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WALESSA TATSCH BATISTA
DIREITO AMBIENTAL E ANIMAIS DOMÉSTICOS:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE.
Porto Alegre 2013
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FACULDADE DE DIREITO
WALESSA TATSCH BATISTA
DIREITO AMBIENTAL E ANIMAIS DOMÉSTICOS:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE.
PORTO ALEGRE
2013
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WALESSA TATSCH BATISTA
DIREITO AMBIENTAL E ANIMAIS DOMÉSTICOS:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Adroaldo Junior Vidal Rodrigues.
PORTO ALEGRE
2013
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WALESSA TATSCH BATISTA
DIREITO AMBIENTAL E ANIMAIS DOMÉSTICOS:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE
Trabalho de Conclusão defendido e aprovado como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Direito, pela banca examinadora constituída por:
_____________________________________________________
Orientador: Prof. Adroaldo Junior Vidal Rodrigues
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Professor(a) Examinador(a)
____________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
PORTO ALEGRE
2013
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Dedico este trabalho a minha mãe Eliane, por estar sempre ao meu lado me apoiando com seu amor incondicional; dedico ao meu pai Arimar por ter me incentivado nos estudos da carreira jurídica; ao meu marido, Willian, pelo carinho e companheirismo. A todos os animais não-humanos que passaram pela minha vida: Túti, Schana, Paquita, Capitú, Drupe, Urso, Ana e Shiva. E aqueles que ainda alegram os meus dias: Mel, Bebê, Laika, Preta, Monarca, Amália e Malú.
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Primeiramente agradeço a Deus, por ter me dado a bênção de ter me colocado na melhor família.
A minha mãe, que através de seu amor incondicional está sempre ao meu lado, e por muitas vezes é amiga, companheira, professora, aluna, dentre outras inúmeras funções.
Ao meu pai pelo seu amor, incentivo e colaboração na escolha do curso e pelo apoio aos meus estudos durante todos esses anos.
Ao meu marido e melhor amigo, Willian, pela ajuda, apoio, ensinamentos, amor e por entender e compreender minhas inúmeras ausências.
Ao meu professor orientador Adroaldo Vidal, exemplo de profissional que ama e luta pelos seus ideais, por toda a ajuda, paciência, pelo aprendizado e por ter alimentado mais ainda meu desejo pela causa animal.
Em especial, a todas as pessoas da minha família que me ensinaram a amar os animais incondicionalmente, sempre me dando o belo exemplo de respeito, solidariedade e amor gratuito.
Por fim, agradeço aos animais não-humanos que Deus colocou na minha vida, seja direta ou indiretamente, foram eles que me ensinaram a amar incondicionalmente humanos e não-humanos, a dar o bom exemplo para que outras pessoas façam o mesmo e a lutar pelos seus direitos enquanto viva eu estiver.
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Talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os direitos que jamais poderiam ter-lhe sido negados, a não ser pela mão da tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele não é motivo para que um ser humano seja irremediavelmente abandonado aos caprichos de um torturador. É possível que algum dia se reconheça que o número de penas, a vilosidade da pele ou a terminação do osso sacro são razões igualmente insuficientes para se abandonar um ser senciente ao mesmo destino. O que mais deveria traçar a linha intransponível? A faculdade da razão, ou, talvez, a capacidade da linguagem? Mas um cavalo ou um cão adulto são incomparavelmente mais racionais e comunicativos do que um bebê de um dia, uma semana, ou até mesmo um mês. Supondo, porém, que as coisas não fossem assim, que importância teria tal fato? A questão não é “Eles são capazes de raciocinar?”, nem “São capazes de falar?”, mas, sim: “Eles são capazes de sofrer?”
Jeremy Bentham
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RESUMO
Este trabalho analisa de forma conceitual uma das teorias mais citadas nos últimos tempos, a Teoria da Sensicência, consistente no fato de afirmar que alguns seres vivos, no caso do presente trabalho os animais domésticos, são capazes de manifestar alegrias, tristezas, dores, prazeres, dentre outros sentimentos que os seres humanos também manifestam. Com base nas posições doutrinárias dos autores Peter Singer e Tom Regan, ambos atuantes na esfera do Direito Ambiental, apresentam-se aspectos relevantes sobre cada entendimento no que tange a causa animal. Após, indispensável não tratar sobre a estrutura basilar que cada área jurídica possui, caracterizada pelos princípios, e nesta perspectiva são arrolados aqueles que possuem maior relevância, quais sejam: Princípio do desenvolvimento sustentável, Princípio da prevenção, Princípio do Poluidor-Pagador, Princípio da Participação, Princípio da Informação, Princípio da Educação ambiental e o Princípio da Ubiquidade. A partir disso, se passa a vislumbrar a proposta de análise prática, composta por breves considerações sobre o surgimento da vivissecção (ato de dissecar animal vivo para fins científicos), bem como quais procedimentos são adotados atualmente, para que não haja crueldade no uso dos animais em razão da ciência. Ainda, verifica-se a importância da limitação dos procedimentos de vivissecção, tendo em vista a dor ao qual são expostos esses seres em prol dos procedimentos científicos para a cura humana. Apresentam-se análises sobre o abandono de animais-domésticos pelas ruas, gerando assim um caos no controle da proliferação desregrada. Da mesma forma, a partir do abandono desses animais, concomitantemente, surge a busca por sobrevivência acarretada pelos maus tratos dos humanos. Trata-se ainda sobre os maus tratos cometidos dentro das próprias residências. O presente trabalho se faz de pesquisa bibliográfica, jurisprudencial e virtual junto aos Tribunais de alguns diferentes Estados do Brasil e busca vislumbrar fatos que ocorreram por conta desta atitude cruel. Por fim, o trabalho pretende analisar a proposta alternativa para o bem-estar animal, com base na Lei nº 13.193/2009, que trata do Cão Comunitário, sendo constituída como uma forma de amenizar o sofrimento daqueles que passam fome, sede, frio, calor ou dor.
Palavras-chave: Direitos dos animais. Senciência. Princípios ambientais. Animal doméstico. Maus tratos. Cão comunitário.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8
2 ANÁLISE CONCEITUAL .......................................................................................11
2.1 TEORIA DA SENCIÊNCIA ..................................................................................11
2.2 TEORIAS E POSICIONAMENTOS DOS AUTORES: PETER SINGER E TOM
REGAN ...............................................................................................................13
2.2.1 Peter Singer em face da causa animal .........................................................13
2.2.2 Tom Regan em face da causa animal...........................................................14
2.3 REGRAS E PRINCÍPIOS AMBIENTAIS..............................................................15
2.3.1 Regras Ambientais.........................................................................................15
2.3.2 Princípios ambientais ....................................................................................16
2.3.2.1 Do desenvolvimento sustentável...................................................................17
2.3.2.2 Princípio da prevenção..................................................................................18
2.3.2.3 Princípio poluidor pagador.............................................................................20
2.3.2.4 Principio da participação ...............................................................................21
2.3.2.5 Princípio da informação.................................................................................21
2.3.2.6 Princípio da educação ambiental ..................................................................22
2.3.2.7 Princípio da ubiquidade.................................................................................23
3 ANÁLISE PRÁTICA...............................................................................................24
3.1 VIVISSECÇÃO....................................................................................................24
3.1.1 Breves considerações sobre o surgimento .................................................24
3.1.2 Como é atualmente? ......................................................................................25
3.2 ABANDONO DOS ANIMAIS NÃO-HUMANOS ...................................................27
3.3 MAUS TRATOS AOS ANIMAIS-DOMÉSTICOS.................................................30
3.4 REFLEXÃO SOBRE ALGUNS JULGADOS........................................................32
3.5 PROPOSTA ALTERNATIVA PARA O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS.
...........................................................................................................................36
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................39
REFERÊNCIAS.........................................................................................................42
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ANEXO A – CASO “LOBO”.....................................................................................46
ANEXO B – CASO “JADE”......................................................................................47
ANEXO C – CASO “TITÔ .......................................................................................48
ANEXO D – CASO “LANA” .....................................................................................49
ANEXO E – CASO “DALVA” ...................................................................................50
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1 INTRODUÇÃO
Acreditar que o homem foi feito para ser detentor de tudo aquilo que não é
superior a sua espécie não deixa de ser uma mentalidade questionável. Uma vez o
ser humano estando na busca pelo domínio e a forma para usufruir de tudo aquilo
que está ao seu alcance, faz com que decida ocupar uma posição de arrogância,
estando certo de que a vulnerabilidade da natureza só serve para corroborar sua
condição de espécie superior, acreditando em um "direito divinamente facultado" que
o autoriza a subjugar outras espécies vivas.
O presente trabalho aborda, além das crueldades pelas quais os animais
são submetidos na mão do Homem, o dever e a obrigação do Poder Público e da
sociedade de zelar pelo bem-estar desses seres considerados animais não
humanos. Inúmeras indagações são postas a prova ao longo dos capítulos, levando
à reflexão sobre o tamanho sofrimento que algumas pessoas causam a seres
inofensivos.
Ressaltando que, na atualidade, esse pensamento dominador do ser
humano sobre a natureza não é mais sustentável, nem que haja a intenção deste
em excluí-la da esfera de suas preocupações e considerações. O mundo necessita
de mais amor ao próximo, ou se a palavra amor é muito impactante, se pode
substituí-la por respeito, e, com isso, as atrocidades que ocorrem nos dias de hoje
não serão aceitas perante a sociedade; podendo até, existir sanções para que tais
atos sejam interrompidos.
O cerne do respectivo trabalho está na capacidade que seres não humanos
têm de distinguir sentimentos diversos. E, como resposta a essas reflexões surge á
figura de Charles Darwin, por exemplo, caracterizado como um precursor da noção
moderna de como a ciência vê os animais. Nessa linha de pensamento a seguinte
indagação aparece: seria possível dizer que os animais possuem prazer ou dor?
Para Darwin, não somente possuem dor ou prazer, como também experimentam,
em maior grau ou menor grau de intensidade, sentimentos como ansiedade, pesar,
melancolia, desespero, alegria, amor, ternura, devoção, mau-humor, amuo,
determinação, ódio, ira, desdém, desrespeito, asco, culpa, orgulho, desamparo,
paciência, surpresa, perplexidade, medo, horror, vergonha, timidez e recato.
Tendo em vista que os animais não humanos possuem uma posição
vulnerável perante o ser humano, é dever do homem praticar junto da sociedade a
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guarda e o zelo pela sua integridade física e moral. Estando este dever
fundamentado na ética e projetado no campo do Direito, assumindo contornos não
de um mero dever jurídico, mas de um autêntico dever fundamental reconhecido e
legitimado pela Constituição Federal Brasileira.
A proteção constitucional conferida aos animais não humanos pela Carta
Magna de 1988, representa um avanço relevante na evolução do Direito Ambiental
Brasileiro; marca uma nova fase no desenvolvimento da tutela da fauna no Brasil.
Este passo significou para os animais, sejam domésticos, domesticados ou exóticos,
uma mudança em suas vidas, até mesmo relacionando-as aos seres humanos.
O abandono, os maus-tratos, as mortes são, sem dúvida alguma, a luta
invencível dos protetores e simpatizantes da causa animal, pois inúmeros casos, dia
após dia, são encaminhados a eles, sejam atos praticados pelos próprios donos ou
por terceiros. A proliferação desenfreada dos animais de rua ainda é o caos para o
controle das zoonoses, problema ainda sem solução definitiva que é enfrentado
pelas prefeituras municipais.
A solução jurídica para diminuir este acúmulo de animais nas cidades é a
criação de políticas públicas que atendam ao clamor da sociedade, no sentido de
coibir situações lamentáveis a que constantemente os animais são expostos na
condição de vítimas de atos cruéis.
Mas, a quem compete a regulação dessas situações? Embora seja uma
preocupação de muitos, oficialmente o dever de fixar metas de redução de animais
em situação de abandono, execução do controle de zoonoses, vacinação e
esterilização de cães e gatos, criar programas que visem à saúde, proteção e
dignidade de equinos, caninos e felinos, bem como a promoção de campanhas
sócio-educativas voltadas à guarda responsável, é do poder Municipal.
No caso da cidade de Porto Alegre (RS), o programa de políticas públicas,
através da Lei Municipal nº 11.101/2011, criou a Secretaria Especial dos Direitos
Animais (SEDA), que assume efetivamente o dever fundamental de proteção dos
animais não humanos, exercidos segundo preceitos de ordem moral, ética e jurídica.
O primeiro capítulo do presente estudo faz uma análise conceitual que
envolve os posicionamentos de Peter Singer e de Tom Regan em face da causa
animal, bem como os princípios norteadores do Direito Ambiental. O segundo
capítulo busca analisar brevemente as considerações sobre o surgimento da prática
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da vivissecção - procedimento científico que utiliza animais vivos para fins de
pesquisas, assim como a aplicabilidade destes métodos nos dias atuais.
Após, fala-se sobre o abandono de animais domésticos, prática que resulta
na proliferação desregrada destes seres incapazes de raciocinar quanto ao ato
praticado, tendo em vista que a responsabilidade dos proprietários em face de seus
bichos de estimação é primordial, bem como do Poder Público quando os donos não
forem localizados.
Aborda-se a questão dos maus tratos cometidos pelos seres humanos em
face dos animais não humanos, elencando ao longo do trabalho alguns casos que
revoltaram os simpatizantes da causa animal, dentre os quais destaca-se o cão da
raça Rottweiller que foi amarrado e arrastado pelo automóvel de seu proprietário, e
este ato resultou na amputação de um dos seus membros, porém o animal não
resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
Buscando demonstrar a extensão da crueldade humana, a qual abrange
qualquer tipo de animal, são apresentados julgados de diferentes Tribunais, os quais
também ilustram a atividade que vem sendo desenvolvida por ONGs, protetores
independentes e órgãos de proteção aos animais, os quais se unem na busca da
Justiça, reivindicando direitos para que esses animais possam viver dignamente.
Por fim, com base na Lei Estadual RS nº 13.193/2009, apresenta-se a figura
do “cão comunitário”, estabelecendo uma parceria entre o Poder Público e a
sociedade, como alternativa para o enfrentamento do problema da proliferação do
cão de rua. Trata-se de uma iniciativa legislativa que visa motivar que uma
comunidade adote um animal de rua e desenvolvendo vínculo afetivo com ele,
passando a lhe garantir subsistência, cuidados e carinho.
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2 ANÁLISE CONCEITUAL
2.1 TEORIA DA SENCIÊNCIA
Narra-se que, em algum episódio da história, há mais ou menos quatro
bilhões de anos atrás, certos corpúsculos adquiriram propensão em se multiplicar e
assim deu-se o início da história de vida no planeta. Sabe-se ainda, que em certo
momento da evolução das espécies surgiram as sensações, e com elas a
capacidade de demonstrar sentimentos atribuídos não somente ao Homem, mas
também, a diferentes seres vivos.1
Segundo a concepção do autor Peter Singer 2 caracteriza-se como
senciência tudo aquilo que está englobado na capacidade que um ser vivo possui
em expor seus sentimentos e emoções. Mas, por qual motivo indaga-se sobre
senciência? Pelo simples fato de se estar tratando do bem-estar animal, por saber
que a sua existência é de suma importância, em todos os aspectos; pela razão de
dar, a cada um deles, o seu devido valor para que possam viver dignamente.
Considera-se um ser senciente aquele quê de forma subjetiva possui
consciência ao discriminar algumas formas de sentimentos, isto é, demonstra
benevolência, condolência, temor, anseio, enfim, sensações que os seres humanos
também desenvolvem 3 . Não existe a necessidade de estas sensações serem
consideradas iguais a dos seres humanos, tendo em vista que a partir do momento
que um ser vivo possui algum tipo de capacidade, seja ela emocional ou física, se
está tratando da senciência; em outras palavras, senciência é qualquer
demonstração de sensação que um ser vivo manifeste.4
Dentre os inúmeros pensamentos que se desenvolveram sobre a senciência,
destaca-se o especismo que deriva do fato de se acreditar que um ser vivo necessita
ter uma mente idêntica a dos humanos, para que assim possa ter uma importância
��������������������������������������������������������1 MOLENTO, Carla Fort Miolino. Senciência animal. Revista CRMV-PR, Curitiba, 19 mar. 2006.
Disponível em: <http://www.crmv-pr.org.br/?p=imprensa/artigo_detalhes&id=5>. Acesso em: 12 jun. 2013.
2 SINGER, Peter. Vida ética: os melhores ensaios do mais polêmico filósofo da atualidade. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p.54.
3 PORTO ALEGRE. Secretaria Especial dos Direitos Animais. Perguntas frequentes: Não quero mais o meu animal. Posso entregá-lo para a SEDA? [2013]. Disponível em: < http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda/default.php?reg=25&p_secao=40>. Acesso em: 02 jun. 2013.
4 CASTRO, Marcos Augusto Lopes de. Classificação ontológico-normativa dos animais. Revista Brasileira de Direito Anima, Curitiba, v. 4, n. 5, p. 159-182, jan./dez. 2009.
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moral5. Com isso, se pode vislumbrar que a grande maioria dos animais sencientes
são explorados pelo ser humano, seja os peixes e os porcos, as vacas, as ovelhas,
as cabras, as galinhas ou outras espécies utilizadas para satisfazer as fantasias,
desejos e “necessidades” do Homem.
O comportamento humano deveria prescindir o uso destes seres, seja para o
consumo alimentício, com algumas exceções, ou por vaidade, como por exemplo, o
uso das peles de diversas espécies postas em valiosos tapetes expostos no chão ou
em paredes de residências milionárias, bem como sapatos, bolsas, roupas e outros
acessórios que ostentam exageros.
Esta teoria é estudada por diversas áreas profissionais, pois o que importa é
saber se estes seres conseguem manifestar suas emoções para que possam ser
considerados sujeitos de direitos, e assim não mais sirvam de cobaias em
procedimentos de vivissecção, por exemplo, ou em técnicas que demandem
sofrimento e desgaste do animal.
Segundo um dos maiores estudiosos da consciência animal, Donald Griffin6,
para o conjunto científico, a hipótese da existência da senciência nestes seres deve
estar muito bem evidenciada, caso contrário descaracteriza-se, uma vez que as
experiências subjetivas são matérias privadas que habitam no cérebro de cada um e
são intratáveis aos outros. Sendo assim, os céticos são convictos neste aspecto,
asseverando que jamais se terá certeza dos sentimentos dos animais e, por este
motivo, alegam o encerramento do tema.7 Para a segurança do assunto, inúmeros
cientistas estão se curvando perante esta questão, fazendo com que haja um trajeto
para uma ciência repleta de merecimento, dando a devida importância.8
Cabe ressaltar que alguns cientistas diferenciam quais espécies de animais
se enquadram perante esta teoria, tendo em vista que, uns defendem que existe
uma limitação perante o ser humano, enquanto outros acreditam que a senciência
alcança até mesmo os artrópodos e moluscos.9 Não existe uma conclusão definida
��������������������������������������������������������5 CASTRO, Marcos Augusto Lopes de. Classificação ontológico-normativa dos animais. Revista
Brasileira de Direito Anima, Curitiba, v. 4, n. 5, p. 159-182, jan./dez. 2009. 6 Ibidem. 7 Ibidem. 8 Ibidem.9 ibidem.
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sobre quais animais são sencientes, cabe aos seres humanos o encargo moral de
conceder a dádiva de tratá-los como se assim fossem, caso haja discordância.10
É notório que eles possuem capacidade de expor suas emoções, basta
indagar as pessoas que possuem em suas residências animais de estimação, com
certeza, elas responderão positivamente quanto a este aspecto; ou faça-se um teste
com os animais abandonados pelas ruas, com um tom da voz ameno ele chegará
mais perto da pessoa para receber algo em troca; por sua vez, um tom de voz rude o
fará disparar ou se defender do que lhe for atentado.
2.2 TEORIAS E POSICIONAMENTOS DOS AUTORES: PETER SINGER E TOM
REGAN
2.2.1 Peter Singer em face da causa animal
O australiano, Peter Albert David Singer é um dos principais atuante na área
da ética prática que trata sobre a doutrina utilitarista, isto é, segundo a visão
filosófica, esta doutrina resume-se na seguinte frase: Agir sempre de forma a
produzir a maior quantidade de bem-estar, sendo tratada através do Princípio do
Bem-Estar Máximo.11
Considerado um dos grandes pensadores na luta pelos direitos de uma
minoria relativamente extensa, suas obras abordam a causa animal. O livro,
Libertação Animal12, (publicado originalmente no ano de 1975), é o marco referencial
do movimento em defesa dos animais não humanos, uma espécie de bíblia para a
categoria. Questiona a relação humana com espécies sencientes (capazes de ter
sentimentos), sob uma ótica hipoteticamente não especista (aquela que afirma a
superioridade incontestável de uma espécie sobre a outra), baseando-se no
Princípio da Igualdade de Consideração.13
Para Singer, a vida de um ser humano normal valeria mais do que a de
qualquer outro animal, pois há a capacidade cognitiva maior, isto é caracteriza-se
pelo mecanismo que o homem utiliza para entender, assimilar, relacionar e conectar-
��������������������������������������������������������10 CASTRO, Marcos Augusto Lopes de. Classificação ontológico-normativa dos animais. Revista
Brasileira de Direito Anima, Curitiba, v. 4, n. 5, p. 159-182, jan./dez. 2009.11 SINGER, Peter Singer. Um só mundo: a ética da globalização. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 12 SINGER, Peter; CIPOLLA, Marcelo Brandão; PAIXÃO, Rita. Libertação animal: o clássico
definitivo sobre o movimento pelos direitos dos animais. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 13 SINGER, Peter Singer. Um só mundo: a ética da globalização. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
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se com todo o universo ao seu redor, assim como com a sua divina essência.
Portanto, a mente é uma das ferramentas mais potentes, engenhosas e sublimes
que permeiam o universo individual fazendo com que desfrute de experiências
prazerosas.14
No mesmo rumo de raciocínio, o autor considera que a morte de um
indivíduo que não tem consciência de sua mortalidade seria menos danosa do que a
de um indivíduo consciente de sua situação. E assim, chega-se ao mesmo fato
envolvendo a exploração da maior parte dos animais não-humanos, possibilitando e
até mesmo aceitando, esta prática somente se não sofressem com isso, pois não
haveria consciência da exploração.15
Para utilitaristas como Singer, quanto maior o prazer, mais válido será a
individualidade de cada animal que não tem consciência da morte. Com isso, não
existiria dificuldade alguma para interromper a vida de um animal desde que seja
feito de forma indolor, caso outro animal da mesma espécie fosse criado logo em
seguida e levasse a mesma vida lúdica que a do seu antecessor.16
2.2.2 Tom Regan em face da causa animal
O norte-americano, Tom Regan é especializado na teoria dos direitos
animais, ativista na área e publicou as seguintes obras: “The Case for Animal Rights
e Animal Rightsand Human Obligations (organizado juntamente com Peter Singer)”,
sendo que a obra “Jaulas Vazias17” é o seu primeiro livro publicado no Brasil.18
Segundo o autor, para que o ser humano seja possuidor de direitos básicos
ele deve ser considerado um “sujeito de uma vida”, esta expressão é utilizada
independentemente do sexo, cor, idade, crenças, nível de inteligência incluindo,
além da senciência, inteligência, percepção de si no tempo, cuidado de si e dos
seus, auto provimento e capacidade de interagir natural e socialmente. Partindo do
ponto de vista moral, segundo o autor, “cada um de nós é igual porque cada um de
nós é igualmente um ‘alguém’, não uma coisa; o sujeito de uma vida e não uma vida
��������������������������������������������������������14 SINGER, Peter Singer. Um só mundo: a ética da globalização. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 15 CASTRO, Marcos Augusto Lopes de. Classificação ontológico-normativa dos animais. Revista
Brasileira de Direito Anima, Curitiba, v. 4, n. 5, p. 159-182, jan./dez. 2009. 16 Ibidem. 17 REGAN, Ton. Jaulas Vazias: Encarando os desafios dos direitos animais. São Paulo: Lugano,
2006. 18 CASTRO, op. cit.
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sem sujeito”. Somente após chegar a essa expressão, sujeito de uma vida, é que
Regan questiona se os animais não humanos são possuidores, assim como o
Homem enquanto ser humano.19
Regan cita que em situações de emergências, tais como uma residência em
chamas ou um bote salva-vidas afundando, a vida de um ser humano tem mais valor
do que a do animal não humano, admitindo assim, o mesmo critério especista de
Peter Singer. Ainda relaciona ao fato de que os humanos desfrutam mais de
experiências futuras, com maior potencialidade do que os animais não-humanos;
logo, sendo necessário escolher entre inúmeros animais não-humanos e apenas um
ser humano, em qualquer das situações citadas, se deve escolher salvar a vida do
humano, não a do animal.20
Todavia, o mencionado autor enfatiza mais do que Peter Singer o respeito
que se deve ter em relação a todos os “sujeitos de uma vida”, tendo em vista as
características que se compartilha com eles. Dessa forma, se o intuito é a verdadeira
libertação animal, no sentido de reconhecimento destes animais como reais sujeitos
de direito, adota-se o posicionamento de Tom Regan.21
2.3 REGRAS E PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
2.3.1 Regras Ambientais
Com a edição da Lei nº 6.938, em 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a
Política do Meio Ambiente, registrou-se no Brasil, o início do Direito Ambiental, uma
vez que os recursos ambientais começaram a ser dispostos de forma adaptada e
abrangente. Na Constituição Federal de 1988 verifica-se a existência de inúmeras
regras, as quais só existem para que o corpo social saiba viver em plena harmonia
tanto em relação a terceiros quanto, principalmente, em relação à natureza.22
��������������������������������������������������������19 REGAN, Ton. Jaulas Vazias: Encarando os desafios dos direitos animais. São paulo: Lugano,
2006. 20 CASTRO, Marcos Augusto Lopes de. Classificação ontológico-normativa dos animais. Revista
Brasileira de Direito Anima, Curitiba, v. 4, n. 5, p. 159-182, jan./dez. 2009. 21 Ibidem. 22 MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Princípios do Direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental, São
Paulo, n. 2, abr./jun. 1996. Disponível em: <http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/PAIA-6SRNQ8>. Acesso em: 28 maio 2013.
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Para uma sociedade ter um rumo saudável, no aspecto educacional/ambiental, cabe aos cidadãos a plena consciência de que o quê move o mundo não é apenas o capitalismo, mas sim um planeta sustentável, estando ele abrigado por inúmeras ações, sejam elas voluntárias ou obrigatórias, que o deixe em perfeitas condições de sobrevivência. 23
Ações que visam à preservação ambiental, quando praticadas por cada
cidadão, terão muito pouco ou nenhum mérito se a comunidade não tiver
discernimento em considerar como pressuposto fundamental a preservação do
planeta/natureza.24 Para que se possa compreender qualquer ramo do Direito é de
extrema necessidade que se saiba sobre o fundamento desta matéria, isto é, como
ela se originou. Dessa forma, o próximo tópico analisará cada Princípio que respalda
o Direito Ambiental de forma clara e segura.
2.3.2 Princípios ambientais
Com toda a certeza, os princípios são de extrema influência para a
compreensão e interpretação o Direito como um todo, levando a pensar
racionalmente são considerados como a sustentação da área jurídica em face das
leis.25 Servem como pilares dos sistemas político-jurídicos dos Estados Civilizados e
por isso, segundo alguns doutrinadores, os princípios são normas hierarquicamente
superiores às demais regras do ordenamento jurídico.26
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello os princípios são tão importantes
quanto uma norma positivada, uma vez que sua violação é considerada é
considerada mais grave do que violar uma lei. Sendo que grande parte dos
princípios inseridos na legislação brasileira é originária de Cartas Internacionais, a
seguir seguem-se algumas análises mais detalhadas de tópicos específicos.27
��������������������������������������������������������23 MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Princípios do Direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental, São
Paulo, n. 2, abr./jun. 1996. Disponível em: <http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/PAIA-6SRNQ8>. Acesso em: 28 maio 2013.
24 Ibidem. 25 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012. 26 Ibidem.27 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Brasileiro. 18.ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
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2.3.2.1 Do desenvolvimento sustentável
O princípio do desenvolvimento sustentável possui duas correntes de
interpretação, sendo a primeira exposta pelo Antropocentrismo e a segunda pelo
Ecocentrismo; enquanto a primeira tem o homem como centro do universo, ou seja,
tudo que existe no universo é para satisfazer as necessidades humanas, a segunda
diz que o homem faz parte do ecossistema, convivendo com os demais seres.28
Ainda nesta corrente, para ser titular de diretos não precisa ter capacidade,
isto é, capacidade de exercício, aquela que dá a condição de titularidade. Para
melhor explanação, dá-se o seguinte exemplo: uma pessoa está em coma no
hospital, esta é titular de direitos, mas não pode exercê-los, pois está sem
capacidade para tanto. Logo, seguindo o entendimento da corrente econcêntrica,
todos os seres do planeta são titulares de direitos. 29
Todavia, a corrente antropocêntrica ensina que a titularidade dos direitos
pertence apenas ao homem. A própria Constituição diz que todos possuem direitos,
e o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, isto é, do homem; com isso,
há um forte entendimento que visa o enquadramento dos demais seres vivos nesta
corrente.30
Com respaldo no artigo 225 da Carta Magna, este princípio diz que:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
31
No que se refere ao quesito “bem de uso comum do povo e essencial a
qualidade de vida”, formula-se a seguinte questão: o que se precisa para ter uma
qualidade de vida? Cada indivíduo dará uma resposta variada perante esta
pergunta, pois o que parece ser importante para um, pode não ser para o outro,
logo, seria uma resposta relativa.32
��������������������������������������������������������28 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Brasileiro. 18.ed. São Paulo: Malheiros, 2010. 29 Ibidem. 30 Ibidem. 31 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012..32 Ibidem.
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Segundo Paulo Affonso Leme Machado, a qualidade de vida deve ser
mensurada através dos indicadores da Organização Mundial da Saúde, sendo que
para essa organização existem três indicadores básicos: saúde, educação e PIB.
Estes três elementos dão um diagnóstico para uma qualidade de vida, não sendo
exclusivos, podendo assim se adotar outros conforme a conveniência.33
Em outro trecho, ao referir “impondo-se ao Poder Público e a coletividade”, o
legislador buscou tratar a tutela do meio ambiente como uma obrigação, isto é,
protegê-lo deixa de ser uma faculdade e passa a ser obrigação. Observa-se ainda
que deixa de ser uma responsabilidade unilateral do Estado, passando a ser
responsabilidade de todos os seres humanos o zelo pelo meio ambiente e tudo
aquilo que ele compõe.34
Em atenção à parte em que prescreve “para as presentes e futuras
gerações”, significa dizer que o meio ambiente não deve ser protegido apenas para
atender as exigências e necessidades imediatas, mas que deve ser resguardado e
protegido como um bem de longa duração que irá beneficiar gerações futuras.35
Após essa breve análise do mencionado artigo, conclui-se que o princípio do
desenvolvimento sustentável se refere à sustentabilidade, isto é, produzir,
atendendo às necessidades presentes, sem prejudicar as necessidades futuras;
“melhorar a qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte
dos ecossistemas”, isto é, não se podem atender necessidades de forma
predatória.36
2.3.2.2 Princípio da prevenção
O princípio da prevenção tem o seu surgimento com força nas Cartas
Internacionais firmadas na Conferência de Estocolmo, no ano de 197237, e presume-
se que ele é á base do direito ambiental. Assim como aduz sua nomenclatura, a sua
ideia é idêntica ao ditado popular: “prevenir para não remediar!”; isto é, se sabe de
forma antecipada quais serão os efeitos resultantes; porém é muito diferente da ideia
��������������������������������������������������������33 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Brasileiro. 18.ed. São Paulo: Malheiros, 2010. 34 Ibidem. 35 Ibidem. 36 Ibidem. 37 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012.
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de precaução, pois o intérprete da Lei possui dúvidas, logo, não se conhece os
efeitos que poderão ocorrer.38
Quando não há conhecimento suficiente sobre alguma coisa é
recomendado, por precaução, não realizar atos que possam infringir de forma
negativa, tendo cautela, uma vez que não se sabe quais serão as consequências.
Portanto a prevenção conhece os efeitos, mas a precaução não.39
Para um melhor entendimento analisa-se o seguinte exemplo: existem certas
drogas farmacêuticas que se forem ingeridas durante a gestação podem causar
efeitos negativos ao feto, logo, tendo conhecimento destes efeitos, por prevenção é
melhor não praticá-los. Diferentemente, se não se tem conhecimento dos efeitos
desta droga, assim, se pode ingeri-la com precaução. Outro exemplo seria o
derramamento de petróleo, sabe-se que os seus efeitos são drásticos, então se
previne.40
Ressalta-se que, neste princípio existe a necessidade de distinguir perigo e
risco. Este estudo se dá através de uma relação de probabilidade que estabelece
técnicas para diminuir o risco; porém este assunto é muito redundante, isto é, ocorre
quando se usa uma palavra igual á outra com o mesmo sentido. Como exemplo se
pode citar um acidente com cargas perigosas no Estado do Rio Grande do Sul.41
Assim, perigo é a condição da essência do ser, enquanto o risco é a probabilidade
do acidente ocorrer.42
Portanto, pode-se dizer que na prevenção o dano pode ser detectado
antecipadamente; já na precaução há uma fonte de incerteza, ou seja, haverá
ausência de conhecimentos científicos sobre este perigo.43
��������������������������������������������������������38 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012. 39 Ibidem. 40 Ibidem. 41 Ibidem. 42 Ibidem. 43 Ibidem.
20 �
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2.3.2.3 Princípio poluidor pagador
Primeiramente é importante ressaltar que este princípio possui uma mera
semelhança com outro, apenas na nomenclatura, uma vez que este princípio,
poluidor pagador é diferente do princípio do usuário pagador. Não se pode confundi-
los.44
O poluidor pagador, além de decorrer de uma imposição, trata-se de uma
pena que será imposta ao poluidor para que ele venha a se redimir perante a
sociedade – sua base constitucional está no art. 225, § 3º da Constituição Federal.
Logo, o poluidor pagador é uma sanção que busca a reeducação do infrator,
fazendo com que ele seja reprimido a não praticar condutas poluidoras.45
Ressalta-se que, em referência ao princípio do poluidor pagador, o texto
constitucional enseja três tipos de punições: penal, administrativa e civil. Há também,
o princípio do usuário pagador, caracterizado pelo fato do ser humano utilizar os
recursos ambientais. 46
Com isso, a Lei nº 6.938/81 que trata sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, no seu art. 4º, inc. IV, segunda parte, impõe ao poluidor e ao predador a
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 47
Observa-se o seguinte exemplo: um plantador de arroz retira água de uma
barragem para que possa iniciar o seu trabalho no plantio, para que ele realize isto,
o mais justo possível é que o cidadão pague os metros cúbicos retirados daquele rio.
Ou seja, calcula-se os metros cúbicos por dia utilizados e esse valor equivaleria a
um pagamento com fins econômicos, configurando assim uma atividade comercial
que priva o lucro e socializa o prejuízo.48
Lamentavelmente, no Rio Grande do Sul não há consolidação das bacias
hidrográficas, ainda se tem um trabalho muito incipiente e que deverá ser mais bem
desenvolvido ao longo do processo evolutivo.49
��������������������������������������������������������44 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012. 45 Ibidem. 46 Ibidem. 47 Ibidem. 48 Ibidem. 49 Ibidem.
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2.3.2.4 Principio da participação
Segundo o princípio da participação, todos têm direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, e o caput do artigo 225 da Constituição Federal aduz
que o Brasil é signatário de vários Tratados internacionais que instigam o progresso
da humanidade.50
Esse princípio se materializa no Direito Ambiental a partir de uma relação de
preservação instituída através de Tratados internacionais (carta de Estocolmo, por
exemplo) e Convenções de apoio mútuo e recíproco entre os países, moldando um
processo de cooperação internacional.51
Há também formas de participação individual, como as ações civis públicas,
desde que os objetivos estatutários coincidam com o objeto de pedir, demonstrando
que entre os requisitos de proteção figura o direito ambiental. No entanto, embora o
cidadão não esteja legitimado para interpor Ação Civil Pública, este é representado
pelo Ministério Público que tem a responsabilidade de resguardar pelos direitos dos
civis homogêneos e coletivos (Art. 5º, da Lei nº 7347/85).52
Logo, a participação prevista por este princípio se dá através de órgãos
institucionais, reivindicações dos agentes públicos, da sociedade não organizada e
dos próprios cidadãos.
2.3.2.5 Princípio da informação
A publicidade nada mais é do que o instrumento para cumprir o princípio da
informação, esta significa a transmissão para a sociedade sobre o direito de saber,
ou seja, a Administração Pública leva ao conhecimento dos seus legítimos titulares o
direito de saber.53
��������������������������������������������������������50 CF/88, Art. 225, caput. “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 24 maio 2013).
51 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem. 2012.
52 Ibidem. 53 Ibidem.
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Os cidadãos têm o direito de saber a qualidade do ar que respiram, da água
que ingerem e do ambiente em que vivem. Todos têm direito a essas informações,
sendo obrigação do Poder Público cumprir com esse dever. Não se pode participar
do meio ambiente sem conhecê-lo antecipadamente.54
Em outras palavras, dar publicidade significa levar ao conhecimento da
sociedade e, para isso, a Lei nº 10.650/03 disciplina essa matéria, determinando
sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades
integrantes do sistema nacional do meio ambiente.55
2.3.2.6 Princípio da educação ambiental
O princípio da educação ambiental tem base tanto constitucional, quanto
inconstitucional. Na primeira hipótese, com base no art. 225, § 1º, inc. VI, da
Constituição Federal (CF), existem dois tipos de educação ambiental: a formal e a
informal. 56 No primeiro tipo, formal, há um comprometimento entre as pessoas em
transmitir umas às outras conhecimento sobre o ambiente em que vivem; é uma
educação ambiental oferecida desde a pré-escola até o pós-doutorado 57 ; já o
segundo tipo, informal, se materializa através da conscientização, diferentemente da
primeira, uma vez que possui maior fixação nos segmentos da sociedade através da
educação informal. 58
Ao se analisar o art. 225, § 1º, inciso VI da CF, destacam-se os períodos em
que distinguem a educação ambiental formal da informal, desta forma59:
Art. 225, §1º, VI: promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino-(educação formal) e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente-(educação informal).
60
��������������������������������������������������������54 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012. 55 Ibidem. 56 Ibidem. 57 Ibidem. 58 Ibidem. 59 Ibidem. 60 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 24 maio 2013.
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Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público exigir
que se promova a educação ambiental no sentido de despertar na sociedade os
conhecimentos ambientais, tal como transcreve a Lei nº 9.795/99.61
Por isso, o Poder Público precisa levar informações corretas acerca da
utilização de produtos e serviços às pessoas, conscientizando-as.62
2.3.2.7 Princípio da ubiquidade
O princípio da ubiqüidade diz que o meio ambiente está em toda parte e,
antes de qualquer coisa, todos os atos praticados devem passar por uma avaliação
ambiental. Sendo assim, para a implantação de uma torre de energia eólica,
primeiramente faz-se necessário uma análise ambiental.63
Desta forma, tudo se relaciona com o meio ambiente no que se refere aos
atos praticados por cada cidadão.64
��������������������������������������������������������61 SILVA, Paulo Régis Rosa da. [Aulas ministradas pelo professor]. Porto Alegre, Uniritter, 1 sem.
2012 62 Ibidem. 63 Ibidem. 64 Ibidem.
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3 ANÁLISE PRÁTICA
3.1 VIVISSECÇÃO
3.1.1 Breves considerações sobre o surgimento
Desde a sociedade primitiva, os animais tinham o intuito de preencher as
deficiências humanas, adequando o homem à localidade em que vivia.65 Os homens
da pré-história desenhavam os animais tal como eram vistos durante as atividades
de caça e pesca, e nesses desenhos conseguiam destacar os pontos mais
vulneráveis que estes seres possuíam para chegar ao óbito, sendo assim, através
dessas pinturas era possível indicar que o coração era o ponto mais favorável para
que a caça fosse bem sucedida. Um exemplo desse entendimento é a caverna de
Niaux no Arège, Sul da França, onde encontraram um bisão com flechas cravadas
em seu órgão vital.66 Observa-se que a aptidão do homem em analisar os animais
era notória, pois mesmo tendo a mínima noção sobre o organismo destes seres
conseguiam tornar isto um proveito para si.67
Por sua vez, em meados de 500 a.C, foram encontrados apontamentos
sobre as primeiras realizações sobre anatomia real, expostas em anotações de um
aborígene da colônia grega de Cróton, chamado Alcmêon. A partir desta época
iniciaram-se os primeiros paradigmas experimentais utilizados na medicina.68
Nessa época, Aristóteles (384-322 a.C), o pai da anatomia, referenciou em
seus escritos as experimentações feitas em animais vivos (vivissecção), bem como
as práticas de escalpelar e separar os elementos anatômicos de um organismo sem
��������������������������������������������������������65 SINGER, Peter; REGAN, Tom. Animal rights and human obligations. New Jersey: Prencitce-
hall,1976 apud SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Antivivisseccionismo e direito animal: em direção a uma nova ética na pesquisa científica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.14, n.53, p. 261-311, jan./mar. 2009. p.266.
66 CLARK, Kenneth. Animal and men. Their relationship as reflected in western art from prehistory to the present day. New York: William MorrowandCompany, 1977.p.13-14 apud SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Antivivisseccionismo e direito animal: em direção a uma nova ética na pesquisa científica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.14, n.53, p. 261-311, jan./mar. 2009. p.266.
67 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Antivivisseccionismo e direito animal: em direção a uma nova ética na pesquisa científica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.14, n.53, p. 261-311, jan./mar. 2009.
68 PAIXÃO, Rita Leal. Experimentação animal: razões e emoções para uma ética. 2011. 188f.Tese (Doutorado) - Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2011. p.15. Disponível em: <http://portalteses.icict.fiocruz.br/pdf/FIOCRUZ/2001/paixaorld/capa.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2013.
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vida (dissecção)69. Para ele existia uma similitude envolvendo a composição do
corpo humano com a do corpo de um animal, ressaltando que apenas o homem é
capaz de raciocinar.70 No mesmo sentido, os ensinamentos bíblicos da religião cristã
pregavam que os animais, além de serem seres inferiores, eram incapazes de
manifestar qualquer pensamento e/ou livre arbítrio, acentuando assim, a sua
exploração.71
Na era Renascentista o homem foi colocado como o centro do universo e, o
pensamento do filósofo racionalista francês, René Descartes (1596-1650) defendia a
exclusão dos animais da esfera de preocupações morais humanas, classificando-os
na teoria do animal-máquina, afirmando que por eles serem autômatos ou máquinas
eram destituídos de sentimentos, podendo assim ser utilizados para os fins
experimentais.72
3.1.2 Como é atualmente?
Com base na cultura ocidental, a qual descaracteriza moralmente os
animais, ainda no século XXI, os animais não humanos são utilizados em
experimentos anatômicos para o “bem da humanidade”, tendo como apoio a
fisiologia que consente que animais não sofram ao serem manuseados para estes
fins.73
Ocorre que, mesmo com toda a evolução ao longo dos anos, ainda existem
inúmeras universidades, bem como laboratórios e outros ambientes que realizam o
ato de dissecar um animal vivo com o objetivo da “preservação humana”, uma vez
que, com base nestes pensamentos, sem estes métodos não existe a possibilidade
de salvar vidas.
��������������������������������������������������������69 LEVAI, Laerte Fernando; DARÓ, Vânia Rall. Experimentação animal: histórico, implicações éticas
e caracterização como crime ambiental. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 36, p. 138-139, out./dez. 2004.
70 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Antivivisseccionismo e direito animal: em direção a uma nova ética na pesquisa científica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.14, n.53, p. 261-311, jan./mar. 2009. p.267
71 SINGER, Peter. Ética Prática. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 280. 72 SANTANA, Heron José. Espírito Animal e o fundamento moral do especismo. Revista Brasileira
de Direito Animal, Salvador, n. 1, n. 1, p. 51-52, jan. 2006. 73 Ibidem.
26 �
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Porém, nem tudo está perdido. Para a serenidade dos amantes dos animais,
alguns países e até mesmo algumas empresas e instituições com sede no Brasil não
mais utilizam animais para prática de vivissecção.
Como exemplo de instituição que substituiu os métodos de vivissecção por
alternativas com o mesmo propósito, pode-se citar a Universidade do Estado de São
Paulo (USP). Segundo reportagem da revista Super Interessante, os novos
acadêmicos do curso de Medicina utilizam computadores para simular o “efeito de
drogas na função cardiorrespiratória”, procedimento que antes era realizado no
corpo de um cão, com o tórax aberto, que era morto depois do experimento.74
Ainda na USP, os alunos deixaram de praticar suturas em coelhos (os quais eram mortos após o procedimento) e passaram a coser cães e gatos mortos naturalmente.75
Ainda destaca-se que no Brasil, uma grande empresa fabricante de produtos
de higiene pessoal e limpeza, alimentos e sorvetes, a Unilever, não utiliza animais
para o desenvolvimento de seus produtos. Essa empresa se posiciona claramente a
esse respeito quando expõe aos consumidores, através de sua página oficial da
internet, que existem alternativas que alcançam a mesma finalidade, sem ser
necessário sacrificar ou maltratar os animais não humanos. 76 As alternativas
mencionadas pela Unilever vêm sendo aprimoradas desde 1980, e são baseadas
em modelagem biológica, modelagem computadorizada e métodos in vitro, utilizando
células.77
No mesmo sentido, Paulo Affonso Leme Machado entende que “a
experiência dolorosa em animal vivo para fins didáticos ou científicos não pode ser
mais entendida como atividade realizada sem a preocupação do uso de método
alternativo.”78
��������������������������������������������������������74 VERGARA, Rodrigo. Temos este direito? Super Interessante, jun. 2001. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/ciencia/temos-este-direito-460703.shtml>. Acesso em: 10 maio 2013. 75 Ibidem. 76 UNILEVER. O desenvolvimento de abordagens alternativas a testes em animais. Disponível
em: <http://www.unilever.com.br/sustentabilidade/abordagens_alternativas_testes_animais/>. Acesso em: 10 maio 2003.
77 Ibidem. 78 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 13. ed. São Paulo: Malheiros,
2005. p.770. Ainda: “Cumpre-nos dizer que o art. 37 da Lei 9.605/98 permite o abate de animais em estado de necessidade (fome), para proteger lavouras, pomares e rebanhos e por ser animal nocivo. BRASIL. Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.” (MEDAUAR, Odete (Org). Coletânea de legislação de direito ambiental. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.473)
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Por óbvio que os investimentos para estas técnicas alternativas são
altíssimos, e talvez por isso muitos empresários optem por não se arriscar nesse
investimento, pois as críticas de mercado poderiam invalidar as vendas, tendo em
vista que não estariam sendo utilizados procedimentos convencionais, podendo
ocasionar a perda de credibilidade dos fornecedores e consumidores.
3.2 ABANDONO DOS ANIMAIS NÃO HUMANOS
A prática do abandono é um exercício rotineiro de muitos humanos em face
dos animais não humanos, deixando-os à própria sorte, proliferando-se
desregradamente e causando assim o caos até mesmo na saúde pública. Uma cena
nada incomum ocorre nas rodovias gaúchas em épocas de veraneio: carro parado
no acostamento e de dentro alguém tira um cachorro, o coloca no asfalto, e depois
segue o caminho, rumo ao litoral. O animal ali deixado, ali permanece.79
Tendo em vista o grande número de animais vivendo pelas ruas, cidadãos
que possuem amor aos animais dedicam parte de sua vida a ajudá-los, seja criando
abrigos ou arrecadando dinheiro para tratar os mais necessitados. Com isso, nessa
angustia em querer resgatar e cuidar de mais e mais animais, os protetores e
simpatizantes da causa animal chegam a se endividar com os gastos arcados com
Clínicas, Agropecuárias e outros estabelecimentos que se prontificam em dar
assistência por um menor custo.80
As formas para manter esses abrigos são diversas, desde um veículo
recepcionado excepcionalmente para a locomoção de animais (táxi-dog), feirinhas e
brechós voltados para a arrecadação de fundos para tratamentos, até lares de
passagens, que são uma espécie de abrigo, mas em residências particulares, em
que a pessoa cobra por dia a “hospedagem” do animal, para que este não retorne às
ruas sem ter a chance de ser adotado.81
Desde 2011 a Concepa vem trabalhando em parceria com o órgão da
Prefeitura de Porto Alegre em uma campanha para minimizar o abandono de ��������������������������������������������������������79 MARTINI, Priscila de. Chegada do veraneio aumenta a quantidade de animais abandonados. Zero
Hora, 09 dez. 2012. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/transito/noticia/2012/12/chegada-do-veraneio-aumenta-a-quantidade-de-animais-abandonados-3976444.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.
80 LOPES, Tatiana. Protetores de animais se unem para reduzir abandono em Porto Alegre. G1, 26 dez. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2011/12/protetores-de-animais-se-unem-para-reduzir-abandono-em-porto-alegre.html>. Acesso em: 10 maio 2013.
81 Ibidem.
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animais nas rodovias gaúchas, sendo que o maior problema não são os traumas
psicológicos que estes seres sofrem, mas sim os atropelamentos.82
Nesse contexto, a Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) de Porto
Alegre, criada pela Lei Municipal 11.101/2011, e regulamentada pelo Decreto
17.190/2011, possui papel significante no que tange a missão de estabelecer e
executar políticas públicas destinadas à saúde, proteção, defesa e bem-estar animal.
A SEDA realiza inúmeros projetos em Porto Alegre, tais como:
a) BICHO AMIGO - prevê ações como o controle reprodutivo e educação para
a guarda responsável e em saúde ambiental;
b) EDUCAÇÃO AMBIENTAL - realizada através de fóruns anuais para o
Debate sobre Políticas Públicas para Animais, bem como a realização de
cursos e atividades envolvendo escolas da rede municipal;
c) COMBATE AOS MAUS TRATOS – blitz realizada semanalmente, junto do
Batalhão Ambiental da Brigada Militar, para averiguar os processos
encaminhados para o Ministério Público-RS;83
d) PROJETO ADOTE UM CAVALO - voltado para os equinos resgatados de
maus tratos ou abandono, que após todo um tratamento envolvendo até
mesmo a microchipagem, são encaminhados à adoção por entidades
juridicamente reconhecidas. Nesse processo de adoção é firmado um
termo de compromisso que envolve a Empresa Pública de Transporte
Coletivo (EPTC) e o Ministério Público do RS (MPRS);
e) PROJETO RESSOCIALIZA - prevê a ressocialização de cães a partir do
adestramento de animais que se encontram abrigados na Área de
Medicina Veterinária da SEDA, para que possam assim ser adotados,
tendo como base de referência o êxito obtido no projeto-piloto realizado
com um cão Pitt Bulteve.84
f) CAMPANHA DE GUARDA RESPONSÁVEL - campanhas educativas,
cartazes e materiais que informam a importância em defender os animais;
��������������������������������������������������������82 MARTINI, Priscila de. Chegada do veraneio aumenta a quantidade de animais abandonados. Zero
Hora, 09 dez. 2012. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/transito/noticia/2012/12/chegada-do-veraneio-aumenta-a-quantidade-de-animais-abandonados-3976444.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.
83 PORTO ALEGRE. Secretaria Especial dos Direitos Animais. Projetos da SEDA.: Não quero mais o meu animal. Posso entregá-lo para a SEDA? [2013]. Disponível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda/default.php?p_secao=7>. Acesso em: 02 jun. 2013.
84 Ibidem.
29 �
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g) FEIRA DE ADOÇÃO - realizada em um espaço público e muito
movimentado que autoriza, mediante cadastro, ONGs e protetores de
animais a encontrar novos lares aos desabrigados;
h) PADRINHOS DE FIM DE SEMANA - têm o propósito de incentivar a
adoção e a posse responsável, permitindo o indivíduo a ficar com um
animal de sexta à segunda-feira, sob a responsabilidade de tratá-lo e
deixá-lo sempre em ótimas condições, tal como foi retirado da Área de
Medicina Veterinária.85
Porém, mesmo com tantos projetos estabelecidos pela SEDA, que buscam
atender à finalidade da Lei Municipal, ainda assim, há inúmeros animais
abandonados, vivendo pelas ruas da capital, sem citar os que ainda estão por vir,
bem como os que fogem ou são largados por “seus donos”.
O abandono desses seres desencadeia uma série de problemas, seja para
eles próprios, seja para a sociedade, pois devido à proliferação desenfreada surgem
doenças transmissíveis, e isso torna cada vez mais inviável aos protetores
independentes, simpatizantes da causa e ONGs a solução destas situações.
Leis, Decretos e até a própria Declaração Universal do Direito dos Animais
foram elaboradas com o intuito de combater essas e outras atitudes humanas,
porém, nem se quer coíbem essas crueldades.
Na data do dia 27 de janeiro de 1978 proclamou-se pela Organização das
Nações Unidas para a Educação (Unesco), em Assembleia ocorrida em Bruxelas, a
Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Com base no seu artigo 5º
vislumbra-se sobre o animal e seu habitat, quando afirma que86:
Art. 5º: [...] Cada animal pertencente a uma espécie que vive, habitualmente, no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e liberdade que são próprias da espécie. Toda modificação desse ritmo e dessas condições, imposta pelo homem para fins mercantis, é contrária a esse direito.87
��������������������������������������������������������85 PORTO ALEGRE. Secretaria Especial dos Direitos Animais. Projetos da SEDA.: Não quero mais
o meu animal. Posso entregá-lo para a SEDA? [2013]. Disponível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda/default.php?p_secao=7>. Acesso em: 02 jun. 2013.
86 CASTRO, João Marcos Adede y. Direito dos animais na legislação brasileira. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2006. p. 21.
87 UNESCO. Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Bruxelas, 27 jan. 1978. Disponível em: <http://www.suipa.org.br/index.asp?pg=leis.asp>. Acesso em: 13 jun. 2013.
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Diferentemente do que consta no artigo 29 da Lei Federal nº 9.605/98, tendo
em vista que se trata dos crimes e infrações administrativas contra o meio ambiente,
estabelecendo que matar apanhar ou manter em cativeiro espécies da fauna
silvestre é considerado crime88. Vejamos o corpo do mencionado artigo:
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 89
Diante disto, a sociedade deveria tornar-se fiscal da Lei e não cegar-se
frente aos abandonos, para que assim, não mais existissem animais machucados,
mortos em atropelamentos, feridos, mutilados ou famintos.
3.3 MAUS TRATOS AOS ANIMAIS-DOMÉSTICOS
Geralmente os animais são mantidos como companhia doméstica, mas
enquanto alguns são tratados com respeito e carinho, muitos outros sofrem maus
tratos. Em relação ao trato de animais o artigo 3º da Declaração Universal dos
Direitos dos Animais elenca que:
Art. 3º: [...] a) Nenhum animal será submetido a mau trato e a atos cruéis. b) Se a morte de um animal for necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angústia. 90
Com fulcro no texto da Declaração, verifica-se que não é de hoje que a
preocupação relacionada às atitudes dos seres humanos contra os animais não
humanos recebe atenção, mostra ainda mais a covardia do homem em face dos
seres sencientes.
O Decreto nº 24.645/34, um dos primeiros dispositivos da legislação
brasileira a proteger os animais de maus tratos cometidos, previa pena para todo
aquele que incorrer na prática de ato, abuso ou crueldade para com os animais,
��������������������������������������������������������88 CASTRO, João Marcos Adede y. Direito dos animais na legislação brasileira. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2006. p. 21. 89 BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em: 12 jun 2013.
90 UNESCO. Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Bruxelas, 27 jan. 1978. Disponível em: <http://www.suipa.org.br/index.asp?pg=leis.asp>. Acesso em: 13 jun. 2013.
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golpeando-os, ferindo-os ou mutilando-o; bem como, mantendo-os ou sujeitando-os
a lugares e trabalhos insalubres; abandonando-os doente ou ferido e etc.91 Este
Decreto teve a competência de acentuar a proteção jurídica da fauna, através de
vários dispositivos próprios, expondo um rol de procedimentos que definem cerca de
trinta e uma figuras típicas de maus-tratos aos animais.92
A crítica que envolvia esse Decreto era sobre a sua validade jurídica, uma
vez que foi editado sob a égide do Regime de Exceção. Contudo, segundo José
Henrique Pierangeli93, não se justifica a discussão em relação a sua existência, pois
tendo sido feito promulgado em uma ocorrência de excepcionalidade política, em 10
de julho de 1934, sob o Governo Provisório de Getúlio Vargas, logo, tem valor de lei.
Nos mesmos pensamentos seguem o autor Laerte Fernando Levai94 e a Danielle
Tetü Rodrigues95, contudo este Decreto teve seu texto revogado.
A finalidade do art. 64 do Decreto-lei nº 3.668/1941, é caracterizar a prática
de crueldade contra animais como contravenção penal, segundo o posicionamento
da Helita Barreira Custódio.96 Diferentemente da posição da autora posicionam-se
alguns doutrinadores, como José Henrique Pierangeli 97 , Édis Milaré 98 e Laerte
Fernando Levai99, uma vez que para eles, o mencionado artigo foi revogado pela Lei
dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), especificamente pelo art. 32.100
É de suma importância que se saiba o conceito jurídico de crueldade, uma
vez que para o professor Celso Antônio Pacheco Fiorillo, crueldade trata-se de uma
definição indeterminada:101
��������������������������������������������������������91 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos animais. 2. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2004. p.30.92 RODRIGUES. Danielle Tetü. O Direito & os animais: uma abordagem ética, filosófica e
normativa. Curitiba: Juruá, 2004. p.63-64. 93 PIERANGELI, José Henrique. Maus-tratos contra animais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v.
88, n. 765, p.481-498, jul.1999. p. 495. 94 LEVAI, op. cit., p.31. 95 RODRIGUES. Danielle Tetü. O Direito & os animais: uma abordagem ética, filosófica e
normativa. Curitiba: Juruá, 2004. p.64. 96 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Crueldade contra animais e a proteção destes como relevante
questão jurídico-ambiental e constitucional. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.2, n.7, p.54-86, jul./set. 1997. p. 82.
97 PIERANGELI, José Henrique. Maus-tratos contra animais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v.88, n.765, p.481-498, jul.1999. p. 489.
98 MILARÉ, Edis; COSTA JR.. Paulo José da. Direito penal ambiental: comentários à Lei 9.605/98. Campinas: Millennium, 2002. p. 85.
99 LEVAI, op. cit., p.31. 100 Art. 32: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir, ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos, ou exóticos: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. 101 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 4.ed. São Paulo:
Saraiva, 2003. p.69.
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Com isso, obrigamo-nos à reflexão do que seja cruel, na medida em que, se concluirmos que matar um animal é agir com crueldade, chegaremos ao absurdo de que a Constituição Federal estaria proibindo práticas comuns que garantem nossa subsistência.102
Caracteriza-se também, segundo a posição do autor Laerte Fernando Levai,
no que tange as práticas religiosas que103:
É sabido que não se pode atentar contra os animais, tampouco submetê-los à crueldade, porque a Constituição assim não o deseja. Mas o hábito alimentar humano, em termos práticos, acaba legitimando o massacre dos animais encaminhados à indústria da carne. Isso não retira, entretanto, o caráter cruel de um abate precedido de privações e choques elétricos, entremeado de angústia pela visão da morte e, finalmente, consumado de maneira bárbara pela eletronarcose e, na hipótese ritual religiosa, pela degola cruenta.104
Assim como as práticas religiosas realizadas pelos humanos para o
consumo de carne animal, não há como deixar de ressaltar, mesmo embora não
seja objeto do presente trabalho, o uso destes seres em cultos religiosos de matriz
africana.105 O Brasil ainda não se encarregou de tratar as crueldades praticadas
contra os animais de maneira mais severa, mas aprovou recentemente o Projeto de
Lei que visa á majoração da pena para os indivíduos que maltratam, passando de
“três meses a um ano” para “um a quatro anos de prisão”. Entretanto, a indagação
recai sobre como será o aprisionamento dessas pessoas, caso o Projeto de Lei seja
legitimado.
3.4 REFLEXÃO SOBRE ALGUNS JULGADOS.
Nos dias de hoje não é difícil encontrar-se decisões judiciais impondo
condenações pela prática de maus tratos, morte ou abandono de animais não
humanos, tendo em vista que o apelo midiático está enfatizando minuciosamente as
crueldades que os humanos cometem contra as espécies.
��������������������������������������������������������102 LEVAI, Laerte Fernando; IBACHERI, Vanessa. Frigorífico. Abate por meio de procedimento de
extrema crueldade: necessidade de que a empresa se submeta a aprimoramento técnico e profissional de modo a minimizar o sofrimento dos animais. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v. 7, n. 28, p. 161-176, out./dez. 2002. p. 170.
103 Ibidem, p. 170. 104 Ibidem, p. 170. 105 CADAVEZ, Lília Maria Vidal de Abreu Pinheiro. Crueldade contra os animais: uma leitura
transdisciplinar à luz do sistema jurídico brasileiro. Direito e Justiça: Revista da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.34, n.1, p. 88-120, jan./jun. 2008. p.116.
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Como exemplo vislumbra-se as seguintes decisões prolatadas pelo Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul:
APELAÇÃO CRIME. ARTIGO 32, § 2º, DA LEI 9.605/98. MAUS-TRATOS A ANIMAL DOMÉSTICO. CADELA AMARRADA EM VEÍCULO E ARRASTADA PELAS RUAS DA CIDADE. PRELIMINARES REJEITADAS.A proposta de transação penal, a que se refere o art. 76 da Lei nº 9.099/95, é prerrogativa exclusiva do Ministério Público. Não houve violação dos princípios invocados pelo apelante, pois sua situação pessoal era diversa da situação dos demais partícipes. O Agente Ministerial, quando da proposta da transação penal aos co-autores, fundamentou extensamente os motivos pelos quais deixava de ofertar benefícios ao apelante o benefício tendo valorado adequada e corretamente, com base na legislação específica, (artigo 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95) a situação pessoal do apelante, para negar-lhe os benefícios. No concerne à materialidade do delito, o corpo do animal não foi localizado, todavia das provas carreadas aos autos, em especial dos depoimentos das testemunhas, verifica-se que o animal em apreço foi arrastado por várias ruas, indo se desintegrando, tanto que testemunhas referem terem sido encontrados restos de fetos de cachorrinhos, estando prenhe a cadela, restando completamente dilacerado, pelo que impossível seu reconhecimento, bem como a realização de exame de corpo de delito direito, prevendo o artigo 167, do Código de Processo Penal que não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecidos vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Inobstante a negativa do acusado, há provas suficientes da materialidade, emergindo dos autos de forma clara e límpida a autoria do delito imputado ao apelante, impondo-se a confirmação da sentença condenatória. Pena redimensionada. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.106
No referido julgado, embora a ausência do corpo do animal, as provas e
testemunhas comprovaram a situação de agressão e extremos maus tratos ao
animal que restou morto sob situação de extrema violência, restando o apelante
condenado tendo sua apelação parcialmente provida com o redimensionamento da
pena.
Narra o próximo recurso que, no dia 26 de outubro de 2006, a autora
comprou pela internet, uma piscina de bolinhas e, no dia do recebimento do produto
a sua empregada foi até o portão de sua residência estando acompanhada pela
cadelinha de estimação, da raça Pinscher. Ocorre que, o animal latiu para o
entregador e este desferiu um chute que a arremessou contra o portão do vizinho,
deixando-a trêmula e incapaz de levantar-se.
��������������������������������������������������������106 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Recurso Crime Nº 71001606425, Turma Recursal
Criminal, Relator: Angela Maria Silveira, Julgado em 14/04/2008. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/busca/index.jsp?tb=jurisnova>. Acesso em: 10 maio 2013.
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APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. AGRESSÃO À ANIMAL DE ESTIMAÇÃO DE PEQUENO PORTE. PINSCHER. LATIDO. REAÇÃO DESPROPORCIONAL. DANO MATERIAL COMPROVADO. DANO MORAL CARACTERIZADO. 1.Preambularmente, cumpre ressaltar que a responsabilidade do empregador ou comitente pelos danos causados pelos seus prepostos constitui uma espécie de culpa presumida, in vigilando ou in eligendo. Inteligência do art. 932, III, do CC. 2. No caso em exame, a única testemunha ouvida em juízo corroborou as assertivas contidas na exordial. 3.Em que pese seja notório o fato de que a espécie da cadela de estimação da demandante, qual seja, pinscher, tenha característica como hiperatividade e ansiedade; não há nos autos elementos que justifiquem a reação desmedida do preposto da ré, tendo em vista que se trata de animal de pequeno porte incapaz de produzir qualquer ameaça ou lesão em pessoa adulta, talvez tal situação tenha motivado a agressão, pois certamente a conduta do entregador seria diversa se o cachorro em questão fosse da raça pit bull. 4. Releva ponderar, ainda, que maus-tratos a animais domésticos se trata de crime ambiental contra a fauna, de natureza grave, a teor do que estabelece o art. 32 da Lei n. 9605/98, cuja prática deve ser coibida pelo Poder Público, tanto é fato que se a autoridade policial ou judicial não adotar as medidas necessárias para apuração deste fato responderá por prevaricação nos termos do diploma legal precitado. 5.Destarte, restou comprovado que o animalzinho necessitou de atendimento veterinário em razão da agressão sofrida, como se depreende do atestado da fl. 13 dos autos. 6.A autora logrou comprovar os fatos articulados na exordial, no sentido de que o comportamento do entregador da empresa ré foi inadequado e a agressão totalmente desnecessária. 7.A parte demandada deve ressarcir os danos decorrentes do ato ilícito em questão, na forma do art. 186 do CC, cuja incidência decorre da prática de conduta delituosa de preposto da empresa ré. 8.Danos materiais. Dano emergente devidamente comprovado, correspondente aos valores despendidos no tratamento médico-veterinário do animal de estimação da autora, demonstrando o efetivo dano ao patrimônio desta. 9.Danos morais. No que tange à prova do dano moral, por se tratar de lesão imaterial, desnecessária a demonstração do prejuízo, na medida em que possui natureza compensatória, minimizando de forma indireta as conseqüências da conduta da ré, decorrendo aquele do próprio fato. Conduta ilícita da demandada que faz presumir os prejuízos alegados pela parte autora, é o denominado dano moral puro. 10. O valor a ser arbitrado a título de indenização por dano moral deve levar em conta o princípio da proporcionalidade, bem como as condições do ofendido, a capacidade econômica do ofensor, a reprovabilidade da conduta ilícita praticada e, por fim, que o ressarcimento do dano não se transforme em ganho desmesurado, importando em enriquecimento ilícito. Fatores estes levados em consideração para fixação proporcional da indenização. Dado provimento ao apelo.107
Nesse caso o agressor foi condenado à indenização por dano material, como
forma de ressarcimento dos valores despendidos no tratamento veterinário do
animal, e dano moral, como forma de compensação pela conduta ilícita, cruel e
injustificada do autor.
��������������������������������������������������������107 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível Nº 70031226681, Quinta Câmara
Cível, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 12/08/2009. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/busca/index.jsp?tb=jurisnova>. Acesso em: 10 maio 2013.
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Nessa mesma concepção ressaltam-se ainda os casos mais “costumeiros”
ocorridos em diferentes cidades do Brasil, utilizando-se dos animais, tais como:
CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. "RINHAS DE GALO". IMPETRANTE QUE PRETENDE VER ASSEGURADO O SEU DIREITO À SUA EXPLORAÇÃO, SEM RISCO DE VIR A SER AUTUADO OU PROCESSADO CRIMINALMENTE. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ORDEM DENEGADA. Hipótese em que o impetrante, sob a tese de que a rinha de galos consiste em uma manifestação cultural, milenar, praticada por animais criados especificamente para tal fim e, assim sendo, merecedores de cuidados extremados, aspira a obtenção de uma ordem mandamental que impeça a atuação do Poder Público, o que, pelo menos no presente caso, consubstancia pretensão flagrantemente ilegítima. Jurisprudência do Pretório Excelso consolidada no sentido de que "a obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade" (RE n. 153.531-8, relator o Ministro Francisco Rezek). Existência de julgados específicos sobre o tema, os quais declararam a inconstitucionalidade de leis que regulamentaram a matéria, ao fundamento de que fazê-lo, autorizam a "submissão desses animais a tratamento cruel, o que a Constituição Federal não permite: CF, art. 225, § 1º, VII".108
DANOS MORAIS E MATERIAIS Autora que acusou a ré de envenenar sua cadela com "chumbinho" Ré que foi absolvida na esfera penal por falta de provas Independência das decisões nos âmbitos civil e penal Conteúdo probatório frágil para imputar a responsabilidade da ré pelo fato, hábil a ensejar danos morais passíveis de indenização Sentença confirmada com exceção dos honorários advocatícios fixados em valor módico Não provido o recurso da autora e provido o apelo da ré para majorar os honorários de sucumbência para R$ 1.000,00.109
Ementa: Ação civil pública ambiental. Sentença de procedência parcial. Proibição de utilização de instrumentos, substâncias e práticas injuriosas a animais em rodeio. Conformidade da sentença com a legislação aplicável. Proibição legal de utilização de instrumentos ou expedientes causadores de flagelação ou sofrimento a animais em rodeios e eventos afins. Apelação não provida. 110
��������������������������������������������������������108 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADIn. n. 3.776-5/RN, Tribunal Pleno, Relator Min. Cezar
Peluso, DJe 29/06/2007. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+3776%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+3776%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/aof9c5w>. Acesso em: 10 maio 2013.
109 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Ação 515607720078260602, 8ª Câmara de Direito Privado, Relator Des. Helio Faria, julgado em 29/05/2013. Disponível em: <http://www.tjsp.jus.br/EGov/Processos/Consulta/Default.aspx?f=2>. Acesso em: 02 jun. 2013.
110 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Ação 9577205800, 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente, Relator Des. Antonio Celso Aguilar Cortez, julgado em 18/04/2013. Disponível em: <http://www.tjsp.jus.br/EGov/Processos/Consulta/Default.aspx?f=2>. Acesso em: 02 jun. 2013.
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Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO Obrigação de Fazer Ação visando a limpeza de imóvel particular e a redução da quantidade de animais que nele se encontram Ambiente em condições inadequadas de higiene Número de animais que excede o permitido em lei municipal, além de apresentarem sinais de animais. Maus-tratos. Antecipação dos efeitos da tutela indeferida Questão de saúde pública Perturbação dos vizinhos em razão do mau cheiro e da propiciação à proliferação de fauna sinantrópica Necessidade de urgente intervenção da Municipalidade Decisão reformada Recurso provido.111
Com base nas jurisprudências, elencadas anteriormente, concluímos que o
ato exercido pelo homem em maltratar estes seres sencientes e incapazes de
defesa é constante e praticado de forma cruel e insensível.
3.5 PROPOSTA ALTERNATIVA PARA O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS.
Da mesma forma que existe a facilidade em ter um animal de estimação,
mais fácil ainda, é o seu descarte, estando eles abandonados à própria sorte. O
mais grave é que, enquanto o animal tinha um lar, a preocupação de seus donos
voltava-se, mais para os recursos estéticos, tais como laços, fitas, lenços, perfumes,
tosas personalizadas e coleções de roupas pet. Castrações e imunização de
doenças não passavam pela mente dos proprietários.112
Quando estes animais são abandonados nas ruas, seu novo lar, sofrem com
a saudade da família humana, do aconchego, do canto para dormir e amoldam-se
aos perigos urbanos. Dessa forma ficam expostos a todos os tipos de maus tratos,
sejam eles praticados pelo homem ou pela própria espécie quando, por exemplo,
houver disputas por alimentos ou por fêmeas, quando estas estão no período fértil e
a rivalidade entre os animais é estimulada.113
A sociedade se incomoda com o acúmulo de animais perambulando pelas
ruas e cobra ações que resultem na sua retirada de circulação. Essa atitude acaba
agravando a situação de ONGs e protetores independentes que se desdobram para
atender resgates ou denúncias.114
��������������������������������������������������������111 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Ação 1340703720128260000, 8ª Câmara de Direito Público,
Relator Des. Rubens Rihl, julgado em 0512/2012. Disponível em: <http://www.tjsp.jus.br/EGov/Processos/Consulta/Default.aspx?f=2>. Acesso em: 02 jun. 2013.
112 PORTO ALEGRE. Secretaria Especial dos Direitos Animais. Cão comunitário: uma alternativa de dignidade aos animais abandonados. [2013]. Disponível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ seda/default.php?reg=655&p_secao=32>. Acesso em: 02 jun. 2013.
113 Ibidem. 114 Ibidem.
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Contudo, existem outras soluções para essa questão que não seja
necessariamente a remoção dos animais de rua, são alternativas capazes de manter
os animais vivos, livres e com respeito aos seus direitos. Uma dessas possibilidades
é conhecida como “cão-comunitário” e trata-se de proposta baseada no bem-estar
animal, que tem como objetivo limitar o controle reprodutivo das espécies caninas e
felinas pertencentes ao Estado do Rio Grande do Sul, possuindo embasamento legal
na Lei Estadual nº 13.193/2009115.
Além de controlar a procriação dos animais de rua, a referida lei tem a
finalidade de impedir a prática da eutanásia como forma de controle da natalidade, e
assim definir um traçado para equilibrar a situação que estes animais se encontram.
Dessa forma, com embasamento no artigo 4º da Lei nº 13.193/2009, surge á figura
do “cão comunitário”:
Art. Art. 4° - O recolhimento de animais observará procedimentos protetores de manejo, de transporte e de averiguação da existência de proprietário, de responsável ou de cuidador em sua comunidade. § 1° - O animal reconhecido como comunitário será esterilizado, identificado, registrado e devolvido à comunidade de origem, salvo nas situações já previstas na presente Lei. § 2° - Para efeitos desta Lei, considera-se animal comunitário aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, ainda que não possua responsável único e definido. 116
Com isso, a partir do instante que a comunidade estabelecer um vínculo de
obediência e continuidade para com esse animal, este será caracterizado como “cão
voluntário” mesmo que exista a figura de um responsável próprio e fixo. Em outras
palavras, o animal terá um lar, porém será em um ambiente comum de uma rua,
sendo zelado, sustentado e mimado pela vizinhança.
O art. 1º da lei corrobora que ao poder público cabe fornecer a proteção
destes animais, com base em anti-helmínticos, vacinação, castração,
apadrinhamento, bem como promover campanhas com fim educacional,
conscientizando a população sobre a importância dessas medidas, quando diz:
Art. 1° - Ficam definidas as diretrizes a serem seg uidas por programas de controle reprodutivo de cães e gatos em situação de rua e medidas que
��������������������������������������������������������115 RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 13.193, de 30 de junho de 2009. Dispõe sobre o controle da
reprodução de cães e gatos de rua no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_ TodasNormas=52879&hTexto=&Hid_IDNorma=52879>. Acesso em: 13 jun. 2013.
116 Ibidem.
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visem à proteção desses animais, por meio de identificação, registro, esterilização cirúrgica, adoção e campanhas educacionais de conscientização pública da relevância de tais medidas. 117
Com essa lei fica convicto que o Estado do Rio Grande do Sul está
exercendo um papel incisivo no que tange a proteção e zelo pelos nossos animais,
considerados não humanos.
��������������������������������������������������������117 RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 13.193, de 30 de junho de 2009. Dispõe sobre o controle da
reprodução de cães e gatos de rua no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_ TodasNormas=52879&hTexto=&Hid_IDNorma=52879>. Acesso em: 13 jun. 2013.
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4 CONCLUSÃO
No decorrer do presente estudo constatou-se que, na atualidade, os
problemas relacionados às atitudes humanas, envolvendo a questão animal, na
procura pelo entendimento dos atos praticados com crueldade contra a fauna à luz
do nosso sistema jurídico, podemos concluir que o caminho e a hipótese adotada
nos permitiram resultados que possibilitaram uma relativa percepção dos infortúnios
identificados.
A partir do instante em que esmiuçamos historicamente a questão animal,
procuramos compreender a origem das relações concernentes entre humanos e a
fauna, observando-se que, desde os primórdios da civilização, constituiu-se uma
consistente relação entre ambos. Evidenciando assim, a clara participação que tanto
o homem quanto o animal manifestaram em relação à história da humanidade.
A história revelou que a crueldade contra os animais não é característica
somente do nosso tempo, e sim desde a Antiguidade, quando com base nos
esforços humanos para sobreviver, caçavam sem saber se ao acertar o alvo a presa
morreria.
No século XIX a figura de Charles Darwin associa-se á modernidade na
medicina científica, uma vez que com ele surge o método da vivissecção, resultando
no aumento do uso de animais pelos humanos.
Partindo deste contexto, iniciaram as primeiras manifestações dos protetores
da causa animal, contra a crueldade, criando-se também, as primeiras normas
regulamentadoras neste sentido. Logo, é desde o século XIX que a sociedade vem
acentuando a inquietação contra essas práticas cruéis, aditando números
expressivos capazes de formular leis que os protejam destas atrocidades.
Com isso, a partir do século XXI, o Brasil regulamentou em leis esparsas
que as atitudes humanas que barbarizavam a fauna de forma que dela não se teria
nada para conviver, assegurou em artigos, incisos e demais fontes que os animais
também possuem direito á vida.
Os animais não foram criados para serem utilizados de forma cruel, em
estudos científicos sendo que atualmente já existem recursos possíveis para que um
ser senciente não sofra ao participar de pesquisas com o intuito de salvar a vida
humana, uma vez que assim como uma aspirina pode aliviar a febre de um humano,
se aplicada em suínos pode tirar-lhes a vida.
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Somos humanos, e será que essa diferenciação não basta para que sejam
os animais descartados destas torturas? Será que, não bastaria utilizar seus corpos
falecidos ou qualquer outro método que não utilizasse mais estes seres, capazes de
sentir todas as dores ao longo dos procedimentos, mas incapazes de poder
manifestar tamanho sofrimento através da fala, como nós, humanos?
Vimos que a empresa Unilever, não adota desde o ano de 2004 o uso de
animais para testar os seus produtos. Então, indagamo-nos: para qual finalidade as
Universidades de Medicina Veterinária adotam esta crueldade, tendo em vista que já
é possível compreender e explicar aos alunos que a função do corpo humano é de
uma forma ou outra caso ocorra aquilo ou aquele outro?
Da mesma forma, crueldade significa o abandono destes animais em
rodovias em épocas de veraneio, bem como por já estarem velhos e não mais terem
a mesma disposição de quando eram filhotes; ou, incentivar a compra de animais
expostos em Pet Shop’s, Agropecuárias ou diretamente de particulares que apenas
visam o “ganho fácil e rápido” que os animais proporcionam, sem ao menos darem o
mínimo de dignidade de subsistência.
Vimos que animais são seres sencientes, isto é, sentem dor, tristeza e
alegria, sentimentos idênticos aos nossos. Então, quando você toma a iniciativa de
adotar ou comprar um animal a ação parte puramente de você e não do animal que
está trancafiado em uma gaiola. Ele não sabe como é a vida fora dali, você é quem
irá proporcionar á ele o prazer de estar vivo.
Porém, infelizmente não é o que estamos tendo conhecimento nos últimos
tempos, uma vez que animais são barbaramente agredidos e cruelmente
sacrificados por crianças, jovens, adultos e idosos.
Temos o mesmo desenvolvimento que eles, claro que com inúmeras
restrições adequadas a cada espécie, mas assim como nós eles são gerados,
amamentados, ativos quando iniciam o desenvolvimento natural da espécie,
concentrados conforme a idade e sensíveis ao passo que ficam velhos.
Descartar um animal seja com a desculpa que for é uma futilidade. Indaga-
se: Você descartaria seus pais assim que ficassem velhos? Descartaria seus filhos
recém-nascidos dentro de caixas de papelão, expostos ao sol, ou postos em sacos
de lixo jogados nos rios? Aquele que tiver o mínimo de amor ao próximo jamais faria
isto.
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Até mesmo as passagens bíblicas narram que os animais não foram feitos
para o serviço escravo ou consumo alimentício, muito menos para serem
sacrificados em rituais religiosos em “prol do seu nome”.
É necessário que os seres humanos tenham responsabilidades para com os
seus atos, façam da sua inteligência um escudo para transformar a humanidade,
retirando dos caminhos todos aqueles que praticam o mau contra os animais.
Imponham-se diante das autoridades e façam que a sua voz seja representada a
favor destes seres que somente necessitam de atenção e cuidado. Somente assim,
se poderá encontrar soluções mais próximas de uma convivência de paz e respeito
com todas as espécies.
Contudo, a evolução das políticas públicas voltadas aos Direitos dos Animais
tem um caminhar lento nos seus primeiros passos, assim como as Leis impostas
para aqueles que cometem estes crimes, mas, creia-se que seja firme e consciente
nas suas direções.
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REFERÊNCIAS
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ANEXO A – CASO “LOBO”
Cão da raça Rottweiller foi amarrado no carro de seu proprietário e arrastado
por quase 1 km.
Lobo, nome dado pelos veterinários que o cuidaram durante o procedimento
pré e pós – cirúrgico, acabou não resistindo e morreu dias após realizar a
amputação da pata.
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ANEXO B – CASO “JADE”
Cadela da raça Rottweiller foi queimada viva por um adolescente drogado.
Hoje, Jade vive sob a tutela do médico veterinário que a salvou.
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ANEXO C – CASO “TITÔ
Filhote, sem raça definida, foi enterrado vivo no pátio do seu proprietário.
Hoje, Titã vive sob atutela da médica veterinária que o salvou.
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ANEXO D – CASO “LANA”
Cadelinha da raça Yorkshire morta a pancadas e “baldadas” pela dona, na
frente da própria filha.
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ANEXO E – CASO “DALVA”
A mulher que assassinou cruelmente mais de 30 animais domésticos que
eram deixados pelos donos para serem cuidados ou doados.
Eram todos mortos com injeções letais aplicadas diretamente no coração,
sendo que em apenas um animal ela perfurou mais de 15 vezes para que chegasse
ao óbito.
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