viii encontro regional da anpuh/df uma escola democrática ... fileisbn: 978-85-64593-65-7 1ª...

54
ISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe Caderno de Resumos Brasília, 18 a 20 de setembro de 2018 DHIS – Departamento de História PPGHIS – Programa de Pós-Graduação em História 1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Upload: nguyenhanh

Post on 11-Feb-2019

230 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

1ª Semana Nacional de HistóriaLeituras e Releituras de 1968

VIII Encontro Regional da ANPUH/DFUma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe

Caderno de ResumosBrasília, 18 a 20 de setembro de 2018

DHIS –Departamento de

História

PPGHIS – Programade Pós-Graduação em

História

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 2: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/01 – Dimensões políticas no Brasil republicano

Proponentes: Professoras Doutoras Ione Oliveira e Léa Carrer Iamashita (UnB)

Local nos dias 19 e 20: Sala de Reuniões do HIS (ICC Norte-módulo 25)

Este Simpósio Temático objetiva promover a troca de experiências e o debate

entre alunos, professores e pesquisadores que tenham como referência reflexões e

pesquisas, realizadas ou em realização, sobre as dimensões políticas no Brasil

Republicano, do final do século XIX aos dias atuais. Conforme Pierre Rosanvallon, o

político não é uma ‘instância’ ou um ‘domínio’ entre outros da realidade: ele é o local

onde se “articulam o social e sua representação, a matriz simbólica na qual a experiência

coletiva se enraíza e se reflete ao mesmo tempo” (ROSANVALLON, 1996, p. 30). Nesta

perspectiva, os estudos da historiografia e as pesquisas documentais sobre o período

republicano oferecem caminhos para pensar e reinterpretar o passado brasileiro,

possibilitando vislumbrar alternativas para a criação de novas realidades sociais. O

simpósio espera contribuir com a construção do conhecimento histórico nos campos da

história política do Brasil republicano e pretende abarcar os múltiplos objetos e

abordagens do exercício da política, tais como a participação na vida política, as

representações coletivas, as práticas políticas da sociedade brasileira, os projetos

políticos, os processos eleitorais, os liberalismos, os autoritarismos, as percepções de

cidadania, os modelos de democracia, as noções de representação, as disputas de

memórias, as formulações de identidades, entre outros.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 3: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Utopias autoritárias para a salvação da nação: os projetos das Ligas Brasileira e Paulista deHygiene Mental (1923-1930)

Autor: Gustavo Igor Lopes de Jesus (UnB)

Resumo: Esta pesquisa objetivou identificar as representações de modernidade e eugenia, bem comoos traços de autoritarismo, nos discursos e nas formas de ação das Ligas Brasileira e Paulista de HigieneMental durante a década de 1920. Partiu-se da hipótese de que ambas as ligas, baseadas em um discursoeugenista que entendia as “moléstias mentaes” como enfraquecedoras da raça, delinearam projetosnacionais de significativo autoritarismo e violência a fim de “recuperar a nação”. Foram definidos comosuporte documental para a pesquisa os Archivos Brasileiros de Hygiene Mental e os Archivos Paulistasde Hygiene Mental – periódicos publicados pelas instituições – e, como recorte, as edições publicadasaté o ano de 1930 ou aquelas que, mesmo posteriores, fossem relativas ao período. Desses periódicos,foram selecionados os artigos que melhor fornecessem pistas sobre os meios de ação propostos, ostraços de autoritarismo e os temas de maior presença na ação das instituições. Verificou-se que asformas de atuação de ambas convergiam em dois eixos principais: o primeiro, de “higienizar” o povobrasileiro das doenças mentais, ou seja, evitar a proliferação de doenças causadoras de degeneração e,também, a “proliferação” dos indivíduos ditos degenerados e anormais que “estragariam” ainda mais anação. O outro eixo tratava-se da educação do povo, ou seja, o trabalho para que a nação estivesseciente de como não se infectar com esses males. Constatou-se, a partir daí, que as representações sobreo futuro do país amplamente difundidas entre esse intelectuais associavam a imagem de modernidade auma nação livre de desvios, ou seja, que se encaixasse no padrão de normalidade definido por eles.Confirmou-se, ademais, a hipótese de que os projetos de ação nacional delineados por essas ligas foramimbuídos de traços autoritários. Observou-se, também, o autoritarismo à medida que se "esvaziava" ahumanidade dos indivíduos “indesejáveis”, que sequer tinham o direito de opinar sobre seus próprioscorpos.Palavras-chaves: Autoritarismo; Eugenia; Liga Brasileira de Higiene Mental.

A descoberta do Brasil como país doente: a Liga Pró-Saneamento e o movimento sanitarista naPrimeira República

Autor: Filipe Martins Soares (UnB)

Resumo: No contexto internacional do pós Primeira Guerra Mundial e inspirados pelos novos ideaisnacionalistas, diversos intelectuais brasileiros se viram como responsáveis pela criação de um projeto dedesenvolvimento da nação. Dentre estes, os sanitaristas elegeram a promoção da saúde e a educaçãopara a saúde como os principais fatores para o progresso do Brasil, considerado à época como paísmuito atrasado. A maioria destes intelectuais partiu para a defesa da saúde pública a partir das críticasao sistema federalista oligárquico da Primeira República, que não se interessava em promover políticaspúblicas de saúde. Foi assim que em 1918 criaram a “Liga Pró-Saneamento do Brasil”, associação civilque defendeu um projeto de política pública de saúde coletiva, que deveria basear-se no nível federal do

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 4: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Estado brasileiro, e que deveria organizar-se segundo um caráter centralizado e autônomo. Nossoobjetivo foi então o de identificar as imagens, as ideias, os valores que informavam as representações decidadão moderno, higiênico e saudável, bem como os sentidos de modernidade e de progresso nosprojetos da Liga Nacional de Higiene Sanitária no Brasil, nos anos 1920. Trabalhamos orientados peloconceito teórico de cultura política uma vez que, ao articular os fatos políticos como expressão dosfatos culturais, o âmbito do político não ocupa mais uma dimensão acima do cotidiano social. Ou seja,não é mais percebido como um nível de cúpula do poder, mas como uma esfera de rede de relaçõessociais, de comportamentos, de memórias, de valores que circulam entre os grupos sociais. Talperspectiva foi fundamental para entendermos como projetos autoritários alcançam respaldo social. Osuporte documental de pesquisa consistiu nas publicações acerca da fundação, dos projetos ecampanhas desenvolvidas pela Liga Sanitária em suas publicações próprias ou na imprensa da época. Aleitura dos textos, fotografias e charges, seguida de fichamentos e da análise dos mesmos articulada àsorientações teóricas, nos possibilitaram compreender a operação das culturas políticas e algunscaminhos responsáveis pela manutenção do autoritarismo na sociedade brasileira. A pesquisaevidenciou que as propostas sanitárias da Liga possuíam caráter político autoritário e elitista. Os líderesdo movimento sequer consideraram o envolvimento das camadas populares nas tomadas de decisão,pois estas eram percebidas como ignorantes, miseráveis, atrasadas e doentes, incapazes de lidar comescolhas. Além disso, quando defendiam acabar com as epidemias e endemias tão correntes no Brasil àépoca, os sanitaristas enfatizavam muito mais os benefícios que isto acarretaria para a produtividade danação, para o desenvolvimento do capitalismo, do que o bem estar do povo brasileiro que, comocidadãos, teriam direito à saúde e ao desenvolvimento. Identificada por nós na pesquisa, a posturapolítica centrada na obediência unilateral e na disposição de tratar com ignorância e desprezo as pessoasconsideradas inferiores é de fato um dos critérios classificadores do perfil político autoritário.Acreditamos que ao pesquisar os discursos produzidos em torno dos projetos de modernização danação referentes ao desenvolvimento da saúde sanitária no Brasil pudemos contribuir para oentendimento da dificuldade histórica de superação da nossa autoritária cultura política. Isso, porque,mesmo no caso de um movimento histórico defensor de um projeto coletivo para a saúde dapopulação, os interesses prioritários não eram os de saúde das classes desfavorecidas, de estabelecerigualdade de oportunidades, de desenvolvimento da dignidade humana, da capacidade criativa eprodutiva dos cidadãos. Esses grupos, quando inseridos nos projetos modernizadores, ocupavamposição secundária ao interesse primeiro, que são as elites políticas, econômicas e intelectuais, de formaa mantê-las na posição superior da hierarquia social.Palavras-chaves: Liga Pró-Saneamento do Brasil; Saúde Pública; Autoritarismo.

“Combater o Analfabetismo é dever de honra de todo brasileiro”: a mobilização social na LigaBrasileira Contra o Analfabetismo (1915- 1922)

Autora: Isabela Martins Aragão (UnB)

Resumo: A importância da educação do povo como fundamento da sociedade política foi defendidapelos intelectuais brasileiros desde o início da República no Brasil. Porém, no início do regime, o paísinseria-se no ideário cientificista e racista, predominante no ocidente do final do século XIX ao iníciodo XX. Isso significou a interpretação de que o atraso do povo brasileiro não se devia a causasgenéticas, mas a condições conjunturais como a miséria e o analfabetismo. Nesse contexto, a educaçãopassou a ser considerada projeto político, prioridade para o desenvolvimento da nação, e foi criada noRio de Janeiro, em 1915, a instituição “Liga Brasileira Contra o Analfabetismo. A alfabetização searticulou então à formação da nacionalidade, como declarado no próprio Estatuto da Liga, que tinha

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 5: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

como objetivo extinguir o analfabetismo, colocando em voga a formação intelectual do povo comosendo o verdadeiro surgimento da nacionalidade. Nosso objetivo foi, portanto, caracterizar ehistoricizar o movimento da Liga Nacional contra o Analfabetismo no Brasil, nas décadas de 1910 e1920. A pesquisa utilizou como fonte os periódicos cariocas e fluminense das décadas de 1910 e 1920,sobretudo, o periódico carioca A Noite, o qual constatamos ter sido o principal publicador dostrabalhos da associação. Trabalhamos orientados pelo conceito teórico de cultura política, articulando aprodução de uma história cultural ao de uma história política, analisando as imagens, valores e ideiaspresentes nos discursos produzidos pela Liga Contra o Analfabetismo. Trabalhamos orientados peloconceito teórico de cultura política, articulando a produção de uma história cultural ao de uma históriapolítica, analisando as imagens, valores e ideias presentes nos discursos produzidos pela Liga Contra oAnalfabetismo. Constatamos a significativa mobilização social alcançada pela Liga no combate aoanalfabetismo, as estratégias de ação, as atuações no território nacional e o impacto de suas ações.Pudemos constatar o quanto foi significativa a ação da Liga Brasileira Contra o analfabetismo pelo nívelde conscientização sobre a importância da educação para o desenvolvimento da nação e,principalmente, pela campanha de assunção do Estado pela responsabilidade da educação popular, oque acabou por acontecer na década de 1930. Embora tenha conseguido capitalizar significativasolidariedade social em torno da causa educacional, fundada no patriotismo e no senso de devercoletivo, o discurso da Liga também reafirmava a face autoritária de nossa cultura política a de que ̶ a de quecabia aos intelectuais a definição e a condução dos projetos nacionais, posicionando-se comomissionários sociais em busca da construção de uma nação civilizada.Palavras-chaves: Liga Brasileira Contra o Analfabetismo; Educação no Brasil; Projeto deModernização.

Ligas antialcoólicas: moralismo e autoritarismo para modernizar o cidadão brasileiro (1900-1930)

Autor: Flávio Cunha Lima (UnB)

Resumo: As Ligas Antialcoólicas surgiram no Brasil no contexto do projeto moderno republicano, sobinfluência de ideais higienistas e eugênicos, oriundos da Europa e dos EUA. Tinham como objetivoregenerar a nação (degenerada pela doença), livrando-a do alcoolismo e construindo assim uma “raçabrasileira” mais saudável e forte, que lançaria o Brasil à tão almejada modernidade. Setores da eliteintelectual brasileira já se organizavam no combate a esta doença no início do século XX, como“associações ou sociedades de caráter privado, tal como a Liga Antialcoólica de São Paulo, a LigaPaulista de Profilaxia Moral e Sanitária e a União Brasileira Pró-Temperança. Todas elas seencarregaram de promover a educação antialcoólica e as primeiras medidas assistenciais para alcoolistas,marcadas por concepções moralistas e higienistas”. Com a fundação da Liga Brasileira de HigieneMental, em 1923, na cidade do Rio de Janeiro, a Liga Contra o Alcoolismo passou a operar como umasubdivisão dela. Como nosso objetivo era compreender as ideias, valores e imagens que expressavam avisão de mundo da sociedade brasileira e que orientavam seu projeto de modernização da nação,pesquisamos os discursos produzidos pelas Ligas Contra o Alcoolismo nas décadas 1900-1920.Orientamo-nos pelo conceito teórico de cultura política e utilizamos como suporte documental artigos,reportagens e propagandas sobre o alcoolismo ou sobre a campanha de prevenção e tratamento destadoença publicados nos periódicos da época, principalmente do Rio de Janeiro, de forma a compreendercomo as Ligas atuavam e quais ideias as orientavam. Constatamos que o combate ao alcoolismo se deude forma articulada ao combate à sífilis. Essa articulação era justificada por se acreditar que oalcoolismo e a sífilis eram doenças mentais, hereditárias e que tinham em comum um cunho moral. A

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 6: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

classificação como doenças hereditárias significou articular ao projeto de combate a essas moléstiasideias eugênicas, que permeavam as pesquisas científicas naquela historicidade. A classificação comodoenças articuladas à falta de moral, à vontade do indivíduo, ao desregramento do comportamento,significou traçar o projeto sobre base moralista, voltado para a formação moral do povo, a fim de forjarpadrões de conduta ordeira e obediente, que facilitasse a condução dos trabalhadores pelas elites.Evidenciou-se também que a atuação da Liga se organizava em três tipos de ações: a de assistência etratamento aos doentes, a de propaganda de um programa antialcoólico e a de ações de controle,repressão e formação moral. Podemos considerar que a forma de atuação das ligas antialcoólicas noBrasil nas duas primeiras décadas do século XX refletiam os anseios da elite dominante de modernizaro Brasil e, particularmente, sua população pobre e ignorante, dentre a qual se encontrava a maior partedos alcoólatras. Dentre as ações de assistência, propaganda e educação, destacou-se a percepção da Ligada necessidade de investimento na formação moral da população brasileira. A moral a ser imposta àsociedade era a burguesa, voltada aos processos de urbanização e industrialização, na qual ocidadão/operário deveria se enquadrar nos padrões de ordem e produtividade. Nesta perspectiva, oalcoolismo era percebido como grande empecilho. Nos seus discursos, as ligas diziam agir em respostaà ineficácia do Estado quanto à resolução do problema, ainda que este subsidiasse seus projetos.Encontrou na Igreja Católica uma parceira poderosa para seus projetos antialcoólicos. Mobilizaramparte da sociedade no atendimento aos doentes e no esclarecimento sobre os males do alcoolismo, massuas propostas não ultrapassaram o autoritarismo elitista e moralista. Não enfrentaram as condições demiséria e desigualdade social articulada a esta doença.Palavras-chaves: Ligas antialcoólicas; Moralismo; Autoritarismo.

O Novo Estado Brasileiro e o enfrentamento ao velho problema da seca: rupturas oucontinuidades

Autora: Thereza Cristina Pereira (UnB)

Resumo: Uma vez que o Estado nacionalista e centralizador estabelecido no Brasil a partir de 1930significou um marco de modernização do Estado e da nação, nossa proposta será a de historicizar aspolíticas públicas para enfrentamento da severa seca de 1932, no Nordeste brasileiro. Pretendemosanalisar as continuidades ou inovações no que se refere às estratégias governamentais de assistência aosflagelados e/ou intervenções que tenham contribuído para a mitigação do problema da estiagemnaquela região. Nossas fontes de pesquisa constituem-se de documentação oficial tais como Leis eDecretos federais e estaduais, discursos de autoridades públicas, particularmente a série Obras deCombate às Secas, proveniente da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), órgãovinculado ao Ministério de Viação e Obras Públicas bem como de fontes impressas. Pesquisamos aquestão da seca de 1932 nos periódicos A Manhã, publicado em Fortaleza, edições de 1932-1933;Correio Carioca, publicado na cidade do Rio de Janeiro, edições do ano de 1932, e a Gazeta dePernambucana, de Recife, edições de 1931-1932.Pesquisamos ainda a pasta “Relatórios ememorandos dos Anos 1931 a 1937” de autoria de José Américo de Almeida, diretor do IFOCS entre1931 e 1934.Palavras-chaves: Seca; Nordeste; República.

Visões de 1930: uma comparação entre as interpretações de Sertório de Castro e Virgílio deMelo Franco

Autor: Leandro Ribeiro Tonete (UnB)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 7: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: A utilização do termo "Revolução" para caracterizar o levante que depôs o então presidenteWashington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes tomou conta da historiografia e faz parte dosmanuais mais utilizados de história do Brasil. Mas com a recente revisão dos processos políticos daPrimeira República, a antes "invencível Revolução de 1930" (como Virgílio de Melo Franco denominouo processo) vem passando por uma descontração de seu perfil revolucionário. O termo "golpe" de1930, já utilizado por diversos autores como Marieta de Moraes Ferreira, Cláudia Viscardi e Surama SáPinto parece suscitar um debate que era agudo quando do conflito. Logo após a chegada de Vargas aopoder, uma série de escritos sobre o movimento surgiu, cada qual buscando revelar o fato comoverdade de sua própria ideologia. É possível citar a obra de Virgílio de Melo Franco, Outubro, 1930,como parte desse momento que busca mistificar o feito dos revoltosos. Outros escritos do tiposeguiriam esse fio condutor, mas Virgílio de Melo Franco – um dos tenentes civis – ditou o tom dosfiéis da “Revolução invencível”. Em 1932, um ano após a publicação original dos textos de Virgílio,Sertório de Castro, jornalista paulista, desenvolveu a obra A República que a Revolução Destruiu,onde há uma defesa da Primeira República, experiência política cheia de erros, mas “onde o Brasilcresceu, progrediu (...)”. Embora não tenha sistematizado uma obra sobre o tema, Getúlio tambémutilizou seus discursos e seu diário como ferramenta para fincar posição na memória histórica brasileira,espaço que acabaria garantindo através de eventos futuros. Os primeiros embates para escrever ahistória estavam abertos e já polarizados. Nos anos seguintes, algumas obras de destaque forampublicadas, como A verdade sobre a revolução de 24 de outubro 1930, onde Barbosa Lima Sobrinhoergue a bandeira da experiência pessoal ao relatar a história do movimento casando sua opinião commanchetes de jornais e revistas. O debate historiográfico presente na academia é um reflexo do próprioembate ideológico na década de 1930. Se o fogo cruzado no campo da pesquisa “não alterou acentralidade do evento, nem o ‘nome’ com o qual é identificado, ainda que esse ‘nome’ não sejaadequado à ‘coisa’ que nomeia”, para alguns acadêmicos (como afira Angela de Castro Gomes), aomenos tratou de evidenciar um questionamento contemporâneo aos agentes políticos desse período, omovimento de 1930 foi, de fato, um divisor de águas? O que se propõem nessa apresentação é umbreve balanço dessa questão, tanto no campo historiográfico quanto no campo das experiênciassocioeconômicas.Palavras-chaves: Revolução de 1930; Golpe; República.

As relações políticas entre Brasil e Uruguai durante o Estado Novo (1937-1945): consideraçõespreliminares

Autor: Rafael Nascimento Gomes (UnB)

Resumo: As relações entre Brasil e Uruguai, dois países vizinhos, ultrapassam as relações diplomáticasentre os Estados bem como suas fronteiras geográficas. Como consequência, a presente apresentaçãopropõe-se, com base em fontes diversificadas, desde documentos diplomáticos a principais jornaisdesses países, uma análise das relações políticas entre Brasil e Uruguai no contexto da ditadura doEstado Novo (1937-1945) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), momento de intensa polarizaçãoda sociedade mundial. E por sua vez, o posicionamento político-militar desses países a nível regional –e internacional – frente a esse conflito de grandes proporções e consequências. Dessa forma, analisar-se-á a dimensão política do Estado Novo para a região do Prata, em especial, para o Uruguai.Palavras-chaves: Relações Brasil-Uruguai; História das Relações Internacionais do Brasil; EstadoNovo.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 8: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 17H00

Reforma do Ensino Secundário de 1942

Autor: Moisés de Sousa Rocha (UnB)

Resumo: Entender as bases da educação brasileira é crucial para que se possamos compreender oprocesso histórico dos problemas do modelo atual e assim projetar soluções. Este trabalho investigaumas das bases na qual a educação fundou-se: a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942. Instituídapelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, no período do Estado Novo, a lei objetivavareformar o ensino secundário de forma elitista, criando “as mentes condutoras da nação” – comodescrevia Capanema. Assim procuramos analisar quais foram as ferramentas usadas pelo governo parainstituir seu objetivo no ensino secundário. Para isso pesquisaremos, de forma qualitativa, obrasbibliográficas que tratam do assunto, fontes jornalísticas, o projeto da Lei, bem como a própria LeiOrgânica. Ao final, pretendemos compreender a reforma e os mecanismos utilizados para a sanção daLei Orgânica do Ensino Secundário.Palavras-chaves: Ideologia; Educação; Mentes Condutoras; Lei Orgânica do Ensino Secundário.

A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e o desenvolvimento regional goiano: a remodelação

da estrada de ferro de Goiás (1948-1960)

Autor: Matheus Mendonça e Silva (UnB)

Resumo: A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico – CMBEU –atendeu a necessidade de compor um planejamento que resolvesse os pontos de estrangulamento daeconomia Brasileira. Foi instalada em 1951 após uma série de acordos diplomáticos e, por um lado, arepresentação brasileira aspirava, principalmente, o financiamento do governo norte-americano para odesenvolvimento do Brasil. Por outro lado, os Estados Unidos, sob a administração de Eisenhower,privilegiavam a cooperação técnica em vez de apenas destinar recursos financeiros, havendo umasuspensão da remessa de recursos por parte do Eximbank sob a sua administração. A CMBEU sediferenciava de outras missões, tais como a missão Cooke ou Abbinck, por detalhar técnicas de análisee rentabilidade em seus 41 projetos. Ela também foi essencial para a criação do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico – BNDE. No Relatório Geral da Comissão Mista, as deficiências dotransporte ferroviário no Brasil foram percebidas pela falta de capacidade de escoamento dos produtosde exportação, tais como minério de ferro e manganês. Após os anos finais da década de 1930, asdificuldades em conservar o já existente sistema ferroviário se agravaram ainda mais por causa dosimpedimentos de importação de equipamentos e material dos trilhos durante os anos da guerra. Emparalelo a esse quadro, ocorreu a intensificação das rodovias – não pavimentadas – que apareceramcomo formas substitutivas das redes ferroviárias regionais. Menos oneroso, o transporte rodoviáriodemandava um menor investimento por parte do Estado e exigia maior aplicação de capital individual.Começou então, através desses processos, o sucateamento das ferrovias. Contudo, o problema centraldo trabalho é compreender como se deu o desenvolvimento regional goiano no período de 1948-1960 ese isso foi impulsionado por conta da expansão da sua malha ferroviária de Leopoldo de Bulhões atéGoiânia e de Pires do Rio até Brasília. Podemos pensar se isso esteve associado aos ideais de

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 9: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

modernização e interiorização intensificadas pela ideologia do Estado no período após a SegundaGuerra Mundial, já que o reaparelhamento das Estradas de Ferro fazia parte de políticas públicas, deplanos de governo e de projetos anteriormente aprovados pela CMBEU. Para atingir nossos objetivos,pesquisamos o Relatório Geral da CMBEU, os Planos de Desenvolvimento do Governo Federal e asAtas Legislativas à luz da noção do conceito de planejamento econômico e de desenvolvimentismo.Palavras-chaves: Desenvolvimentismo; Comissão Mista Brasil-Estados Unidos; PlanejamentoEconômico.

Carlos Lacerda e as críticas do jornal “Tribuna da Imprensa” direcionada ao PTB

Autor: Fhanoel Ribeiro (UnB)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo a análise das críticas do jornalista Carlos Lacerda, através deseu jornal, Tribuna da Imprensa, direcionadas ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Carlos Lacerdafundou em 27 de dezembro de 1949 o jornal Tribuna da Imprensa, tendo-o como ferramentafundamental de oposição ao PTB e às forças políticas vinculadas ao getulismo, bem como meiofomentador para as principais propostas udenistas. Além da leitura da produção historiográfica sobreLacerda, o jornal, a UDN e o PTB, os artigos e editoriais publicados na Tribuna da Imprensaconstituem fontes de pesquisa para a análise.Palavras-chaves: Pluripartidarismo; Lacerdismo; Tribuna da Imprensa, PTB.

Eleições presidenciais de 1960: a imagem de Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott naspáginas da revista Manchete (1959- 1960)

Autora: Giovanna Nascimento Alves (UnB)

Resumo: O pleito de 1960 foi o primeiro após a proclamação da República a eleger um candidato deoposição. Durante a corrida presidencial, tanto Jânio Quadros quanto o Marechal Henrique TeixeiraLott fizeram uso intenso de recursos da propagada para promoverem suas imagens. A utilização dosmeios de comunicação de massa como jornais, revistas, jingles, realização de comícios, distribuição desantinhos e outros, imprimiu a tentativa de se criar uma determinada imagem política com o objetivo demoldar a opinião pública e direcioná-la para a conquista do apoio eleitoral, visando a vitória nas urnas.Os candidatos Jânio Quadros e Teixeira Lott tinham propostas bem distintas. Quadros defendeu o usolegítimo do dinheiro público e da moralidade na administração. O símbolo de sua campanha foi avassoura e com ela prometeu varrer a corrupção do cenário político. O Marechal Lott, cujo símbolo decampanha era a espada, pautava-se na defesa da democracia e da legalidade, além de ser o candidato quedaria continuidade aos projetos nacionalistas de Juscelino Kubistchek. Este trabalho tem como objetivoanalisar a imagem dos candidatos Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott durante a campanha eleitoralpara as eleições presidências de 1960 através da revista Manchete. Para tal, foram utilizadas edições darevista que compreendem o período entre meados de 1959 até outubro de 1960 e consulta à produçãohistoriográfica sobre o tema. Analisar criticamente as possíveis narrativas construídas a partir dematérias jornalísticas que apresentaram publicidade eleitoral sobre os candidatos e suas relações com aformação da opinião pública e o resultado do pleito revelam um tópico importante para acompreensão, não só do processo eleitoral de 1960, mas do percurso histórico das eleições presidênciasno Brasil. Fragmentações, ocultações e distorções de narrativas estão presentes no cotidiano daimprensa. A imprensa deveria resguardar o interesse público e noticiar com imparcialidade os fatos de

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 10: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

interesse do cidadão, contudo pode ser observada ao longo do percurso histórico que a manipulação detextos e imagens é prática comum na construção discursiva do chamado jornalismo político.Palavras-chaves: Eleição Presidencial; Publicidade eleitoral; Manchete; Imprensa.

As dimensões econômicas do governo Geisel: uma análise do II PND

Autor: Paulo César Rebello de Oliveira (UnB)

Resumo: O objetivo deste estudo é apresentar as estratégias voltadas ao desenvolvimento econômicobrasileiro durante o governo do presidente Ernesto Geisel, analisando as principais políticaseconômicas presentes no II Plano Nacional de Desenvolvimento, sob a gestão de Mário HenriqueSimonsen e João Paulo dos Reis Velloso, Ministros da Fazenda e do Planejamento, respectivamente. Orecorte temporal compreenderá o período de 1974 a 1979, com a análise do projeto dedesenvolvimento econômico durante o período citado.Palavras-chaves: II PND; Ernesto Geisel; Desenvolvimento Econômico.

Violência e burocracia: A memória do DOPS de São Paulo e a coordenação repressiva nosdepoimentos de vítimas civis dados à Comissão Nacional da Verdade

Autor: Luis Henrique Pilger Machado (UnB)

Resumo: Este artigo analisa a Delegacia de Ordem e Política Social (DOPS) de São Paulo durante aditadura militar (1964-1985) a partir da memória dos depoimentos de vítimas civis dados à ComissãoNacional da Verdade (CNV), e tem como objetivo contribuir para construir a memória social do local apartir da perspectiva das vítimas. A memória-esquecimento torna-se essencial quando está vinculada aexperiências traumáticas coletivas de repressão e aniquilação, como foi o caso das listas negras, prisõesarbitrárias e torturas praticadas pelo Estado brasileiro no período ditatorial. Dessa forma, é precisoanalisar os lugares de memória, que são parte importante da memória coletiva, sob o pressuposto decentralidade da experiência das vítimas, como foi a proposta da CNV. A partir disso, o projeto “Direitoà verdade e à memória: Identificação e mapeamento de espaços de repressão durante a ditadura militar(1964-1985)”, junto à bibliografia complementar sobre memória social, analisou 160 depoimentos a fimde mapear espaços de memória na história das vítimas. Esse projeto produziu centenas de fichas quecatalogaram - identificando a experiência do depoente no espaço, o endereço, a cronologia, os nomes(seja de companheiros, agentes repressivos ou pessoas que ajudaram as vítimas) relacionados ao local, otipo de experiência repressiva e quais temas recorrentes nos depoimentos podem ser identificadosnaquela experiência – os lugares identificados. Além disso, o estudo dos depoimentos culminou nestaanálise do DOPS de São Paulo, que foi escolhido para estudo de caso devido à pluralidade de vivênciasrelacionadas a ele, e conclui que a coordenação e a disputa entre os órgãos repressivos se fizerampresente na memória das vítimas e influenciaram as experiências ligadas ao DOPS, uma vez que atrajetória das pessoas presas era alterada pelas atribuições do órgão e essas vítimas acabaram sebeneficiando ou sofrendo o dano colateral das disputas e da falta de coordenação entre as forçasrepressivas.Palavras-chaves: Memória Social; Ditadura Militar; Repressão; Comissão Nacional da Verdade.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 11: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

O movimento estudantil e as políticas educacionais do governo Collor (1990-1992)

Autora: Rafaela Costa Vidal (UFG)

Resumo: O artigo tem como proposta analisar as políticas e as crises educacionais nos anos dogoverno Collor (1990-1992) e os movimentos estudantis que culminaram na saída do primeiropresidente eleito por voto direto pós-ditadura no Brasil. Inicialmente, abordarei sobre a crise econômicaem que o Brasil se encontrava no final da década de 1980 e as políticas sociais tomadas pelos governosque se sucederam. Em um segundo momento, pontuarei os principais programas educacionaisimplementados pelo governo Collor, sua lógica neoliberal e seu plano de ação. Por fim, buscareiidentificar o caráter social e político dos movimentos estudantis que impulsionaram a saída deFernando Collor de Mello em 1992. Palavras-chaves: Políticas Educacionais

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 12: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/02 – Natureza, território e direitos humanos no Centro-Oeste e na Amazônia

Proponentes: Prof. Dr. José Luiz de Andrade Franco (HIS/ UnB), Prof. Dr. Kelerson Semerene Costa (HIS/ UnB)

Local no dia 19: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 1 (ICC Norte-módulo 25)

Local no dia 20: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 2 (módulo 25)

Decorrido meio século, a discussão sobre o legado dos movimentos de 1968 éainda um debate sem conclusão. É certo, porém, que das inquietações que agitaramintelectuais, estudantes e operários em diversos países resultou a incorporação de novostemas e abordagens ao entendimento e à crítica das sociedades contemporâneas, entre osquais a crítica às relações entre sociedade e natureza. Embora a preocupação com adestruição ambiental seja muito anterior à década de 1960, foi a partir de então que elase ampliou, passou a envolver movimentos sociais, a originar partidos políticos e aalertar para o caráter global da crise ambiental. Assim como diversas outras áreas doconhecimento, a historiografia também acolheu essas preocupações, o que deu origem aocampo de estudos da História Ambiental, que se dedica a estudar, em suas diversasdimensões, as relações históricas entre as sociedades humanas e a natureza. Estesimpósio temático tem por objetivo discutir, em uma articulação da História Ambientalcom os vários aspectos da História Social e Política, as relações entre sociedade enatureza na Amazônia e no Centro-Oeste, regiões cujos processos de colonização,embora iniciados nos séculos XVII e XVIII, prosseguem em pleno século XXI –atualizando antigos métodos de violência e de violação de direitos. Pretendemos, assim,colocar em questão, para períodos mais recentes ou para o passado colonial, temas deestudo como: a ocupação e a representação do território (a cartografia, os rios e anavegação, as terras indígenas, as terras de quilombos, os projetos estatais ou asiniciativas privadas de desbravamento, a urbanização acelerada, o ambiente urbano); aexploração dos recursos naturais (o desmatamento, a mineração, o extrativismo) e asformas do trabalho (o trabalho indígena, a escravidão, o trabalho análogo à escravidão, otrabalho livre); as ideias e as representações sobre o mundo natural (as ideias e asiniciativas de conservação, os saberes sobre a natureza, as representações artísticas).

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 13: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Santuário dos Pajés: território indígena frente à especulação imobiliária urbana

Autora: Beatriz Bastos Rezende (UnB)

Resumo: Este estudo pretende analisar as relações territoriais, tendo em vista as representações sociaisno que diz respeito ao Santuário dos Pajés e Setor Noroeste, sendo observados, pela óptica geográfica,os conflitos locais. O Santuário dos Pajés apresenta-se como um território indígena no Distrito Federal,que se encontra numa disputa com as imobiliárias e o Governo do Distrito Federal, causando umainstabilidade no cotidiano dos moradores do Santuário e uma pressão pela retirada da comunidadeindígena do local.Palavras-chave: Território, Indígena, Urbano

Onde a morte tem mais vida: fotografias de pirarucus (Arapaima gigas) mortos nas praias do rio Araguaia na primeira metade do século XX

Autor: André Vasques Vital e Maydson Vieira Sila

Resumo: Esse estudo analisa os planos e as controvérsias sobre a integração econômica do rioAraguaia via atividade pesqueira na primeira metade do século XX, por meio de fotografias depirarucus (Arapaima gigas) mortos nas praias desse rio. Os animais mortos capturados pelas câmerasfotográficas são entendidos como coisa-poder, fenômeno cuja presença pode fortalecer, enfraquecer oudesestabilizar interesses políticos em um espaço público (BENNET, 2004). A morte, assim, é entendidacomo processo gerador para além do sentido de finitude que o termo tradicionalmente carrega(BRAIDOTTI, 2017). Esse estudo, utiliza-se das fotografias publicadas na revista A Informação Goyana(1917-1934) e em duas obras de viajantes: Encantos do Oeste (1945), de Agenor Couto de Magalhães eDramas do Oeste (1950) de Leolídio Di Ramos Caiado. Trata-se de um desdobramento de análises atuaisque abordam os esforços de propaganda das elites do estado de Goiás sobre as potencialidades de umaindústria da pesca na região, pelo Brasil Central reunir uma diversidade única de espécies aquáticas comhabitats próprios à diferentes regiões do país. Essa propaganda tinha como base a imagem da áreacomo divortium aquarum das bacias dos rios São Francisco, Amazonas e Prata (VITAL & TEJERINA-GARRO, 2018). Aqui, aponta-se que as fotografias de pirarucus mortos proporcionaram, ao longo dosanos, diferentes debates ligados à exploração econômica da região via pesca e turismo, bem como àpolíticas de conservação da espécie e alertas sobre a sua extinção. Palavras-chave: Pirarucu; Arapaima gigas; Fotografia; Rio Araguaia.

Colonização e trabalho indígena no sul de Mato Grosso (1839-1928): algumas contribuições para a história dos Kaiowa

Autor: José Augusto dos Santos Moraes (UFGD)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 14: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: No presente texto apresento algumas contribuições para o debate acerca da territorialidadeda etnia Kaiowa. A partir da ocupação não indígena na região da antiga Vacaria e das transformaçõesocorridas nas relações de trabalho entre os colonizadores e os indígenas, o que se busca é discutir emquais sentidos estes processos impuseram aos kaiowa uma ressignificação de seus territórios e, porconsequência, em sua organização social. Neste sentido, a partir da análise de relatórios do Império e daProvíncia de Mato Grosso, de registros de viajantes e missionários, bem como de outros acervosdocumentais, como cartas e jornais produzidos no período de 1839 a 1928, esta comunicação pretendeapresentar os resultados parciais da pesquisa que desenvolvo sobre os desdobramentos históricos queculminaram com a expulsão/saída/remoção dos kaiowa da Vacaria no século XX, eventos que incidemdiretamente nos conflitos que atualmente ocorrem no sul de Mato Grosso do Sul. A etno-história foiutilizada como recurso metodológico convergente, dialogal e interdisciplinar, fundamental naconstituição de uma História Indígena.Palavras-chave: Etnia Kaiowa; Territorialidade; Sul de Mato Grosso

Povos indígenas em contexto urbano e politicas públicas.

Autor: Marco Paulo Froés Schettino (MPF)

Resumo: Esse trabalho pretende fazer uma reflexão sobre a presença dos povos indígenas emcontexto urbano, as causas da ausência de políticas públicas específicas para eles nas cidades e osimpactos dessa lacuna para eles.Palavras-Chave: Povos Indígenas, Políticas Públicas, Cidades.

Evolução de campesinatos na Amazônia

Autor: Donald Rolfe Sawyer (ISPN)

Resumo: Ao contrário dos camponeses em todo o mundo, que existem há muitos séculos e tendem adesaparecer com o tempo, os campesinatos amazônicos emergiram mais recentemente. Como no restodo Brasil, não são sobreviventes da antiguidade, dos tempos coloniais ou de qualquer outro período“pré-moderno”. Em vez de serem dissolvidos ao longo do tempo, expandiram-se e diversificaram-se àmedida que a região se tornou cada vez mais integrada à economia capitalista dos países industrializadose do resto do Brasil, especialmente no século XX. Os diferentes grupos camponeses estão amplamentedispersos em diversos contextos, com considerável variação na organização de sua produção e suasrelações com os não-camponeses. A fim de apreciar essa heterogeneidade e especificidade ecompreender uma aparente inversão da tendência histórica geral, cabe examinar as condições históricasem que surgiram as formas camponesas de produção na Amazônia. Essa revisão busca lançar luzessobre as razões do aparecimento de certas formas no passado como também sobre as forças quecontinuam favorecendo ou restringindo sua evolução. Assim, além de fornecer um pano de fundohistórico, pretende oferecer uma análise que aponte as peculiaridades regionais dessas formas deprodução e identificar as forças que geraram e continuam a moldá-las.Palavras-chave: campesinato, Amazônia, agricultura, borracha.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 15: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/03 – História Moderna e Colonial: teoria e método

Proponentes: Professor Dr. Luiz César de Sá (HIS/ UnB) e Professor Dr. Jonas Wilson Pegoraro (PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICC Norte-sala ASS 686/13) Local no dia 20: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICC Norte-sala ASS 680/13)

O objetivo deste Simpósio Temático é discutir metodologias de trabalho e aportes

teóricos atinentes ao estudo dos séculos XVI-XVIII, na Europa e na América. Entre as

perspectivas privilegiadas, estão as práticas administrativas de Antigo Regime; os

repertórios teológico-jurídico-políticos das monarquias; protocolos retórico-poéticos da

produção de discursos; as experiências do sagrado e as dinâmicas sociais em suas múltiplas

escalas. Deseja-se, em todos os casos, enfocar aspectos formativos dos estudos

apresentados, que devem caracterizar o corpus documental, as questões e hipóteses que o

constituem e o método para elucidá-las. Com isso, esperamos criar um espaço para

discussão de trabalhos em andamento em que a experiência coletiva possa ser mobilizada

para a indicação de leituras e estratégias capazes de assistir as reflexões dos participantes.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Uma herança colonial: a consumação da lógica privada em domínio público através da óticado indivíduo enquanto categoria no Brasil

Autora: Gabriela Malesuik Aragão Barros (UnB)

Resumo: Por meio de uma viagem teórico-metodológica, perpassando por conceitos e embatessociológicos a respeito das noções de indivíduo e sociedade, o artigo tem por objetivo analisar a

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 16: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

concepção de Sérgio Buarque de Holanda acerca da constituição da pessoalidade individualizante comocerne da sociedade brasileira. Advinda de uma herança colonial da lógica social doméstica, essaconstituição social é aplicada ao domínio público, ao qual o autor alega não possuir uma burocracia defato, por ser resultante das relações do indivíduo brasileiro enquanto homem cordial. Por meio dahistoricidade da sociedade brasileira, busco as raízes do Brasil visando contrapor à visão de SérgioBuarque de Holanda no que concerne a ideia de funcionalismo patrimonial, reiterando, no entanto,alguns de seus pontos acerca do indivíduo e do funcionamento social da Colônia, bem como seusresquícios na contemporaneidade.

Palavras-chave: Brasil Colônia; Sérgio Buarque de Holanda; Indivíduo e sociedade.

Inquisição e fiscalidade: análise comparativa da economia portuária de Salvador e Cartagenadas Índias 1610-1660

Autora: Jéssika de Souza Cabral (UnB)

Resumo: O presente trabalho aborda de maneira comparativa a economia portuária de duas cidadescentrais para a monarquia Ibérica, Cartagena das índias e Salvador, no século XVII, mas sem esquecersuas conexões com o globo. Tentou-se destacar os vínculos comerciais externos, o comércio a longadistância, e os internos com o interior do continente, no caso de Salvador o recôncavo e em Cartagenao interior de Nova Granada. Para tal tarefa foram utilizadas as fontes do Tribunal da Inquisição , davisitação e as fontes fiscais de ambas as cidades, a fim de cruzar informações demográficas com dadosquantitativos das mercadorias desembarcadas nos portos entre 1610 a 1660. O objetivo aqui, é verificarse há correlação entre espaço ocupado pelos agentes envolvidos no tribunal da fé e a atividadeeconômica preponderante de cada porto. Ambas foram cidades cosmopolitas, abrigaram em siportugueses, holandeses, ingleses, franceses etc. Prosperaram com o comércio de cativos, estiveram narota do comércio oficial dos galeões e frotas, foram indispensáveis para administração política colonial,controlaram a entrada e a saída dos produtos, o acesso ao interior do continente e sofreram com osataques dos corsários. No entanto, possuíam suas singularidades, a base de dados que dispomos mostraque a maior parte dos envolvidos nos processos inquisitoriais em Cartagena se ocupavam do comércio,de pequeno e grande porte, ou seja, desde pessoas que compravam para revender mercadorias até osgrandes traficantes portugueses que lucravam com a venda de escravos. Em Salvador, boa parte dosperseguidos eram lavradores, homens envolvidos mais com a terra do que com os negócios do mar,como é o caso de Cartagena. A partir dessa observação, formulou-se a hipótese de que pode havercorrelação entre a atividade desenvolvida em cada complexo portuário e a localização dos indivíduos.De acordo com a Historiografia, o açúcar é considerado o ouro branco de Salvador, responsável pelariqueza e prosperidade da capitania. Desse modo, todas as atividades desenvolvidas no recôncavoseriam subsídios para os engenhos que consumiam a madeira, a força do gado, a mão de obra indígenae logo depois escrava, além das provisões destinadas ao autoconsumo. Enquanto Cartagena era odestino da escravaria que saíra de Angola e Guinea com destino ao Peru a serem empregues naexploração da prata. Um lugar onde circulavam ricos cristãos novos, judeus e huguenotes, que fizeramcircular recursos e riquezas, responsáveis pela fama que cruzou o Atlântico e trouxe muitos imigrantescom a promessa de uma vida melhor. Para essa hipótese foram criados SIGs (Sistema degeorreferenciamento), com a localização dos indivíduos perseguidos ou envolvidos indiretamente nosarquivos da fé, a fim de compará-los com o tipo de prática mercantil e econômica disponível na

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 17: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

historiografia de ambas as cidades.

Palavras-chave: História Econômica; Inquisição; Fiscalidade; Salvador; Cartagena das Índias.

Sobre governar no Império português: notas de pesquisa

Autor: Jonas Wilson Pegoraro (UnB)

Resumo: A comunicação visa apresentar os primeiros passos da pesquisa intitulada “Homens para afunção: agentes régios no Império Ultramarino Português (primeira metade do século XVIII)”desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB);investigação essa que tem por objetivo promover um levantamento quantitativo e análise qualitativa dosagentes régios enviados para os domínios portugueses, mais especificamente o Estado do Brasil,durante a primeira metade do século XVIII, com o objetivo de traçar o “perfil social” dos agentesrégios e suas trajetórias no interior da estrutura jurídico-administrativa da Coroa portuguesa. Asprincipais fontes para esta pesquisa foram disponibilizadas, no formato digital, no site do ArquivoNacional da Torre do Tombo sendo três os principais registros: as leituras de bacharéis, os registros demercê do reinado de Dom João V e os processos de habilitação para familiar do Santo Ofício.Complementa estas documentações o “Memorial de Ministros”, conservado na Biblioteca Nacional deLisboa-PT, e que obtivemos acesso por meio do catálogo confeccionado por Nuno Camarinhas edisponível por meio de e-book.Palavras-chave: Agentes régios; Império Ultramarino Português; governo e administração.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Thomas Müntzer e a guerra dos camponeses na Alemanha como problemas interpretativospara a Sociedade Corporativa (1515-1525)

Autor: José Willem Carneiro Paiva (UnB)

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo discutir os aspectos fundamentais (problema,hipóteses, fontes, método) da pesquisa que ora desenvolvemos no curso de doutorado do Programa dePós-Graduação em História da Universidade de Brasília. O projeto de pesquisa propõe a interpretaçãoda teologia política de Thomas Müntzer (1489-1525) e da Guerra dos Camponeses na Alemanha (1524-1525) como problema analítico a ser enfrentado pelas noções medievais e teorias contemporâneas dasociedade corporativa. A pesquisa busca atuar em dois níveis: o primeiro é o do entendimento e análisedo objeto em seu próprio contexto, ou seja, entender o que Thomas Müntzer e a Guerra dosCamponeses, com seus questionamentos das estruturas sociais e políticas da época, representam parauma sociedade que entende a si mesma como um corpo dotado de partes que agem de acordo com suaintegridade e equilíbrio; no segundo nível, buscamos empreender uma discussão teórica sobre aperspectiva contemporânea da sociedade corporativa da Idade Média a partir dos desafios e problemasque o estudo do nosso objeto pode gerar. Para alcançar estes objetivos, procuramos analisar as fontes

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 18: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

através de um cruzamento exaustivo, onde os escritos de Thomas Müntzer e os programas da Guerrados Camponeses serão relacionados com sua comunidade de debate, que são as tradições protestantes ea católica, com o intuito de situá-los no contexto maior da tradição cristã que desenvolveu a reflexãoteológica e eclesiológica que forneceu o paradigma interpretativo da sociedade como um corpo.

Palavras-chave: Thomas Müntzer; Guerra dos Camponeses da Alemanha; sociedade corporativa;teologia política.

As intervenções editoriais e a instrumentalização das Examinações de Anne Askew

Autora: Thalyta Valéria Castro de Oliveira (UnB)

Resumo: As Examinações de Anne Askew – livro publicado pela primeira vez em duas partes nosanos de 1546 e 1547 na Inglaterra – consistem em relatos autobiográficos das prisões, interrogatórios,condenação e tortura da mulher que dá nome à obra. Anne Askew, de fé reformada, foi acusada econdenada por heresia, sendo morta na fogueira em 1546. Ela ganhou fama como exemplo de martíriocristão na Inglaterra e suas Examinações ganharam notoriedade que perdurou nos séculos seguintes.Trata-se de um rico documento que, para a presente pesquisa, é analisado com foco não apenas nadimensão religiosa da obra, mas privilegiando a instrumentalização da narrativa evidenciada pelasintervenções editoriais de John Bale e John Foxe – os primeiros e mais importantes editores do textoem questão. Para que isso fosse possível, a análise inicial do documento se deu em duas frentes: análisedas intervenções verbais (comentários e apontamentos em geral) e o exame pormenorizado dasimagens. Em seguida, essas duas dimensões foram comparadas com o texto principal, tornandoevidentes as estratégias empregadas pelos projetos editoriais de Bale e Foxe na remodelagem da obra ena construção de Anne Askew como mártir da causa reformada.

Palavras-chave: Reforma Religiosa na Inglaterra, Cultura Impressa na Idade Moderna, Martírio.

O Livro dos Mártires e seu paratexto: transformações de 1563 a 1684

Autor: Rebeca Mylena Gouveia de Lima (UnB)

Resumo: O Livro dos Mártires, publicado primeiramente em solo inglês em 1563, consagrou seuautor, John Foxe, como um dos principais nomes associados ao protestantismo inglês. Através de suasdiferentes edições, tem-se acesso a um conjunto de transformações paratextuais que caracteriza o Livrodos Mártires como uma obra por meio da qual se fazem observáveis convenções tipográficas ediscursos que marcaram a trajetória da teologia protestante na Inglaterra. Considerando-se o paratextoenquanto conjunto de produções verbais que acompanham o texto principal a fim de apresentá-lo, apesquisa aqui introduzida tem como objetivo compreender de que forma as alterações paratextuais,observadas na inclusão ou retirada de elementos como prefácios, tabelas, comentários, índices, entreoutros, ao longo das diferentes edições, foram significativas para o desenvolvimento do Livro dosMártires no que se refere a sua elaboração, edição, distribuição e recepção. O corpus documental dapesquisa corresponde, por sua vez, ao conjunto de 9 edições do Livro dos Mártires, publicadas nos

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 19: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

anos de 1563, 1570, 1576, 1583, 1596, 1610, 1632, 1641 e 1684.

Palavras-chave: Livro dos Mártires, John Foxe, Paratexto, Edições, Protestantismo.

A morte, a transfiguração e a vida: a reversão da pena capital de uma bruxa normanda doséculo XVII

Autor: Erico Saad Campos (UnB)

Resumo: Este trabalho procura repensar os motivos que levam um acusado ou uma acusada debruxaria, na França do século XVII, a ter sua pena de morte revogada. Para isso, estudaremosminuciosamente o julgamento de Marie Bucaille – ocorrido na região da Normandia, no ano de 1699 –em perspectiva com a postura adotada pelos magistrados parlamentares no fim do século XVII quandoconfrontados por julgamentos da mesma espécie. A particularidade do caso de Bucaille – registrado emonze impressos publicados durante o intervalo de tempo no qual o Parlamento de Rouen reconsideravaa pena de morte atribuída em primeira instância à acusada – parece jogar luz sobre motivaçõesenvolvidas em uma reversão de veredito imperceptíveis quando o tema é abordado de maneiramacroscópica.

Palavras-chave: Bruxaria; França; Microanálise.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 20: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/04 – História oral, relações de gênero e sexualidades: abordagens contemporâneas

Proponentes: Professor Ms. Clerismar Aparecido Longo (IDA/UnB), Professora Dra. Eloísa Pereira Barroso (PPGHIS/UnB), Professor Dr. Mateus Gamba Torres (HIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: Laboratório de História Social (ICC Norte-módulo 20)

O presente Simpósio Temático tem como objetivo acolher propostas de trabalhos

que abordem, numa perspectiva histórica e multidisciplinar, a construção das identidades

de gênero e sexuais e suas interfaces com outros marcadores sociais – raça, classe,

geração, religião etc -, tendo como metodologia a história oral. Serão aceitos trabalhos

não só do campo da História, mas de várias outras áreas do conhecimento, dentre elas a

Sociologia, Antropologia, Psicologia, Filosofia, Educação, Artes, Turismo, Ciência

Política, Relações Internacionais, Geografia, Direito, dentre outras áreas que se

debruçam sobre a referida temática. Também serão bem-vindas pesquisas que versem

sobre: violência de gênero, em seus diferentes contextos; pedagogias de gênero e das

sexualidades; heteronormatividade; heterossexualidade compulsória; performatividades

de gênero; homoconjugalidades e outras formas de uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Aceitaremos, ainda, trabalhos que tratem sobre homofobia, lesbofobia, misoginia,

movimentos de mulheres e movimentos LGBT. Intenta-se, assim, abrir o leque de

possibilidades de discussão sobre as formas como os sujeitos experienciam os

significados de gênero, de sexo e das sexualidades; como suas identidades sexuais e de

gênero são construídas dentro dessa teia de significados que é a cultura; quais são os

desdobramentos das performatividades de gênero que, em diferentes contextos, burlam

determinadas normas culturais – o queer; como a violência de gênero e a violência

sexual vêm sendo experienciadas, e como os sujeitos, vítimas da violência, reagem e se

manifestam, por meio de movimentos sociais, em busca da igualdade de direitos e do

respeito à alteridade.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 21: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Relações de gênero no cotidiano de mulheres e homens em reassentamentos

Autora: Samara Letycia Moura Borges (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de gênero das mulheres e dos homensdo reassentamento São Francisco de Assis, situado no município rural de Porto Nacional (TO). Oreassentamento São Francisco de Assis foi criado em decorrência da construção da Usina HidrelétricaLuís Eduardo Magalhães. O presente trabalho está inserido nos estudos da História Cultural, nessesentido, as representações sociais é uma categoria de muita relevância no desenvolvimento dessapesquisa. Trata-se aqui de uma pesquisa ainda em andamento, sendo que a metodologia a ser utilizada éa história oral. Serão entrevistas doze pessoas do reassentamento São Francisco de Assis. As narrativasdos sujeitos que colaborarão com a pesquisa constituirão a fonte de análise da presente investigação emcurso. Para tanto, o trabalho é embasado na perspectiva de teóricos como Denise Jodelet, SergeMoscovici, Joan Scott e Michael Pollak.Palavras-chave: Gênero; Representação; Memória.

Realidades distópicas: diálogos entre história e literatura na reflexão sobre fazer historiográficoe história das mulheres

Autora: Isabela Gomes Parucker (UnB)

Resumo: A história investiga não somente acontecimentos e fenômenos do passado, como tambémmaneiras de estudar, narrar e interpretar este passado. Em vista disso, a presente comunicação propõediscutir as possibilidades de exame das relações entre os fazeres literário e historiográfico tanto noâmbito da criação de representações para examinar, conhecer e compreender a experiência humana notempo, quanto de reflexão acerca da construção dessas representações. Assim, a partir da sugestão deanálise de obras distópicas de autoria feminina que têm como tema central debates sobre direitos econtrole reprodutivos de mulheres, procuro entender não apenas quais são as representações de umfenômeno e de violências presentes na vivência e na história de mulheres, mas, sobretudo, comopodem ser elaboradas essas representações e como elas é possível articulá-las com a formulação dediscursos sobre o passado e a experiência feminina, bem como sobre o próprio ser mulher. Palavras-chave: História. Literatura. Distopia. Mulheres. Controle Reprodutivo.

Representações de mulheres no contexto de construção de Brasília

Autor: José Gomes do Nascimento (UnB), Outros co-autores: Larissa Brunnon Querino de Almeida (UniCEUB) e Anna Lorena Morais Silva (UniCEUB)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 22: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: O projeto faz parte de uma pesquisa mais ampla, que busca analisar representaçõesconstruídas por e sobre mulheres durante o período da construção de Brasília. Nesta etapa foi realizadoo mapeamento de diversas fontes documentais que auxiliassem o cotejamento de dados acerca do tema,como ocorrências policiais, registros de óbitos, carteiras de trabalho de mulheres e recortes de jornais.As ocorrências policiais foram consideradas a documentação mais relevante para essa etapa de pesquisa,pois contém o maior volume documental: são 10 livros-ata que registram 3.971 ocorrências de crimesocorridos entre os anos de 1957 e 1961, o que torna possível mapear as situações de violência às quaisas mulheres estiveram submetidas no contexto da construção. Nesse mapeamento foram identificadas279 situações de crimes cometidos contra mulheres, presentes em 236 registros de ocorrências, sendoem sua maioria denúncias feitas pelas próprias vítimas. Um número bem maior apresenta mulheres nacondição de envolvidas, como: denunciantes de violências cometidas contra outros, testemunhas ouacusadas de algum crime. A fim de qualificar essas formas de violência, foram utilizadas as tipificaçõesestabelecidas pela Lei Maria da Penha (violência em âmbito familiar e doméstico) presente em 91registros, e pelas violências classificados de acordo com Código Penal (crimes contra a pessoa e a vidaque não denominam especificamente a esfera familiar e doméstica), presentes em 145 registros. Há dese ressaltar que as denúncias de violências contra mulheres - naquele período bem como nos dias dehoje - se caracterizam por serem crimes sub-notificados, visto que estão inscritos em uma culturapatriarcal e machista que desestimula, sobretudo, as denúncias de violências que ocorrem em âmbitodoméstico e àquelas que se referem a crimes sexuais. Assim, interessou mais compreender os tipos decrimes cometidos e denunciados do que identificar um percentual representativo das violências às quaisàs mulheres estiveram expostas naquele momento. Assim, este trabalho visa apresentar os resultadosdessa primeira etapa projeto, onde o panorama apresentado fornece um referencial muito significativopara o desdobramento de pesquisas, bem como, a possibilidade de pensar transformações epermanências em relação à situação histórica de violência contra mulheres no Brasil.Palavras-chave: Construção de Brasília. Violência contra Mulheres. Ocorrências Policiais.

Violência contra as mulheres nos presídios da Ditadura Militar (1964-1985)

Autora: Giulia Bianca Bacarin Fay de Sousa (UnB)

Resumo: A pesquisa realizada busca trazer uma reflexão acerca das violências sexuais e de gêneroocorridas nos cárceres da Ditadura Militar (1964-1985), levando em conta especialmente aquelassofridas pelas mulheres que foram presas políticas durante o período. A partir do capítulo décimo doRelatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), dedicado à violência de gênero e à violênciacontra crianças, surge a necessidade de se pensar sobre as razões e os significados de uma violênciaespecífica contra mulheres, assim como sobre os elementos que a rodeiam, relacionando à questão damilitância política das presas. Levando em consideração a relevância da História Oral para a elaboraçãode narrativas que geralmente são silenciadas pelos documentos oficiais, uma vez que estes geralmentetêm uma funcionalidade relacionada ao poder político dominante, foram analisados relatos oraisprestados por mulheres que foram presas políticas durante a Ditadura Militar. A partir da análise dosdepoimentos foi possível levantar alguns pontos, como a predominância masculina enquanto estruturada repressão e como essa oposição masculino/feminino e dá na hora da tortura, bem como o silêncio arespeito da violência sexual sofrida, que geralmente dura mais do que o silêncio sobre a tortura em si.Palavras-chave: Ditadura Militar, Violência contra a mulher e Violência de Estado.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 23: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Relações de gênero e práticas de tortura na ditadura civil militar brasileira (1964-1985)

Autora: Clerismar Aparecido Longo (UnB)Outros co-autores: Eloísa Pereira Barroso (UnB)

Resumo: Baseada em relatos colhidos pela Comissão Nacional da Verdade, esta comunicaçãoapresenta uma discussão sobre as experiências de mulheres que lutaram contra a ditadura civil militarbrasileira de 1964. Tem como fito analisar, a partir de fragmentos de memórias subtraídos dosdepoimentos, como o gênero estruturou determinadas relações vivenciadas entre essas mulheres e osórgãos e agentes repressivos do Estado ditatorial, quando, na qualidade de participantes dosmovimentos de esquerda, eram perseguidas por esses órgãos, e nas prisões, quando submetidas apráticas de torturas física, sexual e psicológica.Palavras-chave: Mulheres, Relações de Gênero, Ditadura Civil Militar, Tortura

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Maternidade e Violência de Gênero: quando a vida e a morte convivem nos mesmos espaços

Autora: Mariana Gonçalves Penna (UnB)

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto “GEOGRAFIAS DA REPRESSÃO:Pesquisa histórica e políticas públicas para espaços da repressão durante a ditadura militar (1964-1985)”, coordenado pela professora Adrianna Setemy. Esta pesquisa tem por objetivo analisar de quemaneira a maternidade foi uma condição feminina instrumentalizada por agentes da repressão a fim detorturar mulheres detidas, entre 1970 a 1973, em dois espaços de repressão diferentes: o Departamentode Ordem Política e Social (DOPS) de Recife e o Comando da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Doiscasos específicos de mulheres que sofreram aborto decorrente da tortura enquanto presas foramselecionados a partir dos depoimentos das vítimas civis recolhidos pela Comissão Nacional da Verdade.A noção de violência de gênero adotada nessa pesquisa vai além da violação sexual, pois considera astorturas simbólicas e físicas cometidas em função da condição de mulher como expressão desse tipoespecífico de violência. A escolha do tema deste artigo surgiu a partir de questionamentos sobre aviolência cometida contra a mulher durante a Ditadura Militar, especialmente, contra mulheres grávidasque foram encarceradas. De acordo com os depoimentos, as prisões iam muito além de sua funçãoprimordial: nesses espaços nasciam crianças e bebês eram gerados. Portanto, além de analisar a gravidezcomo uma condição instrumentalizada pelos agentes na repressão contra mulheres, a partir da memóriadas vítimas civis pretende-se discutir que as experiências narradas revelam não somente a brutalidade ea violência associada aos espaços de repressão, mas também uma grande diversidade de experiênciasrelacionadas a vivências ali experimentadas, sendo impossível limitar os presídios a um porão detortura.Palavras-chave: Violência de gênero, Ditadura Civil-Militar, Maternidade

Homossexualidades na ditadura – Travestis e transexuais: uma análise sobre a representação

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 24: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

da imagem feminina marginal.

Autor: Mateus Henrique Siqueira Gonçalves (UnB)

Resumo: O presente artigo se encaminhou na proposta de evidenciar as representações que asociedade, intrinsecamente, ligadas aos meios de comunicação à época fizeram do corpo e das práticasdas travestis no eixo Rio de Janeiro-São Paulo durante os anos 1980. Nas evidências das representaçõese, logicamente, dos discursos que se emitem das mesmas através da mídia impressa e áudio visual, épossível enxergar às violências e desumanidades que as existências travestis enfrentaram durante odeclínio e fim da ditadura e do início da nova democracia. Muito para além do discurso moralista,patriarcal, religioso, criminológico, médico-legal sobre corpos legítimos ou não, a questão da AIDS –doença que surgiu de forma epidêmica durante a década de 1980 – também foi um fator crucial para orecrudescimento da violência, do preconceito, contra às travestis. Palavras-chave: História das Homossexualidades; Travestis; Gênero; Ditadura Militar.

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola mais democrática

Autora: Maria Beatriz Gomes dos Santos (UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análise principalmente nas escolas,e as matrizes curriculares feitas por elas nem sempre se dispõem a trabalhar com as discussões arespeito deste âmbito ou quando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados asdiscussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessa pesquisa é questionar se aescola tem efetivado as discussões de gênero. Para tal, será analisado o projeto “MulheresInspiradoras”, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaboradopela professora Gina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquanto área deconcentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nesse sentido, o controle social setornou o aspecto mais evidente do estudo do currículo, posto que o domínio dessa seleção cultural sejaessencial para a preservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo. Nessesentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio dos currículos determinadossignificados que são as prerrogativas para manutenção do afastamento de grupos menos favoráveis.Sacristán (1998, p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Isso significa dizerque na escolarização não se aprende tudo e nem todos aprendem o mesmo, assim tanto Apple quantoSacristán apontam a investigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental paracompreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisa pretende indagar como ocurrículo desenvolvido por essa escola rompe com a reprodução cultural e com a hegemoniaheteronormativa. Para tal compreensão, será utilizado como metodologia a análise documental comoforma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organização da proposta em relaçãoa epistemologia feminista e à história das mulheres, utilizando como base para tais análises os trabalhosdesenvolvidos por Joan Scott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que ajustificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto, são as taxas altas defeminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluir a escola deste tipo de violência, visto que elatambém enfrenta problemas em sancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, eque envolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexual afetando diretamenteseus alunos. Palavras-Chave: Currículo, Gênero, Escola

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 25: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Promíscua, infiel e depravada: os usos das representações das práticas bissexuais contra a rainha Maria Antonieta

Autora: Bianca de Sousa Guimarães (UnB)

Resumo: Objetivou-se abordar no artigo a forma como as representações da rainha Maria Antonietaem práticas sexuais com homens e mulheres foram usadas para difamar a sua imagem política,refletindo as ligações possíveis entre passado e presente, pensando as influências da estrutura socialpatriarcal na política e sociedade francesas revolucionárias, e, por fim, também problematizando osestigmas colocados às práticas bissexuais antes mesmo destas existirem enquanto uma identidade. Estaanálise utilizou como fonte os panfletos pornográficos que circularam nas ruas da França no períodopré-revolução, pensando os significados da iconografia sexualizada e suas ligações com o amplocontexto revolucionário e iluminista francês. Palavras-Chave: História das Mulheres; Representações Sociais; Mulheres na Revolução Francesa.

Cura para quase tudo: mapeamento social de raizeiros e raizeiras, patrimônio imaterial do Distrito Federal

Autora: Eliana Aparecida Silva Santos Feitosa (UnB)

Resumo: O ofício de raizeiro ocorre em todo o território nacional, parte integrante do patrimônioimaterial brasileiro, presente na memória e no dia a dia da sociedade através do conhecimentotradicional sobre plantas ervas e seus usos. Este conhecimento é repassado de geração a geração atravésda oralidade e convívio. O objetivo geral desta pesquisa é identificar e mapear os raizeiros do DistritoFederal, analisando suas relações na dinâmica urbana e seu conhecimento tradicional construído ecompartilhado através da metodologia da História Oral. É importante destacar que chás, efusões,garrafadas são historicamente utilizadas por populações em que o acesso à saúde formal é deficiente ouainda inexistente. O conhecimento tradicional faz parte da identidade e cultura do raizeiro que vive noDistrito Federal.Palavras chave: História Oral, Memória, Raizeiros, Mapeamento Social.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 26: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/05 – Culturas políticas nos anos da ditadura

Proponente: Professora Dra. Teresa Cristina Novaes Marques (PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala de Reuniões da Filosofia (ICC Norte-módulo 24) Local no dia 20: Sala Aquário (ICC Norte-módulo 24)

A partir da leitura que Formisano (2001) oferece do conceito de Cultura Política,

este ST pretende reunir trabalhos que explorem os aspectos comportamentais de grupos

políticos não hegemônicos nos anos de repressão política no Brasil, isto é, que

linguagem os grupos escolhem para expressar as suas insatisfações políticas. Além de

oferecer um espaço de debate sobre dinâmicas políticas de grupos não integrados no

sistema político institucional, o ST busca reunir, em abordagem comparativa, estudos

sobre grupos políticos cuja identidade se baseie no questionamento das relações de

gênero e raciais da sociedade brasileira.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Sob o olhar da espionagem: o papel do movimento estudantil mineiro contra a Lei Suplicy (1964-1967)

Autor: Alexandre da Silva Braz (UFF)

Resumo: Após a derrubada de João Goulart da Presidência da República no final de março de 1964,viu-se, mais uma vez, a constituição de um novo regime ditatorial no Brasil. O golpe civil-militar abriuas portas para uma série cassação de mantados parlamentares, fechamento de associaçõesrepresentativas e perseguições a diversos movimentos sociais; e, também, deu início a um processo deconstrução de uma estrutura burocrática-autoritária, cuja função era promover a espionagem, produzir

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 27: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

informações, contrainformações e, sobretudo, realizar operações de repressão contra o ‘’inimigointerno’’. A partir disso, a proposta deste artigo consiste em analisar as ações da Ditadura Militar deneutralizar as atividades do movimento estudantil – com maior ênfase ao movimento estudantil de BeloHorizonte; e focalizaremos nossa pesquisa sobre as comunidades de informações e o aparato repressivoque aturaram sobre a Universidade Federal de Minas Gerais, analisando quais eram suas matrizesideológicas, como funcionavam os complexos mecanismos de controle e coletação de informação e,principalmente, suas formas de atuação sob o movimento estudantil mineiro. O estudo dadocumentação produzida pelo aparato repressivo do Regime Militar nos mostrará a grande atuação evigilância de dois atores políticos atuando naquela universidade: a Infantaria Divisória da 4ª RegiãoMilitar e a agência de vigilância, o Serviço Nacional de Informação, estabelecendo contato direto com oReitor e os diretores das Unidades Universitárias, autorizando o início do ano letivo, ordenando ainstalação de Comissões de Inquérito para investigar atividades subversivas envolvendo docentes,discentes e funcionários públicos da Casa, assim como promovendo diversas intervenções militares naUFMG por considerá-la uma célula comunista. A documentação aqui analisada aponta como avigilância sobre o movimento estudantil da UFMG foi intenso entre 1964 a 1967. Alunos brasileiros eestrangeiros acusados de atividades subversivas foram investigados, Diretórios Acadêmicos e oDiretório Central dos Estudantes tiveram seus direitos de representação suspensos e suas instalaçõesfechados inúmeras vezes por não criarem um Regimento nos moldes da Lei Suplicy. Dessa forma,buscaremos apontar como a UFMG e o ME foram fortemente atacados, direta e indiretamente, evigiados pelo aparato repressivo. Mais do que isso, mostraremos como a universidade teve suaautonomia ferida e como o Estado autoritário que ali se constituía buscava desarticular e neutralizar oME, criando novas entidades de representação controladas pelo MEC e legislações que o proibiam osestudantes de exercerem sua liberdade de expressão e associação.

Palavras-chaves: Ditadura Militar; Cultura Política; Comunidade de Informações.

A vida cultural brasiliense face à Ditadura Militar: possibilidades e limitações

Autora: Amanda de Oliveira Passos (UnB)

Resumo: O objetivo principal deste artigo é realizar uma análise de parte da vida cultural brasiliensefrente à censura da ditadura militar, com enfoque mais específico no ano de 1976. O interesse principalé demonstrar a quantidade de dados levantados em relação à esta vida cultural mesmo com a censuracomum à época. À luz da análise de uma série de matérias do Jornal de Brasília 1, propõe-se levantar umdebate acerca dos limites e possibilidades de arte e cultura no Distrito Federal durante o períododitatorial.

Palavras-chave: Jornal de Brasília, Ditadura Militar, Vida cultural.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 28: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Por uma história social das memórias da ditadura militar brasileira

Autora: Natália Batista (USP)

Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar os debates históricos e historiográficos contidosno livro “A ditadura aconteceu aqui: a história oral e as memórias do regime militar brasileiro”organizado por Carolina Dellamore, Gabriel Amato e a autora desta proposta, Natália Batista. O livroapresenta aos leitores uma abordagem sobre um passado-presente da história brasileira – a ditaduramilitar. Ele tentou contemplar temas e sujeitos diversos, observados a partir de pressupostos teórico-metodológicos diferentes entre si, mas que têm em comum a utilização da história oral nas pesquisas enas narrativas históricas contempladas. Em conjunto, pode-se dizer que os textos afirmam: A ditaduraaconteceu aqui, entre nós, e muitas são as vozes que podem narrar os traumas, os jogos de estratégias etáticas, os afetos e as experiências vivenciados neste contexto. Para situar o livro e suas motivações, épreciso responder uma importante pergunta: Qual o lugar da história oral e das memórias sociais noestudo da ditadura militar no Brasil? Algumas peculiaridades do longo regime autoritário que vivemosentre 1964 e 1985, tornam a resposta desta questão plena de matizes e tensões. É preciso destacar que aprópria longevidade do regime permitiu, de maneira contraditória e paradoxal, a sedimentação demuitas memórias daquela experiência histórica ainda durante sua vigência política. A partir destasproblematizações convidamos uma gama diversa de pesquisadores que realizaram trabalhos de campoem história oral para participar do projeto. A ideia é sublinhar a diversidade das memórias sobre aditadura e, por isso, há historiadores que trabalham com diferentes grupos sociais: mulheres militantesda luta armada, artistas do teatro de resistência, operários da Cidade Industrial de Contagem, militares,estudantes universitários que participaram do Projeto Rondon, familiares de mortos e desaparecidos,militantes dos movimentos negros, moradores das regiões de guerrilha que se aproximaram das ForçasArmadas, moradores das agrovilas da Transamazônica, populações indígenas, anarquistas, pessoasLGBT+, presos políticos. Nos trabalhos que compõem essa publicação, as fontes orais dialogam comfontes escritas, com o tempo em que foram produzidas e com os tempos em que foram re/vividas,buscando compreender os conflitos, as disputas e os interesses que permeiam as memórias narradas. Aditadura aconteceu aqui, é preciso que saibamos. Mas não teve forma única e nem teve ponto final.Nunca terá. No entanto, ouvir os sujeitos que a viveram, tentar compreender como suas lembrançascompõem o nosso presente e colocar suas narrativas em perspectiva pode ser uma forma decompreender os deslocamentos do presente.

Palavras-chave: Ditadura Militar; História Oral; Memória.

O feminismo de Heloneida Studart na obra "Mulher Objeto de cama e mesa"

Autora: Lorena Coutinho (UnB)

Resumo: A relação entre história e literatura é uma relação válida e longa, que apesar de não saciado osdebates, dispuseram em favor da harmonia entre ambos. Portanto, neste presente trabalho pleiteamosdiscorrer a respeito da cultura feminista da década de 1970, tendo como locus de pesquisa o livro,Mulher objeto de cama e mesa escrito em 1974, por Heloneida Sturdat, escritora, jornalista, feminista eposteriormente deputada pelo MDB. A autora usa uma linguagem direta que mostra a condição damulher naquele momento histórico, denunciando os abusos impostos e levantando-se contra o

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 29: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

padroado imposto a elas. Carregada de uma escrita jornalística e cheio de imagens o livro é didático,deixando claro os pontos levantados e criticados pela autora. Traços que saltam do livro e quedistinguimos como pertencentes a uma cultura política própria ao movimento feminista brasileiro dadécada de 1970. Usitamos como corpus documental, a primeira edição da obra de 1974. O suporteteórico pautara-se nos autoras como Joana Maria Pedro e Cynthia Sarti entre outros, ajudaram a terconhecimento a respeito do Movimento Feminista na década de 1970; Serge Berstein e RonaldFormisano auxiliaram nas análises sobre Cultura Política. Este estudo pretende colaborar nos debates arespeito de História e Literatura, Ditadura Civil–Militar e Cultura Política e estes eixos temáticosarticulados com o tema movimentos feministas; refletiremos as mudanças no pensamento das mulheresmilitantes e a política que exerciam. Sendo parte de um trabalho maior, ainda não chegou a maturação econclusões satisfatórias, assim sendo, não apresentar-se-á dados perfeitos e sim pontos que ossuscitaram.

Palavras-chave: Ditadura civil-militar; Feminismo; Literatura.

Memória e Identidade: imaginários sobre a ditadura no processo de guerrilha urbana no eixo Goiânia/Brasília

Autor: Vinicius Victor do Prado Pereira (UnB)

Resumo: Inserido no contexto de oposição ao governo implantado em 1964 o processo de guerrilhaurbana cresce após 1968 e se estabelece para combater o regime vigente; nesse trabalho busca-se oentendimento dos movimentos de guerrilha em Goiânia e Brasília nos anos dos militares no poder, soba ótica da 11ª Circunscrição Judiciária Militar. O objeto aqui discutido é a análise do imaginário sob oviés do processo de guerrilha urbana nas cidades de Brasília e Goiânia e a construção do conceito desubversão ligado aos guerrilheiros. Sob a ótica dos militares envolvidos nesse processo a questão doimaginário proposto como uma relação de contraposição de pensamentos, nesse caso dos militares edas organizações ligados aos setores de esquerda. Apoiado pela perspectiva da História Social e Culturalhá um processo de questionamento das fontes, sendo essas fontes questionadas ao conceito deimaginário construído pelos militares. As informações desse trabalho aproximam o objeto da pesquisaao interlocutor dessas duas capitais, assim como para aqueles que se interessarem pelas relações sociaisconstruídas nesse período. A posição do ministério público da 11ª CJM acerca dos réus é construídasob o Decreto-Lei n° 898/69 e o n°510/69, assim o Estado é usado como legitimador essas acusaçõese posteriormente condenações dos réus como inimigos do estado foram julgados e sentenciadosperante um órgão da justiça militar. A guerrilha é analisada nas duas cidades de atuação se nãoexpressiva pelo menos existente, a fonte coliga os movimentos nas cidades; sendo assim o conceito deinimigo interno é atrelado não somente a atividades de guerrilha, mas como influenciadores políticos dapopulação.

Palavras-chave: guerrilha, ditadura, imaginário.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 30: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

1968 e a política criminal de drogas brasileira

Autor: Luiz Henrique Santos Brandão (UnB)

Resumo: A Ditadura Militar não foi o primeiro exemplo da aplicação da política de perseguição aosusuários de drogas no Brasil, no entanto, o golpe de 1964 pode ser considerado como uma espécie dedivisor de águas na medida em que passa a associar o uso de drogas aos movimentos de ‘subversão’política. Esta associação marca a transição do modelo sanitário – comum ao Segundo Reinado e àPrimeira República –, para o bélico. Em 1964, a Lei nº 4.483 cria o Serviço de Repressão a Tóxicos eEntorpecentes e reorganiza os departamentos de Polícia Federal de modo a expandir e radicalizar ocontrole e a vigilância policial sobre o cotidiano. Mais tarde, utilizando-se dos poderes instituídos peloparágrafo 1º do artigo 2º do recém decretado Ato Institucional de nº 5, o general Costa e Silva introduzuma série de alterações legais no artigo 281 – que tipificava o crime de tráfico –, por meio do Decreto-Lei de nº 385. Entre as principais mudanças, vale destacar a equiparação das penas previstas parausuário e traficante (§ 1º, inciso III), marcando um distanciamento do modelo de diferenciação. Trata-se de um padrão legiferante sintomático da radicalização do Sistema de Segurança Nacional, queproduziu extensa estrutura legislativa dirigida ao combate do ‘inimigo’ interno. O estranhamento queconduzirá minha análise é, portanto, o de que a Constituição de 1988 não só não revê a Lei de Tóxicosproduzida pela ditadura como radicaliza o modelo repressivo, equiparando o crime de tráfico aoscrimes hediondos no que diz respeito ao processo penal. Assim, a partir de 1988, o “tráfico ilícito deentorpecentes” passa a ser punido com o mesmo rigor que crimes como tortura, estupro e terrorismo,não sendo suscetível à fiança nem anistia e com pena fixada em até 15 anos em regime fechado (maisdo que o dobro previsto pela lei anterior).

Palavras-chave: Ditadura Militar; Guerra às Drogas; CF88; Lei de Drogas;

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 31: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/06 – Escola Democrática, Escola Cidadã: Os desafios da igualdade/diferença

Proponentes: Professora Dra. Dayane Augusta Santos da Silva (IFB); Professora Dra. Diva do Couto Gontijo Muniz (UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 07 – Faculdade de Direito

Propomos um amplo e diversificado espaço para reflexão e compartilhamento de

experiências e conhecimento acerca das abordagens de gênero/ raça / classe nos

currículos de ensino de história e nas práticas docentes cotidianas, nos três níveis de

ensino. Entendendo a escola como campo político, atravessado por tensões e disputas,

por relações de poder, pretendemos, nesse espaço, pensar e agir em relação aos desafios

contemporâneos para a construção de uma escola cidadã, comprometida com o projeto

político de respeito ás diferenças, sem abrir mão, porém, do direito de igualdade das

pessoas ao ensino gratuito e de qualidade. Com tal propósito, investe-se, nesse simpósio,

na possibilidade de abrigar múltiplas experiências de ensino, de pesquisa e de projetos

pedagógicos da área de história/humanidades no ensino fundamental, médio e/ou

superior.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

O Livro Didático como Tecnologia de Gênero: uma análise da forma como as mulheres sãoapresentadas na Coleção História de Editora Saraiva

Autora: Valéria Fernandes da Silva (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: O livro didático é o principal instrumento de trabalho de professores e alunos e as mulheressão o grande ausente da História ensinada nas escolas. Ainda que nas últimas duas décadas os estudos

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 32: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

de gênero e as pesquisas com os livros didáticos tenham suscitado reflexões e críticas aos silêncios emrelação às mulheres e outras minorias, como os negros, os LGBTQ, e outros grupos sub-representados,o material que chega às nossas escolas ainda se mostra insuficiente, seja para preencher lacunas, sejapara discutir novas possibilidades para o estudo da disciplina. A questão da representação das chamadasminorias – mulheres, negros, indígenas, jovens, crianças, etc. – nos livros que chegam às mãos denossos estudantes tem impacto direto na construção do imaginário dos alunos e alunas sobre os maisdiversos grupos sociais e sua atuação ao longo da História. Em nosso trabalho, vamos analisar a formacomo as mulheres são representadas, ou são silenciadas, em uma coleção que consta no último doPNLD (Programa Nacional do Livro Didático), os volumes 1, 2 e 3 da coleção História da editoraSaraiva, de autoria de Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira e Georgina dos Santos apartir da perspectiva dos Estudos Feministas e de Gênero, isto é, percebendo a literatura em questãocomo tecnologias de gênero que atuam na construção de homens e mulheres, assim como na percepçãodas relações e hierarquias de gênero e na percepção do mundo para além da sala de aula.

Palavras-Chave: Livro didático, Mulheres, gênero.

Cinema e história das mulheres: possibilidades para o ensino de História

Autora: Rebecca Maria Queiroga Ribeiro (UnB)

Resumo: Neste artigo, discutimos as possibilidades de abordagem de dois filmes históricos –Alexandria (2009) e Joana D’Arc de Luc Besson (1999) – no ensino de história das mulheres.Apresentamos algumas análises e orientações pedagógicas, tendo em vista as possibilidades deutilização dos filmes históricos enquanto recursos didáticos que visam um ensino de história quepromova a historicização da violência contra as mulheres. Em um primeiro momento, pretendemosrealizar algumas observações pontuais acerca das representações de gênero e do recurso didático dofilme histórico em sala de aula, definindo o que consideramos como filme histórico e sua contribuiçãopara o ensino de História. Em seguida, propomos algumas possibilidades de leituras guiadas por doisfilmes históricos específicos: Alexandria (2009) e Joana D’Arc (1999). Entendemos que é fundamentalque as/os professoras/es promovam a desnaturalização de concepções de gênero que ainda são basepara práticas e discursos de discriminação e violência contra as mulheres em nossa sociedade, e que ocinema abra espaço para esses debates, por permitir um momento de crítica e análise acerca docontexto histórico visto em tela, assim como a forma com que o filme se apropria do discursohistoriográfico. Os filmes históricos enquanto recursos didáticos podem suscitar uma série dequestionamentos sobre a história e as representações das mulheres e das relações de gênero, podendode alguma forma colaborar na educação para a igualdade de gênero e enfrentamento da violência contraas mulheres no tempo presente. Os filmes selecionados neste artigo representam contextos históricosque estão sempre presentes nos livros didáticos – Alexandria versa sobre a cristianização do ImpérioRomano, enquanto Joana D’Arc aborda a Guerra dos Cem Anos – e, muitas vezes, não vemos apresença das mulheres nesses contextos em sala de aula. A proposta de abordagem dos filmeshistóricos levanta reflexões sobre a violência de gênero presente nesses contextos, questionando sobreas mulheres durante os períodos analisados. Essa proposta coloca em evidencia a história das mulheres,com o objetivo de promover um ensino de história que esteja preocupado em desnaturalizarconcepções de gênero e questionar os mecanismos de exclusão e opressão das mulheres na história.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 33: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola mais democrática

Autoras: Karoline Rabelo de Andrade (UniPROJEÇÃO) e Celly Cristinne Caldas Frota(UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análise principalmente nas escolas,e as matrizes curriculares feitas por elas nem sempre se dispõem a trabalhar com as discussões arespeito deste âmbito ou quando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados asdiscussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessa pesquisa é questionar se aescola tem efetivado as discussões de gênero. Para tal, será analisado o projeto “MulheresInspiradoras”, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaboradopela professora Gina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquanto área deconcentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nesse sentido, o controle social setornou o aspecto mais evidente do estudo do currículo, posto que o domínio dessa seleção cultural sejaessencial para a preservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo. Nessesentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio dos currículos determinadossignificados que são as prerrogativas para manutenção do afastamento de grupos menos favoráveis.Sacristán (1998, p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Isso significa dizerque na escolarização não se aprende tudo e nem todos aprendem o mesmo, assim tanto Apple quantoSacristán apontam a investigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental paracompreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisa pretende indagar como ocurrículo desenvolvido por essa escola rompe com a reprodução cultural e com a hegemoniaheteronormativa. Para tal compreensão, será utilizado como metodologia a análise documental comoforma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organização da proposta em relaçãoa epistemologia feminista e à história das mulheres, utilizando como base para tais análises os trabalhosdesenvolvidos por Joan Scott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que ajustificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto, são as taxas altas defeminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluir a escola deste tipo de violência, visto que elatambém enfrenta problemas em sancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, eque envolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexual afetando diretamenteseus alunos.

Palavras-chave: Currículo, Gênero, Ensino, Escola.

Discutindo representações de gênero em sala de aula: relato de uma experiência comestudantes do ensino médio de uma escola pública de Taguatinga - DF (2017).

Autora: Ana Vitoria Sampaio Castanheira Rocha (UnB)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo relatar a experiência com a oficina "História dasrepresentações de gênero" associada ao projeto de extensão "Mbopyau - Ensinando Histórias doPossível", da Profª. Drª. Susane Rodrigues de Oliveira (Departamento de História - UnB). As oficinasforam ministradas por alunas e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em História destaUniversidade, que por meio de imagens, dinâmicas e discussões, levaram para três turmas do EnsinoMédio de uma escola pública de Taguatinga - DF, o debate sobre a desigualdade entre homens e

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 34: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

mulheres. Os objetivos das oficinas eram registrar, discutir e também questionar estereótipos de gêneroque ainda estão em circulação na sociedade, perpetuando o sexismo e a misoginia entre as geraçõesmais novas. Em contrapartida, foram apresentados exemplos de mulheres na Historia que questionamtais representações, confrontando diretamente a desigualdade de gênero.

Palavras-chave: Representações de Gênero, História das Mulheres, Projeto Mbopyau.

O PNLD em suas redes interdiscursivas: Análise de Editais de Convocação do ProgramaNacional do Livro e do Material Didático

Autor: João Rodrigues Quaresma Neto (UnB)

Resumo: Esse trabalho aborda editais de convocação do que, atualmente, se chama ProgramaNacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Nesses editais, estão especificadas as característicasque os livros didáticos devem possuir para serem distribuídos no âmbito do PNLD. O foco dessaexposição oral recai sobre os itens relativos à formação cidadã, a saber, itens que tratam particularmenteda questão étnico-racial e de gênero. O fio condutor dessa apresentação, então, é o questionamentosobre os possíveis impactos desses itens para a elaboração dos livros voltados para o ensino de história.Com esse intuito, optamos por selecionar como fontes os editais do PNLD 2015 ao PNLD 2020.Assim, podemos demonstrar as permanências e mudanças nos últimos ciclos desse programa para oensino de história no que concernem os referidos itens.

Palavras-chave: Editais, PNLD, Ensino de História.

O lugar da História africana nos livros didáticos: reflexões acerca da coleção “História Global”

Autora: Adínia Santana Ferreira (UnB)

Resumo: O presente trabalho objetiva analisar o lugar que a História da África ocupa nos três volumesda coleção didática “História Global”, selecionada para o Programa Nacional do Livro Didático(PNLD) de 2018. Assinados por Gilberto Coutrim e publicados no ano de 2018, os livros sãodirecionados ao público que cursa o Ensino Médio da Educação Básica. Procuraremos mostrar asrepresentações sobre o continente presentes nos textos e nas imagens inseridas no corpo das obras,atentando-se para as os assuntos priorizados, omitidos ou silenciados. A investigação aqui propostanasce da busca por obter um quadro que informe como a África vem sendo retratada nos manuaisdidáticos, haja vista que a elaboração deste tipo de literatura é influenciada por programasgovernamentais, pelo mercado editorial e por currículos nacionais e estaduais.

Palavras chave: História da África, Livro Didático, Representações, Ensino de História.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 35: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Eugenia, Infância e Educação no Brasil a partir das publicações do Boletim de Eugenia (1929-1933).

Autor: Douglas de Araújo Ramos Braga (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: A Eugenia, termo cunhado pelo cientista britânico Francis Galton, surgiu em meados doséculo XIX como a ciência do aprimoramento humano. Em meio ao cientificismo e às discussões sobreevolucionismo e hereditariedade, Galton acreditava ser possível aprimorar o estoque genético humanopor meio da seleção e reprodução daqueles indivíduos considerados adequados. As ideias eugênicas seespalharam por várias regiões do mundo no início do século XX, ora enfatizando políticas dematrimônio e perpetuação de determinados agentes, ora medidas mais “duras”, como esterilizaçãocompulsória e eutanásia. A Eugenia, assim, apresentou um caráter polimorfo, com especificidades ediscussões variadas nos diversos países em que se desenvolveu. No Brasil, a Eugenia cresceuespecialmente a partir dos anos 1910, com a fundação da Sociedade Eugênica de São Paulo e a atuaçãopreponderante do médico paulista Renato Kehl. Dentro de um contexto em que as elites e intelectuaisbrasileiras se preocupavam em levar o país em caminho à “modernidade” e “civilização”, as ideiaseugênicas encontraram grande acolhida, embora não sem resistências e nem discussões sobre suavalidade, ou mesmo entre os eugenistas brasileiras sobre questões-chave naquele momento histórico,como a mestiçagem e o branqueamento da população. A fundação do Boletim de Eugenia, em 1929,foi um marco neste processo, sendo a primeira publicação voltada exclusivamente para a propagandaeugênica criada no Brasil, seguindo a linha de seu criador, Renato Kehl. Neste mesmo período, crescia apreocupação com a infância, sua educação e formação, vista como elemento fundamental para ocrescimento e regeneração da nação, com uma série de discussões e políticas sendo elaboradas emtorno da população infantil. Medidas eugênicas eram entendidas como fundamentais para a gestação ebom crescimento das crianças. Neste sentido, entendendo a Eugenia como um movimento científico esocial, buscaremos analisar como o Boletim de Eugenia, durante o período em que foi publicado (1929-1933), buscou difundir determinadas ideias, representações e políticas sobre e para a infância, temaainda pouco explorado na historiografia da Eugenia, visando aprofundar a relação entre teoriaseugênicas e infância no Brasil.

Palavras-Chave: Eugenia; Infância; História do Brasil.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Concepções e sentidos de história e ensino de história na Educação Básica do Distrito Federal:o caso do Centro de Ensino Médio 02 da Ceilândia

Autor: João Pedro Sales Fernandes (UnB)

Resumo: O ensino de história aparece quase que de forma naturalizada entre os que vivenciam aeducação básica no Brasil. É por isso que, longe dos ambientes acadêmicos, acabamos não refletindo

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 36: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

com a devida profundidade sobre as concepções e sentidos que são atribuídos e gerados a partir doensino de história. Nas salas de aula coexistem diferentes sentidos sobre o passado e se constroemdiferentes relações entre estudantes e o estudo das atividades humanas no passado. Pensando naimportância de tais acepções, este trabalho busca conferir alguns desses significados atribuídos porestudantes do Terceiro Ano do Ensino Médio do Centro de Ensino Médio 02 (CEM 02) da Ceilândia,Região Administrativa do Distrito Federal. Para atingir esse fim, foi realizada uma oficina em trêsturmas do Terceiro Ano, com aplicação de questionários que tentavam traduzir os sentidos atribuídospelos/as estudantes à palavra “história”, a importância dada ao seu estudo e de que formas acreditavamque ela aparecia em suas vidas fora do ambiente escolar (cinema, jogos, televisão, etc.). A partir daanálise dos discursos produzidos nos questionários, podemos traçar alguns apontamentos sobre omodelo de ensino de história e os conteúdos adotados na educação básica brasileira, ainda pautado peloeurocentrismo e com pouco diálogo com a maioria da população brasileira (JOSÉ DA SILVA;MEIRELES, 2017). A partir deste trabalho, pensando no rompimento com os legados do colonialismo,podemos pensar em novos objetivos para o ensino de história. Tendo em vista uma perspectivadecolonial e visando ao direito ao passado (OLIVEIRA, 2014), é possível construir uma nova relaçãoentre a sociedade brasileira e o seu passado.

Palavras-chave: ensino de história; passado; educação básica; decolonialidade.

Vivas histórias de vida: ensino-aprendizagem de história como possibilidade transformadorano Recanto das Emas, DF.

Autor: Jorge Artur Caetano Lopes dos Santos (Secretaria do Educação do DF)

Resumo: Entre 2014 e 2018, realizei pesquisa na cidade-satélite do Recanto das Emas, regiãoadministrativa do Distrito Federal, em que analisei e dialoguei com relatos memorialísticos demoradoras dessa localidade. As narrativas de mulheres, todas elas avós de alunas e alunos de uma escoladessa cidade, permitiram dar a ver e a ler as possibilidades de narrar esse espaço urbano, suaespacialidade, entre outros eixos-temáticos que faziam desse lugar um espaço no sentido proposto porMichel de Certeau. Esse trabalho encontra-se em minha tese de doutorado defendida em março desseano no PPGHIS - UnB. No presente ano, a pesquisa, que ao contrário da tese não finda, retornou parao espaço escolar de onde havia me licenciado. Trago, portanto, no presente texto algumas análises dosresultados do diálogo entre a pesquisa acadêmica e minha prática de ensino-aprendizagem de históriaem dez turmas de 6º ano do ensino fundamental. Essa análise é pautada pelo meu interesse de rompercom os ranças tradicionais da escola costumeiramente praticada nas salas de aula dos diferentes níveisde ensino. Dessa forma, quatro são as questões aqui destacadas: a relação história, memória eidentidade na sala de aula tendo em vista a promoção de novas formas de subjetividade indicada porFoucault; histórias de vida e história local como alternativas significativas ao quadripartismoeuropeizante tradicional; a valorização da diversidade e a pluralização dos sujeitos como eixo transversaldas práticas escolares.

Palavras-chave: Ensino de história, Memória, Histórias de vida.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 37: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

"O Mulato" como veículo para representar/problematizar o Brasiloitocentista nas aulas de história

Autor: João Pedro Pereira Rocha (UFG)

Resumo: A historiografia, ao longo de seu desenvolvimento, registrou transformações significativasque modificaram a forma como historiadores observariam o passado. Essas mudanças podem servisualizadas desde as raízes cientificas do conhecimento histórico, em fins do século XIX, até aatualidade. Nos anos 1980, aproximadamente, emerge uma tendência que procurou repensar a relaçãoentre História e Antropologia sobre aspectos diferentes daqueles registrados anteriormente, surge assimà Nova História Cultural. No contexto da Nova História Cultural o passado enquanto representaçãoganhou destaque em pesquisadores como Roger Chartier (2006) (1988) causando forte influência naspesquisas históricas e, atualmente, permitindo (re) pensar o conhecimento histórico nos diversosespaços, a exemplo do escolar. Nesse sentido, é objetivo do presente trabalho analisar o modo como,por meio da literatura, a representação, em sua relação com o passado, pode servir ao ensino de históriaem consonância com a proposta para Educação das Relações Étnico-Raciais, e que orienta as políticasda diversidade para a Educação Básica. Para tanto, construímos um percurso metodológico atento àrelação entre história, literatura e ensino. Essa relação é possível a partir de um posicionamento quepensa o romance O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo, como fonte para análise/discussão, nasaulas de história, e em aproximação com Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação dasRelações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O romance,assinalado, serve como caminho de possibilidade, por meio do qual professore e estudante, podemverificar o modo como, no Brasil do século XIX, o preconceito racial se manifestava em meio àsrelações sociais. Tratado como representação do passado o romance O Mulato permite o diálogo comoutras linguagens, a exemplo da própria literatura (quando do uso do romance Úrsula, por exemplo,entre outros), de charges e da imprensa que, no contexto do século XIX, expunha as dificuldadesimpostas à população africana e afrodescendente no Brasil do período. Assim, e como possibilidadepara o ensino de história, as representações históricas possíveis por meio, e a partir, de O Mulatopermitem ao ensino da História problematizar o passado à luz da configuração social em sua relaçãocom o preconceito racial e o(s) lugar (es) do negro no desenvolvimento da sociedade brasileira.

Palavras-Chave: Ensino de História. Literatura. Representações.

A universidade agindo na sociedade: o PADU/UFT e o acesso democrático a universidade

Autores: Walkeny Izidio Soares Macêdo (UFT), Maycon Dougllas Vieira dos Santos (UFT) eWedster Felipe Martins Sabino (UFT)

Resumo: O Programa de Acesso Democrático à Universidade - PADU, foi criado pela Pró-Reitoria deExtensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEX) da Universidade Federal do Tocantins, em 2010e normatizado pela Resolução do CONSEPE nº 09 de 15 de abril de 2015 (CONSEPE/UFT, 2015). OPrograma tem como objetivo agregar e fortalecer cursos preparatórios (Pré-Vestibulares) existentes nosCampus da UFT e nas comunidades vizinhas. É composto por estudantes de graduação que, bolsistasou voluntários, atuam como Professores de suas respectivas áreas. As atividades do PADU/UFTrelatadas aqui são realizadas no Campus de Porto Nacional, em parceria com o Colégio EstadualAngélica Ribeiro Aranha. Os encontros, abrigados pelo Colégio, acontecem aos sábados e são

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 38: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

compostos por duas aulas diversas, com a duração de uma hora e meia cada. Além das aulas, osprofessores-voluntários, junto aos Coordenadores do PADU preparam atividades de integração dosestudantes ao Campus da UFT, como simulados, visita aos laboratórios e apresentação dos Cursos deGraduação da Universidade. O projeto nasce, com a preocupação de minimizar a exclusão histórica dedeterminadas classes e/ou grupos minoritários de nossa sociedade no que diz respeito ao acesso dosmesmos a uma educação pública, gratuita e de qualidade. Temos como consensual a tamanhadesigualdade que há entre estudantes de escolas públicas e privadas e como essa questão afetadiretamente no ingresso ou na restrição desses estudantes ao ensino superior. Tendo em vista osdesafios que essas iniciativas possuem, o presente trabalho pretende relatar as experiências vivenciadaspelos professores voluntários do programa, na tentativa de captar quais as dificuldades enfrentadas nodecorrer do projeto, bem como, descrever as ações realizadas durante o ano de 2018, que exigiram debolsistas, voluntários e estudantes certo esforço para além das quatro paredes da Universidade/Escola.Por fim, pretende-se contribuir com os debates acerca do acesso à Educação, acreditando ter aUniversidade papel central na quebra de vários estigmas sociais que tem contribuído fortemente naexclusão de grupos historicamente marginalizados.

Palavras-chave: Educação; Democracia; Desigualdades; Formação de Professores.

Perfil dos Estudantes de Licenciatura em História da Universidade de Brasília".

Autora: Nathália Barros Ramos (UnB)

Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar o perfil socioeconômico dos estudantes delicenciatura em história da UnB, nos anos de 2014 a 2017, a partir de variáveis físicas, educacionais eeconômicas. Empreendemos uma metodologia com abordagem quantitativa, que se desenvolveu emtrês etapas: levantamento bibliográfico; levantamento de dados específicos do curso elegido, por meiode questionário socioeconômico aplicado pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), Censo Superior eVestibular, e tabulação e análise dos dados. Referente aos resultados, identificamos que o perfil dosestudantes ingressantes na licenciatura em história, mantém um equilíbrio em relação ao sexo. A idadenos mostra que o estudante e futuro professor de história é jovem, com uma faixa etáriacorrespondente aos recém saídos do ensino médio. Em relação a cor, identificamos uma progressivamudança entre o quantitativo de brancos e pardos, e se mantém estabilidade em relação a negros. Arespeito do tipo de escola em que cursou o ensino médio, temos o maior número de ingressantesoriundos da escola pública. Em relação a renda familiar, os dados nos mostram uma diferença gritantenas formas de ingresso, pois temos no PAS em 2014, um total de 56.25% de ingressantes com rendafamiliar correspondente a mais de 10 salários mínimo, enquanto no vestibular esse número varia entre20% e 25%. Sendo o número de estudantes que se enquadram no grupo social de baixa renda, muitoinferior a totalidade das vagas. Ao analisarmos o curso de história em âmbito nacional, constatamos queos ingressantes oriundos do PAS destoam expressivamente em comparação ao restante do Brasil, já osingressantes pelo Vestibular correspondem ao percentual geral nacional. Os dados nos revelam queembora esteja ocorrendo uma mudança progressiva no panorama de ingresso, e os dados estejamcomeçando a refletir a implementação das cotas sociais, o acesso ainda se dá por uma elite rica e brancaque é minoria se comparada a sociedade brasileira, mas que configura uma maioria esmagadora nalicenciatura em história, na UnB. Co-autoras do trabalho: Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro daSilva –UnB e Ana Sheila Fernandes Costa- UnBPalavras-Chave: Perfil Socioeconômico; Licenciatura em História; Ingressantes.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 39: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/07 – Caminhos e descaminhos da liberdade e cidadania negra no Brasil independente

Proponentes: Professora Dra. Ana Flávia Magalhães Pinto (His/UnB) e Marcelo Balaban- (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 09 – Faculdade de Direito

Em 2018, completam-se 130 anos da abolição da escravidão e 30 anos da

chamada “Constituição Cidadã” brasileira. Há pouco mais de três décadas, o cruzamento

entre as demandas levantadas por sujeitos sociais atuantes nos momentos mencionados

suscitou revisões e reflexões promovidas por intelectuais acadêmicas/os e ativistas

acerca dos limites, desafios e possibilidades da cidadania negra no Brasil. Ao tempo em

que os movimentos sociais protestavam contra a “farsa da abolição” e descontruíam o

“mito da democracia racial” no cotidiano, historiadoras/es aprofundavam as pesquisas no

âmbito do que ficou conhecida como Nova História da Escravidão. Os estudos s obre a

liberdade negra e o pós-abolição, não por acaso, se constituem em grande medida como

desdobramento dessas frentes de leitura sobre a experiência brasileira, tendo ganhado o

interesse de um crescente número de pesquisadoras/es e leitoras/es. Em sintonia com

essa dinâmica, este Simpósio Temático, vinculado ao GT Nacional Emancipações e Pós-

Abolição da Anpuh, visa congregar trabalhos voltados a: trajetórias individuais e

coletivas de pessoas negras no campo e na cidade; racialização e etnicização; memórias

da escravidão e da liberdade; lutas e conquistas de direitos; práticas de associativismo

negro em seus diferentes momentos e formas; interseccionalidade de raça, gênero, classe

e sexualidade; entre outros temas afins.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 40: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Liberto de pia. Os sentidos da liberdade e a trajetória política de Padre Daniel na Província do Amazonas (1858-1880)

Autor: Tenner Inauhiny de Abreu (UEA)

Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar a trajetória política do padre Daniel PedroMarques de Oliveira, a partir de sua atuação na província do Amazonas, utilizando sua biografia políticacomo chave interpretativa do processo de participação no sistema representativo do império e naseleições de indivíduos classificados como libertos no século XIX. As experiências do cativeiro e atentativa de mobilidade social por parte do sacerdote demonstram as estratégias de trabalhadorescativos ou libertos, marcados pela sua origem racial. O uso dos jornais como fonte e de fontes oficiais(relatórios, falas e exposições de presidentes de província, atas da Assembleia geral e provincial) nosauxiliam com uma massa documental seriada e que tratam das experiências dos indivíduos na sociedadeamazonense do oitocentos.Palavras-chave: Escravidão, liberdade, cidadania

“Nos cantos da minha história”: os vissungos como práticas identitárias de escravos e seusdescendentes no garimpo em Diamantina – MG (1833 – 1928)

Autor: Ada Vitenti (UnB)

Resumo: Vissungos são cantos entoados pelos escravos e escravas na região do garimpo emDiamantina - MG durante o século XIX e XX. Esse projeto de doutorado insere-se na linha depesquisa “História Cultural, Memórias e Identidades”. O interesse nesse objeto para uma pesquisa emhistória recai sobre a possibilidade de explorar uma fonte que traga a experiência da escravidão a partirdo ponto de vista do escravo, uma vez que os cantos foram uma das formas que tais sujeitosencontraram para contar e dar sentido a esta experiência. Além disso, nos interessa sobremaneira areelaboração dos vissungos pelos descendentes dos escravos na região citada, pois nos leva a supor quea rememorização dos mesmos constitui-se como elemento que conectou os descendentes aos seusantepassados numa relação que estabeleceu um espaço no qual identidades foram constituídas ereconstituídas, criando assim instrumentos que delimitaram fronteiras, conferindo-lhes poder de criarsua história, exercendo no cotidiano estratégias que lhes possibilitassem atuar com autonomia.Palavras-chave: vissungos, escravidão, experiência, memória, identidade.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 41: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

O humanismo como meritochacina: Machado de Assis, crítico da pedagogia excludente.

Autor: Marcos Fabrício Lopes da Silva (Faculdade JK)

Resumo: O grande elemento característico do fascismo no Brasil se encontra no fato de ele se assentarnuma história de 300 anos de escravidão do povo negro, retirado à força da África (1550-1888), e daspopulações indígenas originárias. A escravidão de grande parte da população gerou um solo nacionalespecífico para as manifestações fascistas. Falar em fascismo no Brasil é se referir a um momentohistórico que não pode ser entendido fora da tradição de séculos de escravidão. O peso da escravidão,do autoritarismo governamental e do fundamentalismo mercadológico asseguraram as condiçõesfavoráveis para a disseminação de movimentos fascistas no país. Não à toa conta Machado de Assis(1839-1908), em Quincas Borba (1892), que a grande reflexão do Humanitismo dá-se a partir dapremissa: “Ao vencedor, as batatas”, que surge de uma parábola contada pelo filosofo Quincas Borba,ao apresentar sua teoria a Brás Cubas. Para ele, a luta pela sobrevivência permite que as regras dasrelações interpessoais e intercomunitárias sejam usurpadas, pois o mais importante é a satisfação dasnecessidades pessoais e individualistas. Ao afirmar que é “natural” que os seres lutem e que o maisfraco seja eliminado (“meritochacina” ou “darwinismo social”), Quincas Borba aceita as desigualdades einjustiças sociais e as afirma como mecanismos de progresso. O termo Humanitismo e sua pedagogiaexcludente se revelam também como traço irônico de Machado de Assis voltado para criticar adegeneração, em terras brasileiras, do termo Humanitas, consagrado, desde os tempos romanos, comoconcepção humanista que não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação dohomem virtuoso, como ser moral, político e literário.Palavras-Chave: Humanitismo; Machado de Assis; Pedagogia excludente.

Relações de poder no escravismo brasileiro: o caso do engenho Santana, Ilhéus, em 1789

Autor: Andrey Soares Pinto (UnB)

Resumo: Este projeto busca analisar o caso de revolta escrava no engenho Santana, em 1789, porém,levando em consideração as vivências, relações e perspectivas de mundo que foram engendradas nesseengenho. Possibilitando, assim, um melhor entendimento dos vínculos de poder que eram existentes noregime escravista brasileiro. A pretensão em compreender as representações sociais e os discursos queencontravam-se presentes nesse sistema, dos finais do século XVIII, tem como ênfase uma análiseestrutural, mas sem esquecer os fatores subjetivos dos cativos que integravam tal sistema no contextodeste engenho baiano.Palavras-Chave: Resistência, Revolta escrava, Relações de poder.

Rosário associativo: Venerável Ordem Terceira do Rosário e coletivos de trabalhadores negrosna cidade de Salvador (1888-1930)

Autora: Mariana de Mesquita Santos (UnB)

Resumo: No mesmo ano em que temos o 130º aniversário da abolição completa do trabalho escravo

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 42: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

no Brasil, comemora-se também os 333 anos de fundação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosáriodos Pretos do Pelourinho, localizada em Salvador. Seu legado como promotora de experiências para apopulação africana e afrodescendente para além do cativeiro nos seus primeiros séculos de existência érecorrentemente mencionado na historiografia. No entanto, poucos pesquisadores se debruçaram sobrea sua trajetória após a emancipação, a partir do final do século XIX. Afinal, no contexto de liberdade,qual seria a importância das irmandades negras em Salvador? Em 1900, esta confraria foi elevada aOrdem Terceira depois de muitas solicitações por parte dos seus confrades. Esta promoção certamentelhe conferiu maior prestígio como instituição e individual para seus membros, sobretudo diante de umcenário avesso à sua permanência. Ao investigar os arquivos da agremiação, vimos que sua reuniãomuito provavelmente não se firmava apenas pela religiosidade. O envolvimento de muitos de seusmembros com outras associações de relevo social, político e religioso também nos atentou para o fatode que o engajamento de trabalhadores/as na cidade de Salvador se dava em diversas frentes e airmandade do Pelourinho era uma delas. Há vários nomes em comum entre as listas de filiados deassociações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, Centro Operário da Bahia, Montepio dosArtistas, bem como outras irmandades, demais associações por ofício, blocos carnavalescos e casas decandomblé espalhadas pela cidade. Em muitos casos, o engajamento nestas organizações contribuiupara que estes sujeitos chegassem a ocupar cargos públicos na administração do estado. Estarecorrência nos apresenta uma dimensão da atuação política do operariado baiano, que não deixou dever as irmandades como um espaço relevante na busca por igualdade. Seja pela utilização do seu espaçopara reuniões, ou pelo trânsito das ideias e plataformas por meio dos encontros desses sujeitos nos seuseventos, as pautas da irmandade não estavam de fora de um projeto social e político. Assim, nestetrabalho, buscaremos analisar a “geografia associativa” (BATALHA, p. 260, 2009) de trabalhadores dacapital baiana, tendo como centro a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário, ressaltando o usode seus espaços para o agenciamento não só cultural, mas também social e político.Palavras-Chave: Irmandades Negras, Associativismo Negro, Salvador, Pós-abolição.

“Os locutores do inferno”: representações de violências no RAP do Facção Central (1995-2006)

Autor: Matheus de Andrade Gomes (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de violência nas letras de músicas dogrupo de rap Facção Central entre os anos de 1995 e 2006. Formado em 1989 na cidade de São Paulo,este grupo teve destaque na História do rap de São Paulo e do Brasil por suas letras que denunciam adesigualdade socioeconômica do povo negro, seu genocídio, as grandes mídias, seletividade do sistemajudiciário, a violência policial e preconceito contra o rap e moradores da periferia. Busca-secompreender se essas músicas desses grupos são fundamentais para a formação e o “empoderamento”político de milhares de jovens de periferia. Sobre o rap, recai o estigma de música “de bandido”,representação histórica reforçada pelos meios de comunicação. Tal imagem invisibiliza a compreensãodo rap como expressão artística e política da cultura negra e periférica, fundamentando as ações estataise policiais contra a juventude negra, esta que sofre vários tipos de violência, entre as quais a física,psicológica e material. A intenção desta pesquisa é ainda analisar como o grupo discutiu temasrelevantes para as relações raciais no Brasil, comparando um grupo que tem como letrista e vocalistaum rapper branco – Eduardo Taddeo, que canta ao lado do rapper Dum Dum, este negro, buscando seapreender as diferenças entre as representações deste grupo com grupos paulistas da mesma épocacujos letristas eram negros. Em que medida a autorrepresentação, músicos negros falando de negros,

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 43: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

permite ou não um maior rompimentos das imagens negativas sobre o povo negro construídashistoricamente? A pesquisa tem como referencial teórico-metodológico o estudo da história do rap noBrasil, estudos culturais acerca de representações e memórias, a história oral por meio de diversasentrevistas dadas em Tvs e vídeos no Youtube pelos integrantes do grupo e a epistemologia dosestudos produzidos por intelectuais negros sobre o racismo e colonialidade.Palavras-Chave: Facção Central; Representações; Violências.

Historiografia, genética de população, raça, racismo: A formação do povo brasileiro

Autor: Flávio Henrique Freitas-Silva (UnB)

Resumo: Em 1500 o Brasil contava com 4 a 5 milhões de nativos, até meados do XIX entraram noBrasil cerca de 4 a 5 milhões de africanos e entre 0,5 a 1 milhão de europeus, enquanto a populaçãoindígena nativa havia quase desaparecido. Com proibição do trafico de escravos intensificam-se aimigração europeia estendendo-se até por volta de 1940 quando imigram para o País cerca de 4 milhõesde europeus. A construção do Brasil constitui uma amálgama tri-híbrido a partir dos ameríndios,europeus e africanos. Nosso primeiro censo (1872) mostrou uma população com 60% de negros emestiços; por esta data tomam importância as ideias eugenistas de branqueamento, que perdem folegoapós a década de 1930 quando trabalhos como Casa Grande e Senzala passam a defender comopositiva a característica mestiça da população, embora propague o mito da democracia racial que osestudos promovidos pela UNESCO a partir da década de 1950 colocaram por terra. A partir da décadade 1990 há um crescente desenvolvimento de pesquisas acerca da assinatura genética de populaçõesbrasileiras que embora reportem distâncias significantes entre populações, mostram que as magnitudesdestas diferenças em geral não atingem mais que 10%, revelando uma divergência genética pequenaonde os três principais elementos raciais formadores das populações estão presentes de maneirasignificativa em todas as regiões do Brasil, promovendo importantes avanços na compreensão daformação de sua população que, avaliada por meio dos marcadores informativos de ancestralidade,independente de seu fenótipo, mostram que mais de 95% dos brasileiros são mestiços afrodescendentesregistrando uma assinatura genética média em torno de 50-60% de genes europeus, 20-30% de genesafricanos e em torno de 10% de genes ameríndios. Quando avaliados por meio dos marcadores deascendência materna os brasileiros exibem descendência predominante africana. A distância social maisespantosa do Brasil é aquela que separa os ricos dos pobres e a ela se soma a discriminação que pesasobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros compondo um racismo mascarado. Asinformações levantadas por meio dos estudos da genética de populações podem e devem ser utilizadacomo instrumento político eficaz de combate ao racismo. Palavras chave: historiografia, raça, racismo, genética de população.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 44: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Mulheres negras no Pós-Abolição: Uma análise da personagem Bertoleza, de O Cortiço deAluísio Azevedo

Autora: Keilla Vila Flor (UnB)

Resumo: O Cortiço foi lançado em 1890. Não teve seus capítulos periodicamente publicados empáginas de jornais, porque foi lançado como livro. Nele, o narrador observador conta a história decomo se formou um cortiço carioca e quais personagens foram importantes para o estabelecimentodeste como um dos maiores do Rio de Janeiro. O livro trata de uma história que se passa em 1876,década em que os cortiços estão começando a se estabelecer no Rio de Janeiro. Essas moradias eramum conglomerado de casas pequenas, na maioria das vezes com apenas um cômodo e o banheiro era deuso comum a todos os moradores. A maior parte das pessoas que habitavam esses espaços era negra,podendo ser escravos, livres e libertos. Os anos que precedem o lançamento do livro são tambémmarcados por inúmeros debates em jornais sobre quais providências o governo deveria tomar a respeitoda quantidade de cortiços e sobre seus moradores, porque na década de noventa do século XIX, essaforma de habitação teria se tornado um problema de segurança e saúde pública. No romance, oprimeiro personagem apresentado ao leitor é João Romão, um português que tem delírios de riqueza epoupa migalhas com o sonho de um dia fazer fortuna. Em seguida, conhecemos Bertoleza, uma escravaquitandeira famosa por seus saborosos quitutes, o que lhe garantiu clientes fiéis. Os caminhos dos doisse cruzam, porque era na quitanda de Bertoleza que João Romão se alimentava diariamente. Paramelhor compreensão do uso de literatura como fonte para História, é preciso buscar entender osprocessos do tempo no qual a obra literária foi escrita e, não sendo o enredo completamente fantasioso,buscar conexões da realidade de época com a narrativa exposta pelo autor. Dentre todas as históriasque entremeiam o romance, a relação amorosa entre Bertoleza e João Romão é o que servirá comomotivadora para estudo de alguns sentidos da liberdade de mulheres negras no imediato pós-abolição.Bertoleza, afinal de contas, é personagem criada por Azevedo para politizar o tema. Com isso, éimportante lembrar que não se é possível estudar o pós-abolição sem antes retornar algumas poucasdécadas antes da Lei Áurea para buscar algumas raízes do meio ao qual estão emersas essas mulheres.Palavras-Chave: Pós-Abolição, Aluísio Azevedo, Literatura

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 45: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/08 – Divulgação de História & História Pública: projetos, modelos e teoria

Proponente: Professor Dr. Bruno Leal Pastor de Carvalho (HiS-UnB/Café História)

Local nos dias 19 e 20: A1 011 – Faculdade de Direito

Nos séculos XIX e XX, a despeito de suas conhecidas tensões e fragmentações, a

História se institucionalizou no meio acadêmico e ocupou um lugar proeminente no

campo das humanidades. No curso deste processo, porém, a comunicação voltada para o

grande público desenvolveu-se pouco e lentamente, dedicando o(a) historiador(a) boa

parte de sua atenção à pesquisa e ao ensino. Apenas recentemente a difusão do

conhecimento historiográfico para o grande público começou a ganhar destaque entre os

profissionais da área, dentre outros motivos, pelo surgimento de novas mídias e pelo

enorme sucesso alcançado por jornalistas e escritores independentes na formulação de

narrativas sobre o passado. Este simpósio temático tem o objetivo de discutir reflexões e

projetos que pensem a relação do campo historiográfico com o grande público,

englobando trabalhos no campo da História Digital, da História Pública, da Divulgação

Científica, da História do Tempo Presente e da História Oral.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Histórias Poéticas dos Museus – a multiplicidade de formas na divulgação histórica –seduzindo pela emoção

Autora: Eneida Quadros Queiroz (IBM)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 46: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: A presente comunicação versa sobre estratégias de divulgação histórica que atendam àscrescentes demandas por memória nacional, tendo como meta sensibilizar o grande público, aindadistante das narrativas acadêmicas. Para tanto, o foco se dará nas experiências de um projeto literário,“Histórias Poéticas dos Museus”, que objetiva o aumento de identificação, empatia e interesse dopúblico pela história do Brasil e dos museus brasileiros, por meio da biografia e da literatura. O projetoconta com dois romances: A mulher e a Casa (2013) e Úmida Trama (2017), ambos sobre personagensfemininas dos museus e da história brasileira: a financista Eufrásia Teixeira Leite (Museu Casa da Hera)e Maria Laura do Amaral Gurgel (Pinacoteca de São Paulo). Se romances históricos, biografias e ohíbrido dos romances histórico-biográficos não são um fenômeno novo no cenário brasileiro:entendemos que uma linha de romances sobre os museus brasileiros, e sobre as personagens femininasa eles ligadas, é uma inovadora forma divulgação do patrimônio histórico-cultural brasileiro.Embasados nos estudos do historiador François Dosse, os livros que integram esse projeto seguem alinha da nova biografia: aquela que expressa a heterogeneidade e a multiplicidade de identidades dospersonagens narrados, e que combate a “ilusão biográfica”, definida por Pierre Bourdieu como atendência em narrar personalidades coerentes e estáveis. Em oposição à linguagem acadêmica, tidacomo dura e por vezes hermética, o potencial do romance reside em capturar o leitor pelo ladoemocional, promovendo a conexão entre esse e o contexto narrado. A neuroeducação aponta para aimportância da emoção no processo de aprendizagem, e assim compreendemos o romance históricocomo um elemento aguçador da curiosidade. A ficção historicamente embasada é uma estratégiaparceira, complementar às demais formas de divulgação histórica: desde as mais tradicionais às maisrecentes, geradas pela revolução digital.Palavras-chaves: Biografia; Literatura; Museus; Feminismo; Gênero; Divulgação Histórica.

A Olimpíada Nacional de História do Brasil: o prazer de ensinar e aprender história naeducação básica

Autora: Mayra Paniago (UFG)

Resumo: A presente Comunicação tem por objetivo divulgar as conclusões preliminares do Projeto daPesquisa de Doutorado, cujo tema gira em torno da "ONHB - Olimpíada Nacional em História doBrasil - e suas contribuições para o Ensino e Aprendizagem em História".Palavras-Chave: Educação Histórica, Ensino de História, Olimpíadas Escolares, Olimpíada Nacionalem História do Brasil

A banda Sabaton e o Front Oriental da Segunda Guerra Mundial

Autor: Pedro Brandão Nogueira de Oliveira Moraes (UnB)

Resumo: A banda Sabaton de Power Metal e as suas músicas contando grandes batalhas ocorridas nomundo, focando nessa pesquisa a Segunda Guerra mundial, mais especificamente o Front Oriental,verificando a autenticidade da mensagem passada nas letras, utilizando fonte bibliográfica como apoio,e utilização de outros meios além dos livros didáticos para ensinar história, como filmes, músicas,documentários, exposições e visitações.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 47: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Palavras-Chave: Sabaton; Segunda Guerra Mundial; Front Oriental; História; Música.

O passado brasileiro projetado nas telas de cinema: o filme histórico em tempos de ditadura

Autora: Míriam Silvestre Limeira (UnB)Resumo: Apesar do enfoque inicial de minha pesquisa centrar-se sobre a comédia em filmes históricos,o período da Ditadura Civil-militar abarca um momento significativo de produções do gênero históricono cinema brasileiro. Ainda mais quando consideramos que os diversos incentivos para sua produção.Sobre que passado se quer tratar? E que tempo presente foi esse no qual se privilegiou olhar para opassado e querer representa-lo na tela, ainda mais em se tratando de um regime de exceção?Palavras-Chave: Cinema brasileiro, Teoria da História, Cinema e História,

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 48: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/09 – ST/09 – História Social: análises, métodos e teoria

Proponentes: Professor Dr. André Cabral Honor (PPGHIS/UnB) e Professora Dra. Neuma Rodrigues Brilhante (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 013 – Faculdade de Direito

O presente simpósio tem por objetivo promover reflexões sobre o estudo e

escrita de trabalhos que se identificam com a chamada História social, seja através de

análises de fontes ou discutindo aportes teóricos e metodológicos, compreendendo essa

abordagem como um espaço que prioriza as experiências dos sujeitos históricos em seu

cotidiano e os processos de individuação e diferenciação das identidades e

comportamentos coletivos, informados por ideias, práticas culturais e contextos

econômicos específicos.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

“Já não é um pyrilampo”: Imprensa Médica no Brasil de 1860

Autora: Vanessa de Jesus Queiroz (UnB)

Resumo: A comunicação objetiva discutir “imprensa médica”, noção ainda em formação na segundametade do século XIX, a partir de duas folhas médicas em circulação no período: a Gazeta Medica daBahia e os Annaes Brasilienses de Medicina. Trata-se da exposição de perfis, diferenças e semelhançasentre os dois jornais tidos pelos grupos que os dirigiam como expoentes daquele gênero especializadode imprensa, ainda parco no Brasil. Buscamos analisar objetivos de existência e propagação dosreferidos periódicos, bem como dos vínculos institucionais envolvidos nas publicações. A relação daimprensa médica com os vários tipos de jornais não médicos é parte central de nosso argumento de quea empreitada de sustentar um jornal médico estava ligada a objetivos que ultrapassavam o registro e acirculação de saberes puramente científicos e buscavam o campo da atuação legitimada, principalmente

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 49: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

pelo Estado. As demandas por reconhecimento e autorização estavam relacionadas às necessidadesdaqueles médicos de se fazerem autoridade exclusiva sobre a saúde da população. Junto aos boletins desaúde e discussões teóricas, pululavam questões de segurança nacional, legislação e outras que elegiamuma preocupação comum: os trajetos necessários aos bons caminhos da nação brasileira, rumo àcivilização e ao progresso. Buscamos expor, dentro dos limites de uma pesquisa em andamento, de queforma cada folha médica se pronunciava sobre determinados assuntos, para demonstrar que “imprensamédica” era uma noção vasta, que envolvia pactos, conflitos, resistências e visões de mundoespecíficas. Palavras-chave: Imprensa Médica, Gazeta Medica da Bahia, Annaes Brasilienses de Medicina.

Brasilidade na música choro e seus discursos contragemônicos em Goiânia (1970-1990)

Autor: Wilton John dos Santos Silva (UFG)

Resumo: A música choro nasceu do encontro e da influência de outros estilos musicais em meados de1870. A questão nacional pode ser pensada a partir das identidades musicais no choro, há um debatesobre a construção de Cultura Popular e de Identidade no país, podemos discutir as questões de umabrasilidade ou “Nacionalidade” principalmente representada pelo choro. Desde os tempos do impérioalgumas cidades já eram consideradas um celeiro cultural da música em transformação Tinhorão (2001),um caldeirão de ritmos dos mais diversos compunham a passagem do século XIX, algo importante napermanência e do surgimento deste gênero da música brasileira, é desenvolvida dentro desse contextohistórico social-cultural na capital do império Rio de Janeiro. A principal matriz musical, que se tornarámais presente será a sincopa – elemento distinto rítmico na música diásporica. O espirito damusicalidade chorona já se destacava no cenário nacional, dentre um conjunto de músicas rurais eurbanas, muitas delas constituídas de ressignificações da musicalidade afrodescendente, é parte de ummovimento de diálogo entre estilos e gêneros musicais que se transformaram nesse cenário. A músicaproduz sensações, de pertencimento, de sentimentos diversos, apontam vivências de uma região, de umpaís, de um determinado tempo. Ela mexe com a subjetividade humana; permite a comunicações, ativaa memória dos indivíduos, os sons e letras são linguagens, que passam imagem, faz com que pensamosem algo já vivido, ativa emoções, faz sentir alegria, tristeza, indignação e coragem, ela representacomportamentos, indicam traços culturais de uma sociedade. E traremos átono o caráter deidentificação, de uma música abrasileirada, discutir as questões sociopolíticas que permeiam oimaginário da construção de um Brasil. A acerca deste estudo percebemos a discussão historiográficasobre a interculturalidade evidenciando as discussões sobre identidade, estética musical, e de linguagensmusicais. Palavras chave: História, Choro, Identidade.

Partideiros e Mercado Fonográfico

Autor: Lellison de Abreu Souza (UnB)

Resumo: O samba manteve, ao longo do século XX, estreita relação com o mercado fonográfico. Aolongo das décadas, a sonoridade típica do samba gravado foi modificada em diversos aspectos, como

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 50: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

arranjos instrumentais e estilos de canto. Contudo, um subgênero do samba ficou fora do mercadofonográfico: o partido alto. Considerada a vertente mais tradicional do samba e a principal via deligação desse gênero musical com suas raízes afroamericanas, caracterizado fortemente pelo improvisodos versos, e bastante influente entre sambistas, o partido alto na sua forma tradicional de feitura nãocostumava ser gravado e raramente os partideiros conseguiam lançar discos próprios, mesmoadaptando as composições. Cenário que muda ao longo dos anos 70 e 80, quando ocorrem mudançasna estrutura e organização das gravadoras e nomes como Fundo de Quintal, Almir Guineto e ZecaPagodinho gravam discos e participam ativamente da consolidação de um estilo de samba influenciadopelo partido alto como item de sucesso comercial. Esse aumento de espaço no mercado fonográfico é oobjeto do presente estudo.Palavras-Chave: Partido Alto, Samba, Mercado Fonográfico.

Entrechoque Salubre: A trajetória política do vigário Haasler no Piemonte da Diamantina(1938-1955)

Autor: Raian Souza Santos (UnB)

Resumo: A apresentação no Simpósio Temático História Social: análises, métodos e teoria buscaanalisar a trajetória de um padre austríaco cisterciense que de forma estratégica tentou contornar osconflitos no sertão baiano pela via relacional. Alfredo Bernardo Maria Haasler, padre Alfredo comopopularmente conhecido, foi protagonista de um “regime de coabitação” na região do Piemonte daDiamantina - BAHIA entre os anos de 1938 a 1955. Motivado pelo ideal de estruturar uma série deEscolas Paroquiais, padre Alfredo estabeleceu um controle de sua própria imagem calcado na Regra deSão Bento, comportamento que dificultou inicialmente formas de sociabilidade essenciais aaproximação de universos culturais distintos. Original e contextualizado, o exercício analítico dessatrajetória adquire plenitude quando os significados sociais produzidos por ela estabelecem umainterface crítica com o que podemos chamar o sistema relacional brasileiro que tende histórica esocialmente a incorporar os elementos exógenos como “divergências complementares”. Nessaperspectiva, o sistema de relações brasileiro reproduz um padrão ou uma constante que é caracterizadapor exercer certa atração/fascínio sobre os elementos estrangeiros, que incorporados tornam-se sujeitosde um processo constante de assimilação. Em indissociabilidade com esse contexto, temos o itineráriodo vigário Haasler que possui um caráter representativo, pois ele esboçou uma organização formidávelna região do Piemonte da chapada, regendo em meio à tessitura social desfavorável um sistemaarrojado de 48 Escolas Paroquiais que tinham como intuito primeiro corresponder às necessidadesbrasileiras de meio físico e social. Destinado a colisão com os valores locais, o vigário Haasler buscou acontemporização mediante uma filosofia conciliatória de valores cosmopolitas, cujo fundamento basilarera a interpenetração de culturas que integradas atuariam em nome da sua permanência no Brasil e dodesenvolvimento da causa educacional nos mais remotos rincões do interior baiano. Para potencializarseu projeto pedagógico de orientação cristã, ele foi superlativo, mediando uma relação única queenvolveu a região do Piemonte da Diamantina, os EUA, a Áustria e a Alemanha em meio àinstabilidade causada pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa mediação afetouprofundamente a mentalidade sertaneja, resultando em entrechoques ideológicos personificadores dacultura brasileira à época, em linhas gerais, foi demarcada com a presença do vigário Haasler umarelação de província sertaneja com a influência cultural européia, onde tensões se revelaram comosubstrato. Expressões que também produziram permanências, sendo indubitável que nos povoados que

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 51: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

compõe o Piemonte da Diamantina ergueram-se obras materiais e imateriais subsidiadas diretamentepor países europeus, tendo como artífice o vigário Haasler que se tornou ícone de uma mística deprogresso nas pequenas cidades que emergiram. Plástico no trato com a população, o vigário Haaslerproduziu um conhecimento de caráter transcendente, interferindo incisivamente no campo educacionale construindo permanentemente uma memória sobre si, mas sem perder nessa ação a capacidadepragmática de se associar aos mandatários e figuras carismático-políticas locais.

Palavras-Chave: Padre Alfredo Haasler • Regra de São Bento • Escolas Paroquiais • OrdemCisterciense

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 52: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/10 – O passado recente como objeto e problema historiográfico

Proponentes: Adrianna Setemy (UFPR) e Paulo César Gomes (UFF)

Local nos dias 19 e 20: Miniauditório do Instituto de Ciências Sociais (ICS)

Os debates em torno da história e da memória dos traumas que marcaram o

século XX tem grande atualidade em todo o mundo. Mais especificamente na América

Latina, tem ganhado grande destaque as discussões sobre o modo adequado de tratar

historicamente os conflitos armados, as ditaduras e massacres perpetrados por agentes do

Estado em um passado bastante próximo do nosso presente.O passado recente vem se

consolidando como objeto de pesquisa histórica e se constituindo como campo de

pesquisa e campo disciplinar, na Europa e em países da América Latina que

atravessaram processos históricos traumáticos similares e articulados, o que se evidencia

pelo crescente número de trabalhos acadêmicos dedicados ao estudo do período. Em

termos epistemológicos, metodológicos, conceituais e políticos, a história que tem por

objeto o passado recente caracteriza-se por tensões próprias a um campo acadêmico que

tem como uma de suas peculiaridades o fato de estar fortemente articulado com o debate

político e memorialístico do tempo presente. Em função disso, o simpósio foi pensado

com a ideia de explorar a historicidade e constituição do campo da história recente em

suas diversas dimensões, reunindo pesquisas que permitam discutir algumas perspectivas

interpretativas e noções conceituais que são usadas correntemente pelos pesquisadores

do campo. Espera-se que ao longo do simpósio os participantes tenham a oportunidade

de conhecer e discutir alguns dos principais debates epistemológicos, metodológicos,

éticos e políticos vinculados ao campo da história recente.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 53: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Fidel Castro - Barack Obama e a construção de um diálogo entre Cuba-Estados Unidos: umaanálise através dos artigos no jornal digital cubadebate

Autora: Uelma Silva (UnB)

Resumo: O objetivo desta pesquisa é buscar através da seção Reflexiones de Fidel, que se encontra nojornal digital Cubadebate, posicionamentos do ex-líder cubano em relação ao ex-presidente dos EstadosUnidos da América (EUA), Barack Obama, durante seus dois mandatos. Serão usados artigos quemostram o protagonismo do norte-americano e aqueles em que se mostra fundamental seuposicionamento buscando perceber as temáticas que Fidel aborda. Busca-se delimitar o posicionamentopolítico de Fidel Castro que influênciou gerações pelo mundo mostrando as principais bases do seupensamento. Também mostrar a política desenvolvida por Obama frente a Cuba através dos seusdiscursos disponíveis no site oficial da Casa Cranca. Buscando agregar no debate sobre a abertura dasrelações entre os dois países, tal pesquisa tem como hipótese a de que esses artigos foram uma formade Fidel ainda se manter no cenário cubano influênciando na política desenvolvida pelo seu irmão RaulCastro, que foi aos poucos desenrolando o diálogo entre Cuba e Estados Unidos. Palavras-chave: Fidel Castro. Barack Obama. História

Memórias e narrativas do Lago Paranoá: o presente como delimitador dos moradores deBrasília

Autor: Guilhermo S. B. Vilas Boas (CNPq)

Resumo: O registro de trajetórias de vida em meio aos espaços da cidade de Brasília e as diferentesimpressões frente ao Lago Paranoá forneceram um retrato do que foi e como se apresenta tal corpohídrico no tocante à história da capital federal. Em dissertação intitulada “Navegando no Lago Paranoá:Brasília e seus moradores” foi explorado o universo que envolve as relações entre o Lago Paranoá comos moradores de Brasília.. Partiu-se do pressuposto de que as apropriações do Lago Paranoá pelosmoradores da cidade contribuíram para a construção/reconstrução do sentimento de pertença à cidade,onde o Lago Paranoá fora um agente propiciador de embates e disputas em torno dos espaços por eleoriginados. Por meio das oralidades, principal instrumento escolhido para a pesquisa, foi possíveldiscutir questões relacionadas à Historia do tempo presente, pois através da presença de testemunhosvivos e com voz ativa em um processo inacabado, suas relações e interações impactam na tarefa dohistoriador em sua busca de concatenação entre o passado e o presente através de uma narrativaimbuída de sentido e explicação. Assim, as narrativas que permitiram compor a história do LagoParanoá, em diferentes temporalidades e entremeadas por elementos do cotidiano, articulam memóriasque intentam explicar o mundo que as rodeia, explicitando diversas visões sobre a cidade e sobre assuas próprias vidas, adentrando questões que envolveram também exclusões e silenciamentos.Palavras-Chave: Brasília, Lago Paranoá, História Oral, Narrativas, Tempo Presente.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

Page 54: VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática ... fileISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da

ISBN: 978-85-64593-65-7

As disputas pela memória de 1964

Autor: Italo Maciel Ouriques (UnB)

Resumo: O objetivo dessa comunicação é expor um estudo acerca da memória militar cujo problemasurge ao questionar a relação que os ressentimentos têm com a prática política dos militares do exércitobrasileiro. O objeto da pesquisa para tal análise é uma coleção de depoimentos intitulada, 1964 – 31 demarço de 1964: o movimento revolucionário e sua história, cuja publicação foi em 2003 e 2004 pelaEditora da Biblioteca do Exército, a Bibliex. Para isso faz-se necessário levar em consideração todos osaspectos constitutivos da coleção, isto é, trabalhar com depoimentos orais acarreta o pesquisador aquestionar a natureza da fonte. Os elementos paratextuais ressaltados por Gérard Genette nos indicamaneiras pelas quais podemos investigar como foi construído o Projeto de História Oral do Exércitosobretudo a coletânea. Para compreender a inserção e os efeitos dos sentimentos, das paixões napolítica, recorremos às contribuições teórico-metodológicas de Pierre Ansart. Entender como, por quee quais caminhos tomaram um determinado grupo social a se empenhar, segundo o General-de-Exército Antonio Jorge Correa, em “resgatar a memória da participação do Exército em fatosimportantes”, nos ajuda a perceber que assim como a ideologia, a memória histórica pode sermanipulada conforme os interesses de um grupo. Nessa batalha pelo estabelecimento dos fatos nosinteressa compreender como a coleção é construída: quais são os elementos que a compõem? Sobrequem ela fala e para quem? Com quem e o que ela dialoga, sobretudo no âmbito de uma guerra damemória sobre a ditadura militar brasileira?Palavras-Chave: Memória, Ressentimentos, Exército.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.