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1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA (SOBRATI) MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA LEILIANE DE QUEIROZ OLIVEIRA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SAE NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL EM JUAZEIRO DO NORTE - CE

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA (SOBRATI)

MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA

LEILIANE DE QUEIROZ OLIVEIRA

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SAE

NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL EM JUAZEIRO DO NORTE - CE

JOÃO PESSOA – PB

2015

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LEILIANE DE QUEIROZ OLIVEIRA

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SAE

NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL EM JUAZEIRO DO NORTE - CE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Orientadora: Prof. Ms. Yonnara Maria Teixeira Silva

JOAO PESSOA - PB2015

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LEILIANE DE QUEIROZ OLIVEIRA

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SAE

NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL EM JUAZEIRO DO NORTE - CE

Esta dissertação de mestrado faz parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________Prof. Msc. Yonnara Maria Teixeira Silva

Orientadora

____________________________________________Prof. Dr. Douglas c. Ferrari

Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATIExaminador

________________________________________Examinador

________________________________________Examinador

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RESUMO

Como ciência, a enfermagem vem buscando a estruturação dos seus valores profissionais, além de ter o desafio de promover o desenvolvimento de sua equipe, com assistência de enfermagem de qualidade e bem fundamentada, e para isso, é necessária que modifique o uso de intervenções sem planejamento e sem reflexão científica. A enfermagem se utiliza de um modelo de processo de trabalho que sistematiza a assistência e direciona o cuidado: a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE. A SAE torna-se uma estratégia que facilita e possibilita a construção profissional da autonomia profissional, bem como um instrumento norteador da assistência, do ensino e da pesquisa e da qualidade da assistência. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivos compartilhar a experiência vivenciada pela equipe de enfermeiros de um Hospital Pediátrico da cidade de Juazeiro do Norte – CE, diante da implantação do processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem. Para dar aprofundamento a temática, tomamos como objetivo geral do nosso trabalho: OBJETIVO GERAL: Apresentar a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE implantada em na urgência pediátrica de um hospital da cidade de Juazeiro do Norte – CE, através da instrumentalização de um formulário. Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. Para implantar a SAE foi criado um instrumento que contempla todas as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O formulário teve objetivo de facilitar o registro realizado pelos profissionais, devido à falta de tempo dos mesmos e a necessidade de registro rápido e que contemplasse a maior quantidade de informações necessárias para o desenvolvimento do plano de cuidados. Utilizaram-se os sistemas de avaliação do exame físico geral com registro através de check list. Apesar das grandes dificuldades enfrentadas pudemos observar que o processo utilizado jamais seria possível sem a ajuda dos acadêmicos de enfermagem; que a trajetória utilizada para construção desse instrumento de trabalho, só foi possível devido a determinação de todos que dela compartilharam, e que o resultado é o crescimento profissional individual e um produto coletivo. A aplicação do processo, melhorou a qualidade dos registros de enfermagem, a autonomia profissional, a tomada de decisões frente a assistência a ser prestada e estabelecimento de parâmetros de resultados de qualidade, tornando visível o trabalho da enfermagem.

Palavras-chave: Enfermagem, Processo de Enfermagem, Urgência Pediátrica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 05

OBJETIVOS..................................................................................................... 08

2 DISCUSSÃO E RESULTADOS.................................................................... 09

DO CONTEXTO HISTÓRICO À REALIDADE DA PRÁTICA........................... 09

OBSTÁCULOS E VANTAGENS À IMPLANTÃO DA SAE.............................. 11

SISTEMATIZAR A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA NECESSIDADE

EFETIVA PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM.......................................... 12

2.1 IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM................................................................................................ 14

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 20

REFERÊNCIAS................................................................................................ 22

APÊNDICE....................................................................................................... 25

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1 INTRODUÇÃO

Diante do processo de mudanças ao longo da história,

especialmente nas inovações que cercam a área da saúde, a enfermagem tem

vivenciado diferentes formas de abordar o processo saúde doença dos clientes

sob seus cuidados; a formação dos enfermeiros tem sofrido alterações,

tomando como premissa a necessidade dos cuidados das populações em

diferentes momentos.

Como ciência, a enfermagem vem buscando a estruturação dos

seus valores profissionais, além de ter o desafio de promover o

desenvolvimento de sua equipe, com assistência de enfermagem de qualidade

e bem fundamentada, e para isso, é necessária que modifique o uso de

intervenções sem planejamento e sem reflexão científica (DOS SANTOS,

2014).

A enfermagem se utiliza de um modelo de processo de trabalho que

sistematiza a assistência e direciona o cuidado: a Sistematização da

Assistência de Enfermagem – SAE consiste no direcionamento maior do

Processo de Enfermagem, através do qual ocorre o desenvolvimento e

organização do trabalho da equipe pela qual o enfermeiro é responsável. Ela

representa o instrumento de trabalho do enfermeiro com objetivo de

identificação das necessidades individuais de cada paciente, contribuindo

assim para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do

indivíduo, família e comunidade (MENEZES, PRIEL, PEREIRA, 2010).

Essa metodologia foi introduzida nos cursos de enfermagem nas

décadas de 1920 e 30; e no Brasil, começou a ser implantada por volta de

1970 e 80, influenciada por Wanda de Aguiar Horta (DOS SANTOS, 2014).

O Processo de enfermagem ou SAE classificado segundo Wanda

Horta é constituído de 05 etapas: Histórico de Enfermagem – HE que

representa a Coleta de Dados e Exame físico; Diagnóstico de Enfermagem –

DE, que refere-se aos problemas identificados na fase anterior; Planejamento

de Enfermagem – PE; Implementação de Enfermagem – IE, que é a fase da

prescrição de Enfermagem e Avaliação de Enfermagem, que consiste na

Evolução de enfermagem (DOS SANTOS, 2014).

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Em 1986, o planejamento da assistência de enfermagem se tornou

uma imposição legal, de acordo com a Lei do Exercício Profissional nº 7.498 e

através da Resolução COFEN nº 272/2002, que descreve a importância da

normatização da SAE e que ela seria de incumbência privativa do enfermeiro.

No seu art. 2º, determina que a SAE deva ocorrer em toda instituição de saúde,

pública ou privada e no art. 3º determina que a mesma deverá ser registrada

formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário (REMIZOSKI, ROCHA,

VALL, 2010).

Na grande maioria dos estados, as instituições de saúde ainda não

aderem à implantação total e nem parcial da SAE após anos de sua criação e

mesmo oferecendo tantas vantagens para o profissional enfermeiro como: o

fato de dar segurança ao planejamento da assistência, execução e avaliação

das condutas de enfermagem, individualização da assistência, visibilidade e

autonomia para o enfermeiro, além de diminuir o tempo de hospitalização e

conseqüentemente economia de recursos; sua implantação ainda não ocorreu

efetivamente (DOS SANTOS, 2014).

Acredita-se que isso se deva a uma série de obstáculos que

necessitam ser vencidos por parte da equipe de enfermagem, como: a falta de

conhecimento por parte da equipe de enfermagem, o número reduzido de

enfermeiros nos serviços, o envolvimento no processo, a valorização por parte

da administração da instituição. Para realizar a SAE requer ainda, base

científica, conhecimento, habilidades e assumir um compromisso ético com o

cuidado do outro (SANTOS, 2014).

A SAE torna-se uma estratégia que facilita e possibilita a construção

profissional da autonomia profissional, bem como um instrumento norteador da

assistência, do ensino, da pesquisa e da qualidade da assistência.

Nos diversos setores do hospital é imprescindível a execução de

cuidados individualizados, baseados em teorias validadas e evidenciadas,

como os setores de urgência e emergência, unidades de tratamento intensivas;

bem como os diversos setores hospitalares, pois a SAE, organiza, planeja

ações que são executadas de forma a proporcionar assistência de qualidade.

Nesses ambientes, compete ao enfermeiro prestar assistência de enfermagem

especializada, com planejamento e organização dos cuidados ao paciente

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crítico, associando seu conhecimento técnico-científico, à patologia e as

necessidades individuais de cada paciente e família (SANTOS, 2014).

Alguns autores enfatizam ainda que, a SAE se torna um instrumento

que permite a comunicação multiprofissional diante das informações que o

mesmo oferece, criando vínculo entre os profissionais, visando uma assistência

qualificada e ressalta a importância das informações no prontuário, onde além

de proporcionar a organização do cuidado, também permite que o enfermeiro

tenha maior autonomia diante dos demais profissionais de saúde (SANTOS,

2014).

Neste sentido, o presente estudo tem como objetivos compartilhar a

experiência vivenciada pela equipe de enfermeiros de um Hospital Pediátrico

da cidade de Juazeiro do Norte – CE, diante da implantação do processo de

Sistematização da Assistência de Enfermagem.

Nossa motivação em realizar o presente trabalho esta no fato de

considerar a SAE um instrumento de grande importância na efetivação da

qualidade da prática de enfermagem, da assistência individualizada, com

também, pelo fato de termos o referido hospital como campo de estágio de

enfermagem de todas as faculdades de graduação em Enfermagem e técnicos

de enfermagem da região do Cariri; o que possibilitará a divulgação da

aplicabilidade da SAE, bem como a aceitação da equipe multiprofissional e o

reconhecimento da enfermagem com profissão de base cientifica e garantia do

espaço profissional com responsabilidade e compromisso ético.

Para tanto, adotaremos o método descritivo segundo as etapas

seqüenciais da realidade de implantação da SAE do Hospital Infantil, da qual

participei na qualidade de gerente de enfermagem e enfermeira assistencial da

referida unidade.

A fundamentação teórico-metodológica se baseou na literatura

científica e na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) descrita

na literatura utilizada para o estudo. Para tanto, nos baseamos em Marconi,

Lakatos (2010) que se utiliza da abordagem exploratória com a finalidade de

obter familiaridade com o fato, permitindo a descrição de objetos de tanto

qualitativos, quanto quantitativos. E ainda, segundo Gil (2002, p.41), esse

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metodologia também pode “proporcionar maior familiaridade com o problema,

com vistas a torná-lo mais explícito”.

Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa,

do tipo relato de experiência. È uma modalidade de estudo que permite uma

investigar para se preservar as características holísticas e significativas de

episódios da vida real, como ciclos de vida individuais e processos

organizacionais e administrativos. Este tipo de estudo contribui ainda, de

maneira inigualável para a compreensão dos fenômenos individuais,

organizacionais, sociais e políticos.

Para dar aprofundamento a temática, tomamos como objetivo geral

do nosso trabalho:

OBJETIVO GERAL

Apresentar a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE

implantada em na urgência pediátrica de um hospital da cidade de

Juazeiro do Norte – CE, através da instrumentalização de um formulário.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compartilhar a experiência vivenciada pela equipe de enfermeiros de um

Hospital Pediátrico da cidade de Juazeiro do Norte – CE, diante da

implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem na

urgência pediátrica;

Divulgar a importância na efetivação da qualidade da prática de

enfermagem, na assistência individualizada através da implantação da

SAE

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2 DISCUSSÃO E RESULTADOS

DO CONTEXTO HISTÓRICO À REALIDADE DA PRÁTICA

Atualmente, a enfermagem é baseada em conhecimento científico e

não apenas em cuidados generalizados guiados pelo pensamento médico

como era há alguns séculos. A pratica da SAE imprime a possibilidade de o

enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento pela

qualidade do cuidado prestado ao paciente.

Por volta do século XIX Florence Nightingale inicia a história da

enfermagem com sua atuação na Guerra da Criméia, a partir de então essa

profissão tem tentado se estruturar e conseguir espaço, autonomia, valorização

e competência da liderança para exercer o cuidado (SANTOS, 2014).

Em 1968, Wanda de Aguiar Horta publicou o primeiro artigo sobre

diagnóstico de enfermagem no Brasil e posteriormente em 1979, definiu 5

fases do processo de enfermagem. Em 1973, nos Estados Unidos foram

iniciados os estudos sobre a construção da Taxonomia I da North American

Nursing Diagnosis Association – NANDA, a partir de 2000, utiliza-se a

Taxonomia II. (NANDA, 2009). A NANDA consiste num sistema de

classificação de diagnósticos, esse conjunto é definido como “um julgamento

clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos

problemas de saúde/processos vitais, reais ou potenciais. O diagnóstico de

enfermagem proporciona seleção das intervenções de enfermagem visando ao

alcança dos resultados pelos quais a enfermeira é responsável” (CARPENITO,

2002, p. 33).

Assim, nas décadas posteriores, os enfermeiros perceberam a

necessidade de desenvolver conhecimentos específicos e concluíram que isso

só seria possível através da criação de teorias próprias; tal avanço beneficiou a

descentralização do modelo biomédico e favoreceu o foco no cuidado com o

ser humano e não na sua enfermidade (MARIA, QUADROS, GRASSI, 2012).

Vale ressaltar ainda que, o trabalho dentro de uma metodologia

científica não apenas dá autonomia à profissão, como também, organiza o

cotidiano da equipe, pois permite a utilização de ferramentas apropriadas que

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facilitam os registros; com a recuperação de dados, permitindo o controle de

custos e auditoria (MENEZES, 2011)

Tal realidade, nos garante que há inúmeros benefícios para o

paciente, devido principalmente na qualidade da assistência prestada pela

equipe de enfermagem e articula uma relação favorável com a equipe

multiprofissional, paciente e família (MENEZES, 2011).

Um dos maiores desafios a ser superado, aponta para a

importância do conhecimento teórico como fator facilitador da implantação e

implementação da SAE; diversos artigos enfatizam que os cursos de

graduação devem exercer seu papel, proporcionando ao aluno o conhecimento

necessário para a prática a realização do Processo de Enfermagem, o que nem

sempre se observa.

Outro ponto importante a ser buscado, constitui-se no sentido de que

a equipe que presta atendimento precisa esta preparada, de forma a

desenvolver de forma satisfatória suas atribuições, na unidade de emergência

é fundamental que a equipe toda saiba tomar decisões de forma rápida,

promovendo um atendimento de forma sincronizada, o que exige contínuo

treinamento e aperfeiçoamento técnico-científico (MARIA, QUADROS,

GRASSI, 2012).

Outro fato relevante a se considerar, é que nacionalmente, a

capacitação, habilitação e educação continuada dos trabalhadores do setor de

urgência e emergência estão sob responsabilidade da iniciativa privada, sem a

adequada integração à realidade e às diretrizes do SUS e com conhecimento

escasso; o que fragmenta a oferta de serviços com profissionais resolutivos;

temos ainda, poucos serviços que treinam seus profissionais, que oferecem

palestras educativas, e ofertam melhorias para a equipe. Aliados a sobrecarga

de trabalho, desgaste físico e psicológico, falta de materiais em quantidade e

qualidade suficientes para a prestação de cuidados adequados. Todos esses

fatores apontados dificultam no planejamento das ações de assistência e

problemas no sentido do despreparo dos profissionais em executar a SAE

(MARIA, QUADROS, GRASSI, 2012).

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A implementação da SAE mostra-se como uma estratégia para o

exercício da liderança no ensino e no próprio serviço que a executa, pois

favorece a busca constante de conhecimento por parte da equipe, bem como

promove melhoria a prática profissional, como instrumento para o exercício da

competência de liderar de forma organizada, segura, dinâmica e competente

(GOCO, et al, 2012).

Ficando evidente, que a SAE é capaz de oferecer subsídios para o

desenvolvimento das práticas de enfermagem, servido como elo entre os

demais profissionais (SANTOS, 2014).

OBSTÁCULOS E VANTAGENS À IMPLATAÇÃO DA SAE

Alguns autores ressaltam inúmeras dificuldades enfrentadas pelos

enfermeiros para o desenvolvimento da SAE, de acordo com Benedet, Bub

(1998) apud Andrade (2013) um dos principais obstáculos que impedem a

implantação da sistematização da assistência de enfermagem é o acúmulo de

funções que dele são esperadas e o tempo utilizado para realizar o registro do

processo; além de ser considerado dificultoso por exigir uma base de

conhecimentos científicos, biológicos e habilidades ao seu emprego. A

resistência causada é gerada pela falta de experiência e visão errônea que o

processo é complexo.

Outro aspecto a ser considerado limitante é o conhecimento teórico

exigido, e aparece como dificultador; a alta demanda de pacientes, dificuldades

em aplicar teoria e prática juntas, falta de tempo e falta de interesse por parte

de alguns profissionais; bem como a falta de compreensão dos pacientes em

reconhecer suas necessidades de saúde e participar na manutenção da sua

autonomia e no planejamento da sua assistência, papel que compete ao

enfermeiro (SANTOS, 2014).

A finalidade de organizar a SAE e de implementá-la é a de organizar

o cuidado a partir da adoção de um método sistemático; dificuldades sempre

vão existir e das mais variadas origens, o enfermeiro precisa conquistar seu

espaço, que pode ter na SAE a autonomia necessária para desenvolver seu

trabalho com qualidade e conhecimento.

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Em relação às vantagens, podemos elencar algumas das quais

diversos autores enumeram, conforme Sparks, Taylor, Dyer (2007): 1º permite

utilizar o conhecimento e habilidade de forma organizada e orientada; 2º

viabiliza a comunicação do enfermeiro com outros profissionais e colegas de

todas as especialidades, a cerca dos problemas vigentes no cotidiano do

cuidado; 3º é essencial na provisão de um cuidado abrangente e de qualidade

para o paciente; 4º é um importante avanço na batalha para a maior autonomia

profissional e 5º vem desmitificando a ideia de que a prática de enfermagem é

baseada apenas na realização das prescrições médicas.

De acordo com Iyer, Tapitch, Bernocchi -Losey (1993), existem

diversos benefícios da SAE, desde implicações para a profissão, o que o torna

uma ferramenta útil no que tange o registro de informações, garantindo uma

base de dados à instituição com relação aos aspectos: assistenciais,

gerenciais, financeiros e jurídicos-legais; implicações para o cliente, garantindo

um levantamento completo de suas necessidades reais e potenciais,

resultando em eficácia das condutas adotadas e aumento na resolutividade do

caso e menor tempo de internação; e implicações para o enfermeiro:

aumentando a satisfação profissional, dando as ações, por eles prescritas, um

nível científico que possibilita a equipe tomar parte das decisões.

Além do mais, a utilização de um sistema de cuidados que

especifique, tanto em quantidade, quanto em qualidade a função do

enfermeiro, serve para justificar a existência de tal profissional nos serviços de

saúde.

SISTEMATIZAR A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA NECESSIDADE

EFETIVA PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM

A implementação da SAE garante o atendimento as necessidades

do paciente, considerando o plano individualizado; requer que o profissional

conheça o paciente como indivíduo, promove o comprometimento, a

identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência

de Enfermagem que contribuem pra a promoção, prevenção, recuperação e

reabilitação da saúde do indivíduo, família e da comunidade (COGO, 2012).

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É necessário que a enfermagem desenvolva mecanismos

inovadores, capazes de proporcionar qualidade, eficiência, autonomia e

cientificidade a profissão, potencializando a continuidade da assistência através

de registro fidedignos e que promovam continuidade com a equipe

multiprofissional.

A SAE proporciona ainda, a construção de documentos com grande

valor técnico, científico e ético-legal, fornecendo tanto a instituição quanto aos

estudantes e profissionais, subsídios para auditoria interna, externa e

instrumentos de avaliação da qualidade do atendimento prestado (MARIA,

2012).

Outro fato importante, como relata Souza (2007), diz respeito à

criação do programa brasileiro de Acreditação Hospitalar, através da Portaria

GM/MS nº 1107, de 14 de junho de 1995 do Ministério da Saúde. Nesse

programa, os hospitais são qualificados em três níveis: o nível 1 contempla as

exigências mínimas relacionadas às normas legais do exercício profissional; o

nível 2 refere-se aos padrões de qualidade no atendimento; e o nível 3 diz

respeito aos padrões de excelência; acredita-se que as instituições buscam a

melhoria da qualidade do atendimento através da sistematização na prestação

da assistência (BRASIL, 2001; BRASIL, 2002). E ainda segundo Souza (2007),

o terceiro nível, só será alcançado no momento em que os cuidados de

enfermagem realizados pela equipe forem documentados através da

implementação do processo de enfermagem.

A valorização da enfermagem depende da atuação de cada

profissional, bem como do conhecimento técnico-científico, para conquistar o

seu espaço com mérito. Resgatar a autonomia através da implantação da SAE

é papel de todos os profissionais enfermeiros, mesmo diante de todas as

dificuldades que a profissão enfrenta, dificuldades essas que vão desde o

número insuficiente de profissionais até a falta de recursos técnicos a

extenuantes cargas horárias de trabalho que são submetidos. Portanto, a

enfermagem precisa se posicionar, garantindo maior valorização e

reconhecimento enquanto um espaço de novas conquistas e uma mudança no

papel do enfermeiro.

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2.1 IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

CENÁRIO DA INSTITUIÇÃO

O hospital configura-se como campo de estágios curriculares da

Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ; das faculdades de

enfermagem: URCA, FJN e FLS e de mais de 10 cursos técnicos de

enfermagem da região. O referido hospital constitui-se como único hospital de

referência para atendimento pediátrico das cidades de Juazeiro do Norte,

Caririaçú e Grangeiro; conta com um quadro de 17 médicos pediatras

plantonistas, sendo 02 em regime de plantão 24hs, que atendem mais de 300

crianças no setor de urgência pediátrica; é responsável ainda, por 40 crianças

internadas diariamente, sendo mais de 1200 por mês no setor de clínica

pediátrica em épocas de quadros virais e sazonais típicos da região.

O quadro de profissionais de enfermagem era composto por 15

Enfermeiros assistenciais, a grande maioria, com menos de 02 anos de

formação; 25 técnicos de enfermagem e 01 Gerente de enfermagem que

atuavam na instituição desde a compra do hospital em 2009, pela Prefeitura

Municipal de Juazeiro do Norte - CE.

TRAJETÓRIA PERCORRIDA

O momento de grande importância para implantação da SAE

aconteceu durante a participação de Enfermeiros do HIMMABM no I Simpósio

sobre Processo de Enfermagem no Cariri promovido pela Universidade

Regional do Cariri - URCA que aconteceu entre os dias 09 e 13 de março de

2010, nascendo assim à semente no que culminaria na criação do instrumento

de padronização da SAE.

A partir de então, iniciou-se a parceria dos enfermeiros do hospital

com os alunos do Curso de Graduação em Enfermagem da URCA do 9º

semestre de estágio hospitalar curricular, estimulados pela professora

supervisora de estágio.

No simpósio, tivemos a oportunidade de conhecer o processo de

implementação do Processo de Enfermagem informatizado no Hospital

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Universitário da Universidade de São Paulo - USP, com a brilhante palestra do

Enf. Dr. Antonio Fernandes Costa Lima, que participou do processo de

implantação da SAE no HU da USP e que culminou na criação do livro

intitulado: Diagnósticos de Enfermagem na prática clínica, grande aliado na

construção do nosso instrumento de coleta de dados para implantação da SAE.

Assim, a partir de abril de 2010 iniciamos o processo de

sensibilização dos enfermeiros e acadêmicos sobre a importância da criação

de um instrumento que facilitasse a implantação da SAE, tendo em vista que

não dispomos de prontuários informatizados; teríamos que pensar em um

instrumento impresso que favorece o trabalho científico dos acadêmicos e

profissionais e que ao mesmo tempo, não parecesse aos enfermeiros que

fosse perca de tempo no preenchimento do impresso.

Já em maio de 2010, realizamos a 1ª semana de enfermagem, entre

os dias 10 e 14 de maio. Durante estes dias, tivemos 02 momentos de

sensibilização dos profissionais e técnicos de enfermagem. Abordamos a

temática Sistematização da Assistência de Enfermagem Pediátrica, com a

presença de professores da URCA que tem experiência com o tema, onde foi

enfocado questões históricas e legislativas sobre a SAE, principalmente no que

se refere à Resolução do COFEN 272/2002 e da 359/2009, bem atual na

época, que obriga a todas as instituições públicas ou privadas a

instrumentalizar e efetivar a SAE em todos os locais de atendimento à saúde

que possuam enfermeiros.

Após a realização da semana de enfermagem foi criado um grupo,

que passou a se reunir a cada 02 meses com o objetivo de criar um plano de

ação, paralelo a isso, realizou-se reuniões mensais com os enfermeiros e

técnicos enfocando temas como: coleta dados, como redigir um histórico de

enfermagem, o que é um diagnóstico de enfermagem, prescrição de

enfermagem; tendo em vista, que durante a semana de enfermagem,

observamos que muitos enfermeiros não tinham habilidade e conhecimento a

cerca da SAE e os técnicos de enfermagem nem conheciam a SAE e a sua

importância.

Consideramos importante o treinamento dos técnicos de

enfermagem, pois reconhecemos que os técnicos de enfermagem têm grande

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importância para aplicabilidade e efetivação da SAE, pois participam na fase de

execução e prestação de cuidados e são componentes fundamentais da equipe

de enfermagem.

Elaboramos um esboço do instrumento, onde o enfermeiro e o

acadêmico teria que registrar o histórico do paciente, com dados do exame

físico e entrevista, listarem as características definidoras ou fatores de riscos

observados, formularem os diagnósticos de enfermagem e propor as

intervenções.

Ocorreram várias reuniões da equipe de enfermagem e dos

acadêmicos de enfermagem da URCA, criou-se um instrumento que

inicialmente foi utilizado somente pelos acadêmicos com o objetivo de

validação e padronização dos diagnósticos de enfermagem. O instrumento

continha todas as fases do processo de enfermagem, porém ter-se-ia que criar

um formulário no qual os diagnósticos de enfermagem mais comuns para a

pediátrica já tivessem descritos.

A partir daí, os acadêmicos de enfermagem passaram a utilizar a

NANDA para criar os diagnósticos mais prováveis para a assistência de

enfermagem na pediatria. E os enfermeiros, utilizavam o instrumento dos

acadêmicos uma vez por semana, após escolherem um paciente, que seria

utilizado como o estudo de caso, para sondagem e avaliação do instrumento.

No fim de 2011, devido a várias mudanças na administração da

instituição de saúde, bem como o retorno dos acadêmicos de enfermagem da

URCA a instituição, pudemos efetivar o instrumento criado e implantar a SAE

em janeiro de 2012; sendo um formulário individual para cada paciente

atendido pela equipe, e que poderá ser utilizado por 24hs de observação

hospitalar, para as crianças atendidas na Urgência pediátrica.

O FORMULÁRIO

Para implantar a SAE foi criado um instrumento que contempla todas

as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria

sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O

formulário criado para a realização da coleta de dados teve objetivo facilitar o

registro realizados pelos profissionais, devido à falta de tempo dos mesmos e a

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necessidade de registro rápido e que contemplasse a maior quantidade de

informações necessárias para o desenvolvimento do plano de cuidados.

Utilizaram-se os sistemas de avaliação do exame físico geral com registro

através de check list.

LEVANTAMENTO DE DADOS

O levantamento de dados é realizado através da ANAMNESE DE

ENFERMAGEM E EXAME FÍSICO, onde serão coletados os dados para

registro e compilação das informações. Temos como fontes de dados, o próprio

cliente, a família, os membros da equipe, registros de outros profissionais, e o

prontuário. A avaliação do exame físico se dá através de funções e sistemas.

O instrumento realizado para Anamnese e exame físico seria único,

cujo dados seriam coletados tão logo fosse atendidas as necessidades

emergências de risco de morte, tendo um prazo de validade de até um mês

tendo em vista os constantes reinternamentos dos clientes. O registro de

admissão com dados referentes à queixa de internamento, origem do paciente

(domicílio, transferência), cuidados prestados, bem como resultados de

exames realizados, foi incorporado no verso da folha de registro da anamnese

e exame físico; bem como o registro de alta, transferência e evoluções de

enfermagem durante o período de observação ou quando necessárias.

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

São problemas que podem ser prevenidos, resolvidos ou reduzidos

através de atividades independentes de enfermagem, baseados na North

American Nursing Diagnosis Association - NANDA; que consiste em um título

que define o nome do diagnóstico, sua definição que representa seu

significado, as características definidores, onde se agrupam as manifestações

clínicas que descrevem os componentes exatos que representam um título

diagnóstico.

Os diagnósticos de enfermagem foram relacionados após avaliação

anterior dos problemas mais comuns para as patologias atendidas na

instituição de saúde, e redigidos no instrumento; logo abaixo foi utilizado

espaço para a inserção de outros possíveis diagnósticos. Optou-se por criar um

formulário onde os diagnósticos fossem listados que forma a facilitar o registro

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do impresso. Criou-se ainda, uma legenda para o registro dos diagnósticos,

sendo P (presente), M (Melhorado), I (Inalterado), Pi (Piorado), R(Resolvido),

como forma de facilitar seu registro

PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM

As prescrições são estratégias específicas, decididas pelo

Enfermeiro para auxiliar o cliente a chegar aos resultados de forma

individualizada. São elaboradas a partir dos fatores relacionados e

características definidoras, devem ser coerentes com o plano de cuidados,

estar baseados em princípios científicos, ser individualizado, estar de acordo

com a realidade; dar oportunidade de ensino-aprendizagem para o cliente.

Para as prescrições, foram relacionadas às que mais se adequavam

aos diagnósticos e que fossem possíveis de serem realizadas, bem como uma

legenda para registro e checagem após a prestação do cuidado de

enfermagem

As intervenções de enfermagem, planejamento de enfermagem ou

planejamento das intervenções foram registradas através de prescrições,

listadas e relacionadas em tabela, sendo redigidas as mais comuns para

pediatria, tomando como referência a Nursing Interventions Classification - NIC.

A NIC ou Classificação de Intervenções de Enfermagem é uma classificação

abrangente e padronizada das intervenções realizadas pelos enfermeiros,

sendo mais de 12.000 (Dochterman & Bulechek, 2008).

        

AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM

A avaliação consiste na Evolução de Enfermagem que é o registro

feito pelo Enfermeiro após avaliação do estado geral do paciente. Um resumo

sucinto dos resultados dos cuidados prescritos nas últimas 24 hs. (COREN

2000);

É o relato diário ou periódico das mudanças sucessivas que ocorrem

no paciente, ou seja, uma avaliação global das intervenções de enfermagem.

(HORTA, 1979).

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E por fim, organizou-se um formulário para registro de evolução de

enfermagem, onde, o registro inicial de admissão, compunha o instrumento da

SAE que permitia a assistência a um cliente por um período de 24 hs, bem

como durante o período que ele permanecesse em atendimento na urgência

pediátrica, com avaliação de enfermagem a cada 6hs. Esse instrumento seria

utilizado por toda a equipe que presta assistência, todos os profissionais teriam

acesso as informações contidas, organizando assim o prontuário.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários obstáculos foram encontrados para que fosse possível

implementar a SAE na instituição, entre elas está a grande demanda de

atendimento, relacionada a quantidade de profissionais, o pouco conhecimento

dos profissionais a cerca das fases do processo, a falta de tempo e de

interesse por parte de alguns, o que também observamos na literatura

conforme Dos Santos (2014). Porém, é necessário que os profissionais

percebam a importância inegável que a SAE promove no profissional

enfermeiro, tornando-o consciente, eficiente e com resultados positivos na sua

prática assistencial.

A SAE para muitos enfermeiros era algo novo, e vimos que mesmo

enfermeiros com pouco tempo de formados demonstravam certa dificuldade

para preencher o instrumento, principalmente em relação ao exame físico, e a

partir deste, identificar os corretos diagnósticos de enfermagem, fazendo

concordância com as prescrições de enfermagem.

Percebemos que a maioria dos problemas que interferem nesse

processo são desencadeados pela falha na educação continuada das

instituições, pois a partir do momento que a SAE foi discutida e após a

realização dos grupos de estudo entre os profissionais a aceitação se deu com

mais facilidade.

Outro problema identificado foi a desvalorização por parte da equipe

de técnicos de enfermagem, em relação ao plano de cuidados traçado pelo

enfermeiro, muitas vezes não implementado.

Apesar das grandes dificuldades enfrentadas para a construção do

instrumento, e implementação da SAE, pudemos observar que o processo

utilizado jamais seria possível sem a ajuda dos acadêmicos de enfermagem;

que a trajetória utilizada para construção desse instrumento de trabalho, só foi

possível devido a determinação de todos que dela compartilharam, e que o

resultado é o crescimento profissional individual e um produto coletivo.

Como contribuição, ressaltamos o compromisso acadêmico

promovido pelos estudantes, através da investigação, do auxílio na construção

desse marco e que viram na SAE uma conquista para a sua construção

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profissional com vistas a proporcionar um atendimento de qualidade ao seu

cliente.

Dessa forma, considerando também a enfermagem como profissão

reconhecida como elo entre os profissionais e o paciente/família, considera-se

fundamental o compartilhamento e a construção coletiva, destacando a

necessidade de criarem-se estratégias que envolvam a participação da equipe,

tendo como possibilidades, a realização de reuniões científicas, estudos de

caso, estudos dirigidos, bem como a criação de grupos de estudo.

A experiência mostrou a viabilidade da implementação da SAE,

possibilitando o crescimento de todos que participaram do processo de

construção. A criação desse instrumento representa um marco na realização

de um sonho, pois, efetivar a SAE, diante de tantas dificuldades enfrentadas,

desde a falta de conhecimento a cerca da sua importância, até a falta de

condições técnicas para sua efetivação de fato, tornando-se realidade e

servindo como base de inúmeros trabalhos científicos e tornando a instituição,

o único hospital da região a implementar a SAE em sua totalidade na urgência

e emergência pediátrica, nos torna vitoriosos na nossa prática enquanto

profissional, deixando um legado de responsabilização profissional e

compromisso com o exercício da profissão e da qualidade da assistência.

A aplicação do processo, melhorou a qualidade dos registros de

enfermagem, a autonomia profissional, a tomada de decisões frente a

assistência a ser prestada e estabelecimento de parâmetros de resultados de

qualidade, tornando visível o trabalho da enfermagem.

O formulário tem sido utilizado há 03 anos na instituição e tem sido

importante instrumento de efetivação da SAE e de estudo para as diversas

instituições de educação de enfermagem que tem na instituição pediátrica local

de práticas de enfermagem.

Espera-se que a trajetória descrita nesse trabalho contribua para

que muitos enfermeiros iniciem o processo de implantação da SAE em suas

instituições; aplicando-a a sua realidade, pois se trata de uma prioridade

urgente na valorização do trabalho da enfermagem e na contribuição de sua

trajetória histórica enquanto ciência do cuidar/cuidado.

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APENDICES

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APENDICE A – FORMULÁRIO DA SAE

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