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Viagem. Destino: Origens 1 Contexto Histórico: Israel Segundo o Livro do Gênesis, Shem era o nome de um dos três filhos de Noé e é de onde deriva o termo Semita usado (em 1770) para identificar um grupo étnico que falava Línguas Semíticas. Os Hebreus eram o principal grupo étnico que usava a língua semítica quando ainda eram nômades (especialmente no período pré-monárquico) e o Patriarca Abraão teria sido o primeiro Hebreu. Mais tarde, no período do Império Romano, o termo Hebreu se referiria aos Judeus em geral ou "qualquer um da Nação Judaica", mas, em alguns casos, seria também usado para, em um sentido mais amplo, referir-se aos Fenícios e/ou a outros grupos antigos. As próximas datas são muito discutidas, mas, em cerca de “1800 a.C.” um grupo de Hebreus, sobre a liderança do Patriarca Abraão, teria se estabelecido no noroeste da Mesopotâmia (atuais Irã e Iraque) e, segundo o Torah, mais ou menos nessa época, Deus prometeu a Terra de Canaã (Canaã era neto de Noé) aos três Patriarcas do povo judeu: Abraão, seu filho Issac e Jacoh, filho de Isaac. Jacoh seria depois chamado Israel e foi dele que esse grupo de Hebreus recebeu seu nome, os Israelitas. A “Terra Prometida” aos Hebreus seria equivalente às áreas do atual Estado de Israel, Palestina, Líbano, leste da Jordânia e leste da Síria, região na qual, durante muito tempo os Israelitas viveram como nômades. Por volta de “1700 a.C.”, para escapar da fome, os Hebreus (possivelmente liderados por Jacoh) se mudaram mais para o sul e teriam se estabelecido por mais de “400” anos em uma região próxima ao delta do rio Nilo, Egito. Em principio os Hebreus foram bem recebidos pelos Egípcios, mas, um novo Faraó mandou que todos os Hebreus nascidos homens fossem mortos e os demais fossem escravizados. O Profeta Moisés nasceu nessa época e, para salvá-lo, sua mãe o escondeu ainda bebê, em uma pequena arca que ela colocou junto aos juncos do rio Nilo. Moises foi encontrado pela filha do Faraó, que o criou como a um filho. Já adulto e ainda desconhecendo a sua origem, Moisés acabaria matando a um Egípcio que batia em um escravo Hebreu e para fugir a pena de morte imposta pelo Faraó, Moisés se escondeu no deserto. Lá, Deus falou a Moisés e mandou que ele retornasse para “libertar o Seu povo escolhido, o Povo de Israel”. Inicialmente o Faraó Egípcio não atendeu ao pedido de Moisés, mas, antecipadas por Moises, as Sete Pragas que afligiram ao Egito fizeram com que o Faraó acabasse cedendo, deixando que os Hebreus partissem do Egito. Entre “1350 e 1250 a.C.” sob a liderança de Moisés, os Hebreus se libertaram da servidão, atravessaram o Mar Vermelho milagrosamente e foram levados por ele até o Monte Sinai: o Êxodo do Egito.

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Viagem. Destino: Origens

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Contexto Histórico: Israel

Segundo o Livro do Gênesis, Shem era o nome de um dos três filhos de Noé e é de onde deriva o termo Semita usado (em 1770) para identificar um grupo étnico que falava Línguas Semíticas. Os Hebreus eram o principal grupo étnico que usava a língua semítica quando ainda eram nômades (especialmente no período pré-monárquico) e o Patriarca Abraão teria sido o primeiro Hebreu. Mais tarde, no período do Império Romano, o termo Hebreu se referiria aos Judeus em geral ou "qualquer um da Nação Judaica", mas, em alguns casos, seria também usado para, em um sentido mais amplo, referir-se aos Fenícios e/ou a outros grupos antigos. As próximas datas são muito discutidas, mas, em cerca de “1800 a.C.” um grupo de Hebreus, sobre a liderança do Patriarca Abraão, teria se estabelecido no noroeste da Mesopotâmia (atuais Irã e Iraque) e, segundo o Torah, mais ou menos nessa época, Deus prometeu a Terra de Canaã (Canaã era neto de Noé) aos três Patriarcas do povo judeu: Abraão, seu filho Issac e Jacoh, filho de Isaac. Jacoh seria depois chamado Israel e foi dele que esse grupo de Hebreus recebeu seu nome, os Israelitas. A “Terra Prometida” aos Hebreus seria equivalente às áreas do atual Estado de Israel, Palestina, Líbano, leste da Jordânia e leste da Síria, região na qual, durante muito tempo os Israelitas viveram como nômades. Por volta de “1700 a.C.”, para escapar da fome, os Hebreus (possivelmente liderados por Jacoh) se mudaram mais para o sul e teriam se estabelecido por mais de “400” anos em uma região próxima ao delta do rio Nilo, Egito. Em principio os Hebreus foram bem recebidos pelos Egípcios, mas, um novo Faraó mandou que todos os Hebreus nascidos homens fossem mortos e os demais fossem escravizados. O Profeta Moisés nasceu nessa época e, para salvá-lo, sua mãe o escondeu ainda bebê, em uma pequena arca que ela colocou junto aos juncos do rio Nilo. Moises foi encontrado pela filha do Faraó, que o criou como a um filho. Já adulto e ainda desconhecendo a sua origem, Moisés acabaria matando a um Egípcio que batia em um escravo Hebreu e para fugir a pena de morte imposta pelo Faraó, Moisés se escondeu no deserto. Lá, Deus falou a Moisés e mandou que ele retornasse para “libertar o Seu povo escolhido, o Povo de Israel”. Inicialmente o Faraó Egípcio não atendeu ao pedido de Moisés, mas, antecipadas por Moises, as Sete Pragas que afligiram ao Egito fizeram com que o Faraó acabasse cedendo, deixando que os Hebreus partissem do Egito. Entre “1350 e 1250 a.C.” sob a liderança de Moisés, os Hebreus se libertaram da servidão, atravessaram o Mar Vermelho milagrosamente e foram levados por ele até o Monte Sinai: o Êxodo do Egito.

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Junto ao Monte Sinai, Moisés converteu as várias tribos hebraicas ao culto de Iavé (ou Jeovah), de quem Moisés teria recebido as duas Tábuas (de pedra) com os Dez Mandamentos, e as tribos hebraicas se uniram em uma “Aliança” com Iavé. Os Hebreus ainda vagaram pelo deserto por 40 anos e durante esse tempo eles usaram um “templo portátil” construído de camadas de cortinas, placas revestidas de

ouro, prata, bronze, peles, joias e outros materiais valiosos tirados do Egito, “por ordem de Deus”: o Tabernáculo (ou "morada"). O Tabernáculo era o lugar de encontro entre Deus e os filhos de Israel na Terra e foi transportado pelos Israelitas durante toda a jornada pelo deserto até sua chegada à Terra de Canaã ou Terra Prometida. Era também no Tabernáculo que os Israelitas guardavam a Arca da Aliança ou Arca do Testemunho, descrita no Livro do Êxodo. A Arca da Aliança teria sido construída de acordo com o padrão dado por Deus a Moisés quando os Israelitas estavam ainda acampados aos pés do Monte Sinai e seria uma caixa de madeira coberta de ouro que conteria as Duas Tábuas com os Dez Mandamentos.

Por volta de “1200 a.C.” os Israelitas finalmente chegaram à Terra Prometida (onde é hoje o Estado de Israel). Às margens do rio Jordão Moisés reuniu as Doze Tribos de Israel e lhes entregou as Leis de Deus pelas quais eles deviam viver na terra, cantou um cântico de louvor, pronunciou uma bênção sobre o povo e passou sua autoridade para Joshua, ou Josué, seu assistente. Moisés subiu então o Monte Nebo (sudoeste de Amã, Jordânia) de onde ele avistou a Terra Prometida que se apresentava diante dele, e morreu, aos 120 anos, sem nunca ter chegado a Terra de Canaã. Sob a liderança de Josué os Hebreus começariam a tomar posse da “Terra Prometida” prometida a eles por Deus.

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Josué assumiu a liderança das Doze Tribos de Israel e passou a comandar a conquista de Canaã, começando por Jericoh ( na atual Cisjordânia, nordeste do Mar Morto). Josué enviou espiões a Jericoh e descobriu que os Canaanitas estavam com medo de Israel e de seu Deus. Durante sete dias, uma vez por dia, os Israelitas marcharam ao redor das muralhas de Jericoh. Entre eles estavam os Sacerdotes que levavam a Arca da Aliança. No sétimo dia os Israelitas marcharam sete

vezes ao redor das muralhas enquanto os Sacerdotes sopraram os Shofar (chifres de carneiro adaptados como cornetas) e os Israelitas que os acompanhavam deram todos juntos um grande grito até que os muros da cidade de Jericó caíram. Seguindo a lei de Deus, os Israelitas não fizeram escravos nem pilharam a cidade, mas mataram todos os homens, mulheres e crianças em Jericoh, menos Rahab, uma prostituta que havia ajudado aos espiões israelitas.

A conquista da Terra Prometida continuou e o Tabernáculo foi então levado e instalado na cidade de Shiloh (Silo, 70 Km ao norte de Jerusalém) para “unir a nação contra os seus inimigos”. A seguir, as Doze Tribos de Israel se distribuíram na Terra Prometida (mapa ao lado). Nessa época os Filisteus ocupavam então uma faixa de terra na costa, a Philistia, aproximadamente ( talvez por coincidência) correspondente a atual Faixa (Palestina) de Gaza. Com o passar do tempo, o nível espiritual dos Israelitas diminuiu ao ponto em que Deus “permitiu aos Filisteus” capturar o Tabernáculo e a Arca da Aliança. O povo de Israel, que até então era mais um grupo étnico do que um estado organizado, disse então ao Profeta Samuel (um de seus lideres religiosos ) que eles precisavam ser governados por um rei permanente, e o Profeta Samuel nomeou Saul.

Saul era um membro da Tribo de Benjamim, uma das Doze Tribos de Israel que ocupava a região onde estavam Jerusalém e Jericoh. Saul teria sido então o primeiro rei do Reino de Israel, a partir de meados Século XI a.C., marcando a transição de uma sociedade tribal para um estado organizado. Segundo a Bíblia Hebraica, Saul foi ungido pelo Profeta Samuel e teria reinado por 40 anos a partir de Gibeah, onde Saul havia nascido (hoje na Cisjordânia ao norte de Jerusalém).

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Reino de Israel - 1050 a 930 a.C. O primeiro período de Monarquia Israelita ocorreu durante os reinados de Saul, David e Salomon, quando o Reino de Israel esteve unido. Em 930 a.C., quando da sucessão de Salomon por seu filho Rehoboam, o reino seria divido em dois: o Reino de Israel e o Reino de Judah. Antes disso, como Rei de Israel (e Judah), Saul planejou uma ação militar para recuperar o Tabernáculo e a Arca da Aliança que estavam então na posse dos Filisteus. Por 7 dias Saul esperou pela chegada do Profeta Samuel que deveria se juntar a ele a fim de realizar os ritos e sacrifícios necessários antes da ação militar. Como o Samuel demorou, Saul se preparou para a batalha oferecendo ele mesmo os sacrifícios sem esperar pelo Profeta Samuel a quem caberia fazer os sacrifícios. Finalmente o Profeta Samuel chegou e a desobediência de Saul o desagradou profundamente. Assim, antes que Saul empreende-se sua ação militar contra os Filisteus, Samuel ordenou a Saul que ele primeiro enfrentasse e matasse a todos os Amalequitas. Amalek era neto de Esaú que por sua vez era filho do Patriarca Issac (filho de Abraão), da nação dos Amalequitas, um povo nômade (ou seminômade) que habitava o deserto do Negev. No Judaísmo os Amalequitas representam o inimigo arquetípico dos Judeus, um símbolo do mal e são por vezes usados para representar o ateísmo ou a rejeição de Deus. Alguns Judeus acreditam que, contra tais inimigos, a violência preventiva é aceitável. Saul derrotou os Amalequitas e mandou matar todos os homens, as mulheres, as crianças e o gado, mas deixou vivo o Rei Amalek. Quando o Profeta Samuel descobriu que mais uma vez Saul não havia obedecido às suas instruções, ele disse a Saul que Deus o havia rejeitado como rei e deu as costas ao Rei Saul de Israel. Inconformado, Saul puxou Samuel pelas vestes rasgando um pedaço delas. Samuel então profetizou que o Reino de Israel também seria “rasgado”. A partir de então Saul seria atormentado por um espírito maligno. Saul foi então aconselhado a se aproximar de David (filho mais novo de Jessé de Bethleehm, Belém). O jovem David, que já era então reconhecido como um jovem hábil na lira e sábio ao falar, passou a servir o Rei Saul, tocando sua lira para acalmar o rei sempre que o espírito maligno o atormentava. Uma nova guerra aconteceu entre os Israelitas e os Filisteus e o gigante filisteu Golias desafiou os Israelitas a enviarem um campeão para enfrentá-lo em um combate único, homem contra homem. O “pequeno” David havia sido enviado pelo pai até o campo de batalha apenas para levar provisões para os irmãos, mas, corajoso, David convenceu o Rei Saul que ele poderia derrotar o Filisteu. Contra todas as probabilidades, o pequeno David matou o gigante filisteu com sua funda, passando a fazer parte do exército do Rei Saul e a ser muito respeitado por todos. Enciumado o Rei Saul passou a temer David e planejou a sua morte. Mas o filho de Saul, Jonathan, fiel amigo de David, o advertiu dos planos do pai e David fugiu para se tornar agora um vassalo do Rei Aquis de Gath dos Filisteus. Mais uma vez os Filisteus marcham contra os Israelitas, mas desconfiados de David, o deixam para trás. David de Michelangelo

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Na batalha que se seguiu no Monte Gilboa (36 km ao sul de Nazaré) o Rei Saul de Israel “morreu por sua espada”, isto é, cometeu suicídio, para evitar a sua captura. Três filhos de Saul também foram mortos restando apenas o mais novo, Ish-bosheth. A sucessão ao trono de Israel seria então disputada entre Ish-bosheth e David, que era o preferido de um grupo de Israelitas. Ao final o reino foi dividido (como profetizado e pela primeira vez): David foi ungido Rei de Judah (1010 a 1002 a.C.) pelo Profeta Samuel e Ish-bosheth foi ungido Rei de Israel. Mas a guerra entre os dois prosseguiu até que Is-Bosheth foi assassinado. O reino seria reunificado e David seria ungido Rei de (todo) Israel (1002 a 970 a.C.). Até então Jerusalém ainda era uma fortaleza sob o controle dos Jebusite, uma tribo de Cananeus. O Rei David conquistou Jerusalém e fez dela a capital do Reino de Israel (e Judah). A seguir, o Rei David recuperou a Arca da Aliança que estava em poder dos Filisteus. Outra versão relata que, na verdade, a Arca da Aliança teria sido devolvida pelos Filisteus já que enquanto esteve entre eles teria causado má sorte. A Arca da Aliança foi então levada até Jerusalém onde David queria construir um templo para Deus e para guardar a Arca da Aliança. Mas o Profeta Nathan proíbe David de construir o templo e profetiza que ele seria construído por um de seus filhos. Foi nessa época que teve origem a Cidade de David (em Jerusalém). David teve várias vitórias contra os Filisteus e outros povos como os Moabitas, Edomitas, Amalecitas, Amonitas e os Arameus que, depois de derrotados, passaram a pagar tributos para o Reino de Israel. Durante uma batalha para conquistar Rabbah (atual Amman, Jordânia) a capital dos Amonitas, David seduziu Bathsheba (ou Betsabá) causando a morte do marido dela, Urias, O Hitita. Em resposta, o Profeta Nathan profetizou que um castigo cairia sobre David: "A espada nunca sairá de tua casa". Cumprindo a profecia, Absalom, o filho de David, se rebelou contra o pai. A rebelião de Absalom terminou na Batalha do Bosque de Efraim quando as forças de Absalom foram derrotadas e ele foi morto. Restava a David apenas seu filho, Adonijah, como herdeiro do Reino de Israel, mas David havia prometido à Bathsheba fazer do filho deles, Salomon o herdeiro do Reino de Israel. Bathsheba e o Profeta Nathan convenceram David a indicar Salomon como Rei de Israel e agora foi Adonijah quem se revoltou contra o pai, mas foi também derrotado. O Rei David morreu aos 70 anos e seu filho com Bathsheba, Salomon se torna o novo Rei de Israel. Salomon ou Salomão (970 a 931 a.C.) foi um rei fabulosamente rico e sábio, e o construtor do Primeiro Templo em Jerusalém, ou Templo de Salomão. Mas Salomão foi também retratado como um rei que pecou pela idolatria. Ele teria tido 700 esposas (princesas estrangeiras, incluindo a filha de um Faraó) e 300 concubinas e essas esposas “estrangeiras” trouxeram com elas suas próprias divindades. Salomão mandou então construir (a custa de altos tributos) templos para Ashtoreth e Milcom e com isso teria se “afastando do Senhor, e o único Deus”. Salomão morreu de causas naturais aos 80 anos de idade e foi o último governante de um Reino Unido de Israel e Judah. A única esposa do Rei Salomão conhecida pelo nome é Naama, uma Amonita, mãe de Rehoboam, que sucedeu ao pai. No entanto, Dez das Doze Tribos de Israel, as tribos do norte, se recusam a aceitar Rehoboam como rei e o Reino de Israel foi , novamente, dividido em dois:

Reino de Israel (930 a 720 a.C.), ao norte, governado por Jeroboam, centrado na região de Samaria (atual Nablus, norte da Cisjordânia) e que incluía a cidade de Shechem, e,

Reino de Judah (930 a 586 a.C.) mais ao sul, governado por Rehoboam, muito menor, centrado em Jerusalém e que incluía Bethlehem (Belém). O termo Judeu seria então, incialmente, associado apenas aos Israelitas do Reino de Judah.

Depois disso os dois reinos nunca mais se uniriam.

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A partir de meados do Século VIII a.C. o Reino de Israel entrou em crescente conflito com o Império Neoassírio (939 a 609 a.C.), então instalado na região da Mesopotâmia (atual Iraque), uma das nações mais poderosas de sua época. O Império Neoassírio teve duas capitais: Assur e mais tarde Nínive (ambas as margens do rio Tigre) e se expandiu para o sul e para o oeste fazendo com que o Reino de Israel fosse sendo aos poucos fragmentado em várias unidades menores. Até que, em 722 a.C., o Rei Sargão II dos Assírios cercou e capturou Samaria (atual Nablus, Cisjordânia) do Reino de Israel. Pouco depois, após uma revolta dos israelitas, Samaria foi destruída.

Mais tarde o filho do Rei Sargão II, Senaqueribe, tentou sem sucesso conquistar o Reino de Judah. Ele teria construído 46 “cidades” muradas para cercar e assediar Jerusalém e só deixaria a região depois de receber um grande tributo. Por mais de 100 anos o Reino de Judah conseguiu se defender com sucesso da ameaça dos Assírios e permanecer independente. Mas, em 586 a.C. o Império Neobabilonico (626 a 539 a.C.) se impôs sobre os Assírios na região e o Reino de Judah seria finalmente conquistado pelo Rei Nabucodonosor II da Babilônia (605 a 562 a.C.), que destruiu o Primeiro Templo dos Judeus, o Templo de Salomão, e exilou os Judeus na Babilônia por quase 50 anos.

Templo de Salomão

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Adendo: O Livro de Daniel Daniel era um jovem nobre de Jerusalém (um personagem semi-mítico) que foi levado ao cativeiro, como exilado, pelo Rei Nabucodonosor II da Babilônia. Daniel passaria a servir ao rei e aos seus sucessores com lealdade e habilidade, mas permaneceu sempre fiel ao Deus de Israel. O Judaísmo não considera Daniel um Profeta, mas os Rabinos reconhecem sua “insuperável piedade e suas boas ações, sua firmeza na adesão à lei, apesar de estar cercado por inimigos que buscavam sua ruína”. Os Cristãos o veem como o Profeta Daniel e os Muçulmanos o descrevem como um homem santo e justo. O Livro de Daniel é um Apocalipse Bíblico que combina Profecias com Escatologia (o estudo das últimas coisas). O livro é “um relato das atividades e visões de Daniel, um nobre judeu exilado na Babilônia". A mensagem de esperança do livro é que, assim como o Deus de Israel salvou Daniel e seus amigos de seus inimigos, Deus salvaria todo o Israel da opressão. Segundo o livro, como “jovens sem defeitos físicos, bonitos, sábios e competentes”, Daniel e seus três amigos, passam a servir no palácio do Rei da Babilônia, ensinando literatura e o idioma dos Caldeus (Hebreus), e se destacam dos demais Judeus para o Rei Nabucodonosor. Segundo os relatos, o Rei Nabucodonosor teria tido uma sonho marcante e exigiu que seus sábios decifrassem o sentido de seu sonho, mas eles se declararam incapazes por isso “estar além do poder de qualquer homem”. Daniel recebeu então de Deus uma visão que explicava o sonho, uma explicação que satisfez ao Rei Nabucodonosor que passou a reconhecer a supremacia e a sabedoria do deus de Daniel. O livro narra ainda uma série de outros eventos. Em um deles, os três companheiros de Daniel são jogados ao fogo depois de se recusarem a se curvar diante da estátua de ouro do Rei Nabucodonosor. Atônito o rei da Babilônia vê “uma quarta figura no fogo com a aparência de um filho dos deuses", Daniel, e manda que os amigos dele sejam salvos. Em outra ocasião o então Rei Belsazar da Babilônia, “bebe e blasfema sobre o Templo Judaico”, até que, misteriosamente, uma mão aparece e escreve sobre a parede. Horrorizado o Rei Belsazar convoca Daniel, que censura o rei por sua falta de humildade diante de Deus e interpreta a mensagem: "o Reino de Belsazar será dado aos Medos e aos Persas”. O Rei Belsazar recompensa Daniel, mas naquela mesma noite o Rei Belsazar é morto e Dario, O Meda toma para si o Reino da Babilônia através de um golpe. Na mais conhecida história do Livro de Daniel, o (agora) Rei Dario, O Meda, da Babilônia promove Daniel para um alto cargo, gerando o ciúme entre seus oficiais. Conhecendo a devoção de Daniel ao seu Deus, os inimigos de Daniel enganam o rei e emitem um edital proibindo o culto de qualquer outro deus ou homem por um período de 30 dias. Mas, fiel, Daniel continua orando três vezes por dia para seu Deus, voltado em direção a Jerusalém. Os

inimigos de Daniel o denunciam e o Rei Dario é forçado, por seu próprio decreto, a jogar Daniel aos leões. Mas Deus mantém as bocas dos leões fechadas e na manhã seguinte o Rei Dario se alegra ao reencontrar Daniel ileso. O rei lança então os acusadores de Daniel aos leões junto com suas esposas e filhos para que fossem devorados, enquanto ele próprio reconhece o Deus de Daniel como “aquele cujo reino nunca será destruído”.

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Em 538 a.C. o Império Neobabilônico foi conquistado pelo Rei Ciro, O Grande, do Império (Persa) Aquemênida (550 a 330 a.C., atual Irã) que emitiu uma proclamação concedendo às nações subjugadas (incluindo o Povo de Judah, os Judeus) a liberdade religiosa. Liderados por Zorobabel, um primeiro grupo de 50.000 Judeus retornou a região do antigo Reino de Judah e, pouco depois, eles “começaram” a construção do Segundo Templo em Jerusalém (que mais tarde seria modificado e expandido pelo Rei Herodes). Apenas quase 80 anos depois, um segundo grupo de 5.000 judeus, liderados por Esdras e Neemias, retornaria a Judah (456 a.C.). No início do Período do Segundo Templo (516 a.C. a 70 d.C.) os Judeus estavam ainda submetidos aos sucessivos domínios dos reis do Império (Persa) Aquemênida. Entre 539 e 332 a.C. a região que era então conhecida por Yehud Medinata (aproximadamente o atual Estado Israel) se tornaria uma província autônoma do Império Persa e se desenvolveria, gradualmente, entorno de uma sociedade urbana basicamente controlada por Judeus. Na sequência toda a região seria conquistada pelos Gregos, do Macedônio, Alexandre, O Grande (336 a 323 a.C.). Os Gregos, em grande parte, ignoraram a região onde estavam os Judeus já que eles não ofereciam qualquer resistência à chegada deles. A chegada dos Gregos pouco afetou aos Judeus já que o verdadeiro inimigo dos Gregos eram os Persas. Em 323 a.C., com a morte de Alexandre, O Grande, o Império Macedônio foi dividido e a região do atual Israel foi incorporada ao Império dos Ptolomaicos (305 a 30 a.C.), descendentes de Ptolomeu, um dos generais de Alexandre, que estavam baseados em Alexandria, Egito. Algum tempo depois a mesma região passou para controle do Império Selêucida (312 a 63 a.C.), estes descendentes de Seleucus I Nicator, mais um dos generais de Alexandre, O Grande. Durante todos esses períodos, a região sul do Levante (que compreende a costa do Mediterrâneo: norte do Egito, Sul da Turquia e oeste de Israel, Síria e Líbano, isto é, “onde o sol se levanta”) seria fortemente “helenizada”, isto é, segundo a cultura da Grécia Clássica. Isso criou muita tensão entre os Judeus e os colonos Gregos e em 167 a.C. esse conflito atingiu seu auge com a Revolta dos (Judeus) Macabeus (167 a 160 a.C.). Ao final da revolta os Judeus estabeleceram o Reino Hasmoneano (140 a.C. a 37 a.C.), baseado na região do antigo Reino de Judah (Jerusalém) que, inicialmente, ainda seria um reino vassalo do Império Selêucida (até 110 a.C.). Mas à medida que os Selêucidas perdiam o controle na região o Reino Hasmoneano (ao lado em sua maior extensão) se tornou um reino independente (110 e 63 a.C.) e se expandiu por grande parte da região do atual Estado de Israel. Até que em 63 a.C. ele se tornaria novamente um estado vassalo, desta vez da República Romana. Em 63 a.C. os Romanos invadiram a região do Oriente Médio tomando primeiramente o controle da Síria (mais ao norte) e depois intervindo em uma guerra civil no Reino Hasmoneano, uma luta entre duas facções judaicas, uma Pró Romanos e outra Pró-Persas. Os Judeus pró-romanos prevaleceram e, com o apoio dos Romanos, instalaram no trono o Rei Herodes, O Grande, o que consolidaria o Reino da Judeia como um Estado Judeu, mas ainda um reino vassalo, agora de Roma.

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Os Períodos Romano e Bizantino (63 a.C. a 636 d.C.) O Rei Herodes, O Grande, (37 a 4 a.C.) foi declarado “Rei dos Judeus” pelo Senado Romano e ele governaria a partir de Jerusalém. Herodes ficaria conhecido como um tirano e por matar qualquer um que pudesse reivindicar o seu trono. Ele mandou executar todos os descendentes da Dinastia dos Hasmoneus, seus inimigos, e deu origem a uma nova dinastia: os Herodianos. Novos Sacerdores de famílias que não estavam ligadas à dinastia passada, foram nomeados. O projeto mais famoso e ambicioso do Rei Herodes foi a expansão do Segundo Templo em Jerusalém, feita para que ele "tivesse uma capital digna de sua grandeza", de modo que o templo é à vezes conhecido como Templo de Herodes. Para cumprir a lei religiosa, o Rei Herodes empregou 1.000 Sacerdotes como pedreiros e carpinteiros. Hoje apenas os quatro muros de contenção do templo permanecem em pé, partes do Muro das Lamentações (acima) seriam do Templo de Herodes. Com o tempo estes muros criaram uma plataforma plana, o Monte do Templo, sobre a qual seriam depois construídos a Mesquita de al-Aqsa e o Domo da Rocha pelos Árabes – Mulçumanos (Século VII). Outras realizações do Rei Herodes incluem a construção da fortaleza de Masada e a fundação de novas cidades como Cesárea Marítima. Herodes ficaria também conhecido pelo Massacre dos Inocentes, isto é, quando ele ordenou a execução de todas as crianças do sexo masculino nas vizinhanças de Belém, a fim de evitar a perda do seu trono a um recém-nascido “Rei dos Judeus”, cujo nascimento lhe tinha sido anunciado. Isso levou a fuga de Maria, José e o recém-nascido Jesus para o Egito. Durante o reinado do Rei Herodes os Judeus enfrentaram grandes dificuldades econômicas e trabalhadores que tinham sido empregados nas grandes construções acabariam empobrecendo. Com a morte do Rei Herodes as dificuldades econômicas levariam a tumultos, e sem uma liderança clara, a violência saiu do controle. O reino foi dividido entre os três filhos de Herodes: Herodes Archelaus que se tornou Rei da Judéia, Samaria e Iduméia (4 a.C. a 6 d.C.); Felipe, O Tetrarca, rei das regiões do norte e leste do rio Jordão e Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.) que se tornou Rei da Galiléia e Peréia (margem oeste do rio Jordão) mas que, em pouco tempo assumiria também o lugar e o “reino” de seu irmão Archelaus, aumentando o seu poder.

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O Rei Herodes Antipas construiu Tiberíades às margens do Mar da Galileia, em honra ao seu patrono, o Imperador Romano, Tibério (14 a 37 d.C.) e seria durante o seu reinado que João, O Batista e Jesus de Nazaré foram executados, mas uma nova crença nasceria o Cristianismo. O Advento do Cristianismo Depois de reconstruir a vida e os ensinamentos de Jesus de Nazaré por métodos históricos críticos, em comparação aos relatos cristãos (Evangelhos) e considerando o contexto histórico e cultural em que Jesus viveu, a maioria dos estudiosos concorda que Jesus existiu. Entretanto, apenas dois eventos são considerados históricos: o Batismo de Jesus por João, O Batista, e a crucificação de Jesus pelo Governador Romano, Pôncio Pilatos. De acordo com os Evangelhos, Herodes Antipas, então sub-Rei da Galiléia, aprisionou João, O Batista porque ele o havia repreendido por ter se divorciado de sua esposa (Phasaelis, filha do Rei Aretas de Nabataea) e tomado, ilegalmente, Herodias, ex-esposa de seu irmão, Felipe, O Tetrarca. No aniversário de H. Antipas, a filha de Herodias, Salomé, dançou diante de H.Antipas e seus convidados. A dança de Salomé teria agradado tanto a H. Antipas que, na sua embriaguez, ele prometeu dar a ela tudo o que ela desejasse. Salomé perguntou à mãe o que ela deveria pedir e, vingativa, Herodias disse à filha que pedisse a cabeça de João, O Batista em um prato. Embora consternado, H. Antipas concordou com o pedido e mandou executar João, O Batista e fez com que sua cabeça fosse entregue a Salomé em um prato. Algum tempo depois, H. Antipas ouviu histórias sobre Jesus de Nazaré e, imaginando que Jesus fosse João, O Batista que havia retornado dos mortos, passou então a perseguir Jesus.

O Batismo de Jesus Cristo por João, O Batista

Jesus nasceu em Belém e passou sua vida em Nazaré (Galileia), vivendo um tempo de expectativas messiânicas e apocalípticas. Jesus foi batizado por João, O Batista, cujo exemplo ele teria seguido e, depois que João foi executado, começou sua própria pregação na Galileia por cerca de três anos antes da sua execução. Jesus pregava a salvação, a remissão dos pecados e o Reino de Deus, usando parábolas com imagens surpreendentes. Alguns estudiosos creditam a Jesus as declarações apocalípticas dos Evangelhos, já outros retratam seu Reino de Deus como moral e de natureza não apocalíptica. Acompanhado de seus Apóstolos, Jesus viajou para Jerusalém (Judéia) aonde chegou no Domingo de Ramos (Domingo anterior à Pascoa) e causou um distúrbio no Templo, em um momento em que as tensões políticas e religiosas estavam exacerbadas em Jerusalém. Os guardas judeus do Templo prenderam Jesus e o entregaram ao Governador Romano, Pôncio Pilatos para que ele fosse julgado e executado. Jesus seria flagelado e crucificado antes de (segundo a crença cristã) ressuscitar dos mortos. O movimento que Jesus iniciou sobreviveu à sua morte e foi seguido por seu irmão James, O Justo e seus Doze Apóstolos que proclamaram a Ressurreição de Jesus Cristo, desenvolvendo o Cristianismo Primitivo.

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Ao longo do período da Dinastia Herodiana as tensões étnicas entre Judeus e Romanos se intensificaram o que levaria às Guerras Judaico-Romanas, uma série de revoltas em grande escala dos Judeus contra o Império Romano, e contra aqueles nobres Judeus que os apoiavam. A Primeira Guerra Judaico-Romana (66 a 73), ou A Grande Revolta, eclodiu com protestos contra as altas tributações e com ataques dos Judeus contra cidadãos romanos. Inicialmente o governador romano, Florus Gessius, respondeu atacando a cidade de Jerusalém, saqueando o (Segundo) Templo Judaico, alegando que o dinheiro do templo era do Imperador Romano e prendendo importantes lideres judaicos. O ato do governador romano desencadeou uma rebelião ainda mais ampla e a guarnição militar romana da Judéia foi invadida pelos rebeldes.

Destruição do Segundo Templo

Na época o Rei Agripa II (descendente do Rei Herodes, O Grande) era o “Rei dos Judeus” e, por ser considerado pró-romano, fugiu de Jerusalém juntamente com funcionários romanos. Na sequência ocorreria uma série de confrontos entre Judeus e Romanos e Jerusalém se tornaria o centro da resistência dos rebeldes. Os Romanos cercaram Jerusalém e após sete meses de um cerco brutal, no verão de 70, os Romanos finalmente conseguiram romper as defesas das forças judaicas e o Segundo Templo de Jerusalém foi destruído. Após a queda de Jerusalém os redutos restantes dos rebeldes judeus seriam conquistados pelos Romanos e o final da Primeira Guerra culminaria com a campanha romana em Masada (73-74). O local onde esta hoje Masada teria sido fortificado pela primeira vez no Século I a.C. por Alexander Jannaeus, o segundo rei da Dinastia Hasmoneana. Na luta interna pelo poder entre a (antiga) Dinastia Hasmoneana (que tinha o apoio dos Persas) e a (nova) Dinastia Herodiana (que tinha o apoio dos Romanos), após a morte do pai de Herode s, Antipater, Herodes teria capturado Masada para se refugiar nela. Em Masada Herodes teria resistido ao cerco imposto pelo último Rei Antigonus II Mattathias, dos Hasmonianos. Herodes venceu o conflito contra os Hamoneus e depois, como já como Rei Herodes da Judeia ele construiu no planalto de Masada (entre 37 e 31 a.C.) uma grande fortaleza e dois palácios que deveriam servir de refúgio para ele mesmo, no caso de uma revolta. Em tempos de paz, Masada foi ocupada e guarnecida pelos Romanos, então aliados do Rei Herodes.

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Em 66, já no contexto da Primeira Guerra Judaico-Romana, um grupo de rebeldes judeus, os Sicarii, superou uma pequena guarnição Romana instalada em Masada, e ocupou a fortaleza. Os Sicarii eram dissidentes de um grupo de judeus fanáticos, os Zealotes, que nas décadas que antecederam a destruição do Segundo Templo em Jerusalém, haviam se oposto fortemente à ocupação romana da Judéia. Os Sicarii carregavam a sicae, um pequeno punhal ou adaga, que eles escondiam nas suas vestes. Em reuniões públicas, os Sicarii se misturavam com a multidão e usavam a sicae para atacar os Romanos e os Judeus simpatizantes dos Romanos, e depois escapavam rapidamente. Os Sicarii foram, provavelmente, uma das formas mais antigas de uma unidade de assassinatos organizados.

Masada Assim, após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém, outros grupos de judeus fugiram de Jerusalém para se refugiar em Masada, se juntando aos Sicarii. Masada seria o último local de resistência dos Judeus contra os Romanos. Em 73, o governador romano da Judéia, Lúcio Flavius, liderou a X Legião Romana e sitiou Masada. Os Romanos construíram vários acampamento em torno de Masada e um fosso de proteção. Em seguida os Romanos deram início a construção de uma rampa para terem acesso ao topo do planalto por sua costa oeste. Para evitar a construção da rampa os rebeldes judeus que estavam em Masada atiravam pedras contra aqueles que construíam a rampa. Os Romanos colocaram então prisioneiros judeus para trabalhar na rampa e os rebeldes judeus, no topo de Masada, optaram por não matar seus companheiros judeus, mesmo sabendo que isso acabaria resultando na chegada dos Romanos até a fortaleza. Na primavera de 73, depois de 2 ou 3 meses de cerco, a rampa foi concluída e os Romanos finalmente chegaram aos muros da fortaleza e a romperam com um enorme aríete que havia sido movido penosamente pela rampa. Mas, quando as tropas romanas entraram na fortaleza descobriram que os defensores de Masada tinham posto fogo em todos os edifícios, com exceção dos armazéns de alimentos e tinham, ou cometido suicídio em massa, ou matado uns aos outros. Morreram ao todo 960 homens, mulheres e crianças, apenas duas mulheres e cinco crianças foram encontradas vivas. Masada seria ocupada pela última vez durante o Período Bizantino, quando uma pequena igreja foi construída no local.

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Ainda como parte das Guerras Judaico-Romanas aconteceriam: a Guerra de Kitos (115 a 117), um conflito etno-religioso, que se desenrolou fora da Província Romana da Judéia e a Revolta de Bar Kokhba (132 a 136), também uma rebelião que tentava restaurar um Estado Judaico independente. Os acontecimentos das Guerras Judaico-Romanas tiveram um grande impacto no Judaísmo, principalmente depois que o centro de adoração dos Judeus, o Segundo Templo em Jerusalém, foi destruído pelas tropas do Geral Tito dos Romanos (70). Essas guerras foram um desastre para a sociedade judaica de então e tiveram um impacto importante sobre o povo Judeu. As guerras terminaram com a destruição em larga escala do antigo Estado Judeu, expulsões e o genocídio. Com isso, uma grande parte da população de Judeus que ocupava a região do Mediterrâneo oriental se dispersou (nas Diásporas) por toda a Europa, África e Oriente, em diversas minorias que seriam perseguidas ao longo dos próximos anos. O Conselho de Jâmnia (ou Yavne, 30 Km ao sul de Tel-Aviv) que foi criado no final do Século I, logo após a destruição do Segundo Templo conseguiu manter ainda uma curta autonomia. Alguns acreditam que foi em Jamnia que o Cânon da Bíblia Hebraica teria sido finalizado e essa teria também sido a ocasião quando as autoridades judaicas decidiram que aqueles “ex-judeus”, agora Cristãos, que acreditavam ser Jesus de Nazaré o Messias (ou o Cristo), fossem impedidos de frequentar as Sinagogas.

Mar da Galileia

Mais duradoura - embora tenha sido pequena - foi à presença judaica na Galileia, o que fez com que essa região (povoada predominantemente por greco-romanos na costa e Judeus Samaritanos da região montanhosa da Samária) se tornasse o novo centro religioso dos Judeus. Na Galileia os Judeus conseguiram manter alguma autonomia até o Século IV. O Mishnah e parte do Talmud, textos centrais do Cânon da Bíblia Hebraica, podem ter sido compostos entre os Séculos II a IV nas cidades de Tiberíades (junto ao Mar da Galileia) e Jerusalém, o que se opõe a ideia de que ele teria sido concluído em Jâmnia. Em 313 o Imperador Romano, Constantino I (306 a 337), emitiu o Édito de Milão e os Cristãos (até então perseguidos pelos Romanos) passariam a ser tratados com maior benevolência dentro do Império Romano. A partir de então, gradativamente, o Cristianismo passaria ser a religião dominante no Império Romano. Mais tarde, com a divisão do Império Romano em Império do Ocidente e Império do Oriente, depois Império Bizantino (395 a 1453), a Igreja Ortodoxa Cristã acabaria prevalecendo sobre o Paganismo Romano na região.

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Nos Séculos V e VI, no período do Império Bizantino, houveram repetidas revoltas dos Judeus Samaritanos que foram violentamente reprimidas pelos Bizantinos. As consequências dessas revoltas remodelaram a região, com a destruição maciça de ambas as sociedades, isto é, tanto dos Cristãos-Bizantinos como dos Judeus-Samaritanos, com a consequente diminuição da população local. Essa fraqueza seria explorada pelo Império (Persa) Sasânida (224 a 651). Em 614, durante a Guerra Bizantino-Sasânida (602 e 628) o Império Sasânida, da última Dinastia Imperial Persa (antes da ascensão do Islã) conquistou Jerusalém após um breve cerco. Como no passado - favorecidos pelos Persas e por um curto espaço de tempo (614 a 617) - os Judeus gozaram de alguma autonomia em Jerusalém, mas já em 628 os Cristãos-Bizantinos reconquistaram a região. Pouco depois, entre 634 e 641 a região, incluindo Jerusalém, seria conquistada pelos Árabes que haviam recentemente adotado o Islamismo. Nos próximos 600 anos a região seria submetida ao controle de várias Dinastias Islâmicas. Primeiro os Califas do Rashidun (632 a 631), depois os Omíadas (631 a 750), os Abássidas (750 a 1258), os Fatimidas (909 a 1171), os Seljúcidas (1137 a 1194) e os Ayubidas (1171 a 1260). Nesse meio tempo, entre 1099 e 1272, ocorreriam as Cruzadas Cristãs que visavam recuperar ou manter algum controle sobre a Terra Santa (particularmente Jerusalém) em oposição aos Mulçumanos. O advento do Islamismo No início do Século VII a “Arábia” estava diante de dois impérios que se defrontavam: o Império Bizantino (a noroeste), de crença Cristã-Ortodoxa, herdeira do Império Romano do Oriente que dominava o norte da África, a Palestina, a Síria, a Anatólia (Turquia), a Grécia e o sul da Itália, e o Império (Persa) Sasânida (a nordeste) que ocupava uma área que corresponde aos atuais Iraque e Iran e tinha como religião oficial o Zoroastrismo, mas onde também viviam Cristãos, Judeus e Maniqueus (religião com origem na Pérsia, do Profeta Iraniano Mani) . A base da sociedade árabe era de tribos, algumas delas sedentárias outras nômades (Beduínos) que reuniam descendentes de um mesmo antepassado (supostamente de Isaias, o Filho de Abraão e de Hagar, a escrava egípcia). Essas tribos viviam em constantes guerras entre si, sem uma unidade política coerente e o Politeísmo prevalecia embora houvesse comunidades Monoteístas. Esses Árabes já identificavam uma divindade a quem chamavam de Al-lah, criador todas as coisas, mas que não tinha ainda o carácter que lhe seria atribuído mais tarde pelo Islamismo. A cidade de Meca já era o centro de uma peregrinação anual feita pelos Árabes e nela já se encontrava um santuário, a Kaaba, onde existia a Pedra Negra (provavelmente um meteorito) que era alvo de veneração através do mesmo ritual que persiste até hoje: os peregrinos dão sete voltas em torno da Kaaba no sentido contrário aos ponteiros do relógio. Com isso, no Século VII, Meca adquiriu importância como centro econômico, controlando o tráfego de caravanas que atravessam a Arábia transportando produtos trazidos para o Iémen, da Abíssinia e da Índia e que chegavam depois ao Mediterrâneo. Maomé (ou Muhammad) nasceu em Meca (atual Árábia Saudita) em cerca de 570. Seu pai faleceu pouco antes do seu nascimento e a sua mãe faleceu quando ele tinha 6 anos, assim ele foi criado pelo avô e depois pelo tio. Maomé pertencia a um clã empobrecido, os Hachemitas, da poderosa tribo dos Coraixitas (Quraysh = "tubarão”) que controlavam o santuário da Kaaba em Meca. Maomé se tornou um mercador que viajava à Síria (isto é Império Bizantino) com frequência, onde teria tido contato com o Judaísmo e o Cristianismo Ortodoxo e, a,os 25 anos ele se casou com uma rica viúva de nome Khadija.

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Maomé encontra o Arcanjo Gabriel

Maomé tinha por hábito jejuar e meditar nas montanhas próximas de Meca e, por volta de 610, aos 40 anos, em um destes retiros espirituais na montanha de Hira, ele recebeu uma revelação divina. Um ser misterioso, Jibril, ou o Arcanjo Gabriel, ordenou a Moisés que recitasse. Vencida a hesitação inicial, Maomé recitou aquilo que viria a ser a primeira revelação do livro que mais tarde seria compilado como o Alcorão.

Estimulado pela esposa, Maomé começou a pregar a sua mensagem em Meca, proclamando o Monoteísmo, criticando o materialismo que se tinha apoderado de Meca e anunciando o dia do Juízo Final. As reações à sua mensagem oscilavam da adesão sincera à hostilidade. Segundo a tradição islâmica em 620 ou 621 Maomé teria feito uma viagem a Jerusalém e, onde hoje é o Monte do Templo, no mesmo local onde antes haviam sido construídos os dois Templos Judeus, Maomé teria “ascendido aos Céus”. Hoje, no exato local, está o Domo da Rocha. Essa viagem a Jerusalém é vista por alguns como uma “viagem espiritual” (Isra e Mi’raj) e por outros como uma viagem real, isto é física. Em 622 Maomé e os seus seguidores tiveram que fugir de Meca para Yathrib (atual Medina), um oásis ao norte de Meca, devido às injúrias e ataques físicos que eles vinham recebendo em Meca. Essa migração é conhecida por Hijra, e marca o início do calendário islâmico (622). Em Yathrib Maomé estabeleceu uma aliança com as tribos judaicas e pagãs que ali viviam, formando com os seus discípulos a Umma, uma comunidade Islãmica, unidos pela crença em Alah. A Umma de Medina era vista como um desafio ao poder de Meca e as duas cidades entram em guerra. Aos poucos, através da conversão dos Árabes à sua doutrina, Maomé conseguiu reunir uma força que, em 630, provocaria a capitulação de Meca e os ídolos da Kaaba seriam destruídos por Maomé, mas a Pedra Negra ainda está lá.

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Quando Maomé morreu em 632 toda a Península Arábica já estava islamizada, mas sua morte representou um momento de crise na comunidade Muçulmana já que ele não havia nomeado claramente um sucessor. Uma Nidwa (assembleia) foi convocada para resolver o impasse e nomear um novo líder, que receberia o título de Califa (ou "representante do profeta"), mas a decisão não foi unânime. De qualquer forma, os 4 primeiros Califas que sucederam a Maomé, seriam chamados de os "Califas Corretamente Guiados" e formariam o Califado do Rashidun (632 a 661).

Abu Bakr (632 a 634) foi primeiro Califa do Califado do Rashidum. Ele era sogro de Maomé e consolidou o Islamismo na Península Arábica, mas alguns Árabes acreditavam que o genro do Profeta Maomé, Ali, deveria sucedê-lo. Ali era casado com Fátima, a filha do Profeta Maomé, portanto o único que poderia ter descendentes consanguíneos do Profeta. Mas Abu Bakr acabaria sendo o escolhido pela Nidwa, o que levaria a uma divisão entre os Mulçumanos que chegaria até os dias atuais. O segundo “Califa Corretamente Guiado” foi Omar (634 a 644), que expandiu o Islamismo para fora da Península Arábica começando pela Síria, com a tomada de Damasco (635). O Império (Persa) Sassânida estava bastante debilitado devido às guerras contra o Império Bizantino e não foi difícil para as forças islâmicas conquistarem a capital do Império Persa, Ctesifonte, em 637. O Califa Omar conquistou ainda Jerusalém (638) e Alexandria (642, Egito). O terceiro “Califa Corretamente Guiado” foi Otman (644 a 656), um dos primeiros seguidores do Profeta Maomé que continuou a expansão territorial do Islã. Ele entrou pelo território Bizantino no norte da África começando pelo oeste do Egito (647). A ilha de Chipre seria conquistada em 649 e em 653 toda a Pérsia (atual Iran) já se encontrava submetida ao poder do Califado do Rashidun. Antes de morrer o Califa Otman nomeou como seu sucessor seu primo Muawiya (então governador da Síria) o que foi interpretado como um ato de nepotismo. Ambos pertenciam ao Clã Omíada de Meca, e o pai de Muawiya, Abu Sufyan, tinha sido no passado, um dos maiores inimigos de Maomé. Os excessivos gastos de Otman também geraram descontentamento e em 656 ele morreria assassinado. Com a morte de Otman gerou-se uma nova disputa em torno de quem deveria ser o novo Califa: Muawiya que havia sido indicado pelo ex-Califa Otman ou, novamente, Ali, o genro de Maomé. Ali era o único capaz de gerar descendentes consanguíneos de Maomé, assim, mais uma vez, para alguns era claro que a honra de ser o novo Califa deveria recair sobre Ali. Apesar de uma facção apoiar Muawiya, em 656 Ali foi eleito Califa, mas sua escolha foi contestada gerando uma guerra entre os dois grupos. Em Julho de 657 as forças de Ali e Muawiya se enfrentam na Batalha de Siffin, sem que nenhum dos lados pudesse se considerar vencedor. Ali concordaria então com uma arbitragem proposta por Muawiya, que terminou na nomeação de Ali como Califa. Mas a disputa entre Ali e Muawiya daria origem a cisão do Islã em 3 grupos:

O maior grupo era o dos Sunitas, seguidores da Sunna, ou “caminho trilhado pelo profeta Maomé”, tal como relatado por seus companheiros. O Alcorão é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica, a Sunna (obra que narra a vida e os caminhos do profeta) é a segunda. Os Sunitas eram partidários de Otman e agora de Muawiya.

Um segundo grupo menor era o dos Xiitas que acreditavam que a única liderança legítima era a que vinha da linhagem “consanguínea” do genro, Ali, de Maomé, e que o resto da comunidade cometera um erro grave ao eleger Abu Bakr e seus dois sucessores como líderes no passado.

Um terceiro grupo ainda menor e o dos Kharijitas que inicialmente apoiavam a posição dos Xiitas de que Ali era o único sucessor legítimo de Maomé, mas logo ficaram decepcionados quando Ali não declarou a guerra assim que Abu Bakr assumiu a posição de Califa. Para o Kharijitas isto teria sido uma traição de Ali ao seu legado por Deus.

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Finalmente Ali foi reconhecido como o quarto dos “Califas Corretamente Guiados” (656 a 661), mas ele seria assassinado cinco anos depois pelos Kharijitas com uma espada envenenada, dando fim ao Califado do Rashidun. Seu filho mais velho Al-Hasan o substituiu como Califa brevemente, mas ele abdicou seis meses depois em favor do novo Califa (Sunita) Muawiya. Muawiya (656 a 680) assumiria como o quinto Califa e ele se apressou em terminar com o carácter eletivo do califado e promover a hereditariedade, inaugurando a Dinastia dos Omíadas e mudando o centro político do Islã de Medina para Damasco (Síria). Sob a Dinastia Omíada (661 a 750) a expansão territorial do Islamismo continuou para o oeste, norte da África, chegando ao Magrebe (Marrocos, Argélia e Tunísia, 669 a 710). Foi durante o reinado do Califa Walid I (705 a 715) que o Islã alcançou e invadiu a Península Ibérica.

Domo da Rocha – Monte do Templo, Jerusalém

O Califa Omar, o segundo do Califado de Rashidun, havia erigido um edifício quadrangular primitivo, uma Mesquita, no Monte do Templo com capacidade para 3000 adoradores. Em 690 o Califa (Omíada) Abd al-Malik reconstruiria e expandiria essa mesquita que seria a Mesquita de Al-Aqsa, na mesma época em que o Domo da Rocha foi construído. Uma série de intrigas palacianas marcou o reinado dos últimos Califas Omíadas que foram acusados de relegar a religião a um segundo plano. Seus opositores se uniram em um grupo liderado pelos descendentes de Abbas, um tio do profeta Maomé, que ficariam conhecidos como os Abássidas. A nova Dinastia dos Abássidas prometia que a religião teria um papel mais central quando eles tomassem o poder e que as diferenças entre os Muçulmanos Árabes e não Árabes terminariam. Mas, em 750 quando os Abássidas assumiram o poder todos os membros da antiga Dinastia dos Omíadas foram mortos, com exceção de Abd al-Rahman I que fugiria para a Península Ibérica onde, em 756, fundaria o Emirado e depois Califado (independente) de Córdoba (Espanha).

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A Dinastia dos Abássidas (750 a 1299) foi iniciada com o Califa Abu al-Abbas as-Saffah (750 a 754) e em 762 o sucessor dele, Al-Mansur (754 a 775 d.C.), mudou a capital do Império Islâmico de Damasco para Bagdá, que foi especialmente construída para esse propósito. A influência persa passaria a predominar na vida política do Califado de Bagdá a ponto da base cultural árabe se misturar com elementos persas, sírios e indianos. Com isso, os Xiitas que haviam inicialmente apoiado a Dinastia dos Abássidas, em pouco tempo os veriam abandonar suas promessas. Em 786 descendentes do ex-Califa Ali (que sempre tiveram o apoio dos Xiitas) foram massacrados em Meca, mas alguns conseguiram fugir e, em 789 eles fundaram o Reino Independente dos Idríssidas no atual território de Marrocos. Desde o início, o controle dos Califas da Dinastia dos Abássidas sobre o vasto território do Império Islâmico era frágil e a desagregação política logo começou com o surgimento de várias dinastias em diferentes regiões, que eram “subordinadas” (de forma precária) ao Califa em Bagdá, e cujos lideres locais eram os Sultões. Uma dessas dinastias foi a Dinastia dos Fatimidas (909 a 1171) com origem no Egito e que, como os Xiitas, acreditavam que o ex-Califa Ali, casado com a filha Fátima de Maomé, deveria ter sido, desde sempre, o sucessor natural do Profeta Maomé. A partir do Egito, aos poucos os Fatimidas estenderam seu poder chegando à região do atual Estado de Israel. Por volta de 1171 os Fatimidas seriam superados por outra dinastia, a Dinastia dos Ayubidas (1171 a 1260), essa de crença Mulçumano-Sunita. Fundada, ainda no Cairo (Egito) pelo Sultão Saladino os Ayubidas mais tarde se mudariam para Aleppo (Síria) a partir da onde o Sultão Saladino se tornaria o senhor da Arábia, Síria e Iraque, unificando novamente os Muçulmanos e assumindo depois a liderança do mundo islâmico contra a “agressão” dos Cruzados Cristãos. Pouco antes disso, na região do atual Irã cresceu o Império (Turco - Persa) Seljúcida (1037 a 1194), também de crença Mulçumano-Sunita (como os Ayubidas). Originários do mar de Aral, os (Turcos) Seljúcidas controlariam uma vasta área que se estendeu do Hindu Kush (parte do Caucaso Indiano) até a Anatólia (Turquia), e da Ásia Central até o Golfo Pérsico. Os Seljúcidas invadiram e conquistaram territórios do então Império Bizantino (330 a 1453) na Ásia Menor e acabariam chegando ao atual Estado de Israel e a Jerusalém, o que levaria às Cruzadas Cristãs.

As Cruzadas(1095 a 1289)

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As Cruzadas foram campanhas militares sancionados pela Igreja Católica Romana durante a Alta e a Baixa Idade Média, particularmente na Terra Santa, que tinham a finalidade de recuperar Jerusalém que estava então ocupada pelos Mulçumanos do Império Seljúcida. Em 1054 o Cisma do Oriente havia separado a Igreja Cristã em duas: Igreja Católica Apostólica Romana (com base em Roma) e a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa (com base em Constantinopla, atual Istambul, Turquia). Mas agora, em Constantinopla, o Imperador Bizantino, Alexios I não tinha recursos para recuperar os territórios perdidos na Ásia Menor para os Sejúlcidas e conter o seu avanço. Assim, em 1095, ele informou ao Papa Urbano II sobre o “sofrimento dos cristãos do Oriente”, ressaltando que sem a ajuda do Ocidente eles continuariam a sofrer sob o domínio dos Muçulmanos. Em Roma o Papa Urbano II viu no pedido do Imperador Alexios I uma oportunidade para unir a Europa Ocidental (em constantes conflitos) contra um inimigo em comum e ainda reunificar a Igreja (Cristã) Ortodoxa Oriental com a Igreja (Cristã) Católica Romana sob seu papado. Assim, em Novembro de 1095, o Papa Urbano II reuniu o Conselho de Clermont (França) e exortou todos os presentes a tomarem armas sob o signo da Cruz e lançar uma peregrinação armada para recuperar Jerusalém e o Oriente dos Muçulmanos. A resposta dos príncipes europeus seria esmagadora. Ao longo de quase 200 anos (1095 a 1289) sete Cruzadas seriam organizadas pelos Cristãos das quais as quatro primeiras foram as mais significativas.

As Quatro Primeiras Cruzadas

A Primeira Cruzada (1095 a 1099) começou com o que ficou conhecido como a “Cruzada do Povo”, e teve início na Páscoa de 1096 quando vinte mil Cristãos, em grande parte camponeses, liderados pelo Eremita Pedro, chegaram a capital do Império Bizantino, Constantinopla. O Imperador Bizantino, Alexios I, tentou convencê-los a esperar pelos nobres europeus que vinham mais atrás, mas o grupo insistiu em cruzar o estreito de Bósforo e seguir em frente. Próximo a Nicéa (atual Turquia) o grupo foi emboscado pelos Seljúcidas e 17 mil Cristãos foram mortos.

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Enquanto isso, um exército, de 100.000 Cristãos, na sua maioria partindo de regiões das atuais França e Itália, seguia em direção à Terra Santa. No caminho, através da região da atual Alemanha os Cruzados Franceses mataram centenas de milhares de Judeus, apesar dos esforços dos bispos católicos em protegê-los. Esse teria sido o primeiro grande ataque cristão contra os Judeus e no Século XIX seria usado pelos Sionistas para clamar pela necessidade de um Estado de Israel. Já em terras da atual Turquia, os Cruzados cercaram e pilharam a cidade de Antioquia e seus habitantes mulçumanos foram massacrados. Depois disso, em Junho de 1099, apenas uma fração dos Cruzados que havia partido da Europa chegou finalmente às muralhas de Jerusalém. Judeus e Mulçumanos lutaram juntos para defender Jerusalém contra os Cruzados Cristãos, mas em 15 de Julho de 1099 os Cruzados entraram na cidade massacrando os civis Judeus e Mulçumanos, destruindo a cidade e suas Mesquitas. Quatro Estados Cruzados foram então criados no Oriente próximo:

o Reino de Jerusalém (1099 a 1291),

o Principado de Antioquia (1098 a 1268),

o Condado de Trípoli (1102 a 1289) e o Condado de Edessa (1098 a 1144). Depois que Jerusalém foi recuperada pelos Cruzados, muitos cristãos começaram a fazer peregrinações a vários locais sagrados na Terra Santa. Embora Jerusalém estivesse relativamente segura, no controle dos Cristãos, o caminho até ela não estava. Bandidos e saqueadores roubavam os peregrinos que, com frequência eram mortos, às vezes as centenas, enquanto tentavam fazer a viagem da costa, a partir do porto de Jaffa até Jerusalém. Em 1119 o cavaleiro francês Hugues de Payens propôs ao Rei Balduíno II de Jerusalém (1118 a 1131) a criação de uma Ordem Monástica para proteger esses peregrinos, no que foi atendido.

Em Janeiro de 1120 o Rei Balduíno de Jerusalém concedeu aos cavaleiros dessa Ordem Monástica um quartel-general em uma ala do “Palácio Real”, isto é, na antiga Mesquita de Al-Aqsa no Monte do Templo que havia sido capturada pelos Cristãos. O Monte do Templo tinha uma mística porque estava acima de onde se acreditava estarem as ruínas do Primeiro Templo dos Judeus ou Templo de Salomão. Assim os cavaleiros da nova Ordem Monástica passaram a se autodenominar “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”, ou Cavaleiros da Ordem dos Templários (1119 a 1312). Inicialmente com 9 cavaleiros os Templários tinham poucos recursos financeiros e dependiam de doações para sobreviver, assim, seu emblema era o de dois cavaleiros montados em um único cavalo, enfatizando a pobreza da ordem.

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Em 1144 o Condado de Edessa foi capturado pelos Seljúcidas levando o Papa Eugenius II a chamar pela Segunda Cruzada (1147 a 1149 ) que contou principalmente com o apoio dos Reis Luís VII dos Francos e o Imperador Conrad III do Sacro Império Romano-Germânico (Alemanha), mas que não alcançou grandes conquistas no Oriente Médio.

Durante algum tempo os Mulçumanos vinham lutando entre eles, o que havia facilitado a missão dos Cruzados, mas agora eles seriam finalmente reunidos sob a forte liderança do Sultão Saladino do Egito e da Síria (1171 a 1193), da Dinastia dos Ayubidas. Saladino criou um único e poderoso Estado Islâmico, o Império Ayubida (1171 a 1342 ). Depois de uma série de confrontos sangrentos entre os Mulçumanos e os Cristãos, na Batalha de Hattin (Julho de 1187) as forças Mulçumanas sob a liderança do Sultão Saladino enfrentaram e venceram os Cruzados do Reino de Jerusalém, reconquistando Jerusalém e se tornando novamente a maior força militar na Terra Santa. Com o tempo, o Sultão Saladino emitiu uma proclamação convidando os Judeus a retornarem para se reestabelecer em Jerusalém o que foi comparado ao ato do Rei Ciro dos Persas, quase 1600 antes. A vitória do Sultão Saladino chocou a Europa e ao saber das noticias do cerco e da tomada de Jerusalém pelos Mulçumanos, o Papa Urbano III (1185 a 1187) morreu de um ataque cardíaco. Alguns dias depois o novo Papa Gregório VIII (1187) convocou a Terceira Cruzada (1189 a 1192). O Papa Gregório VIII viveria apenas 56 dias como Papa e foi substituído pelo Papa Clemente III (1187 a 1191). Para recuperar Jerusalém o então Imperador Frederico I, O Barbarossa, do Sacro Império Romano (1155 a 1190), o Rei Felipe II da França (1180 a 1223) e o Rei Ricardo I, O Coração de Leão, da Inglaterra (1189 a 1190) organizaram as suas forças naquela que seria também conhecida como “A Cruzada dos Reis”.

O Imperador Frederico I do Sacro Império Romano morreu no caminho (ainda nos Balcãs) e poucos de seus homens chegariam à Terra Santa. Mas os outros dois exércitos (Ingleses/ Angevinos e Franceses) chegaram e foram logo envolvidos por disputas políticas.

O Rei Felipe II voltaria para a França mais cedo, deixando a maior parte de suas forças para trás.Mas, em 1191o Rei Ricardo I da Inglaterra capturou a Ilha de Chipre dos Bizantinos e, depois disso, após um longo cerco, recuperou a cidade de Acre (acima) para os Cristãos. Liderados pelo Rei Ricardo I da Inglaterra, os Cruzados seguiram para o sul, ao longo da costa do Mediterrâneo, e derrotaram os Muçulmanos perto de Arsuf (norte de Tel Aviv) e a seguir recapturaram a cidade portuária de Jaffa (ao lado) antes de marcharem para Jerusalém. Entretanto, problemas de abastecimento impediram que os Cruzados tomassem Jerusalém e no ano seguinte (1192 ) o Rei Ricardo I da Inglaterra deixou a Terra Santa depois de negociar um tratado com o Sultão Saladino. Os termos permitiam o comércio e a peregrinações de Cristãos (desarmados) à Jerusalém, que se manteve sob controle dos Muçulmanos.

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A Quarta Cruzada (1202-1204) foi convocada pelo Papa Inocêncio III e, originalmente, se destinava a reconquistar Jerusalém dos Muçulmanos por meio de uma invasão através do Egito. Em vez disso, uma sequência de eventos culminou com os Cruzados invadindo e saqueando a cidade de Constantinopla, a capital do Império (Cristão Ortodoxo) Bizantino. A Quarta Cruzada nunca chegaria a Jerusalém. Depois disso, haveria ainda uma luta intermitente pelo controle da Terra Santa, com mais três grandes cruzadas e várias menores. Em 1291 o conflito terminou em fracasso, com a queda do último reduto cristão na Terra Santa, na cidade de Acre (Akko, Israel) e os Cristãos não foram capazes de juntar novas forças para reagir a essa perda. O impacto das Cruzadas foi profundo e o julgamento da conduta dos Cruzados tem variado entre elogios e críticas (dependendo é claro do lado). Os estados independentes estabelecidos durante as Cruzadas entre os Séculos XII e XIII, como o Reino de Jerusalém, são identificados como as primeiras experiências de “colonização" por parte da Europa ocidental. Ao final, estes “empreendimentos” reabririam o Mediterrâneo ao comércio e às viagens, permitindo as cidades de Gênova e Veneza florescerem. O Sultanato Mameluco (1260 a 1517) Após as Cruzadas voltou a haver uma predominância da cultura islâmica na região através agora do Sultanato Mameluco que passou a controlar a região a partir de 1260. Os Mamelucos (do árabe Mamluk = escravo, criado) eram soldados de uma milícia egípcia constituída originalmente por escravos turcos que depois formaram uma poderosa casta militar e acabaram por conquistar poder no Egito. O Sultanato Mameluco era então um reino medieval que abrangia o Egito, a região do Levante (costa oeste do Mediterrâneo) e Hejaz (costa da Península do Sinai) e que perduraria na região a partir da queda da Dinastia Ayubida até a conquista pelos (Turcos) Otomanos do Egito em 1517. Enquanto existiu, o Sultanato Mameluco estava dividido em dois centros de poder: Damasco e Cairo, e a região do atual Estado de Israel só viu algum desenvolvimento ao longo da estrada que ligava essas duas cidades. Período Otomano (1517 a 1917) Enquanto mais ao sul predominava o Sultanato Mameluco mais ao norte na atual Turquia Asiática, Anatólia, os (Turcos) Seljúcidas se reorganizaram no Sultanato de Rum (1077 a 1308), a partir de terras conquistadas aos Bizantinos. Mas, a partir do final do Século XIII o poder dos Seljúcidas na região novamente diminuiu e a Anatólia foi dividida em vários Principados Turcos independentes, os Beyliks. Um desses Beyliks estava na fronteira com o Império Bizantino (norte da atual Turquia Asiática) e era liderado por um líder tribal turco, Osman Gazi (1299 a 1323/4), uma figura de origens obscuras, mas de quem o nome Otomano teria se derivado. Após sucessivas conquistas e vitórias sobre os Bizantinos, Osman acabaria fundando, no final do Século XIII, o Império Otomano (1299 a 1923), que se transformaria em um império transcontinental (Europa e Ásia). Em 1453 os Otomanos o Sultão Mehmed, O Conquistador, conquistaria Constantinopla o que seria o fim do Império Bizantino. Em Constantinopla, que passaria a se chamar Istambul, Mehmed permitiu à Igreja Ortodoxa que mantivesse a sua autonomia e suas terras em troca de aceitar a autoridade otomana. Nos Séculos XV e XVI, o Império Otomano começou um período de expansão de seu território, prosperando sob o domínio de uma linha de Sultões comprometidos e eficazes e devido ao seu controle das principais rotas comerciais terrestres entre a Europa e a Ásia.

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Em 1516 o Sultão (Otomano) Selim I (1512 a 1520) conquistou a região da atual Síria depois de derrotar os Mamelucos na batalha de Marj Dabiq, perto de Aleppo (norte da Síria). Depois disso o Sultão Selim I continuou sua campanha vitoriosa contra os Mamelucos conquistando o Egito em 1517, o que levou ao fim do Sultanato Mameluco. A conquista do Sultão Selim I do coração do Oriente Médio e, em particular, fez dos Otomanos os guardiães das rotas de peregrinação para Meca e Medina e fizeram do Império Otomano (1299 a 1923) o mais prestigiado de todos os Estados Muçulmanos Sunitas. O Sultão Selim I seria lembrado como o Primeiro e Legítimo Califa Otomano.

A Síria Otomana (ao lado) seria uma das divisões do Império Otomano. Em 1549, pouco depois da conquista da região pelos Otomanos, a Região da Síria Otomana foi organizada em duas principais Eyaletas ou Províncias, uma delas centrada em Damasco (que incluía as cidades de Jerusalém, Acre e Safed) e a outra em Aleppo (cidades da atual Síria). Em 1579 foi criada uma nova Província a de Tripoli (Líbano) e em 1660 foi criada a Província de Safed que logo mudou de nome para Província de Sidon e depois Província de Beirute.

A ocupação da região do atual Estado de Israel há muito também já conhecida como Palestina pelos Turcos-Otomanos Sunitas, reforçou e assegurou o Islamismo como a religião dominante nessa região. Assim, houve uma mudança demográfica significativa e a região do atual Estado de Israel recebeu um fluxo maior de imigrantes (tribos) muçulmanos. Por outro lado, a politica Otomana para com a região mudou em relação a politica (mais rígida) adotada pelos Mamelucos no passado e o país se tornou mais aberto tanto para com os estrangeiros como para as populações não muçulmanas. Simultaneamente à expansão do Império Otomano, os Reis Católicos (Espanhóis), Fernando de Aragão e Isabel de Castela, começaram a constituir as comissões da Inquisição Espanhola. Com medo, muitos Cristãos convertidos (Marranos, ex-Judeus e Mouriscos, ex-Mulçumanos) e Judeus (Sefarditas), fugiram da Espanha para as Províncias Otomanas, estabelecendo-se inicialmente no norte da África e depois em Constantinopla, Salonica, Sarajevo, Sofia e Anatólia, e, mais tarde incentivados pelo Sultão Selim I, na Palestina.

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O Eretz Yisrael ou Terra de Israel é o nome tradicionalmente dado pelos Judeus para uma área de extensão geográfica (indefinida) no sul do Levante (que compreende a costa oeste do Mediterrâneo). Essa área é definida segundo critérios bíblicos, religiosos e históricos, como sendo a Terra de Canaã ou Terra Prometida à Abraão por Deus, através da “Aliança”. Desde a primeira Diáspora Judaica (ou da dispersão, deslocamento dos Judeus para fora da Eretz Yisrael, particularmente após a destruição do Segundo Templo) muitos judeus aspiravam retornar a "Zion" isto é à "Terra de Israel". As esperanças e anseios dos Judeus que viveram no exílio durante todo esse tempo são um tema importante do sistema de crenças judaico. Assim, já perto do final do Período dos Mamelucos, mas principalmente depois, durante o Século XVI, favorecidos pela tolerância do Período Otomano, Comunidades Judaicas começaram a se organizar ao sul da Síria Otomana para, ainda que parcialmente, ocupar o Eretz Yisrael, criando raízes, inicialmente nas quatro cidades sagradas: Jerusalém, Tibérias, Hebron e Safed. Essas comunidades judaicas eram compostas por três grupos que seriam coletivamente conhecidas por “Old Yishuv” (Velho Yishuv). O primeiro e mais antigo grupo de “Old Yishuv” era constituído principalmente pelas comunidades de Judeus Sefarditas, ou de língua latina (espanhol) e por Judeus Musta'arabim, de língua árabe. Os Sefarditas são uma divisão étnica judaica que se reuniram ainda na Península Ibérica em torno do ano 1000, estabelecendo comunidades por toda a Espanha e Portugal. Sua residência milenar como uma Comunidade Judaica, aberta e organizada, na Península Ibéria foi encerrada a partir do Decreto de Alhambra dos Reis Católicos da Espanha em 1492, que resultou em uma combinação de migrações internas e externas (inicialmente para o norte da África), conversões e execuções de massa. Os Musta'arabim são de dois grupos os Mizrahi e os Maghrebi. Os Mizrahi é o grupo de Judeus descendentes das comunidades judaicas do Oriente Médio desde os tempos bíblicos até a era moderna. Os Maghrebi são Judeus que tradicionalmente viviam na região do Magrebe (Marrocos, Argélia e Tunísia) sob o domínio árabe, durante a Idade Média, muito antes da chegada dos Sefarditas. O segundo grupo de Judeus do “Old Yishuv” chegaria mais tarde e seria composto principalmente de judeus Ashkenazi (que falavam o Iídiche), um grupo da Diáspora Judaica que se reuniu em comunidades ainda nos tempos do Sacro Império Romano, perto do final do primeiro milênio. Finalmente o terceiro grupo era o de Judeus Hassidic uma seita religiosa judaica que surgiu como um movimento de revitalização espiritual na Ucrânia ocidental durante o século XVIII. O “Old Yishuv” se refere assim a todos os Judeus que migraram antes da Primeira Aliyah organizada pelo Movimento Sionista.

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As Hovevei Zion (ou Adoradores de Zion) ou Hibbat Sion foram organizações que apareceram em 1881 como resposta aos Pogrom (perseguição) aos Judeus no Império Russo (entre 1881 e 1884). A Hovevei Zion foi fundada e liderada por Leon Pinsker (Judeu Polonês), médico , ativista e pioneiro sionista. Essas organizações são agora consideradas precursoras do Movimento Sionista moderno. Foram essas organizações que, no início da década 1880, reuniram na Europa Oriental muitos dos primeiros grupos de Judeus com o objetivo de promover a imigração e assentamento desses Judeus na Palestina, particularmente no setor agrícola (a maioria deles ficou longe da política). O Movimento Sionista (que na prática já existia) foi oficialmente fundado pelo jornalista Austro-Húngaro, Theodor Herzl e buscava estabelecer um Estado Judeu na Terra de Israel. Em 1896, Herzl publicou “Der Judenstaat” - O Estado Judeu - oferecendo sua visão de um futuro Estado Judeu e no ano seguinte, ele presidiu o Primeiro Congresso Sionista em Basel, Suíça. Incentivado pelo Movimento Sionista, ainda durante o Período Otomano ocorreriam duas principais ondas de imigração de Judeus para a Palestina. A Primeira Aliyah foi entre 1882 e 1903, uma onda de imigração de Judeus vindo principalmente da Europa Oriental e do Iêmen. Mas, estima-se que entre 40% a 90% desses imigrantes tenham deixado a Palestina novamente, a maioria deles poucos anos após a sua chegada. A Segunda Aliyah ocorreu entre 1904 e 1914, foi de Judeus que vinham principalmente do Império Russo, fugindo de um crescimento do antissemitismo na Rússia ( Pogrom Kishinev), e alguns do Iêmen. Nessa mesma época ocorreria uma imigração maior de judeus da Europa Oriental para os Estados Unidos onde havia a maiores oportunidades econômicas, e outros se instalaram na América do Sul, Austrália e África do Sul e apenas uma pequena fração desses Judeus foi para a Palestina. Tanto a primeira como a segunda ondas de migrantes eram principalmente de Judeus Ortodoxos, embora a Segunda Aliyah incluísse grupos de Judeus Sionistas Socialistas que estabeleceram o Movimento do Kibutz. As Aliyahs trariam um novo “grupo” de Judeus para a Palestina os do “New Yishuv”. Na verdade o termo “Old Yishuv” foi dado por esse novo grupo de Judeus aos “antigos Judeus” no final do Século XIX. Eles queriam se distinguir das comunidades judaicas anteriores que eram economicamente dependentes e que residiam principalmente nas quatro cidades sagradas do judaísmo. Os Judeus do "Old Yishuv” não tinham a posse da terra ou se dedicaram a agricultura e estabeleceriam novas comunidades. Rishon LeZion, o primeiro assentamento fundado pelo Hovevei Zion em 1882, pode ser considerado como o começo do “New Yishuv”. Todas essas comunidades judaicas que se estabeleceram na Síria Otomana permanece riam sob o domínio Turco-Otomano até o final da Primeira Guerra Mundial, quando a Grã-Bretanha derrotou as forças Turco-Otomanas e criou o Mandato Britânico para a Palestina. Em 1917, no contexto da Primeira Guerra Mundial, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Britânico, Arthur Balfour, enviou ao Barão Walter Rothschild, líder da comunidade judaica da Grã-Bretanha, a Declaração de Balfour. Nela ele afirmava a intensão da Grã-Bretanha em criar uma "Casa Nacional Judaica”, dentro de um “Mandato Palestino” (que ainda não existia oficialmente). Certamente a Grã-Bretanha buscava com isso agradar aos Judeus e ganhar o apoio deles contra o inimigo em comum, o Império (Turco) Otomano, aliado dos Alemães. Em 1918, ainda no contexto da Primeira Guerra Mundial, a Legião Judaica (voluntários principalmente sionistas) ajudou na vitória dos Britânicos sobre o Império Otomano. Em 1920, o território conquistado dos Turcos - Otomamos no Oriente Médio foi dividido entre a Grã-Bretanha e a França sob o sistema de Mandato, e a área administrada pelos britânicos (que incluía o moderno Estado de Israel) recebeu o nome de Mandato Britânico da Palestina.

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Mandato Britânico (1920 a 1948) Já no início do Período do Mandato Britânico, em 1920, a oposição dos Árabes ao domínio britânico e à imigração judaica deu início a distúrbios na Palestina. Foi então formada uma milícia judaica conhecida como Haganah (1921 a 1948), que em Hebraico significa “A Defesa”, a partir da qual seriam gerados depois diferentes grupos paramilitares: o Irgun e o Lehi, ou Stern Gang. Apenas em 1922, a Liga das Nações concedeu (oficialmente) à Grã-Bretanha um Mandato sobre a Palestina sob os termos da Declaração de Balfour, isto é, cumprindo a promessa de um “Estado Judeu”, mas com disposições semelhantes relativas aos Árabes- Palestinos. Nessa época a população da área era predominantemente de Árabes - Muçulmanos, com os Judeus representando cerca de apenas 11%, e os Árabes-Cristãos em cerca de 9,5% da população. A Terceira Aliyah (1919-1923) e a Quarta Aliyah (1924-1929) trouxeram mais 100 mil judeus para a Palestina. Nos anos 1930, com o surgimento do Nazismo e a crescente perseguição dos Judeus na Europa, aconteceria a Quinta Aliyah, um influxo de 250 mil judeus. Esta foi uma das principais causas da Revolta Árabe de 1936-1939, durante a qual as autoridades do Mandato Britânico ao lado das Milícias Sionistas (Haganah e Irgun) mataram mais de 5 mil Árabes. Ao final, mais de 10% da população de homens árabes adultos estava morta, ferida, presa ou exilada. Através do Livro Branco de 1939 os Britânicos criaram restrições à imigração judaica para a Palestina, mas como vários países do mundo se negaram a receber os refugiados Judeus que fugiam do Holocausto da Segunda Guerra Mundial, um movimento clandestino conhecido como Aliyah Bet foi organizado para levar os judeus à Palestina.

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Após a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha enfrentava um intenso conflito sobre os limites da imigração judaica e a Haganah se juntou ao Irgun e ao Lehi em uma luta armada, agora contra o governo do Mandato Britânico. Ao mesmo tempo, centenas de milhares de sobreviventes e refugiados judeus do Holocausto buscavam uma nova vida longe de suas comunidades que haviam sido destruídas na Europa. Os Yishuv ( como era conhecida a comunidade judaica do Período do Mandato Britânico) tentaram levar esses refugiados para a Palestina, mas muitos foram mandados de volta ou instalados pelos Britânicos em campos de detenção em Atlit (costa norte de Israel) e no Chipre. Em Julho de 1946 o Irgun atacou a Sede Administrativa Britânica para a Palestina, que estava alojada na ala sul do Hotel King David em Jerusalém, 91 pessoas de várias nacionalidades foram mortas e 46 ficaram feridas, foi o ataque mais mortal dirigido aos Britânicos durante o período do Mandato: “um dos incidentes terroristas mais letais do século XX". Em 1947, o Governo Britânico anunciou que se retiraria da Palestina, afirmando que não consegui ria chegar a uma solução aceitável para os Árabes e Judeus. Em de 3 de Setembro de 1947 um Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina propôs que fossem criados um Estado Árabe e um Estado Judeu independentes, enquanto a Cidade de Jerusalém ficaria sob a tutela de um Sistema Internacional. Os representantes Judeus aceitaram o plano proposto pela ONU, mas os representantes Árabes o rejeitaram e indicaram que rejeitariam qualquer outro plano de partição da Palestina. Em Dezembro de 1947, o Comitê Superior Árabe proclamou uma greve de três dias, grupos árabes começaram a atacar alvos judaicos e teve início uma Guerra Civil. Quando a Guerra Civil estourou os Judeus se colocaram incialmente na defensiva, mas no início de Abril de 1948 partiram para a ofensiva. A economia árabe - palestina desabou e 250 mil árabes palestinos fugiram ou foram expulsos.

Em 14 de Maio de 1948, um dia antes de expirar o Mandato Britânico, David Ben-Gurion, chefe da Agência Judaica, declarou o “estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz-Yisrael, conhecido como o Estado de Israel". A única referência no texto da declaração de Bem Gurion relativo às fronteiras do novo estado é o uso do termo (genérico) Eretz-Yisrael ou "Terra de Israel", sem fronteiras definidas. No dia seguinte a declaração de David Ben-Gurion, os exércitos de quatro países árabes:

Egito, Síria, Transjordânia e Iraque, entraram na região que tinha sido o Mandato Britânico da Palestina, dando início a Guerra Árabe-Israelense de 1948. Contingentes Árabes do Iêmen, Marrocos, Arábia Saudita e do Sudão se juntaram à guerra. No início, aparentemente, o propósito da invasão era o de impedir o estabelecimento do Estado Judeu e alguns líderes árabes falavam em “empurrar os Judeus para o mar”. Mas, depois de um ano de luta, foi declarado um cessar-fogo e foram estabelecidas fronteiras temporárias, conhecidas como Linha Verde.

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A Jordânia anexou o que ficou conhecido como Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e o Egito assumiu o controle da Faixa de Gaza. As Nações Unidas estimaram que mais de 700 mil palestinos foram expulsos ou fugiram do avanço das forças israelenses durante o conflito - o que se tornaria conhecido em árabe como a Nakba ("Catástrofe").

Nos primeiros anos do Estado de Israel o Movimento Sionista Trabalhista liderado pelo (agora) Primeiro-Ministro David Ben-Gurion dominou a política israelense. Os Kibutzim (Comunidades Agrícolas Coletivas) desempenharam um papel fundamental no estabelecimento do novo estado.

No final da década de 1940 e no início da década de 1950

a imigração para Israel foi auxiliada pelo Departamento de Imigração de Israel e pelo Mossad e a Aliyah Bet (dissolvida em 1953). Essas organizações facilitaram a logística de imigração regular, embora o Mossad tenha também se envolvido em operações clandestinas, particularmente em países onde as vidas dos Judeus pudessem estar em perigo ou sua saída desses países fosse difícil. Os Judeus de origem europeia eram frequentemente tratados de forma mais favorável do que os Judeus provenientes dos países do Oriente Médio e do Norte da África. As tensões que se desenvolveram entre os dois grupos em relação a essa discriminação persistem até hoje.

Durante a década de 1950, Israel sofreu com os frequentes ataques dos fedayins (guerrilheiros) palestinos, quase sempre contra civis, principalmente da Faixa de Gaza, ocupada então pelos Egípcios. Em 1956, a Grã-Bretanha e a França queriam recuperar o controle do Canal de Suez, construído por eles e que os Egípcios tinham nacionalizado. Os Egípcios agora bloqueavam com frequência o Canal de Suez para os navios israelenses. Isso e os inúmeros ataques dos fedayins contra a população do sul de Israel, além de graves ameaças dos Árabes, levaram Israel a atacar o Egito. Israel se juntou em uma aliança secreta com a Grã-Bretanha e a França e invadiu a Península do Sinai, no que ficaria conhecido como Crise de Suez. Mas, pressionado pelas Nações Unidas, Israel se retirou em troca de garantias de direitos de transporte israelense no Mar Vermelho. Os nacionalistas árabes liderados pelo Presidente Gamal Abdel Nasser do Egito se recusavam a reconhecer o Estado de Israel e pediam a sua destruição. A partir de 1964, os países árabes, preocupados com os planos israelenses de desviar as águas do rio Jordão para a planície costeira tentaram desviar as cabeceiras do rio para privar Israel de recursos hídricos, provocando tensões entre, de um lado Israel, e do outro, Síria e Líbano. Em 1966, as relações árabe-israelitas se deterioraram e em maio de 1967, o Egito reuniu seu exército perto da fronteira com Israel, expulsou as forças de paz da ONU (estacionadas na Península do Sinai desde 1957) e bloqueou o acesso de Israel ao Mar Vermelho. Outros estados árabes mobilizaram suas forças.

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Israel reiterou que essas ações eram motivos para uma guerra e, em 5 de Junho de 1966, os Israelenses lançaram um ataque preventivo contra o Egito. Jordânia, Síria e Iraque responderam atacando Israel. No que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias, Israel derrotou a Jordânia, capturando a Cisjordânia, derrotou o Egito, capturando a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, e derrotou a Síria, capturando as Colinas de Golan. Os limites de Jerusalém foram ampliados, incorporando agora Jerusalém Oriental e a Linha Verde de 1949 tornou-se o “limite administrativo” entre o Estado de Israel e os “territórios ocupados”.

A cidade velha de Jerusalém e o Muro das Lamentações ( junto aos antigos templos judeus) estavam agora sob o controle do Estado de Israel.

Após a Guerra dos Seis Dias foi convocada uma conferência da Liga Árabe em Cartum, Sudão. Ao final da conferência em 1 de Setembro de 1967, que teve a presença de oito chefes de Estado árabes: Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Iraque, Argélia, Kuwait e Sudão, foi emitida uma resolução que exigiu: um estado contínuo de beligerância com Israel, que acabou com o boicote do petróleo árabe declarado durante a Guerra dos Seis Dias e uma assistência econômica para o Egito e a Jordânia (que haviam tido as maiores perdas na guerra). A Conferência de Cartum ficou famosa pelos “Três Nãos”: Não a paz com Israel, Não ao reconhecimento de Israel, Não a negociações com Israel.

Israel continuou enfrentando ataques dos Egípcios no Sinai e de grupos palestinos nos (agora) “Territórios Ocupados” por Israel e mesmo ao redor do mundo. Entre os grupos palestinos e árabes o mais importante foi a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964, que inicialmente se comprometeu a "luta armada como o único meio de libertar a pátria". Até a Conferência de Madri em 1991 a OLP era considerada pelos Estados Unidos e Israel como uma organização terrorista, mas era reconhecida como o "único representante legítimo do povo palestino por mais de 100 estados com os quais mantém relações diplomáticas”.

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No final da década de 1960 e início da década de 1970, grupos palestinos lançaram uma onda de ataques contra alvos israelenses e judeus em todo o mundo, incluindo o massacre de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972. O governo israelense respondeu com uma campanha de assassinatos contra os organizadores desse massacre, um bombardeio e uma invasão na sede da OLP no Líbano.

O Yom Kippur (Dia do Arrependimento) é o dia mais sagrado do ano para os Judeus, que passam um período de 25 horas de jejum e oração intensiva, muitas vezes passando a maior parte do dia em serviços na Sinagoga. Em 6 de Outubro de 1973, enquanto os Judeus observavam o Yom Kippur os exércitos do Egito e da Síria lançaram um ataque surpresa contra as forças israelenses na Península do Sinai e nas Colinas de Golan dando início a Guerra do Yom Kippur. A guerra terminou em 25 de Outubro com Israel repelindo com sucesso as forças egípcias e sírias, mas sofrendo uma perda de mais de 2.500 soldados, mortos em uma guerra que, no total, levou entre 10 e 35 mil vidas em cerca de apenas 20 dias. Na época a Primeiro-Ministro Golda Meir teve que renunciar.

Os atentados contra os Israelenses continuaram e em julho de 1976, uma aeronave foi sequestrada durante um voo de Israel para a França por guerrilheiros palestinos e desembarcou em Entebbe, Uganda: o Sequestro de Entebbe. Os comandos israelenses realizaram uma operação, não autorizada pelo governo ugandês, a Operação Thuderbolt e resgataram com êxito 102 dos 106 reféns israelenses.

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Nas eleições parlamentares de 1977 em Israel o Partido Likud de Menachem Begin, mais liberal, assumiu o controle em oposição ao Partido Trabalhista. Nesse mesmo ano, o Presidente Anwar El Sadat do Egito fez uma viagem a Israel e falou diante do novo Parlamento Israelense no que seria o primeiro reconhecimento de Israel por um chefe de estado árabe. Nos dois anos que se seguiram, Sadat e Begin assinaram os Acordos de Camp David (1978) e o Tratado de Paz Israel-Egito (1979). Em troca, Israel se retirou da Península do Sinai e concordou em entrar em negociações sobre uma autonomia para os Palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Mas os ataques contra os Judeus continuaram. Em 11 de março de 1978, uma incursão de guerrilheiros da OLP a partir do Líbano fez um massacre de Judeus em uma estrada costeira. Israel respondeu invadindo o sul do Líbano para destruir as bases da OLP, onde se manteve até que uma força da ONU e o Exército do Líbano assumissem o controle. Mas a OLP retomou sua política de ataques contra Israel e nos anos seguintes se infiltrou no sul de Israel e manteve bombardeios esporádicos através da fronteira que Israel respondia com ataques de retaliação, por ar e por terra.

Enquanto isso, o governo de Menachem Begin incentivava para que os Israelenses se instalassem na Cisjordânia ocupada, aumentando a tensão com os Palestinos nessa área. Em 1980 a transformação de Jerusalém na capital de Israel reiniciou a controvérsia internacional sobre o status da cidade. A maioria dos estados membros da ONU reconheceram como sendo ilegal essas ações de Israel e sem validade. Em 1981, Israel anexou as Colinas de Golan (Síria), o que não foi reconhecido internacionalmente.

Em 1982, após uma nova série de ataques da OLP a partir do Líbano, Israel invadiu novamente o Líbano para, novamente, destruir as bases da OLP de onde eram lançados mísseis sobre o norte de Israel. Quatro anos depois, em 1986, Israel se retiraria da maior parte do Líbano mantendo apenas uma zona de controle da fronteira no sul do Líbano até 2000, a partir de onde as forças israelenses passariam agora a se envolver em conflitos com o Hezbollah (paramilitares libaneses).

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Em 1987 aconteceu a Primeira Intifada (1987 a 1993), um levante palestino contra o governo israelense, com ondas de manifestações descoordenadas e atos de violência na Cisjordânia ocupada e Faixa de Gaza. Ao longo dos seis anos seguintes, a Intifada tornou-se mais organizada e incluiu medidas econômicas e culturais destinadas a perturbar a ocupação israelense. Mais de mil pessoas foram mortas na violência.

Durante a Guerra do Golfo de 1991 (invasão do Iraque ao Kuwait e retaliação dos Estados Unidos), a OLP apoiou quando Saddam Hussein (em desespero) atacou Israel com mísseis (Scud) a partir do Iraque. Apesar da indignação pública, Israel atendeu aos pedidos dos Americanos para não responder a esses ataques e a não participar dessa guerra. Israel se defendeu interceptando com misseis Patriot (abaixo) os misseis Scud lançados pelo Iraque.

Em 1992 Yitzhak Rabin se tornou o Primeiro Ministro de Israel e no ano seguinte, Shimon Peres, em nome de Israel, e Mahmoud Abbas, pela OLP, assinaram os Acordos de Oslo, que deram à Autoridade Nacional Palestina o direito de governar partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Em 1993 a OLP também reconheceu o direito de Israel de existir como um Estado e se comprometeu com o fim do terrorismo.

Em 1994, foi assinado o Acordo de Paz entre Israel e a Jordânia, que se tornou o segundo país árabe a normalizar suas relações com Israel. Mas o apoio público dos árabes a esses dois acordos foi prejudicado pela continuação dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e, do lado israelense, o apoio público aos acordos diminuiu quando Israel passou a ser atingido por ataques suicidas dos Palestinos. Em Novembro de 1995, ao deixar uma manifestação pela paz, o Primeiro Ministro Yitzhak Rabin foi assassinado por Yigal Amir, um judeu de extrema direita que se opôs aos acordos de paz.

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No final da década de 1990 Sob a liderança de Benjamin Netanyahu Israel retirou-se de Hebron (uma das quatro cidades sagradas para os Judeus) e assinou o Memorando do Rio Wye, dando maior controle à Autoridade Nacional Palestina.

Eleito em 1999, o Primeiro Ministro Ehud Barak iniciou o novo milênio retirando as forças israelenses do sul do Líbano e conduzindo as negociações com o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, e o presidente dos EUA, Bill Clinton, na Cúpula de Camp David de 2000. Durante a cúpula, Ehud Barak ofereceu um plano para o estabelecimento de um Estado Palestino que incluía a totalidade da Faixa de Gaza e mais de 90% da Cisjordânia com Jerusalém como capital compartilhada, mas as negociações não tiveram sucesso e um lado culpou o outro pelo fracasso. Como resultado do impasse nas negociações de paz, a Segunda Intifada (2000 a 2008) começou em Setembro de 2000, pela retirada israelense do sul do Líbano, por uma disputa de influência entre as facções palestinas do Fatah e do Hamas e pelo desacordo de alguns israelenses em relação às concessões feitas em Camp David.

Em 2001 o líder do Partido Likud, Ariel Sharon, se tornou Primeiro Ministro, e durante seu mandato ele realizou seu plano para uma retirada da Faixa de Gaza. Mas, ao mesmo tempo Sharon liderou a construção de um muro na Cisjordânia israelense.

A Segunda Intifada terminaria em 2008, mas a essa altura, 1100 israelenses haviam sido mortos, principalmente em atentados suicidas e as mortes entre Palestinos de 2000 a 2008, atingiriam 4.791 mortos pelas forças de segurança israelitas.

Os conflitos na fronteira no sul do Líbano contra o Hezbollah (Grupo Militante Shi’a Islâmico e Partido Político) e na Faixa de Gaza contra o Hamas (Organização Fundamentalista Sunita-Islâmica Palestina) continuam até hoje em meio a um o frágil cessar-fogo.