas escolas públicas

brasileiras (BRASIL, 1997).

Perante um cenário de grandes desigualdades sociais, como vimos no ponto

anterior deste capítulo, o equipamento das escolas, com infraestrutura, informáticas e

rede de Internet assume-se fundamental no combate à info-exclusão, como demonstram

vários estudos de enquete os quais o realizado por Silva e Pereira (2011) numa zona rural

no Norte de Portugal (com um estatuto socioproficional dos agregados familiares de

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baixos recursos económicos e baixa escolaridade), envolvendo um número significativos

de jovens que frequentavam a escola fundamental e respetivas famílias. Como conclusão

do estudo, os autores referem:

Neste cenário assimétrico [apenas 35 % dos lares eram tecnologicamente ricos,

entenda-se, possuíam computador e Internet, dados de 2008] a escola tem-se

assumido, claramente, enquanto fator de inclusão digital primária facilitando

acesso a jovens que, de outra forma, dificilmente teriam essa possibilidade. No

contexto geográfico, social, económico e cultural do nosso estudo, todos os

jovens indicam ter acesso na escola a computadores/Internet (SILVA E

PEREIRA, 2011, p. 14).

Contudo, para que os resultados da inclusão digital sejam positivos e

determinantes no futuro, além do acesso aos equipamentos (acesso primário), é

necessário um processo de alfabetização dos usuários em letramento digital. Além disso,

deve ser criada uma educação para a informação de forma que introduzam em diferentes

espaços educativos características de um processo inclusivo.

É importante frisar que para que haja de fato inclusão digital não basta somente

adquirir computadores e dar acesso a população de baixa renda, ou até mesmo, ensinar as

pessoas a utilizarem esse ou aquele software. Ter ou não acesso à infraestrutura

tecnológica é apenas um dos fatores que influenciam a inclusão/exclusão digitais, mas

não é o único, nem até o mais relevante (BONILLA, 2001). Há essa necessidade

imperiosa de formação digital, como já afirmamos neste texto a propósito da expressão

“nativos digitais”, concordamos com Dans (2017, p. 229) quando afirma que “Millenial

se nace, sí. Pero nativo digital não se nace, se hace”.

Em certo sentido, o Letramento digital luta contra a ideia de ensino/aprendizagem

como preenchimento das “mentes vazias do aluno, como bem frisou o pernambucano

Paulo Freire quando criou a metáfora da “educação bancária” para ilustrar essa

pedagogia. Segundo esse educador, muitas escolas ainda veem o aluno como um depósito

de informações a ser preenchido, uma espécie de banco de dados a ser alimentado por um

“mestre-provedor” de conhecimento (XAVIER, 2002). A Internet é um ambiente de

informação complexo para quem não tem familiaridade ou capacidade para utilizar a

busca e recuperação da informação, por isso, a alfabetização em informação deve criar

aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de encontrar, avaliar e usar informações,

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seja para resolver problemas ou tomar decisões. Um indivíduo alfabetizado em literacia

informacional (information literacy) é capaz de identificar a necessidade de obter dados,

de organizá-los e aplicar na prática, integrando-os a um corpo de conhecimentos já

existente e empregando-os na solução de problemas.

A information literacy é um conceito que surgiu na literatura de biblioteconomia,

nos Estados Unidos, e vem se transformando em verdadeiro movimento mundial na área,

de acordo com Belluzzo (2001). A Association for College and Research Libraries (2000)

usa o conceito acrescentando os valores de responsabilidade, ética e legalidade: (...) é

definida como a habilidade para reconhecer quando existe a necessidade de se buscar a

informação, estiver em condições de identificá-la, localizá-la e utilizá-la efetivamente

para um objetivo específico e predeterminado – o desenvolvimento da sociedade com

responsabilidade, ética e legalidade. Também denominada de alfabetização do século

XXI (BELLUZZO, 2001).

De acordo com Xavier (2002), há três elementos que compõem o letramento

digital, quais sejam: as Práticas Sociais e os Eventos de Letramento e os Gêneros

textuais/digitais. Para ela, as práticas sociais de comunicação embora sejam convenções

deduzidas das informações culturais, alguns dos usos e das funções de um tipo de

letramento ganham uma grande importância social, inclusive para a sobrevivência física e

política dos seus usuários em uma sociedade letrada. Tais práticas sociais se revelam nas

interações humanas que, pela elaboração, formatam textos (falados e escritos) em gêneros

discursivos, a fim de executar certas ações no mundo geralmente em consonância com as

da rede de relação coletiva com outros indivíduos.

Xavier (2002) postula que em 1999, o pesquisador norte-americano, Dom

Tappscot, investigou as respostas a um questionário enviadas pela Internet por pré-

adolescentes e adolescentes que estão crescendo com acesso ao mundo da informática e

publicou no livro Geração Digital (1999). No estudo, concluiu que este tipo de professor

“sabe-tudo”, aquele que fornece todas as informações aos alunos está com seus dias

contados, uma vez que constatou uma forte rejeição ao “jeito velho de aprender”, rejeição

que se mostrou de várias maneiras, principalmente, quando os alunos começam a buscar

outras fontes de informação, não se limitando mais ao professor ou ao livro didático.

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A educação para a informação está, portanto, no cerne de uma nova e desejada

sociedade “incluída”, que seja amparada na consideração “cuidadosa” de uma interação

que envolva novas e ousadas abordagens relacionadas ao acesso à informação por meio

das TIC. O montante de informação na Internet leva a que se proponham questões sobre

as competências necessárias para aprender a se informar e aprender a informar, sobre

onde adquirir a informação e chama a atenção de que essa aprendizagem é totalmente

inexistente no sistema de ensino (LE COADIC, 2004, P.112).

A universalização dos serviços de informação e comunicação é condição

fundamental, ainda que não exclusiva, para a inserção dos indivíduos como cidadãos,

para se construir uma sociedade da informação para todos. No entanto, é importante criar

mecanismos educativos capazes de promover nas pessoas a capacidade de atuar como

provedores ativos dos conteúdos que circulam na rede.

Nesse sentido, é imprescindível criar programas educativos que fomentem a

alfabetização digital, proporcionando a essas pessoas não somente a aquisição de

competências básicas para o uso de computadores e da Internet, mas também

possibilitando a utilização dessas mídias em favor dos interesses e necessidades

individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania.

Ou seja, universalizar serviços nesse aspecto poderá, além de conceber soluções e

promover ações que envolvam desde a ampliação e melhoria da infraestrutura de acesso,

também de formar cidadãos informados e conscientes ao uso dos serviços disponíveis nas

redes comunitárias. Ressalta-se que o conceito de universalização tem caráter evolutivo,

decorrente da velocidade do desenvolvimento das tecnologias de informação e

comunicação e das novas oportunidades e assimetrias provocadas por esse

desenvolvimento, podendo gerar novas formas de exclusão as quais devem ser

continuamente consideradas, acompanhadas e contrariadas por políticas ativas de

inclusão. E a educação escolar, espaço frequentado por todas as crianças e jovens, no

cumprimento do conceito de Educação para todos, é um instrumento eficaz para

promover a inclusão digital, e, por conseguinte, também a inclusão social.

Nesta linha de pensamento, Sarmento (2002) questiona: Que pode a escola contra

a exclusão social? Sendo a exclusão social fruto das desigualdades sociais presentes na

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sociedade capitalista, a escola não pode modificar essa realidade por completo. No

entanto, ainda que seja de forma mínima, entendemos que a escola pode ser um local de

transformação social. A escola é um agente transformador e por isso, a educação tem esse

viés de garantia e de luta pelos direitos sociais.

As ações cotidianas no ambiente pedagógico da escola podem ir desde o uso do

computador ao uso dos celulares e aplicativos móveis em sala de aula. Pois, além da

construção da cidadania e da participação social, essas práticas contribuem para inclusão

social. Uma vez que a difusão do conhecimento proporciona igualdade, dignidade e

novas oportunidades.

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CAPÍTULO 3: O PERCURSO METODOLOGICO: compreendendo os caminhos

3.1 O método e suas nuances

Método é o caminho pelo qual se chega a determinado

resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado

de antemão de modo refletido e deliberado.

HEGENBERG, 1976

Para dar vida a pesquisa e atingir os objetivos propostos do problema desta

pesquisa, apresentados na Introdução deste trabalho, o estudo elegeu como esquema

metodológico fases diferenciadas e articuladas entre si. Teve início na pré-

implementação que consistiu na escolha do tema, no levantamento bibliográfico,

levantamento documental, fichamento, seleção do local da pesquisa, elaboração dos

instrumentais a serem utilizados e pré-teste. Nesta fase, foi feito um levantamento

documental a partir dos dados atuais do Internet Word States 19, Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE (2015, 2016, 2017 e 2018) bem como a resolução

A/HRC/32/L.20 aprovada em 1º de julho de 2016 pela Organização das Nações Unidas

(ONU, 2016) que serviu como ponto de partida para a investigação.

Posteriormente, a implementação da pesquisa se constituiu no momento da

pesquisa de campo. Notou-se a complexidade que é definição do campo da pesquisa, uma

vez que somente durante o andamento do estudo é que vão sendo traçado os caminhos a

ser percorrido. A pesquisa de campo na área das ciências sociais tem como objeto de

estudo o homem, além de procurar captar seu comportamento, vivência e experiências a

partir de um determinado contexto social. Assim, é vital a construção de instrumentais

que possibilitem coletar os dados e informações do campo empírico, com vistas a

verificar, testar e confirmar como a teoria estudada se aplica à realidade (MICHEL,

2005).

Assim, o estudo em questão elegeu como técnicas de coleta de dados, a

observação indireta, com dados extraídos de uma análise bibliográfica e documental,

através de livros, artigos científicos e dados de fontes confiáveis. E a observação direta,

que objetivou a coleta de dados primários, através da obtenção de dados obtidos

diretamente na fonte. Foi realizado um estudo survey, em que se optou pela utilização do

19 www.Internetwordstates.com

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questionário socioeconômico, aplicado de forma online em março de 2016, contendo

perguntas abertas e fechadas aos estudantes do IFAM-CMZL para seleção da assistência

estudantil e, posteriormente, realização de entrevista semiestruturada para clarificação

dos dados e melhor conhecimento dos sujeitos da pesquisa.

Segundo Freitas, Oliveira, Saccol e Moscarola (2000), o método de pesquisa

survey é quantitativo e sua escolha deve estar associada aos objetivos da pesquisa. Para

os autores, “cada desenho de pesquisa ou investigação pode fazer uso de diferentes

métodos de forma combinada, o que se denomina de multimétodo” (idem, p.105).

A pesquisa survey, segundo Fink e Kosecoff (1998) e Forza (2002), é um método

de coleta de informações diretamente com as pessoas a respeito de suas ideias,

sentimentos, saúde, planos, crenças e de fundo social, educacional e financeiro ou sobre a

unidade, empresa ou organização que atua. Uma survey pode ser feita através de um

questionário onde se completam os dados com ou sem assistência. Esse questionário pode

ser enviado pelo correio ou por e-mail. A survey pode ainda ser feita através de

entrevistas pessoais ou por telefone. Forza (2002) afirma que a survey determina a

informação sobre grandes populações com um nível alto de exatidão.

Com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário online a fim de

compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode

colaborar para a inclusão social e digital. Após aplicação do questionário

socioeconômico aos estudantes do IFAM-CMZL, no primeiro semestre do ano de 2016,

recolheram-se os dados que demonstraram como resultado o perfil socioeconômico e o

nível de conhecimento e acesso dos estudantes às tecnologias da informação e

comunicação.

De um total aproximado de 1.100 estudantes matriculados na modalidade de

ensino presencial, 643 preencheram o questionário socioeconômico no primeiro semestre

de 2016 (58,5% dos estudantes). O questionário é aplicado uma vez por semestre para a

seleção de estudantes em situação de vulnerabilidade social, ou seja, é lançado a cada

semestre um edital de seleção de estudantes para concorrer aos benefícios

socioassistenciais estudantis, sendo estes: transporte, moradia, creche, material didático e

alimentação. Neste sentido, os aprovados na seleção são aqueles que apresentam situação

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de vulnerabilidade social, avaliados através da análise de renda (renda per capita de até

um salário mínimo e meio) e outros critérios estabelecidos pelo setor de Serviço Social da

Instituição.

Os benefícios estudantis têm por objetivo auxiliar na permanência e no êxito

escolar, norteado pela Política Nacional de Assistência Estudantil do Governo Federal

regulamentada através do decreto 7.234/2010. O questionário socioeconômico é um dos

instrumentos de análise utilizado pelo Serviço Social do IFAM-CMZL para avaliar a

vulnerabilidade social do estudante. O preenchimento é feito de forma eletrônica e sua

aplicação feita pela Internet, de modo regular (uma vez por semestre). Decidiu-se utilizá-

lo como instrumento também para esta investigação por ser um instrumental já utilizado

pela pesquisadora e de boa adesão dos estudantes. Pretendeu-se avaliar de que modo as

variáveis como renda, idade, gênero, entre outras, interferem na inclusão digital e social

dos estudantes.

Para compreender de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como

aporte para fundamentar esta dissertação de mestrado, foi necessária a utilização da

entrevista semiestruturada por considerar as percepções dos sujeitos entrevistados sobre

suas experiências diante das tecnologias. Para este procedimento foram definidos como

sujeitos pesquisados os estudantes do IFAM-CMZL que participaram do processo de

seleção dos programas socioassistenciais da Política de Assistência Estudantil do IFAM-

CMZL, no primeiro semestre do ano de 2016 e preencheram o questionário

socioeconômico utilizado nesta pesquisa e ainda, que tivessem gêneros, etnias,

naturalidade, renda e idades variadas para a análise das variáveis.

Como critérios de inclusão/exclusão da amostra para seleção dos sujeitos da

pesquisa elegeu-se: 1) Aceitar participar da entrevista; 2) Ser estudante matriculado no

IFAM-CMZL; 3) Ter participado do processo de seleção da Assistência Estudantil

2016/1; 4) Ter idade compreendida entre 14 e 22 anos e 5) Ser natural do estado do

Amazonas, de preferência de municípios distintos. Por serem grupos menores, acreditou-

se que a técnica da entrevista semiestruturada seria a mais indicada para “ouvir” e saber o

que pensam e como tem sido em suas vidas o uso das tecnologias.

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Conforme Minayo (2001), uma amostra ideal é aquela que revela as múltiplas

dimensões de um objeto de estudo possibilitando abranger o problema da pesquisa em

suas múltiplas expressões e significados. Destaca-se que previamente foi elaborado um

guião de entrevista aprovado por três professores membros do comitê de ética da UMinho

e aprovado pelo orientador desta pesquisa. Assim, com base nesses critérios foi

selecionado o quantitativo de 10 estudantes com características diferentes.

Na fase final, a pós-implementação foi o momento da análise e organização dos

dados, a partir dos materiais coletados nas fases anteriores. O intuito desta fase é a

procura de tendências, padrões, relações, à busca de abstração. Ressalta-se que nesta

etapa de sistematização, os procedimentos foram pautados na delimitação progressiva do

foco de estudo, análise e articulação dos pressupostos teóricos e dos dados e informações

obtidas durante a investigação da realidade, aprofundamento da revisão da literatura;

esclarecimentos do objeto de estudo e da análise realizada e das observações realizadas a

fim de superar a mera descrição e, desta feita, poder edificar a tese em questão. Segundo

Moraes (2003), “os textos são assumidos como significantes em relação aos quais é

possível exprimir sentidos simbólicos” (p. 192).

Conforme Bogdan e Biklen (2013), foram levados em conta os seguintes aspectos

éticos durante a entrevista:

▪ Respeito à vontade do estudante em participar da pesquisa, deixando

claro que sua participação na pesquisa é voluntária;

▪ Informação dos critérios de inclusão/exclusão estabelecidos na pesquisa;

▪ Solicitação da permissão escrita para a gravação da entrevista e tê-la

realizado somente com e após consentimento do entrevistado (TCLE assinado

pelos entrevistados conforme modelo disposto no anexo IV);

▪ Clarificação dos incômodos que o entrevistado poderia sentir;

▪ Informação sobre os possíveis riscos à saúde fisica e mental existentes ou

inexistentes.

▪ Ter prestado assistência e esclarecimento ao entrevistado durante as

dificuldades de compreensão;

▪ Informação sobre os beneficios de sua participação;

▪ Realização da entrevista em um espaço reservado (uma sala) no edifício

escolar;

▪ Definição do melhor momento com o entrevistado;

▪ Criação de um ambiente descontraído, mostrando gentileza e atenção para

com o entrevistado.

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▪ Manutenção do profissionalismo;

E posterior à entrevista:

▪ Preservação das identidades, salvesguardando o anonimato;

▪ Manutenção dos acordos firmados durante entrevista;

▪ Autenticidade na transcrição e análise dos dados;

Por fim, na última parte deste trabalho serão apresentadas as análises e reflexões

(in) conclusivas decorrentes do percurso exploratório, do caminhar no campo, na

perspectiva de haver respondido às questões inquietadoras sobre o problema e de propor

novos e contínuos diálogos sobre a temática, socializando os resultados da investigação.

Em consequência disso, faz-se necessário que o pesquisador, enquanto ator social

se reconheça como membro do grupo à qual pertence. Para Freire (2002) “O sujeito

pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação de outros

sujeitos no ato de pensar sobre o objeto” (p. 66). Assim, a educação é comunicação,

diálogo, na medida em que não é transmissão de saber. Segundo Freire (2002) “[...] é um

encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (p. 69).

3.2- Lócus da Pesquisa: O IFAM e suas expertises

Após iniciar, no Brasil, um processo de expansão do ensino superior nas últimas

décadas, passou-se a refletir sobre mecanismos que proporcionam qualidade a esses

serviços, mecanismos estes que busquem materializar a inclusão com qualidade, justiça e

equidade.

Os desafios são imensos para se qualificar o ensino superior no Brasil nesse

momento de expansão do acesso e aligeiramento da formação. Dados da Revista Ensino

Superior (2007) demonstram seguinte perfil dos discentes IFES no Brasil:

• 39,73% dos alunos que ingressam no ensino superior têm mais de 25

anos;

• 53,6% dos estudantes estudam em universidades;

• 55,7% dos estudantes do ensino superior são mulheres;

• 53,7% dos universitários declaram trabalhar em tempo integral;

• 87% dos alunos das instituições públicas de ensino superior estão nas

camadas sociais chamadas C, B ou A;

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• 73% dos alunos do ensino superior têm família cuja renda não ultrapassa

dez salários mínimos;

• 52,2% dos estudantes do Brasil concluem o curso no tempo esperado e

regular;

• 18,5% é a taxa de evasão na educação superior, em parâmetros nacionais.

Nas instituições públicas a média é de 12,4%, enquanto que nas instituições

privadas este número chega a 25,1%;

• Dos 3,5 milhões de alunos matriculados no ensino privado, ou seja, 8%

têm financiamento reembolsável do curso e 30% algum tipo de bolsa

institucional;

• E, cerca de 145 mil alunos estão matriculados em cursos superiores

subsidiados pelo Programa Universidade Para Todos – ProUni. (FRANCO, 2008,

pp.-61/62)

Esse é o perfil do aluno que está cursando o ensino superior no Brasil que é

composto por universidade, centros universitários, faculdades e escolas técnicas. Assim,

no que se refere a institutos técnicos tem-se os Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia.

Sobre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

(IFAM) verificamos que surgiu no dia 29 de dezembro de 2008, em que o então

Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sancionou a lei nº. 11.892, que criou

38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A partir desta data e da

integração dos Centros Federais de Educação Tecnológica do Amazonas e das Escolas

Agrotécnicas Federais de Manaus instituiu-se o IFAM. Atualmente é composto por dez

Campi: Manaus Centro, Manaus Distrito Industrial, Manaus Zona Leste, Coari, São

Gabriel da Cachoeira, Presidente Figueiredo, Maués, Parintins, Lábrea e Tabatinga.

O IFAM tem como missão promover com excelência educação, ciência e

tecnologia para o desenvolvimento da Amazônia, com a visão de tornar-se referência

nacional em educação, ciência e tecnologia. Seus valores são pautados na ética,

cidadania, humanização, qualidade e responsabilidade. É vinculado à Rede Federal de

Educação Tecnológica e sua história foi demarcada por seis fases (PDA-IFAM/CMZL

2015):

• Escola de Aprendizes Artífices

• Liceu Industrial

• Escola Técnica de Manaus

• Escola Técnica Federal do Amazonas;

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• Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas;

• Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.

Em 23 de setembro de 1909, o presidente da República, Nilo Peçanha, por meio

do Decreto n° 7.566, criou as Escolas de Aprendizes Artífices que tinham como

finalidade principal ministrar o ensino prático e os conhecimentos necessários aos

menores que pretendiam aprender um ofício.

Em uma casa residencial, no bairro da Cachoeirinha, a Escola de Aprendizes

Artífices de Manaus teve seu início, no dia 01 de outubro de 1910, com apenas 33 alunos

internos, dentre eles crianças pobres e oriundas do interior do Estado do Amazonas. Eram

oferecidos os cursos de sapataria, marcenaria, tipografia e desenhista.

Devido à falta de instalação própria, a Escola de Artífices de Manaus mudou

várias vezes de endereço, instalando-se na Penitenciária Central do Estado, onde

funcionou durante doze anos (1917-1929) e posteriormente, no Mercadinho da

Cachoeirinha.

A Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças e levou o Brasil à era industrial. A

Escola de Aprendizes Artífices adequou-se às transformações da época e modificou seu

perfil de ensino. Em 1937, o Liceu Industrial, por meio de novas experiências

pedagógicas, passou a oferecer cursos voltados para o setor industrial.

Durante o Governo de Getúlio Vargas, no chamado Estado Novo, a Escola

ganhou finalmente seu espaço definitivo. O Interventor Federal Álvaro Maia doou a

Praça Barão de Rio Branco para que a escola fosse instalada.

Em 10 de novembro de 1941 inaugurou-se o atual prédio, situado na Avenida Sete

de Setembro, passando, em 1942, passando a ser chamado de Escola Técnica de Manaus.

Em 1959, foi denominada de Escola Técnica Federal do Amazonas (ETFAM). O atual

prédio abriga hoje o Campus Manaus Centro.

Pelo Decreto Presidencial em 2001, a ETFAM passou a ser chamada de Centro

Federal de Educação Tecnológica do Amazonas (CEFET), já que todas as Escolas

Técnicas do Brasil se transformaram em Centros Federais de Educação Tecnológica,

passando a partir de então a oferecer cursos superiores de tecnologia e licenciaturas. A

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partir de 29 de dezembro de 2008, como dito anteriormente, institui-se o IFAM, através

da lei n°11.892, e então o CEFET passou a ser chamado de Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.

O Instituto Federal do Amazonas é uma instituição que possui natureza jurídica de

autarquia, integrante da Rede Federal de Ensino, detentora de autonomia administrativa,

patrimonial, financeira, didático-pedagógico e disciplinar definidas em estatuto próprio,

está vinculada ao Ministério da Educação, e é supervisionado pela Secretaria de

Educação Profissional e Tecnológica (SETEC).

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas é um

ambiente escolar diferenciado pela oferta do ensino médio, técnico, tecnológico e

superior. O lócus da pesquisa é o Campus Manaus Zona Leste localizado no bairro Zumbi

dos Palmares, zona leste de Manaus.

Exposto isso, revela-se que o IFAM - Campus Manaus Zona Leste (IFAM-

CMZL) teve sua origem pelo Decreto Lei Nº. 2.225 de 05/1940, como Aprendizado

Agrícola Rio Branco com sede no Estado do Acre. Iniciou suas atividades em 19 de abril

de 1941. Transferiu-se para o Amazonas através do Decreto Lei Nº. 9.758, de 05 de

setembro 1946 e foi elevado à categoria de escola, passando a denominar-se Escola de

Iniciação Agrícola do Amazonas. Posteriormente, passou a ser chamado Ginásio Agrícola

do Amazonas. Em 12 de maio de 1972, foi elevado à categoria de Colégio Agrícola do

Amazonas, pelo Decreto Nº. 70.513, ano em que se transferiu para o atual endereço.

Em 1979, através do Decreto Nº. 83.935, de 04 de setembro, recebeu o nome de

Escola Agrotécnica Federal de Manaus. Transformou-se em autarquia educacional pela

Lei Nº. 8.731, de 16 de novembro de 1993, vinculada ao Ministério da Educação e do

Desporto, através da Secretaria de Educação Média e Tecnológica - SEMTEC, nos

termos do art. 2º, do anexo I, do Decreto Nº. 2.147, de 14 de fevereiro de 1997. Em face

da Lei Nº11. 892, sancionada pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia de

29 de dezembro de 2008, a Escola Agrotécnica Federal de Manaus passou à condição de

Campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas

– IFAM, contexto em que passou a denominar-se Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia – Campus Manaus Zona Leste (IFAM-CMZL).

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Do ponto de vista da oferta de cursos profissionalizantes, no Estado do Amazonas,

o IFAM possui hoje 14 (quatorze) Campi, dos quais 03 (três) estão localizados em

Manaus.

FIGURA 18: Visualização geográfica da distribuição dos Campi do IFAM.

Fonte: http://www.ifam.edu.br/portal/images/file/mapa_ifam.jpg.

O Campus Manaus Zona Leste (CMZL) apresenta uma demanda de curso voltada

para o setor primário. Além do Instituto Federal, o Estado do Amazonas possui também

mais 2 (duas) escolas do segmento agropecuário, a Escola Estadual Agrícola Rainha dos

Apóstolos, localizada no km 23 da BR 174, no Município de Manaus e a Escola

Adventista Agroindustrial (privada), localizada no km 72 da estrada AM-010, no

município de Rio Preto da Eva.

O CMZL, mesmo com o plano de expansão da rede, ainda recebe alunos dos 62

(sessenta e dois) municípios do Estado e também discentes de outras regiões do Brasil.

Possui uma área de 164 (cento e sessenta e quatro) hectares, está localizada na Zona

Leste da Capital Amazonense, em uma região onde ocorre um dos mais acelerados

processos de urbanização – segundo estimativas da Prefeitura Municipal de Manaus, esta

região possui aproximadamente 500.000 (quinhentos mil) habitantes.

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De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº. 9.394, de 20

de dezembro de 1996, Decreto Nº. 5.154, de 23 de julho de 2004 e Portaria MEC Nº. 646,

de 14 de maio de 1997, o IFAM-CMZL tem por objetivos:

I) Desenvolver educação profissionalizante nos diversos níveis: básico, técnico e

tecnológico e bacharelado, capacitando profissionais para o mundo do trabalho,

investindo ainda no fortalecimento da cidadania;

II) Colaborar para o desenvolvimento do setor primário e de serviços da região

através de ações articuladas com os arranjos produtivos e a sociedade em geral;

III) Operacionalizar mecanismos de pesquisa e extensão;

IV) Desenvolver metodologias próprias, visando à efetiva articulação da

educação, produção e pesquisa;

V) Realizar avaliação institucional qualitativa e quantitativa de forma dinâmica e

constante com a participação dos diversos segmentos envolvidos;

VI) Ministrar o ensino técnico, na sua forma regular, nas diversas áreas do

conhecimento, principalmente: agropecuária, recursos pesqueiros, florestal,

industrial, gestão, e, serviços dentre outros;

VII) Estabelecer convênios de cooperação técnica com as organizações

governamentais e não governamentais. (PDA-IFAM/CMZL 2015)

Ademais, sua missão é formar cidadãos aptos a aplicar, gerar e difundir

conhecimento, capazes de interagirem no setor produtivo agropecuário, agroindustrial e

de serviços, atuando como agentes de desenvolvimento sustentável na Amazônia. E,

como visão, consolidar-se em Centro de Excelência Pedagógica na formação

profissionalizante e tecnológica de alta qualidade, visando a construção de cidadãos

comprometidos e capacitados às novas demandas de mercado. Os valores estão pautados

na ética, responsabilidade, justiça, valorização humana e qualidade no ensino.

Atualmente, o IFAM-CMZL atua em dois níveis de ensino – Educação Básica e

Ensino Superior - conforme artigo 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Oferta o ensino médio-integrado, o subsequente, proeja, graduação e pós-graduação, nas

modalidades de ensino presencial e a distância. Os cursos oferecidos atualmente são:

curso de Agropecuária; Agroecologia, Paisagismo e Administração para o ensino médio-

integrado. Agropecuária, Manejo Florestal, Informática, Recursos Pesqueiros e

Secretariado para o subsequente. Técnico em Manutenção e Suporte em Informática e

Administração para o Proeja (educação de jovens e adultos). Oferece ainda os Cursos

Superiores de Bacharelado em Medicina Veterinária e o Tecnólogo em Agroecologia e a

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Pós-Graduação Lato Sensu em Desenvolvimento, Etnicidade e Políticas Públicas na

Amazônia.

O grande desafio do Campus Manaus Zona Leste, considerando não só a realidade

do Estado do Amazonas, como também da área onde o campus está inserido, é aumentar

a oferta de cursos profissionalizantes e de atualização profissional que oportunizem não

só a inserção dos nossos alunos no mundo do trabalho, como também o resgate da

dignidade e o fortalecimento da cidadania.

A escolha desse Campus localizado na zona leste de Manaus para a nossa

pesquisa aconteceu por ser o local de trabalho da investigadora (mestranda), logo,

facilitaria à recolha de dados e pela sua origem como escola-fazenda, que traz, arraigado

em sua identidade agrícola, cursos voltados para o primeiro setor.

Segundo IBGE (2017), Manaus conta com mais de 2.130.264 milhões de

habitantes e a zona leste compõe a maior parte dessa população. O IFAM-CMZL

localiza-se em uma aérea afastada do centro da cidade, próxima de comunidades ainda

rurais. Está rodeado de invasões (termo regional utilizado para denominar as favelas) e

onze bairros predominantemente compostos por família de baixa renda. Por isso,

consideramos que o estudo ficará enriquecido, pois o contexto rural e empobrecido é

marcado pelas desigualdades, possibilitando relacionarmos, conforme referencial teórico,

o social ao digital (social x digital).

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CAPÍTULO 4 – Resultados: Apresentação, Análise e Discussão

4.1. Introdução

Como dito anteriormente, se a inclusão digital é uma necessidade inerente a este

século, então isso significa que o “cidadão” do século XXI deve considerar esse novo

fator de cidadania que é a inclusão digital, e que constitui uma questão ética oferecer essa

oportunidade a todos; ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído

tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos. Dessa forma,

inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e ao acesso à informação disponível

nas redes, especialmente àquela que fará diferença para a sua vida e para a comunidade

na qual está inserido.

Após a revisão de literatura que efetuamos entendemos que inclusão é qualquer

atitude, política ou tendência que integra, seja do ponto de vista econômico, político,

educativo, ou outros-. Que a inclusão social integra o conjunto de meios e ações que

combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pelas diferenças de

classe social, educação, idade, deficiência, gênero, preconceito social ou preconceitos

raciais. E que a inclusão digital é a democratização do acesso às TIC e seus mecanismos,

de modo a inserir todos os sujeitos em sociedade e educá-los para uso dessas tecnologias.

Nesse sentido, neste capítulo faremos a apresentação dos resultados, sua análise e

discussão, procurando também dar resposta aos objetivos desta investigação. Ou seja, de

que forma a escola pode contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais

e quais interferências que realidade social dos estudantes do IFAM-CMZL possuem no

acesso às TIC.

Para tanto, após aplicação do questionário socioeconômico aos estudantes do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas- Campus Manaus

Zona Leste, no primeiro semestre do ano de 2016, recolheram-se os dados que traçam o

perfil socioeconômico e o nível de conhecimento e acesso dos estudantes às tecnologias

da informação e comunicação. Em seguida, procedeu-se à aplicação de uma entrevista a

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dez estudantes para clarificar alguns aspetos desse perfil de acesso às TIC,

complementando e clarificando a compreensão sobre este assunto.

4.2 Resultados dos questionários

4.2.1 Perfil identitário e socioeconômico dos estudantes

De um total aproximado de 1.100 estudantes matriculados na modalidade de ensino

presencial, 643 preencheram o questionário socioeconômico no primeiro semestre de

2016, ou seja, aproximadamente 58,45% dos estudantes participaram da pesquisa. O

questionário, aplicado uma vez por semestre, seleciona estudantes em situação de

vulnerabilidade social (renda per capita de até um salário mínimo e meio) para receber

benefícios socioassistenciais estudantis. Pretendeu-se, assim, avaliar de que modo as

variáveis como renda, idade e gênero, entre outras, interferem na inclusão digital e social

dos estudantes. Para uma melhor compreensão dos dados recorreu-se à elaboração de

gráficos, com respetivas análises.

Ao questionarmos sobre autoidentificação étnico racial20 dos estudantes,

observamos que a maioria dos estudantes, 76%, considera-se pardos e a minoria, 2%, se

considera amarela.

GRÁFICO 05: Composição percentual referente à autoidentificação étnico-racial

dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria. 20 Atribuição de uma categoria étnico-racial escolhida pela própria pessoa. Também chamada processo de

identificação ou de classificação.

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Petrucelli e Saboia (2013) organizaram um livro denominado Características

étnico-raciais da população – classificações e identidades que apresenta textos sobre a

temática de classificação da cor ou raça baseados nos resultados obtidos pela Pesquisa

das Características Étnico-Raciais da População (PCERP )- realizada em 2008 pela

primeira vez com o proposito de entender melhor o atual sistema de classificação da cor

ou raça nas pesquisas em domicilio realizadas pelo IBGE.

Para tanto os autores utilizaram o pensamento de Bourdieu (1980) partindo da

premissa de que a realidade social e cultural é relacional e não o resultado de um

processo de evolução, como entende o darwinismo social, nem do progresso do espírito

humano, como em Hegel. Postularam que a organização social e o conteúdo da cultura

são “o resultado de uma dinâmica de diferenciações e identificações, tanto no interior

como no exterior da sociedade. Por isso, conceber a realidade como relacional implica

superar o pensamento essencialista, que compreende as práticas como propriedades

biológicas ou culturais inerentes aos indivíduos, ou grupos, e passar a concebê-las como o

produto de um conflito simbólico entre os ocupantes de posições desiguais”.

Bourdieu, apud Petrucelli e Saboia (2013), aponta para o questionamento da

diferenciação entre a “representação”, de um lado, e a “realidade”, de outro, a condição

de incluir no real a representação do real, ou, mais exatamente, a luta de representações.

Os critérios científicos não fazem mais que registrar o estado da luta simbólica pela

legitimidade estabelecida entre as diferentes representações. Dessa maneira, o processo

de atribuição de uma cor ou raça a alguém só pode ser pensado como de caráter

relacional, ou seja, como o produto de um conflito entre ocupantes de posições desiguais,

que opera como violência simbólica, que se exerce por vias puramente simbólicas da

comunicação e do conhecimento ou, mais precisamente, do desconhecimento.

Apresenta-se, assim, uma ocasião privilegiada de compreender, a partir de uma

relação social extremamente comum, a lógica da dominação exercida em nome de um

princípio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante como pelo dominado:

uma propriedade distintiva, um estigma, onde a mais eficaz é esta propriedade corporal

perfeitamente arbitrária que é a cor da pele (BOURDIEU, 1998).

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Assim, a forma como segmentos da sociedade são classificados, do ponto de vista

da percepção de traços físicos, condiciona a trajetória de vida de cada indivíduo, podendo

resultar em estigmas e desvantagens para uns e capital social para outros. Na época da

escravidão, nos casos de fuga, por exemplo, os donos de escravos publicavam anúncios

de busca com a descrição física mais acurada possível, incluindo os detalhes de nuanças

de cor da pele, dos cabelos e outros traços ou marcas, como Raça, identidade,

identificação abordagem histórica conceitual cicatrizes ou falta de algum membro, para

permitir e facilitar a identificação e a recuperação de quem tivesse fugido. Desenvolveu-

se, dessa maneira, desde aquela época, uma terminologia de descrição da aparência ou

traços físicos das características raciais dos indivíduos. (PETRUCELLI E SABOIA,

2013, p.23).

Oficialmente, nas estatísticas públicas, foi por ocasião do primeiro

Recenseamento do Brasil, realizado em 1872, que se cristalizou um sistema de

classificação da cor no País, com a utilização das seguintes categorias: branco, preto,

pardo e caboclo. Ressalva-se que tal escolha foi muito apropriada, pois em um

levantamento dessa natureza é importante que os termos empregados tenham uso corrente

e o mais disseminado possível para proporcionar maior uniformidade e confiabilidade aos

dados obtidos. Mas na operação censitária, que distinguia a população segundo sua

condição civil em livres e escravos, se os primeiros se autoclassificavam quanto à cor, os

últimos eram classificados pelos seus donos. (idem, p.24)

O início do Século XX caracterizou-se pelas diferentes propostas de construção de

uma identidade nacional, pretendendo chegar a solucionar o “problema” negro e indígena

apelando para a simples eliminação destes grupos raciais na população, seja pelo

branqueamento – miscigenação com o grupo branco – seja pela destruição, direta ou no

sentido de uma sistemática omissão na garantia das condições de reprodução destes

grupos raciais. A tese do branqueamento, baseada na presunção da superioridade branca,

revelou-se a acomodação ideal do legado escravista (CAMARGO, 2010). Assim, desde a

segunda metade do Século XIX é impulsionada no País uma política de imigração

seletiva, ou seja, não de qualquer origem, mas privilegiando a europeia, ou “caucásica”,

no dizer dos norte-americanos. Buscam-se, assim, suíços, alemães, nórdicos, de

preferência; tempos depois, aceitam-se, não sem certa relutância, italianos, espanhóis,

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menos valorizados, mas, do ponto de vista da época, “ao menos, brancos”. Este projeto de

branqueamento da população brasileira representa a outra face da ideologia da

mestiçagem. Ideologia que sustenta o mito do encontro das três raças fundadoras da

população brasileira e que se traduz numa celebração abstrata Características Étnico-

raciais da População: Classificações e identidades da interpenetração das culturas

(CARVALHO, 2004), mas que nega, na prática, a possibilidade de expressão legitima

das identidades raciais negra e indígena. Por outro lado, em qualquer hipótese o mestiço

era admitido apenas como elemento transitório que levaria à constituição de uma nação

de brancos (COSTA, 2006). Tendo em conta a participação deste argumento na

formulação das políticas oficiais de imigração, segundo Camargo (2010), não é arriscado

dizer que a racialização estatística era a expressão do branqueamento na mediação

simbólica da nação. (idem, p.24)

Em 2000, encontram-se, novamente, as cinco categorias atualmente utilizadas nas

pesquisas, pela ordem em que figuram no questionário – branca, preta, amarela, parda e

indígena – as quais também constam no Censo Demográfico 2010. Este último, por sua

vez, apresenta duas novidades em relação ao anterior: a pergunta de classificação aplicou-

se à totalidade dos domicílios do País, e não apenas aos que compõem a amostra, como

ocorrera nos levantamentos realizados em 1980, 1991 e 2000; e, pela primeira vez, as

pessoas que se identificaram como indígenas foram indagadas a respeito de sua etnia e

língua falada. (idem, p.25)

A Amazônia é ocupada por uma diversidade de grupos étnicos e por populações

tradicionais, historicamente constituídas, a partir dos vários processos de colonização e

miscigenação por que passou a região. Pode-se afirmar que o homem amazônico é

resultado dos intercâmbios históricos entre diferentes povos e etnias. Tal intercâmbio

possibilitou uma herança que se revela nas mais diferentes manifestações socioculturais

expressas pelo homem amazônico na vida cotidiana, quais sejam: as relações de trabalho,

a educação, a religião, as lendas, os hábitos alimentares e familiares (LIRA E CHAVES,

2015).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2016) do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o perfil identitário da população

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brasileira é o seguinte: no critério de declaração de cor ou raça, a maior parte da

população brasileira residente é parda: são 95,9 milhões de pessoas, representando 46,7%

do total. Na região Norte do país 72,3% da população de considera parda e no

Amazonas, apesar de ser o Estado com maior número de índios do País, a maioria (2,9

milhões de pessoas) se considera pardo. Logo, verifica-se que o perfil dos estudantes da

amostra do IFAM-CMZL segue o da população amazônica.

Quanto à religião, tivemos um número aproximado entre católicos e evangélicos,

enquanto 46% são evangélicos, 37% se dizem católicos, por outro lado, apenas um (01)

estudante considerou-se umbanda ou do candomblé.

GRÁFICO 06: Composição percentual referente à religião dos estudantes do IFAM-

CMZL – 2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Esses números revelam a força que os evangélicos (neopentecostais) têm ganhado

no Brasil. Segundo dados do Censo Demográfico (2010) divulgados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população brasileira é majoritariamente

cristã (87%), sendo sua maior parte católico-romana (64,4%). Herança da colonização

portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana

de 1891, que instituiu o Estado laico. Também estão presentes os movimentos básicos do

protestantismo: adventismo, batistas, evangelicalismo, luteranos, metodismo e

presbiterianismo.

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No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil, algumas

dessas igrejas são: pentecostais, episcopais, restauracionistas, entre outras. Há mais de

três milhões e meio de espíritas (ou kardecistas) que seguem a doutrina espírita,

codificada por Allan Kardec. O animismo também é forte dividindo-se em candomblé,

umbanda, esoterismo, santo daime e tradições indígenas. Existe também uma minoria de

muçulmanos, budistas, judeus e neopagãos. 8% da população (cerca de 15 milhões de

pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou

deístas.

Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o

que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-

brasileiras. Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação

religiosa no último censo realizado.

Em relação ao estado civil dos estudantes (GRÁFICO 07), 89% são solteiros 7%

são casados e 4% que vivem em união estável. Este resultado é justificado pelas

modalidades de ensino dos estudantes inscritos no questionário. De um total de 643

inscritos, 353 representam os estudantes do ensino médio-integrado, ou seja,

compreendidos na faixa-etária de 13 a 18 anos (ainda adolescentes). Os adultos estão

divididos entre 128 inscritos na modalidade de ensino subsequente, 82 do ensino superior

(graduação) e 80 proeja (ensino para jovens e adultos). Aproximadamente 55% dos

estudantes que responderam o questionário são adolescentes.

GRÁFICO 07: Composição percentual referente ao estado civil dos estudantes do

IFAM-CMZL – 2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

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Sobre se têm filhos/as (GRÁFICO 08), 82% afirmaram não ter, mas há 9% que

afirma ter mais que 3 filhos/as. Temos 89% são solteiros e só 82% dizem não ter filhos,

logo, 8% dos solteiros têm filhos. Com isso, podemos inferir que devem haver casos de

gravidez na adolescência ou de mães ou pais que não tiveram convivência com o genitor

(a) da criança, mas isso não objetiva fazer qualquer juízo moral, apenas constatar um fato.

Além disso, dos 643 inscritos, 399 consideram-se do gênero feminino, 242 gênero

masculino e 02 LGBT21.

82%

9%

4%

3%

2%

VOCÊ TEM FILHOS?

NÃO TENHO

SIM, TENHO UM (1)

SIM, TENHO DOIS (2)

SIM, TENHO TRÊS

GRÁFICO 08: Composição percentual 2016 de estudantes do IFAM-CMZL que

possuem filhos. N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Em seguida, questionamos se o estudante participa na vida econômica de sua

família e 78% (502) estudantes afirmaram que não, sendo sustentados pela família ou por

outras pessoas. Há ainda 5% de estudantes que declaram receber apoio da família.

Reforçando que este é um resultado algo esperado, visto que a maioria dos estudantes é

ainda adolescente e estudam em tempo integral, conforme citado anteriormente. Contudo,

apesar de jovens, há 17% que não dependem economicamente da família, e inclusive a

apoiam: 7% são responsáveis pelo seu sustento e apoiam a família; 6% são os principais

responsáveis pelo sustento da família; e 4% são responsáveis pelo auto-sustento.

21 LGBT é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, que consistem em

diferentes tipos de orientações sexuais. Em uso desde os anos 1990, o termo é uma adaptação de LGB, que

era utilizado para substituir o termo gay para se referir à comunidade LGBT no fim da década de 1980.

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79

5%4%

7%

6%

78%

QUAL SUA PARTICIPAÇÃO NA VIDA ECONÔMICA DO SEU GRUPO FAMILIAR?

RECEBO AJUDA FINANCEIRA DA

FAMÍLIA E DE OUTRAS PESSOAS

SOU RESPONSÁVEL APENAS

PELO MEU SUSTENTO

SOU RESPONSÁVEL PELO MEU

SUSTENTO E CONTRIBUO PARA

O SUSTENTO DA FAMÍLIA

SOU O PRINCIPAL

RESPONSÁVEL PELO SUSTENTO

DA MINHA FAMÍLIA

SOU SUSTENTADO PELA

MINHA FAMÍLIA OU POR

OUTRAS PESSOAS

GRÁFICO 09: Participação dos estudantes em sua renda familiar (IFAM-CMZL, 2016).

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Fazendo ainda uma análise socioeconômica da renda mensal do grupo familiar

dos participantes, percebemos que 35% tem renda familiar até dois salários mínimos

(1.760 reais) e 33% possuem renda familiar de até um salário mínimo (880 reais),

conforme de pode verificar no GRÁFICO 10. Há mesmo 11% de estudantes cujo

agregado familiar tem renda até meio salário mínimo (440 reais). Portanto, a grande

maioria dos estudantes, aproximadamente 89%, tem uma renda familiar até dois salários

mínimos, o que significa um baixo valor de renda. E se verificamos que a composição do

agregado familiar (gráfico 7), em que o número de pessoas da casa é formado, em média,

de três a cinco pessoas (63%), como se pode verificar no gráfico 07, então verificamos

que a fragilidade económica é bem acentuada.

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80

11%

33%

35%

10%

6%5%

QUAL A RENDA MENSAL DO SEU GRUPO FAMILIAR?

ATÉ MEIO SALÁRIO MÍNIMO (ATÉ

R$440,00)

ATÉ UM (1) SALÁRIO MÍNIMO (R$

880,00)

ATÉ DOIS (2) SALÁRIOS MÍNIMOS

(ATÉ R$1.760,00)

ATÉ TRÊS (3) SALÁRIOS MÍNIMOS

(ATÉ R$2.640,00)

MAIS DE TRÊS (3) SALÁRIOS

MÍNIMOS (MAIS DE R$2.640,00)

SEM RENDA

GRÁFICO 10: Composição percentual referente à renda mensal familiar dos

estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

GRÁFICO 11: Composição familiar dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Quanto ao principal mantenedor do lar notou-se que, embora ainda estejamos

perante uma sociedade patriarcal (em que o homem assume autoridade maior na

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81

organização social), o cenário de mantenedor do lar apresenta uma paridade entre os dois

gêneros, entre pai e mãe, ambos 33%.

GRÁFICO 12: Principal mantenedor do lar dos estudantes do IFAM-CMZL –

2016.

N = 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Notou-se também que 71% dos estudantes residem em casa própria (68%), sendo

1% herdada, e 2% em cada própria financiada. A residência em cada alugada, apenas

18%, é francamente minoritária nestes agregados, verifica-se, ainda, que 11% vivem em

casa “cedidas por outras pessoas”. Constata-se, assim, que a principal opção vai para casa

própria.

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82

GRÁFICO 13: Composição percentual referente ao tipo de residência dos

estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Pode se ter em conta que desde o lançamento do Programa Minha Casa, Minha

vida (PMCMV) pelo Governo Federal, em 2009, houve uma possibilidade maior das

famílias brasileiras possuírem casa própria. Essa Política de habitação tem como

finalidade subsidiar a aquisição de casa ou apartamento próprio para famílias com renda

até mil e oitocentos reais e facilitar as condições de acesso ao imóvel para famílias com

renda até de sete mil.

Em 2013 um balanço do programa Minha Casa Minha Vida revelou que desde o

lançamento do programa, em 2009, 340.774 unidades da faixa 1 (três salários mínimos)

foram entregues. Entre essas moradias, 8.895 estão concentradas no Residencial Viver

Melhor, em Manaus – Amazonas, que detém o título de maior conjunto habitacional do

PMCMV. 22

Em Manaus foi construído o primeiro bairro planejado popular do país, localizado

na zona norte, o complexo habitacional dispõe de estação de tratamento de esgoto, ruas

22 http://www.cimentoitambe.com.br/manaus-tem-o-maior-conjunto-habitacional-do-minha-casa-minha-

vida/

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83

asfaltadas, creches, posto de saúde, escolas e uma linha de transporte público para o

conjunto.

O Residencial Viver Melhor atende as famílias, segundo critérios estabelecidos

pelo ministério das Cidades: famílias chefiadas por mulheres; famílias residentes em

áreas de risco; famílias com filhos com residência fixa em Manaus há, no mínimo, três

anos; famílias que residem na condição de cedidos ou alugados, que não foram

contempladas com programas habitacionais de esfera federal, estadual, municipal, bem

como assentamentos, e famílias com membros que possuam doenças crônicas

degenerativas. Some-se a esses critérios, a renda familiar, que não pode ultrapassar R$

1.600,00 reais por mês.

Há próximo do IFAM-CMZL um Conjunto Habitacional Viver Melhor em que

muitos estudantes residem com suas famílias, por isso acredita-se que essa politica

corrobora com os dados demonstrados no gráfico acima.

4.2.2 Percepção dos estudantes sobre os recursos tecnológicos

Sobre a percepção dos estudantes acerca dos recursos tecnológicos, os mesmos

informaram que tiveram primeiro acesso ao computador entre 10 e 14 anos de idade,

cerca de 50% dos estudantes conforme gráfico abaixo (GRÁFICO 14).

GRÁFICO 14: Idade que os estudantes do IFAM-CMZL – 2016 tiveram primeiro

acesso ao computador.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

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84

Além disso, foi possível saber como é a relação do estudante com o computador.

Segundo os dados, 53% consideraram “ter alguma noção” e apenas 5% acreditam “ter

muita experiência”, ou seja, um bom domínio do uso do microcomputador. Estes

resultados revelam que a maioria dos estudantes tem uma percepção básica (baixa) das

competências digitais, o que sendo jovens (a maioria dos estudantes tem entre 13 e 18

anos, ou seja, nasceram já no milénio pós 2000), comprova a afirmação de Claudia Dans,

que “Millenial se nace, sí. Pero nativo digital não se nace, se hace” (DANS, 2017, p,

229).

GRÁFICO 15: Relação de domínio ao computador dos estudantes do IFAM-CMZL

– 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Sobre o acesso à Internet, os resultados do GRÁFICO 16 mostram que a maioria

dos estudantes (81%) tem algum tipo de acesso Internet. Essa taxa de acesso é bem

superior à taxa geral para o país que, segundo a fonte “World Internet Users Statistics” 23,

era em 31 de dezembro de 2017, de 70,7%. Esse fato deve-se de o acesso se fazer

23 https://www.Internetworldstats.com/stats15.htm#south.

Na mesma data (31-12-2017), a taxa mundial de utilizadores da Internet é de 54,4%.

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85

também via celular, e não apenas a partir do domicílio, como veremos no gráfico 13. Se

considerássemos apenas o acesso via domicílio a taxa de acesso pelos estudantes

diminuiria para 51% muito inferior ao valor indicado na fonte World Internet Users

Statistics.

GRÁFICO 16: Composição percentual referente ao acesso à Internet dos estudantes

do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Esse acesso à Internet acontece, maioritariamente, na própria casa (51%) e via

celular (28%), conforme resultados expressos no GRÁFICO 17. O que os dados deste

gráfico permitem também verificar é que todos os alunos acedem de algum modo à

Internet. O local de acesso, por ordem decrescente, é o seguinte:

1ª lugar = 51% em casa

2ª lugar = 28% por celular

3º lugar = 9% na Escola

4ª lugar = 5% em Lan House

5º lugar = 3% outros locais

6º lugar = 2% no trabalho

7ª lugar = 2% na rua

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Nesta ordenação verifica-se a diferenciação existente, as assimetrias, relacionada

certamente ao fator renda, pois os estudantes que têm acesso em “casa” e no “celular” são

os mais beneficiados. Destaque, também, para o local “escola”, com 9% dos estudantes a

ter este lugar como espaço privilegiado, o que comprova como a escola pode ser fator de

inclusão digital, sobretudo para aqueles jovens estudantes que não têm possibilidade de

aceder à Internet em outro local.

GRÁFICO 17: Local de acesso à Internet dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

A maioria dos estudantes (52%) apontou como principal motivo do uso da

Internet a busca de informações e notícias de seu interesse, seguido de 30% que utilizam

na pesquisa para atividades escolares (GRÁFICO 18) Estes são os dois principais

motivos, havendo ainda alguns estudantes (ainda que em número reduzido, 6%) que

referem o bate-papo (no WhatsApp) e as redes sociais (como Facebook e Instagram).

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GRÁFICO 18: Motivações para o uso da Internet pelos estudantes do IFAM-CMZL

– 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Quanto à posse própria de recursos tecnológicos, a maioria dos estudantes (54%)

respondeu que possui somente celular, seguida de 18% que possuem notebook e celular

(dois recursos) e apenas 1% possui todos os recursos mencionados (computador,

notebook, tablet e celular). O celular assume assim a liderança dos recursos tecnológicos,

fato também já comprovado em outros estudos, como por exemplo o realizado por

Pereira e Silva (2008) sobre a relação dos jovens com as tecnologias, ainda nos inícios do

novo milénio. Consideram estes autores que

Um dos meios que mais seduz os jovens, mas também as famílias, é sem dúvida

o telemóvel24. É frequente que cada elemento do agregado possua mais do que

um aparelho.

Os jovens parecem encarar o seu telemóvel pessoal como o meio de estar

“online”, no sentido de estar contactável a todos os momentos. (…) O factor

“estar online” é coerente com a percentagem de jovens que indica ter o telemóvel

permanentemente ligado, mesmo no período nocturno (65,9%). (PEREIRA e

SILVA, 2008, p. 6).

24 Termo usado em Portugal para celular.

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GRÁFICO 19: Composição percentual referente aos recursos tecnológicos que os

estudantes do IFAM-CMZL possuem - 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Para a grande maioria dos estudantes (98%) o uso de recursos tecnológicos é

importante, sendo que para 68% destes estudantes é mesmo muito importante. Apenas

2% consideram que o uso é pouco importante (GRÁFICO 20).

GRÁFICO 20: Perspectiva sobre os recursos tecnológicos dos estudantes do IFAM-

CMZL – 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

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Quando inquiridos se gostariam que fossem utilizados recursos tecnológicos na

sala de aula, também a larga maioria dos estudantes (85%) respondeu afirmativamente.

GRÁFICO 21: Opinião dos estudantes sobre o uso de recursos tecnológicos na sala

de aula, IFAM-CMZL – 2016

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Buscou-se também saber se os estudantes possuem celular, tendo a grande maioria

(87%) informado que sim (GRÁFICO 22) e que usam o celular todos os dias (54%)

(GRÁFICO 23), em média de 1 a 2 horas por dia (45%), conforme dados do GRÁFICO

24.

GRÁFICO 22: Número de estudantes que possuem celular - IFAM-CMZL – 2016

N= 643 respostas.

Fonte: Autoria própria.

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GRÁFICO 23: Composição percentual referente à frequência do uso de

celular pelos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas.

Fonte: Autoria própria.

GRÁFICO 24: Número de horas/dia no celular gastas pelos estudantes do IFAM-

CMZL – 2016.

N= 643

Fonte: Autoria própria.

Questionamos ainda sobre o tipo de celular e sua tecnologia 63% informaram

possuir um smartphone (GRÁFICO 25) e 78% utilizam a tecnologia Android (GRÁFICO

26). Smartphone é uma palavra de origem inglesa que tem como significado ser um

celular com função inteligente, integrando, na generalidade, as funções de um

computador, trabalhando com dados, voz e imagem. Daqui se pode depreender das

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potencialidades acrescidas deste equipamento, com a vantagem de ser de pequeno porte e

peso, garantindo total portabilidade e por isso ser usado em mobilidade. Por conseguinte,

é este meio móvel que é usado no ambiente inovador de aprendizagem móvel (mobile

learning, também conhecido por m-learning). Veja-se o que escreve Valente (2014, p.

442):

Os dispositivos móveis permitem a realização de diversas atividades que

contribuem para que o local e o momento onde o corpo se encontra em um

determinado ambiente tenha uma influência considerável no processo cognitivo

e, consequentemente, na aprendizagem. Nesse sentido, AS TMSF oferecem

condições que podem afetar os processos de aprendizagem, caraterizando o m-

learning como uma nova forma de aprender.

GRÁFICO 25: Número de estudantes que possuem smartphone - IFAM-CMZL –

2016

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

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GRÁFICO 26: Composição percentual referente ao tipo de tecnologia utilizada nos

celulares dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas

Fonte: Autoria própria.

Desvelou-se também que 66% dos estudantes costumam utilizar e baixar

aplicativos móveis para seus celulares (GRÁFICO 27).

GRÁFICO 27: Composição percentual referente ao uso de aplicativos móveis no

celular dos estudantes do IFAM-CMZL – 2016.

N= 643 respostas.

Fonte: Autoria própria.

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4.3 Análise das entrevistas

Para complementar a análise dos resultados obtidos com a aplicação dos

questionários, realizamos entrevistas com dez estudantes do IFAM-CMZL, enriquecendo

assim os resultados obtidos, possibilitando melhor resposta aos objetivos da pesquisa.

Neste sentido, descrevo a seguir o perfil dos entrevistados:

4.3.1- Identificação:

ESTUDANTE NATURALIDADE IDADE RENDA GÊNERO

01 Comunidade pertencente ao

município Itacoatiara - AM. 22 anos Valor não mencionado Masculino

02

Aldeia da tribo Mura -

Comunidade Moiraí

pertencente ao município de

Autazes/Amazonas.

16 anos Valor não

mencionado. Masculino

03 Município de Parintins-AM 17 anos Aproximadamente um

salário mínimo.

Transgênero

Masculino25

04 Município de Presidente

Figueiredo- AM 17 anos

Aproximadamente um

salário mínimo. Masculino

05 Município de Rio Preto da

Eva- AM.

16 anos

Aproximadamente

quatro salários

mínimos

(R$4.000,00).

Masculino

06 Manaus - AM 18 anos

Aproximadamente

dois salários mínimos

(R$2.000,00).

Feminino

07 Município de Japurá - AM. 17 anos

Aproximadamente

quatro salários

mínimos

(R$4.000,00).

Masculino

08

Aldeia da tribo Mura -

Comunidade Moiraí

pertencente ao município de

Autazes/Amazonas.

22 anos Um salário mínimo. Feminino

09 Manaus/AM 18 anos Menor que um salário

mínimo. Feminino

10 Manaus/AM 18 anos Não possui renda. Masculino

Fonte: Elaboração própria

25 Transgênero são pessoas que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero diferente de seu

sexo atribuído. Ser transgênero é independente da orientação sexual: as pessoas transgênero podem se

identificar como heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais etc, ou podem considerar

os rótulos convencionais de orientação sexual inadequados ou inaplicáveis. No caso exposto trata-se de

estudante transgênero masculino (sexo biológico feminino com identidade de gênero masculino).

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A escolha da amostra apresentou inúmeras nuances no perfil dos estudantes

entrevistados, possibilitando perceber se os determinantes sociais provenientes de uma

visível desigualdade social podem ou não interferir na inclusão digital dos entrevistados.

FIGURA 19: Mapa do Amazonas com grifo nosso dos Municípios de Naturalidade

dos Estudantes

Fonte: https://mapasblog.blogspot.pt/2012/01/mapas-do-amazonas.html

Quando questionamos sobre a naturalidade dos estudantes, foram apresentados

diversos desafios para deslocamento e acesso aos seus municípios de origem. Ora, sabe-

se das grandes distancias geográficas existentes no País e das dificuldades de

deslocamento no Estado do Amazonas derivados da geografia repleta de rios e florestas.

Por isso, questionamos aos estudantes, provenientes de municípios distintos da capital,

como era o acesso ao seu território.

Desta forma, o ESTUDANTE 01 explicou que, utilizando barco como meio de

transporte, leva-se cerca de 2h30min até chegar em sua comunidade. Só é possível utilizar

carro no período de seca, pois permite que uma parte do percurso seja feito via terrestre

e completado via fluvial.

Para os ESTUDANTES 02 e 08, os desafios também são grandes. Para chegar na

nossa comunidade (Comunidade Moirai) é necessário ir de Manaus até o município de

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Careiro, por meio de uma lancha (FIGURA 20) durante vinte minutos, em seguida fazer

o trajeto de ônibus do Careiro até Autazes pelo período de 2h e, por fim, ir de carro ou

moto até a comunidade com trajeto estimado em 15 minutos, mas nas épocas de cheia do

rio, esse deslocamento final é feito em lancha, durante 20 minutos.

FIGURA 20: Lancha rápida no Rio Negro.

Fonte:https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303235-d4914773-i78888457-

Anaconda_Amazon_Island-Manaus_Amazon_River_State_of_Amazonas.html

Para Tönnies (1947), apud Lira e Chaves (2015), a comunidade é diferente da

sociedade. O que essencialmente caracteriza a comunidade é a “vida real e orgânica” que

liga os seres humanos fazendo-os se afirmarem reciprocamente. As relações que se

estabelecem são pautadas pelos graus de parentesco, vizinhança e amizade. “Tudo aquilo

que é partilhado, íntimo, vivido exclusivamente em conjunto, será entendido como a vida

em comunidade” (LIRA E CHAVES, 2015, p. 68).

MUNICIPIO HABITANTES

(IBGE, 2017) ACESSO AEREO FLUVIAL TERRESTRE

JAPURÁ 4.205 Fluvial/ Aéreo 744 km (2h) 919 km

(5 dias) -

PRESIDENTE-

FIGUEIREDO 33.703 Terrestre - - 117 km

ITACOATIARA 99.854 Fluvial/Terrestre - 211 km (5h) 176 km

AUTAZES 37.752 Fluvial/Terrestre -

324 km (11h

na ida e 12h

na volta)

113 km

PARINTINS 113.832 Fluvial/Aéreo 369 km

(1h15min)

475 km

(26h) -

FIGURA 21: Tabela com as distâncias dos Municípios à Capital. Fonte: Autoria Própria com base no site

http://portal.cnm.org.br/sites/8100/8133/Distancia_dos_Municipios_em_relacao_a_cap.pdf

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O ESTUDANTE 03 é oriundo de um município de Parintins que vive da cultura e

do turismo. O município é uma ilha situada na margem direita do rio Amazonas e só

possui acesso por barco ou avião.

Os famosos barcos de linha que saem dos portos de Manaus são o meio de

transporte mais utilizado pelos cidadãos quando querem se se locomover para os demais

municípios. Essas embarcações levas em média 200 passageiros e devido as longas

distantes é possível dormir no barco e atar suas redes como mostra as figuras a seguir.

FIGURA 22: Embarcações em Manaus

FONTE: https://www.almadeviajante.com/viajar-de-barco-amazonas-manaus-parintins/

FIGURA 23: Passeio de barco em Manaus / FIGURA 24: Hidroavião sobrevoando a

Amazônia. Fontes:http://amazongero.com/pt-br/passeio-de-barco/ e

https://airway.uol.com.br/map-linhas-aereas-planeja-voos-para-o-exterior-em-2018/

Não somente para deslocamento, os barcos também servem como transporte e

venda de alimentos e cargas. Em relação à renda e como fazem para sobreviver os

estudantes postularam algumas situações em comum, como a cultivo e venda de produtos

agrícolas. E algumas diferenças de classe social e grau de instrução de seus familiares.

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As comunidades tradicionais, na Amazônia, possuem “um modelo particular de

gestão dos recursos naturais e de organização social” (CHAVES, 2001, p. 77), assim

sendo, a comunidade se constitui “num espaço onde se estabelecem a construção de

construção de identidades sociais, de projetos comuns, mas também, de manifestação da

diversidade” (CHAVES, 2001, p. 77). Portanto a comunidade é o espaço em que se

solidificam as relações sociais e modos de vidas específicos, bem como, formas de gestão

apropriadas dos recursos locais, o que evidencia o importante papel da cultura. (LIRA E

CHAVES, 2016)

Sobre os recursos naturais pelas comunidades tradicionais, interessa não só

conhecer as classificações e as taxonomias que refletem o saber florístico e faunístico,

mas todo um sistema de crenças e saberes, de mitos e ritos, que conformam o modo de

vida, a partir da percepção e aproveitamento dos recursos, pois essas formas de

significação estão, intimamente, relacionadas com a organização cultural. Sobre a

importância da cultura dos povos tradicionais para a conservação da biodiversidade,

Posey (1980) argumenta que: [...] os povos tradicionais (índios, caboclos, ribeirinhos,

seringueiros, quilombolas) possuem vasta experiência na utilização e conservação da

diversidade biológica e ecológica que está, atualmente, sendo destruída [...]. Para os

povos tradicionais, a ‘natureza’ não é somente um inventário de recursos naturais, mas

representa as forças espirituais e cósmicas que fazem da vida o que ela é. (idem, 2016)

A partir dos anos 2000, essa discussão se ampliou para as comunidades

tradicionais não indígenas e ganhou legitimidade no Brasil, a partir do Decreto n. 6040,

de 07 de fevereiro de 2007, o qual instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, a qual, no Art. 3, define: Povos e

comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como

tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e

recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral

e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela

tradição. (idem, 2016).

Tendo por base essa assertiva, parte-se do entendimento de que os ribeirinhos

constituem comunidades tradicionais, uma vez que o próprio movimento dos ribeirinhos

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se auto reconhece dessa forma, caracterizando um processo de empoderamento, tendo em

vista que possuem uma relação particular com a natureza, traduzida num corpo de saberes

técnicos e conhecimentos sobre os ciclos naturais e os ecossistemas locais de que se

apropriam. (idem, 2016)

Para os ESTUDANTES 8, 4, 2 e 1 a vida se baseia nas épocas de cheia e vazante

dos rios. Eles sobrevivem da pesca e da agricultura, suas famílias comercializam produtos

agrícolas para própria subsistência.

FIGURA 25: Vazante e Cheia do Rio Tapajós.

Fonte: http://www.taririamazonlodge.com.br/estacoes-da-amazonia-cheia-e-seca/

O ESTUDANTE 01 relatou que a família possui como fonte de renda a

comercialização de produtos agrícolas, tais como banana, cará26, mandioca27 e farinha de

mandioca. O ESTUDANTE 02 explicou que seus genitores são agricultores e

pescadores. Meu pai é pescador e vivemos também do Bolsa família. O pai do

ESTUDANTE 04 também é agricultor e sua mãe assalariada, trabalha como assistente de

um oftalmologista. Já o pai do ESTUDANTE 08 é aposentado, mas ainda exerce a

26 Cará é um tubérculo, cujo nome científico é Dioscorea alata L. 27Mandioca é uma espécie de planta tuberosa da família das euforbiáceas(VIDE). O Brasil é a terra natal da

mandioca, onde começou a ser cultivada pelos povos indígenas da Amazônia.

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atividade de agricultor, produz mandioca, farinha de mandioca, pé-de-moleque28, dentre

outros gêneros alimentícios.

O ESTUDANTE 03 citou que os pais são divorciados. Seu genitor continua

morando em Parintins, é empregado em uma empresa de gás de cozinha e contribui com

uma pensão alimentícia. O entrevistado vive com a genitora e uma irmã em Manaus. Por

sua vez, a mãe é artesã e trabalha informalmente, produz e vende peças de crochê e a

irmã também pertence à categoria de trabalhador informal, é vendedora de variedades e

recebe por diária.

Por outro lado, os pais dos ESTUDANTES 05 e 07 possuem formação acadêmica.

O pai do ESTUDANTE 05 é advogado e o pai do ESTUDANTE 07 é secretário

municipal na área de meio ambiente, e as mães de ambos são professoras.

Ainda temos o pai do ESTUDANTE 06 que é trabalhador informal29 e a mãe

vendedora assalariada. O ESTUDANTE 09 relatou que mora com a mãe e quatro irmãos,

dos quais um maior de idade que também integra a renda mencionada. A mãe é diarista e

o irmão ajudante de pedreiro. O ESTUDANTE 10 reside somente com o pai e seus

irmãos, sua mãe é falecida e seu pai é doente, por isso não trabalha, sobrevivem da ajuda

de terceiros.

É interessante a peculiaridade dos municípios, principalmente quando dizem

respeito às comunidades lá presentes. Quando pesquisamos sobre os municípios

percebemos que o que foi dito pelos estudantes entrevistados vai de encontro à história

dos municípios. Para melhor compreensão vamos utilizar, para exemplificar, o município

de Autazes, o município de origem dos ESTUDANTES 02 e 08. Os mesmos são na

realidade provenientes da aldeia dos índios mura, e posteriormente passaram a viver na

Comunidade Moirai, pertencente ao município de Autazes.

28 Pé-de-Moleque no estado do Amazonas não é um doce de amendoim, crocante e caramelizado. Pé-de-

Moleque da Amazônia é um bolo de massa de mandioca, com castanha do Brasil (castanha do Pará) e

assado na folha de bananeira. 29 Trabalho informal é o trabalho sem vínculos registrados na carteira de trabalho ou documentação

equivalente, sendo geralmente desprovido de benefícios como remuneração fixa e férias pagas.

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100

Nos meados do século XVIII a região de Autazes era habitada pelos índios mura,

famosos por sua resistência ao colonizador português 30. O nome do município vem dos

rios Autaz-Açu e Autaz-Mirim, que cortam suas terras. A exploração da região teve início

através do rio Madeira, em 1637 pelos coletores de cacau e demais produtos naturais.

Mas a ocupação da área do município ocorreu a partir de 1860, com a chegada de colonos

vindos de várias partes do Amazonas e do Nordeste, atraídos pela exploração da

borracha. Entre 1835 e 1840, o local presenciou também um dos mais importantes

movimentos sociais e políticos da história do Brasil, a Cabanagem. A revolta envolveu

índios, negros, mestiços e alguns brancos pobres que lutavam contra a opressão

portuguesa e buscavam melhores condições de trabalho e de vida.

São diversos rios que cortam os arredores de Autazes, e mais de cem lagos, sendo

todos propícios à pesca e ao pouso de hidroaviões. Esses locais cintam com uma forte

presença de operadores de barcos para o turismo de pesca. O peixe mais cobiçado é o

tucunaré, que se tornou o peixe-símbolo da pesca esportiva no Brasil. Os destaques são os

rios Preto e Pantaleão, que têm por características principais as águas escuras e um lago

com 20 km de área. Já o rio Mamori atravessa a cidade e faz sua ligação com o município

de Careiro Castanho. O rio Tupana é um dos mais preservados e selvagens da região.

A produção agropecuária baseia-se na criação de gado leiteiro, o que valeu a

Autazes o título de cidade do leite e do queijo. Também há uma grande produção de

queijo coalho, queijo manteiga e leite, bem como o cultivo da mandioca (farinha), do

cupuaçu31, do guaraná, da laranja, do feijão e do milho.

4.3.2- Entendimento dos estudantes sobre Inclusão Social e Digital:

A tabela seguinte faz uma resenha das respostas dos 10 estudantes acerca do

entendimento dos estudantes sobre Inclusão Social e Digital recolhidas através da

entrevista aplicada aos mesmos:

30 Fonte: Folha do Turismo. Prefeitura de Autazes. Disponível em:

http://portalamazonia.com.br/amazoniadeaz/interna.php?id=707. Acesso em: 10 de maio de 2018. 31 Cupuaçu é o fruto de uma árvore originária da Amazônia (Theobroma grandiflorum, família

Malvaceae), parente próxima do cacaueiro. A árvore é conhecida como cupuaçuzeiro, cupuaçueiro ou cupu,

é uma fruta extremamente saborosa típica da região norte brasileira, muito encontrada nos estados do

Amapá, Pará e Amazonas. É muito usado na culinária doce, azeda e agridoce pelos nativos da Amazônia.

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101

EST.

VOCÊ JÁ OUVIU

FALAR SOBRE

INCLUSÃO SOCIAL E

INCLUSÃO DIGITAL?

O QUE É INCLUSÃO

SOCIAL PARA VOCÊ?

COMO VOCÊ DESCREVERIA

INCLUSÃO DIGITAL?

01 Não Não soube responder Aprender a mexer com as

tecnologias.

02 Não Não soube responder Não soube responder

03 Sim Diz respeito à participação

e aceitação social.

Acesso aos aparelhos tecnológicos

e Internet.

04 Não

Trabalho em comunidades

e ações voltadas para ajuda

aos próximos.

Algo relacionado às tecnologias

que estão surgindo.

05 Não Participação de um

indivíduo no meio social.

Acesso aos meios de comunicação

atuais.

06 Sim Tem a ver com direito de

todos. Tecnologias inseridas na sociedade

07 Sim

Igualdade de oportunidades

que possibilitam uma

melhor convivência em

grupo.

Uma inserção no mundo

tecnológico que traz, dentre outras

vantagens, uma economia de

tempo.

08 Não Algo relativo à sociedade. Algo envolvendo tecnologia.

09 Sim Não soube conceituar.

Disponibilizar meios digitais e

causar uma aproximação entre as

pessoas e as informações através

desses meios.

10 Sim

Concebeu como inclusão

suas variadas formas de

expressão como bem-estar

econômico e social, acesso

à moradia, aquisição de

bens e relação

empregatícia.

Acesso aos aparelhos eletrônicos e

à Internet.

Fonte: Elaboração própria

Como se verifica pela análise dos dados da tabela, quando questionados sobre

inclusão social e digital, metade (50%) disse já ter ouvido falar e outra metade (50%)

afirmou não ter ouvido. No entanto, de forma geral, os estudantes apresentaram

dificuldades em formar algum conceito sobre a temática.

O ESTUDANTE 02 respondeu que nunca ouviu falar diretamente em inclusão

social e digital, mas associou a inclusão a um lugar que proporciona o acesso às

tecnologias. O ESTUDANTE 03, mencionou que essa temática já foi abordada na escola

e inclusive objeto de proposta para elaboração de redação. O ESTUDANTE 06 respondeu

que já ouviu falar, mas não recordava e não formulou uma concepção. O ESTUDANTE

07 definiu a inclusão como igualdade de oportunidades que possibilitam uma melhor

convivência em grupo. A ESTUDANTE 08 relatou ser a primeira vez que estava a ouvir

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102

os termos. O ESTUDANTE 09 afirmou que já ouviu sobre inclusão na televisão, mas não

recorda detalhes.

O ESTUDANTE 09 relatou ter ouvido falar sobre inclusão social, afirmando que

é para ele “ajudar as pessoas a terem oportunidades iguais diante da sociedade e a

conviverem de forma favorável no mundo atual” e inclusão digital “ajudar as pessoas a

ganharem tempo através do uso das tecnologias”. Após explicação sobre o conceito, ele

acredita que existe relação entre a exclusão social e a digital.

Dentre as diversas configurações da exclusão social é possível perceber que nos

estudantes entrevistados, a exclusão/inclusão vivenciada perpassa a questão financeira,

como é o caso do entrevistado 03 que relatou os desafios da pessoa transgênero. Quando

questionado sobre o que seria inclusão social, respondeu que diz respeito à participação e

aceitação social. “No meu caso, o meu fato de ser trans me afasta dos outros meninos,

aceitação dos outros meninos, queria ser tratado igual os meninos que nasceram

meninos, ser aceito”, relatou emocionado.

Outrossim, quando perguntamos a opinião deles para cada um dos conceitos,

tivemos sobre inclusão social: O ESTUDANTE 03 apresentou uma resposta que denotou

uma relação direta com a sua experiência pessoal a partir dos desafios enfrentados pelos

transgêneros no que tange ao tratamento, reconhecimento e inserção nos espaços sociais.

Já o ESTUDANTE 04 apresentou uma concepção genérica e imprecisa, indicando como

exemplos o trabalho em comunidades e ações voltadas para ajuda aos próximos. O

ESTUDANTE 06 surgiu com uma resposta vaga, gerando na entrevistada uma ideia de

totalidade, assim como a ESTUDANTE 08 que não formulou um conceito sobre o seu

entendimento, apenas pontuou que é algo relativo à sociedade.

Do mesmo modo, apresentaram muita dificuldade em conceituar a inclusão

digital. O ESTUDANTE 01 é do ensino superior (tecnólogo em agroecologia) mas

afirmou nunca ter ouvido falar em inclusão social e digital. Sem nenhuma instrução a

despeito do assunto, disse que, em sua mente, inclusão digital é “aprender a mexer com

as tecnologias” e que "as únicas tecnologias que conhece são as redes sociais (Facebook,

Whatts app e Google)”. O ESTUDANTE 04 disse ser algo relacionado às tecnologias que

estão surgindo. A ESTUDANTE 08 acredita ser algo envolvendo tecnologia.

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Não obstante, o ESTUDANTE 07 arriscou dizer que inclusão digital é a inserção

no mundo tecnológico que traz, dentre outras vantagens, uma economia de tempo. E o

ESTUDANTE 09 disse acreditar ser a disponibilização dos meios digitais, causando uma

aproximação entre as pessoas e as informações através desses meios.

4.3.3- Entendimento sobre TIC

Neste ponto serão abordados os pontos da entrevista que objetivaram verificar o

entendimento dos estudantes sobre TIC:

EST.

VOCÊ JÁ OUVIU

FALAR SOBRE AS

TECNOLOGIAS DA

INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO?

QUE

TECNOLOGI

AS VOCÊ

CONHECE?

QUAIS

DESSAS VOCÊ

UTILIZA?

QUANDO AS

UTILIZA E

PARA QUÊ?

QUANDO VOCÊ TEVE SEU

PRIMEIRO CONTATO COM

AS TECNOLOGIAS E POR

QUÊ?

01 Sim

Facebook e

Whatsapp

Facebook,

Whatsapp e

acrescentou o

Google.

Facebook e

Whatsapp para

comunicação

com a família, e

o Google para

pesquisas

acadêmicas.

Aos 14 anos, não fazia ideia da

existência daquela tecnologia,

foi por meio de um curso

ofertado pela EMBRAPA

(Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária), na

própria comunidade, houve o

primeiro contato com um

computador e aprendeu

somente a ligar e desligar.

02 Sim.

Computador,

celular, redes

sociais como

whatsapp,

facebook,

instagram e

Internet.

Todas

mencionadas

Para a realização

de atividades

escolares e para

assistir vídeos

no youtube nas

horas vagas.

Considerou que o seu primeiro

contato ocorreu na infância,

partindo da premissa de que

a televisão é um produto

tecnológico, e acrescentou que

sua experiência com celulares,

computadores e redes sociais

aconteceu a partir dos 12

anos.

03 Não.

Computador,

tablet, Ipad,

Iphone,

Celular.

Celular e

computador.

Costuma cessar

redes sociais

como Twitter,

Facebook e

Instagram. Já

fez uso de um

aplicativo

voltado para o

ensino de

japonês.

Por volta dos 12 anos, quando

morava e estudava em Parintins

via computadores na sala dos

professores, mas não havia

oportunidade de manuseio,

então o primeiro contato

ocorreu em uma Lan House.

04 Não.

Computador,

celular e

notebook.

Computador e

celular.

Costuma acessar

whatsapp,

facebook e

instagram.

Há 5 anos (13 anos),

frequentava uma Lan House

próxima da sua casa, onde

costumava acessar jogos. Na

época residia em Presidente

Figueiredo.

05 Sim.

Celular,

computador e

tablet.

Celular e

computador.

O celular é

muito utilizado

para conversar e

o computador

para realizar

pesquisas

escolares.

Por volta de 8 anos, no

ambiente de trabalho do seu

pai, onde iniciou o contato

através de jogos.

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Fonte: Elaboração própria

EST.

VOCÊ JÁ OUVIU

FALAR SOBRE AS

TECNOLOGIAS DA

INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO?

QUE

TECNOLOGI

AS VOCÊ

CONHECE?

QUAIS

DESSAS VOCÊ

UTILIZA?

QUANDO AS

UTILIZA E

PARA QUÊ?

QUANDO VOCÊ TEVE SEU

PRIMEIRO CONTATO COM

AS TECNOLOGIAS E POR

QUÊ?

06 Sim.

Celular e

computador.

Todas

mencionadas

Por meio do

celular costuma

conversar com

os pais e

também faz uso

de redes sociais

como whatsapp

e facebook, por

sua vez utiliza

computador na

escola para

realização de

trabalhos.

Recorda que o primeiro contato

aconteceu por volta dos 15

anos na casa de uma prima.

07 Sim.

Internet,

celular, e-

mail, televisor

e computador.

Televisor,

computador e

celular.

Televisor para

entretenimento,

celular para

comunicar-se e

realizar

pesquisas e

computador

também para

pesquisas.

Televisor desde sempre, mas o

acesso à Internet só aconteceu

por volta dos 8 anos,

frequentando Lan Houses no

seu município, onde costumava

fazer uso de jogos.

08 Sim.

Celular e

computador.

Celular. Possui

rede de dados e

costuma usar

whatsapp e

facebook, além

de buscar

notícias e

informações

gerais.

Principalmente

para realizar

trabalhos

acadêmicos.

Aos 12 anos, motivada pela

curiosidade pegou um celular

emprestado para fazer uma

pesquisa, na época morava em

Manaus na casa de uma tia.

09 Não

Jornais

digitais,

televisão,

rádio,

Internet,

celular, tablet,

computador.

Celular, rádio e

Internet.

Para obter

informações

gerais do seu

interesse e para

participar de

grupos de alunos

e professores.

Considera que desde muito

cedo houve o contato porque na

sua infância assistia televisão

com frequência, Já o contato

com o computador e acesso à

Internet ocorreu aos 12 anos

por meio de aulas de

informática em uma escola

pública municipal.

10 Sim.

Rádio e

Televisor.

Ambos, mas

tem mais

contato com o

rádio, pois seu

pai costuma

ouvir bastante,

há dois

aparelhos em

sua casa, um

antigo e um

mais moderno

com entrada

para disco

compacto.

Utiliza para

obter

informações

geralmente

através de

programas

jornalísticos que

ouve pela manhã

e à noite.

Aos 9 anos, quando estava na

4ª série do ensino fundamental.

Na sua escola havia um

laboratório de informática, sem

acesso à Internet, mas

instalaram alguns programas

educativos nos computadores,

voltados para a alfabetização e

aprendizagem de disciplinas

como gramática, literatura e

matemática.

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Neste aspecto, foi possível perceber quão importante foi a introdução prévia do

assunto aos estudantes. Desta vez, ao questioná-los se já ouviram falar em TIC, 70 %

afirmou que sim. E postularam:

“Já ouvi falar por alto. Acredito que é a tecnologia que permite duas pessoas se

comunicarem estando em países diferentes, por meio de redes sociais, onde irão

interagir, matar a saudade e amenizar o distanciamento (ESTUDANTE 01)”.

Para o ESTUDANTE 02 as TIC são os celulares, redes sociais, rádio e televisão;

para o ESTUDANTE 05 são os meios utilizados para estabelecer comunicação nos dias

atuais e para o ESTUDANTE 07 são meios de divulgação de informações através da

Internet.

“As tecnologias propiciam a informação. Antes o acesso à informação ocorria

por meio de cartas e, atualmente, ocorre por meio digital, gerando uma

facilidade (ESTUDANTE 08)”.

Por outro lado, o ESTUDANTE 09 disse nunca ter ouvido falar em TIC, mas

associou aos meios digitais.

“Já ouvi como um curso de graduação, mas não sei bem o que é (ESTUDANTE

10).”

Sobre o primeiro contato com as tecnologias, deve-se ter em vista que a amostra

escolhida estava compreendida na faixa etária de 14 a 22 anos, portanto, pertencentes a

Geração Z (Nativos Digitais). Assim, deveriam, ter nascido com acesso direto às

tecnologias, mas não foi o caso. Os estudantes tiveram o primeiro contato somente a

partir dos 08 anos de idade e a maioria (70%) foi após 12 anos. Os estudantes

apresentaram aspectos interessantes sobre os desafios de acesso às TIC por eles

vivenciados:

O ESTUDANTE 01 somente teve seu primeiro acesso às tecnologias aos 14 anos

de idade, durante o ensino médio, em que o estudo era feito nas salas de aulas através de

tele-aula (televisão), reforçando assim importância da escola nesse processo de inclusão

digital. Segundo o entrevistado, as teleaulas eram transmitidas de Manaus à Itacoatiara,

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pois, não havia professor qualificado para ministrar as disciplinas na comunidade e as

dúvidas eram retiradas através de chats.

Relatou ainda que teve grande dificuldade em aprender desta forma, com uso das

tecnologias digitais, uma vez que não conseguia sanar todas as dúvidas. E explicou:

“As aulas aconteciam da seguinte forma: tínhamos que elaborar as perguntas,

enviar pelo chat, os professores entravam em contato com a sala e iam de sala

em sala tirando as dúvidas, então não tiravam todas as nossas dúvidas.”

(ESTUDANTE 01).

E reforçou:

“Eles explicavam um assunto às 19h, eles iam dar resposta às 22h na hora que

encerravam as aulas. Era um professor que explicava e outro para responder às

perguntas.” (ESTUDANTE 01)

Além disso, no tocante à qualidade da rede de Internet, o estudante considerou ser

boa, mas afirmou que quando faltava energia elétrica na comunidade ficavam cerca de

três dias sem aula. Ressaltou que após seu primeiro contato com as tecnológicas,

paulatinamente, outras oportunidades surgiram, seus irmãos compraram celulares e ele

aproveitava para brincar com eles escondido. Os ESTUDANTES 02 e 08 são indígenas,

na localidade que são oriundos não há acesso à Internet nem às tecnologias em geral. A

comunidade Moirai vive da agricultura de subsistência e da pesca. Além disso, os

habitantes da região têm, em sua maioria, baixa escolaridade. Após uma breve conversa,

a ESTUDANTE 08 compreendeu um pouco mais o que significa inclusão e exclusão

social, digital e TIC. Então, falando na chegada dos celulares e computadores na

comunidade, afirmou que:

“por meio das tecnologias poderia ter informações, que antes era por

meio de carta, e agora facilitou a comunicação. (ESTUDANTE 08)”

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FIGURA 26: O cacique32 Pedro dos Santos Vale, 65 anos, da etnia Mura33.

FONTE:http://amazoniareal.com.br/justicafederal-manda-retirar-indigenas-de-area-

ocupada-ha-quatro-anos-da-prefeitura-de-manaus/

Contudo, ressaltou que a localidade não tem Internet e para adentrar no ensino

superior tem que sair da Comunidade. Segunda a estudante entrevistada, para ter acesso à

Internet é necessário pegar um barco e ir para Comunidade Guaipenu, cerca de 30 min da

Comunidade Moirai, pois este local tem antena para acesso à Internet. Contudo,

dificilmente as pessoas de sua comunidade se deslocam para ir em busca desse acesso.

Atualmente ambos são residentes no IFAM-CMZL, estando o ESTUDANTE 02 a

frequentar um curso subsequente e a ESTUDANTE 08 um curso superior, ambos

32 CACIQUE – morubixaba; manda-chuva . Cacico: título dos chefes mexicanos antes da conquista. Do

Taíno Antilhano (Aruák) – cazia, caciqui, caxicus, casiche – chefe. (Fontes e referências: Dicionário de

Palavras Brasileiras de Origem Indígena – Clóvis Chiaradia). Como na sociedade em geral, as aldeias

indígenas possuem uma organização social. Nelas existe um personagem importante que são os Caciques.

Eles representam os membros das aldeias, fazem mediações dos conflitos em busca de melhorias

juntamente com as lideranças da aldeia. Eles são respeitados por todos, pois são quem cuidam da aldeia. O

cacique é uma das lideranças que luta pelo bem estar do seu povo. O cacique tem o papel de ajudar a

organizar as festas, reuniões e demais atividades que ocorrem na aldeia. Todos que visitam as aldeias ou

desejam levar algo para elas tem, na maioria das vezes, que comunicar primeiramente com o Cacique. Ele é

o representante máximo da aldeia e faz a mediação entre os membros da aldeia e as instituições como

FUNAI e outras entidades. O cacique também zela pela cultura de seu Povo para buscar meios para que as

músicas, danças e tradições sejam passadas de uns para os outros, para que a aldeia não perca seus traços

culturais. (Fonte: http://www.indioeduca.org/?p=1301 )

33 MURA. O termo 'caboclo' tem uma significação negativa, mas hoje é usado pelos Mura para significar

'índio misturado', com referência a miscigenação com ribeirinhos nordestinos e outros não índios através de

casamentos, a maioria das vezes, com mulheres mura. Vivem em 41 Terras Indígenas no Estado do

Amazonas e nas cidades de Manaus, Autazes, Borba e nos outros centros municípios. (Fonte:

https://brasil.antropos.org.uk/ethnic-profiles/profiles-m/138-206-mura.html)

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voltados para o primeiro setor (agricultura). Após virem para Manaus é que começaram a

ter acesso de fato à Internet. O ESTUDANTE 02 frequentou o ensino médio no IFAM-

CMZL e seguiu estudando num curso subsequente no Campus; já a ESTUDANTE 08

iniciou a graduação (ensino superior) no IFAM-CMZL, afirmando que usa Internet para

pesquisar tarefas escolares.

Alguns relatos também permitiram perceber que o primeiro contato foi na escola e

na Lan House. O ESTUDANTE 03 relatou que “notou uma grande diferença entre a sua

forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado aos colegas da capital, pois

na sua cidade de origem, interior do Estado, há maior dificuldade de acesso às

tecnologias e às informações que elas promovem”. Afirmou, ainda, que quanto ao uso de

celular seu primeiro aparelho foi obtido aos 14 anos, mesmo após esse advento, o acesso

à Internet permaneceu restrito às Lan Houses. Aumentou a utilização da Internet e redes

sociais quando se mudou para Manaus, onde passou a ter maiores possibilidades de

utilização da rede Wi-Fi.

Todos os estudantes entrevistados afirmaram que após acesso às TIC, seja na

escola, em casa ou na Lan House, passaram a se sentir incluídos. Explicaram ainda que

isso se deu pelo fato de poder se comunicarem com os demais amigos, com a família e

pelo acesso às informações.

Segundo Moran (2012), a informatização está gerando uma explosão de saberes,

sendo necessário não só rever o papel do professor nesse novo cenário, mas também

educar para a vida, para a significação, e nesse sentido os estudantes precisam encontrar

sentido no que fazem, cabendo discutir o papel das tecnologias digitais para o processo de

aprendizagem.

A ESTUDANTE 05 relatou que na época aprendeu apenas o básico, os pais já

tinham celulares, mas não havia acesso à Internet nos aparelhos. A ESTUDANTE 06

afirmou que se sentiu constrangida, pois sua família tinha mais conhecimento no assunto

e a hostilizava. Posteriormente, passou a frequentar Lan Houses, mas no início eram os

proprietários ou funcionários que realizavam a pesquisa e imprimiam, à medida que o

domínio das tecnologias se tornou uma exigência no ambiente escolar suas habilidades

foram desenvolvidas.

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A ESTUDANTE 08, posteriormente, retornou para a comunidade e só voltou a ter

acesso aos 16 anos, quando sua irmã comprou um celular, ressalta-se que não havia

Internet na localidade. Relatou que a comunidade possui acesso à Internet há cerca de 10

anos, antes disso lembra-se que o único meio de comunicação era o telefone, ainda assim

de forma precária, disponibilizado pela prefeitura para uso coletivo, sendo necessário

deslocar-se da casa até um local determinado.

Para fecharmos este ponto sobre as TIC, relembramos a apetência do povo

brasileiro com aInternet e redes sociais. De acordo com Coelho (2018)34, no Brasil, as

pessoas com acesso a Internet, dispendem, diariamente, 9 horas e 14 minutos navegando

na Internet, através de qualquer dispositivo. Somos o terceiro povo no mundo que mais

passa tempo na rede. Em primeiro lugar, estão os tailandeses, com 9h38m, seguidos pelos

filipinos, com uma média de 9h29m. Além disso, passamos, em média, 3 horas e 39

minutos, todos os dias nas redes sociais, ocupando, assim, a segunda colocação entre os

países que usam por mais tempo essas plataformas, atrás dos filipinos, que gastam 3h57m

diários e à frente dos tailandeses, que detêm a marca de 3h23m.

São 130 milhões de brasileiros utilizando as redes sociais, 62% da população e

destes, 120 milhões realizam o acesso através de seus celulares. Esse número representa

57% do total da população brasileira. De acordo com o ranking do SimilarWeb, os

brasileiros passam cerca de 20 minutos e 33 segundos a cada vez que acessam o YouTube

e, durante esse período, acessam uma média de 9,6 páginas do serviço. Logo depois, com

13 minutos e 55 segundos por acesso, vem o Facebook, com 11,8 páginas por visita

(COELHO, 2018).

Dos entrevistados pela Global Web Index, entre 16 e 64 anos, 60% dos brasileiros

com acesso à Internet declararam utilizar a plataforma de vídeos YouTube, 59% usam o

Facebook. e 56% o mensageiro WhatsApp(idem, 2018).

Dos 130 milhões de brasileiros que utilizam o Facebook mensalmente, 92% o

fazem através do smartphone. O percentual é maior que a média mundial, de 88%. Os

34 https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/02/10-fatos-sobre-o-uso-de-redes-sociais-no-brasil-que-voce-

precisa-saber.ghtml

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dados fornecidos pela própria rede, no entanto, não dizem que esse acesso é realizado

exclusivamente pelo dispositivo móvel (idem, 2018).

De acordo com dados divulgados pela rede social, sos brasileiros são 57 milhões

de usuários na rede de compartilhamento de fotos e vídeos, o que representa 27% da

nossa população. No que diz respeito ao percentual de usuários, o que também é chamado

de grau de penetração da plataforma no país, estamos em 14º lugar. No entanto, ao

analisarmos o número bruto, o Brasil aparece na segunda colocação, logo atrás dos

Estados Unidos, que tem 110 milhões de pessoas utilizando o Instagram. (idem, 2018).

4.3.4- Relação às TIC e Desigualdade Social

A tabela seguinte buscou elucidar o entendimento dos 10 estudantes entrevistados

sobre a relação entre as TIC e desigualdade social:

EST

Em sua

opinião, a

falta de

acesso às

tecnologias

digitais pode

ser um

motivo para

as

desigualdades

sociais?

alguma

(s)

relação

(s) entre

exclusão

social e

exclusão

digital?

Você se

considera

incluído social

e

digitalmente?

Como e por

quê?

Tem alguma ideia

acerca de como o

letramento digital

pode ajudar a

combater a exclusão

social?

Considera que a

escola pode

contribuir para a

inclusão social e

digital de seus

alunos? De que

forma?

O que sua escola faz já

nesse sentido?

01 Não

Sim

Sim. Porque

possui a

oportunidade

de conversar à

distância, de

interagir com

várias

pessoas, de

trocar ideias,

dar e receber

ajuda.

Instrução para

pessoas com

dificuldade de

acesso,

principalmente os

mais velhos.

Sim. Referiu a

disseminação de

cursos EAD

envolvendo

comunidades

distantes, que

podem ser

promovidos com

foco nos idosos.

Controle em relação ao

uso de redes sociais,

favorecendo a

concentração dos alunos

no estudo; os recursos

voltados prioritariamente

para pesquisas escolares;

oferta de algumas

disciplinas optativas na

grade curricular que

possuem cunho

tecnológico e inclusivo.

02 Sim. Sim.

Sim, possui

acesso mas

limitado.

Dispõe

somente do

celular que

usa

principalment

e para acionar

redes sociais,

o contato com

computadores

ocorre na

escola e

outras

Sim. Dessa forma,

iniciativas públicas

como a promoção de

cursos de informática

são muito

importantes e,

embora já existam,

não são

implementados de

modo ostensivo.

Sim. Na

comunidade os

primeiros

contatos que

acontecem

casualmente são

intensificados

no ambiente

escolar, onde as

pessoas

encontram

recursos

tecnológicos,

projetores,

computadores e

Segundo o entrevistado, o

IFAM possui uma

infraestrutura que

contribui para a inclusão,

disponibiliza

computadores, acesso à

Internet e cursos de

informática, além disso, a

maioria dos alunos utiliza

esses recursos, e os

próprios celulares,

criando um ambiente

propício à inclusão por

meio do

compartilhamento de

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111

inovações são

apresentadas

por

familiares.

Internet, que

possibilitam

uma maior

interação.

experiências. Sugeriu

como práticas de

estímulo à utilização de

TIC a ampliação da rede

wi-fi, bem como, o uso

de sites de busca como o

Google na sala de aula

para complementar o

conteúdo ministrado

pelos professores.

EST

Em sua

opinião, a

falta de

acesso às

tecnologias

digitais pode

ser um

motivo para

as

desigualdades

sociais?

alguma

(s)

relação

(s) entre

exclusão

social e

exclusão

digital?

Você se

considera

incluído social

e

digitalmente?

Como e por

quê?

Tem alguma ideia

acerca de como o

letramento digital

pode ajudar a

combater a exclusão

social?

Considera que a

escola pode

contribuir para a

inclusão social e

digital de seus

alunos? De que

forma?

O que sua escola faz já

nesse sentido?

03 Sim Sim

Considera-se

incluído

porque

consegue

estabelecer

uma

comunicação

com os

demais.

Percebe a

necessidade de ações

articuladas e

contínuas para que o

letramento seja

eficiente, tomando

por base a

observação do seu

círculo de

convivência.

Sim, por meio

da oferta de

cursos de

informática e da

capacitação dos

professores para

usarem os

recursos

disponíveis de

uma forma mais

proveitosa.

A escola foi vista como

um ambiente que

favorece uma

proximidade com os

recursos tecnológicos.

Citou a oportunidade de

realizar trabalhos na

biblioteca, bem como o

uso de computadores

para elaboração de

projetos por meio do

Autocad, de fundamental

importância para o curso

de Paisagismo.

Mencionou também a

praticidade da ferramenta

Q-Acadêmico, um espaço

virtual disponibilizado

pela instituição de ensino

através do qual alunos,

professores e técnicos

administrativos

interagem, por exemplo,

com envio de materiais,

lançamento de notas e

visualização do histórico.

04 Sim

Sim

Sente-se

incluído

porque possui

um celular

que lhe

permite

estabelecer

uma

comunicação

com as

pessoas e

fazer uso da

Internet.

Considera que o

letramento contribui

para a diminuição da

exclusão e destacou a

importância dessa

ação não ser realizada

apenas no intuito de

ensinar a operar os

recursos telemáticos,

mas, sobretudo,

ensinar a utilizá-los

de modo proveitoso,

contribuindo para o

aumento do

conhecimento, pois

percebe que a

maioria das pessoas

Sim, por meio

dos professores

que são

inspirações e

estimulam os

alunos a

aprender

melhor.

Identificou como forma

de contribuição escolar

somente a abordagem de

informática básica no

primeiro ano do ensino

médio.

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112

usa apenas para

entretenimento.

EST

Em sua

opinião, a

falta de

acesso às

tecnologias

digitais pode

ser um

motivo para

as

desigualdades

sociais?

alguma

(s)

relação

(s) entre

exclusão

social e

exclusão

digital?

Você se

considera

incluído social

e

digitalmente?

Como e por

quê?

Tem alguma ideia

acerca de como o

letramento digital

pode ajudar a

combater a exclusão

social?

Considera que a

escola pode

contribuir para a

inclusão social e

digital de seus

alunos? De que

forma?

O que sua escola faz já

nesse sentido?

05 Sim

Sim

Sim. Porque

possui acesso

à tecnologias

que lhe

permitem

manter uma

comunicação

com pessoas

de diferentes

localidades e

ter contato

com uma

diversidade

de conteúdos.

Observou que no

mercado de trabalho

existem pessoas com

domínio de

conteúdos e técnicas

da sua área de

formação/atuação,

porém com sérias

dificuldades no

manuseio de

tecnologias, fato que

demonstra o quanto a

exclusão digital pode

estar associada à

exclusão social a

depender do

ambiente em que o

indivíduo está

inserido, pois há

nesse caso um

comprometimento

profissional e

interpessoal.

Sim, por meio

de projetos. Deu

como exemplo a

distribuição de

tablets, já que a

dificuldade

financeira se

torna um

obstáculo na

inserção digital.

A atuação da sua escola

foi vista como

insuficiente, citou que as

salas de aula são

equipadas com suporte

para projetor, mas poucos

professores utilizam o

recurso. Além disso,

mencionou a didática

obsoleta da maioria dos

docentes e ressaltou que

as inovações

metodológicas e

tecnológicas geralmente

são exploradas com

entusiasmo apenas pelos

professores que

concluíram mestrado e

doutorado recentemente.

06 Sim. Sim.

Considera-se

incluída, uma

vez que tem

acesso a

alguns meios

tecnológicos

que lhe

permitem

estabelecer

comunicação

e realizar

atividades

escolares.

Acredita que o

letramento digital

possibilita o acesso

através de uma

capacitação realizada

por profissionais que

saberão ensinar sem

constranger o

público, respeitando

o seu tempo de

aprendizado.

Sim, indicou

como

possibilidades

de atuação o

Pibex, Programa

Institucional de

Bolsas de

Extensão

Universitária, e

o Pibic,

Programa

Institucional de

Bolsas de

Iniciação

Científica, que

podem ser

usados para

essa finalidade.

E, ainda, o

Ensino à

Distância.

A escola disponibiliza

computadores na

biblioteca, mas em

quantidade insuficiente,

bem como rede wi-fi,

porém com alcance

restrito. Os professores

poderiam incentivar o

uso de meios

tecnológicos na sala de

aula para enriquecimento

interativo e informativo.

07 Sim

Sim.

Sim,

considera-se

incluído, pois

possui celular

e acesso à

O letramento digital

prepara as pessoas

para o manuseio

eficiente dos meios

tecnológicos, facilita

Sim,

propiciando o

uso dos recursos

tecnológicos em

sala de aula, mas

A escola possui uma

biblioteca equipada com

computadores que ficam

disponíveis para

pesquisa, equipamentos

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113

Internet, tanto

na escola

localizada em

Manaus,

quanto no seu

município de

origem.

o acesso e,

consequentemente,

favorece a

informação dos

usuários.

com orientações

bem definidas a

fim de evitar a

dispersão de

atenção dos

alunos, já que

eles poderiam

usar os recursos

para acessar

conteúdo não

relativo ao

ministrado

naquele

determinado

momento.

como lousas digitais e

rede wi-fi, contudo o

alcance da rede deveria

ser maior.

EST

Em sua

opinião, a

falta de

acesso às

tecnologias

digitais pode

ser um

motivo para

as

desigualdades

sociais?

alguma

(s)

relação

(s) entre

exclusão

social e

exclusão

digital?

Você se

considera

incluído social

e

digitalmente?

Como e por

quê?

Tem alguma ideia

acerca de como o

letramento digital

pode ajudar a

combater a exclusão

social?

Considera que a

escola pode

contribuir para a

inclusão social e

digital de seus

alunos? De que

forma?

O que sua escola faz já

nesse sentido?

08 Não. Não.

Sim.

Considera-se

incluída

porque possui

produtos

tecnológicos.

Acredita que pode

contribuir na medida

em que fornece

informações sobre

tecnologia e fomenta

o ensino das

ferramentas

tecnológicas.

Sim. A escola

colabora com a

inclusão na

medida em que

ensina os alunos

a usarem os

meios

tecnológicos.

Sim. Pontuou que há

aulas de informática na

escola e sugeriu que essa

iniciativa seja

intensificada através da

elaboração de projetos

destinados ao uso das

tecnologias no processo

ensino-aprendizagem.

09 Sim

Sim.

Considera que

sim porque

tem acesso à

rede pública,

à educação, à

tecnologia,

inclusive na

escola, que

disponibiliza

computadores

com Internet

na biblioteca

e também

rede wi-fi.

Pode combater a

exclusão social, pois

ao obtermos mais

informações

consequentemente

temos mais

consciência da nossa

inserção social e do

exercício da

cidadania.

Sim. A

entrevistada

nota a escola

como um espaço

de interlocução

dos saberes

tecnológicos,

interioranos

migram para a

capital a fim de

dar continuidade

ao estudo e,

ingressando na

escola, contam

com o auxílio

dos alunos

veteranos no que

tange ao uso das

tecnologias que,

por razões

infraestruturais,

são mais

disseminadas

nessa região.

Ressaltou que, embora

haja recursos

tecnológicos na escola,

de modo geral não há

estímulo ao uso desses

recursos nas atividades

desenvolvidas, inclusive,

nunca teve orientação

institucional para fazer

esse uso, sabe apenas que

a disciplina de

informática é ministrada

para determinados

cursos.

10 Sim. Sim.

Não se

considerou

incluído

porque não

tem amplo

acesso.

Teve uma noção

vaga, fez uma

associação do termo

ao curso de letras e à

prática da leitura.

Considerou que

sim, mas

ressaltou que a

efetividade

depende de

muitos fatores,

Conforme sua percepção

a escola possui uma

infraestrutura favorável à

inclusão digital, onde

encontram-se aparelhos e

Internet, contudo carece

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Fonte: Elaboração própria

A respeito da relação entre as TIC e desigualdade social, o ESTUDANTE 01

inicialmente respondeu que não considerava que falta de acesso às tecnologias digitais

pudesse ser um motivo para as desigualdades sociais, frisou que a capacidade das pessoas

não estava relacionada ao acesso tecnológico. Porém, em seguida, reconheceu a

importância desse acesso para a vida das pessoas, especialmente para a educação. E

considerou que o próprio caso é um exemplo disso, pois a partir da ciência e utilização

das ferramentas tecnológicas passou a se sentir inserido nesse meio.

Pontuou, ainda, a dificuldade dos seus pais, que não tiveram esse acesso, e fez

uma analogia da situação dos seus pais com o problema de comunicação enfrentado pelos

deficientes auditivos, no sentido de ressaltar a sensação de exclusão que ambos os casos

geram. Novamente citou o exemplo do genitor, relatando que o pai sempre precisa de

auxílio para realizar transações bancárias em terminais de autoatendimento.

Apontou como forma de contribuição a disseminação de cursos envolvendo

comunidades distantes, que podem ser promovidos com foco nos idosos, aspeto muito

importante dada a geografia da Amazonas. Acredito que a escola contribui sim para

inclusão digital, eu sou exemplo disso pois minhas aulas foram em Educação à

Distância. (ESTUDANTE 01)

Para o ESTUDANTE 02 a falta de acesso às tecnologias dificulta o acesso à

informação e, consequentemente, favorece a desigualdade social. Exemplificou

corroborando a resposta anterior: sem o acesso às tecnologias, o conhecimento acerca do

que acontece no mundo seria comprometido, poderíamos perder a chance de ler um edital

do nosso interesse, realizar a inscrição e participar da seleção.

citou o próprio

caso, na escola

computadores

disponíveis,

todavia, seu

domínio é

superficial.

de exploração desses

recursos na sala de aula.

Sugeriu a realização de

cursos apropriados ao

fomento das práticas

educacionais envolvendo

tecnologias.

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Embora tenha dito que se sente incluído digitalmente afirmou que possui acesso

limitado. “O principal problema para adquirir novas tecnologias é a condição

financeira, eu só tenho celular.” (ESTUDANTE 02)

Em relação ao letramento, expôs que “no interior geralmente as pessoas não têm

condições de adquirir produtos tecnológicos, mas se tivessem, provavelmente não o

fariam, pois não saberiam como usar. Dessa forma, iniciativas públicas como a

promoção de cursos de informática são muito importantes e, embora já existam, não são

implementados de modo ostensivo. A disseminação do conhecimento tecnológico

costuma acontecer casualmente, em trocas de experiências com amigos e familiares”

(ESTUDANTE 02).

Para a estudante, a escola pode contribuir para inclusão digital, e citou: “na

comunidade os primeiros contatos que acontecem casualmente são intensificados no

ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos tecnológicos, projetores,

computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação” (ESTUDANTE 02).

O IFAM-CMZL, segundo o entrevistado 02, possui uma infraestrutura que

contribui para a inclusão, disponibiliza computadores, acesso à Internet e cursos de

informática, além disso, a maioria dos alunos utiliza esses recursos, e os próprios

celulares, criando um ambiente propício à inclusão por meio do compartilhamento de

experiências. Sugeriu como práticas de estímulo à utilização de TIC, a ampliação da

rede wi-fi, bem como, o uso de sites de busca como o Google na sala de aula para

complementar o conteúdo ministrado pelos professores. No seu discurso, relatou

ainda, que criou uma conta em um e-mail diante da necessidade imposta pelos

professores que estabelecem a comunicação com os discentes e enviam materiais por

meio do correio eletrônico. Seus irmãos e primos também possuem e-mail, mas os pais

não.

O ESTUDANTE 03 respondeu convictamente que a falta de acesso às tecnologias

digitais pode ser um motivo para as desigualdades sociais, “porque sem acesso o

aprendizado torna-se prejudicado”. Segundo o mesmo, ao mudar de cidade, notou uma

grande diferença entre a sua forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado à

perspectiva dos colegas que passou a ter em Manaus, “na capital há um trânsito

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favorável de informações, já nos municípios interioranos há uma maior dificuldade de

acesso às tecnologias e às informações que elas promovem”. Afirma sentir-se incluído.

Quanto ao letramento, percebe a necessidade de ações articuladas e contínuas para

que seja eficiente, tomando por base a observação do seu círculo de convivência,

exemplificou que a mãe certa vez participou de um curso de informática, mas não teve

uma retenção duradoura do conteúdo porque seu contato posterior com os meios

tecnológicos não foi reiterado. Além disso, reconheceu um aspecto negativo acerca do

avanço das tecnologias, “aquilo que deveria aproximar as pessoas também pode afastá-

las” à medida que muitas canalizam seu tempo para viver situações virtuais, em

detrimento das relações no mundo real.

Logo, acredita que a escola pode ser esse ambiente que contribui para diminuição

da exclusão digital, por meio da oferta de cursos de informática e da capacitação dos

professores para usarem os recursos disponíveis de uma forma mais proveitosa. “A

maioria dos professores utilizam os projetores apenas para mostrar slides. No primeiro

ano do ensino médio participei de uma experiência positiva em que um professor da

disciplina de solos fez uso de um programa baseado no show do milhão35 como forma

avaliativa” (ESTUDADANTE 03).

A escola foi vista como um ambiente que favorece uma proximidade com os

recursos tecnológicos. Citou a oportunidade de realizar trabalhos na biblioteca, bem como

o uso de computadores para elaboração de projetos por meio do Autocad, de fundamental

importância para o curso de Paisagismo. Mencionou também a praticidade da ferramenta

Q-Acadêmico36.

De outro modo, o ESTUDANTE 04 acredita que a inclusão digital pode

minimizar as desigualdades sociais, mas não resolve porque depende de uma

multiplicidade de fatores. Nota-se um vínculo entre exclusão social e digital, uma vez que

3535 Show do Milhão (inicialmente Jogo do Milhão) foi um programa de televisão brasileiro de perguntas e

respostas, que concedia um prêmio máximo de um milhão de reais. Show do Milhão também é o título de

uma franquia de jogos eletrônicos de perguntas e respostas. O primeiro jogo foi desenvolvido pela empresa

brasileira Tec Toy e lançado em 2001. Os jogos são baseados no famoso programa de televisão apresentado

por Silvio Santos. 36 Q-Acadêmico- um espaço virtual disponibilizado pela instituição de ensino através do qual alunos,

professores e técnicos administrativos interagem, por exemplo, com envio de materiais, lançamento de

notas e visualização do histórico.

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os meios tecnológicos propiciam a comunicação. Logo, pessoas sem acesso terão um

contato restrito com os demais e com as informações que essas relações acarretam.

Considera que o letramento contribui para a diminuição da exclusão e destacou a

importância dessa ação não ser realizada apenas no intuito de ensinar a operar os recursos

telemáticos, mas, sobretudo, ensinar a utilizá-los de modo proveitoso, contribuindo para o

aumento do conhecimento, pois percebe que a maioria das pessoas usa apenas para

entretenimento. Identificou como forma de contribuição escolar no IFAM somente a

abordagem de informática básica no primeiro ano do ensino médio.

Na opinião do ENTREVISTADO 05 a falta de tecnologia antigamente não

representava uma desigualdade social, porém, à medida que as tecnologias foram sendo

disseminadas, a falta de acesso gerou uma desigualdade. Para ele, a falta de acesso

tecnológico compromete a interação entre pessoas de diferentes localidades, bem como, o

compartilhamento de conteúdos, gerando uma forma de exclusão social.

Observou que no mercado de trabalho existem pessoas com domínio de conteúdos

e técnicas da sua área de formação/atuação, porém com sérias dificuldades no manuseio

de tecnologias, fato que demonstra o quanto “a exclusão digital pode estar associada à

exclusão social a depender do ambiente em que o indivíduo está inserido, pois há nesse

caso um comprometimento profissional e interpessoal” (ESTUDANTE 05).

Para otimizar a inclusão digital na escola sugeriu a distribuição de tablets, já que a

dificuldade financeira se torna um obstáculo na inserção digital. Mencionou uma

experiência positiva observada no seio familiar, sua mãe é docente e foi beneficiada por

um programa37 que visava à atualização dos profissionais e da comunidade educacional,

assim foram contemplados com notebooks que permitiram a ampliação do conhecimento.

O estudante em questão é presidente da agremiação estudantil do IFAM-CMZL,

para ele, as salas de aula são equipadas com suporte para projetor, mas poucos

professores utilizam o recurso. “A didática da maioria dos docentes é ultrapassada, as

inovações metodológicas e tecnológicas geralmente são exploradas com entusiasmo

37 Projeto um tablet por aluno do Ministério da Educação do Brasil que visava a distribuição de tablets nas

escolas municipais.

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apenas pelos professores que concluíram mestrado e doutorado recentemente”

(ESTUDANTE 05).

As percepções dos estudantes têm por base sua vivência e seu contexto social,

neste sentido o ESTUDANTE 06 postulou sobre as perguntas dessa rodada que “no

contexto atual há uma necessidade de acesso e sua ausência dificulta a informação dos

indivíduos”. Apontou que existem diversos materiais de apoio disponíveis na Internet,

como e-books, que possuem a capacidade de ampliar o conhecimento.

A entrevistada 06 considera-se incluída, uma vez que tem acesso a alguns meios

tecnológicos que lhe permitem estabelecer comunicação e realizar atividades escolares e

acredita que o letramento digital possibilita o acesso através de uma capacitação realizada

por profissionais que saberão ensinar sem constranger o público, respeitando o seu tempo

de aprendizado. Indicou como possibilidades de atuação o Pibex, Programa Institucional

de Bolsas de Extensão Universitária, e o Pibic, Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica, que podem ser usados para essa finalidade. E, ainda, o Ensino à

Distância. Em sua visão, o IFAM-CMZL disponibiliza computadores na biblioteca, mas

em quantidade insuficiente, bem como rede wi-fi, porém com alcance restrito. “Os

professores poderiam incentivar o uso de meios tecnológicos na sala de aula para

enriquecimento interativo e informativo” (ESTUDANTE 06).

Para o ESTUDANTE 07 a ausência de acesso torna as pessoas mais

desinformadas, prejudicando o seu desenvolvimento. “As pessoas com baixa renda terão

dificuldade de acesso aos meios tecnológicos e ficarão alheias a esse modo de interação,

aumentando a disparidade social”. Para dar continuidade ao estudo optou por uma

Instituição Federal e teve que mudar de cidade, por isso para estabelecer contato com a

família costuma utilizar vídeo-chamada. Em sua percepção, o letramento digital prepara

as pessoas para o manuseio eficiente dos meios tecnológicos, facilita o acesso e,

consequentemente, favorece a informação dos usuários e a escola pode contribuir

propiciando o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula, mas com orientações bem

definidas a fim de evitar a dispersão de atenção dos alunos, já que eles poderiam usar os

recursos para acessar conteúdo não relativo ao ministrado naquele determinado momento.

Quanto ao IFAM-CMZL, afirmou que possui uma biblioteca equipada com computadores

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que ficam disponíveis para pesquisa, equipamentos como lousas digitais e rede wi-fi,

contudo o alcance da rede deveria ser maior.

Foi interessante perceber que para a ESTUDANTE 08, que é indígena, a visão de

exclusão não era percebida enquanto tal: em um primeiro momento, ela não via relação

entre a exclusão social e a exclusão digital, pois acreditava que tinham outros meios para

se comunicar e se informar. Mas ao indagar quais outros meios, ela disse: “os vizinhos

próximos que têm celular”; logo, para ela, sería necessário ter um equipamento na

comunidade para se comunicar com os parentes devido à distância da comunidade e ao

recurso financeiro escasso para ficar se locomovendo até à comunidade vizinha.

“Na comunidade Moirai algumas pessoas possuem celulares e computadores,

porém sem acesso à Internet. Suas instituições de ensino até ao momento são

desprovidas de infraestrutura telemática, inviabilizando o ensino à distância. A

continuidade do estudo dos seus habitantes, no que diz respeito à graduação e pós-

graduação, depende do deslocamento até o município de Autazes” (ESTUDANTE 08). A

entrevistada relatou, ainda, que coincidentemente naquele mesmo dia soube que em breve

serão ministradas aulas de informática básica e avançada na sua comunidade. Sugeriu

inovação nos métodos de ensino, pois, conforme afirmou, “o que o IFAM-CMZL faz é

muito pouco e grande parte dos professores ainda fazem aulas expositivas, sendo

necessário ter Internet na sala de aula e utilizar as ferramentas tecnológicas na sala de

aula” (ESTUDANTE 08).

O ESTUDANTE 09 pontuou que aqueles que possuem acesso aos meios

tecnológicos geralmente são bem informados, enquanto aqueles que não possuem esse

acesso precisam buscar meios menos eficientes para terem a mesma informação, como

consultar livros e estabelecer conversas pessoalmente, representando uma desvantagem

em relação à celeridade. Percebe uma relação de interdependência entre a exclusão social

e digital, pois a impossibilidade de fazer uso dos meios tecnológicos dificulta o acesso à

informação e pode gerar prejuízos sociais como não ter conhecimento de um determinado

benefício socioassistencial. Considera que é incluído por possuir acesso à rede pública, à

educação, à tecnologia, inclusive na escola, que disponibiliza computadores com Internet

na biblioteca e também rede wi-fi.

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O entrevistado 09 não conhecia a expressão letramento digital, assim como os

demais, mas concluiu que significa ensinar a ler e escrever digitalmente. Após algumas

considerações acerca do letramento digital para clarificar as ideias do mesmo, respondeu

que o letramento pode combater a exclusão social, pois ao obtermos mais informações

consequentemente temos mais consciência da nossa inserção social e do exercício da

cidadania.

Foi interessante perceber também que o ESTUDANTE 09 nota a escola como um

espaço de interlocução dos saberes tecnológicos, “os interioranos migram para a capital

a fim de dar continuidade ao estudo e, ingressando na escola, contam com o auxílio dos

alunos veteranos no que tange ao uso das tecnologias que, por razões infraestruturais,

são mais disseminadas nessa região”.

Ressaltou que, embora haja recursos tecnológicos no IFAM-CMZL, de modo

geral, não há estímulo ao uso desses recursos nas atividades desenvolvidas, inclusive,

nunca teve orientação institucional para fazer esse uso, sabe apenas que a disciplina de

informática é ministrada para determinados cursos. Ainda de acordo com as suas

concepções, os docentes declinam dessa utilização porque enxergam os aparelhos

tecnológicos de forma negativa, como algo que favorece a fraude das avaliações, e assim

limitam-se a passar pesquisas e usar projetores.

Por fim, o ESTUDANTE 10 corroborou com os demais, afirmando que a

inacessibilidade representa uma desvantagem em relação aos demais, exemplificando que

uma pessoa pode ser exposta ao engano pela falta de informação. Não se considerou

incluído porque não tem amplo acesso. Socialmente percebe uma grande dificuldade de

acesso no ensino superior em instituições públicas, onde a maioria das vagas é ocupada

por pessoas provenientes de classes mais altas que cursaram o ensino fundamental e

médio na rede privada, restando aos egressos de escolas básicas públicas a opção por

instituições privadas de ensino superior com mensalidades inacessíveis para muitos deles,

uma das contradições mais significativas do sistema educacional brasileiro. Digitalmente

sente-se excluído porque precisa permanecer na escola após o período de aula para

conseguir realizar suas pesquisas. Possui um celular de modelo antigo com sistema

android, mas desprovido de aplicativos, suas condições financeiras não permitem ter

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uma rede de dados coberta por alguma operadora, desse modo, só consegue ter

acesso à Internet por meio do celular quando está na escola, através da rede wi-fi.

Considerou que a escola pode ser um mecanismo para inclusão digital e social

mas ressaltou que a efetividade depende de muitos fatores, citou o próprio caso, na escola

há computadores disponíveis, todavia, seu domínio das tecnologias é superficial.

Conforme sua percepção a escola possui uma infraestrutura favorável à inclusão

digital, onde encontram-se aparelhos e Internet, contudo carece de exploração desses

recursos na sala de aula. Sugeriu a realização de cursos apropriados ao fomento das

práticas educacionais envolvendo tecnologias e relatou uma experiência ocorrida na 7ª

série do ensino fundamental em que teve a oportunidade de ter contato com um recurso

de computação gráfica 3D possibilitando a visualização detalhada de um castelo durante

uma aula de História sobre a França.

Em seguida, foi indagado sobre a última imagem vista em um livro de História,

porém não recordava. Constatou-se, então, que aquela experiência longínqua foi

demasiadamente marcante, enquanto as recentes aulas, pautadas no ensino tradicional

meramente expositivo, mostraram-se não muito significativas. Ademais, por todo o

exposto, restou transparecida a importância do meio escolar na consecução da inclusão

social e digital, uma vez que todos os conhecimentos telemáticos adquiridos ao longo da

sua vida perpassam por esse ambiente.

Em diversas falas, percebemos quão importante é proporcionar o acesso às

tecnologias, contudo, mais ainda, o letramento digital. Os estudantes entrevistados

consideram que a escola pode ajudar na inclusão, ensinando-os a usar os meios

tecnológicos, para, assim, estarem melhor capacitados a interagir com os demais jovens.

Relataram que IFAM-CMZL já faz algo para isso, como a oferta de aulas de informática,

computadores na biblioteca e aulas com lousa digital, contudo, afirmaram ser

insuficiente, de forma geral, o recurso ofertado pelo IFAM-CMZL, pois é limitado o

número de equipamentos, não há uma rede de Internet (wi-fi) disponível para os

estudantes e nas salas de aula é muito sucinto o uso das TIC.

Para Moran (2012) o professor é mais importante do que nunca nesse processo de

inclusão da Internet na educação, pois ele precisa se aprimorar nessa tecnologia para

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introduzi-la na sala de aula, no seu dia a dia, da mesma forma que um dia também foi

introduzido o primeiro livro na escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o

conhecimento, sem deixar as outras formas de comunicação de lado, como a oralidade.

Concordamos com Moran (idem) ao concluir que que continuaremos a ensinar e a

aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e

escritos, pela televisão, mas agora também pelo computador, pela informação em tempo

real, pela tela em camadas, em janelas que vão aprofundando as nossas vistas.

4.4- Discussão dos resultados

Corroboramos com Sposati (2006) quando supõe que há na sociedade a busca

pelo que é bom e desejável para todos, justificando a presença da luta pela igualdade ou,

pelo menos, um patamar básico de igualdade. Também temos presente, que fazemos parte

de uma sociedade desigual, marcada por profundas assimetrias e que frente à essas

desigualdades surge a necessidade de nos incluirmos socialmente.

É valido ressaltar que a Internet é um direito humano, por isso deve ser inviolável

e que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) devem ser postas a serviço da

ética e da cidadania para garantir justiça social no mundo atual.

Não podemos deixar de ter em conta o pensamento de Paulo Freire (1984, p.6)

“Para mim os computadores são um negócio extraordinário. O problema é saber a

serviço de quem eles entram na escola”. Devemos, assim, pôr em debate de que forma a

escola pode utilizar de forma proveitosa e eficiente essas tecnologias para que tenham um

efeito positivo no exercício de uma cidadania plena.

Diante desta pesquisa, campo teórico e campo empírico, foi possível refletir

acerca do mundo em que vivemos e das tamanhas desigualdades existentes em um único

lócus. Percebeu-se que as condições de localidade, de sobrevivência e renda (emprego,

alimentação, moradia, etc.), familiar, educação dos pais e o próprio ambiente em que

vivem e se relacionam podem interferir no acesso às tecnologias. Diante de tantos

desafios, a escola pode e deve assumir-se como fator primordial para transformação e

inclusão social e digital.

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O interessante na escolha da entrevista, como método da coleta de dados, foram as

surpresas que podem acontecer no decorrer da pesquisa. Várias foram as dificuldades

encontradas, desde a escolha dos estudantes, a participação e aceite dos mesmos, serem

feitas durante período letivo, fazer a transcrição das entrevistas, analisar e trabalhar

paralelamente, entre outras dificuldades.

No entanto, esta pesquisa foi um grande crescimento pessoal e profissional. Sem

previsão, tivemos uma diversidade impressionante dos sujeitos que, respondendo ao

questionário da pesquisa, aceitaram ser entrevistados. Estes estudantes eram provenientes

de diferentes municípios do estado do Amazonas, tinham gêneros diferentes, classe

econômica e social diferente, idade, escolaridade, etnia, o que enriqueceu muitíssimo o

resultado.

Durante a entrevista, com os dez estudantes do IFAM-CMZL, pode-se perceber

que a falta de entendimento sobre os termos inclusão social e digital ocorreu em 90% dos

entrevistados. Além disso, todos necessitaram de ajuda para compreender às questões

postas, sobretudo da terminologia e conceitos científicos. Após explicação dos termos, os

entrevistados de forma geral atrelaram o uso das tecnologias às redes sociais e sentem-se

incluídos somente pelo fato de terem acesso aos computadores do IFAM-CMZL e por

possuírem redes sociais.

Neste sentido, corroboramos com Buzato (2007, p.18) quando diz que “nunca fica

muito claro o que distingue uma “sociedade da informação” dos outros tipos de

“sociedade” e, ainda, quando citamos Coutinho (2003, p. 90) dizendo que não existe uma

definição clara sobre “Sociedade da Informação”, se por esse conceito entendemos algo

que vá além do simples uso de tecnologias que facilitam a armazenagem, combinação e

transmissão de dados e informações. Por isso, para alguns estudantes talvez seja difícil

distinguir do que se quer dizer quando se fala em tecnologias, informações e

comunicações, pois são elementos diferenciados que convergem para a mesma finalidade:

a comunicação humana.

Esse é o desafio, não apenas brasileiro, mas mundial. Certamente o problema da

inclusão digital não é apenas econômico e não afeta apenas países pobres e/ou em

desenvolvimento, vale ressaltar que a inclusão é um problema cultural e não apenas

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econômico. Estudos sobre a geografia da Internet e inclusão digital (CASTELLS, 2004)

apontam que países com uma população financeiramente equilibrada enfrentam também

problemas, seja de rejeição ou de desconhecimento das potencialidades das TIC, seja de

faixa etária ou problemas de gênero, de imigração ou outros. Entretanto, sabemos que

países com um baixo índice de desenvolvimento humano têm ainda mais dificuldade no

que tange a elaboração e efetivação de políticas inclusivas, uma vez que a miséria que

assola os países pobres ainda clama por comida.

É importante relembrarmos que estando a inclusão diretamente ligada aos

processos de exclusão social há que compreender os tipos de exclusão para podermos

pensar em políticas inclusivas. Tedesco (2002) ressalta que um dos fenômenos mais

importantes nas transformações sociais atuais é o aumento significativo da desigualdade

social. Também Fagundes (2011)38 afirma que “na cultura da sociedade conectada, a

aprendizagem se dá no contexto de vida, e o cidadão precisa ser um aprendiz

permanente.” Assim, programas de inclusão digital são fundamentais, mas há que se ter

responsabilidade na execução das políticas públicas para acesso às tecnologias, para

aplicações das ferramentas desenvolvidas pela ciência e as dificuldades e soluções para

unir tecnologias e seres humanos em prol de uma vida mais digna para todos.

Neste sentido, a inclusão digital através da escola possui o papel de resgatar os

excluídos digitais, de forma a incluí-los no contexto da sociedade movida pelos processos

de criação, produção e sublimação da informação em conhecimento. Significa o

empoderamento dos sujeitos para uso das tecnologias da informação e comunicação.

Tendo como prioridade a efetivação de políticas públicas que visem o seu crescimento

educacional, pessoal e profissional.

Vale ressaltar que é na escola que inicia esse processo de ensino-aprendizagem,

por isso, este ambiente não pode ficar alheio a essas mudanças. A evolução deve fazer

parte do ambiente escolar, fazendo-se necessário o uso das TIC dentro das escolas como

promoção de uma educação inclusiva e digital. Trata-se de ampliar a visão acerca da

inclusão, utilizando o “letramento” como sentido mais amplo do que “alfabetização

38http://www.lec.ufrgs.br/index.php/Entrevista_da_Prof%C2%AA_L%C3%A9a_Fagundes:_%22O_profess

or_deve_tornar-se_um_construtor_de_inova%C3%A7%C3%B5es%22

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digital", por entender que cabe não somente à aquisição dos computadores, mas a

aquisição de competências para um uso correto das tecnologias em prol de um exercício

de uma cidadania plena numa Sociedade Digital.

Como dito anteriormente, pôde-se observar que a renda per capita dos estudantes

influencia diretamente no acesso às tecnologias, bem como a escolaridade dos mesmos e

de seus familiares. Reafirmamos o que diz Xavier (2007, p.4) que “a principal condição

para a apropriação do letramento digital é o domínio do letramento alfabético pelo

individuo”, ou seja, apenas o letrado alfabético tem a qualificação para se apropriar

totalmente do letramento digital. E, como refere Buzato (2007, p. 245), “é da escola,

supostamente, que a comunidade deveria trazer para o telecentro os letramentos críticos,

os instrumentos para desconstruir o discurso da inclusão pela via da “absorção no

mercado de trabalho”, da adesão ao papel de “expectador” que lhes é imposto pela

televisão, e para superar as interpretações maniqueístas dos diferentes significados que as

TIC podem ter na sua vida”.

Para Tedesco (2002), a educação tem como desafio do futuro, modificar seu papel

diante da mobilidade social. Por um lado, será a variável mais importante que permitirá

entrar ou ficar fora do círculo no qual se definem e realizam as atividades socialmente

mais significativas e, por outro, será necessário educar-se ao longo de toda a vida para

poder adaptar-se aos requerimentos do desempenho social e produtivo, para mais quando

se vive numa sociedade em constante mudança

A integração das TIC na escola implica diversos desafios, entre estes: a

necessidade de mudanças nos currículos; a capacitação dos professores para uso das

tecnologias; vencer as resistências dos profissionais e instituições conservadoras;

aprender a valorizar a informação valiosa de forma a descartar a presença de informações

fúteis e inverídicas na rede, entre outros desafios. Entendemos que a escola tem o papel

fundamental na formação de cidadãos conscientes, por isso é imprescindível que os

professores acompanhem as mudanças, uma vez que o profissional é referência para o

estudante. Como afirma Perrenaud (2000, p. 128), “formar para as novas tecnologias é

formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades

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de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de

redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação”.

Assim, o papel da escola deve ser definido pela sua capacidade de preparar para o

uso consciente, crítico, ativo dos aparatos que acumulam a informação e o conhecimento

(TEDESCO, 2002, p27). Neste sentido, entendemos que cabe à escola propor

mecanismos para vencer tais desafios, necessitando de estimulação para o conhecimento

renovado e crítico a fim de diminuir as desigualdades sociais, contribuindo assim com a

democratização da escola e efetivação de políticas inclusivas.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

“As coisas sempre parecem impossíveis até

que sejam feitas”.

(Nelson Mandela)

5.1- Sobre a questão e objetivos do estudo

Nesta dissertação buscamos compreender “de que forma a escola pode

contribuir para a inclusão digital frente às desigualdades sociais, trazendo ao debate

a importância dessas tecnologias no processo de inclusão social e digital através da

escola”. O acesso à Internet é considerado um direito humano e as TIC fazem parte do

contexto atual em que vivemos, por isso buscar utilizar as tecnologias ao nosso favor

torna-se necessário.

Vários questionamentos surgiram ao longo da construção do estudo, neste ponto,

indagamos: É possível utilizar as TIC como mecanismo de inclusão? Em detrimento de

quem as TIC trabalham? Seria a escola este ambiente? Essas e outras perguntas foram

surgindo ao longo da escrita. Neste sentido, foi necessário, em um primeiro momento, a

compreensão teórica dos conceitos a serem abordados, pois: como falar de contribuição

da escola para inclusão digital e social, sem entender quais tecnologias estamos nos

referindo e o que significa inclusão social e digital?

Diante disso, o estudo respondeu ao primeiro objetivo específico “identificar os

conceitos de inclusão social e digital”. Uma vez que o escopo teórico possibilita um

melhor entendimento acerca dados coletados, visando responder nossas inquietações e

assim, balizar a construção de nossas categorias de análise. O capítulo 2 dispõe de

diversas compreensões dos conceitos inclusão social e digital, partimos do pressuposto de

que devemos incluir os excluídos, posteriormente, buscamos conceitos sobre as exclusões

que estamos falando, e nos perguntamos, dentro de nossa sociedade capitalista há um ser

totalmente incluído, ou totalmente excluído?

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Concluímos que a importância do estudo no âmbito da educação se dá por

acreditar que se deve articular as políticas públicas sociais, uma vez que o uso das TIC é

universal, as políticas inclusivas devem ser intersetoriais, integradas, para que possam

caminhar em conjunto para minimização das desigualdades sociais.

Em seguida, pretendeu-se verificar de que forma a inclusão social se apresenta

na vida dos estudantes do IFAM-CMZL (objetivo específico 2), percorrendo os

caminhos necessários para se construir a espinhal dorsal do campo empírico da

investigação. Através dos recursos metodológicos utilizados, questionário e entrevista

pudemos notar as percepções dos estudantes e suas relações com as tecnologias. Os

entrevistados demostraram que a escola propiciou oportunidades antes inimagináveis

como nas falas dos estudantes 01 e 02: “Acredito que a escola contribui sim para

inclusão digital, eu sou exemplo disso pois minhas aulas foram em Educação à Distância

(ESTUDANTE 01)” e, “na comunidade os primeiros contatos que acontecem

casualmente são intensificados no ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos

tecnológicos, projetores, computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação

(ESTUDANTE 02)”. Estes e outros exemplos, abordados no capítulo da apresentação dos

resultados, além de reforçarem o potencial educativo das TIC demonstram o potencial

inclusivo do ambiente escolar.

As análises e as considerações finais buscaram demonstrar de que maneira a

inclusão digital pode ser usada para se materializar no ambiente escolar (objetivo

especifico 03). Além de base tecnológica e de infraestrutura adequadas são necessários

um conjunto de condições e de inovações nas estruturas produtivas e organizacionais, nas

instâncias reguladoras, normativas e de governo e no sistema educacional para o

desenvolvimento tecnológico de fato.

Portanto, há que se trabalhar, paralelamente à economia do país, também as

políticas de inclusão digital. Voltar-se para a diminuição da pobreza visto que a exclusão

digital possui forte correlação com a desigualdade social e ocorre em maior concentração

nas classes de baixa renda.

Segundo Friedman (1988, p. 83-84) “uma sociedade democrática e estável é

impossível sem um grau mínimo de alfabetização e conhecimento por parte da maioria

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dos cidadãos e sem a ampla aceitação de algum conjunto de valores”. Sem um dado

conhecimento sobre as TIC, será difícil qualquer avanço comercial, tecnológico,

educacional ou social.

5.2- Sobre a pertinência do estudo para o IFAM

Acreditamos que o Brasil tem caminhado para a ampliação da rede digital, mas há

muito que avançar sobretudo no IFAM-CMZL. Questões aparentemente simples como

wi-fi na escola, tornam-se um problema quando se trata de um país como o Brasil com

valores exorbitantes para uso de banda larga, principalmente em locais remotos.

O ambiente escolar é o local que os estudantes passam maior parte do dia, se

houver a disponibilidade de ferramentas tecnológicas com base no letramento digital,

quiçá a escola deixará de ser um molde do século XIX na Era digital e passará a ser um

local de consonância com o mundo externo (fora dos muros da escola) que hoje, em larga

medida, já potencia a Sociedade Digital. O IFAM também deverá caminhar, cada vez

mais, para uma Educação Digital, conectando os seus diversos campi e colocar à

disposição dos seus estudantes os dispositivos para uma plena inclusão digital.

Esta investigação permitiu ficar a conhecer melhor sobre a mais valia das

tecnologias, a valorização e a relação do uso das TIC para inclusão. Um potencial

implícito de valorização do Instituto e conhecimento do trabalho do mesmo em

organismos internacionais. Assim, a pesquisa é relevante para o meio acadêmico e para a

administração do IFAM visando pensar em políticas inclusivas próprias.

Entendemos que o método desenvolvido é um importante caminho para entender

o papel educativo das TIC para os estudantes do IFAM-CMZL e para a sociedade

amazonense. Mais do que isso, esta pesquisa fornece subsídios futuros estudos no campo

da educação.

5.3- Sobre estudos futuros

Nota-se que no Amazonas ainda existem povos indígenas que sequer foram

descobertos e possuem sua cultura totalmente preservada. Há espalhada no Estado - de

acordo com o Programa Amazonas Indígena, elaborado pela Fundação Estadual de

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Política Indigenista (FEPI), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável - uma população indígena de 120 mil indivíduos de 66

etnias, que falam 29 línguas. É a maior população indígena do Brasil.

Portanto, pensa-se em estudar melhor o impacto das tecnologias na população

amazônica (ribeirinhos, indígenas e outros), através da visão da própria população, livre

de pré-julgamentos, levando em conta sua cultura e seu entendimento da importância da

inserção da Internet na sua comunidade, a fim de analisar como valorizam o uso das

tecnologias.

Ao longo do estudo diversos desafios para uso das TIC foram identificados, o

primeiro deles é a falta de políticas públicas específicas, logo, deveriam ser criadas

políticas públicas que contemplassem projetos de inclusão digital principalmente para as

regiões mais pobres e não atrativas economicamente.

Segundo é a criação de políticas públicas educacionais e inclusivas para propiciar

acesso aos estudantes baixa-renda pois a exclusão digital também deriva da exclusão

econômica. Outro ponto é ampliação do acesso através das redes de Internet (fibras

ópticas) para levar tecnologia às comunidades do Amazonas

Contudo, não basta subsidiar computadores e abrir centros públicos de acesso à

Internet, é preciso mostrar às pessoas a importância da Internet e ensiná-las a usar a rede,

por isso, proporcionar letramento digital através da oferta de cursos, com uma educação

mínima para usufruto dos benefícios do uso das TIC, minimizando assim a exclusão por

analfabetismo digital.

É necessário também monitoramento dos serviços ofertados pelas empresas que

fornecem Internet no país, pois há muitos problemas técnicos no Brasil, muitos casos de

velocidade de Internet não condizente com o contratado, entre outros, trata-se de um

direito do consumidor. Além disso, possibilitar o barateamento na oferta da Internet

banda larga, pois, o custo ainda é altíssimo e por isso os altos índices no uso de dados

móveis que não são suficientes para usufruto dos meios digitais.

Estas constatações, que decorrem desta investigação, podem alavancar estudos a

realizar futuramente, seja pela pesquisadora, dando seguimento a esta dissertação de

mestrado, seja por outros jovens investigadores.

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Antes de finalizar gostaríamos de ressaltar que um trabalho é sempre inacabado,

por isso, no nosso caso, será um desafio aprofundar os estudos em tela em um

doutoramento, tendo em vista as especificidades da Amazônia e suas características

geográficas.

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143

ANEXO I

Perguntas do Questionário Socioeconômico Eletrônico aplicado no primeiro

semestre do ano de 2016 aos estudantes do IFAM- CMZL

ESTUDANTE: MATRÍCULA:

P01 - Como você se considera:

P02 – Se você indicou indígena, qual língua você domina?

P03 - Qual é a sua religião?

P04 - Seu estado civil?

P05 - Você tem filhos?

P06 - Você participa financeiramente no sustento dos filhos?

P07 - Você paga pensão?

P09 - Qual o estado civil de seus pais?

P10 - Onde você MORAVA antes de entrar no IFAM-ZL?

P11 - Qual sua situação atual de moradia?

P12 - Tipo de Moradia de sua Família:

P13 - Qual o principal meio de transporte que você utiliza

para chegar ao IFAM - ZONA LESTE?

P14 - Na casa de sua família tem?

P15 - Você trabalha?

P16 - Qual o seu turno de trabalho diário?

P17 - Quantas pessoas moram em sua casa?

P18 - Quem é o a principal mantenedora de sua família? a

pessoa que mais contribui na renda: P19 - Qual a renda

mensal do seu grupo familiar?

P20 - Quantas pessoas, incluindo você, vivem da renda

mensal do seu grupo familiar informada acima?

P21 - Qual a sua participação na vida econômica do seu

grupo familiar?

P22 - Qual é a escolaridade de seu pai? Ou da pessoa que ao criou como pai:

P23 - Qual é a escolaridade de sua mãe? Ou da pessoa que

o/a criou como mãe:

P24 - Em que tipo de escola você cursou o Ensino

Fundamental?

P25 - Você frequentou escola particular no Ensino Fundamental, utilizou bolsa de estudo?

P26 - Qual o tipo de Ensino Médio você cursou?

P27 - Em que tipo de escola você cursou o Ensino Médio?

P28 - No ensino Médio particular utilizou bolsa de estudo?

P29 - Você frequentou cursinho pré-vestibular durante pelo

menos seis meses?

P30 - Quantas vezes prestou vestibular?

P31 - De que forma você entrou nesse curso?

P32 - Em que turno você está frequentando a maior parte das disciplinas?

P33 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Inglês?

P34 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Francês?

P35 - Qual o seu domínio da língua estrangeira Espanhol?

P36 - Você se identifica com a escola? Porque?

P37 - Qual sua principal fonte de informação de acontecimentos atuais?

P38 - Qual desses assuntos lhe desperta mais interesse

P39 - Qual é a média de livros que você lê em um ano?

P40 - Que tipo de livro você mais lê?

P41 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse Artística-Culturais?

P42 - Com que frequência você participa de atividades

extraclasse de Movimento Estudantil? P43 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse de

Movimentos Ecológicos? P44 - Com que frequência você

participa de atividades extraclasse de Movimentos Religiosos? P45 - Com que frequência você participa de

atividades extraclasse de Movimentos Sociais?

P46 - Com que frequência você participa de atividades extraclasse Política – Partidárias?

P47 - Com que frequência você participa de atividades

extraclasse de Sociedades Científicas? P48 - Em geral,

quando você precisa de atendimento médico você procura:

P49 - Sua última consulta médica ocorreu:

P50 - Com relação a seus cuidados dentários, você:

P51 - Qual atividade física você mais pratica?

P52 - Com que frequência você pratica essa atividade?

P53 - Esta atividade é normalmente encarada por você como?

P54 - Caso você não pratique nenhuma atividade física fora

do IFAM_CMZL, qual a razão principal?

P55 - Você já teve alguma dificuldade significativa ou crise

emocional nos últimos meses?

P56 - Você já procurou atendimento psico-pedagógico alguma vez em sua vida?

P57 - Você já procurou atendimento psicológico alguma vez

em sua vida?

P58 - Você já procurou atendimento psiquiátrico alguma vez

em sua vida?

P59 - Alguma vez em sua vida, você já tomou medicação psiquiátrica, mesmo que tenha sido por pouco tempo?

P60 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, a adaptação a novas situações: cidade, moradia, separação da família, entre outras?

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144

P61 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, os relacionamentos familiares? P62 - Quanto

interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, as relações

amorosas/conjugais?

P63 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a situação de violência física ou sexual?

P64 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, o assédio moral?

P65 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, os conflitos de valores/conflitos religiosos?

P66 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a dificuldade de acesso a materiais e meios de

estudo livros, computador e outros?

P67 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a dificuldades financeiras interfere na sua vida

ou no contexto acadêmico?

P68 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, as dificuldades de aprendizagem?

P69 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, a falta de disciplina/hábito de estudo?

P70 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto

acadêmico, a carga horária excessiva de trabalho?

P71 - Quanto interfere na sua vida ou no contexto acadêmico, a carga excessiva de trabalhos acadêmicos?

P72 - Com que idade você acessou pela primeira vez um

computador? P73 - Onde ocorreu esse primeiro acesso ao computador?

P74 - Qual o domínio que você tem em relação ao

microcomputador? P75 - Você considera importante o uso de recursos tecnológicos?

P76 - Para quais fins você MAIS utiliza as tecnologias?

P77 - Você gostaria que sua sala de aula utilizasse recursos

tecnológicos para aprendizagem (celular, tablets)?

P78 - Você possui:

P79 - Você tem um celular?

P80 - Seu celular é um smartphone?

P81 - Qual o tipo de tecnologia tem seu telefone?

P82 - Qual a frequência você usa o celular?

P83 - Quando você anda com o seu celular?

P84 - Você costuma utilizar e baixar aplicativos móveis no seu celular?

P85 - Possui algum tipo de acesso à Internet?

P86 - Onde você mais costuma acessar?

P87 - Quantas vezes na semana?

P88 - Quantas horas por dia?

P89 - Entre as opções abaixo, marque o principal motivo que levam você a utilizar a Internet: P90 - Julgue o grau de

motivação que o levaram a escolher este Campus:

P91 - O que você pretende fazer logo após se formar?

P92 - Depois de formado você pretende trabalhar. Imagina-

se:

P93 - Depois de formado você pretende estudar. Imagina-se:

P94 - A escola tem contribuído para o seu projeto de vida?

Por quê?

P95 - Você já buscou atendimento no serviço social?

P96 - Você já foi beneficiário da assistência estudantil?

P97 - Qual/Quais Benefício(s)? P98 - Em qual/quais anos

você recebeu esse(s) Benefício(s)? P99 - Você necessita receber Benefício Alimentação?

P100 - Você necessita receber Benefício Material Didático?

P101 - Você necessita receber Benefício Transporte?

P102 - Você necessita receber Benefício Internato?

P103 - Você necessita receber Benefício Creche?

P104 - Você necessita receber Benefício Moradia?

P105 - Escreva abaixo uma sugestão de Projeto ou Benefício

que NÃO existe no CMZL:

Eu declaro para todos os fins que li e aceito todas as condições do Edital Nº 01/2016 e acima estão tabuladas as

minhas respostas a esta pesquisa.

Assinatura ESTUDANTE: ____________________________Assinatura RESPONSAVEL:

________________________

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145

ANEXO II

Guião de Entrevistas utilizado:

Guião de entrevista semiestruturada

Autora: Wylnara dos Santos Braga

Orientador: Prof. Dr. Bento Silva Duarte

Brasil - Portugal

2017

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146

Entrevista para estudantes do IFAM-CMZL

A temática sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto

escolar tem assumido cada vez mais relevância não apenas pela sua difusão enquanto avanço

tecnológico, mas também pela sua importância social.

Conforme UNESCO (2015) as TIC exercem um papel cada vez mais importante na

forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é tornar essas tecnologias

acessíveis a todos os cidadãos de forma a inclui-los socialmente e digitalmente, surgindo um

debate sobre o papel da escola na inclusão digital.

Desta forma, com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário a fim de

compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode

colaborar para a inclusão social e digital.

Para isso, será necessária a utilização da entrevista semiestruturada para compreender

de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como aporte para fundamentar esta

dissertação de mestrado.

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147

Preparação da entrevista

Passos necessários Descrição

Enquadramento da entrevista As entrevistas realizadas pretendem dar

resposta ao seguinte problema de estudo:

“De que forma a escola pode contribuir

para inclusão digital frente às

desigualdades sociais”

A importância da entrevista advém dos

entrevistados serem estudantes da escola.

Definição dos objetivos da entrevista Dar resposta às questões de investigação

colocadas:

1) Quais os conceitos de inclusão digital

presente nas políticas educacionais e leis?

2) De que forma a inclusão social se

apresenta na vida dos estudantes do

IFAM-CMZL?

3) De que maneira as TIC podem ser

usadas para materializar a inclusão digital

no ambiente escolar?

Entrevistados Estudantes do IFAM-CMZL que

responderam o questionário

socioeconômico aplicado no primeiro

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148

semestre de 2016 pelo Serviço Social do

Campus.

Entrevistadores Mestranda do 2º ano do Curso de

Educação Tecnológica.

Prazo O prazo foi estabelecido até 02 de Junho.

Condições logísticas Impressões de guiãos.

Aquisição de gravador áudio.

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149

Passos necessários Descrição

DECISÃO

Propósito Problema de estudo: “De que forma a escola pode

contribuir para inclusão digital frente às

desigualdades sociais”.

Objetivo: dar resposta às questões de investigação:

1) Quais os conceitos de inclusão digital presente

nas políticas educacionais e leis?

2) De que forma a inclusão social se apresenta na

vida dos estudantes do IFAM-CMZL?

3) De que maneira as TIC podem ser usadas para

materializar a inclusão digital no ambiente escolar?

Entrevistados Para a entrevista será eleito o número de 10

estudantes, os quais deverão ser beneficiários dos

programas socioassistenciais do IFAM-CMZL

2016, ter gêneros, etnias, naturalidade, renda e

idades variadas para a análise das variáveis.

Como critérios de inclusão/exclusão de seleção da

amostra da pesquisa utilizarão:

1) Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL;

2) Ter participado do processo de seleção da

Assistência Estudantil 2016/1;

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150

3) Ser estudante do Ensino Médio Integrado;

4) Ter idade compreendida entre 14 e 18 anos;

5) Ser natural do estado do Amazonas.

Meio de comunicação Entrevista presencial do tipo:

Oral (gravada, se com consentimento).

Realizada em um espaço reservado (uma sala) no

edifício escolar.

Momento – a definir com o entrevistado

Tempo da entrevista De 50 a 60 minutos

ELABORAÇÃO

Entrevista Variáveis a serem estudadas:

- Grupos sociais e econômicos os quais pertencem.

- Atividades que envolvem o uso das TIC.

- A naturalidade dos estudantes e suas atividades

habituais.

Descrição dos itens:

- Elaboração de questões agrupadas em categorias e

em subcategorias.

- Considerar expectativas do entrevistador.

- Resumir o discurso oportunamente.

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151

Marcação da entrevista Apresentar de forma breve o projeto.

Decidir o espaço e o tempo com o entrevistando.

REALIZAÇÃO

Critérios gerais a ter

em conta

Será feita uma análise de conteúdo às palavras

transcritas do entrevistado.

Contudo, deve-se ter em conta:

- O estado de espírito do entrevistado (confiança,

confusão, constrangimento…).

- Contradições do entrevistado.

- Momentos em que o entrevistado manifesta as suas

emoções.

- Linguagem corporal.

-Tonalidade e ritmo da linguagem do entrevistando.

- Gênero de linguagem utilizada.

- Ambiente onde a entrevista é realizada

Aspectos formais a ter

em conta

Apresentação:

- Criar um ambiente descontraído, mostrando

gentileza e atenção para com o entrevistado.

- Manter o profissionalismo, procurando levar o

entrevistado a responder às questões e esclarecendo

dúvidas que este possa ter.

Descrição do projeto:

- Referir o âmbito da entrevista.

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152

Consentimento:

-Solicitar a autorização do entrevistado.

Decorrer da entrevista:

- Ajudar o entrevistado a expressar-se claramente.

- Focar o entrevistado nos tópicos principais.

- Estimular o entrevistado a expor mais acerca dos

tópicos mais importantes.

Terminar a entrevista:

- Atender ao limite de tempo da entrevista.

- Fazer um apanhado das ideias principais.

- Apresentar um agradecimento final.

Tomar notas:

- Anotar as disposições corporais e emocionais do

entrevistado.

- Eventualmente, apenas no caso da não autorização

da gravação da entrevista, proceder à transcrição

direta da entrevista.

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153

Guião da entrevista

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade?

1.2 – Qual sua idade?

1.3 – Qual sua renda familiar?

1.4 – Qual seu gênero?

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e Digital?

2.2 – O que é inclusão social para você?

2.3 – Como você descreveria inclusão digital?

2.4- De que forma você acha que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital?

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?

3.2 – Que tecnologias você conhece?

3.3 – Quais dessas você utiliza?

3.4 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê?

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, quais são as causas para as desigualdades sociais?

4.2 – Acredita que a falta de recursos tecnológicos pode motivar a exclusão social?

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê?

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154

ANEXO III

VALIDAÇÃO DO GUIÃO

1)

2)

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155

3)

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156

ANEXO IV

Guião da entrevista- ANTES DA VALIDAÇÃO

(OBS: Ter em Conta a importância do Comitê de Ética e a Validação do Instrumental)

Guião de entrevista semiestruturada

Autora: Wylnara dos Santos Braga

Orientador: Prof. Dr. Bento Silva Duarte

Brasil - Portugal

2017

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157

Entrevista para estudantes do IFAM-CMZL

A temática sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto

escolar tem assumido cada vez mais relevância não apenas pela sua difusão enquanto avanço

tecnológico, mas também pela sua importância social.

Conforme Silva e Bonilla (2015) as TIC exercem um papel cada vez mais importante

na forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é tornar essas

tecnologias acessíveis a todos os cidadãos de forma a inclui-los socialmente e digitalmente,

surgindo um debate sobre o papel da escola na inclusão digital.

Desta forma, com base na proposta do projeto, aplicamos um questionário a fim de

compreender qual a importância das TIC para os estudantes e de que forma esta pode

colaborar para a inclusão social e digital.

Para isso, será necessária a utilização da entrevista semiestruturada para compreender

de forma mais profunda os sujeitos da pesquisa, tendo como aporte para fundamentar esta

dissertação de mestrado.

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158

Preparação da entrevista

Passos necessários Descrição

Enquadramento da entrevista As entrevistas realizadas pretendem dar

resposta ao seguinte problema de estudo:

“De que forma a escola pode contribuir para

inclusão digital frente às desigualdades

sociais”

A importância da entrevista advém dos

entrevistados serem estudantes da escola.

Definição dos objetivos da entrevista Dar resposta às questões de investigação

colocadas:

1) Quais os conceitos de inclusão digital

presente nas políticas educacionais e leis?

2) De que forma a inclusão social se apresenta

na vida dos estudantes do IFAM-CMZL?

3) De que maneira as TIC podem ser usadas

para materializar a inclusão digital no

ambiente escolar?

Entrevistados Estudantes do IFAM-CMZL que responderam

o questionário socioeconômico aplicado no

primeiro semestre de 2016 pelo Serviço Social

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159

do Campus.

Entrevistadores Mestranda do 2º ano do Curso de Educação

Tecnológica.

Prazo O prazo foi estabelecido até 02 de Junho.

Condições logísticas Impressões de guiãos.

Aquisição de gravador áudio.

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160

Passos necessários Descrição

DECISÃO

Propósito Problema de estudo: “De que forma a escola pode

contribuir para inclusão digital frente às

desigualdades sociais”.

Objetivo: dar resposta às questões de investigação:

1) Quais os conceitos de inclusão digital presente

nas políticas educacionais e leis?

2) De que forma a inclusão social se apresenta na

vida dos estudantes do IFAM-CMZL?

3) De que maneira as TIC podem ser usadas para

materializar a inclusão digital no ambiente escolar?

Entrevistados Para a entrevista será eleito o número de 10

estudantes, os quais deverão ser beneficiários dos

programas socioassistenciais do IFAM-CMZL

2016, ter gêneros, etnias, naturalidade, renda e

idades variadas para a análise das variáveis.

Como critérios de inclusão/exclusão de seleção da

amostra da pesquisa utilizarão:

1) Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL;

2) Ter participado do processo de seleção da

Assistência Estudantil 2016/1;

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161

3) Ser estudante do Ensino Médio Integrado;

4) Ter idade compreendida entre 14 e 18 anos;

5) Ser natural do estado do Amazonas.

Meio de comunicação Entrevista presencial do tipo:

Oral (gravada, se com consentimento).

Realizada em um espaço reservado (uma sala) no

edifício escolar.

Momento – a definir com o entrevistado

Tempo da entrevista De 50 a 60 minutos

ELABORAÇÃO

Entrevista Variáveis a serem estudadas:

- Grupos sociais e econômicos os quais pertencem.

- Atividades que envolvem o uso das TIC.

- A naturalidade dos estudantes e suas atividades

habituais.

Descrição dos itens:

- Elaboração de questões agrupadas em categorias e

em subcategorias.

- Considerar expectativas do entrevistador.

- Resumir o discurso oportunamente.

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162

Marcação da entrevista Apresentar de forma breve o projeto.

Decidir o espaço e o tempo com o entrevistando.

REALIZAÇÃO

Critérios gerais a ter

em conta

Será feita uma análise de conteúdo às palavras

transcritas do entrevistado.

Contudo, deve-se ter em conta:

- O estado de espírito do entrevistado (confiança,

confusão, constrangimento…).

- Contradições do entrevistado.

- Momentos em que o entrevistado manifesta as suas

emoções.

- Linguagem corporal.

-Tonalidade e ritmo da linguagem do entrevistando.

- Gênero de linguagem utilizada.

- Ambiente onde a entrevista é realizada

Aspectos formais a ter

em conta

Apresentação:

- Criar um ambiente descontraído, mostrando

gentileza e atenção para com o entrevistado.

- Manter o profissionalismo, procurando levar o

entrevistado a responder às questões e esclarecendo

dúvidas que este possa ter.

Descrição do projeto:

- Referir o âmbito da entrevista.

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163

Consentimento:

-Solicitar a autorização do entrevistado.

Decorrer da entrevista:

- Ajudar o entrevistado a expressar-se claramente.

- Focar o entrevistado nos tópicos principais.

- Estimular o entrevistado a expor mais acerca dos

tópicos mais importantes.

Terminar a entrevista:

- Atender ao limite de tempo da entrevista.

- Fazer um apanhado das ideias principais.

- Apresentar um agradecimento final.

Tomar notas:

- Anotar as disposições corporais e emocionais do

entrevistado.

- Eventualmente, apenas no caso da não autorização

da gravação da entrevista, proceder à transcrição

direta da entrevista.

Page 183: Wylnara dos Santos Braga - Universidade do Minhorepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/55408/1/Wylnara dos S… · A minha mãe, Wilma Souza dos Santos, com amor, agradeço por

164

Guião da entrevista

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade?

1.2 – Qual sua idade?

1.3– Qual sua renda familiar?

1.4 – Qual seu gênero?

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e Digital?

2.2 – O que é inclusão social para você?

2.3 – Como você descreveria inclusão digital?

2.4- De que forma você acha que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital?

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?

3.2 – Que tecnologias você conhece?

3.3 – Quais dessas você utiliza?

3.4 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê?

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, quais são as causas para as desigualdades sociais?

4.2 – Acredita que a falta de recursos tecnológicos pode motivar a exclusão social?

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê?

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165

ANEXO V

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.)

Eu........................................................................................................................ tendo sido convidado (a) a participar como

voluntário (a) da dissertação intitulada O uso das TIC como mecanismo de inclusão social e digital, do Mestrado em

Ciência da Educação- Tecnologias Educativas, do Instituto de Educação da Universidade do Minho (Braga – Portugal), ano

2016-2017, sob a orientação do prof Dr. Bento Duarte da Silva, recebi da mestranda Wylnara dos Santos Braga,

responsável pela execução, as seguintes informações que me fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes

aspectos:

▪ Que o estudo se destina a analisar de que forma a escola pode contribuir para a inclusaõ digital frente às desigualdades

sociais.

▪ Que o estudo será feito da seguinte maneira: 1) pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema; 2) aplicação do

questionário socioeconômico eletrônico,; 3) entrevista com os estudantes selecionados, critério estabelecido na metodologia

do projeto, que responderam o questionário em 2016 – primeiro semestre; 3) análise das informações levantadas;

▪ Que o estudo será feito seguindo os seguintes critérios de inclusão/exclusão da amostra: 1) aceitarem participar do estudo,

2)Ser estudante matriculado no IFAM-CMZL, 3)Ter participado do processo de seleção da Assistência Estudantil 2016/1,

4) Ser natural do estado do Amazonas, 5) Ter idade compreendida entre 14 e 22 anos;

▪ Que eu participarei da seguinte etapa: entrevista gravada com a pesquisadora Wylnara dos Santos Braga, orientada pelo

Prof. Dr. Bento da Silva Duarte;

▪ Que os incômodos que poderei sentir com a minha participação são os seguintes: dispor de tempo para a entrevista e ter

dificuldade em responder alguma pergunta;

▪ Que os possíveis riscos à minha saúde fisica e mental são: inexistentes, pois a pesquisa tem como finalidade apenas de

verificar se a escola é um ambiente que contribui para inclusão digital.

▪ Que deverei contar com a seguinte assistência: esclarecimento de cada pergunta que tiver dificuldade de entender, sendo

responsável por ela: orientadora Profº. Dr. Bento Duarte da Silva e a mestranda Wylnara dos Santos Braga, do Programa de

Mestrado em Ciência da Educação – Tecnologias Educativas da Universidade do Minho - Portugal.

▪ Que os beneficios que deverei esperar com a minha participação, mesmo que não diretamente são: contribuir com o

aprofundamento da temática relacionada às tecnologias da informação e comunicação e inclusão social e digital na área da

educação.

▪ Que sempre que desejar serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das etapas do estudo.

Consentimento Pós–Informação

Endereço do(a) participante-voluntário-_________________________________________________________________

Domicilio:(rua, praça, conjunto): ______________________________________________________________________

Bloco: /N0: /Complemento:___________________________________________________________________________

Bairro:___________________________________________________________________________________________

CEP/Cidade: /Telefone:_____________________________________________________________________________

Ponto de referência:________________________________________________________________________________

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166

Eu,___________________________________________________________, fui informado sobre o

que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso,

eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando

quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo

pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

_____________________ ____________________ ________________

Assinatura do(a) Participante Impressão do Assinatura da Orientadora Assinatura da Pesquisadora Voluntário (a) dedo polegar Caso não saiba assinar

Manaus, ......., de ............ de 2017.

ANEXO VI

ENTREVISTAS

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ENTREVISTADO 01

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Itacoatiara/AM, em uma comunidade pertencente ao

município, com tempo de deslocamento estimado em 2h30min utilizando barco como meio

de transporte. Só é possível utilizar carro no período de seca, pois permite que uma parte do

percurso seja feito via terrestre e completado via fluvial.

1.2 – Qual sua idade? 22 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Valor não mencionado. A família possui como fonte de

renda a comercialização de produtos agrícolas, tais como banana, cará, mandioca e farinha de

mandioca.

1.2 – Qual seu gênero? Masculino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não

2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube responder

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Respondeu que a inclusão digital é aprender

a mexer com as tecnologias.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Já ouviu

falar por alto, considera que é a tecnologia que permite duas pessoas se comunicarem estando

em países diferentes, por meio de redes sociais, onde irão interagir, matar a saudade e

amenizar o distanciamento.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Mencionou Facebook e Whatsapp

3.3 – Quais dessas você utiliza? Facebook, Whatsapp e acrescentou o Google.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Facebook e Whatsapp para comunicação com a família,

e o Google para pesquisas acadêmicas. Relatou que a comunidade possui acesso à Internet há

cerca de 10 anos, antes disso lembra-se que o único meio de comunicação era o telefone,

ainda assim de forma precária, disponibilizado pela prefeitura para uso coletivo, sendo

necessário deslocar-se da casa até um local determinado.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Tinha 14

anos, não fazia ideia da existência daquela tecnologia, foi por meio de um curso ofertado pela

EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), na própria comunidade, houve o

primeiro contato com um computador e aprendeu somente a ligar e desligar. Após isso,

paulatinamente, outras oportunidades surgiram, seus irmãos compraram celulares e ele

aproveitava para brincar com eles escondido. Por fim, disse que do primeiro ao terceiro ano

do ensino médio passou pela experiência da educação à distância, assistia aulas transmitidas

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168

da cidade de Manaus para a comunidade, devido à carência de professores para ministrar

algumas disciplinas, e as dúvidas eram retiradas através de chats.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Inicialmente respondeu que não, frisou que a capacidade das

pessoas não estava relacionada ao acesso tecnológico. Apesar disso, em seguida reconheceu a

importância desse acesso para a vida das pessoas, especialmente para a educação.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, considerou

que o próprio caso é um exemplo disso, pois a partir da ciência e utilização das ferramentas

tecnológicas passou a se sentir inserido nesse meio. Pontuou, ainda, a dificuldade dos seus

pais, que não tiveram esse acesso, e fez uma analogia da situação dos seus pais com o

problema de comunicação enfrentado pelos deficientes auditivos, no sentido de ressaltar a

sensação de exclusão que ambos os casos geram.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim, porque

possui a oportunidade de conversar à distância, de interagir com várias pessoas, de trocar

ideias, dar e receber ajuda.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Sugeriu que houvesse instrução para pessoas com dificuldade de acesso,

principalmente os mais velhos, que podem sofrer uma exclusão em relação aos mais jovens,

sem sequer compreender a motivação do interesse demonstrado pelas novas gerações acerca

dos recursos tecnológicos. Novamente citou o exemplo do genitor, relatando que o pai

sempre precisa de auxílio para realizar transações bancárias em terminais de

autoatendimento.

4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, e indicou a própria experiência como comprovação disso, pois

recebeu aulas por meio do sistema de Educação à Distância, conforme fora mencionado

anteriormente. Apontou como forma de contribuição a disseminação de cursos envolvendo

comunidades distantes, que podem ser promovidos com foco nos idosos.

4.5 - O que sua escola faz já nesse sentido? Disse que há um controle em relação ao uso de

redes sociais, favorecendo a concentração dos alunos no estudo, já que os recursos são

voltados prioritariamente para pesquisas escolares, e também ressaltou a oferta de algumas

disciplinas optativas na grade curricular que possuem cunho tecnológico e inclusivo.

ENTREVISTADO 02

1) IDENTIFICAÇÃO

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1.1 – Qual sua naturalidade? Aldeia da comunidade Moiraí, pertencente ao município de

Autazes/Amazonas

1.2 – Qual sua idade? 16 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Não soube dizer com precisão. Os genitores são

agricultores, o pai também é pescador e, além disso, a família é beneficiária de um programa

de transferência de renda do Governo Federal Brasileiro denominado como Bolsa Família,

recebendo mensalmente um valor menor do que a metade de um salário mínimo.

1.4 – Qual seu gênero? Masculino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Respondeu que nunca

ouviu falar diretamente, mas associou a inclusão a um lugar que proporciona o acesso às

tecnologias.

2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube dizer.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Não soube dizer.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?

Reconheceu como tecnologias da informação e comunicação: celulares, redes sociais, rádio e

televisão.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Computador, celular, redes sociais como whatsapp,

facebook, instagram e Internet.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Todas as mencionadas anteriormente.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Para a realização de atividades escolares e para assistir

vídeos no youtube nas horas vagas.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Considerou

que o seu primeiro contato ocorreu na infância, partindo da premissa de que a televisão é um

produto tecnológico, e acrescentou que sua experiência com celulares, computadores e redes

sociais aconteceu a partir dos 12 anos.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Sim, para o entrevistado a falta de acesso às tecnologias dificulta

o acesso à informação e, consequentemente, favorece a desigualdade social.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim.

Exemplificou corroborando a resposta anterior: sem o acesso às tecnologias, o conhecimento

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acerca do que acontece no mundo seria comprometido, poderíamos perder a chance de ler um

edital do nosso interesse, realizar a inscrição e participar da seleção.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Respondeu que

de certa forma sim, pois possui acesso limitado. O principal obstáculo apontado foi a

condição financeira para adquirir novas tecnologias, dispõe somente do celular que usa

principalmente para acionar redes sociais, o contato com computadores ocorre na escola e

outras inovações são apresentadas por familiares.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Sim. Expôs que no interior geralmente as pessoas não têm condições de

adquirir produtos tecnológicos, mas se tivessem, provavelmente não o fariam, pois não

saberiam como usar. Dessa forma, iniciativas públicas como a promoção de cursos de

informática são muito importantes e, embora já existam, não são implementados de modo

ostensivo. A disseminação do conhecimento tecnológico costuma acontecer casualmente, em

trocas de experiências com amigos e familiares.

4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim. Na comunidade os primeiros contatos que acontecem

casualmente são intensificados no ambiente escolar, onde as pessoas encontram recursos

tecnológicos, projetores, computadores e Internet, que possibilitam uma maior interação.

4.5 - O que sua escola faz já nesse sentido? Segundo o entrevistado, o IFAM possui uma

infraestrutura que contribui para a inclusão, disponibiliza computadores, acesso à Internet e

cursos de informática, além disso, a maioria dos alunos utiliza esses recursos, e os próprios

celulares, criando um ambiente propício à inclusão por meio do compartilhamento de

experiências. Sugeriu como práticas de estímulo à utilização de TIC’s, a ampliação da rede

wi-fi, bem como, o uso de sites de busca como o Google na sala de aula para complementar o

conteúdo ministrado pelos professores. No seu discurso, relatou ainda, que criou uma conta

em um e-mail diante da necessidade imposta pelos professores que estabelecem a

comunicação com os discentes e enviam materiais por meio do correio eletrônico. Seus

irmãos e primos também possuem e-mail, mas os pais não.

ENTREVISTADO 03

1) IDENTIFICAÇÃO:

1.1 – Qual sua naturalidade? Parintins/AM

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1.2 – Qual sua idade? 17 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente um salário mínimo. Os pais são

divorciados, o genitor continua morando em Parintins, é empregado em uma empresa de gás

de cozinha e contribui com uma pensão. O entrevistado vive com a genitora e uma irmã em

Manaus. Por sua vez, a mãe é artesã e trabalha informalmente, produz e vende peças de

crochê e a irmã também pertence à categoria informal, é vendedora de variedades e recebe

por diária.

1.4 – Qual seu gênero? Transgênero.

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Sim. Mencionou que

essa temática já foi abordada na escola e inclusive objeto de proposta para elaboração de

redação.

2.2 – O que é inclusão social para você? De acordo com a sua concepção a inclusão diz

respeito à participação e aceitação social. A resposta denotou uma relação direta com a sua

experiência pessoal a partir dos desafios enfrentados pelos transgêneros no que tange ao

tratamento, reconhecimento e inserção nos espaços sociais.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Acesso aos aparelhos tecnológicos e

Internet.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC:

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Não.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou computador, tablet, Ipad, Iphone, Celular.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular e computador.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Costuma cessar redes sociais como Twitter, Facebook e

Instagram. Já fez uso de um aplicativo voltado para o ensino de japonês.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Por volta dos

12 anos, quando morava e estudava em Parintins via computadores na sala dos professores,

mas não havia oportunidade de manuseio, então o primeiro contato ocorreu em uma Lan

House. Quanto ao uso de celular, seu primeiro aparelho foi obtido aos 14 anos, mesmo após

esse advento o acesso à Internet permaneceu restrito às Lan Houses. Aumentou a utilização

da Internet e redes sociais quando se mudou para Manaus, onde passou a ter maiores

possibilidades de utilização da rede Wi-Fi.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Respondeu convictamente que sim, porque sem acesso o

aprendizado torna-se prejudicado. Ao mudar de cidade notou uma grande diferença entre a

sua forma de enxergar e conceber as coisas quando comparado à perspectiva dos colegas que

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passou a ter em Manaus, na capital há um trânsito favorável de informações, já nos

municípios interioranos há uma maior dificuldade de acesso às tecnologias e às informações

que elas promovem.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Respondeu

afirmativamente, exemplificando que ao ingressar na escola manauense sentiu-se excluído

quando algumas atividades eram encaminhadas para grupos criados e acessados em celulares

e ele ainda não tinha um aparelho. Dessa forma, só tinha ciência dos trabalhos e pesquisas

quando chegava ao ambiente escolar e, com isso, estava sempre em desvantagem.

Acrescentou, ainda, que apesar de ter e-mail, não o acessava com frequência, por falta de um

computador em sua casa precisava deslocar-se até uma Lan House, então o fato de ter um e-

mail por si só não representava uma funcionalidade.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera-se

incluído porque consegue estabelecer uma comunicação com os demais.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Percebe a necessidade de ações articuladas e contínuas para que o

letramento seja eficiente, tomando por base a observação do seu círculo de convivência,

exemplificou que a mãe certa vez participou de um curso de informática, mas não teve uma

retenção duradoura do conteúdo porque seu contato posterior com os meios tecnológicos não

foi reiterado. Além disso, reconheceu um aspecto negativo acerca do avanço das tecnologias,

aquilo que deveria aproximar as pessoas também pode afastá-las à medida que muitas

canalizam seu tempo para viver situações virtuais, em detrimento das relações no mundo real.

4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, por meio da oferta de cursos de informática e da capacitação

dos professores para usarem os recursos disponíveis de uma forma mais proveitosa. Citou,

como exemplo, o fato da maioria dos professores utilizar os projetores apenas para mostrar

slides e relatou que no primeiro ano do ensino médio participou de uma experiência positiva

em que um professor da disciplina de solos fez uso de um programa baseado no show do

milhão como forma avaliativa.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola foi vista como um ambiente que

favorece uma proximidade com os recursos tecnológicos. Citou a oportunidade de realizar

trabalhos na biblioteca, bem como o uso de computadores para elaboração de projetos por

meio do Autocad, de fundamental importância para o curso de Paisagismo. Mencionou

também a praticidade da ferramenta Q-Acadêmico, um espaço virtual disponibilizado pela

instituição de ensino através do qual alunos, professores e técnicos administrativos

interagem, por exemplo, com envio de materiais, lançamento de notas e visualização do

histórico.

ENTREVISTA 04

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Presidente Figueiredo/AM

1.2 – Qual sua idade? 17 anos

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1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente um salário mínimo. O pai é agricultor e a

mãe assalariada, trabalha como assistente de um oftalmologista.

1.3 – Qual seu gênero? Masculino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não.

2.2 – O que é inclusão social para você? Apresentou uma concepção genérica e imprecisa,

indicando como exemplos o trabalho em comunidades e ações voltadas para ajuda aos

próximos.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Considerou como algo relacionado às

tecnologias que estão surgindo.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Não.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou computador, celular e notebook.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Computador e celular.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Costuma acessar whatsapp, facebook e instagram.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Há 5 anos,

frequentava uma lan house próxima da sua casa, onde costumava acessar jogos. Na época

residia em Presidente Figueiredo.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Acredita que pode minimizar, mas não resolve porque depende de

uma multiplicidade de fatores.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Nota um vínculo,

uma vez que os meios tecnológicos propiciam a comunicação. Logo, pessoas sem acesso

terão um contato restrito com os demais e com as informações que essas relações acarretam.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sente-se

incluído porque possui um celular que lhe permite estabelecer uma comunicação com as

pessoas e fazer uso da Internet.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Considera que o letramento contribui para a diminuição da exclusão e

destacou a importância dessa ação não ser realizada apenas no intuito de ensinar a operar os

recursos telemáticos, mas, sobretudo, ensinar a utilizá-los de modo proveitoso, contribuindo

para o aumento do conhecimento, pois percebe que a maioria das pessoas usa apenas para

entretenimento.

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4.4 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, por meio dos professores que são inspirações e estimulam os

alunos a aprender melhor.

4.5 - O que sua escola já faz nesse sentido? Identificou como forma de contribuição escolar

somente a abordagem de informática básica no primeiro ano do ensino médio.

ENTREVISTA 05

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Rio Preto da Eva/AM.

1.2 – Qual sua idade? 16 anos.

1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$4.000,00. O pai é advogado e a mãe

professora.

1.4 – Qual seu gênero? Masculino.

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2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não.

2.2 – O que é inclusão social para você? Considera como inclusão a participação de um

indivíduo no meio social.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Compreende a inclusão digital como acesso

aos meios de comunicação atuais.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Para o

entrevistado as TIC são os meios utilizados para estabelecer comunicação nos dias atuais.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular, computador e tablet.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular e computador.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? O celular é muito utilizado para conversar e o

computador para realizar pesquisas escolares.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Por volta de

8 anos, no ambiente de trabalho do seu pai, onde iniciou o contato através de jogos. Na época

aprendeu apenas o básico, os pais já tinham celulares, mas não havia acesso à Internet nos

aparelhos.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? De acordo com a sua opinião antigamente não representava uma

desigualdade, porém, à medida que as tecnologias foram disseminadas, a falta de acesso

gerou uma desigualdade. Apesar disso, considerou que fatores financeiros e culturais também

interferem na disparidade.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim. Para ele a

falta de acesso tecnológico compromete a interação entre pessoas de diferentes localidades,

bem como, o compartilhamento de conteúdos, gerando uma forma de exclusão social.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim. Porque

possui acesso à tecnologias que lhe permitem manter uma comunicação com pessoas de

diferentes localidades e ter contato com uma diversidade de conteúdos.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Observou que no mercado de trabalho existem pessoas com domínio de

conteúdos e técnicas da sua área de formação/atuação, porém com sérias dificuldades no

manuseio de tecnologias, fato que demonstra o quanto a exclusão digital pode estar associada

à exclusão social a depender do ambiente em que o indivíduo está inserido, pois há nesse

caso um comprometimento profissional e interpessoal.

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4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, por meio de projetos. Deu como exemplo a distribuição de

tablets, já que a dificuldade financeira se torna um obstáculo na inserção digital. Mencionou

uma experiência positiva observada no seio familiar, sua mãe é docente e foi beneficiada por

um programa que visava à atualização dos profissionais e da comunidade educacional, assim

foram contemplados com notebooks que permitiram a ampliação do conhecimento.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A atuação da sua escola foi vista como

insuficiente, citou que as salas de aula são equipadas com suporte para projetor, mas poucos

professores utilizam o recurso. Além disso, mencionou a didática obsoleta da maioria dos

docentes e ressaltou que as inovações metodológicas e tecnológicas geralmente são

exploradas com entusiasmo apenas pelos professores que concluíram mestrado e doutorado

recentemente.

ENTREVISTADO 06

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM

1.2 – Qual sua idade? 18 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$2.000,00. O pai é autônomo e a mãe

vendedora assalariada.

1.4 – Qual seu gênero? Feminino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

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2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Respondeu que já

ouviu falar, mas não recordava e não formulou uma concepção.

2.2 – O que é inclusão social para você? Resposta vaga, a expressão gerou na entrevistada

uma ideia de totalidade.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Descreveu como as tecnologias inseridas na

sociedade.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Sim, em

variadas formas como Internet, computador e celular.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular e computador.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Ambas.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Por meio do celular costuma conversar com os pais e

também faz uso de redes sociais como whatsapp e facebook, por sua vez utiliza computador

na escola para realização de trabalhos.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Recorda que

o primeiro contato aconteceu por volta dos 15 anos na casa de uma prima, mas sentiu-se

constrangida, pois sua família tinha mais conhecimento no assunto e a hostilizava.

Posteriormente, passou a frequentar Lan Houses, mas no início eram os proprietários ou

funcionários que realizavam a pesquisa e imprimiam, à medida que o domínio das

tecnologias se tornou uma exigência no ambiente escolar suas habilidades foram

desenvolvidas.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Respondeu de forma afirmativa, pois no contexto atual há uma

necessidade de acesso e sua ausência dificulta a informação dos indivíduos. Apontou que

existem diversos materiais de apoio disponíveis na Internet, como e-books, que possuem a

capacidade de ampliar o conhecimento.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, a

entrevistada acredita que pessoas menos abastadas têm um acesso limitado que atinge o seu

nível de conhecimento.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera-se

incluída, uma vez que tem acesso a alguns meios tecnológicos que lhe permitem estabelecer

comunicação e realizar atividades escolares.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Acredita que o letramento digital possibilita o acesso através de uma

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capacitação realizada por profissionais que saberão ensinar sem constranger o público,

respeitando o seu tempo de aprendizado.

4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, indicou como possibilidades de atuação o Pibex, Programa

Institucional de Bolsas de Extensão Universitária, e o Pibic, Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação Científica, que podem ser usados para essa finalidade. E, ainda, o

Ensino à Distância.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola disponibiliza computadores na

biblioteca, mas em quantidade insuficiente, bem como rede wi-fi, porém com alcance

restrito. Os professores poderiam incentivar o uso de meios tecnológicos na sala de aula para

enriquecimento interativo e informativo.

ENTREVISTADO 07

1) IDENTIFICAÇÃO:

1.1 – Qual sua naturalidade? Japurá/AM. O acesso pode ser via fluvial com duração de 5

dias ou por via aérea com duração de 2h.

1.2 – Qual sua idade? 17 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Aproximadamente R$4.000,00. O pai é secretário municipal

na área de meio ambiente e a mãe é professora da rede estadual.

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1.5 – Qual seu gênero? Masculino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Sim. Definiu a inclusão

como igualdade de oportunidades que possibilitam uma melhor convivência em grupo.

2.2 – O que é inclusão social para você? Repetiu sua concepção anterior.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Conforme sua perspectiva trata-se de uma

inserção no mundo tecnológico que traz, dentre outras vantagens, uma economia de tempo.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação?

Respondeu de modo afirmativo e os considerou como meios de divulgação de informações

através da Internet.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou Internet, celular, e-mail, televisor e computador.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Televisor, computador e celular.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Televisor para entretenimento, celular para comunicar-

se com outras pessoas e realizar pesquisas e computador também para pesquisas.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Televisor

desde sempre, mas o acesso à Internet só aconteceu por volta dos 8 anos, frequentando Lan

Houses no seu município, onde costumava fazer uso de jogos.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Sim. Para o entrevistado a ausência de acesso torna as pessoas

mais desinformadas, prejudicando o seu desenvolvimento.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim, para ele

pessoas com baixa renda terão dificuldade de acesso aos meios tecnológicos e ficarão alheias

a esse modo de interação, aumentando a disparidade social.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim, considera-

se incluído, pois possui celular e acesso à Internet, tanto na escola localizada em Manaus,

quanto no seu município de origem. Para dar continuidade ao estudo optou por uma

Instituição Federal e teve que mudar de cidade, costuma utilizar vídeo-chamada para

estabelecer contato com a família nuclear.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? O letramento digital prepara as pessoas para o manuseio eficiente dos meios

tecnológicos, facilita o acesso e, consequentemente, favorece a informação dos usuários.

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4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim, propiciando o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula,

mas com orientações bem definidas a fim de evitar a dispersão de atenção dos alunos, já que

eles poderiam usar os recursos para acessar conteúdo não relativo ao ministrado naquele

determinado momento.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? A escola possui uma biblioteca equipada com

computadores que ficam disponíveis para pesquisa, equipamentos como lousas digitais e rede

wi-fi, contudo o alcance da rede deveria ser maior.

ENTREVISTADO 08

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Autazes/AM, Comunidade Moyray, Etnia Mura. Para chegar

até a comunidade é necessário ir de Manaus até o Careiro, por meio de uma lancha durante

vinte minutos, em seguida fazer o trajeto de ônibus do Careiro até Autazes pelo período de 2h

e, por fim, ir de carro ou moto até a comunidade com trajeto estimado em 15 minutos, mas

nas épocas de cheia do rio, esse deslocamento final é feito em lancha, durante 20 minutos.

1.2 – Qual sua idade? 22 anos

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1.3 – Qual sua renda familiar? Um salário mínimo, o pai é aposentado, mas ainda

exerce a atividade de agricultor, produz macaxeira, farinha, pé-de-moleque, dentre outros

gêneros alimentícios.

1.4 - Qual seu gênero? Feminino.

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Não. Relatou ser a

primeira vez.

2.2 – O que é inclusão social para você? Não formulou um conceito sobre o seu

entendimento, apenas pontuou que é algo relativo à sociedade.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Não formulou um conceito sobre o seu

entendimento, apenas pontuou que é algo envolvendo tecnologia.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Conforme

a entrevistada as tecnologias propiciam a informação. Frisou que o acesso à informação

anteriormente ocorria por meio de cartas e, atualmente, ocorre por meio digital, gerando uma

facilidade.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Celular e computador.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular. Possui rede de dados e costuma usar whatsapp e

facebook, além de buscar notícias e informações gerais.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Principalmente para realizar trabalhos acadêmicos.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Aos 12 anos,

motivada pela curiosidade pegou um celular emprestado para fazer uma pesquisa, na época

morava em Manaus na casa de uma tia. Posteriormente, retornou para a comunidade e só

voltou a ter acesso aos 16 anos, quando sua irmã comprou um celular, ressalta-se que não

havia Internet na localidade.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Não.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Não.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Sim. Considera-

se incluída porque possui produtos tecnológicos. A comunicação com a família, que mora na

comunidade, ocorre por meio do celular de uma pessoa da vizinhança. No decorrer da

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entrevista reconheceu que a família seria excluída se não tivesse essa possibilidade de

comunicação.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Acredita que pode contribuir na medida em que fornece informações sobre

tecnologia e fomenta o ensino das ferramentas tecnológicas.

4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim. A escola colabora com a inclusão na medida em que ensina os

alunos a usarem os meios tecnológicos.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Sim. Pontuou que há aulas de informática na

escola e sugeriu que essa iniciativa seja intensificada através da elaboração de projetos

destinados ao uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem.

ENTREVISTADO 09

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM

1.2 – Qual sua idade? 18 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Menor que um salário mínimo. Mora com a mãe e

quatro irmãos, dos quais um maior de idade que também integra a renda mencionada. A mãe

é diarista e o irmão ajudante de pedreiro.

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1.4 - Qual seu gênero? Feminino.

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Já ouviu os termos na

televisão, mas não recorda detalhes.

2.2 – O que é inclusão social para você? Não soube conceituar.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Disponibilizar meios digitais e causar uma

aproximação entre as pessoas e as informações através desses meios.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Nunca

ouviu essas terminologias, mas associou aos meios digitais.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Citou jornais digitais, televisão, rádio, Internet,

celular, tablet, computador.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Celular, rádio e Internet.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Para obter informações gerais do seu interesse e para

participar de grupos de alunos e professores.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Considera

que desde muito cedo houve o contato porque na sua infância assistia televisão com

frequência, Já o contato com o computador e acesso à Internet ocorreu aos 12 anos por meio

de aulas de informática em uma escola pública municipal.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Sim. Porque aqueles que possuem acesso aos meios tecnológicos

geralmente são bem informados, enquanto aqueles que não possuem esse acesso precisam

buscar meios menos eficientes para terem a mesma informação, como consultar livros e

estabelecer conversas pessoalmente, representando uma desvantagem em relação à

celeridade.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Sim. Percebe uma

relação de interdependência entre a exclusão social e digital, pois a impossibilidade de fazer

uso dos meios tecnológicos dificulta o acesso à informação e pode gerar prejuízos sociais

como não ter conhecimento de um determinado benefício socioassistencial.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Considera que

sim porque tem acesso à rede pública, à educação, à tecnologia, inclusive na escola, que

disponibiliza computadores com Internet na biblioteca e também rede wi-fi.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Não conhecia a expressão, mas concluiu que significa ensinar a ler e

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escrever digitalmente. A pesquisadora fez algumas considerações acerca do letramento

digital e, após essa explanação, a entrevistada respondeu que o letramento pode combater a

exclusão social, pois ao obtermos mais informações consequentemente temos mais

consciência da nossa inserção social e do exercício da cidadania.

4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Sim. A entrevistada nota a escola como um espaço de interlocução

dos saberes tecnológicos, interioranos migram para a capital a fim de dar continuidade ao

estudo e, ingressando na escola, contam com o auxílio dos alunos veteranos no que tange ao

uso das tecnologias que, por razões infraestruturais, são mais disseminadas nessa região.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Ressaltou que, embora haja recursos

tecnológicos na escola, de modo geral não há estímulo ao uso desses recursos nas atividades

desenvolvidas, inclusive, nunca teve orientação institucional para fazer esse uso, sabe apenas

que a disciplina de informática é ministrada para determinados cursos. Ainda de acordo com

as suas concepções, os docentes declinam dessa utilização porque enxergam os aparelhos

tecnológicos de forma negativa, como algo que favorece a fraude das avaliações, e assim

limitam-se a passar pesquisas e usar projetores.

ENTREVISTADO 10

1) IDENTIFICAÇÃO

1.1 – Qual sua naturalidade? Manaus/AM

1.2 – Qual sua idade? 18 anos

1.3 – Qual sua renda familiar? Não possui renda, seu pai é doente, sobrevivem da ajuda de

terceiros.

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1.5 – Qual seu gênero? Masculino

2)ENTENDIMENTO SOBRE INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL

2.1 – Você já ouviu falar sobre Inclusão Social e inclusão Digital? Concebeu como

inclusão suas variadas formas de expressão como bem-estar econômico e social, acesso à

moradia, aquisição de bens e relação empregatícia.

2.2 – O que é inclusão social para você? Corroborou a resposta anterior.

2.3 – Como você descreveria inclusão digital? Acesso aos aparelhos eletrônicos e Internet.

3) ENTENDIMENTO SOBRE TIC.

3.1 - Você já ouviu falar sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação? Já ouviu

menção como um curso de graduação, não possui um entendimento maior desses termos.

3.2 – Que tecnologias você conhece? Rádio e Televisor.

3.3 – Quais dessas você utiliza? Ambos, mas tem mais contato com o rádio, pois seu pai

costuma ouvir bastante, há dois aparelhos em sua casa, um antigo e um mais moderno com

entrada para disco compacto.

3.4 - Quando as utiliza e para quê? Utiliza para obter informações geralmente através de

programas jornalísticos que ouve pela manhã e à noite.

3.5 – Quando você teve seu primeiro contato com as tecnologias e por quê? Aos 9 anos,

quando estava na 4ª série do ensino fundamental. Na sua escola havia um laboratório de

informática, sem acesso à Internet, mas instalaram alguns programas educativos nos

computadores, voltados para a alfabetização e aprendizagem de disciplinas como gramática,

literatura e matemática.

4) RELAÇÃO ÀS TIC E DESIGUALDADE SOCIAL

4.1 – Em sua opinião, a falta de acesso às tecnologias digitais pode ser um motivo para

as desigualdades sociais? Sim, a inacessibilidade representa uma desvantagem em relação

aos demais.

4.2 – Vê alguma (s) relação (s) entre exclusão social e exclusão digital? Considerou que

sim, exemplificando que uma pessoa pode ser exposta ao engano pela falta de informação.

4.3 – Você se considera incluído social e digitalmente? Como e por quê? Não se

considerou incluído porque não tem amplo acesso. Socialmente percebe uma grande

dificuldade de acesso no ensino superior em instituições públicas, onde a maioria das vagas é

ocupada por pessoas provenientes de classes mais abastadas que cursaram o ensino

fundamental e médio na rede privada, restando aos egressos de escolas básicas públicas a

opção por instituições privadas de ensino superior com mensalidades inacessíveis para

muitos deles, uma das contradições mais significativas do sistema educacional brasileiro.

Digitalmente sente-se excluído porque precisa permanecer na escola após o período de aula

para conseguir realizar suas pesquisas. Possui um celular de modelo antigo com sistema

Page 205: Wylnara dos Santos Braga - Universidade do Minhorepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/55408/1/Wylnara dos S… · A minha mãe, Wilma Souza dos Santos, com amor, agradeço por

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android, mas desprovido de aplicativos, suas condições financeiras não permitem ter uma

rede de dados coberta por alguma operadora, desse modo, só consegue ter acesso à Internet

por meio do celular quando está na escola, através da rede wi-fi.

4.4 - Tem alguma ideia acerca de como o letramento digital pode ajudar a combater a

exclusão social? Teve uma noção vaga, fez uma associação do termo ao curso de letras e à

prática da leitura.

4.5 – Considera que a escola pode contribuir para a inclusão social e digital de seus

alunos? De que forma? Considerou que sim, mas ressaltou que a efetividade depende de

muitos fatores, citou o próprio caso, na escola há computadores disponíveis, todavia, seu

domínio é superficial.

4.6 - O que sua escola já faz nesse sentido? Conforme sua percepção a escola possui uma

infraestrutura favorável à inclusão digital, onde encontram-se aparelhos e Internet, contudo

carece de exploração desses recursos na sala de aula. Sugeriu a realização de cursos

apropriados ao fomento das práticas educacionais envolvendo tecnologias e relatou uma

experiência ocorrida na 7ª série do ensino fundamental em que teve a oportunidade de ter

contato com um recurso de computação gráfica 3D possibilitando a visualização detalhada de

um castelo durante uma aula de História sobre a França.

Em seguida, foi indagado sobre a última imagem vista em um livro de História, porém não

recordava. Constatou-se, então, que aquela experiência longínqua foi demasiadamente

marcante, enquanto as recentes aulas, pautadas no ensino tradicional meramente expositivo,

mostraram-se não muito significativas. Ademais, por todo o exposto, restou transparecida a

importância do meio escolar na consecução da inclusão social e digital, uma vez que todos os

conhecimentos telemáticos adquiridos ao longo da sua vida perpassam por esse ambiente.