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Vida Cristã EquilibradaTítulo do original em inglês:A Balanced Christian Life© 1981 Christian Fellowship Publishers, Inc.© 2001 Editora dos Clássicos1ª edição: junho de 20022ª edição: julho de 2015

Todos os direitos reservados na língua portuguesa por:Editora dos Clássicos

19 3217-7089 / 19 3889-1368www.editoradosclassicos.com.brsac@editoradosclassicos.com.br

Proibida a reprodução total ou parcial deste livro sem aautorização escrita dos editores.

Tradução: Renata Balarini Coelho1ª Revisão: João Guimarães e Edna GuimarãesRevisão: Francisco NunesRevisão final: Paulo César de OliveiraDiagramação: José Murad BadurCapa: Wesley MendonçaEditor: Gerson Lima

N372vNee, Watchman, 1903-1972.

Vida cristã equilibrada / Watchman Nee ; tradução Renata Balarini Coelho. - 2. ed. – Campinas (SP): Clássicos, 2015.

184 p. : 14 x 21 cm

Título original: A balanced christian life.ISBN 978-85-87832-57-3

1. Filosofia e religião. 2. Vida cristã. I. Coelho, Renata Balarini. II. Título.CDD-248.4

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Maurício Amormino Júnior, CRB6/2422)

{ 5 }

Sumário

Prefácio dos Editores Brasileiros ........................................................7

Prefácio do Tradutor Americano........................................................9

{ 1 } A Porta e o Caminho ..................................................................13

Fé ...............................................................................................16

Obediência ...............................................................................26

{ 2 } O Objetivo e o Subjetivo.............................................................31

Duas Categorias de Verdade ................................................32

Fato Um: Cristo Morreu na Cruz .........................................36

Fato Dois: Ressuscitamos com Ele........................................41

Fato Três: Assunto aos Céus .................................................44

Dando Frutos...........................................................................46

{ 3 } Querer e Realizar.........................................................................49

{ 4 } Alívio Concedido e Descanso Encontrado ..............................63

O Alívio da Salvação ..............................................................65

O Descanso da Vitória............................................................72

Tome o Jugo de Cristo............................................................74

Aprenda do Senhor ................................................................78

Vida Cristã Equilibrada{ 6 }

Sumário

{ 5 } Vigiar e Orar ................................................................................83

O Momento da Oração...........................................................85

No Momento de Orar.............................................................87

Evite tudo o que não É Oração .............................................90

Orando em Todo Tempo .......................................................94

Vigiar depois da Oração ........................................................96

{ 6 } O outro Aspecto da Oferta pela Culpa ..................................101

A Relação entre a Oferta pela Culpa

e as outras Quatro Ofertas............................................102

Os Dois Aspectos da Oferta pela Culpa ............................103

A Importância da Oferta pela Culpa .................................104

A Oferta pela Culpa Relaciona-se aos Homens ...............106

Algumas Ofensas contra os Homens.................................106

Ser Indigno de Confiança ................................................107

Negar em Penhor..............................................................108

Roubar outras Pessoas .....................................................109

Oprimir um Vizinho.........................................................110

Negar a Devolução de Coisas Perdidas.........................111

Jurar com Mentiras ...........................................................111

{ 1 } A Porta e o Caminho { 7 }

Sumário

Como Lidar com as Culpas .................................................113

Acrescente a Quinta Parte ...................................................116

O Tempo de Devolver..........................................................117

Trazer a Oferta pela Culpa ..................................................118

{ 7 } Bem-aventurados São os Mansos ...........................................121

A Tática Operacional de Deus: Trabalhar

com o Homem em Primeiro Lugar ................................122

Deus Precisa do Homem que Conhece a Cruz.................125

Deus Trabalha com Moisés .................................................127

Como Deus Trabalha com a Sabedoria e o

Poder Carnal de Moisés...................................................128

Admitiu não Ter Poder ....................................................130

Reconheceu a Falta de Eloquência .................................131

Retrocesso Excessivo por não Conhecer

o Poder da Ressurreição ..............................................134

Foi Circuncidado ..............................................................136

O Princípio da Cruz..............................................................138

Sumário

{ 8 } Verdadeiramente Pobre ...........................................................143

Mentalidade de Laodiceia ...................................................143

Pobreza e Cegueira...............................................................145

Pobreza a Superficialidade..................................................147

Abundância e Profundidade...............................................148

{ 9 } A Importância da Fé .................................................................153

{ 10 } Quatro Estágios Importantes da Jornada da Vida .............167

Gilgal (v. 1) - Tratando com a Carne..................................169

Betel (vv. 2, 3) - Lidando com o Mundo ............................171

Jericó (v. 4) - Tratando com Satanás...................................174

O Rio Jordão (vv. 6-14) - Tratando com a Morte..............176

{ 9 }

Ohomem é dado a extremos em todas as áreas de suavida. Em certo sentido, os extremos são inquestioná-veis, uma vez que os revestimos de explicações, con-

ceitos, dogmas, pois dão-nos segurança e proteção. Pensarque, talvez, em algum ponto, em algum aspecto, estejamos er-rados – ou pelo menos vendo os fatos de maneira incompletae tendenciosa – é sempre doloroso e envolve riscos. Mas é ne-cessário.

Infelizmente, a vida cristã não está isenta dos extremos,das práticas tendenciosas, dos dogmas frios e cruéis que nosfazem desconsiderar os que pensam de modo diferente, comquem teríamos muito a aprender. É a marca da queda macu-lando o relacionamento do cristão com o Pai Celestial, com o

Prefácio dos Editores Brasileiros

Senhor de Sua vida, com o Espírito da Verdade e, como con-sequência, com outros filhos de Deus. Sem dúvida, precisa-mos de correção.

Watchman Nee registrou em obras como A Vida CristãNormal e A Vida que Vence a revelação clara da Palavra deDeus sobre a vida de um cristão. No entanto, mesmo a leituradesses livros pode levar-nos a um entendimento ainda in-completo e desequilibrado do assunto – essa é nossa tendên-cia espontânea e natural. Por isso, alegramo-nos em publicarVida Cristã Equilibrada.

Sem pretender esgotar o assunto, Nee apresenta a grandenecessidade que temos de equilibrar fé e obediência, morte nacruz e negarmos a nós mesmos, reconciliação com Deus e re-conciliação com os homens, luta contra a carne e luta contraSatanás e seus demônios, entre outros aspectos. Nossa oraçãoé que, pela clara compreensão desses pontos, Deus atraia econduza muitos de Seus filhos para a maturidade, a estaturade Cristo.

Os editoresSão Paulo - SPJulho de 2015

Vida Cristã Equilibrada{ 10 }

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Efraim é um pão que não foi virado (Os 7.8). Essa é umaforma figurada de dizer “desequilibrado”, ou seja, opão é assado de um lado, mas permanece cru do outro;

um lado está queimado, e o outro, completamente cru. O pãonão serve para ser comido e, portanto, deve ser lançado fora.

Nosso Deus é muito equilibrado. Ele é amor e luz. NossoSenhor Jesus é cheio de graça e verdade. O Espírito Santo é oEspírito de sabedoria e revelação. Na criação, não foi Deusquem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida doscéus a palmos? Não foi Ele quem recolheu na terça parte de um efao pó da terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balançade precisão? (Is 40.12). No que diz respeito à redenção, a Bíbliadeclara que encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se

Prefácio do Tradutor Americano

beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seuolhar (Sl 85.10, 11). A nova criatura, todavia, deve ser equili-brada.

Nesta obra, Watchman Nee tenta mostrar, a partir da Pa-lavra de Deus, o perfeito equilíbrio da verdade divina. Con-tudo, a natureza humana tende a enfatizar um lado daverdade e excluir o outro. Isso tem causado confusão e mui-tos problemas em meio ao povo de Deus. É essencial conhe-cermos o equilíbrio da verdade e considerarmos ambos oslados, para que a nossa vida cristã possa ser bem modeladaconforme Deus ordenou.

Quanto ao conteúdo, o livro começa a abordar o equilíbrioentre a porta e o caminho, apresenta, posteriormente, a ques-tão do equilíbrio entre o objetivo e o subjetivo, inclui uma dis-cussão acerca da obra interior e a obra exterior realizadas navida cristã e sobre o alívio concedido e o descanso encontrado– segundo prometidos por Cristo. Depois, contempla um ladofrequentemente negligenciado da oração (a saber, a vigilân-cia) e concentra-se no aspecto menos enfatizado da oferta pelaculpa, isto é, a restauração. Então, o livro oferece um comen-tário sobre o contraste entre a pessoa verdadeiramente hu-milde e a espiritualmente pobre e, enfim, é concluído comuma consideração a respeito do equilíbrio tão necessário entrea fé e o caminho do crente.

Que todos os leitores desta obra sejam conduzidos à vidacristã equilibrada.

Vida Cristã Equilibrada{ 12 }

Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição,

e são muitos os que entram por ela), porque estreita é aporta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e

são poucos os que acertam com ela (Mt 7.13, 14).

Hoje, nosso propósito não é explicar a passagemmencionada, mas demonstrar a trajetória da vidacristã, porque os versículos acima tratam de dois

grandes princípios: (1) entrar pela porta e (2) percorrer o ca-minho. Enfatizar um deles e excluir o outro resultará em umextremo. Deus coloca, diante do cristão, uma porta e um ca-minho, ou um caminho e uma porta, a fim de mantê-loem equilíbrio.

O que significa entrar pela porta? Entrar pela porta querdizer passar por uma crise. Assim como a passagem temuma porta que bloqueia seu avanço, passar pela porta sig-nifica enfrentar algo que você nunca experimentou antes.Não importa quão espessa seja a porta, não se leva cinco

{ 13 }

{ 1 }

A Porta e o Caminho

minutos para atravessá-la. Quando alguém passa, está, deimediato, em um novo ambiente. Há uma diferença enormeentre o cenário anterior à passagem pela porta e a cena pos-terior. Cinco minutos antes, a pessoa estava em um mundoparticular, mas, agora, está em um mundo diferente. Ante-riormente, a pessoa estava do lado de fora da porta e, agora,encontra-se do lado de dentro. Por exemplo: do lado de forado Parque Jessfield[1], é possível vermos poeira e carros.Porém, ao entrar pela porta do parque, sentimos, de ime-diato, que estamos em uma área totalmente diferente. Por-tanto, falando em termos espirituais, entrar pela portasignifica que, em um curto período de tempo, surge uma di-ferença tremenda. Num período tão breve, o cristão passapor uma crise, e sua condição espiritual toma outro rumono mesmo instante.

O cristão não apenas tem de atravessar uma crise, masdeve percorrer um caminho também. O caminho é longo, eé necessário muito tempo para percorrê-lo. Leva muitotempo para atravessar a porta? É óbvio que ela pode seratravessada com rapidez. O que, então, requer mais tempo:entrar pela porta ou percorrer o caminho? Naturalmente,percorrer o caminho exige mais tempo. Surge um grandedesequilíbrio se alguém entra pela porta sem dar um passono caminho em seguida. Depois que o cristão atravessa aporta, ele deve seguir adiante, passo a passo. Percorrer o ca-minho significa prosseguir gradualmente – um passo de-pois do outro. Para atravessar a porta, é necessário apenasum passo, mas o ato de percorrer o caminho não pode serrealizado em apenas um passo. Assim, ao entrar pela porta,o cristão imediatamente sente uma mudança distinta. Elesegue adiante (mais uns cem passos) e, então, pode ter de

Vida Cristã Equilibrada{ 14 }

[1] Parque público situado no subúrbio de Xangai.

atravessar outra porta. Talvez, após dar mil passos, outra crise ainda o espere. O cristão deve, portanto, estarpreparado para percorrer o caminho sempre que decidiratravessar uma porta. Por isso, passar pela porta significaenfrentar uma crise, enquanto percorrer o caminho querdizer progredir.

Hoje em dia, há muitas controvérsias sobre esse assuntoentre os cristãos. Alguns enfatizam a crise, enquanto outros,o progresso. Alguns consideram que entrar pela porta deveser uma experiência suprema, enquanto outros supõem quepodem prosseguir sem qualquer necessidade de atravessá-la. Ambas as posições são desequilibradas. Devemos saberque, de um lado, precisamos passar por uma crise e, poroutro, prosseguir no caminho. Entrar pela porta e percorrero caminho são dois importantes princípios bíblicos; elesdevem ser igualmente enfatizados.

De acordo com a Palavra de Deus, entrar pela porta, emnossa trajetória espiritual, antecede o ato de percorrer o ca-minho. Em primeiro lugar, a crise; depois, o progresso. Con-tudo, acontece o contrário para quase toda jornada terrestre,pois esta requer normalmente caminhar antes de entrar. Porexemplo: você deve, primeiro, percorrer a Rodovia Hardoonantes de passar pela entrada de Wen Teh Lane e chegar aolocal preparado para a adoração. Na jornada espiritual,porém, o caso é outro, pois pode ser semelhante a uma via-gem rumo a um palácio ou mausoléu real cercado por umagigantesca muralha. Você precisa passar pela entrada primeiro e, depois, andar por uma extensa trilha antes de chegar ao destino. Uma vez que a Bíblia sempre apre-senta a porta e o caminho juntos, podemos vê-los em açãotanto na “fé” quanto na “obediência” – dois princípios-chave da vida cristã.

{ 1 } A Porta e o Caminho { 15 }

A fé é um princípio de nossa caminhada cristã. A fé é go-vernada por duas regras, representadas por uma porta e porum caminho. Todos os que estão familiarizados com a expe-riência espiritual sabem que a fé é constituída dos elementos“crer” e “confiar”. Há uma diferença entre o ato de fé e a atitudede fé. Crer de uma vez por todas é o que chamamos de passarpor uma crise, mas confiar continuamente depois é o que cha-mamos de progredir. Exercer um ato singelo de fé é entrar pelaporta, mas manter uma atitude de fé a partir de então é per-correr o caminho. A fim de o cristão realmente crer em Deusquanto a uma questão específica, ele deve, primeiro, exercerum ato de fé, com singeleza de coração, pelo qual ele verda-deiramente creia em Deus, antes de conseguir percorrer o ca-minho da fé. Ao entrar pela porta, ele cruza o portal da dúvidae, então, com a singeleza de coração, recebe uma promessa deDeus, o que acontece quando atravessa a porta ou passa poruma crise. Por favor, lembre-se de que os crentes devem, emprimeiro lugar, entrar pela porta da fé e, depois, podem avan-çar pelo caminho da fé, mantendo uma atitude de fé.

Muitas pessoas especulam o fato de poder confiar em Deusao manter uma atitude de fé sem transpor o portal da fé pormeio de um singelo ato de fé. Elas não sabem que, sem atra-vessar a porta, é totalmente impossível percorrer o caminho.Sem passar por uma crise ou dificuldade, não há como pro-gredir. É fundamental que haja uma ruptura nítida com opassado e uma aceitação definitiva do testemunho de Deus –isso é entrar pela porta. Ao contrário, nunca poderá haverprogresso espiritual. Portanto, na área da fé, entre pela portae, depois, percorra o caminho.

Vida Cristã Equilibrada{ 16 }

Dentre as muitas verdades nas quais acreditamos, nãoexiste nenhuma mais sublime do que existirmos “em Cristo”– que é a posição que o redimido do Senhor obtém, segundoo ensinamento do Novo Testamento. Nada pode ser mais ele-vado do que esta posição, uma vez que o perdão dos pecados,a justificação e a santificação estão em Cristo. Todas as bên-çãos espirituais encontram-se em Cristo. Tudo está n’Ele.Sendo assim, a maior graça que podemos receber é ter nossaexistência colocada em Cristo. Tudo o que Deus nos ofereceestá em Seu Filho.

Atualmente, a pergunta mais importante que devemosfazer a nós mesmos é: “Quem podemos ser em Cristo?”. Omissionário inglês na China Hudson Taylor[2] admirava a vidavitoriosa e sabia que tudo deveria ser encontrado em Cristo.Contudo, quando começou a percorrer o caminho cristão, es-forçou-se para permanecer em Cristo e descobriu que não con-seguia fazê-lo, pois parecia que, com frequência, eraderrotado. Essa luta durou até o momento em que Deus con-cedeu a Hudson Taylor uma revelação, mostrando-lhe que jáestava em Cristo. A necessidade que sentia de ser restauradonão iria ser curada pelo fato de pedir que fosse colocado emCristo. Ao contrário, ele era uma pessoa regenerada e,portanto, já estava em Cristo. A resposta para sua necessi-

dade era simplesmente descansar nesse fato, pois este era osignificado de permanecer em Cristo. Uma vez que ele já es-tava em Cristo, não havia como estar ainda mais n’Ele. Assim,ele alcançou a vitória – esta é a porta da fé. Hudson Tayloragora entrou pela porta. E depois da entrada por meio do ato

{ 1 } A Porta e o Caminho { 17 }

[2] Uma pequena biografia dele pode ser encontrada no livro Cânticodos Cânticos – O Misterioso Romance, publicado por esta editora.

Mais detalhes sobre sua experiência com a vida vitoriosa sãoapresentados no livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor, deHoward Taylor, publicado pela Editora Mundo Cristão (N. do E.).

de fé, ele conseguiu aprender a tomar posse desse fato dia adia e a confiar em Deus com uma atitude de fé. De outraforma, até mesmo se ele desejasse acreditar em Deus, não en-contraria forças para confiar tanto.

Embora a expressão “em Cristo” seja simples, a verdadeque contém é excessivamente ampla; tão abrangente quechega a ser quase incomensurável. Deus “nos tem abençoadocom toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais emCristo” (Ef 1.3). Todas as bênçãos encontram-se n’Ele. Sendoas bênçãos que n’Ele existem de tal forma abundantes, porque muitas pessoas, que aparentemente creem, não as rece-bem? Isso acontece porque ignoram os dois princípios da fé.Deve haver o ato de fé, assim como a atitude de fé. Muitospodem ter crido e, aparentemente, exibido a atitude de fé, maslhes falta o ato de fé. Em outras palavras, eles não cruzaram oportal da fé ao mesmo tempo em que, com singeleza demente, acreditaram na realidade de Deus. Eles confundiram aatitude de fé com a própria fé. Se passarem pela crise de fé, en-tretanto, experimentarão muitas das bênçãos que estão emCristo ao manter, posteriormente, essa atitude de fé. Isso nãoquer dizer que os cristãos obtêm tudo no dia em que atraves-sam a porta. Em certo sentido, possuem todas as coisas. To-davia, ainda não provaram todas. A situação é semelhante aquando entramos em um jardim onde tudo está diante de nos-sos olhos, mas temos de caminhar por ele a fim de experi-mentar todas as coisas que ali se encontram. Na entrada,podemos possuir tudo ao declarar que todas as coisas nos per-tencem. Primeiro, a porta; depois, o caminho.

Quando Deus ordenou que os filhos de Israel cruzassem orio Jordão, Ele disse, primeiro, a Josué: “Dispõe-te, agora,passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aosfilhos de Israel. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-

Vida Cristã Equilibrada{ 18 }

lo tenho dado, como eu prometi a Moisés” (Js 1.2, 3). Antes deatravessarem o Jordão, Deus falou que havia dado a terra deCanaã aos israelitas. Eles simplesmente precisavam ir emfrente e possuí-la. Eles tinham fé? Sim, pois os que não criamjá haviam morrido no deserto, e todos os que estavam prestesa entrar em Canaã eram pessoas de fé. Os israelitas cruzaramo rio Jordão, tomando posse da palavra de Deus. Eles agarra-ram Sua palavra e declararam que, a partir de então, a terra deCanaã lhes pertencia. Por conseguinte, eles passaram o Jor-dão e tomaram posse da terra.

Todavia, após terem atravessado o Jordão, será que toma-ram posse de toda a terra de imediato? Satanás nunca fará talconcessão ao povo de Deus. As muralhas de Jericó eram altas, eas portas da cidade estavam seguramente fechadas. Se estivés-semos presentes nessa situação, provavelmente teríamos idoa Deus e reclamado, dizendo: “Tu disseste que a terra de Canaãseria nossa. Cruzamos o rio, mas, agora, as muralhas de Jericósão altas demais, e as portas da cidade estão fechadas com se-gurança. A Tua palavra não falhou?”. Entretanto, os filhos deIsrael não fizeram nada disso, mas acreditaram na palavra deDeus e tomaram posse de Sua promessa. Eles passaram a ro-dear a cidade, uma vez por dia, até que, no sétimo dia, ro-dearam-na sete vezes e gritaram. Em resposta, as muralhas deJericó desmoronaram. Posteriormente, eles conquistaram umacidade após a outra. Embora tivessem seus fracassos – e fa-lharam por não expulsar por completo as sete tribos de Canaã–, tomaram posse de mais da metade das cidades de Canaã.

Devemos exercitar a fé a fim de possuir todas as bênçãosespirituais em Cristo – assim como os filhos de Israel haviamapreendido a palavra de Deus ao atravessar o rio Jordão e con-quistado a terra. Esse assunto também pode ser comparadoaos documentos de propriedade que o pai moribundo dá em

{ 1 } A Porta e o Caminho { 19 }

herança para o filho, que precisa encontrar as terras descritasnas escrituras e administrar sua herança. A herança é do filho,mesmo que ele ainda não a tenha visto ou administrado. Por-tanto, ele deve investigar e, subsequentemente, gerenciar suaspropriedades de acordo com o que está escrito nos documen-tos. Por conseguinte, receber os títulos de propriedade podeser considerado o ato de fé, ou seja, a crise, ao passo que gozardas propriedades que constam na herança de acordo com osdocumentos pode ser considerado a atitude de fé (ou con-fiança), isto é, o progresso.

“Dispõe-te, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo”,dissera Deus. Essa declaração constituiu, para o povo, atra-vessar o portal da fé. E, após ter passado por essa crise, elesdestruíram uma cidade depois da outra segundo a palavra deDeus, o que foi, para eles, percorrer o caminho da fé. Ao ler oNovo Testamento, você observa que todas as coisas em Cristolhe pertencem. Porém, se você não conseguiu possuir nada,ainda não experimentou a crise da fé. Sem passar pelo portalda fé, você nunca será capaz de atravessar o caminho da fé, ehaverá pouco progresso em sua vida espiritual. Ainda quevocê tenha ouvido muitos ensinamentos sobre fé, você não osaproveitará, pois deve passar por esta crise, dizendo: “ÓDeus, eu Te agradeço por me teres dado, de fato, a terra deCanaã. Esta terra é minha”. É preciso que você possua a terraao apropriar-se dos documentos de propriedade. Você nãovai sair e verificar se a terra realmente lhe pertence, mas rei-vindicá-la, pois é sua.

Pegar os documentos de propriedade e aceitar a bênçãoque Deus lhe concedeu em Cristo significam experimentar acrise de fé. Pode haver ocasião em que, por um lado, vocêsinta ciúme, orgulho e cobiça em seu interior e, por outro lado,deixa de sentir amor, humildade ou bondade. Você pede que

Vida Cristã Equilibrada{ 20 }

o Senhor o liberte. Você pede uma, duas e várias vezes.Até que, um dia, você recebe revelações concernentes às ri-quezas de Cristo e percebe quão tolo foi ao pedir libertação.Você recebe a seguinte palavra de Deus: “A Minha graça tebasta” (2 Co 12.9). Assim, não é mais preciso pedir, pois o Se-nhor fala: “Sou santo, bom e cheio de graça”. Todas as coisasestão n’Ele. Quando Deus lhe mostra as riquezas em Cristo,você passa por uma crise. Depois, experimentará mais e maisda graça que existe em Cristo.

T. Austin-Sparks[3] é um servo de Deus que tem sido gran-demente usado. A verdade mais preciosa de toda a sua vidaé a de seu ser “em Cristo”. A vida desse servo foi completa-mente modificada a partir do dia em que seus olhos foramabertos por Deus a fim de contemplar as riquezas que lhe per-tenciam em Cristo. Deus fez com que ele percebesse que pre-cisava, antes de tudo, tornar-se um pobre homem rico, poistinha se esquecido das riquezas abundantes, que são a he-rança do crente em Cristo. Vamos perceber, hoje, que deve-mos passar pela crise da fé. Que Deus nos conceda o espíritode sabedoria e revelação, e que nossos olhos sejam abertos afim de contemplarmos nossa união com Cristo.

Depois de ter observado sua união com Cristo, será quevocê nunca mais ficará nervoso nem sentirá a inveja mover-seem seu interior? Será que, no futuro, você mostrará apenas bon-dade e amor? Posso lembrá-lo que o diabo é tão teimoso hojeem dia quanto foi com os habitantes de Canaã. Satanás o con-frontará em cada passo do seu caminhar. A menos que vocêpermaneça na vitória de Cristo, divisará derrota. Quem não passou pela crise da fé jamais será capaz de percorrer o

{ 1 } A Porta e o Caminho { 21 }

[3] A biografia de T. Austin-Sparks pode ser encontrada no livro O Testemunho do Senhor e a Necessidade do Mundo, publicado por esta

editora, ou em nosso site. Ele estava vivo à época em que Watchman Needeu essa mensagem, mas partiu para o Senhor em abril de 1971.

caminho da fé. Entretanto, quando seus olhos forem abertospara ver as riquezas em Cristo, você será tentado de imediatopelo diabo, que insinuará o seguinte: “Você diz que todas asbênçãos estão em Cristo. Então, por que você ainda fica irritadoe nervoso? Você diz que todas as bênçãos lhe pertencem, masvocê possui algumas delas em seu interior? A revelação quevocê diz ter recebido não é verdadeira, mas você está iludido.Você diz que Deus lhe deu a terra de Canaã, mas, se esse fosseo caso, por que as muralhas de Jericó permanecem tão altas, eas portas, tão firmemente trancadas? Como você pode acredi-tar que conseguirá desbaratar as sete tribos de Canaã? Não! Oque Deus lhe disse são simplesmente palavras vazias. É melhorque você volte para a margem oriental do rio Jordão!”.

Os cristãos devem reconhecer que atravessar o rio Jordãoe não rodear a cidade de Jericó é apenas entrar pela porta dafé sem percorrer o caminho da fé. Cruzar o Jordão e deixar derodear Jericó nunca fará com que as muralhas caiam por terra.Entrar pela porta da fé sem percorrer o caminho da fé não re-sultará em progresso espiritual. Ao contrário, a experiênciaespiritual de cada cristão que avança atesta as pegadas da fé.

Satanás não deixará que você caminhe e leve consigo asbênçãos facilmente. Você ouviu dizer que todas as coisas estãoem Cristo. Porém, ao chegar a casa, Satanás lhe dirá: “O amornão lhe pertence, a bondade não lhe pertence; nada, enfim, érealmente seu”. É por causa das mentiras de Satanás que vocêpara de lutar e desiste? Você deve agir como agem os proprie-tários que administram as terras que possuem de acordo comseus títulos de propriedade. Assim como eles, você deve cui-dar da sua terra de acordo com tudo o que está descrito no do-cumento. Você não precisa pedir ou tentar, pois tão somentedeve levar o documento consigo e reivindicá-la. E, quando viera tentação, você simplesmente terá de usar a passagem bíblica

Vida Cristã Equilibrada{ 22 }

adequada à ocasião. Se for irritação, use a passagem bíblicaque trata da irritação. Se for amor, use os versículos apro-priados sobre o amor. Encontre as passagens certas para quepossa, enfim, declarar: “Essa é minha herança, e, portanto, rei-vindico-a”. Você notifica a Satanás que ele é um mentiroso e,logo, deve afastar-se de você. Você exercita sua fé ao dizer:“Vivo pela graça de Cristo e posso ser paciente e bondoso”.

Por favor, observe com cuidado, porém, que o que precisaser retirado é a irritação e não a fé, a montanha, não a fé. Nãoé a fé que deve recuar, mas o mau gênio é que deve ser afas-tado. Permaneça na fé. Nenhum muro é tão alto a ponto denão poder cair por terra. Os filhos de Israel não usaram armas,mas simplesmente rodearam a cidade no primeiro dia e foramembora. E, durante os cinco dias seguintes, fizeram a mesmacoisa. Aos olhos do povo de Jericó, aquilo parecia brincadeirade criança. Contudo, no sétimo dia, eles rodearam a cidadesete vezes, gritaram crendo que as muralhas de Jericó cairiam,e os muros, de fato, caíram.

Determinado cristão pode ter passado pela crise da fé, masnão percorreu o caminho da fé e lamenta pelo mau gênio, pelainveja, pelo orgulho, pela cobiça e por todas as coisas queainda o acompanham. Ele não sabe o que fazer. Por um ins-tante, lembre-se disto, por favor: primeiro, você deve ver as ri-quezas que tem em Cristo, ou seja, entrar pela porta da fé.Porém, ao entrar, você deve assumir sua nova posição ao lidarcom qualquer tentação que apareça em seu caminho – seja oorgulho, a inveja ou qualquer outra coisa. Você permanece nafé e declara que todas essas tentações devem cair por terra.Então, elas cairão. Aleluia! Os filhos de Israel cercaram a cidade de Jericó e deram o grito de fé para que as muralhascaíssem. Do ponto de vista humano, essa atitude era extre-mamente tola, mas, quando eles gritaram, a cidade de Jericó

{ 1 } A Porta e o Caminho { 23 }

caiu. O mesmo acontece nos dias de hoje: se gritarmos com fé,o mau gênio, a cobiça, o orgulho e a inveja cairão igualmente.Passar por uma crise significa ver tudo o que é nosso emCristo. Isso constitui o primeiro passo de fé. Depois, tomeposse de tudo o que existe em Cristo como se apegasse a umtítulo de propriedade.

“Porque morrestes” (Cl 3.3). Deus lhe mostra que você estámorto. Portanto, não deve ficar irritado ou nervoso. À medidaque você, pela fé, crê no que Deus diz em Sua Palavra, entrapela porta. Contudo, Satanás irá rapidamente onde você estivere poderá fazer com que fique irritado pela provocação do seucônjuge, ou filhos, ou qualquer outra pessoa. Naturalmente,você concluirá que, provavelmente, a palavra “porque morres-tes” não se aplica a você na Bíblia. Logo, você confia em seussentimentos, e sua fé desfalece. Suponhamos, por exemplo, quemeu pai tenha comprado uma terra e tenha me dado a escri-tura da propriedade. Ele me diz para ir e administrar os bens.Então, vou ao país onde se situa a terra e encontro um cami-nhante que me pergunta por que estou indo até lá. “Preciso en-contrar a terra do meu pai”, respondo. “A terra não é do seupai, mas do meu pai”, protesta o caminhante. Agora, nesse mo-mento, se eu duvidasse da palavra do meu pai, provavelmentevoltaria para casa. No entanto, se eu dissesse: “De jeito ne-nhum. Meu pai não se equivocou, pois, de acordo com esse do-cumento que tenho em mãos, a terra nos pertence”, o invasorseria obrigado a ir embora. Assim, um dos dois deve partir.

O mesmo acontece conosco, pois Deus Pai já nos deu todasas bênçãos em Cristo Jesus. A Bíblia é o documento que o Painos concede. Se você acreditar no que está escrito na Bíblia,Satanás será obrigado a partir. É triste observar que muitaspessoas são incapazes de suportar as tentações satânicas. Elasdesistem da Palavra de Deus e perdem a fé. Devemos,

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portanto, receber a Palavra de Deus não apenas uma vez, massempre que formos tentados. Devemos ser fortes por meio daPalavra – isso é percorrer o caminho da fé.

Ontem, alguém pode ter declarado que, em Cristo, ven-ceu seu nervosismo. Todavia, é possível que, hoje, seu or-gulho retorne. Ele se sente confuso, pois, realmente, haviavencido seu temperamento ontem, mas hoje tornou-se or-gulhoso de novo. É possível que a palavra bíblica “porquemorrestes” não seja totalmente confiável? Não, mas sim-plesmente significa que ele deve percorrer o caminho da fé.Após a vitória sobre Jericó, os filhos de Israel sofreram umaderrota em Ai (Js 7.2-5). Se dependermos de nós mesmos,fracassaremos mais cedo ou mais tarde. Porém, poderemosvencer nossos inimigos se confiarmos na Palavra de Deus.Não alimente a ideia de viver descansadamente. Devemostratar do mau gênio e do orgulho assim que eles aparece-rem. A luta da fé é inevitável, e o caminho da fé, inestimá-vel. Cada passo do caminho precisa ser alcançado com “asola” da fé (veja novamente Js 1.3).

Uma porta e um caminho: esses são os princípios da vidaespiritual. Antigamente, eu não tinha ideia do que significava“todas as bênçãos espirituais em Cristo”. Hoje, consigo com-preender a expressão, pois quer dizer passar através da crise.No entanto, depois de passar pela porta da crise, preciso per-correr, passo a passo, o território que a Palavra de Deus memostrou. Tanto a porta quanto o caminho devem ser consi-derados. Sem passar pela porta, ninguém consegue percorrero caminho. Contudo, do mesmo modo, se a porta é divisada,mas a pessoa anda com muita lentidão, não pode progredir.Ela deve caminhar, passo a passo, e aprisionar cidade a cidadecom determinação. O inimigo jamais se renderá sem lutar. De-vemos travar a batalha espiritual.

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Obediência

Quanto à questão da obediência, assim como em relaçãoà fé, também existem a porta e o caminho. Primeiro, entrepela porta da obediência e, depois, percorra o caminho daobediência. Certa vez, algumas irmãs me disseram que, paraelas, era muito difícil praticar a obediência. Outras irmãs,contaram elas, pareciam ser capazes de obedecer com faci-lidade, mas obedecer era algo semelhante a carregar os so-frimentos do mundo inteiro. Respondi-lhes: “Se vocêsnunca entraram pela porta da obediência, como podem per-correr o caminho da obediência?”. Deixe-me dizer que, sevocê nunca abriu mão da própria vontade e entregou-se aoSenhor com determinação, se nunca colocou de lado aquiloa que tinha mais apreço e negou o que mais adorava, é inú-til pensar em percorrer o caminho da obediência. Se umapessoa permanece do lado de fora da porta, é perda de tempo tentar persuadi-la a obedecer ao Senhor. Em primeiro lugar, faça com que atravesse a porta e, então,ajude-a a obedecer a Deus, um elemento após o outro, au-xiliando-a no caminho da obediência.

Você já disse adeus ao passado? Você já tirou toda a du-reza do coração? Você já parou de procurar glorificar a simesmo? A menos que tenha tido uma experiência clara, nãoserá capaz de percorrer o caminho da obediência, pois aindanão atravessou a porta.

Quando perguntaram a Rebeca se ela desejava ir com oservo de Abraão, ela respondeu: “Irei” (Gn 24.58). Então, dei-xou a casa do pai e, após tê-la deixado, montou em um cameloe viajou pelo deserto. Isso significa o caminho do sofrimento(o camelo representa o sofrimento na passagem mencionada).

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Foi apenas assim que conseguiu ajudar Isaque e agradar-lhe.Todos os cristãos devem dizer ao Senhor: “A partir de agora,estou disposto a abrir mão de tudo, incluindo qualquer pes-soa, acontecimento ou coisa, em favor da Tua vontade”. Senão for assim, quando Deus nos ordenar, hoje, que abando-nemos determinada coisa, responderemos que não consegui-mos, pois é muito doloroso. Amanhã, se Ele nos desafiassecom outro assunto, poderíamos responder novamente: “Não.Não consigo, porque dói muito”. Pode parecer que Deus émuito severo para conosco. Por quê? Pois nunca deixamos acasa de nosso pai. “… esquece o teu povo e a casa de teu pai.Então, o Rei cobiçará a tua formosura…” (Sl 45.10, 11). Na tra-jetória da obediência, um cristão, assim como uma moça queestá prestes a casar-se, deve, primeiro, deixar a casa do pai esair de sua proteção. Portanto, se já tivéssemos tomado tal de-cisão antes, poderíamos ter conseguido percorrer o caminhoda obediência.

Com frequência, digo que muitos cristãos nunca sofreram,pois Deus nunca pediu que sofressem. Alguns cristãos sofrem,mas não se alegram, pois não aprenderam. Devemos ser sufi-cientemente felizes ao sofrer. No caso de ainda ignorar o queDeus requer ou espera de você, se você não sabe qual é a ati-tude de Deus para com você com relação a certos assuntos, vocêainda não entrou pela porta da obediência. Precisa haver ummomento em que você deve dizer a Deus com determinação:“Ó Deus, aqui estou, disposto a abandonar minhas ideias, ex-pectativas, ambições e meus planos. Eu os largarei por amor aTi”. Se não for assim, Deus não lhe pedirá nada. Será que Isa-que poderia ter pedido a mão de uma mulher desconhecida senão houvesse o plano divino para que ele casasse com Rebeca?Deus não irá pedir-lhe um centavo sequer se você ainda nãotiver se entregado a Ele com singeleza de coração. Você pode

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ofertar para o bem de sua própria consciência, mas suas ofertasnão foram requeridas por Deus.

Lembremo-nos de que, se pretendemos percorrer o ca-minho da obediência, devemos atravessar a crise da consa-gração. Não faremos nenhum progresso espiritual semconsagração[4]. É fundamental sermos desarmados porDeus. Não devemos nem sequer imaginar percorrer o ca-minho da obediência se nunca passamos pela porta da obe-diência. Quando somos redimidos, não duvidamos de quepertencemos a Deus. Entretanto, a partir do momento danossa consagração, deveremos reconhecer que realmentepertencemos a Ele.

Você ainda não se consagrou a Deus? Você obedece aDeus porque Ele o tocou a respeito desse assunto? Está commedo da ordem divina? Talvez a questão do medo esteja re-lacionada ao que cada um espera que Deus requeira. Qual-quer coisa que você não ousa pensar ou tocar ou qualquercoisa que você tende a evitar pode ser muito bem o assunto arespeito do qual Deus falará com você. Muitas vezes, o Espí-rito Santo opera em você, mas você não considera importante;ao contrário, tenta fugir. Você pensa em outras coisas e falasobre coisas diferentes. Você pode até ler a Bíblia a fim de es-capar da voz de Deus. Algumas pessoas fogem quando Deusas convoca para pregar o Evangelho. Alguns são tocados porDeus quanto à questão financeira ou ao relacionamento comoutras pessoas ou com os irmãos da igreja. Esse toque divino,se admitido, é bastante doloroso para a carne, mas é o toquemais abençoado que existe.

Não abrigue o pensamento de que Deus não enxerga os recessos do coração, porquanto estamos despidos e

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[4] Recomendamos a leitura da mensagem “Consagração Total”, de StephenKaung, no livro O Homem que Deus Usa, publicado por esta editora (N. do E.).

completamente expostos diante d’Ele. É melhor que Lhe di-gamos com determinação: “Ó Deus, a partir de agora, per-tenço ao Senhor Jesus. A partir de agora, o meu objetivo é oSenhor Jesus. A partir de agora, nada desejo na terra alémdo Senhor Jesus”. Quando o fizermos, deveremos passarpela crise da obediência. Nenhum cristão normal deixa depassar por essa crise, e nenhum bom servo de Deus deixade atravessar essa porta.

Depois que você, de fato, tiver passado por essa porta – aoconsagrar-se e abrir mão de tudo –, será provado pelo Senhor.Você será afligido até que Deus esteja convencido de que vocêrealmente Lhe pertence e que você esteja convencido de queverdadeiramente pertence a Ele. Após Abraão ter cruzado orio e chegado a Canaã, ele foi provado por Deus diversasvezes até, afinal, oferecer Isaque. O Senhor queria comprovarque Abraão realmente O temia. O mesmo acontece conosco:após passar pela crise, podemos ter alguma coisa além deDeus que ainda amamos e admiramos em secreto. Se Deusnos pedir que neguemos essa coisa, deveremos negá-la se for-mos fiéis. No caso de ainda não termos fé suficiente, veremosa cruz e a contornaremos. Existem muitos cristãos, nos diasde hoje, que contornam a cruz, o que apenas prolongará a tra-jetória. Nosso caminho deverá ser bem mais curto se formosfiéis, mas será bem mais longo se não formos, pois andaremosem círculo.

Minha tarefa foi mostrar a você que, em ambas as áreas de“confiar” e “obedecer”, a porta sempre vem em primeirolugar, e, depois, segue o caminho. Tanto a porta quanto o ca-minho devem ser igualmente enfatizados. A porta precisa seratravessada primeiro a fim de que o percurso do caminho sejapossível. Se não for assim, tudo será em vão, pois todos os en-sinamentos sobre fé e obediência se tornarão impraticáveis.

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Que Deus nos abençoe no dia de hoje, abrindo nossosolhos a fim de que vejamos que nada é difícil demais para Ele,nenhum preço é alto demais para Ele e nenhuma consagraçãoé excessiva para Ele. Cremos em Deus e, portanto, entramospela porta da fé. Amamos o Senhor e, portanto, entramos pelaporta da obediência. Por Ele ser fiel, percorreremos o cami-nho da fé. Por Ele nos amar, trilharemos o caminho da obe-diência. “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, quevai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).

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Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê

não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco (Jo 14.16).

Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se nãopermanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se

não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, osramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito

fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.4b, 5).

O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conhecereis,

porque ele habita convosco e estará em vós (Jo 14.17).

Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna (Jo 6.47).

Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nuncamais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será

nele uma fonte a jorrar para a vida eterna (Jo 4.14).

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O Objetivo e o Subjetivo

Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que éverdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão

dissipando, e a verdadeira luz já brilha (1 Jo 2.8).

Porquanto, para mim, o viveré Cristo, e o morrer é lucro (Fp 1.21).

Segundo minha ardente expectativa e esperança de que emnada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como

sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meucorpo, quer pela vida, quer pela morte (Fp 1.20).

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e

justiça, e santificação, e redenção (1 Co 1.30).

Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios,

isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (Cl 1.27).

Duas Categorias de Verdade

As verdades encontradas tanto no Novo quanto no An-tigo Testamento podem ser agrupadas em duas categorias:subjetivas e objetivas. Para melhor entendermos, explicarei,primeiro, o que significam os termos “objetivo” e “subjetivo”.Talvez a analogia do convidado e do proprietário da casapossa ser útil para essa compreensão. Olhar para alguma coisaa partir do ponto de vista do convidado pode ser classificadocomo objetivo. Olhar do ponto de vista do proprietário dacasa pode ser classificado como subjetivo. O objetivo é, para

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