visita guiada praça velha - cláudia tomás

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Curso Guias Turísticos em Castelo Branco Visita guiada à Praça Camões 1 Cidade de Castelo Branco Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Património Edificado, lecionada pelo professor José Leite Cláudia Tomás 2016 1 Antiga Praça Velha ou Praça Camões (gravura). Acedido em https://www.google.pt/imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com/- EeA8vF2pXFo/TYm965ipmdI/AAAAAAAAD0Y/6LWCZs132v8/s1600/CasteloBranco4.jpg&imgrefurl=http://diario- grafico.blogspot.com/2011/03/castelo-branco_23.html&h=618&w=900&tbnid=87rn1nxKl03-aM:&docid=QbuSdpayHYRZ- M&ei=f2awVpycEoLHaoGcvegL&tbm=isch&ved=0ahUKEwjc1--_0tjKAhWCoxoKHQFOD70QMwhsKEcwRw

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Curso Guias Turísticos em Castelo Branco

Visita guiada à Praça Camões1

Cidade de Castelo Branco

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Património Edificado, lecionada pelo professor José Leite

Cláudia Tomás

2016

1 Antiga Praça Velha ou Praça Camões (gravura). Acedido em

https://www.google.pt/imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-EeA8vF2pXFo/TYm965ipmdI/AAAAAAAAD0Y/6LWCZs132v8/s1600/CasteloBranco4.jpg&imgrefurl=http://diario-grafico.blogspot.com/2011/03/castelo-branco_23.html&h=618&w=900&tbnid=87rn1nxKl03-aM:&docid=QbuSdpayHYRZ-M&ei=f2awVpycEoLHaoGcvegL&tbm=isch&ved=0ahUKEwjc1--_0tjKAhWCoxoKHQFOD70QMwhsKEcwRw

Praça Velha ou Praça Camões

A Praça Velha2 era, na época medieval, o centro do burgo ou cidade. Cidade que estava em crescimento, desde o castelo até à zona do Rossio ou Devesa. Nesta altura(1527), a cidade era composta por cerca de 4 mil habitantes.

Aqui, nesta praça, encontram-se vários edifícios com muito valor histórico e patrimonial para a cidade, nomeadamente, a antiga Dommus Municipalis, o antigo Celeiro da Ordem de Cristo, o Solar dos Cunhas e a casa do Bispo da Guarda.

2 Imagens acedidas em http://jkrenz.blogspot.pt/2011/03/castelo-branco-praca-velha.html (gravura) e em

http://www.street-view-maps.pt/streetview/Pra%C3%A7a%20de%20Cam%C3%B5es%2C%20Castelo%20Branco%2C%20Portugal (fotografia da praça Camões)

Domus Municipalis

Casa da Câmara3

Na Praça Velha, encontrava- se a antiga Dommus Municipalis, que funcionou como casa da Câmara desde o reinado de D. Manuel I, século XVI, até 1891, século XIX. Repare-se

no brasão com as armas do rei D. Manuel4.

Brasão com as armas do rei D. Manuel I – Escudo nacional, cruz da ordem de Cristo, motivos vegetalistas e a esfera armilar.

A Casa da Câmara passou por quatro zonas da cidade:

1.ª fase- Castelo;

2.ª fase- Rua Nova (a localização exata é desconhecida)

3.ª fase- Praça Velha

4.ª fase – Edifício do Conservatório

Atualmente, encontra-se no antigo Palácio dos Viscondes de Oleiros

Na verdade, o rei D. Manuel I deixou a sua marca na cidade, ao conceder em 1495, o segundo foral, o chamado foral da portagem (o primeiro fora em 1213), pelo que as suas insígnias reais estão espalhadas em vários edifícios quinhentistas e seiscentistas da cidade. Na realidade, este foral isentava os almocreves e mercadores de pagarem o imposto da portagem ao passar na cidade, exceptuando algumas situações: se em 1214 já o pagassem, se transportassem bens luxuosos (grandes traves de madeira, azeite, mel, peixes de água doce,

3 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/fotografias/dommus/1.jpg.

4 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/fotografias/dommus/4.jpg

queijos curados, açúcar, compotas, cereais, vinho, sal, frutos da época, especiarias) e se fossem vender para o Castelo ou fossem de passagem para o reino vizinho, Castela.

Curiosamente, era nesta praça que se exercia a justiça, tendo aqui lugar as cadeias subterrâneas da altura, uma masculina e outra feminina. Havia também uma enxovia, um cárcere subterrâneo, muito escuro e húmido, para os crimes mais graves, nomeadamente os de lesa-majestade ou homicídios.

Neste edifício podemos observar igualmente a lápide em latim, do rei D. João IV, que em 1646, no âmbito das guerras da Restauração contra Castela, realizou um voto à Nossa Senhora da Conceição: caso ele vencesse essa guerra ela iria ser coroada rainha de Portugal para sempre. Como o seu pedido foi atendido, desde essa altura mais nenhum rei em Portugal usou coroa.

Na verdade, este edifício teve várias funcionalidades ao longo da história: casa da câmara, tribunal e cadeia e, já no século XX, acolheu a Biblioteca Municipal Jaime Lopes Dias e, actualmente, a Cruz Vermelha.

Em termos arquitetónicos, verificamos que se conserva a escadaria5, assente em arcos adiantados ao edifício que termina num balcão com guardas de ferro apoiadas em balaustres de granito. Resta, sobre a porta principal, um campanário, já sem sino6, que anunciaria o fecho das portas da cidade.

Domus Municipalis:

Fachada principal (em cima) e torre campanária

(à direita)

5 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/fotografias/dommus/3.jpg

6 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/fotografias/dommus/5.jpg

Celeiro da Ordem de Cristo7

Num dos lados desta magnífica praça, temos o Celeiro da Ordem de Cristo, do tempo do rei D. Manuel I, Mestre desta ordem religiosa, com uma esfera armilar.

Este Edifício foi construído provavelmente no Séc. XVI, e durante séculos, utilizado como celeiro público, propriedade da Ordem de Cristo. A partir de finais do Séc. XVIII, passa a pertencer e a ser gerido pela Câmara Municipal de Castelo Branco. Esta situação deve-se ao facto de os celeiros municipais fazerem, na altura, parte de uma das maiores atribuições camarárias: '' o abastecimento em quantidade, qualidade e preço justo dos bens comercializados na sua área de intervenção ''. Na segunda metade do Séc. XIX, o celeiro passa a ser propriedade privada.

Atente-se no pormenor da existência de um desalinhamento entre a porta e a janela, precisamente para prevenir que, em caso de incêndio, as chamas subissem para o andar superior (os chamados «altos»).

Celeiro da Ordem de Cristo:

Repare-se na esfera armilar em baixo relevo (ao cimo) seguida da cruz da ordem de Cristo. Porta e lintel típicos do século XVI.

Pormenor da fachada do celeiro (balança de pesagem dos

cereais))8

7 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=celeiro#

8 Acedido em http://www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=celeiro

Palácio Cunha

O Solar Cunha é um edifício construído no final do século XVII, e serviu de residência privada à família Guilherme da Cunha. Posteriormente, em 1870, foi remodelada, adquirindo um carácter mais apalaçado. Quando Alfredo Alves da Mota o herda por casamento, em finais do século XIX, foi doado pela família à Câmara Municipal.

Em 1993 foi adquirido pela Administração Central e, após obras de adaptação, passou a funcionar como Arquivo Distrital.

Teria existido neste local uma capela dos presos que remonta ao século XVII (de pequenas dimensões e com portas largas) e uma cadeia, referida no início deste trabalho.

Este edifício é composto por uma planta longitudinal, possui uma gruta e jardim Romântico9.

9 Imagens acedidas em http://www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=solarcunha

Casa do Bispo da Guarda

A Casa do Bispo teria sido a primeira residência dos bispos da Guarda, quando Castelo Branco pertencia a essa diocese. Em 1245 foi realizada uma concordata entre D. João, mestre da Ordem do Templo, e o Bispo da Guarda. Neste acordo, o bispo poderia arrecadar os seus impostos, ter um celeiro e uma casa onde pudesse guardar os respetivos bens. Assim, os Templários ficariam obrigados a ceder um local para a construção de uma habitação para o prelado. Reaproveitando a estrutura da Porta do Pelame, uma das portas de defesa da cidade, foi construído aqui o palácio, na segunda casa a seguir ao chamado arco do Bispo. Sempre que o Bispo vinha de visita à região ficava aqui instalado. Contudo, este espaço era dentro da vila, sem espaço de recreio, sem capela doméstica, em contacto mundano com a população, o que para a estadia de um bispo não era nada agradável.

Assim, em 1596, D. Nuno de Noronha, 34º bispo da Guarda, mandou construir o Paço Episcopal de Castelo Branco, atual Museu Tavares Proença Junior, supostamente para a sua morada de inverno. Na verdade, a história aponta-nos outras possibilidades, entre elas a posição estratégica de Castelo Branco numa diocese muito extensa e um acontecimento trágico, o assassinato de um bispo da Guarda, nesta cidade, levantou o receio dos prelados em morar numa “cidade que mata os seus bispos”.

Podemos observar na fachada posterior a Porta Monumental de acesso à residência do Bispo. Este imóvel foi classificado pelo IIP, como Imóvel de Interesse Público em fevereiro de 2002.

Casa do Bispo da Guarda10

10

Foto cedida pelo professor José Leite: cdn.olhares.pt

Este edifício é constituído por uma planta longitudinal e está dividido em dois corpos. Na fachada norte, sobre o Arco do Bispo, observa-se um torreão retangular com duas janelas localizadas sobre um túnel em arco de volta perfeita, reforçado por cinco arcos torais que assentam sobre colunelos. Esta seria a estrutura original da torre da Porta do Pelame.

No outro corpo do edifício, de possível fundação quinhentista, foi aberta uma porta com arco de querena, atualmente entaipada, e duas janelas semelhantes às do torreão. Ao centro da fachada foi edificado um portal seiscentista de moldura simples, encimado por um frontão triangular coroado por dois fogaréus, infelizmente partido atualmente11. No extremo da fachada foi aberta uma janela com moldura de volta perfeita. Na fachada principal, no primeiro piso, observamos o portal e uma janela. No piso seguinte podemos ver uma janela de sacada e um postigo. O terceiro e quarto pisos possuem, respetivamente, três e duas janelas de peito de moldura retangular12.

Foi um prazer realizar este roteiro, espero que tenham gostado desta visita!

FIM

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Imagem acedida em: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10204702009463873&set=p.10204702009463873&type=3&theater 12

Leite, Ana Cristina, 1991, p. 32