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Ensino Fundamental 5 a , 6 a , 7 a e 8 a séries Fernando Jaime González Alex Branco Fraga

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educaçao fisica ensino medio

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  • Ensino Fundamental5a, 6a, 7a e 8a sries

    Fernando Jaime GonzlezAlex Branco Fraga

  • 99

    Apresentao

    Pelo menos desde o incio da dcada de 80 do sculo XX a Educao Fsica tem tenta-do se livrar do estigma de uma disciplina me-ramente prtica na qual os alunos no tm o que estudar. Esta imagem foi legitimada du-rante o longo perodo de vigncia do Decreto n 69.450/71, publicado no auge da ditadu-ra militar em 1971, que tratava a Educao Fsica como uma atividade escolar destinada ao desenvolvimento da aptido fsica. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB n 9394/96), e posteriormente os Pa-rmetros Curriculares Nacionais (PCN), con-triburam para a consolidao da Educao Fsica como componente curricular da escola bsica. Tal condio no foi alcanada sem controvrsias, pelo contrrio, houve inten-sas disputas polticas antes, durante e depois da construo de ambos os documentos, alimentadas pelo movimento renovador da rea iniciado na dcada de 80, que tinha por objetivo mostrar que a Educao Fsica, assim como as demais disciplinas escolares, possui um conjunto de conhecimentos espe-cficos que contribuem para a compreenso do mundo.

    Apesar das controvrsias em torno da LDB e dos PCN, no h como negar a im-portncia destes documentos na consolida-o da cultura corporal de movimento como objeto de estudo da Educao Fsica. Neles fica claro que tornar os alunos fisicamente aptos no deve mais ser a principal finalida-de dessa disciplina na escola, e sim levar os estudantes a experimentarem, conhecerem e apreciarem diferentes prticas corporais sis-tematizadas, compreendendo-as como pro-dues culturais dinmicas, diversificadas e contraditrias.

    Esta configurao propiciou a insero da Educao Fsica na rea das Linguagens e Cdigos, juntamente com Lngua Portuguesa

    e Literatura, Artes e Lngua Estrangeira Mo-derna, e trouxe mais desafios organizao curricular desta disciplina nos ensinos fun-damental e mdio. Tal incluso ainda causa estranheza em certos crculos acadmico-profissionais do campo, pois veem a Educa-o Fsica mais ligada rea das Cincias da Natureza, portanto mais prximas de uma disciplina como Cincias no ensino funda-mental ou Biologia no ensino mdio do que das disciplinas da rea de Linguagens e C-digos.

    De um modo geral, ela a se justifica pelo uso da linguagem corporal, sem dvida um elemento central no processo de interao dos alunos com a cultura corporal de movi-mento. No entanto, o conhecimento especfi-co da Educao Fsica, assim como o Teatro e a Dana, no se limita ao estudo das for-mas de se expressar e se comunicar com o corpo. A linguagem corporal um dos temas que a Educao Fsica compartilha com as demais matrias de ensino da rea, mas no pode ser entendida como seu elemento fun-damental de estudo.

    Cabe Educao Fsica na escola desen-volver competncias que levem os alunos a, por exemplo, compreenderem os jogos mo-tores como manifestaes culturais produzi-das pelos grupos sociais em certos perodos histricos; a lerem os esportes com base nos critrios de lgica interna e externa; a produ-zirem textos de carne e osso e caneta e l-pis sobre as relaes possveis entre esporte, sade e educao; a proporem alternativas para o desenvolvimento de prticas corporais no tempo livre que privilegiem a participao de todos, entre tantas outras possibilidades de ler, escrever e resolver problemas no m-bito da Educao Fsica.

    Os Cadernos do Professor de Educao Fsica do Estado do Rio Grande do Sul pro-

    Ler, escrever e resolverproblemas em Educao Fsica.

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    curam orientar o trabalho docente cotidiano nesta direo, explicando e ilustrando como podem ser organizadas sequncias didticas a partir de temticas relacionadas cultura corporal de movimento que sejam relevantes para as diferentes etapas escolares. O de 5 e 6 sries tematiza os jogos motores populares e tradicionais; o de 7 e 8 sries enfatiza as caractersticas internas dos diferentes tipos de esporte; o do 1 ano do ensino mdio trata das formas de viver o esporte no tempo livre; e o do 2 e 3 ano do ensino mdio problematiza as relaes entre esporte, sade e aprendizagem de valores considerados socialmente positivos. Em cada um deles consta uma pequena apre-sentao, so apontadas as competncias, ha-bilidades e contedos a serem desenvolvidos em unidades didticas previstas para seis ou mais aulas, h indicao de materiais, fontes de consulta e, fundamentalmente, explicaes pormenorizadas das atividades sugeridas para

    dar conta dos temas escolhidos.A inteno foi desenvolver uma proposta de

    trabalho que fornecesse subsdios para plane-jar aulas sobre temas da cultura corporal de movimento condizente com o contexto escolar gacho. Por isso, todas as atividades didticas foram elaboradas com base em experincias desenvolvidas no cho da escola por profes-sores da rede pblica estadual do Rio Grande do Sul, colaboradores destes cadernos, que tambm nos ajudaram a refinar as unidades didticas.

    Esperamos que esta proposta seja adaptada por professores e alunos s caractersticas da sua comunidade escolar, ajude a pensar ou-tras unidades didticas em articulao com o Referencial Curricular do Rio Grande do Sul e, fundamentalmente, propicie uma integrao mais efetiva da Educao Fsica ao projeto pe-daggico das escolas. Afinal de contas, no nos falta o que estudar.

  • 101

    ApresentaoOs jogos fazem parte de todas as culturas

    do mundo e parecem ter existido em todas as pocas. Durante muito tempo eles foram trans-mitidos de gerao para gerao basicamente atravs da historia oral. H algumas centenas de anos, essas prticas passaram a interessar aos filsofos, intelectuais, artistas, educadores. H pouco tempo, os jogos foram reconhecidos pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) como parte do Patrimnio Cultural Intangvel ou Imaterial da Humanidade1, sendo citados no do-cumento Recomendao sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular (UNESCO, 1989), criado por esta mesma instituio com o objetivo de fomentar a identificao, preser-vao e disseminao mundo afora desta forma de patrimnio. Este um forte motivo, entre tan-tos outros, para estudar, experimentar e recriar os jogos nas aulas de Educao Fsica.

    Esta unidade se dedica a conhecer, identifi-car e apreciar uma pequena parcela dessa ri-queza ldica materializada nos denominados jogos tradicionais e jogos populares. O objetivo

    fazer com que os alunos tenham noo das diversas manifestaes culturais relacionadas aos jogos motores (cuja movimentao corporal dos participantes um elemento essencial para o jogo funcionar) e os percebam como valiosa ferramenta de integrao entre as pessoas e os diferentes grupos sociais e tnicos. O tema se desenvolve por meio de pesquisa, experimenta-o e sistematizao de jogos populares e tra-dicionais que fazem parte da cultura corporal dos alunos, dos familiares e/ou da comunidade escolar. Para ilustrar a proposta, h pequenos relatos de professores de Educao Fsica da rede estadual de ensino, colaboradores deste caderno, que vm desenvolvendo com seus alunos unidades similares sobre este mesmo tema (janelas de texto cor ocre).

    A unidade est estruturada em trs encontros de duas horas (um por semana), tal como algu-mas escolas estaduais distribuem a carga hor-ria da educao fsica. Se necessrio, adapte o que est proposto ao modo como a sua escola organiza a grade. Para tanto, extremamente importante ler na ntegra este caderno e o Ca-derno do Aluno antes de propor turma qual-quer uma das atividades abaixo listadas.

    Jogos de antigamente, jogos de sempre

    1 O Patrimnio Cultural Intangvel ou Imaterial compreende as expresses de vida e tradies que comunidades, grupos e indivduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes. E a se inserem o folclore, os saberes, as lnguas, as festas, os jogos tradicionais e populares e diversas outras manifestaes culturais que so transmitidas oral ou gestualmente, recriadas coletivamente e modificadas ao longo do tempo (UNESCO, 2009).

    Educao Fsica5 e 6 sries do ensino fundamental

    Objetivos

    Ao final da unidade, os alunos tero tido a oportunidade de desenvolver as competncias de: Ler: Os jogos motores como manifestaes culturais produzidas por diferentes grupos so-

    ciais em determinados perodos histricos. Produzir: Textos (corporais, escritos e grficos) sobre as formas e caractersticas de jogos

    motores populares e tradicionais. Descrever: As formas de jogar e os contextos culturais dos jogos tradicionais e populares

    praticados no mbito familiar e comunitrio. Procurar: Alternativas para preservar manifestaes culturais, como os jogos populares e

    tradicionais, reconhecendo a importncia do patrimnio ldico para a preservao da me-mria e da identidade local.

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    HabilidadesPara atingir as competncias acima enu-

    meradas, ser necessrio: Distinguir jogos de outras manifestaes

    da cultura corporal de movimento. Identificar o conceito de jogos motores. Diferenciar jogos populares e jogos tradi-

    cionais. Descrever os jogos e os contextos culturais

    em que eram praticados. Experimentar e recriar jogos populares e

    tradicionais. Interpretar corporalmente as descries

    verbais ou textuais de jogos motores. Confeccionar recursos visuais (textos, gr-

    ficos, painis, maquetes) que descrevam jogos motores e seus contextos sociocultu-rais.

    Refletir sobre a transformao das formas de jogar na contemporaneidade.

    Propor estratgias de resgate e difuso dos jogos tradicionais.

    Contedos

    Conceitos de jogo e de jogos motores. Jogos populares e tradicionais. O jogo como uma manifestao cultural.

    Durao aproximada: 6 aulas

    Materiais necessrios: giz; latinhas de refrigerante vazias (ou objeto similar que sirva de alvo); duas ou trs tampinhas de re-frigerante por aluno; uma bola de meia por aluno (ou objetos que possam ser transporta-dos com apenas uma das mos); uma bola de tnis (ou similar) para cada quatro alunos.

    Os jogos fazem parte do patrimnio cultural da humanidade.

    Estas aulas tratam dos jogos motores como elemento da cultura corporal de movimen-to, diferenciando-os de outras manifestaes como, por exemplo, o esporte. Sero desta-cadas as diferenas bsicas entre jogos po-pulares e jogos tradicionais, alm de serem propostas a experimentao e a recriao de jogos de outros lugares do mundo.

    Comece explicando que nas prximas au-las os alunos estudaro os jogos motores que fazem (ou fizeram) parte da nossa cultura. Informe que alguns jogos existem h muito tempo e outros so caractersticos de deter-minadas geraes. Esses jogos, ento, podem ser divididos em dois grupos: (1) aqueles que esto muito arraigados s prticas corporais cotidianas de uma determinada populao: jogos populares. E (2) os que existem h mui-tos anos e continuam sendo praticados at hoje, mesmo que de forma restrita; ou os que j se perderam no tempo, mesmo tendo sido muito praticados em uma determinada poca:

    Jogo

    Atividade ou ocupao voluntria, exer-cido dentro de determinados limites de tempo e de espao, segundo regras livre-mente consentidas, mas absolutamente obrigatrias; dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimen-to de tenso e de alegria e de uma cons-cincia de ser diferente da vida quotidia-na (HUIZINGA, 2004, p. 33).

    Professor, os materiais listados no so indispensveis, voc pode suprimi-los ou substitu-los por outros. Isso depender dos jogos motores escolhidos que sero experimentados em aula e da organiza-o didtica das atividades. Indepen-dentemente do que venha a ser esco-lhido, importante instigar a cons-truo artesanal de brinquedos a partir de materiais reciclveis, pois possibilita articular o estudo dos jogos com as discusses sobre

    preservao do meio ambiente.

    Dos jogos e do jogar(Aulas 1 e 2)

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    jogos tradicionais.Faa-os perceber que os adultos de hoje

    (crianas em outras pocas) tanto podem ter experimentado durante a infncia jogos que at hoje so jogados quanto jogos que no so mais praticados.

    Rena a turma na sala ou no ptio e for-me grupos de quatro a seis alunos. Pea que conversem a respeito do roteiro de questes Dos jogos e do jogar, inserido no Caderno do Aluno, e anotem as primeiras respostas no espao indicado, pois elas vo ser muito teis durante a discusso geral com os demais gru-pos.

    Logo aps, pea que cada grupo apresente suas respostas e permita que eles comparem o que anotaram. Faa um levantamento dos jogos que eles disseram estar acostumados a jogar. Se tiver sido citada alguma modalidade esportiva ( muito comum os alunos citarem futebol como jogo), aproveite a oportunidade para traar as diferenas bsicas entre esporte e jogo. Recorra a algumas das perguntas su-geridas no Caderno do Aluno, especialmente, as seguintes: Como a gente sabe que uma ati-vidade realizada por uma pessoa um jogo? Quando a gente est jogando e quando no est?

    Para organizar o trabalho com os alunos, reproduza o quadro 1 do Caderno do Aluno no quadro da sala, numa cartolina ou num papel pardo, e rena as ideias lanadas por eles, estimulando-os a manifestarem o que entendem por jogo.

    Em seguida, solicite que um dos membros de cada grupo leia, no Caderno do Aluno, o texto Jogar coisa sria. Na sequncia, auxilie-os a registrarem a compreenso do que acabaram de ler, dando especial desta-que as caractersticas dos jogos apontadas por Johan Huizinga. Auxilie-os a compreen-derem o conceito de jogo formulado por este autor e retome as ideias que eles registraram no quadro 1, comparando-as com as carac-tersticas recm-aprendidas. importante que todos compreendam, entre outros elementos centrais propostos por Huizinga, que um jogo se caracteriza por:

    Jogos motores

    Os jogos tematizados pela Educao F-sica devem ser aqueles cuja movimen-tao corporal dos participantes um elemento essencial, e no apenas utili-trio, para sua realizao. Por exemplo, o Jogo da Velha to jogo como o do Taco, porm as exigncias so di-ferentes. O primeiro no demanda um envolvimento motor direto, enquanto o segundo sim. possvel pensar que uma pessoa dispute o Jogo da Velha sem mover diretamente as peas com sua prpria mo: basta pensar a jogada e solicitar que outra pessoa a execute; que pode ser at mesmo o adversrio. No Jogo da Velha, como em tantos outros, possvel comandar as peas sem movi-mentar o corpo e sem estar presente no local do jogo (via internet, por exemplo), e ainda assim ser o protagonista, pois o desafio deste tipo de jogo est centrado na deciso do que fazer e no no fa-zer em si (mover as peas). J no Jogo de Taco isso no possvel: quem joga um protagonista do jogo, j que, por suas caractersticas, a deciso do que fazer est intimamente ligada ao prprio movimento. Portanto, mesmo que a ao seja orientada por algum, o rebatedor continuar sendo o jogador.

    Esporte

    Manifestao da cultura corporal de mo-vimento, orientada pela comparao de um determinado desempenho entre in-divduos ou grupos (adversrios); regida por um conjunto de regras instituciona-lizadas por organizaes (associaes, federaes e confederaes esportivas), as quais definem as normas de disputa e promovem o desenvolvimento da moda-lidade em todos os nveis de competio.

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    (1) Criao e alterao de regras pelos pr-prios participantes;

    (2) Obedincia de cada participante ao que foi combinado coletivamente;

    (3) Apreciao do ato de jogar sem qualquer interesse em um resultado final.

    Para auxili-los na construo dos contrastes entre jogo e esporte, h duas perguntas no Ca-derno do Aluno que os desafiam a encaixar o futebol na classificao de jogo estudada. A in-teno estimular a curiosidade sobre o assunto para alm da aula, mas se voc preferir pode propor estas perguntas como tema de casa ou aproveit-las como um desdobramento dos en-contros previstos neste caderno.

    Apesar da importncia dos conceitos de Hui-zinga no estudo dos jogos, conveniente lem-brar que ele no o nico autor que trata deste tema. Voc encontra nas referncias ao final do caderno outros autores tambm considerados clssicos neste assunto, como, por exemplo, o francs Gilles Brougre (1998). Em mbito na-cional h um livro muito interessante sobre jo-gos e passeios infantis que, alm de compilar vrios conceitos de jogos de diferentes autores, traz uma extensa pesquisa realizada em 1988 sobre os tipos de jogos e os modos de jogar em vrias cidades do Rio Grande do Sul (GARCIA; MARQUES, 1989). bem possvel que sua re-gio, ou at mesmo a sua cidade, tenha sido pesquisada e esteja registrada nesta obra.

    Por fim, informe os alunos que as prticas l-dicas fazem parte das mais diversas culturas e que h registros de jogos praticados por civili-zaes muito antigas. Nessa mesma linha, ser fundamental que eles compreendam que os jogos esto diretamente atrelados cultura das diferentes pocas, e conhec-los uma forma interessante de preservar parte do patrimnio da humanidade.

    Tipos de jogos:populares e tradicionais

    O prximo passo introduzir a noo de jogos populares e jogos tradicionais. Nes-te momento, fundamental que os alunos j tenham assimilado o conceito geral de jogos.

    Pea que, em grupos, elaborem uma pri-meira lista com todos os jogos que praticam no dia a dia (jogos populares). Assim que eles estiverem com a lista pronta, promova uma troca de ideias entre os pequenos gru-pos com o objetivo de complementar o que foi listado.

    Jogos populares

    Quando localizamos um jogo que est muito arraigado numa determinada re-gio e os habitantes do lugar os praticam habitualmente, quer seja no conjunto (di-ferentes idades e gneros) ou em setores especficos da populao (por exemplo, crianas e idosos), podemos denominar esse jogo de popular. Neste caso, popu-lar tem o sentido de pertencente ao povo, s pessoas do lugar, que com suas ca-ractersticas, crenas e estilos de vida lo-cais o tm incorporado a seu cotidiano (LAVEGA BURGUS, 2000, p. 31).

    Jogos tradicionais

    Aqueles jogos que so praticados desde sempre, que as pessoas mais velhas re-cordam desde o tempo de infncia. So prticas que tm se mantido ao longo dos anos e, portanto, tm sido transmiti-das entre as distintas geraes. Os jogos tradicionais fazem parte de um proces-so de transmisso cultural que tem con-tinuidade ao longo de um determinado perodo histrico. Ainda que no sejam mais praticados hoje em dia e tenham se perdido no tempo (LAVEGA BURGUS, 2000, p. 31).

    Na sequncia, solicite aos alunos que ela-borem uma segunda lista, s que desta vez enfatizando os jogos que seus pais, avs, bi-savs ou tataravs jogavam (jogos tradicio-nais). Tal como foi feito na atividade anterior,

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    estimule o intercmbio de informaes entre eles sobre o assunto.

    Essa lista, provavelmente, ser muito mais curta do que a anterior. Aproveite esta deixa para faz-los pensar sobre os jogos de antiga-mente. Utilize as perguntas apontadas no Ca-derno do Aluno para mostrar que as respostas s podero ser obtidas atravs de uma entre-vista com os pais, avs, bisavs ou tataravs.

    A seguir anuncie o Tema de casa n 1. Ser fundamental, neste ponto, reforar as orientaes contidas no Caderno do Aluno. Mostre que esse trabalho um modo de bus-car no passado jogos que no so mais pra-ticados, mantendo viva a memria familiar e/ou comunitria de um determinado lugar.

    Jogos do mundo

    Na segunda aula do primeiro encontro, ajude a turma a compreender que as crian-

    as, em toda parte do mundo, mesmo levan-do em considerao as diferentes condies socioeconmicas, sempre jogaram. Para tan-to, so propostos diversos jogos populares e tradicionais oriundos de distintos pases (um de cada continente), descritos no Caderno do Aluno. Escolha, juntamente com os estu-dantes, o destino da viagem, dependendo do tipo de jogo escolhido.

    Segue abaixo a descrio de mais dois jo-gos que podem ser utilizados de forma com-plementar, ou em substituio, queles sugeri-dos para trabalhar os Jogos do mundo. Mas, lembre-se, as atividades abaixo listadas so alternativas (cartas na manga) quelas des-critas no Caderno do Aluno. Para enriquecer a tarefa, voc pode solicitar que eles procurem se informar com o professor de Geografia ou de Histria sobre a bandeira, idioma, moeda, clima, religio predominante e localizao no mapa-mndi dos pases citados nos jogos trabalhados. Dependendo da dinmica de trabalho da escola, esta unidade pode vir a desencadear um trabalho colaborativo entre as disciplinas.

    Foto 1: Entrevista com av.Fonte: Acervo pessoal Jaqueline Kempp.

    Professor, muito importante lembrar a todo instante que, em jogos, mais do que em qualquer outra manifestao pr-tica da cultura corporal de movimento, as regras devem ser adaptadas s necessi-dades e possibilidades dos alunos. Alm disso, princpios de segurana e incluso so bsicos, e todas as mudanas so bem-vindas para garantir que ambos sejam observados. Para tanto, prepa-re os materiais antecipadamente e estude o funcionamento dos jogos propostos para poder orientar os alunos e enriquecer a experincia.

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    Pas: Bolvia

    La PalmaMaterial: Uma lata ou objeto para servir de alvo e pedrinhas ou tampinhas para arremessar.DescrioColoque a lata no cho como alvo. Aproximada-mente a trs metros de distncia, desenhe uma primeira linha. Em seguida, a uma distncia de um metro desta primeira linha, desenhe uma se-gunda linha, e assim sucessivamente at completar seis linhas. O jogo comea com um dos jogadores tentando acertar a lata com o objeto a partir da primeira linha. Caso no consiga atingir o objetivo na primeira chance, passa a vez para o colega e espera a prxima rodada para repetir a jogada da mesma posio. Um jogador passa de fase quando consegue acertar a lata. Imediatamente ele se posiciona na segunda linha e dali tenta novamente acer-tar a lata, e assim segue at que chegue sexta linha. Vence o jogo quem conseguir acertar a lata a partir da sexta linha.Fonte: Brigidano et al. (2002, p. 51).

    Pas: Estados Unidos

    Box ball (A bola da caixa) Material: bola de tnis (ou similar) e giz.DescrioDois ou quatro jogadores em cada lado do campo de jogo. Quando se joga com apenas dois joga-dores, desenha-se no cho dois quadrados, um em frente ao outro, com aproximadamente um metro cada. Para quatro jogadores, deve-se dobrar o ta-manho dos quadrados. Cada jogador se posiciona de frente para o adversrio, mas fora dos quadrados. O jogador que inicia a partida deve quicar a bola no cho e, no mesmo movimento, rebater com a mo de um modo que a bola venha a quicar na quadra do adversrio. Depois que a bola bater no cho, o adversrio deve rebater para devolv-la do mesmo modo. O jogo segue at que acontea uma das seguintes situaes: a bola no quicar no quadrado do oponente; um jogador no conseguir rebater a bola; ou a bola quicar mais de uma vez no quadrado de um dos jogadores. S quem est no saque pode ganhar um ponto toda vez que o adversrio falhar. Mas no h marcao de ponto quando a falha for de quem estiver sacando, nesse caso s ocorre a inverso do saque. Ganha a primeira equipe que totalizar 11 pontos. Se os jogadores quiserem, d para ir aos 21 pontos. Para ganhar, necessrio abrir uma diferena de dois pontos.Fonte: Ripoll e Curto (2004, p. 82).** Uma variao bem mais complexa (e interessante) deste jogo o Four square (quatro qua-dras), cuja descrio de como se joga pode ser encontrada no seguinte endereo: Voc pode assistir a grupos de alunos jogando este jogo no You Tube atravs do seguinte link:

    Foto 3: Crianas jogando Box ball.Fonte: Disponvel em Acesso em 23, jun. 2009.

    Foto 2: Crianas jogando La Palma.Fonte: Acervo pessoal Fabricio Dring Martins.

  • 107

    No decorrer da apresentao, provavel-mente alguns jogos iro se repetir. Dependen-do do envolvimento da turma com a pesquisa, este momento poder chegar logo no incio da aula ou mais no final. Quando a descrio comear a ficar repetitiva, incentive os alu-nos que ainda no tenham se manifestado a apresentarem detalhes dos jogos j descritos. Lembre-se, muito importante que todos os alunos se manifestem para expor no apenas a sua pesquisa, mas fundamentalmente sua compreenso a respeito do tema jogo.

    Aps a concluso das exposies, destaque pontos comuns e diferenas entre os jogos lis-tados. Esse ser um dos momentos relevan-tes da aula, pois permitir estabelecer alguns contrapontos entre os diferentes achados com perguntas do tipo: Todas as geraes jo-garam os mesmos jogos? Os jogos praticados h tempos atrs so os mesmos que so joga-dos hoje em dia? Pessoas de outros lugares experimentaram jogos diferentes? Os jogos descritos eram praticados tanto por meninos como meninas? Meninas e meninos jogavam juntos? Que espao era necessrio para de-senvolver esses jogos? Essas condies ain-da existem atualmente? Por qu? Estes jogos eram ou poderiam ser jogados por pessoas que usam cadeiras de rodas?

    Foto 4: Anotaes de estudante das pesquisas sobre jogos. Fonte: Acervo pessoal de Mariane Hagemann Valduga.

    O objetivo destas aulas fazer com que os alunos identifiquem a riqueza das prticas l-dicas de outras geraes, organizem-se para aprofundar a pesquisa sobre alguns jogos tradicionais e experimentem jogos populares que faam parte do acervo cultural da comu-nidade. As principais habilidades requeridas so: descrever os jogos e os contextos cultu-rais em que eles eram praticados, experimen-tar e recriar jogos populares e tradicionais, interpretar corporalmente as descries ver-bais ou textuais de jogos motores, planejar a confeco de recursos visuais (textos, gr-ficos, painis, maquetes) para expor as ca-ractersticas das atividades ldicas e refletir sobre a transformao das formas de jogar.

    Dedique esse encontro apresentao dos achados das entrevistas aplicadas jun-to aos familiares ou conhecidos de diferentes geraes e origens, sobre os jogos pratica-dos na infncia. Sugira que todos exponham o que conseguiram levantar e apresentem na ntegra apenas um jogo.

    Professor, dependendo da dinmica estabelecida em aula, estas perguntas podem ser aprofundadas ou desdobra-das em outras para articular questes de gnero, etnia, classe social, meio ambiente, deficincia fsica, sade entre outros temas transversais.

    Jogos de antigamente(Aulas 3 e 4)

    No final da sistematizao, oriente os alu-nos a formarem grupos de quatro a seis inte-grantes e a escolherem um dos jogos men-cionados para aprofundar suas pesquisas. Cada grupo ficar responsvel pela busca de informaes mais detalhadas junto a familia-res, vizinhos e demais pessoas da comunida-

  • 108

    Uma das professoras colaboradora deste caderno orientou a turma a montar ma-quetes explicativas dos jogos (como mos-tra a fotografia nmero 5).

    Foto 5: Maquete em construo durante a aula.Fonte: Acervo pessoal Jaqueline Kempp.

    Sapata

    Jaqu

    elin

    e

    Nome dosintegrantes do

    grupoMePai

    AvPaterno

    Av Materno AvPaterna

    AvMaterna

    Comochamavam ojogoJogava:Sim ou NoAno em quetinha 10 anosCidade emque viviaComo chamavamo jogoJogava:Sim ou NoAno em quetinha 10 anosCidade emque vivia

    Avio Sapata - Avio Amarelinha

    N S N S S

    1978 1980 1950

    -

    -

    -

    1940 1945

    Iju Iju Sarandi Uruguaiana Porto Alegre

    Amarelinha Academia Amarelinha

    S S S S SN

    1988 1987 1955 1950 1953 1951

    CachoeirinhaRio de Janeiro

    BeloHorizonte Pelotas

    Salvador Santa Maria

    Jogo: Amarelinha

    de, alm de procurar outras fontes de infor-mao complementares como livros, revistas, jornais ou pginas da internet. Um exemplo o projeto Mapa do Brincar elaborado pelo blog da folhinha, vinculado ao jornal Folha de So Paulo. Alm deste h outros endereos eletrnicos bem interessantes listados na se-o Para saber mais deste mesmo caderno e que podem ser teis para o desenvolvimento desta atividade.

    Para realizar o Tema de casa n 2, auxilie-os a planejarem quadros explicativos, painis, maquetes ou algum outro tipo de recurso visu-al para exposio.

    Enfatize os seguintes aspectos a serem des-critos nos materiais produzidos: caractersti-cas do espao para jogar, principais varian-tes conhecidas, modificaes sugeridas pelo grupo, aspectos histricos (quando cabvel) e uma esquematizao da presena do jogo na

    Fabr

    cio

    Na experincia desenvolvida por uma das professoras colaboradoras deste caderno, no ano de 2008, alguns alunos escolhe-ram pular corda, amarelinha, taco, bolitas e cinco marias. Outra turma, por escolha de outro professor colaborador, preferiu aprofundar o estudo do jogo de bolita.

    Mar Pular Macaca

    Sapata

  • 109

    famlia e/ou comunidade. importante que todos entendam que a atividade depende da qualidade do material produzido, por isso, quanto mais caprichado estiver, melhor ser a apresentao. Da mesma forma, saliente que os jogos sero experimentados em aula e que os grupos precisaro providenciar todos os elementos necessrios para a turma realizar a parte prtica. Como sugesto, h um quadro esquemtico modelo no final deste caderno (Anexo) e no Caderno do Aluno, que pode ser usado para auxiliar na localizao do jogo es-tudado no contexto familiar e/ou comunitrio. Na pgina anterior, um exemplo de como pre-encher uma parte do quadro.

    Depois de encaminhar o Tema de casa n 2, hora de pr a turma para jogar! Para tanto, selecione junto com os alunos um ou dois jogos tradicionais que no sero utilizados na prxima aula. Ajude-os a perceber, por meio da explorao do roteiro proposto pelos gru-pos, o que importante levar em conta para o desenvolvimento de uma atividade como esta, j que eles tambm sero os responsveis pela descrio, organizao e conduo dos jogos na prxima aula.

    Nessas aulas os alunos apresentaro e ex-perimentaro os jogos pesquisados e refletiro

    sobre a importncia do patrimnio ldico para a preservao da memria e da identidade da comunidade. As principais habilidades requeri-das so: descrever e expor, atravs de recursos visuais, as caractersticas de prticas culturais; experimentar e recriar jogos populares e tradi-cionais, interpretar corporalmente descries verbais ou textuais de jogos motores, refletir sobre a transformao das formas de jogar na contemporaneidade, propor estratgias de res-gate e difuso dos jogos tradicionais.

    Foto 6: Experimentao em aula do jogo de bolita I.Fonte: Acervo pessoal Gilmar Wiercinski.

    Foto 7: Experimentao em aula do jogo de bolitas II. Fonte: Acervo pessoal Gilmar Wiercinski.

    Inicialmente, organize a turma para que cada grupo possa apresentar o material con-feccionado sobre o jogo estudado. Pea que escolham dois alunos do grupo para ficarem ao lado do material dando explicaes sobre o jogo, enquanto os demais componentes acompanham a apresentao dos colegas

    Professor, interessante fazer com que os alunos percebam as diferenas de gnero na prtica dos jogos tradicio-nais. Uma interessante alternativa seria propor que toda turma experimentas-se jogos tradicionais considerados tipicamente masculinos/femininos para problematizar os motivos que levaram a tal distino nesta prtica corporal.

    Jogos de antigamente,jogos de sempre(Aulas 5 e 6)

  • 110

    dos outros grupos. Oriente-os a revezarem os explicadores, a fim de que todos possam de-sempenhar as duas funes. Aps essa primei-ra rodada de reconhecimento das pesquisas, proponha uma votao na turma para saber qual das formas de jogar (ou qual jogo) ser experimentada em aula.

    Depois da escolha, solicite aos membros da equipe responsvel pela montagem que se distribuam entre os diferentes grupos de cole-gas para explicarem as regras da atividade e coordenarem as aes. Essa estratgia permi-te que os alunos-monitores se envolvam na organizao da tarefa, proponham variaes do jogo e incorporem sugestes dos outros grupos. A durao da experincia depender de uma srie de elementos (tempo necess-rio para os alunos compreenderem e experi-mentarem as vrias formas possveis de jogar,

    tempo previsto para a unidade no projeto cur-ricular da disciplina, nmero de jogos pesqui-sados, etc.), mas ser importante que a vivn-cia permita a participao de todos em tempo proporcional, independentemente de gnero (masculino/feminino) ou habilidades motoras. Aps a experimentao de um jogo, propo-nha outros, conforme o tempo e a motivao da turma. Lembre-se, professor, preciso in-centivar as tentativas de acerto e tratar o erro dos alunos como elemento central no proces-so de aprendizagem por experimentao.

    Trabalho sntese

    Foto 8: Experimentao em aula do jogo de cinco marias. - Fonte: Acervo pessoal Jaqueline Kempp.

    Foto 9: Experimentao em aula do jogo de pular corda. - Fonte: Acervo pessoal Jaqueline Kempp.

    Para finalizar a unidade, uma das profes-soras colaboradoras deste caderno desen-volveu um encontro com pais e mes dos alunos para que estes compartilhassem e praticassem os jogos pesquisados. Foi uma experincia muito rica para todos!

    Para encerrar a unidade, proponha que eles revisem o que aprenderam. No Cader-no do Aluno so sugeridas as seguintes ati-vidades de sistematizao da unidade.

    1. Elaborar um texto que respon-da a questo:

    Alguns dos jogos podem ser classifica-dos como populares e tradicionais? Por qu?

    2. Relacionar as definies com os termos estudados partindo da se-guinte questo:

    Identificar no quadro abaixo a defini-o de jogos populares e tradicionais

  • 111

    3. Listar sugestes a respeito das seguintes questes:

    Voc acha que importante manter

    Voc encontrar informaes sobre a obra de Pieter Bruegel no seguinte en-dereo na internet:

    FOTO 10: Folder com as principais caractersticas do jogo de bolita. - Fonte: Acervo pessoal Gilmar Wiercinski.

    Outro professor colaborador deste ca-derno props s crianas que desenvol-vessem um folder com as principais ca-ractersticas do jogo de bolita, escolhido pelas crianas para estudar a unidade (como mostra a fotografia nmero 10).

    Mais uma dica: outra possibilidade de fechamento da unidade seria promover algum tipo de intercmbio entre escolas do estado a partir dos jogos tradicionais, que pode ser via internet com escolas de cidades mais distantes ou visitas s escolas da mesma cidade ou regio, projetando a realizao de um festival de jogos.

    vivos os jogos populares e tradicionais? Por qu? O que fazer para que os jogos de an-tigamente no se percam no tempo?

    4. Tentar identificar no quadro de Pieter Bruegel, pintado em 1560 na Europa, alguns dos jogos estudados na unidade.

    5. Tal como na tarefa anterior, ten-tar identificar na foto de pessoas pra-ticando jogos tradicionais numa praa da cidade de Horta de Sant Joan, re-gio da Catalunha na Espanha, alguns dos jogos estudados na unidade.

    Jogos Tradicionais

    Jogos criados tempos atrs que ainda hoje so praticados em alguns lugares, ou que acabaram se perdendo no tempo.

    Jogos populares

    Jogos praticados regularmente em uma determinada comunidade e que fazem parte da cultura corporal deste lugar.

  • 112

    Colaboradores dos Cadernos do Professor e do Aluno Fabrcio Dring MartinsGilmar WiercinskiJaqueline KemppMariane Hagemann Valduga

    Referncias

    BRIGIDANO, D. A. Juegos de todas las culturas. Bar-celona: Inde, 2002.BROUGRE, G. A criana e a cultura ldica. Revista da Faculdade de Educao. vol. 24, n. 2, So Paulo Jul/Dez. 1998.CAILLOIS, R. Os jogos e os homens: a mscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia, 1990.GARCIA, R. M. R.; MARQUES, L. Jogos e Passeios Infantis. So Paulo: Kuarup, 1989.HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como ele-mento da cultura. So Paulo: Editora Perspectiva, 2004.BANTUL-JANOT, J.; MORA-VERDENY, J. M. Juegos Multiculturales. 225 juegos tradicionales para un mundo global. Barcelona: Paidotribo, 2002.

    LAVEGA BURGUS, P. Juegos y deportes populares tradicionales. Barcelona: INDE, 2000.RIPOLL, O. ; CURTO, R. M. Jogos de Todo o Mundo. ncora Editora, 2004.UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura. Recomendacin sobre la Salvaguardia de la Cultura Tradicional y Popular, 1989. Disponvel em: Acesso em: 21 jun. 2009.

    Patrimnio Cultural Imaterial. Disponvel em: Acesso em: 21 jun. 2009.

    Para saber mais

    ADELSIN. Barangando arco ris: 36 brinquedos inven-tados por meninos. Belo Horizonte: Adelsin, 1997.ARIS, P. Pequena contribuio histria dos jogos e dos brinquedos. In: Histria social da criana e da fa-mlia. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.CMARA CASCUDO, L. Alguns jogos infantis no Bra-sil. Porto, 1953.GARCIA, R. M. R.; MARQUES, L. Brincadeiras canta-das. Porto Alegre, Kuarup, 1992.SCHEFFLER, L.; REYNOSO, R.; INZA, V. El juego de pelota prehispnico. Mxico: Coyoacn, 1998.

    VON, C. A histria do brinquedo. So Paulo: Alegro, 2001.* Terra brasileira

    * Jogos antigos

    * Escola oficina ldica

    * Blog da folhinha

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    Anotaes

  • 115

    Apresentao

    muito difcil precisar quantas modalida-des esportivas existem hoje em dia no mundo. De vez em quando a mdia esportiva anuncia o surgimento de uma novidade, que se agre-ga tanto quelas j conhecidas quanto quelas cuja existncia mal se suspeitava. Mas quais as referncias usadas pela mdia para afirmar que uma determinada modalidade nova? Quais caractersticas diferenciam uma prtica esportiva das demais? Certamente no h um gabarito para tais questes, mas para comear a esboar uma resposta minimamente consistente preci-so saber ler os critrios que permitem considerar uma modalidade semelhante ou diferente de outra no complexo mundo dos esportes.

    Os critrios que possibilitam fazer uma pri-meira leitura das prticas corporais sistemati-zadas podem ser distribudos em dois grandes grupos: lgica interna e lgica externa. A lgica interna definida pelo francs Pierre Parlebas (2001), idealizador da Teoria da Ao Motriz, como o sistema de caractersticas prprias de uma situao motora e das consequncias que esta situao demanda para a realizao de uma ao motora correspondente (p. 302). E a lgica externa, por sua vez, refere-se s ca-ractersticas e/ou significados sociais que uma prtica esportiva apresenta ou adquire num de-terminado contexto histrico e cultural.1

    Para analisar o esporte a partir da lgica interna importante comear fazendo as se-guintes perguntas: que demandas ou exign-cias motoras as regras de uma determinada modalidade impem aos participantes? H ou no interferncia direta do adversrio durante a execuo de uma ao? H ou no colabo-rao entre companheiros? Quais as funes

    dos participantes no desenvolvimento do jogo?Uma anlise centrada na lgica externa de-

    manda outro tipo de pergunta: como o espor-te se tornou um elemento to forte na cultura contempornea? Por que alguns esportes so considerados socialmente pertencentes ao uni-verso masculino e outros ao feminino? Por que o futebol e no outro esporte se tornou o pre-ferido no Brasil?

    Ambas as formas de analisar o esporte fazem parte dos contedos escolares da Educao Fsica, mas esta unidade dedicada com-preenso mais aprofundada da lgica interna (GONZLEZ, 2004; 2006, RIBAS, 2008). O conhecimento desta dimenso permitir aos estudantes fazerem a leitura das caractersticas de diversas modalidades esportivas existentes com base nos desafios motores impostos aos participantes.

    O sistema de classificao a ser estudado nesta unidade rene um conjunto de categorias muito utilizado por diversos pesquisadores da rea. Elas foram aqui arranjadas de um modo bem particular para permitir uma leitura consis-tente da lgica interna dos esportes e, ao mes-mo tempo, propiciar a insero deste tema nas aulas de Educao Fsica da rede pblica es-tadual (GONZLEZ, 2004; 2006). O sistema exposto detalhadamente ao longo da descri-o das tarefas propostas para os estudantes e complementado com informaes contidas no Caderno do Aluno.

    Em linhas gerais, este sistema de classifica-o com base na lgica interna organiza as modalidades esportivas a partir de dois gran-des critrios: confronto entre adversrios e colaborao entre companheiros.2 De modo

    Um passeio pelo mundo dos esportes

    1 Convm ressaltar que, dada sua abrangncia, esta classificao no se restringe apenas ao esporte, ela tambm utilizada nos estudos que procuram entender a lgica de funcionamento de outras prticas corporais sistematizadas, tais como jogos motores, ginstica, atividades fsicas na natureza, etc. Para saber mais sobre o assunto, consultar Gonzlez (2006) e Ribas (2008).2 Um terceiro critrio importante para a leitura dos diferentes esportes so as caractersticas do ambiente fsico onde a prova realizada. Apesar de serem bem destacadas em vrios trabalhos acadmicos que lidam com esta temtica, estas caractersticas no foram includas na classificao apresentada neste caderno. Consequentemente, as categorias e tipos de esportes a serem estudados pelos alunos se referem exclusivamente s modalidades cujo ambiente onde elas se realizam permanece estvel, ou mesmo nos casos em que o ambiente sofra variao, esta mudana no condio essencial para a realizao da prova. Diferentemente do surfe, que precisa das ondas para que as manobras possam ser feitas (PARLEBAS, 2001; GONZLEZ, 2006; RIBAS, 2008).

    Educao Fsica7 e 8 sries do ensino fundamental

  • 116

    mais especfico, esta classificao identifica duas grandes categorias que resultam do tipo de interao que podemos estabelecer com o(s) adversrio(s) (oposio) na prtica de uma determinada modalidade esportiva. A primeira categoria esportes sem interao entre ad-versrios se divide em trs tipos diferentes de esportes com base no critrio de comparao de desempenhos: esportes de marca, esportes tcnico-combinatrios e esportes de preciso. J na segunda categoria, que rene os esportes com interao entre adversrios, a diviso se d com base nas caractersticas dos princpios tticos que regulam a ao dos participantes durante o jogo, constituindo quatro tipos dife-rentes de esporte: esportes de combate, espor-tes de campo e taco, esportes com rede divis-ria ou parede de rebote e, por fim, esportes de invaso3 (GONZLEZ, 2004; 2006).

    Para que os alunos aprendam a distinguir a lgica interna dos diferentes tipos de esportes, ser necessrio experimentar, descrever e ana-lisar o conjunto de tarefas motoras propostas nesta unidade, aprendendo a traar algumas comparaes com os esportes formais. Em re-sumo, trata-se de um passeio pelo mundo dos esportes que tem a lgica interna como guia.

    importante destacar que algumas moda-lidades esportivas aqui mencionadas so bem conhecidas e outras um tanto estranhas. Usar como exemplo esportes praticamente desco-nhecidos do grande pblico tem um duplo sentido. De um lado, busca-se enriquecer o re-pertrio cultural e ampliar o conhecimento dos alunos sobre esta prtica corporal sistematiza-

    da, instigando a curiosidade por outras formas de se movimentar, alm daquelas mais usuais. Por outro, pretende-se fazer com que os alu-nos exercitem a capacidade de leitura e anlise das diferentes prticas esportivas, inclusive as exticas, tendo como base os conhecimentos disponibilizados neste caderno.

    A unidade est estruturada em trs encon-tros de duas horas (um por semana), tal como algumas escolas estaduais distribuem a car-ga horria da educao fsica. Se necessrio, adapte o que est proposto ao modo como a sua escola organiza a grade. Para tanto, ex-tremamente importante ler na ntegra este ca-derno e o Caderno do Aluno antes de propor turma qualquer uma das atividades abaixo listadas.

    Habilidades

    Para atingir as competncias abaixo enu-meradas, ser necessrio: Identificar o conceito de esporte em rela-

    o a outros termos vinculados cultura corporal de movimento.

    Reconhecer os critrios de lgica interna e de lgica externa.

    Experimentar tarefas motoras com caracte-rsticas diferenciadas.

    Descrever peculiaridades de tarefas moto-ras e o envolvimento de seus participantes.

    Analisar as tarefas motoras com base nos critrios de lgica interna.

    Generalizar critrios de classificao para o conjunto de modalidades esportivas.

    3 H um quinto tipo de esporte dentro desta categoria chamado esportes de translao. A maioria das modalidades a inscritas so motorizadas (Frmula 1, por exemplo), por isso, no sero abordados neste caderno.

    Objetivos

    Ao final da unidade, os alunos tero oportunidade de desenvolver as competncias de: Ler as modalidades esportivas com base nos critrios da lgica interna. Produzir textos (corporais, escritos e grficos) sobre os jogos esportivos experimentados

    e sua relao com as modalidades oficiais. Identificar as caractersticas comuns entre as modalidades oficiais reconhecendo a

    exigncia corporal demandada pelos diferentes tipos de esporte.

  • 117

    Contedos

    Conceito de esporte. Conceitos de lgica interna e lgica exter-

    na dos esportes. Classificao dos esportes com base em

    critrios da lgica interna.

    Tempo de durao: 6 aulas

    Materiais necessrios: giz; cronmetro, fita mtrica; saquinhos de feijo, 4 latas de refrigerantes ou 4 cones (algum objeto que sirva de alvo); 8 bolas de meia; fitas de pano ou papel de 50 cm de cumprimento; uma caixa de papelo; 8 bolas de tnis; 4 pete-cas; corda ou rede de voleibol; material es-portivo convencional (bolas de voleibol, han-debol, futsal).

    Estas aulas procuram diferenciar o esporte de outras manifestaes da cultura corporal de movi-mento e identificar se as caractersticas das moda-lidades permanecem estveis ou variam de acor-do com o local onde so praticadas. As principais habilidades so: distinguir diferentes conceitos vinculados cultura corporal de movimento, rela-cionar determinadas expresses corriqueiras com conceitos da disciplina e reconhecer os critrios de lgica interna e de lgica externa.

    Comece chamando a ateno dos alunos para o fato de que na mdia, particularmente em ano olmpico, so mostradas modalidades esportivas

    que parecem ser muito diferentes das que conhe-cemos, mas que ao serem analisadas de forma mais criteriosa revelam caractersticas comuns a outros esportes mais conhecidos.

    Conceito de esporte

    Antes de entrar no tema desta aula, preciso averiguar o tipo de resposta que os alunos do pergunta o que um esporte? Se os alunos de-monstrarem saber as diferenas bsicas entre es-porte e as outras manifestaes prticas da cultura corporal de movimento (exerccios ginsticos, jo-gos motores populares e/ou tradicionais, dana), timo! Passe rapidamente pelos aspectos abaixo sugeridos e dedique maior ateno ao tpico L-gica dos esportes. Mas se eles no conseguem estabelecer tais diferenas, ser necessrio desen-volver detalhadamente as atividades presentes no Caderno do Aluno iniciando pela Atividade n 1.

    Ento, se preciso for, comece solicitando aos alunos que analisem os tipos de prtica corpo-ral listados de 1 a 10 no Caderno do Aluno e depois anotem nas colunas correspondentes os que foram considerados esporte e os que no foram considerados esporte. Lembre-os de que tambm preciso escrever, em espao indicado logo abaixo das duas colunas, os motivos pelos quais fizeram tais escolhas.

    Professor, assim que os alunos tiverem con-cludo esta primeira parte da tarefa, registre no quadro algumas das justificativas apresentadas para incluso de um determinado tipo de prtica corporal na coluna so esportes e outro tipo na coluna no so esportes. importante des-tacar as semelhanas e diferenas encontradas na alegao apresentada por eles, procurando enfatizar as contradies nos critrios utilizados para definir o que esporte.

    Em seguida, solicite aos alunos com ideias di-ferentes sobre o que esporte que defendam sua posio perante a turma. Esta estratgia os far expor os motivos pelos quais acharam mais con-veniente as respostas que deram questo pro-posta e, consequentemente, trar mais elementos para a interveno pedaggica do professor du-rante as discusses.

    Promova a sntese do processo de discusso e reflexo coletiva e enfatize as duas caracters-ticas que diferenciam o esporte das demais pr-

    Ateno!

    Nem todos os materiais listados so in-dispensveis. Isso depender dos jogos esportivos escolhidos para serem experi-mentados em aula e da organizao di-dtica das atividades. Alm disso, voc pode produzir materiais alternativos com sucata juntamente com os alunos.

    Afinal de contas,o que esporte?(Aulas 1 e 2)

  • 118

    ticas corporais sistematizadas: comparao de um determinado desempenho entre indivduos ou grupos (adversrios); e existncia de um con-junto de regras institucionalizadas por organiza-es (associaes, federaes e confederaes esportivas), responsveis pelo estabelecimento

    Professor, importante problematizar as noes apresentadas pelos alunos, pois eles precisam perceber que elas podem no ser suficientemente claras para diferenciar es-porte de outras manifestaes da cultura corporal de movimento. Caso no tenham apresentado noes divergentes, intervenha com perguntas que exponham a incon-sistncia das noes generalistas de esporte. Por exemplo: quem veio caminhando

    escola hoje? Tendo respostas positivas, pergunte: vocs fizeram esporte durante essa caminhada? Pea para que descrevam de que modo um gari recolhe o lixo das ruas, e logo indague: o gari faz esporte quando corre atrs do caminho carregando sacos de lixo? Faa o mesmo em relao ao exerccio fsico (como as caminhadas e/ou corridas aerbicas) e aos jogos motores populares (amarelinhas, tacobol ou jogo de taco, elstico, etc.). O importante que eles compreendam que nem todo tipo de prtica corporal sistematizada esporte, e que o uso restrito desse conceito auxilia no estudo deste e dos demais temas tratados em Educao Fsica.

    1. Atividade fsica realizada de forma planejada e sistemtica, de frequncia e intensidade definidas, com o objetivo de melhorar ou manter a condio fsica.a) Atividade Fsica

    b) Exerccio

    c) Jogo

    d) Esporte

    2. Manifestao da cultura corporal de movimento, orientada pela comparao de um determinado desempenho entre indivduos ou grupos (adversrios); regida por um conjunto de regras institucionalizadas por organizaes (associaes, federaes e confederaes esportivas), as quais definem as normas de disputa e promovem o desenvolvimento da modalidade em todos os nveis de competio.

    3. Qualquer movimento produzido pelos msculos esquelticos que resulte em um gasto de energia fsica acima do basal.

    4. Atividade voluntria exercida dentro de determinados limites de tempo e espao, e se caracteriza, basicamente, pelo seguinte: criao e alterao de regras pelos prprios participantes, obedincia de cada participante ao que foi combinado coletivamente e apreciao do ato de jogar sem qualquer interesse em um resultado final.

    Dica para a seo Lgicas do Esporte: Aproveite o painel de fotografias 1, que est no Caderno do Aluno para mostrar a diversidade das modalidades esporti-vas. Se preferir, capture imagens de outras modalidades na internet e faa slides (ou transparncias) para projeo em aula, ou ento solicite turma que traga material (fotografias, revistas, jornais) para a montagem de outro painel. Desafie os alunos a arriscarem formas de classificar as modalidades (formar famlias) com base nos critrios que eles mesmos espontaneamente apontaram. Esse exerccio os ajudar a reconhecer se os critrios por eles utilizados pertencem lgica interna ou externa.

    de normas para as disputas de uma determinada modalidade em todos os nveis de competio.

    Em seguida proponha que realizem a Ativi-dade n 2. A tarefa , basicamente, interligar os termos (coluna da esquerda) com suas respecti-vas definies (coluna da direita).

  • 119

    Lgicas dos esportes

    Aps aprenderem o conceito mais restrito de esporte, direcione a ateno dos alunos para a identificao e diferenciao entre l-gica interna e lgica externa.

    Comece mostrando que para ler os es-portes a partir da lgica interna necessrio estar atento s caractersticas especficas que distinguem uma modalidade da outra. Nes-ta perspectiva, as situaes motoras geradas por uma determinada modalidade esto di-retamente ligadas ao conjunto de regras que impem um modo de funcionamento est-vel para esta prtica, independentemente de quem a pratique. Na lgica externa, a leitura dos esportes se faz com base no significa-do social atribudo a esta prtica corporal e pode variar bastante em funo do lugar ou poca em que praticada.

    O futebol, por exemplo, sob o ponto de vista da lgica interna, no traz mudanas significativas em suas caractersticas quando praticado em diferentes lugares do mundo. Ele sempre coletivo, a movimentao dos adversrios sempre influencia a deciso de cada jogador quanto ao passe, drible, dispo-sio em campo ou chute a gol. Entretanto, quando se usa as lentes da lgica externa, d para dizer que o futebol no Brasil pre-dominantemente masculino e que os gran-des clubes do pas (por intermdio dos em-presrios de jogadores) movimentam cifras astronmicas com a compra/venda/salrio de algumas estrelas, restando aos clubes pe-quenos p de obra barato margem do mercado da bola, algo que pode ser bem diferente em outros pases.

    As principais habilidades exercitadas nestas aulas so: experimentar tarefas motoras com caractersticas diferenciadas, descrever as ca-ractersticas das tarefas motoras experimenta-das e o envolvimento de seus participantes.

    O sistema de classificao dos esportes s ser bem entendido pelos alunos se esti-ver sustentado em experincias motoras sig-nificativas. Para tanto, prope-se que logo depois das primeiras discusses acerca do tema, ainda na segunda aula do primeiro encontro, ou ento na primeira aula do se-gundo encontro, os alunos comecem a expe-rimentar prticas motoras com caractersticas semelhantes s do esporte. De modo mais especfico, o objetivo destas aulas realizar um Festival de Jogos Esportivos.

    Os jogos esportivos so entendidos como um tipo especfico de jogo que possui carac-tersticas parecidas com as do esporte, mas dele se diferencia por no ter a formalizao institucional requerida, ou seja, os jogos es-portivos no tm uma federao que oficia-liza regras e regulamenta competies. Esses jogos supem a existncia da comparao de desempenhos entre adversrios em uma determinada prtica motora, e tambm pos-

    Professor, um timo recurso para obser-var o grau de entendimento da turma so-bre o assunto pedir que analisem outras

    modalidades alm do futebol (j citado no exemplo) com base na lgica inter-na e externa. No necessrio, nesse momento, detalhar os conceitos destas duas dimenses. O mais importante faz-los compreender as distines b-sicas entre ambas para, em seguida, centrar todos os esforos no entendi-mento da lgica interna.

    Professor, cabe destacar que toda mo-dalidade esportiva a transformao de alguma outra prtica corporal sistema-tizada que se institucionalizou por inter-mdio de uma federao. H casos em que uma prtica motora de carter l-dico tanto pode ser um jogo muito po-pular em determinado lugar quanto pode ser esporte em outro, como o caso do Kabaddi, cuja descrio se encontra no Caderno do Aluno de 5 e 6 sries desta mesma coleo.

    Festival dejogos esportivos(Aulas 3 e 4)

  • 120

    suem regras, mas estas regras no podem ser consideradas oficiais no sentido exposto acima, j que normalmente so estipuladas de acordo com os interesses e necessidades de um determinado grupo de praticantes.

    Os jogos esportivos so atividades com caractersticas de lgica interna similares quelas dos esportes oficiais no sistema de classificao em estudo. A opo pelos jogos permite que os alunos compreendam mais ra-pidamente o modo de jogar, e assim possam relacionar as caractersticas das diferentes modalidades com as experincias corporais proporcionadas pelo Festival. Isto seria bem mais complicado se a opo fosse trabalhar diretamente com os esportes formais, pois os alunos levariam muito mais tempo tentando assimilar um conjunto de regras especficas de cada modalidade dos sete tipos de espor-tes desta classificao.

    No Festival, os alunos experimentaro pelo menos um jogo esportivo que repre-sente cada um dos sete tipos de esportes da classificao baseada na lgica interna. Dependendo do tempo que voc pretende dedicar a esta unidade, o nmero de jogos pode ser aumentado. Mas fundamental manter a proporcionalidade entre os sete tipos de esporte, pois assim os alunos au-mentaro o repertrio de experincias pr-ticas, tero mais chances de refletir sobre o assunto e, consequentemente, podero compreender melhor os critrios de classifi-cao baseados na lgica interna.

    Proponha pelo menos um jogo em cada uma das categorias apontadas a seguir: 1. Jogos esportivos SEM interao entre

    adversrios (JESEM): 1.1 Jogos de marca; 1.2 Jogos tcnico-combinatrios; 1.3 Jogos de preciso. 2. Jogos esportivos COM interao entre

    adversrios (JECOM): 2.1 Jogos de combate; 2.2 Jogos de campo e taco; 2.3 Jogos com rede divisria ou parede de

    rebote;2.4 Jogos de invaso.

    Do ponto de vista didtico, ser interes-sante dividir o grupo em equipes para par-ticipar dos jogos de forma equilibrada. Pro-ponha a formao de times mistos (meninos e meninas numa mesma equipe) e esteja atento formao de panelinhas. Todos os grupos devem ter, potencialmente, as mesmas condies de vencer os diferentes

    Professor, h um texto neste caderno que traz os conceitos bsicos dos tipos de esporte e prope jogos esportivos para cada um desses conjuntos (Ane-xo). Ele no se destina aos alunos! Est ali para auxili-lo a organizar o Festival e a orientar a anlise que os alunos devero fazer, nas prximas aulas, dos jogos experimentados.

    Professor, fundamental garantir que todos os tipos de esportes previstos pela classificao aqui estudada sejam con-templados, o que significa dizer que eles precisam experimentar no mnimo sete tipos diferentes de jogos esportivos. Se voc considerar necessrio, use mais uma ou duas aulas para o desenvolvi-mento do Festival. Lembre-se, o impor-tante que a experimentao dos jogos funcione como base de compreenso da lgica interna dos esportes. Estimule-os a refletirem sobre esse processo. D o tempo necessrio para pratica-rem e compreenderem quais so as aes motoras requeridas pelo jogo e o que precisa ser feito (individu-almente e coletivamente) para se desempenharem bem.

  • 121

    tipos de jogos. Motive-os a manter a ten-so prazerosa da disputa esportiva!

    Registro da parteprtica do festival

    Durante a realizao dos jogos, os alunos devem realizar registros escritos da experin-cia, conforme sugerido no Caderno do Alu-no. Esteja atento qualidade dos registros, pois eles sero fundamentais na anlise das tarefas. Para conciliar a parte prtica com os registros em aula, d um tempo entre um jogo e outro para descreverem as atividades realizadas com base nos critrios apontados. Da mesma forma, faa uma lista das ativida-des ldicas e adote uma denominao co-mum entre os alunos. Esses procedimentos facilitaro o processo de leitura dos jogos a ser realizado posteriormente.

    Estas aulas tratam de sistematizar as aprendizagens decorrentes das experincias vividas durante o Festival de Jogos Esporti-vos e procuram estabelecer algumas compa-raes com as caractersticas das diferentes modalidades esportivas existentes. As princi-pais habilidades so: analisar as tarefas mo-toras com base em critrios de lgica interna e generalizar os critrios de classificao ao conjunto de modalidades esportivas.

    Aps terem sido experimentadas as tare-fas previstas no Festival de Jogos Esportivos, proponha a anlise e sistematizao das aprendizagens. O objetivo fazer com que os alunos compreendam as diferentes carac-tersticas destes jogos e, por comparao, a dos esportes em geral. Para que esta fase seja proveitosa, importante que os registros escritos dos alunos sobre as caractersticas dos esportes tenham sido ricos em detalhes, e estejam disponveis quando eles forem fa-

    zer as atividades relacionadas classificao das diversas modalidades esportivas.

    Inicie apresentando questes que possibi-litem a classificao dos esportes. Pergunte: entre as atividades realizadas, quais exigiam a colaborao entre os membros da equipe e quais no exigiam? Baseado nesse critrio, os alunos classificaro primeiro os jogos es-portivos experimentados e depois as modali-dades descritas no Caderno do Aluno.

    Neste ponto importante que eles com-preendam que os esportes coletivos no so apenas aqueles que tm interao en-tre adversrios (basquetebol, handebol, fut-sal, etc.), um equvoco bastante comum. As provas atlticas de revezamento, o nado sincronizado e a ginstica rtmica em grupo, por exemplo, so tambm esportes coletivos, pois a colaborao entre companheiros de equipe fundamental para que as referidas modalidades aconteam. Para reforar esta compreenso, solicite aos alunos que preen-cham os quadros que aparecem sob o ttulo Relao de colaborao no Caderno do Aluno.

    Anlise da lgica internados jogos esportivose dos esportes (Aulas 5 e 6)

    Professor, aproveite as provveis con-fuses propiciadas pelos alunos em tor-no da definio de esporte coletivo para reforar a importncia da lgica inter-na como ferramenta de anlise. Mostre que o futebol e o nado sincronizado, por exemplo, tm caractersticas bem distintas entre si, mas no se pode dizer que um coletivo e o outro individual, pois a dinmica de ambos exige a co-laborao entre companheiros de uma mesma equipe para que uma partida ou prova se realize, portanto, so bem coletivos. A diferena bsica no est centrada na presena ou ausncia de colaborao entre os companheiros, e sim no tipo de relao que uma e outra modalidade esportiva esta-belece entre adversrios. Algo que ser detalhado a seguir.

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    A relao entre adversrios (oposio) fundamental para o entendimento da classifi-cao baseada na lgica interna. Quando ob-servamos os esportes de um modo panormico, possvel identificar que em alguns deles a atua-o do atleta no afetada pela ao direta do adversrio. H modalidades que os praticantes esto proibidos de interferirem intencionalmen-te no desempenho do adversrio (por exemplo, ningum pode se intrometer na apresentao de ginstica rtmica por equipes ou invadir a raia alheia na corrida de 100 metros rasos). E por causa desta caracterstica que estas modalida-des se encaixam no grupo dos esportes sem interao entre adversrios.

    J em outro conjunto de modalidades a in-terferncia do adversrio faz parte da dinmica interna do esporte, ela um requisito fundamen-tal na definio dos resultados de uma partida ou prova. Nelas, a ao do atleta em cada mo-mento do jogo est inseparavelmente ligada ao que faz seu adversrio (por exemplo, a atuao de um jogador num jogo de tnis ou de futebol). E por causa desta caracterstica so chamadas de esportes com interao entre adver-srios.

    Tomando como base esse critrio, e aps dis-cusso no grande grupo, proponha o preenchi-mento dos quadros que aparecem sob o ttulo de Relao de oposio no Caderno do Aluno. Nestes quadros os alunos devero inicialmente classificar os jogos esportivos experimentados no Festival e depois as modalidades que foram lis-tadas. Um aspecto central nesta anlise que os esportes com interao no devem ser reduzidos queles em que possvel o contato corporal com o adversrio, j que em um nmero con-sidervel de modalidades a classificadas no permitido o contato corporal (por exemplo, tnis, voleibol, tnis de mesa).

    Tipos de esportes

    O prximo ponto est diretamente relacio-nado possibilidade de identificar nos espor-tes com e sem interao entre adversrios caractersticas que permitam compreender

    a forma de funcionamento dos sete tipos di-ferentes de esportes. Isto significa que, por associao, possvel entender de um modo geral como funciona a maioria das modali-dades existentes.

    Tipos de esportes dentro do conjunto SEM interao entre adversrios

    Explique para os alunos que os esportes em que no h interao entre adversrios, como j comentado, so aqueles nos quais os com-petidores no podem se intrometer na ao do oponente. Nesse conjunto de esportes possvel identificar pelo menos trs grupos di-ferentes de modalidades quando se usa como critrio o tipo de desempenho motor que se compara numa prova para definir quem ga-nha ou quem perde (no Caderno do Aluno h um exemplo entre o salto em distncia e o salto sobre a mesa). Sob esse critrio, as mo-dalidades esportivas podem ser classificadas como:

    Esportes de marca: aqueles baseados na comparao dos registros mensurados em segundos, metros ou quilos (Exemplo: todas as provas do atletismo, como tambm patinao de velocidade, remo, ciclismo, levantamento de peso, etc.).

    Esportes tcnico-combinatrios: aqueles em que a comparao de desempe-nho est centrada na dimenso esttica e acro-btica do movimento, dentro de determinados padres ou critrios (Exemplo: todas as moda-lidades de ginstica acrobtica, aerbica es-portiva, artstica, rtmica, de trampolim , como tambm as provas da patinao artstica, nado sincronizado, saltos ornamentais, etc.).

    Esportes de preciso: aqueles cujo objetivo central arremessar/lanar um objeto procurando acertar um alvo especfico estti-co ou em movimento, levando-se em conside-rao o nmero de tentativas empreendidas, a pontuao estabelecida em cada tentativa (maior ou menor do que a do adversrio) ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo (mais perto ou mais longe do que o adver-srio conseguiu deixar) (Exemplo: bocha, cur-

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    ling, croquet, golfe, sinuca, tiro com arco, tiro esportivo, etc.).

    Tipos de esportes dentro do conjunto COM interao entre adversrios

    Para os esportes em que h interao, o critrio de classificao est vinculado ao ob-jetivo ttico da ao, ou seja, est centrado naquilo que os participantes devem fazer (in-dividualmente nos esportes individuais e indi-vidualmente/coletivamente nos esportes cole-tivos) para alcanar a meta estabelecida nas referidas modalidades e, consequentemente, se sarem bem no confronto esportivo. Sob esse critrio, os esportes com interao po-dem ser divididos em quatro categorias que do nfase aos princpios tticos do jogo:

    Esportes de combate: caracteriza-dos como disputas em que o oponente deve ser subjugado, com tcnicas, tticas e estra-tgias de desequilbrio, contuso, imobiliza-o ou excluso de um determinado espao, na combinao de aes de ataque e defesa (Exemplo: boxe, esgrima, jiu-jtsu, jud, kara-t, luta, sum, taekwondo, etc.);

    Esportes de campo e taco: tm como objetivo rebater a bola o mais longe que puder para tentar percorrer o maior n-mero de vezes as bases ou a maior distncia possvel entre as bases e, assim, somar pon-tos (Exemplo: beisebol, crquete, pesapallo, rounders, softbol, etc.).

    Esportes com rede divisria ou parede de rebote: tm como objetivo arremessar, lanar ou bater na bola em dire-o a setores da quadra adversria em que o rival seja incapaz de devolv-la da mesma forma, ou lev-lo a cometer um erro dentro do perodo de tempo em que o objeto do jogo est em movimento (Exemplos de es-portes com rede divisria: voleibol, vlei de praia, tnis, badminton, pdel, peteca, se-paktakraw. Exemplos de esportes com parede de rebote: pelota basca, raquetebol, squash);

    Esportes de invaso: caracterizados como disputas em que uma equipe tenta ocu-par o setor da quadra/campo defendido pelo

    adversrio para marcar pontos (gol, cesta, touchdown), protegendo simultaneamente o prprio alvo ou meta (basquetebol, corfebol, floorball, frisbee, futebol, futsal, futebol ame-ricano, handebol, hquei na grama, lacros-se, polo aqutico, rgbi, etc.).

    Retomando...

    Esses princpios de classificao permitem observar que, do ponto de vista do desempe-nho comparado, determinados esportes aqu-ticos e terrestres (como o exemplo j citado an-teriormente do nado sincronizado e da gins-tica artstica por equipes) esto pautados por uma mesma lgica de funcionamento, ainda que sejam praticados em ambientes bem dife-rentes.

    Esses princpios tambm ajudam a perceber que os esportes jogados com a mo ou com o p, como o caso do basquetebol e do futsal, so mais parecidos do que poderamos supor antes da observao dos princpios tticos do jogo (comportamento ttico individual, grupal e coletivo). Ou ainda que os esportes que utili-zam instrumentos para bater na bola, como o caso do golfe (tacos) e o hquei (stick), no so nada parecidos quando nos pautamos na l-gica interna. Ao observarmos o funcionamen-to dos esportes levando em considerao o modo como os jogadores se comportam para alcanar o objetivo previsto pela modalidade, percebemos que o golfe, em termos tticos, da mesma famlia da bocha, e o hquei da mesma famlia do futebol.

    Compreender as caractersticas dos tipos de esportes permite localizar a maioria das modalidades num Sistema de Classificao, que funciona como se fosse um mapa dos esportes (tal como mostra o grfico abaixo). Com esse mapa possvel reconhecer os ele-mentos comuns entre as diversas prticas, com-preender de forma global como se define quem ganha ou quem perde uma prova ou partida, alm de ajudar a entender o que devem fazer os jogadores para poder participar de diferen-tes modalidades.

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    Por fim, solicite aos estudantes que realizem as tarefas de sistematizao da unidade, que esto propostas no item Trabalho de reviso no Caderno do Aluno.

    Mapa dos esportes

    Esportes

    Relao de oposio

    Sem interao entre adversrios Com interao entre adversrios

    Desempenho comparado Princpios tticos do jogo

    Marca Tcnico-combinatrio Preciso Combate Campo e taco Rede divisria ou parede de rebote

    Invaso

    Ind. Col. Ind. Col. Ind. Col. Ind. Col. Ind. Col. Col.

    Podem ser classificados de acordo com a

    em

    podem ser classificados de acordo com o tipo de podem ser classificados de acordo com o

    em em

    podem ser podem ser podem ser so so podem ser so

    Dica: Outra tarefa bastante interessante, que pode ser usada em substituio ao traba-lho de reviso sugerido ou como um prolongamento da unidade, dividir a turma em pequenos grupos para que cada um deles invente novos jogos esportivos (ou adapte esportes formais exticos), de acordo com as sete categorias estudadas. Por exemplo, um grupo fica responsvel por inventar um jogo esportivo de marca e um de invaso, outro grupo se responsabiliza pela criao de um jogo tcnico-combinatrio e um jogo com rede divisria ou parede de rebote e assim por diante. Depois de planejarem e experimentarem os jogos criados dentro dos grupos, os alunos passariam a uma etapa de apresentao e experimentao das novidades para toda a turma. Claro que isso exigiria um tempo considervel, mas pode funcionar como uma interessante estratgia de sistematizao ou at mesmo como uma forma de continuar estudando o tema no transcorrer do ano letivo.

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    AnexoFestival de jogos esportivos

    O texto a seguir apresenta o sistema de classificao dos esportes a ser estudado nesta unidade. Trata-se de uma descrio um pouco mais detalhada dos critrios de composio destes conjuntos para subsidiar as intervenes em aula. Constam tambm sugestes de jogos esportivos correspondentes a cada uma das categorias propostas. Se voc preferir trabalhar com outros jogos que representem cada uma das sete categorias, priorize aqueles que possuem regras bem simples, pois a experincia mais im-portante para os alunos nesta atividade no aprender a regra ou a tcnica de um determinado jogo ou esporte, e sim sentir na pele as principais caractersticas que fazem com que um jogo esportivo pertena a uma determinada categoria e no a outra.

    1. Jogos esportivos SEM interao entre adversrios (JESEM)

    1.1 Jogos de marca

    Os jogos esportivos de marca, como tambm os esportes deste tipo, so aqueles baseados na com-parao dos registros mensurados em segundos, metros ou quilos. Por exemplo, um conjunto de provas em que os adversrios competem comparando o menor tempo obtido numa corrida, a maior distncia alcanada num salto ou a maior quantidade de peso levantada. Existem outros exemplos nesta catego-ria, como a natao ou o ciclismo.

    1.2 Jogos tcnico-combinatrios

    Os jogos esportivos tcnico-combinatrios, como os esportes deste tipo, so aqueles nos quais a comparao de desempenho est centrada na dimenso esttica e acrobtica do movimento. Podemos afirmar que a realizao de aes motoras dentro de determinados padres tcnico-combinatrios o elemento mais importante nestas prticas corporais. So inmeras as modalida-des pertencentes a esta categoria e, entre os esportes mais tradicionais, d para citar a ginstica artstica, ginstica rtmica, nado sincronizado, saltos ornamentais. Atualmente tm surgido novas modalidades acrobticas que apresentam a mesma lgica, como o caso do skate.

    Uma caracterstica central destas prticas corporais a necessidade de avaliadores que tenham a capacidade de determinar o nvel de desempenho alcanado. Os rbitros atribuem notas atuao dos participantes de acordo com critrios determinados pelas respectivas federaes ou instituies organizadoras.

    **Para o Festival de jogos esportivos possvel utilizar atividades em pequenos grupos, que possam ser desenvolvidas de forma sincronizada e com movimentos bem definidos, tais como uma coreografia com no mnimo 15 e no mximo 25 movimentos, que tenham movimentos obri-gatrios (um salto, um giro e um trabalho no cho) em que se avaliaria a criatividade, a sincronia

    **Para o Festival de jogos esportivos, possvel preparar tarefas que permitam a utilizao de instru-mentos de medida para captar os resultados obtidos, tal como cronmetro ou fita mtrica (corrida de estafeta, salto em distncia com os dois ps unidos, lanamento de pelota). Mas, ateno, aqui muito importante salientar que o objetivo da tarefa fazer com que os alunos compreendam o funcionamento e as caractersticas dos esportes de marca, sem enfatizar quem entre eles est mais apto fisicamente para esta ou aquela modalidade. fundamental, tambm, que a prova proposta seja compatvel com a idade e capacidade motora dos alunos. Isto vale para todos os demais tipos de jogos.

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    **Para o Festival de jogos esportivos devero ser evitadas as modalidades em que o objetivo seja atingir com golpes o corpo do adversrio. fundamental que se tenha muito cuidado na seleo destes jogos.

    Uma boa alternativa para o Festival seria a utilizao do jogo de pegar o rabo. O comba-te se d entre dois adversrios que se posicionam um frente ao outro com uma tira de pano ou jornal presa na cintura, na parte posterior das calas, com um comprimento suficiente para que chegue altura dos joelhos. O objetivo conseguir tirar o rabo do oponente sem perder o prprio. Durante a disputa os competidores no podem fugir do combate, nem esconder o prprio rabo. Deve-se proibir o contato corporal entre os adversrios para evitar que os alu-nos se machuquem. Outra boa alternativa a luta ombro a ombro, jogo esportivo disputado

    1.3 Jogos de preciso

    Os jogos de preciso ou alvo, da mesma forma que os esportes deste tipo, so aqueles cujo prop-sito central arremessar/lanar um objeto procurando acertar um alvo especfico esttico ou em movi-mento, levando-se em considerao o nmero de tentativas empreendidas, a pontuao estabelecida em cada tentativa (maior ou menor do que a do adversrio) ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo (mais perto/longe do que o adversrio conseguiu deixar). Muitos so os esportes nesta cate-goria, por exemplo: arco e flecha, boliche, curling, dardo de salo, golfe, sinuca, bilhar. No Brasil, um dos jogos populares mais conhecidos e difundidos nesta categoria a bocha.

    Neste tipo de jogo, preciso cuidar para que a dificuldade maior esteja centrada na preciso do movimento e no na fora ou na velocidade empregada. Diversos jogos motores entram nesta cate-goria e podero ser utilizados de acordo com o grupo a ser trabalhado.

    2. Jogos esportivos COM interao entre adversrios (JECOM):

    2.1 Jogos de combate

    Os jogos desta categoria, como os esportes de combate, so individuais e se caracterizam como disputas em que o oponente deve ser dominado com tcnicas, tticas e estratgias de desequilbrio, contuso, imobilizao ou excluso de um determinado espao na combinao de aes de ataque e defesa. Os esportes de combate ou luta vm ganhando projeo no campo esportivo, isto se deve em parte ao processo de ocidentalizao das artes marciais orientais. Entre outras modalidades pode ser destacado o jud, karat, kendo, aikido, jiu jitsu, alm de algumas j bastante antigas no Ocidente, tais como a esgrima, o boxe e a luta greco-romana.

    **Para o Festival de jogos esportivos dentro desta categoria, possvel trabalhar com atividades como o tiro-ao-alvo (lata) com uma bola ou arremesso de um saquinho de feijo em um alvo concntrico desenhado no cho, com pontos diferentes em cada crculo. Tambm se pode percorrer um circuito de alvos (crculos desenhados no cho), distribudo em todo o espao disponvel para a Educao Fsica.

    e a realizao correta dos movimentos. fundamental, no entanto, que a dificuldade colocada para realizar a atividade seja adequada ao nvel dos participantes, e que se d liberdade a eles para criarem suas prprias coreografias. Sendo o desempenho determinado apenas por avalia-o externa, fundamental que os rbitros sejam objetivos e claros em suas avaliaes, utilizan-do os mesmos critrios. Esse papel poderia ser desempenhado por professores de outras reas e/ou alunos de outras turmas, previamente orientados sobre os aspectos a serem avaliados.

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    **Para o Festival de jogos esportivos pode ser utilizado o prprio jogo de taco, pro-vavelmente mais conhecido pelos alunos, ou outro que tenha a mesma lgica e se adapte melhor ao grupo. O jogo que segue, extrado de Devs e Peir (1992), tambm tem as mesmas caractersticas.

    Jogo Bolas na caixa: Forme dois grupos com o mesmo nmero de jogadores (que podem ser quatro, cinco ou mais). Distribua no ptio trs cones de um modo que formem um tringulo e ponha uma caixa no centro. Os jogadores do grupo A (atacantes) espalham as bolas (podem ser trs ou mais) dentro dessa rea de jogo (ver figura ao lado), e em seguida se pem a correr, um de cada vez, ao redor dos materiais. Eles s vo parar de dar voltas quando o grupo B (defensores) conseguir recolher e colocar todas as bolas lanadas dentro da caixa. O nmero de voltas que a equipe atacante conseguir dar anota-do. A mesma configurao se repete em quatro rodadas, depois disso os grupos trocam de posio: o grupo A passa a ser defensor e o grupo B atacante. im-portante destacar que a equipe que estiver atacando tem que estar bem atenta, pois se algum de seus jogadores ainda estiver correndo quando a ltima bola for colo-cada na caixa, os defensores ganharo um ponto. Se os defensores conseguirem marcar dois pontos, os grupos trocam de posio antes mesmo de serem completa-das as quatro rodadas.

    B

    BB

    B

    B

    A

    ConeCaixa

    A

    A A A

    2.2 Jogos de campo e taco

    O princpio dos jogos nesta categoria, como o dos esportes de campo e taco, o seguinte: de uma determinada posio no campo, rebater a bola o mais longe que puder para tentar percorrer o maior nmero de vezes as bases (ou a maior distncia possvel entre as bases) e, assim, somar pontos. H diversos esportes que se enquadram nesta categoria, por exemplo: beisebol, crquete, pesapallo, rounders, softbol.

    Atualmente possvel encontrar, em diferentes lugares do Brasil, um jogo motor dentro desta lgica conhecido com o nome de taco, tacobol ou bte. Este jogo seria uma adaptao do crquete, pratica-do principalmente na Inglaterra e nas antigas colnias inglesas.

    por duas pessoas dentro de um crculo com um dimetro de aproximadamente trs metros. Os competidores tentam fazer com que o adversrio pise fora do crculo, incluindo a linha, usando somente o ombro. Ambos devem estar com as mos entrelaadas para trs. proibido bater com o ombro no colega ou apoiar o ombro em qualquer outra parte do corpo do adversrio que no seja o ombro. Se os competidores soltarem as mos, se baterem ou se empurrarem, o professor dever encerrar a tarefa. Lembre-se, na prtica de esportes de combate em escolas, o cuidado com a segurana dos alunos fundamental.

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    2.3 Jogos com rede divisria ou parede de rebote

    Os denominados jogos com rede divisria, como tambm os jogos com parede de rebote, como os respectivos esportes dentro deste tipo, apresentam princpios tticos muito similares, por isso so considerados dentro de um mesmo tipo. Resumidamente, o propsito fundamental dessas prticas corporais arremessar, lanar ou bater na bola em direo a setores da quadra adversria em que o rival seja incapaz de devolv-la do mesmo modo, ou lev-lo a cometer um erro dentro do perodo de tempo em que o objeto do jogo est em movimento. Diversas so as modalidades que podem ser classificadas dentro desta categoria. Exemplos de esportes com rede divisria: badminton, tnis, tnis de mesa, pdel, voleibol, vlei de praia. E com parede de rebote: pelota basca, raquetebol, squash.

    2.4 Jogos de invaso

    Os denominados jogos de invaso ou territoriais, como tambm os esportes deste tipo, exigem de seus protagonistas uma srie de comportamentos tticos similares, vinculados aos denominados subpapeis (atacante com posse da bola, atacante sem posse da bola, defensor do atacante com posse da bola, defensor do atacante sem posse da bola). Em sntese, os jogos de invaso so caracterizados como disputas em que uma equipe tenta ocupar o setor da quadra/campo defendido pelo adversrio para marcar pontos (gol, cesta, touchdown), protegendo simultaneamente o prprio alvo ou meta. As modalidades mais populares desta categoria so o futebol, futsal, basquetebol e handebol, mas exis-tem muitas outras, por exemplo: corfebol, floorball, frisbee, futebol americano, hquei na grama e no gelo, lacrosse, polo aqutico, rgbi.

    O Brasil, conhecido como o pas do futebol, tem em seu esporte mais popular um claro exemplo de esporte de invaso. Contudo, seria importante dar chance aos alunos de conhecerem outros jogos esportivos para que possam ampliar sua cultura esportiva.

    **Para o Festival de jogos esportivos recomendvel escolher um jogo que utilize no mximo quatro jogadores por equipe. Abaixo, seguem duas sugestes de jogos que po-dem representar esta categoria.

    Ataque aos baldes: Dois grupos com igual nmero de jogadores. Coloque dois baldes (ou cones) atrs da linha de fundo de um campo de jogo de dimenses simi-lares meia quadra de handebol, aproximadamente a quatro me-tros de distncia. O jogo comea quando a bola lanada ao ar ou uma equipe a coloca em movi-mento. O objetivo do jogo acer-tar a bola no balde contrrio, cada vez que algum consegue acertar

    **A peteca pode representar muito bem a categoria jogos esportivos com rede divisria durante o Festival.

    Essa prtica um jogo indgena brasileiro, jogado com uma espcie de pequena bola achatada e leve, feita de couro ou de outro material, guarnecida por penas longas reunidas em feixe, que se lana ao ar com as palmas das mos (no Nordeste elas so feitas com a palha e o cabelo do milho, e conhecida por bola-de-milho). Em muitos estados brasileiros, a peteca um esporte formal, ou seja, sofreu um processo de institucionalizao.

    Balde Balde

    0 0

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    4 Mais detalhes sobre este jogo podem ser encontrados no seguinte endereo:

    Referncias

    DEVS-DEVS, J.; PEIRO, C. Nuevas perspectivas curri-culares en educacin fsica: La salud y los juegos mo-dificados. Barcelona: INDE Publicaciones, 1992.GONZLEZ, F. J. Sistema de classificao de esportes com base nos critrios: cooperao, interao com o adversrio, ambiente, desempenho comparado e objetivos tticos da ao. Lecturas Educacin Fsica y Deportes, Buenos Aires, v. 71, p. 1-8, 2004. Dispon-vel em:

    Para saber mais

    As modalidades que estamos considerando exti-cas podem ser vistas no You Tube, o mais popular site dedicado ao compartilhamento de vdeos. Bas-ta digitar o nome da modalidade na ferramenta de busca l mesmo .

    A maioria dos esportes aqui mencionados tem descri-o detalhada na enciclopdia Wikipdia, disponvel no seguinte endereo virtual: .

    Informaes detalhadas sobre as modalidades olm-picas voc encontra no site do Comit Olmpico Brasileiro e em sites que foram montados especificamen-te para os jogos olmpicos, por exemplo: .

    O Atlas do Esporte no Brasil tambm pode ser consultado no seguinte link: .

    As confederaes, federaes, associaes esporti-vas tambm so uma fonte de consulta muito inte-ressante. Confira algumas das que possuem link no portal do Ministrio do Esporte do Brasil.

    Colaboradores dos Cadernos do Professor e do Aluno Fabrcio Dring MartinsGilmar WiercinskiJaqueline KemppMariane Hagemann Valduga

    Acesso em: 23 jun. de 2009.GONZLEZ, F. J. Sistema de classificao dos esportes. In: Ricardo Rezer. (Org.). O fenmeno esportivo: ensaios crtico-reflexivos. Chapec: Argos, 2006, p. 111-120. PARLEBAS, P. Juego deporte y sociedad. Lxico de pra-xiologa motriz. Barcelona: Paidotribo, 2001.RIBAS, J. F. M. (Org.) Jogos e esportes: fundamentos e reflexes da praxiologia motriz. Santa Maria: Editora da UFSM, 2008.

    * Badminton www.badminton.org.br/* Esporte de gelohttp://www.cbdg.org.br/* Lutashttp://www.cbla.com.br/* Kendohttp://www.cbk.esp.br/* Pdelhttp://cbpadel.com.br/padel/* Pelota bascahttp://www.pelotabasca.com.br/pelota/* Rgbi http://www.brasilrugby.com.br/abr.htm

    marca um ponto para sua equipe. Quando a bola sair dos limites da quadra, deve ser recolocada em jogo a partir da linha lateral pela equipe que no foi a ltima a tocar na bola. Neste jogo podem ser utilizadas algumas estratgias que acentuem o reconhecimento de semelhanas entre os esportes de invaso, por exemplo, mudar o tipo de bola (da bola de handebol para a de futsal).

    Ultimate Frisbee:4 O Ultimate Frisbee praticado com um disco (fresbee). O obje-tivo do jogo apanhar o frisbee em uma zona de pontuao que fica atrs da linha de fundo de uma quadra ou campo. Os integrantes da equipe atacante passam o frisbee de jogador para jogador. Ao receb-lo, devem fixar um p de piv (ao estilo do bas-quete) e pass-lo antes de 10 segundos, ou seja, no se pode correr com o frisbee na mo. Os integrantes da equipe de defesa devem impedir que os atacantes recebam o frisbee na zona de pontuao. Ganha quem fizer mais pontos.

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    Anotaes

  • Fernando Jaime GonzlezAlex Branco Fraga

    Ensino Mdio1o, 2o, e 3o anos

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    Apresentao

    O esporte um fenmeno de mercado, um espetculo miditico e tambm um aspec-to da vida cotidiana. Muitas pessoas dedicam parte do seu tempo livre prtica esportiva. Em linhas gerais, as manifestaes do esporte acontecem de duas maneiras: esporte de rendimento e esporte de participao. A primeira tem como principal caracterstica a preocupao com o resultado da disputa esportiva, e funciona com base na melhoria constante do desempenho comparado entre atletas ou equipes. Isso significa, entre outras coisas, a necessidade de dedicao exclusiva (ou quase) de parte do conjunto de agentes esportivos envolvidos (atletas, comisso tcni-ca, dirigentes), gerando graus distintos de pro-fissionalizao e alguma chance de ganhar a vida com o esporte.

    J o esporte de participao pode ser ca-racterizado como uma prtica realizada no tempo livre da populao em geral, sem nenhum tipo de retorno econmico pelo de-sempenho alcanado, que pode acontecer com maior ou menor grau de organizao e em diferentes contextos sociais. Mas nem todo esporte que se realiza no tempo livre pode ser tratado como lazer, pois existem pelo menos dois modos diferentes de viver o esporte, apesar de muita gente pensar que h somente um. De um