viagem e turismo

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E D I Ç Ã O E S P E C I A L www.viajeaqui.com.br 1 J. R. Duran testa e clica o Ritz de Madri Delícias do País Basco Valência, a bola da vez VIAGEM E TURISMO 1 COLEÇÃO A ESCOLHA DO LEITOR – ESPANHA R$ 14,99 Edição 138-D O MELHOR DA MADRI em 48 horas perfeitas Um mergulho no Modernismo em BARCELONA Dias quentes e noites ainda mais em IBIZA ANDALUZIA , a verdadeira alma espanhola COLEÇÃO A ESCOLHA DO LEITOR ESPANHA segundo voce ˆ PESQUISA EXCLUSIVA!

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Page 1: Viagem e Turismo

E D I Ç Ã O E S P E C I A L

www.viajeaqui.com.br

1 J. R. Duran testa e clica o Ritz de Madri • Delícias do País Basco • Valência, a bola da vez

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R$ 14,99

Ediç

ão 1

38-D

O MELHOR DA

MADRI em 48 horas perfeitas

Um mergulho no Modernismo em BARCELONADias quentes e noites ainda mais em IBIZA

ANDALUZIA, a verdadeira alma espanhola

COLEÇÃO

A ESCOLHA DO LEITOR

ESPANHAsegundo voce

PESQUISAEXCLUSIVA!

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22 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 23

De passeios clássicos a hotéis e restaurantes, um mergulho no Modernismo, o movimento que tomou conta de BARCELONA no final do século 19 e foi o grande responsável pela cidade ser o que é

g POR ADRIANA SETTI FOTOS MARCO POMÁRICO

Fin de

As colunas assimétricas do Parc Güell e, na pág. oposta, desenho de Gaudí, um dos mestres que esculpiram a Barcelona de hoje

Siècle

07. VTEE-138D-BARCE.indd 22-23 4/8/07 4:51:43 PM

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22 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 23

De passeios clássicos a hotéis e restaurantes, um mergulho no Modernismo, o movimento que tomou conta de BARCELONA no final do século 19 e foi o grande responsável pela cidade ser o que é

g POR ADRIANA SETTI FOTOS MARCO POMÁRICO

Fin de

As colunas assimétricas do Parc Güell e, na pág. oposta, desenho de Gaudí, um dos mestres que esculpiram a Barcelona de hoje

Siècle

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24 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 25

Os catalães e sua mania de ser diferente. Para 99% da população terrestre, o Modernismo é um conceito que engloba tudo o que aconteceu entre Georges Seurat e Andy Warhol, incluindo todos os “ismos” que se possa imaginar – fauvis-mo, cubismo, surrealismo, Bauhaus, expressio-nismo abstrato, pop arte etc. Na Catalunha, po-rém, o Modernismo, ou melhor, o Modernisme (em catalão), é uma versão do que na França (e em boa parte do planeta) se conhece como Art Nouveau, na Itália como Stile Liberty e na Ale-manha como Jugendstil, “o estilo da juventude”.

Se esse movimento artístico não tivesse co-meçado a chacoalhar a cidade por volta de 1888, com a exposição universal, Barcelona provavel-mente seria apenas mais um lugar bacana à bei-ra do Mediterrâneo. Não é exagero. Fazem par-te dessa fase nada menos do que toda a obra do arquiteto Antoni Gaudí, incluindo a Sagra-da Família (Carrer Mallorca, 401, 932-073-031, sagradafamilia.org; € 8), o Parc Güell (Carrer d’Olot, 932-130-488) e a Casa Milà, ou La Pe-drera, (Carrer Provença, 251-265, 902-400-973, lapedreraeducacio.org; € 8), os quarteirões si-métricos do bairro do Eixample e quase todos os seus edifícios, o Palau de la Música Catala-na (Carrer Palau de la Música,4-6, 902-442-882, palaumusica.org; visitas guiadas: € 9) e muitos e muitos outros itens que compõem o visual co-lorido, vivo e impactante da cidade. Não fossem suas cerâmicas, seus ferros retorcidos, seus vi-trais loucamente coloridos, seus trabalhos em marcenaria fi na e, claro, suas composições im-prováveis de ladrilhos e azulejos, Barcelona di-fi cilmente entraria para a lista dos lugares mais espetaculares do mundo. E se não fosse capaz de arrebatar corações, também não seria cada vez mais cosmopolita, efervescente e, conseqüente-

mente, um dos melhores lugares do globo terres-tre para se divertir intensamente.

Muito mais interessante do que esse papo ca-beça, porém, é celebrar o Modernismo na práti-ca. Para mergulhar no espírito da coisa, é pos-sível dormir, acordar, passear, comer e cair na balada com ele. Cumprir o desafi o de voltar no tempo por um dia, ou mais, é satisfação garan-tida. A maneira mais fácil de seguir este itine-rário colorido é comprando o pack de la ruta del Modernismo – um kit completo com um guia de-talhado de todos os lugares a visitar, um talão de descontos em entradas, um mapa, um guia de bares e restaurantes modernistas, um lápis e uma bolsa para carregar toda a parafernália (à venda no Centro del Modernismo na Plaza Catalunya, 17, subterrâneo, 902-076-621, rutadel modernisme.com; € 22).

O Modernismo faz parte do cotidiano da ci-dade. O morador de Barcelona compra seus re-medinhos em farmácias com balcões de madeira esculpidos e vitrais coloridos, toma o cafezinho da tarde em um mesmo lugar onde seus bisavós encontravam-se com os amigos e mora em edi-fícios que deixam os turistas alucinados. E tudo está impecavelmente preservado, como se o tem-po não houvesse passado. Desde 1986, o Institu-to de Paisagem Urbana e Qualidade de Vida da prefeitura de Barcelona realizou mais de 22 mil restaurações em fachadas e interiores de mo-radias e estabelecimentos culturais históricos, boa parte modernista, dentro da campanha Barcelona, posa’t guapa (Barcelona, fi que boni-ta). Após todo esse empenho, hoje em dia é raro encontrar um edifício caindo aos pedaços na região central da cidade.

Além do esforço da prefeitura, a iniciativa privada também entrou com força total na re-

Museu de Zoologia do

Parc de La Ciutadella, de

Domènech i Montaner

Uma das colunas

que decoram o hall

do Hotel Espanya

O salão da Casa Calvet, mais uma obra de Gaudí

Cartaz do centenário

do Els Quatre Gats, um

dos preferidos de Picasso

07. VTEE-138D-BARCE.indd 24-25 4/8/07 4:52:04 PM

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Os catalães e sua mania de ser diferente. Para 99% da população terrestre, o Modernismo é um conceito que engloba tudo o que aconteceu entre Georges Seurat e Andy Warhol, incluindo todos os “ismos” que se possa imaginar – fauvis-mo, cubismo, surrealismo, Bauhaus, expressio-nismo abstrato, pop arte etc. Na Catalunha, po-rém, o Modernismo, ou melhor, o Modernisme (em catalão), é uma versão do que na França (e em boa parte do planeta) se conhece como Art Nouveau, na Itália como Stile Liberty e na Ale-manha como Jugendstil, “o estilo da juventude”.

Se esse movimento artístico não tivesse co-meçado a chacoalhar a cidade por volta de 1888, com a exposição universal, Barcelona provavel-mente seria apenas mais um lugar bacana à bei-ra do Mediterrâneo. Não é exagero. Fazem par-te dessa fase nada menos do que toda a obra do arquiteto Antoni Gaudí, incluindo a Sagra-da Família (Carrer Mallorca, 401, 932-073-031, sagradafamilia.org; € 8), o Parc Güell (Carrer d’Olot, 932-130-488) e a Casa Milà, ou La Pe-drera, (Carrer Provença, 251-265, 902-400-973, lapedreraeducacio.org; € 8), os quarteirões si-métricos do bairro do Eixample e quase todos os seus edifícios, o Palau de la Música Catala-na (Carrer Palau de la Música,4-6, 902-442-882, palaumusica.org; visitas guiadas: € 9) e muitos e muitos outros itens que compõem o visual co-lorido, vivo e impactante da cidade. Não fossem suas cerâmicas, seus ferros retorcidos, seus vi-trais loucamente coloridos, seus trabalhos em marcenaria fi na e, claro, suas composições im-prováveis de ladrilhos e azulejos, Barcelona di-fi cilmente entraria para a lista dos lugares mais espetaculares do mundo. E se não fosse capaz de arrebatar corações, também não seria cada vez mais cosmopolita, efervescente e, conseqüente-

mente, um dos melhores lugares do globo terres-tre para se divertir intensamente.

Muito mais interessante do que esse papo ca-beça, porém, é celebrar o Modernismo na práti-ca. Para mergulhar no espírito da coisa, é pos-sível dormir, acordar, passear, comer e cair na balada com ele. Cumprir o desafi o de voltar no tempo por um dia, ou mais, é satisfação garan-tida. A maneira mais fácil de seguir este itine-rário colorido é comprando o pack de la ruta del Modernismo – um kit completo com um guia de-talhado de todos os lugares a visitar, um talão de descontos em entradas, um mapa, um guia de bares e restaurantes modernistas, um lápis e uma bolsa para carregar toda a parafernália (à venda no Centro del Modernismo na Plaza Catalunya, 17, subterrâneo, 902-076-621, rutadel modernisme.com; € 22).

O Modernismo faz parte do cotidiano da ci-dade. O morador de Barcelona compra seus re-medinhos em farmácias com balcões de madeira esculpidos e vitrais coloridos, toma o cafezinho da tarde em um mesmo lugar onde seus bisavós encontravam-se com os amigos e mora em edi-fícios que deixam os turistas alucinados. E tudo está impecavelmente preservado, como se o tem-po não houvesse passado. Desde 1986, o Institu-to de Paisagem Urbana e Qualidade de Vida da prefeitura de Barcelona realizou mais de 22 mil restaurações em fachadas e interiores de mo-radias e estabelecimentos culturais históricos, boa parte modernista, dentro da campanha Barcelona, posa’t guapa (Barcelona, fi que boni-ta). Após todo esse empenho, hoje em dia é raro encontrar um edifício caindo aos pedaços na região central da cidade.

Além do esforço da prefeitura, a iniciativa privada também entrou com força total na re-

Museu de Zoologia do

Parc de La Ciutadella, de

Domènech i Montaner

Uma das colunas

que decoram o hall

do Hotel Espanya

O salão da Casa Calvet, mais uma obra de Gaudí

Cartaz do centenário

do Els Quatre Gats, um

dos preferidos de Picasso

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26 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 27

vitalização do patrimônio artístico. É o caso dos hotéis Cram (Carrer Aribau, 54, 932-167-700, hotelcram.com; diárias de € 155 a € 255; Cc: A, M, V) e Axel (Carrer Aribau, 33, 933-239-393, axe lhotels.com; diárias de € 179 a € 226 - AT - e de € 137 a € 184; Cc: todos), o hotel gay mais famoso da Espanha. Localizados em edifícios belíssimos, ambos ocupando esquinas oitavadas, o símbo-lo do estilo de urbanização do bairro modernis-ta por excelência (Eixample), eles mantiveram e melhoraram suas fachadas e transformaram seu interior em ambientes típicos de hotel-butique. Outra jóia é o Hotel Espanya (Carrer Sant Pau, 9-11, 933-181-758, hotelespanya.com; diárias de € 105 a € 135; Cc: todos), no coração da cidade, em plena Ramblas, a avenida onde tudo acontece, o principal cartão-postal da cidade. Ao contrário do que ocorre nos hotéis do Eixample, neste caso o interior continua intacto, como os arquitetos, Domènech i Montaner, o escultor Eusebi Arnau e o Ramón Casas deixaram.

Gaudí é, sem dúvida, o maior símbolo desse movimento artístico. Mas Domènech i Montaner goza de tanto prestígio quanto o autor da Sagra-da Família. Seu legado é impressionante. De suas pranchetas saíram os projetos do prédio do Mu-seu de Zoologia do Parc de La Ciutadella (Avinguda Del Marqués de l’Argentera), obra re-volucionária que elevou o tijolo exposto, antes considerado vulgar, à categoria de belo; o Palau de la Música Catalana (considerado por muitos o edifício mais emblemático do Modernismo); a Casa Lleó Morera, uma das estrelas do Quartei-rão da Discórdia, no Passeig de Gràcia (nº 35); e o Hospital de Sant Pau (Carrer Sant Antoni Ma-ria Claret, 167, 934-882-078, sanpau.es; € 4,20).

Ao contrário de Gaudí, cuja personalidade arredia e obsessão religiosa o tornaram solitá-rio e excêntrico, Montaner era engajado na so-ciedade da época. Ao mesmo tempo em que fre-qüentava a alta sociedade, transitava por várias outras ocupações. Era um desenhista talentoso, historiador da arquitetura que amava o trabalho de campo, trabalhava em uma editora como ca-pista, escrevia críticas e metia-se na política. Co-nhecer um pouco de sua biografi a faz com que suas obras pareçam ainda mais especiais.

Se o leque de hotéis de época é enorme, o de

SOBRE O MODERNISMO “Colher da vida humana não espetáculos diretos e tacanhos, não expressões vernaculares banais... mas visões

cintilantes, selvagens, paroxistas, alucinantes; traduzir verdades eternas em paradoxos insanos; viver para o mal e

o inaudito; calcular os horrores da razão, inclinando-se à beira do abismo. (...) Tal é a fórmula dessa arte nebulosa

e brilhante, caótica e radiante, prosaica e sublime, sensual e mística, refi nada e bárbara, moderna e medieval (...).”

Ramón Casellas, crítico de arte catalão

A impressionante riqueza de detalhes da sala de concertos do Palau de la Música Catalana

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vitalização do patrimônio artístico. É o caso dos hotéis Cram (Carrer Aribau, 54, 932-167-700, hotelcram.com; diárias de € 155 a € 255; Cc: A, M, V) e Axel (Carrer Aribau, 33, 933-239-393, axe lhotels.com; diárias de € 179 a € 226 - AT - e de € 137 a € 184; Cc: todos), o hotel gay mais famoso da Espanha. Localizados em edifícios belíssimos, ambos ocupando esquinas oitavadas, o símbo-lo do estilo de urbanização do bairro modernis-ta por excelência (Eixample), eles mantiveram e melhoraram suas fachadas e transformaram seu interior em ambientes típicos de hotel-butique. Outra jóia é o Hotel Espanya (Carrer Sant Pau, 9-11, 933-181-758, hotelespanya.com; diárias de € 105 a € 135; Cc: todos), no coração da cidade, em plena Ramblas, a avenida onde tudo acontece, o principal cartão-postal da cidade. Ao contrário do que ocorre nos hotéis do Eixample, neste caso o interior continua intacto, como os arquitetos, Domènech i Montaner, o escultor Eusebi Arnau e o Ramón Casas deixaram.

Gaudí é, sem dúvida, o maior símbolo desse movimento artístico. Mas Domènech i Montaner goza de tanto prestígio quanto o autor da Sagra-da Família. Seu legado é impressionante. De suas pranchetas saíram os projetos do prédio do Mu-seu de Zoologia do Parc de La Ciutadella (Avinguda Del Marqués de l’Argentera), obra re-volucionária que elevou o tijolo exposto, antes considerado vulgar, à categoria de belo; o Palau de la Música Catalana (considerado por muitos o edifício mais emblemático do Modernismo); a Casa Lleó Morera, uma das estrelas do Quartei-rão da Discórdia, no Passeig de Gràcia (nº 35); e o Hospital de Sant Pau (Carrer Sant Antoni Ma-ria Claret, 167, 934-882-078, sanpau.es; € 4,20).

Ao contrário de Gaudí, cuja personalidade arredia e obsessão religiosa o tornaram solitá-rio e excêntrico, Montaner era engajado na so-ciedade da época. Ao mesmo tempo em que fre-qüentava a alta sociedade, transitava por várias outras ocupações. Era um desenhista talentoso, historiador da arquitetura que amava o trabalho de campo, trabalhava em uma editora como ca-pista, escrevia críticas e metia-se na política. Co-nhecer um pouco de sua biografi a faz com que suas obras pareçam ainda mais especiais.

Se o leque de hotéis de época é enorme, o de

SOBRE O MODERNISMO “Colher da vida humana não espetáculos diretos e tacanhos, não expressões vernaculares banais... mas visões

cintilantes, selvagens, paroxistas, alucinantes; traduzir verdades eternas em paradoxos insanos; viver para o mal e

o inaudito; calcular os horrores da razão, inclinando-se à beira do abismo. (...) Tal é a fórmula dessa arte nebulosa

e brilhante, caótica e radiante, prosaica e sublime, sensual e mística, refi nada e bárbara, moderna e medieval (...).”

Ramón Casellas, crítico de arte catalão

A impressionante riqueza de detalhes da sala de concertos do Palau de la Música Catalana

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Pau, 128, 934-430-458), por exemplo, é um pri-mor. Funcionando em uma antiga confeitaria, como no nome já diz, ele mantém o balcão escul-pido, os lustres de cristais e até mesmo as vitri-nes onde fi cavam expostos os quitutes. Em lugar de pães doces, serve cervejas, coquetéis e petis-cos. A dona, Núria Casals, descobriu o local há dez anos. A antiga confeitaria estava abandona-da e uma senhora de mais de 80 anos vivia den-tro dela em condições desumanas, sem saber a jóia que tinha em mãos. Após um duro período de convencimento, Núria e seus sócios compra-ram o lugar, reformaram e abriram o bar, que vive lotado de segunda a segunda e ganhou John Malkovich como cliente fi xo quando o ator este-ve em cartaz em uma peça na cidade.

Também no bairro do Raval fi ca o Almirall (Carrer Joaquín Costa, 33, 934-121-535), de 1860. No meio de uma região onde os bares se des-dobram em minimalismos para ser cool como o vizinho MACBA, o Museu de Arte Contem-porânea, ele é um contraste. Com a exceção do lounge instalado no fundo, o resto da arquitetu-ra foi mantida. Sentar-se em uma de suas mesi-nhas próximas à janela e observar o vaivém de moderninhos é como estar em dois mundos ao mesmo tempo. Essa também é a sensação que se tem no bar Marsella (Carrer Sant Pau, 65, 934-427-263), construído em 1820, onde até a espe-cialidade da casa remete ao espírito da época: o absinto. Entre garrafas com o pó acumulado de séculos – a marca registrada do lugar – e espe-lhos com avisos como “proibido subir nas me-sas” e “proibido cantar”, jovens estrangeiros se misturam à fauna habitué da região para evocar os fantasmas de Miró e Picasso, que, diz a lenda, freqüentavam o lugar quando aquelas garrafas ainda estavam limpinhas. Quando tudo se aca-ba, a esticadela clássica por ali é o London Bar (Carrer Nou de la Rambla, 34, 933-185-261, Cc: A), mais um primor de espelhos, balcão em for-ma de obra de arte e lustres preciosos. A quan-tidade de fumaça beira o intolerável, mas a boa música (ao vivo) e o caráter antropológico da sua balada valem qualquer olho vermelho.

restaurantes é ainda maior. O mais famoso deles é o Els Quatre Gats (Carrer Montsió, 3-bis, 933-024-140; Cc: todos). O catalão Pere Ro-meu trabalhava como garçom no cabaré Le Chat Noir, em Paris, no fi nal do século 19. Empolga-do com o ambiente da boemia francesa, decidiu transportá-lo para Barcelona. A idéia era criar algo parecido, com comida barata e música de piano. Foi em busca de sócios capitalistas e, em junho de 1897, o lugar abriu as suas portas. A de-coração de outro monstro da arquitetura mo-dernista, Puig i Cadafalch, que misturava obje-tos requintados com móveis toscos de tavernas, rompeu com todos os paradigmas da época. Em 1899, com 17 anos, ninguém menos que Picas-so começou a freqüentá-lo e acabou fazendo ali sua primeira exposição. O desenho que ilustra a capa do menu é dele, e foi criado entre aquelas paredes, entre um copo de vinho e outro. Com o tempo, a casa passou a reunir a nata das rodi-nhas intelectuais, o que faz com que o lugar te-nha uma aura especialíssima até os dias de hoje. O menu de almoço, a 12 euros, é a fórmula “boa e barata” para curtir o local.

Outro lugar para encher a barriga de histó-ria é a Casa Calvet (Carrer Casp, 48, 934-124-012; Cc: todos), cujo projeto leva a assinatura de Gaudí. O restaurante fi ca no edifício de mesmo nome feito sob encomenda para um empresário do ramo têxtil, cujos escritórios de contabilida-de foram adaptados e converteram-se em salões. O menu gastronômico do chef Miguel Alija, com seis pratos e duas sobremesas, sai por 65 euros. E ali perto, no Bairro Gótico, o El Gran Café (Carrer Avinyó, 9, 933-187-986; Cc: todos), vizi-nho da escola de artes Llotja – que formou Pi-casso – mantém toda a pompa do fi nal do século 19, tanto em sua fachada como em seu interior.

A boemia que entorpecia os gênios moder-nistas entre uma obra-prima e outra está tão viva quanto as cores de seus mosaicos de azu-lejos. Em diversos bares da cidade, o ambiente esfumaçado, os balcões de madeira e os cartazes épicos transportam os amantes da noite a ou-tros tempos. O bar La Confi teria (Carrer Sant

As chaminés criadas por Gaudí para o terraço da Casa Milà, verdadeiras esculturas

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Pau, 128, 934-430-458), por exemplo, é um pri-mor. Funcionando em uma antiga confeitaria, como no nome já diz, ele mantém o balcão escul-pido, os lustres de cristais e até mesmo as vitri-nes onde fi cavam expostos os quitutes. Em lugar de pães doces, serve cervejas, coquetéis e petis-cos. A dona, Núria Casals, descobriu o local há dez anos. A antiga confeitaria estava abandona-da e uma senhora de mais de 80 anos vivia den-tro dela em condições desumanas, sem saber a jóia que tinha em mãos. Após um duro período de convencimento, Núria e seus sócios compra-ram o lugar, reformaram e abriram o bar, que vive lotado de segunda a segunda e ganhou John Malkovich como cliente fi xo quando o ator este-ve em cartaz em uma peça na cidade.

Também no bairro do Raval fi ca o Almirall (Carrer Joaquín Costa, 33, 934-121-535), de 1860. No meio de uma região onde os bares se des-dobram em minimalismos para ser cool como o vizinho MACBA, o Museu de Arte Contem-porânea, ele é um contraste. Com a exceção do lounge instalado no fundo, o resto da arquitetu-ra foi mantida. Sentar-se em uma de suas mesi-nhas próximas à janela e observar o vaivém de moderninhos é como estar em dois mundos ao mesmo tempo. Essa também é a sensação que se tem no bar Marsella (Carrer Sant Pau, 65, 934-427-263), construído em 1820, onde até a espe-cialidade da casa remete ao espírito da época: o absinto. Entre garrafas com o pó acumulado de séculos – a marca registrada do lugar – e espe-lhos com avisos como “proibido subir nas me-sas” e “proibido cantar”, jovens estrangeiros se misturam à fauna habitué da região para evocar os fantasmas de Miró e Picasso, que, diz a lenda, freqüentavam o lugar quando aquelas garrafas ainda estavam limpinhas. Quando tudo se aca-ba, a esticadela clássica por ali é o London Bar (Carrer Nou de la Rambla, 34, 933-185-261, Cc: A), mais um primor de espelhos, balcão em for-ma de obra de arte e lustres preciosos. A quan-tidade de fumaça beira o intolerável, mas a boa música (ao vivo) e o caráter antropológico da sua balada valem qualquer olho vermelho.

restaurantes é ainda maior. O mais famoso deles é o Els Quatre Gats (Carrer Montsió, 3-bis, 933-024-140; Cc: todos). O catalão Pere Ro-meu trabalhava como garçom no cabaré Le Chat Noir, em Paris, no fi nal do século 19. Empolga-do com o ambiente da boemia francesa, decidiu transportá-lo para Barcelona. A idéia era criar algo parecido, com comida barata e música de piano. Foi em busca de sócios capitalistas e, em junho de 1897, o lugar abriu as suas portas. A de-coração de outro monstro da arquitetura mo-dernista, Puig i Cadafalch, que misturava obje-tos requintados com móveis toscos de tavernas, rompeu com todos os paradigmas da época. Em 1899, com 17 anos, ninguém menos que Picas-so começou a freqüentá-lo e acabou fazendo ali sua primeira exposição. O desenho que ilustra a capa do menu é dele, e foi criado entre aquelas paredes, entre um copo de vinho e outro. Com o tempo, a casa passou a reunir a nata das rodi-nhas intelectuais, o que faz com que o lugar te-nha uma aura especialíssima até os dias de hoje. O menu de almoço, a 12 euros, é a fórmula “boa e barata” para curtir o local.

Outro lugar para encher a barriga de histó-ria é a Casa Calvet (Carrer Casp, 48, 934-124-012; Cc: todos), cujo projeto leva a assinatura de Gaudí. O restaurante fi ca no edifício de mesmo nome feito sob encomenda para um empresário do ramo têxtil, cujos escritórios de contabilida-de foram adaptados e converteram-se em salões. O menu gastronômico do chef Miguel Alija, com seis pratos e duas sobremesas, sai por 65 euros. E ali perto, no Bairro Gótico, o El Gran Café (Carrer Avinyó, 9, 933-187-986; Cc: todos), vizi-nho da escola de artes Llotja – que formou Pi-casso – mantém toda a pompa do fi nal do século 19, tanto em sua fachada como em seu interior.

A boemia que entorpecia os gênios moder-nistas entre uma obra-prima e outra está tão viva quanto as cores de seus mosaicos de azu-lejos. Em diversos bares da cidade, o ambiente esfumaçado, os balcões de madeira e os cartazes épicos transportam os amantes da noite a ou-tros tempos. O bar La Confi teria (Carrer Sant

As chaminés criadas por Gaudí para o terraço da Casa Milà, verdadeiras esculturas

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46 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 47

Nos últimos tempos só se tem falado da Espanha moderna. E o flamenco, as tapas, as touradas? Continuam lá, mais vivos do que nunca. A ANDALUZIA é a mais perfeita tradução de todos os (deliciosos) estereótipos espanhóis

g POR RACHEL VERANO FOTOS MARCO POMÁRICO

Alma

Rodopios e passos firmes num autêntico show de flamenco e, na pág. oposta, toda a sedução da castanhola

gitana

11. VTEE-138D-ANDA.indd 46-47 4/9/07 1:39:24 PM

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Nos últimos tempos só se tem falado da Espanha moderna. E o flamenco, as tapas, as touradas? Continuam lá, mais vivos do que nunca. A ANDALUZIA é a mais perfeita tradução de todos os (deliciosos) estereótipos espanhóis

g POR RACHEL VERANO FOTOS MARCO POMÁRICO

Alma

Rodopios e passos firmes num autêntico show de flamenco e, na pág. oposta, toda a sedução da castanhola

gitana

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48 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 49

Já passa das 21h30 de uma quinta-feira

de inverno e um boteco numa das esquinas da Avenida Maria Auxiliadora, em Sevilha, está especialmente animado. Mulheres maquia-das e homens de coletes e calças justas trocam abraços calorosos, contam casos animados, fa-zem brindes sucessivos. De repente um deles olha no relógio e todos se levantam apressa-damente em direção ao outro lado da rua. Me-nos de 15 minutos mais tarde as cortinas se abrem e aquela mesma alegria contagiante da rua se apresenta diante de dezenas de pes soas, agora vestida de babados e castanholas em pu-nho. Estamos num autêntico tablao flamenco. Bailaoras e bailaores de passos firmes e feições duras parecem flutuar ao som choroso da gui-tarra, das palmas, dos gritos de olé. “Quando entro no palco eu me transformo”, diz Gloria Berenes, coordenadora do corpo de baile do El Palacio Andaluz, um dos grupos mais tra-dicionais da cidade. “Coloco todos os meus sentimentos para fora, é uma dança de alma.” Uma alma gitana, como diriam os espanhóis.

Sevilha é o coração da Andaluzia, uma re-gião onde a Espanha é mais densa, mais pro-funda, mais cigana, mesmo. E o flamenco é, talvez, a melhor tradução desse estado de espí-rito. Seus primeiros registros remetem ao sé-culo 18, mas sua história é bem anterior, com pitadas de influências árabes e até mesmo in-dianas, uma das origens mais prováveis do povo cigano, um dos primeiros habitantes da região sul da Espanha. Esqueça todos os mo-dismos que estão voltando os holofotes para o país recentemente. Por aqui não há hotéis fu-turistas que mais parecem instalações de arte. Muito menos mirabolâncias arquitetônicas. Há, sim, bares de tapas lendários, uma paixão pelo mundo das touradas e um eterno culto à fiesta. Em outras palavras, tudo o que você sempre pensou sobre a Espanha.

Sevilha tem um passado de 2 mil anos que se revela docemente no centro histórico às margens do Guadalquivir, forrado de laranjei-ras. Mas seu coração bate mesmo é na impo-nente Giralda, o minarete da catedral. Princi-pal cartão-postal da cidade, com mais de 900 anos de idade, ela é testemunha de um belo pe-daço da história do país. No século 8, os mu-çulmanos partiram da África para conquistar o continente europeu. Foram detidos antes de chegar à França, mas dominaram quase toda a Península Ibérica. Durante os sete longos sé-culos em que estiveram no poder, ergueram grandes maravilhas – mesquitas, palácios e salas de banhos impressionantes. E deixa-ram um riquíssimo legado cultural que ainda se sente no ar da Andaluzia, a última região de resistência. Com a retomada do poder pe-los cristãos, a antiga mesquita sevilhana cedeu espaço a uma catedral católica, mas o seu cam-panário escapou ileso. E é do alto de seus mais de 90 metros de altura que a Giralda reina so-berana. Aos seus pés, a cidade curva-se em de-liciosas vielas e becos cheios de vida e de cor.

Há poucos prazeres maiores do que se jun-tar à movida alegre da cidade, que enche os bares, anima as esquinas e invade as ruas. Vez em quando a teia de ruelas abre-se numa deli-ciosa praça com mesinhas ao ar livre, sombras de árvores, barulhinho de fonte. Verdadeiros oásis. E a vida dita seu ritmo entre siestas e co-pos. Perder-se pela Juderia, o antigo bairro ju-deu, ou pelas calles do bairro de Santa Cruz, é ir fundo na alma sevilhana. E quando o co-ração bater mais forte aos primeiros acordes da guitarra, pronto. Você já terá se rendido aos encantos andaluzes. Uma viagem sem volta.

O charme maior da Andaluzia é justamen-te conjugar o espírito superlativo do espanhol com o pano de fundo mouro de um passado que parece nem tão distante assim. E é nas

Detalhes da arquitetura moura do Alhambra, Patrimônio Mundial

Suvenires de Granada, com pitadas orientais

Rua do centro de Córdoba, com a Mesquita ao fundo

Delícias da casa de chá Hamman, em Córdoba

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Já passa das 21h30 de uma quinta-feira

de inverno e um boteco numa das esquinas da Avenida Maria Auxiliadora, em Sevilha, está especialmente animado. Mulheres maquia-das e homens de coletes e calças justas trocam abraços calorosos, contam casos animados, fa-zem brindes sucessivos. De repente um deles olha no relógio e todos se levantam apressa-damente em direção ao outro lado da rua. Me-nos de 15 minutos mais tarde as cortinas se abrem e aquela mesma alegria contagiante da rua se apresenta diante de dezenas de pes soas, agora vestida de babados e castanholas em pu-nho. Estamos num autêntico tablao flamenco. Bailaoras e bailaores de passos firmes e feições duras parecem flutuar ao som choroso da gui-tarra, das palmas, dos gritos de olé. “Quando entro no palco eu me transformo”, diz Gloria Berenes, coordenadora do corpo de baile do El Palacio Andaluz, um dos grupos mais tra-dicionais da cidade. “Coloco todos os meus sentimentos para fora, é uma dança de alma.” Uma alma gitana, como diriam os espanhóis.

Sevilha é o coração da Andaluzia, uma re-gião onde a Espanha é mais densa, mais pro-funda, mais cigana, mesmo. E o flamenco é, talvez, a melhor tradução desse estado de espí-rito. Seus primeiros registros remetem ao sé-culo 18, mas sua história é bem anterior, com pitadas de influências árabes e até mesmo in-dianas, uma das origens mais prováveis do povo cigano, um dos primeiros habitantes da região sul da Espanha. Esqueça todos os mo-dismos que estão voltando os holofotes para o país recentemente. Por aqui não há hotéis fu-turistas que mais parecem instalações de arte. Muito menos mirabolâncias arquitetônicas. Há, sim, bares de tapas lendários, uma paixão pelo mundo das touradas e um eterno culto à fiesta. Em outras palavras, tudo o que você sempre pensou sobre a Espanha.

Sevilha tem um passado de 2 mil anos que se revela docemente no centro histórico às margens do Guadalquivir, forrado de laranjei-ras. Mas seu coração bate mesmo é na impo-nente Giralda, o minarete da catedral. Princi-pal cartão-postal da cidade, com mais de 900 anos de idade, ela é testemunha de um belo pe-daço da história do país. No século 8, os mu-çulmanos partiram da África para conquistar o continente europeu. Foram detidos antes de chegar à França, mas dominaram quase toda a Península Ibérica. Durante os sete longos sé-culos em que estiveram no poder, ergueram grandes maravilhas – mesquitas, palácios e salas de banhos impressionantes. E deixa-ram um riquíssimo legado cultural que ainda se sente no ar da Andaluzia, a última região de resistência. Com a retomada do poder pe-los cristãos, a antiga mesquita sevilhana cedeu espaço a uma catedral católica, mas o seu cam-panário escapou ileso. E é do alto de seus mais de 90 metros de altura que a Giralda reina so-berana. Aos seus pés, a cidade curva-se em de-liciosas vielas e becos cheios de vida e de cor.

Há poucos prazeres maiores do que se jun-tar à movida alegre da cidade, que enche os bares, anima as esquinas e invade as ruas. Vez em quando a teia de ruelas abre-se numa deli-ciosa praça com mesinhas ao ar livre, sombras de árvores, barulhinho de fonte. Verdadeiros oásis. E a vida dita seu ritmo entre siestas e co-pos. Perder-se pela Juderia, o antigo bairro ju-deu, ou pelas calles do bairro de Santa Cruz, é ir fundo na alma sevilhana. E quando o co-ração bater mais forte aos primeiros acordes da guitarra, pronto. Você já terá se rendido aos encantos andaluzes. Uma viagem sem volta.

O charme maior da Andaluzia é justamen-te conjugar o espírito superlativo do espanhol com o pano de fundo mouro de um passado que parece nem tão distante assim. E é nas

Detalhes da arquitetura moura do Alhambra, Patrimônio Mundial

Suvenires de Granada, com pitadas orientais

Rua do centro de Córdoba, com a Mesquita ao fundo

Delícias da casa de chá Hamman, em Córdoba

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50 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 51

A vida segue tranqüila entre as ruelas e becos do centro histórico de Sevilha, onde os carros não circulam

A LUZ DE SEVILHA“Não há uma luz sobre Sevilha, embora sofra sol e lua; o que há sim é uma luz interna, luz que é de dentro, dela estua.

“Luz das casas branco caiadas, que vem de baixo para cima, que vem de dentro para fora como a água de uma cacimba;

“luz de dentes de luz, e vivos, que parecem a sede da alma, e luz que parece acender no espaço seu andar de palma;

“enfi m, luz de tudo o que faz seu estar na vida, vivê-la, a da clara alegria interna,de diamante extremo, de estrela.”João Cabral de Melo Neto, escritor brasileiro

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50 ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR VIAGEM E TURISMO VIAGEM E TURISMO ESPANHA - A ESCOLHA DO LEITOR 51

A vida segue tranqüila entre as ruelas e becos do centro histórico de Sevilha, onde os carros não circulam

A LUZ DE SEVILHA“Não há uma luz sobre Sevilha, embora sofra sol e lua; o que há sim é uma luz interna, luz que é de dentro, dela estua.

“Luz das casas branco caiadas, que vem de baixo para cima, que vem de dentro para fora como a água de uma cacimba;

“luz de dentes de luz, e vivos, que parecem a sede da alma, e luz que parece acender no espaço seu andar de palma;

“enfi m, luz de tudo o que faz seu estar na vida, vivê-la, a da clara alegria interna,de diamante extremo, de estrela.”João Cabral de Melo Neto, escritor brasileiro

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