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108
DIREITO CIVIL CONTRATOS EM ESPÉCIE

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DIREITO CIVILCONTRATOS EM ESPÉCIE

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2SUMÁRIO

1. COMPRA E VENDA (ARTIGOS 481 – 532)........................................................................................3

1.1. CONCEITO.....................................................................................................................................3

1.2. NATUREZA JURÍDICA.....................................................................................................................3

2. ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA...............................................................................................6

3. VENDA DE COISA COMUM OU VENDA DE BEM INDIVISÍVEL EM CONDOMÍNIO............................11

4. VENDA POR MEDIDA OU POR EXTENSÃO – VENDA AD MENSURAM............................................11

5. CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA OU PACTOS ADJETOS.............................................14

6. OUTROS CONTRATOS EM ESPÉCIE...............................................................................................23

6.1) Contrato de Prestação de Serviço:..............................................................................................23

6.2) Contrato de Empreitada:............................................................................................................28

6.3) Contrato de fiança:.....................................................................................................................38

6.4) Contrato de doação:...................................................................................................................46

7. INFORMATIVOS...........................................................................................................................57

8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................66

9. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA............................................................................................................66

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3ATUALIZADO EM 15/02/20191

CONTRATOS EM ESPÉCIE

1. COMPRA E VENDA (ARTIGOS 481 – 532)

1.1. CONCEITO

Pelo contrato de compra e venda, o vendedor compromete-se a transmitir ao comprador o domínio de certa

coisa, mediante uma remuneração.

Trata-se de um contrato translativo, pois traz o comprometimento da propriedade.

O contrato de compra e venda traz somente o compromisso do vendedor em transmitir a propriedade,

denotando efeitos obrigacionais. Em outras palavras, trata-se de contrato translativo, no sentido de trazer como

conteúdo a referida transmissão. A efetiva entrega ou registro do bem comporta a fase de execução.

CUIDADO: a compra e venda, por si só, não transmite a propriedade, o que se dá pelo registro ou tradição

(transmissão derivada)2.

1.2. NATUREZA JURÍDICA (MEMORIZAR!)

a) Bilateral: há direitos e deveres para ambas as partes.

b) Oneroso: prestação e contraprestação.

c) Consensual: aperfeiçoamento quando as partes se manifestam. “É consensual, uma vez que se forma pelo

simples acordo de vontade das partes” [Tepedino]. QUESTÃO – a tradição não é elemento constitutivo.

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem

no objeto e no preço.1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo ([email protected]) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. 2 Questões: 1. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes transfere o domínio de certa coisa mediante pagamento – ERRADO. Compromete-se a transferir. 2. A compra e venda pode ter por objeto coisa inexistente na conclusão do contrato – CORRETO.

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d) Comutativo (em regra): prestações conhecidas.

Exceção: pode ser aleatório (o risco é causa do contrato). Ex.:

- Venda da esperança: emptio spei (existência) – o risco diz respeito à existência da coisa e a sua quantidade (o

risco é maior). Ex.: pescador, eu te dou vinte reais, você entra no mar e me dá o que pescar.

- Venda da esperança com coisa esperada: emptio rei speratae (quantidade). Há risco só na quantidade. Ex.:

pescador, te dou 50 reais, mas você tem que pescar pelo menos dez peixes.

e) Formal e solene (art. 107 e 108 CC):

Formal é gênero – ex.: escrito.

Solenidade é espécie – ex.: ato público, escritura.

ATENÇÃO: se o imóvel vale mais de 30 salários mínimos, o contrato é solene e formal, pois o art. 108 exige a

escritura. Se for igual ou menor que 30 salários mínimos, o contrato é não solene e formal – continua havendo a

exigência quanto à forma escrita (como iria registrar, mesmo que não solenemente, sem ser escrito?). Contrato

solene ou não-solene: pode ser um contrato solene ou não-solene dependendo do objeto do contrato.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei

expressamente a exigir.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que

visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a

trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A compra e venda de bens IMÓVEIS pode ser feita por meio de contrato

particular ou é necessário escritura pública? Em regra: é necessária escritura pública (art. 108 do CC). Exceção: a

compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem escritura pública) se o valor do bem imóvel

alienado for inferior a 30 salários-mínimos. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é

essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de

direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Para fins do

art. 108, deve-se adotar o preço dado pelas partes ou o valor calculado pelo Fisco? O valor calculado pelo Fisco.

O art. 108 do CC fala em valor do imóvel (e não em preço do negócio). Assim, havendo disparidade entre ambos,

é o valor do imóvel calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se será necessária ou não a

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5elaboração da escritura pública. A avaliação feita pela Fazenda Pública para fins de apuração do valor venal do

imóvel é baseada em critérios objetivos, previstos em lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento

das circunstâncias consideradas na formação do quantum atribuído ao bem. Logo, trata-se de um critério

objetivo e público que evita a ocorrência de fraudes. Obs.: está superado o Enunciado 289 das Jornadas de

Direito Civil do CJF. STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.480-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 (Info 562)

*É nulo o contrato firmado entre particulares de compra e venda de imóvel de propriedade da União quando

ausentes o prévio recolhimento do laudêmio e a certidão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ainda que

o pacto tenha sido registrado no Cartório competente. Antes de o ocupante vender o domínio útil do imóvel

situado em terreno de marinha, ele deverá obter autorização da União, por meio da SPU, pagando o laudêmio e

cumprindo outras formalidades exigidas. Somente assim esta alienação será possível de ser feita validamente.

STJ. 2ª Turma. REsp 1.590.022-MA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/8/2016 (Info 589).

O pagamento pode ser em dinheiro ou valor fiduciário, ou seja, cheque ou cartão de crédito (faltou constar

essa menção no artigo).

CONTRATOS

ALEATÓRIO

S

Dizem respeito

à coisa futura

EMPTIO SPEI

Um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma para

si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço,

que será devido integralmente, mesmo que nada se produza

(artigo 458), sem que haja culpa do alienante; vende-se a

esperança ou a probabilidade de as coisas existirem.

EMPTIO REI

SPERATAE

Ocorre que a álea versa sobre quantidade maior ou menor da

coisa esperada (artigo 459). O risco assumido pelo adquirente

determina o pagamento do preço ao alienante, mesmo que

venha a existir em quantia mínima ou irrisória, basta que a

coisa venha a existir em qualquer quantidade.

EXEMPLO: comprar de um pescador o produto do lanço de sua

rede, assumindo apenas a álea de ele retirar maior ou menor

quantidade de pescado, o adquirente libertar-se-á da

obrigação, se a rede nada contiver.

Dizem respeito

à coisa

existente

Para o contrato ser aleatório, deve existir risco de que as coisas se percam,

danifiquem-se ou ainda, sofram depreciação (artigo 460). A alienação aleatória

poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro

contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se

considerava exposta a coisa. A venda será válida e o vendedor terá direito ao

preço, se ignorava o sinistro (artigo 461).

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2. ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA

a) Partes + consenso (consesus): as partes devem ser capazes, sob pena de invalidade da compra e venda.

Devem ser observadas as regras de legitimação (é a capacidade específica para o ato ou negócio jurídico) para

a compra e venda. Quais são elas?

I. Necessidade de outorga uxória para a venda de imóvel, salvo no caso de separação absoluta de bens (a

convencional). É diferente da separação obrigatória, já que a súmula 377 do STF diz que os bens havidos

durante o casamento em separação legal se comunicam. Transformou praticamente em comunhão parcial.

A falta de outorga – anulabilidade da compra e venda. Antes do CC/02 havia polêmica se era nulo ou

anulável.

Prazo decadencial de 2 anos, contados da dissolução da sociedade conjugal. Ação anulatória. No caso

de companheira – reivindicatória.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto

no regime da separação absoluta:

I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III – prestar fiança ou aval;3

IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia

separada.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato

praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade

conjugal.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,

autenticado.

OBS.: Aplica-se à união estável? Há polêmica doutrinária e jurisprudencial. Seria norma restritiva da autonomia

da vontade, não podendo ser aplicado analogicamente. STJ tinha posição no sentido de que se aplicava, mas há

julgado desse ano afirmando que, no caso do inciso III (fiança), não se aplica.

3 Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. O prazo decadencial para herdeiro do cônjuge prejudicado pleitear a anulação da fiança firmada sem a devida outorga conjugal é de dois anos, contado a partir do falecimento do consorte que não concordou com a referida garantia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.273.639-SP, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2016 (Info 581).

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*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Ainda que a união estável esteja formalizada por meio de escritura pública, é

válida a fiança prestada por um dos conviventes sem a autorização do outro. STJ. 2a Turma. REsp 1.299.866-DF,

Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/2/2014 (Info 535).

Para a 3ª Turma do STJ, a regra do art. 1.647, I, do CC pode ser aplicada à união estável, desde que tenha sido

dada publicidade aos eventuais adquirentes a respeito da existência dessa união estável. Se um imóvel foi

alienado pelo companheiro sem a anuência de sua companheira, a anulação dessa alienação somente será

possível se no registro de imóveis onde está inscrito o bem, houvesse a averbação (uma espécie de

anotação/observação feita no registro) de que o proprietário daquele imóvel vive em união estável. Se não

houver essa averbação no registro imobiliário e se não existir nenhuma outra prova de que o adquirente do

apartamento estava de má-fé, deve-se presumir que o comprador estava de boa-fé, preservando, assim, a

alienação realizada, em nome da segurança jurídica e da proteção ao terceiro de boa-fé. Em suma: a invalidação

da alienação de imóvel comum, fundada na falta de consentimento do companheiro, dependerá da publicidade

conferida à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão declaratória da

existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da

demonstração de má-fé do adquirente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.424.275-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso

Sanseverino, julgado em 4/12/2014 (Info 554).

II. Venda de ascendente para descendente4: necessidade de autorização dos demais descendentes e do

cônjuge do vendedor. É anulável (havia polêmica antes de CC/02). Em relação ao cônjuge, dispensa-se

autorização se o regime for o da separação obrigatória (leia-se convencional). Se for doação, não precisa de

autorização (é adiantamento de herança e o bem será colecionado). Essa norma não se aplica para a união

estável, pois o companheiro não é herdeiro necessário.

Qual o prazo para anular? Decadencial (para anular Negócio Jurídico o prazo tem que ser decadencial)

de 2 anos (quando a lei não estabelece prazo, será de dois anos). Enunciado 368 – Art. 496. O prazo para anular

venda de ascendente para descendente é decadencial de dois anos (art. 179 do Código Civil).

A súmula 494 do STF prevê um prazo prescricional de 20 anos a contar do ato, mas, segundo doutrina e

jurisprudência majoritárias, ela está prejudicada/cancelada (súmula não se revoga).

4 A prova da DPE-BA, realizada pela FCC, em 2016, propôs a seguinte situação fática: “Lauro é casado com Vânia. O casal teve um filho, já falecido, que lhes deu dois netos, Roberto e Renato, todos maiores e capazes. Lauro deseja transferir um de seus imóveis ao seu neto Renato, entretanto, Roberto e Vânia não concordam com referida transferência”. E considerou correta a seguinte alternativa: “Diante desses fatos, é correto afirmar que o contrato de venda e compra entre Lauro e seu neto Renato sem o consentimento de Roberto é anulável, mas a falta do consentimento de Vânia pode afetar a validade do ato ou não, a depender do regime de bens adotado; ainda, o consentimento de Roberto não é necessário para que Lauro faça a doação em favor de Renato”.

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8Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do

alienante expressamente houverem consentido.

Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da

separação obrigatória.

O que quer dizer o termo “em ambos os casos” se o caput só fala em um caso? A expressão deve ser

desconsiderada por erro de tramitação legislativa, pois foi retirada do caput do artigo a venda de descendente

para ascendente. Enunciado 177 – Art. 496: Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese de

anulação de venda entre parentes (venda de descendente para ascendente), deve ser desconsiderada a

expressão “em ambos os casos”, no parágrafo único do art. 496.

- Pessoas impedidas de contratar

Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:

I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou

administração;

II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam

sob sua administração direta ou indireta;

III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça,

os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se

estender a sua autoridade;

IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.

Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

Essas pessoas NÃO têm legitimidade para efetuar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade, mesmo

que em hasta pública.

*#JÁCAIUEMPROVA: qual foi a regra que o NCC não reproduziu? Por quê? Qual a posição do STF? Artigo 1.133,

II do CC/16: mandatários e bens dos mandantes. Não há impedimento para que o próprio mandante adquira o

bem. Essa norma já havia caído, em decorrência da SÚMULA 165, STF5. Já era uma súmula contra legem. É a

possibilidade de celebração de CONTRATO CONSIGO MESMO.

b) Coisa (res)

5 Súmula 165, STF – A venda realizada diretamente pelo mandante ao mandatário não é atingida pela nulidade do art. 1.133, II, do Código Civil.

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9É bem corpóreo, material. Se houver cessão onerosa de bem imaterial, o contrato não é de compra e venda,

mas sim de cessão de direitos.

A coisa deve ser lícita, possível, determinada ou determinável, sob pena de nulidade absoluta. Art. 166, II CC.

Ex.: Comprei maconha – nula.

A compra e venda pode ter como objeto coisa atual ou futura (venda sob encomenda). Se a coisa vier a não

existir a compra e venda será ineficaz (não falar que é nula), a não ser que o contrato seja aleatório (emptio

spei). Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o

contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

OBS.: venda por amostra, protótipo ou modelo. Funciona sob condição suspensiva. A coisa deve ser entregue

conforme prometido. A oferta prevalece sobre o conteúdo do contrato.

Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos (primeiro exemplar de uma invenção) ou

modelos (ex.: venda em folheto. Não há contato físico com a coisa),entender-se-á que o vendedor assegura ter

a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo,

se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.

c) Preço (pretium)

É a remuneração da compra e venda. Deve ser expressa em moeda nacional corrente pelo valor nominal

(princípio do nominalismo – em reais), sob pena de nulidade. Ex.: comprei imóvel por um milhão de dólares –

nula. Não pode ser em dólar, mas pode ser cotado em dólar.

Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nomina l,

salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para

compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação

especial.

O preço injusto pode ser indício de fraude. O preço fictício descaracteriza o contrato para doação, por

exemplo, venda de apartamento por R$ 1,00.

Modalidades de preço:

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10 Preço por cotação: fixado conforme índices e parâmetros, inclusive por taxa de mercado ou de bolsa.

Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado

dia e lugar. Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis

de objetiva determinação.

Neste caso, “dificuldade que se poderia entrever é a circunstância de variação da cotação no mesmo dia, caso

as partes não tenham definido o horário preciso da verificação. Deve prevalecer o preço médio de mercado

na data” [Tepedino].

Preço por arbitramento ou por avaliação: arbitrado por terceiro que tenha confiança das partes. Art.

485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou

prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando

acordarem os contratantes designar outra pessoa6.

Preço tabelado e preço médio: se não houver preço estipulado pelas partes, tem que seguir uma

ordem:

1. Preço tabelado

2. Vendas habituais

3. Preço médio – juiz.

Preço unilateral: nulo o contrato quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes. Esse artigo

está totalmente desatualizado frente à realidade de prevalência dos contratos de adesão.

Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a

fixação do preço.

3. VENDA DE COISA COMUM OU VENDA DE BEM INDIVISÍVEL EM CONDOMÍNIO

Há um direito de preempção (preferência) legal em favor do condômino, seja móvel ou imóvel. Tem que haver

igualdade de condições ‘tanto por tanto’. Ex.: tenho uma moto em condomínio com minha irmã. Ofereço

minha parte a ela. Ex.2: tenho meu apartamento em condomínio edilício (bem divisível) – não preciso

oferecer.

6 QUESTÃO – se a parte se recusar e não for outra designada, o juiz decide – ERRADO. Fica sem efeito o contrato.

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11O condômino preterido pode entrar com ação adjudicatória ou anulatória, inclusive contra terceiros. É uma

ação de preferência de natureza real. Tem que depositar o preço. CONCURSO – anulatória.

A lei estabelece um prazo decadencial de 180 dias para essa ação. E o início do prazo?

Da ciência da venda (MHD). MAJORITÁRIO – doutrina e jurisprudência.

Data da venda

Registro

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a

quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o

preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de

decadência.

Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de

benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a

quiserem, depositando previamente o preço.

Obs.: pluralidade de condôminos com preferência. A moto é de A, B, C e D. Qual a ordem?

Quem tem benfeitorias de maior valor.

Quem tenha quinhão maior.

Quem depositar primeiro.

4. VENDA POR MEDIDA OU POR EXTENSÃO – VENDA AD MENSURAM

Na venda de imóveis é possível estabelecer que a sua área não é meramente enunciativa, ou seja, trata-se de

um fator determinante do negócio jurídico. Ex.: apartamento.

Venda ad corpus – o imóvel interessa de corpo inteiro. Não interessa pela metragem. A área é enunciativa.

VENDA AD CORPUS VENDA AD MENSURAM

Venda na qual as dimensões são imprecisas,

simplesmente enunciativas.

Presunção enunciativa quando a diferença não

exceder a 1/20 (§ 1o, artigo 500)

Venda especificada, venda detalhada por

indicação de preço e medida de extensão.

Proteção especial do comprador (artigo 500,

caput):

a) AÇÃO EX EMPTO – complemento da área.

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12b) REDIBITÓRIA – Resolução do contrato.

c) ESTIMATÓRIA – Abatimento no preço.

(Essas duas últimas somente em caso de não ser

possível a complementação da área, segundo

Tepedino)

O § 1o, artigo 500, traduz a ideia de que se a

margem de erro é apenas de 5%, o comprador

não poderá ingressar em juízo, salvo se provar

que sem esse percentual não teria realizado a

compra.

Obs.: é tolerável, em regra, uma variação de até 5%. Porém, o STJ entendeu que uma cláusula de admissão

dessa variação é abusiva quando inserida em larga escala em contratos de consumo . Boa-fé objetiva. REsp

426.853/DF.

Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva

área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir

o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento

proporcional ao preço.

§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada

não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais

circunstâncias, não teria realizado o negócio.

§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da

área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o

excesso.

§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e

discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo

expresso, ter sido a venda ad corpus.

Na venda ad mensuram, se houver uma variação considerável na área, estará presente um vício redibitório

especial.

a) Se faltar área – o comprador prejudicado poderá pleitear

Complementação da área – ação ex empto

Abatimento no preço – ação quanti minoris

Resolução + devolução das quantias (perdas e danos, se houver má-fé) – ação redibitória.

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13b) Se houver excesso de área e o vendedor comprovar que tinha motivos para ignorar a variação dessa área.

Poderá ingressar em juízo. O comprador terá duas opções:

Completar o preço

Devolver o excesso

Obs.: o art. 501 estabelece o prazo decadencial para todas essas ações – 1 ano, a contar do registro do título. O

prazo de decadência é impedido ou suspenso se houver invasão do imóvel. É exceção à regra do artigo 207 –

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,

suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que

não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.

Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o

prazo de decadência.

- Responsabilidade pelo risco:

“O CC optou por preservar os interesses do vendedor, estabelecendo uma ordem ao cumprimento das

obrigações das partes no contrato: primeiro o comprador paga o preço, depois o vendedor entrega a coisa”

[Tepedino]

Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta

do comprador.

§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se

recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do

comprador, correrão por conta deste.

§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber,

quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.

“Art. 492: constitui, também, modalidade peculiar de tradição a entrega da coisa a quem haja de transportá-la,

quando expedida por ordem do comprador. Se, porém, o vendedor contrariar as instruções do adquirente,

suporta os riscos ocorridos durante o transporte, porque, assim procedendo, age como mandatário infiel”

[Tepedino].

5. CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA OU PACTOS ADJETOS7

7 A prova do TRF3/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito deste assunto: “A cláusula especial de venda sobre documentos transforma o negócio de compra, de modo que a transferência documentária faz as vezes da tradição

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“Relembrando: pacto comissório é a cláusula que permite que o credor fique diretamente com a coisa dada em

garantia, caso o devedor não cumpra a sua parte. Isso é proibido”.

Devem ser expressos. Decorrem da autonomia privada.

Não se confundem com as regras especiais da compra e venda que são implícitas. Ex.: regra de bem em

condomínio, venda ad mensuram.

a) Cláusula de retrovenda, recompra ou retrato

Da Retrovenda

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência

de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante

o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias

necessárias.

Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de

resgate, as depositará judicialmente.

Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da

coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.

Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra

o terceiro adquirente.

Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer,

poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja

efetuado o depósito, contanto que seja integral.

Apenas na venda de imóveis. Dá ao vendedor o direito potestativo de recomprar o bem no prazo máximo

decadencial de 3 anos.

É uma propriedade resolúvel do comprador – há uma condição para adquirir.

real.”

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15José Osório: geralmente a retrovenda é utilizada com fins de fraudes e de usura (agiotagem). Em casos tais,

deve-se reconhecer a nulidade absoluta do negócio, por simulação (art. 167) e ilicitude do objeto (art. 166, II).

Na recompra, o vendedor deve pagar o preço recebido, as despesas e benfeitoria necessárias.

Se o comprador se negar a vender a coisa, caberá a ação de resgate. Essa ação de resgate tem natureza real, ou

seja, erga omnes, podendo ser proposta contra terceiro adquirente. O terceiro tem propriedade resolúvel (se

ela é registrada na matrícula do imóvel, pode ser oposta contra terceiros).

O direito de retrato é transmissível inter vivos? Maria Helena Diniz entende que não, pois teria natureza

personalíssima. Já Paulo Lobo entende que sim, pois a lei fala em “cessível’. Já caiu em concurso (DPU) essa

questão, prevalecendo o entendimento de Paulo Lobo8.

“O pacto de retrovenda consiste na faculdade que se reserva o vendedor de resolver o contrato de compra e

venda, recuperando a coisa imóvel, desde que pague ao comprador o preço original, monetariamente

corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor equivalente às benfeitorias necessárias, bem como às úteis e

voluptuárias expressamente consentidas, na forma escrita” [Tepedino]

“Ainda que os antigos condôminos do imóvel não tenham, todos em conjunto, vendido com o pacto adjeto de

retrovenda, o direito de retrato pode ser exercido por um deles, mesmo que os demais não tenham interesse

em reaver o imóvel” [Tepedino].

b) Venda a contento e venda sujeita a prova

Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova

Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a

coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.

Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as

qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.

Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa

comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.

8 QUESTÃO – não é suscetível de cessão por ato inter vivos, mas é cessível e transmissível por ato causa mortis.

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16Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo,

judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

Elas são trazidas como no CC como cláusulas especiais, mas na prática são regras especiais (implícitas) nas

vendas de vinhos, alimentos e perfumes. É só lembrar do cerimonial do vinho venda ad gustum.

“O fato de a lei nova dispor que '[a venda] não se reputará perfeita enquanto o adquirente não manifestar o seu

agrado' apenas reforça seu caráter condicional, não significando que a manifestação de aprovação da coisa

tenha de ser expressa, somente. Esta pode consistir em atos incompatíveis com a vontade de rejeitar a coisa ”

[Tepedino]

Essas cláusulas funcionam como condição suspensiva, pois a venda somente será plenamente eficaz se houver

a aprovação pelo comprador (móveis ou imóveis).

Venda a contento X Venda sujeita a prova: na venda a contento a coisa ainda não é conhecida, na venda

sujeita à prova a coisa já é conhecida. Os efeitos são os mesmos (arts. 509, 510 e 511, CC). Antes da aprovação,

o comprador equivale ao comodatário. Qual a ação cabível para reaver o bem? Reintegração de posse.

“O ponto diferenciador da venda a contento é exatamente a de o negócio se consumar a critério do

comprador, independentemente da qualidade da coisa. Na venda sujeita a prova o legislador se distanciou

deste critério e inseriu uma condição que não está ligada à satisfação do comprador, mas sim ao fato de a

coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina”

[Tepedino]

c) Cláusula de preempção, preferência ou prelação convencional.

Da Preempção ou Preferência

Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que

aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por

tanto.

Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a

coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.

Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe

constar que este vai vender a coisa.

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17Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o

preço encontrado, ou o ajustado.

Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo

nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüentes à data em que o comprador

tiver notificado o vendedor.

Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode

ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o

seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.

Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do

preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de

má-fé.

Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o

destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado

direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

Não confundir com a legal – condomínio.

Cláusula inserida na venda de bens móveis e imóveis, que dá ao vendedor um direito de preferência se o

comprador pretender vender a coisa para terceiro “tanto por tanto” (igualdade de condição).

Quais são os prazos máximos decadenciais de cobertura da preempção?

Móvel: 180 dias da data da venda

Imóvel: 2 anos da data da venda

Obs.: prazos decadenciais para manifestação do vendedor quanto às preferências após a notificação pelo

comprador (são prazos mínimos):

Móvel: 3 dias

Imóvel: 60 dias

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18Se o vendedor for preterido, os efeitos são obrigacionais e não reais. NÃO CABE ADJUDICAÇAO DA COISA,

como na preempção legal. Aqui se resolve por perdas e danos – efeitos obrigacionais.

Ao contrário da retrovenda, não cabe transmissão. É personalíssima.

“A natureza jurídica da preempção é de promessa unilateral de oferecer a coisa ao vendedor, pelo preço

equivalente ao da oferta feita por terceiro interessado na sua aquisição. No Direito Brasileiro, confere ao

vendedor apenas um direito pessoal que, se desrespeitado, gera para o comprador a obrigação de arcar com

as perdas e danos” [Tepedino]

“Podem ser objeto de preempção tanto as coisas móveis quanto as imóveis (retrovenda: só imóveis)”

[Tepedino]

“Há duas espécies de preempção: a convencional e a legal (pode consistir no exercício do direito de

preferência pelos entes federativos, em dadas circunstâncias, ou pelo particular expropriado, caso a

desapropriação não cumpra sua finalidade (CC, art. 519 – retrocessão ou preempção legal) nos termos do

estatuído em lei)” [Tepedino]

“O direito de preferência é considerado personalíssimo (intransmissível)” [Tepedino]

*#OUSESABER: A preempção ou prelação é uma das cláusulas especiais do contrato de compra e venda.

Preempção ou prelação significa preferência. Segundo Tartuce, "a cláusula de preempção, preferência ou

prelação convencional é aquela pela qual o comprador de um bem móvel ou imóvel terá obrigação de oferecê-

lo a que lhe vendeu, por meio de uma notificação judicial ou extrajudicial para que este use do seu direito de

prelação em igualdade de condições, ou seja, 'tanto por tanto', no caso de alienação futura. O instituto se aplica

aos casos de venda e dação em pagamento". Segundo o art. 513 do CC, “a preempção, ou preferência, impõe ao

comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que

este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto”. O prazo para exercer o direito de preferência

não poderá exceder a 180 (CENTO E OITENTA) DIAS, SE A COISA FOR MÓVEL, ou a 2 (DOIS) ANOS, SE IMÓVEL.

Em razão de o parágrafo único afirmar que o prazo para exercer o direito de preferência “não poderá exceder”

os prazos acima faz com que alguns autores defendam a possibilidade de que tais prazos sejam reduzidos por

convenção entre as partes. Este ponto, todavia, é divergente. A não utilização do direito de preempção,

naturalmente, implica sua renúncia tácita!

d) Cláusula de venda com reserva de domínio

Da Venda com Reserva de Domínio

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Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja

integralmente pago.

Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito (REQUISITO FORMAL DE VALIDADE) e

depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. (EFEITOS ERGA OMNES – REQUISITO

DE EFICÁCIA).

Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita,

para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.

Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente

pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.

Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador

em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.

Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de cobrança

das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.

Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o

necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O

excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.

Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante financiamento de

instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato, a

benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do registro

do contrato.

Cláusula inserida na venda de bens móveis infungíveis, pela qual o vendedor mantém a propriedade da coisa

até que o preço seja integralmente pago. Quando o comprador paga integralmente o preço, deixa de ter

posse indireta e passa a ter a posse direta/plena. (propriedade resolúvel).

Pelos riscos da coisa responde o comprador (res perit emptoris). É uma exceção da regra res perit domini.

Na verdade, essa reserva de propriedade não passa de uma garantia. Visa a proteger o vendedor de um móvel,

que fica sem garantia do pagamento posterior. Para o bem imóvel, a solução é o compromisso de compra e

venda.

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20Em ação de cobrança de cotas condominiais proposta somente contra o promissário comprador, não é possível

a penhora do imóvel que gerou a dívida – de propriedade do promissário vendedor –, admitindo-se, no entanto,

a constrição dos direitos aquisitivos decorrentes do compromisso de compra e venda. STJ. 3ª Turma. REsp

1.273.313-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 3/11/2015 (Info 573). – O que o condomínio

poderá fazer neste caso? Poderá pedir a penhora dos direitos aquisitivos decorrentes do compromisso de

compra e venda. Em outras palavras, pode-se penhorar os direitos que o promitente comprador tenha em

relação ao contrato de promessa de compra e venda. Penhorados esses direitos, é como se o condomínio

assumisse o lugar do promitente comprador nas vantagens que decorrem do compromisso de compra e venda.

Ex.: se, por algum motivo, for desfeito o contrato de promessa de compra e venda, o promitente vendedor

deverá devolver parte dos valores pagos pelo promitente comprador; nesse caso, essa soma seria repassada ao

condomínio para pagar a dívida (e não ao promitente comprador).

Se houver inadimplemento do comprador, o vendedor tem duas opções:

a) Cobrar as parcelas vencidas e vincendas;

b) Recuperar a posse do bem (se o inadimplemento for substancial) – ação de busca e apreensão.

Nos dois casos exige-se a constituição em mora (a mora é ex persona), mediante protesto do título ou

interpelação judicial (art. 525, CC), ou seja, diferente da mora “ex re”, que ocorre independentemente de

notificação (nas obrigações a termo, com data de pagamento específica).

Havia o entendimento de que não podia ser interpelado extrajudicialmente, somente de forma

judicial ou mediante protesto de título, mas segundo novo entendimento do STJ isso é possível.

#MUDANÇADEENTENDIMENTO #JURISPRUDÊNCIA: A mora do comprador, na ação ajuizada pelo

vendedor com o intuito de recuperação da coisa vendida com cláusula de reserva de domínio, pode ser

comprovada por meio de notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos (RTD). Assim,

em caso de cláusula de reserva de domínio, existem três formas pelas quais o vendedor (credor) poderá

comprovar a mora do comprador (devedor): a) mediante protesto do título; b) por meio de interpelação judicial;

c) por notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.000-

MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o

necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O

excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual. (É

nula a cláusula de perda de todas as parcelas pagas. Se houver relação de consumo, aplica-se art. 53, CDC, ou

não havendo, art. 421 e 422, CC).

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21RESERVA DE DOMÍNIO ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Cláusula no contrato de compra e venda a

prazoGarantia real do contrato de mútuo

Contrato de compra e venda a prazoContrato de compra e venda à vista

Contrato de mútuo com garantia real

Propriedade resolúvel em favor do vendedor Propriedade resolúvel em favor do banco

Relação bilateral: comprador e vendedorRelação trilateral: comprador, vendedor e

instituição financeira.

Súmula do STJ de nº 369: “No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula

resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”.

Estando caracterizada a mora, o vendedor poderá: cobrar o preço ou ajuizar a reintegração de posse.

Na alienação fiduciária em garantia a ação cabível é busca e apreensão, que pode ser convertida em

ação de depósito (isso não pode ser feito na venda com reserva de domínio).

A reserva de domínio é uma exceção à regra geral de transmissão da propriedade por tradição. A

venda com reserva de domínio caracteriza-se pela transmissão da posse não correspondente à transmissão

do domínio, que fica com o vendedor até que o preço esteja integralmente pago.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de compra

e venda com reserva de domínio, o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a proteção

possessória sobre o bem móvel objeto da avença. STJ. 4ª Turma. REsp 1.056.837-RN, Rel. Min. Marco Buzzi,

julgado em 3/11/2015 (Info 573). – Trata-se do contrato de compra e venda no qual existe uma cláusula

prevendo que o comprador ficará desde logo na posse direta do bem, mas que ele só irá adquirir realmente o

domínio (só se tornará dono) depois de pagar integralmente o preço. O vendedor transmite desde logo a posse,

comprometendo-se a transferir o domínio tão logo o comprador pague a integralidade do preço. – A cláusula de

reserva de domínio deve ser estipulada por escrito. – Para valer contra terceiros, o contrato precisa ser

registrado no domicílio do comprador (art. 522). A serventia competente para esse registro é o RTD (Registro de

Títulos e Documentos). Se o bem vendido foi um automóvel, caberá a anotação do gravame no Certificado de

Registro do Veículo (CRV), nos termos da Lei nº 11.882/2008. – Mesmo sem ser ainda o dono, o comprador tem

o dever de cuidar da coisa. Isso porque se ela perecer (estragar completamente) ou se deteriorar, quem irá

sofrer com esse prejuízo será ele (possuidor direto). – Em caso de mora do comprador, o vendedor terá três

opções: a) Ação executiva (execução do contrato): ocorre quando o contrato assinado preenche os requisitos

para ser considerado um título executivo extrajudicial, nos termos do art. 585, II, do CPC 1973 (art. 784, III, do

CPC 2015). b) Ação de cobrança: se o contrato assinado não preenche os requisitos para ser considerado um

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22título executivo, o vendedor poderá ajuizar ação cobrando as prestações vencidas e vincendas e o que mais for

devido. Repare, portanto, que, em caso de atraso, ocorrerá o vencimento antecipado das parcelas futuras. Ex:

eram 12 parcelas; depois da 4ª, o comprador tornou-se inadimplente; logo, todas as 8 restantes já são

consideradas vencidas. Vale ressaltar que, se o vendedor conseguir receber esse valor pleiteado na ação, o bem

objeto do negócio jurídico passa a pertencer ao comprador. c) Ação de reintegração de posse da coisa vendida

(alguns autores defendem que seria uma ação de busca, apreensão e depósito, com base no art. 1.071 do CPC

1973, que não foi repetido no CPC 2015): caso opte por pedir a reintegração de posse (ou busca e apreensão),

mesmo depois de ter de volta o bem o vendedor poderá reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a

depreciação da coisa, as despesas feitas e o que mais de direito lhe for devido (art. 527). Em outras palavras, o

vendedor poderá utilizar o valor já pago pelo comprador para cobrir seus prejuízos. Isso porque a coisa foi usada

e já não vale o mesmo do que quando era nova. Além disso, o vendedor teve despesas com notificação

extrajudicial etc. – Se as prestações pagas pelo comprador forem maiores do que os gastos do vendedor, ele

deverá devolver o excedente ao comprador. Se forem menores, ele poderá ajuizar ação de cobrança para

pleitear o restante. – Vale ressaltar que se o vendedor quiser ajuizar a ação de reintegração de posse da coisa

vendida, ele não precisará previamente pedir a rescisão do contrato, podendo propor desde logo a ação

possessória. Nesse sentido, decidiu o STJ: ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de

compra e venda com reserva de domínio, o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a

proteção possessória sobre o bem móvel objeto da avença. STJ. 4ª Turma. REsp 1.056.837-RN, Rel. Min. Marco

Buzzi, julgado em 3/11/2015 (Info 573). – Não há necessidade de ajuizamento preliminar de ação rescisória do

contrato para a obtenção da retomada do bem porque não se trata, aqui, da análise do ius possessionis, mas sim

do ius possidendi: a) Ius possessionis: é o direito de posse, ou seja, é o poder sobre a coisa e a possibilidade de

sua defesa por intermédio dos interditos (interdito proibitório, de manutenção da posse ou de reintegração de

posse). Trata-se de conceito que se relaciona diretamente com a posse direta e indireta. b) Ius possidendi: é o

direito à posse decorrente do direito de propriedade, ou seja, é o próprio domínio. Em outras palavras, é o

direito conferido ao titular de possuir o que é seu, independentemente de prévio ajuizamento de demanda

objetivando rescindir o contrato de compra e venda, uma vez que, nos contratos com cláusula de reserva de

domínio, a propriedade do bem, até o pagamento integral do preço, pertence ao vendedor, ou seja, não se

consolida a transferência da propriedade ao comprador.

*#OUSESABER: Não é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e venda de imóvel

em construção desde que limitada a 180 dias. Certo ou errado? Certo. No REsp 1.582.318, o STJ assim decidiu.

(...).3.No contrato de promessa de compra e venda de imóvel em construção, além do período previsto para o

término do empreendimento, há, comumente, cláusula de prorrogação excepcional do prazo de entrega da

unidade ou de conclusão da obra, que varia entre 90 e 180 dias: a cláusula de tolerância. 4. Aos contratos de

incorporação imobiliária, embora regidos pelos princípios e normas que lhes são próprios (Lei nº 4.591/1964),

também se aplica subsidiariamente a legislação consumerista sempre que a unidade imobiliária for destinada a

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23uso próprio do adquirente ou de sua família. 5. Não pode ser reputada abusiva a cláusula de tolerância no

compromisso de compra e venda de imóvel em construção desde que contratada com prazo determinado e

razoável, já que possui amparo não só nos usos e costumes do setor, mas também em lei especial (art. 48, § 2º,

da Lei nº 4.591/1964), constituindo previsão que atenua os fatores de imprevisibilidade que afetam

negativamente a construção civil, a onerar excessivamente seus atores (...) concorre para a diminuição do preço

final da unidade habitacional a ser suportada pelo adquirente, pois ameniza o risco da atividade advindo da

dificuldade de se fixar data certa para o término de obra de grande magnitude sujeita a diversos obstáculos e

situações imprevisíveis. 7. Deve ser reputada razoável a cláusula que prevê no máximo o lapso de 180 (cento e

oitenta) dias de prorrogação, visto que, por analogia, é o prazo de validade do registro da incorporação e da

carência para desistir do empreendimento (arts. 33 e 34, § 2º, da Lei nº 4.591/1964 e 12 da Lei nº 4.864/1965) e

é o prazo máximo para que o fornecedor sane vício do produto (art. 18, § 2º, do CDC). 8. Mesmo sendo válida a

cláusula de tolerância para o atraso na entrega da unidade habitacional em construção com prazo determinado

de até 180 dias, o incorporador deve observar o dever de informar e os demais princípios da legislação

consumerista (...).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIUA #STJ: É vedada a exclusão de cobertura de seguro de vida em razão da

embriaguez do segurado. STJ. 2ª Seção. EREsp 973.725-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador

Convocado Do TRF 5ª Região), julgado em 25/04/2018 (Info 625).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É devida a condenação ao pagamento de taxa de ocupação

(aluguéis) pelo período em que o comprador permanece na posse do bem imóvel, no caso de rescisão do

contrato de promessa de compra e venda, independentemente de ter sido o vendedor quem deu causa ao

desfazimento do negócio. Ex: João e Pedro celebraram promessa de compra e venda de um apartamento. Pedro

(promitente comprador) estava morando no imóvel há 6 meses e pagando regularmente as prestações. Ocorre

que o contrato foi desfeito por culpa de João. Todo o valor pago por Pedro deverá ser devolvido, assim como ele

terá que ser indenizado pelas benfeitorias que realizou. Por outro lado, Pedro terá que pagar taxa de ocupação

(aluguel) pelos meses em que morou no apartamento. O fundamento para isso não está na culpa, mas sim na

proibição do enriquecimento sem causa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.613.613-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,

julgado em 12/06/2018 (Info 629).

6. OUTROS CONTRATOS EM ESPÉCIE

Além do contrato de compra e venda, importante estudar outros contratos em espécie9:

9 Por Bruna Daronch.

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246.1) Contrato de Prestação de Serviço:

a) Conceito: Trata-se de um contrato em que uma pessoa (prestador ou executor) compromete-se a realizar

uma determinada atividade em favor de outra pessoa (tomador ou solicitante), mediante certa remuneração

(preço ou salário civil).

b) Natureza jurídica e características:

b.1) Bilateral ou sinalagmático: Estabelece obrigações para ambos os contratantes. Por essa razão, é possível a

alegação de exceção de contrato não cumprido por qualquer um dos contratantes.

Existe uma ordem no cumprimento de uma dessas obrigações? Primeiramente, o serviço é prestado e, somente

depois, paga-se a remuneração.

b.2) Oneroso: Há sacrifício patrimonial para ambas as partes.

b.3) Consensual: É aquele que se aperfeiçoa (se conclui) com a manifestação de vontade.

*#DICA: A oposição de contrato consensual é o real. Este último só pode existir em contratos que tem obrigações de dar.

- Quando a transferência do objeto é requisito de aperfeiçoamento (eficácia), o contrato é consensual.

- Quando a transferência do objeto é requisito de formação (existência), o contrato é real.

Obrigação de dar Obrigação de fazer/não fazer

Contrato pode ser real ou consensual Contrato será, necessariamente, consensual

b.4) Informal: Não é exigida qualquer formalidade ou solenidade na formação do contrato.

OBS.: Se uma das partes não souber ler ou escrever, o contrato pode ser assinado a rogo (leia-se: “a pedido”) e

subscrito por duas testemunhas.

b.5) Comutativo: É aquele que as partes sabem de antemão as prestações que terão que cumprir e essas

guardam uma relação de equivalência entre si.

*#DICA: A oposição de contrato comutativo é o aleatório.

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25b.6) Pessoal: A prestação de serviço é um contrato personalíssimo/intuito personae, motivo pelo qual a morte

de qualquer um dos contratantes acarreta a extinção do contrato. Pela mesma razão, o contrato não pode ser

cedido/substituído a outra pessoa.

b.7) Individual: O contrato coletivo é reservado ao contrato de trabalho. A prestação de serviço é sempre

individual.

b.8) Caráter residual: O CC/2002 tem caráter residual na regulamentação da prestação de serviço, já que a

legislação civil só deve ser aplicada quando inexistente norma especial.

Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial (exemplo: CDC),

reger-se-á pelas disposições deste Capítulo.

b.9) Execução sucessivo ou execução continuada: Para a realização da prestação do serviço, são realizadas

diversas atividades ao longo do tempo.

c) Diferenciações relevantes:

c.1) Prestação de serviço x Relação trabalhista: A relação trabalhista difere da prestação de serviço em razão

das seguintes características: continuidade, dependência econômica e não eventualidade.

A continuidade também está presente na prestação de serviço, mas neste contrato há prazo determinado, o

que o diferencia do contrato de trabalho.

#LEMBRAR: De acordo com o art. 114, inciso I, CF, compete à Justiça do Trabalho julgar as ações oriundas da

relação de trabalho, abrangidas os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Onde deve ser proposta a ação para a cobrança de honorários advocatícios? A competência da Justiça Comum,

segundo a Súmula 363 do STJ – Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por

profissional liberal contra cliente.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não é possível a estipulação de multa no contrato de honorários para as

hipóteses de renúncia ou revogação unilateral do mandato do advogado, independentemente de motivação,

respeitado o direito de recebimento dos honorários proporcionais ao serviço prestado. É direito de o advogado

renunciar ou da parte revogar o mandato a qualquer momento e sem necessidade de declinar as razões. Isso

porque a relação entre advogado e cliente é pautada pela confiança, fidúcia, sendo um contrato personalíssimo

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26(intuitu personae). Apesar de o advogado não poder exigir multa pelo fato de o contratante ter revogado o

mandato, ele poderá cobrar o valor dos honorários advocatícios na proporção dos serviços que já foram

prestados. Cláusula penal em contratos advocatícios: é lícita para situações de mora e/ou inadimplemento (ex:

multa pelo atraso no pagamento dos honorários). não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação

do mandato (ex: multa pelo fato de o cliente ter decidido revogar o mandato e constituir outro advogado). STJ.

4ª Turma. REsp 1.346.171-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/10/2016 (Info 593).

c.2) Prestação de serviço x Relações de Consumo: Se houver relação de consumo, deve ser aplicado o CDC.

Segundo a teoria finalista, consumidor é aquele que é destinatário fático e econômico, ou seja, aquela pessoa

que põe fim ao serviço. Essa teoria é adotada, em regra, pelo STJ. Segundo a teoria do finalismo aprofundado,

consumidor é aquele que é destinatário meramente fático, desde que haja evidente vulnerabilidade. Esta teoria

é adotada, excepcionalmente, pelo STJ.

d) Sujeito dos contratos: Os sujeitos são o tomador e o prestador. Por ser um contrato personalíssimo, a cessão

contratual depende de expressa anuência da outra parte.

*#EXCEÇÃO: O contrato é transferido automaticamente (logo, sem necessidade de expressa anuência) em caso

de alienação de prédio agrícola (imóvel com destinação rural). Imagine o caso do caseiro em um sítio. Caso a

propriedade seja alienada, o prestador pode escolher entre continuar prestando serviço ao adquirente da

propriedade ou ao primitivo contratante.

d.1) Capacidade civil e habilitação: Como qualquer contrato, a formação válida depende da capacidade civil dos

contratantes. Para a prestação de serviço, exige-se que o prestador tenha, pelo menos, 16 anos.

Art. 7º. [...] XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer

trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

Cabe referir que para determinadas atividades exige-se capacidade ou habilitações específicas. Ex: profissional

da área da saúde (médico e enfermeiro), profissional da advocacia.

A pessoa que não era habilitada pode cobrar a remuneração? Se o serviço for prestado de boa-fé por quem não

possui habilitação específica, o prestador poderá cobrar uma compensação razoável, mas não será a mesma do

profissional habilitado. Exemplo: Intermediação de negócio imobiliário sem registro no CRECI. Na realidade, a

pessoa presta serviço de corretagem.

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27Se houver forte interesse público na prestação do serviço, o prestador não fará jus à remuneração. Ex: Falso

médico ou falso advogado.

O STJ tem afastado a cobrança de honorários advocatícios por parte de empresas de cobrança.

e) Objeto do contrato: Obrigação de fazer lícita: intelectual ou braçal. Se o contrato não estipular

especificadamente o serviço, será compreendido que o prestador se obrigou a todo e qualquer tipo de serviço,

desde que compatível com a sua condição, força, etc.

Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante

retribuição.

f) Remuneração (preço ou salário civil): A remuneração é um elemento ESSENCIAL do contrato de prestação de

serviço, vedando-se o contrato escravo. Sem remuneração não há prestação de serviço.

Mas, se o contrato de prestação de serviço for omisso quanto à remuneração, a onerosidade será presumida. Se

não houver acordo entre as partes, o preço será arbitrado pelo Juiz.

A remuneração é, em regra, em pecúnia/dinheiro, mas não há proibição quanto à remuneração in natura

(moradia, alimentação).

Quando deve ser paga a remuneração? Em regra, a remuneração deve ser paga após a prestação do serviço.

g) Prazo contratual: O contrato pode ser celebrado por prazo determinado ou indeterminado.

*#IMPORTANTE: A lei estabelece que o contrato só pode ser celebrado pelo prazo máximo de 04 anos a fim de

evitar a contratação de serviços escravos.

Qual a consequência se o contrato for estipulado por prazo superior a 04 anos? Se estipulado por prazo superior

a 04 anos, o contrato será válido e eficaz até o prazo estipulado (não há qualquer nulidade). Após o prazo

máximo legal (04 anos), o contrato será interpretado como se estivesse estabelecido por prazo indeterminado.

OBS.1: Há quem defenda que o contrato, após o prazo máximo legal (04 anos), será extinto (plano da eficácia).

O concurso pode adotar ambas as consequências.

OBS.2: Não existe proibição para a celebração de sucessivos contratos de 04 anos.

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28E se o contrato for omissivo quanto ao prazo? Se o contrato for omisso quanto ao prazo (prazo indeterminado) e

não for possível deduzi-lo da natureza da atividade e dos costumes, qualquer das partes poderá resolvê-lo

mediante prévio-aviso (art. 599, CC).

Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do

lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.

Trata-se de uma resilição unilateral imotivada.

g.1) Prazos específicos para o aviso prévio:

(i) Aviso deve ter antecedência de 08 dias, se o salário for mensal ou por período superior (bimestral, semestral,

etc.).

(ii) Aviso deve ter antecedência de 04 dias, se o salário for semanal ou quinzenal.

(iii) Aviso deve ter antecedência de 01 dia (véspera), se o salário for inferior a 07 dias.

g.2) Suspensão da contagem do prazo contratual:

(i) Falta culposa: o prazo é suspenso. Isso significa que os dias faltosos serão trabalhados no futuro (espécie de

compensação).

(ii) Falta não culposa: o prazo não é suspenso e o serviço é considerada prestado. Ex.: enfermidade.

Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua, deixou de

servir.

h) Tutela externa do crédito: O art. 608 do CC consagra a eficácia externa do princípio da função social do

contrato ao proteger as partes do aliciamento de outras pessoas.

Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a

importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.

O instituto representa uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos (eficácia inter partes – res inter alios

acta).

O direito obrigacional é relativo (inter partes) e o direito real é absoluto (erga omnes). A teoria da tutela

externa do crédito transforma a relação obrigacional relativa em absoluta, criando-se um dever de abstração

(não fazer) a fim de não prejudicar outrem.

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296.2) Contrato de Empreitada:

a) Conceito: É o contrato pelo qual uma pessoa (dono da obra ou tomador) se compromete a pagar

determinada remuneração a outra pessoa (empreiteiro ou prestador) para a realização de uma determinada

obra.

Na prestação de serviço, há uma preocupação maior com o fazer (dia a dia). Na empreitada, há uma

preocupação com o resultado propriamente dito.

b) Natureza jurídica e características:

b.1) Bilateral ou sinalagmático: Obrigações para ambas as partes;

b.2) Oneroso: Sacrifício patrimonial para ambos.

b.3) Comutativo: As partes têm ciência das obrigações que terão que cumprir (não há álea/risco).

b.4) Consensual: É formada com a manifestação de vontade.

b.5) Informal: Não exige forma ou solenidade (art. 107, CC).

b.6) Impessoal: A empreitada é, em regra, um contrato impessoal, possibilitando a qualquer uma das partes a

promoção a cessão contratual mediante a subempreitada. Por isso, a morte não acarreta a extinção do

contrato.

#LEMBRAR: A subempreitada só será proibida se houver disposição expressa no contrato ou,

independentemente de proibição expressa, se esta fizer menção às qualidades pessoais do empreiteiro.

b.7) Indivisível: Como a empreitada tem como objetivo a obra (resultado final), o contrato não pode ser

executado de forma fracionada, salvo estipulação em sentido contrário. Não há que se falar em cumprimento

parcial do contrato.

b.8) Execução sucessiva ou execução continuada: Para conclusão da obra, são realizadas diversas atividades ao

longo do tempo.

c) Diferença de suma importância:

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30Contrato de prestação de serviço Contrato de empreitada

Art. 593 a 609 do CC Art. 610 a 626 do CC

Trata-se do gênero.Trata-se de uma espécie de prestação de

serviço. Há prestação de serviço especial.

Prestador assume uma obrigação de meio.

FOCO ESTÁ NA ATIVIDADE.

Prestador assume uma obrigação de

resultado.

FOCO ESTÁ NA OBRA.

Há subordinação. Não há subordinação.

A remuneração é proporcional ao dia/hora

de trabalho.

A remuneração é proporcional ao resultado

alcançado.

d) Objeto do contrato: Obra material (ex.: construção de uma casa, terraplenagem, poda de árvore, etc.) ou

imaterial/intelectual (ex: software, parecer de jurista, etc.).

e) Espécies de empreitada:

e.1) Empreitada de lavor ou de mão de obra: É aquela em que o empreiteiro fornece apenas a mão de obra

(quem contrata), cabendo ao dono o fornecimento dos materiais.

#ATENÇÃO: No silêncio do contrato, a empreitada é de lavor, não se presumindo a obrigação de fornecer os

materiais.

#ALERTA: Na empreitada de lavoura, a responsabilidade quanto aos materiais é do dono da obra, estendendo-

se a regra do res perit domino.

e.2) Empreitada mista ou de materiais: O empreiteiro fornece a mão de obra e os materiais.

#ALERTA: Como consequência, pode-se dizer que, na empreitada mista, a responsabilidade quanto aos

materiais é do empreiteiro até a entrega da obra, aplicando-se a regra res perit domino.

e.3) Empreitada sob administração: O empreiteiro não fornece a mão de obra, tampouco os materiais,

assumindo apenas o dever de administrador.

f) Classificação de acordo com a forma de remuneração ou fixação de preço:

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f.1) Empreitada a preço fixo ou preço global ou maché à forfait: É aquela em que a remuneração é estipulada

para a obra inteira, sem levar em consideração o fracionamento do resultado. O pagamento pode até ser

parcelado, mas sempre relacionado à conclusão da obra.

Em regra, o empreiteiro não pode exigir aumento no preço (leia-se: empreitada a preço fixo absoluto).

Contudo, se as alterações no projeto forem determinadas por escrito pelo dono da obra ou se ele tinha ciência

inequívoca das mesmas o empreiteiro poderá exigir acréscimo no preço (leia-se: empreitada a preço fixo

relativo).

É possível a revisão judicial do preço em razão de onerosidade excessivo (rebus sic stantibus)? Em situações

excepcionais (fatos imprevisíveis e extraordinários), a jurisprudência vem admitindo a revisão contratual para

afastar a onerosidade excessiva (art. 317 a art. 478, CC).

f.2) Empreitada sob medida ou ad mensuram ou machésur devis: É aquela em que a remuneração leva em

conta o fracionamento da obra (partes ou medidas). Exemplo: empreitada de terraplanagem, de asfalto, de

piso.

OBS.1: Quando a remuneração é paga, presume-se que a obra foi verificada/aceita.

OBS.2: A medição gera presunção de verificação/aceitação, se os vícios não forem denunciados no prazo de 30

dias.

g) Responsabilidade civil:

Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de

materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do

trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o

empreiteiro, nos 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.

O art. 618 refere-se ao direito de reclamar de vício redibitório em construções consideráveis (há previsão legal

apenas para grandes construções). Há um prazo de garantia legal de 05 anos e outro de 180 dias para exercer o

direito de reclamar (as duas regras devem se conciliar). Este prazo é apenas para exigir o conserto, não sendo

uma regra de exigir perdas e danos.

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32Caso ocorra um vício no primeiro ano de obra, o dono da obra tem o prazo de 180 dias.

O conserto não se restringe apenas aos materiais/solo, estendendo-se à segurança da obra.

Qual é o prazo para reclamar reparação pelas perdas e danos? Na vigência do CC/16, o prazo era de 20 anos

(Súmula 194 do STJ). Atualmente, o entendimento majoritário é no sentido de ser aplicado o prazo de 03 anos

(prazo geral de responsabilidade civil). Mas, há um precedente do STJ10, aplicando-se o prazo de 10 anos (prazo

geral de prescrição do CC/2002).

4) Contrato de Empréstimo:

a) Introdução: O contrato de empréstimo possui 02 modalidades:

a.1) Comodato: Empréstimo de bem infungível/insubstituível, sendo conhecido como empréstimo de uso.

Exemplo: Empréstimo de imóvel/móvel.

a.2) Mútuo: Empréstimo de bem fungível/substituído, sendo conhecimento como empréstimo de consumo.

Exemplo: Empréstimo de dinheiro.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Pessoa celebrou contrato de mútuo feneratício com instituição

financeira. Por algum motivo (ex: nulidade, ato ilícito, abusividade etc.) o mutuário ingressou com ação judicial

pedindo a resolução do contrato e a restituição das parcelas pagas. Se esta ação for julgada procedente, o

mutuário terá direito de receber os valores pagos acrescidos de juros remuneratórios no mesmo percentual

que era previsto no contrato para ser cobrado pelo banco mutuante? NÃO. O mutuário que celebrar contrato

de mútuo feneratício com a instituição financeira mutuante, não tem direito de pedir repetição do indébito

com os mesmos índices e taxas de encargos previstos no contrato. Tese aplicável a todo contrato de mútuo

feneratício celebrado com instituição financeira mutuante: “Descabimento da repetição do indébito com os

mesmos encargos do contrato”. STJ. 2ª Seção. REsp 1.552.434-GO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado

em 13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 628). #IMPORTANTE

- Quando se tem a entrega de alguma coisa, é possível configurar 04 contratos diversos. Vejamos as diferenças:

Entrega para uso Entrega para

consumo (utilização

e substituição de

Entrega para guarda Entrega para

administração

10 Mas, é uma posição isolada.

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33outro da mesma

espécie)

Comodato Mútuo

Depósito

(a coisa não pode

utilizada).

Mandato.

b) Natureza jurídica:

b.1) Contrato unilateral (deveres para uma das partes) e gratuito (prestação sem contraprestação), em regra.

Contudo, excepcionalmente, admite-se o empréstimo oneroso. Exemplo: mútuo oneroso.

b.2) Contrato real: Tem aperfeiçoamento com a entrega da coisa. Exemplo: art. 579 do CC (comodato). Pode-se

guardar a regra: todo contrato real é unilateral, já que não há mais obrigações para uma das partes (aquela que

entregou).

b.3) Contrato comutativo: As prestações são previamente conhecidas.

b.4) Contrato informal e não solene: Não se exige a forma escrita, tampouco escritura pública.

b.5) Contrato personalíssimo (intuito personae): Baseia-se na confiança (fidúcia).

b.6) Contrato temporário: Não há perpetuidade, já que o bem deve ser devolvido. O prazo pode ser

determinado pelas partes. Em caso de silêncio, a lei supre-o.

c) Regras quanto ao comodato:

c.1) Conceito: Trata-se do contrato pelo qual alguém entrega a outra pessoa uma coisa infungível para ser

utilizada por determinado tempo e devolvida findo o contrato. O comodato pode ter como conteúdo bens

imóveis ou móveis. Exemplo: veículos.

*#LEMBRAR: O veículo, para fins contratuais, sempre é um bem móvel infungível em razão do número de chassi

identificador.

c.2) Partes:

(i) Comodante: Aquele que empresta a coisa;

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34(ii) Comodatário: Aquele que recebe a coisa.

*#ATENÇÃO: É possível, excepcionalmente, que o comodato tenha por objeto alguns bens fungíveis, que serão

utilizados e, necessariamente, devolvidos ao final do contrato. Exemplo: Empréstimo de enfeites que serão

utilizados em festas. Este comodato é chamado de comodato ad pompam vel ostentationes.

Imagine a seguinte situação: “A” (comodante) empresta imóvel a “B” (comodatário), devendo este pagar as

despesas de condomínio e IPTU. Neste caso, o contrato passa a ser bilateral? NÃO, pois, segundo os

ensinamentos de Maria Helena Diniz, Carlos Roberto Gonçalves e Flávio Tartuce, ocorre o chamado comodato

(oneroso) modal ou encargo com natureza de contrato unilateral imperfeito.

Cabe analisar a questão dos tutores, curados e administradores em geral. O art. 580 segue a mesma finalidade

(mesma regra e mesma consequência, inclusive) do art. 497 do CC11 (trata de compra e venda).

Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar em

comodato, sem autorização especial (há quem entende que esta autorização deve ser judicial), os bens

confiados à sua guarda.

A violação do art. 580 acarreta a nulidade absoluta, segundo art. 166, inciso VII, segunda parte, do CC.

#DICA: Sempre que a lei obrigue uma conduta, mas não traga consequência específica em caso de

descumprimento, há nulidade. Pontes de Mirante afirmava que esta nulidade é virtual.

c.3) Retomada do bem:

Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido;

não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e

gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.

Para que ocorre a retomado do bem, cabe ação de reintegração de posse12, observadas as seguintes regras:

(i) Fixado um prazo convencional, vencido este, a mora do comodatário é automática ou ex re (art. 397, caput,

CC). Diante disso, cabe ação de reintegração de posse sem a necessidade de notificação prévia do comodatário,

já que o dia do vencimento interpela a pessoa.

11 Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;12 Não cabe ação de busca e apreensão. Só cabe esta ação nos casos previstos em lei. Ocorre, por exemplo, na venda sob reserva de domínio e nas alienações fiduciárias.

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(ii) Não havendo prazo convencional, a coisa será utilizada conforme sua natureza. Isso é um problema.

Imagine que o comodato seja de um imóvel para a moradia. Nesse caso, presume-se que o agente sempre

precisará de moradia.

Finda a utilização, o comodante deverá notificar (judicial ou extrajudicial) o comodatário para devolvê-la,

constituindo-o em mora (ex persona – art. 397, par. único, CC), para, somente depois, ingressar com a ação de

reintegração de posse. Caso não haja notificação, o processo será extinto sem resolução do mérito.

Esta notificação para retomada do bem deve ser motivada? O STJ entende que, em regra, esta notificação deve

estar motivada (o motivo deve ser justo e plausível). Nesse sentido: STJ, REsp 571453/MG.

c.4) Obrigação do comodatário:

Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo

usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela , sob pena de (extinção pela resolução em razão do

descumprimento) responder por perdas e danos.

Tem-se a consagração de responsabilidade subjetiva do comodatário. Em caso de pluralidade de comodatários,

haverá a responsabilidade solidária entre eles (art. 585, CC13). Neste caso, tem-se uma responsabilidade

solidária passiva legal.

Art. 582. [...]. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel

da coisa que for arbitrado pelo comodante.

O devedor responde, por força do art. 399, até por caso fortuito e força maior.

O devedor responde por um aluguel chamado de aluguel pena, fixado na notificação ou no contrato.

*#CUIDADO: A mora e incidência do aluguel não transforma comodato em locação, já que ele é apenas uma

penalidade (pena privada).

O Enunciado 180 da III Jornada de Direito de Civil afirma que cabe a redução deste aluguel pena, se ele for

exagerado, com base no art. 575 do CC (pode ser reduzida). Nesse sentido: STJ, REsp 1175848/PR. Contudo, o

professor Flávio Tartuce prefere embasar essa redução no art. 413 do CC (deve ser reduzida).

13 Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

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c.5) Punição para o “comodatário egoísta”: Aquele que “ao invés de conservar o bem emprestado, resolve

proteger o seu bem próprio”. Ele responde por caso fortuito e força maior.

Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a

salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a

caso fortuito, ou força maior.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O falecimento do consignante não extingue a dívida decorrente de contrato de

crédito consignado em folha de pagamento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.498.200-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado

em 05/06/2018 (Info 627).

c.6) (Im)possibilidade de restituição de despesas realizadas no bem (benfeitorias):

Ao final do contrato, o comodatário poderá pleitear do comodante indenização por benfeitorias necessárias ou

úteis que realizou no imóvel, considerando o contrato em que não haja cláusula de renúncia?

1ª POSIÇÃO: NÃO, segundo o art. 584 do CC. Trata-se de uma interpretação literal. Neste sentido: TJSP, AC

7276634-2.

Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa

emprestada.

2ª POSIÇÃO: SIM, conforme apregoa o art. 1.219 do CC, já que se trata de possuidor de boa-fé. Faz-se uma

interpretação sistemática e principiológica do CC. Essa posição somente privilegia a eticidade/boa-fé do sistema

introduzido pelo CC/2002. Esta posição deve ser adotada na atualidade. Neste sentido: TJSP, AC 7301347-5.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como,

quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e

poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

d) Regras quanto ao mútuo:

d.1) Conceito: Trata-se do empréstimo de coisas fungíveis, sendo que o mutuário é obrigado a restituir ao

mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, mesma qualidade e mesma quantidade. Ex:

Empréstimo de dinheiro.

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37O objeto do mútuo é só coisa móvel, já que imóvel é sempre infungível.

Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele

recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

d.2) Partes:

(i) Mutuante: Aquele que cede;

(ii) Mutuário: Aquele que recebe.

d.3) Contrato translativo e real: Com o empréstimo, transmite-se a propriedade da coisa, incidindo a regra da

res perit domino a partir da tradição (entrega efetiva).

Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos

os riscos dela desde a tradição (res perit domino).

A compra e venda, apesar de ser translativo (transfere a propriedade), é um contrato consensual.

O que se entende por senatus consulto macedoniano?

O CC/2002 continua, como regra, condenando o mútuo feito à pessoa menor ou mútuo a menor, segundo o

art. 588. Há exceções do art. 589 do CC.

A regra tem origem romana com o instituto do senatus consulto macedoniano. Em Roma, o filho do Senador

Macedo (rico) contraiu dívidas e matou o pai para pagá-las, o que originou a clássica vedação do mútuo a

menor. O objetivo inicial do instituto era evitar que filhos menores contraíssem dívidas e matassem o pai para

quitá-las. Essa história inspirou as seguintes regras no CC/2002:

REGRA GERAL: Sem autorização dos responsáveis, o mútuo a menor gera uma obrigação natural/incompleta, já

que: a dívida existe, mas não pode ser exigida. Há débito sem responsável (debitum sem obligatio), atingindo o

plano da eficácia.

Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser

reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

EXCEÇÃO: Não se tem uma obrigação natural/incompleta, mas uma obrigação completa.

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38

Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:

I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar

posteriormente: Ratificação posterior dos responsáveis.

II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos

habituais: Para a proteção do patrimônio mínimo do menor.

III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá

ultrapassar as forças: Para a proteção do patrimônio mínimo do menor.

IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;

V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente: Há ocorrência de dolo.

d.4) Mútuo oneroso ou mútuo a fins econômicos ou mútuo feneratício:

Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução,

não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.

Empréstimo de dinheiro a juros, sendo que estes não podem exceder a taxa do art. 406 do CC, permitindo a

capitalização anual.

A taxa do art. 406 possui qual natureza jurídica?

1ª POSIÇÃO: 1% ao mês ou 12% ao ano (art. 161, §1º, CTN). Neste sentido, Enunciado 20 da I Jornada de Direito

Civil. Segundo Tartuce, o magistrado deve julgar com base na lei (CTN) e não com base na vontade do Banco

Central.

2ª POSIÇÃO: SELIC, a qual embute juros e correção monetária.

A jurisprudência superior que as instituições bancárias e financeiras não se submetem aos limites do Código Civil

e da Lei de Usura (DL 22626/33 – dobro da taxa legal – máximo de 2% ao mês ou 24% ao ano). Com isso, podem

cobrar as taxas de mercado. Neste sentido a Súmula 596 do STF, a Súmula 283 do STJ, Súmula 382 do STJ.

*#SELIGANASSÚMULAS:

Súmula 596 do STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros

encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema

financeiro nacional.

Súmula 282 do STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica

abusividade.

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39Súmula 382 do STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica

abusividade.

d.5) Prazos legais: Privilegiam a regra de que se trata de um contrato temporário.

Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:

I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura;

II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;

III - do espaço de tempo que declarar o mutuante (ex: notificação), se for de qualquer outra coisa fungível.

6.3) Contrato de fiança:

a) Conceito: Trata-se de um contrato especialíssimo no CC, já que possui características próprias, as quais não se

estendem às demais avenças.

Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo

devedor, caso este não a cumpra.

Inicialmente, percebe-se que a fiança é uma garantia pessoal, já que todo o patrimônio do devedor responde.

Por isso, diz-se que a fiança é uma caução/garantia fidejussória.

*#DICA: Não cabe confundir fiança com penhor/hipoteca/anticrese, já que estes institutos são garantias reais e

aquela é uma garantia fidejussória.

Na essência, o contrato de fiança é celebrado, na sua relação principal, entre fiador e credor, uma vez que o

fiador assume responsabilidade sem ter dívida. Trata-se da premissa “haftung sem shuld” ou “obligatio sem

debitum”, sendo, exatamente, oposta da obrigação natural (vide acima).

O contrato de fiança pode ser celebrado contra a vontade do devedor? Sim, já que a relação jurídica principal é

entre fiador e credor. A relação entre fiador e devedor é, meramente, subsidiária. Isso somente se excepciona

na fiança bancária ou seguro fiança (formas atípicas de fiança – doutrinariamente, há quem sustente que sequer

fiança seria).

Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.

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40b) Natureza jurídica: Trata-se de um contrato complexo e sui generis, com características

únicas/exclusivas/especiais.

b.1) Em regra, contrato unilateral, pois traz deveres apenas para o fiador. Excepcionalmente, ela é remunerada

(fiança bancária e seguro fiança).

b.2) Em regra, contrato gratuito, pois é negócio benéfico. Por isso, a fiança não admite interpretação extensiva

(art. 819, CC).

A fiança limitada decorre da lei e do contrato, de modo que o fiador não pode ser compelido a pagar valor

superior ao que foi avençado, devendo responder tão somente até o limite da garantia por ele assumida, o que

afasta sua responsabilização em relação aos acessórios da dívida principal e aos honorários advocatícios, que

deverão ser cobrados apenas do devedor afiançado. Por se tratar de contrato benéfico, as disposições relativas

à fiança devem ser interpretadas de forma restritiva (art. 819 do CC), razão pela qual, nos casos em que ela é

limitada (art. 822), a responsabilidade do fiador não pode superar os limites nela indicados. Ex.: indivíduo

outorgou fiança limitada a R$ 30 mil; significa que ele não terá obrigação de pagar o que superar esta quantia,

mesmo que esse valor a maior seja decorrente das custas processuais e honorários advocatícios. STJ. 3ª Turma.

REsp 1.482.565-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016 (Info 595)

Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

Pelo art. 819 do CC, o fiador, em um contrato de locação, só responderia por aluguéis. Contudo, isso será

aprofundado posteriormente (vide abaixo).

b.3) Contrato consensual e comutativo;

b.4) Contrato formal e não solene: Deve ser escrito (art. 819, CC), mas não há necessidade de escritura pública.

b.5) Contrato acessório: Isso significa que o contrato de fiança nunca existe sozinho, acompanhando o contrato

principal (geralmente, o contrato principal é locação). Exemplo: Se o contrato principal é nulo/anulável, a fiança

também será.

A fiança pode configurar a forma de contrato de adesão.

c) Requisitos para a parte ser fiadora: A possibilidade de ser fiador exige determinadas condições (requisitos):

c.1) Capacidade (art. 3º e art. 4º do CC), sob pena de nulidade/anulabilidade.

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c.2) Legitimação: O art. 1.647, inciso III, exige a outorga conjugal, salvo no regime de separação absoluta

(somente a convencional), sob pena de anulabilidade da fiança (art. 1.649).

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto

no regime da separação absoluta:

(...)

III - prestar fiança ou aval;

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato

praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade

conjugal.

Pela leitura do CC, a fiança sem autorização de um dos cônjuges implica a anulabilidade. Mas, a redação da

Súmula 332 do STJ traz solução diversa: “A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a

ineficácia total da garantia”.

Contudo, quem escolhe se a consequência do (não) ato é o legislador e não os juristas. É criticável a

incompatibilidade da súmula com a lei! Na prova objetiva deve-se adotar o entendimento sumulado (o que mais

cai!).

Este entendimento sumulado se estende à união estável? Não, segundo o STJ no REsp 1299866/DF.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO DE

LOCAÇÃO. FIANÇA. FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL. INEXISTÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA.

DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 332/STJ. 1. Mostra-se de extrema

relevância para a construção de uma jurisprudência consistente acerca da disciplina do casamento e da união

estável saber, diante das naturais diferenças entre os dois institutos, quais os limites e possibilidades de

tratamento jurídico diferenciado entre eles. 2. Toda e qualquer diferença entre casamento e união estável deve

ser analisada a partir da dupla concepção do que seja casamento - por um lado, ato jurídico solene do qual

decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico, e, por outro, uma entidade

familiar, dentre várias outras protegidas pela Constituição. 3. Assim, o casamento, tido por entidade familiar,

não se difere em nenhum aspecto da união estável - também uma entidade familiar -, porquanto não há famílias

timbradas como de "segunda classe" pela Constituição Federal de 1988, diferentemente do que ocorria nos

diplomas constitucionais e legais superados. Apenas quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e

solene é que as diferenças entre este e a união estável se fazem visíveis, e somente em razão dessas diferenças

entre casamento - ato jurídico - e união estável é que o tratamento legal ou jurisprudencial diferenciado se

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42justifica. 4. A exigência de outorga uxória a determinados negócios jurídicos transita exatamente por este

aspecto em que o tratamento diferenciado entre casamento e união estável é justificável. É por intermédio do

ato jurídico cartorário e solene do casamento que se presume a publicidade do estado civil dos contratantes, de

modo que, em sendo eles conviventes em união estável, hão de ser dispensadas as vênias conjugais para a

concessão de fiança. 5. Desse modo, não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união

estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da Súmula n. 332/STJ à união estável . 6.

Recurso especial provido. (REsp 1299866/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em

25/02/2014, DJe 21/03/2014)

Para Tartuce, o mesmo raciocínio deve ser feito para o contrato de compra e venda.

*#OUSESABER: Havendo escritura pública de reconhecimento de união estável, pode um dos conviventes

prestar fiança sem a autorização do outro?

SIM! A súmula 332 do STJ estabelece que a “fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a

ineficácia total da garantia”. Todavia, tal entendimento não se aplica à união estável, ainda que tenha sido

formalizada por meio de escritura pública. Esse é o entendimento do STJ, com fundamento no fato de que,

mesmo havendo escritura pública, a união estável não tem a mesma publicidade do casamento, e portanto, é

inviável que exigir que o contratante tenha conhecimento da sua existência e do regime de bens estabelecido

entre os conviventes. (...) Nesse contexto, como a outorga uxória para a prestação de fiança demanda absoluta

certeza por parte dos interessados quanto à disciplina dos bens vigente, e como essa segurança só é obtida por

meio de ato solene e público (como no caso do casamento), deve-se concluir que o entendimento presente na

Súmula 332 do STJ - segundo a qual a “fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia

total da garantia” -, conquanto seja aplicável ao casamento, não tem aplicabilidade em relação à união estável.

Além disso, essa conclusão não é afastada diante da celebração de escritura pública entre os consortes, haja

vista que a escritura pública serve apenas como prova relativa de uma união fática, que não se sabe ao certo

quando come- ça nem quando termina, não sendo ela própria o ato constitutivo da união estável. Ademais, por

não alterar o estado civil dos conviventes, para que dela o contratante tivesse conhecimento, ele teria que

percorrer todos os cartórios de notas do Brasil, o que seria inviável e inexigível. REsp 1.299.866-DF, Rel. Min.

Luis Felipe Salomão, julgado em 25/2/2014.

c.2) Condições especiais de idoneidade:

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43Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for

pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para

cumprir a obrigação.

Logo, o fiador deve ser pessoa idônea (moral e patrimonial), domiciliada no mesmo Município e com bens

suficientes para cumprir a obrigação, sob pena de ser rejeitado.

O fiador precisa, também, ser solvente, ou seja, não pode estar na situação de insolvência (sentido amplo) e

incapacidade, sob pena de ser substituído.

Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído.

d) Efeitos e regras fundamentais da fiança:

d.1) Fiador é devedor subsidiário:

*#CUIDADO: O fiador, em regra, não é devedor solidário, mas subsidiário, pois tem a seu favor o benefício de

ordem ou de excussão.

Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que

sejam primeiro executados os bens do devedor.

Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do

devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito.

Porém, o devedor pode renunciar este benefício ou assumir a posição de devedor solidário (art. 828, CC) nos

seguintes casos:

(i) Renúncia expressa: Somente se aplica a regra de ser demandado em conjunto (as demais regras não se

aplicam);

(ii) Obrigou-se como principal pagador ou devedor solidário: Neste caso, todos os efeitos da solidariedade são

aplicados.

(iii) Devedor insolvente ou falido.

Contudo, essa questão deve ser analisada em um caso específico:

E se esta renúncia ao benefício de ordem ou esta assunção como solidário ocorrer em um contrato de adesão,

ela é válida?

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44Segundo o CC, a cláusula é nula.

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a

direito resultante da natureza do negócio.

A doutrina se posicionou nesse sentido, tendo editado o Enunciado 364 da IV Jornada de Direito Civil: “No

contrato de fiança, é nula a cláusula de renúncia antecipada ao benefício de ordem quando inserida em contrato

de adesão”, já que se renuncia um direito inerente ao negócio. Exemplo: contrato imposto pela imobiliária.

Em 2013, começaram a existir julgados aplicando o Enunciado 364 acima.

Mas, cuidado! Entre fiadores há solidariedade passiva legal. Porém os fiadores podem convencionar o

benefício de divisão, respondendo cada fiador por uma parte da dívida (divisão pro rata), segundo o art. 829 e

art. 830 do CC.

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de

solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.

Parágrafo único. Estipulado este benefício (leia-se: benefício de divisão), cada fiador responde unicamente pela

parte que, em proporção, lhe couber no pagamento (divisão pro rata).

Art. 830. Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em que

não será por mais obrigado.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A interrupção do prazo prescricional operada contra o devedor principal

prejudica o fiador. Em regra, o ato interruptivo da prescrição apresenta caráter pessoal e somente aproveitará a

quem o promover ou prejudicará aquele contra quem for dirigido (persona ad personam non fit interruptio). Isso

está previsto no art. 204 do CC. Exceção a esta regra: interrompida a prescrição contra o devedor afiançado, por

via de consequência, estará interrompida a prescrição contra o fiador em razão do princípio da gravitação

jurídica (o acessório segue o principal), nos termos do art. 204, § 3º, do CC: § 3º A interrupção produzida contra

o principal devedor prejudica o fiador. A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não

prejudica o devedor afiançado, salvo nas hipóteses em que os devedores sejam solidários. Como regra, a

interrupção operada contra o fiador não prejudica o devedor afiançado. Isso porque o principal não segue a

sorte do acessório. Existe, no entanto, uma exceção: a interrupção em face do fiador poderá, sim,

excepcionalmente, acabar prejudicando o devedor principal nas hipóteses em que a referida relação for

reconhecida como de devedores solidários, ou seja, caso o fiador tenha renunciado ao benefício ou se obrigue

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45como principal pagador ou devedor solidário. STJ. 4ª Turma. STJ. 4ª Turma. REsp 1.276.778-MS, Rel. Min. Luis

Felipe Salomão, julgado em 28/3/2017 (Info 602)14.

d.2) Sub-rogação: O fiador que paga, integralmente, a dívida se sub-roga nos direitos do credor, podendo cobrar

dos outros fiadores as suas quotas na dívida (art. 831, CC).

Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá

demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.

Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.

Mas o fiador do devedor principal poderá cobrar a dívida inteira (art. 285, CC), já que ele é um mero responsável

(sem dívida).

Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para

com aquele que pagar.

O devedor principal responde pelas perdas e danos pagas pelo fiador? Pelo art. 832, sim. Mas o ponto é

polêmico, já que a fiança não permite a interpretação extensiva (em regra, a fiança pressupõe o pagamento da

dívida principal – e não das perdas e danos).

Art. 832. O devedor responde também perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que

sofrer em razão da fiança.

e) Extinção da fiança:

e.1) Exoneração unilateral pelo fiador: Trata-se de uma forma de resilição unilateral, só cabendo na fiança sem

prazo determinado. Essa exoneração demanda prévia notificação judicial/extrajudicial do credor, garantindo a

dívida por mais 60 dias após esta notificação.

Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe

convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.

Obs.: Este dispositivo se aplica à Lei de Locações? Sempre houve debate quanto à possibilidade dessa

exoneração na fiança locatícia. Aliás, a jurisprudência entendia que prorrogada a locação automaticamente pra

prazo indeterminado, a fiança estaria extinta se não houvesse a participação (assinatura) do fiador na

prorrogação (Súmula 214 do STJ), sob pena de nulidade (abusividade). Porém, nos últimos anos (2007), o STJ

14 #DICADOMARCINHO: Dica para a prova (e para a vida): o fiador sempre se dá mal.

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46mudou de entendimento no sentido de que é possível a persistência da fiança, sendo válida a cláusula de

prorrogação automática (STJ, REsp 566633/CE).

A polêmica e os debates persistiam. Em 2009, a questão se estabilizou com o advento da Lei 12.112/2009, a

qual modificou os artigos 39 e 40, incisos X. Em regra, prorrogada a locação por prazo determinado, a garantia

continua até a devolução do imóvel.

Art. 39. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva

devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta Lei.

Considerando que a fiança se tornou um contrato por prazo indeterminado, cabe a exoneração unilateral do

fiador (mesma regra do art. 835 do Código Civil), garantindo a dívida por mais 120 dias após a notificação.

Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos:

X – prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção

de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a

notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)

e.2) Morte do fiador: A exoneração se justifica pelo fato de que a fiança é um contrato personalíssimo baseado

na confiança.

Art. 836. A obrigação (não a condição) do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se

limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança.

As obrigações vencidas, enquanto era vivo o fiador, são transmitidas aos herdeiros até os limites da herança.

Logo, o que se transmite é a obrigação (pagamento de aluguéis, por exemplo) e não a condição de fiador

(herdeiros não serão considerados fiadores).

e.3) Nas hipóteses de vencimento ou extinção da obrigação principal: Os exemplos clássicos são novação,

prescrição e dação em pagamento.

Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e as extintivas da obrigação que

competem ao devedor principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do

mútuo feito a pessoa menor.

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47Art. 838. Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: [...] III - se o credor, em pagamento da

dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois

venha a perdê-lo por evicção.

e.4) Concessão de moratória ao devedor principal, sem a participação do fiador: Isso porque a fiança não

admite interpretação extensiva.

Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:

I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor;

e.5) Se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos ou preferências (art. 838, inciso II,

CC): Imagine que um credor perdoou 02 fiadores, persistindo apenas um. Considerando que o fiador, que

sobrou, não terá privilégios contra os demais, a fiança estará, automaticamente, extinta.

e.6) Retardo da execução pelo credor contra o devedor e este último cair em insolvência:

Art. 839. Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, retardando-se a execução, cair em insolvência,

ficará exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora,

suficientes para a solução da dívida afiançada.

*#JURISEMTESES15 #STJ:

1) O contrato de fiança deve ser interpretado restritivamente, de modo que a responsabilidade dos fiadores se

resume aos termos do pactuado no ajuste original, com o qual expressamente consentiram.

2) Existindo, no contrato de locação, cláusula expressa prevendo que os fiadores respondam pelos débitos

locativos até a efetiva entrega do imóvel, subsiste a fiança no período em que referido contrato foi

prorrogado, ressalvada a hipótese de exoneração do encargo.

3) O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. (Súmula n.

214/STJ)

4) Havendo mais de um locatário, é válida a fiança prestada por um deles em relação aos demais, o que

caracteriza fiança recíproca.

5) É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. (Súmula n. 549/STJ)

6) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Súmula n.

332/STJ).

15 Edição N. 101. Brasília, 13 de abril de 2018. As teses aqui resumidas foram elaboradas pela Secretaria de Jurisprudência, mediante exaustiva pesquisa na base de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal. Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 09/03/2018

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487) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Súmula n.

332/STJ), salvo se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu estado civil de casado.

A contrário senso: se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu estado civil de casado, a fiança é

devidamente válida.

8) A fiança prestada por fiador convivente em união estável, sem a outorga uxória do outro companheiro, não

é nula, nem anulável

9) A nulidade da fiança só pode ser demandada pelo cônjuge que não a subscreveu ou por seus respectivos

herdeiros

10) A retirada dos sócios-fiadores, per si, não induz à exoneração automática da fiança, impondo-se, além

da comunicação da alteração do quadro societário, a formulação de pedido de exoneração das garantias

mediante notificação extrajudicial ou ação judicial própria.

11) A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art. 119, VII, da Lei n.

11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador.

*#JURISEMTESES16 #STJ:

1) A retirada dos sócios-fiadores, per si, não induz à exoneração automática da fiança, impondo-se, além da

comunicação da alteração do quadro societário, a formulação de pedido de exoneração das garantias

mediante notificação extrajudicial ou ação judicial própria.

2) A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art. 119, vii, da lei n.

11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador.

3) O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução do

julgado. (súmula n. 268/stj)

4) Se o fiador não participou da ação de despejo, a interrupção da prescrição para a cobrança dos aluguéis e

acessórios não o atinge.

5) A falta de citação do fiador para a ação de despejo isenta o garante da responsabilidade pelas custas e

pelas demais despesas judiciais decorrentes daquele processo, sem, entretanto, desobrigá-lo dos encargos

decorrentes do contrato de fiança

6) Admite-se a substituição da garantia em dinheiro por outro bem ou por fiança bancária, na fase de

execução ou de cumprimento de sentença, em hipóteses excepcionais e desde que não ocasione prejuízo

ao exequente

7) É legal a exigência de prestação de garantia pessoal e de comprovação da idoneidade cadastral do

estudante e do respectivo fiador, para a celebração de contrato de financiamento estudantil vinculado ao

fundo de financiamento estudantil – fies

16 Edição N. 104. Brasília, 25 de maio de 2018. As teses aqui resumidas foram elaboradas pela Secretaria de Jurisprudência, mediante exaustiva pesquisa na base de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal. Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 09/03/2018

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498) A fiança bancária não é equiparável ao depósito integral do débito exequendo para fins de suspensão da

exigibilidade do crédito tributário, ante a taxatividade do art. 151 do CTN e o teor do enunciado sumular n.

112 desta corte. (tese julgada sob o rito do art. 543-c/1973 – tema 378)

9) É possível a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa – CPEN, desde que a carta de fiança

seja suficiente para garantir o juízo da execução.

10) A substituição do depósito em dinheiro por fiança bancária na execução fiscal sujeita-se à anuência da

fazenda pública, ressalvada a comprovação de necessidade de aplicação do princípio da menor

onerosidade

11) O levantamento da fiança bancária oferecida como garantia da execução fiscal fica condicionado ao

trânsito em julgado da respectiva ação.

12) É impossível a substituição da carta-fiança por seguro-garantia com prazo de validade determinado

13) É válida a cláusula do contrato bancário que estabelece a prorrogação automática da fiança com a

renovação do contrato principal.

6.4) Contrato de doação:

a) Conceito: Pelo contrato de doação, o doador, por ato de liberalidade, transfere do seu patrimônio, bens ou

vantagens (ex: bem incorpóreo) ao donatário, sem qualquer remuneração (art. 538, CC).

Trata-se de um contrato benefício17 pela ausência de remuneração. Desta classificação, incide-se esta regra:

Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente (leia-se: restritivamente).

Isso significa que a interpretação é restritiva e não extensiva.

Imagine que se faz uma doação de um apartamento, sem abranger a garagem (matrícula própria). Neste caso, a

garagem também foi objeto do ato de liberalidade?

1ª CORRENTE: Não, em razão da interpretação restritiva.

2ª CORRENTE: Sim, já que o acessório (garagem) acompanha o principal (apartamento), incidindo a regra da

gravitação jurídica. Além do mais, o acompanhamento da garagem aumenta a função social do imóvel, o que,

por si só, deveria ser levado em consideração.

Obs: Há julgado nos dois sentidos.

b) Elementos fundamentais da doação:

17 Traz um benefício para a outra parte de forma gratuita.

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50

b.1) Animus donandi: Intenção de doar.

b.2) Aceitação do donatário: Seja ela expressa ou tácita.

Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o

donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou (aceitação tácita),

se a doação não for sujeita a encargo.

A aceitação tácita não é aceita na doação onerosa (com encargo).

Neste dispositivo, tem-se a máxima: “quem cala, consente”. Contudo, essa premissa é exceção no âmbito civil.

Já que a regra no CC, segundo o art. 111, é “quem cala, não consente”.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a

declaração de vontade expressa.

c) Natureza jurídica:

c.1) Em regra, contrato unilateral, pois traz deveres para apenas uma das partes (no caso, o doador). No

entanto, excepcionalmente, admite-se a doação modal ou com encargo.

1ª CORRENTE: O encargo é o ônus e não chega a ser um dever (menos que um dever). Logo, o contrato é

unilateral imperfeito. Neste sentido, Maria Helena Diniz, Paulo Stolze e Tartuce.

2ª CORRENTE: O encargo é um dever jurídico, o que transforma o contrato em bilateral. Neste sentido, José

Fernando Simão e Nery.

c.2) Em regra, contrato gratuito.

Excepcionalmente, admite-se a doação onerosa. Exemplo: doação modal ou com encargo. Neste caso, cabe a

alegação de vício redibitório (art. 441, par. único, CC).

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos,

que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

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51c.3) Contrato consensual, já que o aperfeiçoamento se dá com a vontade das partes. Neste sentido, Orlando

Gomes e Maria Helena Diniz.

c.4) Contrato comutativo, pois o objeto doado já é conhecida. Não se admite a doação aleatória, já que ela é

considerada uma mera “promessa de doação”.

d) Formalidades e solenidades da doação:

Compra e venda Doação

Compra e venda de imóvel com valor

superior a 30 salários mínimos: contrato

formal e solene (escritura pública).

Doação de imóvel com valor superior a 30

salários mínimos: contrato formal e solene

(escritura pública).

Compra e venda de imóvel com valor inferior

a 30 salários mínimos: contrato formal e não

solene (escrito).

Doação de imóvel com valor inferior a 30

salários mínimos: contrato formal e não

solene (escrito).

Compra e venda de móvel: contrato informal

e não solene (não escrito).

Doação de móvel: contrato formal e não

solene (escrito conforme art. 541 do CC).

Somente é admitida a doação verbal de bem móvel de pequeno valor, se, logo após a declaração, ocorrer a

entrega da coisa. Esta doação é chamada de doação manual.

*#OUSESABER: O que é doação manual? Conforme expõe o art. 541, parágrafo único, do Código Civil, a doação

de bem móvel de pequeno valor dispensa a forma escrita, podendo ser celebrada verbalmente, desde que

seguida da entrega imediata da coisa, ou seja, com a tradição imediata. Referido dispositivo legal consagra a

denominada doação manual. O que vem a ser coisa de pequeno valor? Segundo ensina a doutrina, trata-se de

termo jurídico indeterminado, sendo a sua aferição definida no caso concreto.

Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.

Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir

incontinenti a tradição.

Para a configuração de bem móvel de pequeno valor, é necessário verificar o patrimônio do doador. Neste

sentido: STJ, REsp 155.240/RJ.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Direito Civil e Processual Civil. Doação à namorada. Empréstimo. Matéria de

prova. I - O pequeno valor a que se refere o art. 1.168 do Código Civil há de ser considerado em relação à

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52fortuna do doador; se se trata de pessoa abastada, mesmo as coisas de valor elevado podem ser doadas

mediante simples doação manual (Washington de Barros Monteiro). II - No caso, o acórdão recorrido decidiu a

lide à luz da matéria probatória, cujo reexame é incabível no âmbito do recurso especial. III - Recurso especial

não conhecido. (REsp 155.240/RJ, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em

07/11/2000, DJ 05/02/2001, p. 98)

e) Modalidades de doação e seus efeitos:

e.1) Doação remuneratória: Não se trata de ato de liberalidade, mas de uma remuneração por um serviço

prestado (a doutrina majoritária diz que isso é uma “doação onerosa18”). Somente há ato de liberalidade naquilo

que exceder o valor do serviço.

Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade,

como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou

ao encargo imposto.

Exemplo: “Dou um carro para o médico que salvou a vida do meu filho”. Na realidade, está-se remunerando

pelo serviço prestado.

Considerando que se tem uma doação onerosa, advêm três consequências jurídicas:

(i) Cabe alegação de vício redibitório (art. 441, par. único, CC);

(ii) Não cabe revogação por ingratidão (art. 564, I, CC), já que não há liberalidade;

(iii) Não está sujeita à colação pelo descendente que recebeu a doação (art. 2.011, CC). Imagine que o filho

presta serviço para o pai, sendo que este doa um carro. Desse bem móvel não precisará ser feita a colação, já

que a doação remunera o serviço prestado.

e.2) Doação meritória ou contemplativa: É aquela realizada em contemplação de um merecimento do

donatário.

Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade,

como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou

ao encargo imposto.

Exemplo: “Dou um carro para o José, pois sou sua fã”. Não se perde o caráter de liberalidade (doação pura,

como outra qualquer).

18 Para Tartuce, esse ato seria uma prestação de serviço.

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e.3) Doação a nascituro19 (concebido e não nasceu – prevalece a teoria concepcionista): Valerá sendo aceita

pelo seu representante legal, sob pena de atingir o plano da validade.

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.

Na essência, tem-se uma doação condicional, pois somente gerará efeitos após o nascimento com vida, já que

o nascituro tem personalidade jurídica formal (direitos da personalidade), não tem personalidade jurídica

material (direitos patrimoniais).

*#CRÍTICA: Contudo, há uma corrente minoritária no sentido de que não se depende de nascimento com vida,

produzindo efeitos ainda que isso não ocorra. Esse entendimento se justifica pelo fato de que o nascituro tem

tanto a personalidade jurídica formal quanto a material, sob pena de se considerar o nascituro uma “meia

pessoa”. Essa posição aplica integralmente a teoria concepcionista.

e.4) Doação sob forma de subvenção periódica: Trata-se de uma doação de rendas. Exemplo: “Dou R$ 1.000,00

por mês ao meu amigo Pablo Stolze até a minha morte”.

Essa doação persiste após a morte do doador? Ou seja, o doador poderia doar até a morte do donatário,

onerando os herdeiros do doador? Trata-se de uma doação personalíssima (intuitu personae) que, em regra, é

extinta com a morte do doador (art. 545, primeira parte, CC).

Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se

este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.

Contudo, é possível que a doação de rendas seja estipulada após a morte do doador, onerando os herdeiros

até os limites da herança (art. 545, segunda parte, CC). Trata-se de exceção à proibição do pacta corvina (art.

426, CC), já que o objeto do contrato é a herança do doador. No último caso, não pode ultrapassar a vida do

donatário (personalíssima ou intuitu personae).

Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se

este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.

e.5) Doação propter nuptias: É aquela realizada em contemplação de um casamento futuro, ficando sem efeito

se este não se realizar. Mais uma vez, tem-se doação condicional.

19 Não confundir com o concepturo ou prole eventual: não concebido ainda.

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54Deve-se tratar de um casamento, não se estendendo à união estável.

Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos

nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro (leia-se: prole eventual),

houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento

não se realizar.

Esta doação deve ocorrer entre os cônjuges, de terceiros para os cônjuges, inclusive se dessa união nascer filho

(doação para prole eventual ou para o concepturo).

Esta doação se iguala ao “presente de casamento”? Não, pois no “presente do casamento” tem-se uma doação

pura e simples e a declaração de casamento é anterior.

Presente de casamento Doação propter nuptias

Ocorre o casamento e, somente depois, dá-se

o presente.

Doação e, somente depois, ocorre o

casamento.

e.6) Doação de ascendente para descendente e doação entre cônjuges: Em ambos os casos, há adiantamento

de herança (da legítima – que é a quota dos herdeiros necessários).

Não há necessidade de qualquer autorização (isso se diferencia, substancialmente da compra e venda), pois o

bem doado deve ser colacionado (em regra), sob pena de perder todos os direitos sobre o bem (sonegados).

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que

lhes cabe por herança.

Imagine que um pai (“P”) tenha três filhos (“A”, “B” e “C”). Em vida, o “P” doa o imóvel para o filho “A”, não

necessitando de autorização de “B” e “C”. Com o falecimento de “P”, o bem deve ser colacionado, ou seja,

trazido para o inventário para a partilha aos demais herdeiros. Caso essa colação não ocorra, “A” perde os

direitos sobre este bem.

Obs.: É possível dispensar o herdeiro da colação, beneficiando-se um filho em detrimento do outro, desde que

não atinja a legítima.

É possível doação entre cônjuges?

(i) Regime da comunhão parcial: Sim, apenas em relação a um bem particular.

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(ii) Regime da participação final nos aquestos: Sim, apenas em relação a um bem particular.

(iii) Regime da comunhão universal: Sim, apenas em relação aos bens incomunicáveis.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição

suspensiva;

III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em

proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

(iv) Regime da separação convencional: Sim.

(v) Regime da separação legal/obrigatória (art. 1.641, CC): Há divergência.

A doutrina clássica (Caio Mário e Barros Monteiro) entendia que não haveria a possibilidade de doação entre os

cônjuges na separação obrigatória, pois haveria uma fraude ao regime (ilicitude – doação nula). Porém, a

tendência é outra:

a) Não se pode presumir a fraude em um sistema que tem como princípio a boa-fé.

b) O sistema possibilita, a qualquer tempo, a alteração de regime.

c) Tem-se aplicado a Súmula 377 do STF para comunicação, nesse regime, dos bens havidos durante o

casamento. Este entendimento sumulado mitiga, substancialmente, o regime de separação legal. Neste sentido:

STJ, AgRg no REsp 194325/MG.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: DIREITO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DOAÇÃO

REALIZADA POR CÔNJUGE NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. REGIME DE

SEPARAÇÃO LEGAL DE BENS. DOADOR COM IDADE SUPERIOR A 60 ANOS. VALIDADE. PRECEDENTE. 1. São

válidas as doações promovidas, na constância do casamento, por cônjuges que contraíram matrimônio pelo

regime da separação legal de bens, por três motivos: "(i) o CC/16 não as veda, fazendo-no apenas com relação

às doações antenupciais; (ii) o fundamento que justifica a restrição aos atos praticados por homens maiores de

sessenta anos ou mulheres maiores que cinqüenta, presente à época em que promulgado o CC/16, não mais se

justificam nos dias de hoje, de modo que a manutenção de tais restrições representam ofensa ao princípio da

dignidade da pessoa humana; (iii) nenhuma restrição seria imposta pela lei às referidas doações caso o doador

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56não tivesse se casado com a donatária, de modo que o Código Civil, sob o pretexto de proteger o patrimônio dos

cônjuges, acaba fomentando a união estável em detrimento do casamento, em ofensa ao art. 226, §3º, da

Constituição Federal." (REsp 471958/RS, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/12/2008,

DJe de 18/02/2009). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 194.325/MG, Rel. Ministro

VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em

08/02/2011, DJe 01/04/2011)

e.7) Doação com cláusula de reversão ou de retorno: Mais uma exceção ao art. 426 do CC.

Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.

Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.

Trata-se de uma cláusula personalíssima do doador, já que não pode ser estipulada por terceiro (doação

sucessiva).

Exemplo: Se o donatário morreu, o bem doado volta para o patrimônio do doador. Trata-se de uma cláusula

resolúvel. O donatário tinha uma propriedade resolúvel.

Essa doação não impossibilita a alienação do bem. Logo, o donatário pode vender para terceiro. Se for bem

imóvel, não haverá maiores problemas, já que a cláusula de reversão constará na matrícula do imóvel. Contudo,

se for bem móvel, há divergência: a doutrina majoritária entende que o bem deve retornar ao patrimônio do

doador, ainda que exista terceiro de boa-fé.

*#OUSESABER: A cláusula de reversão, ou de retorno, consiste em cláusula na qual o doador estipula que o BEM

DOADO RETORNE AO SEU PATRIMÔNIO, caso o donatário venha a falecer primeiro. Demonstra o intuito do

doador de beneficiar apenas o donatário, e não os seus sucessores. Conforme assevera Flávio Tartuce, trata-se

de uma espécie de condição resolutiva expressa, a qual SÓ TEM EFICÁCIA SE O DOADOR SOBREVIVER AO

DONATÁRIO. Se o doador falecer antes deste, a condição não ocorre e os bens doados incorporam-se ao

patrimônio do donatário definitivamente, podendo transmitir-se aos seus herdeiros. Ressalte-se que a cláusula

de reversão NÃO pode ser estipulada em favor de terceiro, mas apenas em favor do próprio doador. Com essa

proibição, pode-se dizer que o Código Civil proíbe o fideicomisso em contrato de doação. O Código Civil cuida do

tema em seu art. 547.

e.8) Doação conjuntiva: É aquela que se apresenta com mais de dois donatários, havendo uma presunção

relativa de divisão igualitária do bem entre eles. Aplica-se a regra “concursus partes fiunt”.

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Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída

entre elas por igual.

Em regra, não há direito de acrescer entre os donatários. Isso significa que, com a morte de um dos donatários,

a sua quota irá para os respectivos herdeiros dele (e não para o outro donatário). Excepcionalmente, o art. 551,

par. único, do CC consagra um direito de acrescer entre os cônjuges. Trata-se de um “direito de acrescer legal”.

Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o

cônjuge sobrevivo.

Esta regra não se estende entre os companheiros.

e.9) Doação inoficiosa:

Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade,

poderia dispor em testamento.

É possível dispor, no testamento, de 50% do patrimônio (parte disponível), no caso de existência de herdeiros

necessários, abrangendo os descendentes, os ascendentes e cônjuge (art. 1.845, CC), já que estes têm direito à

legítima. Contudo, é possível dispor de 100% do patrimônio, se não houver herdeiros necessários. Exemplo: A

pessoa só tem uma companheira ou somente sobrinhos.

A hipótese do art. 549 do CC é de nulidade absoluta parcial, já que somente atinge aquilo que exceder 50% do

patrimônio.

Imagine que o pai tem um patrimônio de 05 milhões e 03 filhos (“A”, “B” e “C”). Em vida, o pai doou 03 milhões

para “A”. Essa doação é válida em 2,5 milhões e nula em 500 mil reais. Por isso, a nulidade é absoluta parcial.

A ação de declaração de nulidade absoluta é denominada ação de redução, possuindo algumas peculiaridades:

(i) Pode ser proposta mesmo estando vivo o doador: Como envolve nulidade absoluta, pode ser proposta a

qualquer tempo.

(ii) Só pode ser proposta pelo interessado (interesse patrimonial): Logo, o MP não tem legitimidade. Neste

sentido: STJ, REsp 167069/DF.

(iii) Esta ação está sujeita ao prazo geral de prescrição: 10 anos (art. 205, CC). Neste sentido: STJ, REsp

259406/PR. Há divergência doutrinária neste ponto, já que as ações de nulidade absoluta são imprescritíveis.

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e.10) Doação universal: Nula é doação de todos os bens, sem a reserva do mínimo para a sobrevivência do

doador. Há uma relação direta com a dignidade humana e a tese do estado jurídico do patrimônio mínimo

desenvolvida por Luiz Edson Facchin. Neste sentido: STJ, REsp 285421/RS.

Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do

doador.

A pessoa até pode doar todo o seu patrimônio, desde que faça reserva de renda mínima (alimentos e

usufrutos).

e.11) Doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice:

Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus

herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

#CRÍTICAS AO DISPOSITIVO:

(i) Inexistência de crime de adultério:

(ii) O “cúmplice” pode ser companheiro do doador, não se aplicando a regra (Revista do STJ, Volume 62/193). A

doação para companheiro não é anulável.

(iii) A culpa vem sendo mitigada nas ações de divórcio. Para alguns, a culpa sequer deve ser analisada no Direito

de Família.

Em suma, o dispositivo deve ser aplicado na doação ao concubino (amante), segundo Maria Helena Diniz.

e.12) Doação à entidade futura: A doação é feita para uma pessoa jurídica, que ainda será constituída. Esta

doação caducará se a entidade não for regularmente constituída no prazo decadencial de 02 anos. Mais uma

vez, tem-se uma doação condicional.

Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.

e.13) Promessa de doação: Essa doação é exigível? Há duas correntes:

1ª CORRENTE: Não, pois não é viável obrigar alguém a cumprir liberalidade. Neste sentido: Caio Mário e STJ no

REsp 730626/SP.

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592ª CORRENTE: Sim, diante da boa-fé e justa expectativa que são geradas na parte. Neste sentido: Barros

Monteiros, Flávio Tartuce, STJ no EREsp 125859/RJ, Enunciado 549 da VI Jornada de Direito Civil20. Para

fundamentar essa corrente, há dispositivo no CC: Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor,

sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que

lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.

f) Revogação da doação: Trata-se de uma hipótese de resilição (direito potestativo) unilateral por parte do

doador.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A inexecução do encargo assumido pelo donatário em face do doador como

condição para a celebração da doação onerosa poderá ensejar a sua revogação. Não previsto prazo

determinado para o cumprimento da contraprestação, o doador, mediante notificação judicial ou extrajudicial,

pode constituir em mora o donatário, fixando-lhe prazo para a execução do encargo. Restando este inerte

(“parado”), opera-se a revogação da doação.

Apesar do art. 562 do CC falar em notificação judicial, admite-se também a notificação extrajudicial com base no

art. 397, parágrafo único do CC, sendo excesso de formalismo exigir a notificação judicial.

STJ. 3ª Turma. REsp 1622377/MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/12/2018.

f.1) Ingratidão do donatário: A ingratidão envolve ordem pública, motivo pela qual não se admite renúncia à

revogação nesses casos (art. 556, CC).

Quais são os casos de ingratidão?

(i) Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele.

(ii) Se cometeu contra ele ofensa física.

(iii) Se o injuriou gravemente ou o caluniou;

(iv) Se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.

Este rol é exemplificativo ou numerus apertus. Nesse sentido, Enunciado 33 da I Jornada de Direito Civil.

Segundo Pablo Stolze, “não há limite para a ingratidão humana”. Confirmando esta tese, tem-se a abertura de

interpretação do art. 558:

Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge,

ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador (leia-se: parentes do doador)

Como interpretar o art. 561 do CC? O perdão deve ser analisado no ato de última vontade.

20 Enunciado 549 – A promessa de doação no âmbito da transação constitui obrigação positiva e perde o caráter de liberalidade previsto no art. 538 do Código Civil.

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Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele houver

perdoado.

O art. 564 aduz que não haverá revogação por ingratidão:

I - as doações puramente remuneratórias;

II - as oneradas com encargo já cumprido;

III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural. Ex: gorjeta (não pode ser exigível).

IV - as feitas para determinado casamento. Ex: presente de casamento e propter nuptias.

f.2) Inexecução do encargo:

Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora.

Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe

prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.

Há duas hipóteses:

(i) Havendo prazo para a execução, a mora é ex re, sendo ela automática;

(ii) Não havendo prazo para a execução, a mora é ex persona, devendo o donatário ser notificado judicialmente

para a execução do encargo em prazo razoável.

Qual o prazo para a propositura da ação de revogação pelo doador? O prazo é decadencial de 01 ano.

Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos (Quais motivos? Ingratidão ou inexecução do encargo?)

deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a

autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.

Quanto à ingratidão, não há polêmica: o prazo é de 01 ano, aplicando-se o art. 559 do CC.

Quanto à inexecução do encargo, aplica-se o art. 559 do CC?

Há duas posições doutrinárias:

1ª POSIÇÃO: Sim, pois o encargo é um ônus, havendo um direito potestativo de resilição (contrato unilateral

imperfeito). Quando se tem um direito potestativo, o prazo é decadencial. Neste sentido, Maria Helena Diniz,

Pablo Stolze e Tartuce.

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612ª POSIÇÃO: Não, pois o encargo é um dever, havendo um direito subjetivo de resolução (contrato bilateral).

Quando se tem um direito subjetivo, o prazo é prescricional, incidindo o prazo de 10 anos (art. 205 do CC).

Neste sentido: Nelson Nery e Simão.

POSIÇÃO DO STJ: Contrato bilateral + Direito subjetivo + Prazo prescricional de 10 anos (2ª posição). Neste

sentido: STJ, REsp 69682/MS.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: O art. 1.911 do Código Civil estabelece: Art. 1.911. A cláusula de

inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. A

interpretação deste art. 1.911 nos permite chegar a quatro conclusões: a) há possibilidade de imposição

autônoma das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, a critério do

doador/instituidor. Em outras palavras, o doador/instituidor pode impor só uma, só duas ou as três cláusulas. b)

uma vez aposto o gravame da inalienabilidade, pressupõe-se, ex vi lege (por força de lei), automaticamente, a

impenhorabilidade e a incomunicabilidade. Assim, se tiver sido imposta cláusula de inalienabilidade ao imóvel,

isso significa que ele, obrigatoriamente, será também impenhorável e incomunicável. c) a inserção exclusiva da

proibição de não penhorar e/ou não comunicar não gera a presunção da inalienabilidade. A aposição da cláusula

de impenhorabilidade e/ou incomunicabilidade em ato de liberalidade não importa, automaticamente, na

cláusula de inalienabilidade. d) a instituição autônoma da impenhorabilidade, por si só, não pressupõe a

incomunicabilidade e vice-versa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.155.547-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em

06/11/2018 (Info 637).

7. INFORMATIVOS – CONTRATOS EM ESPÉCIE

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Nas ações de indenização do mandante contra o mandatário incide o

prazo prescricional de 10 anos, previsto no art. 205 do Código Civil, por se tratar de responsabilidade

proveniente de relação contratual. Neste caso, o prazo prescricional tem início não no momento em que o

acordo foi homologado, mas sim a data em que a vítima soube que havia sido prejudicada. Isso com base na

chamada teoria da actio nata. O fato de o advogado-mandatário ostentar procuração com poderes para

transigir não afasta a responsabilidade pelos prejuízos causados por culpa sua ou de pessoa para quem

substabeleceu, nos termos dos arts. 667 do Código Civil e 32, caput, do Estatuto da Advocacia. A

responsabilidade pelos danos decorrentes do abuso de poder pelo mandatário independe da prévia anulação

judicial do ato praticado, pois o prejuízo não decorre de eventual nulidade, mas sim da violação dos deveres

subjacentes à relação jurídica entre o advogado e o assistido. Caso concreto: advogado celebrou acordo

prejudicial ao cliente, por meio do qual renunciou a crédito consolidado em sentença com remota possibilidade

de reversão em virtude de ajuste espúrio realizado com a parte contrária. STJ. 3ª Turma. REsp 1750570-RS, Rel.

Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/09/2018 (Info 633).

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62*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A certidão de parcelamento fiscal é suficiente para suprir a exigência

prevista no inciso III do art. 71 da Lei nº 8.245/91 (Lei de Locações) para efeito do ajuizamento de ação

renovatória de locação empresarial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.698.814-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,

julgado em 26/06/2018 (Info 629).

*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: A averbação do contrato com cláusula de vigência no registro de

imóveis é imprescindível para que a locação possa ser oposta ao adquirente. É o que prevê a Lei nº 8.245/91:

Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de

noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula

de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. STJ. 3ª Turma. REsp 1.669.612-

RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/08/2018 (Info 632)

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O incorporador só se acha habilitado a negociar unidades autônomas do

empreendimento imobiliário depois que registrar, no Registro de Imóveis, os documentos elencados no art. 32

da Lei nº 4.591/64. Descumprida essa exigência legal, impõe-se a aplicação da multa do art. 35, § 5º, da mesma

lei. É decenal o prazo prescricional aplicável à ação do adquirente contra a incorporadora que visa a cobrança da

multa prevista no art. 35, § 5º, da Lei nº 4.591/64. Fundamento: art. 205 do Código Civil. Não se aplica o art. 27

do CDC porque este dispositivo é restrito às ações que busquem a reparação de danos causados por fato do

produto ou do serviço e essa situação não se enquadra como fato do produto ou serviço (não se trata de

acidente de consumo). STJ. 3ª Turma. REsp 1497254-ES, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em

18/09/2018 (Info 633).

*#JURISEMTESES21 #STJ:

1) Na hipótese de descumprimento do prazo de entrega de imóvel objeto de contrato de compromisso de

compra e venda ou de compra e venda, é possível cumular a cláusula penal decorrente da mora com a

indenização por lucros cessantes pela não fruição do imóvel, pois aquela tem natureza moratória, enquanto esta

tem natureza compensatória.

2) A inexecução do contrato de promessa de compra e venda ou de compra e venda, consubstanciada na

ausência de entrega do imóvel na data acordada, acarreta, além da indenização correspondente à cláusula

penal moratória, o pagamento de indenização por lucros cessantes.

21 Edição N. 107. Brasília, 10 de agosto de 2018. As teses aqui resumidas foram elaboradas pela Secretaria de Jurisprudência, mediante exaustiva pesquisa na base de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal. Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 09/03/2018.

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633) É possível a inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, na hipótese de

inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega do imóvel no prazo

pactuado

4) Há presunção de prejuízo do promitente comprador a viabilizar a condenação por lucros cessantes pelo

descumprimento do prazo para entrega de imóvel objeto de contrato de compromisso de compra e venda ou de

compra e venda.

5) Em caso de rescisão de contrato de compra e venda de imóvel, a correção monetária do valor

correspondente às parcelas pagas, para efeitos de restituição, incide a partir de cada desembolso.

6) Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensatórios incidente em período anterior à entrega

das chaves no contrato de promessa de compra e venda ou de compra e venda de imóveis em construção sob o

regime de incorporação imobiliária.

7) Decretada a resolução do contrato de compra e venda de imóvel, com a restituição das parcelas pagas

pelo comprador, o retorno das partes ao estado anterior implica o pagamento de indenização pelo tempo em

que o comprador ocupou o bem, desde a data em que a posse lhe foi transferida

8) O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda

no cartório de imóveis. (Súmula n. 239/STJ)

9) Havendo compromisso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas despesas de

condomínio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador,

dependendo das circunstâncias de cada caso concreto. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA

886)

10) O promitente comprador do imóvel e o proprietário/promitente vendedor são contribuintes responsáveis

pelo pagamento do IPTU. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 122)

*#JURISEMTESES22 #STJ:

1) A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da

promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. (Súmula n. 308/STJ)

2) Não é aplicável a Súmula n. 308/STJ nos casos envolvendo contratos de aquisição de imóveis não

submetidos ao Sistema Financeiro de Habitação - SFH.

22 Edição N. 110. Brasília, 21 de setembro de 2018. As teses aqui resumidas foram elaboradas pela Secretaria de Jurisprudência, mediante exaustiva pesquisa na base de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal. Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 24/08/2018.

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643) A indenização deferida a título de lucros cessantes em decorrência do atraso na entrega de imóvel,

objeto de contrato de compra e venda, será o montante equivalente ao aluguel que o comprador deixaria de

pagar ou que auferiria caso recebesse a obra no prazo.

4) A pretensão ao recebimento de valores pagos, que não foram restituídos diante de rescisão de contrato

de compra e venda de imóvel, submete-se ao prazo prescricional decenal previsto no art. 205 do Código

Civil/2002.

5) Na hipótese de rescisão do contrato de promessa de compra e venda de imóvel por iniciativa do

comprador, os juros de mora devem incidir a partir do trânsito em julgado, visto que inexiste mora anterior do

promitente vendedor.

6) No caso de rescisão de contratos envolvendo compra e venda de imóveis por culpa do comprador, é

razoável ao vendedor que a retenção seja arbitrada entre 10% e 25% dos valores pagos, conforme as

circunstâncias de cada caso, avaliando-se os prejuízos suportados.

7) Incide a prescrição trienal sobre a pretensão de restituição dos valores pagos a título de comissão de

corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere (artigo 206, § 3º, IV,

CC). (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 – TEMA 938 - primeira parte)

8) É abusiva a cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnico-imobiliária ou

atividade congênere, vinculado à celebração de promessa de compra e venda de imóvel. (Tese julgada sob o rito

do art. 1.036 do CPC/2015 – TEMA 938 – parte final)

9) É válida cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de

corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação

imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o

destaque do valor da comissão de corretagem. (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 – TEMA 938 –

segunda parte)

10) A posse decorrente do contrato de promessa de compra e venda de imóvel não induz usucapião, exceto

se verificada a conversão da posse não própria em própria, momento a partir do qual o possuidor passa a se

comportar como se dono fosse.

11) A cobrança de resíduos inflacionários, em contrato de promessa de compra e venda firmado com

construtora, só é possível na periodicidade anual e desde que expressamente pactuada.

* A franquia não é um contrato de consumo (regido pelo CDC), mas, mesmo assim, é um contrato de adesão.

Segundo o art. 4º, § 2º da Lei nº 9.307/96, nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia

se o aderente: tomar a iniciativa de instituir a arbitragem; ou concordar, expressamente, com a sua instituição,

por escrito, em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.

Todos os contratos de adesão, mesmo aqueles que não consubstanciam relações de consumo, como os

contratos de franquia, devem observar o disposto no art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96. Assim, é possível a

instituição de cláusula compromissória em contrato de franquia, desde que observados os requisitos do art. 4º,

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65§ 2º, da Lei nº 9.307/96. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016

(Info 591).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Uma fábrica e um banco celebraram dois contratos: • ajuste 1: contrato

de abertura de crédito (no qual havia uma cláusula compromissória). • ajuste 2: contrato de swap (no qual não

havia cláusula compromissória). Foi reconhecido que havia coligação contratual entre os dois ajustes, sendo o

contrato de swap dependente do contrato de abertura de crédito (ajuste principal). Nos contratos coligados, as

partes celebram uma pluralidade de negócios jurídicos tendo por desiderato um conjunto econômico, criando

entre eles efetiva dependência. Tendo sido reconhecida a coligação contratual, é possível que a cláusula

compromissória prevista no contrato principal (contrato de abertura de crédito) seja estendida ao contrato de

swap (dependente). Isso porque ambos são integrantes de uma operação econômica única. STJ. 3ª Turma. REsp

1.639.035-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/09/2018 (Info 635).

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o

reconhecimento da competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as

questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a

cláusula compromissória. Informativo comentado

Ex.: a empresa 1 celebrou contrato com a empresa 2; neste contrato há uma cláusula arbitral; a empresa 2

notificou extrajudicialmente a empresa 1 cobrando o cumprimento do ajuste; a empresa 1 ajuizou ação

declaratória de falsidade alegando que a assinatura constante no contrato é falsa e, portanto, o pacto seria

nulo; esta ação deverá ser extinta sem resolução do mérito (art. 485, VII, do CPC/2015); isso porque, nos termos

do art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.307/96, a alegação de nulidade da cláusula arbitral, bem como do

contrato que a contém, deve ser submetida, em primeiro lugar, à decisão do próprio árbitro, sendo prematura a

apreciação pelo Poder Judiciário. Trata-se da aplicação do princípio da kompetenz kompetenz, que confere ao

árbitro o poder de decidir sobre a própria competência. STJ. 3ª Turma. REsp 1.550.260-RS, Rel. Min. Paulo de

Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/12/2017 (Info 622).

* Em regra, mesmo que o proprietário do veículo segurado tenha dado termo de quitação ou renúncia ao

causador do sinistro, a seguradora continuará tendo direito de ajuizar ação regressiva contra o autor do dano e

de ser ressarcida pelas despesas que efetuou com o reparo ou substituição do bem sinistrado. Ex: o segurado

combina com o causador do dano que este irá pagar apenas o valor da franquia do seguro, em troca de um

termo de quitação. A seguradora paga, então, os prejuízos e poderá cobrar do causador do dano porque ela tem

direito à sub-rogação por força de lei (art. 786, CC) e este acordo não é eficaz perante ela (art. 786, § 2º).

Exceção: a seguradora não terá direito de regresso contra o autor do dano caso este demonstre que indenizou

realmente o segurado pelos prejuízos sofridos, na justa expectativa de que estivesse quitando, integralmente,

os danos provocados por sua conduta. Neste caso, protege-se o terceiro de boa-fé e a seguradora poderá cobrar

do segurado com base na proibição do enriquecimento ilícito. Ex: o causador do dano paga todas as despesas do

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66segurado e recebe um termo de quitação; de má-fé, o segurado, mesmo já tendo sido indenizado, aciona o

seguro para consertar seu carro. Se a seguradora ajuizar ação regressiva contra o causador do dano, ele poderá

provar que pagou integralmente as despesas e, neste caso, a ação será julgada improcedente. Protege-se a boa-

fé do terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1.533.886-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

*A cláusula de contrato de seguro de vida que estabelece o aumento do prêmio do seguro de acordo com a

faixa etária mostra-se abusiva quando imposta ao segurado maior de 60 anos de idade e que conte com mais de

10 anos de vínculo contratual. STJ. 3ª Turma. REsp 1.376.550-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 28/4/2015

(Info 561).

*Súmula 609-STJ: a recusa de cobertura securitária sob alegação de doença pré-existente é ilícita se não houve

a exigência de exames prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado;

*Súmula 610-STJ: o suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida,

ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada.

*O fato de o beneficiário de seguro de vida ter sido reformado pelo Exército em razão de incapacidade total

para sua atividade habitual (serviço militar) não implica, por si só, o direito à percepção de indenização

securitária em seu grau máximo quando a apólice de seguro estipula que esse grau máximo é devido no caso de

invalidez total permanente para qualquer atividade laboral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.318.639-MS, Rel. Min. João

Otávio de Noronha, julgado em 26/4/2016 (Info 582).

*#OUSESABER: O mero atraso no pagamento de prestação do prêmio do seguro importa em desfazimento

automático do contrato? Não. Segundo entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, o mero

atraso no pagamento de prestação do prêmio do seguro não importa em desfazimento automático do contrato,

para o que se exige, ao menos, a prévia constituição em mora do contratante pela seguradora, a qual se dá por

meio da interpelação específica do segurado. Nesse sentido, foi aprovada recentemente pela Corte a Súmula nº

616, segundo a qual “a indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado

acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para a suspensão ou resolução do

contrato de seguro.”.

*#SÚMULA #STJ: Súmula 616 – STJ: A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do

segurado acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para a suspensão ou

resolução do contrato de seguro. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 23/05/2018, DJe 28/05/2018.

*Cobertura securitária em caso de perda total do bem: ainda que o sinistro tenha ocasionado a perda total do

bem, a indenização securitária deve ser calculada com base no prejuízo real suportado pelo segurado, sendo o

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67valor previsto na apólice, salvo expressa disposição em contrário, mero teto indenizatório. Há de ser apurado

por perícia técnica o alcance do dano. Se os prejuízos forem menores do que o limite máximo fixado na apólice,

o segurador só está obrigado a pagar por aquilo que realmente aconteceu. STJ. 3ª Turma. REsp 1.473.828-RJ,

Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/10/2015 (Info 573).

- Princípio indenitário: o CC/2002 prevê, em seu art. 781, o chamado princípio indenitário, nos seguintes termos:

“Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro, e, em

hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador.” Isso se

justifica porque o contrato de seguro não deve ser causa de enriquecimento do segurado. O seu objetivo é

apenas o de restabelecer a situação das coisas, em nível patrimonial, ao mesmo patamar que tinha antes do

sinistro. Em suma, a indenização não pode ultrapassar o valor de mercado do bem no momento do sinistro.

*Na hipótese em que o segurado tenha contratado seguro de vida sem indicação de beneficiário e, na data do

óbito, esteja separado de fato e em união estável, o capital segurado deverá ser pago: metade aos herdeiros

(segundo a ordem da vocação hereditária); e a outra metade será dividida entre a cônjuge não separada

judicialmente e a companheira. Ex: João fez um contrato de seguro de vida. Na apólice, contudo, não constou

quem seriam os beneficiários que deveriam receber a indenização quando o segurado morresse. O valor da

indenização previsto no contrato era de R$ 200 mil. Na época em que assinou o contrato de seguro, João era

casado com Maria, sob o regime da comunhão universal de bens, e tinha com ela 3 filhos. Ocorre que, ainda na

vigência do contrato, João deixou de viver com Maria e, apesar de não se divorciar nem se separar

judicialmente, passou muitos anos fora de casa e iniciou uma união estável com Antônia. Determinado dia, João

faleceu. Os 3 filhos (herdeiros) receberão R$ 100 mil; Maria receberá R$ 50 mil; Antônia terá direito a R$ 50 mil.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.401.538-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/8/2015 (Info 566).

- Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for

feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos

herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária. Parágrafo único. Na falta das pessoas

indicadas neste artigo, serão beneficiários os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios

necessários à subsistência.

- Ocorre que o STJ entendeu que não deve se apegar simplesmente à letra da lei. Deve-se perseguir o espírito da

lei a partir de outras formas de interpretação, inserindo-a no sistema como um todo, para extrair, assim, o seu

sentido mais harmônico e coerente com o ordenamento jurídico. Nesse contexto, nunca se pode perder de vista

a finalidade da lei, ou seja, a razão pela qual foi elaborada e o bem jurídico que visa proteger. Dessa forma,

aplicando também os métodos de interpretação sistemático e teleológico (art. 5º da LINDB), pode-se chegar à

conclusão de que é preciso amparar também os direitos da companheira que vivia em união estável com o

segurado no momento do óbito.

*#IMPORTANTE: No seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua tendo obrigação de pagar

a indenização?

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68- Se o suicídio ocorreu ANTES dos dois primeiros anos do contrato: NÃO. O beneficiário não terá direito ao

capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato ou nos

dois primeiros anos depois de o contrato ter sido reiniciado (recondução) depois de um tempo suspenso (art.

798 do CC). Obs.: o beneficiário não terá direito à indenização, mas receberá o valor da reserva técnica já

formada, ou seja, terá direito à quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a seguradora. A

seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada mesmo que fique

provado que o segurado premeditou o suicídio.

- Se o suicídio ocorreu DEPOIS dos dois primeiros anos do contrato: SIM. Se o suicídio ocorrer depois dos dois

primeiros anos do contrato, será devida a indenização ainda que exista cláusula expressa em contrário. Obs.: é

nula a cláusula contratual que exclua a indenização da seguradora em caso de suicídio ocorrido depois dos dois

primeiros anos do contrato (art. 798, parágrafo único). Assim, se o suicídio ocorre depois dos dois primeiros

anos, é devida a indenização ainda que exista cláusula expressa dizendo que a seguradora não deve indenizar.

Atenção: estão SUPERADAS a Súmula 105 do STF, a Súmula 61 do STJ e o Enunciado 187 da Jornada de Direito

Civil. STJ. 2ª Seção. REsp 1.334.005-GO, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min.

Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/4/2015 (Info 564).

- Perceba que o legislador estabeleceu um critério objetivo para regular a matéria, sendo, portanto, irrelevante

a discussão a respeito da premeditação da morte. O art. 798 adotou critério objetivo temporal para determinar

a cobertura relativa ao suicídio do segurado, afastando o critério subjetivo da premeditação. Acontecendo o

suicídio nos dois primeiros anos de contrato, o beneficiário não terá direito à indenização, quer tenha sido o

suicídio premeditado, quer tenha ocorrido sem premeditação.

- Essa escolha do legislador teve como objetivo conferir maior segurança jurídica evitando discussões sobre o

elemento subjetivo, ou seja, a respeito da intenção do segurado. Após o período de carência de dois anos a

seguradora será obrigada a indenizar mesmo diante da prova mais cabal de premeditação. Mesmo que a

seguradora prove que o segurado, no momento da contratação do seguro já pensava em se suicidar, se esse

suicídio aconteceu após os dois primeiros anos de contrato, ela terá sim que indenizar.

- Perceba, mais uma vez, que não importa mais essa discussão sobre premeditação. O critério atual é apenas

temporal: Suicídio nos dois primeiros anos: SEM direito à indenização. Suicídio após os dois primeiros anos: TEM

direito à indenização. SUICÍDIO DEPOIS DOS DOIS PRIMEIROS ANOS, MESMO QUE PREMEDITADO, GERA

DIREITO À INDENIZAÇÃO.

*#OUSESABER: No seguro de automóvel celebrado por uma empresa com a seguradora, em nenhum caso será

devida a indenização securitária se o condutor do veículo (funcionário da empresa segurada) estava

embriagado. Certo ou errado?

Amigos, cuidado. Como regra, no seguro de automóvel celebrado por uma empresa com a seguradora, não será

devida a indenização securitária se o condutor do veículo (funcionário da empresa segurada) estava

embriagado.

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69No entanto, de acordo com o STJ, será devido o pagamento da indenização se a empresa segurada conseguir

provar que o acidente ocorreria mesmo que o condutor não estivesse embriagado.

Em outras palavras, não é devida a indenização securitária decorrente de contrato de seguro de automóvel

quando o causador do sinistro – preposto da empresa segurada – estiver em estado de embriaguez, salvo se o

segurado demonstrar que o infortúnio ocorreria independentemente dessa circunstância. (STJ. 3ª Turma. REsp

1.485.717-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

*CONTRATO DE SEGURO. Via adequada para cobrança de indenização fundada em contrato de seguro de

automóvel. A via adequada para cobrar a indenização securitária fundada em contrato de seguro de automóvel

é a ação de conhecimento sob o rito sumário (e não a ação executiva). Não é possível propor diretamente a

execução nesse caso porque o contrato de seguro de automóvel não se enquadra como título executivo

extrajudicial (art. 585 do CPC). Por outro lado, os contratos de seguro de vida, por serem dotados de liquidez,

certeza e exigibilidade, são títulos executivos extrajudiciais (art. 585, III), podendo ser cobrados por meio de

ação de execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1.416.786-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/12/2014

(Info 553).

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: Não é abusiva a cláusula contratual que prevê a possibilidade de não

renovação automática do seguro de vida em grupo por qualquer dos contratantes, desde que haja prévia

notificação da outra parte. À exceção dos contratos de seguro de vida individuais, contratados em caráter

vitalício ou plurianual, nos quais há a formação de reserva matemática de benefícios a conceder, as demais

modalidades são geridas sob o regime financeiro de repartição simples, de modo que os prêmios arrecadados

do grupo de segurados ao longo do período de vigência do contrato destinam-se ao pagamento dos sinistros

ocorridos naquele período. Dessa forma, nos contratos de seguro de vida em grupo não há direito à renovação

da apólice sem a concordância da seguradora ou à restituição dos prêmios pagos em contraprestação à

cobertura do risco no período delimitado no contrato. Vale ressaltar que a seguradora pode decidir não mais

renovar o contrato de seguro de vida, mesmo que não comprove que houve desequilíbrio atuarial-financeiro.

Trata-se de um verdadeiro direito potestativo. STJ. 2ª Seção. REsp 1.569.627-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,

julgado em 22/02/2018 (Info 622)

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: É vedada a exclusão de cobertura de seguro de vida em razão da

embriaguez do segurado. STJ. 2ª Seção. EREsp 973.725-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador

Convocado Do TRF 5ª Região), julgado em 25/04/2018 (Info 625).

*#OUSESABER: Qual o prazo prescricional para cobrar reembolso de seguro-saúde? Segundo a Terceira Turma

do Superior Tribunal de Justiça, o prazo prescricional para as ações fundadas no inadimplemento contratual da

operadora que se nega a reembolsar o usuário de seguro-saúde ou de plano de saúde por despesas realizadas

em procedimento médico coberto é de três anos, conforme a regra do artigo 206, parágrafo 3º, IV, do Código

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70Civil. Cumpre asseverar que a Segunda Seção do STJ, quando do julgamento do REsp nº 1.360.969/RS e do REsp

nº 1.361.182/RS, submetidos ao rito dos recursos repetitivos, consagrou o entendimento de que a pretensão

declaratória de nulidade da cláusula de reajuste de plano ou de seguro de assistência à saúde, fundada em

eventual abusividade, é imprescritível, ao passo que a pretensão de ressarcimento de valores daí decorrentes,

de natureza condenatória, é alcançável pela prescrição. Em outras palavras, ficou definido que, enquanto

vigente a relação contratual de plano de saúde, o interessado poderá questionar a validade da cláusula que

determina o reajuste das mensalidades em razão da mudança de faixa etária, sobretudo porque se trata de

relação jurídica de natureza continuativa, que se renova periodicamente (dia a dia, mês a mês, ano a ano). Por

outro lado, pontuou-se que a pretensão de ressarcimento dos valores indevidamente pagos, como decorre de

eventual enriquecimento sem causa, prescreve em 3 (três) anos, nos termos da regra específica do art. 206, §

3º, IV, do CC/2002, e alcança os pagamentos realizados anteriormente ao triênio que precede a causa

interruptiva, marcada pelo ajuizamento da ação (art. 219, § 1º, do CPC/1973 e art. 240, § 1º, do CPC/2015).

Desse modo, afastaram-se as normas da prescrição ânua (arts. 178, § 6º, II, do CC/1916 e 206, § 1º, II, do

CC/2002), quinquenal (art. 27 do Código de Defesa do Consumidor) ou decenal (art. 205 do CC/2002). (REsp

1597230/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe

23/03/2018)

*#OUSESABER: A recusa de cobertura securitária, sob alegação de doença preexistente, é lícita? Se não houve

a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado, a recusa de

cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita, nos termos da Súmula 609 do Superior

Tribunal de Justiça (Segunda Seção, julgado em 11/04/2018, DJe 17/04/2018, Informativo n. 622). No

julgamento do AgInt no AREsp 826988, a Quarta Turma do STJ entendeu que no que se refere à ausência de

declaração de doença preexistente, consoante o entendimento pacificado nesta Corte Superior, a seguradora

não se desobriga do dever de indenizar, mesmo que o sinistro tenha decorrido de doença preexistente, ao

tempo da celebração do contrato, se não realizado exame médico prévio. Com efeito, se a seguradora, em

contrato típico de adesão, aceita a proposta e celebra com o proponente contrato de seguro sem lhe exigir

atestado de saúde ou submetê-lo a exames, a fim de verificar sua real condição física, deve suportar o risco do

negócio, notadamente quando fica comprovado que o segurado não agiu de má-fé” (Rel. Ministro RAUL

ARAÚJO, julgado em 17/05/2016, DJe 03/06/2016).

*O valor estabelecido em ação revisional de aluguel de imóvel não residencial não tem sua incidência limitada

ao período compreendido entre a citação e o termo final do contrato original de locação, devendo incidir até a

efetiva entrega das chaves caso a locação venha a ser prorrogada por prazo indeterminado em razão da

permanência do locatário no imóvel (art. 56, parágrafo único, da Lei nº 8.245/91). STJ. 3ª Turma. REsp

1.566.231-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 1º/3/2016 (Info 578).

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71- O pedido da autora foi baseado no art. 19 da Lei nº 8.245/91: Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou

locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão

judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. O art. 19 da Lei nº 8.245⁄1991, ao regular a

possibilidade de revisão judicial do aluguel avençado, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado, "consagrou a

adoção da teoria da imprevisão no âmbito do Direito Locatício, oferecendo às partes contratantes um

instrumento jurídico para a manutenção do equilíbrio econômico do contrato" (AgRg no REsp nº

1.206.723/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 11/10/2012).

- Segundo a Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91), os recursos interpostos contra a sentença que julga ação

revisional de aluguel devem ser recebidos apenas no efeito devolutivo: Art. 58. Ressalvados os casos previstos

no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da

locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar-se-á o seguinte: (...) V - os recursos

interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo. Dessa forma, se o juiz fixar na sentença o

valor reajustado do aluguel e houver apelação, o réu deverá pagar o novo valor fixado na sentença.

- Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno

direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Parágrafo único. Findo o prazo

estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-

á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado.

- Nas hipóteses de prorrogação de contrato por prazo indeterminado, o locatário deverá observar o valor

reajustado do aluguel. Isso porque a razão de ser da revisão de aluguéis é justamente assegurar a manutenção

do equilíbrio do contrato de locação diante das modificações da realidade do mercado, a fim de evitar injusto

prejuízo ou enriquecimento sem causa a ambas as partes. Seria ilógico admitir que o Poder Judiciário

apontasse o novo valor dos aluguéis para o período de vigência do contrato de locação, mas tal valor fosse

desconsiderado em caso de prorrogação da avença por prazo indeterminado.

- É válida a chamada cláusula de "aluguel dúplice" (ou "13º aluguel") nos contratos de locação de espaço em

shopping center. Fundamento: princípio da autonomia privada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.409.849-PR, Rel. Min.

Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/4/2016 (Info 582).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A cláusula prevista em convenção de condomínio de shopping

center, permitindo a alguns condôminos (lojistas) o uso, gozo e fruição de áreas comuns, não é, em regra, nula.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.737-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/06/2018 (Info 629).

*LOCAÇÃO. Termo inicial do prazo para purgação da mora Na ação de despejo por falta de pagamento, o

locatário ou o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 dias, contado da citação, o

pagamento do débito atualizado mediante depósito judicial (art. 62, II, da Lei nº 8.245/91). A partir de quando

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72começa a ser contado este prazo que o requerido possui para purgar a mora? O que o art. 62, II, da Lei quer

dizer quando fala "contado da citação"? O prazo de 15 dias para purgação da mora deve ser contado a partir da

juntada aos autos do mandado de citação ou aviso de recebimento devidamente cumprido. Não cabimento de

purgação complementar da mora caso os valores tenham sido contestados pelo locatário A contestação de

parte do débito na ação de despejo por falta de pagamento é incompatível com a intimação do locatário para

fins de complementação do depósito em relação às parcelas tidas por ele como indevidas. Não se deve intimar o

locatário para efetuar a purgação complementar da mora (art. 62, III, da Lei nº 8.245/91) se houve manifestação

contrária de sua parte, em contestação, quanto à intenção de efetuar o pagamento das parcelas não

depositadas. Em outras palavras, se o locatário, regularmente citado, contesta parte da dívida, não cabe a sua

intimação para complementar o depósito de emenda da mora e pagar tais parcelas. STJ. 3ª Turma. REsp

1.624.005-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

*#SÚMULA #STJ: Súmula 614 – STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-

tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos. (Súmula

614, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018).

*Na hipótese em que, na data de vencimento, o valor do aluguel seja cobrado com incidência de desconto de

bonificação, a multa prevista para o caso de atraso no pagamento deverá incidir sobre o valor do aluguel com o

referido desconto. STJ. 4ª Turma. REsp 832.293-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/8/2015 (Info 572). A

incidência da multa sobre o valor cheio somente seria permitida se o valor do desconto fosse para pagamentos

em data anterior à do vencimento. Se, contudo, o desconto é para pagamentos dentro do vencimento, na

verdade, o valor com desconto é o preço real do aluguel e, sobre ele é que deve incidir a multa.

*É inválida a doação realizada por meio de procurador se o instrumento procuratório concedido pelo

proprietário do bem não mencionar o donatário, sendo insuficiente a declaração de poderes gerais na

procuração. STJ. 4ª Turma. REsp 1.575.048-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/2/2016 (Info 577).

- Regra: o contrato de doação, em regra, é formal, considerando que precisa ser escrito. Isso está no caput do

art. 541: Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Obs: se a pessoa quiser

doar um bem imóvel cujo valor seja superior a 30 salários-mínimos, neste caso a doação deverá ser feita,

obrigatoriamente, por meio de escritura pública, conforme determina o art. 108 do CC. Exceção: é válida a

doação verbal de bens móveis e de pequeno valor. É chamada de "doação manual", estando prevista no

parágrafo único do art. 541: Art. 541 (...) Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens

móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

- No caso de doação, além de haver poderes especiais no mandato (autorização para doar), a procuração

deverá prever também a pessoa que será beneficiada com a doação. Assim, como na procuração não foi

indicado o donatário do imóvel, a doação realizada pode ser declarada nula, conforme o art. 166 do CC: Art.

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73166. É nulo o negócio jurídico quando: (...) IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma

solenidade que a lei considere essencial para a sua validade.

*#IMPORTANTE: Em contrato de arrendamento mercantil de veículo automotor – com ou sem cláusula

resolutiva expressa –, a purgação da mora realizada nos termos do art. 401, I, do CC deixou de ser possível

somente a partir de 14/11/2014, data de vigência da Lei 13.043/2014, que incluiu o § 15º do art. 3º do

Decreto-Lei 911/1969. STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.832-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015

(Info 573).

- Súmula 293: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de

arrendamento mercantil.

* É válida a cláusula que prevê a prorrogação automática da fiança em caso de prorrogação do contrato

principal? SIM. É lícita (e, portanto, válida) cláusula em contrato de mútuo bancário que preveja expressamente

que a fiança prestada prorroga-se automaticamente com a prorrogação do contrato principal. Em regra, a fiança

não se estende além do período de tempo previsto no contrato. Justamente por isso, para que a fiança seja

prorrogada, é preciso a concordância expressa do fiador. Sobre o tema, o STJ editou, inclusive, um enunciado:

Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu.

No entanto, o STJ decidiu que é válido que o contrato preveja uma cláusula dizendo que, em caso de

prorrogação do contrato principal, a fiança (pacto acessório) também será prorrogada. Havendo expressa e clara

previsão contratual da manutenção da fiança, em caso de prorrogação do contrato principal, o pacto acessório

também é prorrogado automaticamente, seguindo a sorte do principal. STJ. 2ª Seção. REsp 1.253.411-CE, Rel.

Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/6/2015 (Info 565). STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 731.315/RS, Rel. Min.

Moura Ribeiro, julgado em 03/09/2015.

- Essa cláusula não viola o art. 819 do CC, que afirma que a fiança não pode ser interpretada extensivamente?

NÃO. Realmente, na fiança não se admite a interpretação extensiva de suas cláusulas.

- No entanto, no caso acima explicado não houve interpretação extensiva. "Não admitir interpretação

extensiva" significa que o fiador deve responder, exatamente, por aquilo que declarou no instrumento da fiança.

Ele não pode responder por nada a mais do que aquilo que ele aceitou no contrato de fiança.

- Na situação concreta, o fiador concordou com todos os termos do contrato, inclusive com a cláusula que

previa a prorrogação automática da fiança em caso de prorrogação do contrato principal. Logo, a cláusula era

muito clara e o fiador aceitou.

- Ao aplicar essa cláusula de prorrogação automática não se está fazendo interpretação extensiva. Ao contrário,

está sendo interpretada a cláusula literalmente.

- Ressalte-se que, no caso concreto acima explicado, a avença principal não envolvia relação contratual de

consumo, pois cuidava-se de mútuo mediante o qual se obteve capital de giro para o exercício de atividade

empresarial. Existe, contudo, um precedente da 4ª Turma aplicando o mesmo entendimento para os casos de

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74contrato de consumo sob o argumento de que não se trata de cláusula abusiva (art. 51 do CDC) (STJ. 4ª Turma.

REsp 1.374.836-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/10/2013. Info 534).

*#SELIGANASÚMULA: Súmula 538-STJ: As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a

respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por cento. STJ. 2ª Seção.

Aprovada em 10/06/2015, Dje 15/06/2015.

#OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTES #CONTRATODEDEPÓSITO. O que é depósito irregular? Como regra

geral, o objeto dos contratos de depósitos é bem infungível. EXCEPCIONALMENTE, o CC/02 admite o depósito

de bens fungíveis, como o dinheiro (ex.: depósito bancário), caso em que é chamado de DEPÓSITO IRREGULAR,

a ser regulado pelas regras do mútuo.

*INFORMATIVO 595 DO STJ. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. Súmula 586-STJ: A exigência de acordo entre

o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se, exclusivamente, aos contratos não vinculados ao

Sistema Financeiro da Habitação – SFH. STJ. Corte Especial. Aprovada em 19/12/2016.

*SFH. No contrato de financiamento habitacional regido pelo Plano de Comprometimento da Renda – PCR (Lei

nº 8.692/93) as parcelas que irão ser pagas pelo mutuário deverão ser fixadas em um valor que não ultrapasse

30% da sua renda bruta mensal. Em caso de redução da renda, a Lei determina que o mutuário deverá procurar

a instituição financeira e renegociar as condições de amortização. Assim, a parcela irá ser reduzida para ficar no

máximo legal, mas haverá dilação do prazo de liquidação do financiamento. Determinado mutuário adquiriu

uma casa por meio de financiamento bancário regido pelo SFH em conformidade com o PCR. Houve uma

redução de sua renda mensal e, em razão disso, ele ajuizou ação de consignação em pagamento pedindo a

quitação e extinção de suas obrigações tão somente por meio da consignação dos valores que ele

unilateralmente entende como devidos. Esta ação deverá ser julgada improcedente. A solução prevista pela Lei

para esta situação é a renegociação da dívida, com a redução negociada das parcelas mediante prolongamento

do prazo de pagamento. STJ. 4ª Turma. REsp 886.846-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/6/2016 (Info 586).

*O art. 771 do CC determina que o segurado deverá comunicar imediatamente à seguradora quando ocorrer

algum sinistro envolvendo o veículo, já que isso possibilita que esta tome medidas que possam amenizar os

prejuízos da realização do risco, bem como a sua propagação. Esse dispositivo legal prevê que, se não houver

esta comunicação imediata, o segurado perderá o direito à indenização.

Vale ressaltar, no entanto, que, para que ocorra a sanção prevista no art. 771 do CC, é necessário que fique

demonstrada a ocorrência de uma omissão dolosa do segurado, que beire a má-fé, ou culpa grave e que, com

isso, prejudique, de forma desproporcional, a atuação da seguradora.

Assim, se o segurado demorou três dias para comunicar à seguradora que o veículo foi roubado porque foi

ameaçado pelo criminoso, ele não perderá o direito de ser indenizado já que, neste caso, não poderia ser dele

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75exigido comportamento diverso.

Resumindo: o segurado que, devido às ameaças de morte feitas pelo criminoso a ele e à sua família, deixou de

comunicar prontamente o roubo do seu veículo à seguradora não perde o direito à indenização securitária (art.

771 do CC). STJ. 3a Turma. REsp 1.404.908-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/8/2016 (Info

590).

*O seguro de RC D&O (Directors and Officers Insurance) não abrange operações de diretores, administradores

ou conselheiros qualificadas como insider trading. O RC D&O é um tipo de seguro feito por grandes executivos

(ex: CEOs) por meio do qual a seguradora assume os custos caso eles sejam responsabilizados por algum ato

culposo praticado durante a gestão da empresa. O insider trading ocorre quando uma pessoa (insider), por força

do exercício profissional, possui informações relevantes sobre a empresa e utiliza tais dados para negociar as

ações dessa companhia antes que essas informações sejam reveladas ao público em geral. O administrador que

praticou insider trading não tem direito à cobertura securitária do seguro RC D&O por dois motivos: 1) o insider

trading não é um ato culposo, mas sim doloso (fraudulento); 2) o insider trading não configura ato de gestão,

mas sim um ato pessoal do administrador com o objetivo de gerar proveitos financeiros próprios, em

detrimento dos interesses da companhia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.555-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,

julgado em 14/2/2017 (Info 598)

*No SEGURO DE VIDA (seguro de pessoas) é devida a indenização securitária mesmo que o acidente que vitimou

o segurado tenha decorrido de seu estado de embriaguez? SIM. Ocorrendo o sinistro morte do segurado e

inexistente a má-fé dele (ex: deixar de revelar que possuía doença grave antes de fazer o seguro) ou o suicídio

no prazo de carência, a indenização securitária deve ser paga ao beneficiário, visto que a cobertura neste ramo

é ampla. Assim, é vedada a exclusão de cobertura do seguro de vida na hipótese de sinistro ou acidente

decorrente de atos praticados pelo segurado em estado de embriaguez. STJ. 3ª Turma. REsp 1.665.701-RS, Rel.

Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 604). No SEGURO DE AUTOMÓVEL (seguro de bens)

celebrado por uma empresa com a seguradora, é devida a indenização securitária se o condutor do veículo

estava embriagado? Em regra: NÃO. Exceção: será devido o pagamento da indenização se o segurado conseguir

provar que o acidente ocorreria mesmo que o condutor não estivesse embriagado. Não é devida a indenização

securitária decorrente de contrato de seguro de automóvel quando o causador do sinistro (condutor do veículo

segurado) estiver em estado de embriaguez, salvo se o segurado demonstrar que o infortúnio ocorreria

independentemente dessa circunstância. STJ. 3ª Turma. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,

julgado em 22/11/2016 (Info 594)

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STJ#MUDANÇADEENTENDIMENTO: No contrato de seguro de automóvel,

é lícita a cláusula que exclui a cobertura securitária para o caso de o acidente de trânsito (sinistro) ter sido

causado em decorrência da embriaguez do segurado. No entanto, esta cláusula é ineficaz perante terceiros

(garantia de responsabilidade civil). Isso significa que, mesmo que contrato preveja a exclusão da cobertura em

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76caso de embriaguez do segurado, a seguradora será obrigada a indenizar a vítima (terceiro) caso o acidente

tenha sido causado pelo segurado embriagado. Em outras palavras, não se pode invocar essa cláusula contra a

vítima. Depois de indenizar a vítima, a seguradora poderá exigir seu direito de regresso contra o segurado

(causador do dano).

A garantia de responsabilidade civil não visa apenas proteger o interesse econômico do segurado tendo,

também como objetivo preservar o interesse dos terceiros prejudicados. O seguro de responsabilidade civil se

transmudou após a edição do Código Civil de 2002, de forma que deixou de ser apenas uma forma de

reembolsar as indenizações pagas pelo segurado e passou a ser também um meio de proteção das vítimas,

prestigiando, assim, a sua função social. É inidônea a exclusão da cobertura de responsabilidade civil no seguro

de automóvel quando o motorista dirige em estado de embriaguez, visto que somente prejudicaria a vítima já

penalizada, o que esvaziaria a finalidade e a função social dessa garantia, de proteção dos interesses dos

terceiros prejudicados à indenização, ao lado da proteção patrimonial do segurado. STJ. 3ª Turma. REsp

1.738.247-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/11/2018 (Info 639).

* #SELIGANAEXCEÇÃO: A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e exclusivamente contra a

seguradora do causador do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, a responsabilidade deste pela

ocorrência do sinistro e quando parte da indenização securitária já tiver sido paga. Não se aplica, neste caso, a

Súmula 529 do STJ. Isso porque, mesmo não havendo relação contratual entre a seguradora e o terceiro

prejudicado, a sucessão dos fatos (apuração administrativa e pagamento de parte da indenização) faz com que

surja uma relação jurídica de direito material envolvendo a vítima e a seguradora. Súmula 529-STJ: No seguro de

responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e

exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.970-MT, Rel.

Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

* CONTRATO DE SEGURO. A aposentadoria por invalidez permanente concedida pelo INSS não confere ao

segurado o direito automático de receber indenização de seguro contratado com empresa privada, sendo

imprescindível a realização de perícia médica para atestar o grau de incapacidade e o correto enquadramento

na cobertura contratada. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.508.190-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em

08/11/2017 (Info 616)

*#OUSESABER: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro

prejudicado em face da seguradora em litisconsórcio com o causador do dano. Certo ou errado? Item incorreto.

Amigos, muito cuidado. De acordo com a súmula 529 do STJ, no seguro de responsabilidade civil facultativo, não

cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do

apontado causador do dano. No entanto, o STJ entende que é possível o ajuizamento de ação de indenização

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77por acidente de trânsito contra o segurado apontado como causador do dano e contra a seguradora obrigada

por contrato de seguro, desde que os réus não tragam aos autos fatos que demonstrem a inexistência ou

invalidade do contrato de seguro (nem o causador do dano nem a seguradora negam a existência do seguro ou

questionam as cláusulas do contrato). O STJ afirmou que esse ajuizamento contra ambos é possível porque não

haverá nenhum prejuízo para a seguradora, considerando que ela certamente seria convocada pelo segurado

para compor a lide, por meio de denunciação da lide. STJ. 4ª Turma. REsp 710.463-RJ, Rel. Min. Raul Araújo,

julgado em 9/4/2013 (Info 518).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização

por lucros cessantes durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do

promitente comprador. Os lucros cessantes serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente

comprador tinha finalidade negocial na transação. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min. Maria Isabel

Gallotti, julgado em 09/05/2018 (Info 626). #IMPORTANTE

8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS

Código Civil

Art. 481 a 839

(Obs: sempre verificar quais contratos em espécie estão previstos no seu edital!)

9. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula

Complementação no Manual de Direito Civil – Flávio Tartuce

Material do TRF4

Cadernos Sistematizados

Jurisprudência do site Dizer o Direito.