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PIBID, Subprojeto TEATRO, UFRN.

Bolsista: Ildisnei Medeiros da Silva

Proposição: Compilação das anotações de capítulos da obra.

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo – SP: Fundação Editora da UNESP

(FEU), 1999.

. Roma e a Educação

No que se refere à educação familiar, a criança, ao ingressar na família era

esperada com muita alegria e entusiasmo, cercada de brinquedos, festas, carinho e

companheirismo durante sua tenra infância, e que o ambiente doméstico tornou-se

decisivo na educação, visando à formação dessa criança. O papel materno e

principalmente paterno, na educação dos filhos tornou-se fundamental. Aos sete anos a

criança percebia a influência dos pais, as meninas eram preparadas mais para os

afazeres do lar, ao passo que os meninos eram preparados para seguirem seus pais na

aprendizagem referente aos segredos da vida pública, para um futuro profissional, e

aprendiam também música, ginástica, leitura e escrita. E que a educação privada não era

somente privilégio da elite, mas também dos romanos possuidores de muitos escravos

em idade escolar, pois era de interesse prepará-los para executarem melhor suas tarefas

domésticas.

Fica evidente também que a expansão comercial e territorial de Roma fez com

que ela entrasse em contato com a cultura grega e helenística, e foi desse contanto que a

idéia da Paidéia Grega foi levada para Roma. Baseada no contato com essa cultura

grega, Roma se constituiu na órbita do helenismo, e sobre aquele complexo modelo de

saberes e artes da Grécia Antiga, os romanos desenvolveram seu próprio modelo. No

século II a.C. foram sendo organizadas em Roma escolas segundo o modelo grego,

destinadas a dar formação gramatical e retórica - depois de estudarem retórica os alunos

a praticavam em forma de declamação ou discursos e para tanto era escolhido um

assunto, de importância da época, que chamasse a atenção do povo ouvinte -, mas

depois de um tempo, o espírito prático romano levou a uma sistemática organização das

escolas, divididas por graus e providas de manuais. Ficou claro que na educação romana

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não existia democratização, pois em grande parte era a elite rica que tinha acesso ao

conhecimento, embora em outras situações outras classes tivessem acesso, e esta dava

ênfase à formação moral e física do ser humano.

. O Cristianismo como Revolução Educativa

O advento do cristianismo operou uma profunda revolução cultural no mundo

antigo, havendo uma mudança na mentalidade antes de ocorrem no âmbito sócio –

cultural e político – econômico, tratando – se da afirmação de um novo tipo de homem,

que deveria ser igualitário, solidário, virtuoso e humilde, nascendo assim uma sociedade

inspirada e sustentada pelos valores do Evangelho, e que via a Igreja como guia,

devendo fazer o que ela dissesse que era o correto. Esses valores eram contrários aos

valores clássicos, havendo uma ruptura com o mundo antigo.

. A Alta Idade Média e a Educação Feudal

A Idade Média caracterizou-se pela economia rural, enfraquecimento

comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade

hierarquizada. O feudo (unidade territorial, governada por um senhor que age dentro

dele como fonte de direito e que se empenha na sua defesa militar) nasceu da queda do

Império, que fez desaparecer qualquer autoridade central, dando vida aos reinos

bárbaros (conflituosos etnicamente e instáveis politicamente), ocasionando o

despovoamento das cidades e deslocamento da vida social para o campo, de modo que a

sociedade e o homem tornaram-se produto da mentalidade cristã, que concentrava toda

a vida no além-túmulo, uma vida mundana trabalhada pela consciência do pecado, do

sobrenatural e do espiritual.

Para entender a educação feudal é necessário entender a organização da

sociedade feudal, na qual a nobreza feudal era detentora de terras e arrecadava impostos

dos camponeses, e o clero tinha grande poder político e econômico, lembrando que

quem tinha a terra possuía mais poder. Então, sendo uma sociedade dualista,

apresentando uma nítida distinção de modelos, processos de formação, de locais e de

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práticas de formação, entre as classes inferiores e a nobreza, sua característica mais

marcante é sua impermeabilidade para mudanças, o que determinou um tipo de

educação tradicional, embebida de valores uniformes e invariáveis, ligados à visão

cristã do mundo.

As Escolas Abaciais, Catedrais e Palacianas, que eram formadoras das elites,

transmissora do saber, escolas organizadas pela igreja (substitui o Estado), ligadas à

vida monástica, que organizava os ensinos de alcance, sobretudo, religioso, com regras

e procedimentos rigorosos, ligados a textos canônicos e um saber dogmaticamente

fixado, que trata de apenas esclarecer (não “descobre” a verdade, mas a “mostra”). Era

claramente uma educação a cargo da igreja, dirigida para o menino-monge, centrada na

leitura e memorização, bem como o cálculo e o canto.

As Escolas Catedrais se instalavam junto à catedral para formar o clero. O

objetivo era investir em mestres e docentes que ensinem com assiduidade os estudos

gramaticais e princípios religiosos para os jovens sacerdotes ou aspirantes. Nestas

escolas eram ensinadas as matérias chamadas de artes liberais, divididas em Trivio

(gramática, retórica, dialética) e Quadrívio (aritmética, geometria, astronomia, música).

Sendo um modelo de educação didático e conservador, formalista e não criativo.

As Escolas Palacianas, instaladas no palácio do soberano, ligada ao poder laico

e destinada a formar a nobreza da corte e os administradores dos feudos. E objetivava a

unificação da Igreja e o Estado, usando a “palavra de Deus” como fermento da vida

social, bem como a formação cultural e espiritual dos “conselheiros” do rei

(eclesiásticos) e os filhos da nobreza. Nestas escolas o que se ensinava era, sobretudo, a

gramática e a retórica, preocupando-se com o método de ensino, organizado segundo

escalas ordenadas de argumentos e estudos, e o “aprender a ler”, salmos, sentenças,

cânticos, calendário, gramática.

É possível compreender que a educação na Alta Idade Média era para poucos,

pois só os filhos dos nobres estudavam, e esta era marcada pela influência da Igreja,

ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerra. Tinha-se um monopólio

eclesiástico da educação e da difusão de modelo cristão como ideal das instituições

educativas. E que aos camponeses cabia apenas a educação técnica, para a lavoura

mesmo, e esses conhecimentos eram transmitidos pela família. Valendo salientar que

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esse contexto de família criado no Medievo foi o que perdurou até os dias atuais, de que

é a família o primeiro meio formador de seus filhos.

. A Baixa Idade Média e a Educação Urbana

“Baixa Idade Média e a educação urbana”, elenca o contexto histórico

colocando esse período como sendo o qual a Europa passou a viver uma nova realidade

com desenvolvimento econômico, incremento técnico, afirmação de uma nova classe

social (a burguesia), o impulso do pensamento, a dissensão política e uma sociedade

mais dinâmica e com mais mobilidade.

E no plano educacional as mudanças também aconteceram. A família agora

criava os filhos, destinava-os a um papel na sociedade, controlando-os de modo

autoritário, mas não os revestindo de cuidados e de projetos, não os colocava no centro

da vida familiar, de modo que as crianças na Idade Média tinham um papel social

mínimo, sendo muitas vezes consideradas no mesmo nível que os animais.

O Teatro nessa época assumiu um papel importante. Nasceu nas igrejas o teatro

sacro, que dramatizava a fé, o teatro era tido como uma forma de confirmar a fé, que é

dramatizada como elementar e reduzida, ou seja, um princípio essencial facilmente

comunicado e perceptível. Era a educação pela imagem, tanto através de imagens

imóveis, ou móveis como a representação teatral. E daí nasceu também o teatro popular,

representado pela comédia, pela farsa, e que encontrava espaço no Carnaval, exaltando

temas censurados pela cultura oficial e os potencializa de forma paródica. Uma

verdadeira visão de mundo invertida em comparação com a das classes altas e

hegemônicas.

Há ainda na Baixa Idade Média o surgimento das Universidades, que nasceram

da evolução das Escolas Catedrais da Alta Idade Média. Nelas os livros eram utilizados

como meio de estudo, e foi desse modo que ele foi se transformando num importante

instrumento de difusão de cultura nas cidades. As aulas eram ministradas em latim, e

algumas das matérias de estudo eram: a teologia, letras, direito e medicina. No final do

curso, os alunos já podiam se preparar profissionalmente nas “escolas de artes liberais”,

ou continuar nas áreas da medicina, direito ou teologia, de modo que os estudantes,

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passando das artes liberais para as três faculdades superiores, desempenhavam também

um papel de docentes na faculdade inferior.

O Medievo chegou a seu declínio, através de uma crise plural que abalou a

sociedade européia. Houve uma crise demográfica, graças à dizimação ocasionada pela

peste negra, uma crise institucional da Igreja (aumento das heresias) e do Império (cada

vez mais fraco), a crise da relação entre Estados Nacionais Europeus (Guerra dos Cem

anos entre França e Inglaterra), e a crise de uma visão de mundo cristã-medieval

(ascensão da burguesia com sua consciência de classe social, individualista e realista), e

tudo isso levou a um século XV cheio de novas visões, estruturas educacionais

modificadas e movimentos que tentaram sempre impor que a Idade Média foi um

período de Trevas.

. O Século XV e a Revolução Educativa / O Século XVI: O início da Pedagogia

Moderna

Nos séculos XV e XVI a Europa Ocidental passou por revoluções

educacionais, revoluções educativas e pedagógicas, era a Idade Moderna que começava

a se afirmar enquanto período histórico realmente moderno, deixando para trás a

suposta obscuridade que havia no Medievo, e afirmando seus novos ideais também no

âmbito educacional.

Século XV, o plano educacional nesse período foi influenciado diretamente

pelo Renascimento Cultural e Científico, que foi um movimento de caráter elitista, do

qual participaram os humanistas, que detinham a cultura escrita e uma formação

artística especializada, e se inspirava na Antiguidade Clássica, tendo uma visão de

mundo antropocêntrica (o homem como centro do universo), a supervalorização do

pensamento racional e cientificista, e o materialismo, como mostra o esquema abaixo.

De modo que modelo formativo era inspirado no modelo da época Helenístico –

Romana.

A educação renascentista visava o homem burguês, o clero e a nobreza. Era

elitista, aristocrata, e deu grande importância aos jogos e à educação física. Versava por

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um estilo literário elegante, uma leitura em voz alta e não alegórica como se tinha no

Medievo, leitura dos Clássicos gregos e romanos; Bom conhecimento das sagradas

escrituras, devendo-se a partir da interpretação pessoal delas perceber como ter uma

vida moral, o estudo da História, pois através deste seria possível conhecer a origem e

os progressos da humanidade, e a oratória, aprender sobre a força do dizer. O que se

objetivava com a educação no Renascimento era desenvolver uma humanidade feita de

valores universais elaborados e produzidos pela Antiguidade Clássica – Grécia e Roma

-, o saber saía das escolas e rumava à sociedade.

O contexto da Europa Ocidental no século XVI foi o clima da Reforma

Protestante, e da Contra – Reforma Religiosa, ou seja, as reformas se inserem no

contexto do Renascimento, da formação dos Estados Absolutistas Nacionais, e da

Expansão Marítima Européia.

A Reforma Religiosa começou devido a críticas e insatisfações para com a

Igreja Católica, pela vida mundana do clero, a venda de indulgências, que era adquirir a

salvação eterna mediante pagamento, e a simonia, a venda de falsos bens sagrados,

fizeram eclodir a chamada Reforma Protestante, estando por trás desse movimento a

nobreza, a burguesia, e realeza, mas fazendo uso na fronte dos conflitos os religiosos

insatisfeitos como Martinho Lutero e João Calvino, que eram convictos de que a

salvação reside na palavra de Deus, e são os nomes mais lembrados em se tratando do

tema, embora os precursores tenham sido o comerciante Pedro Valdo, na cidade de

Lyon, que defendia a leitura e uso individual da Bíblia, e criticava a rígida hierarquia

eclesiástica, John Wycliffe, na Inglaterra, que criticava os privilégios do clero e à

hierarquia da Igreja, e pregava a pobreza do clero ao modo dos evangelistas, e o

pensador tcheco Jan Hus, que deu continuidade às idéias difundidas por John Wycliffe.

Contudo, as reformas não se inserem apenas nesse contexto de insatisfação,

mas também com o movimento de transformação da mentalidade européia, quando se

passou a questionar as verdades da Igreja Católica, e em várias regiões, a formação dos

Estados Nacionais gerou conflitos com a Igreja, instituição poderosa e detentora de

muitas terras em toda a Europa, não se tratando apenas de insatisfação com o clero, mas

também com as idéias católicas como um todo, o novo modelo social que surgia

desejava algo novo e que se adaptasse à nova realidade, e não o inverso.

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E esse sentimento de renovação acabou por influenciar no âmbito educacional.

Os protestantes versavam por uma cultura que priorizasse as línguas (línguas antigas e a

nacional) e a educação gramatical. E nesse contexto foi a Igreja reformada e as

autoridades civis unidas que efetuaram uma reorganização das escolas municipais, foi

quando nasceram os ginásios, e o ensino não ficou extremamente restrito a apenas uma

parcela rica da população, houve certa popularização do conhecimento.

Percebendo que não estava apenas perdendo fiéis, mas riquezas e poder, a

Igreja Católica então organiza um movimento contrário, chamado de Contra – Reforma

Religiosa. Iniciada quando da eleição do pontífice Paulo III que convocou com o

Concílio de Trento, confirmando os pontos essenciais da doutrina católica, e ficando

decidida a criação e difusão de companhias que difundissem a fé católica. Com o

Concílio a Igreja percebe seu valor essencialmente pedagógico e difunde a fé católica

através das congregações religiosas, fazendo uso do Ratio Studiorum, um documento

que representava as bases de um programa formativo de caráter católico, e cria também

a lista dos livros que continham idéias consideradas heréticas e proibidas pela Igreja,

a chamada “Index Librorum Prohibitorum”.

Os métodos utilizados nesse modelo educacional da Contra – Reforma eram as

tarefas escritas e repetições orais a fim de reforçar a memória, e objetivava com essa

pedagogia formar uma consciência cristã culta e moderna e orientar para uma

obediência cega e absoluta à autoridade religiosa e civil.

. O Século XVII e Revolução Pedagógica Burguesa

A Revolução Francesa, que buscava as liberdades individuais e era contra a

escuridão mental da Igreja, e o Iluminismo são o contexto histórico, social, cultural,

político e econômico da época.

O Iluminismo educacional representou o fundamento da pedagogia burguesa,

pois foi com o Iluminismo que pela primeira vez a educação se tornou obrigatória e

assim surgiram as escolas públicas. As crianças começaram a ser valorizadas e

deveriam estar nas escolas, para aprenderem aos poucos, levando em consideração a

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idade delas para os conteúdos a serem abordados em sala de aula, a idéia de transformar

a natureza pelo seu conhecimento científico.

Foi nesse contexto também que Comênio, que é considerado o pai da Didática

Moderna, pensou uma relação de interação entre professor e aluno, pensando os

métodos e estratégias de ensino para tal. Pensou um ensino para as fases da vida

(criança, adolescente, adulto, velhos, e muito velhos, a educação para a morte). E foi a

partir das idéias de Comênio que começa a se considerar os pensamentos prévios dos

alunos; ensinamentos a partir das experiências quotidianas, e a pensar um currículo que

devesse desenvolver o conhecimento de todas as ciências e das artes.

O Século XVIII: Laicização Educativa e o Racionalismo Pedagógico

O sistema escolar, era orgânico e centralizado, e controlado pelo poder político.

Esse sistema foi influenciado pelos ideais iluministas, como a transformação que

ocorreu com a pedagogia, que agora era afirmada como um dos centros motores da vida

social e das estratégias da sua transformação; defendia-se uma educação para esse novo

tipo de sociedade, devendo-se dar ênfase a Ciência e a História, estando os estudos

religiosos em segundo plano. Rosseau, como o pai da pedagogia moderna, defendia uma

educação para as crianças, que agora eram vistas de forma diferente de como eram na

Idade Média, agora não eram pequenos adultos, mas sim crianças que deveriam ter sua

psiqué valorizada, a capacidade infantil de fantasiar ajudava no bom desenvolvimento

dessa psiqué.

A Revolução Francesa foi a influenciadora de reformas pedagógicas e

escolares, defendendo um processo educacional independente da religião, a formação de

uma consciência cidadã, e uma escola popular gratuita não obrigatória, mas vale

salientar que essa última proposta não fora valorizada na época. A influência da

Revolução Industrial no âmbito da educação e as sociedade civil também foi

comentado, o desejo burguês de querer aquilo que era próprio da nobreza, e a questão

do operariado.

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Na Europa Ocidental no século XVIII ocorreram mudanças na educação e na

sociedade civil que esse contexto trouxe, como o surgimento do capitalismo e o declínio

do sistema mercantilista, idealizando o homem como uma máquina, embora estes agora

tivessem a mente mais aberta à razão. Na verdade, a sociedade se livrara de uma

dominação intelectiva feita pela Igreja e estava se submetendo a uma dominação

imposta pela nova realidade vigente, estava acontecendo apenas uma troca, mas a

“cegueira”, no fundo, era a mesma.

. O Século XIX: o século da pedagogia. Conflitos ideológicos, modelos formativos,

saberes da educação

O contexto histórico – social do período é caracterizado por conflitos entre a

Igreja Católica e o Estado Absolutista Moderno (a Igreja de certo modo não atendia aos

interesses daquela forma de governo, perdendo inclusive o controle sob a educação, há

um rompimento com a educação puritana dada pela Igreja), a Revolução Industrial e a

luta de classes, pois agora a burguesia tinha que dividir espaço com a nova classe que

surgia, o proletariado, e o êxodo rural, que foi o causador do crescimento demográfico

nas cidades, a passagem das oficinas artesanais para grandes indústrias, e também do

surgimento da nova classe anteriormente citada.

Foi no século XIX que se concretizaram, com a intervenção cada vez maior do

Estado, o estabelecimento das escolas elementares universais, gratuitas e obrigatórias.

Enfatizava-se a relação entre educação e bem-estar social, estabilidade, progresso e

capacidade de transformação. Daí, o interesse pelo ensino técnico ou pela expansão das

disciplinas científicas. A partir disso, como bem evidenciou o grupo, explica-se o

interesse da burguesia em formar nas escolas, trabalhadores, e não pensadores, e via a

educação como uma forma de controle, ela evitava a desordem social, e por meio

daquilo que era ensinado em sala de aula se definia o perfil que a classe dominante

precisava, pois se preparava os alunos de modo a atender estes interesses, pois a

burguesia considerava o povo como força de trabalho.

Nesse período alguns pedagogos defenderam alguns ideais sobre a educação e

seu sentido. O pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi foi um deles, e é considerado

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um dos defensores da escola popular extensiva a todos, e o pioneiro da reforma

educacional. Ele reconhecia firmemente a função social do ensino, que não se acha

restrito à formação do gentil-homem.

Nesse contexto, embora no século XIX os métodos de criação tenham sido

mudados, e tenha aumentado o tempo que os pais dedicavam aos filhos com a

consolidação da família nuclear, em toda a Europa, como disse Cambi (1999), “os pais

adestravam os filhos desde pequenos para a submissão e a deferência de mil maneiras”,

e esse modelo familiar investido de empenho educativo e conformista que foi se

impondo cada vez mais como modelo – guia serviu de espelho também às classes

operárias e camponesas. A família e a escola eram as instituições que atuavam na

formação, sobretudo dos jovens, em relação ao tempo livre da escola e do trabalho.

. O século XX até os anos 50. “Escolas Novas” e ideologias da educação

A Educação Nova, das Escolas Novas, era a qual as crianças eram vistas como

crianças, e brincavam para aprender os conteúdos, elas aprendiam à maneira que era

ideal para sua idade, e ligaram às idéias defendidas por Édouard Claparède, nascido em

Genebra, que se destacou no século XX por seus estudos na área da psicologia infantil,

da pedagogia e da formação da memória. O trabalho dele foi fundamental para a

pedagogia, porque pretendeu construir uma teoria científica da infância, baseado na

idéia de que se deveria levar em conta o estado de desenvolvimento da criança e dos

processos mentais, dando devida importância ao ensino baseado no conhecimento das

crianças. Embora já vários estudiosos o tivessem apontado, Claparède foi o primeiro a

tornar o assunto objeto de estudo científico.

O ensino no século XX era mais exigente que o atual, pois os professores

tinham autoridade suficiente para punir o aluno com palmatórias, dentre outras formas

de punição, o rigor estava muito presente, e já mais para o final do século XX, quando

isso muda, quando as escolas evoluem, as idéias ficaram bem mais próximas das que

temos atualmente, e o ensino ficou mais fraco.

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No século passado houveram verdadeiras revoluções no campo educacional, as

mulheres entraram na educação, e as universidades modificaram seu ensino, mas claro

que tudo isso aconteceu por causa do contexto vigente.

Foi um século de conquistas para o sexo feminino, que entrou no mercado de

trabalho e também tinham uma educação fora de suas casas. Contudo, é preciso

perceber que as mulheres entraram no mercado de trabalho porque surgiu a necessidade

de um maior contingente de força de trabalho nas fábricas, e outras ocuparam lugares

como educadoras, porque o novo contexto colocava apenas uma mãe para cuidar dos

filhos daquelas outras que estavam trabalhando nas indústrias. As meninas que iam para

as escolas, por exemplo, aprendiam lá aquilo que, em virtude de algumas das mães

trabalharem fora não ensinavam, eram disciplinas que versavam sobre os afazeres

familiares, domésticos, e também atividades artísticas, e de como se comportar como

uma dama perante a sociedade. O vínculo criado entre as crianças que estavam nas

escolas e a educadora era praticamente familiar, e vem daí a denominação que hoje se

utiliza nas séries iniciais pelos alunos ao chamar as professoras de tias.

O ensino superior sofreu mudanças, os alunos começaram a ser valorizados, e

não apenas as idéias defendidas pelos professores eram consideradas importantes e

passíveis de análise e aceitação. Iniciou-se um incentivo à pesquisa, e o conhecimento

deixou de ser algo apenas de posse do corpo docente, que outrora apenas repassava

aquilo que sabia.

A educação infantil foi pensada de muitas formas no século XX, e na Itália,

Rosa Agazzi produziu uma escola maternal, que dava continuidade à relação entre a

família e a escola na formação do sujeito, à função da mulher como educadora, e se

baseava nas idéias de Friedrich Froebel, pedagogo alemão, grande pensador de uma

pedagogia infantil, e fundador do primeiro jardim de infância, trabalhou com Pestalozzi.

Ele defendia que o educando tinha que ser tratado de acordo com sua dignidade de filho

de Deus, dentro de um clima de compreensão e liberdade; que o educador era obrigado

a respeitar o discípulo em toda sua integridade, e deve manifestar-se como um guia

experimentado e amigo fiel que com mão flexível, mas firme, exige e orienta o aluno.

Não sendo somente um guia, mas também sujeito ativo da educação: dá e recebe,

orienta, mas deixa em liberdade, é firme, mas concede. Além disso, para ele o educador

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deveria conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem para realizar sua

tarefa com êxito.

Outros modelos parecidos com o de Rosa Agazzi também surgiram em outras

regiões da Europa, e nos Estados Unidos, como o experimento das Escolas de

Winnetka, de Carleton W. Washburne, baseado na idéia de que a criatividade das

crianças, se esta fosse desenvolvida a contento na escola, era a responsável por

diferenciar cada criança das demais, elas descobririam suas vocações e isso as definiria

enquanto sujeitos únicos, com pensamentos e habilidades próprias ao longo da vida.

A educação no século XX na Itália, Alemanha e URSS, também foi

influenciada pelos regimes totalitários. O fascismo italiano, o nazismo alemão, e a

URSS tentavam através da educação afirmar a idéia de nação única, a identidade da

nação, e dominável.

Em resumo, o crescimento científico da pedagogia no século XX, se

enriqueceu no plano teórico e ideológico a serviço da criança e das mulheres.

. A segunda metade do século XX:  ciências da educação e empenho mundial da

pedagogia

A Pedagogia Moderna e as ciências da educação que nasceram na segunda

metade do século passado, trouxeram para a contemporaneidade um saber pedagógico

plural e não mais unitário; dinâmico ao invés de fechado, e visando um novo homem,

que está aberto a inovações culturais, sociais e políticas.

A Guerra Fria foi um fato marcante no contexto das mudanças ideológicas da

pedagogia no século XX.

O conflito teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados

Unidos e a União Soviética disputaram a hegemonia política, econômica e militar no

mundo. A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia

planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia.

Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema

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capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade

privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram

implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos. A definição para a

expressão Guerra Fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não

ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até

mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares.

Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida

no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como,

por exemplo, na Coréia e no Vietnã.

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da

Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando

exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um

equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do

ataque inimigo. E o fim do conflito se deu a partir da falta de democracia, o atraso

econômico e a crise nas repúblicas soviéticas. que acabaram por acelerar a crise do

socialismo no final da década de 1980. Em 1989 caiu o Muro de Berlim e as duas

Alemanhas foram reunificadas, e no começo da década de 1990, o então presidente da

União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos

aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o

sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos

e militares. E o capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países

socialistas.

Nesse contexto na educação em países capitalistas o sujeito era educado por

meio de técnicas, e nos países socialistas, tomando por exemplo a pedagogia de Marx,

substituiu o trabalho manual pelo trabalho intelectual.

O nascimento da Pedagogia Cognitiva, voltada para as resoluções, para a

mente da educação, para a mente da criança. Jean Piaget e Vygotski pensaram acerca da

aprendizagem infantil, o primeiro defendeu a divisão em estágios de pensamento, e o

segundo criticou essa teoria alegando que não existem regras na mente infantil, que ela

é imaginativa, ligada a intuição (princípio norteador da Pedagogia Nova).

Além disso, houve também uma revolução na educação no mundo Pós –

Guerra, quando houve um crescimento no sentido social, desenvolvimento econômico, e

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as massas passaram a ter acesso concreto à escola, até a pré – adolescência. A intenção

que se tinha era preparar a mão de obra operária para operar máquinas mais sofisticadas,

eram criados perfis profissionais nas escolas. E sobre a Mass Media, que é a mídia

(rádio, TV, jornal, internet, e outros) influenciando a pedagogia, e influenciando o

homem, seu consumo, e em larga medida, sua identidade. Para a pedagogia a Mass

Media tende ao caráter recreativo, baseada em princípios de lazer, mas a mídia também

influencia diretamente na primeira formação do imaginário, instrui a criança pela TV,

por exemplo.

Os novos temas emergentes na educação do século passado foram, e o são até

hoje, pois esse processo está evoluindo aos poucos, o feminismo; a ecologia, buscar

entender o ambiente como habitat do ser humano, tratando dos problemas com o meio –

ambiente, conscientização ambiental; a intercultura, compreender as diferentes culturas

e costumes, respeitar a diversidade religiosa, etc; e o tratamento com o idoso, tanto na

forma de tratá-los, como inseri-los no campo educacional, de modo que, por exemplo,

mesmo após a aposentadoria, eles continuem ativos e possam estudar em universidades

e trabalhar na área escolhida.

. OPINIÃO SOBRE A REALIZAÇÃO DO ESTUDO:

A partir desta obra, da leitura e fichamento de ideias de alguns capítulos,

analisando-os, percebi o que é compreender o passado da história educacional. Não

ouso dizer depois de todas essas leituras, que o ontem não é importante para nossas

vidas. Por mais que a gente goste de viver o presente, e diga sempre que “quem vive de

passado é museu”, sabemos, em nosso íntimo, que o ontem organiza a nossa vida de

hoje. Uma decisão equivocada, um pensamento torto, uma ação precipitada de ontem,

são suficientes para que o hoje seja repleto de reflexões, e sempre acabamos por decidir:

“farei tudo diferente, pois ontem eu errei”.

Assim como nos mais variados aspectos da vida humana, o plano educacional

não é diferente, segue o seu curso há milhares de anos, até milhões, se pensarmos nos

tempos primitivos, errando, acertando, experimentando e corrigindo. A experiência nos

tem ensinado a buscar os acertos em detrimento dos erros cometidos no passado. É fato

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que nem sempre isso acontece, mas a História nunca foi à fórmula mágica para a cura

de todos os males, e sim, uma ferramenta de busca. Através dela passamos a nos

conhecer melhor enquanto humanidade, e a compreender como a educação interfere no

meio social.

Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível perceber que a educação

nos vários períodos históricos, os contextos em que estava inserida, é por muitas vezes

contraditória e nem sempre concordamos com ela. Mas isso se dá, porque lidamos com

a história de pessoas comuns que desejaram, sentiram, exageraram, erraram e acertaram

no tempo de suas vidas. Analisar a história da educação, trata-se de estudar ações

humanas, interpretamos ações que nem sempre entendemos pela lógica ou coerência, e

sim, porque sabemos que os homens são oportunistas, cheios de ousadia e, quando têm

poder e oportunidade, demonstram o desejo de ser bem mais do que a sua pequena

condição humana pode lhe oferecer, e isso está claro nas atitudes tomadas por meio da

educação para dominar ou subjugar uma determinada classe social.

A História é cheia de pessoas, que procuravam viver de acordo com aquilo que

achavam certo ou errado, bonito ou feio, importante ou banal, e é isso que temos que

compreender ao analisar a trajetória que a educação, a pedagogia, e a didática cursaram.

É impossível entender a educação atual, sem analisar a história desta até chegar aquilo

que está posto atualmente.

A História está em todos os lugares, para nos dizer que sempre precisamos nos

lembrar de quem somos ou de quem nós fomos no passado. E neste estudo percebi que

todo educador precisa compreender a educação ao longo do tempo, considerando suas

especificidades e mudanças, pois este precisa compreender a educação ao longo do

tempo, contemplando aquilo que lhe é próprio e suas alterações.

É por meio da reflexão sobre a educação no passado, sua finalidade, seus

conteúdos, e sua organização, que o indivíduo consegue compreender a educação atual e

contribuir de forma eficaz para o desenvolvimento de um sistema educacional mais

voltado para a realização humana.