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DETERMINANTES DE CORPORATE TAX PLANNING: O CASO PORTUGUÊS Ana Cristina Oliveira Praça Dissertação Mestrado em Contabilidade e Controlo de Gestão Orientado por Professor Doutor Júlio Martins 2018

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DETERMINANTES DE CORPORATE TAX PLANNING: O CASO PORTUGUÊS

Ana Cristina Oliveira Praça

Dissertação

Mestrado em Contabilidade e Controlo de Gestão

Orientado por

Professor Doutor Júlio Martins

2018

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MESTRADO

CONTABILIDADE E CONTROLO DE GESTÃO

Determinantes de Corporate Tax

Planning: O Caso Português

Ana Cristina Oliveira Praça

M 2018

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Nota Biográfica

Ana Cristina Oliveira Praça nasceu no dia 14 de abril de 1986 na cidade do Porto.

Licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, em

2008, ao abrigo do plano de estudo pré-Bolonha, com a média final de 15 valores.

Após a conclusão da licenciatura, no ano letivo de 2009/2010 frequentou e concluiu com

17 valores a Pós-Graduação em Fiscalidade no Instituto Superior de Administração e

Gestão.

Em 2008, iniciou a sua atividade profissional na área de consultoria fiscal, mais

concretamente na área de Corporate and International Tax Structuring, na PwC, onde

desempenha atualmente funções de tax manager. No ano letivo de 2015/2016, trabalhou

nos escritórios da PwC Malta no âmbito de um programa de secondment.

No ano letivo de 2014/2015 matriculou-se no Mestrado de Contabilidade e Controlo de

Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, tendo terminado a parte

curricular em 2017. A presente dissertação é apresentada no âmbito do referido Mestrado.

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Agradecimentos

A realização da presente investigação leva ao culminar de mais uma etapa na minha vida

académica, a conclusão do Mestrado.

Todo o trabalho desenvolvido durante a investigação exigiu uma gestão de tempo muito

cuidada por forma a compatibilizar a vida académica, profissional e pessoal, o que não teria

sido possível sem o apoio de todos aqueles que me são próximos.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Professor Júlio Martins que aceitou o desafio

de orientar este projeto de investigação, tendo as sugestões e críticas transmitidas sido

decisivas para a conclusão do presente trabalho.

Ao meu amigo Jorge, pela motivação, disponibilidade e apoio total dado em momentos

chave na elaboração da investigação.

Ao meu amigo e namorado Pedro (que quis o destino que conhecesse no Mestrado na fase

embrionária da investigação) por me incentivar a ir mais longe e pela confiança, apoio,

incentivo e motivação que sempre me transmitiu.

Aos meus pais e à minha irmã por estarem incondicionalmente sempre ao meu lado e por

me terem apoiado de forma excecional ao longo de todo o Mestrado, dedico-lhes, bem

como ao Pedro, a presente investigação.

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Resumo

A adoção de estratégias de tax planning é um tema que está na agenda dos gestores,

enquanto responsáveis pela tomada de decisões fiscais nas empresas, mas também na

agenda dos responsáveis pela (re)formulação da política fiscal a nível nacional e

internacional.

A presente investigação analisa as determinantes da taxa de tributação efetiva (medida

utilizada na literatura como proxy da adoção de comportamentos de tax planning) nas

empresas portuguesas no período de 2012 a 2016. Tendo em consideração a reforma do

CIRC ocorrida em 2014, a presente investigação analisa ainda o impacto da referida

reforma na taxa de tributação efetiva e nas determinantes em estudo.

Para efeitos de investigação, selecionou-se uma amostra de empresas portuguesas não

financeiras. O modelo econométrico foi estimado com duas medidas diferentes da taxa de

tributação efetiva utilizando dados em painel com Pooled OLS.

Os resultados da investigação sugerem que a taxa de tributação efetiva suportada pelas

empresas em Portugal está associada a muitas características específicas da própria empresa,

incluindo a dimensão da empresa, a estrutura de capital, a intensidade de ativos não

correntes, a utilização de benefícios fiscais e a rentabilidade da atividade. Os resultados

sugerem igualmente que a reforma do CIRC de 2014 conduziu a uma redução na taxa de

tributação efetiva e teve impacto em algumas determinantes em análise.

Uma vez que a literatura sobre as determinantes de tax planning em países da União

Europeia é relativamente escassa, a presente investigação contribui para aumentar o nível

de conhecimento na área, por referência a empresas portuguesas. A investigação assume-se

de natureza inovadora, sendo o tema da investigação bastante atual por abranger o impacto

da reforma do CIRC ocorrida em 2014.

Palavras chave: Tax planning, Taxa de tributação efetiva, Reforma do CIRC

Códigos JEL: H26, K34

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Abstract

The adoption of tax planning strategies is a topic on the agenda of managers, who are

responsible for the tax decisions at the company level, as well as on the agenda of national

and international policymakers.

This research examines the determinants of corporate effective tax rate (measure

considered in the literature as a proxy of adoption of tax planning behaviors) in Portuguese

companies over the period 2012-2016. Considering the corporate income tax reform of

2014, this research also examines the impact of the referred reform on the effective tax rate

as well as on the determinants under analysis.

For research purposes, a sample of non-financial Portuguese firms was selected. The

econometric model was estimated with two different effective tax rates measures by using

panel data with Pooled OLS.

The results of the research show that corporate effective tax rates in Portugal are associated

with several firm-specific characteristics, including firm size, capital structure, non-current

assets intensity, use of tax benefits and business profitability. The results also indicate that

the Portuguese corporate income tax reform of 2014 led to a reduction of the effective tax

rate and had an impact on some of the determinants under analysis.

As the literature about tax planning determinants in European Union countries is relatively

scarce, this research contributes to increase the knowledge level in this field with reference

to Portuguese companies. This research has an innovative nature, being the research topic

very timely as it covers the impact of the corporate income tax reform of 2014.

Keywords: Tax planning, Effective tax rate, Corporate income tax reform

JEL code: H26, K34

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Índice

Nota Biográfica ................................................................................................................................ i

Agradecimentos............................................................................................................................... ii

Resumo ............................................................................................................................................. iii

Abstract ............................................................................................................................................. iv

Abreviaturas ................................................................................................................................... viii

1. Introdução ................................................................................................................................. 1

1.1 Enquadramento Geral ............................................................................................................ 1

1.2 Objetivos .................................................................................................................................. 2

1.3 Motivações ................................................................................................................................ 2

1.4 Metodologia .............................................................................................................................. 3

1.5 Estrutura do Trabalho ............................................................................................................ 3

2. Revisão de Literatura ................................................................................................................ 4

2.1 Tax Planning: Perspetiva Internacional e Nacional.............................................................. 4

2.2 Determinantes de Tax Planning .............................................................................................. 7

2.2.1 Características da Própria Empresa ............................................................................... 7

2.2.1.1 Dimensão das Empresas .......................................................................................... 7

2.2.1.2 Estrutura de Capital................................................................................................... 9

2.2.1.3 Composição do Ativo e Benefícios Fiscais .......................................................... 10

2.2.1.4 Rentabilidade do Negócio ...................................................................................... 11

2.2.2 Outras Determinantes.................................................................................................... 12

2.2.2.1 Corporate Governance .................................................................................................. 12

2.2.2.2 Taxa Nominal de Tributação ................................................................................. 14

2.2.2.3 Valorização dos Departamentos Fiscais ............................................................... 14

2.2.2.4 Complexidade da Lei Fiscal ................................................................................... 15

2.2.2.5 Preocupações de Índole Reputacional .................................................................. 15

2.2.2.6 Probabilidade de Deteção e Penalidades Associadas ......................................... 16

2.3 Medidas de Tax Planning ....................................................................................................... 17

2.3.1 Fontes de Informação .................................................................................................... 17

2.3.2 Taxa de Tributação ......................................................................................................... 18

2.3.3 Medida de Taxa de Tributação Efetiva ....................................................................... 18

3. Hipóteses e Metodologia de Investigação ........................................................................ 19

3.1 Hipóteses de Investigação .................................................................................................... 19

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3.2 Escolha da Metodologia ....................................................................................................... 22

3.3 Definição de Variáveis .......................................................................................................... 23

3.3.1 Variável Dependente – Taxa de Tributação Efetiva ................................................. 24

3.3.2 Variáveis Explicativas – Determinantes da Taxa de Tributação Efetiva ............... 25

3.4 Definição do Modelo ............................................................................................................ 27

4. Seleção da Amostra e Estatísticas Descritivas ................................................................. 28

4.1 Seleção de Dados ................................................................................................................... 28

4.2 Estatísticas Descritivas.......................................................................................................... 30

5. Resultados .................................................................................................................................. 32

5.1 Resultados da Regressão ....................................................................................................... 32

5.2 Testes de Robustez ................................................................................................................ 37

5.2.1 Inclusão do Ano de 2014 no Período de Observações ............................................ 37

5.2.2 Análise Isolada Antes e Após a Reforma do CIRC ................................................... 37

5.3.3 Influência do Sector de Atividade ................................................................................ 38

5.3.4 Influência da Região ....................................................................................................... 38

5.3.5 Dados em Painel com Efeitos Fixos ........................................................................... 39

6. Conclusões ................................................................................................................................. 40

Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 42

Anexos .............................................................................................................................................. 52

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Impacto da determinante da dimensão das empresas na taxa de tributação efetiva

.............................................................................................................................................................. 8

Tabela 2 - Definição das variáveis explicativas ........................................................................... 25

Tabela 3 - Processo de seleção da amostra .................................................................................. 28

Tabela 4 - Estatísticas descritivas das variáveis dependentes e explicativas ............................ 30

Tabela 5 - Resultados do modelo de regressão para ETR1 e ETR2 ........................................ 32

Tabela 6 - Síntese dos resultados das hipóteses de investigação .............................................. 36

Índice de Anexos

Anexo A - Benefícios em sede de IRC ......................................................................................... 52

Anexo B - Benefícios de Dedução ao Rendimento .................................................................... 53

Anexo C - Benefícios de Dedução à Coleta ................................................................................ 55

Anexo D - Teste de Hausman ....................................................................................................... 57

Anexo E - Matriz de Correlação de Pearson ............................................................................... 58

Anexo F - Inclusão do Ano de 2014 no Período de Observações .......................................... 59

Anexo G - Análise Isolada Antes e Após a reforma do CIRC ............................................... 60

Anexo H - Influência do Sector de Atividade ............................................................................. 61

Anexo I - Influência da Região ...................................................................................................... 62

Anexo J - Dados em Painel com Efeitos Fixos ......................................................................... 63

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Abreviaturas

AT – Autoridade Tributária e Aduaneira

CAE – Classificação das Atividades Económicas

CFEI – Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento

CFI – Código Fiscal do Investimento

CINM – Centro Internacional de Negócios da Madeira

CIRC – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

CSC – Código das Sociedades Comerciais

EBF – Estatuto dos Benefícios Fiscais

IRC – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

SABI – Sistema de Análise de Balanços Ibéricos

SIFIDE – Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial

RFAI – Regime Fiscal de Apoio ao Investimento

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1. Introdução

1.1 Enquadramento Geral

A legislação fiscal é caracterizada por um elevado nível de complexidade e ambiguidade,

tendo a evidência empírica demonstrado que a adoção de práticas de tax planning é um

comportamento generalizado em muitos sistemas fiscais (Weisbach, 2002).

A ausência de rigor terminológico na definição e identificação de medidas de práticas de

tax planning é identificada na literatura como o grande obstáculo, e simultaneamente

motivo impulsionador, de investigação nesta área (Hanlon & Heitzman, 2010).

Na presente investigação considera-se que a adoção de práticas de tax planning decorre da

flexibilidade existente no normativo fiscal vigente que possibilita aos gestores a adoção de

enquadramentos fiscais que permitem a minimização da carga tributária pois, não é

expectável que alguém que, com base na legislação fiscal, tenha a possibilidade de pagar

menos impostos, tome a opção de acolher o tratamento fiscal que tenha subjacente uma

maior onerosidade (Pinto, 2009).

Contudo, num contexto de euforia pelos direitos dos cidadãos e empresas, nos países em

que a arrecadação da receita fiscal constitui a principal fonte de receitas do Estado, como é

o caso de Portugal, existe o dever fundamental de os cidadãos e empresas pagarem os seus

impostos (Nabais, 2005).

Assim, atendendo ao duplo lado da moeda, a deteção da adoção de práticas de tax planning

é identificada como um dos temas mais desafiantes da nossa geração, dado que a adoção de

tais práticas pelas empresas representa uma perda de receita fiscal bastante significativa em

muitas geografias (Hundal, 2011).

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1.2 Objetivos

Com carácter inovador, a presente investigação pretende analisar o impacto das

determinantes da taxa de tributação efetiva (medida utilizada na literatura internacional

como proxy da adoção de comportamentos de tax planning) nas empresas residentes para

efeitos fiscais em Portugal Continental no período de 2012 a 2016.

Adicionalmente, tendo em consideração a reforma do CIRC ocorrida em 2014, a

investigação pretende analisar se as alterações da referida reforma tiveram impacto na taxa

de tributação efetiva e se modificaram a relação entre as determinantes em análise e a

própria taxa de tributação efetiva.

1.3 Motivações

A identificação de fatores que influenciam a adoção de práticas de tax planning é um tema

de especial interesse para acionistas e investidores, mas também, um tema de interesse

público, importante para efeitos de (re)formulação da política fiscal (Huseynov, Sardarli, &

Zhang, 2017).

Assim, as conclusões da presente investigação são relevantes, não só de um ponto de vista

académico, mas também de um ponto de vista de interesse público e generalizado para

todos os potenciais utilizadores da informação relativa à adoção de práticas de tax planning.

Em particular na perspetiva da AT, as conclusões do estudo são importantes para efeitos

de (re)formulação de política fiscal e de procedimentos a adotar no âmbito de inspeções

fiscais.

Uma motivação adicional prende-se com o carácter inovador da investigação por referência

às empresas portuguesas pois, os estudos empíricos sobre determinantes de tax planning,

além de serem relativamente recentes, são maioritariamente realizados por referência a

empresas dos EUA. O carácter inovador do estudo é acentuado pelo facto de a

investigação abranger períodos pré e pós reforma do CIRC ocorrida em 2014, o que

permite avaliar o impacto da reforma na taxa de tributação efetiva.

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1.4 Metodologia

A investigação desenvolvida teve como base a investigação realizada por Richardson e

Lanis (2007) às determinantes da taxa de tributação efetiva na Austrália e ao impacto da

reforma do CIRC ocorrida no ano 2000 nas referidas determinantes.

À semelhança de Richardson e Lanis (2007), na presente investigação utilizam-se dois

modelos de regressão linear múltipla, sendo que os modelos diferem na variável

dependente considerada (ETR1 e ETR 2). A ETR1 é definida como o rácio do imposto

total pelo resultado antes de imposto e a ETR2 é definida como o rácio do imposto total

pelo cash flow operacional.

Do mesmo modo, tal como o procedimento adotado por Richardson e Lanis (2007), os

modelos foram estimados com recurso a dados em painel com Pooled OLS.

A investigação realizada abrange as empresas residentes para efeitos fiscais em Portugal

Continental no período de 2012 a 2016, tendo os dados sido recolhidos da base de dados

SABI.

1.5 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:

No capítulo 2 apresenta-se a revisão de literatura sobre o sentido e alcance da adoção de

práticas de tax planning numa perspetiva internacional e nacional. Procede-se igualmente ao

enquadramento teórico sobre as principais determinantes de tax planning, com especial

destaque para as determinantes que têm por base as características da própria empresa.

O capítulo 3 descreve as hipóteses e metodologia de investigação, variáveis dependentes,

variáveis explicativas e modelo econométrico considerado.

O capítulo 4 apresenta o processo de recolha de dados, seleção da amostra e respetivas

características, sendo os resultados empíricos da investigação discutidos no capítulo 5.

No capítulo 6 apresenta-se as principais conclusões, contribuições e limitações da

investigação efetuada, bem como algumas sugestões para investigações futuras.

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2. Revisão de Literatura

2.1 Tax Planning: Perspetiva Internacional e Nacional

Na literatura internacional, a adoção de comportamentos que visam a redução da taxa

efetiva de tributação acolhe diferentes designações, entre as quais, tax avoidance, tax planning,

tax management, tax aggressiveness, tax selfishness e tax evasion, não existindo uma definição clara

e universalmente aceite de tais comportamentos.

Tax avoidance é definido de forma abrangente como a adoção de práticas que permitem

reduzir a taxa efetiva de imposto durante um determinado período em total conformidade

com a lei fiscal ou em resultado de situações em que a legislação permite acolher

tratamentos mais favoráveis, ainda que alicerçados em algum grau de incerteza (Dyreng,

Hanlon, & Maydew, 2008). A adoção de práticas de tax avoidance está normalmente

associada à adoção de práticas legais de tax planning, por oposição à adoção de práticas

ilegais de tax evasion (Friese, Link, & Mayer, 2008; Weisbach, 2002) que, se detetadas, estão

sujeitas a sanções civis ou criminais (Crocker & Slemrod, 2005).

A adoção de práticas de tax planning é um conceito abrangente que abarca atividades com

diferentes níveis de graduação, nomeadamente atividades em total conformidade com a

legislação fiscal, atividades que envolvem níveis intermédios de práticas aceitáveis de tax

avoidance e atividades em desrespeito pela lei vigente (Wahab & Holland, 2012).

De um ponto de vista prático, na maior parte das situações, a determinação de forma clara

e inequívoca da (i)legalidade dos comportamentos adotados não é imediata (Weisbach,

2002). O elevado nível de complexidade e ambiguidade da legislação fiscal, associado a um

sistema de autoliquidação, justificam a adoção de enquadramentos tributários distintos

para situações similares, dependendo da interpretação dada à lei fiscal (Friese et al., 2008).

Se tax avoidance representasse um ato contínuo de situações não tributadas com base na

legislação ou em total desrespeito por esta, então uma atividade de tax planning poderia

encontrar-se em qualquer ponto desse ato contínuo (Blouin, 2014; Hanlon & Heitzman,

2010). De um ponto de vista prático, a avaliação da localização no ato contínuo do nível

de agressividade fiscal adotado é subjetiva e percecionada de forma diferente de pessoa

para pessoa (Hanlon & Heitzman, 2010). Nesta linha de interpretação, Blouin (2014)

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verificou que os investigadores que defendem que a interpretação do elemento literal das

normas deverá prevalecer sobre o elemento teleológico (espírito da norma), tendem a

considerar um maior número de comportamentos como resultado da adoção de práticas

de tax planning. Contudo, nas situações em que o espírito da norma permite a adoção de

um determinado enquadramento fiscal, ainda que o mesmo não tenha acolhimento no

elemento literal, o contribuinte não terá a obrigação de interpretar a lei da forma mais

benéfica para a AT, sendo responsabilidade dos gestores para com os acionistas a

interpretação da legislação da forma mais benéfica para a empresa (Blouin, 2014).

Tax management é comummente considerado na literatura como a adoção de práticas para

diminuir os impostos quando sejam identificadas oportunidades na legislação (Minnick &

Noga, 2010). Tax management associa-se, assim, à exploração de situações com

enquadramentos tributários não claramente previstos no normativo fiscal, o que permite às

empresas acolherem, com base na legislação, o tratamento que se revele fiscalmente mais

eficiente (Tang, 2005). Goncharov e Zimmermann (2006) adotam uma interpretação mais

abrangente de tax management, admitindo que tais práticas poderão resultar da adoção de

práticas legais (tax avoidance) e ilegais (tax evasion).

Tax agressiveness é definido na literatura de forma abrangente como a adoção de esquemas

ou operações efetuadas com o propósito principal de evitar impostos (Braithwaite, 2005;

Lanis & Richardson, 2012), podendo abranger diversas situações, desde transações

efetuadas com o intuito de criar prejuízos fiscais, excluir rendimentos de tributação ou

diferir a tributação para anos futuros, a situações de conversão da natureza de alguns

rendimentos em rendimentos tributáveis a taxas inferiores (Braithwaite, 2005).

Slemrod (2004), utilizou a terminologia “tax selfishness” com o objetivo de evitar fazer a

distinção técnica entre a adoção de práticas de gestão fiscal legalmente permitidas da

adoção de práticas associadas a evasão fiscal e, bem assim, sensibilizar a responsabilidade

social da empresa quando atua em benefício próprio (“self”).

Em Portugal, à semelhança da legislação internacional, o sentido e alcance das expressões

“planeamento fiscal” e “evasão fiscal” reflete a falta de rigor terminológico de tais práticas,

sendo a noção de “evasão fiscal” de conteúdo extremamente vago e multifacetado

(Campos, 1999). A nível nacional, é comum fazer-se a distinção entre planeamento fiscal

legítimo (intra legem), planeamento fiscal ilegítimo (extra legem) e fraude fiscal (contra legem).

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Acolhendo a definição de Sanches (2006, p.21):

“O planeamento fiscal (legítimo) consiste numa técnica de redução da carga fiscal pela qual o

sujeito passivo renuncia a um certo comportamento por este estar ligado a uma obrigação tributária

ou escolhe, entre várias soluções que lhe são proporcionadas pelo ordenamento jurídico, aquela que,

por ação intencional, ou omissão do legislador fiscal, está acompanhada de menos encargos fiscais”.

Num nível de intensidade superior, o planeamento fiscal ilegítimo consiste na adoção de

comportamentos em que a redução da carga fiscal se revela indevida, por contrariar

princípios ou regras do ordenamento jurídico-tributário (Sanches, 2006), caracterizando-se

a fraude fiscal pela prática de atos ilícitos contrários à lei fiscal (contra legem).

Na medida em que cabe ao sujeito passivo, prima facie, a interpretação e aplicação da

legislação, a gestão da carga tributária e do respetivo risco fiscal implica a previsão da carga

fiscal a que o sujeito passivo vai estar sujeito (Sanches, 2006), sendo a diminuição do

imposto a pagar de acordo com a lei existente na altura da prática do facto tributário um

direito fundamental dos contribuintes (Campos, 1999; Pinto, 2009; Sanches, 2006) ao qual

está associado o dever fundamental de pagamento de impostos (Nabais, 2005).

À semelhança do que se verifica a nível internacional, o significado das terminologias

utilizadas na doutrina e jurisprudência portuguesa diverge de autor para autor, pelo que

deverá ter-se em consideração o sentido e alcance da terminologia utilizada caso a caso.

Na presente investigação, para evitar discussões de semântica, irá adotar-se a expressão

“tax planning” como decorrente da flexibilidade existente no normativo fiscal vigente que

possibilita aos gestores a adoção de enquadramentos fiscais que permitem a minimização

da carga tributária tendo por base o normativo fiscal em vigor. Desta forma, entende-se

que tais práticas não têm inerente a adoção de comportamentos violadores das regras

fiscais associados a comportamentos de fraude fiscal.

Adicionalmente, a investigação centra-se nas determinantes de tax planning na área de

corporate direct tax (“IRC”). A referência ao longo da investigação a “impostos” e “taxa de

tributação efetiva” respeita a impostos sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC).

Tendo por base as conclusões evidenciadas no estudo de Hanlon e Heitzman (2010), o

enfoque da investigação encontra-se em linha com a maior parte das investigações da área.

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2.2 Determinantes de Tax Planning

A adoção de práticas de tax planning é determinada por um conjunto de fatores e

interações, envoltos em alguma complexidade e obscurecimento para prevenir a respetiva

deteção (Desai & Dharmapala, 2008).

A literatura internacional analisa a taxa de tributação efetiva como medida de tax planning

(Mills, Erickson, & Maydew, 1998; Phillips, 2003), sendo a doutrina sobre a influência dos

vários fatores com impacto na taxa de tributação efetiva relativamente extensa. As

características da própria empresa assumem um papel crucial enquanto determinantes da

taxa de tributação efetiva, sendo de realçar o impacto da dimensão das empresas, estrutura

de capital, composição dos ativos e créditos fiscais e, bem assim, da rentabilidade do

negócio.

2.2.1 Características da Própria Empresa

2.2.1.1 Dimensão das Empresas

A literatura internacional identifica a dimensão das empresas como determinante da taxa

de tributação efetiva, não sendo, contudo, consensual o sentido da influência (positiva ou

negativa) da relação.

De acordo com a teoria do poder político, Siegfried (1973) defende que empresas de

maior dimensão terão taxas de tributação efetiva menores por, desde logo, terem maior

número de recursos que permitem influenciar o processo político de modo a tirarem

vantagem do mesmo e, bem assim, terem condições mais favoráveis à contratação de

especialistas fiscais. Esta realidade favorece a adoção de práticas de tax planning e a

realização de operações com vista à maximização da eficiência fiscal.

Por outro lado, as empresas de maior dimensão estão, ceteris paribus, sujeitas a maior

pressão política (Jensen & Meckling, 1976). Assim, de acordo com a teoria do custo

político, as empresas de maior dimensão e mais rentáveis têm maior visibilidade e

escrutínio público, estando sujeitas a maior regulação por parte do governo (Watts &

Zimmerman, 1986). Sendo os impostos parte integrante dos custos políticos suportados

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pelas grandes empresas, será de esperar que as empresas de maior dimensão apresentam

taxas de tributação efetiva superiores (Zimmerman, 1983; Rego, 2003).

Estas duas perspetivas (teoria do poder político e teoria do custo político) estiveram na

base de diversas investigações realizadas ao longo dos anos, as quais apresentaram

resultados distintos, conforme sistematizados na tabela 1.

Tabela 1 – Impacto da dimensão das empresas na taxa de tributação efe tiva

A inconsistência nos resultados obtidos nas diferentes investigações poderá ser justificada,

nomeadamente, pela utilização de diferentes variáveis de análise de investigação para

investigação, tais como diferentes geografias e períodos de análise (Belz, Hagen, &

Steffens, 2018; Fernández-Rodríguez & Martínez-Arias, 2014) e, bem assim, diferentes

proxies da taxa de tributação efetiva e dimensão das empresas (Belz et al., 2018; Gupta &

Newberry, 1997; Wilkie & Limberg, 1993).

Atendendo aos resultados obtidos nas investigações realizadas anteriormente, em linha

com a corrente doutrinária dominante, será de esperar que a dimensão das empresas

influencie a taxa efetiva de IRC, não sendo, contudo, unânime o sentido de tal influência.

Relação entre dimensão da empresa e taxa de tributação efetiva Autores

Relação positiva entre as variáveis - conclusões consistentes com a

teoria do custo político

Noor, Fadzillah, & Mastuki, 2010; Kraft, 2014; Omer et al ., 1993; Pérez, Serer, &

Liopis, 2005; Plesko, 2003; Rego, 2003; Vieira, 2013; Wang, 1991; Zimmerman, 1983

Relação negativa entre as variáveis - conclusões consistentes com a

teoria do poder político

Chen, Chen, Cheng & Shevlin, 2010; Derashid & Zhang, 2003; Dyreng et al ., 2008;

Harris & Feeny, 2003; Janssen, 2005; Kim & Limpaphayom, 1998; Porcano, 1986;

Richardson & Lanis, 2007; Siegfried, 1973

Identificação de relação não linear entre as variáveis - relação positiva

até determinado nível de dimensão da empresa e relação negativa a

partir de determinado momento

Delgado, Fernández-Rodríguez, & Martínez-Arias, 2012; Fernández-Rodríguez &

Martínez-Arias, 2011

Identificação de associações positivas e negativas entre as variáveis,

dependendo da atividade das empresasHolland, 1998

Não identificação de relação entre as variáveisFeeny, Gillman, & Harris, 2006; Fernández Rodríguez, 2004; Lazãr, 2014; Liu &

Cao, 2007; Stickney & McGee, 1982; Wilkinson, Cahan, & Jones, 2001

Não identificação de associação entre as variáveis quando se analisa a

relação ao longo do tempoGupta & Newberry, 1997

Fonte: Elaboração própria

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9

2.2.1.2 Estrutura de Capital

A influência da estrutura de financiamento com recursos a capitais próprios ou a dívida é

um fator com impacto, direto e indireto, na taxa de tributação efetiva pois a remuneração

de capitais alheios e capitais próprios apresenta, tradicionalmente, diferente tratamento

fiscal.

Normalmente, a dedutibilidade para efeitos fiscais associada a juros, enquanto

componente de remuneração de financiamento com recurso a capitais alheios (Ribeiro,

Cerqueira, & Brandão, 2015) encontra-se vedada à remuneração de fonte de financiamento

com recurso a capitais próprios (“dividendos”).

Adicionalmente, e em linha com a teoria da agência, a decisão de recurso a capitais alheios

(dívida) como fonte de financiamento poderá contribuir para alinhar o interesse entre

gestores e acionistas. Por norma, os gestores com níveis mais elevados de dívida

(associado, normalmente, ao cumprimento de covenants bancários) estão, ceteris paribus,

sujeitos a maior disciplina financeira, permitindo, assim, antecipar que as empresas mais

endividadas terão taxas de tributação efetiva inferiores (Kraft, 2014).

Neste sentido, será expetável que as empresas com um nível de endividamento superior

apresentem taxas de tributação efetiva inferiores (Fernández-Rodríguez, 2004; Gupta &

Newberry, 1997; Kraft, 2014; Liu & Cao, 2007; Noor et al., 2010; Pérez et al., 2005; Plesko,

2003; Richardson & Lanis, 2007; Stickney & McGee, 1982).

Wilkinson et al. (2001) não encontraram nenhuma relação significativa entre o nível de

endividamento e a taxa de tributação efetiva.

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10

2.2.1.3 Composição do Ativo e Benefícios Fiscais

A predominância de ativos não correntes poderá ter impacto na taxa de tributação efetiva,

desde logo, pelo facto de os ativos não correntes serem, em regra, depreciáveis para

efeitos fiscais e, não raras as vezes, terem associados benefícios fiscais.

Assim, será expectável que empresas com mais capital intensivo e maior peso relativo de

depreciações apresentem taxas de tributação efetivas inferiores (Chen et al., 2010; Derashid

& Zhang, 2003; Fernández-Rodríguez & Martínez-Arias, 2014; Gupta & Newberry, 1997;

Janssen, 2005; Noor et al., 2010; Pérez et al., 2005; Richardson & Lanis, 2007; Stickney &

McGee, 1982).

Do mesmo modo, nas empresas com nível de inventários mais intensivo (ativos não

depreciáveis) será de esperar uma relação positiva entre o nível de inventários e a taxa de

tributação efetiva (Fernández-Rodríguez & Martínez-Arias, 2014; Gupta & Newberry,

1997; Richardson & Lanis, 2007; Zimmerman, 1983).

Os resultados acima não são, contudo, unânimes na literatura. Fernández-Rodríguez

(2004) e Liu e Cao (2007) não encontraram qualquer relação entre as variáveis. Por outro

lado, Adhikari, Derashid, & Zhang, (2006) e Derashid e Zhang (2003) não corroboraram

os resultados relativos à relação entre o nível de inventários e a taxa de tributação efetiva.

As exigências do sector de atividade têm um papel decisivo na composição dos ativos

necessários ao desenvolvimento do negócio, pelo que o impacto da composição dos ativos

na taxa de tributação efetiva irá depender, prima facie, do peso relativo dos ativos não

correntes e correntes que a atividade exige (Delgado et al., 2014; Fernández-Rodríguez &

Martínez-Arias, 2014).

Noor et al. (2010) detetaram diferenças na taxa de tributação efetiva entre empresas de

diferentes sectores, o que poderá ser justificado pelo facto de alguns sectores de atividade

utilizarem um maior número de benefícios fiscais. Em particular, a realização de atividades

de investigação e desenvolvimento está, normalmente, associada à atribuição de benefícios

fiscais (Berger, 1993), pelo que as empresas com atividades de investigação e

desenvolvimento tendem a apresentar taxas de tributação efetiva inferiores (Gupta &

Newberry, 1997; Richardson & Lanis, 2007), sendo, assim, de esperar uma relação

negativa entre a utilização de benefícios fiscais e a taxa de tributação efetiva.

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2.2.1.4 Rentabilidade do Negócio

A evidência empírica demonstra que empresas com melhores resultados (resultados antes

de impostos) apresentam maior carga tributária (Armstrong, Blouin, & Larcker, 2012;

Chen et al., 2010; Fernández-Rodríguez, 2004; Gupta & Newberry, 1997; Liu & Cao, 2007;

Minnick & Noga, 2010; Pérez et al., 2005; Plesko, 2003; Richardson & Lanis, 2007; Stickney

& McGee, 1982; Wilkie & Limberg, 1993), podendo, tal relação não ser sempre

identificável devido, nomeadamente, à utilização de benefícios fiscais por empresas mais

lucrativas (Derashid & Zhang, 2003; Noor et al., 2010).

As empresas com melhores resultados poderão ainda apresentar taxas de tributação efetiva

menores devido a outros fatores com impacto na taxa efetiva de IRC, tais como exclusão

de tributação de alguns rendimentos obtidos e/ou possibilidade de deduções acrescidas

com impacto no apuramento do lucro tributável. Assim, empresas com maior dimensão

tendem a apresentar diferenças maiores em termos contabilísticos e fiscais uma vez que os

gestores poderão ter como objetivo a maximização do resultado contabilístico aliado à

minimização da taxa de tributação efetiva (Manzon & Plesko, 2001).

Em linha com o anteriormente referido, as empresas com melhores resultados (mais

lucrativas) têm, ceteris paribus, maiores incentivos, oportunidades e recursos disponíveis para

alocaram a atividades com enfoque na otimização fiscal, o que contribuiu para a redução da

taxa efetiva de IRC através da adoção de medidas de tax planning (Mahenthiran &

Kasipillai, 2012; Rego, 2003). As conclusões da investigação realizada por Derashid e

Zhang (2003) e Kraft (2014) suportam esta perspetiva.

Adicionalmente, a existência de prejuízos fiscais é também um fator com impacto na

determinação da taxa de tributação efetiva. Tendo por base o princípio da solidariedade

dos exercícios que, em traços gerais, permite a dedução de prejuízos fiscais em anos em

que seja apurado lucro tributável, o impacto do prejuízo fiscal tende a não se esgotar no

ano em que o prejuízo fiscal é apurado. Neste sentido, a existência de prejuízos fiscais

permite a redução da taxa de tributação efetiva em anos financeiros diferentes daquele em

que os prejuízos foram apurados (Fernández-Rodríguez & Martínez-Arias, 2014), o que

poderá permitir a diminuição da taxa de tributação efetiva em anos em que a empresa

apresenta melhores resultados.

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12

2.2.2 Outras Determinantes

As determinantes da adoção de práticas de tax planning não se esgotam nas características

da própria empresa, existindo literatura que analisa o impacto de outros fatores na

determinação da taxa de tributação efetiva apurada anualmente, tais como:

2.2.2.1 Corporate Governance

A literatura internacional demostra que as empresas com diferentes estruturas de

Governance adotam diferentes estratégias de gestão fiscal (Minnick & Noga, 2010).

Neste âmbito, Chen e Chu (2005), Crocker e Slemrod (2005) e Slemrod (2004) tiveram um

contributo inovador ao analisarem as práticas de gestão fiscal nas empresas detidas por

vários acionistas com base na perspetiva de custos de agência.

A adoção de práticas de tax planning em sociedades detidas por vários acionistas deverá ter

em consideração fatores adicionais relacionados com a separação do direito do acionista

do direito de gestão, o que pode levar à tomada de decisões que refletem o interesse

pessoal do gestor (Slemrod, 2004). Neste sentido, o impacto da perda de eficiência

associada à separação do poder de gestão e controlo do direito de propriedade (Chen &

Chu, 2005) não deverá ser negligenciado. O mesmo se verifica por referência ao impacto

das compensações atribuídas aos responsáveis pelas decisões de carácter fiscal (a título

indicativo, diretores financeiros e tax directors) e penalidades associadas ao não

cumprimento das respetivas obrigações fiscais (Crocker & Slemrod, 2005).

A literatura internacional normalmente analisa o impacto de Corporate Governance na adoção

de estratégias de tax planning, atendendo à composição e independência dos membros do

conselho de administração, remuneração dos executivos e estrutura acionista.

Relativamente à composição e independência dos membros do conselho de administração,

e ainda que a literatura não seja totalmente consensual, é comummente aceite que os

conselhos de administração mais pequenos e com presença de administradores

independentes contribuem para a melhoria da performance da empresa e aumento da riqueza

do acionista (Minnick & Noga, 2010).

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Por sua vez, a remuneração dos executivos é um mecanismo tradicionalmente utilizado

para mitigar problemas relacionados com o risco moral dos gestores (Morgan & Poulsen,

2001) e, bem assim, alinhar os interesses de acionistas e gestores (Ertugrul & Hegde, 2008;

Jensen & Meckling, 1976).

A literatura recente enfatiza o risco de os gestores inseridos em organizações com

governação relativamente fraca poderem adotar medidas de minimização da taxa efetiva

de IRC como um mecanismo de aumento da respetiva remuneração a curto prazo

(Yermack, 1997), o que pode não estar em linha com os objetivos pretendidos pelos

acionistas.

Ao nível da estrutura acionista, a literatura sugere que os padrões de composição desta

estrutura têm impacto na adoção de medidas de tax planning (Desai & Dharmapala, 2008).

Nas empresas com estrutura acionista familiar (tipicamente com uma estrutura de gestão

mais concentrada), os acionistas-gestores beneficiam de forma direta das poupanças fiscais

inerentes à adoção de práticas de tax planning, havendo, assim, maiores incentivos à adoção

de tais comportamentos (Chen et al., 2010). Por outro lado, os acionistas-gestores poderão

ter maior sensibilidade e preocupação com os impactos a longo prazo, nomeadamente em

termos reputacionais, que poderão advir da adoção de tais condutas (Chen et al., 2010).

Deste modo, normalmente, os benefícios e custos associados à adoção de práticas de tax

planning são superiores em estruturas acionistas familiares, sendo expectável que a estrutura

acionista influencie a taxa de tributação efetiva, embora não haja consenso na literatura no

sentido da relação (Annuar, Salihu, & Obid, 2014).

Por outro lado, a literatura demonstra que empresas cotadas adotam, ceteris paribus,

comportamentos de tax planning menos agressivos, devido essencialmente aos maiores

custos de natureza não fiscal associados à exposição e à pressão pública (Cloyd, Pratt, &

Stock, 1996; Mills & Newberry, 2001; Shackelford & Shevlin, 2001).

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2.2.2.2 Taxa Nominal de Tributação

Num paradigma em que a taxa nominal de tributação seja relativamente baixa, a evidência

empírica sugere que será esperado que o aumento da taxa nominal de tributação esteja

associado ao aumento da receita fiscal (Devereux, 2007). Contudo, a partir de um

determinado nível de tributação, as empresas terão incentivos a transferir resultados para

outras geografias (Devereux, 2007).

A adoção de práticas de tax planning aliada aos reduzidos incentivos a investir em

jurisdições com taxas de tributação elevadas poderão resultar na arrecadação de uma menor

receita fiscal por parte dos Governos. Verifica-se, assim, uma relação não linear entre a taxa

nominal de tributação e a arrecadação da receita fiscal (Clausing, 2007; Devereux, 2007;

Klassen & Shackelford, 1998).

Por outro lado, as empresas que se encontram sujeitas a taxas nominais de tributação

superiores tendem a registar mais ajustamentos extra contabilísticos para efeitos de

apuramento do resultado tributável (Chan & Mo, 2000). A literatura sugere que maiores

diferenças entre os resultados apurados para efeitos contabilísticos e fiscais são reflexo da

adoção de práticas de tax planning (Desai & Dharmapala, 2006; Frank, Lynch, & Rego,

2009; McGill & Outslay, 2004; Shevlin, 2002; Wilson, 2009;).

2.2.2.3 Valorização dos Departamentos Fiscais

Na década de 1990, algumas empresas começaram a valorizar o departamento fiscal como

um centro de lucro (Robinson, Sikes, & Weaver, 2010) por oposição à consideração

tradicional como um centro de custo para efeitos de apuramento do resultado.

Atendendo a este novo paradigma, Robinson et al. (2010) investigaram a relação entre a

decisão de valorização do departamento fiscal como um centro de lucro ou de custo e a

taxa de tributação efetiva suportada pelas empresas. Face às conclusões obtidas, verificou-

se que existe maior tendência de consideração do departamento fiscal como um centro

lucrativo em empresas com características de descentralização, coordenação entre

departamentos e oportunidades de otimização fiscal. Os autores encontraram ainda

evidência que as empresas que consideram o departamento fiscal como um centro lucrativo

apresentam taxas de tributação efetivas inferiores.

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2.2.2.4 Complexidade da Lei Fiscal

A literatura internacional identifica a complexidade e ambiguidade presente na redação da

legislação fiscal como uma determinante de tax planning, o que favorece a possibilidade de

adoção de entendimentos diferentes por parte da AT e das empresas (Friese et al., 2008;

Hanlon, Maydew, & Saavedra, 2017). Em particular, nas empresas com posturas menos

conservadoras em termos fiscais, perante a possibilidade de redução da carga fiscal, a

existência de alguma incerteza na interpretação da legislação fiscal poderá ser um elemento

incentivador da adoção de práticas de tax planning (Hanlon et. al., 2017).

2.2.2.5 Preocupações de Índole Reputacional

A literatura existente sugere que as empresas que adotam práticas de tax planning de forma

agressiva poderão ser rotuladas de socialmente irresponsáveis, o que poderá ter

repercussões negativas nos resultados apurados (Bankman, 2004).

Ainda assim, as consequências de índole reputacional só serão uma realidade para as

empresas que sejam publicamente identificadas como envolvidas em práticas de tax

planning, não sendo o impacto da adoção de tais práticas, mesmo nesta situação, passível de

observação de forma direta nas demonstrações financeiras (McGill & Outslay, 2004). O

mesmo se verifica relativamente ao impacto da não adoção de práticas de tax planning por

preocupações reputacionais (Graham, Hanlon, Shevlin, & Shroff, 2013).

Atendendo às dificuldades e escassez de informação pública que permita analisar o impacto

de preocupações de índole reputacional na adoção de práticas de tax planning, Graham et al.

(2013) realizaram um inquérito a executivos de 600 empresas para investigar os incentivos e

desincentivos à adoção de tais práticas. As conclusões da investigação realizada permitiram

constatar que a reputação é um fator determinante na adoção (ou não adoção) de práticas

de tax planning, tendo cerca de 70% dos executivos qualificado como “importante” ou

“muito importante” as preocupações de índole reputacional na decisão de não adoção de

tais comportamentos.

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2.2.2.6 Probabilidade de Deteção e Penalidades Associadas

Além das motivações intrínsecas, que variam de indivíduo para indivíduo, o cumprimento

das obrigações fiscais está dependente, entre outros fatores, da taxa de tributação,

probabilidade de deteção, penalidades associadas ao não cumprimento das respetivas

obrigações e aversão ao risco do sujeito passivo (Allingham & Sandmo, 1972), sendo,

muitos destes fatores aplicáveis igualmente a nível empresarial (Hanlon & Heitzman, 2010).

A literatura sugere que quanto maior for a probabilidade de deteção e as penalidades

associadas a práticas de tax planning, ceteris paribus, menor será a probabilidade de adoção de

tais práticas, sendo a discrepância entre os resultados contabilísticos e fiscais um indício da

adoção das mesmas (Kim, Li, & Zhang, 2011; Lee & Swenson, 2008) em situações em que,

por definição, o tratamento fiscal difere do contabilístico (Mills, 1998; Wilson, 2009).

Mills (1998) verificou que as empresas com maior expressividade de ajustamentos fiscais

na declaração fiscal de rendimentos e maior expressividade de impostos diferidos nas

demonstrações financeiras têm maior probabilidade de serem inspecionadas pela AT e de

terem mais correções propostas em sede de inspeção. Por sua vez, Wilson (2009) detetou

que empresas acusadas de estarem envolvidas em práticas de tax planning apresentam

maiores diferenças entre o resultado contabilístico e fiscal.

No mesmo sentido, na investigação realizada por Lee e Swenson (2008) concluiu-se que

determinadas empresas têm maior probabilidade de serem inspecionadas pela AT,

nomeadamente, empresas com maior nível de volume de negócios e, consequentemente,

com níveis de materialidade de auditoria superiores e, bem assim, empresas situadas em

países com elevados níveis de desenvolvimento, tais como estados membros da OCDE.

Um outro indicador de tax planning poderia basear-se no peso relativo das provisões para

impostos. Contudo, a literatura demonstra que, nem sempre, tais práticas encontram

reflexo nas demonstrações financeiras, mesmo em situações em que as provisões para

impostos poderiam assumir valores materialmente relevantes (Gleason & Mills, 2002).

No que respeita à aplicação de penalidades, Crocker e Slemrod (2005) constataram que,

perante a adoção de práticas de gestão fiscal ilegais, a aplicação de penalidades ao

responsável pela tomada das decisões fiscais revela-se mais efetiva na redução de tais

práticas (ilegais) de gestão fiscal face à imposição de penalidades ao nível dos acionistas.

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2.3 Medidas de Tax Planning

2.3.1 Fontes de Informação

O IRC do período de tributação é anualmente apurado pelas empresas nas declarações

fiscais de rendimentos. Em termos contabilísticos (IAS 12 e NCRF 25), o gasto

(rendimento) de impostos correspondente ao gasto (rendimento) corrente de impostos e

ao gasto (rendimento) de impostos diferidos, decorrentes da existência de diferenças

temporárias entre o tratamento contabilístico e fiscal, é reconhecido nas demonstrações

financeiras. Assim, a informação relativa ao imposto apurado poderá ser obtida através do

acesso às declarações de rendimentos ou demonstrações financeiras.

As declarações fiscais de rendimentos não se encontram publicamente disponíveis, sendo,

regra geral, de acesso bastante restrito (Graham & Mills, 2008; Kraft, 2014; Richardson &

Lanis, 2007). Normalmente, o acesso ao conteúdo das declarações fiscais de rendimento é

obtido diretamente através de contactos com representantes de empresas (Landsman &

Shackelford, 1995), consultores financeiros (Frank, 2002) ou acordos específicos

realizados com as autoridades fiscais (Collins, Kemsley, & Shackelford, 1995).

A realização de investigações com base em informação que não se encontra publicamente

disponível é, muitas das vezes, impulsionada pela motivação de acesso a informação

confidencial e, bem assim, pelo objetivo de eliminar/reduzir erros de mensuração.

Contudo, antes de se investir tempo e recursos no acesso à obtenção de informação

confidencial, é desejável que se garanta que esta informação aumenta a qualidade da

investigação uma vez que o acesso a tal informação poderá ser lento, podendo a

informação revelar-se de difícil tratamento e / ou a amostra ser pequena, não aleatória ou

escassa em conteúdo (Shackelford & Shevlin, 2001).

Devido às dificuldades no acesso à informação, constante nas declarações fiscais de

rendimentos, as medidas de tax planning são normalmente obtidas com recurso a

demonstrações financeiras (Hanlon & Heitzman, 2010).

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2.3.2 Taxa de Tributação

A taxa de tributação efetiva é, normalmente, inferior à taxa de tributação nominal

(Janssen, 2005), uma vez que a taxa nominal não tem em consideração rendimentos

isentos ou excluídos de tributação, deduções previstas na lei, créditos fiscais, impacto da

adoção de práticas de tax planning, entre outras medidas (Frenkel, Razin, & Sadka, 1991).

Na medida em que a taxa de tributação efetiva reflete o efeito da adoção de práticas de tax

planning (Phillips, 2003; Robinson et al., 2010), a evidência empírica sugere que a adoção de

tais comportamentos poderá ser capturada através da utilização de medidas com base na

taxa de tributação efetiva (Dyreng et al., 2008; Robinson et al., 2010), não sendo, contudo,

consensual a definição das componentes a considerar no numerador e no denominador

(Callihan, 1994; Omer, Molloy, & Ziebart, 1991; Plesko, 2003; Wilkie & Limberg, 1993).

2.3.3 Medida de Taxa de Tributação Efetiva

A literatura internacional não é unânime relativamente à definição das medidas de taxa de

tributação efetiva a utilizar para captar o impacto da adoção de práticas de tax planning,

tendo algumas investigações considerado no numerador o imposto corrente suportado

(Gupta & Newberry, 1997; Liu & Cao, 2007; Rego, 2003), o imposto total suportado

(Armstrong et al., 2012; Chen et al., 2010; Kraft, 2014; Mahenthiran & Kasipillai, 2012;

Minnick & Noga, 2010; Richardson & Lanis, 2007) ou, ainda, o imposto efetivamente

pago (Dyreng et al., 2008).

No que respeita ao denominador, na impossibilidade de consideração do resultado

tributável constante nas declarações fiscais, a literatura utiliza como proxy o resultado

apurado antes de impostos (Armstrong et al., 2012; Kraft, 2014; Mahenthiran & Kasipillai,

2012; Rego, 2003), o resultado apurado antes de impostos e juros (Gupta & Newberry,

1997; Liu & Cao, 2007; Plesko, 2003) ou o cash flow operacional (Richardson & Lanis,

2007; Zimmerman, 1983). Normalmente, não se considera no denominador o resultado

líquido contabilístico pois tal medida não é isenta de distorções fiscais (Lazăr, 2014).

Estas medidas permitem captar o efeito de práticas de tax planning com diferente impacto

contabilístico e fiscal (Hanlon & Heitzman, 2010), sendo tal uma importante, senão

dominante, estratégia de tax planning (Badertscher, Katz, Rego, & Wilson, 2017).

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3. Hipóteses e Metodologia de Investigação

3.1 Hipóteses de Investigação

A literatura sistematizada no capítulo 2 evidencia que a adoção de práticas de tax planning

pelas empresas é resultado, entre outras determinantes, das caraterísticas da própria

empresa, sendo, neste âmbito, normalmente analisadas a influência da dimensão, estrutura

de capital, composição do ativo, utilização de benefícios fiscais e o impacto da

rentabilidade do negócio na taxa de tributação efetiva.

Dimensão das empresas

O impacto da dimensão das empresas na taxa de tributação efetiva não é consensual na

literatura, sendo de esperar um impacto positivo de acordo com a teoria do custo político

(Zimmerman, 1983) e um impacto negativo de acordo com a teoria do poder político

(Siegfried, 1973). As investigações mais recentes suportam ambas as teorias.

Em linha com a corrente doutrinária dominante, será de esperar que a dimensão das

empresas influencie a taxa de tributação efetiva, não sendo, contudo, possível antecipar o

sentido de tal influência. Neste sentido, a primeira hipótese de investigação será:

H1: A dimensão das empresas influencia a taxa de tributação efetiva

Estrutura de capital

A evidência empírica tem demonstrado que a estrutura de capital financiada com recurso a

capitais próprios ou alheios (dívida) tem influência na taxa efetiva de IRC.

Em Portugal, o CIRC1 permite a dedutibilidade fiscal de juros (remuneração de capital

alheio) mas não de dividendos (remuneração de capital próprio). Assim, será de esperar

que os resultados da presente investigação confirmem os resultados alcançados na maior

parte das investigações, pelo que a segunda hipótese de investigação será:

H2: Empresas mais endividadas apresentam taxas de tributação efetiva inferiores

1 De acordo com o artigo 23.º do CIRC conjugado com o artigo 67.º do CIRC, os gastos de financiamento líquidos serão dedutíveis até ao maior dos seguintes limites: € 1 milhão ou 30% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos corrigido para efeitos fiscais.

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Composição do ativo

A evidência empírica tem também demonstrado que a composição do ativo, com maior

ou menor predominância de ativos não correntes sujeitos a depreciação ou de inventários

(ativos não depreciáveis) pode influenciar a taxa de tributação efetiva.

Em Portugal, em regra, as depreciações de ativos não correntes são aceites para efeitos

fiscais2, não se verificando, contudo, nenhuma poupança fiscal associada à contabilização

de inventários, pelo que será de esperar que os resultados da investigação confirmem os

resultados alcançados na maior parte da literatura sobre a matéria. Neste sentido,

apresentam-se as seguintes hipóteses:

H3: Ativos não correntes têm impacto negativo na taxa de tributação efetiva

H4: Inventários têm impacto positivo na taxa de tributação efetiva

Benefícios Fiscais

A utilização de benefícios fiscais traduz-se, na perspetiva das empresas, numa importante

fonte de poupança fiscal. Assim, a quinta hipótese de investigação será:

H5: Utilização de benefícios fiscais têm impacto negativo na taxa de tributação efetiva

Em Portugal, no período de 2012 a 2016, a AT abdicou de receita fiscal fruto da

atribuição de benefícios fiscais em sede de IRC de, em média por ano, € 932 milhões. Os

benefícios foram utilizados por cerca de 15 mil empresas, conforme detalhe no anexo A.

Os benefícios de dedução ao rendimento e dedução à coleta são os mais utilizados pelas

empresas que exercem a título principal atividades de natureza comercial, industrial ou

agrícola (foco da investigação). Dos benefícios atribuídos, destaca-se a utilização dos

benefícios de criação de emprego e majoração de donativos (benefícios de dedução ao

rendimento) e RFAI, SIFIDE e CFEI (benefícios de dedução à coleta). Estes benefícios

representam cerca de 80% dos benefícios de dedução ao rendimento e dedução à coleta

utilizados pelas empresas portuguesas no período de 2012 a 2016, conforme detalhe e

breve explicação dos benefícios apresentada nos anexos B e C, respetivamente. 2 Regime previsto nos artigos 29.º e seguintes do CIRC e Decreto Regulamentar 25/2009, de 14 de setembro

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21

Rentabilidade

A evidência empírica tem também demonstrado que as alterações na taxa de tributação

efetiva podem ser fruto de mudanças na rentabilidade do negócio.

Neste sentido, e em linha com os resultados de investigações anteriormente realizadas a

nível internacional, será de esperar que a rentabilidade da atividade influencie a taxa de

tributação efetiva, não sendo, contudo, possível antecipar o sentido de tal influência

devido aos resultados empíricos positivos e negativos alcançados. Neste sentido, a sexta

hipótese de investigação será:

H6: A rentabilidade da atividade influencia a taxa de tributação efetiva

Impacto da reforma do CIRC ocorrida em 2014

No período pré-reforma, a taxa máxima e média de tributação em Portugal apresentava-se

claramente acima dos agregados europeus, tendo a redução da taxa de tributação efetiva

sido um objetivo primordial da reforma do CIRC (Xavier, Frasquilho, Martins, Rodrigues,

Courinha, Santos, Fernandes, Pimental, Moutinho, & Gonçalves, 2013).

Em conformidade, no âmbito da reforma do CIRC, a taxa nominal de IRC diminuiu de

25% para 23% em 2014 e 21%3 em 2015, tendo sido criado, em simultâneo, uma taxa

especial de 17% aplicável aos primeiros € 15 mil de matéria coletável para as pequenas e

médias empresas4.

Neste sentido, pretende-se analisar se a reforma do CIRC teve impacto na diminuição da

taxa de tributação efetiva, pelo que a sétima hipótese de investigação será:

H7: A reforma do CIRC teve impacto na diminuição da taxa de tributação efetiva

A reforma do CIRC foi igualmente alicerçada num conjunto de medidas que visam a

redefinição da base tributável, reestruturação e otimização de benefícios fiscais suscetíveis

de potenciar o crescimento da economia portuguesa e, bem assim, medidas que visam a

atração e fixação do investimento nacional e estrangeiro (Xavier et al., 2013).

3 Orçamento do Estado para 2015, Lei n.º 82-B/2014 de 31 de dezembro. 4 Taxa normal de IRC e taxa reduzida de 17% previstas no n.º 1 e 2 do artigo 87.º do CIRC, respetivamente.

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Neste contexto, foram promovidas um conjunto de alterações relativamente significativas

com o intuito de aumentar a competitividade de Portugal face aos congéneres europeus,

sendo de destacar, a título exemplificado, a criação de um regime de participation exemption

competitivo em termos internacionais, alterações no regime de dedução de prejuízos

fiscais apurados em períodos anteriores e alterações ao nível do Regime Especial de

Tributação dos Grupos de Sociedades.

Face ao novo paradigma, pretende-se analisar se as alterações da reforma do CIRC

modificaram a relação entre as determinantes da taxa de tributação efetiva anteriormente

analisadas e a própria taxa de tributação efetiva, não sendo, nesta fase, possível antecipar

se tal se verifica ou não, atendendo ao carácter recente da reforma do CIRC. Assim, a

oitava hipótese de investigação será:

H8: A reforma do CIRC teve impacto nas determinantes da taxa de tributação efetiva

3.2 Escolha da Metodologia

Os modelos econométricos utilizados em investigações anteriores da mesma natureza têm,

em regra, por base um modelo de regressão linear múltipla que estabelece uma relação

linear entre as variáveis explicativas e a taxa de tributação efetiva (variável dependente).

A presente investigação tem por base o modelo de Richardson e Lanis (2007), o qual

utiliza dados em painel com recurso à técnica de Pooled Ordinary Least Squares (Pooled OLS).

A utilização de dados em painel nesta investigação justifica-se pelo facto de se

combinarem dados nos quais a mesma unidade em corte transversal é pesquisada ao longo

do tempo, tendo os dados uma dimensão espacial e temporal (Gujarati & Porter, 2011).

Relativamente à técnica de análise, o Pooled OLS caracteriza-se, em traços gerais, por em

cada ano selecionar uma amostra diferente da população na medida em que as

distribuições das variáveis poderão alterar ao longo do tempo (Wooldridge, 2003).

Neste sentido e tal como a metodologia de Richardson e Lanis (2007), no modelo base da

presente investigação considera-se dados em painel com recurso à técnica de Pooled OLS.

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De forma a analisar a robustez dos resultados, em alternativa ao Pooled OLS, poderá

utilizar-se a técnica de dados em painel com efeitos fixos ou com efeitos aleatórios. Em

traços gerais, na técnica de painel com efeitos fixos combinam-se todas as observações,

correspondendo a cada unidade de corte transversal uma variável dummy (Gujarati &

Porter, 2011), sendo, por isso, possível controlar o enviesamento por variáveis omitidas

dado que estas variáveis não variam no tempo (Wooldridge, 2003). Na técnica de painel

com efeitos aleatórios são utilizados diferentes termos de interceção para cada observação

(Gujarati & Porter, 2011), sendo as variáveis não observadas assumidas como não

correlacionadas com as variáveis observadas (Wooldridge, 2003). Na investigação em

curso, com o objetivo de determinar se se deveria utilizar a técnica de efeitos fixos ou

efeitos aleatórios, recorreu-se ao teste de Hausman (Wooldridge, 2003), cujos resultados,

apresentados no Anexo D, indicam que utilização da técnica de efeitos fixos é preferível.

Desta forma, como teste de robustez, reproduziu-se os modelos de estimação da ETR1 e

ETR2 considerando a técnica de dados em painel com efeitos fixos (técnica de análise

utilizada por Kraft, 2014).

3.3 Definição de Variáveis

A evidência empírica sugere que a forma mais adequada para identificar a adoção de

práticas de tax planning é através da utilização de medidas com base na taxa de tributação

efetiva (Dyreng et al., 2008; Robinson et al., 2010), dado não ser possível observar de forma

direta a adoção de tais práticas (Armstrong et al., 2012), A adoção de medidas com base na

taxa de tributação efetiva permite identificar a adoção de práticas de tax planning em

situações de não conformidade dos procedimentos contabilísticos e fiscais (Hanlon &

Heitzman, 2010).

Na presente investigação irá ter-se como base o estudo realizado por Richardson e Lanis

(2007) relativamente às determinantes da taxa de tributação efetiva e ao impacto da

reforma do CIRC ocorrida na Austrália no ano 2000 nas referidas determinantes. Neste

sentido, a definição da variável dependente e variáveis explicativas utilizadas na

investigação terão como base as definições adotadas por Richardson e Lanis (2007).

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3.3.1 Variável Dependente – Taxa de Tributação Efetiva

À semelhança do trabalho de Richardson e Lanis (2007), na presente investigação irá

considerar-se que a variável dependente é a taxa de tributação efetiva, sendo considerado

no numerador o impacto da rúbrica “Gastos com impostos”. A consideração deste

numerador justifica-se, por um lado, pelo facto de a adoção de estratégias de tax planning

poder ter impacto, quer nos impostos correntes, quer nos impostos diferidos. Assim, a

não consideração dos impostos diferidos poderá enviesar a análise (Kraft, 2014). Por

outro lado, a investigação irá ser realizada com recurso à informação constante na base de

dados SABI, a qual apenas disponibiliza a informação por referência a “Impostos totais”,

não sendo, assim, possível isolar o efeito dos impostos correntes e impostos diferidos.

No que respeita ao denominador e à semelhança da investigação de Richardson e Lanis

(2007), irá considerar-se a rúbrica “Resultado antes de imposto”. A utilização desta medida

justifica-se pelo facto de o resultado tributável não estar publicamente disponível e não ser

passível de observação nas demonstrações financeiras, revelando-se, assim, necessário

considerar uma proxy (Kraft, 2014).

Adicionalmente, como proxy alternativa do resultado tributável, Richardson e Lanis (2007)

consideraram a rúbrica de “cash flow operacional”. De acordo com a investigação de

Zimmerman (1983), a escolha desta proxy tem como objetivo controlar diferenças baseadas

em escolhas contabilísticas que variam em função da dimensão da empresa.

Assim, na presente análise e à semelhança de Richardson e Lanis (2007), irá considerar-se

duas medidas de taxa de tributação efetiva, conforme abaixo:

onde i representa a empresa e t o ano da observação.

Imposto Total it

Resultado Antes de Imposto it

Imposto Total it

Cash flow operacional it

ETR1 =

ETR2 =

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3.3.2 Variáveis Explicativas – Determinantes da Taxa de Tributação

Efetiva

Com base na investigação realizada por Richardson e Lanis (2007), para efeitos de análise

das hipóteses de investigação propostas considera-se um conjunto de variáveis explicativas

relacionadas com as características da própria empresa e com a reforma do CIRC, cuja

explicação e proxy utilizada se encontra sistematizado na tabela 2.

Tabela 2 - Definição das variáveis explicativas

No que respeita à variável de intensidade de ativos não correntes sujeitos a depreciação

para efeitos fiscais (“CAP_INT”), considera-se como proxy o montante contabilizado na

rúbrica de “Ativos fixos tangíveis” (Richardson & Lanis, 2007). Assim, na investigação não

se considera o contributo das rúbricas de “Propriedades de investimento” e “Ativos

intangíveis” dado que tais rúbricas poderão, por um lado, não ter associadas depreciações5

5 Situação aplicável a “Propriedades de investimento” mensuradas ao justo valor.

Tipo de Variável Variável Descrição da Variável Proxy Fonte de Informação

Size Representa a dimensão da empresa Log (Total de ativo) SABI

LevRepresenta a estrutura de financiamento com

recurso a capitais próprios ou alheiosPassivo Longo Prazo / Total Ativo SABI

Cap_int Representa a intensidade de ativos não correntes Ativo Fixo Tangível / Total Ativo SABI

Inv_int Representa a intensidade de inventários Inventários / Total Ativo SABI

Benefits Representa a utilização de benefícios fiscais Total Benefícios Fiscais / Resultado Antes de Imposto AT

RoA Representa o desempenho da empresa Resultado Antes de Imposto / Total Ativo SABI

TR Representa o impacto da reforma do CIRCVariavél dummy que assume o valor de 1 se observação

após reforma do CIRC e valor 0 caso contrário

TR*Size

TR*Lev

TR*Cap_int

TR*Inv_int

TR*Benefits

TR*RoA

Variável das

características da

própria empresa

Variável Reforma

do CIRCO somatório dos coeficientes das variáveis de características da própria empresa com o coeficiente do

correspondente termo de interação no período pós-reforma (variáveis explicativas em análise) permite

analisar se a reforma do CIRC modificou a relação entre as variáveis das características da própria

empresa em análise e a taxa de tributação efetiva.

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ou, tendo, serem depreciações não relevantes para efeitos fiscais6 , motivo pelo qual a

inclusão de tais rubricas poderia enviesar a análise.

Relativamente à variável de benefícios fiscais (“Benefits”), Richardson e Lanis (2007)

consideraram como variável explicativa o rácio das despesas com investigação e

desenvolvimento pelo total de vendas líquidas. Contudo, dado que as empresas

portuguesas usufruem de benefícios fiscais de diferentes naturezas, considera-se como

proxy desta variável o rácio resultante da utilização dos benefícios fiscais de dedução ao

rendimento e dedução à coleta pelo resultado antes de imposto apurado no respetivo ano.

Adicionalmente, a investigação considera o impacto de alterações da rentabilidade da

atividade da empresa (“RoA”) na taxa de tributação efetiva, tal como Richardson e Lanis

(2007).

Para captar o efeito do impacto da reforma do CIRC na taxa de tributação efetiva,

considera-se uma variável dummy que assume valor 1 para períodos pós-reforma do CIRC

e valor 0 para períodos anteriores, tal como Richardson e Lanis (2007).

Por fim, para analisar se a reforma do CIRC originou alterações na relação da taxa de

tributação efetiva com as suas determinantes, à semelhança da metodologia de

investigação de Richardson e Lanis (2007), considera-se como variáveis explicativas a

variável da interação da variável dummy representativa do impacto da reforma do CIRC

multiplicado por cada uma das variáveis explicativas específicas consideradas. A análise da

interação das variáveis permite avaliar se a referida interação alterou no período pós

reforma do CIRC. Assim, os coeficientes das variáveis específicas permitem avaliar a

interação entre as variáveis no período pré-reforma do CIRC, enquanto que a soma dos

referidos coeficientes e dos coeficientes de interação de cada variável com a variável

dummy permitem avaliar se as referidas variáveis específicas estão associadas com a taxa de

tributação efetiva no período pós-reforma.

6 Situação aplicável a elementos da rúbrica de “Ativos intangíveis” cuja amortização, pela sua natureza, não é fiscalmente relevante como se verifica, regra geral, ao nível da rúbrica do “Goodwill” (amortização do Goodwill apenas é relevante fiscalmente nas situações previstas no artigo 45.º - A do CIRC).

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3.4 Definição do Modelo

Com base no modelo de Richardson e Lanis (2007), na presente investigação utiliza-se o

seguinte modelo econométrico de regressão linear múltipla:

ETRit = β + β1SIZEit + β2LEVit + β3CAP_INTit + β4INV_INTit

+ β5BENEFITSit + β6ROAit + β7TRit

+ β8TR * SIZEit + β9TR * LEVit + β10TR * CAP_INTit + β11TR * INV_INTit

+ β12TR * BENEFITSit + β13TR * RoAit + Eit

Em que:

ETRit – Proxy da taxa de tributação efetiva de IRC da empresa i no ano t;

SIZEit – Proxy da dimensão da empresa i no ano t;

LEVit – Proxy da estrutura de capitais da empresa i no ano t;

CAP_INTit – Proxy da intensidade de ativos não correntes sujeitos a depreciação da

empresa i no ano t;

INV_INTit – Proxy da intensidade de inventários da empresa i no ano t;

BENEFITSit – Proxy da utilização de benefícios fiscais da empresa i no ano t;

RoAit – Proxy do desempenho em termos de rentabilidade da empresa i no ano t;

TRit – variável dummy que assume valor 1 para períodos pós-reforma do CIRC e valor 0

para períodos anteriores;

Interações entre TRit e restantes variáveis explicativas – Proxy do impacto das

determinantes da taxa de tributação efetiva da empresa i no ano t no período pós reforma

do CIRC;

Eit – Erro de estimação da empresa i no ano t.

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4. Seleção da Amostra e Estatísticas Descritivas

4.1 Seleção de Dados

A presente investigação é realizada por referência a empresas com sede em Portugal

Continental com informação disponível na base de dados SABI no período de 2012 a

2016. O período de análise justifica-se pelo facto de a reforma do CIRC ter ocorrido em

2014.

A evidência empírica sugere que as alterações de uma reforma fiscal são, normalmente,

interiorizadas um ano após a respetiva entrada em vigor (Guenther, 1994), sendo os

efeitos da reforma mais visíveis a partir do primeiro ano de implementação. Deste modo,

à semelhança da investigação de Richardson e Lanis (2007), o ano de 2014 foi excluído da

análise dado ser um ano de transição em termos da reforma fiscal.

A amostra recolhida da base de dados SABI foi condicionada a alguns ajustamentos,

encontrando-se o processo de seleção da amostra sistematizado na Tabela 3.

Tabela 3 - Processo de seleção da amostra

Descrição Número de empresasNúmero de observações

2012-2013 e 2015-2016

Empresas ativas em Portugal Continental 346.398

Empresas após desconsideração das empresas financeiras e

seguradoras346.381

Empresas com designação social "sociedade anónima", "sociedade

por quotas" e "sociedade unipessoal por quotas"343.426

Empresas com valores conhecidos* para todos os períodos em

análise194.414

Empresas com contas auditadas por Revisores Oficiais de Contas 8.185

Empresas com valores conhecidos da rúbrica de "Cash flow

operacional"5.800

Empresas com valores positivos na rúbrica de "Resultado antes de

impostos" e "Cash flow operacional"1.445

Exclusão de empresas em situação de rendimento de impostos 1.268

Exclusão de empresas com ETR1 e ETR2 superior a 1 1.116

Exclusão de empresas que estão em perda de metade de capital

social1.089

Exclusão de empresas com variações anuais positivas no ativo

superiores a 100% ou inferiores a 50%1.019

Amostra final 1.019 4.076

Fonte de Informação e Notas

Dados recolhidos da base de dados SABI a 14 de junho de 2018.

* Valores por referência às rúbricas de "Total de ativos", "Ativo fixo tangível", "Inventários", "Propriedades de

investimento", "Passivo não correntes" e "Resultado antes de imposto" nos períodos de 2012 a 2016.

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A amostra considerada restringe-se às empresas residentes em Portugal Continental dado

que a consideração das empresas localizadas nos arquipélagos poderia distorcer a análise,

desde logo por o contexto macroeconómico das ilhas ser diferente mas, também, pelo

facto de a taxa de IRC ser inferior, em particular no CINM7. Apenas foram consideradas

as empresas em situação ativa uma vez que os resultados obtidos pelas restantes podem

estar influenciados por situações atípicas.

De modo a garantir a homogeneidade da amostra, foram excluídos os bancos e as empresas

seguradoras por estarem sujeitas a regulamentação específica, bem como as empresas que

não adotam a designação social de “sociedade anónima”, “sociedade por quotas” e

“sociedade unipessoal por quotas”. Foram ainda excluídas as empresas que não apresentam

valores para as variáveis selecionadas para todos os períodos em análise.

Com vista a garantir uma maior qualidade de informação, restringiu-se a amostra às

empresas identificadas na base de dados SABI como sujeitas a revisão legal de contas, o

que teve um impacto bastante significativo no número de empresas a analisar.

À semelhança do procedimento adotado para a ETR1, desconsiderou-se as empresas com

valores não conhecidos de “cash flow operacional” (denominador da ETR2). De igual modo,

e tal como Richardson e Lanis (2007), exclui-se as empresas com denominador negativo e

as empresas em situação de rendimento de imposto (rúbrica utilizada como proxy de

reembolso de imposto) na medida em que tal situação poderá distorcer os resultados

(Zimmerman, 1983). Exclui-se ainda as empresas com ETR1 e ETR2 superior a 1 dado tal

poder originar problemas de estimação (Gupta e Newberry, 1997).

Numa perspetiva de continuidade, foram excluídas as empresas em situação de perda de

metade do capital social8 e as empresas que, em algum dos períodos em análise, apresentam

variações anuais no ativo superiores a 100% ou perda de metade do ativo de um ano para o

outro, dado, salvo situações excecionais, tal situação não ser normal (Sá, 2014).

Após o processo de seleção, a amostra final é representada por 1019 empresas

correspondentes a 4076 observações (2038 no período pré e pós reforma do CIRC).

7 O regime do CINM pressupõe tributação à taxa de IRC de 5% (cumpridos que estejam determinados requisitos), conforme regime previsto nos artigos 33.º e seguintes do EBF. 8 Considera-se que metade do capital social se encontra perdido nas situações em que o capital próprio da sociedade for igual ou inferior a metade do capital social (n.º 2 do artigo 35.º do CSC).

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4.2 Estatísticas Descritivas

Para a realização dos testes estatísticos e de regressão foi utilizado o programa Stata.

Média, Mediana, Valor Mínimo, Valor Máximo e Desvio Padrão

A tabela 4 sistematiza algumas estatísticas descritivas (média, mediana, valo mínimo, valor

máximo e desvio padrão) para as variáveis ETR 1 e ETR 2 e variáveis explicativas no

período em análise.

Tabela 4 - Estatísticas descritivas das variáveis dependentes e explicativas

Relativamente às variáveis dependentes, a variável ETR1 apresenta uma média de 0,275 e

uma mediana de 0,261 e a ETR2 apresenta uma média de 0,131 e uma mediana de 0,101.

Na medida em que as variáveis utilizam o mesmo numerador, a discrepância nos resultados

obtidos entre a ETR1 e a ETR2 justifica-se pelo facto de a média e a mediana da rúbrica de

“Cash flow operacional” (denominador da variável ETR 2, que tem como base o princípio

de caixa) ser superior à média da rúbrica de “Resultado antes de impostos” (denominador

da variável ETR 1, que tem como base o princípio do acréscimo).

No que respeita às variáveis explicativas, a variável SIZE apresenta uma média de 15,787 e

uma mediana de 15,653; a variável LEV apresenta uma média de 0,139 e uma mediana de

0,044; a variável CAP-INT apresenta uma média de 0,238 e uma mediana de 0,149; a

variável INV_INT apresenta uma média de 0,105 e uma mediana de 0,024 e a variável

ROA apresenta uma média de 0,107 e uma mediana de 0,071.

Variáveis ETR1 ETR2 Size Lev Cap_int Inv_int Benefits RoA TR

Média 0,275 0,131 15,787 0,139 0,238 0,105 0,023 0,107 0,500

Mediana 0,261 0,101 15,653 0,044 0,149 0,024 0,000 0,071 0,500

Mínimo 0,000 0,000 11,184 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Máximo 0,993 0,996 21,936 0,952 0,999 0,999 1,939 1,307 1,000

Desvio Padrão 0,142 0,123 1,493 0,203 0,260 0,155 0,067 0,120 0,500

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3. O número de observações é de 4076 referente ao período de

2012 a 2016, excluindo o período de 2014.

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A variável dummy Benefits apresenta uma média de 0,023 e mediana de 0. Estes resultados

são consistentes com a realidade das empresas portuguesas, uma vez que a maior parte das

empresas portuguesas não usufrui de benefícios fiscais.

Em linha com a investigação de Richardson e Lanis (2007), verifica-se um razoável nível de

consistência entre a média e a mediana das variáveis dependentes e explicativas observadas.

Adicionalmente, foram também analisadas as estatísticas descritivas para o período de 2012

a 2016 (incluindo o ano de 2014), tendo os resultados obtidos sido bastante semelhantes

aos resultados acima, à exceção da variável TR que, naturalmente, ao considerar-se o ano

de 2014, apresenta valores da média e mediana superiores.

Correlação entre variáveis

A estimação OLS pressupõe a ausência de multicolinearidade entre as variáveis

(inexistência de correlação das variáveis explicativas).

Como referem Oliveira, Santos e Fortuna (2011), a análise dos coeficientes de correlação

amostrais entre as variáveis explicativas permite uma primeira identificação de problemas

de multicolinearidade, sendo um coeficiente linear amostral superior a 0,8 um indicador de

problemas desta natureza.

Conforme se pode verificar na matriz de correlação de Pearson entre as variáveis ETR1 e

ETR2 e as variáveis explicativas apresentada no Anexo F, os coeficientes de correlação são,

sem exceção, relativamente baixos (e até bastante próximos de zero), o que permite

concluir pela falta de correlação entre as variáveis independentes.

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5. Resultados

5.1 Resultados da Regressão

A tabela 5 sistematiza os resultados dos modelos de regressão linear múltiplo utilizados

para testar as determinantes da taxa de tributação efetiva em Portugal considerada como

proxy da adoção de práticas de tax planning. Os resultados foram obtidos para as variáveis

dependentes ETR1 e ETR2 através da utilização de dados em painel com Pooled OLS no

período de 2012 a 2016 (resultados corrigidos de heteroscedasticidade).

Tabela 5 - Resultados do modelo de regressão para ETR1 e ETR2

Variáveis ETR1 ETR2

Size -0,0180*** 0,00197

(0,0024) (0,0017)

Lev -0,0528*** -0,0431***

(0,0163) (0,0131)

Cap_int -0,0178 -0,0343***

(0,0131) (0,00814)

Inv_int 0,0188 -0,00322

(0,0234) (0,0215)

Benefits -0,226** -0,139***

(0,0887) (0,0321)

RoA -0,287*** 0,345***

(0,0312) (0,0311)

TR -0,183*** -0,0619

(0,0500) (0,0381)

TR_Size 0,00772** 0,00385

(0,00304) (0,00240)

TR_Lev 0,00767 -0,00755

(0,0208) (0,0182)

TR_Cap_int 0,0174 0,0138

(0,0165) (0,0118)

TR_Inv_int 0,00498 -0,0108

(0,0302) (0,0277)

TR_Benefits -0,250** -0,114**

(0,122) (0,0523)

TR_RoA 0,103*** -0,0869**

(0,0384) (0,0401)

Constant 0,630*** 0,0866***

(0,0387) (0,0271)

Estatística F 32,66 39,28

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000

R2 0,1186 0,1295

R2 ajustado 0,1158 0,1267

Número de empresas

Número de observações

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já incluem a correção de White.

*, **, *** representa a significância a nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

1.019

4.076

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33

Os resultados obtidos sugerem que as variáveis são conjuntamente relevantes para explicar

o comportamento da ETR1 e ETR2 (p-value de 0,0000 para o teste de significância global

em ambos os modelos), sendo o poder explicativo de ambos os modelos para explicar as

determinantes da taxa de tributação efetiva (utilizada como proxy da adoção de medidas de

tax planning) relativamente semelhante (R2 ajustado de 11,58% para ETR1 e 12,67% para

ETR2). Estes resultados são consistentes com os resultados de Richardon e Lanis (2007).

Relativamente ao impacto da determinante da dimensão das empresas na ETR1, os

resultados obtidos evidenciam que existe uma relação negativa estatisticamente

significativa (p<0.01). Deste modo, ao considerar-se a ETR1, a investigação empírica

permite concluir que as empresas portuguesas de maior dimensão têm condições mais

favoráveis, face a empresas de menor dimensão, para adotar medidas que permitam

reduzir a taxa de tributação efetiva, estando estas conclusões em linha com a teoria do

poder político (Siegfried, 1973). Assim, os resultados obtidos para a ETR1 confirmam que

a dimensão das empresas portuguesas influencia a taxa de tributação efetiva, sustentando a

Hipótese 1. Os resultados obtidos para a ETR2 não são estatisticamente significativos,

pelo que não permitem aferir a existência de impacto e respetivo sentido da dimensão das

empresas portuguesas na taxa de tributação efetiva.

No que respeita ao impacto da estrutura de capital na taxa de tributação efetiva, os

resultados obtidos evidenciam que existe uma relação negativa estatisticamente

significativa (p<0.01). Tendo em consideração que os juros de financiamentos obtidos

são, regra geral, dedutíveis para efeitos fiscais em Portugal, a evidência empírica confirma,

como esperado, que as empresas portuguesas que recorrem a fontes de financiamento

externas (capitais alheios) apresentam taxas de tributação efetivas inferiores. Estas

conclusões corroboram os resultados alcançados na maioria das investigações (Gupta &

Newberry, 1997; Kraft, 2014; Plesko, 2003; Richardson & Lanis, 2007), sustentando a

Hipótese 2.

Relativamente à variável explicativa relacionada com a intensidade de capital, os resultados

obtidos para a ETR1 não são estatisticamente significativos, não permitindo concluir pela

existência de relação entre a intensidade de capital e a taxa de tributação efetiva. Já para a

ETR2, os resultados obtidos evidenciam uma relação negativa estatisticamente

significativa (p<0.01), o que sugere que empresas portuguesas com capital mais intensivo

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apresentam taxas de tributação efetivas inferiores. Esta relação poderá ser explicada pela

dedutibilidade fiscal associada à depreciação de elementos do ativo fixo tangível. Os

resultados obtidos corroboram os resultados das investigações de Gupta e Newberry

(1997), Ribeiro et al. (2015) e Richardson e Lanis (2007), confirmando a Hipótese 3.

Os resultados obtidos relativamente ao impacto da intensidade de inventários na ETR1 e

ETR2 não são, ao contrário do expectável, estatisticamente significativos, pelo que não se

revelam relevantes para aferir tal impacto.

Relativamente ao impacto da utilização de benefícios fiscais na ETR1 e ETR2, como

esperado, o sinal negativo associado aos coeficientes da variável “Benefits” é

estatisticamente significativo (p<0.05 na ETR1 e p<0.01 na ETR2), o que sugere que as

empresas que utilizam benefícios fiscais apresentam menor taxa de tributação efetiva,

confirmado a Hipótese 5 de investigação.

A variável “RoA” foi incluída na investigação para avaliar o impacto de alterações na

rentabilidade da atividade na taxa de tributação efetiva. Os resultados obtidos para ETR1 e

ETR2 são estaticamente significativos (p<0.01), evidenciando, contudo, uma influência

em sentido oposto. Em concreto, em linha com a investigação de Kraft (2014) e Rego

(2003), os resultados obtidos para a ETR1 sugerem que as empresas com maior

rentabilidade têm uma taxa de tributação efetiva inferior. Por outro lado, e em linha com

os resultados de Gupta e Newberry (1997) e Richardson e Lanis (2007), os resultados

obtidos na ETR2 sugerem que as empresas mais rentáveis apresentam taxas de tributação

efetiva superiores. A discrepância nos resultados obtidos confirma os resultados empíricos

positivos e negativos obtidos em investigações anteriores, permitindo concluir que a

rentabilidade das empresas portuguesas influencia a taxa de tributação efetiva, sustentando

a Hipótese 6.

No que respeita ao impacto da reforma do CIRC, o coeficiente de TR é negativo e

estatisticamente significativo para ETR1 (p<0.01). Estes resultados demonstram que a

reforma do CIRC conduziu à diminuição da taxa de tributação efetiva, confirmando a

Hipótese 7. Os resultados obtidos sugerem, assim, que o objetivo de redução da taxa

efetiva de tributação subjacente à reforma do CIRC (Xavier et al., 2013) foi bem sucedido.

O coeficiente de “TR” na ETR2 não é estatisticamente significativo, pelo que não permite

avaliar o impacto pretendido na ETR2.

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35

Os coeficientes de interação entre a “TR” e algumas das variáveis independentes são

estatisticamente significativos. Este resultado sugere que a relação entre essas variáveis

alterou após a reforma do CIRC, sendo este resultado consistente com a Hipótese 8.

Ao analisar-se o impacto ao nível da ETR1, verifica-se alterações nas variáveis dimensão

da empresa, utilização de benefícios fiscais e rentabilidade da atividade. O coeficiente da

variável dimensão e rentabilidade é positivo e estatisticamente significativo (p<0.05 e

p<0.01, respetivamente), o que sugere que estas determinantes têm, em média, menos

impacto negativo na ETR1 no período pós-reforma. O coeficiente da variável de

benefícios fiscais é negativo e estatisticamente significativo (p<0.05), o que sugere que a

utilização de benefícios fiscais tem mais impacto na diminuição da taxa de tributação

efetiva no período pós-reforma do CIRC.

Ao analisar-se o impacto ao nível da ETR2, verifica-se alterações nas variáveis de

utilização de benefícios fiscais e rentabilidade da atividade. Os coeficientes de ambas as

determinantes são negativos e estatisticamente significativos (p<0.05), o que sugere que a

utilização de benefícios fiscais tem mais impacto na diminuição da taxa de tributação

efetiva no período pós-reforma e a rentabilidade operacional tem menos impacto positivo

na taxa de tributação efetiva no período pós-reforma.

Os coeficientes das restantes variáveis não são estatisticamente significativos, o que sugere

que a reforma do CIRC não teve impacto na relação das referidas determinantes na taxa

de tributação efetiva.

Para efeitos de sistematização, apresenta-se na tabela 6 as hipóteses de investigação e os

resultados obtidos por referência aos dois modelos base de análise.

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36

Tabela 6 - Síntese dos resultados das hipóteses de investigação

Hipótese de Investigação Relação Esperada ETR1 ETR2

Hipótese 1: A dimensão das empresas influencia a taxa de tributação

efetiva+/- Confirma

Hipótese 2: Empresas mais endividadas apresentam taxas de tributação

efetiva inferiores- Confirma Confirma

Hipótese 3: Ativos não correntes têm impacto negativo na taxa de

tributação efetiva- Confirma

Hipótese 4: Inventários têm impacto positivo na taxa de tributação

efetiva+

Hipótese 5: Utilização de benefícios fiscais têm impacto negativo na taxa

de tributação efetiva- Confirma Confirma

Hipótese 6: A rentabilidade da atividade influencia a taxa de tributação

efetiva+/- Confirma Confirma

Hipótese 7: A reforma do CIRC teve impacto na diminuição da taxa de

tributação efetiva- Confirma Confirma

Hipótese 8: A reforma do CIRC teve impacto nas determinantes da taxa

de tributação efetiva+/- Confirma Confirma

Notas

Relativamente à Hipótese 1, os resultados com ETR1 sugerem que dimensão das empresas influencia negativamente a ETR1.

Relativamente à Hipótese 6, os resultados com ETR1 sugerem que a rentabilidade da atividade influencia negativamente a ETR1. Os

resultados com ETR2, sugerem uma influência positiva.

Relativamente à Hipótese 8, os resultados com ETR1 sugerem que a reforma do CIRC teve impacto na determinante da dimensão das

empresas, utilização de benefícios fiscais e rentabilidade da atividade. Os resultados com ETR2 sugerem que a reforma do CIRC teve

impacto nas duas últimas determinantes (utilização de benefícios fiscais e rentabilidade da atividade).

Hipótese de Investigação Relação Esperada Hipótese confirmada Hipótese rejeitada

H1: A dimensão das empresas influencia a taxa efetiva de IRC +/-ETR1 - Pooled OLS

ETR 2 - Pooled OLS

H2: Empresas mais endividadas apresentam taxas de

tributação efetiva inferiores-

ETR1 - Pooled OLS ** ETR2 - Pooled OLS *

ETR 2 - Efeitos fixos **

H3: Ativos não correntes têm impacto negativo na taxa de

tributação efetiva- ETR2 - Pooled OLS *** ETR2 - Efeitos fixos ***

H4: Inventários têm impacto positivo na taxa de tributação

efetiva+

ETR2 - Pooled OLS ***

ETR 2 - Efeitos fixos ***

H5: Utilização de benefícios fiscais têm impacto negativo na

taxa de tributação efetiva-

ETR1 - Pooled OLS ***

ETR1 - Efeitos Fixos ***

ETR2 - Pooled OLS *

H6: A rentabilidade influencia a taxa de tributação efetiva +/-

ETR1 - Pooled OLS ***

ETR1 - Efeitos Fixos ***

ETR2 - Pooled OLS ***

H7: A cotação em bolsa influencia a taxa de tributação efetiva +/-

H8: A reforma do CIRC influencia a taxa de tributação efetiva -ETR2 - Pooled OLS ***

ETR 2 - Efeitos fixos ***

H9: A reforma do CIRC originou alterações na relação da taxa

de tributação efetiva com os seus determinantes+/-

ETR1 - Pooled OLS

ETR1 - Efeitos Fixos

ETR2 - Pooled OLS

ETR2 - Efeitos Fixos

Tabela 5.2 - Síntese dos resultados das hipóteses de investigação

Notas

Relativamente à Hipótese 9, os resultados sugerem que a reforma do CIRC teve impacto na relação de algumas determinantes com a taxa de

tributação efetiva. As determinantes em causa diferem de modelo para modelo. Em concreto, os quatro modelos de regressão sugerem alterações

na determinante da intensidade de capital e rentabilidade da atividade. Os dois modelos da ETR2 sugerem ainda impacto na determinante da

dimensão da empresa e utilização de benefícios.

*, **, *** representa a significância a um nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

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37

5.2 Testes de Robustez

Os testes de robustez são um procedimento importante com vista a avaliar o grau de

confiança nos resultados obtidos (Wooldridge, 2003). Neste sentido, de forma a testar a

robustez dos resultados, reestimou-se os modelos de regressão com alguns ajustes face aos

dois modelos de regressão iniciais, conforme se explica de seguida.

5.2.1 Inclusão do Ano de 2014 no Período de Observações

Com o objetivo de avaliar o impacto da consideração do ano de 2014 nas conclusões

alcançadas, reestimou-se os dois modelos iniciais, incluindo o ano de 2014 no período de

observações.

A evidência empírica obtida, cujos resultados se apresentam no Anexo F, permite concluir

que os resultados dos modelos originais não são qualitativamente afetados pela exclusão do

ano de 2014, sendo apenas de realçar que, no novo modelo de estimação da ETR2, o

impacto da utilização de benefícios fiscais no período pós-reforma não é estatisticamente

significativo. Assim, os resultados do modelo de estimação da ETR2 (quando se inclui o

ano de 2014 na amostra) sugerem que a reforma do CIRC não teve influência no impacto

da utilização de benefícios fiscais na taxa de tributação efetiva.

5.2.2 Análise Isolada Antes e Após a Reforma do CIRC

De modo a aferir se as conclusões obtidas nos modelos de regressão inicial se verificam

para cada um dos períodos pré e pós reforma do CIRC separadamente, reestimou-se os

modelos originais dividindo a amostra no período pré e pós-reforma do CIRC. À

semelhança do teste de robustez efetuado por Richardson e Lanis (2007), continuou-se a

excluir o ano de 2014 da amostra.

Os resultados obtidos nos novos modelos de estimação no período pré e pós a reforma do

CIRC para a ETR1 e a ETR2, apresentados no Anexo G, não apresentam diferenças

qualitativas face aos modelos originais, à exceção dos resultados obtidos para o coeficiente

da dimensão das empresas no modelo de regressão da ETR2 para o período pós-reforma.

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Por comparação com o modelo original, os novos resultados sugerem uma relação positiva

estatisticamente significativa (p<0.01) entre a determinante de dimensão das empresas e a

ETR2 no período pós-reforma, o que sugere que empresas de maior dimensão apresentam

maior ETR2 naquele período. A evidência empírica confirma, assim, que a dimensão da

empresa influencia a ETR2, confirmando a Hipótese 1. No caso em concreto, os resultados

corroboram a teoria do custo político, ao contrário dos resultados obtidos para a ETR1.

5.3.3 Influência do Sector de Atividade

Alguns estudos empíricos consideram a influência do sector de atividade na taxa de

tributação efetiva (Derashid & Zhang, 2003; Omer et al., 1993). Com o intuito de acautelar

que o sector de atividade não constitui uma variável omissa, foram regredidos os dois

modelos originais, considerando o sector onde a empresa atua. Para o efeito, com base nos

CAEs principais, os setores foram agrupados em três grupos: agrícola, industrial e serviços.

A evidência empírica, cujos resultados são apresentados no Anexo H, permite concluir pela

não existência de diferenças qualitativas significativas face aos modelos originais da ETR1 e

ETR2, à exceção dos novos resultados da ETR2 sugerirem que as empresas portuguesas

apresentam taxa de tributação efetiva inferior após 2014, confirmando a Hipótese 7.

Adicionalmente, em termos setoriais, os resultados da ETR1 sugerem que, genericamente,

as empresas do sector terciário apresentam taxas de tributação efetiva superiores às

empresas do sector agrícola. Por outro lado, os resultados obtidos para a ETR2 sugerem

que as empresas do sector terciário e industrial têm taxas de tributação efetivas inferiores às

empresas do sector agrícola.

5.3.4 Influência da Região

Adicionalmente, com o intuito de analisar a robustez dos resultados face à consideração da

região onde a empresa está localizada, foram regredidos os dois modelos originais

considerando como variáveis explicativas a região onde a empresa tem a sua sede.

Os resultados obtidos nos novos modelos de regressão, apresentados no Anexo I, são

qualitativamente semelhantes aos resultados obtidos nos modelos originais.

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Em termos regionais, por comparação com a região Norte, os resultados obtidos para a

ETR1 sugerem que na região de Lisboa a taxa de tributação efetiva é superior, sendo

menor na região do Alentejo. Os resultados obtidos para a ETR2 sugerem que a taxa de

tributação efetiva é inferior na região de Lisboa.

5.3.5 Dados em Painel com Efeitos Fixos

Conforme procedimento descrito no capítulo 3.2, com o objetivo de avaliar a robustez dos

resultados face à técnica de Pooled OLS utilizada nos modelos de regressão originais,

reestimou-se os modelos iniciais considerando dados em painel com efeitos fixos. Esta

metodologia foi adotada por Kraft (2014)9.

À semelhança dos resultados obtidos com Pooled OLS, os resultados com efeitos fixos,

apresentados no Anexo J, sugerem que as variáveis são conjuntamente relevantes para

explicar o comportamento da ETR1 e ETR2 (p-value de 0,0000 para o teste de significância

global em ambos os modelos).

A evidência empírica para ETR1 com efeitos fixos permite concluir pela não existência de

diferenças qualitativas significativas face ao modelo base com Pooled OLS, sendo apenas de

destacar que, no modelo de estimação com efeitos fixos, o impacto da estrutura de capital

não é estatisticamente significativo, pelo que não permite avaliar o impacto desta

determinante na ETR1. Os resultados obtidos sugerem ainda que as empresas com maior

peso de ativos não correntes apresentam ETR1 inferior, corroborando a Hipótese 3.

Os resultados obtidos para a ETR2 sugerem uma relação positiva entre a dimensão das

empresas, a intensidade de inventários e a taxa de tributação efetiva, suportando as

Hipóteses 1 e 4. Os novos resultados não permitem avaliar o impacto da estrutura de

capital na ETR2, sugerindo ainda que a reforma do CIRC não teve influência no impacto

da utilização de benefícios fiscais na ETR2. Os restantes resultados são qualitativamente

semelhantes aos resultados obtidos com o modelo Pooled OLS.

9 A investigação realizada por Kraft (2014) às determinantes da taxa de tributação efetiva na Alemanha e ao impacto da reforma do CIRC de 2008 nas referidas determinantes teve como base a investigação de Richardson e Lanis (2007). Ambas as investigações utilizam dados em painel, mas, enquanto que, Richardson e Lanis (2007) utilizam Pooled OLS, Kraft (2014) utiliza efeitos fixos.

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6. Conclusões

Em Portugal, os últimos anos foram bastante desafiantes em matéria fiscal, não só pela

envolvente internacional marcada por uma maior preocupação com a identificação da

adoção de comportamentos de tax planning, mas também fruto da republicação do CIRC

que pretendeu tornar o sistema fiscal português mais competitivo face aos congéneres

europeus (Xavier et al., 2013).

Neste sentido, a presente investigação teve como objetivo analisar as determinantes da taxa

de tributação efetiva em Portugal (enquanto proxy da adoção de medidas de tax planning) e,

bem assim, analisar o impacto da reforma do CIRC ocorrida em 2014 na taxa de tributação

efetiva e nas referidas determinantes.

Em termos de resultados, a evidência empírica corrobora quase todas as hipóteses de

investigação formuladas. Ao considerar-se a variável dependente ETR1, os resultados

sugerem que as empresas de maior dimensão apresentam menor taxa de tributação efetiva,

suportando a teoria do poder político (Siegfried, 1973). Os resultados para a ETR1 e a

ETR2 sugerem que as empresas mais endividadas e as empresas que utilizam benefícios

fiscais apresentam taxas de tributação efetiva inferiores. Os resultados obtidos para a ETR2

sugerem também que as empresas com maior peso de ativos não correntes (ativos

depreciáveis) apresentam menor taxas de tributação efetiva. No que respeita ao impacto da

rentabilidade da atividade, os resultados obtidos para a ETR1 sugerem que as empresas

mais rentáveis apresentam menor taxa de tributação efetiva, enquanto que, contrariamente,

os resultados obtidos para a ETR2 sugerem uma influência positiva da rentabilidade da

atividade na taxa de tributação efetiva.

Relativamente ao impacto da reforma do CIRC, os resultados para a ETR1 sugerem que a

reforma conduziu à diminuição da taxa de tributação efetiva. Os resultados obtidos para a

ETR1 e ETR2 sugerem ainda que a reforma do CIRC teve influência em algumas

determinantes da taxa de tributação efetiva em estudo.

Os resultados da presente investigação, realizada por referência à identificação das

determinantes de tax planning em Portugal, apresenta-se como um contributo para o

aumento das investigações realizadas em empresas de países da União Europeia, dada a

escassez de estudos realizados sobre o tema fora dos EUA. A investigação realizada

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caracteriza-se ainda pela atualidade do tema, dado abranger o período pré e pós reforma do

CIRC em Portugal. Adicionalmente, as conclusões anteriormente referidas afiguram-se de

particular relevância para efeitos de (re)formulação da política fiscal e dos procedimentos a

adotar no âmbito de inspeções fiscais e, bem assim, para efeitos de avaliação do objetivo

primordial de redução da taxa de tributação efetiva pretendido pela reforma de 2014.

O estudo realizado apresenta algumas limitações. Em primeira instância, uma vez que a

informação relativa à taxa de tributação efetiva suportada pelas empresas não se encontra

publicamente disponível, a investigação teve por base a informação constante nas

demonstrações financeiras, podendo a precisão da medida da taxa de tributação efetiva ser

questionada (Plesko, 2003). A consideração no numerador da variável dependente da

rúbrica de “Impostos totais” por oposição a “Impostos correntes” (que não se encontram

disponíveis na base de dados SABI) poderá igualmente ter influência nos resultados

obtidos. Acresce que a utilização da taxa de tributação efetiva apenas permite identificar

comportamentos de tax planning em situações de não conformidade dos procedimentos

contabilísticos e fiscais. Adicionalmente, dado que a adoção de práticas de tax planning

resulta de um conjunto de fatores e interações que não se esgotam nas características da

própria empresa, os modelos de regressão considerados encontram-se, inevitavelmente,

incompletos.

Como recomendação para investigações futuras, sugere-se a realização de novos estudos

considerando um período temporal de análise superior aos dois anos pré e pós reforma do

CIRC observados. Paralelamente, tendo em consideração que as empresas que operam no

CINM beneficiam de uma taxa de IRC de 5%, seria interessante realizar uma análise

comparativa das determinantes da taxa de tributação efetiva nas empresas residentes em

Portugal Continental face às empresas que beneficiam da taxa reduzida de 5%. Em termos

internacionais, dada a semelhança do regime fiscal de Portugal e de Espanha e a recente

reforma fiscal em ambos os países (em Portugal em 2014 e em Espanha em 2015), sugere-

se a realização de um estudo comparativo das determinantes da taxa de tributação efetiva

em Portugal e em Espanha. Sugere-se ainda a inclusão de outras variáveis explicativas no

modelo de regressão e a análise à existência de uma relação não linear entre as variáveis

explicativas e a taxa de tributação efetiva.

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- Orçamento do Estado para 2011: Lei n.º 55-A/2010. D. R. n.º 253/2010, 1º Suplemento,

Série I de 2010-12-31, 6122-(2) a 6122-(322)

- Orçamento do Estado para 2012: Lei n.º 64-B/2011. D. R. n.º 250/2011, 1º Suplemento,

Série I de 2011-12-30, 5538-(48) a 5538-(244)

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- Orçamento do Estado para 2013: Lei n.º 66-B/2012. D. R. n.º 252/2012, 1º Suplemento,

Série I de 2012-12-31, 7424-(42) a 7424-(240)

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Anexos

Anexo A – Benefícios em sede de IRC

Nos períodos de tributação de 2012 a 2016, a AT atribuiu, em média por ano, a título de

benefícios fiscais em sede de IRC o montante de € 932 milhões, em média, a cerca de 15

mil empresas, conforme detalhe apresentado na tabela A110.

Tabela A1 – Benefícios fiscais em sede de IRC atribuídos no período de 2012 a 2016

Os benefícios mais expressivos utilizados pelas empresas residentes em Portugal

Continental que exercem a título principal atividades de natureza comercial, industrial ou

agrícola (foco da investigação) são os benefícios de dedução ao rendimento e dedução à

coleta pois, os benefícios de isenção definitiva, isenção temporária e dedução à matéria

coletável não são expressivos para estas entidades e os benefícios de redução de taxa

respeitam, quase na sua totalidade, aos benefícios atribuídos às entidades residentes na ilha

da Madeira e licenciadas para operar no CINM (entidades excluídas do âmbito da presente

investigação).

10 Os dados considerados pela AT têm como base os valores declarados pelos sujeitos passivos nas declarações modelo 22 do período de tributação respetivo, os quais poderão ser objeto de correção por parte da AT, no âmbito das suas competências de controlo. Da mesma forma, os valores considerados não contemplam os benefícios solicitados pelos sujeitos passivos em fase posterior à apresentação da declaração modelo 22, nomeadamente benefícios fiscais solicitados em fase administrativa à própria AT e/ou em fase judicial.

Tipo de benefício Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) %

Deduções ao rendimento 95.645.780 72.920.222 73.024.887 75.765.607 82.834.003 80.038.100 9%

Deduções à coleta 164.085.476 425.419.766 363.443.832 353.964.023 319.143.229 325.211.265 35%

Isenção definitiva 237.291.890 275.890.511 381.824.322 306.347.007 321.244.828 304.519.712 33%

Isenção temporária 226.332.862 94.889.029 6.370.244 7.571.997 8.895.573 68.811.941 7%

Redução de taxa 173.313.810 175.393.875 206.782.361 127.855.446 101.194.537 156.908.006 17%

Dedução à matéria coletável 0 0 623 7.687 8.260 3.314 0%

Total de benefícios 896.669.817 1.044.513.404 1.031.446.270 871.511.767 833.320.430 935.492.338

Resultado da liquidação (8.728.328) (2.499.482) (3.683.591) (1.783.855) (2.140.626) (3.767.177) 0%

Total de benefícios corrigido 887.941.489 1.042.013.921 1.027.762.678 869.727.912 831.179.804 931.725.161 100%

Total de empresas 9.185 18.273 16.487 15.472 16.394 15.162

Fonte: Adaptado do site da AT

2012 2013 2014 2015 2016 Média 2012-2016

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Anexo B – Benefícios de Dedução ao Rendimento

No período de 2012 a 2016, os benefícios de “majoração à criação de emprego” e

“majoração de donativos” representam consistentemente cerca de 80% dos benefícios de

dedução ao rendimento atribuídos em sede de IRC, conforme detalhe na tabela B1.

Tabela B1 – Benefícios fiscais de dedução ao rendimento atribuídos no período de 2012 a 2016

Beneficio de majoração dos donativos

A relevância para efeitos de IRC dos donativos atribuídos encontra-se prevista no Estatuto

do Mecenato11. De acordo com este regime, são relevantes para efeitos de IRC as entregas,

em dinheiro ou em espécie, concedidas sem quaisquer contrapartidas que configurem

obrigações de caráter pecuniário ou comercial, às entidades públicas ou privadas previstas

nos artigos 62.º e seguintes do EBF cuja atividade consista predominantemente na

realização de iniciativas nas áreas social, cultural, ambiental, desportiva ou educacional.

Perante a atribuição de donativos às entidades previstas nos artigos 62.º e seguintes do

EBF, o legislador permite, não só a aceitação do montante atribuído a título de donativo

como gasto fiscal, mas também a majoração do respetivo gasto em 20%, 30%, 40% ou

50%, dependendo das entidades beneficiárias e dos fins que se pretende atingir.

O objetivo do Estado na abdicação de receita fiscal decorrente da atribuição destes

benefícios fiscais é precisamente o de incentivar a atribuição de donativos por parte das

empresas a instituições que desenvolvem atividade nas áreas acima referida.

11 O Estatuto do Mecenato está previsto nos artigos 61.º a 66.º do EBF

Tipo de benefício Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) %

Majoração à criação de emprego 39.722.489 39.451.291 36.967.291 36.272.664 41.842.541 38.851.255 49%

Majorações aplicadas aos donativos 21.120.633 23.062.015 23.009.343 31.293.528 21.606.080 24.018.320 30%

Outros 34.802.659 10.406.917 13.048.253 8.199.415 19.385.382 17.168.525 21%

Total deduções ao rendimento 95.645.780 72.920.222 73.024.887 75.765.607 82.834.003 80.038.100 100%

Fonte: Adaptado do site da AT

2012 2013 2014 2015 2016 Média 2012-2016

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Benefício de majoração à Criação de Emprego

O benefício da Criação de Emprego é um benefício automático que pretende incentivar a

abolição da precaridade dos vínculos laborais através da criação de emprego estável12.

Em traços gerais, o benefício consiste na majoração em 50% dos montantes contabilizados

como gasto a título de encargos com criação líquida de emprego de jovens ou

desempregados de longa duração admitidos por contrato de trabalho por tempo

indeterminado (“efetivos”).

A majoração de 50% é aplicável durante um período de cinco anos a contar do início da

vigência do contrato de efetividade, não sendo cumulável, quer com outros benefícios

fiscais da mesma natureza, quer com outros incentivos de apoio ao emprego previstos

noutros diplomas, quando aplicáveis ao mesmo trabalhador ou posto de trabalho.

Relativamente aos encargos, a legislação prevê que são encargos relevantes os suportados

pela entidade empregadora com o trabalhador a título de remuneração fixa e das

contribuições para a Segurança Social, sendo o montante máximo de majoração anual, por

posto de trabalho, o correspondente a 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida.

12 Benefício previsto artigo 19.º do EBF.

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Anexo C – Benefícios de Dedução à Coleta

No período de 2012 a 2016, os benefícios de dedução à coleta representam cerca de 80%

dos benefícios fiscais de dedução ao rendimento e de dedução à coleta utilizados, sendo os

benefícios do SIFIDE, RFAI e CFEI os mais significativos, conforme tabelas C1 e C2.

Tabela C1 – Benefícios de dedução ao rendimento e dedução à coleta atribuídos no período de 2012 a 2016

Tabela C2 – Benefícios de dedução à coleta atribuídos no período de 2012 a 2016

Benefício do CFEI

O benefício do CFEI pretendeu incentivar o investimento empresarial no ano de 2013,

em concreto no período entre 1 de junho e 31 de dezembro de 201313.

O benefício consiste numa dedução à coleta de IRC correspondente a 20% das despesas

de investimento elegíveis realizadas durante aquele período, até ao montante máximo de

investimento de € 5 milhões. O benefício apurado poderá ser dedutível até ao limite de

70% da coleta, sendo, em caso de insuficiência de coleta, o montante não utilizado

reportável por um período de cinco anos (até período de tributação de 2018).

Comparativamente com outros benefícios fiscais de incentivo ao investimento, o CFEI é

aplicável de forma mais abrangente e sem qualquer requisito relativo à criação de postos

de trabalho (requisito exigido pelo RFAI). Tal justifica o motivo pelo qual os valores

deduzidos a título de CFEI no ano de 2013 são bastante significativos, tendo o CFEI

representado mais de 50% dos benefícios de dedução à coleta deduzidos em 2013.

13 O benefício do CFEI foi aprovado pela Lei n.º 49/2013, de 16 de julho

Tipo de benefício Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) %

Deduções ao rendimento 95.645.780 72.920.222 73.024.887 75.765.607 82.834.003 80.038.100 20%

Deduções à coleta 164.085.476 425.419.766 363.443.832 353.964.023 319.143.229 325.211.265 81%

Total de benfícios 259.731.256 498.339.988 436.468.719 429.729.631 401.977.232 405.249.365

Resultado da liquidação (8.728.328) (2.499.482) (3.683.591) (1.783.855) (2.140.626) (3.767.177) -1%

Total de benefícios corrigido 251.002.928 495.840.506 432.785.128 427.945.776 399.836.606 401.482.189 100%

Fonte: Adaptado do site da AT

2012 2013 2014 2015 2016 Média 2012-2016

Tipo de benefício Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) Montante (€) %

SIFIDE 79.440.087 81.776.418 85.073.306 106.364.828 84.700.687 87.471.065 27%

RFAI 34.457.698 75.740.856 118.713.446 130.401.295 133.314.079 98.525.475 30%

CFEI 0 221.185.289 62.482.771 44.351.195 25.732.582 70.750.368 22%

Outros 170.170.927 122.778.429 123.040.431 120.237.687 144.061.927 136.057.880 21%

Total de deduções à coleta 284.068.713 501.480.993 389.309.954 401.355.004 387.809.276 392.804.788 100%

Fonte: Adaptado do site da AT

2012 2013 2014 2015 2016 Média 2012-2016

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56

Benefício do RFAI

O RFAI 14 é um benefício fiscal com finalidade regional que pretende promover o

investimento em determinadas regiões e sectores de atividade.

Nos períodos de tributação de 2012 a 2016, o benefício em sede de IRC15 correspondia a

uma dedução à coleta de 25% dos investimentos considerados elegíveis (10% em algumas

regiões) até o investimento de € 5 milhões (10% para investimentos superior aquele

limite).

O benefício apurado poderá ser deduzido até ao montante de 25% ou 50% da coleta

(dependendo dos anos), podendo, em caso de insuficiência de coleta, o benefício não

utilizado ser reportável por 4, 5 ou 10 anos (dependendo dos anos a que o benefício

respeita). Desde 2014, no caso de investimentos realizados no período de início de

atividade e nos dois períodos de tributação seguintes, a dedução poderá ser efetuada até à

concorrência do total da coleta apurada em cada um desses períodos de tributação.

Benefício do SIFIDE

O benefício do SIFIDE 16 visa aumentar a competitividade das empresas portuguesas,

incentivando o investimento em atividades de I&D (Investigação e Desenvolvimento).

Em traços gerais, o benefício aplica-se a todos os sujeitos passivos, independentemente do

sector de atividade, e permite recuperar até 82,5% do investimento em I&D.

Ao contrário do benefício do RFAI e CFEI, o benefício do SIFIDE não é automático,

carecendo de candidatura a apresentar à Agência Nacional de Inovação (“ANI”).

O montante aprovado pela ANI poderá ser deduzido até à concorrência da coleta apurada

no período de tributação a que as despesas respeitam, podendo, em caso de insuficiência

de coleta, o montante não deduzido ser reportável por seis (SIFIDE apurado em 2012 e

2013) ou oito períodos de tributação (SIFIDE apurado após 2014).

14 O benefício do RFAI foi criado pela Lei n.º 10/2009, de 10 de março, e sucessivamente prorrogado anualmente pelos Orçamento do Estado para 2010 a 2013. Desde 2014, o RFAI encontra-se previsto no CFI. 15 Além do benefício em sede de IRC, as empresas que se encontrem em condições de beneficiar do RFAI poderão usufruir de benefícios em sede de impostos sobre o património e Imposto do Selo. 16 A designação atual do benefício do SIFIDE é SIFIDE II, conforme beneficio em vigor deste 2011, aprovado pelo artigo 133.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro.

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57

Anexo D - Teste de Hausman

Tabela D1 – Teste de Hausman

Variáveis Resultados

ETR1 chi2(13)=82,54***

ETR2 chi2(13)=46,42***

Notas

*, **, *** representa a significância a nível de confiança de 90%, 95% e 99%,

respetivamente.

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Anexo E – Matriz de Correlação de Pearson

Tabela E1 – Matriz de correlação de Pearson

Variáveis ETR1 ETR2 Size Lev Cap_int Inv_int Benefits RoA TR

ETR1 1

ETR2 -0,017 1

Size -0,1619 -0,0016 1

Lev -0,0518 -0,1493 0,2344 1

Cap_int -0,0406 -0,1138 0,0573 0,2935 1

Inv_int 0,0658 -0,0465 -0,0654 -0,1208 -0,1063 1

Benefits -0,1189 -0,1224 0,0276 -0,0186 0,0793 0,0489 1

RoA -0,1674 0,3228 -0,0779 -0,242 -0,095 -0,1485 -0,0933 1

TR -0,1831 -0,0193 0,026 -0,0633 -0,0158 -0,0057 -0,0363 0,0628 1

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3. O número de observações é de 4076 referente ao período de

2012 a 2016, excluindo o período de 2014.

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Anexo F – Inclusão do Ano de 2014 no Período de Observações

Tabela F1 – Resultados do modelo de regressão sem exclusão do ano de 2014

Variáveis ETR1 ETR2

Size -0,0180*** 0,00197(0,00235) (0,00169)

Lev -0,0528*** -0,0431***(0,0163) (0,0131)

Cap_int -0,0178 -0,0343***(0,0131) (0,00814)

Inv_int 0,0188 -0,00322(0,0234) (0,0215)

Benefits -0,226** -0,139***(0,0887) (0,0321)

RoA -0,287*** 0,345***(0,0312) (0,0311)

TR -0,178*** -0,0414(0,0476) (0,0363)

TR_Size 0,00800*** 0,00294(0,00290) (0,00227)

TR_Lev 0,011 -0,0103(0,0195) (0,0165)

TR_Cap_int 0,00909 0,00492(0,0155) (0,0106)

TR_Inv_int 0,00469 -0,00785(0,0284) (0,0264)

TR_Benefits -0,260** -0,0729(0,107) (0,0472)

TR_RoA 0,0981*** -0,0880**(0,0365) (0,0369)

Constant 0,630*** 0,0866***(0,0387) (0,0270)

Estatística F 35,87 50,63

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000

R2 0,1111 0,1228

R2 ajustado 0,1089 0,1206

Número de empresas

Número de observações

1.019

5.095

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já

incluem a correção de White.

*, **, *** representa a significância a nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

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60

Anexo G – Análise Isolada Antes e Após a Reforma do CIRC

Tabela G1 – Resultados do modelo de regressão estimados no período pré e pós reforma do CIRC

Variáveis

Pré reforma do CIRC Após reforma do CIRC Pré reforma do CIRC Após reforma do CIRC

Size -0,0180*** -0,0103*** 0,00197 0,00582***(0,00235) (0,00194) (0,00169) (0,0017)

Lev -0,0528*** -0,0451*** -0,0431*** -0,0506***(0,0163) (0,0129) (0,0131) (0,0126)

Cap_int -0,0178 -0,000403 -0,0343*** -0,0205**(0,0131) (0,0100) (0,00814) (0,0085)

Inv_int 0,0188 0,0238 -0,00322 -0,014(0,0234) (0,0190) (0,0215) (0,0175)

Benefits -0,226** -0,476*** -0,139*** -0,254***(0,0887) (0,0832) (0,0321) (0,0413)

RoA -0,287*** -0,183*** 0,345*** 0,258***(0,0312) (0,0223) (0,0311) (0,0252)

Constant 0,630*** 0,447*** 0,0866*** 0,0247(0,0387) (0,0316) (0,0271) (0,0268)

Estatística F 24,7 20,9 42,3 42,81

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

R2 0,0877 0,0885 0,1381 0,1177

Número de empresas

Número de observações

ETR1

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3. O período pós reforma do CIRC refere-se aos anos de 2015/2016.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já incluem a correção de White.

*, **, *** representa a significância a um nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

2.038

ETR2

2.038

1.019 1.019

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Anexo H – Influência do Sector de Atividade

Tabela H1 – Resultados do modelo de regressão considerando o sector de atividade

Variáveis ETR1 ETR2

Size -0,0169*** 0,00204(0,00233) (0,00170)

Lev -0,0629*** -0,0408***(0,0164) (0,0131)

Cap_int -0,00847 -0,0361***(0,0129) (0,00824)

Inv_int 0,037 -0,00251(0,0240) (0,0218)

Benefits -0,207** -0,138***(0,0826) (0,0323)

RoA -0,294*** 0,351***(0,0313) (0,0314)

TR -0,187*** -0,0625*(0,0497) (0,0380)

TR_Size 0,00784*** 0,00389(0,00302) (0,00239)

TR_Lev 0,00726 -0,00739(0,0208) (0,0181)

TR_Cap_int 0,017 0,0131(0,0163) (0,0118)

TR_Inv_int 0,0053 -0,0106(0,0308) (0,0277)

TR_Benefits -0,202* -0,116**(0,114) (0,0531)

TR_RoA 0,107*** -0,0870**(0,0383) (0,0403)

Sector2 0,023 -0,0663**(0,0211) (0,0259)

Sector3 0,0557*** -0,0678***(0,0205) (0,0257)

Constant 0,562*** 0,151***(0,0432) (0,0364)

Estatística F 33,54 34,29

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000

R2 0,1277 0,1341

Número de empresas

Número de observações

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3.

A análise foi feita por referência a empresas do sector primário. A variável "Sector2" representa as

empresas do sector industrial e a variável "Sector3" representa as empresas do sector terciário.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já

incluem a correção de White.

*, **, *** representa a significância a um nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

1.019

4.076

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62

Anexo I – Influência da Região

Tabela I1 – Resultados do modelo de regressão considerando a região onde a empresa está localizada

Variáveis ETR1 ETR2

Size -0,0180*** 0,00208(0,00233) (0,00170)

Lev -0,0481*** -0,0450***(0,0165) (0,0132)

Cap_int -0,0138 -0,0345***(0,0130) (0,00808)

Inv_int 0,0283 -0,00695(0,0236) (0,0216)

Benefits -0,218** -0,139***(0,0855) (0,0328)

RoA -0,294*** 0,347***(0,0314) (0,0312)

TR -0,183*** -0,0620(0,0498) (0,0381)

TR_Size 0,00765** 0,00388(0,00303) (0,00240)

TR_Lev 0,00940 -0,00830(0,0209) (0,0183)

TR_Cap_int 0,0169 0,0138(0,0164) (0,0118)

TR_Inv_int 0,00620 -0,0115(0,0303) (0,0277)

TR_Benefits -0,227* -0,119**(0,118) (0,0532)

TR_RoA 0,107*** -0,0887**(0,0385) (0,0402)

RegiãoAlgarve 0,0145 0,00617(0,0136) (0,0174)

RegiãoCentro -0,00801 -0,00573(0,0068) (0,00567)

RegiãoLisboa 0,0168*** -0,00797*(0,00498) (0,00412)

RegiãoAlentejo -0,0269** 0,00336(0,0126) (0,0122)

Constant 0,620*** 0,0898***(0,0386) (0,0272)

Estatística F 28,65 20,22

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000

R2 0,1239 0,1305

Número de empresas

Número de observações

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3.

Como pressuposto de análise, considerou-se que as empresas estão localizadas na região onde têm a sua sede. A

análise foi feita por referência a regiões NUTS II (Norte, Centro, Alentejo, Lisboa e Algarve) e por referência à

região Norte.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já incluem a

correção de White.

*, **, *** representa a significância a um nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

1.019

4.076

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63

Anexo J – Dados em Painel com Efeitos Fixos

Tabela J1 – Resultados do modelo de regressão com dados em painel com efeitos fixos

Variáveis ETR1 ETR2

Size -0,0169*** 0,00204(0,00233) (0,00170)

Lev -0,0629*** -0,0408***(0,0164) (0,0131)

Cap_int -0,00847 -0,0361***(0,0129) (0,00824)

Inv_int 0,037 -0,00251(0,0240) (0,0218)

Benefits -0,207** -0,138***(0,0826) (0,0323)

RoA -0,294*** 0,351***(0,0313) (0,0314)

TR -0,187*** -0,0625*(0,0497) (0,0380)

TR_Size 0,00784*** 0,00389(0,00302) (0,00239)

TR_Lev 0,00726 -0,00739(0,0208) (0,0181)

TR_Cap_int 0,017 0,0131(0,0163) (0,0118)

TR_Inv_int 0,0053 -0,0106(0,0308) (0,0277)

TR_Benefits -0,202* -0,116**(0,114) (0,0531)

TR_RoA 0,107*** -0,0870**(0,0383) (0,0403)

Sector2 0,023 -0,0663**(0,0211) (0,0259)

Sector3 0,0557*** -0,0678***(0,0205) (0,0257)

Constant 0,562*** 0,151***(0,0432) (0,0364)

Estatística F 33,54 34,29

Probabilidade (Estatística F) 0,0000 0,0000

R2 0,1277 0,1341

Número de empresas

Número de observações

Definição das variáveis e notas

A definição das variáveis encontra-se descrita na tabela 3.

A análise foi feita por referência a empresas do sector primário. A variável "Sector2" representa as

empresas do sector industrial e a variável "Sector3" representa as empresas do sector terciário.

De modo a reduzir os problemas de heteroscedasticidade identificados, os resultados apresentados já

incluem a correção de White.

*, **, *** representa a significância a um nível de confiança de 90%, 95% e 99%, respetivamente.

Valores indicados entre parênteses respeitam ao desvio padrão.

1.019

4.076