vitoria sobre a tragedia - pra. railda marinho

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Aprendi com o acontecido que na vida somos surpreendidos por

muitos ventos contrários, que causam danos irreparáveis

Sou a pastora Railda Marinho de Brito, pastora da Igreja Metodista em Assis, SP. Contarei para vocês como vivi e enfrentei a perda de minhas filhas, Natália(14) e Taciana(12). Elas morreram, vítimas de um acidente automobilístico provocado por mim, no dia 29 de abril de 1996. Morreu também minha grande amiga e irmã Creuza (38). Vínhamos de Campinas, SP, para Penápolis, SP, onde morávamos. Eu fui para pregar na Igreja Metodista em Joaquim Inácio, bairro da cidade de Campinas e em Valinhos, SP. Enquanto isso, minhas filhas ficaram em Americana, SP, na casa da minha mãe, Da. Vilma, curtindo a avó, tios e primos. A Creuza fez

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companhia para a filha Roseli, que morava em Campinas, cursando o Seminário Bispo Scilla Franco, preparando-se para se formar pastora da Igreja Metodista. Hoje, Roseli é pastora da Igreja Metodista em Andradina, SP. A distância entre Penápolis e Campinas é mais de quatrocentos quilômetros. Na madrugada do dia, quando estávamos chegando a Penápolis eu dormi ao volante e choquei com outro veículo. Minha filha Taciana e minha amiga Creuza morreram na hora, a Natália foi para a UTI de um hospital de Araçatuba, onde morreu poucos dias depois, no dia 08 de maio. Eu fui levada para a UTI da Santa Casa de Penápolis com cerca de 80% do corpo quebrado, às duras penas sobrevivi. Aprendi com o acontecido que na vida somos surpreendidos por muitos ventos contrários, que causam danos irreparáveis, ceifando a vida daqueles que amamos,

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muitas vezes tirando de nós o gosto pela vida que restou.

Mamãe não pode viver sem vocês, se eu perder vocês eu morro, vocês

são a minha vida.

Quando fui informada da morte da Natália eu me senti a pior de todas as pessoas, o peso da culpa me dilacerou a alma, eu disse literalmente: “matei minhas filhas”. Quisera eu na hora ter alguém para me matar também. A dor da vida era tão grande, insuportável. Como desejei a morte. Um primo disse: “era melhor que a Railda morresse também.” Concordei plenamente com ele. Ser-me-ia melhor a morte, mil vezes melhor, a suportar tamanha dor proveniente da perda e da causa, pois eu é quem estava dirigindo o carro. Lembro-me claramente que uma

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semana exatamente, antes do acontecido, na segunda-feira do dia 22 de abril de 1996, estávamos sentadas no sofá da sala de visitas de nossa casa, aonde raramente íamos, e eu disse a elas: “mamãe não pode viver sem vocês, se eu perder vocês eu morro, vocês são a minha vida”. As suas vidas eram a razão da minha vida. Eu não poderia viver sem elas em hipótese alguma, era a certeza da minha alma. Eu não sabia naquela hora que apenas alguns dias após a declaração do amor radical, incondicional, o indesejado chegaria num acidente de carro, provocado por mim mesma, apresentando-se com suas garras terríveis, ferindo mortalmente minhas meninas e minha amiga querida. O mal estava destinado a mim, eu não sabia. Chegara o tempo de passar pelo Vale da Sombra da Morte, fato indesejável, achado improvável. A tragédia, sem pedir licença,

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invadiu a casa, violentou brutalmente, desnudou da arrogância, soberba, vaidade. Não se despediu, sem antes fazer todo o estrago a que foi destinada. A tristeza se abateu sobre a casa, família, igreja, cidade. Todos choraram a dor não solitária, mas compartilhada. O lamento, o gemido, embora muitas vezes à surdina, fez-se ouvir à distância. O grito, às vezes em silêncio, eclodia para todos ouvirem: “quero morrer também”. A razão da vida chegara ao fim, a valia para viver findara. Não se fazia mais necessário a luta; nem necessário era o trabalho, o investimento, depois da trágica hora. Não havia mais para o quê existir, pensava eu. Acabou! Tudo se foi, como se foram a Natália e a Taciana.

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Depois da morte uma pergunta: “e agora?”. Teria por acaso alguma

adequada resposta à dura, insistente, intolerante, indagação?

Eu e Rev. José Augusto Tavares de Azevedo, nos divorciamos. Compreendo perfeitamente quem deseja a morte. A dor provocada por acontecimentos, sentimentos diversos, é tão grande que a vida passa a ser um fardo insuportável. Especialmente diante da morte das pessoas amadas nos rendemos. A morte é indesejável. Arnold Joseph Toynbee, historiador britânico do século 20, delegado na Conferência de Paz em Paris, ao final da primeira guerra (1919) disse: “Para todos os seres sexuais viventes, por igual, incluindo o homem, a morte é inevitável e inexorável, mas para o homem é demais incongruente e humilhante.” Depois da

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morte uma pergunta: “e agora?”. Teria por acaso alguma adequada resposta à dura, insistente, intolerante, indagação? Tudo parecia perdido, nada seria mais possível, era este o sentimento. Mas a minha vida não havia se acabado ainda, tive que continuar vivendo, gemendo de tristeza e dor. Eu estava viva, precisava sobreviver, devia sobreviver, não tinha como morrer. Em busca de respostas às minhas perguntas e consolação para minha alma, devorava a Bíblia diariamente. Foi lá, na Bíblia Sagrada, que encontrei forças para a vida, respostas e luz para o meu caminho (Sl 119. 105). Vi o sofrimento e gemido de tantos outros, com eles me igualei e como eles para o céu olhei e de lá recebi forças para continuar, ainda que indesejável, a caminhada na terra. Lembro-me o dia que li: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.”

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(Ap 14. 13). Li também: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos.” (Sl 116. 15). A loucura da fé me consolou.

Fui sustentada pela fé aprendida, desde muito pequena, na casa

do vovô Juca Marinho e da vovó Laudelina.

Mais do que tudo a Bíblia me valeu para responder à grande questão: “E agora?” Li no capítulo treze, versículo treze da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios:“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” Era esta a resposta que eu buscava. Agora, mais do que nunca eu tinha que ter fé, não viveria sem ela. Deveria esperar sem desanimar momento algum por dias melhores, por superação. Tinha que amar e receber

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amor, pois unicamente o amor dá sentido e razão à vida. Usei o texto totalmente descontextualizado para mim, por ele fui dirigida, vivi e vivo, porque de fato, só seria possível continuar com a fé, a esperança e o amor. Estas três virtudes teologais, porque advindas do próprio Deus, me salvaram. A fé que existe um Deus que cuida de nós, nos momento de maior tristeza e solidão se tornou em ato experiencial para mim. Conheci de perto um Pai que toma em seus braços o filho que sofre, num acalanto de amor sopra-lhe docemente aos ouvidos a suave canção da consolação. Fé que enxerga a possibilidade onde há o vazio; que brota no coração em pranto e libera alternativa para o lamento; que enxerga o céu além do túmulo; que se alimenta da Palavra; faz viver da Palavra e que revela a Palavra: “A morte não é o fim, é o começo.” Fui sustentada pela fé aprendida,

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desde muito pequena, na casa do vovô Juca Marinho e da vovó Laudelina; lá na Fazenda Ponte Alta, município de Altair, SP, nas aulas de Escola Dominical, onde a Bíblia nos era ensinada. Ora embaixo do limoeiro em frente à casa bonita, ora, embaixo do eucaliptal, quando ainda não era mais que uma pequena semente plantada no coração de uma criança que cria no que ouvia e aprendia. Fé que foi alimentada desde muito cedo, pela visão da mamãe, que todas as noites, de joelhos em volta da sua cama, buscava o socorro d’Aquele que é o Deus dos órfãos, das viúvas, portanto nosso, pois assim éramos e após sentava-se na cama e lia a Bíblia por longo tempo. Fé que faz olhar para o Céu e ter a certeza de que de lá vem a vitória e que vislumbra o Lar Celestial; cantado em verso e prosa, soletrado em diversas línguas, sem medo algum de errar. Fé em

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Jesus Cristo de Nazaré, que veio ao mundo para morrer por mim, foi a que mais me fortaleceu, me capacitando para sair da cama, do quarto escuro da amargura e ver que a vida não havia acabado ainda, muito seria possível acontecer.

Enfim, precisamos das doces consolações do Espírito Santo. Nada

de fato me faltou, de tudo que precisei eu tive.

O salmista disse, no Salmo 23, que o Senhor é o nosso pastor e nada nos faltará. Concordo com ele. No luto precisamos da certeza da vida eterna para nossos queridos que partem; do ombro amigo que se oferece em amor e solidariedade; de algo mais que belas palavras de condolências. Precisamos do abraço apertado, que sem dizer nada diz tudo, isso ele também nos

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dá através de amigos e irmãos que coloca em nossa frente. Enfim, precisamos das doces consolações do Espírito Santo. Nada de fato me faltou, de tudo que precisei eu tive. Tudo em abundância. Ao Senhor dou graças. Em cada necessidade Ele, o supremo pastor Se faz presente. Hoje sei a verdade deste fato. O salmista também disse que ainda que ele andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum por que a vara do Senhor o consolaria. Concordo com ele. Quando a sombra da morte nos atinge, só a doce presença do pastor que guia a sua ovelha ferida mortalmente pode nos fazer ficar em pé. Ainda que cambaleante, não caímos, o bom pastor nos sustenta, nos carrega no colo. A fé que a Natália, Taciana, Creuza, não sofreriam mais aqui, pois, Jesus havia preparado para elas um lugar no céu, era o meu consolo. Ainda que digam que

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esta visão de fé é alienante, prefiro-a em detrimento de todas as outras. Só um coração que geme e grita de dor é capaz de avaliar o valor de uma fé simples. Gemi, chorei, clamei por ela.

Fui a primeira mulher a pregar como pastora nas igrejas por onde

passei na cidade de Oradea e região.

Ela foi meu sustento, meu alívio. Nas noites longas, intermináveis, solitárias, apenas a fé me fez companhia, tirou-me do alagamento de minhas lágrimas; gotas abundantes, choradas na maioria das vezes às escondidas, para que a pastora em prantos não fosse vista, a fim de que sua dor não machucasse, ferisse outros mais. Gritei, gemi, clamei, até ver o céu, contemplar a eternidade. Pela fé,

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vislumbrei o mundo além da morte, vida arrancada da sepultura, alegria do “lar lá do céu” no lugar da tristeza, do pranto da Terra. Ela me fez continuar, ainda que eu não quisesse, nem desejasse. Ainda que eu gemesse, e, ansiasse pela morte, a fé me fez viver. Da fé nasceu a esperança de voltar a andar, de sair da cadeira de rodas, mesmo que a palavra dita fosse que eu jamais andaria. Do meu coração, do mais íntimo da minha alma eu bradava: “andarei, sim andarei, em nome de Jesus.” A cadeira de rodas, minha companheira de muito tempo, não seria definitiva; depois o andador, as muletas e bengalas não mais teriam uso em minhas mãos. Meu corpo se mobilizaria sem a ajuda deles. Era esta a esperança. Ainda que tudo dissesse o contrário, cria, esperava que minhas pernas e pés viessem a caminhar independentes dos instrumentos

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ortopédicos e seriam capazes de levar-me para os lugares mais longínquos possíveis para anunciar a Boa Nova que o mundo precisa ouvir. E de fato me levaram. Em setembro de 2009 fui à Romênia pregar, com a network Semeadores de Fogo. Fui a primeira mulher a pregar como pastora nas igrejas por onde passei na cidade de Oradea e região.

Descobri então que é possível ter esperança, ainda que tudo se perca.

Esperança de poder continuar.

A esperança se juntou à fé. Esperança de continuar no ministério pastorado para o qual fui vocacionada; de não desistir embora as forças beirassem a zero; de pregar o Evangelho, agora, mais do que nunca, e do melhor jeito, jeito de alguém que sabe mais ainda, o seu grande valor.

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Só o Evangelho tem palavras de vida eterna. Palavras que me consolavam, motivavam. Esperança de caminhar; de continuar; de não desistir, apesar da pouca força; de levantar-me do monturo e de vencer a derrota. Esperança de ser útil aos desolados e tristes, de estar melhor disponível aos que choram, pois só quem muito chorou conhece a dor dos que sofrem, dimensionando bem a quantidade e qualidade da dor do peito, que arranca da alma gemidos inextinguíveis. Desejo profundo de ser uma saradora ferida, pois só isto recompensaria a vida, mais nada. Esperança de ser instrumento do Eterno para salvar, libertar, curar vidas, de fazer algo neste mundo que o tornasse pelo menos um mínimo melhor, mais palatável para alguns. Ainda que fosse tão pouco teria valido a pena. Esperança da possibilidade da vida. Por mais que a

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dor transpassasse a alma, precisaria viver. Não é possível desistir da vida, ainda que não a queiramos mais, ainda que ela não nos seja mais agradável, ainda que ela nos tenha sido tão dura, inclemente. Precisava continuar vivendo. Pela esperança me mobilizei, esperança que nasceu da fé, se nutriu da fé, proclamou a fé. Com esperança vi o que seria possível fazer com o quase nada que havia sobrado de mim. Descobri então que é possível ter esperança, ainda que tudo se perca. Esperança de poder continuar. Agora, havia algo que sustentava fé, germinava a esperança, algo maior do que elas, o amor.

Penso que podemos perder tudo na vida, mas não podemos perder estas virtudes.

Sem elas eu não teria sobrevivido.

Amor de Deus, sentido, percebido, visto claramente, nos olhos de amigos queridos,

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na oração sabida de várias partes do mundo. Amor da família, dos familiares que cuidaram de mim, com muito carinho e desvelo; amor da igreja, amor de uma cidade, amor, simplesmente amor. Foi o amor que me liberou para a vida. Sem o amor não teria mesmo sobrevivido. Por amor às pessoas que me amavam, sofriam comigo, muitas vezes calei meu pranto, muitas vezes gemi no quarto em completa solidão. Hoje sou imensamente grata ao Senhor por tudo. Sei que pela graça do Deus Eterno, não perdi a fé, a esperança e o amor e pude sobreviver à grande tragédia, à perda dos meus bens mais preciosos, Natália e Taciana. Penso que podemos perder tudo na vida, mas não podemos perder estas virtudes. Sem elas eu não teria sobrevivido. Por elas o Eterno El Shaddai sustentou-me. Por elas, pela graça do Senhor, eu vivo e viverei

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eternamente, eu creio. Ao Deus da vida, Senhor querido, dou toda honra, glória e louvor, “porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas, a Ele pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm 11.36). Hoje sou testemunha viva das doces consolações do Espírito Santo na vida das pessoas. Desde que tudo aconteceu tenho sido testemunha dos atos de consolação do Senhor em minha vida. Cada vez que dou meu testemunho posso ver pessoas chorando e sabendo que se Deus me consolou e fortaleceu, os consolará e fortalecerá também. Inúmeras vezes chegam até mim pessoas que dizem que passaram também por perdas e da mesma forma que fui sustentada elas também foram ou estavam sendo sustentadas pelo Senhor. Eu mesma admiro quando vejo fotos minhas em que estou sorrindo e penso: “só a maravilhosa graça de Deus

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explica o meu sorriso.” É encorajador receber palavras de carinho de pessoas conhecidas, como as da pastora da Igreja Metodista em Guarantã, SP, Revda. Josélia Mota Pereira: “Deus me ensinou através da Pastora Railda... a jamais se maldizer. Em situações adversas, difíceis, tristes, duras de enfrentar. ‘Deus tem um plano... de paz e de bem’. No ministério, todos sabemos, que o líder, o pastor ou a pastora, enfrenta dificuldades, angustias, aflições, incompreensões, intolerâncias, situações que representam verdadeiras provas. A prova mais dura que a vi experimentar, foi a morte trágica de suas filhas e amiga. Não quero falar dos detalhes desse fato, mas quero apontar a firmeza, a confiança em Deus que ela transmitiu. Todos olhavam atônitos aquela situação. Momento fatídico, terrível, um ser humano “normal” enlouqueceria pra sempre. Mas ela que

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sempre havia se mostrado confiante em Deus, soberano e poderoso, embora tenha sofrido um grande baque, encontrou forças para dar um bom testemunho de sua fé. Quando o Jornal Nacional apresentava em um noticiário a Marcha para Jesus 2006, da cidade de Penápolis, SP, ela ainda em cadeira de rodas e sofrendo muito, podia gritar em alto e bom som. Glória a Deus!!!. O Brasil inteiro podia presenciar ao testemunho de uma serva do Senhor, que permanece inabalável. Aprendi então, que não importa quão terrível nos pareça as adversidades. Não importava quão incompreensível se nos apresente os dissabores, Deus está no controle.

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Como uma pessoa que sofreu tanto tinha aquele brilho no olhar,

a alegria de viver, então pude testemunhar a presença de Deus em

seu viver!

Ele merece a honra e glória, assim mesmo.” De um jovem de minha igreja, Igreja Metodista em Assis, João Kemp: “No dia em que a pastora Railda adentrou o salão social de nossa igreja, no momento que a vi pensei.....’isso será bom’. Lembro-me do primeiro abraço que recebi dela quando se apresentava a nós, quando lembrei de sua voz contando seu testemunho na internet pensei: meus Deus essa mulher é a mesma que perdeu as filhas e sofreu o acidente? Era sim era a mesma pessoa, não entendia seu brilho no olhar de alegria, pois pensava que a tragédia em sua vida a tivesse a deixado um tanto

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quanto ‘sofrida’, esperava uma pessoa séria, introspectiva, mas não.... ela era bem diferente do que imaginava, e naquele momento pude entender a graça de Deus manifestada na Terra através de sua vida. Como uma pessoa que sofreu tanto tinha aquele brilho no olhar, a alegria de viver, então pude testemunhar a presença de Deus em seu viver, pois se não fosse Jesus na vida dela, ela não teria aquela unção que emanava da serva Railda.” São tantas as manifestações de amor e carinho que comprovam que de todas as virtudes, o amor é o maior mesmo. Louvo e agradeço ao Senhor por todas as palavras de amor e respeito que tenho recebido ao longo destes quase quinze anos passados do acontecido. Encerro este opúsculo, onde busquei testemunhar da graça de Deus em minha vida com uma palavra dirigida a mim por uma querida jovem, evangelista

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da Missão Priscila e Aquila, da Igreja Presbiteriana Renovada em Assis: “Pastora Railda, Pastora da Alegria... É sempre uma satisfação estar junto de alguém tão alegre, alguém como a pastora Railda que por onde passa deixa um sorriso confortável, um abraço gritante dizendo amo você em Cristo Jesus. Uma mulher que acredita e confia em Deus e que transmite essa segurança no Altíssimo por onde passa, motivando a fé daqueles que a conhece. A Pastora da alegria é certamente um exemplo para todos nós, quando tudo dizia que não adiantava continuar, ela permaneceu firme em sua caminhada, quando a vida virou as costas, ela abriu os braços pra viver intensamente. Talvez tivesse medo, mas não se deixou levar por ele, talvez se sentisse só, mas não aceitou a situação e deu a volta por cima. ... Da Evangelista Elines Leme, com amor para

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Pastora da ALEGRIA.”