wayuri 4 2014 dezembro

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Ameaça aos Direitos Indígenas Os Direitos dos Povos Indígenas garantidos na Constituição Federal de 1988 estão ameaçados. Saiba mais: P. 8-9 Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN/São Gabriel da Cachoeira. Outubro-Dezembro 2014 A mobilização pela valorização do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, tem os conhecedores tradicionais como principais integrantes. Na foto, dois conhecedores tradicionais palestram em Loiro - Uaupés. FOIRN realizou pela primeira vez uma assembleia Geral em Santa Isabel do Rio Negro. A XIV As- sembleia teve como tema central: “Programa Regional Desenvolvimento Indígena Sustentável - Valorizando o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro”. A Assembleia Geral realizada entre 18 a 20 de Novembro reuniu 170 lideranças indígenas, representantes das cinco Coordenadorias Regionais do Negro, onde foram discutidos e debatidos vários assuntos importantes e de interesse dos povos que vivem no Rio Negro, que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Ne- gro e São Gabriel da Cachoeira. P. 3-6 Associações de base Organização Indígena da Bacia do Içana (OIBI), realizou Assembleia Geral na Escola Pamáali - Médio Içana, e fez balanço de 22 anos de atividades e parcerias. P. 7 Mulheres Indígenas Oficina de Artes reuniu mulheres indígenas para troca de experiências e debates de temas como a alternativas eco- nômicas e geração de renda a partir dos artesanatos indí- genas. P. 10

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Edição 4 do Boletim Informativo da FOIRN. Referente aos meses de outubro-Dezembro de 2014. Destaques: Assembleia Geral realizado em Santa Isabel do Rio Negro.

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Ameaça aos Direitos IndígenasOs Direitos dos Povos Indígenas garantidos na Constituição Federal de 1988 estão ameaçados. Saiba mais: P. 8-9

Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - FOIRN/São Gabriel da Cachoeira. Outubro-Dezembro 2014

A mobilização pela valorização do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, tem os conhecedores tradicionais como principais integrantes. Na foto, dois conhecedores tradicionais palestram em Loiro - Uaupés.

FOIRN realizou pela primeira vez uma assembleia Geral em Santa Isabel do Rio Negro. A XIV As-sembleia teve como tema central: “Programa Regional Desenvolvimento Indígena Sustentável -

Valorizando o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro”.

A Assembleia Geral realizada entre 18 a 20 de Novembro reuniu 170 lideranças indígenas, representantes das cinco Coordenadorias Regionais do Negro, onde foram discutidos e debatidos vários assuntos importantes e de interesse dos povos que vivem no Rio Negro, que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Ne-gro e São Gabriel da Cachoeira. P. 3-6

Associações de base Organização Indígena da Bacia do Içana (OIBI), realizou Assembleia Geral na Escola Pamáali - Médio Içana, e fez balanço de 22 anos de atividades e parcerias. P. 7

Mulheres IndígenasOficina de Artes reuniu mulheres indígenas para troca de experiências e debates de temas como a alternativas eco-nômicas e geração de renda a partir dos artesanatos indí-genas. P. 10

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Prezados parentes, vivemos em um momento crítico, um momento

em que nossos direitos garantidos na Constituição Federal estão seriamen-

te ameaçados. Parlamentares ruralistas estão fazendo de tudo para apro-

var a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, pela qual de-

marcações seriam submetidas ao crivo do Congresso Nacional, e o PLP

227, que abre as Terras Indígenas a qualquer tipo de uso, inclusive explo-

ração agropecuária por terceiros.

Na primeira semana de Dezembro os dias foram tensos em Brasilia,

lideranças indígenas de várias etnias se reuniram para protestar e lutar

contra a aprovação do PEC 215. Depois de dias de manifestação na Câma-

ra dos Deputados por cerca de 200 indígenas e mobilização em vários lu-

gares no país, especialmente nas redes sociais na internet, finalmente no

dia 18 de dezembro tivemos notícia de que o Projeto foi arquivado. Uma

vitória da luta pelos direitos indígenas, pela proteção do meio ambiental e

pelos direitos humanos. A participação de poucos parlamentares que de-

fendem nossa causa (Bancada Verde) foi fundamental para o arquivamento

desse PEC. Nesta edição destacamos algumas imagens dos principais

momentos dessa “batalha” contra os interesses privados dos parlamentares

ruralistas e do agronegócio.

Destacamos também a XIV Assembleia Geral realizada em Santa

Isabel do Rio Negro, mostrando de forma resumida os principais temas

discutidos no evento, que reuniu 170 lideranças, representantes de todas

as regionais do Rio Negro.

Finalizamos o ano de 2014 com vários realizações, como viemos

mostrando em cada edição do nosso boletim. Estamos buscando cumprir

nosso objetivo como instituição de representatividade dos interesses e luta

pelos direitos dos povos indígenas do Rio Negro. Que em 2015 seja um

ano de fortalecimento e de conquistas, mas, por outro lado, estamos cien-

tes de que a luta pelos direitos será ainda maior. Desejamos bom final de

ano a todos. Boa leitura!

Diretores da FOIRN

Diretoria executiva (2013-2016)Almerinda Ramos de Lima (Tariana) - PresidenteIsaias Pereira Fontes (Baniwa) - Vice Presidente

Marivelton Rodriguês Barroso (Baré) - DiretorNildo Jose Miguel Fontes (Tukano) - Diretor

Renato da Silva Matos (Tukano) - Diretor

Parceria

Apoio institucional

Av. Àlvaro Maia No 79/CentroSão Gabriel da Cachoeira/Am

Caixa Postal 31 - CEP: 69750-000Tel (97) 3471-1632

Fundada em 30 de abril de 1987, a Federação

das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN),

assume o compromisso de defender os direitos dos

povos indígenas que habitam a região do Rio Negro.

Compõe-se de 5 Coordenadorias Regionais (CABC,

COITUA, COIDI, CAIARNX e CAIMBRN), onde reúne

93 associações de base que representam as comunida-

des distribuídas ao longo dos principais rios formado-

res da bacia do Rio Negro.

São cerca 750 aldeias onde habitam mais de

55 mil índios, compreendendo aproximadamente 10%

da população indígena do Brasil. As 23 etnias das

famílias linguísticas Tukano, Maku, Aruak e Yanomani

compartilham entre si, uma área de 11,6 milhões de

hectares de terras indígenas demarcadas que compre-

ende os municípios de São Gabriel da Cachoeira, San-

ta Isabel do Rio Negro e Barcelos.

Com visão no futuro, a FOIRN atua para ga-

rantir aos povos indígenas instrumentos para o reco-

nhecimento, respeito, valorização da cultura e a ga-

rantia dos Direitos Indígenas conquistados na Constitu-

ição Federal. Trabalha também para formular e des-

envolver projetos nas áreas de saúde, cidadania, edu-

cação escolar, economia, ações de etnodesenvolvimen-

to e sustentabilidade.

O que é a FOIRN?

EDITORIAL

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ASSEMBLEIA GERAL

Dabucuri A abertura oficial da Assembleia Geral em Santa Isabel, no ginásio Salesiano iniciou com dabucuri de peixes ao som das flau-tas japurutu, mauaco e carriçú. Dabucuri é uma forma tradicional de troca e de comprimento de cunhados e parentes que chegam, ceri-mônia realizado pelos povos do Rio Negro há gerações. As apresen-tações foram organizadas pela Associação das Comunidades Indí-genas do Médio Rio Negro (ACIMRN). No discurso de abertura, a presidente da FOIRN, Almerinda Ramos de Lima, reafirmou a importância do momento para o fortale-cimento das organizações indígenas e das parcerias locais. “Esta-mos aqui pela primeira vez (Assembleia em Santa Isabel do Rio Negro), é um momento histórico para FOIRN, para as organizações indígenas e para o movimento indígena do Rio Negro. Tenho certeza que vamos sair daqui fortalecidos”-afirmou a presidente. Participaram da mesa de abertura representantes de várias instituições locais, como: Instituto Socioambiental, Fundação Nacio-nal do Indio, Horizont3000, Aliança pelo Clima, Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional, Associação Indígena de Barcelos, Missão Salesiano - Santa Isabel, Associação das Comunidades In-dígenas do Rio Negro, Câmara Municipal de São Gabriel da Cacho-eira e Santa Isabel do Rio Negro e SEDUC-AM, SEDUC, Secoya e SESAI. Movimento Indígena do Rio Negro O primeiro dia da Assembleia começou com depoimentos do Braz França, liderança Baré, diretor da FOIRN entre 1990 a 1996, fez um resumo sobre o histórico de luta entre os anos 1980 a 1990, período em que houve uma grande mobilização das lideranças indí-genas, que resultou na fundação da FOIRN em 1987, que lutou de forma organizada junto com os parceiros para a demarcação das terras indígenas de forma contínua. Braz lembrou ainda, que com a demarcação estabeleceu-se também uma rede de comunicação na região através de radiofonias que contribuiu decisivamente no fortalecimento de várias associa-ções indígenas criadas ao longo do rio Negro após a fundação da FOIRN.

Os relatos feitos pela liderança Baré foram importantes para o entendimento dos objetivos da federação e o que a assembleia geral realizado em Santa Isabel do Rio Negro representa, para a região do Médio Rio Negro. Homenagem Após o histórico do movimento contado pelo Braz, foi feita uma homenagem aos líderes indígenas: Manoel Fernandes, Erivaldo Cruz e Pedro Machado falecidos nos anos 2013 e 2014. Esses tiveram atuação fundamental para muitas conquistas do Movimento Indígena do Rio Negro. Foi exibido um vídeo, onde, foram destacados, as con-tribuições que fizeram, como a luta incansável pela demarcação das terras e o fortalecimento e a valorização da cultura. “Esses lideres, o que fizeram ficarão para sempre na história do movimento e na nossa memória. A trajetória de luta deles irá inspirar a formação de novas lideranças”- conclui o vídeo. Após a apresentação do vídeo, foi lido e aprovado a progra-mação (pautas e horários) da Assembleia. Assembleias Regionais Com a programação aprovada, foi apresentação dos princi-pais encaminhamentos das 5 Assembleias Regionais realizados pelas Coordenadorias. Cada coordenadoria apresentou as propostas siste-matizados e encaminhados pela assembleia regional. Entre os princi-pais encaminhamentos e comuns nas regionais foram: Saúde Indíge-na precária, demarcação de terras (nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira), fortalecimento das associações de base através de formação e como também a discus-são inicial sobre a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), bem como suas ferramentas, como o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA).

Homenagem e reconhecimentoManoel Fernandes Moura, Tukano, liderança e escritor indígena que contribuiu na fundação de associações indígenas como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Erivaldo Almeida Cruz, Piratapuia, diretor da Foirn entre 2005 e 2012, era referência para a valorização das culturas indígenas com destaque para o processo de reco-nhecimento da Cachoeira da Onça, em Iauaretê, como Patrimônio Imaterial do Brasil e Patri-mônio Cultural dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri pelo Iphan. Pedro Machado, Tukano, foi um dos fundadores da Foirn e servidor da Funai em São Gabriel da Cacho-

Foi a primeira vez que uma Assembleia Geral da FOIRN foi realizada em Santa Isabel do Rio Negro. É a segunda Assembleia Geral realizada fora da sede (São Gabriel da Cachoeira), a primeira aconteceu em Barcelos em 2010. Foto: Renato Martelli/ISA

A decisão de realizar a assembleia geral em Santa Isabel teve como objetivo: promover a melhoria das políticas públicas governamentais e fortalecer a atuação do movimento indígena e parceiros na

região, suas iniciativas e demandas.

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ASSEMBLEIA GREAL

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Demarcação, educação, gestão do território e saúde A diretoria da FOIRN apresentou o Planejamento Estratégico 2013-2016. Documento que orienta todas as ações e a atuação da instituição, elaborado com base nas demandas das bases através das coordenadorias regionais, discutidas nas reuniões do Conselho Diretor e Assembleia Geral. Os grandes eixos do Plano são: demarcação de terra, educação indígena, saúde diferenciada, gestão dos territórios e articulação política. Entre as principais atividades realizadas entre 2013 a 2014, foi a articulação política em diferentes frentes, bem como: participação em fóruns de debates em vários temas, visita e co-municação às associações de base, Audiências institucionais FUNASA, Caixa Econômica, IPHAN, Reuniões Institucionais FUNAI/CRRN/BSB, SEIND, Prefeituras SIRN/Barcelos/SGC, Conferencias internacionais com Horizonte 3000, Aliança pelo Clima e Rainforest Fundation. Foi feito também um acompanhamento de atividades das câmaras Legislativa dos três municí-pios: Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. No que diz respeito à políticas publicas diferenciadas para os povos indígenas que vivem nesses municípios. De acordo com o Diretor Marivelton Rodrigues Barroso, o dialogo com os poderes executivos, foi “difícil”, por isso não houve dialogo com gestores municipais de Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira. Outro importante tema apresentado entre as ações realizadas foi: Projetos Institucionais com RFN, H3000, ERN, PDPI, BSPAT, que inclui atividades como dialogo constante e articula-ção com os parceiros e realização dos itens propostos nos projetos e cumprimento dos prazos previstas e acompanhar seus andamentos. E ainda, elaborar relatórios narrativos e financiado-res; manter dialogo periódico com parceiros e realizar reuniões entre parceiros. Os projetos em andamento atualmente são: - Projeto Direitos indígenas, fortalecimento institucional e governança na bacia do rio Negro, noroeste amazônico ( 2014-2017) com Rainfo-rest da Noruega, Projeto trienal 2015-2017 com H3000, Fortalecimento das Coordenadorias Regionais da FOIRN com Embaixada Real da Noruega, Articulação e Comunicação para Ações de Gestão Ambiental e Territorial do Médio e Alto Rio Negro trienal 2014-2016, Projeto Gestão Ambiental e Territorial “ Formação de Gestores em Gestão Ambiental e Territorial” com PDPI e BSPAT - Base de Serviço de Prestação de Assessoria Técnica à Inclusão Produtiva da agricul-tura Familiar anual 2014. Parceiros e colaboradores “O objetivo de nossa organização é a proteção das florestas, pois, elas ajudam na ma-nutenção do clima no nosso planeta”- disse, Johan Kandler da Aliança pelo Clima. “E nosso apoio aos Povos do Rio Negro através da FOIRN tem como objetivo contribuir para fortalecer a cultura e o movo de vida, pois, vocês preservam as florestas, e é uma contribuição inestimável para o futuro do planeta”-completa. Entre as instituições parcerias e apoiadores do movimento indígena do Rio Negro que fizeram suas breves apresentações, com objetivo de expor seus objetivos institucionais e de parceria com a FOIRN estavam: a Horizont3000, SEIND, Instituto Socioambiental, Fundação Nacional do Indio, IPHAN e COIAB. A apresentação das instituições parceiras e apoiadores foi proposto pela Assembleia Geral com objetivo de ficar melhor entendido aos participantes quais funções, objetivos das atuação dessas instituições junto à`FOIRN, Coordenadorias Regionais e associações de base. Dúvidas foram expostas pelos participantes e esclarecidas pelos expositores.

Conheça os objetivos da FOIRN

I–Promover ações que garantam o cumprimen-to dos direitos constitucionais assegurados aos povos indígenas;

II–Promover ações nas áreas de saúde, educa-ção e desenvolvimento econômico e social, visando o bem estar dos povos indígenas do Rio Negro;

III–Promover, valorizar, preservar e revitalizar a cultura dos povos indígenas do Rio Negro;

IV–Estimular o desenvolvimento socioeconô-mico das comunidades indígenas do Rio Negro através da garantia do acesso e gestão demo-cráticos e ecologicamente sustentáveis aos recursos naturais existentes em suas terras;

V–Representar os interesses de suas associa-das e das comunidades indígenas do Rio Ne-gro junto aos órgãos, públicos ou privados, que direta ou indiretamente atuem na região do Rio Negro;

VI–Promover a defesa judicial e extrajudicial do meio ambiente, do patrimônio cultural, mate-rial e imaterial, e dos interesses das comunida-des indígenas do Rio Negro.

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ASSEMBLEIA GERAL

Mudanças no estatuto No segundo dia, foi apresentado para a assembleia geral a proposta encaminhada pelo Conselho Diretor da Foirn, da necessi-dade de uma análise do estatuto para esclarecer as atribuições das principais instâncias: assembleia geral, conselho diretor e diretoria. O encaminhamento dos debates e discussões sobre o tema recomendou que a assembleia deve continuar como instância máxi-ma de decisão e que conselho e diretoria devem se reunir periodica-mente para que execução e deliberação caminhem conjuntamente. Outra pauta referente ao estatuto foi como desvincular as eleições e assembleias da Foirn dos calendários das eleições gover-namentais pois notou-se que muitos candidatos aproveitam estas mobilizações, em uma região extensa e cuja logística é custosa e complexa, para fazer campanha. Nas próximas reuniões do conselho diretor será traçado um cronograma para separar as datas das assembleias da Foirn com a época de campanha eleitoral. E, outra mudança no estatuto será incluir a Wariró como filial da FOIRN uma proposta encaminhado nos encontros de produtores indigenas do rio Negro e Conselho Diretor da FOIRN desde 2013. Saúde e Educação Escola Indígena Foi apresentado e lido pelo diretor da FOIRN, Nildo Fontes a Carta Publica elaborado pela FOIRN sobre a situação da Saúde Indí-gena no Rio Negro, publicado em agosto deste ano. A carta aponta os principais problemas e propostas de medidas para solucionar os problemas. Apesar de ser enviado para vários órgãos públicos, e, principalmente a SESAI, não foi dado alguma resposta. Em mesa de debate, representante do DSEI Alto Rio Negro, Jayne Carvalho e representante (Assessor) da SESAI, Valdenir Fran-ca, apresentaram o que esta sendo feito e as justificativas dos moti-vos que deixa a saúde indígena no Rio Negro, numa situação critica. O assessor da SESAI, comprometeu-se em buscar meios de solucio-nar a situação ainda esse ano. “Vamos montar uma força-tarefa para vir ao DSEI-ARN ainda este ano (em dezembro), para solucionar os problemas emergênciais”-afirmou o assessor da SESAI. Após a pauta saúde, foi apresentado os dados atuais da edu-cação escolar indígena do Rio Negro. Os principais resultados do Seminário Rio Negro de Educação, como a revisão e atualização do Termo de compromisso no âmbito do Território Etnoeducacional do Rio Negro. O Seminário realizado em junho teve como objetivo reunir e sistematizar os dados de todos os seminários “internos” de educa-ção realizados nas bases desde 2013 a maio de 2014. Laise Diníz do Instituto Socioambiental (ISA) e Higino Tenório - colaborador do Departamento de Educação da FOIRN apresenta-ram os objetivos, processos de construção e o passo atual da im-plantação atual do Instituto de Conhecimentos Indígenas e Pesquisas do Rio Negro (ICIPRN). Após a exposição, alguns participantes fizeram perguntas, como por exemplo, como foi o processo de discussão e se houve participação das bases, e quais serão os cursos, o publico alvo e a gestão. Para chegar ao processo atual, foram realizados vários se-minários, consultas nas comunidades em todas as regiões do Rio Negro. Entre os resultados dos seminários e consultas realizadas foi as publicações: Histórico de educação escolar indígena no Rio Negro e Rotas de Transformação. Atualmente o ICIPRN esta na fase de elaboração da estrutura organizacional e elaboração da proposta curricular, com apoio e par-ceria do ISA, MEC e Centro de Estudos Estratégicos ligado ao Minis-tério de Ciência e Tecnologia.

Johan Kandler da Aliança pelo Clima apresenta os objetivos da organização e fala da importância da preservação das florestas.

Diretores da FOIRN apresentaram o Plano Estratégico 2013-2016 e apresenta-ram as principais ações realizadas até agora.

Alvaro Tukano fala do seu livro e distribui alguns exemplares para alguns partici-pantes da assembleia.

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ASSEMBLEIA GERAL

Economia Indígena, geração de renda e gestão territorial O terceiro dia iniciou com a exposição da Associação das Comuni-dades Indígenas do Baixo Rio Negro (Acibrn) do projeto de turismo de pes-ca esportiva de base comunitária realizado no Rio Marié. Foram explicados os investimentos feitos, o treinamento de guias e vigilantes locais e os re-sultados da temporada de 2014 que em cinco semanas trouxe 39 turistas à região. Contando com apoio da Funai, Foirn, Ibama e ISA, as comunidades da Acibrn fazem a gestão do projeto de turismo e com os benefícios do projeto alavancam a gestão do seu território. A plenária destacou que a forma coletiva pela qual foi construído o projeto é um grande avanço e que apesar das linhas de ação em outras regiões serem diferentes, seja ecoturismo, valorização de produtos locais ou gestão territorial, a metodologia é inspiradora e deve servir como refe-rência. Para garantir o bom uso das áreas utilizadas nas atividades do pro-jeto, a ACIBRN, FOIRN e IBAMA fazem monitoramento através de estudos de impactos após a temporada, que também tem por objetivo de garantir que as áreas de uso tradicional e sagrados, e o plano de manejo seja res-peitado e cumprido.

Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro Em seguida o Sistema Agrícola do Rio Negro, reconhecido como patrimônio cultural pelo Iphan em 2010 foi apresentado. Lorena França do IPHAN e Carlos Néry, atual presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (Acimrn), e Laure Emperaire, pesquisadora do Institut de recherche pour le développement (IRD), explicaram que o processo de patrimonialização e as pesquisas a ele relacionadas levanta-ram questões sobre as viagens que as plantas fazem através do sistema de troca do Rio Negro, as narrativas e histórias das plantas e a importância de dar visibilidade, respeitar e atualizar um sistema agrícola com mais de dois mil anos. Durante o debate foi notado que todas as regiões compartilham destes conhecimentos e práticas que formam o sistema agrícola tradicional e que as políticas públicas governamentais, por vezes centradas na meca-nização e utilização de insumos químicos, devem sempre levar em conta a riqueza desta alta agrobiodiversidade gerada pelo manejo milenar feito pelas populações rionegrinas.

Demarcação de Terras Indígenas O tema da demarcação foi mais uma vez discutido por meio de relatos feitos por Braz França e Antonio Menezes da Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro e Xié (Caiarnx). Braz iniciou di-zendo que na época do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) a intera-ção do Estado com os povos indígenas era amansar os índios e servir aos missionários. Mesmo com a criação da Funai em 1967, o marco dos direi-tos indígenas veio somente com a Constituição de 1988, que, por meio de uma enorme mobilização das populações indígenas e seus parceiros, ga-rantiu direitos constitucionais específicos a estas populações. Direitos que atualmente estão sob ataque legislativo. Antonio Menezes, por sua vez, lembrou que a invasão das terras de sua região iniciou-se em 1975 com a chegada da construtora Queiroz Galvão que trouxe brigas, estupros, alcoolismo e contaminação do rio por mercúrio. Leu então uma lista de conquistas que vieram após a demarca-

ção de terras que, entre outras, inclui: escola fundamental e ensino médio nas comunidades, emissão de documentos, apoio do Exército e Funai, sistema de radiofonia, localização dos marcos geodésicos do Brasil pela Foirn, Distrito Sanitário Especial Indígena e representantes indígenas em instâncias governamentais. PNGATI Para finalizar o terceiro dia, a diretoria da Foirn explicou as diretrizes e objetivos da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambi-ental de Terras Indígenas (PNGATI) e as cinco coordenadorias regio-nais se organizaram em grupos de trabalhos para criar propostas e planejar ações de gestão territorial. Algumas propostas envolvem: o registro e reconhecimento dos conhecimentos e modo de vida do Rio Negro como patrimônio sociocultural; o apoio a produtores indígenas e estruturação para o escoamento de produtos locais; o estudo de ca-deias produtivas indígenas e; visita e intercâmbio com experiências inovadoras em gestão territorial. Este material será sistematizado e guiará as propostas da Foirn para os próximos anos. A FOIRN contou com apoio e parceria da FUNAI, IPHAN, ISA, CAIMBRN ACIMRN, Rainforest, Embaixada da Noruega e outros par-ceiros locais. No encerramento foi homenageada a ACIMIRN pelos 20 anos e a FOIRN pelos 27 anos com danças tradicionais e apresentações cul-turais das coordenadorias regionais da FOIRN.

Com base nos textos de Renato Martelli/ISA

Esclarecimentos: Na edição 3 do Wayuri divulgamos que a As-sembleia Geral da FOIRN que iria acontecer em Santa Isabel seria a décima oitava (XVIII, mas, durante a Abertura Oficial da Assembleia, foi feito a correção, pois, de acordo com os documentos oficiais, seria sim a XVIII Assembleia, mas, nesse caso, teriam que ser incluídos nesses números as Assembleias Extraordinárias. Portanto, ainda foi a XIV As-sembleia Geral que aconteceu em Santa Isabel no mês de Novembro de 2014.

Durante a assembleia vários artesãos colocaram seus produtos à exposição e venda aos interessados. Acima Pimenta Baniwa em exposição e abaixo

biojóias sendo apreciados pelos participantes da assembleia.

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ASSOCIAÇÕES DE BASE

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OIBI realizou na Escola Pamáali, Médio Rio Içana, a 12a Assembleia Ordinária com o tema: Consolidando Política e Gestão Participativa Indígena nas comunidades Baniwa.

Entre os dias 11 a 13 de Novembro, 150 pessoas de 16 comunidades da região do Médio Rio Içana, se reuniram na Escola Pamáali para participar da décima segunda Assembleia Ordinária da Orga-nização Indígena da Bacia do Içana (OIBI). A OIBI é a segunda organização indígena criada na região do Içana (a primeira foi a ACIRI - Associação das Comunidades Indígenas do Rio Içana, criada em 1987, transformada em OCIDAI - Organização da Comunidade Indígena do Distrito de Assunção do Içana, a partir de 1999). Fundada em 12 de julho de 1992 na comunidade Juivitera, a OIBI ao longo desses anos conseguiu criar e estabelecer uma rede de parcerias institucionais, entre estes, a FOIRN. Através dessas parcerias ao longo dessas duas décadas de atuação vem cumprindo sua mis-são: garantir o “bem-viver” do povo Baniwa nas comunidades e promover o desenvolvimento regio-nal sustentável, tendo a interculturalidade como metodologia de ação. Na assembleia foram lembradas e relatadas as principais conquistas obtidas até agora. Entre os destaque estão os projetos: Medicina Tradicional Baniwa e Coripaco, em parceria com o RASI/Uni-versidade Federal do Amazonas; Cestaria de aru-mã, em parceria com o ISA e a Foirn; Escola Indí-gena Baniwa e Coripaco Pamáali, em parceria com a Foirn e o ISA; o projeto Kophe Koyaanale – ma-nejo pesqueiro, em parceria com o ISA e a Fiocruz e a Pimenta Baniwa, em parceria com o ISA e o Instituto ATÁ. Foi destaque também a retomada da marca Arte Baniwa em 2013, dessa vez, para a produção e comercialização da Pimenta Jiquitaia Baniwa. Um projeto que está dando certo. Em um ano de reali-zação já está se formando uma Rede de Casas da Pimenta. Já são duas Casas da Pimenta até agora (Tunui Cachoeira e Ucuqui Cachoeira - Alto Aiarí), e a terceira tem inauguração prevista para primeiro semestre de 2015. Outro projeto de sucesso no campo de edu-cação escolar indígena foi a implantação da Escola Pamáali em 2000. Resultado de discussão coorde-nado pela OIBI ainda nos meados de 1990. A esco-la Pamáali, foi uma das escolas pilotos do Projeto de Educação do Rio Negro, que revolucionou a forma de discutir e implantar uma escola indígena. Impulsionou a criação de várias escolas na região do Içana pelo poder público, e ainda, contribuiu através da sua metodologia de avaliação e de ensi-no, a reformulação da política de educação escolar indígena no município. E até hoje, continua inspi-rando a vários povos a discutir sua própria escola, e é referência na qualidade de ensino.

Apesar de nesses anos houver várias mudanças e avanços há ainda desafios a enfrentar na área de educação escolar. Atualmente, a OIBI em parceria com outras organi-zações Baniwa-Coripaco, estão se mobilizando pela implan-tação de 4 escolas de ensino básico completo nos pontos estratégicos da região do Içana. A reivindicação foi proposta e aprovada durante o V Encontro de Educação Escolar Baniwa-Coripaco realizado em 2013. O documento já foi entregue ao Governo do Estado do Amazonas. Outra pauta discutida na assembleia foi o Plano de Manejo de Recursos Pesqueiros elaborado com base nos dados do Projeto Kophe Koyanale (Casa de Peixes), apro-vado em uma assembleia da OIBI em 2008. O conteúdo do Plano foi rediscutido pelos partici-pantes da assembleia, com a proposta de atualizar informa-ções para o melhor entendimento. O plano propõe várias ações de manejo de recursos pesqueiros e ambientes im-portantes para a manutenção destes recursos. Apesar de ser elaborado pela OIBI através de estudos no médio Içana, o plano será também importante para outras regiões da bacia do Içana. Foi apresentado à assembleia o Conselho Kaali, criado na Assembleia Ordinária da Coordenadoria das As-sociações Baniwa e Coripaco (CABC) em agosto deste ano, com objetivo de ser um espaço de discussão e debate so-bre assuntos de interesse dos povos Baniwa-Coripaco, entre estes, a Gestão do Patrimônio Cultural. O Conselho Kaali terá 45 membros, e que também propõe incluir Ba-niwa-Coripaco que vivem nos países vizinhos como a Co-lômbia e Venezuela. Assim a OIBI vai trilhando em busca de Weemakaro matsiaphatsa (para vivermos melhor ainda), a frase mais falada e ouvida pelas lideranças nesses 22 anos - o desejo do povo Baniwa.

Participantes da Assembleia da OIBI na Escola Pamáali. A FOIRN esteve presente no evento através do Vice-Presi-dente Isaias Pereira Fontes. Foto: André Fernando/Presidente da OIBI

Os prêmios da Oibi em 22 anos

- Prêmio de melhores iniciativas em Gestão Pública e Cidadania em 1998 pelo FGV e Fundação Ford/BNDES, SP;

- Destaque na Gestão Pública e Cida-dania, 2001, com título de Desenvol-vimento Local em Bases Sustentáveis, FGV, FORD e BNDES, RJ;

- Prêmio “Mobilização de Recursos”, Ashoka, em 2001 (plano de negócio), SP;

- Prêmio do Projeto Arte Baniwa pelo Banco Mundial da Cidadania, 2002, pelo poder da metodologia em contri-buir com diminuição da pobreza no mundo, Brasília-DF;

- Prêmio do Ministério do Meio Ambien-te “Prêmio Chico Mendes”, 2002, na categoria Negócio Sustentável, Brasí-lia-DF;

- Prêmio do Ministério do Meio Ambien-

te “Prêmio Chico Mendes” categoria Negócio Sustentável, Brasília de 2006.

Page 8: Wayuri 4 2014 dezembro

DIREITOS INDÍGENAS

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Foto realizada na II Mobilização Indígena em Brasí-

lia (DF), dia 28 de maio de 2014, com o encontro

de diversas lideranças para reivindicar a não apro-

vação da PEC 215. Foto: Mídia NINJA

“Antes a nossa luta era para conquistar nossos direitos. Hoje a nossa luta é para não perdê-las” Sônia Guajajara/Liderança Indígena.

PEC 215: Ameaça, violação e ataques aos Direitos Indígenas. Desde 2013 a bancada ruralista vem atacando os nossos direitos movidos unicamente por interesses particulares, através do Projeto de Emenda Constitucional 215/2000 do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Atualmente, essas áreas protegidas têm seu processo de reconhecimento, demarcação e homologação conduzido por órgãos do Poder Execu-tivo. A assinatura final é da Presidência da República. Entre outras alterações, a PEC 215 visa condicionar as homologações à aprovação no Congresso Nacional. Na prática, essa mudança representaria a paralisação de todos os processos de criação desses territórios – instrumentos fundamentais para a garantia dos direitos de povos indígenas, comunidades tradicionais e para a preservação de biomas ameaçados como o Cerrado e a Amazônia. A principal mudança da PEC 215 é transferir a prerrogativa de homologar Terras Indígenas (TIs), Unidades de Conservação (UCs) e territórios quilombolas para o Po-der Legislativo dominado pela bancada ruralista, representantes do agronegócio.

“Uma análise sobre o financiamento das campa-nhas e a atuação de parte dos parlamentares que compõem a Comissão Especial na qual a PEC tra-mita, porém, revela que não é exatamente o inte-resse público que os move. Os principais articulado-res da PEC215 tiveram suas campanhas financia-das por doações de empresas ligadas ao agrone-gócio e à mineração, grandes interessadas em difi-cultar a demarcação de novas áreas protegidas”.

12/12/2014 - www.greenpeace.orgFoto: CIMI

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DIREITOS INDÍGENAS

18 de dezembro de 2014: “PEC 215 não é votada por comissão especial da Câmara e, se-gundo regimento, deve ser arquivada”

Durante protesto ontem (16/12/2014) na Câmara dos Deputados contra a PEC 215, a PM agiu de maneira totalmente autoritária e truculenta contra os indígenas que tentavam acompanhar a vota-ção na Comissão Especial que trata da PEC 215. Indígenas pro-testam em frente a barreira policial na Câmara.

“PEC 215: aberração anticonstitucional e anti-indígena. O relator foi muito além em seu novo parecer, incorporando outras propostas que transfor-mam a PEC numa ampla grade de exceções de direitos, abrindo as TIs à implan-tação de todos os tipos de empreendimentos econômicos, obras de infraestrutu-ra, assentamentos de não índios e, inclusive, exclusão de propriedades privadas ou ocupações consolidadas dessas terras. É como se ficassem anuladas todas as garantias introduzidas pelos constituintes no caput e nos sete parágrafos do artigo 231 da Constituição e demais dispositivos referentes aos direitos indíge-nas.Pior: o relatório incorpora um dispositivo de cunho retroativo, permitindo rever os limites de TIs já demarcadas, violentando direitos adquiridos e submetendo à mais completa insegurança jurídica tudo aquilo que o estado brasileiro fez nas últimas décadas para reparar as injustiças históricas praticadas contra os povos indígenas. Note-se que o deputado Serraglio, que também relatara a PEC na Comissão de Constituição e Justiça, havia, então, excluído de seu texto disposi-ção similar por ser inconstitucional”. 16/12/2014 -! Instituto Socioambiental

Foto: Instituto Socioambiental

Lideranças Indígenas protestam contra a aprovação do PEC 215 em Brasília.

Foto: Mídia Ninja

Foto: reprodução

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Graças à pressão das comunidades indígenas e quilombolas, de organizações da sociedade ci-vil, de diferentes pessoas e deputados que de-fendem a causa, a PEC 215 foi arquivada! Grande vitória de todos nós!

A luta, no entanto, continua. Fomos vitoriosos nesta batalha, mas em 2015 o projeto pode ser desarquivado e uma nova Comissão Especial pode ser formada. Devemos continuar atentos para que os direitos das populações tradicio-nais do Brasil não sejam desrespeitados.

#PEC215Nao, nem hoje, nem nunca!

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ALTERNATIVAS ECONÔMICAS

Fundo Wayuri: Criado para a participação das associacões indigenas, parceiros e pessoas físicas na arrecadação de recursos financeiros, o Fundo Wayuri é uma das formas de você participar no fortalecimento do Movimento Indígena do Rio Negro para continuar a luta pelos Direitos Indígenas. O recurso arrecadado é investido no fortalecimento das associacões de base, Coorde-nadorias Regionais e manutenção da FOIRN. A gestão do fundo é feita por uma Coordenação onde há participação da diretoria da FOIRN, Conselho Diretor, Conselho Fiscal e Associações de base. O cenário em que vivemos hoje, exige, que nossas organiza-ções estejam cada vez mais fortes e você pode contribuir nesse processo. Participe colaborando:Banco do Brasil Ag. 1136-3 C/C: 17.563-3. (envie seu comprovante de depósito ou transferência para nós: [email protected])

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FOIRN realizou através do Departamento de Mulheres Indígena a I Oficina de Artes na Casa dos Saberes em São Gabriel da Cachoeira.

A FOIRN através do Departamento de Mulheres reali-zou em parceria e apoio da Fundação Nacional do Indio, a ofici-na de Artesanatos na Casa dos Saberes em São Gabriel da Ca-choeira, entre 25 a 28 de Novembro de 2014. A oficina reuniu cerca de 60 participantes, representan-tes das 5 coordenadorias regionais: CABC, COITUA, COIDI, CAIARNX e CAIMBRN. Durante os três dias de oficina teve palestras, troca de experiências, exposição e venda de artesana-tos. E ainda, teve momentos de troca de conhecimentos e saberes relacionados a produção e técnicas de confecção entre as conhecedoras. Outros assuntos discutidos, em destaque fo-ram: Reativação do Fundo Rotativo, paralisado há alguns anos, que tem como objetivo apoiar as produtoras e artesãos, e a re-construção da Loja Wariró também foi tema de debate. A diretoria da FOIRN apresentou o planejamento da reconstrução que está em processo, e que deve ser iniciado nos próximos meses. “Estamos articulando apoio com parceiros e apoiadores para a reconstrução da Wariró, o primeiro passo nesse sentido foi a aquisição de um terreno em frente à FOIRN, onde será construído o novo espaço”- disse, Almerinda Ramos de Lima, presidente da FOIRN, durante a oficina.

De acordo com a Rosilda Cordeiro, Coordena-dora do Departamento de Mulheres, os objetivos propostos foram alcançados. ” As participantes estão saindo animadas dessa ofi-cina, apesar de algumas dificuldades, com os quais aprendemos para melhorar mais nas próximas oficinas”, disse. No último dia, os participantes da oficina entregaram um docu-mento à diretoria da FOIRN, onde apresentaram uma proposta de projeto voltado para o fortalecimento da produção de artesanatos que as associações de mulheres e de artesãos já realizam. O documento apresenta os problemas que devem ser resolvidos e os objetivos. Alguns nomes foram propostos como título do pro-jeto, a saber: – Diversidade de Artes das Mulheres Indígenas, Amaro (nome da primeira mulher nas narrativas de origem do Povo Baniwa), Uka (Casa de Artesanato) e Pimtri masã (sabedo-ria do homem e mulher). O documento ainda ressalta a importância da FOIRN e do Departamento de Mulheres Indígenas continuar apoiando no fortalecimento das associações de mulheres e de artesãos, como vem fazendo, desde a fundação, mas, sobretudo, a partir da cria-ção da Loja Wariró em 2002. Para 2015, foram propostas mais oficinas, para dar a continuidade dessa primeira. “Foram propostas a realiza-ção demais oficinas e trazer mais participantes”, conclui Coorde-nadora do DMIRN.

Oficina de Tucum em Assunção do Içana. O departamento de Mu-lheres da FOIRN, através da Vice-Coordenadora Francinéia Fontes acompanhou a Oficina de Produção de Artesanatos entre 10 a 23 de Novembro. Durante a oficina, as conhecedoras e mestras foram as orientadoras. Foram trabalhados os temas: - Processo de Tucum, Produção de Artesanato de Tucum, Qualidade de Produtos, Acaba-mento dos produtos e padronização. A Oficina foi realizada pela As-sociação das Mulheres Indígenas do Baixo Içana (AMIBI) e teve apoio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

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FORMAÇÃO

Gestão em Terras Indígenas foi tema do 3o Módulo de curso básico em PNGATI na segunda semana de Novembro de 2014 em São Gabriel da Cachoeira.

Financiado pelo Projeto Participativo dos Povos Indígenas (PDPI) e executado pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) em parce-ria com o Instituto Socioambiental (ISA), o curso é direcionado para lideranças indígenas das cinco coordenadorias da Foirn: Coordenadoria das associações Baniwa e Coripaco – CABC, Coordenadoria das associações indígenas do Médio e Baixo Rio Negro – CAIMBRN; Coordenadoria das organizações indí-genas do distrito de Iauaretê - COIDI, Coordenadoria das organizações indíge-nas dos rios Tiquié e Uaupés – COITUA e Coordenadoria das associações indígenas do Alto Rio Negro e Xié – CAIARNX. Funcionários públicos da Coor-denação Regional (São Gabriel) e coordenação técnica local (Santa Isabel) da Funai, do ICMBio, um representante da organização não governamental Rios Profundos e lideranças Yanomami de Maturacá e do Rio Marauiá também participaram dessa etapa. Foto: Lirian Monteiro/ISA

Participantes apresentaram mapas mentais, informações sobre a organização socioeconômica das comunidades, além de experiências de manejo, como o da pesca no Rio Marié. Foto: Lirian Monteiro/ISA

Os assuntos trabalhados no terceiro módulo, que foi conduzido pelo consultor Lucas Lima e por Wilde Itaborahy, do ISA, ambos geógra-fos, além de recapitular as discussões dos dois módulos anteriores e foram direcionados para os instrumentos de gestão e implementação da PNGATI (Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas) e para os que já estão sendo construídos na região do Alto Rio Negro. São eles: levantamento de dados cartográficos com orientação espacial, introdução ao conceito de coordenadas geográficas, linhas imaginárias e os graus do planeta Terra, escala e as formas de represen-tação (ponto, linha, polígono), análise de conjuntura dos mapas mentais - elaborados no segundo módulo, introdução ao posicionamento global por satélite e funcionamento de aparelho GPS; exercícios práticos na utilização do GPS durante caminhadas em São Gabriel da Cachoeira; levantamento e diagnósticos participativos: pesquisa intercultural, com palestras sobre a realização de levantamento participativo nos municí-pios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro e manejo pesqueiro na região do Baixo Uaupés. As principais discussões na semana se pautaram na apresenta-ção que os participantes fizeram relacionada aos mapas mentais elabo-rados em suas regiões, trazendo informações valiosas sobre as organi-zações socioeconômicas das comunidades bem como relatórios de ati-vidades relacionadas às reuniões comunitárias com a finalidade de apre-sentar a proposta da política nacional de gestão territorial e ambiental em Terras Indígenas e sobre seu objetivo.

Modelos de diagnósticos para o Rio Negro começam a ser elaborados. Outro ponto em destaque foi o entendimento dos diferentes instrumentos que podem ser utilizados para o plano de gestão, sendo o manejo um deles. Experiências de manejo de pesca, que vêm sendo desenvolvidas com o trabalho sistemático dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental, na região do Baixo Uaupés e Tiquié foram apresenta-das. A coordenação regional da Funai/São Gabriel da Cachoeira e o Instituto Socioambiental expuseram o diagnóstico, planejamento e pro-cesso de implementação de ordenamento pesqueiro do Rio Marié, regi-ão do Médio Rio Negro. No final dessa terceira etapa, os cursistas iniciaram o processo de elaboração de modelos de diagnósticos, para o Rio Negro, a partir da reflexão sobre as apresentações de modelos elaborados em oficinas realizadas entre os Agentes Indígenas de Manejo Ambiental do Alto Rio Negro. Como última atividade os grupos de trabalho foram formados por coordenadorias regionais, atentando para as especificidades das calhas de rio, com o objetivo de elaborar modelos de questionários para o diagnóstico, a ser aplicado, experimentalmente, durante as atividades de dispersão e apresentado e aprimorado no último módulo, a ser reali-zado no segundo trimestre de 2015.

Por Lirian R. Monteiro/ISA

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A loja funciona provisoriamente na sala de recepção da FOIRN em São Gabriel da Cachoeira, para mais informações entre em contato.

Informativo

Edição: 4/2014. Outubro-Dez

Os povos do Rio Negro conser-vam a sua rica cultura através de suas cestarias e cerâmicas que tem destaque nas formas, variedades e utilidade. O artesa-nato indígena não se designa apenas para o uso doméstico, mas, também ao uso simbólico em rituais tradicionais. Ao adquirir os produtos da Wari-ró, você além de você contribuir na geração de renda, estará colaborando na preservação da cultura, dos mitos e história dos povos indígenas do Rio Negro.

Contatos: [email protected](97) 3471-1450

A primeira etapa da Expedição Anaconda realizada em fevereiro de 2013, saiu de Manaus e percorreu o curso do rio Negro até a cidade de São Gabriel da Cachoeira para documentar sítios sagrados e arqueológicos. Foram mais de 800 quilômetros percorridos, 14 dias de viagem e 23 sítios identificados. A experiência faz parte de um conjunto de ações desenvolvidas no âmbito de uma iniciativa binacional entre Brasil e Colômbia para documentação e sal-vaguarda dos sítios sagrados e conhecimentos associados dos povos indígenas que vivem nas regiões de fronteira entre os dois países, no noroeste da Amazônia. Participam da iniciativa organizações indígenas, ONG's, orgãos ligados aos Ministérios de Cultura dos dois países e ao Ministério de Meio

Ambiente da Colômbia. A Primeira expedição foi toda documentada por uma equipe de cinegrafistas indígenas, com acompanhamento e apoio do Vídeo nas Aldeias. A primeira fase da expedição resultou em um vídeo publicado que foi produzido pelo ISA (Instituto Socioambiental), Vídeo nas Aldeias e

FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), com a parceria e apoio do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Ministério da Cultura da Colômbia, ACAIPI (Associação de Autoridades Tradicionais Indígenas do Pirá-Paraná) e Rainforest Foundation da Noruega.

Editor: Raimundo M. Benjamim | Fotos: Acervo FOIRN, Mídia Ninja, CIMI, Lirian R. Monteiro/ISA, André Fernando/OIBI | Textos: Raimundo M. Benjamim, Lirian R. Monteiro/ISA, Almerinda Ramos de Lima (editorial). Setor de Comunicação/FOIRN: Raimundo M. Benjamim (Coord) e Nivaldo da Silva Cordeiro. Contatos: [email protected] e [email protected]. Visite nosso website e blog: www.foirn.org.br - www.foirn.wordpress.com | twiiter: @foirn. O objetivo do boletim informativo Wayuri é levar informações e notícias realizadas pela FOIRN, Coordenadorias Regionais e associações de base no Rio Negro. A publicação circula nas comunidades, escolas indígenas e instituições parcerias, associações de base e coordenadorias regionais da FOIRN. O conteúdo do boletim pode ser usado para fins educativos desde que a fonte (Boletim informativo Wayuri/FOIRN) seja citada.

25/01/2015 a 04/02/2014Camanaus - Ipanoré/Uaupes