viagem. destino: origens...homero em suas obras máximas a ilíada e odisseia. teria sido durante...

24
Viagem. Destino: Origens 1 Contexto Histórico: Grécia e Ilhas Cíclades A Mitologia foi a primeira forma que o ser humano encontrou para expressar sua admiração com a realidade que o cercava. As narrativas míticas da cultura ocidental se concentraram principalmente na Mitologia Helênica ou Grega (Romana), mas também nas Mitologias Céltica e Nórdica. Por Mitologia entende-se o conjunto de mitos e lendas que um povo imaginou. A palavra grega Mythos significa Fábula e Logos, Tratado. Mas a palavra Fábula não deve levar a crer que o mito seja uma ficção caprichosa da imaginação. Dentro da narrativa mítica esconde- se um aspecto, um núcleo, que encerra uma Verdade. Através de suas duas grandes obras, A Ilíada e A Odisséia, o Poeta Grego Homero reuniu os relatos e os mitos que eram até então comunicados oralmente entre os Gregos, sobre um tempo muito anterior ao próprio Homero, que passamos a conhecer como "Tempos Homéricos" (1100 a 800 a.C.). Esse trabalho chegou até nós como a Mitologia Grega, uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu. Com sua fantasia, os Gregos povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de divindades, semideuses e heróis. Os Gregos criaram nomes e figuras para os diferentes fenômenos da realidade natural, procurando explicar para a época e para aquele momento histórico, as principais questões da existência humana, da natureza e da sociedade, a própria origem dos homens e do povo grego, das guerras, dos amores, das doenças, enfim, de toda a riqueza da cultura da época, isto é, a “Mecânica da Vida”. A cultura ocidental deve muito a Mitologia Grega, talvez até o próprio fato de existir. Muitos mitos gregos seriam depois extensivamente retratados na literatura, no teatro, na música, na arte ocidental em geral e seus temas e ensinamentos fariam, por séculos, parte da nossa “consciência coletiva”. Dos muitos mitos gregos aquele que se insere melhor no contexto de nossa viagem é o mito de Teseu e o Minotauro (e a bela Ariadne). Palácio de Knossos (ou o “Labirinto do Minotauro”) - Creta

Upload: others

Post on 20-Jan-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

1

Contexto Histórico: Grécia e Ilhas Cíclades

A Mitologia foi a primeira forma que o ser humano encontrou para expressar sua admiração com a realidade que o cercava. As narrativas míticas da cultura ocidental se concentraram principalmente na Mitologia Helênica ou Grega (Romana), mas também nas Mitologias Céltica e Nórdica. Por Mitologia entende-se o conjunto de mitos e lendas que um povo imaginou. A palavra grega Mythos significa Fábula e Logos, Tratado. Mas a palavra Fábula não deve levar a crer que o mito seja uma ficção caprichosa da imaginação. Dentro da narrativa mítica esconde-se um aspecto, um núcleo, que encerra uma Verdade. Através de suas duas grandes obras, A Ilíada e A Odisséia, o Poeta Grego Homero reuniu os relatos e os mitos que eram até então comunicados oralmente entre os Gregos, sobre um tempo muito anterior ao próprio Homero, que passamos a conhecer como "Tempos Homéricos" (1100 a 800 a.C.). Esse trabalho chegou até nós como a Mitologia Grega, uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu. Com sua fantasia, os Gregos povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de divindades, semideuses e heróis. Os Gregos criaram nomes e figuras para os diferentes fenômenos da realidade natural, procurando explicar para a época e para aquele momento histórico, as principais questões da existência humana, da natureza e da sociedade, a própria origem dos homens e do povo grego, das guerras, dos amores, das doenças, enfim, de toda a riqueza da cultura da época, isto é, a “Mecânica da Vida”. A cultura ocidental deve muito a Mitologia Grega, talvez até o próprio fato de existir. Muitos mitos gregos seriam depois extensivamente retratados na literatura, no teatro, na música, na arte ocidental em geral e seus temas e ensinamentos fariam, por séculos, parte da nossa “consciência coletiva”. Dos muitos mitos gregos aquele que se insere melhor no contexto de nossa viagem é o mito de Teseu e o Minotauro (e a bela Ariadne).

Palácio de Knossos (ou o “Labirinto do Minotauro”) - Creta

Page 2: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

2

Adendo: Teseu e o Minotauro

Réia (Cibele) se revolta contra seu marido, o Titã Cronos (Saturno), o Deus do Tempo, que devorava seus filhos. Escondida, Réia da à luz a Zeus (Júpiter) e, a seguir, ilude Cronos dando a ele uma pedra para que ele a comesse no lugar da criança. Assim, Zeus escapa da morte e mais tarde, envenena o pai e faz com que ele regurgite dois de seus poderosos irmãos: Poseidon (Netuno), o Deus dos Oceanos e Hades (Plutão), o Deus dos Infernos. Juntos os irmãos derrotam o pai, Cronos, e as “forças da Natureza”, e uma nova geração de deuses passa a fazer parte do palco da vida: os Olímpicos. Essa vitória sobre “as forças da Natureza” representaria a vitória da Ordem e da Razão sobre os instintos e as emoções desenfreadas. Zeus é um deus muito ativo sexualmente e tem vários filhos, particularmente com mulheres humanas que ele ilude tomando várias formas a fim de seduzi-las. É o caso da jovem e bela Europa, que Zeus seduziu tomando a forma de um Touro Branco. Desse relacionamento nasceu Minos, o primeiro Rei de Creta (um personagem semimítico que deu nome a Civilização Minoica). Segundo o mito, a infiel esposa do Rei Minos, Pasífae, trai o marido (coincidentemente) com um touro e, por seu ato abominável, é castigada dando origem a um monstro, o Minotauro: um ser metade touro, metade homem. Tentando esconder de seu povo o fato vergonhoso, Minos pede a Dédalus, um notável artesão ateniense, que construa um cárcere para o monstro de onde ele nunca pudesse escapar: um Labirinto (hoje identificado com tendo sido o enorme Palácio de Knossos ao sul de Heráclion, Creta). O Minotauro fruto de uma união proibida, exige carne humana como alimento: a carne dos inimigos de Creta. Nessa época (até historicamente) os Minoicos teriam dominado (ainda que precariamente) o atual mar Egeu, suas ilhas e até mesmo os “Gregos” que viviam no continente europeu. Com frequência os Atenienses se rebelavam contra seus inimigos Minoicos e, como represália, o Rei Minos exigia que a cada nove anos o Rei Egeu de Atenas escolhesse sete rapazes e sete moças para serem enviados para a Creta e entrassem no Labirinto de Dédalus para serem devorados pelo Minotauro. Um desses jovens seria Teseu.

Teseu era filho de dois pais. Na mesma noite, sua mãe Etra logo depois de ter tido relações com o marido, o Rei Egeu de Atenas, saiu para oferecer um sacrifício aos Deuses e, junto ao mar, foi surpreendida e violentada pelo Deus Poseidon. Ao saber, Egeu afasta seu recém- nascido filho Teseu, um semideus, que é criado longe dos pais que ele não conheceu. Já jovem Teseu é ajudado por Athena (Minerva), a Deusa da Sabedoria, e volta à Atenas. Antes de conhecer sua identidade e reclamar seu direito ao trono de Atenas, ao saber da tragédia a que eram submetidos os jovens atenienses a cada nove anos pelo Rei Minos de Creta, Teseu se oferece para se juntar ao próximo grupo de jovens e parte para Creta para matar o Minotauro.

Em Creta o jovem Teseu conhece a bela Ariadne, filha do Rei Minos, que se apaixona por ele. Ajudado por Ariadne, a quem havia prometido se casar, Teseu entra no Labirinto, mata o Minotauro e consegue sair do Labirinto. A seguir, Teseu e Ariadne fogem de Creta e no caminho de volta para Athenas passam pela ilha de Naxos (uma das muitas Ilhas Cíclades). Não está claro se uma tempestade no mar afastou os amantes ou se Teseu abandonou Ariadne deliberadamente, mas, abandonada na ilha, Ariadne chora a falta do amante e cogita se suicidar pulando de um alto rochedo da ilha. Mas a Deusa Afrodite (Vênus) a protege. Por essa época andava por Naxos, Dionísio (Baco), Deus do Vinho e, por influência de Afrodite, Dionísio e Ariadne se conhecem, se apaixonam, e passam a viver em Chipre. Por sua vez, Teseu, de volta a Atenas, se tornaria o maior Herói de Atenas (a semelhança de Hércules, o herói dos Dóricos) e um dos Reis de Atenas.

Page 3: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

3

A Civilização Minoica (3650 a 1450 a.C.)

A Civilização Minoica foi uma civilização da Idade do Bronze, centrada na ilha de Creta, que se espalhou por outras ilhas do Mar Egeu e teria sido a mais antiga de sua espécie na Europa. Hábeis comerciantes, os Minoicos possuíam uma poderosa marinha com a qual controlavam as rotas comerciais no Mar Egeu e Mediterrâneo. Donos de uma arte particular, a influência cultural dos Minoicos foi muito além da ilha de Creta, espalhando-se pelas Ilhas Cíclades (Santorini, Naxos, Mykonos) e chegando ao antigo Reino do Egito, Chipre, Canaã e as costas do Levante (Terra Santa, Israel) e até a Anatólia (atual Turquia). Diz-se que, em oposição às artes de seus contemporâneos mais direcionadas a representação de seus reis e das suas guerras, a arte dos Minoicos celebraria a vida: flores, pássaros, o ser humano e sua relação com a natureza. Algumas das melhores obras de arte dos Minoicos estão preservadas na cidade de Akrotiri, na ilha de Santorini (também conhecida como Thera).

Não estão claras as causas que levaram ao fim a Civilização Minoica, mas as teorias incluem uma invasão a partir do continente (possivelmente dos Micênicos) e a, aparentemente mais aceita, Erupção Vulcânica de Santorini. Essa erupção teria sido catastrófica, um dos maiores eventos vulcânicos já registrados que além de devastar a ilha de Santorini, destruiu as comunidades e áreas agrícolas nas ilhas vizinhas e na costa de Creta e teria sido seguida de um terremoto e um tsunami que teria chegado ao sul da Itália, destruindo a importante frota de navios minoicos o que levou a civilização a colapso.

Existem hoje algumas evidências de que o Mito da Atlântida, descrito por Platão, é baseado na erupção vulcânica de Santorini e, nesse caso, a Civilização de Atlântida teria sido, na verdade, a Civilização Minoica. Outros geólogos procuram estabelecer uma ligação entre a erupção vulcânica de Santorini e o Êxodo dos Israelitas do Egito descrito na Bíblia, isto é, as Doze Pragas do Egito teriam sido, de alguma maneira, iniciadas pelas condições atmosféricas desastrosas provocadas pela erupção do vulcão em Santorini que duraram por um longo tempo após a erupção e se espalharam por longas distâncias, chegando para além do Egito.

Ilha de Nea-Kameni: Na antiga cratera do Vulcão de Santorini

Page 4: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

4

A Civilização Micênica (1600 a 1100 a.C.)

A Civilização Micênica foi a primeira civilização avançada na Grécia continental e sua cidade mais proeminente era Micenas, na Argólida, que deu o nome á cultura. Através do comércio, essencial para a economia micênica, a influência dessa cultura chegaria até a Macedônia (mais ao norte), às ilhas do Mar Egeu, na costa de Ásia Menor (atual Anatólia, Turquia), no Levante (Terra Santa, Israel), a ilha de Chipre e, por vastas áreas do Mediterrâneo, até a Itália. Os Gregos Micênicos introduziram várias inovações nas áreas de engenharia, arquitetura e infraestrutura militar. Os escritos silábicos micênicos são os primeiros registros da língua grega e sua religião já incluía várias divindades encontradas depois no Panteão Olímpico Grego. A Grécia micênica era dominada por uma elite social de guerreiros, que se distribuía em diversos “centros palacianos” com rígidos sistemas hierárquicos, políticos, sociais e econômicos. À frente dessa elite estava um rei, conhecido como Anax, que centralizava o poder em Micenas.

Nos “centros palacianos” da civilização micênica havia o “Megaron”, uma "Grande Sala" que costumava estar ao lado de um pátio central e frente a um altar. Tinha três partes: o Pórtico, o Vestíbulo e a Sala Principal (ou Nau) e seria o precursor dos futuros Templos Gregos. Em Micenas havia ainda uma fortaleza militar cuja entrada principal era a Porta dos Leões, erguida no Século XIII a.C., com dois leões esculpidos como ícones. A Porta dos Leões é o único monumento sobrevivente da Cultura Micênica, a maior escultura do período pré-histórico da região do Egeu e o único monumento da Idade do Bronze da Grécia com um motivo iconográfico e que sobreviveu sem ter sido enterrado.

Porta dos Leões – Micenas

Page 5: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

5

A Civilização Micênica começou a entrar em colapso a partir de 1200 a.C.. Esse foi um período de transição com poucos registros, um período em que ocorreram mudanças significativas da forma centralizada de governar para formas descentralizadas de desenvolvimento socioeconômico e já por volta de 1100 a.C., os “centros palacianos” e os assentamentos periféricos da antes extremamente organizada Cultura Micênica, começaram a ser abandonados ou destruídos. Cinquenta anos mais tarde as características reconhecíveis da Cultura Micênica haviam desaparecido e a população havia diminuído significativamente. Esse período ficaria conhecido como a Idade das Trevas da Grécia (1200 a 800 a.C.) e coincide, em parte, com o período mitológico dos Tempos Homéricos e que foi depois descrito pelo poeta Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero. Hoje Tróia é o nome de um sítio arqueológico na Anatólia (Turquia) que se supõe ter sido a lendária cidade de Tróia. Algumas teorias atribuem o desaparecimento da Civilização Micênica a catástrofes climáticas ou ambientais, combinadas com a chegada, ou invasão, de povos vindos a partir do norte da península Balcânica: Jônicos, Aqueus, Eólios e Dóricos (que submeteram os Arcadianos antigos moradores da Grécia central), todos essencialmente pertencentes à mesma cultura e que formariam a base do povo grego.

Distribuição aproximada dos Dóricos, Jônicos, Aqueus e Eólios na Grécia.

Já por volta de 1200 a.C. esses povos Gregos, que não tinham ainda conhecimento da escrita, haviam ocupado grande parte do norte da península e umas poucas localidades espalhadas ao longo da costa. Alguns deles começaram então uma lenta infiltração trazendo consigo seus rebanhos e se estabelecendo em áreas pouco povoadas da Grécia de então. Muitos desses primeiros imigrantes pertenciam aos Jônicos que acabariam se concentrando na atual região de Athenas (Ática), mas também na costa sul da Anatólia (Turquia) onde depois nasceriam os primeiros filósofos gregos. Lá, em cerca de 900 a.C. os Jônicos conheceram a escrita e adotaram o alfabeto fenício que seria depois modificado para dar origem ao alfabeto grego e aos primeiros registros escritos do nascimento da Civilização Ocidental.

Page 6: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

6

Por sua vez os Aqueus (que também podem ter sido remanescentes dos Micenos) se fixaram mais ao sul da península “conquistando” Micenas e depois Creta e os Eólios se fixariam na faixa norte da costa da Anatólia (Turquia). Segundo a lenda, Jônicos e Aqueus seriam ambos descendentes de dois netos de Hellen (que deu o nome à Cultura Helênica): Ion e Achaeus, enquanto os Eólios eram descendentes de Aeolus, um dos filhos de Hellen. Hellen por sua vez era neto dos Titãs, Prometheus e de seu irmão gêmeo, Epimetheus. Já os Dóricos teriam uma origem menos lendária, eles seriam originários das regiões montanhosas do norte/noroeste da Grécia, da antiga Macedônia e do Épiro (hoje na fronteira da Grécia com a Albânia). A chegada dos Dórios foi mais contundente, uma invasão que culminou por volta de 1000 a.C.. No continente, os Dórios se estabeleceram ao sul da Península do Peloponeso, na região onde estariam depois as cidades-estado de Esparta e Corinto, mas muitos deles ganharam o mar conquistando as ilhas do sul do Mar Egeu e finalmente chegaram a Knossos (Creta, que eles conquistaram dos Aqueus), a Rodes (costa sul da Turquia), a Sicília e ao sul da Itália. Dóricos e os Jônicos acabariam sendo os dois principais grupos étnicos que formariam o povo da Grécia Antiga e, enquanto os Dóricos são descritos como sendo mais austeros e militaristas (características típicas dos Espartanos), os Jônicos são famosos por seu amor à Filosofia, à Arte, à Democracia e ao Prazer (características que seriam encontradas nos Atenienses).

Na arquitetura grega antiga passaria a haver uma particular divisão do estilo arquitetônico que faria os Templos Gregos (originários dos “Megaron” Micênicos) se dividirem em três ordens reconhecidas principalmente pelo capitel das colunas dos templos: a Ordem Dórica, a Ordem Jônica e a Ordem Coríntia (mais tardia), que foram usadas nos muitos templos gregos que por sua vez teriam uma profunda influência sobre a arquitetura em períodos posteriores particularmente na Civilização Ocidental.

Ilustração de colunas Dóricas (as três primeiras), Jônicas (as próximas três) e

Coríntias (as últimas duas) dos Templos Gregos

Page 7: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

7

Adendo: O Mito de Prometheus: a Humanidade e a Caixa de Pandora.

Segundo a Mitologia o Titã Prometheus teria criado o Homem a partir do barro, “misturado às suas próprias lágrimas”, um ser a semelhança aos deuses, “capaz de odiar e amar, julgar e punir, perdoar e esquecer, lembrar e criar”. Athena, a Deusa da Sabedoria, resolve ajudar Prometheus oferecendo um néctar do Olimpo aos seres criados por ele e, de repente surge sobre os Homens “uma luz nova e bela”, agora eles estão dotados dos cinco sentidos e de uma alma. Através dos Sentidos, a Terra (Gaia) mostra aos Homens fenômenos maravilhosos, mas eles vagam como sonâmbulos, sem ter ou saber o que fazer. Prometheus decide então dar uma Consciência a bela e trágica espécie que ele criara e os ensina sobre tudo: a “dançar com a vida”. Os Homens passam a conhecer a Natureza e a si mesmos, e a ter também Vontade, de trabalhar e dominar a natureza. Faltava aos Homens apenas um elemento fundamental que eles ainda não conheciam ou dominavam: o Fogo. O Olímpico Zeus vê essas inteligentes criaturas com desconfiança, mas as aceita desde que elas se “curvem ante a força divina”. Os Homens se submetem, mas passam a olhar para o céu com temor. No passado, comandados por Zeus, os Titãs haviam sido derrotados pelos Olímpicos e o Titã Prometheus, temendo pela raça que ele tinha criado com tanta paixão, entende que agora é o momento de se vingar. Prometheus decide então roubar o Fogo do Olimpo e entregá-lo aos Homens, que agora pouco se diferenciariam dos deuses. Os Homens passam também a ser poderosos, não precisam ou dependem de mais nada além do seu próprio esforço. Os Deuses do Olimpo ficaram em pânico. Zeus inventa então a forma mais rápida de destruir o “paraíso” dos Homens: a Mulher. Chama por Hefesto, o habilidoso Deus Artesão, e pede a ele que confeccione uma imagem feminina em bronze. Ela deveria se parecer com o Homem, mas diferir dele em algo, de tal forma que o encantasse e comovesse, transformando sua alma. Cada deus oferece um presente à nova criatura. Athena dá a ela um presente para ajudar no seu poder de sedução, um vestido prateado que lhe cobre as belas formas, um véu bordado, grinaldas, uma coroa de prata. Afrodite lhe oferece a beleza infinita e os encantamentos que seriam fatais para os indefesos Homens. Já Hermes o mensageiro dos deuses, dá à Mulher a língua, o poder de falar, colocando em suas falas "mentiras e palavras astutas". Todos esses “presentes” seriam para atormentar os Homens; essa primeira Mulher seria Pandora. Mas a natureza de bela e ardilosa fêmea de Pandora seria a menor das preocupações da Humanidade. Antes de partir para sua caminhada até os Homens, Pandora se apresenta aos deuses e recebe de Zeus um último presente, uma caixa fechada com uma tampa, dentro da qual estavam contidas todas as misérias destinadas a assolar os Homens: pragas, dores e as doenças que transformariam os Homens em mortais, além da Inveja, do Despeito e da Vingança, para desesperar a alma dos Homens, antes pura e solidária: a “Caixa de Pandora”. Quando Pandora chega ao mundo, encontra-se com Epimetheus, o Titã irmão gêmeo de Prometheus, a quem ele havia prometido nunca aceitar um presente de Zeus. Encantado por Pandora, Epimetheus recebe dela a perigosa caixa que ela diz ser “um presente de Zeus”. Deslumbrado pela beleza de Pandora, Epimetheu se esquece da promessa feita ao irmão e abre a Caixa de Pandora espalhando pelo mundo todas as desgraças nela contidas. Entretanto, no fundo da caixa havia ainda um tesouro, um sentimento precioso que poderia estragar toda a vingança dos deuses do Olimpo: a Esperança. Mas, a um só gesto de Zeus, Pandora fecha a caixa e a Esperança permanece dentro da caixa, escondida para sempre. Assim seria a Humanidade, engenhosa, criativa como Prometheus, mas tola como Epimetheus.

Page 8: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

8

Grécia Antiga (800 a 500 a.C.) No Século IX a.C., a Grécia começou a emergir da Idade das Trevas cujo fim é tradicionalmente datado de 776 a.C., o ano dos primeiros Jogos Olímpicos. O “alfabeto” (escritos silábicos) micênico foi esquecido e os novos gregos adotaram o alfabeto fenício, modificando-o para criar o alfabeto grego e os registros escritos começam a aparecer. Acredita-se que a Ilíada e a Odisseia tenham sido compostas e escritas por Homero nos Séculos VIII ou VII a.C. Nessa época, surgiram na Grécia muitas comunidades pequenas, autogovernadas, seguindo um padrão que, em grande parte, era determinado pela geografia da Grécia, isto é, cada ilha, vale ou planície estava separada de suas vizinhanças pelo mar (como seria o caso de Atenas) ou por uma cadeia de montanhas (no caso de Esparta). Até que no Século VIII a.C. as “polis”, ou cidades-estado gregas, começariam a se formar dando início ao período da Grécia Antiga.

Os Jogos Olímpicos Nesse período o comércio se desenvolveu e os regimes aristocráticos que geralmente governavam as “polis” passaram a ser ameaçados pelos ricos comerciantes, que por sua vez desejavam o poder político. A população crescente e a escassez de terra também parecem ter ajudado nos conflitos internos e no Século VI a.C. quatro cidades emergiram como dominantes na Grécia Antiga: Atenas, Tebas, Esparta e Corinto (as duas últimas na península do Peloponeso). Cada uma delas passou a controlar as áreas rurais e cidades menores ao seu redor. Desde o início do primeiro milênio a.C., os Fenícios vinham sendo a maior potência comercial do Mediterrâneo, com contatos comerciais no Egito e na Grécia, e haviam estabelecido colônias ocidentais chegando até a atual Espanha (Cádiz). Agora, por sua localização, Atenas e Corinto se tornariam também grandes potências marítimas e mercantis e começariam a espalhar a cultura grega pelo Mediterrâneo. O aumento rápido da população nos séculos VIII e VII a.C. resultou na emigração de muitos gregos para formar colônias que se espalharam pelas costas do Mar Negro e do Mediterrâneo. A maioria destas colônias seria no sul da Itália (Régio Calábria, Crotona, no que viria a ser a Magna Grécia), Sicília, Ásia Menor (costa da atual Turquia) e mais longe ainda, até as costas da atual Espanha e sul da França (Marselha, Antibes). Nesse período, houve um enorme desenvolvimento econômico na Grécia, e também em suas colônias ultramarinas que experimentaram um crescimento no comércio e na manufatura.

Page 9: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

9

Nas cidades-estado gregas inicialmente prevaleceu o regime Monárquico, substituído depois por uma Oligarquia até que em 560 a.C. Atenas caiu sob a tirania de Pisístrato. Apesar de um déspota benevolente, Pisístrato aboliu muitas das liberdades que o povo havia conquistado. Já seu sucessor, seu filho Hípias, foi um opressor implacável e vingativo. No entanto, em 510 a.C., instigado pelo aristocrata ateniense Clístenes, o Rei Cleomenes I dos Espartanos ajudou os Atenienses a derrubar a tirania de Hípias. Vencedor, o Rei Cleomenes I fez de Iságoras um Rei “fantoche” de Atenas, pró-espartano. Novamente Clístenes agiu, desta vez propondo aos seus concidadãos de Atenas uma revolução: que todos os cidadãos atenienses participassem do poder político, independentemente do seu status, isto é, que Atenas se tornasse uma "Democracia". Os Atenienses abraçaram a ideia com entusiasmo e derrubaram Iságoras, e em 508 a.C. as reformas democráticas propostas por Clístenes foram implementadas. Os Atenienses teriam ainda que lutar contra e vencer os Espartanos que buscaram restaurar, sem sucesso, seu aliado Iságoras no poder de Atenas. A Democracia Ateniense A palavra Democracia vem de demos = pessoas comuns e kratos = força. Liderados por Clístenes, os Atenienses estabeleceram o que geralmente é considerado a primeira Democracia e Clístenes seria conhecido como o “Pai da Democracia Ateniense". A Democracia Ateniense era uma democracia direta, e tinha duas características distintivas: a seleção aleatória de cidadãos comuns para preencher os poucos escritórios administrativos e judiciais existentes e uma Assembleia Legislativa (ou Parlamento) composta por todos os cidadãos atenienses. Todos os cidadãos elegíveis eram autorizados a falar e votar na Assembleia Legislativa, que definia as leis da cidade-estado de Atenas. No entanto, a cidadania ateniense teria excluído as mulheres, escravos, estrangeiros, não proprietários de terras e homens menores de 20 anos. Essa exclusão se explicaria por que na antiguidade o benefício da cidadania estava vinculado à obrigação de lutar em campanhas de guerra. A Democracia Ateniense atingiria seu apogeu na época de Péricles (461 a 429 a.C.), já no período da Grécia Clássica. Entretanto, mesmo nessa época ela ainda não se estenderia a toda à população e somente aos “Cidadãos”. Na época de Clístenes os “Cidadãos” eram a maioria dos habitantes de Atenas, mas na época de Péricles, considerando os residentes estrangeiros que habitavam Atenas, os “Cidadãos” beneficiados pelos direitos democráticos seriam claramente uma minoria.

Parlamento Grego (atual), Praça Syntagma, Atenas.

Page 10: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

10

Grécia Clássica (510 a 323 a.C.) Em 500 a.C., o Império Aquemênida da Pérsia (550 a 330 a.C.) em expansão, passou a controlar as cidades gregas na Ásia Menor (atual Turquia). As tentativas de algumas dessas cidades gregas de se opor e derrubar o regime persa falharam e, em 492 a.C. os Persas invadiriam a Grécia continental. Em 490 d.C. os Persas enfrentariam os Atenienses na conhecida Batalha de Maratona (~47 Km ao nordeste de Atenas) e, vencidos, foram forçados a se retirar. Em 480 a.C. os Persas voltaram a invadir a Grécia e, apesar de haverem destruído Atenas, mais uma vez foram derrotados pelos Gregos nas Batalhas de Salamina (480 a.C.), Plateias (479 a.C.) e Micale (479 a.C.) e foram forçados a retirar-se pela segunda vez, desta vez de todos os seus territórios europeus que eles haviam mantido brevemente. Atenas e Esparta lutaram juntas nas Guerras Grego-Persas que são consideradas um momento crucial na história do mundo. Nos 50 anos de paz que se seguiram às Guerras Grego-Persas, Atenas assumiu a liderança entre as cidades-estado gregas, essa época é considerada a “Idade de Ouro de Atenas”, um período em que se desenvolveriam muitos dos fundamentos da Civilização Ocidental. A Democracia Ateniense saiu revigorada com Péricles (495 a 429 a.C.) e Atenas liderou a criação da Liga de Delos, que unia um grupo de cidades-estado gregas com a finalidade de defendê-las contra possíveis futuros ataques dos Persas. Mas, a arrogância de Atenas e a criação da Liga de Delos despertaram a desconfiança de Esparta (que não fazia parte da liga). Além disso, havia claras diferenças entre Atenienses e Espartanos. Atenas era democrática, progressista, urbana, imperialista e avançada intelectual e artisticamente. Esparta era aristocrática, conservadora, agrária, provinciana e culturalmente atrasada. Os Atenienses viam os Espartanos como “bárbaros” e ambicionavam controlar o golfo de Corinto, a principal rota de comércio com a Sicília e a Itália o que trouxe Corinto para o lado dos Espartanos. A Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) entre Esparta e Atenas foi inevitável e terminou como um desastre para Atenas dando início a um período de trinta anos de proeminência de Esparta sobre a Grécia e novamente as Oligarquias prevaleceram, desta vez sobre a Democracia. Em 371 a.C. o General Epaminondas de Tebas, iniciou um período de supremacia tebana. Essa longa sucessão de conflitos entre as cidades-estado gregas as levou a exaustão do que se aproveitaria o Rei Filipe II da Macedônia (359 a 336 a.C.), que era considerado pelos outros gregos como um “bárbaro sem cultura” e teve início um conflito entre Macedônios e Gregos. Em 338 d.C. ocorreria a Batalha de Queroneia (ao norte de Atenas) entre os Macedônios liderados por Filipe II contra uma aliança de algumas das cidades-estado gregas incluindo Atenas e Tebas. A batalha foi uma vitória decisiva dos Macedônios. Filipe II da Macedônia (que tinha apenas um olho) acabaria unindo pela primeira vez o mundo grego no que ficou conhecido como a Liga de Corinto ou a Liga Helênica, e ele seria eleito o líder do primeiro Estado Grego unificado na história. Não se sabe ao certo o motivo, mas, dois anos depois, em 336 a.C. Filipe II da Macedônia foi assassinado. O “bárbaro” Felipe II da Macedônia havia convidado o filósofo Aristóteles para vir de Atenas à Macedônia para ser o tutor de seu filho Alexandre durante sua juventude, até a idade de 16 anos. Agora, com a morte do pai, aos 20 anos, Alexandre assumiria a liderança da Liga de Corinto. Em 334 a.C. Alexandre deu continuidade aos planos do pai e iniciou uma invasão do Império Persa desta vez com forças combinadas de todos os estados gregos. Quatro anos depois, sem nunca ter perdido uma única batalha, Alexandre tinha conquistado o Império Persa na sua totalidade. Quando da sua morte em 323 a.C., o agora Alexandre, O Grande, havia criado um dos maiores impérios da história, que se estendia da Grécia até a Índia.

Page 11: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

11

Adendo: O Teatro Grego

As origens do Teatro Grego (~550 a.C.) estão ligadas ao culto a Dionísio (Baco), divindade da vegetação, da fertilidade e do vinho, cujos rituais tinham um caráter de orgias. Durante as celebrações em honra ao deus, em meio a procissões que duravam seis dias, os participantes usavam fantasias e máscaras e entoavam cantos líricos, o que mais tarde evoluiu para a forma de representações cênicas como conhecemos hoje. Depois da queda de Atenas e sua destruição pelos Persas em 481 a.C., a cidade foi reconstruída, e o teatro passou a desempenhar um papel ainda mais importante na cultura e no orgulho cívico local. Com a evolução para a forma cênica, houve a introdução de enredos fictícios ou contemporâneos que destacavam dois gêneros principais: a Tragédia e a Comédia. Inicialmente com um único ator, o Protagonista, foi então introduzido um segundo ator, o Deuteragonista, por Ésquilo, e depois um terceiro, o Tritagonista, por Sófocles. Um Coro era composto por 4 a 8 pessoas, vestidas de negro, com um acompanhamento musical que desenvolveu os primeiros sinais de cromatismo e polifonia na história da música ocidental. Os membros do Coro eram os narradores da história (às vezes havia apenas um Corifeu) que, através de representações, canções e danças, relatavam as façanhas do Protagonista, fazendo o papel de intermediário entre o ator e a plateia, comunicando seus pensamentos e sentimentos e, ao final, pronunciando a conclusão da peça.

Protagonista e Coro do Antigo Teatro Grego

Os atores do teatro grego eram todos homens, e interpretavam vários papéis durante o mesmo espetáculo, máscaras lhes permitiam interpretar personagens femininas. Na Tragédia havia três atores e na Comédia quatro artistas dividiam o palco. Os atores utilizavam máscaras e um vestuário que poderiam ser pesados. Na Tragédia os atores utilizavam uma túnica até aos pés (o quíton) e uma espécie de bota, na Comédia eles se vestiam com roupas parecidas às utilizadas pelos cidadãos comuns e calçavam sandálias.

Page 12: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

12

A Máscara (prosopon = face) era um elemento significativo na adoração de Dionísio em Atenas. Em um grande teatro ao ar livre, como o Teatro de Dionísio Eleuthereus em Atenas, as máscaras clássicas eram capazes de criar uma sensação de medo no público, criando pânico em grande escala, especialmente porque elas tinham características faciais e expressões exageradas. Elas permitiram que um ator aparecesse e reaparecesse em vários papéis diferentes, impedindo assim que o público associasse o ator a um personagem específico. As diversas máscaras usadas na encenação ajudavam o público a distinguir sexo, idade e status social do personagem, além de revelar uma alteração na aparência de um determinado personagem, por exemplo, Édipo depois de ele haver se cegado. Máscaras únicas também foram criadas para personagens e eventos específicos em uma peça, como por exemplo, na peça As Fúrias de Ésquilo. Usadas também pelo Coro, as máscaras criavam um senso de unidade e uniformidade, ao mesmo tempo em que davam ao Coro uma personalidade ou um organismo único e simultaneamente incentivavam a interdependência e uma maior sensibilidade entre cada indivíduo do grupo. Apenas dois atores ocupavam o palco ao mesmo tempo, e máscaras com duas faces permitiram transições rápidas de um personagem para outro.

Odeon de Herodes Atticus – Atenas

O Teatro de Dionísio Eleuthereus, construído, isto é, cortado no penhasco sul da Acrópole de Atenas, foi o primeiro teatro de pedra já construído e, supostamente, teria sido o berço da Tragédia Grega. Foi usado como Teatro desde o Século VI a.C. e o que se vê hoje no local são apenas os restos de uma versão romana restaurada. Às vezes ele é confundido com o posterior e menor, mas ainda assim, imponente, Odeon de Herodes Atticus, também localizado nas proximidades da encosta sudoeste da Acrópole de Atenas.

O Odeon de Herodes Atticus foi construído em 161 d.C. pelo magnata ateniense Herodes Atticus em memória de sua esposa, Aspasia Annia Regilla. Originalmente era um teatro inclinado com um muro de pedra de três andares à sua frente e um telhado de madeira feito de cedro do Líbano. Em 267 d.C. foi destruído pelos Hérulos (tribo germânica) e foi restaurado, com mármore, na década de 1950. Desde então é o principal local do Festival de Atenas, que acontece de Maio a Outubro a cada ano, com uma variedade de performances gregas e internacionais.

Page 13: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

13

Período Helenístico (323 a 146 a.C.) e Período Romano (146 a.C. a 410 d.C.) Alexandre, O Grande, não teve herdeiros, assim seu império seria dividido em vários reinos, e a Civilização Helenística se espalharia e floresceria por todo seu antigo império. Nessa época, a influência e o poder cultural dos Gregos chegaram ao seu auge no sul da Europa, África e Ásia, experimentando a prosperidade e o progresso nas artes, na literatura, no teatro, na arquitetura, na música, nas matemáticas, na filosofia e na ciência. Entretanto, muitas vezes, esse período é também considerado como um período de transição e até mesmo de decadência ou degeneração, em comparação com a iluminação da Grécia Clássica. O Período Helenístico viu o surgimento dos pensamentos filosóficos do Estoicismo e do Epicurismo e a ciência grega avançou através das obras do matemático Euclides e do polímata Arquimedes. Depois de um período de confusão após a morte de Alexandre, O Grande, a Dinastia Antigónida (descendentes de um dos generais de Alexandre, 306 a 168 a.C.) estabeleceu seu controle sobre a Macedônia e a maioria das cidades-estado gregas. Mas, a partir de 200 a.C. a República Romana passou a cada vez mais se envolver nos assuntos gregos e acabou por se engajar em uma série de conflitos e guerras contra a Macedônia.

A Vitória Alada de Samotrácia (Nike ou Nice de Samotrácia) é uma escultura em mármore do período Helenístico da Deusa Grega da Vitória. Ela teria sido criada por volta de 190 a.C. para comemorar uma vitória naval dos Gregos sobre os Romanos. Hoje no Museu do Louvre em Paris, é uma das esculturas mais comemoradas no mundo e é descrita como: "a maior obra-prima da escultura helenística”.

Page 14: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

14

Finalmente, em 168 a.C., a Macedônia/Grécia seria derrotada pelos Romanos na Batalha de Pydna, e esse seria o fim do poder dos Antigónidas na Grécia. A Macedônia foi então anexada como uma Província Romana e o resto da Grécia se tornou um protetorado romano. O Império Romano se espalhou ao redor do Mar Mediterrâneo, pela Europa, África e Ásia e, entre 100 a.C. e 410 d.C., Roma seria a maior cidade do mundo. Apesar de sua superioridade militar, os Romanos, e muitos dos seus imperadores, sempre admiraram os Gregos e foram fortemente influenciados por sua cultura. Horácio (poeta lírico romano, 65 a 8 a.C.) teria dito: “Embora capturada, a Grécia manteve cativo seu selvagem conquistador”. Os épicos de Homero inspirariam a Eneida de Virgílio (29 a 19 a.C.), e outros autores romanos, como Sêneca (4 a.C. a 61 d.C.), escreveriam usando o estilo grego. Nos Séculos II e III d.C., as comunidades helênicas, de língua grega, que ainda existiam no leste do Império Romano (atuais Turquia e Oriente Médio) seriam fundamentais na difusão do Cristianismo primitivo. Os primeiros líderes do Cristianismo (principalmente São Paulo) embora não fossem Gregos, usavam a língua grega e o Novo Testamento foi escrito em grego. Em Fevereiro de 313 o Imperador Constantino (306 a 337) emitiu o Édito de Milão que autorizava os Cristãos (até então perseguidos) a seguir a sua fé sem opressão. O Édito de Milão deu ao Cristianismo um status de legalidade, mas o Cristianismo só se tornaria a religião oficial do Império Romano em 380, pelo Imperador Teodósio I (379 a 375), outras religiões como o politeísmo romano foram proscritos e as antigas práticas religiosas gregas foram proibidas. Os últimos Jogos Olímpicos Antigos registrados foram realizados em 393, e muitos templos gregos foram danificados ou destruídos no século que se seguiu. Os Romanos seriam os maiores herdeiros da Cultura Grega - Helenística

O Contexto Histórico relacionado ao Roteiro de Viagem proposto termina aqui, mas...

Continue lendo para saber mais da História da Grécia.

Page 15: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

15

Adendo: A Biblioteca de Alexandria - Egito

Um importante Reino Helênico que surgiu após a morte de Alexandre, O Grande, foi o Reino Ptolomaico (grande parte do atual Egito) fundado em 305 a.C. por um dos generais de Alexandre, Ptolemeu I Sóter e que perdurou até 30 a.C., quando a Rainha Cleópatra do Egito (uma descendente do grego Ptolomeu) foi vencida e o Egito se tornaria uma província do Império Romano. Sua principal cidade, Alexandria, foi fundada em torno de uma pequena e antiga cidade egípcia em 331 a.C. por Alexandre e se tornou depois um importante centro da Civilização Helenística. Por quase 1000 anos (períodos Helenístico, Romano e Bizantino), Alexandria seria a capital do Egito. No período Helenístico Alexandria era conhecida principalmente pelo Farol de Alexandria então uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo (hoje ruínas submersas), mas sua importância para a cultura ocidental esta na grande Biblioteca de Alexandria. A Biblioteca Real de Alexandria teria sido construída no Século III a.C. por Ptolomeu I Soter, e se tornou uma das maiores e mais importantes bibliotecas do mundo antigo e os detalhes sobre ela são uma mistura de história e lenda. Dedicada às Musas (as nove deusas da literatura, ciências e artes) ela possuía coleções de obras, salas de aula, salas de reuniões, jardins e era ainda parte de uma instituição de pesquisas ainda maior, o Museu de Alexandria. A Biblioteca de Alexandria estava encarregada de coletar todo o conhecimento do mundo. A maioria dos “livros” da Biblioteca eram rolos de papiro e a maior parte do pessoal que trabalhava nela se dedicava à tarefa de traduzir o trabalho em papel papiro. Consta que todos os “livros” encontrados em navios que entravam no porto de Alexandria eram levados para a Biblioteca onde eram listados como "livros dos navios". Então, cópias desses papiros eram feitas e entregues aos proprietários enquanto os originais eram mantidos na biblioteca. Assim, sob o patrocínio da Dinastia Ptolemaica a Biblioteca funcionou como um importante centro de estudos, onde muitos dos mais famosos pensadores do mundo antigo estudaram, até a conquista do Egito pelos Romanos em 30 a.C.. Não se sabe ao certo, mas, quando da visita do Imperador Romano, Júlio Cesar (49 a 44 a.C.), à Rainha Cleópatra, um grande incêndio (possivelmente criminoso) teria queimado parte da armada romana que estava ancorada no porto de Alexandria, mas teria também queimado a Biblioteca que estava junto ao porto. Com isso, muitos pergaminhos e livros se perderam, uma destruição que se tornou símbolo da trágica perda do conhecimento cultural. A Biblioteca teria passado por vários outros incêndios e ataques ao longo de muitos anos. Em 642, Alexandria foi capturada pelos Árabes (Mulçumanos) e fontes árabes descreveriam a destruição da biblioteca por ordem do Califa Omar que teria dito: "Se esses livros estão de acordo com o Alcorão, então não necessitamos deles. Mas se eles se opõem ao Alcorão, vamos destruí-los”. Mas, a maior parte do material da Biblioteca de Alexandria sobreviveu, sendo recuperado, transferido e guardado ao longo dos tempos na Biblioteca Imperial de Constantinopla (Istambul, Século IV), na Academia de Gondishapur (Iran, Século VI) e na Casa da Sabedoria (Bagdá, Século IX). No início do Século VIII esse raro material, que havia sido preservado principalmente pelos Árabes, acabaria chegando à Península Ibérica quando os Mulçumanos invadiram a Espanha, onde permaneceriam por mais de 700 anos. Durante todos esses anos os “Ibéricos” passariam pelo lento processo da Reconquista da Península Ibérica para os Cristãos, enquanto os antigos textos trazidos pelos Árabes iam sendo copilados nos mosteiros medievais e seriam a base da criação das Universidades Europeias. Foi através desse longo processo que os textos Homéricos e dos antigos Poetas e Filósofos Gregos (Platão, Aristóteles) chegaram até nós, um conhecimento fundamental para a formação da Cultura Ocidental.

Page 16: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

16

Período Medieval: Império Bizantino (~410 a 1453) O Império Romano era o lar de muitos grupos culturais diferentes. Em geral, as províncias do Mediterrâneo Oriental eram mais urbanizadas, já que haviam sido previamente unidas e “helenizadas” ainda sob o Império Macedônio/ Grego. Já as províncias romanas do Ocidente eram mais rurais e tinham maior influência da Cultura Latina (Itália). Esta distinção entre o leste helenizado e o oeste latinizado, persistiu e foi se tornando cada vez mais evidente e importante, levando a um distanciamento gradual entre esses dois mundos, dentro do Império Romano. Em 285, para facilitar o seu controle, o Imperador Diocleciano (284 a 305) dividiu a administração do Império Romano em dois: o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente e, entre 324 e 330, o Imperador Constantino I (306 a 337) transferiu a principal capital dos dois Impérios, até então em Roma, para Bizâncio, que seria mais tarde conhecida como Constantinopla (atual Istambul, Turquia).

Em 380 o Cristianismo se tornou a religião oficial de todo o Império Romano, mas as diferenças culturais entre os “dois impérios romanos” levariam à criação das duas maiores igrejas cristãs: a Igreja Católica Romana, com uma hierarquia centrada no Papado em Roma e a Igreja Ortodoxa, uma comunhão de igrejas “auto cefálicas”, isto é, cada uma delas era governada por um Santo Sínodo independente, portanto, sem uma estrutura central como havia na Igreja Romana. No ocidente o politeísmo romano deu lugar a Igreja Católica Romana, enquanto que a Igreja Ortodoxa se espalhou, a partir de Constantinopla (Bizâncio), por todo o Império Romano do Oriente.

Entre o final do Século IV e início do Século V, com a invasão dos povos Germânicos o Império Romano do Ocidente começaria a sua desintegração que culminaria com a queda de Roma para os Visigodos em 410. O Império Romano do Oriente passou então a ter maior relevância e seria depois conhecido como Império Bizantino (330 a 1453), do qual a Grécia faria parte. Considera-se que o Império Romano do Ocidente teria terminado em Setembro de 476, quando Odoacro, o líder dos Ostrogodos (Germânicos) - que seria depois o primeiro Rei da Itália - depôs o último Imperador Romano do Ocidente, Romulo Augusto, então baseado em Ravena (nordeste da Itália). O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, centrado em Constantinopla, passaria a ser o sucessor do Império Romano, mantendo muito das tradições do antigo Estado Romano. Durante a maior parte de sua existência o Império Bizantino seria a força econômica, cultural e militar mais poderosa na Europa.

Ainda, com a queda de Roma, a Igreja Católica Romana sobreviveria, mas a Igreja Ortodoxa se tornaria a própria alma do Império Bizantino (e da Grécia). Por algum tempo o Latim ainda seria usado como língua oficial em todo o império, até que no reinado do Imperador (Bizantino) Heráclio (610 a 641) houve uma reestruturação da administração do Império Romano do Oriente e o Grego passou a ser adotado como língua oficial substituindo ao Latim.

Ao longo dos tempos, as fronteiras do Império Bizantino passariam por vários ciclos de declínio e recuperação. Durante o reinado do Imperador Justiniano I (527 a 565), o império atingiu sua maior extensão, depois que ele reconquistou uma parte das terras que o Império Romano do Ocidente havia perdido para os povos Germânicos, isto é, a costa do Mediterrâneo Ocidental, incluindo o norte da África, a Itália e a própria Roma, que seria controlada pelo Império Bizantino por mais dois séculos.

Page 17: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

17

Durante todo o Período Romano os Filósofos Gregos continuaram a ensinar a Filosofia de Platão em Atenas e por volta de 410 a antiga Academia de Platão havia sido reestabelecida no que seria a Academia Neoplatônica. Mas, em 529, o Imperador Justiniano I acabaria com a Academia Neoplatônica de Atenas no que é considerado por muitos como o fim da antiguidade e início do período da Alta Idade Média.

O Império Bizantino nos tempos do Imperador Justiniano I

Com tantas fronteiras o Império Bizantino entrou então em guerra contra o Império (Persa) Sassânida (224 a 651) e, em 627, ao final dessa guerra, embora os Bizantinos tivessem saído vitoriosos, os recursos do império estavam esgotados. Na sequência o Império Bizantino sofreria grandes perdas territoriais durante as conquistas Árabes / Mulçumanas do Século VII. Em questão de anos o Império Bizantino perdeu suas províncias mais ricas para Califado Árabe dos Omíadas (661 a 750), centrado em Damasco (atual Síria): Egito e Síria, além da região do Levante (Israel, Terra Santa). Desde sua criação a Igreja Ortodoxa viveu em comunhão com a Igreja Romana, até que em cerca de 1054 ocorreria o Cisma Leste-Oeste entre as duas igrejas cristãs. O Cisma foi desencadeado por disputas sobre a doutrina cristã, mas outro importante motivo era sobre a autoridade do Papa em Roma que os Ortodoxos não aceitavam. Em 1071, depois da derrota na Batalha de Manzikert contra o Império (Turco-Persa) Seljúcida (1037 a 1194), o Império Bizantino perdeu o controle da Anatólia (Turquia), e começou um novo período de declínio. Mas no Século XII, durante a Dinastia Komnenian (1081 a 1185), uma importante família aristocrática Bizantina, novamente o Império Bizantino se recuperou e a recuperação foi tal que Constantinopla se tornou a maior e mais rica cidade da Europa.

O Império Bizantino nos tempos da Dinastia de Komnenian

Page 18: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

18

Durante o Século XII, as Cruzadas proporcionariam alguma segurança para os Bizantinos contra a sempre presente ameaça islâmica, mas o próprio Império Bizantino acabaria refém dos Cruzados. Durante a Quarta Cruzada (1202 a 1204), aconteceria o famoso “Saque de Constantinopla” pelos Cruzados (Abril de 1204) e o que restava do Império Bizantino seria dividido em três grandes Impérios: o Despotado do Épiro (1205 a 1340 e 1356 a 1479), que se considerava o sucessor do Império Bizantino, o Império Latino (1204 a 1261), um conjunto de estados controlados pelos Cruzados/ Europeus, entre eles o Reino de Tessalônica, o Principado de Acaia e o Ducado de Athena e o Império de Nicea (1204 a 1261), fundado pela aristocracia de Constantinopla que havia fugido da cidade depois de seu saque pelos Cruzados. Além disso, algumas ilhas do Egeu ficaram sob o controle da República de Veneza (Itália), como Creta, Chipre e Rhodes (do arquipélago das Ilhas Dodecaneso). Em 1204, tanto o Principado de Acaia como o Ducado de Atenas se tornariam estados vassalos do Reino de Tessalônica, que, por sua vez foi capturado por Teodoro do Despotato do Épiro, em 1224.

Divisão do Império Bizantino após a Quarta Cruzada (1204)

Michael Palaiologos era um descendente do ex-Imperador Bizantino, Alexios III (1153 a 1211), que havia fugido para Nicea depois do Saque de Constantinopla pelos Cruzados. Michael seria o fundador da Dinastia Palaiologos que, em 1261, a partir do Império de Nicea, recuperaria Constantinopla do Império Latino e restauraria o Império Bizantino, como Imperador Michael VIII. Apenas o Despotato do Épiro (ou Despotato de Morea) permaneceu, boa parte dos séculos seguintes, como um “Estado Grego independente”, na verdade alternando sua vassalagem entre Bizantinos e Franceses. A Dinastia Palaiologos governaria o Império Bizantino até a queda de Constantinopla para os Turcos Otomanos (que sucederam aos Turcos Seljúcidas) em 1453. No Século XIV, grande parte da península grega seria perdida pelo Império Bizantino, primeiro para os Sérvios (Eslavos) e finalmente em 1453 quando os Turcos Otomanos tomaram Constantinopla. Esse seria o fim do Império Bizantino que em grande parte passaria a fazer parte do Império (Turco) Otomano (1299 a 1923), inclusive a Grécia. Com a conquista da Grécia pelos Turcos Otomanos, muitos estudiosos gregos bizantinos que até então eram em grande parte responsáveis pela preservação do conhecimento grego clássico, fugiram para o Ocidente, levando consigo um grande acervo de literatura e acabariam contribuindo significativamente para a Renascença Italiana, movimento fundamental da Civilização Ocidental.

Page 19: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

19

Controle Otomano e Veneziano (1453 a 1821) Enquanto a maior parte da Grécia continental e as ilhas do mar Egeu estavam agora sob o controle do Império (Turco) Otomano, as ilhas de Chipre e Creta permaneceram ainda algum tempo como território da República de Veneza (697 a 1797), mas seriam tomadas pelos Otomanos em 1571 e 1670, respectivamente. Assim, a única parte do mundo de língua grega que escapou ao domínio dos Turcos Otomano foram as Ilhas Jônicas (ao lado). Tradicionalmente chamadas de Heptanese, isto é, “As Sete Ilhas”, a maioria dessas ilhas fica na costa leste da Grécia, no mar Jônico, sendo a principal delas Kerkyra, ou Corfu. Durante algum tempo estas ilhas permaneceram sob o controle da República de Veneza (Itália), mas em 1797 seriam capturadas pela Primeira República Francesa (1792 a 1804) até que em 1809 passaram para o controle do Reino Unido (Grã Bretanha) até serem reintegradas à Grécia em 1864 (após a Guerra de Independência da Grécia). Já no Império Otomano, enquanto em Constantinopla alguns Gregos, os Phanariotes, conseguiram posições de poder dentro da administração otomana e viveram em prosperidade, grande parte da população da Grécia continental sofreu as consequências econômicas da conquista Turco Otomana. Impostos pesados eram aplicados aos Gregos e, nos anos posteriores, o Império Otomano promulgou uma política de criação de propriedades hereditárias, o que, efetivamente, acabou por transformar as populações rurais gregas em servos dos Turcos. Os governos do Império (Islâmico) Otomano consideravam a Igreja (Cristã) Ortodoxa Grega e o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla como as reais autoridades governantes de toda a população de Cristãos Ortodoxos do Império Otomano, fossem eles de etnia grega ou não. Embora o Estado Otomano não tenha forçado os não muçulmanos a se converterem ao Islã, os Cristãos enfrentaram vários tipos de discriminação a fim de ficar claro seu status de inferioridade dentro do Império Otomano. Essa discriminação e o tratamento áspero das autoridades otomanas locais levaram muitos Cristãos a se converterem ao Islamismo. Mais tarde, no Século XIX muitos destes "cristãos convertidos" retornariam à sua antiga fé religiosa. Algumas cidades gregas tinham governadores nomeados pelo Sultão Otomano, enquanto que outras (como Atenas) eram municípios autogovernados, mas regiões montanhosas no interior e muitas ilhas permaneceram autônomas do estado otomano central por muitos séculos. Por várias vezes os Gregos pegaram em armas contra a ocupação dos Turcos do Império Otomano, seja em revoltas internas, seja ao lado dos inimigos do Império Otomano como no apoio dado a Liga Sagrada liderada pelos Venezianos e na importante (e muito retratada) Batalha de Lepanto (1571), no golfo de Patras, e a Revolta de Orlov (1770), instigada pelos Russos, durante a Guerra Russo-Turca (1768 a 1774), sem um vencedor aparente. Todas essas revoltas foram reprimidas pelos Turcos Otomanos com grande violência e derramamento de sangue grego. Mas, muitos gregos eram recrutados como “cidadãos otomanos” para servir no exército otomano (especialmente na marinha otomana) e, em geral, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, responsável pelos Cristãos Ortodoxos, permaneceu leal ao Império Otomano.

Page 20: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

20

Os séculos XVI e XVII são considerados como uma espécie de "Idade Negra na História Grega”. As perspectivas de derrubar o domínio do Império (Turco) Otomano pareciam remotas para os Gregos. Apenas as Ilhas Jônicas permaneciam livres da dominação turca, mesmo assim, nesse período, a Velha Fortaleza (reformulada pelos Venezianos) da ilha de Corfu teve que resistir, com sucesso, a três grandes cercos (1537, 1571 e 1716) por parte dos Turcos Otomanos.

Velha Fortaleza de Corfu

Durante todo esse tempo de ocupação dos Turcos Otomanos isolaram a Grécia, e os Gregos, dos importantes movimentos intelectuais europeus desse período, como a Reforma Protestante (1517 a 1648) e o Iluminismo (1715 a 1789). Até que, no Século XVIII, surgiu na indústria naval uma rica classe de comerciantes gregos, que passaram a dominar o comércio dentro do Império Otomano, estabelecendo contatos em todo o Mediterrâneo, nos Balcãs e na Europa Ocidental. Os ricos comerciantes gregos financiaram então um grande número de jovens gregos para que eles estudassem em universidades na Itália e nos estados alemães, onde eles finalmente tomaram contato com as ideias do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789) e, no final do Século XVIII, impulsionado pela predominância dos Gregos no comércio e na educação dentro do Império Otomano, aconteceria o (tardio) Iluminismo Grego. O Iluminismo Grego fez renascer a ideia de uma nação grega, os Gregos traçaram sua existência de volta ao passado até a Grécia Antiga, se reconheceram como um povo distinto dos demais Cristãos Ortodoxos e com direito à autonomia política. Baseados numa antiga profecia ortodoxa que antevia a “Ressurreição do Império Romano do Oriente” e sugerindo ter o apoio do Czar Alexandre I da Rússia (1801 a 1825), a Filiki Eteria, uma organização secreta de comerciantes gregos criada em 1814, conseguiu motivar os diversos grupos de gregos ortodoxos por uma causa Nacionalista e Liberal. Em Março de 1821 tiveram então início uma série de revoltas que culminariam na Guerra de Independência da Grécia (1821 a 1832). Nessa guerra os Turcos Otomanos tiveram o apoio do Egito contra os Gregos. Os hábeis marinheiros Gregos improvisaram uma marinha que teve até algum sucesso contra a poderosa marinha otomana no Mar Egeu. Apesar disso, entre 1822 e 1824 os Turcos e os Egípcios devastaram as ilhas gregas cometendo massacres da população grega o que teve um efeito imediato na opinião pública da Europa Ocidental que passou a apoiar a causa dos rebeldes gregos. Depois de demoradas negociações, três grandes potências, Rússia, Reino Unido (Grã Bretanha) e França, decidiram intervir no conflito e enviaram suas marinhas para a Grécia.

Page 21: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

21

Ao saberem dos planos de um ataque combinado da frota otomano-egípcia para atacar a ilha grega de Hydra (arquipélago das Ilhas Sarônicas), a frota das três potências europeias interceptou a frota otomano-egípcia no que seria Batalha Naval de Navarino (Outubro de 1827). A Batalha de Navarino se desenrolou na atual Baia de Pylos, costa ocidental da península do Peloponeso, mar Jônico e nessa batalha as forças aliadas da Grã-Bretanha, França e Rússia derrotaram decisivamente as forças otomanas e egípcias, uma vitória importante para o sucesso da independência da Grécia.

Ilha de Hydra – Ilhas Sarônicas Em 1827, mesmo antes do reconhecimento internacional, Ioannis Kapodistrias, de Corfu, foi escolhido como o primeiro governador da Primeira República Helênica. Em 1828, com a ajuda da França, a partir das Ilhas Jônicas, os Gregos passaram a ocupar também parte da Grécia Central e, depois de dois anos de negociação, em 1830 o Estado Grego foi finalmente reconhecido pelo Protocolo de Londres. Em 1831 Ioannis Kapodistrias foi assassinado e, em 1832, as grandes potências; Grã Bretanha, França e Rússia colocaram um príncipe bávaro, Otto von Wittelsbach como o monarca da Grécia, dando início ao período do Reino da Grécia, agora reconhecido internacionalmente pelo Tratado de Constantinopla. Otto era o segundo filho do Rei Ludwig I da Baviera (Alemanha), portanto não era Grego, e ascendeu ao trono ainda menor, assim seu governo teve inicialmente um Conselho de Regência que se mostrou impopular. O Rei Otto acabaria eliminando o Conselho e reinando algum tempo como um monarca absolutista. Em 1843, o Rei Otto da Grécia (1832 a 1862) foi forçado a concordar e se submeter a uma Constituição e uma Assembleia Representativa, em uma Monarquia Parlamentarista. Mas, ainda muito autoritário, em 1862 o Rei Otto da Grécia seria tirado o trono e um ano depois substituído pelo Príncipe Wilhelm da Dinamarca, que seria conhecido como Rei George I da Grécia (1863 a 1913). O reinado do Rei George I de quase 50 anos foi o mais longo na história grega moderna. Foi um período de grandes ganhos territoriais que fizeram a Grécia conquistar seu lugar na Europa. Mas, a Grécia também perdeu a Tessália (nordeste grego) para o Império Otomano após ter dado apoio aos Russos na Guerra Russo-Turca (1877-1878) e foi derrotada na Guerra Greco-Turca de 1897. Durante o Reinado do Rei George I ocorreria ainda as Guerras dos Balcãs.

Page 22: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

22

As Guerras dos Balcãs (1912 a 1913) ou a “Tragédia dos Balcãs" foram dois conflitos tendo de um lado os quatro estados balcânicos: Montenegro, Sérvia, Grécia e Bulgária, que contavam com o apoio da Rússia, e de outro o Império Otomano que tinha o apoio do Império Austro-Húngaro. Ao final desses conflitos o Império Otomano perderia a maior parte do seus territórios na Europa. Essas guerras prepararam o cenário para a Crise dos Bálcãs de 1914 e serviram de um prelúdio do que seria a Primeira Guerra Mundial. Durante parte da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) a Grécia teve dois governos: um governo monarquista pró Alemanha em Atenas e um governo pró Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia) em Salônica. Em 1917 os dois governos acabariam se unindo, quando a Grécia entrou oficialmente na guerra ao lado da Tríplice Entente. Após a Primeira Guerra Mundial, a Grécia tentou uma maior expansão na Ásia Menor (atual Turquia), na época ainda uma região com uma grande população grega, mas foi derrotada na Guerra Greco-Turca (1919 a 1922). Essa derrota levou a uma fuga maciça dos Gregos da Ásia Menor para o continente. Simultaneamente a essa guerra teria acontecido o Genocídio do Povo Grego (1914 a 1922), quando, de acordo com várias fontes, os Turcos Otomanos contribuíram para a morte de várias centenas de milhares de Gregos na Ásia Menor. A Guerra Greco-Turca terminou com o Tratado de Lausanne e uma troca oficial de populações e um milhão e meio de refugiados gregos vindos da Turquia (cerca de ¼ da população da Grécia na época) tiveram que ser integrados na sociedade grega. Alguns deles não falavam o grego e assim não tiveram muita dificuldade em se ambientar aos gregos do continente europeu. Em 1924, na sequência dessa catástrofe, a monarquia grega foi mais uma vez abolida e a Segunda República Helênica foi estabelecida. Em 1926 foi criada a moderna Academia de Atenas (acima) que é hoje a academia nacional da Grécia, o maior estabelecimento de pesquisa do país. Seu edifício principal, um dos marcos mais importantes de Atenas, esta junto à Universidade de Atenas e à Biblioteca Nacional, todos os três concebidos pelo estudante dinamarquês de Schinkel, Theophil Hansen. Em 1935, o General Georgios Kondylis, um monarquista tomou o poder após um golpe de estado, aboliu a Segunda República Helênica e restaurou o Rei George II da Grécia (1922 a 1924) ao trono do Reino da Grécia (1935 a 1947), novamente como uma Monarquia Parlamentarista. Mas já em 1936 houve um acordo entre o então Primeiro-Ministro Ioannis Metaxas e o então Chefe de Estado, o Rei George II e Metaxas passou a ter poderes ditatoriais, um regime que ficou conhecido como o Regime de 4 de Agosto e que duraria até 1974. Nesse tempo a Grécia era uma Monarquia e ao mesmo tempo uma “Ditadura”, mas apesar disso, a Grécia sempre manteve boas relações com a Grã-Bretanha e não se aliaria ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão) durante a Segunda Guerra Mundial.

Page 23: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

23

Em 28 de Outubro de 1940, no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), a Itália Fascista exigiu a rendição da Grécia, mas o governo grego se recusou e, na Guerra Greco-Italiana que se seguiu, a Grécia repeliu as forças italianas na Albânia, dando aos Aliados (Inglaterra e França) sua primeira e festejada vitória em terra sobre as forças do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Winston Churchill diria: "... não diremos que os gregos lutam como heróis, mas vamos dizer que os heróis lutam como Gregos". Mas, apesar de sua feroz resistência, na sequência a Grécia acabaria caindo para as forças alemãs. Adolf Hitler também reconheceu a bravura e a coragem do exército grego: "A justiça histórica me obriga a afirmar que, dos inimigos que tomaram posições contra nós, o soldado grego particularmente lutou com a mais alta coragem e capitulou apenas quando a resistência se tornou impossível e inútil". Os Nazistas passaram então a administrar Atenas e Salônica, enquanto outras regiões da Grécia foram entregues para o controle dos parceiros da Alemanha Nazista; a Itália Fascista e a Bulgária. Mais de 100.000 civis gregos morreram de fome durante o inverno de 1941/2 e dezenas de milhares mais morreram por causa de represálias por parte dos Nazistas e colaboradores. A economia da Grécia foi arruinada e, apesar das tentativas de ajuda da Igreja Ortodoxa Grega, a grande maioria dos judeus gregos foram deportados e assassinados nos campos de concentração nazistas. A Resistência Grega, um dos movimentos de resistência mais eficazes na Europa, lutou ferozmente contra os Nazistas e seus colaboradores e, em represália, os Nazistas cometeram numerosas atrocidades, execuções em massa e massacre de civis. No curso da campanha anti-guerrilha centenas de cidades e aldeias foram sistematicamente incendiadas e quase um milhão de gregos ficou sem ter onde morar. Em Outubro de 1944 a população de Atenas celebrou a vitória e a libertação da Grécia das potências do Eixo. Pouco depois a Grécia anexou as Ilhas do Dodecaneso, junto as costa da Turquia, entre elas Rhodes. A Grécia pós-guerra passaria por uma polarização politica que levaria a uma Guerra Civil (1946 a 1949), um desmembramento de uma luta entre forças Comunistas e forças Monarquistas (anticomunistas), iniciada ainda em 1943. As forças armadas do governo monárquico grego tinham o apoio do Reino Unido e dos Estados Unidos enquanto as forças de esquerda eram lideradas pelo Partido Comunista da Grécia que contava com o apoio da Bulgária, Iugoslávia e da Albânia. A Guerra Civil Grega foi um dos primeiros conflitos ocorridos no contexto da Guerra Fria e representaria o primeiro exemplo de interferência ocidental na política interna de um país estrangeiro no pós-guerra. Ao final, em 1949 os Monarquistas conseguiriam se impor, mas por outros trinta anos permaneceriam as severas tensões sociais entre as facções politicas de direita e da esquerda que, no seu começo, levariam a Grécia a devastação econômica. Mas, nesse meio tempo, impulsionado em parte pelo Plano Marshall (dos Americanos), a Esquerda acabaria marginalizada nas esferas política e social e o país passaria por um rápido crescimento econômico. Em Julho de 1965 o Rei Constantino II (1964 a 1973) destituiu o governo (de centro) do então Primeiro Ministro, George Papandreou. Isso provocou um prolongado período de turbulência política que culminou no Golpe de Estado de 21 de Abril de 1967 pelo Regime dos Coronéis, que deu início a um período de Regime Militar (1967 a 1974). Em Novembro de 1973 houve em Atenas uma maciça demonstração de rejeição popular à junta militar grega que governava o país, a “Insurreição Politécnica de Atenas”. A supressão brutal dessa manifestação por parte dos militares acabou com um contragolpe que derrubou o Ditador Georgios Papadopoulos, então o líder da junta militar, e levou ao poder o Brigadeiro Dimitrios Ioannidis, outro membro, mais moderado, da junta militar.

Page 24: Viagem. Destino: Origens...Homero em suas obras máximas a Ilíada e Odisseia. Teria sido durante esse período que ocorreu o Ciclo Épico de Tróia, descrito na Ilíada de Homero

Viagem. Destino: Origens

24

Enquanto isso no Chipre, apesar os cipriotas turcos representarem apenas 18% da população, na década de 1950 os Turcos (em sua maioria Mulçumanos) defendiam a partição do Chipre e a criação de um Estado Turco no norte da ilha, ou mesmo a anexação do Chipre à Turquia. Por outro lado, a maioria da população cipriota grega e sua Igreja Ortodoxa tentava estabelecer uma união com a Grécia. Apesara disso, em 1960 o Chipre conseguiria a sua independência política. Três anos depois um conflito (que duraria 11 anos) entre as comunidades de cipriotas gregos e cipriotas turcos trouxe o fim da representação cipriota turca nas instituições da república. Para piorar, em Julho de 1974, um golpe de estado foi desencadeado por nacionalistas cipriotas gregos para a incorporação do Chipre à Grécia. O golpe acabou por precipitar a invasão de Chipre por parte da Turquia, “em defesa dos cipriotas turcos”, que capturou e ocupou o norte da ilha em apenas um mês, situação que permanece até hoje.

Com a invasão do Chipre pela Turquia, na Grécia, o Regime Militar Grego entrou em colapso. Konstantinos Karamanlis era um carismático político grego que havia sido Primeiro Ministro da Grécia entre 1955 e 1958 durante o reinando do Rei Paul (1947 a 1964). Desde 1963 ele vivia em Paris, em um autoexílio, e foi chamado de volta dando início a um período de transição conhecido por “Metapolitefsi”. Com a sua chegada foram realizadas as primeiras eleições multipartidárias desde 1964 e após um referendo que optou por não restaurar a Monarquia Grega, em Julho de 1975 uma Constituição Democrática e Republicana foi promulgada.

Em 1980 a Grécia voltou a integrar a OTAN e em Janeiro de 1981, a Grécia se tornou o décimo pais membro da Comunidade Europeia e depois da União Europeia, dando início a um período de crescimento econômico sustentado. Os investimentos na indústria e em infraestrutura, bem como fundos da União Europeia e receitas crescentes do turismo, transporte marítimo e um sector de serviços em rápido crescimento, elevaram o padrão de vida do país a níveis sem precedentes. As relações tradicionalmente tensas com a vizinha Turquia melhoraram quando sucessivos terremotos atingiram ambas as nações em 1999 e os dois países se solidarizaram na tragédia que atingiu a ambos. A Grécia acabou tirando seu veto contra a candidatura da Turquia à adesão à União Europeia. Em 2001 a Grécia adoptou o Euro com sua moeda e em 2004 acolheu com êxito os Jogos Olímpicos em Atenas.

Mas, mais recentemente, a Grécia sofreu muito com a recessão do final dos anos 2000 e entrou em uma profunda crise econômica que levou a adoção de duras políticas de austeridade. Desde então protestos populares vêm agitando a política interna grega e ameaçando os mercados financeiros europeus e globais.

Créditos e Referências Fontes: Coleção Mitologia da Abril Cultural, História da Civilização Ocidental – Edward McNall Burns, Wikipédia Fotos: Acervo Pessoal, Argotravel,Turismo Grécia, Wikipedia, História Arte Arquitetura, Coladaweb, Pinterest, GTP-Greek Travel Pages, Projeto

Humanarte, Corfuvillarododafni, Epochtimes, Wikiwand