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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

Caderno de Resumos

10 a 13 de Setembro de 2012PPGFIL – UFSCARSão Carlos, SP

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Universidade Federal de São CarlosCentro de Educação e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Filosofia

ReitorProf. Dr. Targino de Araújo Filho

Pró-Reitor de PesquisaProf. Dr. Claudio S. Kiminami

Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoProf. Dr. Bernardo Arantes do N. Teixeira

Diretora do Centro de Educação e Ciências HumanasProfa. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffman

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em FilosofiaProf. Dr. Fernão de Oliveira Salles dos Santos Cruz

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Capa e EditoraçãoRosalis Designer - www.rosalis.com.br

ImagemÓrbita de Jânio Kléo Castro

Comissão OrganizadoraAndré Mattos

Elizângela MattosFillipa Silveira

Luiz Fernando ProençaProf. Dr. Paulo Licht dos Santos

Thiago Canonenco NaldinhoVanessa Temporal

Apoio

Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências Humanas

UFSCar

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SUMÁRIO

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .07

Mapa do Campus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .08

Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .09

Mesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13

Resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

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APRESENTAÇÃO

O Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar é um evento que tem o objetivo de criar um espaço acadêmico que favoreça o debate e a interação entre os estudantes de pós-graduação em filosofia da UFSCar e das demais universidades brasileiras, bem como divulgar a produção acadêmica discente dos programas de pós-graduação. O evento ocorre anualmente, nas dependências desta instituição, estando atualmente em sua oitava edição. Além das comunicações de trabalhos de pós-graduandos, a programação conta com palestras e mini-cursos, ministrados por professores convidados, como forma de enriquecer o evento.

Comissão Organizadora

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MAPA UFSCar

Auditório do CECH

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11

VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

SEGUNDA-FEIRA (10/09)

MA

NH

Ã

10:00

às

11:50

TARD

E

14:00

às

15:50

Auditório 1 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 2 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 3 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Sala de Reuniões do DFMC (Área Sul)

MT1-Filosofia e Literatura

- Alex Martins: Crítica da narração pura: as categorias filosóficas das Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

- José Paulo Gatti: Literatura e formação humana.

MT2-Wittgenstein

- Aline Dias: É o Wittgenstein de Kripke um não-factualista sobre significado?

- Karina Oliveira: Ludwig Wittgenstein: entre o que pode ser dito e o que pode ser mostrado.

- Marcelo Maroldi: Wittgenstein e Brandom sobre seguir uma regra.

MT3-Nietzsche

- Anna Paula Campos: Considerações acerca do ressentimento a partir de Nietzsche e Freud.

- João Paulo Villas Boas: Turguêniev e Dostoiévski fontes de Nietzsche: o niilismo russo como instrumento para a exumação da modernidade.

- Rafaelo Facini: O nascimento de Deus em Nietzsche.

MT4-Platão

- Juliano Orlandi: A Apologia de Sócrates: entre a retórica judicial e a epidíctica.

- Rineu Quinalia: O uso do αὐτὸ no Hípias Maior.

- Robson Gabioneta: O personagem Protágoras nos diálogos de Platão: o problema da distinção entre o particular e o público.

16:00

às

17:50

MT-5 Hegel

- Claudeni Oliveira: Família e Eticidade na Filosofia do Direito de Hegel.

- Kárita Pedra: Desdobramento da vontade na introdução à Filosofia do Direito de Hegel.

- Lincoln França: Hegel leitor de Aristóteles: o motor imóvel concebido como a Ideia que não sai da órbita da relação consigo mesma, uma apropriação indevida?

MT-6 Empirismo e Linguagem

- Cristiano Junta: O sentido de uma ilusão: Ayer, Austin e o papel do “Argumento da Ilusão”.

- Renato Pereira: Introdução aos Trabalhos de Rudolf Carnap.

- Ronaldo Moraca: John Locke e as questões em torno da linguagem.

MT-7 Fenomenologia e Hermenêutica

- Adriano Mergulhão: Heidegger, caminhos pela fenomenologia.

- Alexandre Junior: Notas sobre o potencial ético-político da hermenêutica de Gadamer.

- Roseli da Silva: Linguagem versus Escritura:possíveis deslocamentos e interrupções.

MT-8 Nietzsche

- Mayara da Silva: Nietzsche como filósofo da cultura.

- Ricardo Vecchia: Der Begriff des Organischen seit Kant: notas sobre o projeto de doutorado de Nietzsche.

NO

ITE

19:00

Auditório do CECH - (Área Sul)

PALESTRA

- Prof . Dr . Oswaldo Giacóia Jr . (UNICAMP): Necessidade, liberdade e repetição: sobre a potência do paradoxo.

PROGRAMAÇÃO

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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

12

TERÇA-FEIRA (11/09)

MA

NH

Ã

10:00

às

11:50

Auditório do CECH - (Área Sul)

Minicurso

- Prof . Dr . Osmyr F . Gabbi Jr . (UNICAMP): A apropriação lacaniana da noção de inconsciente de Lévi-Strauss

TARD

E

14:00

às

15:50

Auditório 1 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 2 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 3 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Sala de Reuniões do DFMC (Área Sul)

MT9-Estética na Escola de Frankfurt

- Anita Câmara: Walter Benjamin e Franz Kafka: a exigência de uma nova narratividade .

- Felipe da Silva: Considerações parciais acerca do realismo beckettiano em Endgame .

- Lucas Marinho: Domínio da Natureza e Dessensibilização do Espírito .

MT10-Hume

- Lucas Machado: Hume, Kant, Schulze e a relação entre ceticismo e filosofia .

- Alexandro Fernandes: Pressupostos Epistemológicos Hume: Cético Ou Naturalista?

- Gustavo Oliveira: Experiência e percepção em David Hume .

MT11-Habermas

- Danilo Persch: O conceito de esfera pública em Habermas.

- Ronaldo Gomes: A Democracia Deliberativa de Jürgen Habermas.

- Vinícius Xavier: Trabalho, Técnica E Emancipação No Jovem Habermas.

MT12-Epistemologia e formalização do pensamento

- Alexandre Ferraz: Operações mentais e operações matemáticas: uma análise em Epistemologia Genética.

- Danilo da Silva: Considerações sobre o desenvolvimento das estruturas cognitivas necessárias a constituição da noção de tempo.

- Thiago Nascimento: Husserl sobre a aplicabilidade da Geometria Formal: um leitura em termos de Estruturas e Modelos.

16:00

às

17:50

MT13-Filosofia e Religião

- Luiz Felipe Roselino: Sobre alguns traços idealistas na “interpretação espiritualista” de Max Weber: A recepção de Albrecht Ritschl na Ética Protestante e o Espírito do capitalismo.

- Rogério Vagna: Leibniz e as razões para crer na religião.

MT14-Peirce

- Mariana Rodrigues: Abordagem Semiótica dos conceitos de Abdução, Indução e Dedução.

- Paulo Henrique Pereira: Ação no contexto da percepção direta.

MT15-Aristóteles e o Pensamento Medieval

- André de Deus: Presença de Agostinho na epistemologia de Tomás de Aquino.

- Juliana de Almeida: As paixões aristotélicas: uma reabilitação do sensível.

MT16-Marx e Marxismo

- André Cressoni: Uma introdução ao conceito de abstração em ‘O Capital’ de Marx.

- Bruno Moretti: As antinomias como um problema filosófico da reificação em História e Consciência de Classe de Georg Lukács.

NO

ITE

18:00

Auditório do CECH - (Área Sul)

PALESTRA

- Prof . Dr . José Arthur Giannotti (USP): O dito pressuposto no dizer.

PROGRAMAÇÃO

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13

VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

QUARTA-FEIRA (12/09)

MA

NH

Ã

10:00

às

11:50

Auditório do CECH - (Área Sul)

Minicurso

- Prof . Dr . Osmyr F . Gabbi Jr . (UNICAMP): A apropriação lacaniana da noção de inconsciente de Lévi-Strauss.

TARD

E

14:00

às

15:50

Auditório 1 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 2 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 3 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Sala de Reuniões do DFMC (Área Sul)

MT17-Filosofia Política Moderna

- Alberto Paulo Neto: Republicanismo e Cosmopolitismo.

- Antônio Ferreira: A relação entre mente e corpo do Estado no Tratado Político de Espinosa.

- Paulo de Oliveira: O Estado Ideal Kantiano.

MT18-Husserl

- Andressa Souto: Imanência e Transcendência em A Ideia da Fenomenologia.

- Scheila Tomé: A dupla intencionalidade da retenção nas Lições de Husserl.

- Tayrone Alves: Tempo e Subjetividade na Fenomenologia de Husserl.

MT19-Freud

- Adriana Gomes: Freud e o humanismo renascentista: a civilização em foco.

- André Mattos: A singularidade na teoria: uma investigação na Traumdeutung freudiana.

- Fernanda Corrêa: O desejo da dor, em Freud.

MT20-Filosofia Moderna

- Luiz Carlos da Silva: Leo Strauss ventríloquo de Thomas Hobbes.

- Luiz Henrique Monzani: As paixões em Rousseau.

- Nelson da Silva: A pintura e escrita sobre a amizade como resgate do “eu” em Montaigne.

16:00

às

17:50

MT21-Kant

- Elias Dutra: A Apercepção Transcendental Na Crítica Da Razão Pura: Capacidade Cognitiva Ou Problemas De Subjetividade?

- Juliano Tomasel: A concepção kantiana de objeto.

- Márcio Girotti: A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações.

MT22-Estética

- Jean Siqueira: Berys Gaut e a concepção agregativa do conceito “arte”.

- Luciene Alves: Schiller e a possibilidade do sublime perante o trágico e o terror.

- Luiza Helena Hilgert: Facticidade e contingência em três contos do livro O Muro.

MT23-Filosofia Política

- Miguel Carneiro: Política e Felicidade no pensamento de Remo Bodei.

- Paulo Eduardo Jr .: A Política e a raposa: notas sobre temporalidade do pensamento e da constituição do mundo em Hannah Arendt.

- Raphael Valério: Sobre a Biopolítica de Giorgio Agamben: entre Foucault e Arendt.

MT24-Filosofia da Mente

- Edmar Rodrigues: A concepção da consciência como experiência fenomenológica de aspecto dual no âmbito da perspectiva do monista reflexivo.

- Samuel Leite: Podem novos experimentos de Metacontraste falsear o Modelo de Esboços Múltiplos da consciência?

NO

ITE

19:00

Auditório do CECH - (Área Sul)

PALESTRA

- Prof . Dr . Guido de Almeida (UFRJ): Kant e a refutação do Idealismo.

PROGRAMAÇÃO

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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

14

QUINTA-FEIRA (13/09)

MA

NH

Ã

10:00

às

11:50

Auditório 1 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 2 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 3 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Sala de Reuniões do DFMC (Área Sul)

MT25 – Foucault 1

- Fillipa Silveira: Antropologia e “fisiologia moral” em Foucault.

- Rafael Hack: O classicismo, o sujeito e a loucura em Michel Foucault.

- Thiago Naldinho: Notas sobre crítica e parrhesía na filosofia de Michel Foucault.

MT26-Bergson 1

- Luiz Fernando Proença: Henri Bergson e Franz Brentano. Leituras cruzadas?

- Marcos Camolezi: Leis de conservação de energia e paralelismo psicofisiológico no Ensaio de Bergson.

- Maria Fernanda dos Santos: Heterogeneidade e homogeneidade na teoria das multiplicidades de Bergson.

- Rafael Pellegrino: Matéria e Memória e a percepção como escolha.

MT27-Ética e Liberdade

- Elizângela Mattos: Um elemento para a razão livre: leitura do ateísmo sadiano.

- Gládis Rauber: Sobre a dedução do princípio da moralidade na III seção da Fundamentação.

- Lúcio Vaz: Suicídio como afirmação da liberdade para o estoicismo.

MT28-Teoria Crítica

- David Bet: Teoria Crítica, meios de comunicação e (de) formação da subjetividade: os aspectos políticos/ideológicos das produções televisivas e os desafios pedagógicos da escola.

- Nathalia Locks: O Estado autoritário em Pollock e Neumman: uma disputa frankfurtiana.

TARD

E

14:00

às

15:50

Auditório 1 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 2 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Auditório 3 da Biblioteca UFSCar (Área Norte)

Sala de Reuniões do DFMC (Área Sul)

MT29-Foucault 2

- Anderson da Silva: Foucault leitor de Sócrates: entre “conhecimento de si” e “cuidado de si”.

- Cinthia Falchi: Sexualidades na educação: a busca pela ética no contraponto entre os aphrodisia e a pastoral cristã da carne.

- Franciele Santos: Análise do Discurso em Foucault: as produções de sentido das sexualidades na escola.

MT30-Bergson 2

- Catarina Rochamonte: Intuição filosófica e intuição mística a partir de Bergson e Schopenhauer.

- Eduardo Ribeiro: Bergson e o método intuitivo.

- Elaine Guinevere: Intuição e Conhecimento na Filosofia de Bergson.

MT31-Sartre 1

- Carlos Eduardo de Moura: Psicanálise Existencial, Liberdade e História: interioridade-exterioridade como produção de si.

- Siloe Erculino: Sartre e a ideia de nadificação como conduta concreta humana.

- Vinícius dos Santos: Prático-inerte e alienação na “Crítica da razão dialética” de Sartre.

MT32-Deleuze

- Adhemar de Oliveira: O conceito de imagem no Cinema: Deleuze leitor de Bergson.

- Elemar Favreto: Modelo, cópia e simulacro - Uma perspectiva deleuziana ao problema platônico.

- Guilherme Ribeiro: Deleuze e o tempo estratigráfico da história da filosofia.

16:00

às

17:50

MT33-Foucault 3

- Alexandre dos Santos: Genealogia da governamentalidade em Michel Foucault.

- Fábio Figueredo: A Propósito do Vigiar e Punir em Foucault nas instituições atuais: Permanências?

MT34-Bergson 3

- Marcelo Barbosa: Linguagem e subjetividade em Bergson.

- Solange Bitterbier: O conhecimento metafísico: a intuição como método em Bergson.

- Vanessa Temporal: As contribuições do filólogo Max Müller à teoria bergsoniana da linguagem.

MT35-Sartre 2

- Diego Rodrigues: O projeto de ser sartreano no Ser e o Nada.

- Lucila Carvalho: Indivíduo e existência: A Náusea em Sartre e o Absoluto de Camus.

- Thiago Teixeira: Sartre e o problema moral: entre a ação e a responsabilidade.

MT36-Merleau-Ponty

- Jeovane Camargo: O sentido do não-ser na Fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty.

- Mariana Scarpa: Sobre a negatividade em Merleau-Ponty.

- Uilson Fernandes: Tempo e Corpo próprio: um estudo da hecceidade no horizonte da Estrutura do Comportamento.

NO

ITE

19:00

Auditório do CECH - (Área Sul)

PALESTRA

- Prof . Dr . Franklin Leopoldo e Silva (USP/ UFSCar): Ética e alteridade: Levinas.

PROGRAMAÇÃO

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15

VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

MESAS

Título da Mesa Comunicações Data e Horário Local

MT1-Filosofia e Literatura

- Alex Martins: Crítica da narração pura: as categorias filosóficas das Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

- José Paulo Gatti: Literatura e formação humana.

10/09

(Segunda-feira)

14h às 15h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT2-Wittgenstein

- Aline Dias: É o Wittgenstein de Kripke um não-factualista sobre significado?

- Karina Oliveira: Ludwig Wittgenstein: entre o que pode ser dito e o que pode ser mostrado.

- Marcelo Maroldi: Wittgenstein e Brandom sobre seguir uma regra.

10/09

(Segunda-feira)

14h às 15h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT3- Nietzsche

- Anna Paula Campos: Considerações acerca do ressentimento a partir de Nietzsche e Freud.

- João Paulo Villas Boas: Turguêniev e Dostoiévski fontes de Nietzsche: o niilismo russo como instrumento para a exumação da modernidade.

- Rafaelo Facini: O nascimento de Deus em Nietzsche.

10/09

(Segunda-feira)

14h às 15h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT4- MT4-Platão

- Juliano Orlandi: A Apologia de Sócrates: entre a retórica judicial e a epidíctica.

- Rineu Quinalia: O uso do αὐτὸ no Hípias Maior.

- Robson Gabioneta: O personagem Protágoras nos diálogos de Platão: o problema da distinção entre o particular e o público.

10/09

(Segunda-feira)

14h às 15h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT5-Hegel

- Claudeni Oliveira: Família e Eticidade na Filosofia do Direito de Hegel.

- Kárita Pedra: Desdobramento da vontade na introdução à Filosofia do Direito de Hegel.

- Lincoln França: Hegel leitor de Aristóteles: o motor imóvel concebido como a Ideia que não sai da órbita da relação consigo mesma, uma apropriação indevida?

10/09

(Segunda-feira)

16h às 17h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT6-Empirismo e Linguagem

- Cristiano Junta: O sentido de uma ilusão: Ayer, Austin e o papel do “Argumento da Ilusão”.

- Renato Pereira: Introdução aos Trabalhos de Rudolf Carnap.

- Ronaldo Moraca: John Locke e as questões em torno da linguagem.

10/09

(Segunda-feira)

16h às 17h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT7-Fenomenologia e Hermenêutica

- Adriano Mergulhão: Heidegger, caminhos pela fenomenologia.

- Alexandre Junior: Notas sobre o potencial ético-político da hermenêutica de Gadamer.

- Roseli da Silva: Linguagem versus Escritura:possíveis deslocamentos e interrupções

10/09

(Segunda-feira)

16h às 17h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT8-Nietzsche

- Mayara da Silva: Nietzsche como filósofo da cultura.

- Ricardo Vecchia: Der Begriff des Organischen seit Kant: notas sobre o projeto de doutorado de Nietzsche

10/09

(Segunda-feira)

16h às 17h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT9-Estética na Escola de

Frankfurt

- Anita Câmara: Walter Benjamin e Franz Kafka: a exigência de uma nova narratividade.

- Felipe da Silva: Considerações parciais acerca do realismo beckettiano em Endgame.

- Lucas Marinho: Domínio da Natureza e Dessensibilização do Espírito.

11/09

(Terça-feira)

14h às 15h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

16

MESAS

MT10-Hume

- Lucas Machado: Hume, Kant, Schulze e a relação entre ceticismo e filosofia.

- Alexandro Fernandes: Pressupostos Epistemológicos Hume: Cético Ou Naturalista?

- Gustavo Oliveira: Experiência e percepção em David Hume.

11/09

(Terça-feira)

14h às 15h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT11-Habermas

- Danilo Persch: O conceito de esfera pública em Habermas.

- Ronaldo Gomes: A Democracia Deliberativa de Jürgen Habermas.

- Vinícius Xavier: Trabalho, Técnica E Emancipação No Jovem Habermas.

11/09

(Terça-feira)

14h às 15h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT12-Epistemologia e formalização do

pensamento

- Alexandre Ferraz: Operações mentais e operações matemáticas: uma análise em Epistemologia Genética.

- Danilo da Silva: Considerações sobre o desenvolvimento das estruturas cognitivas necessárias a constituição da noção de tempo.

- Thiago Nascimento: Husserl sobre a aplicabilidade da Geometria Formal: um leitura em termos de Estruturas e Modelos

11/09

(Terça-feira)

14h às 15h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT13-Filosofia e Religião

- Luiz Felipe Roselino: Sobre alguns traços idealistas na “interpretação espiritualista” de Max Weber: A recepção de Albrecht Ritschl na Ética Protestante e o Espírito do capitalismo.

- Rogério Vagna: Leibniz e as razões para crer na religião.

11/09

(Terça-feira)

16h às 17h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT14- Peirce

- Mariana Rodrigues: Abordagem Semiótica dos conceitos de Abdução, Indução e Dedução.

- Paulo Henrique Pereira: Ação no contexto da percepção direta

11/09

(Terça-feira)

16h às 17h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT15- Aristóteles e o Pensamento

Medieval

- André de Deus: Presença de Agostinho na epistemologia de Tomás de Aquino.

- Juliana de Almeida: As paixões aristotélicas: uma reabilitação do sensível.

11/09

(Terça-feira)

16h às 17h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT16- Marx e Marxismo

- André Cressoni: Uma introdução ao conceito de abstração em ‘O Capital’ de Marx.

- Bruno Moretti: As antinomias como um problema filosófico da reificação em História e Consciência de Classe de Georg Lukács.

11/09

(Terça-feira)

16h às 17h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT17-Filosofia Política Moderna

- Alberto Paulo Neto: Republicanismo e Cosmopolitismo

- Antônio Ferreira: A relação entre mente e corpo do Estado no Tratado Político de Espinosa

- Paulo de Oliveira: O Estado Ideal Kantiano

12/09

(Quarta-feira)

14 às 15h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT18- Husserl

- Andressa Souto: Imanência e Transcendência em A Ideia da Fenomenologia.

- Scheila Tomé: A dupla intencionalidade da retenção nas Lições de Husserl.

- Tayrone Alves: Tempo e Subjetividade na Fenomenologia de Husserl.

12/09

(Quarta-feira)

14h às 15h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT19- Freud

- Adriana Gomes: Freud e o humanismo renascentista: a civilização em foco.

- André Mattos: A singularidade na teoria: uma investigação na Traumdeutung freudiana.

- Fernanda Corrêa: O desejo da dor, em Freud.

12/09

(Quarta-feira)

14h às 15h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

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17

VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

MESAS

MT20- Filosofia Moderna

- Luiz Carlos da Silva: Leo Strauss ventríloquo de Thomas Hobbes.

- Luiz Henrique Monzani: As paixões em Rousseau.

- Nelson da Silva: A pintura e escrita sobre a amizade como resgate do “eu” em Montaigne.

12/09

(Quarta-feira)

14h às 15h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT21-Kant

- Elias Dutra: A Apercepção Transcendental Na Crítica Da Razão Pura: Capacidade Cognitiva Ou Problemas De Subjetividade?

- Juliano Tomasel: A concepção kantiana de objeto.

- Márcio Girotti: A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações

12/09

(Quarta-feira)

16h às 17h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT22- Estética

- Jean Siqueira: Berys Gaut e a concepção agregativa do conceito “arte”.

- Luciene Alves: Schiller e a possibilidade do sublime perante o trágico e o terror.

- Luiza Helena Hilgert: Facticidade e contingência em três contos do livro O Muro.

12/09

(Quarta-feira)

16h às 17h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT23- Filosofia Política

- Miguel Carneiro: Política e Felicidade no pensamento de Remo Bodei.

- Paulo Eduardo Jr .: A Política e a raposa: notas sobre temporalidade do pensamento e da constituição do mundo em Hannah Arendt.

- Raphael Valério: Sobre a Biopolítica de Giorgio Agamben: entre Foucault e Arendt.

12/09

(Quarta-feira)

16h às 17h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT24-Filosofia da Mente

- Edmar Rodrigues: A concepção da consciência como experiência fenomenológica de aspecto dual no âmbito da perspectiva do monista reflexivo.

- Samuel Leite: Podem novos experimentos de Metacontraste falsear o Modelo de Esboços Múltiplos da consciência?

12/09

(Quarta-feira)

16h às 17h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT25-Foucault 1

- Fillipa Silveira: Antropologia e “fisiologia moral” em Foucault.

- Rafael Hack: O classicismo, o sujeito e a loucura em Michel Foucault.

- Thiago Naldinho: Notas sobre crítica e parrhesía na filosofia de Michel Foucault.

13/09

(Quinta-feira)

10h às 11h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT26- Bergson 1

- Luiz Fernando Proença: Henri Bergson e Franz Brentano. Leituras cruzadas?

- Marcos Camolezi: Leis de conservação de energia e paralelismo psicofisiológico no Ensaio de Bergson.

- Maria Fernanda dos Santos: Heterogeneidade e homogeneidade na teoria das multiplicidades de Bergson.

- Rafael Pellegrino: Matéria e Memória e a percepção como escolha.

13/09

(Quinta-feira)

10h às 11h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar (Área Norte)

MT27- Ética e Liberdade

- Elizângela Mattos: Um elemento para a razão livre: leitura do ateísmo sadiano.

- Gládis Rauber: Sobre a dedução do princípio da moralidade na III seção da Fundamentação.

- Lúcio Vaz: Suicídio como afirmação da liberdade para o estoicismo.

13/09

(Quinta-feira)

10h às 11h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

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MT28- Teoria Crítica

- David Bet: Teoria Crítica, meios de comunicação e (de) formação da subjetividade: os aspectos políticos/ideológicos das produções televisivas e os desafios pedagógicos da escola.

- Nathalia Locks: O Estado autoritário em Pollock e Neumman: uma disputa frankfurtiana.

13/09

(Quinta-feira)

10h às 11h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT29-Foucault 2

- Anderson da Silva: Foucault leitor de Sócrates: entre “conhecimento de si” e “cuidado de si”.

- Cinthia Falchi: Sexualidades na educação: a busca pela ética no contraponto entre os aphrodisia e a pastoral cristã da carne.

- Franciele Santos: Análise do Discurso em Foucault: as produções de sentido das sexualidades na escola.

13/09

(Quinta-feira)

14h às 15h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT30- Bergson 2

- Catarina Rochamonte: Intuição filosófica e intuição mística a partir de Bergson e Schopenhauer.

- Eduardo Ribeiro: Bergson e o método intuitivo.

- Elaine Guinevere: Intuição e Conhecimento na Filosofia de Bergson.

13/09

(Quinta-feira)

14h às 15h50

Auditório 2 - Biblio-teca UFSCar

(Área Norte)

MT31- Sartre 1

- Carlos Eduardo de Moura: Psicanálise Existencial, Liberdade e História: interioridade-exterioridade como produção de si.

- Siloe Erculino: Sartre e a ideia de nadificação como conduta concreta humana.

- Vinícius dos Santos: Prático-inerte e alienação na “Crítica da razão dialética” de Sartre.

13/09

(Quinta-feira)

14h às 15h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT32- Deleuze

- Adhemar de Oliveira: O conceito de imagem no Cinema: Deleuze leitor de Bergson.

- Elemar Favreto: Modelo, cópia e simulacro - Uma perspectiva deleuziana ao problema platônico.

- Guilherme Ribeiro: Deleuze e o tempo estratigráfico da história da filosofia.

13/09

(Quinta-feira)

14h às 15h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MT33-Foucault 3

- Alexandre dos Santos: Genealogia da governamentalidade em Michel Foucault.

- Fábio Figueredo: A Propósito do Vigiar e Punir em Foucault nas instituições atuais: Permanências?

13/09

(Quinta-feira)

16h às 17h50

Auditório 1

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT34- Bergson 3

- Marcelo Barbosa: Linguagem e subjetividade em Bergson.

- Solange Bitterbier: O conhecimento metafísico: a intuição como método em Bergson.

- Vanessa Temporal: As contribuições do filólogo Max Müller à teoria bergsoniana da linguagem.

13/09

(Quinta-feira)

16h às 17h50

Auditório 2

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT35- Sartre 2

- Diego Rodrigues: O projeto de ser sartreano no Ser e o Nada .

- Lucila Carvalho: Indivíduo e existência: A Náusea em Sartre e o Absoluto de Camus.

- Thiago Teixeira: Sartre e o problema moral: entre a ação e a responsabilidade.

13/09

(Quinta-feira)

16h às 17h50

Auditório 3

Biblioteca UFSCar

(Área Norte)

MT36- Merleau-Ponty

- Jeovane Camargo: O sentido do não-ser na Fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty.

- Mariana Scarpa: Sobre a negatividade em Merleau-Ponty.

- Uilson Fernandes: Tempo e Corpo próprio: um estudo da hecceidade no horizonte da Estrutura do Comportamento.

13/09

(Quinta-feira)

16h às 17h50

Sala de Reuniões do DFMC

(Área Sul)

MESAS

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Resumos

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O conceito de imagem no Cinema: Deleuze leitor de Bergson

Adhemar Santos de Oliveira [email protected]

Universidade Estadual de Montes Claros

Podemos supor que o filósofo Gilles Deleuze tenha sido o que mais tentou adequar a sua filosofia ao cinema, ou em suas próprias palavras a filosofia com a não-filosofia. Em sua obra O que é a Filosofia? Escrita juntamente com Félix Guattari, o filósofo enfatiza que a filosofia precisa de uma não-filosofia que a compreenda. Ela precisa de uma compreensão não-filosófica da filosofia, como a arte precisa da não-arte e a ciência da não-ciência. Para Deleuze, a filosofia é também uma arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos. Simultaneamente, nas obras Cinema I e Cinema II, Deleuze escreve, que o cinema, assim como a filosofia, cria conceitos. Dessa forma, o filósofo pensou o cinema criando conceitos e construindo uma taxionomia própria para as imagens dessa arte. Assim, a filosofia se sente forçada a pensar os conceitos que o cinema nos apresenta.

Para se pensar os problemas encontrados no cinema, sobre o conceito de imagem, discutiremos o encontro do filósofo Gilles Deleuze com Henri Bergson. A filosofia de Bergson é fundamental para se compreender o pensamento do cinema deleuzeano, pois o conceito de imagem descrito por Bergson corresponde às experiências cinematográficas das imagens e à singularidade do cinema. Deleuze retoma as ideias propostas por Bergson, analisando especificamente a crítica feita ao cinematógrafo e a noção do conceito de imagem-móvel, criado em Matéria e Memória. É a partir destas críticas que Deleuze verá o cinema a grande arte do sec. XX, a arte do tempo puro.

Freud e o humanismo renascentista: a civilização em foco

Adriana de Albuquerque [email protected]

UFSCAR

Ao longo de seu percurso intelectual, Sigmund Freud nunca deixou de expressar uma profunda admiração por figuras emblemáticas do Renascimento italiano. Seu

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interesse por Roma e pela antiguidade romana – referências importantes em sua obra – pode ser constatado, inclusive, pela grande quantidade de viagens que Freud realizou rumo a cidades italianas. No Dictionnaire de la psychanalyse, editado por Elisabeth Roudinesco e Michel Plon, consta que, entre 1876 e 1923, Freud chegou a ir cerca de vinte vezes à Itália. É nesse período, então, que o fundador da Psicanálise publica Eine Kindheitserinnerung des Leonardo da Vinci (1910) e Der Moses der Michelangelo (1914). Este fato chamou a atenção de autores como Eric Fromm e Jacques Lacan, os quais, na década de 60 do século XX, teceram considerações completamente divergentes acerca da complexa relação de Freud com o humanismo renascentista. Partindo da oposição radical que se pode estabelecer entre as interpretações de Fromm e de Lacan, este trabalho pretende examinar introdutoriamente o modo como a psicanálise aborda o processo civilizador – tomando de empréstimo o termo já consagrado de Norbert Elias – e, em última instância, as fronteiras entre o humano e o não humano. Em nosso percurso, convocaremos alguns filósofos franceses contemporâneos que, a nosso ver, podem enriquecer ainda mais este debate.

Heidegger, caminhos pela fenomenologiaAdriano Ricardo Mergulhão

[email protected] de São Bento

Pretendemos neste artigo, nos afastar de opiniões preconcebidas por estereótipos, para realizar um exame imparcial dos diferentes caminhos trilhados pelo pensador alemão Martin Heidegger (1889-1976), ao estabelecer seu método fenomenológico de filosofar. Analisaremos, neste trabalho as ligações da fenomenologia em seus primórdios, e o método desenvolvido pelo filósofo Heidegger, ao longo das décadas de 20 e 30. Como nosso trabalho possui um caráter essencialmente teórico propomos aqui uma análise exegética da produção hedeggeriana deste período mencionado, onde o referencial (filosófico/teológico/ontológico) é contraposto a uma nova experiência do pensamento que poderíamos denominar “hermenêutica fundamental”. Antes de adentrarmos este aspecto conceitual, iremos nos deter em um momento específico, cuja referência seria a “virada”/“vira volta” (Kehre) conceitual, diagnosticada por estudiosos da obra do autor, ao dividirem seu pensamento em duas fases específicas (embora argumentaremos aqui que não se tratam de fases distintas, mas duas faces de um desenvolvimento, por diferentes vias, de uma mesma problemática, a saber,

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a questão do Ser). Para que assim possa ficar claro o que compreendemos por I Heidegger e II Heidegger, visto que nossa análise se detém prioritariamente em sua primeira fase, cuja cronologia histórico se limita a sua produção até década de 30. Diante do que foi exposto, iremos inicialmente circunscrever nossa investigação ao que então se convencionou chamar de I Heidegger, discutindo qual o método correspondente a este primeiro estagio de suas pesquisas sobre o Ser e suas correlações com a analítica existencial e com o Niilismo, que será o eixo condutor deste ensaio. Do II Heidegger, gostaríamos posteriormente de alertar sobre a importância de alguns conceitos (como o de verdade enquanto alethéia) para um aprofundamento acerca de suas discussões sobre o velamento do Ser ocasionado pelos abusos da técnica e do pensamento científico. Demonstrando assim que existem determinados fatores históricos (argumentaremos que estes fatores são a própria história da metafísica) que causam a obnubilação e o esquecimento de nosso acesso a verdade do Ser em oposição aos entes.

Republicanismo e CosmopolitismoAlberto Paulo Neto

[email protected] de São Paulo

CAPES

A fundamentação de uma organização que coordene política e juridicamente os Estados em âmbito internacional é uma meta recorrente na História da filosofia política. Na modernidade filosófica, esse projeto de organização política internacional teve como precursores o Abbé de Saint-Pierre e Jean-Jacques Rousseau e alcançou o auge de defesa e de proposição de ideias nas obras de Immanuel Kant. Neste filósofo de Königsberg, as ideias de direito internacional adquiriram uma mudança de perspectiva teórica que foi a defesa da instituição do direito cosmopolita e não somente a organização dos Estados sob o direito internacional. A forma jurídica cosmopolita faz com que os Estados assumam o compromisso de se organizarem politicamente sob os princípios constitucionais republicanos e que eles compactuem pela criação de uma federação de Estados. Não obstante, as teorias céticas ao ideal de cosmopolitismo avaliam as malogradas experiências históricas de implantação de um órgão regulativo, que representasse os países e que não estivesse submetido ao poderio econômico das grandes potências mundiais, como uma demonstração do empecilho

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para instituição de uma ordem jurídica cosmopolita ou de uma instituição jurídica que defenda os objetivos que transcendam aos interesses nacionais. As teorias céticas apregoam somente a minimalista prática das relações internacionais como a não-interferência em assuntos internos, a abstenção de intervenção militar, a proibição a qualquer de infiltração subversiva ou a retaliação econômica. Na contemporaneidade filosófica, a questão de edificar um ordenamento jurídico internacional que estabeleça o ideal de justiça global e de filantropia entre os países se constituiu em um projeto de filosofia política normativa. A teoria republicana de Philip Pettit se situa como um ideal mais exigente do que o ceticismo de não-intervenção e menos utópico que o ideal cosmopolita de justiça. Para a realização deste projeto de organização internacional é postulado que o ideal republicano se constitui em uma teoria sobre a organização jurídica dos Estados representativos. Estes evitam a dominação exercida por outro Estado ou por alguma instituição não-estatal. A não-dominação representa a liberdade republicana de não estar sujeito a qualquer exercício de interferência ou de poder arbitrário sobre o arbítrio dos indivíduos. A perspectiva de Pettit permite a mudança no foco de discussão sobre organização das instituições políticas internacionais porque salienta o critério de não-dominação entre os Estados como elemento necessário para a razoabilidade nos acordo internacionais.

Crítica da narração pura: as categorias filosóficas das Memórias póstumas de Brás Cubas,

de Machado de AssisAlex Lara Martins

[email protected]

A história da filosofia consagrou Immanuel Kant por investigar as condições prévias da objetividade, em detrimento de uma versão epistemológica naturalista em que os objetos da percepção determinam ou dão origem ao conhecimento. A “revolução copernicana” de Kant concede às condições de cognoscibilidade do sujeito transcendental prevalência sobre o conhecimento do mundo. De maneira semelhante, Machado de Assis opera uma inversão metodológica sobre a posição realista na história da literatura, debitária daquela visão de mundo naturalista, que se caracteriza por três proposições básicas: (1) o mundo se constitui por uma totalidade fixa de objetos

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independentes do sujeito; (2) há exatamente uma descrição verdadeira e completa deste mundo; (3) a verdade supõe uma espécie de relação de correspondência entre as palavras e as coisas. Em teoria da literatura, diríamos que neste ponto de vista narrativo os acontecimentos estão dados, seguem uma lógica causal, tendem à verossimilhança e pressupõem uma interpretação correta. O objetivo geral deste trabalho é mostrar como o narrador machadiano desconstrói a estrutura representacional desta visão de mundo. Através da obra deste autor, em especial as Memórias póstumas de Brás Cubas, mostramos como estas proposições são substituídos pela pergunta sobre a legitimidade da representação unívoca e imparcial; como a trama das ações, causal e logicamente concatenada, é substituída pela dramatização dos eventos internos dos personagens, mostramos, por fim, a conversão das narrativas monológicas no movimento de desdobramento do narrador, que atua na trama e dela se distancia assumindo a perspectiva de espectador irônico. O texto se torna um complexo jogo de revelação e ocultamento em que a verdade é deslocada, cifrada, determinada contextualmente ou simplesmente indeterminada. O transcendentalismo de Brás Cubas, se não garante a neutralidade do relato, coloca-o numa posição inusitada dentro da tradição dos ironistas. Ensaiando uma espécie de crítica da narração pura, Brás desvia a atenção quanto ao objeto de estudo, da generalização da miséria humana para o processo narrativo, ou seja, as condições de possibilidade do relato se transformam em objeto verbal privilegiado, cuja generalização acaba por enquadrá-lo naquela tradição.

Operações mentais e operações matemáticas: uma análise em Epistemologia Genética

Alexandre Augusto [email protected]

UNESP - MaríliaCAPES

O presente trabalho pretende um olhar mais profundo com relação ao conceito de operação encontrado na Epistemologia Genética. Conforme pode ser visto em Logique et equilibre (1975), Piaget diz que as operações são “ações interiorizadas ou interiorizáveis, reversíveis e coordenadas em estruturas totais.” No entanto, ao exemplificar o conceito de operação, Piaget fala da capacidade de seriação e classificação (incluindo, nesta, a união, a interseção e a subtração de conjuntos) do

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sujeito epistêmico, isto é, o sujeito do conhecimento. Porém, entendemos que esses exemplos não são completamente explicados pela definição de operação como ação interiorizada e reversível. Dessa forma, parece que Piaget deixa uma lacuna, em sua obra, entre a ideia de simplesmente agir internamente e as coordenações que as capacidades de classificação e seriação implicam. Essa concepção está de acordo com a crítica do epistemólogo Gilles-Gaston Granger, que também é apresentada por Tassinari (1998) em sua dissertação de mestrado Da Experiência Sensível à Estruturação Lógica do Real: Um Estudo da Forma da Construção do ‘Agrupamento’ em Piaget, bem como em Ferreira (2011), Sobre o uso da Função Proposicional e sua gênese segundo a Epistemologia Genética, de que haveria uma ruptura, na obra de Piaget, na explicação da passagem da ação sobre a experiência sensível até o aparecimento das estruturas lógico-matemáticas. Porém, Tassinari, em sua dissertação, também apresenta a interpretação feita por Ramozzi-Chiarottino que mostra o papel da imagem mental na construção do sistema de operações do sujeito epistêmico, interpretação da qual Tassinari parte para explicar como se dá tal passagem (da ação sobre a experiência sensível até a estruturação lógico-matemática do real). Pretendemos com esse trabalho esclarecer como se dá essa passagem e porque tal passagem se dá somente no período operatório concreto, mostrando como a concepção de operação parcial em Matemática é a peça-chave para tal entendimento.

Genealogia da governamentalidade em Michel Foucault

Alexandre Gomes dos [email protected]

UFSCARCAPES

Entre a noção de governamentalidade esboçada por Michel Foucault em “Sécurité, territoire, population”, curso de 1978, e os ganhos teóricos da década de 80 em torno de uma “genealogia da ética” é possível traçar um percurso de inteligibilidade no qual aquela noção mantém sua importância e mesmo sua prioridade dentro do quadro geral do pensamento deste autor. Assim, colocamo-nos na trilha de uma compreensão foucaultiana da ética como pertencente a uma dimensão política na medida em que o estudo da governamentalidade possa se configurar como um projeto no qual a genealogia da ética se inseriria, hipótese que, acreditamos, contribuirá para uma atualização do

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debate político em Foucault. Esse debate fora tão desdenhado em vista do grande furor que a genealogia da ética provocara na sua recepção crítica, que toda a sua empresa teórica viu-se reduzida a um “cuidado de si indiferente ao outro”. Desejamos, pois, que a última fase de seus trabalhos seja atualizada tendo como veículo a questão política aí incutida: estudo das fundações do governamento ocidental e do palco ético-cultural onde surgiu e se desenvolveu. A governamentalidade não é um “tema transicional”, mas se mantém como o novo foco das pesquisas foucaultianas na medida em que é o tema do governamento que perdura como projeto maior no qual se inseririam todas as incursões ético-genealógicas de Foucault nos seus últimos anos de vida.

Notas sobre o potencial ético-político da hermenêutica de Gadamer

Alexandre Roque Ott [email protected]

UFSCCAPES

A hermenêutica de Gadamer, sobretudo a partir da segunda parte de Verdade e Método, e do artigo Acerca da la verdad de la Palabra, na obra Arte y Verdad de la Palabra, é aqui o mote para uma reflexão acerca do diálogo político. Sucintamente, Gadamer defende que os pré-julgamentos são uma estrutura prévia da compreensão. Ignorá-los comprometeria sobremaneira qualquer projeto de compreensão do mundo, pois a tradição fala – por eles - da coisa em questão. Toda compreensão é uma leitura de mundo e esta se dá no medium da linguagem, durante um processo, tal qual um jogo, que tem como fim a verdade que se realiza no próprio jogar, pela conexão e tensão entre as concepções em disputa. Abre-se assim, o caminho para o retorno da dialética. Com efeito, a dialética peculiar da pergunta e da resposta apresenta-se como um ponto-chave para a compreensão hermenêutica. Como exercício de reflexão acerca daquilo que é posto pela doxa, a dialética pondera medindo a força das concepções que pretendem verdade. Para tanto, é preciso colocar os questionamentos corretos, pois estes não podem ser impostos retoricamente. O perguntar é pois, como um sofrer, pois ele nada mais é do que uma interpelação da tradição que deseja estabelecer-se como horizonte de sentido. No entanto, se a própria tradição é condição para a abertura da pergunta, esta é condição do estabelecimento da tradição como verdade, como autenticidade. Esta só seria atingida pela imersão no escopo

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de sentido em questão, para aí alcançarmos a verdade da coisa de que se fala. Neste momento, a palavra alcança uma autonomia, pois remete sempre à interpretação daquele que compreende e dela se apropria. Neste sentido, quando a conversação hermenêutica é um diálogo ético-político, o conceito de autoridade adquire novo estatuto em Gadamer: não mais uma imposição que alija o próprio pensar, mas um reconhecimento baseado nas limitações da razão e que adquire sentido pelo diálogo. Analogamente, a tradição não se mostra mais como algo a ser superado, mas como condição do estabelecimento do diálogo, cuja coisa a que se visa não é nada mais do que a própria democracia.

Pressupostos Epistemológicos Hume: Cético Ou Naturalista?

Alexandro [email protected]

Faculdade De Educação São Luis

Este resumo tem por objetivo apresentar a característica real do pensamento empregado por David Hume, enquanto identifica os pontos centrais de sua teoria epistêmica, bem como a pretensão de caracterizar sua filosofia diante da díade ceticismo/naturalismo, discussão frequentemente abordada ao longo da História da Filosofia. A partir disso, procura contrapor e conciliar a interpretação do ceticismo Pirrônico e Acadêmico, para destacar o ceticismo em Hume e caracterizar, no interior da filosofia cética, qual tipo de ceticismo melhor se adapta a seu pensamento. Haja vista, Hume é tradicionalmente caracterizado como um filósofo cético, mas, ao longo da história, vários autores preocuparam-se em elaborar ensaios na tentativa de rejeitar a interpretação cética de sua filosofia, atribuindo a ela outras classificações, dentre as quais a de naturalista: corrente filosófica que tem como principal objetivo viver de acordo com as leis da natureza. O que não se pode admitir. Após apresentar na Investigação sobre Entendimento Huamano (IEH), as origens dos diferentes tipos de conhecimentos de que dispomos e as etapas nas quais eles se processam, Hume, destina o último capítulo, precisamente, a seção XII, intitulada “Da filosofia acadêmica ou cética”, para evidenciar os tipos de ceticismo, e em especial uma crítica ao ceticismo radical, denominado por ele de pirrônico. David Hume, dessa forma, manifesta acerca do conhecimento empírico, pois estende essa desconfiança até mesmo ao poder da razão. Por seu turno, devido a essa postura de ataque contundente ao ceticismo radical

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denominado por ele de Pirrônico, insurgem sobre a figura do referido filósofo teorias, as quais colocam o ceticismo de Hume como sendo algo fingido e que, também, desconhecido por ele. Por considerarmos essas críticas equivocadas devido à postura sistemática do filósofo, até mesmo porque, era um profundo estudioso da Filosofia Antiga, fez-se a necessidade em desenvolver esta pesquisa.

É o Wittgenstein de Kripke um não-factualista sobre significado?

Aline da Silva [email protected]

UFPRCAPES

Em Wittgenstein on Rules and Private Language, Kripke apresenta um argumento inspirado em sua leitura da discussão de Wittgenstein, nas Investigações Filosóficas, sobre seguir regras. Segundo Kripke, podemos ler essa discussão como propondo um paradoxo cético que mostra a inexistência de fatos constitutivos do significado. No entanto, para evitar o resultado absurdo de que a linguagem seria impossível, já que qualquer atribuição de significado seria ilusória e sem conteúdo, ele oferece uma solução cética para seu paradoxo. Esta aceita que realmente não há fatos que constituem o significado. Contudo, afirma que mesmo assim são possíveis as atribuições de significado. Isso porque essas atribuições não devem ser analisadas tem termos de correspondência a fatos. Elas devem ser analisadas em termos de condições de assertibilidade. A proposta de Kripke teve ampla repercussão e gerou uma série de interessantes discussões, dentre as quais podemos destacar a seguinte: a solução cética oferecida pelo Wittgenstein de Kripke (doravante WK) está comprometida com um não-factualismo acerca das atribuições de significado? Durante muito tempo a resposta a essa questão foi afirmativa. No entanto, George Wilson, e outros poucos autores, contestaram essa resposta. Segundo ele, WK não deixa de ser um factualista por recusar a existência de fatos. Isso porque os fatos rejeitados por ele são aqueles exigidos pelos realistas clássicos, i.e., condições de verdade realistas, que se um enunciado é significativo ele deve corresponder a fatos. Desse modo, permanecem em ordem os fatos compreendidos em um sentido mais básico e intuitivo de “fato”. Com isso, WK não nega que possamos dizer que “é um fato que alguém significa mais por ‘+’”, desde que “fato” seja compreendido de uma forma ordinária, que

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VIII Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

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equivaleria a dizer simplesmente: “alguém significa mais por ‘+’”. Nesse trabalho pretendo apresentar, ainda que brevemente, esse debate entre leituras factualistas e não-factualistas do WK, na tentativa de avaliar em que medida é viável atribuir um factualismo a ele. Assim, começarei apresentando a interpretação não-factualista de Paul Boghossian; em seguida, irei expor a proposta factualista de George Wilson; por fim, procurarei avaliar a proposta factualista diante do que foi apresentado.

Foucault leitor de Sócrates: entre “conhecimento de si” e “cuidado de si”

Anderson Aparecido Lima da [email protected]

USPCAPES

Tomando como texto base a aula inaugural de Foucault em A hermenêutica do sujeito, visaremos explorar o desenvolvimento e algumas das possíveis implicações contidas nas relações entre “conhecimento de si” (gnôthi seautón) e “cuidado de si” (epiméleia heautoû) no contexto do momento “socrático-platônico”, mais especificamente, pretendemos nos ater à breve, porém reveladora remissão de Foucault à Apologia de Sócrates, de Platão. Relação que nos levará a questionar a centralidade da tradicional vinculação que confere ao personagem Sócrates, senão de maneira exclusiva ao menos privilegiada, o preceito délfico do “conhece-te a ti mesmo” como expediente filosófico fundamental. Na contramão desta leitura, Foucault nos revelará Sócrates como o “homem do cuidado de si”. O que não implica em dizer que este dispense o “conhecimento de si”, mas porque lhe confere um caráter de formação do êthos, de trans-formação do ser, do modo de vida do sujeito, isto é, lhe confere um caráter “etopoético”, ao qual há de acrescentar o caráter político da relação do sujeito à cidade. Se acrescentarmos por fim que esta tríplice relação, se bem conduzida, resulta na constituição da própria vida enquanto vida virtuosa ou existência bela, podemos dizer que do liame entre “conhecimento de si” e “cuidado de si” segue-se a conexão entre conhecimento, ética, política e estética; não com a finalidade de definir de uma vez por todas o “si” do sujeito, tal qual uma coisa que pudéssemos isolar em sua identidade, mas, antes, enquanto marca de um movimento de formação – sempre em aberto – em que o ser do sujeito se apresenta através de seus atos, como uma obra inacabada.

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Presença de Agostinho na epistemologia de Tomás de Aquino

André de Deus [email protected]

UFSCARCAPES

Nosso objetivo é investigar a interpretação realizada por Tomás de Aquino da noção de ‘imagem do corpo’ em sua exposição sobre a operação intelectiva humana no tratado da natureza humana presente na primeira parte de sua Suma de teologia (Questões 75 a 89), utilizando Agostinho como referência. Argumentando que a noção agostiniana de ‘imagem do corpo’ equivale ao ‘fantasma’ oriundo da obra aristotélica, Tomás apresenta em seu desenvolvimento uma crítica às interpretações árabes de Aristóteles, na figura de Avicena, e afasta Agostinho de Platão, tomando o bispo de Hipona como referência em conjunto com Aristóteles para fundamentar suas teses e apresentar sua própria interpretação da obra aristotélica.

Uma introdução ao conceito de abstração em ‘O Capital’ de Marx

Andre de Goes [email protected]

UNICAMP

O intuito deste trabalho consiste em explorar alguns elementos que envolvem o conceito dialético de abstração. O conceito dialético de abstração deve compreender o percurso pelo qual se prova o fundamento do real, no caso de Marx, o fundamento do processo social. Este percurso, porém, não é somente uma passagem em que vão se incluindo novas determinações como somatórias ou sobreposições. Ao contrário, trata-se do processo de externalização de uma lógica interna, sem que interior e exterior se contraponham sem interpenetrarem-se. Por isso, a passagem do abstrato ao concreto compreende a passagem de condições lógicas de possibilidade para sua efetivação em níveis distintos de efetividade. Se a abstração aparece como ponto sempre presente no debate metodológico da dialética de Marx, há uma tendência a reduzir o método expositivo ao método de abstração, sem atentar para os fatores que envolvem a já tão debatida transição dialética abstrato-concreto. Essa tendência resultaria de

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uma falta de compreensão da natureza expositiva intrínseca à dialética, presente não somente em O Capital, mas na tradição dialética, como em seus mais conhecidos expoentes em Platão e Hegel. Para a compreensão, por isso, da natureza expositiva da dialética de O Capital é mister operar, como indica Lenin, um contraponto com a Ciência da Lógica de Hegel. É por isso que adentraremos em peculiaridades da dialética hegeliana para a compreensão daquilo que seria de fato o conceito dialético de abstração. Nelas exploraremos algumas características principais do que poderia se chamar de ‘abstração’ na lógica hegeliana. Diante deste elementos, avaliaremos como ela podem ser utilizadas ou não numa compreensão do conceito de abstração tal como se apresenta em O Capital de Marx. Desta forma, a intenção consiste concluir como o conceito de abstração impõe a necessária fluidez interna operante no sistema capitalista, daí Marx buscar na dialética essa fluidez lógica que apresentava-se para ele na lógica hegeliana.

A singularidade na teoria: uma investigação na Traumdeutung freudiana

André Santana [email protected]

UFSCARFAPESP

Propondo uma investigação da relação entre a singularidade e a universalidade no pensamento de Sigmund Freud, em uma primeira aproximação, tendemos a identificar, ou ao menos aproximar essa polaridade com a distinção entre os âmbitos da clínica e da metapsicologia; ou, mais especificamente, em A interpretação dos sonhos, obra em que aqui nos atemos, falamos da distinção entre a prática interpretativa e a teoria, de modo que o famoso Capítulo 7, momento da elaboração do modelo teórico conhecido como a primeira tópica, é usualmente tratado em certa medida à parte do resto da obra, que estaria debruçada sobre o âmbito da interpretação. Testando os limites de uma identificação que apresenta sumariamente a singularidade da interpretação e a universalidade da teoria, procuramos aqui investigar como a singularidade se insere, em A interpretação dos sonhos, na construção teórica. Apesar de nos determos especialmente sobre o Capítulo 7, procuraremos também pôr em questão a possibilidade de uma distinção radical entre este capítulo e o resto da obra,

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se pensada a partir das distinções entre interpretação e teoria ou entre singularidade e universalidade. É entre o relato extenso da análise de um sonho e a elaboração teórica em sua generalidade, expoentes maiores da singularidade e da universalidade nesta obra, que encontramos os modos de exposição que fazem a mediação entre estes dois pólos, como a evocação do exemplo ilustrativo e a apresentação de casos que amparem uma tese. Detendo-nos nestes modos de exposição, investigamos em que medida o modo como o singular e o universal se relacionam constitui uma lógica da prova.

Imanência e Transcendência em A Ideia da Fenomenologia

Andressa Alves [email protected]

UFSCARCAPES

As cinco lições ministradas por Husserl em 1907, publicadas sob o título A Ideia da Fenomenologia, podem ser consideradas o momento em que a fenomenologia transcendental marca seus primeiros passos. Se nas Investigações Lógicas, Husserl se movia ainda pelo âmbito de uma “psicologia descritiva”, cuja preocupação central se colocava sob os termos da relação entre o “em si” da objetividade e a subjetividade do conhecimento, na Ideia, esta questão adquire novos contornos, a qual ele denomina “o enigma da transcendência”. Aqui, a possibilidade do conhecimento transcendente torna-se o problema inicial e norteador da crítica do conhecimento. Esta nova maneira com que o problema do conhecimento é instaurado pela fenomenologia, implica noções de imanência e transcendência que diferem da interpretação tradicional, segundo a qual a primeira seria as vivências interiores de um sujeito e a segunda, os objetos externos à consciência. No presente trabalho, procurarei elucidar a noção de imanência e de transcendência desenvolvidas em A Ideia da Fenomenologia. A partir daí, pretendo mostrar que a concepção de imanência desenvolvida nesta obra não apenas permite a solução do “enigma da transcendência”, como nos apresenta uma noção de consciência que escapa aos moldes cartesianos.

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Walter Benjamin e Franz Kafka: a exigência de uma nova narratividade

Anita Guimarães Câ[email protected]

PUC – SP.CNPQ

O tema do presente trabalho é a interpretação de Walter Benjamin da obra do escritor Franz Kafka. Após uma introdução breve da importância desse estudo para a filosofia de Benjamin, passo a discutir um conto específico de Kafka para ilustrar a análise. Podemos resumir a relevância do tema a seguir: O interesse de Benjamin sobre a obra ficcional de Kafka se inscreve no seu trabalho da “teoria narrativa” e suas transformações sofridas em uma sociedade capitalista desenvolvida. Seu interesse pela literatura, não apenas de Kafka como também Baudelaire e Proust, e pela arte, em especial Klee e os surrealistas, se deve a uma filosofia estética que pretende buscar nessas representações do mundo chaves imprescindíveis para uma leitura política. Benjamin se insere num restrito grupo de pensadores que soube dar valor político e histórico aos fenômenos estéticos. No imaginário de Benjamin há espaço para os detalhes mais particulares do mundo contemporâneo, assim como há espaço para assuntos que parecem tão alheios a filosofia. A extrema sensibilidade de Kafka fez com que ele percebesse o desmoronamento de sentido do mundo de uma forma exemplar. Para esse fenômeno novo (a destruição de paradigmas até então estáveis da tradição) ele teve de cifrar de maneira nova, sua escrita é a representação da emergência de um mundo novo. O mundo burocratizado, feito de relações reificadas e a alienação foi sentido e descrito por Kafka e é isso que o torna, mais do que qualquer outra coisa, um escritor tão caro para uma análise do mundo contemporâneo.

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Considerações acerca do ressentimento a partir de Nietzsche e Freud

Anna Paula de Ramos [email protected]

UFGCAPES

O referido trabalho pretende apontar quais são as possíveis considerações acerca do ressentimento a partir do que tentaremos definir como psicologia do homem de ação segundo uma perspectiva nietzschiana. O ressentimento é o responsável pelo suposto envenenamento psicológico que enfraquece o homem, pois há neste caso, uma negação dos instintos peculiares à natureza humana. Assim, é o que determina suas crenças e comportamentos, sempre atrelados a uma moralidade que impõe a culpa como algo natural e por que não dizer, sublime no sentido religioso. O homem em geral não se queixa do sofrimento e das contingências que o arrebatam, contingências essas comuns a toda existência humana, mas sim, o que mais o aterroriza é a falta de sentido que o sofrimento lhe impõe. Portanto, o ressentido não é alguém incapaz de esquecer, mas sim alguém que busca um culpado para o agravo que lhe foi infligido. O ressentimento é um tema muito forte e característico dentro da filosofia de Nietzsche quando este trata do ressentimento como o ponto central de construção da moral do homem existente dentro do Estado moderno. O ressentimento não é um conceito psicanalítico, pois, este está muito mais atrelado ao senso comum, às noções de culpa, castigo, dívida e reparação de danos. Há uma busca pelo responsável causador da dor e do sofrimento infligidos. O cristianismo tem um grande peso na construção de todas essas noções. Tentaremos, além disso, abordar as possíveis relações entre a filosofia de Friedrich Nietzsche e a teoria do pai da psicanálise, Sigmund Freud, voltadas para a questão do ressentimento. Buscaremos analisar se há a possibilidade de tal aproximação entre uma teoria psicanalítica freudiana e a teoria filosófica de Nietzsche. Por fim, objetivamos analisar em quais aspectos especificamente, a psicanálise freudiana pode se assemelhar ou desassemelhar às ideias precursoras, engendradas por Nietzsche acerca do ressentimento, sendo compreendidas dentro do mecanismo de uma psicologia do homem de ação.

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A relação entre mente e corpo do Estado no Tratado Político de Espinosa

Antônio Mário David Siqueira [email protected]

FFLCH / USPCNPQ

Desde o século XVII, tem sido investigada e comentada à exaustão a abordagem espinosana da relação entre mente e corpo, sobretudo tal como aparece em sua Ética. Espinosa concebe a mente e o corpo como modos dos atributos pensamento e extensão, respectivamente, sendo ambos atributos infinitos, infinitos em seu gênero, de uma mesma e única substância, a saber, Deus ou a Natureza. Por sua natureza ontológica, a união entre mente e corpo não envolve hierarquia nem comando, mas simultaneidade, cada qual exprimindo à sua maneira a natureza divina e operando necessariamente segundo as leis e a ordem eterna da Natureza, seja adequadamente (predomínio da razão), seja inadequadamente (predomínio da paixão). Contudo, não é apenas aos homens tomados individualmente que se aplicam os conceitos de mente e corpo. Em sua Ética, Espinosa já argumentara que “nada os homens podem escolher de preferível /.../ do que convir todos em tudo de tal maneira que as Mentes e os Corpos de todos componham como que (quasi) uma só Mente e um só Corpo” (Ética IV, P. 18, Esc.). Porém, é em sua última obra, o Tratado Político (TP), que Espinosa melhor desenvolve tal formulação. Tendo estabelecido que o Direito do Estado não é senão o próprio Direito de Natureza que se determina pela poltência, já não de cada um, mas da multidão, Espinosa acrescenta: no estado civil, “a multidão é conduzida como que por uma só mente (una veluti mente ducitur)” (TP, III, §2). Neste trabalho, pretendo, a partir da análise da ocorrência dos conceitos de mente e corpo no TP: a) discutir a validade da aplicação destes conceitos à política; b) identificar elementos que permitam ampliar a interpretação da relação entre mente e corpo na filosofia espinosana para além daqueles oferecidos pela Ética.

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As antinomias como um problema filosófico da reificação em História e Consciência de Classe

de Georg LukácsBruno Moretti Falcão Mendes

[email protected]

CAPES

O propósito deste trabalho seria analisar a discussão filosófica acerca do problema da reificação desenvolvida por Lukács em História e Consciência de Classe, na medida em que o autor procura mostrar como na evolução do pensamento filosófico estariam registros importantes acerca do fenômeno da reificação. Trata-se de investigar como Lukács promove a articulação entre a teoria do fetichismo da mercadoria com os fundamentos metodológicos do método dialético observados no trajeto da filosofia clássica alemã.

Esse vínculo se dá na medida em que a universalização da forma social da mercadoria, a mercadoria como matriz estrutural que influencia o conjunto geral das manifestações da sociedade no capitalismo moderno – o fetichismo da mercadoria – produz as antinomias do pensamento burguês, que são problemas no interior da filosofia burguesa que impossibilitam para a mesma o acesso à verdade, ou seja, impendem-na de penetrar concretamente nos problemas do ser, segundo a exposição que Lukács desenvolve da trajetória da filosofia clássica alemã de Kant à Hegel (na parte II do 4º capítulo de História e Consciência de Classe).

Lukács busca encontrar a unidade sujeito-objeto idêntico no plano material da história, ou seja, buscar o sujeito concreto da história a partir dos desdobramentos das “figuras” da consciência. Nessa medida, a problemática da reificação a partir da forma estrutural universal da mercadoria deve ser considerada uma matriz estrutural que permite a articulação entre a objetividade reificada e a subjetividade resultante, ou seja, a abordagem de Lukács procurar mostrar como, a cada nível da objetividade reificada (os problemas do ser) há uma tentativa por parte da filosofia de responder a tais questões, tornando-se consciente filosoficamente. Porém, a tentativa de solucionar alguns problemas concretos pelo pensamento resultaram em problemas insolúveis, como o problema da facticidade do dado do conteúdo, a irracionalidade representada no conceito da coisa em si, mas deixaram indícios e fundamentos importantes em termos de relação sujeito e objeto, que só poderiam ser concretizados em um momento seguinte da história. Referimo-nos ao legado da filosofia clássica alemã para o método dialético nos termos do processo efetivo da história, do sujeito concreto da história.

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Psicanálise Existencial, Liberdade e História: interioridade-exterioridade como produção de si

Carlos Eduardo de [email protected]

UFSCARFAPESP

O tema do sujeito, percebido em sua individuação e em sua personalidade, é uma questão vívida em Sartre, o que possibilita traçar alguns caminhos para se compreender melhor suas contribuições acerca das problemáticas em torno do conceito de “sujeito” – seja na dimensão individual ou social – e sobre o processo de formação da personalidade (processo de subjetivação). Para isso, a subjetividade será apreendida como processo, identificando-a com a liberdade para que o indivíduo jamais seja coisa (entidade, ἕξις, “Natureza Humana”). Não se pretende pensar aqui o sujeito como “entidade subjetiva” (uma substância pensante) e sim analisar o homem na perspectiva de um processo de produção de si, de uma liberdade existindo em ato (livre) visando um fim que se deseja realizar concretamente no mundo. O processo de subjetivação será visto como ato livre e não haverá como o sujeito deixar de agir, pois nenhuma substância ou condição a priori lhe garantirá segurança e estabilidade: a construção de si será processo, movimento, tensão histórica, ação e compromisso diante de situações objetivas. É neste sentido que o sujeito (interioridade) será solicitado a assumir uma posição frente às “resistências” que o mundo oferece à sua liberdade e, a partir disto, compreender que ela não poderá ser exercida no vazio, ao contrário, ela existirá em meio à adversidade que é colocada pela realidade material (exterioridade), pela dimensão sócio-material, isto é, pelo mundo e pelas coisas como possuidoras de qualidades, de valores e investidas de psiquismo, portanto, portadoras de um sentido derivado da relação consciência-mundo e pela presença dos outros: a liberdade será sempre situada. Exercê-la, por fim, será possível apenas diante dos limites (mundo humanizado, História, classe, Instituições, sociedade, geografia, cultura, moral, família) que a situação impõe ao sujeito agente e, sendo a existência processo e liberdade, a subjetividade tornar-se-á possível pelo seu efetivo “criar-se” na ação livre (na praxis) e diante de condições – condições estas que poderão ser desveladas pela psicanálise existencial.

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Intuição filosófica e intuição mística a partir de Bergson e Schopenhauer

Catarina [email protected]

UFSCARCAPES

As filosofias de Arthur Schopenhauer e Henri Bergson convergem tanto na relativização das pretensões ontológicas absolutas da razão através da elaboração de uma teoria genética da inteligência, quanto no espaço reservado em suas obras para a consideração da experiência mística. Tanto Schopenhauer quanto Bergson, a despeito da análise crítica da inteligência, continuam a pensar que um acesso à realidade é possível por uma intuição da qual são capazes algumas individualidades privilegiadas: o artista, de uma maneira limitada e efêmera e os santos ou místicos, de um modo mais completo e duradouro. Apesar disso, a interpretação daquilo que essas almas privilegiadas contemplam aponta para concepções éticas de diferentes tonalidades afetivas, pois remete às diferentes metafísicas que as fundamentam. Tomando como ponto de partida a noção de intuição em ambos os filósofos pretendemos, pois, visitar essas duas perspectivas éticas que têm em sua base um voluntarismo ontológico.

Sexualidades na educação: a busca pela ética no contraponto entre os aphrodisia e a pastoral

cristã da carneCinthia Alves Falchi

[email protected] – Marília

CNPQ

Exploraremos um caminhar para o desenvolvimento de uma ética a partir da introdução das sexualidades na educação. Para isso, nos utilizaremos da Erótica grega como questionadora na moral dos prazeres. Para fundamentar nossa teoria nos fazemos valer da hipótese da dinâmica dos aphrodisia em contraposição da ética privilegiada pela pastoral cristã da carne. Assim, discorreremos em proveito de uma askesis que é além de matéria de ensino também instrumento essencial da direção de almas.

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Para esse nosso trajeto recorreremos as obras de Foucault como fundamentação de nossos conceitos. Com a discussão que estabelece em História da sexualidade 2 – o uso dos prazeres, é possível questionarmos nossa conduta enquanto educadores/a ao mesmo tempo em que nos problematizamos enquanto indivíduo. E será a partir dessas problematizações e questionamentos que abordaremos as discussões que visam um governo de si e dos outros como um cuidado de si mesmo.

Não pretendemos, no entanto, nos fazer valer de algum tipo de política pública como finalidade. Conferimos estrutura para que possamos abrir espaço para uma ética onde cada pessoa possa se posicionar em relação as suas próprias atitudes. Assim, não nos limitamos a lei, ao mesmo tempo em que não a ignoramos.

Família e Eticidade na Filosofia do Direito de Hegel

Claudeni Rodrigues de [email protected]

UNESP - Marília.

Hegel situa a família na Filosofia do Direito como o primeiro momento da eticidade (Sittlichkeit). A família determina-se pela sensibilidade e através do amor. O primeiro reconhecimento que a consciência não vive isolada é a descoberta de que o autoconhecimento passa necessariamente pela mediação do outro. As mediações que ocorrem no âmbito da família fazem dela uma instituição orgânica em que a pessoa se torna membro de uma comunidade ética. A família realiza-se em três aspectos: primeiro através do seu conceito imediato, como casamento. O ponto de partida do casamento é o sentimento e o livre consentimento. No casamento as vontades individuais são superadas e guardadas (aufgehoben). O ético do casamento está na unidade com o todo, mediante a união entre as duas vontades livres. O segundo momento de afirmação da família se dá através de uma realidade externa; a propriedade. O ético da propriedade situa-se no sustento da família. Por fim, o terceiro momento de realização da família é a educação (Bildung) dos filhos. A família educa os filhos para a liberdade e a maioridade. O terceiro momento, a educação, é o momento da dissolução ética da família. É um momento ético porque a família realiza o seu papel de educar o filho e torná-lo cidadão do Estado. Conclui-se, portanto, que a eticidade no âmbito da família é marcada por diversas mediações que permitem ao indivíduo se reconhecer como membro de uma comunidade ética, a família, como também de uma totalidade ética, o Estado, na qual a família obtém seu pleno reconhecimento enquanto tal.

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O sentido de uma ilusão: Ayer, Austin e o papel do “Argumento da Ilusão”

Cristiano [email protected]

UFRGSCNPQ

O objetivo desse estudo é avaliar a importância filosófica da posição de J. L. Austin em seu livro Sense and Sensibilia, em especial, como importante crítica às concepções dualistas em filosofia da percepção. O fio condutor de nossa investigação é o debate entre Austin e Alfred J. Ayer sobre a teoria da informação-sensorial e o status do “Argumento da Ilusão”. Argüimos que a resposta de Ayer as críticas de Austin desfiguram a posição deste sobre o tema. Defendemos que o centro da crítica de Austin não reside em uma tentativa de refutar a teoria da informação-sensorial, como defende Ayer. De outra maneira, pretende-se revelar e criticar a natureza dualista da problemática filosófica que dá ensejo ao uso particular que Ayer faz do “Argumento da Ilusão”. Argumentamos que, para Austin, o ponto central não reside em saber se essas discussões são capazes de justificar o emprego de uma terminologia capaz de dar referência apropriada a um aspecto meramente sensório dos objetos da experiência perceptiva (distinguível de alguma maneira de suas propriedades físicas). Tal distinção é fundamental para a instauração da dicotomia entre objeto material/informação-sensorial. O problema consiste, de maneira completamente diversa, na observação de que o emprego do vocabulário da teoria da informação-sensorial guia a investigação filosófica sobre a natureza da percepção a partir de uma imagem sistematicamente enganadora. Nossa exposição compõe-se das seguintes partes: (I) expomos a posição Ayer sobre o tema tal como ela aparece em seu “The Foundations of Empirical Knowledge”; (II) revisamos a crítica de Austin em “Sense and Sensibilia”; (III) contrapomos a resposta de Ayer em “Has Austin Refuted the sense-datum Theory?” com algumas características típicas da posição filosófica de Austin, em especial, sua rejeição a dicotomia objetos materiais/ informações sensoriais e realismo/anti-realismo; (IV) por fim, relacionamos a posição de Austin com a critica ao representacionalismo em filosofia da percepção desenvolvido por Charles Travis em “The Silence of Sense”.

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O conceito de esfera pública em HabermasDanilo Persch

[email protected]

Com seu estudo Mudança estrutural da esfera pública, que está completando 50 anos, o filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas tem influenciado a discussão crítica sobre “esfera pública”, particularmente o que tange os meios de comunicação de massa, as estruturas sociais, a política, a burocracia, o espaço público como também a opinião pública. Mas, o que é esfera pública (Öffentlichkeit) para Habermas? O modelo de organização social que Habermas tem em vista ao tratar da esfera pública, que tem relação com a sua grande Teoria do agir comunicativo, desenvolvida posteriormente, é um projeto essencialmente utópico? O que desse livro clássico permanece válido na era da internet e do mundo digital? Por que ainda hoje vale a pena ler esse texto de Habermas, que na ocasião da publicação tinha apenas 32 anos? São tais questionamentos, dentre outros, que tentaremos trazer a tona em nossa comunicação.

Considerações sobre o desenvolvimento das estruturas cognitivas necessárias a constituição

da noção de tempoDanilo Ramos Meira da Silva

[email protected] - Marília

CAPES

Este trabalho pretende mostrar, segundo a Epistemologia e a Psicologia Genéticas, o desenvolvimento das estruturas cognitivas necessárias à constituição da noção de tempo no sujeito epistêmico, o sujeito do conhecimento. Trataremos das operações elementares que permitem engendrar a simultaneidade e a sucessão assim como as durações das diversas ordens. Neste sentido, destacaremos alguns problemas de seriação dos acontecimentos no tempo, tais como os que envolvem a simultaneidade e sucessão – avaliação da duração dos intervalos, sucessão no domínio dos acontecimentos atuais, e simultaneidade; bem como os que envolvem a compreensão das durações das diversas ordens – igualação das durações sincrônicas, transitividade

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das relações de igualdade das durações, medida do tempo e isocronismo das durações sucessivas. A partir de tal análise pretendemos destacar o processo global de construção da noção de tempo, desde o momento da organização das ações mais elementares do sujeito, passando por quando ela é traduzida para o plano da linguagem e da reflexão consciente, até o momento em que o sujeito epistêmico se torna capaz de realizar formalmente as operações constitutivas do tempo físico, como expresso, por exemplo, na Mecânica Clássica ou nas Teorias da Relatividade (o que implica a constituição de capacidades relativas à ordem, simultaneidade, sincronização, imbricação e adição das durações e medidas). É importante notar que essa construção da noção de tempo constitui, segundo as Epistemologia e Psicologia Genéticas, um dos pilares fundamentais da construção da realidade por parte do sujeito epistêmico, sendo solidária, em particular, da noção de causalidade, bem como das noções de espaço e de objeto permanente (e estas intimamente relacionadas com o desenvolvimento da capacidade do raciocínio lógico-matemático, por parte do sujeito epistêmico). Mostraremos então como a teoria de Piaget surge em função de questões de fundo essencialmente epistemológico e relativo à Teoria do Conhecimento, e que ela traz novidades para estas áreas. Em especial, veremos que a intuição objetiva do tempo é derivada, e também solidária, da intuição de velocidade e que esta se expressa como uma capacidade de coordenar, de maneira operatória, os movimentos em geral dos corpos.

Teoria Crítica, meios de comunicação e (de) formação da subjetividade: os aspectos

políticos/ideológicos das produções televisivas e os desafios pedagógicos da escola

David Silva [email protected]

UFSCAR

A demanda contemporânea que exalta e exige os valores sociais ditos positivos perpassa pelo exaustivo e embrutecedor processo de afirmação da cultura estabelecida. Associado a este processo, temos os poderosos recursos da publicidade e da propaganda em sua investida a seduzir os indivíduos à prática do consumo. Vendendo mais do que produtos, os modos de comportamento são sutilmente administrados e contextos

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ideológicos são transmitidos pelas mensagens publicitárias sob a roupagem de ingênuas situações cotidianas. Vender a “vida dos indivíduos” é a tentativa de fazer do estereótipo, da fantasia e da ilusão o próprio real, o dado, o imediato: geração da falsa consciência. Nessa perspectiva e sob a orientação das leituras das obras de Adorno e Marcuse, propomos um debate acerca dos conteúdos da televisão e seus impactos no ambiente escolar. Uma vez que este meio de comunicação pode se converter em veículo de ideologias que impedem o desenvolvimento das habilidades crítico reflexivas dos indivíduos e, com efeito, militam a favor da miséria e da labuta, a escola, ao invés de promover uma formação voltada à emancipação dos homens, pode ser outro agente de controle social. Nesse sentido, a educação para o esclarecimento não pode ficar alheia às novas tecnologias. Ao contrário, lançar mão de um mecanismo de informação como a televisão poderia ser um eficiente meio para a formação, desde que seu conteúdo fosse voltado não a um fim específico, mas a um princípio: a vida em todas as suas manifestações (cultural/política/econômica) e na denúncia dos abusos que perpetuam as diversas formas de servidão.

O Projeto de Ser Sartreano no Ser e o NadaDiego Rodstein [email protected]

UFSCFAPESC

A proposta desta apresentação é entender por qual via a questão do projeto existencial se faz importante no contexto da teoria de Jean-Paul Sartre e os impedimentos encontrados pelo ser em seu trajeto, tais questões que são abordadas pelo autor no livro O Ser e o nada. Para tal, é necessário conhecer de maneira pelo menos sucinta o caminho feito pelo autor em sua principal obra, que ele diz ser uma Fenomenologia Ontológica. Nessa empreitada, Sartre se prende principalmente a conceitos prévios de Husserl, se baseando em sua idéia de fenômeno.

Para compreender a ontologia fenomenológica, que fundamenta a visão sartreana do projeto existencial do ser, temos que percorrer um caminho partindo da distinção entre ser-em-si e ser-para-si, que é de grande importância. Pode-se partir da idéia de que o ser-em-si é qualquer objeto que possui uma essência pré-definida, como por exemplo, uma tesoura, ela só foi criada para suprir uma necessidade, a de cortar. Este objeto possui uma essência prévia necessária para poder ser criado.

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Esse tipo de ser não possui nenhum tipo de potencialidade e muito menos consciência do mundo, ele apenas é, sendo assim um ser em sua plenitude absoluta e inalterável. Essas manifestações são interpretadas pela consciência humana por via das manifestações dadas, chamadas na teoria, como fenômenos.

Sartre afirma que tal consciência não detém o autoconhecimento e o conhecimento do mundo, diferenciando-a assim do ser-em-si: chamando-a então de ser-para-si. É o para-si que media as relações com o em-si, criando assim de certa forma um sentido para o seu mundo.

O para-si é totalmente desprovido de essência prévia e conforme vivencia as coisas ele vai moldando sua essência. Dessa forma Sartre começa a afirmar a não necessidade de um Deus criador da consciência, pois ao afirmar a consciência como um ser-para-si ela se torna algo que se dá pela própria essência. Sartre nega qualquer influência de uma idéia prévia da consciência na mente.

Sendo o para-si um vivenciador e criador de sua própria essência, isso dá o aspecto da constante mutação da consciência humana, tornando-os os únicos seres responsáveis por seus atos.

A concepção da consciência como experiência fenomenológica de aspecto dual no âmbito da

perspectiva do monista reflexivoEdmar Gomes Rodrigues

[email protected]

CAPES

Nesta comunicação, pretendemos apresentar as principais divergências entre as perspectivas assumidas pelo dualismo clássico, o reducionismo e o monismo reflexivo no que diz respeito à defesa da consciência como categoria fenomênica-ontológica não redutível nem a processos neurocerebrais nem a uma substância pensante. Trata-se de um posicionamento contrário ao projeto fisicalista ou dualista segundo os quais (i) para cada evento mental corresponde um evento neurofisiológico, ou (ii) para cada objeto experienciado no espaço com extensão e posição possui um correlato não dimensional e não material produzido por uma substância pensante. De acordo com a proposta do monismo reflexivo, a consciência da realidade adota

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um caráter de aspecto-dual reflexivo, a saber, o objeto observado em si coincide com a experiência fenomênica do subjeito que observa o que difere em essência das formas clássicas e contemporâneas de dualismo e do reducionismo. Em síntese, trata-se de uma perspectiva psicológica do mundo no qual a vivência do objeto se apresenta como, (i) um aspecto de terceira-pessoa o qual ocorre em correlatos neuropsíquicos do mundo externo captados por diferentes observadores e, (ii) um outro aspecto de primeira pessoa o qual se manifesta na experiência do sujeito refletindo no objeto de observação . Por fim nossa proposta concerne em fundamentar uma naturalização dos aspectos fenomenológicos, o que significa uma naturalização neurofenomenológica dos processos neurocerebrais segundo a perspectiva de Max Velmans.

Bergson e o método intuitivoEduardo Soares Ribeiro

[email protected]

CAPES

Neste trabalho abordaremos o tema da intuição e o método intuitivo no pensamento de Henri Bergson, tendo por objetivo mostrar a partir de quais problemas tal método pôde surgir e quais dificuldades ele tenta solucionar em seu desenvolvimento no decorrer do pensamento bergsoniano. Para alcançar o problema da intuição em Bergson, teremos que tratar brevemente de temas fundamentais de sua filosofia, a saber, da duração e do tempo; da intuição interior e seu contato com o Eu profundo; do ser como mobilidade e a cisão de Bergson com a metafísica antiga, clássica, que vê o imóvel como essencial e a mudança como acidental. Discorreremos também acerca da metafísica bergsoniana – ciência que dispensa o uso dos símbolos – e da ciência simbólica como formas de conhecimento do absoluto, seja ele intuitivo-espiritual ou analítico-material. Por fim, abordaremos o problema da expressão da intuição ou, em outras palavras, da comunicação da duração em termos espaciais; a dificuldade da linguagem e da inteligência de dizer o ser movente e a proposta bergsoniana de solução deste impasse através da introdução da metáfora, das imagens e dos conceitos flexíveis. Com o intuito de atender nossos objetivos principais, explicitar as dificuldades acima apontadas – mostrando de que forma Bergson as contorna –, além de esclarecer o funcionamento do método e do conhecimento intuitivo, iremos nos basear nos seguintes textos de Bergson: “A Introdução da Metafísica” (1903),

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a conferência intitulada “A Intuição Filosófica” (1911) e as duas introduções de “O Pensamento e o Movente” (1922), onde esses conceitos aparecem ou pela primeira vez, ou tomando desenvolvimentos decisivos.

Intuição e Conhecimento na Filosofia de BergsonElaine Guinevere de Melo Silva

[email protected]

CAPES

Para Bergson, o tempo concreto que consiste na duração pura, na mudança contínua, no movimento real passou a figurar na mesma categoria do espaço. Restava, portanto, estudar e definir a natureza e a função deste último, para depois aplicar as conclusões obtidas ao tempo. Dessa maneira, as teorias do espaço e do tempo tornaram-se paralelas, e ambas desviaram-se da duração real. Portanto, em busca do conhecimento da realidade tal como ela é, cometeu-se o erro de se utilizar a categoria do espaço para descrever o tempo.

O objetivo principal dessa comunicação é, através de alguns elementos teóricos, explicar a distinção entre espaço e duração na filosofia de Bergson. Nesse sentido, realizou-se uma investigação aprofundada de questões acerca do conceito de duração. Através do estudo e análise atenta do conjunto da obra bergsoniana, empreendeu-se também o estudo dessas questões de modo a possibilitar uma compreensão e uma exposição fundamentada do papel que a intuição e a inteligência têm na metafísica proposta pelo filósofo.

Pretendemos expor ainda a análise de conceitos que se relacionam direta ou indiretamente com o conceito de tempo em Bergson, tais como, inteligência, memória, percepção, intuição, duração e espaço. Como tais conceitos envolvem o dualismo entre exterioridade e interioridade, qualidade e quantidade, corpo e espírito, constantemente presentes na obra de Bergson, tal dualismo também será comentado nesta comunicação.

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Modelo, Cópia e Simulação - Uma perspectiva deleuziana ao problema platônico

Elemar Kleber [email protected]

UNIOESTE CAPES

Este artigo tem por objetivo esclarecer alguns aspectos mais gerais da crítica que Deleuze faz à Platão, tentando, a partir daí, conceituar a filosofia ontológica deleuziana. Sabemos que a grande maioria das críticas à filosofia platônica se direciona especificamente à diferença entre o mundo sensível e o mundo inteligível, porém, o autor francês observa que o maior problema não está na fundamentação desta diferença, mas na subordinação destes dois mundos à identidade, ou melhor, a redução da Diferença (multiplicidade) à Identidade (unidade), através da similitude entre Ideia e Cópia. Assim, Deleuze considera ser o simulacro a expressão da própria Diferença e, enquanto expressão desta, manifestação do Ser. Entretanto, devemos ter em mente que a concepção deleuziana de Ser se dá a partir da univocidade. Esta univocidade em nada se iguala ao modelo platônico, já que ser unívoco não quer necessariamente ser idêntico; ser unívoco é possuir um mesmo sentido, e, diria nosso autor, o Ser só possui um sentido, qual seja: a própria Diferença. É nesta perspectiva que o simulacro não corresponde nem à Cópia, como reprodução, e nem à Ideia, como modelo, já que não traz vinculado em seu âmago a representação. Outro ponto a ser ressaltado é a identificação deleuziana entre simulacro e “eterno retorno”. A ideia de “eterno retorno” consiste em uma repetição eterna do mesmo, como em Nietzsche; mas, o que seria este mesmo? Retornamos aqui à Diferença. Poderíamos, assim, dizer que o que há é um “eterno retorno da Diferença”, já que é a Diferença que sempre retorna como multiplicidade, que sempre se repete singularmente. O simulacro pode ser, assim, concebido como a própria Diferença, pois se reconhece nele uma potência capaz de se manifestar como acontecimento. O Acontecimento se compreende como a manifestação da singularidade, já que nenhum acontecimento é igual ou semelhante ao outro, tudo o que acontece é novo e único.

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A Apercepção Transcendental Na Crítica Da Razão Pura: Capacidade Cognitiva Ou Problemas

De Subjetividade?Elias Sérgio Dutra

[email protected] / UFSCAR

Para Ameriks o papel da apercepção na Crítica não é definir mentalidade ou subjetividade, mas para designar o nível mínimo do conhecimento humano, isto é, distinguir os vários níveis do conhecimento, que vai da mera receptividade à atividade consciente. Afirma que a consciência de si só poderá ser algo porque implica a consciência de objetos, isto é, como capacidade de determinar as intuições dadas por meio de conceitos de objetos. Trata a consciência de si apenas como uma consciência de juízos que são objetivamente válidos, negando que ela seja um princípio necessário da constituição do ponto de vista de uma subjetividade.

Ao contrário do que foi defendido por Ameriks, Allison construiu uma tese que relaciona apercepção com o problema da subjetividade ou de mentalidade. Para ele, a apercepção será analisada como uma “consciência não experimental da atividade de pensar”. Isso em si já implica duas coisas: remete o problema da apercepção à espontaneidade do pensamento e a um conhecimento da existência. Allison propõe analisar a apercepção como espontaneidade a partir da atenção à consciência que temos de nós mesmos, como seres capazes de cognição, quando ocupados com nossa atividade primordial que é a atividade de pensar. Portanto, é na capacidade de pensar que a apercepção pode ser compreendida como espontaneidade. A consciência resultante de tal ato é consciência de espontaneidade. A partir dessas afirmações, Allison faz uma distinção entre dois modos de consciência.

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Um elemento para a razão livre: leitura do ateísmo sadiano

Elizângela Inocêncio [email protected]

UFT - UFSCAR

Em defesa da liberdade do indivíduo, resultado do esforço em direção ao esclarecimento, a obra do Marquês de Sade se refere a um elemento fundamental a ser combatido: a religião, pois em seu contexto a própria razão seria a causa e o efeito das ações humanas, em nome de uma liberdade que para tanto, não teria a necessidade de considerar a existência de Deus, da religião, de seus dogmas, suas instituições, que em suma, não se justificariam importantes para a conservação da espécie. O presente texto tem o objetivo de demonstrar o modo como Sade edificou seu ateísmo como um elemento imprescindível ao homem emancipado, e se dirigiu ao homem de esclarecimento. Ao se constituir como um entrave da livre razão ou mesmo de alterar a autonomia da mesma, o ideal da igreja se edifica como um inimigo a ser derrotado e ao defender o domínio de si e por conseguinte da própria vontade, Sade constrói sua tese no ponto oposto da igreja: pois a renúncia de si em nome da pureza não seria atitude do indivíduo livre. Ao evocar a liberdade do desejo, o ateísmo encontra no contexto sadiano um elemento da emancipação do individuo diante da coerção moral e social de seu tempo. Em defesa da natureza, Sade requer a comprovação e coerência lógica das verdades da igreja, que sem sustentação e sentido, deveriam ser abolidas. Assim acontece quando de sua critica ao mandamento cristão: amar ao próximo como a ti mesmo que, impossível de se fazer valer, se edifica na benevolência e filantropia, elementos distintos do que seria próprio da natureza do individuo.

A Propósito do Vigiar e Punir em Foucault nas instituições atuais: Permanências?

Fábio Luis Rodrigues [email protected]

UNESP DE MARÍLAREDEFOR

Essa comunicação tem o propósito de compreender se a “hermenêutica” de Foucault sobre a natureza da vigilância e punição desenvolvida em Vigiar e Punir

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encontra permanências na atualidade a nível de regime fechado de reclusão e o que essa análise implica no entendimento das instituições . Foucault é por excelência o pensador que procurou entender o universo das instituições em si, desde prisões, hospitais, manicômios, em suas estruturas objetivas e subjetivas de existir. O presente trabalho procura demonstrar o “fazer filosófico” de Foucault, isto é, a “hermenêutica foucaultina” sobre o vigiar e punir no interior das instituições, não enquanto fruto de uma mera inspiração empírica, mas como uma exaustivo trabalho em busca das fontes documentais e contato direto com objeto em si, pois nesse caso a fonte documental sobre o regime de punição no período moderno se revelará no interior dessa pesquisa. Os suplícios, as torturas aos corpos práticas tão comuns no século XVIII, não estariam existindo com outros dizeres no cotidiano atual? Para que essa pesquisa não ficasse apenas restrita ao mundo das bibliografias, buscou ter contato direto com uma unidade da Fundação Casa, onde houve um confronto da hermenêutica do Vigiar e Punir com a instituição de ressocialização do menor infrator em si; a partir da legislação interna, nas falas, sanções, vigiar, das vestes, do cotidiano, permitindo questionar se existem permanências de métodos punitivos oriundos do século das luzes ou não. A genialidade de Foucault foi ter argumentado que pesquisar regime prisional é um momento original de revelação explícita do que o homem vive em regime reclusivo, mas cuja vivência se estende de forma implícita e sutilmente às instituições inseridas na sociedade. O ponto nevrálgico do trabalho de pesquisa é aquele em que “as estruturas do vigiar e punir” em cada período da Historia se revestem com novos dizeres, aparelhos, espaços e temporalidades, instaurando a necessidades de buscar respostas do “por que” dessas permanências do vigiar e punir resistirem às mudanças. É o que procura responder a presente pesquisa.

Considerações parciais acerca do realismo beckettiano em Endgame

Felipe Resende da [email protected]

UNESP

O objetivo deste trabalho é tecer algumas reflexões gerais acerca do estilo realista da arte beckettiana a partir da análise de Endgame feita por Theodor Adorno. Nessa análise, como veremos, Beckett confronta o estilo tradicional do drama em virtude de problemas históricos que entram em conflito com a própria estrutura e composição de

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um método artístico predominante há vários séculos. Isso se dá principalmente pela seguinte razão: a eclosão das duas guerras mundiais e os inimagináveis genocídios nela ocorridos provocaram transformações fundamentais na cultura e na existência humana, onde a falta de sentido em um mundo barbarizado pelo esclarecimento passa a assolar profundamente o homem. Nesse quadro, como poderia o drama tradicional - devedor de uma fundamentação metafísica do significado responsável pelo desenvolvimento da totalidade do artefato – lidar com um mundo onde a possibilidade de um sentido imanente se vê cada vez mais rara? Nesta situação, se a obra de arte presa às regras clássicas tenta significar o não-significado, ela acaba por falsificar a gravidade histórica do problema. A contradição entre sentido x falta de sentido, como mostra Adorno, é enfrentada pelo irlandês através da refuncionalização dos elementos negativos histórico-concretos do mundo, onde eles tanto servem como material de produção artística quanto componentes críticos do estado de coisas do mundo. Para que isso se efetive de modo coerente, Beckett reformula a própria configuração dos elementos tradicionais do drama, invertendo-os formal e conteudisticamente ao ponto de representarem o seu oposto total. Sob essa tensão criativa, o tédio, a ausência de significado e o fim do mundo transitam ao longo da obra.

O desejo da dor, em FreudFernanda Silveira Corrêa

[email protected]

Com a introdução do conceito de narcisismo em 1914, Freud concebe novo fundamento ao conceito de sexualidade.

Até então a sexualidade perversa e polimorfa, caracterizada pela plasticidade, fora suposta como constituída por impulsos surgidos de diversas vivências de satisfação. A função biológica sexual (que visa à reprodução) foi suposta como organizadora, no desenvolvimento, da plasticidade original. Organização que nunca se realiza plenamente, mas que dá certo sentido ao desenvolvimento, impedindo que a independência dos impulsos determine a infinita repetição das vivências de prazer. Na história da humanidade, suposta por Freud, na era glacial, os seres humanos teriam perdido seus objetos e objetivos sexuais, relacionados com a função biológica. Teria então sido estabelecida a sexualidade perversa. Em oposição ao desenvolvimento filogenético, cada indivíduo na sua história pessoal teria de resgatar aquilo que

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fora perdido na história da espécie: a função biológica. Este fundamento biológico filogenético que funciona como uma falta de fundamento ontogenético (a função foi perdida e tem de ser recuperada) abre espaço para o desenvolvimento de todas as formações culturais, baseadas na plasticidade da sexualidade e, ao mesmo tempo, na direção ao princípio da realidade.

Com o conceito de narcisismo a sexualidade é concebida segundo os modelos da doença orgânica, da hipocondria e da passividade feminina. Na filogênese sua origem está na vivência de castração infringida pelo pai primevo aos filhos. Trata-se, antes de ser uma oposição à castração, de um desejo por ela, um desejo de ser objeto do pai. Freud resgata parte da sua teoria da vivência de dor formulada em o “Projeto de uma Psicologia” e abandonada em prol da teoria da vivência de satisfação. Ganha espaço o papel do objeto hostil causador de dor, no entanto, não um objeto perante o qual se tem de fugir (nem fugir psiquicamente, i.e., reprimir), mas que se deseja. Com a ideia de narcisismo (da posição do eu como objeto) está dada a base para a disposição sexual passivo-masoquista. A dor, assim como a castração que a provocara na filogênese (e que é uma ameaça na ontogênese), passa a ser desejada, passa a ser o outro fundamento da sexualidade.

Antropologia e “fisiologia moral” em FoucaultFillipa Silveira

[email protected]

CAPES

O tema da “antropologização do saber”, um dos mais centrais em As palavras e as coisas (1966) de Michel Foucault, parece já se ter delineado antes em sua Tese Complementar, redigida no final da década de 50 e publicada tardiamente (2002). Nesta, já se encontram elementos que tornarão possível, mais tarde, a tematização da antropologia como a atribuição de valor transcendental, por parte dos saberes, aos conteúdos empíricos das práticas e atividades humanas. A antropologia seria um acontecimento epistemológico a partir do qual a verdade sobre o Homem teria passado a conferir limites de direito ao conhecimento, o que invariavelmente faria recair o pensamento numa subjetividade constituinte. Foucault parece opor-se fortemente a este movimento, oposição esta que parece se refletir ao longo de toda sua obra. No âmbito do exame crítico de Foucault da antropologia pragmática kantiana (tema da

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dita Tese Complementar), encontra-se um termo que, apesar de pouco expressamente mencionado, parecendo evidenciar o cerne de toda oposição de Foucault ao saber sobre o Homem: trata-se da constituição de uma espécie de “fisiologia moral” ou “ética”, através das quais os saberes médicos, psicológicos e jurídicos teriam sintetizado uma norma do corpo a uma norma da alma. O objetivo desta comunicação é relacionar os fundamentos da crítica de Foucault à antropologia a partir da ideia de uma “fisiologia moral”, mostrando a repercussão desta problemática também em outros momentos da obra do autor.

Análise do Discurso em Foucault: as produções de sentido das sexualidades na escola

Franciele Monique Scopetc dos [email protected]

Unesp - Araraquara

Constatamos hoje uma grande expansão nos estudos sobre a constituição cultural da(s) sexualidade(s) em diversas áreas de conhecimento, dentre as quais a Educação. Área de estudos que se configura em um campo produtivo para a disseminação deste debate. Inúmeros teóricos, assim como teóricas passaram a problematizar questões referentes à sexualidade, inclusive a heteronormatividade, dando suas contribuições para o reconhecimento da diversidade sexual de nossa sociedade. É necessário considerar uma reflexão sobre sexualidade que tenha uma exigência de apresentar nossas categorias de compreensão de seus limites e manifestações. Trata-se de definir precisamente o que se entende por isto, ou seja, o conceito de sexualidade, explicitando os termos e categorias do discurso, a partir de sua conformação etimológica e significação histórica. Entendemos o discurso com as premissas da totalidade e da universalidade na medida em que Foucault supõe que em toda sociedade existe uma defasagem entre dois tipos de texto, os primários e os secundários. A relação que existiria entre eles se apresenta na medida em que os secundários não fazem outra coisa a não ser repetir e retomar o que se diz nos textos primários a fim de trazer à luz uma pretensa verdade originária. Nessa perspectiva que essa análise se anuncia, a saber: em uma construção primária pensar a sexualidade como componente possível de abordagem na disciplina de filosofia na educação básica, em segunda instância pensar a qualidade do discurso produzido por essa intersecção interdisciplinar, para

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tal, recortaremos a obra de Michel Foucault na construção discursiva e na história da sexualidade, volume I.

Sobre a dedução do princípio da moralidade na III seção da Fundamentação

Gládis Maria [email protected]

UFSCARCAPES

Kant reserva a terceira seção Fundamentação da metafísica dos costumes para apresentar a prova da possibilidade real da moralidade no agir humano. Essa prova ocorre apenas na quarta subseção sob o título ‘como é possível um imperativo categórico?’. Nas três primeiras subseções, Kant precisa mostrar que o conceito de autonomia não é vazio e que sua lei está em conexão com a vontade humana. Uma parte da prova consiste em sustentar que a liberdade e a moralidade são conceitos recíprocos. Uma vez provada a liberdade como propriedade de todo ser racional, dela segue-se por análise, a moralidade, uma vez que “vontade livre e vontade sob leis morais são uma e a mesma coisa”. Entretanto, a moralidade sob condições humanas, não é analítica, mas sintética, exigindo-se uma dedução transcendental para justificá-la. Como toda ação humana envolve um interesse, é preciso mostrar a possibilidade de se tomar interesse pela lei moral, o que provaria a conexão entre a vontade humana e a lei da autonomia. Essa tarefa é cumprida na terceira subseção, sob o título ‘do interesse que anda ligado às idéias da moralidade’ sendo aqui o nosso objeto de análise como uma prévia para a dedução do imperativo categórico.

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Deleuze e o tempo estratigráfico da história da filosofia

Guilherme Almeida [email protected]

UFRJPPGF

Afirmando uma solidariedade irrestrita entre o modo como Deleuze desdobrou a história da filosofia em seu próprio percurso e a constituição de suas obras, este trabalho explora as imbricações entre filosofia e história da filosofia a partir de uma pressuposição recíproca entre Devir e História. Em um primeiro momento, são traçadas as coordenadas noéticas de algumas perspectivas tradicionais na historiografia filosófica, notadamente no campo de enunciação francesa, em relação às quais Deleuze demonstrou ora total aversão, ora apreço enquanto portadoras de movimentos focais de renovação do passado filosófico. Neste aspecto, trata-se de desnudar os “retratos filosóficos” de Deleuze, isto é, suas monografias acerca de alguns filósofos, assim como a originalidade e a novidade que eles contra-efetuaram quanto ao modo como se estava habituado a avaliar o lugar de tais pensadores nos quadros esquemáticos da história da filosofia. Por fim, serão pensados os conceitos propriamente assinados por Deleuze, sobretudo em Diferença e Repetição, Lógica do sentido e O que é a Filosofia, os quais escandem o tempo da história da filosofia para além da sucessão factual, e o apontam para a ideia de coexistência estratigráfica de sistemas.

Experiência e percepção em David HumeGustavo Oliveira

[email protected]

CAPES

Dentre as teses que pautaram a linha de pesquisa empirista, se houvesse apenas uma que traduzisse as suas principais tendências, esta, decerto, poderia ser expressa a partir da seguinte proposição do § 28 do Abstract de David Hume: “Não conhecemos nada mais que qualidades e percepções particulares (p. 695).” Proposição que Hume levou, dentro do quadro conceitual empirista, às últimas consequências. Primeiro, por reformular as noções Metafísicas de Substância e de Modo enquanto um conjunto

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de “ideias simples, que são unidas pela imaginação e às quais se atribui um nome particular;” segundo, por não fazer nenhuma concessão nem ao modo, através de qualidades primárias, nem às substânscias materiais, através dos objetos externos, e tampouco às substâncias imateriais, por meio das ideias universais e/ou abstratas e da noção de identidade pessoal; e, terceiro, ao externalizar todas as relações entre ideias, negando, assim, a possibilidade de uma conexão necessária entre percepções diferentes como, por exemplo, através da relação causal. Com efeito, restaria para o filósofo empirista investigar a natureza humana, segundo Hume, a partir do modo pelo qual a experiência é constituída na percepção através das qualidades particulares, das ideias simples e complexas, dos termos gerais — e, naturalmente, relações entre ideias — e das proposições sobre questões de fato. Entretanto, de acordo com o parágrado §2º do Tratado 1.1.1, as qualidades como, por exemplo, cor, sabor e aroma particulares são denotadas por ideias “que não admitem nenhuma distinção ou separação”, ou seja, ideias simples, embora sejam termos gerais uma vez que denotam diversas ideias particulares diferentes, seja pelo gênero como, por exemplo, cores ou sabores distintos, seja pelo grau como, por exemplo, um tom específico de azul ou a doçura de um abacaxi. Fato esse que fica ainda mais evidente, quando Hume, no § 2º do Tratado 1.1.7, categoricamente, afirma que é “impossível conceber qualquer quantidade ou qualidade sem formar uma noção precisa de seus graus.” Portanto, convém investigar como são formados os termos gerais que denotam ideias simples.

Berys Gaut e a concepção agregativa do conceito “arte”

Jean Rodrigues [email protected]

UNICASTELO

Desde a publicação do texto de Morris Weitz “O papel da teoria na estética” em 1956, nos anos seguintes o projeto definicional da teoria estética passou a oscilar entre abordagens céticas e marcadamente anti-essencialistas e tentativas de se definir conjuntivamente o conceito “arte” a partir da consideração das propriedades históricas e contextuais dos objetos tidos como arte. Com o passar das décadas, nenhuma dessas perspectivas mostrou-se claramente consolidada, o que permitiu que outras propostas acerca da questão da definição de “arte” fossem desenvolvidas. Dentre essas propostas, a ideia de que o conceito “arte” deve ser compreendido como um conceito

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agregativo (cluster concept) foi recentemente apresentada pelo filósofo da arte Berys Gaut. Expor e examinar criticamente a teoria definicional de Gaut é, pois, o objetivo deste trabalho.

O sentido do não-ser na Fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty

Jeovane [email protected]

UFSCARCNPQ

Segundo alguns comentadores, o pensamento de Merleau-Ponty é marcado por um dualismo, o qual se explicitaria na oposição dos termos “não-ser”, “fissura”, “falha”, “mundo humano”, por um lado, e “ser”, “mundo natural”, “ser em si”, por outro. Tal desacordo teria levado Merleau-Ponty a um ajuste logo após a Fenomenologia da percepção (1945). Ajuste, cuja necessidade, o próprio Merleau-Ponty reconheceu nos textos que aparecem a partir dos anos 50, e de maneira mais evidente em O visível e o invisível (1964). Contrapondo-nos a esta interpretação, buscamos ler o texto de 45 sem trazer de antemão para o seu interior o prejuízo do intelectualismo ou o pensamento de Husserl, procedimento a que se entregam alguns comentários. O termo “não-ser”, especialmente, ao ser interpretado desde as noções de finitude, pacto originário, potência e virtualidade, apresentadas na própria Fenomenologia da percepção, revela-se não uma “interioridade” de tipo intelectualista, mas a condição mesma de uma experiência temporal e intencional. Desse modo, o ajuste empreendido a partir de 1950 também muda de foco: ao invés de se dirigir à exterioridade sujeito e objeto, ele diria respeito a um descompasso entre o movimento anônimo do corpo (cogito tácito) e a fala falante. O problema seria aquele de como a linguagem pode ser extraída do movimento anônimo e silencioso do corpo próprio. Se já há uma significação autóctone no movimento original do ser no mundo, então o corpo próprio não significaria uma “consciência silenciosa” anterior à linguagem? Desde essa perspectiva, procuramos mostrar também como as notas de O visível e o invisível podem ser lidas não como uma crítica a um dualismo de tipo clássico ainda presente no pensamente de Merleau-Ponty, mas a uma má articulação entre uma consciência silenciosa e outra falante.

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Turguêniev e Dostoiévski fontes de Nietzsche: o niilismo russo como instrumento para a

exumação da modernidade.João Paulo Simões Vilas Bôas

[email protected]

FAPESP

Este trabalho tem por objetivo apresentar um panorama da influência exercida pela leitura das obras de F. Dostoievski e I. Turguêniev nas reflexões pioneiras de Nietzsche sobre o conceito de niilismo, sendo que estes desenvolvimentos iniciais estão diretamente ligados com o fenômeno do niilismo russo. Inicialmente, procuraremos mostrar a título de contextualização, as circunstâncias nas quais o filósofo alemão travou contato com estes romances, para então apresentarmos de maneira resumida o que consideramos como as ideias essenciais desenvolvidas nas narrativas. Em seguida, através de uma análise minuciosa dos fragmentos nos quais o termo niilismo é empregado por Nietzsche pela primeira vez, buscaremos mostrar de que modo o pensador alemão se apropriou desta temática, reconstruindo a partir destes fragmentos qual seria a sua concepção geral de niilismo. Por fim, queremos também deixar indicado o modo como alguns temas presentes nestes primeiros trabalhos virão a se tornar, em anos posteriores, objeto de outras reflexões e aprofundamentos nos textos tardios de Nietzsche.

Literatura e formação humanaJosé Paulo Gatti

[email protected] Universitário Claretiano

Em que consiste a formação humana? E qual o lugar da literatura inserida nessa formação? Durante muito tempo, o conceito de educação implicava no ensino e aprendizagem de conhecimentos legitimados que deveriam ser assimilados e reproduzidos. A literatura, nesse contexto, era considerada como instrumento de capacitação para o uso da linguagem, para o aprendizado das expressões mais apropriadas à comunicação desse conhecimento. Era, portanto, instrumento de passagem para o conhecimento. Na atualidade, porém, o processo formativo é

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mais bem compreendido enquanto busca de um conhecimento que se transforma continuamente. E a literatura, por sua vez, além de manifestar as possibilidades expressivas da linguagem, também representa o espaço em que se encontra a voz das diferentes experiências do homem no mundo; lugar do conhecimento. Considerando o processo formativo como caminho para a emancipação do ser humano, entendida como emergência de uma consciência verdadeira do sujeito que lhe permita emitir juízos significativos e dialogar com o outro, pretendo traçar uma ponte até a literatura. A literatura, enquanto expressão da multiforme experiência humana no mundo por intermédio da linguagem escrita, dá voz a experiências antes desprestigiadas, de minorias antes ignoradas. Ela representa, nesse sentido, a possibilidade de diálogo e acesso a novos conhecimentos, a uma distinta perspectiva do mundo. Por meio do contato com essas outras visões de mundo, o sujeito-leitor descobre a existência de outros sujeitos com suas experiências específicas e discurso próprio, amplia os horizontes de seu olhar sobre a realidade, e lhe é reconhecida a voz na roda do diálogo humano. A temática da educação desde a perspectiva de uma nova racionalidade, eu a desenvolvo retomando algumas contribuições da escola crítica. Quanto ao papel formativo da literatura, considero, entre outras, as contribuições de Antonio Cândido, Vigotsky e Italo Calvino, que oferece fecunda reflexão acerca do lugar da literatura nesses novos tempos.

As paixões aristotélicas: uma reabilitação do sensível

Juliana Santana de [email protected]

UFT

A proposta que buscaremos desenvolver mostrará que as paixões (tà páthe) podem vir das sensações e dos discursos como a poesia, que levavam a opiniões e crenças pautadas no contato do povo grego com suas tradições. De acordo com esses termos precisaremos tentar reabilitar o sensível e as aparências (phainómena) que percebemos através dele para esboçar uma genealogia das paixões, especificamente das paixões trágicas, medo (phóbos) e piedade (elleinós). Portanto, para cumprir o proposto nos remeteremos à necessidade de restabelecer a credibilidade dos phainómena. Essa reabilitação será proposta pela descrição do que chamamos de “método aristotélico”.

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Este dá lugar às opiniões e às crenças, fazendo delas um primeiro passo para a pesquisa filosófica. Deste modo, as propostas expressadas nos discursos dos sábios gregos e as propostas da dóxa são analisadas. O que faz com que nossa investigação se concentre na forma discursiva (oral ou escrita) de transmissão de conhecimentos. Em seguida assinalaremos brevemente a importância de se eleger um discurso que não se contradiga, a fim de fazer valer sua veracidade. A coerência é fundamental também para que aqueles que se comunicam possam se entender. Esta é necessária também para que se elabore um juízo correto sobre a situação ou sobre a questão a ser julgada. Assim, poderemos concluir que as aparências demonstradas e transmitidas por meio de opiniões e crenças podem mesmo ser expressas pelas diversas formas de discurso que um orador apresenta a uma audiência. Ao tentar persuadir, o orador se vale das paixões dos espectadores, que são fundamentadas em suas tradições, levando-os a formar juízos favoráveis ou desfavoráveis quanto ao assunto que lhes é apresentado e a reconhecer e aceitar as diferenças entre os homens.

A Apologia de Sócrates: entre a retórica judicial e a epidíctica

Juliano [email protected]

UFSCARCAPES

Considera-se com frequência a Apologia de Sócrates como um texto ímpar na carreira literária de Platão. Enquanto as demais obras pertencem ao gênero dos diálogos socráticos, argumenta-se que ela pertence ao gênero dos discursos forenses. A forma e o conteúdo do texto certamente corroboram essa atribuição. O que se vê na Apologia é um homem se defendendo de acusações diante de um júri. Além disso, ele lança mão de argumentos que são encontrados em outros discursos forenses da época. De maneira geral, os comentadores estão de acordo neste ponto: a Apologia de Sócrates é um discurso judicial. A leitura da Retórica de Aristóteles, entretanto, permite ver a Apologia de um ponto de vista diferente. O Estagirita diferencia a retórica usada nos tribunais, que pretende convencer juízes da justiça ou da injustiça de determinados atos, da retórica epidíctica cuja finalidade é elogiar ou censurar as ações de alguém. Em diversos momentos da Apologia, Sócrates parece muito mais preocupado em louvar a beleza de sua conduta filosófica do que em convencer

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os juízes de que ela foi justa. Provisoriamente, pode-se dizer que a Apologia de Sócrates é também um discurso epidíctico. O presente trabalho pretende cotejar o texto platônico com as passagens da Retórica em que Aristóteles descreve o gênero epidíctico e revelar aspectos que geralmente passam despercebidos quando se trata a Apologia exclusivamente como um discurso forense.

A concepção kantiana de objetoJuliano Tomasel

[email protected]

CAPES

O que é passível de ser objeto de cognição deve poder ser enquanto aparecimento (Erscheinung) um objeto de representação. À representação deste objeto deve corresponder algo que não é apenas representação, algo exterior que não pode ser mero produto de minha faculdade de representação, mas que não é aparecimento. Kant denomina este objeto, que em geral é algo = X, de objeto transcendental. O objeto transcendental é causa externa das nossas afecções, todavia, visto que não é objeto de nenhuma representação “mantém-se desconhecido para nós” (CRP A 46/B 63). Os objetos de representação são os objetos da experiência possível, os únicos que os seres humanos podem têm acesso cognitivo. O conteúdo representacional de um objeto, por um lado, é simples afecção ou modificação da capacidade representativa pela intuição e, por outro, é forma, isto é, uma relação determinada pelo modo de pensar esta intuição. A representação imediata numa intuição como modificação da mente (Gemüt) é uma sensação. A sensação é a matéria de todo objeto, enquanto conteúdo representacional de uma cognição. De modo tal, os objetos passíveis de cognição são coisas que aparecem e de algum modo originam certo conteúdo representacional. Os objetos como representações são modificações da mente (conteúdo representacional), mas ao mesmo tempo a realidade destes não pode ser derivada simplesmente do seu conteúdo representacional. A concepção Kantiana de objeto é caracterizado, contundentemente, nos três aspectos: o objeto de representação é uma (1) afecção numa intuição (simples modificação da mente) que é (2) organizada em relações determinadas por regras pela espontaneidade da capacidade de conhecer (determinações da mente) e, ainda, deve haver um (3) objeto transcendental que é fundamento da realidade e causa das afecções, porém, não sendo nada mais do que algo em geral = X.

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Ludwig Wittgenstein: entre o que pode ser dito e o que pode ser mostrado

Karina da Silva [email protected]

UNESP – MaríliaCAPES

No Tractatus Logico-philoshophicus, Wittgenstein analisa o mecanismo lógico da linguagem ao traçar um limite para a expressão dos pensamentos (5.101), o que é caracterizado “fato” no Tractatus não designa apenas determinada correlação de elementos, mas uma articulação lógica apreendida e mostrada pela escrita conceitual. Embora o projeto de uma escrita conceitual tenha sido formulado por Frege nas Leis fundamentais da aritmética e posteriormente desenvolvido por Russel nos Princípios da matemática, claramente identificado nas ideias de Wittgenstein, é realizada a análise da forma lógica ou forma de representação, isto é, o porque da linguagem no Tractatus não ser um corpus empírico, mas articulações lógicas possíveis. Por conseguinte, o que está fora do mundo não é fato, e o que está fora da linguagem não é proposição. Sob esse aspecto, as próprias concepções filosóficas não são formuladas por uma metalinguagem, ou seja, estão limitadas a linguagem comum que é interpretada por meta-enunciados de espécie semelhante às proposições do Tractatus (3.323). Para ilustrar o alcance das formas proposicionais significativas situamos o espaço lógico entre a tautologia e a contradição, a forma lógica não exprime um fato no mundo, logo é uma forma do mundo e da linguagem que estabelece seus limites, a linguagem não exprime sua própria forma, pois, aceitaria a metalinguagem. Por conseguinte, a linguagem é mostrada na própria proposição na estrutura interna da proposição. Portanto, pretende-se aqui examinar as consequências da necessidade da escrita conceitual na qual possibilita mostrar de maneira coerente a estrutura da forma proposicional de acordo com o pensamento de Ludwig Wittgenstein.

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Desdobramento da vontade na introdução à Filosofia do Direito de Hegel

Kárita Paul de Melo [email protected]

UFGCAPES

Hegel é comumente designado entre os grandes filósofos, como um dos mais difíceis de se compreender. Não raro seus escritos são acusados de obscuros, quiçá de impenetráveis, sua linguagem de pouco acessível e intrincada, sendo tomado por muitos como um pensador de árdua leitura, demasiado hermético e prolixo. E seguindo o viés da complexidade e densidade de sua obra, que muitas vezes desemboca na incompreensão da mesma, não são poucos os que dirigem a Hegel a acusação de renunciar a liberdade e a consciência moral em favor de um Estado totalitário, de legitimar o poder dominante, para divinizar as leis promulgadas, independente de quão injustas sejam. Interpretam que para Hegel, apenas a universalidade confere liberdade, mas que, todavia o universal racional só é atingido à custa do sacrifício do emotivo, da subjetividade e inclusive de todo o particular e individual. Entendemos que tais críticas a Hegel, que provém de seu conceito de liberdade, são improcedentes, resultantes de uma análise negligente do pensamento de Hegel acerca da constituição do Estado e do papel da subjetividade na sociedade moderna. Desta feita, o tema do trabalho se funda numa tentativa de compreender a perspectiva através da qual Hegel pensa o problema da liberdade. Para tanto, o ponto de partida será uma análise do processo de auto-constituição da vontade livre reflexiva, conforme Hegel apresenta na introdução à Filosofia do Direito. Sendo, portanto necessário buscar entender a estrutura conceitual de suas considerações através da explicitação do encadeamento lógico que a vontade desenvolve segundo seus três momentos: negatividade, particularidade e singularidade. Levando em consideração o caráter fundamental da reflexividade da vontade, para que esta alce o patamar de vontade plenamente livre. Neste sentido, é cabal para a compreensão do conceito de liberdade a questão de como se deve entender esta reflexividade e, por conseguinte como se dá a realização da liberdade no mundo objetivo.

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Hegel leitor de Aristóteles: o motor imóvel concebido como a Ideia que não sai da órbita da relação consigo mesma, uma apropriação

indevida?Lincoln Menezes de França

[email protected]

A concepção hegeliana de História da Filosofia está fundamentalmente vinculada ao que Hegel concebe como desdobramentos dialético-especulativos de Si do Espírito, o que faz Hegel recepcionar o legado filosófico de forma peculiar. Assim, os conceitos filosóficos sob o sistema hegeliano são transformados e ganham novo sentido, ao mesmo tempo em que são preservados. Em relação a Aristóteles, Hegel seguirá essa perspectiva, recepcionando elementos conceituais que serão centrais ao seu sistema filosófico de modo metamorfoseado. G. W. F. Hegel (1770-1831) toma para si o conceito de motor imóvel aristotélico como sendo a Ideia que, apesar de mover, permanece idêntica a si mesma. A Ideia, sob a concepção hegeliana tem um papel fundamental, tendo em vista que ela mesma é o tema do sistema hegeliano. É ela em si e para si na Ciência da Lógica, é ela em seu outro de si, na exterioridade, na Filosofia da Natureza, é ela em seu retorno a si na Filosofia do Espírito. Neste trabalho, analisaremos se tal concepção hegeliana estaria em concordância com a perspectiva aristotélica mesma, tendo em vista que seja possível depreender que o imóvel movente aristotélico não tenha a dimensão e a atuação que a Ideia teria em Hegel, como por exemplo, uma efetividade necessária no mundo sublunar.

Domínio da Natureza e Dessensibilização do Espírito

Lucas Alves [email protected]

Universidade Federal de Ouro PretoFAPEMIG

Na sua “Tentativa de Entender Fim de Partida”, Adorno interpreta a peça de Beckett como uma espécie de ponto de chegada da história da arte - enquanto

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sintoma, e como a mais bem sucedida determinação literária, da “impossibilidade (moderna) de referir-se a um sentido positivo”. Acontece que, apesar de afirmar que a história da arte deve ser compreendida como um momento do processo global de desencantamento do mundo, Adorno não dedica-se, nem ali, na sua “Tentativa de Entender Fim de Partida”, nem na sua Teoria Estética, a vincular de uma forma suficientemente determinada, esses dois momentos - da progressiva perda do sentido positivo do mundo, e do desenvolvimento da história da arte, mais precisamente, do desenvolvimento da condição da subjetividade compositiva, até a sua condição moderna. Isto é o que farei no artigo que pretendo apresentar. Referindo-me ao mesmo “ponto de chegada” exemplar, selecionado por Adorno: Beckett. Para o que vincularei as perspectivas teóricas de Max Weber (sobre o progressivo desencantamento do mundo) e de Hegel (sobre o desenvolvimento sistemático da história da arte), corrigindo-as materialmente, a partir das seguintes modificações: no lugar dos conceitos de “ideia” e “espírito” (ou espiritualização), a argumentação hegeliana será deslocada para outro conceito central, o conceito de “resistência”; o que permitirá demonstrar que a possibilidade de conferir ao procedimento composicional subjetivo, efetividade, ou seja, um sentido determinado (quer pré-moderno, positivo; quer moderno, negativo), está diretamente relacionada, na história da arte, à manutenção da “resistência” objetiva (ou obscuridade, como prefere dizer Hegel) dos materiais estéticos.

Hume, Kant, Schulze e a relação entre ceticismo e filosofia

Lucas Nascimento [email protected]

FFLCH-USPCNPQ

Em nossa apresentação, discutiremos a relação entre ceticismo e filosofia tal como ela se daria na conexão entre Hume, Kant e Schulze. Nesse sentido, discutiremos de que maneiras o ceticismo de Hume seria fundamental para o projeto crítico de Kant, levando-o a conceber a necessidade da determinação dos limites da razão teórica, e, a seguir, mostraremos como Schulze pretende criticar a filosofia kantiana em sua pretensão de realizar essa determinação e mostrar como ela não dá conta de responder às objeções humeanas. Sendo assim, nossa apresentação buscará, de uma maneira geral, expor alguns aspectos de um dos momentos centrais do embate entre

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ceticismo e filosofia e da discussão sobre a relação entre ceticismo e filosofia que se dá no interior do idealismo alemão. Esperamos assim mostrar como considerações acerca do embate entre ceticismo e filosofia nesse momento da história da filosofia, bem como acerca dos conceitos envolvidos e utilizados nesse debate, são de grande interesse para se pensar algumas das questões mais centrais à filosofia.

Schiller e a possibilidade do sublime perante o trágico e o terror

Luciene Antunes [email protected]

UNIFESPCAPES

A temática da sublimidade envolve reflexões que vão desde os filósofos antigos aos filósofos contemporâneos, mas será com Kant e Schiller que tal abordagem terá dimensões amplas e profundas no campo da estética. Assim sendo, neste trabalho, propomos investigar a possibilidade do sublime (Erhabene), porém, diante do trágico e do terror. Limitaremos esse contexto principalmente na obra “Do Sublime ao trágico” de Friedrich Schiller. No final do século XVIII Schiller desenvolveu, a partir de algumas teorias filosóficas de kant, a questão do sublime como experiência estética voltada de forma muita mais profunda na arte do que na natureza, diferenciando cada vez mais de seu contemporâneo (Kant) por convergir na experiência estética dois elementos primordiais – o sensível e racional. O sublime para Schiller não se limita apenas ao estado de alegria, prazer, ou êxtase, mas também à experiência estética prazer-dor, sofrimento e terror, dito de outra forma – o trágico. A pesquisa, portanto, procurar-se-á ressaltar primeiramente a definição de sublime em Kant, para em seguida definir e comparar o sublime e suas variadas classes em Schiller, enfatizando os seguintes pontos: a possibilidade do sublime diante o trágico; o limite para o sofrimento se tornar estético; e como o medo e o terror podem proporcionar o sublime.

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Indivíduo e existência: A Náusea em Sartre e o Absoluto de Camus

Lucila Lang Patriani de [email protected]

USPCAPES

Em nossa apresentação pretendemos expor e relacionar, respeitando os limites comparativos, a Náusea e o Absoluto conforme são abordados, respectivamente, por Jean-Paul Sartre e por Albert Camus. Ambos os filósofos participaram do cenário e dos debates da filosofia francesa contemporânea e foram amigos próximos, mas romperam mais tarde publicamente por conta de divergências políticas. Para além de suas diferenças filosóficas, podemos destacar como um possível ponto de convergência entre a filosofia de ambos a ideia de náusea e de absoluto. Tanto a náusea quanto o absoluto são estritamente relacionados à existência humana e, mais especificamente, à contingência do indivíduo, bem como à percepção subjetiva desta condição. É no momento em que tematizamos estes assuntos que o próprio sentido da vida e da existência - ou, por outro lado, a ausência deste - é questionado por ambos os filósofos. Para o recorte proposto em nossa exposição, analisaremos os assuntos conforme abordados tanto em textos considerados como propriamente filosóficos – dentre os quais destacaremos trechos pontuais de “O Ser e o Nada”, bem como do ensaio “O Mito de Sísifo” -, como também por meio dos romances escritos por ambos – sobressaindo o tema do recorte aqui proposto, principalmente, em “A Náusea” e “O Estrangeiro”.

Suicídio como afirmação da liberdade para o estoicismo

Lúcio [email protected]

UFMGCAPES

A pergunta desde há muito formulada pelas reflexões da ética antiga sobre como viver bem sempre foi acompanhada, ainda que implicitamente, por uma questão-limite: por que viver, ou mais precisamente, por que continuar vivendo? Muitos filósofos do período helenístico e tantos outros absorveram a resposta a essa última

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na resposta à primeira, ao dizerem que a moderação quanto aos prazeres da vida deveria ser semelhantemente aplicada ao grau de adesão à própria vida. Tal absorção foi possível pela afirmação da possibilidade de uma simulação suficientemente fiel da morte em vivências ou pensamentos ao longo da vida e, mais fundamentalmente, pela conceituação da morte como um fato: a questão sobre a opção pela morte e, com isso, pela vida (em maior ou menor extensão) se submeteria, por simples analogia, à questão mais geral das opções de conduta dentro da vida (por exemplo, mais ou menos prazer, dor etc.) ou de tipos de vida.

Alguma tolerância ou espaço para a morte voluntária aparenta ser a seqüência razoável de algumas dessas filosofias, que afirmaram a necessidade de aceitação e destemor da morte involuntária. A opinião de que a morte não é por si um mal, defendida, por exemplo, por estoicos e epicuristas, acarretou a defesa de que, em algum momento da vida, em algum contexto, seria desejável, racional ou aceitável livrar-se dela. O sábio (figura freqüente entre os antigos), diferentemente do insensato, sabe decidir quando a vida já não deve ser prolongada. Diante disso, o problema que se coloca é saber qual o critério na distinção entre sábio e insensato e quais princípios, se princípios há, que guiam o primeiro.

O argumento pela liberdade em favor do suicídio teve em Sêneca um empenhado defensor e, sumariamente, consiste em asserir que a morte voluntária, sob certas circunstâncias, é uma afirmação da própria liberdade de não aceitar a vida que temos ou a morte que por outros ou pela natureza nos é imposta.

Sobre alguns traços idealistas na “interpretação espiritualista” de Max Weber: A recepção de

Albrecht Ritschl na Ética Protestante e o Espírito do capitalismo

Luis F. de Salles [email protected]

UFSCARCAPES

A partir de Albrecht Ritschl se difundiu a idéia de que as noções modernas de profissão e de ofício ganharam seu sentido secular com o luteranismo e com o calvinismo. As referências ao teólogo e historiador da religião, Albrecht Ritschl,

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embora sejam muito recorrentes no ensaio mais famoso de Max Weber, nem sempre são levadas em conta segundo sua real importância. Em contrapartida, ao final da Ética Protestante e o Espírito do capitalismo, encontramos nas últimas linhas uma consideração sobre esse trabalho como sendo uma “interpretação espiritualista”, em oposição à tradição materialista. Mas, quanto ao que vem a ser exatamente essa “interpretação espiritualista”, e a que tradição idealista ela se vincula, não nos é dado elementos claros para responder essas questões. Será proposto, nessa abordagem, que essa tradição “espiritualista” possui como sua principal fonte a recepção da interpretação de Ritschl, por Ernst Troeltsch, seu aluno e por Max Weber, caracterizando uma trajetória que parte do meio teológico protestante rumo às considerações universais e secularizadas dos fenômenos religiosos. Do conteúdo mais idealista da ética, rumo ao domínio mundano, segundo tipologias, é possível, nessa releitura, propor uma abordagem que, diferente do materialismo ingênuo, não desconsidera os aspectos ético-religiosos e que, tampouco, os reduz a leitura “emanatista” da tradição idealista.

Leo Strauss ventriloco de Thomas HobbesLuiz Carlos Santos da Silva

[email protected]

FAPESP

Nossa comunicação visa apresentar de que modo Leo Strauss sustenta a tese de uma suposta separação entre ciência e política em Hobbes a fim de evitar o debater acerca do estatuto epistemológico dos princípios científicos em termos de poder e autoridade. Separando ciência e política em campos supostamente independentes um do outro, Strauss faz com que aquilo que, para Hobbes, deveria ser um debate político ou morasda ciência, num mero debate científico ou epistemológico da política. Forjando uma suposta concepção de neutralidade dos princípios científicos em Hobbes, Strauss, por fim, parece defender a politica hobbesiana como uma política à moda de Maquiavel disfarçada por um aparente discurso cientifico. Em linhas gerais, nossa comunicação visa apresentar como Leo Strauss parece não conseguir situar o pensamento hobbesiano entre o liberalismo de Locke e o realismo de Maquiavel, oscilando daqui para acolá conforme a conveniência.

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Henri Bergson e Franz Brentano. Leituras cruzadas?

Luiz Fernando de Oliveira Proenç[email protected]

UFSCARCAPES

O diálogo estabelecido entre a filosofia de H. Bergson e a fenomenologia de E. Husserl já é bem conhecido na literatura filosófica. No entanto, uma possível relação entre Bergson e o professor de Husserl, Franz Brentano, não é tão recorrente quanto ao que já foi escrito acerca de seu aluno. Deste modo, nossa exposição tentará mostrar alguns aspectos da filosofia dos dois autores a fim de aproximá-los, porém sem borrar ou omitir suas respectivas diferenças. Minha apresentação, então, será dividida em três momentos: 1º a descrição do contexto filosófico-científico da virada do sec. XIX ao XX, notadamente ao que diz respeito à Psicologia: o positivismo científico e a crítica à noção de alma e a suposta impossibilidade da psicologia como ciência que trata de fenômenos, as psico-físicas (Fechner) e psico-fisiologias (Wundt) nascentes como decorrência do critério da filosofia positiva; 2º discussão do problema da constituição da ciência psicológica: conceito, método e objeto, segundo nossos dois autores e segundo os problemas específicos das obras a serem tomadas como suporte teórico: Psicologia de um ponto de vista empírico, F.Brentano, e os dois primeiros ensaios de H. Bergson, Ensaio sobre os dados imediatos da consciência e Matéria e Memória ; e, 3º, destacaremos uma conseqüência em particular relativa à noção que cada um dos dois autores concebe da natureza do psicológico, a saber, o conceito de inconsciente, desta vez para revelar certa divergência entre ambos.

As paixões em RousseauLuiz Henrique [email protected]

UFSCARFAPESP

Em uma nota no Segundo Discurso podemos recordar que Rousseau afirma que o amor próprio é definido como “um sentimento relativo, fictício e nascido na sociedade, que leva cada indivíduo a fazer mais caso de si do que de qualquer outro,

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que inspira aos homens todos os males que mutuamente se causam”. Ora, sabemos já desde o prefácio que a natureza do homem é composta por dois elementos que são anteriores a toda sociedade e a toda as relações: o amor de si e a piedade. Então, como explicar essa dicotomia operada por Rousseau em que, de um lado, temos um amor de si - sentimento natural visando à própria conservação – e, de outro, um amor próprio – sentimento que ‘inspira aos homens todos os males que mutuamente se causam’?

Ao afirmar que o amor próprio nasce em sociedade, Rousseau parece querer precisar o fato de que esse sentimento só pode aparecer a partir do momento que o homem está em relação com seus semelhantes, dado que não é possível uma sociedade sem essa. Por isso, na continuação do texto citado acima, Rousseau pode acrescentar que “no nosso estado primitivo, no verdadeiro estado de natureza, o amor próprio não existe” (IBID. IBID). Se o amor próprio não existe no estado de natureza, dada a independência total do homem, ele é um sentimento artificial que advém dessa nova situação em que o homem se encontra. Nossa proposta visa investigar, então, o que significa dizer que é o amor próprio “que leva cada indivíduo a fazer mais caso de si do que de qualquer outro”.

Facticidade e contingência em três contos do livro O Muro

Luiza Helena [email protected]

UNICAMPFAPESP

Tratar da contingência e da facticidade significa fazer um recorte temático bem pontual na filosofia de Sartre; mas se, além disso, nossa finalidade é analisar o modo como essas características são apresentadas nos contos do livro O muro, além do recorte temático, precisamos, ainda, considerar que textos literários também contêm ideias filosóficas. E é nesse momento que a questão da relação entre filosofia e literatura se apresenta e se radicaliza: quando conceitos filosóficos aparecem em expressões artísticas, podemos pensar que a literatura tem mais que a função de ilustrar e entreter. A questão sobre o que fazer de si está sempre em jogo para a realidade humana: a criação, a reafirmação e até mesmo o abandono de certos projetos individuais, são possibilidades que se fazem presentes constantemente, engajando o homem nessa ordem temporal da historicidade e exigindo escolha contínua diante

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da contingência e da facticidade. O que cada um faz com sua liberdade absoluta e fundamental é o drama central das obras ficcionais de Sartre, e o que permite e compromete cada pessoa singular de viver esse drama, é descrito nas obras filosóficas por meio da ontologia e da fenomenologia. A escrita sartriana parte do concreto, da historicidade, das vivências singulares, das ações gratuitas e factuais, da contingência da liberdade do homem; ainda assim, sem perder a dimensão de universalidade da realidade humana. O objetivo do presente texto é investigar a presença e o sentido dos conceitos de facticidade e contingência a partir de três dos cinco contos presentes na obra O muro, de Jean-Paul Sartre: O muro, O quarto e Intimidade. Para tal, é preciso, antes, expor de modo rigoroso os conceitos referidos de facticidade e contingência, de modo acadêmico-filosófico, cuja referenciação será feita tendo como base a principal obra de Sartre O ser e o nada.

Linguagem e subjetividade em BergsonMarcelo Marcos Barbosa

[email protected]

CAPES

Nosso trabalho pretende abordar o tratamento dado por Bergson às noções de Linguagem e Subjetividade presentes no Ensaio sobre os dados imediatos da consciência, com ênfase no terceiro capítulo desta obra, no qual será apresentada uma nova teoria sobre a Liberdade. A partir da caracterização de duas naturezas distintas de multiplicidade, a duração e o espaço, o autor poderá distinguir duas dimensões da própria consciência: o eu profundo, constituído de pura temporalidade, isto é, condensação da série de estados psicológicos que constituem a história de um indivíduo, portanto, solo original da subjetividade, em contraponto com o eu superficial, dimensão na qual exteriorizamos momentos distintos no interior dessa massa de estados psicológicos, e que para Bergson define o domínio próprio da linguagem e da vida social. Assim, no movimento em que a consciência é definida como uma continuidade dinâmica, torna-se possível mostrar que o ato da escolha, apesar de fundado na série dos momentos vividos, — justamente porque esses momentos são recortes artificiais do fluxo que é a duração — não implica uma cadeia causal necessária. Isso significa que a escolha comporta graus de liberdade, criando possibilidades que vão desde os atos puramente determinados por causas exteriores

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até aquele que Bergson define como o ato livre por excelência: uma ação na qual a consciência se determina inteiramente a si mesma, instaurando no mundo algo de absolutamente novo, por ser a expressão da totalidade do espírito.

Wittgenstein e Brandom sobre seguir uma regraMarcelo Masson Maroldi

[email protected]

FAPESP

Em sua obra principal, Making it explicit: reasoning, representing, e discursive commitment, o filósofo analítico Robert Brandom apresenta a sua interpretação para um dos tópicos mais discutidos das Investigações Filosóficas, de Ludwig Wittgenstein. Trata-se do controvertido tema de seguir uma regra. Segundo Brandom, o que Wittgenstein defende, embora não desenvolva, é uma pragmática normativa, na qual as normas que estão explícitas em expressões linguísticas ou estados intencionais exigem antes (e necessariamente) normas implícitas na prática, isto é, naquilo que é feito pelos agentes. Para Brandom, está é a única maneira viável de entendermos o que é seguir uma regra e evitar os problemas que Wittgenstein já apresenta nas Investigações Filosóficas. Adotando uma perspectiva similar a esta, Brandom desenvolve detalhadamente sua própria concepção do tema, elaborado como um inferencialismo pragmático-normativo fortemente amparado na filosofia da linguagem e na lógica contemporâneas. Wittgenstein, portanto, é visto como um aliado. Neste trabalho, tenho dois objetivos principais a alcançar. Em primeiro lugar, desejo apresentar a interpretação que Brandom atribui a Wittgenstein sobre o que é seguir uma regra. Em segundo lugar, procuro mostrar que a análise de Brandom, embora filosoficamente relevante, não é fiel a terapia filosófica wittgensteiniana.

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A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de

interpretaçõesMarcio Tadeu Girotti

[email protected]

CAPES

Nosso objetivo consiste em apresentar a interpretação de Michelle Grier (2001) e Heny Allison (2004) acerca da ilusão transcendental da Crítica da razão pura. Para esses autores é possível compreender a doutrina da ilusão transcendental por meio dos Princípios P1 e P2, que correspondem, respectivamente, às palavras de Kant: “encontrar para o conhecimento condicionado do entendimento o incondicionado, pelo qual é completada a unidade de tal conhecimento”, e, “se o condicionado é dado, é também dada a série total das condições subordinadas entre si, a qual é, por conseguinte, incondicionada” (KrV, B 364). Com isso, Grier e Allison procuram elucidar que P1 somente é possível se pressupomos P2, ou, P2 é o princípio de aplicação de P1: para procurar a unidade do conhecimento é preciso pressupor o incondicionado como dado. Para Kant, a razão exige uma unidade de todo o conhecimento, mas tal exigência é subjetiva, a razão procura a unidade e pressupõe que o incondicionado é dado junto com a série. Nesse ponto, se a exigência subjetiva da razão for tomada como objetiva, haverá uma espécie de ilusão, que é tomar o dado subjetivo como se fosse objetivo, ou, tomar o incondicionado como dado e possível de ser abarcado. Nossa proposta é refletir sobre os Princípios P1 e P2 procurando saber: 1) essa interpretação é suficiente para apresentar a doutrina da ilusão transcendental? 2) se P1 é uma exigência da razão e P2 o seu pressuposto, não seria P1 = P2 e P2 = P1? Ou, o pressuposto P2 não teria que vir antes da exigência de P1, sendo P2 o princípio P1 e P1 o princípio P2 (uma inversão de princípios)? Assim, pretendemos apresentar o problema da ilusão transcendental juntamente com as interpretações de Grier e Allison, questionando os princípios P1 e P2, bem como colocando em evidência a característica da ilusão transcendental como natural e inevitável.

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Leis de conservação de energia e paralelismo psicofisiológico no Ensaio de Bergson

Marcos Daniel [email protected]

USPFAPESP

Almejamos discutir a recusa bergsoniana dos princípios de conservação de força e de energia como paradigmas psicológicos, tal como a encontramos no Ensaio sobre os dados imediatos da consciência (1889) de Henri Bergson. Apoiada na tese de doutoramento de Émile Boutroux, La contingence des lois de la nature (1874), na qual a vida é concebida como exceção às leis de conservação de energia, esta recusa agrega à originalidade e profundidade metafísica do Ensaio uma postura epistemológica não menos original. Bergson expõe no terceiro capítulo da obra, dedicado ao tratamento da problemática da liberdade, uma compreensão precisa de teorias então recentes sobre o comportamento dos gazes e sobre as propriedades do calor, exposição esta que procuraremos melhor compreender. Ao criticar a aplicação psicológica dos princípios de conservação de força e de energia, Bergson dava o ultimato a toda psicologia determinista que buscasse amparo nas leis da termodinâmica, as quais consistiam no que havia de mais recente na explicação do universo físico, como o próprio filósofo afirmou reiteradas vezes. No tratamento do problema, Bergson acaba por mostrar que, ao avançar sobre a psicologia e concluir-se em epifenomenalismo, o determinismo físico é acompanhado por uma concepção metafísica injustificável, cuja principal prerrogativa é o paralelismo entre fisiológico e psicológico. Em primeiro lugar, temos por objetivo, portanto, apresentar a série de problemas que Bergson coloca perante o determinismo baseado nas leis de conservação, de maneira a compreendermos em que tais leis consistem. Em segundo lugar, através da exposição deste trecho do Ensaio, pensamos contribuir para o aprofundamento do debate acerca do paralelismo psicofisiológico, claramente presente desde a primeira obra do filósofo e que no terceiro capítulo de A evolução criadora (1907) encontraria ocasião para sua ampliação.

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Heterogeneidade e homogeneidade na teoria das multiplicidades de Bergson

Maria Fernanda dos [email protected]

UNICAMP

A investigação de Bergson empreendida no  Ensaio  acerca de dois diferentes tipos de multiplicidade parece transformar-se ao longo de sua obra num substrato necessário, pelo qual ele pôde antever a presença da duração nos limites da consciência. Reconhecida pelo filósofo como heterogeneidade, a duração na consciência torna-se um marco referencial de onde será possível estabelecer a diferença entre as duas multiplicidades. Heterogeneidade que se distingue da homogeneidade caracterizada pela multiplicidade quantitativa, diante da qual Bergson projetaria as determinações de espaço e número como um binômio. Deste modo, a teoria das multiplicidades do Ensaio se forma, por um lado, na definição da multiplicidade quantitativa, representativa da ordem numérica e material, e por outro, sobre a multiplicidade qualitativa, presente nos estados de consciência. Deleuze, no  Bergsonismo,    reafirma que a definição da multiplicidade qualitativa é tributária do reconhecimento do caráter heterogêneo pelo qual se define a duração nos estados da consciência. Contudo, o filósofo diz que o que parece ser um recurso metodológico de encontrar o continnum pelo qual seria possível definir uma multiplicidade, ganharia larga influência na expressão de Bergson acerca do virtual. Enfim, trata-se, em nosso trabalho, de analisar a teoria das multiplicidades no segundo capítulo do Ensaio, junto com a leitura de Deleuze no Bergsonismo. Estudo este animado pela busca de pontos de apoio pelos quais possam repousar a substantivação da multiplicidade qualitativa e heterogênea.

Sobre a negatividade em Merleau-PontyMariana Cabral Tomzhinsky Scarpa

[email protected]

CAPES/REUNI

Longe de ser tomado como uma noção universal e unívoca, o não-ser, no horizonte das descrições fenomenológicas de Merleau-Ponty, é permeado de nuances que à primeira vista apontam para um impasse. Se a postulação merleau-pontiana de um

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“não-ser” instaura, no movimento criador da linguagem, uma dupla interpretação do discurso adotado na Fenomenologia da Percepção (1945), é porque, por um lado, ela pode ser entendida como uma distância ou espessura que impedem o Ser de uma pura objetividade, assumindo um caráter de negatividade estruturante e criadora (a fala falante); por outro, ela pode ser interpretada como aquilo que se encontra em uma interioridade constituinte, de maneira que a ecceidade do mundo se dissolve, e o não-ser passa a ser entendido como uma positividade negativa. Tendo em vista, então, que o não-ser (nesta obra de 1945) é tomado como antítese de um Ser puro, há nele uma positividade em sua negatividade, e sua relação com a linguagem aponta também para a positividade do signo e da significação. Tal relação positiva da negatividade impede que a linguagem seja concebida como estruturante. Será por meio da linguística de Saussure que Merleau-Ponty (por volta dos anos 50) conceberá uma nova compreensão da relação entre signo e significação que não recorre mais à positividade de um termo. Embora não se trate de dissolver as oposições encontradas nessa relação, e sim, apenas de alargar seus limites. Assim, surge uma relação diacrítica, na qual o signo não é tomado mais pela sua positividade do que pela sua diferença em relação aos demais termos em jogo; a linguagem passa a ser indireta, alusiva e oblíqua. Nesse novo âmbito, o valor conferido à negatividade muda, e é este ponto que queremos explorar neste trabalho, pois o silêncio antes promovido por uma consciência tácita do mundo agora se faz falar numa linguagem que nunca o abarca, e o não-ser passa a se manifestar como criação, negatividade estruturante, tal como almejava o autor desde suas primeiras obras.

Abordagem Semiótica dos conceitos de Abdução, Indução e Dedução

Mariana Vitti [email protected]

UNESP/ MaríliaFAPESP

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise semiótica acerca das relações entre as noções de raciocínio abdutivo, indutivo e dedutivo. Para tanto, recorreremos a trechos dos Collected Papers de Charles Sanders Peirce, assim como textos auxiliares. Por fim, discutiremos a relevância dos três tipos de raciocínio na constituição do conhecimento.

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Segundo Peirce, o raciocínio abdutivo, bem como o indutivo e o dedutivo, fazem parte do processo denominado pensamento. Este se inicia quando um agente, imerso em uma rede consolidada de hábitos e crenças, se depara com algo estranho, surpreendente, que abala suas concepções até então vistas como verdadeiras. Neste momento se inicia o pensar, que envolve a formulação de hipóteses explicativas, tendo como objetivo situar o fato surpreendente em uma rede de ações habituais.

Neste contexto, o raciocínio abdutivo pretende sugerir novas hipóteses na tentativa de explicar o fato anômalo; a dedução, por sua vez, desenvolverá as consequências das hipóteses sugeridas via abdução; por fim, a melhor hipótese sugerida pela abdução, será testada indutivamente. Neste contexto, Peirce caracteriza a indução como um raciocínio que permite confirmar (ou não) uma hipótese geral, sugerida via raciocínio abdutivo. Se a hipótese for confirmada, via indução, a dúvida cessa e o agente conduzirá dedutivamente seu pensamento, até que uma nova dúvida abale seu estado atual de conhecimento. Em poucas palavras, Peirce (1977, p.220) afirma que: “[...] a Dedução prova que algo deve ser; a Indução mostra que alguma coisa é realmente operativa; a Abdução simplesmente sugere que alguma coisa pode ser”.

Pretendemos argumentar que é no processo de ajuste dos hábitos abalados por fatos anômalos que se consolida o conhecimento. Ressaltando que este processo envolve a sugestão de novas hipóteses, via abdução; a dedução das consequências experimentais necessárias e prováveis; e o teste indutivo que, em caso de confirmação da hipótese adotada, dissipará a dúvida gerada pelo fato anormal, ampliando o conhecimento do agente.

Nietzsche como filósofo da culturaMayara Annanda Samarine Nunes da Silva

[email protected]

CAPES

O presente trabalho, parte integrante da pesquisa intitulada “A Transvaloração de Todos os Valores em Nietzsche como Possibilidade Ética”, objetiva refletir sobre o papel desempenhado e o lugar ocupado pela temática da “cultura” no pensamento nietzscheano. Refletindo sobre o homem, Nietzsche reconheceu que o indivíduo desta espécie não poderia ser tomado como independente perante as diversas forças constitutivas do mundo, dado que está inserido neste, sendo apenas

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mais uma pequena parte dele – interpretação diversa da concepção de homem moderna. Nietzsche dedica-se a pensar o homem, e, mais precisamente, o homem moderno, contextualizado espacial e temporalmente, pois percebe que este apresenta características específicas conforme o jogo de relações em que está inserido. Neste jogo, nosso filósofo prioriza o papel da cultura como fruto da vontade de potência de um grupo humano (um conjunto de indivíduos desta espécie), algo que ao mesmo tempo em que é pelo homem produzido, também o produz. O homem, animal mais frágil existente, encontra na vida em grupo o modo de fortalecer-se e proteger-se; para possibilitar a vida coletiva, deve haver alguma forma de comunicação, e em razão desta necessidade, o homem desenvolve a linguagem e a consciência: assim se inicia um rompimento com o que o ele possui de individual – seus instintos e a vontade de potência. O pensamento que chamamos de consciência é constituído pela linguagem; os conceitos, definições e significados desta são formados na e voltados para a relação com os outros: sendo a consciência por esta constituída, depreende-se que tudo o que chega ao nosso plano consciente já não é individual, mas coletivo. Os sentidos e entendimentos sobre o mundo e a vida construídos coletivamente, ou seja, a cultura, desempenharão um papel decisivo no que chegará a consciência dos indivíduos que estão inseridos em determinada sociedade, definindo seu modo de vida. Não é por outro motivo que Nietzsche concebe indivíduo e cultura como intimamente ligados, havendo uma impossibilidade de serem pensados isoladamente um do outro. A partir desta perspectiva, podemos pensar Nietzsche como um filósofo da cultura: é somente por meio dela que se poderá realizar a afirmação da vida por ele ambicionada.

Política e Felicidade no pensamento de Remo Bodei

Miguel Ivân Mendonça [email protected]

UNB

A proposta do presente artigo é analisar a relação entre felicidade e política no pensamento de Remo Bodei a partir da leitura de sua obra A Política e a Felicidade, publicada em Roma (1997) em coautoria com Luigi Franco Pizzolato. Remo Bodei parte da constatação de que a contemporaneidade encerra um ciclo bicentenário em que se atribuía à política uma função salvífica capaz de tutelar a felicidade. A

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problemática filosófica da obra fundamenta-se em interpelar quais as consequências do enredo entre história e utopia, denominado por Remo Bodei de “hibridação”, configurada em quatro etapas: a primeira etapa ocorre na segunda metade do século XVIII (em que a perfeição desloca-se da noção de “espaço” para a noção de “tempo”, leia-se ”futuro”); a segunda etapa é a suspensão das posições filosóficas e religiosas tradicionais mediante a argumentação de Jean-Jacques Rousseau do “bom selvagem”, pois o homem nasce bom, sendo a sociedade que o corrompe; a terceira etapa é a necessidade de eliminar, pela força, a injustiça dos Estados; a quarta etapa cumpre-se com Karl Marx, para quem a atividade revolucionária é o “acontecer do inevitável”. É a política que realiza a tendência da história de isentar a sociedade dos óbices da sua infelicidade (miséria, exploração e violência). O debate proposto por Remo Bodei, portanto, envolve tanto a exequibilidade simultânea da organização política (Estado) quanto à realização da felicidade no plano subjetivo do sujeito, pois o projeto coletivo da política perdeu o estatuto de garantidor da vida feliz. Para Bodei, a felicidade ultrapassa a perspectiva subjetiva e exige uma cooperação pública e política. O desafio intelectual da contemporaneidade é redirecionar o sentido da vida pública e da própria felicidade diante o cenário da perda da esperança sobre a perspectiva de uma sociedade futura porque a ética do sacrifício ou religiosa fora sucumbida pelo princípio do consumo. Portanto, urge reelaborar novos sentidos para os princípios de desejo (paixão futura) e sentimento (paixão domesticada).

O Estado autoritário em Pollock e Neumman: uma disputa frankfurtiana

Nathalia Muylaert [email protected]

UNESP- AraraquaraCAPES

Tendo como pressuposto a discussão sobre o fim do capitalismo entre Friedrich Pollock e Franz Neumman, esta tese pretende investigar se é possível conter a crise do capitalismo, ou se o capitalismo irá romper como previu Marx. De acordo com Pollock o capitalismo adentrou em um processo intensivo de burocratização que resultou em uma economia planificada. A conseqüência disso, é que a planificação por meio da técnica e da burocracia que passa a controlar a crise. Nesse sentido, teria sido abolida a propriedade privada, mas ela não resultou em uma forma de socialismo e sim no

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que Pollock denomina Capitalismo de Estado. Em contrapartida, Neumman, segue uma interpretação mais fiel ao marxismo leninista no qual o capitalismo monopolista seria a última fase do capitalismo, isso significa que o capitalismo se encontra em uma situação que beira a crise, isto é apresentando condições de transformação social.

Pollock e Neumann são autores esquecidos dentro do arcabouço teórico da escola de Frankfurt, o que, nesse sentido, faz-se necessário a reativação da discussão tão importante para o segmento do estudo sobre o capitalismo e o esclarecimento. Dessa maneira a tese em questão visa colocar em evidencia dois pensadores que não apresentam um estudo aprofundado, atualmente no Brasil. Ao mesmo tempo em que ousa modificar a natureza das categorias marxistas, a medida em que se faz necessário suas modificações uma vez que o cenário apresentado é de uma sociedade engendrada na burocracia estatal. A necessidade desse Estudo se faz pelas vias do controle da crise que se apresenta como um diagnóstico fatalista, no qual o capitalismo, mesmo em sua face selvagem irá perpetuar para todo o sempre, ou seja, a democracia se apresenta como totalitária e o totalitarismo como um sistema da ordem vigente que através da burocracia executa seu plano autoritário, colocando dessa forma a sociedade em que estado vigente é o da barbárie. O estado de exceção torna - se a regra. Mediante um diagnóstico pessimista como este, como pode o capitalismo fracassar.

A pintura e escrita sobre a amizade como resgate do “eu” em Montaigne

Nelson Maria Brechó da [email protected]

PUC – SPCAPES

Esta comunicação pretende analisar a seção XXVIII De l’amitié do primeiro volume dos Essais de Montaigne. Procura-se uma maior compreensão da relação entre a pintura e a amizade. Para o filósofo, o exercício de ensaiar implica o resgate do “eu” perdido no tempo, devido à morte de seu célebre amigo La Boétie. Exercitar a escrita envolve um talento semelhante ao artista que, pela arte, desenvolve o seu quadro com aquilo que faz parte do seu interior. Da mesma forma, ensaiar possibilita a expressão do “eu”, que se encontra desordenado. Contudo, deseja re-estabelecer a sua ordem pela escrita. Para tanto, analisar-se-á em que medida ocorre esse resgate do “eu” no filósofo, à luz do pensamento de La Boétie e dos pensadores clássicos Horácio

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e Plutarco. Desse modo, ver-se-á que esse resgate corresponde a uma tentativa de Montaigne não perder totalmente o “eu” na melancolia. Expressar o amigo e a literatura clássica permite o diálogo consigo mesmo como forma de recuperar as cenas e as palavras mais importantes. Tal exercício consiste em humanizar as suas experiências pelo viés da escrita e não mais pelo encontro pessoal com o amigo. Nesse sentido, resgatar será o modo de expressar suas principais experiências. O pintor faz a sua pintura como expressão do belo. O filósofo, por sua vez, escreve no exercício de resgatar as experiências vividas nos encontros e nas leituras. Resgatar quer dizer a capacidade escolher as melhores cenas da vida, registrá-las e refleti-las para a compreensão constante do “eu” fragmentado.

A Política e a raposa: notas sobre temporalidade do pensamento e da constituição do mundo em

Hannah ArendtPaulo Eduardo Bodziak Junior

[email protected]

CAPES

Entre os anos de 1924-1925 Hannah Arendt teve a oportunidade de acompanhar os cursos de um dos professores mais jovens e brilhantes que Alemanha conhecera, Martin Heidegger. É notável a influência deste professor na formação do pensamento de Arendt, inclusive em sua fase madura. Entretanto, excluídas quaisquer especulações de caráter pessoal, a relação teórica entre ambos os pensadores é muito marcada por ligações íntimas e ao mesmo tempo conflituosas em suas obras. Em 1946, após a catástrofe nazista e a perseguição de judeus, Arendt volta aos trabalhos filosóficos e se debruça sobre a obra de seu antigo professor. As críticas tecidas ao pensador não são apenas pontuais mas se dirigem ao epicentro do projeto teórico que Heidegger levara a cabo em Ser e Tempo. Basicamente, a autora acusava Heidegger de ter se esquecido da primazia da pluralidade e da política como condição e atividade própria à constituição da liberdade humana e do próprio mundo. Para ela, não haveria horizonte de liberdade em um projeto teórico marcado pelo isolamento como possibilidade máxima de realização do Ser. Não é por acaso que em 1951, já amadurecida após a publicação de Origens do Totalitarismo, Arendt retoma suas antigas inquietações e escreve A Condição Humana e o dedica a Heidegger. Embora seja um trabalho

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todo constituído sobre a noção heideggeriana de mundo, ela insere sua noção de ação - atividade própria da política – como ponto basilar na constituição mundo, transformando o conceito de seu mestre. Por fim, pode-se notar que a relação entre ambos foge de qualquer padrão simplista e levanta a questão: Arendt seria mesmo uma discípula de Heidegger? Em que medida a autora não mergulha ainda mais no pensamento heideggeriano ao tentar se livrar de suas inquietações? Para responder estas perguntas deve-se observar qual é o grau de proximidade entre as noções de mundo de ambos os autores.

O Estado Ideal KantianoPaulo Francisco de Oliveira

[email protected]

FIES

Um Estado (civitas) é a união de multidão de seres humanos submetida às leis do Direito. Na medida em que estas são necessárias a priori como leis, isto é, na medida em que procedem espontaneamente de conceitos de direito externo em geral, a forma do Estado é aquela de um Estado em geral, ou seja, do Estado em ideia, como deve ser, de acordo com puros princípios de direito. Essa ideia serve como uma norma para qualquer associação real numa república (e, por conseguinte, serve como uma norma para sua constituição interna). Enfim, uma vez que a finalidade do Estado kantiano é somente ética (entendida como liberdade), não há uma distinção entre o Estado despótico e o republicano. O Estado é um só: é aquele que garante o direito.

Ação no contexto da percepção diretaPaulo Henrique Araujo Oliveira Pereira

[email protected] – Marília

CNPQ

O objetivo desse trabalho consiste em elencar elementos do pragmatismo peirceano que contribuam ao estudo da percepção direta proposta por Gibson (1979/86). A hipótese central desse trabalho é que o conceito de razoabilidade

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peirceano pode carregar elementos, tais como, instintos, emoções e sensibilidade ao domínio da percepção/ação sem necessariamente descaracterizá-la, possibilitando um critério de decisão no domínio da ação. Nesse contexto, analisamos a hipótese gibsoniana que o estudo da percepção/ação, segundo a qual, a percepção não envolve representações mentais internas, mas está orientada por affordances e que a razoabilidade pode constituir um elemento balizador nas escolhas dos organismos. Por affordances, Gibson caracteriza a informação disponível aos organismos no meio ambiente que possibilita a ação dos organismos. Procuraremos evidenciar de que modo emoções e instintos, englobados pela razoabilidade, constituem elementos essenciais à manutenção da vida e, desse modo, estão também presentes em organismos incapazes de representar mentalmente o mundo. Explicitaremos que a razoabilidade no sentido peirceano (algumas vezes deixada de lado nos estudos da percepção/ação na teoria da percepção direta) participa fundamentalmente dos processos racionais (e também dos não racionais) que envolvem a ação. A teoria gibsoniana da percepção direta não faz referência a nenhuma estrutura específica, além da fisiológica própria dos organismos, que delimite suas decisões. Nesse sentido, argumentaremos que o conceito peirceano de razoabilidade introduz um foco natural à realidade através do instinto e, como afirma Peirce, mais adaptado à continuidade da nossa raça e da vida por não ser característico do pensamento científico artificial. Além disso, entendemos que a razoabilidade confere aos organismos um critério de relevância às suas escolhas que pode enriquecer a teoria da percepção direta no que diz respeito ao tema das decisões no plano da ação permitindo aos organismos agirem significativamente no meio.

O classicismo, o sujeito e a loucura em Michel Foucault

Rafael Fernando [email protected]

UFSCARCAPES

No período clássico a concepção de subjetividade encontrava-se inviabilizada devido a estrutura discursiva predominante. Diante disto, a caracterização e o tratamento das denominadas “patologias do espírito” apoiavam-se em outros pressupostos. Pretendemos assim, observar a relação existente entre o discurso, a loucura e o sujeito no classicismo.

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O homem, na medida em que é considerado, pelo período barroco, como aquele que organiza as representações, não pode ser representado. É no interior do discurso conferido pela representação que tanto o ser como a existência estão dispostos. É somente através da redefinição da linguagem que pode se instituir uma ciência do homem.

No discurso encontram-se imbricadas duas noções: a natureza e a natureza humana. A primeira fazia surgir a diferença na ordem dos seres através de uma justaposição real e desordenada. A segunda proporcionava ao idêntico aparecer na cadeia desordenada das representações. Isto é, a natureza estabelecia o contínuo através de aproximações desordenadas e a natureza humana percebia o idêntico naquilo que aparentemente era desordenado e diferente. Ambas as naturezas, apesar desta oposição, lidam com elementos iguais: a diferença, a continuidade e a sucessão. Elas permitem que a possibilidade de análise surja em um quadro, mas necessitam, para tanto, uma da outra.

O discurso clássico, como manifestação da loucura, possui por um lado a natureza que através de uma análise disponibiliza a semelhança das coisas antes de sua ordenação. Permeada de lacunas, com suas similitudes misturadas e entrecruzadas, a natureza necessita de organização. É através de imagens fantasiosas que ela imprime-se como representação no louco. Por outro lado, as imagens ao serem submetidas a natureza humana, isto é, a uma analítica da imaginação, que possa enfim ordená-las, deparam-se com uma lógica baseada em convicções inverossímeis, que embora seja formalmente eficiente não possui um referencial plausível. Assim, a forma discursiva de manifestação da loucura no classicismo caracteriza-se: surge o delírio.

Matéria e Memória e a percepção como escolhaRafael Pellegrino

[email protected]

CAPES

Propomos uma breve abordagem em nosso seminário acerca da questão das relações entre percepção e liberdade na filosofia de Bergson, segundo o que consta em seu segundo livro, Matéria e Memória, sendo este um ensaio a respeito da relação consciência e corpo onde a percepção consciente aparece como ponto inicial de sua discussão.

O tema geral de nossa pesquisa se propõe a estudar a problemática envolvida em estabelecer a relação entre corpo e memória, já que se trata de uma relação entre realidades

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distintas; a da matéria e a da consciência. Recortaremos, porém, um tema preciso dentre os tantos abordados pelo todo da pesquisa: a relação entre percepção e escolha.

Para Bergson, a percepção aparece como relação entre imagens. Essas imagens, que resumem-se aos os próprios objetos que nos rodeiam, são entendidas como algo entre a coisa e a representação e se dividem em dois tipos: o corpo vivo e as imagens não vivas, cuja diferença é, numa primeira observação, a relativa indeterminação das respostas do corpo vivo às ações que lhe advêm do resto mundo, enquanto que as imagens não vivas parecem proceder sempre de modo bem determinado às ações que recebem das outras imagens. Mas se existe alguma coisa que diferencie, a princípio, esses dois tipos de imagens e justifique a relativa indeterminação por parte do corpo vivo, para Bergson, é justamente a capacidade de percepção que o corpo vivo possui, diferente dos outros corpos ou imagens. Procuraremos, desta forma, analisar em nossa breve apresentação o modo como Bergson trata a percepção e como a questão da escolha – e, de certa forma já, da liberdade – aparece-lhe vinculada em Matéria e Memória.

O nascimento de Deus em NietzscheRafaelo Schmitt Faccini

[email protected]

O trabalho apresenta a gênese do sentimento e do conceito de Deus no homem, segundo a interpretação que fazemos da filosofia de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Através do título “O nascimento de Deus em Nietzsche”, procuramos mostrar como pôde surgir, conforme o filósofo, a crença em Deus, interpretando-a como resultado de uma determinada hierarquia de forças e de uma vontade de nada, as quais caracterizam a espécie humana. Ao abordar o tema da gênese da ideia moral de Deus, podemos perceber que Nietzsche não conta a história do surgimento de uma entidade metafísica. O que ele investiga em obras como a “Genealogia da moral” é, sobretudo, como o conceito e o sentimento de Deus no homem se desenvolveu no curso do tempo, levando sempre em consideração o tipo de forças e de vontade de poder que estão por trás desse desenvolvimento. O trabalho se divide em duas partes. Primeiramente, é analisada a base de apoio imanente e naturalista da filosofia de Nietzsche, em que se sobressai a noção de desenvolvimento, de evolução e, sobretudo, o mecanismo atuante no devir: as forças e a vontade de poder. Ainda tem destaque nessa primeira parte o método utilizado por Nietzsche para avaliar a hierarquia das

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forças e da vontade de poder em uma matéria: o método genealógico. Na segunda parte, é feita uma abordagem sobre como Nietzsche utiliza esses princípios para mostrar a história da proveniência da crença humana de que existe Deus e de que modo essa crença adquiriu peso e importância.

Sobre a Biopolítica de Giorgio Agamben: entre Foucault e Arendt

Raphael Guazzelli [email protected]

UNESPCAPES

Pretende-se mapear o conceito de biopolítica na obra do filósofo italiano Giorgio Agamben, mais precisamente em seu trabalho de 1995, inaugurador da série Homo Sacer, cujo título leva o mesmo nome: Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua. Valendo-se do pensamento de Michel Foucault e Hannah Arendt de um lado, e Walter Benjamin e Carl Schmitt de outro, Agamben faz recuar o conceito de biopolítica às fundações da política ocidental. Importa mostrar como estrutura, lógica e topologia de funcionamento a biopolítica anima as relações políticas desde seu fundamento e que a modernidade foi capaz de desvelar, transformando radicalmente os espaços políticos contemporâneos. É sabido que este conceito foi forjado por Foucault e que em seu pensamento ele funciona como uma modalidade de poder, porém em Agamben ele aparece de forma central, algo como um conceito base de onde emergirão outros quatro: homo sacer, poder soberano, estado de exceção e campo de concentração. A política moderna, ao suscitar um permanente estado de exceção, isola e produz a mera vida e toma para si o direito de administrá-la. Nesta estrutura de funcionamento temos como paradigma de espaço político o campo de concentração.

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Introdução aos Trabalhos de Rudolf CarnapRenato Machado Pereira

[email protected]

CAPES

O artigo tem por finalidade descrever as principais características do pensamento de Rudolf Carnap. Inicialmente, fazemos uma breve introdução ao contexto em que estão inseridas as obras carnapianas, frisando o papel importante do Círculo de Viena em sua vida. Quando se transferiu para Viena e começou a fazer parte do cenáculo vienense, Carnap já havia adquirido sua formação de base, ao ponto de surgir como um pensador relativamente independente e maduro. Com sua bagagem de conhecimento, depressa ele se inseriu como um dos maiores protagonistas do Círculo de Viena, não só assegurando o seu contributo para a doutrina do grupo, mas também, de acordo com a dinâmica francamente cooperadora, dele retirando mais de um motivo para importantes desenvolvimentos das suas próprias ideias.

De maneira especial, Carnap herdou dos adeptos ao Círculo de Viena o grande interesse pela “linguagem”. Em particular, em sua obra “A Sintaxe Lógica da Linguagem”, Carnap via com suspeição a possibilidade de falar da linguagem de outro modo além do sintático. Porém, esse modo de interpretação da linguagem passa por mudanças marcantes em suas obras e podemos, inclusive, dividir o seu pensamento em três fases: Fenomenalista, Sintática e Semântica. Dedicamos neste artigo uma breve descrição dessas três fases, destacando que, mesmo propondo essa divisão, elas estão inter-relacionadas.

Der Begriff des Organischen seit Kant: notas sobre o projeto de doutorado de Nietzsche

Ricardo Bazilio Dalla [email protected]

UNICAMP

A edição das obras de Nietzsche feita por Colli e Montinari traz a público um manuscrito, datado de 1868, com pouco mais de cinquenta fragmentos (P I 8, 62 [3] - 62 [57]), em que o então jovem filólogo se dedica a tratar do universo da teleologia de Kant. A confecção desse manuscrito reverbera em duas cartas, ambas de abril

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do mesmo ano, a primeira enviada a Erwin Rohde (KSB, vol. II, p. 265), na qual Nietzsche comenta seu desejo de redigir uma dissertação (Doktordissertation) sobre filosofia, e a segunda a Paul Deussen (KSB, vol. II, p. 269), em que o desejo se torna um projeto, a ser concretizado até o final do ano. Embora num dos fragmentos (cf. 62 [6]) tal projeto receba o título amplo de Die Teleologie seit Kant, na referida carta a Deussen, Nietzsche sinaliza que seu tema norteador é especificamente “der Begriff des Organischen seit Kant” (o conceito de orgânico desde Kant). O desenvolvimento efetivo desse projeto não chega a ultrapassar as mencionadas cinquenta e poucas notas, visto que, poucos dias depois, numa nova carta a Rohde, Nietzsche comunica seu abandono. A despeito de sua diminuta elaboração, esse esquecido projeto de dissertação, ao mirar questões pontuais da filosofia kantiana, sob a “influência” da metafísica de Schopenhauer e a partir de uma curiosa apropriação de Goethe, leva Nietzsche a intuir algumas problemáticas que, décadas depois, em sua filosofia madura, ascenderão ao primeiro plano de sua obra, mediante o desenvolvimento de conceitos capitais como o de vontade de poder. A partir de uma leitura contextualizada do manuscrito, pretendemos trazer à tona a origem e os pormenores de algumas dessas problemáticas, sinalizando, assim, para os temas e os conceitos que elas, prematuramente, já intuem.

O uso do αὐτὸ no Hípias MaiorRineu Quinalia

[email protected]

CAPES

Este estudo considera o Hípias Maior um elo imprescindível dentro do pensamento de Platão. O diálogo traz, pela primeira vez, investigações acerca do Belo dentro do Corpus. Não obstante a estrutura textual, ainda “socrática”, o diálogo apresenta especulações que superam o nível de investigação, composto pelos exames e interrogações, e os processos argumentativos, tipicamente elênquicos e, prepara a estrada em que Platão (apesar de ainda não usar especificamente o termo “dialética” no texto) tenta direcionar sua investigação para uma formulação do seu processo dialético. No Hípias Maior, busca-se a definição do Belo (tó kalon). Platão ali, tenta definir o conceito não como predicado, mas como substantivo, ou seja, a pergunta socrática (tí esti?) que é belo? se transforma em (tí esti << tó >> kalon?) que é <<

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o >> belo? a inserção do artigo (tó = o) evidencia que, o que se busca não são as várias contextualizações do belo, ou seja, coisas belas (tá kalá), mas o belo em si (autó tó kalon). Ao tornar-se claro o caráter mais “metafísico-ontológico” da questão, é difícil não pensar que Platão, já naquele momento, não teria em mente (mesmo em um estado ainda embrionário) os rudimento do que viria a ser posteriormente na maturidade sua Doutrina das Ideias. Ao longo desta comunicação, optou-se por evidenciar dois pontos: (i) Encontrou-se durante o estudo do Hípias Maior, a nítida tentativa de Platão, ao longo do seu exercício filosófico, seu esforço e sua necessidade em realizar a passagem do (dialeghesthai) socrático à gênese da sua (dialektiké). (ii) Não obstante estarmos diante de um texto que a tradição atribui à juventude do filósofo, caracterizada pela forte influência socrática, Platão parece já ter bem presente a estrutura inicial da sua ontologia, uma vez que, em meio às definições do belo ali apresentadas, é clara a distinção conceitual entre particular e universal, ao longo do movimento argumentativo.

O personagem Protágoras nos diálogos de Platão: o problema da distinção entre

o particular e o públicoRobson Gabioneta

[email protected]

CAPES

Os sofistas ficaram conhecidos na história da filosofia como pseudofilósofos. Porém, todos os que se dedicam a estudá-los insistem que inicialmente o termo significava sábio e que a mudança nesse sentido foi dada por Platão e seguida por Aristóteles. Porém que Platão estão falando? Em quais textos? Como eles interpretam Platão? Muitas vezes eles sequer se dão o trabalho de apresentar uma justificativa textual para aquilo que estão dizendo. Outras vezes, apresentam uma posição sem nenhuma justificativa. O mais curioso é que esse mesmos intérpretes usam os textos de Platão sem nenhum cuidado metodológico, inclusive nem o próprio. Por exemplo, citam o personagem Protágoras do diálogo homônimo de Platão como se este fosse uma figura histórica.

Não se trata aqui de defender nem um nem outro ponto de vista, mas simplesmente examinar o que Platão, ou melhor, o que o texto platônico fala sobre o Protágoras.

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Ou melhor ainda, buscaremos acompanhar como Protágoras aparece em 11 diálogos de Platão, discutindo o contexto em que é inserido, bem como sua participação no encadeamento de cada diálogo.

Protágoras aparece de diversas formas: ora como personagem que toma a palavra, ora é Sócrates que fala em seu nome, ora apenas sua teoria é referida, ora são seus discípulos, ora é comparado aos poetas, ora aos artesãos... Enfim há uma multiplicidade de aparições, de modo a dificultar a síntese em relação a esse personagem.

Leibniz e as razões para crer na religiãoRogério Vagna

[email protected]

A um seguidor da religião cristã é exigida a crença em certos dogmas denominados mistérios da fé, como por exemplo, o dogma da trindade e o da transubstanciação. Os dogmas da fé apresentam-se como fundamentalmente ininteligíveis, mas ainda assim exige-se dos cristãos a crença neles, ou seja, que os considerem verdadeiros. O fato é que só posso considerar como verdadeiro ou falso algo que é inteligível. Se, por um lado, nos deparamos com aspectos ininteligíveis quando lidamos com o discurso religioso, por outro, a posição ortodoxa não pode rejeitar que haja algo de compreensível nos mistérios da fé, sob pena de aceitar uma total falta de sentido. Diante de tal problemática pretendemos mostrar que, seguindo o ecletismo presente na filosofia de Leibniz, não se deve tomar uma posição unilateral. Entre a teologia natural, fundada na razão e na experiência comum, e a teologia revelada, que traz a revelação dos mistérios por Deus, não deve haver oposição, mas uma completa harmonia. Da mesma forma o filósofo de Hannover não poderá aceitar que o discurso religioso tenha apenas uma significação emotiva, pois sempre se terá que dizer por que devemos aceitar certas crenças e não outras. Ao darmos razões de preferirmos uma crença à outra, percebe-se claramente que elas têm um aspecto cognoscitivo, além do meramente emotivo, haja vista que aceitar uma crença implica considerar a proposição como verdadeira. Leibniz só aceitará uma posição que contemple simultaneamente as exigências de inteligibilidade, garantindo que há algo de racional nas crenças da fé, e de ininteligibilidade, salvaguardando ainda algo de misterioso na experiência religiosa.

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John Locke e as questões em torno da linguagem

Ronaldo José [email protected]

UFSCAR

A linguagem foi o tema central do terceiro livro do Ensaio Sobre o Entendimento Humano, e podemos afirmar que, de acordo com a perspectiva lockeana, as confusões decorrentes do uso vago e impreciso das palavras tem sido a fonte de confusões conceituais presentes nas discussões filosóficas. Podemos interpretar as menções feitas por Locke acerca da linguagem somente como mais uma preocupação de origem baconiana, ou seja, de que o homem deve empreender suas forças para que seu entendimento não seja enfeitiçado pelo poder das palavras? Ou, não se trata somente de dedicar uma especial atenção ao uso dos termos, mas estabelecer uma melhor compreensão do funcionamento da própria linguagem para que possamos lidar com as confusões conceituais por ela geradas? A discussão dessas questões revelará um traço importante presente na filosofia de Locke (e do pensamento filosófico moderno), a saber, a correta compreensão do funcionamento da linguagem como trabalho filosófico.

A Democracia Deliberativa de Jürgen HabermasRonaldo Martins Gomes

[email protected]

A democracia se apresenta de forma bastante controversa para os diversos autores das áreas de filosofia, sociologia, educação, política etc. que se dedicam a estudá-la, isso faz com que se tenha na atualidade um variado “cardápio” de modelos de democracias: Democracia Participativa; Democracia Real; Democracia Experimental, entre outras opções. O que será que isso pode indicar? Será que existe um único modelo de democracia que seja válido para todas as sociedades políticas em todos os tempos? Ou será que cada sociedade pode construir sua própria democracia? Essa questão é relevante, pois há países que desenvolvem modelos centralizadores e violentos, mas que se denominam “democráticos”. Portanto, talvez seja necessário perguntar: o que é uma democracia? Ou o que faz com que uma sociedade seja considerada como

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democrática? Além disso, há uma democracia que se apresenta na organização dos discursos políticos e outra que é vivida pelos indivíduos nos seus contextos de vida em cada sociedade singular. Seria este um indicativo que a democracia passou a ser mais discurso eleitoreiro do que prática social efetiva? Nesse trabalho, após discutir as questões acima levantadas, se apresentará de forma introdutória a concepção de Democracia Deliberativa e Esfera Pública em Jurgen Habermas, no contexto mais amplo da Teoria da Ação Comunicativa. Tendo como objetivo vislumbrar a Democracia Deliberativa como uma opção válida no projeto emancipatório das sociedades em geral, e da sociedade brasileira especificamente. Configurou-se que uma teoria democrática, mesmo sendo pensada no contexto do mundo europeu, pode ser útil ao universo político brasileiro, no que se refere à possibilidade de refletir sobre a realidade.

Linguagem versus Escritura:possíveis deslocamentos e interrupções

Roseli Gonçalves da [email protected]

UFU

O trabalho que se anuncia visa uma discussão acerca do problema da linguagem a partir da dimensão derridiana da escritura. Ao anunciarmos a emancipação da escritura - que por vezes ainda se apresenta como representação figurativa da linguagem - é possível pensar que talvez nunca na história das línguas tal emancipação tivesse sido tão cobiçada. Esse desejo de emancipação institui-se e apodera-se da linguagem de tal forma que acaba por fixar-se no jogo das oposições binárias. Donde, não permitir que se expresse da melhor maneira que se possa ou se saiba fazer é desdizer a desconstrução, é desacreditar nas possibilidades de deslocamentos que verdadeiramente nos propõe a Desconstrução. Ou ainda, permitir que emanando por entre os antigos hábitos e antigas tradições, se mantenha o eterno porvir... Um porvir que talvez nem mesmo venha ou que a fortiori já o tenha vindo. Vindo tão sutil, tão delicadamente sutil que nem se permitiu aperceber-se. Não permitir que a Linguagem e a Escritura se constituam mutuamente com tudo o que a escritura possa agregar a si é impedir que o jogo continue. É esquecer os preceitos, os conceitos ou os quase-conceitos derridianos que simulam e se dissimulam entre si, que invertem

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e pervertem... Mas, sobretudo que nos colocam diante de nós mesmos, como que num espelho a refletir sobre e a partir de nossa própria imagem. Dessa forma nos é facultado pensar que não existem dois lados. Não existem dois gumes. Não existe par ou ímpar; nem isto ou aquilo. Não há mais espaço nem tempo para dicotomias. Existem outros, há infinitos outros a partilhar, a compor, a duplicar, a desconstruir e a (re) construir como que num movimento quase- involuntário, repetindo-se, como primeira vez. Assim, o que se propõe aqui é que se lance um olhar outro para a escritura, e, sobretudo, que se amplie a discussão acerca do problema da linguagem. Um olhar outro que não tema a violência porque possa ou deva passar não só a escritura, como também o discurso e a própria linguagem.

Podem novos experimentos de Metacontraste falsear o Modelo de Esboços Múltiplos da

consciência?Samuel de Castro Bellini Leite

[email protected] – Marília

CAPES

O objetivo deste trabalho será de discutir se Todd (2009) consegue falsear o Modelo de Esboços Múltiplos de Daniel Dennett (1991) através de análises de novos experimentos de metacontraste. Dennett afirma a superioridade de seu modelo sobre um modelo tradicional de consciência chamado por ele de “Teatro Cartesiano”. O conceito do Teatro Cartesiano está relacionado a vários problemas, mas o que parece ser essencial para as críticas Dennett e também mais controverso está ligado à afirmação de que uma discriminação em tempo “T” no cérebro não pode corresponder a um evento no mesmo tempo “T” na consciência, não podendo haver uma linha de chegada para o início da consciência. Isso se dá porque a adoção desta tese implica na possibilidade de discernir entre eventos Stalinistas e Orwellianos em frações de segundos. Dennett acredita mostrar empiricamente que discernir isto é impossível, e utiliza o metacontraste como uma das principais evidências. Os projetos de Steven J. Todd (2006, 2009), Breitmeyer et al. (2007) e Christie e Barresi (2002) pretendem mostrar, justamente, a partir de novos experimentos com metacontraste, evidências que possam diferenciar entre interpretações Stalinistas e Orwellianas para tornar o argumento principal a favor do Modelo Esboços Múltiplos falso.

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A dupla intencionalidade da retenção nas Lições de Husserl

Scheila Cristiane Thomé[email protected]

UFSCARFAPESP

Nas Lições para uma fenomenologia da consciência interna do tempo Husserl nos diz que aquilo que está presente em carne e osso (Leibhaft), aquilo que é doado no agora atual, tem como seu modo de doação intuitiva a percepção, por outro lado, o acesso intuitivo ao passado, e de certo modo também ao futuro, é garantido pela consciência reprodutiva. A reprodução (Reproduktion) aparece, assim, como a estrutura geral dos atos de recordação, expectativa e fantasia. No caso da doação intuitiva do passado, essa é garantida porque na reprodução é reproduzida a consciência do que fora atualmente percebido. Esse acesso ao passado se dá desse modo porque a recordação opera tendo como base a dupla intencionalidade da retenção. Intencionalidade que, por um lado, visa o objeto temporal imanente na sua duração – essa direção é caracterizada por Husserl como intencionalidade transversal (Querintentionalität) -, por outro lado, visa o próprio contínuo de fases do fluxo de consciência – o que caracteriza uma intencionalidade longitudinal (Längsintentionalität). Essas duas direções da intencionalidade da retenção formam uma unidade incindível, de modo que é mediante a intencionalidade transversal que se constitui o tempo imanente (a esfera própria de alteração e duração do objeto temporal) e é mediante a intencionalidade longitudinal que se constitui a unidade do próprio fluxo, o contínuo das fases constitutivas do tempo enquanto dinâmica de fluência do presente vivo. Deste modo, é num único e mesmo fluxo que se constitui ao mesmo tempo a unidade do objeto e a unidade do próprio fluxo. O objetivo desta comunicação será, então, o de analisar a possibilidade do acesso à esfera da subjetividade absoluta constitutiva do tempo mediante a compreensão da dupla intencionalidade da retenção e do caráter reprodutivo da recordação, como também analisar os problemas relativos ao acesso reflexivo-fenomenológico à esfera subjetiva absoluta que enquanto é constitutiva de toda temporalidade não é ela própria um processo no tempo - ela é propriamente sem tempo (zeitlos).

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Sartre e a ideia de nadificação como conduta concreta humana

Siloe Cristina Nascimento [email protected]

UFESFAPES

Sabemos que a nadificação é necessária para compreender o pensamento sartriano, mas ao contrário do que a primeira impressão sugere, este conceito não é simples abstração desconectada do real; a nadificação, de outro modo, funciona como instrumento dialético para compreensão da relação entre a consciência e os objetos, e como tal é sempre indicação de uma conduta humana que só existe no mundo. Nosso escopo é explicar, com base na obra O Ser e o Nada de Sartre, como ele entende a nadificação para mostrar que ela é uma conduta concreta. Para realizar esta tarefa faremos uma breve introdução ao conceito de intencionalidade explicando a relação entre a consciência e os objetos. Isso posto, veremos por meio da análise de uma conduta humana - neste caso a interrogação pelo ser - como a consciência se desprende dos objetos nadificando o real e fazendo surgir o não-ser e o nada como constatações objetivas no mundo. Pretendemos mostrar que o conceito de nadificação compreende, portanto, o desgarramento da consciência em relação aos objetos, na qual a consciência se desprende do ser percebido colocando a possibilidade da negação. Iremos observar como a nadificação da consciência faz surgir o não-ser em meio ao ser em qualquer questão cotidiana a partir do exemplo dado por Sartre: um encontro num bar. Marco um encontro com um amigo chamado Pedro no bar e ao chegar observo o ambiente, as pessoas, mesas, bebidas e transcendo essa percepção. Faço desvanecer o que percebi e uso esse cenário como pano de fundo para a busca por meu amigo, mas Pedro não está – tudo que encontro é sua ausência – minha espera pelo ser encontrou o nada. Isso revelará que a falta de Pedro é o nada que encontrei sobre o fundo do bar que nadifico e a ausência dele é um fato objetivo: o não-ser de Pedro é o que sustenta a minha negação; dessa forma, concluiremos que a negação e o nada são constatações objetivas da consciência onde ela organizou o real esperando uma resposta do ser, e a nadificação indica o desgarramento da consciência a faz negar o ser.

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O conhecimento metafísico: a intuição como método em Bergson

Solange [email protected]

UFSCARCNPQ

A metodologia bergsoniana baseada em separações apenas de direito, em novas concepções para palavras já conhecidas e diferentes abordagens para temas filosóficos tão debatidos anteriormente fazem da noção de metafísica algo bem peculiar para o filósofo de Matéria e memória. Se o primeiro capítulo desta obra pode ser considerado como gnosiológico, o quarto capítulo pode ser compreendido como uma metafísica que vem a complementar e mesmo concluir as teses anteriormente expostas acerca do papel do corpo e sua relação com as imagens. Entretanto, essa metafísica é peculiar na medida em que tem por método uma das noções mais complexas da filosofia bergsoniana: a intuição. Em outras palavras, o modo de análise bergsoniano torna a exposição de suas idéias mais compreensíveis e ao mesmo tempo indica que a intuição está na base do conhecimento verdadeiro, aquele que, por sua vez, deveria estar na base da metafísica. Embora encontremos a presença direta ou indireta do termo intuição nas três principais obras de Bergson – Ensaio sobre os dados imediatos da consciência, Matéria e memória e A evolução criadora – o filósofo só se dedicará a esse método intuitivo na segunda parte da introdução da obra O pensamento e o movente, e isso não ocorre por acaso: erigir a intuição como método filosófico significa ter delineado as particularidades da duração, algo a que Bergson se dedicara até então. Somente em sua última obra, que é uma coletânea de textos, Bergson se dedica precisamente à intuição como método adequado para metafísica, assim como a “associá-la” diretamente à duração. Sendo assim, nosso trabalho pretende mostrar as particularidades desse método bergsoniano da intuição e qual seria sua importância para o conhecimento metafísico como um todo.

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Tempo e Subjetividade na Fenomenologia de Husserl

Tayrone Barbosa Justino [email protected]

UFSCARCAPES

A fenomenologia, tradicionalmente conhecida como uma das grandes correntes filosóficas, tem sua gênese no início do séc. XX com Edmund Husserl, em sua grande obra “Investigações Lógicas”. A fenomenologia sempre foi concebida desde seu início como uma investigação de essências. De maneira geral, é uma análise das essências dos atos de consciência. Apesar desta concepção já estar presente nas “Investigações Lógicas”, sabe-se que Husserl durante todo o resto de sua vida não deixou de rever e até mesmo reformular a teoria fenomenológica.

Em estudos anteriores, abordamos uma destas reformulações, mais especificadamente a que ocorre entre as 1ª e 2ª edições das “Investigações Lógicas”. Este livro pretende elaborar uma teoria do conhecimento que pudesse dar cabo definitivamente dos problemas presentes nas concepções psicologistas do conhecimento; até então concepções muito populares entre os teóricos da época. Contudo, na 2ª edição das “Investigações”, mais de dez anos depois, o diagnóstico de Husserl é severo: as “Investigações” continuam sendo um livro importante para aqueles que quiserem se aventurar na fenomenologia, mas seu objetivo – uma teoria do conhecimento completamente bem fundamentada – não foi totalmente alcançado e manteve-se ao nível do “principiante”. Husserl ressalvou suas “Investigações Lógicas”, pois ainda que estivesse disposto a descrever as essências dos atos visando uma estrutura essencial do entendimento, ainda o fazia no nível da atitude natural. Husserl identifica nas “Investigações” um preconceito presente nas tradicionais teorias do conhecimento. Tal preconceito consistia numa posição epistemológica errônea em que se opunham dois âmbitos: de um lado, o terreno da realidade psicológica; do outro, o terreno do que a transcende. O problema do conhecimento posto neste cenário não pode ser resolvido e culmina num contrassenso.

Nesta apresentação, vamos iniciar uma breve análise dos estudos sobre o tempo posterior às “Investigações”. Gostaríamos, mesmo com certo caráter introdutório, de apontar como os estudos sobre o tempo terão papel decisivo na fenomenologia deste período.

Partiremos do livro “Lições para uma Fenomenologia da Consciência Interna do Tempo”, pois reúne alguns escritos deste período crucial. Estas análises sobre o tempo

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contribuem para denunciar algumas inconsistências das “Investigações Lógicas”, sobretudo a própria concepção de subjetividade.

Notas sobre crítica e parrhesía na filosofia de Michel Foucault

Thiago Canonenco [email protected]

UFSCARFAPESP

A presente comunicação almeja investigar o último dos grandes eixos de pesquisa empreendidos por Michel Foucault – os processos de subjetivação (si) –, principalmente no que se refere aos cursos que enfocaram, no âmbito mais geral das relações entre sujeito e verdade, a noção de parrhesía (a qual pode ser entendida como “franco falar”, “dizer tudo”, “dizer veraz”). Visamos expor nossa interpretação acerca da razão de interesse de Foucault em determinar o dizer veraz parresiástico – que exercera um papel de grande destaque nas antigas cultura e filosofia greco-helenística-romanas – como um dos objetos fundamentais das pesquisas divulgadas em seus últimos cursos. Dentro desse intuito geral, buscaremos descrever brevemente as íntimas relações entre as noções de crítica e parrhesía no pensamento foucaultiano e o modo como ambas teriam sido incorporadas à própria filosofia do autor em questão e, por conseguinte, à sua estratégia de enfrentamento ao poder político moderno.

Husserl sobre a aplicabilidade da Geometria Formal: um leitura em termos

de Estruturas e ModelosThiago Carreira Alves Nascimento

[email protected]

Einstein em Geometria e Experiência questiona como a matemática, enquanto um produto da mente humana independente da experiência, pode ser tão apropriada

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para lidar com os objetos da realidade. Sua resposta a essa questão é sucinta: na medida em que as leis da matemática se referem à realidade, elas são incertas; na medida em que elas são certas, não se referem à realidade. Em se tratando de geometria, tem-se, de um lado, a geometria no sentido lógico-formal, formada por esquemas conceituais “vazios”, que não remetem a dado algum da intuição; por outro lado, tem-se a geometria em sentido prático, direcionada a aplicações físicas. O ponto em questão reside em se requerer ou não certa intuição da experiência para validar as proposições geométricas. Assim, é uma questão de convenção qual sistema geométrico é melhor para representar a natureza, independente de existir uma relação estrutural entre um sistema e outros. Diferentemente de Einstein, Husserl em A Origem da Geometria defende que deve haver uma estrutura-de-significado que valide o conhecimento geométrico como um todo em relação à sua “origem” intuitiva-ordinária. Husserl apresenta o conhecimento geométrico como um produto histórico, como a síntese de um processo contínuo de validação de estruturas de significado. Disso resulta que o conhecimento geométrico é constituído de estruturas de significado que são incrementadas, significado sobre significado, ao longo da atividade científica de cada época, gerando novos conhecimentos que são “acumulados progressivamente”. Nesse sentido, ocorre uma espécie de “progresso” no processo de esclarecimento de noções intuitivas básicas, que se efetiva através de um desenvolvimento histórico-epistemológico do domínio de conhecimento em questão. Nesta comunicação proporemos uma interpretação à tese husserliana sobre o conhecimento geométrico baseada em Teoria dos Modelos, segundo a qual cada “nível” do conhecimento será interpretado como uma estrutura matemática, vinculado umas às outras por meio de uma cadeia de estruturas. A essa noção formal de cadeia de estruturas aproximaremos o conceito husserliano de “estrutura-de-significado”. Por fim, discutiremos algumas limitações da proposta husserliana, especialmente em relação ao conceito de multiplicidade definida, proposto no contexto das Ideias justamente para lidar com a caracterização estruturas matemático-formais.

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Sartre e o problema moral: entre a ação e a responsabilidade

Thiago [email protected]

FAJECAPES

A partir de investigações destinadas a nossa dissertação nos concentraremos em esboçar uma introdução de nosso intento fundamental: identificar uma moralidade no escopo do pensamento de Jean-Paul Sartre firmado em dois elementos muito explorados em sua produção filosófica, a saber, ação e responsabilidade. Recorremos para este fim a duas obras de destaque do autor em questão para entender os conceitos de ação e responsabilidade. Além disso, perguntamos: Como esses pressupostos findam na configuração de um horizonte moral? O homem, na perspectiva de Sartre, constitui sua essência em detrimento de sua existência e isso ocorre por meio de escolhas. Escolher é agir, que, por sua vez, implica numa responsabilidade em relação a si mesmo e a outrem. Nosso autor esclarece que “não existe um de nossos atos sequer que, criando o homem que queremos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem conforme julgamos ela deve ser.” (SARTRE, 2010, p. 44). Ele é aquilo que projeta vir a ser. Deste modo, a moralidade está na tensão entre a ação do homem e sua responsabilidade com o outro no tocante à criação de valores que garantam a dignidade humana tão frisada pelo existencialismo sartriano. Toda moral que se apoia em apriorismos é negada por Sartre que reforça a noção de “universal concreto”. Essa universalidade se efetiva através dos dois elementos trazidos aqui para fundamentar uma moral existencialista. A escolha como ação intencional visa à configuração de um campo humano e esse só ocorre de fato quando o homem se assume inteiramente responsável. Condenados à liberdade os homens devem responder entre si por seus atos, uma vez que a existência humana precede sua essência e não há nada fora do homem que legitime sua condição, a não ser sua própria configuração. Por fim, nossa investida é contida visto que a demonstração da ação e responsabilidade como elementos éticos do pensamento de Sartre configura-se como intenção fundamental de nossa investigação. Todavia esses dois elementos serão discutidos de modo a contribuir com nosso intuito central.

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Tempo e Corpo próprio: um estudo da hecceidade no horizonte da Estrutura do

ComportamentoUILSON JUNIOR FRANCISCO FERNANDES

[email protected]

FAPEMIG

Este estudo busca expressar algumas considerações acerca da forma muito peculiar como Maurice Merleau-Ponty efetiva à articulação de suas concepções de tempo e corpo próprio. Esta articulação conceitual é feita em consonância com o que filósofo denomina hecceidade, noção esta, que é apresentada no último capítulo de sua obra A Estrutura do Comportamento, publicada em 1942. A tarefa proposta adentra, neste sentido, a um prévio reconhecimento da subversão metodológica, empregada pelo filósofo francês na construção de seu pensamento: a ambiguidade. Uma das propriedades desta filosofia da ambiguidade é justamente retirar o caráter meramente conceitual dos problemas filosóficos e os integrar, diretamente, no tecido de nossa existência como um enigma vivo, atitude engajada que recoloca o pensamento no mundo. A proposta de remontar a importância da temporalidade na constituição do sujeito, passa na filosofia merleau-pontyana, por uma nova perspectiva de compreensão do corpo próprio como estrutura dinâmica e viva, inserida no espetáculo do mundo, e que busca combater as concepções que definem a percepção apenas por meio de esquemas causais fundamentados numa perspectiva física. A própria noção de representação começa a ser desconstruída em prol da originalidade que a presença dos objetos assumem perante meu corpo. Nestes termos, nosso objetivo é compreender os desdobramentos da radicalização da presença do homem frente o mundo, dando maior ênfase ao elemento temporalidade, apontando assim as consequências desta relação na filosofia de Merleau-Ponty.

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As contribuições do filólogo Max Müller à teoria bergsoniana da linguagem

Vanessa de Oliveira [email protected]

UFSCARFAPESP

Em correspondência datada de 1886, tempo de sua permanência em Clermont-Ferrand, Bergson faz uma lista de dezoito livros a serem devolvidos a Albert Maire. Dentre estes livros, encontra-se a obra Sources du langage (1867) que reúne os cursos sobre a origem da linguagem do filólogo Max Müller. Em nota final da carta, Bergson expressa seu desejo em manter alguns volumes para serem lidos durante suas férias, sendo o de Müller um deles. A preocupação com a natureza da linguagem é recorrente na obra bergsoniana, sendo célebre sua tese da impossibilidade da expressão do real por meio dela. Um dos motivos de sustentação desta tese está no comprometimento da vida humana com a prática em relação ao conhecimento puro. Tese esta defendida por Müller ao abordar a origem da linguagem a partir de necessidades essencialmente práticas, a ponto de argumentar em favor da classificação do estudo lingüístico como uma ciência natural. Além disto, este levantamento da contribuição da obra de Max Müller na elaboração da reflexão bergsoniana sobre a linguagem se mostra fecundo tendo em vista o propósito da obra de Müller em reunir as contribuições alemãs, francesas e inglesas dentro da teoria da linguagem nos últimos cinqüenta anos anteriores à sua escrita.

Prático-inerte e alienação na “Crítica da razão dialética” de Sartre

Vinícius dos [email protected]

UFSCARFAPESP

A Crítica da razão dialética visa esclarecer as condições formais da experiência histórica – mais precisamente, da experiência capitalista –, de uma perspectiva capaz de conciliar o materialismo histórico e o existencialismo. Dentro dessa proposta, o campo social que Sartre denomina de prático-inerte funcionaria como

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“fundamento lógico” da alienação histórica descrita por Marx. Envolvidos em sua engrenagem, as práxis individuais, ao agirem sobre a matéria, convertem-se numa força estranha aos seus agentes. A liberdade torna-se necessidade, e os resultados da ação humana se voltam contra seus criadores. Conquanto, a princípio, pareça não haver problemas, uma análise mais detida da forma pela qual Sartre pensa as relações entre prático-inerte e alienação parece desautorizar-nos a aproximar seu entendimento deste último conceito daquele desenvolvido por Marx. Isso porque, Sartre não deixa claro se toda forma de objetivação do homem no mundo é já uma forma intransponível de alienação – portanto, estaríamos condenados a ela –, ou se, como em Marx, seria possível pensar uma distinção fundamental entre a ação como objetivação e realização humana no mundo (Vergegenständlichung) e como exteriorização alienada (entfremdete Entäusserung) que, enquanto produto histórico, poderia ser positivamente superada. Pensar essa relação entre o prático-inerte e o conceito sartriano de alienação, confrontando-o com o de Marx, é a proposta da comunicação.

Trabalho, Técnica E Emancipação No Jovem Habermas

Vinicius dos Santos [email protected]

UFSCAR

O objetivo da presente comunicação é caracterizar a dicotomia entre trabalho e interação na teoria de juventude de Jürgen Habermas. Para tanto, apresentar-se-á, em um primeiro momento, como o pensador desenvolve sua argumentação em torno dos conceitos de ação instrumental e ação comunicativa, expostos, principalmente, em Técnica e Ciência como “Ideologia”. Nesse contexto, Habermas compreende o trabalho como técnica de apropriação da natureza, não sendo o âmbito no qual se formam a subjetividade e as relações sociais; e, em outro aspecto, pauta a constituição cultural e a sociabilidade em uma esfera distinta daquele da ação racional-instrumental. Esta é denominada como interação, na qual ocorrem as relações intersubjetivas e, além do mais, domínio por excelência da possibilidade de emancipação. Assim sendo, não compreende o problema da sociedade moderna relacionado diretamente à produção material e ao trabalho social. Antes, há uma intervenção da esfera da produção na esfera comunicativa que impede os indivíduos de se emanciparem, caracterizado por uma

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tecnocracia. Neste âmbito, observa a necessidade de transformação apenas no tocante ao político, à democracia, por meio da constituição de uma esfera pública autônoma e reflexiva. Em seguida, mostrar-se-á como o equacionamento entre trabalho e técnica, apreendido de forma não-dialética, constitui-se de modo problemático, tanto para os desdobramentos da teoria habermasiana quanto à emancipação, como também em relação a crítica ao empreendimento de Marx. A partir de uma interpretação crítica da categoria trabalho, assumindo o desenvolvimento marxiano da teoria do valor e do fetiche da produção, propor-se-á uma alternativa crítica à teoria da emancipação de Habermas. Para isso, far-se-á necessário demonstrar como, segundo Marx, a distinção entre trabalho e interação, da vida humana constituída em duas esferas separadas, é carente de sentido, já que, tomando-se a dialética imanente do trabalho, a interação é um dos momentos das relações de produção, do trabalho social. Por fim, constatar-se-á que a teoria habermasiana, ao equacionar trabalho e técnica, possui um fundamento problemático que se reflete e desdobra por toda sua análise acerca do capitalismo.

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