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Atividade de Português Aluno(a): Data: 13/07/2020 5º ano ____ I Unidade Área de Conhecimento: Português Professora: Incidentes e fatos banais do dia a dia, um mal – entendido, um engano ao fazer uma ligação telefônica, uma conversa ouvida por acaso... qualquer situação pode levar a cronista a criar uma excelente crônica, muitas delas bem-humoradas, como o que você lerá a seguir. Emergência É fácil identificar o passageiro de primeira viagem. É o que já entra no avião desconfiado. O cumprimento da aeromoça na porta do avião, já é um desafio para sua compreensão. Bom dia... Como assim? Ela faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao seu lado: Não encontro o buraquinho. Não tem buraquinho? Acaba esquecendo a fivela e dando um nó no cinto. Comenta, com um falso riso descontraído: “Até aqui, tudo bem”. O passageiro ao lado explica oferecer um jornal, mas ele recusa. Obrigado. Não bebo. Quando o avião começa a correr pela pista antes de levantar voo, ele é aquele com os olhos arregalados e a expressão de Santa Mãe do Céu! No rosto. Com o avião no ar, dá uma espiada pela janela e se arrepende. É a última espiada que dará pela janela. Mas o pior está por vir. De repente ele ouve uma misteriosa voz descarnada. Olha para todos os lados para descobrir de onde sai a voz. “Senhores passageiros, sua atenção, por favor. A seguir nosso pessoal de bordo fará uma demonstração de rotina do sistema de segurança deste aparelho. Há saídas de emergência na frente, nos dois lados e atrás.” Emergência? Que emergência? Quando eu comprei a passagem ninguém falou nada em emergência. Olha, o meu é sem emergência. Uma das aeromoças, de pé ao seu lado, tenta acalmá-lo. Colégio DÍNAMO Ser Dínamo faz a diferença.

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Page 1: colegiodinamo.files.wordpress.com  · Web viewCerto. Ninguém mais vai falar em banco flutuante. Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a respiração,

Atividade de Português

Aluno(a):

Data: 13/07/2020 5º ano ____ I Unidade

Área de Conhecimento: Português Professora:

Incidentes e fatos banais do dia a dia, um mal – entendido, um engano ao fazer uma ligação telefônica, uma conversa ouvida por acaso... qualquer situação pode levar a cronista a criar uma excelente crônica, muitas delas bem-humoradas, como o que você lerá a seguir.

Emergência

É fácil identificar o passageiro de primeira viagem. É o que já entra no avião desconfiado. O cumprimento da aeromoça na porta do avião, já é um desafio para sua compreensão.

Bom dia... Como assim?

Ela faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao seu lado:

Não encontro o buraquinho. Não tem buraquinho? Acaba esquecendo a fivela e dando um nó no cinto. Comenta, com um falso riso descontraído: “Até aqui, tudo bem”. O passageiro ao lado explica oferecer um jornal, mas ele recusa.

Obrigado. Não bebo. Quando o avião começa a correr pela pista antes de levantar voo, ele é aquele com os olhos arregalados e a expressão de Santa Mãe do Céu! No rosto. Com o avião no ar, dá uma espiada pela janela e se arrepende. É a última espiada que dará pela janela. Mas o pior está por vir. De repente ele ouve uma misteriosa voz descarnada. Olha para todos os lados para descobrir de onde sai a voz. “Senhores passageiros, sua atenção, por favor. A seguir nosso pessoal de bordo fará uma demonstração de rotina do sistema de segurança deste aparelho. Há saídas de emergência na frente, nos dois lados e atrás.”

Emergência? Que emergência? Quando eu comprei a passagem ninguém falou nada em emergência. Olha, o meu é sem emergência.

Uma das aeromoças, de pé ao seu lado, tenta acalmá-lo. Isto é apenas rotina, cavalheiro. Odeio a rotina. Aposto que você diz isso para todos. Ai meu santo.

ColégioDÍNAMO

Ser Dínamo faz a diferença.

Page 2: colegiodinamo.files.wordpress.com  · Web viewCerto. Ninguém mais vai falar em banco flutuante. Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a respiração,

“No caso de despressurização da cabina, máscaras de oxigênio cairão automaticamente de seus compartimentos.”

Que história é essa? Que despressurização? Que cabina?“Puxe a máscara em sua direção. Isso acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a máscara sobre o rosto e respire normalmente.”

Respirar normalmente?! A cabina despressurizada, máscaras de oxigênio caindo sobre nossas cabeças – e ele quer que a gente respire normalmente?!

“Em caso de pouso forçado na água...” O quê?!

“...os assentos de suas cadeiras são flutuantes e podem ser levados para fora do aparelho e...”

Essa não! Brancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos flutuantes! Calma, cavalheiro. Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem! Cavalheiro, por favor. Fique calmo. Eu estou calmo. Calmíssimo. Você é que está nervosa e, não sei por quê está

tentando arrancar as minhas mãos do pescoço deste cavalheiro ao meu lado. Que aliás, também parece consternado e levemente azul.

Calma! Isso. Pronto. Fique tranquilo. Não vai acontecer nada. Só não quero mais ouvir falar em banco flutuante. Certo. Ninguém mais vai falar em banco flutuante.

Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a respiração, e pede desculpas. Perdeu a cabeça.

É que banco flutuante foi demais. Imagine só. Todo mundo flutuando sentado. Fazendo sala no oceano Atlântico!

A aeromoça diz que lhe vai trazer um calmante e aí mesmo é que ele dá um pulso: Calmante, por quê? O que é que está acontecendo? Vocês estão me

escondendo alguma coisa! Finalmente, a muito custo, conseguem acalmá-lo. Ele fica rígido na cadeira. Recusa tudo que lhe é oferecido. Não quer o almoço. Pergunta se pode receber a sua comida em dinheiro. Deixa cair a cabeça para trás e tenta dormir. Mas, a cada sacudida do avião, abre os olhos e fica cuidando da portinha do compartimento sobre sua cabeça, de onde, a qualquer momento, pode pular uma máscara de oxigênio e matá-lo do coração. De repente, outra voz, Desta vez é a do comandante.

Senhores passageiros, aqui fala o comandante Araújo. Neste momento, à nossa direita, podemos ver a cidade de...

Ele pula outra vez da cadeira e grita para a cabina do piloto:

Olha pra a frente. Araújo! Olha para a frente!

VERISSIMO, Luiz Fernando. Crônicas. São Paulo: Ática, 2002(Para gostar de ler)

1) Recorde este trecho da crônica.

Glossário

despressurização: pera de oxigênio no interior do avião por causa de problemas na aeronave ou no voo.

Consternado: abalado, aflito, chocado, de ânimo abatido.

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“Puxe a máscara em sua direção. Isso acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a máscara sobre o rosto e respire normalmente.”

a) Nesse contexto, qual o sentindo do suprimento?

( ) segurança (X ) fornecimento ( ) alimento

b) Em que situação os passageiros deveriam usar a máscara de oxigênio? Os passageiros deveriam usar a máscara no caso de despressurização da cabina

2) Qual destas finalidades discursivas está presente em “Emergência”?

( ) Informar ao leitor como se deve proceder em um voo. ( ) Elogiar o trabalho da aeromoça por ter sido paciente. ( x ) Entreter e divertir o leitor por meio de uma narração humorística. ( ) Noticiar um fato importante e de interesse público.

3) Quais os sentimentos do passageiro ao entrar na aeronave?

( ) tristeza ( x ) medo ( x ) ansiedade ( x ) desconfiança

4) Que fatos o deixaram ainda mais temeroso e descontrolado?

O fato de saber das saídas de emergência, de precisar usar máscaras no caso de despressurização da cabina e que os assentos de suas cadeiras são flutuantes.

5) A expressão marinheiro de primeira viagem é usada para se referir a pessoas que fazem algo pela primeira vez. Inexperiente.

a) Como a expressão aparece no texto? Com que significado?

“É fácil identificar o passageiro de primeira viagem”.Aquele que está viajando de avião pela primeira vez.

b) A postura confiante dos outros passageiros e da tripulação ajudava o passageiro a se controlar emocionalmente? Explique.

Não. Ele está tão apreensivo que não ouve as explicações e quando ouve não entende.

6) Releia este trecho da crônica.

- Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem!

a) Que informação deixou o passageiro nesse desespero?

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“Em caso de pouso forçado na água os assentos de suas cadeiras são flutuantes e podem ser levados para fora do aparelho e...”A informação de que os assentos eram flutuantes.

b) Que ação o passageiro realizou na sequência? “Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem!

__

c) A que se refere troço no trecho acima?

Se refere ao avião.

d) Ao perguntar “Onde está a cordinha?”, o passageiro associa o avião a que outro meio de transporte?” Comente.

Associa ao ônibus. Pois no ônibus, o passageiro puxa a cordinha para avisar ao motorista o ponto onde vai descer.

7) No final, o personagem principal grita:

- Olha para a frente, Araújo! Olha para a frente!

a) Quem é Araújo? O comandante do avião.

b) Copie a melhor opção. Com esse pedido, o personagem deseja que Araújo:

( ) pare de brincar( x ) preste atenção

( ) pare de falar ( ) veja algo que se aproxima

c) Ao pedir a Araújo que olhe para frente, o personagem principal:

( ) acredita que o avião está descendo em um aeroporto errado. ( ) supõe que, perigosamente, o avião está perdendo altitude. ( x ) Associa a ação de pilotar avião a dirigir veículos terrestres, em que é preciso olhar para a frente a fim de evitar acidentes. TEXTO II

A ESTRANHA PASSAGEIRA– O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de

voo – e riu nervosinha, coitada.Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e

isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu

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comprara no aeroporto, para me distrair na viagem. Suspirei e fiz o “bacana” respondendo que estava às suas ordens.

Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e a arrumar todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação em sua farta cintura.

Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula.

– Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.

– É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam

qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:– Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue (embora com tantas carnes parecesse um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para todos os lados.

O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:

– Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência,

isto é, em caso de necessidade, saía-se por ela.Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o

término do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir os jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.

Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:

– Puxa vida!!!Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:– Olha lá embaixo.Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o

pessoal lá embaixo até parece formiga.Suspirei e lasquei:– Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo.

Stanislaw Ponte Preta

8. Substitua os termos sublinhados por sinônimos, reescrevendo as frases e fazendo as alterações necessárias.

a) “Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial.”Lá se ia a chance de ler o romance policial.

ENGANO – MANGAR – COCHILO – ACANHAMENTO – ABUNDANTE - CHANCE

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b) “Tive que realizar essa operação em sua farta cintura.”Tive que realizar essa operação em sua abundante cintura.

c) “... a zombar do meu embaraço...”A mangar do meu acanhamento.

d) “Fingiram ignorar o lamentável equivoco da incomoda passageira.”

Fingiram ignorar o lamentável engano da incômoda passageira.

e) “... para tirarem uma pestana durante a viagem.”Para tirarem um cochilo durante a viagem.

9. De acordo com as características dessa crônica, é correto afirmar que se trata de um texto:

( ) Narrativo, pois conta um fato por meio das linguagens verbal e não verbal. ( x ) Narrativo, pois conta, em primeira pessoa, um fato que se pode ser verídico ou fictício. ( ) Narrativo, pois conta, em terceira pessoa, um fato que pode ser verídico ou fictício. ( ) Descritivo, pois o autor explora as características físicas das personagens.

10. “É a primeira vez que viajo de avião.” Esta afirmação iria se comprovar durante toda a crônica, tais como os “vexames” dados pela senhora. Assinale a frase que não demonstre um deles:

( ) “Para que esse saquinho ai?”( ) “No avião não tem banheiro?”( ) “Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só pra ela?”(x ) “Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona...” ( ) “... mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás...”

11. No título da crônica, a passageira é chamada de “estranha”. Outras qualificações podem ser dadas a ela depois que lemos integralmente a crônica. Assinale a que não lhe corresponde.

( ) Inexperiente (x ) Envergonhado ( ) Incômoda ( ) Embaraçante

12. “Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos...”. Com o verbo “sobraçar” o narrador quer dizer que a madama:

( ) levava mais embrulhos do que era possível. ( ) levava embrulhos de baixo do braço.( x ) carregava um monte de embrulhos que eram abraçados por ela.

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( ) trazia um monte de embrulhos que eram abraçados por ela.

13. Informe uma semelhança e uma diferença entre os textos lidos.

Semelhança Os dois textos são crônicas e narram a primeira viagem do personagemDiferença O primeiro texto foi escrito em 3ª pessoa e o segundo, em 1ª pessoa14. Faça a análise morfológica das palavras sublinhadas nas frases abaixo.a) “Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe.”

EU – Pronome pessoal do caso reto, 1ª pessoa do singular

ME – Pronome pessoal do caso oblíquo, 1ª pessoa do singular

ISTO – Pronome demonstrativo

LHE – Pronome oblíquo, 3ª pessoa do singular

b) “O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem.”O – Artigo definido, masculino, singular

AERONAVE – Substantivo comum, feminino, composto

DE DECOLAGEM – Locução adjetiva

c) “Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa.”MINHA – Pronome possessivo, 1ª pessoa do singular

BANCO – Substantivo simples, comum, primitivo, masculino, singular

QUALQUER – Pronome indefinido, singular

UM ABRAÇO BEM APERTADO!