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  Vulnerabilidade x Resiliência em Cidades Brasileiras Dr. Neison Cabral Freire Fundação Joaquim Nabuco, Recife/PE Belo Horizonte, 19 de março de 2013 Fundação Nacional de Saúde IV Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública

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  • Vulnerabilidade x Resilincia em Cidades Brasileiras

    Dr. Neison Cabral FreireFundao Joaquim Nabuco, Recife/PE

    Belo Horizonte, 19 de maro de 2013

    Fundao Nacional de Sade

    IV Seminrio Internacional de Engenharia de Sade Pblica

  • Objetivos

    Definir os conceitos de Risco, Incerteza, Resilincia e Vulnerabilidade

    Analisar as dimenses do risco a desastres naturais

    Construo de resilincia: o caso de Itaja-SC

    Sade Pblica e as inundaes de Alagoas em 2010

  • A construo do risco

    O processo de inovao e desenvolvimento tecnolgico tem gerado cada vez mais situaes de risco para as sociedades ps-industriais do sculo XXI, convertendo-se no que vrios autores tm denominado de sociedade do risco.

    Mas so as decises arriscadas dentro de nossas vidas cotidianas que promovem as diferentes situaes de catstrofes.

    Embora muitos autores tm o conceito de que a sociedade contempornea j no compartem os bens mas sim os riscos, temos que ter em conta que em algumas regies subdesenvolvidas, especialmente na Amrica Latina, nunca se dividiram os bens, seno os riscos.

  • Incerteza e risco no Brasil

    As novas hierarquias de gerao e apropriao de riqueza indicam que o capitalismo tem aperfeioado seus instrumentos, o manejo mais gil das escalas e o uso do entorno construdo. E no Brasil isto no diferente!

    Mas as desigualdades sociais seguem seu curso e sobram as situaes de INCERTEZA para as populaes marginalizadas pelo processo de desenvolvimento econmico.

    As migraes recentes observadas das antigas populaes rurais dos estados mais pobres do Pas (como Alagoas e Piau) entre os Censos de 1980 e 2010 em direo s pequenas cidades prximas ao trabalho no campo foram feitas sem planejamento ou controle urbano.

    Disto resultou uma intensa exposio dos novos domiclios a perigosidades naturais advindas de reas inundveis dos rios que passam por vrias cidades.

  • Catstrofes Naturais e a Teoria Social do Risco

    DIMENSES CONHECIMENTOS NECESSRIOS

    PERIGO

    Potencialidade

    Aspectos fsicos-naturais do evento ou processo desencadeante

    EXPOSIO

    Impacto Material

    Aspectos territoriais e populacionais (nmero de pessoas, bens); sua distribuio territorial

    VULNERABILIDADE

    Estruturas sociais

    Aspectos scio-econmicos comprovveis do estado antecedente dos grupos sociais envolvidos

    INCERTEZA

    Percepo, deciso

    Aspectos polticos e de percepo dos grupos sociais envolvidos. Valores e interesses em jogo.

    Fonte: Natenzon, 1995.

  • Resilincia

    Conceito oriundo da Fsica que descreve a propriedade de alguns materiais de recuperar sua forma original aps choque ou deformao.

    Assim, cidades resilientes so aquelas preparadas para resistir, absorver e se recuperar de catstrofes naturais, prevenindo e minimizando a perda de vidas e bens materiais.

    Indica, portanto, um grau de resilincia, cujas propriedades podem variar tanto na composio, como na escala e no tempo.

    Resilincia a capacidade de absorver ou resistir aos potenciais impactos gerados a partir da ocorrncia de um evento natural

  • O que so cidades resilientes?

    So cidades que conhecem suas vulnerabilidades (ambiental, social, institucional, fiscal), como tambm suas reas de perigo e populaes expostas ao perigo natural, diminuindo as incertezas e mapeando seus riscos atuais e futuros.

    Est em jogo, portanto, a formulao de estratgias que envolvem a gesto de risco em suas trs fases: antes, durante e depois da catstrofe.

    Cada fase tm aes, recursos humanos e tempos distintos, e devem ser amplamente discutidas com as comunidades envolvidas com aquelas reas de risco sujeitas s catstrofes naturais.

  • Variabilidade da resilincia nas cidades

    Composio: Qualidade das instituies pblicas Organizao da Sociedade e da Defesa Civil Infra-estrutura e Sistemas de Gesto Planejamento e Controle Urbano

    Escala: do macro ao micro Configurao nacional: polticas pblicas Configurao regional: planos estaduais Construo local: projetos municipais

    Tempo: Emergncia, intensificao e continuidade de polticas,

    planos, projetos e aes do Poder Pblico, nas trs esferas de governo

  • Benefcios para a populao de uma cidade resiliente

    Uma cidade se beneficia com a adoo de estratgias de resilincia ao permitir, por um lado, a diminuio de mortos, desabrigados e desalojados durante a ocorrncia de catstrofes naturais (dentre outras) e, por outro lado, a reduo dos prejuzos materiais decorrentes destas situaes.

    Aumenta as capacidades de resistncia da infra-estrutura fsica, dos meios de produo e do tecido social

    Permite o retorno normalidade mais rapidamente aps a catstrofe.

    Prevenir possvel!

  • Prejuzos recentes

    A dimenso dos desafios no Brasil foi recentemente contextualizada por estudos de avaliao de perdas e danos, que estimaram impactos econmicos da ordem de R$ 15,5 bilhes aps as enchentes e deslizamentos em Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, entre os anos de 2008 e 2011.

  • Construindo resilincia: o caso de Itaja-SC

    Adoo de um modelo de gesto integrada entre os diferentes setores resultou, por exemplo, em aes conjuntas entre o setor habitacional e a Defesa Civil, que, em tese, fogem da misso da instituio; porm, muito contribuem para a construo de uma sociedade mais resiliente e apta a responder ocorrncia de eventos extremos.

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Comparao entre as inundaes de 2008 e 2011

  • Sade Pblica e Inundaes em Alagoas

    2010: 41 mortos, 73 mil desabrigados, 21 cidades afetadas

    As cheias dos rios Munda e Paraba que devastaram vrias cidades alagoanas em 2010 destruram, no total, 43 unidades de sade e deixaram os municpios sem medicamentos para atender a populao.

    Em mdia, cada unidade de sade destruda ou danificada tinha valor aproximado de R$ 750 mil --R$ 450 mil de infra-estrutura e R$ 300 mil em equipamentos.

    Entre as unidades destrudas, somente uma, no municpio de Paulo Jacinto, era um hospital. A secretaria perdeu tambm vrias ambulncias nas inundaes.

  • Sade Pblica e Resilincia

    O fortalecimento da sade pblica um dos fatores determinantes que permitem agregar resilincia s cidades na ocorrncia de catstrofes naturais.

    Estar preparada e mobilizada para atender s diversas demandas durante e aps uma catstrofe faz parte da agenda estratgica da gesto de risco de uma cidade.

    Uma populao poder ter benefcios considerveis quando suas instituies pblicas conhecem, discutem, planejam e antecipam estes cenrios.

    Sob este ponte de vista, um evento como este faz parte de uma estratgia de adoo de resilincia s cidades no Brasil.

  • Transmissibilidade Intergeracional do Risco

    Imobilidade social e ausncia do Estado como fatores determinantes do risco transmitido entre geraes.

    Unio dos Palmares-AL: Colnia Prisional Santa F abriga 100 famlias desde as inundaes de 1988

  • Cidades resilientes...

    onde a populao participa, decide e planeja sua cidade junto com as autoridades locais, tendo em conta suas capacidades e recursos.

    Possui um administrador pblico competente e responsvel que garante uma urbanizao sustentvel com a participao de todos os grupos populares.

    onde muitos desastres so evitados em funo de que toda sua populao vive em residncias e bairros providos de infra-estrutura adequada (abastecimento de gua, saneamento bsico, eletricidade, drenagem e estradas em boas condies) e servios bsicos (escolas, coleta de lixo, servios de emergncia).

    Suas estruturas atendem aos padres de construo e no geram a necessidade de ocupao desordenada em reas de encosta, ou sujeitas a inundao.

  • Cidades resilientes...

    Entende seus riscos e desenvolve um forte trabalho de educao com base nas ameaas e vulnerabilidades a que seus cidados esto expostos.

    Toma medidas de preveno e preparao a desastres com objetivo de proteger seus bens pessoas, residncias, mobilirios, herana cultural e capital econmico e est preparada para minimizar perdas fsicas e sociais decorrentes de eventos climticos extremos.

    Realiza investimentos necessrios em reduo de riscos e capaz de se organizar antes, durante e depois de um desastre.

  • Cidades resilientes...

    Est apta a restabelecer rapidamente seus servios bsicos, bem como retomar sua atividade social, institucional e econmica depois de um desastre.

    Entende que as mudanas climticas tambm devem ser consideradas em seu planejamento urbano.

  • Cooperao Tcnica 2013

    Convnio Ministerio da Integrao e UFPE

    Equipe integrada por especialistas de vrias reas do conhecimento

    Projeto: Avaliao da vulnerabilidade do risco em reas suscetveis a deslizamentos e inundaes em Alagoas (10) e Pernambuco (10).

    Objetivo: Desenvolver metodologia de avaliao da vulnerabilidade socioeconmica e fsico-ambiental como base para a avaliao do risco em reas suscetveis a deslizamentos e inundaes, com vistas indicao de solues tcnicas para a sua reduo ou erradicao.

  • Modelagem para diagnstico de vulnerabilidade a riscos de deslizamentos e inundaes

    PASSOS METODOLGICOS

    CONCEITUAR MODELAR (TOP-DOWN) CONSULTAR (DELPHI) DEFINIR MODELO (BOTTOM-UP) RELATAR

    MAPEAR ANALISAR RECOMENDAR REPRODUZIR RELATAR DISCUTIR PUBLICAR

    DIMENSES DA VULNERABILIDADE

  • Entender o risco o primeiro passo para prover solues aos desafios dos desastres

    Omar Cardona, URBR 2012, Banco Mundial.

  • Muito obrigado!

    [email protected]