wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA DME CAMPUS DE JI-PARANÁ WANDERSON PINHEIRO RELAÇÃO ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER POTÊNCIA Ji-Paraná 2013

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME

CAMPUS DE JI-PARANÁ

WANDERSON PINHEIRO

RELAÇÃO ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM

QUALQUER POTÊNCIA

Ji-Paraná

2013

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME

CAMPUS DE JI-PARANÁ

WANDERSON PINHEIRO

RELAÇÃO ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM

QUALQUER POTÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao

Departamento de Matemática e Estatística, da

Universidade Federal de Rondônia, Campus de

Ji-Paraná, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Licenciado em Matemática,

sob a orientação do professor Ms. Reginaldo

Tudeia dos Santos.

Ji-Paraná

2013

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Page 4: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

DEDICATÓRIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso é dedicado a todos os meus familiares, em

especial aos meus pais Maria do Socorro Pinheiro e João Pinheiro; à minha esposa Gleicy M.

S. Pinheiro; a todos os meus irmãos, Edna, Edson, João e Antônio; aos meus sobrinhos

Vinicius, Vítor, João Gabriel, Maria Eduarda e Marcos Antônio; aos meus professores dos

quais estiveram presentes durante toda essa jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter permitido que caminhasse até aqui e superado cada

dificuldade encontrada.

A todos os membros da minha família que acreditaram em mim desde o princípio.

A minha esposa por ter me apoiado com muito amor e dedicação.

A todos os professores, em especial aos de Matemática do Ensino Fundamental e

Médio: Edith Pinheiro, Gleisson Guardia, Israel Carley; Assim como os professores da UNIR:

Ms. Marlos Gomes de Albuquerque, Ms. Reginaldo Tudeia dos Santos, Ms. Marcos Leandro

Ohse, Dra. Aparecida Augusta da Silva, Ms. Emerson da Silva Ribeiro, Dr. Ariveltom Cosme

da Silva e Dr. Fernando Luiz Cardoso.

Muito obrigado!

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“A Matemática é como um fractal.

Nela existem infinitas ramificações, onde muitas ainda serão descobertas.”

(Wanderson Pinheiro)

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RESUMO

O presente trabalho faz inicialmente, uma abordagem histórica sobre o desenvolvimento das

teorias matemáticas, suas demonstrações geométricas e algébricas, buscando mostrar as

diferentes formas de desenvolvimento da Matemática por cada civilização, no período em que

viveram. Faz também algumas demonstrações na busca da validação de um modelo

matemático que represente a diferença entre dois Números Inteiros em qualquer potência n,

para n também Inteiro. Ao longo do trabalho estão dispostos alguns conceitos, fórmulas e

Teoremas para a representação de equações e sequências que surgiram das observações do

autor. A pesquisa obteve bons resultados, originando novas ideias e provando que a

Matemática pode ser cada vez mais explorada.

Palavras Chave: Números, Consecutivos, Qualquer Potência.

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ABSTRACT

The present study is initially a historical approach on the development of mathematical

theories, geometric and algebraic statements, trying to show the different ways of developing

mathematics for every civilization in the period in which they lived. It also makes some

statements in search of validation of a mathematical model that represents the difference

between two Integers in any potency n, for any integer n also. Throughout the work are

willing concepts, formulas and theorems for the representation of equations and sequences

that emerged from the author's observations. The survey achieved good results, yielding new

ideas and proving that mathematics can be increasingly exploited.

Key Words: Numbers Consecutive, Any Potency.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ilustração do Teorema de Pitágoras .......................................................................... 22

Figura 2: Quadrado dos lados do triângulo de lado 3, 4 e 5 ..................................................... 22

Figura 3: Quadrado da Diferença ............................................................................................. 23

Figura 4: Diferença entre os quadrados de lado 5 e 1 .............................................................. 23

Figura 5: Quadrado da soma ..................................................................................................... 24

Figura 6: O quadrado da soma de 4 e 1 .................................................................................... 24

Figura 7: Diferença geométrica entre dois quadrados consecutivos ........................................ 29

Figura 8: diferença entre dois cubos consecutivos ................................................................... 32

Figura 9: Diferença entre os cubos de base 4 e 3 ..................................................................... 32

Figura 10: Diferença entre dois cubos sucessivos .................................................................... 34

Figura 11: Diferença entre os cubos de 4 e 3 ........................................................................... 35

Figura 12: Diferença entre 3 1 e 2 1 ........................................................................................ 39

Figura 13: Diferença entre 3 2 e 2 2 ........................................................................................ 40

Figura 14: Diferença entre 3 3 e 2 3 ........................................................................................ 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ .......................................... 28

Tabela 2: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ .......................................... 30

Tabela 3: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ ................................................. 33

Tabela 4: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ ................................................. 33

Tabela 5: Potências entre dois Números Inteiros ..................................................................... 35

Tabela 6: Demonstração das colunas 1 e 8 da Tabela 5 ........................................................... 37

Tabela 7: Potência dos Números Inteiros ................................................................................. 43

Tabela 8: Diferença entre potências de dois Números Inteiros Sucessivos ............................. 44

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12

1. CONTEXTO HISTÓRICO DA MATEMÁTICA ........................................................... 13

1.1 A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE .......................................................................... 13

1.1.1 Pré-História, Egito E Mesopotâmia ............................................................................. 13

1.1.2 Grécia Antiga ................................................................................................................. 15

1.2 IDADE MÉDIA .................................................................................................................. 17

1.3 DA IDADE MODERNA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................. 18

2. OS MODELOS MATEMÁTICOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES .............................. 20

2.1 OS GREGOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES ................................................................... 21

2.2 OS MODELOS MATEMÁTICOS DA IDADE MEDIEVAL .......................................... 24

2.3 AS DEMONSTRAÇÕES APÓS A IDADE MÉDIA ........................................................ 25

2.4 AS DEMONSTRAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............. 26

3. RECURSOS E MÉTODOS ............................................................................................... 27

4. RELAÇÕES ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER

POTÊNCIA ............................................................................................................................. 27

4.1 DIFERENÇAS ENTRE DOIS QUADRADOS SUCESSIVOS ........................................ 28

4.1.1 Diferença Entre Quadrados De Números Inteiros Não Negativos (ℤ ) ................... 28

4.1.2 Diferença Entre Quadrados De Números Inteiros Não Positivos (ℤ ) .................... 30

4.2 DIFERENÇAS ENTRE DOIS CUBOS CONSECUTIVOS ............................................. 31

4.3 DIFERENÇAS ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS (a e b) ELEVADOS A N-

ÉSIMA POTÊNCIA ( a, b e n ℤ/ b=a+1) ............................................................................ 35

4.3.1 Relações Para Todo n≥0 ................................................................................................ 35

4.3.2 Análise Para Todo n<0 .................................................................................................. 38

4.3.2.1 Observações n= -1 ..................................................................................................... 38

4.3.2.2 Verificações Para n= -2 ................................................................................................ 39

4.3.2.3 Observações Para n= -3 ................................................................................................ 40

4.3.2.4 Análise Para Todo n≤-1 ................................................................................................ 41

4.3.2.5 Verificação Para n ℤ ................................................................................................... 43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 47

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 48

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ANEXOS ................................................................................................................................. 49

ANEXO 1: ANOTAÇÕES DO AUTOR ............................................................................... 49

ANEXO 2: ANÁLISE GEOMÉTRICA ............................................................................... 50

ANEXO 3: DIFERENÇA ENTRE DOIS CUBOS .............................................................. 51

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12

INTRODUÇÃO

Não é possível datar a época exata do surgimento da Matemática, mas é notório que

ela está presente na vida do ser humano desde os tempos primitivos, e seus conceitos surgiram

da necessidade de contar animais, coisas e objetos.

Com o passar do tempo, foi surgindo a necessidade de obter modelos para interpretar e

descrever os fenômenos naturais e sociais através de fórmulas ou modelos matemáticos. Foi

observando as semelhanças numéricas existentes em cada situação, local, objeto, população

ou elemento pesquisado e analisado, que no decorrer dos séculos, os pesquisadores

matemáticos fizeram associações, desenvolveram, e ainda desenvolvem representações

matemáticas.

Em razão das necessidades originadas pelas cheias e baixas do Rio Nilo no Egito

antigo (4.000 a.C. a 30 a.C.), foram criados algoritmos para calcular a área de uma superfície

plana, por exemplo. A partir de uma situação, bastava relacionar o novo problema a outro

semelhante previamente conhecido, onde por comparação, encontravam os passos a serem

seguidos para chegar a uma solução. Esses processos de resolução foram de fundamental

importância na delimitação de áreas e posteriormente na realização de cálculos envolvendo

áreas e volumes.

De forma abstrata, a Matemática começou a surgir quando os matemáticos gregos:

Tales de Mileto e Pitágoras de Samos, por volta do século VI a.C, começaram a se

preocuparem como funcionava a lógica dos números. Posteriormente, essas ideias foram

sendo fortalecidas através de fórmulas e conjecturas que foram solidificadas com o

surgimento da álgebra.

Hoje, a Matemática continua em processo dinâmico de construção e este trabalho

nasceu da curiosidade e interesse do autor em aprofundar seus conhecimentos matemáticos e

poder contribuir para seu próprio desenvolvimento e de certa forma, para a construção da

Matemática.

Ainda no Ensino Fundamental, sem conhecimento matemático suficiente para

desenvolver uma pesquisa, o autor foi guardando os dados, que julgava interessante, até

chegar a oportunidade em que pudesse desenvolver e apresentar a comunidade suas ideias.

Oportunidade que surge na elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.

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O presente trabalho busca representações geométricas da diferença entre dois

quadrados ou cubos consecutivos e, posteriormente, a generalização para . Por fim, com o

uso da Modelagem Matemática, busca demonstrar a solução para potências de ordem dois,

três e posterior extensão para todo o Conjunto dos Inteiros em qualquer potência n inteira.

Esta pesquisa está estruturada da seguinte forma:

O capítulo 1 faz o uso da História da Matemática para relatar os principais

acontecimentos matemáticos de acordo com cada período histórico;

No capítulo 2 são expostos exemplos, resoluções e demonstrações de problemas

matemáticos enfrentados no decorrer da história;

Os recursos e métodos utilizados foram expressos no capítulo 3;

No capítulo 4 está presente o desenvolvimento da pesquisa, com teoremas e suas

demonstrações;

Por fim, as considerações finais (capítulo 5), refere-se aos bons resultados obtidos

no decorrer da pesquisa.

1. CONTEXTO HISTÓRICO DA MATEMÁTICA

Ao longo da história, a Matemática mostra que sua evolução está ligada aos problemas

do cotidiano, onde cada povo ou civilização procura resolvê-los de maneira sistemática ou

não, organizada ou não, tendo suas próprias características de acordo com a região e o período

histórico de cada povo.

1.1 A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE

1.1.1 Pré-história, Egito e Mesopotâmia

O princípio da contagem surgiu da necessidade diária dos povos primitivos. E seus

primeiros registros datam aproximadamente 50.000 anos. Para Paiva (2004), o fato de um

indivíduo olhar para um animal e observar a quantidade de patas, a capacidade de perceber os

tamanhos distintos de cada ser vivo já estaria comparando e contando, mesmo sem se dar

conta.

Com o início do cultivo de plantas e criação de animais, a princípio, rebanhos de

ovelhas, os primitivos passaram a ter necessidade, cada vez maior, de uma representação

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matemática. Assim, era necessário certificar, no final de cada dia, se todas as ovelhas, que

tinham saído para a pastagem pela manhã, haviam voltado. Precisavam buscar formas mais

eficientes e seguras para atender suas necessidades. Para essa averiguação, usavam uma

quantidade de pedrinhas de forma que representasse todo o rebanho, tal que cada ovelha era

representada por uma pedra.

No Egito, as dificuldades enfrentadas com as cheias do Rio Nilo fizeram com que os

habitantes de suas margens procurassem alternativas para contornar esse problema e poder

plantar e sobreviver. Os egípcios também precisavam construir canais e diques para distribuir

e reservar água para as épocas de baixa do Nilo. Após o período de cheia, era necessário

remarcar as terras - papel fundamental dos esticadores de corda. Este foi um dos motivos que

levou ao crescimento do Egito e impulsionou o desenvolvimento da Matemática.

Eles observaram que o rio subia logo depois que a estrela Sírius se levantava a leste,

um pouco antes do Sol. Notando que isso acontecia a cada 365 dias, os egípcios

criaram um calendário solar composto de doze meses de 30 dias cada mês, mais

cinco dias de festas, dedicados aos deuses Osíris, Hórus, Seth, Ísis e Nephthys.

(LIMA, et al, 2004, pg. 2).

De acordo com Lima et al (2004), esses doze meses foram divididos em três estações

contendo quatro meses cada. As estações representavam os períodos de semear, de

crescimento e de colheita. Seriam os primeiros relatos de “relação e progressão” obtidos.

Outros problemas envolvendo Progressão Aritmética e Progressão Geométrica são

encontrados em um papiro escrito por volta de 1650 a.C. denominado “Papiro Rhind”. Além

das progressões, havia diversos problemas com soluções tais como: problemas envolvendo

equação do primeiro grau, cálculo de áreas e volumes, divisão de 1, 2, 6, 7, 8 e 9 pães para 10

pessoas, entre outros.

No Egito, a Matemática era voltada para a prática. Os egípcios apresentavam

conhecimento em diversas áreas, tais como: cálculos do calendário, administração das

colheitas, utilização nas obras públicas, cobrança de impostos, cálculo de áreas e volumes,

algumas erradas, mas que para eles dava certo, e ainda dominavam algumas equações

algébricas, além de conhecer bem a medicina.

Semelhante ao Egito, na Mesopotâmia – “terra entre rios” -, comunidade localizada na

região entre os rios Tigres e Eufrates, a Matemática desenvolvida também era voltada para as

aplicações do cotidiano. Dominavam diversos campos tais como: astronomia, matemática

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financeira, sistemas de pesos e medidas e ainda desenvolviam alguns cálculos de

multiplicação e de divisão.

1.1.2 Grécia Antiga

Enquanto os egípcios e os mesopotâmicos se preocupavam apenas em desenvolver

uma Matemática voltada para o cumprimento e facilitação de seus trabalhos, os gregos iam

além e procuravam saber “por que” os fatos ocorriam. Procuravam entender todo o processo

lógico existente, impulsionando não somente a Matemática, como também as ciências da

natureza e originando a Filosofia.

Segundo Ohse (2005), apesar da existência de diversos conhecimentos algébricos, é

nesta época que começa a surgir a Matemática demonstrativa, inicialmente com o grande

filósofo, matemático e astrônomo Tales de Mileto, que viveu no século VI a.C. dotado de

forte raciocínio lógico e dedutivo, principalmente aplicado a geometria.

Existem diversas estórias relacionadas a Tales: uma delas é a de que teria calculado a

altura de uma das pirâmides do Egito observando somente a proporção entre o comprimento

da sombra de seu bastão e da sombra da pirâmide; outra relata que teria calculado a distância

de um navio no mar usando seus conhecimentos de proporção entre os triângulos retângulos.

Com fatos comprovados ou não, Tales é considerado como o primeiro filósofo, o

primeiro dos sete sábios1 e criador da geometria demonstrativa.

Provável discípulo de Tales, por ser aproximadamente 50 anos mais jovem, Pitágoras

de Samos (570 a 496 a.C) foi um dos primeiros matemáticos a ter curiosidade em trabalhar

com as semelhanças numéricas, onde gostava de “brincar com os números” e desvendar seus

mistérios. São atribuídos a Pitágoras alguns dos primeiros modelos matemáticos e identidades

algébricas.

Pitágoras de Samos “foi uma das figuras mais influentes e, no entanto, mais

misteriosas da Matemática” (SINGH, 2008, pg. 28). Até os dias atuais existem dúvidas se

Pitágoras foi realmente uma pessoa ou simplesmente um pseudônimo, entretanto, inúmeras

descobertas são atribuídas a ele. Dentre elas estão:

1 São considerados como os sete sábios da humanidade: Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de

Mitilene, Bias de Priene, Cleóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta.

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16

A descoberta dos Números Perfeitos, os quais são iguais a soma de seus divisores.

Exemplos: os divisores do número 6 são os números 1, 2 e 3 e, portanto é um

número perfeito, pois 1+2+3=6, assim como o número 28, do qual

1+2+4+7+14=28;

A descoberta dos números amigáveis 284 e 220, cuja soma dos divisores de 284 é

igual a 220, assim como a soma dos divisores de 220 resulta em 284;

A prova de que, se 2n-1 é um número primo, então (2

n-1) é um número

perfeito;

A descoberta das grandezas irracionais;

As três identidades algébricas:

1. (a+ b)2 = a

2 + 2ab + b

2

2. 4ab + (a - b)2 = (a+ b)

2

3. (a + b)(a – b) = a2 - b

2;

A relação entre os diversos trios pitagóricos representados pela equação a²=b²+c²,

onde a soma de dois quadrados resultam em um novo quadrado. O famoso

“teorema de Pitágoras” foi demonstrado como um teorema abstrato, ao contrário

dos babilônicos que o recebiam como um resultado de medições;

Por fim, um teorema do qual se refere que “números quadrados sucessivos são

formados pela sequência 1 + 3 + 5 +... + (2n – 1)” (BOYER, 1996, pg. 37).

Além de Tales de Mileto e Pitágoras de Samos, vários matemáticos da época

contribuíram para o crescimento da Matemática. Alguns com grandes descobertas ou

simplesmente se dedicando a manuscritos, disseminando as ideias daqueles que não quiseram

ou não tiveram a oportunidade de divulgar o seu trabalho. Dentre eles podem ser citados:

Euclides (306?-283? a.C.) foi bibliotecário da grande biblioteca de Alexandria e é

responsável pela publicação de “Os Elementos”, escritos em 13 volumes contendo

“aplicações da álgebra à geometria, baseados numa dedução estritamente lógica de

teoremas, postulados, definições e axiomas. Até os dias de hoje, este é o livro mais

impresso em matemática” (OHSE, 2005, pg. 11). De todas as áreas, perde em

números de publicações apenas para a Bíblia.

Arquimedes (287 – 212 a.C.):

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17

É considerado o maior matemático do período helenístico2 e de toda antiguidade.

Suas maiores contribuições foram feitas no campo que hoje denominamos “cálculo

integral”, por meio do seu “método de exaustão”. Arquimedes também deu

importante contribuição na mecânica e engenharia, com o desenvolvimento de

vários artefatos, principalmente militares. Foi morto por um soldado romano quando

da queda de Siracusa (OHSE, 2005, pg. 11).

Apolônio (262-190 a.C.) ficou conhecido com suas publicações envolvendo as

“secções cônicas”, denominadas por ele como “parábolas, elipses e hipérboles”.

Claudio Ptolomeu (150 d.C.), conhecido principalmente pela obra “Almagesto”, de

grande importância para a astronomia, desenvolveu fórmulas para o cálculo do

seno e cosseno da soma e da diferença.

Diofanto de Alexandria: não se sabe da época exata em que viveu, mas estima-se

que tenha vivido por volta do século III. Teve fundamental importância para a

álgebra e para a teoria dos números. Aritmética foi sua escrita mais importante,

abordando a solução e análise de equações indeterminadas.

1.2 IDADE MÉDIA

Para Ohse (2005), com a ascensão da Igreja no período da Idade Média, a busca pelo

conhecimento científico foi substituída pelas teologias cristãs, com opressões e violências

físicas contra aqueles que desrespeitassem suas ordens. Os cientistas eram vistos como

bruxos, perdendo suas vidas nas fogueiras.

Neste período, a Matemática e as demais ciências ficaram estagnadas na Europa,

sendo chamado de “Idade das Trevas”. São poucos os registros de descobertas significativas

desta época. Alguns matemáticos se tornaram conhecidos somente por terem feito algumas

traduções de exemplares antigos ou de outra região, com algumas exceções, tais como

Fibonacci e Beda.

Leonardo de Pisa (1175 – 1250 d.C.), mais conhecido como Fibonacci (filho de

Bonacci), tornou-se conhecido pela “seqüência de Fibonacci” (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,...) e

principalmente pela introdução e propagação da Álgebra na Europa. Conhecimentos muito

desenvolvidos no Oriente Médio.

2 Período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre o

Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C..

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18

Beda (673 – 735 d.C.), também conhecido como “São Beda” e “Beda, o Venerável”,

nasceu na Inglaterra onde se tornou monge. Conta-se que este foi o primeiro a propor

mudanças no calendário cristão, que viria ocorrer apenas séculos mais tarde. Sua contribuição

para a Matemática está relacionada aos cálculos envolvendo Raciocínio Lógico.

Enquanto a Matemática na Europa fica desprovida de grandes avanços, na China,

Índia e Oriente Médio ela continua crescendo e contribuindo, posteriormente, para uma

grande evolução no Ocidente.

1.3 DA IDADE MODERNA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Os principais fatores que marcam o início da “Idade Moderna” ou “Período do

Renascimento” são basicamente: a perda gradativa do poder da Igreja, ascensão da burguesia

visando apenas o lucro, o início das expedições marítimas, o aumento das atividades

comerciais, o uso das moedas e a invenção da imprensa móvel.

A sociedade volta a ter interesse pela educação e a ciência passa a ter certa liberdade

para a pesquisa, ocorrendo muitos avanços nas mais diversas áreas. Dentre elas:

O avanço na medicina desenvolvendo estudos sobre anatomia, principalmente com

Eustáquio, Falópio, Della Torre, Mundius e Da Vinci;

O desenvolvimento da Física e da Astronomia com Da Vinci, Galileu Galilei e

Isaac Newton;

Evolução da Engenharia e da Arquitetura;

O maior avanço da Matemática já ocorrido em todos os tempos, onde as maiorias

das descobertas sofreram fortes influencias dos campos citados anteriormente.

Entre tantas realizações matemáticas ocorridas neste período, estão:

Diversas traduções de manuscritos para o latim;

O enfoque dado no cálculo de operações com os números racionais e irracionais;

Surgimento do logaritmo;

Desenvolvimento e organização das progressões aritméticas e geométricas;

Resolução de equações trigonométricas;

O desenvolvimento das notações algébricas.

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19

São inúmeras as descobertas matemáticas obtidas nesta época, onde nomes, que talvez

tivessem sido considerados em outras épocas, foram omitidos nesse período. No entanto, o

presente trabalho pretende destacar apenas algumas daquelas voltadas a Álgebra.

Pode-se dizer que a Álgebra dos dias atuais são frutos do conhecimento da Matemática

existente nas antigas civilizações do Egito, Mesopotâmia e Grécia, além da influência do

Oriente Médio e Índia.

Dentre outros, Ohse (2005) destaca os seguintes matemáticos no campo da Álgebra:

Luca Pacioli (1445-509), autor de summa, primeira obra impressa sobre álgebra,

contendo operações fundamentais para a extração de raízes quadradas;

Johann Widman (1460-1498), sendo o primeiro matemático a publicar os sinais de

+ e de – para indicar excesso e deficiência;

Robert Recorde (1510-1558) do qual, além da Álgebra, também se dedicava a

medicina, a astronomia e a geometria. Credita-se a ele a implantação do sinal =

para representar igualdade;

Scipione del Ferro (1465-1526) e Niccolo Tartáglia(1500-1557) foram

respectivamente, responsáveis pela descoberta de métodos algébricos para a

resolução das equações cúbicas do tipo x³+mx=n e x²+px²=n. Estas descobertas

serviram de base para algumas formas de resolução de equações quárticas.

René Descartes (1596-1650), um dos mais importantes matemáticos da época,

muito conhecido pela aplicação da álgebra à geometria, originando a Geometria

Analítica;

Pierre de Fermat (1601-1665) autor de alguns fundamentos da Geometria

Analítica, junto com Descartes, e dono de diversas provas de teoremas. Entretanto,

tornou-se muito famoso pelo único teorema que não deixou suas provas escritas

antes de falecer, caso realmente tivesse provado, denominado como “O Último

Teorema de Fermat”. Fermat partia do pressuposto de que não existia solução para

a equação + = para n>2. Este teorema é considerado como aquele que mais

teve demonstrações incorretas em todos os tempos, sendo provado apenas

recentemente.

Em se tratando de grandes descobertas, não pode deixar de ser mencionada a grande

disputa travada por Isaac Newton (1643-1727) e Gottfried W. Leibniz (1646-1716) na origem

do Cálculo Integral e Diferencial. Esta é, certamente, uma das mais notáveis entre as

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20

descobertas matemáticas, pois tem fundamental importância, não somente para a Matemática,

mas também, para a Física, Ciências Biológicas entre outras.

Além do Cálculo Diferencial e Integral, até o final do século XVIII ocorreram

inúmeras descobertas envolvendo Equações Diferenciais, Permutação, Combinação,

Probabilidade, Trigonometria, métodos de resolução por aproximação de uma raiz de uma

equação de grau n>4, novos símbolos para representações algébricas, etc.

“Muitos matemáticos, ao final do século XVIII expressaram o sentimento de que as

descobertas matemáticas estavam saturadas. Segundo eles, os matemáticos das gerações

vindouras apenas iriam desvendar problemas de menor envergadura” (OHSE, 2005, pg. 20).

Teoria totalmente infundada, pois não existem limites para novas descobertas.

2. OS MODELOS MATEMÁTICOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES

Sem dúvida, uma das primeiras representações matemáticas a surgir foi o princípio de

contagem, desenvolvida ainda pelos povos primitivos, originando o conjunto dos Números

Naturais não nulos (*=1, 2, 3, 4, 5, 6,...). Provavelmente, alguns conceitos relacionados às

quatro operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão) já eram conhecidas neste

período da Pré-História em função da necessidade de sobrevivência.

Com o início das civilizações foi surgindo modelos para a representação de área,

volume, entre outros. Esses métodos seguiam uma estrutura lógica onde a resposta era exata

ou aproximada. Observe o seguinte problema encontrado em um dos diversos tabletes de

argila construídos pelos babilônios e seu procedimento de resolução:

PROBLEMA 1: Encontre o lado de um quadrado do qual a área menos o lado é igual

a 870.

Resolução:

Tome a unidade 1;

Divida esta unidade em duas partes iguais (1/2) e multiplique por ela mesma (1/2 x

1/2);

Some o resultado a 870 → 1/4 + 870 = 3481/4;

Este resultado é o quadrado de 59/2;

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Some 1/2 com 59/2 → 1/2 + 59/2;

O lado do quadrado vale 30.

Os babilônios ainda não conheciam nenhuma fórmula algébrica, entretanto, possuíam

este método de resolução de equações do tipo x²-px=q, que se assemelhava ao modelo

matemático expresso pela fórmula abaixo:

x = + para p e q positivos (1)

Agora observe como seria a resolução deste mesmo problema utilizando a notação

algébrica atual usando a fórmula resolutiva da equação quadrática:

Encontre o lado de um quadrado do qual a área menos o lado é igual a 870.

Resolução:

o Considerando x o lado do quadrado, então:

x² - x = 870 ou

x² - x – 870 = 0

o A fórmula resolutiva é:

2

4

2

b a c

xa

b, para equação do tipo ax² + bx + c = 0 (2)

o Substituindo os dados na fórmula, fica:

1 1 ² 4 .1 . 8 7 0

2 .1x

1 5 9' 3 0

2x

1 5 9" 2 9

2x

o Logo, o valor do lado do quadrado é 30, pois não se representa comprimento

com números negativos.

2.1 OS GREGOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES

Ao se depararem com um problema, os gregos não buscavam apenas sua solução, mas

o entendimento da lógica existente nos processos e métodos de resolução. Eles procuravam

representar tais problemas na forma geométrica e também algébrica para melhor entendê-los.

Muitas dessas representações foram feitas por Pitágoras de Samos e Euclides de Alexandria,

sendo “O Teorema de Pitágoras” uma das primeiras e mais conhecidas demonstrações

geométricas feitas na Grécia Antiga.

e

Page 23: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

22

Partindo da ideia de que, em um triângulo retângulo, “a soma dos quadrados dos

catetos é igual ao quadrado da hipotenusa” ( ² ² ²a b c , onde “a” é a hipotenusa, “b” e “c” os

catetos), veja nas Figuras 1 e 2:

Na Figura 2 pode ser observado o funcionamento do Teorema de Pitágoras. Veja que o

quadrado de lado cinco, formado pelos quadradinhos verdes e amarelos, é preenchido

totalmente com a soma das áreas dos quadrados de lado três e quatro. Algebricamente, tem se:

² ² ²

5 ² 3 ³ 4 ²

2 5 9 1 9

2 5 2 5

a b c

Outras demonstrações bem conhecidas, principalmente nos livros de Ensino

Fundamental, são as que se referem ao “quadrado da soma” e ao “quadrado da diferença”.

Dado um quadrado de lado “a” e subtraindo, de dois de seus lados consecutivos, um

tamanho “b”, obtém-se um quadrado de lado (a – b). Observe nas Figuras 3 e 4 a ilustração

geométrica do “quadrado da diferença”:

Figura 1: Ilustração do Teorema de

Pitágoras Figura 2: Quadrado dos lados do

triângulo de lado 3, 4 e 5

@

²

@

²

Page 24: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

23

Veja o desenvolvimento algébrico referente a Figura 3:

(a - b)² = a² -b(a – b) – b(a – b) - b²

(a - b)² = a² - 2[b(a - b)] – b²

(a - b)² = a² - 2[ab – b²] – b²

(a - b)² = a² - 2ab + 2b² - b²

(a - b)² = a² - 2ab + b² (3)

Numericamente, podem ser usados os valores da Figura 4 na aplicação da equação

anterior: “(a - b)² = a² - 2ab + b²”:

(5 - 1)² = 5² - 2.1.5 + 1²

(4)² = 25 – 10 + 1

16 = 16

Partindo de princípios semelhantes, para um quadrado de lado “a”, o “quadrado da

soma” pode ser obtido adicionando um valor “b” em duas de suas laterais consecutivas, onde

tem se (a + b)². Ver Figuras 5 e 6:

b

a-b

a

b

a

a-b 4

4 5

5

1

1

Figura 3: Quadrado da Diferença Figura 4: Diferença entre os quadrados de lado

5 e 1

Page 25: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

24

Desenvolvimento algébrico do quadrado da soma:

(a + b)² = a² + a.b + a.b + b²

(a + b)² = a² + 2ab + b² (4)

Utilizando valores numéricos indicados na Figura 6:

(4 + 1)² = 4² + 2.4.1 + 1²

(5)² = 16 + 8 + 1

25 = 25 → Que verifica a igualdade da equação.

2.2 OS MODELOS MATEMÁTICOS DA IDADE MEDIEVAL

Apesar de não ser um período de grande relevância, das descobertas científicas

atribuídas a Idade Média, devem ser destacados dois feitos importantes: a obtenção da

Sequência de Fibonacci e o fortalecimento do raciocínio lógico matemático.

A sequência de Fibonacci merece destaque no campo da Modelagem Matemática, pois

a mesma foi obtida pela primeira vez para representar o número de casais numa população de

coelhos em função de cada mês. A quantidade de casais obedeceria a seguinte sequência:

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34,...

5

5 4

1

4 1

Figura 5: Quadrado da soma Figura 6: O quadrado da soma de 4 e 1

a b

b

a

a+b

a+b

Page 26: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

25

Quanto ao raciocínio lógico, ele contribui muito para a educação, logo, timidamente

começava a ser descoberto e valorizado por alguns matemáticos. Porém, a valorização

ocorrida apenas no processo do ensino-aprendizagem, e não como campo de pesquisa

científica.

Beda (673 – 735 d.C.), por exemplo, usava os problemas relacionados ao dia-a-dia

para trabalhar com sistemas de equações, entretanto, eram solucionados apenas com o uso do

raciocino lógico.

Observe o problema de um comprador encontrado nos manuscritos do matemático

Beda:

Problema do comprador

PROBLEMA 2: Deseja-se comprar 100 suínos com 100 unidades monetárias ($):

cada porco custa $10, cada leitoa custa $5 e cada 2 porquinhos, $1. Quantos porcos, leitoas e

porquinhos devem ser comprados para que o preço seja exatamente $100, nem mais nem

menos?

SOLUÇÃO: Entre outras, uma solução possível pode ser: 5 porcos ($50), 5 leitoas

($25) e 50 porquinhos ($25), totalizando 100 unidades monetárias.

Vale ressaltar que nesta época, não havia os diversos métodos de resolução com o uso

de equações e incógnitas conhecidas hoje. Porém, serviram de base para a Matemática mais

algébrica de hoje.

2.3 AS DEMONSTRAÇÕES APÓS A IDADE MÉDIA

Devido ao grande avanço da Matemática durante a Idade Moderna, período que sucede

a Idade Medieval, as demonstrações geométricas já não eram suficientes e, em muitos casos,

tornava-se impossível essa forma de representação. Surgia então, a Matemática abstrata

conhecida atualmente, com variadas simbologias, contendo diversas regras e letras,

denominada Álgebra.

Com a ciência novamente em ascensão, não bastava mais realizar uma grande

descoberta: era necessário prová-la, ou seja, realizar sua demonstração algébrica para validar

tal modelo.

Page 27: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

26

Em busca de novas descobertas e suas demonstrações, grandes nomes da Matemática

travaram verdadeiras disputas intelectuais neste período da História. Podem ser citados como

exemplos: os desafios de Pierre de Fermat; a disputa pelas Equações Cúbicas entre Cardano e

Tartáglia; a “grande batalha” entre Newton e Leibniz, envolvendo o Cálculo Diferencial e

Integral, entre outras.

Além das demonstrações algébricas e geométricas, também foi nesta época que

surgiram as máquinas de calcular, sendo a primeira feita por Blaise Pascal (1623 – 1662 d.C.)

em 1642, da qual realizava operações de adição. Seriam então, os primeiros registros de uma

calculadora, nada muito diferente das atuais.

Outra máquina de calcular foi inventada anos mais tarde, em 1694, por Leibniz (1646

– 1716 d.C.), agora com maior eficiência, capaz de somar, subtrair, multiplicar, dividir e

extrair raiz quadrada.

É possível afirmar que, neste período, a Matemática passa a ter uma estrutura mais

organizada, facilitando seu estudo e servindo de suporte para outros ramos das Ciências, tais

como a Física e Química.

2.4 AS DEMONSTRAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

As demonstrações são passos organizados contendo inicio, meio e fim. Sendo assim, a

partir de um ponto inicial, chega-se a um resultado através de um determinado caminho, ou

seja, é construída uma lógica para provar um novo conhecimento tendo como base outro já

adquirido.

Ambas as demonstrações (geométricas e algébricas), além de facilitar a compreensão

da análise de alguns dados algébricos, podem ser usadas como um grande auxílio no processo

de ensino e aprendizagem. A partir do momento em que o aluno percebe que “a²” representa a

área de um quadrado de lado “a”, ou seja, um número qualquer elevado ao quadrado, fica fácil

perceber que as letras (a, b, c, x, y, z, etc.) aplicadas às fórmulas representam, de maneira

genérica, diversos números, dos quais podem ser substituídos por cada uma das letras.

No momento em que a representação algébrica passa a ser aplicada à geometria, uma

situação imaginária se transforma em algo que pode ser visto e até mesmo, palpável. No

mundo acadêmico, isto significa que pode ser usado como um recurso para atrair a

Page 28: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

27

curiosidade dos alunos para novas descobertas ou mesmo para a reconstrução de situações já

vividas.

3. RECURSOS E MÉTODOS

Na abordagem histórica foram apresentadas algumas fórmulas e teoremas que

surgiram no decorrer dos séculos através de análises e comparações de dados, considerando as

necessidades que levaram a essas descobertas. Na sequência, com o uso da Modelagem

Matemática, através de figuras e tabelas, será desenvolvida uma relação que represente a

diferença entre dois Números Inteiros consecutivos elevados a mesma potência, também

Inteira, tendo como suporte alguns conhecimentos já existentes.

Os dados a serem apresentados são resultados de, aproximadamente, 10 anos de

anotações, pois as ideias iniciais que originam o presente trabalho surgiram quando o autor

observava um calendário e uma toalha de mesa, quadriculada, e percebeu uma regra poderia

descrever a diferença entre dois quadrados consecutivos. Logo após essa percepção, procurou

saber se também haveria outra relação envolvendo os cubos e demais potência, conforme

ANEXO 1.

Para melhor compreensão, a pesquisa fica subdividida em três tópicos. São eles:

Diferenças Entre Dois Quadrados Sucessivos;

Diferenças Entre Dois Cubos Consecutivos;

Diferenças Entre Dois Números Consecutivos (a e b) Elevados a N-Ésima

Potência ( a, b e n ℤ/ b=a+1).

4. RELAÇÕES ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER

POTÊNCIA

A partir deste tópico, serão utilizadas as letras a e b para representar dois números

consecutivos de maneira que b=a+1.

Page 29: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

28

4.1 DIFERENÇAS ENTRE DOIS QUADRADOS SUCESSIVOS

Neste tópico, para melhor compreensão, a análise feita em relação a diferença entre

dois quadrados sucessivos subdivide-se em duas partes. São elas:

4.1.1 Números Inteiros Não Negativos (ℤ )

4.1.2 Números Inteiros Não Positivos (ℤ ).

4.1.1 Diferença entre Quadrados de Números Inteiros Não Negativos (ℤ )

A Tabela 1 ilustra a sequência dos Números Inteiros Não Negativos, também

conhecidos como Números Naturais ( ), contendo seus respectivos quadrados e a diferença

entre cada grupo de dois números consecutivos.

Tabela 1: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ

x 0 1 2 3 4 5 ...

x² 0 1 4 9 16 25 ...

(x+1)²- x² 1 3 5 7 9 ...

Veja que a sequência formada pela diferença entre dois quadrados consecutivos

sempre será constituída por um número ímpar. Pitágoras (570 a 496 a.C) já havia afirmado

algo semelhante: “números quadrados sucessivos são formados pela sequência 1 + 3 + 5 +... +

(2n – 1)” (BOYER, 1996, pg. 37). Em outras palavras diz que:

TEOREMA 1: “a diferença entre dois quadrados sucessivos é igual à soma de

suas raízes”.

Ou seja: b² - a² = a + b

DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICADO TEOREMA 1:

A Figura 7 mostra como pode ser formado um quadrado partindo de outro já existente:

Page 30: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

29

Na figura 7, observa-se que ao adicionar uma unidade de comprimento a duas das

laterais consecutivas, forma-se um novo quadrado, onde a diferença entre as unidades de área

do novo quadrado e do quadrado anterior é igual à soma de suas raízes, ou seja, é quantidade

de quadradinhos acrescentados no novo quadrado.

COMPROVAÇÃO NUMÉRICA DA FIGURA 7:

1² - 0² = 1 + 0 = 1

2² - 1² = 2 + 1 = 3

3² - 2² = 3 + 2 = 5

4² - 3² = 4 + 3 = 7

[...]

DEMONSTRAÇÃO:

a e b / b=a+1, temos que:

b² - a² = (a+1)² - a²

b² - a² = a² + 2a + 1 – a²

b² - a² = 2a + 1 ou (5)

b² - a² = a + (a+1)

b² - a² = a+ b (6)

Note que a+ b é igual à soma das raízes das potências indicadas, conforme citado no

Teorema 1.

a

b=a+1

Figura 7: Diferença geométrica entre dois quadrados consecutivos

Page 31: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

30

EXEMPLO 1: Adote os valores a=7 e b=8 para averiguar as igualdades (5) e (6).

SOLUÇÃO DO EXEMPLO 1:

(5) (6)

b² - a² = 2a + 1 ou b² - a² = a + (a+1)

8² - 7² = 2.7 + 1 8² - 7² = 7 + (7+1)

64 – 49 = 14 + 1 64 – 49 = 7 + 8

15 = 15 15 = 15

4.1.2 Diferença entre Quadrados de Números Inteiros Não Positivos (ℤ )

Observe a seguir que as relações observadas entre os quadrados gerados por números

Naturais também são validas para o conjunto dos Inteiros não positivos:

Tabela 2: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ

x ... -5 -4 -3 -2 -1 0

x² ... 25 16 9 4 1 0

(x+1)²- x² ... -9 -7 -5 -3 -1

Veja que a diferença entre o quadrado de certo número e o quadrado de seu antecessor,

também equivalem à soma de suas raízes.

COMPROVAÇÃO NUMÉRICA:

0² - (-1)² =0 – 1 = -1

(-1)² - (-2)² =1 – 4 = -3

(-2)² - (-3)² =4 – 9 = -5

(-3)² - (-2)² =9 – 16 = -7

[...]

DEMONSTRAÇÃO PARA ℤ :

Page 32: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

31

Sejam a e b ℤ / b=a+1 vem que:

b² - a² = (a+1)² - a²

b² - a² = a² + 2a + 1 – a²

b² - a² = 2a + 1 ou (7)

b² - a² = a + (a+1)

b² - a² = a + b → “soma de suas raízes” (8)

EXEMPLO 2: Seja a=-5 e b=-4, verifique a igualdade (7) e (8).

SOLUÇÃO:

(7) (8)

b² - a² = 2a + 1 ou b² - a² = a + b

(-4)² - (-5)² = 2(-5) +1 (-4)² - (-5)² = (-5) + (-4)

16 – 25 = -10 + 1 16 - 25 = -5 -4

-9 = -9 -9 = -9

Sendo as igualdades (5) e (7) equivalentes, bem como as igualdades (6) e (8), logo o

Teorema 1 é válido para todo o conjunto dos Números Inteiros.

4.2 DIFERENÇAS ENTRE DOIS CUBOS CONSECUTIVOS

Na Figura 7 foi possível observar que a diferença entre dois quadrados sucessivos é

igual à soma de suas raízes, ou seja, equivale à soma dos quadradinhos acrescentados nas

partes superior e direita que deu origem ao novo quadrado, respectivamente. Com o cubo, o

processo acontece de maneira similar. Veja Figura 8:

Page 33: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

32

Observe que pode ser formado um novo cubo ao encaixar as peças na ordem ilustrada.

As peças necessárias para formar o próximo cubo representam a diferença entre os mesmos.

A Figura 9 ilustra a quantidade de unidades cúbicas necessárias para a construção de

um cubo de base 4 partindo de outro de base 3.

Note que é preciso unir 37 cubinhos (de base igual a 1) aos 27 já existentes para

formar outro cubo, agora de base 4. As 37 unidades cúbicas formam três paralelepípedos de

uma unidade de espessura, onde cada um deles possui como base:

Um quadrado de lado 4;

Um retângulo de lados 3 e 4;

Um quadrado de lado3.

Em geral, a diferença entre dois cubos sucessivos se assemelha ao caso visto na Figura

9. Com isso, seja a=3 e b=4, a diferença entre os cubos de lado b e a, respectivamente, pode

ser descrita como:

4³ - 3³ = 3² + 3.4 + 4²

4³ - 3³ = 9 + 12 + 16

- =

Figura 8: diferença entre dois cubos consecutivos

Figura 9: Diferença entre os cubos de base 4 e 3

Page 34: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

33

4³ - 3³ = 37, ou seja:

b³ - a³ = a² + ab + b² (9)

ALGEBRICAMENTE

Sejam a e b ℤ / b=a+1 vem que:

b³ - a³ = (a+1)³ - a³

b³ - a³ = (a+1)(a+1)² - a³

b³ - a³ = (a+1)(a² + 2a + 1) – a³

b³ - a³ = a³ + 2a² + a + a² + 2a + 1 – a³

b³ - a³ = 2a² + a + a² + 2a + 1

b³ - a³ = a² + (a²+a) + (a² + 2a + 1)

b³ - a³ = a² + a(a+1) + (a+1)²

b³ - a³ = a² + ab + b², que comprova a equação (9).

Apesar da igualdade (9) ser conhecida há muito tempo, o autor não a conhecia na

época que foram feitas suas primeiras observações, pois ainda freqüentava o Ensino

Fundamental II. O fato é que, este trabalho teve origem nas observações numéricas

relacionadas às Tabelas 1 e 3.

Agora, analise a sequência obtida através da diferença entre dois cubos consecutivos

nas Tabelas 3 e 4, em seguida, procure relacioná-la à sequência obtida nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 3: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ

x 0 1 2 3 4 5 ...

x³ 0 1 8 27 64 125 ...

(x+1)³- x³ 1 7 19 37 61 ...

Tabela 4: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ

x ... -5 -4 -3 -2 -1 0

x² ... -125 -64 -27 -8 -1 0

(x+1)³- x³ ... 61 37 19 7 1

Page 35: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

34

Analisar uma sequência numérica pode não ser tão simples quanto uma análise

geométrica. Para facilitar o entendimento, veja os procedimentos numéricos seguir:

1³ - 0³ = 1 → 1 = 0² + (0+1).1

2³ - 1³ = 7 → 7 = 1² + (1+2).2

3³ - 2³ = 19 → 19 = 2² + (2+3).3

4³ - 3³ = 37 → 37 = 3² + (3+4).4

5³ - 4³ = 61 → 61 = 4² + (4+5).5

[...]

GENERALIZANDO

a e b ℤ / b=a+1 tem que:

b³ - a³ = a² + (a+b)b (10)

Lembre-se que (a+b) é a soma das raízes entre as potências para n=2 (diferença entre

seus quadrados).

Geometricamente, a situação exposta pela equação (10) é ilustrada pelas Figuras 10 e

11.

Veja a Figura 11 como exemplo numérico:

+ =

a

b

b 1

1

a².1= a²

(a+b)b

b³ a³

Figura 10: Diferença entre dois cubos sucessivos

Page 36: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

35

TEOREMA 2: “a diferença entre dois cubos sucessivos pode ser representada

pela soma de um quadrado de base „a‟ e o produto da soma de „a e b‟ por b.”

Ou seja: a² + (a+b).b.

4.3 DIFERENÇAS ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS (a e b) ELEVADOS A N-

ÉSIMA POTÊNCIA ( a, b e n ℤ/ b=a+1)

4.3.1 Relações para todo n≥0

A Tabela 5 ilustra, em cada linha, a sequência dos Números Inteiros elevados a uma

potência de grau n.

Tabela 5: Potências entre dois Números Inteiros

... 1 n (2n

-1n

) 2 n (3n

-2n

) 3 n (4n

-3n

) 4 n (5n

-4n

) 5 n ...

n=1 ... 1 1 2 1 3 1 4 1 5 ...

n=2 ... 1 3 4 5 9 7 16 9 25 ...

n=3 ... 1 7 8 19 27 37 64 61 125 ...

n=4 ... 1 15 16 65 81 175 256 369 625 ...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

n ... 1 n (2n

-1n

) 2 n (3n

-2n

) 3 n (4n

-3n

) 4 n (5n

-4n

) 5 n ...

+ = 3².1= 3²

(3+4)4

3

4

4

1

1

Figura 11: Diferença entre os cubos de 4 e 3

Page 37: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

36

Seja Sn

a sequência que representa a diferença (Dn

) entre dois números a e b (com

b=a+1), onde n indica o grau da potência de a e b, analise as sequências abaixo pertencentes

ao Conjunto dos Números Inteiros Não Negativos:

S1= {1, 1, 1, 1, 1, 1, 1,...}

S2

= {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13,...}

S3= {1, 7, 19, 37, 61, 91, 127,...}

S4

= {1, 15, 65, 175, 369, 671, 1105,...}

S5= {1, 31, 211, 781, 2101, 4651, 9031,...}

[...]

Sn

= {...}

De maneira geral, cada diferença (Dn

) é válida não somente para a e b pertencentes

aos Números Naturais, mas para todo o conjunto dos Números Inteiros:

a e b ℤ/ b=a+1, onde n

D1= (b – a)

D2

= (a+b), conforme Teorema 1, ou D2

= a 1 + (b – a).b

D3= a² + (a+b).b

D4

= a³ + [a² + (a+b).b].b

D5= a 4 + {a³ + [a² + (a+b).b].b}.b

[...]

(11)

Observe que cada termo da sequência Sn

, representado pela diferença (Dn

) entre b e

a elevados a “n”, sempre tem uma relação com os termos da sequência de grau “n-1”. Por

exemplo:

D3= a² + (a+b).b → sendo D

2= (a+b), temos:

D3= a² + (D

2).b

Dn

= a1n

+ (D1n

).b

Page 38: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

37

Veja na Tabela 6, exemplos numéricos da coluna 8 da Tabela 5, onde a=3 e b=4:

Tabela 6: Demonstração das colunas 1 e 8 da Tabela 5

(4n

-3n

) Dn

= a1n

+ (D1n

).b

n=1 1 → D1

= 30

+ (0).4 =1

n=2 7 → D2

= 31

+ (1).4 = 7

n=3 37 → D3

= 32

+ (7).4 = 37

n=4 175 → D3

= 33

+ (37).4 = 175

... ... → ...

Logo, cada diferença entre dois números elevados a uma potência n está diretamente

relacionada aos mesmos valores para a potência n-1, conforme a coluna 3 da Tabela 6.

A seguir, a demonstração da equação (11), busca validara sequência obtida pela

diferença entre dois números Inteiros consecutivos elevados a qualquer potência não negativa

(n ).

DEMONSTRAÇÃO DA EQUAÇÃO 11.

bn

- an

= Dn

= a1n

+ (D1n

).b seja D1n

= b1n

- a1n

, tem:

bn

- an

= a1n

+ (b1n

- a1n

).b

bn

- an

= a1n

+ b1 1n

- a1n

.b

bn

- an

= a1n

+ bn

- a1n

.b sendo b=a+1, segue:

bn

- an

= a1n

+ bn

- a1n

.(a+1)

bn

- an

= a1n

+ bn

- a1 1n

- a1n

bn

- an

= bn

- an

→ igualdade verdadeira.

Page 39: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

38

Seja n , a e b ℤ/ b=a+1, Dn

define qualquer elemento da sequência (Sn

) que

representa a diferença entre b e a elevados a n-ésima potência. Ou seja, se D1for elemento da

sequência S1da qual representa a diferença entre esses números elevados a uma potência de

grau n=1, D2

para n=2 da sequência (S2

), D3se n=3 de (S

3) e assim sucessivamente, D

nserá

uma solução geral que define qualquer número de uma sequência Sn

originada pela diferença

entre b e a elevados a n.

TEOREMA 3: n onde a e b ℤ com b=a+1 tem-se:

Dn

= a1n

+ (D1n

).b → conforme equação (11).

4.3.2 Análise para todo n<0

Após encontrar uma representação que relaciona qualquer sequência formada pela

diferença entre dois números consecutivos elevados a uma potência n≥0, será feita a

verificação para potências de n<0.

Trabalhar com potência negativa requer um pouco mais de atenção, pois envolve o

estudo de Frações. Dessa maneira, na representação geométrica será tomada como base a

divisão de unidades iguais por valores distintos, originados de acordo com cada potenciação.

4.3.2.1 Observações n= -1

Para ter uma ideia do que é representar geometricamente a diferença entre dois

números elevados a uma potência negativa, observe o exemplo 3:

EXEMPLO 3: Seja a=2 e b=3, determine a diferença entre b e a elevados a n= -1.

SOLUÇÃO:

3 1

- 21

= 1 1

3 2 → 3 1

- 21

= 1

6

Page 40: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

39

O resultado é um valor negativo (-1/6), sendo assim, observe a Figura 12 que, para

retirar 1/2 de 1/3, ficaria faltando (1/6).

A seguir estão, alguns exemplos numéricos representando a diferença entre dois

Números Naturais elevados a n= -1 e, por fim, a representação para qualquer n negativo.

2 1

e 11

= 1

2

3 1

- 21

= 1

6

4 1

- 31

= 1

1 2

5 1

- 41

= 1

2 0

[...]

b 1 – a 1 = 1

.a b (12)

Logo, qualquer elemento da sequência definida pela diferença entre b e a ( b e a

, onde b=a+1 e a≥1) elevados a n= -1 pode ser representado por:

D1=

1

.a b, conforme equação (12).

4.3.2.2 Verificações Para n= -2

A análise para n= -2ocorre de maneira similar às feitas para n= -1.

1

3 -

1

2 =

1

6

-1/6

Figura 12: Diferença entre 31

e 21

Page 41: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

40

O Exemplo 4 mostra a diferença existente entre b=3 e a=2, ambos elevados a potência

“-2”.

EXEMPLO 4:

3 2

- 22

= 1 1

2 7 8 → 3 2

- 22

= 5

3 6

Novamente foi obtido um valor negativo como resultado, similar ao caso exposto na

Figura 12. Veja na Figura 13 que, para ser retirado 1/4 de 1/9, faltariam 5/36 unidades de área,

expresso em vermelho no segundo lado da igualdade:

a e b / b=a+1 e a≥1 segue a sequência para n= -2 da qual representa a diferença

entre b e a:

S2 =

3

4,

5

3 6,

7

1 4 4,

9, ...

4 0 0, com isso, a diferença entre b e a é dado por:

D2 =

2

.

a b

a b

(13)

4.3.2.3 Observações Para n= -3

Semelhante aos casos anteriores (onde n= -1 e n= -2), para n= -3 segue o princípio da

diferença entre uma unidade cúbica dividida em diversos cubinhos, de acordo com o resultado

de cada potenciação.

1

9 -

1

4 =

5

3 6

Figura 13: Diferença entre 3

2 e 2

2

Page 42: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

41

A Figura 14 mostra que, ao retirar 1/8 de 1/27, ficariam faltando 19/216 unidades

cúbicas. Observe:

Sendo assim, a e b / b=a+1 e a≥1 segue a sequência para n= -3 da qual

representa a diferença entre b e a:

S3 =

7

8,

1 9

2 1 6,

3 7

1 7 2 8,

6 1, ...

8 0 0 0

D3 =

3 3

3

.

b a

a b

(14)

4.3.2.4 Análise Para Todo n≤-1

Como não é possível obter uma representação geométrica a partir da quarta potência

(R 4 ), será mostrada apenas a maneira numérica e algébrica para tais valores.

Veja a seguir algumas sequências originadas de cada diferença entre dois Números

Naturais b e a em potências negativas (com b=a+1 e a≥1).

S1=

1

2,

1

6,

1

1 2,

1, ...

2 0

S2 =

3

4,

5

3 6,

7

1 4 4,

9, ...

4 0 0

S3 =

7

8,

1 9

2 1 6,

3 7

1 7 2 8,

6 1, ...

8 0 0 0

1

2 7 -

1

8 =

1 9

2 1 6

Figura 14: Diferença entre 3

3 e 2

3

1

2 7

1

8

Page 43: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

42

S4 =

1 5

1 6,

6 5

1 2 9 6,

1 7 5

2 0 7 3 6,

3 6 9, ...

1 6 0 0 0 0

[...]

Sn = {...}

Algebricamente, cada diferença presente nas sequências, pode ser descrita como:

D1=

1

.a b

D2 =

2

.

a b

a b

D3 =

3 3

3

.

b a

a b

D4 =

4 4

4

.

b a

a b

[...]

Dn =

.

n n

n

b a

a b

(15)

Para verificar a validade da equação (15) no conjunto dos Inteiros Negativos,

acompanhe a demonstração:

a e b ℤ/ b=a+1, onde n ≤ -1vem que:

Dn =

.

n n

n

b a

a b

Dn =

1 1

1

.

n n

n

b a

a b

Dn =

..

1.

nn n

n

a ba b

a b

Page 44: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

43

Dn =

n na b

Dn =

n nb a

Dn = D

n → demonstração válida.

4.3.2.5 Verificação para n ℤ

Após alguns estudos, verificou-se a validade tanto da equação (11) para todo n≥0,

quanto da equação (15) para n ≤ -1, logo:

TEOREMA 4: a, b e n ℤ onde b=a+1 tem-se:

Dn

= a1n

+ (D1n

).b (16)

A Tabela 7 representa os Números Inteiros elevados a uma potência n e a Tabela 8

representa a diferença entre dois números consecutivos da Tabela 7.

Tabela 7: Potência dos Números Inteiros

... -4 n -3 n -2 n -1 n 0 n 1 n 2 n 3 n ...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

n= 4 ... 256 81 16 1 0 1 16 81 ...

n= 3 ... -64 -27 -8 -1 0 1 8 27 ...

n= 2 ... 16 9 4 1 0 1 4 9 ...

n= 1 ... -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 ...

n= 0 ... 1 1 1 1 0 1 1 1 ...

n= -1 ... 1

4

1

3

1

2 -1 0 1

1

2

1

3

...

n= -2 ... 1

1 6

1

9

1

4 1 0 1

1

4

1

9

...

n= -3 ... 1

6 4

1

2 7

1

8 -1 0 1

1

8

1

2 7

...

Page 45: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

44

n= -4 ... 1

2 5 6

1

8 1

1

1 6 1 0 1

1

1 6

1

8 1

...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Tabela 8: Diferença entre potências de dois Números Inteiros Sucessivos

n ... (-3)

n-(-4)

n (-2)

n-(-3)

n (-1)

n-(-2)

n 0

n-(-1)

n 1

n-0

n 2

n-1

n 3

n-2

n

...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

4 ... -175 -65 -15 -1 1 15 65 ...

3 ... 37 19 7 1 1 7 19 ...

2 ... -7 -5 -3 -1 1 3 5 ...

1 ... 1 1 1 1 1 1 1 ...

0 ... 0 0 0 -1 1 0 0 ...

-1 ... 1

1 2

1

6 -

1

2 1 1

1

2

1

6 ...

-2 ... 7

1 4 4

5

3 6

3

4 -1 1

3

4

5

3 6 ...

-3 ... 3 7

1 7 2 8

1 9

2 1 6

7

8 1 1

7

8

1 9

2 1 6 ...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Acompanhe alguns exemplos de verificação da validade da equação (16).

EXEMPLO 5: Utilize a equação (16) para encontrar a diferença entre b n e a n , onde

a=2; b=3; n= -1 e (D1n

) = 5

3 6.

Dn

= a1n

+ (D1n

).b

3 1

- 21

= 22

+ 5

3 6.3

3 1

- 21

= 1 5

4 1 2

Page 46: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

45

3 1

- 21

= 1

6

EXEMPLO 6: Seja a= -4; b= -3; n= -2 e, de acordo com a Tabela 8, (D1n

) =3 7

1 7 2 8,

calcule b n - a n .

Dn

= a1n

+ (D1n

).b

(-3) 2

- (-4)2 = (-4)

3

+ 3 7

1 7 2 8.(-3)

(-3) 2

- (-4)2 =

1

6 4 +

3 7

5 7 6

(-3) 2

- (-4)2 =

9 3 7

5 7 6

(-3) 2

- (-4)2 =

7

1 4 4

A partir do Teorema 4, onde Dn

expressa uma solução geral que define qualquer

número de uma sequência Sn

surge uma nova observação: cada coluna da Tabela 8 representa

uma nova sequência.

Analise:

[...]

S( 2 , 3 )

= {...,216

19,

36

5,

6

1, 0, 1, -5, 19, -65,...}

S( 1 , 2 )

= {...,8

7,

4

3,

2

1, 0, 1, -3, 7, -15,...}

S( 0 , 1 )

= {...,1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, -1,...}

S(1 ,0 )

= {..., 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1,...}

Page 47: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

46

S( 2 ,1 )

= {...,8

7,

4

3,

2

1, 0, 1, 3, 7, 15,...}

S( 3 , 2 )

= {...,216

19,

36

5,

6

1, 0, 1, 5, 19, 65,...}

[...]

S( , )b a

= {..., (b 2n - a 2n ), (b 1n - a 1n ), (b n - a n ), (b 1n - a 1n ), (b 2n - a 2n ),...} (17)

TEOREMA 5:

Seja Dn

(b,a) a diferença entre b e a elevados a n ( a, b e n Z onde b=a+1), S( , )b a

é

a sequência dada por:

S( , )b a

= {..., a1, a

2, a

3, a

4,..., a

n}, onde:

a1= D

1(b,a) = (b 1 - a 1 )

a2

= D2

(b,a) = (b 2 - a 2 )

a3= D

3(b,a) = (b 3 - a 3 )

...

an

= Dn

(b,a) = (b n - a n )

Então:

S( , )b a

= {..., D1(b,a), D

2(b,a), D

3(b,a),...,D

n(b,a)} (18)

Exemplo para n>0, onde a=2 e b=3, expresso também pela coluna 6 da Tabela 5.

S( 3 , 2 )

= {1, 5, 19, 65,..., [2 1n + (D1n

(3,2)).b]}

Page 48: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

47

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve como finalidade, fazer uma abordagem histórica da Matemática ao

longo de vários períodos e buscou um modelo que representasse a diferença entre dois

Números Inteiros consecutivos elevados a potência n (para n ℤ), conforme equação (16).

Para melhor assimilação, os Teoremas 1 e 2, por exemplo, foram demonstrados de

maneira geométrica e algébrica. São demonstrações simples e que poderiam ser usadas

também em sala de aula.

As partes mais minuciosas foram as demonstrações para potências Inteiras Negativas,

conforme Figuras 12, 13 e 14, onde foi usada a ideia de completar os quadrados e cubos que

faltariam.

O grande resultado da pesquisa é fornecido pelo Teorema 4, pois este, valida o modelo

matemático desenvolvido pelo autor.

No decorrer do processo, novas ideias foram surgindo e serviram para ir além do

projeto inicial. Conforme Teorema 5, do qual descreve uma seqüência numérica composta por

termos descritos pela equação 16 .

Talvez o conteúdo deste trabalho pode não despertar grandes interesses, mas fica a

satisfação do dever cumprido e a vontade de ir além, seja com essas ideias ou com outras

ainda engavetadas.

Desde o surgimento de suas observações ocorrido, precisamente no dia 05 de Janeiro

de 2004 (conforme os anexos: 1, 2 e 3), o autor sempre buscou torná-las públicas. Com isso,

durante o processo, novas ideias foram surgindo e outras sendo aprimoradas.

O objetivo não era somente tornar as relações matemáticas acessíveis a todos, mas sim

mostrar que cada observação feita por um aluno deve ser valorizada.

Então fica o desejo de que o aluno também deve ser instigado a “redescobrir” cada

modelo matemático durante as aulas. Essa incitação, com o auxílio dos novos e velhos

métodos de ensinos – material concreto, Historia da Matemática e o uso da tecnologia – pode

tornar a Matemática mais agradável, voltando a competir com os outros ramos da Ciência,

principalmente as vinculadas a Era Digital e ao Meio Ambiente.

Page 49: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

48

BIBLIOGRAFIA

BOYER, Carl B. Historia da Matemática. Revista por Uta C. Merzbach; tradução Elza F.

Gomide – 2a Ed.. – São Paulo: Edgard Bücher, 1996.

LIMA, Valéria Scomparim de et al. Progressões aritméticas e geométricas: história,

conceitos e aplicações. 2004. 35 p. Disponível em:

<http://www.seufuturonapratica.com.br/intellectus/_Arquivos/Jan_Jul_04/PDF/Artigo_Valeri

a.pdf> acesso em 02/06/2010.

PAIVA, Manoel. Matemática. – I Ed. – São Paulo: Moderna, 2004.

OHSE, Marcos Leandro. A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE: (Pré-História, Egito

Antigo, Mesopotâmia e Grécia Antiga).2005. p. 20. Disponível em

<http://www.somatematica.com.br/historia.php> acesso em 09 de março de 2011.

OHSE, Marcos Leandro. A MATEMÁTICA NA IDADE MODERNA: Do Renascimento

à Revolução Industrial. 2005. Disponível em

<http://www.somatematica.com.br/historia.php> acesso em 12 de março de 2011.

SINGH, Simon. O Último Teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as

maiores mentes do mundo durante 358 anos; tradução de Jorge Luiz Calife – 15a Ed. – Rio

de Janeiro: Record, 2008.

Page 50: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

49

ANEXOS

ANEXO 1: ANOTAÇÕES DO AUTOR

Page 51: wanderson pinheiro relação entre dois números consecutivos em

50

ANEXO 2: ANÁLISE GEOMÉTRICA

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51

ANEXO 3: DIFERENÇA ENTRE DOIS CUBOS