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Viagem. Destino: Origens 1 Roteiro Musical – Grécia e Ilhas Cíclades O filósofo e matemático grego Pitágoras considerava “a música como parte da existência de uma harmonia universal, criando um raciocínio matemático que serviria para ajudar a compreender os mistérios da humanidade. Pitágoras e seus discípulos estudaram as relações matemáticas que existem nos sons, relações que são conhecidas hoje como a ciência dos intervalos musicais ou canônica, e formularam uma escala que acabaria se tornando a base da música ocidental durante muitos séculos”. Saiba mais no site Arquitetura e Música. Assim, a música da Grécia é tão diversa e celebrada como sua história, um aspecto significativo da Cultura Helênica, quando era geralmente usada pelos Coros do Teatro Grego, para o entretenimento, celebrações e por razões espirituais. Entre os instrumentos mais típicos estavam a flauta dupla (aulos), instrumentos de cordas dedilhadas (como o atual Bouzouki) e a lira (ou citara, pequena harpa). Mas talvez o mais icônico instrumento grego seja a Flauta de Pan. Na Mitologia Grega Pan é o deus dos animais silvestres, dos pastores e dos rebanhos, da natureza selvagem, das montanhas, dos campos, dos bosques e dos vales arborizados, e da música rústica, assim, Pan está ligado à fertilidade e a Primavera. Companheiro das Ninfas, Pan tem os chifres e a parte inferior do corpo de um bode, como um fauno ou sátiro. Pan é famoso também por seus poderes de sedução. A maior conquista de Pan foi a Deusa Selene, ou a Lua. Pan teria se embrulhado em uma pele de carneiro para esconder sua forma de bode preto, e com isso ludibriado e tirado a Lua do céu para a floresta, onde ele a seduziu. Certa vez Pan teve a audácia de comparar sua música com a do Deus Apolo (Deus da Música, Poesia, Arte, Medicina, Luz e Conhecimento) e desafiou o deus para uma prova de habilidade. Tmolus, o Deus das Montanhas, foi escolhido para arbitrar. Pan tocou então sua flauta e com sua rústica melodia proporcionou grande satisfação para seu fiel seguidor, o Rei Midas, que estava presente. Então Apolo tocou sua lira, instrumento no qual era mestre. Tmolus concedeu de imediato a vitória ao Deus Apollo, e todos concordaram com o julgamento, todos menos o Rei Midas que questionou a justiça do prêmio. O Deus Apollo não se conteve com a audácia e transformou as orelhas do Rei Midas nas orelhas de um jumento. O link abaixo apresenta uma seleção de sedutoras e relaxantes músicas com a Flauta de Pan. A não ser pela Flauta de Pan as músicas fogem um pouco ao contexto de nosso Roteiro de Viagem, mas são músicas que podem ser ouvidas em momentos de meditação e relaxamento durante a mesma. "Pan Flute Meditation"

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Page 1: Viagem. Destino: Origens · Viagem. Destino: Origens 1 Roteiro Musical – Grécia e Ilhas Cíclades O filósofo e matemático grego Pitágoras considerava “a música como parte

Viagem. Destino: Origens

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Roteiro Musical – Grécia e Ilhas Cíclades

O filósofo e matemático grego Pitágoras considerava “a música como parte da existência de uma harmonia universal, criando um raciocínio matemático que serviria para ajudar a compreender os mistérios da humanidade. Pitágoras e seus discípulos estudaram as relações matemáticas que existem nos sons, relações que são conhecidas hoje como a ciência dos intervalos musicais ou canônica, e formularam uma escala que acabaria se tornando a base da música ocidental durante muitos séculos”. Saiba mais no site Arquitetura e Música.

Assim, a música da Grécia é tão diversa e celebrada como sua história, um aspecto significativo da Cultura Helênica, quando era geralmente usada pelos Coros do Teatro Grego, para o entretenimento, celebrações e por razões espirituais. Entre os instrumentos mais típicos estavam a flauta dupla (aulos), instrumentos de cordas dedilhadas (como o atual Bouzouki) e a lira (ou citara, pequena harpa). Mas talvez o mais icônico instrumento grego seja a Flauta de Pan. Na Mitologia Grega Pan é o deus dos animais silvestres, dos pastores e dos rebanhos, da natureza selvagem, das montanhas, dos campos, dos bosques e dos vales arborizados, e da música rústica, assim, Pan está ligado à fertilidade e a Primavera. Companheiro das Ninfas, Pan tem os chifres e a parte inferior do corpo de um bode, como um fauno ou sátiro.

Pan é famoso também por seus poderes de sedução. A maior conquista de Pan foi a Deusa Selene, ou a Lua. Pan teria se embrulhado em uma pele de carneiro para esconder sua forma de bode preto, e com isso ludibriado e tirado a Lua do céu para a floresta, onde ele a seduziu. Certa vez Pan teve a audácia de comparar sua música com a do Deus Apolo (Deus da Música, Poesia, Arte, Medicina, Luz e Conhecimento) e desafiou o deus para uma prova de habilidade. Tmolus, o Deus das Montanhas, foi escolhido para arbitrar. Pan tocou então sua flauta e com sua rústica melodia proporcionou grande satisfação para seu fiel seguidor, o Rei Midas, que estava presente. Então Apolo tocou sua lira, instrumento no qual era mestre. Tmolus concedeu de imediato a vitória ao Deus Apollo, e todos concordaram com o julgamento, todos menos o Rei Midas que questionou a justiça do prêmio. O Deus Apollo não se conteve com a audácia e transformou as orelhas do Rei Midas nas orelhas de um jumento. O link abaixo apresenta uma seleção de sedutoras e relaxantes músicas com a Flauta de Pan. A não ser pela Flauta de Pan as músicas fogem um pouco ao contexto de nosso Roteiro de Viagem, mas são músicas que podem ser ouvidas em momentos de meditação e relaxamento durante a mesma.

"Pan Flute Meditation"

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Voltando ao nosso Roteiro de Viagem, a trilha musical para Atenas e o porto de Piraeus vem do filme Nunca aos Domingos. Uma comédia romântica grega de 1960 que conta a história de Ilya, uma prostituta que vive no porto de Piraeus, e Homer, um turista americano, um erudito apaixonado pela Grécia e sua cultura milenar. Homer sente que o estilo de vida de Ilya tipifica a degradação da cultura clássica grega e, inconformado, tenta traze-la de volta para o caminho da moralidade, enquanto, ao mesmo tempo, Ilya tenta converter Homer para uma vida mais livre e despreocupada. O filme é estrelado por Melina Mercouri e nos envolve na cultura grega; sua dança, música e linguagem. A música-tema do filme, em Bouzouki, se tornou um hit dos anos 1960 e deu ao compositor, Manos Hadjidakis, um Oscar. Por sua vez, nesse mesmo ano, Melina foi indicada para o Oscar de Melhor Atriz e ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de

Cannes de 1960. Nunca aos Domingos (Trailer)

Ilya canta:

“Da minha janela eu envio um, e dois, e três e quatro beijos E chegando ao porto um, e dois, e três e quatro pássaros. Como eu gostaria de ter um, e dois, e três e quatro filhos

que quando se tornem homens sejam o orgulho de Piraeus. Eu vou buscar pelo mundo e encontrar outro porto

que tenha a magia do meu porto de Piraeus. E, quando a noite cai, o porto canta para mim

como homens jovens e os ecos das canções enchem o meu porto de Piraeus. Ninguém vem à minha porta que eu não me apaixone

E aqueles que virão amanhã enchem de sonhos a minha noite. E às joias envolta do meu pescoço, eu adiciono uma amuleto para dar sorte,

e então eu estou pronta para receber [e dar amor] a um estranho”

Curiosidade Mitológica As Propoetides eram mulheres da cidade de Amathus, ilha de Chipre, que ousaram negar que Afrodite (Vênus) era a uma deusa. Por isso foram punidas pela deusa e teriam se tornado as primeiras mulheres a prostituir seus corpos e expor suas reputações em público, perdendo todo sentimento de vergonha e sensibilidade, se transformando “quase que em pedras brutas”. Ao ver as Propoetides se prostituirem, o (puro) escultor Pygmalion decidiu que ele "não estava mais interessado nas mulheres", e criou, ele mesmo, uma mulher. Pygmalion esculpiu em marfim a imagem de uma bela mulher, e tão bela era a sua criação que ele se apaixonou por ela. No dia da festa de Afrodite, Pygmalion pediu à deusa que lhe desse uma noiva à semelhança da sua obra de arte. Ao voltar para casa, Pygmalion beijou com amor sua imagem de mulher e pode sentir seus lábios quentes e, pouco depois, a estátua ganhou vida.

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Manos Hadjidakis tem também outras belas composições mais recentes, e uma delas é particularmente bela e merece ser ouvida junto com ao por do sol em Mykonos.

Valsa dos Sonhos Perdidos - Música de Manos Hadjidakis Veja o vídeo acima, se apaixone por ele e pela música de Manos Hadjidakis! Santorini (que pode ter sido a Atlântida de Platão) e seu vulcão estão ligados à trágica destruição da Civilização Minoica, o que pede uma música de maior dramaticidade, principalmente quando, da cratera do vulcão se tem ao longe, a visão de Thira, à beira do abismo.

O Aphrodite's Child foi uma banda de rock progressivo grega formada em 1967 por Loukas Sideras (bateria e vocais), Silver Koulouris (guitarra), Demis Roussos (baixo e vocal) e Vangelis Papathanassiou (teclados). Um de seus principais sucessos foi a música “The Four Horsemen”, ou “Os Quatro Cavaleiros (do Apocalipse)”. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse são descritos no último livro do Novo Testamento da Bíblia, o Livro do Apocalipse, que fala sobre um livro que Deus teria em sua mão direita e que está selado com sete selos. O Cordeiro de Deus abre os primeiros quatro dos sete selos, convocando quatro seres que cavalgam em quatro cavalos: “O cavalo líder era Branco, o segundo cavalo era Vermelho, o terceiro, Preto o quarto era Cinza”. Os cavaleiros simbolizariam, respectivamente: a Conquista ou a Peste (e às vezes o Cristo ou o Anticristo), a Guerra, a Fome e, finalmente a Morte. A visão apocalíptica cristã é a de que os Quatro Cavaleiros devem gerar um Apocalipse Divino sobre o mundo e que eles seriam os precursores ou viriam para anunciar o Juízo Final. Esse é o tema desse Rock Progressivo do Aphrodite's Child, no melhor estilo do final dos anos 1960.

"The four Horsemen" - Afrodite´s Child

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A inesperada destruição da Civilização Minoica (precursora da nossa Civilização Ocidental) pelo vulcão de Santorini nos faz pensar na fragilidade do Ser Humano diante das incontroláveis Forças da Natureza, os mitológicos Titãs, e nos deixa um alerta sobre o que afinal nós deixaremos ao nos despedir.

Santorini é Drama e Beleza. É poesia, como a bela música de Stravos Lantsias.

Epistrofh - Música de Stravos Lantsias

Chegamos a Creta e a uma das mais significativas músicas do nosso roteiro musical. O filme Zorba, o Grego é uma comédia-drama de 1964 estrelado por Anthony Quinn, com a participação de Alan Bates e Irene Papas. O filme foi rodado em locações na ilha de Creta, entre outros locais, próximo à cidade de Chania. A famosa cena final, na qual Zorba dança a Sirtaki, foi filmada na praia da aldeia de Stavros, na península de Akrotiri, noroeste de Chania, Creta.

Basil (Alan Bates) é um escritor Greco-Britânico de meia idade, um típico e tenso inglês de classe média, que passa por um “bloqueio” de criação. Ele recebe do pai uma herança em terras em Creta, para onde ele parte. No porto de Piraeus, enquanto espera pelo barco para Creta, ele conhece Zorba um rústico e entusiasmado camponês grego. Basil conta para Zorba o motivo de sua viagem e sua intensão em reabrir a mina de lignite que pertencia ao pai e sua esperança de eliminar seu bloqueio como escritor.

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Zorba relata a Basil sua experiência com mineração e o convence a levá-lo junto. Em Creta eles são recebidos com entusiasmo pela pobre comunidade camponesa local e se hospedam no “Hotel Ritz” de uma velha viúva de guerra e cortesã francesa, Madame Hortense, com quem Zorba acabará tendo um relacionamento. Nos próximos dias Zorba e Basil tentam com dificuldade reativar a antiga mina de lignite, até que Zorba tem uma “engenhosa” ideia de como fazê-lo. Enquanto trabalham na ideia de Zorba, Basil se enamora de outra viúva (Irene Papas), desta vez uma jovem, atraente e misteriosa mulher, que é constantemente incomodada pelos antiquados aldeões para que ela não se case novamente. A jovem viúva rejeita ainda um jovem rapaz que esta apaixonado por ela e acaba tendo um caso com Basil. O jovem apaixonado se suicida e seu corpo é encontrado junto ao mar, afogado na sua vergonha. Em um Domingo a caminho da igreja, a viúva é impedida de assistir a missa e, na praça junto à igreja, acaba sendo cercada pelos revoltados aldeões que a culpam pela morte do jovem. Basil nada pode fazer para defendê-la. A pedido de Basil, Zorba tenta defendê-la, mas ela acaba sendo esfaqueada e morre de forma fútil. Alguns dias depois, a velha viúva Madame Hortense, que esperava se casar com Zorba, também morre de pneumonia e tem seus poucos bens “saqueados” pelos aldeões. Tentando superar o trauma da morte das duas viúvas, Zorba e Basil se dedicam agora a implementar a “engenhosa” ideia de Zorba para reativar a mina de lignite, ideia que se mostra desastrosa. Derrotados, Zorba e Basil discutem a sua sorte na praia da aldeia de Stravos e...

“... na adversidade os Deuses nos ensinam a dançar com a Vida”.

Zorba, O Grego (Trailer) - Música de Mikis Theodorakis

Chania

Se você decidir fazer o trajeto de volta entre Heráklion (Creta) e Atenas em um barco noturno, talvez tenha a oportunidade de ver Urano, ou “O Céu Estrelado”. Nesse caso o tema musical perfeito para admirar o mar e o Cosmos à noite seja a música de Vangelis.

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O Cosmos é o Universo (infinito) considerado como um sistema complexo e ordenado, em oposição a Caos. A Cosmologia Física estuda a origem, evolução e o eventual Destino do Universo, bem como as leis científicas que governam essas realidades. Já a Cosmologia Religiosa ou Mitológica é um corpo de crenças baseadas na Literatura Mitológica, Religiosa e Esotérica, e nas tradições do Mito da Criação ou da Origem dos Tempos e da Escatologia, que se preocupa com o destino final da humanidade, ou seja com o Final dos Tempos.

Cosmos - Música de Vangelis Papathanassiou

Créditos e Referências Fontes: Youtube, Wikipedia

Fotos: Acervo pessoal, Viser, Pinterest, Adoro Cinema, Greek City Times, Wallpaperscraft