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  • 7/24/2019 VOLPE - Nova Musicologia

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    POR UMA NOVA MUSICOLOGIA

    Maria Alice Volpe*

    Resumo: A relevncia da musicologia como disciplina se jus-

    tifica em grande medida pelo seu potencial de se integrar no

    concerto das outras reas de conhecimento. Para tanto, ne-

    cessrio um constante re-equacionamento de seus paradig-

    mas, propsitos e campo de atuao. Tais consideraes se

    fazem oportunas numa poca de crescente institucionalizaoda msica na universidade brasileira, sobretudo com a prolif-

    erao dos cursos de ps-graduao por todo o pas. Prope-se

    uma reflexo sobre a interao da musicologia com as demais

    disciplinas, bem como sobre os problemas terico-conceituais

    levantados pelas tendncias recentes. A transdisciplinaridade

    emerge da constante preocupao por alternativas que permi-

    tam a elaborao de um discurso musicolgico que transcenda

    as fronteiras da prpria disciplina, sem abandonar as especifici-dades tcnicas da linguagem musical. Visamos que a musicolo-

    gia se torne efetivamente uma interlocutora do amplo espectro

    de conhecimento produzido na universidade.

    A

    relevncia da musicologia como disciplina se justifica em

    grande parte pelo seu potencial de se integrar no concerto

    das outras reas de conhecimento. Para tanto, necessrioum constante re-equacionamento de seus paradigmas, propsitos e

    impacto social. Tais consideraes se fazem extremamente oportunas

    numa poca de crescente institucionalizao da msica na universi-

    dade brasileira, sobretudo com a proliferao dos estudos ps-gradua-

    dos por todo o pas.

    Os resultados da pesquisa musicolgica brasileira no tm gera-

    do na comunidade acadmica ou na sociedade mais ampla o mesmo

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    nvel de interesse das demais disciplinas, como a histria, a antropo-

    logia, a sociologia, os estudos literrios e as artes visuais. A histria

    cultural tem sido protagonista de disseminao significativa de estu-dos acadmicos entre um pblico mais amplo. Trabalhos inovadores

    sobre a histria do Brasil, como, por exemplo, A formao das almas

    (1990), de Jos Murilo de Carvalho, As barbas do imperador(1998), de

    Lilia Moritz Schwarcz, a srie Histria da vida privada no Brasil (1997-99),

    coordenada por Fernando Novais, tem trazido as pesquisas mais recen-

    tes para um amplo espectro de leitores. A sociologia e a antropologia

    brasileiras, trazendo no seu bojo uma identidade prpria, um pensa-

    mento crtico que no se alija das correntes internacionais, expressam

    continuamente sua vocao para o dilogo com a sociedade em figu-

    ras como Dante Moreira Leite, Roberto Cardoso de Oliveira, Roberto Da

    Matta, Renato Ortiz, Marilena Chau e tantos outros. A crtica literria

    tem compartilhado reflexes com o pensamento social brasileiro que

    se projetam nos estudos que se formaram em torno da figura maior de

    Antonio Candido, Wilson Martins, Alfredo Bosi, Roberto Schwarz, Nico-

    lau Sevcenko, Lus Costa Lima, entre outros. As artes visuais tambmtm conseguido expandir seu dilogo com a sociedade, seja por meio

    de exibies fundamentadas por pesquisas sistemticas, como a s-

    rie sobre a arte brasileira Mostra do Redescobrimento Fundao Bienal

    de So Paulo (2000), organizada por Nelson Aguilar, seja pela reflexo

    sintonizada com preocupaes das cincias sociais, como Fragmentos

    Urbanos: Representaes Culturais (2000), de Annateresa Fabris. Com

    publicaes e interaes de diversa natureza, tais comunidades tmcolocado a produo mais recente da pesquisa e reflexo acadmica

    para alm dos muros da prpria disciplina.

    Cabe indagar aqui, quais seriam os motivos para o relativo isola-

    mento da musicologia brasileira, seu dilogo precrio com as demais

    disciplinas e a limitao de seu impacto social disponibilizao de

    produtos sonoros sobretudo, concertos e CDs. A musicologia brasilei-

    ra deveria estar integrada no conjunto das reflexes das cincias hu-

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    manas e sociais, especialmente a crtica cultural, e suas contribuies

    deveriam transcender a sua prpria provncia.

    Evocamos as colocaes lcidas do musiclogo Regis Duprat, aodiscutir as Perspectivas para a musicologia na universidade brasileira,

    sobre a importncia de nos perguntarmos em que a sociedade precisa

    de nosso trabalho?, bem como de ouvirmos os no-musiclogos e at

    os no-msicos para que possamos incorporar s nossas reflexes a viso

    hexgena sobre a nossa atividade. Indicando o termmetro de nossa

    disciplina, Duprat pondera: Afinal, a opinio da sociedade sobre um em-

    preendimento o supremo critrio de sua validade, o sinal verde para asnossas aventuras e a tolerncia para as desventuras... (Duprat, 2004, p. 8).

    O desafio de trazer os frutos da pesquisa musicolgica para um mbito de

    maior repercusso e relevncia para a universidade e a sociedade implica,

    necessariamente, na possibilidade de interlocuo com tais comunidades,

    algo que tem ocorrido apenas muito esparsa e precariamente.

    Suspeitamos que o relativo isolamento da musicologia brasileira

    se deva menos aos obstculos que o conhecimento tcnico da lingua-gem musical coloca aos especialistas de outras reas e ao pblico em

    geral, mas sobretudo sua desatualizao terico-conceitual. Todos

    os estudos histricos, antropolgicos, sociolgicos, literrios e visuais

    evocados anteriormente se alinham com as abordagens mais atual-

    izadas de suas disciplinas e, em sua maioria, manifestam substantiva

    transdisciplinaridade.

    Negando as origens em posturas abrangentes de Mrio de An-drade, Renato Almeida e Luis Heitor Correia de Azevedo, a pesquisa

    musicolgica brasileira tem se polarizado em duas vertentes: a scio-

    antropolgica e a histrica. Enquanto a vertente scio-antropolgica,

    que se auto-define como etnomusicologia, tem se mostrado sensvel

    a mudanas paradigmticas de suas disciplinas referenciais, a musico-

    logia histrica brasileira tem permanecido, em grande medida, alheia

    s questes que tm promovido a renovao contnua nas demais

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    disciplinas. H de se reconhecer que a contnua interao entre etno-

    musiclogos e antroplogos, muitas vezes encontrada no mesmo pes-

    quisador como o caso de Jos Jorge de Carvalho, Hermano Vianna,Rafael Bastos, Elisabeth Travassos e Tiago de Oliveira Pinto , tem sido

    chave para a crescente relevncia da etnomusicologia brasileira no

    cenrio mais amplo. A atuao de antroplogos na musicologia, como

    Ruben George Oliven, assim como a formao de etnomusiclogos nos

    departamentos de antropologia e sociologia, como o caso de Carlos

    Sandroni e Jos Roberto Zan, tm sido extremamente benfica para

    o desenvolvimento plural desse campo de estudos. Em menor escala,

    no menos significativa, a contribuio advinda da sociologia, como

    a de Waldenyr Caldas e Santuza Cambraia Naves.

    Os poucos trabalhos que tm trazido novas abordagens e am-

    pliado o campo terico-conceitual sobre a msica e o discurso histo-

    riogrfico-musical no Brasil so muitas vezes oriundos de pesquisa-

    dores alocados em outras disciplinas, como o caso da contribuio

    do historiador Arnaldo Daraya Contier com A msica brasileira no sc.

    XIX: a construo do mito da nacionalidade (1977), Msica e ideologia

    no Brasil (1985) e Msica no Brasil: histria e interdisciplinaridade, algu-

    mas interpretaes (1991); o consagrado trabalho de Jos Miguel Wis-

    nik (msico alocado academicamente nas Letras), O coro dos contrrios

    (1977), sobre a msica na Semana de Arte Moderna de 1922; e, mais

    recentemente, do excelente estudo O Brilho da Supernova: A Morte Bela

    de Carlos Gomes(1995), do historiador Geraldo Mrtires Coelho. Muito

    excepcionalmente as transformaes ocorridas nas cincias histricastm se feito sentir na produo daqueles poucos musicgos brasileiros

    que tiveram uma formao substancial na nouvelle histoire.

    Reiterando nossas reflexes expostas em trabalhos anteriores

    (Uma nova musicologia para uma nova sociedade e Anlise musical

    e contexto: propostas rumo crtica cultural, 2004), a desatualizao

    terico-conceitual da musicologia brasileira deve ser analisada luz do

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    desenvolvimento da musicologia internacional nos ltimos 40 anos,

    perodo de intenso questionamento de seus paradigmas, bem como

    da tradio consolidada do pensamento social brasileiro. Enquanto sefaz necessrio refletir sobre os efeitos que tais questionamentos, sur-

    gidos dentro e fora da musicologia, tero na nossa anlise crtica sobre

    a construo historiogrfico-musical brasileira, imperativo que tal re-

    flexo considere o pensamento brasileiro scio-antropolgico, histri-

    co e crtico, formado por longa tradio. Enquanto problematizarmos a

    historiografia musical brasileira sob o crivo crtico postura predomi-

    nantemente positivista e aos paradigmas que tm guiado a disciplina

    o evolucionismo, organicismo, o historicismo, a idia de Zeitgeist, a

    idia de estilo musical, a idia de msica absoluta, o formalismo, o

    nacionalismo e a construo do canon musical, afinando-nos, por-

    tanto, com a etnomusicologia na crtica acirrada ao etnocentrismo e

    na reivindicao do relativismo cultural, urge buscar uma identidade

    prpria na escola plural do pensamento brasileiro formado nas cin-

    cias humanas e sociais.

    A valorizao de abordagens alinhadas com uma histria s-

    cio-cultural da msica tem sido bem sucedida em trabalhos realizados

    nos domnios institucionais da histria (Avelino Pereira 1995; Marcos

    Napolitano 1998, 2004; Mnica Leme 2005) e da antropologia (Lenita

    Nogueira 2001), bem como aqueles desenvolvidos ao abrigo institu-

    cional da musicologia sob a orientao de historiadores de formao

    (Mrcio Pscoa 1997).

    No cenrio internacional das ltimas dcadas, nota-se a influn-

    cia da postura da etnomusicologia perante o discurso historiogrfico-

    musical, e sobretudo as contribuies tericas da antropologia, da her-

    menutica, do pensamento crtico ps-estruturalista e ps-moderno,

    num grupo que auto-denominou-se Nova Musicologia e caracterizou-

    se por introduzir temas tabus na musicologia, como a crtica feminista,

    a teoria dos gneros, a histria da sexualidade, a homossexualidade

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    e posturas revisionistas da relao entre msica e historiografia mu-

    sical e a poltica. As vertentes crticas da musicologia internacional

    absorveram as teorias antisubjetivistas da arquelogia e da genealogiade Foucault, a insatisfao para com a idia de que o sujeito justifica

    um texto, e indo alm das questes de intencionalidade do autor e

    da intertextualidade, buscam estruturas de pensamento ocultas que

    condicionam ou controlam discursos e prticas sociais. Enfatizam o re-

    conhecimento da localizao e posicionamento de subjetividades e ob-

    jetividades construdas historicamente, de modo que a msica deva ser

    compreendida dentro de uma determinada ordem cultural. Propem

    um reconhecimento mais profundo das aes situadas numa rede de

    aes e negociaes, no apenas do objeto de estudo, mas inclusive

    da prpria musicologia, na tentativa de evitar histrias hegemnicas,

    trazendo implicaes polticas para a prpria disciplina. Colocam ai-

    nda o reconhecimento de discursos heteroglssicos, da pluralidade de

    vises, e a descentralizao do sujeito reconhecendo seu processo de

    significao fragmentrio, incoerente e em construo permanente.

    Exploram as possibilidades do pensamento ps-moderno na renova-o do discurso musicolgico e no questionamento ou desconstruo

    do conhecimento estabelecido sobre a msica do passado.

    De maior conseqncia para as mudanas paradigmticas da

    musicologia a desconstruo de oposies, como o musical e o ex-

    tramusical, msica e contexto, msica e linguagem, o hermenutico e

    o historiogrfico, fato e valor, intrnseco e extrnsico. Igualmente, a in-

    sero da economia da comunicao redefine o objeto musical, o qualno se limita obra, mas envolve as condies de composio, per-

    formance, reproduo e recepo, e abrange o efeito performativo da

    msica, cuja ao no-mediada confere poder a pessoas, instituies e

    grupos sociais que controlam a sua produo. Autores engajados com

    a Nova Musicologia afirmam que os pensamentos ps-estruturalista e

    ps-moderno podem transformar a musicologia num estudo contesta-

    dor, numa teoria e prtica de subjetividades musicais, no qual o trab-

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    alho positivista ou analtico adquire sentido somente se relacionado a

    um tipo de ao humana historicamente situada.

    Uma parcela menos polmica, embora extremamente repre-sentativa das novas tendncias da musicologia internacional, tem se

    engajado em abordagens enriquecedoras para o alinhamento da mu-

    sicologia com a histria cultural. Com diversas vertentes, exploraram a

    histria institucional, a histria das idias, a histria social e a sociolo-

    gia da msica, a histria da recepo, as teorias do orientalismo e do

    nacionalismo, a retrica dos gneros musicais e abordagens revisionis-

    tas dos estudos estilsticos.A mudana de paradigmas pela qual tem passado a musicologia

    internacional (Kerman 1991) vem atingindo apenas muito lentamente o

    pensamento musicolgico brasileiro. Esses desdobramentos da musico-

    logia internacional das ltimas dcadas tm tido repercusso eventual

    nas posturas terico-conceituais da produo musicolgica brasileira

    atual, entre as quais podemos citar os estudos sobre a mulher na msica

    brasileira e os voltados para abordagens etnomusicolgicas sobre assun-tos convencionalmente tratados como objeto exclusivamente histrico.

    Aproximar a musicologia histrica da etnomusicologia e da antro-

    pologia cultural requer um novo direcionamento terico que possibilite

    uma abordagem etnogrfico-antropolgica de assuntos histricos. A

    proposta inicial da musicologia internacional (Tomlinson 1984, 1993)

    teve repercusso na musicologia brasileira (Volpe 1991; Lucas 2001) sob

    o estmulo de Gerard Bhague, musiclogo e etnomusiclogo. Oriundade correntes histricas e antropolgicas bastante consolidadas no Brasil,

    tal aproximao tem-se realizado sobremaneira na crtica cultural e nas

    reflexes de Jos Jorge de Carvalho (1992; 1999) e Rafael Bastos (2005),

    bem como na interseco com a Histria Nova, em trabalhos como os de

    Rgis Duprat (1994) e Disnio Machado Neto (2005). E ainda, as teorias

    do exotismo e do nacionalismo tm repercutido nos estudos de Casarr

    (2003) e Virmond, Nogueira e Marin (2006).

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    O dilogo entre a musicologia histrica e a etnomusicologia tem

    sido a preocupao de diversos estudiosos, como meu saudoso orien-

    tador Gerard Bhague, Regis Duprat, Manuel Veiga, Maria ElisabethLucas, Rafael Bastos, Samuel Arajo, Jos Jorge de Carvalho, Martha Ul-

    ha, Cristina Magaldi, Disnio Machado Neto, eu mesma e muitos out-

    ros, e tem repercutido nos trabalhos de Mnica Leme, Mrcia Taborda,

    Edilson de Lima, entre outros. Entretanto tal vertente ainda no se con-

    stituiu num movimento que articule as diversas propostas dentro de

    um quadro terico mais amplo e aguarda, portanto, discusses mais

    sistemticas sobre seus problemas conceituais.

    Entre os musiclogos brasileiros preocupados com os prob-

    lemas terico-conceituais da rea, figura Regis Duprat, cujo artigo

    Anlise, musicologia, positivismo (1996, originalmente apresentado

    no Encontro Nacional da ANPPOM em 1992) pode ser considerado um

    divisor de guas nas discusses sobre o assunto no Brasil. Pela primeira

    vez se discutiu o estruturalismo luz da hermenutica moderna. Outra

    contribuio importante a de Ricardo Tacuchian (1992, 1994), que

    abordou o problema do ps-modernismo com a preocupao centralde entender a criao musical brasileira recente e dedicou-se reflexo

    sobre contribuio da pesquisa musicolgica produo e recepo

    da msica contempornea. Mais recentemente, o trabalho apresen-

    tado por Duprat no I Encontro de Musicologia de Ribeiro Preto (2003),

    Linguagem musical e criao, publicado na revista Brasiliana(2005),

    da Academia Brasileira de Msica, trouxe uma nova perspectiva para

    questes que raramente so abordadas como um conjunto interde-pendente, como o problema da linguagem na msica contempornea,

    sua recepo, formao de pblico e mercado, em estreita relao com

    os problemas da anlise, musicologia e hermenutica.

    As solues encontradas pela musicologia internacional no so

    necessariamente a panacia para a musicologia brasileira. Mais do que

    uma mudana conceitual, trata-se de uma mudana ideolgica que im-

    plica numa poltica institucional da disciplina bem como a ao poltica

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    de um grupo, de uma comunidade. Preocupam-me as nossas especifi-

    cidades culturais, para que possamos estabelecer prioridades que ten-

    ham representatividade na sociedade brasileira mais ampla. Penso quenossas reflexes devam se ocupar de algumas questes fundamentais,

    tais como: De que maneira a musicologia brasileira pode responder s

    questes atuais? Em que medida as questes eleitas pela musicologia

    internacional podem contribuir para a musicologia brasileira atual?

    Uma das colocaes de longo alcance dessa comunidade que

    permanece na vanguarda da musicologia internacional, foi expressa

    por Philip Bohlman, em Musicologia como ato poltico (1993), artigo

    que constituiu um verdadeiro manifesto, exortando a que a musicolo-

    gia assuma responsabilidade moral sobre a atual crise intelectual e so-

    cial. A disciplina costuma equivocadamente se colocar numa posio

    apoltica, respaldada em grande parte por suposta autonomia de seu

    objeto de estudo. No entanto, a musicologia, reconhea-se ou no,

    agente importante na poltica cultural e na construo do saber, e seus

    quadros metodolgicos, ideolgicos e institucionais tm grande im-

    pacto na historiografia musical.

    Reconhecemos que a etnomusicologia brasileira tem delineado

    a sua identidade prpria, em constante interlocuo com a etnomusi-

    cologia internacional e o pensamento scio-antropolgico brasileiro.

    Alm disso, tem tomado rumos significativos quanto sua participa-

    o nas questes sociais, polticas e culturais de interesse imediato da

    sociedade mais ampla. Evocamos aqui a contnua contribuio de Jos

    Jorge de Carvalho, Rafael Bastos, Samuel Arajo e Elisabeth Travassos.

    Visamos uma identidade prpria para a musicologia histrica

    brasileira; que esta se enriquea, porm no constitua mera rplica das

    vises interpretativas construdas pelas diversas correntes da musico-

    logia internacional. Paralelamente a um acompanhamento crtico-re-

    flexivo dos problemas terico-conceituais levantados pelas tendncias

    recentes da musicologia internacional, propomos maior ateno ao

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    quadro crtico j desenvolvido pela comunidade acadmica brasileira

    das cincias sociais e humanas, cujo longo empenho por uma identi-

    dade prpria atingiu reconhecido amadurecimento. Nessa linha de re-flexo, faz-se extremamente necessrio um estudo crtico do pensam-

    ento musicolgico brasileiro em seus diversos quadros interpretativos,

    no qual as crticas e propostas mais recentes sejam contempladas vis a

    vis da tradio historiogrfico-musical brasileira.

    Decidir sobre que tipo de musicologia queremos, implica em de-

    cidir que tipo de sociedade queremos, o que nos lana para horizontes

    que visam o futuro. A crtica cultural concebida de maneira mais amplaparece ser a proposta da musicologia internacional mais frutfera e con-

    seqente para o caso brasileiro, pois instiga a buscar novos quadros in-

    terpretativos para a nossa histria e o nosso presente musical. Diversas

    correntes, como as teorias do exotismo e do nacionalismo, de gnero e

    sexualidade, a etnografia histrica, a formao do canon ou do museu

    musical, a crtica ideolgica, a desconstruo e at mesmo a histria

    da recepo, a histria institucional, a histria das idias, a histria social,

    a sociologia da msica e as novas abordagens dos estudos estilsticos

    tm como denominador comum a crtica cultural, levando na maior

    parte das vezes ao questionamento de valores e vises tradicionais, com

    maior ou menor nfase no reconhecimento da natureza poltica da inter-

    pretao e do conhecimento como poder (Foucault).

    Propomos aqui uma interao mais efetiva da musicologia com

    as outras disciplinas. A transdisciplinaridade emerge da constante pre-

    ocupao por alternativas que permitam a elaborao de um discurso

    musicolgico que transcenda as fronteiras da prpria disciplina, sem

    abandonar, no entanto, as especificidades tcnicas da linguagem mu-

    sical. Para tanto, necessrio ter sempre em vista a intra-disciplinari-

    dade evocada por Duprat (2005), ou seja, intensificar a interao entre

    as sub-reas da prpria msica: a musicologia (no sentido tout court), a

    prtica interpretativa, a composio e a educao musical. A intradis-

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    ciplinaridade e a transdisciplinaridade so imprescindveis para que a

    msica venha a ocupar o seu merecido espao na universidade.

    O contedo das reflexes aqui propostas mantm estreito vncu-lo com o programa de ps-graduao em msica, pois alm de propor

    uma viso crtica das novas tendncias da musicologia internacional,

    contempla o seu potencial impacto na musicologia brasileira e preza

    pela busca por uma identidade prpria. As questes abordadas so

    fundamentais no apenas para o contedo das disciplinas oferecidas,

    como tambm para a filosofia do programa de ps-graduao. Visa-

    mos, prioritariamente, contribuir para o avano qualitativo dos cursosde mestrado, e sobretudo debater a identidade dos programas de ps-

    graduao, sua insero na universidade e na sociedade, bem como os

    caminhos para integrao entre musicologia e outros campos de con-

    hecimento. Consideramos, portanto, abordar aspectos relevantes para

    a identidade e expanso dos programas de ps-graduao em msica,

    bem como contribuir mais amplamente para o debate sobre o papel

    da musicologia na universidade brasileira. Nossas reflexes sobre as

    novas musicologias e o programa de ps-graduao tm como hori-

    zonte a possibilidade de que a musicologia se torne efetivamente uma

    interlocutora das outras reas de conhecimento e, sobretudo, de que

    ela cumpra o seu compromisso de integrao entre o conhecimento

    produzido na universidade e a sociedade.

    Referncias

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