voz de esperança set/out 2014

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Tomando a conclusão de Tiago, na sua Car- ta (2, 17), ao afirmar que a Fé sem obras estará completamente morta, a Arquidiocese de Braga apresenta-nos a dimensão vivencial da fé como horizonte do novo ano pastoral. Depois da fé pro- fessada e celebrada, chega-nos o convite ao tes- temunho da fé traduzido em obras concretas, e na diversidade dos ambientes quodianos. Assu- mindo o caminho proposto, o Seminário procura sintonizar-se com o ritmo da igreja local, concre- zando o seu programa no convite de Maria em Canã: Fazei tudo o que Ele vos disser. Esta aproximação mariana deve-se ao facto de o Seminário de Nossa Senhora da Concei- ção celebrar, no presente ano lecvo, o seu 90º aniversário. A Imaculada Conceição é, habitual- mente, representada na arte através da trans- lucidade. Assim como a luz que passa e inunda interiormente, assim o Fiat de Maria transbordou Deus, na sua própria vida e na vida da humanida- de; bem diferente da opacidade da negava do Génesis... A caridade é essência da Igreja, porque ma- nifestação da fé e translucidade de Deus. Só o encontro com Cristo mova o encontro com os irmãos, só a relação com Deus é capaz de nos colocar, verdadeiramente, no caminho e a cami- nho com os irmãos. Porque a caridade nasce do encontro com o amor de Deus, que nos devolve, de novo e connuamente, ao amor dos irmãos. Como Maria, que concrezou o Sim da Anuncia- ção em cada momento e em cada situação da sua existência, fazendo tudo o que Lhe foi dito da par- te do Senhor! VIVIDA EDITORIAL Director: P.e Avelino Marques Amorim Ano XX - 5ª Série | Nº 42 | Bimestral 1,00 € SEMANA DE INTEGRAÇÃO “Durante esta semana foi possível de forma serena e tranquila iniciar uma boa adaptação a uma nova vida” Miguel Rodrigues p. 10 90 ANOS “Oito mil e seiscentos jovens fizeram aqui a sua experiência de vida em comunidade de discernimento vocacional” A. Amorim p. 6 SET - OUT / 2014

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Revista bimestral Seminário Arquidiocesano Braga

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Tomando a conclusão de Tiago, na sua Car-ta (2, 17), ao afirmar que a Fé sem obras estará completamente morta, a Arquidiocese de Braga apresenta-nos a dimensão vivencial da fé como horizonte do novo ano pastoral. Depois da fé pro-fessada e celebrada, chega-nos o convite ao tes-temunho da fé traduzido em obras concretas, e na diversidade dos ambientes quotidianos. Assu-mindo o caminho proposto, o Seminário procura sintonizar-se com o ritmo da igreja local, concre-tizando o seu programa no convite de Maria em Canã: Fazei tudo o que Ele vos disser.

Esta aproximação mariana deve-se ao facto de o Seminário de Nossa Senhora da Concei-ção celebrar, no presente ano lectivo, o seu 90º aniversário. A Imaculada Conceição é, habitual-mente, representada na arte através da trans-lucidade. Assim como a luz que passa e inunda interiormente, assim o Fiat de Maria transbordou Deus, na sua própria vida e na vida da humanida-de; bem diferente da opacidade da negativa do Génesis...

A caridade é essência da Igreja, porque ma-nifestação da fé e translucidade de Deus. Só o encontro com Cristo motiva o encontro com os irmãos, só a relação com Deus é capaz de nos colocar, verdadeiramente, no caminho e a cami-nho com os irmãos. Porque a caridade nasce do encontro com o amor de Deus, que nos devolve, de novo e continuamente, ao amor dos irmãos. Como Maria, que concretizou o Sim da Anuncia-ção em cada momento e em cada situação da sua existência, fazendo tudo o que Lhe foi dito da par-te do Senhor!

FÉ VIVIDA

EDITORIAL

Director: P.e Avelino Marques AmorimAno XX - 5ª Série | Nº 42 | Bimestral1,00 €

SEMANA

DE INTEGRAÇÃO

“Durante esta semana foi possível de forma serena e tranquila iniciar uma boa adaptação a uma nova vida”

Miguel Rodriguesp. 10

90

ANOS

“Oito mil e seiscentos jovens fizeram aqui a sua experiência de vida em comunidade de discernimento vocacional”

A. Amorimp. 6

SET - OUT / 2014

VISÃO

A IMACULADA CONCEIÇÃO

M. M. Costa Santos

A Imaculada Conceição na expressão dogmática diz: Maria, a mãe de Jesus, foi concebida sem pecado. Por graça isenta e preservada do pecado (incapacidade de responder a Deus que chama), Maria é instituída figura da nova criação. Ao responder ao apelo de Deus, situa-se face ao homem fechado na alienação (pecado); ela é “a verdade da criatura realizada” (Evdokimov), que se encontra a si, respondendo. Uma antropologia relacional mostra que graça e a liberdade, aparentemente contradi-tórias, realmente se condicionam na conjunção misterio-sa da resposta: “Eis a serva do Senhor. Faça-se”.

A relação entre a gratuidade de Deus, que chama, e o homem, que responde, revela que Deus não é rival e con-corrente do homem, e o homem não é o solitário prota-gonista da sua vida; Deus é o “Deus connosco”, que torna o homem compreensível, alguém. Maria, Imaculada, in-terlocutora singular de Deus, perguntando “como será?”, e “perguntar quem (me) chama? é uma pergunta de ho-mem livre” (M. Gabriela Llansoll), entra no mundo rela-cional novo; nela emerge uma nova possibilidade, em que pessoas livres respondem a Deus que chama. E, se Deus criou o homem sem ele, não o salva sem a sua liberdade. A salvação é dialogal; e Deus ao homem “abre o coração para aderir”, e o homem, respondendo, encontra-se a si. A vocação do homem, “pastor do ser” (Heidegger), mostra-o

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como um ser de esperança, em que o possível, “a dádiva mais preciosa que o ser tem para oferecer”, é a construção dum mundo relacional. O homem é criatura de Deus, situ-ado num mundo simbólico de que não é a origem.

Deus quis concretizar em Maria a humanidade nova: o homem voltado para o céu, responsável pelo próximo num mundo fraternal. Só ela, foi plenamente (filha) de Deus, (irmã) de todos os homens e livre (senhora do mun-do) (Boff). Isenta, antecipa no tempo da peregrinação o que seremos na consumação em que nós “somos” o que seremos, nova criação. Preservada, mostra como somos preservados, ao viver em Cristo, na Igreja, por que Jesus preserva e liberta ‘os que o Pai lhe deu’. Ela revela o que acontece a quem é chamado por Deus; não foi a única, mas a primeira, privilegiada; e “o que foi verdade uma vez, vale para todos” (Rahner).

Esta “universalidade” deu-se na definição dogmática de Pio IX (08. 12. 1854); o dogma apoia-se no facto ecle-sial do consenso da fé (comunhão) de todos (bispos e dos fiéis). A Imaculada Conceição cresceu na consciência dos cristãos ao longo dos séculos até ser definida. E, como “o que foi verdade uma vez, vale para todos”, a Imaculada Conceição é um privilégio popular e participável. No futu-ro, seremos totalmente para Deus, irmãos e livres numa

nova criação em que a justiça é mundo e o mundo justiça; mas, diferente de nós, pecadores, Maria testemunha que Deus não nos abandona.

Maria, interlocutora de Deus, está diante de Deus Pai como receptividade; ela é imagem do Filho e para os “fi-lhos no Filho”, como dom. A “bem-aventurada porque acreditou” é o cume da Igreja, comunidade fé e modelo da humanidade querida por Deus. Na escola de Maria, os homens tornam-se mais humanos e a Igreja aprende a dever-ser “esposa imaculada” (Ratzinger); todos apren-dem que o apelo de Deus à salvação já “atrai” a resposta da fé e se torna dom de si para os outros.

Maria, dialogando consigo mesma, como quem pro-cura uma “compreensão mais profunda”, é a terra boa da PALAVRA. O facto eclesial do consenso (a comunhão) dos bispos e dos fiéis é “e-vento” da Igreja, que, meditando a PALAVRA que se fez HOMEM, “sente” pela fé que Maria é sem pecado. E se o que valeu para o dogma, deve valer para sempre, a Igreja, peregrinando no tempo, caminha para o que deve ser (comunhão) nova criação, olhando para a IMACULADA; como Mãe, ela segue com olhar amo-roso os filhos (peregrinos em viagem), deixando aprender a olhar a vida como ela será no fim, em Deus, e para ir sendo como quem “ouve” uma voz familiar.

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ARTE

IMACULADA CONCEIÇÃO (I)

Luís da Silva Pereira

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É quase obrigatório iniciar este ciclo iconográfico dedicado à Ima-culada Conceição, com uma obra de Bartolomé Esteban Murrillo. Com efeito, a maneira de representar, desde o séc. XVII, esta invocação mariana deve-se, fundamentalmen-te, ao grande pintor sevilhano, um dos mais importantes do barroco espanhol.

Murillo nasceu em Sevilha, quase de certeza em Dezembro de 1617, uma vez que foi baptizado a 1 de Janeiro de 1618. Em Sevilha mor-reu, em 3 de Abril de 1682. Sofreu influências dos mais importantes pintores do seu tempo como Zur-barán, Rubens ou Federico Barocci, caracterizando-se as suas telas por cores suaves e luminosas.

Dedicou ao tema da Imaculada várias pinturas. Embora o tema seja o mesmo, apresentam, no entanto, numerosas variantes.

A Senhora é figurada entre nu-vens, de pé, sobre o globo terres-tre, ora perfeitamente delineado, ora mal se distinguindo das nuvens, como no presente caso. Aos pés, quase sempre tapados pela túnica, vêem-se geralmente três ou qua-tro cabeças de anjos, mas também outros anjos de corpo inteiro. Com muita frequência, como neste qua-dro, empunham símbolos da pureza

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de Nossa Senhora, como açucenas e rosas. Um deles segura uma palma, significando o triunfo de Maria so-bre o pecado. Lembremos que Ima-culada Conceição quer dizer, preci-samente, que foi isenta do pecado original.

Também aos pés, encimando o globo terrestre, costumam aparecer, viradas para cima, as pontas de um crescente lunar (em algumas repre-sentações aparecem voltadas para baixo). No presente caso, apenas se mostra uma das pontas. Alude ao versículo do Apocalipse (cap.12, 1) que descreve uma mulher “revesti-da de sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12 estrelas so-bre a cabeça”. Nesta iconografia não se representam as estrelas, mas elas aparecem em muitas outras, como veremos.

O rosto da Virgem é sempre ju-venilíssimo, de acordo, aliás, com o preconizado pelo também sevilhano e pintor Francisco Pacheco, no seu tratado Arte de la Pintura (1649). Defende ele que a Imaculada deve ser figurada “na flor da idade, en-tre 12 e 13 anos, muito bela, olhos amorosos e solenes, nariz e boca perfeitos, faces rosadas, cabelo mui-to belo e longo”.

Como se confirma pelo quadro que reproduzimos, a Imaculada en-

verga habitualmente túnica branca e manto azul. Aqui, o manto esvoa-ça; noutras representações, túnica e manto caem naturalmente.

Quase sempre, as mãos encon-tram-se em atitude orante, umas vezes juntas e erguidas, outras, cruzadas sobre o peito (neste caso chama-se de tipo franciscano), ca-racterística difundida sobretudo por Murillo e Ribera. Mas podem apre-sentar-se em várias outras posições: ambos os braços estendidos ou com a mão direita sobre o peito e o braço esquerdo estendido.

Como se pode ver neste quadro, a Imaculada olha para o céu, carac-terística obrigatória na iconografia da Assunção. Contudo, pode olhar também para a terra ou em frente, a cabeça virada para a esquerda ou para a direita.

Com muita frequência, em-bora neste quadro não apareça, a Senhora calca aos pés uma ser-pente. Esse atributo lembra que a Imaculada é a nova Eva (por isso a serpente aparece com uma maçã entre os dentes) e alude ao versí-culo do Génesis em que se profe-tiza que Deus fará reinar a inimi-zade entre a serpente e a mulher, e que esta lhe esmagará a cabeça, ao tentar mordê-la no calcanhar (Génesis 3, 15).

SEMINÁRIO MENOR

Completam-se, a 14 de Novem-bro próximo, 90 anos do edifício da Tamanca (assim vulgarmente conhe-cido!) como seminário menor ou Seminário de Nossa Senhora da Con-ceição. A história do edifício e desta instituição de acompanhamento vo-cacional fundem-se no ano de 1924, mas não se confundem, porque am-bos anteriores a essa data.

O contexto em que os seus ca-minhos se cruzam foi o jubileu das bodas de prata episcopais de D. Ma-nuel Vieira de Matos. Desde aí e até aos dias de hoje, mais de oito mil e seiscentos jovens fizeram aqui a sua experiência de vida em comunidade de discernimento vocacional. Talvez o nosso olhar se fixe primeiro nos cardeais, arcebispos e bispos, e inú-meros sacerdotes que aqui deram os primeiros passos no aprofundamen-to da sua vocação, mas é mais que justo sublinhar também o número, ainda maior, de tantos homens que, abraçando a vida laical, aqui constru-íram os alicerces da sua dedicação à Igreja e à sociedade.

Ao longo deste ano procuraremos celebrar condignamente este aniver-sário. Iniciativas de natureza diversa estão a ser preparadas, como pode conferir-se na página IV do suple-mento desta edição. O olhar sobre a história e o passado, que fundamen-ta o presente, é o motivo do colóquio que, em Março, realizaremos com

90º ANIVERSÁRIO DO SEMINÁRIO

Pe. Avelino Amorim

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especialistas na área das ciências humanas e do acompanhamento vo-cacional. Porque confiamos que o Se-minário é o lugar desejado por Deus para o acompanhamento dos seus fi-lhos mais jovens que sentem a possi-bilidade de serem por Ele chamados à vida sacerdotal, e por isso um lugar e experiência com futuro!

Por feliz coincidência, o Seminá-rio viu aprovada uma candidatura a fundos comunitários, já introduzida há cerca de 5 anos. Intitulada Re-qualificação dos espaços de serviços comum do Seminário, o projecto can-didatado obedeceu a critérios muito específicos para a referida requali-ficação: a adequação dos espaços

utilizados pela comunidade eclesial e civil, sem prejuízo da função primeira e mais importante do edifício - conti-nuar a ser seminário menor; o reforço de algumas instalações, insuficientes para o movimento que a casa regista, como são os acessos a pessoas com mobilidade reduzida ou idade sénior, e instalações sanitárias; a resolução de graves problemas estruturais e de segurança que reclamavam solução urgente.

Tudo para melhor servir o Semi-nário e as pessoas e instituições que acolhe. Nas próximas edições do Voz de Esperança daremos conta das ini-ciativas programadas para celebrar data tão significativa!

DESCANSO PRÓSPERO

José Miguel Silva, 11º ano

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Decorreu entre os dias 14 e 20 de julho o Encontro de Férias da comuni-dade do Seminário Menor, este ano, no arciprestado de Póvoa de Varzim.

Porque de férias a vida em co-munidade faz sentido, deslocamo-nos para um ambiente diferente do nosso quotidiano, com o objetivo de desenvolver laços de amizade e o espírito de trabalho de equipa que vence as adversidades. Acanto-nados com o apoio da comunidade local, participamos na vida da mes-ma animando uma Eucaristia sema-nal, e pudemos contar sempre com a ajuda do pároco, ao qual pode-mos agradecer toda a amabilidade com que nos acolheu.

Nos cinco dias passados fora do seminário, as tarefas dividiram-se, e, com as aptidões e “talentos” de cada um, desenvolvemos as ativi-dades e refeições que, por vezes, eram preparadas por nós. Numa das refeições que fizemos em co-munidade, pudemos contar com a presença do Sr. D. Jorge Ortiga, que partilhou do nosso espírito alegre e jovial. Com a presença dos forma-dores, fomos à praia e, também, à pesca por diversas zonas da costa, proporcionando uma experiência nova e enriquecedora para alguns de nós que nunca o fizéramos.

Não esquecendo a vida do Semi-nário enquanto tempo de aprendiza-gem, tivemos a última recoleção do

ano com a presença dos diretores es-pirituais da nossa comunidade.

Numa longa caminhada à beira-mar, tivemos a oportunidade de re-fletir de forma única sobre as nossas fragilidades este ano e o que podere-mos melhorar no próximo ano, com os elementos de cada ano. Escutar o que os outros acham de nós, tornou-se, assim, forma de podermos olhar para o nosso interior e ver o que está mais escuro, e, de que forma, as “tre-vas” que existem em nós podem ser dissipadas. No mesmo âmbito, de-senvolveram-se conversas pessoais entre os formadores e os seminaris-

tas, com o intuito de analisar o ano que termina, de que forma este ano foi proveitoso, ou não; de que forma fomos capazes de ser verdadeira co-munidade ou nos afastamos do pro-pósito do seminário; como podemos melhorar enquanto pessoas, e de que forma a nossa vocação pode ser ajudada por nós próprios.

Este nosso encontro, terminou com o encontro de pais, culminar de um ano passado em família, e proje-ção de um novo ano que depressa co-meçará, em vista a felicidade de cada um e de todos nós, como irmãos e comunidade.

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Jorge Fernandes, 12º Ano

musical levados a cabo pelo Auditório Vita. Ao longo destes quatro dias foi possível aos escuteiros participar na eucaristia diária e na qual se notou uma grande alegria pela parte dos jo-vens. No domingo realizou-se a euca-ristia de acção de graças, seguindo-se a entrega das lembranças e a despe-dida na qual se notou uma enorme alegria no rosto e o sentimento de no próximo ano cá voltar.

Na verdade, agora olhando para o que foi o Acampamento apercebe-mo-nos que a mensagem transmiti-da foi aquela que queríamos devido, principalmente, ao facto dos escu-teiros estarem dispostos a escutar o que lhes era dito e a realizaram todas as atividades propostas com empe-nho e alegria.

Nos dias 10 a 13 de julho reali-zou-se, no seminário menor, o ACAV II. Um acampamento escutista que contou com a presença de 110 pio-neiros de 6 agrupamentos (Duas Igrejas, Ribeirão, Cossourado, Joane, Nespereira e Bairro) sobre o imaginá-rio “Asterix e Obelix nos Jogos Olím-picos”. Estes quatro dias na “Aldeia de Tamaclave” foram passados num verdadeiro espírito escutista onde reinava a alegria, a amizade, a entre-ajuda, a boa disposição, a partilha e o testemunho de fé.

Este acampamento esteve reple-to de atividades. Destacamos o fogo de conselho onde todos os agrupa-mentos presentes apresentaram uma peça de teatro ou jogo ou música para que os escuteiros se conheces-

sem, um pedy-paper pela cidade que tinha como principal objetivo mostrar a união do grupo e criar espírito de entreajuda e partilha mas também dar a conhecer um pouco melhor a cidade. Foi realizada uma caminhada ao longo da ciclovia. A vocação a que somos chamados foi o principal ob-jetivo. Ao longo da caminhada foram proporcionados momentos em que cada escuteiro era convidado a olhar para o seu interior e a fazer um exa-me de consciência. Nos vários pon-tos ao longo da caminhada existiram frases emblemáticas como: “O que dizem os teus olhos?”, “Há mais em nós!”, “ Podias viver sem fé? Podias mas não era a mesma coisa”.

Foi também proporcionado assis-tir à sessão de cinema e ao concerto

SEMINÁRIO MENOR

ACAV II, O TEU RUMO!

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ça de Deus, eram capazes de acalmar o seu coração e escutar com toda a atenção aquilo que Deus tinha para lhes dizer naquele dia, pois como um doente dizia “é bom tu estares aqui e eu estar aqui” e assim agradecia todos os dias a dádiva de Deus por poder estar ali, o que me deixou a pensar que tantas vezes não damos valor a tantas coisas quando a pró-pria vida é uma dádiva e nem essa agradecemos.

No fim desta experiência espero ter deixado a minha marca nesta casa tal como ela me deixou em mim, pois é muito difícil de esquecer os doentes que ficaram tristes com a nossa par-tida. Agora penso que todas as pes-soas deveriam realizar esta fantástica experiência conhecendo assim novas realidades que tantas vezes nos pas-sam completamente ao lado e nos são tão próximas.

Foi entre os dias 1 e 8 de agosto que os alunos do 11º ano do Seminá-rio Menor de Braga, juntamente com mais nove adolescentes, deixaram o aconchego de suas casas para reali-zar a experiência de voluntariado na Casa de Saúde de São João de Deus em Barcelos. Um momento propício para pôr em prática o mandamento do amor com os mais abstraídos da sociedade.

O objetivo deste voluntariado foi enriquecer o forte espírito de união entre o nosso ano, bem como a en-trega total aos outros, não pondo de lado o mais fraco e o mais necessi-tado. Foi uma experiência cheia de fortes emoções, marcada pela curio-sidade e o acolhimento próprio dos utentes. Sentimo-nos verdadeira-mente úteis dando aquilo que quo-tidianamente desperdiçamos sem sentido: o nosso tempo. Tempo para

nos abraçarem, para conversarem connosco, para passear e até para os ajudar nas refeições. Mas a maior dificuldade daqueles nossos irmãos especiais é a solidão e o desprezo.

Fiquei um pouco triste ao per-ceber que nem a própria família estava lá para lhes dar o apoio que tanto precisavam, pois muitos doen-tes estavam curados, mas continua-vam na instituição por não terem ninguém capaz de lhes estender a mão. Reparei que eles eram capa-zes de esperar um dia inteiro por um familiar que não soube esperar por eles.

Ao longo desta semana apercebi-me que os doentes bem como os au-xiliares tinham por hábito participar na eucaristia de forma ativa, o que me chamou bastante a atenção, pois via que até mesmo aqueles doentes que eram mais nervosos, na presen-

Bruno Lopes, 12º Ano

UM TEMPO DIFERENTE

Miguel Rodrigues 1ºAno Teologia

SEMINÁRIO MAIOR

SEMANA DE INTEGRAÇÃOSEMINÁRIO CONCILIAR DE BRAGA

Nos dias 7 a 12 de Setembro de 2014, a Comunidade Seminário Maior acolheu e deu as boas vindas aos novos jovens que vão iniciar a sua caminhada no Seminário Maior. Esta semana de integração tem como principal objetivo a possibilidade de os novos jovens poderem contactar mais directamente com o quotidiano

e a vida em comunidade, assim como com as actividades que terão ao lon-go de todo ano.

Neste sentido, foi ministrado um curso de revisão gramatical na Facul-dade de Teologia de modo a fomen-tar bases essenciais no apoio às lín-

guas clássicas leccionadas no 1º Ano de Teologia. Igualmente, foi também propiciado no Seminário Maior um apoio ao longo do ano ao nível da es-crita e das línguas clássicas. Apoio que certamente proporcionará aos novos alunos um estudo mais organizado e efectivo conduzindo à obtenção de bons resultados a nível escolar.

Por outro lado, existiu também durante a semana uma grande pre-ocupação relacionada com o estado espiritual, tendo sido proporcionado um encontro com os directores espi-rituais na qual foi reforçada a impor-tância da oração na vida de cada um.

Para além da oração comunitária que é realizada todos os dias, é necessá-rio um tempo individual de encontro com Deus de modo a que cada um possa agradecer e pedir a graça de Deus para o novo caminho que agora inicia. Deste modo, existiu igualmen-te uma formação ao nível litúrgico para que todos compreendam me-lhor as orações diárias e desse modo possam vivenciar mais intensivamen-te este dom maravilhoso que o en-contro com Deus através da oração.

Na vida qualquer mudança exige sempre uma adaptação por parte dos intervenientes. Assim, foram fa-cultados aos jovens dois encontros que visam a motivação e auxílio a fazer face aos novos desafios. Desta forma, é possível adaptar-se da me-lhor forma ao afastamento físico da família e à organização e motivação para os novos desafios escolares, no-meadamente na escolha das melho-res técnicas de estudo.

Durante esta semana e com o constante apoio da equipa formado-ra, seminaristas dos anos superiores, directores espirituais, psicóloga e outros intervenientes, foi possível de forma serena e tranquila iniciar uma boa adaptação a uma nova vida, des-cobrindo uma nova família que está sempre disponível a apoiar. Tudo isto é imprescindível para fazermos face aos desafios que Deus nos coloca a cada momento, tornando-nos verda-deiros instrumentos em Suas mãos.

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TESTEMUNHOS DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS DA MISSÃO

EM CABO VERDE

Há experiências que, de tão for-tes e marcantes, se tornam difíceis de explicar. A missão a Cabo Verde é uma dessas experiências.

A Pastoral Universitária de Braga proporcionou essa experiência de Missão a 12 jovens universitários, que decidiram pôr-se a caminho no mês de Agosto.

(...) As atividades preparadas para os dias em Cabo Verde foram bastan-te fortes a nível emocional, humano e espiritual. É tão fácil apaixonarmo-nos por aquele povo! Amor disponí-vel, sorriso fácil que nos prendia logo num primeiro contacto.

Ensinámos e partilhamos mas, acima de tudo, aprendemos, torná-mo-nos pessoas mais desprendidas e puras. Na verdade, tudo nesta experiência foi maravilhoso, mas aquilo que mais me marcou foi a prontidão com que nos receberam, o esforço que fizeram para nos dar tudo do melhor e o carinho que to-

colheu o trigo. Esse trigo foi ainda re-gado com a melhor e mais pura casta, o sangue do nosso Santíssimo Pai.

(...) Ao longo do mês de Agos-to, fomos subindo as escaleiras que nos eram apresentadas pelo Espírito Santo e nunca renunciámos a tal pri-vilégio, o que nos foi tornando cada vez mais fortes e comprometidos. A cada semana, dia, hora, minuto e segundo, a intensidade ia crescendo e, olhando para trás, víamos todo o amor que vínhamos a receber pelo percurso e não conseguíamos racio-nalmente perceber a sua origem e motivação. É assim que se processa o transcendental, todo o racionalis-mo intelectual é demasiado peque-no para sequer questionar a obra de Deus.

(...) Por fim regressámos ao nosso mundo, como se de um sonho se ti-vesse tratado. A questão que perma-nece é a seguinte: Quando acordar num novo reino, o que levarei deste reino para o novo? E o que deixarei no antigo? São estas duas questões que motivam a nossa vida de mo-mento, saber como poderemos ter sonhos cada vez mais bonitos, de acordo com a vontade do nosso Pai, e ao mesmo tempo compreender, como podemos genuinamente me-lhorar o sonho de todos os nossos irmãos, mesmo daqueles que olham e não veem.

José Gonçalves, Curso de Turismo, UCP

PASTORAL UNIVERSITÁRIA

dos demonstraram por nós.(...)Foi uma missão com um mis-

to de alegria e, ao mesmo tempo, um sentimento de impotência por termos consciência de que não con-seguimos “mudar o mundo”. Apesar disso, a felicidade em tê-los conheci-do e saber que os marcamos e gos-taram de nós tanto como nós deles, prevalece acima de tudo.

Margarida Dias, Curso Serviço Social, UCP

Como a maioria dos jovens da minha idade, perseguia-me intensa-mente, desde criança, o desejo de fa-zer voluntariado. É, na nossa mente inocente, inexperiente e cheia de es-peranças ilusórias, a forma que pen-samos que pode mudar o mundo.

(...) A questão é a seguinte: ali-mentamos o nosso espírito com trigo ou com joio? O grupo de missionários da Pastoral Universitária de Braga es-

Pe. Eduardo Novo (Director do DNPJ)

FELIZ REINO DOS POBRES

Propriedade do Semináriode Nossa Senhora da Conceição

Rua de S. Domingos, 94 B4710 - 435 BragaTelf: 253 202 820 | Fax: 253 202 821

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Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem,ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

PASTORAL DE JOVENS

Felizes os que compreendem que a felicidade não é uma meta, mas um caminho: não deixarão de se alegrar a cada dia. Dedicarão a cada momento o entusiasmo que preenche a vida de afeto e de ousadia, reavivando sempre com um sabor a novidade a aspiração profunda que os habita a agarrarem o essen-cial com a coragem de quem deseja profundamente viver até ao extremo. Não se deixarão confundir com as promessas, tão fáceis quanto ilusórias e eféme-ras, do inebriamento que o sucesso, o prazer e a riqueza egoísta oferecem. Mas reconhecerão em Deus a única fonte inesgotável da alegria interior, que sacia e frutifica em vida abundante.

Felizes os que ousam viver até às últimas consequências a revolução das bem-aventuranças, dessa lei libertadora oferecida pelo Na-zareno para escândalo de um mundo demasiado focado na auto-satisfação. A lei dos feli-zes é a liberdade que o mundo não pode compreender. É a li-berdade de quem vive contra a corrente, não porque deseje contrariar a todos, mas porque não pode ser fiel a si mesmo se-não vivendo segundo uma outra lógica, falando uma linguagem diferente: a lógica e a linguagem da pró-existência, de quem vive para se dar, de quem vê no Cris-

to o jeito de ser que responde aos anseios mais profundos e sinceros do misté-rio do homem.

Felizes os que se desprendem de quanto é supérfluo: não deixarão de encon-trar Deus. Porque Deus se encontra para lá de todas as máscaras e subterfúgios, de todos os medos e justificações, ali onde o homem se confronta com a sua verdade. Na nudez da minha verdade, aí se encontra Deus. Só aí, desprendido de todas as «cisternas rotas que não podem reter as águas» (Jer 2,13), se constrói o Reino dos felizes, o Reino dos céus, o Reino do Deus que é «nascente de águas vivas».

João Paulo II, que, a 27 de Abril, foi declarado feliz porque muito ousou a felicidade verdadeira que brota da cruz de Cristo, continua ainda hoje a desa-fiar os jovens a que abram, que escancarem as portas do seu coração a Cristo, que se deixem habitar pela lei da felicidade que é loucura para a mediocridade de um mundo auto-satisfeito, mas que é encontro verdadeiro de alegria plena com Aquele que dá resposta ao anseio mais profundo que nos habita. […..]

Quem ousará construí-lo?Deixemo-nos invadir por este Reino.Não te conformes, transforma-te. Sê mensageiro e protagonista das Bem-aventuranças!