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FATEBRA FACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL “Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional” Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB www.iprb.com.br APOSTILA – 09 ESTUDOS SOBRE – O ESPIRITO SANTO TOTAL 57 PAGINAS 18 - ASSUNTOS! A Unção do Espírito na Vida do Cristão Contemporaneidade dos Dons Espirituais Contemporaneidade dos Dons Espirituais II Contemporaneidade dos Dons Espirituais III O Espírito Santo Levando a sério os pecados contra o Espírito Santo Levando o Espírito Santo a Sério Os crentes Batistas e os Dons Espirituais Os crentes Batistas e os Dons Espirituais II Os crentes Batistas e os Dons Espirituais III Os crentes Batistas e os Dons Espirituais IV Os crentes Batistas e os Dons Espirituais V O Espírito Santo, missões e a igreja brasileira O Espírito Santo no Processo Hermenêutico O dom, os dons e o fruto do Espírito Santo O Teólogo do Espírito Santo O Toque do Espírito Pentecostes: O Paradoxo de Deus 1 Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologia www.fatebra.com.br www.iprb.com.br [email protected] [email protected] [email protected]

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FATEBRAFACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL“Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional”

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.iprb.com.brAPOSTILA – 09

ESTUDOS SOBRE – O ESPIRITO SANTOTOTAL – 57 PAGINAS

18 - ASSUNTOS! A Unção do Espírito na Vida do Cristão Contemporaneidade dos Dons Espirituais Contemporaneidade dos Dons Espirituais II Contemporaneidade dos Dons Espirituais III O Espírito Santo Levando a sério os pecados contra o Espírito Santo Levando o Espírito Santo a Sério Os crentes Batistas e os Dons Espirituais Os crentes Batistas e os Dons Espirituais II Os crentes Batistas e os Dons Espirituais III Os crentes Batistas e os Dons Espirituais IV Os crentes Batistas e os Dons Espirituais V O Espírito Santo, missões e a igreja brasileira O Espírito Santo no Processo Hermenêutico O dom, os dons e o fruto do Espírito Santo O Teólogo do Espírito Santo O Toque do Espírito Pentecostes: O Paradoxo de Deus

A UNÇÃO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRISTÃOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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01. INTRODUÇÃO

A igreja hoje está vivendo mais em função do seu passado do que do seu presente. Muitos que sepultaram a velha vida, estão chorando diante da sepultura, recordando um tempo que já não existe mais. O que aconteceu? Onde foi parar a alegria, a fé, a ousadia?

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O povo de Deus está voltando a ser um povo errante. Qualquer dificuldade é motivo para se afastar em busca de um oásis inexistente.A lista para explicar este tipo de comportamento é grande. Tudo tem uma explicação para apoiar o afastamento, o desinteresse. Assim vamos colecionando fracassos na família, no trabalho, na igreja culpando até mesmo a Deus pelas nossas derrotas.

O estudo sobre a unção do Espírito visa restaurar o poder de Deus em nossas vidas. Estamos vivendo num período muito singular. O mover do Espírito Santo está começando a acontecer em muitos lugares. Precisamos estar preparados para não deixar esta onda passar sem nos tocar. A hora é de entrega e disposição de buscar a presença de Deus e a manifestação do Espírito Santo. Que Deus nos ajude!

Há duas questões que precisam ser consideradas no estudo sobre a unção do Espírito Santo:

A primeira é sobre o que o Espírito Santo está dizendo hoje para a igreja?Sabemos que a verdade de Deus é única e que o seu propósito continua o mesmo desde o início da criação. Malaquias 3:6Mas sabemos também que suas revelações são progressivas! João 13:7. Em cada período da história o Espírito Santo se moveu de acordo com as necessidades da igreja e do povo!

Hoje não temos necessidade de ver um lençol descendo do céu cheio de animais impuros, para caminharmos na direção indicada por Deus. Atos 10:11-12. Os presbíteros não se reúnem para discutir se devemos ou não ser circuncidados. Atos 15:1,6.

Nestes dias o Espírito Santo está dispensando à igreja o que ele tem de melhor. Por isso é devemos estar atentos à sua voz. Algumas perguntas devemos fazer a nós mesmos:a. O que estamos realizando tem a ver com o plano de Deus para esses dias? b. O nosso esforço tem respondido as prioridades do Reino de Deus?c. A nossa motivação está sendo direcionada para o alvo certo?

A segunda questão é se a igreja está ouvindo com clareza o que o Espírito está dizendo?Quando não se ouve com clareza a voz do Espírito corre-se o risco de caminhar por caminhos traçados pela nossa vontade.Paulo adverte - 1 Coríntios 14:8

02. COMO OUVIR A VOZ DO ESPÍRITO NESTES DIAS?

Em primeiro lugar, examinando o que a Palavra de Deus fala sobre esse período.

Isaías 35 é um texto profético que fala sobre uma grande unção que será derramada sobre o nosso deserto!Esta unção será tão grande que o maior desejo de Deus será cumprido.a. Ver o evangelho sendo pregado a todas as nações. - Mateus 24:14 b. Ver a igreja convivendo com o sobrenatural. - Marcos 16:17c. Ver o povo buscando a santificação de vida. - 1 Tessalonicenses 4:3d. Ver as influências satânicas sendo inibidas pelo poder da unção. - Lucas 4:18

Em segundo lugar, estendendo os olhos para o mundo para ver onde o vento está soprando.

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Durante um período o vento soprou em alguns países e modificou completamente a sua paisagem. A Escócia há cerca de quatrocentos anos estava mergulhada em profundas trevas. O povo vivia numa pobreza degradante. O sistema feudal, que em outros países já havia sido abolido, ainda predominava na Escócia. Não existia a classe média. Apenas o clero, a nobreza e o povo. O povo era considerado os vassalos dos barões. Era escravo no corpo e na mente. O clero levava uma vida corrompida e imoral. Neste caos surge um homem levantado por Deus chamado João Knox. Sob o ministério deste homem o país foi transformado completamente.

A Inglaterra também em 1739 experimentou o mover do Espírito através de João Wesley, Charles Finney, George Whitefield.

Em outros países como Irlanda, Gales, Estados Unidos o sopro do Espírito Santo mudou a vida e o sistema de governo até então predominante.

Hoje o Espírito continua soprando em muitos outros lugares. A nossa oração é que ele não deixe de soprar em nosso meio, em nossa igreja, em nosso país.

03. UM GRANDE PERIGO QUE RONDA A IGREJA

Um dos grandes riscos da igreja moderna é o de acreditar:a. que através de uma organização bem feita; b. de uma programação eclética; c. de uma da habilidade em lidar com o povoEla produzirá os mesmos resultados que a unção do Espírito produz.

É importante frisar, que sem unção não há trabalho espiritual. Nada pode substituir a ação do Espírito Santo. Lucas 24:49

04. O QUE É UNÇÃO DO ESPÍRITO?

Hoje esta palavra, que é nova no vocabulário evangélico, já está sendo deturpada e desgastada.A unção está sendo confundida com muitas práticas realizadas pela igreja.A unção não é:a. Um manifestação sentimental!c. Uma demonstração humana de poder!d. Uma encenação espiritual!

Unção, é o método que Deus usa através do Espírito Santo para operar a sua vontade na terra. Envolve todas as graças, habilidades e poderes do Espírito Santo. A Unção é a revelação da presença de Deus no meio do seu povo.Ela ao se manifestar afeta todo aquele que é tocado. Quando um homem está ungido tudo o que ele toca recebe a mesma unção.

05. UM PEQUENO HISTÓRICO BÍBLICO

No Antigo Testamento ninguém podia oferecer sacrifícios se não fosse ungido para tal. A unção era específica para:- os reis - 1 Samuel 9:16; 2 Samuel 5:3

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- sacerdotes - Êxodo 28:41; Êxodo 30:32- profetas - 1 Reis 19:16

Estes eram ungidos para oficiarem diante de Deus. Quem tentou oferecer sacrifícios sem passar pela unção, foi punido. Levíticos 10:1; 1 Samuel 13:8-9; 13.Hoje a unção do Espírito Santo nos habilita a exercer:- a autoridade de um rei - Lucas 10:19- a interceder como um sacerdote - 1 João 5:16- a profetizar como um enviado de Deus - Atos 18:9

Lembre-se do seguinte: o mundo hoje requer uma igreja que trabalhe no poder do Espírito Santo. Uma igreja que saiba depender do Espírito na realização de seus projetos.Zacarias 4:6.

CONTEMPORANEIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS III ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.iprb.com.brA única evidência do batismo é o falar em línguas?

O que a Bíblia nos mostra como evidência do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Em Atos 10.44-46 vemos que "os fiéis que eram da circuncisão" se maravilharam ao presenciar o derramar do

Espírito sobre os gentios. Como eles souberam? "POIS OS OUVIAM FALAR EM LÍNGUAS". Então, ficaram cheios de unção para engrandecerem a Deus (v.46). No caso de Simão, a mesma coisa. Simão viu ou

ouviu alguma coisa que evidenciou a descida do Espírito aos de Samaria (Atos 8.15-18). Em Pentecostes, a evidencia maior foram as línguas (Atos 2.4). O batismo dos efésios também foi seguido pelo falar em

línguas (Atos 19.5-6). Todavia, creio que o Espírito não está limitado a determinadas fórmulas. É possível que um crente seja batizado e somente depois de algum tempo haja a manifestação vocal e

sobrenatural das línguas ou de outros dons. Mas como determinar se o irmão foi batizado no momento em que começou a falar em línguas ou no momento em que sentiu algo estranho? Particularmente não conheço casos de batismo sem o dom de línguas, até porque na ocasião do batismo, além das línguas,

nem sempre há manifestações físicas visíveis. Resumindo, o falar em línguas estranhas é uma evidência segura de que o irmão foi batizado no Espírito Santo. Não estamos falando em falar línguas decoradas

ou em imitações grosseiras. Quem tem discernimento sabe distinguir uma coisa da outra.CONTEMPORANEIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira

Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.iprb.com.br

Batismo no Espírito Santo - Dom de Línguas

(PERGUNTAS E RESPOSTAS)Onde estão na Bíblia as promessas de batismo no Espírito?R: Isaías 44.3; Joel 2.28-29; Mateus 3.11; Lucas 24.49.

Quando se iniciou o cumprimento dessas promessas?R: Iniciou-se por ocasião do Pentecostes (Atos 2.1-4), a segunda grande festa sagrada do ano judaico. Cinqüenta dias após a Páscoa iniciava-se a festa de Pentecostes, também chamada Festas das Colheitas;

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Pentecostes deriva do grego penteekostos , que significa qüinquagésimo. Leiam: E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (Atos 2.4).

Houve alguma promessa para que esse batismo ocorresse em gerações futuras?R: Sim. Atos 2.39: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor chamar".

Quais os exemplos de batismos após o Pentecostes?R: EXEMPLOS BÍBLICOS:(a) EM SAMARIA - Atos 8.5-17. Aqui temos o registro detalhado do batismo de irmãos que já eram crentes em Jesus e haviam sido batizados nas águas (vs. 8,12,14). Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo (At 8.14-17). Portanto, foi uma experiência posterior a Pentecostes e distinta da salvação em Cristo Jesus.(b) NA CASA DE CORNÉLIO Atos 11.13-15 Aqui o relato de salvação e batismo simultâneos: E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós a princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo (At 11.15-16). Aqui Pedro declara que o batismo naquela casa tinha sido igual ao do dia de Pentecostes: como também sobre nós a princípio.(c) SAULO Atos 9.10-18 Saulo já era crente (v. 6,15), porém: E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo [outra prova de que Saulo já era irmão em Cristo], o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver E SEJAS CHEIO DO ESPÍRITO SANTO (At 9.17). Experiência posterior a Pentecostes. A missão de Ananias não era pregar a Palavra ou levar Saulo à conversão, mas somente restabelecer a sua visão e enchê-lo do Espírito. (d) OS DISCÍPULOS EM ÉFESO Atos 19.1-7 - O fato ocorreu 25 anos depois do batismo coletivo em Pentecostes (Atos 2.4), já na terceira viagem missionária de Paulo. Vejamos: Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado pela estrada do interior, chegou a Éfeso. Aí achou alguns discípulos e perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo. Tornou-lhes eles: Em que fostes batizados, então? Responderam: No batismo de João. Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, Jesus. Quando ouviram isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus . Antes de darmos prosseguimento, devemos verificar que as Boas Novas não haviam chegado àqueles discípulos de João Batista, que eram gentios. Tinham sido batizados em nome do Pai, de conformidade com o batismo de João. Então Paulo anunciou a vinda, a morte e ressurreição de Jesus, e eles ouviram, creram e foram batizados (v. 5). Paulo não se limitou a isso. Desejava que eles recebessem a plenitude do Espírito, tal como ele próprio recebera: E, impondo-lhes as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam línguas e profetizavam (v.6).EXEMPLOS NÃO BÍBLICOS:Milhões de casos. Não há estatísticas sobre o assunto, mas com certeza há no Brasil milhões de irmãos batizados no Espírito Santo, ou seja, que passaram pela mesma experiência dos discípulos no dia de Pentecostes e de outros em anos posteriores, como acima relatado.

Quem batiza no Espírito Santo?R: O Senhor Jesus: Ele [Jesus] vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3. 16; Mt 3.11; At 2.32-33).

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Quem pode ser batizado?R: Somente os salvos, ou seja, os crentes em Jesus. Todos os casos bíblicos ocorreram após haverem recebido a Palavra, ou simultaneamente. (At 2.38-39).

Quais as condições para o batismo?R: Buscar, ter sede: Se alguém tem sede vem a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele dizia do Espírito que haviam de receber os que nele cressem. O Espírito Santo ainda não fora dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado (Jo 7.37-39). Mas não existe um método especial. Deus é soberano na sua vontade. Ele batiza quem quer, como, onde e quando quer.

Irmãos de Igrejas não pentecostais podem receber o batismo?R: Podem, e muitos recebem. Alguns continuam na sua própria congregação, outros, por diversos fatores, vão para igrejas pentecostais. Muitos são os exemplos de batismo de irmãos não pentecostais. Há alguns meses vi um irmão não pentecostal ser batizado; falou em línguas e falou de sua excepcional experiência. São muitos os casos.

Qual a evidência desse batismoR: A evidência bíblica é o falar em línguas.

O falar em línguas é um dom?R: É e está em 1 Corintos 12, onde se lê também acerca dos demais dons.

Esses dons estão disponíveis hoje, ou só foram concedidos no tempo de Jesus?R: Todos os dons ali relacionados estão em vigor, não caducaram. A Carta aos Corintos foi escrita em 55/56 anos depois de Cristo, e ali Paulo declara que existe diversidade de dons e de ministérios (v. 4,5). Ademais, Paulo diz que gostaria que todos vós falásseis em línguas, mas muito mais que profetizásseis [outro dom] . (1 Co 14.5). E manifesta sua alegria em falar em línguas: DOU GRAÇAS AO MEU DEUS, PORQUE FALO EM OUTRAS LÍNGUAS MAIS DO QUE TODOS VÓS (1 Co 14.18). Como se vê, Paulo falava em línguas por onde andava e incentivava os irmãos a fazerem mesmo. Jesus declarou que o dom de variedade de línguas estaria disposto a todos os que cressem (Mc 16.17).

Qual a finalidade desse dom?R: Paulo responde: O que fala em língua não fala aos homens, senão a Deus. Com efeito, ninguém o entende, e em espírito fala mistério. O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja (1 Co 14.2,4).

O batismo no Espírito Santo é condição para a salvação?R Não. Somos salvos pela graça, mediante a fé no Senhor Jesus. Pentecostais e não pentecostais são salvos em Cristo, irmãos em Cristo.

Então para que serve o batismo no Espírito?R: O apóstolo Paulo responde dizendo que toda manifestação sobrenatural do Espírito é dada a cada um para o que for útil (1 Co 12.7). Se não tivessem nenhuma utilidade, Deus não concederia tais dons. Também não os teria prometido. Também não teria derramado do seu Espírito sobre os discípulos no Pentecostes. Uma das finalidades é receber poder. Vejam: Não vos ausenteis de Jerusalém, mas esperai a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Pois João batizou com água, mas vós sereis batizados com o espírito Santo, não muito depois destes dias. MAS RECEBEREIS PODER, AO DESCER SOBRE VÓS O ESPÍRITO SANTO... (At 1.4,5,8).

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O que sente o crente na hora do batismo? R: Essa pergunta eu fiz a uma centena de irmãos, antes de escrever uma apostila sobre o assunto. Nenhum deles soube descrever com segurança o que se passou no seu corpo, alma, espírito. A verdade é que receberam uma infusão de alegria. Algo indescritível e, até certo ponto, incontrolável.

Para expulsar demônios e curar enfermos precisa ser batizado no Espírito?R: Jesus outorgou tais poderes a todo aquele que crê (Mc 16.17-18).

Devemos buscar os dons espirituais?R: Paulo responde: Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar... o que profetiza, fala aos homens para edificação, exortação e consolação (1 Co 14.1,3).

O ESPIRITO SANTOUma Leitura Ortodoxa Oriental A Partir De Paul Evdokímov

ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira

Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.iprb.com.br

Os teólogos cristãos ortodoxos orientais foram os que mais se debruçaram sobre os estudos da teologia do Espírito Santo. Desde o século VII, em

virtude do debate com a Igreja Romana ocidental e posterior afastamento dela, produziram uma teologia rica e sofisticada sobre o Espírito Santo, infelizmente pouco conhecida em nossos seminários e faculdades de

Teologia.

Nesse texto, o professor Marcelo Da Silva Ferreira, mestrando em Teologia e História na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, nos apresenta uma leitura necessária da doutrina do Espírito Santo a

partir do livro do teólogo ortodoxo oriental Paul Evdokímov, "O Espírito Santo na Igreja Oriental", publicado em 1996, em São Paulo, pela Editora Ave Maria. Sem dúvida, é um estudo pertinente para a

igreja evangélica. [Jorge Pinheiro].

As premissas orientais da teologia patrística

Os ensinamentos dos pais orientais sobre o conhecimento de Deus salientam que o projeto divino da criação do homem está ligado a promessa de Encarnação do Verbo divino, pois estas duas doutrinas

complementam-se. O Oriente sustenta que a Encarnação seria realizada mesmo fora da queda, como a expressão do amor divino e termo último da comunhão entre Deus e o homem.

Essa idéia demonstra o aprendizado de Deus dentro de uma natureza a qual ele havia criado, mas não havia experimentado e na humanidade de Cristo, Deus pode compartilhar de experiências que ele

conhecia, mas como divino não havia passado. A concepção da eucaristia na Igreja demonstra o lugar da união substancial entre Deus e o homem, esse aspecto nos leva a refletir dentro da ótica ortodoxa que a

ordenança da ceia do Senhor além de lembrar do sacrifício de Cristo e de sua iminente volta, nos faz pensar que tudo isso foi possível graças a Encarnação do Verbo divino entre nós.

Esse ponto muitas vezes é esquecido por nós que nos concentramos no aspecto do sacrifício e de sua volta, o que é importante. No entanto, a idéia da Encarnação sendo evocada na ministração da Ceia é de

grande valia.

O homem, como portador de uma certa medida de conhecimento de Deus é capaz de pressentir este mistério e responder ao desejo divino depositado por Ele no coração humano. A idéia de predestinação,

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diferente do calvinismo, repousa no fato de que todo homem pode responder positivamente ao chamado divino, porque ele carrega o sopro de vida divino e é justamente isso que o impele a uma

resposta positiva.

Para o Oriente existe uma distinção entre a razão (cérebro) e a inteligência (coração). No entanto, o verdadeiro conhecimento é sempre caritativo e o amor é sempre intelectivo. Na verdade, o

conhecimento sem amor é puro intelectualismo vazio, inócuo e sem vida, o amor sem intelecto é paixão cega, sem o alicerce da razão.

O pecado original separou a razão do coração, falseando a faculdade do discernimento e da apreciação. Essa condição de perversão reclama um ato de fé (metanóia). Para o Oriente, a fé é uma reviravolta de

tudo no ser humano na sua experiência do transcendente.

Podemos dizer que aqui há uma certa semelhança da teologia ortodoxa com a teologia pentecostal no que diz respeito a uma experiência transcendente. No entanto, os ortodoxos, evocam uma experiência

com o transcendente sem desligar-se de sua base: a teologia bíblica, o que difere nos grupos neopentecostais mais novos que geralmente têm nas suas experiências com o transcendente um

desligamento do alicerce teológico.

De qualquer forma, seja pentecostal, ortodoxo ou histórico, a experiência com o transcendente é necessária justamente para vivenciar aquilo que se lê, caso contrário, estaremos vivendo uma fé

puramente intelectual e nossos cultos repletos de tédio e marasmo. O culto verdadeiro compreende uma experiência com o sobrenatural de Deus e com a revelação sobrenatural da teologia bíblica que é o

nosso alicerce. Teologizar é a tradução dos termos teológicos a comunhão com Deus, relatando o seu conteúdo.

O kerigma, a didaskália e a catequese fazem parte elemento doutrinal da teologia, no entanto, a Igreja cultiva a seiva do conhecimento escutando os santos, os Pais, da experiência com o Espírito Santo e do

colóquio com o Verbo, oferecendo a todos na liturgia.

A teologia mística é mais do que conhecimento cerebral é o conhecimento pela revelação de Deus e pela participação receptiva do lado do homem. Todo conhecimento de Deus deve partir dele e de sua

proximidade.

Os Concílios Ecumênicos sempre tiveram como objetivo esclarecer a via salvadora de forma prática, respondendo às questões de vida ou de morte. A teologia segundo os Pais da Igreja erige-se em

ministério carismático, pois o conhecimento de Deus é obtido pelo que ele mesmo se dá a conhecer. Longe de uma experiência puramente enciclopédica, os Pais da Igreja enfatizam a necessidade de uma

receptividade aberta às revelações fulgurantes do Transcendente.

As dimensões positiva e negativa da teologia dos Pais

A dimensão apofática (negação), constituiu o lado negativo da teologia no sentido de negar toda a tentativa de definição de Deus, justamente pelo fato de que todas as nossas definições não exprimem a

totalidade daquilo que é Deus em si mesmo. Ela realiza um ultrapassar, sem nunca se desligar de sua base, a teologia da Revelação Bíblica. Esse aspecto negativo constitui o único remédio para a

insuficiência obrigando a transcender-se, por isso, o lado negativo não é um simples corretivo, mas uma teologia autônoma. O método apofático ensina a atitude correta de todo teólogo: o homem não especula, mas transforma-se, podendo contemplar pelos olhos da Pomba a Mônada una e trina

escondida na epifania.

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A dimensão catafática (positiva), constitui por sua vez, o lado positivo da teologia e tem um caráter simbólico, segundo os Pais Orientais, sendo aplicada apenas aos atributos revelados, às manifestações de Deus no mundo. Ela se constitui num modo inteligível do conhecimento de Deus, que está acima de

qualquer sistema de pensamento. Essa teologia tem seu valor e suas dimensões próprias e aos seus limites.

Deus é misterioso, incognoscível pela sua própria natureza. Quando o homem procura a Deus, é ele que é encontrado por Deus.

As particularidades da Teologia dos Pais Orientais

A teologia dos Pais é uma teologia trinitária, elaboradora das definições dogmáticas e da unidade e diversidade das Pessoas em Deus. O termo homoousios permitiu exprimir o mistério de Deus.

O Oriente acredita que as relações entre as Pessoas da Trindade não são de oposição, nem de separação, mas de diversidade, de reciprocidade, de revelação recíproca e de comunhão no Pai. A forma

ocidental de uma certa maneira contribuiu para realçar as relações de oposição e de separação.

Os atributos que se referem à natureza comum são inerentes aos Três sem diferenciações. Sendo a Pessoa Única quando evocada na sua relação com à Fonte que é o Pai. A inascibilidade do Pai, a geração

do Filho e a processão do Espírito são as relações que melhor permitem distinguí-las.

As relações de origem não são o único fundamento das Hipóstases, que as constituiria e as esgotaria do seu conteúdo.

A teologia do Oriente reserva um caráter sempre ternário ou triplo das relações, suprimindo qualquer possibilidade de as reduzir à dualidade, à formação de díades no seio da Trindade.

Na Trindade encontram-se reunidos e circunscritos o uno e o múltiplo, no entanto, os Pais não procuram justificar pela razão o número Três. A própria ciência matemática, não justifica o um absoluto,

sendo assim a unidade composta de Deus, não pode ser explicada através de pensamentos ditos "lógicos", se a própria ciência não reconhece o um absoluto.

A filosofia latina encara em primeiro lugar a natureza em si mesma e prossegue até o subordinado (a Pessoa); a filosofia grega encara em primeiro lugar o subordinado e aí penetra depois para encontrar a

natureza. Este ponto explica justamente a facilidade de entendimento e compreensão do método ortodoxo para o ocidental, partindo das três pessoas como Jesus fez na "Grande Comissão", chega-se

unidade de Deus. Nós atrelados ao pensamento ocidental partimos de Deus para explicar a diversidade de Pessoas nele. O problema aqui não é o método ser certo ou errado, mas a facilidade que o

pensamento ortodoxo fornece na compreensão da trindade é inegável.

O Oriente vê o perigo quando não é a Monarquia do Pai, mas a natureza una que se erige em princípio da unidade na Trindade. O princípio de unidade não é a natureza, mas o Pai que estabelece relações de

origem em relação a Ele mesmo, como a única Fonte de qualquer relação.

Para os Pais Orientais confessar a unidade trinitária é reconhecer o Pai como a única fonte das Hipóstases que simultaneamente recebem dele a mesma e única natureza.

A Hipóstase é a maneira pessoal de se apropriar a mesma natureza, sendo que cada uma delas na sua realidade única ultrapassa as simples relações de origem. Todos os Pais afirmam a única Fonte

Hipostática do Pai e ao mesmo tempo uma relação íntima entre o Filho e o Espírito inseparavelmente

9Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

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concebidos e unidos. A processão do Filho e do Espírito Santo do único Pai foi sempre acentuada fortemente pelos Pais Orientais.

A beatitude designa, para o Oriente, o infinito da deificação, participação da vida divina e visão da glória trinitária através da humanidade glorificada do Cristo.

O Pai é a fonte da Verdade, o Filho é o princípio de revelação da Verdade do Pai, o Espírito Santo é o princípio da sua manifestação dinâmica e vivificante, ele é a Vida da Verdade, o seu Espírito.

LEVANDO A SÉRIO OS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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Texto básico Hebreus 3.7-14

Uma das mais gloriosas promessas da Bíblia Sagrada é a da vinda do Espírito Santo sobre a Igreja de Cristo. Ele é o Espírito da verdade (Jo 16.13), da alegria, da paz, da justiça (Rm 14.17); é o Consolador, o Paráclito, nosso Amigo e Companheiro de caminhada com Jesus (Jo 14.16).

No momento da nossa conversão, todos recebemos o Espírito Santo, assim o diz Atos 19.2: "e [Paulo aos discípulos de Éfeso] perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?" Nesse instante especial, dons espirituais nos são conferidos porque o Espírito Santo quer produzir o Seu fruto em nossa vida. Então, como se explica que haja crentes cujas vidas não demonstram os abençoados dons espirituais nem a maravilhosa graça do fruto do Espírito?

Diz o Antigo Testamento que dia e noite, contínua e permanentemente, o fogo ardia no altar (cf. Lv 6.8-13). Que símbolo inspirador, claro, bendito de como o Espírito Santo deve agir em nós, permanente e continuamente.

Mas não tem sido assim: o modo como certos crentes (mesmo o crente?!) tratam o Espírito Santo é sinal da presença da "velha criatura". É o caso do filho de Deus que dá lugar à hipocrisia, à fraude, à desonestidade, à falta de controle, à mentira, e daí por diante. E quando ele age desse modo, torna-se uma pedra de tropeço para os outros.

Pois é; o descrente peca resistindo ao Espírito Santo (At 7.51) e contra Ele blasfemando (Mt 12.22-32; Hb 10.29); e o crente em Jesus Cristo peca entristecendo o Espírito ((Ef 4.30) e extinguindo-O ou apagando-O (1Ts 5.19). Aliás são dois versículos extremamente tristes: "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção", diz o da Carta aos Efésios; "Não extingais o Espírito", adverte Paulo aos tessalonicenses e a nós.

A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Este pecado é cometido por descrentes, e é o chamado "imperdoável" (cf. Mt 12.31,32). Há muita idéia equivocada correndo nossos arraiais evangélicos sobre em que consiste este pecado. Uma é que ninguém sabe qual é: portanto, nem precisamos nos preocupar... Há quem pense ser uma imoralidade degradante em que se envolveu, razão porque nunca mais terá perdão; no entanto, 1João 1.9 é revelador e confortador: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça". Também não é homicídio, nem adultério, nem tóxicos, nem o divórcio.

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A blasfêmia contra o Espírito Santo consiste na rejeição na graça divina. Ou como os teólogos da Igreja Antiga diziam: "rejeição do evangelho" (Irineu), "dureza do coração humano rejeitando a obra de Jesus Cristo" (Agostinho). Pelo texto de Mateus 12 é a rejeição da obra, da divindade, do ministério salvador de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

A negação da verdade do perdão trazido pelo sacrifício de Jesus, e a conseqüente remissão de pecados, é não permitir que sejam anulados os pecados. É a rejeição da obra do Espírito de Deus em levar o arrependimento e ao perdão. Foi o caso de Judas Iscariotes: acompanhou Jesus de perto; participou do Seu ministério, até; ajudou nos milagres; conhecia os lugares de oração, mas não conhecia Jesus como Salvador.

Por esse motivo, a blasfêmia contra o Espírito Santo dá como resultado a condenação eterna. Ora, o perdão em Cristo é o elo de restauração entre Deus e o ser humano. Se não há perdão, não há redenção, comunhão nem compartilhar com Deus. Estêvão falou sobre isso: "Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resistis ao Espírito Santo, assim vós como vossos pais!" (At 7.51).

É resistência ao Espírito; é tornar o coração como pedra, insensível aos apelos do Espírito. Assim sendo, não pode haver perdão.

Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo é uma atitude que pode ser corrigida, pois Hebreus 3.7,8 o afirmam "Assim, como diz o Espírito Santo: Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras"(cf. Sl 95.7,8). Esse horrendo pecado deve ser combatido clamando pelo Espírito Santo, arrependendo-se e obedecendo : "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espirito Santo àqueles que pedirem?" (Lc 11.13).

QUANDO O ESPÍRITO SANTO FICA TRISTE (Ef 4.30)

O apóstolo Paulo estava perfeitamente consciente de que por trás do que pensamos, dizemos e fazemos, há personalidades ativas atuando. São personalidades invisíveis, mas bem presentes. Por essa razão, ele nos alerta a não dar qualquer oportunidade ao Inimigo-de-nossas-almas: "não deis lugar ao diabo" (Ef 4.27), bem como nos instrui a não entristecer o Espírito.

Ora, todo pecado é motivo de tristeza para Deus. Por uma razão simples; simples e triste; triste e de tremendas conseqüências: é que o pecado quebra a nossa comunhão com Ele, e nós fomos chamados a essa comunhão. Paulo com certeza tinha Isaías 63.10a no coração ao escrever esta advertência: "Contudo eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo".

Não esqueçamos que o Espírito Santo é o elo, o vinculo da vida de comunhão. Não esqueçamos, outrossim, que o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade é, por essência, Santo. E Ele Se entristece com a falta de santidade dos filhos de Deus, naturalmente; Ele Se entristece com a desunião (Ef 2.18; 4.4); Ele Se entristece com tudo o que não combina com a pureza, com a comunhão, com a santidade, com a união, com a Sua própria natureza. Ele é o "Espírito da verdade" (Jo 16.13; 14.17). Logo, Ele Se entristece com a mentira, com a falsidade e a traição.

Ele é o Espírito que nos "sela" para o dia da redenção, ou seja, o Espírito Santo em nós é a garantia, o selo, e a certeza da vida, e a certeza da herança que nos aguarda. Ele está em nossos corações, e é Aquele no qual estamos garantidos para o Dia Final (Ef 1.13,14); é Aquele que nos fez reviver em Cristo (Ef 2.5); é Aquele que nos deu acesso ao Pai por meio de Jesus Cristo (Ef 2.18); é Aquele que nos

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comunica os dons necessários para o nosso serviço (Ef 4.7,8). Portanto, o que pode prejudicar o seu poder em nós deve terminante, enfática e imediatamente rejeitado.

Enfim, entristecemos o Espírito de Deus cometendo aquilo que não combina com Jesus em pensamento, palavras e ações:

· Quando mentimos, porque, como vimos, Ele é o Espírito da Verdade (Jo 14.7), já o lembramos. Fora, então, a falsidade, a mentira e a deslealdade!· Quando descremos, porque Ele é o Espírito de Fé (2Co 4.13). Fora a ansiedade, a desconfiança, a dúvida, a preocupação!· Quando não perdoamos, porque Ele é o Espírito da Graça (Hb 10.29). Abaixo o que é amargo e malicioso, indelicado e demorado para perdoar!· Quando nos degradamos, porque Ele é o Espírito de Santidade (Rm 1.4). Que desapareça de nossa vida o que é impuro, ultrajante e degradante!

QUANDO O ESPÍRITO SANTO É EXTINTO

"Não extingais o Espírito" diz o texto de 1Tessalonicenses. Algumas versões da Bíblia "apagar" em lugar de "extinguir". E esse é um pecado só cometido pelo que já confessou sua fé em Jesus Cristo. Essa linguagem ("extinguir", "apagar") retoma a metáfora do Espírito Santo como fogo, ou algo a Ele associado (cf. Mt 3.11; Lc 3.16; At 2.3; Rm 12.11; 2Tm 1.6). Observe-se que Romanos 12.11 e 2Timóteo 1.6 mostram graficamente o abanar de um fogo de carvão até que as chamas sejam formadas.

Voltando à Carta aos Tessalonicenses, havia na igreja de Tessalônica uma tendência de esmorecer, abafar as manifestações espirituais, ou seja, o fogo do Espírito. Provavelmente, era uma reação contra o que pode ter parecido uma ênfase entusiasta ao Espírito. Talvez, mesmo como em Corinto.

Ora, os dons foram dados para o crescimento espiritual do Corpo de Cristo. Se a Igreja for indiferente a eles ou hostil, o exercício deles será frustrado, apagado. Como então, se extingue o Espírito Santo em nossas vidas, como pessoas individuais ou como igreja?· Sem dúvida, por falta de receptividade à vontade do Espírito. · Por suspeita, ou falta de consideração dos caminhos do Senhor (que não são os nossos).· Sempre que dizemos "não" a Deus.

Quer dizer que como a brasa apaga quando retirada da fogueira, as vidas dos crentes rebeldes, fechados à operação de Deus também. Paulo até fez um veemente apelo, "Rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.1,2).

O que apaga o Espírito? Qualquer desafio, qualquer oposição à vontade de Deus. O que O acende? A submissão, a entrega, o quebrantamento, a decisão de cumprir Seu querer. Um fogo natural é apagado quando jogamos areia ou água para sufocá-lo. Pois um pecado intencional apaga, extingue o Espírito Santo. A crítica malvada, a grosseria, o rebaixamento de um trabalho pela palavra de alguém, o desprezo.

Aí, você, minha irmã, meu irmão, peca contra o Espírito Santo. Você entristeceu o Espírito; você apagou o Espírito em sua vida, em seu pensamento, em seu testemunho, em suas ações.

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Que fazer agora? Como curar os estragos desse(s) pecado(s) em sua vida espiritual? Lembre-se de que todo e qualquer pecado entristece o Espírito. Recorde-se, porém, de que só Jesus Cristo pode purificar do pecado. João escreveu essa evangélica verdade em sua Primeira Carta 1.9: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça". E Paulo o referenda em Tito 3.5.

A confissão é a única condição para a comunhão (1Jo 1.6,7). Afinal, nós somos "selados" pelo Espírito Santo; somos marcados, separados para Cristo. O que fizermos de errado no corpo ou na mente (na vida cristã não tem pertinência essa separação), o que não for para a glória de Deus é ofensa como Aquele que merece 100% de nós. Não 50%, nem 80%, nem sequer 98%.

Quando o irmão, a irmã se batizou nas águas tinha na mente e no coração que o batismo é símbolo de morte e sepultamento. Morte para o lixo do passado, morte para o pecado, e recomeço de vida em Cristo Jesus. Você tem levado a sério essa morte para o sistema de coisas desse mundo? Você morreu para o que não agrada a Deus? Ou continua a viver a velha vida da velha criatura com os velhos vícios, as velhas atitudes, a vida da criatura que já devia ter morrido há muito tempo? Você pode dizer: " Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim"?

Quando levamos os pecados contra o Espírito Santo a sério, queremos fazer tudo o que é agradável a Jesus Cristo, Senhor de nossas vidas. Temos uma visão da coisa hedionda que é o pecado, o pecado escondido, o pecado secreto, o pecado acariciado tantas vezes.

A Bíblia conta que entre os querubins da tampa da Arca da Aliança (aron haberith) brilhava a Shekinah (Ex 25.21,22; 29.43; 30.6; Lv 16.2). A Shekinah, a gloriosa presença de Deus brilhava na antiga dispensação entre os querubins do propiciatória (kapporeth). Hoje, na nova dispensação, chameja nas frontes dos crentes em Jesus Cristo, lavados por Seu sangue, batizados no Seu Espírito, purificados para servi-Lo.

Mas Satanás, nosso declarado Inimigo, fez nascer o medo do Espírito Santo entre nós. Já pensaram que coisa horrível? Que o Espírito Santo, a Chama Divina, a Divina Shekinah queime esse temor. Afinal, nós amamos o Senhor manifesto como Deus Pai, Criador; Deus Filho, Sustentador e Deus Santo Espírito, nosso Guia, Conselheiro, Amigo e protetor. Nós cantamos sobre o Espírito Santo. São inspiradoras expressões as da terceira estrofe do hino 1 do Cantor Cristão (CC),

"A Ti, ó Deus, real Consolador,Divino fogo santificadorQue nos anima e nos acende o amor,Aleluia! Aleluia!"

E do 118 CC,

"Jesus, ao céu subindo,Se penhorou mandarSeu bom e santo Espírito,A fim de nos guiar;E o grande, excelso GuiaEm nós agora está,O mundo além revela,Conduz-nos para lá".

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E as grandes verdades doutrinárias do hino 206 do Hinário para o Culto Cristão (HCC),"Santo Espírito divino, és o Criador,junto com o Pai e o Filho, nosso Salvador.Do pecado e do castigo vens nos convencer;Pelo novo nascimento somos outro ser.

Santo Espírito, vive em mim aqui,Pois em ti fui batizado quando em Cristo eu cri".

E de tantos outros da nossa riquíssima hinódia.

Pois é; os hinos ensinam doutrina. Mas não é porque cantamos hinos que o Espírito Santo vem sobre nós; mas porque o Espírito Santo veio sobre nós, e está conosco, é que cantamos e louvamos.

E agora uma palavra aos amigos que não têm certeza da salvação. Quando o Espírito Santo é levado a sério, entendemos o que seja rejeitar a salvação, insultar o Espírito de Deus, blasfemar contra Ele. A rejeição da verdade do evangelho produz trevas, caleja, endurece o coração, petrifica-o. Por essa razão, quem se convence dessa verdade, da verdade de Cristo, da pureza do Seu ensino, da grandiosidade de Sua obra de salvação, e não se rende ao Salvador, endurece o coração contra Deus.

Receber o conhecimento da verdade (que é Cristo) e rejeitá-la é um pecado voluntário contra o Espírito. Daí a expressão de Hebreus 10.29: "De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com o qual foi santificado e ultrajar o Espírito da graça?" E isso traz condenação sobre condenação.

A Bíblia, no entanto, a Bíblia que é o livro do amor de Deus, ensina que Ele não em leva os tempos da ignorância (At 17.30), e o próprio apóstolo Paulo, que havia blasfemado contra o Espírito Santo foi salvo pela graça, pela misericórdia que não leva em conta esses tempos de desconhecimento da misericórdia, graça, amor e paz, desde que haja confissão e arrependimento: "a mim que outrora fui blasfemo e perseguidor e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade; e a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Cristo Jesus" (1Tm1.13).

LEVANDO O ESPÍRITO SANTO A SÉRIOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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Levam todos os crentes em Jesus Cristo o Espírito Santo a sério? A pergunta não é descabida, porque a própria Escritura Sagrada nos encoraja a não entristecer o Espírito, e a não extingüi-Lo em nossa experiência de vida espiritual. Uma coisa, no entanto, deve ser enfatizada: a vida cristã foi projetada para ser de vitórias! E elas dependem do Espírito Santo em nós, conduzindo a nossa vida e a enchendo.

Como vamos afirmar que levamos o Espírito Santo a sério, se Ele não ocupa lugar de seriedade em nossa vida ou na vida da igreja? Na Escritura Sagrada, ao Espírito Santo é atribuída a mesma dignidade do Pai e do Filho. Na Carta de Judas está ressaltado: "Vós amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo; conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo" (v. 20). A Palavra de Deus ensina, ainda, que toda a Santíssima Trindade, em comunhão perfeita, trabalha unida, e nenhuma das Suas Pessoas opera de modo separado das outras.

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QUANDO NÓS LEVAMOS O ESPÍRITO SANTO A SÉRIO...

A primeira coisa que se vê na Escritura é que Ele nos põe de pé. No livro do profeta Ezequiel, capítulo 1.28ss, está registrado:

"Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor da glória de Deus. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí com o rosto em terra, disse Ezequiel, e ouvi uma voz, a voz de quem falava. E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então, quando ele falava comigo, entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava" .

O Espírito Santo nos põe sempre em pé diante do Senhor. Ele não anda derrubando o crente, pois o Espírito Santo não é Deus machucando o crente. Vêm acontecendo alguns estranhos movimentos em algumas igrejas. A esse tipo de anormalidade atribui-se uma pretensa atuação do Espírito de Santidade (melhor tradução para Ruach haKodesh), que, segundo informam, anda derrubando o crente. Alguém sopra e a pessoa cai; joga o paletó, cai. Talvez seja outro espírito qualquer, mas, seguramente, não o Santo Espírito de Deus, que sempre nos põe em pé, como ocorreu com Ezequiel e com João na Ilha de Patmos. É Deus levantando, soerguendo, dando forças espirituais e morais para a atividade do serviço do Senhor no dia a dia. O relato do que aconteceu com Ezequiel está em 1.27 a 2.2. Com João, em Patmos, a narrativa está em Apocalipse 1.12-17.

QUANDO LEVAMOS O ESPÍRITO SANTO A SÉRIO...

Ele nos dá uma visão da glória de Deus. Que coisa maravilhosa! Ainda em Ezequiel (3.12), "Então o Espírito me levantou, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar".

Isso também aconteceu com Ezequiel, o profeta. E Paulo, o apóstolo, explica o significado da revelação de Deus, o significado de tirar o véu. Pois é isso o que quer dizer a palavra: tirar a barreira e possibilitar o acesso a essa glória, a presença de Deus que faz brilhar, luzir, refletir a glória presenciada. O texto de 2Coríntios 3.13ss é sempre lido com emoção. Nele, o apóstolo Paulo diz,

"E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face para que os filhos de Israel não fitassem o fim daquilo que desvanecia [ele via a glória de Deus, e quando descia do monte, a glória começava a se apagar do seu rosto, colocando ele um véu para que os filhos de Israel não vissem esse final da glória de Deus] mas os seus sentidos foram embotados, pois até hoje, à leitura da antiga aliança,[a leitura do Antigo Testamento, como ainda fazem na Sinagoga.] permanece o mesmo véu. Não foi removido, porque somente em Cristo é ele abolido.E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando um deles se converte ao Senhor então o véu é-lhe retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor".

Isso porque nós levamos o Espírito Santo a sério.

QUANDO NÓS LEVAMOS O ESPÍRITO DE DEUS A SÉRIO...

Nós nos inclinamos para o que é espiritual. O Novo Testamento diz que há três qualidades de pessoas: a natural, e depois, com muita tristeza, diz a Bíblia o crente carnal e o crente espiritual.

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Natural é quem nunca experimentou uma mudança no seu interior, nunca mudou espiritualmente, a propósito de quem, a Bíblia utiliza a definição: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque para ele são loucura e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente" (1Co 2.14).

Uma pessoa natural não entende a autoridade da Bíblia, não compreende a inspiração da palavra de Deus, não sabe o que é o poder de Deus e para ela a pregação bíblica é coisa sem sentido. É como diz aqui, "A palavra da cruz é de loucura para os que perecem" (1Co 1.18). E foi, também, por essa razão que Jesus Cristo disse, "Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus."

Não devia acontecer, mas existe o crente carnal e o espiritual, diz a Palavra Santa. O crente chamado carnal é o que se deixa levar por seus instintos, pelos sentimentos e não pela vontade de Deus. Esses sentimentos podem ser de inveja, de ciúme, de raiva ou um mexerico. Paulo o descreve em 1Coríntios 3,

"Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais [está falando com os crentes, não esqueçamos], "mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com alimento sólido, pois ainda não estáveis prontos para isso.Com efeito, ainda agora não estais prontos. Ainda sois carnais. Pois havendo entre vós inveja e contendas, não sois carnais, e não andais segundo os homens? Pois, dizendo um: Eu sou de Paulo, e outro: Eu de Apolo, não sois carnais?"

O crente carnal é aquele que sabe o que é a graça de Deus; entende muito bem o que a graça imerecida de Deus fez nele. Sabe o que é a salvação em Cristo Jesus; conhece a Escritura Sagrada. Tem perfeita noção do poder de Deus, já o viu até manifesto. Entende o significado do Corpo de Jesus Cristo que é a Igreja; sabe a respeito do sustento da igreja através do dízimo. Mas vive como se nada disso existisse. Alguém pode pensar (porque Paulo diz que: "Eu vos dei leite") que é o crente novo, o irmão que se converteu há pouco tempo. Há crentes com cinco, dez, vinte, trinta anos e mais tempo de vida cristã, que lamentavelmente conhecem tudo isso, mas vivem na carne. Acontece que alguns têm medo de serem chamados de fanáticos. No domingo são "crentões", mas, na segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feiras agem como se Deus não fosse uma realidade para a sua vida e como se Jesus Cristo não tivesse feito nada por ele para levá-lo ao Pai. É uma pessoa sem amor, sem carinho pelos outros, sem alegria: é macambúzio, triste. É uma pessoa sem paz, não tem paciência, não é gentil, não é bondoso, não é digno de crédito, não é manso e não tem domínio próprio. Citamos as características do fruto do Espírito, em Gálatas 5.22,23. Quando acorda cada dia e todos os dias, tem gosto de segunda-feira cinzenta, cansada na boca.

Mas a Bíblia diz (e glória a Deus!) que existe o crente espiritual: "Mas o que é espiritual discerne bem a tudo, e ele de ninguém é discernido (1Co 2.15)". Os outros não o entendem, porque busca as coisas do Espírito. Para ele a Bíblia tem autoridade, ele a estuda, conhece a Palavra, tem prazer, tem alegria cada dia da semana e leva a sério o Espírito Santo.

Fique certo, meu irmão querido, querida irmã, que Satanás sabe o tipo de crente que você é. Sabe qual é o meu e o seu ponto fraco, e se aproveita disso para nos acusar diante de Deus. Afinal de contas, essa é sua função, não está dito na Bíblia?: "Eu ouvia uma voz que dizia, agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino, e autoridade porque já foi lançado fora o acusador dos nossos irmão" (Ap 12.10).

Há crente carnal que afasta o descrente de Jesus Cristo, e há o crente sal da terra, luz do mundo que atrai à salvação, que leva a Jesus Cristo. Fale a verdade, meu irmão, quantas pessoas você tem trazido a Cristo ultimamente? Pense com seriedade. E quantos se afastaram de Jesus, ou, no mínimo, quantos se afastaram de sua igreja ou de uma organização da igreja por sua culpa?

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Uma vida que leva a sério o Espírito Santo, distingue-se por um amor profundo à Palavra. Gosta de lê-la, e mais ainda, ama estudá-la.

Uma vida que leva a sério o Espírito Santo tem o hábito da oração. Não é a oração por hábito: é o habito da oração, o que Paulo chama de "orar sem cessar".

É liberal na sua contribuição porque diz a Bíblia: "Mais bem aventurada coisa, é dar do que receber".

Outra distinção é o ganhar vidas para Cristo. Como ganha vidas para Cristo! Uma, duas, e tem alegria de trazer tantos aos pés de Jesus.

Ainda outra característica da pessoa que leva o Espírito a sério é permitir que Ele, Espírito, se apodere dessa pessoa e na verdade esse é um anseio da vida, o desejo de ser cheio do Espírito Santo de um modo altamente consumidor.

Quando levamos o Espírito Santo a sério ocorrem bênçãos extraordinárias na nossa vida. E uma delas, que nos é dada por direito de salvação, é que não mais existe condenação. Não mais somos acusados de qualquer coisa negativa do nosso passado: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus... porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, livrou-me da lei do pecado e da morte" (Rm 8.1,2). Essa é a primeira grande bênção. O nosso passado não mais nos amedronta, e se alguém vem lembrar-lhe o que você foi no passado, glorie-se em Cristo, como Paulo dizia, e afirme: "Isso foi no passado hoje eu sou outra pessoa, eu sou outra criatura. Deus falou em minha vida e Deus tocou em minha vida através de Cristo".

Quando levamos o Espírito de Deus a sério, deixamos de ser avarentos com o sustento da Causa de Cristo. Deixamos de ser cheios de ira, porque já abandonamos os sentimentos de amargura, de ódio, e os substituímos pelo bom senso e damos lugar à paz. Egoístas, querendo o primeiro lugar, o lugar de destaque, ingratos para com Deus e com o próximo, com o irmão em Cristo, não reconhecendo o bem que prestam ao reino de Deus, insensíveis ao sofrimento, às carências, às necessidades dos outros. Somos intolerantes com quem pensa diferentemente de nós e, vezes tantas, temos prejudicado, alguém e famílias inteiras por causa de uma guerrinha particular, quando lutamos com forças carnais para destruir aquela pessoa, negligentes que somos com o trabalho do Senhor.

Em uma expressão, somos carnais, influenciados pela velha natureza e não subimos a escada espiritual que nos leva à vitória. Como tudo isso resulta em graça e paz para a igreja, ou tristeza e miséria para o povo de Deus... Isso pode trazer luz ou, dependendo de como o Espírito trabalha ou não em nós, trevas, bênção ou maldição. Depende então da nossa atitude de levamos ou não o Espírito Santo a sério, e quando o fazemos, cria-se uma unidade na igreja, uma unidade entre os crentes. Na palavra de Deus, encontramos como Paulo colocou essa questão da unidade: "...procurando e guardar a unidade do Espírito no vinculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação. (Ef 4.3,4). O Espírito Santo cria unidade, mas, nós temos que trabalhar para obtê-la. E quando nós dissemos, "Eu sou de Paulo", o outro diz, "Pois eu sou de Apolo" e um terceiro fala, "Eu sou de Cefas" e mais um afirma, "Eu sou de Cristo", sabe o que acontece? Nós criamos sindicatos, partidos, grupos, facções e igrejinhas dentro dessa unidade espiritual que deve ser a igreja local. Se não levamos a sério o Espírito de Cristo, tudo isso vai acontecer mesmo. No entanto, a palavra de Deus tem uma advertência muito pesada (tão pesada quanto clara) quando em 1Coríntios 3.17 diz, "Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; quem favorecer a desunião da igreja, quem prejudicar a comunhão que o Espírito quer criar, será destruído por Deus".

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Mas quando a igreja leva a sério o Espírito Santo, aí há reconciliação, muito choro às vezes, nessa reconciliação. Porque Ele é a nossa paz diz o apóstolo, "O qual de ambos os povos fez um e derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne ele desfez a inimizade entre judeus e gentios". A igreja é, realmente, uma comunhão de desiguais. Isso aconteceu no colégio apostólico porque aqueles doze homens que andaram com Jesus Cristo, eram as pessoas mais desiguais possíveis. Teria sido muito mais fácil para Jesus ter utilizado doze fariseus para os seus apóstolos, pois eram iguais. Estudando a história do Judaísmo, vemos que eram homens altamente honrados, tementes a Deus; amantes da Escritura Sagrada e ortodoxos na doutrina. Criam na ressurreição e eram tão apegados à Lei de Moisés, que chegaram a elaborar 613 mandamentos em vez de apenas 10. Nesse ponto, viraram fanáticos.

Realmente, Jesus poderia ter usado doze desse honrados homens. Mas, na Sua soberana sabedoria preferiu chamar doze desiguais. Ele chamou um que era fiscal do imposto de renda, um funcionário público, um publicano. Há dois mil anos, na Palestina, ser fiscal de renda era considerado algo abominável, porque a pessoa trabalhava para o Império Romano, não para o povo judeu, não para a Palestina, não para Israel. O publicano recebia o dinheiro do judeu e o enviava para Roma, razão porque era odiado. Mateus era um publicano. Havia no colégio apostólico um guerrilheiro. Havia um que era zelote, o guerrilheiro daquele tempo. Os zelotes faziam guerrilha urbana; andavam com uma faca, um punhal que recebia o nome de sicar, o qual era escondido dentro do manto. Se ele passasse por uma viela, num beco e se encontrasse um romano sozinho, matava-o e guardava seu punhal. Pois um dos apóstolos havia sido zelote. Outros eram pescadores, simples pescadores, e assim por diante. Era uma verdadeira comunhão de desiguais, que tiveram, no entanto, que andar com Jesus para aprenderem a ser iguais.

Quando o Espírito Santo é levado a sério, a igreja é capacitada também para a adoração. É importante verificar que a igreja de Antioquia estava em culto, ministrando perante o Senhor, diz o livro dos Atos dos Apóstolos, quando Barnabé e Saulo foram escolhidos e separados pelo Espírito para a tarefa de missões. A seriedade desse empreendimento é tanta que Lucas colocou o registro de que eles estavam ministrando a Deus, isto é adorando e jejuavam. Não era brincadeira o que eles estavam fazendo, estavam levando o Espírito a sério.

Quando se leva o Espírito Santo a sério, a pregação se torna autêntica e parte do coração de Deus. Aliás, há quem se incomode quando o sermão passa dos trinta minutos, por outro lado, a pregação hoje em dia tem se tornado extremamente pobre. Há púlpitos que só pregam a mesma coisa, não há outra lição do Senhor. Se é que a lição que é apresentada é realmente do Senhor, e sendo sempre a mesma, ficando sempre no mesmo lugar, cai no que podemos chamar de "síndrome da enceradeira": ficar falando a mesma coisa. Para este pregador, a palavra de Deus tem primazia de modo que nada o afastará de dominicalmente anunciá-la para dar lugar a outras coisas. Porque o Espírito Santo é levado a sério neste púlpito.

Observe que quando o irmão/a irmã leva o Espírito Santo a sério, as tentações aumentam. Mas as vitórias são, igualmente, maiores. A renovação interior produzida pelo Espírito de Deus no seu coração não tem com o que ser comparada. Paulo o disse em Tito no capítulo 3.3-7:

"Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, a fim de que, justificados por sua graça, sejamos feitos seus herdeiros segundo a esperança da vida eterna"

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Quando você, meu amado, minha querida irmã em Cristo, leva o Espírito Santo a sério, você é por Ele unido a outros irmãos e irmãs, em todo o mundo, numa grande fraternidade de mãos postas, num grande círculo de oração, como diz o apóstolo em Efésios 6.18: "E orai em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito. Vigiai nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos". E Ele mesmo, o Espírito, intercede por nós "porque não sabemos o que havemos de pedir como convém" (Rm 8.26; cf. Tg 4.3).

Mas, sobretudo, nosso coração que passou de coração pecador a coração salvo, deixa de ser simplesmente um coração salvo, para ser um coração salvo e em chamas por causa do Espírito Santo!

OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

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I Co. 12:1-11

Não há como negar, seja o povo batista ou não, o Senhor Deus está realizando uma grande obra, e, de algum tempo para cá, estamos vivendo um grande "mover do Espírito Santo", isto porque, não tenham dúvidas, o Senhor, à luz da Sua Palavra, está promovendo no meio do seu povo "um grande avivamento espiritual".

Numa época como esta, nada mais justo do que exercermos atitudes cautelosas em muitas e determinadas coisas.

Como Pastor desde meus 20 anos de idade, ordenado na Igreja Batista da Encruzilhada em Recife, hoje com 53 anos de idade, portanto, 33 anos de Ministério, ouví, estudei e aprendí dos grandes mestres e professores, livros e estudos dirigidos, etc., muitas coisas que foram ministradas e ensinadas, e, principalmente sempre lí as lições dos "Pontos Salientes" da Escola Bíblica Dominical, que eram ministradas nas nossas igrejas e, uma das coisas que se ensinava e escrevia, é que: 1) "os dons cessaram";2) "não mais haveria a necessidade de manifestações dos dons" e,3) "as manifestações dos dons eram necessárias naquela época apostólica para o povo poder crer ..."

Todavia, queridos leitores, nós sabemos que não é nada disto, os dons do Espírito Santo são uma evidência clara no meio do povo de Deus e, os dons do Espírito Santo, não são propriedades exclusivas de nossos amados irmãos em Cristo, pentecostais ou assembleianos (a quem amamos e respeitamos), ou dos néo-pentecostais (os quais também amamos), hoje tantos, mas, os "dons do Espírito Santo" são também uma clara evidência no meio do povo batista, no Brasil e no mundo, numa demonstração inequívoca, de que a Palavra do senhor é a mesma de ontem e será eternamente, pois o Senhor assim ministrou: "Passarão os céus e a terra, mas, as minhas palavras não haverão de passar ..." Mateus 24:35.

Não sei por que, tanta gente tem medo de tratar deste assunto e de ministrar ao povo batista, a grande verdade, de que o Senhor está a realizar grandes maravilhas e, que o "mover do seu Espírito" é, hoje, uma realidade que ninguém pode negar.

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Não tenham dúvidas, que é por causa desta omissão do líder batista de não querer se expor, e dizer claramente ao povo que nós os batistas CREMOS NOS DONS DO ESPÍRITO SANTO e, sabemos que, como diz a Bíblia Sagrada, "o Espírito Santo opera todas essa coisas, repartindo particularmente a cada um como quer ..." (I Co. 12:11) e, que, a "manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil ..." (I Co. 12:7), portanto, se não for para ser útil, não será dada a manifestação nem será dado o Dom, é por causa desta omissão que estamos vendo tanta distorção doutrinária no meio do povo batista.

Humilde e submisso à vontade do Senhor é que pretendo escrever uma série de estudos sobre o assunto Dons do Espírito Santo, e, para tanto, tenho orado e pedido as orações dos irmãos da Igreja Batista dos Mares da qual sou o Pastor, para que orem por mim, pois, o que desejo, nada mais é do que a vontade da Palavra de Deus, e, nos próximos estudos adentrarei de maneira direta numa análise à luz da Bíblia, sobe os "dons espirituais" e, pasmem, até sobre os "dons de línguas" incontestavelmente um tabu no meio do povo batista mas, uma realidade insofismável na vida do povo de Deus, contudo, ensinaremos que ao ser exercido, mediante a dádiva do Espírito Santo, o é, para edificação própria, pois o que "fala em língua estranha edifica-se a si mesmo" (I Co.14:4) e, este texto, fala mesmo da "variedade de línguas, isto é, línguas que não correspondem a nenhuma língua conhecida por aquele que fala..." , conforme está explicado no rodapé da (Bíblia de Estudos Almeida, da Sociedade Bíblica do Brasil, às páginas 252, do Novo Testamento, edição recente de 1999, Baurerí, São Paulo), mas, ninguém se espante, porque também iremos dizer que "o amor" além de ser superior aos dons, é sem dúvida o elemento legitimador do uso dos dons na edificação do povo de Deus, e, o amor não deixa o crente presunçoso, orgulhoso, achando que é superior aos demais e, nem "orando para que os outros crentes se convertam", pois, quem recebeu a Jesus e permanece fiél ao Senhor, dia após dia, não tem que se converter de novo, nem, porque foi a um "encontro tremendo" é que agora se converteu. Cuidado! É bom ter calma, prudência, mas, que Deus está fazendo uma grande obra, está !

Até ao próximo estudo !

OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO IIESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

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I Cor. 12:1-11Mais uma vez me dirijo aos queridos irmãos para trazer algo que merece a nossa reflexão, sobre esta pessoa maravilhosa da Trindade Santa, o "Espírito Santo", e, o que esta pessoa tão relevante

tem para todos nós, crentes batistas, através dos "dons espirituais".

Os dons do Espírito Santo são os meios inquestionáveis, através dos quais, nós os crentes, membros do Corpo de Cristo (a Igreja), somos capacitados, habilitados e totalmente equipados para podermos realizar com autoridade e poder, a obra de Deus.

Meu desejo de escrever sobre este assunto e trazê-lo para o nosso povo batista, sinto ser vontade de Deus, sobretudo quando me deparo com o que diz a Palavra em I Cor. 12:1, "a respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes..." e, é por este motivo, com esteio nas Escrituras Sagradas, que ouso salientar que sem os dons do Espírito Santo, o Corpo de Cristo, a Igreja do Senhor, ao contrário de ser um poderoso organismo vivo, cheio de graça e de unção, passaria a ser simplesmente uma organização social, humana e religiosa, sem o poder e as características espirituais que a Igreja do Senhor deve carregar consigo.

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Já li com espanto, em algumas lições que mestres antigos ministraram, principalmente nas revistas da Escola Bíblica Dominical, em que escritores e comentaristas ao questionarem se os dons do Espírito Santo permanecem nos dias atuais, respondiam ao povo dizendo:

"Alguns sim; outros não (grifo nosso)." (Revista Compromisso - JUERP, 1994, pg. 32), aonde é que está escrito na Bíblia isto? Em lugar nenhum.

Eu sei que a obra que o Senhor está realizando no meio do povo batista, me confere a condição de dizer com letras maiúsculas e, se questionado for, se os dons permanecem hoje, responder:

"SIM, TODOS OS DONS DO ESPÍRITO SANTO, NA VIDA DA IGREJA, PERMANECEM NA SUA INTEGRIDADE, PORQUE A BÍBLIA DIZ QUE SIM" e embora homens queiram negar, prefiro ficar com a Palavra do Senhor que em I Cor. 12:4 diz: "Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (grifo nosso), isto é, Aquele Espírito Santo que deu e que repartiu, é o mesmo que dá e que reparte hoje, a cada um, como quer, para a edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja do Senhor.

Vale destacar também o fato de que muitos sempre confundiram os nove (09) dons do Espírito Santo, com fruto do Espírito Santo, que se expressa através de nove (09) características, indispensáveis à verdadeira vida cristã, isto é, o cristão verdadeiro tem que dar frutos, deve frutificar no seu dia a dia, e manifestar a todos que com ele convivem, as nove (09) características do fruto do Espírito, quais sejam: AMOR, GOZO, PAZ, LONGANIMIDADE, BENIGNIDADE, BONDADE, FÉ, MANSIDÃO e TEMPERANÇA, conforme Gál.5:22. Portanto, é de bom alvitre esclarecer que fruto é uma coisa e, dons outra coisa.

O fruto do Espírito Santo faz o crente sentir a necessidade de ter o seu caráter, moldado pelo caráter do Mestre, o nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto os dons do Espírito Santo, são as capacitações especiais que o Espírito concede aos cristãos, para com poder, graça e unção, realizar a obra do Senhor.

Sinto-me, pois, à vontade em escrever para o nosso povo batista sobre o tema dos "Dons do Espírito Santo", não só porque a Palavra de Deus admoesta e ensina aos crentes que assim o busquem: "segui o amor e buscai com zelo os dons espirituais..." (grifo nosso) - I Cor. 14:1, mas, também, porque ao falar a Timóteo seu filho na fé, o Apóstolo Paulo querendo encorajá-lo a suplantar as dificuldades e destacando os grandes problemas que mercê da Graça de Deus, dos mesmos já havia obtido a vitória, Paulo lhe admoesta dizendo: "reavives o Dom de Deus que há em ti" - II Timóteo 1:6 (Pastor Shedd traduz por reavivar, usando um verbo que significa fazer o fogo subir com vida, reatiçar, para que Timóteo permitisse que o Dom que lhe fora dado pelo Espírito ardesse nele), cujo Dom era o de profecia, recebido pela imposição de mãos do presbitério (I Timóteo 4: 14), mas, me sinto a vontade, sobretudo, pelo Tema Geral dos Batista Brasileiros em 2001 que é: DESPERTA OS DONS QUE HÁ EM TI! Este tema é um imperativo e, ao estudá-lo, sem dúvida, "dons" poderão ser despertados.

A partir do próximo estudo, estaremos observando o que a Bíblia Sagrada ensina sobre os dons do Espírito Santo, conforme mencionaremos a seguir:a) Palavra do Conhecimento, Palavra de Sabedoria e Discernimento de Espíritos;b) Dons de Curar, Dons de Operação de Milagres e Dom da Fé;c) Dom de Variedade de Línguas, Dom de Interpretação de Línguas e Dom de Profecia.

Vamos devagar, com calma e prudência, mas, que Deus está fazendo uma grande obra no meio do povo batista, está!

Louvado seja o Senhor!

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OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO III"Dom da Palavra do Conhecimento"ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

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I Cor. 12:8 Como é bom pensar com os amados leitores, sobre as insondáveis riquezas espirituais que o nosso Deus coloca à disposição do Corpo de Cristo, a Igreja, quais sejam os "Dons do Espírito Santo".

Adentro hoje de maneira específica, no âmago da questão, verificando algo sobre o dom da PALAVRA DO CONHECIMENTO. Este Dom espiritual está inserido no grupo de dons, que têm se mostrado extremamente necessário à vida e, ao ministério, dos que exercem a liderança sobre à Casa de Deus, a Igreja do Senhor.

O Dom da Palavra do Conhecimento é indiscutivelmente, uma revelação sobrenatural de algum fato, que existindo na mente de Deus, mas, que pela fragilidade e limitação do homem, ele, o homem, não pode conhecer, exceto se o Espírito Santo, o revelar dando assim a capacitação especial.

Conhecimento é o mesmo que ciência, GNÓSIS, na língua grega. Falar com ciência é "falar com conhecimento, o que é diferente de conhecer, no sentido de que este Dom, traz apenas uma palavra de conhecimento e não, todo o conhecimento, pois ter todo conhecimento é prerrogativa divina", conforme esclarece Dr. José Perraçoli Moreno, ao escrever sobre o "Despertamento dos dons Espirituais".

O Dom da Palavra de Conhecimento possibilita ao cristão sincero e que está na dependência do Senhor, ser equipado para proferir palavras, que saem da órbita do alcance humano, isto afirmo, porque quando estamos a analisar e estudar sobre os Dons do Espírito Santo temos de entender claramente, que para o exercício desses dons, o Espírito Santo é quem capacita, e, um claro exemplo que a Bíblia nos dá, é que os Apóstolos, eram pessoas rudes, sem conhecimento e sem cultura, todavia, em Atos 4.13a, lemos o seguinte: "Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiraram..." (versão da Imprensa Bíblica Brasileira).

De acordo com a recente tradução da Bíblia de Estudos Almeida, "iletrados e incultos eram os que não haviam estudado com os rabinos".Note-se ainda, que compara o texto referido, com João 7.15, que trata do equipamento maravilhoso do Senhor Jesus, detentor da Palavra do Conhecimento, que deixava a todos extasiados, pois, sabia as letras, mas, não havia estudado...

Na Bíblia Shedd, inclusive aproveito a oportunidade para dizer que aprecio bastante os comentários do Pastor Russel Shedd, diz que: "as palavras eloqüentes faladas pela inspiração do Espírito Santo causaram grande surpresa."

A Bíblia é, portanto farta, em demonstrar a manifestação deste Dom Espiritual da Palavra do Conhecimento, em diversos Ministérios, como por exemplo, nos de: SAMUEL (I Samuel 9.15-20 e I Samuel 10.22); AÍAS (I Reis 14.6); JESUS (João 2.48 e 4.18); PEDRO (Atos 5.3 e 4); PAULO (Atos 27.23-25).

Vale destacar, que ninguém é detentor de todos os Dons do Espírito, mas cada um recebe o Dom, da forma como o Espírito quer. O Espírito é quem reparte. A exortação da Palavra é que busquemos os dons com avidez, e ao buscá-los devemos fazê-lo com equilíbrio, zelo, contudo sem impedir que o Espírito possa fluir livremente. Só não podemos é humanizar o que é do Espírito e nem dizer como é que

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queremos ser dotados, e nem como é que vai ser o exercício dos dons nas nossas vidas. Em I Cor. 12.7, a tradução da Imprensa Bíblica diz: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum", isto é para o proveito do "Corpo de Cristo", que é a Igreja do Senhor. O Espírito é o mesmo, foi o de ontem, é o de hoje, e será eternamente, e este Espírito "distribui particularmente a cada um como quer"(I Cor. 12.11).

Não vamos misturar "Palavra de Conhecimento" com "Palavra de Sabedoria", não vamos misturar GNOSIS com SOPHIA, pois conhecimento é distinto de sabedoria e, em se tratando dos "Dons do Espírito" a Palavra de Sabedoria que será o assunto do próximo estudo, iremos ver que tratará de uma palavra especial, espiritual, sobrenatural, não é apenas, "a sabedoria frente às exigências feitas pela vida humana..." é, coisa de Deus, é coisa do Espírito.

O Ilustre Pastor Billy Graham em um dos seus livros diz claramente: "Os dons do Espírito nunca devem dividir o Corpo de Cristo; devem mantê-lo unido..." (O Espírito Santo, Edições Vida Nova, São Paulo, pág. 132).

Os assuntos que estamos abordando, visam o "aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo..." (Ef. 4.12).

OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO IV

"DOM DA PALAVRA DE SABEDORIA"ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

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I Cor. 12.1-11

Por ser este um Dom do Espírito Santo, transcende e vai além da sabedoria do homem. A tradução da palavra grega "sophia" é sabedoria, mas, "sophia" diz respeito a sabedoria do homem, ao saber adquirido pelo estudo, pela pesquisa, pelos meios que são colocados à sua disposição os quais, proporcionam ao ser humano, uma gama de informações tal, que se pode afirmar, "fulano tem sabedoria" pois ele entende deste ou daquele assunto.

Aqui, agora, tratamos do Dom Espiritual da Palavra da Sabedoria, isto é, daquela palavra que emana de alguém submisso à vontade do Senhor, e que por estar debaixo do governo de Deus, e por Ter sido equipado pelo Espírito Santo com este Dom, ao proferir palavras, fala com sabedoria espiritual e, ministra, ensina ou esclarece coisas, que o simples saber humano jamais poderia explicar ou deslindar.

Gosto muito da explicação dada por Pastor Russel Shedd, quando ao se referir sobre palavra no grego "logos", como "capacidade de comunicar", se refere a sabedoria, como "análise penetrante daquilo já revelado". Isto nos faz sentir a diferença existente entre a sabedoria geral, aquela que se adquire durante toda a vida, a cada dia, através da leitura e dos estudos, principalmente nas escolas e universidades da vida, e a palavra de sabedoria - Dom do Espírito Santo, onde Deus manifesta através do Espírito Santo, esta Palavra de Sabedoria, diante de uma necessidade especial, em um determinado lugar, para solucionar algo que precisa ser resolvido, e tudo é efetivado na realidade, essa palavra de sabedoria é proferida, para a edificação do Corpo de Cristo e, sobretudo para a glorificação do Senhor e do poder do seu Santo Evangelho.

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Este Dom não se manifesta o tempo todo, trata-se, de uma palavra especial, específica, para um determinado tempo e lugar, para atender a uma situação singular.

O Dom da Palavra da Sabedoria trata de uma proclamação, de uma declaração, de uma palavra específica dada por Deus, através do seu Espírito Santo, para atender naquele momento a uma situação emergencial. Sendo esse um Dom do Espírito Santo, é claro que ele não depende da sabedoria do homem, que embora possa ser grande, vasta, graduada e pós-graduada, foge da habilidade humana e, passa a se situar na esfera e nos domínios do ministério cristão, e este Dom, pode ser exercido tanto no tocante ao ensino da doutrina bíblica, da Palavra de Deus, quanto na solução de problemas em geral.

Em Efésios 1.17-19, o Apóstolo Paulo diante do Senhor, ele fala aos irmãos "que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele..." e nesta súplica ardente, Paulo mostra o seu desejo de que as três coisas pedidas possam ser entendidas e descobertas, por revelação do Senhor, pois, sem o espírito de sabedoria o homem jamais poderia entender apenas pelo saber humano.

Billy Graham diz: "o tipo mais alto de sabedoria vem diretamente de Deus e está ligado à atuação especial do Espírito Santo... Ele é o manancial de toda a verdade, seja qual for a origem... Ele dá aos crentes sabedoria de maneira singular... dá um Dom ou capacidade especial de sabedoria para alguns."

Portanto, queridos, é através deste Dom da Palavra de Sabedoria, que o Senhor nos revela uma situação específica, dando ou em palavras ou em ações, a capacitação para tomarmos a atitude certa ou, falarmos aquilo que é inquestionavelmente necessário.

Louvemos a Deus pelos Dons do Espírito Santo e, até o próximo estudo.

OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO V"O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS"

ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira

Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.iprb.com.br

I Cor. 12:10O mundo em que vivemos hoje, mais do que antes, tem se constituído num mundo de enganos, onde existem falsificadores de todas as espécies, e este Dom espiritual, o "dom de discernimento de espíritos", diz respeito exatamente à capacidade, que o Espírito Santo de Deus, confere ao servo do Senhor, ao crente em Cristo Jesus, para ter a condição de entender e distinguir os diferentes espíritos malignos, e, desta forma, sentir, observar, denunciar e discernir, se tais coisas que estejam acontecendo, "são ou não" de Deus.

A Palavra do Senhor está recheada de irrefutáveis exemplos, em que homens de Deus foram usados com poder pelo Espírito Santo, verbi gratia, o Apóstolo Paulo no incidente narrado em Atos 16.16-18, quando ele falou com autoridade, em nome de Jesus, ao espírito maligno de engano, naquela jovem "possessa", diz a Bíblia, por "um espírito adivinhador" que dela se retirou no mesmo instante, em que ouviu do servo dotado pelo Espírito Santo, a ordem: "Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E ele, na mesma hora saiu..." (Atos 16.18b). Outros exemplos são o de Pedro no caso de Ananias e Safira, em Atos 5.1-11; novamente a experiência de Pedro com Elimas (Simão o mágico), de que fala Atos 13.9-11; a ocorrência de Mateus 9.32-33, na cura do mudo que estava endemoniado; na cura da

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mulher possessa por um espírito de enfermidade, como diz a Bíblia em Lucas 13.11-16; quando Filipe pregava em Samaria (Atos 8.7, e outros que poderiam ser mencionados).

No texto grego, é a palavra "diákrisis" que é traduzida como "discernimento", que fala da capacidade de distinguir as várias fontes de manifestações espirituais, fala da capacidade de diferenciar. Pois bem, no trato com os espíritos, este Dom capacita o cristão a distinguir e, que tipo de influência eles poderão causar no seio do povo de Deus. Este Dom espiritual, amados leitores, é um Dom apropriado para esse momento exato, próprio, específico, singular, e sem este Dom, o corpo de Cristo seria presa fácil diante de tantas heresias e ensinamentos distorcidos, como os que hoje em dia se proliferam.

A igreja, o corpo de Cristo, vive o tempo todo lidando com o sobrenatural, e, não vamos nós, sabendo que as coisas do Espírito são tratadas espiritualmente, querer racionalizar e sistematizar, e ainda mais porque, o membro do corpo de Cristo, tem que estar atento como ensina em I João 4.1, para poder discernir se tais coisas procedem de Deus, ou de falsos espíritos, pois, se não houver firmeza e joelhos dobrados diante do Senhor, não poderemos distinguir entre o erro e a verdade, e é por isso que temos de usar o DIAKRISIS, isto é, a capacidade que pelo "Espírito Santo é repartida a cada um como quer ..." para que, através deste dom de discernimento de espíritos, possa o cristão se livrar, bem como evitar que o corpo de Cristo que é a igreja seja atacado pelas investidas de Satanás nesses momentos tão difíceis que a Igreja do Senhor está vivenciando à beira do terceiro milênio e, tantas loucuras de homens, e tantas doutrinas erradas, têm se proliferado.

Por fim, considero com os amados leitores o seguinte:

a) Não podemos e nem devemos pelo nosso arraigado tradicionalismo, ditar regras para o Espírito Santo agir no seio do corpo de Cristo, a igreja;

b) Não podemos ensinar e ministrar como tantos já ministraram e dizer: OS DONS CESSARAM, se nós e até os que já escreveram essas coisas, sabem, que os dons não cessaram;

c) Não coloquemos por causa do nosso ceticismo, dúvidas sobre o que o Espírito Santo pode, ou não operar. Estejamos submissos ao Senhor. Ele, o Espírito Santo, dá a cada um como quer. Não é você, porque é um grande doutrinador quem vai ditar as regras ao Espírito.

Agora, tem uma coisa, cada Dom do Espírito Santo, só é concedido para a edificação do corpo de Cristo, e, para exaltar e glorificar a Jesus. Não esqueçam irmãos: "Que Ele cresça e que nós diminuamos..." Se for diferente, teremos uma vertigem de altura!

O ESPÍRITO SANTO, MISSÕES E A IGREJA BRASILEIRAESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.iprb.com.br

O Espírito Santo é eminentemente missionário e a missão da igreja no mundo é participar da missão do Espírito.

Esta declaração nos deve conduzir a uma reflexão séria, principalmente porque hoje, mais do que nunca, a sociedade brasileira necessita de uma mensagem evangélica confrontadora. O que não significa

dizer que ela queira necessariamente ser tocada em suas feridas; porém, à luz da Bíblia, não podemos oferecer às pessoas um evangelho paliativo e barateado como temos visto hoje em dia. O cristianismo

puro e simples (para usar o título em português do livro de C. S. Lewis) precisa ser a mensagem pregada

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e o estilo de vida de todo homem e de toda mulher salvos em Cristo.

É triste constatar o tipo de evangelho enganador que está sendo anunciado atualmente. Um evangelho descompromissado da ética cristã e da santidade de vida. Um evangelho falsificado que propõe atalhos ao invés do verdadeiro caminho. No meio artístico, por exemplo, ouve-se falar daquele e daquela como os mais novos irmãos na fé; entretanto, aqui e ali ficamos sabendo dos escândalos que esses "irmãos" cometem. Não negamos que haja conversões autênticas entre os artistas, porém, é preciso o quanto

antes que o verdadeiro evangelho, com todas as suas implicações para a igreja e a sociedade, seja resgatado em nosso meio. É necessário que "o sal da terra" e "a luz do mundo", a igreja de Jesus Cristo,

ofereça, mediante o evangelho da verdade, a verdadeira vida para todo aquele que perece em seus próprios pecados. E isto só acontecerá quando a igreja proclamar o evangelho de poder e no poder do Espírito, visto que ela também precisa enxergar além de si mesma, de sua institucionalização e de seus

paradigmas obsoletos.

Além disso, em se tratando da apresentação do evangelho ao povo brasileiro, a igreja evangélica, não raramente, tem ido ou para o extremo da mensagem desencarnada, distante da realidade cotidiana do

povo, mediante a apresentação de um evangelho transcendente que alcança as estrelas mas esquece da terra; ou tem, por outro lado, oferecido Jesus Cristo às pessoas como se Ele fosse um produto de

consumo à disposição nas prateleiras do mercado eclesiástico. Outras vezes apresenta-se Cristo no melhor dos estilos "fada madrinha". Em nome dEle promete-se ao povo casa, carro, dinheiro; enfim,

toda sorte de prosperidade. Cremos sinceramente que Cristo pode dar tudo e até mais do que é prometido ao povo em termos de prosperidade; contudo, não podemos perder de vista as implicações e

exigências do evangelho autêntico. As pessoas não devem ser confrontadas somente em termos de: "Você não conseguiu? Venha para Jesus que você consegue", mas sim, encaradas como pecadoras que

precisam urgentemente da graça redentora.

E por que precisamos nos preocupar com isto? Justamente porque a sociedade brasileira carece do evangelho que esteja encarnado na vida dos crentes e na vida dela mesma. Um cristianismo integral,

como expressão de vidas santificadas e consagradas ao Senhor, é o que realmente impactará nosso país e o mundo. Cristianismo integral é a manifestação viva daquilo que dizemos acreditar. Paulo é um

exemplo fabuloso de compromisso com a verdade do evangelho. Ele nunca a comprometia. Podia como poucos ser imitado como imitador de Cristo. Semelhantemente o povo brasileiro precisa ver na igreja de

hoje pessoas que vivam o que dizem crer. A prática é a expressão do que acreditamos. Se não praticamos o que dizemos, então a nossa pregação não passará de retórica evangélica desqualificada.

O livro de Atos é um exemplo fabuloso de prática cristã autêntica sob o comando do Espírito Santo. Eis que o Livro está aí, diante de nós, para ser conferido, lido e relido pelo povo evangélico ou não, sob uma

nova (ou velha?) ótica: a ótica do Espírito missionário. Em Atos o Espírito Santo faz a diferença. O livro de Atos se torna único no Novo Testamento porque nele o Espírito Santo se revela como um Espírito

missionário. Por isso, abordar o segundo tratado de Lucas numa perspectiva missiológica é fazer verdadeira justiça ao seu autor. Há teologia em Atos? É claro que sim. Mas apresentá-lo

missiologicamente é a maneira mais natural de fazê-lo. Sendo o Espírito Santo missionário, o que segue é conseqüência natural, isto é, a igreja neotestamentária formada a partir do Pentecostes passa a ser

naturalmente uma igreja missionária. A relação Espírito-igreja é a chave do sucesso em Atos. No entanto, do começo ao fim de seu segundo livro, Lucas deixa claro que o Espírito Santo é quem

comanda a igreja em sua missão. Achamos importante enfatizar este ponto, visto que atualmente existe uma concepção equivocada acerca da pessoa e obra da terceira pessoa da Trindade em geral, e de sua

missão em particular.

O Espírito Santo é Deus, e Deus soberano. Ele conduziu em triunfo a Igreja Primitiva em sua missão evangelística, sendo o mesmo Espírito a conduzir nos dias de hoje a igreja brasileira em sua tarefa

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missionária. Num estudo sistemático, podemos observar que o Espírito Santo é quem vocaciona, capacita e dirige soberanamente seus obreiros e a igreja na missão. Além disso, é Ele quem vai adiante,

abrindo portas e preparando o caminho para o sucesso da obra missionária. E o mesmo Espírito que vocaciona, capacita e dirige os missionários e a igreja na missão, além de preparar o campo, é quem

transforma este mesmo campo em base missionária. A visão missionária é uma dádiva do Espírito para a igreja do Senhor Jesus. Praticar esta visão, como o fez a igreja de Antioquia, é entender o verdadeiro

propósito para o qual a igreja de Jesus existe.

Tudo que o Espírito Santo fez em Atos visava a ação missionária da igreja. O Pentecostes, por exemplo, não aconteceu para que a igreja vivesse em torno de si mesma, comodamente, degustando tão somente

aquela experiência sobrenatural. No Pentecostes o Espírito Santo capacitou a igreja e continuaria capacitando-a para ser testemunha de Jesus em todo o mundo. Concedeu o que a igreja esperava e o

que ela buscava: poder para testemunhar. Poder para proclamar as boas novas de Deus em Cristo Jesus, mas também poder para vencer o medo, a covardia e a timidez por Cristo Jesus. Os dons ou

manifestações do Espírito (línguas, curas, profecias, etc.) foram dados pelo Espírito Santo com o objetivo de que a igreja testemunhasse de Jesus ao redor do mundo. Nada do que a igreja recebe do Espírito tem

nela um fim em si mesmo.

No passado o Espírito Santo e a Igreja Primitiva deram continuidade ao que Jesus começou a fazer e a ensinar. Hoje, é possível que nosso maior desafio seja o de jamais esquecer que a missão do Espírito e

da igreja cristã não terminou com Atos 28.

O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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IntroduçãoO presente trabalho é uma análise sucinta do papel do Espírito Santo no processo hermenêutico e de sua relação com os outros elementos do chamado círculo hermenêutico. Nós o dividimos em três capítulos principais, sendo que somente o último deles trata diretamente do Espírito Santo no processo hermenêutico. Acreditamos que esta disposição será necessária porque os dois primeiros capítulos servirão de pano de fundo ao tema. Sendo assim, procuramos definir a hermenêutica e seu propósito, a relação entre o Espírito Santo, a Bíblia e o intérprete e, por último, o papel do Espírito Santo na ciência hermenêutica e no círculo hermenêutico.Quanto ao Espírito Santo no círculo hermenêutico, propriamente dito, abordamos a questão no conceito de missão integral numa teologia de contexto. Como se relaciona o Espírito com os quatro elementos do círculo hermenêutico? O Espírito deveria ou não ser representado graficamente com os outros elementos do círculo? Como definir o Espírito Santo no círculo hermenêutico? Esperamos responder a contento a estas e outras perguntas semelhantes. Nossa pesquisa não é exaustiva mas espero que atenda o propósito para o qual foi escrita; a saber, valorizar a importância e centralidade do Espírito Santo no processo hermenêutico. "No estudo da Bíblia, não é bastante que entendamos o sentido de autores secundários (Moisés, Isaías, Paulo, João); temos que entender a mente do Espírito" (Louis Berkhof).

I. Definição e Propósito da Hermenêutica

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1.1. Definição de Hermenêutica"Hermenêutica" é uma palavra de origem grega. Platão (c. 427-347 a.C.) foi o primeiro a utilizá-la como termo técnico. No sentido amplo do termo, a hermenêutica pode ser definida como a ciência que nos ensina os princípios, as leis e os métodos de interpretação de qualquer produção literária. Antônio Almeida diz que hermenêutica é "a ciência e a arte de interpretar. É ciência porque postula princípios seguros e imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas".1 Especificamente falando, a hermenêutica sacra tem caráter muito especial, porque trata de um livro peculiar no campo da literatura - a Bíblia como inspirada Palavra de Deus. E somente quando reconhecemos o princípio ativo da pessoa do Espírito Santo na inspiração da Bíblia e por Ele somos guiados na compreensão da mesma, é que podemos conservar o caráter doutrinário e prático da hermenêutica bíblica.

1.2. O Propósito da HermenêuticaEm geral, estuda-se hermenêutica com o propósito de interpretar produções literárias do passado. Sua tarefa principal é indicar o meio pelo qual possam ser removidas as diferenças ou distâncias entre um autor e seus leitores. A hermenêutica nos ensina que isso só se realiza satisfatoriamente quando os leitores se transpõem ao tempo e ao espírito do autor para, por exemplo, analisar as características pessoais do autor, as circunstâncias sociais do mesmo e as circunstâncias peculiares aos escritos.Na hermenêutica sacra o ponto de partida é a própria Bíblia, uma vez que ela mesma é o objeto de pesquisa da hermenêutica. O propósito da hermenêutica sacra é "transportar a mensagem bíblica, a partir do seu contexto original, a uma situação histórica contemporânea".2 Infelizmente, boa parte dos estudiosos bíblicos partem da metodologia para a Bíblia. Primeiro formulam suas conclusões pessoais e depois vão aplicá-las à interpretação das Escrituras, ao invés de deixarem que a Bíblia formule as regras para sua própria interpretação. Valdir Steurnagel, por exemplo, entende que "nós podemos ter as duas coisas. Teologia de baixo e teologia de cima".3 Entretanto, Padilla observa corretamente: "O esforço para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma interpretação elaborada de antemão, é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja qual for sua cultura."4 Um dos princípios defendidos pelos reformadores do século XVI era que a Scriptura Scripturae interpres. Um século depois da Reforma Protestante, este princípio foi apreciado e elaborado pela Assembléia de Westminster do seguinte modo:A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente5 Na verdade é quase que impossível nos aproximarmos da Bíblia sem pressuposições variadas, herança herdada de diversas influências (sociais, culturais, teológicas, etc.). Os reformadores, por exemplo, não foram os primeiros e nem seriam os últimos a negarem, entre eles mesmos, o princípio de que a Escritura interpreta a si mesma. Dentre outras coisas, temos o exemplo clássico dos conceitos teológicos de Lutero, Zuínglio e Calvino em relação à Ceia do Senhor. Contudo, todas as pressuposições, sejam as nossas ou sejam as deles, não são e nem podem ser justificadas pela Bíblia. Afim de que as Escrituras possam ser estudadas com o mínimo de coerência, é preciso interpretá-las gramática, histórica e teologicamente de mente e coração abertos para ouvirmos com humildade e disposição a voz do Espírito Santo de Deus.

II. O ESPÍRITO SANTO, A BÍBLIA E O INTÉRPRETE

2.1. O Espírito Santo e a Bíblia"Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17).

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"Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.20,21).

As passagens bíblicas que transcrevemos acima, assim como tantas outras que poderiam ser acrescentadas a elas, mostram que a Bíblia tem um autor principal. "Ela é, em todas as suas partes, produção do Espírito Santo".6Durante a história da Igreja, surgiram conceitos diversos quanto a relação existente entre o Espírito Santo e a Bíblia. Os pelagianos e racionalistas sustentavam que a operação intelectual e moral da Bíblia era suficiente para produzir a salvação, independentemente do Espírito Santo. Os antinomianos, por outro lado, ensinavam que o Espírito Santo fazia tudo, independente da Palavra de Deus. A igreja evangélica, por sua vez, sempre sustentou o seguinte: A Bíblia sozinha não é suficiente para salvar, e embora o Espírito Santo possa, geralmente Ele não atua sem ela. Isto não significa que o Espírito seja subserviente à Palavra de Deus, mas sim, que a soberania divina estabeleceu a livre atuação do Espírito mediante a Palavra. "Na aplicação da obra da redenção os dois trabalham juntos, o Espírito usando a Palavra como Seu instrumento. A prédica da Palavra não produz o fruto desejado até que se torne eficaz pelo Espírito Santo".7 A verdade é que o Espírito Santo honra a Bíblia, fala pela Bíblia e é reconhecido pela Sua harmonia com ela. Por isso, os reformadores frequentemente se referiam às Escrituras como "a imagem do Espírito".

2.2. O Espírito Santo e o IntérpreteDesde os tempos bíblicos Deus levantou profetas e intérpretes da lei que conduzissem Seu povo segundo os princípios estabelecidos em Sua Palavra. No capítulo 8 do livro de Neemias vemos vários servos de Deus que juntamente com os levitas "ensinavam o povo na lei" (v7). E mais: "Leram no Livro, na lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia" (v8). No capítulo 8 de Atos nos deparamos com a clássica passagem de Filipe e o eunuco. O alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, estava lendo o livro do profeta Isaías. Até certo ponto podemos admitir que ele entendia o que estava lendo. Compreendia que o profeta falava de grandes padecimentos e extrema humilhação que um servo do Senhor teria sofrido ou iria sofrer. Faltava-lhe, no entanto, entender o essencial para a clareza da profecia: a respeito de que servo o profeta se referia. Falava de si mesmo ou de algum outro? "Então Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus" (v35). E não poderíamos nos esquecer do Senhor Jesus, quando no caminho de Emaús diz a dois de seus discípulos: "Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.26,27). Mas a atuação do Espírito, em capacitar os intérpretes da Bíblia, não se limitou a eles. Deus tem levantado nos dias de hoje homens e mulheres, verdadeiros mestres da exposição bíblica, para orientarem a Sua Igreja. As divergências teológicas e de interpretação sempre serão evidentes entre eles, até porque iluminação não é inspiração, no sentido bíblico daquela "influência sobrenatural exercida pelo Espírito Santo sobre os escritores sacros, em virtude da qual seus escritos conseguem veracidade divina, e constituem suficiente e infalível regra de fé e prática".8 Mas o direito da interpretação não se restringe aos chamados "doutores". O mesmo Espírito capacita os mais simples para compreenderem o sentido das Escrituras com muita propriedade e coerência. Particularmente tenho sido enriquecido em meu ministério pastoral por irmãos e irmãs que, não tendo formação teológica alguma mas conhecendo muito bem o seu Deus, lançam luz sobre passagens bíblicas como eu nunca havia pensado antes. E muitos desses irmãos e irmãs são originais em seus conceitos. Entretanto, não quero dizer com isso que o alvo da boa interpretação seja a originalidade e nem também que um texto não possa parecer totalmente novo para quem o ouve ou o lê pela primeira vez. O alvo da boa interpretação é, segundo os doutores Gordon D. Fee e Douglas Stuart, chegar ao "sentido claro do texto".9 Para isso, é necessário os auxílios internos da própria Bíblia para interpretarmos corretamente o pensamento de Deus mediante os autores secundários e dos auxílios externos disponíveis para a

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interpretação gramatical do texto bíblico, tais como: gramática, dicionários, concordâncias, léxicos, analíticos e comentários. É preciso que os comentários ocupem, quando muito, o último lugar em nossas pesquisas, visto que um comentário é sempre uma opinião e não a última palavra de quem quer que seja.

III. O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO

3.1. O Espírito Santo e a Ciência HermenêuticaCertamente o Espírito Santo pode atuar independente de meios, como já mencionamos. Entretanto, o Espírito age, geralmente, com e através da Palavra de Deus. E de que modo Ele o faz? De um lado, através da iluminação do entendimento do intérprete; de outro, na condução do uso correto das ferramentas hermenêuticas por parte do intérprete. O Espírito Santo não milita contra qualquer instrumento que nos ajude a compreender o sentido das Escrituras; pelo contrário, como acabamos de afirmar, Ele mesmo se utiliza da hermenêutica para nos auxiliar no modo correto de interpretar a Bíblia. A própria Bíblia apresenta muitos exemplos dessa natureza. Em muitos casos, os autores investigaram de antemão a matéria a respeito da qual pretendiam escrever. Lucas nos diz no prefácio do seu Evangelho que procedeu deste modo; e os autores dos livros dos Reis e Crônicas se referem constantemente às suas fontes. Além disso, os autores do Novo Testamento em várias ocasiões interpretaram as profecias do Antigo Testamento como se cumprindo em ocasiões específicas. Como chegavam a essas conclusões? Naturalmente com os recursos da hermenêutica. O apóstolo Pedro criticou aqueles que, por falta de uma hermenêutica sadia, deturpavam os ensinamentos de Paulo e das demais Escrituras "para a própria perdição deles" (2 Pe 3.15,16). Com certeza, nos tempos bíblicos os escritores e profetas sagrados não conheciam a hermenêutica como nós a conhecemos hoje, isto é, como ciência e arte de interpretação da Bíblia, mas nem por isso eram menos favorecidos, até porque eles possuíam a inspiração do Espírito Santo que os habilitava a escrever e interpretar a Escritura Sagrada sem nenhuma margem de erro. Isto não quer dizer que estivessem livres do fracasso de entender a própria mensagem. O fato de os profetas algumas vezes fracassarem em entender a mensagem que eles mesmos traziam ao povo, serve também para demonstrar que aquela mensagem vinha de fora, de Deus, e que, portanto, não partia da vontade pessoal deles. Daniel, por exemplo, certa vez teve uma visão e logo em seguida declarou que não entendia o significado daquilo tudo (Dn 12.8,9). Zacarias, por sua vez, teve várias visões com mensagens para o povo, mas precisou que um anjo o auxiliasse na interpretação delas (Zc 1.9; 2.3; 4.4). Pedro nos informa que os profetas que apresentavam a mensagem a respeito dos sofrimentos e glórias de Cristo, com frequência investigaram os detalhes disso, para poder entender com mais clareza (I Pe 1.10,11). Não devemos nos esquecer que o ato de fazer lembrar e entender a vontade de Deus para a nossa vida é atribuição do Espírito Santo. Como vimos, Ele atuou no passado na mente e no coração de homens e mulheres de Deus e hoje o faz iluminando nosso entendimento para entendermos o que a Bíblia diz, com suas aplicações práticas para a vida diária. E mesmo que em certas ocasiões o Espírito nos faça compreender o sentido das Escrituras independente de uma pesquisa prévia, via de regra as coisas não funcionam desse modo, até porque, normalmente, o Espírito de Deus nos orienta através dos recursos da hermenêutica. Além disso, a uma pesquisa diligente no intuito de se entender o que lemos, deve-se unir a oração como expressão de uma vida dependente do Espírito10. E assim, como dizia Lutero, oremos como se tudo dependesse de Deus e trabalhemos como se tudo dependesse de nós mesmos.

3.2. O Espírito Santo e o Círculo Hermenêutico

1. O Círculo HermenêuticoEsta última parte do nosso trabalho (O Espírito Santo e o Círculo Hermenêutico) é o resultado natural de tudo que vimos até aqui. É a aplicação prática do Espírito Santo no processo hermenêutico dentro do chamado círculo hermenêutico. O que é o círculo hermenêutico? Como poderíamos representá-lo e

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defini-lo?Graficamente podemos representar o círculo hermenêutico desse modo:

Embora os estudiosos não neguem a importância do Espírito Santo no círculo hermenêutico, poucos enfatizam a centralidade Dele. René Padilla, por exemplo, diz que "a iluminação do Espírito é indispensável no processo interpretativo"11 e que é "urgente a necessidade de uma leitura do Evangelho desde cada situação histórica particular, debaixo da direção do Espírito Santo".12 Entretanto, quando Padilla representa graficamente o círculo hermenêutico omite a pessoa do Espírito. Esta omissão também é evidente no artigo de Daniel S. Schipani (Crezcamos en todo ... en Cristo em Misión en el Camino, p. 127).13Um dos ensaios, dentre os que encontrei, que abordam com mais ênfase a pessoa do Espírito Santo no círculo hermenêutico é The Role of the Holy Spirit in the Hermeneutic Process: The Relatioship of the Spirit's Ilumination to Biblical Interpretation do Dr. Fred H. Klooster em Hermeneutcs, Inerrancy and the Bible, pp. 451-472.Nosso objetivo neste capítulo é tentar apresentar , de maneira prática, o relacionamento do Espírito Santo no círculo hermenêutico, visto que Padilla e Schipani não dizem quase nada sobre o Espírito e Klooster, apesar de falar muito sobre o Espírito Santo no processo hermenêutico, não vai além do campo teórico e da teologia. E agora, uma vez que o Espírito Santo está no círculo, ligado aos quatro elementos hermenêuticos e vice-versa, podemos definir o círculo hermenêutico como a interligação mútua e dinâmica na perspectiva que devemos ter (como intérpretes que devemos ser) da Bíblia e da realidade histórica sob a ótica e direção do Espírito Santo de Deus. Em outras palavras, a perspectiva que se tem de um elemento do círculo hermenêutico afeta a perspectiva que se tem do outro. A compreensão da Bíblia, a compreensão do contexto histórico e a compreensão do Espírito Santo, na perspectiva do intérprete, devem estar integradas mutuamente e não podem ser separadas. A interpretação de um incide na interpretação do outro, até porque neste caso o fator diálogo passa a ser, de certa forma, o segredo do sucesso do círculo hermenêutico. O círculo hermenêutico segue, então, uma dupla direção, em que não somente o intérprete e o texto (como sugere Padilla, op. cit., p. 08), mas todas as partes dele estão em constante diálogo. Como o Espírito Santo se relaciona com os quatro elementos do círculo hermenêutico? Façamos, então, uma breve análise do papel do Espírito Santo na dinâmica do círculo hermenêutico, a fim de entendermos com mais clareza o significado desse processo.

2. O Espírito Santo no Círculo HermenêuticoPor uma questão de didática e propósito achamos por bem abordar, já no capítulo anterior desse trabalho, a relação do Espírito Santo com a Bíblia e o intérprete numa perspectiva mais teológica. Agora, passaremos a tratar, não somente destes ( Bíblia e intérprete), mas de todos os elementos do círculo hermenêutico numa perspectiva de missão integral, como acreditamos ser o principal objetivo do

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Espírito Santo no processo hermenêutico.a. O Espírito Santo e a situação histórica do intérpreteNão se pode negar de forma alguma que todo intérprete, quer seja da Bíblia, quer seja da vida de um modo geral, é fruto de sua época, influenciado por todos os fatores e ditames do seu tempo. No que se refere à Bíblia, em especial, milhares de anos e circunstâncias culturais separam o intérprete das Escrituras Sagradas. O Espírito Santo sabe e compreende estas diferenças. Dá ao intérprete a liberdade de se aproximar da Palavra de Deus com todos os seus pressupostos, embora não lhe dê o direito de fazer com que a Bíblia diga o que ele gostaria que ela dissesse. Repitamos novamente as já citadas palavras de René Padilla: "O esforço para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma interpretação elaborada de antemão, é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja qual for sua cultura".14 A Bíblia é a voz do Espírito ao povo de Deus. E somente direcionado pelo Espírito, mediante a Palavra, é que o interprete se tornará profeta e portador fiel da mensagem do Espírito Santo de Deus.b. O Espírito Santo e a cosmovisão do intérpreteNada melhor do que o próprio intérprete para interpretar a realidade em que vive. Na perspectiva de sua cosmovisão ele pode aplicar os princípios bíblicos à realidade que vê e sente, pois a sua missão não é formular meras doutrinações, mas extrair da Bíblia as aplicações e implicações práticas da sã doutrina para seu povo. A menos que se prejudique o significado original das Escrituras, a cosmovisão do intérprete é válida e sustentada pelo Espírito Santo. A Bíblia não seria o que é, como Palavra de Deus, se não fosse aplicável em todas as épocas por quem vive a vida no seu próprio contexto. "O propósito do processo interpretativo é a transformação do povo de Deus em sua situação concreta".15c. O Espírito Santo e a BíbliaO Espírito Santo é o mediador do diálogo entre as Escrituras e o contexto histórico contemporâneo. A Bíblia fala hoje porque é a voz do Espírito de Deus. O Deus que falou no passado continua falando hoje em dia a toda a humanidade, através das Escrituras. A mensagem bíblica de transformação do indivíduo e da sociedade, mediante a vocação de homens e mulheres para proclamarem o evangelho de Jesus Cristo aos homens e mulheres do nosso tempo, é a dinâmica do Espírito Santo.d. O Espírito Santo e a TeologiaO Espírito Santo é a fonte de toda teologia bíblica sadia. E para que uma teologia seja verdadeiramente bíblica, e expresse a mente do Espírito, precisa ser, necessariamente, uma teologia de contexto, como costumava enfatizar Orlando Costas em seus livros e artigos16. A teologia deve ser o resultado de uma interpretação fiel da Bíblia, pois só assim tocaremos o coração do povo. E esse deve ser o nosso maior objetivo: fazer uma teologia que toque o coração do povo. Uma teologia que atenda os anseios e necessidades do indivíduo e da sociedade. Uma teologia que nos faça compreender que o Deus transcendente também é o Deus imanente que tem cuidado de nós, em todos os níveis imagináveis.

NOTAS1. A. Almeida, Manual de Hermenêutica Sagrada, p. 11.

2. R. Padilla, A Palavra Interpretada: Reflexões Sobre Hermenêutica Contextualizada, p. 5.

3. Anotações não publicadas.

4. R. Padilla, Op. Cit., p. 06.

5. A Cofissão de Fé de Westminster, I, 9.

6. L. Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, p. 56.

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7. L. Berkhof, Manual de Doutrina Cristã, p. 276.

8. L. Berkhof, op. cit., p. 44.

9. G.D.Fee & D.Stuart, Entendes O Que Lês?, p. 14.

10. Para uma discussão interessante sobre o Espírito Santo, a interpretação bíblica e a espiritualidade do crente, veja Moisés Silva, A Função do Espírito Santo na Interpretação Bíblica em Fides Reformata, Vol. II, Nº 2, pp. 89-96.

11. R. Padilla, Op. Cit., p. 05.

12. Idem, p. 09.

13. Schipani, sem nos dar uma justificativa plausível, usa a expressão circulação hermenêutica no lugar de círculo hermenêutico. Ele apenas diz: "O conceito de 'circulação hermenêutica' (em lugar de 'círculo hermenêutico' como é utilizado por Rudolf Bultmann e Juan Luis Segundo, entre outros) é proposto por Georges Casalis em Las buenas ideas caen del cielo, DEI, San José, 1977". Nota 18, p. 126.

14. R. Padilla, Op. Cit., p. 06.

15. Idem, p. 07.

16. Veja, por exemplo, Compromiso y Misión de Orlando Costas, Editorial Caribe, 1979 e Misión en el Camino: Ensayos em homenaje a Orlando E. Costas, vários autores, Fraternidade Teológica Latinoamericana, 1992.

BIBLIOGRAFIAALMEIDA, A; Manual de Hermenêutica Sagrada, 2ª Edição, CEP, SP, 1985.

BERKHOF, L.; Manual de Doutrina Cristã, LPC, SP, 1986.

___________; Princípios de Interpretação Bíblica, 3ª Edição, Juerp, RJ, 1985.

COOK, G. & Outros; Misión en el Camino: Ensayos en Homenaje a Orlando E. Costas, Fraternidade Teológica Latinoamericana, Argentina, 1992.

COSTAS, O.E.; Compromiso y Misión, Editorial Caribe, Costa Rica, 1979.

FEE G.D. & Stuart D.; Entendes O Que Lês?, Vida Nova, SP, 1984.

MARRA, C.A.B. (ed.); A Confissão de Fé de Westminster, 3ª Edição, Cultura Cristã, SP, 1997.

MATOS, A.S., Lopes, A.N. (eds); Fides Reformata, Publicação do Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, SP, Vol. II, Nº 2, 1997.

PADILLA, C.R.; A Palavra Interpretada: Reflexões Sobre Hermenêutica Contextualizada, ABUB, Curso de Obreiros, 1980.

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_____________; El Círculo Hermenêutico, Artigo não publicado.

RADEMACHER, E.D. & Preus, R.D. (eds.); Hermeneutcs, Inerrancy and the Bible, Zondervan, Grand Rapids, 1984.

O DOM, OS DONS E O FRUTO DO ESPÍRITO SANTOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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O início do século I da era cristã foi um desafio e um prejuízo para as religiões pagãs do Império Romano. Um movimento oposto às crendices e às formas de religiões arcaicas e infrutíferas começou a desenvolver-se no seio de uma pequena comunidade. A história nos empolga, pois é contada em termos dramáticos e desafiantes. Esse movimento, cujo surgimento e desenvolvimento está narrado no livro de Atos dos Apóstolos, foi fruto do mover do Espírito Santo através e nos discípulos de Jesus Cristo. E até a nossa época, este Espírito continua a mover-se no mundo.

Em nossos dias, há uma crescente preocupação com as manifestações do Espírito Santo. Há, até, um movimento carismático no mundo cristão. No ambiente evangélico, percebe-se, não raro, indagações sobre batismo com ou no Espírito Santo. Outros questionam: o que acontece com uma pessoa que recebe o Espírito Santo? Só é verdadeiro crente quem fala em outras línguas? Pode ou deve o crente pedir o Espírito Santo? São algumas das diversas formas que explicitam preocupação com os dons do Espírito Santo, sem levar em conta toda a história da redenção e a realidade de que o Espírito Santo é Deus, assim como o Pai e o Filho.

O Espírito Santo, como a realidade de Deus, é essencialmente poder. Ele não é apenas uma força. Deus é todo-poderoso, onipotente e, na sua grandeza incomensurável, subsistem três pessoas de uma mesma substância: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Devemos entender claramente a triunidade de Deus: nós cremos em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Quem tem o Pai, tem o Filho — e só podemos tê-los e recebê-los mediante a ação eficaz, poderosa e irresistível do Espírito Santo em nós. Está claro que os crentes têm o Espírito Santo, pois enquanto são membros da Igreja, do Corpo de Cristo, a qual é habitada por esse Espírito.

O mundo e a história são campos de ação do Espírito Santo através da Igreja e mesmo além da Igreja. Porque o espírito age como quer, onde quer e quando quer. Não podemos limitar a ação do Espírito Santo de Deus.

A descida do Espírito Santo: O DomA experiência de Pentecostes ficou sendo assim conhecida porque aconteceu por ocasião da Festa de Pentecostes. O nome Pentecostes origina-se do intervalo de cinqüenta 50 dias que separa a Festa da Colheita da Festa da Páscoa, de acordo com a tradição judaica. A descida do Espírito Santo sobre a Igreja reunida em Jerusalém naquela ocasião nos é narrada em Atos 2, o capítulo de abertura e de impacto da história da igreja cristã primitiva. O livro de Atos como um todo mostra o Evangelho em ação. O livro mostra o impacto que uma comunidade pode causar quando vive e age no poder do Espírito Santo.

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Os dois personagens principais deste livro, Pedro e Paulo, agiram no poder do Espírito. Os capítulos 2 e 3 de Atos registram dois sermões do apóstolo Pedro, quando oito mil almas se renderam ao pé da cruz de Cristo. O ministério do apóstolo Paulo foi um ministério de bênçãos e vitórias, levando o Evangelho perante príncipes, governadores e reis. Assim, o texto de Atos e o contexto do próprio livro de Atos, mostram o que pessoas e comunidades podem fazer quando se tornam instrumentos vivos e eficazes do Espírito Santo.

A Promessa da vinda do EspíritoPentecostes prova ser um tempo em que as profecias se cumpriram, desde o Velho Testamento até às promessas gloriosas dos lábios do divino Mestre: Eu vos enviarei o Consolador. Permanecei, pois, na cidade (em Jerusalém) até que do alto sejais revestidos de poder. Eles permaneceram. E as promessas de Deus se cumpriram. Porque elas jamais falham. O Espírito Santo provém, pois, do Pai e do Filho, e juntamente com o Filho e o Pai, é adorado e glorificado, como diz o texto niceno.

Volvendo os olhos ao passado distante, vamos encontrar o profeta Isaías falando do Reino do Messias, no capítulo 11 verso 2, dizendo: repousará sobre ele o Espírito do Senhor. O profeta Ezequiel, falando da restauração do povo de Deus, afirma: Porei dentro de vós um espírito novo. E, de uma maneira muito especial, profetizou Joel: E acontecerá naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos terão sonhos e os vossos jovens terão visões (2.28).

O próprio apóstolo Pedro identifica a experiência do Pentecostes com o derramamento do Espírito de que fala o profeta Joel. Temos aqui um exemplo de cumprimento de profecia. Certeza de Deus. As profecias se cumprem.

Joel afirmou: e acontecerá naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28). Sobre todos os cristãos verdadeiros, indistintamente de serem judeus ou gentios. No Antigo Testamento o Espírito vinha sobre algumas pessoas distintas, e seus carismas (dons) eram dados a algumas pessoas com missão específica e em caráter temporário. Eram carismas especiais que podiam inclusive ser retirados, caso o ungido se desviasse das promessas de Deus. Um bom exemplo disto é a oração do rei Davi após haver pecado: não me retires o teu Santo Espírito (Sl 51.11). Davi se refere aqui àquela unção especial que havia recebido para ser rei, e que lhe havia sido ministrada através das mãos do profeta Samuel (1 Sm 16.13).

Já no Novo Testamento, o Espírito Santo, juntamente com seus dons, é dado a todos os que crêem e seus dons estão presentes na Igreja de uma forma permanente (Jo 14.16). Diz Lucas: Estavam todos reunidos no mesmo lugar (...) E foram todos cheios do Espírito Santo (At 2.1-4).

A promessa de Jesus foi: Eu vos enviarei o Consolador para que fique convosco para sempre. Agora o Espírito é dado a todos os que crêem e para sempre. Como diria Calvino: "Uma vez selado com o Espírito Santo, para sempre selado." Que bênção e que conforto é crermos assim.

O Senhor Jesus também determinou aos apóstolos que permanecessem em Jerusalém. Permanecei, pois, em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.49). E em Atos 1.8 temos a reafirmação dessa promessa: Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judéia e em Samaria e até aos confins da terra. Poder para testemunhar, pregar e agir, guiados pelo Espírito Santo.

O Cumprimento da Promessa no Dia de PentecostesNão muito depois dessa última promessa, estavam todos os apóstolos com alguns irmãos reunidos em

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Jerusalém quando veio do céu um som terrível, como de um vento impetuoso e algo como línguas de fogo apareceu e foi distribuído entre eles. Estes fenômenos: do som terrível, como de um vento impetuoso e de línguas de fogo, embora muito enfatizados por alguns dentro da cristandade moderna, são o ponto menos importante da experiência. O importante mesmo é que eles foram cheios do Espírito Santo para comunicar as grandezas de Deus e viver o Evangelho de Cristo, num testemunho encarnado que se estenderia por toda Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins da terra, como testemunhamos hoje.

O fervor e entusiasmo aqui registrados eram do céu, e não provocados pelo ambiente emocional. Este fato nos ajuda, com a graça de Deus, a discernir as manifestações reais do Espírito Santo dos delírios coletivos e das circunstâncias emocionais que possam acontecer ou serem provocadas. O fervor e o entusiasmo eram de Deus. Essa diferença é fundamental.

É bem verdade que a fé cristã comporta emoções as mais sublimes e santas. Tudo, porém, seja feito com decência e ordem. Conforme nos ensina o Espírito Santo, através do apóstolo Paulo (1 Co 14.40).

Pode-se dizer que a Igreja neotestamentária nasceu com a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes. Desde então, a Igreja e o cristão agem no mundo como força transformadora no poder do Espírito, para implantação do Reino de Deus entre os homens.

As línguas faladas no Dia de PentecostesO que dizer do dom de línguas? Esse fenômeno permite aos homens de todas as raças compreenderem o Evangelho. É o sinal anunciador do Reino de Deus, daquele dia glorioso quando todas as barreiras que separam os homens seriam derribadas e a humanidade voltaria a encontrar em Deus a sua unidade perdida. O Pentecostes assinala o princípio da grande reunião dos filhos de Deus dispersos por toda a superfície da terra.

Convém notar que o texto de Atos relata que os apóstolos, uma vez cheios do Espírito Santo, começaram a falar em outras línguas. Aqui não diz línguas estranhas. Eram línguas conhecidas. Estavam presentes ali pessoas de várias nacionalidades, com dialetos próprios. E ouviam falar em suas próprias línguas das grandezas de Deus, conforme relata Lucas, autor deste maravilhoso livro (At 2.11). O objetivo de falar em línguas foi o de comunicar o Evangelho de forma clara, para que as pessoas pudessem entender a mensagem. Não o de ser um dom espetacular ou algo semelhante. O fenômeno de línguas ali registrado reside no fato de que eram todos galileus os que falavam, e de outras nacionalidades os ouvintes, e puderam receber e entender a mensagem em suas próprias línguas.

A lista dos povos ali representados é algo significativo, do ponto de vista lingüístico e geográfico. Senão, vejamos: começa com povos que ficavam ao leste (Partos, Medas, Elamitas e Mesopotâmios); move-se para o oeste até a Judéia, nordeste e até a Capadócia e outros distritos da Ásia Menor; para o sudeste alcançando o Egito e a Líbia , sendo ainda mencionados: Roma, a Ilha de Creta e Arábia. Lembremos as palavras do verso 8 do capítulo 1: Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Samaria, Judéia e até aos confins da terra...; ali estava o começo glorioso da grande expansão missionária da Igreja Cristã nascente.

O Pentecostes é ainda, num outro sentido, uma réplica divina da Torre de Babel. Como tal, aponta para a unidade criada por Deus no Pentecostes em contraste com a confusão de línguas, juízo divino sobre fruto do orgulho humano, que pretende se elevar até aos céus e não consegue. Gênesis 11 relata a confusão e fracasso humanos, seguidos do juízo de Deus. Pentecostes relata a unidade da Igreja como um dom de Deus. A unidade de línguas é obra do Espírito Santo. Esta unidade da Igreja é algo que não se cria: recebe-se, manifesta-se e crê.

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Muitos comentaristas apontam para o fato de que, segundo a tradição judaica, quando a lei foi dada no Monte Sinai, a voz de Deus foi ouvida em todas as línguas. Segundo a tradição judaica, isto aconteceu na época da Festa de Pentecostes, e houve também manifestação da glória e do poder de Deus. Obviamente não podemos tomar tradições judaicas por certas; entretanto, esta crença judaica é sugestiva do fato que Pentecostes lembraria para os Judeus presentes naquela ocasião a experiência gloriosa do Sinai e a dádiva da lei que representava o Espírito e a vontade de Deus para o seu povo, bem como o poder que haveria de guiá-los em sua peregrinação.

O Espírito Santo é o próprio Deus-Consolador, que guia, orienta e dirige a Igreja na sua peregrinação à Canaã Celeste.

Se o Espírito dado à Igreja no Pentecostes foi compreendido como Sustentador da nossa participação, na reconciliação e na nova vida, falar da Igreja como inteiramente ligada ao Espírito é qualificá-la como o povo em quem a soberania de Deus e o Senhorio de Jesus Cristo são reconhecidos. Portanto, Pentecostes é decisivo para a existência da Igreja.

Ao que nos parece, para muitos cristãos modernos, o principal papel ou o único trabalho do Espírito Santo é dar suspense emocional e alegria interna. Certamente isso era parte da experiência neo-testamentária, todavia, não era a mais importante. Lembremo-nos, portanto, de que quando o Espírito Santo atua na vida do crente e da Igreja, o resultado é alegria, amor, paz e gozo, conforme descreve o apóstolo Paulo em Gálatas 5.22-23.

Dons e Ministérios: Os DonsA cidade de Corinto era uma verdadeira ponte transcontinental. Tudo passava por Corinto: os peregrinos, os mercadores e os diferentes tipos de pregadores. Era uma cidade cheia de novidades e também de muito pecado.

Na Grécia Antiga, ao lado das célebres lendas de heróis, semideuses e deuses pagãos, existiam as religiões de mistério. Corinto era um dos centros dessas religiões de mistério com suas manifestações estranhas; entidades que entravam em pessoas, mudando-lhes a voz e os hábitos; adivinhações; clima de emoções tremendas; rituais os mais variados e extravagantes.

Foi nesse ambiente e nesse contexto sócio-econômico, cultural e religioso, aqui referidos, que viveu a Igreja de Corinto e que pregou o apóstolo Paulo.

Foi naquele arriscado ambiente de sincretismo religioso que o apóstolo Paulo bradou: A respeito dos dons espirituais não quero, irmãos, que sejais ignorantes (2 Co 12.1).

A necessidade de discernimento quanto às manifestações espirituaisIgnorar os dons espirituais é desconhecê-los. Desconhecê-los no sentido de não exercitá-los, ou mesmo no sentido de não ter qualquer informação sobre sua origem, intensidade e utilidade. Ignorar pode também significar falta de discernimento espiritual. Atribuir ao Espírito Santo coisas e fenômenos da própria mente emocionada ou desequilibrada não é bíblico. Atribuir ao Espírito Santo coisas que não edificam e nem promovem a paz, no caso "os fenômenos" das religiões de mistério, é falta de discernimento espiritual, o qual é necessário para não confundirmos nem sermos confundidos.

Não podemos ignorar que nem todo o fenômeno religioso vem dos céus, de Deus, do Pai das Luzes em quem não pode haver mudanças nem sombra de variação... (Tg 1.17). Precisamos de discernimento para buscar com zelo os melhores dons. Precisamos de discernimento para não confundir barulho com louvor, entusiasmo com consagração constante, emocionalismo com o verdadeiro quebrantamento

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espiritual; precisamos de critério para, não confundir manifestações externas, não raro mecânicas e estereotipadas, com comunicação íntima, com fé firme, fé inabalável; precisamos ser pessoas lúcidas, pessoas sempre abundantes em fruto e na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é vão (1 Co 15.58).

Não se pode dar crédito a todo e qualquer espírito. Nem toda a manifestação é realmente espiritual. Nem todo o que diz estar falando pelo Espírito, o está de fato. Paulo ensinou aqui em 1 Co 12.1-3 o critério cristocêntrico pelo qual julgar e discernir aquele que realmente fala pelo Espírito, com unção e com poder. Paulo lembra aos crentes de Corinto, que outrora viveram sem Deus e, sem esperança, que naquela época eram guiados pelos ídolos mudos da antiga religião de mistérios; mas agora, são guiados pelo Espírito a Cristo; e ensina firmemente: Por isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: anátema Jesus. E por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus, senão pelo Espírito Santo (2 Co 12.3).

O apóstolo João nos adverte: Não deis crédito a todo espírito (1 Jo 4.1). O critério cristológico e cristocêntrico aí está para nos ajudar a discernir. Jesus Cristo é a pedra de toque; Ele sempre está, olhando para a Igreja, buscando a edificação, a paz, o bem-estar, a unidade dos remidos. É nesta perspectiva que o apóstolo nos fala de dons, dons espirituais. Fala de sua origem, seu uso, sua utilidade. É nesta perspectiva que falamos sobre dons e ministérios.

Dons e MinistériosA fonte de todos os dons é o Espírito Santo. Toda dádiva excelente, todo o dom perfeito provém de Deus, do Pai das luzes em quem não há mudanças, nem sombras de variação. Os dons espirituais são diversos, mas o Espírito Santo é o mesmo. Diversos dons, uma só e a mesma fonte, visando a um fim proveitoso: a edificação espiritual da Igreja, o crescimento dos santos em amor, a paz, a maior compreensão.

Todo o cristão tem um ou mais dons e nenhum cristão tem todos os dons. Não existe cristão sem dom. É preciso descobrir o seu dom e, para a glória de Deus, e usá-lo para um fim proveitoso, para a edificação da Igreja.

Aptidões naturais, ou mesmo dons espirituais, podem ser exercitados conscientemente ou até inconscientemente.

Há diversidade de ministérios ou serviços, mas o Senhor é o mesmo. Todos têm dons do Espírito. Todos devem exercer ministérios na Igreja, ou seja, no Corpo de Cristo, servindo ao Senhor. Os dons são aptidões em potencial. Os ministérios são essas aptidões postas em prática.

Há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. Os dons vêm do mesmo Espírito Santo. Os ministérios servem o mesmo Senhor Jesus. As realizações são do mesmo Deus que opera tudo em todos — e todas estas coisas concorrem para a edificação da Igreja (1 Co 12.4-7).

Os dons são aptidões naturais ou especiais dadas pelo Espírito para equipar os santos, concedendo-lhes os diversos ministérios exercidos para toda a boa obra que são as realizações em Deus.

Todos nós recebemos dons, talentos e aptidões. É preciso exercê-los no ministério total da Igreja em sua integridade; apresentá-los em forma de realizações.

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O Fruto do Espírito SantoTemos visto até aqui e cremos firmemente que o Espírito Santo é Deus, é uma pessoa, e não uma força ou energia impessoal estranha ao ensino bíblico e às convicções reformadas.

Como pessoa, o Espírito tem inteligência (Jo 16.13 e Rm 8.27), tem vontade (1 Co 12.11), tem emotividade (Ef 4.30 e Rm 15.30), dá ordem (At 8.29), proíbe (At 16.6) e constitui (At 20.28).

O resultado da presença do Espírito Santo no crente é também chamado de o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23). A manifestação externa desse fruto e é a evidência maior de que ele tem o Espírito Santo, de que é batizado com o Espírito Santo.

Paulo, em Gálatas 5, faz um nítido contraste entre "carne" e "Espírito". Carne não dá fruto, produz obras no plural. E que obras terríveis! Carne e Espírito são opostos entre si. O que semeia para a carne, colhe corrupção e morte; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 5.8).

O fruto, que resulta do fato do crente ter o Espírito Santo, e de ser batizado com o Espírito Santo, está explícito em Gálatas 5.22-23. Note que não se diz "frutos", mas, sim, "o fruto". Além de estar no singular, vem precedido do artigo definido.

ConclusãoVimos o dom, a dádiva, a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes, como um evento singular; os dons espirituais, como sendo do Espírito e não nossos, a serem usados para um fim proveitoso, a edificação do Corpo de Cristo e para a glória de Deus. Sempre que o uso de um dom é distorcido, Deus o transfere, o retira ou o faz cessar. Agora, o fruto do Espírito Santo que se desdobra em amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio é permanecente.

Pode acontecer, e tem acontecido, casos de pessoas que se dizem batizadas com o Espírito Santo e que, manifestam dons até espetaculares, mas não se vê nessas pessoas as expressões do fruto do Espírito Santo. Embora não devamos julgar de forma descaridosa estas pessoas, devemos exercer os critérios bíblicos antes de receber tais manifestações como sendo legitimamente produzidas pelo Espírito Santo.

Quero concluir, afirmando que todo aquele que é nascido de novo é batizado com o Espírito Santo, é templo do Espírito Santo, e tem o Espírito Santo. E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele, afirma o apóstolo Paulo (Rm 8.9b).

Quem tem o Pai, tem o Filho; e quem tem o Pai e o Filho, tem o Espírito Santo. Não se pode dividir o indivisível, que é Deus. Ele é triúno.

Nós não tememos o que vem do Espírito Santo, desde que exercitado dentro dos parâmetros das Escrituras e sob a disciplina do próprio Espírito. Veja o que diz Paulo: Ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema Jesus! por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo (1 Co 12.3).

O TEÓLOGO DO ESPÍRITO SANTOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

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Um Estudo sobre o Ensino de Calvinosobre a Palavra e o Espírito

IntroduçãoMeu tema neste artigo é "Calvino, o teólogo do Espírito Santo." Devo começar dizendo que este título não foi dado a Calvino pelos seus contemporâneos, mas sim pelos estudiosos modernos, reconhecendo a sua importância como teólogo e exegeta para esta área da Teologia que está em tanta relevância hoje.

O título pode confundir algumas pessoas. Podem pensar que o assunto sobre o qual Calvino mais escreveu, e ao qual mais se dedicou, foi o Espírito Santo. Na realidade, embora Calvino tenha escrito muita coisa sobre o Espírito Santo, nunca escreveu uma obra específica sobre o assunto, como, por exemplo, John Owen e Abraham Kuyper, cujos livros sobre o tema são fundamentais para a Igreja contemporânea.(1) Embora em suas Institutas de Religião Cristã João Calvino trate freqüentemente da pessoa e obra do Espírito Santo, não dedicou ao assunto um capítulo exclusivo.(2)

Alguns têm criticado Calvino por não haver dado atenção mais direta ao Espírito Santo em seus escritos, especialmente nas Institutas. A crítica é injusta. Existem razões suficientes para esta aparente falta de atenção.

Em primeiro lugar, a doutrina do Espírito Santo não era o foco do debate de Calvino com a Igreja Católica Romana da sua época, e nem da sua polêmica com os reformadores radicais, os Anabatistas e os "Entusiastas", conhecidos como a ala de esquerda da Reforma.(3) Calvino só tratou da obra do Espírito Santo na medida em que esse assunto se relacionava com os pontos críticos em debate, como a doutrina da salvação, da santificação, das Escrituras, e dos sacramentos.

Em segundo lugar, Calvino tinha a visão bíblica-neotestamentária de que o Espírito Santo geralmente agia nos bastidores, como o agente da Trindade. Embora sua ação fosse claramente perceptível, quem deveria sempre receber a proeminência eram o Pai e o Filho. Essa convicção reflete-se nas suas obras e em sua abordagem dos mais variados temas teológicos. Não existe praticamente nenhum assunto teológico em que Calvino não se refira, em seu tratamento, à obra do Espírito. Sua Pneumatologia é desenvolvida dentro das demais áreas da Teologia Sistemática, como Teontologia (estudo da Pessoa de Deus), Soteriologia e Eclesiologia.

Esta mesma abordagem se encontra refletida na Confissão de Fé de Westminster. É verdade que seus autores, os Puritanos, não escreveram um capítulo exclusivo sobre a pessoa e obra do Espírito. Mas, como sugeriu Dr. Benjamim B. Warfield, conhecido teólogo presbiteriano reformado, do início deste século, a razão é que preferiram escrever nove capítulos em vez de apenas um. A tentativa que foi feita em nossa época, pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, para suprir esta alegada deficiência, produziu um capítulo a mais na Confissão de Fé que, segundo Warfield, nada mais é que um curto sumário destes nove capítulos originais.(4)

E por fim, não se podeexigir de Calvino (e nem dos autores da Confissão de Fé) uma abordagem do assunto que seja aguçada pelas questões relacionadas com o surgimento do movimento pentecostal, séculos após a sua morte. Mesmo assim, Calvino é surpreendentemente atual no que diz sobre o Espírito.

Por que, então, o título "teólogo do Espírito Santo?" Em primeiro lugar, Calvino foi o primeiro a sistematizar de forma clara o ensino bíblico sobre o Espírito Santo. Não é que ninguém, antes dele, não

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houvesse escrito sobre o assunto. Mas, é que poucos, antes e depois de Calvino, conseguiram ser tão claros, simples, e bíblicos.(5) Ouçamos o testemunho de Dr. Warfield:

A doutrina sobre a obrado Espírito Santo é uma dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo. . . Nos amplos departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum," "Regeneração," e "O Testemunho do Espírito" do livro terceiro das Institutas, Calvino foi o primeiro a desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e a dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação sistemática, fazendo dela uma possessão inalienável da Igreja de Deus.(6)

Em segundo lugar, Calvino integrou indissoluvelmente a doutrina do Espírito Santo aos demais temas e áreas da teologia, como regeneração, santificação, os meios de graça, e o conhecimento de Deus, entre outros. A Pneumatologia de Calvino, igualmente, abrangia e permeava todos os demais departamentos da Enciclopédia Teológica. Sua teologia é uma unidade orgânica, onde o Espírito aparece apropriadamente como o Soberano dinamizador.

Em terceiro lugar, Calvino resgatou alguns aspectos da doutrina do Espírito Santo que estavam soterrados debaixo da teologia medieval da Igreja Católica, como por exemplo, a relação entre a Palavra e o Espírito. Nosso alvo neste ensaio é analisar mais exatamente esta contribuição de Calvino para nosso conhecimento da obra do Espírito Santo, ou seja, a relação vital e orgânica entre o Espírito e a Palavra de Deus, as Escrituras.

O ensino de Calvino influenciou profundamente os estudos subsequentes dentro dos círculos Reformados. Sua ênfase na ação soberana do Espírito continua na tradição reformada entre os Puritanos ingleses, particularmente John Owen e Richard Sibbes, que nos deram os estudos bíblicos teológicos mais extensos e profundos que existem em qualquer língua sobre o ministério do Espírito Santo.

O Contexto Teológico de CalvinoComecemos por lembrar-nos que a teologia de Calvino nasceu e desenvolveu-se em meio ao intenso conflito doutrinário que marcou a Reforma do século XVI. Sua doutrina do Espírito Santo foi moldada em meio à sua batalha em duas frentes. Em uma, ele enfrentava o cativeiro das Escrituras pela Igreja Católica, e na outra, o abandono das Escrituras pelos da Reforma radical.

A Igreja Católica e o cativeiro das EscriturasCalvino e a Igreja Católica tinham algumas convicções em comum quanto à doutrina das Escrituras. Para eles, as Escrituras eram a Palavra de Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, infalíveis, e autoritativas. Este ponto não estava sendo disputado por Calvino, nem pelos demais reformadores. O ponto de discórdia entre Calvino e os católicos era quanto ao ensino papista de que a autoridade da Escritura dependia do testemunho da Igreja. A Igreja Católica afirmava que o cânon das Escrituras, a sua preservação, a sua origem divina e sua autoridade, deviam ser aceitos pelos fiéis como verdadeiros porque a Igreja assim o afirmava. A autoridade das Escrituras, enfim, dependia do testemunho da Igreja. A Igreja, além disto, tinha a correta interpretação das Escrituras; a coleção dessas interpretações formava a tradição eclesiástica, que possui tanta autoridade quanto as próprias Escrituras. Assim, era vedado aos católicos leigos lerem e interpretarem as Escrituras. Eles dependiam da interpretação dada pela Igreja. Desta forma, a Palavra e a sua interpretação estavam cativas debaixo da autoridade eclesiástica.

Calvino levantou-se contra esse estado de coisas, que havia prevalecido durante a Idade Média. Ele considerava esse ensino como sendo uma afronta ao Espírito Santo, e um abuso de autoridade por parte da Igreja. Era a Igreja que estava fundada sobre as Escrituras, e não o contrário. A autoridade das Escrituras não dependia do testemunho da Igreja, e sim o contrário: a Igreja só possuía autoridade

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enquanto estivesse dentro da doutrina bíblica. Calvino apelava aqui para Ef 2.20, onde Paulo ensina que a Igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, que é o ensino das Escrituras.(7) A Igreja simplesmente reconhecia — não estabelecia e nem determinava — a inspiração e a autoridade dos livros que compunham o cânon sagrado.(8)

Para Calvino, amaior de todas as provas da autoridade e inspiração das Escrituras era que o próprio Deus nos falava através delas. Calvino chamava a isto o testemunho interno do Espírito.(9) Para ele, o homem natural não poderia ser convencido da divindade das Escrituras por argumentos apresentados pela Igreja, por mais lógicos e racionais que eles parecessem (1 Co 2.14).(10) Era o Espírito quem persuadia o crente de que Deus estava falando nas Escrituras, inclinando-lhe o coração a aceitá-las, e dando-lhe plena certeza disto, gerando-lhe fé em seu coração. Nas suas Institutas e comentários Calvino aponta para alguns textos com este efeito, como por exemplo, 1 Jo 5.6-7, 2 Tm 1.14-15, 1 Co 2.10-16.(11)

Para Calvino, o que o Espírito havia revelado nas Escrituras era suficiente e final. Maomé, o Papa, e os "Entusiastas" estavam errados, ao reivindicar que o Espírito estaria ensinando novas verdades no presente. Para Calvino, as palavras do Senhor Jesus em Jo 14.25 deixavam claro que o ministério do Consolador consistiria, não em revelar novas verdades, que fossem além das que haviam sido ensinadas pelo Senhor Jesus e seus apóstolos, mas em iluminar as mentes e os corações dos crentes, para que compreendessem e cressem nas verdades, agora registradas na Escritura. Ele afirma: "O espírito que introduz qualquer doutrina ou novidade que vá além do Evangelho, é um espírito de mentira, e não o Espírito de Cristo."(12)

O efeito do ensino de Calvino foi libertador.(13) Através da ênfase no testemunho interno do Espírito Santo como a evidência máxima da divindade e da autoridade das Escrituras, ele libertou as Escrituras e a sua interpretação do cativeiro imposto pela Igreja Medieval, e as colocou de volta onde elas pertenciam de direito, nas mãos do Espírito Santo. Neste sentido, estava certa a avaliação de alguns católicos encarregados da contra-reforma no século XVII, de que uma das maiores diferenças que existiam entre Roma e Genebra se encontrava em suas doutrinas sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo.

Os Reformadores Radicais e seu Desprezo pela PalavraA outra fronte de batalha de Calvino era contra o ensino da Reforma radical, conhecida como a "ala esquerdista" da Reforma.(14) Havia diversos grupos dentro desta ala do movimento reformista. Havia, em primeiro lugar, como os Anabatistas, os "Fanáticos", os "Espiritualistas" e os Antitrinitarianos, que "embora diferentes em seus propósitos e em suas doutrinas, tinham em comum o desejo de ver uma Reforma muito mais radical do que a propagada por Lutero e Zwinglio."(15) A polêmica de Calvino contra os Anabatistas concentrou-se em questões como batismo infantil, predestinação, governo de Igreja, relação entre Igreja e Estado, e interpretação das Escrituras.(16)

Foi contra os excessos dos "Entusiastas" ou "Fanáticos" (como eram conhecidos) na área de novas revelações contemporâneas do Espírito, que Calvino se concentrou em alguns de seus escritos. Ele escreveu um tratado em 1545 entitulado Contre la secte phantastique et furieuse des Libertines qui se nomment spirituelz (Contra a seita fantástica e furiosa dos Libertinos, que se chamam de Espirituais), que ainda não foi traduzido para o português.(17) Freqüentemente em suas Institutas e comentários Calvino faz menções diretas ou sugestões implícitas sobre este movimento.

Os "Entusiastas" enfatizavam o ministério didático do Espírito, um ponto que havia sido resgatado pelos Reformadores; porém, estavam indo além deles, reivindicando serem ensinados diretamente pelo Espírito através de novas revelações, por meio de uma luz interior. Afirmavam que o Espírito não podia

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ficar restrito a palavras escritas, pois isto diminuiria sua soberania. Testar as manifestações espirituais seria desonrar o Espírito. Chegavam a ridicularizar os que se apegavam às Escrituras, pois a consideravam como uma forma inferior e temporária de revelação, e criticavam Calvino e os demais reformadores por se apegarem à letra que mata.

Os "Entusiastas," portanto, eram uma reação à escravidão das Escrituras por parte da Igreja que havia vigorado até a Reforma, mas uma reação que estava indo longe demais. Calvino, naturalmente, simpatizava-se com os "Entusiastas" em vários pontos. Para ambos, as Escrituras, como Palavra de Deus, não estavam cativas à interpretação da Igreja, mas deveriam ser livremente examinadas por todos. Calvino, porém, questionava seriamente a separação entre o Espírito e a Palavra, e considerava qualquer tendência neste sentido como "demência".(18) Ele também duvidava que "novas revelações" fossem uma obra do Espírito Santo, e chegava mesmo a suspeitar que os que reinvidicavam receber revelações novas, que excediam as Escrituras, estavam sendo guiados por outro espírito, que não o de Deus. Calvino cria na realidade e na atuação de espíritos mentirosos, e que Satanás estava continuamente iludindo as pessoas, procurando afastá-las da verdade, transfigurando-se em "anjo de luz" (2 Co 11.3,14). Para ele, "novas revelações", na verdade, eram invenções de espíritos mentirosos, não provinham do Espírito Santo, sendo o cumprimento de passagens como 1 Tm 4.1-2.(19)

O Ensino de Calvino sobre o Espírito e a PalavraCalvino não se limitou a criticar os exageros dos "Entusiastas." Ele apresentou, de forma positiva e construtiva, o ensino bíblico sobre a direção divina para a Igreja vivendo após os tempos apostólicos. No livro I das suas Institutas, onde trata de "O Conhecimento de Deus como Criador", Calvino dá o seguinte título ao capítulo 9: Os fanáticos, abandonando as Escrituras e bandeando-se para revelação, derrubam todos os princípios da piedade. Nesse capítulo, o reformador aborda o ensino dos "Fanáticos", como eram conhecidos na época, a partir da inseparável relação entre o Espírito e a Palavra.(20)

O Espírito Fala pelas EscriturasO ponto central de Calvino eraque o Espírito fala pelas Escrituras. Não que o Espírito estivesse restrito à Pregação da Palavra e aos sacramentos, mas sim que Ele não pode ser dissociado de ambos. O Espírito havia sido dado à Igreja, não para trazer novas revelações, mas para nos instruir nas palavras de Cristo e dos profetas. De acordo com Calvino, o Espírito sela nossas mentes quando ouvimos e recebemos com fé a palavra da verdade, o Evangelho da salvação (Ef 1.13). Ele limita-se a guiar os crentes e a iluminar seus entendimentos naquilo que ouviu e recebeu do Pai e do Filho, e não de Si mesmo (Jo 16.13). Como o ensino divino se encontra nas Escrituras, a obra do Espírito consiste em iluminá-las, fazendo com que esse ensino seja entendido pelos fiéis.

Contra o desprezo pelas Escrituras da parte de muitos "Entusiastas," Calvino citava o exemplo do apóstolo Paulo, que mesmo tendo sido arrebatado ao terceiro céu, onde recebeu revelações extraordinárias (2 Co 12.2), ainda assim jamais desprezou as Escrituras, como se fossem uma forma inferior de revelação, mas as reconheceu como suficientes e eficazes, pela graça do Espírito, para edificar a Igreja em todas as coisas concernentes ao reino de Deus (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13).(21)

O Espírito é reconhecido pela sua harmonia com as EscriturasOutro ponto importante destacado por Calvino nas Institutas era que a atuação do Espírito Santo poderia ser reconhecida pela sua harmonia com as Escrituras, as quais haviam sido inspiradas pelo próprio Espírito.(22) Calvino desejava apresentar um critério pelo qual a Igreja pudesse discernir de forma segura, no âmbito da experiência religiosa, o que realmente procedia da parte do Espírito de Deus, ou de espíritos enganadores. Para ele, havia somente um critério seguro e infalível: o Espírito falando nas Escrituras. Assim, não haveria qualquer diminuição do poder e da glória do Espírito Santo ao concordar com elas, já que Ele as havia inspirado. Seria concordar consigo mesmo, e qual a desonra que

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poderia haver nisto? Testar as manifestações supostamente provenientes do Espírito, usando-se o crivo das Escrituras, era, na realidade, agradável a Ele, pois Ele mesmo havia determinado que a Igreja assim procedesse com as manifestações espirituais.(23) Para Calvino, não poderia haver qualquer contradição entre o ensino bíblico e a atuação do Espírito nos tempos pós-apostólicos; e é por esta razão que ele frequentemente se refere às Escrituras como "a imagem do Espírito."(24)

A Soberania do EspíritoUm último ponto ao qual desejo me referir é a insistência de Calvino sobre a soberania do Espírito Santo nesta relação íntima com a Palavra de Deus. Para ele, a Palavra é o instrumento pelo qual Deus dispensa a iluminação do Espírito aos crentes.(25) Assim, Cristo fala hoje através do ministro do Evangelho, quando o mesmo expõe fielmente a Palavra. O Espírito torna eficaz a Palavra exposta nos corações dos que a ouvem. Ao mesmo tempo, a relação Espírito-Palavra não é mágica, ou automática. A Palavra não é como um talismã, que sempre que invocado, libera seu poder mágico, ao bel-prazer do seu possuidor. A eficácia da Palavra, ao contrário, está totalmente na dependência da soberania do Espírito.(26) Para Calvino, a afirmação de Paulo de que somos ministros de uma nova aliança, do Espírito que vivifica (2 Co 3.6), não é uma garantia de que nossa pregação sempre será acompanhada pelo poder vivificador do Espírito. Pastores não retém o poder de dispensar a graça do Espírito a qualquer um que desejem, e quando o desejem. É por um ato soberano que o Espírito torna a Palavra pregada em Palavra eficaz.(27)

Assim, a eloquência, a habilidade, a erudição e o fervor do pregador de nada adiantam, se a graça e o poder do Espírito não estiverem presentes. E assim ocorre porque, o mérito sempre deve ser de Cristo, e não dos pregadores.

A Influência de Calvino na Confissão de Fé de WestminsterA Confissão de Fé de Westminster, adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil, foi elaborada no século XVII, quase um século após a morte de Calvino, por pastores e teólogos Puritanos, reunidos com este fim pelo Parlamento Inglês, na Assembléia de Westminster. O alvo dos eruditos ali reunidos durante vários anos era um só: formular de forma sistemática a doutrina bíblica, partindo dos princípios de interpretação herdados da Reforma. A Igreja Presbiteriana tem adotado essa Confissão como a expressão correta do ensino das Escrituras. Os seus autores foram profundamente influenciados por João Calvino. Esta influência se percebe claramente no ensino da Confissão sobre o Espírito Santo, e em especial, na relação do Espírito com a Palavra.

Assim, no seu capítulo sobre as Escrituras, a Confissão declara, nos melhores termos calvinistas, que a autoridade da Escritura não depende do testemunho do homem ou da Igreja, mas de Deus ( I, 4), que a nossa certeza da sua infalível verdade e autoridade divina provém do testemunho do Espírito Santo em nossos corações (I, 5), que à Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições de homens (I, 6). A Confissão reafirma, com Calvino, que é necessária a íntima revelação do Espírito de Deus para a compreensão salvadora das coisas reveladas na Palavra (I, 6), e que, finalmente, o Juiz Supremo pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser examinadas é o Espírito Santo falando nas Escrituras (I, 8).

Relevância do Ensino de Calvino para Nós Hoje

A Época em que VivemosA influência do movimento neopentecostal, surgido na década de sessenta, tem-se feito sentir de forma profunda nas denominações evangélicas históricas, e também dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil. Não podemos tratar o movimento como um bloco monolítico — existem, dentro dele, diversas correntes e ramificações, o que faz com que generalizações tornem-se injustas. Mas, onde aparece com toda a liberdade, o neopentecostalismo manifesta a crença em novas revelações através de profecia e

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línguas, visões e sonhos, todos atribuídos ao Espírito Santo, e em alguns casos, práticas estranhas ao Cristianismo histórico, que são atribuídas ao poder do Espírito Santo, como "cair" no Espírito, o "sopro" do Espírito, o "riso santo", característica principal do movimento conhecido como "a bênção de Toronto". Há pastores que pretendem ter controle sobre o Espírito Santo, que presumem concedê-lo pela imposição de mãos, lançá-lo sobre o povo, girando o paletó, soprando sobre eles, etc., como o conhecido carismático Benny Hinn. Estes super-pastores determinam até mesmo quando o Espírito vai curar ou agir, pois marcam com antecedência reuniões de cura e libertação, coisa que nem mesmo o Senhor Jesus e os apóstolos fizeram.

A Igreja Presbiteriana está aturdida, tomada de surpresa, por estes ensinos. Muitas de suas igrejas locais têm adotado, em maior ou menor medida, as doutrinas e práticas do neopentecostalismo. Podemos receber ajuda do ensino de Calvino, nesta hora?

Em que o Ensino de Calvino nos Ajuda Hoje?Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a íntima iluminação do Espírito para compreender e aplicar as Escrituras à sua vida e missão. Corremos o risco de pensar que Calvino, em sua luta contra os excessos dos "Entusiastas", caiu no extremo do academicismo frio. Balke nos relata o que de fato ocorreu: "Calvino, o teólogo do Espírito Santo, queria guardar-se contra o fanatismo, sem porém impedir a liberdade do Espírito."(28) Como Calvino, devemos nos guardar dos excessos de hoje, ao mesmo tempo em que, submetendo-nos à liberdade do Espírito, procuramos a sua iluminação. Mas, para isto, é necessário arrependimento e saneamento da vida das igrejas locais, dos conselhos, concílios, organizações e instituições eclesiásticas que compõem a IPB. É preciso nos voltarmos a Deus em oração, suplicando a iluminação do Espírito, como bem orienta a Carta Pastoral da Igreja Presbiteriana do Brasil sobre o Espírito Santo:

Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a guardar-se de uma interpretação das Escrituras que parte dos princípios hermenêuticos equivocados da experiência neopentecostal, a Igreja também adverte contra uma interpretação intelectualizada e árida das Escrituras, que se esquece da necessidade da iluminação do Espírito para sua compreensão e de que Deus promete ensinar àqueles que procuram andar em santidade e retidão (Sl 119.18, 33-34; Lc 24.44-45).(29)

Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar todas as manifestações espirituais pelo crivo da Palavra de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo destas manifestações. Essa prática está pressupondo corretamente o ensino bíblico de que o Espírito Santo não se contradiz. As Escrituras foram inspiradas por ele. Embora o Espírito aja de formas distintas em épocas distintas, jamais o faz em contradição ao que nos revelou na Palavra. Deveríamos estar abertos para o fato de que o Espírito tem enfatizado aspectos diferentes da Palavra em épocas diferentes — porém, jamais indo além dela ou contra ela.

Em terceiro lugar, o ensinode Calvino nos alerta contra os que pretendem ter total controle sobre o Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito pela imposição de mãos, que "ensinam" aos crentes imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a rejeitar todo ensino, movimento, culto, liturgia, onde a Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Espírito fala pela Palavra, a Palavra deve ser o centro.

Muitos presbiterianos consideram-se calvinistas e reformados, mas quantos realmente percebem as implicações do ensino calvinista reformado sobre a obra do Espírito para as práticas neopentecostais que são aceitas em muitas das nossas igrejas? Calvino foi, de fato, um homem do Espírito Santo, que guiado por Ele, tornou-se o principal instrumento de Deus para a Reforma do século XVI, movimento

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que, na realidade, foi um dos maiores reavivamentos espirituais ocorridos na Igreja Cristã, após o período apostólico. Todos nós queremos um reavivamento espiritual, da mesma magnitude. Calvino, que viveu e ministrou em meio àquela tremenda manifestação de poder divino, não teve receio de ofender o Espírito por inquirir, de forma profunda e meticulosa, sobre a genuinidade dos fenômenos que sempre acompanham os grandes movimentos espirituais da História. Se por um lado não devemos ter medo do que o Espírito possa fazer, por outro, devemos temer a obra espúria dos espíritos enganadores, e do nosso próprio coração enganoso.

E por fim, vale a pena mencionarmos que "a era do Espírito Santo", como é conhecida em muitos meios neopentecostais, iniciou-se, não em 1906, com a reunião na rua Azuza, nos Estados Unidos, mas desde o dia de Pentecoste. As evidências bíblicas são numerosas. Em seu sermão no dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro declarou que a descida do Espírito estava inaugurando os últimos dias (At 2.16-21). Os demais apóstolos ensinaram, semelhantemente, que os últimos dias, a dispensação anterior ao dia do julgamento final, já havia chegado ( 1 Co 7:29; 1 Jo 2.18). Enfatizo esse ponto pois alguns poderiam argumentar que estamos vivendo hoje na "era do Espírito", e que Calvino viveu antes dessa época. Os que assim acreditam, afirmam que hoje o Espírito está agindo de uma forma muito mais intensa, e mesmo, diferente, da época da Reforma, e que, portanto, o que Calvino experimentou e ensinou está, num certo sentido, ultrapassado. Entretanto, as Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena época do Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O ensino de Calvino, por ser bíblico, pode nos servir de balizamento, indicando-nos o estreito caminho do equilíbrio, entre uma vida de piedade e uma mente firmada nas antigas doutrinas da graça.

Notas1 Jown Owen, The Holy Spirit: His Gifts and Power (Grand Rapids: Kruegel, 1960); Abraham Kuyper, The Work of the Holy Spirit (Grand Rapids: Eerdmans, 1946). Outros autores poderiam ser acrescentados, como o Puritano inglês Thomas Goodwin, e mais recentemente, Benjamim B. Warfield e George Smeaton.

2 Cf. João Calvino, As Institutas, ou Tratado da Religião Cristã, 4 vols., trad. Waldyr C. Luz (São Paulo: CEP e Luz para o Caminho, 1989). Calvino trata da divindade do Espírito em I.13.14-14, e da sua obra redentora (aplicando a salvação) no livro III, especialmente nos capítulos 1-2.

3 O termo "esquerda" tem sido empregado recentemente por alguns historiadores para se referir a esse grupo, sem qualquer conotação política.

4 Cf. a nota introdutória de B. Warfield em Kuyper, The Work of the Holy Spirit, xxvii.

5 Para uma lista das obras mais importantes sobre o Espírito Santo escritas após Calvino nos séculos XVII e XVIII, ver Kuyper, The Work of the Holy Spirit, lx-x.

6 Kuyper, The Work of the Holy Spirit, xxxiii-xxxiv.

7 Institutas, I.7.2; IV.2.1,9. Veja ainda Calvin’s Commentaries, vol. 21, trad. W. Pringle (Grand Rapids: Baker, 1981) 242-44.

8 Institutas, I.7.1. Veja também os capítulos 7-9 do livro I, onde Calvino desenvolve o tema da autoridade das Escrituras.

9 Institutas, III.1.1; I.7.5.46

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10 Institutas, I.8.13; I.7.4. Cf. Ronald S. Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and Sacrament (Grand Rapids: Eerdmans, 1957) 101-2.

11 Institutas, III.1.1; III.2.33-34; II.2.20; I.7.5. Veja ainda Calvin’s Commentaries, vol. 20, 116-17, e vol. 22, 257.

12 Calvin’s Commentaries, vol. 18, 101.

13 Devemos, com justiça, notar que Calvino deve muito dessa perspectiva ao ensino desbravador de M. Lutero, que já havia, antes dele, denunciado esse estado de coisas.

14 Veja nota acima.

15 WilliamBalke, Calvin and the Anabaptist Radicals, trad. W. Heynem (Grand Rapids: Eerdmans, 1981) 2.

16 Para uma análise mais profunda do debate de Calvino com os Anabatistas consulte Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals. Resumos sobre o movimento Anabatista durante a Reforma poderão ser encontrados nos livros clássicos em Português de História da Igreja, como Robert Nichols, W. Walker e Justo Gonzalez (vol. 6).

17 Esta obra se encontra publicada em Francês na coleção Corpus Reformatorum, ed. C.G. Bretschneider (Halle, 1834-1860), vol. 7, 145-248.

18 Institutas, I, 9, 1.

19 Institutas, I, 9, 2.

20 Para um estudo mais aprofundado, veja W. Kreck, "Wort und Geist bei Calvin", em Festchrift für Günther Dehn (Neukirchen, 1957) 168-173.

21 Institutas, I, 9, 1; cf. Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and Sacrament, 130.

22 Institutas, I, 9, 2.

23 Institutas, I, 9, 2. Passagens como 1 Co 12.1-3, 14.29 e 1 Jo 4.1, entre outras, estabelecem critérios doutrinários pelos quais pode-se julgar as profecias e os profetas.

24 Institutas, I, 9, 2-3.

25 Ibid.

26 Calvin’s Commentaires, vol. 22, 102-3.

27 Calvin’s Commentaires, vol. 20, 174; veja ainda Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and Sacrament, 89-90.

28 Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals, 326.

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29 "O Espírito Santo Hoje - Os Dons de Línguas e Profecia", em Cartas Pastorais (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1995). O documento foi elaborado pela Comissão Permanente de Doutrina da IPB.

O TOQUE DO ESPÍRITOESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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"Essas maravilhas de um avivamento somente poderão ocorrer se o Espírito Santo tornar viva a Palavra de Deus, quando ela for pregada. Bênçãos genuínas não podem vir a não ser que o Espírito Santo as traga ao povo de Deus. Traga-lhe convencimento e nele toque."A. W. Tozer. - A Tragédia da Igreja: Ausência de Dons p. 15

Se tivermos uma compreensão sadia do que o Espírito Santo fez em nós no início de nossa vida cristã, nossas condições para buscar as bênçãos para nós reservadas serão melhores, mais claras e definidas. Mostra também a Escritura que o Espírito de Deus age em todas as suas páginas, não apenas em termos do Espírito Santo como Pessoa Divina para uma pessoa humana, mas, igualmente, em termos de inspiração. Extraordinário é ver na Bíblia Sagrada que o Espírito a inicia e a conclui. Está em Gênesis 1.2, primeiro capítulo de toda a Bíblia, e também no seu último capítulo, em Apocalipse 22.17:

"A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas".

"E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de a graça a água da vida".

O Espírito age intensamente nas páginas do Livro Sagrado levantando e guiando os juizes do povo de Deus, ungindo sacerdotes, profetas e reis, e transformando covardes em poderosos.(1) E porque o Espírito Santo é poder, figuras de poder têm sido utilizadas pelos escritores inspirados. É comparado ao vento, ao óleo, ao fogo, à pomba e à água. Em todos os casos, figuras concretas e altamente gráficas.

FIGURAS DE PODERA idéia de poder no mundo está ligada ao hedonismo e ao belicismo, ao prazer e e ter e às armas e violência. Poder é possuir uma gorda conta bancária, de preferência na Suíça e/ou Ilhas Cayman; poder são os músculos; são as multidões que alguém possa arregimentar; é o número de tropas e de armas de uma nação. Na Bíblia, porém, é criação, é manutenção, é apoio, e é, até, sofrimento?!

Na Bíblia, o Espírito Santo é comparado ao vento. O mesmo vocábulo é utilizado pelos escritores bíblicos para dizer "vento", "fôlego", "respiração" e "espírito" (2). É o Ruach haKodesh ou o Pneuma ton Hagion. Vento é poder criador, gerador de energia como nos moinhos de vento, ou poder destruidor como num furacão.

Também é comparado ao óleo ou azeite. Nessa comparação, o Espírito Santo é um poder confortador, visto que o azeite era largamente utilizado no conforto, na unção, e numa série de situações. Um dignitário em Israel era ungido com azeite aromático. O rei não era "coroado", mas ungido, o azeite perfumado era derramado na sua cabeça, e escorria pelo seu cabelo e molhava as suas faces e sua barba (3). Não era um azeite qualquer. Há, por sinal, muita gente vendendo azeite de supermercado afirmando ser "azeite ungido" com o objetivo de mistificar, manipular as emoções dos simples e enganar os menos avisados. O azeite da unção usado em Israel tinha uma fórmula, na qual entrava a mirra, a

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canela, as madeiras aromáticas, a cássia e o azeite de oliveira (4), razão porque era usado como perfume (5). Era utilizado na iluminação deixando o ambiente perfumado(6), e, também, aplicado medicinalmente como atestam Tiago 5.14 e Marcos 6.13. No consolo que traz, portanto, no conforto que proporciona, no poder que infunde, o Espírito Santo tem uma figura altamente apropriada no óleo ou azeite: "... e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi" (7).

O fogo sempre esteve ligado a Deus ou à Sua justiça. Por essa razão, a espada flamejante se postava à entrada do Éden guardando-o (8); a sarça ardente estava no alto do Sinai (9); a coluna de fogo liderou os filhos de Israel na caminhada no deserto (10); e no Monte Carmelo havia um altar de fogo (11); e, no Pentecostes, as línguas como que de fogo pousando sobre a cabeça de cada um dos apóstolos (12); e no Apocalipse está mencionado um lago de fogo (13). Sempre sinais da presença e da justiça divinas! Sinais de Deus! João, previamente ao ministério de Jesus, disse a Seu respeito: "Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (14). O fogo é poder purificador.

O ESPÍRITO SANTO NO DESCRENTE

Nossa proposta é examinar como o Espírito Santo age no ser humano. Podemos verificar na Escritura e na experiência o Espírito agindo tanto no descrente quanto no crente.

Em João 16, nos versos 7 e 8, estão registradas as palavras de Jesus Cristo: "Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". É deste modo que Ele age no incrédulo.

Um dos mais terríveis efeitos do pecado é a cegueira que ataca a pessoa humana quanto a seus pecados (15). Só o Espírito Santo pode abrir os nossos olhos. Por mais bem intencionados que sejamos, somos cegos em relação ao próprio pecado. "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque para ele são loucura", diz a palavra de Deus (16). Dependemos dEle; e até os nossos olhos o Espírito vai abrir; só Ele pode nos convencer da profundidade do pecado e da verdade do evangelho. Essa é a razão porque é chamado "Espírito da verdade" (17). Uma pessoa perdida não tem consciência de que é um pecador (por isso está "perdida"). Converse com uma "pessoa natural", e ela não compreenderá o que você está falando, porque ainda não foi convencida pelo Espírito de Deus com respeito à sua perdição. Não há consciência de falta de retidão moral e espiritual; não há qualquer convicção ou consciência da palavra de julgamento sobre o seu pecado. E no verso 8 de João 16 está afirmado que "quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo".

Essa tríplice convicção de João 16.8 não são funções separadas como pode parecer, mas uma só. O Espírito não pode convencer uma pessoa do pecado sem convencê-la do juízo de Deus; nem pode convencer alguém da justiça, da retidão de Jesus Cristo, sem convencê-la inicialmente do pecado e do conseqüente juízo. É um ato único e coeso. Não importa qual seja a expressão do pecado na vida de alguém (adultério, cobiça, bebida, imoralidade, o que seja), a razão básica porque alguém continua "destituído da glória de Deus" (18) é a falta de fé em Jesus Cristo. Quem não foi convencido pelo Espírito Santo de Deus, o destino não é o céu: é o outro lugar. E, por inferência, aceitar o perdão divino, confiar em Cristo tem como resultado a vida eterna, a salvação eterna, a vida abundante (19). É convicção da justiça e perfeição de Jesus Cristo, do fato de que Ele é reto, justo e perfeito; é convicção do juízo, pois, pela ação do Espírito, comprova-se o amor de Deus e igualmente o Seu julgamento sobre os nossos pecados. Isso significa uma coisa: Deus é Quem toma a iniciativa de nossa salvação por meio do Espírito Santo. Que gloriosa mensagem essa do evangelho! E ela se chama graça: Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro" (20). Foi Ele Quem tomou a iniciativa da sua salvação; foi Ele Quem através do Seu

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Espírito, levou-o a Jesus Cristo; foi Ele Quem, através do convencimento do pecado, da justiça e do juízo, levou a cada fiel a se ajoelhar diante de Jesus. Deus nos procura antes que nós O procuremos, ou seja, embora sejamos cheios de rebeldia, preconceito e indiferença, Deus vem a nós através do Seu Espírito, lei espiritual encontrada na Sua Palavra (21).

E Jesus Cristo nos dá uma razão dessa tríplice convicção. Está no verso 9: "(convicção) do pecado, porque não crêem em mim"; e fala da descrença que é resultado do orgulho, da vaidade e da recusa de se submeter à direção do Senhor. Nesse caso, a incredulidade está igualada à desobediência (22). Jesus fala da rebelião voluntária ao governo de Deus em nossas vidas.

No verso 10, diz Jesus: "convicção da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais". E, sem dúvida, a primeira coisa a considerar é que o crente tem um teste final da justiça de Jesus Cristo: Sua volta para o Pai como havia prometido. Por outro lado, olhar para Jesus Cristo, o justo sem pecado, é percebermos quão distantes e caídos estamos da retidão de Deus, e, nesse ponto, o Espírito nos vai levar a pesar em nosso íntimo o fato do pecado contra o senhorio de Jesus e a ação de Seu reino em nossa vontade.

O verso 11 ensina que é convicção "do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado". Entendemos que esse é um fato muito alentador, porque, apesar de a Escritura dizer que "o mundo inteiro jaz no Maligno" (23), Jesus Cristo é o vencedor (24)! E não depositamos a nossa fé em um Cristo derrotado! O Deus a Quem servimos vencedor de todas as batalhas! É Aquele que afirma o julgamento de Satanás, prometido desde os mais antigos dias da espécie humana, registro que se encontra no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; e esta lhe ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (25) Jesus Cristo vitorioso, portanto! Isso foi realizado no Calvário. Foi com a cruz que a Grande Serpente, começou a se contorcer de dores. A cruz foi um punhal cravado no coração do próprio Satã (26). Na ressurreição de Jesus, porém, o golpe final foi dado no Grande Dragão, motivo porque a execução de tudo será no fim dos tempos, na consumação dos séculos como está registrado no Apocalipse (27).

Apesar dessa idéia futura para nós, no propósito de Deus já é fato consumado, convicção que de nossa parte é necessária pelo que Satanás faz na vida do descrente em Jesus Cristo. Não diz a Escritura que "o mundo inteiro jaz no Maligno" (28)? No entanto, "sabemos que somos de Deus"! Isso é glorioso! Os perdidos estão em cativeiro porque o mundo jaz no Maligno; fazem a vontade do Inimigo-de-nossas-almas (29) porque o mundo jaz no Maligno, o que quer dizer que a nossa ação evangelizadora e missionária é uma luta contra Satanás e suas hostes de anjos da malignidade (30). E porque não podemos lutar sozinhos, Deus vem ao nosso encontro pelo Espírito Santo.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

A pessoa humana tem a infeliz possibilidade de cometer dois pecados contra o Espírito. O crente deve dar glória a Deus porque contra essa doença já foi vacinado. Mas o ser humano natural pode cometer duas tremendas faltas contra o Espírito de Cristo. Um pecado é chamado na Bíblia de "resistir ao Espírito" (31). O outro é identificado pela expressão "blasfemar contra o Espírito" (32).

O pecado mais comum contra o Santo Espírito é a resistência, que se apresenta de muitas maneiras. É o caso do desprezo e do desdém para com a palavra do Senhor; é a depreciação do evangelho salvador de Jesus (33). Outro é o adiamento. Você diz "estou ouvindo o Espírito falando ao meu ouvido, mas vou deixar para depois a decisão de receber a Jesus como meu Salvador". Esse adiamento é um pecado (34). Outro mais é a zombaria, o escárnio, o levar o Espírito Santo ao ridículo (35). E que dizer da oposição

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agressiva (36)? Mas em tudo isso, vemos algo verdadeiro: enquanto a pessoa resistir à obra de convicção, ela se priva das alegrias da salvação!

O outro caso é o da blasfêmia contra o Espírito. Mateus 12.22-32 fala desse assunto. Havia um grupo que atribuía a cura de um endemoninhado cego ao poder do diabo (37). A ironia de tudo isso é que o milagre realizado por Jesus, prova, portanto, de Sua divindade, fora atribuído ao diabo. Essa atitude, esse pecado não tem esperança de perdão. É o que está dito nos versos 31 e 32. O pecado da blasfêmia, então, é o ponto mais alto de um processo de resistência ao Espírito de Deus. É blasfêmia ser antagônico ao Senhor, quando Ele o chama para o Seu lado, e você se posiciona contrariamente. O desdém começa, vira resistência, endurecimento do coração, blasfêmia e resulta em perdição eterna.

O ESPÍRITO SANTO E A CONVERSÃO

A primeira importante lição é que o Espírito Santo trabalha na conversão. O Espírito de Deus completa Sua obra de convicção em nós, e traz à nossa consciência o fato do pecado e da nossa condenação. Se não há resistência, Ele nos conduz à conversão. Assim é que aceitamos que Jesus Cristo Se torne o Senhor de nossas vidas. A essência da salvação é a conversão ao senhorio de Cristo. O primeiro pecado humano foi a negação da soberania divina (38); quando o primeiro homem resolveu não ser o gerente da criação, e, sim, o proprietário, evidenciou-se a rebeldia, e com isso repúdio da lei divina. Resultado: a humanidade passou a ser dominada pelo Maligno (39), que recebe os títulos de "príncipe deste mundo", "deus deste século", e "poder das trevas" (40). Ser salvo é ser liberto por Deus do domínio das trevas para o senhorio de Cristo Jesus (41).

A conversão ou regeneração não é trabalho do evangelista, do pastor ou do professor da Escola Bíblica, mas, sim, do Espírito Santo. Regeneração não se herda, não se adquire com o batismo, não é mérito da igreja, pois, na verdade, alguém pode freqüentá-la por anos corridos e não ser regenerado. Regeneração não consiste em boas obras (42), nem é resultado de vida moral ilibada (43). Realmente, a palavra do evangelho é que "a todos quanto o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (44), e isso é ação do Espírito que leva ao arrependimento, à fé, e conduz à incorporação em Jesus Cristo. E ensina a palavra de Deus que "crer no evangelho", "responder a Jesus Cristo" e "receber o Espírito Santo" são três modos de observar o mesmo fato (45).

O ESPÍRITO SANTO E O CRENTE

Como agiu e age o Espírito de Deus no discípulo de Jesus Cristo? O Espírito Santo

preparou o seu coração para entrar em uma nova vida. Tito 3.5 o explicita: "...não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo".

Espírito de Deus o recriou. Jesus não o ensinou? "Em verdade, em verdade te digo que se alguém nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus"(49)

O Espírito Santo fez ainda mais:

imprimiu o próprio caráter de Deus em sua vida! A Bíblia chama a esse fato o selo do Espírito.(50) E com isso, o Espírito lhe deu a consciência de que é filho de Deus.(51)

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Jesus Cristo o batizou no Espírito Santo: "Pois em um só Espírito fomos nós todos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, e a todos nós foi dado beber de um só Espírito" .(52)

O batismo no Espírito Santo é uma das fases do ministério da Terceira Pessoa da Trindade, sem dúvida a mais mal compreendida. Há quem ensine que ele dá ao crente uma experiência mágica, ou que seja uma espécie de sacramento, um meio pelo qual o crente recebe uma graça especial. Necessário se torna, evidentemente, cuidado para não confundir o ficar cheio do Espírito Santo com o batismo no Espírito Santo.(53) Muitos crentes confundem essas realidades porque os que foram batizados no dia de Pentecostes também ficaram cheios.(54) É importante compreender que o glorioso e inicial fato do batismo no Espírito Santo não é a "segunda bênção" anunciada por alguns grupos. O batismo no Espírito Santo, pelo ensino do Novo Testamento, é a primeira bênção na sua vida. Sua evidência não é o falar-em-línguas, mas a vida, quebrantada, arrependida, penitente, dedicada, consagrada ao reino e a espalhar o seu poder no coração dos homens. Em uma palavra: serviço. A evidência do batismo no Espírito Santo é a vida dedicada que se expressa em termos de ação e serviço.

COMO O ESPÍRITO SANTO AGE NO CRENTE?

Ele o faz concedendo carismas, ou seja, os Seus dons para o serviço acima mencionado.(55)

O Espírito Santo ajuda na oração. A palavra de Deus é claríssima sobre isso: "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos". (56)

Espírito Santo guia o crente através das circunstâncias.(57) Ele orienta o cristão fechando certas portas e abrindo outras;(58) Ele dá direção ao fiel através de palavras, atitudes e conselhos de outros fiéis;(59) Ele norteia o caminho do crente através das Escrituras Sagradas;(60) Ele guia o crente através da oração.(61) O Espírito Santo guiando a Igreja, traz reconciliação, e cria a koinonia; Ele fala pela pregação.(62) O Espírito Santo edifica o Corpo em amor. Por tudo isso, os escritores do Novo Testamento costumam falar de Jesus Cristo e do Espírito Santo vivendo dentro do crente, quer dizer, nós estamos em Cristo, e o Espírito Santo está em nós. (63)

A Bíblia diz que há três tipos de pessoas: o homem natural, o crente carnal e o crente espiritual. Paulo, apóstolo, faz uma descrição de cada um. Em 1Coríntios 2.14 está o homem natural: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente".

O crente carnal por sua vez está em 1Coríntios 3.1: "E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo".

O Dr. Landrum Leavell disse que a vida religiosa do crente carnal é como a malária: frieza e febre. Ataques de frio e de febre, frio e febre, e assim por diante. Desce e sobe, desce e sobe, vai ao alto e cai, não tem constância, não tem estabilidade, não tem alegria. O crente espiritual, por sua vez, tem seu perfil em 1Coríntios 2.15: "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido".

Crentes espirituais são santificados todos os dias. Não precisam de movimentos, caminhadas, marchas e campanhas especiais para serem santificados porque têm comunhão com o Pai diariamente, alimentam-

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se dia a dia com a seiva da videira verdadeira que é Cristo Jesus, são sustentados pelo Espírito Santo cada dia, têm propósitos especiais para suas vidas, não se cansam de obedecer a Deus. Amam sua igreja, participam fielmente dos estudos bíblicos, contribuem biblicamente, são dizimistas e trazem o dízimo à casa do Senhor.

Pecado e santificação são extremos como Polo Norte x Polo Sul; escuro x claro; noite x dia; distância de Deus X proximidade de Deus. Quanto mais o crente se conforma com o mundo, mais se distancia de Deus; quanto mais o crente se amolda à vontade de Deus, mais distância quer do sistema de coisas do mundo. Isso é santificação, e ação do Espírito em sua vida. O mundo precisa da ênfase sobre a santificação. A igreja local precisa da ênfase sobre a santificação; nós precisamos da ênfase sobre a santificação. Nossas ações, vocabulário e atitudes dirão aos outros e a nós mesmos, a que distância estamos do Polo Norte ou do Polo Sul, do governo do mundo ou do reino de Deus.

Há quem imagine ser santificação deixar de fazer certas coisas. A Bíblia ensina que é resultado de andar com Deus. Não são regras, mas estilo de vida. Santificação é um processo para toda a vida e deve ter início na conversão. Dissemos "deve ter início" porque há crente que não cresce, e não cresce porque não dá vez ao Espírito. Alguém disse: "já dei muita oportunidade ao Espírito Santo, e não vi nada!" Na realidade, encastelou-se em certa posição, e não deu vez ao Espírito de Deus!

DUAS TENDÊNCIAS

Há no crente duas tendências ou naturezas, e são antagônicas. Uma é carnal; a outra é espiritual. A primeira coisa que o Espírito tem que fazer para sua santificação é dominar o pecado em sua vida. Pelo poder do Espírito Santo, o irmão, a irmã vai conquistar a natureza mundana e carnal em sua vida. Quando aceitamos a Cristo, nascemos do Espírito, mas a velha natureza continua ao lado da recém-nascida natureza cristã.(64) A Bíblia, porém, ensina que mesmo com o trabalho do Espírito Santo, só na glória é que vamos nos despir completamente da velha criatura.(65) O Espírito é poder para sobrepujar nossa natureza carnal.(66)

A segunda fase da santificação consiste em o Espírito Santo dar ao crente um caráter justo e santo. Esse é o lado positivo da santificação, pois em relação ao pecado, a obra do Espírito Santo é destrutiva, em relação ao caráter, porém, é construtiva. Conforme Gálatas 5.19 em diante, temos um resumo das duas fases:

é preciso desmanchar a primeira, as obras da carne (versos 19-21); e construir a segunda, que é o fruto do Espírito (versos 22,23).

Outra parte da atuação do Espírito Santo é o serviço que prestamos. Assunto a ser examinado em outras reflexões.

NOTAS1 Cf. 2Timóteo 1.7.2 As palavras são ruach e pneuma, nas línguas hebraica e grega respectivamente. 3 Cf. Sl 133.4 Cf Ex 30.22-33. 5 Cf. Amós 6.6.6 Cf. Mateus 25.3ss.7 1Sm 16.13b.8 Cf. Gênesis 3.24.9 Cf. Êxodo 3.2ss.

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10 Cf. Êxodo 13.21,22.11 Cf. 1Reis 18.38 .12 Cf. Atos 2.1-3.13 Cf. Apocalipse 20.14,15.14 Lc 3.16.15 Cf. 2Coríntios 4.4.16 Cf. 1Coríntios 2.14.17 Cf. João 14.17.18 Cf. Romanos 3.23.19 Cf. João 3.16, 18, 36.20 Cf. 1João 4.19.21 Cf. Gênesis 3.8-10; João 3.16; Efésios 2.8.22 Cf. Hebreus 3.17-19.23 Cf. 1João 5.19b.24 Cf. João 16.33; Apocalipse 3.21.25 Gn 3.15.26 Cf. João 12.31-33.27 Cf. Apocalipse 20.10.28 Cf. 1João 5.19.29 Cf. 2Timóteo 2.26.30 Cf. Efésios 6.12.31 Cf. Atos 7.51.32 Cf. Mateus 12.22-32; Marcos 3.28-30; Lucas 12.10.33 Cf. Atos 26.28.34 Cf. Atos 17.32; 24.25.35 Cf. Atos 17.32.36 Cf. Atos 5.33-40; 7.54-60.37 Cf. verso 24.38 Cf. Gênesis 3.1ss.39 Cf. 1João 5.19; 2Timóteo 2.26 40 Cf. Cf. João 12.31; 14.30; 16.11; Cf. 2Coríntios 4.4. Colossenses 1.13.41 Cf. Colossenses 1.13.42 Tito 3.5.43 Cf. Isaías 64.6.44 João 1.1245 Cf. 2Coríntios 11.4.46 Cf. João 16.8-11.49 Cf. João 3.5; 1Coríntios 12.3.50 Cf. 2Coríntios 1.22; Efésios 1.13; 4.30.51 Cf. Romanos 8.15-17.52 1Co 12.13.53 Cf. Efésios 5.18.54 Cf. Atos 2.4. O "ficar cheio do Espírito Santo" é fato conhecido por outras expressões: controle do Espírito e plenitude do Espírito (do latim plenus = cheio).55 Cf. 1Coríntios 12.4-30; Efésios 4.1-16.56 Rm 8.26,27.57 Cf. Atos 16.10.58 Cf. Atos 16.659 Cf. Atos 6;13.60 Cf. Colossenses 3.16.61 Cf. Colossenses 3.15.

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62 Cf. Atos 2.14,18.63 Cf. Gálatas 2.20; Cl 1.27; Rm 8.10; 1Co 3.16.64 Cf. Efésios 4.22; 1Coríntios 3.1; Hebreus 5.13; Colossenses 3.9.65 Cf. 1João 3.2.66 Cf. Gl 5.16.

PENTECOSTES: O PARADOXO DE DEUSESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.iprb.com.br

Atos 2. 1-4

1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2 E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.

3 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.

A festa de pentecostes era uma das três festas obrigatórias dos judeus. A primeira era a Páscoa, a segunda era o Pentecostes a terceira era a festa dos tabernáculos.

A princípio, era uma festa agrária também chamada de festa das primícias pela celebração do início da colheita. Posteriormente, veio, também ser a comemoração da entrega da aliança que teria se dado cinqüenta dias após o êxodo.

Não podemos negar que no pentecostes cristão, também estão presentes os elementos do Pentecostes judaico. Com certeza no pentecostes, começa uma grande colheita. Também, não podemos nos esquecer que a nova aliança de Deus já não é escrita em tábuas de pedras, mas em nosso coração. Finalmente, a alegria que deveria ser a tônica no pentecostes judaico extravasa no derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja.

Pregar sobre um texto como esse é uma das tarefas difíceis do pregador. Este texto é policromático, polisemântico. Fôssemos abordar, todos os seus ângulos, vertentes e nuances, levaríamos, quem sabe cinqüenta dias...

Queremos, porém, falar a partir da perspectiva dos paradoxos que se encontram no texto. A palavra paradoxo, vem do grego e significa: parecer ou aparentar . O paradoxo não é uma contradição. Na contradição uma coisa nega a outra. No paradoxo, há uma aparente contradição, não, uma real contradição. Jesus, usou paradoxos: Quem perde a sua vida por minha causa acha-la-á. (Mt. 10.39).

É nesse sentido que estaremos usando a palavra para descrever o evento pentecostes.

Foi o fim do começo e o começo do fim.

2. 17. E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne. O derramamento do Espírito no dia de Pentecostes é início e fim. É o fim da antiga aliança e o surgimento

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de uma nova. É o fim de uma velha era e o início de uma nova. O que era escrito em pedras agora é escrito no coração. O povo de Deus agora já não é uma questão de raça (ser judeu) mas de roça (é a colheita do Espírito Santo que semeia a palavra no coração do homem) . Israel já não é o limite do arraial do povo de Deus.

No Pentecostes, ao citar o profeta Joel, Pedro deixa bem claro: o fim já começou há muito tempo.

A compreensão de que o pentecostes marca o tempo do fim e o fim dos tempos, traz para nós duas aplicações. A primeira, é que somos chamados à vigilância, pois o fim se abrevia, o tempo da nossa partida para chegarmos enfim à nossa Canaã está cada dia mais próximo. A segunda é que devemos repreender todo espírito de alvoroço e de confusão daqueles que querem conhecer os tempos e épocas que Deus reservou para si. Com expectativa, mas sem ansiedade; com certeza no coração, mas, sem confusão na mente. Desprezemos os cálculos, as estimativas, as projeções e nos firmemos na certeza de que a Vinda do Senhor se abrevia, visto que a igreja o aguarda desde o dia de pentecostes.

Foi o esperado acontecendo inesperadamente.

É muito interessante observar que Lucas diz no capítulo 1.4, que os discípulos deveriam esperar em Jerusalém o tempo da promessa. Para no capítulo 2.2, falar do de repente do Espírito Santo.

Eles esperavam mas não sabiam quando. Eles tinham a certeza, não a previsão.

O Espírito Santo não é companheiro de encontros programados, de horas marcadas anunciadas em cartazes e divulgados em todos os lugares.

Ele vem quando não esperamos. E não vem da forma que esperamos.

Quem quiser andar com o Espírito tem que estar preparado para surpresas, para o inesperado.

Ele nunca falha com as suas promessas, mas nunca fará o que nós esperamos nem quando esperamos.

Foi o incontrolável sendo conduzido.

Quando o Espírito Santo vem ninguém se controla. Mas ele controla a todos. Naquela hora ninguém escolheu nem determinou os seus atos. Mas ninguém estava sem controle. O Espírito Santo controlava a todos. Era conforme o Espírito Santo concedia. Ser cheio do Espírito Santo não é ser como um trem desgovernado ou um avião sem piloto. Ser cheio do Espírito Santo é ser conduzido por ele que na sua soberania faz o que quer quando quer e como quer.

Talvez, uma das passagens, mais mal interpretadas das Escrituras seja aquela de II Coríntios 3.17, que diz: Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Se observarmos atentamente o contexto, o texto não está falando de que a presença do Espírito Santo permite a cada um fazer o que quiser, mas que a presença do Espírito Santo tira o véu da nossa face para que possamos conhecer a Cristo.

Quando o Espírito Santo vem, perdemos o controle, mas não ficamos descontrolados. Ele está soberanamente no controle.

Era o sobrenatural enchendo natural.

56Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologiawww.fatebra.com.br

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Page 57: fatefina.com.brfatefina.com.br/...ESTUDO-SOBRE-O-ESPIRITO-SANTO.…  · Web viewO povo de Deus está voltando a ser um povo errante. Qualquer dificuldade é motivo para se afastar

A experiência de ser visitado pelo Espírito Santo é a mais fascinante experiência do ser humano. É ser invadido por uma alegria desmedida; é ser tomado por um poder incomparável; é ser seduzido por uma glória irresistível, é ser inundado por uma onda de amor jamais experimentado. É ser transformado para sendo o mesmo nunca mais ser igual.

Naquele dia, foi isso o que aconteceu com aqueles homens e mulheres. Pedro ainda era Pedro, mas já não era o que foi. O medo deu lugar a coragem. O rude pescador era o grande pregador.

O Espírito Santo deu àqueles homens a estatura que não tinham e os projetou a dimensão que nunca sonharam.

Pelo poder do Espírito, revolucionaram o mundo, transformaram o mundo.

Conclusão:

Como muito bem apontou John Stott, o Pentecostes é um evento único e irrepetível, como foi o nascimento, morte e ressurreição de Cristo, mas os seus efeitos são permanentes.Podemos crer que assim como a promessa do Espírito se cumpriu dando início aos últimos dias, podemos crer e esperar a vinda de Cristo no grande e glorioso dia.Podemos ainda hoje, crer que a qualquer momento Ele pode vir sobre nós e nos encher do seu poder e glória.Podemos crer, que Ele na sua soberania fará em nós conforme lhe apraz. Nunca saberemos como e quando. Pode ser na cozinha lavando a louça, pode ser no trânsito dirigindo o carro, pode ser no quarto orando, pode ser na igreja louvando.Nunca saberemos como será, mas de uma coisa nós sabemos, será maravilhoso.Finalmente, podemos crer, que a despeito das nossas limitações. O finito é tomado pelo infinito; que o temporário é tomado pelo que é perene; que o fraco é invadido pelo Todo-poderoso; o tangível pelo intangível; o imanente pelo transcendente; o mortal pelo imortal; o visível pelo invisível; o contaminado pelo incontaminado e que é Santo, Santo, Santo; o pó e a cinza pelo eternamente glorioso e sublime. Podemos crer, que eu, que você, que nós, podemos ser tão cheios do Espírito Santo a ponto de transbordar continuamente como foram os discípulos. Pois Deus não nos dá o Espírito com limitações.

Glória ao Pai, Glória ao Filho, Glória ao Espírito Santo.

Amém, amém, amém.

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

57Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologiawww.fatebra.com.br

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