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Page 1: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

Pontifícia Universidade Católica de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Letras

Linguística e Língua Portuguesa

Monika Nascimento de Almeida dos SantosMônica Leão

( ???)

BELO HORIZONTE2009

1

Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Sintática, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Prof. Orientador: Milton do Nascimento

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Cadê o Título do trabalho? ATENÇÃO ÀS NORMAS DA ABNt!!Afinal de contas, esses trabalhinhos são um exercício para as nossas dissertações, portanto, comecemos o treino desde já.
Page 2: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

I. INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende apresentar e discutir aatravés das abordagens da

gramática gerativa e da normativa sobre a voz passiva em frases do jornal

Super Notíciai . Este jornalque possui manchetes chamativas e abordagens de

vários assuntos, possui uma linguagem popular, superficial e menos politizada,

pois seu alvo é o público popular, direcionado as classes menos favorecidas. A

voz passiva nesse contexto é relevante para um estudo sistemático, porque

refletiria XXX

Analisaremos essas concepções tendo como foco a competência lingüística do

ser humano porque é o conhecimento que temos de nossa língua materna,

bem como o uso concreto da língua nas mais variadas situações que

corresponde à performance.

Abaixo, explico o que é Língua-I e Língua-E, Competência e Desempenho. Este texto, eu já

tinha enviado para o Milton. Espero que possa ajudá-las, pois acho as minhas formulações

sobre Chomsky estão enxutas:

Chomsky, ao elaborar uma Teoria da Linguagem, tinha como objetivo organizar mais

claramente e metodologicamente os grandes conflitos que ostentavam as concepções de

Aquisição de Linguagem, na década de 50, e, consequentemente, desenvolver uma teoria da

linguagem adequada às condições lingüísticas, que explicava esta aquisição, na medida em

que tentaria, também, explicar o “Problema de Platão1”. Em 1967, ele escreveu seu primeiro

trabalho,2 que tinha como objetivo levantar um contraponto sobre a forma da aquisição de

linguagem que perdurava naquele momento3. Segundo ele: “as crianças nascem com uma

predisposição natural biologicamente condicionada para a aquisição da linguagem e que a

simples exposição a uma língua é suficiente para desencadear o processo de aquisição”. Isso

para a época era considerado algo revolucionário, pois nenhum lingüista tinha, até o momento,

defendido Aquisição da Linguagem como um processo cérebro/mente. Depreendia, também,

que as crianças aprendem um vocabulário de uma língua e constroem uma gramática

descritiva adequada com bases em dados limitados e ambíguos, mas elas próprias (as

crianças) não sabem e não conseguem descrever como essas coisas funcionam realmente em

suas mentes.

Juntamente com esse trabalho, foram desenvolvidos outros, porém, os que têm maior

importância histórica para a Teoria Gerativa nas décadas de 50 a 70 são: Syntactic Structures

1 A questão do “Problema de Platão”seria: como as crianças aprendem um língua e fazem novas construções lingüísticas tão rapidamente com tão poucos dados.2 “Review of B. F. Skinner’s Verbal Behavior”. IN: Leon A. Jakobovits and Murray S. Miron (eds). Readings in the Psychology of Language, Prentice-Hall, 1967, p. 142-143.3 Behaviorismo: restrição da psicologia ao estudo objetivo dos estímulos e reações verificadas no físico, com desprezo total dos fatos anímicos; condutismo. (BARSA, 2005)

2

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Confuso
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Dêem para o leitor o motivo pelo qual o estudo da passiva, tanto na perspectiva da G. Gerativa quanto na G. Normativa, é interessante e de bom agrado em anúncios jornalísticos.
Page 3: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

(1957), Aspects of the Theory of Syntax (1965) e Logical Structure of Linguistic Theory (1975),

que tinham o propósito de responder às seguintes questões:

O que constitui e a natureza do conhecimento da língua?

Como é adquirido o conhecimento da língua?

Como é usado o conhecimento da língua?

Mediante isso, foi desenvolvido um projeto de estudos e pesquisas que esclarecesse

estes problemas, pois, foi e é uma condição básica de uma gramática gerativa explícita,

explicar e construir regras ou princípios que subjazem um aparato mental como base para

aquisição de língua humana, ou seja, é o objetivo dos chomsknianos construir uma teoria

lingüística que explicitasse as regras de aquisição de língua e, em seguida, torná-las descritivo-

explicativas.

Chomsky considera a língua como “um espelho da mente” e isso significa dizer que a

língua comanda toda a razão humana, no sentido de que ela é e faz parte da própria natureza

do homem como indivíduo. A procura pela explicação da aquisição de linguagem, levou-o à

percepção de que as línguas devem ter algo de semelhante, (CHOMSKY, 1997), porque se

houvesse demasiada variabilidade isso dificultaria o próprio aprendizado pela criança. Porém, o

que se observa é que a criança, que está aprendendo uma língua, apesar da grande

complexidade de expressões e construções lingüísticas, de uma determinada língua, ela

aprende tudo num período de até 5-7 anos, muito rapidamente, consegue absorver toda a

gramática desta língua e ainda suas propriedades mais específicas.

Dentro destas questões, enquanto alguns defendem uma lingüística descritiva, de

natureza taxionômica, a lingüística gerativa tem por finalidade ir além da explicitação de um

quadro classificatório,pretende explicar os fatos, apresentando uma visão formalizada da

própria constituição da língua humana, isto quer dizer, focalizar a ‘competência lingüística’ de

um falante/ouvinte. Seu escopo principal é chegar aos universais da linguagem, característicos

em qualquer língua, a ‘faculdade de linguagem’. Estes princípios constitutivos de qualquer

língua, elemento comum em qualquer língua humana seria chamado de Gramática Universal

(GU). Para Chomsky (1986), a GU deve ser caracterizada como um elemento da faculdade da

linguagem de qualquer indivíduo como um mecanismo geneticamente determinado, um

componente da mente que capacita o homem a adquirir a linguagem, originando uma

linguagem particular (Gramática Particular – GP), decorrente das experiências lingüísticas e de

vida dessa pessoa, no seu meio social.

O conhecimento internalizado da língua neste modelo de gramática é chamado de

“competência”, porque o falante tem um mecanismo cognitivo altamente desenvolvido em sua

configuração genética que o possibilita formar sons, palavras, sintagmas e orações,

combinando-os para produzir todo tipo de manifestação lingüística. O falante tem, também,

capacidade de entender e produzir elementos de sua própria língua, distinguindo elementos

que não fazem parte dela, assim como construções com mal-formação. Isso indica que além da

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competência que lhe é universal, existem parâmetros da aquisição dentro de uma mesma

língua em relação às outras. Desta forma, várias gramáticas são elaboradas a partir de vários

parâmetros construindo-se o que pode se dizer de Gramáticas Particulares (GP). E é dentro de

determinados meios sociais que o falante tem a capacidade de adequar sua propriedade

lingüística dentro de vários contextos linguageiros em seu uso real, isso na teoria é designado

como “desempenho”. Competência se torna o fruto de toda investigação científica da Teoria

Gerativa, pois dela depreende a capacidade de entender e produzir um número finito de frases,

inconscientemente determinadas por uma GU. Essa produção e interpretação de frases é o

que permite a comunicação lingüística de um povo, sendo que o seu uso real em situações

concretas depende de elementos externos, sociais, ou seja, do desempenho lingüístico desse

mesmo falante em situações reais do uso da fala na e para a sociedade.

Para tanto, um quadro teórico metodológico explicativo proposto por Chomsky (1986)

demonstraria que as línguas são construídas dentro de uma língua externa (Língua-E),

construto social e conjunto de ações e comportamentos, e de uma língua interna, equivalendo

a uma GP, e (Língua-I), elemento que existe na mente humana, daquele que conhece a língua,

algo interno do cérebro-mente, respectivamente, uma GU.

Para Chomsky, esclarecer as questões acima é necessário encarar uma entidade

abstrata de um estado de faculdade da linguagem como sendo um componente da mente

(Língua-I). A gramática generativa pretende, por esses aspectos, representar aquilo que uma

pessoa sabe quando usa uma língua, ou seja, aquilo que foi aprendido por princípios inatos,

justamente, a Língua-I, e considerá-la como algo que o lingüista deve caracterizar, propondo

descrições teóricas das propriedades de seus mecanismos constitutivos num nível de

abstração de suas representações lingüísticas. Este tipo de análise também pode ser

interpretada também como uma pesquisa mentalista do estudo da linguagem. Deste modo,

pretende-se, também, caracterizar a GU que particulariza esses princípios inatos

biologicamente, constituindo um componente da mente humana – a faculdade da linguagem.

Numa tentativa de elaborar uma teoria mais concreta sobre estes fenômenos, foi

desenvolvido um quadro teórico chamado Teoria dos Princípios e Parâmetros (Lectures on

Government and Binding, 1981), pressupondo que “os princípios” são dados uniformes em

todas as línguas naturais da mente humana e que se expressam numa GU, e “os parâmetros”

são as escolhas permitidas dentro de cada sistema lingüístico de determinada língua. O que

Chomsky (1997) considera crucial neste tipo de abordagem é um conjunto de postulados que

propõe a organização modular da língua, sendo este um conjunto de módulos independentes e

organizados de forma interativa. Cada módulo é constituído por um conjunto de princípios, e de

parâmetros, de uma determinada língua e devem ser satisfeitos por determinados níveis de

representação (estrutura-S, estrutura-P, Forma Lógica, Forma Fonológica).

Na perspectiva dos Princípios e Parâmetros, quando a pessoa nasce sua mente já

possui todos os aspectos para uma Faculdade de Linguagem, o que Chomsky (1986) chama

de “estado-inicial – E0”. Durante sua vida, o falante desenvolve sua língua para um “estado-final

4

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– EF”, que é marcado pelas experiências lingüísticas da vivência, porém esse estado continua a

se desenvolver no falante por toda sua vida, em todo o seu aprendizado na interação social.

2. A GRAMÁTICA GERATIVA

O gerativismo é uma corrente de estudos da ciência da linguagem que teve

início nos Estados Unidos, no final da década de 50, a partir dos trabalhos do

lingüista Noam Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de

Massachussets, o MI.

Ao longo desse meio século, o gerativismo passou por diversas modificações e

reformulações, que refletem a preocupação dos pesquisadores dessa corrente

em elaborar um modelo teórico formal, inspirado na matemática, capaz de

descrever e explicar abstratamento o que é e como funciona “o componente

biológico da espécie”, conforme Chomsky (2006. p.10), - a linguagem humana.

A gramática gerativa assume que os seres humanos nascem dotados de uma

faculdade da linguagem, que é um componente da mente/cérebro

especificamente dedicado à língua.Essa faculdade da linguagem, em seu

estado inicial, é considerada uniforme em relação a toda a espécie humana.

Isso significa que todas as crianças, venham a ser falantes de português, inglês

ou do chaggaii, são dotadas da mesma faculdade da linguagem e partem do

mesmo estado inicial o qual tem sido chamado de Gramática Universal. Esse

estado inicial é modificado à medida que a criança é exposta a um ambiente

lingüístico específico. Assim, uma criança que cresce num ambiente em que se

fala português desenvolve o conhecimento dessa língua, a partir da interação

da informação genética que ela traz no estado inicial de sua faculdade da

linguagem com os dados lingüísticos a que é exposta.Esse conhecimento

permite às crianças, e somente elas, a construírem todas as sentenças

possíveis de sua língua.(KENEDY, 2008, págs. 128-129)

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Page 6: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

Sob este ponto de vista assume-se o princípio de que nenhuma Língua é

ensinada ao ser humano, pois sua aquisição não se limita a adquirir estruturas

linguísticas externas .A mente não é um reservatório a ser preenchido com

elementos exteriores, mas um organismo a ser estimulado e incitado à

aquisição do conhecimento.

Assim, hoje admite-se que a Gramática Universal é constituída de princípios

universais, alguns dos quais contêm parâmetros, pontos de escolha que podem

ser fixados de uma determinada maneira limitada.Isto é, a criança nasce pré-

programada com princípios universais e um conjunto de parâmetros que

deverão ser fixados ou marcados de acordo com os dados da língua a que a

criança está exposta. Ela não escolhe as regras, mas valores paramétricos.

Como exemplo, partindo da concepção de que todas as frases indistintamente

da língua requerem um sujeito, contudo esse sujeito, papel temáticoiii4 de

agente, não precisa ser explícito, sendo esse o parâmetro a ser fixado. A

criança, dependendo do sistema lingüístico em que se encontra, decidirá se o

sujeito deve ou não constar obrigatoriamente na frase realizada.

No exemplo (1) “Segundo a assessoria do HPS, o globo ocular do menino foi

extraído durante cirurgia e uma prótese foi colocada para cumprir o papel

estético.” (Super Notícia, 25/09/09) o papel temático de agente é opcional

(CYRINO, NUNES, PAGOTTO, 2009,p.7). Conforme Chomsky (2006, p. 18),

“adquirir uma língua, portanto, significa selecionar, entre as opções geradas

pela mente, as que combinam com a experiência e descartar as outras”.

2.1. A VOZ PASSIVA NA VISÃO DA GRAMÁTICA GERATIVA

Segundo Chomsky (2006, 16-18), não há nenhum sistema de regras proposto

para cada língua quando se fixa os parâmetros da Gramática Universal; as

estruturas são computadas diretamente pelos princípios desta Gramática e as

escolhas paramétricas são particulares. A voz passiva é um caso específico de

construção de regra. A construção passiva decompõe-se em operações mais

elementares, uma parte morfológica, uma operação em grades temáticas e um

4

6

Page 7: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

deslocamento. Para ilustrar essas ocorrências passivas, explicaremo-las nas

frases retiradas do jornal Super Notícia.

(1) Jovem de 20 anos tenta defender amigos e é assassinado a facadas

por um garçom, na porta de casa de show, no Sul de Minas. (16/06/09).

(2) Foram presas 17 pessoas, sendo 15 jogadores, a maioria acima de 50

anos, e dois funcionários. (25/09/09)

Para explicar a construção da voz passiva, (CYRINO, NUNES, PAGOTTO,

2009, pág.1) adotam uma noção de complementação que toma os eixos

semânticos e sintáticos como complementares. As generalizações semânticas

são determinadas pelas três especificações de entrada lexical de um verbo, a

saber: (i) quantos (de zero a três) são os argumentos iv que esse verbo requer,

(i) qual é o papel temáticov (agente, paciente, experienciador etc) desses

argumentos; e (iii) qual é a realização sintática (sintagma nominal, sintagma,

sintagma preposicional etc) de tais argumentos. Nesse tipo de construção

verbal, o pape temático de agente é opcional e, se presente, é realizado

estruturalmente como um adjunto (o agente da passiva na terminologia

tradicional e na ).

No exemplo (1) jovem de 20 anos recebe, semanticamente, o Papel Temático

de paciente;o verbo assassinar da locução verbal é assassinado perde sua

capacidade de atribuir caso acusativovi ao seu complemento.O argumento

interno dessa passiva jovem de 20 anos, na verdade, funciona como o sujeito

sintático da sentença, determinando a concordância com o verbo auxiliar e

exibindo o Caso Nominativo (sujeito). O Papel Temático de agente é um

garçom funciona sintaticamente como um argumento externo da sentença.

Se você dizer que o verbo perde a capacidade de atribuir acusativo, então você

pode dizer que as passivas são construções inacusativas.

[O garçom] assassinou [um jovem de 20 anos] [a facadas]

AGENTE PACIENTE INSTRUMENTO

Desta forma, a morfologia passiva, (CHOMSKY, 2006, pág. 17) intercepta a

atribuição do papel temático externo (agente, no exemplo acima) dado a

7

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Interno, está dentro do VP, no exemplo em questão, seria externo se fosse voz ativa.
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Externo, na ocorrência. Ele era interno na voz ativa, funcionando como acusativo da oração.
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Faltou uma explicação mais clara no parágrafo.
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
????
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Analítica , é bom não generalizar demais, pois a passiva sintética é diferente....
Page 8: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

posição do sujeito e opcionalmente o desvia para a frase por, destematizando o

sujeito, esse processo também impede a atribuição de Caso ao objeto; assim,

o objeto deixado sem Caso desloca-se para a posição de sujeito.

No exemplo (2), o Papel Temático de paciente está posposto à locução verbal

e não encontramos Papel Temático para o agente da frase. Na voz passiva o

Papel Temático de agente é opcional, conforme CYRINO, NUNES, PAGOTTO,

2009, pág.6.

Na coleta de frases do Super Notícia, verificou-se uma grande quantidade de

sentenças com omissão de Papel Temático de agente por se tratar de recurso

sensacionalista da linguagem jornalística.

(3) Dois jovens foram assassinados de madrugada em boates de regiões diferentes de BH. PM acredita que crimes possam ter ligação.(09-09.09)

(4) Adolescente de 13 anos é atingida por tiro nas costas quando chegava ao colégio em Xangrila. (08/07/09)

(5) No dia em que completou 29 anos de idade, guarda municipal de BH é salvo da morte, ele foi atingido por um tiro no peito. (17/06/09)

3. A GRAMÁTICA NORMATIVA

Neste capítulo, apresentamos estudos de vozes verbais expostos na gramática

normativa que é conhecida no ambiente acadêmico como gramática tradicional.

Conforme Travaglia (1995, pág. 30-32) é a gramática que estuda apenas os

fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma essa que se

tornou oficial. Baseia-se, em geral, mais nos fatos da língua escrita e dá pouca

importância à variedade oral da norma culta, que é vista, conscientemente ou

não, como idêntica à escrita. Ao lado da descrição da norma ou variedade culta

da língua (análise de estruturas, uma classificação de formas morfológicas e

léxicas), a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e

escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, prescreve o

que se deve e o que não se deve usar na língua.

8

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Seção
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Cadê a análise dos casos acima?? Cuidado para não jogar dados no texto e ficar por isso mesmo. Não é bom fazer isso com o leitor. Se os casos são iguais aos tratados acima, expresse isso no texto.
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Fazer citação conf. ABNt em todos os casos.
George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Cuidado com as normas da ABNt.
Page 9: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

A gramática normativa é o tipo de gramática a que mais se refere

tradicionalmente na escola e, quase sempre, quando os professores falam em

ensino de gramática, estão pensando apenas nesse tipo de gramática, por

força da tradição ou por desconhecimento da existência dos outros tipos.

3.1. A VOZ PASSIVA NA VISÃO DA GRAMÁTICA NORMATIVA

Bechara (1970, p.126) denomina passiva a “forma verbal que indica que a

pessoa recebe a ação verbal. A pessoa, neste caso, diz-se paciente da ação

verbal:

(6) Homem é friamente assassinado pelo ex-amante da mulher e namorado da filha mais velha dele. Acusado e dois comparsas foram presos.(15/09/09)

Em Cunha e Cintra (1985, p.372), lemos que o verbo está na voz passiva

quando o fato por ele expresso é representado “como sofrido pelo sujeito:

(7) Aposentada avançou sinal vermelho, atropelou casal e fugiu; ela foi detida em seguida pela polícia, mas pagou R$1.000 de fiança e esta livre.(26/05/09)

Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante (1998. Pág. 348) denominam passiva

como “na obtenção da forma passiva do verbo, o auxiliar assume o tempo e o

modo do verbo ativo (no caso, pretérito perfeito do indicativo), enquanto este

assume a forma do particípio (obtiveram – obtida).Não pode haver voz passiva

sem sujeito determinado e expresso. Por isso, é fácil perceber que somente os

verbos que possuem objeto direto na voz ativa formam a voz passiva: afinal, é

o objeto direto da voz ativa que dá origem ao Sujeito da voz passiva.Em outras

palavras: somente os verbos transitivos diretos e os transitivos diretos e

indiretos podem formar a voz passiva.Você já sabe que, na voz ativa, pode

haver orações de sujeito indeterminado pelo verbo na terceira pessoa do plural.

Um exemplo é: Desviaram seu destino. Nessa oração, o sujeito está

indeterminado, mas é fácil perceber que esse sujeito é o agente do processo

9

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
Analítica, verbos podem ter voz passiva sintética ou pronominal.
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verbal - quem quer que tenha desviado seu destino praticou - e não sofreu -

uma ação. Na voz passiva, teremos uma oração cujo agente da passiva estará

indeterminado: Seu destino foi desviado. (por quem?)”

Podemos constatar que a teoria da voz passiva de todos os gramáticos acima,

concentra-se no agente e no paciente da ação, não há nenhum exemplo sem o

agente da ação verbal, nem tampouco uma explicação para a ausência deste,

como no exemplo (8), que na sintaxe da gramática normativa recebe o nome

de agente da passiva.

(8) As três vítimas foram socorridas para o HPS João XXIII.(25/09/09)

(9) Foram presas 17 pessoas, sendo 15 jogadores, a maioria acima de 50

anos, e dois funcionários. (25/09/09)

Apesar de os objetivos de ambas as gramáticas elencadas neste trabalho

serem diferentes, isto é, a gramática gerativa, conforme Chomsky (1994, pág.

43) “mudou o foco de atenção do comportamento lingüístico real ou potencial e

dos produtos desse comportamento para o sistema de conhecimento que

sustenta o uso e a compreensão da língua e, mais profundamente, para a

capacidade inata que permite aos humanos atingir tal conhecimento”; e a

normativa é uma espécie de lei que regula o uso da língua em sociedade,

partem de exemplos da língua que não são considerados violações dos

princípios que constituem nossa competência de falantes nativos da Língua

Portuguesa.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo postula Chomsky (1994, pág 26) a gramática tradicional e a

estruturalista não trataram de resolver a questão sob o aspecto da formação da

mente e sim pela capacidade de inteligência não-analisável do leitor, falante ou

usuário da linguagem. Para o autor, os interesses da gramática tradicional e da

generativa se complementam. A gramática tradicional apresenta as

construções de linguagem a partir de uma regularidade considerando as

formas e os significados. Nesta perspectiva não há uma preocupação com o

10

George Luiz Manes Pereira, 05/10/09,
O escopo da gramática normativa é a análise da proposição, os gramáticos não estão preocupados com o discurso ou com os efeitos enunciativos da oração. O princípio norteador é a lógica filosófica dos antigos gregos, que vem sendo perpassada pelos tempos até os dias de hoje. Portanto, as considerações deles estão adequadas, se levarmos em conta o princípio epistemológico que formou a elaboração da noção de voz passiva.
Page 11: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

modo como o conhecimento foi adquirido, o que permite organizar, formar e

interpretar as expressões. Enquanto que a gramática generativa “ocupa-se

primordialmente da inteligência do leitor, dos princípios e dos processos

acionados para atingir o conhecimento total de uma língua.”

Desta forma, apesar de os exemplos referentes à gramática gerativa serem da

língua escrita e não de manifestações da oralidade do falante nativo, podemos

verificar que há coerência nas relações dos Papéis Temáticos e dos

argumentos do verbo transitivo, que não encontramos na gramática normativa.

Nesta gramática, as argumentações para agente e paciente são fossilizadas,

não há outro recurso para se justificar a ausência do agente ou do próprio

complemento do verbo transitivo direto. Mas a interpretação das sentenças em

ambas é completa, isso corrobora com o que Chomsky denomina de

competência - conhecimento inconsciente que o falante possui sobre a sua

língua e que lhe permite fazer intuições, é ela que torna o indivíduo capaz de

falar e compreender uma língua (KENEDY, 2008, pág. 134).

Eu acho que o fruto do trabalho de vocês não seria apenas defender a competência lingüística

por si mesma, mas elaborar um estudo de como a passiva contribuiria para corroborar a

hipótese de que o falante necessita de algo básico e elementar em sua mente para

compreender textos. Pois, se o falante não tivesse um arcabouço mental-cognitivo básico e

similar a outros falantes, na interpretação de passivas, cada indivíduo iria ter sua própria

compreensão do fenômeno, e, consequentemente, nos não nós entenderíamos mutuamente.

Mas não é isso o que acontece, certo. Sabemos que existe algo comum a todos os falantes da

língua portuguesa para interpretarmos as passivas de forma verossimilhante, isso ocorre

através de:

Geralmente, os verbos selecionam seus argumentos internos e externos – Agente – para

interno, na posição de DP, e – Tema/Paciente – para externo, na posição interno do VP como

abaixo: O menino chutou a bola

IP

11

Page 12: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

DP I’

A menino

I VP

Chutoux

V DP

Tx a bola

Esta estrutura é a voz ativa padrão de qualquer construção do português. Mas quando

usamos a voz passiva analítica “A bola foi chutada (pelo menino), o agente ‘menino’

não precisa ser materializado fonologicamente como ‘agente’ ou como ‘argumento

externo’ do verbo, se for materializado deverá aparecer com a preposição, dentro do

adjunto, de quem receberá seu papel temático.

A estrutura regular da voz passiva analítica é essa.

(inflectional phrase) IP

(determiner phrase) DP I’ (inflectional)

a bola(j)

I VP (verbal phrase)

foi(x) V’

V PartP (participle phrase)

t(x) chutada t(j) pelo menino

traço

Assim, a flexão da voz passiva é uma grande hipótese de inacusativização do verbo.

Não tendo argumento externo, o argumento interno vira o sujeito.

NOTAS

12

Page 13: Voz Passiva - Artigo - Sintaxe ado

i

ii

iii

iv

v

vi