você quer ser feliz -...
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Fran Christy
Você quer ser feliz?
Então pare de buscar a felicidade!
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Introdução
Ao longo de minha carreira, venho refletindo e lapidando a forma
como transmito minhas idéias e ensino meus alunos e leitores a se
tornarem pessoas mais produtivas e bem sucedidas. A cada nova idéia ou
abordagem lançada, eu observo e testo quem entra em contato com o
meu material. A pergunta que está sempre em minha mente é: essa é a
melhor abordagem para que qualquer indivíduo que tenha contato com o
meu material saia de uma condição de baixa produtividade e baixo nível
de satisfação pessoal e consiga dar a volta por cima construindo uma vida
extraordinária?
Ao longo do tempo, eu fui aprimorando minha abordagem para
tornar esse processo mais claro, direto e poderoso do ponto de vista de
realmente permitir uma transformação profunda na vida daqueles que
estudam comigo.
Comecei essa minha jornada acreditando que o planejamento
pessoal era a resposta para “consertar” vidas sem rumo, desorganizadas
e com baixo nível de satisfação. Eu estava errada. Apesar de
extremamente útil, o planejamento deve ser somente uma ferramenta
para quem já está no caminho certo e possui a postura certa. Do
contrário, corre-se o risco de se tornar uma pessoa vazia (no sentido de
que os planos não levam à conquista do que está faltando por dentro,
mesmo quando essa é a esperança de quem sonha e planeja).
Para quem já tem uma postura e uma mentalidade adequada, o trio
“definição de metas + planejamento + administração do tempo” funciona
perfeitamente. Porém, para quem não se encaixa numa postura que hoje
eu descrevo como uma “postura de excelência”, essas ferramentas de
organização pessoal acabam levando a pessoa mais rápido ao lugar
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errado ou mantendo-a numa condição ainda maior de ordinariedade. O
porquê já foi elaborado na minha teoria da vida Carpe Diem (explicada no
e-book Carpe Diem: Vivendo e Aproveitando a Vida a Cada Momento –
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que ferramentas de organização usadas com a intenção ou postura
erradas não providenciam o efeito esperado.
Essa teoria parte do princípio de que muitas das coisas que as
pessoas fazem ou esperam fazer (sonhos) estão relacionadas à
expectativa de que a realização do objetivo preencherá algo que está
faltando dentro de si. Por exemplo: pessoas com problemas de validação
e aprovação alheia buscam sucesso profissional como se o topo da
profissão garantisse a confirmação de que elas realmente têm valor. A
conquista da meta, no entanto, se mostra vazia. A necessidade de
aprovação e validação ainda está lá. Conquistar metas ou sonhos não
preenche vazios causados por problemas psicológicos.
Outro problema é a postura mimada do “eu quero isso, eu quero
aquilo, eu quero tudo pra mim” com relação a metas e sonhos. A pessoa
trata a vida como uma grande oportunidade de obter tudo o que se quer
no sentido de massagear o próprio ego. Casamento, filhos, profissão,
bens materiais, até mesmo religião e espiritualidade se tornam um meio
de satisfazer vontades e desejos pessoais. A não realização do “sonho” ou
expectativas quebradas resultam em depressão e insatisfação para com a
própria vida. Se as coisas não acontecem como desejado e/ou planejado,
a pessoa faz bico, fica triste, desapontada, como se a vida tivesse a
obrigação de lhe servir e lhe fazer feliz.
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O grande problema
Temos discutido um ponto central em nossa linha de trabalho que
aparentemente muitos de nossos leitores – mesmo os mais antigos –
ainda têm dificuldade em compreender. “Parece que nunca cai a ficha”,
diz meu colega John Mackenzie.
Nós, aqui, estamos nos esforçando para ensinar nossos alunos e
leitores a se tornarem pessoas extraordinárias. Enquanto isso, muitos de
nossos leitores continuam buscando a felicidade...
Botamos a culpa em nossa sociedade! É politicamente correto
“buscar a felicidade” e, mesmo que a gente aqui bata na mesma tecla
continuamente gritando “PARE DE BUSCAR A FELICIDADE, O NEGÓCIO
NÃO É POR AÍ!!!”, nossas vozes entram por um ouvido e saem pelo outro,
nossos leitores continuam achando que o que devem fazer é buscar a
bendita felicidade!
É difícil deixar cair a ficha, pois vivemos num mundo em que somos
bombardeados pela idéia de que se não formos felizes, fracassamos na
vida. Essa idéia é tão martelada na cabeça das pessoas que muita gente
tem até mesmo vergonha de dizer que não é feliz, como se tal revelação
fosse uma confissão de fracasso total.
A idéia de felicidade, seu conceito em si, é algo indefinível.
Entretanto, ninguém sabe ao certo o que é “ser feliz”. O que se faz,
então, é juntar percepções aqui e ali e formar a própria noção do que é
ser feliz. Daí nascem as mais diversas paranóias da sociedade moderna.
Há aqueles que acham que não serão felizes se não casarem com a
pessoa certa; aqueles que acham que não serão felizes se não tiverem
filhos; aqueles que acham que não serão felizes se não forem bem
sucedidos profissionalmente e por aí vai. Cada um associa algo diferente
com a felicidade, mas todos mantêm a mesma idéia perigosa e enganosa
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sobre o assunto: a felicidade é uma condição de harmonia e prazer
perfeita em que tudo dá certo e tudo que já tinha que acontecer já
aconteceu e já deu certo. A felicidade é o fim da linha onde o paraíso foi
finalmente alcançado. O que é o “paraíso” varia de pessoa para pessoa,
mas ele geralmente está relacionado à conquista ou realização de algo.
Essa mentalidade, como eu disse, é enganosa, perigosa e só tem um
desfecho: uma sensação de vazio, de ordinariedade, uma frustração
profunda como se a vida lhe tivesse passado a perna, enganando a todos
durante todo o tempo.
A questão é que o objetivo da vida NÃO É SER FELIZ! E é aí
que a maioria olha pra mim com aquela cara de “o que é que essa maluca
está falando?”.
No filme A Ilha, os personagens fazem parte de um experimento
científico de clonagem no qual seus superiores os mantêm disciplinados
através da alimentação da esperança de que cada um deles tem o direito
de ganhar, através de um sorteio, a liberdade de sair de seu
confinamento e ir para uma suposta ilha paradisíaca, onde serão
finalmente felizes. Os personagens sobrevivem à ordinariedade e tédio de
suas vidas diárias, pois alimentam o sonho de que, um dia, eles poderão
ser os “sortudos” ganhadores do sorteio e finalmente terão a
oportunidade de encontrar a felicidade.
Qualquer semelhança dos personagens do filme com nossa
sociedade não é mera coincidência! As pessoas “aceitam” a ordinariedade
e tédio em suas vidas, pois alimentam continuamente o sonho de que no
futuro as coisas serão diferentes e todos os seus problemas serão
solucionados e, então, elas serão finalmente felizes.
Tanto no filme como na vida real, a “ilha” não existe e é apenas
uma estratégia enganosa para lidar com o fato de que o ser humano
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ordinário só é capaz de aceitar sua realidade se acreditar que “no futuro”
ou “um dia” as coisas serão diferentes. Enquanto isso, as pessoas fazem
as coisas que denominam “temporárias” em suas vidas, acreditando que
assim que tiverem condições, deixarão de fazer o “temporário” e passarão
a fazer o que realmente querem.
Viver dessa forma é como jogar um jogo sem saber as regras ou
acreditando que as regras são outras. Daí quando não se vê progresso, a
pessoa fica com aquela confusão em mente: “mas o que está
acontecendo? Não estou fazendo tudo certo?”.
Você está buscando a felicidade? Se a reposta é sim, então preciso
dizer que você não está fazendo tudo certo não! Você está jogando o jogo
com as regras erradas, regras essas que jamais lhe darão aquilo que você
busca.
Onde estou querendo chegar? O objetivo da vida não é
encontrar a felicidade. O objetivo da vida é evolução.
A busca da felicidade é algo mesquinho, egoísta, centrado em si
mesmo, centrado no próprio prazer. Quem busca a felicidade está
tentando encontrar algo que não existe nesse mundo: constância.
Ironicamente, as mesmas pessoas que supostamente buscam a felicidade
(ou acreditam estar buscando) seriam imensamente infelizes caso
encontrassem o que buscam! Como assim? Ser feliz, do ponto de vista do
que as pessoas buscam (ou pensam buscar), é como assistir a um filme
em que nada acontece, tudo é perfeito, harmônico, constante. Qualquer
um assistindo a um filme assim não demoraria a questionar o que é
óbvio: “Mas... não vai acontecer nada nesse filme?”. Agora, imagine que
esse filme é a sua vida, tudo é perfeito, não há nada mais a ser
conquistado, tudo ocorre como planejado, não há desafios, não há
dificuldade, não há crescimento. Qual seria sua percepção? Você
provavelmente sentiria um tédio absoluto, uma vontade louca de que algo
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diferente acontecesse, uma vontade de simplesmente viver a vida como
ela deve ser vivida!
A busca da felicidade é, no final das contas, uma armadilha. As
pessoas buscam algo que não desejam realmente. É difícil perceber essa
armadilha porque estamos inseridos numa sociedade que martela em
nossas cabeças que devemos ser felizes, que o sucesso é ser feliz e as
“amostras” que vemos do que supostamente é felicidade são inteiramente
enganosas – como o final feliz de um filme que termina com o herói se
casando com a mocinha como se o casamento fosse o último passo,
depois disso é só felicidade! Qualquer pessoa que já tenha se casado sabe
que o casamento não é o final de nada! No entanto, quantas pessoas
sonham esperançosamente com o “casamento perfeito”, como se
encontrar “a pessoa perfeita” e levá-la ao altar fosse o objetivo máximo
da vida?
Não, o objetivo da vida não é ser feliz. As pessoas que se ocupam
demais com a busca de uma suposta felicidade sofrem de um mal
irreparável: a ordinariedade. Não há nada mais medíocre do que uma
vida dedicada à busca do que lhe dá prazer, uma vida egoísta, centrada
em si mesmo, centrada no que você deseja, no que você precisa... O
resto do mundo que se dane! Ah, não é politicamente correto falar assim,
não é mesmo? Então vamos “buscar a felicidade” de forma bem egoísta e,
para alívio de consciência, vamos dar um pouquinho de dinheiro para
caridade, assim ninguém pode dizer que a gente não se importa com o
resto do mundo, não é mesmo?! Esse raciocínio enganoso corrói a
humanidade que vive para buscar prazer e satisfação de seus desejos e,
só para “ninguém reclamar”, faz umas doaçõezinhas aqui e ali. É o
cúmulo do auto-engano!
Vivemos em uma sociedade em que tudo o que é desconfortável,
tudo o que é difícil deve ser evitado e reduzido ao mínimo possível, pois
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ser feliz envolve conforto e prazer absolutos. Qualquer dificuldade é vista
como uma ameaça à nossa “possibilidade” de ser feliz.
Agora pare um pouco e raciocine aqui conosco: pense em pessoas
verdadeiramente extraordinárias que já passaram por este mundo,
pessoas que conquistaram o que ninguém antes havia conquistado ou
contribuíram de forma definitiva para o mundo à sua volta. Alguns nomes
naturalmente vêm à mente: Ghandi, Jesus Cristo, Madre Tereza, Nelson
Mandela, Martin Luther King... Agora pense: você acha que essas pessoas
estavam buscando a felicidade? Você acha que elas estavam centradas
em si mesmas se preocupando em encontrar o prazer máximo, o conforto
máximo, a situação de vida perfeita onde viveriam como príncipes
gozando de suas vidas maravilhosas? A resposta é um óbvio “não”! Essas
pessoas extraordinárias estavam centradas em crescimento e
contribuição, mesmo à custa de seu próprio sofrimento pessoal.
Felicidade para essas pessoas era o de menos, o importante era “fazer o
que tinha que ser feito”.
Evolução é difícil, crescer e contribuir exige uma força e um
sacrifício que a maioria das pessoas não está disposta a enfrentar. Pelo
contrário, a maioria está tão absorvida em suas próprias fantasias de
como será a vida perfeita quando finalmente conquistarem a felicidade
que não são capazes de reconhecerem que o paraíso não existe.
Assim como no filme que eu mencionei anteriormente, a “ilha” de
nossos sonhos não existe, a vida perfeita que as pessoas tanto desejam é
uma fantasia irreal e a evidência mais clara desse fato é que, ao contrário
de um filme ou um livro, a vida real não tem fim, o fim é a própria morte!
Isso significa que, diferentemente de um filme em que a vida perfeita
começa quando “finalmente” tudo dá certo e o filme termina, a realidade
é diferente, pois a vida continua depois de cada final feliz em nosso
caminho. Esse raciocínio pode parecer tolo e óbvio, mas incrivelmente
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algumas pessoas vêem a própria vida como um filme, achando que
quando conquistarem isso ou aquilo (como casamento, filhos, topo da
carreira) serão então felizes “para sempre”.
O problema todo está no foco. Não é uma questão de se “isso” ou
“aquilo” nos fará felizes ou não. A questão é que ao se focar em
felicidade, invariavelmente você não encontrará nada além de decepção e
frustração depois de cada “final feliz” justamente porque a vida não é um
filme, ela continua... Algumas pessoas são incapazes de enxergar a
armadilha e ligar os pontos, percebendo que suas fantasias já
conquistadas não lhe trouxeram a felicidade eterna como desejavam e
vivem uma contínua busca pela felicidade, sempre acreditando
inocentemente que o próximo objetivo será o final da jornada onde,
então, poderão desfrutar de suas vidas perfeitas.
Enquanto isso, essas mesmas pessoas admiram indivíduos
extraordinários, sempre com um grande ponto de interrogação em suas
mentes: “O que elas têm de diferente? Como é que elas conseguem e eu
não? Por quê elas e não eu?”.
A resposta, que nesse ponto já deveria estar clara, é que as
pessoas excelentes ou extraordinárias não estão buscando a felicidade,
elas pouco se importam com a vida perfeita. Elas fazem o que deve ser
feito, enfrentam o que precisa ser enfrentado e buscam constantemente
evoluir e contribuir para com a evolução do mundo à sua volta. Felicidade
é o de menos porque, ironicamente, essas pessoas não são infelizes! Pelo
contrário, elas encontraram a felicidade justamente onde as pessoas
ordinárias jamais buscariam: dentro de si mesmas!
Vamos explorar um pouco mais esse ponto, pois devido aos tantos
clichês que temos socialmente sobre “encontrar a felicidade dentro de si
mesmo”, as pessoas “papagaiam” esse conceito sem refletir sobre o que
realmente isso significa. Então vamos lá!
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Para compreender o que é “encontrar a felicidade dentro de si
mesmo” e porquê as pessoas que estão buscando a felicidade são
incapazes de encontrá-la, precisamos entender o que torna as pessoas
infelizes:
- Percepção: A felicidade ou infelicidade não é algo concreto, algo que
possa ser identificado clara e objetivamente. Pelo contrário, a felicidade é
uma percepção individual e completamente subjetiva. O que é felicidade
para um, pode ser completa infelicidade para outro. Isso faz com que a
busca da felicidade se reflita em um caminho tortuoso e confuso, pois não
se sabe bem o que se está buscando. Por esse motivo, as pessoas dão
nome ao que supostamente as fará felizes. Algumas acham que esse
nome é família (casamento e filhos), outras acham que é carreira, outras
acham que é liberdade, enfim, dependendo da percepção de cada um
(que é definida pelos valores, informações que a pessoa já tem sobre a
vida, cultura e princípios), a pessoa cria sua própria “ilha”, sua própria
fantasia do que ela precisa conquistar para ser feliz.
- Conforto: Também ligado à percepção, trata-se do conceito que temos
do que é ser feliz em termos de sensações íntimas. Acreditamos que
quando finalmente formos felizes, nos sentiremos bem conosco,
orgulhosos do que conquistamos na vida, sentiremos uma tranqüilidade e
um conforto profundos internamente. Conforto – que também pode ser
interpretado como prazer e ausência de problemas – são interpretações
clássicas de felicidade. As pessoas erroneamente acreditam que
problemas são incompatíveis com felicidade e que a felicidade máxima na
vida envolve altos níveis de prazer e conforto. Isso faz com que elas
evitem qualquer situação que tenha a menor possibilidade de causar
desconforto ou mesmo trazer problemas. Isso acaba colocando-as numa
condição de covardia e repúdio a desafios e situações que poderiam
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contribuir com seu próprio crescimento. Se vai ser difícil, se vai causar
desconforto, se vai obrigar a pessoa a sair da sua zona de conforto
psicológica, então “deve” ser evitado, pois se felicidade é supostamente
ausência de problemas e conforto, dificuldade e desafios são uma ameaça
a ela! A armadilha nesse raciocínio é óbvia, não?!
- Atitude: Boa parte da felicidade e da infelicidade de cada um está
relacionada diretamente a como interpretamos o que acontece em nossas
vidas. O mesmo fato pode tornar uma pessoa feliz e outra infeliz. Além
disso, a própria capacidade de lidar pró-ativamente com o que acontece
em nossas vidas está ligado à nossa sensação de felicidade ou
infelicidade. Se reagimos mal a algo que ocorre em nossas vidas, nos
sentimos infelizes, ao passo que se lidarmos bem com a situação, nos
sentimos felizes – o que nos leva ao próximo item que compõe o “quebra-
cabeça” da felicidade.
- Performance: Boa parte da infelicidade na vida das pessoas está
relacionada à forma como se sentem com relação a si mesmas. Algo
simples como ter medo de falar em público, por exemplo, pode
desencadear uma série de sentimentos negativos com relação à própria
capacidade de dar conta da própria vida. Não é segredo que pessoas
tímidas odeiam a própria timidez e se sentem mal consigo mesmas
porque não conseguem ser diferentes. Pessoas que têm dificuldade de
relacionamento com o sexo oposto também apresentam baixa auto-
estima e constante negatividade voltada a si mesmas. Desempenho fraco
na vida profissional também gera a mesma cascata de auto-rejeição. O
que essas pessoas desejam, no fundo, é serem capazes de ter um
desempenho perfeito (ou pelo menos razoável) em cada área de suas
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vidas, serem capazes de dar conta do recado, aconteça o que acontecer.
Como isso não acontece, elas se sentem mal.
Agora pegue esses quatro elementos, coloque-os juntos e reflita
sobre porquê e como as pessoas geram infelicidade em suas próprias
vidas. As pessoas não se sentem infelizes porque não possuem o que
desejam ou porque não conquistaram o que acham que devem
conquistar. As “coisas” de fora são apenas um pano de fundo, uma
desculpa esfarrapada que as pessoas inventam, acreditando que, ao obtê-
las, serão felizes.
O que elas estão buscando é uma “sensação”. Essa sensação é
interpretada como êxtase, alegria, tranqüilidade, conforto. Devido aos
conceitos com que somos constantemente bombardeados em nossa vida
diária, principalmente através da mídia, acreditamos que essa sensação
tão desejada é obtida através das coisas que conquistamos na vida.
Começamos desde cedo, então, a fantasiar a vida perfeita – quando
crescermos, conheceremos a pessoa perfeita, nos casaremos com ela,
teremos filhos perfeitos, teremos a carreira perfeita fazendo aquilo que
mais gostamos de fazer, teremos dinheiro suficiente para comprar tudo
aquilo que preenche a vida perfeita e envelheceremos junto da pessoa
perfeita, acompanhados dos filhos perfeitos que criamos, que nos darão
netos perfeitos e assim por diante.
Eu fico embasbacada de ver quantas crianças e adolescentes
descrevem seu futuro exatamente dessa forma! Não é bem o caso de “as
coisas não serem realmente assim na vida real”. O caso é que a tal vida
perfeita, mesmo sendo realmente “perfeita”, não é nada além de
ordinária!
Casar-se com alguém que você ama, ter filhos saudáveis e
perfeitos, uma carreira ótima e uma vida repleta de prosperidade e
satisfação não garantem a tal “sensação” que todos buscam! Conheço
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muitas pessoas que realmente vivem a tal vida perfeita, mas por dentro
se sente vazias, frustradas e, como não poderia deixar de ser, confusas!
Confusas porque elas “chegaram lá”! Elas fizeram tudo exatamente como
deveriam fazer, conquistaram tudo o que sonharam, foram bem
sucedidas na jornada e, com muita frustração e decepção, perguntam:
“Mas o que foi que eu fiz de errado?!”.
Lembra quando falamos sobre o problema estar no foco? É como
jogar um jogo com as regras erradas e, ao não conseguir o resultado
desejado, ficar se perguntando o que foi que você fez de errado, pois
você jogou o jogo e, até onde você sabe, você jogou da forma correta! E
aí é que está o real problema: “até onde você sabe”... Você acredita
firmemente que está fazendo tudo direitinho, mas, quando você vai ver,
estava fazendo tudo errado! O problema é teimar que você sabe o que
está certo e ficar batendo na mesma tecla, cada vez mais frustrado, se
negando a ver a realidade. O caso clássico é da pessoa que começa a
sonhar em encontrar a pessoa perfeita e casar-se com ela e, depois do
casamento, o vazio se instala, a felicidade não está lá. “Ah, é porque eu
não tenho filhos ainda, vamos ter um filho, então”. Novamente, o lapso
de felicidade durou pouco. “Vamos ter mais um filho”; “Humm, não
funcionou, vamos comprar uma casa na praia, trocar de carro todo ano,
ser presidente da empresa, mandar um filho para a melhor faculdade...”;
“Humm, não funcionou também. Vamos fazer caridade” – e por aí vai. A
pessoa está sempre buscando “a pedra filosofal da felicidade”, sempre
achando que está faltando só uma coisinha em sua vida e, quando a tiver,
será finalmente feliz. Quando “essa coisa” falha em proporcionar de forma
definitiva a sensação tão almejada, cria-se uma nova meta e assim por
diante.
É claro que chega a ser um clichê o fato de que “a felicidade não
está nas coisas” ou “a felicidade está dentro de nós”, mas pelo que vemos
por aí, as pessoas não sabem bem o que isso significa! Elas reconhecem o
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clichê, mas continuam a procurar a felicidade por fora sem saber como
realmente procurá-la por dentro.
E como se faz isso?
Em primeiro lugar, dando as costas para ela! Você jamais será
verdadeiramente feliz se não parar de fazer as coisas com a intenção de
ser feliz! Por quê? Porque o egoísmo da intenção corrompe o
resultado. Quando você faz as coisas esperando felicidade em troca é
como se você não estivesse realmente dando tudo de si, você não está
100% envolvido, você tem segundas intenções, faz e fica esperando para
ver no que vai dar, para ver o que você vai sentir. Mais uma vez,
casamento e filhos ocupam o primeiro lugar no ranking da expectativa de
felicidade. As pessoas se casam e têm filhos esperando que isso as faça
felizes, praticamente exigindo a felicidade de seus parceiros e filhos e se
achando no direito de ficarem bravas e reclamarem caso estes falhem ao
proporcionarem felicidade a elas! Quão egoísta e mesquinha é essa
postura? É claro que não é politicamente correto admitir uma coisa
dessas, então a maioria das pessoas dá desculpas esfarrapadas para
justificar que, no caso delas, não é bem assim!
Mais uma vez, para compreender esse conceito, vou pedir para que
você reflita sobre a postura de pessoas que nós sabemos serem ou terem
sido extraordinárias. Essas pessoas tomaram decisões em suas vidas com
a intenção de serem felizes? A resposta é um sonoro “não” e isso é algo
tão evidente que chama a atenção. Apesar disso, essas pessoas
exuberavam felicidade!
O coração da excelência é a disponibilidade para dar tudo de si em
tudo o que se faz (e sem esperar nada em troca, eu devo mencionar!).
Uma das razões mais fortes pelas quais as pessoas se sentem infelizes
com suas próprias vidas é justamente o fraco desempenho, seja na vida
profissional ou pessoal. A pessoa extraordinária não sofre do mesmo
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problema, ela dá 110% em tudo o que faz. Se seus 110% não são bons o
suficiente, ela não se sente mal com isso, pois ela sabe, dentro de si,
honestamente, que fez o máximo e mais um pouco do que podia fazer. A
corrupção mental que a maioria das pessoas faz consigo mesmas, dando
10% de esforço e se enganando dizendo que fizeram tudo o que podiam,
corrói a alma e a auto-estima, fazendo com que a pessoa alimente um
ódio silencioso contra si mesma, uma sensação de desprezo e frustração
íntima.
Outra diferença gritante entre os eternos infelizes que estão sempre
buscando preencher suas vidas com “alguma coisa” que as fará felizes e
as pessoas extraordinárias é a pró-atividade. Reagir mal ao que acontece
conosco é a receita perfeita para a infelicidade. Muitas pessoas vivem
como crianças mimadas querendo exigir da vida “isso” ou “aquilo,”
querendo que a vida faça seus desejos e, quando isso não acontece, elas
fazem bico, ficam deprimidas, “de mal com o mundo”. O que elas não
percebem é que sua postura é uma opção. Essas pessoas acreditam que o
que acontece em suas vidas é que dita se elas são felizes ou não. Se algo
que corresponde ao que elas desejam ocorre, elas se sentem felizes, ao
passo que se algo indesejado acontece, elas se sentem infelizes. O
indesejado é visto como “ruim” e o desejado é visto como “bom”. A vida é
dividida em “coisas boas que acontecem conosco” e “coisas ruins que
acontecem conosco”. Mais uma vez, esse é um caso de jogar o jogo com
as regras erradas, deixando de ver a vida como ela realmente é,
classificando as experiências como “boas” ou “ruins” baseando-se
somente em percepção e vontade pessoal. Eu exploro mais esse assunto
no artigo em que abordo o filme Feitiço do Tempo. Clique aqui para ler
esse artigo, se tiver interesse.
Ao contrário dessas pessoas, os extraordinários não reagem
negativamente aos eventos em sua vida. Eles lidam pró-ativamente com
tudo o que lhes ocorre, dando o melhor de si sem se deixarem afetar
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emocionalmente por eventos externos. O que acontece não é qualificado
como “bom” ou “ruim”, o que acontece é simplesmente “mais uma”
experiência. A pessoa extraordinária não fica chorando as mágoas caso
algo socialmente visto como “ruim” lhe aconteça, ela suga o que puder
em termos de aprendizado e tenta tornar a experiência (por mais
negativa que esta possa parecer) em algo positivo.
Você está começando a compreender porque a pessoa
extraordinária não precisa ficar buscando a felicidade para senti-la e
porque isso, no fundo, é o de menos em sua vida?
A felicidade que as pessoas tanto buscam é algo muito mais
relacionado à postura pessoal e à forma como lidamos com a vida do que
a eventos externos, outras pessoas em nossas vidas ou o que nos
acontece. A “sensação” que as pessoas tanto desejam sentir de
tranqüilidade, alegria, conforto íntimo só é sentida por alguém que lida
bem com a própria vida, reage pró-ativamente aos acontecimentos e,
principalmente, alguém que dá 110% de si em tudo. Isso é sentir
felicidade “dentro de si”. Sentir-se confortável com o que se é, o que se
faz, com o próprio desempenho na vida, ser capaz de lidar com as
situações sem sentir frustração, exasperação ou insegurança e ter a
certeza de que tudo é feito com a máxima honestidade íntima possível. A
pessoa extraordinária é autêntica, autoconfiante, possui uma auto-estima
sadia e busca sempre dar o melhor de si mesma. Nessas condições, essa
pessoa não precisa buscar a felicidade em nenhum outro lugar, a
felicidade não é algo que a preocupa, pois ela já a sente
incondicionalmente. O resultado é uma vida vivida com mais intensidade,
mais significado, mais valor. Seu tempo é dedicado a fazer coisas que são
realmente importantes tanto para si mesma quanto para o mundo à sua
volta. Ela pode se dedicar a atividades com mais significado porque não
precisa perder tempo buscando a felicidade em metas vazias como faz o
resto da humanidade. Ela vive sua vida para crescer, evoluir e contribuir.
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Ser feliz nem passa por sua cabeça, a ironia é que ela é a mais feliz das
pessoas!
Dentro dessa perspectiva, ser feliz deixa de ser o objetivo da vida e
passa a dar lugar para a realização de um propósito de vida. Em meu site
Vivendo Intensamente, eu discuto bastante essa questão do propósito de
viver uma vida com sentido e fazer o que é realmente importante, mas
percebo um erro fundamental de interpretação em alguns de meus
leitores que evidenciam sua dificuldade em compreender esse conceito
em seus comentários e e-mails. Percebo que muitos tentam “descobrir” o
propósito de suas vidas como se este fosse algo fora de si mesmos, como
um “segredo” que a vida está escondendo e cada um de nós precisasse
descobrir o seu. Essa postura faz com as pessoas fiquem brincando de
gato e rato com o próprio propósito, jamais conseguindo alcançá-lo! Esse
ponto de vista, de que é preciso “descobrir o propósito”, é típico de
pessoas que buscam a felicidade ou esperam obter felicidade e satisfação
pessoal através de suas metas e objetivos. O propósito acaba sendo mais
“uma coisa”, assim como todas as outras coisas que supostamente fazem
as pessoas felizes. A pessoa acha que se “encontrar” seu propósito de
vida, será feliz.
Para compreender o que é viver com propósito é preciso, em
primeiro lugar, mudar o foco e esquecer a felicidade. É preciso estar
disposto a passar por situações desconfortáveis, desafios difíceis,
sacrifícios e, acima de tudo, ter essa postura de não esperar que “haverá
um paraíso no final da jornada”, pois essa postura é o mesmo que fazer
as coisas com a intenção de ser feliz! Não muda nada! Tem muita gente
que está, sim, disposta a passar pelo sacrifício que for desde que a
recompensa seja algo que ela egoisticamente deseje! Se o motivo pelo
qual você está disposto a enfrentar desafios é o que você vê como
recompensa pelo esforço, esqueça, você não entende o espírito da coisa!
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O propósito é algo que nasce naturalmente e se impõe
invariavelmente na vida de quem exercita a excelência pessoal. Não é o
caso de “descobrir” o propósito, mas algo como “esbarrar” nele! É como
se o propósito já estivesse lá, é preciso simplesmente vivê-lo. Para quem
coloca a excelência em primeiro lugar e procura ser uma pessoa
extraordinária, não é preciso fazer muito esforço para viver com
propósito, as próprias condições de sua vida o levam de forma sincrônica
a passar por situações que dão imenso significado às suas vidas.
Aqueles que estão “em busca da felicidade” é como se estivessem
andando pela vida com os olhos vendados. Há oportunidades de viver
com significado em todo lugar, mas a pessoa anda como um zumbi,
hipnotizada pela promessa da felicidade no final da jornada, quando
alcançar isso ou aquilo. O propósito para essa pessoa é apenas mais um
artifício para se alcançar a tão sonhada felicidade. Fica-se, então,
tentando “descobrir o que é”, como se fosse um segredo, algo definido
como uma profissão ou algo a fazer como uma “missão” específica.
Parte do problema é a forma como o indivíduo comum raciocina.
Anos de educação formal “estragaram” sua capacidade de interpretar a
vida. Aprendemos na escola que há sempre “uma resposta certa” (e só
uma) e somos condicionados a descobrir qual é essa resposta para
sermos recompensados caso a acertemos. Anos e anos decorando e
provando que somos bons em memorização, sendo constantemente
testados feriram nossa capacidade de ver a vida de uma forma mais
complexa. Terminamos por ser adultos incapazes de compreender que
não existe sempre uma resposta certa ou um caminho certo para atingir
um resultado. Somos incapazes, também, de aprender sozinhos, sempre
acreditando que “alguém” precisa substituir o professor em nossas vidas e
nos ensinar o que precisamos saber, nos dizendo exatamente o que fazer.
Você quer ser feliz? Então pare de buscar a felicidade!
Vivendo Intensamente 21
Se você se identifica com esse perfil, você precisa trabalhar em uma
mudança íntima de perspectiva. Aprender a interpretar o mesmo fato de
diversas formas diferentes e desenvolver o autodidatismo (aprender
sozinho) são duas das melhores qualidades que você pode desenvolver e
que o ajudarão a compreender o mundo e a vida de uma forma mais
profunda e complexa. Você deixará de ficar esperando de braços cruzados
até que alguém (seja uma pessoa ou um livro) o diga como fazer isso ou
aquilo – como “descobrir” seu propósito.
Mas isso não é tudo! Essa mudança de perspectiva envolve tirar
completamente o foco da felicidade e colocá-lo na excelência. Do
contrário, você estará desperdiçando sua vida correndo atrás de uma
fantasia que não existe, sempre achando que encontrará a felicidade na
próxima esquina, ao conquistar a próxima meta, ao “descobrir seu
propósito”, quando seus problemas forem resolvidos e por aí vai.
Ao deixar de buscar a felicidade no futuro e passar a se preocupar
com sentido, propósito e excelência pessoal, você se torna mais útil para
si mesmo e para o mundo e, no final das contas, você se sente feliz, sem
precisar procurar por isso!
Leitura recomendada:
- (LIVRO) Um Sentido para a Vida: Como Definir sua Missão e Viver Segundo seus Propósitos –
Informações no site http://www.vivendointensamente.com.br
- (ARTIGO) Você sabe o que é melhor para você?
http://vivendointensamente.com.br/futuro/falsas-certezas
- (ARTIGO) A esperança de felicidade futura?
http://vivendointensamente.com.br/expectativas-emocionais/a-esperanca-de-felicidade-futura
Fran Christy
http://www.vivendointensamente.com.br 22
- (ARTIGO) O que você faria se não houvesse amanhã?
http://vivendointensamente.com.br/expectativas-emocionais/o-que-voce-faria-se-nao-houvesse-amanha
- (ARTIGO) mas onde é que eu estava com a cabeça?
http://vivendointensamente.com.br/expectativas-emocionais/mas-onde-e-que-eu-estava-com-a-cabeca
SOBRE A AUTORA – Quem é Fran Christy?
Eu não gosto de descrições formais! Se você me perguntar o
que eu faço da vida, esta é a minha resposta:
“Eu aproveito a vida do meu jeito e trabalho para tornar esse mundo um lugar melhor
ajudando as pessoas a efetuarem mudanças positivas em suas vidas, viverem segundo
seus propósitos e aproveitarem ao máximo seu potencial interior.”
Sou formada em Administração de Empresas. Trabalhei durante um tempo com
consultoria empresarial, palestras e cursos na área de desenvolvimento humano,
estratégia e produtividade. Hoje em dia eu não me dedico mais à consultoria direta ou
qualquer outro tipo de trabalho que onere meu tempo. Atualmente administro diversos
negócios na Internet, que hoje, me dão liberdade para vivenciar meu propósito de vida
com mais intensidade e aproveitar meu tempo da melhor forma possível. Um de meus
objetivos com essa nova abordagem é ensinar outras pessoas a construírem também
esse estilo de vida livre e com sentido.