webjornalismo colaborativo -...
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
ROBERTA POLIANI VIEGAS
WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA
DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO
INFORMATIVO DO PORTAL R7
São Bernardo do Campo, 2015
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
ROBERTA POLIANI VIEGAS
WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA
DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO
INFORMATIVO DO PORTAL R7
Dissertação apresentada em
cumprimento parcial às exigências do
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social,
da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP),
para a obtenção do grau de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Marli dos Santos
São Bernardo do Campo, 2015
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FOLHA DE APROVAÇÃO
A dissertação “Webjornalismo Colaborativo - A presença dos usuários no conteúdo
informativo do Portal R7” elaborada por Roberta Poliani Viegas foi defendida no dia
________ de ________ de _______, tendo sido:
( ) Aprovada, mas deve incorporar nos exemplares definitivos modificações sugeridas
pela banca examinadora, até 60 (sessenta) dias a contar da data da defesa.
( ) Aprovada
( ) Aprovada com louvor
Banca Examinadora:
Área de concentração: Processos Comunicacionais
Linha de pesquisa: Comunicação midiática nas interações sociais
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A Deus
À Metodista
A minha orientadora
A minha mãe
Ao meu esposo
Aos meus amigos
Ao meu bichinho de estimação “Snoopy”
Ao Jornalismo
Ao Portal R7 e todos os entrevistados
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Criar meu web site
Fazer minha homepage
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
Que veleje nesse informar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
“Pela Internet”
Gilberto Gil
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AGRADECIMENTOS
À Universidade Metodista de São Paulo * À Marli dos Santos (uma pessoa fantástica,
brilhante e que acreditou e me acompanhou em todos os processos desta pesquisa) * A
todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social * Ao
Portal R7 (pela abertura e livre acesso para a realização deste projeto * Aos jornalistas
entrevistados do Portal R7 * Ao Hugo Freitas Machado (que por pouco tempo de
convivência, mostrou-se ser parceiro e companheiro, sempre ao meu lado, me
abastecendo com água, café, salada de frutas e, principalmente com abraços de
conforto) * À Nilce Poliani Viegas (minha mãezinha que também não deixou de cuidar
e de se preocupar) * Aos meus irmãos * Aos meus sobrinhos * Aos meus familiares *
Aos meus amigos * Ao professor Laan Mendes Barros * Ao professor Paulo Rogério
Tarsitano * Ao professor Fernando Ferreira de Almeida * À Damiana (ex-colega de
trabalho e revisora deste trabalho) * A Kátia Bizan * Aos meus coordenadores Marcio e
Simone * Aos amigos Gabriel Rimi e Marcelo Matihusy que ajudaram na concepção do
meu pré-projeto * À Letícia, ao Bruno e todos os estagiários do Núcleo de Eventos da
AGICOM * Aos meus colegas de trabalho * Enfim, a todos que me acompanham e
ainda acompanharão os meus passos.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Eu, repórter 49
Figura 2 WhatsApp do Extra 49
Figura 3 Matéria sobre WhatsApp do Extra 50
Figura 4 Copa do Mundo 51
Figura 5 Eleições em Londres 51
Figura 6 Acidente com celebridades 52
Figura 7 Portal R7 81
Figura 8 Globo.com 81
Figura 9 UOL 81
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RESUMO
Este estudo procura verificar como ocorre a colaboração dos usuários no conteúdo
informativo do Portal R7, a partir da nova configuração da internet, a web 2.0, criada
em 2004. O termo web 2.0 surgiu para qualificar uma segunda geração de comunidades
e serviços, em um ambiente de interação e participação que engloba diversas
linguagens. Com o crescimento da adesão à tecnologia digital, algumas barreiras que
limitavam a colaboração nos conteúdos informativos foram superadas e o ambiente
comunicacional tornou-se um espaço de intercâmbio para experiências e práticas do
cotidiano. Nesse cenário, os internautas passam a ter uma relação mais aproximativa nos
processos midiáticos presentes no suporte digital, no qual o cidadão pode se expressar,
ter maior visibilidade e se relacionar a partir do momento em que ele produz, publica e
compartilha qualquer tipo de conteúdo, seja de caráter informativo ou de
entretenimento. A revisão bibliográfica abrangeu autores como Ciro Marcondes Filho,
José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel,
Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra, entre outros. O método de investigação
utilizado é o qualitativo, por meio de uma pesquisa exploratória descritiva, do tipo
estudo de caso. Os instrumentos para a investigação foram a observação direta
assistemática e a entrevista semiestruturada (ou semiaberta). O principal resultado
obtido é que o webjornalismo colaborativo no Portal R7 é prioritariamente induzido
pelas redes sociais, especialmente o Facebook e o Twitter, inspirado no “call for
action”, como estratégia para chamar à colaboração. As práticas jornalísticas estão
intrinsicamente dependentes da ação do usuário, sendo que o jornalista agrega às
práticas de checagem uma nova etapa, a de relacionamento com o usuário do Portal,
para agregar e fidelizar a audiência, valorizando a colaboração em todas as etapas de
produção.
Palavras-chave: Webjornalismo, Colaboração, Usuários, Conteúdo informativo, Web
2.0.
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ABSTRACT
The objective of this study is check how works the internet users collaboration in the
informative content of “Portal R7” since the web 2.0 was creation in 2004. The term
web 2.0 appeared to qualify a second generation of services and communities, in a new
interaction and participation environment that includes several languages. With the
growth of digital technology accession, some barriers that limited the collaboration in
informative contents were overcome and the communication environment becomes an
experience exchange local and daily practices.In this scenario, the surfers now have a
near relationship in the media processes present in the digital support, in which citizens
can express, be more visible and relate from the moment that his produce, post and
share any type of content, could be informative or entertainment.The literature review
covers the authors such as Ciro Marcondes Filho, José Marques de Melo, Nelson
Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel, Raquel Recuero, Polyana
Ferrari, Squirra, among others.The research method used is qualitative, through a
descriptive exploratory research, like a case study.The instruments for research were the
direct observation and the semi-structured interview (or semi-open). The main result is
that the collaborate web journalism in the “Portal R7” it is primarily induced by social
networks, in specially Facebook and Twitter inspired by call for action like a strategy to
call the collaboration.The journalist practices are intrinsically dependent on user’s
actions, and the journalist adds to the check practices a new stage related a relationship
with the Portal user to assemble and retain the audience, enhancing the cooperation in
all production stages.
Key words: Web journalism, Collaboration, Users, Informative content, Web 2.0
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RESUMEN
Este estudio busca verificar como ocurre la colaboración de los usuarios en el contenido
informativo del Portal R7, a partir de una nueva configuración de internet, web 2.0,
creada en 2004. El término web 2.0 surgió para calificar una segunda generación de
comunidades y servicios, en un ambiente de interacción y participación que envuelve
diversos lenguajes. Con el crecimiento de la adhesión a la tecnología digital, algunas
barreras que limitaban la colaboración en los contenidos informativos fueron superadas
y el ambiente comunicacional se hizo un espacio de intercambio para experiencias y
prácticas del cotidiano. En este escenario, los internautas pasan a tener una relación más
próxima en los procesos mediáticos presentes en el soporte digital, en lo cual el
ciudadano puede expresarse, tener más visibilidad y relacionarse a partir del momento
en que él produce, publica y comparte cualquier contenido, sea de carácter informativo
o de entretenimiento. La revisión bibliográfica incluyó autores como Ciro Marcondes
Filho, José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo
Träsel, Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra entre otros. El método de
investigación utilizado es el cualitativo, por medio de una investigación exploratoria
descriptiva, del tipo estudio de caso. Los instrumentos para la investigación fueron la
observación directa asistemática y la entrevista semiestructurada (o semiabierta). El
principal resultado obtenido es que el webperiodismo colaborativo en el Portal R7 es
prioritariamente inducido por las redes sociales, especialmente Facebook, Twitter,
inspirado en el “call for action”, como estrategia para llamar la colaboración. Las
prácticas periodísticas están intrínsecamente dependientes de la acción del usuario,
siendo que el periodista agrega las prácticas de chequeo de una nueva etapa, la de
relacionamiento con el usuario del Portal, para agregar y fidelizar la audiencia,
valorando la colaboración en todas las etapas de producción.
Palabras clave: Webperiodismo, Colaboración, Usuarios, Contenido informativo, Web
2.0
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO BRASILEIRO:
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ........................................................................ 19
1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil ............................. 19
1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web ......................................... 26
1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0 ......................... 28
CAPÍTULO 2 – CIDADÃO PARTICIPATIVO, VISIBILIDADE E O
WEBJORNALISMO COLABORATIVO ..................................................................... 34
2.1 Cultura da Participação ou da Visibilidade?......................................................... 34
2.2 Webjornalismo Colaborativo ................................................................................ 38
2.3 Interatividades nas redes e no webjornalismo ...................................................... 43
2.4 Meios de colaboração no webjornalismo: o caso Whatsapp ................................ 46
CAPÍTULO 3 - A EVOLUÇÃO DOS PORTAIS NOTICIOSOS ................................. 53
3.1 A evolução dos portais noticiosos ........................................................................ 53
3.2 Alguns desafios dos portais .................................................................................. 57
3.3 O portal estudado .................................................................................................. 58
3.3.1 O conteúdo do R7 .............................................................................................. 61
CAPÍTULO 4 – WEBJORNALISMO COLABORATIVO NA PRÁTICA .................. 64
4.1 Procedimentos Metodológicos ............................................................................. 64
4.2 Colaboração no webjornalismo ............................................................................ 67
4.2.1 Mudanças no jornalismo na era da internet ....................................................... 68
4.2.2 Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística .................... 70
4.2.3 Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ............................................. 74
4.2.4 Avaliação da colaboração .................................................................................. 79
4.2.5 Algumas observações sobre a colaboração no Portal R7 .................................. 79
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 86
ANEXO A- Roteiro da entrevista semi-estruturada ....................................................... 95
ANEXO B- Questões complementares .......................................................................... 96
ANEXO C- Entrevistas na íntegra.................................................................................. 98
ANEXO D- Mudanças no jornalismo na era da internet .............................................. 136
ANEXO E- O Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística ........ 137
ANEXO F- Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ..................................... 138
ANEXO G- Estratégias para atingir o público ............................................................. 139
ANEXO H- Avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico.... 140
12
INTRODUÇÃO
Estudar e analisar a colaboração do usuário na produção de conteúdo em um dos
principais portais noticiosos brasileiros – o Portal R7 – é relevante devido às
transformações tecnológicas e comportamentais ocorridas tanto na sociedade quanto no
fazer jornalístico.
A evolução da internet, as redes sociais e seus aplicativos propiciaram mais
oportunidades de interação com os veículos de comunicação, afetando as formas de
relacionamento e comportamento dos usuários, principalmente no que se refere à sua
participação em assuntos que possam interferir na sociedade. É também uma maneira
que os internautas encontraram para estar sempre presentes produzindo e difundindo
informações, inclusive como forma de sair do anonimato e manifestarem suas opiniões.
Acredita-se que as mudanças muitas vezes são benéficas, criam oportunidades
além de readequar processos em estruturas que acreditávamos estarem consolidadas. Os
processos comunicacionais e as redes sociais proporcionaram esta nova concepção de
colaboração e fazer jornalístico, envolvendo diversas camadas das classes sociais.
A colaboração do usuário na produção de conteúdo acompanha a evolução
tecnológica e seus processos. Inicialmente, com a inserção do jornalismo na web,
acreditava-se que o jornalismo digital proporcionaria um diário na web cada vez mais
interativo.
Se esta interatividade ainda não está totalmente presente no webjornalismo,
podemos supor também que tal liberdade de expressão e manifestação desejada pelo
usuário comum também não esteja totalmente representada nos conteúdos noticiosos
dos principais portais brasileiros, uma vez que muitas empresas jornalísticas têm a sua
linha e perfil editorial, e que quase sempre acabam controlando tal participação e
manifestação.
Mas, no novo cenário, o produtor de informação passou também a ser
consumidor desse conteúdo, consolidando o modelo de comunicação de “muitos-para-
muitos”. No ciberespaço, potencialmente, qualquer cidadão com acesso a um celular ou
computador pode contribuir na geração e recepção de conteúdo.
A presença do usuário vem ocorrendo gradativamente com a transformação da
comunicação e o advento das novas tecnologias. Desde a implantação do jornalismo
online, a colaboração dos usuários no conteúdo noticioso vem se tornando cada vez
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mais presente. Pode-se dizer que com a evolução da web 1.0 para a web 2.0, esta
participação mostrou-se mais engajada e mais técnica, uma vez que outras formas de
interação, como as redes sociais e os novos aplicativos disponíveis nas redes sociais,
possibilitaram uma evolução no processo colaborativo, tornando-se uma maneira
habitual e cotidiana dos usuários quanto ao envolvimento que estes buscam na produção
e disseminação das notícias.
Hoje o jornalismo conta com a colaboração de um usuário comum que busca
pela sua exposição e liberdade de expressão junto à sociedade contemporânea: ele é
visto nas redes sociais como um ator social. Segundo Recuero (2011, p. 25), “os atores
sociais são considerados como um dos elementos que compõem as redes sociais na
internet, eles são os primeiros elementos da rede social, representados pelos nós (ou
nodos)”. Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas
sociais, através da interação e da constituição de laços sociais, e são representados no
ciberespaço por um weblog, por um fotolog, ou mesmo por um perfil no Twitter ou
Facebook.
As conexões, de outro lado, são os elementos que vão criar a estrutura na qual as
representações formam as redes sociais. Essas conexões, na mediação da internet,
podem ser de tipos variados, construídas pelos atores, ou usuários, por meio da
interação. Neste estudo trataremos “atores” como usuários, pois a colaboração sofre
uma readequação, de acordo com filtros jornalísticos.
Segundo Malini (2008, p. 2) no seu artigo “Modelos de Colaboração nos meios
sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo”, a
internet interliga os indivíduos e os possibilita formar o seu próprio habitat de
comunicação sem, para isso, ter de passar por qualquer mediação. Segundo o autor, a
colaboração crescente dos usuários na produção de conteúdo para sites públicos e
comuns na Internet gera uma “nova audiência” em “novos meios de comunicação” que
contêm conteúdo multimídia que “complementam, subvertem ou ainda divergem”
daqueles emitidos pelos veículos da mídia de massa.
Podemos afirmar que não há mediação quando os conteúdos são produzidos em
redes sociais, blogs e sites pessoais, porém, a realidade pode ser bem diferente quando
se trata de conteúdo de portais, sites e blogs editados por empresas jornalísticas. Um
estudo sobre o jornal O Globo, seção “Eu repórter”, Mendes (2009), em seu artigo “Do
leitor para a web e da web para o impresso: dilemas do jornalismo participativo no
Globo” relata que a empresa por um lado se esforça para incorporar a participação do
14
leitor em seus vários formatos, de outro, enfrenta resistências no processo. O estilo de
texto mais livre e espontâneo que vem ganhando espaço na internet não é bem aceito no
jornal. A autora menciona um exemplo de narrativa de um usuário participativo que é
transformada em depoimento e descaracterizada na edição impressa do veículo.
Ainda em relação à prática do jornalista, também será destacada a função do
Gatekeeper (definição originalmente utilizada por David White), além da concorrência
e outros filtros que interferem na produção jornalística. O Gatekeeper surgiu na
sociedade industrial, quando a informação passou a ser um bem muito valioso. Segundo
Pena (2006), é a partir deste cenário que o jornalista passa a ter uma função
fundamental, que é de mediar e selecionar as notícias. Esses profissionais estão imersos
na cultura jornalística, ligados a uma rotina de produção, sendo que a diferença
atualmente na sua atuação é a participação do usuário comum como gerador de
conteúdo.
De uma forma ou de outra, o material colaborativo é analisado pelo profissional.
O jornalista assume o papel de filtrar o conteúdo disponível na rede ou mesmo enviado
por colaboradores. Sendo assim, podemos entender que nem todo conteúdo gerado pelo
usuário será utilizado na notícia.
O usuário passa a ser uma fonte de informação que disponibiliza em tempo real
aquilo que lhe é interessante e importante e que faz parte do seu cotidiano, cabendo ao
jornalista nesta sua nova função filtrar estes conteúdos e publicar ou não de acordo com
a linha editorial do veículo ou portal no qual ele trabalha.
Destaca-se também a necessidade do cidadão comum participar da história, a
partir de seu cotidiano. Com base nos estudos de Agnes Heller, em “O cotidiano e a
história”, (2000), e nos estudos de Michel de Certeau, na obra “A invenção do
cotidiano” (1998), se discutirá o senso comum da sociedade atrelado ao senso comum
jornalístico, e que ambos podem ser captados pelos portais noticiosos, nos quais a
sociedade comum, ou o homem ordinário, pode ser ou não observado como um herói
comum, considerado no presente estudo, o usuário, “um herói comum”, que no meio da
multidão tenta relatar, interpretar e disseminar as diversas e variadas práticas do
cotidiano.
De uma forma ou de outra acreditamos que esse cotidiano está representado nos
portais noticiosos e seus conteúdos são muitas vezes readaptados para atender às
necessidades das empresas comunicacionais frente às demandas dos seus públicos.
15
Percebe-se, com base nas referências apontadas sobre a emergência da
colaboração no conteúdo do jornalismo, que há um princípio básico: a descentralização
da emissão da informação, em que todos os usuários podem emitir informação. A partir
dessa observação percorremos um caminho na revisão bibliográfica que nos levou ao
seguinte problema de pesquisa: “Como ocorre a colaboração dos usuários comuns na
produção dos conteúdos informativos do portal noticioso brasileiro R7? ”.
A hipótese de pesquisa formulada a partir da revisão bibliográfica ficou assim
estabelecida: a colaboração dos usuários nos conteúdos noticiosos dos portais enriquece
o conteúdo jornalístico desses veículos, porém, as informações colaborativas ficam
restritas à prestação de serviços e à complementação de matérias com abordagens
previamente definidas pelos jornalistas.
Quanto aos objetivos, definimos como objetivo principal verificar como ocorre a
participação e a presença dos usuários no conteúdo informativo de um dos principais
portais noticiosos brasileiros. Já os objetivos específicos são: 1) identificar quais
critérios são aplicados na seleção do conteúdo gerado pelos usuários no portal noticioso
R7; 2) identificar as opções de participação oferecidas aos usuários; 3) analisar se a
colaboração do usuário é importante na produção das notícias, verificando até que ponto
as informações são aproveitadas no produto jornalístico; 4) verificar a origem dos
conteúdos colaborativos, (via portais, captados por jornalistas nas redes sociais,
enviados por meio de aplicativos específicos); 5) refletir sobre a qualidade da
participação dos usuários no conteúdo do portal R7.
O Portal R7 tem pouca interatividade com o usuário por meio do aplicativo
Whatsapp. As interações ocorrem somente via Facebook, Twitter e Instagram. Estão no
aguardo do desenvolvimento de um aplicativo, porém não foi explicado com detalhes
pelos entrevistados, como e quando este será lançado.
Após a realização dos estudos teóricos, foi desenvolvido o capítulo 4 deste
trabalho. Neste capítulo, será apresentado o webjornalismo colaborativo na prática,
tendo em vista a pesquisa realizada na redação do Portal R7 por meio de observação
direta, além de entrevistas com jornalistas que ocupam cargos de chefia e outros que
atuam na produção de conteúdo.
A partir do problema da pesquisa, hipótese e objetivos, definimos o método e a
metodologia de pesquisa. O método adotado é o qualitativo, pois se pretende saber
como e por que as práticas do webjornalismo colaborativo no Portal R7 ocorrem. Trata-
se de uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, na qual se buscará entender
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como se dá a colaboração do internauta no conteúdo noticioso do Portal R7. De acordo
com Gil (2008), na pesquisa exploratória busca-se mais proximidade, familiaridade em
relação ao problema de estudo, envolvendo pesquisa bibliográfica e/ou entrevistas,
como técnicas mais recorrentes. Normalmente é aplicada em estudos de caso. Já estudo
de caso, segundo Yin (2005), é uma pesquisa que busca investigar um fenômeno, não
necessariamente único, em seu contexto.
A escolha do Portal R7 se deu por conta de sua posição no ranking de portais
noticiosos no Brasil. Em fevereiro de 2013, dados divulgados pelo Ibope/Nielsen
apontaram que o Portal R7 passou a ocupar a terceira posição no ranking brasileiro,
ultrapassando o Terra. Os dois primeiros são UOL e Globo.com. Além disso, o R7 por
estar ligado a uma empresa de comunicação que atua em diversas plataformas, inclusive
televisiva, concorre diretamente com o portal Globo.com (com diversas plataformas e
rede televisiva).
Quanto às técnicas para a pesquisa, utilizamos a entrevista semiestruturada ou
semiaberta, onde o investigador tem uma lista de questões ou tópicos para serem
preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista tem relativa
flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser
formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005).
Já a observação direta assistemática ou não estruturada é “espontânea, informal,
simples, ocasional e acidental”, sem planejamento anterior, de acordo com Lakatos e
Markoni (2003, p. 87).
No caso das entrevistas, foram elaboradas nove (9) questões-tema, porém,
conforme reforça Mattos (2005), há uma flexibilização do roteiro para captar outras
informações consideradas importantes pelo pesquisador e pelo entrevistado. As
entrevistas foram gravadas por meio de equipamento digital e posteriormente transcritas
(vide anexo A).
Foram realizadas seis entrevistas com jornalistas, indicados pelo próprio Portal,
que ocupam cargos de chefia aos que participam diretamente da produção de conteúdo
jornalístico, com idades variadas (50, 28, 24 e 23 anos). Todos são jornalistas formados,
com experiências variadas (até em razão da idade). Os cargos que os entrevistados
ocupam são: Coordenador de Conteúdo do Portal R7, Editor-Chefe do Portal R7;
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Redatora do Programa Hoje em Dia1; Jornalista da Editoria de Cidades; Redatora do R7
Você2; Redator dos Programas Balanço Geral 3e Domingo Espetacular4.
Após a transcrição das 6 entrevistas, as respostas foram categorizadas de acordo
com o roteiro inicial, além de outras categorias criadas conforme os achados observados
nas respostas. Algumas citações diretas foram extraídas das transcrições para
exemplificar os padrões observados.
As categorias são: 1) mudanças no Jornalismo na era da Internet; 2) jornalismo
colaborativo e a sua influência na prática jornalística; 3) critérios de seleção dos
conteúdos colaborativos; 4) estratégias realizadas pelo Portal; 5) avaliação da
colaboração (no Capítulo 4 as categorias serão apresentadas com mais detalhamento).
Serão incluídos na pesquisa os jornalistas que trabalham no Portal R7, seja como
funcionário ou contratado por meio de terceiros e que aceitem participar da pesquisa e
serão excluídos jornalistas que não trabalham no Portal R7.
Para aplicação da entrevista, primeiramente, os jornalistas foram consultados
sobre participação em trabalho científico. Posteriormente foi apresentado TCLE -
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual serão expostos: tema, objetivo,
tipo de participação, riscos e benefícios da pesquisa, de maneira clara e objetiva, como
orienta a Resolução do CONEP 466/12 que tem o número do parecer 1.074.409 e como
21 de maio de 2015 a data da relatoria.
Foi esclarecido que as entrevistas poderiam gerar certo desconforto aos
participantes, por interromper suas atividades diárias, pelo tempo a ser dedicado ao tema
e também porque os jornalistas teriam de realizar certo esforço para explicar os
processos de participação dos usuários do Portal. Também foi esclarecido que não
haveria despesas pessoais aos participantes em qualquer fase do estudo nem
compensação financeira relacionada à sua participação.
Os participantes da pesquisa tomaram ciência que teriam direito a atendimento
hospitalar em caso de eventuais problemas de saúde decorrentes da entrevista e, em caso
1 Hoje em dia é um programa de notícias, prestação de serviço e entretenimento com o compromisso de
informar e formar a opinião pública, sem perder de vista a opção de lazer que muitos brasileiros buscam
na telinha. 2 R7 Você é um canal do Portal R7 para que os internautas enviem seus vídeos, para fazer a melhor
programação da internet, bastando para isso, preencher um formulário disponível em
http://tv.r7.com/envie-seu-video 3 “Balanço Geral”: o programa, que transita entre o jornalismo e o entretenimento, mostra reportagens
exclusivas, denúncias, prestação de serviço e assuntos que mexem com o dia a dia da comunidade 4 “Domingo espetacular”: revista eletrônica com conteúdo direcionado a toda a família. São reportagens
de denúncia, comportamento, turismo, saúde, vida animal e celebridades. Além de um panorama geral
dos fatos que marcaram a semana.
18
de dano pessoal, os participantes podem solicitar indenizações legalmente estabelecidas.
Em qualquer tempo os participantes puderam solicitar informações à pesquisadora
responsável e ao Comitê de Ética da Metodista.
Os benefícios da pesquisa não são individuais, mas os participantes ficaram
cientes que contribuíram para o avanço do conhecimento na área do jornalismo
colaborativo na web.
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CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO
BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Neste capítulo, apresentamos um panorama histórico do jornalismo nomeado
hoje como “tradicional” ou jornalismo nos meios de comunicação de massa (impresso,
TV e rádio), do jornalismo na internet, no contexto da comunicação no Brasil.
A evolução do jornalismo está relacionada a determinados movimentos históricos
que gestaram novos processos. Destacamos também as tecnologias digitais que
proporcionaram o avanço do jornalismo nos meios de comunicação de massa para o
webjornalismo, no contexto da sociedade pós-moderna.
1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil
Para iniciarmos este tópico, onde se pretende fazer um relato abordando as fases
do jornalismo, concentrando-se em pesquisas da trajetória histórica deste campo
científico e social, faz-se necessária uma breve compreensão do que é Jornalismo, a
partir de Nelson Traquina (2005).
Baseando-nos em conceitos do autor é impossível definir a palavra jornalismo
em uma simples frase ou mesmo em um livro, mas é um desafio que, segundo ele, cabe
a nós pesquisadores tentarmos.
Para Traquina, “o jornalismo em sua forma poética, pode ser caracterizado como
a vida, a vida contada em relatos, a vida contada nas notícias de nascimentos e de
mortes, tal como o nascimento do primeiro filho de uma cantora famosa ou a morte de
um sociólogo conhecido mundialmente” (2005, p.19).
Na concepção do autor, a definição de jornalismo para os jornalistas seria a
realidade. A realidade que a vida nos traz, a realidade da vida inserida no contexto e no
cotidiano da sociedade e que tanto os fatos, quanto os acontecimentos e os personagens
das notícias não são ficção, são reais, ou seja, não são invenção destes profissionais.
Obviamente não é possível esgotar o conceito nas visões de Traquina, porém, ele nos
apresenta pistas importantes: o jornalismo está ligado à vida, à realidade.
Tal cenário nos faz perceber o quanto o jornalismo e o jornalista são
importantes para a sociedade e o quanto a credibilidade, seja no campo social ou no
campo profissional, ainda é tema de discussão, principalmente no “quarto jornalismo”,
20
como menciona Ciro Marcondes Filho (2000), em que o jornalismo sofre o impacto das
tecnologias digitais, que facilitam o acesso e a geração de informação pelo cidadão
comum, o qual produz e dissemina informações.
Para Marcondes Filho (2000, pp.9-10),
A história do jornalismo reflete de forma bastante próxima a própria
aventura da modernidade. Enquanto a modernidade econômica
engendrou o empreendedor burguês – personagem mítico cujo
desenvolvimento pleno ocorreu principalmente no século XVIII – e a
modernidade política assistiu à vitória das democracias republicanas e
seus múltiplos políticos disputando cadeiras nos parlamentos, a
modernidade dos direitos sociais e humanos viu nascer no seu seio a
figura do jornalista.
Segundo o autor, as mudanças da modernidade econômica, política e social e as
transformações que estas trouxeram para a sociedade fizeram com que o jornalista se
tornasse um herói que pudesse evidenciar e tornar importante e comunicável as
experiências relacionadas ao cotidiano de uma camada da sociedade que, até então, não
tinha voz, tampouco representatividade.
O jornalismo é a “síntese do espírito moderno”, diz Marcondes Filho (2000, p.
9): “a razão tida como verdade e a transparência que se impõe diante da tradição
obscurantista, do questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a
confiança irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie”.
Mas, com a modernidade, analisa o autor,
o jornalismo se viu órfão e desorientado e passou a perder o seu
terreno diante da sedução midiática da TV e da hegemonia das
técnicas no fim do século XVIII e sendo filho legítimo da Revolução
Francesa, o jornalismo se expande a partir da luta pelos direitos
humanos” (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 9-10).
O aparecimento do jornalismo está associado também à “desconstrução” do
poder instituído em torno da igreja e da universidade. O saber, o acesso aos
documentos, o direito à pesquisa, estiveram, até a invenção dos tipos móveis por
Gutenberg, nas mãos da Igreja.
O fato é que desde os primórdios da civilização humana, diz Marcondes Filho
(2000), o homem sempre esteve em busca do conhecimento, com vontade de aprender,
conhecer e compreender tudo o que se passava diante dos seus olhos. Porém, o
21
conhecimento, o poder de informar e de se informar estava nas mãos do clero. A
mudança só veio no momento em que a sociedade passou a conviver em grupo, a
participar de uma vida mais social e urbana, onde pudesse ultrapassar os limites das
fronteiras a partir da evolução sócio-cultural-econômica que emergia na sociedade
europeia e que se transformava gradativamente.
A partir da necessidade que a sociedade tem em conhecer o novo, de buscar
conhecimento, de se informar e de informar, há uma tendência da evolução dos
processos pelos quais se altera a organização social.
Pode-se dizer que mediante a evolução da sociedade, o jornalismo também
evoluiu, se transformou e se modificou para atender a demanda de uma classe
emergente e que teve sua curiosidade aguçada mediante as transformações e trajetórias
históricas que permeavam o seu cotidiano.
O jornalismo acompanhou e acompanha a evolução da sociedade. Todo o
processo de transformação do jornalismo está relacionado às mudanças enfrentadas pela
sociedade no âmbito econômico, político e social, consolidando-se após anos de história
como uma atividade transparente e prestadora de serviços, porta-voz dos cidadãos.
Tudo isso ocorreu devido à queda do controle da informação por instituições até então
detentoras do conhecimento e do poder da comunicação.
O crescimento e a viabilidade tecnológica do jornalismo, segundo Marques de
Melo (1985, p. 12) está ligado à própria imprensa “que também surgiu como resultado
de crescentes exigências socioculturais, nas operações mercantis-financeiras que
movimentavam as cidades, na circulação mais rápida das ideias e dos inventos que
tornaram a reprodução do conhecimento um fator político significativo”.
De acordo ainda com Marcondes Filho (2000), a evolução histórica do
jornalismo é compreendida em quatro grandes períodos, que são apresentados a seguir
nas palavras do autor:
a) Primeiro jornalismo – de 1789 à metade do século 19 -
denominado “iluminação”, tanto no sentido de exposição quanto
de esclarecimento político e ideológico. O controle do saber e da
informação funcionava como forma de dominação, de manutenção
da autoridade e do poder. Nesta fase entra em ebulição o
jornalismo político-literário e o jornal se profissionaliza: surge a
redação como um setor específico e com o tempo o jornalismo vai
deixando de ser um instrumento dos políticos para ser uma força
política autônoma;
22
b) Segundo jornalismo – o jornal como grande empresa capitalista,
surge a partir da inovação tecnológica da metade do século 19 nos
processos de produção do jornal. A transformação tecnológica irá
exigir da empresa jornalística a capacidade financeira de auto
sustentação, irá transformar uma atividade praticamente livre de
pensar e de fazer política em uma operação que precisará vender
muito para se autofinanciar;
c) Terceiro jornalismo – no século 20, o desenvolvimento e o
crescimento das empresas jornalísticas desembocam na
constituição do terceiro jornalismo, o de monopólios, cuja
sobrevivência só será ameaçada pelas guerras e pelos governos
totalitários do período. Entretanto, o mais importante deste século
será o desenvolvimento, da indústria publicitária e de relações
públicas como novas formas de comunicação que competem com
o jornalismo até descaracterizá-lo, como vai acontecer no final do
século 20;
d) Quarto jornalismo – o do fim do século 20, é o jornalismo da era
tecnológica, um processo que tem seu início por volta dos anos
70. Aqui se acoplam dois processos: o da expansão da indústria da
consciência no plano das estratégias de comunicação e persuasão
dentro do noticiário e da informação; e a substituição do agente
humano jornalista pelos sistemas de comunicação eletrônica, pelas
redes, pelas formas interativas de criação, fornecimento e difusão
de informações (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 11-30).
Portanto, o autor identifica as transições do jornalismo, contextualizando essas
mudanças inclusive a evolução tecnológica, especialmente no quarto jornalismo,
quando menciona a ênfase na comunicação pelas redes, a interatividade e a profusão de
fontes que participam destes conteúdos informativos. Embora o autor não mencione a
expressão “jornalismo participativo”, já delineava a realidade que vivenciamos nos dias
atuais, realidade que acompanha exclusivamente as mudanças que a sociedade vem
enfrentando, principalmente no que se refere às transformações culturais,
mercadológicas e econômicas.
Pode-se dizer que até o terceiro jornalismo, os meios de comunicação de massa
estavam definidos como produtos de informação e de entretenimento produzidos para
atender um grande número de pessoas em diversos canais de distribuição e, a partir do
quarto jornalismo, observa-se uma expressiva transformação da comunicação de massa
agora voltada para o ciberespaço, para as redes sociais, para a era digital.
Em sua terceira fase, o jornalismo foi visto como fator fundamental para a
liberdade de expressão e para a democracia. Era o alicerce da sociedade para se colocar
a frente da muralha que separava a liberdade de expressão tão almejada e que
23
favorecesse um diálogo entre as classes, entre os cidadãos, promovendo assim um
discurso público e soberano.
Ressalta-se que demarcar as fases do jornalismo, mesmo que de uma forma
sintética, é uma maneira simples de nos fazer perceber a evolução da área, porém, é
importante também ressaltar que convivemos com todas as fases, em maior e menor
grau, dependendo do contexto social, econômico, cultural e tecnológico. Sentimos que
a pesquisa sobre a evolução do campo não cessa e diversos estudiosos sentem a
necessidade de acompanhar a sua trajetória histórica desde os primórdios da civilização,
onde a humanidade já sentia a necessidade de se comunicar.
Com o fim da terceira fase do jornalismo, abre-se o espaço para o quarto
jornalismo, a fase da evolução dos meios de comunicação que face ao advento das
tecnologias, da era digital - e dos usos sociais que se processam a partir delas, não
somente a sociedade se transforma, mas também os processos se reinventam e se
adequam para atender e suprir as necessidades deste novo cidadão. Há um novo
caminho, uma nova ordem, um novo espaço a ser explorado: o ciberespaço.
No artigo “Coisa absurda, senão grave”, publicado no Observatório da Imprensa
em 25 de março de 2014, Muniz Sodré faz uma reflexão acerca de duas frases de um
estadista e jornalista francês Georges Clemenceau (1841-1929): (1) “O homem absurdo
é aquele que nunca muda”; (2) “a guerra é uma coisa grave demais para ser confiada aos
militares”.
Nesta reflexão, o autor faz um comparativo destas duas frases à realidade atual
do jornalismo, do jornalista, da mídia e da comunicação. Em seu texto, o autor relata
que não podemos fechar os olhos em face das transformações que o jornalismo e a
própria mídia de massa vêm enfrentando. Compreende-se, em uma simples análise das
referidas frases, que o jornalismo precisa de mudanças para acompanhar a evolução da
sociedade, e que esta guerra que estamos enfrentando com as mudanças do jornalismo e
das mídias de “massa” não deve ser confiada apenas aos jornalistas, mas também deve
ser apropriada e compreendida por todos os profissionais que lidam com a informação.
Segundo Muniz Sodré (2014, s/n), na segunda metade do século 19,
o jornalismo foi fundamental para o aperfeiçoamento das condições
liberais de discussão e persuasão, abrindo caminho para a democracia
das opiniões num espaço público consentâneo com a Revolução
Industrial e com o liberalismo político e econômico.
24
O jornalismo deste período era um canal político, mas para a sociedade ele
poderia ser um dos espaços utilizados para a democracia e liberdade de expressão,
favorecendo o diálogo em nome de uma cidadania mais justa e participativa.
É neste período, que segundo Marques de Melo (1985, p. 15) o “jornalismo
informativo afigura-se como categoria hegemônica, quando a imprensa norte-americana
acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de
atualidade em mercadoria”.
Para o autor, é nesta fase do jornalismo do século XIX que a “edição de jornais e
revistas transforma-se em negócio, em empreendimento rentável e o jornalismo
opinativo não desaparece, mas tem o seu espaço reduzido às páginas chamadas
editoriais” (MELO, 1985, p. 15).
Segundo Marcondes Filho (2000), o jornalismo passou por grandes
transformações, e devido às mudanças radicais na área, ele questiona se ainda teremos
jornalismo. Para ele, são duas as principais mudanças que afetaram o jornalismo nos
últimos séculos: a “criação da rotativa e dos processos de produção de jornais em massa
em meados de 1850 e a inovação tecnológica em meados de 1970”.
A primeira mudança proporcionou que as empresas jornalísticas se
reorientassem no sentido econômico do negócio:
produzir e divulgar informação, tornando as indústrias de
comunicação economicamente autossustentável, tendo como
consequência um jornalismo descomprometido, voltado ao mercado
dependente dos gostos e do interesse de uma massa de consumidores
(MARCONDES FILHO, 2000, pp. 32-33).
Já o “acelerado desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação
e o conceito de comunicação que invade todos os domínios da vida social – da
economia aos esportes, da biologia celular à astrofísica”, estão relacionados à segunda
mudança que transformou, e ainda transforma, o jornalismo, analisa o autor (2000, p.
33).
No século 20, mais precisamente na segunda metade, Sodré (2014, s/n), relata
que “os meios (imprensa, rádio e televisão) buscaram a padronização de bens e de
opiniões, ampliando tecnicamente o espaço público”.
Ele ressalta também, no século 21, o foco das empresas no ciberespaço, a
preocupação com a disseminação e velocidade da informação de maneira eficaz, ou
25
seja, como que ela chega ao receptor e como este vai reagir ao recebê-la, foco da
atenção das empresas de comunicação:
neste período, o aporte tecnológico adentrou no jornalismo e nos
meios de comunicação de massa e a partir de então as grandes
empresas e seus proprietários deixaram de se preocupar com as
técnicas consagradas da profissão e da ética profissional, neste caso, o
jornalismo, passando agora a se preocupar com a eficiência da
informação e com a atenção que ela, em sua rápida disseminação,
atingiria e despertaria a atenção de milhares de pessoas espalhadas no
ciberespaço (SODRÉ, 2014, s/n).
Percebe-se que o compartilhamento da informação é um fator constante no
ambiente digital, a rede agora pode ser considerada espaço onde todos os usuários se
sentem produtores e difusores da notícia, em diversos âmbitos, em diversos contextos,
em diversos cenários e infindáveis ambientes.
Para Sodré (2014, s/n), “a mídia eletrônica se institui em arquivo mundial do
saber”, além disso, a interatividade viabilizada pelas tecnologias digitais, “implica um
processo gradativo de apropriação da tecnologia da comunicação pelos usuários”.
Mas até que ponto, neste novo cenário, onde estão inseridos a comunicação e o
jornalismo, é que surgem novos questionamentos como: até que ponto pode-se apenas
falar em efeitos positivos? Até que ponto pode-se dizer que estes novos aparatos e
suportes tecnológicos inseridos no mercado comunicacional, que tanto os profissionais
quanto o cidadão comum têm acesso, contribuem ou não para este novo fazer
jornalístico, este novo modo de fazer comunicação? Quais seriam os benefícios e/ou os
malefícios que a apropriação das novas tecnologias trazem ao jornalismo?
Pesquisadores do campo e da área como Muniz Sodré, relata que temos dois
lados da moeda e que os diversos aparatos inseridos nas novas tecnologias podem trazer
oportunidades e também riscos para a comunicação, principalmente para o quarto
jornalismo:
as oportunidades das novas tecnologias criam novas possibilidades de
registro e debate da história corrente, porém em contrapartida,
multiplicam-se os riscos, tornando cada vez mais difícil separar o
factoide do fato no novo “bios” virtual em que todos hoje se
misturam, capitaneados pela mídia em sua acelerada fragmentação. A
velocidade com que se dá a entrada e a saída de informações no
ambiente virtual implica na questão da veracidade da informação, na
abordagem e na apuração dos fatos (SODRÉ, 2014, s/n).
Nesse cenário, é preciso ter um cuidado ético do profissional do jornalismo.
26
Pode-se compreender que na fase da “colaboração” do indivíduo com a
informação, o profissional de jornalismo deverá manter a sua identidade, ou seja, o seu
reconhecimento pela sociedade, como aquele que exerce uma atividade fundamental
para a democracia.
É nesse momento que cabe ao jornalismo e ao profissional de jornalismo
buscarem e reafirmarem os valores consolidados a partir da Revolução Francesa, ou
seja: a defesa da liberdade de expressão e de opinião, a busca pela veracidade das
informações e da responsabilidade social, com apuração e relato preciso dos fatos.
1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web
Neste tópico, aprofundaremos mais na direção das relações entre jornalismo,
tecnologias digitais, ciberespaço e cibercomunicação - uma nova fronteira para o
jornalismo.
Segundo Lévy (1999, p. 32), compreende-se por ciberespaço “um novo espaço
de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também um novo
mercado da informação e do conhecimento e as tecnologias digitais surgiram como a
infraestrutura do ciberespaço”.
Diante desta compreensão, percebe-se que tudo que está presente neste espaço
comunicacional é alterado instantaneamente e a velocidade com que hoje as
informações circulam provocou uma alteração no ambiente, onde uma vez conectadas à
internet, as pessoas conseguem receber, trocar e compartilhar as informações,
independentemente do local em que estejam.
O ciberespaço representa, segundo Squirra (1998, p.39), além de uma excelente
ferramenta de pesquisa, “o mais novo recurso de consulta acadêmica que as modernas
tecnologias da comunicação coloca à disposição dos pesquisadores. É um eficiente
instrumento de comunicação entre os indivíduos e um vasto leque de serviços”.
É um lugar de acesso democrático, no qual boa parte dos seres do planeta se
comunica e se relaciona a partir de um endereço eletrônico (e-mail); de uma página no
Facebook, de um perfil no Twitter, entre outras redes sociais digitais que proporcionam
interação e troca de informações. Este espaço virtual não tem um só dono (apesar de
empresas monitorarem os usuários e explorarem comercialmente seus dados e
comportamentos, como o Google ou as empresas de games), ele pode ser usado por
27
cidadãos comuns - inclusive os menos providos de posses, que estão conectados por
meio de celulares, entre outros recursos tecnológicos.
Diante dessas possibilidades, Squirra analisa que:
a modernização tecnológica vem alterando os hábitos e as alternativas
de comunicação entre as pessoas. Os que têm algum recurso e
conhecimento sobre tecnologia usufruem do potencial tecnológico
oferecido. Os diferentes avanços tecnológicos permitem
“multifacetados processos comunicacionais”, podem ser complexos na
sua concepção, porém, são acessíveis aos cidadãos. São possibilidades
de informação, entretenimento, espaços de criação de cultura (2008, p.
160).
Segundo o autor (2012), “o horizonte técnico-midiático não alterou somente os
processos de produção e emissão da informação, como também alterou os modelos de
negócios das empresas jornalísticas, promovendo transformações radicais na grande
área da comunicação”. E complementa:
Nessa “sopa digital”, o cinema já é digital e as produções do
jornalismo, da publicidade, do rádio, do turismo e das relações
públicas, são realizadas e acompanhadas através de instrumentos em
plataformas totalmente digitais. Definitivamente, o mundo mudou
profundamente e os instrumentos de comunicação têm papel
preponderante neste contexto, no qual a tecnologia pluralizou as
comunicações à distância, tendo se tornado sua essência produtiva
(SQUIRRA, 2012, s/n).
Observando-se a evolução das tecnologias digitais e da comunicação, outro
aspecto importante a destacar é a transição do off-line para o online. Os reflexos destas
mudanças alteraram os processos de produção, emissão e recepção de conteúdos
informativos, para atender à nova demanda do usuário, seja em qualquer suporte, meio
ou habilitação comunicacional.
Com o advento das tecnologias digitais e sua transposição para o ciberespaço, ou
simplesmente Internet, a globalização da comunicação proporcionou a troca e a
transmissão de mensagens independentemente da distância dos usuários, de maneira
instantânea.
É por meio da internet que se estabelece uma relação aproximativa, mesmo que
esta seja virtual. É através deste recurso, que temos acesso e fazemos pesquisas em
28
várias fontes de informações, como também participamos de vários grupos de
discussão, sobre temas específicos e de interesses comuns, com participantes conectados
em diversas partes do mundo.
A comunicação ocorre em um espaço sem limites e sem fronteiras, em que os
usuários são tratados como fontes e disseminadores de informação.
Já no final do século XXI, Squirra (1998, p. 7) previa “o espaço cibernético
(Internet, Infovia, Super rodovia da informação ou Infoban)” como o ‘must’ da
comunicação eletrônica instantânea.
O fluxo comunicacional advindo do espaço virtual acompanha a evolução da
sociedade e toda a convergência dos sistemas de comunicação e da tecnologia,
transformando a sociedade em uma “entidade” com várias denominações: sociedade da
informação, sociedade em rede, sociedade conectada, sociedade tecnológica.
Todas estas denominações da sociedade pós-moderna, ou contemporânea como
alguns preferem, estão relacionadas à inserção desta no universo da internet, o qual
promove integração social, por meio de uma nova rede de comunicação mediada por
computadores, gerando milhões de comunidades virtuais.
Essas comunidades ao disponibilizarem informações no ciberespaço, por meio
de recursos informatizados em uma conexão digital, consolidam a participação da
sociedade no ambiente online, tornando-a emissora e não só receptora de conteúdo.
Percebe-se que o ciberespaço trouxe e colaborou com milhões de experimentos
comunicacionais na sociedade pós-moderna, que a cada dia prova algo inédito diante do
leque de opções de aparatos tecnológicos disponíveis. Novos hábitos tanto de produção
e difusão da informação, quanto de consumo da mesma.
1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0
A evolução da Internet em meados da década de 1990 propiciou a inovação no
jornalismo, principalmente quando se fala em técnicas e práticas. O ciberespaço
facilitou a convergência do jornalismo tradicional e do jornalismo digital.
Para compreender a inserção do jornalismo digital no Brasil, buscou-se
referências na obra “Jornalismo Digital”, de Pollyana Ferrari (2003, p. 25), que traz uma
bagagem histórica deste campo que surgiu nos Estados Unidos em “decorrência da
evolução dos sites de busca que recorreram ao conteúdo como estratégia de retenção do
leitor e no Brasil, os sites de conteúdos nasceram dentro das empresas jornalísticas”.
29
A autora faz um apanhado histórico sobre a imprensa brasileira, partindo das
grandes empresas de mídia “de empresas familiares e que também detêm a liderança
entre os portais brasileiros que surgiram na segunda metade da década de 90 (....)
informalmente chamados de barões da internet brasileira” (FERRARI, ano 2003, p. 25).
O primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em maio
de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O Globo. Nessa mesma época, a
Agência Estado, agência de notícia do Grupo Estado, também colocou na Internet a sua
página. Segundo Ferrari (2003, pp. 27-28),
empresas tradicionais como Organizações Globo, grupo Estado, grupo
Folha e a Editora Abril se mantêm como os maiores conglomerados
de mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com
publicidade e foram elas que deram os primeiros passos a Internet
brasileira, seguidos pelo boom mercadológico de 1999 e 2000, quando
todas as atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of
Securities Dealers Automated Quotation), a bolsa de valores da Nova
Economia e muitos dos portais brasileiros atraíram investidores
estrangeiros, fazendo com que de 1997 até o final de 2000, os grandes
sites de conteúdo brasileiros, assim como os norte-americanos,
miraram sua pontaria na oferta abundante de conteúdo, muito mais
voltado ao volume de notícias do que ao aprofundamento da matéria.
A mutação do jornalismo tradicional para o cenário digital, assim como a
transformação da sociedade e das novas formas de se comunicar frente às novas
tecnologias, também proporcionou uma alteração nos negócios das empresas de
comunicação e, principalmente, das empresas jornalísticas que se viram na necessidade
de migrar para a rede, ainda de forma vagarosa e lenta. Segundo Squirra (2012, s/n),
neste início de transposição dos jornais para a rede, “as empresas entendiam este recurso
como complementar aos seus propósitos de informar a sociedade, mas com o passar dos
anos, as bases digitais representavam uma tendência que merecia investimento e
dedicação”.
As empresas, instituições e organizações de diversos setores acabaram criando
sites noticiosos, ocasionando uma verdadeira corrida ao ciberespaço, à internet. O
objetivo era ocupar um espaço que quase ninguém sabia muito como explorar, e
especialmente ganhar dinheiro.
O jornalismo no ciberespaço, ou webjornalismo como passaremos a denominar
essa prática, evoluiu da web 1.0 para a web 2.0.
30
Das informações dos sites noticiosos, nos quais a participação do cidadão era
mínima, o jornalismo 1.0 avançou, ao mesmo tempo que a tecnologia digital, ao
jornalismo 2.0, ou seja, as tecnologias interativas favoreceram a participação do usuário.
Blogs, chats e as redes sociais (YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, Flick, Picasa),
os coletivos digitais, como Wikipédia, são espaços de expressão de internautas.
Para que possamos acompanhar a transição do jornalismo digital e a
contribuição do desenvolvimento da web 1.0 até a web 3.0 para o referido campo, se faz
necessária a compreensão da evolução do World Wide Web.
O artigo “Web do futuro: a cibercultura e os caminhos trilhados rumo a uma
Web semântica ou Web 3.0”, dos autores Emanuella Santos e Marcos Nicolau (2012)
serviu de base para compreender a evolução da web, que deixou de ser estática (espaço
de repositório e de leitura) para se tornar hoje um ambiente dinâmico, no qual usuários
interagem, promovendo e compartilhando informações (web 2.0), até chegar à web 3.0,
ou web semântica, como os autores a mencionam no referido estudo. Na mais recente
fase, todos os equipamentos serão interligados a web, favorecendo assim a conexão não
somente de computadores e celulares, mas de todos os aparelhos disponíveis nas
residências e conectados à internet.
Observa-se que todas essas mudanças na web possibilitam ao internauta a
produção e emissão de conteúdo, além de consumo de produtos disponíveis na rede. Na
web 2.0 o usuário participa, colabora com os conteúdos, tornando-se muito mais ativo
na construção do conhecimento de forma coletiva.
Para Santos e Nicolau (2012), a cultura da participação é um dos pilares da web
2.0. Devido à quantidade de informação presente nesta segunda fase da web, com
conteúdo mais colaborativos e interativos, muitos problemas surgem em razão desta
dinâmica:
A quantidade de informações falsas encontrada na rede. Por possuir tamanha
abertura, fica difícil e é quase impossível ter um controle do fluxo de
informação que circula na Web 2.0, o que comprova a primordial
importância que à cognição humana desempenha neste processo, ou seja, o
discernimento humano que se faz necessário quando uma informação é
buscada na Web 2.0. Tendo consciência que os resultados que obtivermos
em nossas buscas virão de uma construção de nossos perfis, a partir de
algoritmos que, pelo nosso histórico de navegação, nos darão resultados que
(as empresas acreditam) satisfarão e atenderão as nossas expectativas.
Contudo, isso também irá mudar. (SANTOS; NICOLAU, 2012, p. 7)
31
Segundo os referidos autores a web semântica ou web 3.0 possibilita uma
utilidade bem maior para internet, facilitando ainda mais a vida do usuário: nas buscas
de conteúdo “mais precisos”, na economia do tempo decorrente, no direcionamento das
demandas do usuário.
A web 2.0, e por conseguinte a web 3.0, no âmbito das tecnologias digitais,
mantém uma relação entre a comunicação, os seus processos e a sociedade moderna,
fazendo com que o usuário seja um produtor atuante, assim como um consumidor de
informação (talvez muito mais consumidor que atuante produtor de informação).
O modelo de comunicação “muitos-para-muitos” facilita a seleção de conteúdo.
A esse respeito, Marcondes Filho (2000) analisa que qualquer cidadão pode ser seu
próprio editor, um modelo que tem sido questionado por causa da manipulação existente
na rede pelas grandes empresas de mídia, como o Google. Além disso, o
direcionamento e seleção de conteúdo, de acordo com o cardápio do usuário, pode
reforçar visões unilaterais, desconsiderando a diversidade e a alteridade no ciberespaço.
O ciberespaço permite que o cidadão comum assim como os repórteres e os
pesquisadores, tenham acesso instantâneo a importantes documentos, dados
governamentais e, sobretudo, a informações até então mantidas em poder privado.
Essas facilidades alteram a prática do jornalismo: em poucos momentos
repórteres encontram fontes confiáveis – e de qualidade, por exemplo -, além de fatos e
material informativo que ajudam a formar a pauta do jornalismo. Squirra já anunciava
essas mudanças em 1998.
Diante deste cenário, os principais portais noticiosos abriram espaço para a
contribuição do usuário, seja off-line ou online - em tempo real, comentada e
compartilhada por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo e conectadas à internet.
Usuários também podem pautar os meios de comunicação, em particular, os portais
noticiosos.
Ambos conectados, tanto o jornalista quanto o usuário de conteúdo, munidos de
seus computadores e outros aparatos tecnológicos, assim como outros recursos que
chegam a cada dia, acabam por interferir e mudar os estilos de trabalho dos jornalistas
em qualquer tipo de suporte seja este impresso, eletrônico e, principalmente, digital.
A chegada desses novos recursos provoca mudanças também nas rotinas de
produção das empresas de comunicação. Uma transformação significativa é a
mobilidade. Com a tecnologia hoje existente, o jornalista pode realizar investigações e
32
entrevistas de qualquer e para qualquer ponto da cidade, do estado, do país ou mesmo
fora dele. De um lado a facilidade, de outro as consequências pelo acesso:
As novas tecnologias digitais introduzem a “imaterialidade jornalística”. Na
tela do computador, o texto jornalístico perde a materialidade e se torna pura
fibrilação visual de pontos, um texto permanentemente provisório, nunca
terminado, passível de interferências por todos os que por ele passam e em
todos os momentos da produção do jornal. Imaterial está se tornando
também o próprio jornal, cada vez mais editado online, assim como a
redação, acessível de qualquer ponto do planeta, tanto para se receber pautas
como para se fazer uma reportagem, nela inserir fotos tiradas em tempo real,
diagramar e enviar, tudo pronto, ao terminal instalado do outro lado do
mundo (MARCONDES FILHO, 2000, p. 47).
Observa-se que a nova ordem social e tecnológica propõe questionamentos sobre
o jornalismo e o jornalista. A cada evolução tecnológica percebe-se alteração nos
sistemas de informação e comunicação, bem como as formas de produção de conteúdo,
assim como a forma de participação dos usuários conectados à rede.
Os novos modelos de difusão e consumo de informação audiovisual e textual
presentes nas plataformas digitais, móveis e interativas, segundo Squirra (2012), vêm
possibilitando que o domínio dos processos alcance novos produtores, indo além dos
jornalistas. A “cultura da construção e difusão da informação” deu espaço a outros
relatos jornalísticos, produzidos pelo usuário cada vez mais conectado e munido de
aparatos tecnológicos, especialmente móveis.
Há um crescimento exponencial da produção de conteúdo, seja ele jornalístico ou
não, que indica e permite cada vez mais a produção de mensagens por outros atores
sociais, que até então eram somente caracterizados como consumidores das notícias.
A forma de participação do indivíduo, no que tange à produção da informação,
deve ser experimentada e inovada a cada dia, uma vez que a incessante evolução
tecnológica não para e propicia minuto a minuto a crescente e variada denominação de
termos e terminologias digitais, aumentando cada vez mais o vocabulário desta indústria
virtual. Do lado do jornalista, diz Squirra (2013, s/n), em seu artigo “Jornalismos com
convergências midiáticas nativas e tecnologias incessantes”, as diversas barreiras
(evolução de equipamentos, sua aplicação e significados) também podem comprometer
a expertise do profissional e a sua permanência no mercado.
Nesse universo de evoluções constantes, os aplicativos e as redes sociais são
novas formas de comunicação. Os portais noticiosos brasileiros usam e abusam dessas
possibilidades, para “agregar valor” ao conteúdo. A participação do usuário comum na
33
produção de conteúdo informativo tem sido cada vez mais estimulada, que agora tem
cada vez mais acesso aos conteúdos digitais.
A partir dessas mudanças é que vai surgindo novos modelos e práticas que,
segundo Squirra (2013), atingem a chamada “indústria” jornalística e seus profissionais,
sobretudo, a sociedade. Mais relatos e angulações para formar opiniões e se orientar,
agora o cidadão comum é um contador de histórias mais valorizado.
34
CAPÍTULO 2 – CIDADÃO PARTICIPATIVO,
VISIBILIDADE E O WEBJORNALISMO
COLABORATIVO
Este capítulo tem por objetivo abordar o webjornalismo colaborativo,
contextualizando-o na cultura da participação ou da visibilidade, na qual o cidadão
contemporâneo se utiliza das mídias digitais como espelho e vitrine para expor suas
demandas perante a sociedade e o mundo. Esse cidadão-usuário atua como fonte e
produtor de conteúdos noticiosos, tendo como base para gerar esta produção as
experiências e as vivências do cotidiano. O capítulo também trará uma breve exposição
dos espaços de participação deste cidadão em sites, blogs e redes sociais. Por fim,
pretende-se mostrar como alguns aplicativos que facilitam a comunicação do usuário
nos meios noticiosos e colaboram na cobertura de acontecimentos dos mais variados
possíveis. Para tanto, serão utilizados os exemplos do jornal Extra, que criou um canal
com o seu leitor pelo “Whatsapp do Extra”.
2.1 Cultura da Participação ou da Visibilidade?
As redes e mídias sociais foram os mais recentes adventos tecnológicos que
fundamentaram e alicerçaram a base para aprimorar a participação do usuário comum
na internet, assim como possibilitaram a criação de condições para que o internauta
pudesse ser visível e percebido no mundo digital.
Tanto a participação quanto a visibilidade que o internauta venha a ter neste
ambiente mediado pelo computador, faz com que sejam criadas novas formas de
relacionamento entre o homem, a máquina e a sociedade global, permitindo uma troca
de experiências que até então não eram possíveis de serem trocadas, compartilhadas,
vivenciadas e até experimentadas
Atualmente, percebe-se que as características e as culturas globais podem ser
transportadas facilmente para uma comunidade, onde possíveis costumes e hábitos
globais são conhecidos e mediados. O desenvolvimento das mídias e da comunicação
facilitaram a construção da sociedade mais participativa, interativa e muito presente nos
meios digitais.
35
Ressalta-se o papel das redes sociais digitais que propiciaram ao cidadão se
integrar em várias comunidades e compartilhar notícias e fatos que percorrem o mundo.
O potencial das redes sociais é explorado tanto para assuntos de grande relevância,
como também para que as pessoas possam mostrar os fatos do cotidiano, as atividades
mais prosaicas do indivíduo, tornando-se espelho e vitrine deste usuário.
A relação do cidadão comum com as redes sociais no leva a pensar até que ponto
as redes sociais digitais, o mundo virtual, são a nossa vitrine? Podemos espelhar todas
as nossas satisfações, insatisfações, desejos, vontades, acertos e erros, compartilhando-
os com demais internautas no cotidiano da vida real, do homem comum?
O homem comum será compreendido neste capítulo como o cidadão comum,
aquele que, por várias vezes, busca em diferentes situações utilizar-se de sua astúcia
para driblar o sistema e encontrar um lugar seguro para si, para poder colocar em prática
o exercício de sua cidadania, sendo autor e, em alguns casos, ator de representações
sociais presentes no cotidiano.
A sociedade sentindo-se representada por este cidadão comum, através das redes
sociais digitais, busca conquistar direitos, mas muitas vezes acaba se utilizando de
estratégias e táticas que colocam em risco os objetivos a serem atingidos coletivamente.
Segundo Certeau (1998, p. 97), podemos dizer que o cidadão comum, que tem a
internet como sua vitrine e espelho, torna-se hoje um
produtor desconhecido, poeta de seu negócio, inventor de trilhas nas
selvas da racionalidade funcionalista, que traçam trajetórias
indeterminadas, aparentemente desprovidas de sentido porque não são
coerentes com o espaço construído, escrito e pré-fabricado onde se
movimentam.
Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida
cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos
comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este
novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que
este outro homem esteja do outro lado do planeta.
De acordo com Certeau (1998, p. 58), estes representantes são vistos como
cidadãos comuns, que
lentamente simbolizavam famílias, grupos e ordens, se apagam da
cena onde reinavam quando era o tempo do nome. Vem então o
número, o da democracia, da cidade grande, das administrações, da
36
cibernética. Trata-se de uma multidão móvel e contínua, densamente
aglomerada como pano inconsútil, uma multidão de heróis
quantificados que perdem nomes e rostos tornando-se a linguagem
móvel de cálculos e racionalidades que não pertencem a ninguém,
Tal citação faz refletir que hoje os cidadãos comuns pertencem a uma civilização
virtual, onde todos convivem em um cotidiano real e não palpável, onde toda a realidade
é produzida e contada por um cidadão comum, o ator dos fatos presentes no
ciberespaço.
É assim que se pode compreender o homem comum e a sua vida cotidiana e
como esta pode ser e está sendo comparada à vida que agora nos colocamos a viver
especialmente nas redes sociais.
É pelos meios virtuais que sentimos e vivemos prazeres e desprazeres da vida
cotidiana. Mesmo que não tenhamos tempo, disponibilidade para absorver todos os
conteúdos, assim como o discernimento e a capacidade de compreensão de tudo que se
repercute no cenário digital.
Não há tempo para separar o joio do trigo e colocar em questão a veracidade do
que circula no ambiente virtual, no qual se concentra um compartilhamento infindável
de informações.
Para Agnes Heller (2000), “a vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja,
o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de
sua personalidade”.
Nesta vida cotidiana do homem comum, coloca-se “em funcionamento” todos os
seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas,
seus sentimentos, paixões, ideias, ideologias”, diz Heller.
Para Joaquim Paulo Serra, em seu artigo “A internet e o mito da visibilidade
universal” (2002, p. 4), a visibilidade do cidadão comum pode ser caracterizada em duas
categorias e
utilizando de uma linguagem mais ou menos metafórica, e apenas a
título indicativo, diremos que categorias giram à volta da distinção
central entre estrelas - entendendo por tal os indivíduos que são, como
se diz, “famosos”, cuja visibilidade é um processo mais ou menos
contínuo e cumulativo - e cometas - entendendo por tal aqueles que
são, como também se diz, “ilustres desconhecidos”, cuja visibilidade é
descontínua e pontual.
No primeiro termo da distinção incluem-se, nomeadamente, os
mediadores - os próprios profissionais dos media que, tendo como
função garantir a visibilidade a determinados indivíduos, - e os
37
notáveis - os indivíduos que se destacam em determinados campos da
vida económica, política, social, cultural, desportiva, etc.
No segundo termo incluem-se, nomeadamente, os desviantes os
cidadãos comuns que são sujeitos ou objetos de acontecimentos que
escapam à continuidade e normalidade das coisas, mas que não visam,
em princípio, a visibilidade mediática -, e os provocadores - os
indivíduos que desencadeiam ações que visam, em primeiro lugar, a
obtenção de uma visibilidade mediática “forçada” ou “violenta”.
Note-se que estas figuras ou categorias não só não são mutuamente
exclusivas - a mesma pessoa pode ser, simultaneamente, um notável e
um desviante, como no caso do príncipe inglês, menor, que se
embriaga - como o facto de um mesmo indivíduo figurar em mais do
que uma figura ou categoria só o valoriza como centro de visibilidade;
diríamos, aliás, que o máximo de visibilidade mediática - a “notícia
explosiva”, como por vezes se diz - existe sempre que uma “estrela”
se torna também “cometa”.
Diante disso, observa-se que a visibilidade nas mídias digitais está relacionada à
importância que se dá ao cidadão e aos fatos divulgados, ou seja, nem tudo que é de
grande relevância para uma determinada camada social é para a outra e vice-versa.
O que podemos ter de conhecimento e possível compreensão com relação às
mídias digitais, especialmente às redes sociais na internet, é que há um conjunto de nós
e ligações que permitem que cada um se torne visível perante outros, sejam estes
cidadãos comuns, “cidadãos estrelas” ou “cidadãos cometas”.
Stuart Hall (2001), ao tratar da pós-modernidade, distingue historicamente três
concepções de identidade do sujeito: o “sujeito do iluminismo”, centrado e unificado,
“dotado de razão, de consciência e de ação”; “Sujeito Sociológico”, que adquire
consciência de que o social e a cultura (símbolos e valores) são fundamentais para
constituir sua identidade “tendo a identidade formada na ‘interação’ entre o eu e a
sociedade (...) entre o mundo pessoal e o mundo público, alinhando nossos sentimentos
subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural”; e o
“Sujeito Pós-Moderno”, cuja identidade é volátil, móvel, não unificada “ao redor de um
‘eu’ coerente”; são “identidades contraditórias empurrando em diferentes direções, de
tal modo que nossas identificações estão continuamente deslocadas”. A identidade do
“sujeito pós-moderno” desliza a partir da confrontação com os múltiplos “sistemas de
significação e representação cultural (...) cada uma das quais poderíamos nos identificar
– ao menos temporariamente. (HALL, 2001, pp. 10-13)
A necessidade de pertencimento a iguais se torna distinção social. Estas
necessidades muitas vezes podem ser supridas por intermédio da participação que o
cidadão comum venha a ter por meio do relacionamento estabelecido no cenário virtual,
38
participando de comunidades onde os seus integrantes possuem as mesmas necessidades
e identidades, gerando um certo pertencimento a cada cidadão comum, mesmo que este
pertencimento seja temporário e a visibilidade efêmera.
2.2 Webjornalismo Colaborativo
A visibilidade e a participação do cidadão comum nas mídias digitais,
particularmente nas redes sociais, foram viabilizadas pelas novas tecnologias, as quais
também propiciaram mudanças no jornalismo.
O jornalismo, por ser um fenômeno histórico, vivenciou diversas etapas ao longo
dos séculos: desde a Revolução Francesa (século XVIII), passando por outras 3 etapas,
a última perdura desde o final do século XX até os dias atuais. São transformações
relacionadas ao tempo histórico, social, cultural, político e tecnológico no mundo e já
foram apresentadas no capítulo anterior.
Na etapa tecnológica, das redes, o jornalismo tradicional (dos processos
massivos e padronizados, de um para todos) vem passando por alterações que acabam
afetando tanto quem agora produz a notícia, como também a rotina de produção
jornalística.
O jornalismo praticado nas diversas plataformas sob o signo da convergência,
conforme afirma Jenkins (2009), desembocou em práticas que aliam diferentes meios,
conteúdos, linguagens e fontes de informação. Nosso foco nesta dissertação é tratar do
jornalismo na web, ou o webjornalismo.
Mas a denominação atribuída à prática do jornalismo na internet não é consenso
entre os pesquisadores. É comum encontrarmos os termos: jornalismo online,
jornalismo digital, jornalismo eletrônico, ciberjornalismo ou webjornalismo, porém é
importante ressaltar a importância de conhecer o porquê destas denominações.
Para que possamos compreender o significado de cada uma destas terminologias
relacionadas ao jornalismo da era tecnológica, Mielniczuc (2003, p. 22-24), traz em sua
tese “Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na
escrita hipertextual”, de forma resumida, a distinção destes termos aplicados ao
jornalismo do século XX e XXI:
39
os norte-americanos utilizam os termos Jornalismo Digital ou
Jornalismo Online e os autores de língua espanhola preferem
Jornalismo Eletrônico. O autor Helder Bastos utiliza a equação:
Jornalismo Eletrônico = Jornalismo Digital + Jornalismo Online, onde
"fazer apuração" é Jornalismo Online e desenvolver e disponibilizar
produtos é Jornalismo Digital. Trabalhar em um computador para
gerenciar um banco de dados no momento de elaborar uma matéria é
um exemplo da prática do Ciberjornalismo. Já o termo Online nos leva
à ideia de conexão em tempo real, mas nem tudo o que é digital é
Online.
Compreende-se que todas as terminologias aplicadas pelos pesquisadores do
campo do jornalismo deram-se em razão da convergência das mídias e, principalmente,
da transposição do jornalismo “tradicional” para o jornalismo online, respeitando
cronologicamente a evolução tecnológica que também contribuiu para a evolução deste
jornalismo de quarta geração, ou seja, o jornalismo da tecnologia, já denominado por
Marcondes Filho (2000).
Já Canavilhas (2006), em seu artigo “Do jornalismo online ao webjornalismo:
formação para a mudança”, restringe o processo das publicações digitais a duas
fundamentais: jornalismo online e webjornalismo/ciberjornalismo, sendo que
no primeiro caso, as publicações mantêm as características essenciais
dos meios que lhes deram origem. No caso dos jornais, as versões
online acrescentam a atualização constante, o hipertexto para ligações
a notícias relacionadas e a possibilidade de comentar as notícias. No
caso das rádios, a emissão está disponível online, são acrescentadas
algumas notícias escritas e disponibilizam-se a programação e os
contatos. As televisões têm também informação escrita, à qual são
acrescentadas notícias em vídeo, a programação do canal e os
contatos.
Como se pode verificar, trata-se de uma simples transposição do
modelo existente no seu ambiente tradicional para um novo suporte.
Na fase a que chamamos webjornalismo/ciberjornalismo, as notícias
passam a ser produzidas com recurso a uma linguagem constituída por
palavras, sons, vídeos, infografias e hiperligações, tudo combinado
para que o utilizador possa escolher o seu próprio percurso de leitura.
Diante das denominações e definições apresentadas sobre o “jornalismo da
tecnologia”, resolve-se trabalhar e assumir neste estudo o termo Webjornalismo, que se
enquadra às rotinas de produção de conteúdo e à colaboração do usuário nos portais
noticiosos brasileiros, especialmente no Portal R7.
É importante também discutir neste trabalho uma definição sobre as
terminologias utilizadas por pesquisadores relacionados aos campos do webjornalismo
participativo e webjornalismo colaborativo.
40
Sbarai (2009, pp. 5-7) em seu artigo “A definição da participação do cidadão nos
modelos colaborativos jornalísticos na web”, traz algumas conceituações para os termos
jornalismo participativo e jornalismo colaborativo:
o jornalismo colaborativo é caracterizado pela produção da
informação realizada por cidadãos, por meio de textos, fotos e vídeos,
distribuídos pela rede, sob uma plataforma centralizada informativa e
dependente de seus princípios estabelecidos. Os termos de usos
descritos nos websites possuem diferentes formatos, sendo
caracterizados por organizações centralizadas ou descentralizadas. A
criação de conteúdo é aberta a todos, desde que possuam
competências necessárias para contribuir para uma produção
considerada relevante ao formato pré-estabelecido no ambiente
virtual.
Já o jornalismo participativo não abrange todo o processo de
colaboração e tem um princípio apenas de auxiliar, participar,
pressupõe compartilhar, ter parte em ou dividir algo que foi produzido
e idealizado por apenas uma pessoa.
A partir desta conceituação de Sbarai sobre o jornalismo colaborativo e
participativo, definiu-se trabalhar com a denominação de webjornalismo colaborativo,
pois a mesma é a mais adequada, ao nosso ver, ao objeto de estudo do presente trabalho.
O Portal analisado possui características do webjornalismo colaborativo, as quais serão
analisadas com maior profundidade no Capítulo 4 desta dissertação.
Brambilla (2010) no texto “OhmyNews completa 10 anos”, faz uma
retrospectiva histórica sobre o jornalismo colaborativo, enfatizando que o OhmyNews5,
nascido em Seul em 22 de fevereiro de 2000, é considerado como o primeiro veículo de
jornalismo colaborativo da história, sendo o “veículo apto a fazer um jornalismo
fundamentado, com profissionais editando e selecionando o conteúdo produzido por
cidadãos repórteres do mundo inteiro”.
Pode-se compreender que o lançamento deste veículo colaborativo foi concebido
graças aos aportes tecnológicos. A evolução da mídia contemporânea inserida no
contexto das novas tecnologias da informação e da comunicação perante o mundo
conectado permitiu e possibilitou o desenvolvimento dos processos colaborativos, por
meio de indivíduos aptos “a transcender o tradicional em busca do novo”, em busca de
novas relações, novos fatos e conhecimentos, com objetivos comuns.
5 BRAMBILLA, Ana. OhmyNews completa 10 anos. 2010. Disponível em: http://anabrambilla.com
/blog/2010/02/28/ohmynews-completa-10-anos/.
41
A partir dos conceitos de jornalismo participativo e colaborativo trazidos por
Sbarai (2009), percebe-se que o usuário comum está muito mais presente nas redes
sociais atuando, principalmente nos canais presentes no mundo virtual. Essa relação
gerou a necessidade de se criar padrões de relacionamento e inovar o fazer jornalístico,
passando das práticas mais tradicionais, nas quais havia uma participação mais limitada
do usuário, para um jornalismo praticado na web, o webjornalismo colaborativo.
Pode-se dizer que desde 1995 já se colocava em pauta a questão do jornalismo
digital e a sua relação com o consumidor da notícia, no que tange à interatividade deste
produto no ambiente virtual. As novas tecnologias da informação e comunicação
(TIC’s) se aperfeiçoaram e acabaram por promover uma inovação nas práticas e formas
de interação e integração dos meios com os seus diversos públicos, presentes e cada vez
mais atuantes na web.
O advento das redes sociais digitais são um outro aspecto fundamental dessas
mudanças, constituindo-se como elemento essencial ao webjornalismo colaborativo e
aos demais suportes (TV, rádio, inclusive impressos). O tema será melhor explorado no
tópico seguinte.
No artigo “Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias”, Primo
e Träsel (2006) também procuram refletir sobre a emergência deste jornalismo, suas
contribuições e riscos. Passam a observar e compreender a colaboração do cidadão
comum na produção das notícias, os pontos positivos e negativos que possam vir a
interferir nos processos da produção aberta de notícias, produzidas pelos usuários.
Pouco mais de uma década atrás, o webjornalismo não possuía grande
interatividade. Isso se refletia no nível de proximidade entre produtores e receptores
(essa relação se alterna na medida em que cada vez mais a tecnologia propicia um
comportamento colaborativo). Já se pressentia, diante de tanta transformação
tecnológica, que as práticas jornalísticas seriam afetadas.
Na análise de Primo e Träsel (2006, p. 2),
os primeiros periódicos a aparecerem na web mantinham bem
demarcada a barreira entre a redação/edição de notícias e os
internautas. O modelo transmissionista (emissor – mensagem – canal
– receptor), que parecia para alguns ser o modelo natural da
comunicação de massa, ganha nova maquiagem. O fluxo jornalístico –
notícia – jornal – leitor, por exemplo, renova-se em jornalista – notícia
– site – usuário, mas ainda mantém a lógica distribucionista anterior.
É verdade, porém, que escrita e leitura tornam-se hipertextuais, o que
em si já altera o processo interativo.
42
Já Fonseca e Lindemann, em seu artigo “Webjornalismo participativo:
repensando algumas questões técnicas e teóricas”, (2007, p. 90), publicado na revista
FAMECOS, a questão é se “estaríamos vivendo, então, uma fase de decadência do
jornalista, uma vez que agora qualquer cidadão pode tornar-se um repórter”?
Diante deste questionamento das autoras, compreende-se que o jornalista e o
jornalismo, assim como qualquer outra área ou campo científico, precisam estar em
constante evolução. A busca pela atualização de processos que possam afetar o
dinamismo de profissionais e campos de atuação são a chave para a permanência. O
“jornalismo tradicional” passou por várias mudanças, em razão das transformações da
sociedade. Podemos dizer que algo morre se não acompanhar as mudanças.
Mas é preciso sempre recorrer à essência do jornalismo para que as mudanças
não atinjam a autonomia dessa prática cultural. O universo colaborativo do
webjornalismo é dinâmico, rápido, mas nem por isso a informação deverá deixar de ser
checada, analisada e interpretada pelos profissionais, ou seja, os princípios do
jornalismo não se perdem com a produção aberta de notícias. Eles tendem a aumentar,
uma vez que este novo profissional, que agora trabalha com o modelo de conteúdo
colaborativo “express”, ou seja, a informação segundo a segundo, não perca as suas
características e sua ética profissional.
Sbarai (2009) contribui para a discussão da colaboração no jornalismo em seu
artigo “A definição do cidadão nos modelos colaborativos jornalísticos na web”,
trazendo algumas reflexões acerca do jornalismo colaborativo, jornalismo participativo,
jornalismo cidadão, jornalismo open source e cidadão repórter. O autor destaca que
o jornalismo colaborativo é caracterizado pela produção da
informação realizada por cidadãos, por meio de textos, fotos e vídeos,
distribuídos pela rede, sob uma plataforma centralizada e informativa
e dependente de seus princípios estabelecidos”. Ele define que a
“criação de conteúdo, neste caso, é aberta a todos, desde que possuam
competências necessárias para contribuir para uma produção
considerada relevante ao formato pré-estabelecido no ambiente
virtual. (2009, p. 7)
Assim, há exigências quanto à colaboração, o que nos leva a questionar quais
competências são necessárias para o cidadão comum colaborar com a produção
informativa? O que seria uma produção relevante? Qual o formato que é preestabelecido
no ambiente virtual? Quem estabelece este formato? Quem define os tipos de
competências deste cidadão? Quem define o que é relevante ou não?
43
Para Sbaray (2009, p. 10), “a criação de um conteúdo exige compromisso e
muita responsabilidade”, desde profissionais aos cidadãos comuns. Quando não se leva
a sério, quando a lógica do interesse comercial ou pessoal se sobrepõe aos
compromissos éticos do jornalismo, surgem as crises de credibilidade do campo e dos
profissionais. Por isso, a preocupação é como contar com a colaboração do usuário de
uma maneira inteligente, agregando mais valor à informação jornalística.
2.3 Interatividades nas redes e no webjornalismo
As redes sociais digitais são essenciais ao webjornalismo, assim, é importante
apresentar neste tópico conceitos, características e tipos desses espaços de
interatividade, uma vez que os receptores/produtores de conteúdo informativo, ou
simplesmente usuários, utilizam diversas mídias digitais disponíveis na internet, como
sites (sites pessoais ou portais dos próprios veículos de comunicação, os quais abrem
espaços de interação), blogs (de jornalistas e blogueiros independentes, pessoais ou
ligados a empresas jornalísticas) e redes sociais (institucionais ou pessoais). Essas
mídias digitais permitem interações, que se concretizam em milhares (milhões) de
seguidores, fans, usuários. De acordo com Recuero (2009, p. 15) “quando uma rede de
computadores conecta uma rede de pessoas e organizações é uma rede social”. São
pessoas que se conectam, independentemente do espaço físico, estabelecendo uma
relação social.
Segundo Sbarai (2010), o crescente processo de interatividade não está apenas
relacionado ao incentivo que leva o cidadão comum a participar ou mesmo colaborar
com os conteúdos informativos. Para o autor, é necessário buscar compreender o motivo
que leva estes cidadãos a colaborarem de maneira ativa dos conteúdos informativos dos
veículos de comunicação que abrem este espaço para os seus leitores. Os usuários
conectados em rede, de uma forma ou de outra, precisam estar totalmente integrados às
novas tecnologias, saber como usá-las e aplicá-las de forma benéfica.
Usar a interatividade nas redes sociais como boa prática é uma questão de
sabedoria e discernimento para o bem comum. As novas tecnologias proporcionaram
esta inovação social, mas existem algumas diferenças nos aspectos de interatividade no
mundo da comunicação e da informação.
Para Lévy, o termo interatividade em geral
44
ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de
informação. De fato, seria trivial mostrar que um receptor de
informação, a menos que esteja morto, nunca é passivo. Mesmo
sentado na frente de uma televisão sem controle remoto, o destinatário
decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de
muitas maneiras, e sempre de forma diferente de seu vizinho. (LÉVY,
1999, p. 79).
O autor quis mostrar que a interatividade ocorre de qualquer forma, mas nem
todos os conteúdos comunicacionais e informativos, como os veiculados pela televisão,
rádio, ou mediados por telefone e internet, são iguais para todos que os recebem.
Entende-se que a mensagem recebida através destes canais pode gerar
mediações diferenciadas de receptor para receptor, assim como a interatividade desta
comunicação entre os receptores pode ser diferente conforme o nível de entendimento
que cada receptor venha a ter, de acordo com aquilo que lhe for transmitido. Segundo
Levy (1999, p. 79) “a possibilidade de reapropriação e de recombinação material da
mensagem por seu receptor é um parâmetro fundamental para avaliar o grau de
interatividade do produto como também em outras mídias”. O autor faz uma
comparação da interação do receptor com a comunicação recebida em diversos meios e
salienta que
a comunicação por mundos virtuais é, portanto em certo sentido, mais
interativa que a comunicação telefônica, uma vez que implica, na
mensagem, tanto a imagem da pessoa como a da situação, que são
quase sempre aquilo que está em jogo na comunicação. Mas, em outro
sentido, o telefone é mais interativo, porque nos coloca em contato
com o corpo do interlocutor. Não apenas uma imagem de seu corpo,
mas sua voz, dimensão essencial de sua manifestação física. A voz de
meu interlocutor está de fato presente quando a recebo pelo telefone.
(LÉVI, 1999, p. 81)
Entende-se que a interatividade proporcionada pelas mídias digitais possui
aspectos diferentes que podem favorecer uma ou outras, dependendo do impacto que se
quer proporcionar.
Recuero (2009, p. 31) corrobora as ideias de Lévy quando analisa que o
ciberespaço e as ferramentas de comunicação possuem
particularidades a respeito dos processos de interação, há uma série de
fatores diferenciais. O primeiro deles é que os atores não se dão
imediatamente a conhecer. Não há pistas imediatas da linguagem não
45
verbal e a interpretação do contexto da interação precisa ser negociada
durante o processo.
No campo do jornalismo, Mielniczuk busca compreender a interatividade
estabelecida entre leitor e publicação. Em seu artigo “Interatividade como dispositivo do
jornalismo online” (2000, pp. 124-125), a autora considera que
constituindo-se, um aspecto formador e formante da estrutura através
da qual os produtos noticiosos são disponibilizados na web, a
interatividade é mais do que uma simples característica, podendo ser
lida como um dispositivo: algo que marca, condiciona e determina
processos que interferem na produção, no produto e na recepção dos
sites jornalísticos desenvolvidos para a web. Pensar a questão da
interatividade relacionada à mídia é uma tarefa complexa não só pela
natureza do assunto em si, mas pelo contexto de velozes
transformações no qual este fenômeno está inserido.
As velozes transformações que a tecnologia ajuda a promover em todos os
âmbitos, dentro de diferentes espectros sociais, de uma certa forma influenciam a
interação e a participação do leitor naquilo que lhe é ofertado nos sites noticiosos. Diz
Mielniczuk:
diante da forma de organização da informação (textos, sons e imagens
– estáticas e em movimento) num meio digital, o leitor/usuário
participa de uma situação de interatividade ao poder escolher, dentre a
malha hipertextual, aqueles links que ele deseja e que lhe darão a
continuidade da informação. A partir disso conclui-se que a
interatividade é um elemento construtivo do hipertexto e que a simples
ação de navegar pelo jornal online é por si só uma atividade interativa
e que dependendo do hipertexto, esta situação será mais ou menos
complexa. (MIELNICZUK, 2000, p. 135).
A potencialização da interação por meio de dispositivos digitais, como as redes
sociais, promove “uma lógica diferenciada de funcionamento do produto jornalístico”,
defende Mielniczuk (2000, p. 134). Por esta razão, a autora atribui à interatividade o
papel bastante significativo, primeiro porque é “inerente ao hipertexto”, e segundo
porque “pode determinar uma relação com características até então desconhecidas entre
leitor (usuário) e texto”.
Para Raquel Recuero (2009, p. 30), “as diversas formas de expressão vão
constituir os nós (ou nodos) dessas redes sociais”, sendo que os laços sociais serão
resultantes das interações que ocorrerem entre esses usuários.
46
Pode-se compreender, diante da citação da autora, que a interatividade está
intrinsicamente relacionada ao comportamento do usuário e que dependerá do interesse
dele e de suas motivações em uma determinada comunidade para continuar interagindo.
Assim, o que se pode diferenciar da interatividade que ocorre no “jornalismo
tradicional” para o jornalismo na web é o nível de interação. Nesse caso, os receptores
podem contribuir e colaborar mais com a informação, gerando conteúdos de diversas
naturezas, como vídeos, fotos, áudios, sugestões de pauta. Porém, a apuração e
confrontação das informações fazem parte das práticas jornalísticas, essa pode ser umas
das diferenças essenciais entre conteúdo gerado pelo jornalista e pelo cidadão comum.
De outro lado, Sbarai (2010, p. 8), ressalta que
no âmbito da produção jornalística colaborativa, a aproximação entre
as pessoas e sua motivação para interagir com os outros se daria
menos pelo anseio de compartilhar narrativas e experiências de
desrespeito, como defendem os autores Honneth e Fraser, e mais pela
vontade do sujeito de sentir-se parte de algo, de ter seu valor e sua
contribuição reconhecida no processo de construção de um
conhecimento coletivo.
Concordamos que a interatividade nas redes sociais digitais ocorre muito mais
pela necessidade do indivíduo ter visibilidade social, “sentir-se parte de algo”.
2.4 Meios de colaboração no webjornalismo: o caso Whatsapp
Hoje a interatividade não é mais vista como um acontecimento técnico, ela se
constitui, em um “aspecto formador e formante da estrutura” por meio do qual os
produtos noticiosos são disponibilizados na web, conforme Mielniczuk (2000).
A interatividade para a autora é mais do que uma simples característica, podendo
ser lida como um dispositivo: algo que marca, condiciona e determina processos que
interferem na produção, no produto e na recepção dos sites jornalísticos desenvolvidos
para a web e que talvez possa colaborar, promover e beneficiar o webjornalismo, devido
à velocidade da informação e do novo ambiente que se encontram os usuários
(denominados também atores sociais) e colaboradores da notícia. O que mais evidencia
a forma de participação do cidadão comum na web, no webjornalismo colaborativo, são
as novas plataformas e aplicativos digitais atualizados momentaneamente e
instantaneamente para atender as demandas da sociedade.
47
A necessidade de interação que este cidadão comum passa a ter, a partir do
momento em que se dá a velocidade das transformações sociais, torna-o parte deste
processo em evolução, ao mesmo tempo recebendo, agindo e compartilhando as
mudanças que extrapolam o cenário virtual.
A interatividade no webjornalismo colaborativo é promovida de diversas formas
e por vários meios de comunicação. São novas redes sociais na internet, aplicativos e
conteúdos multimídia que “complementam, subvertem ou ainda divergem daqueles
emitidos pelos veículos de comunicação de massa” (MALINI, 2008, p. 2),
especialmente novos aplicativos, que têm sido criados para facilitar o cotidiano do
cidadão, e também favorecem o surgimento de novas comunidades.
A criação de suportes e aplicativos facilitam os processos comunicacionais no
ciberespaço e a colaboração e participação na produção de conteúdo dos produtos
digitais. Além disso, complementam os conteúdos presentes em outros suportes, como
jornais, rádio e TV. Sbarai ressalta que a colaboração com os meios de comunicação de
massa é uma prática antiga e que
a primeira publicação impressa com um espaço destinado ao cidadão
provém do século XVII, precisamente em 1690, nos Estados Unidos,
o primeiro jornal publicado no continente americano. A ideia era que
o leitor produzisse seu próprio fato, acontecimento, antes de repassar o
suporte comunicacional a outras pessoas. Da mesma forma isso
aconteceu no rádio, na década de 1930 “com a rádio Kosmos, de São
Paulo, que detalhava informações de cidadãos como prestação de
serviço e na televisão (...) pelos cinegrafistas amadores,
principalmente em programas ao estilo do extinto ‘Aqui Agora’, do
SBT. (SBARAI, 2009, pp. 3-4).
Recentemente, a colaboração e a participação foram intensas durante as
manifestações de junho de 20136, a partir dos movimentos que nasceram e foram
propagados nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook e por meio do aplicativo
Whatsapp. Atualmente os veículos de comunicação têm criado seus próprios
aplicativos para a colaboração dos usuários em conteúdos noticiosos.
De acordo com o site Techtudo7, o Whatsapp é um dos aplicativos mais
populares da atualidade, com possibilidade de troca de mensagens, envio de fotos,
áudios e vídeos, chamadas telefônicas. Com o aplicativo, é possível compartilhar
6Manifestações populares por todo o país que surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de
transporte público 7 http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/whatsapp-messnger.html
48
inclusive a localização, contatos e até enviar os históricos das conversas por e-mail.
Também permite a criação de grupos.
O aplicativo proporciona ao usuário uma economia de tarifas de SMS e de
ligações, sendo que a velocidade da troca de mensagens é rápida. Por isso, provocou
uma mudança no comportamento de usuários de smartphones e tablets, que hoje
preferem usar o aplicativo para se comunicar com grupos e veículos de comunicação,
em vez de usar a ligação pela operadora de celular.
Mesmo que o usuário esteja com o aparelho descarregado ou desconectado da
Internet, o WhatsApp salva as mensagens e envia notificações assim que estiver
conectado. As ligações e a troca de mensagens são feitas pela Internet, não havendo
assim cobrança de tarifas mesmo quando o contato está em outro país. Segundo o site,
existem muitos pontos favoráveis ao utilizar o aplicativo, umas das poucas restrições
ocorre nos casos de chamadas telefônicas, que possuem um breve delay (atraso de som
nas transmissões via satélite).
Pesquisas apontam que o aplicativo é hoje um dos preferidos dos brasileiros. Um
estudo realizado pela Ericsson8 e divulgado em fevereiro de 2015 mostra a dimensão do
WhatsApp no Brasil: o aplicativo é nada mais do que o quarto maior consumidor de
internet móvel no país, sendo o Facebook o primeiro colocado responsável por 28% dos
dados, em segundo o Chrome com 16% e o YouTube com 15% e, em quinto e último
lugar o Instagram com 6%. O comunicador instantâneo WhatsApp ainda é responsável
por 13% do tráfego móvel de dados. Ele faz parte de um seleto grupo responsável por
enviar e receber quase 80% de tudo que é consumido na internet móvel brasileira,
mostra a pesquisa.
Diante do crescimento da usabilidade deste aplicativo que caiu no gosto popular
brasileiro, ele também se tornou um canal de comunicação utilizado por vários veículos
de comunicação para estabelecer uma conexão com os seus públicos.
Um exemplo é o jornal Extra, que criou um canal direto com o cidadão comum,
estabelecendo um vínculo colaborativo por meio da seção no site do jornal denominada
“Eu Repórter”, criada em 19 de novembro de 2012 (Figura 1) e que ensinava no
primeiro momento, como o leitor poderia transformar o seu flagrante em notícia. A
intenção do veículo com a referida seção era abrir e estabelecer um canal mais próximo
com o usuário, formando assim um vínculo com o cidadão comum.
8 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/02/whatsapp-e-o-4-maior-aplicativo-da-internet-movel-do-
brasil.html
49
Figura 1 – Eu-repórter
Fonte: Extra9
Em junho de 2013, o jornal criou o “WhatsApp do Extra”:
Figura 2 – WhatsApp do Extra
Fonte: Extra 10
9 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/rio/eu-reporter-leitor-como-um-parceiro-diario-
233473.html
10 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/extra-cria-novo-canal-de-comunicacao-com-leitor-no-
whatsapp-adicione-participe-8799400.html
50
Em 2015, o portal publicou matéria com dados significativos após dois anos da
implantação do aplicativo. Diz o texto:
o Extra é hoje uma rede com 72 mil contatos no brasil e no mundo
inteiro; com a ajuda do leitor foi possível publicar cerca de 3.500
reportagens nas versões impressa e online; nesses mais de 730 dias,
foram recebidas mais de 112 mil fotos, 13 mil vídeos e 14 mil áudios
e foram mais de 4 milhões de mensagens nesse período. (EXTRA,
2015)
Figura 3 – Matéria sobre WhatsApp do EXTRA
Fonte: Extra11
Segundo o Jornal Extra, ser o pioneiro no uso da plataforma é motivo de
orgulho. Com a ajuda de leitores, o veículo de comunicação denunciou situações
desumanas dentro hospitais públicos e a violência no entorno de escolas, sob o fogo
cruzado entre policiais e traficantes.
Por meio da ferramenta, as pessoas alertam para problemas no transporte público
e outros problemas cotidianos das grandes cidades. Extraímos alguns excertos de textos
e imagens publicadas no Portal do Jornal Extra, que utilizaram o “WhatsApp do Extra”
como meio de comunicação entre jornal e cidadão.
11 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-
mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html
51
Figura 4 – Copa do Mundo
Fonte: Extra12
“Durante a Copa do Mundo, por exemplo, o Jornal EXTRA recebeu mensagens
de brasileiros no Líbano, país da Ásia, e em Londres, na Inglaterra, mostrando que a
mobilização em nível mundial”.
Figura 5 – Eleições em Londres
Fonte: Extra13
12 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-
mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html
13 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-
mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html
52
“Pouco depois, em outubro, durante as eleições, o leitor Fabiano Paiva, residente
de Londres, enviou com exclusividade para o EXTRA fotos dos Brasileiros na fila para
votar no consulado brasileiro na capital inglesa.”
Figura 6 – Acidente com celebridades
Fonte: Extra14
“Foi através do WhatsApp que o EXTRA recebeu as fotos da apresentadora
Angélica chegando na (sic) Santa Casa Campo Grande após o avião onde estavam a
loira, Luciano Huck e os três filhos deles, além das babás, fazer um pouso de
emergência na área de uma fazenda em Mato Grosso”.
Os exemplos do Portal do Jornal Extra e a utilização do aplicativo WhatsApp
apresentados se restringem à participação do usuário em conteúdos noticiosos, com
imagens de flagrantes do cotidiano. São ilustrativos para a discussão sobre as práticas
colaborativas no conteúdo jornalístico do Portal R7, tema do capítulo 4.
14 Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-dois-anos-whatsapp-do-extra-deu-volta-ao-
mundo-chegou-72-mil-contatos-16576983.html
53
CAPÍTULO 3 - A EVOLUÇÃO DOS PORTAIS
NOTICIOSOS
A cada dia chegam às lojas novos aparelhos que facilitam a vida da população:
smartphones, computadores e tablets, acompanhados de novos aplicativos e softwares,
ou seja, não é possível tentar um jogo de adivinhação dentro do mundo tecnológico, já
que ele está sempre pronto para surpreender.
Com intuito de informar, entreter, aproximar distâncias geograficamente
impossíveis, empresas de comunicação se atualizaram e criaram portais, trazendo e
consolidando uma nova cultura para o meio, seja no conteúdo, seja na interação com
usuários, conectados 24 horas por dia.
Os portais noticiosos são fontes informativas comuns no dia-a-dia, tendo
características únicas de concentrar o maior número de informações e funções para
atrair e manter seu público. Eles se desenvolveram e hoje ocupam parte considerável do
tráfego da internet.
Neste capítulo, abordamos brevemente o surgimento e a evolução dos portais e
os desafios que enfrentam a cada dia para manter sua audiência atualizada, além da
busca por estratégias para conquistar novos usuários, manter a audiência e a qualidade
do conteúdo. Os portais são como um centro disseminador e coletor de conteúdos os
quais alimentam e são extensões de diversos meios que fazem parte das empresas de
comunicação, como no caso do Portal R7.
3.1 A evolução dos portais noticiosos
As transformações ocorridas no jornalismo desde seu surgimento, aceleraram-se
na era digital. Segundo Castells (2003, p. 25), desde o final do século XX, a internet
revolucionou o “ambiente de comunicação”, modificando os diversos âmbitos da vida
em sociedade. Ela também transformou os negócios e, por isso, é vista como via
importante e de grande potencial por empreendedores de diversos segmentos.
No Brasil, as empresas jornalísticas também perceberam esse movimento e
resolveram investir neste novo meio para aumentar a audiência e lucros, mas se
depararam com muitas mudanças:
54
a pluralidade de meios, formas, ferramentas e processos
comunicacionais, que tem provocado não só a aceleração da
circulação de notícias, mas também transformações nos processos de
confecção das informações disponíveis nos meios de comunicação.
(CAPRINO, PERAZZO, 2009, p. 101)
Assim, o empresariado da comunicação buscou se modernizar e inovar, criando
inicialmente os sites de conteúdo que, de acordo com Ferrari (2003, p. 25), nem sempre
tinham uma “concepção de portal”, como aconteceu com as empresas americanas, que
evoluíram a partir “dos sites de buscas e que recorreram ao conteúdo como estratégia de
retenção do leitor”.
Durante os anos de 1997 a 2000, a atenção era para o volume de reportagens e
não ao seu aprofundamento, pois os investidores acreditavam que seria dessa maneira
que o usuário supriria suas necessidades e saciaria suas buscas, porém percebeu-se que
era preciso ir além, unindo conteúdo de qualidade e design acessível, para gerar mais
acessos (FERRARI, 2003, p.28).
O surgimento dos sites noticiosos brasileiros ocorreu na segunda metade da
década de 90 e, segundo Ferrari (2003, p. 25), “o primeiro site jornalístico brasileiro foi
o Jornal do Brasil, criado em maio de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O
Globo”.
A partir de então, sites noticiosos de diferentes grupos jornalísticos são criados,
ocorrendo também a migração dos jornais tradicionais para a internet. No início houve
apenas a transposição das edições impressas para a versão online (daí o surgimento do
termo “jornalismo online”), com o passar do tempo as empresas jornalísticas
perceberam que para seus negócios crescerem neste novo meio precisariam adotar
métodos e processos diferenciados, para se manterem vivas no mercado. Barbosa
analisa:
as empresas jornalísticas perceberam que para seus respectivos sites
terem visibilidade precisariam ser acessados e, para isso, era
necessário ofertar conteúdos exclusivos para além daquele disponível
nas edições impressas, implementando canais de notícias em tempo
real para despertar e criar o hábito da leitura da versão online. Para
fidelizar ainda mais esse usuário, numa etapa seguinte, os grandes
grupos e empresas entraram para o negócio do provimento de acesso
Internet – uma das esperanças de geração de receita, pois só a
publicidade não garantia o retorno esperado. Um novo momento de
diferenciação para o jornalismo vai acontecer com a ascensão dos
portais – páginas que centralizam informações gerais e especializadas,
serviços de e-mail, canais de chaterelacionamento, shoppings virtuais,
55
mecanismos de busca na Web, entre outros, e cuja intenção é ser a
porta principal de acesso a orientar a navegação do usuário pela
WWW. Foram os americanos que criaram e batizaram esses sites de
“portais”. O ano de adoção desse modelo no Brasil foi 1998.
(BARBOSA, 2001, p. 8).
Para compreender o termo “portal”, produto da internet e que acompanhou a
transição do jornal impresso para o jornal digital, buscou-se a definição de Pollyana
Ferrari (2003, p. 30), que esclarece que o:
para ser chamado de portal, um site precisa reunir certas
características. Os portais tentam atrair e manter a atenção do
internauta ao apresentar, na página inicial, chamadas para conteúdos
díspares, de várias áreas e de várias origens. A solução ajuda a formar
“comunidades” de leitores digitais, reunidas em torno de um
determinado tema e interessadas no detalhamento da categoria de
conteúdo em questão e seus respectivos hyperlinks, que surgem em
novas janelas de browser.
Observa-se que a autora não tem uma definição para site e diante desta
apresentada acima, pode-se perceber porque as empresas jornalísticas, com o decorrer
do tempo e da aplicação das novas tecnologias no ambiente online, aderiram a um
formato diferente, neste caso os portais, com o objetivo de trazer uma nova cultura de
aproximação e interação com os receptores.
Essa mudança foi gerando também uma nova maneira de publicar conteúdo
jornalístico, explorando as possibilidades da internet. Entretanto, nem todos os veículos
se adaptaram e aderiram ao novo formato, alguns optaram por manter apenas sua forma
(suporte) original.
No Brasil, após a adoção do modelo de “portal” em 1998, as empresas
começaram a se adaptar às demandas do mercado na internet e criaram alguns padrões
para conquistar a audiência em busca de conteúdos e serviços personalizados. Segundo
FERRARI (2003, pp. 28-35),
de 1997 até o final do ano de 2000, os grandes sites de conteúdos
brasileiros, assim como os norte-americanos miraram as pontarias na
oferta abundante de conteúdo, muito mais voltado ao volume de
notícias do que ao aprofundamento da matéria, se adaptando também,
às demandas do mercado na internet, criando alguns padrões como os
chamados portais verticais (criados no Brasil em 1999), que
conquistavam a audiência em busca de conteúdo e serviços
personalizados. Esses portais muitas vezes tratavam de assuntos
específicos, diferentemente dos portais horizontais, com abrangência
56
de temas. É o caso dos portais noticiosos, com informações de
diversos tipos, além de oferecer também entretenimento.
Mesmo podendo ser classificada como mídia de massa, os portais criaram um
elo com o internauta até então impossível de ser imaginado, já que àquela época, no
caso da televisão, o telespectador podia interagir bem menos.
O dinamismo que a internet promove em relação à interatividade internauta-
meio acontece de forma mais veloz do que nos meios tradicionais, porém a partir do
momento que canais televisivos criam portais acabam estendendo a interatividade à
televisão.
Os portais têm como intuito manter os usuários por mais tempo em suas páginas,
assim sempre necessitam planejar diferentes formas para alcançar esse objetivo. Uma
das estratégias adotadas por alguns portais, segundo Ferrari (2003, p. 31), “foi a criação
dos e-mails gratuitos que também surgiram em meados de 1990”.
O primeiro correio eletrônico foi o Hotmail, criado pelo indiano chamado Sabeer
Bhatia e comprado pela Microsoft, em 1997. Essa ferramenta foi utilizada pelos portais,
como uma maneira de atrair o público e manter sua navegação por um período maior,
além de aumentar o número de acessos, já que o uso do correio eletrônico se dá em
diferentes momentos do dia.
Com diversas características e formas de abordagem, os portais foram ganhando
espaço no mercado brasileiro.
De acordo com os dados do Ibope/Nielsen15, relativos ao mês de fevereiro de
2013, os principais portais de notícias de maior audiência no Brasil estão assim
elencados: 1º.) UOL, com 35.801 milhões; 2º.) Globo.com, 30.529 milhões; 3º.) R7, que
possui 27.432 milhões; 4º.) Terra, com 26.981 milhões; e 5º.) iG – 19.603 milhões.
Segundo dados do Ibope 2013 publicados na revista Meio & Mensagem (online),
o Terra vinha se mantendo na terceira posição entre os portais de notícias mais
acessados havia um bom tempo.
Já o R7 começou sua maior escalada em meados de 2014, quando, pela primeira
vez, ultrapassou o iG, por uma pequena diferença de visitantes únicos.
15http://www.ibope.com.br
57
3.2 Alguns desafios dos portais
Desde o surgimento dos portais noticiosos, na metade da década de 1990, os
desafios são muitos. As transformações e adaptações de conteúdo e forma foram
surgindo na medida em que a nova mídia, com características multimídia, interativa e
hipertextual foi se consolidando. Era necessário criar ações e desenvolver métodos
eficazes para ter e ampliar a audiência, garantindo a sobrevivência. De acordo com
Antunes, fazer a mudança foi
(...) o maior legado desse movimento de Inovação Digital, transpor o
digital e distribuir novos pensamentos em velhos departamentos. É
olhar diferente. Buscar soluções não só em como comunicar com o
seu cliente, mas como se relacionar com ele e com tudo que está a sua
volta, ou seja, o mundo todo trazendo um jeito novo de questionar
para encontrar novas soluções (ANTUNES, 2011 p. 49).
Além de inovarem na forma de transmitir as notícias, os portais passaram a
usufruir de diversos recursos, como vídeos, mas, principalmente, com a interação
simultânea do usuário - comentários e fóruns tornaram-se característicos desses portais -
levando-os a se adaptarem a críticas e elogios diários.
É necessário ressaltar que em seus primeiros anos os portais tinham como
prioridade o volume de informações compartilhadas, o foco era menos qualitativo.
Entretanto, no decorrer do tempo, com a evolução e a participação ativa dos
usuários, a qualidade do conteúdo passa a ter maior importância, sendo que hoje dois
aspectos são fundamentais: quantidade de postagens (com novidades) e qualidade da
informação (FERRARI, 2003).
Apesar de todas as transformações, as boas manchetes continuam atraindo os
usuários, como nas velhas capas dos jornais impressos. Devem ser escritas com
vibração, objetividade e arte, para que possam orientar e atrair leitores (BRIGGS, 2007,
pp.64-69). A velha estratégia das manchetes é bem utilizada quando a empresa também
é detentora de outros veículos, em outras plataformas, pois servem para atrair o usuário
para outros conteúdos.
Segundo informações no próprio R7, os portais utilizam os recursos multimídia
da internet, oferecendo muitos conteúdos visuais, especialmente fotos e vídeos. Outra
característica importante são as “notícias relacionadas” ao conteúdo principal, que são
sugeridas por meio de links após ao término da notícia ou reportagem do dia.
58
A competividade com outros portais noticiosos leva cada empresa a criar um
diferencial, uma vantagem competitiva. Para isso, primeiramente, é preciso conhecer
seus públicos, suas necessidades. Isso influencia no conteúdo editorial e na forma como
é exposto no Portal.
Assim, o design e a acessibilidade são fatores importantes e devem oferecer
praticidade ao usuário.16
Porém, outro fator que faz a diferença e que atrai uma presença de usuários mais
que esperada nos portais se refere aos conteúdos jornalísticos. Segundo FERRARI
(2003, p. 30), “o conteúdo jornalístico tem sido o principal chamariz dos portais e pela
possibilidade de reunir milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, os portais
assumiram o comportamento de mídia de massa”.
Importante observar que a participação no conteúdo dos portais leva muitos
internautas não apenas a fóruns de discussões, mas também à criação de blogs pessoais
nos quais desenvolvem conteúdos sobre diversos assuntos, conquistando seguidores –
concorrência aos portais, os quais acabam conquistando mais audiência ao hospedar
esses blogueiros em suas homepages.
3.3 O portal estudado
O portal R7, do Grupo Record, foi criado com o intuito de aproximar a rede
Record de televisão (TV Record e Record News) de seus telespectadores, por meio de
uma plataforma diferente.
Lançado em 27 de setembro de 2009, o R7 ressalta a sua missão de reunir
informação, entretenimento, colunas escritas por estrelas da emissora, como Ana
Hickmann (modelo e apresentadora), Edu Guedes (chef de cozinha e apresentador), Ana
Paula Padrão (jornalista e apresentadora), dentre outros.
Com uma equipe formada por cerca de 300 funcionários, entre eles 150
jornalistas, o R7 conta também com informações sobre programas de seus canais
(Record e Record News). A grande maioria dos jornalistas produz conteúdos nas
diversas áreas do Portal e alguns destes coordenam e chefiam equipes.
16 Informações obtidas em “18 problemas de usabilidade que deixam seus leitores furiosos (e como
consertá-los). Viver de Blog. 13 mai. 2013. Disponível em: <http://viverdeblog.com/18-problemas-
usabilidade/>. Acesso em: 2 mai. 2015
59
A redação do Portal é dividida em oito (8) núcleos que englobam todas as
editorias e áreas do Portal. A redação trabalha em um regime 24 horas, com períodos de
trabalho de 7 horas diárias e folgas semanais.
As mesas de trabalhos são divididas em 15 ilhas com 10 computadores e alguns
televisores espalhados sobre as mesmas, assim como algumas TV’s também suspensas,
sendo que as mesmas transmitem conteúdos de entretenimento e de informação de
outras emissoras concorrentes.
Cada núcleo tem as suas especificidades, conforme as editorias, sendo
impossível generalizar o que cada grupo de trabalho faz. As pautas de cada editoria
noticiosa são definidas pelos repórteres-editores que as sugerem, em seguida os
coordenadores de cada núcleo, em conjunto com a chefia, fecham o fluxo de produção
do dia.
A relação do Portal com os programas televisivos da Record, em termos de
conteúdos informativos, é intensa, uma via de mão dupla que depende da interação com
os usuários.
As pautas, as histórias, a apuração de fatos, imagens e fotos são
obtidas/sugeridas pelos internautas, estimulados pelos jornalistas que atuam na
produção desses conteúdos informativos.
De acordo com os entrevistados, no conteúdo do Portal é priorizada a relevância
e possibilidade de engajamento e repercussão dos fatos, com uma linguagem simples e
direta.
Os conteúdos mais acessados são os relacionados ao Entretenimento, porém,
conteúdos informativos, como “Hora 7” e “Conteúdo Record”, estão entre os mais
buscados pelos usuários. Em se tratando de editorias, as mais vistas são: “Famosos e
TV”, “Mulher”, “Pop”, “Hora 7” e “Conteúdo Record” (Informação verbal).
Nem sempre o usuário do Portal é telespectador da Rede Record. Isso depende
da experiência de cada usuário, mas, segundo um dos entrevistados para esta
dissertação, “não se pode negar que o conteúdo Record é um dos diferenciais do
mercado”.
Antes de seu terceiro aniversário, o Portal inovou com a exibição do reality
show “A Fazenda”, anteriormente exibida apenas pelo seu canal televisivo e disponível
no Portal 24 horas por dia, sem custo para o usuário.
A ação atraiu grande número de novos usuários e aumentou os acessos,
contribuindo para que o R7 superasse o iG.
60
Um aumento de 25% das contas, totalizando 800 mil novos cadastros, e o
crescimento para 4,2 milhões de e-mails, serviço lançado em 2010, um ano após o início
do Portal na rede.17
Em 2011 o R7 fez a transmissão simultânea (TV+Portal) do casamento real na
Inglaterra, estimulando a interação com o usuário por meio das redes sociais, ao postar
no mural do Facebook mensagens aos noivos (príncipe William e Kate Middleton) e
comentários de especialistas e jornalistas sobre a cerimônia e seus desdobramentos.
Em 2012, foi a vez das Olimpíadas de Londres, transmitidas ininterruptamente.
Além das transmissões online de seus programas, o Portal também inovou ao transmitir
o Jornal da Record News ao vivo em seu canal televisivo e online, para todos os
usuários, novidade não apenas no Brasil, mas também na América Latina.
Outra ação realizada focando novos usuários foram as premiações a adolescentes
telespectadores da novela “Rebeldes”, veiculada na emissora de TV Record, que
cadastraram seus e-mails de fãs do “Rebelde Mania”, para concorrer a prêmios da
novela.
Como a vocação dos portais noticiosos é unir informação e entretenimento,
conforme dito anteriormente, o portal R7 oferece, além de notícias, os blogs, e-mail
gratuito, vídeos, programas que já foram exibidos, rádio e inúmeros serviços, como
página de oferta de empregos, imóveis, cursos online, e até mesmo chat de namoro, ou
seja, busca suprir as necessidades de seus usuários em apenas uma plataforma.
Outra estratégia são as redes sociais. Por meio delas, há mais participação do
usuário, além de a notícia ser disseminada com maior rapidez e facilidade. A página do
portal R7 no Facebook conta com dez milhões de seguidores; em sua conta no Twitter
possui mais de três mil seguidores, somando 240 mil tweets; em seu Instagram há mais
de 82 mil seguidores; e no canal de vídeo do YouTube o R7 conta com cerca de 21 mil e
500 inscritos. Esses dados foram abstraídos das próprias redes sociais mencionadas
neste parágrafo.
No Facebook recebe, em média, quatro postagens por hora, independentemente
do segmento (entretenimento ou notícias); já o Twitter do R7 também possui a média de
quatro postagens por hora. Os dois canais diferenciam os links de postagem (cada post
conta com o link que direciona o usuário para o portal), tendo assim pouco conteúdo
repetido, já que o público dos dois canais tende a ser os mesmos.
17 Esta informação está disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/a-fazenda-faz-e-mail-do-
r7-crescer-20082011-4.shl
61
As redes sociais são grandes aliadas dos portais, pois nelas é possível atingir
grande número de internautas em tempo reduzido. O R7, assim como os outros,
disponibiliza o seu link na maioria de suas postagens, não apenas para facilitar o acesso,
mas também para o compartilhamento dos usuários nas suas redes pessoais, atingindo
potenciais usuários.
O Instagram e o canal no YouTube contam com menos postagens e menor
número de seguidores. O portal publica cerca de três fotos por dia em seu Instagram, e
um ou dois vídeos por semana em seu canal, de acordo com a equipe de conteúdo.
A mobilidade cada vez maior dos usuários, devido ao uso de aparelhos portáteis
(smartphones, tablets), leva o Portal a utilizar as redes sociais de maneira ainda mais
estratégica, tornando o internauta um aliado. Assim, estimula a sua participação de
diversas formas, não apenas para atender as necessidades da audiência e ampliá-la -
especialmente os mais jovens, que está todo tempo conectado pelos smartphones –como
também para captar cada vez mais notícias quentes e superar a concorrência.
O R7 está desenvolvendo um aplicativo para o envio de vídeos, que estará
disponível no futuro para celulares com sistemas operacionais IOS ou Android.
Enquanto isso não acontece, os usuários podem enviar materiais pelas páginas
disponíveis no Portal. No Capítulo 4 discutiremos mais profundamente webjornalismo
colaborativo na prática.
Por fim, para atrair o público brasileiro, disponibiliza páginas de diversas
cidades no Brasil, nas quais os usuários colaboram com textos e vídeos, assumindo o
papel de repórteres locais. Há um espaço específico para essas contribuições: “Faça sua
notícia”. Em 2009 foi a vez de São Paulo; no ano seguinte, Rio de Janeiro; depois
Brasília e Belo Horizonte, ambos em 2012; Salvador, em 2013; e, para finalizar, o
Triângulo Mineiro (Uberaba, Uberlândia e Araguari) recebeu sua página em 2013.
Em maio de 2014, o R7 atingiu a marca de 50 milhões de visitantes, sendo que
dois de cada três internautas brasileiros passaram pelo Portal.18
3.3.1 O conteúdo do R7
Como já foi mencionado anteriormente, o R7 possui inúmeras atrações que
unem a web ao meio televisivo. Tem como objetivo oferecer a maior variedade de
18 Informações retiradas em http://rederecord.r7.com/video/portal-r7-ultrapassa-marca-historica-de-50-
milhoes-de-visitantes-unicos-53a2d7980cf2d6291ef0585d/
62
informações na sua página inicial, seja com manchetes acompanhadas de imagens, seja
apenas a chamada que atraia o leitor.
Ao percorrer a página inicial há informações sobre famosos, notícias, economia,
política, últimos acontecimentos sobre a novela do momento e o que ocorreu no jogo de
futebol no dia anterior. Há grande quantidade de imagens, acompanhadas de tópicos
sobre o que será exposto, ou simplesmente manchetes chamando o internauta.
O R7 TV foi criado para trazer o telespectador para o meio virtual, nele são
disponibilizados quatro canais com programações veiculadas na televisão. Um deles é
dedicado à transmissão do próprio canal da Record, o segundo é referente à Record
News e o terceiro para vídeos do portal, junto dos enviados pelos usuários.
É possível observar mais intensamente essa estratégia ao verificar os conteúdos
disponibilizados nas editorias. Ao acessá-las encontra-se notícias e blogs de famosos,
especialistas e jornalistas, além de enquetes (presentes em muitas das editorias) e
serviços.
Pode-se acessar também páginas com as quais o R7 possui parceria, como por
exemplo o Brasil Escola (disponibilizado dentro da editoria Educação) e o Canal Tech
(disponibilizado dentro de Tecnologia e Ciência). Ao ser direcionado por meio de link a
outro conteúdo fora do Portal, o usuário se depara com um banner do R7, pronto para
trazê-lo de volta.
A seguir descrevemos os conteúdos das principais editorias, disponibilizadas do
lado esquerdo da página inicial do R7:
Educação: Notícias, Vestibular, Alunos online, Brasil Escola, Banco de
concursos, Cola da web, Como fazer, Corretor ortográfico, Cursos online,
Dicionário informal, Ebah, Escola kids, História do mundo, Nossa língua
portuguesa, Online tradutor, Portal competência, Português, Web dicionário,
Agenda, Enquetes, Fotos, Glossário, Mural e Vídeos;
Economia: Contábeis, Notícias, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;
Brasil: Notícias, Blog Adriana Araújo, Blog Cristina Lemos, Blog Jus
Navigandi, blog Heródoto Barbeiro, Blog Marcos Pereira, Blog Nirlando Beirão,
Blog Ricardo Kotscho, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;
Internacional: Notícias, Fotos, Glossário, Enquetes, Mural e Vídeos;
63
Tecnologia e Ciência: Notícias, AndroidZ, Baboo, Baboo Fórum, Baixaclub,
Canal Tech, Código-fonte, Hardware Fórum, iMasters, Jornal Ciência, Rosana
Hermann, Rock’N Tech, Tecnoblog, Ultradownloads, Fotos, Glossário,
Enquetes, Mural e Vídeos.
No que se refere às enquetes, tentamos acessá-las nas editorias Brasil e
Internacional, porém, estavam desatualizadas, datadas de 2009 a 2012, respectivamente,
ainda abertas para votação.
Na análise de Primo e Träsel, embora haja condição de quantificar os que
participaram das votações nas enquetes, não há referência desses resultados em outros
conteúdos dos Portais. “É a utilização do recurso apenas em virtude de sua
funcionalidade e facilidade de publicação” (PRIMO, TRÄSEL, 2006, p. 11). Ao
término das editorias é possível acessar os serviços – como e-mail, página da Rede
Record, Record News e emissoras de rádio parceiras.
Quanto ao design, as premiações recebidas pelo R7 indicam que está no caminho
certo, entendendo as necessidades do usuário. O design deve facilitar não apenas a
navegabilidade e a legibilidade para o internauta, como também a inserção e manejo dos
conteúdos, no caso, feito pelos jornalistas.
Precisa também atrair o usuário pela notícia e pela interface utilizada, uma
complementando e facilitando a outra. Nesse sentido, Tellería observa os erros que não
podem ser cometidos:
hoje em dia, sem dúvida, as frontpages (páginas iniciais) dos
cibermeios são muito extensas, convertidas – como explicou Bella
Palomo – em uma lista de bases de dados. Da mesma forma,
apresentam forte homogeneidade em suas propostas: fundo branco,
texto em preto e links em azul, geralmente usando uma paleta de cores
muito similar. Insertam-se tabelas com as notícias mais visitadas e
comentadas, mantém-se uma grade inalterável por exigência dos
anunciantes, banners nos cabeçalhos – publicidade personalizada
segundo a zona geográfica (...) (TELLERÍA, 2012 p. 277)
Em razão de seu design e conteúdo, o R7 recebeu vários prêmios: em 2013,
recebeu o Prêmio Anatec19, nas categorias: Melhor projeto gráfico (pela homepage);
Infográfico, “James Bond 50 anos”; na categoria capas, home pages e vinhetas de
19 A ANATEC é a Associação Nacional de Editores de Publicações, o objetivo é reunir editores de
publicações em todo o país: www.anatec.org.br.
64
abertura, o hotsite da série fora de controle foi premiado com o troféu de prata. Foi
premiado ainda com o “Top Empreendedor 2009” (em 2009); e 6º Prêmio Allianz
Seguros de Jornalismo, em 2012 (com a reportagem: “Indenizações pagas com seguros
de acidentes de trânsito triplicam em cinco anos no Brasil”, publicada em setembro de
2011).
CAPÍTULO 4 – WEBJORNALISMO COLABORATIVO NA
PRÁTICA
Neste capítulo, vamos apresentar o webjornalismo colaborativo na prática, tendo
em vista a pesquisa realizada na redação do Portal R7, por meio de observação direta e
entrevistas com jornalistas que ocupam cargos de chefia e outros que atuam na
produção de conteúdo.
4.1 Procedimentos Metodológicos
Conforme mencionado na introdução deste trabalho, trata-se de uma pesquisa
exploratória descritiva, que usa como instrumentos a observação direta e entrevistas
semiabertas (ou semiestruturadas).
A pergunta problema que norteia este estudo é: como ocorre a participação e a
presença dos usuários comuns na produção dos conteúdos informativos no portal
noticioso brasileiro R7?
O objetivo foi verificar a participação do usuário na produção do conteúdo
informativo do Portal R7, um dos três principais portais com maior audiência no Brasil,
de acordo com a revista Meio & Mensagem.
Em fevereiro de 2013, dados apontados pelo Ibope/Nielsen apontaram que o
Portal R7 passou a ocupar a terceira posição no ranking brasileiro, ultrapassando o
Terra e ficando atrás do UOL e Globo.com, que continuam liderando a lista dos portais
mais acessados.
Conforme mencionado, o Portal R7 foi lançado em 2009, com o objetivo de
aproximar a Rede Record de Televisão (TV Record e Record News) de seus
telespectadores por meio de uma plataforma diferente. A escolha do Portal se deu em
razão de sua posição no ranking; por estar ligado a uma empresa de comunicação que
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atua em diversas plataformas, inclusive televisiva; e por concorrer diretamente com o
portal mais acessado, o Globo.com.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, na qual foi
utilizado o método qualitativo. De acordo com Gil (2008), na pesquisa exploratória
busca-se mais proximidade, familiaridade em relação ao problema estudo, envolvendo
pesquisa bibliográfica e/ou entrevistas, como técnicas mais recorrentes. Normalmente é
aplicada em estudos de caso. Já estudo de caso, segundo Yin (2005) é uma pesquisa que
busca investigar um fenômeno, não necessariamente único, em seu contexto.
Quanto às técnicas utilizadas para a pesquisa, utilizou-se a entrevista
semiestruturada ou semiaberta, onde o investigador tem uma lista de questões ou
tópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista
tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e
poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005).
Segundo Tomar (2007), as principais vantagens das entrevistas semiestruturadas
são as seguintes: possibilidade de acesso à informação além do que se listou; esclarecer
aspectos da entrevista; geração de pontos de vista, orientações e hipóteses para o
aprofundamento da investigação e define novas estratégias e outros instrumentos
Já a observação direta realizada é denominada assistemática ou não estruturada,
pois é “espontânea, informal, simples, ocasional e acidental”, sem planejamento
anterior, de acordo com Lakatos e Markoni (2003, p. 87).
No caso das entrevistas, foram elaboradas nove (9) questões-tema, porém,
conforme reforça Mattos (2005), há uma flexibilização do roteiro para captar outras
informações consideradas importantes pelo pesquisador e pelo entrevistado. As
entrevistas foram gravadas por meio de equipamento digital e posteriormente transcritas
(vide anexo C).
Foram realizadas seis entrevistas com jornalistas, desde os que ocupam cargos
de chefia aos que participam diretamente da produção de conteúdo jornalístico, com
idades variadas. Após a transcrição das 6 entrevistas, as respostas foram categorizadas
de acordo com o roteiro inicial, além de outras categorias criadas conforme os achados
observados nas respostas.
As categorias foram divididas em subcategorias, que sintetizam as principais
observações dos entrevistados. Algumas citações diretas foram extraídas das
transcrições para exemplificar os padrões observados.
66
As categorias e subcategorias são:
1) Mudanças no Jornalismo na era da Internet - observações mais importantes
sobre a prática do jornalismo na web. Subcategorias: Importância da internet;
Impacto da internet; Dinamismo e rapidez; Participação/proximidade;
Quantidade de informação; Informações com diferentes características;
Multiplataforma; Apuração diferenciada; e Demandas de usuários;
2) Jornalismo Colaborativo e a sua influência na prática jornalística – observações
relevantes diante da colaboração dos usuários com as mudanças que a Internet
provocou no webjornalismo, tipos de práticas colaborativas dos usuários e sua
influência no conteúdo. Subcategorias: Percepção do jornalismo colaborativo;
Práticas do jornalismo tradicional; Influência da colaboração na prática
jornalística; Relacionamento com o internauta; Aproveitamento do conteúdo;
Opções que ajudam na colaboração; Diferencial na produção de conteúdo e
facilitadores na distribuição do conteúdo;
3) Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos – abrange a seleção feita pelos
jornalistas. Subcategorias: Quem seleciona; Como seleciona; Principais critérios
de seleção; Interferência desta seleção e Monitoramento dos conteúdos;
4) Avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico – engloba
como os jornalistas avaliam a colaboração dos usuários e a sua influência no
conteúdo jornalístico. Subcategorias: Importância e qualidade da colaboração;
Pontos positivos da colaboração; Pontos negativos da colaboração; Como ocorre
a colaboração – ela é voluntária ou involuntária e Como é feito o
acompanhamento do conteúdo colaborativo;
5) Estratégias para atingir o público alvo – estratégias e táticas para garantir e
manter a relação com a audiência do Portal. Subcategorias: Quem determina o
público; Táticas para atingir o público; Objetivos do Portal; Diferenciais do
Portal;
Quanto aos entrevistados, conforme mencionado acima, foram seis (6) com as
seguintes idades: 50, 28, 24 e 23 anos. Todos são jornalistas formados, com
67
experiências variadas (até em razão da idade). Os cargos que os entrevistados ocupam
são: Coordenador de Conteúdo do Portal R7, Editor-Chefe do Portal R7; Redatora do
Programa Hoje em Dia; Jornalista da Editoria de Cidades; Redatora do R7 Você;
Redator dos Programas Balanço Geral e Domingo Espetacular.
Todos foram entrevistados em um mesmo dia (02 de junho de 2015), durante o
expediente na redação do Portal R7. Alguns deles foram novamente consultados após a
entrevista, por e-mail, para complementação das informações.
No ambiente da redação também foram vistos quadros decorativos que
mencionavam por meio de frases diversificadas, a posição do Portal R7, como: “A
maior diferença já registrada sobre a concorrência - O Ibope/Nielsen registrou mais de
um milhão de usuários únicos mensais sobre a concorrência (abril/2014)”; “O R7 é o
segundo maior portal de conteúdo mainstream20 do país. É também o mais social: com 8
milhões de seguidores únicos no Twitter e 5 milhões de fãs únicos no Facebook. Além
disso, é considerado o portal mais contemporâneo, com maior número de vídeos
publicados diariamente, o pioneiro em conteúdo freemium21 e o portal mais transmídia.
Por isso, não é à toa que o R7 chega cada vez mais longe”.22
No cabeçalho da página de capa do Facebook também são divulgados o total de
fãs atingidos em 2015, ou seja: 10 milhões de seguidores (capa atualizada em 30 de
maio de 2015).
Um dos seus concorrentes do Portal R7, o Globo.com, tem 5,1 milhões de
seguidores em sua página no Facebook.23 Infelizmente, do Portal UOL, não foi possível
mensurar, uma vez que ele não tem uma única página no Facebook, e sim várias, ou
seja, cada editoria do portal tem uma página no Facebook.
4.2 Colaboração no webjornalismo
Neste tópico serão apresentadas as análises feitas a partir das entrevistas
realizadas, levando em consideração as observações feitas pela pesquisadora à luz dos
conceitos teóricos expostos nos capítulos anteriores. Importante salientar que o
20 Conteúdo mainstream significa fluxo principal. 21 O termo Freemium foi “criado” em 2006 por Fred Wilson e consiste em dar algo de graça, para
experimentação e criação de certo buzz sobre o assunto, para depois vender uma versão mais completa e
paga (premium), para uma parcela dos que receberam e gostaram do que viram. REFERENCIA:
http://www.marketingdigital.com.br/estrategias-marketing-digital/artigo/de-graca-ta-brincando-freemium-
modismos-e-descobertas-requentadas.html 22 Fonte: comScore, maio/2013 23 Dados obtidos na própria fanpage do portal.
68
agrupamento das frases, segundo as categorias, são excertos extraídos das entrevistas,
cujas íntegras (Anexo C) e tabelas com as categorizações (Anexo D, E, F, G e H) estão
ao final desta dissertação.
4.2.1 Mudanças no jornalismo na era da internet
Como pudemos observar no Anexo D– Mudanças no Jornalismo na era da
Internet, todos os entrevistados consideram o dinamismo e a rapidez como principal
característica do webjornalismo.
Os profissionais percebem que a velocidade afeta tanto a produção de conteúdo
do Portal quanto o comportamento do usuário. Um dos entrevistados mencionou:
“Mudou a velocidade das coisas, chega mais rápido, tanto para a gente, quanto para
leitor”. É importante assinalar que Marcondes Filho (2001), referenciado anteriormente,
analisa que na mais recente etapa do jornalismo, a que vivemos agora, tal mudança
ocorreria devido a era tecnológica, e adaptar-se a esta nova fase do Jornalismo seria um
desafio, principalmente para o profissional, que agora precisa lidar com a rapidez da
informação que é produzida e difundida na Internet. Esta velocidade que atinge a
sociedade pós-moderna colabora para a desvalorização da informação, afetando também
as formas de trabalho do profissional.
O “quarto jornalismo”, assim denominado por Marcondes Filho (2000, p. 30),
“sofre o impacto das tecnologias digitais que facilita o acesso e a geração de informação
pelo cidadão comum”, transformando as notícias em produto desse dinamismo e
imediatismo na Internet. Nas entrevistas, observa-se que os jornalistas mais experientes
aliam esse imediatismo a uma certa limitação da reportagem, da apuração dos fatos:
“No Jornalismo de internet é muito do imediatismo. Os jornalistas estão deixando muito
de ir para a rua por conta desta velocidade. Ou seja, ganha-se em velocidade, mas perde-
se na apuração”, diz um dos entrevistados.
Os jornalistas mais jovens não mencionaram pontos negativos em relação às
mudanças que aconteceram no webjornalismo, ao contrário, exaltam as facilidades.
Em nossa visita à redação do Portal R7, foi possível observar o quanto esses
jovens jornalistas estão integrados ao webjornalismo. Utilizam a Internet na construção
da notícia, ampliando a relação com o receptor da informação, pois hoje as pessoas
consomem a notícia de outra forma, o receptor se relaciona diferente com o conteúdo.
69
“O jornal está no ar e a pessoa está comentando o que está vendo e aumentando a
notícia” (Informação verbal).
Observa-se, conforme mencionado anteriormente, que a visibilidade tida nas
redes sociais está relacionada à importância que se dá ao cidadão e aos fatos divulgados,
ou seja, nem tudo o que é de grande relevância para uma determinada camada social é
para a outra e vice-versa.
Segundo Certeau (1998, p. 97), podemos dizer que o cidadão comum, que tem a
internet como sua vitrine, o seu espelho, torna-se hoje um “produtor desconhecido,
poeta de seu negócio, inventor de trilhas nas selvas da racionalidade funcionalista...”.
Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida
cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos
comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este
novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que
este outro esteja do outro lado do planeta.
A internet facilitou a aproximação com o público. O leitor assume um novo
papel, o da colaboração ou participação. Ele não somente recebe, como também pode
pautar um veículo. Esta troca facilita a relação, tornando-o mais próximo do
profissional, mudando a relação do emissor com o seu receptor.
Para Joaquim Paulo Serra, em seu artigo “A internet e o mito da visibilidade
universal” (2002, p. 4), “Compreende-se que nas redes sociais existe um conjunto de
nós e ligações que permitem que cada um se torne visível perante outros, sejam estes
cidadãos comuns, cidadãos estrelas ou cidadãos cometas”.
Para esses jovens profissionais o principal diferencial do webjornalismo é a
transformação da notícia que hoje é tida e vista de várias maneiras, é “multi-plataforma,
multi-informativa”, há uma interligação com a TV, no caso do R7, por isso
multiplataforma, e as informações são complementares, tendo o vídeo, o áudio, o texto e
hipertexto.
Percebe-se ainda que a internet pôde facilitar e contribuir com a colaboração na
produção de conteúdo dos usuários, todos os entrevistados concordam que a Internet
promoveu uma mudança radical na forma de se fazer jornalismo.
A rede é considerada uma ferramenta de pesquisa que colabora com a produção
de conteúdo, sendo uma grande aliada deste novo jornalismo que assim como a internet,
quer alcançar e se relacionar com diversas comunidades.
70
Os jornalistas mais experientes apontam que a internet impacta positivamente na
relação custo versus benefício das empresas, pois estas não dispendem mais de uma
equipe de profissional para estar nas ruas, evitando assim os gastos com tempo e com
transporte. Porém, os gastos com tecnologias e equipes que monitoram e disseminam
conteúdos são altos.
Para as empresas, o tempo é um fator significante neste novo cenário: a rapidez,
a agilidade e o imediatismo da Internet facilitam a distribuição do conteúdo e como as
pessoas recebem e compartilham a informação.
Sintetizando as observações feitas a partir da Tabela A, os jornalistas
entrevistados sentem uma grande mudança nas práticas jornalísticas com o advento da
internet, e essas mudanças são percebidas de formas diferentes: para os mais
experientes, houve ganho na agilidade e perda na qualidade; para os mais jovens, que
praticamente nasceram na era do webjornalismo, as mudanças não foram percebidas,
uma vez que não vivenciaram a etapa anterior ao webjornalismo. O dinamismo, a
rapidez, a relação com o receptor faze parte da produção do conteúdo jornalístico.
4.2.2 Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística
Quanto ao Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística,
informações categorizadas no Anexo E, observa-se que os profissionais mais
experientes fazem alguma restrição às práticas colaborativas.
A falta de tempo para verificar a veracidade das informações é o principal
motivo, mas ponderam ser “um fato novo e interessantíssimo”. Ressaltam que a
colaboração do usuário precisa ser bem utilizada pelos jornalistas, e é necessário saber
lidar com a quantidade de informação recebida, pois toda colaboração deverá ser
checada.
Os jornalistas entendem que os internautas, na ânsia de querer passar a
informação, não possuem uma visão sobre o caráter de interesse público que uma
notícia deve ter, desconhecem os atributos de relevância jornalística, divulgando
assuntos a partir de uma visão particular.
Este cuidado é necessário e importante, uma vez que o jornalista não tem como
saber se aquilo que as pessoas estão falando é verdadeiro ou não. Porém, segundo os
entrevistados, no processo colaborativo dos usuários surgem várias oportunidades de
pautas que até então os jornalistas não tinham pensado.
71
Outra dificuldade no webjornalismo colaborativo, ainda segundo a maioria dos
entrevistados, é atender à demanda de colaborações, pois o fluxo de trabalho aumentou
e o processo jornalístico de apuração, de pesquisa do fato, não se alterou por conta
disso, mesmo porque o jornalismo tem o compromisso com a verdade e com a
responsabilidade civil. Diz um dos entrevistados:
ajudar as pessoas e verificar de que forma o jornalista pode prestar um
serviço é a base do jornalismo; e passar a notícia, passar a informação
de uma maneira clara e direta é o objetivo do profissional, pois o
jornalismo tem o compromisso com a verdade (Informação verbal).
De acordo com Lévi (1999), independentemente da mensagem do “produtor” e da
mídia, o grau de interatividade do receptor dependerá “da reapropriação da mensagem e
do meio” que ele a recebe. Conforme já citado, diz o autor:
a comunicação por mundos virtuais é, portanto em certo sentido, mais
interativa que a comunicação telefônica, uma vez que implica, na
mensagem, tanto a imagem da pessoa como a da situação, que são
quase sempre aquilo que está em jogo na comunicação. (LÉVI, 1999,
p. 81)
Porém, é importante ressaltar mais uma vez que usar a interatividade nas redes
sociais como boa prática para a colaboração de conteúdos informativos deve ser uma
questão de sabedoria e discernimento dos profissionais deste novo modelo de
jornalismo.
Os profissionais mais jovens sentem que colaboração é extremamente positiva,
como se ela fosse realmente intrínseca ao processo jornalístico, natural da produção de
conteúdo jornalístico, independentemente da plataforma (TV, rádio, impresso ou
internet).
Outro aspecto sobre os usuários do Portal R7, de acordo com os entrevistados
para esta pesquisa, é que a colaboração aproxima o jornalista do usuário. O nível de
participação ajuda a conhecer o que internauta deseja, facilitando o relacionamento.
Parece que os jornalistas do R7 encaram o relacionamento com o usuário mais como
estratégia de aproximação da audiência, de identificação com o usuário, que
exclusivamente uma maneira de captar conteúdo, muito embora, como já foi salientado
em análise anterior, tenham dito que a interação com o usuário é ferramenta que serve
para eles “se basearem, se orientarem e se alertarem para um determinado fato”, que
72
nem sempre pode ser percebido pelos jornalistas dentro da redação. Os entrevistados
analisam que a captação da notícia é feita muito mais na redação que saindo às ruas.
Dessa forma, a restrição à apuração no local do fato pode gerar um certo
afastamento da realidade. Segundo Traquina (2005), o jornalismo vive desta realidade.
A realidade está presente na cultura jornalística como âmbito do jornalismo. É a
realidade do cotidiano das pessoas, cujos fatos e acontecimentos não são ficção. Embora
a colaboração do usuário traga a realidade às redações, como os próprios jornalistas
disseram, muitas colaborações são permeadas por visões particulares, deixando de ter
um valor jornalístico.
Outras influências das colaborações na produção de conteúdo é que os usuários
do Portal muitas vezes são personagens das matérias, que ajudam a contar as histórias
ou acrescentar informações, tornando a colaboração algo muito positivo para o conteúdo
produzido.
Esta colaboração e aproximação ajuda o jornalista a produzir um conteúdo mais
direto, mais focado, em várias mídias, em várias plataformas, disponíveis nas redes
sociais, provocando uma grande conversação deste conteúdo.
Como analisa Raquel Recuero (2009, p. 30), são os laços sociais que resultam
das interações sociais entre Portal e usuários e entre usuários, “as diversas formas de
expressão vão constituir os nós (ou nodos) dessas redes sociais”.
Pode-se compreender, diante da citação da autora, que a interatividade está
intrinsicamente relacionada ao comportamento do usuário e que dependerá do interesse
dele e de suas motivações em uma determinada comunidade para continuar interagindo.
Na declaração de um jornalista entrevistado, houve uma evolução na
participação do usuário, estimulada certamente pelo trabalho de relacionamento e o
contexto tecnológico:
Em 2012 ninguém participava de nada, tinha um retuite ou outro. Hoje
tem estratégias que ajudam eles a participarem, só que eles participam
muito. Daqui a pouco a gente vai começar a selecionar alguns tweets
de comentários. Eles vão chegando e a gente tem que selecionar para
aparecer na TV. Na nossa ferramenta do ao vivo a gente utiliza muito
mais o Twitter por conta do timing.
Assim, é flagrante a diferença do nível de interatividade entre o “jornalismo
tradicional” e o webjornalismo colaborativo. No caso estudado, os receptores podem
contribuir e colaborar mais com a informação, gerando conteúdos de diversas naturezas,
73
como vídeos, fotos, áudios, sugestões de pauta, tornando-se personagens de matérias,
ajudando na apuração. Porém, já mencionamos que a apuração profissional e
confrontação das informações são essenciais ao bom jornalismo, e essa pode ser umas
das diferenças mais importantes entre conteúdo gerado pelo jornalista e pelo cidadão
comum.
Pelas informações obtidas com os jornalistas entrevistados e das observações
feitas durante a pesquisa de campo na redação, a relação entre o emissor e receptor se
alterna numa dinâmica intensa, própria do webjornalismo colaborativo, que não é
praticado longe das redes sociais digitais, como Facebook e Twitter (principalmente),
Instagram e YouTube, ferramentas muito utilizadas para intensificar o vínculo com o
usuário no Portal R7.
Todas estas formas de relacionamento praticadas no Portal com os seus usuários
criam possibilidades e facilidades para que haja cada vez mais colaboração com o
conteúdo.
Porém, ainda há uma objeção com relação a esta colaboração para a produção de
conteúdo por parte de profissionais mais experientes, os quais acreditam que para o
jornalista produzir um conteúdo precisa tem uma relação mais direta com a realidade,
“mais aproximativa, uma relação de olho no olho, de ver a emoção no rosto do
entrevistado”, conforme analisa um dos entrevistados.
Sintetizando o tópico, ressalta-se que a colaboração do usuário ocorre com a
sugestão de temas, especialmente como personagem ou gerando informação
complementar ao assunto da matéria. Por outro lado, o imenso volume de informação
gera dificuldade de apuração das informações, nem sempre é possível selecionar o
melhor conteúdo. O que os entrevistados destacaram é que no Portal R7 a colaboração
do usuário é uma maneira de aproximação, de atrair a audiência e, a partir do
relacionamento mantido entre jornalistas e usuários, fidelizar a audiência e aumentá-la
por meio das redes sociais. De certa forma, os profissionais ficam divididos entre o
fazer jornalístico (ética e métodos jornalísticos) e o marketing de relacionamento, para
garantir a audiência.
74
4.2.3 Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos
Neste tópico, vamos abordar os principais critérios de seleção dos conteúdos
colaborativos, quem e como seleciona, qual a interferência desta seleção e se ocorre um
monitoramento desta colaboração nos conteúdos informativos do Portal.
Dos seis entrevistados, quatro são jornalistas que cuidam de determinado
produto dentro do Portal R7. Portanto, cada jornalista monitora o seu programa, ou seja,
seleciona o conteúdo informativo mais adequado de acordo com o perfil editorial. Isso
inclui todos os conteúdos, incluindo os exclusivamente jornalísticos e os conteúdos
jornalísticos inseridos em programas diversos. A função básica destes jornalistas que
estão à frente destes produtos, e que em sua grande maioria estabelecem relação com os
usuários, é ler, filtrar, selecionar, aprovar e encaminhar para a equipe de produção.
Nenhum conteúdo colaborativo entra sem avaliação anterior, sem passar pelos critérios
jornalísticos, relacionados obviamente ao perfil editorial do programa ou conteúdo
jornalístico específico do um programa.
Esse comportamento sugere que a ação do gatekeeper seja muito mais presente
no cotidiano colaborativo do Portal R7, tornando o jornalista um mediador dos
conteúdos. Segundo Fonseca e Lindemann (2007, p. 91), as decisões dos gatekeepers
são muito mais influenciadas “por critérios profissionais, ligados às rotinas de produção
(como os fatores de noticiabilidade, falta de espaço, repetição, falta de qualidade do
material, interesses publicitários, etc.) do que por uma avaliação individual e
subjetiva).”
Nas práticas do webjornalismo participativo (ou colaborativo), continuam as
autoras, os “‘cidadãos-comuns’ são transformados em agentes produtivos” levando-os a
selecionar conteúdos “de tudo que vivenciam, assistem e tomam conhecimento,
escolhem o que mais lhes interessa para publicar no veículo online”. Portanto, ao nosso
ver, os critérios de seleção ocorrem em etapas: primeiro a colaboração do usuário (ou
cidadão-repórter, como alguns ainda dizem), resultado de um processo valorativo;
segundo, os critérios jornalísticos aplicados pelos profissionais, que filtram e
selecionam esse conteúdo, agregando-o aos demais, em processo colaborativo.
A colaboração recebida no Portal complementa outros conteúdos no R7, (à
exceção das páginas dedicadas às cidades, com perfil editorial local, onde há o espaço
“Faça sua notícia”), segundo os entrevistados, e está inserida no conteúdo veiculado
75
cotidianamente nas mais diversas editorias do Portal, colaborando com o trabalho da
redação.
Destaca-se que o conteúdo colaborativo está muito mais presente nas pautas ou
para complementar “uma história que já está sendo falada por nós”, ressalta um dos
entrevistados, em qualquer plataforma. Nesse sentido há um processo de troca, no qual
a grande imprensa pauta as redes sociais e vice-versa. Segundo os entrevistados, o
conteúdo colaborativo pode ser visto em todos os produtos do Portal e programas da
Record.
O usuário pode enviar uma sugestão para um determinado quadro do jornal da
Record, para o Fala Brasil, como também
contar de uma situação de um caso de crime que teve na rua dele, isso
vai ser apurado pela editoria de São Paulo, como ele também pode
estar, sei lá, dentro de um estádio, assistindo um jogo do “Campeonato
Brasileiro” e mandar uma informação que poderá ser utilizada pela
editoria de esportes. (Informação verbal)
A participação do usuário nos exemplos citados acima é intensa, principalmente
nos sites dos programas presentes no Portal. Segundo o coordenador de conteúdo do R7,
as produções dos programas da TV não vivem mais sem esta parte
nossa de web, pois é um portfólio gigantesco, seja para inscrição de
quadros, seja para pauta, seja para receber um conteúdo colaborativo.
A gente tem alguns exemplos de conteúdos que a gente chama de
conteúdo transmídia, como por exemplo: está passando o Balando
Geral com o Gotino, ao meio dia aqui na Record e ele fala: pô, hoje é
o dia das mães, manda com a #balançogeral foto sua com a sua mãe, a
pessoa no mesmo momento que ela manda a foto via redes sociais, ela
vê a foto dela na TV. Ontem mesmo (dia 01 de junho), por exemplo, a
gente tem no programa Hoje em Dia, um quadro com o dr. Sproesser,
tirando dúvidas de saúde, e as pessoas podem mandar perguntas
através do site do programa ou através das redes sociais e essa dúvida
é respondida no ar, ao vivo, pelo próprio especialista. Você quer uma
interação maior do que essa? Uma complementação de conteúdo
maior do que essa? Nossa especificação aqui é este conteúdo
transmídia, ou seja, um conteúdo que foi produzido pelo celular,
transmitido via rede social é finalizado na TV. Quantas plataformas a
gente não envolveu nisso? (Informação verbal)
Importante ressaltar o exemplo citado por um dos entrevistados no que se refere
a conteúdo transmídia e que segundo Denis Renó (2013, pp. 150-151) “trata-se de um
tema relevante e que vem sendo discutido pela academia com muita frequência e
significa um novo conceito de linguagem, consiste em produzir mensagens distintas
76
para distintos meios. Em suma estas mensagens proporcionam outras mensagens,
ampliadas, interpretativas e participativas”.
Esta nova forma de trabalhar com o conteúdo é um diferencial e uma das
especialidades do Portal R7 e que envolve várias plataformas para transmitir as
mensagens vindas dos usuários colaborativos e ampliadas em várias plataformas e isso
já estava previsto na visão de Henry Jenkins (2009, p. 138), quando mencionou que uma
história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de
mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa
para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o
que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida
num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos. Cada
acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver
o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado
é um ponto de acesso à franquia como um todo. Cada produto
determinado é um ponto de acesso à franquia como um todo. A
compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma
profundidade de experiência que motiva mais consumo.
O Fato de Jenkins ressaltar que a compreensão de fatos obtida por meio de
diversas mídias motiva mais consumo, talvez seja este o motivo pelo qual a participação
do usuário no conteúdo colaborativo do R7 se faz muito presente nos produtos do
portal, como também nos programas da TV, complementando todos os conteúdos
disponíveis em várias plataformas.
Pode compreender que esta estratégia transmídia, utilizada pelo portal estuado,
pode justificar a participação dos usuários, assim como o elevado número de seguidores
na sua fanpage.
Mesmo sendo tudo filtrado pelos jornalistas, as colaborações são inseridas no
momento adequado, como no caso do quadro do programa Hoje em Dia. “Às vezes não
tem outra opção para selecionar o conteúdo devido ao tempo. É preciso uma sintonia,
uma sincronia do que recebemos com o que estamos transmitindo, principalmente
quando é ao vivo, nos programas de TV”, diz o jornalista responsável pelo conteúdo
informativo do programa.
Podemos perceber que as rotinas produtivas do “jornalismo tradicional”
sofreram alterações e também a dos portais noticiosos, já que é necessário inovar e
perceber quais ações podem promover a interação com os usuários. Conforme Antunes,
referenciado neste trabalho,
77
(...) isso é o maior legado desse movimento de Inovação Digital,
transpor o digital e distribuir novos pensamentos em velhos
departamentos. É olhar diferente. Buscar soluções não só em como
comunicar com o seu cliente, mas como se relacionar com ele e com
tudo que está a sua volta, ou seja, o mundo todo trazendo um jeito
novo de questionar para encontrar novas soluções (ANTUNES, 2011
p. 49).
A colaboração do usuário é feita de diversas formas: fotos, relatos, vídeos,
pautas, porém, não há uma verificação de quem e qual o tipo de colaboração é mais
recebida ou selecionada. “O usuário colabora com o conteúdo. Quem dá a notícia é o
jornalista”, diz um dos entrevistados.
Conforme já mencionado, ao avaliar a contribuição dos internautas, as histórias
recebidas, é que a equipe vai medir quantas pessoas serão impactadas. O conteúdo do
Portal é “priorizado pela relevância e possibilidade de engajamento e repercussão”. Diz
um dos entrevistados:
Não pensamos em fazer um material específico, sem ter um retorno.
Não tem como a gente mudar um conteúdo, montar um conteúdo
dando dicas, sem saber quais são as principais dúvidas das pessoas.
Essa interação, esse fluxo, essa colaboração do usuário vai muito
nisso, que na verdade a gente está para gerar audiência e a gente gera
audiência atendendo aos interesses dos nossos internautas, dos nossos
usuários.
De acordo com um dos jornalistas, na maioria das vezes, o conteúdo
colaborativo é despertado através de um Call to Action, ou seja, “uma forma de indução
para despertar o interesse do internauta para um determinado conteúdo”, o que nos faz
pensar que toda esta colaboração é muito mais estimulada do que espontânea, vinda
muito mais pelo relacionamento e permanência que estes profissionais têm nas redes
sociais com os internautas e seguidores do Portal R7.
Em síntese as estratégias utilizadas pelo Portal para atingir o público alvo levam
em consideração as mudanças tecnológicas que também afetam o consumo do usuário.
Nesse sentido, a acessibilidade ao Portal e o uso das redes sociais para sinalizar e
disseminar o conteúdo do R7, são fundamentais.
O principal diferencial do Portal R7 é a equipe, basicamente constituída de
jovens conectados nas redes sociais (em média tem até 30 anos), ou seja, “que tem esse
DNA, e por isso a influência do Portal nas redes sociais se torna muito grande, estando
78
posicionado em todas as redes sociais, mas o Facebook é a maior delas, com mais de 10
milhões de seguidores”.
Estar bem posicionado em pouco tempo de existência se deve em grande parte às
estratégias adotadas pelo R7 nas redes sociais, o relacionamento estabelecido entre
jornalistas e usuários, além da oferta de e-mail gratuito, acesso aos Programas com mais
audiência pelo Portal, entre outras estratégias já citadas no capítulo anterior.
Os entrevistados apontam que conversar diretamente com usuário, atendendo os
seus interesses, passando a informação ao usuário de maneira informal, como em uma
conversa, e de uma maneira clara e direta, é o que marca a relação do Portal com o
público - uma das táticas para atingir o internauta.
A interação entre o jornalista que acompanha as redes sociais de alguns dos
produtos do Portal com os apresentadores dos programas de TV pelos quais são
responsáveis também pode ser considerada uma estratégia desta colaboração e
interatividade dos internautas.
Segundo um dos entrevistados e responsável pelo programa Hoje em Dia,
...é que atualmente muitos dos programas de entretenimento estão
utilizando a hashtag no cantinho da tela e os apresentadores falam
muito. Então, antes do programa entrar no ar, nós jornalistas temos
uma conversa com os apresentadores para que eles incentivem a
galera a participar, e sendo os apresentadores vistos como “estrelas”
pelo público e tendo eles o triplo de seguidores que a gente tem, isso
faz com que a interação aumente. A influência do apresentador é uma
estratégia. Nós passamos as orientações para eles fazerem isso.
Tentamos fazer essa interação com o internauta para ele nunca sair
daqui [Portal]. Fique aqui conosco para sempre.
O conteúdo do Portal R7 é resultado de colaboração induzida e espontânea.
A participação espontânea é muito importante, gera muita coisa, porém
quando é induzida, é específica e fica claro para a pessoa de casa o que
a gente quer (...) a pessoa entende o que ela precisa fazer e como ela
precisa fazer, então fica mais fácil dela participar. Incentivamos a
participação porque é importante para a gente ter mais gente falando
sobre o R7 ou sobre as coisas que a gente produz (Informação verbal)
O estímulo à participação é feito por meio de hashtags, que são criadas para os
programas.
79
4.2.4 Avaliação da colaboração
A avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico do Portal
R7 é considerada muito importante, especialmente devido ao total de seguidores que ele
tem em sua página oficial no Facebook.
O acompanhamento por meio das redes sociais deste conteúdo colaborativo é
visto como um trabalho prioritário na redação. “Às vezes você faz uma coisa pensando
que está atingindo um determinado objetivo e os comentários mostram uma outra visão
das pessoas” (Informação verbal).
Saber o que os usuários estão comentando nas redes sociais do R7 é uma das
missões do Portal. “A gente aprende muito e levamos muito em consideração a
participação nas redes sociais”, diz um dos entrevistados.
De outro lado, a oportunidade que os usuários têm de estarem anônimos, muitas
vezes, facilita os comentários impróprios, por isso a necessidade de filtrar tudo o que se
recebe. “Não podemos nos deixar levar pelo calor da emoção, pois a possibilidade de
errar é muito grande” (Informação verbal).
Mas é impossível deixar de reconhecer que a interatividade promovida provoca
identificação dos usuários. Assim como Hall menciona, é o sujeito da pós-modernidade
que assume diversas identidades ao mesmo tempo, como forma de pertencimento e
visibilidade social.
As pessoas sabem que é uma forma que elas têm para se comunicar,
então elas relatam, elas participam e quando elas veem a sua
participação, elas se sentem, elas se identificam. Se sentem como
pertencentes ao Portal e aos programas da TV (Informação verbal).
4.2.5 Algumas observações sobre a colaboração no Portal R7
As colaborações no Portal R7, de acordo com as entrevistas, na maioria das
vezes são despertadas por um “call for action” (chamada para ação), uma forma de
indução à colaboração ao conteúdo.
80
De acordo com o site da Agência Mestre24, a chamada para a ação pode ser
disponibilizada em links ou mesmo em funções de uma página que levam os seus
usuários a realizarem alguma ação. Os tipos de “call to action” variam de página para
página e podem ser considerados como links de navegação, links de compras, links para
formulários de inscrição e são classificados como primários ou secundários.
Os primários apelam para a funcionalidade da página. Já os secundários
oferecem produtos relacionados em um ponto estratégico da homepage. São usados para
blogs e sites informativos - eles devem ser claros, objetivos e ter uma forte relação com
a proposta do portal, do blog, do site.
Trata-se de uma estratégia utilizada para ajudar o veículo no processo de
convencimento de seus usuários a colaborarem com o Portal, a entrarem no conteúdo, a
interagirem nas redes sociais do R7, com o propósito de fidelizar e conquistar audiência.
A presença do usuário no conteúdo jornalístico do Portal nos fez refletir sobre o
tipo de colaboração feita no veículo, objeto de estudo deste trabalho. Como
majoritariamente a colaboração é induzida, segundo os entrevistados, por meio de
estratégias de relacionamento, as chamadas para ações propostas pela própria equipe do
Portal R7 mudam o perfil dos jornalistas que nele atuam, seu comportamento, e as
rotinas dessa produção.
A seguir, exemplos das páginas dos principais portais noticiosos e de
entretenimento que têm em suas páginas links que levam usuários a realizarem ações de
interação que são realizadas nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) com os
usuários, diariamente, praticamente 24 horas por dia.
24 http://www.agenciamestre.com
81
Figura 7- Portal R7
Fonte: Portal R725
Figura 8- Globo.com
Fonte: Globo.com26
Figura 9 -UOL
Fonte: UOL27
25 Disponível em: http://www.r7.com/
26 Disponível em: www.globo.com/
27 Disponível em: www.uol.com.br/
82
CONCLUSÃO
A evolução tecnológica nos processos comunicacionais e informacionais,
principalmente nas formas e práticas de se fazer jornalismo, facilitou o relacionamento
da sociedade pós-moderna.
As novas tecnologias, as redes sociais, os aplicativos e todos os produtos digitais
que compõem o universo do ciberespaço fizeram com que a internet se tornasse um
ambiente propício para o intercâmbio das informações, modificando o comportamento,
o relacionamento e o cotidiano de uma sociedade cada vez mais inserida neste ambiente
multimídia.
No presente estudo percebeu-se que existe uma enorme e crescente colaboração
dos usuários na produção de conteúdo, principalmente no objeto estudado – o Portal R7,
assim como a evolução das variadas formas que o usuário tem à sua disposição para
facilitar a sua interação com os meios, colaborando instantaneamente com a informação
que é gerada nos portais de empresas de comunicação.
Diante da pesquisa realizada foi possível observar e reafirmar que existe uma
mediação dos conteúdos colaborativos no Portal R7 e que o mesmo tem uma interação
muito forte com os seus usuários, por meio de uma relação de proximidade, utilizando-
se de uma linguagem clara e objetiva, o que facilita ainda mais esta relação.
O comportamento da sociedade pós-moderna no ambiente digital é outro e
evoluiu com a internet e com as tecnologias. Pode-se dizer que hoje os cidadãos não se
contentam apenas em receber informações, eles querem produzir conteúdo, interagindo
com diversos públicos, meios e suportes tecnológicos, querem se sentir parte do
processo, querem ser vistos, querem ser interpretados, querem ser colaboradores.
Percebe-se que nas redes sociais muitas vezes nos colocamos à frente da vida
cotidiana, da vida do outro ou mesmo de todo homem e, por consequência, dos
comportamentos destes seres sociais que hoje não atuam mais como antes, ou seja, este
novo homem quer viver e experimentar o que o outro vive e experimenta, mesmo que
este outro homem esteja do outro lado do planeta.
De acordo com Certeau (1998, p. 58), estes representantes são vistos como
cidadãos comuns, que
83
lentamente simbolizavam famílias, grupos e ordens, se apagam da
cena onde reinavam quando era o tempo do nome. Vem então o
número, o da democracia, da cidade grande, das administrações, da
cibernética. Trata-se de uma multidão móvel e contínua, densamente
aglomerada como pano inconsútil, uma multidão de heróis
quantificados que perdem nomes e rostos tornando-se a linguagem
móvel de cálculos e racionalidades que não pertencem a ninguém.
Tal citação faz refletir que hoje os cidadãos comuns pertencem a uma civilização
virtual, onde todos convivem em um cotidiano real e não palpável, onde toda a realidade
é produzida e contada por um cidadão comum, o ator dos fatos presentes no
ciberespaço. É assim que se pode compreender o homem comum e a sua vida cotidiana
e como esta pode ser e está sendo comparada à vida que agora nos colocamos a viver
especialmente nas redes sociais.
É pelos meios virtuais que sentimos e vivemos prazeres e desprazeres da vida
cotidiana. Mesmo que não tenhamos tempo, disponibilidade para absorver todos os
conteúdos, assim como o discernimento e a capacidade de compreensão de tudo que se
repercute no cenário digital. O presente estudo buscou responder à pergunta problema
que norteou esta pesquisa, “Como ocorre a colaboração dos usuários comuns na
produção dos conteúdos informativos do portal noticioso brasileiro R7”? a qual foi
detalhada no capítulo 4. Quanto à hipótese, observou-se que a colaboração dos usuários
nos conteúdos noticiosos do Portal R7 enriquece o conteúdo jornalístico dos diversos
programas e editorias, porém, as informações colaborativas são totalmente selecionadas.
Embora haja seleção, por meio do jornalista que atua como gatekeeper, a
colaboração não fica restrita à prestação de serviços e à complementação de matérias
com abordagens previamente definidas pelos jornalistas, conforme a hipótese proposta.
Essa colaboração abrange sugestão de pautas, a checagem de dados (apuração), porém
no processo colaborativo dos usuários surgem várias oportunidades de pautas que até
então os jornalistas não tinham pensado, mas esta colaboração precisa ser bem utilizada
pelos jornalistas, e é necessário saber lidar com a quantidade de informação recebida,
pois toda colaboração deverá ser checada.
A interação do usuário com o Portal estudado extrapola o modelo anterior, do
“jornalismo tradicional”, muito mais restrito. No modelo webjornalismo colaborativo a
interação é essencial para a produção agendada e ao vivo, torna-se estratégica para o
conteúdo. Mais que isso, chama a audiência e a fideliza.
84
Por meio dos conteúdos colaborativos no R7 o usuário participa de toda a
programação da TV e dos diversos conteúdos oferecidos no Portal, sendo que toda a
interação e colaboração ocorre pelas redes sociais, principalmente pelo Facebook, onde
se encontra o maior número de seguidores: 10 milhões.
Voltando à questão do gatekeeper, percebemos que a colaboração do usuário é
importante, porém nem todas as informações recebidas se tornam conteúdo, sendo
utilizadas ou descartadas de acordo com o momento. No caso dos programas de TV da
Record (ao vivo), a interação ocorre via redes sociais, majoritariamente induzida, por
meio de “call for action” (chamada para a ação, que aparece como post nas redes sociais
ou chamada + link na página inicial do Portal), para facilitar a colaboração do usuário
em participar enviando a sua foto, o seu vídeo, o seu comentário, contando sua história,
seja por um tweet marcando a conta do R7, seja enviando um material no R7 VC, e esta
colaboração será distribuída ou melhor direcionada para os programas ou mesmo para
os conteúdos do Portal.
O “call for action” serve também para chamar o usuário para navegação no
Portal, em algumas editorias, em espaços de compras, para preenchimento de
formulários de inscrição em concursos e premiações, para enquetes, entre outras. O
método “call for action” merece aprofundamento de futuros pesquisadores sobre as
práticas do jornalismo no ambiente virtual. No caso do Portal R7 podemos dizer que há
um “webjornalismo colaborativo call for action”, com grande intensidade nas redes
sociais, e que depende do relacionamento estabelecido entre jornalistas e usuários.
Embora não tenha sido objetivo desta dissertação discutir o jornalismo
transmídia, observamos que há uma prática assumida de complementaridade de
conteúdo, pelo menos entre TV e Portal, uma vez que esta nova forma de trabalhar com
o conteúdo é um diferencial e uma das especialidades do Portal R7 e que envolve várias
meios para transmitir as mensagens vindas dos usuários colaborativos e ampliadas em
várias plataformas, justificando assim, o motivo pelo qual a participação do usuário no
conteúdo colaborativo do R7 se faz muito presente. Pode-se compreender que esta
estratégia transmídia, utilizada pelo portal estuado, talvez justifique a participação dos
usuários, assim como o elevado número de seguidores na sua fanpage.
Pudemos perceber também que há uma tensão sobre a manutenção e ampliação
da audiência no Portal (e nos Programas ao vivo da emissora de TV - Record e Record
News), em que se insere conteúdo informativo mediado pelos jornalistas. Uma das
estratégias para alcançar os objetivos de lucro da empresa (lembramos que quanto mais
85
usuários, mais publicidade) é a introdução de uma nova prática, a qual extrapola o
âmbito do jornalismo, que é a de relacionamento com o usuário. Ao estabelecer um
relacionamento direto com os usuários, e uma certa intimidade com o objetivo de
conquistar sua audiência, questionamos até que ponto a colaboração é reconhecida
como aspecto essencial à democratização do conteúdo jornalístico ou é mais uma
estratégia para conquistar audiência?
Ao mesmo tempo, o estudo também nos fez refletir sobre as novas práticas de
produção e circulação de notícias, que agregam a colaboração como um valor na
produção. Porém, trata-se de uma participação mediada, pois o universo colaborativo do
webjornalismo é dinâmico, e nem por isso a informação deverá deixar de ser checada,
analisada e interpretada pelos profissionais, ou seja, os princípios do jornalismo não se
perdem com a produção aberta de notícias, mas Nesse cenário é preciso ter um cuidado
ético do profissional do jornalismo que deverá manter a sua identidade, ou seja, o seu
reconhecimento pela sociedade, como aquele que exerce uma atividade fundamental
para a democracia.
Percebemos também, de uma certa forma, que os princípios da atividade
jornalística também não são abalados com a web 2.0, pois a forma de se fazer
jornalismo e as suas práticas ainda são preservadas no Portal analisado, especialmente
nos aspectos técnicos da apuração e éticos (de compromisso com a verdade e com o
interesse público). Porém o que pode mudar é o papel do jornalista e que segundo
Marcondes Filho (2000, p. 76) “há e havia uma noção de jornalista ou de editor como
alguém que dissemina um ponto de vista ao público. Na web está o melhor exemplo do
editor como uma pessoa que não dissemina seu ponto de vista, mas que age como o
consolidador da informação que vem do público, para torna-la mais palatável ou mais
interessante”.
86
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93
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95
ANEXO A - ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-
ESTRUTURADA
1) Na sua opinião quais foram as principais mudanças ocorridas no
jornalismo a partir do surgimento da Internet?
2) De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção de
conteúdo no jornalismo?
3) Como define o jornalismo colaborativo e/ou participativo e sua influência
na prática jornalística?
4) Considera que a participação/colaboração do usuário internauta ajuda a
melhorar a produção jornalística e por conseguinte o conteúdo divulgado no Portal R7?
5) Quais são os critérios de seleção dos conteúdos
colaborativos/participativos?
6) Como avalia a participação do usuário internauta no Portal R7?
7) Como avalia a evolução da participação/colaboração do usuário
internauta no Portal R7?
8) De que maneira a participação/colaboração pode dar mais qualidade ao
conteúdo do Portal R7?
9) Qual o perfil dos usuários do Portal e dos colaboradores/participantes do
veículo jornalístico?
96
ANEXO B - QUESTÕES COMPLEMENTARES
LS – Coordenador de Conteúdo do Portal R7
Roberta - O que os 150 jornalistas fazem todos os dias?
LS - A grande maioria dos jornalistas produzem conteúdo nas diversas áreas do
portal. E alguns coordenam e chefia essa equipe.
Roberta - São todos jornalistas?
LS - Sim. São 150 jornalistas e quase 300 funcionários no portal.
Roberta - Como a redação é dividida - organograma e funções? Quantos turnos?
LS - A redação em 8 núcleos que englobam todas as editorias e áreas do portal.
A redação trabalha em um regime 24x7. Com cada jornalista trabalhando 7 horas/dia.
Roberta - O que cada grupo faz? E individualmente?
LS - Cada núcleo tem suas especificações conforme as editorias. Fica impossível
generalizar.
Roberta - Quem define as pautas de cada editoria noticiosa?
LS - Os repórteres e editores sugerem. Os coordenadores de cada núcleo em
conjunto com a chefia fecham o fluxo de produção;
Roberta - Como ocorre a interação do Portal com os programas televisivos em
termos de conteúdo informativo? Quem fala com quem?
LS - É uma via de mão dupla. Com ambas as pontas trocando informações.
Roberta - Até que ponto a equipe de jornalistas fica disponível para programas
de variedades, estão na área do entretenimento e não do noticiário? Como é essa
divisão?
LS - Não fechamos o conteúdo. Todo o conteúdo do R7 e dos sites oficiais estão
à disposição dos programas da casa.
Roberta - Quais os principais concorrentes do portal?
LS – UOL, Globo.com e Terra.
Roberta - Quais os principais anunciantes?
LS - No momento as principais cotas estão com Caixa Economica Federal,
Petrobrás, Lacta, MRV Engenharia e Garnier.
Roberta - Que tipo de informação é priorizado?
97
LS - O conteúdo é priorizado pela relevância e possibilidade de engajamento e
repercussão.
Roberta - Em termos de texto, qual a principal orientação?
LS - Usar uma linguagem simples e direta.
Roberta - Qual o período de permanência do usuário no portal?
LS - Não tenho precisamente essa informação no momento.
Roberta - Qual os conteúdos preferidos?
LS - Entretenimento, Hora 7 e conteúdo Record.
Roberta - Quais os tipos de editorias mais acessadas?
LS - Famosos e TV, Mulher, Pop, Hora 7 e conteúdo Record.
Roberta - O usuário é telespectador da Record?
LS - Nem sempre. Isso vai da experiência de cada usuário. Mas não podemos
negar que o conteúdo Record é um dos nossos diferencias no mercado.
98
ANEXO C - ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA
Entrevista com LS – 28 anos
Coordenador de Conteúdo do Portal R7
LS – Sou coordenador de conteúdo aqui do portal, eu faço parte aqui do mesão,
que é quem cuida editorialmente de todas as áreas aqui do portal, eu fico mais
especificamente na área de conteúdo transmídia, ou seja, que seria a integração entre o
digital e a TV, ações de cross media, a digitalização desses conteúdos, a parte de redes
sociais dos programas da casa e também a parte de redes sociais do portal R7 e uma a
terceira parte que seria a parte que a gente chama de business inteligence que seria a
inteligência de negócios ou seja, tirar estes insights essas informações das redes sociais
para gerar relatórios, gerar uma serie de relevâncias que ajudam no nosso trabalho aqui
dentro aqui da diretoria de conteúdo, dentro da redação do R7.
Roberta – Isso é mais para gerenciar o conteúdo mesmo.
LS – Exatamente.
Roberta – Certo. Na sua opinião, quais foram as principais mudanças ocorridas
no jornalismo a partir do surgimento da internet.
Nossa, eu acho que reformula na verdade a forma de existir, na verdade do
jornalismo. Vou te dar um exemplo: eu estou no mercado de trabalho desde 2005
quando eu comecei na faculdade. Eu sou inteiramente um profissional de digital, toda a
experiência que eu tenho com o jornalismo foi com web, então nesses 10 anos que eu
estou de carreira, de mercado, eu estou totalmente inserido neste mundo do digital, e
estando dentro deste mundo do jornalismo web, do jornalismo digital, você percebe
uma mudança radical, assim da forma na verdade, de você relacionar a notícia, de você
relacionar o conteúdo, porque tudo começa daqui, a velocidade da internet, em
comparação com as outras mídias, esse dinamismo, a quantidade de informações que a
gente recebe, por exemplo, diariamente, seja por redes sociais, seja por conteúdos
colaborativos, seja através do fale conosco do portal, a quantidade de informações que
a gente recebe, que a gente repassa, é gigantesca, isso não era vista de maneira,
anteriormente falando assim, seja.. o rádio ainda conserva um pouco desse dinamismo,
dessa característica de hard News, mas pelo próprio espaço que tem a programação
tanto no impresso quanto na televisão, na mídia eletrônica de maneira geral, a grande
vantagem que eu vejo na internet é o seguinte: a internet ela tem um espaço infinito,
99
então você pode desde pegar a informação de maneira mais sucinta a ponto de ler um ou
dois parágrafos e entender resumidamente o que está acontecendo, ou você pode se
especializar, ou você pode mergulhar em um assunto que você vai ter esse mesmo tipo
de informação no jornalismo de internet. Então eu acho que essa cara multi-plataforma,
na verdade, multi-informativa do jornalismo digital é o mais bacana disso, entendeu.
Você pode pegar um assunto e você pode saber dele de uma maneira informativa, e um
pouco mais superficial. Se você quiser um aprofundamento dele, você também vai ter,
coisas que você não conseguiria ter nas outras mídias. Isso eu vejo como o principal
diferencial assim, do mercado digital, do jornalismo web.
Roberta – De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção
de conteúdo no jornalismo. Você acha que essa interatividade, essa participação hoje do
usuário comum né, você acha que teve alguma alteração? Eles realmente colaboram ou
não?
LS – Não... Eu acho colaboram, colaboram e muito. Eu acho que a interligação
hoje é muito maior, esse acesso é muito mais fácil. Porque vamos pensar: antigamente
para o cara dar uma colaboração para o jornal ele teria que ir até a redação, mandar uma
carta para ao jornal, o cara tinha que ir levar uma fita, levar uma carta na tv. Aqui na
internet, o cara dá um tweet marcando a conta do R7, a gente já recebe essa informação.
Aqui o cara entra no R7 VC, por exemplo, do R7 TV, o cara envia o vídeo com uma
denúncia aqui, a gente pode saber se vai tratar aqui dentro, ou se a gente vai passar para
uma produção na tv, ou seja, a distribuição deste conteúdo, a comunicação, o contato,
acontece de uma maneira muito mais fácil, é muito mais dinâmica e eu acho que isso
facilita cada vez mais, cada vez mais a gente intensifica esse vínculo.
Roberta – Certo. Como que você define o jornalismo colaborativo e a sua
influência na prática jornalística?
LS – Eu acho que o jornalismo colaborativo é importante, ele não substitui o
jornalismo tradicional, a apuração do repórter, o dia a dia aqui nosso na redação, você
viu aqui, o tamanho da redação, são mais de 150 profissionais, uma redação trabalhando
24 por 7, direto, o ritmo é incessante, mesmo...
Roberta – É frenético, como se fosse no jornalismo tradicional?
LS – Exatamente, exatamente. Eu acho que é um pouquinho mais, pela
velocidade que exige a informação na internet.
Roberta – Vocês trabalham muito mais?
100
LS – Exatamente, porque o fluxo é muito maior. Aqui por exemplo, se você está,
dentro da própria Record, se você está num jornal, aqui de TV da casa, você tem aquele
tempo específico que vai ter o jornal, e ele vai entrar na hora, as informações vão entrar
no ar só naquela hora. Aqui não, o que está acontecendo agora, a gente vai estar
passando, o que está acontecendo agora vai estar na home do portal, a gente vai estar
disponibilizando nas redes sociais esse aspecto que eu falo do dinamismo, é muito
intenso, a pessoa nunca vai perder o fato. Ai voltando para esta história do conteúdo
colaborativo, eu acho que ele é extremamente importante, mas ele não substitui o modo,
o jornalismo tradicional. Como diz a própria palavra, ele é colaborativo, ele auxilia no
fluxo, na produção da informação, mas não substitui.
Roberta – Ok. E tudo que é do conteúdo participativo, vocês têm uma
verificação desta informação, tem todo o trabalho de acompanhamento, apuração?
LS – Sim, sim, checagem, apuração... o processo jornalístico seja ele vindo por
meio de redes sociais, por meio de e-mail, por meio de contato telefônico, não acaba. O
processo jornalístico de apuração, de pesquisa do fato não se altera por isso. O que
pode acontecer, vamos lá, vou dar um exemplo: acontece um acidente aéreo aqui em
São Paulo, ai logicamente a gente vai mandar a equipe para lá, vai mandar repórter, vai
mandar fotografo, só que a gente pode abrir para receber conteúdo colaborativo de
alguém que estava lá perto, então, pô, você mora do lado do que aconteceu, então nada
impede de que você possa mandar uma foto aqui pra gente.
Roberta – Talvez ele tenha visto algo que ninguém viu...
LS – Exatamente. Esse retorno eu acho totalmente positivo, seja um retorno de
imagem, seja um retorno de um fato, de um comentário, isso eu acho extremamente
positivo, junto ao processo natural que nós estávamos falando anteriormente, da
produção de conteúdo jornalístico, que acontece em qualquer redação, independente da
mídia.
Roberta – E eu acredito que, assim, uma opinião minha, eu acho até que
aumentou o fluxo de trabalho de vocês, não sei, em relação a esta colaboração....
LS – sim, sim, aumentou consideravelmente, assim. E a gente percebe que o
dinamismo é muito grande... é que aqui a gente está falando de uma redação, de um
portal, de nível nacional, com mais de 150 profissionais, então é natural que haja tanto
esse dinamismo, quanto essa agitação, essa efervescência da redação, mas para áreas
muito específicas como, por exemplo o jornalismo local, de São Paulo, Cidades, o
próprio conteúdo de saúde, por exemplo de educação, essa parte colaborativa é muito
101
importante. Hoje a gente não pensa em como fazer um material específico, como sei lá,
vou te dar um exemplo, para ENEM, sem ter um retorno de quais são as principais
dúvidas dos estudantes que estão prestando o ENEM. Não tem como a gente mudar um
conteúdo, montar um conteúdo dando dicas para a declaração de imposto de renda sem
saber quais são as principais dúvidas, quais são os principais anseios, das pessoas que
estão fazendo este imposto de renda. Só para citar acho que dois exemplos, para
conseguir pontuar legal isso, então é muito nisso essa interação, esse fluxo, essa
colaboração do usuário vai muito nisso, que na verdade a gente está para gerar
audiência, como é que a gente gera audiência? Atendendo aos interesses dos nossos
internautas, dos nossos usuários, é lógico que tem o que é notícia, tem o que é fato, mas
a gente, isso não se altera, mas a gente busca cada vez mais conversar diretamente com
o nosso usuário, você que eu nem uso a palavra internauta, porque a gente aqui na
Record, a gente é tão multiplataforma que a gente costuma a usar usuário, porque eu
posso me comunicar com ele via redes sociais, via tv, então é, via própria internet, então
a gente fala muito da figura do usuário e o R7 quando ele surgiu em 2009, eu estou aqui
desde o início do projeto, uma das principais premissas nossas aqui é na verdade passar
a informação, se colocar para o nosso usuário, como uma conversa cotidiana, como a
gente está aqui agora, batendo um papo, como você conta em um telefone, como você
conta em uma conversa no WhatsApp, esse é o nosso intuito. Passar a notícia, passar a
informação de uma maneira clara, de uma maneira direta, esse é o nosso objetivo.
Roberta – Você acha que isso também é uma estratégia de marketing hoje, não
só da Record, mas dos portais, em relação às suas sobrevivências? Das sobrevivências
dos portais, no geral?
LS – Eu acho que a gente tem uma camada, um número na verdade de portais,
de produtoras de conteúdo, muito grande, como eu falei a gente tem uma diversidade na
verdade de mídias para a pessoa se informar, a pessoa vai escolher, consumir o
conteúdo da maneira que ela acha mais adequada para ela, para a rotina dela, tem muita
gente que ainda tem aquela tradição de sentar no trabalho e antes de abrir o e-mail, abre
a home principal. Tem gente que tem o perfil de navegação, por exemplo, eu acordo de
manhã e por uma necessidade aqui do trabalho eu já vou olhar o smartphone para ver o
que tem aqui de e-mail e eu já dou uma olhada no próprio celular de manhã antes de sair
de casa, então eu já saio de casa informado, ai eu já venho escutando o rádio no
caminho, no trânsito, antes de vir para cá, Então você vê, mesmo eu sendo um
profissional do digital, eu ainda passo por outras mídias, eu assisto o noticiário na
102
televisão. A gente está com N televisores ligados aqui na redação, então eu acho que é
muito disso, muito de você buscar a informação, da maneira que esta informação se
enquadra dentro da sua rotina. Se você passa o dia na frente do computador, se você tem
um smartphone, então é muito mais fácil você consumir este conteúdo aqui na internet ,
do que você ligar uma televisão, do que você ligar um rádio, então na verdade o nosso
objetivo é muito mais se enquadrar e trazer a informação para o nosso usuário da
maneira que seja mais fácil para ele, exatamente por isso, a preocupação tão grande
nossa da gente se sinalizar nas redes sociais, da gente se posicionar bem como portal na
web, da gente ter uma versão mobile legal no celular, porque hoje a gente olha os
números aqui, o tráfego de mobile, de acesso é quase 40 a 50% do nosso fluxo de
audiência total do portal, ou seja, muito da audiência nossa vem do dia a dia, do cara
que está na condução, do cara que está no transporte, no celular... daquele que não tem
tempo para ver televisão, e por isso que eu falo as formas do jornalismo, as formas da
gente entregar a informação, são das maneiras mais diversas possíveis, cabe ao usuário,
a quem quer consumir este conteúdo optar, e a nossa opção é dar isso de forma mais
clara, mais completa e o que falei que eu vejo como o grande diferencial da internet é o
universo infinito de informações que ela pode trazer. Então você pode, como eu disse lá
no início, você pode desde pegar a informação superficialmente só para entender o que
está acontecendo naquele caso, ou ver os desdobramentos daquele caso, entrar aqui no
R7 e ver a opinião dos blogueiros da casa sobre aquilo, consumir os conteúdos em vídeo
sobre aquilo, interagir via redes sociais do que os usuários estão comentando deste
conteúdo no face, no Twitter, eu acho que é essa a grande inerência, a grande
conversação do conteúdo...
Roberta – É a interatividade...MESMO
A – pensando nisso tudo, o grande diferencial é que eu consumidora virei dona
do consumo que eu quero, do jeito que eu quero, e você vai ter que atender a minha
demanda.
LS – Exatamente...
A – Eu acho que o grande diferencial foi esse. Antes eu tinha a televisão para eu
assistir, antes eu tinha o jornal, eu não comentava, antes eu tinha o rádio, eu só escutava,
e às vezes as pessoas interagiam e outras não, mas agora não, hoje eu posso chegar e
dizer Não é bem assim, lá embaixo, e alguém pode me contrariar em um comentário
embaixo.
103
LS – Exatamente, sim... Você estimula a discussão, você estimula a interação,
você estimula a reflexão, e até um maior aprofundamento disso né... Esse é o fantástico.
Roberta – Eu lembro que até o ano passado, o portal estava em terceiro lugar,
pela pesquisa da meio e mensagem...
LS – É, se a gente for olhar os últimos rankings de ibope, vamos supor, que são
os mais aceitos pelo mercado da internet, a gente tem uma posição hoje que seria o
segundo lugar de portal. A gente fica muito oscilando com a globo.com, o G1... que o
G1 está bem entre o segundo e o terceiro lugar, o UOL fica na primeira posição, e ai
embaixo tem o Terra e depois o IG, mas a gente se posiciona, como no mínimo, no
mínimo entre os 03 maiores portais de conteúdo do país.
Roberta – Isso porque ele ainda é novo...
LS – Sim, são os mais novos... Exatamente. Eu que vim para cá, pro começo do
projeto assim, pô, eu fico extremamente feliz. É como se fosse meio um filho, porque eu
sou parte integrante, eu me desenvolvi profissionalmente aqui dentro, eu vi o
crescimento tanto meu quanto do portal, então eu acho fantástico assim, tipo, agora mês
que vem eu faço seis anos de Record e seis anos de R7. Minha filha tem 4, eu tenho
mais tempo aqui, do que a minha filha tem de idade e passou tanta coisa, foi uma
transformação tão grande que é muito legal fazer parte desta história e saber que a gente
está tão bem posicionado no mercado com tão pouco tempo, pô se você for ver o UOL
ele tem mais de 15 anos, a Globo é do começo dos anos 2000, Terra e IG a mesma
coisa, então a gente entrar nesse mercado, entrar com uma competitividade tão grande,
estar navegando neste mercado, dá uma beliscada boa e mais do que isso, todo mundo
se agita, porque com a concorrência forte, todo mundo tem que se agilizar para entregar
o melhor conteúdo, porque a entrega está gigantesca.
Roberta – E o fato de vocês serem recentes no mercado e já estarem nesta
posição, se deve a que?
LS – Eu acho que o principal fato do sucesso é, do projeto que começou com o
nosso diretor geral, Antônio Guerreiro, que convidou a gente para o início do projeto, dá
gente que está aqui desde o início, eu acho que o principal DNA aqui da diferença do
R7 é exatamente que a gente já nasceu no meio da era das redes sociais, então em vez
da gente correr atrás dos outros portais, a gente veio se desenvolver nesse nicho, então
as redes sociais hoje, têm uma importância gigantesca aqui para a gente, se a gente for
olhar, o fluxo de audiência que vem das redes sociais e tão importante quanto o fluxo de
home page. Se a gente fosse olhar os mapas de audiências de sei lá 10 - 15 anos atrás o
104
acesso, o número de audiência que vinha através da home page era infinita vezes maior
do que as outras fontes. Hoje as redes sociais é como se fosse a nossa principal fonte, o
que aconteceu: como a gente já nasceu nesse advento das redes sociais, o diferencial foi
que a gente entrou muito forte nisso, tanto que a gente se intitula o portal mais social do
país. E realmente, a gente tem 10 milhões de seguidores na conta do Facebook, é uma
das maiores contas de mídia do país, de maneira geral assim, é gigantesca, então olha
para quantas pessoas a gente tá falando e o nosso grande diferencial é isso, levar a
notícia, levar a informação de maneira rápida, direta e simples.
Roberta – Você acha que a equipe que trabalha no portal R7 que tem esse DNA
hoje, da geração zapeadora, da geração Z, de estar ligado às redes sociais, isso
realmente colaborou para que vocês estivessem aí nesse ranking?
LS – Eu acho que colabora muito porque a nossa influência nas redes sociais é
muito grande, então grande parte da nossa audiência vem de lá, mas eu não falo só do
público jovem, porque hoje o Faceboook é hoje uma ferramenta tão consolidada, tão
presente no mercado brasileiro, que a gente tem desde meu, adolescente, criança, até
senhorinhas de idade que são haver users da plataforma assim, então a gente conversa e
a penetração do Facebook no mercado nacional é gigantesca, a gente está posicionado
em todas as outras redes sociais, mas o Facebook é a maior delas em volume porque foi
a que caiu no gosto do povo brasileiro e a gente se posiciona muito bem lá dentro, então
exatamente, por a pessoa ter essa possibilidade de conversar, de discutir o conteúdo, de
compartilhar na própria time line dela, de divulgar, de visualizar este conteúdo, isso é
em grande parte do sucesso do R7, é fazer o conteúdo direito, bacana, de uma forma
rápida, direta, objetiva, falando com o nosso usuário, entregando para ele da maneira
mais variada possível esse conteúdo, o cara pode consumir o nosso conteúdo sendo
pego através das redes sociais, ele pode consumir o nosso conteúdo no mobile, ele pode
consumir o nosso conteúdo na web, ele pode consumir o nosso conteúdo por aplicativo,
o importante é a gente estar presente no dia a dia desse usuário, eu acho que é essa a
grande razão assim do sucesso, essa presença social do portal.
Roberta – E em relação a aplicativos, vocês têm alguma ação relacionada ao
WhatsApp? O Portal ainda não utiliza o WhatsApp?
LS – A gente tem uma linha de WhatsApp, tem uma parceria também com o
viber, que a gente tem um grupo aberto, só que isso ainda está meio engatinhando aqui,
vem bastante conteúdo. Nos protestos que tiveram no início do ano a gente recebeu
muito conteúdo, muita foto....
105
Roberta – Via WhatsApp?
LS – Via WhatsApp, via Twitter, via Facebook, via redes sociais, mas hoje a
interação via Facebook, e em segundo lugar Twitter, ainda é muito maior do que se
fosse via viber, via WhatsApp, desses chats de comunicação via smartphone...
Roberta – Ah tá... Ok. Quais são os critérios de seleção dos conteúdos
colaborativos? Como é que vocês conseguem selecionar isso diante de tanta informação
que vocês recebem?
LS – É assim, é como eu te falei, a gente tem um leque de informação
gigantesca, porque pô, além da própria apuração aqui da redação a gente assina uma
série de agências de conteúdo, o R7 tem uma série de parceiros pela ramificação que a
Record tem pelo Brasil, a gente tem uma série de jornais locais, de tv’s locais que
alimentam a gente também com informação. Então esse bolsão de informação que a
gente recebe é gigantesco. No meio deste pacote entra também esse conteúdo
colaborativo, esse conteúdo do usuário. Como eu te falei pode vir de n formas possíveis
do tipo, pô a gente... é que tem tantas maneiras, mas ele vem muito presente, muito
chumbado, em acompanhar o conteúdo que a gente está produzindo, ou de repente
pautar um possível conteúdo, então é, uma denúncia que chegue, um comentário que
chegue através dos formulários, através das redes sociais do portal, a gente pode ir atrás
desta história, pode apurar isso, e de repente, isso pode puxar uma baita história. Como
de repente a gente pode estar noticiando um caso e com esse conteúdo colaborativo que
chegou a gente suitar este conteúdo com uma nova história, ou de repente, esse
conteúdo que é sugerido colaborar com o que já está no ar, como eu te falei, por meio de
fotos, de relatos, que colaboram muito. Hoje coisas pequenas do tipo, a gente tá fazendo
é, o mapa do trânsito, todo dia aqui, com este trânsito caótico nosso de São Paulo, a
gente recebe uma informação de algum lugar que teve trânsito, teve acidente, e o CET
não tem no próprio mapa da CET, e ele ainda não tem essa ocorrência e a gente recebe
esta informação desse usuário.
Roberta – Tentando entender, eu vejo assim, é que o usuário ele colabora com o
conteúdo, mas assim, a notícia quem dá é o jornalista...
LS – Sim, exatamente, foi o que eu te falei no início assim, o trabalho do
conteúdo colaborativo é complementar. Aqui no R7 diferente de alguns outros portais,
não existe uma seção de conteúdos colaborativos, o conteúdo colaborativo está
chumbado, está embedado dentro do nosso conteúdo cotidiano nas mais diversas
editorias de São Paulo ao conteúdo dos sites oficiais da Rede Record, então ele está
106
muito presente no dia a dia, como você falou muito bem, de uma maneira
complementar, de uma maneira adicional ao trabalho do que é feito aqui pela nossa
redação.
Roberta – É mais de relacionamento, também...
LS – Sim, de relacionamento sim, seja por comentário, seja por interação, mas
falando do aspecto mais jornalístico da produção de conteúdo, seja muito mais para
pautar, para de repente a gente ir atrás de uma história, ou para complementar com
alguma história para a gente suitar, ou com alguma informação para complementar uma
história que a gente já está dando. Eu acho que vejo muito assim o conteúdo
colaborativo para a internet.
Roberta – É bem diferente dos outros canais. Que vai... por exemplo, o G1 tem
lá um canal direto lá com o Você Repórter, lá, o Eu Repórter... Então o R7 não trabalha
nessa linhagem?
LS – Não... não... é diferente... a gente não tem um canal exclusivo de conteúdo
colaborativo. O R7 está totalmente aberto a este conteúdo colaborativo, mas ele na
verdade está pulverizado dentro das editorias, dentro do leque de produtos que a gente
oferece aqui dentro do Portal.
Roberta – Então ele pode participar de todos os programas da Record?
LS – Exatamente. Ele pode mandar desde uma sugestão de quadro pro jornal da
Record, por Fala Brasil, como ele pode contar de uma situação de um caso de crime que
ele teve na rua dele, isso vai ser apurado pela editoria de São Paulo, como ele pode tá,
sei lá, dentro de um estádio, assistindo um jogo do campeonato brasileiro, ele vai
mandar uma informação que vai ser usada pela editoria de esportes.
Roberta – Ou mesmo participar lá, do programa, do que ele quer ver lá no
programa da Xuxa?
LS – Exatamente. Exatamente, exatamente. Isso. Especificamente de Rede
Record, a gente tem muito grande. Seja para sugestões de personagens, isso funciona
muito bem, e muito presente em Record, nos sites dos programas. As produções dos
programas da TV não vivem mais sem esta parte nossa de web, porque pô é portfólio
gigantesco, seja para inscrição de quadros, seja para pauta, seja para receber um
conteúdo colaborativo, então isso funciona muito bem e a gente tem alguns exemplos de
conteúdos que a gente chama de conteúdo transmídia, por exemplo, tá passando sei lá...
o Balanço Geral com o Gotino ao meio dia aqui na Record, ele fala: pô ... hoje é o dia
das mães, manda com a hadtag balanço geral foto sua com a sua mãe, a pessoa no
107
mesmo momento que ela manda a foto via redes sociais, ela vê a foto dela na TV, você
quer um conteúdo mais colaborativo, mais transmídia que isso?? Isso a gente faz
frequentemente, a gente abre por exemplo, dentro do Programa da Tarde... o pessoal
manda uma pergunta com a hadtag programa da tarde, ela vai ser lida dentro do
Programa da Tarde. Então é, eu acho que independente de a gente ter o conteúdo
colaborativo, ele é muito mais colaborativo aqui no portal porque ele está presente em
todas as áreas. Ontem mesmo, por exemplo, a gente tem no hoje em dia um quadro com
o Dr. Sproesser, tirando dúvidas de saúde, e as pessoas podem mandar perguntas através
do site do programa ou através das redes sociais e essa dúvida é respondida no ar, ao
vivo, pelo próprio especialista. Quer uma interação maior que essa? Né, uma
complementação de conteúdo maior do que essa. O que é a nossa especificação aqui é
este conteúdo transmídia, ou seja, um conteúdo que foi produzido pelo celular,
transmitido via rede social é finalizado na TV. Quantas plataformas a gente não
envolveu nisso?
Roberta – Várias...
LS – Eu acho que esse é muito o caminho…...
Roberta - O usuário aparece espontaneamente ou ele é induzido? Existe um
conteúdo mais espontâneo do que induzido?
LS - Ele aparece e acessa nosso conteúdo das duas formas. A indução ao
consumo do nosso conteúdo é bem forte no nosso trabalho de redes sociais, por
exemplo.
Roberta - Se vocês pudessem medir / comparar em termos percentuais qual a
percentagem dada para o conteúdo colaborativo e para o conteúdo induzido nos
programas de entretenimento e nos programas jornalísticos?
LS - Não conseguimos classificar em porcentagem. Porque na maioria das vezes
o conteúdo colaborativo é despertado através de um call to action, uma forma de
indução ao conteúdo.
Roberta – É, é muito mais participativo pelo o que eu estou percebendo do que
em relação a outros portais...
LS – Sim, exatamente, exatamente. Você pode olhar de fora e falar: “nossa, eles
não têm uma seção colaborativa, não tem a participação do usuário”. Pelo contrário: a
gente tem ela de maneira muito intensa, de maneira gigantesca nos programas da casa, e
tem de maneira muito presente no dia a dia de todas as editorias do portal.
108
Roberta – É agora é que eu compreendi. Porque eu via que era muito mais
quadradinho, mais fechadinho no G1, no UOL, no Jornal Extra, lá do Rio de Janeiro,
que também agora usa o aplicativo WhatsApp, tal e ai eu comecei a pesquisar no Portal
R7 ... e ai onde existe esse canal mais dirigido para este usuário??? Eu não conseguia
ver isso no site né, tanto é que eu conversei com a Aline Sordili, que foi a nossa aluna
na Metodista e ela me explicou mais ou mesmo como é que funcionava, tal... Mas agora
eu entendi melhor como funciona, você me explicou muito bem, então é isso.
LS – Legal, legal, fico contente.
Roberta – Eu agradeço, porém agora eu queria entrevistar alguns jornalistas que
trabalham com esta questão dos conteúdos, etc.
LS – legal, legal...
Entrevista com ED – 50 anos
Chefe de Reportagem do Portal R7
Roberta – ED. Você é chefe de reportagem?
ED – Isso.
Roberta: Do portal?
ED – do Portal
Roberta – do portal... Você é quem comanda tudo isso daqui?
ED – Não. Sozinha não. A gente tem... Nós somos quatro chefes de reportagem.
A gente se divide um pouco de acordo com a área de atuação de cada um. Então tem os
chefes de reportagem que cuidam mais da área de entretenimento, famosos, e tal, tem os
chefes de reportagem que cuidam mais da hard News, das noticias mais de economia, de
política, de cidades e tal, e eu sou essa que cuida mais disso, aliás, na verdade é assim,
eu fico meio ligada em tudo, porque a gente não pode deixar passar nada.
Roberta – Quanto tempo você tem na Record.
ED – No R7 - 1 ano.
Roberta – 1 ano.
ED – 1 ano.
Roberta – No jornalismo você trabalha há quanto tempo?
ED – No jornalismo há 30 anos.
Roberta – há 30 anos.
ED – É. 30 anos. Pouco tempo né....
109
Roberta – pouco tempo ... rsssss
ED – rssss – sou praticamente uma foca
Roberta – rssss.... já está adestrada né gata... rssss
ED – rssss – já estou conseguindo equilibrar a bolinha com o focinho
Roberta – rsssssss Edna,
ED – Mas olha, eu estou aprendendo o jornalismo de internet....
Roberta – o jornalismo online
ED – online que é uma coisa para mim bem... eu sou da época da máquina de
escrever né...
Roberta – Então né... eu sou apaixonada pelo jornalismo, eu sou relações
públicas, meu sonho era ter sido jornalista, mas infelizmente eu não tinha condições
financeiras e ai eu comecei a trabalhar na universidade trabalhar com o jornalismo, em
1992, e ai eu era secretaria de redação naquela época, eu fazia pautas, eu tinha que ler
de 3 a 4 jornais por dia, para puxar pautas para o bairro de Rudge Ramos, onde a
Metodista está inserida, e a gente tinha um jornal laboratório dentro da Universidade e
ele existe até hoje, chama-se Rudge Ramos Jornal, eu ajudava a fazer as pautas, era da
época da redação, da máquina de escrever, a redação era de máquina de escrever, eu
trocava as fitas, eu fazia as pautas, eu trabalhei em uma agência de propaganda, eu era
digitadora e paginadora na época, do page maker, da época do...
ED – paginadora hein... olha isso
Roberta – Isso – paginadora,
ED – época dos diagramadadores....
Roberta – diagramadores, do paste up, olha isso, olha para você vê....
ED – eu também peguei isso...
Roberta – É para mim tudo é muito novo também. Eu gosto de internet, eu gosto
de redes sociais, mas para mim tudo isso é muito novo ainda e eu não tenho muito jeito
para manusear isso....
ED – há tem muita coisa ainda... mas a gente aprende...
Roberta – É tem muita coisa e a gente aprende sim... rssss
Roberta – Edna eu queria saber na sua opinião quais foram as principais
mudanças ocorridas no jornalismo, a partir do surgimento da internet?
ED – Nossa. Acho que a internet virou o jornalismo de cabeça para baixo... né.
Eu acho que a assim, o jornalismo na essência ele não muda, quer dizer, a informação é
o mais importante, e a veracidade da informação né, você levar a coisa de forma correta,
110
para o leitor, para o internauta, seja lá quem for, muda um pouco essa coisa da relação
até com o próprio internauta, com o leitor, que a gente já não chama mais de leitor,
chama de internauta, mas não deixa de ser o leitor, muda a relação, porque você está
mais próximo, você vê a reação, de forma mais rápida, você através de toda a tecnologia
envolvida na internet, você consegue medir quem é o seu leitor, o comportamento dele,
o que ele gosta, o que ele não gosta, o que ele clica o que ele não clica... é
Roberta – O que ele compartilha...
ED – Isso....
Roberta – O que ele compartilha o que ele não compartilha
ED – Isso, é, o comportamento é bem mais próximo, antes você tinha por
exemplo, a carta ao leitor, né, que ai o leitor mandava uma carta...
Roberta – falando do buraco do bairro...
ED - É ou reclamando de uma matéria, ou questionando ou pedindo uma
matéria, sugerindo uma pauta, hoje isso é muito em tempo real, né, o tempo todo ali,
você tá vendo, fica hoje tu fica aqui com o Google Analitics aberto vendo quantas
pessoas estão clicando no site, o que está sendo clicado mais, então a gente sabe que
aquilo ali tem um interesse maior, agora é claro que tudo isso exige também... a gente
tem que fazer um filtro, né... porque a gente não pode perder de vista justamente este
caráter informativo, então a gente tem que equilibrar estas duas coisas, mas eu acho que
o jornalismo, agora ele esta vivendo um momento de experimentar coisas novas, eu
acho que muita coisa está se perdendo um pouco, mas eu acho que isso vai ser retomado
mais para frente...
Roberta – E o que você acha que está se perdendo um pouco?
ED – A reportagem...
Roberta – A reportagem... a reportagem você fala, a reportagem de rua?
ED – A reportagem de ir para a rua, de olhar no olho da pessoa, de contar boas
histórias, porque no jornalismo de internet a gente sente muito o imediatismo, as
pessoas querem ver fotos, querem ver vídeos, querem ver, é
Roberta – elas querem ser vistas...
ED – é também, mas eu acho que falta isso, a gente está deixando muito de ir
para a rua, por causa dessa velocidade, né, uma cidade muito grande como São Paulo,
existe uma série de dificuldades, dificuldades do trânsito, e na internet como tudo é
muito rápido, é, isso dificulta. Se você for ter que fazer isso, você vai ser o último a dar
a notícia e ai você vai ficar mal posicionado no Google e ai as pessoas vão clicar menos,
111
e tudo é uma consequência da outra. Mas eu acho que o jornalismo não pode perder de
vista esta característica de boas histórias e eu acho que está perdendo, mas eu acho que
isso vai voltar, eu acredito que isso é uma questão assim, é uma transição, a gente está
em um momento de transição, em que, tanto é que todas as empresas jornalistas, de
comunicação, que eram impressas, do papel, elas estão tendo grandes dificuldades, com
a chegada da internet, não é o caso do R7, o R7 já é um portal que já nasceu digital, ele
é digital, pela sua essência, pela sua natureza, dai a gente tá tão grande, a gente está
crescendo cada vez mais, mas ele reúne o que, ele reúne um pouco de tudo, ele reúne,
um pouco de tudo, reúne, jornalismo, entretenimento, TV, vídeo, ele reúne um monte de
coisa, o jornalismo de qualquer forma, é, eu falando de jornalismo, ele depende disso,
da informação, da história, que eu acho que está faltando um pouco ainda.
Roberta – E você acha que isso vai ser retomando mesmo no ambiente virtual?
ED – Eu acho. Eu sou otimista né, eu sou otimista e como eu sou de uma escola
de jornalismo que pode ser considerada um pouco ultrapassada, talvez eu queira que
isso aconteça, mas eu acredito que sim, eu acho que o jornalismo, ele tá, como eu posso
dizer, ele tomou um baque, ele está meio perdidão, ali sem saber para onde vai, mas eu
acho que a tendência é a poeira abaixar, a internet não tem como não ver a internet
como um grande aliado deste jornalismo e o dia que talvez a gente encarar a internet
como aliado, a gente que eu falo, os jornalistas, a gente vai conseguir tirar proveito da
internet, entendeu... da melhor forma, e que só um jornalista consegue fazer, contando
boas histórias, e eu repito esta frase porque eu acho que quando você tem uma boa
história para contar, é, as pessoas vão ler, as pessoas vão se interessar, entendeu...
Roberta – Você acha que com o fato da internet influenciou na questão de não
ter mais o pessoal da reportagem, a crise das empresas de comunicação, de dispender
assim um profissional, um jornalista, para ir para a rua, de uma equipe de ir para a rua...
você acha que isso também interferiu na questão da reportagem de rua?
ED – Eu acho que as empresas, chega uma hora, com a crise que o mercado de
comunicação vive, principalmente dos impressos, mas a relação custo benefício é
sempre levada em conta, afinal de contas são empresas, né como toda a empresa ela visa
lucros, elas não vieram ao mundo para fazer filantropia, são empresas né, elas tem que
ter lucro, então eu acho que na relação custo / benefício de um momento, realmente
você dispender uma força para ir para a rua para gastar com tempo, o tempo significa
muita coisa nesta relação, você gastar com transporte, é, tudo isso você demanda um
112
custo, então as empresas acabam diminuindo isso justamente para diminuir o custo para
poder ter mais lucro, ou para ter algum lucro, né... algum lucro...
Roberta – É, algum lucro
ED – Então acho que é natural, acho que impacta sim...
Roberta – Impacta né... De que maneira essas mudanças colaboraram ou não
para a produção de conteúdo no jornalismo?
ED – Quais mudanças?
Roberta – da internet?
ED – eu acho que ela colabora quando ela diminui um pouco o caminho. Por
exemplo: eu sou de uma época em que para você, por exemplo, fazer uma pesquisa
sobre um assunto, digamos que, morre alguém agora, na minha época eu tinha que ir a
um centro de pesquisa para fazer toda a avaliação daquela pessoa, do que foi o passado
dela, porque às vezes eu não sou uma enciclopédia, não saberia tudo, então você tem
que pegar pesquisa de foto, de imagem, e isso leva um tempo... hoje você pega aqui,
você chega para o repórter fala ah morreu fulano, ele nem era nascido, ele nem conhecia
aquela pessoa, ele entra no Google, faz uma pesquisa, então isso é uma ferramenta que a
gente... que é muito útil, muito útil, mas como tudo, tem que ser bem usado, né...
então... o fato de ter alguém, que tem o ângulo da coisa, mas vamos contar esta história
de um outro ângulo, não dá para você contar só com a tecnologia, entendeu, você tem
que ter as duas coisas muito bem feitas, muito aliadas, juntas, unidas, para ter um bom
resultado. Acho que a internet tem mil utilidades.... você faz uma matéria de denúncia
hoje, você entra no cartório, você consegue fazer um levantamento de imóveis de uma
autoridade por exemplo, com o nome dela, você consegue em 24 horas, você está com
todos os documentos na mão, e antes não, você tinha que ir de cartório em cartório,
fazer um levantamento, então assim, tem muitas ferramentas que são extremamente
uteis, e que a gente não saberia viver sem, eu mesma, com 50 anos, eu não saberia viver
hoje sem a internet, sem ter uma pesquisa, sem fazer uma leitura antes de alguma coisa,
mas acho que não dá para viver só disso, se não vamos ficar todos iguais, né, e ai o que
vai ser? Tudo igual? O diferencial é muito importante. E o diferencial quem faz é
justamente o olho no olho, é a impressão que o repórter tem. O repórter quando vai
entrevistar alguém, que ele sente a emoção no rosto, no olhar da pessoa aquilo ali não
tem preço, e isso faz o diferencial.
Roberta – É Verdade. Tá... Como você define o jornalismo colaborativo e a sua
influência na prática jornalística?
113
ED – O jornalismo colaborativo eu pessoalmente tenho uma visão um pouco
pessimista em relação a ele. Eu acho que ele é mais uma ferramenta, mas ele tem que
ser muito bem utilizado, porque, é, as pessoas muitas vezes..., o jornalismo como eu te
falei, tem o compromisso com a verdade, com o fato, com a informação verídica, a
participação ela vai ter que ser checada, ela vai ter que ser avaliada, é porque assim, as
pessoas na ânsia de querer passar uma coisa para algum veículo, muitas vezes elas
passam coisas com a visão delas, e não a visão do bem público, entendeu, do interesse
público, então eu acho isso, eu acho que é uma ferramenta, que serve para a gente se
basear, para a gente se orientar, e para a gente, de repente, se alertar, para um
determinado fato, que muitas vezes, o jornalista dentro da redação não vê... Mas ele não
pode ser único e isolado, entendeu. Eu acho interessantíssimo, mas eu acho que nos
precisamos saber ainda lidar melhor com isso e tomar muito cuidado, porque o
jornalismo também tem que ter a responsabilidade civil, que muito... que uma pessoa
muitas vezes não tem, e a gente como jornalista e como empresa e veículo de
comunicação tem que ter. Então eu acho isso. Não sei se eu respondi a pergunta....
Roberta – respondeu sim... Respondeu... Você considera que a participação do
usuário ajuda a melhorar a produção jornalística e por consequência o conteúdo do
portal R7, o conteúdo dos programas?
ED – É. E acho que é aquilo que eu falei. Eu acho que sim, eu acho que tudo o
que é informação é, ela é bem recebida, e eu acho que é bom esse contato do jornalista
com o usuário, com o leitor, com o internauta, porque isso traz, o jornalista também, por
outro lado, antigamente, a gente ficava muito ali, meio num trono, meio intocável, sabe,
e você às vezes perde um pouco a noção da vida real, da realidade, que é a nossa
matéria prima, é meio um contrassenso né.
Roberta – Como você avalia a participação do usuário, do internauta no portal?
Você consegue medir isso?
ED – Olha no meu papel aqui esse meu contato é pequeno, porque eu fico mais
no comando da redação, no sentido assim, do grande noticiário, do hard News né, mas
eu acompanho muito as redes sociais, e eu leio muito os comentários, eu acho que as
redes sociais são muito importantes para isso, às vezes você faz uma coisa pensando que
você está atingindo um determinado objetivo e os comentários eles mostram outra visão
das pessoas, alguns um pouco inadequados, né, as pessoas às vezes aproveitam um
pouco da ... é de estarem meio que anônimos ali, para fazerem comentários meio
impróprios, meio pesados, e tal, mas eu acho que é importante. Eu acho que a gente
114
aprende muito. A gente leva muito em consideração isso aqui. É. digamos, é uma coisa
prioritária pra gente, esse trabalho de acompanhamento é nas redes sociais do que as
pessoas estão falando.
Roberta – Mas isso é por uma definição do próprio perfil editorial do portal, de
levar muito em consideração o que as pessoas estão falando?
ED – Isso está bem colocado pra gente aqui como um dos nortes da gente.
Roberta – Como uma missão?
ED – Uma missão. Isso.
Roberta – Certo. De que maneira a participação desse usuário pode dar mais
qualidade ao conteúdo do portal, das matérias?
ED – Ah, eu acho que a pessoa que viu uma coisa e contar isso para gente, eu
acho isso importantíssimo, então eu acho assim, isso é diário, agora é claro, como eu te
falei, tudo tem que ser muito bem ponderado, né, porque se a gente se deixar levar pelo
calor da emoção, a possibilidade da gente errar é muito grande, e ao contrário de uma
pessoa que tem um blog, por exemplo, ela não tem muito o compromisso com isso, a
gente tem, então a gente tem que tomar muito cuidado com isso, mas eu acho que é uma
... É o que eu falei, é fundamental, eu acho que ele aproximou a gente do internauta, e
aproxima da realidade, de uma realidade diferente da realidade que a gente vê, como
jornalista.
Entrevista com AI – 28 anos
Jornalista – Editoria de São Paulo - Portal R7
Roberta: Falando da editoria, como que você vê a participação dos usuários hoje,
né, na editoria de cidades?
AI: A gente cobre aqui São Paulo, né, então a editoria de São Paulo, que seria a
parte de serviços, a parte policial, prefeitura. E a gente cobre também cidades, que são
de todos outros estados, onde o R7 não tem praça. Então a gente também cobre, por
exemplo, Rio de Janeiro tem praça, Bahia tem praça, Distrito Federal tem praça. Os
outros locais onde a gente não tem praça, a gente também cobre por aqui, então assim,
Rio Grande do Sul, outros estados, também fica nessa alçada de cidades. Claro que São
Paulo a gente acaba tendo muito mais contato do que com a cidade onde a gente tá,
então é lógico que isso acaba sendo bem mais intenso na nossa cobertura, e isso é tudo o
que a gente abarca aqui. Na nossa editoria como é uma parte de notícias mesmo, bem
115
pesada, é muito importante a gente ter esse contato com os usuários, então, a gente
recebe coisas por e-mail, às vezes as pessoas ligam aqui também, a gente ainda tem isso.
Roberta: Aquela questão do jornalismo tradicional, aquela questão do...
AI: Mais de colaboração, né, eles ligarem às vezes para falar alguma coisa,
sugerindo pauta, denunciando alguma coisa. “Ah, tem um problema aqui no bairro”,
isso ainda tem muito aqui. O povo talvez por conta da casa mesmo, então como é a
Record né, tem uma tradição mesmo de ligação com o público muito forte, então as
pessoas ligam às vezes para passar pro R7 mesmo, sabe, então liga e passa a
informação, tipo tem tal coisa aqui e tal. O que a gente tem particularidade de notícias,
tudo a gente tem que chutar, né.
Roberta: Isso continua, né. Isso não fugiu do jornalismo tradicional.
AI: Não, de checagem você diz?
Roberta: Sim, sim, sempre tem que checar, né?
AI: Sim, sempre tem que checar, porque as vezes depende né, é um problema
local a gente tem que verificar, a gente tem que ver do que se trata, a gente tinha um
quadro aqui no set que a gente tá reestruturando, que chama “R7 de olho”, que era
disso, as pessoas mandavam a demanda do bairro, então assim, ou um buraco, uma
coisa assim do dia-a-dia mesmo, mandava pra cá, ai a gente verificava, o que que era,
quanto tempo dava, pedia um outro lado e fazia. Esse era um fato muito legal, porque o
pessoal está reestruturando para ficar num formato mais bacana agora, que é essa
participação direta mesmo nos problemas locais, né. Fora isso a gente faz interações por
meio de mural.
Roberta: Todos os programas têm um mural?
AI: Não, não. Não é do programa, é da editoria. Então o que a gente pode fazer é
abrir um mural. Assim, por exemplo, a gente fez esses tempos, teve um apagão, aí:
“Sofreu com o apagão? Conte para o R7”, e aí as pessoas relatam o que aconteceu com
elas, onde elas moram, ah, “eu moro na zona sul, no bairro tal, e aqui tá sem luz, tal
hora, e não sei o que...”, isso a gente pode usar para checar com a Eletropaulo. “Olha
Eletropaulo, tem gente aqui falando que desde tal hora tá sem luz”, e vocês tão falando
que já foi arrumado aí, e a gente tem relato de internautas aqui. Então isso a gente tem,
esse canal do mural, por exemplo.
Roberta: E esse canal do mural, tudo o que acontece nesse mural vocês acabam...
AI: A gente media. A gente tem que ler e aprovar.
Roberta: Vocês que selecionam?
116
AI: Não, só lê, a gente tem que ler para entrar no ar, a gente tem que aprovar. Só
isso. A gente tem que fazer essa aprovação, não entra automático, né. E aí eles têm esses
relatos, então muitas vezes a gente pede desse tipo né. “Ah, teve problema com falta de
luz? Conte aqui”, e a gente consegue ter uma ideia das regiões onde tão mais afetadas,
porque só com as fontes oficiais a gente não tem uma coisa tão detalhado, né, eles dão
um geral, então “tantos mil”, e aí a gente não consegue ter esse mapeamento, né. Com
uma participação, isso ajuda muito, então a gente consegue ter uma noção bem melhor.
Roberta: A participação do usuário?
AI: Isso.
Roberta: Tá, e quem que faz essa checagem? Por exemplo, no caso do apagão
em São Paulo, vocês mesmos?
AI: Sim, nesse caso a gente vai confrontar, né, a gente só vai falar “ó, temos
relatos de internautas com problemas em tal região, a gente mesmo manda, e isso assim,
hoje, todas as empresas eles aceitam totalmente o que se leva de usuário.
Roberta: Então elas mudaram?
AI: É. Eu acho que elas sabem a força que tem as mídias sociais.
Roberta: Elas têm uma força muito grande, então se ela não for transparente e
ela não...
AI: As pessoas reclamam mesmo, têm casos de assim, coloca uma matéria no
Facebook, o perfil do R7, sobre um problema no metrô. O perfil oficial do metrô
responde no Facebook do R7, o que aconteceu, ou responde algum leitor que faz alguma
denúncia nos comentários, e às vezes o metrô responde nos próprios comentários.
Roberta: É o papel de um Ombudsman tá crescendo muito nas empresas, em
relação a isso, né?
AI: Talvez, porque eles realmente monitoram muito mais. Porque realmente vai
pra rede social, você não tem controle. Pode acabar com a imagem da empresa. Porque
difunde muito rápido, e a gente tem isso.
Roberta: Mas não são todas as empresas que tem essa percepção ainda, né?
AI: Não, mas acho que tá mudando, as pessoas sabem que é uma forma que as
pessoas se comunicam, e a gente pega muita coisa assim também, então a gente pega
uma matéria no Facebook, a gente fez recentemente sobre abuso na infância, a gente
colocou essa matéria e as pessoas nos comentários relataram casos que elas sofreram de
abusos, isso virou uma nova matéria pro R7, entendeu? Que eram personagens, pessoas
mesmo relatando, do tipo: “Ah, como também aconteceu quando eu era criança”.
117
Matéria de abusos na infância, né. Então as pessoas relatando: “comigo aconteceu
também quando era criança”, “sofri tal tipo de abuso, tal, tal, tal”. E isso a gente pôde
usar como conteúdo novo pra gente, e foi por meio de colaboração de redes sociais. As
pessoas procuram, quando elas vêm, elas se sentem... Se identificam.
Roberta: Elas se identificam, né? Ana, tenho algumas perguntas rápidas, tá? Em
sua opinião, quais foram as principais mudanças ocorridas no jornalismo, após o
advento da internet?
AI: Só isso que você quer saber? Ah, é difícil dizer as principais mudanças, mas
acho que mudou a velocidade das coisas, então assim, realmente, chega mais rápido,
tanto pra gente, quanto pro leitor. A participação, isso você tinha muito em rádio, né,
agora não é mais só isso, essa participação mesmo, ela quer...
Roberta: Agora ela tem várias plataformas, né?
AI: Sim, sim, hoje sim, antes era no telefone e participava no rádio, agora os
outros veículos também usam muito, a TV também usa muito, a internet também usa
muito, porque é aquela forma de você estar mais fácil nesses lugares. Essas são as
principais coisas, mas...
Roberta: Mas e as formas de apuração? Mudou bastante?
AI: Sim, mudou bastante.
Roberta: Você acha que é maior hoje o trabalho de apuração?
AI: É diferente o trabalho de apuração, você sai menos, mas você tem mais
possibilidades, porque você consegue achar as coisas com mais facilidade, então tem os
dois lados. O nosso desafio é dosar.
Roberta: Sim, mas você acaba investigando mais?
AI: Tem possibilidade de investigar mais, mas é diferente você investigar, às
vezes, você fica mais na redação do que na rua, eu não posso dizer com uma apuração
mais profunda, porque na rua é na rua, são coisas diferentes.
Roberta: Entendi. Você acha que na rua é mais aprofundado?
AI: Depende, não posso cravar. Você tem tipos de trabalhos diferentes. Têm
coisas que você consegue aqui pela internet, que na rua talvez não fosse conseguir. Mas
tem coisas que você só consegue na rua, então depende muito.
Roberta: Depende da pauta, depende do...
AI: Então eu não posso dizer que é mais aprofundado pela internet, não. Eu não
posso dizer isso. Mas você tem possibilidades diferentes. Depende muito do que for, às
vezes, realmente você precisa dos dois trabalhos. Têm coisas que se você ficar só aqui,
118
você não vai descobrir, mas tem coisas que você descobre e consegue ir atrás de muito
mais informação.
Roberta: Você já trabalhou com jornalismo na parte mais tradicional?
AI: Já, já trabalhei com impresso.
Roberta: E o que você preferiria ficar aqui, dentro da redação, ou trabalhar na
rua?
AI: Tem que dosar. Eu acho que uma coisa não exclui a outra, mudou, e é
natural, e a gente não pode achar que...
Roberta: “Acabou com o jornalismo tradicional”, né?
AI: É. Também acho que não, mudou a forma, porque também as pessoas
consomem a notícia de outra forma. As pessoas querem consumir de outra forma, então
não adianta a gente achar que todo mundo vai chegar e pegar o seu jornal às 6h da
manhã e ler tudo o que aconteceu. Eles não vão. Eles já viram. Então mudou, não
acabou, é outra forma do leitor, usuário, internauta se relacionar com o conteúdo, se
relaciona de outra maneira. E as pessoas têm de se adaptar a isso. A produção do
jornalismo tem que se adaptar a isso.
Roberta: De que maneira essas mudanças colaboram ou não para a produção de
conteúdo?
AI: Elas colaboram, porque te dão mais possibilidades, porque também antes
você pegava as informações...Você apura e escreve um texto. Hoje não, hoje eu posso
apurar e fazer um tweet. Posso apurar e jogar uma informação numa rede social. Eu
posso pedir pra que as pessoas me contam outras histórias. Posso fazer um vídeo. Posso
fazer muito mais coisa hoje do que antes, quando não tinha essa coisa da web tão forte
assim. Então te dá mais possibilidades. É um desafio, mas te dá mais possibilidades.
Roberta: Como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na prática
jornalística?
AI: Que ele é positivo é inevitável. A gente não pode brigar contra isso, assim,
não adianta ficar assim. É a realidade e é uma tendência. Então a gente tem que ver de
que forma usar essa colaboração numa nova produção de conteúdo. Isso é inevitável,
então não adianta, tem mudança que veio e não volta, e isso veio.
Roberta: Veio, e tá cada vez mais forte, cada dia vai crescer mais.
AI: Eu acho que sim, não sei dizer de que forma, pra onde isso vai andar
exatamente, mas assim.
119
Roberta: Você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a
produção jornalística e o conteúdo do portal?
AI: Sim, ela pode, ela te aproxima do seu leitor, do seu público. Então, se ele tá
participando, você sabe o que ele quer saber, então você já pode produzir de uma forma
mais direta mesmo, mais focada. O que essas pessoas querem saber? Porque às vezes
você pode estar falando de uma coisa que não é do interesse do seu público, então isso
pode te direcionar o seu conteúdo e de que forma você pode ajudar essas pessoas, de
que forma você pode prestar um serviço, que é a base do jornalismo, diretamente. Pode
ajudar sim.
Roberta: Então essa essência nunca acaba mesmo, ela tende a aumentar até, com
essa participação. Quais são os critérios de seleção dos conteúdos?
AI: Um critério específico? Não sei se tem um critério. A gente vai avaliar as
histórias, então assim, quantas pessoas isso impacta. Aquela coisa meio básica.
Roberta: Uma coisa meio mercadológica também, né?
AI: Não precisa ser mercadológica. Você vai ver a história que a pessoa tem para
te contar, né? Às vezes a gente ajuda sem publicar nada. Por exemplo: “Tô com um
problema assim”, “olha, você pode ligar na subprefeitura que ele vai te ajudar”. Às
vezes não é uma matéria.
Roberta: Não é uma função do jornalista?
AI: Não é nem por isso, é que às vezes eu não vou fazer uma matéria com essa
informação, mas a pessoa quer ter um auxílio. Mas depende muito, depende da história
que acabam trazendo, e a forma que isso tá afetando a comunidade dela, ou seja lá o que
for.
Roberta: Como você avalia a evolução na participação do usuário no portal? Ou
no caso, a editoria.
AI: Aumenta cada vez mais. As pessoas querem participar cada vez mais.
Roberta: De que maneira essa participação pode dar mais qualidade ao
conteúdo?
AI: É um pouco isso que eu falei já, as pessoas te dão possibilidades, se eles
participam, te abre, pra de repente pautas que você não tinha pensado, ou algo que você
não saberia. São Paulo é uma cidade tão grande. Tanta coisa. Você descobre algo que tá
acontecendo por eles. Eles te ajudam.
Roberta: Principalmente na sua editoria, que é bem mais complexa.
120
AI: Sim, bem mais complexa e ampla. Desde um serviço, um buraco na rua, ou
uma grande denúncia.
Roberta: Qual é o perfil dos usuários da editoria de São Paulo, na questão de
colaboração?
AI: Não sei se tem um perfil definido, é o perfil do nosso jornal mesmo, a gente
tem de tudo né, todo tipo de gente, várias partículas de trabalho.
Roberta: É que sua editoria é mais abrangente também, né?
AI: Sim, recentemente a gente tá com um caso de abuso no metrô. Abuso no
metrô, a gente teve muito retorno de rede social. Foi um caso nosso, mas as pessoas
também denunciaram, e tudo. É uma coisa que...Todo mundo anda de metrô, então é
alguém com perfis totalmente diferentes. Então, grupos feministas vieram apoiar. Gente
que simplesmente anda de metrô, trabalhador. Então isso muda muito, é em relação ao
tema, não tanto o perfil.
Roberta: É em relação ao tema?
AI: É. A internet é isso, como ela alcança qualquer um, pode ser pra qualquer
um.
Entrevista com WC – 23 anos
Jornalista – Programa Hoje em Dia - Portal R7
Roberta: Você cuida...?
WC: Eu cuido do programa “Hoje em dia”.
Roberta: Você cuida da participação dos usuários?
WC: Eu cuido tipo, da participação dos usuários, igual ao B., de redes sociais, o
site do programa inteiro, e essas coisas.
Roberta: Você é redatora, formada em jornalismo?
WC: Sim, formada em jornalismo pela Anhembi.
Roberta: Ano passado?
WC: Isso, em 2014.
Roberta: E há quanto tempo você tá aqui?
WC: Aqui eu tô desde 2012, porque entrei como estagiária.
Roberta: E aí você foi efetivada no ano passado? Quando acabou o contrato de
estágio?
121
WC: É.
Roberta: Qual a sua idade?
WC: Tenho 23.
Roberta: É o seguinte, como o meu trabalho é sobre webjornalismo participativo,
eu quero saber como as pessoas participam com relação ao conteúdo do programa “Hoje
em dia”.
WC: Então, no caso do “Hoje em dia”, assim, a gente, pelo menos esse ano que
mudou o formato do programa, a gente começou a investir muito mais em redes sociais,
na participação das pessoas. Hoje daqui a pouco vai ter um quadro que se chama
“Transformação mais incrível”, e aí são duas pessoas que mudaram o visual, e a votação
é de quem merece ganhar o prêmio, é feita pelo Twitter com duas hashtags, e aí quando
acaba de apresentar a história dos dois, e aí fala assim: “Vote com #Hoje em dia 1” pra
sei lá, Tiago e acho que é Felipe o outro, e “#Hoje em dia 2’” pro outro cara. E aí fica
uns minutos, e aí a gente tem uma balança que fica meio que oscilandinha. Mas é feita
totalmente pelo Twitter. E cada dia no “Hoje em dia” tem um quadro diferente. Ontem
teve “Você e o doutor”, que é um médico de família que tira dúvidas das pessoas, e cada
semana é sobre uma determinada doença. Ontem ele falou sobre dor na coluna, e aí ele
explicava umas coisas assim básicas na TV, tipos de problema na coluna e tal, e muita
das perguntas que vieram, vieram dos internautas. Aí eu geralmente filtro, que nem,
tipo: “Sinto dor nas costas, e para passar eu estralo o pescoço e as costas. Há um
risco?”. E aí, eu filtrava geralmente algumas perguntas que eram boas, e eu mando lá
para o diretor, no switcher, e aí ele pegava e falava assim? “Ah, então, tal pessoa
mandou essa pergunta”, e aí já aparece uma tarjinha embaixo. E o médico responde
“Fulano, estralar as costas é ruim por isso, isso e isso”.
Roberta: Então você seleciona esse conteúdo?
WC: Sim, sim. Eu tenho que filtrar e mandar pra eles.
Roberta: E o que você filtra geralmente ele fala no programa?
WC: Então, sim, sim. Geralmente.
Roberta: Ou eles fazem outra seleção lá embaixo?
WC: Não, então, às vezes não, por causa do tempo. Porque eu tenho filtrar
bastante, pra eles lá, pelo menos terem como escolher, e pra se encaixarem nos
momentos certinhos, né. Porque, que nem, essa do estalo, demorou um pouco pra entrar
porque ele não tava falando sobre isso. Então às vezes demora um pouquinho.
Roberta: Tem que ter toda uma sintonia, uma sincronia.
122
WC: Sim, tem que ser muito rápido, né. A gente tem também no site, a pessoa
pode enviar um vídeo com dúvidas. E segunda-feira, quando tem o quadro do doutor, eu
fico aberto aqui, então, tem pessoas que mandam, aí eu vejo se tem alguma relação, aí
eu mando pra eles. Quando tem um vídeo eles mostram na TV: “Fulana mandou um
vídeo com uma pergunta”. A gente passa o vídeozinho na TV, e o doutor responde.
Roberta: Esses quadros, onde existe essa relação, essa interatividade com o
usuário, você que cuida, dentro do “Hoje em dia”?
WC: Sim, sim, até porque no “Hoje em dia”, no intervalo, ele é ao vivo. A Malu,
ela fica lá embaixo no intervalo, então, se você clica aqui, você ver o que tá
acontecendo no intervalo. A gente também tenta fazer essa interação com o internauta,
pra ele nunca sair daqui, entendeu? Fique aqui conosco para sempre. É meio assim que
a gente tenta. Que nem hoje, a gente tá com a Geisy, e rolou essa semana que ela foi
comparada a uma funkeira, de um reality show da FOX. Aí eu já conversei com a Malu
e pedi pra ela perguntar pra o que ela achou da comparação, porque os internautas
tavam falando disso, então a Malu já faz essa outra ponte, que não dá para perguntar
necessariamente pros apresentadores. A gente tenta ver o que consegue usar mais pro
portal assim, uma coisa mais pra internet mesmo.
Roberta: Então tá rolando lá, e você tá cuidando aqui das redes sociais.
WC: Sim, to cuidando aqui o tempo todo. Aí tem que ficar com Facebook,
Instagram, porque a Malu às vezes me manda foto para mandar. Os apresentadores
também mandam vídeo, foto para postar...
Roberta: Nossa, tem que ficar 24 horas.
WC: É né, não durmo.
Roberta: E você trabalha de que horas à que horas aqui?
WC: Dizem as pessoas que eu nunca saio, né. Brincadeira. Eu trabalho das 9h às
4h, 4h e pouco. Porque tenho que chegar pelo menos uma hora antes pra eu começar,
né, pra ver o que vai rolar, ler o espelho, ver se eu preciso falar com algum deles pra
alguma coisa.
Roberta: E você fica sozinha?
WC: Sim, sim. E teve uma coisa legal que aconteceu também, que nem, nesse
quadro que é “Transformação mais incrível”, um dia foi uma jornalista, a Renata. Foi
uma menina que tinha sei lá, cento e alguns quilos, e emagreceu 90. Aí ela foi pro
“Transformação mais incrível”, e aí fiz uma galeria de fotos dela contando a história
dela.
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Roberta: Você fez?
WC: É. E Quando foi pro Facebook, os internautas também começaram a
mandar fotos mostrando que emagreceram, com o antes e depois deles. E aí a gente fez
outra galeria de fotos porque a gente achou lindo, né.
Roberta: Quem é o seu supervisor?
WC: A Maria Bia, né, que já, já chega. Temos também o Léo e a Bia, que ficam
lá no mesão. Eles que cuidam da parte mais estratégica, digamos assim.
Roberta: Então vocês criaram uma história?
WC: É. Já aproveitou. Porque as redes sociais elas também ajudam muito, né, na
interação. Quando eles odeiam, eles odeiam, e não tem o que fazer. E a gente tem que
fazer eles todos gostarem. Ficarem interagindo mesmo.
Roberta: Sim, sentir parte mesmo. Em sua opinião Wendy, quais foram as
principais mudanças ocorridas no jornalismo a partir do surgimento da internet?
WC: A internet facilitou a chegada da informação, né, você não precisa esperar
tanto hoje em dia, alguém com um celular ele pode passar a informação para o
jornalista, para virar uma pauta. Acho que ajudou nessa questão de buscar pautas.
Roberta: Buscar informação. Tá. De que maneira essas mudanças colaboraram
ou não para a produção dos conteúdos no jornalismo?
WC: Eu acho que elas colaboraram, né. Porque hoje em dia a gente tem a
interação com eles, que faz a gente ficar mais próximo. Então fica mais simples de
trabalhar coisas que ajudem tipo, necessariamente o internauta, o telespectador nesse
sentido. Porque assim, às vezes, sei lá, não tô aqui no horário da manhã, e não consigo
assistir o “Hoje em dia”, porque estou trabalhando, e aí você pode ver o que aconteceu,
você entra depois e tal, então acho que isso facilitou.
Roberta: Ou então, por exemplo, hoje de manhã não pude assistir o “Hoje em
dia”, então eu entro lá no site, clico no programa e vejo o programa na integra, mesmo
sem ter conta no R7? É aberto para todo mundo?
WC: Sim.
Roberta: Esse é o diferencial do portal R7 em relação a outros portais?
WC: Sim. Acho que essa interatividade, eu acho que a gente aprendeu a
trabalhar muito bem. Porque quando entrei aqui como estagiária, tava bem começando
essa questão, mesmo as redes sociais. O Twitter não era uma coisa assim. Ninguém
usava Twitter, pelo menos que eu saiba. E hoje em dia às vezes a gente vê um
comentário legal e a gente passa pra eles, e aí rola toda essa interação. E uma coisa legal
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também que aconteceu um dia é que tava tendo uma exposição de Food Truck lá
embaixo, e a Renata comeu um doce, e colocou de volta no mesmo potinho. Os
internautas começaram a falar um monte. E aí a gente pegou o tweet, mandou, e aí eles
mostraram. Aí o César meio que deu uma bronca na Renata, mostrando o tweet da
galera. Então rola essa coisa.
Roberta: Como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na pratica
jornalística tradicional?
WC: O jornalismo mudou. Se você parar para pensar no que era, no que aprendi
na faculdade, na teoria, ele mudou completamente. O jornalismo participativo é bem
melhor, eu me sinto mais próxima do apresentador. Eu me sinto mais próxima das
histórias que contam.
Roberta: Você se sente mais próxima da realidade, em relação ao que era
antes… E em relação à investigação, as características do jornalismo, investigação,
acompanhamento, a profundidade…?
WC: Acho que quando a gente tentava investigar algo era uma coisa mais
fechada, hoje em dia a gente pode tentar investigar e a gente vai encontrando ramos
nesse caminho por conta dessa interação, então a história se torna muito mais
interessante. Porque você pega várias outras vertentes que talvez antigamente a gente ia
em um caminho mais reto.
Roberta: Hoje existem várias fontes… ok. Quais são os critérios de seleção dos
conteúdos?
WC: No caso, como eu faço a Rede Record, eu tenho que me limitar ao
conteúdo da TV, ou algo que em especial eu queira fazer com algum dos três
apresentadores...
Roberta: Do “Hoje em dia”?
WC: Sim. Eu tenho que me limitar a isso. Cada um cuida de uma coisa e não
pode... Não é que não pode, mas é que o meu computado, né. Eu tenho que cuidar disso
sem opinar no do outro, né. Senão não consigo fazer nem o meu direito no fim. Então a
gente se limita a esse universo mais da TV. O que passa na TV é conteúdo mais
exclusivo nosso, mas assim, se tem alguma coisa envolvida com eles, lá embaixo, a
gente pode tentar ver.
Roberta: Como você avalia a participação do usuário, do internauta, no portal?
WC: Acho que é absurdamente gigante. Eles participam o tempo todo, seja para
xingar ou pra amar, eles participam o tempo todo. Estão sempre falando algo.
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Roberta: 24 horas por dia?
WC: 24 horas, não para.
Roberta: Você não fica louca?
WC: Uma hora você acostuma. Eu acho que acostumei. No começo eu ficava
meio perdida, mas hoje eu acho ok.
Roberta: E como você vê essa a evolução da participação? Cresceu desde que
você começou em 2012? Como você mesma disse, a galera não participava muito e não
utilizava muito o Twitter pra...
WC: Então, ironicamente, em 2012, eu entrei como estagiária, e ajudava a Maria
Bia a cuidar do “Hoje em dia”, aí eu falo do programa em si. Ninguém participava de
nada, tinha um retweet ou outro assim, muito simples. Aí hoje a gente tem estratégias,
que ajudam eles a participarem, só que eles participam muito. Que nem às vezes quando
é um quadro, igual esse daqui a pouco a gente vai começar a selecionar alguns tweets de
comentários. Eles vão chegando e a gente tem que selecionar para aparecer na TV. E aí
vira e mexe alguém vira e fala assim: “Nossa, que raiva, eu fico mandando tweet o dia
inteiro e nunca apareço”. Sabe? Eles participam muito assim. É que na nossa ferramenta
do ao vivo a gente utiliza muito mais o Twitter, por causa do timing. Mas a gente
também fica olhando muito o Facebook, o Instagram, e tal.
Roberta: E essas estratégias que vocês utilizam, para que eles participem. Quais
são?
WC: Uma que eu acho que quase todos os programas estão utilizando é tipo
colocar: “#Hoje em dia” no cantinho da tela. Os apresentadores falam muito. Logo no
começo a gente teve uma conversa com os apresentadores para incentivar eles também
para convidar a galera a participar. A Renata que fez isso hoje. A gente fez uma pauta
da Renata e ela deu retweet. E isso faz muita diferença pra gente. Tipo, ela tem o triplo
de seguidores que a gente tem. Os apresentadores que são as estrelas, né. E aí eles
tentam também falar isso, tipo, para as pessoas participarem. O César da retweet o dia
inteiro. Não larga o celular.
Roberta: Então essa influência do apresentador é uma estratégia?
WC: É. Também.
Roberta: Vocês acabam orientando eles a fazerem isso?
WC: Sim, sim.
Roberta: E por fim, qual é o perfil dos usuários, no caso do programa “Hoje em
dia”?
126
WC: São totalmente jovens, assim. Antes eles eram mais senhorinhas, eu acho.
E agora são jovens muito animados, que ficam comentando tudo.
Roberta: São jovens?
WC: Sim, jovens. Sei lá, a galera que vai pra escola de tarde, sabe? Bem esses
adolescentes assim. Porque quando vem alguém tipo o Mc Gui, nossa, ele nem apareceu
e ele já tá nos trending topics. É uma loucura. Tipo assim, eles não dormem, são
pessoas que têm uma vida incrível.
Entrevista com BO – 24 anos
Jornalista – Programas Balanço Geral e Domingo Espetacular - Portal R7
Roberta: Há quanto tempo você trabalha aqui?
BO: Eu comecei aqui como estagiário e eu fiquei até julho de 2013, então eu sai
e depois eu voltei em agosto do ano passado e estou até hoje, como redator.
Roberta: Ai você cuida dos programas.
BO: Hoje eu sou responsável pelo Balanço Geral e Domingo Espetacular. Todo
o conteúdo, desde a publicação de conteúdo até a interação das redes sociais.
Roberta: Ok, em sua opinião quais foram as principais mudanças ocorridas no
jornalismo a partir do surgimento da internet?
BO: Hoje ele tá mais colaborativo no sentido de, acho que o básico da operação
é o mesmo, o jeito de chegar nas pessoas, de conseguir a notícia, então a pessoa não
recebe mais, ela pode pautar o veículo, isso acontece bastante no Balanço Geral, da
pessoa mandar uma foto, se ver a notícia e pautar isso, o jornal todo.
Roberta: Balanço Geral e outros programas, isso?
BO: É que no meu caso, eu acompanho mais de perto o Balanço Geral, que o
Domingo Espetacular tem um perfil mais de meios de reportagem que também tem essa
participação, mas em menor escala. Então eu acho que essa é a diferença, a conversa é
mais próxima também, porque o jornal está acontecendo, em tempo real e as pessoas
estão mandando o que estão achando da notícia. Segunda tela que a gente usa bastante
aqui, no portal, né, então o jornal está acontecendo, a pessoa está comentando o que está
vendo e aumentando a notícia.
Roberta: Então você que acompanha esses comentários?
BO: Sim.
127
Roberta: Seleciona também?
BO: Não, eu só faço a interação com as pessoas e estimulando isso, existe uma
pessoa da produção, do jornal que pega o conteúdo, ou até coloca no ar, enquanto tá
acontecendo, é que no Balanço a gente faz todo dia, então por exemplo ele não é tão
informativo, mas ele faz assim “você que está acompanhando o Balanço Geral, manda
uma foto com roupa de frio”, daí as pessoas tiram a foto, mandam e aí aparecem na
televisão.
Roberta: Ah, daí as pessoas cuidam da parte da produção do Balanço Geral...
BO: Que fazem essa seleção, daí eu faço só subo essas fotos, elas sobem no site
para ter essa interação.
Roberta: De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção
de conteúdo no jornalismo.
BO: Eu acho que você conseguiu, o conteúdo ficou mais fácil, você tem mais
pessoas compartilhando informação, então ter, conseguir informação hoje é mais fácil,
você precisa de um filtro melhor, porque você tem muita informação, você precisa
entender que o que vale a pena e o que não vale, o que é verdade e o que não é, mas ao
mesmo tempo você tem uma facilidade de chegar até fontes, conseguir ver as histórias,
então eu acho que é a melhor alternativa pra isso.
Roberta: Como que você define o jornalismo colaborativo e sua influência na
prática jornalística?
BO: Eu acho que já é presente, eu acho que a gente já vive isso de trabalhar
(pausa) de não ver mais a pessoa pra quem a gente está escrevendo, como um agente
passivo.
Roberta: Um leitor...
BO: Exatamente, ele também pode colaborar comigo, espero que ele colabore,
então a gente fala muito hoje da importância do compartilhar, não só da pessoa ler mas
também dela compartilhar, então significa que aquilo teve um significado pra ela, então
ela vai compartilhar com quem ela acha importante, então, também dá essa resposta...
Roberta: É uma troca! Hoje é uma via de mão dupla, antes a informação era de
uma via apenas, era só você como profissional transmitir a informação.
BO: Exatamente! Eu acho que hoje a informação ela só vai crescendo, cada
pessoa pode acrescentar um pouco, com a informação, com comentário que colabora
com o conteúdo.
128
Roberta: E essa parte desses comentários, muitas vezes acaba gerando pautas pra
vocês...
BO: Ah sim, por exemplo, que a gente fala de repercutir, né? De uma notícia,
algo que revoltou algumas pessoas e aí nós vamos falar das reações das pessoas sobre
essa notícia, ou por exemplo, é que o Balanço também faz mais isso de pedir ajuda das
pessoas para encontrar pessoas, tentar identificar bandido, então tem essa colaboração
também, do sentido da pessoa se sentir ativa diante da notícia que ela está recebendo.
Roberta: Então você vê que em vários programas da Record, existe essa
participação, essa colaboração, principalmente em relação aos outros portais, igual por
exemplo, o G1, que tem lá Você Repórter, que tem um canal diretamente com o usuário,
mas o portal pergunta, então você viu, o R7 ele abre esse leque de participação, em
vários programas, em vários conteúdos, existentes na Rede Record, é dessa forma que
você vê?
BO: Eu acho assim, porque até uma... passa pela linha editorial, de ter essa
conversa bem próxima da… por isso, que nós temos um dinamismo popular, podemos
dizer assim, que é o perfil da linha editorial que a gente tem, então essa conversa mais
informal também permite isso, essa troca maior de… a pessoa se sente mais a vontade
de mandar sugestão dela, o que ela quiser.
Roberta: E esse perfil editorial da Record, tipo jornalismo popular, ele é em
todos os programas? Ele permanece?
BO: Sim, eu acho que em alguns mais, outros menos, respeitando a questão do
horário, o perfil do telespectador, mas em comparativo a outras emissoras eu acho que é
mais popular, uma conversa bem mais próxima da pessoa.
Roberta: Do usuário…
BO: Na internet muito mais.
Roberta: Você acha que isso é uma estratégia?
BO: Eu acho que sim, porque a gente tem que, para você conseguir atingir a
pessoa, você tem que escolher um caminho…
Roberta: Sim, seu público, você determina.
BO: Exatamente, o jeito de falar que também te marca, para a pessoa saber “ah,
a Record tem esse perfil, o R7 tem esse, isso me agrada então eu vou receber o conteúdo
dele”, então eu acho que é uma estratégia.
Roberta: Certo, você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a
produção jornalística e por consequência o conteúdo do portal?
129
BO: Claro!
Roberta: Quais são os critérios da seleção de conteúdos colaborativos? Existe
um critério, é que você não seleciona, né?
BO: Isso, eu acho que depende muito do que… ainda também não é só… a gente
ainda pede pra pessoa o que ela quer também, então, eu acho que depende muito do que
a gente tá querendo, assim, então as vezes é bem específico e passa desde pauta.
Roberta: Então essa colaboração é mediante ao que vocês estão solicitando pro
usuário, ele não participativa por que ele quer enviar qualquer coisa.
BO: A gente tem meios de fazer isso, existe o mural dentro do Balanço Geral e
todos os jornais, que é pra você mandar sua sugestão.
Roberta: É uma sugestão de pauta como era no jornalismo tradicional, por
exemplo.
BO: Exatamente, só que hoje você pode fazer com vídeos, fazer com fotos,
várias coisas. E também existe uma coisa específica, que eu quero que você mande
conteúdo e faço isso em específico.
Roberta: Essa relação, essa interatividade.
BO: Exatamente.
Roberta: O que você acha mais vantajoso, no caso. O que você acha que rende
mais? A questão do mural que as pessoas vão lá, por livre e espontânea vontade e
encaminham seus vídeos, as suas sugestões, ou quando vocês pedem para que elas
mandem, onde você vê uma maior participação do usuário? No mural ou quando vocês
incentivam essa participação, quando vocês querem que o usuário participe enviando
material?
BO: Eu acho que a participação espontânea é muito importante, ela também gera
muita coisa, mas quando é específico e fica claro para a pessoa de casa o que a gente
quer, a participação é maior porque está claro o que a gente quer, então ela entende o
que ela precisa fazer, como ela precisa fazer, então fica mais fácil dela participar, então
isso funciona desde ela mandar uma foto ou até pra ela mandar uma sugestão usando a
hashtag do programa por exemplo. Então, se tiver passando o jornal e tiver a hashtag
piscando na tela, a pessoa pode se sentir atraída e mandar uma sugestão, agora se falar
“entra no Twitter e usa hashtag para mandar sua sugestão, o que você está pensando” ou
sei lá, uma foto especifica de tal assunto, então quando é clara a mensagem do que eu
quero a quantidade de pessoas que participam e interagem é muito maior.
130
Roberta: E você vê isso como fator positivo pelo o que eu entendi. O que leva
essas pessoas a participarem? Você acha que as pessoas querem fazer parte de estar
fazendo parte do programa, o que as leva em sua opinião? O que leva esse usuário a
participar, quando vocês solicitam que eles mandem, as coisas mais direcionadas?
BO: Eu acho que essa questão do engajamento, hoje a gente vê uma linguagem
de Facebook, por exemplo, então quando você gosta de alguma coisa você vai lá e curte,
passa a fazer parte daquele meio, então eu acho que é exatamente isso, participando ela
vai fazer parte daquilo que ela gosta, se identifica e mandando foto eu acredito que seja
uma questão de afirmar isso, de que eu gosto disso, quero fazer parte disso e as vezes
tem a questão do orgulho de aparecer na tv, porque a gente ainda tem essa relação muito
próxima com a tv como uma coisa importante, até mesmo superior, então aparecer na tv
ainda tem esse glamour. Uma foto sua ou até mesmo uma ideia sua.
Roberta: Sim sim, uma questão mesmo até do pertencimento, que o usuário
sente. Como você avalia a participação do usuário no portal?
BO: Eu acho que ele é bem presente, até por conta do fato de que nós queremos
isso, incentivamos, porque é importante pra gente, quanto mais gente falando sobre o
R7, ou as coisas que a gente produz e ter essa relação é a melhor para nós, para marca,
questão de audiência e tudo, então eu acho super positivo a pessoa ter esse engajamento
no conteúdo que a gente produz.
Roberta: Ah, que ótimo! De que maneira a participação pode dar mais qualidade
ao conteúdo do portal?
BO: Você conseguir informações que você não teria, por conta… como a gente
também trabalha com internet as coisas acontecem sempre correndo atrás do tempo,
então você conseguir ter pessoas que te ajudem a contar as histórias ou acrescentar
informações é super positivo.
Roberta: Qual que é o perfil desses usuários hoje? Em todos os programas.
BO: Perfil de idade, alguma coisa assim?
Roberta: Idade, classe social, sexo.
BO: Dos que eu cuido, Balanço Geral ou é estudante, porque é adolescente e
está em casa na hora do almoço e dona de casa que está fazendo o almoço. E o
Domingo Espetacular a maioria são mulheres, mas é um perfil mais família.
Roberta: Eu prefiro o Domingo Espetacular.
BO: É sim, tem muita coisa legal!
131
Entrevista TC - 26 anos
Jornalista – Produto R7VC – Portal R7
Roberta: Explica um pouquinho como que funciona, você trabalha no...
TC: Eu trabalho na rede Record.
Roberta: Você que criou...
TC: Assim, Rede Record a gente criou a R7 tv, que é para ter maior participação
das pessoas com o portal e para divulgar os vídeos que estão sendo transmitidos na tv
também, a pessoa quer ver aquele VT, ela vai direto lá no R7 tv, que funciona assim: R7
tv vídeos engraçados; R7 tv dança. Aí, cada tema, você vai lá e encontra o vídeo
específico que você quer, e daí a Bia Assiosi, que é minha chefe, falou tá, vamos criar o
R7 você, eu criei várias pastas, R7 você bichos, as pessoas mandam vídeos com bichos,
R7 você dança, as pessoas dançando, R7 você esporte, as pessoas praticando esporte,
então a gente criou várias pastas dentro desse R7 e você para as pessoas mandarem
vídeos e participar daqui do R7 tv. Tanto que agora, ontem a gente lançou o R7 você da
Xuxa, onde as pessoas vão gravar vídeos pedindo o que elas querem ver no programa da
Xuxa, então esse é agora o que está bombando. Tá até na home principal do R7, que é
onde as pessoas vão gravar o vídeozinho e vão mandar pra gente.
Roberta: Dai são vocês que selecionam?
TC: Somos nós que selecionamos o que vai subir e o que não vai.
Roberta: Tá, mas existe um critério para a seleção?
TC: Tem o pessoal da produção de vídeos, que é o Alessandro Malerva, mas ele
é legal falar, porque é ele que pega esses vídeos e monta as produções, porque a
produção é nossa, produção original, as pessoas mandam e a gente monta essas
produções e sobe na R7 tv.
Roberta: Ah, certo. Isso só em relação a vídeos, e fotos?
TC: Não, isso é R7 e você é só vídeo. Foto, no público a gente tem muito, no
balanço geral do meio dia, Gotinho já abre falando “hoje é dia do nerd, tira uma foto
nerd, coloca a hashtag balanço geral” e a gente mostra no programa e monta uma galeria
no final do programa e sobe no site no programa, essa interatividade que a gente tem
com o público é mais Twitter e Instangram, usando a hashtag, conseguimos pegar esse
material através dessas hashtags. O R7 você é mais vídeo.
Roberta: E de conteúdo? Como vai uma sugestão de pauta, por que a gente
sempre tinha essa relação, com o leitor, com o público.
132
TC: A gente usa no nosso publicador, uma ferramenta que a gente chama de
mural, onde todo dia, ou quase todo dia, eu subo alguma questão e pergunto pro
público, por exemplo, teve a mulher ontem que bateu no cachorro e ele morreu, daí
subiu essa galeria e daí eu subo o mural junto, “qual você acha que deve ser a punição
pra essa senhora? Comente”. Isso no site do programa, só que se eu subir só no site do
programa poucas pessoas vão acessar. E o que eu faço? Divulgo nas redes sociais, tudo
aqui é muito divulgado nas redes sociais.
Roberta: Sempre Facebook, Twitter, Instagram?
TC: Sim.
Roberta: Tá entendi, então vamos lá. Na sua opinião, quais foram as principais
mudanças ocorridas no jornalismo, a partir do surgimento da internet?
TC: Nossa, então, é que eu não peguei muito antes, eu peguei essa
transformação, só que eu acho que de uns dois anos pra cá, porque eu entrei aqui como
estagiária, o publicador já era outro, aonde a gente escrevia a matéria era outro, não
tinha tantas opções de interatividade com o público, hoje no site do programa, você tem
mural, tem enquete, você tem coisas que você pode ligar com o público e os
apresentadores, como a gente tem contato direto com eles, a gente já vai e pede “Bacci,
dá pra você falar do mural que acabei de subir?” daí ele fala, a galera já entra e começa
a responder. Então, tudo está interligado uma coisa na outra, tv, internet, então é muito
rápido e as pessoas assistem televisão com o celular na mão, comentando coisas, então
eu posto uma foto do Bacci de manhã no Instagram, para falar, “olha, o programa do
Bacci já está no ar” a galera está assistindo, tá mandando oi pro Bacci no Instagram,
então é uma coisa que eu acho que é notícia. A Bia fala muito do viral, né? Uma coisa
que você estoura o viral e aquilo vai pra tudo que é lugar, então assim, a banheira do
Gugu, que voltou semana passada, a gente criou vários memes e soltou esses memes
para divulgar, então as vezes você não coloca o link por exemplo o Instagram, nele não
dá pra você colocar o link da matéria, igual você coloca no Twitter e no Facebook, mas
dá pra você fazer a propaganda do seu canal, então a gente usa muito essa ferramenta.
Roberta: De que maneira essas mudanças colaboraram ou não para a produção
de conteúdo no jornalismo? Essa questão da participação, da interação do portal, da R7
tv com o público?
TC: Eu acho que isso ajudou muito, porque a gente recebe diariamente no
Whatsapp aqueles vídeos, coisas lamentáveis, bizarras, tristes e isso passava batido,
hoje já não passa mais, se você recebe um vídeo que você fala “nossa, como assim, essa
133
mulher espancando um cachorro? Ah, o pessoal do jornalismo – que fica aqui no
segundo andar – vão atrás, vão saber o que aconteceu”.
Roberta: Eles investigam? E existe também esse canal de relacionamento via
WhatsApp?
TC: Assim, não, a gente vê normalmente o que está passando, tá ali no
WhatsApp, dois dias depois você vê no Fala Brasil.
Roberta: Mas não tem um canal direto via WhatsApp?
TC: Não não.
Roberta: O R7 não tem.
TC: Não temos. Tem o pessoal de comercial, mas aí é outra coisa, a gente não.
Mas aí já serve como sugestão, você como jornalista você ve e fala “nossa, será que isso
é real”?
Roberta: É que você sempre está ligado a qualquer notícia.
TC: Mas não tem um canal onde o público possa colaborar
TC: SP no ar tentou uma vez “ah, você tem uma denúncia, mande no...”, mas aí
cortaram, o pessoal de comercial cortou.
Roberta: Não devia estar fluindo muito
TC: É mais por “mande sua sugestão” mesmo, que é o mural que a gente tem.
Roberta: E aí como você define o jornalismo colaborativo e sua influência na
prática jornalística?
TC: (pausa) Então, eu acho que apesar da gente abrir vários canais para as
pessoas colaborarem com pautas, eu acho que poucas são aproveitadas, a gente não vai
atrás de muita coisa, porque a gente recebe muita sugestão, então eu acho que mais
aquele radio News, que está acontecendo, são difíceis as pautas que são sugestões do
público, porque são poucos os quadros, dentro dos programas que tem isso, então por
exemplo, no SP no Ar tem “Até Cego Vê”, que é com Magella e ele vai atrás, as
pessoas falam “ah, tem buraco na minha rua” e ele vai atrás, “até eu que sou cego, vejo”
mas são poucas, entre muitas, então eu acho que o que mais conta no jornalismo, a
gente coloca uma pauta de determinado tema, sei lá: buraco nas ruas, e as pessoas
comentam e o que eu vejo, que a gente lê muito comentário do que postamos no
Facebook, por exemplo, uma pessoa comentou uma coisa, a outra vai e comenta em
cima e começa uma conversa entre as pessoas, e elas conversam e começam a falar dos
problemas semelhantes que elas têm, então isso eu acho que isso é uma ajuda para elas,
134
elas se sentem assim com as redes sociais, se sentem parte do todo, eu acho isso muito
interessante.
Roberta: E até através desses comentários você acaba gerando até pauta,
surgindo muitas pautas.
TC: Porque aí a pessoa vai lá e fala “ah, mas você acha isso grave, porque você
ainda não viu na minha cidade!”.
Roberta: Dai começa a contar...
TC: Dai você começa a ter uma ideia de pauta.
Roberta: Você considera que a participação do usuário ajuda a melhorar a
produção jornalística?
TC: Ajuda muito, é o que eu falei agora, ajuda a todo momento, porque eles
estão muito ligados, o difícil é atender uma demanda. O Facebook agora do R7, essa
semana completou 10 milhões de seguidores, é muita coisa, por exemplo, hoje o
principal pra gente não é nem colocar nossa matéria na home do R7, é conseguir um
espacinho no Facebook, do portal, porque aqui são vários Facebooks, eu cuido por
exemplo do Facebook de Record, o Facebook dos meus programas, tem equipe para
cuidar só do Facebook do R7, onde seleciona coisas de todas as editorias e coisas de
Record em geral e publica. Então, é muita coisa.
Roberta: É muita coisa, nossa, deve ser complicado! Então, quais são os critérios
de seleção dos conteúdos colaborativos?
TC: Então, isso já é mais com o pessoal do jornalismo e do Facebook.
Roberta: Como que você avalia a participação do usuário no portal.
TC: Então, foi o que falei também, eu acho que ainda é pouco, sabe? Esse R7 e
você veio para agregar mais nessa participação, é uma coisa nova, porque é o que eu
falei, nos comentários, você ve essas coisas, as vezes não tem como você filtrar tudo e
pegar as melhores coisas. Nesse R7 e você, o cara filma, então fica muito mais fácil de
você pegar, entendeu? E ele se vê ali no portal, ele vai entrar e vai falar “nossa, eu tô ali
no R7”. O R7 e você é uma ferramenta nova que veio para agregar ainda mais a
participação dos internautas com o portal.
Roberta: De que maneira a participação pode gerar mais qualidade ao conteúdo
do portal?
TC: Ah, ajuda bastante na qualidade do portal. É aquilo que eu te falei, você dá
uma notícia e aí o internauta vem com uma notícia complementar e fala “não, tem isso e
ainda tem mais isso”, então eles acabam, como eu disse, conversando entre eles e com
135
isso a notícia fica maior ainda, não dá para saber se aquilo que eles estão falando é
verdadeiro ou não, porque aquilo não foi apurado por nós, mas isso gera uma...
Roberta: E ai, nesse caso, quem apura, isso também não é apurado?
TC: Comentário do Facebook, Instagram a gente não consegue monitorar,
comentário de mural eu monitoro dos meus programas, cada um monitora do seu, se
tem algum palavrão, se a pessoa coloca número de celular, endereço, qualquer coisa a
gente arquiva, não aprova. A não ser quando a gente fala assim: Você tem alguma
sugestão sobre determinado tema, mande sua sugestão e seu telefone. Então essas
sugestões não são aprovadas para aparecer no site, são pra gente selecionar e entrar em
contato.
Roberta: E ai investigar.
TC: Sim.
Roberta: Qual o perfil dos usuários do portal e dos colaboradores do veículo?
TC: A gente trabalha com classe B e C, a gente trabalha com o pessoal de faixa
etária, eu acho que agora o R7 está com uma faixa etária, entre 18 e 35 anos, um pessoal
que fica na internet o tempo todo, esse é o nosso público. Mas isso mais com o pessoal
lá, porque eles têm essas pesquisas em mãos.
Roberta: A sua equipe não trabalha com o jornalismo colaborativo, não é?
TC: Isso é mais com a Bia e com o Leo, minha parte sou eu que produzo mesmo.
136
ANEXO D - MUDANÇAS NO JORNALISMO NA ERA DA
INTERNET
Dinamismo
Rapidez
Participação
Proximidade
Excesso de
informação
Informações
com
diferentes
características
Apuração Usuários tem
outras
demandas
Importância da
Internet
Impacto da
Internet
Mudou a
velocidade
das coisas,
chega mais
rápido, tanto
pra gente,
quanto para
leitor;
A internet
facilitou a
chegada da
informação.
Velocidade,
Imediatismo
e dinamismo
da internet.
Interligação –
uma coisa
com a outra –
tv, internet –
tudo é muito
rápido.
Mudou a
relação com o
internauta,
com o leitor.
Está mais
colaborativo.
A pessoa não
recebe mais,
ela pode pautar
o veículo.
A conversa é
mais próxima
também.
Opções de
interatividade
com o público.
Relação do
público com os
apresentadores
dos programas.
O jornal está
acontecendo
em tempo real
e as pessoas
estão
mandando o
que estão
achando da
notícia.
A pessoa com
um celular
pode passar a
informação
para o
jornalista.
A participação
está em várias
plataformas
A internet ela
tem um espaço
infinito.
O jornal está
acontecendo, a
pessoa está
comentando o
que está vendo e
aumentando a
notícia.
Você pode ter a
informação de
maneira mais
sucinta ou até se
especializar.
Você pode ter a
informação de
maneira mais
sucinta ou até se
especializar.
Você pode ter
um assunto mais
aprofundando
do que em
outras mídias.
Você fica
mais na
redação do
que na rua, eu
não posso
dizer com
uma apuração
mais
profunda,
porque na rua
é na rua, são
coisas
diferentes.
A reportagem
está se
perdendo um
pouco.
Falta o
jornalismo de
boas histórias,
o jornalismo
de ir para a
rua.
Você sai
menos, mas
você tem mais
possibilidades
.
Você
consegue
achar as
coisas com
mais
facilidade
As pessoas
consomem a
notícia de
outra forma.
Nova forma
do internauta
se relacionar
com o
conteúdo.
A internet é
uma ferramenta
de pesquisa que
colabora com a
produção de
conteúdo.
A internet é
uma grande
aliada deste
jornalismo.
A interligação
hoje é muito
maior.
O acesso é
muito mais
fácil.
A internet é
isso, como ela
alcança
qualquer um,
pode ser pra
qualquer um.
O principal
diferencial do
mercado digital,
do jornalismo
web é que a
noticia é multi-
plataforma,
multi-
informativa.
A internet
impacta na
relação custo x
benefício das
empresas
jornalísticas.
Dispender de
uma força para
ir para a rua
para e gastar
com tempo e
com transporte
demanda um
custo.
As empresas
acabam
diminuindo a
força de ir para
rua para
diminuir o
custo.
O tempo
significa muita
coisa nesta
relação.
Fonte: Elaborada pela autora.
137
ANEXO E - O JORNALISMO COLABORATIVO E A SUA
INFLUÊNCIA NA PRÁTICA JORNALÍSTICA
Percepção do
Jornalismo
colaborativo
Visão sobre o
jornalismo
Influência da
colaboração
na prática
jornalística
Relacionamento
com o
internauta
Aproveitamento
dos conteúdos
Opções que
ajudam na
colaboração
Diferenciais
na produção
de conteúdos
Facilitadores
na
distribuição
de conteúdos
Tenho uma visão
um pouco
pessimista, mas
interessantíssimo
.
Precisamos saber
lidar melhor e
tomar muito
cuidado.
É mais uma
ferramenta, mas
ele tem que ser
muito bem
utilizado.
É uma
ferramenta, que
serve para a
gente se basear,
para um
determinado fato,
que muitas
vezes, o
jornalista dentro
da redação não
vê.
A colaboração te
aproxima do seu
leitor, do seu
público.
Se ele está
participando,
você sabe o que
ele quer saber.
Positivo junto ao
processo natural
da produção de
conteúdo
jornalístico,
independente da
mídia.
O jornalismo
tem o
compromisso
com a verdade.
O jornalismo
também tem
que ter a
responsabilidad
e civil, que
uma pessoa
muitas vezes
não tem.
Você pode
ajudar pessoas,
verificar de que
forma você
pode prestar
um serviço,
que é a base do
jornalismo.
Passar a
notícia, passar
a informação
de uma
maneira clara,
de uma
maneira direta,
esse é o nosso
objetivo.
A realidade é a
nossa matéria
prima.
A colaboração
ajuda muito,
porque eles
estão muito
ligados.
Difícil é
atender uma
demanda.
As pessoas te
dão
possibilidade.
Surgem pautas
que você não
tinha pensado.
Eles te ajudam.
O processo
jornalístico de
apuração, de
pesquisa do
fato não se
altera por isso.
O fluxo de
trabalho
aumentou.
Não tem como
a gente mudar
um conteúdo,
montar um
conteúdo
dando dicas
sem saber
quais são as
principais
dúvidas das
pessoas.
Você já pode
produzir de
uma forma
mais direta
mesmo, mais
focada.
O contato do
jornalista com o
usuário é bom
porque traz o
jornalista para o
outro lado.
O jornalista era
meio intocável e
às vezes perde
um pouco a
noção da vida
real.
Existe uma
conversa entre os
usuários e a
notícia fica maior
ainda
Ter pessoas que
te ajudem a
contar as
histórias ou
acrescentar
informações é
super positivo.
Na nossa editoria
como é uma
parte de notícias
bem pesada, é
muito importante
a ter o contato
com os usuários.
A gente gera
audiência
atendendo os
nossos usuários.
Buscamos cada
vez mais
conversar
diretamente com
o usuário.
A colaboração vai
ter que ser
checada.
As pessoas na
ânsia de querer
passar uma coisa
para algum
veículo, muitas
vezes passam
coisas com a
visão delas, e não
a visão do bem
público.
Às vezes não tem
como você filtrar
tudo e pegar as
melhores coisas.
Você dá uma
notícia e aí o
internauta vem
com uma notícia
complementar
Não dá para saber
se aquilo que eles
estão falando é
verdadeiro ou
não, porque
aquilo não foi
apurado por nós.
Consumir os
conteúdos em
vídeo sobre
aquilo, interagir
via redes sociais.
Essa é a grande
conversação do
conteúdo.
Elas
colaboraram
porque hoje
temos uma
interação com
eles, que faz a
gente ficar
mais próximo.
Elas
colaboram,
porque te dão
mais
possibilidades
.
Você apura e
escreve um
texto.
Eu posso
pedir pra que
as pessoas
falem outras
histórias.
Posso fazer
um vídeo.
Posso fazer
muito mais
coisa hoje do
que antes.
Aqui na
internet, o
cara dá um
tweet
marcando a
conta do R7, a
gente já
recebe essa
informação.
Facilidade
cada vez
maior, cada
vez mais a
gente
intensifica
esse vínculo.
Diferencial é
o olho no
olho, é a
impressão que
o repórter
tem.
É moção no
rosto do
entrevistado
quando o
repórter vai
entrevistar
alguém.
Novas opções
de aplicativos
como Twitter,
Instagram,
facilitam a
colaboração.
Tudo é muito
divulgado nas
redes sociais.
Utilizamos
muito as redes
sociais.
Conseguir
informação é
mais fácil.
Você precisa
de um filtro
melhor, pois
tem muita
informação.
Precisa
entender o que
vale a pena o
que é verdade
e o que não é.
Você tem uma
facilidade de
chegar até
fontes, ver as
histórias.
O conteúdo
ficou mais
fácil, você
tem mais
pessoas
compartilhand
o informação.
Hoje eu posso
apurar e fazer
um tweet.
Posso apurar e
jogar uma
informação
numa rede
social.
A distribuição
deste
conteúdo, a
comunicação,
o contato,
acontece de
uma maneira
muito mais
fácil.
É muito mais
dinâmica
Fonte: Elaborada pela autora.
138
ANEXO F - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS
COLABORATIVOS
Quem seleciona Como Seleciona Principais critérios de
seleção
Interferência desta seleção Monitoramento dos
conteúdos
Cada jornalista monitora o
seu programa.
O pessoal da produção do
programa faz essa seleção.
Existe uma pessoa da
produção do jornal que pega
o conteúdo, ou até coloca
no ar, enquanto tá
acontecendo à notícia.
Eu tenho que filtrar e
mandar pra eles.
O que eu filtro geralmente é
mostrado no programa.
A gente tem que ler e
aprovar.
A gente só lê, a gente tem
que ler para entrar no ar, a
gente tem que aprovar.
A gente tem que fazer essa
aprovação, não entra
automático.
Se tem algum palavrão, se
a pessoa coloca número
de celular, endereço, a
gente arquiva, não aprova.
Eu só subo essas fotos,
elas sobem no site para ter
essa interação.
O conteúdo vem de várias
formas possíveis, mas ele
vem muito presente no
conteúdo que a gente está
produzindo.
Envio de sugestões.
Essas sugestões não são
aprovadas para aparecer
no site, são pra gente
selecionar e entrar em
contato.
A gente ainda pede pra
pessoa o que ela quer.
Depende muito do que a
gente tá querendo, então
às vezes é bem
específico.
Um conteúdo que é
sugerido pode colaborar
com o que já está no ar.
Eu tenho que filtrar
bastante, pra eles terem
como escolher, e pra se
encaixarem nos
momentos certinhos.
A gente vai avaliar as
histórias, quantas
pessoas isso impacta. A
gente media.
Eu tenho que me limitar ao
conteúdo da TV ou algo em
especial que eu queira fazer
com algum dos três
apresentadores do “Hoje em
dia”.
Às vezes não tem outra
seleção por causa do tempo.
Tem que ter toda uma
sintonia, uma sincronia, tem
que ser muito rápido.
Só com as fontes oficiais a
gente não tem uma coisa tão
detalhada. Com a
participação, isso ajuda
muito, então a gente
consegue ter uma noção
bem melhor.
A gente pode estar
noticiando um caso e com
esse conteúdo colaborativo
que chegou a gente suitar
este conteúdo com uma
nova história.
Comentário do Facebook,
Instagram... a gente não
consegue monitorar.
Comentário de mural eu
monitoro dos meus
programas.
Nos que fazemos essa
checagem da informação.
Talvez uma denúncia que
chegue a gente pode ir atrás
desta história, pode apurar
isso, e de repente, isso pode
puxar uma baita história.
O usuário colabora com o
conteúdo. Quem dá a
noticia é o jornalista.
Fonte: Elaborada pela autora.
139
ANEXO G - ESTRATÉGIAS PARA ATINGIR O PÚBLICO
Quem determina o
público
Táticas para atingir o público Objetivos do Portal Diferenciais do Portal
Eu determino o meu
público.
O jeito de falar também marca.
Quase todos os programas estão
utilizando a: “#” no cantinho da
tela e os apresentadores falam
muito.
a gente tem uma conversa com
os apresentadores para incentivar
a galera a participar.
Os apresentadores que são as
estrelas, eles têm o triplo de
seguidores que a gente tem.
Eles tentam também falar isso
para as pessoas participarem.
A influência do apresentador é
uma estratégia. Nós passamos as
orientações para eles fazerem
isso.
Tentamos fazer essa interação
com o internauta pra ele nunca
sair daqui.
Fique aqui conosco para sempre.
É meio assim que a gente tenta.
Falar com o nosso usuário,
entregando para ele da maneira
mais variada possível esse
conteúdo.
Nosso objetivo é muito mais se
enquadrar e trazer a informação
para o nosso usuário da maneira
que seja mais fácil para ele.
De se preocupar com a nossa
sinalização nas redes sociais.
De se posicionar bem como
portal na web.
De possuir uma versão mobile
legal no celular.
Estar presente no dia a dia do
usuário.
A equipe que trabalha no
portal R7 tem esse DNA, de
estar ligado às redes sociais.
Nossa influência nas redes
sociais é muito grande.
Estamos posicionados em
todas as outras redes sociais,
mas o facebook é a maior
delas. Temos mais de 10
milhões de seguidores.
A pessoa tem a
possibilidade de conversar,
de discutir o conteúdo, de
compartilhar na própria time
line.
Fazemos o conteúdo direito,
de uma forma rápida, direta,
objetiva.
O cara pode consumir o
nosso conteúdo através das
redes sociais, do mobile, da
web e por aplicativo.
A grande razão assim do
sucesso é essa presença
social do portal.
Fonte: Elaborada pela autora.
140
ANEXO H – AVALIAÇÃO DA COLABORAÇÃO DO
USUÁRIO QUANTO AO CONTEÚDO JORNALÍSTICO
Importância e
densidade da
colaboração
Pontos positivos da
colaboração
Pontos negativos
da colaboração
Como ocorre a
colaboração. É
voluntária ou
involuntária
Como é feito o
acompanhamento do
conteúdo colaborativo
Eles participam o tempo
todo.
Estão sempre falando
algo - 24 horas, não
para. Houve uma
evolução desta
participação do usuário.
As pessoas querem
participar cada vez mais.
Elas se identificam.
A colaboração do
usuário é muito intensa
nos programas da casa.
Está muito presente no
dia a dia de todas as
editorias do portal.
Hoje tem estratégias que
ajudam eles a
participarem.
Os relatos das pessoas
por meio da colaboração
nas redes sociais podem
ser usados como
conteúdo novo.
Não conseguimos
classificar em
porcentagem. Porque na
maioria das vezes o
conteúdo colaborativo é
despertado através de
um call to action, uma
forma de indução ao
conteúdo.
Os comentários
mostram outra visão
das pessoas.
Aprendemos e
levamos muito em
consideração a
participação nas
redes sociais.
A colaboração dá
mais qualidade ao
conteúdo do portal.
A colaboração é
fundamental, pois
aproximou o
jornalista do
internauta e da
realidade, da
realidade que a
gente vê, como
jornalista.
Ter essa relação é a
melhor para nós,
para marca, questão
de audiência e tudo.
É super positivo ter
esse engajamento
no conteúdo que a
gente produz.
As redes sociais
ajudam muito na
interação com o
usuário.
A oportunidade de
estar anônimo
facilita que os
usuários façam
comentários
impróprios,
inadequados,
pesados.
Não podemos se
deixar levar pelo
calor da emoção,
pois a possibilidade
de errar é muito
grande.
Às vezes não tem
como você filtrar
tudo e pegar as
melhores coisas.
Quando eles
odeiam, eles odeiam
e a gente tem que
fazer eles todos
gostarem, ficarem
interagindo mesmo.
A participação
espontânea é muito
importante, gera
muita coisa, mas
quando é específico e
fica claro para a
pessoa o que a gente
quer, a participação é
maior e fica mais fácil
dela participar.
Se tiver passando o
jornal e tiver a
hashtag piscando na
tela, a pessoa pode se
sentir atraída e
mandar uma sugestão.
Incentivamos, porque
é importante pra
gente.
Selecionamos alguns
tweets de
comentários. A gente
tem que selecionar
para aparecer na TV.
No ao vivo a gente
utiliza muito mais o
Twitter, por causa do
timing.
Aparece das duas
formas. A indução ao
consumo do nosso
conteúdo é bem forte
no nosso trabalho de
redes sociais.
Eu acompanho muito as
redes sociais, lendo
muito os comentários.
As redes sociais são
muito importantes para
isso.
É uma coisa prioritária o
trabalho de
acompanhamento nas
redes sociais.
Acompanhar o que as
pessoas estão falando é
uma de nossas missões.
Fonte: Elaborada pela autora.