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FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILLIAM SHAKESPEARE 13 DIAS DA MÚSICA EM BELÉM O DOCE PODER DA MÚSICA 25\26 27\28 ABRIL\19 A razão é vós terdes espírito atento. Basta verdes um rebanho selvagem e brincalhão Ou a corrida de potros jovens indomados A saltar como doidos e com altos relinchos, Meros efeitos do ardor do sangue. Se, por acaso, ouvirem um toque de trompa Ou se uma ária de música lhes chega aos ouvidos, Vê-los-eis parar ao mesmo tempo, Seus olhos selvagens tornam-se olhar meigo Pelo doce poder da música. Assim o poeta Inventou que Orfeu atraía árvores, pedras e marés, Visto nada ser tão insensível, duro e enraivecido Cuja natureza não se altere, por instantes, com a música. O homem que não traz música consigo Nem se comove com acordes melodiosos, É dado a traições, estratagemas e rapina; Os impulsos da sua alma são sombrios como a noite, As inclinações negras como Érebo. Não se confie em tal homem. Escutai a música. W. SHAKESPEARE, O MERCADOR DE VENEZA, V ATO TRADUÇÃO DE M. GOMES DA TORRE, RELÓGIO D’ÁGUA O Doce Poder da Música Para Shakespeare, a música tinha um poder transformador único. É pois este poder que esperamos reavivar em mais uma edição dos Dias da Música em Belém, totalmente dedicada a William Shakespeare, dias 18, 23, 25, 26, 27 e 28 de abril, no CCB, no Coliseu do Porto e no Convento de São Francisco em Coimbra. Revisitar Shakespeare é sempre um desafio, dada a proliferação de estudos universitários, encenações e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos tempos pelos mais diversos discursos artísticos – do teatro ao cinema, do ensaio à literatura, da dança à música. Contudo, se a sua biografia ainda é terreno de polémicas, a sua obra continua a fascinar pelo que tem de avassalador na abordagem da natureza das paixões humanas e a suscitar permanentes releituras. A música, em particular, tem uma profunda relação com Shakespeare, seja pelo que escreve sobre a música, seja pela forma como a sua obra fascinou e influenciou compositores de todas as épocas, dando origem a um vastíssimo repertório, da música de cena à ópera e ao ballet, do poema sinfónico à música para piano solo, da canção ao musical norte- -americano.

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FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 13

DIAS DA MÚSICA EM BELÉM

O DOCE PODER DA MÚSICA

25\2627\28ABRIL\19

A razão é vós terdes espírito atento.Basta verdes um rebanho selvagem e brincalhãoOu a corrida de potros jovens indomadosA saltar como doidos e com altos relinchos,Meros efeitos do ardor do sangue.Se, por acaso, ouvirem um toque de trompaOu se uma ária de música lhes chega aos ouvidos,Vê-los-eis parar ao mesmo tempo,Seus olhos selvagens tornam-se olhar meigoPelo doce poder da música. Assim o poetaInventou que Orfeu atraía árvores, pedras e marés,Visto nada ser tão insensível, duro e enraivecidoCuja natureza não se altere, por instantes, com a música.O homem que não traz música consigoNem se comove com acordes melodiosos,É dado a traições, estratagemas e rapina;Os impulsos da sua alma são sombrios como a noite,As inclinações negras como Érebo.Não se confie em tal homem. Escutai a música.

W. SHAKESPEARE, O MERCADOR DE VENEZA, V ATOTRADUÇÃO DE M. GOMES DA TORRE, RELÓGIO D’ÁGUA

O Doce Poder da Música

Para Shakespeare, a música tinha um poder transformador único. É pois este poder que esperamos reavivar em mais uma edição dos Dias da Música em Belém, totalmente dedicada a William Shakespeare, dias 18, 23, 25, 26, 27 e 28 de abril, no CCB, no Coliseu do Porto e no Convento de São Francisco em Coimbra.

Revisitar Shakespeare é sempre um desafio, dada a proliferação de estudos universitários, encenações e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos tempos pelos mais diversos discursos artísticos – do teatro ao cinema, do ensaio à literatura, da dança à música. Contudo, se a sua biografia ainda é terreno de polémicas, a sua obra continua a fascinar pelo que tem de avassalador na abordagem da natureza das paixões humanas e a suscitar permanentes releituras. A música, em particular, tem uma profunda relação com Shakespeare, seja pelo que escreve sobre a música, seja pela forma como a sua obra fascinou e influenciou compositores de todas as épocas, dando origem a um vastíssimo repertório, da música de cena à ópera e ao ballet, do poema sinfónico à música para piano solo, da canção ao musical norte- -americano.

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A influência de Shakespeare fez-se sentir logo após a apresentação das suas obras, ainda no início do séc. XVII. Parte deste fenómeno está ligado à consciência que o próprio Shakespeare tinha da importância da música como elemento teatral, o que se pode comprovar pelas inúmeras indicações de cena relativas a momentos musicais. Isso levou a que, produção após produção, fossem aparecendo novas abordagens que refletiam igualmente a evolução dos gostos e dos géneros musicais. Em apenas cem anos, surgiram verdadeiras obras-primas musicais como Vénus e Adónis, de John Blow, e Fairy Queen, de Henry Purcell, para não falar da chamada música de cena como a que foi composta por Matthew Locke para A Tempestade, e por Purcell para Timão de Atenas, A Tempestade e Ricardo II.

Séculos mais tarde, durante o romantismo, compositores como Hector Berlioz continuaram a encontrar em Shakespeare uma constante fonte de inspiração. A Sinfonia Dramática Romeu e Julieta, Tristia ou Béatrice et Bénédict são um bom exemplo da adaptação da obra shakespeariana para a música; no entanto, Berlioz vai mais longe. Com a Sinfonia Fantástica e a respetiva sequela, Lélio, Berlioz assume uma verdadeira obsessão por Shakespeare. Na primeira, assistimos ao desespero do amor não correspondido por Harriet Smithson, atriz pela qual Berlioz se apaixonou aquando de uma representação de Hamlet. Na segunda obra, vemos o artista como que a renascer, inspirado em Shakespeare. Foi por causa de Shakespeare que se apaixonou e é por causa de Shakespeare que regressa à vida, salvando-se através da arte.

São inúmeros os compositores que não lhe escaparam à influência, de Mendelssohn a Wagner, de Tchaikovsky a Prokofiev, de Verdi a Gounod. Este

último era aluno do Conservatório de Paris quando Berlioz apresentou a sua Sinfonia Dramática Romeu e Julieta. O impacto foi tal que, quase 30 anos mais tarde, começou a compor a sua versão da peça de Shakespeare. Richard Wagner relata que, durante a sua juventude, costumava sonhar que conhecia Shakespeare «em carne e osso»! Seriam conversas a três, a que se juntava Beethoven, e que lhe dariam os ingredientes necessários para o seu «Drama Musical». Giuseppe Verdi, que nunca escondeu a sua admiração por Shakespeare, termina a sua longa carreira com Otello e Falstaff, consideradas por muitos como as suas melhores óperas. Só Romeu e Julieta teve mais de 20 adaptações para a música, sendo as mais conhecidas as versões de Bellini, Berlioz, Gounod, Tchaikovsky, Prokofiev e Bernstein.

Os Dias da Música em Belém procuram, assim, traçar um percurso que começa com essa evocação do poder inspirador da arte de Shakespeare feita por Berlioz, para depois nos deixarmos levar por uma série de caminhos alternativos, todos eles relacionados com Shakespeare – desde a música do tempo de Shakespeare até à música eletrónica dos nossos dias, passando obviamente por concertos dedicados exclusivamente a peças e/ou personagens marcantes do panteão shakespeariano. Não faltarão títulos como A Fera Amansada; A Tempestade; As Alegres Comadres de Windsor; Coriolano; Hamlet; Henrique IV; Macbeth; Medida por Medida; Muito Barulho por Nada; O Mercador de Veneza; Otelo; Rei Lear; Romeu e Julieta; Sonho de Uma Noite de Verão; Timão de Atenas e Vénus e Adónis, entre outros. Mas se estes Dias da Música em Belém se caracterizam por uma grande evocação do Bardo feita através da música, teremos no final a evocação da música feita por Shakespeare, tal como

a encontramos nas falas de Lourenço no Mercador de Veneza, que o compositor Ralph Vaughan Williams transformou numa magnífica Serenata à Música para 16 Solistas e Orquestra.

Para tudo isto, contamos mais uma vez com alguns dos principais solistas e agrupamentos portugueses, a que se juntam reconhecidos músicos vindos dos principais palcos mundiais.

Graças à parceria do CCB com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional – ANQEP, I.P., alargamos os Dias da Música em Belém ao Porto e a Coimbra com a Orquestra do Festival, que resulta de um estágio feito com alunos de música vindos de todo o país (continente e ilhas), para apresentarem juntamente

com coros locais o Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn, no dia 18 de abril, no Coliseu do Porto, dia 23 de abril, no Convento de São Francisco, em Coimbra, e no dia 25 de abril, no CCB.

A par deste estágio jovem, teremos igualmente pela primeira vez nesta edição uma série de masterclasses dadas por alguns dos solistas deste festival, contribuindo assim para uma ainda maior proximidade entre os artistas e o público.

Resta-nos esperar que se deixe mesmo transformar por este «doce poder da música», nesta edição dos Dias da Música em Belém dedicada a William Shakespeare.

ANDRÉ CUNHA LEAL

P R O D U Ç Ã O A P O I O I N S T I T U C I O N A L

P A R C E I R O S M E D I A

P A R C E R I A I N S T I T U C I O N A L

A P O I O S

P A R T I C I P A Ç Ã O O F I C I A L

E M P R E S A S A M I G A S

A P O I O C O N C E R T O S A N Q E P / P R O J E T A R O F U T U R O C O M A R T E

P A T R O C I N A D O R

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INFORMAÇÕESGERAISPREÇÁRIO / 25 ABRIL, QUINTA-FEIRADIAS DA MÚSICA EM BELÉM – FESTIVAL JOVEMConcerto no Grande Auditório 7,5€ (galerias 6€) Concerto no Pequeno Auditório 5€Concertos na Sala Luís de Freitas Branco e Sala Almada Negreiros 4€Bilhete de recinto 4€ (grátis até aos 6 anos e para Portadores de Cartão Amigo CCB)

PREÇÁRIO / 26, 27 E 28 DE ABRIL DIAS DA MÚSICA EM BELÉMConcertos no Grande Auditório 14,5€(galerias 6€)

Concertos no Pequeno Auditório 11,5€Concertos na Sala Almada Negreiros / Sala Luís de Freitas Branco / Sala Sophia de Mello Breyner Andresen 9,5€Sala Fernando Pessoa / Sala Glicínia Quartin (Fábrica das Artes) 5€Bilhete de recinto 4€ (grátis até aos 6 anos e para Portadores de Cartão Amigo CCB)

Masterclasses (Participantes) 80€ Masterclasses (Ouvintes) 10€

DESCONTOSConjunto de 3 bilhetes ou mais no mesmo dia (válido apenas para sábado e domingo): desconto de 10%, em exclusivo na Bilheteira CCB e para bilhetes com valor superior a 8€.Amigo CCB desconto de 10% para bilhetes com valor superior a 8€, compra exclusiva nos dias 19 e 20 de março. No festival não é possível efetuar reservas de bilhetes. Para além da Bilheteira CCB, situada no final do Caminho Pedonal, durante o festival e no interior do recinto, encontra uma bilheteira alternativa na receção principal, junto ao balcão de informações (piso 1). Para adquirir mais bilhetes para concertos não necessita de sair do recinto.

CONCERTOSTodos os concertos com bilhete têm uma referência (letra + número). Para facilitar a compra, utilize esta designação para identificar os concertos a adquirir. Consulte nas páginas seguintes as notas aos programas e outras informações sobre o(s) concerto(s).O Festival Jovem decorre na quinta-feira, dia 25 de abril.A programação pode sofrer alterações por motivos imprevistos. Consulte o programa atualizado do festival em www.ccb.pt.Nos Palcos Nascente e Poente decorrem concertos informais de entrada livre.

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FESTIVAL JOVEMA1 — 18HGRANDE AUDITÓRIO

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃOOrquestra do FestivalCesário Costa direção musicalCoro do Instituto Gregoriano de LisboaFilipa Palhais maestrina do coroAna Maria Pinto sopranoPatrícia Quinta meio-sopranoPedro Penim narradorMaria João da Rocha Afonso e Diana Afonso tradução

Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847) Sonho de uma Noite de Verão Personalidade multifacetada, Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847) revelou, desde muito cedo, grandes qualidades musicais, destacando-se como intérprete (em violino, violeta, piano e órgão), como compositor, improvisador e maestro, apresentando-se, em Berlim, nos concertos organizados pela família em sua casa. Paralelamente, estudou estética com Hegel, na Universidade de Berlim, estudou pintura e manteve uma relação próxima com Goethe. A abertura do Sonho de uma Noite de Verão, inspirada na peça homónima de Shakespeare, na tradução de Schlegel e Tieck, foi escrita em 1826, tinha Mendelssohn 17 anos, a idade de muitos dos jovens músicos que formam a Orquestra do Festival. Dezasseis anos mais tarde, em 1842, a convite de Frederico Guilherme VI, Rei da Prússia, escreveu a música de cena para a mesma peça, incluindo a abertura anteriormente escrita, reutilizando o mesmo material temático, acrescentando fragmentos corais e orquestrais para acompanhar e sublinhar a ação cénica do drama.

CESÁRIO COSTA

QUINTA-FEIRA — 25 ABRILA Orquestra do Festival é constituída por alunos selecionados de 3 orquestras sinfónicas juvenis: a OJ.COM, a Orquestra Sinfónica Ensemble e a Orquestra Sinfónica APROARTE. A OJ.COM- -Orquestra dos Jovens dos Conservatórios Oficiais de Música foi criada em 2001/2002, pelas escolas públicas artísticas de música, no âmbito de estágios de Orquestra realizados, anualmente e rotativamente, nessas escolas para os alunos do ensino artístico especializado. Em 2014, a Ensemble-Associação Portuguesa de Instituições de Ensino de Música criou a Orquestra Sinfónica Ensemble destinada a alunos das escolas artísticas de música do ensino particular e cooperativo, que participam igualmente em estágios anuais em vários locais. A Orquestra Sinfónica APROARTE surgiu em 1999, na sequência da criação da Associação Nacional do Ensino Profissional de Música e Artes – APROARTE – que congrega as escolas profissionais de música, integrando assim alunos dos cursos profissionais nelas lecionados.As 3 orquestras têm-se vindo a apresentar em diversas salas de concertos, para além de terem estado presentes nas últimas edições do Projetar o Futuro com Arte no festival Dias da Música em Belém. A participação na Orquestra do Festival reconhece o investimento individual e coletivo destes alunos bem como a sua qualidade, permitindo a partilha de vivências relevantes para a formação destes jovens músicos, com idades compreendidas entre os 13 e os 21 anos.

A Orquestra do Festival vai também apresentar- -se no Coliseu do Porto e no Convento de São Francisco (Coimbra), nos dias 18 e 23 de abril, respetivamente. No Coliseu do Porto atuará com o Coro dos Meninos Cantores do Município Trofa sob direção da maestrina Antónia Maria Serra, com o Coro Lira e o Coro da Academia de Música de Espinho, sob direção da maestrina Raquel Couto. No Convento de São Francisco atuará com o Coro Juvenil da Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, sob direção da maestrina Susana Milena.

RECINTODurante o festival, a circulação no CCB é condicionada. Os espaços interiores são reservados aos portadores de bilhetes para concertos ou de recinto.O bilhete de recinto dá acesso às atividades complementares que acontecem nas zonas de circulação, como os concertos nos Palcos Nascente e Poente e os espaços comerciais.Nos dias 27 de abril (sábado) e 28 de abril (domingo) o recinto abre às 12h. Também pode circular pelo Mercado e pelos vários espaços comerciais existentes no CCB. Pode entrar e sair do recinto sempre que o desejar, apresentando o seu bilhete à entrada.

SALASSó os concertos que decorrem no Grande Auditório têm lugares marcados. Nas restantes salas, a ocupação faz-se por ordem de chegada. Antecipe a sua chegada. Não é possível a entrada nas salas após o início dos concertos. No recinto e nas salas de concertos não é permitido fumar. Só o poderá fazer nos espaços exteriores. Nas salas de concertos também não é permitido comer, beber ou efetuar qualquer tipo de gravação de som ou de imagem. Não se esqueça de desligar o seu telemóvel. Alguns dos concertos Dias da Música em Belém são gravados ou transmitidos em direto – agradecemos a sua compreensão e colaboração.

PROJETAR O FUTURO COM ARTE A 6.ª edição do Projetar o Futuro com Arte (PFA) nos Dias da Música em Belém decorre, como nos anos anteriores, da parceria estabelecida entre a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP, I.P.) e o CCB, agora num formato distinto, mas igualmente demonstrativo da qualidade musical dos seus participantes. Em 2019 constituiu-se, especialmente para este evento, a Orquestra do Festival, integrando jovens selecionados de 3 orquestras sinfónicas juvenis, participantes no PFA-DDM dos últimos anos, a OJ.COM, a Orquestra Sinfónica Ensemble e a Orquestra Sinfónica APROARTE. Após uma seleção, os alunos escolhidos frequentarão um estágio de uma semana que culmina em 3 concertos: Coliseu do Porto (18/04), Convento de S. Francisco – Coimbra (23/04), e CCB (25/04).

Em cada concerto participarão coros distintos de vozes juvenis, para além de um narrador e duas cantoras. A direção da orquestra e respetivo estágio estará a cargo do maestro Cesário Costa. O repertório será Sonho de uma Noite de Verão (Mendelssohn), que se integra no universo de Shakespeare, tema dos DDM 2019.

MERCADO / RESTAURAÇÃOHá diversos bares e restaurantes em funcionamento durante o festival. No interior do recinto o CCB-Café e o TOPO Belém e no exterior o restaurante Este-Oeste.O Mercado do CCB vai ter uma edição especial (na Praça do CCB) e os habituais espaços comerciais estarão em funcionamento.

BENGALEIRODeixe o seu casaco ou chapéu em segurança.Utilize gratuitamente o serviço de bengaleiro, junto à entrada do Pequeno Auditório.

ESTACIONAMENTOO CCB dispõe de dois parques de estacionamento com acessos pela Rua Bartolomeu Dias (Parque 1) e pela Praça do Império – à Av. da Índia (Parque 2). As máquinas de pagamento situam-se à entrada dos parques, piso 0. No parque 2 (à Av. da Índia), piso 0, encontra lugares de estacionamento reservados a pessoas com mobilidade condicionada.

UTILIZE OS BALCÕES DE INFORMAÇÃO NAS ENTRADAS DO RECINTO DIAS DA MÚSICA.

EM CASO DE EMERGÊNCIA CONTACTE UM SEGURANÇA OU COLABORADOR DO CCB.

O CCB DESEJA-LHE UM EXCELENTE FESTIVAL.

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A2 — 16HPEQUENO AUDITÓRIO

VÉNUS E ADÓNISEscola Artística de Música do Conservatório Nacional

Atelier de Ópera Ema de Sá CUPIDO

Beatriz Volante VÉNUS Leandro Casaca ADÓNIS António Lourenço Menezes CAÇADOR Catarina Carvalho, Isabel Alves, Margarida Mercês PASTORAS GRAÇAS Luís Caetano, Carlos Baltazar PASTORES,

CAÇADORES

Orquestra Jovem de CordasRicardo Mateus direção musical

Ruben Santos encenação José Brandão correpetição e preparação musicalAna Paula Russo preparação vocal

Com a colaboração de alunos do Conservatório Regional de Castelo Branco e do Conservatório Regional de Música de Viseu.

John Blow (1649-1708) Vénus e AdónisÓPERA EM TRÊS ATOS COM PRÓLOGO. CANTADA EM INGLÊS

Vénus e Adónis foi representada em 1683 na corte do Rei Carlos II de Inglaterra, casado com Catarina de Bragança. Considerada uma miniópera, reteve certas características da mascarada, designadamente a participação de membros da realeza, no caso, Lady Mary Tudor, no papel de Cupido, que era filha ilegítima de Carlos II com a atriz Molly Davies, que encarnou Vénus. No prólogo, sem relação com o mito clássico, Cupido divaga sobre as

QUINTA-FEIRA — 25 ABRILvicissitudes das relações amorosas. No ato I, Vénus e Adónis cantam as delícias do seu amor, sendo interrompidos pelos sons de uma caçada. Adónis mostra-se relutante em juntar-se ao grupo, contrariamente ao mito clássico, mas acede a dar caça a um javali selvagem. No ato seguinte, um interlúdio, de novo desligado do mito, Vénus parodia uma lição sobre a arte de fazer arranjinhos amorosos, enquanto as Graças, quais damas de honor, são convocadas para a servir no seu ritual de beleza. Quando, no ato III, Adónis regressa da caçada, mortalmente ferido, Vénus fica destroçada e um coro de Cupidos conclui a ópera, num lamento expressivo.

17H15PALCO POENTE (FOYER DO GRANDE AUDITÓRIO)

Os Violinhos

Aram Khachaturian (1903-1978) Dança do SabreFritz Kreisler (1875-1962) LiebesleidLeroy Anderson (1908-1975) Fiddle FaddleEzra Jenkinson (1872-1947) Dança dos ElfosCarl Maria von Weber (1786-1826) Coro dos Caçadores Richard Rodgers (1902-1979) Música no CoraçãoColdplay Viva La Vida

É com enorme alegria que a orquestra Os Violinhos se apresenta novamente nos Dias da Música em Belém do CCB. Com jovens músicos dos 6 aos 16 anos, será apresentado um programa variado e divertido para ouvintes de todas as idades. Uma excelente oportunidade para partilhar música com toda a família.

A3 — 16HSALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

Orquestra da Escola de Música do Colégio ModernoEscola da Banda de Música de Antas - EsposendeDiogo Costa direção musical

Carl Maria von Weber (1786-1826)Abertura de Oberon

Wofgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Sinfonia n.º 40 em Sol menor

A4 — 16HSALA ALMADA NEGREIROS

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE REI ARTUR EM 45 MINUTOSBaseado na semiópera Rei Artur de H. Purcell, 1691 – Z.628 em 5 atos

Classes de Conjunto da Escola de Música Nossa Senhora do Cabo

Este projeto da Escola de Música Nossa Senhora do Cabo propõe contar a verdadeira história do Rei Artur.Talvez a história do Rei Artur afinal nada tenha que ver com a famosa espada Excalibur, nem com a procura do Graal, nem sequer com Lancelot e os cavaleiros da Távola Redonda. Apenas o reencontro de Artur com a sua amada noiva importa nesta história. Oh! Mas a princesa da Cornualha, Emmelinde, foi raptada pelo seu maior inimigo, o Rei Saxão Oswald. É por isso que a guerra é inevitável até Artur conseguir o que pretende. A história termina com a reunião dos amantes.As partes musicais combinam-se com sugestões de mise-en-scène alicerçadas por um texto dito pelo narrador que determina a condução do espetáculo. Participam o coro de câmara da EMNSC, o consort de flautas, as classes de canto, percussão, contrabaixo e cravo.

B1 — 21H GRANDE AUDITÓRIO

CONCERTO INAUGURALUMA INVOCAÇÃO DE SHAKESPEARE

Orquestra Sinfónica MetropolitanaPedro Amaral direção musicalCoro RicercarePedro Teixeira maestro do Coro RicercareCoro do DeCA/UAAntónio Lourenço maestro do Coro do DeCA/UALuís Gomes tenorLuís Rodrigues barítonoMarta Mato pianoAndré Gago narrador

Hector Berlioz (1803-1869)

Tristia, op. 18 (1849, rev. 1851)I. Méditation religieuseII. La mort d’Ophélie III. Marche funèbre pour la dernière scéne d’ Hamlet

Hector Berlioz Lélio, ou O Regresso à Vida, monodrama lírico, op. 14bis (1831-1832; Pub. 1855)Lélio: «Dieu! je vis encore…»I. Le pêcheur, Ballade de Goethe: AndantinoLélio: «Étrange persistance d’un souvenir!»II. Choeur des ombres: Largo, misteriosoLélio: «O Shakespeare! Shakespeare!»III. Chanson de brigands: Allegro marcato con impetoLélio: «Comme mon esprit flotte incertain!»IV. Chant de bonheur – Hymne: Larghetto un poco lentoLélio: «Oh! que ne puis-je la trouver»V. La Harpe eolienne – Souvenirs: LarghettoLélio: «Mais pourquoi m’abandonner a ces dangereuses illusions?»VI. Fantaisie sur la Tempête de Shakespeare– Introdution: Andante non troppo lento– La Tempête: Allegro assai, un peu retenu en commencant– L’Action: Un peu moins vite– Le Denoument. Tempo I più animato con fuoco - PrestoLélio: «Assez pour aujourd’hui»Coda: Allegro meno mosso

SEXTA-FEIRA 26 ABRIL

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Berlioz nunca escondeu a sua devoção por Shakespeare, implicando-a com igual fervor em projetos artísticos e na própria vida pessoal. Tal ambiguidade também se deve a uma personalidade romântica, de natureza impulsiva e dada a excessos, mas terá tido origem na ocasião em que assistiu pela primeira vez à representação cénica de um texto do escritor inglês. Tinha 24 anos de idade, quando, em 1827, uma companhia teatral britânica representou no Odéon de Paris A Tragédia de Hamlet, com Henrietta Smithson no papel de Ofélia. No mesmo instante, rendeu-se ao sublime poder dramático de Shakespeare e apaixonou- -se perdidamente pela atriz irlandesa. Já em 1832, recém-regressado de Itália, programou um concerto com a Sinfonia Fantástica e o monodrama lírico O Regresso à Vida. Repletas de evocações autobiográficas explícitas, ambas as obras revelaram a Henrietta a afeição amorosa que o compositor lhe escondeu durante cinco anos. Em particular, na narrativa da segunda que tem início após o Sonho de uma noite de Sabbath, o final da Sinfonia Fantástica, a figura de Lélio representa o herói (ou o próprio compositor). Intercala declamação e música, recuperando para o efeito um conjunto de peças compostas anteriormente, entre as quais uma Fantasia para vozes e orquestra inspirada n’A Tempestade. O casamento não foi feliz. No final da década de 1840, Berlioz viria a adaptar para coro e orquestra três elegias. Em Tristia, e no seguimento de uma Meditação religiosa, podemos ouvir A morte de Ofélia e uma Marcha fúnebre para a última cena de Hamlet.

RUI CAMPOS LEITÃO

CONCERTO LEGENDADO EM PORTUGUÊSTRADUÇÃO DE ANA SAMPAIO

C1 — 15H GRANDE AUDITÓRIO

SHAKESPEARE NO ROMANTISMOOrquestra de Câmara PortuguesaPedro Carneiro direção musicalEkaterina Siurina soprano

Ludwig van Beethoven (1770-1827) Abertura CoriolanoVincenzo Bellini (1801-1835) Eccomi in lieta vesta...Oh! quante volte de Os Capuletos e os MontéquiosHector Berlioz (1803-1869) Abertura e Je vais le voir de Béatrice et Bénédict, H. 138Otto Nicolai (1810-1849) Abertura da ópera As Alegres Comadres de WindsorAmbroise Thomas (1811-1896) A vos jeux, mes amis de Hamlet

Considerada uma das sopranos mais importantes da sua geração, Ekaterina Siurina junta-se à Orquestra de Câmara Portuguesa para um concerto dedicado à enorme influência que a obra de Shakespeare teve junto dos autores do romantismo. É verdadeiramente impressionante o número de óperas escritas a partir das peças de Shakespeare durante o século XIX, como se a obra do dramaturgo inglês tivesse acertado em cheio no espírito do artista romântico, proporcionando-lhe todo um mundo de possibilidades. A comprová-lo, neste concerto contamos com cinco compositores, todos eles inspirados em diferentes títulos de Shakespeare: Coriolano, Romeu e Julieta, Muito Barulho por Nada, As Alegres Comadres de Windsor e Hamlet.

Cinco obras levadas para a música e que proporcionaram algumas das mais belas páginas para o repertório de soprano.

ANDRÉ CUNHA LEAL

C2 — 17H GRANDE AUDITÓRIO

OTELLO Orquestra Sinfónica PortuguesaCoro do Teatro Nacional de São CarlosAntonio Pirolli direção musicalPaulo Ferreira OTELLO (tenor)Evelina Dobračeva DESDÉMONA (soprano)Gevorg Hakobyan IAGO (barítono)Marco Alves dos Santos CÁSSIO (tenor)Bruno Almeida RODRIGO (tenor)Cátia Moreso EMÍLIA (meio-soprano)Christian Luján MONTANO (baixo)João Merino LUDOVICO (barítono)

Giuseppe Verdi (1813-1901) Otello (1.º e 4.º Atos)

Pôr em música algumas das tragédias de Shakespeare foi um sonho que perseguiu Verdi desde a juventude, pensando principalmente em Hamlet, A Tempestade e Rei Lear, cujo libreto Antonio Somma guardava religiosamente à espera de uma ocasião propícia. Verdi só iria conseguir tornar esse sonho realidade aos 33 anos com Macbeth levada pela primeira vez a cena em Florença, em março de 1847. Iriam passar-se mais de 40 anos antes que o público italiano pudesse voltar a ouvir uma ópera de Verdi baseada num texto do dramaturgo inglês. Não seria nem Hamlet, nem A Tempestade nem Rei Lear, e a responsabilidade do libreto não caberia a Antonio Somma mas a Arrigo Boito.Verdi e Boito tinham-se desavindo, e a reconciliação ficou a dever-se ao editor Giulio Riccordi. Em 1879, durante um

jantar com Verdi e o maestro Franco Faccio, Riccordi falou de Shakespeare, de Otello e de Boito. Verdi pareceu interessado. No dia seguinte, o maestro Faccio visitou o compositor na companhia do libretista. Boito regressou dias mais tarde com um esboço do libreto, e Verdi aconselhou-o a «ir escrevendo um texto que pudesse ser útil para ele, Verdi, para o próprio Boito... ou para outro qualquer.» A primeira conversa de Riccordi acerca de Otello passou-se em 1879, mas Verdi iniciou o trabalho na ópera só 5 anos mais tarde. Entre o início do trabalho e a sua primeira apresentação pública iriam passar- -se cerca de 3 anos. A estreia de Otello teve lugar no Teatro alla Scala, em Milão, no dia 5 de fevereiro de 1887, com um sucesso extraordinário. Verdi tinha 72 anos.Neste concerto, contaremos com a apresentação do primeiro e do último ato desta ópera, correspondendo, respetivamente, ao início da intriga perpetrada por Iago e ao consumar da tragédia.

SINOPSEO 1.º Ato passa-se num porto de Chipre onde a população espera a chegada do Governador da Ilha que regressa triunfante duma batalha com o exército turco. A frota consegue ancorar no meio duma tempestade terrível – mas outras tempestades aguardam Otello em terra. Entre a multidão que recebe Otello estão os oficiais Iago, Cássio e Montano e o veneziano Rodrigo. Rodrigo confessa a Iago que está apaixonado por Desdémona, a mulher de Otello. Iago, por sua vez, não esconde o ódio que tem a Otello, sobretudo depois de Otello ter nomeado Cássio para um novo cargo, em detrimento dele próprio. A conspiração não se faz esperar. Com a ajuda de Rodrigo, Iago embebeda Cássio e leva-o a confrontar- -se em duelo com Montano, o antigo

SÁBADO 27 ABRIL

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24 FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 25

Governador. Otello aparece e demite Cássio. A multidão dispersa. Finalmente a sós, Otello e Desdémona renovam juras de amor eterno.

Entretanto nos 2.º e 3.º Atos, Iago põe em marcha toda a Intriga. Disposto a despertar os ciúmes de Otello, Iago convence Cássio, o oficial por ele demitido, a pedir a Desdémona que interceda junto do marido a fim de obter o seu perdão. Iago arranja um encontro entre Cássio e Desdémona e, quando os dois estão a conversar no jardim, aponta-os a Otello, insinuando suspeitas de traição. Junto de Emília, sua mulher e aia de Desdémona, Iago consegue obter um lenço que a jovem esposa lhe dera para lavar, com ele pretendendo sustentar a intriga. Mais tarde, no salão nobre do Castelo do Governador de Chipre, Desdémona tenta uma vez mais obter junto de Otello o perdão para Cássio, sem suspeitar da trama tecida por Iago. Para sua surpresa, Otello enfurece-se e expulsa-a da sua presença. Entretanto, Iago prossegue a intriga, levando Otello a testemunhar uma sua conversa com Cássio onde este lhe fala dos seus amores por uma cortesã, referindo o lenço que dela recebera. O nome da cortesã passa despercebido a Otello que julga ver confirmada a traição de Desdémona. É então que Iago lhe mostra o lenço que havia roubado, o que leva à fúria de Otello que, durante a receção ao Embaixador Veneziano, maltrata a mulher publicamente. Esse Embaixador vinha incumbido duma missão do Senado que reclamava a presença de Otello, devendo o governo da ilha ficar entregue a Cássio durante a sua ausência. Louco de ciúme e de raiva, Otello decide matar Desdémona encarregando Iago da morte de Cássio – ação que Cássio passa ao seu aliado Rodrigo.

O 4.º Ato passa-se nos aposentos de

Desdémona. Ela sente uma angústia terrível. Reza fervorosamente, despede- -se de Emília e deita-se. Otello entra silenciosamente e acusa-a de o trair com Cássio. Apesar de Desdémona afirmar a sua inocência, Otello mata-a. Aparece então Emília com a notícia de que Rodrigo fora morto por Cássio. Ao ver Desdémona assassinada, Emília revela a Otello a perfídia de Iago. Otello fica desesperado e põe termo à vida.

ANDRÉ CUNHA LEAL

CONCERTO LEGENDADO EM PORTUGUÊSTRADUÇÃO GENTILMENTE CEDIDA PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

C3 — 19H GRANDE AUDITÓRIO

ROMEU E JULIETA

Orquestra XXICoro Sinfónico Lisboa CantatDinis Sousa direção musicalAnna Stéphany meio-sopranoJoão Pedro Cabral tenor Stephan Loges barítono

Hector Berlioz (1803-1869) Sinfonia Dramática Romeu e Julieta «A sublimação deste amor tornou a sua representação de tal forma perigosa para mim que necessitei de dar mais liberdade à imaginação do que o sentido literal das palavras cantadas teria permitido. Daí o recurso à linguagem instrumental: uma linguagem mais rica, mais variada, menos finita e, graças à sua imprecisão, incomparavelmente mais poderosa.» Assim justificava Berlioz o ter adaptado Romeu e Julieta para uma sinfonia, e não para ópera ou oratória. Berlioz tinha visto a peça em cena doze anos antes e, apesar de não perceber uma palavra de inglês,

este evento teve um impacto arrebatador na sua vida, não só pelo enredo dramático que, apesar das suas limitações, conseguiu entender, mas também pela prestação da actriz principal, Harriet Smithson, com quem Berlioz acabaria por casar. Enfant terrible do séc. XIX, cuja música era raramente «entendida» ou aceite, Berlioz é hoje visto como um dos grandes revolucionários da história da música. Impossível de categorizar, a Sinfonia Dramática Romeu e Julieta pode ser vista como descendente directa da 9.ª Sinfonia de Beethoven, reflectindo o desejo de continuar a explorar novas formas musicais: uma obra de grande virtuosismo, com uma escrita orquestral de enorme imaginação e invenção, e que inclui algumas das mais belas melodias que o compositor nos deixou. Romeu e Julieta é uma peça central do repertório coral-sinfónico e um dos maiores feitos do compositor, cujos 150 anos da morte se assinalam este ano.

DINIS SOUSAO AUTOR ESCREVE DE ACORDO COM O ANTIGO ACORDO ORTOGRÁFICO

CONCERTO LEGENDADO EM PORTUGUÊSTRADUÇÃO GENTILMENTE CEDIDA PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

DIGRESSÃO DA ORQUESTRA XXI25 abril / 17h — Pavilhão Multiusos de Viseu (Festival Internacional de Música da Primavera)

C4 — 22H GRANDE AUDITÓRIO

TRISTANO MIDSUMMER NIGHT’S DREAM PARA PIANO E ELETRÓNICAFrancesco Tristano piano e eletrónica

Francesco Tristano (1981-) Midsummer IntroitHelloOrlando Gibbons (1583-1625) PavanFrench AirAlemanItalian GoundJohn Bull (1562/3-1628)/Francesco Tristano GalliardFrancesco Tristano (1981-) Nach Wasser noch ErdeClaude Debussy (1862-1918) La danse de Puck 1 Le vent de la plaine 1

Les collines d’Anacapri 1

Henry Purcell (c. 1649-1695)/Francesco Tristano Abertura de Timão de Atenas Electric Mirror 2

Chi no Oto 2

The Third Bridge at Nakameguro 2

Eastern Market

1 DOS PRELÚDIOS, LIVRO I2 DO PROJETO TOKYO STORIES (2019)

Tristano Midsummer Night’s Dream é um recital de piano 2.0 em torno da temática de William Shakespeare (1564-1616) [piano 2.0 refere-se à incorporação de eletrónica ao vivo com música acústica].Para este concerto, imaginei um programa composto por obras de compositores contemporâneos de Shakespeare, músicas de compositores de outras épocas que se inspiraram na grande produção de drama e comédia do bardo, bem como adaptações pessoais de músicas que estão, de alguma forma, relacionadas com Shakespeare.John Bull e Orlando Gibbons estão

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26 FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 27

representados neste programa de forma a nos remeter para os tempos e estilo isabelinos. A representação de Claude Debussy da fada Puck dá uma sensação de mistério e diversão, e é uma prova da admiração e do amor que Debussy tinha pelo mestre inglês. A Abertura de Timão de Atenas de Henry Purcell, aqui apresentada numa nova versão, não é uma transcrição literal, mas uma adaptação da obra de Shakespeare.O concerto termina com uma seleção de peças do meu novo álbum, Tokyo Stories, bem como a minha homenagem à Motor City (Detroit).Ao longo do programa procuro um fio comum – ritmo, harmonia e melodia.

FRANCESCO TRISTANO

C5 — 15HPEQUENO AUDITÓRIO

REI LEARA PARTIR DA TRAGÉDIA DE WILLIAM SHAKESPEAREUMA ENCOMENDA DIAS DA MÚSICA EM BELÉM EM ESTREIA MUNDIAL

Álvaro Cunhal traduçãoAlexandre Delgado e Sara Barros Leitão adaptação para cena

Alexandre Delgado músicaSara Barros Leitão encenação

Paulo Calatré LEAR

Diana Sá GONERIL

Teresa Arcanjo REGAN

Sara Barros Leitão CORDÉLIA

Rodrigo Santos KENT

Carlos Guilherme BOBO (tenor)

Toy EnsembleJed Barahal violonceloPedro Teixeira oboéTiago Bento clarineteDário Ribeiro trompa

Christina Margotto piano

Ana Fernandes assistente de criação

Um clássico é o que fica quando o tempo passa, a obra que resiste aos anos, aos séculos, e que continua eternamente a ser lida, feita, interpretada. É frequente dizermos que os clássicos são actuais. São-no porque, independentemente do tempo, a obra actua em nós. Em mim, no outro, na sociedade, no colectivo.Neste Lear não nos interessa o Rei. Também não nos interessam os motivos bélicos e muito menos a lógica patriarcal de quem manda ou é mandado, de quem casa e por isso existe. Neste Lear, interessa-nos os pais e os filhos. Os velhos e os novos. A solidão e a ambição sem coração. Interessa- -nos a lealdade ou o amor incondicional de um homem por outro. Neste Lear, Lear acha que é rei, mas isso não saberemos se é verdade ou imaginação senil. Neste Lear, Lear diz ter três filhas, mas, quem sabe se não são apenas actrizes a representar a sua ficção. Neste Lear, Lear é abandonado, e essa é a única certeza que temos. Numa composição musical original sensível, Alexandre Delgado transporta-nos para um lugar interior, comum a todos nós, sobre o medo de sermos esquecidos, sobre o amor maior cujas palavras não servem. Afinal, se tudo isto resistiu ao tempo, hoje fazemos Lear para nos lembrar de pensar primeiro no outro do que em nós. Para nos lembrar de ter tempo para a paciência e compaixão.

SARA BARROS LEITÃOA ENCENADORA ESCREVE DE ACORDO COM O ANTIGO ACORDO ORTOGRÁFICO

C6 — 17H PEQUENO AUDITÓRIO

TEMPESTADETHE ISLE IS FULL OF NOISES

Divino SospiroElisa Bestetti, Valeria Caponnetto, Katarzyna Solecka, Lina Manrique, Gemma Longoni violinosRoxanne Dykstra violetaSara Ruiz viola da gambaMarta Vicente violone em SolPedro Castro flauta de biselMarianna Henriksson cravo, órgão positivo

Céline Scheen sopranoHugo Oliveira baixoFabio Rinaudo gaita-de-foles renascentistaVittorio Ghielmi viola da gamba e direção musical

Henry Purcell (1659-1695) Music for a While com texto de John DrydenMatthew Locke (1622-1677) The First Music: Introduction-Galliard-Gavotte, da música instrumental usada em A TempestadeRobert Johnson (1583-1633) Full Fathom Five (canção original de A Tempestade, Ato I, Cena II), publicada em Cheerful Ayres or Ballads, 1659Henry Purcell Mask of the Spirits: Arise, arise ye subterranean winds Compositor anónimo do tempo de Shakespeare Fortune My Foe (gaita-de-foles)Peg-a-Ramsey de Twelfth Night, Ato II, Cena III (gaita-de-foles)Matthew Locke The Second Music: Sarabrand-Lilk, da música instrumental usada em A TempestadeHenry Purcell Mask of the Spirits: Great Neptune!, música para A Tempestade (versão de

Dryden/Shadewell) Compositor anónimo do séc. XVII She rose and let me in (arr. Vittorio Ghielmi) (gaita-de-foles)Henry Purcell Ariel: Dry those eyes which are o’erflowing, música para A Tempestade (versão de Dryden/Shadewell) Matthew Locke Curtain Tune da música instrumental usada em A TempestadeRobert Johnson Where The Bee Sucks There Suck I (canção original de A Tempestade, Ato V, Cena I), de Cheerful Ayres or Ballads, 1659 Matthew Locke Rustick Air da música instrumental usada em A TempestadeCompositor anónimo do séc. XVII Cremonea (arr. Vittorio Ghielmi) (gaita-de-foles)Callino Casturame (do gaélico Cailín Og, an Stiuir Thu mi, Young Maid, will you guide me, citado por Shakespeare em Henry V) (gaita-de-foles)Henry Purcell No stars again shall hurt you from above, música para A Tempestade (versão de Dryden/Shadewell)

CONCEITO: VITTORIO GHIELMI & MASSIMO MAZZEO

O estranho e mágico mundo que Shakespeare inventa em A Tempestade tem inspirado compositores ao longo de mais de 400 anos. Toda a narrativa desenrola-se a partir de um fascinante percurso feito de «barulhos», encantos, «truques auditivos», seja na língua falada, seja na língua dos sons. É um mundo todo feito de situações implacavelmente estranhas e tentadoras, um mundo de astúcias do intelecto; afinal, na «tempestade» nada é estável. Ilusão, desilusão e imprevisto colidem nessa ilha curiosa, sentada numa espécie de vazio entre a «ordem» do Mediterrâneo e a «excitabilidade» do Norte de África.

A Tempestade tem oferecido ilimitadas possibilidades de interpretação, de viagens

APOIOS

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28 FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 29

possíveis e impossíveis dentro do território da fantasia, da filosofia, do conhecimento da natureza humana.

Locke escreveu em 1674 música para a versão encenada, em forma de semiópera, por Thomas Shadwell, numa produção que também contemplava dança, canções (as chamadas «broadside ballads») e diálogos recitados (excertos abreviados do texto original de Shakespeare, que também introduzimos no nosso concerto).

A produção de Shadwell foi substituída em 1690 por uma nova encenação com música de H. Purcell, cuja visão e instinto teatral deverá ter parecido tão arrojado e visionário aos seus contemporâneos do séc. XVII. É extraordinário como na música de Purcell, se prestarmos atenção aos pormenores, poderemos detetar sinais e reflexos dos mistérios de A Tempestade e da Ilha onde tudo isso acontece.

Iremos ouvir uma boa parte das músicas originais de Locke e Purcell escritas para caracterizar A Tempestade, sendo o programa concluído com melodias de carácter mais folclórico. Essas melodias estiveram na base das chamadas «broadside ballads», baladas que eram cantadas pelos «tocadores» ambulantes na época de Shakespeare. Nessa base, tentámos dar lugar a uma «dramaturgia» entre música culta e música popular, à volta das duas Tempestades de Locke e Purcell.

E, assim, como canta a famosa canção do Ariel: «Como em todos os romances, tudo acaba em maravilha.»

C7 — 19H PEQUENO AUDITÓRIO

TIME STANDS STILLJohn Dowland revisitado

Ensemble DarcosNuno Côrte-Real conceção, arranjos e direção musicalAna Quintans soprano

Uma viagem pela intimidade poética de John Dowland (1563-1626).

As Lute Songs (canções de alaúde) de John Dowland são das mais belas obras musicais jamais compostas. Não possuem, é certo, a grandiosidade sinfónica, nem o dramatismo operático, nem são religiosas ou diabólicas, nem tão pouco exibem complexidade na escrita e na forma. É na sublime intimidade espiritual que reside a sua maior virtude. São canções que manifestam o paradoxo e a melancolia, tão típicas do período isabelino, e que oferecem um lirismo delicado, nunca deixando o ouvinte entediado. O paradoxo vem da mestria com que Dowland canta, por exemplo, o pranto de um desgosto de amor, revelando ao mesmo tempo a beleza que reside na tristeza desse desgosto (I saw my lady weep); a melancolia, que naquela época estava em moda, percorre, com mais ou menos intensidade, todas as suas maravilhosas canções.

Este projeto é uma revisitação contemporânea das Lute Songs de Dowland, para voz e ensemble. Apesar de já estarmos longe desse período da História, há, porém, uma certa melancolia nas entrelinhas do nosso tempo que tornam estas canções vivíssimas. Assim como o paradoxo (ou a contradição) que vivemos hoje em dia – está em todo o lado, em todos os cantos, na essência da vida que levamos, feroz, violento – faz com que os sentimentos contidos naquelas

pequenas e íntimas canções se elevem e se tornem ensurdecedores aos nossos ouvidos. TIME STANDS STILL, título de uma das canções do mestre inglês, aqui revisitada, é o perfeito epíteto para uma filosofia do tempo e da vida que urge debater, construir, abraçar, com todas as nossas forças e todo o nosso espírito.

NUNO CÔRTE-REAL

C8 — 16H SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

MÚSICA DO TEMPO DE SHAKESPEARE

The Tallis Scholars Peter Phillips direção musical

Thomas Tallis (c. 1505-1585) Loquebantur variis linguisSuscipe quaeso

William Byrd (1543-1623) Infelix EgoO Lord, make thy servant Elizabeth our Queen

Thomas Weelkes (1576-1623) O Lord, grant the King a long life

William Byrd (1543-1623)

Tribue, domine

É certo e sabido que nenhum dos grandes compositores contemporâneos de Shakespeare criou a partir dos seus versos. Esta separação de dois mundos excecionalmente talentosos na mesma cidade sempre me fascinou. Por isso, escolhi músicas de compositores que Shakespeare conheceu em Londres, especialmente Byrd, que era seu contemporâneo.

PETER PHILLIPS

C9 — 18H SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

ITÁLIA, UM CENÁRIO PARA SHAKESPEARE

Marco Beasley vozStefano Rocco arquialaúde, guitarraFabio Accurso alaúde

Turlough O’Carolan (1670-1738) Sheebeg Sheemore (arr. Stefano Rocco e Fabio Accurso)John Dowland (1563-1626) Now I needs must part 1

Marco Beasley (1957-) In viaggio 2

Come away sweet love 1

Marco Beasley (1957) Firenze 1

Claudio Saracini (1586-1646) Quest’amore, quest’arsura 3

Giulio Caccini (1550-1610) Belle rose porporine 4

Turlough O’Carolan Blind Mary (arr. Stefano Rocco e Fabio Accurso)Marco Beasley (1957-) La lettera di Marenzio 2

John Dowland (1563-1626) Sorrow stay 5 What poor astronomers 6

I saw my Lady weep 5

Turlough O’Carolan (1670-1738) Hewlett (arr. Stefano Rocco e Fabio Accurso)Compositor anónimo irlandês Jig Port ui Mhuirgheasa (arr. Stefano Rocco e Fabio Accurso)Marco Beasley (1957-) Venezia 2

Claudio Monteverdi (1567-1643) Nigra sum 7

Marco Beasley (1957-)

Genova 2

John Dowland (1563-1626)

Fine knacks for ladies 5

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30 FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 31

Marco Beasley (1957-) Le Alpi 2

John Dowland Fancy & My Lord Willobe’s Well Come Home 8

Pierre Guédron (1565-1621) Si le parler et le silence 9

Marco Beasley (1957-) Farewell, Italia! 2

John Dowland In darknesse let me dwell 9

Textos originais e pesquisa literária por Marco Beasley1 DE THE FIRST BOOKE OF SONGS OR AYRES, LONDRES, 1597 2 LEITURAS. A PARTIR DE UNA VITA IMMAGINATA, MANUSCRITO, GÉNOVA, 19993 DE LE SECONDE MUSICHE, VENEZA, 16204 DE LE NUOVE MUSICHE, FLORENÇA, 16015 DE THE SECOND BOOKE OF SONGS OR AYRES, LONDRES, 16006 DE THE THIRD AND LAST BOOKE…, LONDRES, 16037 DAS VÉSPERAS DE NOSSA SENHORA, VENEZA, 16108 DE DOWLAND LUTE BOOK, 16109 DE A MUSICALL BANQUET, R. DOWLAND, LONDRES, 1610

Meu Senhor Mais Magnífico e Obediente, Tive conhecimento através de uma carta do Signor Alberigo Malvezi de afeto cortês na qual expressou o desejo de formar laços de amizade comigo, por meio dos quais lhe agradeço infinitamente a sua boa vontade, e me ofereço para tal encontro se puder estar em qualquer forma de serviço, pois os méritos das suas infinitas virtudes e qualidades garantem que todos os homens, e eu mesmo, devemos admirá-lo e obedecer-lhe; e finalmente, beijar as suas mãos. Roma, 13 de junho de 1595. Do servo mais afetuoso de seu Senhor,LUCA MARENZIO

Esta carta, citada no prefácio do Primeiro Livro das Canções de Dowland, publicado em Londres, em 1597, traz a assinatura de um dos maiores compositores de Itália, com quem John Dowland poderia ter um laço de amizade. Também atesta a fama de que goza Dowland, figura de

caráter inquieto e melancólico.Foi também por causa de certos acontecimentos atribuídos a associações políticas e religiosas um tanto obscuras que Dowland decidiu empreender uma viagem que o manteria longe das fronteiras insulares de Inglaterra por algum tempo. Após o convite de Luca Marenzio, e movido pela curiosidade em conhecê-lo, Dowland partiu para Itália na esperança de aceder ao meio cultural no qual o grande compositor madrigal poderia facilmente apresentá-lo. Mas estava fadado que os dois homens nunca se encontrariam. Marenzio estava em Roma quando Dowland cruzou a fronteira de Itália. O inglês, depois de viajar pelo país por um longo período de tempo, tendo visitado Florença, Veneza e Génova, decidiu ir a Roma, mas foi urgentemente chamado de volta à sua terra natal e assim abandonou apressadamente os seus planos de viajar para a cidade eterna. Assim, John Dowland e Luca Marenzio não se encontraram naquela ocasião, e outra oportunidade nunca se apresentaria.Tudo isto está documentado historicamente.No entanto, este concerto que se apresenta é fruto da imaginação, um sonho. Reflete o desejo de ver os lugares que Dowland visitou, muito queridos para nós, falar com pessoas que nós mesmos gostaríamos de ter conhecido, ler e ouvir histórias enterradas numa memória antiga. As suas músicas – e a nossa história – são conjugadas com as de outros compositores representados no programa, não para mapear uma linha geográfica de demarcação ou para ilustrar uma antologia de estilos musicais, mas para marcar os pontos dessa viagem idealizada que, como todas as viagens, consiste em gostos, sensações, imagens, cores – em suma, em fantasia.

MARCO BEASLEY

C10 — 20H SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

FAIRE IS THE HEAVENThe Tallis Scholars Peter Phillips direção musical

William Byrd (1543-1623) Mass for All Saints

Orlando Gibbons (1583-1625) O Lord, in thy wrathLift up your headsO clap your handsWilliam Henry Harris (1883-1973) Faire is the HeavenRalph Vaughan Williams (1872-1958) Três Canções de Shakespeare1. Full Fathom Five Thy Father 2. The Cloud-Capp’d Towers 3. Over Hill, Over Dale É certo e sabido que nenhum dos grandes compositores contemporâneos de Shakespeare usou os seus versos. Esta separação de dois mundos excecionalmente talentosos na mesma cidade sempre me fascinou. Por isso, escolhi músicas de compositores que Shakespeare conheceu em Londres, especialmente Byrd, que era seu contemporâneo, terminando o concerto com uma abordagem genuína e fascinante de Shakespeare no século XX.

PETER PHILLIPS

C11 — 16H SALA ALMADA NEGREIROS

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO PARA PIANO A 4 MÃOS

MusicOrba Ricardo Vieira pianoTomohiro Hatta piano

Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847) Sonho de uma Noite de Verão, op. 61

«Algumas obras são tao preciosas que parecem nascer por encanto»

Em 1826, Mendelssohn compõe a Abertura de Sonho de uma Noite de Verão com apenas dezassete anos, após a leitura da tradução alemã de Shakespeare. Ainda jovem, o compositor alcança toda uma dimensão poética, trazendo ao mundo uma obra fresca, equilibrada e surpreendentemente madura. Em 1843, sob a encomenda do Rei da Prússia Frederico Guilherme IV, Mendelssohn retoma a obra de Shakespeare, desta vez para acompanhar a sua encenação no palácio do rei em Potsdam. No bosque mágico de Atenas, e no curto período de uma noite de verão, os limites entre o sonho e realidade desaparecem. Cruzam- -se três mundos: o misterioso, o lírico do amor, e o burlesco. Obra grandiosa, obteve sucesso imediato. Para esta edição dos Dias da Música em Belém, o duo MusicOrba sobe ao palco evocando a 4 mãos a palavra de Shakespeare e a magia daquela que é a mais célebre obra de F. Mendelssohn.

C12 — 18H SALA ALMADA NEGREIROS

SHAKESPEARE POR MARIA JOÃO

Maria João / OGREMaria João vozJoão Farinha composição, pianos elétricos, sintetizadoresAndré Nascimento laptop, eletrónica

Wherefore Art Thou RomeoLook In Thy GlassLove Looks Not With The EyesThe Lunatic, The Poet And The LoverSigh No More LadiesThe Man That Hath no Music In HimselfWillow Willow Willow

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32 FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE FOR GOODNESS SAKE — CICLO WILL IAM SHAKESPEARE 33

Letra: William ShakespeareMúsica original: João Farinha

Para muitos, Shakespeare é um mestre indiscutível da narração de histórias, tendo a habilidade de fazer coisas que outros escritores incontornáveis como Tolstói ou Homero não puderam fazer – contar todo tipo de histórias. Quer se trate de tragédia, comédia, aventura, amor, contos de fadas – todos eles estão presentes nas suas obras, assumindo a música também um papel central.Maria João com o seu grupo OGRE apresenta neste concerto uma combinação da música contemporânea com a literatura clássica, trazendo novas sonoridades aos textos de William Shakespeare.Juntamente com outros dramaturgos, este escritor transmitiu com mestria grande parte da experiência humana universal e intemporal, fazendo todo o sentido ouvir as criações musicais atualizadas do seu universo literário.Este projeto mistura jazz, música eletrónica e outros sons onde a fantástica voz desta cantora se junta a uma secção essencialmente eletrónica e digital, com João Farinha nos pianos elétricos e sintetizadores e André Nascimento no laptop e gadgets.Os sonetos, fragmentos de peças e canções do intemporal poeta e dramaturgo são, desta forma, imaginados e interpretados com a assinatura musical característica destes músicos.

C13 — 20HSALA ALMADA NEGREIROS

KORNGOLD E SHAKESPEARE

DSCH – Schostakovich EnsembleFilipe Pinto-Ribeiro piano e direção artísticaJack Liebeck violinoAlexandra Raikhlina violinoPhilip Dukes violaThomas Carroll violonceloRosa Maria Barrantes piano

Katherine Broderick soprano

Erich Wolfgang Korngold (1897-1957)

4 Shakespeare Songs, op. 311. Desdamona’s Song 2. Under the Greenwood Tree 3. Blow, Blow, Thou Winter Wind 4. When Birds Do Sing

4 Peças para violino e piano, da música incidental para Muito Barulho por Nada de Shakespeare, op. 11I. The Maiden in the Bridal ChamberII. Dogberry and Verges. March of the WatchIII. Scene in the GardenIV. Masquerade. Hornpipe

Songs of the Clown, op. 29(com textos de Shakespeare)I. Come Away, DeathII. O Mistress MineIII. Adieu, Good Man DevilIV. Hey, RobinV. For the Rain. It Raineth Every Day

Quinteto para piano, dois violinos, viola e violoncelo, op. 15I. Mäßiges Zeitmaß, mit schwungvoll blühendem AusdruckII. AdagioIII. Finale. Gemessen beinahe pathetisch - Allegro giocoso

Mariettas Lied, da ópera Die tote Stadt, op. 12, para voz, piano e quarteto de cordas

O DSCH – Schostakovich Ensemble apresenta em estreia o concerto Korngold e Shakespeare, dedicado em exclusivo à música de um dos mais precoces e geniais compositores da história, o austríaco Erich Wolfgang Korngold, que ficou famoso para o grande público pelo enorme êxito da sua música para os filmes de Hollywood nos anos 30 e 40 do séc. XX.Korngold foi um dos mais talentosos meninos-prodígio da história, muitas vezes comparado a Mozart e foi, desde a infância, reconhecido pelos maiores vultos musicais, como Gustav Mahler, Artur Schnabel, Richard Strauss, Giacomo Puccini... E desde a infância, Korngold adorava Shakespeare. Em 1918, com 20 anos, Korngold compõe o seu Opus 11, a música incidental para a comédia de Shakespeare Muito Barulho Por Nada, e obtém um sucesso considerável. Mais tarde, em 1934, o produtor, encenador e realizador Max Reinhardt convida-o para a versão cinematográfica de Sonho de uma Noite de Verão, primeiro projeto que leva Korngold aos EUA e que viria a ser o ponto de partida para sua brilhante carreira de compositor em Hollywood. Mais tarde, em 1937, Reinhardt desafia-o para escrever canções com textos de Shakespeare para a produção em Los Angeles de Shakespeare’s Women, Clowns and Songs e Korngold compõe dois belíssimos ciclos de canções, Songs of the Clown op. 29 (com textos de Twelfth Night) e 4 Shakespeare Songs, op. 31 (com textos de Otelo, As You Like It e Rei Lear). Da mesma época, o Quinteto com piano op. 15 é considerado uma das suas obras-primas e inclui no 2.º andamento um notável conjunto de variações sobre os inspirados Lieder des Abschieds op. 14. O concerto encerra com a canção mais famosa de Korngold, Marriettas Lied, da ópera Die tote Stadt op. 12.

FILIPE PINTO-RIBEIRO

C14 — 16HSALA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

NO TEMPO DA ARMADA INVENCÍVELGuitarras Em’CantoAna Paula Russo sopranoRui Nabais guitarraRui Paiva guitarraNuno Santos guitarraRicardo Nogueira guitarraLara Matos atriz

EM CENA COM SHAKESPEARE (1564-1616)

Thomas Morley (1557-1602) O mistress mine de As You Like ItPelham Humfrey (1647-1674) A poor soul sat sighing de OthelloThomas Morley It was a lover and his lass de As You Like ItWilliam Shakespeare (1564-1616) Shall I compare thee to a summer’s day? (Soneto XVIII)

William Lawes (1602-1645) 4 Peças1. Pavane 2. Almaine3. Serabrand4. Allemande

Peter Sculthorpe (1929-2014) O mistress mine de Twelfth NightCome away, come away, Death de Twelfth NightLuís de Camões (c.1524-1580) Que levas, cruel Morte? Um claro dia (soneto escrito a quando da morte da Infanta D.ª Maria de Portugal em 1577)

Maurice Ravel (1875-1937) Pavana para uma infanta defunta

O TEMPO DE MIGUEL DE CERVANTES (1547 – 1616)

Joaquín Rodrigo (1901-1999)

Coplas del Pastor Enamorado (Texto de Lope de Veja, 1562 – 1635)

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Federico García Lorca (1898-1936) Las morillas de Jaen (Texto de autor anónimo do séc. XVII)

Luis de Góngora (1561-1627) A CórdobaIsaac Albéniz (1860-1909) CórdobaJoaquín Rodrigo (1901-1999) De los alamos vengo, madre (Texto de autor anónimo do séc. XVI)

O tempo de Shakespeare é o tempo de Isabel I, a poderosa soberana de Inglaterra, última representante da dinastia Tudor. É também o tempo em que, na Europa, mas mais a sul e por desmandos e mal calculadas heranças geracionais, a Península Ibérica se torna num só país, sob a égide (legítima, diga-se) de Filipe II. Inebriado com o seu poder, o rei decide, em 1588, desafiar Inglaterra e o seu poder naval, criando para tal, e arrastando consigo os navios portugueses, a chamada Armada Invencível. O destino da soberba e da arrogância filipina é uma calamitosa derrota que marcará para sempre a história dos dois países. É em torno do contexto da época, do que se produzia em Inglaterra e Espanha, que os Guitarras Em’Canto fazem o percurso musical que trazem este ano aos Dias da Música em Belém.

C15 — 18H SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

...SOFTEST MUSIC TO ATTENDING EARS! – CANÇÕES PARA SHAKESPEARE

O Guardador de CançõesCarolina Figueiredo meio-sopranoJosé Brandão piano

Ned Rorem (1923-)Remembrance of things past (When do the sessions of sweet silent thought, Soneto XXX)

Gerald Finzi (1901-1956) Let Us Garlands BringI. Come away death / II. Who is Silvia?III. Fear no more the heat o’ the SunIV. Oh mistress mineV. It was a lover and his lass

Joseph Horovitz (1926-) Lady Macbeth – A Scena

Fernando Lopes-Graça (1906-1994) Elogio do Príncipe da Dinamarca (Mário Cesariny)Ofélia (Díptico das virgens afogadas / António Nobre)

Robert Schumann (1810-1856) Herzeleid (Titus Ulrich)

Hector Berlioz (1803-1869) La mort d’Ophélie

Erich Wolfgang Korngold (1897-1957) Songs of the Clown, op. 29I. Come away, death II. O mistress mine III. Adieu, good man devil IV. Hey Robin V. For the rain, it raineth every day

Para um ouvinte de música, Macbeth, a tragédia de Shakespeare, é facilmente conotada com a ópera homónima de G. Verdi. Contudo, a uma escala bem mais pequena, o vasto repertório de canções sobre textos do bardo inglês pende inequivocamente para as suas comédias, sobretudo entre os compositores britânicos, o que confere à cena de J. Horowitz, inspirada por Lady Macbeth, carácter de exceção. Monólogo poderoso e de grande intensidade dramática, sintetiza o percurso da personagem, das aspirações iniciais à grandeza e à obtenção de poder e, finalmente, ao arrependimento e à loucura. De um lado e de outro desta peça central no nosso programa, estão os ciclos de G. Finzi, Let Us Garlands Bring, e de E. W. Korngold, Songs of the Clown. Finzi alterna canções de ambiente ligeiro e jovial com outras em tom de lamento, de meditação sobre a passagem do tempo e a dissipação de todos os receios perante a

morte. As canções de Korngold pertencem a Feste, um dos mais interessantes e divertidos bobos das peças de Shakespeare (Noite de Reis). Pleno de engenho e de espírito, sabe mostrar-se melancólico e sensato, quando apropriado, ainda que a sua função seja a de divertir. Em Portugal, os textos de Shakespeare praticamente não tiveram eco junto dos nossos compositores. Duas canções de Lopes-Graça sobre poemas de Mário Cesariny e de António Nobre oferecem-nos uma outra leitura dos personagens de Hamlet e de Ofélia. O programa fica completo com canções de N. Rorem, H. Berlioz e R. Schumann.

C16 — 20H SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

AS SETE IDADES DO HOMEMUMA ENCOMENDA DIAS DA MÚSICA EM BELÉM EM ESTREIA MUNDIAL

Quarteto CamõesPedro Meireles violinoAnne Victorino d’Almeida violinoRicardo Mateus violetaMartin Henneken violoncelo

Celia Williams recitante

Tiago Derriça (1986-) The Seven Ages of Man para quarteto de cordas

Tendo por base o monólogo All the world is a stage, proferido por Jacques em As You like it:

All the world’s a stage,And all the men and women merely players;They have their exits and their entrances,And one man in his time plays many parts,His acts being seven ages.At first, the infant,Mewling and puking in the nurse’s arms.Then the whining schoolboy, with his satchel

And shining morning face, creeping like snailUnwillingly to school.And then the lover,Sighing like furnace, with a woeful balladMade to his mistress’ eyebrow.Then a soldier,Full of strange oaths and bearded like the pard,Jealous in honour, sudden and quick in quarrel,Seeking the bubble reputationEven in the cannon’s mouth.And then the justice,In fair round belly with good capon lined,With eyes severe and beard of formal cut,Full of wise saws and modern instances;And so he plays his part.The sixth age shiftsInto the lean and slippered pantaloon,With spectacles on nose and pouch on side;His youthful hose, well saved, a world too wideFor his shrunk shank, and his big manly voice,Turning again toward childish treble, pipesAnd whistles in his sound.Last scene of all,That ends this strange eventful history,Is second childishness and mere oblivion,Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.

Este ciclo apresenta as sete fases da vida do Homem, da infância ao seu declínio e morte, em música para quarteto e com a declamação de sonetos e excertos de peças de Shakespeare, que serviram de inspiração a Tiago Derriça, para esta encomenda do Quarteto Camões. A uma obra com esta carga simbólica, não é de todo alheia a influência que recebe de Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Joseph Haydn, na qual se sente o peso da vida de todos os homens carregados aos ombros de Cristo. O número 7 (sete) – a totalidade, a

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perfeição, a consciência, a intuição, a espiritualidade e a vontade – simboliza a conclusão cíclica e renovação, o fim de um mundo e o começo de um outro, carregado de simbolismo tanto para o mundo cristão como para muitas outras mitologias. Sete são os dias da semana, os graus da perfeição, as esferas celestes, as pétalas de rosas que evocam os sete céus, as setes hierarquias angélicas, além de todos os conjuntos perfeitos.

RICARDO MATEUS

PROGRAMAÇÃO NO PALCO POENTE (FOYER DO GRANDE AUDITÓRIO)

27 ABRIL — 16H15SHAKESPEARE NA POP

Maria João / OGREMaria João vozJoão Farinha composição, pianos elétricos, sintetizadoresAndré Nascimento laptop, eletrónica

Elton John (1947-) King must dieJohn Lennon (1940-1980)/Paul McCartney (1942) I am the Walrus (The Beatles)Taylor Swift (1989-) Love StorySting (1951-) Sister MoonTom Waits (1949-) Romeo is BleedingGuinga (1950-)

Canção do Lobisomem

As peças e sonetos de William Shakespeare têm sido uma fonte de inspiração para outras formas de arte há centenas de anos, e a música pop não é exceção, talvez até não seja surpresa, já que a música é tão marcada no próprio trabalho do dramaturgo.Diferentes peças parecem apelar para diferentes géneros musicais em que os góticos são atraídos por Hamlet vestido de preto e condenados por Ophelia, os «metaleiros» por Macbeth, e os cantores pop em todos os lugares se comparam aos adolescentes originais de Romeu e Julieta.Sejam citações diretas, temas, personagens ou o próprio Bardo, artistas como Elvis Costello, The Beatles, Supergrass, Dire Straits, The Smiths, Elton John, e outros, citam Shakespeare nas suas criações.Neste miniconcerto, Maria João | OGRE fazem uma revisitação a esse universo da música pop com uma abordagem personalizada dos temas, através de sonoridades muito particulares e da sua leitura criativa.

27 ABRIL — 18H15PALAVRA DE SHAKESPEARE! (OU SHAKESPEARE DE BOLSO)

Palavras de Bolso – Ana Isabel Gonçalves e Paula Pina

Ana Isabel Gonçalves e Paula Pina conceção, cenografia, sonoplastia e interpretaçãoDESTINATÁRIOS FamíliasDURAÇÃO 20 a 30 minutos

Palavra de caveira! – Uma entrevista com Yorick, a caveira.Sim, desta vez o falecido bobo da corte, na tragédia Hamlet, perdeu mesmo a cabeça: quer ser cabeça de cartaz nos Dias da Música! Yorick é um verdadeiro crânio, atira-se de cabeça e discorre sobre algumas

questões-chave da vida (e da morte). Uma entrevista idiomática, filosófica e musical, sem pés, mas com cabeça, que vai pôr o público de cabeça a andar à roda. «Alas, pobre Yorick!»

PROGRAMAÇÃO NO PALCO NASCENTE (RECEÇÃO PRINCIPAL)

27 ABRIL — 17HENTRE FLORES E BATALHAS

Carlos Alves, Luciana Zule, Maria Llanderas, Luís Filipe Valente criaçãoCaroline Bergeron assessoria artística

Todo o campo de batalha é um espaço a ser cruzado. Avançar e recuar faz parte da travessia.As peças de Shakespeare estão cheias de embates e duelos, como o nosso dia-a-dia.Propomos um percurso performático movido pela defesa e o ataque, pelo choque de ideias, palavras e corpos.Aí está a beleza do movimento de se viver Entre Flores e Batalhas, principalmente se podemos, através da palavra, numa situação mais segura, simular as lutas físicas que ceifam a vida, trocando a espada pelo gozo da arte.

27 ABRIL — 19H15Companhia Nacional de Bailado

D1 — 15H GRANDE AUDITÓRIO

THE FAIRY QUEEN

Ana Quintans soprano IClaire Debono soprano IICarlo Vistoli contratenorMarcel Beekman tenorAndré Henriques barítono

La Paix du Parnasse/Javier Aguirre & António CarrilhoEmmanuel Resche-Caserta concertinoDiego Fernandéz Rodriguez contínuoAntónio Carrilho direção musical

La Paix du ParnasseEmmanuel Resche-Caserta (concertino), Álvaro Pinto, Raquel Cravino, Koos Verhage violinos ISergio Suarez, Irene Martínez Sevilla, Zofía Pajak violinos II Juan Mesana, Isabel Martín violasJavier Aguirre, Elsa Pidre violoncelosDuncan Fox contrabaixoKatherine Rawdon, Gonçalo Freire flautasJosefa Megina, Román Álvarez, Guillermo Beltrán oboésAnita Rosman fagoteHugo Santos, Daniel Louro trompetesPedro Estevan percussãoDiego Fernández Rodriguez cravo

Henry Purcell (c.1659-1695)

Excertos da semiópera The Fairy Queen The Fairy Queen, apesar de ser frequentemente descrita como ópera, é, em verdade, uma «semiópera», género muito popular no barroco inglês, constituído por uma peça teatral (falada) com cenas musicais, chamadas «masques»,

CONCERTOS NO RECINTO

DOMINGO 28 ABRIL

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interpoladas. Neste caso, o libreto é derivado da peça de Shakespeare, Sonho de uma Noite de Verão. A obra foi estreada em 1692, após um longo período de preparação para a encenação, durante o qual Purcell continuou a alterar a música, fazendo com que haja várias versões da mesma, sem que nenhuma seja definitiva. A partitura existente perdeu-se após a morte do compositor, sendo redescoberta apenas no século XX. É provável que uma encenação completa, com toda a música, durasse umas quatro horas. No contexto da semiópera, em que a música é em grande parte independente da acção cénica, era tradicional as intervenções musicais serem feitas por personagens ou sobrenaturais ou pastorais ou, eventualmente, bêbedos: este último fenómeno vê-se na cena do poeta bêbedo no primeiro acto, cena adicionada após o grande sucesso da estreia. Todas as masques em The Fairy Queen são apresentadas ou por Titania ou por Oberon, e o tema de cada uma tem uma relação com a acção cénica. Assim, Purcell cria uma espécie de «comentário» paralelo à peça de Shakespeare, explorando os temas da noite, do sono, do encanto e do amor.The Fairy Queen é considerada talvez a melhor obra de Purcell para palco, contendo não só melodias altamente memoráveis e por consequência frequentemente interpretadas fora do contexto original, mas mostrando um sentido harmónico extremamente subtil (sobretudo nos coros) e um uso refinadíssimo de contraponto. Além disso, a grande coerência da música, notável dadas as circunstâncias da composição, faz dela uma das obras-primas do barroco inglês.

IVAN MOODYO AUTOR ESCREVE DE ACORDO COM A ANTIGA ORTOGRAFIA

CONCERTO LEGENDADO EM PORTUGUÊS.

D2 — 17HGRANDE AUDITÓRIO

OS MACBETH

Orquestra Sinfónica MetropolitanaSylvain Gasançon direção musicalElisabete Matos soprano

Giuseppe Verdi (1813-1901) Excertos da ópera Macbeth I. PrelúdioII. Nel dì della vittoria io le incontrai / Ambizioso spirto / Vieni! t’affretta (Recitativo e ária do 1.º Ato / Lady Macbeth)III. La luce langue (ária do início do 2.º Ato / Lady Macbeth)IV. Bailado do 3.º AtoV. Una macchia è qui tuttora! (Ária da Cena do Sonambulismo do 4.º Ato / Lady Macbeth)

Richard Strauss (1864-1949) Macbeth, op. 23

O espírito perturbado e inquietante de Macbeth é apenas um dos ingredientes dramatúrgicos que fizeram da tragédia homónima de William Shakespeare uma das referências literárias mais marcantes dos últimos quatro séculos. Juntam-se-lhe uma guerra pelo poder, um trono em terras da Escócia, o fabuloso mundo da Idade Média, profecias, ambição, crueldade, perfídia, loucura, o desígnio inalcançado da redenção… Tal mistura dos traços mais rudes e básicos da condição humana com artes mitológicas e sobrenaturais aliciou Giuseppe Verdi e Richard Strauss para desafiarem convenções musicais instituídas. Do compositor italiano são interpretados excertos da ópera estreada em Florença em 1847, com enfoque no papel de Lady Macbeth. As árias «Nel dì della vittoria» e «La luce langue» revelam a sua impiedosa ambição e o cruel impulso que determina a morte de Banquo. Na célebre cena do sonambulismo, sobe à cena em estado de inconsciência para denunciar os próprios

crimes, inundada em culpa. Ao seu encontro, o Prelúdio orquestral da ópera elabora temas melódicos retirados destas páginas, e também do bailado que inicia o terceiro ato, onde as bruxas celebram rituais tenebrosos. Quatro décadas mais tarde, o jovem Strauss apoiou-se no mesmo imaginário para se afastar do formalismo clássico estrito, ao encontro das sonoridades vanguardistas dos poemas sinfónicos. Não é evidente a relação entre o enredo de Macbeth e o desenrolar desta partitura, mas o traço distintivo do autor de Don Juan e de Assim falou Zaratrustra conduz sem mácula a atenção do ouvinte mais exigente.

RUI CAMPOS LEITÃO

D3 — 19H GRANDE AUDITÓRIO

CONCERTO DE ENCERRAMENTOO DOCE PODER DA MÚSICA

Orquestra Sinfónica PortuguesaCoro do Teatro Nacional de São CarlosAntonio Pirolli direção musical

Richard Wagner (1813-1883) Abertura da ópera O Amor Proibido a partir de Medida por Medida

Charles-François Gounod (1818-1893) Romeu e Julieta

1.º ATO: L’heure s’envole 1.º ATO: Je veux vivreBárbara Barradas JULIETA

Vincenzo Bellini (1801-1835) Os Capuletos e os Montéquios

1.º ATO: Se Romeo t’uccise un figlio... La tremenda ultrice spadaCátia Moreso ROMEU

Charles-François Gounod (1818-1893) Romeu e Julieta

2.º ATO: L’amour, l’amour !... Oui, son ardeur a troublé tout mon être !Luís Gomes ROMEU

3.º ATO: Mon père ! Dieu vous garde !... Dieu qui fit l’homme à ton image !Luís Rodrigues FREI LAURENT

Luís Gomes ROMEU

Susana Gaspar JULIETA

Ana Ferro GERTRUDES

Sergei Prokofiev (1891-1953) Romeu e JulietaMarcha dos Montéquios e Capuletos

Ambroise Thomas (1811-1896) Hamlet

4.º ATO: A vos jeux, mes amisCarla Caramujo OFÉLIA

2.º ATO: Marche danoise… Belle, permettez- -nous… Pantomime, Récit et Finale : ‘O mortelle offense, aveugle démence’ (Final)André Baleiro HAMLET

Carla Caramulo OFÉLIA

Luís Rodrigues CLÁUDIO, REI DA DINAMARCA

Maria Luísa de Freitas RAINHA GERTRUDES

Marco Alves dos Santos MARCELO

João Merino HORÁCIO

Christian Luján POLONIUS

Ralph Vaughan Williams (1872-1958) Serenata à Música a partir de O Mercador de Veneza

Carla Caramujo sopranoBárbara Barradas sopranoAna Maria Pinto sopranoSusana Gaspar sopranoCátia Moreso meio-sopranoMaria Luísa de Freitas meio-sopranoAna Ferro meio-sopranoCarolina Figueiredo meio-sopranoLuís Gomes tenorMarco Alves dos Santos tenorBruno Almeida tenorJoão Cipriano Martins tenorLuís Rodrigues barítonoAndré Baleiro barítonoChristian Luján barítonoJoão Merino barítono

Giuseppe Verdi (1813-1901) Falstaff a partir de As Alegres Comadres de Windsor

3.º ATO: Facciamo il parentado. E che il ciel vi dia gioia

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Luís Rodrigues FALSTAFF

João Merino FORD

Susana Gaspar ALICE

Bárbara Barradas NANETTA

Cátia Moreso QUICKLY

Maria Luísa de Freitas MEG

Luís Gomes FENTON

Marco Alves dos Santos CAIUS

Bruno Almeida BARDOLFO

Christian Luján PISTOLA

Não há dúvida que, para Shakespeare, a música tinha um poder transformador único. Contudo, a música também se deixou transformar por Shakespeare, sobretudo a ópera. A verdade é que a influência de Shakespeare fez-se sentir logo após a apresentação das suas obras, ainda no início do séc. XVII. Parte deste fenómeno está ligado à consciência que o próprio Shakespeare tinha da importância da música como elemento teatral, o que se pode comprovar pelas inúmeras indicações de cena relativas a momentos musicais. Isso levou a que, com tempo, produção após produção, fossem aparecendo novas abordagens que refletiam igualmente a evolução dos gostos e dos géneros musicais.São inúmeros os compositores que não lhe escaparam à influência, de Mendelssohn a Wagner, de Tchaikovsky a Prokofiev, de Verdi a Gounod. Este último era aluno do Conservatório de Paris quando Berlioz apresentou a sua Sinfonia Dramática Romeu e Julieta. O impacto foi tal que, quase 30 anos mais tarde, começou a compor a sua versão da peça de Shakespeare. Richard Wagner relata que, durante a sua juventude, costumava sonhar que conhecia Shakespeare «em carne e osso»! Seriam conversas a três, a que se juntava Beethoven, e que lhe dariam os ingredientes necessários para o seu «Drama Musical». Giuseppe Verdi, que nunca escondeu a sua admiração por

Shakespeare, termina a sua longa carreira com Otello e Falstaff, consideradas por muitos como as suas melhores óperas. Só Romeu e Julieta teve mais de 20 adaptações para a música, sendo as mais conhecidas as versões de Bellini, Berlioz, Gounod, Tchaikovsky, Prokofiev e Bernstein.

Recorrendo à força dos intérpretes portugueses, naquela que é mais uma prova de que a música em Portugal é feita a um nível de primeiríssima qualidade, este concerto pretende ser assim a celebração de todo um festival onde se tenta explorar ao máximo essas muitas relações entre o génio de Shakespeare e a Música. Aqui ouviremos obras que nos levam para títulos como Medida por Medida, o incontornável Romeu e Julieta, Hamlet, O Mercador de Veneza e As Alegres Comadres de Windsor. Um concerto com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, e ainda 16 solistas para uma evocação musical de Shakespeare, da qual se destaca a Serenata à Música de Ralph Vaughan Williams, que recorreu às palavras do dramaturgo inglês para um verdadeiro hino ao poder transformador da música.

ANDRÉ CUNHA LEAL

D4 — 15H PEQUENO AUDITÓRIO

TO PLAY OR NOT TO PLAY

Os Músicos do TejoMauro Lopes e Sara Llano violinos INuno Mendes e Lígia Vareiro violinos IIPaul Wakabayashi, Pedro Braga Falcão, Lúcio Studer e Maria Bonina violasPedro Massarrão violoncelo Débora Bessa, Janaina Nóbrega flautasFilipa Meneses violoneNicolas André fagoteDaniel Zapico teorba

Marta Araújo cravo e coordenaçãoMarcos Magalhães cravo e direção musical

João Fernandes baixo e narrador

Música de Orlando Gibbons, William Lawes, William Byrd, John Dowland, Henry Purcell, John Jacob Niles, Robert Johnson, Mathew Locke e melodias tradicionais Textos de William ShakespeareConceção de João Fernandes, Marcos Magalhães e Marta Araújo

No seguimento do tema proposto, vamo-nos debruçar sobre o grande autor William Shakespeare e a sua obra maravilhosa, tão perfeita que parece magia. Obra que sendo teatro é em grande parte poesia em verso, por vezes livre, por vezes em rima. E assim também está próxima da música. O mundo artístico de Shakespeare é portanto mistério, música, poesia e todos os sentimentos humanos.O mundo dramatúrgico, demiúrgico de Shakespeare, povoado de centenas de personagens com acções e personalidades tão diversas, é um mundo da interioridade do próprio Shakespeare, que as criou. E assim lhes deu vida. É este mundo interior que pretendemos evocar no nosso programa, com recurso à música dos sons harmoniosos, à música das palavras, à música do encontro das pessoas no palco em conjunto e passando por vários estados emocionais, sociais e artísticos. Da música de taberna, que conta baladas narrativas e poesia popular, ao contraponto caprichoso, que os ingleses tanto apreciavam e cultivavam, ao tesouro político poético das peças do bardo de Stratford-upon-Avon.E assim, com o talento multiforme de João Fernandes, questionar se as muitas vozes que saem da cabeça são uma forma de loucura ou uma forma de lucidez quase divina.

D5 — 17H PEQUENO AUDITÓRIO

SHAKESPEARE SONGS POR IAN BOSTRIDGE

Ian Bostridge tenorJulius Drake piano

Henry Purcell (c. 1649-1695) Music for a While

Joseph Haydn (1732-1809) She never told her love

Francis Poulenc (1899-1963) Fancie

Benjamin Britten (1913-1976) Fancie

Michael Tippett (1905-1998) Songs for Ariel

Gerald Finzi (1901-1956) Let Us Garlands Bring

Roger Quilter (1877-1953) Come away death

Erich Wolfgang Korngold (1897-1957) 3 Canções de ShakespeareI. Come away death II. Desdemonas song III. Adieu good man devil

Henry Purcell (c. 1649-1695) If music be the food of love (arranjo de Benjamin Britten)

Os compositores Românticos de todos os países europeus tinham uma grande admiração por Shakespeare, daí que no século XIX tenham sido criadas várias óperas e obras para orquestra a partir de Shakespeare. Nos tempos mais modernos, Prokofiev, Britten e Adès compuseram obras icónicas para temas shakespearianos. No campo das canções, o cenário já é bem mais fragmentário. A canção foi uma parte importante da prática teatral de Shakespeare e muitos dos seus versos mais célebres são cantados nas suas peças.

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M E R C A D O D O C C B

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Este programa reúne abordagens muito diferentes à obra de Shakespeare, de Haydn e Tippett, passando por um dos raros ciclos de canções de Shakespeare, de Gerald Finzi. O concerto inicia-se com Purcell, um texto inspirado, se não mesmo escrito por Shakespeare, que nos conduz para um mundo mágico shakespeariano.

IAN BOSTRIDGE

D6 — 16H SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

THE WORLD’S MINE OYSTER*AS CIDADES-PALCO DE WILLIAM SHAKESPEARE* The Merry Wives of Windsor (Ato 2, Cena 2)

Sete LágrimasFilipe Faria voz e direção artísticaSérgio Peixoto voz e direção artísticaDenys Stetsenko violino barrocoSofia Diniz viola da gambaTiago Matias guitarra barroca, guitarra romântica, tiorba e alaúdeRui Silva percussão históricaCoro RicercarePedro Teixeira direção

LONDON (ENGLAND)«Linger your patience on; and we’ll digest The abuse of distance; force a play:The sum is paid; the traitors are agreed; The king is set from London»HENRY V / ATO 2, PRÓLOGO

1. Tobias Hume (c.1579-1645) The spirit of gambo

2. John Dowland (1563-1626)

Flow my tears

BOURDEAUX (FRANCE)«Go to the gates of Bourdeaux, trumpeter: Summon their general unto the wall.»HENRY VI, PARTE 1 / ATO 4, CENA 2

3. Claude Goudimel (c.1514/1520-1572)

Je chanterai car Dieu est ma lumière (adapt. Filipe Faria e Sérgio Peixoto)

NAVARRE (NAVARRE)«Navarre shall be the wonder of the world; Our court shall be a little Academe,Still and contemplative in living art.»LOVE’S LABOUR’S LOST / ATO 1, CENA 1

4. Juan Achietta (1462-1523) Con amores la mi madre

VENICE (MOST SERENE REPUBLIC OF VENICE)«I shall have so much experience for my pains, and so, with no money at all and a little more wit, return again to Venice.»OTHELLO / ATO 2, CENA 3

5. Giovanni Girolamo Kapsberger (c.1580-1651)

Toccata arpeggiata

6. Stefano Landi (1587-1639)

Passacaglia della vita

7. Claudio Monteverdi (1567-1643) Si, ch’io vorrei morire

MILAN AND VERONA (LOMBARDY)«Launce! by mine honesty, welcome to Milan!»TWO GENTLEMEN OF VERONA / ATO 2, CENA 5

«There is a lady in Verona hereWhom I affect; but she is nice and coy And nought esteems my aged eloquence»TWO GENTLEMEN OF VERONA / ATO 3, CENA 1

8. Francesco Corbetta (ca.1615-1681)

Ciaconna

9. Tema tradicional da Itália/Lombardia San Giuseppe e la Madonna

AGINCOURT (FRANCE)«KING HENRY VPraised be God, and not our strength, for it! What is this castle call’d that stands hard by? MONTJOYThey call it Agincourt.KING HENRY VThen call we this the field of Agincourt, Fought on the day of Crispin Crispianus.»HENRY V / ATO 4, CENA 7

«KING HENRY VDo we all holy rites;Let there be sung ‘Non nobis’ and ‘Te Deum;’ The dead with charity enclosed in clay:And then to Calais; and to England then:Where ne’er from France arrived more happy men.»HENRY V / ATO 4, CENA 8

10. Salmo 115 (113b)

Non nobis Domine

A CAVERN (SCOTLAND)«O well done! I commend your pains; And every one shall share i’ the gains; And now about the cauldron sing, Live elves and fairies in a ring, Enchanting all that you put in. [Music and a song: ‘Black spirits,’ & c]»MACBETH / ACTO 4, CENA 1

11. Thomas Middleton (1580-1627)

Black spirits and white, red spirits and gray (adapt. Filipe Faria e Sérgio Peixoto)

LONDON (ENGLAND)«Why, ‘tis a gull, a fool, a rogue, that now and then goes to the wars, to grace himself at his return into London under the form of a soldier.»HENRY V / ATO 3, CENA 6

12. John Playford (1623-1686/7)

Prince Rupert’s March de The English Dancing Master (1651)(adapt. Filipe Faria e Sérgio Peixoto)

13. John Playford (1623-1686/7) / Jacob van Eyck (c.1590-1657) Daphne de The English Dancing Master (1651)(adapt. Filipe Faria e Sérgio Peixoto)

William Shakespeare morreu há 402 anos, a 23 de Abril de 1616. Nascido em 1564, em Stratford-upon- -Avon, é considerado o maior escritor de língua inglesa e um dos maiores (senão o maior) dramaturgos de sempre. Poeta, dramaturgo e actor, Shakespeare terá escrito cerca de 37 peças para além de sonetos, poemas, etc. Entre 1585 e 1592 iniciou uma carreira brilhante em Londres, integrando e dirigindo a Companhia Lord Chamberlain’s Men (mais tarde designada de King’s Men).

O título deste programa – The world’s mine oyster – é uma citação de The Merry Wives of Windsor (Acto 2, Cena 2) entretanto absorvida pela linguagem comum como notando que o mundo é nosso se o quisermos descobrir. No contexto original da peça, Pistol responde a Falstaff com uma espécie de ameaça ao facto deste último se recusar a emprestar dinheiro («I will not lend thee a penny»). A resposta de Pistol – «Why, then the world’s mine oyster. Which I with sword will open» – pode ser lida como uma metáfora da entrega, dedicação e esforço necessários para descobrirmos o que está escondido e

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que não é senão uma promessa.A partir dessa promessa propomos uma viagem às cidades-palco de Shakespeare, às geografias e aventuras das suas personagens. Uma viagem pela Europa dos séculos XVI/XVII procurando os sons que as podiam guiar, uma espécie de mapa sonoro do que poderia ser a grande viagem… A cidade ou região como local de nascimento de um compositor, como local de trabalho, como origem de uma canção popular ou parte de um acontecimento histórico relevante.

FILIPE FARIATEXTO ESCRITO DE ACORDO COM A ANTIGA ORTOGRAFIA

D7 — 18H SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO

ARS MELANCHOLIAE: SIR HENRY UMPTON HIS CONSORT

Accademia Del PiacereFahmi Alqhai viola da gamba soprano e direção musicalJohanna Rose viola da gamba tenorAlfredo Barrales viola da gamba baixoAlejandro Marías viola da gamba baixoRami Alqhai violone Miguel Rincón alaúdeDaniel Garay percussão

Composições de John Dowland (1563-1626):Lachrimae AntiquaeLachrimae Antiquae NovaeThe King of Denmarks GalliardLachrimae GementesLachrimae TristesCaptaine Piper his Galliard Lachrimae CoactaeLachrimae AmantisM. Nicho. Gryffith his Galliard

Lachrimae VeraeM. Giles Hoby his GalliardSir Henry Umpton’s Funerall

Se visitarmos a Sala 2 da National Portrait Gallery, em Londres, seremos surpreendidos por um enorme painel que retrata diacronicamente, em várias cenas, a vida do nobre diplomata inglês da época de Shakespeare – na verdade, apenas sete anos mais velho que o dramaturgo: Henry Umpton, ou Unton (o seu nome escrevia-se de várias formas), parlamentar e embaixador inglês em França. Entre os momentos da sua vida que a sua viúva quis destacar quando encomendou a pintura a propósito da sua morte, dois chamam a atenção de qualquer músico: a representação de uma mascarada dedicada a Mercúrio e Diana, em que bailarinos e um grupo variado de instrumentos intervêm – um broken consort –; e uma cena familiar em que cinco pessoas, incluindo crianças, tocam violas da gamba de diferentes tamanhos, formando o que poderíamos chamar de um consort.De facto, a masque [mascarada] – uma forma de teatro musical – e o consort eram formas nucleares de entretenimento e socialização para a nobreza da Inglaterra isabelina. Na verdade, vários trabalhos de Shakespeare incluem masques, como Romeu e Julieta, Sonho de Uma Noite de Verão e Henrique VIII, sem mencionar que A Tempestade é toda ela uma masque. Por outro lado, a viola da gamba, refinada e íntima em relação ao violino vulgar, converteu-se no instrumento aristocrático por excelência, e a educação de todo bom cavalheiro inglês exigia as correspondentes lições do instrumento.Outra parte importante do grande retrato da vida de Umpton é dedicada ao seu funeral, que se realizou numa altura em que surgiu em Inglaterra o «culto à melancolia», descreve Clare Gittings.

Nenhuma despesa foi poupada para o funeral e o grande Dowland escreveu para a ocasião a peça que encerrará este concerto. Quando oito anos depois (1604) o músico publicou o seu Lachrimae, ou Sete Lágrimas, verdadeiro resumo musical da fascinação pela tristeza, a homenagem a Umpton foi incluída na publicação. Nesta altura, Dowland já trabalhava para o rei da Dinamarca; um ano antes de Shakespeare ver Hamlet publicado, paradigma do caráter melancólico.

D8 — 16H SALA ALMADA NEGREIROS

SHAKESPEARE NO SÉCULO XIX

Artur Pizarro pianoAntónio Rosado piano

Franz Liszt (1811-1886) Hamlet, poema sinfónico, S. 644 (versão para 2 pianos pelo compositor)

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) A Tempestade, op. 18 (transcrição por Edward Langer)

Hector Berlioz (1803-1869) A Rainha Mab, ou a fada dos sonhos (extrato de Romeu e Julieta) (transcrição de Zoltán Kocsis)

São várias as obras musicais que foram buscar inspiração a Shakespeare, mas se há géneros que foram particularmente felizes nesta relação com Shakespeare, um foi a ópera e outro o Poema Sinfónico. Este concerto é pois o resultado da apropriação do espírito do poema sinfónico e da música descritiva para piano, só ao alcance de grandes virtuosos como são Artur Pizarro e António Rosado. ANDRÉ CUNHA LEAL

D9 — 18H SALA ALMADA NEGREIROS

À PROCURA DE SHAKESPEARE

João Bettencourt da Câmara piano

Sergei Prokofiev (1891-1953) Dez peças para piano de Romeu e Julieta, op. 75I. Dança popularII. CenaIII. MinuetoIV. A jovem JulietaV. Jogo de máscarasVI. Montéquios e CapuletosVII. Frei LourençoVIII. MercútioIX. Dança das jovens com os líriosX. Romeu e Julieta antes da separação

Ludwig van Beethoven (1770-1827) Sonata em Ré menor, op. 31, n.º 2, A TempestadeI. Largo-AllegroII. AdagioIII. Allegretto

O programa deste recital abre com as Dez peças para piano, op. 75 que o próprio Sergei Prokofiev extraiu e transcreveu para piano do seu vasto bailado em quatro atos Romeu e Julieta, composto a partir da tragédia de William Shakespeare com o mesmo título. Concluída em 1935, a obra revela uma interessante combinação da abordagem algo neoclássica, característica desta fase da sua produção musical, com referências à música tradicional do seu país, magistralmente tratadas através de um uso particularmente complexo do contraponto, como pode verificar-se, por exemplo, na primeira peça, Dança popular. Aspeto interessante a salientar nas Dez peças para piano extraídas do bailado Romeu e Julieta será a sua inserção na grande tradição de transcrições de obras orquestrais para piano, tão frequentes ainda na primeira metade do século XX.Encerra o recital com Sonata em Ré menor op. 31, n.º 2, A Tempestade de Ludwig van

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Beethoven, tradicionalmente associada à peça de Shakespeare com o mesmo título. Embora Beethoven não a tenha escolhido para a primeira edição, Anton Schindler, secretário e biógrafo do compositor, relata que este lhe terá sugerido a leitura daquela obra literária de forma a compreender a natureza da sonata. De notar que, mais do que uma descrição programática de alguma tempestade, como seria talvez expectável de um compositor romântico ou até de um impressionista, Beethoven procura antes associar o material musical à história e personagens da obra de Shakespeare.

JOÃO BETTENCOURT DA CÂMARA

D10 — 16H SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

TRIO DOS ESPÍRITOS

Dellalian TrioNariné Dellalian violinoLevon Mouradian violonceloMarina Dellalyan piano

Filipa Lopes sopranoJoão Cipriano Martins tenor

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Trio em Ré maior, op. 70, n.º 1, Fantasma

Joseph Haydn (1732-1809) 12 Canções Populares Escocesas

LUDWIG VAN BEETHOVEN — TRIO OP. 70, N.º 1, FANTASMA A peça foi tocada pela primeira vez no Natal de 1808, pelo próprio compositor ao piano, Joseph Linke ao violoncelo e Ignaz Schuppanzigh no violino.O nome do Trio n.º 1 nasceu, provavelmente, de uma citação do aluno de Beethoven, Carl Czerny. Em 1842, Czerny escreveu que o carácter do segundo andamento, Largo, é assustador e sinistro, como uma visão de um mundo de mortos.

O Trio n.º 1 em Ré maior está disposto na forma simétrica de três movimentos: rápido-lento-rápido. Embora o tema principal da abertura, Allegro Vivace e com brio, comece com um ousado motivo de movimento escalar quebrado por grandes saltos, grande parte do primeiro movimento é de natureza lírica. A secção central de desenvolvimento contém uma conversa instrumental cuidadosamente elaborada e chega ao clímax para inaugurar a recapitulação.O Largo está em forte contraste com a música de otimismo e energia que o rodeia. Os temas e cenário para este movimento foram derivados de alguns desenhos que Beethoven fez para a cena das bruxas de uma ópera não concretizada de um libreto de Heinrich Collin sobre o drama Macbeth, de Shakespeare. Beethoven teve um número considerável de projetos teatrais (incluindo Romeu e Julieta), com os quais o compositor se interessou na época, mas não chegaram a ser concretizados.O final, Presto, retorna os espíritos brilhantes do movimento de abertura para trazer este esplêndido produto do período mais fértil de Beethoven para um final feliz.

12 CANÇÕES POPULARES ESCOCESAS No final do séc. XVIII popularizaram-se na Escócia e Inglaterra arranjos de canções populares escocesas, galegas e irlandesas, aumentando até final do séc. XIX o interesse por este tipo de publicações. Haydn, Beethoven, Hummel e Weber foram alguns dos compositores que se dedicaram a este tipo de arranjos, sendo que Haydn arranjou mais de 400 obras para editores como Thomson, Napier e Whyte, com o objetivo de as venderem para consumo interno de execução doméstica nos lares burgueses. Na verdade, este tipo de trabalho tornou-se bem pago.Só mais recentemente se voltaram a editar modernamente estas obras, nomeadamente em 2005 com a edição

completa das obras de Haydn pelo Joseph Haydn Institut.As 12 Canções Populares Escocesas a interpretar neste concerto foram reeditadas por Eusebius Mandyczewski (Czernowitz 1857 – Viena 1929), musicólogo e professor de Teoria Musical e amigo próximo de Brahms.

MARINA DELLALYAN E FILIPA LOPES

D11 — 18H SALA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

MUITO BARULHO POR NADA

Doppio EnsembleEvandra de Brito Gonçalves violinoAna Queirós piano

Erich Wolfgang Korngold (1897-1957)

Much Ado About Nothing, op. 11, para violino e pianoI. Maedchen im BrautgemachII. March der WacheIII. GartensceneIV. Hornpipe

Sergei Prokofiev (1891-1953) Três peças do bailado Romeu e JulietaI. Montagues and CapuletsII. Dance of the Antilles GirlsIII. Masks

Sonata n.º 2 para violino e piano, op. 94bisI. ModeratoII. PrestoIII. AndanteIV. Allegro com brio

Korngold escreveu em 1918 a música de cena para a peça de Shakespeare Muito Barulho por Nada, originalmente para pequena orquestra. Reduzida a 5 andamentos para serem executados por um grupo de câmara, em 1920 foi novamente utilizada na produção da peça em Viena. A falta de músicos para todas as apresentações levou a que o compositor adaptasse a música a uma formação

de duo piano/violino, interpretando ele próprio a parte do violino. Surgiu assim a suite de 4 andamentos. O primeiro andamento representa as damas na câmara nupcial, num tom nostálgico. O segundo andamento é uma marcha grotesca que parece parodiar Mahler. A Cena no Jardim, terceiro andamento, é uma valsa lenta e idílica e a obra termina com uma Masquerade alegre.Prokofiev compôs em 1943 a sonata para flauta e piano e, por sugestão do violinista D. Oistrakh, decidiu transformá-la numa sonata para violino e piano. O compositor pretendia uma sonata num estilo «gentil, clássico e fluido», qualidades evidentes no primeiro andamento com ambos os temas líricos e eloquentes. O scherzo fervilha de energia numa escrita de ritmos marcados e rápidas mudanças de registo, enquanto as breves e expressivas passagens lentas possuem, nas palavras de Alan Rich, «a ternura de um andante de Mozart». O último andamento passa por várias mudanças de carácter e tempo, concluindo num brilhante e arrebatador finale.A obra Romeu e Julieta tornou-se tema de composições de Mendelssohn, Bellini, Gounod, Schumann, Lizst, Verdi e Strauss e, numa ligação remota, Delius e Bernstein. O baliado de Prokofiev teve a sua origem em 1934 e foi composto entre 1 de julho e 8 de setembro de 1935, enquanto compunha o Concerto para violino n.º 2. Segue com fidelidade a obra de Shakespeare e foi estreada em Brno, Checoslováquia (1938). Prokofiev utilizou muita da sua música em duas suites para orquestra, atribuindo diferentes temas a diferentes personagens caracterizadas pelas suas emoções, repetindo e transformando motivos condutores na partitura.A suite para violino integra Die Montagues and Capulets, retratando a rivalidade entre as duas famílias. A segunda parte do andamento, uma marcha de carácter sinistro por vezes denominada Dança

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dos Cavaleiros, é um dos excertos mais populares da obra. Masques é a procissão grotesca de Romeu, Mercúcio e os seus amigos mascarados a caminho do baile, da Suite n.º 1.

PROGRAMAÇÃO NO PALCO POENTE (FOYER DO GRANDE AUDITÓRIO)

28 ABRIL — 16H15PALAVRA DE SHAKESPEARE! (OU SHAKESPEARE DE BOLSO)Palavras de Bolso – Ana Isabel Gonçalves e Paula Pina

Ana Isabel Gonçalves e Paula Pina conceção, cenografia, sonoplastia e interpretaçãoDESTINATÁRIOS FamíliasDURAÇÃO 20 a 30 minutos

«O belo é horrível e o horrível, belo» Uma bruxa, duas bruxas…mas falta a terceira bruxa! Não conseguimos acertar na receita mágica: olhos de lagartixa, dedos de rã, língua de cão, perna de lagarto, ferrão de escorpião, asa de coruja, escama de dragão, raiz de cicuta, vísceras de tigre, pelo de morcego, dente de lobo… Precisamos de uma bruxa voluntária para ajudar a mexer a poção que borbulha no caldeirão, antes da chegada de Hecate. «Dúvida, dúvida, trabalho e inquietação / O fogo queima e borbulha o caldeirão / Dúvida, dúvida, trabalho e inquietação / Algo maligno vem por aí!»

28 ABRIL — 18H15SHAKESPEARE NO JAZZMaria João / OGREMaria João vozJoão Farinha composição, pianos elétricos, sintetizadoresAndré Nascimento laptop, eletrónica

Leonard Bernstein (1918-1990) Tonight (West Side Story)Maria (West Side Story)I Feel Pretty (West Side Story)

Cole Porter (1891-1964)Too darn hot (Kiss Me Kate)

Maria João / OGRE celebram a beleza e o poder da poesia de William Shakespeare com arranjos de canções eternizadas pelos musicais West Side Story e Kiss me Kate. Criadas por reconhecidos compositores que fizeram incursões no teatro musical, estas obras não teriam soado aos nossos ouvidos da mesma forma como são reconhecidas hoje. Sem Maria, Tonight ou America, o West Side Story de Leonard Bernstein seria profundamente diferente, da mesma forma que Kiss Me Kate sem Brush Up Your Shakespeare, Always True To You In My Fashion, Too Darn Hot, So in Love, escritas por Cole Porter, teria um resultado final certamente diferente.Através de uma abordagem de fusão do jazz, música eletrónica e samples, estas melodias reinterpretadas pela mão de João Farinha nos pianos elétricos e sintetizadores e André Nascimento no laptop e gadgets, através de arranjos modernos onde sobressai a voz de Maria João.

PROGRAMAÇÃO NO PALCO NASCENTE (RECEÇÃO PRINCIPAL)

28 ABRIL — 17H15Companhia Nacional de Bailado

27 ABRIL — 14H30 / 16H1528 ABRIL — 14H / 15H45SALA FERNANDO PESSOA

E COMPARAR-TE A UM DIA DE VERÃOMÚSICA NO TEMPO DE SHAKESPEAREDURAÇÃO 40 / 45 min.

Joana Bagulho, Maria Bayley e Teresa Coutinho criaçãoDouda Correria Associação Cultural produçãoMaria Bayley direção musicalTeresa Coutinho e Nuno Moura leitores

Instrumentistas e cantores alunos e ex-alunos da Escola Superior de Música de LisboaEstrela Martinho flauta de bisel e canto (alto)Joana Devesa flauta de biselAna Marques da Silva flauta de biselMaria Bayley cravo, harpa, canto (soprano)André Ferreira charamela e canto (baixo)Alberto Oliveira canto (tenor)

Filipa Meneses viola da gamba (música convidada)Vicente Morgado alaúde ** Aluno da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa

Música de Thomas Morley, John Dowland, William Byrd, John Wilbye e Antony Holborne.

Oito músicos-instrumentistas/cantores e dois atores/leitores fazem um concerto de música composta no tempo de Shakespeare com leitura de textos partir dos sonetos de William Shakespeare e de algumas das suas peças intemporais sobre a poética e a música, a paixão e a criatividade. O que é que, no humano, nos faz querer transmutar a linguagem para lá do simples falar e transformá-la em canção, em poesia, em arte? Que impulso é esse? Como diz W. Shakespeare no seu soneto XVIII, é talvez assim que eternizamos quem amamos.

«Mas juro-te que o teu humano verão será eterno; sempre crescerás indiferente ao tempo na canção; e, na canção sem morte, viverás: Porque o mundo, que vê e que respira, te verá respirar na minha lira.»

— Projeto de parceria entre a Escola Superior de Música de Lisboa e Douda Correria Associação Cultural

CONCERTOS NO RECINTO

FÁBRICA DAS ARTES – PARA TODAS AS INFÂNCIAS

M/6 ANOS

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27 ABRIL —13H15 / 15H30 / 17H3028 ABRIL — 13H15 / 15H / 16H30SALA GLICÍNIA QUARTIN

O COLINHO DA RAINHACONCERTO PARA BEBÉSDURAÇÃO 30 min.

Joana Bagulho e Teresa Duarte criaçãoAlice Albergaria Borges figurino/cenografiaDouda Correria Associação Cultural produção

Músicos Teresa Duarte vozMariana Santos alaúde *Joana Bagulho cravo

* Aluna da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa

Uma cantora, inspirada na figura da rainha Isabel I. patrona de W. Shakespeare e de muitos compositores e poetas, acompanhada dos seus músicos fazem um pequeno concerto de canções no tempo de Shakespeare – Música de John Dowland e William Byrd. Toc toc. Tocam à porta, é uma flautista que também quer ir para o colinho da rainha e tocar a dança das bruxas.Toc toc outra vez. Tocam à porta, são quatro cantores que também se querem sentar no colinho da rainha e cantar uma canção de Dowland.

— Projeto de parceria entre a Escola Superior de Música de Lisboa e Douda Correria Associação Cultural

Este ano os Dias da Música em Belém aprofundam a sua relação entre a comunidade artística e o público, proporcionando várias masterclasses lecionadas por importantes artistas portugueses, bem como reconhecidos músicos internacionais que este ano atuam no festival.

A PARTICIPAÇÃO NAS MASTERCLASSES É FEITA MEDIANTE INSCRIÇÃO NO SITE DO CCB ATÉ AO DIA 22 DE MARÇO: WWW.CCB.PT. PODERÁ TAMBÉM ASSISTIR ÀS MASTERCLASSES COMO OUVINTE. CONSULTE A PÁGINA 16 (INFORMAÇÕES SOBRE PREÇOS).

QUINTA-FEIRA25 ABRIL

PEQUENO AUDITÓRIO10HAntónio Carrilho Flauta / Diretor Musical

SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO10HMarcel Beekman Tenor

11H45Paulo Ferreira Tenor

MASTERCLASSES

SEXTA-FEIRA26 ABRIL

PEQUENO AUDITÓRIO10HFrancesco Tristano piano

12H15Maria João voz/jazz

SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO10HArtur Pizarro piano

11H45Marco BeasleyVoce Sola / Uma investigação sobre Recitar Cantando: a Arte do Coração

SÁBADO27 ABRIL

SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO10HSofia Diniz viola da gamba

11H45Elisabete Matos soprano

0>5 ANOS