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DIREITO TRIBUTÁRIO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

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DIREITO TRIBUTÁRIOCRÉDITO TRIBUTÁRIO

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2ATUALIZADO EM 06/12/2018

CRÉDITO TRIBUTÁRIOi

01. CONTEXTUALIZAÇÃO

Contextualização. Onde estamos?

- O nascimento da obrigação tributária independe da vontade do sujeito passivo, nasce a obrigação tributária uma

vez realizado o fato gerador (ex lege). A obrigação tributária é representativa do dever do sujeito passivo. Esse

dever, naturalmente, corresponde a um direito, e esse direito é representado pelo crédito tributário. Assim, o

crédito tributário representa o direito do sujeito ativo de exigir o cumprimento do dever patrimonial ou não

patrimonial do sujeito passivo (obrigação tributária).

- Registre-se que esse direito é mais identificado como um poder-dever, porque os tributos constituem a principal

fonte de receita do Estado e essa fonte é irrenunciável (salvo estritas exceções como, por exemplo, hipóteses de

isenção)

- A obrigação tributária nasce de forma automática e infalível em face da prática do fato gerador. Com o crédito

tributário, por sua vez, não acontece o mesmo. É um poder dever que depende de constituição, isto é, deve ser

formalizado em linguagem.

- Observe-se, então, que a obrigação tributária configura-se ex lege (basta a configuração do fato gerador do

plano fático), mas o crédito tributário não. Logo, vê-se que este último se afigura como a obrigação tributária

tornada líquida e certa por intermédio do lançamento. Seu nascimento ocorre com o lançamento, o que nos

permite defini-lo como uma obrigação tributária lançada ou em estado ativo.

- Antes da constituição não há que se falar em crédito tributário. Teremos a ocorrência do fato gerador e a

identificação de todos os elementos da relação jurídica tributária (sujeito passivo, sujeito ativo e objeto).

Formalizar o crédito tributário em linguagem é precisamente identificar o fato gerador e os elementos da relação

jurídica tributária. Só depois disso o valor poderá ser cobrado. Por isso os doutrinadores falam que só aqui a

obrigação será líquida.

- A produção dessa linguagem e a formalização do crédito tributário podem ser feitas pela Administração

Tributária (lançamento tributário), mas também pelo contribuinte (sujeito passivo, através do lançamento por

homologação, por exemplo – ele não lança. Ele constitui o crédito, mas quem lança ainda é a Administração).

I – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

01. LOCALIZAÇÃO NO PROCEDIMENTO DE COBRANÇA

Fato gerador – Obrigação tributária – Constituição do crédito tributário por meio da prática do lançamento.

02. CONCEITO – ART. 142, CTN

É a constituição do crédito pela Administração Pública.CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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3Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo

lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato

gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo

devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de

responsabilidade funcional.

- Entende que o lançamento é um procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador.

O lançamento tem natureza declaratória.

# OBS.: Outras teorias sobre a natureza jurídica do lançamento.

a) Natureza declaratória, já dito acima. É o entendimento majoritário nos concursos.

b) Natureza constitutiva: constitui o crédito tributário. (STJ, REsp. 250.306-DF).

c) Natureza mista: defendido por boa parte da doutrina. O lançamento é primeiramente declaratório da

obrigação e constitutivo do crédito.

# Atenção 1: Lançamento é atividade privativa da autoridade administrativa, apesar de ser possível observar um

entendimento diferente do STJ.

S. 436, STJ: a entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito

tributário, dispensando qualquer outra providencia por parte do fisco.

- O STJ entende que o mero reconhecimento do crédito já constitui o crédito, sem necessidade de nenhuma

providência do fisco, desafiando o entendimento da jurisprudência e doutrina, de que a constituição de crédito

somente pode ocorrer por atividade privativa da Administração.

#Atenção 2: Lançamento é procedimento ou ato administrativo?

- No concurso, responder nos termos do CTN, art. 142, que define o lançamento como procedimento

administrativo, muito embora a doutrina em peso e até mesmo em lei específica, lançamento é considerado ato

e não procedimento.

- Ex: Dec. 70.235/72, art. 7º trata do procedimento fiscal e ao final do procedimento o fiscal pode entender que

há tributo a ser pago e se vale do lançamento. Por isso o lançamento não consiste em todo o procedimento: para

a doutrina e esse decreto, o lançamento consiste no último ato do procedimento administrativo.

# Atenção 3: O lançamento corresponde a um ato administrativo vinculada. Portanto, o lançamento não se

sujeita a critérios de conveniência e oportunidade. A autoridade administrativa é sempre obrigada por lei a

realizar o lançamento e como a lei fixar.

2.1. ASPECTOS GERAIS

PRIVATIVIDADE:

- O art. 142, CTN fala em Privatividade da autoridade administrativa. Melhor seria falar em exclusividade, pois não

pode haver delegação. Mas não poderia constituir a Administração ou o contribuinte? E agora diz que é privativa.

O artigo está correto. Ele se refere à privatividade de constituição do crédito pelo lançamento. Ou seja, apenas a

Administração lança. O contribuinte não pode lançar. Isso não significa que somente ela pode constituir o crédito

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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4tributário. O lançamento sim é só dela. O lançamento é uma modalidade de constituição do crédito tributário e

essa modalidade é privativa da Administração. O STJ têm considerado plenamente válidas as diversas previsões

legais de que a elaboração de determinada declaração tributária em que o sujeito passivo informe um débito e

não o pague importa, por si só, a constituição do crédito tributário, independentemente de qualquer outra

providência de Administração

Por esse motivo o juiz não pode receber ação penal por crime de sonegação fiscal sem o encerramento do

procedimento de lançamento, uma vez que está impossibilitado de fazer qualquer juízo de valor acerca da

existência ou não do crédito tributário.

# QUESTÃO: CESPE – CORRETO – “Em ação judicial movida pelo contribuinte questionando os critérios constantes

em legislações distintas para o lançamento, o juiz, na sentença de mérito, deverá indicar qual o critério a ser

seguido. Nesse caso, mesmo que haja a possibilidade de obtenção do valor devido em liquidação por

arbitramento, a autoridade fazendária na atividade de lançamento não poderá ser substituída.”

Sendo o lançamento ato privativo (na verdade, exclusivo) da autoridade administrativa, não poderá um juiz

lançar, e tampouco corrigir lançamento realizado pela autoridade competente. Reconhecendo algum vício,

deverá proclamar-lhe a nulidade.

Verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o

montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

- O lançamento vai declarar a ocorrência do fato gerador e constituir todos os elementos do CT, assim como as

outras hipóteses de constituição do CT, como a declaração pelo sujeito passivo.

VINCULADA E OBRIGATÓRIA:

- Deve observar os estritos termos da lei e, além disso, é um dever-pode. A Administração não pode se furtar ao

lançamento.

- A receita tributária é indisponível

NATUREZA JURÍDICA: procedimento x ato administrativo.

- Pergunta-se: lançamento é ato ou procedimento administrativo? R: OS DOIS.

ATENÇÃO:

LETRA DA LEI: PROCEDIMENTO

DOUTRINA MAJORITÁRIA: ATO

- Lançamento como procedimento De acordo com a literalidade do art. 142/CTN, o lançamento seria, apenas,

um procedimento tendente a verificar a ocorrência do fato gerador e apurar o valor do tributo devido.

- Lançamento como produto desse procedimento (ato) Em alguns casos, o lançamento tributário é precedido

de um procedimento de fiscalização. Como resultado dessa fiscalização, teremos o lançamento tributário

(isoladamente considerado, o lançamento é ato administrativo). Para a doutrina (mais especificamente Paulo de

Barros Carvalho), o lançamento é não só o procedimento, mas também o produto deste procedimento (ato

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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5administrativo). Portanto, a despeito do que dispõe o CTN, do ponto de vista teórico, lançamento é tanto ato

quanto procedimento administrativo (tanto produto quanto processo).

2.2. EFEITOS DO LANÇAMENTO

Segundo disposição legal, o lançamento:

Verifica a ocorrência do fato gerador;

Identifica matéria tributável (base de cálculo);

Apura o valor devido;

Identifica sujeito passivo;

Aplica penalidade (multa/juros).

Sob um ponto de vista, o lançamento declara a ocorrência do fato gerador e, sob outro, constitui a relação

jurídica tributária. Ao constituir a relação jurídica tributária, identificam-se sujeito passivo, sujeito ativo e valor do

tributo. A Administração faz essa constituição da relação jurídica como um pré-requisito para a cobrança, que,

num primeiro momento, será administrativa.

- Como o lançamento possibilita a cobrança administrativa (ou seja, a entrada de dinheiro aos cofres públicos),

dispõe o parágrafo único do art. 142 que o lançamento é vinculado e obrigatório. O lançamento é vinculado, pois

é realizado através de ato administrativo vinculado, nos termos da lei (já que implica a retirada de direito do

particular). Além disso, é obrigatório, porque implica receita aos cofres públicos (e a receita pública, em regra, é

indisponível).

# OBS.: Sempre que tiver no código a expressão CT ela engloba tanto tributo quanto penalidade. Então a

penalidade também deve ser homologada.

03. REGRAS PARA ELABORAÇÃO DO LANÇAMENTO

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei

então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação,

tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de

investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios,

exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde

que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.

3.1. ULTRATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA – CAPUT

Lei 2009 IR vale em

2010

FG em 2010 Lei em 2011 que revoga

a de 2009

2013 – Administração

fiscaliza e lança o FG de

2010

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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6Alíquota 17% Não pagou Alíquota 12% ? – 17%

Multa 25% Multa 18% ? - 18%

REGRA – ao lançamento se aplica a lei vigente a época do FG, ainda que posteriormente revogada ou

modificada. A ultratividade representa a aplicação de uma lei que já foi revogada. Alguns autores vão dizer que

nesse caso a lei conserva o seu vigor, mas não a sua vigência. A lei permanece tendo força impositiva (vigor) –

Tércio Sampaio. Alíquota do tributo NUNCA RETROAGE nem para o bem nem para o mal. Ex. comprei o carro com

IPI x. No outro dia caiu o IPI. Vou lá pegar meu dinheiro de volta? NÃO. Se ocorreu o fato gerador. Já era.

# OBS.1: princípio da irretroatividade Tal princípio é absoluto no que pertine à criação ou ao aumento do tributo.

Porém, não existe óbice para que a lei que reduza o tributo tenha efeito retroativo, desde que o faça de modo

expresso (ÁVILA, p. 53/54).

# OBS.2:

Regras materiais (alíquota, base de cálculo, FG)– da época do FG.

Regras formais (procedimentos, fiscalização) – época do lançamento.

# OBS.3: Multa? Multa é penalidade. Se houver uma penalidade mais benéfica retroage.

# QUESTÃO: FCC: “o lançamento possui efeitos ex tunc”. CERTO.

Exceção a essa regra: O §1º deste dispositivo estabelece uma exceção, dispondo ser aplicável ao lançamento

uma lei posterior ao fato gerador, havendo retroatividade. Isso ocorre nos casos em que esta lei estabelece:

Novos procedimentos de fiscalização (normas procedimentais) ou;

Outorga maiores garantias e privilégios ao crédito tributário, exceto para o efeito de atribuir

responsabilidade tributária a terceiros (pois a responsabilidade tributária é regra material).

Outra exceção ao caput (impostos lançados por período certo de tempo): § 2º do art. 144

Exemplos de impostos lançados por período certo de tempo: IPTU. A regra que o lançamento vai observar é

aquela aplicada no momento da ficção jurídica da realização do fato gerador, havendo verdadeira ficção legal.

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: LEI RETROAGE

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à

infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não

tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

3.2. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA ADMINISTRAÇÃO

Aqui é a quebra direta, sem autorização do judiciário.

- Temos que analisar uma evolução legislativa.

- Lei. 4595/64 – quebra através do Poder JudiciárioCICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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7- Lei 8.021/90 - quebra sem Poder Judiciário quando houvesse processo de fiscalização

- Lei Complementar 105/2001 revogou a lei 4595/64 e determinou as hipóteses de quebra direta

O que temos hoje? A LC 105/01 estabelecendo a quebra direta como regra nos art. 5º e 6º.

Art. 5º Art. 6º

Se aplica unicamente à União Se aplica à União, Estados e Municípios

O banco irá enviar informes mensais de

movimentação dos seus correntistas. A partir de

um determinado limite PF 5mil. PJ 10 mil – em

uma única operação. Se tenho um gastou ou

recebo mais de cinco mil reais, a Receita sabe. Isso

vale também para o cartão de crédito. Eles

também informam. São equiparados às

Instituições Financeiras.

Quebra direta - diante de processo ou

procedimento de fiscalização + fundada dúvida.

O resultado é a possibilidade de produzir provas.

Discussões:

I. Constitucionalidade da quebra?

Contribuintes Fazenda

Ofensa à intimidade, à privacidade e ao sigilo de

dados.

O acesso é limitado aos números. Não se sabe com

o que gastou. Como gastou. Aqui já afasta a

violação da intimidade, privacidade.

Na verdade, não há quebra. Há sim transferência

do sigilo. Eles não serão divulgados para além da

Administração Tributária. Há aqui o sigilo fiscal. O

sigilo fiscal é um dever da Administração. Art. 1

A quebra de sigilo é uma realização do princípio da

capacidade contributiva. Art. 145, §1º CF. Como a

Administração vai saber quem realmente ganha

mais?

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade

econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade

a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

# Questão no STF:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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8 Dez/2010 – considerou inconstitucional a quebra num caso concreto. Joaquim faltou e Gilmar mudou de

opinião. Não representa o encerramento do assunto. Não é a posição do STF. Hoje a composição é

diferente. SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da

Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos

dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão

equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual

penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS –RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal

atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados

relativos ao contribuinte. (RE 389808, j. em 15-12-2010)

Dizer o direito - outubro 2014

- Segundo o STJ, a Receita Federal pode requisitar, sem autorização judicial, informações bancárias das

instituições financeiras para fins de constituição de créditos tributários?

SIM. O STJ, no julgamento do Recurso Especial repetitivo n. 1.134.665/SP, decidiu que a autoridade fiscal

pode solicitar diretamente das instituições financeiras, ou seja, sem autorização judicial, informações sobre

operações realizadas pelo contribuinte, requerendo, inclusive, os extratos de contas bancárias.

Assim, no âmbito do processo administrativo fiscal, para fins de constituição de crédito tributário, é

possível a requisição direta de informações pela autoridade fiscal às instituições bancárias sem prévia autorização

judicial.

O STF, com a composição atual, ainda não enfrentou o assunto e o tema será julgado, sob a sistemática

da repercussão geral, no RE 601.314-SP (pendente de julgamento). Existe um precedente mais antigo em sentido

contrário, mas não se pode afirmar que ainda é a posição da Corte Suprema (RE 389808).

# ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO: Desse modo, por enquanto, prevalece o entendimento do STJ acima exposto:

“DIREITOS FUNDAMENTAIS. QUEBRA DE SIGILO: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras

informações sobre as movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art.

6º da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza

como "quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco”.

*#MUDANÇADEENTENDIMENTODOSTF #DIZERODIREITO1:

Imagine a seguinte situação hipotética:Samuel era sócio administrador de uma empresa.A Receita Federal instaurou procedimento fiscal contra a sociedade empresária sob a suspeita de que estaria havendo sonegação de tributos.No curso do procedimento, a Receita, sem autorização judicial, requisitou diretamente do banco os extratos com as movimentações bancárias da pessoa jurídica. A título de curiosidade, essa determinação é chamada de “requisição de informações sobre movimentação financeira” (RMF).

1 http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html. CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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9A Receita fundamentou sua requisição no art. 6º da LC n.° 105/2001, que preconiza:

Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.

De posse dos extratos, o Fisco constatou que realmente houve sonegação de tributos e, por conta disso, autuou a pessoa jurídica e fez a constituição definitiva do crédito tributário.

O sigilo bancário é protegido pela CF/88?SIM. A CF/88 não utiliza a expressão "sigilo bancário", mas isso está sim protegido em dois incisos do art. 5º da CF/88. Confira:Art. 5º (...)X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...)XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

O legislador infraconstitucional reafirmou a proteção ao sigilo bancário no caput do art. 1º da LC 105/2001:Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados.

No § 1º do art. 1º da LC 105/2001, o legislador elenca quem são consideradas instituições financeiras. A lista é extensa e abrange bancos de qualquer espécie, distribuidoras de valores mobiliários, corretoras de câmbio e até as bolsas de valores.

Para que haja acesso aos dados bancários (quebra do sigilo bancário), é necessária autorização judicial?Em regra, sim. Segundo entende o STF, em regra, para que se tenha acesso aos dados bancários de uma pessoa, é necessário prévia autorização judicial por se tratar de verdadeira cláusula de reserva de jurisdição.

E no caso do Fisco? A Receita Federal pode requisitar, sem autorização judicial, informações bancárias das instituições financeiras?SIM. Essa possibilidade está prevista no art. 6º da LC 105/2001 acima transcrito e lá não se exige autorização judicial. Logo, a lei autoriza que a Receita Federal requisite diretamente das instituições financeiras informações sobre as movimentações bancárias dos contribuintes.

Tudo bem. Entendi que a Lei prevê essa possibilidade. Mas tal previsão é constitucional? Este art. 6º da LC 105/2001, que autoriza o Fisco a ter acesso a informações bancárias sem autorização judicial, é compatível com a CF/88?

SIM. O STF decidiu que o art. 6º da LC 105/2001 é CONSTITUCIONAL.

Mas o art. 6º não representa uma "quebra de sigilo bancário" sem autorização judicial?CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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10NÃO. O STF entendeu que esse repasse das informações dos bancos para o Fisco não pode ser chamado de "quebra de sigilo bancário". Isso porque as informações são passadas para o Fisco (ex: Receita Federal) em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa na Administração Tributária. Logo, é uma tramitação sigilosa entre os bancos e o Fisco e, por não ser acessível a terceiros, não pode ser considerado violação (quebra) do sigilo.Assim, repito, na visão do STF, o que o art. 6º da LC 105/2001 faz não é quebra de sigilo bancário, mas somente a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco. Os dados, até então protegidos pelo sigilo bancário, prosseguem protegidos pelo sigilo fiscal. Pode parecer um eufemismo, no entanto, é importante ficar atento porque isso pode ser exigido nas provas de concurso.Para o STF, o simples fato de o Fisco ter acesso aos dados bancários do contribuinte não viola a garantia do sigilo bancário. Só haverá violação se esses dados "vazarem" para pessoas estranhas ao órgão fazendário. Aí sim haveria quebra do sigilo bancário por ter sido exposta a intimidade do contribuinte para terceiros. Em casos de vazamento, a LC 105/2001 prevê punições ao responsável, que estará sujeito à pena de reclusão, de 1 a 4 anos, mais multa, além de responsabilização civil, culminando com a perda do cargo (art. 10).

Outros argumentos levantados pelos Ministros para considerarem o art. 6º constitucional:• O sigilo bancário não é absoluto e deve ceder espaço ao princípio da moralidade nas hipóteses em que transações bancárias indiquem ilicitudes.• A prática prevista na LC 105/2001 é comum em vários países desenvolvidos e a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo questionado seria um retrocesso diante dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para combater ilícitos como a lavagem de dinheiro e evasão de divisas e para coibir práticas de organizações criminosas.• A identificação de patrimônio, rendimentos e atividades econômicas do contribuinte pela administração tributária dá efetividade ao princípio da capacidade contributiva, que, por sua vez, sofre riscos quando se restringem as hipóteses que autorizam seu acesso às transações bancárias dos contribuintes.• A LC 105/2001 não viola a CF/88. Isso porque o legislador não estabeleceu requisitos objetivos para requisição de informação pela administração tributária às instituições financeiras e exigiu que, quando essas informações chegassem ao Fisco, ali mantivessem o dever de sigilo. Com efeito, o parágrafo único do art. 6º preconiza que o resultado dos exames, as informações e os documentos deverão ser conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Assim, não há ofensa a intimidade ou qualquer outro direito fundamental, pois a LC 105/2001 não permite a "quebra de sigilo bancário", mas sim a transferência desse sigilo dos bancos ao Fisco.• O art. 6º da LC 105/2001 é taxativo e razoável ao facultar o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras somente se houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

A decisão acima do STF foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314 (repercussão geral).

Placar da votação no STF• Votaram pela constitucionalidade do art. 6º: Ministros Edson Fachin, Dias Toffoli, Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Gilmar Mendes, e Ricardo Lewandowski.• Votaram pela inconstitucionalidade do art. 6º: Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello.

Na imprensa falou-se muito na “Receita Federal”, ou seja, que o STF autorizou que a “Receita Federal” obtenha os dados bancários sem autorização judicial. No entanto, indaga-se: as Receitas estadual e municipal também poderão requisitar dos bancos informações sobre movimentações bancárias?SIM. Se você ler novamente o art. 6º da LC 105/2001, irá observar que o dispositivo fala que estão autorizados a requisitar as informações bancárias as autoridades e agentes fiscais tributários não apenas da União (Receita Federal), mas também dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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11Assim, as Receitas estadual e municipal (Secretarias de Fazenda estadual e municipal) também poderão requisitar dos bancos, sem autorização judicial, informações sobre movimentações bancárias sem que isso configure quebra do sigilo bancário.Vale ressaltar, no entanto, que, para que os Estados, DF e Municípios possam fazer uso dessa prerrogativa prevista no art. 6º da LC 105/2001, eles precisarão, antes, editar um ato normativo que regulamente e traga, com detalhes, todas as regras operacionais para aplicação do dispositivo legal.Neste regulamento deverão ser previstos sistemas adequados de segurança e registros de acesso para evitar a manipulação indevida dos dados, garantindo-se ao contribuinte a transparência do processo.A Receita Federal, atualmente, já pode requisitar tais informações bancárias porque possui esse regulamento. Trata-se do Decreto 3.724/2001, que "regulamenta o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, relativamente à requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas."Portanto, os Estados, DF e Municípios também poderão requisitar informações de instituições bancárias relativas a seus clientes. Para isso, no entanto, repito, precisarão editar o mencionado regulamento, além de só poderem fazer essa requisição se houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais dados forem considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

Quanto à possibilidade de Estados, DF e Municípios poderem também requisitar informações bancárias, o STF resumiu seu entendimento na seguinte tese:“Os estados e municípios somente poderão obter as informações previstas no artigo 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria. De forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001, tal regulamentação deve conter as seguintes garantias: pertinência temática entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de cobrança no procedimento administrativo instaurado; a prévia notificação do contribuinte quanto a instauração do processo e a todos os demais atos; sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico; existência de sistemas eletrônicos de segurança que sejam certificados e com registro de acesso; estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de desvios.”

Mudança de entendimento do STFVale ressaltar que o julgado acima representa mudança de entendimento do STF. Isso porque no RE 389808, a Corte Suprema havia decidido que seria necessário prévia autorização judicial, de sorte que o art. 6º da LC 105/2001 seria inconstitucional. Confira:SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.STF. RE 389808, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/12/2010.

A diferença, no entanto, é que, de lá para cá, houve uma substancial mudança na composição dos Ministros. Saíram muitos dos que votaram pela inconstitucionalidade e entraram outros com posição diferente. Além disso, o Min. Ricardo Lewandowski alterou seu entendimento sobre a matéria.

Posição do STJO novo entendimento do STF já era adotado, em parte, pelo STJ, que possui, inclusive, um Recurso Especial repetitivo sobre o tema (REsp 1.134.665/SP). Na ocasião, o STJ firmou a tese de que a autoridade fiscal pode solicitar diretamente das instituições financeiras, ou seja, sem autorização judicial, informações sobre operações realizadas pelo contribuinte, requerendo, até mesmo, os extratos de contas bancárias.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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12Assim, para o STJ, no âmbito do processo administrativo fiscal, para fins de constituição de crédito tributário, é possível a requisição direta de informações pela autoridade fiscal às instituições bancárias sem prévia autorização judicial.STJ. 1ª Seção. REsp 1134665/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009 (recurso repetitivo).

Mudança de entendimento do STF

Vale ressaltar que o julgado acima representa mudança de entendimento do STF. Isso porque no RE 389808, a

Corte Suprema havia decidido que seria necessário prévia autorização judicial, de sorte que o art. 6º da LC

105/2001 seria inconstitucional. Confira:

SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra

é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a

exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para

efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL.

Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária –

o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.

STF. RE 389808, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/12/2010.

A diferença, no entanto, é que, de lá para cá, houve uma substancial mudança na composição dos Ministros.

Saíram muitos dos que votaram pela inconstitucionalidade e entraram outros com posição diferente. Além disso,

o Min. Ricardo Lewandowski alterou seu entendimento sobre a matéria.

Posição do STJ

O novo entendimento do STF já era adotado, em parte, pelo STJ, que possui, inclusive, um Recurso Especial

repetitivo sobre o tema (REsp 1.134.665/SP). Na ocasião, o STJ firmou a tese de que a autoridade fiscal pode

solicitar diretamente das instituições financeiras, ou seja, sem autorização judicial, informações sobre operações

realizadas pelo contribuinte, requerendo, até mesmo, os extratos de contas bancárias.

Assim, para o STJ, no âmbito do processo administrativo fiscal, para fins de constituição de crédito tributário, é

possível a requisição direta de informações pela autoridade fiscal às instituições bancárias sem prévia autorização

judicial.

STJ. 1ª Seção. REsp 1134665/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009 (recurso repetitivo).

TEMA POLÊMICO. É possível que as informações bancárias obtidas pelo Fisco sem autorização judicial sejam

utilizadas em processos criminais?

Vamos entender melhor este tema voltando ao nosso exemplo.

Samuel era sócio administrador de uma empresa.

A Receita Federal instaurou procedimento fiscal contra a sociedade empresária sob a suspeita de que estaria

havendo sonegação de tributos.

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13

No curso do procedimento, a Receita, sem autorização judicial, requisitou diretamente do banco os extratos com

as movimentações bancárias da empresa (art. 6º da LC n. 105/2001).

De posse dos extratos, o Fisco constatou que realmente houve sonegação de tributos e, por conta disso, autuou a

pessoa jurídica e fez a constituição definitiva do crédito tributário. Até aqui temos apenas um processo

administrativo-tributário (cobrança de tributos e multas).

Imagine, no entanto, que a Receita Federal encaminhou ao MPF cópia integral do processo administrativo-fiscal,

inclusive dos extratos bancários, e o Procurador da República, com base nesses elementos informativos

(“provas”), denunciou Samuel como incurso no art. 1º, I, da Lei n. 8.137/90.

Ao se defender, Samuel sustentou a ilicitude da prova colhida (extratos bancários) alegando que teria havido uma

quebra de sigilo bancário sem autorização judicial. Desse modo, essa prova não poderia ser utilizada no processo

penal.

Não há mais dúvidas de que o Fisco poderá requisitar diretamente as informações bancárias. Isso está previsto

no art. 6º da LC 105/2001, é constitucional e não configura quebra de sigilo. Tudo bem. Mas esses dados

poderão ser utilizados em processos criminais ou somente em processos administrativo-tributários?

STJ

O STJ, antes da decisão do Supremo, entendia que os dados obtidos pela Receita Federal com fundamento no art.

6º da LC 105/2001, mediante requisição direta às instituições bancárias no âmbito de processo administrativo

fiscal sem prévia autorização judicial, não poderiam ser utilizados no processo penal. Nesse sentido: STJ. 5ª

Turma. REsp 1.361.174-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/6/2014 (Info 543).

Assim, para o STJ, o Fisco pode requisitar, sem autorização judicial, informações bancárias das instituições

financeiras para fins de constituição de créditos tributários. Contudo, tais informações obtidas pelo Fisco não

poderiam ser enviadas ao MP para servirem de base para a propositura de uma ação penal, salvo quando houver

autorização judicial, sob pena de configurar quebra de sigilo bancário.

Resumindo a posição do STJ:

Os dados bancários requisitados diretamente pelo Fisco poderão ser utilizados?

• Em processo administrativo fiscal: SIM.

• Em processo penal: NÃO.

STF

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No julgamento acima comentado do STF, os Ministros não deixaram explícito se as informações bancárias obtidas

diretamente pela Receita poderão ser utilizadas em processos penais. No entanto, penso que, pelos votos

proferidos, a tendência seja que o STF afirme que é válido o aproveitamento de tais elementos também na esfera

criminal.

Assim, entendo que o STF permitirá que os dados bancários obtidos pela Receita sejam utilizados tanto em

processos administrativo-tributários (constituição definitiva do crédito tributário) como também nos processos

penais por crimes contra a ordem tributária.

Quadro-resumo dos órgãos que podem requisitar informações bancárias diretamente (sem autorização

judicial):

SIGILO BANCÁRIOOs órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?

POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.

MP

NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).

Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015).

TCU

NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012).

Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em 26/5/2015).

Receita FederalSIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informações dos bancos para o Fisco não pode ser definido como sendo "quebra de sigilo bancário".

Fisco estadual, distrital, municipal

SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art. 6º da LC 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.

CPISIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).

Prevalece que CPI municipal não pode.

3.2.1. APLICAÇÃO DAS REGRAS APLICATIVAS À QUEBRA

FG de IR em 1999 LC 105/01 Em 2002 há uma

fiscalização

Pode pedir a quebra

para apurar FG de

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151999?

A lei retroage? SIM. Consolidado no STJ

Qual fundamento? Art. 144 – se tem uma lei que ampliou os meios de fiscalização ela retroage. Ela não se

refere ao tributo e sim ao procedimento de fiscalização. E a irretroatividade? Qual a regra? Que tributo não

retroage. Continua sem retroagir.

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei

então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da

obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes

de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou

privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

Em relação à outorga de maiorias garantias ou privilégios, importa analisar o art. 185 do CTN. Este dispositivo

traz uma presunção de fraude, quando o sujeito passivo em débito para com a Fazenda (com débito inscrito em

dívida ativa) aliena ou onera bens ou rendas. A norma não se aplica se alguns bens tiverem sido reservados pelo

devedor, suficientes ao pagamento.

Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito

passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida

ativa. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo

devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº

118, de 2005)

- O art. 185 do CTN tem redação conferida pela LC 118/2005. Antes desta lei, a presunção de fraude

somente se configurava a partir da execução fiscal. Logo, a mudança ocorrida em 2005 concedeu maior

garantia ao crédito tributário, já que antecipou o momento de presunção de fraude para a inscrição do

crédito como dívida ativa.

Em tese, essa norma seria retroativa. Não o é por expressa disposição legal, já que o legislador limitou sua

aplicação aos fatos geradores posteriores à vigência da Lei 118, por opção política.

Quanto ao tema, observe-se o seguinte julgado do TRF5:

(...) No que concerne à existência de fraude à execução, resta consolidado que, em matéria tributária, prevalece

a presunção relativa da referida fraude quando alienados bens do patrimônio do devedor depois da sua citação

(no caso de evento anterior à vigência da LC n. 118/2005) ou da inscrição em dívida ativa (desde que o fato tenha

ocorrido após a entrada em vigor da nova redação do art. 185 do CTN). É esse o entendimento, aliás, do STJ,

consolidado em sede de recurso especial repetitivo (REsp 1141990/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO,

julgado em 10/11/2010, DJe 19/11/2010). (Rel. Edilson Nobre, AGA130244/01/PE – DJe 28/02/2013).

3.3. IMPOSTOS LANÇADOS POR PERÍODO CERTO DE TEMPO CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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16 IPTU – considera o fato em 1º de janeiro e pago o IPTU do ano. IPVA também. Na verdade, eu sou proprietária

toda hora. O FG se dá a todo momento. Para evitar o problema de confusão de leis, o ordenamento cria uma

ficção jurídica num determinado tempo – 1º de janeiro. Quando a fiscalização faz o lançamento de ofício de IPTU

ela utiliza qual lei? A lei do dia 1º de janeiro. Quem é o contribuinte? O proprietário em 1º de janeiro. Esse é um

fato gerador continuado. Ocorre todo dia.

Art. 144, §2º

§ 2º O disposto neste artigo – QUE APLICA-SE A LEI DA ÉPOCA DO FG- não se aplica aos impostos lançados

por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato

gerador se considera ocorrido.

04. ARBITRAMENTO DE BASE DE CÁLCULO

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de

bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará

aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os

esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente

obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

Não se trata de valor arbitrário, mas sim arbitrado.

- Caso das camisetas de Rugby de novo!!. O fiscal arbitrou um novo valor porque achou a camisa muito barata,

lembra? Ele achava que estava diante de um caso de subfaturamento. O fiscal arbitrou uma nova base de cálculo.

- Essa possibilidade está no art. 148 . Esse arbitramento é feito em processo regular – fazer pesquisa de valores,

juntar documentos, etc. Naturalmente, o contribuinte poderá se defender. Como se dá isso?

1. Documento ou declaração do sujeito passivo

2. Fiscal olha e diz que aquele documento não merece fé

3. Desconsidera o documento (nota fiscal)

4. Realiza o arbitramento – processo regular – contraditório e ampla defesa.

# OBS.: Não confundir esse mecanismo do art. 148 com o mecanismo de pauta fiscal nem com a base de cálculo

de ICMS por substituição tributária.

Arbitramento BC BC ICMS por substituição

tributária

PAUTA FISCAL

Legal e constitucional Legal e constitucional Ilegal – Súmula 431 STJ

Há contraditório e ampla defesa A BC é estimada. O FG é

presumido.

Fixação de um valor mínimo de

BC para que ela seja considerada

adequada.

É calculado por uma série de

fatores de mercado previstos em

lei – LC 87/96 (art. 8º e 13) – diz

Ex. queijo prato. Há no Estado

uma tabela determinando o

preço mínimo do queijo prato da

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17como faz essa apuração de

forma detalhada.

Não tem margem para

discricionariedade.

marca x. Se for circulado com

preço menor que esse, há

presunção de fraude. O Fiscal

autuaria pelo preço mínimo. Não

tem oportunidade de discutir o

valor como no arbitramento que

vimos. – presunção absoluta de

valor.

Súmula 431 STJ – é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetida ao regime de pauta

fiscal.

# Atenção: O problema não é a pauta em si, e sim a presunção absoluta.

- Deve observar dois requisitos ou condições: PROCESSO REGULAR e garantia ao contribuinte do CONTRADITÓRIO

e AMPLA DEFESA.

Este arbitramento pode ocorrer:

No lançamento por declaração Ex.: imposto de importação. Na declaração de importação, há a

indicação da base de cálculo e dos bens; se a Administração não confiar nessa declaração, poderá arbitrar

o valor dos bens.

No lançamento por homologação Neste caso, em atividade de fiscalização, a Administração pode

entender que a base de cálculo não é correta, realizando o seu arbitramento.

# PEGADINHA: Não caia na pegadinha: o arbitramento não é uma nova hipótese de lançamento. É apenas uma

técnica para se definir a base de cálculo, para que se proceda o lançamento de ofício.

- Além disso, “a simples ausência de escrita fiscal regular não é motivo para que a autoridade fiscal promova o

lançamento por arbitramento, uma vez que tal técnica não possui natureza punitiva” (Ricardo Alexandre).

05. TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO

Existem casos em que o valor da base de cálculo do tributo é originariamente expresso em moeda estrangeira,

sendo necessária a conversão em moeda nacional. Nestas situações, dispõe o art. 143 do CTN que “salvo

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18disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento

far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação”.

obs. não importa o dia do pagamento ou celebração do contrato.

06. ALTERAÇÃO DO LANÇAMENTO REGULARMENTE NOTIFICADO

Após a realização do lançamento, a autoridade administrativa precisa comunicá-lo oficialmente ao sujeito

passivo. Com efeito, com a notificação, o lançamento se presume definitivo, de modo que, em regra, não poderá

ser alterado.

# QUESTÃO – o lançamento se torna eficaz com a notificação do sujeito passivo.

- O CTN, no seu art. 145, traz as hipóteses excepcionais em que o lançamento regularmente notificado ao sujeito

passivo pode ser alterado. São elas: impugnação do sujeito passivo; recurso de ofício; iniciativa de ofício da

autoridade administrativa. Observe, pois, que a presunção de definitividade de lançamento regularmente

notificado não é absoluta.

# QUESTÃO: ESAF – ERRADO –com a lavratura do auto de infração, considera-se definitivamente constituído o CT.

Vejamos todas as hipóteses com calma:

Impugnação do sujeito passivo Conforme aponta a doutrina, o procedimento de lançamento pode ser

dividido em duas fases:

o Oficiosa: é aquela que se encerra com a notificação;

o Contenciosa: é aquela que pode ser instaurada com a impugnação por parte do sujeito passivo. É

nesta segunda fase que se verifica o contraditório (diferido). Neste caso, é possível inclusive o

agravamento da exigência, com lançamento suplementar, já que deve ser observado o princípio da

verdade material.

Recurso de ofício e recurso voluntário Obs.: em matéria de processo administrativo fiscal, se o sujeito

discordou de lançamento realizado, impugnando-o, e a autoridade julgadora do processo concorda

parcial ou totalmente com os argumentos, desconstituindo total ou parcialmente o crédito fiscal, o

processo necessariamente será remetido à segunda instância.

O recurso voluntário também impede – recorrer da decisão da autoridade que apreciou a sua

impugnação. A lei esqueceu.

Iniciativa de ofício da autoridade administrativa. Ex. caso em que o contribuinte impugna

intempestivamente, mas mesmo assim o Fisco corrige de ofício.

Todo tributo, independentemente de como é normalmente lançado, pode ser lançado de ofício.

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1907. ERRO DE FATO E ERRO DE DIREITO

Dispõe o art. 146 do CTN que “a modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão

administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do

lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido

posteriormente à sua introdução”

- São infindáveis as controvérsias sobre esse dispositivo. Para o STJ, o legislador tentou evitar a revisão de

lançamentos já realizados com base no que se convencionou de erro de direito.

- Não é, na verdade, erro. O que se tem em alguns casos é que algumas normas deixam margem para mais de

uma interpretação razoável acerca de determinada matéria. Quando o Fisco adota uma delas, este é um critério

jurídico que, no termo do dispositivo transato, torna-se imutável com relação ao lançamento já realizado. Assim, a

título de exemplo, se a Administração Tributária vinha aceitando como correta a adoção de determinada

classificação fiscal para certa mercadoria, não pode posteriormente, com base em novos critérios, alterar o

entendimento de forma retroativa para a revisão de lançamentos já efetuados.

- De maneira mais clara: quando o Fisco formaliza o lançamento adotando um determinado critério jurídico, este

critério torna-se imutável com relação ao lançamento já realizado, à luz da segurança jurídica. As mudanças nos

critérios jurídicos adotados pelo Fisco somente terão efeitos ex nunc, sendo aplicáveis a casos futuros. Observe

que o art. 149 do CTN, que trata da revisão de ofício do lançamento, não contempla a hipótese de erro de direito.

Em relação ao erro de fato, o lançamento deverá ser necessariamente revisto de ofício.

- Ex. eram 10 toneladas e o lançamento foi feito com base em 8.

Confira-se o seguinte informativo:

O lançamento do tributo pelo Fisco com base em legislação revogada, equivocadamente indicada em

declaração do contribuinte, não pode ser posteriormente revisto. O erro de fato é aquele

consubstanciado na inexatidão de dados fáticos, atos ou negócios que dão origem à obrigação tributária.

Tal erro autoriza a revisão do lançamento do tributo, de acordo com o art. 149, VIII, do CTN. Por outro

lado, o erro de direito é o equívoco na valoração jurídica dos fatos, ou seja, desacerto sobre a incidência

da norma à situação concreta. Nessa situação, o erro no ato administrativo de lançamento do tributo é

imodificável (erro de direito), em respeito ao princípio da proteção à confiança, a teor do art. 146 do CTN.

Precedentes citados: EDcl no REsp 1.174.900-RS, DJe 9/5/2011, e REsp 1.130.545-RJ, DJe 22/2/2011. AgRg

no Ag 1.422.444-AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/10/2012.

0 3. MODALIDADES DE LANÇAMENTO

- Se divide em três tipos, de acordo com critérios: procedimento que antecede o lançamento e a intensidade da

participação. São eles:

Lançamento de ofício (art. 149)

Lançamento por declaração (art. 147)

Lançamento por homologação (art. 150)

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20 Grau de participação do sujeito passivo: Com efeito, no lançamento por homologação, a participação do

sujeito passivo é intensa; no lançamento de ofício, não há qualquer auxílio do sujeito passivo; no lançamento por

declaração, o sujeito passivo tem participação média, atuando junto com a Administração. O lançamento por

declaração é também conhecido como lançamento misto.

3.1. LANÇAMENTO DIRETO OU DE OFÍCIO – ART. 149, CTN

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:

I - quando a lei assim o determine;

II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação

tributária;

III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso

anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento

formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo

daquela autoridade;

IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação

tributária como sendo de declaração obrigatória;

V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da

atividade a que se refere o artigo seguinte;

VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê

lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude

ou simulação;

VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;

IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade

que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda

Pública.

- A participação do contribuinte é quase nula. Aqui o fisco já tem em sua base de dados todas as informações

inerentes ao contribuinte, cabendo ao fisco calcular o valor do tributo. Cabe ao contribuinte apenas pagar.

- Ex: IPTU. Taxas em geral também são lançadas de ofício, contribuições de melhoria, COSIP.

# Cuidado: IPVA

- É tributo sujeito a lançamento de ofício na maior parte dos casos. RMS 12.970-RJ, que considerou o IPVA

realmente como é lançado de ofício.

- Mas há posicionamento diferente, que entende que o IPVA é lançado por homologação. RMS 12.384-RJ. (2ª

turma).

- O IPVA é estadual e é o ente federado que determinará a forma de lançamento. Muitos estados adotam o

lançamento de ofício, mas pode ocorrer por homologação, como é o caso de SP.

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21- Essa jurisprudência, portanto, não precisa ser uniformizada, porque dependerá de qual estado se está

discutindo.

O lançamento de ofício é aquele realizado inteiramente pela Administração, com base em dados por ela

obtidos. O art. 149, CTN, estabelece duas formas de atuação da administração: a realização do lançamento de

ofício (incisos I a VII) e revisão de ofício de um lançamento anterior (incisos VIII e IX). A revisão de lançamento

anterior só pode ser efetivada enquanto houver prazo de decadência.

Inciso I: traz a situação de tributos classicamente lançados de ofício, em relação a qual a Administração

mantém algumas informações nas bases de dados para o lançamento (Exemplo: IPTU e IPVA – caso em que o

tributo é originariamente lançado de ofício);

Incisos II a VII: trazem hipóteses de lançamento substitutivo de ofício. Quer dizer que, inicialmente, esse

tributo não era lançado de ofício, mas por omissão do sujeito passivo teve que ser feito.

#

OBS.: E o inciso VII? Dolo, fraude ou simulação. Nesse último ponto, podemos ter o caso da evasão fiscal, que não

se confunde com elisão fiscal.

Evasão fiscal Elisão fiscal

Economia ilícita de tributos por fraude, dolo ou

simulação/ atos ilícitos.

Economia lícita de tributos. É o planejamento

tributário. Monto uma estrutura para economizar.

Utilizado pela administração para lançamento de

ofício, bem como para as hipóteses de

desconsideração de atos e negócios jurídicos.

LC 104/2001. A Administração poderá

desconsiderar atos ou negócios jurídicos

praticados com a finalidade de dissimular a

ocorrência do fato gerador do tributo ou a

natureza dos elementos constitutivos da obrigação

tributária. TENTATIVA – não há regulamentação.

Ex. Caso casa e separa - A + B = AB no dia

01/04/14. Em 02/04/14 realiza uma cisão. B queria

comprar imóvel de A e iria pagar 4% de ITBI. Na

fusão pode haver transferência de propriedade

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

Incisos II a VII Substitutivo de ofício

Problemas na declaração (inciso II a IV) Substitui o lançamento por declaração ou por

homologação e haverá lançamento de ofício

Omissão ou inexatidão no lançamento por

homologação (inciso V)

Substitui a declaração e/ou pagamento

incorreto e haverá lançamento de ofício

Penalidade pecuniária (inciso VI) Há uma infração à lei tributária e, por isso,

lançamento de ofício das penalidades.

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22sem a cobrança de ITBI (há uma imunidade). A

administração desconsidera esse negócio jurídico e

lança o ITBI de ofício. Para a doutrina majoritária

esse é um caso de elisão.

Desde que prove o dolo, fraude ou simulação. O

ônus é dela.

# EVASÃO, ELISÃO E ELUSÃO TRIBUTÁRIA

Elisão Fiscal: para maioria da doutrina, quando contribuinte usa de meios lícitos para fugir da tributação ou

torná-la menos onerosa. Trata-se de planejamento tributário. Em geral, ocorre antes da concretização do fato

gerador (exceção: elaboração da declaração do imposto de renda da pessoa física).

Evasão Fiscal: quando o contribuinte se utiliza de meios ilícitos para escapar da tributação. Em geral, ocorre após

a ocorrência do fato gerador (exceção: emissão de notas fiscais fraudulentas antes da saída da mercadoria do

estabelecimento – fato gerador de ICMS).

Elusão Fiscal (1ª corrente) ou Elisão Ineficaz (2ª corrente): casos em que o comportamento do contribuinte

não é, a rigor, ilícito, mas adota um formato artificioso, atípico para a espécie de ato que está sendo praticado,

tendo por consequência a não incidência tributária (ou incidência menos onerosa). Aparência de licitude. É

importante registrar que a doutrina tradicional enquadra tal situação como elisão fiscal, razão pela qual

denominada de antielisiva a norma inserta no parágrafo único do art. 116 do CTN.

- Ricardo Alexandre fala que, na elusão fiscal (ou elisão ineficaz), o contribuinte simula determinado negócio

jurídico com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador. É um ardil caracterizado por abuso de

formas, segundo a doutrina. Ex.: constituição de empresa em que 'A' entrega imóvel e 'B' entrega dinheiro e

depois esta empresa é extinta e 'A' fica com o dinheiro e 'B'' fica com o imóvel. Houve transferência de bem com

burla ao recolhimento do ITBI.

A NORMA ANTI-ELISIVA:

- CTN, art. 116: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá DESCONSIDERAR atos ou negócios jurídicos

praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos

constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.

- Influência da doutrina alemã da interpretação econômica do fato gerador.

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23- A evasão fiscal distingue-se da elisão fiscal pela manipulação dolosa do fato gerador. Nesta última, não ocorre

fraude, mas economia fiscal. A doutrina usa a expressão “elisão fiscal” para referir-se a qualquer operação, ou

conjunto de operações, que tenha por fim reduzir os tributos devidos. O mais importante é que as operações

caracterizadas como elisão fiscal são lícitas.

- Ocorre, entretanto, que o indivíduo, para fugir ao cumprimento do dever tributário, atue no sentido de

dissimular a ocorrência do fato gerador (ou a natureza de seus elementos), usando de roupagem jurídico-formal

que esconda o fato realmente ocorrido. Em outras palavras, simula um fato não ocorrido, para dissimular o fato

realmente ocorrido.

- A grande maioria da doutrina considera inconstitucional a formulação de uma norma geral antielisiva no nosso

direito. Invoca-se como fundamento o fato de o sistema tributário nacional ter sido concebido dentro de um

conjunto rígido de regras e princípios , principalmente no que concerne à legalidade e à tipicidade. Como

somente é possível a cobrança de tributos quando os fatos da vida se enquadrarem na precisa definição legal do

fato gerador, não seria lícito violentar a norma tributária tentando enquadrar no seu âmbito de incidência

negócios cuja concepção formal não se subsume ao tipo legal.

- Assim, a doutrina não abraça a chamada “interpretação econômica” do fato gerador, que privilegia a essência

dele em detrimento de sua forma. (Atenção: o problema da interpretação econômica também está ligado à

questão da imunidade recíproca e tributos indiretos).

Por enquanto, a questão ainda está pendente, não havendo pronunciamento do STF tratando diretamente da

matéria.

# QUESTÃO: CONCURSO- considerar a lei anti elisiva constitucional

- A disposição inserida no parágrafo único do art. 116, pela LC 104/2001, prevê que, observados os

procedimentos a serem definidos em lei ordinária, a autoridade pode desconsiderar (e não desconstituir;

portanto, o ato desconsiderado permanece eficaz para os que celebraram) os atos ou negócios aparentes, que

serviram de disfarce para ocultar a ocorrência do fato gerador. Não se dá à autoridade, por certo, o poder de criar

tributo sem lei, não há mitigação ao princípio da reserva legal, nem autorização para tributação por analogia.

Tampouco se introduziu a consideração econômica no lugar da consideração jurídica. O que se permite à

autoridade fiscal nada mais é do que, ao identificar a desconformidade entre os atos ou negócios efetivamente

praticados (situação jurídica real) e os atos ou negócios retratados formalmente (situação jurídica aparente),

desconsiderar a aparência em prol da realidade.

- Assim, visa coarctar os efeitos de práticas dissimulatórias. Por outro lado, se a forma (aparência) retratar o que

efetivamente foi querido e buscado pelo indivíduo (realidade), nenhuma desconformidade existe que autorize a

desconsideração dos atos formalizados, que nada terão de dissimulados.

- Sustenta-se, na doutrina, que a disposição normativa confundiu as figuras da elisão com a dissimulação, o que,

de fato, procede.

- No âmbito federal, houve uma “tentativa” de regulamentação através dos arts. 13 a 19 da MP nº 66/2002, que

foi convertida na Lei nº 10.637/2002. No entanto, no que se referia à regulamentação da norma Antielisão, o

texto da Lei 10.637/02 foi silente, permanecendo o parágrafo único do art. 116 do CTN não regulamentado.

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24TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE CRÉDITO FISCAL. RELAÇÃO DE EMPREGO. CONFIGURAÇÃO. TRABALHADORES

AUTÔNOMOS. DESCARACTERIZAÇÃO. 1. A autoridade administrativa pode desconsiderar atos dos contribuintes

com vistas à elisão tributária, desde que configurada a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do

tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária (parágrafo único do art. 116 do CTN,

com a redação dada pela LC nº 104/2001). 2. Se a empresa que contrata profissionais liberais não logra êxito em

desconfigurar a evidente relação de emprego, ante a existência da prestação continuada de serviços a ela

prestados, legitima é a autuação fiscal de cobrança da contribuição social. (TRF - PRIMEIRA REGIÃO APELAÇÃO

CIVEL – 9501227073)

TRF4:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ELISÃO. EVASÃO. SIMULAÇÃO. PRESCRIÇÃO. 1. A questão acerca do prazo decadencial

quinquenal para constituição do crédito tributário quanto às contribuições para a seguridade social está

pacificada com a edição da Súmula Vinculante número 8 do e.STF: são inconstitucionais o parágrafo único do

artigo 5º do decreto-lei n.º 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da lei n.º 8.212/1991, que tratam de prescrição e

decadência de crédito tributário. 2. A contribuição para a previdência social segue, em regra, a sistemática do

lançamento por homologação, previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Todavia, a empresa autora teria empreendido

verdadeira simulação. E, evidenciado o emprego da simulação no intuito de ludibriar o Fisco, a contagem do prazo

decadencial - não obstante tratar-se de tributos sujeitos ao lançamento por homologação -, deve observar as

regras do art.173, inc. I, do CTN, e não as do art. 150, §1º, do mesmo diploma normativo. Assim, o prazo

qüinqüenal para a constituição do crédito tributário, no caso dos autos, deve ser computado a partir do "primeiro

dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado". 3. O débito apurado

compreendeu o período de 03-1997 a 06-2005. Seguindo a exegese do art. 173, inc. I, do CTN, o marco inicial do

prazo decadencial referente à competência de 03-1997 foi 01-01-1998; o da competência de 01-1998 foi

01.01.1999, e, assim, sucessivamente. Desse modo, tendo o lançamento ocorrido em 10-08-2005 (data da

notificação), todos os tributos referentes às competências do ano 1999 em diante encontram-se hígidos. Já as

competências pretéritas (de 12-1998 para trás), restaram fulminadas pelo instituto da decadência. 4. Malgrado

toda a discussão doutrinária acerca da aplicação da teoria econômica à elisão fiscal, o art. 116 do CTN não se

aplica ao caso dos autos. É que o auto de infração se baseou no artigo 149 do CTN, isto é, na existência de

simulação. Independentemente de ser considerada e aplicada com uma norma antielisiva, o art. 116 do CTN

somente teria uma posição subsidiária no contexto da lide. Explico. O art. 149 do CTN é específico e taxativo ao

prever os casos de evasão (dolo, simulação ou fraude). E tudo o que não se subsumir no art. 149 do CTN deve

ser considerado elisão, isto até que o art. 116 do CTN (que não é auto-aplicável) venha a ser regulamentado

com outras vedações. 5. Portanto, resta analisar a existência de simulação. Nesse sentido, controverte-se sobre a

legalidade fiscal da estrutura formal e funcionamento da empresa 3R do Brasil Representações Ltda. em sua

relação com a JM Pereira Comercial Ltda. Cabe indagar se seriam duas empresas distintas e autônomas ou,

apenas, aparentemente, teriam esta roupagem no intuito de permitir a sonegação tributária. 6. As duas pessoas

jurídicas empreenderiam verdadeira simulação na condução de seus negócios. Tratar-se-ia de uma empresa

apenas, com um só administrador que, mediante o fracionamento de suas atividades, obteriam redução da carga

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25tributária, na medida em que uma delas (a JM Pereira Comercial Ltda.) encontrar-se-ia inserida no SIMPLES.

Examinando a evolução dos Contratos Sociais, resta claro que a filial da 3R do Brasil Representações Ltda. e a JM

Pereira Comercial Ltda. situam-se no mesmo endereço, (Rodovia BR101, Km 415, 2756, Mato Alto, Araranguá/SC),

o que, por si só, caracteriza um forte indício de tratar-se de um mesmo estabelecimento. Também há registro de

que Adão Rosa Pereira, sócio-gerente (administrador) da 3R do Brasil Representações Ltda., chegou a ser,

concomitantemente, empregado da JM Pereira Comercial Ltda. Vale registrar, ainda, que, segundo os balanços

patrimoniais de 1997 a 2001 a Comercial Pereira não possui registro de qualquer ativo permanente e suas

despesas operacionais referem-se quase que exclusivamente a despesas com pessoal. A prova dos autos

demonstra, destarte, que se está diante de duas empresas, mas, sim, de apenas uma. 7. Nada impede que a

pessoa física atue como administrador de mais de uma empresa (uma delas como sócio e outras como

procurador). Também, nada há de ilegal haver parentes no quadro societário das empresas em análise ou mesmo

o fato de manterem estreito trato comercial. Sobre esse último aspecto, não raro, existem estabelecimentos

industriais com número extremamente reduzido de clientes a quem prestam serviços. Todavia, no caso dos autos,

a análise do conjunto da estrutura das duas pessoas jurídicas indica tratar-se materialmente de uma só empresa

que, ao simular uma terceirização, promoveu o desmembramento (no papel) de seu parque fabril. Restou

demonstrada a intenção de expor uma falsa verdade no intuito de ludibriar o Fisco. A idéia reduziu-se em

simular, fazer aparentar, usar da realidade fictícia, e manter a verdade real camuflada. A aparência de duas

empresas atuando de forma autônoma e independente (a 3R do Brasil Representações Ltda. e a JM Pereira

Comercial Ltda.) permitiu que uma delas optasse pelo sistema instituído pela Lei do Simples (sistema integrado

de pagamento de impostos), importando em redução no recolhimento da carga tributária, uma vez que

recebeu tratamento tributário favorecido que levou à verdadeira evasão fiscal. 8. A autoridade fiscalizadora da

Previdência Social agiu de forma correta ao promover as diligências que resultaram na constituição do crédito

tributário em nome da parte-autora. Não agiu com inobservância ao ordenamento, aos princípios norteadores

do processo administrativo, tampouco de forma fantasiosa, uma vez que, ao final, pôde-se comprovar a unicidade

empresarial. 9. Havendo suspeitas de condutas que visem a elidir as contribuições devidas, a fiscalização está

legitimada a buscar a verdade material (observância ao princípio da primazia da realidade, segundo denominou

a autoridade fiscalizadora). A própria Lei do Processo Administrativo Fiscal (Decreto n.º 70.235/72), no seu artigo

29, contém previsão expressa nesse sentido, na medida em que permite à autoridade julgadora além de apreciar

livremente as provas, determinar diligências que entenda necessárias. 10. O fato de a parte-autora ter obtido, em

reclamação administrativa, a exclusão dos valores inseridos na notificação pertinentes à empresa Comercial

Araranguaense de Máquinas Industriais para Calçados Ltda., não enfraquece a constatação da unicidade

empresarial entre a 3R do Brasil Representações Ltda. e a JM Pereira Comercial Ltda. Pelo que se percebe da

transcrição acima feita, e, também, considerando os fundamentos constantes da investigação, autuação e

relatório do Fisco, a Comercial Araranguaense é, de fato, empresa de reduzido porte, com poucos empregados, o

que não ocorre com a JM Pereira Comercial Ltda. Também, a prestação direta de serviços entre a Araranguaense

e a JM não se fez presente, fato diverso do ocorrido entre esta empresa e a 3R. Por essa razão, os motivos que

levaram à autoridade administrativa retificar a NFLD para o fim de excluir os débitos relativos à Comercial

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26Araranguaense de Máquinas Industriais para Calçados Ltda. em momento algum importou no enfraquecimento

da tese de que entre a 3R do Brasil Representações Ltda. e a JM Pereira Comercial Ltda. houve unicidade

empresarial. A propósito, outra não é a conclusão a que se chega diante da leitura das conclusões finais da

reclamação administrativa sobre este ponto. E não se está a falar em exclusividade de faturamento. A empresa

JM Pereira Comercial Ltda. identifica-se com a 3R do Brasil Representações Ltda., de modo que elas

(unificadamente consideradas) contrataram serviços com terceiros. E tais terceiros não estão envolvidos na

simulação. 11. A evidência da unicidade empresarial para fins tributários, notadamente com o reconhecimento

de que os empregados da JM Pereira Comercial Ltda. seriam, na verdade, empregados da parte-autora, não lhe

retirou a personalidade jurídica para outras finalidades. Não houve qualquer desconsideração da personalidade

jurídica da requerida ou da pessoa jurídica meramente formal, vez que, a fiscalização somente atribuiu ao

sujeito passivo os tributos que houveram subsunção da hipótese de incidência ao fato material detectado. 12.

Sentença totalmente mantida. (TRF4, AC 2006.72.04.004363-8, Segunda Turma, Relatora Vânia Hack de Almeida,

D.E. 10/09/2008)

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus

efeitos: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos

praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos

elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos

em lei ordinária.

A lei não fala em dolo, fraude ou simulação. Ela fala em dissimulação. Qual o objetivo dessa alteração? Criar

uma norma geral anti elisiva (anti planejamento tributário). Só que há um detalhe: essa lei ordinária que deveria

estabelecer como a desconsideração deveria ser feita ainda não foi elaborada, ao menos na esfera federal. Em

alguns Municípios já há.

- Mas atente: mesmo em casos de elisão fiscal, a Administração poderá desconsiderar esses negócios jurídicos,

ainda que lícitos, quando eles não forem usuais. Indaga-se: como isso pode ser feito?

Justamente por não ser aplicável o art. 149, VII (que trata de dolo, fraude ou simulação), a LC 104/2001 acresceu

ao art. 116 do CTN um parágrafo único, que traz a norma geral anti-elisão (norma geral anti-elisiva). Esta norma

viabiliza a desconsideração desses negócios jurídicos.

Em termos gerais, os negócios que não possuem propósito negocial devem ser desconsiderados, ainda que

ensejem economia lícita de tributos.

- Veja que o art. 166 alude à dissimulação do fato gerador ou elementos da obrigação tributária. Essa

dissimulação Consiste na prática de atos lícitos que reduzam o tributo devido, em razão de alteração no fato

gerador e em elementos da obrigação tributária. Ex.: profissionais que, sem propósito negocial, constituem

pessoa jurídica.

- Havendo essa dissimulação, poderá haver a desconsideração de atos e negócios jurídicos, de acordo com

procedimento previsto em lei ordinária (do ponto de vista da esfera federal, essa possibilidade ainda depende de

regulamentação – não há essa lei ordinária).

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27# Muita atenção: embora essa lei ordinária inexista, a Administração entende que esses negócios devem ser

desconstituídos, desde que não revelem propósito negocial (nos casos em que não existe nenhuma outra razão

para aquele negócio, senão a redução do tributo). Em segunda fase de procuradorias (sobretudo AGU e PFN), é

necessário estudar o tema pelo livro de Marco Aurélio Greco (editora Dialética), criador dessa tese do propósito

negocial.

Qual a saída já que não há a lei regulamentadora?

Teoria do Propósito negocial: Diante da adoção de estruturas negociais visando única e exclusivamente a redução

de tributos, surgiu uma teoria que ajuda a administração tributária. É a teoria do propósito negocial (Marco

Aurélio Greco). Imagine a situação de dois médicos, cônjuges, de especialidades completamente distintas, que

constituem uma sociedade para diminuir a tributação (a sociedade emite nota fiscal). Se a sociedade não tem

propósito negocial, a administração pode desconsiderá-la e tributar individualmente como pessoa física.

Portanto, considera-se que existiu o exercício abusivo de um direito (ato ilícito), caracterizando uma evasão fiscal .

Abusa do direito de economizar. Só monta aquela estrutura para economizar tributo. O que é o abuso de direito?

O seu ponto de partida é bom, mas o exercício dele o torna abusivo. Ex. mulher grávida chega num restaurante e

passa na frente, junto com filho e marido. Outra mulher chega com 35 amigos. Tem sentido o exercício desse

direito? Não. Seria um abuso.

Incisos VIII e IX

- Só é possível tendo em vista o prazo de decadência. Há um lançamento já realizado que será revisado. O

resultado da revisão será um novo lançamento. Apenas nas hipóteses dos incisos VIII e IX o lançamento pode ser

revisto. Quais são essas hipóteses?

Fato novo ou

Falta funcional da autoridade competente.

- Observado, em ambos os casos, o prazo de decadência: A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto

não extinto o direito da Fazenda Pública.

Inciso VIII: Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento

anterior;

# Atente: O lançamento do tributo pelo Fisco com base em legislação revogada, equivocadamente indicada em

declaração do contribuinte, não pode ser posteriormente revisto. Nessa situação, o erro no ato administrativo de

lançamento do tributo é imodificável (erro de direito), em respeito ao princípio da proteção à confiança, a teor do

art. 146 do CTN. AgRg no Ag 1.422.444-AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/10/2012. Inf. 506.

#OBS.: veja que não existe previsão de revisão de lançamento de ofício no caso de erro de direito.

3.2. MISTO OU POR DECLARAÇÃO – 147, CTN

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28Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um

ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria

de fato, indispensáveis à sua efetivação.

§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir

tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o

lançamento.

§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela

autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.

O contribuinte cumpre uma obrigação acessória – a declaração. Após, a Administração homologa e só após

isso o contribuinte paga. O pagamento só ocorre após a homologação pela Administração.

- Quando criaram a taxa de lixo foi distribuído um questionário para dizer quantos kg de lixo produzia (com a

intenção de dizer que seria um serviço público divisível. Depois vimos que não era). Logo depois todo mundo

recebeu o lançamento tributário de acordo com a informação dada pelo contribuinte – informação de fato

essencial.

- Já no lançamento por homologação, as declarações são de fato e de direito (o próprio contribuinte aplica o

direito).

- A contribuição do contribuinte é de aproximadamente 50%. Divide as tarefas com o fisco. Nesse caso o fisco não

tem todas as informações referentes ao contribuinte, cabendo a este prestar as informações e somente então o

fisco terá condições de calcular o valor do tributo e promover o lançamento correspondente.

- Apesar de ser interessante esse tipo de modalidade, esse tipo de lançamento atualmente encontra-se em

desuso, apesar de não ser impossível de ver.

- Ex: na esfera municipal, por vezes o ITBI (mas não é regra). Na esfera estadual, o ITCMD e em esfera federal, o II,

na hipótese da chamada DBA (declaração de bagagem acompanhada).

- A DBA ocorre quando o indivíduo vai ao exterior e traz a bagagem. É possível trazer sem tributação até

US$500,00 em produtos importados. Se for superior, o passageiro preenche o formulário, a DBA, informa os

produtos que está trazendo e o seu valor.

- Aqui percebe-se a atuação do sujeito passivo e do fisco para concretizar o lançamento.

# ATENÇÃO: IR não se dá por declaração. Desde 86 é por homologação – preenche a declaração e já paga.

- Essa informação pode ser objeto de retificação, que pode se dá tanto pelo sujeito passivo quanto pela

Administração. Art. 147, §§ 1º e 2º.

Sujeito passivo: Se essa modificação resultar em diminuição o contribuinte tem que demonstrar que

houve um erro.

Administração: é atividade de revisão e em se tratando de erro evidente, essa revisão pode ser de ofício.

O CTN admite a retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, com o objetivo de reduzir ou

excluir o tributo, desde que seja feita mediante comprovação do erro em que se funde e, antes de notificado o

lançamento (antes da declaração ser utilizada, art. 147, §1º).

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29Independentemente de manifestação do declarante, os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame

serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a quem competir a revisão daquela (será feito por meio

da REVISÃO, art. 147, §2º).

# Grave: Notificado o lançamento, não é mais possível a alteração da declaração com o fim de reduzir ou excluir o

tributo (para aumentar é possível a alteração), devendo eventuais erros ser objeto de impugnação por parte do

sujeito passivo.

3.3. AUTOLANÇAMENTO OU POR HOMOLOGAÇÃO – ART. 150, CTN

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao

sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-

se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo

obrigado, expressamente a homologa.

§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição

resolutória da ulterior homologação ao lançamento.

§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo

sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.

§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo

porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato

gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado

o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou

simulação.

- A participação do contribuinte é máxima. Praticamente tudo é realizado pelo contribuinte.

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30- O contribuinte fornece as informações, calcula o valor e ainda paga o valor do tributo. Cabe ao fisco

simplesmente homologar este pagamento.

- Ex: ISS, ICMS e IR.

- O que principalmente caracteriza a homologação é o pagamento antecipado. Não significa dizer que o

contribuinte paga o tributo antes do vencimento. É no sentido de que o tributo é recolhido antes de qualquer

análise por parte do fisco.

O Sujeito passivo realiza um FG, declara e faz pagamento. A Administração fiscaliza essa atividade e concorda,

expressa ou tacitamente, com esse pagamento, extinguindo nesse momento o crédito tributário.

- O contribuinte tem que apurar a base de cálculo e a alíquota e fazer o pagamento prévio do tributo. É um

pagamento precário, feito sem o exame da autoridade administrativa. A administração vai fiscalizar o pagamento

para ver se está correto, estando, vai homologar e daí haverá a extinção do crédito tributário.

# Atenção: Essa homologação, de acordo com o art. 150, §4º, CTN, poderá ocorrer de duas maneiras diferentes:

expressa ou tácita.

Expressa: é inviável porque não existe funcionários suficientes para isso, para informar expressamente

que a homologação já aconteceu. É como se fosse a emissão de um recibo confirmando o pagamento

adequado. Isso, portanto, não ocorre na prática.

Tácita: acontece quando decorre 5 anos da data do fato gerador.

- Ex: O contribuinte antecipa o pagamento. O fisco não homologa expressamente, apenas mantém-se inerte. Por

isso que é necessário guardas os documentos que comprovam o pagamento durante 5 anos. Prazo de natureza

decadencial.

# OBS.: A maioria dos tributos são lançados por homologação, exatamente em virtude da deficiência de

funcionários. Se for chutar no concurso. Opte por homologação.

O pagamento antecipado não extingue o crédito, será objeto de fiscalização administrativa. Somente com a

concordância da administração haverá homologação e extinção do crédito tributário.

- A obrigação tributária principal se refere ao dever do sujeito passivo de efetivar o pagamento, enquanto que a

obrigação acessória diz respeito à entrega de uma declaração.

- A Administração vai fiscalizar aqui a declaração e o pagamento. A atuação da Administração é maior.

A Administração pode:

Concordar: homologação

Discordar: cobrança do valor que entende adequado.

- Essa concordância ou discordância tem que ocorrer no prazo máximo de 05 anos a contar do fato gerador (e

não do pagamento).

A) HOMOLOGAÇÃO (CONCORDÂNCIA) DA ATIVIDADE DO SUJEITO PASSIVO

- É a concordância do Fisco. Ela pode ser:

Tácita: é o silêncio da administração pelo prazo de cinco anos, a contar do FG.

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31 Expressa: é representada por uma manifestação específica da Administração quanto à concordância. Um

carimbo, que é geral, do fiscal que vai lá no seu estabelecimento carimbar os livros não é hábil para que

se consolide essa concordância expressa. Tem que ser específico, para aquele tributo, pago naquela data

x.

- A restituição do IR é uma hipótese de concordância expressa.

B) DISCORDÂNCIA QUANTO À ATIVIDADE DO SUJEITO PASSIVO (NÃO HOMOLOGAÇÃO)

- Sujeito declara e paga. Administração não concorda.

Como ela cobra? Qual o prazo para a cobrança?

- Declaração: é uma confissão do débito. A declaração é a constituição do Crédito Tributário – identifico o FG,

sujeito passivo, sujeito ativo e quanto é devido. Mas para constituir o CT, ela tem que estar correta. É o que diz a

súmula 436 STJ - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito

tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

Os problemas sempre serão com o pagamento ou com a declaração. Analisemos os casos:

I) 1º CASO – Problema na declaração

- Sujeito passivo realiza o FG. Ao realizar o FG nascem duas obrigações tributárias. A acessória se refere ao dever

de entregar a declaração e a principal ao dever de pagar.

Sujeito passivo não declara

Sujeito passivo declara, mas comete uma fraude, declarando o valor a menor – pouco importa o

pagamento.

Sujeito passivo declara, mas comete erro, declarando a menor.

# OBS.: Nesses três casos a declaração não constitui o Crédito tributário. Para que haja a constituição do CT,

preciso de uma declaração correta.

# ATENÇÃO: Declaração que não constituiu crédito + pagamento que não é suficiente. Esse é o caso. Como se

dará a cobrança e em que caso?

Como? Só após a constituição do crédito. Se, nesse caso, a declaração não constitui o crédito tributário,

não pode já cobrar. A Administração terá que faze um lançamento de ofício (auto de infração), para, na

sequência, haver uma cobrança administrativa.

Prazo? Prazo decadencial (é o prazo para fazer o lançamento).

# EM RESUMO:

Tributo por homologação em que Adm. Discorda da atuação do sujeito passivo. Por que a Administração

discorda? Porque há um problema na declaração (1. não existe, é falsa ou tem erro). Qual a consequência

disso? A declaração não constituiu o CT. COMO se faz a cobrança? Através da constituição do crédito

(lançamento de ofício). EM QUE PRAZO? Decadencial.

# OBS.: Detalhamento do prazo de decadência:

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32O que é decadência? É a perda do direito de lançar, por decurso do tempo. Qual o prazo. Há duas hipóteses no

CTN. Ou seja: é a perda, por parte da Administração, do direito de constituir o crédito tributário. O prazo

decadencial é o prazo para a constituição do crédito tributário pela Administração.

No ramo do direito tributário, o tema decadência está diretamente ligado à lei complementar. Cada ente

federativo deve adotar o mesmo conceito de decadência, que deve estar previsto em uma norma geral de direito

tributário. Com efeito, é o CTN (status de lei complementar) que tem o papel de uniformizar o direito tributário.

Ex. FG em 20/05/2008

Art. 150 – 5 anos do FG. Ex. decai em 20/05/2013. Melhor para o contribuinte

ART. 173, I – 5 anos a contar do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido

efetuado. No caso concreto começa a contar de 01/01/2009, decaindo em 01/01/2014. A Administração pode

lançar até 31/12/2013. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5

(cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido

efetuado;

Qual será o dispositivo aplicado?

Atuação do sujeito passivo Prazo decadencial aplicável

Declaração não foi feita Art. 173, I.

Declaração falsa (mesmo que tenha pago). Art. 173, I.

Declaração errada seguida de pagamento errado (boa-

fé.)Art. 150, §4º

A tese dos cinco + cinco era resultado da aplicação cumulativa desses dois dispositivos e não é mais aplicada.

Está superada pelo STJ.

- Com isso respondemos o nosso primeiro caso. Vamos ao segundo

II) 2º CASO – problema no pagamento. A declaração está correta

- SP realiza um FG. Nascem duas obrigações tributárias. O sujeito faz a declaração correta + não paga ou paga a

menor. A Administração não concorda. Vai cobrar. COMO? QUAL PRAZO?

Como? Nesse caso, o crédito foi constituído regularmente. A Administração não precisa realizar o

lançamento de ofício para constituir. Ela pula essa etapa administrativa e vai para a via judicial. Pega a

declaração e inscreve em Dívida Ativa e entra com a execução fiscal.

Prazo? Como o prazo é para a cobrança judicial, trata-se de prazo prescricional. Art. 174.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua

constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I - pela citação pessoal feita ao devedor;

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de

2005)

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33II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo

devedor.

# RESUMO DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO

Atuação do sujeito passivo Resultado

Declaração correta + pagamento corretoHomologação tácita ou expressão (extinção do CT)

Prazo: até cinco anos do fato gerador

Problema na declaração ou no pagamentoAusência de homologação

Cobrança – COMO? PRAZO?

Problema Resultado

Declaração falsa

Como? Lançamento de ofício

Prazo? Decadência5 anos a contar do 1º dia do

exercício seguinte aquele em que o lançamento

poderia ter sido efetuado

Declaração errada + pagamento erradoComo? Lançamento de ofício

Prazo? Decadência 5 anos do FG

Sem declaração

Como? Lançamento de ofício

Prazo? Decadência5 anos a contar do 1º dia do

exercício seguinte aquele em que o lançamento

poderia ter sido efetuado

Declaração correta + sem pagamento ou pagamento a

menor

COMO? Cobrança judicial. CDA. EF

PRAZO? Prescricional. Art. 174

04. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO SUJEITO PASSIVO

São basicamente as hipóteses de lançamento por homologação. São três casos.

A) DECLARAÇÃO CORRETA NO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO

Quais as consequências?

Dispensa do lançamento – não haverá decadência, apenas prescrição. Súmula 436 STJ - A entrega de

declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada

qualquer outra providência por parte do fisco.

Impossibilita a denúncia espontânea. Súmula 360 STJ - O benefício da denúncia espontânea não se aplica

aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

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B) DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO – ART. 74 DA LEI 9430/96

A compensação representa o encontro de contas entre a Administração e o sujeito passivo. Ele tem perante a

Administração, ao mesmo tempo, um débito e um crédito.

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso

atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos

líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto

nº 7.212, de 2010)

Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste

artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente

ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do

vencimento.

Como isso funciona? Parece muito com o lançamento por homologação. O contribuinte apresenta uma

declaração de compensação – DCOMP. Ele vai nela especificar o crédito e débito. Na sequência, ele faz a

compensação e paga a diferença, sem prévio exame da Administração. Fica sujeito à fiscalização da

Administração, pelo prazo de cinco anos a contar do prazo da declaração, onde poderá concordar ou discordar.

Ela desconsidera a compensação e vai cobrar o débito. Como? Já vai escrever em Dívida Ativa e começar a

Execução Fiscal. Por quê? Por considerar a declaração de compensação como forma de constituição do crédito

que se diz devedor. Antes da inscrição em DA, a administração dará um prazo para o contribuinte se defender.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Os créditos tributários provenientes do Adicional de

Indenização do Trabalhador Portuário Avulso - AITP, reconhecidos judicialmente, podem ser compensados

com outros débitos tributários federais administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art.

74 da Lei nº 9.430/96. STJ. 1ª Turma. REsp 1.738.282-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel. Acd. Min. Napoleão

Nunes Maia Filho, julgado em 21/06/2018 (Info 631). #BAIXARELEVÂNCIA

C) DEPÓSITO INTEGRAL DE TRIBUTO LANÇADO POR HOMOLOGAÇÃO

MS preventivo – liminar denegada. Depósito integral da quantia devida – suspende a exigibilidade. Com essa

suspensão da exigibilidade do crédito não pode haver cobrança. Isso não significa dizer que impede o

lançamento, porque lançamento é diferente de cobrança. O lançamento é a constituição do CT. Vamos supor que

o FG ocorra após essa suspensão. A administração pode lançar? Sim.

- Vamos supor que ela não tenha lançado.

- Após oito anos - sentença denegatória da segurança – juiz converte depósito em renda. Contribuinte diz que não

vai pagar, pois não houve a constituição do Crédito. A Administração ganha mas não leva. É um paradoxo. STJ diz

o quê? Que o depósito integral feito constitui o crédito tributário, pois ao depositar o contribuinte confessa o

valor devido, portanto a Administração pode cobrar aquele valor sem lançar. Atente: para a Corte, o depósito não

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35é mera condição para discussão da causa em juízo, representa uma confissão da dívida tributária. Tem que

acontecer em MS preventivo! (STJ Embargos Resp 671.773).

# RESUMO

Constituição – instrumento que declara a ocorrência do FG e identifica os elementos da relação jurídica

tributária. A existência desse instrumento é um pressuposto para a cobrança do Tributo, seja a cobrança

administrativa, seja judicial. Esse instrumento pode ser produzido pela Administração ou pelo sujeito passivo.

Administração Sujeito passivo

Lançamento tributário

De ofício

Por declaração

Contexto do lançamento por homologação:

Declaração correta

Declaração de compensação

Depósito integral em MS preventivo

Decadência Prescrição

Não cabe denúncia espontânea

II – DECADÊNCIA2 NO DIREITO TRIBUTÁRIO

01. CONCEITO

É o prazo previsto em lei que o fisco possui para constituir o crédito tributário, sob pena da extinção do direito

do sujeito ativo em constitui-lo.

Fulmina o direito potestativo de lançar o crédito tributário (por isso seria melhor classificá-la como forma de

exclusão do crédito e não de extinção). O lançamento é o divisor de águas entre a prescrição e a decadência.

Assim, dito de forma simples e direta, a decadência é o prazo para o Fisco lançar, apurar ou determinar o crédito

tributário.

- Segundo o prof. Ricardo Alexandre, a doutrina majoritária tem entendido que o transcurso in albis do prazo

para a homologação não apenas configura homologação tácita, mas também decadência do direito de constituir

o crédito tributário relativo a qualquer diferença entre o valor antecipado pelo sujeito passivo e aquele que a

Administração entende devido.

Decadência x modalidades de lançamento

MODALIDADES DE LANÇAMENTO REGRAS DA DECADÊNCIA

Por homologação - Pagamento insuficiente por erro: art. 150, §4º.

- ausência de pagamento ou fraude: art. 173,I.

Por declaração ou de ofício Art. 173, I.2 A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “A decadência, em sede tributária, é forma de extinção do crédito tributário. Sendo assim, uma vez extinto o direito, não pode ser reavivado por qualquer sistemática de lançamento ou autolançamento, seja ela via documento de confissão de dívida, declaração de débitos, parcelamento, ou de outra espécie qualquer (DCTF, GIA, DCOMP, GFIP, etc.).”CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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36

02. CARACTERÍSTICAS GERAIS

A decadência é considerada como norma geral de direito tributário,

Dependente de lei complementar;

Prazo de 5 anos,

Não se sujeita a hipóteses suspensivas, nem interruptivas

03. CONTAGEM DO PRAZO

Regras no CTN

Art. 150, §4º - já vimos – homologação por erro.

Art. 173, I – já vimos.

Art. 173, II – da decisão que anula o lançamento por vício formal.

- Ex. Lançamento de ofício que tem vício formal – não descreve a infração. Como posso me defender? Ou não tem

assinatura do fiscal – impugnação por parte do contribuinte. A Administração reconhece a existência do vício,

proferindo decisão que anula o lançamento. O contribuinte pode comemorar? NÃO, pois o artigo 173, II diz que

essa decisão que anula o lançamento por vício formal, dá ao Fisco o prazo de cinco anos para realizar um novo

lançamento sem os vícios anteriores.

- O que nós temos aqui é uma hipótese de interrupção do prazo de decadência. Como assim? E agora decadência

se interrompe? A regra de que a decadência não se interrompe não é aplicável ao Direito Tributário.

Regra geral: art. 173, I, CTN: o prazo decadencial tem início a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele que

o lançamento poderia ter sido realizado.

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,

contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

- Ex: se o fato gerador ocorreu em 11/06/2006, o prazo se inicia no dia 01/01/2007 e vai até 01/01/2012.CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDIC

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37# OBS.: o art. 173, I, CTN somente é aplicado se o tributo não foi declarado e nem pago.

- Regra especial: art. 150, §4º, CTN: a decadência começa a correr a partir da data do fato gerador.

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao

sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-

se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo

obrigado, expressamente a homologa.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato

gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado

o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou

simulação.

- Ex: fato gerador ocorrido em 11/06/2006. A decadência ocorre em 11/06/2011.

- Essa regra especial somente é utilizada quando existentes dois fatos o tributo tiver sido declarado e pago

parcialmente.

# Atenção:

1ª situação: contribuinte não declara e não paga → decadência com base no art. 173, I, CTN.

2ª situação: contribuinte declara e paga parcialmente → decadência com base no art. 150, §4º, CTN.

3ª situação: contribuinte declara mas não paga → aqui já não há mais que se falar em decadência. É prescrição

com base no art. 174, CTN. Tributo declarado e não pago, o STJ entende que tributo declarado é tributo lançado e

portanto, não há mais que se falar em decadência. A fazenda pública já está autorizada a inscrever o crédito

tributário na dívida ativa e posteriormente ajuizar a execução fiscal.

- Súmula 436, STH e REsp. 112.7224-SP

Início do prazo decadencial de 5 anos:

1) Regra geral: 1º dia do exercício seguinte (art. 173, I);

2) Antecipação do prazo: a partir da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela

notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento (art, 173,

pú);

3) Interrupção da decadência: Lançamento anulado por vício formal - data em que tornar definitiva a

decisão anulatória, seja em sede administrativa, seja em sede judicial (art. 173, II);

4) Lançamento por homologação:

a. regra geral: ocorrência do fato gerador (quando há pagamento, ainda que parcial)

b. Dolo, fraude ou simulação: 1º dia do exercício seguinte (173, I)

c. Não há pagamento: 1º dia do exercício seguinte (173,I) – EREsp 408617. 1. Está assentado na

jurisprudência desta Corte que, nos casos em que não tiver havido o pagamento antecipado de

tributo sujeito a lançamento por homologação, é de se aplicar o art. 173, inc. I, do Código

Tributário Nacional (CTN). Isso porque a disciplina do art. 150, § 4º, do CTN estabelece a

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38necessidade de antecipação do pagamento para fins de contagem do prazo decadencial.

Precedente em recurso representativo de controvérsia (REsp 973.733/SC, Rel. Min. Luiz Fux,

Primeira Seção, DJe 18.9.2009). Segue a notícia:

INFO 402 STJ – 1ª Seção

RECURSO REPETITIVO. DECADÊNCIA. TRIBUTO. LANÇAMENTO. HOMOLOGAÇÃO.

O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-

se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter-se efetuado, isso nos

casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão

legal, ele não ocorre, sem constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo

declaração prévia de débito. Como consabido, a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito

Tributário, importa perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo

lançamento. Ela é regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a

decadência do direito de lançar nos casos sujeitos ao lançamento de ofício ou nos casos dos tributos

sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado. É

o art. 173, I, do CTN que rege o aludido prazo quinquenal decadencial, sendo certo afirmar que o

primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde

ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos

sujeitos à homologação. Assim, mostra-se inadmissível aplicar, cumulativamente ou concorrentemente,

os prazos previstos nos arts. 150, § 4º, e 173, ambos do CTN, diante da configuração de injustificado

prazo decadencial decenal. Com esse entendimento, a Seção negou provimento ao especial regulado pelo

disposto no art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ (recurso repetitivo). Precedentes citados: REsp 766.050-

PR, DJ 25/2/2008; AgRg nos EREsp 216.758-SP, DJ 10/4/2006, e EREsp 276.142-SP, DJ 28/2/2005. REsp

973.733-SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/8/2009.

# OBSERVAÇÕES:

- O julgado faz referência às “cinco regras jurídicas gerais e abstratas” reguladoras da decadência no âmbito do

Direito Tributário, que são apontadas por Eurico Marcos Diniz de Santi em “Decadência e Prescrição no Direito

Tributário, 3ª ed., Max Limonad, pp. 163/210. São elas:

a) Regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos

casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o

pagamento antecipado – aplica-se o art. 173, I, do CTN (o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito

tributário, extingue-se após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em

que o lançamento poderia ter sido efetuado);

b) Regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida

preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos

sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado – aplica-se o parágrafo

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39único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca da

medida preparatória do lançamento);

c) Regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação

em que há parcial pagamento da exação devida – aplica-se a primeira parte do § 4º do art. 150 do CTN (o

prazo decadencial conta-se da ocorrência do fato gerador);

d) Regra da decadência do direito de lançar em que o ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida

preparatória – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial conta-se da data da

notificação do sujeito passivo acerca do ilícito tributário, medida indispensável para justificar a realização

do ulterior lançamento);

e) Regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior – aplica-se o art. 173,

II, do CTN (o prazo decadencial conta-se da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,

por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado).

Nesta sistemática, poder-se-ia incluir a hipótese em que o débito tributário é declarado, mas não pago. Em tal

situação, já afirmou o STJ, inclusive em recurso especial submetido ao regime dos recursos repetitivos, que a

declaração formal do sujeito passivo do débito tributário, a exemplo da Declaração de Débitos e Créditos

Tributários Federais – DCTF e da Guia de Informação e Apuração de ICMS – GIA, é, por si só, modo de constituição

do crédito tributário, não havendo que se falar, assim, em decadência. Súmula n. 436 do STJ: A entrega da

declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer

outra providência por parte do fisco.

# OBS.1: Há decisões do STJ, porém, no sentido de que, se houve pagamento parcial do tributo, então o prazo para

lançamento começaria somente a partir do fim do prazo para a homologação. Em resumo, seria a aplicação da

teoria dos 5 + 5 contra o contribuinte, hoje afastada pelo STJ e TRFs.

- Veja: TRIBUTÁRIO – ARTS. 150, § 4º, E 173 DO CTN – APLICAÇÃO CONJUNTA – IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos

tributos sujeitos a lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário guia-

se pelo art. 150, § 4º, do CTN, ou seja, o prazo para o lançamento é de cinco anos a contar da ocorrência do fato

gerador. Essa regra vale quando ocorre o pagamento antecipado do tributo. Por outro lado, se pagamento do

tributo não for antecipado pelo contribuinte, a constituição do crédito tributário deverá observar a regra do art.

173, I, do CTN, isto é, de 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento

poderia ter sido efetuado, durante o qual a Fazenda deve promover o lançamento de ofício em substituição ao

lançamento por homologação, sob pena de decadência. 2. Não prospera a tese de incidência cumulativa dos arts.

150, § 4º, e 173, inciso I, ambos do CTN. Primeiro, porque contraditória e dissonante do sistema do CTN a

aplicação conjunta de duas causas de extinção de crédito tributário; segundo, porquanto inviável - consoante já

assinalado - a incidência do § 4º do art. 150 do CTN em caso de existência de pagamento antecipado. AgRg nos

EDcl no AgRg no REsp 1117884 em ago/2010

# OBS.2: Se o contribuinte declara o débito total, mas não paga, não há falar em prazo decadencial, pois a

declaração constitui o crédito. Nesse caso, passa a correr, de pronto, o prazo prescricional da pretensão

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40executória. “1. A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais constitui o crédito tributário,

dispensando a Fazenda Pública de qualquer outra providência, habilitando-a ajuizar a execução fiscal, conforme o

precedente repetitivo: (REsp 1.123.557/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJ

18/12/2009).

# OBS.3: A Primeira Seção desta Corte possui entendimento pacifico no sentido de que "no caso de tributos

sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da

exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste nos moldes do que dispõe o art. 150 e

parágrafos do CTN. Isso porque verifica a ocorrência do fato gerador, calcula o montante devido e, em vez de

efetuar o pagamento, deposita a quantia aferida, a fim de impugnar a cobrança da exação. Assim, o crédito

tributário é constituído por meio da declaração do sujeito passivo, não havendo falar em decadência do direito do

Fisco de lançar, caracterizando-se, com a inércia da autoridade fazendária apenas a homologação tácita da

apuração anteriormente realizada. Não há, portanto, necessidade de ato formal de lançamento por parte da

autoridade administrativa quanto aos valores depositados." (EREsp 686.479/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda,

Primeira Seção, DJ 22.9.2008).

Prazo decadencial de contribuições para a Seguridade Social:

- A Lei nº 8.212/91, em seu art. 45, traz regras específicas para a decadência em relação a contribuições para a

Seguridade Social. Diz que “O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extingue-se após 10

(dez) anos contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, a constituição de crédito

anteriormente efetuada.” Teve a inconstitucionalidade reconhecida na forma da SV 08.

Suspensão do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de uma medida judicial determinando

expressamente que a autoridade tributária fica impedida de constituir o crédito tributário. Ricardo Alexandre

elenca a hipótese do art. 173, II, que traz, além de hipótese de interrupção, caso de suspensão do prazo

decadencial enquanto pender o processo em que se discute a nulidade do lançamento por vício formal.

Interrupção do prazo decadencial: é possível visualizar no caso de vícios formais no lançamento anterior. Para

Ricardo Alexandre, há de se perceber que a regra somente é aplicável quando o vício que constar do lançamento

for de natureza formal (adjetivo), não aproveitando aos casos de vício material (substantivo). É importante

também observar que parte da doutrina entende que o art. 173, II, do CTN estabeleceu hipótese de interrupção da

decadência. Outra corrente defende não se tratar de prazo de interrupção, mas sim de concessão de novo prazo.

04. OUTRAS FORMAS DE DECADÊNCIA

a) Art. 173, II, CTN:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,

contados:

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41II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento

anteriormente efetuado.

# Explicação: Lançamento anulado por vício formal significa dizer que houve alguma falha no procedimento de

lançamento. Portanto, esse dispositivo não se aplica quando o lançamento possui:

Vícios formais e materiais em conjunto.

Vício material: é o vício no tributo, na matéria lançada, que ofende a lei e não no procedimento.

- AgRgREsp 142.1162-PE.

- Diante disso, conta-se o prazo a partir da data da decisão definitiva que anulou o lançamento por vício formal.

# OBS.: embora a decadência por regra não se sujeite a hipóteses de interrupção, resta claro que a disposição do

art. 173, II, CTN evidencia um único caso excepcional, portanto, de interrupção da decadência. REsp. 690.382-PE.

b) art. 173, §único, CTN:

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo

nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela

notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

É o caso de antecipação da contagem da decadência. Se antes de alcançar o exercício seguinte, que é a regra

geral, mas se houver uma medida preparatória e indispensável ao lançamento como a fiscalização, dando ciência

ao fisco, o prazo decadencial se inicia aqui. REsp. 909.570-SP

Parágrafo único – da notificação da fiscalização:

- Com a fruição do prazo de cinco anos há a extinção definitiva do direito de lançar. Esse prazo de cinco anos será

contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do CT pela notificação ao sujeito passivo de qualquer

medida preparatória indispensável ao lançamento. Esse parágrafo estabelece outro dies a quo para o prazo de

decadência, ou seja, outra data de início para a contagem da decadência. Ela começa a contar a partir da

notificação de uma fiscalização. Como isso se dá na prática? Afinal isso conflita com a regra geral do inciso I.

- Interpretação da doutrina – antecipação do prazo de decadência.

- A partir disso, a doutrina construiu um entendimento, interpretando de forma harmônica os dispositivos.

- Pode acontecer de a Administração tributária dar início a uma fiscalização no período anterior ao primeiro dia

do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, de onde começaria a contar o prazo

decadencial. Se ocorrer isso, o prazo inicial não será este último e sim o data da notificação da fiscalização, afinal

a Administração já tem as informações para o lançamento.

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42 Interpretação do STJ Resp 766050, 1ª Seção.

- O início da fiscalização significa o início da contagem do prazo de decadência, seja antes ou anterior à data

normal de início de sua contagem.

Se tiver a fiscalização após o início do prazo de decadência (período anterior ao primeiro dia do exercício seguinte

àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), ele se interrompe e começa a contar os cinco anos de

novo. CRÍTICA.

# RELEMBRANDO

Art. 173, CTN

I – Regra Geral;

II – Caso Interrupção

Parágrafo Único: antecipação da vontade.

Súmula Vinculante n. 8 – Decadência – Norma Geral – Lei Complementar

- Art. 146, III, CF

# OBS.: DECADÊNCIA PARA TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO

Hoje, quase todos os tributos estão sujeitos a esse tipo de lançamento.

- A regra é estampada no art. 150, parágrafo 4o, CTN, e indica que o prazo decadencial, apenas para esse

tipo de tributo, deve ser contado da data do fato gerador.

- A exceção é disposta pelo mesmo dispositivo – art. 150, parágrafo 4o, parte final: ainda que tenha um

tributo sujeito ao lançamento por homologação, se ele for recolhido através de dolo, fraude ou

simulação, o início da contagem, tomará como regra o disposto no art. 173, I, CTN, e não da data do fato

gerador. Ou seja, dolo, fraude ou simulação, remete para o primeiro dia ao dia seguinte àquele em que o

lançamento deveria ter sido efetuado.

# OBS.2: O tributo sujeita-se ao lançamento por homologação toda vez que há a antecipação do pagamento.

# QUADRO RESUMO

A dívida do contribuinte é de R$ 1.000,00:

1a Situação: o contribuinte não declarou e não pagou esse tributo (sequer existiu o pagamento

antecipado – se não há o pagamento antecipado, não tem o que homologar – não houve a homologação).

Nessa situação, trabalhamos com decadência (o fisco precisa lançar esses mil reais), com base no art. 173,

I, CTN – no prazo de 5 anos, contados dessa data para o lançamento;

2a Situação: o contribuinte declarou 800 e pagou 200 – o fisco vai ter que lançar a diferença de 200 reais

– trata-se de decadência pautada no art. 150, parágrafo 4o, CTN – é a decadência para a diferença do que

falta para chegar à dívida (200 reais).

3a Situação: o contribuinte declarou 1000, que é a dívida, porém não pagou nada. Nesse caso, há

prescrição, com base no art. 174, CTN – segundo a jurisprudência, tributo declarado é tributo lançado, e o

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43fisco não precisa se preocupar em lançar o tributo, não devendo se preocupar com a decadência –

Súmula 436, STJ.

4a Situação: o contribuinte declara 1000 reais, e paga 800 reais. O fisco precisa apenas executar essa

diferença de 200 – então há a prescrição da diferença, de 200 reais.

5a Situação: o contribuinte declarou 1000 e pagou 1000 – não se fala mais nem em decadência ou

prescrição, mas sim na extinção do crédito pautado no pagamento do crédito tributário – art. 156, I, CTN.

# ANÁLISE DA SÚMULA VINCULANTE N. 8

SÃO INCONSTITUCIONAIS O PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 5º DO DECRETO-LEI Nº 1.569/1977 E OS ARTIGOS

45 E 46 DA LEI Nº 8.212/1991, QUE TRATAM DE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

- Ela trata dos artigos 45 e 46 da lei 8212/91 contribuições da seguridade social – esses dispositivos diziam que o

prazo de prescrição e decadência seria de dez anos. Eles conflitam com o CTN, que estabelece o prazo de cinco

anos. O CTN é lei complementar e tem o papel de ser normal geral de direito tributário. A lei 8212 é ordinária que

estabelece prazo de decadência e prescrição diferente do estabelecido pela CTN, violando o art. 146, CF. STF

declarou, então, a sua inconstitucionalidade, elaborando a súmula vinculante nº 8.

- Mas o que esteve por detrás dessa elaboração? Ela foi resultado do julgamento do RE 559.943. Há duas

consequências da declaração de inconstitucionalidade. O STF as resolveu quando tratou da modulação dos

efeitos. A modulação dos efeitos foi decidida apenas no dia 12/06/2008

1. O que fazer com os processos em andamento, as cobranças do FISCO em curso? Serão canceladas, pois a

eficácia, neste caso, é retroativa.

2. O que fazer com os valores que foram pagos, mesmo após o prazo dos cincos anos? Haverá direito de

restituição, desde que o pedido ou ação de repetição de indébito tenham sido ajuizados até o

reconhecimento da inconstitucionalidade (significa que quem pediu a restituição até 11/06/08 os valores

serão restituídos). Ele faz isso para preservar os cofres da Previdência.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era

inconstitucional. Não houve modulação dos efeitos. Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito,

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44ou seja, a restituição dos valores pagos. O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão. No momento

em que o contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido de que o prazo prescricional tinha

início a partir da data da declaração de inconstitucionalidade da exação pelo STF no controle concentrado, ou de

resolução do Senado Federal, no controle difuso. Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão

abrupta de sua jurisprudência para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o

transcurso do prazo prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data da

decisão do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC). Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o

contribuinte – que já estava com a sua ação em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição. O STF,

contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos processos em curso. Para o

Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do prazo prescricional às pretensões já ajuizadas, em

afronta ao princípio da segurança jurídica e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre

os quais se assenta o próprio Estado Democrático de Direito. A modificação na jurisprudência em matéria de

prescrição não pode retroagir para considerar prescrita pretensão que não o era à época do ajuizamento da ação,

em respeito ao posicionamento anteriormente consolidado. Toda inflexão jurisprudencial que importe restrição a

direitos dos cidadãos deve observar certa regra de transição para produção de seus efeitos, levando em

consideração os comportamentos então tidos como legítimos, porquanto praticados em conformidade com a

orientação prevalecente, em homenagem aos valores e princípios constitucionais. STF. 2ª Turma. ARE 951533/ES,

Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o Min. Dias Toffoli, julgado em 12/6/2018 (Info 906).

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta

Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de

pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II,

das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

# OBS. INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE DECADÊNCIA.

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4605. PRESCRIÇÃO

5.1. FUNDAMENTO

Art. 174, CTN

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua

constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de

2005)

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo

devedor.

5.2. CONCEITO

Prescrição é a perda da pretensão de ingressar judicialmente com uma ação. É a perda do direito de cobrar

judicialmente o tributo/penalidade. Esse prazo está previsto no art. 174 CTN e ele é de cinco anos, contados da

data da constituição definitiva do CT.

Ocorre quando a Fazenda Pública, tendo o crédito devidamente apurado e não pago, não realiza a cobrança

judicial no prazo fixado em lei. Em outras palavras, prescrição é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do

crédito tributário. A prescrição sob a ótica do direito do contribuinte de pleitear a restituição de eventual indébito

foi vista acima, no tópico sobre restituição (a saber: o pagamento de crédito tributário extinto pela prescrição gera

direito à repetição de indébito).

Termo inicial: Constituição definitiva do crédito tributário. Com a notificação inicial, abre-se um prazo pra o

contribuinte pagar ou impugnar. Só após o transcurso desse prazo sem pagamento ou impugnação ou ao final

desta é que a constituição do crédito será definitiva. Entre a notificação preliminar e a constituição definitiva não

corre prescrição nem decadência. A declaração do contribuinte também dá início ao prazo, conforme acima

explicado.

A constituição definitiva representa o primeiro momento de exigibilidade do crédito tributário. Deve-se

questionar, então, quem constituiu o crédito tributário, a Administração Tributária (lançamento) ou o

contribuinte (declaração).

a) Constituição do crédito tributário pela Administração (lançamento)

- A Administração notifica o lançamento, abrindo o prazo de 30 dias para que o contribuinte resolva o que fazer.

Ele poderá pagar o crédito, impugnar ou simplesmente ignorar o pagamento.

- A impugnação dá início a processo administrativo, suspendendo a exigibilidade do crédito. A constituição

definitiva se dará com a decisão final na esfera administrativa.

Se o contribuinte nada faz, o crédito fica em aberto e é constituído no 31º dia.

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47b) Constituição do crédito tributário pelo sujeito passivo (declaração)

- Se o fato gerador é praticado, o contribuinte faz a declaração, mas não paga o tributo. O crédito estará

constituído e será inscrito em dívida ativa, originando certidão de dívida ativa e possibilitando o ajuizamento da

execução fiscal. Segundo o STJ, nesses casos, o prazo prescricional começa com o vencimento do tributo, pois é

nesse momento que se reconhece a exigibilidade.

- Porém, há um caso específico que deve ser considerado: se o sujeito realiza o fato gerador, mas não faz a

declaração nem o pagamento, terá que ser realizado o lançamento, sob pena de decadência. Em seguida, se o

contribuinte entregar uma declaração tardia, mas continuar sem pagar o tributo, o STJ afirma que é da declaração

tardia que começa a contar o prazo de 05 anos.

# Em resumo, o prazo de prescrição terá início no vencimento do tributo ou na data da declaração, o que

acontecer por último (REsp 1.120.295).

Início da prescrição

Declarou antes do vencimento e não pagou Do vencimento

Declarou após o vencimento e não pagou Da declaração

5.3. CARACTERÍSTICAS

Prescrição também é considerada como norma geral de Direito Tributário;

Depende de Lei Complementar – por ser uma norma geral de Direito Tributário;

O seu prazo é de 5 anos;

Corresponde ao espaço de tempo que a Fazenda Pública tem para ajuizar uma execução fiscal;

A prescrição corresponde a hipóteses suspensivas e interruptivas

# OBS.: Fato Gerador Obrigação Tributária – lançamento Crédito Tributário Execução Fiscal.

- É nesse espaço de tempo entre o crédito tributário e a execução fiscal que corre o prazo prescricional de 5 anos.

5.4. CONTAGEM

Prazo: cinco anos (CTN)

# OBS.: Prazo prescricional de contribuições para a Seguridade Social: idem item trabalhado na decadência.

Art. 174, CTN

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua

constituição definitiva.

# OBS.: Existe uma diferença entre crédito tributário constituído e crédito tributário definitivamente constituído.

A) 1a SITUAÇÃO – CRÉDITO TRIBUTÁRIO CONSTITUÍDO

- Ele se dá a partir do lançamento. Portanto, o prazo prescricional não é contado da data do lançamento – é

contado a partir do momento em que o crédito estiver definitivamente constituído (que é a segunda situação).

B) 2a SITUAÇÃO – CRÉDITO DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO

- O CTN, por sua vez, não torna isso tão claro.

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48- Mas essa definitividade se dá:

a) No 31o dia da data do lançamento ou;

b) Na data da decisão administrativa irreformável.

Nesse caso, há o lançamento, que naturalmente constitui o crédito tributário – com a constituição do crédito,

abre-se um prazo de 30 dias para que, dentro desse prazo, o contribuinte possa pagar ou apresentar uma defesa

administrativa (um recurso, uma impugnação administrativa, por exemplo).

Se o contribuinte não paga e não apresenta defesa administrativa, o crédito é considerado definitivo no 31 o da

data do lançamento.

Se o contribuinte não paga, porém apresenta o recurso, a defesa administrativa, o crédito tributário será

considerado definitivo apenas, e tão somente, na data da decisão administrativa irreformável.

# OBS.: O prazo prescricional só se inicia quando o crédito estiver definitivamente constituído.

# OBS.2: QUESTÕES DE PROVA:

Art. 43, Decreto 70.235/72 (regula o Processo Administrativo Fiscal): ele diz que quando o contribuinte

ingressa com uma defesa administrativa, terá discussão em várias instâncias, até sair uma decisão

administrativa irreformável. Quando se publica essa decisão administrativa irreformável, de acordo com

esse art. 43, da data da decisão, há um prazo de 30 dias para o contribuinte pagar o tributo (tributos

federais – não vale para tributos estaduais), e cumprir a decisão. O prazo prescricional, nesse caso,

começa a contar da onde? Do 31o da decisão administrativa, ou da data da decisão administrativa?

Quando o Crédito Tributário foi definitivamente considerado constituído? O prazo da prescrição é

contado da data da decisão administrativa irreformável – o crédito é definitivamente constituído na

data da decisão administrativa (e não após o 31o da decisão – o crédito tributário é constituído, nesse

caso, no 31o da data do lançamento – o que não tem nada a ver com essa situação, pois não se trata de

um lançamento, mas sim de uma decisão administrativa).

Tributo declarado, porém não pago. Quando começa a correr a prescrição? REsp 112.7224/SP: a

prescrição se inicia: ou no dia seguinte ao vencimento (que é o 31o da data do lançamento), ou da data da

declaração do tributo (porque nesse momento fica constituído o crédito tributário).

5.5. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

O fundamento está no art. 174, parágrafo único, CTN:

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de

2005)

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo

devedor.

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49 Convém salientar que, antes da LC 118/2005, o CTN trazia a previsão de que a prescrição era interrompida não

pelo despacho do juiz que ordena a citação, mas pela efetiva citação pessoal do devedor. Tal alteração foi

motivada principalmente porque, a despeito de a Lei 6.830/80 já prever, desde longa data, a interrupção da

prescrição com o despacho do juiz que ordena a citação, a jurisprudência vinha restringindo essa hipótese para

créditos não tributários, visto que na esfera tributária a matéria deve ser regulada por lei complementar. É

importante notar que essa norma do CTN deve ser interpretada em conjunto com o CPC. Assim, uma vez citado o

executado, o momento da interrupção da prescrição retroage para a data da propositura da ação (STJ).

A) DESPACHO DO JUIZ QUE ORDENAR A CITAÇÃO

Inciso I.

- Esse despacho do juiz que ordena a citação, no processo, aparece como “CITE-SE”.

O que interrompe o prazo prescricional é o despacho que ordena a citação. Não é a citação válida, não é na

data da citação – o que interrompe o prazo prescricional é antes que isso aconteça. A prescrição é interrompida

na data do despacho e não da citação.

# OBS.: Posicionamento do STJ: Para o STJ, aplica-se em matéria tributária a Súmula 106, STJ

“Proposta a ação no prazo fixado para seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao

mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”.

- O STJ deixa claro que a morosidade do judiciário não pode servir de desculpa para a ocorrência de decadência

ou prescrição.

- Ex.: A execução fiscal foi ajuizada quando o prazo prescricional estava em 4 anos e 10 meses (o prazo total para

a prescrição é de 5 anos) – mas do ajuizamento até o despacho que ordena a citação, passou um ano, e o prazo

de prescrição estava em 5 anos e 10 meses. Nesse caso, pode o contribuinte alegar a prescrição? Nesse caso, não

prescreveu, porque aplica a súmula 106 do STJ, e cabe a orientação do CPC, art. 240, parágrafo 1o.

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna

litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406,

de 10 de janeiro de 2002 ( Código Civil ).

§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por

juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

- É importante verificar, portanto, se na data do ajuizamento da execução fiscal ainda estava dentro do prazo

prescricional ou já tinha ultrapassado esse prazo.

- Mesmo que o despacho tenha sido proferido fora do prazo dos 5 anos, o importante mesmo é observar se

estava no prazo na data do ajuizamento da ação.

B) PROTESTO JUDICIAL

É uma petição dirigida ao juiz, visando assegurar os direitos eventualmente já existentes.

É tratado no CPC/15 – art. 726 a 729.

# OBS.: Não tem relação com o protesto em cartório – muito embora ele seja cabível em matéria tributária.

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50- O protesto judicial não é igual ao protesto em cartório. Primeiro, porque o protesto em cartório é extrajudicial, e

ele tem a sua regulação pela Lei 12.767/12.

- Até 2012 STJ se manifestavano sentido de que uma dívida tributária não podia ser protestada em cartório. Mas

essa lei de 2012 regulou o protesto em cartório da dívida tributária.

- Hoje, com base nessa lei, pode protestar dívida tributária em cartório e há jurisprudência nesse sentido – REsp

112.6515/PR.

- Mas, mesmo assim, ainda não se confunde com o protesto judicial. É outro instituto.

C) QUALQUER ATO JUDICIAL QUE CONSTITUA EM MORA O DEVEDOR

Qualquer ato pelo qual o sujeito ativo (o exequente) manifeste sua vontade de cobrar a dívida.

D) QUALQUER ATO INEQUÍVOCO (MESMO QUE EXTRAJUDICIAL) QUE IMPORTE EM RECONHECIMENTO DO

DÉBITO PELO DEVEDOR

Nas três primeiras formas de interrupção, as três primeiras são estritamente judicial, e apenas a ultima admite

um ato extrajudicial.

# EXEMPLO:

- Parcelamento: é uma forma de reconhecimento do débito (quando o contribuinte se vale do parcelamento), e

tem natureza extrajudicial. Mas, o parcelamento:

Quando requerido, quando o executado pede o parcelamento, ele está admitindo a dívida, e, portanto,

na data do requerimento desse pedido, há a interrupção do prazo prescricional.

Quando deferido (uma coisa é pedir, outra coisa é o deferimento pelo Fisco do pedido de parcelamento),

o fisco concede o benefício e, no deferimento desse pedido, o prazo prescricional que estava

interrompido fica suspenso.

Confissão da dívida. Ex. pedir parcelamento

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51*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: As condições para a concessão de parcelamento tributário devem

estrita observância ao princípio da legalidade e não há autorização para que atos infralegais tratem de condições

não previstas na lei de regência do benefício. STJ. 1ª Turma. REsp 1.739.641-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado

em 21/06/2018 (Info 629).

5.6. SUSPENSÃO

Diferentemente das hipóteses de interrupção, as hipóteses de suspensão não estão expressas no CTN. Mas a

jurisprudência é pacífica no sentido de que, apesar não estar expresso no CTN, admitem-se sim hipóteses de

suspensão do prazo prescricional – REsp 542.975/SC.

As hipóteses que suspendem o prazo prescricional estão no Art. 151, CTN:

Tutela antecipada;

Liminar’

Parcelamento;

Depósito;

Moratória;

Recursos Administrativos.

# OBS.: Essas hipóteses têm duas finalidades: suspendem a exigibilidade do crédito tributário, e também suspense

o curso da prescrição.

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;

VI – o parcelamento.

* A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a retomada do lapso

prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida constante do art. 151 do CTN ou recurso

especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo. STJ. 1ª Seção. EAREsp 407.940-RS, Rel. Min. Og Fernandes,

julgado em 10/5/2017 (Info 605).

*#OUSEBABER: Qual a diferença entre moratória e parcelamento?Ambos os institutos configuram hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, consoante

art. 151, I e VI, CTN.

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52Em termos simples, a moratória é a postergação do prazo originariamente previsto para o pagamento do

tributo; o parcelamento é a possibilidade de pagar o crédito tributário em parcelas. Conforme Leandro Paulsen: Moratória (art. 151, I) é prorrogação do prazo de vencimento do tributo. O

parcelamento é espécie de moratória através da qual se permite o pagamento do débito tributário em diversas prestações, de modo que, a cada mês, só seja exigível uma parcela, e não o todo.

Há quem distinga parcelamento, de um lado, de moratória, de outro, entendendo que aquele pressupõe dívida vencida, abrangendo multa e juros, e que esta se dá antes do vencimento. O entendimento predominante, contudo, é no sentido de que a moratória é prorrogação do prazo para pagamento, com ou sem parcelamento.

De acordo com o entendimento do STJ, é válido o condicionamento legal de desistência da ação em que se discuta o respectivo crédito tributário, para fruição de benefício fiscal.

5.6.1. SUSPENSÃO NA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL – Lei 6.830/80

A hipótese de suspensão indicada pela lei de execuções fiscais.

- Ela é expressa quanto a uma modalidade de suspensão da prescrição.

- Art. 2o, Parágrafo 3o, da Lei

Art. 2o. Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não na Lei n. 4.320,

de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro

para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal.

Parágrafo 3o. A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo

órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os

efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo

aquele prazo.

No momento da inscrição da dívida ativa (em que o crédito tributário foi inscrito na dívida ativa), o prazo

prescricional que é de 5 anos será suspenso por 180 dias – assim, na prática, o prazo de prescrição para a dívida

ativa é de 5 anos mais 180 dias. O prazo de prescrição é de 5 anos, mas esse prazo ficará parado em 180 dias –

mas isso de acordo com o paragrafo 3o do art. 2o da Lei.

- Essa hipótese de suspensão é válida ou não?

A prescrição é uma norma geral de direito tributário e, por isso, depende de lei complementar. Como pode,

então, a Lei 6830/80, que é uma Lei Ordinária, dispor sobre uma hipótese de suspensão? Não pode. Segundo o

STJ, o art. 2o, parágrafo 3o da Lei de Execuções Fiscais não se aplica em matéria tributária, no Direito Tributário,

porque não pode uma lei ordinária versar sobre um tema dependente de lei complementar.

- Esse dispositivo não é inconstitucional – ele é apenas, segundo o STJ, inaplicável em matéria tributária – REsp

116.5216/SE.

- Esse dispositivo é válido, mas só não é aplicável em matéria tributária – esse dispositivo se aplica a dívida de

natureza não tributária. Ex.: multa de trânsito.

5.6.2. NOVA LEI DE FALÊNCIAS – LEI 11.101/2005

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53 Por fim, devem-se destacar as novas disposições da Lei nº 11.101/2005 (nova lei de falências):

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o

curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores

particulares do sócio solidário.

§ 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma

excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do

processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de

iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial ,

ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação

ordinária específica.

Não há, ainda, jurisprudência acerca da aplicação da hipótese de suspensão em foco no âmbito tributário. O §7º

trata da não suspensão da marcha processual das execuções fiscais, mas não há nada específico quanto à fluência

do prazo prescricional de créditos tributários. Pensamos que, uma vez que o Fisco não se encontra inibido de

buscar a cobrança judicial de seu crédito, não há que se falar em suspensão da prescrição do crédito tributário em

caso de falência ou de recuperação judicial.

5.6.3. CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA

Ocorre quando o depósito, judicial ou administrativo, cujo efeito era a suspensão da exigibilidade do crédito

tributário, ingressa definitivamente nos cofres públicos, superada, em favor do Fisco, a discussão acerca da licitude

do tributo.

- A conversão só ocorre após o trânsito em julgado. É irrelevante para o fim de conversão, se o processo findou em

favor do fisco com ou sem julgamento do mérito. Admite-se a conversão parcial dos depósitos em renda quando

ocorre a procedência parcial da ação judicial em que se discute a exação depositada. O depósito capaz de

suspender a exigibilidade do crédito é sempre o integral. O depósito integral, além de suspender a exigibilidade,

obsta a fluência dos juros. Também é possível ocorrer a conversão em sede de ação de consignação em

pagamento. Nesse caso (ação de consignação), o depósito é feito no valor que o contribuinte entende devido e a

conversão, no caso de improcedência do pedido, extingue apenas parcialmente o crédito.

- Para o STJ, nos casos em que transita em julgado uma decisão judicial extinguindo o processo sem julgamento

de mérito, o depósito deve ser convertido em renda, pois a única hipótese que ensejaria o levantamento do

depósito seria a decisão judicial passada em julgado em favor do sujeito passivo (contribuinte) (EREsp 215589, DJ

2007).

Algumas decisões do TRF1 e TRF5 envolvendo a matéria:

Débito tributário exigível obsta CND e legitima inscrição no CADIN; levantamento ou conversão em renda

do depósito judicial pressupõe trânsito em julgado. 7- Apelação provida em parte: segurança concedida

em parte. AMS 2005.34.00.022138-5/DF

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54 A conversão em renda dos valores (ou parte deles, no concreto) não se confunde com execução de

sentença de eficácia declaratória, sendo, simplesmente, "consequência natural do julgado (AGIAG

2002.01.00.042483-3/DF, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, Sétima Turma,DJ p.228

de 16/04/2004).

A desistência homologada da ação, para adesão a parcelamento (PAEX), autoriza o levantamento das

importâncias depositadas pela autora para a suspensão da exigibilidade de credito tributário. Permitir o

contrário (conversão do depósito em renda para União) é afastar, ou minimizar, o favor fiscal concedido

(parcelamento), pois quitaria a dívida, ou parte dela, descapitalizando o contribuinte. AC

2003.34.00.037673-3/DF, em jun/2009.

É devida a correção monetária pela taxa Selic nos depósitos judiciais efetuados com o propósito de

suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos moldes do art. 151, inciso II, do CTN. Inteligência do

art. 1º da Lei n. 9.703/98, c/c o art. 39, § 4º, da Lei n. 9.250/95.

O fato de ter havido desencontros entre a gerência do banco depositário e o depositante, levando ao

preenchimento de guia de depósito inespecífica para a operação, é matéria que refoge do âmbito jurídico,

não podendo ser alegada como forma de eximir a instituição financeira de suas responsabilidades legais.

AGA 2004.01.00.034182-4/MG, em ago/2010.

- Na conversão do depósito em renda, nas questões tributárias, deve ser restituída ao contribuinte a importância

que superar o débito.

- O depósito para suspender a exigibilidade do crédito tributário só pode ser convertido em renda da UNIÃO, ou

devolvido ao contribuinte, após o trânsito em julgado da sentença.

- Cessada a eficácia da medida cautelar de depósito que suspendia a exigibilidade do crédito tributário e

representando os depósitos já efetuados parcelas incontroversas do débito questionado, não há óbice à

conversão em renda do INSS, mesmo pendente de julgamento a ação principal.

5.7. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

Conceito: É quando a Execução Fiscal, uma vez arquivada, permanece paralisada por mais de 5 anos por inércia

da Fazenda Pública.

Fundamento: Art. 40, Lei de Execuções Fiscais

Etapas para ocorrer a Prescrição Intercorrente:

1. Ajuizamento da Execução Fiscal;

2. Citação do Executado;

3. Prazo de 5 dias para pagar ou garantir a dívida;

4. Não pagar ou não garantir o juízo – ficas inerte;

5. Não são encontrados bens penhoráveis;

6. O juiz suspense a Execução Fiscal por 1 ano;

7. O juiz arquiva a execução fiscal – manda arquivar os autos.

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558. Se o processo permanecer no arquivamento por mais de 5 anos por inércia da Fazenda, teremos

prescrição intercorrente – Prescrição Quinquenal Intercorrente.

# OBS.: A prescrição intercorrente só se inicia após o período em que o processo ficou suspenso por um ano.

- Súmula 314, STJ.

# Importante: A prescrição intercorrente pode ser decretada de ofício, desde que a Fazenda Pública seja

preliminarmente ouvida.

Súmula 314 – STJ – “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,

findo o qual inicia-se o prazo da prescrição quinquenal intercorrente”. A prescrição intercorrente pode ser

decretada de ofício, conforme alteração na Lei 6.830/80 efetuada pela Lei 11.051/2004: Art. 40 - § 4º Se da decisão

que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública,

poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

# OBS.1: TRF1 entende que o § 4º tem natureza processual, aplicando-se de imediato aos processos em curso. Há

posição diversa, sustentando que como esse parágrafo foi acrescentado pela Lei 11.051/04, o reconhecimento da

prescrição só se faria possível a partir de 2009, pois não se pode aplicar a lei retroativamente.

# OBS.2: A Primeira Seção, na assentada do dia 27 de maio de 2009, ao julgar o REsp 1.102.554/MG (Rel. Min.

Castro Meira), mediante a utilização da nova metodologia de julgamento de recursos repetitivos, prevista no art.

543-C do Código de Processo Civil (introduzido pela Lei 11.672/2008), teve oportunidade de apreciar a questão

controversa, referendando o seguinte posicionamento: "Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em

razão do pequeno valor do débito executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei 10.522/2002,

deve ser reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar paralisado por mais de cinco anos a contar da

decisão que determina o arquivamento, pois essa norma não constitui causa de suspensão do prazo prescricional"

(DJe de 8.6.2009).

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56# OBS.3: § 5º A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de

cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído

pela Lei nº 11.960, de 2009)

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iEste material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.