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FATEBRA FACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL “Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional” Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB www.fatebra.com.br APOSTILA – 18 ESTUDOS SOBRE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO TOTAL 91 PAGINAS 21 - ASSUNTOS! Terra Sedenta A Cristologia Segundo Oscar Cullman A Divindade de Jesus I A Divindade de Jesus II A Escolha de Cristo A fé em Jesus Cristo As implicações da encarnação de Cristo para a igreja no livro de Colossenses Apontamentos sobre o livro Cristo: uma crise na vida de Deus Creio em Jesus Cristo Jesus e as decepções humanas Jesus Cristo Recrucificado Jesus, mago ou cínico Levando a sério a Mensagem de Cristo O Cristo Crucificado O Manifesto de Nazaré O Verbo 1 Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologia www.fatebra.com.br www.iprb.com.br [email protected] [email protected] [email protected]

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FATEBRAFACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL“Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional”

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.fatebra.com.br

APOSTILA – 18 ESTUDOS SOBRE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

TOTAL – 91 PAGINAS21 - ASSUNTOS!

Terra Sedenta A Cristologia Segundo Oscar Cullman A Divindade de Jesus I A Divindade de Jesus II A Escolha de Cristo A fé em Jesus Cristo As implicações da encarnação de Cristo para a igreja no livro de Colossenses Apontamentos sobre o livroCristo: uma crise na vida de Deus Creio em Jesus Cristo Jesus e as decepções humanas Jesus Cristo Recrucificado Jesus, mago ou cínico Levando a sério a Mensagem de Cristo O Cristo Crucificado O Manifesto de Nazaré O Verbo Os Objetos da Paixão Quando Cristo Caminha Conosco Quando o crente se converte Quem Jesus foi realmente? Revelação progressiva do Messias

Terra Sedenta ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br

1Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

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“A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da água da vida” (Ap 21.6b)

O estarrecedor fenômeno da sede tem rondado nosso planeta. Apesar de nosso lar espacial ser chamado Terra, bem poderia ter sido chamado Planeta Água, pois esta representa 75% de seu volume. Só o Brasil detém 12% das reservas mundiais de água doce, das quais, 72% são produzidas pela bacia amazônica.

Dizem os prognósticos que o suprimento mundial de água doce pode ser esgotado em cerca 50 anos, se for continuado o seu uso irresponsável. Hoje o ser humano consome 54% de toda a água doce disponível no mundo, número que cresce, evidentemente, com a passagem dos anos. Se for levado em conta o crescimento populacional, dentro de 25 anos estaremos usando 90% de toda a água doce, e dois terços da humanidade estarão passando sede.

No entanto, o que nos chama a atenção é a manifestada sede do transcendental, do eterno: o anseio por Deus, como claramente expressou o livro do Eclesiastes 3.11: “(Deus) pôs na mente do homem a idéia da eternidade”.

Isso explica porque a alma clama (literalmente, “grita”) por Deus. A expressão do salmo dos filhos de Core foi “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!” (Sl 42.2). Davi, o rei-poeta, anelando pela face de Deus implorava, “Ó Deus, tu és o meu Deus; ansiosamente te busco. A minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água” (Sl 63.1), e, ainda “A ti estendo as minhas mãos; a minha alma , qual terra sedenta, tem sede de ti” (143.6). Agostinho, pastor da igreja de Hipona no norte da África, declarou que nós fomos criados por Deus e para Deus, de tal maneira que só podemos achar conforto e descanso quando nEle descansarmos. O anseio por Deus está expresso na busca do que é espiritual. É uma sede insaciável, terrivelmente insaciável se procurarmos resolvê-la fora de Deus.

Essa é a necessidade do ser humano, o que implica numa responsabilidade nossa, um grave e seriíssimo cometimento.

Apesar de a ânsia da eternidade se encontrar no coração humano, apesar da fome e sede pelo transcendental, o homem está atônito: ele busca, ele pesquisa, ele anela, ele é arrastado pelos cantos de sereia ou por qualquer coisa que pareça tornar possível a concessão do segredo da felicidade e do descanso. Coitado dele! E ai de nós se falharmos em mostrar-lhe o caminho verdadeiro e vivo!

Ansioso por resolver seu problema, o poeta no Salmo 42.2 pergunta com uma ponta de dor e pressa: “quando entrarei e verei a face de Deus?” É nosso dever mostrar a esse coração sedento a face de Deus em Jesus Cristo, Seu Filho, nosso Salvador. Foi Ele quem o revelou ao dizer, “Se alguém tem sede, venha a mim e beba" (Jo 7.37). Anteriormente, já havia falado à mulher samaritana e lhe dissera, "Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva" (Jo 4.10).

Bom é saber que tudo isso é absolutamente de graça! De graça, mas não foi barato: custou o sacrifício de Jesus Cristo, o mesmo que continua a dizer: “A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da água da vida” (Ap 21.6b).

Tem sede? Venha a Cristo! A CRISTOLOGIA SEGUNDO OSCAR CULLMANESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira

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Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

INTRODUÇÃO O estudo da cristologia há muito se acha dividido entre duas correntes principais, no que diz respeito aos pressupostos da pesquisa e à metodologia aplicada. A dogmática, a partir da exegese escriturística, estrutura os dados relativos à pessoa e à obra do Cristo sobre um alicerce bíblico-filosófico, ao moldar os dados da revelação com determinadas estruturas de pensamento e de rigor lógico. O historicismo crítico, por sua vez, parte da suficiência da pesquisa histórica no conhecimento de Jesus Cristo para reconstruir suas características pessoais, seus condicionamentos sócio-religiosos e as nuances da piedade judaico-cristã primitiva, delimitando o perfil do Jesus histórico. A proposta de Oscar Cullman para a investigação cristológica, no entanto, constitui-se uma abordagem diferente, denominada por ele de método histórico-filológico, talvez uma síntese entre dogmática e crítica histórica. Sua análise filológica examina o texto, interpreta-o e utiliza-o como fundamento da compreensão do Cristo, considerando sua pessoa e obra como aspectos indissociáveis - faces interdependentes de um mesmo objeto de estudo -, sem necessidade de "enquadramento" em esquemas filosófico-teológicos. A contribuição das disciplinas históricas é utilizada como ferramenta exegética, dialeticamente confrontado com o texto bíblico, única perspectiva possível, para Cullman, de fundamentação histórica da vida do galileu chamado Jesus de Nazaré.Tendo como texto base a obra de Cullman Cristologia do Novo Testamento, este trabalho visa ressaltar pontos importantes do pensamento deste teólogo alsaciano, através do confronto com a dogmática clássica em seus matizes atuais e com algumas conclusões do historicismo obtidas nas últimas décadas do século vinte, presentes na obra de Geza Vermes.

A VIDA TERRENA DE JESUS CRISTOSua humanidadeO tratamento dispensando por Cullman à pessoa de Cristo é de caráter funcional, isto é, define-o pelos aspectos de sua obra, pelas particularidades de seu ministério e pela singularidade de sua existência, conforme os títulos pelos quais foi identificado, seja pela comunidade cristã, seja por ele mesmo. Assim, escreve no início de sua obra que "... no Novo Testamento não se fala quase nunca da pessoa de Cristo sem que se trate, ao mesmo tempo, de sua obra" [itálicos do autor]. Para Cullman esta é a questão cristológica pertinente, já presente nos sinóticos sob a interrogação de Cristo: "quem o povo diz que eu sou?" As influências judaicas e helênicas na formação do pensamento cristão não sugerem uma redução das categorias deste à mera repetição dos conceitos daquelas, tampouco um sincretismo ou síntese entre as concepções cosmológico-mitológicas peculiares àquelas; antes, proporcionam uma melhor compreensão da nova doutrina que se iniciara utilizando elementos das culturas presentes em seus primórdios.Ressaltando sua imparcialidade na pesquisa do Jesus histórico e a ausência de motivação teológica em seu trabalho, ainda que aceite os pressupostos da investigação da verdade histórica sobre Jesus como algo factível, Vermes lembra que Jesus foi judeu e não cristão. De maneira diferente, Cullman vê Jesus como o judeu que, através de sua vida, iniciou uma religião diferente do judaísmo, bem como inaugurou uma cosmologia diversa da encontrada no helenismo, não obstante o inegável relacionamento com eles. "Com efeito, devemos considerar a priori, como coisa possível e até provável, que Jesus tenha trazido, por sua doutrina e por sua vida, algo novo...". Contudo, como a igreja cristã ao longo dos séculos respondeu a indagação sobre a pessoa de Jesus, o Cristo? Para Cullman, diversamente da perspectiva neotestamentária. As especulações sobre as naturezas de Cristo ocuparam o lugar central na cristologia patrística por ocasião da luta contra as heresias que surgiam, das mais variadas formas, no seio da cristandade. Continuaram, ainda, presentes no escolasticismo medieval e na Reforma. A unidade de Cristo tornou-se um paradoxo existente entre a dupla natureza e a única hipóstase, afirmada pela fórmula calcedônica e repensada pelos reformadores. (...) Lutero postulou a comunicação de atributos entre as naturezas, a communicatio idiomatum; Calvino insistiu na existência do Logos fora da carne, o extra-calvinisticum.

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A dogmática, predominantemente metafísica, deve ceder espaço à visão do evento-Cristo como parte integrante da história da salvação. A partir deste viés, é possível investigar adequadamente a compreensão da revelação pela comunidade cristã conforme expressa no Novo Testamento. "A cristologia não é, portanto, uma ciência das 'naturezas' de Jesus Cristo, mas a ciência de um 'acontecimento', de uma história". Sem dúvida, qualquer pretensão de se redigir uma biografia de Jesus é inviabilizada pela dificuldade de sua realização - os evangelhos constituem um estilo literário único, redações de eventos e de ensinos de Jesus organizados de forma temática. Por outro lado, não há qualquer questionamento expressivo sobre a historicidade de Jesus de Nazaré. Duas são as afirmações das Escrituras acerca de seu nascimento: foi virginal, de acordo com os relatos de Mateus e Lucas, sem qualquer outra referência a isso no restante do corpus do Novo Testamento; e sua ascendência real, da família de Davi (Rm 1:3). As dificuldades em conciliar estes dois dados persistem, à espera de uma solução mais satisfatória que as sugeridas até hoje; como, por exemplo, a tradicional hipótese de a genealogia mateana ser a de José e a lucana dizer respeito à Maria, ambos descendentes de Davi . Sobre a vida adulta de Jesus, a historiografia reconhece sua intensa atividade como mestre, médico do corpo e da alma, sábio: um galileu carismático, talvez um hasid. O testemunho evangélico registra, interpretado pela teologia sistemática cristã, que o Cristo:"... começou seu ministério público anunciando o reino vindouro com grande expectativa.Terminou-o com sua morte na cruz. (...) Na crucificação e ressurreição de Jesus (...) o Cristo da fé e o Jesus histórico provam ser um único e mesmo Senhor Jesus Cristo". Atualmente teólogos dogmáticos têm rejeitado o esquema cristológico do tríplice ofício Profeta-Sacerdote-Rei, alegando sua artificialidade . Cullman reconhece tais títulos como designações de suma importância relacionadas a Cristo - a exceção de "Rei", pelo aspecto político envolvido, que é entendido como sinônimo de Kyrios -, por se tratar do resultado da reflexão cristológica no cristianismo primitivo. Serve-se destes e de outros títulos como categorias para a construção de sua metodologia de pesquisa, na busca pela compreensão dos conceitos que lhes subjazem na cristologia do Novo testamento.Seu ministérioEm sua atividade pública Jesus fora aceito, indubitavelmente, como um mestre, um rabbí. Sua origem, entretanto, não permite associá-lo aos fariseus e mestres da lei, cuja atividade em nada lembra o pregador itinerante, crescido na Galiléia e sem a tradicional erudição daqueles que se debruçavam sobre a lei a fim de esmiuçá-la em pormenores ritualísticos. A exousia de Jesus, como bem notou Vermes, também não derivava de abstrações filosóficas, mas da associação de Deus à realidade existencial , a exemplo de outros mestres e dos profetas veterotestamentários, o que lhe valeu ser identificado como um destes (Lc 24:19). Talvez a pouca atenção dada pela dogmática ao aspecto profético do ministério de Jesus deva-se a condicionarmo-nos "de tal forma, e com razão, a fazer de Jesus objeto de religião, que acabamos por esquecer que, em nossos registros mais antigos, ele é apresentado não como objeto de religião, mas como homem religioso". Indo além da caracterização de Jesus como mestre e profeta, Cullman destaca a expectativa judaica da vinda do profeta escatológico. Não obstante a ausência de qualquer idéia reencarnacionista no judaísmo, a esperança consistia no ressurgimento de Moisés, Enoque, Elias, Jeremias ou de algum dos antigos profetas, e era fortalecida pela crença na ressurreição e pelo fim do profetismo nos moldes do Antigo Testamento. Nos sinóticos João Batista é tido como o "Elias", o maior dos profetas (Mt 11:8 e ss). Em outro sentido, contudo, devido à preocupação em refutar a "seita do Batista" e os mandeus, o evangelho de João descreve-o como "uma 'voz' (fwnh) que clama no deserto, como o antigo profeta. Em outras palavras: [João Batista] quer ser somente um profeta à maneira dos do Antigo Testamento" . Jesus, pelo testemunho joanino e pelo início de Atos, é concebido como "o profeta", o mensageiro escatológico, ainda que tal título seja empregado de modo restrito e relacionado à proclamação do Reino de Deus. Os sinais operados certamente permitiram associações, por parte do povo, com os milagres da antiga era profética (Lc 7:16), característica de seu ministério reconhecida por ele (Mc 6:4). Jesus fora um grande profeta. Mas foi sua pregação o aspecto distintivo de sua posição como profeta escatológico, cuja função consistia em, nas palavras de Cullman:

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"... preparar o povo de Israel e o mundo para a vinda do Reino de Deus; e isto não à maneira dos profetas do Antigo Testamento, mas de um modo muito mais direto: como precursor imediato do advento deste Reino. (...) A noção de 'profeta' explica, pois, perfeitamente a atividade de Jesus como pregador, assim como também a autoridade com a qual atua e fala". O título de Servo Sofredor de Deus - Ebed Yahweh - é, na opinião de Cullman, central para a cristologia do Novo Testamento. Somente assim é possível enfatizar, com justiça, o conceito de substituição, implicação natural do pensamento judaico de representatividade e de solidariedade corporativa. Ao tentar reformular os dogmas da morte de Cristo e da misericórdia de Deus, com o objetivo de harmonizá-los, certas vertentes atuais da teologia dogmática questionam a categoria de "substituição" como imprópria e carente de base exegética, visto não existir indícios na tradição judaica contemporânea a Jesus que indicassem essa direção, "... fossem correntes ou estivessem combinados da forma proposta por pesquisadores como Oscar Cullman". Os capítulos 42 e 53 de Isaías são primordiais para a compreensão do Servo - alguém que traria a justiça irrepreensível de Deus às nações pelo Espírito, não pela força militar ou pela opressão - e de seu sofrimento - seria morto em lugar de muitos. A difícil identificação do Servo no judaísmo tem estimulado muitas pesquisas, sem qualquer conclusão definitiva. Não fazia parte da figura messiânica judaica o sofrimento ou a substituição expiatória, exceção feita talvez a alguns intérpretes ou escolas. Contudo, para Cullman, o Ebed é Jesus. Ele rejeita a tese de que as principais declarações de Jesus a respeito de sua morte sacrificial seriam vaticina ex eventu, a exemplo de exegese de Mc 2:18 e ss., contra Bultmann; assim como insiste que, ao aplicar a si indireta ou diretamente a figura do Servo (Lc 22:37), Jesus "fala de uma maneira geral de sua morte, [demonstrando que] Is 53 está por trás". O testemunho do Novo Testamento, segundo Cullman, corrobora sua posição, haja vista a citação de Isaías 53 pelo etíope (At 8), o Cristo como a "nossa Páscoa" (1 Co 5) e o sofrimento de Jesus como parte integrante de sua missão (1 Pe 2). Em particular, cita dois textos do quarto evangelho: a declaração indireta de João Batista a respeito do Ebed (Jo 1:29, 36) e a "citação que a voz celestial faz do começo dos cânticos do Servo. (...) Para ele [João], a vocação batismal de Jesus foi um chamado a assumir a missão do Ebed Iahweh". "Sumo Sacerdote" como designação aplicada a Jesus somente foi utilizada após a sua morte e proposta como solução cristológica aos questionamentos sobre a relação entre Cristo e o Antigo Testamento. Conquanto o judaísmo tardio, no primeiro século, não tenha descrito a figura do Messias com funções sacerdotais, tal foi o entendimento dos primeiros cristãos e, parece, do próprio Jesus, ao interpretarem o Salmo 110, aplicando-o ao Cristo, o "sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque" (Mc 12:35 ss.). É incontestável, no entanto, que crenças a respeito deste misterioso rei-sacerdote, associando-o a figuras escatológicas, existissem no imaginário judaico e nas especulações cristã-gnósticas anteriores à epístola aos Hebreus - cuja temática versa, principalmente, em torno da superioridade do sacerdócio de Jesus em relação ao sistema sacrificial veterotestamentário. De acordo com Cullman, o escritor da epístola aos Hebreus baseia-se principalmente no já citado Salmo 110 e em Gênesis 14 para formular seu raciocínio, cuja chave está no capítulo 7, assim como:"... se esmera em demonstrar que Jesus consuma, de forma absoluta, a função [imperfeita e passageira] do sumo sacerdote judaico, (...) o autor encontra este sacerdócio absoluto e perfeito prefigurado já na figura misteriosa deste Melquisedeque de Gn 14". Claro está, segundo Cullman, que em Hebreus Jesus consuma em si o sacrifício perfeito e completo, pois ele mesmo é a oferta sacrificada e o sumo sacerdote que oferta. E pela superioridade de sua abrangente obra, decorrente da posição mais elevada que ocupa em relação ao sacerdócio levítico, não há necessidade de repetição do sacrifício que foi realizado uma vez por todas; seu alcance é ilimitado e seus efeitos plenos em sua realização. A perfeição de seu sacrifício inaugura o caminho de aperfeiçoamento dos santos, agora aceitos por Deus e objetos da intercessão de Jesus. Eis a diferença do sumo sacerdote Jesus para o seu correspondente judaico: o caráter intemporal de sua obra e sua identificação com o Ebed, oferta pelo pecado, que não pecou ainda que em tudo tenha sido tentado, semelhante a qualquer ser humano. A influência das concepções judaicas sobre o sumo sacerdote

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escatológico, ideal, evidencia-se na menção da parusia em 9.28, ocasião em que ele virá ainda como mediador, para "levar-nos à plenitude de nossa santificação". A dogmática adotada neste trabalho concorda, em linhas gerais, com Cullman. Entretanto, acrescenta que o aspecto vicário da obra de Cristo representa um ato de amor a fim de destruir o pecado e a morte, não uma pura satisfação da ira de Deus. Em 13.10-14 o sacrifício de Cristo é tipificado pela queima das vísceras da vítima "fora do arraial", banindo toda a impureza. Esta é a chave hermenêutica para a compreensão de sua morte, "... numa época em que a fenomenologia e a antropologia (...) voltaram-se para a prática ritual e cúltica para dela extrair nossos sentidos e teorias". A EXPECTATIVA FUTURA SOBRE JESUS CRISTOO MessiasDentre os diversos títulos cristológicos, certamente "Messias" - em grego "Cristo" - é o mais mencionado. É reconhecido não somente por ser associado ao nome próprio "Jesus", como também pela posição ocupada no judaísmo tardio, pois estava ligado à esperança escatológica de tal maneira que outras figuras, não raro, eram incorporadas a ele. No período intertestamentário surgiu o conceito "de que o reino de Deus se seguiria à vitória na terra de exércitos angélicos celestiais sobre as hostes de Satanás". Contemporânea à época neotestamentária fora a concepção do "Messias político", um líder nacional que libertaria o povo escolhido da opressão sócio-político-econômica infligida pelo império romano. Embora estas idéias estejam presentes nos escritos do Novo Testamento, Jesus como o Messias foi compreendido com outra conotação no Antigo Testamento.A palavra é traduzida pelo particípio "ungido" e se referia a homens escolhidos por Deus para levar a cabo determinada missão; por exemplo, um rei, um sacerdote, um profeta e até alguém como Ciro, um soberano estrangeiro que seria instrumento de Deus no cumprimento de seus desígnios (Is 45.1). Cullman destaca que a promessa feita por Deus a Davi, de perpetuidade de seu reinado através de seus sucessores (2 Sm 7.12 ss.), incitou uma expectativa escatológica, por não ter sido cumprida como se esperava. Em suas próprias palavras:"Isto não significa que este 'Ungido' aparecerá fora do âmbito terrestre. A palavra 'escatológico' deve ser tomada aqui em seu sentido etimológico, ou seja, temporal. Pensa-se que é preciso uma realeza terrena para trazer a salvação futura. (...) Trata-se de uma esperança escatológica que deve realizar-se inteiramente na esfera terrena". Na literatura apócrifa judaica o Messias aparece como libertador, ora como quem inauguraria uma era escatológica de paz e liberdade, ora como um rei que aniquilaria os inimigos dos judeus, ora ainda como o sacerdote-redentor da nação. A autoconsciência messiânica de Jesus, de modo diferente, descartou qualquer caráter político de sua obra e tampouco alimentou o anseio de vê-lo ocupando o trono de Davi. A exegese de Cullman de textos do evangelho de Marcos - 8.27 e ss., 14.61 e ss., 15.2 e ss. - e de seus paralelos sinóticos, que se referem à indagação acerca de Jesus como o "Messias-rei", conclui que ele mesmo rejeitou ser assim reconhecido, com respostas evasivas finalizadas com a sua identificação como o "Filho do Homem", cuja missão, estranha ao messianismo judaico, era a de Servo Sofredor, de Ebed Iahweh. Seu reino não é deste mundo e seu trono está à direita do Pai. Para o cristianismo primitivo:"... a realeza do Filho de Davi era, acima de tudo, a realeza que exercia sobre a igreja. (...) mais potente tornava-se, também, a esperança da manifestação final e total de sua consumação. Pois tornamos a achar no cristianismo primitivo, como no próprio Jesus, a tensão entre 'o já cumprido' e o 'por cumprir-se'. (...) Segundo a fé dos primeiros cristãos é unicamente no futuro que a realeza de Jesus se manifestará de modo visível". O Filho do HomemA pesquisa sobre o significado de "Filho do Homem" no Novo Testamento há anos encontra-se em plena efervescência. Estudiosos, como Vermes, têm se restringido à análise filológica do termo original aramaico barnasha para justificar o uso puramente idiomático da expressão, referindo-se a homem em geral e, em particular, a si mesmo "em contextos que denotam reverência, reserva ou modéstia". Rejeitando a interpretação messiânica de Daniel 7 e, conseqüentemente, a exegese de Cullman, assim como descartando a hipótese de Bultmann de Jesus ter se referido a outrem, esses críticos entendem

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"... que o título apocalíptico de Filho do Homem é uma invenção moderna. Jesus e a igreja primitiva desconheciam por completo um título judaico de Filho do Homem". O estudo histórico-filológico de Cullman adota uma perspectiva mais abrangente do assunto.Segundo os evangelhos, Jesus referiu-se a si mesmo como o Filho do Homem. Que queria dizer ele? Seria apenas um modo peculiar de tratamento, no aramaico, da primeira pessoa do singular? Não obstante as recentes hipóteses levantadas pelos filólogos, como exposto acima, o título requer outras considerações. Cullman pressupõe a suficiência da análise da idéia judaica de Filho do Homem, porquanto consiste, ao mesmo tempo, em fonte da correspondente noção cristã do termo e em síntese de figuras similares existentes no paganismo. É bem provável que, em círculos judeu-gnósticos anteriores, a expectativa do surgimento do Filho do Homem fosse evidente, em contraste com o perfil político do messianismo do primeiro século. Na apocalíptica judaica o Filho do Homem, em Daniel 7, aparece como representação do povo escolhido; em 4º Esdras como o Messias, salvador enviado pelo Altíssimo; e em Enoque, a mais expressiva obra do judaísmo tardio no tocante a esta questão, um indivíduo representando a nação, "aquele cujo nome é pronunciado pelo 'Ancião de dias' no começo da criação; aquele que, por conseguinte, foi criado antes de todas as criaturas". Se, por um lado, não se deve ignorar a simbologia judaica presente em tais conceitos, por outro se faz necessário destacar a crença nesse ser especial, nesse homem do céu "que, sendo realmente homem, possui uma dignidade divina particular; com efeito, a história das religiões nos ensina que existem especulações relativas a um 'primeiro homem', protótipo divino da humanidade" [itálicos do autor]. Seria ele, no judaísmo, imago Dei em sua integridade, o "Adão ideal", o "Segundo Adão" conforme adaptação da teologia paulina, visto por Cullman como estreitamente ligado à categoria de Filho do Homem, apesar do próprio Jesus não haver feito tal conexão.As duas possíveis explicações para o uso da expressão - referência ao homem do céu e termo idiomático para denominar "homem" de forma geral - foram reconhecidas por Cullman, com a ressalva da particularidade de seu uso relacionado ao ser celestial, denotando a singularidade da pessoa de Jesus e a patente autodenominação como Filho do Homem, esta notavelmente presente em descrições da parusia, quando será o executor do juízo divino sobre a terra (Mc 8.38) - não há porque pensar na referência ao Filho do Homem como algo de cunho puramente escatológico, visto as inúmeras citações existentes, em diversas situações, do título. Nos logia de Jesus, igualmente, as expressões "homem" e "Filho do Homem" são aplicadas com conotações distintas: a primeira para indicar algum homem, de modo geral; a segunda usada especificamente para Jesus. Mesmo barnasha não possuindo uma tradução inequívoca, os contextos nos quais aparece relacionado a Cristo sugerem ser um título aplicado a ele. Ademais, é simplista "e sumário afirmar que os evangelistas foram os que puseram este título nos lábios de Jesus, (...) a designação de Jesus como 'Filho do Homem' não é, de modo algum, corrente no cristianismo primitivo". A conclusão de Cullman é que Jesus, ao aplicar tal título a si mesmo, não estava simplesmente realçando sua humanidade, como a dogmática insiste ao opô-lo à idéia de "Filho de Deus". Supõe sua preexistência e sua aparição na era escatológica - conforme a crença judaica corrente no homem celestial -, assim como sua encarnação e humilhação, pois o Filho do Homem representa o povo e o substitui ao sacrificar-se. No restante do Novo Testamento ele é aquele que "esvaziou-se" de sua glória (Fp 2.6 e ss.), fazendo-se "carne" (Jo 1.14) e a figura apocalíptica que virá no juízo (Ap 14.14). Segundo Cullman, exceção feita à interpretação cristológica à luz da imago Dei empreendida por Karl Barth, não há um esforço de construção de uma cristologia calcada na concepção de "Filho do Homem". Esta se justifica, mormente, pela necessidade de redefinição do problema das duas naturezas, insolúvel pela lógica formal. A OBRA PRESENTE DE JESUS CRISTOSenhorA fé cristã não limita a atuação de Jesus ao passado, nem apenas nutre a expectativa da vinda do reino escatológico. Crê, sim, em sua atuação presente junto aos seus e à sua Igreja; pressupõe um ministério atual de intercessão junto ao Pai e de autoridade sobre a comunidade cristã, como cabeça a dirigir os movimentos e ações do corpo.

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Cullman vê na denominação "Senhor", Kyrios, a indicação dessa crença por parte dos primeiros cristãos. Destaca, ainda, que tal designação possuía significado específico no meio helênico e, rejeitando qualquer explicação que confira a tal ambiente a exclusividade de dirigir a Jesus este título reconhece, todavia, sua grande influência pelo uso corrente do termo no paganismo helenístico oriental. Refutando a suposição da inserção de Kyrios puramente pelos escritores helenistas do Novo Testamento, Cullman identifica a aparição da expressão como reação cristã aos "senhores", Kyrioi, divindades pagãs às quais era dispensado este tratamento. Os cristãos reconheciam um só Senhor, Jesus Cristo, cuja revelação desmistificara todos os outros supostos kyrioi (1 Co 8.5 e ss.). Evoluindo de simples referência a autoridades políticas e jurídicas para forma de tratamento ao imperador como reconhecimento de sua divindade; adquirindo uma significação cuja concepção associava estes dois sentidos ao ser empregada no culto ao soberano, prática religiosa oriental e estrategicamente fomentada por Roma; e, por sua conotação religiosa, provavelmente tendo inspirado a gematria do apocalipse joanino, "pode-se dar por coisa certa que a profissão de fé Kyrios Iesous Christos, onde ela ocorre no Novo Testamento, representa uma espécie de resposta polêmica ao mesmo título Kyrios conferido às divindades helenísticas e ao imperador..." No judaísmo, o vocábulo hebraico Adonai fora substituto do tetragrama sagrado JHVH, prática corrente contemporânea aos primórdios do cristianismo. Nota-se na Septuaginta esta palavra traduzida por Kyrios como referência a Deus. O correspondente aramaico é mar, de onde é derivada a expressão cristã bíblica Maranatha, porém sem ter seu emprego relacionado a Deus nos escritos aramaicos do Antigo Testamento. A discussão recai, diante do ocorrido no helenismo e no culto judaico, sobre a possibilidade do uso aramaico palestino de mar como forma respeitosa de se dirigir a alguém - a exemplo dos discípulos no trato com seu rabbí - ter evoluído ao patamar de título cristológico reconhecido pela comunidade primitiva. Com Bultmann, eruditos defendam a descontinuidade de seu uso, uma origem helênica desta categoria sem algum vínculo com o sitz im leben palestino. Recorrendo à citação litúrgica cristã Maranatha, encontrada também no Didaquê e cuja provável tradução é "Senhor nosso, vem!", Cullman conclui que em aramaico Jesus é descrito como "Senhor" em sentido mais profundo, análogo ao uso judaico e helênico:"Sem dúvida, no terreno do helenismo, o uso pagão do termo Kyrios, seu vínculo com o culto do soberano e, primordialmente, o fato de que por este termo os LXX tenham traduzido o nome de Deus, contribuíram para fazer de Kyrios o título mais corrente para designar o Cristo". A confissão de fé em Jesus, o Kyrios, expressa em 1 Co 12.3, em detrimento do uso aramaico, justifica-se pela oposição aos outros "senhores" através do reconhecimento da superioridade de sua realeza e força, acima de qualquer imperador, pois é o "... 'Rei dos Reis'. Isto significa que o Kyrios é Jesus, e não o imperador (Ap. 17.14)". Urgia fortalecer a convicção dos cristãos a fim de não se curvarem diante do Kyrios Kaisar, tampouco maldizerem a Cristo, quaisquer que fossem as circunstâncias, inclusive a morte. Jesus, o Cristo e Senhor, domina hoje sobre toda a criação e trará a lume não somente isto, como também reinará visivelmente, sujeitando todas as coisas. Contém a tensão entre o "já" e o "ainda não" da dialética histórica cullmaniana e, apesar de não ser a categoria cristológica mais antiga, é a mais significativa, pois "... a partir da cristologia do Kyrios é que se tem empreendido a síntese em que todos os aspectos associados aos títulos cristológicos encontram seu lugar, conforme o papel que tem na história da salvação. (...) é a única que torna possível o que podemos chamar de cristologia do Novo Testamento" [itálicos do autor]. As Escrituras dizem que Jesus assentou-se à direita de Deus, ao ser declarada a sua autoridade exercida em nome do soberano criador, pela interpretação cristã do Salmo 110.1. Segundo atesta a dogmática, a despeito das diferentes interpretações, desde a Reforma, sobre as implicações do senhorio de Cristo e sua presença na eucaristia:"Quando, na Igreja primitiva, Jesus foi chamado 'Senhor', o dito foi interpretado no sentido de que Deus fala a Jesus. Entre a época de seu ministério terreno e de sua volta no fim do tempo para julgar o mundo, Jesus governa agora como o Senhor da história e da Igreja". SalvadorPela primazia do pensamento sobre Jesus como o "Senhor", conforme visto acima, o título "Salvador", tão mencionado em nossos dias, é pouco utilizado no Novo Testamento; quando o é - observação

8Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

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oportuna de Cullman -, Sóter figura como mero complemento de Kyrios. Por outro lado, seu uso percorre os escritos do Antigo Testamento e do judaísmo, desde épocas remotas, como atributo de Deus e do Messias que havia de vir. No helenismo, o termo aplicava-se aos deuses que intervinham na história, às autoridades humanas quando da libertação de determinado povo da opressão e dos males sofridos e, ainda, ao imperador romano. Menos preciso é o seu sentido nas religiões de mistério: provavelmente referia-se às divindades ligadas à imortalidade. Digno de nota é a ausência do termo nos evangelhos, o que demole a idéia da referência a Jesus como taumaturgo, segundo tese de Harnack, e aponta para uma utilização posterior associada à obra total de Cristo como entendida pelos primeiros cristãos, concentrando a discussão numa exegese filológico-histórica à moda de Cullman, evitando uma "psicologização" da atribuição do conceito de Sóter a Cristo, evocada sob o pretexto de se empreender a busca do Jesus "judeu" ou "histórico". O significado do nome "Jesus" é sugestivo, pois já o identificava como "Salvador", revelando-se o cumprimento das profecias a respeito da salvação de Deus, a consumação da expectativa messiânica e o propiciador da remissão dos pecados de Israel. Para Cullman:"Trata-se, pois, principalmente da transferência a Jesus de um atributo que o Antigo Testamento reserva a Deus. (...) Sem dúvida, aqui estamos dentro de categorias de pensamento que são mais judeu-cristãs do que pagã-cristãs. O Cristo é Sóter porque nos salvou do pecado". Uma outra constatação pode ser feita pela ausência de "Salvador" no Novo Testamento: seu uso remonta a um período anterior aos escritos paulinos, cujo estilo menciona a salvação através de Jesus Cristo sem usar o título. Não obstante, a expressão cristã primitiva Icthys sugere a plena consciência dos cristãos do período apostólico a respeito de Jesus Sóter.A DIVINDADE DE JESUS CRISTOSua existência anterior à encarnaçãoComo bem reconhece Cullman, sua classificação dos títulos atribuídos a Jesus facilita o estudo sistematizado da cristologia do Novo Testamento, não constituindo uma rígida formatação. Isso porque certas designações de Jesus relacionam-se com outros temas além daqueles nos quais estão inseridos. Assim sendo, certos títulos acima estudados implicam a divindade de Jesus ou sua preexistência; contudo, são os de Logos, "Filho de Deus" e "Deus" que sugerem tais categorias de modo mais direto. Em sua introdução à quarta divisão de sua obra, sob o tema "Títulos referentes à preexistência de Jesus", Cullman enfatiza sua convicção que especulações sobre as naturezas da pessoa de Jesus não conferem uma real compreensão da revelação divina:"... veremos que estes termos [Logos e 'Filho de Deus'] tampouco contemplam uma unidade de essência ou de natureza entre Deus e o Cristo; trata-se de uma unidade de ação, na obra da revelação. (...) resulta daí o paradoxo de que o Pai e o Filho são, ao mesmo tempo, um e diferentes. Se os teólogos posteriores não puderam dar uma explicação satisfatória deste paradoxo, deve-se ao fato que o tentaram por especulações filosóficas". No início do Evangelho de João e em Apocalipse 19.13 aparece o termo Logos. O evangelista tencionou demonstrar que o Filho do Homem fizera-se carne, tornara-se humano e habitara no mundo. Sua origem, portanto, era celestial e sua preexistência remontava à criação de todas as coisas. "No princípio" foi o início escolhido para o quarto evangelho, a fim de vincular Jesus ao relato de Gênesis, ao bereshit. O conceito de Logos está presente no pensamento grego antigo, sendo amplamente difundido na Antigüidade e tendo influenciado o judaísmo tardio e o helenismo. Seja como força impessoal a reger o universo e a iluminar a razão, seja como personificação com facetas mitológicas, passando pelo idealismo platônico, a idéia do Logos jamais assumiu, a não ser em sua versão joanina, a possibilidade de encarnação. Cullman rejeita, sob a pecha da simplificação esquemática, a proposta de Bultmann que relaciona o Logos judaico-helenista e cristão a um possível modelo gnóstico - mítico e doceta - da personificação de um mediador entre Deus e os homens. Ele tentará provar que o Evangelho de João, "... pelo contrário, submeteu cabalmente a concepção não cristã ou pré-cristã de Logos à suprema e única revelação de Deus em Jesus de Nazaré, dando-lhe assim forma inteiramente nova". Esta forma, segundo Cullman, conquanto admita certa semelhança à personificação do Logos como mediador e salvador, é influenciada pela reflexão em torno da "Palavra de Deus", do "Verbo", herdada

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do Antigo Testamento e do judaísmo. No relato da criação, Deus dá origem ao mundo pela sua "Palavra". Em outros textos, como em Salmos e Isaías, a Palavra cumpre os desígnios divinos, na forma de força autônoma a agir no universo. Em Fílon, o Logos começa a ganhar contornos de ente personificado; no judaísmo tardio, a "Sabedoria" aproxima-se ainda mais da noção do Logos joanino (Pv 8:22-26; Sabedoria de Salomão 7.26). Ainda assim, Cullman adverte que "... esta Palavra (...) poder finalmente encarnar-se no quadro histórico de uma vida humana e terrena, é coisa tão estranha a uma como a outra [judaísmo bíblico e tardio]". O Logos cristão é fruto da reflexão sobre Jesus como a revelação de Deus e, ao mesmo tempo, portador dela. Ele é a "Palavra" e traz a palavra, o anúncio da salvação aos homens. É mais que uma voz, como o Batista; é a revelação de Deus em si, em sua pessoa e obra. Nisso, as semelhanças entre o prólogo de João e os versos iniciais de Hebreus 1 são incontestáveis, não obstante as diferentes ênfases; o primeiro introduz o relato obra sobre a vida e a obra do Cristo encarnado e, o segundo, um sermão apologético da eficácia de seu sacrifício e de sua obra presente. O "Verbo" como hipóstase é descrito no evangelho de João como aquele que "estava com Deus" e "era Deus". Esclarecidas, como estão hoje, as questões filológicas envolvidas e as tentativas de racionalização do problema levantado no prólogo de João, resta a Cullman asseverar:"Devemos deixar este paradoxo subsistir em toda a cristologia. (...) Aliás, voltamos a encontrar o mesmo paradoxo no curso do [quarto] Evangelho; (...) em virtude da própria natureza do Logos, não se pode falar dele senão em referência à ação de Deus".

Há pontos de convergência e divergência entre Cullman e a dogmática. Enquanto a análise cullmaniana restringe-se à revelação histórica de Deus em Jesus, em termos de instrumentalidade e sem pensar em questões ontológicas, a dogmática permite-se falar dele como Filho, Segunda Pessoa da Trindade e igual ao Pai enquanto Ser, "presença viva de Deus na carne". Por outro lado, o universalismo do Cristo, como revelação de Deus ao mundo e não simples dogma religioso ou possibilidade de sincretismo a partir de outras "revelações" não cristãs, é compartilhado pelas perspectivas cullmaniana e dogmática de compreensão da figura transcendente do Logos. Sua filiação divinaAo tratar sobre Jesus como o "Filho de Deus" em Cullman, necessário se faz ter em mente sua proposta inicial, apresentada acima, de desconsiderar a discussão sobre as naturezas e a co-substancialidade do Filho em relação ao Pai. O interesse do estudo deve recair sobre a revelação de Deus em Jesus e no conteúdo dado por este e pelos autores bíblicos aos títulos cristológicos. Portanto, a expressão "Filho de Deus" não diz respeito à essência de Jesus, tampouco se refere apenas à sua divindade, haja vista outros títulos aludirem a tal; antes, descreve o relacionamento específico daquele que fora enviado por Deus para revelar Sua Pessoa e vontade.A influência helenista do conceito de "Filho de Deus" no cristianismo é vista por Cullman como limitada. Seu uso era vasto, aplicando-se a monarcas, taumaturgos, pessoas que manifestavam poderes sobrenaturais, além de estar presente como expressão comum em obras antigas. "A pretensão destes homens de serem 'Filhos de Deus' baseia-se unicamente na convicção que tinham de serem dotados de forças divinas". O politeísmo helenista não admitiria, como tentou demonstrar Bultmann, uma idéia monoteísta de "Filho de Deus".No Antigo Testamento, eram assim chamados, de forma mítica, os anjos (Gn 6.2). O povo de Israel é designado como primogênito de Deus (Ex 4.22 e ss.); o rei entronizado, como representante da nação, era adotado por Deus como filho (2 Sm 7.14, Sl 2.7); e o Messias, em sua realeza, provavelmente era visto no judaísmo como eleito do Senhor "para realizar uma missão divina particular, e obedecer estritamente ao chamado de Deus". Nesse sentido parece caminhar o significado de "Filho de Deus" aplicado a Jesus nos sinóticos. Ele não é reconhecido assim por ser um taumaturgo ou possuir poderes extraordinários, mas por estar disposto a levar a efeito a incumbência dada a Ele pelo Pai; este o chama de "Filho" na ocasião do batismo. No relato da tentação, o diabo procura instigá-lo a desejar riquezas e a fazer milagres para que se desvie dos propósitos divinos. Entretanto a expectativa messiânica não se compatibiliza com a concepção do Ebed sofredor, estreitamente associada à missão do Filho. O trecho

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de Mt 16.16-19 sugere que a confissão de Pedro sobre a filiação de Jesus implicaria na aceitação de seu sofrimento e morte, motivo pelo qual Pedro é duramente repreendido. A conclusão de Cullman é que Jesus designou-se como "Filho de Deus", demonstrando sua consciência de intimidade ímpar com o pai e zelando por separá-la de qualquer associação com uma realeza messiânica.Dentre os evangelhos, João explora a autoconsciência de Jesus de ser o "Filho" e Marcos ressalta a fé no Filho de Deus; Mateus e Marcos procuram traçar sua origem humana, cujo nascimento virginal denotaria sua origem também divina. A íntima relação entre Jesus e o Pai aparece nos sinóticos com clareza em Mt 11.27, em raro momento, diversamente do quarto evangelho em suas declarações sobre o "Filho". Por isso, exegetas têm questionado a autenticidade da passagem sinótica, classificando-a como glosa deliberadamente confeccionada com moldes joaninos, tese rejeitada por Cullman, entre outros estudiosos de vulto, cujo entendimento é que tal verso "pode, com efeito, 'ter sido pronunciado em virtude de uma consciência da preexistência'". Nas confissões de fé da igreja primitiva indubitavelmente estava presente a crença no "Filho de Deus". Apesar de pouco aparecer fora dos evangelhos, é evidente no relato do batismo do eunuco etíope em Atos 8, em Paulo (Rm 1.3, confissão provavelmente antiga), na polêmica de 1 João e na fórmula ICQUS. Ao citar 1 Co 15.28, Cullman reitera o que considera o sentido mais profundo da união entre o Pai e o Filho Unigênito:"Esta é a chave de toda a cristologia do Novo Testamento: falar do Filho não tem sentido senão em relação à obra de Deus e não em relação ao seu 'ser'. (...) Do 'Filho de Deus', como do Logos, se pode dizer: ele é Deus, enquanto Deus se revela em sua obra da salvação, obra da qual fala todo o Novo Testamento". Jesus como "Deus"Em Cullman, Jesus é "Deus enquanto se revela". Somente há sentido em se falar de sua divindade quando associada à história da salvação, pois assim Deus se revelara nas Escrituras, cuja concepção de Deus não é esgotada. Em sua opinião, as passagens bíblicas onde Jesus é chamado "Deus" apenas corroboram aspectos contidos em outros títulos cristológicos; por outro lado, pelas óbvias implicações impostas pelo tema, são mais suscetíveis às pressuposições do exegeta, conservadores ou liberais. Nos sinóticos, o próprio Jesus e os evangelistas não se preocupam em descrever o Cristo como "Deus" ou Kyrios. Contudo, "... o cristianismo primitivo não teme aplicar a Jesus, ao dar-lhe o título de Kyrios, tudo o que o Antigo Testamento diz acerca de Deus". O evangelho de João não afirma que Jesus é simplesmente divino, mas, em seu prólogo e em sua confissão de fé final, que estava com Deus e é Deus em sua revelação (1.1; 1.18 como lectio difficilior; 20.28, cf. 1 Jo 5.20). Visto por Cullman estreitamente relacionado ao estilo joanino, a epístola aos Hebreus cita, em seu primeiro capítulo, o salmo 45:7-9, enfatizando que o vocativo "ó Deus" refere-se a Jesus. Paulo entende ser ele imagem de Deus, expressão de seu ser, o Kyrios; diretamente, porém, apenas em Rm 9.5 e Tito 2.13, é provável filologicamente que o apóstolo aos gentios tenha dito que o Cristo é "Deus". Ao afirmar que esta idéia esteja presente também em 2 Pe 1.1 e Atos 20.28, Cullman conclui que "... naquelas poucas passagens do Novo Testamento onde Jesus recebe o título 'Deus' esta qualificação se liga, por um lado, a sua elevação à dignidade de Kyrios (Epístolas de Paulo, 2 Pedro), e por outro, à idéia de ser, ele mesmo, a revelação (escritos joaninos, Hebreus)" [sic]. CONCLUSÃONa última parte de sua obra, Cullman sumariza algumas de suas conclusões e reflete sobre as implicações de sua metodologia histórica. Percebe o mérito de sair do lugar comum de certas escolas teológicas - por exemplo, a expectativa da parusia na igreja primitiva -, através de uma visão mais abrangente e investigativa, portanto menos reducionista do processo de construção das diversas perspectivas cristológicas existentes no Novo Testamento. Em suas palavras:"Ainda hoje não há outro 'método' de compreender a cristologia, senão aquele que está exposto nos capítulos 5-8 do Evangelho de João. Pois para o homem de então era tão difícil, como é para nós, crer no que para os judeus era um 'escândalo' e para os gregos uma 'loucura'".

BIBLIOGRAFIA

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BRAATEN, Carl E., JENSON, Robert W. Dogmática cristã. São Leopoldo: Sinodal, 2 v., 1990.CULLMAN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Liber, 2001.VERMES, Geza. Jesus e o mundo do judaísmo. São Paulo: Loyola, 1996. A DIVINDADE DE JESUS CRISTO - IESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

No Espiritismo, Ele era um reformador da Judéia, com a missão de ensinar aos homens uma elevada moral, a moral evangélico-cristã; segundo Allan Kardec, foi Ele um médium de primeira grandeza e a segunda revelação de Deus (a primeira teria sido Moisés, e a terceira e última, o Espiritismo). Para os Testemunhas-de-Jeová, Ele é um Ser criado por Jeová, poderoso, mas não todo-poderoso. No Budismo, Jesus foi um grande Mestre. No Mormonismo, Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo, e viveu em poligamia com Marta e Maria, irmãs de Lázaro. No Islamismo, foi um mensageiro de Deus, porém menor que Maomé. Na Nova Era, Jesus não é Deus porque todos somos deuses, e a Era de Peixes, de Jesus, está se expirando, e um novo avatar surgirá para conduzir a humanidade à Era de Aquários, que colocará o mundo em ordem e estabelecerá a paz.

Negar a divindade de Jesus é uma das características das seitas, mas "as portas do inferno não prevalecerão" contra a Igreja de Cristo. Para nós cristãos, Jesus Cristo é Deus. A prova disso não é apenas a nossa fé. Contamos com a Bíblia Sagrada, livro escrito por cerca de 40 escritores, divinamente inspirados; contamos com o testemunho de apóstolos que caminharam com Jesus, ouviram suas palavras e viram seus milagres, a exemplo de Pedro que declarou enfático: "TU ÉS O CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO" (Mateus 16.16). Até os demônios reconhecem que Jesus é o Filho do Deus altíssimo "(Lucas 8.28). Temos as palavras do próprio Jesus que afirmou: "EU E O PAI SOMOS UM" (João 10.30). Temos o testemunho do profeta Isaías que, 700 anos de o Verbo habitar entre nós, chamou-O de "Deus Forte" e "Pai da Eternidade" (Isaías 9.6). Contamos, também, com o testemunho de milhões de vidas transformadas pela redenção que nEle há. Tratar-se-ia de apenas um espírito evoluído, um homem com poderes mediúnicos como desejam os kardecistas? Se Jesus é apenas um espírito iluminado, por que não "baixa" nas sessões espíritas? Se Jesus foi igual a Buda e Maomé, onde estão seus ossos? Em lugar nenhum iremos encontrá-los porque Jesus ressuscitou, e vive e reina para sempre. Aleluia! Vejamos o que dizem as Escrituras sobre a divindade de Jesus.CRISTO, O CRIADOR

§ "Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez... estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu" (João 1.3, 10). "Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades, tudo foi criado por ele e para ele" (Colossenses 1.16). "...a nós falou-nos [Deus] nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo" (Hebreus 1.2).

CRISTO, O DEUS§ "A virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mateus 1.23). "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.1,14). Atenção: "O Verbo era Deus", e não "o Verbo era um deus", como desejam os testemunhas-de-Jeová. "Eu e o Pai somos um" (João 10.30); "Quem me vê, vê o Pai" (João 14.9). "O Pai está em mim, e eu nele" (João 10.38); "Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu" (João 20.28); "Deles são os patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém". (Romanos 9.5). "Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). "Porque um filho nos nasceu...o seu nome será: Maravilhoso,

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Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9.6). "Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5.20). Outras referências: João 1.15,18,30; Colossenses 1.15; 2 Coríntios; 4.4; 5.19. CRISTO, O ETERNO§ "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim" (Apocalipse 22.13). "Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão nascesse, eu sou" (João 8.58). "Eu e o Pai somos um" (João 10.30,38). "Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai... crede-me quando digo que estou no Pai e o Pai está em mim" (João 14.9-11,20; 17.21). "Vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai" (João 16.28) Outras ref.: João 1.18; 6.57; 8.19.CRISTO, O TODO-PODEROSO§ "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28.18). "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso" (Apocalipse 1.8). Outras referências: Efésios 1.20-23; João 21.17.CRISTO, O SALVADOR§ "Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador"(Tito 3.4-6).§ "E em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4.12). Vejam a ênfase: "Em nenhum outro nome". Não sobra para Buda, para Allan Kardec, para Maomé, para Confúcio, para Lao-Tsé, para Osíris, Vishnu, Brama, Shiva, Zoroastro, Maytreia. O nome de Jesus está acima de todos e de tudo. Outras referências: João 3.16; Lucas 4.18; Isaías 61.1.Jesus não foi um simples fundador de uma religião. Os afamados fundadores de seitas que surgiram na história da humanidade estão todos mortos e devidamente enterrados; seus corpos foram comidos pelos vermes, e seus ossos, se ainda restam, estão em algum lugar. Com Jesus não aconteceu a mesma coisa. A terra não pôde detê-lo, a morte não teve domínio sobre Ele. Jesus ressuscitou do sepulcro e sobre isto há o testemunho das Escrituras; há o registro de testemunhas oculares que com Ele estiveram durante sua vida terrena e após a sua ressurreição, e viram-no ascender aos céus (Mateus 28.1-10; 16-18; Marcos 16.1-14; Lucas 24.1-53; João 20.1-18).OS TÍTULOS DE JESUS De forma direta ou indireta, pelo nome ou pelos títulos, o nosso Salvador permeia toda a Bíblia, onde é apresentado, por exemplo, como Messias, Redentor, Libertador, Perdoador de pecados, Juiz, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Vejamos alguns dos títulos de Jesus distribuídos por vários livros: Gênesis: Semente da mulher.Jó: Redentor.Salmos: Pedra angular. Cantares: Rosa de Saron. Isaías: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, Emanuel, Glória do Senhor, Legislador, Poderoso de Jacó, Renovo, Santo de Israel. Jeremias: Justiça nossa.Daniel: Ungido ou Messias. Miquéias: Juiz de Israel. Ageu: Desejado de todas as nações.Zacarias: Rei. Malaquias: Mensageiro da aliança, Sol da justiça. Mateus: Filho amado, Filho de Davi, Filho de Deus, Filho do homem, Guia, Rei dos judeus. Marcos: Filho do Deus Bendito, Santo de Deus. Lucas: Consolação de Israel, Filho do Altíssimo, Poderoso Salvador, Profeta, Salvador, Sol nascente. João: A Porta, a Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Cordeiro de Deus, Criador, Deus Unigênito, Eu Sou, Luz do mundo, Luz Verdadeira, Verbo, Verdade, Vida, Videira verdadeira. Atos: Justo, Santo, Senhor de todos.

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Romanos: Deus bendito, Libertador. 1 Coríntios: Adão, Nossa Páscoa, Rocha, Senhor da glória. 2 Coríntios: Imagem de Deus. Efésios: Cabeça da Igreja. 1 Timóteo: Bem-aventurado e único Soberano, Mediador, Rei dos reis, Rei dos séculos, Senhor dos senhores. Tito: Salvador. Hebreus: Apóstolo da nossa confissão, Herdeiro de todas as coisas, Autor e Consumador da fé, Grande Sumo Sacerdote. 1 Pedro: Pastor e Bispo das almas, Príncipe dos pastores. 1 João: Advogado. Apocalipse: Alfa e Ômega, Cordeiro, Leão da Tribo de Judá, O Primeiro e o Último, Primogênito, Rei dos santos, Resplandecente Estrela da Manhã, Todo-poderoso. A TRINDADENegar a divindade de Jesus é negar a existência do Deus trino, ou seja, do Deus único, eternamente subsistente em três Pessoas: a Primeira Pessoa, Deus Pai; a Segunda Pessoa, Deus Filho; e a Terceira Pessoa, Deus Espírito Santo. A unidade divina é uma unidade composta dessas três Pessoas, coexistentes, porém distintas. Examinemos a Palavra: § "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Deuteronômio 6.4). Este versículo é muito usado pelos que não aceitam a Trindade. Sustentam que não existem três Deuses, mas apenas um. Ora, a idéia do Deus trino, da unidade composta, está subjacente em outras passagens, como veremos a seguir.

§ "Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem..." (Gênesis 1.26). O uso da primeira pessoa do plural - FAÇAMOS - indica que Deus não estava só na obra da Criação: o Filho e o Espírito estavam presentes. Vejam também Gênesis 3.22; 11.7; Isaías 6.8. § "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28.19).§ "A graça do Senhor Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Coríntios 13.13). Conhecida como a "bênção apostólica", este versículo revela o Deus trino. § No batismo de Jesus no Jordão, conforme Mateus 3.16-17, temos o Espírito de Deus "descendo sobre Jesus"; a voz do Pai dizendo "Este é o meu Filho amado"; e o Verbo, o Deus Filho ali encarnado e habitando entre nós. § O livro de Judas fala da Trindade: "Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna" (Judas 20.021). § O apóstolo Pedro deixou o seu testemunho sobre as Pessoas da Trindade: "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (1 Pedro 1.2). § Na seguinte passagem Jesus mais uma vez revela sua divindade e reafirma a existência da trindade em Deus: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lucas 24.49). A promessa diz respeito ao batismo no Espírito Santo, plenamente cumprida em Atos 2.1-4. Vejam que a promessa é do Pai, mas quem envia é o Senhor Jesus; envia do alto, do céu. Jesus confirma o que já houvera dito: "Eu e o Pai somos um". Outra referência: Atos 2.32-33. A verdade é que "Deus estava em Cristo", como afirmou o apóstolo Paulo (2 Coríntios 5.19). Finalmente, fiquemos com estas palavras gloriosas: "O Filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa [do próprio Deus], sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas" (Hebreus 1.3).

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A DIVINDADE DE JESUS CRISTO - IIESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

A deidade de Jesus está explícita de forma direta ou indireta em muitos textos bíblicos que, não raro, passam despercebidos por olhos menos atentos. As seitas de um modo geral não aceitam a verdade bíblica sobre o "Verbo que se fez carne e habitou entre nós". Para o combate a essas heresias, no exercício da apologética cristã, convém que saibamos manejar bem a "espada do Espírito, que é a palavra de Deus, viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, apta para discernir os pensamentos e intenções do coração". Jesus: Senhor e Juiz dos mortos:"Para isto Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos (Rm 14.9); "De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" (Rm 14.12). "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mt 22.32) "[Jesus} foi constituído Juiz dos vivos e dos mortos" (Atos 10.40,42; Jo 5.22;2; Tm 4.1; Hb 10.30)O domínio de Cristo é supremo e abrange tudo: a vida, a morte e o juízo. Jesus: O Criador"Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele" (Cl 1.15-17).Se Jesus é o Criador, logo Ele é Deus. O termo "primogênito" atribuído a Jesus não significa que Ele tenha sido o primeiro a ser criado,mas trata do relacionamento de Pai e Filho na Trindade, confirmado em João 3.16 ("Filho Unigênito"). O próprio versículo afirma que Ele é Criador ("Tudo foi criado por ele..."). O Criador de todas as coisas não pode ser criatura. O Filho é a expressa imagem de Deus (Hb 1.3). A divindade de Jesus está expressa de forma inequívoca no Evangelho do apóstolo João: "No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; todas as coisas foram feitas por Ele; e o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.1,2,3,14). O termo UNIGÊNITO "descreve a filiação singular entre Jesus Cristo e Deus-Pai. Ninguém, a não ser o Cristo, detém semelhante prerrogativa" (Dicionário. Teológico). Jesus: O Filho de DeusDisseram os judeus: "Não te apedrejamos por nenhum milagre, mas pela blasfêmia, porque tu, mero homem, te fazes Deus a ti mesmo". Disse Jesus: "O que dizer daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo? Então por que me acusais de blasfêmia, porque eu disse: Sou Filho de Deus? Mas faço as obras de meu Pai e não credes em mim, crede nas obras, para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu nele". "De novo procuravam prendê-lo" (Jo 10.33,36,38,39). Para os judeus, identificar-se como Filho de Deus era colocar-se em pé de igualdade com o próprio Deus. Por isso ficaram enfurecidos ao ouvirem a expressão "Filho de Deus", dita pelo próprio Jesus. Vejam outras com o mesmo teor: "Então, os que estavam no barco o adoraram, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus" (Mt 14.33). "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16) "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo". "Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão" (Mt 4.3). "Se tu és o Filho de Deus lança-te daqui abaixo" (Mt 4.6). Até os demônios reconhecem a divindade de Jesus. "Não vos fizemos saber o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade: "Este é o meu Filho amado em quem me comprazo. Nós mesmos ouvimos esta voz vinda do céu, estando nós com ele no monte santo" (2 Pe 1.16-18).Jesus: Senhor, Deus e Salvador"Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tt 2.13). "Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor

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para com os homens... que ele derramou sobre nós por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 3.4,6). [Estevão]: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (Atos 7.59). Jesus: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46). "Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 1.1,11).Eis aí Jesus sendo chamado de Deus e Senhor. Estevão entregou seu espírito ao Senhor Jesus, e este, ao morrer, entregou seu espírito ao Pai. Vê-se que os dois - o Deus Filho e o Deus Pai - são o mesmo Senhor no mistério da Trindade.Jesus: Cristo Deus"Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens... e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.6,7,11)Se Jesus esvaziou-se para tomar a forma de servo, para em tudo ficar semelhante aos homens, entende-se que Ele esvaziou-se de alguma prerrogativa, ou seja de seus atributos e privilégios divinos.Jesus: O Todo-Poderoso "Mas todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (Jo 1.12). "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mt 28.18)O próprio Jesus, na qualidade de Deus, recebe a todos como filhos, e se declara Todo-Poderoso.Jesus: Digno de adoração"E, novamente, ao introduzir o primogênito no mundo, diz: E todos os Anjos de Deus o adorem; e, quanto aos anjos, diz: quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo, mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, e cetro de equidade é o cetro do teu reino" (Hb 1.6-8). "Ao Senhor Deus adorarás..." (Mt 4.10). Quando o apóstolo João prostrou-se aos pés do anjo para adorá-lo, ouviu o seguinte: "Não faças isso... Adora a Deus" (Ap 22.8-9).O Senhor Jesus não é em nada inferior ao Deus Pai. Mais uma vez o Filho é chamado de Deus ("Ó Deus"). Jesus ensinou que somente a Deus devemos adorar. Se Ele não fosse a expressa imagem de Deus, não aceitaria adoração. Entretanto, não apenas os anjos o adoravam; os homens, também. Vejam:"E elas [Maria Madalena e outra Maria] abraçaram os seus pés, e o adoraram" (Mt 28.9)."Veio um leproso, e o adorou..." (Mt 8.2)."Vimos a sua estrela no oriente, e vimos adorá-lo" (Mt 2.2, 11)."Os que estavam no barco o adoraram dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus" (Mt 14.33)."A mulher chegou e o adorou:..." (Mt 15.25;28.17)."Disse o homem: Creio, Senhor, e o adorou" (Jo 9.38).Considerando que Jesus disse ao diabo: "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4.10), e sabendo-se que Ele aceitou que várias pessoas O adorassem, fica claro que Ele se colocou como Deus. A não ser que as seitas queiram dizer que Ele foi um hipócrita, charlatão, mentiroso, louco ou impostor. "O Filho é o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade" (Hb 1.3).Jesus: Cristo - DeusPaulo: "Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (Atos 20.28)."Sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18)."Para conhecimento e mistério do Deus-Cristo..." (Cl 2.2-3). "Nele habita toda a plenitude da divindade" (Cl 2.8). Jesus declara que a Igreja é dele, e em Atos 20.28 lemos que a Igreja é de Deus. Logo, correta está a expressão "Deus-Cristo", como acima.

Jesus: O Autor da Vida

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"Mataste o Autor da Vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas" (Atos 3.15). "O Senhor é o que tira a vida e a dá" (1 Sm 2.6)."Deus dos mortos e dos vivos" (Mt 22.32).Temos aí a identificação de Jesus como Autor da Vida; o mesmo título é dado a Deus, o Senhor que tira a vida e a dá.Jesus: o Deus Perdoador"Homem os teus pecados te são perdoados. Os escribas e fariseus começaram a pensar: quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?. Jesus disse: "Por que pensais essas coisas em vossos corações? Qual é mais fácil? Dizer: os teus pecados estão perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico : A ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa "(Lucas 5.17ss). Através de uma dificuldade maior (a de curar o paralítico) Jesus justificou a dificuldade menor (a de perdoar pecados). Jesus, conhecedor da Palavra, não iria perdoar pecados se Ele não fosse o próprio Deus encarnado. Salvo se Ele fosse um mentiroso, hipócrita e charlatão. Vejam: "É Ele [Deus] quem perdoa todas as tuas iniqüidades..." (Sl 103.3). "Perdoa-nos as nossas dívidas,assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (Mt 6.12)."Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4.32)."O que encobre as suas transgressões jamais prosperará;mas o que as confessa e deixa,alcançará misericórdia". [Misericórdia de Deus] (Pv 28.13)."Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro". (Is 43.25; 1.18)."Arrependei-vos e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados" (At 3.19).Jesus: o Eu Sou"Antes que Abraão nascesse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem, mas Jesus ocultou-se, e saindo templo, passando pelo meio deles" (Jo 8.58,59). "Se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados" (João 8.24)."Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.14).Jesus USOU O MESMO NOME pronunciado por Deus quando falou a Moisés. Com relação a Êxodo 3.14, a Bíblia de Estudo Pentecostal faz o seguinte comentário: "O Senhor deu a si mesmo o nome pessoal: "Eu sou o que sou" (de onde deriva o hb. Iavé), uma expressão que expressa ação.Deus estava efetivamente dizendo a Moisés: "Quero ser conhecido como o Deus que está presente e ativo" (1) Inerente no nome Iavé está a promessa da presença viva do próprio Deus, dia após dia com o seu povo... O Senhor declara que esse será o seu nome para sempre. É digno de nota que quando Jesus nasceu, foi chamado Emanuel, que significa "Deus conosco"(Mt 1.23); Jesus também se chamava a si mesmo pelo nome "Eu sou" (Jo 8.58)".Jesus: a Ele servirás"E tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que servis" (Cl 3. 23-24)"Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás" (Mt 4.10)."Ao Senhor teu deus temerás, e a ele servirás..." (Dt 6.13). "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24.15). "Aquele que me serve deve seguir-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará" (Jo 12.26)."Porque quem nisto [justiça, paz e alegria no Espírito Santo] serve a Cristo, agradável é a Deus e aprovado pelos homens" (Rm 14.18). "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém VEM AO PAI senão por mim" (Jo 14.6). Jesus não disse VAI ao Pai, mas se colocou em igualdade com Deus Pai, ao dizer VEM ao Pai. "Se vós me conhecêsseis, também conheceríeis a meu Pai" (Jo 8.19).

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Do que foi lido acima, deduz-se o seguinte:Primeiro, a palavra SENHOR (do hebraico Yavé; do grego kyrios), significando supremacia, soberania, é um título de reverência usado tanto para Deus como para Jesus. Exemplos: "Não tentarás o Senhor teu Deus" (Mt 4.7, 10); "...o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós" (At 1.21). Segundo, Jesus, confirmando as Escrituras, afirmou que devemos servir somente a Deus. Todavia, Ele disse: "aquele que me serve deve seguir-me..." (Jo 12.26). O apóstolo Paulo, na carta aos romanos, fala em servir a Cristo. Terceiro, em João 8.19 Jesus confirma ser a expressa imagem de Deus. Paulo confirma em Colossenses 1.15: "Ele é a imagem do Deus invisível..." Em João 14.9 Jesus confirma a segunda condição de Verbo encarnado: "Quem me vê, vê o Pai". A Bíblia registra muitas outras passagens que testemunham a divindade de Jesus, bastando que examinemos com atenção o texto e o contexto. A ESCOLHA DE CRISTOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB MATEUS 4. 18-2218 Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.20 Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.21 Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os.21 Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram.1. Jesus chamou homens simples.Uma das coisas complicadas nas peladas de futebol é na hora de dividir os times. Confesso que não gosto muito de escolher entre um jogador e outro e às vezes até de deixar alguém de fora. Porém, talvez, o pior perigo é a tentação que temos de escolher os melhores jogadores para o nosso time. Afinal de contas como queremos ganhar, queremos nos garantir com os melhores jogadores jogando no nosso time.Sei que você é como eu se vai montar uma equipe vai escolher os melhores; os mais capacitados, os mais ágeis. Jesus não foi assim. Nenhum executivo de empresa faria o que Jesus fez. Jesus não escolheu os melhores; Jesus não escolheu os mais preparados; ele não foi recrutar os seus seguidores na Universidade Federal de Jerusalém (Ele sabia que aqueles estavam muitos confiantes no que sabiam para aprender alguma coisa); Jesus não escolheu os mais comunicativos. Ele escolheu homens simples, pescadores, rudes, mais acostumados à solidão do mar do que às multidões. Foi estes que Jesus escolheu e a estes confiou a missão mais importante de toda a história: dar continuidade ao seu ministério.2. Jesus chamou homens sem méritos.Quando se vai começar uma empreitada, é de bom alvitre se escolher pessoas que além de preparadas, tenham boa reputação, que tenham aceitação na sociedade. E quando essa tarefa é no campo da fé, é importante que essas pessoas tenham o reconhecimento da comunidade. Jesus, porém, contrariou esses princípios. É verdade que Pedro e seu irmão embora não fizessem parte da liderança de alguma sinagoga ou daqueles que trabalhavam no templo, não eram contudo, tão mal afamados como aquele tal de Mateus. Fazer de um cobrador de impostos um discípulo aí já é um exagero! É comprometer a credibilidade do ministério. Aquele homem, além de ser um lesa-pátria, levava sobre a suspeição de roubar na cobrança de impostos. A verdade é que Jesus não escolheu ninguém baseados nos méritos. Ele não olhou para as medalhas de vitórias nas batalhas espirituais, não levou em conta aqueles que se julgavam santos e puros a ponto de menosprezarem os outros. Talvez nem eu nem você os escolhêssemos, mas Jesus os escolheu.

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3. Jesus chamou homens trabalhadores!Jesus, não pensou assim, esses homens estão desocupados, não têm mesmo o que fazer, acho que vou aproveita-los. Porque, iria eu tirar alguém do seu curso universitário, do seu trabalho, da sua família para me seguir quando tem tanta gente ai sem fazer nada.Não foi assim que Jesus pensou! Ele chamou homens trabalhadores, homens que estavam no seu trabalho, no seu labutar.Ninguém pode dizer, Jesus, vai chamar outros, afinal de contas eu sou tão ocupado!4. Jesus aproveitou o que havia de bom naqueles homens.Jesus aproveita o pouco que nós temos para fazer muito. Um pouco de azeite, um punhado de farinha, uma pedra e uma funda, uma vara, cinco pães, dois peixinhos. Pedro era pescador. Virou o maior pescador da igreja. Jesus usou a intempestividade de Pedro, o seu desembaraço, a sua intrepidez. No dia de Pentecostes quando a multidão aturdida ficou a se indagar o que aquilo acontecia. Pedro aproveita aquela oportunidade para apresentar a Jesus Cristo. Pedro não era homem de ficar traçando planos. Ele era homem de ações imediatas e Jesus usou isso.Assim, o pouco que nós temos, pode ser muito nas mãos de Jesus. Ninguém na Igreja pode dizer. Ah! Mas Jesus não precisa de mim, afinal de contas tem tanta gente na Igreja mais capacitada do que eu. Ah! Você não sabe o que Jesus pode fazer através de você, com os dons e talentos que Ele colocou em suas mãos. Quando Ele os pega e multiplica, grandes milagres acontecem.5. Jesus os chamou para que viessem imediatamenteO Chamado de Jesus é sempre urgente. Imagine as inúmeras questões que se levantam em uma hora como essa: E o meu barco, quem vai tomar conta? A minha família, quem vai sustentar? Como nós vamos viver? Para onde vamos? Que garantia nós teremos? A única garantia é aquele que chama. Aquele que chama sustenta, aquele que chama dirige, aquele que chama capacita, aquele que chama vai à frente. E o seu chamado tem sempre esse sentido de urgência. Não pode ser postergado, não pode ser adiado, não pode ficar para depois. Se Pedro tivesse levado três anos para poder responder a Cristo teria perdido a grande oportunidade de estar com Ele ao longo de seu ministério e de desfrutar de momentos que nem toda a fortuna de Bill Gates poderia comprar: ver Jesus Cristo transfigurado, em glória fulgurante, em brilho inenarrável, em beleza indescritível. Um só momento como aquele vale mais do que qualquer outra coisa nesta vida.O melhor momento para se fazer a vontade de Deus é exatamente aquele no qual Ele está nos chamando. E eles imediatamente o seguiram.6. Jesus os chamou radicalmente.O chamado de Cristo é radical. Ele não deixa espaços. Nem meias escolhas é tudo ou nada. É negar-se a si mesmo. É vender tudo para comprar a pérola de grande valor. A vida de Pedro nunca mais seria a mesma. Os barcos ficaram para trás, as conversas na beira da praia sobre as grandes pescarias ficaram para trás. Pedro naquele momento teria que deixar tudo, renunciar a tudo, abandonar tudo, renegar tudo, desdenhar de todas as tolas vantagens que o mundo pudesse lhe oferecer, desprezar as tentações. Pedro, André e os outros apóstolos teriam que deixar tudo, para ter apenas aquilo que o Senhor quisesse lhes entregar.As implicações do chamado Cristo para você nesta manhã são as seguintes: A sua falta de preparo ou de qualquer outro mérito não é desculpa. A sua ocupação não é desculpa. Jesus vai multiplicar o pouco que você tem, para alimentar multidões famintas. Os campos já estão brancos para a colheita. A Chamada é urgente. O Tempo é agora.

Pregado na 1ª IPI de Natal em 11/02/2001 A FÉ EM JESUS CRISTOO que a Bíblia diz a respeito? ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira

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Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB Para que alguém seja salvo de seus pecados é necessário que se arrependa e creia no Senhor Jesus. O que significa crer em Jesus Cristo? Em que consiste a fé salvadora? Embora resumidamente, esperamos responder a contento essas indagações.A FÉ EM JESUS CRISTO É DOM DE DEUSAgostinho costumava dizer que nada é nosso, exceto o pecado. Portanto, a fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora de Deus para a nossa vida. Isto é o mesmo que dizer: A fé é um dom de Deus. Não podemos ter dúvida quanto a isso. Que a fé é um dom de Deus está claro em passagens bíblicas como Atos 13.48 (creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna), Efésios 2.8 (pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus), Filipenses 1.29 (Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente [a graça] de credes nele), 2 Tessalonicenses 3.2 (a fé não é de todos) e Tito 1.1 (a fé que é dos eleitos de Deus). Além de ser um dom de Deus, a fé aparece também em algumas das passagens acima como fruto da eleição divina. Eleição que também é pela graça e dom de Deus (cf. Rm 11.5,6).Mas alguém poderia perguntar: "Se a fé em Jesus Cristo é dom de Deus, por que em vários lugares da Bíblia é ordenado ao homem crer em Jesus?". A soberania de Deus não anula a nossa responsabilidade. Todos nós somos moralmente responsáveis diante de Deus e, como tais, responderemos pelos nossos atos. O ser humano precisa se arrepender de seus pecados e confiar somente em Jesus para a vida eterna, pois Deus não pode se arrepender e crer em seu lugar. Por outro lado, como bem salientou James Packer, "Se nós mesmos temos fé, isso deve-se apenas ao fato que Deus em sua misericórdia abriu os nossos olhos". A conversão de Lídia é um ótimo exemplo. Lucas relata: "Quando foi sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido. Certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às cousas que Paulo dizia" (At 16.13,14). Aqui temos o que biblicamente denominamos de novo nascimento ou conversão de Lídia. Uma obra do Espírito de Deus. O verbo grego dih/noicen (abriu) está no aoristo e significa que ali houve uma ação completa e definitiva do Espírito Santo. Durante a pregação de Paulo Lídia "escutava" e o seu coração foi "aberto" para que atendesse. É necessário que a intervenção divina, que torna o homem natural receptivo para com a Palavra de Deus, anteceda o ouvir com proveito a pregação do evangelho. "Deus concedeu a Lídia um coração receptivo para compreender coisas espirituais. Ele deu a ela o dom da fé e a iluminação do Espírito Santo" (Simon J. Kistemaker).O autor aos Hebreus (12.2) nos lembra ainda que Jesus Cristo é o autor e o consumador de nossa fé. O princípio e o fim da fé salvadora. E o que isso quer dizer? Quer dizer que como Autor Jesus "preparou o caminho da fé com triunfo diante de nós, abrindo assim um caminho para os que O seguem". Como Consumador da fé Ele é "o completador e aperfeiçoador; no sentido de levar uma obra até o fim, não por decurso de prazo".A teologia arminiana afirma que Deus não concede o dom da fé em Jesus a ninguém porque, segundo ela, "nem mesmo existe tal dom". Diz ainda que a fé é própria do ser humano e que, por conseguinte, toda pessoa pode crer em Cristo. Por último, salienta que embora o ser humano esteja debilitado pela queda do pecado, não está incapaz de exercer fé em Cristo, receber o evangelho e tomar posse da salvação para si mesmo.A teologia arminiana está equivocada. A Bíblia é clara em dizer que o homem natural está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Não diz que ele está doente ou com força suficiente para fazer alguma coisa por si só. Ele está morto! A palavra morto já diz tudo. Além disso, a teologia arminiana contraria explicitamente aquelas passagens bíblicas que afirmam ser a fé um dom de Deus.Embora sejamos responsabilizados a crer em Jesus (porque Deus não crê em nosso lugar), a fé, do começo ao fim, é dom de Deus. A FÉ EM JESUS CRISTO É SALVADORAA fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora (cf. Ef 2.8). A fé salvadora não é um mero assentimento intelectual ou mera fé temporal.

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Muitas pessoas crêem em Jesus Cristo do modo como crêem em Pedro Álvares Cabral ou em D. Pedro I. Acreditam que Jesus realmente viveu, morreu e ressuscitou, isto é, crêem que Ele era de fato uma pessoa da história. Essas pessoas supõem que isso seja fé na verdadeira concepção do termo, isto é, a fé salvadora. Mas não é, porque elas não estão confiando em Jesus para qualquer coisa agora, muito menos para a vida eterna. Essas pessoas possuem meramente a fé intelectual para fatos históricos, da mesma forma que acreditam em Pedro Álvares Cabral mas hoje não confiam nele para nada. Um exemplo da fé como mero assentimento intelectual pode ser encontrado em Tiago 2.19: "Crês tu que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem". Tiago está ironizando aqueles que diziam ter fé na unicidade de Deus, porém, não evidenciavam tal fé através das obras. Os demônios crêem e tremem, mas nem por isso são salvos. Outro exemplo do que não é fé salvadora é a fé temporal. Você deve ter orado a Deus muitas vezes, não é verdade? Confia nele para certas coisas, não é mesmo? Quando você confia no Senhor a respeito de suas finanças, podemos dizer que você tem fé financeira. Quando você confia no Senhor para cuidar de sua família, você pode chamar isso de fé familiar. Em viagens você tem fé viajante. Há um elemento comum em todas essas coisas. São temporais. Todas elas são cosias desta vida, coisas deste mundo que irão passar. Muitas vezes confiamos em Jesus para todas essas coisas temporais, que não é errado, contudo, essa ainda não é a verdadeira fé salvadora.Fé salvadora é receber a Jesus e confiar somente nele para a vida eterna. Quem é Jesus? A maioria das pessoas sabe que Jesus Cristo é o filho de Deus, mas esta mesma maioria não sabe que Jesus também é o Deus Filho, o infinito Deus-homem que morreu na cruz e ressuscitou dentre os mortos, para pagar a pena dos nossos pecados e comprar um lugar nos céus para nós, o qual nos oferece gratuitamente.A fé em Jesus envolve tanto confiança nele como a entrega da vida a Ele. Estas coisas fazem parte da fé que conduz à vida eterna. E se a nossa convicção é de que realmente temos a vida eterna porque temos a fé salvadora, então, vamos nos firmar cada vez mais e mais nesta certeza, pois o próprio Senhor Jesus garantiu aos que nele crêem que será assim. "Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê (em mim), tem a vida eterna" (Jo 6.47). Concluindo:Lembremos que a Escritura Sagrada dá testemunho de Jesus (cf. Jo 5.39) e é através dela que, iluminados pelo Espírito Santo, somos habilitados a crer em Jesus para a salvação (I Co 1.21-24). Por isso mesmo, precisamos pregar a Palavra. O Espírito Santo usa a mensagem bíblica para conceder a fé (Rm 10.17), mas isso não o impede de usar a você e a mim (Rm 10.13-15), pelo contrário, por ele somos capacitados a evangelizar quando ouvimos a sua voz e obedecemos ao seu chamado. AS IMPLICAÇÕES DA ENCARNAÇÃO DE CRISTO PARA A IGREJA NO LIVRO DE COLOSSENSESESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB Introdução: A igreja jamais deixará de ser uma instituição humana se não visualizar a Cristo como o Senhor soberano de sua existência.

A fim de que tenhamos esta consciência bem formada e definida em nossa igreja e para que o senhorio de Jesus seja refletido em nosso comportamento eclesiológico, tomamos a carta do apóstolo Paulo aos Colossenses para uma série de lições em nossa EBD, ressaltando que a base dos nossos estudos encontra-se no capítulo primeiro, nos versos 9 a 23.

Colossos era uma cidade da Frigia, na província romana da Ásia, situada na margem sul do rio Lico, a cerca de 160 quilômetros de Éfeso. A região era muito rica por se constituir numa rota principal de comércio e por causa de sua produção industrial de lã, atraindo muitos estrangeiros, incluindo gregos que se transferiram para lá durante o império de Alexandre, o Grande, e mais tarde, sob a dominação de Antíoco, 223-187 a.C. duas mil famílias judias foram migradas para a região. Segundo o historiador judeu Flávio Jesefo, no primeiro século antes da era cristã, pelo menos 50.000 judeus viviam na região.

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A importância de Colossos diminuiu muito no período romano devido a expansão e ao progresso de cidades da região, como Laodicéia, que se tornou a sede da administração romana na região. No período da vida e do ministério de Paulo a cidade já estava em franco declínio. Quando o apóstolo Paulo escreveu a carta àquela igreja a população da cidade consistia principalmente de colonos indígenas frígios e gregos, razão pela qual a igreja dos irmãos colossenses era considerada a menos importante da época.

Para melhor compreensão das argumentações de Paulo nesta carta devemos observar a complexidade religiosa da cidade, que se orientava na prática do sincretismo indiscriminado. A religião original dos frígios era a adoração da deusa Cibele, "deusa-mãe da terra", das estações e da fertilidade. O culto a Cibele tinha como característica a extravagância dos seus devotos, incluindo celebrações extáticas, mutilações físicas e o misticismo ascético que absorvia qualquer inovação religiosa introduzida pelos estrangeiros, como a adoração a Ísis e Osíris, deuses egípcios, a Dionísio, Apolo e a Eleusiniano, deuses gregos, a Mitra, deus indo-iraniano, a Astarte, deusa fenícia, bem como a deusa de Roma, venerada no culto ao imperador. Em meio a este sincretismo desenfreado, o judaísmo perdera a sua identidade, sendo comum encontrar um judeu atuando como presidente honorário de uma sinagoga ao mesmo tempo em que exercia o sacerdócio no templo do imperador.

Em meio a este emaranhado religioso a igreja de Colossos foi organizada. Isto se deu durante os três anos em que Paulo atuou em Éfeso, na sua terceira viagem missionária, Atos 19.10, sob a liderança de Epafras, o fundador da igreja, Colossenses 1.7, e de Arquipo, que ali exerceu um ministério frutífero, Colossenses 4.17. Dentre os membros desta igreja devemos destacar Filemom e Onésimo, que foram ativos e que muito contribuíram para o seu soerguimento, Colossenses 4.9.

Lamentavelmente, a igreja de Colossos, que era predominantemente gentia, acabou sofrendo forte influência do sincretismo ali praticado, deixando-se enredar por uma heresia, a "Heresia Colossense" que tentava fundir conceitos do judaísmo, da filosofia grega e de seitas orientais, que propalava um tipo de culto do "pensamento superior", uma espécie de filosofia cristã, Colossenses 2.8, e que insistia na observância rigorosa de certas exigências judaicas, quase a ponto do ascetismo ,Colossenses 2.16 e 21. essa heresia era propalada na igreja com um tom de superioridade e como sendo parte relevante do evangelho de Cristo.

O propósito de Paulo ao escrever esta carta, o que ocorreu durante a sua prisão em Roma, entre os anos de 59/61 d.C., foi o de refutar este ensino falso que questionava a humanidade e a centralidade de Cristo e que se concentrava em tradições filosóficas, exigindo a obediência incondicional a prescrições e a proibições alimentares e introduzindo na igreja o ritualismo judaico, o culto aos anjos e o ascetismo.

O principal desvio da heresia de Colossos era em relação a cristologia que, fomentada pela idéia básica de que Deus está muito afastado do universo físico, deu origem às idéias do Docetismo e do Cerintianismo. Docetismo é um tipo de gnosticismo que afirma que Jesus apenas parecia ser humano, mas sendo na realidade somente um espírito ou um fantasma. O Cerintianismo é também uma doutrina do gnosticismo, derivada de Cerinto, que pregava que o Cristo de Deus veio ao mundo como um espírito que repousou sobre o Jesus humano no batismo, mas que se retirou dele pouco antes da sua morte.

Em resposta a esta heresia, o principal ensino de Paulo na carta gira em torna da supremacia de Cristo em todas as coisas. Paulo insiste no fato de que não há nenhum abismo entre o Deus transcendente e a sua criação material e apresenta a Cristo como sendo ao mesmo tempo o criador e o reconciliador do mundo. Cristo, no pensamento de Paulo, é a expressão exata de Deus que une céu e terra, dispensando qualquer hierarquia angelical para esta reconciliação, visto ser Jesus total e perfeitamente divino e humano em sua natureza. A perfeita fusão de naturezas em Jesus faz dele o Senhor absoluto de todo o principado e potestade, estando os anjos sujeitos a ele.

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Paulo também aborda a questão da verdadeira espiritualidade e sobre o caráter do seu ministério apostólico em prol da igreja, que tem o objetivo de tornar conhecido o mistério de Deus referente a Cristo, mas nosso estudo se concentra no capítulo primeiro, tentando estabelecer com precisão as implicações da encarnação de Cristo para a igreja.

Como faz Paulo nos versos 9 a 12 do primeiro capítulo, devemos orar, para que a igreja chegue ao entendimento pleno da vontade de Deus, percebendo assim as verdades, os valores e as prioridades espirituais da igreja, para que sejam capazes de aplicar os princípios espirituais da fé e da vida cristã em todas as situações práticas do cotidiano.

Temos o desafio de ser e de fazer igreja em tempos de relativização ética e de verdades múltiplas, como o é a pós-modernidade, o que torna relevante o ensino de Paulo sobre a supremacia de Cristo para nós. Como crentes somos desafiados a andarmos de maneira digna diante do Senhor da igreja e do mundo, não para que sejamos merecedores de algo, mas para correspondermos aos padrões e desafios de Jesus que o Senhor da igreja a qual nos filiamos voluntariamente. Vejamos, em seguida, no texto de Colossenses 1.9-24, as implicações da encarnação de Cristo para a igreja, ou seja, para as nossas vidas, visto que somos a igreja.

A primeira implicação que vemos no texto é...

1. A declaração da gloriosa obra de Jesus - vs. 13 e 14:

Nestes versos Paulo explica a maneira pela qual Deus nos torna qualificados e aptos para vivência cristã, transportando-nos, pela redenção, do estado de corruptos no qual nascemos, para um estado de graça denominado de "o reino do seu Filho amado".

Quando o verso 13 afirma que Jesus nos "tirou", o verbo no original é errúsato, derivado de rúomai, que seria mais bem traduzido pelo verbo resgatar. Neste contexto, resgatar significa dizer que pela sua encarnação Jesus nos atraiu para si mesmo, numa tarefa gloriosa, porém árdua, nos livrando da condição de desgraça, de escuridão e de miséria irremediáveis nas quais, devido a nossa separação de Deus, vivíamos, promovendo em nós uma espécie de emancipação do estado decaído.

Cristo nos libertou "do império das trevas", o que significa dizer que ele nos salvou e nos resgatou como que de uma servidão cruel. A palavra império, eksousías em grego, quer dizer, literalmente, autoridade ou poder, colocando em foco, neste verso, o poder das trevas e fazendo alusão a Satanás, o príncipe das trevas, em quem não habita nenhuma luz devido a sua natureza pervertida e maligna.

Este resgate promoveu o nosso transporte para o reino de Deus em Cristo. Na verdade a idéia no original vai além de um puro e simples transporte. No grego clássico a palavra metéstêsen, utilizada por Paulo, se referia ao transporte maciço de tropas de um lugar para o outro, o que nos permite pensar no caráter maciço da remissão que Cristo nos outorga, Efésios 4.8. Também vale destacar que esta mesma idéia foi utilizada pelos autores do Antigo Testamento para se referir ao povo de Israel na ocasião do êxodo do Egito e na volta do exílio na Babilônia.

Numa tradução literal deste verso 13, leríamos que Deus nos transferiu para o reino de Cristo, dando a idéia de que não é uma simples mudança de posição ou de espaço físico, mas sim uma transferência que envolve a transposição da autoridade constituída sobre nós, além da posição e do espaço físico.

Pela redenção saímos da esfera da escuridão do pecado e do jugo da autoridade de Satanás e somos transferidos para o reino vitorioso, no qual estaremos sob a autoridade plena e perfeita de Cristo. A autoridade de Cristo se estabelece pelo amor manifestado na cruz e não pelo jugo da escravidão tenebrosa.

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É interessante notar que este mesmo termo pode também significar um transplante realizado, o que amplia a idéia e nos permite entender que fomos resgatados da miserável masmorra do pecado e transplantados para Cristo. Somos colocados dentro da vida em Cristo para recebermos dele o fluxo de vida e para interagirmos com ele, pelo Espírito Santo, cumprindo assim o nosso papel na implantação do seu reino.

Esta é a gloriosa obra de Jesus. Uma obra redentora, verso 14. Cristo não realizou uma tarefa filosófica, psicológica, esotérica ou política como pensaram alguns dos discípulos ou como tentavam ensinar os gnósticos de Colossos. Alguns cristãos ainda hoje insistem em classificar desta mesma maneira a obra redentora de cristo, analisando-a apenas pelo aspecto social, o que é um grave erro. Jesus veio ao mundo para a redenção dos pecadores.

Redenção, apolútrôsin, que literalmente significa comprar de volta, é remissão de pecados. É a libertação do peso da culpa do pecado. Remir é comprar para tornar livre. É cobrir o custo das mazelas espirituais, nos isentando da dívida oriunda do pecado em nossas vidas. Este preço foi pago com o sangue de Jesus, mas os gnósticos negavam a validade da expiação pelo sangue por não acreditarem na natureza humana perfeita de Cristo, como descrita em João 1.14 e 1 João 5.6. Pensavam em uma redenção promovida pelo "cristo espírito" que se apossara de Jesus em seu batismo.

Paulo rebate a idéia absurda do gnosticismo declarando que o sujeito da ação redentora é Jesus, o Cristo perfeitamente homem e perfeitamente Deus, que atua como o agente da redenção e como o meio pelo qual somos alforriados, ou seja, libertos da escravidão dos poderes malignos. Neste caso, vale ressaltar que o perdão de pecados é uma decorrência da redenção e jamais um ato isolado de Cristo, como ensinavam os falsos mestres do gnosticismo.

Assim como na antiga lei de Israel a vida de um condenado a morte podia ser resgatada, Êxodo 21.30, nós, que estávamos condenados à morte pelo pecado, fomos comprados pelo derramamento do sangue de Jesus, Efésios 1.7 e 1 Pedro 1.18-19, no ato de redenção. A redenção nos permite migrar de um império tenebroso para o reino fulgurante da glória de Deus. Esta migração é um movimento espiritual que nos conduz em direção a Deus a partir da comunhão íntima com Cristo e com os irmãos na igreja.

Quando o anjo fez o anúncio do nascimento de Jesus a José, em Mateus 1.21, lemos o seguinte: "ele, Jesus, salvará o seu povo dos seus pecados". O anúncio feito pelo anjo afirma que a obra por excelência de Jesus Cristo é a redenção dos pecadores.

A redenção consiste da libertação da servidão ao pecado, mas também envolve o transporte dos salvos para o reino celeste, sendo eterna, Hebreus 8.12. Redenção é salvação e envolve a transformação moral e espiritual que se deve experimentar, não sendo meras especulações intelectuais ou místicas.

Na redenção, somos comprados de volta para Deus e temos restaurado em nós o propósito original da criação, podendo outra vez desfrutar da comunhão íntima com o Pai e como o seu Filho Amado, Jesus Cristo, que nos enche e nos reveste do poder e da unção do Espírito Santo, que é o que nos permite viver em santidade e em comunhão com os irmãos na igreja, apesar de todas as diferenças raciais, culturais e ideológicas.

A unidade espiritual refletida na vivência social da igreja que se esmera em agenciar o reino de Deus é o que distingue o cristianismo evangélico das religiões que praticam a xenofobia , como o hinduísmo e o islamismo, dentre outras.

A gloriosa obra de Cristo revelada em sua encarnação é a nossa redenção pelo seu sangue, ou seja, a nossa salvação, que é o que nos garante o perdão do pecado e o traslado para o reino de Deus, nos permitindo o livre acesso ao Pai da glória.

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A segunda implicação da encarnação de Cristo para a igreja que vemos no texto é...

2. A declaração da magnificência da pessoa de Cristo - vs. 15 e 16:

A doutrina do gnosticismo que solapava a igreja de Colossos ensinava que a matéria era essencialmente má, não podendo, portanto, ter sido criada por um Deus que é essencialmente santo. Alegavam existir um abismo intransponível entre Deus e o mundo, sendo necessário uma ponte entre o homem e Deus para que pudéssemos alcançar a salvação.

Essa ponte, segundo o gnosticismo, foi construída num processo de surgimentos sucessivos de seres menos santos, a partir de Deus que é essencialmente santo, até chegar em Jesus, que era tão esvaziado de santidade e de divindade que podia entrar em contato com a humanidade decaída e corrompida. Jesus era apenas o último numa série de anjos intermediários, devendo a humanidade adorar a estes anjos por causa da participação de cada um deles no processo de salvação da própria humanidade.

Tal doutrina, além de absurda, é um verdadeiro atentado a divindade de Jesus Cristo, que é a imagem de Deus. A imagem visível do Deus invisível. Ou seja, Cristo é a representação visível do Deus invisível para homem mortal que tem a visão espiritual limitada e distorcida por causa do pecado. Jesus é prova da visibilidade da glória do Deus invisível por parte da igreja.

O termo grego utilizado por Paulo é eikòn e não omoíôma. Omoíôma se refere a uma mera semelhança e eikòn se refere à imagem no sentido de semelhança objetiva, servindo para lembrar a forma e a natureza daquilo com que é parecido, tornando-se uma espécie de ícone inconfundível daquilo que representa.

O homem é chamado de a imagem de Deus nas Escrituras, Gênesis 1.26-27 e 1 Coríntios 11.7, mas o pecado impede que representemos a natureza santa e justa de Deus em sua perfeição. Jesus Cristo, conforme Paulo neste verso 15, é a imagem perfeita de Deus por desfrutar da mesma natureza e por não sofrer as afetações do pecado, João 1.1 e Hebreus 1.3.

Deus é espírito e é invisível, João 1.18; 4.24; 1 Timóteo 1.17 e 6.16, sendo conhecido apenas mediante a sua auto-revelação em Jesus, que é o desvendamento supremo da natureza de Deus. Jesus é a encarnação do caráter de Deus na sua maior expressão de realidade.

Na pessoa de Jesus temos a objetivação concreta de Deus na vida humana, visto ser ele a projeção da divindade perfeita na tela da humanidade e a encarnação do divino no mundo decaído dos homens.

A idéia de Jesus como a imagem de Deus reflete a tipologia Adão-Cristo, Romanos 5.12-21 e Hebreus 2.5-18, na qual Cristo é considerado o primeiro homem verdadeiramente capaz de cumprir o desígnio de Deus para a criação, indicando que, depois da redenção, ser a imagem de Cristo deve ser o ideal de vida de todos os cristãos, 1 Coríntios 15.45-49; 2 Coríntios 3.18 e Colossenses 3.10-11.

Se Jesus é a própria imagem do Deus invisível, desfrutando integralmente do caráter e da divindade do Pai, cai por terra a presunção do gnosticismo. Jesus não pertence a uma categoria inferior de anjos limitado ao tempo e ao espaço da criação. Jesus não é uma mera criatura de Deus, mas sim o primogênito da criação.

O termo traduzido por primogênito é prôtótokos, que normalmente se refere ao direito de primogenitura na herança. Esta idéia poderia causar certa dificuldade de compreensão e até pode dar margem a interpretações errôneas, como a dos gnósticos combatidos por Paulo em Colossenses. Na verdade, a intenção de Paulo é a de descrever a pessoa de Jesus não como um ser criado primeiro, ou como o primeiro de uma raça, mas sim a de destacar a primazia messiânica de Jesus Cristo. Cristo é o chefe soberanamente excelente, Salmo 89.27.

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O termo primogênito, neste contexto, denota a singularidade e a soberania de Jesus, não a sua anterioridade temporal. Dizer que Jesus é o primogênito da criação é o mesmo que afirmar que ele é, ao mesmo tempo, o agente e o herdeiro absoluto de toda a criação. Jesus é o herdeiro absoluto de todas as coisas justamente por não ter sido criado. Ele é, antes de tudo, o alvo, ou seja, a instrumentalidade, da criação, como indica João 1.3, onde lemos: "sem ele nada do que foi feito se fez".

Há, na afirmação dos versos 15 e 16, um estreito paralelo com Provérbios 8.22-36. Estes versos afirmam que Jesus é o criador de tudo e Provérbios 8 apresenta, profeticamente, Cristo como sendo o alvo, bem como a origem da criação, verso 30, que existe para cumprir e servir ao propósito redentor e para promover a sua glória. Os tronos e as autoridades rivais ao seu senhorio, apesar tão valorizadas pelos gnósticos, vêm depois de toda a criação de Cristo. Ele, não os anjos, é Senhor da criação e do mundo material, devendo ser adorado e entronizado em nossas vidas.

Este é o Jesus pregado aos colossenses e o Cristo real em quem devemos crer, visto que não existe o que possa substituí-lo. Não existem equivalentes ou rivais para Jesus. É insanidade espiritual pensar que poderes angelicais ou elucubrações filosóficas possam outorgar salvação, pois os tronos, thrónoi, a soberania de seres metafísicos ou supraterrestres, as dominações, kuriótêtes, uma classe especial de seres angelicais portadores de poder governamental e de domínios, os principados, arxaì, os mais elevados seres espirituais, bons os malignos, que teriam autoridade sobre vasta área celestial e as potestades, eksousíai, que são os poderes cósmicos existentes acima e além da esfera humana, mas não separados dela, e que exercem domínios sobre alguma jurisdição física ou espiritual, foram feitos por ele e para ele.

A ênfase ao afirmar quer todas as coisas foram feitas em Jesus é justamente para ressaltar o fato de que todos os poderes espirituais, bons ou malignos, estão sujeitos a superioridade de Cristo.

Esta expressão final do verso 16 se refere ao fato de que a criação veio à existência através do poder e da ação de Cristo. Não se pode imaginar qualquer inferioridade de Jesus em relação a criação, visto que tudo, todas as coisas, fazem parte da criação realizada por Cristo.

Quando o Texto Sagrado assevera que Jesus é criador de todas as coisas, está afirmando a sua magnificência e o fato de que ele é perfeitamente Deus, sendo auto-existente com o Pai, o criador por excelência e o Senhor absoluto sobre todas as coisas.

A magnificência de Cristo se estabelece e se sustém pelo fato de que a mesma criação que o conhece como criador anseia pela sua vinda como redentor, a fim de que seja liberta da maldição do pecado, Romanos 8.19.

O universo não só foi criado por Jesus Cristo, em toda a sua magnificência, como também é sustentado, subsiste, por ele, João 1.3 e 8.58.

Uma terceira implicação da encarnação de Cristo para a igreja é a...

3. Declaração da eternidade de Jesus - vs. 17:

Antes de pensarmos efetivamente sobre a eternidade de Jesus é necessário abordar sobre a eternidade propriamente dita, a fim de entendamos com clareza o que o apóstolo Paulo quer afirmar neste verso.

Eternidade é a infinutude do ser em relação ao tempo. Quando o Texto Sagrado assevera a eternidade de Deus, está dizendo que a natureza de Deus não está sujeita temporalidade. Deus não está no tempo. Apesar de haver uma sucessão lógica no pensamento de Deus, não há uma sucessão cronológica, visto que o tempo não está em Deus.

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O que se pretende dizer com isto é que não é no tempo que Deus precede o tempo. Deus é anterior ao tempo, precedendo todo o passado e todo o futuro com a sublimidade de sua eternidade sempre presente, Salmo 102.27.

O tempo é a duração da existência medida por sucessões cronológicas, a eternidade não. Durante muito tempo se pensou na eternidade de forma infinitamente linear, anterior e posterior a humanidade, mas a perspectiva mais próxima do relato bíblico nos faz pensar na eternidade como um círculo infinitamente grande, tendo em toda a circunferência amontoada da criação, sendo que Deus habita no centro desta circunferência, contemplando e governando todas as coisas.Quando nos movemos neste círculo eterno chamamos de passado ao que já se sucedeu e de futuro tudo aquilo que visualizamos a frente. Mas para Deus que habita no centro, mantendo igual distância diametral em relação a cada ponto da circunferência, tanto o que chamamos de passado como o que denominamos de futuro são semelhantes.

É certo que ainda estamos muito longe de uma compreensão inequívoca sobre a eternidade, sendo por isso temerário afirmar categoricamente que o tempo que agora existe não tem nenhuma realidade objetiva em Deus. Mas podemos afirmar, com base no Texto Sagrado, que para Deus passado, presente e futuro são um eterno agora, não no sentido de que não haja nenhuma distinção entre eles, mas no sentido que de Deus vê o passado e o futuro por uma perspectiva tão vívida como o é o presente para nós, devido a sua eternidade.

Deus é eterno em seu próprio ser, não tendo princípio nem fim, Salmo 90.2, sendo incalculável o tempo de sua existência, Jó 36.26; Isaías 43.13. O nome de Deus revelado por ele mesmo em Êxodo 3.14 indica a sua contínua existência presente mesmo antes da criação do universo, visto que antes da criação não havia tempo no sentido de sucessão de momentos e de acontecimentos desencadeados.

Ao combinarmos as passagens que indicam a eternidade de Deus nos deparamos com o fato de que Deus sempre existiu antes que houvesse tempo, não havendo a possibilidade de que haja em Deus qualquer sucessão de momentos ou de qualquer progressão existencial, como que em estágios temporais. A existência de Deus sempre é e sempre é presente, embora tenhamos que reconhecer a dificuldade e a limitação da mente humana em compreender esta maravilhosa existência.

Quando pensamos na eternidade de Deus devemos ter em mente o fato de que os anos para Deus existem juntos, ao mesmo tempo, visto que não passam e jamais virão. Para o Deus eterno o tempo sempre é, 2 Pedro 3.8. O dia, na perspectiva de Deus, não é cada dia, mas hoje sempre. O hoje de Deus é a eternidade e neste tempo eterno o Pai gerou o coeterno, seu filho Jesus Cristo, como lemos no Salmo 2.7, em Atos 13.33 e em Hebreus 1.5.

Tendo sido criado coeterno juntamente com o Pai, Jesus em sua encarnação é denominado de "Filho de Deus", Lucas 1.35, a fim de estabelecer uma das mais objetivas verdades da cristologia, quando esta assevera que Jesus é a encarnação do Filho preexistente, como lemos em Colossenses 1.17. Tal afirmação indica, ao mesmo tempo, a anterioridade e a supremacia de Cristo sobre todas as coisas.

Ao afirmar a eternidade de Jesus a partir do conceito da preexistência, Paulo estabelece uma nova dimensão da pessoa de Jesus e de sua relação com o Deus criador e a criação. No Jesus eterno nos deparamos não com um princípio divino num mundo estranho a Deus e puramente secular, mas com o Criador que é também, ao mesmo tempo, o Salvador.

Para Paulo, o Deus que em Jesus proporciona uma nova possibilidade de vida à humanidade, pela salvação, é o mesmo que antes era conhecido apenas como Criador e Senhor do mundo. Na verdade, Colossenses 1.17 é uma veemente reafirmação da precedência temporal e da significação universal de Cristo, tornando explícito o

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que estava implícito no verso 16 e asseverando que Cristo sempre existiu, mesmo antes de todas as coisas. Cristo não foi criado e jamais houve um tempo em que ele não existira. Assim como o Pai, Jesus sempre é.

Devemos ter em mente que Paulo deseja mostrar para os colossenses que Cristo é o verdadeiro objeto de adoração, sendo também o objeto de toda a existência, inclusive a angelical, o que justifica a ênfase na primazia de Jesus quanto ao tempo e à importância. Afirmar que Jesus em si mesmo é antes de todas as coisas implica estabelecer a absoluta preexistência e preeminência do Cristo de Deus, como ele mesmo proclamava em seu ministério terreno, João 8.58, não havendo limitação de tempo e de espaço que possa deter a pessoa de Jesus, Mateus 28.20b; Apocalipse 1.8.

O Cristo preexistente e eterno pregado aos colossenses lança por terra toda a pretensão de se substituir a adoração que lhe é devida pela adoração aos seres angelicais inferiores dos filósofos do gnosticismo. Somente Jesus Cristo une em si mesmo Deus e homem, natureza e supernatureza, eternidade e tempo, céu e terra, passado e futuro, todos os mundos e o nosso mundo, soberania a que tudo transcende e salvação plenamente suficiente, tendo em todas as coisas a primazia e podendo aspirar a absoluta soberania sobre todo o universo.

Este verso 17 também afirma que em Jesus subsistem todas as coisas. O termo utilizado no original para esta afirmação é sunéstêken, que também pode ser traduzida como continuar, permanecer, existir e ser composto. Tal afirmação significa dizer que todas as coisas coexistem em Jesus e com Jesus, indicando que Cristo mantém existindo eternamente o que ele mesmo trouxe a existência, o mundo criado, dando forma, unidade e significado a este mundo, a partir de um sistema ordeiro que manifesta o seu poder. O universo não está alicerçado sobre forças impessoais, mas no próprio Cristo, que é a encarnação do Logos eterno.

Ao asseverar que todas as coisas subsistem em Cristo, Paulo dá uma conotação de preservação e de coerência na ação de Jesus como o mantenedor eterno do universo. Paulo defende a posição central de Cristo na adoração devida, visto ser ele aquele por meio de quem e para quem todas as coisas foram criadas. Cristo mesmo é o mantenedor e o sustentador de toda a ordem e de toda a harmonia evidentes em toda a natureza e em toda a história da humanidade.

A igreja é um sonho de Jesus que se materializou para que nós pudéssemos dedicar a ele toda a nossa adoração e o devido louvor, configurando-se em desvio doutrinário e em postura antibíblica a veneração e a adoração a qualquer outro ser, seja espiritual ou humano. Assim como o universo, a igreja é uma criação de Cristo e só subsiste, ou seja, se mantém, se sustém e coexiste, nele.

A igreja só tem significado real em sua existência e em sua ação no mundo se coexistir em Jesus Cristo, o Senhor da igreja, visto que Jesus não passou a existir em função da criação ou da igreja, sendo, portanto, impossível demarcar o seu surgimento.

Jesus Cristo é eterno como e com o Pai. A igreja, assim como toda a criação, existe em função dele. Isto não é tudo. Uma quarta implicação, esta é especificamente para a igreja, é a...

4. A declaração da liderança de Cristo sobre a igreja - vs. 18 e 19:

Antes de avaliarmos estes dois versos e a declaração contundente que fazem da liderança de Cristo sobre a igreja, devemos pensar um pouco sobre a igreja, procurando compreender a sua natureza e seus propósitos, a fim de que as possíveis dúvidas que temos sobre esta instituição fascinante sejam dirimidas.

A igreja é um aspecto da doutrina cristã sobre o qual todas as pessoas têm uma opinião, até mesmo os não salvos. Isto se dá pelo fato de a igreja ser uma instituição social que pode ser analisada pelos métodos da sociologia, correndo o risco de ser delimitada apenas por uma perspectiva empírica, o que de certo confunde as pessoas no que diz respeito à igreja real e a igreja ideal.

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A melhor maneira de se estudar e de se entender a igreja é a partir do Texto Bíblico, que se vale do termo igreja, seja no contexto grego ou no veterotestamentário, para definir a instituição, bem como os seus integrantes. No Novo Testamento a palavra traduzida por igreja é o termo grego ekklêsía, que se refere a uma assembléia dos cidadãos de uma localidade. Este termo foi utilizado por ser o equivalente mais próximo do termo hebraico qahal, usado no Antigo Testamento para designar o ato de as pessoas se reunirem para uma assembléia.

A igreja é a comunidade dos salvos em Cristo em todos os tempos da história. Sendo edificada pelo próprio Senhor Jesus, que chamou o seu povo para si mesmo, Mateus 16.18, a igreja só existe quando congrega sob o mesmo estigma os verdadeiramente salvos. Paulo, em Efésios 5.25, utiliza o termo igreja para se referir a todos aqueles pelos quais Cristo morreu, todos os salvos pela sua morte, o que inclui todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos, tanto os do Novo como os do Antigo Testamento, que creram na promessa messiânica.

Vale destacar que no Novo Testamento o termo igreja tem dois significados. O primeiro tem um sentido mais universal e se refere a todos os salvos em todas as épocas e lugares, Mateus 16.18. O segundo se refere a figura do corpo de Cristo, num conceito mais local e definido, como o desenvolvido por Paulo em Efésios 1.22-23, 4.4 e 5.23. Com grande freqüência, o termo igreja também se refere a um grupo de salvos de uma certa localidade geográfica, como vemos em 1 Coríntios 1.2 e em 1 Tessalonicenses 1.1.

O conceito de igreja como povo de Deus destaca a iniciativa de Deus ao separar pessoas para integrarem esta instituição. No Antigo Testamento, Deus criou um povo para si, ao invés de adotar uma nação já existente, escolhendo Abraão para fazer surgir por meio dele o povo de Israel, Êxodo 15.13-16, Números 14.8, Deuteronômio 32.9-10 Isaías 62.4, Jeremias 12.7-10 e Oséias 1.9-10 e 2.23. No Novo Testamento, o conceito de povo de Deus é alargado e passa a incluir a todos os que crêem em Jesus como salvador, tanto judeus como gentios, na igreja, Romanos 9.25-27, Romanos 10.9-13, Efésios 2.11-22, Colossenses 3.11 e 2 Tessalonicenses 2.13-16.

A igreja é, em sua natureza, divina e humana ao mesmo tempo, visto que congrega pessoas humanas, mas se mantém somente pela ação divina e pela manifestação do Espírito Santo de Deus que nela habita, partilhando com ela a sua vida e outorgando o poder necessário para a consecução de seu ministério.

A igreja é invisível e visível, concomitantemente. Isto se dá por não podermos visualizar com clareza a condição espiritual do coração do homem, nos sendo possível apenas uma parca imagem do estereotipo cristão. A igreja invisível é a igreja como somente Deus a vê, a visível, é a igreja que praticamos no nosso cotidiano.

Outra coisa que se deve definir com clareza é o fato de que a igreja não é o reino de Deus em si, como erroneamente pensam alguns cristãos. O reino é o governo dinâmico e o domínio real de Deus, não sendo, na linguagem bíblica identificado pelos seus súditos, mas sim pelas suas manifestações, visto que os súditos são aqueles que, pela salvação, adentram o reino, nele vivem e são governados por ele, na constituição da igreja. A igreja, portanto, é a comunidade do reino, mas nunca o reino em si. O reino é o domínio de Deus sobre todas as coisas naturais e sobre naturais. A igreja é uma sociedade humana que deve se esmerar na proclamação das maravilhas divinas que manifestam o reino e que desafiam a.natureza e a racionalidade humana, Mateus 10.8, 16.19 e 24.14; Lucas 10.17; Atos 8.12, 19.8, 20.25, 28.23 e 31.

Para a consecução dos ideais do reino de Deus na Terra a igreja tem propósitos definidos pelo próprio Deus, que podem ser compreendidos como sendo o seu ministério em relação a Deus, aos salvos e ao mundo em geral. Com relação a Deus o ministério da igreja é a adoração, visto que fomos escolhidos em Cristo para o louvor da glória de Deus, Efésios 1.12, devendo sempre ministrar diante do Senhor com o coração agradecido

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que se expressa através de salmos, hinos e cânticos espirituais, Colossenses 3.16 e Efésios 5.18-21.

Em relação aos salvos a igreja deve promover a edificação, nutrindo os seus membros até que cheguem à maturidade espiritual. Edificar é construir sobre bases sólidas a vida cristã, sempre baseando nossos posicionamentos ideológicos e o nosso comportamento em Cristo, agindo como cristãos maduros, a fim de que a igreja alcance a plenitude de Cristo, Efésios 4.12-13 e Colossenses 1.28. Em relação ao mundo, a igreja tem o compromisso da evangelização, Mateus 28.19, que é o seu ministério principal, devendo atuar com misericórdia, Lucas 6.35-37, mas sempre proclamando o evangelho com autoridade profética e confrontando o pecado, Atos 3.13-21.

Sabedores da natureza da igreja e de seus propósitos vejamos o que Paulo quer dizer nas cinco afirmações que faz em Colossenses 1.18-19 sobre a liderança de Jesus na igreja, tendo em mente que nestes versos a igreja se refere a todos os eleitos pela graça salvadora de Cristo em todas as gerações.

A primeira afirmação de Paulo é que Cristo é o CABEÇA, kefalè, da igreja. O termo no original, como utilizado por Paulo, se refere a alguém de posição superior.

Ao fazer tal declaração Paulo quer dizer que foi em Cristo que se originou o pensamento que fez surgir e que dá forma à igreja, sendo também a partir do próprio Cristo que se deve ter a visão e a audição dos propósitos e da vontade de Deus para a igreja. Jesus é o primeiro em posição na igreja. É o chefe por excelência, sendo também, como cabeça, o ponto de maior sensibilidade aos ataques fatais do inimigo. O diabo tenta atacar e afrontar a Cristo, não ao membro da igreja em particular.

Na figura de Cristo como o Cabeça da igreja fica estabelecida a união vital e mística entre Cristo e o seu corpo, a igreja, a autoridade absoluta e o governo efetivo de Jesus sobre a congregação dos salvos e a ação nutricional exercida pelo próprio Senhor Jesus para a manutenção da vitalidade da igreja. Além disto, nesta figura, fica também estabelecida a harmonia amorosa entre partes, a mutualidade no senso de pertença que deve orientar o destino da igreja, a prova contundente de que os poderes angelicais não se constituem no corpo de Cristo, mas sim os salvos, e a garantia de que participamos da mesma natureza de Cristo, que pela salvação nos outorga o compartilhamento de sua própria essência espiritual, 1 Coríntios 1.4, Colossenses 1.10, Romanos 8.29 e 2 Coríntios 3.18.

A segunda afirmação é a de que Cristo é o PRINCÍPIO, arché, da igreja. Este termo é utilizado aqui para se referi a primeira causa, assim como em Apocalipse 3.14b.

Tal declaração é o mesmo que dizer que Jesus é o autor e o executor da idéia que instituiu a igreja. Ele é a própria origem da igreja, para que através dela pudéssemos desfrutar da comunhão com ele, vivendo em comunhão uns para com os outros. Foi Jesus quem pensou, agiu e executou, e ainda executa, a igreja. Ele é o autor e o consumador da fé daqueles que se agregam à igreja, Hebreus 12.2, sendo ele mesmo quem desencadeia a atuação prática da igreja no mundo, Mateus 28.19-20.

Na verdade, esta idéia é tomada por empréstimo da filosofia grega, muito comum nos escritos de Platão, em que arché se refere à causa primária das coisas, ou seja, o poder criador que dá início a outras coisas, e aponta para Cristo como sendo a raiz ou a causa fundamental da igreja. Em Cristo, somos salvos para sermos, fluindo dele mesmo a vida espiritual que desfrutamos e compartilhamos na assembléia dos salvos.

A terceira declaração de Paulo apresenta a Cristo como o PRIMOGÊNITO, prôtótokos, dos mortos na igreja. Como estudamos no verso 15, Paulo, com esta afirmação, deseja destacar a primazia messiânica de Jesus Cristo, sendo que agora ele introduz uma idéia nova ao asseverar que Jesus Cristo foi o primeiro a romper os laços da morte, por ser o primeiro no tempo da ressurreição, como o é na criação, podendo assim nos garantir a libertação da morte eterna, quer é herança do pecado, e nos concedendo vida eterna como herança

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gloriosa, Romanos 6.5-9.

O fato de Cristo ser o primogênito dentre os mortos na igreja, por ter sido o primeiro a romper os laços da morte pela sua triunfante ressurreição, para nunca mais morrer outra vez, subentende que mais e mais nascimentos espirituais acontecerão sempre que as pessoas o aceitarem como Senhor e salvador, devendo, por isso, a sua ressurreição consistir na mensagem de redenção a ser proclamada pela igreja.

Cristo é superior aos anjos e somente a sua ressurreição inaugura uma vida nova para aquele que nele crê. Se Cristo não fosse o primogênito dos mortos seríamos como os seguidores de outras religiões, sem esperança futura e com incertezas desesperadoras em relação ao pós-morte.

A quarta afirmação de Paulo diz que Cristo tem a PREEMINÊNCIA, prôteúôn, na igreja. Este termo literalmente significa ser primeiro ou ter o primeiro lugar, sendo esta a única ocorrência deste termo em todo o Novo Testamento.

Paulo está dizendo que cristo é o primeiro e o mais importante elemento em todo o contexto da igreja, bem como em toda a existência da mesma, devendo, por isso, receber absoluta e única lealdade e amor daqueles que o adoram e se agregam à igreja.

Devemos buscar a Cristo em primeiro lugar na igreja e em nossas vidas. A coisa mais importante na vida do cristão deve ser o seu salvador, Jesus Cristo, assim como a segunda coisa mais importante na vida do salvo deve ser a resignação à vontade soberana de Deus em Cristo, Mateus 6.33. Isto por que Cristo adquiriu esta posição de preeminência em sua ressurreição, tendo sido aprovado por Deus que o ressuscitou dos mortos, Romanos 1.14

A preeminência de Cristo no propósito da criação, verso 16, se tornou frustrado pela entrada do pecado e da morte no mundo que não o conheceu em sua divindade plena, João 1.10. Na morte e ressurreição de Jesus, Deus o fez preeminente não apenas sobre toda a criação, mas também sobre a igreja, que é o protótipo da nova criação de Deus para aqueles que crêem em Jesus e que esperam o novo céu e a nova terra, sem a ingerência do pecado e do mal, 2 Coríntios 5.17, Apocalipse 21.1-8

A quinta e última declaração de Paulo é a de que Cristo tem a PLENITUDE, plerôma, de Deus para igreja, verso 19.

Plenitude é aquilo que enche, que preenche na totalidade. Em Colossenses 2.9 temos uma melhor idéia sobre a utilização deste termo na carta, visto que neste verso Paulo se refere diretamente a plena divindade de Jesus Cristo.

Paulo, no combate aos gnósticos, que ensinavam que de certa forma a plenitude de Deus estava presente em Jesus pelas emanações e energias divinas que enchiam o vazio existente entre o espírito puro e o mundo material, assevera que Jesus Cristo pessoalmente plenitude de Deus em sua totalidade e perfeição, por residir nele, no corpo de Jesus, a deidade e a divindade perfeita que torna possível a sua vitória contra todos os principados e potestades, Colossenses 2.15, a fim de que nele sejamos justificados, salvos, regenerados, santificados, renovados pelo Espírito Santo, bem como feitos herdeiros de Deus, todo aquele que nele crê, João 3.16 e Tito 3.4-7.

Paulo está afirmando que Deus considerou apropriado e agradável que a sua plenitude residisse, katoikêsai, em Cristo. Esta idéia da plenitude de Deus residir ou habitar em Cristo significa dizer que Deus tomou residência permanente em Jesus, firmando-se nele com a intenção de permanecer eternamente, assim como Cristo faz em relação aos remidos por meio do seu Espírito, Efésios 3.17.

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Estas declarações de Paulo têm como objetivo jogar por terra a presunção dos gnósticos em estabelecer como mediadores da salvação os seres angelicais. Cristo é o único mediador suficiente entre o homem e Deus, sendo ele o Cabeça do corpo da igreja e tendo todo o poder e graça de que a igreja necessita. Somente em Cristo habitando a plenitude de Deus que confere mérito ao seu sacrifício vicário e que faz com que este sacrifício satisfaça a justiça do próprio Deus para que toda a humanidade fosse redimida por meio de sua morte. Esta idéia desenvolvida por Paulo mostra que a mais alta honra outorgada a Jesus era um plano de Deus para o seu próprio deleite. Este desejo do Pai é evidente na velha dispensação, antes da fundação do mundo, Salmo 2.7-8, João 17.5 e Efésios 1.9, e se manifestou durante a vida terrena de Jesus, Mateus 3.17, 17.5 e João 12.28, se consumando na sua morte e ressurreição, Filipenses 2.5-11.

Os poderes e os atributos de Deus não eram e nem são destinados aos anjos. A supremacia e a soberania divina, bem como toda a plenitude de Deus, a essência de sua deidade e a sua glória reside,m no Filho Amado, Jesus Cristo, e somente nele, não nele e nos anjos.

A importância de se compreender a liderança de Cristo sobre a igreja se dá pelo fato de que a igreja é o corpo de Cristo, sendo ele o Cabeça, o Senhor soberano e absoluto, da igreja e na igreja, bem como sendo também, por esta razão, o Senhor soberano dos procedimentos eclesiológicos e eclesiásticos cridos e praticados pela igreja.

A igreja é a expressão viva de Cristo no mundo. É a mensagem de salvação proclamada pelo próprio Cristo, no raciocínio, na expressão dos sentimentos e nas atitudes dos membros da igreja, para a redenção dos pecadores.

A igreja não uma sociedade humana. Mesmo que utilizemos esta figura sociológica para gerar a personalidade jurídica que é a igreja local e temporal, somos o corpo vivo de Cristo no mundo e temos como desafio a sublime missão de manifestarmos a multiforme sabedoria de Deus aos principados e potestades, Efésios 3.10, de servirmos como coluna e esteio da verdade divina, 1 Timóteo 3.15., e de, pela pregação e pelo testemunho, promover a salvação dos pecadores, Marcos 16.15-16.

A última implicação da encarnação de Jesus para a igreja que estudaremos é a reconciliação do homem com Deus, que é o que nos permite ser e fazer igreja.

5. A reconciliação do homem para com Deus - vs. 20-23:

A doutrina da reconciliação entre o homem e Deus está intimamente ligada à doutrina da justificação. Justificação é a absolvição do pecado a partir de uma declaração de Deus em nos justificar, nos absolver, de todo o pecado. A reconciliação é a restauração dos laços espirituais e do relacionamento do homem justificado com o Deus criador e justificador.

A reconciliação, katallagês, 2 Coríntios 5.19, se faz necessária quando algo ocorrido promove o rompimento dos laços entre as partes, tornando-as hostis uma à outra. Quando o pecado entrou no mundo separou o homem de Deus e quebrou o relacionamento de amor e obediência que havia, se tornando uma barreira intransponível para o homem, sem a iniciativa de Deus em nos reconciliar com ele mesmo em Cristo.

A doutrina da reconciliação interpreta a relação do homem com Deus a partir da aliança veterotestamentária, como sendo o amor eletivo de Deus para conosco, que se manifesta para o inimigo de Deus tenha paz como ele depois de reconciliado, Romanos 9.11-13; Colossenses 3.12

Devemos observar que o termo bíblico paralelo para a reconciliação é paz, eirenên, visto que Deus se manifesta como o sujeito da reconciliação entre o homem e ele mesmo para que vivamos em paz com ele, Romanos 5.1; Efésios 2.14, e uns com os outros no contexto da igreja que deve atuar no mundo como o corpo

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vivo de Cristo.

Na reconciliação promovida entre o homem e Deus em Cristo, Deus derrama do seu amor em nossos corações, Romanos 5.5, indicando de maneira clara a sua intenção de promover a paz no mundo inteiro. Esta amplitude cósmica da reconciliação indica que, na encarnação e morte de Jesus, Deus se voltou para a humanidade, sua inimiga devido ao pecado, com uma demonstração universal de amor antes mesmo que tivéssemos consciência do seu amor e da necessidade de nos reconciliarmos com ele.

A reconciliação do homem para com Deus não é uma simples mudança básica de atitude do homem diante de Deus. Assim como a justificação, a reconciliação é um primeiro evento objetivo, desempenhado pelo próprio Deus para a nossa salvação, tendo sido promovida para o homem, e não no homem, na morte de Cristo. Quando cremos na morte e na ressurreição de Cristo, Deus nos transforma e toda a nossa atitude de inimizade contra o Senhor é transformada em amor. A reconciliação é uma dádiva que recebemos de Deus, não sendo direta ou indiretamente devida a nenhum ato meritório do próprio homem, Romanos 5.8-11.

No sentido em que este tema é abordado no Novo Testamento, podemos afirmar que a reconciliação do homem para com Deus não é algo que esteja sendo operada, mas sim algo que já está feito por Deus, necessitando o homem apenas crer na suficiência da morte e da ressurreição de Cristo para que ela se torne eficaz em sua vida.

O caráter da reconciliação do homem para com Deus é fortemente confirmado pelo apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5.19, onde ele descreve mais especificamente o seu conteúdo, asseverando que a reconciliação tem, basicamente, a ver não com as atitudes do homem para com Deus, mas com a atitude de Deus para com os homens e com os seus pecados. Somos eticamente corrompidos pelo pecado e se Deus olhar para nós como pecadores simplesmente, seremos enquadrados como inimigos de Deus e merecedores de todo o rigor de sua ira. A reconciliação é um ato amorável de Deus em não nos imputar mais os pecados, nos libertando da culpa e do débito moral que nos foi imposto pelo pecado na morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Tendo em mente estes ensinamentos sobre a nossa reconciliação para com Deus, podemos analisar Colossenses 1.20-23, onde Paulo não só afirma que fomos reconciliados com Deus no Cristo encarnado, mas também fala sobre os objetivos de Deus em promover este milagre em nossas vidas.

O texto afirma que pelo seu sangue derramado na cruz Jesus promoveu a paz, reconciliando com ele mesmo todas as coisas e com Deus Pai, o criador do universo, aqueles que pela fé permanecem fundamentados e firmados na esperança salvadora do evangelho que é pregado ainda hoje.Pelo sangue derramado na cruz, Jesus nos reconciliou com o seu corpo, a igreja, com toda natureza e com o Pai, para vivermos em comunhão e em harmonia perfeita e interativa, atendendo o seu objetivo na redenção, verso 22, que é o de sermos:

a) Santos - agíous: Ser santo é ser cheio de Deus, por seu Espírito, gozando de um dos atributos morais de Deus que é sua santidade, Levítico 19.2. Santidade é qualidade de caráter.

Este título é dado a todos os salvos, Romanos 1.17, e aponta para a exigência de sermos verdadeiramente santos, tal qual o próprio Deus o é, através da santificação, 1 Tessalonicenses 4.3, de forma absoluta e não parcial.

Não existe meio termo no que diz respeito à santidade do cristão. A palavra santo se origina de um radical que denota respeito e separação, envolvendo a integralidade da vida e da religiosidade praticada, o que reforça a idéia de que ser santo é uma ação de renúncia na busca de nos separarmos do mundo para nos dedicarmos incondicionalmente e integralmente em consagração ao Deus que nos santifica em Cristo, Hebreus 10.1-18.

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b) Sem defeitos - amómous: Devemos ser tal qual o Cordeiro Imaculado de Deus entregue para a propiciação dos nossos pecados. Devemos ser iguais a Jesus Cristo. O nosso alvo de perfeição para a vida e para a vivência cristã na igreja e na sociedade é Jesus, Filipenses 3.7-16.

O termo traduzido como sem defeito, literalmente, significa sem mancha e era utilizado para se referir aos animais que seriam sacrificados e que deveriam ser sem defeito algum. Este mesmo termo foi aplicado a Jesus Cristo para se referir a ele como o cordeiro perfeito de Deus para o sacrifício salvífico, 1 Pedro 1.19; Hebreus 9.14.

Este mesmo termo é também utilizado com um sentido moral para significar inculpável, ou seja, aquele que não pode ser criticado por que não tem defeitos morais ou vícios, mas que antes obteve vitória sobre o pecado e suas contaminações.

Assim devemos ser como cristãos em toda a nossa maneira de viver, testemunhando de Jesus e vencendo toda a investida do pecado contra a nossa condição de santos para Deus.

c) Irrepreensíveis - anegklétous: Fomos justificados por Deus, ou seja, fomos declarados isentos de culpa e fomos libertos das mazelas do pecado, para vivermos de maneira irrepreensível. Isto significa dizer que devemos ser pessoas que andam de cabeça erguida sempre, sem coisas vergonhosas que precisem ser ocultadas e sem precisarmos abaixar os olhos quando encarados pelo mundo. Devemos andar com os corações altaneiros, como exorta 2 Timóteo 2.15, vivendo a Palavra de Deus e o compromisso do testemunho pessoal.

O termo traduzido como irrepreensível vem de um radical que diz respeito a uma convocação pública para acusação e censura. A idéia é a de que o salvo de ser irrepreensível, ou seja, deve ser, em sua vida e em seu caráter, livre de qualquer coisa que possa resultar em uma censura justificável. É um alvo elevadíssimo, que ultrapassa a capacidade humana, pelo que dependemos da ação de Deus pelo seu Espírito Santo como agente santificador que nos conduzirá a perfeição exigida por Deus na reconciliação promovida em Cristo.

O pecado colocou o Universo em desarmonia com Deus e na encarnação, morte e ressurreição de Cristo todas as coisas foram reconciliadas com o Pai. A obra da reconciliação deve continuar através do ministério da igreja na proclamação do evangelho e na perspectiva escatológica da igreja, preparando os salvos para a segunda vinda de Jesus, visto que a reconciliação se completará quando todo o mal for tirado da Terra.

Nós também abraçar as verdades espirituais contidas nestes versos, visto que também éramos inimigos de Deus, Romanos 8.7, e praticantes de toda a sorte de iniqüidade. Contudo, Jesus Cristo, em sua encarnação, pela perfeita obediência a Deus em sua morte e ressurreição, pelos méritos de seu sangue, nos reconciliou com deus para que possamos comparecer diante do Pai, diuturnamente e no dia do juízo final, em perfeita santidade e sem uma única acusação justificável contra nós, Romanos 8.33-34 e Judas 24.

Conclusão:

Os cristãos a quem o apóstolo Paulo se dirige nesta na carta aos colossenses lutavam contra uma forma de filosofia judaica de influência grega que considerava os salvos ainda vulneráveis a forças espirituais da maldade. A idéia era a de que estas forças espirituais negativas deveriam ser aplacadas através da veneração, de algum tipo de ascetismo e pela observação de certos rituais prescritos na lei cerimonial do Antigo Testamento, o que é um absurdo.

O propósito do apóstolo Paulo, bem como o deste estudo, é o de auxiliar aos cristãos no entendimento de que necessitamos apenas de Cristo para sermos aceitos por Deus. Somos aceitos por Deus devido a nossa união com Cristo na sua morte e ressurreição, o que só se concretizou devido a sua encarnação.

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A vida cristã e a vivência na igreja não têm nenhum significado real se não compreendemos as implicações da encarnação de Jesus para a igreja e para as nossas vidas. Jesus veio ao mundo para que conheçamos a sua gloriosa obra redentora, a sua magnificência e a sua eternidade, bem como para que reconheçamos a sua soberania em nossas vidas e em nossa igreja, pois somente nele somos reconciliados com Deus, a partir da fé e do perdão de nossos pecados.

O estudo da encarnação de Jesus e de suas implicações para a igreja não tem despertado muito interesse por parte dos estudiosos da Bíblia. Mesmo assim, historicamente, o estudo da encarnação de Jesus tem desempenhado um papel igualmente importante para a igreja quanto o de sua divindade, pois nunca é demais salientar a importância da encarnação de Jesus, visto que sem ela a nossa salvação estaria em jogo.

Ainda hoje enfrentamos o problema básico do grande abismo existente entre Deus e o homem, pelo que, sem a ajuda de Deus e sem a compreensão efetiva da encarnação de Jesus, jamais chegaríamos a Deus com certeza de salvação, permanecendo engodados e maniatados no pecado pelas vãs filosofias, e sutilizas diabólica, Colossenses 2.8-15.

Para que tenhamos restaurada a nossa comunhão com Deus precisamos estar unidos a ele. A nossa reconciliação com Deus só é possível através do Cristo encarnado, em quem a humanidade e a divindade se fundem perfeitamente, permitindo-nos o livre acesso a Deus, Hebreus 10.19-20.Se Jesus não tivesse realmente encarnado, não sendo de fato um de nós e possuindo os mesmos tipos de qualidades emocionais e intelectuais que todos os homens possuem, a humanidade não teria sido amalgamada a divindade e jamais poderíamos obter a salvação, visto que a validade da obra redentora de Jesus depende de sua humanidade perfeita, assim como a eficácia da salvação que ele nos outorga depende da genuinidade de sua divindade plena.

É tempo de contrição, de arrependimento e de decisão, pois se temos falhado no exercício prático destas implicações em nossas vidas e em nossa participação na igreja, devemos colocar isto no altar do Senhor para que, arrependidos, clamemos e recebamos o seu perdão.

É necessário que recebamos a Jesus como o nosso único Senhor e Salvador, colocando-nos submissos a ele e desprezando todo e qualquer ensinamento que nega a sua supremacia e soberania, pois só assim percebermos a manifestação de seu poder restaurador em nossas vidas e constataremos que as implicações de sua encarnação têm um significado espiritual prático para cada um de nós.

Que Deus nos ajude.

Amém.

ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

Jack Miles nasceu em Chicago, em 1942. Ex-jesuíta, é doutor em línguas do Oriente e médico pela Universidade de Harvard. Foi professor da Universidade da Califórnia e presidente do Círculo Nacional de Críticos Literários dos Estados Unidos. Dele, a Companhia das Letras publicou Deus - Uma biografia, vencedor do Prêmio Pulitzer.Para Miles, Deus tinha um propósito muito mais pessoal do que universal ao enviar Jesus. Deus, como Jack Miles descreve, estava com sérios problemas diante de suas criaturas, pois Ele mesmo, o Deus Todo-Poderoso, tinha, ao que parece, perdido o controle sobre estas.É claro que, mesmo sendo o autor destes apontamentos feitos sobre o livro de Jack Miles, não concordo

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com ele, mas, vejo a importância do estudo sobre a sua obra pelo fato de, através dela, respondermos uma pergunta muito pertinente que nos acompanha, como leitores da Bíblia Sagrada: "Deus mudou na pessoa de Cristo?"

Apontamentos sobre o livroCristo: uma crise na vida de DeusJack Miles, São Paulo, Cia das Letras, 2002 ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB PrólogoCrucificação e a consciência do Ocidente Jack Miles diz que a crucificação, a cena fundamental da religião e da arte ocidentais, perdeu muito do seu poder de chocar. Atualmente, talvez somente os não ocidentais possam perceber a crucificação na sua forma real, ou seja, dar o devido valor a este ato.

A questão que nos sobrevém, segundo o autor deste livro, é a de que, se Deus teve de sofrer e morrer, então Deus teve de infligir sofrimento e morte sobre si próprio. Mas, porque Deus faria isso? Uma resposta seria um dito francês: "compreender tudo é perdoar tudo. Todo criminoso foi antes uma vítima". Assim, Albert Camus já tinha escrito, se referindo a Deus, que "ele próprio sabia que não era completamente inocente". Se o Cristo crucificado é divino, então os sofredores são como deuses. Como Deus, o Senhor não pode deixar de existir, mas, como Cristo, pode experimentar a morte, isto é, sua própria maldição imposta sobre a humanidade, e assim, compreender tudo, para a tudo perdoar!

O Pai sofre com o Filho, pois o Pai e o Filho são um só com o Espírito. Então, quando Cristo sofre na cruz, para Miles, o crucificado é ao mesmo tempo inocente e divino, ele é ao mesmo tempo divino e culpado por ser ele Deus-homem. Seu lado humano, é o que herda a inocência, e Seu lado divino, ao contrário do pensamento contido na Hamartiologia comum, é o que herda a culpa. Deus, com isto, se desculpa tornando-se humano, pois o mundo é um grande crime, para Jack Miles, e alguém deve ser obrigado a pagar por isso.

1. O Messias, ironicamente

Neste capítulo, a questão apresentada é a de "o que Deus estava pensando na eternidade". A resposta a nós apresentada é que Deus era o todo abrangente pensamento de si próprio. Em certo ponto no tempo, essa mesma autoconsciência divina e muda se expressou. Porque Deus fez isto? Porque a raça humana, a quem Deus concedera domínio sobre o mundo, tinha se distanciado dele. Deus torna-se um deles.

Dessa vez, foi igualmente rejeitado, ainda que por meio dessa rejeição tenha realizado algo glorioso. Pois, através da rejeição, Ele compreende o que sentiu a humanidade quando rejeitada por Ele mesmo no princípio, diante do pecado de Adão.

João, o Batista, quando no batismo de Jesus, a encarnação de Deus, saúda-o como o Cordeiro de Deus. O Cordeiro de Deus? Jack Miles argumenta que um leão viria mais a calhar! Pois, qual é o significado dessa estranha frase? Ao referir-se a ele como um animal, o que João Batista está querendo dizer? Miles assevera que algo impronunciável, de repente fora meio dito.

Uma resposta seria a de que, no ritual israelita e judeu, o que o sacrifício do cordeiro de fato levava embora era mais maldição do que pecado. Ela representava o reconhecimento da antiga Israel de que o Senhor ainda não revertera a maldição que havia proferido contra todas as criaturas humanas logo

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depois de as ter criado. O animal era inocente, assim como Deus deveria tomar a forma humana (inocente) diante da culpa divina, e sofrer humanamente a pena da maldição, que é a morte. A questão, para os judeus da época de Cristo, foi que o esperado filho de Davi devesse fazer o papel de animal de sacrifício! Parecia-se mais, para eles, uma blasfêmia.

Esperava-se mais Deus como sacrificador e não como sacrificado, pois o sacrificado levava a culpa. Porém, era isto que, segundo Miles, Deus estava fazendo, levando sua culpa. A oferta simbolizava o arrependimento do sacrificante, assim, Deus como oferta, simboliza Seu próprio arrependimento. Deus arrependeu-se! Mas do quê? O que ele fez de errado? É aqui onde o demônio passa a ter um papel avaliativo na capacidade de Jesus como Deus.

Quando o Demônio mostra possuir um certo poder físico sobre Jesus, leva-se, com isto, à pergunta que ele quer ver respondida. Especificamente: quanto poder Jesus tem de fato à sua disposição? Quando o Demônio sugere que Jesus transforme a pedra em pão, está se referindo a muito mais do que à mera fome.

Por trás da sugestão, está a memória de um momento anterior no deserto quando o Senhor alimentou toda Israel com comida miraculosa. O que o Demônio está realmente dizendo a Jesus é: "Você é Deus, o deus que, naquela época, realizou o milagre do alimento no deserto? Se isso é verdade, prove-o realizando outro".

O demônio diz: "Dar-te-ei toda esta autoridade (...) porque ela me foi entregue". Foi entregue por quem? Por quem, se não pelo próprio Senhor? uma pergunta interessante, que Miles faz é que, será que o demônio que desafia Jesus não o estará fazendo em nome do Deus que lhe "havia entregado" esse poder? Pois, Deus entregara o mundo ao Demônio quando Adão e Eva pecaram. Jesus não reivindica o poder ao seu oponente, mas, mostra que poderia fazê-lo, pois o poder definitivo está com o Senhor. o que Jesus deixa em suspenso, é a questão de "se" e "quando" irá reivindicar o poder que, no fim das contas, é seu.

A pergunta diante de tudo isto nos é apresentada no livro de Miles, como: "Por que ele se contém tanto?" Esta pergunta, poderia até ser respondida com outra pergunta: "Que confiança Jesus tem em si próprio?" Estará Jesus mantendo-se com grandeza acima da briga? Ou será sua preocupação a preocupação do seqüestrado?

A questão do "Cordeiro de Deus" continua em aberto. Como pode um imperador ser um cordeiro, ou um cordeiro ser um imperador? Mussolini disse: "Vale mais um dia como leão do que mil anos como cordeiro".

Jesus realiza seu primeiro milagre, como diz Jack Miles, relutante. Este primeiro milagre, não foi uma mensagem aos convidados da festa em si, mas aos seus discípulos. A primeira ação pública da carreira de Jesus, foi na verdade um ataque ao Templo. A destruição do primeiro Templo, Deus deixou claro na época, não foi obra da Babilônia, mas sua. Assim, Jesus demonstra que ele é o mesmo Deus que usou a Babilônia.

Porém, na sua ameaça contra o Templo, tentava ele mostrar uma tipologia entre o Templo literal, com o Templo figurativo, que era seu corpo. O cordeiro expiatório é familiar; um cordeiro humano é estranho. O Templo é igualmente familiar; um templo humano é estranho novamente. Então, na verdade, quando disse para destruírem o Templo, estava desafiando-os a matarem-no.

A capacidade do Deus encarnado de "saber o que era a natureza humana" foi sendo adquirida gradualmente. Jesus, invariavelmente, parece compreender os desejos de seus interlocutores melhor do

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que eles próprios. Isto, provavelmente, porque ele, agora que era humano, tinha a totalidade do conhecimento do que é ser humano.

Jesus fala a Nicodemos sobre uma nova criação, mas privadamente. E mostra ao sábio fariseu que, apesar de seus conhecimentos terrenos, ele não podia ainda falar se Jesus vem de Deus ou não, pois esta capacidade é dada aos "regenerados" apenas.

Jack Miles diz que no A.T., Deus é desatento consigo mesmo. Já no N.T. Ele torna-se obcecado por si próprio. Prova disto, mostra-nos o autor, é quando Deus diz a Moisés que Ele é o "Eu Sou" - Miles diz que este é Seu nome nu e cru. É como se Deus desse um nome a si mesmo, naquele instante, ao descobrir a necessidade de um nome. Ele não vive entre outros deuses, por isto não precisa de um nome, mas passa a lidar com seres humanos, e também com a idéia de outros deuses, então, agora necessita de um nome.

No caso da serpente de bronze do deserto, Deus mostra aos israelitas que Ele é a doença e também o remédio. Assim, as serpentes não eram a causa de suas mortes, mas sim Deus. Jesus, se referindo a este fato, diz que Ele será levantado da mesma forma que a serpente de bronze no deserto. Olhando para Jesus, como para a serpente no deserto, estariam olhando para a causa e também para a cura de seu sofrimento. O mundo precisa ser salvo, mas para tal, necessita-se de uma nova criação, pois este mundo está perdido. Porém, conforme Miles, a nova criação requer a morte do criador.

Um ponto muito complicado tratado neste livro, foi a questão da assexualidade do Pai e a sexualidade do Filho. Segundo Miles, os "filhos de Deus" (Gn. 6), parecem descobrir o sexo somente quando encontram as filhas dos homens. Deus é celibatário porque é o único de sua espécie. Então, surge a questão que Jack Miles nos mostra, que, o que João quer sugerir quando chama o Deus encarnado de noivo?

Surge então uma pergunta muito interessante, se Deus agora está encarnado, vivendo como um homem, não poderia ele consumar um casamento comum a si mesmo? E se isto tivesse ocorrido? Quando os evangelhos foram escritos, o celibato era considerado condição apropriada para qualquer filósofo. Deus, em toda a história, não recrimina o sexo, mas sim a libidinagem.

Sendo assim, até mesmo em suas conversas figurativas dirigidas ao Israel rebelde, Ele mostra-se como um marido enfurecido pela incontinência sexual de sua esposa, e não pelos desejos em si. Miles escreve que quando Deus fez Eva para Adão, não a fez para gerar filhos, mas para que o homem não estivesse só. Desta forma, a procriação teria começado apenas depois da "queda", quando a imortalidade foi perdida. A reprodução passa a ser, conforme esta visão, uma evidência da maldição. Com isto, o autor chega à conclusão que se não tivesse morrido cedo, Jesus teria se casado.

No desenrolar de suas manifestações no N.T., Jesus admite que é o Messias, mas a uma mulher samaritana, considerada na época, pelos judeus, como herege. Jesus fez isto, segundo Miles, para dar a entender aos judeus que eles eram como aquela mulher, adúltera e, assim como os judeus consideravam os samaritanos, herege. A mulher interpreta a atenção de Jesus a ela, como um flerte, mas Jesus corrige seu pensamento sobre ele. Assim como a mulher teve cinco esposos (senhores), sem nenhum ser seu marido, os samaritanos tiveram vários deuses, sem nenhum deles ser o verdadeiro Deus.

Jesus se apresenta a ela como o "Eu Sou", e ela acredita-lhe, pelo mesmo motivo que levou Natanael a acreditar-lhe, Jesus leu sua mente e seu passado. Jesus mostrou à mulher samaritana que a salvação vem dos judeus, mas não acaba neles. Seus discípulos vêm esta sua atitude como promiscuidade, uma simbologia à promiscuidade de Deus, isto é, simbolicamente, seu interesse por outros povos.

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Para findar este capítulo, Miles expõe a questão de "quem seus discípulos pensam ser ele". Foram-lhe conferidos alguns papéis, na seguinte ordem de aparição: 1. Juiz; 2. Cordeiro de Deus; 3. Messias (Filho de Davi e Filho Adotivo de Deus); 4. Filho do Homem; 5. Templo; 6. Noivo; 7. Profeta e Legislador (Um Segundo Moisés).

2. Um profeta contra a promessa

Sua primeira cura, já foi, diante do pensamento judeu, contrária, pois curou uma criança romana (Jo. 4:49-53). Parece que Jesus tenta esconder algo, talvez todo seu poder? Um demônio, num breve encontro com Jesus, parece tentar rasgar seu disfarce (Lc. 4:33-37), dizendo: "Eu sei quem você é". Também nos é sugerido aqui, que como Deus encarnado, Deus parece haver perdido seu apetite por punições.

Em Lucas 4:16-22, Jesus disse que a profecia de Isaías 61:1-2 que diz: "hoje se cumpriu", estava em seu pleno cumprimento nEle. Isto fez com que os homens de Nazaré, insultados, tentassem matá-lo. Jesus diz, em Lucas 4:25-27, que Elias deu atenção aos estrangeiros, ao invés de usar todo o seu tempo aos israelitas. E é aqui onde Miles pergunta se será que Jesus está sugerindo, de forma escandalosa, que a profecia que "hoje se cumpriu" será cumprida não em benefício de Israel, mas sim de seus vizinhos e inimigos?

Sugerir que Elias, em seu retorno, empregaria seus poderes em benefício de outras nações, em vez de Israel, é um misto de blasfêmia e traição. Se "liberdade para os cativos" refere-se a alguma outra coisa que não a liberdade de Israel do jugo estrangeiro, o que seria?

A grande pergunta que pairava no ar, enquanto esta mensagem de Jesus estava sendo proferida em Nazaré, era: "Não é este o filho de José?" a resposta é sim, e deve ser sim. Na verdade, não foi a maneira do nascimento de Jesus que daria-lhe autoridade divina, pois Deus poderia facilmente ter introduzido a concepção em uma virgem sem que, no momento em que ela desse à luz, ele próprio fosse o bebê.

É a identidade do bebê, não a maneira do nascimento, que é inédita. Maria fica sabendo, por Gabriel, que seu filho será o Messias, o descendente do rei Davi e que restaurará a grandeza de Israel. Ainda tratando do nascimento de Jesus, Miles nos suspende com a seguinte afirmação: "Deus poderia ter se tornado humano sem começar sua existência humana no útero de uma mulher.

Mas, Deus não quis privar-se do momento tão conhecido e diferenciado, que é o nascimento.

Apesar de todos os bebês serem parecidos, todas as cenas de nascimento são diferentes entre si". Outra coisa bem frisada nesta parte do livro, é que Jesus nasceu em um momento humilhante da vida dos judeus, propositadamente, é claro - pois estavam passando por um censo conduzido por um poder estrangeiro. Algo chocante é o fato de Deus se submeter a este tipo de humilhação, ao invés de acabar com esta dominação gentílica sobre seu povo, para mostrar o poder de sua encarnação.

Fato é que, Jack Miles chega à conclusão que Deus repudia, com suas atitudes por intermédio de Jesus, seu passado guerreiro. Deus não havia mudado seu modo de pensar, pois punição ainda era punição para ele, e recompensa ainda é recompensa; só que a entrega de uma e outra acontecerá no céu e não na terra. O marco distintivo do ensinamento de Cristo, é a frase "oferece a outra face". Mas, será que Deus faz mesmo assim? Jack Miles, afirma que Deus, na verdade está em mudança.

Porém, qual é a razão de sua mudança? Não há resposta para tal, segundo o autor! Simplesmente Deus

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quis mudar. Quando Jesus diz "eu porém vos digo", para Miles é uma revisão do que Deus havia dito no passado, ou seja, é a prova da mudança de opinião da parte de Deus.

Porque Deus, ao invés de agir como no passado, diferenciando uma nação especial das demais, agora nivela a todos? A resposta de Jack Miles é que na maior crise de sua vida, Deus faz da terrível necessidade uma virtude heróica.

O autor do livro em apreço, diz que Deus, na verdade, não pode ser respeitado pelo seu poder apresentado aos judeus da época de Jesus. Ele pode, no máximo, ser honrado por serviços prestados no passado, pois, a Segunda parte da promessa de punição-e-reabilitação de Deus nunca foi cumprida.

Assim, em vez de declarar sem disfarces ser incapaz de derrotar seus inimigos, Deus pode declarar que não tem inimigos, que ele agora se recusa a reconhecer qualquer distinção entre amigo e adversário. Miles, diz que isto não custou nada a Deus, e que além disto, Ele impôs sua própria carga sobre nós, ensinando-nos a amarmos nossos inimigos.

Deus, na verdade, estava se desarmando, segundo Miles. O autor ainda cita que em Daniel 7, tem a visão dos reinos: babilônico, medo, persa e grego (segundo a simbologia de cada animal apresentado na visão). Assim, o quinto reinado seria o de Deus, e isto não aconteceu no N.T. Schweitzer também afirmou que Jesus acreditava, que por sua própria morte, Roma cairia, que a história terminaria e o Reino de Deus seria estabelecido até o final dos tempos.

Para Jack Miles, os judeus tinham que reconhecer o óbvio, Deus não estava atrasado em suas ações guerreiras, na realidade, Ele não era mais o Deus guerreiro. Assim como Deus se priva de dar o direito de alguém exigir-lhe que volte a ser o que era no passado, Deus também não exige mais de sua nação antes escolhida, que ajam dentro de sua lei passada! Deus isenta-os da lei, pois Ele mesmo se isentou de ser aquele tipo de legislador.

Como foi que o guerreiro divino acabou pregando o pacifismo? Miles sugere a seguinte resposta, que Deus criou uma nova virtude humana a partir de sua necessidade divina. Encontrou um modo de transformar sua derrota em vitória, mas a derrota veio primeiro. O preço do pacifismo de Deus, segundo o autor, foi o assassinato de João Batista.

O representante de Israel, o judeu devoto por excelência, é João, que ouve a triste notícia de Deus, que as promessas da aliança não serão mantidas, ou que serão mantidas de uma forma totalmente diferente, a ponto de tornar-se em nova aliança.

Subitamente, Jack Miles dá uma freada em sua tese do processo de mudança de Deus, a afirma que alguns de seus traços antigos ainda subsistem.

Sua ruptura com a violência não implica renúncia a todas as formas de resistência. A prostituta que beija-lhe os pés, na realidade, ensina-lhe o poder da vítima sobre o agressor. Herodes mata João Batista, mas fica atormentado das idéias, com medo de João retornar à vida.

Roma tentou empregar a morte como meio de entretenimento, e isto chocou os judeus, porém, os judeus cristãos chocaram de igual modo os romanos, tornando o martírio em forma de protesto e até mesmo de honra (segundo o professor Jorge Pinheiro). A tortura passa a não demonstrar apenas coragem, mas também passa a funcionar como meio de mudar a mente do torturador. Apesar de não ser essa a promessa de Deus aos judeus, Ele agora os ensina a vencer seus opressores sendo cordeiros.

Quando Jesus acalma a tempestade, está demonstrando a marca distintiva de Deus, que é o poder sobre

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o mar. Isto trás as pessoas mais para perto de si, pela curiosidade do "quem é este". Porém, quando ele fala em beber sangue, muitos o abandonam. Parecia-lhes que Jesus estava ensinando o canibalismo. O sangue sempre era proibido como alimento aos judeus.

O cordeiro, para ser sacrificado, precisava ter sido esgotado de seu sangue, principalmente se este fosse ser servido como alimento. A vida está no sangue. Porém, aqui está um simbolismo, pois o cordeiro literal não tinha o poder de dar a vida ao ofertante, enquanto o Cordeiro de Deus - Jesus - tinha tal poder, por isto, seu sangue poderia ser bebido - simbolicamente - na Ceia do Senhor.

3. O senhor da blasfêmia

Em primeiro lugar, para confirmar isto, Jack Miles cita que Ele, flagrantemente, viola a lei do descanso no Sábado.

A resposta mais conflitante deste capítulo, parece, foi a que seguiu-se à seguinte pergunta: "Mas é porque Jerusalém está rejeitando Deus encarnado que ele os abandonará aos romanos?" Respondendo a tal inquirição, Miles diz que também é possível, do mesmo modo, que seja o contrário. Como Deus sabe que abandonará Jerusalém aos romanos, deve arranjar para que Jerusalém o abandone aos romanos primeiro.

Quando Ele recusa condenar uma adúltera, pela lei que Ele mesmo estabelecera, para Miles é uma amostra de que Ele se tornou mais misericordioso. Na verdade, o autor diz que com este ato de não condenar aquela mulher pela Lei, também deixará de condenar Israel pela Lei. O Senhor Deus é, de fato, réu, e sabe do que pode ser acusado, mas sua maneira de pedir misericórdia é difundir a misericórdia. Em poucas palavras, Miles diz que diante de seu povo pecador porém sofrido, Deus pode não só ser misericordioso, como também penitente. Se Jesus parece condenado, só pode ser porque Deus condenou a si próprio.

Em João 10:11-21, Jesus mostra que, na realidade, sua morte era um suicídio em benefício de todos. Este tipo de suicídio, Dietrich Bonhoeffer assevera como desculpável diante de Deus, em seu livro "Ética", dizendo: "O ser humano pode sacrificar sua vida física em favor de outrem, pois é livre para morrer. (...) Esta liberdade de morte está condicionada no sentido de que o alvo não seja a destruição da vida, mas, o bem visado no sacrifício." (Dietrich Bonhoeffer. Ética).

Na sua morte, Deus na verdade não está derrotando Roma, mas sim, o poder afligidor de seu verdadeiro opressor, o Diabo, e na sua ressurreição, está vencendo o império da morte e não o império romano. Prova de que sua morte, na realidade estava dentro de seus planos, é que, primeiro ele inclina sua cabeça, e depois morre. Normalmente o processo é o contrário quando a morre-se, pois o inclinar de cabeça é a conseqüência da morte. Assim, a teologia da expiação conservadora, entra em atrito com esta afirmação, pois não é mais Deus sacrificando Jesus, mas sim, Deus sacrificando-se em Jesus.

Com isto, Deus resolve a grande crise em sua vida, pois derrotando César, Ele poderia recuperar a terra de Canaã, mas essa não é a guerra que ele escolhe lutar. Ele escolheu, em vez disso, derrotar Satã e, assim, derrotar a morte em si mesma e levar seu povo para a nova terra prometida da vida eterna.

Miles diz que Jesus é como um político astuto, que responde à pergunta que preferiria tivesse sido feita, ao invés da pergunta exposta pelos que lhe rodeiam. Assim, Jesus leva seus ouvintes a três assuntos direcionados, os quais são: o adultério, o suicídio e a escravidão. Por causa desta habilidade de Deus, de mudar de assunto sem ninguém se tocar, o autor do livro comentado aqui, diz que o monumental assunto central de toda a história israelita foi mudado com sucesso. A pergunta irrespondível foi abandonada deliberadamente. Embora o preço completo ainda esteja por ser pago, a crise na vida de

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Deus foi resolvida.

O novo mandamento de Deus, passa a ser a bondade com os estranhos. É como se o calendário tivesse voltado para o sexto dia da criação. E Deus, não o homem, tivesse o direito de recomeçar sem os erros iniciais dantes cometidos. Aqui Ele tem o direito de reconstruir a própria identidade, pois na passada, Ele não conseguiu se firmar. Sob o novo regime, ainda há distinções de povos, porém, estas distinções deixam de ser étnicas e passam a ser éticas. A destruição de seus inimigos, assim, deixa de ser no desenvolvimento da história, e passa para o fim da mesma. O crescimento do joio junto ao trigo, passa a ser a resolução da crise na vida de Deus. Neste novo regime, a adoração à Deus torna-se dependente da bondade aos estranhos.

Como sinal de sua nova maneira de agir, de sua nova vitória, não contra Roma, mas contra a morte, ele ressuscita a Lázaro.

4. O cordeiro de Deus

Esta é a mudança na mente de Deus. Ele não é mais o sacrificador, mas o sacrificado. Deus era responsável pelas ações nacionais e internacionais, diferentemente dos deuses pagãos, que se dividiam nestas funções. Agora, na nova aliança, Ele passa a ser Deus internacional, indiferente ao que sofre uma nação, seja ela quem for. O Deus da guerra torna-se o Deus da sabedoria. Deixa suas ações concretas para empenhar-se muito mais em ações abstratas. Para Miles, esta inatividade militar de Deus é uma saída para que não o consideremos como fracassado.

Miles escreve que o poder de Satanás é a explicação do porque Deus não manteve suas antigas promessas aos judeus. É Satã quem deve finalmente ser dominado; é ele quem deve finalmente ser forçado a reconhecer a manifesta superioridade do Senhor. na instituição da Páscoa, no Egito, Deus queria ser reconhecido como o Senhor dos Exércitos, na última Páscoa de Jesus, ele escolhe desempenhar o papel de cordeiro pascal.

O que na realidade complicou a vida humana, não foi a implicabilidade do pecado de Adão e Eva, mas sim, a implicabilidade da maldição que Deus lançou sobre eles. Para tal, antes Deus mandava que lhe oferecessem sacrifícios, em Jesus, Ele é o sacrifício. Deus vence, com isto, o sistema mundial entregue a Satanás, e não o mundo em si, com seus reinos e reis.

Jesus, assim como os patriarcas do A.T. faz seu discurso antes de sua morte. Os discursos dos antepassados judeus, eram proféticos e didáticos, assim com o de Jesus. Porém, o de Cristo é bem diferente em conteúdo. Ele recorre, para o ensino profético e didático, ao gesto teatral de uma ação ritual: 1. Ele lava os pés de seus discípulos; 2. Ele prevê traição, mas prega amor; 3. A Ceia do Senhor (aqui é o porque o sangue pode ser bebido simbolicamente, pela vitória contra a morte); 4. Tende bom ânimo, eu venci o mundo (resistindo a afronta).

Jesus, então, é preso, julgado, açoitado e condenado. Com isto, ele cria um perfil não militar, para Miles, de sucesso político, que é o de ser bem-sucedido na paz. Desta forma, não poderão mais os povos rirem do povo de Deus quando este passar pelo ridículo, pois foi pelo ridículo que seu Deus também passou e suportou! Por mais blasfemo que possa parecer a um judeu, Ele é crucificado como o Rei dos Judeus.

Ele volta à vida, se corporifica, ascende aos céus e se casa. É assim que Jack Miles define os próximos passos de Jesus. Quando Jesus volta à vida, ele faz o mesmo papel que Gabriel fez a Daniel, o de exegeta. Assim, Miles chama a entronização do Cordeiro de Deus de uma comédia, de ridícula, pois mais parece uma exegese forçada para ele. Ainda mais no ponto onde há uma referência ao casamento de Cristo com a Noiva, que como tantas comédias, termina em casamento.

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A mudança da mente de Deus é o grande assunto da Bíblia Cristã, segundo o autor em deste livro comentado. Deus quebrou a sua promessa, para Miles, porque na hora certa não conseguiu ir adiante, como se tudo tivesse fugido de seu controle. Desta forma, Deus teve de aprender a como vencer na derrota.

Epílogo

O Jesus ao qual Jack Miles tratou neste livro, como ele explica em seu epílogo, é o Jesus literário e não o histórico. O Jesus literário não passa pela problemática do histórico, pois o literário é tanto divino quanto humano. A crítica histórica lê a Bíblia como a autocaracterização de um autor. Já a crítica literária está livre para beber o vinho.

Para o autor, Deus Filho não é absolutamente o tipo de homem que alguém esperaria que Deus Pai se tornasse. A questão é que Deus tinha algo tão chocante a dizer, que só poderia dizê-lo humilhando-se a si mesmo. Ele apenas substituiu uma esperança vã, firmada erroneamente por ele mesmo, por uma que ainda pode ser realizada. Para tal, como Deus ele não pode parar de existir, então tomou a forma humana para dramatizar a substituição de sua mensagem, morrendo, daí ressurgindo com novas promessas!

Os exegetas cristãos receberam um tipo de convite para ouvir o A.T. no N.T. de modo harmônico. Portanto, a apreciação literária cultiva referências internas, de preferência a referências externas. Fazendo assim, têm-se feito o que os autores do próprio N.T. fizeram. A Bíblia, para a crítica literária é como uma janela de vitral (rosácea), porém, não devemos ver através dela, mas sim, ela. Rudolph Bultmann afastou-se da tese reformada do sola scriptura e definhou-se pelo pensamento crítico do sola fide. Porém, Schweitzer já havia seguido este caminho anteriormente.

Os pré-modernos ensinaram a não vermos através da Bíblia. Pois esta, deveria passar pelo crivo do se é verdadeira ou não. A partir do momento que é tida como verdade, a mente está livre para explorar a Bíblia.

Como disse o próprio Jack Miles: "Não há nada a ser feito no Davi de Michelangelo; o cinzel já o tocou pela última vez. (...) O que atrai os espectadores, crendo ou descrendo, para a rosácea da Bíblia, não é o que pode ser visto através dela, nem como os vidros foram coloridos e juntados, mas o que o vitral mostra em si mesmo e por si mesmo, e o que todos estes fragmentos recortados de luz e cor, operando juntos, fazem acontecer atrás dos olhos do observador". CREIO EM JESUS CRISTOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo. Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1.1-5). "Mas, a todos quantos o receberam,aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai" (Jo 1. 9-14)

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A doutrina de Cristo (Cristologia) é a primária e central dentro do Cristianismo porque dá significado às outras.Todas as outras doutrinas (Revelação, Deus, o Espírito Santo, o Ser Humano, a Vida Cristã, a Igreja, Ordenanças e a Escatologia) dependem da obra e da Pessoa do Senhor Jesus Cristo.QUE DIZEM SOBRE JESUS CRISTO?Mas o que é que dizem a respeito de Jesus? Encontramos em Lucas 9.18 essa pergunta feita pelo próprio Senhor: "Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?" Pergunta, portanto, tão antiga quanto o próprio evangelho. E eis as respostas que deram: um dos apóstolos disse, "algumas pessoas estão dizendo que é João , o Batista"; outro disse, "estão dizendo que é Elias"; "Jeremias", "Alguns dos outros profetas" (cf. Lc 9.19). Ainda hoje é assim; dois mil anos depois, existem muitos conceitos inadequados a respeito de Jesus Cristo. Há quem diga, por exemplo, que Jesus Cristo foi o maior homem que já viveu, homem perfeito, o homem ideal, o homem-modelo-dos-outros. E só! É o caso de um filósofo francês Auguste Sabatier que sobre Jesus disse: "Jesus Cristo é a alma mais bela que jamais existiu". Goethe, o filósofo alemão: "Curvo-me diante de Jesus Cristo como diante da revelação divina do princípio supremo da moralidade". Mas só isso; Jesus é apenas o princípio da ética. Essa perspectiva de olhar Jesus Cristo chama-se humanista-perfeccionista, o homem que foi perfeito. Sem dúvida, e um conceito verdadeiro, mas não é toda a verdade.Outros classificaram Jesus Cristo como um grande mestre, um grande filósofo. Alguns até disseram, "foi um grande profeta". Quer dizer, Jesus Cristo causa impressão pela sabedoria, e só?! Esse é o ponto de vista do judaísmo moderno que olha para Jesus como sendo, apenas um profeta de Israel, um rabino, mais um entre tantos. Dizem que Jesus é inteiramente humano, e não tem qualquer qualidade divina. Mas ele deu uma grande contribuição à humanidade tanto quanto os outros mestres, filósofos ou profetas. Apesar de contribuir para o progresso moral, ele não é nada mais nada menos que outro Aristóteles, Platão, Buda Isaías ou Jeremias. Foi o caso de Ernesto Renan que disse que "(Jesus com) seu perfeito idealismo, é a mais alta regra da vida, a mais destacada e a mais virtuosa, Ele criou o mundo das almas puras..."O racionalista Harnack até disse: "(Foi Jesus Cristo quem) pôs à cruz pela primeira vez o valor de cada alma humana, e ninguém pode desfazer o que ele fez". Isso quer dizer que até diante do racionalismo, Jesus é a pessoa histórica, de superioridade máxima em sabedoria e moral, e retidão, e justiça, e em verdade.UMA CONFISSÃO DE FÉ EVANGÉLICAVoltemos à confissão de fé quando Jesus perguntou, "Quem dizem as multidões que eu sou?" E quando disseram "é João, o Batista; é Elias; é Jeremias, ou um dos profetas", Jesus olhou para os Seus discípulos e perguntou, "E vocês? Quem vocês dizem que é Jesus?" E foi nessa hora que eles tiveram de dizer alguma coisa, e de fazer a sua reflexão em torno de Jesus Cristo. Nesse ponto, Pedro descobriu que nenhuma categoria humana, nenhuma descrição, nenhuma classificação era adequada para falar a respeito do Cristo de Deus, o Qual está muito além de um homem bom, muito além de um grande homem, de um mestre ou de um profeta. Por essa razão, Marcos registrou que Jesus era "o Cristo" (Mc 8.29b), e Lucas completou "O Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16). Com essas palavras, Pedro nos dá a confissão da fé evangélica, registrando o que nós cremos a respeito de Jesus.

O CRISTOMas que isso significa? Que quer dizer isso quando dizemos que "Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo?" Que significa ser "o Cristo?" E aí, só temos que olhar para o passado e descobrir que há uma longa história de esperança, de anseios, de sonhos; esperança que tem raízes no Antigo Testamento que aponta para uma época quando o Messias enviado por Deus viria trazer libertação. Esse é, aliás, o conteúdo da religião judaica: a espera do Messias.Ainda hoje os judeus o estão aguardando porque só vivem a Antiga Aliança, não estão vivendo a Nova Aliança, a qual não conhecem, e, assim, ignoram a realização das promessas feitas pelos profetas! Há alguns anos, lembro de ter encontrado uma jovem judia, num vôo de Salvador para o Rio de Janeiro.

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Conversando com ela, expressou-me o ponto de vista dos judeus de linha dizendo que muitos entendem que o moderno país de Israel é que é o Messias; já veio, já está aí, é o lugar para onde todo judeu deve ir para encontrar a sua libertação...Pois em Jesus todas as promessas messiânicas se encontram realizadas como a de Deuteronômio 18.15, "O Senhor teu Deus te suscitará do meio de ti, dentre teus irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvirás". Esse profeta libertador do povo, como Moisés tirou do Egito, é Jesus Cristo, que nos tirou também, do nosso Egito, da escravidão do pecado. Outra promessa messiânica é encontrada em Gênesis 22.18, "e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz". Outra tradução adequada para este texto é "no teu descendente", não exatamente "no meio do povo", não "o povo todo", mas na descendência de Abraão haveria um descendente específico em quem repousam todas as promessas do passado. Ainda encontramos em 2 Samuel 7.12, "Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino". Está falando aqui também de Jesus Cristo, o filho de Davi, o descendente de Davi, o qual estabeleceu o reino de Deus. O fato é que até o local do nascimento de Jesus Cristo está previsto na Escritura Sagrada: "Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5.2). Voltando a João, no capítulo 1 que diz "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (v. 2) = "... desde os dias da eternidade" (Mq 5.2b).Ainda como profecia messiânica temos o fato de que Jesus seria rejeitado pelos seus como em Isaías 53.3 que Ele seria rejeitado. E voltando ao primeiro capítulo de João encontramos o ensinamento que Jesus "veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1.11). A profecia tem se cumprido! Ele foi vendido por trinta moedas, e está em Zacarias 11.12, "pesaram, pois por meu salário, trinta moedas de prata" No Salmo 22 houve uma previsão de que Jesus seria maltratado pelos soldados romanos, porque encontro aqui "Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes". Até mesmo a Sua crucificação" (cf. Sl 22.16).VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEMA teologia evangélica afirma que Jesus é completamente humano e completamente divino. Não é parte homem e parte Deus; não é uma sereia: metade homem, metade peixe; não é um centauro: metade cavalo, metade homem; não é um tritão: metade ser marinho, metade ser humano. Jesus é plenamente humano como qualquer um de nós, mas é plenamente divino como o Pai. Não é um híbrido; não é um homem um pouquinho de tempo, e Deus durante algum tempo; não há em Jesus instabilidade, esquizofrenia ou qualquer desequilíbrio. Mas é completa e perfeitamente homem, plena e integralmente Deus, e sendo verdadeiramente humano é igual a nós em tudo, menos no pecado. Plenamente como nós. No entanto, o que a Bíblia diz sobre Ele são palavras extremamente claras: "Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo"(Hb 2.17).A Escritura fala que Seu nascimento foi humano. À parte a estrela, o coro celeste e a visita dos magos, houve fecundação, nove meses de gravidez, dores de parto e nascimento. Jesus teve uma vida plenamente humana: "O Verbo [a Palavra de Deus] se fez carne e habitou no nosso meio, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai" (Jo 1.14). Jesus foi criança, os dentes de leite caíram, nasceram dentes permanentes, foi adolescente (cf. Lc 2.42), tornou-se jovem (Lc 4.22b), e adulto, foi à escola, à sinagoga, cresceu física e emocionalmente em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens. Teve emoções (cf. Mc 14.34), e limitações, e tentações, e venceu todas as batalhas! Teve uma morte humana, e um sofrimento físico real na cruz; e a angústia mental quando os discípulos fugiram e o negaram (cf Mt 26.56,69-74); e angústia espiritual por ter sido abandonado na cruz: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste!", expressão que tomou, sem dúvida alguma, uma forma altamente dramática no aramaico, língua materna de Jesus: "ELI-I-I...! ELI-I-I...! LAMÁ-Á-Á... SABCTANI-I-I...!" (cf. Mt 27.46).

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Mas Ele foi completamente divino. Sua concepção foi divina (Lc 1.34,35); Sua vida foi divina; é ver o registro de Sua atividade, e observar que não há problema com o sobrenatural nos Evangelhos! Sua ressurreição foi divina, o apóstolo Paulo a esse propósito registrou: "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.3,4).Creio plenamente que em Jesus Cristo, Deus se fez homem como está registrado no Evangelho (cf. Jo 1.14). O Verbo de Deus, a Palavra de Deus era Espírito e na concepção de Jesus Se fez ser humano. E isso fala de pré-existência, ou seja, existência anterior a qualquer realidade (cf. Jo 1.1). Existia Jesus antes de qualquer ato criador, antes de todos os astros, estrelas e asteróides, e antes do espaço, e antes do tempo, e antes da contagem dos minutos, e das horas, e dos dias, e dos séculos; antes de qualquer medida porque a Palavra de Deus, o Verbo, é infinita, eterna e pré-existente!Isso fala de divindade! Porque aqui está: "e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1.1b). Jesus não é um deus menor, não! A filosofia platônica fala no demiurgo, um ser intermediário entre Deus e a criação. Jesus não é um demiurgo, um deus menor, é da mesma substância do Pai, igual em poder e em glória porque é ser divino, como nós somos iguais uns aos outros em limitações e destino porque seres humanos.Isso fala, então, de encarnação. Quando a Palavra de Deus Se dez carne, não parou de ser Deus! Sendo da mesma substância e igual ao Deus Pai e ao Espírito Santo, Ele (Jesus) Se formou da mesma substância de homem como um de nós. Daí duas naturezas com Jesus: a natureza divina e a natureza humana completa, o varão perfeito.

OS TÍTULOS DE JESUSUm modo de reconhecer o alcance da obra de Cristo é fazer um exame nos seus títulos no Novo Testamento.Seu próprio nome já é um titulo: Jesus. É o seu nome pessoal, dado no oitavo dia de nascido (cf. Lc 2.21). Hoje já ficamos planejando o nome da criança: "Se for menino, vai ser Fulaninho, se menina vai ser Beltraninha". Na época do ministério terreno de Jesus era diferente: quando alguém recebia o nome, funcionava ele como uma espécie de cartão de visita. Jesus é o nome pessoal, dado no oitavo dia, o dia da circuncisão (o brit milah). Em hebraico, quer dizer "salvação do Senhor" (cf. Mt 1.21). O nome Jesus é um titulo a respeito dEle mesmo. É interessante observar que Josué, Isaías, e Oséias são nomes pessoais que têm o mesmo significado do nome Jesus. Não é à toa que Isaías é o profeta messiânico por excelência!Outro título de Jesus é Cristo, que não é o Seu sobrenome como já houve quem assim opinasse: é título. O nome de Jesus realmente teria sido Yeshua ben-Yoseph (em hebraico), ou, em aramaico Yeshua bar-Yoseph, significando ambos "Jesus Filho-de-José". Cristo é a forma grega da palavra hebraica Maschiah (Messias), e ambas significam "ungido" em português e línguas afins (cf. At 2.36; Rm 3.1,4).Senhor é outro modo pelo qual Ele é conhecido. Esse é o mais importante título da Igreja Primitiva, e o mais perigoso também. Não era perigoso dizer Jesus, nem dizer Cristo, mas, sim, dizer que "Jesus é o Senhor". O cristão podia chamar como quisesse (Verbo, Cordeiro de Deus, etc.), quando afirmasse, porém, "Jesus de Senhor", seria preso, e algumas vezes era levado à morte porque para o Império Romano só podia existir um Senhor, César, o Imperador. Paulo usa o vocábulo Senhor mais ou menos duzentas vezes nas suas cartas, sendo essa a mais antiga confissão de fé nessa forma: "Jesus é o Senhor!" (1 Co 12.3; Rm 10.9). Era também essa expressão usada pelos cristãos que não falavam grego, mas aramaico, a língua de Jesus; sendo que chamavam eles Mar, de onde vem uma expressão que aponta para a vinda de Jesus Cristo, e que se encontra em 1 Co 16.22 e Ap 22.20: "MARANATA!", que quer dizer "Vem, Senhor!", "Volta, Senhor, para o nosso meio!".Há outra maneira de Jesus Cristo ser conhecido. É a expressão Verbo ou Palavra. No Antigo Testamento, o Verbo de Deus, a Palavra de Deus é o poder de Deus em ação! Por esse motivo, na teologia da Antiga Aliança, a Palavra de Deus cria. Está em Gênesis no capítulo 1, "E disse Deus: faça-se tal coisa". (cf. Sl 33.6; Jo 1.3). Era a Palavra de Deus que criava. Para os gregos era o Logos, a Palavra. Esse era o princípio racional no ser humano, o princípio da ordem no universo, que mantinha esse universo equilibrado,

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razão porque João utiliza, "E o Verbo se fez carne". E quando ele escreveu, os gregos compreenderam, e os judeus entenderam , porque os judeus entenderam "o princípio criador" (dabhar), e os gregos entenderam "o principio racional" (logos).O mais importante, porém, é o que está no verso 14: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai". O importante é que a Palavra Criadora de Deus, a Palavra Dinâmica de Deus, a Palavra Eterna, o Ser Divino se tornou humano e, vindo para o nosso meio, armou a Sua habitação, a Sua tenda, Ele construiu a Sua casa, Ele habitou entre nós, e assim temos uma visão da glória de Deus em Cristo Jesus. Quem pode, então, revelar a Deus? Só Deus pode revelar a Si mesmo, ninguém nem nada mais. Só a minha palavra pode dizer quem eu sou, quando uma pessoa conversa com você, pelo que a pessoa está dizendo, você já tem um retrato seu, não é verdade? Já sabe se a pessoa quer ou não enganá-lo; se tem ou não boas intenções. A palavra se revela pela palavra: Deus Se revela pela Sua palavra.Há muitos outros títulos de Jesus : Cordeiro de Deus, Filho de Deus, Filho do homem, Servo Sofredor, o Alfa e o Ômega, Primeiro e Último, Princípio e Fim, Autor e Consumador, a Causa e o Objetivo, e outros tantos.Verifico que a minha fé em Jesus Cristo se evidencia porque Ele mudou a minha vida. Não precisaria de mais nada, a não ser o fato de que um dia Jesus veio à minha vida, e tomou conta do meu ser, e o modificou. Como também tem mudado as vidas dos irmãos, e vai continuar operando em milhares, e em milhões de outras vidas por esse mundo de Seu Pai. Não fora Cristo, eu, particularmente, seria um racionalista, um cético, alguém sem horizontes, sem céu e sem esperanças. No entanto, Jesus Cristo mudou o meu pensamento, o meu coração, e canto com tanta emoção o hino que fala do "Nome Que Inspira o meu Louvor" (177 do Hinário para o Culto Cristão):

Existe um nome sem igual que inspira o meu louvor,Um som mavioso, divinal é o nome do Salvador.Nome que inspira o meu louvor é o nome do SalvadorPerguntaram numa entrevista de televisão a Karl Barth, o teólogo suíço, já perto do fim da sua vida se o seu conceito da pessoa de Cristo havia mudado com o passar dos anos?" Sua resposta foi: "Sim, mudou: no começo eu pensava em Jesus Cristo como o profeta do reino; Agora eu sei que Ele é o reino". É o que Jesus é: o próprio reino de Deus. E, na verdade, Jesus não disse: "Eu dou o pão da vida", "Eu mostro o caminho", "Eu direi a verdade", mas afirmou, "Eu Sou o Pão da Vida", "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou a Verdade", porque é Ele o centro da Sua própria mensagem, o próprio evangelho! Ele é a boa notícia de que Deus continua amando a pessoa humana.Jesus Cristo é o Novo Adão, Ele se revela à pessoa humana como sendo o Homem Ideal, o Ser Humano Perfeito, exemplo para aqueles que nEle crêem (cf. 1Pe 2.21). Como Novo Adão, revela a natureza de Deus (Hb 1.1), e a Sua essência que é o amor (cf. Mt 11.27; Jo 1.18; 14.9; Rm 5.8; 1 Jo 3.16). Como Novo Adão, revela o propósito de Deus, Sua obra redentora na história, e a destruição das obras do Maligno (cf. Jo 12.31; 16.11; Cl 2.13-15; At 2.14; 1Jo 3.38).JESUS E AS DECEPÇÕES HUMANASESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB Jesus como Verbo Encarnado, vestindo a nossa humanidade se identificou totalmente com o homem. Se alguém chega-se na marcenaria de seu pai, em Nazaré, no final da manhã, viria um jovem com as mãos calejadas, suado, cansado, talvez até ofegante segurando uma grande serra, ou até com um hematoma no polegar depois de levar uma martelada no dedo. Ele não é um almofadinha mas um "homem de dores experimentado nos trabalhos". Durante seu ministério trabalhou de sol a sol apresentando o Reino de Deus e nas madrugadas frias intercedia pelos seus ouvintes contemporâneos e por Suas ovelhas futuras (nós) junto ao Pai. Sentiu fome, sentiu sede, sentiu frio, sentiu calor, sentiu ansiedades. Verdadeiramente, é muito coerente da parte do Nazareno se auto-entitular de o "Filho do homem".

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A identificação do Mestre não se deu ao nível em si mesmado d'Ele próprio somente, mas, Ele também se relacionava com aquela gente simples, analfabeta marginalizada e sofrida da Galiléia de seu tempo. Uma passagem do Seu Santo Evangelho que chama a atenção foi aquele dia que Ele foi para uma das festas religiosas judaicas em Jerusalém, e, em lá chegando foi ao tanque Betesda, que tinha cinco entradas. Perto dessas entradas estavam deitados muitos doentes: cegos, aleijados e paralíticos. Esperavam o movimento da água, pois, segundo uma crendice popular do povo, de vez em quando um anjo do Senhor descia e agitava a água. O primeiro doente que entrasse no tanque depois disso sarava de qualquer doença. Entre eles havia um homem que era doente fazia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e, sabendo que fazia todo esse tempo que ele era doente, perguntou: "Você quer ficar curado?". Ele respondeu: "Senhor, eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim". Então Jesus disse: "Levante-se, pegue a sua cama e ande!". No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou a cama e começou a andar. Mais tarde Jesus encontrou o homem no pátio do Templo e disse a ele: "Escute! Você agora está curado. Não peque mais, para que não aconteça com você uma coisa ainda pior" (Jo 5. 1-9,14). Vemos que esse paralítico da história, antes de ser curado, era um homem azedo, acabrunhado, reclamão, sorumbático, enfim: decepcionado. Quando Jesus perguntou-lhe se ele queria ser curado, ao invés de o pobre coitado gritar: "Sim eu quero! Cure-me Jesus!" Reclamou: "eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim". Muitas vezes nós também nos encontramos como esse homem. Somos vítimas da decepção. Quando temos o fracasso de uma esperança; quando somos assolados por uma desilusão na vida; quando somos derrubados por um desengano, quando pegos por um desapontamento, quando recebemos uma surpresa desagradável; quando nos defrontamos com uma contrariedade, quando somos vítimas de um desgosto. O que seria de nós, quando acometidos de paralisia espiritual, se Jesus não se envolvesse conosco? À semelhança daquele paralítico, muitas vezes, paramos; nossa alma fica letárgica, e nosso espírito se atrofia por que nos decepcionamos em um dos três níveis de decepção que todo crente está sujeito. I. DECEPCIONAMO-NOS CONOSCO MESMO Talvez, aquele homem quando olhava para as suas pernas atrofiadas, sua sujeira, seu mal cheiro, sua dependência dos outros, sua miséria, sua inércia ficava ainda mais frustrado consigo mesmo. Vemos, em Jo 5.14, que a causa de sua paralisia era algum pecado que cometera. Não há nada mais que nos frustra que a consciência do pecado. Aquele homem estava decepcionado consigo mesmo. Hoje, Inúmeros motivos querem nos fazer prostrar inertes, levando-nos a nos subestimar doentiamente.Por isso, é preciso ter firme em nossa mente que não podemos confiar em nós mesmos. Salomão disse "o que confia no seu próprio coração é insensato" (Pv 28:26). Um dos melhores crentes que pisou a face da Terra, o apóstolo Paulo, um dia, também viu-se frustrado consigo mesmo e desabafou: "Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Assim eu sei que o que acontece comigo é isto: Quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte? (Rm 7.18-24, BLH). Vemos assim que o Apóstolo aos gentios também decepcionou-se consigo mesmo. Quantas vezes nos acabrunhamos por detectar falhas em nosso caráter? Quantas vezes nos decepcionamos por não conseguirmos orar como gostaríamos? Quantas vezes nos chateamos por nos omitimos diante de desafios que Deus coloca diante de nós? Quantas vezes nos afundamos por deixarmos de praticar a teoria do bem que conhecemos? Quantas vezes ficamos arrasados por não meditarmos na Palavra de Deus como deveríamos? Quantas vezes esquecemos que o Espírito Santo é

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uma pessoa e como tal quer uma relação pessoal conosco? Quantas vezes nos deprimimos por não conseguirmos ser quem gostaríamos de ser? Isso tudo acontece porque não somos os super-homens que ingenuamente gostaríamos de ser. Por certo, Deus permite que isso ocorra para que tenhamos consciência de que o conteúdo do Evangelho dentro de nós, que é como verdadeiro tesouro espiritual, e para que tenhamos consciência de que "somos como vasos frágeis de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós". Por isso, devemos agir na direção da palavra do salmista: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o meio-dia" (Sl 37. 5).Mas, além de nos frustrar conosco mesmo, também nos desiludimos com aqueles que se relacionam conosco.

II. DECEPCIONAMO-NOS COM AS PESSOAS AO NOSSO REDORAquele paralítico esperava ajuda das pessoas que estavam a seu lado, mas isso não ocorreu. Por isso, vemos nas suas palavras um tom rancoroso: "eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim". A frustração desse homem com as pessoas se dá por dois motivos: primeiro, pela falta de amor e solidariedade de seus compatriotas; segundo, pela concorrência intensa que havia na luta desesperada pela bênção.Não seria esses os motivos que têm deixado tanta gente fracassada atualmente? Muitas vezes, quando mais precisamos das pessoas elas nos decepcionam. Quanto mais perto elas estão de nós, mais elas podem nos frustrar. Vez ou outra, quando precisamos de um apoio moral, o que recebemos é uma lição de moral. Os crentes do nosso lado acham mais fácil imitar os "amigos" de Jó, que esse patriarca propriamente.Parece que quando temos recursos os "amigos" brotam naturalmente onde estamos, mas, quando caímos em insolvência, ficamos sem os companheiros; foi o que experimentou o filho pródigo. Por vezes, pessoas nas quais confiamos nos traem; até mesmo Jesus não esteve isento dessa desventura. Quantas vezes nos chateamos porque mentiram para nós? E quando nos defrontamos com pessoas que não dão bom testemunho cristão? E quando alguém que tenha alguma espécie de autoridade sobre a nossa vida age injustamente contra nós? Não há como não ficarmos jururus com tudo isso.Tais frustrações nos acabrunham tanto, que podemos até perder a consciência que o nosso Salvador está diante de nós, como esteve diante do paralítico do tanque Betesda, amorosamente perguntando: "Quer ser curado?". Ele continua preocupado conosco...; Ele está nos vendo...; Ele não está indiferente às nossas frustrações... Ele não é insensível às nossas necessidades... Ele se identifica conosco. O Senhor não passou por aquele tanque ignorando o paralítico. Foi Ele quem estabeleceu o diálogo com aquele miserável.III. DECEPCIONAMO-NOS COM A RELIGIÃOAquele pobre desgraçado paralítico deveria também estar decepcionado com a Religião. Os religiosos de carteirinha foram acusadas por Jesus de prenderem-se a questões periféricas da crença e desprezarem o que realmente tinha suma importância na Lei: a justiça; a misericórdia; e a fé. Ninguém exercia esse conteúdo essencial da espiritualidade a fim de beneficiar aquele pobre coitado. Quando foi curado, ao invés de renderem ações de graças pela vitória daquele filho de Abraão, murmuraram porque o milagre tinha acontecido no dia de sábado. É gritante o fato de que a religião pela religião é cega, tendenciosa, fanática, venenosa, enfim, frustrante.Por outro lado, vemos aquele pobre homem confiando na reputação mística do tanque, atitude tipicamente religiosa do homem, que é inerentemente um ser religioso. Era o tanque Betesda uma fonte intermitente, que fluía ocasionalmente em esguichos, para depois cessar; mas o povo dava a isso alguma espécie de significação sobrenatural, como se fora a ação de um anjo. Tanto é que no manuscrito original do Evangelho joanino o versículo quatro do capítulo cinco não aparece. Entretanto, não há qualquer razão para se duvidar de que realmente naquele lugar havia curas genuínas, como ainda atualmente elas existem em alguns "santuários de curas". Não precisamos nos preocupar se Deus usa ou não usa intermediários espirituais para efetuar essas curas, mas o certo é que elas existem. O

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problema é que parece que o paralítico estava ali supersticiosamente e nunca recebera sua bênção. Talvez, tenha até piorado psicologicamente, pois a "mexida" na água somente funcionava para alguns outros enfermos, menos para si.Nós também nos frustramos quando nos apegamos a certas fórmulas espirituais para resolver nossas dificuldades. E pelo fato de agirmos apegando-nos à exterioridade religiosa sem nos apropriarmos do conteúdo essencial das atitudes espirituais que Deus espera de nós. É comum diante de uma dificuldade alguém aconselhar-nos: "Ah, irmão, leia a Bíblia e ore que tudo vai se resolver". Isso é falso! Ler a Bíblia e orar mecanicamente não resolve nada! Tais atitudes podem até piorar a situação, se elas nos tornarem frios religiosos. É importantíssimo ler as páginas das Sagradas Escrituras, e orar ao Pai, mas, isso só tem sentido quando mantemos uma comunhão pessoal com o Espírito Santo, pois Ele é uma Pessoa. Jesus não veio trazer religião à Terra! Ele Veio estabelecer relacionamentos. Na verdadeira espiritualidade, não existe "abra-cadabra" ou passes de mágicas, bem como vale salientar que o uso mecânico do nome ou do sangue de Jesus de nada adianta se não fizermos parte da mesma natureza do Senhor Jesus e não formos amigos chegados do Seu Santo Espírito. Quando não vivemos isso, acabamos vivendo religião, e ela acaba nos decepcionando.Também nos assemelhamos ao paralítico da narrativa quando nos frustramos com a religião à medida que acabamos por estabelecer uma espécie de concorrência com o irmão que está ao nosso lado. Ele resmungou para Jesus: "Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim". Cada um dos outros enfermos nos cinco andares daquele tanque era para o pobre paralítico um concorrente da bênção; um rival na luta pelo melhor lugar; um competidor na busca de maior rapidez para se atirar no tanque; e um adversário na busca pelo favoritismo da misericórdia de Deus. Tudo em nome da religião. Em geral, de modo inconsciente assumimos atitudes de disputa no ambiente religioso. Se não nos cuidarmos poderemos ser lançado de cima do "pináculo do templo". Quando nos deparamos com os fracassos de tais atitudes nos decepcionamos profundamente com o ambiente religioso. E não há nada que mais decepciona o ser humano que a religião vazia de conteúdo espiritual! Uma outra ilustração que comprova a idéia de que a religião nos frustra é quando damos crédito a pessoas que nos dizem mensagens afirmando serem de Deus e que, na verdade, não são d'Ele. Entretanto, criam expectativas falsas e por fim, acabam nos frustrando. Quantos prejuízos tem causado a crentes ingênuos os falsos pastores, os falsos profetas e as falsas profetizas? Interessante que é "em nome do Senhor". Nisso, não há nada de espiritualidade, mas sim pura religião misturada com charlatanismo.O grande antagonismo da desgraça do paralítico de João 5 é o nome do local onde ele jazia: "Betesda": "Casa de misericórdia". Que misericórdia ele gozava até Jesus chegar ao tanque? Todavia, O Senhor Jesus resolveu o problema da decepção do paralítico, da mesma maneira com que Ele quer resolver as nossas decepções.IV. JESUS RESOLVE AS NOSSAS DECEPÇÕESJesus não está alheio a nossas necessidades, pois ele nos observa e nos sonda. Todavia, Ele exige que nós façamos a parte destinada a nós para resolver nossos problemas. Nossas lutas, somente são resolvidas quando nos comprometemos com o Senhor. Esse compromisso é mútuo. Jesus nos vê quando estamos decepcionados. É motivo de regozijo saber que Jesus não se afasta dos frustrados. Humanamente, há uma tendência de as pessoas se afastarem dos complicados. Como o homem contemporâneo já tem inúmeros problemas quer se afastar das pessoas problemáticas. E isso só gera o aumento das complicações humanas e o estabelecimento da falta de amor entre os indivíduos. Entretanto, o Senhor Jesus não é assim, Jesus, naquele dia, chegou a Jerusalém com objetivo de participar de uma das festas dos judeus, mas na Sua agenda de trabalho a prioridade é para as pessoas e não para as coisas. O capítulo cinco de João declara que Jesus viu o homem deitado e, sabendo que fazia todo esse tempo que ele era doente, perguntou: "Você quer ficar curado?"O texto nos revela que Jesus vê o frustrado. Como é bom saber que Jesus nos vê! Como é bom saber que ele não nos ignora. Ainda que estejamos complicados, o senhor nos vê. As pessoas ignoram e evitam os complicados por que só vêem o que é aparente, somente vislumbram a superfície, ou seja, a

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complicação insolúvel. Em função disso, deixam de ver o valor precioso que tem a alma e o espírito humanos para Deus, e ao invés de ajudar acabam aborrecendo mais ainda quem já está complicado. Nosso Deus não age assim. "O Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração" (1 Sm 16.7b). O homem segundo o coração de Deus (Davi) quando sentiu-se complicado orou de um modo que nós também podemos clamar: "Tem misericórdia de mim, Senhor; vê como me fazem sofrer aqueles que me aborrecem, tu que me levantas das portas da morte" (Sl 9:13). Mesmo que estivermos nas portas da morte o nosso Pai nos vê, e nos levanta!

Jesus se interessa por nós quando estamos decepcionados. A iniciativa de pôr fim à paralisia daquele desgraçado partiu de Jesus. Foi o Senhor quem começou o diálogo, perguntando-lhe: "Você quer ficar curado"?. Jesus sempre se identifica com os pecadores. Sempre se interessa pelos frustrados. Ele "não apaga o pavio que fumega e não acaba de quebrar a rama que está partida (Is 42.3)". "Ele veio buscar e salvar os perdidos" (Lc 19.10). O próprio Senhor disse: "Os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores" (Mc 2. 17). Confiemos n'Ele! Jesus tem poder para solucionar nossas frustrações. Não bastaria se Ele tivesse somente a vontade de nos ajudar, mas não tivesse condições de fazê-lo. "Ele tem todo o poder no céu e na Terra" (Mt 28.18).Jesus exige mudanças nossas, para Ele resolver nossas decepções. Do ponto de vista da lógica humana, parece ridícula a pergunta que Jesus fez àquele pobre coitado: "Queres ficar são?". O texto nos diz que Ele sabia que aquele homem estava inerte há trinta e oito anos; se ele estava ali esperando o mover das águas é porque, obviamente, anelava desesperadamente a sua cura. Não é estranho a pergunta de Jesus? "Queres ficar são?" Na verdade, tal questionamento tem um significado mais profundo do que o que simplesmente aparenta. Jesus estava na realidade questionando se aquele homem queria "mudar de vida", ou seja ele estava perguntando: Você deseja parar de pedir esmola? Você deseja trabalhar? Você deseja andar com suas próprias pernas? Você deseja trocar de roupas? Você deseja sair do pó? Você deseja parar de depender dos outros? Em suma, Jesus estava questionando: Você deseja se arrepender e abandonar definitivamente o pecado? Isso é tão certo que o evangelista João nos informa que mais tarde Jesus encontrou o homem no pátio do Templo e disse a ele: "Escute! Você agora está curado. Não peque mais, para que não aconteça com você uma coisa ainda pior". Logo, vemos que a causa da sua enfermidade era o pecado. Ainda hoje o Senhor quer solucionar nossas frustrações; quer resolver os fracassos de alguma esperança perdida; quer devolver alguma desilusão perdida na vida; quer nos levantar se caímos por um desengano; quer nos encorajar se ficamos inertes por algum desapontamento; quer nos encorajar ante as surpresas desagradáveis do cotidiano. Mas, antes de glorificarmos a Ele alegre e descomprometidamente, devemos nos mobilizar para as mudanças que o Senhor exige de nós! Quer nos curar da úlcera, mas exige que paremos de comer pimenta. Quer nos curar da depressão, mas exige que entreguemos confiadamente e sem reservas nossos cuidados a Ele. Quer nos abrir uma oportunidade de trabalho, mas exige que nós qualifiquemos nossa mão-de-obra. Quer nos salvar do desemprego, mas exige que sejamos obedientes ao patrão. Quer melhorar nosso casamento, mas exige que perdoemos nosso cônjuge e eliminemos os defeitos de nosso caráter. Quer nos ungir para o ministério, mas exige que vivamos uma verdadeira espiritualidade. Para cada bênção que almejamos do Senhor, Ele exige algo de nós.Jesus exige de nós, fé em Sua Palavra para resolver nossas decepções. Jesus resolve nossas complicações com um instrumento poderoso: A Sua Palavra. Ele declarou ao paralítico: "Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem ficou são". A Palavra do Senhor continua sendo o meio de dar um fim às nossas lutas. Para quem está necessitado ela diz: "O Senhor é o teu pastor, nada te faltará"; "o teu Deus segundo as riquezas da Sua glória suprirá todas as suas necessidades por Cristo Jesus". Para quem está enfermo, declara: "O senhor é quem sara todas as tuas enfermidades". Para quem está ansioso, anima: "A paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os seus sentimentos e o seu coração". Para quem está

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deprimido, certifica: "não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares". Para quem está com medo, encoraja: "Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: não temas, que eu te ajudo". Para quem está em luta, garante: "...a vitória vem do Senhor!"Confiemos no Senhor! O paralítico ouvindo a Palavra de autoridade de Jesus tomou o seu leito e começou a andar. Ele andou porque depositou sua fé na Palavra de Cristo. Fé na Palavra do Senhor é a atitude que resolve nossas decepções. Façamos como o salmista que confiou inteiramente no Pai celestial: "Somente em Deus espera silenciosa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é ele a minha fortaleza; não serei ... abalado. [...] a minha alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha fortaleza; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; Deus é o meu forte rochedo e o meu refúgio" (Sl 62.1-7). JESUS CRISTO RECRUCIFICADOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não com sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo não se faça vã (1Coríntios 1.17). "... de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus..." (Hb 6b); Em 1959, o eminente pregador e escritor canadense Pr. A. W. Tozer declarou que "A qualidade do cristianismo evangélico vem piorando ano após ano". Isso foi dito há quarenta e três anos acerca do cenário eclesiástico norte-americano. Lamentavelmente, verificamos que chegou por aqui também. Esqueceram muitos líderes de igrejas chamadas evangélicas das balizas da Reforma do Século 16: Sola Gratia, Sola Fide, Sola Scriptura; Solus Christus, ou seja "Só a Graça de Deus; Só a Fé Pessoal; Só a Escritura Sagrada como regra de Fé e Prática; Só Jesus Cristo como Salvador", tão bem expressos esses estandartes na palavra de ordem do CongressoBíblico-doutrinário do Amazonas: CRISTO NO CENTRO! BÍBLIA NO PÚLPITO HERESIAS DE FORA!

Em outra de suas inúmeras obras declarou que

"Jesus Cristo não tem hoje quase nenhuma autoridade entre os grupos que se chamam pelo Seu nome. Não estou me referindo aqui aos católico-romanos, nem aos liberais, nem sequer às seitas quase-cristãs. Refiro-me às igrejas protestantes em geral e incluo aquelas que protestam mais alto que não se acham num declive espiritual, afastando-se de nosso Senhor e seus apóstolos, a saber, os 'evangélicos'"

Isso é recrucificar Jesus Cristo! É colocá-lo meio como rainha da Inglaterra que reina, mas não governa. A cruz do Calvário foi substituída pela Menorah, o candelabro de sete braços do judaísmo; o "cântico novo" de Apocalipse foi trocado pelas velhas danças da cultura hebréia; e a obra definitiva de Cristo na cruz e na ressurreição tem que receber o acréscimo da quebra de maldições já perdoadas e desfeitas pelo sangue de Jesus Cristo que "nos purifica de todo o pecado".

Não há justificativa para movimentos que propondo a melhoria espiritual e o crescimento das igrejas venham fraturar, separar, dividir o povo de Deus. Há verdadeiras guerras civis no seio das Convenções, das denominações pela falta de sensatez, de equilíbrio e de centralidade da Bíblia no púlpito.

É simplismo demais atribuir a responsabilidade ao espírito do alcoolismo, do adultério, da mentira, porque isso leva a negar a responsabilidade individual pelo pecado e a necessidade de arrependimento, confissão e fé, razão porque o Pr. Ricardo GONDIM afirmou, o que, aliás, já é senso comum: "A igreja evangélica brasileira mostra-se muito vulnerável a falsas doutrinas". Mas a coisa é tão antiga... Irineu, um dos teólogos da Igreja Antiga já asseverava que "O erro nunca vem com todas as suas deformidades, pelo contrário, parece até mais verdadeiro que a verdade".

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Uma análise da vida da Igreja de Jesus Cristo nos aponta ser ela uma instituição divina composta, no entanto, de seres humanos. Muito humanos, aliás: fracos, débeis, disfuncionais, e, por vezes, com líderes sem muito discernimento. São líderes, por vezes, cheios de rivalidades, narcisistas, invejosos, vaidosos, plenos de delírio de grandeza, que identificam o seu próprio discurso com o discurso de Deus e a megalomania pessoal com a grandeza do reino de Deus.

O parâmetro e critério para a interpretação da Palavra de Deus deixou de ser Jesus Cristo porque o Filho de Deus está sendo recrucificado. O que agora temos é uma influência do gnosticismo, velho conhecido da Igreja Apostólica, práticas judaizantes, que tanta celeuma causaram na Igreja dos primeiros dias e do baixo espiritismo fazendo sincretismo com segmentos para-eclesiásticos aceitos pela mídia e pela opinião popular como "evangélicos".

A dicotomia entre os que são chamados "leigos" e pastores não condiz com o princípio neotestamentário do Sacerdócio dos Crentes, mas tem aspecto, cheiro e tempero de romanismo. Quando um "fundador" de "igreja" faz questão de ser conhecido como "apóstolo" ou "bispo-primaz", e a igreja por ele fundada se torna dependente de sua personalidade, tudo está num caminho perigosamente equivocado e desorientado.

Em Salvador, em uma igreja hoje fora da Convenção Batista Brasileira, o pastor que faz questão do título de "bispo" (desconhecendo, certamente, que bispo, presbítero e pastor são funções específicas do mesmo vocacionado ), tem usado kipah e talit (solidéu e xale de orações) na celebração da Ceia Memorial. Além disso, a sua igreja utiliza grupos de danças judaicas em determinados cultos.

Na verdade, desejamos ardentemente compreender o cenário nas igrejas evangélicas. Verificamos, no entanto, e para nosso desprazer, que o evangélico alvo de alvoroçar o mundo, conforme a declaração de Atos 17.6b ("Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui") está redirecionado para "Estes que têm alvoroçado a igreja, chegaram também aqui".

ADORAÇÃO

Há alguns anos, procurava-se uma igreja pela sua denominação, nome e doutrina. Mudou tudo, a motivação mudou. Já não se procura uma igreja por rótulo denominacional. Doutrina, nem falar... A Convenção Batista Brasileira, buscando preservar a identidade das igrejas filiadas, recomenda colocar sua sigla nas placas e boletins.

Busca-se a igreja onde é costume cantar hinetos, levantar as mãos ou bater palmas. São formas e gestos litúrgicos menores que, no entanto, têm dividido igrejas. Possivelmente, o que se busca mesmo seja a experiência de envolvimento, cultos participativos, música contemporânea, opções de horário, ou seja, há uma procura por função (estilo do culto) e forma (tipo de ministração).

O problema é muito maior, no entanto. Nossos arraiais têm sido infestado por um clima de showmício, de um Domingão do Faustão, por isso que o culto é programado (programado???) o para agradar o espectador/ouvinte. Ofereceram-me a presença de um artista supostamente convertido ao evangelho, mas a igreja teria que comprar um certo número de CDs e pagar um excelente cachê pela sua presença. E se a cada domingo puder apresentar uma nova atração no cartaz, a casa cheia está garantida. É a "Síndrome da Segunda Tentação": a de se tornar um espetáculo e encher os olhos da multidão sedenta de novidades.

O modesto pastor que serve em silêncio aprofundando vidas, não é lembrado (nem para oração silenciosa nas assembléias da Convenção Estadual...). Quer ser notado? Invista no marketing pessoal (voltaremos a falar sobre isso). Faça bastante barulho, crie um espetáculo; use cores, bandeiras, encha os olhos do povo e seus consumidores (desculpe, queria dizer adoradores) ficarão satisfeitos: está garantida a volta no próximo domingo.

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Em 1887, há pouco mais de cem anos (observem a data!) Spurgeon dizia que

"O fato é que muitos gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e ordenanças. Se nos encontramos incapazes de frear essa enxurrada, podemos, ao menos, prevenir os homens quanto à sua existência e suplicar que fujam dela. Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na falta de pão, alimentam-se de cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem avidamente pelo caminho da bobagem".

É nesse ponto que meditamos acerca de critérios básicos para medição do culto que é prestado a Deus. Sem dúvida, o melhor aferidor é a própria Escritura Sagrada. Em Carta dirigida a uma problemática igreja, Paulo destaca quatro critérios:

¨ que o culto não ofenda nem escandalize (1Co 10.32);¨ que tudo seja feito para a glória de Deus (14.6, 7)¨ que tudo seja feito para edificação (1Co 14.26);¨ que tudo seja feito com decência e ordem (1Co 14.40).

Mas tudo está tão diferente... Sentimos desconforto com o silêncio, e até consideramos uma reunião "morta" se não há barulho. É verdade que nem todo silêncio é espiritual. Há crentes que ficam calado porque não sabem ou não têm mesmo o que dizer.

Infelizmente, a "Síndrome de Ezequiel" está vezes tantas presente. É a vinda ao culto pela diversão implícita, como bem expressou o Senhor ao profeta Ezequiel:

"O Senhor dirigiu-me a palavra e disse-me: 'Ezequiel, o teu povo anda a falar de ti. Quando se encontram junto aos muros da cidade ou às portas das casas, dizem entre si: 'Vamos ouvir o que o Senhor tem para nos dizer!' O meu povo aglomera-se à tua volta em grande número, para ouvir a tua mensagem, mas não fazem o que tu lhes dizes. Dizem palavras muito bonitas, mas o seu coração é profundamente interesseiro. Para eles, não és mais do que um cantor de cantigas agradáveis, que tem uma bela voz e toca muito bem. Ouvem as tuas palavras mas não obedecem a nada do que dizes" (Ez 33.30-32).

Pois é; Deus nos convoca para sermos adoradores em espírito e em verdade, porém, em muitos casos, tem se feito do culto uma fonte de diversão e entretenimento.

O culto celebra Jesus Cristo como um decisivo acontecimento, Cristo como kairos, ponto de mudança, determinante na História. No mundo secularizado em que vivemos, o culto é há de ser um antídoto ao crescente consumismo. Triste é quando ele mesmo se torna um fator de consumo, um subproduto de certas chamadas igrejas.

Mas o culto não celebra a igreja, mas, sim, a Cristo. Há quem afirme que o primeiro culto cristão foi o dos pastores nos campos de Belém (Lc 2.8-14). Creio que ocorreu bem anteriormente quando Maria o rendeu a Deus por Seu Filho, Jesus , o Messias e expresso no chamado "Cântico de Maria" em Lucas 1.46-55. Daí, o princípio número um do culto cristão: ele celebra Cristo, e só a Cristo: Solus Christus, estandarte da Reforma!

E se Jesus Cristo é o centro da celebração cristã, só pessoas verdadeiramente salvas, purificadas pelo sangue de Cristo podem adorar em espírito e em verdade. Aí, a compreensão do nome de Deus para ter sentido em toda a sua dimensão:

¨ ser Deus o El Elyon, e Jesus o Filho de El Elyon, do Deus Altíssimo (Lc 1.32);¨ ser Deus o Javé Jiré, o Deus do Moriá, da nova visão, da revelação adequada e plena (Gn 22.1-19; Jó 42.5);

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¨ ser Deus o El Shaddai, o Deus das mais poderosas realizações (Sl 89.13);¨ ser o Deus o "escudo de tua vida" como foi o Magen Avraham, o "escudo de Abraão" e igualmente nosso protetor (Gn 15.1);¨ ser El Berith, o Deus da aliança feita pessoalmente conosco no sangue de Jesus (Gn 17.7);¨ o Deus pessoal como foi o "Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó", e é igualmente o Deus de Livingstone, de Marcelo, de Lídice, de João, de Nilda, de Jorge Max, de Norton e de Walter Baptista.

Na real adoração, a presença de Deus é perfeitamente sentida, Seu perdão é apresentado e oferecido, Seus objetivos e horizontes para a vida são discernidos e seu poder é altamente demonstrado nas mudanças operadas, pois tudo isso estava presente por ocasião do derramamento do Espírito na Festa de Pentecostes (At 2.11).

Mas Cristo tem sido recrucificado vezes tantas... É verdade que há uma renovação litúrgica ocorrendo nas igrejas com novas perspectivas, novas formas e novos métodos. Mas quanto disso vem das Escrituras Sagradas e quanto vem do desejo pessoal, do narcisismo e vaidade de que anteriormente falamos?

MARKETING

"No início, a igreja era um grupo de homens centrados no Cristo Vivo.Então, a igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia.Depois, chegou a Roma e tornou-se uma instituição.Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura.E, finalmente, chegou à América e tornou-se um negócio".

Essas palavras foram ditas pelo capelão do Senado norte-americano, Pr. Richard Halverson. No Brasil, então, virou um excelente negócio, haja vista que igrejas são abertas como se abrem lojas de 1,99. Em Salvador há uma rua que parece a Zona Franca desta linda e carinhosa cidade de Manaus, ou a rua da Alfândega no Rio de Janeiro, ou a rua Direita do Rosário no Recife: várias igrejas, algumas barateando cada vez mais o seu produto.

O mercado evangélico nem é mais um promissor mercado no futuro. Gravadoras de música secular abriram segmentos com selo próprio para o milionário mercado da música evangélica. As lojas de disco e os supermercados têm estantes para a música dita gospel, (terminologia, aliás, errada segundo os padrões da História da Música. O apreciado Rolando de Nassau tenha a palavra sobre esse tema). Vendem-se produtos destinados ao consumidor evangélico, inclusive óleo para unção de diversas marcas. O mercado do turismo, esse, então, descobriu o filão evangélico.

Israel de antes das guerras intestinas foi vendido como objeto de consumo a piedosos irmãos que enviaram até mesmo pedidos de oração para serem queimados numa muito anunciada fogueira santa no monte Sinai, que (sem trocadilho), diga-se de passagem, fica no Egito. O produto culto é vendido por certas igrejas, e quanto mais chamativo mais sucesso se obtém: Arca Santa da Aliança, Terra Santa, Areia Santa, Sabão Santo, Água Santa do Jordão, Campanha da Vassoura, Carteira Profissional do Desempregado, 300 Filhos da Luz, Sessão Forte de Descarrego, Corrente de Naamã, Pai das Luzes, Bispo dos Desacreditados são alguns dos títulos e subprodutos de venda desses "cultos". A propósito, foi-me explicado que a Campanha de Naamã leva a fila de consumidores (quero dizer, participantes dos "culto") pelo batistério onde supostamente teria sido colocada a mesma água do rio Jordão onde Naamã foi curado.

E porque vender é uma arte, livro publicado em 1993 ressalta premissas para o marketing (entenda-se venda) na igreja de hoje:¨ A igreja é um negócio;¨ O marketing é essencial para um negócio funcionar com êxito;Isso significa que sendo a igreja um negócio, deve ser dirigida com a mesma habilidade que caracteriza

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qualquer empreendimento. Nossa meta como igreja, tal como qualquer negócio secular, é obter êxito. Meu Pai, recrucificaram o meu Salvador!!!

Destaca, ainda, o autor os quatro "P" de nossas atividades: Produto, Ponto de Vendas, promoção e Preço. Não é de estranhar que determinada prestadora de serviço religioso tenha um departamento especial para criar campanhas como a Terapia do Amor, a Fogueira Santa de Israel e muitas outras. Esse é o Produto. O bem intencionado livro ensina que o produto que temos chama-se relacionamento com Cristo e com o semelhante.

O Ponto de Vendas é onde se está. Colocar o produto no lugar certo para atender o público certo. Não é prova de habilidade oferecer ao "cliente/consumidor/cultuante" opções de horários para assistir ao culto? Prefere o das 7h, das 10h. das 13h, das 15h ou das 19h?

A muito bem elaborada Promoção vende igualmente bem o Produto no momento apropriado para o cliente. É sabido que na indústria e no comércio, a determinação do preço é algo complexo. Nele precisam estar embutidos a matéria prima, os custos de produção, a distribuição, margem de lucro para remunerar o tempo e o esforço dos empregados. Sugere o livro que o Preço em termos de igreja é o Compromisso, ou em termos comerciais a Fidelização.

Há, no entanto, outro tipo de marketing que é o pessoal. Nesse campo, desenvolve-se um bem montado culto à personalidade. Políticos, artistas, desportistas, cantores, e, hodiernamente, pregadores e cantores evangélicos têm desenvolvido um elaborado e determinado marketing pessoal nunca visto, com tudo a que têm direito para os elevar acima do povo que os sustenta.

São "apóstolos, bispos, profetas e profetisas", que se esquecem da exclamação do poeta de Israel: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Sl 115.1), e a do apóstolo Paulo, "Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gl 6.14).

É por essas e outras razões que o Pr. Ricardo GONDIM rejeita esses títulos e o faz com finíssima ironia em artigo publicado na revista Ultimato. Para ilustrar melhor, conta uma conversa que teria acontecido numa reunião de pastores onde reinava o que ele chama de "volúpia em pastores se promoverem a bispos e apóstolos". Pergunta um pastor a outro: "Você já é apóstolo?" O outro teria respondido:: "Não, e nem quero. Meu desejo agora é ser semideus. Apóstolo está virando arroz de festa, e meu ministério é tão especial que somente o título de semideus cabe a mim".Até se faz hermenêutica com esse marketing pessoal: "se no livro do Apocalipse o anjo da igreja é um pastor, logo, aquele que desenvolve um ministério apostólico seria um 'arcanjo' ".

É verdade; o povo de Deus necessita e pede líderes fortes, comprometidos e dotados da inspiração e liderança do Espírito Santo. No entanto, grupos sectários, facções, desvios de doutrina alicerçam-se basicamente em personalidades fortes, insinuantes e manipuladoras.

Quando isso ocorre, Jesus Cristo é outra vez crucificado, e Ele não merece isso! GONDIM exorta dizendo que "Não fomos chamados para ter ministérios bem-sucedidos, mas para continuar o ministério de Jesus".

MARCHA PARA JESUS

O movimento intitulado Marcha para Jesus teve início na Inglaterra nos ano '80. Foi uma iniciativa de igrejas locais que levaram para as ruas o que experimentavam em sua vivência diária, visto que era um movimento de intercessão. Músicas apropriadas para o ar livre foram escritas especialmente para as primeiras passeatas, tendo Graham Kendrick, conhecido compositor britânico, como autor.

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Em maio de 1987, a Comunidade Ichtus de Londres, a organização missionária Jovens com uma Missão e a Equipe Pioneira se reuniram para organizar uma passeata de louvor e oração pelas ruas londrinas, que reuniu cerca de 15 mil pessoas. No ano seguinte, já eram 55 mil. Hoje, o movimento ultrapassa 130 países, reúne milhões de participantes e ocorre no sábado antes da comemoração do Dia de Pentecostes, de acordo com o calendário litúrgico.

Segundo os organizadores, essa celebração mundial significa a derrubada das barreiras denominacionais, tomando como base as palavras de Jesus em João 13.35: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros". Significa, outrossim, que é como uma reunião de família, em que às crianças, por exemplo, nunca é ordenado que se sentem e fiquem quietas. Ao contrário, as crianças testemunham a realidade de uma igreja unida em torno de um propósito: a unidade dos crentes nas ruas da cidade.

A Marcha para Jesus chegou ao Brasil há um pouco mais de dez anos. Tem sido patrocinada por uma das "igrejas" de fortíssimo marketing institucional (andou até há pouco tempo em manchetes altamente negativas nas revistas de comentário, jornais e televisões). Não há razões lógicas nem teológicas para se fazer o que tem acontecido, a não ser mostrar o potencial de arregimentação de grupos supostamente evangélicos.

No Brasil, virou carnaval fora de época. Realmente, está mais para carnaval do que para desfile do Dia da Bíblia (lembram como era?). A Bahia tem uma antiga tradição das micaretas, um carnaval fora de época realizado em cidades do interior. Em Salvador e outras cidades deste imenso país, a Marcha para Jesus é a micareta dos evangélicos, pois assim os jornais locais têm tratado do assunto. A Tarde, o diário de maior circulação na capital baiana, falou até em "samba no pé" dos crentes. Aquele mesmo pé que deve ser guardado quando se vai à casa de Deus (Ec 5.1).

Por conta da ideologia neocarismática, a versão brasileira da Marcha para Jesus, que tem sido chamada de "triunfalismo", tomou outras direções: está aliada à corrente intitulada "Batalha Espiritual", que busca reviver a primitiva teologia semita dos deuses nacionais, dos espíritos territoriais. Lembremos que na primeira fase da teologia, os deuses não atravessavam fronteiras.Moloque, o deus de Amon dominava aquela terra; Dagon, o deus filisteu, não saía das fronteiras da Filístia; o mesmo acontecendo com os deuses de Canaã, a Terra Prometida. Essa é a razão porque, para demonstrar o Deus supranacional Que Se revelou aos hebreus, encontramos as palavras de perfeita e absoluta segurança ao povo israelita: "Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso... O Senhor vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes o terror e o temor" (Dt 11.24, 25). Tudo muito físico, muito concreto de acordo com a mentalidade hebréia.

Assim, a Marcha para Jesus objetiva conquistar a cidade aos seus príncipes, demônios, deuses locais e o faz pisando o solo como há 3.000 anos fizeram os hebreus em suas guerras de conquista. Em nosso país, cenas esdrúxulas têm sido presenciadas e criticadas com "apóstolos", "bispos", pastores, acólitos e coroinhas em plena euforia provocando surpresa, e espanto na mídia e nos descrentes em geral que não podiam imaginar que crente era tão bom de samba, pagode e axé...

A propósito, as igrejas batistas reunidas na 78a Assembléia da Convenção Batista Baiana discutiram o assunto e aprovou o seguinte parecer:

POSICIONAMENTO DA CBBa SOBRE ACONTECIMENTOS NO EVENTO 'MARCHA P/ JESUS", CONFORME DIVULGADO PELA IMPRENSA SECULAR, ISTO É, JORNAL "A TARDE", EDIÇÃO DE 3/6/2001 E "CORREIO DA BAHIA" DA MESMA DATA.Diante da veiculação via jornais A TARDE e CORREIO DA BAHIA dos eventos concorrentes de "Marcha para Jesus" e considerando:

a) Os excessos comportamentais de pessoas identificadas como evangélicas;

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b) A repercussão negativa dos fatos do referido evento;c) A não promoção do REINO, e sim de segmentos pseudo-evangélicos;d) A banalização do Evangelho,Propomos: que a Convenção Batista Baiana emita e divulgue via meios de comunicação de massa (jornais, cartas e televisão) nota informando sua posição face aos acontecimentos contendo o seguinte texto:

"A Convenção Batista Baiana reitera seus princípios de autenticidade e autoridade das Escrituras, como norma de fé e conduta, bem como de liberdade pessoal de cada indivíduo na sua expressão religiosa. No entanto, não reconhece e nem comunga com os excessos comportamentais e êxtases cometidos em nome de Jesus. Reconhece a alegria como algo espiritual e a necessidade de sua extravasação em forma de expressões corporais, desde que não se valha de desvarios, euforias e caricaturas de quaisquer espécie destoantes com nossos princípios".

Ia esquecendo, a próxima Marcha para Jesus será em 7 de junho de 2003.

PROSPERIDADE

É verdade: os patriarcas eram homens prósperos. Alguns fariam inveja aos senhores feudais e aos latifundiários de hoje em dia. Fariam, sem dúvida, a festa dos integrantes do MST. A respeito do Pai dos crentes, diz a Bíblia que "Era Abraão já idoso e avançado em anos, e o Senhor em tudo o havia abençoado... Deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos" (Gn 24.1, 35; cf. Gn 12.16; 13.2; 20.14).

Seu filho Isaque não ficou atrás, pois "Engrandeceu-se o homem, e foi-se enriquecendo até que se tornou muito poderoso. Possuía ovelhas e bois, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam" (Gn 26.13, 14). Relata a Palavra de Deus que o mesmo aconteceu com Jacó (Gn 30.43; 32.13-15), com José, seu filho (Gn 41.40-44), e a história de Jó o coloca como "o homem mais rico de todo o oriente" (Jó 1.3b BSPC).

Porém entendamos: há um problema com a Teologia da Prosperidade. Se é tão contestada, debatida e objeto de mal-estar, há um problema. Entendamos ainda: o enorme mal-estar da Teologia da Prosperidade não é a prosperidade, mas a teologia em si. Essa onda doutrinária é igualmente conhecida como Movimento de Fé e não deixa de ser um "movimento do potencial humano", pois está mais para Lair Ribeiro que para o Novo Testamento.

Vamos elaborar: na teologia primitiva de Israel, sinal da graça de Deus era ser rico, ter filhos e gozar de boa saúde, longa vida. O contrário disso era miséria espiritual. A maior injúria para uma mulher hebréia era ser estéril. A exclamação de Isabel, mãe de João foi "Assim me fez o Senhor, nos dias em que se dignou retirar o meu opróbrio perante os homens" (Lc 1.25; cf. 1Sm 2.5b).

O próprio livro de Jó é um protesto veemente contra a teologia da retribuição nesta vida proclamada por esse primitivo entendimento da graça divina e que se representa hoje pela Teologia da Prosperidade. Não havia o sentido neotestamentário de vida após esta vida, de bem-aventurança e maldição eternas, céu e inferno. A crença era em um mundo de sombras, o sheol, a habitação de todos os mortos sem distinção de vida justa e perfeita diante de Deus, ou injusta e pecaminosa. Toda retribuição (bem-aventurança ou punição) seria na terra, pregavam os antigos teólogos. Jó com uma visão mais ampla e clara da revelação divina se insurge contra a teologia da retribuição terrena. No entanto, o meio-dia da revelação, a clareza e brilho da Nova Aliança, vai trazer uma nova luz sobre o assunto.

A semente da cobiça que se instala no coração de quem busca a prosperidade pela prosperidade produz amargos frutos: ansiedade, inveja e ganância. E a Palavra Santa alerta sobre o assunto:"Não corras atrás das riquezas; evita por nisso a tua ambição" (Pv 23.4); bem como, "O homem fiel será

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cumulado de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo" (Pv 28.20; cf. Mt 6.19, 20; 19.21). Paulo escreve a Timóteo e faz uma seriíssima recomendação: "Os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço" (1Tm 6.9a). Até Millor Fernandes dá a sua contribuição para o debate e afirma, "O ideal é ter sem que o ter te tenha". Afinal, que é mais importante: ter ou ser?

Por outro lado, temos a questão da saúde, ou melhor, da enfermidade. O sofrimento é um problema na cabeça de alguns crentes. Não compreendem como pode a declaração de Isaías 53.4, 5 não se tornar realidade física, quando ensina que "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... e pelas suas pisaduras fomos sarados".

É uma questão de compreender que o profeta não está se referindo a males biológicos, físicos, senão a graves problemas espirituais. O mesmo verbo usado para dizer que "fomos sarados" pelas suas feridas (rapha) é utilizado em Jeremias 3.22 para afirmar "eu curarei as vossas rebeliões". Não entendem que existe o sofrimento pedagógico, aquele que nos ensina preciosas lições de paciência, de esperar no Senhor, de perseverança, de constância, de fé. Em Romanos 5.3-5, Paulo declara, "Também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não traz confusão, porque o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".

E Paulo narra seu duro aprendizado e conseqüente confiança em Deus ao dizer que "Era como se tivesse condenado à morte. Isto aconteceu para eu aprender a não confiar em mim próprio, mas sim em Deus..." (2Co 1.9). Sim, a dor, a tribulação, a enfermidade, o sofrimento podem ser plena e perfeitamente didáticos, ou seria o apóstolo Paulo um iludido ou, pior, um masoquista ao dizer, "Por isso, não perco a coragem. E ainda que o meu corpo se desgaste, o meu interior renova-se de dia para dia. As aflições do momento presente são leves, comparadas com a grande e eterna glória, que elas me preparam" (2Co 4.16, 17; cf. Rm 8.18, 22, 23, 28, 31-39).

CONCLUSÃO

Parece existir uma devastadora falta de discernimento. A Bíblia assegura que só o espiritual discerne o que é do Espírito (1Co 2.15); diz que há quem não tenha discernimento quanto ao Corpo do Senhor, que é Sua Igreja, escandalizando os mais fracos, separando os irmãos, machucando a comunhão (1Co 11.29), e se não há conhecimento nem percepção, as "coisas excelentes" de Filipenses 1.10 não serão discernidas.

O carisma do discernimento (dom espiritual, portanto) levará pastores e igrejas a se certificarem de que se aparece alguma coisa nova na igreja (doutrina, revelação) não pode ser verdadeira, e se é verdadeira não há de ser novidade. Realmente, o ser arrastado por "ventos de doutrina", novidades, modismos e práticas estranhas tem razão de ser:

¨ Imaturidade espiritual. Depois do mingauzinho, ou, como se diz no Nordeste, do engrossante dos primeiros dias de vida cristã, é o momento de comida mais encorpada e temperada. Falta de experiência no início da vida cristã é admissível no novo crente. O crente antigo tem leis espirituais pelas quais viver, "crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2Pe 3.18a; cf. Ef 4.15), e para isso, temos a Palavra Santa que é "inspirada por Deus e serve para ensinar, convencer, corrigir e educar, segundo a vontade de Deus, a fim de que quem serve a Deus seja perfeito e esteja pronto para fazer o bem" (2Tm 3.16, 17).

¨ Engodo espiritual. Há indivíduos que têm muita habilidade para convencer até antigos crentes. Paulo advertiu os irmãos da Galácia acerca dessas pessoas no meio das suas igrejas, e alerta, "O interesse que essa gente mostra por vocês não é bem-intencionado" (Gl 4.17a). Nem sempre o uso de linguagem evangélica é sinal de correção doutrinária, de ortodoxia. Nem sempre a palavra salvação tem o mesmo significado em diferentes grupos; nem sempre o nome de Jesus tem o mesmo quilate.

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¨ O Orgulho intelectual é fator de cegueira, como exortou Paulo em 2Coríntios 11.3, 4a: "Tenho medo que se corrompam no entendimento e abandonem a simplicidade e a pureza da fé em Cristo, assim como Eva foi seduzida pela astúcia da serpente. Pois são capazes de aceitar alguém que vos vá falar de um Jesus diferente daquele que eu vos anunciei".

Que fazer, então?

¨ Que tal ser como os irmãos de Beréia? O relato diz que tudo o que Paulo ensinava era cotejado com a Escritura para ver se era do modo que ele dizia.¨ Cuidado com revelações fora da Palavra, com descobertas "exclusivas": "O Senhor me disse...","Deus me falou...", Prevendo isso, o Espírito Santo instruiu Paulo a escrever, "se alguém vos uma Boa Nova [um evangelho] diferente daquela que receberam, seja maldito!" (Gl 1.9b).

¨ Estude a doutrina bíblica. Familiarize-se com a doutrina de Deus, do Ser Humano, do Pecado, de Jesus Cristo, da Salvação, do Espírito Santo, do Destino Final.¨ Afaste-se de grupos que criam dúvidas e perturbação e rejeite tudo o que não vem da Palavra de Deus (cf. 1Tm 4.7, 13).Discernimento é o que este tempo requer. Palavrinha boa... "Discernir" vem de uma raiz grega (krino) que tem o significado essencial de "passar pela peneira", ou seja "fazer separação". Por esse motivo, "discernir" é o mesmo que "julgar" ou "decidir". 1Tessalonicenses 5.21 traz uma lei espiritual para o crente ao exortar, "Examinai tudo. Retende o bem".

Tem faltado julgamento em verificar se determinado obreiro ou comunidade leva a sério seu compromisso com a boa doutrina ou se é useiro e vezeiro em aceitar as novas ondas doutrinárias e práticas estranhas. Tem faltado julgamento em distinguir se uma igreja que ostenta o título de Evangélica é na verdade uma comunidade digna desse nome ou apenas aproveita a nobreza e seriedade dessa nomenclatura.

Pois é; quando surgir novidade na praça, faça como os irmãos bereanos e use o critério do VER-JULGAR-AGIR.É por esse motivo que eu creio em pregar e ensinar (Mt 28.19,20); creio no aperfeiçoamento dos santos e na edificação do corpo de Cristo (Ef 4.12); creio em cultuar em espírito e em verdade (Jo 4.24); creio no partir do pão e nas orações (At 2.42); creio na cruz do Calvário (Gl 6.14). Creio em sermos astros no mundo retendo a palavra da vida (Fp 2.15b, 16a), "sal da terra" e "luz do mundo".

Mas a próxima crucificação não há de ser outra vez a de Jesus Cristo, é a minha. Ou como humildemente exclamou Paulo, "Estou crucificado com Cristo..." (Gl 2.20): sou eu crucificado, o crente crucificado. No centro de minha devoção, do meu coração, de meu culto está o Senhor Jesus Cristo, diante de Quem eu me curvo em reverência e louvor para cumprir unicamente Sua vontade.

NOTAS TOZER, O Melhor de Tozer, p. 78.2 GONDIM, O Evangelho da Nova Era, p. 9.3 Cit. Por GONDIM, O Evangelho da Nova Era, p. 13.4 Cf. At 20.17, 28.5 Cit. MACARTHUR, p. 73.6 Apud Thomas Cartwright, cit. por RYKEN, p. 124.7 Bíblia Sagrada em Português Corrente (BSPC). Lisboa, Difusora Bíblica, 1993.8 Cit. ALENCAR.9 BARNA, p. 26.10 BARNA, p. 39.11 GONDIM, "Não Quero Ser Apóstolo", p. 36.12 GONDIM, idem, p. 37.

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13 CARNEIRO, p. 85.14 MORALEDA, p. 26.15 BSPC16BSPC.17BSPC.18 BSPC.19 BSPC.20 BSPC.

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[Conferência proferida no Congresso Bíblico-doutrinário patrocinado pela Convenção Batista do Amazonas, 27 a 29 de novembro de 2002] Jesus, mago ou cínico ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBA resposta encontra-se no livro "O JESUS HISTÓRICO, A vida de um camponês judeu no Mediterrâneo" de John Dominic Crossan, cuja primeira edição em português é da Imago (1994).

Crossan é professor de Estudos Bíblicos na DePaul University, Chicago. É autor de vários trabalhos acadêmicos sobre Jesus, incluindo "The Cross that spoke", que recebeu o Premio de Excelência da Academia Americana de Religião.

O livro de Crossan é fruto de uma pesquisa histórica rica e detalhada que tem como objetivo dar subsídios para compreendermos o panorama histórico nos tempos de Jesus. Como era o lugar onde Jesus vivia? Que classes sociais existiam? Como se relacionavam? Como as pessoas desta sociedade percebiam Jesus e suas mensagens? Estas e outras questões são respondidas por Crossan nesta obra que é fruto de rigorosa pesquisa científica.

Sua preocupação não é com o Cristo, ou seja, com o caráter divino de Jesus, mas com o homem, sua cultura, a economia de sua época, as relações socia

is que envolviam a sua comunidade. O autor parte do princípio de que há uma sociedade mediterrânea com características próprias, baseada numa forte tendência à urbanização, desprezo pelo modo de vida do camponês e pelo trabalho manual, nítida estratificação econômica, geográfica e social; instabilidade política e uma tradição de Estados fracos, uma rígida segregação sexual; uma tendência a se apoiar em unidades mínimas de parentesco, um código de honra e vergonha que define não só o comportamento sexual, mas também a reputação pessoal, etc. Nesta cultura "a honra, mais do que o valor que uma pessoa tem aos seus próprios olhos, é o valor que ela tem aos olhos da sociedade".

Nazaré, a cidade onde Jesus vivia era uma aldeia profundamente judaica, com menos de 200 anos no séc. I, cuja atividade principal era a agricultura. Apesar de afastada das trilhas mais freqüentadas, situava-se dentro de um contexto urbano com uma população de cerca de 30.000 habitantes. Fazia parte da periferia romana, constantemente arrasada pela guerra, cujo centro, Roma, era uma cidade imperial que exportava a violência para outro lugar e dava a isso o nome de lei e de ordem, ou até mesmo de paz.

Havia acentuada desigualdade social, onde a classe dos artesãos englobava cerca de 5% da população, formada de camponeses que tinham perdido as sua posses e cujos filhos, portanto, não tinham direito a

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uma herança. A renda média de um artesão não era tão alta, aparentemente, quanto a de um camponês. Daí, então, a sua posição inferior na hierarquia de poder e privilégio, cuja principal forma de riqueza é a propriedade da terra. Nesta condição incluía-se a família de um carpinteiro como a de Jesus.

Dentro deste contexto, reduzidos à impotência pelo poderio militar romano, os palestinos voltaram-se para o velho sonho milenarista. A salvação viria através de um líder que, apesar de ser humano e agir neste mundo, teria uma aura divina. Assim, os movimentos apocalípticos são uma reação a um profundo ataque à integridade cultural, a uma ameaça de ordem político-religiosa e socioeconômica.

Surgem movimentos como o dos cínicos e estóicos que buscavam a felicidade através da liberdade interna e da auto-suficiência pessoal. O estoicismo procurava chegar lá através de um desapego às coisas, já o cinismo pregava um total abandono do mundo, buscavam a felicidade através da liberdade. Tinham uma aparência diferente daquela considerada normal pelos padrões sociais da época, de modo a serem reconhecidos como propositalmente divergentes. Tinham uma opção anticultural pela pobreza que fazia com que não tivessem moradia fixa, levando uma vida itinerante simbolizada pelo uso do cajado.

Surgem também os movimentos taumatúrgicos, ou seja, movimentos realizados pelos chamados magos (alguém que pode fazer com que o poder divino se manifeste diretamente através do milagre pessoal, e não indiretamente através do ritual comunitário), representam uma reação religiosa divergente. Apesar de procurarem acabar de imediato com o sofrimento de um individuo, e não de um grupo, a sua atividade muitas vezes representa uma oposição radical ao sistema político-religioso estabelecido, seja ele local ou colonial. Neste caso faziam oposição à religião oficial dos sacerdotes judaicos. Os vários tipos de manifestantes, profetas, bandidos, messias e revolucionários, são representantes típicos de membros das classes desfavorecidas na Palestina do século I. O milenarismo popular da classe camponesa resultou em ações e foram vítimas de uma reação brutal e sangrenta pelas autoridades.

Um outro movimento social, é o banditismo social que surge em qualquer sociedade baseada na agricultura, onde há uma enorme quantidade de camponeses e trabalhadores sem terra que são governados, oprimidos e explorados por representantes de outra classe social. Movimento que já estava com meio caminho andado para se tornar uma revolução.

Já há relatos a respeito de bandidos no inicio de 47 antes da era cristã, depois de manifestantes e messias em 4 antes e.C., sendo que os profetas só aparecem a partir de 30 e.C. Em termos de violência, para os onze casos de banditismo há dez casos envolvendo profetas, e para os cinco exemplos de messianismo, há sete incidentes com manifestantes.

O homem e o contexto histórico

Será que aquele homem que pregava a beira do lago era um visionário apocalíptico? Como Jesus falava de si mesmo?

O reino de Deus é um grupo de pessoas sob o controle divino e, enquanto um ideal, isso transcende e condena todo tipo de poder humano. O reino tem a propriedade de expandir-se e fixar-se assim como na parábola da mostarda e do joio.O importante, então, não é possuir uma intuição especial para poder ver o Reino do futuro, e sim ter a habilidade de reconhecer o Reino como uma realidade presente. Para Jesus, um reino de mendigos e ervas daninhas é um reino do aqui e agora. A expressão "reino de Deus" podia ser compreendida do ponto de vista apocalíptico, podia haver ou não uma revolta armada, existir ou não um messias, e ocorrer ou não uma destruição cósmica, mas com certeza um dia haveria um ato de poder divino transcendental que, depois de destruir todos os perversos impérios pagãos, estabeleceria o domínio da justiça e da santidade, que regeria a humanidade para sempre. Também

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podia ter um caráter sapiencial e representar tanto uma ética para o presente, quanto uma critica radical dos abusos do rei e do império. Jesus tem um a visão sapiencial, seu reino é realizado ao invés de apenas proclamado.

O reino de Jesus era composto de gente sem importância ou mesmo indesejável, representava, sem dúvida alguma, uma proposta profundamente igualitária. Sendo assim, ele tornava todas as distinções de ordem sexual, social, política e religiosa completamente irrelevantes e anacrônicas. Em outras palavras ele coloca o reino contra o Mediterrâneo. Ou contra muito mais que o Mediterrâneo.

Antes, durante e depois de Jesus, os camponeses da Palestina estavam num estado de distúrbio político. O ideal de reino em Jesus representa um modo de vida para o presente imediato, o que permite ver o reino não como um sonho pessoal, mas como um plano coletivo. Assim magia está pra a religião assim como o banditismo esta para a política. Enquanto o banditismo contesta a legitimidade do poder político, a magia contesta a do poder espiritual. A religião é a magia oficial e aprovada; a magia é uma religião extra-oficial e censurada. O mesmo ato que serve como sinal de divindade para alguns pode servir como prova da influencia maligna dos demônios para outros. No que diz respeito aos critérios,o mais importante não são as ações, mas sim a maneira como elas são avaliadas. O mesmo homem podia ser chamado de [divino], ou filho de deus, pelos seus admiradores ou de mago pelos seus inimigos.

Jesus estava iniciando uma missão rural ao invés de uma missão urbana. Podemos considera-la como um exemplo de cinismo judeu e rural. O movimento evitava deliberadamente a auto-suficiência, buscando um tipo especial de comensalidade junto àqueles que procurava curar. Os missionários não carregam alforge porque não pedem esmolas, comida, roupas, nem qualquer outra coisa. Eles compartilham um milagre e um reino, recebem em troca uma mesa e uma casa, o que na opinião do autor e a essência do movimento original de Jesus; um igualitarismo em que se compartilha de bens espirituais e materiais. A comensalidade, na verdade, era uma estratégia para reconstruir a comunidade camponesa sobre princípios radicalmente diferentes daqueles ditados pelo sistema de honra e vergonha, apadrinhamento e clientelismo. Um igualitarismo religioso e econômico que negava a estrutura hierárquica e patronal da religião judaica e do poder romano.

O Jesus histórico possuía ao mesmo tempo uma visão ideal e um programa social.

Para concluir, a busca do Jesus histórico é reconstituição, não tem a pretensão de ser a verdade, mas de contribuir para a elaboração de nossa visão histórica sobre Jesus, lembrando que toda história é sempre reconstituição o que não invalida o projeto de conhecermos um pouco mais sobre a vida de um camponês judeu no Mediterrâneo.

LEVANDO A SÉRIO A MENSAGEM DE CRISTOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo 15.16)

O texto acima indica que temos uma grave responsabilidade que é levar a sério a mensagem de Jesus Cristo, nosso Salvador, e levá-la a todo aquele necessitado da salvação eterna: levá-la a todo o nosso país. Naturalmente, quando pensamos em levar Cristo a todo o Brasil, temos que refletir sobre o relevante fato de está em nosso coração, lábios e atitudes a mensagem de que nosso povo precisa.

A MENSAGEM DE QUE O BRASIL PRECISA

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Que mensagem é essa que precisamos passar para todo o país? Em 1Coríntios 1.23 está dito: "Nós pregamos a Cristo crucificado". À luz dessa afirmação, qual, portanto, a nossa mensagem? O Cristo crucificado.

Na verdade, não temos outra pregação, a não ser a de Jesus Cristo que é a Luz do mundo! Cristo que é a Paz do mundo! O Senhor Jesus que é a Vida para este mundo! A nossa proclamação, portanto, é a Sua vida, Seu ministério, Sua cruz, morte e ressurreição.

O mundo vive perigosamente tateando no escuro. É só observarmos os jornais de apenas um dia, e teremos a prova do que foi afirmado: conflitos no Oriente, guerrilhas na América do Sul, situação problemática dentro de nosso próprio país com verdadeiras batalhas civis. Enfim, o mundo vive numa afanosa busca de esperança. A nós cabe dizer que a paz e a salvação são possíveis, assim como a libertação dos pecados e dos temores em relação ao incerto futuro. Aos crentes compete proclamar que Jesus Cristo salva de uma vez para sempre aquele que O recebe com fé completa. O hino 447 do hinário Cantor Cristão diz com extrema clareza e simplicidade,

1."Não te importa se algum dos amigos morrer sem ter conhecimento de Cristo? Deixas que no juízo ele venha a dizer: "A mim nunca falaram de Cristo"?

2.Não te importa que as almas preciosas a Deus, Oh! não sejam levadas a Cristo?! Pois dirão quando vier outra vez: "A nós nunca falaram de Cristo!"

Que isso não aconteça conosco! Que não sejamos acusados naquele dia de nunca termos anunciado a mensagem libertadora de Jesus Cristo: que Jesus salva de uma vez e para sempre, e de um modo integral e sem reservas. O apóstolo Paulo até colocou na Carta aos Colossenses: "A eles Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória. A ele anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo" (1.27,28).

No nascimento de Jesus, a boa notícia foi dada nestes termos: "Não temais. Eu vos trago novas de grande alegria, que o será para todo o povo. Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.10,11). Quando lemos sobre o Seu ministério, também essa poderosa mensagem tem uma descrição. Ao perguntar Jesus aos apóstolos a opinião dos homens sobre Ele, Pedro O descreveu do modo seguinte: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (Mt 16.16). Pedro, na verdade, expressou: "Aquele por Quem nosso coração ansiava; Aquele Cuja promessa vem desde o tempo dos profetas; Tu és Ele: o Messias, o Cristo, o Filho do Deus Vivo!" (cf. 1Jo 4.14).

Encontramos acerca da Sua morte uma descrição:

"Vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor do que os anjos, Jesus, coroado de glória e de honra, por causa da paixão da morte, para que pela graça de Deus, provasse a morte por todos. ... Temo-nos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a confiança que desde o princípio tivemos. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação" (Hb 2.9,14,15).

É dessa mensagem que nosso povo necessita! A mensagem de que não há necessidade de ter medo! Medo da morte? Nós rimos da morte porque sabemos que nossa esperança é Cristo; sabemos que nossa paz é Cristo, e que nosso futuro reside no Salvador!

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Essa é a mensagem que temos de anunciar, a da soberania de Deus. O Brasil não conhece a sabedoria de Deus. Pensa que conhece a sabedoria dos deuses pagãos. Há algum tempo, o Caderno Idéias do Jornal do Brasil trouxe uma entrevista intitulada "A Bahia não tem sincretismos". Foi concedida por Pierre Verger, antropólogo francês hoje falecido, e que vivia nesta cidade do Salvador.

Ele, professor universitário, com grau de doutor, era adepto do candomblé. Na entrevista, faz uma análise das perguntas que lhe foram colocadas, e no meio de uma das respostas destaca o seguinte: "Na Bahia não existe sincretismo, não; porque o que é de terreiro é de terreiro, e o que é de catolicismo é de catolicismo". Na realidade, todos sabemos que sincretismo é a alma da terra baiana. Com todas as letras.

O Brasil precisa conhecer o Deus que é Soberano, Senhor, e exerce a Sua vontade sobre a terra e o povo do Brasil! Mensagem de restauração e de integridade! Aliás, nunca se viu tanta coisa fora de lugar em nossa terra: homens que têm vergonha de terem nascido homens; mulheres que perderam a sua característica mais bela, que é a feminilidade. Um programa de entrevistas da TV tinha como tema numa das tardes: "Meu filho é gay" Entre outras pessoas, apresentou um cidadão que trouxe seu filho, e uma senhora que também veio com o seu. Uma das mães dizia: "Desde que ele estava na pré-escola, já tinha essa tendência", e sorria. Mais adiante, a apresentadora disse, "No próximo bloco, vou apresentar uma senhora que tem dois filhos gays". E apresentou um rapaz e uma moça, ambos homossexuais. Desembaraçada a jovem, contando toda a sua história sem nenhum pejo ou vergonha na face.

Precisamos disponibilizar essa mensagem de restauração à nossa gente; intensificar não só a oração, assim como a pregação para que seja o nosso país fermentado pelas boas novas de Cristo.

LEVANDO A SÉRIO A ORDEM DE JESUS CRISTO

Pois é; a ordem é ir e anunciar Cristo, e é constante na Escritura Sagrada. No Evangelho de Marcos, a palavra de Jesus é "Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (16.15,16).

Temos uma ordem: Ir, pregar e batizar o que crer. Em Lucas está assim disposto: "Eis o que está escrito: o Cristo padecerá, e ao terceiro dia ressurgirá dentre os mortos, e em seu nome se pregará o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém" (24.46,47). A ordem é pregar o arrependimento para remissão dos pecados. Poderíamos dizer, "Começando por Brasília, e estendendo por todo o Brasil"; iniciando na Capital Federal, estender esse abençoado anúncio às outras áreas do país e do mundo.

Há outros comandos a esse respeito (cf. Rm 10.13-15; 2Tm 4.2a). É enorme o envolvimento missionário, uma verdadeira cadeia de responsabilidades: o mensageiro é o próprio Deus Pai através de Jesus, Seu Filho, o Qual, ao mesmo tempo, é mensageiro e mensagem.

O mensageiro é Jesus Cristo, que, através do Espírito Santo, fortalece, impulsiona, motiva e dirige a Igreja que é Seu Corpo nessa grande tarefa de transmissão da mensagem celestial e eterna (2Co 5.18-20).

A Bíblia diz que o mensageiro é o Espírito Santo, de Quem o próprio Senhor Jesus Cristo disse: "Quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos enviarei, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim" (Jo 15.26).

Mas o mensageiro é a Igreja, que, através dos seus membros individuais, através, de mim, da irmã e do irmão também, testifica e fala de Jesus Cristo, e coopera com os céus na expansão do reino de Deus na

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terra (cf. Jo 15.27a). Assim, a Igreja recebe dos céus e repassa à terra. É nossa tarefa levar com seriedade Jesus Cristo a todo o Brasil. Ele olha para os crentes, e declara: "Eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vades, e deis frutos, e o vosso permaneça" (Jo 15.16). Essa é a palavra do Senhor, Que espera que cada um leve a sério a sua missão como crente em Jesus Cristo, membro do Seu Corpo, parte da Sua Igreja.

Estamos falando de participação no plano de Deus, de fidelidade a um mandato do Senhor, de atuação integral à obra de expansão do Seu evangelho! Isso significa que esta missão deve acontecer enquanto temos ocasião para isso.

ENQUANTO HÁ OPORTUNIDADE

Dia vai chegar quando essa oportunidade não mais vai existir. No já citado hino 447 C.C., encontramos outra incisiva estrofe:

4.Não te cales jamais; pede a Deus graça, irmão, Para dar testemunho de Cristo; Pra ninguém no juízo exclamar com razão: "A mim nunca falaram de Cristo!"

Essa é a nossa oportunidade: levar a Cristo. Não podemos ficar omissos enquanto houver ocasião de anunciar a Cristo. A revista missionária A Pátria para Cristo (publicada pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira) trouxe muitos testemunhos relevantes. Um deles foi "Evangelho transforma a vida em presídio de segurança máxima em Salvador". Fala do extraordinário trabalho do S.O.S. Presídio na Penitenciária Lemos de Brito. Qual a maior necessidade de uma pessoa encarcerada, senão a de converter-se e transformar suas obras de trevas em obras de luz?

"A Igreja entre grades" é outro artigo que menciona igrejas em Salvador que têm dado apoio às Congregações que funcionam dentro dos presídios. Há quem não creia na conversão de quem está lá dentro. Um jornal da cidade de São Paulo publicou uma reportagem a respeito da influência da pregação evangélica. E com certa ironia, até, colocava o fato de que alguns marginais do passado hoje se declaram convertidos a Jesus Cristo, e que estas pessoas já estão ganhando outras vidas para Jesus. Ora, se é mentira ou não, se fazem para ganhar as boas graças da Direção do presídio ou do povo evangélico, Deus sabe o que se passa no coração deles. O Senhor dará no devido tempo a recompensa. Mas o fato é que há um trabalho a ser feito, vidas que devem ser resgatadas, e essas oportunidades surgem. Por isso, devemos anunciar a Jesus Cristo enquanto temos ocasião. Que o Senhor nos ajude, oriente e abençoe! O CRISTO CRUCIFICADOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

Texto básico: 1Coríntios 1.18-24 Muitos querem um evangelho sem cruz; muitos dizem, mesmo, que seria ótimo se o evangelho não tivesse dificuldades, se não exigisse tantos compromissos e sacrifícios. Muitos preferem um evangelho de facilidades, um evangelho sem conflitos. Vemos, no entanto, que mesmo Jesus viveu conflitos. Ele os viveu com os religiosos do Seu tempo (cf Mt 16.2; 23.13ss), e com os políticos da Sua época, já que falou da natureza apolítica da Sua missão (cf. Jo 6.15; 18.36). Jesus viveu conflitos interiores: é somente nos lembrarmos da experiência da tentação no deserto. E nunca o deserto foi tão deserto como quando Jesus estava só, sozinho, frente a frente com o Tentador. Jesus foi tentado a ceder ao material em detrimento da fortaleza espiritual (Mt 4.3). E não foi essa a tentação do prazer? O apelo ao apetite? A própria "concupiscência da carne"? Ora, o ser humano quer alimento, nós queremos e precisamos de alimento, queremos e precisamos de sono, e de amor, e tudo

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isso é muito natural, absolutamente normal e saudável. Se a necessidade não for satisfeita, o nosso corpo vai sofrer: a fraqueza bate, a doença vem, a debilidade orgânica chega, e, finalmente, a morte. Comer não é pecado. E ali está Jesus só, muito só no deserto. Quarenta dias, quarenta noites, longos dias, frias noites, Jesus está com muita fome, e Satanás aparece nessa hora, e insinua que Ele precisa comer. O pecado não era comer, mas, sim, colocar a vontade pessoal acima da vontade de Deus. Estamos falando de pão, e dar pão ao povo tem sido proposta de uma ala da religião que inverte as prioridades. Jesus Cristo não é indiferente ao apelo das massas. Se abrirmos em Marcos 8, veremos a demonstração plena do que Jesus Cristo fez, a segunda multiplicação dos pães e peixes (cf. vv.1-3). Jesus não é indiferente às necessidades materiais e condições sociais, mas não é um mero reformador político, como queria a quase falecida teologia de uma ala radical. Não! Jesus não foi um filantropo, apesar de ter realizado tantas obras extraordinárias para o benefício do ser humano. Houve até uma ocasião quando Jesus Cristo reclamou: "Em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes" (Jo 6.26). Pregar esse Cristo é pregar um Cristo completamente desfigurado. Não é o Cristo do Novo Testamento. Jesus foi tentado a ser libertador do povo judeu, e não o Redentor do mundo. Temos o fascínio do espetacular; é a tentação segunda, o "evangelho do espetaculoso". E Jesus se recusa a esse tipo de evangelho. Mas já que os judeus estão pedindo um sinal, não seria um extraordinário sinal se Jesus se lançasse do alto do Templo, 50m abaixo, para que os anjos de Deus O segurassem na queda? Não teria sido maravilhoso para o evangelho essa possibilidade de num instante se espalhar? Toda a Jerusalém não ficaria sabendo disso, e todos não aceitariam a Jesus? Por que Jesus não o fez? Há quem se pergunte. Seria um sinal do agrado dos curiosos; seria do agrado dos fanáticos por emoção; seria, sem dúvida, um sinal para os crédulos, para os sensacionalistas! E seria a própria "concupiscência dos olhos" que João menciona na sua Primeira Carta (cf. 2.16b). E se Jesus o realizasse, não precisaria passar pela estrada do sofrimento, andar na estrada do Calvário, porque todo mundo ficaria sabendo, em um dia, o que Jesus havia feito. Mas, outra vez seria o evangelho do Cristo desfigurado. Por essa razão, quando desejaram que Ele fizesse algum sinal, Ele responde que não fará sinal algum (Mt 12.39; Lc 11.16,29).Jesus foi tentado também a construir um reino terreno, não o reino de Deus. É a terceira tentação: a de negociar, a de ter o evangelho do sucesso, a "soberba da vida". "Concupiscência da carne", transformar pedras em pães; "concupiscência dos olhos", jogar-se de cima abaixo; e a "soberba da vida", construir um reino terreno. Evangelho das posses, e para isso,diz o Tentador, basta que Jesus Se ajoelhe aos seus pés. Bastava um instante, ninguém ia ver... Ali, só Satanás e Jesus... Mais ninguém presenciaria, e Jesus Se ajoelharia por um breve momento, e os sonhos que Jesus tinha se tornariam verdade. Pois é; Satanás ofereceu a Jesus Cristo uma vitória sem cruz, uma conquista sem morte, uma coroa sem Calvário, porque o Tentador tudo fará para que a pregação do Cristo crucificado não aconteça!E não há quem ande pregando que aceitando alguém o evangelho, tudo se torna fácil? O dinheiro vem fácil, a fama vem fácil, as coisas acontecem com facilidade. É a idolatria do sucesso, o realce nos valores materiais da vida. E isso tem nome: secularismo. "Todos virão servi-lo", disse Satanás. "Todos estarão às suas ordens", diz o evangelho do Cristo desfigurado. E é nessa hora que Jesus Cristo responde: "Qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entrevós como quem serve" (Lc 22.27).Não há atalhos para a vida espiritual e sua vitória. Jesus não veio fazer concessões ao Inimigo-de-nossas-almas, e por isso, tem autoridade sobre Satanás quem decide permanecer com Jesus na cruz.A PREGAÇÃO DO CRISTO CRUCIFICADOOriginalmente, a cruz não era coisa boa de se ver, não. Era algo extremamente desagradável ver um crucificado; era vergonhoso, e do qual não se falava (cf. Gl 3.13; Dt 21.33). Ninguém mencionava ter tido um parente crucificado. É como hoje que ninguém se alegraria em dizer que teve um parente que foi ladrão de cavalos.

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Cícero até disse: "(a cruz) é o mais cruel e chocante dos castigos". Era difícil acreditar que o Messias tão aguardado deveria morrer. E mais escandaloso, ainda, morrer de modo tão hediondo, terrível, na cruz (cf. Gl 5.11; 1Co 1.23). No entanto, o que Jesus tocava, transfigurava. Tocava no doente, ficava são! A palavra de Jesus transformava corpos deformados, desfigurados pela hanseníase em pessoas limpas, puras, dignas de entrar Templo. Porque o leproso, o hemorrágico, a mulher nos seus dias, nem pensar em entrar no Templo, mas Jesus transformava todos eles, e dava acesso livre. Por ocasião da Ceia Memorial, no pão, vemos o corpo de Cristo; no cálice, o sangue. Não que o seja, mas vemos a representação desse sangue purificador, pois na cruz vergonhosa, vemos a Sua glória (cf. Gl 6.14; 1Pe 4.11).Se estamos falando em termos de glória, por que um Cristo crucificado? Alguém vai dizer, "Não sei, não, Pastor; por que um Cristo crucificado?" Outra pessoa vai dizer, "Foi um acontecimento isolado na história, que hoje não tem muito significado; ele poderia ter morrido na cama ou na cadeira-de-balanço". Não há quem ensine que Jesus morreu na Índia, ou no Tibete? Alguém mais dirá que foi o modo que Deus usou para derrotar o mal no mundo. Outro vai dizer que foi conseqüência do amor de Deus Jesus ter morrido na cruz".Porém, pregar a Cristo não é pregar acerca de Jesus Cristo. Não é filosofar acerca de Jesus; nem teologizar acerca de Jesus, conquanto seja bom fazer teologia. Não é saber tudo sobre Sua vida, Seu nascimento, Seu ministério, sobre Sua paixão, porque mesmo assim, conhecendo toda a biografia e as idéias de Jesus, não se conhece a Jesus Cristo. Não é pregar doutrinas, credos ou dogmas, em vez de crer na Pessoa de Jesus Cristo. Não é seguir os cultos, rituais e celebrações da Igreja Cristã, porque nada, nem ninguém pode substituir o Cristo vivo que está no seu e no meu coração!

Não há pregação do evangelho sem a palavra da cruz. Na verdade, é proclamar a cruz que faz a pregação ser evangélica. A Bíblia diz que a palavra de Deus é a palavra da cruz (2Co 2.17). E é o que Paulo fazia quando diz, "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1Co 2.2). Esse é o Cristo que interessa a Paulo: o que foi ao Calvário, que do Calvário foi para o túmulo, e que do túmulo saiu vitorioso, e essa pregação do Cristo crucificado é escândalo, pedra de tropeço como que no meio do caminho que tem que ser dinamitada! É pedra de escândalo para judeus, e loucura para os outros. Mas eram as boas novas, o evangelho, o instrumento do poder de Deus para aqueles que crêem, Paulo o diz."ESCÃNDALO" E "LOUCURA" (1Co 1.23)Um homem crucificado é um terrível constrangimento. Nunca vi um homem crucificado, a não ser num jornal da TV que apresentava nas Filipinas, onde há uma tradição de homens se deixarem crucificar, na Semana da Paixão, como penitência, mas depois de um tempinho, a pessoa é retirada, põe um curativo, e pronto. É como quem machuca a mão, enfaixa-a, e, depois de quinze dias, está curado.Ninguém queria olhar duas vezes um homem crucificado, ou enforcado numa árvore. Vi a foto de um homem enforcado por vingança. Sabem como o crucificado estaria? Vemos belíssimas obras de arte nos crucifixos onde há um corpo muito bem talhado imaginando representar Jesus Cristo. Sabem como é a descrição de um homem morto na cruz, depois de ter passado, como Jesus passou, quase todo o dia exposto às moscas, ao tempo, ao vento, à poeira, o sangue sendo derramado? Ele estaria cheio de equimoses, de marcas, de hematomas; a língua estaria inchada, e o crucificado morreria por asfixia por não poder abrir os pulmões. O sangue, o suor, as moscas, eram coisas que os judeus não podiam admitir, razão porque seria um escândalo para eles dizer que o Messias esperado estava na cruz! Ora, se o Messias deveria ser um guerreiro, vitorioso, como os Macabeus, para expulsar os romanos da terra de Israel, como estaria ele na cruz? Escândalo! Tremendo escândalo! Completa impossibilidade! Queriam um Messias político, e aguardavam os sinais desse Messias. A propósito, a palavra traduzida como "pedem" é a palavra "exigem". Eles "exigem" sinais, "tem que mostrar a comprovação com firma reconhecida no cartório com duas testemunhas!" Era isso o que queriam, e assim se recusavam a crer em Jesus.

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E para os gregos? Para eles, a coisa mais ridícula que se poderia imaginar, era dizer que o Cristo estava na cruz. Se um homem não poderia se salvar, como poderia salvar os outros? Era uma insensatez, uma loucura, diziam eles. Talvez aceitassem Sócrates glorificado, ou um Platão, um Aristóteles em glória. Esses, sim, seriam os melhores Messias possíveis: eram filósofos, pensadores, homens de qualidades, pensariam os gregos. Não vamos esquecer que eram eles reputados como a inteligência daquela época; eram orgulhosos não de suas construções como os egípcios, mas de suas realizações no campo da filosofia, de sua intelectualidade. E riram da pregação de um Salvador crucificado e ressurreto, porque a idéia que tinham da crucificação do Filho de Deus pudesse trazer salvação eterna, era coisa que um grego orgulhoso não podia aceitar. Paulo chegou à orgulhosa cidade de Atenas anunciando Cristo e a ressurreição. "Ressurreição" na língua grega é de onde vem o nome próprio Anastácia. Talvez, naquele dia em Atenas, estivessem pensando que Jesus viria com a esposa chamada Anastácia, porque, diz a Bíblia, quando ouviram Paulo falar em Jesus e na ressurreição (anástasis), riram. Loucura completa para os gregos! E aí Paulo pergunta, "Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação aos que crêem" (1Co 1.20,21).Porque o evangelho não é uma mensagem a respeito do poder de Deus: é o poder de Deus; a cruz não é escândalo: é poder, é energia, e assim está na história e na fé cristãs ao longo dos tempos.Pregar a Cristo crucificado é estar envolvido com Ele. Paulo não o diz? "Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor" (2Co 4.5). A igreja que se centraliza no Cristo crucificado só pode ser uma igreja missionária. Levar a cruz a sério significa levar o mundo também a sério, e, igualmente, o nosso próximo por quem Jesus morreu. E deste modo, o Cristo crucificado, objeto e centro da nossa pregação vai trazer uma nova orientação, e novas motivações, e novas disposições, e novas atitudes, e novos horizontes, e novos alvos para nossa vida. Pregando a Cristo crucificado, anunciamos a reconciliação de todas as coisas com Deus porque em Cristo tudo é resolvido pelo Pai (cf. Cl 1.20).Proclamamos, então, a solução para o problema do pecado, a libertação (Rm 6.10,11,14; Gl 3.13a; Cl 2.14), a redenção ((Ef 1.7; Cl 1.12-14; 1Tm 2.5,6), a reconciliação (Rm 5.10,11; 2Co 5.18-20). E Paulo, o apóstolo, nos adverte com o texto de Gálatas 1.6-9, que precisa ser lido e relido muitas vezes, nesta época quando se anunciam evangelhos tantos que não correspondem ao do Cristo na cruz! O MANIFESTO DE NAZARÉESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB "Chegando [Jesus] a Nazaré, onde fora criado, entrou, no dia de sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar onde estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos" (Lc 4.16-21).

A cima está transcrito o que é denominado por alguns de A Plataforma ou O Manifesto de Nazaré. Em pouquíssimas palavras, está registrado o que Jesus realizaria em Seu ministério. Não é verdade que, em época de eleições, ouvimos as plataformas dos candidatos a posições políticas, e que alguns dos projetos são tão mirabolantes quanto inacreditáveis?

Não é o caso de Jesus, o qual, ao apresentar a Sua plataforma, estabeleceu as ações do reino de Deus no mundo. Aliás, no Evangelho de Marcos 1.7, 8, encontramos João Batista, dizendo, "Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas sandálias. Eu, na verdade, vos batizei em água, mas ele vos batizará no Espírito Santo". No verso 15 deste mesmo capítulo, diz o Mestre: "O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-

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vos, e crede no evangelho". O reino de Deus aí está, foi inaugurado quando Jesus Cristo anunciou Sua plataforma na cidade de Nazaré, mais precisamente nesta leitura do profeta Isaías feita na sinagoga num dia de shabbat.

"O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres..."

Nos domínios do evangelho, tudo começa com a unção. Tudo. Não fora a unção, e não estaríamos realizando qualquer obra para o reino de Deus.

A história da unção na Bíblia Sagrada é antiga. Nos relatos históricos de Israel, encontramos que eram ungidos sacerdotes, reis e profetas. A primeira pessoa a ser ungida em Israel foi um sacerdote, Aarão. Em Levítico 8, encontra-se a narrativa da cerimônia de sua unção como Sumo-sacerdote (Cohen haGadol) e de seus filhos como sacerdotes (cohanim). É um ritual muito simbólico, por isso tocante, bonito e cheio de ricas lições.

A unção acontecia quando o óleo (artesanalmente preparado com azeite de oliva misturado com especiarias, madeiras perfumadas, essências, de modo, portanto, especial e exclusivo para utilização no Templo) era derramado sobre a cabeça do que seria ungido. Deste modo, era utilizado na consagração dos sacerdotes, dos profetas e dos reis. O Salmo 133 registra que a comunhão dos fiéis "é como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba... de Arão, e que desce à orla das suas vestes" (v. 2).

Esse simbolismo do Antigo Israel vai encontrar uma forma mais efetiva na Nova Aliança: já não é com óleo, concreto, portanto. Aliás, o que ocorre na Antiga Aliança sempre aponta para o que acontecerá no Novo Pacto. Cada festividade de Israel é uma sombra do que está previsto na Nova Aliança. O óleo é símbolo do Espírito Santo um dia derramado sobre a nascente Igreja, o Espírito que unge a Igreja, o Espírito que num dia de Pentecostes foi derramado sobre a Igreja (At 2.1ss).

Merece uma palavrinha o significado de "pobre" na Bíblia. O sentido mais amplo é o desvalido, o desprovido de recursos. A Teologia da Libertação explorou bastante este tema, e até utilizou a palavra hebraica, anawim, para designar aqueles que não têm absolutamente coisa alguma. Um modo pejorativo de designar o pobre no antigo Israel era chamá-lo de "gente da terra"(am haaretz), gente comparável a pó: sem a nobreza do diamante nem de metais ou pedras preciosas, apenas pó. Essa é uma primeira idéia.

No entanto, o conceito se amplia, e no dizer de Jesus, o pobre, o "humilde de espírito", não é aquele pobre coitado que não tem muitas luzes. É o que reconhece a sua indigência espiritual e sente que precisa de Deus, dos tesouros de Deus, e quer a Sua bênção, e deseja se alimentar com esse banquete da parte de Deus. Isso significa que "o Espírito me ungiu [diz o Senhor] para evangelizar aquele que se sente necessitado da graça, da misericórdia, da presença, da manifestação graciosa e amorosa de Deus".

"... enviou-me para proclamar libertação aos cativos..."

Ele foi enviado com a finalidade de proclamar liberdade aos cativos. Realmente, depois da unção, tudo prossegue com o envio. Isso ocorre na vida da igreja, mas também na vida individual, na sua vida. No dia em que você, meu irmão, minha irmã, recebeu a Cristo como seu Salvador, você foi ungido. O Espírito foi derramado sobre você, razão porque em João está dito com clareza que precisamos "nascer da água e do Espírito" (cf. 3.5).

A Primeira Carta de João nos assegura que a unção que dEle temos nos ensina todas as coisas, e é verdadeira (2.27). E agora temos que ir, prosseguir. E nesse pro-seguimento temos que proclamar a libertação aos aprisionados pelo Maligno. Observe que "cativos" está em paralelo a "pobres". "Pobre" é

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o indigente espiritual, "cativo" é o que não tem como se libertar das algemas espirituais.

Enviar na língua dos Evangelhos é apostoleo, é o verbo "apostolar". Isso significa que você é um apóstolo. Quem não tem o que fazer, inventa novidade: há pessoas que vão inchando em megalomania, não entendo bem como nem porque, em lugar de ficarem mais humildes. Na realidade, devemos perguntar ao Senhor o que foi Ele viu em nós para nos chamar para essa santa tarefa. A autocrítica nos leva a sentir que tudo vai depender da graça de Deus, da Sua misericórdia da qual tanto e continuamente dependemos.

Talvez a resposta esteja na falta de compreensão do sentido das palavras para os primeiros ouvintes ou primeiros leitores (o que se chama exegese), ou o sentido das palavras hoje (a hermenêutica). Por não compreenderem estas duas ciências de apoio à pesquisa bíblica, há quem distinga bispo de pastor. Ensina a Palavra de Deus que é a mesma pessoa, mas há quem julgue que bispo é hierarquicamente superior a pastor. Uma jovem veio ao meu gabinete. Na conversa, perguntei-lhe de que igreja era membro. Respondeu que era da Igreja X.- "Ah! A do pastor Fulano?"- "Pastor, não: bispo..."- "Ah, sim, é verdade! Também sou bispo."- "O senhor é bispo? Não sabia..."- "Sim; nunca lhe ensinaram que todo pastor de igreja é bispo?"- "Não..."- "Pois olhe aqui..."E abri em Atos 20.17 em diante, texto claríssimo sobre o assunto, e que registra as três palavras (presbítero, bispo e pastor) colocadas juntas. Relata o texto que Paulo chegou a Mileto e mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso (v. 17). Ao chegarem, faz uma exortação aos ministros presentes e diz, "Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (v. 28). Já dá para perceber que presbítero e bispo são funções da mesma pessoa. E mais: bispo e pastor, assim como o mencionado presbítero, são funções diferentes do mesmo vocacionado: os presbíteros foram chamados e Paulo os chama de bispos e pastores.

· Ministro de Deus é pastor (guia) quando está doutrinando, exortando, ensinando.· É bispo (administrador) quando dirige a assembléia da igreja, ou quando assina um contrato em nome da igreja, visto que é uma função administrativa (bispo < episkopos = super + visor, supervisor, superintendente).· É presbítero (idoso) quando é procurado para aconselhamento. Nesse momento, é o "ancião", significado correto da palavra presbítero.A Igreja é que é apostólica, pois ela é quem é enviada. A Igreja é a irmã e o irmão, nós somos os enviados, razão porque o irmão é tão apóstolo quanto os que enchem o peito e se proclamam "Sou o Apóstolo Fulano de Tal".Sim; somos enviados para proclamar libertação. Está em Efésios 4.8 que, "Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens". Jesus o fez: levou a escravidão algemada para a cruz do Calvário.

"... restauração da vista aos cegos..."É um sinal do reino de Deus. Jesus chegou realizando sinais e milagres (Mt 4.23 24), evidências, provas de que o reino chegou.

A cegueira está também em paralelo com a pobreza e o cativeiro. Está como um fato espiritual.

Em Apocalipse, capítulo 3.17, dizia a igreja de Laodicéia, "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta". Mas o Senhor na carta àquela comunidade alerta, "Mas não sabes que és um coitado, e

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miserável, e pobre, e cego, e nu". É a palavra de Jesus a uma igreja que tinha cegueira espiritual, e ainda estava cativa de tantos defeitos e mazelas.

"...para por em liberdade os oprimidos..."

Os israelitas da época de Jesus sabiam o que era ser oprimido porque sempre haviam vivido em opressão. No Egito, apesar de viverem na região mais rica daquele pais (Góshen), estavam opressos. Mais adiante, foram oprimidos pelos povos cananeus, pelos assírios, pelos babilônios, pelos gregos, e na época do ministério terreno de Jesus, estavam opressos pelos romanos. Sim; eles sabiam o que era opressão.

Ocorre que a Plataforma de Nazaré fala da opressão trazida pela malignidade. Em Atos 10.37, 38 está registrado, "Esta palavra, vós bem sabeis, foi proclamada por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou; como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele".

Ele mesmo, Jesus, foi oprimido. Em Isaías 53.4 há uma palavra sobre a opressão pela qual Jesus passou, "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; contudo, nós o consideramos como aflito, ferido de Deus, e oprimido".

"...para proclamar o ano aceitável do Senhor"É uma referência à era messiânica. No momento em que Jesus se revelou como o Messias, realizou ações como o Messias, instaurou o reino de Deus, o ano de aceitação foi iniciado. Isaías 61 foi o trecho que Jesus leu na sinagoga de Nazaré. É nele que se encontra todo o programa de trabalho do ministério messiânico de Jesus, Que veio proclamar o ano aceitável do Senhor.

Plano de trabalho mais abrangente não é possível; plataforma mais abençoada não se encontra. É a de Jesus, o Cristo de Deus, proclamada há dois mil anos e desde então tem abençoado todos os que do Salvador se aproximam. O VERBOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBTexto básico: João 1.1-3,14 Nos estudos formais de Lingüistica, Gramática e Estilística, aprendemos que a palavra é um "signo arbitrário e convencional". Aprendemos que a palavra transmite noção e imagem, imagem que nem sempre é bem determinada. Um exemplo é "manga". Se a pergunta for feita a qualquer pessoa, possivelmente três ou quatro significados serão dados. Pode ser "manga de paletó, casado, camisa ou blusa", ou a saborosa "fruta anacardiácea" que vem da Ilha de Itaparica. Os mais ligados à vida campestre, vida de fazenda, dirão que é a "passagem cercada onde se guarda o gado". Além desses três sentidos, há, pelo menos, mais onze, como "tromba-d'água", ou "peça tubular de vidro que protege a chama no candeeiro", ou, ainda flexão do mangar "mangar" (= "zombar"). Porque um signo e uma imagem, achamos graça quando descobrimos que em outra língua certa palavra semelhante a outra velha conhecida nossa quer dizer outra coisa:¨ Push, em inglês é "empurrar, e não "puxar"como parece à primeira vista;¨ Late (pronunciado leit') não é o rico alimento líquido e opaco dos filhotes dos mamíferos;¨ "Estar embarazada" não é, em espanhol, estar a jovem numa situação de vexame ou vergonha, mas "estar grávida";¨ "Comida esquisita", também na língua de Cervantes, é uma refeição "saborosa".

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Um verbo:¨ Indica uma ação, uma condição ou um processo ("correr", "sentir" e "amanhecer", respectivamente) respectivamente);¨ Pode ser uma palavra ('fazer") ou uma frase ("deve ser feito"),Mas ser uma pessoa? Esse é o nosso tema.

"NO PRINCÍPIO ERA O VERBO..." (V.1)O chamado "Prólogo do Evangelho de João" representa um resumo poético de toda a teologia e de toda a narração evangélica. Mostra um grande ciclo, ou seja, o Filho de Deus, Jesus Cristo, desce do céu até o nível do ser humano, e sobe de volta ao céu levando o homem consigo até o nível divino.E, assim, com a vinda de Cristo, inaugura-se a longamente esperada nova criação tanto do universo (Rm 8.19-21) quanto da humanidade (2Co 5.17).Diz o texto escolhido que "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Estes versículos, que relembram o início do Livro do Gênesis, mostram que a Palavra (o Verbo), no momento da criação, já existia, por não ser criada: era Deus.Como a Igreja Primitiva soube colocar tão bem esse artigo de fé em forma de hino! Aqui temos um antigo hino dos nossos irmãos da Igreja Apostólica (como também Fp 2.6-11; Cl 1.15-20 e 1Tm 3.16). Pois, como em Israel antigo os atos salvadores de Deus eram cantados, e exemplos são os Salmos 78, 105, 106, também o Novo Israel resume a história sagrada, a história da salvação, em um hino.Isso quer dizer que temos não apenas uma reflexão e afirmação teológicas, mas uma adoração, um ato de celebração em termos de ação de graças. E, deste modo, esse hino de louvor a Deus que ressalta Sua benignidade e salvação, retrocede ao passado, reflete o presente e aponta para a eternidade.O Verbo de Deus... a Palavra de Deus... Jesus Cristo, a Comunicação de Deus. Sua vinda e Sua vida são interpretadas como o modo de Deus Se comunicar conosco.Lógos (o vocábulo traduzido por Verbo ou Palavra) é uma das palavras mais ricas da história religiosa. Era bem entendida pelos judeus porque a palavra (davar em hebraico)era vista¨ Como uma energia soberana que trazia as coisas à vida (cf. Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26; Sl 33.6,9);¨ Também como algo que pode queimar como fogo ou quebrar como um martelo (Jr 23.29);¨ Como algo que executava os planos de deus (Is 55.11);¨ Como uma revelação da Sua vontade (Sl 119).Para os gregos, a palavra (logos) é um princípio filosófico, e não uma força pessoal. É mais pensamento que palavra. Heráclito, filósofo, disse ser o logos o alicerce da ordem e da continuidade num mundo de fluxo e refluxo como a maré alta e a maré baixa. Os estóicos disseram que a mente de Deus dá ao universo a sua estabilidade, e Filo de Alexandria (judeu , por sinal) interpretou como a chave para o sentido e a razão da vida.A Igreja apostólica, por sua vez, fazia da pregação um "ministério do Logos", um ministério do Verbo, um ministério da Palavra, e o conteúdo dessa mensagem era o próprio Cristo (Lc 1.2; At 1.21,22). Por esse motivo, Jesus é o Verbo da Vida (Ap 19.23), é a Palavra da Vida (1Jo 1.1,2).Em resumo, o verbo, a Palavra de Deus, é um poder divino, um princípio racional e uma proclamação salvadora. O judeu entende, o grego entende e o cristão entende e proclama. A Versão Inglesa de Hoje (Today's English Veersion) assim traduz: "Desde o princípio, quando Deus era, o Verbo também era; onde deus Deus estava, o Verbo estava com ele; o que Deus era, o Verbo era também".E daí as lições, não uma Teoria Geral da Comunicação, como em Watzlawski, mas uma Teologia da Comunicação Divina. O Verbo sempre foi uma realidade, pois "no princípio" da própria criação do mundo, das coisas, dos seres, o Verbo já era Deus.Por natureza eterna, Deus Se comunica. Ou seja, os ídolos são mudos (1Rs 18.26-29; Sl 115.3-8; Hc 2.18,19; 1Co 12.2), mas Deus sempre teve uma palavra. Assim, nos profetas (Jr 4.3; 6.16; Ez 14.12; Os 4.1), e por fim em Jesus Cristo (Hb 1.1,2)"O VERBO SE FEZ CARNE" (V.14)

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O prólogo do Evangelho de João vai crescendo, crescendo como uma sinfonia sublime, maravilhosa, majestosa, e atinge seu clímax, transborda de significado, e como uma cachoeira irrompe no versículo 14. Toda a história do Verbo de Deus antes da encarnação fora apresentada: Sua essência, Sua eternidade, Sua divindade, Sua função criadora. E agora, diz o evangelista, "O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade", ou como já foi colocado, "O Verbo se tornou carne, armou sua tenda no nosso meio, e nos presenteou a plenitude da vida divina (vida eterna)".O Verbo veio a fim de ser uma ponte, a fim de aproximar Deus dos seres humanos, e as pessoas de Deus. Em Jesus Cristo, Deus pronunciou Sua Palavra final e para todo o tempo e eternidade.Sim; Jesus fez-Se ser humano, vestiu a nossa pele, tornou-Se como nós, em tudo menos em pecado (Fp 2.6,7; Hb 4.15). E daí as lições:¨ O Verbo de Deus Se tornou ser humano para destruir as forças do mal (quando de Sua morte, Hb 2.14);¨ O Verbo assumiu nossa natureza para que pudéssemos assumir a Sua natureza (Fp 2.7; Cl 2.9,10);¨ O Verbo de Deus participou de nossa miséria, para que pudéssemos participar de Sua plenitude (Ef 1.23; 3.19);¨ O verbo andou em nossas trevas para que pudéssemos andar em Sua luz (Jo 1.9; Cl 1.13);¨ E experimentou nossa fraqueza, para que pudéssemos experimentar e participar da Sua vida, a vida em abundância (Rm 8.3; Hb 2.9)Jesus como Verbo de Deus é o poder de Deus, a sabedoria de Deus, o evangelho de Deus (1Co 1.23,24). O Verbo se fez carne para a salvação do que crê (1Tm 1.15; Jo 3.17; Lc 19.10; Gl 4.5). A encarnação do Verbo é sinal do imenso amor de Deus por nós (1Jo 4.9,10,19; Rm 5.6).Por todas essas razões, temos em João 1.1,2, e, sobretudo, no verso 14, o ponto essencial sobre a unidade da criação, da revelação e da redenção em Cristo. Aquele que cria pela Palavra também Se revela e salva pela mesma Palavra. OS OBJETOS DA PAIXÃOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB Lucas 24. 13-35"Em seguida, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao pretório, reuniram em torno dele toda a corte. E despindo-o, cobriram-no com um manto escarlate, e, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça. Na mão direita puseram um caniço e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça. Depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas vestes. E o levaram para ser crucificado" (Mt 27.27-31).A rotina da crucificação havia começado. O verso 26 declara que depois de todo o sofrimento moral de Jesus, Pilatos, o Governador romano, mandara açoitá-lo. Depois da prisão (Mt 26.47ss), depois da passagem pelo Superior Tribunal Judaico (vv. 57ss), depois da negação de um dos Seus discípulos (26.69ss), depois do questionamento pelo Governador (27.11ss), Jesus é entregue aos soldados romanos (vv. 26,27; Jo 19.1-3). Agora é a vez dos soldados. Diz a Bíblia que Jesus foi despido e chicoteado (v. 28). Na realidade, foi flagelado. O flagelo ou açoite consistia de uma tira de couro largo com pedacinhos de osso e chumbo. Era comum o seu uso antes da crucificação de um condenado, quando o corpo ficava reduzido a uma só chaga. Alguns morriam durante a sessão de tortura; outros ficavam loucos, e poucos permaneciam conscientes. Pois Jesus foi entregue aos soldados, enquanto os últimos detalhes da malfadada pena eram preparados.Há no relato acima transcrito (Mt 27.27-31) alguns objetos que chamam a atenção: o manto real, a coroa real, o cetro real e a cruz.O REI ESCARNECIDO (Mt 27.27-31)

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O Manto Escarlate.João, em seu Evangelho, dá-nos o detalhe da flagelação, o que não é encontrado nos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Encontra-se em 19.1-3. Após a sessão de flagelação, foi Jesus entregue para ser cumprida a pena. Diz a narrativa que os soldados fizeram uma paródia de um rei ao vestirem-no com uma capa vermelha (tirada de um deles), ao colocarem na Sua cabeça uma coroa de espinhos, e ao lhe darem um pedaço de caniço como se fosse o cetro de um rei. Continua o texto por dizer que Pilatos chegou a ter um momento de consciência (v. 4), para logo depois sair trazendo Jesus com a coroa de espinhos e o manto escarlate a fim de apresentá-lo ao povo sedento de violência, de sangue, do castigo sobre alguém.A Coroa de Espinhos (v.29)O próprio Jesus já havia anteriormente falado em espinhos (Mt 7.16; Mc 4.7). Os galhos com espinhos eram largamente usados como cercas (como as nossas de arame farpado), e como combustível (nos fogões de lenha).Coroas, havia-as de todo tipo: de ramos de louro como símbolo de vitória entre os gregos e os romanos; havia coroas de ouro e de pedras preciosas. De espinhos, porém, só de brincadeira, brincadeira de mau gosto; de espinhos, só mesmo as de uma mascarada, como é o caso no episódio da prisão de Jesus.A coroa, o manto e caniço feito cetro eram simbólicos do reinado de Cristo, do Rei dos reis feito Servo Sofredor. Apontavam para o futuro reino (Ap 17.4), embora o significado óbvio e original da coroa de espinhos tivessem sido a evidência da crueldade, brutalidade e zombaria da soldadesca. Por outro lado, o significado figurado e profético da coroa de espinhos é o símbolo do ministério terreno de Jesus Cristo, representando, ainda o caráter do evangelho: a humildade, a contrição, o arrependimento e a servidão, ao tempo que de paz, vitória e poder.O SERVO SOFREDOR: A CRUZ (Lc 23.33-46)Relatam os historiadores que a crucificação teve sua origem entre os persas. Destes passou aos cartagineses (povo de Norte da África de origem fenícia) e deles para os gregos e romanos. Narra a história que Alexandre, o Grande, certa ocasião ordenou que cerca de dois mil habitantes de Tiro, na Fenícia, fossem crucificados. O governo romano a usava com os rebeldes, escravos fugidos e criminosos.O método da crucificação é retratado com clareza nos Evangelhos: o criminoso, já uma massa sangrenta por causa dos açoites, se resistisse era colocado na cruz para morrer de fome, sede, calor, fadiga e choque. Os que resistiam ficavam na cruz, às vezes, por dias, sujeitos à tortura das moscas e mosquitos nas feridas abertas e dos elementos: chuva, poeira, vento e Sol, além da dor física e moral. Foi isso o que Jesus sofreu por nós: dor e zombaria. O criminoso era levado pelo caminho mais longo de modo a ser visto pelo maior número de pessoas. Foi isso o que Jesus sofreu pelo ser humano. No entanto, a cruz significa a obra salvadora de Jesus Cristo. Paulo afirma que o evangelho da salvação é a palavra da cruz de acordo com 1Coríntios 1.18.NO GÓLGOTA, TRÊS CRUZES (Lc 23.33-46)A Cruz de Desprezo (v. 39). É a blasfêmia em pessoa o criminoso ao lado esquerdo de Jesus que se reúne às autoridades, aos soldados e ao povo que descrê de Jesus e dEle escarnece. A zombaria se centralizava nas afirmações feitas por Jesus e Sua aparente impotência na cruz.Usavam a glória de Cristo para fazer mofa, como já haviam zombado de Sua realeza. O General Booth, fundador do Exército da Salvação, expressou com muita propriedade, "é precisamente porque Cristo não quis descer que nEle cremos".A Cruz da Confiança (v. 42). O criminoso do Seu lado direito, o penitente, o arrependido, após recriminar o escárnio de seu companheiro, volta-se para Jesus numa atitude de fé, precisamente a atitude que torna possível a salvação. A Cruz do Perdão (v. 43). É a da redenção, da libertação. Observemos que Jesus não desceu da cruz, levando consigo o malfeitor arrependido. Não havia sentido em fugir à morte. Pelo contrário, a morte é apresentada sob uma nova luz, visto que é necessária para que se cumpra a promessa que fizera ao criminoso penitente. A morte não é uma derrota, mas experiência necessária para entrar na glória.Oh, cruz do perdão!... O verso 34 expressa, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". O perdão cristão é assombroso. Estevão também exclamou nos seus momentos finais, "Senhor, não lhes

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imputes este pecado"; Paulo instruiu os irmãos de Éfeso, "Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4.32). O perdão de Jesus aos Seus juízes e carrascos é, sem dúvida, impressionante.Ainda na cena da crucificação, a suprema lição de que nunca é demasiado tarde para vir a Cristo exemplificado pelo criminoso em seus momentos de agonia.

QUANDO CRISTO CAMINHA CONOSCOESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBLucas 24. 13-35Penso que para vocês que estão se formando, este momento é apenas o fim de uma etapa mas não é o fim da caminhada. Há um longo caminho a ser percorrido, ainda, até que vocês alcancem os objetivos que vocês estabeleceram para suas vidas. Que planos têm sido traçados? Que metas têm sido delineadas para alcançar os alvos que vocês elaboraram para suas vidas? Quero, nesta noite, falar de uma dimensão que não pode ser relegada a um lugar secundário nos planos que vocês fizeram. Creio, que a grande maioria dos que estão aqui, neste culto, o fazem em virtude de que têm uma fé e querem, conseqüentemente agradecer a Deus porque acreditam que a vida não se resume apenas àquilo que é matéria, àquilo que é palpável, àquilo que é tangível, imanente. Mas sei que a maioria de vocês crê que existe uma realidade espiritual, uma realidade que transcende aquilo que pode ser medido, calculado, mensurado. Que não pode ser provado em laboratório, mas que nem por isso é menos real e passível de ser experienciado e vivido pelo ser humano. Foi pela influência do iluminismo que muitos desenvolveram uma fé inamovível de que o progresso da ciência iria continuamente aperfeiçoar o ser humano até que o mal fosse completamente erradicado da face da terra. E Foi o existencialismo niilista que tentou jogar a última pá de terra na crença em um Deus pessoal e que se interessa pelos destinos dos homens, principalmente, nos círculos intelectuais. Com isso, a confiança do homem foi transferida para o conhecimento, a ciência, a tecnologia, na expectativa de que estes viessem gestar uma sociedade melhor e varrer todos os resquícios na humanidade da religião e da fé que já não fariam sentido em um mundo tecnológico. Alguns teólogos, influenciados por Niestche, chegaram até a desenvolver uma “Teologia da Morte de Deus”. Contudo, as 2 grandes guerras acontecidas neste século que passou, bem como outras inúmeras guerras espalhadas por toda a terra vieram abalar definitivamente essa fé pueril na bondade inata do homem, pois, até mesmo algumas das grandes descobertas desse século criadas para benefício da humanidade se converteram em instrumento de morte como foi o caso do avião. Percebe-se que hoje, ao final de um século e milênio a fé não foi banida do coração do homem, mas que o homem mais do que nunca tem buscado algo ou alguém que transcenda a si mesmo e a este mundo em que vive. A verdade é que o coração do homem tem dentro de si mesmo um vazio do tamanho de Deus e que só pode ser preenchido por ele mesmo. Como, apropriadamente, disse Santo Agostinho, fomos criados para Deus, por isso só n’Ele a nossa alma encontra descanso. Ou, na expressão do autor do livro de Eclesiastes: Deus, pôs a eternidade em nossos corações O texto que lemos ainda há pouco, nos conta a história de dois discípulos que estão voltando de Jerusalém, após a morte de Cristo, embora tenham ouvido relatos de que Ele havia ressuscitado, contudo não haviam acreditado. Agora, estão indo em direção a Emaús. Jerusalém, palco dos principais acontecimentos da história da humanidade, fica para trás. Para eles, todos os sonhos foram abortados, as esperanças sepultadas em seus corações. Caminhavam tristes, cabisbaixos, Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles e eles nem percebem. Quero, nesta noite, desafia-lo a incluir Jesus Cristo nos seus planos de vida e mostrar os benefícios que isso trarão a sua vida. 1. Andar com Jesus move as nossas esperanças da terra para o céu, do temporal para o eterno, da morte para a ressurreição.

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Aqueles discípulos tinham certas esperanças; mas não tinham a esperança certa. Certa, tanto no sentido de direção; quanto certa no sentido de garantida. Depois de tantos anos sob o jugo do Império Romano, havia entre os judeus a expectativa de um messias libertador que viria e aglutinaria todas as forças do povo judeu para que, novamente, Israel fosse Senhor do seu destino. Quando Jesus surge e atrai multidões Ele passa a ser o alvo das expectativas desse messias guerreiro e conquistador o que fica bem evidente na sua entrada triunfal em Jerusalém. Porém, Jesus frustra aquelas aspirações. Ele mesmo diz: “O meu reino não é deste mundo.” A esperança que Jesus anuncia não é de um reino na Palestina, mas, de um Reino Universal, o seu reino não envolveria apenas os judeus, mas pessoas de todas as raças, tribos, línguas e nações. O seu reino não seria político, mas espiritual; não seria temporal, mas eterno. Naquele momento em que os discípulos caminhavam abatidos, por causa de suas esperanças frustradas, Jesus lhes anuncia uma esperança maior. Eles faz com que eles movam os olhos da terra para o céu; do temporal para o eterno; do corruptível para o incorruptível. Onde Ele: “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. Apocalipse 21:4 “. Por isso, se na caminhada você sentir, que as suas esperanças falharam, que os seus sonhos ruíram, que os seus planos fracassaram, lembre-se que Jesus é a esperança que não falha; é o amigo que não abandona. 2. Andar com Jesus traz uma nova compreensão das Escrituras. No que diz respeito ao seu sentido como ao seu calor. É preciso andar com Jesus para que Ele possa remover dos nossos olhos a poeira das impressões erradas sobre Ele construída ao longo dos anos. Foi preciso que Jesus mostrasse nas Escrituras o que havia sido predito sobre Ele. Os discípulos não entendiam, eles esperavam que Jesus formasse um exército e destronasse os romanos do poder na Palestina e que paulatinamente fosse dominando outras nações. Eles queriam um Rei que conquistasse pela força das armas, mas o poder de Jesus vinha do amor. Eles queriam um reino temporal e geográfico, mas o reino de Jesus é espiritual e eterno. O que é governar a Palestina para aquele que governa o universo. O que é vencer Herodes e Pilatos para aquele que triunfou sobre os principados e potestades, sobre os poderes espirituais das trevas. Os discípulos não entendiam. Muitos de nós não entendemos hoje. Precisamos andar com Jesus e deixar que à semelhança do que fez com os discípulos no caminho de Emaús nos vá revelando a sua face que já está delineada nas Escrituras. Mas, além de desvelar para nós a sua face nas Escrituras, Jesus faz com que as Escrituras façam o nosso coração arder. Ele faz com a Bíblia deixe de ser mera letra para se tornar fogo e paixão em nossos corações. Por isso, se um dia na caminhada, a sua fé desvanecer, se você se sentir vazio e triste, se nada mais fizer sentido; Jesus tem o sentido para a vida. É ele, quem através do Espírito Santo retira da Bíblia a poeira de séculos de história para faze-la atual como o jornal do dia e mais fascinante e bela do que qualquer outra obra literária. 3. Andar com Jesus produz uma nova compreensão do que seja poder e êxito. O poder de Jesus não é o das armas, mas o da doação, da entrega. Jesus não vence matando, destruindo, mas morrendo e se entregando. Em uma sociedade competitiva em que o outro é visto como um adversário a ser superado para que eu possa subir, Jesus nos ensina o poder do serviço, da entrega, da doação, da vitória do amor sobre o ódio; do triunfo da fé sobre o desespero. Com certeza, Martin Luther King, sem armas e sem violência realizou uma conquista maior e mais permanente do que Hitler com todo o poderio do exército alemão. Porque havia aprendido com Jesus. Jesus consegue triunfar sem freqüentar os palácios dos poderosos, sem se curvar ante a arrogância dos fariseus que se julgavam os detentores do conhecimento da verdade, mas vivendo entre os humildes de sua época. Maria, no Magnficat, expressa essa verdade quando diz: Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos. É por isso, que no século que findou o nome de Madre Teresa de Calcutá é mais conhecido do que o do inventor da bomba atômica. Por isso, na caminhada ao perceber que o mal se agiganta, que a injustiça se enraíza em toda a terra, que a mentira se alastra, que a covardia e o medo se tornaram lugar comum. Convide Jesus para andar com você. Ele nos ensina a viver na verdade; Ele nos ensina o sentido da entrega, da doação, do amor.

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Ele nos faz intimoratos na denúncia do mal, no combate a injustiça, na luta pela verdade. Ele já percorreu esse caminho e o venceu. 4. Andar com Jesus muda o rumo das nossas vidas. Já não queremos mais ficar em Emaús, mas voltar para Jerusalém. Já era noite, Jerusalém ficava a 13 km de distância de Emaús. O caminho era escuro; havia perigo de feras e de salteadores; eles estavam cansados pois haviam acabado de chegar. Mas, a presença de Jesus lhe infunde um novo ânimo que os faz voltar para Jerusalém. Só a presença do Crito ressurreto, transforma a noite em dia; as trevas em luz; a morte em vida. Só Ele restaura a esperança, restabelece a fé, reacendo os nossos sonhos e anelos mais profundos do coração. Por isso, se na caminhada, em algum momento, você se vir tentado desistir, a se dar por vencido e o desânimo quiser afogar os seus anseios, diga: Jesus, fica comigo, é tarde o dia já declina, o sol está se pondo e a sombra da noite está caindo sobre o meu coração; a minha esperança fenece e os últimos resíduos de minha esperança estão sendo varridos pelo vento que sopra ao cair da tarde; fica comigo Jesus. Quando vier a tempestade e o barco da tua vida estiver à mercê das ondas que te infundem pavor e medo, quando o vento estiver encapelado, diga: fica no barco Jesus, porque as ondas e os ventos lhe obedecem. Quando as tuas esperanças estiverem soterradas pelas circunstâncias da vida diga: Jesus remove os escombros, caminha comigo restaura a minha fé, tu és o arrimo da minha sorte. Todos os dias, convide Jesus para andar com você. Jesus é mais precioso que todas as riquezas, mais sublime, mais belo, mais desejável do que todo o ouro, todo poder, toda glória toda fama. Doce nome Jesus, doce esperança, Jesus está dizendo que é doçura, Em Jesus todo o acerto se assegura, Logra-se, com Jesus, toda a bonança. Quem em Jesus seu coração descansa Ricos afetos em Jesus se apura E fora de Jesus nada procura Que em Jesus tudo espera, e tudo alcança. Jesus por Redentor se vos convida, Jesus é Salvador na sacra história, E nossa culpa tem Jesus remida: E tendo Jesus sempre a memória Jesus é tábua, em que se salva a vida, Jesus é porto, em que se chega a glória. (Ao Nome de Jesus – Repetido em todos os versos. Manuel Botelho de Oliveira) QUANDO O CRENTE SE CONVERTEESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

"Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos". (Lc 22.31, 32)Uma vida espiritual plena, feliz, ativa tem seu início quando se estabelece um relacionamento de dependência, de fé, de perdão entre a pessoa humana e Deus. E sua manutenção exige que a nossa personalidade seja ajustada à divina, e que demos ao Senhor a posição que Lhe compete em nossa vida. O mundo perdido não glorifica a Deus, nem o crente quando se torna mais movido pela carne que pelo Espírito. Igualmente, o crente com outros interesses, que não o reino de Deus e sua justiça, também não glorifica o Pai. E, no entanto, há uma lei espiritual de que todo crente precisa se aperceber. É encontrada em 1Samuel 2, no final do verso 30, onde diz o Senhor: "Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos que me honram, mas os que me desprezam serão desprezados". Lei que naturalmente encontra seu eco no Novo Testamento, na palavra de Jesus Cristo em João 12.26: "Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará". É nesse ponto que Jesus fala a Pedro, e a nós também, esta expressão: "Tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos". Isso quer dizer que a conversão do já crente é o seu despertamento, o seu reavivamento. E nós até cantamos, como no hino 116 do Cantor Cristão.:

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"Vem! Reveste a tua igrejaDe poder e luz!Vem! Atrai os pecadoresAo Senhor Jesus!Maravilhas soberanasOutros povos vêem;Oh ! derrama a mesma bênçãoSobre nós também!"Ou no 117 CC:"Santo Espírito de DeusEnche de fervor os seus,Pra cantarem o louvorDe Jesus, o Salvador!Vem Espírito veraz,Esta escuridão desfaz!Enche-nos de santa luz,Guia todos a Jesus!"Mas o evangelho diz que precisamos de um fogo que queime os nossos velhos vícios, Nossa vida de crentes acomodados, e satisfeitos, e tranqüilos, e de um evangelho sem arrependimento, sem obediência, e que despreza e põe de lado a cruz esperando que nada, absolutamente nada nos perturbe e incomode. Precisamos de uma reforma que seja radical, aquilo que, repetimos, Jesus Cristo disse: "Tu, quando te converteres fortalece a teus irmãos". Ou seja, uma nova dedicação na vida, um novo propósito, um novo serviço, uma nova postura diante de Cristo, uma nova posição diante de Sua Igreja, e diante do mundo, que é objeto de Seu amor. Então, faremos uma pergunta:A QUE(M) DEVE O CRENTE SE CONVERTER?Precisamos de uma conversão à soberania de Deus Pai. Está em Jeremias 24.7: "E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração". E devemos fazê-lo para não incorrermos no que está em Isaías 29.13: "O Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor." A soberania de Deus é a Sua qualidade, o Seu atributo pelo qual domina toda a criação, e o universo e o mundo onde vivemos, e a História, e a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo! Sendo soberano, Deus é onisciente, é onipotente, é onividente, Deus é livre; sendo livre, e onividente, e onipotente e onisciente, Deus é soberano. É a essa soberania que devemos nos render. Porque Deus é soberano, não podemos querer e reinvidicar escolhas que fazemos sem consultá-Lo, e não pode haver regeneração espiritual, se não houver uma reforma moral da parte daquele que se submete ao chamado do Senhor. Mas você, meu irmão, querida irmã, pode escolher não se submeter, não se converter à soberania de Deus. No entanto, também não receberá bênçãos, não será uma bênção, e não sentirá a alegria de ser obediente.É preciso converter-se aos planos de Jesus Cristo. O conceito fundamental da vida cristã e mudança de mentalidade que os tradutores da Escritura Sagrada preferiram traduzir como arrependimento. A palavra na língua grega é metanóia, que quer dizer "mudança de mente, modificação da mentalidade". Receber a Cristo como Salvador significa colocar-se ao lado da pessoa de Cristo de modo único na experiência humana, e de maneira exclusiva porque Jesus Cristo não aceita ser dividido com ninguém, ou com coisa alguma. Significa ser como Ele, Jesus, é. Em 1João 4, final do verso 17 está dito, "porque, qual ele é, somos também nós neste mundo". Quer dizer que os Seus amigos são os nossos amigos, Seus inimigos são os nossos inimigos, e os seus caminhos são os nossos caminhos, e a Sua vida é a nossa vida, e a Sua cruz, a nossa cruz.

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O crente em Jesus Cristo é uma pessoa marcada. Marcada por essa cruz, marcada pelas dores, marcada pelas bênçãos, e pelo céu, e pela alegria, porque ninguém se rende ao senhorio de Cristo e ao Seu plano e permanece indiferente.É preciso que o irmão se converta à operação do Espírito Santo. Lemos em Provérbios 1.23: "Convertei-vos pela minha repreensão; eis que derramarei sobre vós o meu Espírito e vos farei saber as minhas palavras". É uma palavra decisiva e incisiva. A tarefa primeira do Espírito Santo de Deus é restaurar a íntima comunhão da pessoa perdida com Deus, levando-a a Jesus Cristo, o Salvador. "E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo" ( Jo 16.8). E, deste modo, realizando uma obra de energização do crente, ou seja, o Espírito Santo nos dá a energia espiritual para o quebrantamento, e para a submissão, e para a conversão à vontade de Deus, e aos planos e senhorio de Jesus Cristo. O problema é o crente continuar a viver como era antes, e ele se diz crente, mas continua o mesmo do passado. Após se dizer convertido, precisa se reaquecer, reavivar-se, reanimar-se, novamente converter-se para fortalecer os seus irmãos, lembrando-se que a lei bíblica é que um pecador não pode entrar no reino de Deus (cf. Jo 3.3,5; 1Co 6.9, 10; Gl 5. 19-21; Ef 5.5; 1Pe 1.22,23; Ap 21.27; 22.15). E permitir que o Espírito Santo opere na vida é seguir uma lei espiritual também, a que diz "Enchei-vos do Espírito" (Ef 5. 18b). Evangelho sem o Espírito Santo é a intenção de Satanás, e já basta de tanto evangelho sem o Espírito, porque Satanás deseja uma Igreja sem vida, sem os rios de água viva (Jo 7.38; Is 44.3), e fria sem o calor, o aquecimento do Espírito de Deus (Mt 3.11; At2.3,4). E sem direção, sem a coluna de fogo nas horas escuras como o povo de Israel no deserto experimentou. Assim, sem o Espírito Santo, estaremos no deserto sem orientação, sem objetivo, sem alvo e sem ponto de chegada. Mas a igreja, qualquer igreja, terá esses rios de água viva, esse fogo, essa luz quando estiver cheia, plena do Espírito, sob o controle do Espírito na vida dos crentes individuais. E, permitindo que o Espírito opere, estaremos preparados para resistir à tentação, para obedecer à Palavra de Deus, para compreender a verdade, e, sobretudo, para viver de vitória em vitória!O CRENTE SE CONVERTE E SE FORTALECEPara que o crente se converte e se fortalece? É um fato sistêmico: a conversão leva o crente ao fortalecimento, e o seu fortalecimento leva a fortalecer os outros irmãos. É o que Jesus ensina (Lc 22.32), e é o que aprendemos em toda a Bíblia. Porque está na palavra profética de Isaías 35, "Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará" (vv. 3,4). Ou no Novo Testamento: "Portanto, levantai as mãos cansadas, e os joelhos vacilantes, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que é manco não se desvie, antes seja curado" (Hb 12. 12, 13). E acontece também essa conversão e fortalecimento para que haja esperança (Os 12.6). Para que seja demonstrada a vontade de Deus em nossa vida (1Co 4.20). E o crente se fortalece para pregar, para proclamar, para anunciar o amor de Deus, Sua graça, Sua misericórdia nos termos da Segunda Carta a Timóteo 4.17: "Mas o Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação, e a ouvissem todos os gentios; e fiquei livre da boca do leão". Sim, somos salvos para Cristo; fomos salvos para ter autoridade espiritual e moral (Gl 6.1), e não esqueçamos que somos salvos de uma posição, isto é, do sistema deste mundo, da lama, do mal, do pecado, da ira vindoura, somos salvos de para alguma coisa, para uma finalidade. Voltemos a Escritura que nos fundamenta: "Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos entre vós, e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro, e esperardes dos céus a seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1Ts 1. 9.10). Sim; salvos para Cristo, e para ter comunhão, e para servir a Deus. Somos salvos para ter essa autoridade espiritual de que fala a Escritura: "Exortamos-vos também, irmãos, a que admoesteis os insubordinados, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos" (1Ts 5.14). Não é fácil nem simples corrigir o errado. Por isso é preciso estar preparado: "Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de

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mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado" (Gl 6.1). Repitamos: não é fácil corrigir quem erra. Para consolar o aflito, é preciso repassar a consolação que se recebeu de Deus, como Paulo mesmo afirma: "Grande é a minha franqueza para convosco, e muito me glorio a respeito de vós; estou cheio de consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações" (2Co 7.4). E é muito triste, muito pesado, extremamente pesado quando alguém precisa de consolação e os consoladores não aparecem, como o Salmo 69. 20 diz: "Afrontas quebrantaram-me o coração, e estou debilitado. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei". Temos que sofrer com paciência as fraquezas do irmão e ajudar o que duvida, pois a fé recolocada, o crente novamente convertido reconduz o irmão desviado à fé.O crente em Jesus Cristo há de ser um exemplo de energia, e estímulo para isso é o que não falta na Escritura Sagrada. Está no livro do profeta Joel: "diga o fraco: Eu sou forte" (3.10b). E, voltando ao Novo Testamento, em Romanos 15.1, Paulo nos passa: "Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos". Poder. Um sentido de poder é como alguém definiu muito claramente: "é a capacidade para fazer". É o que Deus nos dá, e é o que Ele quer fazer na Igreja, e é o que Ele coloca nos corações dos crentes. É exatamente o que Deus deseja fazer: energizar! Mas não esse poder que nem se sabe o que é. Há quem o peça sem saber para quê, e nem mesmo o que é, pois é algo meio enfumaçado na cabeça, sem que se compreenda direito o que significa. E verificamos na Escritura que quem fortalece é Deus; o poder não vem de mim mesmo como vem pregando a Nova Era que a pessoa tem todo esse poder dentro de si e é só extraí-lo. Diz a Bíblia que quem fortalece é o Senhor: "E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer" (1Pe 5.10). A Bíblia diz também que é o próprio evangelho de Jesus Cristo que fortalece nos termos de Romanos 1: "Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé" (vv. 16, 17).Pois é; estamos cercados por todo um reino espiritual. Não se assustem não: há muita pregação que só enfatiza o maligno. Mas quero lembrar aos irmãos que estamos cercados também por um abençoado e divino reino espiritual, é Deus mesmo que está ao nosso lado. A Bíblia não diz: "O anjo do Senhor se acampa ao redor daqueles que amam a Deus"? O Senhor está ao nosso lado. Estamos cercados por esse reino espiritual, os anjos do Senhor que nos ajudam porque são espíritos ministradores (Hb 1.14) . Sim, Paulo quando prega em Atenas, e está registrado em Atos 17.28, também afirma: "Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vosso poetas disseram: Pois dele também somos geração". Portanto, estamos rodeados por um reino espiritual, mas tudo é uma questão de freqüência, de estar ligado no canal certo. O jornal há alguns anos noticiou um escândalo tomou conta do país. Uma autoridade pública emitiu uma opinião particular em off, mas as antenas parabólicas estavam ligadas naquela freqüência. E todo o Brasil ouviu o que disse o ministro porque as antenas estavam ligadas naquela freqüência. E se perde de ouvir a Deus por não se estar antenado espiritualmente nEle! Deixamos de estar ligados na freqüência do Senhor, e ficamos recebendo tantas outras transmissões. mas não sintonizamos o Pai, nem o Filho, e não entramos em sintonia com o Espírito Santo. Pois o Seu poder não é algo que Ele tem, mas o que Deus é. E perdemos a energia porque nem sempre queremos caminhar com o Senhor."Tu quando te converteres, fortalece a teus irmãos". Essa foi a exortação que o Senhor fez a Pedro. E que faz a nós também. Que o Senhor nos ajude a que vivamos o evangelho pleno, total, sem reservas, sem paredes, mas que o evangelho tome conta de nossa vida toda, e de toda nossa vida moral, e emocional, e física. Que tudo seja entregue de modo absoluto ao Senhor que nos redimiu! Amém. QUEM JESUS FOI REALMENTE?ESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

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O Jesus liberalCom a queda do racionalismo e o surgimento do existencialismo, alguns estudiosos procuraram entender Jesus à luz da experiência religiosa. Jesus passou a ser visto como um homem cujo sentido de dependência de Deus havia alcançado a plenitude. Esse conceito serviu de base para o desenvolvimento do seu retrato pintado pelos liberais, em que Ele era simplesmente um homem divinamente inspirado. No século passado, os estudiosos, em busca do Jesus histórico, começaram a aceitar a idéia do "mito", ou seja, a idéia de que os Evangelhos são relatos mitológicos sobre Cristo, lendas piedosas criadas cm torno da figura histórica de Jesus pelos seus discípulos. Assim, firmou-se a idéia de que Jesus não ressuscitou fisicamente. A ressurreição, na verdade, era a crença dos discípulos na presença espiritual de Jesus.A essa altura, os próprios estudiosos perceberam que a "busca" não os estava levando a lugar algum. Era fácil destruir o Cristo dos Evangelhos, mas eles não conseguiam reconstruir um Jesus histórico que os satisfizesse. As vidas de Jesus reconstruídas pelos pesquisadores diziam mais acerca dos autores do que da pessoa que eles tentavam descrever. Os autores olharam no poço profundo da história em busca de Jesus, e o que viram foi seu próprio reflexo no fundo do poço. Também perceberam que haviam esquecido ou minimizado um importante aspecto da vida e do ensino de Jesus, que foi o escatológico-apocalíptico, proclamando o aspecto ainda futuro do reino de Deus. Essa conscientização desfechou um golpe fatal na concepção liberal de um reino de Deus que se confundia com uma sociedade ética no mundo presente, ou numa experiência espiritual interior, que dominava na época. Além disso, o estudo crítico dos Evangelhos começou a afirmar que eles (os Evangelhos) não eram biografias no sentido moderno, mas apresentações de Jesus altamente elaboradas e adaptadas por diferentes alas da comunidade cristã nascente. Portanto, era impossível, achar o verdadeiro Jesus, pois ficara soterrado debaixo da maquiagem imposta pela Igreja primitiva. Como conseqüência, alguns começaram a insistir que o centro da fé para a Igreja não era o Jesus da história, mas o Cristo da fé, criado pela igreja nascente. Portanto, a busca estava baseada num erro (que o Jesus histórico era importante) e era teologicamente sem valor. O único Jesus em que os estudiosos deveriam se interessar era o Cristo da fé da igreja, pois foi o único que influenciou a história. Alguns, assim, se tornaram absolutamente cépticos quanto à possibilidade de se recuperar o Jesus histórico.Tentando "salvar" a busca, esses estudiosos acabaram por piorar a situação. Quando separamos a fé dos fatos históricos, o Cristianismo, despido do seu caráter histórico, e dos fatos que lhe servem de fundamento, torna-se uma filosofia de vida. Uma fé que se apoia num Cristo que não tem nenhum ancoramento histórico toma-se gnosticismo ou docetismo.Assim, os Evangelhos e o retrato de Jesus que eles nos trazem, passaram a ser vistos como uma elaboração mitológica produzida pela fé da Igreja. Segunso seus defensores, foi a imaginação da comunidade que criou as histórias dos milagres e muitos dos ditos de Jesus.Apesar das diversas tentativas de reconstrução, ao fim chegava-se a um Jesus cuja existência era não apenas implausível, como impossível de ser provada. O Jesus liberal, desprovido do sobrenatural e da divindade, foi uma criação da obstinação liberal, que se recusava a receber como autêntico o relato dos Evangelhos sobre Jesus. A falta de comprovação histórica e documentária quanto ao Jesus liberal acabou por dar fim à "busca".O Jesus do liberalismo pouco se parecia com o Jesus da concepção histórica da Igreja de Jesus Cristo, como sendo tanto humano quanto divino, as duas naturezas unidas organicamente numa mesma pessoa. O racionalismo eliminou a natureza divina de Cristo e a considerou como produto da Igreja, dissociada do Jesus da história. Jesus era apenas o grande exemplo, e a religião que Ele ensinou era simplesmente um moralismo ético e social.O Jesus liberal fracassou cm todos os sentidos! Ele acabou fundando uma nova religião, mesmo sem querer. Acabou sendo "endeusado" pelos seus discípulos, contra a sua vontade. O seu ensino social e ético de um reino de Deus meramente humano acabou sendo sobrepujado pelo ensino de um reino de Deus sobrenatural, presente e ainda por vir. E sua verdadeira identidade se perdeu logo nos primeiros séculos, para ser "redescoberta" apenas depois de 2.000 anos de ilusões. Que ironia!

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O Jesus libertadorMas a tentativa dos estudiosos que não criam nos relatos miraculosos dos Evangelhos não parou com o fracasso. Em meados da década de 50, outros estudiosos, igualmente céticos, acharam que poderiam acertar onde os antigos liberais falharam, desde que não fossem tão radicais em seu ceticismo quanto aos relatos dos Evangelhos. Alguns discípulos dos teólogos liberais afirmaram que, apesar dos muitos erros nos Evangelhos, havia neles elementos históricos suficientes para se tentar chegar ao Jesus que realmente existiu. Um deles chegou mesmo a questionar: "se a Igreja primitiva era tão desinteressada na história de Jesus, por que os quatro Evangelhos foram escritos?" Os que escreveram os Evangelhos acreditavam seguramente que o Cristo que eles pregavam não era diferente do Jesus terreno, histórico. Mas, ao fim, esses pesquisadores da "nova busca" pensavam de forma muito semelhante à dos seus antecessores: o Jesus que temos nos Evangelhos não corresponde ao Jesus que viveu em Nazaré há 2.000 anos, o qual pode ser recuperado pelo uso da crítica histórica. Uma coisa todos estes pesquisadores, antigos e novos, tinham cm comum: não criam na divindade plena de Jesus, na sua ressurreição nem nos milagres narrados nos Evangelhos. Para eles, tudo isso havia sido criado pela Igreja. Além disso, eram todos comprometidos com a filosofia existencialista em sua interpretação dos Evangelhos. Os resultados da pesquisa feita individualmente por eles, porém, eram tão divergentes, que a "nova busca" acabou desacreditada em meados da década de 70.Mas o ceticismo destes estudiosos não deixou a coisa parar por aí. Faz poucos anos, um grupo de 75 estudiosos de diversas orientações religiosas reuniu-se nos Estados Unidos para fundar o "Simpósio de Jesus" (The Jesus Seminar), que os reúne regularmente duas vezes ao ano para levar adiante a "busca pelo verdadeiro Jesus". Suas idéias básicas são fundamentalmente as mesmas dos que empreenderam a "busca" antes deles, ou seja, que o retrato de Jesus que temos nos Evangelhos é uma caricatura altamente produzida, resultado da imaginação criativa da Igreja primitiva. A novidade é que agora incluíram material extrabíblico em suas pesquisas, como o evangelho apócrifo de Tomé, o suposto documento "Q" contendo ditos antigos de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto.A conclusão do simpósio é que somente 18% dos ditos dos Evangelhos atribuídos a Jesus foram realmente pronunciados por Ele. O simpósio, trouxe a público esse resultado de suas pesquisas bastante cépticas quanto á confiabilidade dos Evangelhos, causando grande sensação e furor nos Estados Unidos e na Europa, e reacendendo, em certa medida, o interesse pelo Jesus histórico. E mais uma vez a polêmica acerca de Jesus foi reacendida, desta feita ganhando até a capa de revistas internacionais como Time, Newsweek e U.S. News & World Report, e do Brasil, como Veja e Isto É. Ao final, o Jesus do simpósio é uma mistura de sábio tímido, modesto demais para falar de si mesmo ou de sua missão neste mundo. A pergunta é: como uma pessoa assim conseguiu ganhar o ódio dos judeus e acabar sendo crucificada, um fato que até os antigos liberais radicais reconhecem como histórico?Várias outras tentativas têm sido feitas cm tempos recentes para se descobrir o Jesus que realmente existiu por detrás daquele que é representado nos textos dos Evangelhos. Ele tem sido retratado diferentemente como profeta e libertador social, simpatizante dos Zelotes e de suas idéias libertárias, reformador social por meio pacíficos e espirituais, pregador itinerante carismático e radical, instigador de um movimento, de reforma, libertador dos pobres, "homem, do Espírito", que tinha visões e revelações e uma profunda intimidade com Deus, de quem recebia poder para curar, fazer milagres e expelir demônios. Um hasid, homem santo da Galiléia, um judeu piedoso, uma figura carismática, um operador de milagres, movendo-se fora do ambiente oficial e tradicional do judaísmo, um exorcista poderoso e bem sucedido - o catálogo é interminável. Mas todas essas tentativas têm uma coisa em comum: para seus autores, o Jesus pintado pelos Evangelhos é o produto da imaginação criativa e piedosa, da fé dos discípulos de Jesus. Os defensores destas idéias partem do conceito de que a Bíblia nos oferece um quadro distorcido do verdadeiro Jesus.De volta ao Jesus sobrenaturalEntretanto, é preciso mais do que teorias, como estas que acabei de expor, para tornar convincente a tese de que a comunidade cristã inventou tanto material sobre Cristo, e que ela mesma acabou crendo em sua mentira. É quase inconcebível que uma comunidade tenha criado material histórico para dar sustentação histórica à sua fé. Uma comunidade que dá tal importância aos fatos históricos, não os

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criaria! Além do mais, essas teorias não levam em conta o fato de que os eventos e ditos de Jesus foram testemunhados por pessoas que estiveram com Ele, e que essas testemunhas oculares certamente teriam exercido uma influência conservadora na imaginação criativa da Igreja. Também ignoram o fato de que os líderes iniciais da comunidade os apóstolos, estiveram com Jesus e muito perto dos fatos históricos para dar asas à livre imaginação. Também deixa sem explicação o alto grau de unanimidade que existe entre os Evangelhos. Se cada Evangelho é o produto da imaginação criativa da igreja, como explicar diferenças entre eles? E se é o produto de comunidades isoladas, como explicar as semelhanças? Essas teorias são especulações e nada podem nos dar de evidência concreta. Portanto, continuamos a crer nas evidências internas e externas de que os Evangelho dão testemunho confiável do Jesus histórico, que é o mesmo Cristo da fé. Entretanto, o ceticismo crítico desses estudiosos influenciou de tal maneira os seminários que introduziu na Igreja de Cristo uma semente que produziu seu fruto amargo: um Evangelho e um Cristo, fruto da imaginação da Igreja, e que, portanto não tinham. poder, vitalidade nem respostas para as questões humanas. Resultado: igrejas esvaziadas por toda a Europa, em uma geração.Queira Deus guardar as igrejas brasileiras dessas pessoas, e firmá-las cada vez mais no Senhor Jesus Cristo, fielmente retratado nas páginas dos Evangelho.REVELAÇÃO PROGRESSIVA DO MESSIASESTUDO SOBRE JESUSProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br São muitas as passagens messiânicas no Antigo Testamento cumpridas totalmente em JESUS, nome que, de forma direta ou indireta, permeia toda a Bíblia. É formidável vermos o perfil do Messias sendo paulatinamente traçado de livro em livro, de versículo em versículo. Com pinceladas seguras, e sem pressa, o Pai se revela aos poucos na Pessoa do Filho. Deus falou de forma inequívoca pelos profetas sobre o Seu enviado. Somente Ele poderia fazer tais previsões: "Quem há, como eu? Que o declare e o exponha na minha presença! Quem anunciou desde os tempos antigos as coisas vindouras? Que nos anuncie as que ainda há de vir" (Is 44.7). Em outras palavras, Deus está dizendo: Se existir alguém que faça como eu, que anuncio o que há de vir, então se apresente. Como num quadro gigantesco, a figura do Salvador vai despontando a cada pincelada. No começo, é apenas um descendente de Eva; depois, é um descendente de Abraão, de Isaque, de Jacó; e, por fim, será "um rebento do tronco de Jessé". Mais adiante, Ele é o crucificado, humilhado, traído por trinta moedas de prata, e "por suas feridas somos sarados". A época e a cidade do seu nascimento, sua condição de Filho de Deus, sua missão, tudo predito centenas de anos antes. Assim, passo a passo toma corpo, ao longo da Bíblia, a exata dimensão do ministério terreno do Verbo, que era Deus, que estava no princípio com Deus, e que se fez carne e habitou entre nós. "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gn 1.26).O Deus trino, composto, porém único, está manifesto no plural "façamos". O Verbo que se fez carne (Jo 1.1,14), esteve presente na Criação. Em verdade, o versículo nada revela sobre o Messias, mas é uma introdução ao grande mistério da Trindade. O apóstolo Paulo disse que "homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1. 20-21). E São Lucas, no Livro de Atos, confirma: "Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os profetas havia anunciado que o Cristo havia de padecer...Dele todos os profetas dão testemunho de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome" (At 3.18; 10.43). Vejamos as profecias: Nascido de mulherProfecia: Deus falando à serpente: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15 - Ed. Revista e Corrigida). Sem dúvida, o perfil do Messias começa a ser esboçado a partir desse versículo. Jesus é revelado como a semente da mulher, um descendente de Eva. Ele ferirá mortalmente a serpente, que é o diabo (Ap 12.9

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e 20.2). Deus está falando a uma pessoa, Satanás, já que não pode haver inimizade entre um animal e um ser humano. Os anjos decaídos, seguidores do diabo ("tua semente") também seriam inimigos de Deus. Cumprimento: Jesus foi o único em toda a História da humanidade a declarar que destruiria as obras do diabo. Vejam: "Agora é o tempo do juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo" (Jo 12.31); "...porque o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.11); "Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3.8). A vitória na cruz: "Tendo despojado os principados e as potestades, os expôs publicamente ao desprezo, e deles triunfou na cruz" (Cl 2.15). Jesus veio para nos resgatar das mãos do diabo (Is 61.1; Mt 20.28; Lc 4.18; Jo 8.32,36). Descendente de AbraãoProfecia: Deus falando a Abraão: "E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porque obedeceste à minha voz" (Gn 22.18; v.Gn 12.3).Cumprimento: Em Gálatas 3.16, o apóstolo Paulo explica: "Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. A Escritura não diz: E às posteridades [descendentes] como se fossem muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo". Um pouco antes, em Gálatas 3.8-9, lê-se: "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Em ti serão benditas todas as nações. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão". No Evangelho de São Mateus, Jesus é mencionado como "filho de Davi, filho de Abraão" (Mt 1.1), confirmando a genealogia do Messias.A promessa é renovada em Isaque e em Jacó, conforme Gênesis 26.2-4 e 28.13-14.O Profeta de DeusProfecia: Deus falando a Moisés: "Eis que suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar" (Dt 18.18). Moisés ao povo: "O Senhor, teu Deus, levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvireis" (Dt 18.15).Cumprimento: Note-se que Deus não fala de vários profetas, mas de um profeta a ser levantado no futuro. Os judeus aguardavam esse profeta especial. Quando surgiu João Batista, perguntaram-no: "Es tu o profeta?" (Jo 1.21). Jesus é o único que cumpre essa profecia: "Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo" (Jo 6.14). "Verdadeiramente este é o profeta" (Jo 7.40); "Filipe encontrou Natanael e disse: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José" (Jo 1.45); [Samaritana] "Eu sei que o Messias virá. Quando ele vier, nos explicará tudo. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo" (Jo 4.25-26). Vemos que o próprio Jesus declarou ser o profeta de há muito aguardado. Como vimos, Deus disse a Moisés: "Porei as minhas palavras na sua boca". Jesus deu autenticidade a essa profecia, dizendo: "Esta palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou" (Jo 14.24); "As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras" (Jo 14.10). Da linhagem de JesséProfecia: "Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará" (Is 11.1).Davi, filho de Jessé, foi ungido pelo profeta Samuel e substituiu Saul no reinado de Israel (1 Sm 16.10-13). Os demais filhos de Jessé ficaram excluídos da linhagem da qual Jesus seria descendente, assim como ficou excluído Esaú, irmão gêmeo de Jacó, filho de Isaque. Cumprimento: O Messias seria da linhagem de Davi, tal como registrado na genealogia de Lucas 3.31-32. "E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o filho de Davi?" (Mt 12.23). José, marido de Maria, era da "casa de Davi", e o anjo Gabriel revelou que Jesus receberia o "trono de Davi, seu pai" (Lc 1.27,32). Por eliminação, estamos chegando ao Messias. Aos poucos, Ele vai surgindo nas Escrituras, numa revelação gradual. Sua filiação, o lugar do seu nascimento, seu caráter, sua santidade, seu sofrimento e muitos outros detalhes de sua vida.

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O Filho de Deus Profecia: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei"; "beijai o Filho...Bem-aventurados todos aqueles que nele se refugiam" (Sl 2.7, 12). Cumprimento: No Seu batismo, junto ao Jordão, ouviu-se uma voz dos céus: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3.17). Declaração semelhante fez Simão Pedro, quando disse: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo", revelação plenamente aceita por Jesus (Mt 16.16-17), e também confirmada pelo anjo Gabriel (Lc 1.32). Outras referências: João 6.40; 8.36; 11.4; 14.13; 17.1. Na Transfiguração, o Pai confirma a filiação divina de Jesus e a sua condição de "o profeta": "Este é o meu amado Filho; a ele ouvi" (Lc 9.35).Sua ressurreiçãoProfecia: "Porque não deixarás a minha alma no inferno [sepultura], nem permitirás que o teu Santo veja corrupção (Sl 16.10). "Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia" (Mt 16.21; 17.9; 20.17-19; Lc 18.33).Cumprimento: "De repente Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram" (Mt 28.9; cf. Lc 24.36-48). Pedro disse no seu discurso, no dia de Pentecostes: "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas" (At 2.32). O Crucificado O Salmo 22 descreve detalhes da crucificação do Messias. Vejamos: "Deus, Deus meu, por que me desamparaste?" (Sl 22.1). Cumprimento - As mesmas palavras foram usadas por Jesus na cruz, conforme Mateus 27.46."Os que me vêem zombam de mim e balançam a cabeça" (v.7). Cumprimento - "Os que passavam, blasfemavam dele, meneando a cabeça" (Mt 27.39)."Confiou no Senhor, que o livre" (v.8). Cumprimento- "Confiou em Deus. Livre-o agora, se de fato o ama, pois [Jesus} disse "Sou Filho de Deus" (Mt 27.43)."Traspassaram-me as mãos e os pés" (v.16). Cumprimento - "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser ali o dedo, e não puser a mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei" (Jo 20.24-29)."Repartem entre si as minhas vestes e lançam sorte sobre a minha túnica" (v.18).Cumprimento - "Depois de o crucificarem, repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta..." (Mc 15.24).Seus ossos não seriam quebradosProfecia: "Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra" (Sl 34.20). Cumprimento: "Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz...rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado. Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas" (Jo 19.32-33). Os corpos deveriam ser retirados da cruz antes das 18 horas daquela sexta-feira, quando se iniciava a contagem do dia seguinte, o sábado sagrado. Fel e vinagre para beberProfecia: "Deram-me fel por alimento, e na minha sede me deram a beber vinagre" (Sl 69.21).Cumprimento: "E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber" (Mt 27.33-34; Mc 22-23)."Nasceria de uma virgem"Profecia: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: A virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Is 7.14). Cumprimento: "No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada...entrando disse: ...conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus" (Lc 1.26-35; cf.Mt 1.18-25). "Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta [Isaías]: A virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer Deus conosco". O Verbo se fez carne e habitou conosco. Pai da Eternidade

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Profecia: "Porque um menino nos nasceu; um filho se nos deu; o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Is 9.6). A divindade de Jesus está expressa de forma muito clara nesse versículo. O próprio Jesus se declarou eterno como veremos a seguir. Cumprimento: "Antes que Abraão nascesse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem, mas Jesus se ocultou e saiu do templo (Jo 8.58,59). "Se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados" (Jo 8.24).Deus falando a Moisés - "Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.14).Jesus usou o mesmo nome pronunciado por Deus quando falou a Moisés. Com relação a Êxodo 3.14, a Bíblia de Estudo Pentecostal faz o seguinte comentário: "O Senhor deu a si mesmo o nome pessoal: "Eu sou o que sou" (de onde deriva o hb. Iavé), uma expressão que expressa ação. Deus estava efetivamente dizendo a Moisés: "Quero ser conhecido como o Deus que está presente e ativo". Inerente no nome Iavé está a promessa da presença viva do próprio Deus, dia após dia com o seu povo... O Senhor declara que esse será o seu nome para sempre. É digno de nota que quando Jesus nasceu, foi chamado Emanuel, que significa "Deus conosco" (Mt 1.23); Jesus também se chamava a si mesmo pelo nome "Eu sou" (Jo 8.58)".Os títulos de "Conselheiro" e de "Príncipe da Paz" somente podem ser aplicados a Jesus Cristo, que realmente enche de paz os corações e nos transmite palavras de vida eterna (Jo 12.47; 14.27; 16.33; 18.37). A Eternidade de Jesus, e, em conseqüência, Sua divindade, está formulada, também, de forma irrecusável, nos versículos 1 e 14 do capítulo primeiro, do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade". Dezenas de outras passagens da Bíblia falam da divindade de Jesus.Cheio de sabedoria e graçaProfecia: "Do tronco de Jessé brotará um rebento, e das suas raízes um renovo frutificará. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor" (Is 11.1-2).Cumprimento: "Tendo ele [Jesus] doze anos, subiram a Jerusalém... Passados três dias, acharam-no no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam admiraram-se da sua inteligência e respostas. E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens" (Lc 2.42-52).O Servo sofredorProfecia: "Vede, o meu servo procederá com prudência [cumprirá a vontade do Pai]; será engrandecido, e elevado, e muito sublime" (Is 52.13).Cumprimento: "Jesus disse: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (Jo 4.34); "De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis"(At 2.33); "Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome" (Fp 2.9; cf. At 4.12; Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1)."O seu parecer [seu semblante, seu rosto] estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos outros filhos dos homens" (Is 52.14). Cumprimento: Jesus foi muito torturado antes da crucificação: "Mas, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado" (Mt 27.26; Mc 15.15; Jo 19.1-3); "Então uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam" (Mt 26.67): "E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na na sua cabeça. E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça" (Mt 27.29-31). John Davis relata no seu Dicionário da Bíblia: "Eram muito comuns as crueldades que precediam o ato da crucifixão. Açoitavam o paciente, e depois de lacerado o corpo, obrigavam-no a carregar a cruz". Assim, podemos entender o que diz o salmista sobre a "aparência tão desfigurada" de Jesus. Traspassado por nossas transgressõesNo capítulo 53 do livro de Isaías, lemos o relato de profecias escritas há cerca de 700 anos. O "mais ilustre dos profetas", como é conhecido, descreve não só o sofrimento de Jesus na cruz; ele, numa

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linguagem forte que é quase um lamento, diz da finalidade maior da morte de cruz do Cordeiro de Deus. Examinemos a profecia e seu cumprimento: Profecia: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões" (Is 53.5).Cumprimento: "Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram" (Lc 23.33).Profecia: "Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5). Cumprimento: "Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas feridas fostes sarados" (1 Pe 2.24).Profecia: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós" (Is 53.7). Cumprimento: "Deus estava com Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação" (2 Co 5.19). Pedro disse: "Pois estáveis desgarrados como ovelhas, mas agora voltastes ao Pastor e Bispo das vossas almas" (1 Pe 2.25). Profecia: "Pois foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo foi ele atingido" (Is 53.8).Cumprimento: "Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e cacetes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias eu estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes. Contudo, é para que se cumpram as Escrituras...Os principais sacerdotes e todo o Sinédrio buscavam algum testemunho contra Jesus para o matar, mas não achavam. Muitos testificavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não eram coerentes. Todos o consideraram réu de morte" (Mc 14.48,49,55,56,64).Como ovelha mudaProfecia: "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro, e como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Is 53.7).Cumprimento: "E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem? Jesus nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o governador estava muito admirado" (Mt 27.12-14).Com assaltantes na crucificaçãoProfecia: "Deram-lhe sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca" (Is 53.9).Cumprimento: "E foram crucificados com ele dois assaltantes, um à direita e outro à esquerda"; chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus... E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho, e o depositou no seu sepulcro novo, que havia aberto na rocha; rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro, e se retirou" (Mt 27.38,57,58,59,60).Padecimentos sem contaProfecia: "Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar, quando a sua alma se puser por expiação do pecado..." (Is 53.10). Cumprimento: "Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado, que o Cristo havia de padecer" (At 3.18). Profecia: "Ele verá o trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si" (Is 53.11).Cumprimento: "Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos Doze. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos, e por último de todos apareceu também a mim, como a um abortivo" (1 Co15.3-8); "Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.23-24); "Pois se pela ofensa de um só, a morte reinou sobre todos os homens, para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens, para justificação e vida" (Rm 5.18). Intercessão Profecia: "Pois ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu" (Is 53.12c).

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Cumprimento: "Jesus disse: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem" (Mt 27.38; Lc 23.34); "Ele foi entregue por nossos pecados" (Rm 4.25).O libertadorProfecia: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar as boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos" (Is 61.1).Cumprimento: "E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito..." Jesus leu Isaías 61.1, como acima, e revelou que aquela profecia estava se cumprindo naquele momento (Lc 4.18-21). Mais tarde, Ele afirmaria que "se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Jo 8.32,36). O apóstolo Paulo disse que "Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres" (Gl 5.1a). Belém, cidade natalProfecia: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os dias da eternidade" (Mq 5.2).Efrata é o antigo nome da cidade de Belém, conforme Gênesis 35.16.19; 48.7; Rute 1.2; 4.11. A profecia de Miquéias define qual seria a cidade natal do Messias, distinguindo-a de outras cidades com o mesmo nome, para que não pairasse dúvida. Por exemplo, havia uma cidade chamada Belém, dentro do território da tribo de Zabulom (Js 19.15).Cumprimento: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes..."(Mt 2.1; Lc 2.4-7). O nome atual da cidade onde nasceu Jesus é Beit-Lahm, situada à distância de 10 quilômetros ao sul de Jerusalém. Belém Efrata era também conhecida como a "cidade de Davi" (Lc 2.11). Entrada triunfal em Jerusalém, num jumentinhoProfecia: "Alegra-te muito, ó filha de Sião! Exulta, ó filha de Jerusalém! Vê! O teu rei virá a ti, justo e Salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta" (Zc 9.9). Cumprimento: "E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou-o, segundo está escrito..." "No dia seguinte a grande multidão que viera à festa ouviu que Jesus estava a caminho de Jerusalém. Tomaram ramos de palmeiras, e saíram ao seu encontro, gritando: Hosana! Bendito é aquele que vem em nome do Senhor! Bendito é o rei de Israel!" (Jo 12.12-16; cf. Mt 21.1-11; Lc 19.28-38).O arrependimento dos rebeldesProfecia: "Sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas. Olharão para mim, a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único, e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito" (Zc 12.10). Cumprimento: "Contudo, um dos soldados traspassou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água" (Jo 19.34). Eis que os israelitas reconhecerão o grave erro, chorarão arrependidos por haverem rejeitado o verdadeiro Messias, e serão atendidos em suas orações. Estas palavras serão cumpridas na volta de Jesus. Pastor ferido e ovelhas dispersasProfecia: "Ó espada, ergue-te contra o meu Pastor e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos; fere o Pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas, mas volverei a minha mão para os pequenos" (Zc 13.7). A profecia fala de um semelhante a Deus ("meu companheiro"), um Messias divino, um Pastor-Messias, que seria crucificado e abandonado pelos discípulos.Cumprimento: Dando autenticidade às palavras de Zacarias, Jesus disse: "Todos vós esta noite vos escandalizareis por minha causa, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão" (Mt 26.31; Mc 14.27). Realmente, quando Jesus foi preso, todos fugiram de sua presença (Mt 26.56; Mc 14.49-50; Jo 18.8).Traído por um amigo e vendido por 30 moedas de prataProfecia: "Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar" (Sl 41.9). "Pesaram, pois, o meu salário, trinta moedas de prata. E o Senhor me disse: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor" (Zc 11.12-13).

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Cumprimento: "Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes, e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei. E pagaram-lhe trinta moedas de prata" (Mt 26.14-15). A Bíblia diz que Judas trouxe as trinta moedas e as atirou aos pés dos sacerdotes, que resolveram comprar com esse dinheiro "o campo do oleiro, para sepultura dos estrangeiros" (Mt 27.1-7).ELE VOLTARÁEsse mesmo Jesus que predisse sua própria morte, e ressurreição ao terceiro dia, prometeu retornar para buscar a Sua igreja. Por tudo o que lemos, há alguma dúvida de que a profecia sobre o Seu retorno se cumprirá? Vejamos o que Ele prometeu:"Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombetas, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mt 24.30-31)."E quando eu me for, e vos tiver preparado um lugar, virei novamente, e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também" (Jo 14.3 - A Bíblia de Jerusalém). "Venho logo! Segura com firmeza o que tens para que ninguém tome a sua coroa" (Ap 3.11 - ABJ). "Eis que cedo venho! Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro" (Ap 22.7)."Eis que eu venho em breve, e trago comigo o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho" (Ap 22.12- ABJ). "Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente cedo venho" (Ap 22.20). Vem, Senhor Jesus!

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br

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