webjornalismo colaborativo -...

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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social ROBERTA POLIANI VIEGAS WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO INFORMATIVO DO PORTAL R7 São Bernardo do Campo, 2015

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

ROBERTA POLIANI VIEGAS

WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA

DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO

INFORMATIVO DO PORTAL R7

São Bernardo do Campo, 2015

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

ROBERTA POLIANI VIEGAS

WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA

DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO

INFORMATIVO DO PORTAL R7

Dissertação apresentada em

cumprimento parcial às exigências do

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social,

da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP),

para a obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Marli dos Santos

São Bernardo do Campo, 2015

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A dissertação “Webjornalismo Colaborativo - A presença dos usuários no conteúdo

informativo do Portal R7” elaborada por Roberta Poliani Viegas foi defendida no dia

________ de ________ de _______, tendo sido:

( ) Aprovada, mas deve incorporar nos exemplares definitivos modificações sugeridas

pela banca examinadora, até 60 (sessenta) dias a contar da data da defesa.

( ) Aprovada

( ) Aprovada com louvor

Banca Examinadora:

Área de concentração: Processos Comunicacionais

Linha de pesquisa: Comunicação midiática nas interações sociais

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A Deus

À Metodista

A minha orientadora

A minha mãe

Ao meu esposo

Aos meus amigos

Ao meu bichinho de estimação “Snoopy”

Ao Jornalismo

Ao Portal R7 e todos os entrevistados

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Criar meu web site

Fazer minha homepage

Com quantos gigabytes

Se faz uma jangada

Um barco que veleje

Que veleje nesse informar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve um oriki do meu velho orixá

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve meu e-mail até Calcutá

Depois de um hot-link

Num site de Helsinque

Para abastecer

Eu quero entrar na rede

Promover um debate

Juntar via Internet

Um grupo de tietes de Connecticut

“Pela Internet”

Gilberto Gil

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Metodista de São Paulo * À Marli dos Santos (uma pessoa fantástica,

brilhante e que acreditou e me acompanhou em todos os processos desta pesquisa) * A

todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social * Ao

Portal R7 (pela abertura e livre acesso para a realização deste projeto * Aos jornalistas

entrevistados do Portal R7 * Ao Hugo Freitas Machado (que por pouco tempo de

convivência, mostrou-se ser parceiro e companheiro, sempre ao meu lado, me

abastecendo com água, café, salada de frutas e, principalmente com abraços de

conforto) * À Nilce Poliani Viegas (minha mãezinha que também não deixou de cuidar

e de se preocupar) * Aos meus irmãos * Aos meus sobrinhos * Aos meus familiares *

Aos meus amigos * Ao professor Laan Mendes Barros * Ao professor Paulo Rogério

Tarsitano * Ao professor Fernando Ferreira de Almeida * À Damiana (ex-colega de

trabalho e revisora deste trabalho) * A Kátia Bizan * Aos meus coordenadores Marcio e

Simone * Aos amigos Gabriel Rimi e Marcelo Matihusy que ajudaram na concepção do

meu pré-projeto * À Letícia, ao Bruno e todos os estagiários do Núcleo de Eventos da

AGICOM * Aos meus colegas de trabalho * Enfim, a todos que me acompanham e

ainda acompanharão os meus passos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Eu, repórter 49

Figura 2 WhatsApp do Extra 49

Figura 3 Matéria sobre WhatsApp do Extra 50

Figura 4 Copa do Mundo 51

Figura 5 Eleições em Londres 51

Figura 6 Acidente com celebridades 52

Figura 7 Portal R7 81

Figura 8 Globo.com 81

Figura 9 UOL 81

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RESUMO

Este estudo procura verificar como ocorre a colaboração dos usuários no conteúdo

informativo do Portal R7, a partir da nova configuração da internet, a web 2.0, criada

em 2004. O termo web 2.0 surgiu para qualificar uma segunda geração de comunidades

e serviços, em um ambiente de interação e participação que engloba diversas

linguagens. Com o crescimento da adesão à tecnologia digital, algumas barreiras que

limitavam a colaboração nos conteúdos informativos foram superadas e o ambiente

comunicacional tornou-se um espaço de intercâmbio para experiências e práticas do

cotidiano. Nesse cenário, os internautas passam a ter uma relação mais aproximativa nos

processos midiáticos presentes no suporte digital, no qual o cidadão pode se expressar,

ter maior visibilidade e se relacionar a partir do momento em que ele produz, publica e

compartilha qualquer tipo de conteúdo, seja de caráter informativo ou de

entretenimento. A revisão bibliográfica abrangeu autores como Ciro Marcondes Filho,

José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel,

Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra, entre outros. O método de investigação

utilizado é o qualitativo, por meio de uma pesquisa exploratória descritiva, do tipo

estudo de caso. Os instrumentos para a investigação foram a observação direta

assistemática e a entrevista semiestruturada (ou semiaberta). O principal resultado

obtido é que o webjornalismo colaborativo no Portal R7 é prioritariamente induzido

pelas redes sociais, especialmente o Facebook e o Twitter, inspirado no “call for

action”, como estratégia para chamar à colaboração. As práticas jornalísticas estão

intrinsicamente dependentes da ação do usuário, sendo que o jornalista agrega às

práticas de checagem uma nova etapa, a de relacionamento com o usuário do Portal,

para agregar e fidelizar a audiência, valorizando a colaboração em todas as etapas de

produção.

Palavras-chave: Webjornalismo, Colaboração, Usuários, Conteúdo informativo, Web

2.0.

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ABSTRACT

The objective of this study is check how works the internet users collaboration in the

informative content of “Portal R7” since the web 2.0 was creation in 2004. The term

web 2.0 appeared to qualify a second generation of services and communities, in a new

interaction and participation environment that includes several languages. With the

growth of digital technology accession, some barriers that limited the collaboration in

informative contents were overcome and the communication environment becomes an

experience exchange local and daily practices.In this scenario, the surfers now have a

near relationship in the media processes present in the digital support, in which citizens

can express, be more visible and relate from the moment that his produce, post and

share any type of content, could be informative or entertainment.The literature review

covers the authors such as Ciro Marcondes Filho, José Marques de Melo, Nelson

Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel, Raquel Recuero, Polyana

Ferrari, Squirra, among others.The research method used is qualitative, through a

descriptive exploratory research, like a case study.The instruments for research were the

direct observation and the semi-structured interview (or semi-open). The main result is

that the collaborate web journalism in the “Portal R7” it is primarily induced by social

networks, in specially Facebook and Twitter inspired by call for action like a strategy to

call the collaboration.The journalist practices are intrinsically dependent on user’s

actions, and the journalist adds to the check practices a new stage related a relationship

with the Portal user to assemble and retain the audience, enhancing the cooperation in

all production stages.

Key words: Web journalism, Collaboration, Users, Informative content, Web 2.0

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RESUMEN

Este estudio busca verificar como ocurre la colaboración de los usuarios en el contenido

informativo del Portal R7, a partir de una nueva configuración de internet, web 2.0,

creada en 2004. El término web 2.0 surgió para calificar una segunda generación de

comunidades y servicios, en un ambiente de interacción y participación que envuelve

diversos lenguajes. Con el crecimiento de la adhesión a la tecnología digital, algunas

barreras que limitaban la colaboración en los contenidos informativos fueron superadas

y el ambiente comunicacional se hizo un espacio de intercambio para experiencias y

prácticas del cotidiano. En este escenario, los internautas pasan a tener una relación más

próxima en los procesos mediáticos presentes en el soporte digital, en lo cual el

ciudadano puede expresarse, tener más visibilidad y relacionarse a partir del momento

en que él produce, publica y comparte cualquier contenido, sea de carácter informativo

o de entretenimiento. La revisión bibliográfica incluyó autores como Ciro Marcondes

Filho, José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo

Träsel, Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra entre otros. El método de

investigación utilizado es el cualitativo, por medio de una investigación exploratoria

descriptiva, del tipo estudio de caso. Los instrumentos para la investigación fueron la

observación directa asistemática y la entrevista semiestructurada (o semiabierta). El

principal resultado obtenido es que el webperiodismo colaborativo en el Portal R7 es

prioritariamente inducido por las redes sociales, especialmente Facebook, Twitter,

inspirado en el “call for action”, como estrategia para llamar la colaboración. Las

prácticas periodísticas están intrínsecamente dependientes de la acción del usuario,

siendo que el periodista agrega las prácticas de chequeo de una nueva etapa, la de

relacionamiento con el usuario del Portal, para agregar y fidelizar la audiencia,

valorando la colaboración en todas las etapas de producción.

Palabras clave: Webperiodismo, Colaboración, Usuarios, Contenido informativo, Web

2.0

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO BRASILEIRO:

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ........................................................................ 19

1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil ............................. 19

1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web ......................................... 26

1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0 ......................... 28

CAPÍTULO 2 – CIDADÃO PARTICIPATIVO, VISIBILIDADE E O

WEBJORNALISMO COLABORATIVO ..................................................................... 34

2.1 Cultura da Participação ou da Visibilidade?......................................................... 34

2.2 Webjornalismo Colaborativo ................................................................................ 38

2.3 Interatividades nas redes e no webjornalismo ...................................................... 43

2.4 Meios de colaboração no webjornalismo: o caso Whatsapp ................................ 46

CAPÍTULO 3 - A EVOLUÇÃO DOS PORTAIS NOTICIOSOS ................................. 53

3.1 A evolução dos portais noticiosos ........................................................................ 53

3.2 Alguns desafios dos portais .................................................................................. 57

3.3 O portal estudado .................................................................................................. 58

3.3.1 O conteúdo do R7 .............................................................................................. 61

CAPÍTULO 4 – WEBJORNALISMO COLABORATIVO NA PRÁTICA .................. 64

4.1 Procedimentos Metodológicos ............................................................................. 64

4.2 Colaboração no webjornalismo ............................................................................ 67

4.2.1 Mudanças no jornalismo na era da internet ....................................................... 68

4.2.2 Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística .................... 70

4.2.3 Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ............................................. 74

4.2.4 Avaliação da colaboração .................................................................................. 79

4.2.5 Algumas observações sobre a colaboração no Portal R7 .................................. 79

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 86

ANEXO A- Roteiro da entrevista semi-estruturada ....................................................... 95

ANEXO B- Questões complementares .......................................................................... 96

ANEXO C- Entrevistas na íntegra.................................................................................. 98

ANEXO D- Mudanças no jornalismo na era da internet .............................................. 136

ANEXO E- O Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística ........ 137

ANEXO F- Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ..................................... 138

ANEXO G- Estratégias para atingir o público ............................................................. 139

ANEXO H- Avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico.... 140

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INTRODUÇÃO

Estudar e analisar a colaboração do usuário na produção de conteúdo em um dos

principais portais noticiosos brasileiros – o Portal R7 – é relevante devido às

transformações tecnológicas e comportamentais ocorridas tanto na sociedade quanto no

fazer jornalístico.

A evolução da internet, as redes sociais e seus aplicativos propiciaram mais

oportunidades de interação com os veículos de comunicação, afetando as formas de

relacionamento e comportamento dos usuários, principalmente no que se refere à sua

participação em assuntos que possam interferir na sociedade. É também uma maneira

que os internautas encontraram para estar sempre presentes produzindo e difundindo

informações, inclusive como forma de sair do anonimato e manifestarem suas opiniões.

Acredita-se que as mudanças muitas vezes são benéficas, criam oportunidades

além de readequar processos em estruturas que acreditávamos estarem consolidadas. Os

processos comunicacionais e as redes sociais proporcionaram esta nova concepção de

colaboração e fazer jornalístico, envolvendo diversas camadas das classes sociais.

A colaboração do usuário na produção de conteúdo acompanha a evolução

tecnológica e seus processos. Inicialmente, com a inserção do jornalismo na web,

acreditava-se que o jornalismo digital proporcionaria um diário na web cada vez mais

interativo.

Se esta interatividade ainda não está totalmente presente no webjornalismo,

podemos supor também que tal liberdade de expressão e manifestação desejada pelo

usuário comum também não esteja totalmente representada nos conteúdos noticiosos

dos principais portais brasileiros, uma vez que muitas empresas jornalísticas têm a sua

linha e perfil editorial, e que quase sempre acabam controlando tal participação e

manifestação.

Mas, no novo cenário, o produtor de informação passou também a ser

consumidor desse conteúdo, consolidando o modelo de comunicação de “muitos-para-

muitos”. No ciberespaço, potencialmente, qualquer cidadão com acesso a um celular ou

computador pode contribuir na geração e recepção de conteúdo.

A presença do usuário vem ocorrendo gradativamente com a transformação da

comunicação e o advento das novas tecnologias. Desde a implantação do jornalismo

online, a colaboração dos usuários no conteúdo noticioso vem se tornando cada vez

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mais presente. Pode-se dizer que com a evolução da web 1.0 para a web 2.0, esta

participação mostrou-se mais engajada e mais técnica, uma vez que outras formas de

interação, como as redes sociais e os novos aplicativos disponíveis nas redes sociais,

possibilitaram uma evolução no processo colaborativo, tornando-se uma maneira

habitual e cotidiana dos usuários quanto ao envolvimento que estes buscam na produção

e disseminação das notícias.

Hoje o jornalismo conta com a colaboração de um usuário comum que busca

pela sua exposição e liberdade de expressão junto à sociedade contemporânea: ele é

visto nas redes sociais como um ator social. Segundo Recuero (2011, p. 25), “os atores

sociais são considerados como um dos elementos que compõem as redes sociais na

internet, eles são os primeiros elementos da rede social, representados pelos nós (ou

nodos)”. Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas

sociais, através da interação e da constituição de laços sociais, e são representados no

ciberespaço por um weblog, por um fotolog, ou mesmo por um perfil no Twitter ou

Facebook.

As conexões, de outro lado, são os elementos que vão criar a estrutura na qual as

representações formam as redes sociais. Essas conexões, na mediação da internet,

podem ser de tipos variados, construídas pelos atores, ou usuários, por meio da

interação. Neste estudo trataremos “atores” como usuários, pois a colaboração sofre

uma readequação, de acordo com filtros jornalísticos.

Segundo Malini (2008, p. 2) no seu artigo “Modelos de Colaboração nos meios

sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo”, a

internet interliga os indivíduos e os possibilita formar o seu próprio habitat de

comunicação sem, para isso, ter de passar por qualquer mediação. Segundo o autor, a

colaboração crescente dos usuários na produção de conteúdo para sites públicos e

comuns na Internet gera uma “nova audiência” em “novos meios de comunicação” que

contêm conteúdo multimídia que “complementam, subvertem ou ainda divergem”

daqueles emitidos pelos veículos da mídia de massa.

Podemos afirmar que não há mediação quando os conteúdos são produzidos em

redes sociais, blogs e sites pessoais, porém, a realidade pode ser bem diferente quando

se trata de conteúdo de portais, sites e blogs editados por empresas jornalísticas. Um

estudo sobre o jornal O Globo, seção “Eu repórter”, Mendes (2009), em seu artigo “Do

leitor para a web e da web para o impresso: dilemas do jornalismo participativo no

Globo” relata que a empresa por um lado se esforça para incorporar a participação do

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leitor em seus vários formatos, de outro, enfrenta resistências no processo. O estilo de

texto mais livre e espontâneo que vem ganhando espaço na internet não é bem aceito no

jornal. A autora menciona um exemplo de narrativa de um usuário participativo que é

transformada em depoimento e descaracterizada na edição impressa do veículo.

Ainda em relação à prática do jornalista, também será destacada a função do

Gatekeeper (definição originalmente utilizada por David White), além da concorrência

e outros filtros que interferem na produção jornalística. O Gatekeeper surgiu na

sociedade industrial, quando a informação passou a ser um bem muito valioso. Segundo

Pena (2006), é a partir deste cenário que o jornalista passa a ter uma função

fundamental, que é de mediar e selecionar as notícias. Esses profissionais estão imersos

na cultura jornalística, ligados a uma rotina de produção, sendo que a diferença

atualmente na sua atuação é a participação do usuário comum como gerador de

conteúdo.

De uma forma ou de outra, o material colaborativo é analisado pelo profissional.

O jornalista assume o papel de filtrar o conteúdo disponível na rede ou mesmo enviado

por colaboradores. Sendo assim, podemos entender que nem todo conteúdo gerado pelo

usuário será utilizado na notícia.

O usuário passa a ser uma fonte de informação que disponibiliza em tempo real

aquilo que lhe é interessante e importante e que faz parte do seu cotidiano, cabendo ao

jornalista nesta sua nova função filtrar estes conteúdos e publicar ou não de acordo com

a linha editorial do veículo ou portal no qual ele trabalha.

Destaca-se também a necessidade do cidadão comum participar da história, a

partir de seu cotidiano. Com base nos estudos de Agnes Heller, em “O cotidiano e a

história”, (2000), e nos estudos de Michel de Certeau, na obra “A invenção do

cotidiano” (1998), se discutirá o senso comum da sociedade atrelado ao senso comum

jornalístico, e que ambos podem ser captados pelos portais noticiosos, nos quais a

sociedade comum, ou o homem ordinário, pode ser ou não observado como um herói

comum, considerado no presente estudo, o usuário, “um herói comum”, que no meio da

multidão tenta relatar, interpretar e disseminar as diversas e variadas práticas do

cotidiano.

De uma forma ou de outra acreditamos que esse cotidiano está representado nos

portais noticiosos e seus conteúdos são muitas vezes readaptados para atender às

necessidades das empresas comunicacionais frente às demandas dos seus públicos.

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Percebe-se, com base nas referências apontadas sobre a emergência da

colaboração no conteúdo do jornalismo, que há um princípio básico: a descentralização

da emissão da informação, em que todos os usuários podem emitir informação. A partir

dessa observação percorremos um caminho na revisão bibliográfica que nos levou ao

seguinte problema de pesquisa: “Como ocorre a colaboração dos usuários comuns na

produção dos conteúdos informativos do portal noticioso brasileiro R7? ”.

A hipótese de pesquisa formulada a partir da revisão bibliográfica ficou assim

estabelecida: a colaboração dos usuários nos conteúdos noticiosos dos portais enriquece

o conteúdo jornalístico desses veículos, porém, as informações colaborativas ficam

restritas à prestação de serviços e à complementação de matérias com abordagens

previamente definidas pelos jornalistas.

Quanto aos objetivos, definimos como objetivo principal verificar como ocorre a

participação e a presença dos usuários no conteúdo informativo de um dos principais

portais noticiosos brasileiros. Já os objetivos específicos são: 1) identificar quais

critérios são aplicados na seleção do conteúdo gerado pelos usuários no portal noticioso

R7; 2) identificar as opções de participação oferecidas aos usuários; 3) analisar se a

colaboração do usuário é importante na produção das notícias, verificando até que ponto

as informações são aproveitadas no produto jornalístico; 4) verificar a origem dos

conteúdos colaborativos, (via portais, captados por jornalistas nas redes sociais,

enviados por meio de aplicativos específicos); 5) refletir sobre a qualidade da

participação dos usuários no conteúdo do portal R7.

O Portal R7 tem pouca interatividade com o usuário por meio do aplicativo

Whatsapp. As interações ocorrem somente via Facebook, Twitter e Instagram. Estão no

aguardo do desenvolvimento de um aplicativo, porém não foi explicado com detalhes

pelos entrevistados, como e quando este será lançado.

Após a realização dos estudos teóricos, foi desenvolvido o capítulo 4 deste

trabalho. Neste capítulo, será apresentado o webjornalismo colaborativo na prática,

tendo em vista a pesquisa realizada na redação do Portal R7 por meio de observação

direta, além de entrevistas com jornalistas que ocupam cargos de chefia e outros que

atuam na produção de conteúdo.

A partir do problema da pesquisa, hipótese e objetivos, definimos o método e a

metodologia de pesquisa. O método adotado é o qualitativo, pois se pretende saber

como e por que as práticas do webjornalismo colaborativo no Portal R7 ocorrem. Trata-

se de uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, na qual se buscará entender

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como se dá a colaboração do internauta no conteúdo noticioso do Portal R7. De acordo

com Gil (2008), na pesquisa exploratória busca-se mais proximidade, familiaridade em

relação ao problema de estudo, envolvendo pesquisa bibliográfica e/ou entrevistas,

como técnicas mais recorrentes. Normalmente é aplicada em estudos de caso. Já estudo

de caso, segundo Yin (2005), é uma pesquisa que busca investigar um fenômeno, não

necessariamente único, em seu contexto.

A escolha do Portal R7 se deu por conta de sua posição no ranking de portais

noticiosos no Brasil. Em fevereiro de 2013, dados divulgados pelo Ibope/Nielsen

apontaram que o Portal R7 passou a ocupar a terceira posição no ranking brasileiro,

ultrapassando o Terra. Os dois primeiros são UOL e Globo.com. Além disso, o R7 por

estar ligado a uma empresa de comunicação que atua em diversas plataformas, inclusive

televisiva, concorre diretamente com o portal Globo.com (com diversas plataformas e

rede televisiva).

Quanto às técnicas para a pesquisa, utilizamos a entrevista semiestruturada ou

semiaberta, onde o investigador tem uma lista de questões ou tópicos para serem

preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista tem relativa

flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser

formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005).

Já a observação direta assistemática ou não estruturada é “espontânea, informal,

simples, ocasional e acidental”, sem planejamento anterior, de acordo com Lakatos e

Markoni (2003, p. 87).

No caso das entrevistas, foram elaboradas nove (9) questões-tema, porém,

conforme reforça Mattos (2005), há uma flexibilização do roteiro para captar outras

informações consideradas importantes pelo pesquisador e pelo entrevistado. As

entrevistas foram gravadas por meio de equipamento digital e posteriormente transcritas

(vide anexo A).

Foram realizadas seis entrevistas com jornalistas, indicados pelo próprio Portal,

que ocupam cargos de chefia aos que participam diretamente da produção de conteúdo

jornalístico, com idades variadas (50, 28, 24 e 23 anos). Todos são jornalistas formados,

com experiências variadas (até em razão da idade). Os cargos que os entrevistados

ocupam são: Coordenador de Conteúdo do Portal R7, Editor-Chefe do Portal R7;

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Redatora do Programa Hoje em Dia1; Jornalista da Editoria de Cidades; Redatora do R7

Você2; Redator dos Programas Balanço Geral 3e Domingo Espetacular4.

Após a transcrição das 6 entrevistas, as respostas foram categorizadas de acordo

com o roteiro inicial, além de outras categorias criadas conforme os achados observados

nas respostas. Algumas citações diretas foram extraídas das transcrições para

exemplificar os padrões observados.

As categorias são: 1) mudanças no Jornalismo na era da Internet; 2) jornalismo

colaborativo e a sua influência na prática jornalística; 3) critérios de seleção dos

conteúdos colaborativos; 4) estratégias realizadas pelo Portal; 5) avaliação da

colaboração (no Capítulo 4 as categorias serão apresentadas com mais detalhamento).

Serão incluídos na pesquisa os jornalistas que trabalham no Portal R7, seja como

funcionário ou contratado por meio de terceiros e que aceitem participar da pesquisa e

serão excluídos jornalistas que não trabalham no Portal R7.

Para aplicação da entrevista, primeiramente, os jornalistas foram consultados

sobre participação em trabalho científico. Posteriormente foi apresentado TCLE -

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual serão expostos: tema, objetivo,

tipo de participação, riscos e benefícios da pesquisa, de maneira clara e objetiva, como

orienta a Resolução do CONEP 466/12 que tem o número do parecer 1.074.409 e como

21 de maio de 2015 a data da relatoria.

Foi esclarecido que as entrevistas poderiam gerar certo desconforto aos

participantes, por interromper suas atividades diárias, pelo tempo a ser dedicado ao tema

e também porque os jornalistas teriam de realizar certo esforço para explicar os

processos de participação dos usuários do Portal. Também foi esclarecido que não

haveria despesas pessoais aos participantes em qualquer fase do estudo nem

compensação financeira relacionada à sua participação.

Os participantes da pesquisa tomaram ciência que teriam direito a atendimento

hospitalar em caso de eventuais problemas de saúde decorrentes da entrevista e, em caso

1 Hoje em dia é um programa de notícias, prestação de serviço e entretenimento com o compromisso de

informar e formar a opinião pública, sem perder de vista a opção de lazer que muitos brasileiros buscam

na telinha. 2 R7 Você é um canal do Portal R7 para que os internautas enviem seus vídeos, para fazer a melhor

programação da internet, bastando para isso, preencher um formulário disponível em

http://tv.r7.com/envie-seu-video 3 “Balanço Geral”: o programa, que transita entre o jornalismo e o entretenimento, mostra reportagens

exclusivas, denúncias, prestação de serviço e assuntos que mexem com o dia a dia da comunidade 4 “Domingo espetacular”: revista eletrônica com conteúdo direcionado a toda a família. São reportagens

de denúncia, comportamento, turismo, saúde, vida animal e celebridades. Além de um panorama geral

dos fatos que marcaram a semana.

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de dano pessoal, os participantes podem solicitar indenizações legalmente estabelecidas.

Em qualquer tempo os participantes puderam solicitar informações à pesquisadora

responsável e ao Comitê de Ética da Metodista.

Os benefícios da pesquisa não são individuais, mas os participantes ficaram

cientes que contribuíram para o avanço do conhecimento na área do jornalismo

colaborativo na web.

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CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO

BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Neste capítulo, apresentamos um panorama histórico do jornalismo nomeado

hoje como “tradicional” ou jornalismo nos meios de comunicação de massa (impresso,

TV e rádio), do jornalismo na internet, no contexto da comunicação no Brasil.

A evolução do jornalismo está relacionada a determinados movimentos históricos

que gestaram novos processos. Destacamos também as tecnologias digitais que

proporcionaram o avanço do jornalismo nos meios de comunicação de massa para o

webjornalismo, no contexto da sociedade pós-moderna.

1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil

Para iniciarmos este tópico, onde se pretende fazer um relato abordando as fases

do jornalismo, concentrando-se em pesquisas da trajetória histórica deste campo

científico e social, faz-se necessária uma breve compreensão do que é Jornalismo, a

partir de Nelson Traquina (2005).

Baseando-nos em conceitos do autor é impossível definir a palavra jornalismo

em uma simples frase ou mesmo em um livro, mas é um desafio que, segundo ele, cabe

a nós pesquisadores tentarmos.

Para Traquina, “o jornalismo em sua forma poética, pode ser caracterizado como

a vida, a vida contada em relatos, a vida contada nas notícias de nascimentos e de

mortes, tal como o nascimento do primeiro filho de uma cantora famosa ou a morte de

um sociólogo conhecido mundialmente” (2005, p.19).

Na concepção do autor, a definição de jornalismo para os jornalistas seria a

realidade. A realidade que a vida nos traz, a realidade da vida inserida no contexto e no

cotidiano da sociedade e que tanto os fatos, quanto os acontecimentos e os personagens

das notícias não são ficção, são reais, ou seja, não são invenção destes profissionais.

Obviamente não é possível esgotar o conceito nas visões de Traquina, porém, ele nos

apresenta pistas importantes: o jornalismo está ligado à vida, à realidade.

Tal cenário nos faz perceber o quanto o jornalismo e o jornalista são

importantes para a sociedade e o quanto a credibilidade, seja no campo social ou no

campo profissional, ainda é tema de discussão, principalmente no “quarto jornalismo”,

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como menciona Ciro Marcondes Filho (2000), em que o jornalismo sofre o impacto das

tecnologias digitais, que facilitam o acesso e a geração de informação pelo cidadão

comum, o qual produz e dissemina informações.

Para Marcondes Filho (2000, pp.9-10),

A história do jornalismo reflete de forma bastante próxima a própria

aventura da modernidade. Enquanto a modernidade econômica

engendrou o empreendedor burguês – personagem mítico cujo

desenvolvimento pleno ocorreu principalmente no século XVIII – e a

modernidade política assistiu à vitória das democracias republicanas e

seus múltiplos políticos disputando cadeiras nos parlamentos, a

modernidade dos direitos sociais e humanos viu nascer no seu seio a

figura do jornalista.

Segundo o autor, as mudanças da modernidade econômica, política e social e as

transformações que estas trouxeram para a sociedade fizeram com que o jornalista se

tornasse um herói que pudesse evidenciar e tornar importante e comunicável as

experiências relacionadas ao cotidiano de uma camada da sociedade que, até então, não

tinha voz, tampouco representatividade.

O jornalismo é a “síntese do espírito moderno”, diz Marcondes Filho (2000, p.

9): “a razão tida como verdade e a transparência que se impõe diante da tradição

obscurantista, do questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a

confiança irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie”.

Mas, com a modernidade, analisa o autor,

o jornalismo se viu órfão e desorientado e passou a perder o seu

terreno diante da sedução midiática da TV e da hegemonia das

técnicas no fim do século XVIII e sendo filho legítimo da Revolução

Francesa, o jornalismo se expande a partir da luta pelos direitos

humanos” (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 9-10).

O aparecimento do jornalismo está associado também à “desconstrução” do

poder instituído em torno da igreja e da universidade. O saber, o acesso aos

documentos, o direito à pesquisa, estiveram, até a invenção dos tipos móveis por

Gutenberg, nas mãos da Igreja.

O fato é que desde os primórdios da civilização humana, diz Marcondes Filho

(2000), o homem sempre esteve em busca do conhecimento, com vontade de aprender,

conhecer e compreender tudo o que se passava diante dos seus olhos. Porém, o

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conhecimento, o poder de informar e de se informar estava nas mãos do clero. A

mudança só veio no momento em que a sociedade passou a conviver em grupo, a

participar de uma vida mais social e urbana, onde pudesse ultrapassar os limites das

fronteiras a partir da evolução sócio-cultural-econômica que emergia na sociedade

europeia e que se transformava gradativamente.

A partir da necessidade que a sociedade tem em conhecer o novo, de buscar

conhecimento, de se informar e de informar, há uma tendência da evolução dos

processos pelos quais se altera a organização social.

Pode-se dizer que mediante a evolução da sociedade, o jornalismo também

evoluiu, se transformou e se modificou para atender a demanda de uma classe

emergente e que teve sua curiosidade aguçada mediante as transformações e trajetórias

históricas que permeavam o seu cotidiano.

O jornalismo acompanhou e acompanha a evolução da sociedade. Todo o

processo de transformação do jornalismo está relacionado às mudanças enfrentadas pela

sociedade no âmbito econômico, político e social, consolidando-se após anos de história

como uma atividade transparente e prestadora de serviços, porta-voz dos cidadãos.

Tudo isso ocorreu devido à queda do controle da informação por instituições até então

detentoras do conhecimento e do poder da comunicação.

O crescimento e a viabilidade tecnológica do jornalismo, segundo Marques de

Melo (1985, p. 12) está ligado à própria imprensa “que também surgiu como resultado

de crescentes exigências socioculturais, nas operações mercantis-financeiras que

movimentavam as cidades, na circulação mais rápida das ideias e dos inventos que

tornaram a reprodução do conhecimento um fator político significativo”.

De acordo ainda com Marcondes Filho (2000), a evolução histórica do

jornalismo é compreendida em quatro grandes períodos, que são apresentados a seguir

nas palavras do autor:

a) Primeiro jornalismo – de 1789 à metade do século 19 -

denominado “iluminação”, tanto no sentido de exposição quanto

de esclarecimento político e ideológico. O controle do saber e da

informação funcionava como forma de dominação, de manutenção

da autoridade e do poder. Nesta fase entra em ebulição o

jornalismo político-literário e o jornal se profissionaliza: surge a

redação como um setor específico e com o tempo o jornalismo vai

deixando de ser um instrumento dos políticos para ser uma força

política autônoma;

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b) Segundo jornalismo – o jornal como grande empresa capitalista,

surge a partir da inovação tecnológica da metade do século 19 nos

processos de produção do jornal. A transformação tecnológica irá

exigir da empresa jornalística a capacidade financeira de auto

sustentação, irá transformar uma atividade praticamente livre de

pensar e de fazer política em uma operação que precisará vender

muito para se autofinanciar;

c) Terceiro jornalismo – no século 20, o desenvolvimento e o

crescimento das empresas jornalísticas desembocam na

constituição do terceiro jornalismo, o de monopólios, cuja

sobrevivência só será ameaçada pelas guerras e pelos governos

totalitários do período. Entretanto, o mais importante deste século

será o desenvolvimento, da indústria publicitária e de relações

públicas como novas formas de comunicação que competem com

o jornalismo até descaracterizá-lo, como vai acontecer no final do

século 20;

d) Quarto jornalismo – o do fim do século 20, é o jornalismo da era

tecnológica, um processo que tem seu início por volta dos anos

70. Aqui se acoplam dois processos: o da expansão da indústria da

consciência no plano das estratégias de comunicação e persuasão

dentro do noticiário e da informação; e a substituição do agente

humano jornalista pelos sistemas de comunicação eletrônica, pelas

redes, pelas formas interativas de criação, fornecimento e difusão

de informações (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 11-30).

Portanto, o autor identifica as transições do jornalismo, contextualizando essas

mudanças inclusive a evolução tecnológica, especialmente no quarto jornalismo,

quando menciona a ênfase na comunicação pelas redes, a interatividade e a profusão de

fontes que participam destes conteúdos informativos. Embora o autor não mencione a

expressão “jornalismo participativo”, já delineava a realidade que vivenciamos nos dias

atuais, realidade que acompanha exclusivamente as mudanças que a sociedade vem

enfrentando, principalmente no que se refere às transformações culturais,

mercadológicas e econômicas.

Pode-se dizer que até o terceiro jornalismo, os meios de comunicação de massa

estavam definidos como produtos de informação e de entretenimento produzidos para

atender um grande número de pessoas em diversos canais de distribuição e, a partir do

quarto jornalismo, observa-se uma expressiva transformação da comunicação de massa

agora voltada para o ciberespaço, para as redes sociais, para a era digital.

Em sua terceira fase, o jornalismo foi visto como fator fundamental para a

liberdade de expressão e para a democracia. Era o alicerce da sociedade para se colocar

a frente da muralha que separava a liberdade de expressão tão almejada e que

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favorecesse um diálogo entre as classes, entre os cidadãos, promovendo assim um

discurso público e soberano.

Ressalta-se que demarcar as fases do jornalismo, mesmo que de uma forma

sintética, é uma maneira simples de nos fazer perceber a evolução da área, porém, é

importante também ressaltar que convivemos com todas as fases, em maior e menor

grau, dependendo do contexto social, econômico, cultural e tecnológico. Sentimos que

a pesquisa sobre a evolução do campo não cessa e diversos estudiosos sentem a

necessidade de acompanhar a sua trajetória histórica desde os primórdios da civilização,

onde a humanidade já sentia a necessidade de se comunicar.

Com o fim da terceira fase do jornalismo, abre-se o espaço para o quarto

jornalismo, a fase da evolução dos meios de comunicação que face ao advento das

tecnologias, da era digital - e dos usos sociais que se processam a partir delas, não

somente a sociedade se transforma, mas também os processos se reinventam e se

adequam para atender e suprir as necessidades deste novo cidadão. Há um novo

caminho, uma nova ordem, um novo espaço a ser explorado: o ciberespaço.

No artigo “Coisa absurda, senão grave”, publicado no Observatório da Imprensa

em 25 de março de 2014, Muniz Sodré faz uma reflexão acerca de duas frases de um

estadista e jornalista francês Georges Clemenceau (1841-1929): (1) “O homem absurdo

é aquele que nunca muda”; (2) “a guerra é uma coisa grave demais para ser confiada aos

militares”.

Nesta reflexão, o autor faz um comparativo destas duas frases à realidade atual

do jornalismo, do jornalista, da mídia e da comunicação. Em seu texto, o autor relata

que não podemos fechar os olhos em face das transformações que o jornalismo e a

própria mídia de massa vêm enfrentando. Compreende-se, em uma simples análise das

referidas frases, que o jornalismo precisa de mudanças para acompanhar a evolução da

sociedade, e que esta guerra que estamos enfrentando com as mudanças do jornalismo e

das mídias de “massa” não deve ser confiada apenas aos jornalistas, mas também deve

ser apropriada e compreendida por todos os profissionais que lidam com a informação.

Segundo Muniz Sodré (2014, s/n), na segunda metade do século 19,

o jornalismo foi fundamental para o aperfeiçoamento das condições

liberais de discussão e persuasão, abrindo caminho para a democracia

das opiniões num espaço público consentâneo com a Revolução

Industrial e com o liberalismo político e econômico.

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O jornalismo deste período era um canal político, mas para a sociedade ele

poderia ser um dos espaços utilizados para a democracia e liberdade de expressão,

favorecendo o diálogo em nome de uma cidadania mais justa e participativa.

É neste período, que segundo Marques de Melo (1985, p. 15) o “jornalismo

informativo afigura-se como categoria hegemônica, quando a imprensa norte-americana

acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de

atualidade em mercadoria”.

Para o autor, é nesta fase do jornalismo do século XIX que a “edição de jornais e

revistas transforma-se em negócio, em empreendimento rentável e o jornalismo

opinativo não desaparece, mas tem o seu espaço reduzido às páginas chamadas

editoriais” (MELO, 1985, p. 15).

Segundo Marcondes Filho (2000), o jornalismo passou por grandes

transformações, e devido às mudanças radicais na área, ele questiona se ainda teremos

jornalismo. Para ele, são duas as principais mudanças que afetaram o jornalismo nos

últimos séculos: a “criação da rotativa e dos processos de produção de jornais em massa

em meados de 1850 e a inovação tecnológica em meados de 1970”.

A primeira mudança proporcionou que as empresas jornalísticas se

reorientassem no sentido econômico do negócio:

produzir e divulgar informação, tornando as indústrias de

comunicação economicamente autossustentável, tendo como

consequência um jornalismo descomprometido, voltado ao mercado

dependente dos gostos e do interesse de uma massa de consumidores

(MARCONDES FILHO, 2000, pp. 32-33).

Já o “acelerado desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação

e o conceito de comunicação que invade todos os domínios da vida social – da

economia aos esportes, da biologia celular à astrofísica”, estão relacionados à segunda

mudança que transformou, e ainda transforma, o jornalismo, analisa o autor (2000, p.

33).

No século 20, mais precisamente na segunda metade, Sodré (2014, s/n), relata

que “os meios (imprensa, rádio e televisão) buscaram a padronização de bens e de

opiniões, ampliando tecnicamente o espaço público”.

Ele ressalta também, no século 21, o foco das empresas no ciberespaço, a

preocupação com a disseminação e velocidade da informação de maneira eficaz, ou

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seja, como que ela chega ao receptor e como este vai reagir ao recebê-la, foco da

atenção das empresas de comunicação:

neste período, o aporte tecnológico adentrou no jornalismo e nos

meios de comunicação de massa e a partir de então as grandes

empresas e seus proprietários deixaram de se preocupar com as

técnicas consagradas da profissão e da ética profissional, neste caso, o

jornalismo, passando agora a se preocupar com a eficiência da

informação e com a atenção que ela, em sua rápida disseminação,

atingiria e despertaria a atenção de milhares de pessoas espalhadas no

ciberespaço (SODRÉ, 2014, s/n).

Percebe-se que o compartilhamento da informação é um fator constante no

ambiente digital, a rede agora pode ser considerada espaço onde todos os usuários se

sentem produtores e difusores da notícia, em diversos âmbitos, em diversos contextos,

em diversos cenários e infindáveis ambientes.

Para Sodré (2014, s/n), “a mídia eletrônica se institui em arquivo mundial do

saber”, além disso, a interatividade viabilizada pelas tecnologias digitais, “implica um

processo gradativo de apropriação da tecnologia da comunicação pelos usuários”.

Mas até que ponto, neste novo cenário, onde estão inseridos a comunicação e o

jornalismo, é que surgem novos questionamentos como: até que ponto pode-se apenas

falar em efeitos positivos? Até que ponto pode-se dizer que estes novos aparatos e

suportes tecnológicos inseridos no mercado comunicacional, que tanto os profissionais

quanto o cidadão comum têm acesso, contribuem ou não para este novo fazer

jornalístico, este novo modo de fazer comunicação? Quais seriam os benefícios e/ou os

malefícios que a apropriação das novas tecnologias trazem ao jornalismo?

Pesquisadores do campo e da área como Muniz Sodré, relata que temos dois

lados da moeda e que os diversos aparatos inseridos nas novas tecnologias podem trazer

oportunidades e também riscos para a comunicação, principalmente para o quarto

jornalismo:

as oportunidades das novas tecnologias criam novas possibilidades de

registro e debate da história corrente, porém em contrapartida,

multiplicam-se os riscos, tornando cada vez mais difícil separar o

factoide do fato no novo “bios” virtual em que todos hoje se

misturam, capitaneados pela mídia em sua acelerada fragmentação. A

velocidade com que se dá a entrada e a saída de informações no

ambiente virtual implica na questão da veracidade da informação, na

abordagem e na apuração dos fatos (SODRÉ, 2014, s/n).

Nesse cenário, é preciso ter um cuidado ético do profissional do jornalismo.

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Pode-se compreender que na fase da “colaboração” do indivíduo com a

informação, o profissional de jornalismo deverá manter a sua identidade, ou seja, o seu

reconhecimento pela sociedade, como aquele que exerce uma atividade fundamental

para a democracia.

É nesse momento que cabe ao jornalismo e ao profissional de jornalismo

buscarem e reafirmarem os valores consolidados a partir da Revolução Francesa, ou

seja: a defesa da liberdade de expressão e de opinião, a busca pela veracidade das

informações e da responsabilidade social, com apuração e relato preciso dos fatos.

1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web

Neste tópico, aprofundaremos mais na direção das relações entre jornalismo,

tecnologias digitais, ciberespaço e cibercomunicação - uma nova fronteira para o

jornalismo.

Segundo Lévy (1999, p. 32), compreende-se por ciberespaço “um novo espaço

de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também um novo

mercado da informação e do conhecimento e as tecnologias digitais surgiram como a

infraestrutura do ciberespaço”.

Diante desta compreensão, percebe-se que tudo que está presente neste espaço

comunicacional é alterado instantaneamente e a velocidade com que hoje as

informações circulam provocou uma alteração no ambiente, onde uma vez conectadas à

internet, as pessoas conseguem receber, trocar e compartilhar as informações,

independentemente do local em que estejam.

O ciberespaço representa, segundo Squirra (1998, p.39), além de uma excelente

ferramenta de pesquisa, “o mais novo recurso de consulta acadêmica que as modernas

tecnologias da comunicação coloca à disposição dos pesquisadores. É um eficiente

instrumento de comunicação entre os indivíduos e um vasto leque de serviços”.

É um lugar de acesso democrático, no qual boa parte dos seres do planeta se

comunica e se relaciona a partir de um endereço eletrônico (e-mail); de uma página no

Facebook, de um perfil no Twitter, entre outras redes sociais digitais que proporcionam

interação e troca de informações. Este espaço virtual não tem um só dono (apesar de

empresas monitorarem os usuários e explorarem comercialmente seus dados e

comportamentos, como o Google ou as empresas de games), ele pode ser usado por

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cidadãos comuns - inclusive os menos providos de posses, que estão conectados por

meio de celulares, entre outros recursos tecnológicos.

Diante dessas possibilidades, Squirra analisa que:

a modernização tecnológica vem alterando os hábitos e as alternativas

de comunicação entre as pessoas. Os que têm algum recurso e

conhecimento sobre tecnologia usufruem do potencial tecnológico

oferecido. Os diferentes avanços tecnológicos permitem

“multifacetados processos comunicacionais”, podem ser complexos na

sua concepção, porém, são acessíveis aos cidadãos. São possibilidades

de informação, entretenimento, espaços de criação de cultura (2008, p.

160).

Segundo o autor (2012), “o horizonte técnico-midiático não alterou somente os

processos de produção e emissão da informação, como também alterou os modelos de

negócios das empresas jornalísticas, promovendo transformações radicais na grande

área da comunicação”. E complementa:

Nessa “sopa digital”, o cinema já é digital e as produções do

jornalismo, da publicidade, do rádio, do turismo e das relações

públicas, são realizadas e acompanhadas através de instrumentos em

plataformas totalmente digitais. Definitivamente, o mundo mudou

profundamente e os instrumentos de comunicação têm papel

preponderante neste contexto, no qual a tecnologia pluralizou as

comunicações à distância, tendo se tornado sua essência produtiva

(SQUIRRA, 2012, s/n).

Observando-se a evolução das tecnologias digitais e da comunicação, outro

aspecto importante a destacar é a transição do off-line para o online. Os reflexos destas

mudanças alteraram os processos de produção, emissão e recepção de conteúdos

informativos, para atender à nova demanda do usuário, seja em qualquer suporte, meio

ou habilitação comunicacional.

Com o advento das tecnologias digitais e sua transposição para o ciberespaço, ou

simplesmente Internet, a globalização da comunicação proporcionou a troca e a

transmissão de mensagens independentemente da distância dos usuários, de maneira

instantânea.

É por meio da internet que se estabelece uma relação aproximativa, mesmo que

esta seja virtual. É através deste recurso, que temos acesso e fazemos pesquisas em

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várias fontes de informações, como também participamos de vários grupos de

discussão, sobre temas específicos e de interesses comuns, com participantes conectados

em diversas partes do mundo.

A comunicação ocorre em um espaço sem limites e sem fronteiras, em que os

usuários são tratados como fontes e disseminadores de informação.

Já no final do século XXI, Squirra (1998, p. 7) previa “o espaço cibernético

(Internet, Infovia, Super rodovia da informação ou Infoban)” como o ‘must’ da

comunicação eletrônica instantânea.

O fluxo comunicacional advindo do espaço virtual acompanha a evolução da

sociedade e toda a convergência dos sistemas de comunicação e da tecnologia,

transformando a sociedade em uma “entidade” com várias denominações: sociedade da

informação, sociedade em rede, sociedade conectada, sociedade tecnológica.

Todas estas denominações da sociedade pós-moderna, ou contemporânea como

alguns preferem, estão relacionadas à inserção desta no universo da internet, o qual

promove integração social, por meio de uma nova rede de comunicação mediada por

computadores, gerando milhões de comunidades virtuais.

Essas comunidades ao disponibilizarem informações no ciberespaço, por meio

de recursos informatizados em uma conexão digital, consolidam a participação da

sociedade no ambiente online, tornando-a emissora e não só receptora de conteúdo.

Percebe-se que o ciberespaço trouxe e colaborou com milhões de experimentos

comunicacionais na sociedade pós-moderna, que a cada dia prova algo inédito diante do

leque de opções de aparatos tecnológicos disponíveis. Novos hábitos tanto de produção

e difusão da informação, quanto de consumo da mesma.

1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0

A evolução da Internet em meados da década de 1990 propiciou a inovação no

jornalismo, principalmente quando se fala em técnicas e práticas. O ciberespaço

facilitou a convergência do jornalismo tradicional e do jornalismo digital.

Para compreender a inserção do jornalismo digital no Brasil, buscou-se

referências na obra “Jornalismo Digital”, de Pollyana Ferrari (2003, p. 25), que traz uma

bagagem histórica deste campo que surgiu nos Estados Unidos em “decorrência da

evolução dos sites de busca que recorreram ao conteúdo como estratégia de retenção do

leitor e no Brasil, os sites de conteúdos nasceram dentro das empresas jornalísticas”.

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A autora faz um apanhado histórico sobre a imprensa brasileira, partindo das

grandes empresas de mídia “de empresas familiares e que também detêm a liderança

entre os portais brasileiros que surgiram na segunda metade da década de 90 (....)

informalmente chamados de barões da internet brasileira” (FERRARI, ano 2003, p. 25).

O primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em maio

de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O Globo. Nessa mesma época, a

Agência Estado, agência de notícia do Grupo Estado, também colocou na Internet a sua

página. Segundo Ferrari (2003, pp. 27-28),

empresas tradicionais como Organizações Globo, grupo Estado, grupo

Folha e a Editora Abril se mantêm como os maiores conglomerados

de mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com

publicidade e foram elas que deram os primeiros passos a Internet

brasileira, seguidos pelo boom mercadológico de 1999 e 2000, quando

todas as atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of

Securities Dealers Automated Quotation), a bolsa de valores da Nova

Economia e muitos dos portais brasileiros atraíram investidores

estrangeiros, fazendo com que de 1997 até o final de 2000, os grandes

sites de conteúdo brasileiros, assim como os norte-americanos,

miraram sua pontaria na oferta abundante de conteúdo, muito mais

voltado ao volume de notícias do que ao aprofundamento da matéria.

A mutação do jornalismo tradicional para o cenário digital, assim como a

transformação da sociedade e das novas formas de se comunicar frente às novas

tecnologias, também proporcionou uma alteração nos negócios das empresas de

comunicação e, principalmente, das empresas jornalísticas que se viram na necessidade

de migrar para a rede, ainda de forma vagarosa e lenta. Segundo Squirra (2012, s/n),

neste início de transposição dos jornais para a rede, “as empresas entendiam este recurso

como complementar aos seus propósitos de informar a sociedade, mas com o passar dos

anos, as bases digitais representavam uma tendência que merecia investimento e

dedicação”.

As empresas, instituições e organizações de diversos setores acabaram criando

sites noticiosos, ocasionando uma verdadeira corrida ao ciberespaço, à internet. O

objetivo era ocupar um espaço que quase ninguém sabia muito como explorar, e

especialmente ganhar dinheiro.

O jornalismo no ciberespaço, ou webjornalismo como passaremos a denominar

essa prática, evoluiu da web 1.0 para a web 2.0.

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Das informações dos sites noticiosos, nos quais a participação do cidadão era

mínima, o jornalismo 1.0 avançou, ao mesmo tempo que a tecnologia digital, ao

jornalismo 2.0, ou seja, as tecnologias interativas favoreceram a participação do usuário.

Blogs, chats e as redes sociais (YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, Flick, Picasa),

os coletivos digitais, como Wikipédia, são espaços de expressão de internautas.

Para que possamos acompanhar a transição do jornalismo digital e a

contribuição do desenvolvimento da web 1.0 até a web 3.0 para o referido campo, se faz

necessária a compreensão da evolução do World Wide Web.

O artigo “Web do futuro: a cibercultura e os caminhos trilhados rumo a uma

Web semântica ou Web 3.0”, dos autores Emanuella Santos e Marcos Nicolau (2012)

serviu de base para compreender a evolução da web, que deixou de ser estática (espaço

de repositório e de leitura) para se tornar hoje um ambiente dinâmico, no qual usuários

interagem, promovendo e compartilhando informações (web 2.0), até chegar à web 3.0,

ou web semântica, como os autores a mencionam no referido estudo. Na mais recente

fase, todos os equipamentos serão interligados a web, favorecendo assim a conexão não

somente de computadores e celulares, mas de todos os aparelhos disponíveis nas

residências e conectados à internet.

Observa-se que todas essas mudanças na web possibilitam ao internauta a

produção e emissão de conteúdo, além de consumo de produtos disponíveis na rede. Na

web 2.0 o usuário participa, colabora com os conteúdos, tornando-se muito mais ativo

na construção do conhecimento de forma coletiva.

Para Santos e Nicolau (2012), a cultura da participação é um dos pilares da web

2.0. Devido à quantidade de informação presente nesta segunda fase da web, com

conteúdo mais colaborativos e interativos, muitos problemas surgem em razão desta

dinâmica:

A quantidade de informações falsas encontrada na rede. Por possuir tamanha

abertura, fica difícil e é quase impossível ter um controle do fluxo de

informação que circula na Web 2.0, o que comprova a primordial

importância que à cognição humana desempenha neste processo, ou seja, o

discernimento humano que se faz necessário quando uma informação é

buscada na Web 2.0. Tendo consciência que os resultados que obtivermos

em nossas buscas virão de uma construção de nossos perfis, a partir de

algoritmos que, pelo nosso histórico de navegação, nos darão resultados que

(as empresas acreditam) satisfarão e atenderão as nossas expectativas.

Contudo, isso também irá mudar. (SANTOS; NICOLAU, 2012, p. 7)

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Segundo os referidos autores a web semântica ou web 3.0 possibilita uma

utilidade bem maior para internet, facilitando ainda mais a vida do usuário: nas buscas

de conteúdo “mais precisos”, na economia do tempo decorrente, no direcionamento das

demandas do usuário.

A web 2.0, e por conseguinte a web 3.0, no âmbito das tecnologias digitais,

mantém uma relação entre a comunicação, os seus processos e a sociedade moderna,

fazendo com que o usuário seja um produtor atuante, assim como um consumidor de

informação (talvez muito mais consumidor que atuante produtor de informação).

O modelo de comunicação “muitos-para-muitos” facilita a seleção de conteúdo.

A esse respeito, Marcondes Filho (2000) analisa que qualquer cidadão pode ser seu

próprio editor, um modelo que tem sido questionado por causa da manipulação existente

na rede pelas grandes empresas de mídia, como o Google. Além disso, o

direcionamento e seleção de conteúdo, de acordo com o cardápio do usuário, pode

reforçar visões unilaterais, desconsiderando a diversidade e a alteridade no ciberespaço.

O ciberespaço permite que o cidadão comum assim como os repórteres e os

pesquisadores, tenham acesso instantâneo a importantes documentos, dados

governamentais e, sobretudo, a informações até então mantidas em poder privado.

Essas facilidades alteram a prática do jornalismo: em poucos momentos

repórteres encontram fontes confiáveis – e de qualidade, por exemplo -, além de fatos e

material informativo que ajudam a formar a pauta do jornalismo. Squirra já anunciava

essas mudanças em 1998.

Diante deste cenário, os principais portais noticiosos abriram espaço para a

contribuição do usuário, seja off-line ou online - em tempo real, comentada e

compartilhada por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo e conectadas à internet.

Usuários também podem pautar os meios de comunicação, em particular, os portais

noticiosos.

Ambos conectados, tanto o jornalista quanto o usuário de conteúdo, munidos de

seus computadores e outros aparatos tecnológicos, assim como outros recursos que

chegam a cada dia, acabam por interferir e mudar os estilos de trabalho dos jornalistas

em qualquer tipo de suporte seja este impresso, eletrônico e, principalmente, digital.

A chegada desses novos recursos provoca mudanças também nas rotinas de

produção das empresas de comunicação. Uma transformação significativa é a

mobilidade. Com a tecnologia hoje existente, o jornalista pode realizar investigações e

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entrevistas de qualquer e para qualquer ponto da cidade, do estado, do país ou mesmo

fora dele. De um lado a facilidade, de outro as consequências pelo acesso:

As novas tecnologias digitais introduzem a “imaterialidade jornalística”. Na

tela do computador, o texto jornalístico perde a materialidade e se torna pura

fibrilação visual de pontos, um texto permanentemente provisório, nunca

terminado, passível de interferências por todos os que por ele passam e em

todos os momentos da produção do jornal. Imaterial está se tornando

também o próprio jornal, cada vez mais editado online, assim como a

redação, acessível de qualquer ponto do planeta, tanto para se receber pautas

como para se fazer uma reportagem, nela inserir fotos tiradas em tempo real,

diagramar e enviar, tudo pronto, ao terminal instalado do outro lado do

mundo (MARCONDES FILHO, 2000, p. 47).

Observa-se que a nova ordem social e tecnológica propõe questionamentos sobre

o jornalismo e o jornalista. A cada evolução tecnológica percebe-se alteração nos

sistemas de informação e comunicação, bem como as formas de produção de conteúdo,

assim como a forma de participação dos usuários conectados à rede.

Os novos modelos de difusão e consumo de informação audiovisual e textual

presentes nas plataformas digitais, móveis e interativas, segundo Squirra (2012), vêm

possibilitando que o domínio dos processos alcance novos produtores, indo além dos

jornalistas. A “cultura da construção e difusão da informação” deu espaço a outros

relatos jornalísticos, produzidos pelo usuário cada vez mais conectado e munido de

aparatos tecnológicos, especialmente móveis.

Há um crescimento exponencial da produção de conteúdo, seja ele jornalístico ou

não, que indica e permite cada vez mais a produção de mensagens por outros atores

sociais, que até então eram somente caracterizados como consumidores das notícias.

A forma de participação do indivíduo, no que tange à produção da informação,

deve ser experimentada e inovada a cada dia, uma vez que a incessante evolução

tecnológica não para e propicia minuto a minuto a crescente e variada denominação de

termos e terminologias digitais, aumentando cada vez mais o vocabulário desta indústria

virtual. Do lado do jornalista, diz Squirra (2013, s/n), em seu artigo “Jornalismos com

convergências midiáticas nativas e tecnologias incessantes”, as diversas barreiras

(evolução de equipamentos, sua aplicação e significados) também podem comprometer

a expertise do profissional e a sua permanência no mercado.

Nesse universo de evoluções constantes, os aplicativos e as redes sociais são

novas formas de comunicação. Os portais noticiosos brasileiros usam e abusam dessas

possibilidades, para “agregar valor” ao conteúdo. A participação do usuário comum na

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produção de conteúdo informativo tem sido cada vez mais estimulada, que agora tem

cada vez mais acesso aos conteúdos digitais.

A partir dessas mudanças é que vai surgindo novos modelos e práticas que,

segundo Squirra (2013), atingem a chamada “indústria” jornalística e seus profissionais,

sobretudo, a sociedade. Mais relatos e angulações para formar opiniões e se orientar,

agora o cidadão comum é um contador de histórias mais valorizado.

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CAPÍTULO 2 – CIDADÃO PARTICIPATIVO,

VISIBILIDADE E O WEBJORNALISMO

COLABORATIVO

Este capítulo tem por objetivo abordar o webjornalismo colaborativo,

contextualizando-o na cultura da participação ou da visibilidade, na qual o cidadão

contemporâneo se utiliza das mídias digitais como espelho e vitrine para expor suas

demandas perante a sociedade e o mundo. Esse cidadão-usuário atua como fonte e

produtor de conteúdos noticiosos, tendo como base para gerar esta produção as

experiências e as vivências do cotidiano. O capítulo também trará uma breve exposição

dos espaços de participação deste cidadão em sites, blogs e redes sociais. Por fim,

pretende-se mostrar como alguns aplicativos que facilitam a comunicação do usuário

nos meios noticiosos e colaboram na cobertura de acontecimentos dos mais variados

possíveis. Para tanto, serão utilizados os exemplos do jornal Extra, que criou um canal

com o seu leitor pelo “Whatsapp do Extra”.

2.1 Cultura da Participação ou da Visibilidade?

As redes e mídias sociais foram os mais recentes adventos tecnológicos que

fundamentaram e alicerçaram a base para aprimorar a participação do usuário comum

na internet, assim como possibilitaram a criação de condições para que o internauta

pudesse ser visível e percebido no mundo digital.

Tanto a participação quanto a visibilidade que o internauta venha a ter neste

ambiente mediado pelo computador, faz com que sejam criadas novas formas de

relacionamento entre o homem, a máquina e a sociedade global, permitindo uma troca

de experiências que até então não eram possíveis de serem trocadas, compartilhadas,

vivenciadas e até experimentadas

Atualmente, percebe-se que as características e as culturas globais podem ser

transportadas facilmente para uma comunidade, onde possíveis costumes e hábitos

globais são conhecidos e mediados. O desenvolvimento das mídias e da comunicação

facilitaram a construção da sociedade mais participativa, interativa e muito presente nos

meios digitais.

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Ressalta-se o papel das redes sociais digitais que propiciaram ao cidadão se

integrar em várias comunidades e compartilhar notícias e fatos que percorrem o mundo.

O potencial das redes sociais é explorado tanto para assuntos de grande relevância,

como também para que as pessoas possam mostrar os fatos do cotidiano, as atividades

mais prosaicas do indivíduo, tornando-se espelho e vitrine deste usuário.

A relação do cidadão comum com as redes sociais no leva a pensar até que ponto

as redes sociais digitais, o mundo virtual, são a nossa vitrine? Podemos espelhar todas

as nossas satisfações, insatisfações, desejos, vontades, acertos e erros, compartilhando-

os com demais internautas no cotidiano da vida real, do homem comum?

O homem comum será compreendido neste capítulo como o cidadão comum,

aquele que, por várias vezes, busca em diferentes situações utilizar-se de sua astúcia

para driblar o sistema e encontrar um lugar seguro para si, para poder colocar em prática

o exercício de sua cidadania, sendo autor e, em alguns casos, ator de representações

sociais presentes no cotidiano.

A sociedade sentindo-se representada por este cidadão comum, através das redes

sociais digitais, busca conquistar direitos, mas muitas vezes acaba se utilizando de

estratégias e táticas que colocam em risco os objetivos a serem atingidos coletivamente.

Segundo Certeau (1998, p. 97), podemos dizer que o cidadão comum, que tem a

internet como sua vitrine e espelho, torna-se hoje um

produtor desconhecido, poeta de seu negócio, inventor de trilhas nas

selvas da racionalidade funcionalista, que traçam trajetórias

indeterminadas, aparentemente desprovidas de sentido porque não são

coerentes com o espaço construído, escrito e pré-fabricado onde se

movimentam.

Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida

cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos

comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este

novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que

este outro homem esteja do outro lado do planeta.

De acordo com Certeau (1998, p. 58), estes representantes são vistos como

cidadãos comuns, que

lentamente simbolizavam famílias, grupos e ordens, se apagam da

cena onde reinavam quando era o tempo do nome. Vem então o

número, o da democracia, da cidade grande, das administrações, da

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cibernética. Trata-se de uma multidão móvel e contínua, densamente

aglomerada como pano inconsútil, uma multidão de heróis

quantificados que perdem nomes e rostos tornando-se a linguagem

móvel de cálculos e racionalidades que não pertencem a ninguém,

Tal citação faz refletir que hoje os cidadãos comuns pertencem a uma civilização

virtual, onde todos convivem em um cotidiano real e não palpável, onde toda a realidade

é produzida e contada por um cidadão comum, o ator dos fatos presentes no

ciberespaço.

É assim que se pode compreender o homem comum e a sua vida cotidiana e

como esta pode ser e está sendo comparada à vida que agora nos colocamos a viver

especialmente nas redes sociais.

É pelos meios virtuais que sentimos e vivemos prazeres e desprazeres da vida

cotidiana. Mesmo que não tenhamos tempo, disponibilidade para absorver todos os

conteúdos, assim como o discernimento e a capacidade de compreensão de tudo que se

repercute no cenário digital.

Não há tempo para separar o joio do trigo e colocar em questão a veracidade do

que circula no ambiente virtual, no qual se concentra um compartilhamento infindável

de informações.

Para Agnes Heller (2000), “a vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja,

o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de

sua personalidade”.

Nesta vida cotidiana do homem comum, coloca-se “em funcionamento” todos os

seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas,

seus sentimentos, paixões, ideias, ideologias”, diz Heller.

Para Joaquim Paulo Serra, em seu artigo “A internet e o mito da visibilidade

universal” (2002, p. 4), a visibilidade do cidadão comum pode ser caracterizada em duas

categorias e

utilizando de uma linguagem mais ou menos metafórica, e apenas a

título indicativo, diremos que categorias giram à volta da distinção

central entre estrelas - entendendo por tal os indivíduos que são, como

se diz, “famosos”, cuja visibilidade é um processo mais ou menos

contínuo e cumulativo - e cometas - entendendo por tal aqueles que

são, como também se diz, “ilustres desconhecidos”, cuja visibilidade é

descontínua e pontual.

No primeiro termo da distinção incluem-se, nomeadamente, os

mediadores - os próprios profissionais dos media que, tendo como

função garantir a visibilidade a determinados indivíduos, - e os

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notáveis - os indivíduos que se destacam em determinados campos da

vida económica, política, social, cultural, desportiva, etc.

No segundo termo incluem-se, nomeadamente, os desviantes os

cidadãos comuns que são sujeitos ou objetos de acontecimentos que

escapam à continuidade e normalidade das coisas, mas que não visam,

em princípio, a visibilidade mediática -, e os provocadores - os

indivíduos que desencadeiam ações que visam, em primeiro lugar, a

obtenção de uma visibilidade mediática “forçada” ou “violenta”.

Note-se que estas figuras ou categorias não só não são mutuamente

exclusivas - a mesma pessoa pode ser, simultaneamente, um notável e

um desviante, como no caso do príncipe inglês, menor, que se

embriaga - como o facto de um mesmo indivíduo figurar em mais do

que uma figura ou categoria só o valoriza como centro de visibilidade;

diríamos, aliás, que o máximo de visibilidade mediática - a “notícia

explosiva”, como por vezes se diz - existe sempre que uma “estrela”

se torna também “cometa”.

Diante disso, observa-se que a visibilidade nas mídias digitais está relacionada à

importância que se dá ao cidadão e aos fatos divulgados, ou seja, nem tudo que é de

grande relevância para uma determinada camada social é para a outra e vice-versa.

O que podemos ter de conhecimento e possível compreensão com relação às

mídias digitais, especialmente às redes sociais na internet, é que há um conjunto de nós

e ligações que permitem que cada um se torne visível perante outros, sejam estes

cidadãos comuns, “cidadãos estrelas” ou “cidadãos cometas”.

Stuart Hall (2001), ao tratar da pós-modernidade, distingue historicamente três

concepções de identidade do sujeito: o “sujeito do iluminismo”, centrado e unificado,

“dotado de razão, de consciência e de ação”; “Sujeito Sociológico”, que adquire

consciência de que o social e a cultura (símbolos e valores) são fundamentais para

constituir sua identidade “tendo a identidade formada na ‘interação’ entre o eu e a

sociedade (...) entre o mundo pessoal e o mundo público, alinhando nossos sentimentos

subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural”; e o

“Sujeito Pós-Moderno”, cuja identidade é volátil, móvel, não unificada “ao redor de um

‘eu’ coerente”; são “identidades contraditórias empurrando em diferentes direções, de

tal modo que nossas identificações estão continuamente deslocadas”. A identidade do

“sujeito pós-moderno” desliza a partir da confrontação com os múltiplos “sistemas de

significação e representação cultural (...) cada uma das quais poderíamos nos identificar

– ao menos temporariamente. (HALL, 2001, pp. 10-13)

A necessidade de pertencimento a iguais se torna distinção social. Estas

necessidades muitas vezes podem ser supridas por intermédio da participação que o

cidadão comum venha a ter por meio do relacionamento estabelecido no cenário virtual,

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participando de comunidades onde os seus integrantes possuem as mesmas necessidades

e identidades, gerando um certo pertencimento a cada cidadão comum, mesmo que este

pertencimento seja temporário e a visibilidade efêmera.

2.2 Webjornalismo Colaborativo

A visibilidade e a participação do cidadão comum nas mídias digitais,

particularmente nas redes sociais, foram viabilizadas pelas novas tecnologias, as quais

também propiciaram mudanças no jornalismo.

O jornalismo, por ser um fenômeno histórico, vivenciou diversas etapas ao longo

dos séculos: desde a Revolução Francesa (século XVIII), passando por outras 3 etapas,

a última perdura desde o final do século XX até os dias atuais. São transformações

relacionadas ao tempo histórico, social, cultural, político e tecnológico no mundo e já

foram apresentadas no capítulo anterior.

Na etapa tecnológica, das redes, o jornalismo tradicional (dos processos

massivos e padronizados, de um para todos) vem passando por alterações que acabam

afetando tanto quem agora produz a notícia, como também a rotina de produção

jornalística.

O jornalismo praticado nas diversas plataformas sob o signo da convergência,

conforme afirma Jenkins (2009), desembocou em práticas que aliam diferentes meios,

conteúdos, linguagens e fontes de informação. Nosso foco nesta dissertação é tratar do

jornalismo na web, ou o webjornalismo.

Mas a denominação atribuída à prática do jornalismo na internet não é consenso

entre os pesquisadores. É comum encontrarmos os termos: jornalismo online,

jornalismo digital, jornalismo eletrônico, ciberjornalismo ou webjornalismo, porém é

importante ressaltar a importância de conhecer o porquê destas denominações.

Para que possamos compreender o significado de cada uma destas terminologias

relacionadas ao jornalismo da era tecnológica, Mielniczuc (2003, p. 22-24), traz em sua

tese “Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na

escrita hipertextual”, de forma resumida, a distinção destes termos aplicados ao

jornalismo do século XX e XXI:

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os norte-americanos utilizam os termos Jornalismo Digital ou

Jornalismo Online e os autores de língua espanhola preferem

Jornalismo Eletrônico. O autor Helder Bastos utiliza a equação:

Jornalismo Eletrônico = Jornalismo Digital + Jornalismo Online, onde

"fazer apuração" é Jornalismo Online e desenvolver e disponibilizar

produtos é Jornalismo Digital. Trabalhar em um computador para

gerenciar um banco de dados no momento de elaborar uma matéria é

um exemplo da prática do Ciberjornalismo. Já o termo Online nos leva

à ideia de conexão em tempo real, mas nem tudo o que é digital é

Online.

Compreende-se que todas as terminologias aplicadas pelos pesquisadores do

campo do jornalismo deram-se em razão da convergência das mídias e, principalmente,

da transposição do jornalismo “tradicional” para o jornalismo online, respeitando

cronologicamente a evolução tecnológica que também contribuiu para a evolução deste

jornalismo de quarta geração, ou seja, o jornalismo da tecnologia, já denominado por

Marcondes Filho (2000).

Já Canavilhas (2006), em seu artigo “Do jornalismo online ao webjornalismo:

formação para a mudança”, restringe o processo das publicações digitais a duas

fundamentais: jornalismo online e webjornalismo/ciberjornalismo, sendo que

no primeiro caso, as publicações mantêm as características essenciais

dos meios que lhes deram origem. No caso dos jornais, as versões

online acrescentam a atualização constante, o hipertexto para ligações

a notícias relacionadas e a possibilidade de comentar as notícias. No

caso das rádios, a emissão está disponível online, são acrescentadas

algumas notícias escritas e disponibilizam-se a programação e os

contatos. As televisões têm também informação escrita, à qual são

acrescentadas notícias em vídeo, a programação do canal e os

contatos.

Como se pode verificar, trata-se de uma simples transposição do

modelo existente no seu ambiente tradicional para um novo suporte.

Na fase a que chamamos webjornalismo/ciberjornalismo, as notícias

passam a ser produzidas com recurso a uma linguagem constituída por

palavras, sons, vídeos, infografias e hiperligações, tudo combinado

para que o utilizador possa escolher o seu próprio percurso de leitura.

Diante das denominações e definições apresentadas sobre o “jornalismo da

tecnologia”, resolve-se trabalhar e assumir neste estudo o termo Webjornalismo, que se

enquadra às rotinas de produção de conteúdo e à colaboração do usuário nos portais

noticiosos brasileiros, especialmente no Portal R7.

É importante também discutir neste trabalho uma definição sobre as

terminologias utilizadas por pesquisadores relacionados aos campos do webjornalismo

participativo e webjornalismo colaborativo.

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Sbarai (2009, pp. 5-7) em seu artigo “A definição da participação do cidadão nos

modelos colaborativos jornalísticos na web”, traz algumas conceituações para os termos

jornalismo participativo e jornalismo colaborativo:

o jornalismo colaborativo é caracterizado pela produção da

informação realizada por cidadãos, por meio de textos, fotos e vídeos,

distribuídos pela rede, sob uma plataforma centralizada informativa e

dependente de seus princípios estabelecidos. Os termos de usos

descritos nos websites possuem diferentes formatos, sendo

caracterizados por organizações centralizadas ou descentralizadas. A

criação de conteúdo é aberta a todos, desde que possuam

competências necessárias para contribuir para uma produção

considerada relevante ao formato pré-estabelecido no ambiente

virtual.

Já o jornalismo participativo não abrange todo o processo de

colaboração e tem um princípio apenas de auxiliar, participar,

pressupõe compartilhar, ter parte em ou dividir algo que foi produzido

e idealizado por apenas uma pessoa.

A partir desta conceituação de Sbarai sobre o jornalismo colaborativo e

participativo, definiu-se trabalhar com a denominação de webjornalismo colaborativo,

pois a mesma é a mais adequada, ao nosso ver, ao objeto de estudo do presente trabalho.

O Portal analisado possui características do webjornalismo colaborativo, as quais serão

analisadas com maior profundidade no Capítulo 4 desta dissertação.

Brambilla (2010) no texto “OhmyNews completa 10 anos”, faz uma

retrospectiva histórica sobre o jornalismo colaborativo, enfatizando que o OhmyNews5,

nascido em Seul em 22 de fevereiro de 2000, é considerado como o primeiro veículo de

jornalismo colaborativo da história, sendo o “veículo apto a fazer um jornalismo

fundamentado, com profissionais editando e selecionando o conteúdo produzido por

cidadãos repórteres do mundo inteiro”.

Pode-se compreender que o lançamento deste veículo colaborativo foi concebido

graças aos aportes tecnológicos. A evolução da mídia contemporânea inserida no

contexto das novas tecnologias da informação e da comunicação perante o mundo

conectado permitiu e possibilitou o desenvolvimento dos processos colaborativos, por

meio de indivíduos aptos “a transcender o tradicional em busca do novo”, em busca de

novas relações, novos fatos e conhecimentos, com objetivos comuns.

5 BRAMBILLA, Ana. OhmyNews completa 10 anos. 2010. Disponível em: http://anabrambilla.com

/blog/2010/02/28/ohmynews-completa-10-anos/.

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A partir dos conceitos de jornalismo participativo e colaborativo trazidos por

Sbarai (2009), percebe-se que o usuário comum está muito mais presente nas redes

sociais atuando, principalmente nos canais presentes no mundo virtual. Essa relação

gerou a necessidade de se criar padrões de relacionamento e inovar o fazer jornalístico,

passando das práticas mais tradicionais, nas quais havia uma participação mais limitada

do usuário, para um jornalismo praticado na web, o webjornalismo colaborativo.

Pode-se dizer que desde 1995 já se colocava em pauta a questão do jornalismo

digital e a sua relação com o consumidor da notícia, no que tange à interatividade deste

produto no ambiente virtual. As novas tecnologias da informação e comunicação

(TIC’s) se aperfeiçoaram e acabaram por promover uma inovação nas práticas e formas

de interação e integração dos meios com os seus diversos públicos, presentes e cada vez

mais atuantes na web.

O advento das redes sociais digitais são um outro aspecto fundamental dessas

mudanças, constituindo-se como elemento essencial ao webjornalismo colaborativo e

aos demais suportes (TV, rádio, inclusive impressos). O tema será melhor explorado no

tópico seguinte.

No artigo “Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias”, Primo

e Träsel (2006) também procuram refletir sobre a emergência deste jornalismo, suas

contribuições e riscos. Passam a observar e compreender a colaboração do cidadão

comum na produção das notícias, os pontos positivos e negativos que possam vir a

interferir nos processos da produção aberta de notícias, produzidas pelos usuários.

Pouco mais de uma década atrás, o webjornalismo não possuía grande

interatividade. Isso se refletia no nível de proximidade entre produtores e receptores

(essa relação se alterna na medida em que cada vez mais a tecnologia propicia um

comportamento colaborativo). Já se pressentia, diante de tanta transformação

tecnológica, que as práticas jornalísticas seriam afetadas.

Na análise de Primo e Träsel (2006, p. 2),

os primeiros periódicos a aparecerem na web mantinham bem

demarcada a barreira entre a redação/edição de notícias e os

internautas. O modelo transmissionista (emissor – mensagem – canal

– receptor), que parecia para alguns ser o modelo natural da

comunicação de massa, ganha nova maquiagem. O fluxo jornalístico –

notícia – jornal – leitor, por exemplo, renova-se em jornalista – notícia

– site – usuário, mas ainda mantém a lógica distribucionista anterior.

É verdade, porém, que escrita e leitura tornam-se hipertextuais, o que

em si já altera o processo interativo.

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Já Fonseca e Lindemann, em seu artigo “Webjornalismo participativo:

repensando algumas questões técnicas e teóricas”, (2007, p. 90), publicado na revista

FAMECOS, a questão é se “estaríamos vivendo, então, uma fase de decadência do

jornalista, uma vez que agora qualquer cidadão pode tornar-se um repórter”?

Diante deste questionamento das autoras, compreende-se que o jornalista e o

jornalismo, assim como qualquer outra área ou campo científico, precisam estar em

constante evolução. A busca pela atualização de processos que possam afetar o

dinamismo de profissionais e campos de atuação são a chave para a permanência. O

“jornalismo tradicional” passou por várias mudanças, em razão das transformações da

sociedade. Podemos dizer que algo morre se não acompanhar as mudanças.

Mas é preciso sempre recorrer à essência do jornalismo para que as mudanças

não atinjam a autonomia dessa prática cultural. O universo colaborativo do

webjornalismo é dinâmico, rápido, mas nem por isso a informação deverá deixar de ser

checada, analisada e interpretada pelos profissionais, ou seja, os princípios do

jornalismo não se perdem com a produção aberta de notícias. Eles tendem a aumentar,

uma vez que este novo profissional, que agora trabalha com o modelo de conteúdo

colaborativo “express”, ou seja, a informação segundo a segundo, não perca as suas

características e sua ética profissional.

Sbarai (2009) contribui para a discussão da colaboração no jornalismo em seu

artigo “A definição do cidadão nos modelos colaborativos jornalísticos na web”,

trazendo algumas reflexões acerca do jornalismo colaborativo, jornalismo participativo,

jornalismo cidadão, jornalismo open source e cidadão repórter. O autor destaca que

o jornalismo colaborativo é caracterizado pela produção da

informação realizada por cidadãos, por meio de textos, fotos e vídeos,

distribuídos pela rede, sob uma plataforma centralizada e informativa

e dependente de seus princípios estabelecidos”. Ele define que a

“criação de conteúdo, neste caso, é aberta a todos, desde que possuam

competências necessárias para contribuir para uma produção

considerada relevante ao formato pré-estabelecido no ambiente

virtual. (2009, p. 7)

Assim, há exigências quanto à colaboração, o que nos leva a questionar quais

competências são necessárias para o cidadão comum colaborar com a produção

informativa? O que seria uma produção relevante? Qual o formato que é preestabelecido

no ambiente virtual? Quem estabelece este formato? Quem define os tipos de

competências deste cidadão? Quem define o que é relevante ou não?

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Para Sbaray (2009, p. 10), “a criação de um conteúdo exige compromisso e

muita responsabilidade”, desde profissionais aos cidadãos comuns. Quando não se leva

a sério, quando a lógica do interesse comercial ou pessoal se sobrepõe aos

compromissos éticos do jornalismo, surgem as crises de credibilidade do campo e dos

profissionais. Por isso, a preocupação é como contar com a colaboração do usuário de

uma maneira inteligente, agregando mais valor à informação jornalística.

2.3 Interatividades nas redes e no webjornalismo

As redes sociais digitais são essenciais ao webjornalismo, assim, é importante

apresentar neste tópico conceitos, características e tipos desses espaços de

interatividade, uma vez que os receptores/produtores de conteúdo informativo, ou

simplesmente usuários, utilizam diversas mídias digitais disponíveis na internet, como

sites (sites pessoais ou portais dos próprios veículos de comunicação, os quais abrem

espaços de interação), blogs (de jornalistas e blogueiros independentes, pessoais ou

ligados a empresas jornalísticas) e redes sociais (institucionais ou pessoais). Essas

mídias digitais permitem interações, que se concretizam em milhares (milhões) de

seguidores, fans, usuários. De acordo com Recuero (2009, p. 15) “quando uma rede de

computadores conecta uma rede de pessoas e organizações é uma rede social”. São

pessoas que se conectam, independentemente do espaço físico, estabelecendo uma

relação social.

Segundo Sbarai (2010), o crescente processo de interatividade não está apenas

relacionado ao incentivo que leva o cidadão comum a participar ou mesmo colaborar

com os conteúdos informativos. Para o autor, é necessário buscar compreender o motivo

que leva estes cidadãos a colaborarem de maneira ativa dos conteúdos informativos dos

veículos de comunicação que abrem este espaço para os seus leitores. Os usuários

conectados em rede, de uma forma ou de outra, precisam estar totalmente integrados às

novas tecnologias, saber como usá-las e aplicá-las de forma benéfica.

Usar a interatividade nas redes sociais como boa prática é uma questão de

sabedoria e discernimento para o bem comum. As novas tecnologias proporcionaram

esta inovação social, mas existem algumas diferenças nos aspectos de interatividade no

mundo da comunicação e da informação.

Para Lévy, o termo interatividade em geral

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ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de

informação. De fato, seria trivial mostrar que um receptor de

informação, a menos que esteja morto, nunca é passivo. Mesmo

sentado na frente de uma televisão sem controle remoto, o destinatário

decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de

muitas maneiras, e sempre de forma diferente de seu vizinho. (LÉVY,

1999, p. 79).

O autor quis mostrar que a interatividade ocorre de qualquer forma, mas nem

todos os conteúdos comunicacionais e informativos, como os veiculados pela televisão,

rádio, ou mediados por telefone e internet, são iguais para todos que os recebem.

Entende-se que a mensagem recebida através destes canais pode gerar

mediações diferenciadas de receptor para receptor, assim como a interatividade desta

comunicação entre os receptores pode ser diferente conforme o nível de entendimento

que cada receptor venha a ter, de acordo com aquilo que lhe for transmitido. Segundo

Levy (1999, p. 79) “a possibilidade de reapropriação e de recombinação material da

mensagem por seu receptor é um parâmetro fundamental para avaliar o grau de

interatividade do produto como também em outras mídias”. O autor faz uma

comparação da interação do receptor com a comunicação recebida em diversos meios e

salienta que

a comunicação por mundos virtuais é, portanto em certo sentido, mais

interativa que a comunicação telefônica, uma vez que implica, na

mensagem, tanto a imagem da pessoa como a da situação, que são

quase sempre aquilo que está em jogo na comunicação. Mas, em outro

sentido, o telefone é mais interativo, porque nos coloca em contato

com o corpo do interlocutor. Não apenas uma imagem de seu corpo,

mas sua voz, dimensão essencial de sua manifestação física. A voz de

meu interlocutor está de fato presente quando a recebo pelo telefone.

(LÉVI, 1999, p. 81)

Entende-se que a interatividade proporcionada pelas mídias digitais possui

aspectos diferentes que podem favorecer uma ou outras, dependendo do impacto que se

quer proporcionar.

Recuero (2009, p. 31) corrobora as ideias de Lévy quando analisa que o

ciberespaço e as ferramentas de comunicação possuem

particularidades a respeito dos processos de interação, há uma série de

fatores diferenciais. O primeiro deles é que os atores não se dão

imediatamente a conhecer. Não há pistas imediatas da linguagem não

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verbal e a interpretação do contexto da interação precisa ser negociada

durante o processo.

No campo do jornalismo, Mielniczuk busca compreender a interatividade

estabelecida entre leitor e publicação. Em seu artigo “Interatividade como dispositivo do

jornalismo online” (2000, pp. 124-125), a autora considera que

constituindo-se, um aspecto formador e formante da estrutura através

da qual os produtos noticiosos são disponibilizados na web, a

interatividade é mais do que uma simples característica, podendo ser

lida como um dispositivo: algo que marca, condiciona e determina

processos que interferem na produção, no produto e na recepção dos

sites jornalísticos desenvolvidos para a web. Pensar a questão da

interatividade relacionada à mídia é uma tarefa complexa não só pela

natureza do assunto em si, mas pelo contexto de velozes

transformações no qual este fenômeno está inserido.

As velozes transformações que a tecnologia ajuda a promover em todos os

âmbitos, dentro de diferentes espectros sociais, de uma certa forma influenciam a

interação e a participação do leitor naquilo que lhe é ofertado nos sites noticiosos. Diz

Mielniczuk:

diante da forma de organização da informação (textos, sons e imagens

– estáticas e em movimento) num meio digital, o leitor/usuário

participa de uma situação de interatividade ao poder escolher, dentre a

malha hipertextual, aqueles links que ele deseja e que lhe darão a

continuidade da informação. A partir disso conclui-se que a

interatividade é um elemento construtivo do hipertexto e que a simples

ação de navegar pelo jornal online é por si só uma atividade interativa

e que dependendo do hipertexto, esta situação será mais ou menos

complexa. (MIELNICZUK, 2000, p. 135).

A potencialização da interação por meio de dispositivos digitais, como as redes

sociais, promove “uma lógica diferenciada de funcionamento do produto jornalístico”,

defende Mielniczuk (2000, p. 134). Por esta razão, a autora atribui à interatividade o

papel bastante significativo, primeiro porque é “inerente ao hipertexto”, e segundo

porque “pode determinar uma relação com características até então desconhecidas entre

leitor (usuário) e texto”.

Para Raquel Recuero (2009, p. 30), “as diversas formas de expressão vão

constituir os nós (ou nodos) dessas redes sociais”, sendo que os laços sociais serão

resultantes das interações que ocorrerem entre esses usuários.

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Pode-se compreender, diante da citação da autora, que a interatividade está

intrinsicamente relacionada ao comportamento do usuário e que dependerá do interesse

dele e de suas motivações em uma determinada comunidade para continuar interagindo.

Assim, o que se pode diferenciar da interatividade que ocorre no “jornalismo

tradicional” para o jornalismo na web é o nível de interação. Nesse caso, os receptores

podem contribuir e colaborar mais com a informação, gerando conteúdos de diversas

naturezas, como vídeos, fotos, áudios, sugestões de pauta. Porém, a apuração e

confrontação das informações fazem parte das práticas jornalísticas, essa pode ser umas

das diferenças essenciais entre conteúdo gerado pelo jornalista e pelo cidadão comum.

De outro lado, Sbarai (2010, p. 8), ressalta que

no âmbito da produção jornalística colaborativa, a aproximação entre

as pessoas e sua motivação para interagir com os outros se daria

menos pelo anseio de compartilhar narrativas e experiências de

desrespeito, como defendem os autores Honneth e Fraser, e mais pela

vontade do sujeito de sentir-se parte de algo, de ter seu valor e sua

contribuição reconhecida no processo de construção de um

conhecimento coletivo.

Concordamos que a interatividade nas redes sociais digitais ocorre muito mais

pela necessidade do indivíduo ter visibilidade social, “sentir-se parte de algo”.

2.4 Meios de colaboração no webjornalismo: o caso Whatsapp

Hoje a interatividade não é mais vista como um acontecimento técnico, ela se

constitui, em um “aspecto formador e formante da estrutura” por meio do qual os

produtos noticiosos são disponibilizados na web, conforme Mielniczuk (2000).

A interatividade para a autora é mais do que uma simples característica, podendo

ser lida como um dispositivo: algo que marca, condiciona e determina processos que

interferem na produção, no produto e na recepção dos sites jornalísticos desenvolvidos

para a web e que talvez possa colaborar, promover e beneficiar o webjornalismo, devido

à velocidade da informação e do novo ambiente que se encontram os usuários

(denominados também atores sociais) e colaboradores da notícia. O que mais evidencia

a forma de participação do cidadão comum na web, no webjornalismo colaborativo, são

as novas plataformas e aplicativos digitais atualizados momentaneamente e

instantaneamente para atender as demandas da sociedade.

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A necessidade de interação que este cidadão comum passa a ter, a partir do

momento em que se dá a velocidade das transformações sociais, torna-o parte deste

processo em evolução, ao mesmo tempo recebendo, agindo e compartilhando as

mudanças que extrapolam o cenário virtual.

A interatividade no webjornalismo colaborativo é promovida de diversas formas

e por vários meios de comunicação. São novas redes sociais na internet, aplicativos e

conteúdos multimídia que “complementam, subvertem ou ainda divergem daqueles

emitidos pelos veículos de comunicação de massa” (MALINI, 2008, p. 2),

especialmente novos aplicativos, que têm sido criados para facilitar o cotidiano do

cidadão, e também favorecem o surgimento de novas comunidades.

A criação de suportes e aplicativos facilitam os processos comunicacionais no

ciberespaço e a colaboração e participação na produção de conteúdo dos produtos

digitais. Além disso, complementam os conteúdos presentes em outros suportes, como

jornais, rádio e TV. Sbarai ressalta que a colaboração com os meios de comunicação de

massa é uma prática antiga e que

a primeira publicação impressa com um espaço destinado ao cidadão

provém do século XVII, precisamente em 1690, nos Estados Unidos,

o primeiro jornal publicado no continente americano. A ideia era que

o leitor produzisse seu próprio fato, acontecimento, antes de repassar o

suporte comunicacional a outras pessoas. Da mesma forma isso

aconteceu no rádio, na década de 1930 “com a rádio Kosmos, de São

Paulo, que detalhava informações de cidadãos como prestação de

serviço e na televisão (...) pelos cinegrafistas amadores,

principalmente em programas ao estilo do extinto ‘Aqui Agora’, do

SBT. (SBARAI, 2009, pp. 3-4).

Recentemente, a colaboração e a participação foram intensas durante as

manifestações de junho de 20136, a partir dos movimentos que nasceram e foram

propagados nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook e por meio do aplicativo

Whatsapp. Atualmente os veículos de comunicação têm criado seus próprios

aplicativos para a colaboração dos usuários em conteúdos noticiosos.

De acordo com o site Techtudo7, o Whatsapp é um dos aplicativos mais

populares da atualidade, com possibilidade de troca de mensagens, envio de fotos,

áudios e vídeos, chamadas telefônicas. Com o aplicativo, é possível compartilhar

6Manifestações populares por todo o país que surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de

transporte público 7 http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/whatsapp-messnger.html

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inclusive a localização, contatos e até enviar os históricos das conversas por e-mail.

Também permite a criação de grupos.

O aplicativo proporciona ao usuário uma economia de tarifas de SMS e de

ligações, sendo que a velocidade da troca de mensagens é rápida. Por isso, provocou

uma mudança no comportamento de usuários de smartphones e tablets, que hoje

preferem usar o aplicativo para se comunicar com grupos e veículos de comunicação,

em vez de usar a ligação pela operadora de celular.

Mesmo que o usuário esteja com o aparelho descarregado ou desconectado da

Internet, o WhatsApp salva as mensagens e envia notificações assim que estiver

conectado. As ligações e a troca de mensagens são feitas pela Internet, não havendo

assim cobrança de tarifas mesmo quando o contato está em outro país. Segundo o site,

existem muitos pontos favoráveis ao utilizar o aplicativo, umas das poucas restrições

ocorre nos casos de chamadas telefônicas, que possuem um breve delay (atraso de som

nas transmissões via satélite).

Pesquisas apontam que o aplicativo é hoje um dos preferidos dos brasileiros. Um

estudo realizado pela Ericsson8 e divulgado em fevereiro de 2015 mostra a dimensão do

WhatsApp no Brasil: o aplicativo é nada mais do que o quarto maior consumidor de

internet móvel no país, sendo o Facebook o primeiro colocado responsável por 28% dos

dados, em segundo o Chrome com 16% e o YouTube com 15% e, em quinto e último

lugar o Instagram com 6%. O comunicador instantâneo WhatsApp ainda é responsável

por 13% do tráfego móvel de dados. Ele faz parte de um seleto grupo responsável por

enviar e receber quase 80% de tudo que é consumido na internet móvel brasileira,

mostra a pesquisa.

Diante do crescimento da usabilidade deste aplicativo que caiu no gosto popular

brasileiro, ele também se tornou um canal de comunicação utilizado por vários veículos

de comunicação para estabelecer uma conexão com os seus públicos.

Um exemplo é o jornal Extra, que criou um canal direto com o cidadão comum,

estabelecendo um vínculo colaborativo por meio da seção no site do jornal denominada

“Eu Repórter”, criada em 19 de novembro de 2012 (Figura 1) e que ensinava no

primeiro momento, como o leitor poderia transformar o seu flagrante em notícia. A

intenção do veículo com a referida seção era abrir e estabelecer um canal mais próximo

com o usuário, formando assim um vínculo com o cidadão comum.

8 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/02/whatsapp-e-o-4-maior-aplicativo-da-internet-movel-do-

brasil.html

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Figura 1 – Eu-repórter

Fonte: Extra9

Em junho de 2013, o jornal criou o “WhatsApp do Extra”:

Figura 2 – WhatsApp do Extra

Fonte: Extra 10

9 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/rio/eu-reporter-leitor-como-um-parceiro-diario-

233473.html

10 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/extra-cria-novo-canal-de-comunicacao-com-leitor-no-

whatsapp-adicione-participe-8799400.html

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Em 2015, o portal publicou matéria com dados significativos após dois anos da

implantação do aplicativo. Diz o texto:

o Extra é hoje uma rede com 72 mil contatos no brasil e no mundo

inteiro; com a ajuda do leitor foi possível publicar cerca de 3.500

reportagens nas versões impressa e online; nesses mais de 730 dias,

foram recebidas mais de 112 mil fotos, 13 mil vídeos e 14 mil áudios

e foram mais de 4 milhões de mensagens nesse período. (EXTRA,

2015)

Figura 3 – Matéria sobre WhatsApp do EXTRA

Fonte: Extra11

Segundo o Jornal Extra, ser o pioneiro no uso da plataforma é motivo de

orgulho. Com a ajuda de leitores, o veículo de comunicação denunciou situações

desumanas dentro hospitais públicos e a violência no entorno de escolas, sob o fogo

cruzado entre policiais e traficantes.

Por meio da ferramenta, as pessoas alertam para problemas no transporte público

e outros problemas cotidianos das grandes cidades. Extraímos alguns excertos de textos

e imagens publicadas no Portal do Jornal Extra, que utilizaram o “WhatsApp do Extra”

como meio de comunicação entre jornal e cidadão.

11 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-

mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html

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Figura 4 – Copa do Mundo

Fonte: Extra12

“Durante a Copa do Mundo, por exemplo, o Jornal EXTRA recebeu mensagens

de brasileiros no Líbano, país da Ásia, e em Londres, na Inglaterra, mostrando que a

mobilização em nível mundial”.

Figura 5 – Eleições em Londres

Fonte: Extra13

12 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-

mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html

13 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-

mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html

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“Pouco depois, em outubro, durante as eleições, o leitor Fabiano Paiva, residente

de Londres, enviou com exclusividade para o EXTRA fotos dos Brasileiros na fila para

votar no consulado brasileiro na capital inglesa.”

Figura 6 – Acidente com celebridades

Fonte: Extra14

“Foi através do WhatsApp que o EXTRA recebeu as fotos da apresentadora

Angélica chegando na (sic) Santa Casa Campo Grande após o avião onde estavam a

loira, Luciano Huck e os três filhos deles, além das babás, fazer um pouso de

emergência na área de uma fazenda em Mato Grosso”.

Os exemplos do Portal do Jornal Extra e a utilização do aplicativo WhatsApp

apresentados se restringem à participação do usuário em conteúdos noticiosos, com

imagens de flagrantes do cotidiano. São ilustrativos para a discussão sobre as práticas

colaborativas no conteúdo jornalístico do Portal R7, tema do capítulo 4.

14 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-

mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html

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CAPÍTULO 3 - A EVOLUÇÃO DOS PORTAIS

NOTICIOSOS

A cada dia chegam às lojas novos aparelhos que facilitam a vida da população:

smartphones, computadores e tablets, acompanhados de novos aplicativos e softwares,

ou seja, não é possível tentar um jogo de adivinhação dentro do mundo tecnológico, já

que ele está sempre pronto para surpreender.

Com intuito de informar, entreter, aproximar distâncias geograficamente

impossíveis, empresas de comunicação se atualizaram e criaram portais, trazendo e

consolidando uma nova cultura para o meio, seja no conteúdo, seja na interação com

usuários, conectados 24 horas por dia.

Os portais noticiosos são fontes informativas comuns no dia-a-dia, tendo

características únicas de concentrar o maior número de informações e funções para

atrair e manter seu público. Eles se desenvolveram e hoje ocupam parte considerável do

tráfego da internet.

Neste capítulo, abordamos brevemente o surgimento e a evolução dos portais e

os desafios que enfrentam a cada dia para manter sua audiência atualizada, além da

busca por estratégias para conquistar novos usuários, manter a audiência e a qualidade

do conteúdo. Os portais são como um centro disseminador e coletor de conteúdos os

quais alimentam e são extensões de diversos meios que fazem parte das empresas de

comunicação, como no caso do Portal R7.

3.1 A evolução dos portais noticiosos

As transformações ocorridas no jornalismo desde seu surgimento, aceleraram-se

na era digital. Segundo Castells (2003, p. 25), desde o final do século XX, a internet

revolucionou o “ambiente de comunicação”, modificando os diversos âmbitos da vida

em sociedade. Ela também transformou os negócios e, por isso, é vista como via

importante e de grande potencial por empreendedores de diversos segmentos.

No Brasil, as empresas jornalísticas também perceberam esse movimento e

resolveram investir neste novo meio para aumentar a audiência e lucros, mas se

depararam com muitas mudanças:

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a pluralidade de meios, formas, ferramentas e processos

comunicacionais, que tem provocado não só a aceleração da

circulação de notícias, mas também transformações nos processos de

confecção das informações disponíveis nos meios de comunicação.

(CAPRINO, PERAZZO, 2009, p. 101)

Assim, o empresariado da comunicação buscou se modernizar e inovar, criando

inicialmente os sites de conteúdo que, de acordo com Ferrari (2003, p. 25), nem sempre

tinham uma “concepção de portal”, como aconteceu com as empresas americanas, que

evoluíram a partir “dos sites de buscas e que recorreram ao conteúdo como estratégia de

retenção do leitor”.

Durante os anos de 1997 a 2000, a atenção era para o volume de reportagens e

não ao seu aprofundamento, pois os investidores acreditavam que seria dessa maneira

que o usuário supriria suas necessidades e saciaria suas buscas, porém percebeu-se que

era preciso ir além, unindo conteúdo de qualidade e design acessível, para gerar mais

acessos (FERRARI, 2003, p.28).

O surgimento dos sites noticiosos brasileiros ocorreu na segunda metade da

década de 90 e, segundo Ferrari (2003, p. 25), “o primeiro site jornalístico brasileiro foi

o Jornal do Brasil, criado em maio de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O

Globo”.

A partir de então, sites noticiosos de diferentes grupos jornalísticos são criados,

ocorrendo também a migração dos jornais tradicionais para a internet. No início houve

apenas a transposição das edições impressas para a versão online (daí o surgimento do

termo “jornalismo online”), com o passar do tempo as empresas jornalísticas

perceberam que para seus negócios crescerem neste novo meio precisariam adotar

métodos e processos diferenciados, para se manterem vivas no mercado. Barbosa

analisa:

as empresas jornalísticas perceberam que para seus respectivos sites

terem visibilidade precisariam ser acessados e, para isso, era

necessário ofertar conteúdos exclusivos para além daquele disponível

nas edições impressas, implementando canais de notícias em tempo

real para despertar e criar o hábito da leitura da versão online. Para

fidelizar ainda mais esse usuário, numa etapa seguinte, os grandes

grupos e empresas entraram para o negócio do provimento de acesso

Internet – uma das esperanças de geração de receita, pois só a

publicidade não garantia o retorno esperado. Um novo momento de

diferenciação para o jornalismo vai acontecer com a ascensão dos

portais – páginas que centralizam informações gerais e especializadas,

serviços de e-mail, canais de chaterelacionamento, shoppings virtuais,

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mecanismos de busca na Web, entre outros, e cuja intenção é ser a

porta principal de acesso a orientar a navegação do usuário pela

WWW. Foram os americanos que criaram e batizaram esses sites de

“portais”. O ano de adoção desse modelo no Brasil foi 1998.

(BARBOSA, 2001, p. 8).

Para compreender o termo “portal”, produto da internet e que acompanhou a

transição do jornal impresso para o jornal digital, buscou-se a definição de Pollyana

Ferrari (2003, p. 30), que esclarece que o:

para ser chamado de portal, um site precisa reunir certas

características. Os portais tentam atrair e manter a atenção do

internauta ao apresentar, na página inicial, chamadas para conteúdos

díspares, de várias áreas e de várias origens. A solução ajuda a formar

“comunidades” de leitores digitais, reunidas em torno de um

determinado tema e interessadas no detalhamento da categoria de

conteúdo em questão e seus respectivos hyperlinks, que surgem em

novas janelas de browser.

Observa-se que a autora não tem uma definição para site e diante desta

apresentada acima, pode-se perceber porque as empresas jornalísticas, com o decorrer

do tempo e da aplicação das novas tecnologias no ambiente online, aderiram a um

formato diferente, neste caso os portais, com o objetivo de trazer uma nova cultura de

aproximação e interação com os receptores.

Essa mudança foi gerando também uma nova maneira de publicar conteúdo

jornalístico, explorando as possibilidades da internet. Entretanto, nem todos os veículos

se adaptaram e aderiram ao novo formato, alguns optaram por manter apenas sua forma

(suporte) original.

No Brasil, após a adoção do modelo de “portal” em 1998, as empresas

começaram a se adaptar às demandas do mercado na internet e criaram alguns padrões

para conquistar a audiência em busca de conteúdos e serviços personalizados. Segundo

FERRARI (2003, pp. 28-35),

de 1997 até o final do ano de 2000, os grandes sites de conteúdos

brasileiros, assim como os norte-americanos miraram as pontarias na

oferta abundante de conteúdo, muito mais voltado ao volume de

notícias do que ao aprofundamento da matéria, se adaptando também,

às demandas do mercado na internet, criando alguns padrões como os

chamados portais verticais (criados no Brasil em 1999), que

conquistavam a audiência em busca de conteúdo e serviços

personalizados. Esses portais muitas vezes tratavam de assuntos

específicos, diferentemente dos portais horizontais, com abrangência

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de temas. É o caso dos portais noticiosos, com informações de

diversos tipos, além de oferecer também entretenimento.

Mesmo podendo ser classificada como mídia de massa, os portais criaram um

elo com o internauta até então impossível de ser imaginado, já que àquela época, no

caso da televisão, o telespectador podia interagir bem menos.

O dinamismo que a internet promove em relação à interatividade internauta-

meio acontece de forma mais veloz do que nos meios tradicionais, porém a partir do

momento que canais televisivos criam portais acabam estendendo a interatividade à

televisão.

Os portais têm como intuito manter os usuários por mais tempo em suas páginas,

assim sempre necessitam planejar diferentes formas para alcançar esse objetivo. Uma

das estratégias adotadas por alguns portais, segundo Ferrari (2003, p. 31), “foi a criação

dos e-mails gratuitos que também surgiram em meados de 1990”.

O primeiro correio eletrônico foi o Hotmail, criado pelo indiano chamado Sabeer

Bhatia e comprado pela Microsoft, em 1997. Essa ferramenta foi utilizada pelos portais,

como uma maneira de atrair o público e manter sua navegação por um período maior,

além de aumentar o número de acessos, já que o uso do correio eletrônico se dá em

diferentes momentos do dia.

Com diversas características e formas de abordagem, os portais foram ganhando

espaço no mercado brasileiro.

De acordo com os dados do Ibope/Nielsen15, relativos ao mês de fevereiro de

2013, os principais portais de notícias de maior audiência no Brasil estão assim

elencados: 1º.) UOL, com 35.801 milhões; 2º.) Globo.com, 30.529 milhões; 3º.) R7, que

possui 27.432 milhões; 4º.) Terra, com 26.981 milhões; e 5º.) iG – 19.603 milhões.

Segundo dados do Ibope 2013 publicados na revista Meio & Mensagem (online),

o Terra vinha se mantendo na terceira posição entre os portais de notícias mais

acessados havia um bom tempo.

Já o R7 começou sua maior escalada em meados de 2014, quando, pela primeira

vez, ultrapassou o iG, por uma pequena diferença de visitantes únicos.

15http://www.ibope.com.br

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3.2 Alguns desafios dos portais

Desde o surgimento dos portais noticiosos, na metade da década de 1990, os

desafios são muitos. As transformações e adaptações de conteúdo e forma foram

surgindo na medida em que a nova mídia, com características multimídia, interativa e

hipertextual foi se consolidando. Era necessário criar ações e desenvolver métodos

eficazes para ter e ampliar a audiência, garantindo a sobrevivência. De acordo com

Antunes, fazer a mudança foi

(...) o maior legado desse movimento de Inovação Digital, transpor o

digital e distribuir novos pensamentos em velhos departamentos. É

olhar diferente. Buscar soluções não só em como comunicar com o

seu cliente, mas como se relacionar com ele e com tudo que está a sua

volta, ou seja, o mundo todo trazendo um jeito novo de questionar

para encontrar novas soluções (ANTUNES, 2011 p. 49).

Além de inovarem na forma de transmitir as notícias, os portais passaram a

usufruir de diversos recursos, como vídeos, mas, principalmente, com a interação

simultânea do usuário - comentários e fóruns tornaram-se característicos desses portais -

levando-os a se adaptarem a críticas e elogios diários.

É necessário ressaltar que em seus primeiros anos os portais tinham como

prioridade o volume de informações compartilhadas, o foco era menos qualitativo.

Entretanto, no decorrer do tempo, com a evolução e a participação ativa dos

usuários, a qualidade do conteúdo passa a ter maior importância, sendo que hoje dois

aspectos são fundamentais: quantidade de postagens (com novidades) e qualidade da

informação (FERRARI, 2003).

Apesar de todas as transformações, as boas manchetes continuam atraindo os

usuários, como nas velhas capas dos jornais impressos. Devem ser escritas com

vibração, objetividade e arte, para que possam orientar e atrair leitores (BRIGGS, 2007,

pp.64-69). A velha estratégia das manchetes é bem utilizada quando a empresa também

é detentora de outros veículos, em outras plataformas, pois servem para atrair o usuário

para outros conteúdos.

Segundo informações no próprio R7, os portais utilizam os recursos multimídia

da internet, oferecendo muitos conteúdos visuais, especialmente fotos e vídeos. Outra

característica importante são as “notícias relacionadas” ao conteúdo principal, que são

sugeridas por meio de links após ao término da notícia ou reportagem do dia.

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A competividade com outros portais noticiosos leva cada empresa a criar um

diferencial, uma vantagem competitiva. Para isso, primeiramente, é preciso conhecer

seus públicos, suas necessidades. Isso influencia no conteúdo editorial e na forma como

é exposto no Portal.

Assim, o design e a acessibilidade são fatores importantes e devem oferecer

praticidade ao usuário.16

Porém, outro fator que faz a diferença e que atrai uma presença de usuários mais

que esperada nos portais se refere aos conteúdos jornalísticos. Segundo FERRARI

(2003, p. 30), “o conteúdo jornalístico tem sido o principal chamariz dos portais e pela

possibilidade de reunir milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, os portais

assumiram o comportamento de mídia de massa”.

Importante observar que a participação no conteúdo dos portais leva muitos

internautas não apenas a fóruns de discussões, mas também à criação de blogs pessoais

nos quais desenvolvem conteúdos sobre diversos assuntos, conquistando seguidores –

concorrência aos portais, os quais acabam conquistando mais audiência ao hospedar

esses blogueiros em suas homepages.

3.3 O portal estudado

O portal R7, do Grupo Record, foi criado com o intuito de aproximar a rede

Record de televisão (TV Record e Record News) de seus telespectadores, por meio de

uma plataforma diferente.

Lançado em 27 de setembro de 2009, o R7 ressalta a sua missão de reunir

informação, entretenimento, colunas escritas por estrelas da emissora, como Ana

Hickmann (modelo e apresentadora), Edu Guedes (chef de cozinha e apresentador), Ana

Paula Padrão (jornalista e apresentadora), dentre outros.

Com uma equipe formada por cerca de 300 funcionários, entre eles 150

jornalistas, o R7 conta também com informações sobre programas de seus canais

(Record e Record News). A grande maioria dos jornalistas produz conteúdos nas

diversas áreas do Portal e alguns destes coordenam e chefiam equipes.

16 Informações obtidas em “18 problemas de usabilidade que deixam seus leitores furiosos (e como

consertá-los). Viver de Blog. 13 mai. 2013. Disponível em: <http://viverdeblog.com/18-problemas-

usabilidade/>. Acesso em: 2 mai. 2015

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A redação do Portal é dividida em oito (8) núcleos que englobam todas as

editorias e áreas do Portal. A redação trabalha em um regime 24 horas, com períodos de

trabalho de 7 horas diárias e folgas semanais.

As mesas de trabalhos são divididas em 15 ilhas com 10 computadores e alguns

televisores espalhados sobre as mesmas, assim como algumas TV’s também suspensas,

sendo que as mesmas transmitem conteúdos de entretenimento e de informação de

outras emissoras concorrentes.

Cada núcleo tem as suas especificidades, conforme as editorias, sendo

impossível generalizar o que cada grupo de trabalho faz. As pautas de cada editoria

noticiosa são definidas pelos repórteres-editores que as sugerem, em seguida os

coordenadores de cada núcleo, em conjunto com a chefia, fecham o fluxo de produção

do dia.

A relação do Portal com os programas televisivos da Record, em termos de

conteúdos informativos, é intensa, uma via de mão dupla que depende da interação com

os usuários.

As pautas, as histórias, a apuração de fatos, imagens e fotos são

obtidas/sugeridas pelos internautas, estimulados pelos jornalistas que atuam na

produção desses conteúdos informativos.

De acordo com os entrevistados, no conteúdo do Portal é priorizada a relevância

e possibilidade de engajamento e repercussão dos fatos, com uma linguagem simples e

direta.

Os conteúdos mais acessados são os relacionados ao Entretenimento, porém,

conteúdos informativos, como “Hora 7” e “Conteúdo Record”, estão entre os mais

buscados pelos usuários. Em se tratando de editorias, as mais vistas são: “Famosos e

TV”, “Mulher”, “Pop”, “Hora 7” e “Conteúdo Record” (Informação verbal).

Nem sempre o usuário do Portal é telespectador da Rede Record. Isso depende

da experiência de cada usuário, mas, segundo um dos entrevistados para esta

dissertação, “não se pode negar que o conteúdo Record é um dos diferenciais do

mercado”.

Antes de seu terceiro aniversário, o Portal inovou com a exibição do reality

show “A Fazenda”, anteriormente exibida apenas pelo seu canal televisivo e disponível

no Portal 24 horas por dia, sem custo para o usuário.

A ação atraiu grande número de novos usuários e aumentou os acessos,

contribuindo para que o R7 superasse o iG.

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Um aumento de 25% das contas, totalizando 800 mil novos cadastros, e o

crescimento para 4,2 milhões de e-mails, serviço lançado em 2010, um ano após o início

do Portal na rede.17

Em 2011 o R7 fez a transmissão simultânea (TV+Portal) do casamento real na

Inglaterra, estimulando a interação com o usuário por meio das redes sociais, ao postar

no mural do Facebook mensagens aos noivos (príncipe William e Kate Middleton) e

comentários de especialistas e jornalistas sobre a cerimônia e seus desdobramentos.

Em 2012, foi a vez das Olimpíadas de Londres, transmitidas ininterruptamente.

Além das transmissões online de seus programas, o Portal também inovou ao transmitir

o Jornal da Record News ao vivo em seu canal televisivo e online, para todos os

usuários, novidade não apenas no Brasil, mas também na América Latina.

Outra ação realizada focando novos usuários foram as premiações a adolescentes

telespectadores da novela “Rebeldes”, veiculada na emissora de TV Record, que

cadastraram seus e-mails de fãs do “Rebelde Mania”, para concorrer a prêmios da

novela.

Como a vocação dos portais noticiosos é unir informação e entretenimento,

conforme dito anteriormente, o portal R7 oferece, além de notícias, os blogs, e-mail

gratuito, vídeos, programas que já foram exibidos, rádio e inúmeros serviços, como

página de oferta de empregos, imóveis, cursos online, e até mesmo chat de namoro, ou

seja, busca suprir as necessidades de seus usuários em apenas uma plataforma.

Outra estratégia são as redes sociais. Por meio delas, há mais participação do

usuário, além de a notícia ser disseminada com maior rapidez e facilidade. A página do

portal R7 no Facebook conta com dez milhões de seguidores; em sua conta no Twitter

possui mais de três mil seguidores, somando 240 mil tweets; em seu Instagram há mais

de 82 mil seguidores; e no canal de vídeo do YouTube o R7 conta com cerca de 21 mil e

500 inscritos. Esses dados foram abstraídos das próprias redes sociais mencionadas

neste parágrafo.

No Facebook recebe, em média, quatro postagens por hora, independentemente

do segmento (entretenimento ou notícias); já o Twitter do R7 também possui a média de

quatro postagens por hora. Os dois canais diferenciam os links de postagem (cada post

conta com o link que direciona o usuário para o portal), tendo assim pouco conteúdo

repetido, já que o público dos dois canais tende a ser os mesmos.

17 Esta informação está disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/a-fazenda-faz-e-mail-do-

r7-crescer-20082011-4.shl

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As redes sociais são grandes aliadas dos portais, pois nelas é possível atingir

grande número de internautas em tempo reduzido. O R7, assim como os outros,

disponibiliza o seu link na maioria de suas postagens, não apenas para facilitar o acesso,

mas também para o compartilhamento dos usuários nas suas redes pessoais, atingindo

potenciais usuários.

O Instagram e o canal no YouTube contam com menos postagens e menor

número de seguidores. O portal publica cerca de três fotos por dia em seu Instagram, e

um ou dois vídeos por semana em seu canal, de acordo com a equipe de conteúdo.

A mobilidade cada vez maior dos usuários, devido ao uso de aparelhos portáteis

(smartphones, tablets), leva o Portal a utilizar as redes sociais de maneira ainda mais

estratégica, tornando o internauta um aliado. Assim, estimula a sua participação de

diversas formas, não apenas para atender as necessidades da audiência e ampliá-la -

especialmente os mais jovens, que está todo tempo conectado pelos smartphones –como

também para captar cada vez mais notícias quentes e superar a concorrência.

O R7 está desenvolvendo um aplicativo para o envio de vídeos, que estará

disponível no futuro para celulares com sistemas operacionais IOS ou Android.

Enquanto isso não acontece, os usuários podem enviar materiais pelas páginas

disponíveis no Portal. No Capítulo 4 discutiremos mais profundamente webjornalismo

colaborativo na prática.

Por fim, para atrair o público brasileiro, disponibiliza páginas de diversas

cidades no Brasil, nas quais os usuários colaboram com textos e vídeos, assumindo o

papel de repórteres locais. Há um espaço específico para essas contribuições: “Faça sua

notícia”. Em 2009 foi a vez de São Paulo; no ano seguinte, Rio de Janeiro; depois

Brasília e Belo Horizonte, ambos em 2012; Salvador, em 2013; e, para finalizar, o

Triângulo Mineiro (Uberaba, Uberlândia e Araguari) recebeu sua página em 2013.

Em maio de 2014, o R7 atingiu a marca de 50 milhões de visitantes, sendo que

dois de cada três internautas brasileiros passaram pelo Portal.18

3.3.1 O conteúdo do R7

Como já foi mencionado anteriormente, o R7 possui inúmeras atrações que

unem a web ao meio televisivo. Tem como objetivo oferecer a maior variedade de

18 Informações retiradas em http://rederecord.r7.com/video/portal-r7-ultrapassa-marca-historica-de-50-

milhoes-de-visitantes-unicos-53a2d7980cf2d6291ef0585d/

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informações na sua página inicial, seja com manchetes acompanhadas de imagens, seja

apenas a chamada que atraia o leitor.

Ao percorrer a página inicial há informações sobre famosos, notícias, economia,

política, últimos acontecimentos sobre a novela do momento e o que ocorreu no jogo de

futebol no dia anterior. Há grande quantidade de imagens, acompanhadas de tópicos

sobre o que será exposto, ou simplesmente manchetes chamando o internauta.

O R7 TV foi criado para trazer o telespectador para o meio virtual, nele são

disponibilizados quatro canais com programações veiculadas na televisão. Um deles é

dedicado à transmissão do próprio canal da Record, o segundo é referente à Record

News e o terceiro para vídeos do portal, junto dos enviados pelos usuários.

É possível observar mais intensamente essa estratégia ao verificar os conteúdos

disponibilizados nas editorias. Ao acessá-las encontra-se notícias e blogs de famosos,

especialistas e jornalistas, além de enquetes (presentes em muitas das editorias) e

serviços.

Pode-se acessar também páginas com as quais o R7 possui parceria, como por

exemplo o Brasil Escola (disponibilizado dentro da editoria Educação) e o Canal Tech

(disponibilizado dentro de Tecnologia e Ciência). Ao ser direcionado por meio de link a

outro conteúdo fora do Portal, o usuário se depara com um banner do R7, pronto para

trazê-lo de volta.

A seguir descrevemos os conteúdos das principais editorias, disponibilizadas do

lado esquerdo da página inicial do R7:

Educação: Notícias, Vestibular, Alunos online, Brasil Escola, Banco de

concursos, Cola da web, Como fazer, Corretor ortográfico, Cursos online,

Dicionário informal, Ebah, Escola kids, História do mundo, Nossa língua

portuguesa, Online tradutor, Portal competência, Português, Web dicionário,

Agenda, Enquetes, Fotos, Glossário, Mural e Vídeos;

Economia: Contábeis, Notícias, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;

Brasil: Notícias, Blog Adriana Araújo, Blog Cristina Lemos, Blog Jus

Navigandi, blog Heródoto Barbeiro, Blog Marcos Pereira, Blog Nirlando Beirão,

Blog Ricardo Kotscho, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;

Internacional: Notícias, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;

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Tecnologia e Ciência: Notícias, AndroidZ, Baboo, Baboo Fórum, Baixaclub,

Canal Tech, Código-fonte, Hardware Fórum, iMasters, Jornal Ciência, Rosana

Hermann, Rock’N Tech, Tecnoblog, Ultradownloads, Fotos, Glossário,

Enquetes, Mural e Vídeos.

No que se refere às enquetes, tentamos acessá-las nas editorias Brasil e

Internacional, porém, estavam desatualizadas, datadas de 2009 a 2012, respectivamente,

ainda abertas para votação.

Na análise de Primo e Träsel, embora haja condição de quantificar os que

participaram das votações nas enquetes, não há referência desses resultados em outros

conteúdos dos Portais. “É a utilização do recurso apenas em virtude de sua

funcionalidade e facilidade de publicação” (PRIMO, TRÄSEL, 2006, p. 11). Ao

término das editorias é possível acessar os serviços – como e-mail, página da Rede

Record, Record News e emissoras de rádio parceiras.

Quanto ao design, as premiações recebidas pelo R7 indicam que está no caminho

certo, entendendo as necessidades do usuário. O design deve facilitar não apenas a

navegabilidade e a legibilidade para o internauta, como também a inserção e manejo dos

conteúdos, no caso, feito pelos jornalistas.

Precisa também atrair o usuário pela notícia e pela interface utilizada, uma

complementando e facilitando a outra. Nesse sentido, Tellería observa os erros que não

podem ser cometidos:

hoje em dia, sem dúvida, as frontpages (páginas iniciais) dos

cibermeios são muito extensas, convertidas – como explicou Bella

Palomo – em uma lista de bases de dados. Da mesma forma,

apresentam forte homogeneidade em suas propostas: fundo branco,

texto em preto e links em azul, geralmente usando uma paleta de cores

muito similar. Insertam-se tabelas com as notícias mais visitadas e

comentadas, mantém-se uma grade inalterável por exigência dos

anunciantes, banners nos cabeçalhos – publicidade personalizada

segundo a zona geográfica (...) (TELLERÍA, 2012 p. 277)

Em razão de seu design e conteúdo, o R7 recebeu vários prêmios: em 2013,

recebeu o Prêmio Anatec19, nas categorias: Melhor projeto gráfico (pela homepage);

Infográfico, “James Bond 50 anos”; na categoria capas, home pages e vinhetas de

19 A ANATEC é a Associação Nacional de Editores de Publicações, o objetivo é reunir editores de

publicações em todo o país: www.anatec.org.br.

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abertura, o hotsite da série fora de controle foi premiado com o troféu de prata. Foi

premiado ainda com o “Top Empreendedor 2009” (em 2009); e 6º Prêmio Allianz

Seguros de Jornalismo, em 2012 (com a reportagem: “Indenizações pagas com seguros

de acidentes de trânsito triplicam em cinco anos no Brasil”, publicada em setembro de

2011).

CAPÍTULO 4 – WEBJORNALISMO COLABORATIVO NA

PRÁTICA

Neste capítulo, vamos apresentar o webjornalismo colaborativo na prática, tendo

em vista a pesquisa realizada na redação do Portal R7, por meio de observação direta e

entrevistas com jornalistas que ocupam cargos de chefia e outros que atuam na

produção de conteúdo.

4.1 Procedimentos Metodológicos

Conforme mencionado na introdução deste trabalho, trata-se de uma pesquisa

exploratória descritiva, que usa como instrumentos a observação direta e entrevistas

semiabertas (ou semiestruturadas).

A pergunta problema que norteia este estudo é: como ocorre a participação e a

presença dos usuários comuns na produção dos conteúdos informativos no portal

noticioso brasileiro R7?

O objetivo foi verificar a participação do usuário na produção do conteúdo

informativo do Portal R7, um dos três principais portais com maior audiência no Brasil,

de acordo com a revista Meio & Mensagem.

Em fevereiro de 2013, dados apontados pelo Ibope/Nielsen apontaram que o

Portal R7 passou a ocupar a terceira posição no ranking brasileiro, ultrapassando o

Terra e ficando atrás do UOL e Globo.com, que continuam liderando a lista dos portais

mais acessados.

Conforme mencionado, o Portal R7 foi lançado em 2009, com o objetivo de

aproximar a Rede Record de Televisão (TV Record e Record News) de seus

telespectadores por meio de uma plataforma diferente. A escolha do Portal se deu em

razão de sua posição no ranking; por estar ligado a uma empresa de comunicação que

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atua em diversas plataformas, inclusive televisiva; e por concorrer diretamente com o

portal mais acessado, o Globo.com.

Trata-se de uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, na qual foi

utilizado o método qualitativo. De acordo com Gil (2008), na pesquisa exploratória

busca-se mais proximidade, familiaridade em relação ao problema estudo, envolvendo

pesquisa bibliográfica e/ou entrevistas, como técnicas mais recorrentes. Normalmente é

aplicada em estudos de caso. Já estudo de caso, segundo Yin (2005) é uma pesquisa que

busca investigar um fenômeno, não necessariamente único, em seu contexto.

Quanto às técnicas utilizadas para a pesquisa, utilizou-se a entrevista

semiestruturada ou semiaberta, onde o investigador tem uma lista de questões ou

tópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista

tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e

poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005).

Segundo Tomar (2007), as principais vantagens das entrevistas semiestruturadas

são as seguintes: possibilidade de acesso à informação além do que se listou; esclarecer

aspectos da entrevista; geração de pontos de vista, orientações e hipóteses para o

aprofundamento da investigação e define novas estratégias e outros instrumentos

Já a observação direta realizada é denominada assistemática ou não estruturada,

pois é “espontânea, informal, simples, ocasional e acidental”, sem planejamento

anterior, de acordo com Lakatos e Markoni (2003, p. 87).

No caso das entrevistas, foram elaboradas nove (9) questões-tema, porém,

conforme reforça Mattos (2005), há uma flexibilização do roteiro para captar outras

informações consideradas importantes pelo pesquisador e pelo entrevistado. As

entrevistas foram gravadas por meio de equipamento digital e posteriormente transcritas

(vide anexo C).

Foram realizadas seis entrevistas com jornalistas, desde os que ocupam cargos

de chefia aos que participam diretamente da produção de conteúdo jornalístico, com

idades variadas. Após a transcrição das 6 entrevistas, as respostas foram categorizadas

de acordo com o roteiro inicial, além de outras categorias criadas conforme os achados

observados nas respostas.

As categorias foram divididas em subcategorias, que sintetizam as principais

observações dos entrevistados. Algumas citações diretas foram extraídas das

transcrições para exemplificar os padrões observados.

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As categorias e subcategorias são:

1) Mudanças no Jornalismo na era da Internet - observações mais importantes

sobre a prática do jornalismo na web. Subcategorias: Importância da internet;

Impacto da internet; Dinamismo e rapidez; Participação/proximidade;

Quantidade de informação; Informações com diferentes características;

Multiplataforma; Apuração diferenciada; e Demandas de usuários;

2) Jornalismo Colaborativo e a sua influência na prática jornalística – observações

relevantes diante da colaboração dos usuários com as mudanças que a Internet

provocou no webjornalismo, tipos de práticas colaborativas dos usuários e sua

influência no conteúdo. Subcategorias: Percepção do jornalismo colaborativo;

Práticas do jornalismo tradicional; Influência da colaboração na prática

jornalística; Relacionamento com o internauta; Aproveitamento do conteúdo;

Opções que ajudam na colaboração; Diferencial na produção de conteúdo e

facilitadores na distribuição do conteúdo;

3) Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos – abrange a seleção feita pelos

jornalistas. Subcategorias: Quem seleciona; Como seleciona; Principais critérios

de seleção; Interferência desta seleção e Monitoramento dos conteúdos;

4) Avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico – engloba

como os jornalistas avaliam a colaboração dos usuários e a sua influência no

conteúdo jornalístico. Subcategorias: Importância e qualidade da colaboração;

Pontos positivos da colaboração; Pontos negativos da colaboração; Como ocorre

a colaboração – ela é voluntária ou involuntária e Como é feito o

acompanhamento do conteúdo colaborativo;

5) Estratégias para atingir o público alvo – estratégias e táticas para garantir e

manter a relação com a audiência do Portal. Subcategorias: Quem determina o

público; Táticas para atingir o público; Objetivos do Portal; Diferenciais do

Portal;

Quanto aos entrevistados, conforme mencionado acima, foram seis (6) com as

seguintes idades: 50, 28, 24 e 23 anos. Todos são jornalistas formados, com

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experiências variadas (até em razão da idade). Os cargos que os entrevistados ocupam

são: Coordenador de Conteúdo do Portal R7, Editor-Chefe do Portal R7; Redatora do

Programa Hoje em Dia; Jornalista da Editoria de Cidades; Redatora do R7 Você;

Redator dos Programas Balanço Geral e Domingo Espetacular.

Todos foram entrevistados em um mesmo dia (02 de junho de 2015), durante o

expediente na redação do Portal R7. Alguns deles foram novamente consultados após a

entrevista, por e-mail, para complementação das informações.

No ambiente da redação também foram vistos quadros decorativos que

mencionavam por meio de frases diversificadas, a posição do Portal R7, como: “A

maior diferença já registrada sobre a concorrência - O Ibope/Nielsen registrou mais de

um milhão de usuários únicos mensais sobre a concorrência (abril/2014)”; “O R7 é o

segundo maior portal de conteúdo mainstream20 do país. É também o mais social: com 8

milhões de seguidores únicos no Twitter e 5 milhões de fãs únicos no Facebook. Além

disso, é considerado o portal mais contemporâneo, com maior número de vídeos

publicados diariamente, o pioneiro em conteúdo freemium21 e o portal mais transmídia.

Por isso, não é à toa que o R7 chega cada vez mais longe”.22

No cabeçalho da página de capa do Facebook também são divulgados o total de

fãs atingidos em 2015, ou seja: 10 milhões de seguidores (capa atualizada em 30 de

maio de 2015).

Um dos seus concorrentes do Portal R7, o Globo.com, tem 5,1 milhões de

seguidores em sua página no Facebook.23 Infelizmente, do Portal UOL, não foi possível

mensurar, uma vez que ele não tem uma única página no Facebook, e sim várias, ou

seja, cada editoria do portal tem uma página no Facebook.

4.2 Colaboração no webjornalismo

Neste tópico serão apresentadas as análises feitas a partir das entrevistas

realizadas, levando em consideração as observações feitas pela pesquisadora à luz dos

conceitos teóricos expostos nos capítulos anteriores. Importante salientar que o

20 Conteúdo mainstream significa fluxo principal. 21 O termo Freemium foi “criado” em 2006 por Fred Wilson e consiste em dar algo de graça, para

experimentação e criação de certo buzz sobre o assunto, para depois vender uma versão mais completa e

paga (premium), para uma parcela dos que receberam e gostaram do que viram. REFERENCIA:

http://www.marketingdigital.com.br/estrategias-marketing-digital/artigo/de-graca-ta-brincando-freemium-

modismos-e-descobertas-requentadas.html 22 Fonte: comScore, maio/2013 23 Dados obtidos na própria fanpage do portal.

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agrupamento das frases, segundo as categorias, são excertos extraídos das entrevistas,

cujas íntegras (Anexo C) e tabelas com as categorizações (Anexo D, E, F, G e H) estão

ao final desta dissertação.

4.2.1 Mudanças no jornalismo na era da internet

Como pudemos observar no Anexo D– Mudanças no Jornalismo na era da

Internet, todos os entrevistados consideram o dinamismo e a rapidez como principal

característica do webjornalismo.

Os profissionais percebem que a velocidade afeta tanto a produção de conteúdo

do Portal quanto o comportamento do usuário. Um dos entrevistados mencionou:

“Mudou a velocidade das coisas, chega mais rápido, tanto para a gente, quanto para

leitor”. É importante assinalar que Marcondes Filho (2001), referenciado anteriormente,

analisa que na mais recente etapa do jornalismo, a que vivemos agora, tal mudança

ocorreria devido a era tecnológica, e adaptar-se a esta nova fase do Jornalismo seria um

desafio, principalmente para o profissional, que agora precisa lidar com a rapidez da

informação que é produzida e difundida na Internet. Esta velocidade que atinge a

sociedade pós-moderna colabora para a desvalorização da informação, afetando também

as formas de trabalho do profissional.

O “quarto jornalismo”, assim denominado por Marcondes Filho (2000, p. 30),

“sofre o impacto das tecnologias digitais que facilita o acesso e a geração de informação

pelo cidadão comum”, transformando as notícias em produto desse dinamismo e

imediatismo na Internet. Nas entrevistas, observa-se que os jornalistas mais experientes

aliam esse imediatismo a uma certa limitação da reportagem, da apuração dos fatos:

“No Jornalismo de internet é muito do imediatismo. Os jornalistas estão deixando muito

de ir para a rua por conta desta velocidade. Ou seja, ganha-se em velocidade, mas perde-

se na apuração”, diz um dos entrevistados.

Os jornalistas mais jovens não mencionaram pontos negativos em relação às

mudanças que aconteceram no webjornalismo, ao contrário, exaltam as facilidades.

Em nossa visita à redação do Portal R7, foi possível observar o quanto esses

jovens jornalistas estão integrados ao webjornalismo. Utilizam a Internet na construção

da notícia, ampliando a relação com o receptor da informação, pois hoje as pessoas

consomem a notícia de outra forma, o receptor se relaciona diferente com o conteúdo.

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“O jornal está no ar e a pessoa está comentando o que está vendo e aumentando a

notícia” (Informação verbal).

Observa-se, conforme mencionado anteriormente, que a visibilidade tida nas

redes sociais está relacionada à importância que se dá ao cidadão e aos fatos divulgados,

ou seja, nem tudo o que é de grande relevância para uma determinada camada social é

para a outra e vice-versa.

Segundo Certeau (1998, p. 97), podemos dizer que o cidadão comum, que tem a

internet como sua vitrine, o seu espelho, torna-se hoje um “produtor desconhecido,

poeta de seu negócio, inventor de trilhas nas selvas da racionalidade funcionalista...”.

Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida

cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos

comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este

novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que

este outro esteja do outro lado do planeta.

A internet facilitou a aproximação com o público. O leitor assume um novo

papel, o da colaboração ou participação. Ele não somente recebe, como também pode

pautar um veículo. Esta troca facilita a relação, tornando-o mais próximo do

profissional, mudando a relação do emissor com o seu receptor.

Para Joaquim Paulo Serra, em seu artigo “A internet e o mito da visibilidade

universal” (2002, p. 4), “Compreende-se que nas redes sociais existe um conjunto de

nós e ligações que permitem que cada um se torne visível perante outros, sejam estes

cidadãos comuns, cidadãos estrelas ou cidadãos cometas”.

Para esses jovens profissionais o principal diferencial do webjornalismo é a

transformação da notícia que hoje é tida e vista de várias maneiras, é “multi-plataforma,

multi-informativa”, há uma interligação com a TV, no caso do R7, por isso

multiplataforma, e as informações são complementares, tendo o vídeo, o áudio, o texto e

hipertexto.

Percebe-se ainda que a internet pôde facilitar e contribuir com a colaboração na

produção de conteúdo dos usuários, todos os entrevistados concordam que a Internet

promoveu uma mudança radical na forma de se fazer jornalismo.

A rede é considerada uma ferramenta de pesquisa que colabora com a produção

de conteúdo, sendo uma grande aliada deste novo jornalismo que assim como a internet,

quer alcançar e se relacionar com diversas comunidades.

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Os jornalistas mais experientes apontam que a internet impacta positivamente na

relação custo versus benefício das empresas, pois estas não dispendem mais de uma

equipe de profissional para estar nas ruas, evitando assim os gastos com tempo e com

transporte. Porém, os gastos com tecnologias e equipes que monitoram e disseminam

conteúdos são altos.

Para as empresas, o tempo é um fator significante neste novo cenário: a rapidez,

a agilidade e o imediatismo da Internet facilitam a distribuição do conteúdo e como as

pessoas recebem e compartilham a informação.

Sintetizando as observações feitas a partir da Tabela A, os jornalistas

entrevistados sentem uma grande mudança nas práticas jornalísticas com o advento da

internet, e essas mudanças são percebidas de formas diferentes: para os mais

experientes, houve ganho na agilidade e perda na qualidade; para os mais jovens, que

praticamente nasceram na era do webjornalismo, as mudanças não foram percebidas,

uma vez que não vivenciaram a etapa anterior ao webjornalismo. O dinamismo, a

rapidez, a relação com o receptor faze parte da produção do conteúdo jornalístico.

4.2.2 Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística

Quanto ao Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística,

informações categorizadas no Anexo E, observa-se que os profissionais mais

experientes fazem alguma restrição às práticas colaborativas.

A falta de tempo para verificar a veracidade das informações é o principal

motivo, mas ponderam ser “um fato novo e interessantíssimo”. Ressaltam que a

colaboração do usuário precisa ser bem utilizada pelos jornalistas, e é necessário saber

lidar com a quantidade de informação recebida, pois toda colaboração deverá ser

checada.

Os jornalistas entendem que os internautas, na ânsia de querer passar a

informação, não possuem uma visão sobre o caráter de interesse público que uma

notícia deve ter, desconhecem os atributos de relevância jornalística, divulgando

assuntos a partir de uma visão particular.

Este cuidado é necessário e importante, uma vez que o jornalista não tem como

saber se aquilo que as pessoas estão falando é verdadeiro ou não. Porém, segundo os

entrevistados, no processo colaborativo dos usuários surgem várias oportunidades de

pautas que até então os jornalistas não tinham pensado.

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Outra dificuldade no webjornalismo colaborativo, ainda segundo a maioria dos

entrevistados, é atender à demanda de colaborações, pois o fluxo de trabalho aumentou

e o processo jornalístico de apuração, de pesquisa do fato, não se alterou por conta

disso, mesmo porque o jornalismo tem o compromisso com a verdade e com a

responsabilidade civil. Diz um dos entrevistados:

ajudar as pessoas e verificar de que forma o jornalista pode prestar um

serviço é a base do jornalismo; e passar a notícia, passar a informação

de uma maneira clara e direta é o objetivo do profissional, pois o

jornalismo tem o compromisso com a verdade (Informação verbal).

De acordo com Lévi (1999), independentemente da mensagem do “produtor” e da

mídia, o grau de interatividade do receptor dependerá “da reapropriação da mensagem e

do meio” que ele a recebe. Conforme já citado, diz o autor:

a comunicação por mundos virtuais é, portanto em certo sentido, mais

interativa que a comunicação telefônica, uma vez que implica, na

mensagem, tanto a imagem da pessoa como a da situação, que são

quase sempre aquilo que está em jogo na comunicação. (LÉVI, 1999,

p. 81)

Porém, é importante ressaltar mais uma vez que usar a interatividade nas redes

sociais como boa prática para a colaboração de conteúdos informativos deve ser uma

questão de sabedoria e discernimento dos profissionais deste novo modelo de

jornalismo.

Os profissionais mais jovens sentem que colaboração é extremamente positiva,

como se ela fosse realmente intrínseca ao processo jornalístico, natural da produção de

conteúdo jornalístico, independentemente da plataforma (TV, rádio, impresso ou

internet).

Outro aspecto sobre os usuários do Portal R7, de acordo com os entrevistados

para esta pesquisa, é que a colaboração aproxima o jornalista do usuário. O nível de

participação ajuda a conhecer o que internauta deseja, facilitando o relacionamento.

Parece que os jornalistas do R7 encaram o relacionamento com o usuário mais como

estratégia de aproximação da audiência, de identificação com o usuário, que

exclusivamente uma maneira de captar conteúdo, muito embora, como já foi salientado

em análise anterior, tenham dito que a interação com o usuário é ferramenta que serve

para eles “se basearem, se orientarem e se alertarem para um determinado fato”, que

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nem sempre pode ser percebido pelos jornalistas dentro da redação. Os entrevistados

analisam que a captação da notícia é feita muito mais na redação que saindo às ruas.

Dessa forma, a restrição à apuração no local do fato pode gerar um certo

afastamento da realidade. Segundo Traquina (2005), o jornalismo vive desta realidade.

A realidade está presente na cultura jornalística como âmbito do jornalismo. É a

realidade do cotidiano das pessoas, cujos fatos e acontecimentos não são ficção. Embora

a colaboração do usuário traga a realidade às redações, como os próprios jornalistas

disseram, muitas colaborações são permeadas por visões particulares, deixando de ter

um valor jornalístico.

Outras influências das colaborações na produção de conteúdo é que os usuários

do Portal muitas vezes são personagens das matérias, que ajudam a contar as histórias

ou acrescentar informações, tornando a colaboração algo muito positivo para o conteúdo

produzido.

Esta colaboração e aproximação ajuda o jornalista a produzir um conteúdo mais

direto, mais focado, em várias mídias, em várias plataformas, disponíveis nas redes

sociais, provocando uma grande conversação deste conteúdo.

Como analisa Raquel Recuero (2009, p. 30), são os laços sociais que resultam

das interações sociais entre Portal e usuários e entre usuários, “as diversas formas de

expressão vão constituir os nós (ou nodos) dessas redes sociais”.

Pode-se compreender, diante da citação da autora, que a interatividade está

intrinsicamente relacionada ao comportamento do usuário e que dependerá do interesse

dele e de suas motivações em uma determinada comunidade para continuar interagindo.

Na declaração de um jornalista entrevistado, houve uma evolução na

participação do usuário, estimulada certamente pelo trabalho de relacionamento e o

contexto tecnológico:

Em 2012 ninguém participava de nada, tinha um retuite ou outro. Hoje

tem estratégias que ajudam eles a participarem, só que eles participam

muito. Daqui a pouco a gente vai começar a selecionar alguns tweets

de comentários. Eles vão chegando e a gente tem que selecionar para

aparecer na TV. Na nossa ferramenta do ao vivo a gente utiliza muito

mais o Twitter por conta do timing.

Assim, é flagrante a diferença do nível de interatividade entre o “jornalismo

tradicional” e o webjornalismo colaborativo. No caso estudado, os receptores podem

contribuir e colaborar mais com a informação, gerando conteúdos de diversas naturezas,

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como vídeos, fotos, áudios, sugestões de pauta, tornando-se personagens de matérias,

ajudando na apuração. Porém, já mencionamos que a apuração profissional e

confrontação das informações são essenciais ao bom jornalismo, e essa pode ser umas

das diferenças mais importantes entre conteúdo gerado pelo jornalista e pelo cidadão

comum.

Pelas informações obtidas com os jornalistas entrevistados e das observações

feitas durante a pesquisa de campo na redação, a relação entre o emissor e receptor se

alterna numa dinâmica intensa, própria do webjornalismo colaborativo, que não é

praticado longe das redes sociais digitais, como Facebook e Twitter (principalmente),

Instagram e YouTube, ferramentas muito utilizadas para intensificar o vínculo com o

usuário no Portal R7.

Todas estas formas de relacionamento praticadas no Portal com os seus usuários

criam possibilidades e facilidades para que haja cada vez mais colaboração com o

conteúdo.

Porém, ainda há uma objeção com relação a esta colaboração para a produção de

conteúdo por parte de profissionais mais experientes, os quais acreditam que para o

jornalista produzir um conteúdo precisa tem uma relação mais direta com a realidade,

“mais aproximativa, uma relação de olho no olho, de ver a emoção no rosto do

entrevistado”, conforme analisa um dos entrevistados.

Sintetizando o tópico, ressalta-se que a colaboração do usuário ocorre com a

sugestão de temas, especialmente como personagem ou gerando informação

complementar ao assunto da matéria. Por outro lado, o imenso volume de informação

gera dificuldade de apuração das informações, nem sempre é possível selecionar o

melhor conteúdo. O que os entrevistados destacaram é que no Portal R7 a colaboração

do usuário é uma maneira de aproximação, de atrair a audiência e, a partir do

relacionamento mantido entre jornalistas e usuários, fidelizar a audiência e aumentá-la

por meio das redes sociais. De certa forma, os profissionais ficam divididos entre o

fazer jornalístico (ética e métodos jornalísticos) e o marketing de relacionamento, para

garantir a audiência.

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4.2.3 Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos

Neste tópico, vamos abordar os principais critérios de seleção dos conteúdos

colaborativos, quem e como seleciona, qual a interferência desta seleção e se ocorre um

monitoramento desta colaboração nos conteúdos informativos do Portal.

Dos seis entrevistados, quatro são jornalistas que cuidam de determinado

produto dentro do Portal R7. Portanto, cada jornalista monitora o seu programa, ou seja,

seleciona o conteúdo informativo mais adequado de acordo com o perfil editorial. Isso

inclui todos os conteúdos, incluindo os exclusivamente jornalísticos e os conteúdos

jornalísticos inseridos em programas diversos. A função básica destes jornalistas que

estão à frente destes produtos, e que em sua grande maioria estabelecem relação com os

usuários, é ler, filtrar, selecionar, aprovar e encaminhar para a equipe de produção.

Nenhum conteúdo colaborativo entra sem avaliação anterior, sem passar pelos critérios

jornalísticos, relacionados obviamente ao perfil editorial do programa ou conteúdo

jornalístico específico do um programa.

Esse comportamento sugere que a ação do gatekeeper seja muito mais presente

no cotidiano colaborativo do Portal R7, tornando o jornalista um mediador dos

conteúdos. Segundo Fonseca e Lindemann (2007, p. 91), as decisões dos gatekeepers

são muito mais influenciadas “por critérios profissionais, ligados às rotinas de produção

(como os fatores de noticiabilidade, falta de espaço, repetição, falta de qualidade do

material, interesses publicitários, etc.) do que por uma avaliação individual e

subjetiva).”

Nas práticas do webjornalismo participativo (ou colaborativo), continuam as

autoras, os “‘cidadãos-comuns’ são transformados em agentes produtivos” levando-os a

selecionar conteúdos “de tudo que vivenciam, assistem e tomam conhecimento,

escolhem o que mais lhes interessa para publicar no veículo online”. Portanto, ao nosso

ver, os critérios de seleção ocorrem em etapas: primeiro a colaboração do usuário (ou

cidadão-repórter, como alguns ainda dizem), resultado de um processo valorativo;

segundo, os critérios jornalísticos aplicados pelos profissionais, que filtram e

selecionam esse conteúdo, agregando-o aos demais, em processo colaborativo.

A colaboração recebida no Portal complementa outros conteúdos no R7, (à

exceção das páginas dedicadas às cidades, com perfil editorial local, onde há o espaço

“Faça sua notícia”), segundo os entrevistados, e está inserida no conteúdo veiculado

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cotidianamente nas mais diversas editorias do Portal, colaborando com o trabalho da

redação.

Destaca-se que o conteúdo colaborativo está muito mais presente nas pautas ou

para complementar “uma história que já está sendo falada por nós”, ressalta um dos

entrevistados, em qualquer plataforma. Nesse sentido há um processo de troca, no qual

a grande imprensa pauta as redes sociais e vice-versa. Segundo os entrevistados, o

conteúdo colaborativo pode ser visto em todos os produtos do Portal e programas da

Record.

O usuário pode enviar uma sugestão para um determinado quadro do jornal da

Record, para o Fala Brasil, como também

contar de uma situação de um caso de crime que teve na rua dele, isso

vai ser apurado pela editoria de São Paulo, como ele também pode

estar, sei lá, dentro de um estádio, assistindo um jogo do “Campeonato

Brasileiro” e mandar uma informação que poderá ser utilizada pela

editoria de esportes. (Informação verbal)

A participação do usuário nos exemplos citados acima é intensa, principalmente

nos sites dos programas presentes no Portal. Segundo o coordenador de conteúdo do R7,

as produções dos programas da TV não vivem mais sem esta parte

nossa de web, pois é um portfólio gigantesco, seja para inscrição de

quadros, seja para pauta, seja para receber um conteúdo colaborativo.

A gente tem alguns exemplos de conteúdos que a gente chama de

conteúdo transmídia, como por exemplo: está passando o Balando

Geral com o Gotino, ao meio dia aqui na Record e ele fala: pô, hoje é

o dia das mães, manda com a #balançogeral foto sua com a sua mãe, a

pessoa no mesmo momento que ela manda a foto via redes sociais, ela

vê a foto dela na TV. Ontem mesmo (dia 01 de junho), por exemplo, a

gente tem no programa Hoje em Dia, um quadro com o dr. Sproesser,

tirando dúvidas de saúde, e as pessoas podem mandar perguntas

através do site do programa ou através das redes sociais e essa dúvida

é respondida no ar, ao vivo, pelo próprio especialista. Você quer uma

interação maior do que essa? Uma complementação de conteúdo

maior do que essa? Nossa especificação aqui é este conteúdo

transmídia, ou seja, um conteúdo que foi produzido pelo celular,

transmitido via rede social é finalizado na TV. Quantas plataformas a

gente não envolveu nisso? (Informação verbal)

Importante ressaltar o exemplo citado por um dos entrevistados no que se refere

a conteúdo transmídia e que segundo Denis Renó (2013, pp. 150-151) “trata-se de um

tema relevante e que vem sendo discutido pela academia com muita frequência e

significa um novo conceito de linguagem, consiste em produzir mensagens distintas

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para distintos meios. Em suma estas mensagens proporcionam outras mensagens,

ampliadas, interpretativas e participativas”.

Esta nova forma de trabalhar com o conteúdo é um diferencial e uma das

especialidades do Portal R7 e que envolve várias plataformas para transmitir as

mensagens vindas dos usuários colaborativos e ampliadas em várias plataformas e isso

já estava previsto na visão de Henry Jenkins (2009, p. 138), quando mencionou que uma

história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de

mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa

para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o

que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida

num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos. Cada

acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver

o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado

é um ponto de acesso à franquia como um todo. Cada produto

determinado é um ponto de acesso à franquia como um todo. A

compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma

profundidade de experiência que motiva mais consumo.

O Fato de Jenkins ressaltar que a compreensão de fatos obtida por meio de

diversas mídias motiva mais consumo, talvez seja este o motivo pelo qual a participação

do usuário no conteúdo colaborativo do R7 se faz muito presente nos produtos do

portal, como também nos programas da TV, complementando todos os conteúdos

disponíveis em várias plataformas.

Pode compreender que esta estratégia transmídia, utilizada pelo portal estuado,

pode justificar a participação dos usuários, assim como o elevado número de seguidores

na sua fanpage.

Mesmo sendo tudo filtrado pelos jornalistas, as colaborações são inseridas no

momento adequado, como no caso do quadro do programa Hoje em Dia. “Às vezes não

tem outra opção para selecionar o conteúdo devido ao tempo. É preciso uma sintonia,

uma sincronia do que recebemos com o que estamos transmitindo, principalmente

quando é ao vivo, nos programas de TV”, diz o jornalista responsável pelo conteúdo

informativo do programa.

Podemos perceber que as rotinas produtivas do “jornalismo tradicional”

sofreram alterações e também a dos portais noticiosos, já que é necessário inovar e

perceber quais ações podem promover a interação com os usuários. Conforme Antunes,

referenciado neste trabalho,

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(...) isso é o maior legado desse movimento de Inovação Digital,

transpor o digital e distribuir novos pensamentos em velhos

departamentos. É olhar diferente. Buscar soluções não só em como

comunicar com o seu cliente, mas como se relacionar com ele e com

tudo que está a sua volta, ou seja, o mundo todo trazendo um jeito

novo de questionar para encontrar novas soluções (ANTUNES, 2011

p. 49).

A colaboração do usuário é feita de diversas formas: fotos, relatos, vídeos,

pautas, porém, não há uma verificação de quem e qual o tipo de colaboração é mais

recebida ou selecionada. “O usuário colabora com o conteúdo. Quem dá a notícia é o

jornalista”, diz um dos entrevistados.

Conforme já mencionado, ao avaliar a contribuição dos internautas, as histórias

recebidas, é que a equipe vai medir quantas pessoas serão impactadas. O conteúdo do

Portal é “priorizado pela relevância e possibilidade de engajamento e repercussão”. Diz

um dos entrevistados:

Não pensamos em fazer um material específico, sem ter um retorno.

Não tem como a gente mudar um conteúdo, montar um conteúdo

dando dicas, sem saber quais são as principais dúvidas das pessoas.

Essa interação, esse fluxo, essa colaboração do usuário vai muito

nisso, que na verdade a gente está para gerar audiência e a gente gera

audiência atendendo aos interesses dos nossos internautas, dos nossos

usuários.

De acordo com um dos jornalistas, na maioria das vezes, o conteúdo

colaborativo é despertado através de um Call to Action, ou seja, “uma forma de indução

para despertar o interesse do internauta para um determinado conteúdo”, o que nos faz

pensar que toda esta colaboração é muito mais estimulada do que espontânea, vinda

muito mais pelo relacionamento e permanência que estes profissionais têm nas redes

sociais com os internautas e seguidores do Portal R7.

Em síntese as estratégias utilizadas pelo Portal para atingir o público alvo levam

em consideração as mudanças tecnológicas que também afetam o consumo do usuário.

Nesse sentido, a acessibilidade ao Portal e o uso das redes sociais para sinalizar e

disseminar o conteúdo do R7, são fundamentais.

O principal diferencial do Portal R7 é a equipe, basicamente constituída de

jovens conectados nas redes sociais (em média tem até 30 anos), ou seja, “que tem esse

DNA, e por isso a influência do Portal nas redes sociais se torna muito grande, estando

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posicionado em todas as redes sociais, mas o Facebook é a maior delas, com mais de 10

milhões de seguidores”.

Estar bem posicionado em pouco tempo de existência se deve em grande parte às

estratégias adotadas pelo R7 nas redes sociais, o relacionamento estabelecido entre

jornalistas e usuários, além da oferta de e-mail gratuito, acesso aos Programas com mais

audiência pelo Portal, entre outras estratégias já citadas no capítulo anterior.

Os entrevistados apontam que conversar diretamente com usuário, atendendo os

seus interesses, passando a informação ao usuário de maneira informal, como em uma

conversa, e de uma maneira clara e direta, é o que marca a relação do Portal com o

público - uma das táticas para atingir o internauta.

A interação entre o jornalista que acompanha as redes sociais de alguns dos

produtos do Portal com os apresentadores dos programas de TV pelos quais são

responsáveis também pode ser considerada uma estratégia desta colaboração e

interatividade dos internautas.

Segundo um dos entrevistados e responsável pelo programa Hoje em Dia,

...é que atualmente muitos dos programas de entretenimento estão

utilizando a hashtag no cantinho da tela e os apresentadores falam

muito. Então, antes do programa entrar no ar, nós jornalistas temos

uma conversa com os apresentadores para que eles incentivem a

galera a participar, e sendo os apresentadores vistos como “estrelas”

pelo público e tendo eles o triplo de seguidores que a gente tem, isso

faz com que a interação aumente. A influência do apresentador é uma

estratégia. Nós passamos as orientações para eles fazerem isso.

Tentamos fazer essa interação com o internauta para ele nunca sair

daqui [Portal]. Fique aqui conosco para sempre.

O conteúdo do Portal R7 é resultado de colaboração induzida e espontânea.

A participação espontânea é muito importante, gera muita coisa, porém

quando é induzida, é específica e fica claro para a pessoa de casa o que

a gente quer (...) a pessoa entende o que ela precisa fazer e como ela

precisa fazer, então fica mais fácil dela participar. Incentivamos a

participação porque é importante para a gente ter mais gente falando

sobre o R7 ou sobre as coisas que a gente produz (Informação verbal)

O estímulo à participação é feito por meio de hashtags, que são criadas para os

programas.

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4.2.4 Avaliação da colaboração

A avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico do Portal

R7 é considerada muito importante, especialmente devido ao total de seguidores que ele

tem em sua página oficial no Facebook.

O acompanhamento por meio das redes sociais deste conteúdo colaborativo é

visto como um trabalho prioritário na redação. “Às vezes você faz uma coisa pensando

que está atingindo um determinado objetivo e os comentários mostram uma outra visão

das pessoas” (Informação verbal).

Saber o que os usuários estão comentando nas redes sociais do R7 é uma das

missões do Portal. “A gente aprende muito e levamos muito em consideração a

participação nas redes sociais”, diz um dos entrevistados.

De outro lado, a oportunidade que os usuários têm de estarem anônimos, muitas

vezes, facilita os comentários impróprios, por isso a necessidade de filtrar tudo o que se

recebe. “Não podemos nos deixar levar pelo calor da emoção, pois a possibilidade de

errar é muito grande” (Informação verbal).

Mas é impossível deixar de reconhecer que a interatividade promovida provoca

identificação dos usuários. Assim como Hall menciona, é o sujeito da pós-modernidade

que assume diversas identidades ao mesmo tempo, como forma de pertencimento e

visibilidade social.

As pessoas sabem que é uma forma que elas têm para se comunicar,

então elas relatam, elas participam e quando elas veem a sua

participação, elas se sentem, elas se identificam. Se sentem como

pertencentes ao Portal e aos programas da TV (Informação verbal).

4.2.5 Algumas observações sobre a colaboração no Portal R7

As colaborações no Portal R7, de acordo com as entrevistas, na maioria das

vezes são despertadas por um “call for action” (chamada para ação), uma forma de

indução à colaboração ao conteúdo.

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De acordo com o site da Agência Mestre24, a chamada para a ação pode ser

disponibilizada em links ou mesmo em funções de uma página que levam os seus

usuários a realizarem alguma ação. Os tipos de “call to action” variam de página para

página e podem ser considerados como links de navegação, links de compras, links para

formulários de inscrição e são classificados como primários ou secundários.

Os primários apelam para a funcionalidade da página. Já os secundários

oferecem produtos relacionados em um ponto estratégico da homepage. São usados para

blogs e sites informativos - eles devem ser claros, objetivos e ter uma forte relação com

a proposta do portal, do blog, do site.

Trata-se de uma estratégia utilizada para ajudar o veículo no processo de

convencimento de seus usuários a colaborarem com o Portal, a entrarem no conteúdo, a

interagirem nas redes sociais do R7, com o propósito de fidelizar e conquistar audiência.

A presença do usuário no conteúdo jornalístico do Portal nos fez refletir sobre o

tipo de colaboração feita no veículo, objeto de estudo deste trabalho. Como

majoritariamente a colaboração é induzida, segundo os entrevistados, por meio de

estratégias de relacionamento, as chamadas para ações propostas pela própria equipe do

Portal R7 mudam o perfil dos jornalistas que nele atuam, seu comportamento, e as

rotinas dessa produção.

A seguir, exemplos das páginas dos principais portais noticiosos e de

entretenimento que têm em suas páginas links que levam usuários a realizarem ações de

interação que são realizadas nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) com os

usuários, diariamente, praticamente 24 horas por dia.

24 http://www.agenciamestre.com

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Figura 7- Portal R7

Fonte: Portal R725

Figura 8- Globo.com

Fonte: Globo.com26

Figura 9 -UOL

Fonte: UOL27

25 Disponível em: http://www.r7.com/

26 Disponível em: www.globo.com/

27 Disponível em: www.uol.com.br/

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CONCLUSÃO

A evolução tecnológica nos processos comunicacionais e informacionais,

principalmente nas formas e práticas de se fazer jornalismo, facilitou o relacionamento

da sociedade pós-moderna.

As novas tecnologias, as redes sociais, os aplicativos e todos os produtos digitais

que compõem o universo do ciberespaço fizeram com que a internet se tornasse um

ambiente propício para o intercâmbio das informações, modificando o comportamento,

o relacionamento e o cotidiano de uma sociedade cada vez mais inserida neste ambiente

multimídia.

No presente estudo percebeu-se que existe uma enorme e crescente colaboração

dos usuários na produção de conteúdo, principalmente no objeto estudado – o Portal R7,

assim como a evolução das variadas formas que o usuário tem à sua disposição para

facilitar a sua interação com os meios, colaborando instantaneamente com a informação

que é gerada nos portais de empresas de comunicação.

Diante da pesquisa realizada foi possível observar e reafirmar que existe uma

mediação dos conteúdos colaborativos no Portal R7 e que o mesmo tem uma interação

muito forte com os seus usuários, por meio de uma relação de proximidade, utilizando-

se de uma linguagem clara e objetiva, o que facilita ainda mais esta relação.

O comportamento da sociedade pós-moderna no ambiente digital é outro e

evoluiu com a internet e com as tecnologias. Pode-se dizer que hoje os cidadãos não se

contentam apenas em receber informações, eles querem produzir conteúdo, interagindo

com diversos públicos, meios e suportes tecnológicos, querem se sentir parte do

processo, querem ser vistos, querem ser interpretados, querem ser colaboradores.

Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida

cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos

comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este

novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que

este outro homem esteja do outro lado do planeta.

De acordo com Certeau (1998, p. 58), estes representantes são vistos como

cidadãos comuns, que

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lentamente simbolizavam famílias, grupos e ordens, se apagam da

cena onde reinavam quando era o tempo do nome. Vem então o

número, o da democracia, da cidade grande, das administrações, da

cibernética. Trata-se de uma multidão móvel e contínua, densamente

aglomerada como pano inconsútil, uma multidão de heróis

quantificados que perdem nomes e rostos tornando-se a linguagem

móvel de cálculos e racionalidades que não pertencem a ninguém.

Tal citação faz refletir que hoje os cidadãos comuns pertencem a uma civilização

virtual, onde todos convivem em um cotidiano real e não palpável, onde toda a realidade

é produzida e contada por um cidadão comum, o ator dos fatos presentes no

ciberespaço. É assim que se pode compreender o homem comum e a sua vida cotidiana

e como esta pode ser e está sendo comparada à vida que agora nos colocamos a viver

especialmente nas redes sociais.

É pelos meios virtuais que sentimos e vivemos prazeres e desprazeres da vida

cotidiana. Mesmo que não tenhamos tempo, disponibilidade para absorver todos os

conteúdos, assim como o discernimento e a capacidade de compreensão de tudo que se

repercute no cenário digital. O presente estudo buscou responder à pergunta problema

que norteou esta pesquisa, “Como ocorre a colaboração dos usuários comuns na

produção dos conteúdos informativos do portal noticioso brasileiro R7”? a qual foi

detalhada no capítulo 4. Quanto à hipótese, observou-se que a colaboração dos usuários

nos conteúdos noticiosos do Portal R7 enriquece o conteúdo jornalístico dos diversos

programas e editorias, porém, as informações colaborativas são totalmente selecionadas.

Embora haja seleção, por meio do jornalista que atua como gatekeeper, a

colaboração não fica restrita à prestação de serviços e à complementação de matérias

com abordagens previamente definidas pelos jornalistas, conforme a hipótese proposta.

Essa colaboração abrange sugestão de pautas, a checagem de dados (apuração), porém

no processo colaborativo dos usuários surgem várias oportunidades de pautas que até

então os jornalistas não tinham pensado, mas esta colaboração precisa ser bem utilizada

pelos jornalistas, e é necessário saber lidar com a quantidade de informação recebida,

pois toda colaboração deverá ser checada.

A interação do usuário com o Portal estudado extrapola o modelo anterior, do

“jornalismo tradicional”, muito mais restrito. No modelo webjornalismo colaborativo a

interação é essencial para a produção agendada e ao vivo, torna-se estratégica para o

conteúdo. Mais que isso, chama a audiência e a fideliza.

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Por meio dos conteúdos colaborativos no R7 o usuário participa de toda a

programação da TV e dos diversos conteúdos oferecidos no Portal, sendo que toda a

interação e colaboração ocorre pelas redes sociais, principalmente pelo Facebook, onde

se encontra o maior número de seguidores: 10 milhões.

Voltando à questão do gatekeeper, percebemos que a colaboração do usuário é

importante, porém nem todas as informações recebidas se tornam conteúdo, sendo

utilizadas ou descartadas de acordo com o momento. No caso dos programas de TV da

Record (ao vivo), a interação ocorre via redes sociais, majoritariamente induzida, por

meio de “call for action” (chamada para a ação, que aparece como post nas redes sociais

ou chamada + link na página inicial do Portal), para facilitar a colaboração do usuário

em participar enviando a sua foto, o seu vídeo, o seu comentário, contando sua história,

seja por um tweet marcando a conta do R7, seja enviando um material no R7 VC, e esta

colaboração será distribuída ou melhor direcionada para os programas ou mesmo para

os conteúdos do Portal.

O “call for action” serve também para chamar o usuário para navegação no

Portal, em algumas editorias, em espaços de compras, para preenchimento de

formulários de inscrição em concursos e premiações, para enquetes, entre outras. O

método “call for action” merece aprofundamento de futuros pesquisadores sobre as

práticas do jornalismo no ambiente virtual. No caso do Portal R7 podemos dizer que há

um “webjornalismo colaborativo call for action”, com grande intensidade nas redes

sociais, e que depende do relacionamento estabelecido entre jornalistas e usuários.

Embora não tenha sido objetivo desta dissertação discutir o jornalismo

transmídia, observamos que há uma prática assumida de complementaridade de

conteúdo, pelo menos entre TV e Portal, uma vez que esta nova forma de trabalhar com

o conteúdo é um diferencial e uma das especialidades do Portal R7 e que envolve várias

meios para transmitir as mensagens vindas dos usuários colaborativos e ampliadas em

várias plataformas, justificando assim, o motivo pelo qual a participação do usuário no

conteúdo colaborativo do R7 se faz muito presente. Pode-se compreender que esta

estratégia transmídia, utilizada pelo portal estuado, talvez justifique a participação dos

usuários, assim como o elevado número de seguidores na sua fanpage.

Pudemos perceber também que há uma tensão sobre a manutenção e ampliação

da audiência no Portal (e nos Programas ao vivo da emissora de TV - Record e Record

News), em que se insere conteúdo informativo mediado pelos jornalistas. Uma das

estratégias para alcançar os objetivos de lucro da empresa (lembramos que quanto mais

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usuários, mais publicidade) é a introdução de uma nova prática, a qual extrapola o

âmbito do jornalismo, que é a de relacionamento com o usuário. Ao estabelecer um

relacionamento direto com os usuários, e uma certa intimidade com o objetivo de

conquistar sua audiência, questionamos até que ponto a colaboração é reconhecida

como aspecto essencial à democratização do conteúdo jornalístico ou é mais uma

estratégia para conquistar audiência?

Ao mesmo tempo, o estudo também nos fez refletir sobre as novas práticas de

produção e circulação de notícias, que agregam a colaboração como um valor na

produção. Porém, trata-se de uma participação mediada, pois o universo colaborativo do

webjornalismo é dinâmico, e nem por isso a informação deverá deixar de ser checada,

analisada e interpretada pelos profissionais, ou seja, os princípios do jornalismo não se

perdem com a produção aberta de notícias, mas Nesse cenário é preciso ter um cuidado

ético do profissional do jornalismo que deverá manter a sua identidade, ou seja, o seu

reconhecimento pela sociedade, como aquele que exerce uma atividade fundamental

para a democracia.

Percebemos também, de uma certa forma, que os princípios da atividade

jornalística também não são abalados com a web 2.0, pois a forma de se fazer

jornalismo e as suas práticas ainda são preservadas no Portal analisado, especialmente

nos aspectos técnicos da apuração e éticos (de compromisso com a verdade e com o

interesse público). Porém o que pode mudar é o papel do jornalista e que segundo

Marcondes Filho (2000, p. 76) “há e havia uma noção de jornalista ou de editor como

alguém que dissemina um ponto de vista ao público. Na web está o melhor exemplo do

editor como uma pessoa que não dissemina seu ponto de vista, mas que age como o

consolidador da informação que vem do público, para torna-la mais palatável ou mais

interessante”.

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ANEXO A - ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-

ESTRUTURADA

1) Na sua opinião quais foram as principais mudanças ocorridas no

jornalismo a partir do surgimento da Internet?

2) De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção de

conteúdo no jornalismo?

3) Como define o jornalismo colaborativo e/ou participativo e sua influência

na prática jornalística?

4) Considera que a participação/colaboração do usuário internauta ajuda a

melhorar a produção jornalística e por conseguinte o conteúdo divulgado no Portal R7?

5) Quais são os critérios de seleção dos conteúdos

colaborativos/participativos?

6) Como avalia a participação do usuário internauta no Portal R7?

7) Como avalia a evolução da participação/colaboração do usuário

internauta no Portal R7?

8) De que maneira a participação/colaboração pode dar mais qualidade ao

conteúdo do Portal R7?

9) Qual o perfil dos usuários do Portal e dos colaboradores/participantes do

veículo jornalístico?

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ANEXO B - QUESTÕES COMPLEMENTARES

LS – Coordenador de Conteúdo do Portal R7

Roberta - O que os 150 jornalistas fazem todos os dias?

LS - A grande maioria dos jornalistas produzem conteúdo nas diversas áreas do

portal. E alguns coordenam e chefia essa equipe.

Roberta - São todos jornalistas?

LS - Sim. São 150 jornalistas e quase 300 funcionários no portal.

Roberta - Como a redação é dividida - organograma e funções? Quantos turnos?

LS - A redação em 8 núcleos que englobam todas as editorias e áreas do portal.

A redação trabalha em um regime 24x7. Com cada jornalista trabalhando 7 horas/dia.

Roberta - O que cada grupo faz? E individualmente?

LS - Cada núcleo tem suas especificações conforme as editorias. Fica impossível

generalizar.

Roberta - Quem define as pautas de cada editoria noticiosa?

LS - Os repórteres e editores sugerem. Os coordenadores de cada núcleo em

conjunto com a chefia fecham o fluxo de produção;

Roberta - Como ocorre a interação do Portal com os programas televisivos em

termos de conteúdo informativo? Quem fala com quem?

LS - É uma via de mão dupla. Com ambas as pontas trocando informações.

Roberta - Até que ponto a equipe de jornalistas fica disponível para programas

de variedades, estão na área do entretenimento e não do noticiário? Como é essa

divisão?

LS - Não fechamos o conteúdo. Todo o conteúdo do R7 e dos sites oficiais estão

à disposição dos programas da casa.

Roberta - Quais os principais concorrentes do portal?

LS – UOL, Globo.com e Terra.

Roberta - Quais os principais anunciantes?

LS - No momento as principais cotas estão com Caixa Economica Federal,

Petrobrás, Lacta, MRV Engenharia e Garnier.

Roberta - Que tipo de informação é priorizado?

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LS - O conteúdo é priorizado pela relevância e possibilidade de engajamento e

repercussão.

Roberta - Em termos de texto, qual a principal orientação?

LS - Usar uma linguagem simples e direta.

Roberta - Qual o período de permanência do usuário no portal?

LS - Não tenho precisamente essa informação no momento.

Roberta - Qual os conteúdos preferidos?

LS - Entretenimento, Hora 7 e conteúdo Record.

Roberta - Quais os tipos de editorias mais acessadas?

LS - Famosos e TV, Mulher, Pop, Hora 7 e conteúdo Record.

Roberta - O usuário é telespectador da Record?

LS - Nem sempre. Isso vai da experiência de cada usuário. Mas não podemos

negar que o conteúdo Record é um dos nossos diferencias no mercado.

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ANEXO C - ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA

Entrevista com LS – 28 anos

Coordenador de Conteúdo do Portal R7

LS – Sou coordenador de conteúdo aqui do portal, eu faço parte aqui do mesão,

que é quem cuida editorialmente de todas as áreas aqui do portal, eu fico mais

especificamente na área de conteúdo transmídia, ou seja, que seria a integração entre o

digital e a TV, ações de cross media, a digitalização desses conteúdos, a parte de redes

sociais dos programas da casa e também a parte de redes sociais do portal R7 e uma a

terceira parte que seria a parte que a gente chama de business inteligence que seria a

inteligência de negócios ou seja, tirar estes insights essas informações das redes sociais

para gerar relatórios, gerar uma serie de relevâncias que ajudam no nosso trabalho aqui

dentro aqui da diretoria de conteúdo, dentro da redação do R7.

Roberta – Isso é mais para gerenciar o conteúdo mesmo.

LS – Exatamente.

Roberta – Certo. Na sua opinião, quais foram as principais mudanças ocorridas

no jornalismo a partir do surgimento da internet.

Nossa, eu acho que reformula na verdade a forma de existir, na verdade do

jornalismo. Vou te dar um exemplo: eu estou no mercado de trabalho desde 2005

quando eu comecei na faculdade. Eu sou inteiramente um profissional de digital, toda a

experiência que eu tenho com o jornalismo foi com web, então nesses 10 anos que eu

estou de carreira, de mercado, eu estou totalmente inserido neste mundo do digital, e

estando dentro deste mundo do jornalismo web, do jornalismo digital, você percebe

uma mudança radical, assim da forma na verdade, de você relacionar a notícia, de você

relacionar o conteúdo, porque tudo começa daqui, a velocidade da internet, em

comparação com as outras mídias, esse dinamismo, a quantidade de informações que a

gente recebe, por exemplo, diariamente, seja por redes sociais, seja por conteúdos

colaborativos, seja através do fale conosco do portal, a quantidade de informações que

a gente recebe, que a gente repassa, é gigantesca, isso não era vista de maneira,

anteriormente falando assim, seja.. o rádio ainda conserva um pouco desse dinamismo,

dessa característica de hard News, mas pelo próprio espaço que tem a programação

tanto no impresso quanto na televisão, na mídia eletrônica de maneira geral, a grande

vantagem que eu vejo na internet é o seguinte: a internet ela tem um espaço infinito,

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então você pode desde pegar a informação de maneira mais sucinta a ponto de ler um ou

dois parágrafos e entender resumidamente o que está acontecendo, ou você pode se

especializar, ou você pode mergulhar em um assunto que você vai ter esse mesmo tipo

de informação no jornalismo de internet. Então eu acho que essa cara multi-plataforma,

na verdade, multi-informativa do jornalismo digital é o mais bacana disso, entendeu.

Você pode pegar um assunto e você pode saber dele de uma maneira informativa, e um

pouco mais superficial. Se você quiser um aprofundamento dele, você também vai ter,

coisas que você não conseguiria ter nas outras mídias. Isso eu vejo como o principal

diferencial assim, do mercado digital, do jornalismo web.

Roberta – De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção

de conteúdo no jornalismo. Você acha que essa interatividade, essa participação hoje do

usuário comum né, você acha que teve alguma alteração? Eles realmente colaboram ou

não?

LS – Não... Eu acho colaboram, colaboram e muito. Eu acho que a interligação

hoje é muito maior, esse acesso é muito mais fácil. Porque vamos pensar: antigamente

para o cara dar uma colaboração para o jornal ele teria que ir até a redação, mandar uma

carta para ao jornal, o cara tinha que ir levar uma fita, levar uma carta na tv. Aqui na

internet, o cara dá um tweet marcando a conta do R7, a gente já recebe essa informação.

Aqui o cara entra no R7 VC, por exemplo, do R7 TV, o cara envia o vídeo com uma

denúncia aqui, a gente pode saber se vai tratar aqui dentro, ou se a gente vai passar para

uma produção na tv, ou seja, a distribuição deste conteúdo, a comunicação, o contato,

acontece de uma maneira muito mais fácil, é muito mais dinâmica e eu acho que isso

facilita cada vez mais, cada vez mais a gente intensifica esse vínculo.

Roberta – Certo. Como que você define o jornalismo colaborativo e a sua

influência na prática jornalística?

LS – Eu acho que o jornalismo colaborativo é importante, ele não substitui o

jornalismo tradicional, a apuração do repórter, o dia a dia aqui nosso na redação, você

viu aqui, o tamanho da redação, são mais de 150 profissionais, uma redação trabalhando

24 por 7, direto, o ritmo é incessante, mesmo...

Roberta – É frenético, como se fosse no jornalismo tradicional?

LS – Exatamente, exatamente. Eu acho que é um pouquinho mais, pela

velocidade que exige a informação na internet.

Roberta – Vocês trabalham muito mais?

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LS – Exatamente, porque o fluxo é muito maior. Aqui por exemplo, se você está,

dentro da própria Record, se você está num jornal, aqui de TV da casa, você tem aquele

tempo específico que vai ter o jornal, e ele vai entrar na hora, as informações vão entrar

no ar só naquela hora. Aqui não, o que está acontecendo agora, a gente vai estar

passando, o que está acontecendo agora vai estar na home do portal, a gente vai estar

disponibilizando nas redes sociais esse aspecto que eu falo do dinamismo, é muito

intenso, a pessoa nunca vai perder o fato. Ai voltando para esta história do conteúdo

colaborativo, eu acho que ele é extremamente importante, mas ele não substitui o modo,

o jornalismo tradicional. Como diz a própria palavra, ele é colaborativo, ele auxilia no

fluxo, na produção da informação, mas não substitui.

Roberta – Ok. E tudo que é do conteúdo participativo, vocês têm uma

verificação desta informação, tem todo o trabalho de acompanhamento, apuração?

LS – Sim, sim, checagem, apuração... o processo jornalístico seja ele vindo por

meio de redes sociais, por meio de e-mail, por meio de contato telefônico, não acaba. O

processo jornalístico de apuração, de pesquisa do fato não se altera por isso. O que

pode acontecer, vamos lá, vou dar um exemplo: acontece um acidente aéreo aqui em

São Paulo, ai logicamente a gente vai mandar a equipe para lá, vai mandar repórter, vai

mandar fotografo, só que a gente pode abrir para receber conteúdo colaborativo de

alguém que estava lá perto, então, pô, você mora do lado do que aconteceu, então nada

impede de que você possa mandar uma foto aqui pra gente.

Roberta – Talvez ele tenha visto algo que ninguém viu...

LS – Exatamente. Esse retorno eu acho totalmente positivo, seja um retorno de

imagem, seja um retorno de um fato, de um comentário, isso eu acho extremamente

positivo, junto ao processo natural que nós estávamos falando anteriormente, da

produção de conteúdo jornalístico, que acontece em qualquer redação, independente da

mídia.

Roberta – E eu acredito que, assim, uma opinião minha, eu acho até que

aumentou o fluxo de trabalho de vocês, não sei, em relação a esta colaboração....

LS – sim, sim, aumentou consideravelmente, assim. E a gente percebe que o

dinamismo é muito grande... é que aqui a gente está falando de uma redação, de um

portal, de nível nacional, com mais de 150 profissionais, então é natural que haja tanto

esse dinamismo, quanto essa agitação, essa efervescência da redação, mas para áreas

muito específicas como, por exemplo o jornalismo local, de São Paulo, Cidades, o

próprio conteúdo de saúde, por exemplo de educação, essa parte colaborativa é muito

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importante. Hoje a gente não pensa em como fazer um material específico, como sei lá,

vou te dar um exemplo, para ENEM, sem ter um retorno de quais são as principais

dúvidas dos estudantes que estão prestando o ENEM. Não tem como a gente mudar um

conteúdo, montar um conteúdo dando dicas para a declaração de imposto de renda sem

saber quais são as principais dúvidas, quais são os principais anseios, das pessoas que

estão fazendo este imposto de renda. Só para citar acho que dois exemplos, para

conseguir pontuar legal isso, então é muito nisso essa interação, esse fluxo, essa

colaboração do usuário vai muito nisso, que na verdade a gente está para gerar

audiência, como é que a gente gera audiência? Atendendo aos interesses dos nossos

internautas, dos nossos usuários, é lógico que tem o que é notícia, tem o que é fato, mas

a gente, isso não se altera, mas a gente busca cada vez mais conversar diretamente com

o nosso usuário, você que eu nem uso a palavra internauta, porque a gente aqui na

Record, a gente é tão multiplataforma que a gente costuma a usar usuário, porque eu

posso me comunicar com ele via redes sociais, via tv, então é, via própria internet, então

a gente fala muito da figura do usuário e o R7 quando ele surgiu em 2009, eu estou aqui

desde o início do projeto, uma das principais premissas nossas aqui é na verdade passar

a informação, se colocar para o nosso usuário, como uma conversa cotidiana, como a

gente está aqui agora, batendo um papo, como você conta em um telefone, como você

conta em uma conversa no WhatsApp, esse é o nosso intuito. Passar a notícia, passar a

informação de uma maneira clara, de uma maneira direta, esse é o nosso objetivo.

Roberta – Você acha que isso também é uma estratégia de marketing hoje, não

só da Record, mas dos portais, em relação às suas sobrevivências? Das sobrevivências

dos portais, no geral?

LS – Eu acho que a gente tem uma camada, um número na verdade de portais,

de produtoras de conteúdo, muito grande, como eu falei a gente tem uma diversidade na

verdade de mídias para a pessoa se informar, a pessoa vai escolher, consumir o

conteúdo da maneira que ela acha mais adequada para ela, para a rotina dela, tem muita

gente que ainda tem aquela tradição de sentar no trabalho e antes de abrir o e-mail, abre

a home principal. Tem gente que tem o perfil de navegação, por exemplo, eu acordo de

manhã e por uma necessidade aqui do trabalho eu já vou olhar o smartphone para ver o

que tem aqui de e-mail e eu já dou uma olhada no próprio celular de manhã antes de sair

de casa, então eu já saio de casa informado, ai eu já venho escutando o rádio no

caminho, no trânsito, antes de vir para cá, Então você vê, mesmo eu sendo um

profissional do digital, eu ainda passo por outras mídias, eu assisto o noticiário na

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televisão. A gente está com N televisores ligados aqui na redação, então eu acho que é

muito disso, muito de você buscar a informação, da maneira que esta informação se

enquadra dentro da sua rotina. Se você passa o dia na frente do computador, se você tem

um smartphone, então é muito mais fácil você consumir este conteúdo aqui na internet ,

do que você ligar uma televisão, do que você ligar um rádio, então na verdade o nosso

objetivo é muito mais se enquadrar e trazer a informação para o nosso usuário da

maneira que seja mais fácil para ele, exatamente por isso, a preocupação tão grande

nossa da gente se sinalizar nas redes sociais, da gente se posicionar bem como portal na

web, da gente ter uma versão mobile legal no celular, porque hoje a gente olha os

números aqui, o tráfego de mobile, de acesso é quase 40 a 50% do nosso fluxo de

audiência total do portal, ou seja, muito da audiência nossa vem do dia a dia, do cara

que está na condução, do cara que está no transporte, no celular... daquele que não tem

tempo para ver televisão, e por isso que eu falo as formas do jornalismo, as formas da

gente entregar a informação, são das maneiras mais diversas possíveis, cabe ao usuário,

a quem quer consumir este conteúdo optar, e a nossa opção é dar isso de forma mais

clara, mais completa e o que falei que eu vejo como o grande diferencial da internet é o

universo infinito de informações que ela pode trazer. Então você pode, como eu disse lá

no início, você pode desde pegar a informação superficialmente só para entender o que

está acontecendo naquele caso, ou ver os desdobramentos daquele caso, entrar aqui no

R7 e ver a opinião dos blogueiros da casa sobre aquilo, consumir os conteúdos em vídeo

sobre aquilo, interagir via redes sociais do que os usuários estão comentando deste

conteúdo no face, no Twitter, eu acho que é essa a grande inerência, a grande

conversação do conteúdo...

Roberta – É a interatividade...MESMO

A – pensando nisso tudo, o grande diferencial é que eu consumidora virei dona

do consumo que eu quero, do jeito que eu quero, e você vai ter que atender a minha

demanda.

LS – Exatamente...

A – Eu acho que o grande diferencial foi esse. Antes eu tinha a televisão para eu

assistir, antes eu tinha o jornal, eu não comentava, antes eu tinha o rádio, eu só escutava,

e às vezes as pessoas interagiam e outras não, mas agora não, hoje eu posso chegar e

dizer Não é bem assim, lá embaixo, e alguém pode me contrariar em um comentário

embaixo.

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LS – Exatamente, sim... Você estimula a discussão, você estimula a interação,

você estimula a reflexão, e até um maior aprofundamento disso né... Esse é o fantástico.

Roberta – Eu lembro que até o ano passado, o portal estava em terceiro lugar,

pela pesquisa da meio e mensagem...

LS – É, se a gente for olhar os últimos rankings de ibope, vamos supor, que são

os mais aceitos pelo mercado da internet, a gente tem uma posição hoje que seria o

segundo lugar de portal. A gente fica muito oscilando com a globo.com, o G1... que o

G1 está bem entre o segundo e o terceiro lugar, o UOL fica na primeira posição, e ai

embaixo tem o Terra e depois o IG, mas a gente se posiciona, como no mínimo, no

mínimo entre os 03 maiores portais de conteúdo do país.

Roberta – Isso porque ele ainda é novo...

LS – Sim, são os mais novos... Exatamente. Eu que vim para cá, pro começo do

projeto assim, pô, eu fico extremamente feliz. É como se fosse meio um filho, porque eu

sou parte integrante, eu me desenvolvi profissionalmente aqui dentro, eu vi o

crescimento tanto meu quanto do portal, então eu acho fantástico assim, tipo, agora mês

que vem eu faço seis anos de Record e seis anos de R7. Minha filha tem 4, eu tenho

mais tempo aqui, do que a minha filha tem de idade e passou tanta coisa, foi uma

transformação tão grande que é muito legal fazer parte desta história e saber que a gente

está tão bem posicionado no mercado com tão pouco tempo, pô se você for ver o UOL

ele tem mais de 15 anos, a Globo é do começo dos anos 2000, Terra e IG a mesma

coisa, então a gente entrar nesse mercado, entrar com uma competitividade tão grande,

estar navegando neste mercado, dá uma beliscada boa e mais do que isso, todo mundo

se agita, porque com a concorrência forte, todo mundo tem que se agilizar para entregar

o melhor conteúdo, porque a entrega está gigantesca.

Roberta – E o fato de vocês serem recentes no mercado e já estarem nesta

posição, se deve a que?

LS – Eu acho que o principal fato do sucesso é, do projeto que começou com o

nosso diretor geral, Antônio Guerreiro, que convidou a gente para o início do projeto, dá

gente que está aqui desde o início, eu acho que o principal DNA aqui da diferença do

R7 é exatamente que a gente já nasceu no meio da era das redes sociais, então em vez

da gente correr atrás dos outros portais, a gente veio se desenvolver nesse nicho, então

as redes sociais hoje, têm uma importância gigantesca aqui para a gente, se a gente for

olhar, o fluxo de audiência que vem das redes sociais e tão importante quanto o fluxo de

home page. Se a gente fosse olhar os mapas de audiências de sei lá 10 - 15 anos atrás o

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acesso, o número de audiência que vinha através da home page era infinita vezes maior

do que as outras fontes. Hoje as redes sociais é como se fosse a nossa principal fonte, o

que aconteceu: como a gente já nasceu nesse advento das redes sociais, o diferencial foi

que a gente entrou muito forte nisso, tanto que a gente se intitula o portal mais social do

país. E realmente, a gente tem 10 milhões de seguidores na conta do Facebook, é uma

das maiores contas de mídia do país, de maneira geral assim, é gigantesca, então olha

para quantas pessoas a gente tá falando e o nosso grande diferencial é isso, levar a

notícia, levar a informação de maneira rápida, direta e simples.

Roberta – Você acha que a equipe que trabalha no portal R7 que tem esse DNA

hoje, da geração zapeadora, da geração Z, de estar ligado às redes sociais, isso

realmente colaborou para que vocês estivessem aí nesse ranking?

LS – Eu acho que colabora muito porque a nossa influência nas redes sociais é

muito grande, então grande parte da nossa audiência vem de lá, mas eu não falo só do

público jovem, porque hoje o Faceboook é hoje uma ferramenta tão consolidada, tão

presente no mercado brasileiro, que a gente tem desde meu, adolescente, criança, até

senhorinhas de idade que são haver users da plataforma assim, então a gente conversa e

a penetração do Facebook no mercado nacional é gigantesca, a gente está posicionado

em todas as outras redes sociais, mas o Facebook é a maior delas em volume porque foi

a que caiu no gosto do povo brasileiro e a gente se posiciona muito bem lá dentro, então

exatamente, por a pessoa ter essa possibilidade de conversar, de discutir o conteúdo, de

compartilhar na própria time line dela, de divulgar, de visualizar este conteúdo, isso é

em grande parte do sucesso do R7, é fazer o conteúdo direito, bacana, de uma forma

rápida, direta, objetiva, falando com o nosso usuário, entregando para ele da maneira

mais variada possível esse conteúdo, o cara pode consumir o nosso conteúdo sendo

pego através das redes sociais, ele pode consumir o nosso conteúdo no mobile, ele pode

consumir o nosso conteúdo na web, ele pode consumir o nosso conteúdo por aplicativo,

o importante é a gente estar presente no dia a dia desse usuário, eu acho que é essa a

grande razão assim do sucesso, essa presença social do portal.

Roberta – E em relação a aplicativos, vocês têm alguma ação relacionada ao

WhatsApp? O Portal ainda não utiliza o WhatsApp?

LS – A gente tem uma linha de WhatsApp, tem uma parceria também com o

viber, que a gente tem um grupo aberto, só que isso ainda está meio engatinhando aqui,

vem bastante conteúdo. Nos protestos que tiveram no início do ano a gente recebeu

muito conteúdo, muita foto....

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Roberta – Via WhatsApp?

LS – Via WhatsApp, via Twitter, via Facebook, via redes sociais, mas hoje a

interação via Facebook, e em segundo lugar Twitter, ainda é muito maior do que se

fosse via viber, via WhatsApp, desses chats de comunicação via smartphone...

Roberta – Ah tá... Ok. Quais são os critérios de seleção dos conteúdos

colaborativos? Como é que vocês conseguem selecionar isso diante de tanta informação

que vocês recebem?

LS – É assim, é como eu te falei, a gente tem um leque de informação

gigantesca, porque pô, além da própria apuração aqui da redação a gente assina uma

série de agências de conteúdo, o R7 tem uma série de parceiros pela ramificação que a

Record tem pelo Brasil, a gente tem uma série de jornais locais, de tv’s locais que

alimentam a gente também com informação. Então esse bolsão de informação que a

gente recebe é gigantesco. No meio deste pacote entra também esse conteúdo

colaborativo, esse conteúdo do usuário. Como eu te falei pode vir de n formas possíveis

do tipo, pô a gente... é que tem tantas maneiras, mas ele vem muito presente, muito

chumbado, em acompanhar o conteúdo que a gente está produzindo, ou de repente

pautar um possível conteúdo, então é, uma denúncia que chegue, um comentário que

chegue através dos formulários, através das redes sociais do portal, a gente pode ir atrás

desta história, pode apurar isso, e de repente, isso pode puxar uma baita história. Como

de repente a gente pode estar noticiando um caso e com esse conteúdo colaborativo que

chegou a gente suitar este conteúdo com uma nova história, ou de repente, esse

conteúdo que é sugerido colaborar com o que já está no ar, como eu te falei, por meio de

fotos, de relatos, que colaboram muito. Hoje coisas pequenas do tipo, a gente tá fazendo

é, o mapa do trânsito, todo dia aqui, com este trânsito caótico nosso de São Paulo, a

gente recebe uma informação de algum lugar que teve trânsito, teve acidente, e o CET

não tem no próprio mapa da CET, e ele ainda não tem essa ocorrência e a gente recebe

esta informação desse usuário.

Roberta – Tentando entender, eu vejo assim, é que o usuário ele colabora com o

conteúdo, mas assim, a notícia quem dá é o jornalista...

LS – Sim, exatamente, foi o que eu te falei no início assim, o trabalho do

conteúdo colaborativo é complementar. Aqui no R7 diferente de alguns outros portais,

não existe uma seção de conteúdos colaborativos, o conteúdo colaborativo está

chumbado, está embedado dentro do nosso conteúdo cotidiano nas mais diversas

editorias de São Paulo ao conteúdo dos sites oficiais da Rede Record, então ele está

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muito presente no dia a dia, como você falou muito bem, de uma maneira

complementar, de uma maneira adicional ao trabalho do que é feito aqui pela nossa

redação.

Roberta – É mais de relacionamento, também...

LS – Sim, de relacionamento sim, seja por comentário, seja por interação, mas

falando do aspecto mais jornalístico da produção de conteúdo, seja muito mais para

pautar, para de repente a gente ir atrás de uma história, ou para complementar com

alguma história para a gente suitar, ou com alguma informação para complementar uma

história que a gente já está dando. Eu acho que vejo muito assim o conteúdo

colaborativo para a internet.

Roberta – É bem diferente dos outros canais. Que vai... por exemplo, o G1 tem

lá um canal direto lá com o Você Repórter, lá, o Eu Repórter... Então o R7 não trabalha

nessa linhagem?

LS – Não... não... é diferente... a gente não tem um canal exclusivo de conteúdo

colaborativo. O R7 está totalmente aberto a este conteúdo colaborativo, mas ele na

verdade está pulverizado dentro das editorias, dentro do leque de produtos que a gente

oferece aqui dentro do Portal.

Roberta – Então ele pode participar de todos os programas da Record?

LS – Exatamente. Ele pode mandar desde uma sugestão de quadro pro jornal da

Record, por Fala Brasil, como ele pode contar de uma situação de um caso de crime que

ele teve na rua dele, isso vai ser apurado pela editoria de São Paulo, como ele pode tá,

sei lá, dentro de um estádio, assistindo um jogo do campeonato brasileiro, ele vai

mandar uma informação que vai ser usada pela editoria de esportes.

Roberta – Ou mesmo participar lá, do programa, do que ele quer ver lá no

programa da Xuxa?

LS – Exatamente. Exatamente, exatamente. Isso. Especificamente de Rede

Record, a gente tem muito grande. Seja para sugestões de personagens, isso funciona

muito bem, e muito presente em Record, nos sites dos programas. As produções dos

programas da TV não vivem mais sem esta parte nossa de web, porque pô é portfólio

gigantesco, seja para inscrição de quadros, seja para pauta, seja para receber um

conteúdo colaborativo, então isso funciona muito bem e a gente tem alguns exemplos de

conteúdos que a gente chama de conteúdo transmídia, por exemplo, tá passando sei lá...

o Balanço Geral com o Gotino ao meio dia aqui na Record, ele fala: pô ... hoje é o dia

das mães, manda com a hadtag balanço geral foto sua com a sua mãe, a pessoa no

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mesmo momento que ela manda a foto via redes sociais, ela vê a foto dela na TV, você

quer um conteúdo mais colaborativo, mais transmídia que isso?? Isso a gente faz

frequentemente, a gente abre por exemplo, dentro do Programa da Tarde... o pessoal

manda uma pergunta com a hadtag programa da tarde, ela vai ser lida dentro do

Programa da Tarde. Então é, eu acho que independente de a gente ter o conteúdo

colaborativo, ele é muito mais colaborativo aqui no portal porque ele está presente em

todas as áreas. Ontem mesmo, por exemplo, a gente tem no hoje em dia um quadro com

o Dr. Sproesser, tirando dúvidas de saúde, e as pessoas podem mandar perguntas através

do site do programa ou através das redes sociais e essa dúvida é respondida no ar, ao

vivo, pelo próprio especialista. Quer uma interação maior que essa? Né, uma

complementação de conteúdo maior do que essa. O que é a nossa especificação aqui é

este conteúdo transmídia, ou seja, um conteúdo que foi produzido pelo celular,

transmitido via rede social é finalizado na TV. Quantas plataformas a gente não

envolveu nisso?

Roberta – Várias...

LS – Eu acho que esse é muito o caminho…...

Roberta - O usuário aparece espontaneamente ou ele é induzido? Existe um

conteúdo mais espontâneo do que induzido?

LS - Ele aparece e acessa nosso conteúdo das duas formas. A indução ao

consumo do nosso conteúdo é bem forte no nosso trabalho de redes sociais, por

exemplo.

Roberta - Se vocês pudessem medir / comparar em termos percentuais qual a

percentagem dada para o conteúdo colaborativo e para o conteúdo induzido nos

programas de entretenimento e nos programas jornalísticos?

LS - Não conseguimos classificar em porcentagem. Porque na maioria das vezes

o conteúdo colaborativo é despertado através de um call to action, uma forma de

indução ao conteúdo.

Roberta – É, é muito mais participativo pelo o que eu estou percebendo do que

em relação a outros portais...

LS – Sim, exatamente, exatamente. Você pode olhar de fora e falar: “nossa, eles

não têm uma seção colaborativa, não tem a participação do usuário”. Pelo contrário: a

gente tem ela de maneira muito intensa, de maneira gigantesca nos programas da casa, e

tem de maneira muito presente no dia a dia de todas as editorias do portal.

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Roberta – É agora é que eu compreendi. Porque eu via que era muito mais

quadradinho, mais fechadinho no G1, no UOL, no Jornal Extra, lá do Rio de Janeiro,

que também agora usa o aplicativo WhatsApp, tal e ai eu comecei a pesquisar no Portal

R7 ... e ai onde existe esse canal mais dirigido para este usuário??? Eu não conseguia

ver isso no site né, tanto é que eu conversei com a Aline Sordili, que foi a nossa aluna

na Metodista e ela me explicou mais ou mesmo como é que funcionava, tal... Mas agora

eu entendi melhor como funciona, você me explicou muito bem, então é isso.

LS – Legal, legal, fico contente.

Roberta – Eu agradeço, porém agora eu queria entrevistar alguns jornalistas que

trabalham com esta questão dos conteúdos, etc.

LS – legal, legal...

Entrevista com ED – 50 anos

Chefe de Reportagem do Portal R7

Roberta – ED. Você é chefe de reportagem?

ED – Isso.

Roberta: Do portal?

ED – do Portal

Roberta – do portal... Você é quem comanda tudo isso daqui?

ED – Não. Sozinha não. A gente tem... Nós somos quatro chefes de reportagem.

A gente se divide um pouco de acordo com a área de atuação de cada um. Então tem os

chefes de reportagem que cuidam mais da área de entretenimento, famosos, e tal, tem os

chefes de reportagem que cuidam mais da hard News, das noticias mais de economia, de

política, de cidades e tal, e eu sou essa que cuida mais disso, aliás, na verdade é assim,

eu fico meio ligada em tudo, porque a gente não pode deixar passar nada.

Roberta – Quanto tempo você tem na Record.

ED – No R7 - 1 ano.

Roberta – 1 ano.

ED – 1 ano.

Roberta – No jornalismo você trabalha há quanto tempo?

ED – No jornalismo há 30 anos.

Roberta – há 30 anos.

ED – É. 30 anos. Pouco tempo né....

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Roberta – pouco tempo ... rsssss

ED – rssss – sou praticamente uma foca

Roberta – rssss.... já está adestrada né gata... rssss

ED – rssss – já estou conseguindo equilibrar a bolinha com o focinho

Roberta – rsssssss Edna,

ED – Mas olha, eu estou aprendendo o jornalismo de internet....

Roberta – o jornalismo online

ED – online que é uma coisa para mim bem... eu sou da época da máquina de

escrever né...

Roberta – Então né... eu sou apaixonada pelo jornalismo, eu sou relações

públicas, meu sonho era ter sido jornalista, mas infelizmente eu não tinha condições

financeiras e ai eu comecei a trabalhar na universidade trabalhar com o jornalismo, em

1992, e ai eu era secretaria de redação naquela época, eu fazia pautas, eu tinha que ler

de 3 a 4 jornais por dia, para puxar pautas para o bairro de Rudge Ramos, onde a

Metodista está inserida, e a gente tinha um jornal laboratório dentro da Universidade e

ele existe até hoje, chama-se Rudge Ramos Jornal, eu ajudava a fazer as pautas, era da

época da redação, da máquina de escrever, a redação era de máquina de escrever, eu

trocava as fitas, eu fazia as pautas, eu trabalhei em uma agência de propaganda, eu era

digitadora e paginadora na época, do page maker, da época do...

ED – paginadora hein... olha isso

Roberta – Isso – paginadora,

ED – época dos diagramadadores....

Roberta – diagramadores, do paste up, olha isso, olha para você vê....

ED – eu também peguei isso...

Roberta – É para mim tudo é muito novo também. Eu gosto de internet, eu gosto

de redes sociais, mas para mim tudo isso é muito novo ainda e eu não tenho muito jeito

para manusear isso....

ED – há tem muita coisa ainda... mas a gente aprende...

Roberta – É tem muita coisa e a gente aprende sim... rssss

Roberta – Edna eu queria saber na sua opinião quais foram as principais

mudanças ocorridas no jornalismo, a partir do surgimento da internet?

ED – Nossa. Acho que a internet virou o jornalismo de cabeça para baixo... né.

Eu acho que a assim, o jornalismo na essência ele não muda, quer dizer, a informação é

o mais importante, e a veracidade da informação né, você levar a coisa de forma correta,

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para o leitor, para o internauta, seja lá quem for, muda um pouco essa coisa da relação

até com o próprio internauta, com o leitor, que a gente já não chama mais de leitor,

chama de internauta, mas não deixa de ser o leitor, muda a relação, porque você está

mais próximo, você vê a reação, de forma mais rápida, você através de toda a tecnologia

envolvida na internet, você consegue medir quem é o seu leitor, o comportamento dele,

o que ele gosta, o que ele não gosta, o que ele clica o que ele não clica... é

Roberta – O que ele compartilha...

ED – Isso....

Roberta – O que ele compartilha o que ele não compartilha

ED – Isso, é, o comportamento é bem mais próximo, antes você tinha por

exemplo, a carta ao leitor, né, que ai o leitor mandava uma carta...

Roberta – falando do buraco do bairro...

ED - É ou reclamando de uma matéria, ou questionando ou pedindo uma

matéria, sugerindo uma pauta, hoje isso é muito em tempo real, né, o tempo todo ali,

você tá vendo, fica hoje tu fica aqui com o Google Analitics aberto vendo quantas

pessoas estão clicando no site, o que está sendo clicado mais, então a gente sabe que

aquilo ali tem um interesse maior, agora é claro que tudo isso exige também... a gente

tem que fazer um filtro, né... porque a gente não pode perder de vista justamente este

caráter informativo, então a gente tem que equilibrar estas duas coisas, mas eu acho que

o jornalismo, agora ele esta vivendo um momento de experimentar coisas novas, eu

acho que muita coisa está se perdendo um pouco, mas eu acho que isso vai ser retomado

mais para frente...

Roberta – E o que você acha que está se perdendo um pouco?

ED – A reportagem...

Roberta – A reportagem... a reportagem você fala, a reportagem de rua?

ED – A reportagem de ir para a rua, de olhar no olho da pessoa, de contar boas

histórias, porque no jornalismo de internet a gente sente muito o imediatismo, as

pessoas querem ver fotos, querem ver vídeos, querem ver, é

Roberta – elas querem ser vistas...

ED – é também, mas eu acho que falta isso, a gente está deixando muito de ir

para a rua, por causa dessa velocidade, né, uma cidade muito grande como São Paulo,

existe uma série de dificuldades, dificuldades do trânsito, e na internet como tudo é

muito rápido, é, isso dificulta. Se você for ter que fazer isso, você vai ser o último a dar

a notícia e ai você vai ficar mal posicionado no Google e ai as pessoas vão clicar menos,

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e tudo é uma consequência da outra. Mas eu acho que o jornalismo não pode perder de

vista esta característica de boas histórias e eu acho que está perdendo, mas eu acho que

isso vai voltar, eu acredito que isso é uma questão assim, é uma transição, a gente está

em um momento de transição, em que, tanto é que todas as empresas jornalistas, de

comunicação, que eram impressas, do papel, elas estão tendo grandes dificuldades, com

a chegada da internet, não é o caso do R7, o R7 já é um portal que já nasceu digital, ele

é digital, pela sua essência, pela sua natureza, dai a gente tá tão grande, a gente está

crescendo cada vez mais, mas ele reúne o que, ele reúne um pouco de tudo, ele reúne,

um pouco de tudo, reúne, jornalismo, entretenimento, TV, vídeo, ele reúne um monte de

coisa, o jornalismo de qualquer forma, é, eu falando de jornalismo, ele depende disso,

da informação, da história, que eu acho que está faltando um pouco ainda.

Roberta – E você acha que isso vai ser retomando mesmo no ambiente virtual?

ED – Eu acho. Eu sou otimista né, eu sou otimista e como eu sou de uma escola

de jornalismo que pode ser considerada um pouco ultrapassada, talvez eu queira que

isso aconteça, mas eu acredito que sim, eu acho que o jornalismo, ele tá, como eu posso

dizer, ele tomou um baque, ele está meio perdidão, ali sem saber para onde vai, mas eu

acho que a tendência é a poeira abaixar, a internet não tem como não ver a internet

como um grande aliado deste jornalismo e o dia que talvez a gente encarar a internet

como aliado, a gente que eu falo, os jornalistas, a gente vai conseguir tirar proveito da

internet, entendeu... da melhor forma, e que só um jornalista consegue fazer, contando

boas histórias, e eu repito esta frase porque eu acho que quando você tem uma boa

história para contar, é, as pessoas vão ler, as pessoas vão se interessar, entendeu...

Roberta – Você acha que com o fato da internet influenciou na questão de não

ter mais o pessoal da reportagem, a crise das empresas de comunicação, de dispender

assim um profissional, um jornalista, para ir para a rua, de uma equipe de ir para a rua...

você acha que isso também interferiu na questão da reportagem de rua?

ED – Eu acho que as empresas, chega uma hora, com a crise que o mercado de

comunicação vive, principalmente dos impressos, mas a relação custo benefício é

sempre levada em conta, afinal de contas são empresas, né como toda a empresa ela visa

lucros, elas não vieram ao mundo para fazer filantropia, são empresas né, elas tem que

ter lucro, então eu acho que na relação custo / benefício de um momento, realmente

você dispender uma força para ir para a rua para gastar com tempo, o tempo significa

muita coisa nesta relação, você gastar com transporte, é, tudo isso você demanda um

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custo, então as empresas acabam diminuindo isso justamente para diminuir o custo para

poder ter mais lucro, ou para ter algum lucro, né... algum lucro...

Roberta – É, algum lucro

ED – Então acho que é natural, acho que impacta sim...

Roberta – Impacta né... De que maneira essas mudanças colaboraram ou não

para a produção de conteúdo no jornalismo?

ED – Quais mudanças?

Roberta – da internet?

ED – eu acho que ela colabora quando ela diminui um pouco o caminho. Por

exemplo: eu sou de uma época em que para você, por exemplo, fazer uma pesquisa

sobre um assunto, digamos que, morre alguém agora, na minha época eu tinha que ir a

um centro de pesquisa para fazer toda a avaliação daquela pessoa, do que foi o passado

dela, porque às vezes eu não sou uma enciclopédia, não saberia tudo, então você tem

que pegar pesquisa de foto, de imagem, e isso leva um tempo... hoje você pega aqui,

você chega para o repórter fala ah morreu fulano, ele nem era nascido, ele nem conhecia

aquela pessoa, ele entra no Google, faz uma pesquisa, então isso é uma ferramenta que a

gente... que é muito útil, muito útil, mas como tudo, tem que ser bem usado, né...

então... o fato de ter alguém, que tem o ângulo da coisa, mas vamos contar esta história

de um outro ângulo, não dá para você contar só com a tecnologia, entendeu, você tem

que ter as duas coisas muito bem feitas, muito aliadas, juntas, unidas, para ter um bom

resultado. Acho que a internet tem mil utilidades.... você faz uma matéria de denúncia

hoje, você entra no cartório, você consegue fazer um levantamento de imóveis de uma

autoridade por exemplo, com o nome dela, você consegue em 24 horas, você está com

todos os documentos na mão, e antes não, você tinha que ir de cartório em cartório,

fazer um levantamento, então assim, tem muitas ferramentas que são extremamente

uteis, e que a gente não saberia viver sem, eu mesma, com 50 anos, eu não saberia viver

hoje sem a internet, sem ter uma pesquisa, sem fazer uma leitura antes de alguma coisa,

mas acho que não dá para viver só disso, se não vamos ficar todos iguais, né, e ai o que

vai ser? Tudo igual? O diferencial é muito importante. E o diferencial quem faz é

justamente o olho no olho, é a impressão que o repórter tem. O repórter quando vai

entrevistar alguém, que ele sente a emoção no rosto, no olhar da pessoa aquilo ali não

tem preço, e isso faz o diferencial.

Roberta – É Verdade. Tá... Como você define o jornalismo colaborativo e a sua

influência na prática jornalística?

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ED – O jornalismo colaborativo eu pessoalmente tenho uma visão um pouco

pessimista em relação a ele. Eu acho que ele é mais uma ferramenta, mas ele tem que

ser muito bem utilizado, porque, é, as pessoas muitas vezes..., o jornalismo como eu te

falei, tem o compromisso com a verdade, com o fato, com a informação verídica, a

participação ela vai ter que ser checada, ela vai ter que ser avaliada, é porque assim, as

pessoas na ânsia de querer passar uma coisa para algum veículo, muitas vezes elas

passam coisas com a visão delas, e não a visão do bem público, entendeu, do interesse

público, então eu acho isso, eu acho que é uma ferramenta, que serve para a gente se

basear, para a gente se orientar, e para a gente, de repente, se alertar, para um

determinado fato, que muitas vezes, o jornalista dentro da redação não vê... Mas ele não

pode ser único e isolado, entendeu. Eu acho interessantíssimo, mas eu acho que nos

precisamos saber ainda lidar melhor com isso e tomar muito cuidado, porque o

jornalismo também tem que ter a responsabilidade civil, que muito... que uma pessoa

muitas vezes não tem, e a gente como jornalista e como empresa e veículo de

comunicação tem que ter. Então eu acho isso. Não sei se eu respondi a pergunta....

Roberta – respondeu sim... Respondeu... Você considera que a participação do

usuário ajuda a melhorar a produção jornalística e por consequência o conteúdo do

portal R7, o conteúdo dos programas?

ED – É. E acho que é aquilo que eu falei. Eu acho que sim, eu acho que tudo o

que é informação é, ela é bem recebida, e eu acho que é bom esse contato do jornalista

com o usuário, com o leitor, com o internauta, porque isso traz, o jornalista também, por

outro lado, antigamente, a gente ficava muito ali, meio num trono, meio intocável, sabe,

e você às vezes perde um pouco a noção da vida real, da realidade, que é a nossa

matéria prima, é meio um contrassenso né.

Roberta – Como você avalia a participação do usuário, do internauta no portal?

Você consegue medir isso?

ED – Olha no meu papel aqui esse meu contato é pequeno, porque eu fico mais

no comando da redação, no sentido assim, do grande noticiário, do hard News né, mas

eu acompanho muito as redes sociais, e eu leio muito os comentários, eu acho que as

redes sociais são muito importantes para isso, às vezes você faz uma coisa pensando que

você está atingindo um determinado objetivo e os comentários eles mostram outra visão

das pessoas, alguns um pouco inadequados, né, as pessoas às vezes aproveitam um

pouco da ... é de estarem meio que anônimos ali, para fazerem comentários meio

impróprios, meio pesados, e tal, mas eu acho que é importante. Eu acho que a gente

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aprende muito. A gente leva muito em consideração isso aqui. É. digamos, é uma coisa

prioritária pra gente, esse trabalho de acompanhamento é nas redes sociais do que as

pessoas estão falando.

Roberta – Mas isso é por uma definição do próprio perfil editorial do portal, de

levar muito em consideração o que as pessoas estão falando?

ED – Isso está bem colocado pra gente aqui como um dos nortes da gente.

Roberta – Como uma missão?

ED – Uma missão. Isso.

Roberta – Certo. De que maneira a participação desse usuário pode dar mais

qualidade ao conteúdo do portal, das matérias?

ED – Ah, eu acho que a pessoa que viu uma coisa e contar isso para gente, eu

acho isso importantíssimo, então eu acho assim, isso é diário, agora é claro, como eu te

falei, tudo tem que ser muito bem ponderado, né, porque se a gente se deixar levar pelo

calor da emoção, a possibilidade da gente errar é muito grande, e ao contrário de uma

pessoa que tem um blog, por exemplo, ela não tem muito o compromisso com isso, a

gente tem, então a gente tem que tomar muito cuidado com isso, mas eu acho que é uma

... É o que eu falei, é fundamental, eu acho que ele aproximou a gente do internauta, e

aproxima da realidade, de uma realidade diferente da realidade que a gente vê, como

jornalista.

Entrevista com AI – 28 anos

Jornalista – Editoria de São Paulo - Portal R7

Roberta: Falando da editoria, como que você vê a participação dos usuários hoje,

né, na editoria de cidades?

AI: A gente cobre aqui São Paulo, né, então a editoria de São Paulo, que seria a

parte de serviços, a parte policial, prefeitura. E a gente cobre também cidades, que são

de todos outros estados, onde o R7 não tem praça. Então a gente também cobre, por

exemplo, Rio de Janeiro tem praça, Bahia tem praça, Distrito Federal tem praça. Os

outros locais onde a gente não tem praça, a gente também cobre por aqui, então assim,

Rio Grande do Sul, outros estados, também fica nessa alçada de cidades. Claro que São

Paulo a gente acaba tendo muito mais contato do que com a cidade onde a gente tá,

então é lógico que isso acaba sendo bem mais intenso na nossa cobertura, e isso é tudo o

que a gente abarca aqui. Na nossa editoria como é uma parte de notícias mesmo, bem

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pesada, é muito importante a gente ter esse contato com os usuários, então, a gente

recebe coisas por e-mail, às vezes as pessoas ligam aqui também, a gente ainda tem isso.

Roberta: Aquela questão do jornalismo tradicional, aquela questão do...

AI: Mais de colaboração, né, eles ligarem às vezes para falar alguma coisa,

sugerindo pauta, denunciando alguma coisa. “Ah, tem um problema aqui no bairro”,

isso ainda tem muito aqui. O povo talvez por conta da casa mesmo, então como é a

Record né, tem uma tradição mesmo de ligação com o público muito forte, então as

pessoas ligam às vezes para passar pro R7 mesmo, sabe, então liga e passa a

informação, tipo tem tal coisa aqui e tal. O que a gente tem particularidade de notícias,

tudo a gente tem que chutar, né.

Roberta: Isso continua, né. Isso não fugiu do jornalismo tradicional.

AI: Não, de checagem você diz?

Roberta: Sim, sim, sempre tem que checar, né?

AI: Sim, sempre tem que checar, porque as vezes depende né, é um problema

local a gente tem que verificar, a gente tem que ver do que se trata, a gente tinha um

quadro aqui no set que a gente tá reestruturando, que chama “R7 de olho”, que era

disso, as pessoas mandavam a demanda do bairro, então assim, ou um buraco, uma

coisa assim do dia-a-dia mesmo, mandava pra cá, ai a gente verificava, o que que era,

quanto tempo dava, pedia um outro lado e fazia. Esse era um fato muito legal, porque o

pessoal está reestruturando para ficar num formato mais bacana agora, que é essa

participação direta mesmo nos problemas locais, né. Fora isso a gente faz interações por

meio de mural.

Roberta: Todos os programas têm um mural?

AI: Não, não. Não é do programa, é da editoria. Então o que a gente pode fazer é

abrir um mural. Assim, por exemplo, a gente fez esses tempos, teve um apagão, aí:

“Sofreu com o apagão? Conte para o R7”, e aí as pessoas relatam o que aconteceu com

elas, onde elas moram, ah, “eu moro na zona sul, no bairro tal, e aqui tá sem luz, tal

hora, e não sei o que...”, isso a gente pode usar para checar com a Eletropaulo. “Olha

Eletropaulo, tem gente aqui falando que desde tal hora tá sem luz”, e vocês tão falando

que já foi arrumado aí, e a gente tem relato de internautas aqui. Então isso a gente tem,

esse canal do mural, por exemplo.

Roberta: E esse canal do mural, tudo o que acontece nesse mural vocês acabam...

AI: A gente media. A gente tem que ler e aprovar.

Roberta: Vocês que selecionam?

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AI: Não, só lê, a gente tem que ler para entrar no ar, a gente tem que aprovar. Só

isso. A gente tem que fazer essa aprovação, não entra automático, né. E aí eles têm esses

relatos, então muitas vezes a gente pede desse tipo né. “Ah, teve problema com falta de

luz? Conte aqui”, e a gente consegue ter uma ideia das regiões onde tão mais afetadas,

porque só com as fontes oficiais a gente não tem uma coisa tão detalhado, né, eles dão

um geral, então “tantos mil”, e aí a gente não consegue ter esse mapeamento, né. Com

uma participação, isso ajuda muito, então a gente consegue ter uma noção bem melhor.

Roberta: A participação do usuário?

AI: Isso.

Roberta: Tá, e quem que faz essa checagem? Por exemplo, no caso do apagão

em São Paulo, vocês mesmos?

AI: Sim, nesse caso a gente vai confrontar, né, a gente só vai falar “ó, temos

relatos de internautas com problemas em tal região, a gente mesmo manda, e isso assim,

hoje, todas as empresas eles aceitam totalmente o que se leva de usuário.

Roberta: Então elas mudaram?

AI: É. Eu acho que elas sabem a força que tem as mídias sociais.

Roberta: Elas têm uma força muito grande, então se ela não for transparente e

ela não...

AI: As pessoas reclamam mesmo, têm casos de assim, coloca uma matéria no

Facebook, o perfil do R7, sobre um problema no metrô. O perfil oficial do metrô

responde no Facebook do R7, o que aconteceu, ou responde algum leitor que faz alguma

denúncia nos comentários, e às vezes o metrô responde nos próprios comentários.

Roberta: É o papel de um Ombudsman tá crescendo muito nas empresas, em

relação a isso, né?

AI: Talvez, porque eles realmente monitoram muito mais. Porque realmente vai

pra rede social, você não tem controle. Pode acabar com a imagem da empresa. Porque

difunde muito rápido, e a gente tem isso.

Roberta: Mas não são todas as empresas que tem essa percepção ainda, né?

AI: Não, mas acho que tá mudando, as pessoas sabem que é uma forma que as

pessoas se comunicam, e a gente pega muita coisa assim também, então a gente pega

uma matéria no Facebook, a gente fez recentemente sobre abuso na infância, a gente

colocou essa matéria e as pessoas nos comentários relataram casos que elas sofreram de

abusos, isso virou uma nova matéria pro R7, entendeu? Que eram personagens, pessoas

mesmo relatando, do tipo: “Ah, como também aconteceu quando eu era criança”.

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Matéria de abusos na infância, né. Então as pessoas relatando: “comigo aconteceu

também quando era criança”, “sofri tal tipo de abuso, tal, tal, tal”. E isso a gente pôde

usar como conteúdo novo pra gente, e foi por meio de colaboração de redes sociais. As

pessoas procuram, quando elas vêm, elas se sentem... Se identificam.

Roberta: Elas se identificam, né? Ana, tenho algumas perguntas rápidas, tá? Em

sua opinião, quais foram as principais mudanças ocorridas no jornalismo, após o

advento da internet?

AI: Só isso que você quer saber? Ah, é difícil dizer as principais mudanças, mas

acho que mudou a velocidade das coisas, então assim, realmente, chega mais rápido,

tanto pra gente, quanto pro leitor. A participação, isso você tinha muito em rádio, né,

agora não é mais só isso, essa participação mesmo, ela quer...

Roberta: Agora ela tem várias plataformas, né?

AI: Sim, sim, hoje sim, antes era no telefone e participava no rádio, agora os

outros veículos também usam muito, a TV também usa muito, a internet também usa

muito, porque é aquela forma de você estar mais fácil nesses lugares. Essas são as

principais coisas, mas...

Roberta: Mas e as formas de apuração? Mudou bastante?

AI: Sim, mudou bastante.

Roberta: Você acha que é maior hoje o trabalho de apuração?

AI: É diferente o trabalho de apuração, você sai menos, mas você tem mais

possibilidades, porque você consegue achar as coisas com mais facilidade, então tem os

dois lados. O nosso desafio é dosar.

Roberta: Sim, mas você acaba investigando mais?

AI: Tem possibilidade de investigar mais, mas é diferente você investigar, às

vezes, você fica mais na redação do que na rua, eu não posso dizer com uma apuração

mais profunda, porque na rua é na rua, são coisas diferentes.

Roberta: Entendi. Você acha que na rua é mais aprofundado?

AI: Depende, não posso cravar. Você tem tipos de trabalhos diferentes. Têm

coisas que você consegue aqui pela internet, que na rua talvez não fosse conseguir. Mas

tem coisas que você só consegue na rua, então depende muito.

Roberta: Depende da pauta, depende do...

AI: Então eu não posso dizer que é mais aprofundado pela internet, não. Eu não

posso dizer isso. Mas você tem possibilidades diferentes. Depende muito do que for, às

vezes, realmente você precisa dos dois trabalhos. Têm coisas que se você ficar só aqui,

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você não vai descobrir, mas tem coisas que você descobre e consegue ir atrás de muito

mais informação.

Roberta: Você já trabalhou com jornalismo na parte mais tradicional?

AI: Já, já trabalhei com impresso.

Roberta: E o que você preferiria ficar aqui, dentro da redação, ou trabalhar na

rua?

AI: Tem que dosar. Eu acho que uma coisa não exclui a outra, mudou, e é

natural, e a gente não pode achar que...

Roberta: “Acabou com o jornalismo tradicional”, né?

AI: É. Também acho que não, mudou a forma, porque também as pessoas

consomem a notícia de outra forma. As pessoas querem consumir de outra forma, então

não adianta a gente achar que todo mundo vai chegar e pegar o seu jornal às 6h da

manhã e ler tudo o que aconteceu. Eles não vão. Eles já viram. Então mudou, não

acabou, é outra forma do leitor, usuário, internauta se relacionar com o conteúdo, se

relaciona de outra maneira. E as pessoas têm de se adaptar a isso. A produção do

jornalismo tem que se adaptar a isso.

Roberta: De que maneira essas mudanças colaboram ou não para a produção de

conteúdo?

AI: Elas colaboram, porque te dão mais possibilidades, porque também antes

você pegava as informações...Você apura e escreve um texto. Hoje não, hoje eu posso

apurar e fazer um tweet. Posso apurar e jogar uma informação numa rede social. Eu

posso pedir pra que as pessoas me contam outras histórias. Posso fazer um vídeo. Posso

fazer muito mais coisa hoje do que antes, quando não tinha essa coisa da web tão forte

assim. Então te dá mais possibilidades. É um desafio, mas te dá mais possibilidades.

Roberta: Como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na prática

jornalística?

AI: Que ele é positivo é inevitável. A gente não pode brigar contra isso, assim,

não adianta ficar assim. É a realidade e é uma tendência. Então a gente tem que ver de

que forma usar essa colaboração numa nova produção de conteúdo. Isso é inevitável,

então não adianta, tem mudança que veio e não volta, e isso veio.

Roberta: Veio, e tá cada vez mais forte, cada dia vai crescer mais.

AI: Eu acho que sim, não sei dizer de que forma, pra onde isso vai andar

exatamente, mas assim.

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Roberta: Você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a

produção jornalística e o conteúdo do portal?

AI: Sim, ela pode, ela te aproxima do seu leitor, do seu público. Então, se ele tá

participando, você sabe o que ele quer saber, então você já pode produzir de uma forma

mais direta mesmo, mais focada. O que essas pessoas querem saber? Porque às vezes

você pode estar falando de uma coisa que não é do interesse do seu público, então isso

pode te direcionar o seu conteúdo e de que forma você pode ajudar essas pessoas, de

que forma você pode prestar um serviço, que é a base do jornalismo, diretamente. Pode

ajudar sim.

Roberta: Então essa essência nunca acaba mesmo, ela tende a aumentar até, com

essa participação. Quais são os critérios de seleção dos conteúdos?

AI: Um critério específico? Não sei se tem um critério. A gente vai avaliar as

histórias, então assim, quantas pessoas isso impacta. Aquela coisa meio básica.

Roberta: Uma coisa meio mercadológica também, né?

AI: Não precisa ser mercadológica. Você vai ver a história que a pessoa tem para

te contar, né? Às vezes a gente ajuda sem publicar nada. Por exemplo: “Tô com um

problema assim”, “olha, você pode ligar na subprefeitura que ele vai te ajudar”. Às

vezes não é uma matéria.

Roberta: Não é uma função do jornalista?

AI: Não é nem por isso, é que às vezes eu não vou fazer uma matéria com essa

informação, mas a pessoa quer ter um auxílio. Mas depende muito, depende da história

que acabam trazendo, e a forma que isso tá afetando a comunidade dela, ou seja lá o que

for.

Roberta: Como você avalia a evolução na participação do usuário no portal? Ou

no caso, a editoria.

AI: Aumenta cada vez mais. As pessoas querem participar cada vez mais.

Roberta: De que maneira essa participação pode dar mais qualidade ao

conteúdo?

AI: É um pouco isso que eu falei já, as pessoas te dão possibilidades, se eles

participam, te abre, pra de repente pautas que você não tinha pensado, ou algo que você

não saberia. São Paulo é uma cidade tão grande. Tanta coisa. Você descobre algo que tá

acontecendo por eles. Eles te ajudam.

Roberta: Principalmente na sua editoria, que é bem mais complexa.

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AI: Sim, bem mais complexa e ampla. Desde um serviço, um buraco na rua, ou

uma grande denúncia.

Roberta: Qual é o perfil dos usuários da editoria de São Paulo, na questão de

colaboração?

AI: Não sei se tem um perfil definido, é o perfil do nosso jornal mesmo, a gente

tem de tudo né, todo tipo de gente, várias partículas de trabalho.

Roberta: É que sua editoria é mais abrangente também, né?

AI: Sim, recentemente a gente tá com um caso de abuso no metrô. Abuso no

metrô, a gente teve muito retorno de rede social. Foi um caso nosso, mas as pessoas

também denunciaram, e tudo. É uma coisa que...Todo mundo anda de metrô, então é

alguém com perfis totalmente diferentes. Então, grupos feministas vieram apoiar. Gente

que simplesmente anda de metrô, trabalhador. Então isso muda muito, é em relação ao

tema, não tanto o perfil.

Roberta: É em relação ao tema?

AI: É. A internet é isso, como ela alcança qualquer um, pode ser pra qualquer

um.

Entrevista com WC – 23 anos

Jornalista – Programa Hoje em Dia - Portal R7

Roberta: Você cuida...?

WC: Eu cuido do programa “Hoje em dia”.

Roberta: Você cuida da participação dos usuários?

WC: Eu cuido tipo, da participação dos usuários, igual ao B., de redes sociais, o

site do programa inteiro, e essas coisas.

Roberta: Você é redatora, formada em jornalismo?

WC: Sim, formada em jornalismo pela Anhembi.

Roberta: Ano passado?

WC: Isso, em 2014.

Roberta: E há quanto tempo você tá aqui?

WC: Aqui eu tô desde 2012, porque entrei como estagiária.

Roberta: E aí você foi efetivada no ano passado? Quando acabou o contrato de

estágio?

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WC: É.

Roberta: Qual a sua idade?

WC: Tenho 23.

Roberta: É o seguinte, como o meu trabalho é sobre webjornalismo participativo,

eu quero saber como as pessoas participam com relação ao conteúdo do programa “Hoje

em dia”.

WC: Então, no caso do “Hoje em dia”, assim, a gente, pelo menos esse ano que

mudou o formato do programa, a gente começou a investir muito mais em redes sociais,

na participação das pessoas. Hoje daqui a pouco vai ter um quadro que se chama

“Transformação mais incrível”, e aí são duas pessoas que mudaram o visual, e a votação

é de quem merece ganhar o prêmio, é feita pelo Twitter com duas hashtags, e aí quando

acaba de apresentar a história dos dois, e aí fala assim: “Vote com #Hoje em dia 1” pra

sei lá, Tiago e acho que é Felipe o outro, e “#Hoje em dia 2’” pro outro cara. E aí fica

uns minutos, e aí a gente tem uma balança que fica meio que oscilandinha. Mas é feita

totalmente pelo Twitter. E cada dia no “Hoje em dia” tem um quadro diferente. Ontem

teve “Você e o doutor”, que é um médico de família que tira dúvidas das pessoas, e cada

semana é sobre uma determinada doença. Ontem ele falou sobre dor na coluna, e aí ele

explicava umas coisas assim básicas na TV, tipos de problema na coluna e tal, e muita

das perguntas que vieram, vieram dos internautas. Aí eu geralmente filtro, que nem,

tipo: “Sinto dor nas costas, e para passar eu estralo o pescoço e as costas. Há um

risco?”. E aí, eu filtrava geralmente algumas perguntas que eram boas, e eu mando lá

para o diretor, no switcher, e aí ele pegava e falava assim? “Ah, então, tal pessoa

mandou essa pergunta”, e aí já aparece uma tarjinha embaixo. E o médico responde

“Fulano, estralar as costas é ruim por isso, isso e isso”.

Roberta: Então você seleciona esse conteúdo?

WC: Sim, sim. Eu tenho que filtrar e mandar pra eles.

Roberta: E o que você filtra geralmente ele fala no programa?

WC: Então, sim, sim. Geralmente.

Roberta: Ou eles fazem outra seleção lá embaixo?

WC: Não, então, às vezes não, por causa do tempo. Porque eu tenho filtrar

bastante, pra eles lá, pelo menos terem como escolher, e pra se encaixarem nos

momentos certinhos, né. Porque, que nem, essa do estalo, demorou um pouco pra entrar

porque ele não tava falando sobre isso. Então às vezes demora um pouquinho.

Roberta: Tem que ter toda uma sintonia, uma sincronia.

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WC: Sim, tem que ser muito rápido, né. A gente tem também no site, a pessoa

pode enviar um vídeo com dúvidas. E segunda-feira, quando tem o quadro do doutor, eu

fico aberto aqui, então, tem pessoas que mandam, aí eu vejo se tem alguma relação, aí

eu mando pra eles. Quando tem um vídeo eles mostram na TV: “Fulana mandou um

vídeo com uma pergunta”. A gente passa o vídeozinho na TV, e o doutor responde.

Roberta: Esses quadros, onde existe essa relação, essa interatividade com o

usuário, você que cuida, dentro do “Hoje em dia”?

WC: Sim, sim, até porque no “Hoje em dia”, no intervalo, ele é ao vivo. A Malu,

ela fica lá embaixo no intervalo, então, se você clica aqui, você ver o que tá

acontecendo no intervalo. A gente também tenta fazer essa interação com o internauta,

pra ele nunca sair daqui, entendeu? Fique aqui conosco para sempre. É meio assim que

a gente tenta. Que nem hoje, a gente tá com a Geisy, e rolou essa semana que ela foi

comparada a uma funkeira, de um reality show da FOX. Aí eu já conversei com a Malu

e pedi pra ela perguntar pra o que ela achou da comparação, porque os internautas

tavam falando disso, então a Malu já faz essa outra ponte, que não dá para perguntar

necessariamente pros apresentadores. A gente tenta ver o que consegue usar mais pro

portal assim, uma coisa mais pra internet mesmo.

Roberta: Então tá rolando lá, e você tá cuidando aqui das redes sociais.

WC: Sim, to cuidando aqui o tempo todo. Aí tem que ficar com Facebook,

Instagram, porque a Malu às vezes me manda foto para mandar. Os apresentadores

também mandam vídeo, foto para postar...

Roberta: Nossa, tem que ficar 24 horas.

WC: É né, não durmo.

Roberta: E você trabalha de que horas à que horas aqui?

WC: Dizem as pessoas que eu nunca saio, né. Brincadeira. Eu trabalho das 9h às

4h, 4h e pouco. Porque tenho que chegar pelo menos uma hora antes pra eu começar,

né, pra ver o que vai rolar, ler o espelho, ver se eu preciso falar com algum deles pra

alguma coisa.

Roberta: E você fica sozinha?

WC: Sim, sim. E teve uma coisa legal que aconteceu também, que nem, nesse

quadro que é “Transformação mais incrível”, um dia foi uma jornalista, a Renata. Foi

uma menina que tinha sei lá, cento e alguns quilos, e emagreceu 90. Aí ela foi pro

“Transformação mais incrível”, e aí fiz uma galeria de fotos dela contando a história

dela.

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Roberta: Você fez?

WC: É. E Quando foi pro Facebook, os internautas também começaram a

mandar fotos mostrando que emagreceram, com o antes e depois deles. E aí a gente fez

outra galeria de fotos porque a gente achou lindo, né.

Roberta: Quem é o seu supervisor?

WC: A Maria Bia, né, que já, já chega. Temos também o Léo e a Bia, que ficam

lá no mesão. Eles que cuidam da parte mais estratégica, digamos assim.

Roberta: Então vocês criaram uma história?

WC: É. Já aproveitou. Porque as redes sociais elas também ajudam muito, né, na

interação. Quando eles odeiam, eles odeiam, e não tem o que fazer. E a gente tem que

fazer eles todos gostarem. Ficarem interagindo mesmo.

Roberta: Sim, sentir parte mesmo. Em sua opinião Wendy, quais foram as

principais mudanças ocorridas no jornalismo a partir do surgimento da internet?

WC: A internet facilitou a chegada da informação, né, você não precisa esperar

tanto hoje em dia, alguém com um celular ele pode passar a informação para o

jornalista, para virar uma pauta. Acho que ajudou nessa questão de buscar pautas.

Roberta: Buscar informação. Tá. De que maneira essas mudanças colaboraram

ou não para a produção dos conteúdos no jornalismo?

WC: Eu acho que elas colaboraram, né. Porque hoje em dia a gente tem a

interação com eles, que faz a gente ficar mais próximo. Então fica mais simples de

trabalhar coisas que ajudem tipo, necessariamente o internauta, o telespectador nesse

sentido. Porque assim, às vezes, sei lá, não tô aqui no horário da manhã, e não consigo

assistir o “Hoje em dia”, porque estou trabalhando, e aí você pode ver o que aconteceu,

você entra depois e tal, então acho que isso facilitou.

Roberta: Ou então, por exemplo, hoje de manhã não pude assistir o “Hoje em

dia”, então eu entro lá no site, clico no programa e vejo o programa na integra, mesmo

sem ter conta no R7? É aberto para todo mundo?

WC: Sim.

Roberta: Esse é o diferencial do portal R7 em relação a outros portais?

WC: Sim. Acho que essa interatividade, eu acho que a gente aprendeu a

trabalhar muito bem. Porque quando entrei aqui como estagiária, tava bem começando

essa questão, mesmo as redes sociais. O Twitter não era uma coisa assim. Ninguém

usava Twitter, pelo menos que eu saiba. E hoje em dia às vezes a gente vê um

comentário legal e a gente passa pra eles, e aí rola toda essa interação. E uma coisa legal

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também que aconteceu um dia é que tava tendo uma exposição de Food Truck lá

embaixo, e a Renata comeu um doce, e colocou de volta no mesmo potinho. Os

internautas começaram a falar um monte. E aí a gente pegou o tweet, mandou, e aí eles

mostraram. Aí o César meio que deu uma bronca na Renata, mostrando o tweet da

galera. Então rola essa coisa.

Roberta: Como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na pratica

jornalística tradicional?

WC: O jornalismo mudou. Se você parar para pensar no que era, no que aprendi

na faculdade, na teoria, ele mudou completamente. O jornalismo participativo é bem

melhor, eu me sinto mais próxima do apresentador. Eu me sinto mais próxima das

histórias que contam.

Roberta: Você se sente mais próxima da realidade, em relação ao que era

antes… E em relação à investigação, as características do jornalismo, investigação,

acompanhamento, a profundidade…?

WC: Acho que quando a gente tentava investigar algo era uma coisa mais

fechada, hoje em dia a gente pode tentar investigar e a gente vai encontrando ramos

nesse caminho por conta dessa interação, então a história se torna muito mais

interessante. Porque você pega várias outras vertentes que talvez antigamente a gente ia

em um caminho mais reto.

Roberta: Hoje existem várias fontes… ok. Quais são os critérios de seleção dos

conteúdos?

WC: No caso, como eu faço a Rede Record, eu tenho que me limitar ao

conteúdo da TV, ou algo que em especial eu queira fazer com algum dos três

apresentadores...

Roberta: Do “Hoje em dia”?

WC: Sim. Eu tenho que me limitar a isso. Cada um cuida de uma coisa e não

pode... Não é que não pode, mas é que o meu computado, né. Eu tenho que cuidar disso

sem opinar no do outro, né. Senão não consigo fazer nem o meu direito no fim. Então a

gente se limita a esse universo mais da TV. O que passa na TV é conteúdo mais

exclusivo nosso, mas assim, se tem alguma coisa envolvida com eles, lá embaixo, a

gente pode tentar ver.

Roberta: Como você avalia a participação do usuário, do internauta, no portal?

WC: Acho que é absurdamente gigante. Eles participam o tempo todo, seja para

xingar ou pra amar, eles participam o tempo todo. Estão sempre falando algo.

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Roberta: 24 horas por dia?

WC: 24 horas, não para.

Roberta: Você não fica louca?

WC: Uma hora você acostuma. Eu acho que acostumei. No começo eu ficava

meio perdida, mas hoje eu acho ok.

Roberta: E como você vê essa a evolução da participação? Cresceu desde que

você começou em 2012? Como você mesma disse, a galera não participava muito e não

utilizava muito o Twitter pra...

WC: Então, ironicamente, em 2012, eu entrei como estagiária, e ajudava a Maria

Bia a cuidar do “Hoje em dia”, aí eu falo do programa em si. Ninguém participava de

nada, tinha um retweet ou outro assim, muito simples. Aí hoje a gente tem estratégias,

que ajudam eles a participarem, só que eles participam muito. Que nem às vezes quando

é um quadro, igual esse daqui a pouco a gente vai começar a selecionar alguns tweets de

comentários. Eles vão chegando e a gente tem que selecionar para aparecer na TV. E aí

vira e mexe alguém vira e fala assim: “Nossa, que raiva, eu fico mandando tweet o dia

inteiro e nunca apareço”. Sabe? Eles participam muito assim. É que na nossa ferramenta

do ao vivo a gente utiliza muito mais o Twitter, por causa do timing. Mas a gente

também fica olhando muito o Facebook, o Instagram, e tal.

Roberta: E essas estratégias que vocês utilizam, para que eles participem. Quais

são?

WC: Uma que eu acho que quase todos os programas estão utilizando é tipo

colocar: “#Hoje em dia” no cantinho da tela. Os apresentadores falam muito. Logo no

começo a gente teve uma conversa com os apresentadores para incentivar eles também

para convidar a galera a participar. A Renata que fez isso hoje. A gente fez uma pauta

da Renata e ela deu retweet. E isso faz muita diferença pra gente. Tipo, ela tem o triplo

de seguidores que a gente tem. Os apresentadores que são as estrelas, né. E aí eles

tentam também falar isso, tipo, para as pessoas participarem. O César da retweet o dia

inteiro. Não larga o celular.

Roberta: Então essa influência do apresentador é uma estratégia?

WC: É. Também.

Roberta: Vocês acabam orientando eles a fazerem isso?

WC: Sim, sim.

Roberta: E por fim, qual é o perfil dos usuários, no caso do programa “Hoje em

dia”?

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WC: São totalmente jovens, assim. Antes eles eram mais senhorinhas, eu acho.

E agora são jovens muito animados, que ficam comentando tudo.

Roberta: São jovens?

WC: Sim, jovens. Sei lá, a galera que vai pra escola de tarde, sabe? Bem esses

adolescentes assim. Porque quando vem alguém tipo o Mc Gui, nossa, ele nem apareceu

e ele já tá nos trending topics. É uma loucura. Tipo assim, eles não dormem, são

pessoas que têm uma vida incrível.

Entrevista com BO – 24 anos

Jornalista – Programas Balanço Geral e Domingo Espetacular - Portal R7

Roberta: Há quanto tempo você trabalha aqui?

BO: Eu comecei aqui como estagiário e eu fiquei até julho de 2013, então eu sai

e depois eu voltei em agosto do ano passado e estou até hoje, como redator.

Roberta: Ai você cuida dos programas.

BO: Hoje eu sou responsável pelo Balanço Geral e Domingo Espetacular. Todo

o conteúdo, desde a publicação de conteúdo até a interação das redes sociais.

Roberta: Ok, em sua opinião quais foram as principais mudanças ocorridas no

jornalismo a partir do surgimento da internet?

BO: Hoje ele tá mais colaborativo no sentido de, acho que o básico da operação

é o mesmo, o jeito de chegar nas pessoas, de conseguir a notícia, então a pessoa não

recebe mais, ela pode pautar o veículo, isso acontece bastante no Balanço Geral, da

pessoa mandar uma foto, se ver a notícia e pautar isso, o jornal todo.

Roberta: Balanço Geral e outros programas, isso?

BO: É que no meu caso, eu acompanho mais de perto o Balanço Geral, que o

Domingo Espetacular tem um perfil mais de meios de reportagem que também tem essa

participação, mas em menor escala. Então eu acho que essa é a diferença, a conversa é

mais próxima também, porque o jornal está acontecendo, em tempo real e as pessoas

estão mandando o que estão achando da notícia. Segunda tela que a gente usa bastante

aqui, no portal, né, então o jornal está acontecendo, a pessoa está comentando o que está

vendo e aumentando a notícia.

Roberta: Então você que acompanha esses comentários?

BO: Sim.

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Roberta: Seleciona também?

BO: Não, eu só faço a interação com as pessoas e estimulando isso, existe uma

pessoa da produção, do jornal que pega o conteúdo, ou até coloca no ar, enquanto tá

acontecendo, é que no Balanço a gente faz todo dia, então por exemplo ele não é tão

informativo, mas ele faz assim “você que está acompanhando o Balanço Geral, manda

uma foto com roupa de frio”, daí as pessoas tiram a foto, mandam e aí aparecem na

televisão.

Roberta: Ah, daí as pessoas cuidam da parte da produção do Balanço Geral...

BO: Que fazem essa seleção, daí eu faço só subo essas fotos, elas sobem no site

para ter essa interação.

Roberta: De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção

de conteúdo no jornalismo.

BO: Eu acho que você conseguiu, o conteúdo ficou mais fácil, você tem mais

pessoas compartilhando informação, então ter, conseguir informação hoje é mais fácil,

você precisa de um filtro melhor, porque você tem muita informação, você precisa

entender que o que vale a pena e o que não vale, o que é verdade e o que não é, mas ao

mesmo tempo você tem uma facilidade de chegar até fontes, conseguir ver as histórias,

então eu acho que é a melhor alternativa pra isso.

Roberta: Como que você define o jornalismo colaborativo e sua influência na

prática jornalística?

BO: Eu acho que já é presente, eu acho que a gente já vive isso de trabalhar

(pausa) de não ver mais a pessoa pra quem a gente está escrevendo, como um agente

passivo.

Roberta: Um leitor...

BO: Exatamente, ele também pode colaborar comigo, espero que ele colabore,

então a gente fala muito hoje da importância do compartilhar, não só da pessoa ler mas

também dela compartilhar, então significa que aquilo teve um significado pra ela, então

ela vai compartilhar com quem ela acha importante, então, também dá essa resposta...

Roberta: É uma troca! Hoje é uma via de mão dupla, antes a informação era de

uma via apenas, era só você como profissional transmitir a informação.

BO: Exatamente! Eu acho que hoje a informação ela só vai crescendo, cada

pessoa pode acrescentar um pouco, com a informação, com comentário que colabora

com o conteúdo.

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Roberta: E essa parte desses comentários, muitas vezes acaba gerando pautas pra

vocês...

BO: Ah sim, por exemplo, que a gente fala de repercutir, né? De uma notícia,

algo que revoltou algumas pessoas e aí nós vamos falar das reações das pessoas sobre

essa notícia, ou por exemplo, é que o Balanço também faz mais isso de pedir ajuda das

pessoas para encontrar pessoas, tentar identificar bandido, então tem essa colaboração

também, do sentido da pessoa se sentir ativa diante da notícia que ela está recebendo.

Roberta: Então você vê que em vários programas da Record, existe essa

participação, essa colaboração, principalmente em relação aos outros portais, igual por

exemplo, o G1, que tem lá Você Repórter, que tem um canal diretamente com o usuário,

mas o portal pergunta, então você viu, o R7 ele abre esse leque de participação, em

vários programas, em vários conteúdos, existentes na Rede Record, é dessa forma que

você vê?

BO: Eu acho assim, porque até uma... passa pela linha editorial, de ter essa

conversa bem próxima da… por isso, que nós temos um dinamismo popular, podemos

dizer assim, que é o perfil da linha editorial que a gente tem, então essa conversa mais

informal também permite isso, essa troca maior de… a pessoa se sente mais a vontade

de mandar sugestão dela, o que ela quiser.

Roberta: E esse perfil editorial da Record, tipo jornalismo popular, ele é em

todos os programas? Ele permanece?

BO: Sim, eu acho que em alguns mais, outros menos, respeitando a questão do

horário, o perfil do telespectador, mas em comparativo a outras emissoras eu acho que é

mais popular, uma conversa bem mais próxima da pessoa.

Roberta: Do usuário…

BO: Na internet muito mais.

Roberta: Você acha que isso é uma estratégia?

BO: Eu acho que sim, porque a gente tem que, para você conseguir atingir a

pessoa, você tem que escolher um caminho…

Roberta: Sim, seu público, você determina.

BO: Exatamente, o jeito de falar que também te marca, para a pessoa saber “ah,

a Record tem esse perfil, o R7 tem esse, isso me agrada então eu vou receber o conteúdo

dele”, então eu acho que é uma estratégia.

Roberta: Certo, você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a

produção jornalística e por consequência o conteúdo do portal?

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BO: Claro!

Roberta: Quais são os critérios da seleção de conteúdos colaborativos? Existe

um critério, é que você não seleciona, né?

BO: Isso, eu acho que depende muito do que… ainda também não é só… a gente

ainda pede pra pessoa o que ela quer também, então, eu acho que depende muito do que

a gente tá querendo, assim, então as vezes é bem específico e passa desde pauta.

Roberta: Então essa colaboração é mediante ao que vocês estão solicitando pro

usuário, ele não participativa por que ele quer enviar qualquer coisa.

BO: A gente tem meios de fazer isso, existe o mural dentro do Balanço Geral e

todos os jornais, que é pra você mandar sua sugestão.

Roberta: É uma sugestão de pauta como era no jornalismo tradicional, por

exemplo.

BO: Exatamente, só que hoje você pode fazer com vídeos, fazer com fotos,

várias coisas. E também existe uma coisa específica, que eu quero que você mande

conteúdo e faço isso em específico.

Roberta: Essa relação, essa interatividade.

BO: Exatamente.

Roberta: O que você acha mais vantajoso, no caso. O que você acha que rende

mais? A questão do mural que as pessoas vão lá, por livre e espontânea vontade e

encaminham seus vídeos, as suas sugestões, ou quando vocês pedem para que elas

mandem, onde você vê uma maior participação do usuário? No mural ou quando vocês

incentivam essa participação, quando vocês querem que o usuário participe enviando

material?

BO: Eu acho que a participação espontânea é muito importante, ela também gera

muita coisa, mas quando é específico e fica claro para a pessoa de casa o que a gente

quer, a participação é maior porque está claro o que a gente quer, então ela entende o

que ela precisa fazer, como ela precisa fazer, então fica mais fácil dela participar, então

isso funciona desde ela mandar uma foto ou até pra ela mandar uma sugestão usando a

hashtag do programa por exemplo. Então, se tiver passando o jornal e tiver a hashtag

piscando na tela, a pessoa pode se sentir atraída e mandar uma sugestão, agora se falar

“entra no Twitter e usa hashtag para mandar sua sugestão, o que você está pensando” ou

sei lá, uma foto especifica de tal assunto, então quando é clara a mensagem do que eu

quero a quantidade de pessoas que participam e interagem é muito maior.

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Roberta: E você vê isso como fator positivo pelo o que eu entendi. O que leva

essas pessoas a participarem? Você acha que as pessoas querem fazer parte de estar

fazendo parte do programa, o que as leva em sua opinião? O que leva esse usuário a

participar, quando vocês solicitam que eles mandem, as coisas mais direcionadas?

BO: Eu acho que essa questão do engajamento, hoje a gente vê uma linguagem

de Facebook, por exemplo, então quando você gosta de alguma coisa você vai lá e curte,

passa a fazer parte daquele meio, então eu acho que é exatamente isso, participando ela

vai fazer parte daquilo que ela gosta, se identifica e mandando foto eu acredito que seja

uma questão de afirmar isso, de que eu gosto disso, quero fazer parte disso e as vezes

tem a questão do orgulho de aparecer na tv, porque a gente ainda tem essa relação muito

próxima com a tv como uma coisa importante, até mesmo superior, então aparecer na tv

ainda tem esse glamour. Uma foto sua ou até mesmo uma ideia sua.

Roberta: Sim sim, uma questão mesmo até do pertencimento, que o usuário

sente. Como você avalia a participação do usuário no portal?

BO: Eu acho que ele é bem presente, até por conta do fato de que nós queremos

isso, incentivamos, porque é importante pra gente, quanto mais gente falando sobre o

R7, ou as coisas que a gente produz e ter essa relação é a melhor para nós, para marca,

questão de audiência e tudo, então eu acho super positivo a pessoa ter esse engajamento

no conteúdo que a gente produz.

Roberta: Ah, que ótimo! De que maneira a participação pode dar mais qualidade

ao conteúdo do portal?

BO: Você conseguir informações que você não teria, por conta… como a gente

também trabalha com internet as coisas acontecem sempre correndo atrás do tempo,

então você conseguir ter pessoas que te ajudem a contar as histórias ou acrescentar

informações é super positivo.

Roberta: Qual que é o perfil desses usuários hoje? Em todos os programas.

BO: Perfil de idade, alguma coisa assim?

Roberta: Idade, classe social, sexo.

BO: Dos que eu cuido, Balanço Geral ou é estudante, porque é adolescente e

está em casa na hora do almoço e dona de casa que está fazendo o almoço. E o

Domingo Espetacular a maioria são mulheres, mas é um perfil mais família.

Roberta: Eu prefiro o Domingo Espetacular.

BO: É sim, tem muita coisa legal!

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Entrevista TC - 26 anos

Jornalista – Produto R7VC – Portal R7

Roberta: Explica um pouquinho como que funciona, você trabalha no...

TC: Eu trabalho na rede Record.

Roberta: Você que criou...

TC: Assim, Rede Record a gente criou a R7 tv, que é para ter maior participação

das pessoas com o portal e para divulgar os vídeos que estão sendo transmitidos na tv

também, a pessoa quer ver aquele VT, ela vai direto lá no R7 tv, que funciona assim: R7

tv vídeos engraçados; R7 tv dança. Aí, cada tema, você vai lá e encontra o vídeo

específico que você quer, e daí a Bia Assiosi, que é minha chefe, falou tá, vamos criar o

R7 você, eu criei várias pastas, R7 você bichos, as pessoas mandam vídeos com bichos,

R7 você dança, as pessoas dançando, R7 você esporte, as pessoas praticando esporte,

então a gente criou várias pastas dentro desse R7 e você para as pessoas mandarem

vídeos e participar daqui do R7 tv. Tanto que agora, ontem a gente lançou o R7 você da

Xuxa, onde as pessoas vão gravar vídeos pedindo o que elas querem ver no programa da

Xuxa, então esse é agora o que está bombando. Tá até na home principal do R7, que é

onde as pessoas vão gravar o vídeozinho e vão mandar pra gente.

Roberta: Dai são vocês que selecionam?

TC: Somos nós que selecionamos o que vai subir e o que não vai.

Roberta: Tá, mas existe um critério para a seleção?

TC: Tem o pessoal da produção de vídeos, que é o Alessandro Malerva, mas ele

é legal falar, porque é ele que pega esses vídeos e monta as produções, porque a

produção é nossa, produção original, as pessoas mandam e a gente monta essas

produções e sobe na R7 tv.

Roberta: Ah, certo. Isso só em relação a vídeos, e fotos?

TC: Não, isso é R7 e você é só vídeo. Foto, no público a gente tem muito, no

balanço geral do meio dia, Gotinho já abre falando “hoje é dia do nerd, tira uma foto

nerd, coloca a hashtag balanço geral” e a gente mostra no programa e monta uma galeria

no final do programa e sobe no site no programa, essa interatividade que a gente tem

com o público é mais Twitter e Instangram, usando a hashtag, conseguimos pegar esse

material através dessas hashtags. O R7 você é mais vídeo.

Roberta: E de conteúdo? Como vai uma sugestão de pauta, por que a gente

sempre tinha essa relação, com o leitor, com o público.

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TC: A gente usa no nosso publicador, uma ferramenta que a gente chama de

mural, onde todo dia, ou quase todo dia, eu subo alguma questão e pergunto pro

público, por exemplo, teve a mulher ontem que bateu no cachorro e ele morreu, daí

subiu essa galeria e daí eu subo o mural junto, “qual você acha que deve ser a punição

pra essa senhora? Comente”. Isso no site do programa, só que se eu subir só no site do

programa poucas pessoas vão acessar. E o que eu faço? Divulgo nas redes sociais, tudo

aqui é muito divulgado nas redes sociais.

Roberta: Sempre Facebook, Twitter, Instagram?

TC: Sim.

Roberta: Tá entendi, então vamos lá. Na sua opinião, quais foram as principais

mudanças ocorridas no jornalismo, a partir do surgimento da internet?

TC: Nossa, então, é que eu não peguei muito antes, eu peguei essa

transformação, só que eu acho que de uns dois anos pra cá, porque eu entrei aqui como

estagiária, o publicador já era outro, aonde a gente escrevia a matéria era outro, não

tinha tantas opções de interatividade com o público, hoje no site do programa, você tem

mural, tem enquete, você tem coisas que você pode ligar com o público e os

apresentadores, como a gente tem contato direto com eles, a gente já vai e pede “Bacci,

dá pra você falar do mural que acabei de subir?” daí ele fala, a galera já entra e começa

a responder. Então, tudo está interligado uma coisa na outra, tv, internet, então é muito

rápido e as pessoas assistem televisão com o celular na mão, comentando coisas, então

eu posto uma foto do Bacci de manhã no Instagram, para falar, “olha, o programa do

Bacci já está no ar” a galera está assistindo, tá mandando oi pro Bacci no Instagram,

então é uma coisa que eu acho que é notícia. A Bia fala muito do viral, né? Uma coisa

que você estoura o viral e aquilo vai pra tudo que é lugar, então assim, a banheira do

Gugu, que voltou semana passada, a gente criou vários memes e soltou esses memes

para divulgar, então as vezes você não coloca o link por exemplo o Instagram, nele não

dá pra você colocar o link da matéria, igual você coloca no Twitter e no Facebook, mas

dá pra você fazer a propaganda do seu canal, então a gente usa muito essa ferramenta.

Roberta: De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção

de conteúdo no jornalismo? Essa questão da participação, da interação do portal, da R7

tv com o público?

TC: Eu acho que isso ajudou muito, porque a gente recebe diariamente no

Whatsapp aqueles vídeos, coisas lamentáveis, bizarras, tristes e isso passava batido,

hoje já não passa mais, se você recebe um vídeo que você fala “nossa, como assim, essa

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mulher espancando um cachorro? Ah, o pessoal do jornalismo – que fica aqui no

segundo andar – vão atrás, vão saber o que aconteceu”.

Roberta: Eles investigam? E existe também esse canal de relacionamento via

WhatsApp?

TC: Assim, não, a gente vê normalmente o que está passando, tá ali no

WhatsApp, dois dias depois você vê no Fala Brasil.

Roberta: Mas não tem um canal direto via WhatsApp?

TC: Não não.

Roberta: O R7 não tem.

TC: Não temos. Tem o pessoal de comercial, mas aí é outra coisa, a gente não.

Mas aí já serve como sugestão, você como jornalista você ve e fala “nossa, será que isso

é real”?

Roberta: É que você sempre está ligado a qualquer notícia.

TC: Mas não tem um canal onde o público possa colaborar

TC: SP no ar tentou uma vez “ah, você tem uma denúncia, mande no...”, mas aí

cortaram, o pessoal de comercial cortou.

Roberta: Não devia estar fluindo muito

TC: É mais por “mande sua sugestão” mesmo, que é o mural que a gente tem.

Roberta: E aí como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na

prática jornalística?

TC: (pausa) Então, eu acho que apesar da gente abrir vários canais para as

pessoas colaborarem com pautas, eu acho que poucas são aproveitadas, a gente não vai

atrás de muita coisa, porque a gente recebe muita sugestão, então eu acho que mais

aquele radio News, que está acontecendo, são difíceis as pautas que são sugestões do

público, porque são poucos os quadros, dentro dos programas que tem isso, então por

exemplo, no SP no Ar tem “Até Cego Vê”, que é com Magella e ele vai atrás, as

pessoas falam “ah, tem buraco na minha rua” e ele vai atrás, “até eu que sou cego, vejo”

mas são poucas, entre muitas, então eu acho que o que mais conta no jornalismo, a

gente coloca uma pauta de determinado tema, sei lá: buraco nas ruas, e as pessoas

comentam e o que eu vejo, que a gente lê muito comentário do que postamos no

Facebook, por exemplo, uma pessoa comentou uma coisa, a outra vai e comenta em

cima e começa uma conversa entre as pessoas, e elas conversam e começam a falar dos

problemas semelhantes que elas têm, então isso eu acho que isso é uma ajuda para elas,

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elas se sentem assim com as redes sociais, se sentem parte do todo, eu acho isso muito

interessante.

Roberta: E até através desses comentários você acaba gerando até pauta,

surgindo muitas pautas.

TC: Porque aí a pessoa vai lá e fala “ah, mas você acha isso grave, porque você

ainda não viu na minha cidade!”.

Roberta: Dai começa a contar...

TC: Dai você começa a ter uma ideia de pauta.

Roberta: Você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a

produção jornalística?

TC: Ajuda muito, é o que eu falei agora, ajuda a todo momento, porque eles

estão muito ligados, o difícil é atender uma demanda. O Facebook agora do R7, essa

semana completou 10 milhões de seguidores, é muita coisa, por exemplo, hoje o

principal pra gente não é nem colocar nossa matéria na home do R7, é conseguir um

espacinho no Facebook, do portal, porque aqui são vários Facebooks, eu cuido por

exemplo do Facebook de Record, o Facebook dos meus programas, tem equipe para

cuidar só do Facebook do R7, onde seleciona coisas de todas as editorias e coisas de

Record em geral e publica. Então, é muita coisa.

Roberta: É muita coisa, nossa, deve ser complicado! Então, quais são os critérios

de seleção dos conteúdos colaborativos?

TC: Então, isso já é mais com o pessoal do jornalismo e do Facebook.

Roberta: Como que você avalia a participação do usuário no portal.

TC: Então, foi o que falei também, eu acho que ainda é pouco, sabe? Esse R7 e

você veio para agregar mais nessa participação, é uma coisa nova, porque é o que eu

falei, nos comentários, você ve essas coisas, as vezes não tem como você filtrar tudo e

pegar as melhores coisas. Nesse R7 e você, o cara filma, então fica muito mais fácil de

você pegar, entendeu? E ele se vê ali no portal, ele vai entrar e vai falar “nossa, eu tô ali

no R7”. O R7 e você é uma ferramenta nova que veio para agregar ainda mais a

participação dos internautas com o portal.

Roberta: De que maneira a participação pode gerar mais qualidade ao conteúdo

do portal?

TC: Ah, ajuda bastante na qualidade do portal. É aquilo que eu te falei, você dá

uma notícia e aí o internauta vem com uma notícia complementar e fala “não, tem isso e

ainda tem mais isso”, então eles acabam, como eu disse, conversando entre eles e com

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isso a notícia fica maior ainda, não dá para saber se aquilo que eles estão falando é

verdadeiro ou não, porque aquilo não foi apurado por nós, mas isso gera uma...

Roberta: E ai, nesse caso, quem apura, isso também não é apurado?

TC: Comentário do Facebook, Instagram a gente não consegue monitorar,

comentário de mural eu monitoro dos meus programas, cada um monitora do seu, se

tem algum palavrão, se a pessoa coloca número de celular, endereço, qualquer coisa a

gente arquiva, não aprova. A não ser quando a gente fala assim: Você tem alguma

sugestão sobre determinado tema, mande sua sugestão e seu telefone. Então essas

sugestões não são aprovadas para aparecer no site, são pra gente selecionar e entrar em

contato.

Roberta: E ai investigar.

TC: Sim.

Roberta: Qual o perfil dos usuários do portal e dos colaboradores do veículo?

TC: A gente trabalha com classe B e C, a gente trabalha com o pessoal de faixa

etária, eu acho que agora o R7 está com uma faixa etária, entre 18 e 35 anos, um pessoal

que fica na internet o tempo todo, esse é o nosso público. Mas isso mais com o pessoal

lá, porque eles têm essas pesquisas em mãos.

Roberta: A sua equipe não trabalha com o jornalismo colaborativo, não é?

TC: Isso é mais com a Bia e com o Leo, minha parte sou eu que produzo mesmo.

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ANEXO D - MUDANÇAS NO JORNALISMO NA ERA DA

INTERNET

Dinamismo

Rapidez

Participação

Proximidade

Excesso de

informação

Informações

com

diferentes

características

Apuração Usuários tem

outras

demandas

Importância da

Internet

Impacto da

Internet

Mudou a

velocidade

das coisas,

chega mais

rápido, tanto

pra gente,

quanto para

leitor;

A internet

facilitou a

chegada da

informação.

Velocidade,

Imediatismo

e dinamismo

da internet.

Interligação –

uma coisa

com a outra –

tv, internet –

tudo é muito

rápido.

Mudou a

relação com o

internauta,

com o leitor.

Está mais

colaborativo.

A pessoa não

recebe mais,

ela pode pautar

o veículo.

A conversa é

mais próxima

também.

Opções de

interatividade

com o público.

Relação do

público com os

apresentadores

dos programas.

O jornal está

acontecendo

em tempo real

e as pessoas

estão

mandando o

que estão

achando da

notícia.

A pessoa com

um celular

pode passar a

informação

para o

jornalista.

A participação

está em várias

plataformas

A internet ela

tem um espaço

infinito.

O jornal está

acontecendo, a

pessoa está

comentando o

que está vendo e

aumentando a

notícia.

Você pode ter a

informação de

maneira mais

sucinta ou até se

especializar.

Você pode ter a

informação de

maneira mais

sucinta ou até se

especializar.

Você pode ter

um assunto mais

aprofundando

do que em

outras mídias.

Você fica

mais na

redação do

que na rua, eu

não posso

dizer com

uma apuração

mais

profunda,

porque na rua

é na rua, são

coisas

diferentes.

A reportagem

está se

perdendo um

pouco.

Falta o

jornalismo de

boas histórias,

o jornalismo

de ir para a

rua.

Você sai

menos, mas

você tem mais

possibilidades

.

Você

consegue

achar as

coisas com

mais

facilidade

As pessoas

consomem a

notícia de

outra forma.

Nova forma

do internauta

se relacionar

com o

conteúdo.

A internet é

uma ferramenta

de pesquisa que

colabora com a

produção de

conteúdo.

A internet é

uma grande

aliada deste

jornalismo.

A interligação

hoje é muito

maior.

O acesso é

muito mais

fácil.

A internet é

isso, como ela

alcança

qualquer um,

pode ser pra

qualquer um.

O principal

diferencial do

mercado digital,

do jornalismo

web é que a

noticia é multi-

plataforma,

multi-

informativa.

A internet

impacta na

relação custo x

benefício das

empresas

jornalísticas.

Dispender de

uma força para

ir para a rua

para e gastar

com tempo e

com transporte

demanda um

custo.

As empresas

acabam

diminuindo a

força de ir para

rua para

diminuir o

custo.

O tempo

significa muita

coisa nesta

relação.

Fonte: Elaborada pela autora.

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ANEXO E - O JORNALISMO COLABORATIVO E A SUA

INFLUÊNCIA NA PRÁTICA JORNALÍSTICA

Percepção do

Jornalismo

colaborativo

Visão sobre o

jornalismo

Influência da

colaboração

na prática

jornalística

Relacionamento

com o

internauta

Aproveitamento

dos conteúdos

Opções que

ajudam na

colaboração

Diferenciais

na produção

de conteúdos

Facilitadores

na

distribuição

de conteúdos

Tenho uma visão

um pouco

pessimista, mas

interessantíssimo

.

Precisamos saber

lidar melhor e

tomar muito

cuidado.

É mais uma

ferramenta, mas

ele tem que ser

muito bem

utilizado.

É uma

ferramenta, que

serve para a

gente se basear,

para um

determinado fato,

que muitas

vezes, o

jornalista dentro

da redação não

vê.

A colaboração te

aproxima do seu

leitor, do seu

público.

Se ele está

participando,

você sabe o que

ele quer saber.

Positivo junto ao

processo natural

da produção de

conteúdo

jornalístico,

independente da

mídia.

O jornalismo

tem o

compromisso

com a verdade.

O jornalismo

também tem

que ter a

responsabilidad

e civil, que

uma pessoa

muitas vezes

não tem.

Você pode

ajudar pessoas,

verificar de que

forma você

pode prestar

um serviço,

que é a base do

jornalismo.

Passar a

notícia, passar

a informação

de uma

maneira clara,

de uma

maneira direta,

esse é o nosso

objetivo.

A realidade é a

nossa matéria

prima.

A colaboração

ajuda muito,

porque eles

estão muito

ligados.

Difícil é

atender uma

demanda.

As pessoas te

dão

possibilidade.

Surgem pautas

que você não

tinha pensado.

Eles te ajudam.

O processo

jornalístico de

apuração, de

pesquisa do

fato não se

altera por isso.

O fluxo de

trabalho

aumentou.

Não tem como

a gente mudar

um conteúdo,

montar um

conteúdo

dando dicas

sem saber

quais são as

principais

dúvidas das

pessoas.

Você já pode

produzir de

uma forma

mais direta

mesmo, mais

focada.

O contato do

jornalista com o

usuário é bom

porque traz o

jornalista para o

outro lado.

O jornalista era

meio intocável e

às vezes perde

um pouco a

noção da vida

real.

Existe uma

conversa entre os

usuários e a

notícia fica maior

ainda

Ter pessoas que

te ajudem a

contar as

histórias ou

acrescentar

informações é

super positivo.

Na nossa editoria

como é uma

parte de notícias

bem pesada, é

muito importante

a ter o contato

com os usuários.

A gente gera

audiência

atendendo os

nossos usuários.

Buscamos cada

vez mais

conversar

diretamente com

o usuário.

A colaboração vai

ter que ser

checada.

As pessoas na

ânsia de querer

passar uma coisa

para algum

veículo, muitas

vezes passam

coisas com a

visão delas, e não

a visão do bem

público.

Às vezes não tem

como você filtrar

tudo e pegar as

melhores coisas.

Você dá uma

notícia e aí o

internauta vem

com uma notícia

complementar

Não dá para saber

se aquilo que eles

estão falando é

verdadeiro ou

não, porque

aquilo não foi

apurado por nós.

Consumir os

conteúdos em

vídeo sobre

aquilo, interagir

via redes sociais.

Essa é a grande

conversação do

conteúdo.

Elas

colaboraram

porque hoje

temos uma

interação com

eles, que faz a

gente ficar

mais próximo.

Elas

colaboram,

porque te dão

mais

possibilidades

.

Você apura e

escreve um

texto.

Eu posso

pedir pra que

as pessoas

falem outras

histórias.

Posso fazer

um vídeo.

Posso fazer

muito mais

coisa hoje do

que antes.

Aqui na

internet, o

cara dá um

tweet

marcando a

conta do R7, a

gente já

recebe essa

informação.

Facilidade

cada vez

maior, cada

vez mais a

gente

intensifica

esse vínculo.

Diferencial é

o olho no

olho, é a

impressão que

o repórter

tem.

É moção no

rosto do

entrevistado

quando o

repórter vai

entrevistar

alguém.

Novas opções

de aplicativos

como Twitter,

Instagram,

WhatsApp

facilitam a

colaboração.

Tudo é muito

divulgado nas

redes sociais.

Utilizamos

muito as redes

sociais.

Conseguir

informação é

mais fácil.

Você precisa

de um filtro

melhor, pois

tem muita

informação.

Precisa

entender o que

vale a pena o

que é verdade

e o que não é.

Você tem uma

facilidade de

chegar até

fontes, ver as

histórias.

O conteúdo

ficou mais

fácil, você

tem mais

pessoas

compartilhand

o informação.

Hoje eu posso

apurar e fazer

um tweet.

Posso apurar e

jogar uma

informação

numa rede

social.

A distribuição

deste

conteúdo, a

comunicação,

o contato,

acontece de

uma maneira

muito mais

fácil.

É muito mais

dinâmica

Fonte: Elaborada pela autora.

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ANEXO F - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS

COLABORATIVOS

Quem seleciona Como Seleciona Principais critérios de

seleção

Interferência desta seleção Monitoramento dos

conteúdos

Cada jornalista monitora o

seu programa.

O pessoal da produção do

programa faz essa seleção.

Existe uma pessoa da

produção do jornal que pega

o conteúdo, ou até coloca

no ar, enquanto tá

acontecendo à notícia.

Eu tenho que filtrar e

mandar pra eles.

O que eu filtro geralmente é

mostrado no programa.

A gente tem que ler e

aprovar.

A gente só lê, a gente tem

que ler para entrar no ar, a

gente tem que aprovar.

A gente tem que fazer essa

aprovação, não entra

automático.

Se tem algum palavrão, se

a pessoa coloca número

de celular, endereço, a

gente arquiva, não aprova.

Eu só subo essas fotos,

elas sobem no site para ter

essa interação.

O conteúdo vem de várias

formas possíveis, mas ele

vem muito presente no

conteúdo que a gente está

produzindo.

Envio de sugestões.

Essas sugestões não são

aprovadas para aparecer

no site, são pra gente

selecionar e entrar em

contato.

A gente ainda pede pra

pessoa o que ela quer.

Depende muito do que a

gente tá querendo, então

às vezes é bem

específico.

Um conteúdo que é

sugerido pode colaborar

com o que já está no ar.

Eu tenho que filtrar

bastante, pra eles terem

como escolher, e pra se

encaixarem nos

momentos certinhos.

A gente vai avaliar as

histórias, quantas

pessoas isso impacta. A

gente media.

Eu tenho que me limitar ao

conteúdo da TV ou algo em

especial que eu queira fazer

com algum dos três

apresentadores do “Hoje em

dia”.

Às vezes não tem outra

seleção por causa do tempo.

Tem que ter toda uma

sintonia, uma sincronia, tem

que ser muito rápido.

Só com as fontes oficiais a

gente não tem uma coisa tão

detalhada. Com a

participação, isso ajuda

muito, então a gente

consegue ter uma noção

bem melhor.

A gente pode estar

noticiando um caso e com

esse conteúdo colaborativo

que chegou a gente suitar

este conteúdo com uma

nova história.

Comentário do Facebook,

Instagram... a gente não

consegue monitorar.

Comentário de mural eu

monitoro dos meus

programas.

Nos que fazemos essa

checagem da informação.

Talvez uma denúncia que

chegue a gente pode ir atrás

desta história, pode apurar

isso, e de repente, isso pode

puxar uma baita história.

O usuário colabora com o

conteúdo. Quem dá a

noticia é o jornalista.

Fonte: Elaborada pela autora.

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ANEXO G - ESTRATÉGIAS PARA ATINGIR O PÚBLICO

Quem determina o

público

Táticas para atingir o público Objetivos do Portal Diferenciais do Portal

Eu determino o meu

público.

O jeito de falar também marca.

Quase todos os programas estão

utilizando a: “#” no cantinho da

tela e os apresentadores falam

muito.

a gente tem uma conversa com

os apresentadores para incentivar

a galera a participar.

Os apresentadores que são as

estrelas, eles têm o triplo de

seguidores que a gente tem.

Eles tentam também falar isso

para as pessoas participarem.

A influência do apresentador é

uma estratégia. Nós passamos as

orientações para eles fazerem

isso.

Tentamos fazer essa interação

com o internauta pra ele nunca

sair daqui.

Fique aqui conosco para sempre.

É meio assim que a gente tenta.

Falar com o nosso usuário,

entregando para ele da maneira

mais variada possível esse

conteúdo.

Nosso objetivo é muito mais se

enquadrar e trazer a informação

para o nosso usuário da maneira

que seja mais fácil para ele.

De se preocupar com a nossa

sinalização nas redes sociais.

De se posicionar bem como

portal na web.

De possuir uma versão mobile

legal no celular.

Estar presente no dia a dia do

usuário.

A equipe que trabalha no

portal R7 tem esse DNA, de

estar ligado às redes sociais.

Nossa influência nas redes

sociais é muito grande.

Estamos posicionados em

todas as outras redes sociais,

mas o facebook é a maior

delas. Temos mais de 10

milhões de seguidores.

A pessoa tem a

possibilidade de conversar,

de discutir o conteúdo, de

compartilhar na própria time

line.

Fazemos o conteúdo direito,

de uma forma rápida, direta,

objetiva.

O cara pode consumir o

nosso conteúdo através das

redes sociais, do mobile, da

web e por aplicativo.

A grande razão assim do

sucesso é essa presença

social do portal.

Fonte: Elaborada pela autora.

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ANEXO H – AVALIAÇÃO DA COLABORAÇÃO DO

USUÁRIO QUANTO AO CONTEÚDO JORNALÍSTICO

Importância e

densidade da

colaboração

Pontos positivos da

colaboração

Pontos negativos

da colaboração

Como ocorre a

colaboração. É

voluntária ou

involuntária

Como é feito o

acompanhamento do

conteúdo colaborativo

Eles participam o tempo

todo.

Estão sempre falando

algo - 24 horas, não

para. Houve uma

evolução desta

participação do usuário.

As pessoas querem

participar cada vez mais.

Elas se identificam.

A colaboração do

usuário é muito intensa

nos programas da casa.

Está muito presente no

dia a dia de todas as

editorias do portal.

Hoje tem estratégias que

ajudam eles a

participarem.

Os relatos das pessoas

por meio da colaboração

nas redes sociais podem

ser usados como

conteúdo novo.

Não conseguimos

classificar em

porcentagem. Porque na

maioria das vezes o

conteúdo colaborativo é

despertado através de

um call to action, uma

forma de indução ao

conteúdo.

Os comentários

mostram outra visão

das pessoas.

Aprendemos e

levamos muito em

consideração a

participação nas

redes sociais.

A colaboração dá

mais qualidade ao

conteúdo do portal.

A colaboração é

fundamental, pois

aproximou o

jornalista do

internauta e da

realidade, da

realidade que a

gente vê, como

jornalista.

Ter essa relação é a

melhor para nós,

para marca, questão

de audiência e tudo.

É super positivo ter

esse engajamento

no conteúdo que a

gente produz.

As redes sociais

ajudam muito na

interação com o

usuário.

A oportunidade de

estar anônimo

facilita que os

usuários façam

comentários

impróprios,

inadequados,

pesados.

Não podemos se

deixar levar pelo

calor da emoção,

pois a possibilidade

de errar é muito

grande.

Às vezes não tem

como você filtrar

tudo e pegar as

melhores coisas.

Quando eles

odeiam, eles odeiam

e a gente tem que

fazer eles todos

gostarem, ficarem

interagindo mesmo.

A participação

espontânea é muito

importante, gera

muita coisa, mas

quando é específico e

fica claro para a

pessoa o que a gente

quer, a participação é

maior e fica mais fácil

dela participar.

Se tiver passando o

jornal e tiver a

hashtag piscando na

tela, a pessoa pode se

sentir atraída e

mandar uma sugestão.

Incentivamos, porque

é importante pra

gente.

Selecionamos alguns

tweets de

comentários. A gente

tem que selecionar

para aparecer na TV.

No ao vivo a gente

utiliza muito mais o

Twitter, por causa do

timing.

Aparece das duas

formas. A indução ao

consumo do nosso

conteúdo é bem forte

no nosso trabalho de

redes sociais.

Eu acompanho muito as

redes sociais, lendo

muito os comentários.

As redes sociais são

muito importantes para

isso.

É uma coisa prioritária o

trabalho de

acompanhamento nas

redes sociais.

Acompanhar o que as

pessoas estão falando é

uma de nossas missões.

Fonte: Elaborada pela autora.